Aço Inox

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Engenharia

João de Jesus dos Santos

Comportamento Estrutural de Elementos em Aço Inoxidável

Rio de Janeiro
2008
João de Jesus dos Santos

Comportamento Estrutural de Elementos em Aço Inoxidável

Dissertação apresentada, como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil, ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil, da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Área de concentração:
Estruturas.

Orientador: Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco


Coorientador (es): Luciano Rodrigues Ornelas de Lima
Sebastião Arthur Lopes de Andrade

Rio de Janeiro
2008
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B

S237 Santos, João de Jesus dos.


Comportamento estrutural de elementos em aço
inoxidável/ João de Jesus dos Santos . – 2008.
185 f. : il.

Orientador : Pedro C. Gonçalves da Silva Vellasco.


Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Faculdade de Engenharia.
Bibliografia: f.146-148

1. Aço inoxidável. 2. Ligações metálicas. 3. Resistência a tração.


4. Análise estrutural. I. Vellasco, Pedro Colmar Gonçalves da
Silva. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade
de Engenharia. III. Título.

CDU 669.14

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial


desta dissertação, desde que citada a fonte.

Assinatura Data
DEDICATÓRIA

A Deus, por ter iluminado meu caminho ao longo de todos estes


anos, e a minha família, pelo carinho, paciência e incentivo ao meu
trabalho.

.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro de tudo, gostaria de agradecer aos meus orientadores, Prof. Doutor


Pedro Vellasco, Prof. Doutor Luciano Lima e Prof. Doutor Sebastião Andrade por
toda a ajuda, orientação e amizade fortalecida durante a realização deste trabalho.
Aos Laboratoristas Euclides (Vavá) e José do Laboratório de Materiais da PUC, pela
ajuda e orientação sempre oportuna.
Ao Eng. Antonio Inácio por ter ajudado na realização de toda a parte experimental
da dissertação no Laboratório de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Aos Professores Doutores Vitor Oguri e Marcia Begalli pelo incentivo e indicação
para o Mestrado.
Aos meus amigos de trabalho pela paciência com os meus estudos.
A ACESITA e USIMINAS pelo fornecimento do material para realização dos ensaios
experimentais desenvolvidos neste trabalho.
A METALFENAS pelo empréstimo dos equipamentos para execução dos corpos-de-
prova e dos espécimes utilizados nos ensaios das ligações aparafusadas.
Ao Professor Doutor Biondi que soube reconhecer a minha potencialidade e pela
grande amizade que estará comigo para sempre.
Aos meus colegas de mestrado que compartilharam comigo os estudos e a amizade.
A UERJ, porque sem ela não poderia ter realizado este sonho de conquista.
“Criar o que não existe
ainda deve ser a pretensão
de todo sujeito que está vivo”
Paulo Freire
RESUMO

Santos, João de Jesus dos. Comportamento estrutural de elementos em aço


inoxidável. Rio de Janeiro, 2008. 185p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
– Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2008

Atualmente, a utilização do aço inoxidável em elementos estruturais ainda é


por muitos engenheiros e arquitetos, considerada uma solução extravagante para os
problemas da engenharia. Todavia, mudanças de atitudes dentro da construção civil
e uma transição global para um desenvolvimento sustentável e redução em impactos
ambientais tem seguramente provocado um aumento no uso do aço inoxidável. A
maioria das normas de projeto de aço inoxidável atuais ainda são baseadas em
analogias assumidas com o comportamento de estruturas de aço carbono. Todavia,
o aço inoxidável apresenta quatro curvas tensão versus deformação não-lineares
sem patamar de escoamento e região de encruamento claramente definidos (tração
e compressão, paralela e perpendicular a direção de laminação), modificando assim,
seu o comportamento global. Na presente investigação foram utilizados o aço
inoxidável austenítico 304, e o aço carbono USI 300, ambos com tensão de
escoamento similares, mas com tensões últimas e ductilidades distintos. Em
elementos estruturais submetidos a tensões normais de tração, usualmente a
ruptura da seção líquida representa um dos estados limites últimos a serem
verificados. Com o objetivo de se avaliar a resistência a tração de elementos
estruturais aparafusados em aço inoxidável, este trabalho executou um programa
experimental inovador envolvendo ligações aparafusadas defasadas sob tração. O
programa experimental foi executado em peças de aço carbono e aço inoxidável de
forma a comparar as principais semelhanças e diferenças entre estes dois tipos de
aços estruturais. O programa experimental possibilitou que conclusões significativas
no comportamento a tração destas ligações pudessem ser observadas. Dentre
outras variáveis que controlam estes estados limites últimos foi verificada a
influência significativa da espessura da placa de aplicação do carregamento,
disposição, configuração e número de parafusos da ligação e propriedades do aço
inoxidável como ductilidade e razão entre suas tensões de escoamento e de ruptura.

Palavras-chave: Aço inoxidável; Ligações aparafusadas; Resistência a tração;


Análise experimental; Dimensionamento estrutural.
ABSTRACT

Santos, João de Jesus dos. Structural behaviour of stainless steel.elements. Rio


de Janeiro, 2008. 185p. MSc. Dissertation – Civil Engineering, State University of Rio
de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro, 2008.

The use of stainless steel in structural engineering applications is still seen by


many architects and engineers as an extravagant solution. However attitude changes
in the construction market and the natural transition to a sustainable development
reducing environment impacts have boosted the use of stainless steel structures. A
substantial majority of stainless steel structural design codes is still based on carbon
steel analogies. Despite this fact the stainless steel presents four non-linear tension
versus strain curves (tension and compression, parallel and perpendicular to the
rolling direction) without a defined yield plateau snf strain hardening zones
substantially altering its global structural response. The present investigation adopted
the austenitic stainless steel grade 304 and the carbon steel USI300, both with
similar yield stresses but with different tension stresses and ductility capacities.
Structural elements subjected to tension axial forces usually presents the net section
rupture as one of its controlling ultimate limit states. The present study performed an
innovative experimental programme to evaluate and investigate the tension capacity
of staggered bolted members. The experiments were made with carbon and stainless
steels to compare and access their similarities and differences in terms of structural
performance. The experimental results enable the observation of significant
conclusion concerning the tension response of the investigated bolted staggered
members. The controlling ultimate limit states were significantly influenced by various
parameters like: the loading plate thickness, the layout, configuration and number of
bolts adopted in the joint, and stainless steel properties like ductility capacity and the
ratio between the yield and ultimate stresses.

Keywords: Stainless steel; Bolted joints; Tension strength; Experimental analysis;


Structural design.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Stonecutters Bridge - China (www.nickelinstitute.org, 2008)................. 24


Figura 1.2 – Curva tensão versus deformação - aço carbono e aço inoxidável ........ 25
Figura 1.3 – Estudo de ligações - parafusos alternados (Cochrane, 1922)............... 27
Figura 2.1 – Ligação em aço inoxidável .................................................................... 30
Figura 2.2 – Estados limites últimos em chapa aparafusada .................................... 31
Figura 2.3 – Definição dos parâmetros L e t.............................................................. 32
Figura 2.4 – Definição dos parâmetros e1, e2, s e p ................................................. 33
Figura 2.5 – Limitação de parâmetros geométricos (EUROCODE 3, 2003) ............. 33
Figura 2.6 – Limitação de parâmetros geométricos (EUROCODE 3, 2003) ............. 34
Figura 2.7 – Gráfico Tensão versus Deformação (Souza, 1974) .............................. 39
Figura 2.8 – Comportamento do aço carbono e inoxidável ....................................... 40
Figura 2.9 – Curvas tensão versus deformação aço carbono e aço inoxidável ........ 41
Figura 2.10 – Ensaios de corpos-de-prova ............................................................... 42
Figura 3.1 – Interação de parâmetros – Lxt – txdo - Lxp ........................................... 44
Figura 3.2 – Interação de parâmetros – Lxdo– Lxs - txs ............................................ 45
Figura 3.3 – Interação de parâmetros – doxs – sxp - txp ........................................... 46
Figura 3.4 – Interação de parâmetros – doxp ............................................................ 47
Figura 3.5 – Esquema de ligação .............................................................................. 50
Figura 3.6 – Esquema experimental.......................................................................... 50
Figura 3.7 – Curva tensão versus deformação (Dieter, 1981) ................................... 51
Figura 3.8 – Tensão versus deformação - metal ou liga metálica (Souza, 1974) ...... 55
Figura 3.9 – Curva teórica - limite de escoamento superior e inferior (Souza, 1974) 57
Figura 3.10 – Tipos de curvas Tensão versus Deformação ...................................... 58
Figura 3.11 – Curva de Ramberg-Osgood (Ramberg, W., & Osgood, W. R., 1943). 60
Figura 3.12 – Corpo-de-prova (t=3 mm) .................................................................... 61
Figura 3.13 – Corpo-de-prova (t=15mm) ................................................................... 61
Figura 3.14 – Esquema de retirada dos corpos-de-prova e o sentido da laminação. 62
Figura 3.15 – Curva tensão versus deformação do aço carbono .............................. 63
Figura 3.16 – Curva tensão versus deformação do aço inoxidável ........................... 64
Figura 3.17 – Evolução de tensões normais – placa sujeita a carregamento axial ... 65
Figura 3.18 – Tensões limites do aço carbono .......................................................... 66
Figura 3.19 – Tensões limites do aço inoxidável ....................................................... 66
Figura 4.1 – Detalhe do parafuso ASTM A325 M12 cl. 8.8 (Lima, 2003) .................. 70
Figura 4.2 – Caminhos de ruptura possíveis para a ligação em estudo .................... 70
Figura 4.3 – Esquema da ligação aparafusada alternada ......................................... 71
Figura 4.4 – Detalhe do extensômetro ...................................................................... 73
Figura 4.5 – Ponte de Wheatstone6 .......................................................................... 73
Figura 4.6 – Célula de carga ..................................................................................... 74
Figura 4.7 – Localização dos extensômetros da célula de carga .............................. 74
Figura 4.8 – Esquema da montagem da célula de carga (PUC-DEC, 1993) ............ 75
Figura 4.9 – Histerese do sistema ............................................................................. 76
Figura 4.10 – Fenômeno da "fluência" ou creep7 ...................................................... 76
Figura 4.11 – Leitura da carga digital e analógica ..................................................... 77
Figura 4.12 – Posicionamento dos extensômetros - Ensaio E3_CARB_S50 ............ 78
Figura 4.13 – Cotas dos extensômetros em milímetros - Ensaio E3_CARB_S50..... 78
Figura 4.14 – Localização do transdutor linear variável diferencial ........................... 80
Figura 4.15 – Detalhe de localização do LVDT na máquina de tração...................... 81
Figura 4.16 – Diferentes tipos de configuração de furação das placas ..................... 84
Figura 4.17 – Desenho geométrico do Ensaio E1_CARB_S50_a ............................. 85
Figura 4.18 – Ensaio E1_CARB_S50_a .................................................................... 85
Figura 4.19 – Ruptura do ensaio 1 - E1_CARB_S50_a ............................................ 86
Figura 4.20 – Gráfico carga versus deformação - E1_CARB_S50_a........................ 86
Figura 4.21 – Gráfico carga versus deslocamento - E1_CARB_S50_a .................... 87
Figura 4.22 – Desenho geométrico do ensaio E2_CARB_S70_a ............................. 88
Figura 4.23 – Seqüência de ruina do ensaio E2_CARB_S70_a ............................... 88
Figura 4.24 – Gráfico carga versus deformação - E2_CARB_S70_a........................ 89
Figura 4.25 – Gráfico carga versus deslocamento - E2_CARB_S70_a .................... 89
Figura 4.26 – Desenho geométrico do ensaio E3_CARB_S50 ................................. 90
Figura 4.27 – Seqüência de ruptura do ensaio E3_CARB_S50 ................................ 91
Figura 4.28 – Gráfico carga versus deformação - E3_CARB_S50............................ 91
Figura 4.29 – Gráfico carga versus deslocamento - E3_CARB_S50 ........................ 92
Figura 4.30 – Desenho geométrico do ensaio E4_CARB_S30 ................................. 93
Figura 4.31 – Ruptura do ensaio E4_CARB_S30 ..................................................... 93
Figura 4.32 – Gráfico carga versus deformação - E4_CARB_S30............................ 94
Figura 4.33 – Gráfico carga versus deslocamento - E4_CARB_S30 ........................ 94
Figura 4.34 – Desenho geométrico do ensaio E5_INOX_S50 .................................. 95
Figura 4.35 – Seqüência de ruptura do ensaio E5_INOX_S50 ................................. 96
Figura 4.36 – Corte apresentado no parafuso do ensaio E5_INOX_S50 .................. 96
Figura 4.37 – Gráfico carga versus deformação - E5_INOX_S50 ............................. 97
Figura 4.38 – Gráfico carga versus deslocamento - E5_INOX_S50 ......................... 97
Figura 4.39 – Desenho geométrico do ensaio E6_CARB_S30_P10 ......................... 98
Figura 4.40 – Seqüência de ruptura do ensaio E6_CARB_S30_P10........................ 99
Figura 4.41 –Furos da placa base do ensaio E6_CARB_S30_P10 .......................... 99
Figura 4.42 – Gráfico carga versus deformação - E6_CARB_S30_P10 ................. 100
Figura 4.43 – Gráfico carga versus deslocamento - E6_CARB_S30_P10 .............. 100
Figura 4.44 – Desenho geométrico do ensaio E7_INOX_S30 ................................ 102
Figura 4.45 – Seqüência de ruptura do ensaio E7_INOX_S30 ............................... 102
Figura 4.46 – Gráfico carga versus deformação - E7_INOX_S30 ........................... 103
Figura 4.47 – Gráfico carga versus deslocamento - E7_INOX_S30 ....................... 103
Figura 4.48 – Desenho geométrico do ensaio E8_CARB_S50_P8 ......................... 104
Figura 4.49 – Seqüência de ruptura do ensaio E8_CARB_S50_P8........................ 105
Figura 4.50 – Gráfico carga versus deformação - E8_CARB_S50_P8 ................... 106
Figura 4.51 – Gráfico carga versus deslocamento - E8_CARB_S50_P8 ................ 106
Figura 4.52 – Desenho geométrico do ensaio E9_INOX_S23 ................................ 107
Figura 4.53 – Seqüência de ruptura do ensaio E9_INOX_S23 ............................... 108
Figura 4.54 – Gráfico carga versus deformação - E9_INOX_S23 ........................... 108
Figura 4.55 – Gráfico carga versus deslocamento - E9_INOX_S23 ....................... 109
Figura 5.1 – Análise comparativa - ensaios aço carbono e inoxidável .................... 112
Figura 5.2 – Disposição dos extensômetros no ensaio E2_CARB_S70_a ............. 113
Figura 5.3 – Curvas carga versus deformação dos ensaios E1 e E2 (ext. 2 e 4) .... 114
Figura 5.4 – Curvas carga versus deslocamento dos ensaios E1 e E2 .................. 115
Figura 5.5 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1 e E2 ............................................................................................ 116
Figura 5.6 – Localização das seções nas chapas de ensaio .................................. 117
Figura 5.7 – Configurações de furação ................................................................... 118
Figura 5.8 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 (ext. 2) . 119
Figura 5.9 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E1, E2, E3 e E4 .......... 120
Figura 5.10 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1, E2, E3 e E4 ............................................................................... 121
Figura 5.11 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8 (ext. 7) ..... 122
Figura 5.12 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E1, E3 e E8 .............. 123
Figura 5.13 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1, E3 e E8...................................................................................... 124
Figura 5.14 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 (ext. 4)125
Figura 5.15 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E3, E4, E6 e E8 ........ 126
Figura 5.16 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E3, E4, E6 e E8 ............................................................................... 127
Figura 5.17 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E5, E7 e E9 .............. 128
Figura 5.18 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E5, E7 e E9 (ext. 4) ....... 129
Figura 5.19 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E5, E7 e E9...................................................................................... 130
Figura 5.20 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9.. 131
Figura 5.21 – Modos de ruptura - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9.............................. 132
Figura 5.22 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9 ..... 133
Figura 5.23 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E3, E4, E5, E7 e E9 ......................................................................... 134
Figura 5.24 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9.. 135
Figura 5.25 – Curvas carga versus deformação Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ....... 136
Figura 5.26 – Modo de ruptura - Ensaios E5, E6, E7e E8 ....................................... 136
Figura 5.27 – Modo de ruptura - Ensaio E9............................................................. 137
Figura 5.28 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E5, E6, E7, E8 e E9 ......................................................................... 138
Figura 6.1 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E1_CARB_S50_a ............ 149
Figura 6.2 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E2_CARB_S70_a ............ 149
Figura 6.3 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E3_CARB_S50 ................ 150
Figura 6.4 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E4_CARB_S30 ................ 150
Figura 6.5 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E5_INOX_S50 ................. 151
Figura 6.6 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E6_CARB_S30_P10 ....... 151
Figura 6.7 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E7_INOX_S30 ................. 152
Figura 6.8 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E8_CARB_S50_P8 ......... 152
Figura 6.9 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E9_INOX_S23 ................. 153
Figura 6.10 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2 ........................ 153
Figura 6.11 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2 ........................ 154
Figura 6.12 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2 ........................ 154
Figura 6.13 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 ........... 155
Figura 6.14 –Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 ............ 155
Figura 6.15 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 ........... 156
Figura 6.16 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 ........... 156
Figura 6.17 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 ........... 157
Figura 6.18 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8.................. 157
Figura 6.19 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8.................. 158
Figura 6.20 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8.................. 158
Figura 6.21 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8.................. 159
Figura 6.22 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E3 ........................ 159
Figura 6.23 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 ........... 160
Figura 6.24 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 ........... 160
Figura 6.25 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 ........... 161
Figura 6.26 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 ........... 161
Figura 6.27 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4 e E6.................. 162
Figura 6.28 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7e E9................... 162
Figura 6.29 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9.................. 163
Figura 6.30 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9.................. 163
Figura 6.31 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9.................. 164
Figura 6.32 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9.................. 164
Figura 6.33 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4 ..... 165
Figura 6.34 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4 ..... 165
Figura 6.35 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4 ..... 166
Figura 6.36 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4 ..... 166
Figura 6.37 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4 ..... 167
Figura 6.38 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ..... 167
Figura 6.39 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ..... 168
Figura 6.40 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ..... 168
Figura 6.41 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ..... 169
Figura 6.42 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7 e E9 ........... 169
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Valores da significância dos parâmetros e interações do aço carbono 48


