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DIETOTERAPIA NA DISLIPIDEMIA

DISLIPIDEMIA
Caracterizada pela alteração nos níveis plasmáticos de lipídeos circulantes, sendo eles,
elevação do colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), lipoproteína de baixa densidade (LDL) e
diminuição de lipoproteína de alta densidade (HDL).

Fonte: Sociedade brasileira de cardiologia, 2017

VALORES DE REFERÊNCIA CONFORME AVALIAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR


Fonte: Sociedade brasileira de cardiologia, 2019

CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS

 Etiológica:
 Primária: distúrbio decorrentes de alterações genéticas;
 Secundária: distúrbio decorrentes de uso de medicamentos, de hábitos de vida
inadequados ou de doenças secundárias como diabetes.
 Laboratorial:
 Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado de colesterol total ou LDL-colesterol;
 Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicerídeos;
 Hiperlipidemia mista: aumento de colesterol e dos triglicerídeos;
 HDL-c baixo: diminuição isolada de HDL-colesterol ou associada ao aumento de
triglicerídeos ou colesterol.

TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA
 Medicamentoso: os principais medicamentos utilizados no tratamento das dislipidemias
são as estatinas, ezetimiba, colestiramina, fibratose ácido nicotínico.
 Mudanças no estilo de vida: incluem mudanças no estilo de vida a prática de exercício
físico e cessação do tabagismo para fumantes.
 Dietoterapia

Recomendações da Diretriz Brasileira de Dislipidemia e prevenção da aterosclerose-2017 e


Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia-
2019:
Fonte: Sociedade brasileiro de cardiologia, 2019.

TRATAMENTO DIETÉTICO NA HIPERCOLESTEROLEMIA:


 Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e polissaturados;
 Exclusão de gorduras trans;
 Colesterol alimentar não há recomendação específica segundo a SBC (2019), mas pode-
se utilizar a recomendação <200mg/dia (CUPPARI, 2014);

TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO E DIETÉTICO NA HIPERTRIGLICERIDEMIA:

 Terapia nutricional
 Hipertrigliceridemia primária grave: gorduras dietéticas máximo 10% do VET
 Hipertrigliceridemia primária moderada: gorduras dietéticas de 25 a 35% do VET
 Hipertrigliceridemia secundária: gorduras dietéticas30 a 35% do VET
 Controle do peso corporal
 Redução do consumo de bebida alcoólica
 Redução de açúcares e carboidratos
 Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli-insaturados

ALIMENTOS COADJUVANTES NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA:

 Ômega-3
 Fibras
 Café
 Proteína de Soja
 Fitoesteróis
 Antioxidante
 Chocolate
 Probióticos
REFERÊNCIAS

CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
PRÉCOMA, Dalton Bertolim, et al. Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da
Sociedade Brasileira de Cardiologia-2019. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2019, 113.4: 787-
891.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, et al. Atualização da diretriz brasileira de
dislipidemias e prevenção da aterosclerose. ArqBrasCardiol, 2017. , 109.2

DIETOTERAPIA NA OBESIDADE

OBESIDADE
Doença multifatorial caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, comprometendo
a saúde do indivíduo. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos, com 18 anos ou mais, estavam
acima do peso. Destes, mais de 650 milhões eram obesos.O ganho de peso pode resultar de
uma combinação de aumento consumo de energia, baixa atividade física e gasto energético
reduzido. No Brasil, os últimos dados documentados apontam que mais de 50% da população
apresentam sobrepeso. Essa patologia compromete o funcionamento de órgãos e desencadeia
uma infinidade de comorbidades como doenças cardiovasculares, metabólicas, respiratórias,
ortopédicas e outras. O risco para desenvolver obesidade vai desde o período gestacional e
principalmente no primeiro ano de vida e na fase escolar e adolescência podendo se estender
a idade adulta.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA OBESIDADE:


 Antropometria:
 Circunferência da cintura,
 Razão cintura / quadril
 Dobras cutâneas.
 Compleição física
 Circunferência do pescoço
 Índice de conicidade

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DA OBESIDADE SEGUNDO O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)


E RISCO DOENÇA:

Fonte: Diretriz brasileira de obesidade, 2016


PONTO DE CORTE DE IMC PARA IDOSO

Normal: >22 a ≤ 27kg/m2.

Valores < 22 são classificados como baixo peso


Valores >27 são considerados excesso de peso.

PONTOS DE CORTE PARA CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL:

Fonte: Diretriz brasileira de obesidade, 2016.


 Bioimpedância
 Pesagem hidrostática (peso submerso),
 DEXA
 Ressonância magnética
 Tomografia computadorizada

TRATAMENTO DA OBESIDADE
 Farmacológico
 Sibutramina
 Orlistate
 Liraglutida 3,0mg

 Terapia cognitivo comportamental:

 Controle de estímulos;
 Resolução de problemas;
 Suporte social;
 Manejo do estresse

 Dietético

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS (DBO, 2016; CUPPARI, 2014)


Calorias:
 A taxa metabólica de repouso deve ser calculada (por equações de predição, como
Harris-Benedict ou Mifflin-St. Jeor) ou determinada (por calorimetria indireta), e combinada
com o nível de atividade física (sedentário, pouco ativo, ativo, muito ativo). Das NNE é
realizado um déficit de 500 a 1.000 kcal.
 Dietas de baixo valor energético: 1.200 kcal por dia para mulheres e 1.500kcal por dia
para homens.
 Dietas de muito baixa caloria: 400 a 800 kcal por dia. É recomendado que esse tipo de
dieta seja realizada apenas em ambiente monitorado com o devido acompanhamento.
Além disso, há diversas contra indicações como doença cardíaca instável, insuficiência
cardíaca grave, doença cerebrovascular, insuficiência renal aguda e crônica, doença
hepática grave ou em fase terminal e transtorno psiquiátrico que possa interferir com sua
compreensão e execução.

Carboidrato:
• 55 a 60%
• 20% de absorção simples
• Fibras: 20 a 30g/dia

Lipídeos:
• 20 a 30%
• 7% de gorduras saturadas
• 10% poliinsaturadas
• 13% monoinsaturadas
• Colesterol ≤300mg/dia

Proteínas:
• 15 a 20%
• Não menos de 0,8g/kg/dia

Padrões alimentares recomendados (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017):

 Dieta DASH
 Dieta do Mediterrâneo
 Dieta RESMENA

Dieta populares para perda de peso

 Dieta rica em gordura e pobre em CHO


 Dieta do índice glicêmico
 Jejum intermitente
 Dieta sem lactose
 Dieta sem glúten

Aconselhamento nutricional:

 Instruir o paciente a manter sua própria dieta;


 Aconselhar para o automonitoramento: prática de atividade física, sanar dúvidas quanto
a alimentação e nutrição;
 Orientar sobre a síndrome iô-iô;
 Guia alimentar para a população brasileira: 10 passos para uma alimentação saudável;
 Comer devagar, mastigando bem;
 Não pular refeições

TRATAMENTO CIRÚRGICO:

Indicações:

 Idade de 18 a 65 anos;
 IMC maior a 40 kg/m² ou 35 kg/m² com uma ou mais comorbidades graves relacionadas
com a obesidade e
 Documentação de que os pacientes não conseguiram perder peso ou manter a perda
de peso apesar de cuidados médicos apropriados realizados regularmente há pelo menos
dois anos.

Contra indicações:

 Causas endócrinas tratáveis de obesidade (por exemplo, síndrome de Cushing, mas não a
obesidade hipotalâmica intratável);
 Dependência atual de álcool ou drogas ilícitas;
 Doenças psquiátricas graves sem controle;
 Risco anestésico e cirúrgico inaceitável;
 Dificuldade de compreender riscos, benefícios, resultados esperados, alternativas de
tratamento e mudanças no estilo de vida requeridas após o procedimento.

Tipos de cirurgias:

 Bypass gástrico ou Derivação gastrojejunal em Y de Roux: Restritiva e disabsortiva


 Duodenal Switch ou Derivação biliopancreática (técnica de Scopinaro): Disabsortiva
 Gastrectomia vertical (Sleeve): Restritiva
 Banda gástrica: Restritiva

Complicações da cirurgia bariátrica:

Fonte: Diretriz brasileira de obesidade, 2016.

REFERÊNCIAS
World Health Organization.Obesity and overweight.Key facts.February 2018.
https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight, acessado em 12
de outubro de 2019.
BLÜHER, Matthias. Obesity: global epidemiologyandpathogenesis. NatureReviewsEndocrinology,
2019, 1.
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica Diretrizes brasileiras
de obesidade 2016 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica. – 4.ed. - São Paulo, SP, 2016
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.

DIETOTERAPIA NA DIABETES MELLITUS


A diabetes mellitus consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia
persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os
mecanismos. Quando não tratada pode acarretar em diversas complicações como doenças
cardiovasculares, nefropatia, neuropatia, retinopatia, entre outras comorbidades (WHO, 2018).
Classificação etiológica

Quadro clínico da DM
 DM TIPO 1
• Poliúria
• Polidipsia
• Hálito cetônico
• Polifagia
• Perda de peso acentuada

 DM TIPO 2
• Frequente sobrepeso/obesidade no diagnóstico e rara PP
• 30%: discreta poliúria, polidipsia e PP
• Acantose nigricans
• HAS
• Dislipidemia
• Apneia do sono

Critérios diagnósticos:
METAS DE CONTROLE GLICÊMICO
Referência Glicemia Glicemia pós HbA1c (%)
préprandial prandial
(mg/dL) (mg/dL)
Para adultos
<100 <160 <7,0
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE
DIABETES (SBD,
2018)
Para idosos - -
Até 7%
AMERICAN e
DIABETES Entre 8,0 – 8,5%
ASSOCIATION para idosos com
(ADA, 2019) comprometimento
cognitivo ou
dependência
funcional

Tratamento da DM
 Insulinoterapia
 Medicamentoso
 Mudanças no estilo de vida: Dietético e prática de atividade física
Recomendações nutricionais:
Calorias:
 As necessidades nutricionais e de energia totalsão as mesmas para indivíduos sem a
doença para manutenção do peso desejável. Sendo assim para obesos → déficit
energético de 500 a 750 kcal/dia ou 1.200 a 1.500 kcal/dia para mulheres e 1.500 a 1.800
kcal/dia para homens (SBD, 2018).
 25 a 35kcal/kg/dia.

Carboidrato, Fibras, Lipídeos e Proteínas:

Fonte: SBD, 2018


Bebidas alcoólicas

 Recomendação diária: uma dose ou menos para mulheres eduas doses ou menos para
homens:
 150 mL de vinho (uma taça) ou
 360 mL de cerveja (uma lata pequena) ou
 45 mL de destilados (uma dose com dosador-padrão), medida equivalente a 15g, em
média, de etanol.

 Edulcorantes
Aceitos pela ANVISA: sorbitol, manitol, isomaltitol, maltitol, sacarina, ciclamato, aspartame,
estévia,acessulfame-K, sucralose, neotame, taumatina, lactitol, xilitol e eritritol.

Orientações gerais
• Plano alimentar fracionado de preferência 5 a 6 refeições;

• Preferir alimentos assados, grelhados, no vapor, cozidos ou crus;


• Atenção a alimentos diet e light;
• Exercício físico: melhora tolerância à glicose, ↑sensibilidade à insulina, ↓fatores de risco
para aterosclerose, ↓ PA e melhora aptidão cardiovascular. Recomenda-se mínimo de
30min/dia, 3x/semana;
• Monitoramento glicêmico.

REFERÊNCIAS
American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes – 2019. Diabetes Care.
Disponível em: http://care. diabetesjournals.org/content/diacare/suppl/2018/12/17/42.
Supplement_1.DC1/DC_42_S1_Combined_FINAL.pdf. Acesso em 04 de dezembro de 2019.
Canadian Diabetes Association Clinical Practice Guidelines Expert Committee. Canadian
Diabetes Association 2013 clinical practice guidelines for the prevention and management of
diabetes in Canada. Can J Diabetes. 2013;37(Suppl 1):S1-212.
Cuppari L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
DeFronzo, R. A., Ferrannini, E.,Groop, L., Henry, R. R., Herman, W. H., Holst, J. J., ... &Simonson, D.
C. (2015). Type2 diabetes mellitus. NaturereviewsDiseaseprimers, 1, 15019.
Forbes, J. M., & Cooper, M. E. (2013). Mechanisms of diabetic complications. Physiological
reviews, 93(1), 137-188.
OLIVEIRA, José Egídio Paulo de; JUNIOR, R. M. M.; VENCIO, Sérgio. Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017, 91.
Sanz-Paris, A., Hernández, J. Á., Ballesteros-Pomar, M. D., Botella-Romero, F., León-Sanz, M.,
Martín-Palmero, Á., ... &Olveira, G. (2017). Evidence-basedrecommendationsand expert
consensus on enteral nutrition in theadultpatientwith diabetes mellitus
orhyperglycemia. Nutrition, 41, 58-67.

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS PULMONARES


A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e
tratável, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é
totalmente reversível. Estima-se que 3,17 milhões de mortes foram causadas pela doença em
2015. Pode manifestar-se na forma de bronquite: inflamação no brônquio com excesso de
produção de muco ou enfisema pulmonar: perda de elasticidade e formação fibrosa nos
alvéolos.

FATORES DE RISCO

Fonte: II Consenso de brasileiro sobre doença pulmonar obstrutiva crônica, 2004.

DIAGNÓSTICO DA DPOC

Fonte: II Consenso de brasileiro sobre doença pulmonar obstrutiva crônica, 2004.

Cor pulmonale

 Condição que pode ser desenvolvida em pacientes com DPOC caracterizada por uma
alteração da estrutura ou função do ventrículo direito, devido à hipertensão pulmonar.

MECANISMOS DE PERDA DE PESO NA DPOC


Fonte: II Consenso de brasileiro sobre doença pulmonar obstrutiva crônica, 2004.

DIAGNÓSTICO DE CAQUEXIA NA DPOC


Perda de peso de pelo menos 5% em 12 meses ou menos (livre de edema) ou IMC <20kg/m2 mais
a presença de pelo menos outros 3 fatores:

Fadiga
Diminuição da força muscular
Anorexia (consumo energético <20kcal/kg/dia)
Índice de massa magra baixo
Anormalidades bioquímicas:
• Aumento de marcadores inflamatório :IL-6 ou PCR
• Anemia (Hb< 20g/dL)
• Albumina sérica < 3,2 g/dL
Fonte: Adaptado de Evanset al., 2008

CONSEQUENCIAS DA DESNUTRIÇÃO NA DPOC


 Redução da elasticidade e função pulmonar
 Redução da massa muscular respiratória
 Redução da força e resistência
 Alterações de mecanismos imunológicos, de defesa pulmonar e controle da respiração

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA DPOC


 Antropometria
o NutritionScreeningInitiative, a American Academyof Family Physicians e a American
DieteticAssociation sugeriram como pontos de corte para o IMC de pacientes com DPOC:
IMC entre 22 e 27 kg/m2 para eutrofia,
IMC < 22 kg/m2 para desnutrição e
IMC > 27 kg/m2 para obesidade

o O índice BODE é um índice preditor de mortalidade da DPOC. O ponto de corte para o


IMC utilizado no índice BODE é de 21 kg/m2.

 Bioimpedância
 Avaliações bioquímicas
 Avaliação de consumo alimentar

FUNÇÃO RESPIRATÓRIA E NUTRIENTES


“Dietas ricas em carboidratos podem aumentar a produção de CO2 e do quociente respiratório
em pacientes com DPC, mas, de maneira geral, causam menos desconforto respiratório do que
as ricas em lipídeos, estando recomendadas (DITEN, 2011)”.

Tratamento
 Medicamentos
 Dietoterapia

Energia
 Calorimetria direta ou indireta
 Cálculo do GET: GEB=TMB(Harris-Benedict) X FI (1,7) OU
GEB= 443,3 + (18,15 X MCM (massa corporal magra)) X FI (1,49 e 1,78)
 Método Prático:30 a 35kcal/kg/dia

Carboidrato
 50 a 60% do VET
Proteína
 15 a 20% (1,5g/kg/dia)

Lipídeo
 25 a 30% do VET
 Ômega 3: Estudos sugerem benefício, porém ainda não há foi estabelecida nenhuma
recomendação.
Vitaminas A, C e E: Importante manter o aporte necessário para evitar lesão oxidativa.
Vitamina C:
 RDA mulheres: 75mg/d;
 RDA Homens 90mg/d
 Mulheres fumantes 100mg/dia
 Homens fumantes: 125mg/dia
 1 maço de cigarro/dia = + 16mg Vit C/dia;
 2 maços de cigarro/dia = + 32mg Vit C/dia
Minerais: magnésio, cálcio e fósforo
Líquidos: Não há recomendação específica. Restringir quando houver retenção.
Manejo do peso corporal
• Eutrofia: Adequar para manutenção de peso;
• Desnutrição: Adequar para ganho de peso →aumentar o valor energético, em média, em
500 – 1000kcal/dia;
• Obesidade: adequar para perda de peso → diminuir o valor energético em 500kcal/dia,
em média, em relação ao GET

ABORDAGENS EM SINTOMAS COMUNS NO DPOC:

Fonte: II Consenso de brasileiro sobre doença pulmonar obstrutiva crônica, 2004.

REFERÊNCIAS

CELLI, Bartolome R., et al. The body-mass index, airflow obstruction, dyspnea, and exercise
capacity index in chronic obstructive pulmonary disease. New England Journal of Medicine, 2004,
350.10: 1005-1012.
CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (2017) GOLD 2017 Global Strategy for the
Diagnosis, Management and Prevention of COPD http://goldcopd.org/gold-2017-globalstrategy-
diagnosis-management-prevention-copd/. Acessoem 19 de outubro de 2019.
LORENZI, F. G. II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica-DPOC. J
braspneumol, 2004, 30.5.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTAL E ENTERAL; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NUTROLOGIA. Terapia Nutricional no Paciente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. [São
Paulo]: Associação Médica Brasileira, 2011.

DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica ocasionada por uma anormalidade da
função do coração em bombear e/ou em acomodar o retorno sangüíneo, não atendendo às
necessidades de oxigênio dos tecidos ou apenas oferecendo um adequado débito cardíaco
pelo aumento anormal das pressões de enchimento.

SINTOMAS
 Falta de ar (dispneia e ortopneia)
 Edema
 Fadiga
 Aumento do ritmo cardíaco
 Tosse
 Mobilidade limitada
 Confusão
 Náusea
 Apetite reduzido

ESTÁGIO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA


Fonte: Diretriz brasileira de insuficiência cardíaca crônica e aguda, 2018.

CAUSAS DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO PROTEICA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA


 Sensação de plenitude pós prandial
 Redução da capacidade absortiva
 Náuseas, anorexia e vômitos
 Redução da palatabilidade de motilidade intestinal
 Hipermetabolismo

CAQUEXIA CARDÍACA
Síndrome multifatorial que atinge pacientes, entre outras patologias, aqueles com insuficiência
cardíaca. É caracterizada pela presença de perda de peso ≥ 5% nos últimos 12 meses ou Índice
de Massa Corpórea (IMC) ≤20kg/m2, que deverá ser combinado com no mínimo três outros
marcadores característicos da caquexia: diminuição da força muscular, fadiga, anorexia, baixo
índice de massa muscular e alterações bioquímicas como a inflamação, anemia ou
hipoalbuminemia.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA


Pode-se utilizar métodos comoevolução clínica, exame físico, antropometria, parâmetros
bioquímicos, imunológicos, história dietética e ingestão alimentar, porém alguns métodos devem
ser utilizados com cuidado e atenção.
Métodos de avaliação nutricional e suas limitações na Insuficiência cardíaca
 Avaliação subjetiva global: método de fácil execução no diagnóstico de desnutrição,
porém não é validada para IC, mas é adequado e avalia aspectos importantes.
 Avaliação antropométrica: pode ser prejudicada devido a presença de edema,
principalmente quando avaliar a perda de massa muscular.
 Bioimpedância: pode ser utilizada, porém pode ser limitada em caso retenção hídrica.
 Marcadores bioquímicos: entre os exames bioquímicos a utilização da albumina pode não
ser fidedigna já que esses pacientes normalmente apresentam pelo desequilíbrio
hidroeletrolítico.

RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA


Energia
• Paradoxo da obesidade: Fenômeno que demonstra que em pacientes com IC que
apresentam sobrepeso e obesidade têm maior sobrevida quando comparados com
indivíduos com a doença, mas eutróficos.
• Por apresentarem limitações metodológicas dos estudos, os integrantes da diretriz
optaram por não recomendar orientações formais de energia (SBC, 2018).
• Cuppari (2014) recomenda a utilização de28kcal/kg/dia para eutróficos e 32kcal/kg/dia
para desnutridos.
Carboidratos
 50 a 60%
 Reduzir em caso de retenção de dióxido de carbono
 Fibras: 25 a 30g/dia, sendo 6g de fibras solúveis
Lipídeos
 25 a 30% do VET
 Preferir ácidos graxos mono e poliinsaturados
 Colesterol <200g/dia
 Ômega-3: 1g/dia na forma de EPA e DHA
Proteínas
 Normo a hiperproteica
 1,5 a 2,0g/kg/dia quando desnutrição e caquexia
 Utilizar peso atual. Em obesos ou edemaciados, peso ajustado
Micronutrientes
Potássio e magnésio
 Pode haver deficiência desses micronutrientes. Observar para manutenção dos níveis
normais.
Sódio
 Recomenda-se a ingestão <7g de sal/dia
Restrição hídrica
 A restrição hídrica depende do estado de retenção no paciente com IC. A SBC (2018)
não estabelece recomendação específica, mas Cuppari (2014) recomenda utilizar a
restrição em torno de 600 a 1500mL dependendo do balanço hídrico.
Recomendações gerais na dieta do paciente com IC
 Dieta fracionada;
 Pequenos volumes;
 Aumento da densidade calórica das refeições utilizando módulos de nutrientes,
suplementos nutricionais ou até mesmo com maior de gordura da dieta;
 Alteração da dieta de acordo com o quadro clínico como por exemplo a consistência
pastosa que são recomendadas na presença de dispneia e dificuldade de mastigação.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO PÓS TRANSPLANTE CARDÍACO


Energia
 30 a 35kcal/kg/dia no pós transplante imediato
Carboidrato
 Redução de CHO simples e preferir CHO complexos
 Fibras: 25 a 30g/dia, sendo 6g de fibras solúveis
Proteína
 Hiperproteica: 1,5 a 2,0g/kg/dia
Lipídeos
 25 a 30% do VET
 Preferir ácidos graxos mono e poliinsaturados
 Colesterol <200g/dia

REFERÊNCIAS
COMITÊ COORDENADOR DA DIRETRIZ DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (BR). Diretriz Brasileira de
Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. ArqBrasCardiol, 2018, 111.3.
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.
DOMINGUES, Bruna, et al. Influência do Estado Nutricional na Insuficiência Cardíaca. Acta
Portuguesa de Nutrição, 2016, 5: 18-22.
EVANS, William J., et al. Cachexia: a new definition. Clinicalnutrition, 2008, 27.6: 793-799.

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS RENAIS – PARTE I

DOENÇA RENAL CRÔNICA


Caracteriza-se por alterações persistentes na estrutura, na função renal ou em ambas com
diversas implicações para a saúde do indivíduo. É considerado portador de DRC qualquer
indivíduo que por um período ≥3 meses apresente TFG <60mL/min/1,73m2 ou TFG
>60mL/min/1,73m2 associado a alguma evidência de lesão na estrutura renal (hematúria,
microalbuminúria, proteinúria ou presença de cistos, tumores e outros).
Fatores de risco
 Idade
 Tabagismo
 Diabetes Mellitus
 Hipertensão
 Obesidade
 Histórico familiar
 Doenças infecciosas
 Uso inadequado de medicamento
 Baixo peso ao nascer

Estadiamento da DRC

Principais alterações na DRC

 Expansão de volume extracelular


 Acidose metabólica
 Anemia
 Doenças cardiovascular
 Osteodistrofia renal
 Alteração do metabolismo da insulina
 Alteração do perfil lipídico
 Alteração no trato gastrointestinal

Fatores que contribuem para a desnutrição na DRC

Anorexia e baixa ingestão alimentar


Toxinas urêmicas
Náuseas, vômitos, digeusia
Distensão abdominal
Mal estar pós hemodiálise
Restrições dietéticas
Depressão
Múltiplos medicamentos
Diálise inadequada
Anemia
Nível sócioeconômico
Enfermidades intercorrentes
Hipermetabolismo
Acidose metabólica
Interações hormonais
Hiperparatireoidismo
Membranas incompatíveis
Perda de nutrientes

Tratamento na DRC

 Fase não dialítica


 Fase dialítica

HEMODÁLISE DIÁLISE PERITONEAL

Frequência 3x/semana em dias Diariamente


alternados

Tempo de sessão 3,5 a 4h 4 a 8h

Local de diálise Centro de diálise Domicílio

Acesso venoso Fístula artério venosa. Cateter peritoneal

Próteses ou catéter venoso

Dialisador (filtro de Artificial Membrana peritoneal


diálise)

Dialisato (solução de Água tratada, isenta de Bolsas plásticas com


diálise) microorganismos e líquido estéril. Contém
compostosinorgânicos glicose em [1,5, 2,5 e
tóxicos. Contém sódio, 4,25%], além de sódio,
potássio, bicarbonato, potássio, cálcio, lactato,
magnésio e cloro magnésio e cloro.

Avaliação nutricional na DRC

 Antropometria
Limitações:
 Alteração do balanço hídrico
 Presença de comorbidades
 Alterações músculo esquelética
 Falta de padrões de referência
 Falta de pontos de corte definidos

 Composição corporal
 Consumo alimentar
 Exame físico
 Bioquímica

Parâmetros bioquímicos mais utilizados na avaliação nutricional na DRC

PARÂMETRO VALORES DE VALORES DESEJADOS


REFERÊNCIA NA DRC

Albumina 3,5-5,0 >4,0

Pré albumina 19 a 38 >30

Transferrina 250 a 450 DLN

Creatinina 0,6 a 1.2 >9,0

Contagem total de 1500 a 4000 DLN


linfócitos
Ureia 10 a 45 Não determinado

Colesterol <200 DLN

Recomendações nutricionais (K/DOQI, 2000)

Calorias Idade > 60 anos Idade < 60 anos


30kcal/kg/dia 35kcal/kg/dia

Carboidr 50 a 60%
ato DP: 35 (+ glicose absorvida no dialisato)

Lipídeo 25 a 30%

Proteína Conservador Diálise

TFG>70mL/min= 0,8 a 1,0


TFG 70 a 30mL/min= 0,6 (50%
AVB) HD= 1,2 (50% AVB)
TFG <30mL/min= 0,6 (50% AVB) DP= 1,2 a 1,4 (50% AVB)
OU
0,3 (PROTEÍNA VEGETAL) +
suplementação de cetoácidos

DRC + DM= 0,8 (50% AVB)


DRC + DM= 0,8 a 1,0(AVB) (RIELA; MARTINS, 2013)

Transplante renal (MARTINS, 2004)


Calorias
TX imediato TX tardio Sobrepeso/obesi Estresse
dade metabólico
30 a 25 a
35kcal/kg/dia 30kcal/kg/di 20 a 35 a
a 25kcal/kg/dia 40kcal/kg/dia
Proteína TX imediato ou rejeição TX tardio
aguda 1,0g/kg/dia (50 a 75% de AVB)
1,3 a 1,5g/kg/dia Rejeição de enxerto
(50 a 75% de AVB) 0,6 a 0,8 (50 a 75% de AVB)
Carboidr 50 a 60% do VET
ato Fibras= 25 a 30g/dia

Lipídeo 30 a 35%
Hiperlipidemia= ≤30%

Recomendação de eletrólitos na DRC (CUPPARI, 2009)

Nutriente Conservador HD DP
Potássio (mEq) 40 a 70 50 a 70 40 a 70
Sódio (mg) 1000 a 3000 1000 a 3000 2000 a 3000
Líquidos (mL) Sem restrição 500ml + volume Individual
urinário
Fósforo (mg) 800 a 1000 800 a 1000 800 a 1000
Cálcio (mg) 1400 a 1600 <1000 <1000
Ferro (mg) Homens=8 Homens=8 Homens=8
Mulheres=15 Mulheres=15 Mulheres=15

Zinco (mg) Homens=10 a Homens=10 a 15 Homens=10 a 15


15 Mulheres=8 a 12 Mulheres=8 a 12
Mulheres=8 a
12

Selênio (mcg) 55 55 55

Orientações gerais para evitar hiperpotassemia


 Preferir frutas e hortaliças pobres em K;
 Evitar outras fontes de K (industrializados)
 Estimular a cocção dos alimentos em água para ↓K
 Proibido consumo de carambola em pacientes com DRC

Orientações gerais para evitar hiperfosfatemia

 Evitar consumo de alimentos industrializados pois contém alto teor de fósforo adicionado

Orientações gerais para evitar o consumo excessivo de sódio


 Evitar adição de sal;
 Não utilizar sais de K;
 Utilizar temperos naturais;
 Evitar embutidos e enlatados principalmente

Recomendações gerais
 Controle de comorbidades: HAS, DM e dislipidemia;
 Solicitar uso dequelantes de Ca, K e P quando necessário;
 Observar vitaminas hidrossolúveis principalmente.

REFERÊNCIAS
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.
CUPPARI, L. Nutrição nas doenças crônicas não transmissíveis. 1.ed. Barueri/SP: Manole, 2009.
GEKLE, Michael. Kidney and aging—a narrative review. Experimental gerontology, 2017, 87:
153-155.
KETTELER, Markus, et al. Diagnosis, evaluation, prevention,
andtreatmentofchronickidneydisease–mineral andbonedisorder: Synopsisofthekidneydisease:
improving global outcomes 2017 clinicalpracticeguidelineupdate. Annalsofinternal medicine,
2018, 168.6: 422-430.
NATIONAL KIDNEY FOUNDATION. KidneyDiseaseOutcomesQualityInitiative.
Clinicalpracticeguidelines for nutrition in chronic renal failure. Am J KidneyDis. 2000;35:S1-140.

RIELLA, M.C; MARTINS, M.C. Nutrição e o Rim. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013
WEBSTER, Angela C., et al. Chronic kidney disease. The lancet, 2017, 389.10075: 1238-1252.

ZOCCALI, C. et al. The systemic nature of CKD. Nat. Rev. Nephrol. 13, 344–358 (2017).

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS RENAIS – PARTE II

LESÃO RENAL AGUDA (LRA) (INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA)


Caracteriza-se por redução abrupta da função renal por pelo menos 24 a 48h, resultando
na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da
homeostase hidroeletrolítica do organismo. Os acometidos com essa condição normalmente
apresentam valores de creatinina ≥ 50% dos valores normais em período <7 dias, diurese
<0,5ml/kg/h por mais de 6 horas (marcador de gravidade), disfunção múltipla de órgãos. É
observado que a LRA pode ser encontrada em até 25% dos pacientes em UTI.
Fatores de risco:
 Idade >65 anos e a presença prévia de DRC
 Radiocontrastes
 Aminoglicosídeos
 Ateroembolismo
 Cirurgia cardiovascular
Etiologia da LRA:
 Pré renal: É quando há uma resposta fisiológica à hipoperfusão renal, sem defeito
estrutural no rim. Ex: hemorragia, depleção de volume, ICC, Cirrose hepática
descompensada e outros.

 Renal: É assim classificado quando há alguma alteração diretamente no parênquima


renal, que induzem necroso tubular aguda. Ex: Sepse, antibióticos nefrotóxicos, agentes
radiocontrastes, quimioterápicos, doenças vasculares, mieloma, glomerulonefrites, e
outros.

 Pós renal: Quando há algum impedimento da passagem da urina por alguma obstrução
na pelve renal, ureter, bexiga ou uretra. Quando há desobstrução da via urinária a função
é reestabelecida.

Alterações metabólicas na LRA:


Metabolismo de PTN Metabolismo de CHO Metabolism Eletrólitos
o de LIP
 ↓síntese  ↑ ↑ produção ↑
 ↑degradação gliconeogênesehepática+resis endógena concentraçõ
 Resistência a tênciaa insulina= e fator es de fósforo
insulina: hiperglicemia inibidor da e potássio=
↑catecolamin lipase hiperfosfatem
as, glucagon lipoproteic ia e
e a= ↑TG hipercalemia
corticosteroid
es
 ↑mediadores
inflamatórios,
acidose
metabólica,
 perdas de AA
no dialisato
 Membranas
bioincompatív
eis

Desnutrição na LRA:
 Hipercatabolismo
 Suplementação inadequada
 Aumento de K, P, escórias nitrogenadas, íons hidrogênio
Grau de catabolismo
LEVE MODERADO GRAVE

Pacientes não catabólicos Catabolismo moderado Catabolismo severo

Causas: nefrotoxinas Pós op de grandes cirurgias Ocorre em associação com


trauma severo, extensas
queimaduras ou sepse
Prognóstico: excelente Complicações por infecção, Mortalidade 80%
peritonite ou moderado
grau de agressão
Diálise não necessária Frequente necessidade de Diálise contínua + suporte
diálise hemodinâmico e ventilatório

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA LRA


Recomendações nutricionais em pacientes com LRA (DITEN, 2011)
ENERGIA (kcal/kg de peso atual ou Estresse leve: 30-35kcal/kg/dia
peso ideal em caso de obesidade)
Estresse moderado: 25-30kcal/kg/dia
Estresse grave:20-25kcal/kg/dia
CHO 45 a 60% do VET
LIP 20% (SEPSE) OU 35%
PTN (g/kg de peso atual ou ideal) ou Estresse leve: 0,6-1,0g/kg/dia
aae e não essenciais
Estressemoderado: 1,0-1,5g/kg/dia
Estressegrave, com terapia de
reposição renal: 1,3 a 1,8g/kg/dia
Líquidos (mL) 500-750 + diurese de 24h + outras
perdas (dreno, vômitos, fístulas

Recomendações nutricionais em pacientes com LRA (RIELA; MARTINS, 2013)


ENERGIA (adaptar as necessidades individuais em caso de baixo peso ou
obesidade)
20 a 30kcal/kg/dia
CHO
45 a 60% do VET
LIP
20% (SEPSE) OU 35%
PTN (aae e não essenciais)
Terapia conservadora: 0,6-0,8g/kg/dia
Diálise intermitente- catabolismo moderado: 1,0-1,5g/kg/dia
Diálise contínua- hipercatabolismo grave: máx 1,7g/kg/dia

LITÍASE RENAL (NEFROLITÍASE)


Condição multifatorial consequente do estado de saturação urinária, e a formação de cálculos
resultado processo de nucleação, retenção e crescimento de cristais no trato urinário.
Fatores ambientais na gênese da nefrolitíase e recomendação:
 Cálcio: ↓ingestão → ↑risco de cálculo renal
Recomendação: 800 a 1200mg/dia
Homens=800mg
Mulheres antes da menopausa= 1000mg/dia
Mulheres após menopausa= 1200mg/dia
Exceção de restrição em pessoas com hipercalciúria: 500-600mg/dia

 Oxalato:
Alimentos ricos em oxalato estão relacionados anefrolitíase:
Ex: Altoteor:espinafre, beterraba e ruibarbo
Teor moderado: feijão e chocolate
Teor menor, mas muito biodisponível: oleaginosas (nozes, amendoim, amêndoas)

 Sódio:
↑ingestão → ↑risco de cálculo renal
Não exceder recomendações normais.

 Citrato:Inibe formação de cálculos.


Não existe recomendação específica. Alimentos fonte: frutas cítricas, leite e derivados.
 Potássio:↓ingestão de K → ↑risco de cálculo renal (abaixo de 74mEq/dia)
Alimentos ricos em K: frutas, vegetais e leguminosas.

 Vitamina C:
Estudos controversos que a vitamina C aumenta oxalato. Orienta-se evitar doses
superiores a 500mg/dia. Utilizar frutas para atingir as recomendações, pois também têm
contrato.

 Proteínas:
A proteína animal apresenta maiores efeitos na formação de cálculos urinários.
Recomendação: 0,8 a 1,0g/kg/dia (até 50% de origem animal).

 Líquidos:aumento da ingestão de líquidos reduz concentração de promotores de cristais.


Recomendação de 2000ml a 2500ml/dia

Orientações gerais
• Moderação nas bebidas alcoólicas uma vez que aumenta ácido úrico;
• Chás preto e mate devem ser consumidos com cuidado pois apresentam alto teor de
oxalato;
• Phillanthusniruri, utilizada na cultura popular como o chá de quebra pedra, não há
recomendação, mas existe a possibilidade de ajuda na expulsão do cálculo;
• Frutose de alimentos industrializados pode aumentar formação de cálculos.

REFERÊNCIAS
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.
NationalKidney Foundation. KidneyDiseaseOutcomesQualityInitiative.
Clinicalpracticeguidelines for nutrition in chronic renal failure. Am J KidneyDis. 2000;35:S1-140.

RIELLA, M.C; MARTINS, M.C. Nutrição e o Rim. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS HEPÁTICAS

A insuficiência hepática crônica (IHC) ou doença hepática crônica (DHC) é definida como
falência global do fígado, relacionada a agressão contínua ao parênquima hepático,
ocasionada por vários agentes etiológicos, como uso de etanol, infecção viral, acúmulo de
gordura citoplasmática ou doença autoimune.
A insuficiência hepática está associada diretamente com maior risco para desenvolvimento de
encefalopatia hepática, que pode ser definida como síndrome neuropsiquiátrica,
potencialmente reversível, caracterizada por alterações na personalidade, no comportamento,
na redução da cognição, da função motora e no nível de consciência.

QUADRO CLÍNICO DA DHC


 Náusea
 Desconforto abdominal
 Ascite
 Edema periférico
 Varizes esofágicas
 Icterícia
 Diarreia
 Hipertensão portal
 Perda de peso
 Encefalopatia hepática

DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA


A doença hepática alcoólica (DHA) é ocasionada pelo uso abusivo e prolongado de etanol,
não necessariamente ligada à dependência ao etanol, mas podendo também está
relacionada a outros fatores predisponentes, genéticos e ambientais como nutrição vírusda
hepatite B e C, entre outros. O etanol é metabolizado por duas vias nos hepatóitos. Uma ele é
oxidado no citosolpela álcooldesidrogenase (ADH), gerando acetaldeído, que em seguida é
convertido em acetil-CoA pela acetaldeídodesidrogenasee no retículo endoplasmático pelo
CYP2E1 (citocromo P450), gerando radicais livres (radical hidroxietil, superóxido e água
oxigenada).
Fatores de risco para a DHA

ESTEATOSE HEPÁTICA
A esteatose hepática é definida como acúmulo excessivo de triglicerídeos nos hepatócitos.
Existem duas condições principais associadas à esteatose hepática: doença hepática gordurosa
não alcoólica (DHGNA) e doença hepática gordurosa alcoólica (DHGA).O curso natural da
esteatose hepática variade acordo com a etiologia e condições acompanhadas comocomo
inflamação e fibrose, com potencial para progredirem cirrose e insuficiência hepática.
Fatores etiológicos e mecanismos fisiopatológicos da doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA)
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
A encefalopatia hepática (EH) é definida como um comprometimento neuropsiquiátrico
reversível, variando de deficiências cognitivas leves a coma em pacientes com doença
hepática. Vários mecanismos estão envolvidos na etiologia da EH destacados na figura a seguir:

Fonte: Adaptado de Cuppari, 2014.


Alterações no metabolismo de macronutrientes nas doenças hepáticas crônicas
Fonte: Cuppari, 2014.
PRINCIPAIS FATORES INDUTORES DE DESNUTRIÇÃO NAS DHC
 Inadequada ingestão oral de nutrientes
 Distúrbios metabólicos
 Diminuição da capacidade hepática para estocar nutrientes
 Malabsorção
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA DHC
 Métodos antropométricos: Índice de massa corporal (IMC), dobras cutâneas, prega
cutâneatriciptal (PCT), circunferência braquial (CB) e circunferência muscular do braço
(CMB).
 Métodos subjetivos: Avaliação subjetiva global (ASG) e anamnese alimentar.
 Métodos funcionais: Força de aperto da mão (FAM) e espessura do músculo adutor do
polegar (MAP).
 Avaliações bioquímicas: Proteínas séricas de fase aguda.

TRATAMENTO DIETÉTICO
Energia
 30 a 40Kcal/kg/dia (WAITZBERG, 2017)
 30 a 35kcal/kg/dia (ESPEN, 2019)

Carboidrato
 50 a 70% do VET (WAITZBERG, 2017)

Proteína
WAITZBERG, 2017
 Estável e sem desnutrição → 1,2g/kg/dia
 Para BN+ e presença de desnutrição→ 1,5 a 1,8g/kg/dia

ESPEN, 2019

 Presença de desnutrição→1,5g/kg/dia

Lipídeo
 20 a 30% do VET
Micronutrientes
 Zinco
 Ferro
 Vitaminas B1, B12, A e D
Sódio
 2000mg de sódio/dia.
 Evitar rígidas restrições para não reduzir palatabilidade e consequente diminuição da
ingestão alimentar.

Tratamento nutricional na esteatose hepática


 Perda de peso
 Dieta do mediterrâneo
Tratamento nutricional na EH
 Proteína :1,2 a 1,5g/kg/dia
 Se grau 3 e 4: 0,6g/kg /dia + 0,25g/kg/dia de AACR
 Suplementos comAACR no lanche noturno evita catabolismo muscular (ESPEN, 2019)

Tratamento nutricional no pré transplante


Energia
 30 a 40kcal/kg/dia (WAITZBERG, 2017)
 30 a 35kcal/kg/dia (ESPEN, 2019)

Proteína

 1,2 a 1,5g/kg/dia
Obesos
 25kcal/kg/dia
 2,0 a 2,5g/kg/dia (ESPEN, 2019)

Carboidrato
 50 a 70% do VET (WAITZBERG, 2017)
Lipídeo
 30% do VET

FIBRAS

 25 a 45g/dia

Tratamento nutricional no pós transplante

Energia

 25 a 30kcal/kg/dia (WAITZBERG, 2017)


 30-35kcal/kg/dia (ESPEN, 2019)

Proteína

 Catabolismo proteico está acentuado →1,5 a 2,0g/kg/dia (WAITZBERG, 2017)


 1,2 a 1,5g/kg/dia (ESPEN, 2019)

Micronutrientes

 Repor de acordo com a necessidade.