Tabela 3.2 – Valores da significância dos parâmetros e interações - aço inoxidável 48
Tabela 3.3 – Valores dos parâmetros s e p para o aço carbono ............................... 49
Tabela 3.4 – Valores dos parâmetros s e p para o aço inoxidável ............................ 49
Tabela 3.5 – Tensões limites do aço carbono ........................................................... 63
Tabela 3.6 – Tensões limites do aço inoxidável ........................................................ 64
Tabela 4.1 – A primeira seqüência de ensaios em aço carbono ............................... 72
Tabela 4.2 – Configuração dos ensaios experimentais ............................................. 83
Tabela 4.3 – Resumo dos ensaios experimentais ................................................... 110
Tabela 5.1 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1 e E2 ...................... 115
Tabela 5.2 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1, E2, E3 e E4 ......... 120
Tabela 5.3 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1, E3 e E8 ............... 123
Tabela 5.4 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E3, E4, E6 e E8 ......... 126
Tabela 5.5 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E5, E7 e E9 ............... 130
Tabela 5.6 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E3, E4, E5, E7 e E9 ... 134
Tabela 5.7 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E5, E6, E7, E8 e E9 ... 137
Tabela 5.8 – Valores teóricos dos ensaios em aço carbono ................................... 139
Tabela 5.9 – Valores teóricos dos ensaios em aço inoxidável ................................ 139
Tabela 5.10 – Diferença percentual de Agxfy e Anetxfu - ensaios em aço carbono ... 139
Tabela 5.11 – Diferença percentual de Agxfy e Anetxfu - ensaios em aço inoxidável 140
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACESITA Fábrica de Aço - Inox do Brasil S/A

USIMINAS Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A

METALFENAS METALFENAS Industria da Construção Ltda.

PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

EUROCODE European Committee for Standardisation

ECCS European Convention for Constructional Steelwork

DEC Departamento de Engenharia Civil

FCTUC Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

AISI American Iron and Steel Institute

ANSI Instituto Nacional Americano de Padronização

ASCE American Society of Civil Engineers

NZS Australian Standard

SEI Structural Engineering Institute

ITUC Instituto de Tecnologia da PUC

ASTM American Society for Testing and Materials

DIN Deutsches Institut für Normung


LISTA DE SÍMBOLOS

Ab área total da seção transversal da chapa base


A área do parafuso
Ag área bruta da seção transversal da chapa experimental
AI área instantânea da seção transversal do corpo-de-prova
Anet área total líquida da seção transversal da chapa experimental
bb largura da chapa base
c constante relativa ao valor de p
d diâmetro do parafuso
d0 diâmetro do furo
e deformação convencional
E módulo de elasticidade
e1 distância paralela a direção da força da linha de parafuso até a borda
e2 distância perpendicular a direção da força da linha de parafuso até a borda
e3 distância perpendicular ao furo alongado do seu centro até a borda
e4 distância paralela ao furo alongado do seu primeiro centro até a borda
F força aplicada na chapa base
Fb.rd resistência ao esmagamento
f freqüência
fu tensão última da placa experimental
fup tensão última do parafuso
fured tensão última da placa inoxidável reduzida
Fv,rd resistência ao cisalhamento por cada plano de corte
fy tensão limite de escoamento da placa experimental
g distância entre linhas de parafusos no sentido transversal ao da força
aplicada
k constante que depende do tipo de material
kr fator de redução para o aço inoxidável
k1 fator de correção em função do posicionamento dos parafusos
k2 fator de correção em função da escariação do parafuso
L largura da chapa experimental
L largura da placa
L0 comprimento inicial do corpo-de-prova
Lf comprimento final do corpo-de-prova
m1 índice não linear
n número de parafusos
np número de placas
Npl,rd força última de projeto de escoamento da seção bruta
Nu,rd força última de projeto de ruptura da seção líquida
Nt,rd força normal de tração de projeto da ligação
p distancia entre linhas de parafusos no sentido perpendicular ao da força
aplicada
p1 distância entre furos de mesma linha na direção paralela a força
p2 distância entre furos de mesma linha na direção transversal a força
p1,0 primeira distância entre furos de mesma linha na direção paralela a força
p1,i distâncias seguidas entre furos, mesma linha e direção da força
P força tração aplicada
r número de parafusos numa seção dividido pelo número total de parafusos
da ligação e o valor de u, dado por 2e2
s distância entre linhas de parafusos no sentido paralelo ao da força
aplicada
S Desvio padrão
t espessura da chapa experimental
tb espessura da chapa base
u constante usada no cálculo da ligação inoxidável, cujo valor é igual a 2e2
w valor diminuído da área transversal de ligações aparafusadas alternadas
X média das amostras
Xi valor de uma amostra
α constante que determina deformação além do escoamento
αb fator de correção em função da tenção última e posicionamento dos
parafusos
αd fator de correção em função do posicionamento dos parafusos
αv fator que depende da classe do aço
ε deformação
ε0,2 deformação a 0,2%
ε1 deformação a 0,1%
ε2 deformação a 1%
σ tensão
σ0 tensão elástica
σ0,2 tensão a 0,2%
σr tensão
γM0 coeficiente de resistência
γM1 coeficiente de resistência
γM2 coeficiente de resistência
µ média
υ coeficiente de variação
dM diferença das médias
SQ desvio padrão ao quadrado
GL grau de liberdade
QM variância
ρ significância
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 23

INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 23

1.2 Motivação ........................................................................................................................................................ 26


1.2.1 Análise do parâmetro s2/4p ........................................................................................................................... 26

1.3 Objetivos ......................................................................................................................................................... 28

1.4 Escopo ............................................................................................................................................................. 28

2 LIGAÇÕES APARAFUSADAS ............................................................................... 30

2.1 Identificação dos parâmetros da ligação aparafusada ...................................................................................... 32

2.2 Dimensionamento de ligações aparafusadas segundo a norma EUROCODE 3 (EUROCODE 3, 2003)........ 34


2.2.1 Dimensionamento de Ligações com Aço Carbono ....................................................................................... 34
2.2.2 Dimensionamento de Ligações em Aço Inoxidável ..................................................................................... 37
2.2.3 Diferença entre o aço carbono e o aço inoxidável ........................................................................................ 38

3 ANÁLISE e avaliação TEÓRICa das ligações aparafusadas ................................. 43

3.1 Introdução........................................................................................................................................................ 43

3.2 Avaliação das interações entre os parâmetros analisados ................................................................................ 43

3.3 Justificativas para a configuração da ligação ................................................................................................... 49

3.4 Apresentação dos Ensaios de Tração............................................................................................................... 51

3.5 Determinação da tensão limite de escoamento ................................................................................................ 55

3.6 Corpos-de-prova das placas de aço carbono .................................................................................................... 61

3.7 Corpos-de-prova das placas de aço inoxidável ................................................................................................ 63

3.8 Critério de dimensionamento........................................................................................................................... 64

3.9 Avaliação da ligação aparafusada para o aço carbono e aço inoxidável.......................................................... 65

4 Descrição dos Ensaios Experimentais ................................................................... 68

4.1 Introdução........................................................................................................................................................ 68

4.2 Caracterização dos ensaios .............................................................................................................................. 68

4.3 Definição dos parâmetros geométricos ............................................................................................................ 71


21

4.3.1 Preparação dos ensaios ................................................................................................................................. 72


4.3.2 Preparação do sistema de aplicação de carga ............................................................................................... 72
4.3.3 Preparação da célula de carga para a medida e aferição das cargas aplicadas .............................................. 73
4.3.4 Instrumentação ............................................................................................................................................. 78
4.3.5 Programação em Labview ............................................................................................................................ 81
4.3.6 Sistema de aquisição de dados...................................................................................................................... 82
4.3.7 Dificuldades na preparação dos ensaios ....................................................................................................... 82

4.4 Apresentação dos ensaios experimentais ......................................................................................................... 83


4.4.1 Ensaio E1_CARB_S50_a ............................................................................................................................. 84
4.4.2 Ensaio E2_CARB_S70_a ............................................................................................................................. 87
4.4.3 Ensaio E3_CARB_S50 ................................................................................................................................. 90
4.4.4 Ensaio E4_CARB_S30 ................................................................................................................................. 92
4.4.5 Ensaio E5_INOX_S50.................................................................................................................................. 95
4.4.6 Ensaio E6_CARB_S30_P10......................................................................................................................... 98
4.4.7 Ensaio E7_INOX_S30................................................................................................................................ 101
4.4.8 Ensaio E8_CARB_S50_P8......................................................................................................................... 104
4.4.9 Ensaio E9_INOX_S23................................................................................................................................ 107
4.4.10 Quadro resumo dos ensaios ...................................................................................................................... 109

5 Avaliação dos Resultados Experimentais............................................................. 111

5.1 Introdução...................................................................................................................................................... 111

5.2 Análise dos Ensaios com Aço Carbono ......................................................................................................... 112


5.2.1 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a com E2_CARB_S70_a......................................................... 113
5.2.2 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a com E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30
............................................................................................................................................................................. 117
5.2.3 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a, E3_CARB_S50 e E8_CARB_S50_P8 ................................ 121
5.2.4 Comparação dos ensaios E3_CARB_S50, E4_CARB_S30, E6_CARB_S30_P10 e E8_CARB_S50_P8 124

5.3 Ligações com aço inoxidável ........................................................................................................................ 127


5.3.1 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 ............................................ 128

5.4 Comparação dos resultados do aço carbono com o aço inoxidável ............................................................... 131
5.4.1 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 com E3_CARB_S50 e
E4_CARB_S30 ................................................................................................................................................... 131
5.4.2 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 com E6_CARB_S50_P10 e
E8_CARB_S30_P8 ............................................................................................................................................. 135

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 141

6.1 Introdução...................................................................................................................................................... 141

6.2 Conclusões..................................................................................................................................................... 143


22

6.3 Trabalhos futuros ........................................................................................................................................... 145

Anexo A - CURVAS DOS ENSAIOS ....................................................................... 149

A.1. ENSAIOS INDIVIDUAIS........................................................................................................................... 149


A.1.1. CURVAS CARGA AXIAL MEDIDA VERSUS DEFORMAÇÃO ......................................................... 149

A.2. CURVAS COMPARATIVAS..................................................................................................................... 153


A.2.1. CURVAS CARGA VERSUS DEFORMAÇÃO ....................................................................................... 153
APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