Obs: O guideline da ESPEN recomenda início de alimentação seja oral ou enteral entre 12-24h no
pós transplante.

REFERÊNCIAS
CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
HABER, Paul S., et al. Pathogenesisand management
ofalcoholichepatitis. Journalofgastroenterologyandhepatology, 2003, 18.12: 1332-1344.
IDILMAN, Ilkay S.; OZDENIZ, Ilknur; KARCAALTINCABA, Musturay. Hepaticsteatosis: etiology,
patterns, andquantification. In: Seminars in Ultrasound, CT and MRI. WB Saunders, 2016. p. 501-510.
JOHNSON, T. M., OVERGARD, E. B., COHEN, A. E. et al. Nutrition Assessment and Management in
Advanced Liver Disease. Nutrition in Clinical Practice, v. 28, n. 1, 2013
PLAUTH, Mathias, et al. ESPEN guidelineonclinicalnutrition in liverdisease. ClinicalNutrition. 38.2: 485-
521, 2019.
RAHIMI, Robert S.; ROCKEY, Don C. Hepaticencephalopathy: howtotestandtreat. Currentopinion
in gastroenterology, 2014, 30.3: 265-271.
WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica v.2 . In: Nutrição
oral, enteral e parenteral na prática clínica v. 2. 5 ed. Atheneu. 2017.

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS

As doenças inflamatórias intestinais (DII) são crônicas e acometem o trato digestório. A


história natural caracteriza-se pela frequente exacerbação dos sinais e sintomas, com
diferenças dependendo da localização e da extensão do processo fisiopatológico.
Manifestam-se de duas formas:
 Retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI): a inflamação é delimitada à mucosa
do cólon, ocorrendo de maneira contínua, e a manifestação mais comum é a
diarreia sanguinolenta.

 Doença de Crohn (DC): é uma doença inflamatória também de caráter


granulomatoso, que pode afetar qualquer parte do trato alimentar, desde a
boca até o ânus, mas envolve predominantemente o íleo terminal e o cólon. É
segmentar e as manifestações predominantes na DC são a diarreia e a dor
abdominal.

A etiologia das DII é desconhecida e multifatorial, mas são apontados quatro aspectos
que apresentam grande interação, além de sofrerem a influência de fatores
ambientais: os genéticos; os luminais (relacionados a microbiota intestinal, seus
antígenos e produtos metabólicos e os antígenos alimentares); os relacionados à
barreira intestinal (incluindoos aspectos referentes à imunidade inata e à
permeabilidade intestinal); e os relacionados à imunorregulação (incluindo a
imunidade adaptativa ou adquirida).
É crucial a determinação do grau de severidade ou atividade da DII, pois a gravidade,
a duração e a localização da doença são importantes na resposta ao tratamento,
lembrando que doenças na região perianal têm uma resposta menos favorável à
terapia nutricional.

Fatores associados à deficiencias nutricionais nasDII

o Diminuição da ingestão alimentar


o Má absorção
o Aumento das perdas intestinais
o Interações drogas-nutrientes
o Aumento das necessidades nutricionais
Objetivos da terapia nutricional
o Aplicar as recomendações nutricionais adequadas de acordo com o tipo de
doença e grau de atividade;
o Recuperar e/ou manter o estado nutricional;
o Manter o crescimento em crianças;
o Fornecer aporte adequado de nutrientes;
o Contribuir para diminuir a atividade e para aumentar o tempo de remissão da
doença.

Avaliação nutricional

A avaliação é voltada para acompanhamento de perda de peso→ pode está


mascarada pela retenção hídrica devido uso de corticoides. Crianças e adolescente
podem apresentar déficit de crescimento. É importante avaliar ainda as deficiências
nutricionais, principalmente de ferro, vitamina B12, ácido fólico e cálcio. A albumina
apesar de ser um indicador de estado nutricional sua avaliação pode ser limitada uma
vez que em estado inflamatório ela também pode está diminuída, que interfere no
diagnóstico de desnutrição por esse parâmetro. Sendo assim, é indicado a avaliação da
albumina com a proteína C reativa (indicador de presença de inflamação).

Recomendaçõesnutricionais
Como os mecanismos patológicos da DII não estão definitivamente estabelecidos, o
papel de fatores específicos da dieta na etiologia ou no tratamento continua obscuro.
Portanto, a tolerância individual deve ser levada em conta, sempre tendo como
objetivo principal a preservação de um bom estado nutricional.
Energia - 25 a 30 kcal/kg/dia - Suficiente para recuperar ou manter um peso corporal
saudável (levar em conta o hipermetabolismo das DII e a necessidade de recuperação
de peso)
Proteínas - 1 a 1,5 g (até 2 g para desnutridos)/kg de peso ideal/dia
Lipídios Hipolipídica - (< 20% das calorias totais), uma vez que podem piorar a
diarreia (pode haver deficiência de sais biliares)
Carboidratos:
Fase aguda da DII - Isenta de lactose (evitar leite e derivados).
A lactase é uma enzima de frágil inserção na mucosa intestinal, e seus níveis podem
estar diminuídos na diarreia, havendo intolerância.
Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares que possam
aumentar a diarreia. Rica em fibras solúveis (por ação das bactérias intestinais, formam
ácidos graxos de cadeia curta, que constituem importante fonte de energia para
células intestinais) e pobre em fibras insolúveis (para auxiliar no controle da diarreia).

Fase de remissão da DII - Evoluir progressivamente o teor de fibras insolúveis


Antifermentativa
Evitar alimentos: relacionados com a formação de gases: brócolis, couve-flor, couve,
repolho, nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino, batata-doce; grão de
leguminosas: feijão, ervilha seca, grão-de-bico, lentilha; frutos do mar, especialmente
mariscos e ostras; melão, abacate, melancia; ovo cozido ou frito consumido inteiro
(mas não quando faz parte de uma preparação, como em um bolo ou torta);
sementes oleaginosas: nozes, castanhas, amendoim, castanha de caju, etc. bebidas
gasosas como refrigerantes; excesso de açúcar; doces concentrados, como
goiabada, cocada.
Lembrar que a formação de gases é muito individual, mantendo relação com a flora
bacteriana intestinal.

 Via de administração Oral


(fase deremissão)
Complementos orais: são recomendados para casos de DC com inflamação intestinal
persistente, como nos dependentes de terapia com corticoesteroides, oferecendo até
600 kcal/dia – associados à via oral Enteral e parenteral (fase aguda).
 Substratos específicos

 Na DC ativa:

o Fórmulas enterais à base de aminoácidos livres, peptídeos - A utilização de


fórmulas enterais elementares não mostrou eficácia superior às fórmulas
poliméricas (com proteína intacta) e por isso não há recomendação
específica para o uso dessas fórmulas.

o Fórmulas enterais enriquecidas com glutamina, ácido graxo ômega-3,TGF-


beta - Como não há evidência científica sobre os benefícios, não há
recomendação específica para o uso dessas fórmulas enriquecidas.

o Glutamina via parenteral - A adição de 0,3 g/kg de L-alanil-L-glutamina na


nutrição parenteral não se associou com melhora (na permeabilidade
intestinal, concentração plasmática, parâmetros nutricionais, atividade da
doença e tempo de permanência hospitalar), não justificando
recomendação específica.

o Na RCUI:
o Ácido graxo ômega-3 - Contribui para diminuir a resposta inflamatória (3 a 6g/dia)

o AGCC Os AGCC (ácidos acético, butírico e propiônico) obtidos por meio da


fermentação bacteriana das fibras solúveis (p. ex., Plantago ovata) são
importantes para o trofismo da mucosa intestinal (ver discussão no texto). Ainda
é necessário desenvolvimento de mais estudos sobre fontes e quantidade.

o Probióticos - Os pacientes com DII apresentam menor quantidade de bactérias


benéficas e o uso de probióticos pode contribuir para o aumento no tempo de
remissão, favorecendo o equilíbrio da flora bacteriana intestinal. Ainda há
necessidade de melhor definição sobre quais as cepas indicadas e a
quantidade. Cabe ressaltar que pelo risco de translocação bacteriana é
contraindicado o uso na fase ativa, pela falta de evidência científica.

 Na fase aguda, o suporte enteral e parenteral tem sido amplamente


empregado com o objetivo de melhorar o estado nutricional. Existe na literatura
atual uma tendência favorável à utilização de fórmulas enterais nasDII.

Indicação de terapia nutricional segundo a ESPEN (2017)

• Suporte nutricional pré-operatório entre 7-10 dias em pacientes submetidos a


grandes cirurgias gastrointestinais e levemente desnutridos com maior duração
para desnutridos graves;
• Se os suplementos nutricionais orais não forem tolerados, a nutrição enteral deve
ser considerada e a administração parenteral deve ser usada apenas quando as
metas nutricionais não forem alcançadas.

REFERÊNCIAS

CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole,
2014.
LAMB, Christopher Andrew, et al. British Society of Gastroenterology consensus
guidelines on the management of inflammatory bowel disease in adults. Gut, 2019,
68.Suppl 3: s1-s106.
WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica v.2 .
In: Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica v. 2. 5 ed. Atheneu. 2017.
WEIMANN A, BRAGA M, CARLI F, et al. ESPEN guideline: Clinical nutrition in surgery.
ClinNutr2017;36:623–50.

DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR E PÂNCREAS

VESÍCULA BILIAR
Concentra, armazena e excreta a bile que é constituída de colesterol, sal biliar, pigmentos
biliares, imunoglobulinas e água. As principais funções da bile é auxiliar na digestão, eliminar
produtos residuais (hemoglobina e colesterol em excesso) e emulsionar gorduras e distribuir para
a parte distal do intestino.

Doenças comuns:

 Colelitíase: Formação de cálculos biliares.Esses cálculos se formam dentro da vesícula ou


nos ductos biliares e podem obstruir a passagem da bile desde a vesícula.
 Colestase: Consiste em uma diminuição ou interrupção do fluxo biliar.
 Colecistite: É a inflamação da vesícula biliar.
 Colangite: Quando os cálculos se deslocam para os ductos biliares, produzindo obstrução.

Doença biliar Tratamento


Colestase  Fase aguda ou dor, dieta
hipolipídica;
 Refeições pequenas e lanches;
 Alimentação enteral se a NPT
tiver sido a causa.
Colelitíase  Perda de peso gradual;
 Dieta deve incluir gordura para
a manutenção de contrações
vesiculares;
 Dieta hipolipídica quando há
dor após refeições gordurosas;
 Dieta rica em fibras;
 Suplementar vitaminas
lipossolúveis se deficiência.
Colecistite Aguda:
 Jejum na crise aguda;
 Dieta hipolipídica (30 –
45g/dia);
 Dieta pouco condimentada e
poucas hortaliças para reduzir
produção de gases (distensão
e irritação);
 NP: paciente desnutrido ou
sem VO por longo tempo.
Crônica:
 Gorduras e calorias
controladas à longo prazo
 Lipídeos: 25 – 30% VET
 Adequada em CHO e fibras
solúveis;
 Avaliar intolerância alimentar
flatulência e inchaço;
 Administrar vitaminas
lipossolúveis.
Colangite  Manejo nutricional depende
dos sintomas
 Muitas vezes é necessário
suplementação de vitaminas
lipossolúveis

PÂNCREAS
Pancreatites
É o termo genérico utilizado para patologias no pâncreas que engloba uma série de condições
com variações na etiologia, no curso clínico e tratamento. Os principais sintomas são dor
contínua ou intermitente até intensa dor abdominal pode irradiar para as costas, náusea e
vômito, distensão abdominal (primeiros dias), esteatorréia, icterícia. Em casos graves podem
ocorrer hipotensão, oligúria, dispnéia, hemorragia, choque e morte.

Fatores associados à desnutrição energético proteica na pancreatite

 Redução da ingestão alimentar por dores pós prandiais


 Hipercatabolismo
 Abuso de álcool
 Redução da absorção de macro e micronutrientes
 Presença de diabetes mellitus

Pancreatite aguda
Inflamação pancreática que pode determinar uma síndrome da resposta inflamatória sistêmica.
Caracteriza-se pela ativação de enzimas digestivas na célula provocando lesão e aumento de
mediadores inflamatórios.

Recomendações nutricionais

Recomendações iniciais na pancreatite aguda leve


Jejum alimentar, hidratação, analgesia → até alívio dos sintomas
Fluidos e eletrólitos: repostos via parenteral e logo após admissão
VO: iniciada tão logo for possível → quando cessar dor, náuseas e vômitos; enzimas
séricas baixarem e houver melhora das complicações; geralmente entre 24 e 48 horas
pós admissão hospitalar
Introdução clássica:
1. Dieta líquida com AA e gorduras na forma
elementar ou semi-elementar e TCM (dieta com baixo resíduo);
2. Gradualmente (3 a 4 dias): dieta leve, rica em CHO, com
moderado/baixo teor em gordura (< 30% VET)
Fracionamento: 6 refeições pequenas/dia
Progressiva evolução na consistência → conforme tolerância do paciente
Evitar estímulo aumentado para a secreção de enzimas pancreáticas (por isso o apoio
maior em carboidratos)

Recomendações dietoterápicas iniciais na PA grave

Repouso pancreático → jejum VO → evitar estimulação

Evitar jejum maior que 7 dias

NE precoce (bomba de infusão): melhora curso da doença, diminui complicações


infecciosas

NE Nasojejunal: prevenir estimulação pancreática;


NE via gástrica: pode ser utilizada em alguns casos (avaliar tolerância; elevar
cabeceira)
NE elementar e semi-elementar (avaliar tolerância): pode prevenir agravamento do
quadro.
Recomendações nutricionais na pancreatite aguda grave

Energia 25 a 35kcal/kg de peso ideal/dia

Proteínas 1,2 a 1,5g/kg de peso ideal/dia

Terapia nutricional Indicação

Enteral Deve ser indicada sempre que possível ou tolerada.


A posição preferencial é jejunal, mas pode ser gástrica se
tolerada.
A fórmula enteral oligomérica pode ser mais tolerada
Pode ser necessária a complementação com a via parenteral
para garantir a oferta nutricional adequada

Parenteral Indicada quando a via enteral não é tolerada. Soluções lipídicas


podem prover 25 a 30% das calorias não proteicas.
Os lipídeos têm pouca estimulação pelo pâncreas quando
administrados por via endovenosa.
Em pacentes com hiperlipidemia tipo I e IV, devem ser usadas
soluções com cautela.
Acompanhar triglicerídeos séricos, pois pode haver
hipertrigliceridemia

Pancreatite crônica
Caracterizam, do ponto de vista anátomo-patológico, pela fibrose progressiva do parênquima
glandular, inicialmente focal e, a seguir, difusa por todo o pâncreas.

Recomendações nutricionais na pancreatite crônica

 Via: preferência jejunal uma vez que diminui risco de translocação bacteriana e minimiza
estimulação da secreção pancreática;
 Quando a NE for de longa permanência indica-segastrostomia ou jejunostomia;
 Observar necessidade de fórmula elementar ousemi-elementar;
 Oferta protéica progressiva: 1.0-1.5g/kg/dia com peptídeos + TCM;
 O período noturno é ideal para suplementação.

Recomendações nutricionais na pancreatite crônica


Energia 30 a 35kcal/kg/dia
20kcal/kg/dia, com progressão gradativa (Risco de síndrome de
realimentação)

Carboidratos Normoglicídica
Proteínas 1,0 a 1,5g/kg/dia
Lipídeos 30% do VET
Na presença de esteatorreia ou intolerância deve haver restrição
para 20% do VET, com TCM.

Bebidas alcoólicas Exclusão


Micronutrientes De acordo com os sinais clínicos

REFERÊNCIAS
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.
MEIER, R., et al. ESPEN guidelineson enteral nutrition: pancreas. ClinicalNutrition, 2006, 25.2: 275-
284.
HIRSCHFIELD, Gideon M., et al. The British SocietyofGastroenterology/UK-PBC
primarybiliarycholangitistreatmentand management guidelines. Gut, 2018, 67.9: 1568-1594.
GUIMARÃES-FILHO, Marco Antonio, et al. Pancreatite aguda: etiologia, apresentação clínica e
tratamento. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2009, 8.1.

TERAPIA NUTRICIONAL

A Terapia Nutricional (TN) consiste em um conjunto de procedimentos terapêuticos para


manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição
Parenteral e ou Enteral. Entre seus principais objetivos estão:

1) Manter ou recuperar o estado nutricional;


2) Reverter o quadro de desnutrição ou corrigir o peso;

3) Oferecer condições favoráveis para o início do plano terapêutico;


4) Oferecer energia, fluidos e nutrientes em quantidades adequadas para manter as funções
vitais e a homeostase;

5) Recuperar a atividade do sistema imune;


6) Reduzir os riscos da hiperalimentação;

7) Garantir as ofertas proteica e energética adequadas.

Equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN)


Caracteriza-se uma EMTN um grupo formal e obrigatoriamente constituído de pelo menos um
profissional de cada categoria, a saber: médico, nutricionista, enfermeiro e farmacêutico,
podendo ainda incluir profissionais de outras categorias, habilitados e com treinamento
específico para a prática da Terapia Nutricional.

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE)


“Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou
combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para
uso de sondas ou via oral, industrializada ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para
substituir ou completar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas
necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou
manutenção dos tecidos, órgãos e sistemas.”

Indicações

Pacientes que não podem se alimentar Inconsciência

Anorexia nervosa

Lesões orais

Acidentes vasculares encefálicos

Neoplasias

Doenças Desmielinizantes

Pacientes com ingestão oral insuficiente Trauma

Septicemia

Alcoolismo crônico

Depressão grave

Queimaduras

Pacientes nos quais a alimentação Doenças inflamatórias intestinais


comum produz dor e /ou desconforto
Neoplasias do TGI

Pancreatite

Quimio/radioterapia

Pacientes com disfunção do TGI Síndrome de má absorção

Fístula

Síndrome do intestino curto

Contraindicações

Disfunção do TGI ou condições que requerem repouso intestinal

Obstrução mecânica do TGI

Refluxo gastroesofágico intenso

Íleo paralítico

Hemorragia no TGI severa

Vômitos e diarreia severa

Fístula no TGI de alto débito ( >500mL/dia)

Enterocolite severa

Pancreatite aguda grave

Doença terminal
Expectativa de utilizar a TNE em período inferior a 5 a 7 dias para pacientes
desnutridos ou 7 a 9 dias para pacientes bem nutridos

Categorização da DC Valores de DC Categorização da fórmula

Muito baixa < 0,6 Acentuadamente


hipocalórica

Baixa 0,6-0,8 Hipocalórica

Padrão 0,9-1,2 Normocalórica

Alta 1,3-1,5 Hipercalórica

Muito Alta >1,5 Acentuadamente


hipercalórica

Categorização Valores de osmolaridade

Hipotônica 280-300

Isotônica 300-350

Levemente hipertônica 350-550

Acentuadamente hipertônica >750

Vias de acesso

 Nasogástrica
 Nasoduodenal
 Nasojejunal

Métodos de administração

 Administração em bolo: a infusão é feita através da injeção da dieta com uma seringa.

 Administração intermitente: a infusão de dieta é feita com volume, horário, tempo e


gotejamento pré-determinados por meio de equipo gravitacional.

 Administração contínua: a infusão de dieta é feita com volume, horário, tempo e


gotejamento pré- determinados por meio de bomba de infusão

Complicações da NE

Gastrointestinais Náuseas

Vômitos

Estase gástrica

Refluxo gastroesofágico

Distensão abdominal, cólicas,


empachamento, flatulência
Diarreia/ obstipação

Metabólicas Hiperidratação/desidratação

Hiperglicemia/hipoglicemia

Anormalidades de eletrólitos

Alterações na função hepática

Infecciosas Gastroenterocolites por contaminação


microbiana desde preparo a administração

Respiratórias Aspiração pulmonar com síndrome de


Mendelson (pneumonia química) ou
pneumonia infecciosa

Mecânicas Erosão nasal e necrose

Sinusite aguda, rouquidão, otite

Abscesso septonasal

Faringite

Esofagite, ulceração esofágica, estenose

Fístulas traqueoesofágicas

Ruptura de varizes esofágicas

Obstrução de sonda

Saída ou migração acidental da sonda

Psicológicas Ansiedade

Depressão

Falta de estímulo ou paladar

Monotonia alimentar

Insociabilidade

Inatividade

Cuidados para evitar complicações

Broncoaspiração

 Antes de iniciar a NE, verificar o posicionamento da sonda;


 Verificar o resíduo gástrico antes da administrar a dieta; se for mais de 20% do volume
administrado da última vez, não administrar;
 Elevar o decúbito do paciente (30° ou mais) durante a administração da dieta e por mais
40 min após;
 Controlar a velocidade de infusão da dieta;
 Cuidado ao realizar fisioterapia respiratória após a administração da dieta

Contaminação microbiana

 Mão limpa para instalar a dieta e qualquer outro procedimento de manipulação;


 Medicamentos devem ser administrados pelo Y da sonda;
 Em caso de sistema aberto, um novo equipo para cada frasco;
 É totalmente contraindicado a perfuração do frasco da dieta;
 Dietas prontas devem ser armazenadas por 24h sob refrigeração. Sem refrigeração,
devem ser administradas até 2h.

TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL (TNP)


Solução estéril de nutrientes que é infundida via intravenosa, por meio de um acesso venoso
periférico ou central, de modo que o trato digestivo é completamente excluído no processo.

Tipos:

 Nutrição Parenteral Periférica: Uma solução é administrada diretamente em uma veia


periférica. Indicada para períodos curtos (7 a 10 dias), porque em geral não atinge as NNE
do paciente. A osmolaridade de ve ser <900 mOsm/L para evitar flebite.

 Nutrição Parenteral Total: Uma solução é administrada diretamente em uma veia central.
É indicada para uso superior a 7 a 10 dias e oferece aportenutricional total. A
osmolaridade é geralmente superior a 1000mOsm/L.

Catéteres
 Tipos:
o Curta permanência
o Longa permanência
 Sítios de inserção
o Veia subclávia
o Veia jugular interna
o Veia axilar
o Veia femoral

Indicações

Vômitos intratáveis Pancreatite aguda

Hiperêmese gravídica

Quimioterapia

Diarreia grave Doença inflamatória intestinal

Síndrome da má absorção

Doença do enxerto contra o hospedeiro

Síndrome do intestino curto

Enterite actínica

Mucosite e esofagite Quimioterapia

Doença do enxerto contra o hospedeiro

Íleo Grandes cirurgias abdominais

Trauma grave

Quando não se pode utilizar uma jejunostomia por


pelo menos 7 dias

Obstrução Neoplasias

Aderências

Repouso intestinal Fístulas enteroentéricas e/ou enterocutâneas

Pré operatório Somente em casos de desnutrição grave nos quais a


cirurgia não possa ser adiada.

Contraindicações
É contraindicada em pacientes hemodinamicamente instáveis:
 Hipovolemia;
 Choque cardiogênico ou séptico;
 Edema agudo de pulmão;
 Anúria sem diálise ou
 Distúrbios metabólicos ou eletrolíticos

Monitoramento

Metabólicos Monitorar diariamente. Uma vez que estejam estáveis, 1


ou 2x/semana: sódio, potássio, cloro, ureia, glicemia,
cálcio, magnésio, fósforo e hemograma. Outros
semanalmente: atividade de protombina, triglicerídeos,
bilirrubinas, transaminases e fosfatase alcalina.

Nutricionais Avaliação diária do peso.

Albumina e pré albumina podem ser solicitados


semanalmente.

Infecciosos Vigilância de febre. Hemoculturas do cateter e sistêmica


podem ser necessárias. Avaliar diariamente o local da
inserção quanto a presença de sinais inflamatórios e
infecciosos.

Complicações da TNP

Mecânicas Relacionadas a inserção do cateter:


Pneumotórax

Hidrotórax
Lesão vascular

Infecciosas Sepses relacionadas ao catéter são causadas por


fungos, estafilococos ou germes Grannegativos
Metabólicas Hiperglicemia

Hipoglicemia
Balanço Ácido básico

Hipertrigliceridemia
Disfunção hepática

Síndrome realimentação

REFERÊNCIAS

BRASIL. RESOLUÇÃO - RCD N° 63, DE 6 DE JULHO DE 2000. REGULAMENTO TÉCNICO PARA A


TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2000/rdc0063_06_07_2000.html>. Acesso em:
19 de dezembro de 2019.
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri/SP: Manole, 2014.
WAITZBERG DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4.ed. São Paulo: Atheneu,
2009;

NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA: GESTAÇÃO E LACTAÇÃO

GESTAÇÃO
Compreende o período de aproximadamente 40 semanas. Ocorre intensas adaptações
fisiológicas, metabólicas e nutricionais. É uma das etapas da vida de maior demanda e
vulnerabilidade nutricional, podendo ser determinante para a predisposição de doenças
metabólicas tardias.
Tabela: Tipo de crescimento fetal por idade gestacional
Idade Tipo de Velocidade Peso médio do
gestacional crescimento feto
1º trimestre Hiperplasia Lenta 12ª semana ≈
(12 semanas) 300g
2º trimestre Hiperplasia e Acelerada 27ª semana ≈
(13 a 27 hipertrofia 1000g
semanas)
3º trimestre Hipertrofia Máxima 38ª semana ≈
(acima de 28 3000g
semanas)

Hormônios envolvidos:
 Gonadotrofina coriônica humana (HCG):Fundamental na produção de progesterona e
estrógeno no início da gravidez em quantidades suficientes para promover a evolução do
feto.
 Progesterona:Relaxa a musculatura lisa do útero. ↑tempo de absorção de nutrientes,
aumenta o depósito de gordura, aumenta a excreção de sódio, interfere no metabolismo
do ácido fólico e participa da mamogênese

 Estrógeno: Aumenta a elasticidade da parede uterina e do canal cervical, reduz


ptnsséricas, afeta a função tireoideana, interfere no metabolismo do ácido fólico e
participa da mamogênese.

 Hormônio lactogênico placentário (HLP):Antagonista da insulina pela deposição de


glicose no sangue. Agonista do hormônio do crescimento por deposição de proteínas nos
tecidos. Inicia processo de produção de leite.

 Insulina:A gestação é considerado um estado hiperinsulinêmico, caracteriza-se


porredução da sensibilidade a insulina (ação dos hormônios antagônicos a insulina:
progesterona, cortisol, prolactina e o hormônio lactogênio placentário). Os níveis
glicêmicos pós prandiais são mais altos. O aumento da glicose para o feto sobrecarrega o
sistema favorecendo a ineficiência no final da gestação.

 Tiroxina:Regula reações oxidativas na produção de energia. A hiperventilação promovida


pela progesterona, garante o suprimento de O2 para a produção de energia.

Alterações durante a gestação:


 Metabólicas
Metabolismo glicídico Metabolismo lipídico Metabolismo proteico
Glicemia de jejum ↑ Lipólise ↑ Concentração
plasmática da maior
↑ Utilização de glicose ↑ Cetogênese parte dos aminoácidos
↑ Produção endógena
de glicose
↓Sensibilidade à insulina
↑ Resistência hepática à
insulina

 Fisiológicas:
Cardiovasculares Respiratórias Renais Gastrointestinais

Hipervolemia ↑ Fluxo plasmático Náuseas e vômitos


renal
↑ Débito ↑ Volume ↓ Motilidade
cardíaco respiratório ↑Taxa de filtração intestinal
glomerular
↑ Pressão arterial Relaxamento do
sistólica e ↑ Retenção de esfíncter
diastólica sódio esofagiano inferior
↑ Fluxo sanguíneo Glicosúria ↑ Pressão no
tissular estômago
↓Pressão ↑ Esvaziamento da
oncótica vesícula
(edema) inicialmente, mas
no 3º trimestre é
reduzido
Fatores de risco na gestação:
 Gestação na adolescência;
 Gestantes com mais de 35 anos;
 Baixo peso;
 Sobrepeso ou obesidade;
 Paridade;
 Tabagismo;
 Álcool;
 Insultos nutricionais.
Avaliação nutricional:
 Antropometria

 Avaliação Bioquímica;
 Avaliação clínica;
 Avaliação dietética.
Recomendações nutricionais:
Calorias: VET= (TMB X FA) + adicional calórico do trimestre
RDA:
Adicional de 300Kcal a partir do 2º trimestre
Para adolescentes ou gestantes de baixo peso: a partir do 1º trimestre
IOM:
Adicional de 250kcal durante toda gestação (atividade normal)
Adicional de 200kcal durante toda gestação (atividade reduzida)
Carboidrato:
 55 a 70% do VET;
 Até 10% de CHO simples.
Fibras
• 28g/dia (DRIS)
• 20 a 35g/dia (ADA)
Lipídeos:
• 15 a 30% do VET;
• < 10% de gordura saturada;
• Preferir ácidos graxos poli-insaturados
Proteínas

Período gestacional

1º trimestre PPG ou PA x 1g/kg/dia + 1g

2º trimestre PPG ou PA x 1g/kg/dia + 9g


3º trimestre PPG ou PA x 1g/kg/dia + 31g

Vitaminas e minerais:

Nutriente Recomendação
Ferro 27mg/dia no 2º e 3º trimestre
Cálcio 1000mg/dia
1300mg/dia para adolescentes
Ácido fólico 600mg/dia
Vitamina C 85μg/dia
Vitamina A 770μg/dia

Intercorrências gestacionais:
 Náuseas e vômitos
 Fracionar refeições;
 Evitar frituras, alimentos gordurosos ou outros que possam causar desconforto;
 Evitar condimentos picantes;
 Consumir alimentos sólidos;
 Ingerir líquidos entre as refeições;
 Evitar deitar-se após se alimentar.

 Sialorreia e ptialismo
 Fracionar refeições;
 Dieta semelhante as recomendações para náuseas e vômitos;
 Aumento da ingestão hídrica;
 Consumir frutas com caldo.

 Fraquezas e desmaios
 Fracionar refeições;
 Evitar jejum prolongado;
 Utilizar sal na alimentação, com exceção em caso de HAS gestacional

 Constipação
 Aumento da ingestão de líquidos;
 Dieta rica em resíduo: frutas cítricas, verduras mamão, ameixa, cereais;
 Evitar alimentos de alta fermentação (repolho, couve, ovo, feijão, leite e açúcar;
 Mastigar bem os alimentos;
 Estimular a atividade física.

 Picamalácia
 Substituir a substância por alimentos de preferência;
 Evitar contato com a substância
 Pirose
 Fracionar refeições;
 Evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e fumo;
 Evitar frituras;
 Mastigar devagar;
 Não ingerir líquidos durante as refeições;
 Elevar a cabeceira da cama;
 Excluir ou substituir alimentos que causam desconforto.
Doenças hipertensivas da gravidez
• Hipertensão crônica
• Hipertensão gestacional
• Pré eclampsia
• Eclâmpsia
• Síndrome de HELLP

Tratamento: medicamentos e mudanças do estilo de vida como controle do peso corporal,


hábitos alimentares saudáveis com adoção da dieta DASH, redução do consumo de sal e
prática de atividade física.

Diabetes melittus gestacional

Tratamento: insulinoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida incluindo mudanças na


alimentação com aumento do consumo de fibras solúveis, uso de edulcorantes, preferência por
carboidratos complexos e prática de atividade física.

LACTAÇÃO
Fase de alta demanda energética e nutricional, decorrente das necessidades de produção de
leite para atender todas as necessidades do lactente até o 6º mês, e de forma complementar
após esta idade.

Avaliação nutricional:
 Antropometria;
 Avaliação clínica;
 Avaliação dietética.
Perda de peso pós parto
Índice de massa Objetivo Perda de peso
corporal recomendada
<18,5 (baixo peso) Alcançar IMC -
eutrófico
≥18,5e <25 Manutenção de -
(eutrofia) peso eutrófico
≥25 a< 30 Perda de peso para 0,5 a 1kg/mês
(sobrepeso) atingir eutrofia
≥30 (obesidade) Perda de peso para 0,5 a 2kg/mês
atingir eutrofia

 Recomendações nutricionais:

Energia
• Hipercalórica com acréscimo de adicional energético para produção láctea;
• EER (Peso pré gestacional, idade, altura e o nível de atividade física) + adicional para
produção láctea – adicional por perda ponderal (- 170 kcal)

CHO
• Normoglicídica (50 a 60%)
• 29g/dia de fibras
Lipídeos
• Normolipídica (25 a 30%)
• Ômega-3: 1,3g/dia (Peixe 3x/ semana)
• Ômega-6: 13g/dia
Proteína
• Hiperproteica (15 a 20%)
• RDA: Adicional de 25g/dia ou 1,3g/kg/dia
• OMS:Adicional de 19g/dia (1º semestre) e 12,5g/dia (2ºsemestre)
Vitaminas e minerais
• Hidro e lipossolúveis (A e E)
• Minerais (zinco e potássio)
• Recomendações podem ser atingidas através da alimentação

Fatores de risco nutricionais na lactação

 Álcool deve ser evitado; o consumo pode causar redução do reflexo de ejeção do leite e
contribui para o atraso psicomotor do lactente;
 A cafeína não é contraindicada, porém o excesso pode causar irritabilidade e aumento
das necessidades nutricionais; pode está presente também no chocolate, refrigerantes e
chás;
 Nicotina pode causar irritabilidade no bebê;
 Edulcorantes não é estimulado. Apenas em casos especiais como na presença de
diabetes;
 Alguns vegetais tem sido associados a ocorrência de cólicas, principalmente feijões,
couve, cebola e alho.

REFERÊNCIAS

BARBOSA J. M.; NEVES C.M.A.F.; ARAÚJO L. L.; SILVA E.M.C. Guia Ambulatorial de nutrição
materno infantil. Rio de Janeiro: Ed. Medbook, 2013.

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018 / Organização José Egídio Paulo de


Oliveira, Renan Magalhães Montenegro Junior, Sérgio Vencio. -- São Paulo : Editora Clannad,
2017;

MAHAN, L. Kathleen: Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia; Editora Elsevier; 13ª edição; Rio
de Janeiro; 2013;

VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008;

NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA: ALEITAMENTO MATERNO E NUTRIÇÃO DO


LACTENTE

Leite materno:
 Alimento de excelência por conter todos os nutrientes;
 Benefícios do ponto de vista nutricional, imunológico, psicológico e cognitivo;
 Eficaz intervenção na redução da morbidade e mortalidade infantil;
 Recomendação: amamentação de forma exclusiva até o 6º mês e manter com
complementação de outros alimentos até os 2 anos de vida.

Tipos de aleitamento:
1. Exclusivo: Somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de
outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos.
2. Predominante:Além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água
adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas.
3. Materno complementado: Além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido
com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança
pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado
alimento complementar.
4. Misto ou parcial: Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.

Fases do leite materno

 Colostro- Produzido nos primeiros 7 dias após o parto. Apresenta alta densidade e
pequenos volumes. Contém menos lactose, gordura e vit hidrossolúveis, e mais proteínas,
vit lipossolúveis e minerais, além de imunoglobulinas e fatores protetores.
 Leite de Transição- Produzido entre o 7º e 14º dia pós parto. Rico em lipídio e carboidrato.
 Leite Maduro- Apresenta todos os macro e micronutrientes necessários.

Leite para o recém nascido prematuro:

O leite de mães de recém nascidos prematuros tem composição diferenciada, promovendo ↑


proteína, cálcio, fósforo, magnésio, zinco e sódio, ↓lactose e ↑capacidade anti infecciosa, com
maiores concentrações de IgA, lizosima e lactoferrina.

Diferenças de composição:

Leite anterior:Fornece grande quantidade de proteína, vitaminas e minerais, hidratando o bebê.

Leite posterior: Rico em gordura, promove saciedade e adequado ganho de peso para a
criança.

Contraindicações do aleitamento materno:

 Mãe com doença cardíaca, pulmonar ou hepática grave, depressão, psicose grave ou
uso de drogas ilícitas;
 Mãe em tratamento quimioterápico/radioterápico;
 Galactosemia na criança;
 HIV;
 HTLV I e II;
 Infecções não tratadas: tuberculose, sífilis e brucelose;
 Quando houver lesões no seio na presença de herpes, hepatite C e varicela.

Leite pasteurizado

O banco de leite humano são responsáveispela promoção do aleitamento materno e execução


das atividades de coleta, processamento e controle de qualidade do leite, estocagem e
distribuição para unidades hospitalares. O leite humano pasteurizado é uma alternativa
nutricional para crianças prematuras, de baixo peso, portadoras de doenças infecciosas, diarreia
e imunodeprimidas, quando não houver disponibilidade da mãe. O processo de pasteurização
que ocorre nos bancos de leite humano é um processo eficaz, mas pode comprometer a
composição nutricional do leite. Porém, deve ser a primeira alternativa no caso de
indisponibilidade da amamentação.
Fórmulas infantis

São definidos como “Produto em forma líquida ou em pó, destinado a alimentação de lactentes
sob prescrição, em substituição total ou parcial do leite materno para satisfação das
necessidades nutricionais deste grupo.”A escolha da fórmula depende de diversos fatores:
 Faixa etária;
 Indicação clínica;
 Função gastrointestinal;
 Requerimentos nutricionais e de fluidos do paciente;
 Via de administração;
 Características dos nutrientes;
 Osmolaridade;
 Carga de soluto renal;
 Densidade calórica;
 Intolerâncias;
 Alergias alimentares;
 Custos

Leite materno versusleite de vaca

Principais diferenças:
 Hormônios, enzimas e anticorpos específicos: o leite materno é o único alimento que
possui hormônios, enzimas e anticorpos específicos capazes de combater infecções e
fortalecer o sistema imunológico da criança.
 Proteínas: A quantidade de proteínas no leite de vaca é aproximadamente 3 vezes mais
que o no leite materno, o que pode comprometer a função renal da criança.
 Prebióticos: O leite materno contém prebióticos que não estão presentes no leite de vaca.
 Sais minerais:
 Ferro: A quantidade de ferro no leite de vaca é muito baixa comparado ao leite materno,
podendo acarretar em desenvolvimento anemia para a criança.

REFERÊNCIAS

BARBOSA J. M.; NEVES C.M.A.F.; ARAÚJO L. L.; SILVA E.M.C. Guia Ambulatorial de nutrição
materno infantil. Rio de Janeiro: Ed. Medbook, 2013.

VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008

DOENÇAS DO TRATO GASTROINTESTINAL – TGI

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFAGICO (DRGE)

A DRGE é caracterizada por uma alteração no esfícter esofagiano inferior, com diminuição da
pressão nessa região, causando o retorno do conteúdo ácido péptico gástrico para oesôfago.
As principais causas são redução do esfíncter esofagiano inferior, aumento da pressão intra-
abdominal e hérniahiatal.
Fatores que alteram a pressão do EEI

 Alimentos muito volumosos e gordurosos


 Café e chá preto, matte em excesso, chocolate, menta, hortelã.
 Cigarro
 Bebidas alcoólicas
 Aumento da pressão intrabdominal – obesidade, gestação, 1°infância.
 Hérnia hiatal -Parte do esôfago ou porção superior do estômago que se desloca para
cima do diafragma; contribui para o surgimento de RGE e esofagite; recomendações
nutricionais similares as de RGE e esofagite.

Sintomas da DRGE

Vômitos, disfagia, recusa de alimentos ou queixas abdominais; Queimação dolorosa epigástrica


e retroesternal (azia); eructação; espasmo esofageano; irritação da faringe; pigarro; rouquidão;
agravamento de sintomasasmáticos.

Recomendações nutricionais na DRGE

Característica Recomendação

Energia • Suficiente para manter o peso ideal


• Se necessário, programar perda de peso
Lipídeos • Hipolipídica (<20% das calorias totais)
• Evitar alimentos e preparações gordurosas
Consistência • Fase aguda: líquida ou semilíquida e evoluir
da dieta conforme melhora
Fracionamento • 6 a 8 refeições/dia em pequenos volumes

Líquidos • Não ingerir durante as refeições

Excluir:

 Alimentos que aumentam a pressão do EEI: Café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas e
chocolate
 Alimentos que irritam a mucosa inflamada: Sucos e frutas ácidas, tomate (depende das
intolerâncias de cada indivíduo
 Alimentos que estimulam a secreção ácida: Com alto teor de purinas: consomê

Orientações gerais

 Não comer antes de dormir ( pelo menos 2 horas antes de deitar)


 Não encostar ou deitar após a refeição
 Manter horários regulares para evitar grandes volumes
 Não usar roupas ou acessórios apertados
 Manter a cabeceira da cama elevada (15 cm)
 Não consumir alimentos com temperatura elevada

GASTRITE

A Gastrite consiste na inflamação da mucosa gástrica. Ela aparece de repente, tem curta
duração e desaparece, na maioria das vezes, sem deixar sequelas. Pode ser desencadeada
por medicamentos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios, etc.), ingestão de bebidas
alcoólicas, fumo, situações de estresse (queimaduras graves, politrauma, etc.). A gastrite
crônica é definida histologicamente pela atrofia crônica progressiva da mucosa gástrica.

Objetivos da terapianutricional

 Prevenir a irritação da mucosa esofágica na faseaguda;


 Auxiliar na prevenção do refluxogastroesofágico;
 Contribuir para o aumento da pressão doEEI;
 Corrigir e manter o pesosaudável

Recomedaçõesnutricionais

Energia: Suficiente para manter ou recuperar o estado nutricional adequado.

Macronutrientes: Normal (CHO: 50-60%; PTN: 10-15%; LIP: 25 A 30%).

Consistência:Normal ou adaptada de acordo com a condição oral.

Fracionamento:Evitar longos períodos de jejum.

Alimentos moduladores: Fibras alimentares (vegetais em geral) que agem como tampão,
reduzindo a concentração de ácidos biliares no estômago e reduzindo o trânsito intestinal
podendo reduzir distensão abdominal.

Evitar: bebida alcoólica, café, chocolate, refrigerante a base de cola, pimenta e mostarda em
grãos.