O aço inoxidável vem sendo utilizado em vários tipos de construções devido


as suas características de alta resistência à corrosão, durabilidade, resistência ao
fogo (Gardner L, 2006), facilidade de manutenção, aparência e estética, tendo o seu
uso nos membros estruturais de uma construção limitado pelo seu alto custo. Como
este custo está sendo reduzido devido entre outros motivos, as recentes
descobertas na África do Sul, onde foram construídas torres de transmissão em aço
inoxidável ferrítico da Linha 400, e instaladas na orla oceânica a 7 anos, não
apresentando nenhum grau de corrosão. Seu custo hoje é estimado no dobro do
custo do aço carbono (ACESITA - Fábrica de aço - Inox do Brasil S/A), corroborando
para que o estudo mais profundo do comportamento mecânico do aço inoxidável sob
os diversos aspectos seja cada vez mais relevante.
Considerando, também, a recente mudança na tendência do comportamento
social em relação à produção em massa e o abundante consumismo, e devido a
consciência ecológica e o desenvolvimento do que é natural, o conceito de
durabilidade e sustentabilidade na construção ganhou muito mais importância. Neste
contexto, o aço inoxidável é o material promissor para as construções que requeiram
esta característica, conforme pode ser observado na Ponte de Stonecutters,
localizada na cidade de Hong Kong na China (Figura 0.1 a), onde foram gastos 2000
toneladas de aço austenítico S322 em chapa de 20 a 30 mm de espessura e 2880
toneladas do aço austenítico S304 em barra de 50 mm de diâmetro, com previsão de
durabilidade, ou seja, de dispensa de manutenção, por um período de 120 anos. Na
Figura 0.1b observa-se a peça em aço inoxidável que envolve a estrutura de
concreto dando lhe mais rigidez e na Figura 0.1c pode se ver a mesma peça pelo
lado interno, mostrando as barras que garantirão a união com o concreto armado
que será jogado no seu interior.
24

a)

b) c)

Figura 0.1 – Stonecutters Bridge - China (www.nickelinstitute.org, 2008)

O desenvolvimento dos processos construtivos e as novas tendências na


elaboração de projetos arquitetônicos têm trazido a necessidade por materiais que
combinam versatilidade com durabilidade. Novamente, o aço inoxidável apresenta-
se como um material promissor para as construções que requeiram estas
características, principalmente no que tange a alta resistência a corrosão evitando a
necessidade de manutenção em intervalos muito curtos.
O aço inoxidável é indicado, como elemento estrutural, em construções por
múltiplas razões. A sua característica de alta ductilidade permite que seja usado em
estruturas submetidas a carregamentos cíclicos, permitindo a dissipação da energia
deste tipo de carregamento, através da redistribuição do carregamento antes da
ruína da estrutura. Com uma redução do custo de manutenção em estruturas, e o
25

aumento da capacidade de absorção do impacto, através da dissipação de energia,


aumenta-se a confiabilidade da estrutura.
As normas de projeto de aço inoxidável atuais (Eurocode 3, part 1.4, 2003)
são em grande parte baseadas em analogias assumidas com o comportamento de
estruturas de aço carbono. Todavia, o aço inoxidável, quando submetido a esforços
axiais de tração e compressão, apresenta curvas tensão versus deformação não-
lineares sem patamar de escoamento, diferentemente das curvas apresentadas pelo
aço carbono, conforme Figura 0.2, mostrando assim, um comportamento global
diferente, e conseqüentemente, modificando o comportamento global das estruturas
que o utilizam.
Como o aço carbono, existe uma grande variedade de tipos de aço inoxidável
devido a variação da composição química e o tratamento térmico aplicado na sua
fabricação. Pode-se classificar em cinco principais grupos: Austenítico, Ferrítico,
Martensítico, Duplex e Precipiation Hardening (Euro Inox, 2006).
Neste trabalho será usado o aço inoxidável austenítico S3041, com uso mais
freqüente na construção. Este grupo de ligas de aço inoxidável contém níquel em
um intervalo 8-20%, com vários elementos adicionais para alcançar as desejadas
propriedades, tais como: dobramento, soldagem e de boa resistência à corrosão As
propriedades mecânicas podem ser aumentadas com a conformação à frio. As
soldas deste grupo devem ser realizadas com o método correto, mas o baixo teor de
carbono resulta em menos problemas do que os tipos Ferríticos e Martensíticos.

800
700
600
Tensão (MPa)

500
400
300
aço inoxidável
200
100 aço carbono

0
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500
Deformação

Figura 0.2 – Curva tensão versus deformação - aço carbono e aço inoxidável

1
www.chasealloys.co.uk/steel/austenitic/, 2008
26

1.1 Motivação

As ligações estruturais desempenham um papel fundamental no


comportamento global das estruturas de aço. Buscando se entender o
comportamento real de uma ligação aparafusada constituída em aço inoxidável,
muitos trabalhos de pesquisa têm sido desenvolvidos (Burgan BA,2000), (Kouhi J,
2000), (Van Den Berg GJ, 2000), (Gardner L, 2004), (Graham Gedge, 2008) e (A.
Bouchaïr, 2008). A principal motivação destes trabalhos de pesquisa tem caráter
científico, com o objetivo de buscar a estrutura mais econômica resultante de um
projeto mais coerente das ligações, bem como a melhoria dos processos de
fabricação com respectiva redução dos custos de execução. Com o entendimento do
comportamento real das ligações aparafusadas constituídas de aço inoxidável,
torna-se possível o desenvolvimento de novas recomendações de projeto. Estes
fatos motivaram a presente investigação, que envolve o estudo de uma ligação
aparafusada mais econômica, ou seja, a ligação aparafusada com furos alternados
muito utilizada em estruturas metálicas.

1.1.1 Análise do parâmetro s2/4p

Um dos primeiros métodos teóricos que assumia o efeito de parafusos


alternados, considerava que os efeitos da resistência na seção transversal e na
sessão dos parafusos alternados eram iguais quando a máxima tensão era atingida
(Crochane, 1908).
Confirmado através de testes experimentais, este efeito de cisalhamento,
calculado através do método das tensões iguais, que considera outra regra em
comum, ou seja, uso da igualdade da resistência quando a seção transversal bruta e
a líquida de parafusos alternados são de mesma área, ou seja, método das áreas
iguais (C. R. Young, 1922).
No mesmo ano, verifica-se que a regra de tensões iguais dá excessivas
deduções de área de seção da peça e que testes feitos mostraram ser menos
correta que a regra de áreas iguais (Edward Godfrey, 1922).
Uma proposta generalizada é apresentada para ser usada com segurança,
simplificando as regras, através do método de deduções fracionadas (Cochrane,
1922). Uma simples fórmula (s2/4p) poderia ser escrita para ambos os casos. Para
27

chegar a esta fórmula, fez-se a seguinte consideração, conforme apresentado na


Figura 0.3. Quando o valor do parâmetro s (distância entre centro de furos na
direção da aplicação da força) for zero a dedução seria o próprio furo, conforme

fórmula (p 2
)
+ s2 − d0 . Já quando o parâmetro s cresce a dedução decresce muito

rapidamente podendo assim considerar a seguinte formula: w=d0-cs2, onde w é o


valor que deve ser retirado da área transversal.

d0
(p 2
+ s2 − d0 )
p
p

E D
s

Figura 0.3 – Estudo de ligações - parafusos alternados (Cochrane, 1922)

Esta mesma fórmula é usada em diversas normas de projeto para determinar


a dedução a ser feita quando se usam furos alternados na avaliação da área líquida.
Parece provável que esta regra tenha sido desenvolvida quando o aço usado
era de resistência moderada sendo este único tipo de aço estrutural que estava em
uso na maioria dos países. Não está claro até que ponto os efeitos do
endurecimento do aço e o valor da relação de tensão limite de escoamento para
resistência à tração podem ter sido já cobertos pela fórmula, pois seu caráter é
empírico. Porém, há poucos testes disponíveis na literatura para se conferir este
efeito.
O cálculo de uma ligação deste tipo constituída de aço inoxidável tem a
mesma forma que a do aço carbono, embora o comportamento mecânico dos dois
aços sejam inteiramente diferente, com curvas tensão versus deformação totalmente
diferentes. Ressalta-se que o aço carbono tem patamar de escoamento e o aço
inoxidável não possui patamar de escoamento, e por outro lado a razão entre os
28

valores da tensão limite de escoamento (fy) e a tensão limite de ruptura (fu) são muito
diferentes nos dois materiais.

1.2 Objetivos

Como objetivo principal, este trabalho busca analisar, através da realização


de vários ensaios experimentais, o comportamento estrutural de ligações
aparafusadas alternadas, em placas formadas a frio de aço inoxidável e aço
carbono, ambos com espessura de 3 mm. Esta investigação visa obter dados para
recomendações que melhor quantifiquem a resistência à ruptura da seção líquida de
ligações aparafusadas alternadas. Além de verificar a validade da utilização da
mesma formulação para o dimensionamento de uma ligação aparafusada em aço
carbono e a ligação similar em aço inoxidável, analisando a utilização do fator de
redução kr e a redução da tensão última (fu) na análise do esmagamento. A
realização destes ensaios fornece, também, informações fundamentais para a
calibração de modelos numéricos de elementos finitos, pois levam em consideração
as situações reais de execução das estruturas e as características específicas dos
materiais utilizados no país.

1.3 Escopo

O presente capítulo apresentou a motivação para o desenvolvimento deste


trabalho, um breve resumo do estado da arte para as ligações aparafusadas e
especificou os principais objetivos deste trabalho, além de apresentar uma breve
descrição do conteúdo de cada capítulo desta dissertação, conforme pode ser
observado a seguir.
No capítulo dois são apresentadas algumas considerações sobre ligações
aparafusadas e uma descrição detalhada do dimensionamento das ligações
segundo recomendações do Eurocode 3 (EUROCODE 3, 2003). Ainda neste mesmo
capítulo, são apresentados alguns dos principais trabalhos que avaliam a influência
do esforço axial nas ligações e, conseqüentemente, seu comportamento global.
No capítulo três são descritos os ensaios experimentais realizados no
Laboratório de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A
caracterização mecânica e geométrica das peças utilizadas nos ensaios também é
apresentada neste capítulo.
29

No capítulo quatro são apresentados os resultados experimentais obtidos


para as ligações aparafusadas através de tabelas e gráficos com as diversas
componentes presentes na ligação em estudo.
O capítulo cinco consiste da análise comparativa dos resultados
experimentais de ligações aparafusadas utilizando a mesma metodologia
mencionada acima.
Finalmente, no capítulo seis, são tecidas as considerações finais com as
principais conclusões obtidas além de algumas propostas para trabalhos futuros.
2 LIGAÇÕES APARAFUSADAS

As ligações são importantes elementos estruturais cuja função é transferir


carregamentos de um elemento para outro, e que, no caso de ser mal executada ou
calculada, pode levar ao colapso de uma estrutura, pois a ligação e o perfil são os
pontos críticos de uma obra em estrutura metálica. A Figura 2.1 apresenta um
exemplo típico de ligação aparafusada em aço inoxidável realizada no Aeroporto Sá
Carneiro, na cidade do Porto, em Portugal.

Figura 2.1 – Ligação em aço inoxidável

O sistema de ligação aparafusada, além de possibilitar a obtenção de


benefícios econômicos de execução, apresenta vantagens, como a de dispensa de
soldas no local de trabalho e escoramentos, redução do tempo de montagem e de
mão-de-obra especializada, redução considerável do consumo de energia elétrica,
etc. Estas foram as principais motivações para a avaliação de um sistema de ligação
aparafusada com parafusos alternados, fabricado com um material inovador como o
aço inoxidável cujo comportamento estrutural será discutido posteriormente.
As ligações aparafusadas, diferentemente das ligações soldadas, tendem a
diminuir a resistência à tração das seções, já que, para a instalação de parafusos,
torna-se necessário que se façam furos nos elementos a serem unidos, diminuindo a
seção transversal resistente destes elementos. Devido à existência destes furos,
várias formas ou modos de ruptura podem ocorrer. A Figura 2.2 ilustra, cinco
31

possíveis modos de ruptura cujo comportamento estrutural e será abordado mais


adiante.

Figura 2.2 – Estados limites últimos em chapa aparafusada2

No caso (a) representado na Figura 2.2, ocorre uma ruptura da seção


transversal líquida da peça, ou seja, da seção que resulta da subtração da área de
furos daquela de sua seção bruta. Quanto mais furos estiverem presentes na seção
bruta da peça, menor será a sua seção líquida e, por conseguinte, sua resistência, o
que pode levar à ruptura. No caso (b), ocorre uma ruptura por rasgamento da peça
devido à presença do parafuso mais resistente, provocando tensões cisalhantes no
metal-base da peça. A ruptura só ocorre se, no metal-base, a distância disponível
resistente ao rasgamento for insuficiente. Mais a frente, serão mostrados os
parâmetros da ligação aparafusada e as suas limitações. No caso (c), ocorre uma
ruptura por esmagamento da peça, também devido à presença do parafuso. Este

2
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32

esmagamento ocorre devido às altas tensões de compressão que se processam na


superfície de contato do parafuso com o metal-base da chapa. No caso (d) ocorre a
ruptura do parafuso por cisalhamento, caracterizada quando um número insuficiente
de parafusos é adotado. Finalmente, no caso (e) ocorre a plastificação da seção
bruta devido à alta razão entre a tensão limite de escoamento e a tensão limite de
ruptura.
Este trabalho trata, especificamente, dos modos de falha onde ocorre a
ruptura da seção líquida (Figura 2.2a) em ligações aparafusadas de chapas
formadas a frio. Portanto, a seguir, serão apresentados os parâmetros que
governam os respectivos estados limites últimos da ligação e os respectivos limites
de geometria com as prescrições para o dimensionamento destas ligações
aparafusadas, presentes nas principais normas técnicas de estruturas de aço
vigentes em diversos países e continentes.

2.1 Identificação dos parâmetros da ligação aparafusada

Na Figura 2.3 são apresentados os parâmetros geométricos t e L onde


representam respectivamente, a espessura e a largura da chapa.

Figura 2.3 – Definição dos parâmetros L e t3

3
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33

Na Figura 2.4 são apresentados os parâmetros geométricos s e p e as


distâncias à borda e1 e e2.

Figura 2.4 – Definição dos parâmetros e1, e2, s e p4

E na Figura 2.5 e na Figura 2.6 apresentam-se os limites dos parâmetros


geométricos utilizados pela Norma Européia EUROCODE 3 Part 1-8 (EUROCODE
3, 2003).

Figura 2.5 – Limitação de parâmetros geométricos (EUROCODE 3, 2003)

4
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34

Figura 2.6 – Limitação de parâmetros geométricos (EUROCODE 3, 2003)

2.2 Dimensionamento de ligações aparafusadas segundo a norma EUROCODE


3 (EUROCODE 3, 2003)

2.2.1 Dimensionamento de Ligações com Aço Carbono

A norma européia EUROCODE 3 Parte 1.1 (EUROCODE 3, 2003), para


dimensionamento de ligações aparafusadas em estruturas de aço constituídas de
aço carbono, apresentando similar consideração na norma brasileira NBR 8800,
estabelece, em seu item 7.2.3, os critérios de avaliação da menor resistência a
serem observados no cálculo de ligações aparafusadas submetidas à tração. Esses
35

critérios abrangem basicamente, dois estados limites últimos: o escoamento da


seção bruta e a ruptura da seção líquida da chapa base da ligação aparafusada,
dados, respectivamente, pelas equações (2.1) e (2.2). Deve se ressaltar que a
equação (2.3) deve sempre ser atendida:

Npl,rd =
(A × f ) y
( 2.1)
γ M0

Nu,rd =
(0,9 × A net × fu )
( 2.2)
γ M2

Nu,rd Npl,rd
≥ 1,0 ≥ 1,0 ( 2.3)
Nt,rd Nt,rd

onde:
Nt,rd é a força normal de tração de projeto da ligação que deverá ser menor ou
igual às duas resistências: Npl,rd e Nu,rd;
A é a menor área bruta da seção transversal da ligação;
Anet é a sua área líquida, 0,9 é o coeficiente de redução da área líquida;
fy é a tensão limite de escoamento;
fu é a tensão limite de ruptura a tração da chapa;
γM0 e γM2 são coeficientes de resistência.

Neste trabalho, os coeficientes de resistência foram tomados igual a 1 para


dimensionar as ligações aparafusadas a serem utilizadas nos experimentos e,
assim, calibrar o real comportamento da ligação aparafusada em estudo.
O coeficiente 0,9 da equação (2.2) é obtido em função do tipo de barra (chapa
ou perfil) e do tipo de ligação (soldada ou aparafusada). Para chapas com ligações
36

aparafusadas, objeto deste trabalho, este coeficiente será mantido. A área líquida da
seção transversal é usualmente obtida com a seguinte expressão:

A net = A − n × d × t ( 2.4)

onde:
A é a área da seção bruta da peça tracionada;
n é quantidade de furos contidos na linha de ruptura da seção transversal;
d é o diâmetro do furo na direção perpendicular à solicitação;
t é a espessura da parte conectada em análise.
Para ligações aparafusadas com parafusos alternados, utiliza-se a fórmula
desenvolvida por Crochane (1922) e ainda presente no EUROCODE 3, Part 1.1,
item 6.2.2.2. (EUROCODE 3, 2005):

  s2 
A net = A − t n × d − ∑   ( 2.5)
  4 × p 

onde:
s é a distância entre os centros dos furos na direção de aplicação da força;
p é a distância entre os centros dos furos na direção perpendicular da
aplicação da força, Figura 2.4.
A norma européia EUROCODE 3, Parte 1.8 (EUROCODE 3, 2005) para
dimensionamento de ligações aparafusadas em estruturas de aço, também
estabelece, os critérios de avaliação da menor resistência na região dos parafusos a
serem observados no cálculo de ligações aparafusadas submetidas à tração.
Neste trabalho, foram utilizados os seguintes critérios para avaliar a
resistência dos parafusos: resistência ao cisalhamento por cada plano de corte,
equação (2.6) e resistência ao esmagamento, equação (2.7).

Fv,rd =
(α v × fup × A )
( 2.6)
γ M2
37

Fb,rd =
(k1 × αb × fu × d × t )
( 2.7)
γ M2

onde, na equação (2.6):


fup é a tensão última do parafuso;
αv tem seu valor definido pelo tipo de parafuso e onde ocorre o plano de corte.
Na equação (2.7):
αb é o menor valor entre:
α d

fub fu
1,0

Sendo que:
αd é analisado na direção da transferência da força:
sendo definido para os parafusos localizados na borda igual a e1/3d0;
e para os parafusos centrais igual a p1/3d0-1/4.
k1 é analisado na direção perpendicular à transferência da força sendo
definido: para os parafusos da borda:
2,8e2/d0-1,7 ou;
2,5.
e para os parafusos centrais:
1,4p2/d0-1,7 ou;
2,5.
onde o menor valor é sempre adotado.

2.2.2 Dimensionamento de Ligações em Aço Inoxidável

Para o dimensionamento de ligações aparafusadas constituídas de aço


inoxidável, foi utilizada a norma européia EUROCODE 3, Parte 1.4 (EUROCODE 3,
2005), pois a norma brasileira NBR 8800 não apresenta o cálculo para estruturas em
aço inoxidável, a norma européia estabelece, em seu item 5.3.3, que a resistência à
tração deverá ser o menor valor entre a resistência plástica da seção bruta, Npl,rd e a
resistência última da seção líquida Nu,rd obtidas através das equações (2.8) e (2.9),
respectivamente.
38

Npl,rd =
(A × f ) y
( 2.8)
γ M0

Nu,rd =
(k r × A net × fu )
( 2.9)
γ M2

onde

 d 
k r = 1 + 3r( − 0,3)  ≤ 1,0 ( 2.102)
 u 
sendo que r é o número de parafusos numa seção dividido pelo número total de
parafusos da ligação e o valor de u, dado por 2e2 ,que é o dobro da distância entre o
centro do furo até a borda na direção perpendicular da transferência da carga,
porém menor ou igual a p2 que é a distância entre os centros dos furos na direção
perpendicular da transferência da carga.
Embora a resistência ao esmagamento de uma ligação aparafusada em aço
inoxidável seja normalmente governada pela necessidade de limitar o alongamento
do furo quando solicitada por uma carga de trabalho, uma verificação em separado
deve ser feita para prevenir este efeito no seu estado limite último substituindo o fu
por fu,red dado pela equação (2.11) a seguir.

fu,red = 0,5fy + 0,6fu ( 2.112)

Assim, são apresentadas as fórmulas necessárias para o cálculo da ligação


aparafusada alternada, tendo em vista que não foram utilizados parafusos
constituídos de aço inoxidável. Maiores detalhes sobre isto pode ser encontrado no
EUROCODE 3, Parte 1.4 (EUROCODE 3, 2005).

2.2.3 Diferença entre o aço carbono e o aço inoxidável

O comportamento da curva tensão versus deformação do aço inoxidável


difere do aço carbono em alguns aspectos. A diferença mais importante é na forma
da curva tensão versus deformação. Enquanto alguns tipos de aço carbono
mostram um comportamento linear elástico até o limite de escoamento e um
39

patamar antes do encruamento, o aço inoxidável tem uma resposta não linear com
um limite de escoamento não caracterizado, como mostrado na Figura 2.9.
Analisando-se o gráfico da Figura 2.7 que apresenta uma curva tensão versus
deformação de um metal ou liga metálica observa-se o domínio elástico (0-A), onde
as deformações não são permanentes, ou seja, a cada tensão corresponde uma
deformação própria de cada aço. Neste domínio, cessando o esforço, o corpo-de-
prova retornaria, teoricamente, às dimensões iniciais.

Figura 2.7 – Gráfico Tensão versus Deformação (Souza, 1974)

No domínio plástico (B-C) verificam-se deformações permanentes. Uma vez


cessado o esforço, em qualquer momento deste domínio, o corpo-de-prova não
retorna às dimensões iniciais.
Na transição entre os dois domínios (A-B), existe um ponto A’ para o qual o
corpo-de-prova sofre deformação sem nenhum acréscimo de tensão. Diz-se que o
material atinge o escoamento neste ponto. Nos aços inoxidáveis, esta transição não
é tão visível e define-se a tensão limite de escoamento como o ponto na curva
determinado pela interseção de uma paralela à reta que define o domínio elástico (0-
A) a 0,2% de deformação permanente.
O ponto C determina o fim do ramo plástico e é definido como tensão limite de
resistência. A curva tensão-deformação é típica para cada aço como visto
anteriormente. A tensão limite de escoamento do aço carbono é ligeiramente mais
elevada do que do aço inoxidável (tipos 430 e 304). Porém, a tensão limite de
40

resistência dos aço inoxidável é superior a do aço carbono. Neste ponto ocorre uma
diferença básica, o ramo plástico B-C para o aço inoxidável é muito maior do que
para o aço carbono. Isto significa que eles suportam deformações maiores sem
ocorrer falha do componente.
Comparando-se as curvas tensão versus deformação de alguns tipos de aço
inoxidável com aço carbono, observa-se também a diferença na forma destas
curvas. Pode-se observar, por exemplo, que os aços austeníticos apresentam o
ramo plástico maior do que os aços ferríticos, conforme apresentado na Figura 2.8.

Figura 2.8 – Comportamento do aço carbono e inoxidável5

Uma das diferenças marcantes de comportamento às solicitações entre os


vários tipos de aço é o encruamento, representado pelo aumento das características
(dureza, limites de escoamento, de resistência e de cisalhamento) pelo efeito do
trabalho mecânico.

5
http://www.nucleoinox.org.br/new/Artigos_exibe.asp?Codigo=76&Refresh=2008893124
41

O aço inoxidável pode ser cortado, furado, dobrado e calandrado da mesma


forma e com os mesmos equipamentos que conformam os aços carbono. Contudo,
algumas modificações no processo são necessárias pela diferença de
comportamento mecânico entre os dois materiais.
Uma das diferenças mais marcantes é o fato do aço inoxidável apresentar
endurecimento sensivelmente maior que o aço carbono e exigir, para a sua
conformação, equipamentos mais robustos para conformar as mesmas espessuras.
Porém, na maioria dos casos, o maior grau de encruamento do aço inoxidável
pode ser compensado pela sua excelente resistência à corrosão atmosférica,
viabilizando o emprego de espessuras menores do que aquelas especificadas para
o aço carbono. Por outro lado, com espessuras reduzidas, os componentes e peças
de aço inoxidável ficam mais leves e os esforços de conformação podem se
aproximar daqueles exigidos para a conformação do aço carbono.
Neste trabalho foi comprovada a diferença no comportamento mecânico entre
os dois aços, conforme curvas tensão versus deformação retiradas de um ensaio a
tração mostradas na Figura 2.9.
Verificou-se também, a grande ductilidade apresentada pelo aço inoxidável
em relação ao aço carbono nos ensaios dos corpos-de-prova, como mostra a Figura
2.10.

800 800
700 700
600 600
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

500 500
400 400
300 300
aço inoxidável
200 aço inoxidável
200
100 aço carbono
100 aço carbono
0
0
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010
Deformação Deformação

a) curvas globais b) trecho inicial

Figura 2.9 – Curvas tensão versus deformação aço carbono e aço inoxidável
42

Figura 2.10 – Ensaios de corpos-de-prova

Este capítulo apresentou de forma global, os diversos parâmetros que


envolvem o dimensionamento de ligações aparafusadas submetidas à tração, bem
como as diferenças mais significativas entre os dois materiais utilizados nesta
dissertação, nomeadamente o aço carbono e o aço inoxidável. No próximo capítulo
será apresentada a análise teórica das ligações aparafusadas.
3 ANÁLISE E AVALIAÇÃO TEÓRICA DAS LIGAÇÕES APARAFUSADAS

3.1 Introdução

O elevado custo na confecção de um ensaio e a mão-de-obra dispensada


induzem a busca de parâmetros mais adequados e que produzam resultados
satisfatórios. Este capítulo tem o objetivo de descrever o procedimento adotado para
a determinação da melhor configuração geométrica a ser usada nos ensaios
realizados no LEC - Laboratório de Engenharia Civil da UERJ.

3.2 Avaliação das interações entre os parâmetros analisados

Para se obter uma análise criteriosa dos parâmetros da ligação aparafusada


alternada estudada foi utilizado o Método Taguchi (1990), o qual consiste numa
abordagem da engenharia de qualidade, ou seja, fora da convenção de variação de
todos os parâmetros para sua análise, buscando com a variação de parâmetros mais
importantes para aumentar a robustez dos produtos e assim diminuindo os efeitos
secundários no seu desempenho, focalizando a investigação nos parâmetros mais
significativos.
Desta forma, o Método Taguchi (1990) possibilitou determinar quais
combinações de parâmetros influenciavam de forma mais incisiva no desempenho
da ligação aparafusada alternada.
Para visualizar quais combinações produziriam interação foram elaborados os
gráficos das Figura 3.1, Figura 3.2, Figura 3.3 e Figura 3.4, que mostram os valores
de parâmetros combinados, produzindo variação de resistência da ligação
aparafusada.
Os resultados das resistências expostos em linhas paralelas, mostra que a
variação dos parâmetros daquela interação não influencia no valor da resistência
final, enquanto os resultados das resistências expostos em linhas não paralelas,
mostra que a variação dos parâmetros daquela interação influência no valor da
resistência final.
44

800000

700000

600000
ForçaPrevista(N)

500000 L=50 mm
L=60 mm
400000 L=70 mm
L=80 mm
300000
L=90 mm
200000

100000

0
0 5 10 15 20 25 30
t (mm)

a) Interação dos parâmetros Lxt

400000

350000

300000 do=8,3 mm
ForçaPrevista(N)

250000 do=9,5 mm
do=12,7 mm
200000 do=15,8 mm
do=19,1 mm
150000
do=22,2 mm
100000 do=25,4 mm

50000

0
0 5 10 15 20 25 30
t (mm)

b) Interação dos parâmetros txd0

400000

350000

300000 p=10 mm
ForçaPrevista(N)

p=15 mm
250000
p=20 mm
200000 p=25 mm
p=30 mm
150000
p=35 mm
100000 p=40 mm

50000

0
0 50 100 150 200 250 300
L (mm)

c) Interação dos parâmetros Lxp

Figura 3.1 – Interação de parâmetros – Lxt – txdo - Lxp


45

400000
do=8,3 mm
350000

300000 do=11,5 mm
ForçaPrevista(N)