Leite e gastrite

Era muito comum a adesão a dieta ricas em laticínios e cremes de leite para tratamento da
gastrite. Pensava-se que o leite melhorava a gastrite uma que promovia alcalinização gástrica e
alívio da dor e queimação. É conhecido que apesar do efeito momentâneo ao consumo a
ingestão leva ao efeito “rebote gástrico”estimulando a produção ácida gástrica e posterior com
intensificação dos sintomas. O leite não é proibido para os pacientes com gastrite, mas ele deve
ser consumido dentro da dieta sem excessos.

DIARREIA

Aumento da frequencia de eliminação de fezes (acima de 3 vezes/dia) semipastosas ou líquidas,


sendo acompanhada por perda excessiva de líquidos e eletrólitos. Pode ser causados por
doençãs inflamatórias intestinais, infecções por fungos, bactérias ou vírus, medicamentos, lesão
na superfície absortiva, desnutrição.

Tipos de diarreia
 Osmótica: Presença de solutos osmoticamente ativos no intestino, inadequadamente
absorvidos. Ex: deficiência de lactase.
 Secretória: Secreção ativa de eletrólitos e água pelo epitélio. Ex: por exotoxinas
bacterianas ou vírus.
 Exsudativa: Lesões na mucosa com secreção de muco, sangue e ptns plasmáticas.
Ex:colite ulcerativa, enterite por radiação.
 Contato mucoso limitado: Exposição inadequada de quimo no epitélio. Ex: síndrome do
intestino curto.

Recomendações nutricionais na diarreia

 Aumento da oferta de ingestão hídrica;


 Evitar leite e derivados. Em caso de diarreia há uma redução de lactase podendo
exacerbar os sintomas;
 Oferta de fibras solúveis
 Oferta de dieta antifermentativa para reduzir produção de gases e desconforto
abdominal
o Evitar: Brócolis, couve flor, couve, repolho, nabo, cebola, pimentão verde,
rabanete, pepino, batata doce; grãos de leguminosas: feijão, grão de bico,
lentilha; frutos do mar, ovo cozido ou frito; sementes oleaginosas; bebidas gasosas
e excesso de açúcar e doces concentrados.

CONSTIPAÇÃO

Alteração do trânsito intestinal, mais especificamente do intestino grosso com redução do


número de evacuações, com fezes endurecidas e esforço à defecação. É apontado que o
consumo de fastfoods, o sedentarismo, o uso de alguns medicamentos e condições de saúde
específicas são os principais responsáveis por desencadear a constipação.

Recomendações nutricionais e gerais na constipação

 Aumento da ingestão hídrica;


 Preferir alimentos ricos em fibras insolúveis:
o Vegetais folhosos (repolho, couve, alface, brócolis, entre outros);
o Frutas como ameixa preta, laranjas com o bagaço, mamão, manga, abacaxi e
abacate
o Farelo de trigo, de aveia, de linhaça
 Tente evacuar após uma das principais refeições do dia para tentar estabelecer uma
rotina;
 Faça exercícios físicos regularmente, principalmente abdominais e caminhadas;
 Não use medicamentos laxantes sem orientação médica, eles possuem efeitos colaterais
e podem prejudicar o funcionamento do seu intestino.

REFERÊNCIAS

CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
CHINZON, D., et al. Refluxo Gastroesofágico: diagnóstico e tratamento. Projeto diretrizes, 2005.
MAHAN, L. Kathleen: Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia; Editora Elsevier; 13ª edição;
Rio de Janeiro; 2013

NUTRIÇÃO NO CÂNCER

Câncer
É um grande grupo de doenças que podem atingir quase todos os órgãos ou tecidos do corpo
caracterizado pelo crescimento desordenado de células anormais podendo invadir partes
adjacentes do corpo e/ou se espalhar para outros órgãos.

Fatores de risco associados ao desenvolvimento docâncer

 Fatores genéticos
 Fatores ambientais

 Estilo de vida (tabagismo, alcoolismo,sedentarismo);


 Radiação
 Infecção porpapilomavírus
 Uso crônico de estrógenos
 Obesidade
 Dieta principal agente ambiental (contém inibidores eintensificadores)

Dieta x Etiologia do câncer

 Carcinógenos presente em alimentos


1. Pesticidas naturais - produzidos pelas próprias plantas no combate a predadores
2. Micotoxinas - Substâncias químicas tóxicas produzidas por fungos (Aflatoxina → leite,
amendoim e milho; Ocratoxina → cevada e trigo Fumosina →milho)
3. Compostos nitrosos - Alimentos processados, como defumados, salgados e em
conserva curados com nitrato enitrito
4. Hidrocarbonatos aromáticos policíclicos e aminas - Formados durante a combustão
do carbono e lise da proteína, quando os produtos cárneos são submetidos a
altastemperaturas

 AlimentosIntensificadores
1. Elevada ingestão calórica - Aumento da proliferação celular; aumento na formação
dos radicais livres e induz ao excesso de peso.
2. Gorduras trans e saturadas em excesso - Formados durante a combustão do
carbono e lise da proteína, quando os produtos cárneos são submetidos a altas
temperaturas.
3. Açúcares simples em excesso - Elevam os níveis de glicose e triglicerídeos
sanguíneos, bem como os níveis de insulina e outros hormônios capazes de estimular
o crescimento de células cancerígenas – 10 a 50x mais.
4. Aditivos alimentares - Conservantes, estabilizantes, corantes e adoçantes artificiais.
5. Proteínas emexcesso
6. Baixo consumo de fibras

 Alimentos Inibidores
1. Antioxidante - Vitaminas A, C, E, zinco eselênio
2. Fitoquímicos:

o Licopeno – Efeito antioxidante, combatendo a formação de radicais livres.


Encontrado tomate, goiaba,melancia
o Indóis – Inibem estrogênio, hormônio que estimula o crescimento de alguns tumores.
Presente no brocólis, repolho e couve-flor
o Sulfurafano - eleva o nível de enzimas anticancerígenas. Presente no brócolis,
repolho e couve-flor
o Terpenos - eleva o nível de enzimas anticancerígenas. Encontrado principalmente
nas frutas cítricas
o Lignanas - Fitoestrógenos, capazes de reduzir o risco de câncerrelacionado a
hormônios sexuais. Encontrados em sementes de linhaça, farelo de trigo e
grãosintegrais
o Flavonoides → Ação antioxidante, antiestrogênica, além de elevar o nível de
enzimas anticancerígenas: Catequinas (chás verde e preto, no cacau, na pera, na
maca e no vinho); Campferol ( brocólis, alho e na uva); Antocianinas (cerejas, uvas
vermelhas, morangos, chá, peles de frutas com pigmentos escuros); Isoflavonas (na
soja, no grão-de-bico, na lentilha e no feijão branco), algumas isoflavonas são
fitoestrógenos, estruturalmente similares aos estrógenos e atuam como estrógenos
fracos eantiestrógenos.

Tratamentos Clínicos
 Quimioterapia

Objetivo: Controlar sinais e sintomas, sem necessariamente influenciar na sobrevida


Indicações: Capacidade funcional suficiente; Expectativa de vida > 12 meses; possibilidade de
receber o tratamento regular e comparecer as consultas

 Radioterapia

Método de tratamento local ou locorregional do câncer. Tempo médio de tratamento: 4 – 5


semanas
Desnutrição no câncer
 Causas de Deterioração Nutricional

 Efeitos clínicos gerais - Falta de apetite, mal estar, fadiga, cansaço, febre,prostração
 Alterações bioquímicas - Produção de citocinas, hipermetabolismos, consumo e
utilização exacerbada dos macronutrientes nas vias metabólicas
 Transtornos gastrointestinais - Disfagia, vômitos, dor abdominal, obstrução intestinal
 Perdas internas e externas - Sangramentos, ascites,edemas
 Anormalidades psicológicas- Ansiedade, tristeza, insônia,depressão

 Localização e frequência

 Estômago – 65 a 85%
 Pâncreas – 80 a83%
 Esôfago – 60 a80%
 Cabeça e pescoço – 65 a75%
 Pulmão – 45 a60%
 Colo e reto – 45 a 60%
 Neoplasias urológicas –15%
 Ginecologia –15%

Caquexia docâncer
Síndrome clínica, caracterizada pela presença de anorexia, perda de peso
involuntária, depleção progressiva de massa magra e tecido adiposo além da
diminuição da capacidade funcional.

Fatores de risco para a depleção do EN nacaquexia:


 Tumor pulmonar e gastrointestinal
 Idade
 História pregressa de doenças que afetam EM
 Uso prolongado de nicotina

A síndrome inclui alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas, com:


• Complicação frequente em paciente c/ neoplasia maligna em estado avançado
• Consumo intenso de tecido muscular e adiposo
• Perda involuntária de peso
• Anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo

Alterações no metabolismo dosmacronutrientes:

1. Carboidratos

 Utiliza 10-50X mais glicose que a célula normal


 Intolerância a glicose ( sensibilidade dos receptores das células β;
 Diminuição da sensibilidade dos tecidos periféricos
 Aumento da gliconeogênese hepática a partir de aa musculares e lactato
 A glicose e degradada a lactato pelas células neoplásicas, que e reconvertido em
glicose no fígado (Ciclo de Cori) - aumento do Gasto energético.
2. Proteínas
 As depleções manifestam-se com atrofia músculo esquelético, atrofia de órgãos viscerais,
miopatia e hipoalbuminemia
 Aumento no metabolismo proteicomuscular
 Aumento da síntese proteica hepática, para manter o aumento da síntese de glicose
 Diminuição da síntese proteica muscular
 Aumento na absorção de aminoácidos pelas células malignas
 Perdas proteicas associadas a fistulas ou diarreia
 Balanço nitrogenado negativo (baixa ingestão)

3. Lipídios
 Aumento da lipólise
 Aumento do turnover de glicerol e ácidos graxos; oxidação lipídica não inibida pela
glicose
 Diminuição da lipogênese
 Diminuição da atividade da lipase lipoproteica
 Aumento dos níveis plasmáticos de lipídios

4. Taxa de Metabolismo Basal -TMB

 Inanição provoca a diminuição da TMB


 O estágio da doença e do estado nutricional do paciente pode diminuir ou aumentar. O
GER varia de 60-150% do valor normal (devido as alterações no metabolismo dos
macronutrientes

 Avaliação Nutricional do Paciente Oncológico

A avaliação nutricional no paciente com câncer devera ser realizada com frequência, e a
intervenção nutricional iniciada precocemente quando os defícits forem observados.

• Não há método considerado padrão ouro. Todos os métodos apresentam limitações.

 Instrumentos de avaliação nutricional


 Avaliação subjetiva global
 Antropometria
 Inquérito nutricional (avaliação dietética)
 Composição corporal
 Sinais clínicos
 Exames bioquímicos

 Triagem de risco e avaliação nutricional do paciente adulto em fase de pré epós-


operatório

o A triagem de risco nutricional e a avaliação da condição nutricional devem ser


realizadas dentro das primeiras 48 horas da admissão.
o As avaliações realizadas no pré ou no pós-operatório devem ser priorizadas e são
os primeiros passos para prescrever o plano terapêutico do paciente cirúrgico
oncológico
 Triagem de risco e avaliação nutricional do paciente adulto em tratamento
antineoplásico
A triagem de risco nutricional e a avaliação da condição nutricional devem ser realizadas dentro
dasprimeiras 48 horas da admissão, seguidas de reavaliações semanais.

Paciente ambulatorial:
o Sem risco nutricional: em até 30 dias
o Com risco nutricional: em até 15 dias
o Paciente internado:
o Na admissão hospitalar ou até 48h
o Durante internação: semanalmente

 Triagem de risco e avaliação nutricional do paciente pediátrico em fase pré epós-


operatória

o Resposta para pré-cirúrgico


o De 7 a 10 dias antes da cirurgia
o Na admissão ou em até 24h após a internação para a cirurgia
o Resposta para pós-cirúrgico
o Até 48h após a cirurgia
o Reavaliar em 7 dias durante a internação
o Na primeira semana após alta hospitalar

 Triagem de risco e avaliação nutricional do paciente pediátrico em tratamento


antineoplásico

o Ambulatório:
o Crianças eutróficas e sem risco nutricional: reavaliar no máximo em 30dias
o Crianças com risco nutricional ou qualquer grau de desnutrição: reavaliar no
máximo em 15dias
o Na internação:em até 48 h, podendo variar conforme a situação clínica e nutricional
da criança:
o Crianças eutróficas e sem risco nutricional: avaliar na admissão e reavaliar no
máximo em 15dias
o Crianças com risco nutricional ou qualquer grau de desnutrição: avaliar na admissão
e reavaliar no máximo em 7dias

 Triagem de risco e avaliação nutricional do paciente idoso em tratamento antineoplásico

 Em pacientes internados:
 Anamnese alimentar, exames físico e clínico diariamente com RN ou
desnutrição: antropometria em até 48h da internação
 A cada sete dias sem RN ou desnutrição: antropometria após sete dias de
internação semanalmente
 Ambulatorialmente:
 Mensalmente, para pacientes sem RN
 Quinzenalmente, para pacientes com RN

 Limitações na Avaliação Nutricional de Doentes com Câncer


Avaliação do Consumo Alimentar– visa Detectar se a alteração do hábito alimentar e
de causa primaria ou secundaria a doença. Porém, Dificuldade na ingestão de
alimentos juntamente com o tipo de câncer e doença avançada que alteram o gasto
energético e levam a quadros de caquexia, leva ao desenvolvimento de defícit
cognitivo, delírios, depressão ou astenia.

 Terapia Nutricional no Câncer

 Objetivos daTN
 Prevenir ou reverter a deterioração do estado nutricional
 Evitar a progressão para um quadro de caquexia
 Auxiliar no manejo dos sintomas
 Melhorar o balanço nitrogenado
 Reduzir a proteólise
 Aumentar a resposta imune
 Reduzir o tempo de internação hospitalar e promover melhor qualidade de vida
ao paciente

 Cuidados paliativos

o A nutrição possui papel preventivo, buscando assegurar as necessidades


nutricionais na tentativa de preservar o peso e a composição corporal e retardar o
desenvolvimento da caquexia.
o Além disso, auxilia o controle de sintomas e a manutenção da hidratação
satisfatória na ressignificação do alimento, possibilitando a redução da ansiedade
e o aumento da autoestima e do prazer

Condutas Nutricionais do paciente adulto pré epós-operatório


Fonte: INCA, 2015

Condutas Nutricionais do paciente adulto submetido a transplante de células-tronco


hematopoéticas
Fonte: INCA, 2015

Condutas Nutricionais do paciente adulto em tratamentoantineoplásico

Condutas Nutricionais do paciente adulto em cuidados paliativos


Fonte: INCA, 2015
O acompanhamento ambulatorial ou domiciliar do paciente em cuidados paliativos requer uma
equipe interdisciplinar treinada com o objetivo de aliviar os sintomas e proporcionar conforto ao
paciente e seus familiares por meio de um sistema de suporte ativo e contínuo que possibilite
promover a qualidade de vida. A assistência nutricional deve ser realizada conforme
necessidade individual, não devendo ultrapassar um intervalo maior que 15 dias entre as
consultas.

Condutas Nutricionais do paciente idosooncológico

Fonte: INCA, 2015


Recomendações nutricionais segunda a BRASPEN, 2019

Condição do paciente Recomendação


ENERGIA
Paciente com câncer 25 a 30 kcal/kg/dia
adulto e idoso, em
tratamento
antineoplásico
Paciente com câncer 32 a 38 kcal/kg/dia
idoso com IMC< 18,5
kg/m2
Paciente com câncer em Considerar a mesma recomendação para o
tratamento paliativo paciente com câncer adulto e idoso em tto, mas
na impossibilidade de atingir a meta, adequar a
oferta calórica que melhor conforte o paciente
Pacientes sobreviventes 25 e 30 kcal/kg/dia, em eutróficos
do câncer
Pacientes com câncer e 20 a 25 kcal/kg/dia
obesidade
Pacientes com câncer e 30 a 35 kcal/kg/dia
caquexia ou desnutridos
PROTEÍNA
Paciente com câncer • >1,0g /kg/dia.
adulto e idoso em • Inflamação sistêmica→ 1,2 – 2,0g/kg/dia.
tratamento • Desnutrição→ 1,2 a 1,5g/kg/dia.
antineoplásico
Paciente com câncer Oferta proteica que melhor conforte o paciente.
paliativo
Pacientes sobreviventes 0,8-1,0g/kg/dia
do câncer

OBS: Em caso de risco de síndrome de realimentação é indicado que nos três primeiros dias inicie
a dieta com 15 a 25 Kcal/Kg de peso e caso risco muito elevado que esse início seja com 5 a 10
Kcal/Kg de peso, acompanhado da monitorização diária de fósforo, magnésio e potássio

Orientações no manejo de sintomas frequentes nos pacientes oncológicos


Fonte: INCA, 2015

REFERÊNCIAS

ARENDS J, BACHMANN P, BARACOS V, BARTHELEMY N, ERTZ H, BOZZETTI F, et al. ESPEN guidelines


on nutrition in câncer patients. Clin Nutr. 2017;36(1):11–48.
FEARON, Kenneth, et al. Definition and classification of cancer cachexia: an international
consensus. The lancet oncology, 2011, 12.5: 489-495.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL. Diretriz BRASPEN de terapia
nutricional no paciente com câncer. BRASPEN J. 2019; 34 (Supl1):2-32

PACIENTE CRÍTICO

ESTADO CRÍTICO
Estado de estresse catabólico no qual os pacientes apresentam uma resposta
inflamatória sistêmica juntamente com complicações de aumento da morbidade
infecciosa, disfunção de múltiplos órgãos, hospitalização prolongada e alta
mortalidade. O estado crítico desencadeia uma resposta iflamatória que caracteriza-se
por duas fases como mostrado a seguir:

Fonte: Basile-Filho et al., 2001.

Modificações metabólicas no paciente crítico


 Aumento da oxidação de substratos energéticos;
 Aumento da glicogenólise e gliconeogênese
 Aumento da lipólise disponibilizando ácidos graxos como substrato energético
para,por exemplo, o músculo estriado esquelético
 Aumento da mobilização de aminoácidos para síntese de proteínas de fase
aguda, gliconeogênese e reparo tecidual

OBS: todos os mecanismos culminam para hiperglicemia no paciente crítico. É


demonstrado maior mortalidade em pacientes com glicemia >180 ou hipoglicemias.
Sendo assim, neste grupo é indicado a manutenção da glicemia entre 140 e 180mg/dL.

Fatores associados à desnutrição no paciente crítico

• Deficiência nutricional por má condução de terapia nutricional


• Idade do paciente
• Gravidade da doença
• Hipermetabolismo (catabolismo)

Triagem nutricional no paciente crítico

Existem diversas ferramentas para a triagem nutricional do paciente hospitalizado: Risco


Nutricional no Doente Crítico (NUTRIC),Triagem de Risco Nutricional-2002 (NRS-
2002),Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ASG), MiniAvaliação Nutricional (MAN),
Ferramenta de triagemde Desnutrição (MST), Instrumento Universal de Triagem de
Desnutrição (MUST). No entanto, considerando que o estado inflamatório e
hipercatabólico dos doentes críticos aceleram o processo de desnutrição, a gravidade
da doença deve ser interpretada com destaque. Dessa forma, o NUTRIC e a NRS-2002
são ferramentas que Contemplam a avaliação de gravidade da doença. A BRASPEN e
outras sociedades de TN recomendam a realização da triagem nutricional em até 48
horas após a admissão hospitalar. Considerando-se a rápida deterioração do estado
nutricional, deve haver esforços para que a triagem seja realizada nas primeiras 24 horas
da admissão.

Avaliação nutricional no paciente crítico

Uma avaliação clínica geral deve ser realizada para avaliar desnutrição na UTI, até que
uma ferramenta específica seja validada. Sendo assim, vários métodos são indicados:
Exame físico, avaliação da composição corporal, massa muscular e força. É importante
destacar que as avaliações no paciente crítico apresentam diversas limitações
conforme podemos destacar:
o Avaliação antropométrica: Podem sofrer variações devido à presença de edema
e má distribuição de fluidos corpóreos nesse momento agudo.
o Avaliação de proteínas como albumina, pré-albumina, transferrina, proteína de
ligação ao retinol: refletem inflamação ou o estado agudo da doença crítica não
refletindo de fato o estado nutricional.

Recomendações nutricionais no paciente crítico


Necessidades energéticas
A calorimetria indireta (CI) é o método padrão ouro para a avaliação do gasto
energético de repouso (GER) dos pacientes críticos. Caso não haja a possibilidade de
utilização, as equações preditivas como a de Harris Benedict e Mifflin-StJeore fórmulas
diretas (25 a 30kcal/kg/dia) podem ser utilizadas, mas com cautela.
o O ideal é que a oferta energética seja iniciada com 15 a 20kcal/kg/dia e depois de 3
dias seja atingido a oferta entre 80 a 100%. Caso disponha de CI, a oferta na fase inicial
deve ser entre 50 e 70% do gasto energético aferido.
o Para obesos: IMC 30-50 a recomendação é de 11-14kcal/kg PI/dia, para IMC>50 a
recomendação é de 22-25Kcal/kg PI/dia

Proteína
o 1,5 a 2,0g/kg/dia ou
o 1,2 a 2,0g/kg/dia
 Para obesos: 2,0 a 2,5g/kg PI/dia, onde 2,0g para pacientes com IMC entre 30-40 e
2,5g para aqueles com IMC>40.
OBS: É recomendado associar à oferta proteica um programa de atividade física,
inclusive exercícios resistidos.
Carboidrato
Não exceder 5mg/kg/min.
Lipídeo
• 1g/kg/dia
• Tolerância de até 1,5g/kg/dia
Glutamina
• Não é recomendado utilização em paciente crítico
o Queimados→ 0,3-0,5g/kg/dia por um período de 10 a 15 dias
o Trauma→0,2-0,3g/kg/dia por 5 dias ou até 15 se o objetivo é promover para
cicatrização.

Uso de fibras em paciente crítico


As fibras podem ser prejudiciais em condições de instabilidade hemodinâmica, pelo risco
de isquemia intestinal, devendo ser evitadas nestas condições. Porém, naqueles
pacientes com diarreia persistente que estejam hemodinamicamente compensados e
na ausência de dismotilidade, o uso de fibras solúveis pode ser considerado.

Terapia nutriconal no paciente crítico


A via de nutrição de preferência é sempre via oral, porém normalmente esse grupo de
pacientes necessita de via alternativa sendo assim indicada a via enteral. Quanto a
posição da sonda é preferível a nasogástrica, porém em situações de intolerância á
alimentação gástrica mesmo com uso de procinético e elevação da cabeceira da
cama (30-45º) é recomendada aposição pós pilórica duodenal. Se o paciente
apresentar risco de broncoaspiração é indicado a pós pilórica jejunal.
O início precoce da terapia nutricional enteral promove:
o Previne atrofia e preserva a integridade da mucosa
o Atenuação do hipercatabolismo
o Previne translocação bacteriana
o Menor complicações e menor custo.

O ideal é que a terapia nutricional seja iniciada até às 48h após a admissão.
O mesmo serve para terapia nutricional parenteral. Iniciar a TNP o mais precoce possível
naqueles com alto risco nutricional à admissão e que não possam utilizar o TGI.
Considerar o uso de NP suplementar após 5 a 7 dias em pacientes que não conseguiram
atingir aporte calórico proteico >60% por via digestiva.

Terapia nutricional em uso de droga vasoativa


A NE deve ser adiada na fase de ressuscitação volêmica, na hipotensão (PAM < 60
mmHg), em início de uso de droga vasoativa ou em ascensão de dose. Sendo assim,
deve-se iniciar a NE assim que possível, em baixas doses, ou seja, um volume de 10-20
ml/h e o paciente deve ser monitorizado quanto à presença de sinais de intolerância do
TGI.

REFERÊNCIAS

BASILE-FILHO, Anibal, et al. Monitorização da resposta orgânica ao trauma e à


sepse. Medicina (Ribeirão Preto. Online), 2001, 34.1: 5-17.
CASTRO, M. G., et al. Diretriz brasileira de terapia nutricional no paciente grave. BRASPEN
J, 2018, 33.supl 1: 2-36.
MCCLAVE, Stephen A., et al. Guidelines for the provision and assessment of nutrition
support therapy in the adult critically ill patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM)
and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN). Journal of Parenteral
and Enteral Nutrition, 2016, 40.2: 159-211.
SINGER, Pierre, et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clinical
nutrition, 2019, 38.1: 48-79.

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL

Educação alimentar e nutricional (EAN)


“Campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e
multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares
saudáveis.”
Princípios para ações em EAN

 Para ações em nível de grupos e populações:

o Sustentabilidade social, ambiental e econômica;


o Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade;
o Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas;
o A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática
emancipatória;
o A Promoção do autocuidado e da autonomia;
o A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação
ativa e informada dos sujeitos;
o A diversidade nos cenários de prática;
o Intersetorialidade;
o Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.

 Para ações em nível individual:


o O comportamento é mediado por cognições (o que indivíduo sabe e pensa afeta sua
ação);
o O conhecimento é necessário, mas não é suficiente na mudança de comportamento
alimentar.

Principais fatores relacionados á adesão as orientações nutricionais


Cliente
o Quantidade de informações. Quanto maior menor é a adesão;
o Nível de ansiedade. Quanto maior, menor a adesão;
o Morar sozinho. Apresentam menor adesão;
o Expectativa positiva do cliente e da fampilia. Quanto mais positiva melhor a adesão;
o Apoio familiar;
o Irregularidade da rotina diminui a adesão.

Conselheiro
o Grau de satisfação do cliente com o conselheiro, quanto maior melhor é a adesão;
o Continuidade com o mesmo conselheiroserão melhores as chances de adesão às
orientações.

Ambiente
o Local de atendimento, melhor adesão para aqueles clientes que estão num ambiente
organizado e limpo;
o Tempo de espera, quanto menor melhor adesão;
o Acolhimento do pessoal de apoio.

Orientação nutricional:
o Número de mudanças na dieta; quanto maior o número de mudanças, menor é a
adesão;
o Complexidade das orientações. Quando as orientações são claras e objetivas facilita a
adesão a mudança e adesão as orientações.

Modelo de educação alimentar baseado na resolução do problema

O modelo de educação nutricional baseado na resolução do problema possui três passos:

1. Estabelecimento de uma estreita relação com o cliente/paciente;


2. Avaliação dos problemas e das necessidades. Importante o diagnóstico seja do local e
das necessidades individuais ou do grupo;
3. Planejamento de estratégias:
o Objetivo de aprendizado
o Conteúdo
o Ferramenta de educação
o Implementação
o Avaliação de resultados

Princípios para aumento de eficácia para educação nutricional

o Desenvolver uma relação construtiva, empática e acolhedora;


o Ambiente de segurança e confiança sem julgamentos, ouvindo-o com atenção, dando
valor aos sentimentos;
o Oferecer e indicar apoio psicológico e serviços apropriados;
o Dar informações precisas, esclarecer dúvidas;
o Auxílio ao indivíduo na avaliação de comportamentos passados e presentes;
o Ajudar o indivíduo no desenvolvimento de estratégias para redução dos riscos;
o Respeitar as diferenças culturais e particulares de cada pessoa;
o Criar condições para sustentar uma relação de educação em longo prazo.

Modelo transteórico de mudança de comportamento alimentar


Estágio Definição
Pré contemplação O indivíduo não tem intenção de mudar o comportamento
alimentar em um futuro próximo.
Contemplação O indivíduo pensa em mudança, mas não para pouco tempo
(próximos seis meses).
Preparo O indivíduo planeja mudar o comportamento alimentar para
um futuro imediato (próximos 30dias).
Ação O indivíduo implementa planos de ação específicos e realiza,
com sucesso, as mudanças desejadas dentro de 6 meses.
Manutenção O indivíduo continua as ações ou repete os passos
recomendados por, pelo menos, 6 meses.
Hábito O hábito alimentar mudado torna-se rotina.
Relapso O indivíduo retoma ao comportamento antigo.

Educação nutricional para crianças

o Estabelecer relação estreita e amigável; estimulando a criança a perguntar o que


gostaria;
o Reconhecer as limitações na criança e manter um discurso concreto;
o Encorajar os pais ao apoio para a criança;
o Ser flexível estimulando tarefas caseiras e reunião com outras crianças.

Educação nutricional para adolescentes

o Entender que o adolescente precisa amadurecer nas decisões;


o Reconhecer que os problemas envolvem a interação familiar;
o Tratar o adolescente com dignidade, acolhendo-o para que se sinta confortável diante
doas mudanças fisiológicas, sociais e psicológicas enfrentadas.

Educação nutricional para adulto

o Não repreender ou menosprezar, particularizando o plano para o indivíduo;


o Focar nos benefícios que a mudança de hábito e prática proposta pode favorecer;
o Entender que pode haver pouca autoconfiança, deficiência educacional, ansiedades e
medos;
o Ser objetivo e realista entendo que o processo de adesão pode não ser imediato ou
nunca acontecer, e caso isso acontece é indicado às mudanças de estratégias utilizadas.

Educação nutricional para idoso

Atentar para as alterações fisiológicas que decorrem com a idade, seja redução da acuidade
visual, auditiva e de compreensão.
o Se redução da acuidade aditiva, as informações devem ser claras, simples, sendo
explicadas devagar. Preferir utilizar material audiovisual;
o Se redução da acuidade visual preferir luz ambiente clara, utilizar pouco material visual e
utilzar os sons gravados;
o Se percepção distorcida das cores, evitar uso de cores fortes nos materiais.

REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de
educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.
CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 3 ed. Barueri

DIETAS NÃO CONVENCIONAIS

Com o considerável aumento da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
associadas, houve a necessidade de intervenções e estratégias nutricionais seguras, sustentáveis
e simples. As dietas não convencionais surgem como estratégias, com resultados de fato
importantes, mas a adoção a essas práticas não são na sua totalidade seguras.
Dentre uma infinidade de dietas propostas, podemos destacar as dietas relacionadas abaixo e
discutir um pouco mais sobre a dieta vegetariana.

DIETA CARACTERÍSTICAS
Mediterrânea  Rica em frutas, hortaliças e cerais integrais,
porém possui quantidades generosas de azeite
de oliva e inclui o consumo de peixes e
oleaginosas, além da ingestão moderada de
vinho.
 Confere efeitos de proteção cardiovascular
DASH  Rica em frutas, hortaliças e laticínios com baixo
teor de gordura; inclui a ingestão de cereais
integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas e
pobre em Carne vermelha, doces e bebidas
com açúcar.
 Apresenta altos teores de cálcio, potássio,
magnésio e fibras conferindo redução dos
níveis de pressão aterial e prevenção de
doenças cardiovasculares.
Paleolítica  É permitido o consumo de legumes frescos,
frutas, carnes magras, aves, peixes, ovos, tofu,
nozes e sementes e proibido o consumo de
cereais, grãos e laticíneos.
 Imita a dieta do “homem das cavernas”
 É demonstrado efeitos na melhora da
sensibilidade a insulina e do perfil lipídico e
redução de circunferência da cintura, porém
os estudos ainda são escassos.
Atkins  Sem restrição calórica, severamente restrita
em CHO, sem restrições de proteínas e
gorduras.
 Criada pelo médico Robert Atkins
 Apresenta como princípio que a redução da
disponibilidade de CHO induz o organismo a
utilizar a gordura como substrato para
produção de energia promovendo perda de
peso.
Dukan  Rica em proteína, restrita em gorduras e com
baixo teor de carboidratos
 Apresenta 4 fases: Início com proteína e
pouca gordura evoluindo com a introdução
de outros alimentos e por fim a reintrodução
de CHO.
 Proposta por Pierre Dukan.
 Estudos observaram alto reganho de peso e
sintomas gastrointestinais após prática da
dieta

OBS: existem diversas modalidades de dietas não convencionais e vale a pena estudar as
principais características como a dieta do baixo índice glicêmico, tibetana, nórdica, jejum
intermitente, sem glúten e sem lactose, cetogênica e outras.

Dieta vegetariana
A dieta vegetariana é um perfil alimentar caracterizado por abstenção de consumo carne e
produtos à base de carne, aves, frutos do mar e carne de qualquer outro animal. Ela pode ser
praticada de diversas modalidades conforme apontado a seguir.

 Pesco vegetariana: Além dos vegetais, frutas e grãos, fazem parte da modalidade
ovos, laticíneos e peixes.
 Ovo-lacto vegetariana:Além dos vegetais, frutas e grãos, fazem parte dessa
modalidade ovos e laticíneos, mas sem nenhuma carne animal. Podem ser
classificados ainda em apenas ovovegetariana, quando há a ingestão de alimentos
de origem vegetal e ovos; ou apenas lactovegetariana, quando há a ingestão de
alimentos de origem vegetal e leite e derivados.
 Vegana: Restrito apenas a vegetais, frutas e grãos.

Benefícios do consumo da dieta vegetariana


o Redução do IMC;
o Melhora do perfil lipídico
o Redução do risco de AVC, síndrome metabólica e aterosclerose
o Redução de risco de diabetes e câncer (principalmente neoplasia de intestinal)
o Aumento da sensibilidade à insulina
o Redução dos níveis de pressão arterial

Principais riscos associados ao consumo de dietas vegetarianas

o Proteína
Apesar dos vegetais proverem menor oferta proteica comparado aos alimentos de
origem animal, normalmente os indivíduos que consomem a dieta vegetariana excedem
as necessidades proteicas. Isso se deve a uma compensação pela utilização de alimentos
complementares como as verduras, os legumes, os grãos integrais, as nozes e as sementes
e principalmente pelo consumo de soja e derivados.

o Vitamina B12
Há uma maior propensão dos praticantes do vegetarianismo apresentarem deficiência de
vitamina B12. É observada deficiência em 52% dos veganos, 7% dos vegetarianos e em 1%
dos onívoros. Isso de seve porque a principal fonte de B12 são alimentos de origem animal.
Fungos, algas marinhas e vegetais fermentados contém a vitamina, porém não são
considerados seguros, confiáveis e suficientes para suprir as necessidades. Sendo assim, é
recomendado o consumo regular de alimentos fortificados ou suplemento alimentar para
vegetarianos,veganos (grávidas e lactantes).

o Cálcio
Os estudos ainda mostram-se contraditórios quanto a deficiência em vegetarianos ou
veganos. Porém, têm sido documentado que veganos com baixa ingestão de cálcio
apresentammaior risco de fraturas. Sendo então recomendado o acompanhamento
quanto a possível deficiência e suplementar se houver a necessidade.
o Ferro
• Embora o ferro não heme encontrado em vegetais como legumes, grãos integrais, frutas
secas e folhas verde escuras apresentam menor absorção do que o ferro heme
encontrado na carne animal, a biodisponibilidade do ferro é ajustado de acordo com as
reservas corporais. Portanto, não é necessário grandes preocupações quanto a
disponibilidade desse mineral em vegetarianos.

o Vitamina D
As principais fontes alimentares de vitamina D são os ovos e os alimentos fortificados,
como os laticínios. Para os veganosa ingestão dessa vitamina fica restrita a alguns
alimentos fortificados e aos suplementos alimentares.

o Ômega 3
As principais fontes de ômega-3 são os peixes, os frutos do mar, as sementes de chia e
linhaça, as nozes, os produtos de soja e, em menor quantidade, as folhas verdes. A
deficiência em vegetarianos é polêmica, mas é indicada a suplementação de DHA ou
consumo de alimentos fortificados para grupos de maior vulnerabilidade como mulheres
grávidas ou amamentando, diabéticos, idosos, prematuros.

REFERÊNCIAS
ASTRUP, A.; GEIKER, N. R. W. Efficacy of higher protein diets for long-term weight control. How
to assess quality of randomized controlled trials? Nutrition Metabolism Cardiovascular Disease,
v. 24, n. 3, p. 220-223, 2014.

BAENA, R. C. Dieta vegetariana: riscos e benefícios. Diagn Tratamento, 2015, 20.2: 56-64.
DINU, Monica, et al. Vegetarian, vegan diets and multiple health outcomes: a systematic
review with meta-analysis of observational studies. Critical reviews in food science and
nutrition, 2017, 57.17: 3640-3649.
DUKAN, P. Eunãoconsigoemagrecer: a dietaDukan. Tradução: Ana Adão. Rio de Janeiro:
Best-seller, 2012. 308 p. F
JOSPE, Michelle R., et al. Intermittent fasting, Paleolithic, or Mediterranean diets in the real
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exercise. The American Journal of Clinical Nutrition, 2019.
KUCHKUNTLA, Aravind R., et al. Fad Diets: Hypeor Hope?. Currentnutritionreports, 2018, 7.4: 310-
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LEITZMANN, Claus. Vegetarian nutrition: past, present, future. The American journal of clinical
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MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar, et al. 7ª Diretriz brasileira de hipertensão
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MARSH, Kate; ZEUSCHNER, Carol; SAUNDERS, Angela. Health implications of a vegetarian diet:
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MEDAWAR, Evelyn, et al. The effects of plant-based diets on the body and the brain: a
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PILIS, Wiesław, et al. Health benefitsandriskassociatedwithadopting a vegetarian
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REEMAN T. F.; WILLIS B.; KRYWKO, D. M. Acute intractable vomiting and severe ketoacidosis
secondary to the Dukan Diet©. The Journal of Emergency Medicine, v. 47, n. 4, p. 109-112,
2014.
REES, Karen, et al. Mediterranean‐style diet for the primary and secondary prevention of
cardiovascular disease. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2019, 3.

FIBRAS ALIMENTARES

As fibras alimentares são conhecidas como polímeros de carboidratos, e mais a lignina, que não
sofrem ação de enzimas digestivas e apresentam efeitos fisiológicos benéficos ao organismo
humano.

Efeitos fisiológicos das fibras


As diversas funções benéficas que as fibras conferem para o organismo humano se dão devido
as suas propriedades físico químicas: capacidade de retenção de água, viscosidade,
fermentação, adsorção, entre outras. Essas características garantem efeitos sistêmicos que
previnem e tratam doenças, assim como também locais quanto agem no trato gastrointestinal.
A não digestão das fibras faz com que as mesmas cheguem intactas ao cólon. Estas podem ser
fermentadas por bactérias intestinais produzindo os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC)
(propionato, butirato e acetato). Estes desempenham diversas funções com efeitos metabólicos
significativos. Diversos estudos têm relacionado o consumo de fibras alimentares com:
o Melhora do perfil lipídico;
o Redução de níveis de pressão arterial (melhora da hipertensão)
o Redução de risco de obesidade
o Melhora da sensibilidade à insulina
o Redução de resposta glicêmica pós prandial
o Prevenção e tratamento da constipação
o Redução do risco de neoplasia intestinal
o Redução de risco cardiovascular

Classificação das fibras

 Fibras solúveis
Dissolvem-se em água formando géis viscosos, não são digeridas no intestino e são facilmente
fermentadas pela microflora do cólon. Fazem parte desse grupo as β-glucanas, pectinas,
gomas, inulina e frutoligassacarídeos (FOS).Os principais benefícios desse tipo de fibra é sua
capacidade de dificultar a ação de enzimas digestivas, ligar-se a ácidos biliares e retardar o
esvaziamento gástrico, levando a saciedade e redução na absorção de glicose e e ácidos
graxos.

 Fibras insolúveis
Não são solúveis em água, portanto não formam géis, e sua fermentação é limitada. Fazem
parte desse grupo de fibras a celulose, hemicelulose, lignina, amido resistente, quitina e
quitosana. Os benefícios das fibras insolúveis são causados por sua propriedade de aumentar
o peso fecal eprodução de gases e de AGCC fazendo com que haja propulsão das fezes.
Essa habilidade aumenta o volume e maciez fecal, reduz tempo de trânsito intestinal e
consequente contato intestinal com substâncias tóxicas.

Classificação e fontes alimentares das fibras


TIPO GRUPO FONTE
Celulose Vegetais (parede
celular das plantas),
farelos
Hemicelulose Aveia, cevada, vagem,
abobrinha, maçã com
casca, abacaxi, grãos
Polissacarídeos não integrais e oleaginosas
amido
Gomas e mucilagens Extratos de sementes:
alfarroba, semente de
locusta; exsudatos de
plantas, algas, psyllium

Pectinas Frutas, hortaliças,


batatas, açúcar de
beterraba

Oligossacarídeos Frutanos Chicória, cebola,


(inulina e FOS) yacón, alho, banana,
tupinambo
Análogos de Amido resistente Leguminosas, sementes,
carboidrato emaltodextrina batata crua e cozida,
resistentes banana verde, grãos
integrais, polidextrose
Lignina Lignina Camada externa de
(Não polissacarídeo) grãos de cereais e aipo
Substâncias associadas Compostos fenólicos, Cereais integrais, frutas,
aos polissacarídeos não proteína de parede hortaliças
amido celular, oxalatos, fitatos
ceras, cutina, suberina

Fibras de origem animal Quitina, quitosana, Cogumelos, leveduras,


colágeno e condroítina casca de camarão,
frutos do mar,
invertebrados

Classificação dos alimentos quanto à quantidade de fibra presente no alimento

Classificação Quantidade de fibra/


porção

Alimento rico em fibra >5g de fibra/porção

Boa fonte de fibra 2,5 a 4,9g de


fibra/porção

Baixa fonte de fibra <2,5g de fibra/porção

Recomendação de ingestão diária de fibras


A recomendação varia de acordo com idade, sexo, consumo energético e condição de saúde.
Para indivíduos saudáveis a recomendação é de 14g para cada 1000kcal ingeridas. Para
prevenção de risco cardiovascular é indicado a ingestão de 20 a 35g/dia.
REFERÊNCIAS
BERNAUD, Fernanda Sarmento Rolla; RODRIGUES, Ticiana da Costa. Fibra alimentar: ingestão
adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arquivos brasileiros de endocrinologia &
metabologia= Brazilianarchivesofendocrinologyandmetabolism. Vol. 57, N. 6 (ago 2013), p. 397-
405, 2013.
DAHL, Wendy J.; STEWART, Maria L. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: health
implications of dietary fiber. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 2015, 115.11: 1861-
1870.
GALANAKIS, Charis M. (ed.). Dietary Fiber: Properties, Recovery, and Applications. Academic
Press, 2019. 364p.
GIUNTINI, E. B.; MENEZES, E. W. Funções plenamente reconhecidas de nutrientes: fibra
alimentar. Série de Publicações International Life SciencesInstitute do Brasil, 2011.
INSTITUTE OF MEDICINE. DietaryReferenceIntakes: Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, FattyAcids,
Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington, D.C., National Academies Press; 2005.
TUNGLAND BC, MAYER D. Nondigestible oligo- and polysaccharides (dietary fiber): their
physiology and role in human health and food. Comp Rev Food Sci Food Saf 2002;1:73-92.