250000 do=14,7 mm
200000
do=17,8 mm
150000
do=21,1 mm
100000
do=24,2 mm
50000

0 do=27,4 mm
0 50 100 150 200 250 300
L (mm)

d) Interação dos parâmetros Lxd0

450000
400000
350000
revista(N)

s=17,4 mm
300000 s=24 mm
250000 s=30,6 mm
s=37,2 mm
ForçaP

200000 s=43,8 mm
150000 s=50,4 mm
s=57 mm
100000
50000
0
0 50 100 150 200 250 300
L (mm)

e) Interação dos parâmetros Lxs

160000

140000

120000 s=17,4 mm
Força Prevista (N)

100000 s=24 mm
s=30,6 mm
80000 s=37,2 mm
s=43,8 mm
60000
s=50,4 mm
40000 s=57 mm

20000

0
0 5 10 15 20 25 30
t (mm)

f) Interação dos parâmetros txs

Figura 3.2 – Interação de parâmetros – Lxdo– Lxs - txs


46

250000

200000
s=17,4 mm
ForçaPrevista(N)

s=24 mm
150000 s=30,6 mm
s=37,2 mm
100000 s=43,8 mm
s=50,4 mm
s=57 mm
50000

0
0 5 10 15 20 25 30
do (mm)

g) Interação dos parâmetros d0xs

250000

200000
s=17,4 mm
ForçaPrevista(N)

s=24 mm
150000 s=30,6 mm
s=37,2 mm
100000 s=43,8 mm
s=50,4 mm
s=57 mm
50000

0
0 10 20 30 40
p (mm)

h) Interação dos parâmetros sxp

900000
800000
700000
)

p=10 mm
revista(N

600000 p=13,8 mm
500000 p=17,6 mm
p=21,4 mm
ForçaP

400000 p=25,2 mm
300000 p=29 mm
p=32,88 mm
200000
100000
0
0 5 10 15 20 25 30
t (mm)

i) Interação dos parâmetros txp

Figura 3.3 – Interação de parâmetros – doxs – sxp - txp


47

200000
180000
160000
ta(N
)

p=10 mm
140000
p=13,8 mm
is

120000 p=17,6 mm
v
re

100000 p=21,4 mm
aP

80000 p=25,2 mm
orç

p=29 mm
F

60000
p=32,88 mm
40000
20000
0
0 5 10 15 20 25 30
d0 (mm)

j) Interação dos parâmetros d0xp

Figura 3.4 – Interação de parâmetros – doxp

Uma inspeção destes resultados possibilitou que se concluísse que existe


influência nas seguintes interações de parâmetros: L x t, t x do e s x p.
Onde, conforme Figura 2.3 e Figura 2.4:
L é a largura da chapa;
d0 é o diâmetro do furo;
t é a espessura da chapa;
s é a distância entre furos na direção paralela a aplicação da carga;
p é a distância entre furos na direção perpendicular a aplicação da carga.

Considerando que a obtenção de novos resultados experimentais é um


processo que envolve tempo e custo, os métodos numéricos podem ser utilizados e
se mostram satisfatórios para definir uma primeira análise do problema da
resistência à tração na ligação aparafusada.
Foi utilizado o Método Taguchi (1990), para identificar dentre os parâmetros e
as combinações de parâmetros já identificadas pelo método da interação feita
anteriormente, quais seriam mais importantes, foi, então, construída uma tabela com
todos os parâmetros e combinações e através da análise ortogonal desenvolvida por
Tagushi (1990), identificou-se quais parâmetros e combinações teriam mais
importância na determinação da resistência da ligação aparafusada. E com esses
parâmetros e suas interações foi feita análise da significância, como mostrado na
Tabela 3.1 para o aço carbono e Tabela 3.2 para o aço inoxidável, verificando que a
interação s x p tem o menor valor de significância, ou seja, sendo muito importante
na avaliação da ligação tanto na análise da ligação aparafusada constituída de aço
carbono, quanto na de aço inoxidável.
48

Tabela 3.1 – Valores da significância dos parâmetros e interações do aço carbono

Parâmetros/ Diferença Grau de


2
Interações das Médias (Desvio Padrão) Liberdade Variância Freqüência Significância
s
1456,366 8484010 1 8484010 17,70475 0,148543
d0
2090,805 17485859 1 17485859 36,49014 0,104441
dxs
1484,839 8818986 1 8818986 18,40379 0,145794
p
-4387,92 77015254 1 77015254 160,7183 0,050113
sxp
-6801,19 1,85E+08 1 1,85E+08 386,117 0,03237
dxp
-485,455 942667,8 1 942667,8 1,967194 0,394312
t
-6467,55 1,67E+08 1 1,67E+08 349,163 0,034037
d
-1042,41 4346504 1 4346504 9,070444 0,204089
fu
386,426 597300,2 1 597300,2 1,246468 0,465007
L
-1755,02 12320417 1 12320417 25,7107 0,123961
Lxt
385,8801 595613,8 1 595613,8 1,242949 0,465454
LERR -692,238 1916777 4 479194,1

Tabela 3.2 – Valores da significância dos parâmetros e interações - aço inoxidável

Parâmetros/ Diferença Grau de


2
Interações das Médias (Desvio Padrão) Liberdade Variância Freqüência Significância
s
1313,965 6906016 1 6906016 54,36307 0,08582
d0
1889,614 14282567 1 14282567 112,4301 0,059863
dxs
1358,098 7377717 1 7377717 58,07623 0,083063
p
-3971,06 63077368 1 63077368 496,5351 0,028551
sxp
-6146,74 1,51E+08 1 1,51E+08 1189,669 0,018452
dxp
-437,988 767335,1 1 767335,1 6,040341 0,246006
t
-5845,2 1,37E+08 1 1,37E+08 1075,81 0,019403
d
-975,728 3808181 1 3808181 29,9774 0,115006
fu
-97,6234 38121,32 1 38121,32 0,300085 0,680956
L
-1755,02 12320417 1 12320417 96,98439 0,064423
Lxt
385,8801 595613,8 1 595613,8 4,688579 0,275431
LERR -356,42 508140,2 4 127035,1

Neste trabalho, devido a restrições de tempo e orçamento, optou-se por


analisar somente a interação entre os parâmetros s e p para se estudar a sua
influência em termos de diferença de comportamento entre os Estados Limites
Últimos associados ao aço carbono e ao aço inoxidável. Isto foi feito, através da
49

variação dos seus valores, conforme apresentado na Tabela 3.3 e Tabela 3.4, e
mantendo a largura (L), a espessura (t) e o furo do parafuso (d0) constantes.

Tabela 3.3 – Valores dos parâmetros s e p para o aço carbono

s (mm) p (mm)
50 55
70 55
30 55

Tabela 3.4 – Valores dos parâmetros s e p para o aço inoxidável

s (mm) p (mm)
50 55
30 55
23 55

3.3 Justificativas para a configuração da ligação

A escolha da interação s e p e não a variação da espessura da chapa,


mostradas anteriormente serem parâmetro e combinação mais significativos, para
analisarmos a ligação parafusada e para se estudar a comparação dos limites
últimos entre o aço carbono e o aço inoxidável foi determinada, como já comentado
por restrições de tempo e orçamento, logo os ensaios foram reduzidos, sendo
utilizadas chapas de aço carbono estrutural USI 300 que foram doadas pela
USIMINAS com espessura de 15 mm e de 3 mm e com chapas do aço inoxidável
S304 pela ACESITA com espessura de 3 mm.
Espessuras iguais foram usadas de forma a possibilitar uma comparação
entre os dois tipos de aço.
A escolha do tipo dos aços foi devido a que estas chapas leves estão entre as
mais empregadas na construção civil na execução de estruturas em aço, e
apresentarem tensões de escoamento similares em torno de 300MPa, sendo estas
levantadas do aço carbono, através do patamar de escoamento e no aço inoxidável,
50

através de reta paralela à inclinação da fase elástica e traçada passando por 0,2%
de deformação.
Foram considerados ensaios de ligações aparafusadas sem nenhuma
excentricidade em relação ao centro de gravidade da seção transversal, buscando
avaliar, sem a sua influência, os limites e efeitos no comportamento da ligação. Para
este objetivo foi utilizado o esquema da Figura 3.5.
Para a realização dos ensaios das ligações, utilizou-se uma máquina
universal de ensaios Lousenhausen com capacidade de 600kN, disponível no LEC -
Laboratório de Engenharia Civil da UERJ, conforme pode ser observado na Figura
3.6(a).
A aquisição de dados (deformações, deslocamentos e carga) foi feita através do
sistema NI-PXI-1050 da National Instruments, conforme apresentado na Figura
3.6(b).

Figura 3.5 – Esquema de ligação

a) máquina universal de ensaios b) sistema de aquisição de dados


Lousenhausen 600kN National Instruments PXI-1050

Figura 3.6 – Esquema experimental


51

3.4 Apresentação dos Ensaios de Tração

Segundo Dieter (1981), o teste de tração de engenharia é amplamente usado


para obtenção de informações básicas sobre a resistência de materiais, e como um
teste de controle de especificações. Autores como Schaeffer (1999) e Souza (1974)
dizem ser o ensaio de tração, o método mais utilizado para determinação das
propriedades mecânicas de chapas metálicas, sendo possível a obtenção do limite
de resistência, do limite de escoamento e do módulo de elasticidade.
Schaeffer (1999) define o ensaio de tração como sendo um teste uniaxial e
sem atrito, efetuado em máquinas de ensaios que possuem uma garra fixa e outra
móvel. Ainda segundo o autor, as máquinas são equipadas com sensores para
registrar a força e o alongamento do corpo-de-prova, os quais são confeccionados
com diferentes comprimentos, larguras e formatos, definidos pelas normas ABNT
NBR 6673 (1997), ASTM E 646 (1984) e DIN EN 10 002-1 (2001). O resultado do
ensaio de tração é o diagrama tensão versus deformação, conforme apresentado na
Figura 3.7 que, segundo Dieter (1981), corresponde a uma curva de engenharia
construída a partir das medidas de carga e do alongamento da amostra submetida
ao ensaio. A tensão usada na curva é a tensão longitudinal média do corpo-de-
prova, obtida pela divisão da carga pela área inicial da seção do corpo-de-prova, e a
deformação usada para a curva de engenharia é a deformação linear média, obtida
pela divisão da elongação do comprimento útil do corpo de prova, pelo comprimento
original.

Figura 3.7 – Curva tensão versus deformação (Dieter, 1981)


52

A forma e a magnitude de uma curva tensão versus deformação de um metal


dependerá de sua composição, tratamento térmico, história anterior da deformação
plástica e da taxa de deformação, temperatura e estado de tensões impostas
durante o teste. Ainda segundo Dieter (1981), os parâmetros usados para descrever
a curva tensão versus deformação de um metal são: resistência à tração, tensão
limite de escoamento, elongação percentual e redução de área. Os dois primeiros
sendo parâmetros de resistência e os dois últimos relativos à ductilidade do material.
Dieter (1981) faz ainda uma descrição do comportamento do material quando
este ultrapassa o valor correspondente ao limite de escoamento. Segundo ele, a
partir deste ponto, o material está permanentemente deformado se a carga for
reduzida a zero, de forma que a tensão para produzir cada vez mais deformação
plástica cresce com o aumento desta última, devido ao encruamento do material.
Ainda segundo o autor, o volume do corpo-de-prova permanece constante durante a
deformação plástica e, conforme se alonga, a área da seção reta transversal
decresce uniformemente ao longo do comprimento útil do corpo-de-prova.
Inicialmente, o encruamento compensa a diminuição da área da seção transversal, e
a tensão continua a aumentar com o aumento da deformação. Eventualmente,
atinge-se um ponto onde a diminuição da área da seção reta do corpo-de-prova é
maior que o aumento da carga de deformação proveniente do encruamento. Essa
condição será atingida primeiramente em algum ponto do corpo-de-prova que é
ligeiramente mais fraco que o resto, de forma que toda a deformação plástica
posterior estará concentrada nessa região, onde o corpo-de-prova começará a sofrer
uma estricção caracterizada pela diminuição de área. Devido ao fato da área da
seção reta diminuir agora mais rapidamente do que o aumento da carga de
deformação pelo encruamento, a carga necessária para deformar o corpo-de-prova
diminuirá e a tensão igualmente continuará a cair até atingir a fratura, conforme
descreve Dieter (1981).
A curva tensão versus deformação convencional não retrata verdadeiramente
o comportamento de cada elemento na amostra. Observando-se a curva, a tensão
requerida para continuar a deformação da amostra tracionada parece estar
decrescendo após a estricção. Isto ocorre porque a tensão convencional reflete
somente a mudança de carga e não a mudança que ocorre na área da seção
transversal.
53

Após o início da estricção, toda deformação fica restrita a uma porção muito
pequena do comprimento útil – a área de estricção. Para a estricção iniciar, a
redução de carga devido à redução da área da secção transversal precisa ser maior
do que o aumento de carga requerido para sustentar cada incremento adicional de
alongamento (encruamento do material).
Uma vez que a estricção começa, a carga requerida para manter a
deformação decresce e, portanto, a curva tensão versus deformação começa a
decrescer. Se medidas pudessem ser feitas para elementos independentes do
material dentro da região de estricção, a tensão requerida para continuar a
deformação aumentaria.
Um modo mais realista de descrever o comportamento do material é plotar a
tensão verdadeira (σ) e deformação verdadeira (ε) para cada elemento. Tensão
verdadeira é definida como carga dividida pela área instantânea da secção
transversal e a deformação verdadeira é o somatório de cada incremento de
alongamento dividido pelo comprimento útil instantâneo. Para fins de cálculo
conforme Keeler (1968), tem-se,

P
σ= ( 3.1 )
Al

L
dL Lf
ε= ∫L
L0 f
= ln
L0
= ln(1 + e) ( 3.2 )

onde P é a carga requerida para deformar a amostra, Al é a área instantânea da


seção transversal, L0 é o comprimento antes do alongamento, Lf é o comprimento
após alongamento, ln é o logaritmo natural e e é a deformação convencional.
Quando um corpo-de-prova metálico é submetido a um ensaio de tração,
pode-se construir um gráfico tensão versus deformação, pelas medidas diretas da
carga (ou tensão) e da deformação que crescem continuamente até quase o fim do
ensaio.
Segundo Souza (1974), quando um corpo metálico é submetido a um ensaio
de tração, verifica-se inicialmente que o diagrama é linear, sendo representado pela
equação (3.3),
54