NUTRIENTES: CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO, FUNÇÃO, RECOMENDAÇÕES,


FONTES E ASPECTOS DA CARÊNCIA E DO EXCESSO

Conceitos
Alimentação: Processo pelo qual o indivíduo ingere alimentos.
Nutrição: É a ciência que estuda os alimentos e os mecanismos pelos quais o organismo ingere,
assimila e utiliza os nutrientes que nos fornecem a energia necessária para mantê-lo vivo.

Leis da alimentação
Em, 1937, o médico argentino Pedro Escudero criou as leis da alimentação, que constituem a
base para uma alimentação saudável.

o Lei da quantidade: a quantidade dos alimentos deve ser suficiente para cobrir as
exigências energéticas do organismo e manter seu equilíbrio;

o Lei da qualidade:O plano alimentar deve ser completo em sua composição para
oferecer ao organismo todas as substancias que o integram;

o Lei da harmonia:As quantidades (%) dos diversos nutrientes que integram a alimentação
devem guardar uma relação de proporção entre si;

o Lei da adequação:A finalidade da alimentação está subordinada a sua adequação ao


organismo.

Energia
A referência para cálculo de energia para indivíduos é a Estimativa dos requerimentos
energéticos (EER) que é definida como a média de energia requerida para se manter o peso
vigente com o nível de atividade física, além de permitir o crescimento e a produção de leite se
pertinente. Existem diversas fórmulas para cálculo da EER que diferem dependem das diferentes
etapas da vida, da presença de excesso de peso e do nível de atividade física.A energia da
alimentação é fornecida através dos macronutrientes. As quantidades recomendadas,
conforme descritas na tabela abaixo, são determinadas com o objetivo de manter o bom
funcionamento do organismo e prevenir doenças crônicas não transmissíveis.

Adequação da distribuição de macronutrientes em percentual do valor energético total

Fonte: IOM, 2002/2005.

Nutrientes

 Macronutrientes: carboidratos, proteínas e lipídeos


 Micronutrientes: vitaminas e minerais

Macronutrientes

 Carboitrados
Carboidratos, também conhecidos como açúcares, são elementos compostos de carbono,
hidrogênio e oxigênio e sua principal função é o fornecimento de energia. Para cada 1g de
carboidrato é fornecido 4kcal.

Classificação dos carboidratos, exemplos e principais fontes

Tipo Exemplo Fonte


Glicose Suco de frutas, hidrólise do
açúcar, cana de açúcar, da
Monossacarídeo maltose e da lactose.
Frutose Frutas, sucos, mel e alguns
vegetais.
Galactose Hidrólise da lactose
(carboidratoencontrado no leite).
Sacarose Cana deaçúcar, açúcar de
(glicose+frutose) beterraba, melaço, açúcar
Dissacarídeo branco e mel.
Maltose Produtos de malte, grãos em
(glicose+glicose) germinação.
Lactose Laticíneos em geral
(glicose+galactose)
Rafinose (galactose + Leguminosas
Oligossacarídeo glicose + frutose)
Estaquiose (glicose +
glicose + glicose +
frutose)
Amido Cereais em geral como o arroz,
Polissacarídeo trigo e milho;
Leguminosas como feijão, lentilha
e soja; Hortaliças como cenoura,
beterraba, abóbora, batata,
mandioca, inhame e cará.
Celulose Alimentos de origem vegetal
Glicogênio Fígado e tecido muscular

 Fibras
Substâncias encontradas na sua maioria em vegetais, não são digeridas pelo organismo e
não conferem valor energético. São classificadas em solúveis e insolúveis.

OBS: Para aprofundamento sobre fibras ver nossa aula de “Fibras alimentares” disponível no
nosso curso.

 Lipídeos
Lipídeos ou gorduras são moléculas insolúveis em água, compostas por carbono, hidrogênio e
oxigênio. Suas principais funções são fornecimento de energia, proteção térmica, veículo de
vitaminas lipossolúveis e precursor de hormônios. Para cada 1g de lipídeo é fornecido 9kcal.

Classificação dos lipídeos de acordo com o grau de saturação na sua estrutura

Classificação Característica Fontes


Ácidos graxos São constituídos por cadeia carnes vermelhas e
saturados saturada, ou seja, sem duplas brancas (principalmente
ligações. gordura da carne e pele
das aves), leite e
derivados integrais
(manteiga, creme de
leite, iogurte, nata) e
azeite de dendê.
Ácidos graxos São constituídos por uma ou
insaturados mais duplas ligações na sua
estrutura. Podem ser mono ou
poli-insaturados.
Monossaturados: compostos Azeite de oliva, abacate,
que apresentam um única amendoim, nozes e óleo
dupla ligação. Ex: ácido de canola.
palmitoleico, ácido oleico
(ômega 9) e o ácido cis 9-
eicosenoico.
Poli-insaturados: compostos Peixes e frutos do mar
com duas ou mais duplas (Ômega-3, 6), soja e
ligações. Ex: ácido linoleico óleo de peixe.
(ômega 6), ácido linolênico
(ômega 3), ácido
araquidônico, ácido
eicosapentaenoico e ácido
docosahexaenoico.
Ácidos graxos O processo de hidrogenação Margarina, biscoitos,
trans modifica óleos vegetais batatas fritas, sorvete e
levando a saturação à salgadinhos de pacote e
saturação parcial dos ácidos outros.
graxos e as duplas ligações
podem ser transformadas para
a configuração trans.

 Proteínas
Macromoléculas formadas pela ligação peptídica entre os aminoácidos. São funções das
proteínas o transporte de gases respiratórios, defesa imunológica, fonte de energia
secundária e formação de massa muscular. Para cada 1g de proteína é fornecido 4kcal.

OBS: As leguminosas como os feijões não apresentam metionina, enquanto que cereais como
o arroz não contém lisina. Devido a este fato que foi proposto o ditado que o prato com arroz
e feijão se completa, uma vez que o aminoácido deficiente em um está presente no outro.

Classificação das proteínas

 Proteínas de alto valor biológico:Possuem em sua composição aminoácidos essenciais


em proporções adequadas, sendo assim uma proteína completa.
 Proteínas de baixo valor biológico: Não possuem em sua composição aminoácidos
essenciais em proporções adequadas.

Principais formas de desnutrição energética proteica

MARASMO
• Desnutrição energético proteica
• Primeiro ano de vida
• Magreza extrema e atrofia muscular
• Pele frouxa (nádegas)
• Irritabilidade
• Apetite preservado
• Perda intensa de tecido subcutâneo
• Peso < percentil 3

KWASHIOKOR
• Desnutrição proteica
• Segundo e terceiro ano de vida
• Edema generalizado
• Perda moderada de tecido subcutâneo
• Hepatomegalia
• Alterações cutâneas presentes
• Cabelo fraco, seco e descolorido
• Apatia e anorexia

Vitaminas
Micronutrientes produzidos pelo organismo em quantidade menor que a adequada para manter
as funções fisiológicas e bioquímicas normais, sendo então necessário consumi-las através dos
alimentos. Possuem como principais funções:
o Cofatores de atividade enzimática;
o Função antioxidante;
o Regulam produção de componentes corpóreos;
o Previnem doenças relacionadas a sua deficiência.

Classificação das vitaminas

 Hidrossolúveis: São solúveis em água, não são armazenadas no nosso organismo em


quantidades apreciáveis, seu excesso é eliminado pela urina e raramente provocam
efeitos colaterais. São parte desses grupos as vitaminas do complexo B e vitamina C.
 Lipossolúveis: São solúveis em lipídeos, absorvidas no intestino delgado e são eliminadas
mais lentamente, sendo seu excesso podendo ocasionar efeitos danosos ao organismo.
Fazem parte desse grupo as vitaminas A, D, E e K.

Vitamina Função Recomenda Deficiênc Excesso Fontes


ção ia alimentares
A Fator DRA: Alteraçõ Ressecam Alimentos
retinol protetor da Homem= es ento de de origem
visão; 900μg/dia cutâneas mucosas: animal
crescimento , ocular, (fígado e
e Mulher=700 xeroftalminasal e ovos) e em
desenvolvim μg/dia a ebucal e vegetais
ento ósseo; cegueira efeito verde
desenvolvim Lactantes= noturna. teratogêni escuros e
ento e 1300μg/dia co. amarelo
manutençã escuros
o do tecido (tomate,
epitelial; espinafre,
imunidade; cenoura) e
reprodução alguns
e função óleos
anticancerí extraídos
gena de
sementes e
frutas.
D Cresciment AI: Raquitism Hipercalce Alimentos
calciferol o e Homem= o, mia, de origem
desenvolvim 5μg/dia osteomál calcificaç animal
ento, acia e ão (ovos,
formação Mulher=5 osteopor irreversível carnes,
de dentes e μg/dia ose do fígado
ossos, coração, bovino,
manutençã pulmão,rin laticíneos).
o dos níveis s e outros
séricos de tecidos,
cálcio e anorexia,
fósforo, náuseas,
possibilitand vômitos e
o a desorienta
mineralizaç ção
ão óssea.
E Função RDA: Infertilida Não se
Óleos
tocoferol antioxidant Homem= de conhece
vegetais
e, combate 15mg/dia masculin efeito
(azeite de
os radicais a e tóxico.
oliva, de
livres Mulher=15 alteraçõe milho, de
(moléculas mg/dia s nos amendoim)
instáveis sistemas e
que podem neuromus oleaginosas
danificar o cular,vas (amendoim
DNA, cular e ,
lipídeos e motor. amêndoas,
proteínas). avelã,
pistache).
K Atua na AI: Aumento Não se Vegetais
menaquin coagulaçã Homem= no tempo conhece verde
ona o 120μg/dia de efeito escuros;
sanguínea. coagulaç tóxico.
Mulher=90 ão e Síntese pela
μg/dia hemorrag flora
ia intestinal.

B1 Envolvida RDA: Bériberi, Não se Alimentos


Tiamina no processo Homem= fraqueza conhece de origem
de 1,2μg/dia muscular efeito animal,
respiração e tóxico laticínios e
celular Mulher=1,1μ problema alguns
g/dia s GI, vegetais.
respiratóri
os e
cardiovas
culares.
Síndrome
de
Wernick-
Korsakoff

B3 Atua no RDA: Pelagra Hiperurice Alimentos


Niacina metabolism Homem= (dermatit mia de origem
o de 16mg/dia e, animal e
macronutrie diarreia e gérmen de
ntes Mulher=14m demênci trigo.
g/dia a)

B9 Formação RDA: Anemia Exacerbar Miúdos e


Ácido do tubo Homem= megalobl deficiênci vegetais
fólico neural de 400μg/dia ástica, a de B12. como
bebês má milho,
Mulher=400 formaçã alface,
μg/dia o do amendoim
embrião e outros.
Gestantes= e
600μg/dia anencef
alia

B12 Manutençã RDA: Anemia Não se Carnes


cobalamin o nos Homem= pernicios conhece vermelhas e
a estoques de 2,4μg/dia a e efeito branca,
metionina e complica tóxico. fígado
substratos; Mulher=2,4μ ções bovino,
Formação g/dia neurológi salmão,
de cas ovos, leite e
intermediári (estágios derivados.
os do ciclo mais
de Krebs; avançad
Formação os).
de células
sanguíneas;
Integridade
dasbainhas
de mielina
que
recobrem
as fibras
nervosas.
C Antioxidant RDA: Escorbuto Cólicas,dia Frutas
Ácido e, Homem= (hemorra rreia e cítricas
ascórbico produção 90mg/dia gias) formação (acerola,
de de caju,
colágeno; Mulher=75m cálculos goiaba,
Formação g/dia renais. mexerica,
de tirosina; graviola e
Facilita a outros).
absorção
do ferro no
intestino
(converte
ferro não-
heme em
heme).

Minera Função Recomendação Deficiência Excesso Fontes


l alimentares
Cálcio Formação de AI: Osteoporose Disnfunção Laticínios
ossos e cardíaca, (mais
dentes, Homem=1000- sintomas biodisponíveis
contração 1200 mg/dia grastrointestinai ), leguminosas
muscular, s, fraqueza e folhas
transmissão Mulher=1000- muscular, verdes.
de impulsos 1200mg/dia inconsciência.
nervosos e
secreção
glandular
Ferro Componente RDA: Anemia ferropriva Toxicidade e Alimentos de
s de diversas Homem= 8,0 (irritabilidade, morte celular origem animal
proteínas mg/dia sonolência, por aumento
(hemoglobin fraqueza, da produção
a e enzimas). Mulher até a palidez). de radicais
menopausa= livres.
18mg/dia

Gestantes=
27mg/dia

Iodo Componente RDA: Bócio Elevação do Peixes e frutos


essencial dos Homem= hormônio TSH e do mar; sal
hormônios da 150μg/dia disfunção da iodado.
tireoide (T3 e tireoide.
T4). Mulher=150μg/di
a

Zinco Componente RDA: Comprometiment Náusea, vômito Carnes


de enzimas Homem= o do sistema e diarreia. Em vermelhas,
responsáveis 11mg/dia imunológico e casos mais frutos do mar
pela redução de prolongados de e grãos
manutenção Mulher=8mg/dia palatabilidade. excesso pode integrais
da Erupções haver
integridade cutâneas. reduçãode
estrutural de cobre
proteínas e
regulação
da expressão
gênica.

REFERÊNCIAS

PHILIPPI, S T. Pirâmide dos alimentos; Editora Manole; 1ª edição; São Paulo; 2008.
MAHAN, LK.Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia; Editora Elsevier; 13ª edição; Rio de Janeiro;
2013.
NELSON, D. L.; COX, M.M. Lehninger: Princípios de Bioquímica. Editora Sarvier, São Paulo, 4ª
Edição, 2006.
PENTEADO, M.V.C. Vitaminas: aspectos nutricionais, bioquímicos, clínicos e analíticos. Barueri, SP:
Manole, 2003.
VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes forenergy, carbohydrates, fiber, fat, fatty
acids, cholesterol, protein, and aminoacids.Washington, D.C.:National Academies Press,
2002/2005, p. 1331.

DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS COMO PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA E


PROBLEMAS NUTRICIONAIS EM POPULAÇÕES EM DESENVOLVIMENTO

Transição nutricional
O processo de transição nutricional é entendido como a transição da prevalência de altas taxas
de desnutrição para uma alta prevalência de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis
associadas como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e outras. Segundo a Política
nacional de alimentação e nutrição (PNAN), a população vivenciou grandes transformações
sociais que proporcionaram em mudanças no padrão de saúde e consumo alimentar
mundialmente. Tais transformações impactaram na redução da pobreza e exclusão social com
consequente influência na diminuição da fome e desnutrição. Os estudos afirmam que vem
ocorrendo com a crescente prevalência de sobrepeso nos países mais pobres, onde as
populações ainda enfrentam atrasos no crescimento, baixo peso para a estatura e magreza
excessiva.Diante dessas observações tem sido proposto o fenômeno chamado “dupla carga da
má nutrição”.

Dupla carga de má nutrição


O termo dupla carga de má nutrição vêm sendo utilizado para demostrar a coexistência
mundial de desnutrição juntamente com sobrepeso/obesidade ou doenças crônicas associadas
à dieta, principalmente nos países de baixa e média renda.

No mundo:
Pesquisas feitas em países de baixa e média renda nas décadas de 1990 a 2010 mostraram que
mais de 15% das pessoas estavam com baixo peso para a estatura, mais de 30% estavam com
baixa estatura para idade, mais de 20% das mulheres apresentavam magreza excessiva,
enquanto que mais de 20% das pessoas estavam com sobrepeso. Ainda é exposto que em níveis
inaceitáveis ainda existe prevalência de retardo no crescimento e desnutrição em crianças,
enquanto que há alta prevalência de anemia em mulheres na idade fértil.

No Brasil:
Dados um pouco mais antigos apontam apesar das mudanças no perfil nutricional do Brasil com
o crescente aumento do excesso de peso, ainda persistemaltas prevalências de desnutrição
crônica, hipovitaminose A, anemias e outros em grupos vulneráveisda população como crianças
indígenas, quilombolas, os residentes na região norte do país e aqueles beneficiários de
programas sociais de renda, afetando, principalmente crianças e mulheres mais pobres.
No que diz respeito ao excesso de peso que engloba o sobrepeso e a obesidade, em resultado
de sua magnitude e velocidade de aumento constitui um dos maiores problemas de saúde
pública que afeta todas as faixas etárias. Recentemente é demostrado que mais de 50% dos
adultos brasileiros, de ambos os sexos, apresentam excesso de peso. Isto torna uma
preocupação devido as diversas comorbidades associadas ao excesso de peso como as
doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, doenças osteoarticulares, doenças respiratórias e
outras.

Fatores influenciadores da má nutrição


É apontado três vertentes principais como as responsáveis pela má nutrição, seja pelas
deficiências nutricionais, mas principalmente pelo excesso de peso: crescimento econômico e
de renda, urbanização e globalização. A partir desses pontos podemos citar os fatores mais
relacionados:
o O consumo médio de frutas e hortaliças ainda é metade do valor recomendado pelo
Guia Alimentar para a população brasileira, enquanto que o consumo dealimentos
ultraprocessados aumentou consideravelmente;

o Aumento da renda familiar com procura maior por industrializados, com baixa qualidade
nutricional como doces, refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados;

o Migração dos residentes em zona rural, que apresentam maiores frequências de consumo
de alimentos básicos, com melhor qualidade da dieta, para a zona rural onde há maior
consumo de ultraprocessados;

o Maior escolaridade feminina que reduz o tempo disponível para o preparo da


alimentação familiar;

o O declínio no nível de atividade física.

Dieta de qualidade para reduzir risco de doenças relacionadas á nutrição


o Incentivar a amamentação nos primeiros dois anos de vida;

o Motivar o aumento da ingestão frutas e legumes, cereais integrais, fibras, nozes e


sementes;

o Reduzir a ingestão de alimentos de origem animal, carnes processadas e alimentos e


bebidas com alto valor calórico e adicionais de açúcar, gordura saturada, gordura trans e
sal.

REFERÊNCIAS
BATAL, M.; STEINHOUSE, L.; DELISLE, H. La transition nutritionnelle et le double fardeau de la
malnutrition. Médecine et Santé Tropicales, 2018, 28.4: 345-350.
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: MS; 2012
MIN, Jungwon, et al. Double burden of diseases worldwide: coexistence of undernutrition and
overnutrition‐related non‐communicable chronic diseases. Obesity reviews, 2018, 19.1: 49-61.
World Health Organization (WHO).Double burden of malnutrition.Acessoem 17 de janeiro de
2019.Disponívelem: http://www.who.int/nutrition/double-burden-malnutrition/en/

EXERCÍCIO FÍSICO E ALIMENTAÇÃO

Vias fornecedoras de energia durante o exercício físico


Dois sistemas metabólicos fornecem energia para o organismo: via dependente de oxigênio
(metabolismo aeróbio) e uma via independente de oxigênio (metabolismo anaeróbio). Ambos
fornecem energia, mas a predominância ade um ou outro depende da duração, intensidade e
do tipo de exercício.
Via ATP- CP (fosfocreatina), aneróbia e aeróbia
Nos momentos iniciais da atividade física devido ao aumento abrupto da necessidade
energética e na limitação de ATP o composto de alta energia creatina-fosfato (CP) é o principal
responsável pelo desempenho do trabalho muscular durante o exercício, principalmente nos
segundos iniciais (até 8s) como observados no levantamento de peso ou na corrida de percurso
curto (100m). Se o exercício persistir além de 8 segundos a via anaeróbia ou do ácido lático. Essa
via garante o suprimento de energia até 120 segundos de exercício como na corrida de 400m e
em 100m de natação. Sua reação libera ácido lático responsável pela dor e fadiga no exercício.
A persistência do exercício em mais de 120 segundos requer a predominância da via aeróbia
que necessita da presença de oxigênio. Essa via é predominante, por exemplo, em provas de
maratona.
Substratos energéticos utilizados como fonte de energia durante o exercício físico
De forma geral os carboidratos e gorduras fornecem substrato para fornecimento de energia em
proporções que dependem da duração, intensidade do exercício e condicionamento do
atleta.No exercício prolongado de baixa intensidade, há umaumento progressivo da quantidade
de gordura oxidada pelos músculos. As gorduras por sua vez são substratos predominantes no
exercício de baixa intensidade e em tempo prolongado, já os carboidratos são
substratospredominantes no exercício de alta intensidade.
Necessidades nutricionais no praticante de atividade física

Energia

 Manter boa forma física (30-40 min/dia, 3x/semana) → 25-35kcal/kg/dia


 Atletas (2-3h ou 3-6h/dia, 5 a 6x/semana) → 50-80kcal/kg/dia
 Atletas profissionais → 150-200kcal/kg/dia

Macronutrientes

 Manter boa forma física:


o CHO = 45-55%
o PTN = 10-15%
o LIP = 25-35%

 Atletas:
o CHO = Mínimo 50% do VET
o Ideal: 60 a 70%
o Restante distribuídos em proteína (10-15%) e lipídeos (20 A 30%)

Proteínas

 Atletas com treinos intensos


o 1,5 a 2,0g/kg/dia

• OBS: O excesso de proteína pode comprometer o perfil de CHO e prejudicar a habilidade,


promover aumento de diurese além de promover sobrecarga renal. Por outro lado, a
deficiência pode promover catabolismo muscular, intolerância ao treinamento e
recuperação tardia.

Lipídeos

 Atletas
o 20 a 30% do VET
o Evitar restrições: ≤ 15% do VET pois pode comprometer desempenho físico

Micronutrientes

Vitaminas e minerais
o Importantes para manter o funcionamento adequado das reações metabólicas exigidas
durante o exercício;
o Utilizar as DRI para vitaminas e minerais
o Sua suplementação não tem efeitos sobre o desempenho físico.

Antioxidantes
Sabe-se que o exercício físico induz aumento da produção de espécies reativas de oxigênio
(EROS), moléculas capazes de danificar DNA, lipídeos e proteínas. Porém, é justo lembrar que
pesar da produção dessas espécies reativas o exercício físico persistente aumenta a produção
de enzimas antioxidantes, capazes de combater tais moléculas. Além disso, os antioxidantes
estão envolvidos na melhora da recuperação pós exercício e na manutenção da resposta
imune.
o Recomendação → dietas ricas em vegetais e frutas antioxidantespodem garantir a
ingestão adequada.

Ingestão hídrica
De acordo com a DRI para população saudável a recomendação é de 3,7L/dia para homens e
2,7 L/dia para mulheres. Ingestões a mais são recomendadas para o período antes, durante e
após a prática de exercício físico conforme descrito na próxima tabela.

Recomendações nutricionais gerais para antes, durante e após exercício físico

GRUPO RECOMENDAÇÃO

ANTES • Ingestão hídrica= 400 a 600mL


• CHO= 1g/kg, 1h antes, ↑ índice glicêmico
• Evitar alimentos gordurosos
DURANTE • Ingestão hídrica= 150 a 350mL a cada 15-20min
• Atividade por mais de 1h – bebida energética com
quantidade de 6% a 8% de CHO (a cada 15-20min) →
excessos pode causar desconforto
APÓS • CHO=1 a 1,5 gKg durante os 30 primeiros minutos de
descanso.
• Ingestão hídrica= 450 a 675mL a cada quilo perdido.

REFERÊNCIAS

BUENO JR, Carlos Roberto. Recomendações nutricionais para praticantes de atividade


física. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2011, 5.27: 179-181.
MAHAN, L. Kathleen: Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia; Editora Elsevier; 13ª edição; Rio
de Janeiro; 2013.
ROGATTO, Gustavo Puggina. Perfil metabólico durante o exercício físico: influência da
intensidade e da duração do esforço sobre a utilização de substratos energéticos. Revista digital
EFDEPORTES, 2002, 54.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: METODOS DIRETOS E INDIRETOS – PARTE I

O principal objetivo da avaliação do estado nutricional é identificar os distúrbios nutricionais,


possibilitando a intervenção adequada de forma auxiliar na recuperação e/ou manutenção do
estado de saúde. Os métodos de avaliação nutricional podem ser classificados como métodos
objetivos ou diretos e métodos subjetivos ou indiretos.
 Métodos objetivos:
o Antropometria
o Composição corporal
o Parâmetros bioquímicos
o Consumo alimentar
 Métodos subjetivos
o Exame físico
o Avaliação subjetiva global
Antropometria
É a medida do tamanho corporal e de suas proporções engloba o peso, estatura, pregas/dobras
cutâneas (bicipital, tricipital, supescapular, e suprailíaca) e medida das circunferências (braço,
cintura, abdome).

Peso
É a soma de todos componentes corporais e reflete o equilíbrio proteico energético do indivíduo.
A seguir é destacado as considerações sobre o peso corporal e suas formas de uso na avaliação
antropométrica.

Peso atual Para sua obtenção, em uma balança calibrada de plataforma ou


eletrônica, o indivíduo posiciona-se em pé, no centro da base,
descalço e com roupas leves.

Peso usual Utilizado como referência em casos de impossibilidade de medir o


peso atual.
Peso ideal ou O modo mais prático para o cálculo do peso ideal ou desejável é
desejável pela utilização do IMC.

PI= IMC desejado x estatura (m)2

Adequação do A porcentagem de adequação do peso atual em relação ao


peso peso ideal é calculada a partir da fórmula:

Adequação de peso (%) = PA/PI x 100

A classificação do estado nutricional é interpretada utilizando a


tabela *
Peso ajustado Peso ideal corrigido quando a adequação do peso for <95% e
>115%

PAj= (PI – PA) x 0,25 + PI

Peso ideal para Para corrigir o peso ideal para amputados, deve-se subtrair o peso
amputados da extremidade amputada do peso ideal calculado, de acordo
com as porcentagens apresentadas na tabela **.

Peso estimado Na impossibilidade de aferição do peso, indica-se o peso


estimado através das equações de Chumlea:

Perda de peso A perda de peso involuntária é importante para avaliar risco


nutricional, gravidade da doença uma vez que apresenta relação
com a mortalidade.

%PP = (PU – PA) x 100

A classificação é interpretada utilizando a tabela ***

*Classificação do estado nutricional através da adequação do peso

Adequação do peso (%) Estado nutricional


≤ 70 Desnutrição grave
70,1 a 80 Desnutrição moderada
80,1 a 90 Desnutrição leve
90,1 a 110 Eutrofia
110,1 a 120 Sobrepeso
> 120 Obesidade
Fonte: Blackburn e Thornton, 1979.

**Porcentagens de peso correspondente a cada segmento do corpo


*** Classificação de perda de peso em relação ao tempo

OBS: Pacientes edemaciados devemter o decréscimo do peso decorrente do edema para


estimativa do peso. O desconto do peso referente ao edema depende do grau e local atingido.
A tabela abaixo indica o desconto de peso dependendo desses fatores.

Estatura
Definida como o tamanho ou altura de um ser humano. É medida utilizando um estadiômetro ou
antropômetro. Deve ser realizada com o indivíduo em pé, descalço, com os calcanhares juntos,
as costas retas, e os braços estendidos ao lado do corpo. Na impossibilidade de medição é
indicado a estimativa da altura através de métodos listados a seguir:

Métodos de estimativa de estatura

Altura do joelho
 O indivíduo deve estar na posição supina ou
sentado com o joelho flexionado em ângulo de
90º. É medido o comprimento entre o calcanhar e
a superfície anterior da perna na altura do joelho.
 Método utilizado principalmente em idosos
 É obtido através das fórmulas:

HOMENS = 64.19 - (0,04 x idade) + (2,02 x AJ)


MULHERES = 84.88 - (0,24 x idade) + (1,83 x AJ)

*Altura do joelho em cm
Extensão dos braços ou envergadura

 Medida da distância entre os dedos médios =


Estimativa da altura do indivíduo.

Altura recumbente

• Medida entre a extremidade da cabeça e a base


do pé realizada com o indivíduo deitado.

HEMIENVERGADURA

 Medida do comprimento entre o osso do externo


e a extremidade do dedo médio.
 A altura estimada é dada partir da fórmula:

HOMEM= Est(cm)=77,821+(-0,215xidade) +(1,132x


ME*)
MULHER=Est(cm)=88,854+(-0,692xidade)+(0,899
x ME*)

*Meia envergadura

Índice de massa corporal (IMC)


Indicador simples de estado nutricional. Apresenta como limitação principal a não distinção da
composição corporal. Pode ser calculado a partir dos dados de peso e altura pela seguinte
fórmula:

Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC

Fonte: OMS, 1995.

OBS: Os pontos de corte utilizados para classificação do estado nutricional em idosos a partir do
IMC difere dos utilizados para adulto. Sendo assim, são adotados os pontos de corte para idoso
destacados na tabela abaixo:
Circunferência do braço
Representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço. O
valor encontradoo em cm é comparado aos valores de referência do NHANES I demonstrado na
tabela de percentis por Frisancho. A classificação é realizada através dos pontos de corte de
percentil conforme a tabela abaixo:

Circunferência muscular do braço (AMB)


Parâmetro que avalia a reserva de tecido muscular (sem correção da área óssea). É obtida
através dos valores de CB e PCT utilizando a seguinte fórmula:
CMB(cm) = CB (cm) –(DCT (mm) x 0,314)

e
Adequação da CMB (%) = CMB obtidax 100

CMB percentil 50*

Circunferência muscular corrigida do braço (AMBc)


Avalia reserva do tecido muscular corrigindo a área óssea. Essa medida reflete mais
adequadamente a magnitude de mudanças muscular que a CMB. É obtida utilizando a seguinte
fórmula:

AMB(cm²) = [CB (cm) –  x (DCT (mm)  10]² - 10*

4- 6,5**

* (-10) Para homens


** (-6,5) Para mulheres

Circunferência da panturrilha (CP)


Medida para avaliação de massa muscular. É mais sensível para avaliar massa muscular em
idosos e acamados. A medida é realizada na perna esquerda, com uma fita métrica inelástica,
na sua parte mais protuberante, com o paciente com a perna dobrada formando um angulo de
90° com o joelho.
Ponto de corte:É classificado como depleção de massa muscular os valores de CP = ≤ 31 cm.

Circunferência da cintura (CC)


Avalia tecido adiposo visceral. Está relacionada ao risco de desenvolvimento de doenças
cardiometabólicas associadas à obesidade. É utilizada a classificação de risco demostrada na
tabela a seguir:

Risco de complicações cardiometabólicas


Elevado Muito elevado
Homem ≥ 94 cm ≥102 cm
Mulher ≥80 cm ≥88 cm
Fonte: OMS, 1998.

Razão cintura quadril (RCQ)


Utiliza as medidas da cintura e do quadril para verificar o tipo de gordura corporal. É indicativo
de risco de doenças cardiometabólicas conforme classificação na tabela abaixo. É obtida pela
seguinte fórmula:
RCQ = circunferência da cintura / circunferência da quadril

Risco para desenvolvimento de doenças


HOMEM RCQ= > 1,0
MULHER RCQ= > 0,85

Distribuição de gordura corporal


A forma como a gordura está distribuída no corpo é mais importante para determinar risco de
doença do que a gordura total corporal. Define-se distribuição de gordura do tipo androide
(obesidade abdominal) aquela quando o tecido adiposo se concentra na região abdominal. A
distribuição de gordura do tipo ginoide (obesidade inferior) é aquela em que o tecido adiposo
concentra-se mais na região dos glúteos, quadris e coxas. A distribuição de gordura do tipo
androide está associada ao desenvolvimento de doenças cardiometabólicas.

Pregas cutâneas
Avaliam a massa corpórea de gordura. Além de demostrar a duraçãoe severidade da
desnutrição , sendo a medida mais utilizada a PCT. A composição corporal é estimada utilizando
o somatório das quatro medidas (tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca). Utilizando
equações específicas obtem-se o valor do % de gordura e a massa magra é obtida pela
subtração do %GC pelo do peso total do indivíduo. Os valores de referência utilizados são
destacados na seguinte tabela:

Valor de referência de percentual de gordura corporal


HOMEM= 25% MULHER= 30%

A figura abaixo demostra a medida das principais pregas utilizadas na antropometria.


Prega cutânea Prega cutânea Prega cutânea Prega cutânea
tricipital (PCT) bicipital (PCB) subescapular supra ilíaca
(PCSE) (PCSI)

Limitações do uso das pregas cutâneas


o Variabilidade de uso entre avaliadores
o Presença de obesidade
o Presença de edema ou anasarca
o Presença de visceromegalias

REFERÊNCIAS

BLACKBURN GL, BISTRIAN BR. Nutritional and metabolic assessment of the hospitalized patient.
JPEN, 1977. 1: 11-22.
BLACKBURN GL, THORNTON PA. Nutritionalassessmentofthehospitalizedpatients. MedClin North
Am. 63;1103 – 115, 1979.
CHUMLEA WC, ROCHE AF, STEINBAUGH ML. Estimating stature from knee height for person 60 for
90 years of age. J Am Geriatric Soc, 1985. 33: 116-120.

CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
FRISANCHO AR. New normsofupperlimbfatandmuscleareas for assessmentofnutritional status. Am J
ClinNutr 1981; 34:2540-5.
OSTERKAMP LK. Current perspective on assessment of human body proportions of relevance to
amputees. J AmDietetic Assn,1995. 95: 215-218.
VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Obesity: Preventingandmanagingthe global epidemic.
Reportof a WHO consultationofobesity. Genova, 3-5 June 1997.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: MÉTODOS DIRETOS E INDIRETOS – PARTE II

Composição corporal
A massa tecidual humana pode ser dividida em massa magra (massa livre de gordura,
englobando componentes viscerais, proteínas somáticas e água intra e extracelular; e massa
gorda (gordura corporal).A avaliação da composição corporal nos permite:
o Diagnosticar possíveis anomalias nutricionais;

o Proporcionar maior eficiência nas intervenções nutricionais;


o Compreender suas modificações resultantes de várias alterações metabólicas;
o Identificar precocemente riscos á saúde associado a altos níveis de gordura ou perda de
massa muscular.
Os percentuais de gordura corporal estão associados ao desenvolvimento de riscos nutricionais
seja pelo excesso ou pela escassez de gordura conforme apresentada na tabela a seguir:

Principais formas de avaliação da composição corporal


Existem vários métodos de avaliação da composição corporal como avaliação pela pregas
cutâneas conforme anteriormente demonstrado, a hidrodensitometria, tomografia
computadorizada, ressonância magnética, densitometria por duplo fóton, contagem de
potássio, análise de ativação de nêutrons e diluição de isótopos. As mais utilizadas estão
relacionadas abaixo.

Bioimpedância

o Avalia água, massa magra e gordura


corporal;
o Baixo custo, não invasivo e
amplamente aceito.
Hidrodensitometria

o Determina a densidade corporal por


pesagem “sob a água”;
o Considerado padrão ouro;
o Método pouco prático.

Tomografia computadorizada

o Avalia gordura subcutânea e intra-


abdominal;
o Auxilia na determinação do risco
nutricionalassociado à
morbimortalidade.
Ressonância magnética

o Mede quantidade e distribuição de


gordura intrabdominal;
o Não é invasivo e sem radiação;
o Alto custo e baixa disponibilidade.
DEXA

o Avalia densidade mineral óssea,


gordura e massa magra sem osso;
o Fácil utilização, baixo nível de
radiação; moderadamente disponível
nos centros hospitalares.

Parâmetros bioquímicos
Os parâmetros bioquímicos auxiliam na avaliação do estado nutricional. São utilizados as
proteínas plasmáticas, índice creatinina-altura, competência imunológica e balanço
nitrogenado. Evidenciam alterações precocemente, anteriores a lesões celulares e/ou
orgânicas. Embora importantes não devem ser avaliados isoladamente, mas sempre associado a
outros métodos.

Proteínas plasmáticas

Representam reserva proteica visceral

Proteína Valor de referência Função Limitação de uso


Albumina Normal: >3,5mg/dL. Manter a pressão Está diminuída nas
Depleção leve:3 a coloidosmótica doenças hepáticas e
3,5mg/dL. do plasma e na presença de
Depleção carrear pequenas inflamação e
moderada: 2,4 a moléculas infecção.
2,9mg/dL.
Depleção grave:
<2,4mg/dL.
Transferrina Depleção leve: 151 Transportar ferro Está aumentada na
a 200mg/dL. no plasma carência de ferro,
Depleção gravidez, nas
moderada: 100 a hepatites agudas e
150mg/dL. nos sangramentos
Depleção grave: crônicos. Está reduzida
<100mg/dL. em várias anemias,
hepatites crônicas,
neoplasia, sobrecarga
de ferro e na
presença de
inflamação e
infecção.
Pré albumina Normal: >15 a 35 Transportar Está elevada na
mg/dL. hormônios da insuficiência renal e
Depleção leve: 11 a tireoide, mas reduzida nas doenças
15mg/dL. normalmente é hepáticas, inflamação
Depleção saturada com a e infecção. Pode ser
moderada: 5 a proteína influenciada pela
10mg/dL. carreadora de disponibilidade de
Depleção grave: retinol e vitamina tiroxina.
<5mg/dL. A.
Proteína Normal: 3 a 5mg/dL Transportar à Está elevada na
transportadora vitamina A na insuficiência renal e
de retinol forma retinol. Esta reduzida nas doenças
ligada em hepáticas, na
quantidade carência de vitamina
equimolar à pré A e zinco e na
albumina. inflamação e
infecção.
Fonte: adaptado de Bottoniet al., 2001.

Índice creatinina altura


A creatinina é usada para identificar condição de massa muscular. Essa avaliação não deve ser
na insuficiência renal e pode ser influenciada por atividade física e ingestão de carne.

Competência imunológica
Avalia imunidade celular e humoral associado ao estado nutricional. Pode ser avaliado através
das técnicas de contagem de linfócitos e teste de hipersensibilidade cutânea.

Balanço nitrogenado
Avalia grau de anabolismo e catabolismo proteico. É uma avaliação bastante útil para a
monitoração de pacientes em terapia enteral e parenteral.

Consumo alimentar
Vários métodos podem ser utilizados para avaliar consumo alimentar. Sua validade e
reprodutibilidade dependem do avaliador e do avaliado e apresenta como fatores
determinantes de escolha do método tanto a população alvo como o tipo de informação
dietética.

 Métodos retrospectivos
o Recordatório de 24h
o Frequência alimentar
o História dietética
 Métodos prospectivos
o Registro alimentar estimado
o Registro alimentar pesado

Recordatório de 24h (R24h)


O avaliado deve recordar e descrever todos os alimentos consumidos nas últimas 24h. São
fatores determinantes de escolha do método: população alvo e tipo de informação dietética
que o avaliador quer dispor. É muito importante que o responsável pela coleta deve ter alguns
cuidados para não interferir na coleta de informações.
Fonte: Cuppari, 2014.

Questionário de frequência alimentar (QFA)


Deve ser realizado o registro e descrição da ingestão usual com base em uma lista de diferentes
alimentos e em sua frequência de consumo diário. Esse tipo de avaliação de consumo alimentar
fornece informações qualitativas e não quantitativas de quantidades de ingestão de alimentos
ou nutrientes, porémquando há estimativa de porções com uso de medidas caseiras é chamado
de Questionário alimentar semiquantitativo.

Fonte: Cuppari, 2014.

História dietética (HD)


A história dietética fornece informações detalhadas sobre o hábito alimentar e inclui informações
similares ao R24h e QFA. Além disso, a HD engloba coleta de informações sobre tratamento
dietético prévio, preferências e aversões alimentares, intolerâncias, apetite, número, local e
horários de refeições diárias e prática de atividade física.
Fonte: Cuppari, 2014.

Registro alimentar estimado


Registro no momento do consumo de todos os alimentos e bebidas durante um período.
Costuma-se utilizar 3 dias, incluindo um fim de semana.

Registro alimentar pesado


Todos os alimentos devem ser pesados em balança e registrados antes do consumo. Da mesma
maneira devem ser registradas e pesadasas sobras.É um método preciso, mas pouco utilizado,
pois requer treinamento, esforço e muita vontade de colaboração.

Exame físico
Utilizado para detectar sinais e sintomas associados à desnutrição energética proteica ou
deficiência de micronutrientes. Nas figuras abaixo é demostrado sinais de depleção muscular e
de tecido adiposo que entre outros podem ser observados.

Musculo temporal e Região supra e


Músculo adutor do polegar
masseter infraclavicular

Múltiplos sinais físicos de desnutrição e suas interpretações


Fonte: adaptado de Jellife, 1966; McLaren, 1976; Halated, 1944.

Avaliação subjetiva global (ASG)


A ASG foi pensada inicialmente para avaliar estado nutricional de pacientes hospitalizados no
pós operatório, mas vêm sendo amplamente utilizada em diversas condições clínicas. É um
método de triagem e de diagnóstico nutricional e contempla história clínica e exame físico do
paciente.
Na história clínica é analisado:
o Redução de peso nos últimos 6 meses
o Alteração na ingestão dietética
o Presença de sintomas GI e
o Capacidade funcional relacionada ao estado nutricional
No exame físico é observado:
o Perda de gordura subcutânea
o Perda muscular e
o Presença de edema e ascite
Fonte:Detskyet al., 1987.

REFERÊNCIAS

CUPPARI L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto.3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
FRISANCHO AR. New normsofupperlimbfatandmuscleareas for assessmentofnutritional status. Am J
ClinNutr 1981; 34:2540-5.
VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.

MCLAREN DS. Nutritionassessment. In: McLaren DS, Burman D. Textbookofpediatricnutrition.


Edinburges, ChurchilLivingstone, 1976. p. 91-102.

DETSKY AS, MCLAUGHLIN JR, BAKER JP,et al. Whatissubjective global assessmentofnutritional
status?JPEN J Parenter Enteral Nutr1987;11:8-13.

BOTTONI A, OLIVEIRA GPC, FERRINI, MT, WAITZBERG, DL. Avaliação nutricional: Exames
laboratoriais. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica.3.ed. São
Paulo: Atheneu, 2001. p. 279-94.

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