σ = E.ε ( 3.3 )

que corresponde à lei de Hooke (proposta em 1678 por Sir Robert Hooke), sendo a
constante de proporcionalidade E, conhecida por módulo de elasticidade ou módulo
de Young. Esta parte linear da curva corresponde a região de deformação elástica
do material, onde a tensão é linearmente proporcional à deformação. A linearidade
do diagrama termina num ponto denominado limite elástico, definido pelo autor como
a maior tensão que o material pode suportar, sem deixar qualquer deformação
permanente quando o material é descarregado.
Ainda de acordo com Souza (1974), verifica-se pela Figura 3.8 que, na parte
OA da curva o material está dentro de sua zona elástica, isto é, além de obedecer à
lei de Hooke, se, em qualquer ponto dentro da linha OA, a carga for aliviada, o
descarregamento seguirá também a mesma reta OA e, para um descarregamento
total, o metal volta à origem (ponto O), sem apresentar qualquer deformação residual
ou permanente. Segundo o autor, a estrutura de um metal no estado sólido é
constituída de átomos dispostos segundo um arranjo cristalino uniforme nas três
dimensões. Quando o metal é solicitado com um esforço de intensidade tal que a
deformação fique no intervalo da linha OA, os átomos são deslocados de sua
posição inicial de uma distância muito pequena e, assim que o esforço é retirado, os
átomos voltam à sua posição inicial, devido às forças de ligação entre os mesmos,
desaparecendo a deformação.
Ao ser atingida uma tensão em que a deformação não é proporcional à
tensão, chega-se ao ponto A' denominado limite de proporcionalidade. A posição
relativa entre A e A' é muito discutível e alguns autores colocam A' abaixo de A. Na
verdade, esses dois pontos muitas vezes se confundem e torna-se muito difícil
determiná-los com precisão, devido ao fato de que o desvio da linearidade é sempre
gradual e não há precisamente um ponto bem determinado para cada um desses
limites mencionados. O limite elástico pode mesmo estar na parte curva do gráfico.
Terminada a zona elástica, atinge-se a zona plástica, onde a tensão e a
deformação não são mais relacionadas por uma simples constante de
proporcionalidade e em qualquer ponto do diagrama, havendo descarregamento do
material até tensão igual a zero, o metal fica com uma deformação permanente ou
residual. A Figura 3.8 mostra um descarregamento do ponto B na zona plástica até a
55

linha das abscissas. Nota-se que a linha BC é paralela à linha OA, pois o que se
perde é a deformação causada na zona plástica, restando a deformação ocorrida na
zona elástica.

Figura 3.8 – Tensão versus deformação - metal ou liga metálica (Souza, 1974)

De uma maneira geral, pode-se dizer que o ensaio de tração é o principal


procedimento de ensaio para o levantamento das propriedades mecânicas
fundamentais e parâmetros de estampabilidade de chapas metálicas, sendo
apreciado não apenas em trabalhos da década de 60 e 70, como os de Keeler
(1968) e Souza (1974), mas também em trabalhos recentes, como o de Kumar,
(2002), que utiliza o ensaio de tração para avaliação de chapas de aço para
estampagem extra profunda.

3.5 Determinação da tensão limite de escoamento

Conforme Souza, (1974), uma propriedade mecânica comum usada para


avaliar a conformabilidade é a tensão limite de escoamento. Como regra geral, a
conformabilidade decresce com o aumento da tensão limite de escoamento. Apesar
56

desta informação poder ser verdadeira, para uma variedade de lotes de aços
similares processados de uma maneira similar, é uma generalização muito fraca. A
tensão limite de escoamento meramente indica a tensão onde se inicia a
deformação plástica e não indica a quantidade de deformação plástica permissível
antes da estricção. Uma comparação entre um aço baixo carbono e um aço
inoxidável é um excelente exemplo. A tensão limite de escoamento do aço inoxidável
pode ser o dobro do aço baixo carbono, mas a conformabilidade é geralmente
melhor.
O início da deformação plástica é verificado em vários metais e ligas dúcteis,
principalmente no caso dos aços de baixo carbono, pelo fenômeno do escoamento.
Segundo Souza, (1974), o escoamento é um tipo de transição heterogênea e
localizada, caracterizado por um aumento relativamente grande da deformação com
variação pequena da tensão durante a sua maior parte. Depois do escoamento, o
metal está encruado.
Quando um projeto requer um metal dúctil, como o aço inoxidável, onde a
deformação plástica deva ser evitada, o limite de escoamento é o critério adotado
para a resistência do material. Para aplicações estruturais, desde que as cargas
sejam estáticas, as tensões de trabalho são geralmente baseadas no valor do limite
de escoamento.
Na Figura 3.9 observa-se a caracterização do patamar de escoamento. A
tensão A é chamada de limite de escoamento superior, que é a tensão máxima
atingida antes da queda repentina da carga (começo da deformação plástica no
escoamento). Após a estabilização da carga ou da tensão, o material sofre uma
deformação relativamente grande sem aumento da tensão, que é o patamar de
escoamento. A tensão B constante estabelecida é o limite de escoamento inferior do
material e durante o fenômeno, o alongamento que o metal sofre é chamado
alongamento durante o escoamento. Alguns autores, porém, consideram o limite de
escoamento inferior como a menor tensão, designada por C na Figura 3.9, atingida
durante o escoamento, que pode vir a ser inferior à tensão do patamar.
Estes dois limites não são constantes para um determinado metal, mas
dependem de diversos fatores como a geometria e condições do corpo-de-prova, do
método de ensaio, da velocidade de deformação e principalmente das
características da máquina de ensaio.
57

Figura 3.9 – Curva teórica - limite de escoamento superior e inferior (Souza, 1974)

O limite de resistência (σr) é calculado pela carga máxima atingida no ensaio.


Para os materiais dúcteis, o valor do limite de resistência dá a medida da carga
máxima que o material pode atingir sob a restrita condição de carregamento uniaxial.
Mesmo neste caso, a tensão que o material sofre ao ser atingida a carga máxima é
maior que o limite de resistência, devido à diminuição da área, que não é computada
naquela fórmula.
O limite de escoamento hoje em dia, é mais usado nos projetos, do que o
limite de resistência, para os metais dúcteis. Entretanto, o limite de resistência serve
para especificar o material, do mesmo modo que a análise química identifica o
material. Por ser fácil de se calcular, o limite de resistência é especificado sempre
com as outras propriedades mecânicas dos metais e ligas. Para os metais frágeis,
porém, o limite de resistência é um critério válido para projetos, pois nesse caso, o
escoamento é muito difícil de ser determinado (como por exemplo, para os ferros
fundidos comuns) e a diminuição da área é desprezível por causa da pequena zona
plástica que esses materiais apresentam. Deste modo, o limite de resistência para
os metais frágeis caracteriza bem a resistência do material, conforme apresentado
na Figura 3.10.
58

Figura 3.10 – Tipos de curvas Tensão versus Deformação6

O aço inoxidável apresenta uma curva tensão versus deformação não linear o
que torna difícil identificar a sua tensão limite de escoamento. A tensão limite de
escoamento é definida por uma reta com a mesma inclinação do módulo de
elasticidade passando por 0,2% da deformação.
A equação (3.4) de Ramberg-Osgood (1943) representa o comportamento da
curva não linear da tensão versus deformação de aços de alta resistência
apresentando grande deformação plástica, podendo ser usada para o aço
inoxidável.

n
σ σ
ε= + k  ( 3.4 )
E E

onde ε é a deformação, σ é a tensão, E o módulo de elasticidade ou módulo de

Young e n e k constantes que dependem do tipo de material, geralmente calibrados


a parte de resultados de ensaios experimentais. O primeiro termo da equação
59

representa a parte elástica da curva enquanto o segundo representa a parte plástica.


Introduzindo a tensão limite de escoamento do material σ0 , tem-se um novo

parâmetro α proporcional à k, onde:

n −1
σ 
α = k 0  ( 3.5 )
E

Segunda parte da equação pode ser reescrita da seguinte forma:

n
σ σ σ
ε = +α 0   ( 3.6 )
E E  σ0 

σ0
O valor de α pode ser visto como uma deformação além do escoamento
E
da curva, sendo aceitável o valor de 0,2%, pois ao igualar a tensão σ , à tensão
elástica σ0 , obtém-se a equação (3.7)

σ0
ε = (1 + α ) ( 3.7 )
E

O valor de α pode ser adequado aos dados experimentais, porém para alguns
materiais pode ser adotado o valor de 0,2%, ou seja:

σ0
α = 0,002 ( 3.8 )
E

Desta forma obtém-se a curva apresentada na Figura 3.11.

6
http://www.cimm.com.br
60

Figura 3.11 – Curva de Ramberg-Osgood (Ramberg, W., & Osgood, W. R., 1943).

Esta equação apresenta bons resultados para a primeira etapa da curva,


porém prevê altas tensões na sua parte final. Recentemente Gardner and Nethercot
(2004) propuseram uma modificação nesta equação, baseado em 1% da prova de
carga que estendeu a validade da equação de Ramberg-Osgood além do seu limite
de escoamento. A formulação de Gardner e Nethrcot (2004) apresenta dois estágios
no modelo apresentado, conforme equação (3.9), com resultados mais apurados na
resposta de níveis de tensão em estruturas

σ  σ 
n

 + 0,002  σ ≤ σ 0,2

E 0  σ 0, 2 
e= m1
( 3.9 )
 σ − σ 0,2  σ 1 − σ 0,2   σ − σ 0,2 
ε 0,2 + + ε 1 − ε 2 −  x  σ f σ 0,2

 E 2  E 2   σ 1 − σ 0,2 

Onde:
σ1 é a tensão limite de escoamento correspondendo a deformação total de ε1
= 0,1%;
m1 é o índice não linear representando a curva passando através dos pontos
( ε 0,2 , σ0,2 ) e ( ε1 , σ1 ).
61

3.6 Corpos-de-prova das placas de aço carbono

A fim de levantar a tensão limite de escoamento e a tensão limite de ruptura


dos aços utilizados nos ensaios dessa dissertação foi utilizada a Norma Brasileira
NBR 6673 (1981) e foram fabricados corpos-de-prova conforme a Figura 3.12 para
espessura de 3 mm e Figura 3.13 para a espessura de 15 mm, respectivamente,
retirados no sentido contrário ao da laminação conforme Figura 3.14. Foram
utilizados os equipamentos do laboratório do ITUC – Instituto de Tecnologia da PUC-
Rio para a obtenção dos dados.
Os testes de tração uniaxial foram realizados na PUC em temperatura
ambiente, a uma velocidade de 2,25 mm/minuto, a fim de verificar as propriedades
mecânicas das chapas de acordo com as normas do INMETRO.

75
100
12,5

100
R1
5

50
R1

23
R1

5
R1
5

300

Figura 3.12 – Corpo-de-prova (t=3 mm)

12 12
1 48 200 14 8
15 15
40

52
R1

5
R1
5

550

Figura 3.13 – Corpo-de-prova (t=15mm)


62

Figura 3.14 – Esquema de retirada dos corpos-de-prova e o sentido da laminação

O valor da tensão limite de escoamento (fy) para o aço carbono foi obtido,
através do patamar de escoamento, conforme gráfico da Figura 3.15, e o valor da
tensão limite de ruptura (fu) foi fornecido pela máquina de tração.
Foram realizados 6 testes de tração, cujos resultados são apresentados na
Tabela 3.5, obtidos através da média aritmética fornecendo os valores médios de
tensão limite de escoamento e tensão última para o aço carbono de 386,79 MPa e
478,68 MPa, respectivamente.
Os resultados das amostras apresentaram um desvio padrão de 20,34 para
as leituras da tensão limite de escoamento e 16,02 para as leituras da tensão limite
de ruptura. A fórmula aplicada para achar o desvio padrão com o fator de correção
de Bessel é apresentada na equação (3.10).

∑ (Xi − X)
2

S= ( 3.10 )
n −1

Os resultados das amostras apresentaram um coeficiente de variação de 0,05


(5%) para as leituras da tensão limite de escoamento e 0,03 (3%) para as leituras da
tensão limite de ruptura. Onde o coeficiente de variação ( υ ) é uma medida
S
adimensional da dispersão que pode ser expressa em porcentagem υ = , onde µ é
µ
a média.
63

500
450
400
350
Tensão (MPa)

300 AC 1
250 elasticidade
200 Linear (elasticidade)

150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Deformação (%)

Figura 3.15 – Curva tensão versus deformação do aço carbono

Tabela 3.5 – Tensões limites do aço carbono

Corpo-de-prova fy (MPa) fu (MPa)


AC 1 388,97 485,97
AC 2 383,77 478,43
AC 3 348,29 450,55
AC 4 404,39 495,91
AC 5 401,31 488,81
AC 6 394,01 472,43
Média 386,79 478,68

3.7 Corpos-de-prova das placas de aço inoxidável

Da mesma forma foram determinadas as tensões de escoamento e de ruptura


do aço inoxidável. A obtenção da tensão limite de escoamento para o aço inoxidável
foi feita através da reta paralela ao trecho inicial correspondente a uma deformação
de 0,2%, conforme pode ser observado na Figura 3.16.
Foram realizados também, seis ensaios cujos resultados são apresentados na
Tabela 3.6, os valores médios para a tensão limite de escoamento e para a tensão
última foram iguais a 350,62 MPa e 710,72 MPa, respectivamente.
64

Os resultados apresentaram um desvio padrão de 3,70 para a tensão limite


de escoamento e 15,10 para a tensão limite de ruptura.
Os resultados das amostras apresentaram um coeficiente de variação de 0,01
(1%) para as leituras da tensão limite de escoamento e 0,02 (2%) para as leituras da
tensão limite de ruptura.

600

500

400
Tensão (MPa)

I2
Série2
300
paralela
200 Linear (Série2)

100

0
0 2 4 6 8 10
Deformações (%)

Figura 3.16 – Curva tensão versus deformação do aço inoxidável

Tabela 3.6 – Tensões limites do aço inoxidável

Corpo-de-prova fy (MPa) fu (MPa)


I1 388,97 485,97
I2 383,77 478,43
I3 348,29 450,55
I4 404,39 495,91
I5 401,31 488,81
I6 394,01 472,43
Média 350,62 710,72

3.8 Critério de dimensionamento

Conforme citado anteriormente, este trabalho utilizou a norma européia para o


dimensionamento da ligação aparafusada. Para a ligação constituída de elementos
65

de aço carbono, utilizou-se o EUROCODE 3, part 1-8 (2005) e para elementos de


aço inoxidável o EUROCODE 3, part 1.4 (2003).
Conforme mencionado anteriormente em uma chapa com presença de furo, o
colapso é caracterizado quando ocorre o escoamento da área bruta ou a ruptura da
área líquida. Na Figura 3.17, apresenta-se o comportamento de chapas com furo
sujeita a um esforço de tração devido a uma carga axial crescente monotônica.

Figura 3.17 – Evolução de tensões normais – placa sujeita a carregamento axial

Com o furo, a área bruta diminui, provocando assim um escoamento precoce


da seção da chapa, porém a carga que leva a estrutura a ruína será a mesma. Com
a presença de mais furos na seção transversal, e estes com defasagem como
mostrado na Figura 3.5, dificulta-se a identificação da seção mais crítica da peça.

3.9 Avaliação da ligação aparafusada para o aço carbono e aço inoxidável

Antes da realização de ensaios com aplicação de esforço axial, foi necessário


avaliar a ligação aparafusada. Desta forma, foram verificados os seguintes estados
limites últimos: a plastificação da área bruta, o rompimento na seção líquida
passando em dois furos e três furos, o esmagamento da placa na área dos
parafusos e o cisalhamento dos parafusos.
Esta análise foi feita tendo em mente a variação dos parâmetros s e p e a
limitação da capacidade de carga da máquina de tração.
Assim, foi possível escolher a melhor configuração geométrica, que
proporcionasse um melhor aproveitamento dos dados coletados para avaliação da
ligação aparafusada alternada.
Para atingir o objetivo exposto acima foi escolhido o valor para o parâmetro p
de 55 mm, e com a utilização das equações fornecidas pela Norma e utilizando o
programa Excel foram construídas as curvas apresentadas na Figura 3.18 de tal
66

forma que o limite para a ruptura da seção líquida em dois ou três furos fosse
identificado. Uma análise similar feita para o aço inoxidável gerando os limites
identificados pelas curvas da Figura 3.19.

370000
Força axial prevista (N)

rompimento na área bruta


350000

rompimento na área dos 2 furos


330000
rompimento na área dos 3 furos

310000 esmagamento da placa na área


do parafuso
290000 cisalhamento do parafuso

270000
25 35 45 55
s (mm)

Figura 3.18 – Tensões limites do aço carbono

530000

505000
rompe na seção bruta
480000
Força axial prevista (N)

455000 rompe nos dois furos

430000 rompe nos três furos


405000
rompe cisalhamento do
380000 parafuso
rompe esmagamento da placa
355000

330000

305000

280000
10 20 30 40 50
s (mm)

Figura 3.19 – Tensões limites do aço inoxidável


67

Este capítulo apresentou de forma global, a significância dos principais


parâmetros e suas interações, que influenciam o comportamento da ligação
aparafusada alternada, também foram apresentados alguns trabalhos existentes na
área teórica do comportamento do aço à tração, e a diferença do comportamento
teórico entre o aço carbono e o aço inoxidável. O próximo capítulo conterá a
descrição de como foram feitos os ensaios experimentais
4 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS

4.1 Introdução

Conforme citado em capítulos anteriores, a caracterização da resistência das


ligações aparafusadas alternadas, submetidas à tração é representada,
basicamente, pela curva tensão versus deformação ou da curva tensão versus
deslocamento, que foram dados importantes para o projeto e análise destas
ligações.
A melhor forma de se obter estas curvas é através de ensaios experimentais
realizados em laboratório. Com estes ensaios, torna-se possível avaliar os
resultados para determinação da rigidez da ligação e encontrar a sua capacidade
última de carga, a partir destes dados é possível analisar e comparar as
propriedades mecânicas e geométricas das ligações investigadas.
Todavia, o planejamento dos ensaios a serem realizados deve ser feito de
forma bastante criteriosa para que se consiga extrair todas as informações
necessárias para a avaliação do fenômeno em questão.
Entretanto, o elevado custo destes ensaios e a dificuldade de medição dos
resultados experimentais fazem com que esta não seja uma técnica adotada
correntemente na prática.

4.2 Caracterização dos ensaios

Para o dimensionamento de ligações submetidas a esforços de tração,


consideram-se alguns critérios:
a) usualmente em ligações aparafusadas, a largura dos furos deve ser
considerada 2,0 mm maior que a dimensão nominal desses furos,
perpendicular à direção da força aplicada (EUROCODE 3, 2003);
b) no caso de uma série de furos distribuídos transversalmente ao eixo da barra,
em diagonal a esse eixo ou em ziguezague, a largura líquida desta parte da
barra deve ser calculada deduzindo-se da largura bruta a soma das larguras
de todos os furos em cadeia. A este resultado se soma, para cada linha
69

ligando dois furos, a uma parcela igual ao resultado da razão s2/4p, as


grandezas s e p, representam respectivamente, os espaçamentos longitudinal
e transversal entre os dois furos considerados;
c) a largura líquida crítica da barra sob tração considerada será obtida pela
cadeia de furos que produza a menor das larguras líquidas, para as diferentes
possibilidades de linhas de ruptura analisadas;
d) para cantoneiras, o gabarito, p, dos furos em abas opostas deve ser
considerado igual à soma dos gabaritos, medidos a partir da aresta da
cantoneira, subtraída de sua espessura adotando assim uma largura medida
na espessura média do elemento analisado;
e) na determinação da área líquida de uma seção que compreenda soldas de
tampão ou soldas de filete em furos, a área do metal da solda deve ser
desprezada;
f) não havendo furos a área líquida An, se torna igual a área bruta, Ag.

De forma a atingir os objetivos propostos, algumas especificações de chapas,


tipos de materiais e arranjos de parafusos das ligações aparafusadas tiveram que
ser definidas e são apresentadas a seguir:

a) Foram utilizadas chapas de aço carbono do tipo USI 300, doadas pela
USIMINAS e chapas de aço inoxidável austenítico da linha S304, doadas pela
ACESITA, devido ao seu uso corrente na construção civil;
b) Uso de parafusos de alta resistência ASTM A325, de ½ polegada com rosca
em toda sua extensão, conforme Figura 4.1, e sendo garantido que sua
resistência ao corte não seria ultrapassada, de modo a poder avaliar
insistentemente os efeitos das diferentes configurações de parafusos
possíveis, ou seja, variando os valores de s e p, para que produzindo
diferentes áreas líquidas, os caminhos A, B e C de rupturas, pudesse ser
avaliados conforme Figura 4.2;
c) Garantia de nenhuma excentricidade em relação ao centro de gravidade da
seção transversal da ligação aparafusada, utilizado o esquema de ligação da,
Figura 4.3, buscando avaliar, sem a influência de momentos indesejáveis, o
comportamento da ligação.
70

d) Definição de valores limites de afastamento dos furos à borda das chapas, na


direção do carregamento, e na direção transversal ao carregamento, de modo
a garantir as menores dimensões das peças e conseqüentemente menores
placas, para que o conjunto estivesse ajustado ao espaço útil e a capacidade
de carga da máquina de tração;
e) Utilização de corpos-de-prova para caracterização do comportamento dos
materiais aço carbono e aço inoxidável através de ensaios de tração;
f) uso de broca para furar as chapas finas com a utilização de líquido resfriante,
impedindo assim o surgimento de tensões residuais nos furos;
g) Uso de chapa base super dimensionada com espessura de 15 mm, de modo
a garantir uma faixa de regime elástico, posicionadas com um afastamento
mínimo de 10 mm uma da outra;
h) A não utilização de valores específicos de torque durante aperto dos
parafusos, de modo a se desprezar o efeito do atrito no resultado final das
cargas de escoamento e ruptura;
i) O uso de arruelas junto às porcas do parafuso, proporcionando apenas um
ajuste mais suave ao leve aperto dado às mesmas.

Figura 4.1 – Detalhe do parafuso ASTM A325 M12 cl. 8.8 (Lima, 2003)

A B C

Figura 4.2 – Caminhos de ruptura possíveis para a ligação em estudo


71

a) vista de frente

parafusos M12
chapa 3mm

chapa 15mm

chapa 3mm

a) vista lateral

Figura 4.3 – Esquema da ligação aparafusada alternada

4.3 Definição dos parâmetros geométricos

Considerando-se os gráficos apresentados na Figura 3.18 e na Figura 3.19, e


observando-se o menor gasto de material, a capacidade da máquina de tração e o
espaço físico para fixação dos espécimes, foi definido um valor da variável p igual a
55 mm e foram escolhidos valores da variável s que caracterizassem,
respectivamente, a ruptura da ligação na área líquida passando por dois furos, a
ruptura da ligação na área líquida passando por três furos, para após determinar um
valor da variável s intermediário caracterizando uma ruptura entre estes dois limites
anteriores. Para o início dos ensaios foi construída a Tabela 4.1, com uma previsão
da primeira seqüência de testes.
72

Tabela 4.1 – A primeira seqüência de ensaios em aço carbono

Ordem Identificação s (mm) p (mm) Carga de ruptura (kN) Modo de ruptura


1 E1_CARB_S50 50 55 298,3 2F
2 E2_CARB_S30 30 55 282,5 3F
3 E3_CARB_S40 ±40 55 297,6 2F ou 3F

onde:
3F – representa a ruptura na área líquida passando por três furos
2F – representa a ruptura na área líquida passando por dois furos

4.3.1 Preparação dos ensaios

As chapas foram cortadas e furadas na fábrica METALFENAS, conforme


descrição a seguir: As chapas finas (3 mm) foram marcadas com régua, esquadro e
riscador, e cortadas na guilhotina, primeiramente puncionadas para depois serem
furadas, inicialmente com broca de 1/4 polegada. Em seguida, os furos foram
alargados com broca de 9/16 polegada, sendo utilizado sempre óleo resfriante no
processo de furação. As chapas grossas (15 mm) foram marcadas com riscador e
cortadas com maçarico e furadas por meio de uma punção com diâmetro de ½
polegada.
Todo o processo foi supervisionado e acompanhado de perto, com gabaritos,
paquímetro eletrônico e trena, para que as dimensões das chapas ficassem o mais
próximo possível dos valores projetados para a execução dos ensaios.

4.3.2 Preparação do sistema de aplicação de carga

Depois da ligação montada conforme o esquema da Figura 4.3, o conjunto


era colocado na máquina de tração, posicionado e centralizado nas garras, com a
ajuda de régua milimetrada e nível de bolha, somente após estas etapas as garras
eram apertadas.
Devido à grande largura das placas teve que se adaptar o aperto das garras,
pois o mecanismo de aperto original da máquina de ensaio teve de ser retirado, pois
impedia o posicionamento correto do conjunto de placas.
73

4.3.3 Preparação da célula de carga para a medida e aferição das cargas aplicadas

O princípio de funcionamento das células de carga baseia-se na variação da


resistência ôhmica, de sensores denominados extensômetros elétricos (Figura 4.4),
quando submetido a uma deformação. Utilizam-se em células de carga quatro
extensômetros ligados entre si segundo uma ponte de Wheatstone (Figura 4.5). O
desbalanceamento da mesma, em virtude da deformação dos extensômetros, é
proporcional à força que a provoca. É através da medição deste desbalanceamento
que se obtém o valor da força aplicada.

Figura 4.4 – Detalhe do extensômetro7

Figura 4.5 – Ponte de Wheatstone6

Neste trabalho, os extensômetros foram colados na chapa grossa de 15 mm


de espessura, denominada corpo da célula de carga sendo inteiramente solidários à
sua deformação.
Para cada ensaio foram colados oito extensômetros, quatro em cada
extremidade da chapa grossa, ou seja, dois por face, conforme o detalhe na Figura

7
http://www.celuladecarga.com.br/info/definicao.htm
74

4.6, totalizando duas células de carga, segundo o esquema da Figura 4.8. A força
atua, portanto, sobre o corpo da célula de carga e a sua deformação é medida pelos
extensômetros, que por sua vez produzirão uma variação de voltagem, que será lida
no Sistema de Aquisição de Dados, composto por duas placas de captura: uma para
deslocamentos e outra para deformações.

Detalhe da célula de carga

Figura 4.6 – Célula de carga

22,5
100

10

145,2
200

GARRA

50

Figura 4.7 – Localização dos extensômetros da célula de carga


75

R1 R2
D B V OUTPUT

R4 R3

C
- +
INPUT

A B C D

V4 H3 V3 H2 V2 H1 V1 H4

Figura 4.8 – Esquema da montagem da célula de carga (PUC-DEC, 1993)

Obviamente que a forma e as características do corpo da célula de carga


devem ser objeto de um meticuloso cuidado, tanto no seu projeto quanto na sua
execução. Visando assegurar que a relação de proporcionalidade entre a
intensidade da força atuante e a conseqüente deformação medida pelos
extensômetros seja preservada, tanto no ciclo inicial de aplicação da força, quanto
nos ciclos subseqüentes, buscou-se garantir que a carga de ruptura das chapas
finas não ultrapassasse a carga limite de escoamento da placa grossa.
Buscando produzir resultados efetivos e lineares foi observada a forma
geométrica do corpo da célula de carga, escolhendo as duas faces mais largas para
a colagem dos extensômetros.
Considerando que a carga limite de escoamento das chapas finas calculada
de aproximadamente 200 kN, uma carga inicial de 50 kN foi utilizada para efetuar o
ajuste dos parafusos na ligação e confirmar o comportamento linear da célula de
carga de cada ensaio.
76

Buscando retirar a histerese do sistema, Figura 4.9, aplicou-se uma carga de


50 kN por repetidas vezes, ou seja, observando a mesma variação de voltagem
decorrente da aplicação da mesma carga. Este objetivo foi alcançado, através da
utilização do aço, material isotrópico, e da correta aplicação da força sobre a célula
de carga.
Finalmente, foi considerado o fenômeno da fluência, que consiste na variação
da deformação ao longo do tempo após a aplicação da carga. Este efeito decorre de
escorregamentos entre as faces da estrutura cristalina do material e apresentam-se
como variações aparentes na intensidade da força sem que haja incrementos na
mesma, conforme apresentado na Figura 4.10.

Figura 4.9 – Histerese do sistema8

Figura 4.10 – Fenômeno da "fluência" ou creep7

Além destes extensômetros, que em conjunto forneciam a carga que estava


sendo aplicada em cada instante do ensaio, foi usado mais um extensômetro

8
http://www.celuladecarga.com.br/info/definicao.htm
77

adicional, para confirmar de forma independente, a deformação linear da chapa


grossa.
Antes de cada ensaio, estes conjuntos de extensômetros, em cada
extremidade da ligação, perfazendo duas células de carga, eram calibrados a fim de
se levantar a equação de reta que forneceria o valor da carga durante o ensaio
O levantamento desta equação de reta foi feito através de aplicação de carga
crescente, com leituras de variação de voltagem a cada 0,2 kN, até alcançar a carga
limite de 50 kN. Este processo foi repetido por quatro vezes, obtendo quatro
conjuntos de leituras, onde o primeiro conjunto de leituras sempre foi desprezado,
pois neste momento, observou-se que a acomodação dos parafusos ocorria.
Com estes três conjuntos de leituras de variação de voltagem foi possível
construir dois gráficos de carga versus variação de voltagem e com estes resultados
levantar duas equações de reta, que correspondiam às duas células de carga
montadas nas extremidades superior e inferior da ligação aparafusada. De posse
destas equações foi possível programar o Sistema de Aquisição de Dados, para que
este fornecesse instantaneamente a carga que estava sendo aplicada na ligação
aparafusada.
Portanto durante cada ensaio tinha-se disponível duas células de carga
produzindo duas leituras de carga independentes acompanhadas através do
computador, além de uma leitura visual do mostrador analógico da máquina, como
pode ser visto na Figura 4.11.

Figura 4.11 – Leitura da carga digital e analógica


78

4.3.4 Instrumentação

Todos os ensaios tiveram sua própria nomenclatura que é apresentada na


Tabela 4.2 na página 83.
Para acompanhar a deformação nas placas de cada ensaio foram colados
cinco extensômetros em cada placa, para averiguar a deformação em locais
específicos da placa de ensaio, conforme a foto do ensaio E3_CARB_S50, mostrada
na Figura 4.12.

55

SG6 SG7 SG8 SG9 SG10


55

50 50 50

Figura 4.12 – Posicionamento dos extensômetros - Ensaio E3_CARB_S50

90 100 45 45 100 90

72,6
145,2

SG6 SG7 SG8 SG9 SG10


72,6

470

Figura 4.13 – Cotas dos extensômetros em milímetros - Ensaio E3_CARB_S50

O extensômetro é um sensor de deformação que pode ser usado diretamente


em peças na avaliação de deformações superficiais ou em diversos sistemas
79

mecânicos, compondo assim transdutores para grandezas como: deformação,


pressão, força, aceleração, etc. Seu funcionamento baseia-se na variação da
resistência de um material metálico depositado sobre um polímero o qual pode ser
colado na superfície sob análise. Ao se deformar longitudinalmente, o valor da
resistência varia de forma conhecida, indicando assim a deformação da superfície.
São apresentados abaixo os procedimentos típicos de colagem de
extensômetros em corpos-de-prova, que foram utilizados neste trabalho.
Primeiramente foi marcada a região na qual seria colado o extensômetro, em
seguida a superfície desta região foi totalmente polida, para que se garantisse uma
superfície livre de imperfeições, que poderia interferir no funcionamento do
extensômetro, além de proporcionar uma boa aderência. Para atingir esse nível de
rugosidade, foi utilizada uma máquina tipo “drill” da marca Western, com capacidade
de 30.000 rpm, com cabo extensor, efetuando o lixamento da superfície com três
tipos de lixas de granulometria diferentes: 200, 150, 100, respectivamente.
A limpeza da região se fez com acetona, uma solução química
desengraxante, aplicada várias vezes com utilização de algodão, e com muito
cuidado, evitando contato humano com a superfície limpa, ou seja, para não haver
contaminação da superfície com gordura das mãos.
Novamente é feita a marcação da superfície da chapa com linhas
perpendiculares para se efetuar a colagem precisa do extensômetro. O
posicionamento do extensômetro foi feito de modo que houvesse coincidência
dessas linhas perpendiculares com marcas próprias do extensômetro. Neste
momento foi feita a fixação provisória, com a utilização de fita adesiva. A cola
utilizada foi a cola de secagem rápida da marca Loctite 496, aplicada diretamente
sobre a superfície do extensômetro que seria colada na placa de ensaio
Com a utilização de uma pinça era levantado extensômetro, e com o cotonete
embebido com acetona era retirada a marca feita na placa, com outro cotonete era
secada a mesma região, e só então, a cola era aplicada na superfície de aderência
do extensômetro.
Após a fixação do extensômetro sobre a superfície da placa, coloca-se uma
forte pressão com o próprio dedo sobre o extensômetro para retirar todas as
possíveis bolhas de ar que se formam entre o extensômetro e a placa. Estas bolhas
também prejudicam as medições, pois introduzem falsas deformações sobre o
extensômetro.
80

Por último foi feita a proteção do extensômetro com camadas de fita adesiva
em várias direções para evitar possíveis arranques de fios ou cabos e ou também
choques mecânicos. Toda a operação exige bastante cuidado, devido a delicadeza e
fragilidade do extensômetro.
Os extensômetros deste trabalho são da marca EXCEL SENSORES, e foram
encomendados com fios mais longos com tamanho aproximado de 30 centímetros,
para facilitar a união aos cabos do Sistema de Aquisição de Dados, com a utilização
de conectores.
Todo o processo foi executado sempre verificando a resistência do
extensômetro antes e depois da colagem, evitando a colagem de extensômetro
defeituoso e confirmando a funcionabilidade do extensômetro, antes da execução do
ensaio.
Um LVDT (transdutor linear variável diferencial) da marca KYOWA, foi fixado
na máquina de tração e ligado ao Sistema de Aquisição de Dados NI-PXI-1050 da
National Instruments, para fazer as leituras de deslocamento, conforme foto da
Figura 4.14 e esquema de montagem na Figura 4.15. Após ser calibrado, fornecia
instantaneamente o valor do deslocamento ocorrido na ligação aparafusada, em
virtude da aplicação da carga.

LVDT

Figura 4.14 – Localização do transdutor linear variável diferencial


81

Figura 4.15 – Detalhe de localização do LVDT na máquina de tração

4.3.5 Programação em Labview

Para a leitura dos dados foi usado o Programa LabView9 versão 8.2 da
empresa pela National Instruments. Foi criada uma tarefa na qual o computador
calculava simultaneamente: os valores da célula de carga, o valor do deslocamento
e os valores das deformações. Todos estes valores poderiam ser lidos manualmente
ou automaticamente. Optou-se pela leitura manual, a cada acréscimo de carga no
valor de 10 kN.
Foi criada uma janela de leitura composta de dois gráficos de leituras nos
quais apareciam a plotagem, imediata, dos valores de carga versus deslocamento e
carga versus deformação, podendo ser selecionado qual extensômetro deveria ser
utilizado em determinado momento. Esta janela mostrava, também, os valores das
cargas em kN fornecidas pelas células de carga inferior e superior.
As leituras da máquina foram comparadas com as lidas pelo Sistema e
apresentavam, após a ultrapassagem da calibração em 50 kN, uma defasagem
média entre as duas células de carga da ordem de 3%, devido ao Fenômeno da
fluência, da histerese do sistema e do posicionamento dos extensômetros.

9
www.ni.com/labview
82

4.3.6 Sistema de aquisição de dados

O sistema de aquisição de dados foi composto por um computador e duas


placas de captura, que foram ligadas ao experimento, através de cabos, que foram
devidamente marcados com números para identificar claramente o posicionamento
dos sensores de leitura em relação ao canal de entrada.
Os extensômetros foram calibrados antes do início dos ensaios, garantindo o
zero da sua leitura inicial. O mesmo foi feito para o LVDT, porém não foi feito para a
célula-de-carga, pois somente a variação da voltagem quando se aplicava
determinada carga foi usada.

4.3.7 Dificuldades na preparação dos ensaios

A seguir, a título de experiência, são citadas algumas dificuldades e


problemas com as soluções adotadas, que apareceram ao longo do
desenvolvimento deste trabalho:
a) O tamanho e o peso das chapas dificultavam a movimentação das mesmas,
necessitando de até seis homens para movimentar as chapas grossas de 15
mm de espessura, solução: pedir mais chapas com menores dimensões;
b) O primeiro corte executado nas chapas finas com disco de corte, da marca
NORTON, foi muito demorado. A solução foi efetuar o corte em guilhotina.
c) Esta mesma guilhotina tinha que ser supervisionada com muita atenção, pois
seu gabarito estava com erro de 1mm, solução: envolveu uma maior atenção
na execução dos ensaios;
d) A furação feita inicialmente em máquina de furar de bancada exigia muita
precisão e firmeza do operador na execução dos furos, pois não dispunha de
área suficiente para prender a chapa, com a segurança necessária para evitar
a vibração. A solução foi executar a furação em torno retificador mecânico,
produzindo furos muito mais precisos.
e) Os extensômetros confeccionados com fios medindo em média 30
centímetros, apresentavam, no extensômetro, um grande volume de solda,
que dificultava a colagem. A solução para este problema foi a diminuição do
volume de solda, através da utilização de fios mais finos.
83

f) Um cabo com mau contato no Sistema de Aquisição de Dados fez, momentos


antes do ensaio, com que a numeração tivesse que ser revista na tarefa.
Solução: revisar os cabos, com antecedência, antes do início de cada ensaio;

4.4 Apresentação dos ensaios experimentais

Apresenta-se abaixo o quadro resumo dos ensaios experimentais realizados


com seguinte nomenclatura:
• E – ensaio;
• 1 – número do ensaio;
• CARB – aço carbono;
• INOX – aço inoxidável;
• S50 – distância em milímetros do parâmetro s, pois o parâmetro p foi fixado
em 55 mm;
• P10 – valor da espessura das placas principais utilizadas em substituição às
placas principais com 15 mm de espessura.

Cada nomenclatura do ensaio representava as características geométricas, o


tipo de aço, a placa base e os parafusos utilizados em cada lado da placa.
Todas as dimensões das figuras desta dissertação estão cotadas em
milímetros.

Tabela 4.2 – Configuração dos ensaios experimentais

Ordem Identificação s p e1 e2 d0 Tipo de Espessura Quantidade


(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) aço da placa de
base parafusos
(mm)
1 E1_CARB_S50_a 50 55 40 17,6 14,7 carbono 15 6
2 E2_CARB_S70_a 70 55 40 17,6 14,7 carbono 15 6
3 E3_CARB_S50 50 55 40 17,6 14,7 carbono 15 6
4 E4_CARB_S30 30 55 40 17,6 14,7 carbono 15 6
5 E5_INOX_S50 50 55 40 17,6 14,7 inoxidável 15 6
6 E6_CARB_S30_P10 30 55 40 17,6 14,7 carbono 10 6
7 E7_INOX_S30 30 55 40 17,6 14,7 inoxidável 15 6
8 E8_CARB_S50_P8 50 55 40 17,6 14,7 carbono 8 6
9 E9_INOX_S23 23 55 40 17,6 14,7 inoxidável 15 6
84

A letra, a, no primeiro e segundo ensaio representa a configuração da furação


tipo A, conforme mostrado na Figura 4.16, diferente dos outros ensaios, conforme
mostrado na configuração tipo B da Figura 4.16.

Tipo A Tipo B

Figura 4.16 – Diferentes tipos de configuração de furação das placas

Todos os ensaios com aço carbono seguiram a seguinte seqüência de


aplicação de carga:
1) Aplicação da carga até 100 kN, com leituras de 10 em 10 kN;
2) Retorno da carga até 10 kN com leituras de 20 em 20 kN;
3) Aplicação da carga até 200 kN, com leituras de 10 em 10 kN;
4) Retorno da carga até 10 kN com leituras da carga de 20 em 20 kN;
5) Aplicação da carga até a ruptura, com leituras de 10 em 10 kN.
Abaixo apresenta-se um breve resumo de cada ensaio realizado, definidos na
Tabela 4.2, com as fotos e gráficos carga versus deformação do extensômetro mais
solicitado, e curva carga versus deslocamento.

4.4.1 Ensaio E1_CARB_S50_a

O primeiro ensaio de uma ligação aparafusada foi feito com placa constituída
em aço carbono de espessura de 3 mm, conforme mostrado na Figura 4.18, tinha
como valores de s e p, 50 mm e 55 mm, respectivamente.
Este ensaio apresentou ruptura na área líquida dos três furos, com a carga de
312 kN, conforme mostrado na Figura 4.19. Considerando a aplicação de fórmulas
85

teóricas, mostradas anteriormente, este ensaio tinha como previsão de ruptura na


área líquida passando por dois furos, com uma carga última da ordem de 298,3 kN.
Concluiu-se imediatamente que como este valor de s era pequeno, o limite de
rompimento na área liquida passando por dois furos ainda não tinha sido alcançado.
Para tanto, partiu-se para o segundo ensaio com o valor do parâmetro s aumentado
para 70 mm.
Nas Figura 4.20 e Figura 4.21 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 250 kN, fase elástica da ligação.
Pode-se, também, observar os valores de deslocamento e deformação associados a
carga última, ≈1800µε e ≈14 mm, respectivamente.

470

17,6
55
145,2

40 50 50 50 90 50 50 50 40 55
17,6

Figura 4.17 – Desenho geométrico do Ensaio E1_CARB_S50_a

Figura 4.18 – Ensaio E1_CARB_S50_a


86

Figura 4.19 – Ruptura do ensaio 1 - E1_CARB_S50_a

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100
ext 8

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.20 – Gráfico carga versus deformação - E1_CARB_S50_a


87

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100
lvdt média
50

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 4.21 – Gráfico carga versus deslocamento - E1_CARB_S50_a

4.4.2 Ensaio E2_CARB_S70_a

O segundo ensaio teve o mesmo tipo de aplicação comum aos ensaios de


aço carbono, e apresentou a ruptura na seção líquida passando por um furo,
conforme seqüência de fotos mostrada na Figura 4.23. Através do cálculo teórico era
esperada a ruptura na área líquida passando por dois furos com uma carga de 298,3
kN, porém a ligação rompeu na área líquida passando por um furo com a carga de
349,5 kN, mostrando que a ligação aparafusada estava apresentando um
comportamento de ruptura diferente do esperado. A carga última de ruptura do
ensaio ficou longe da carga teórica, provando a concentração de tensões na área
líquida do último furo. Concluiu-se pela influência da rigidez da placa de espessura
de 15 mm na distribuição da carga pelos parafusos, e que a ligação poderia estar
tendo as suas tensões concentradas nos últimos furos.
Os gráficos deste ensaio são mostrados na Figura 4.24 e Figura 4.25,
respectivamente.
Para verificar esta questão foi proposto o próximo ensaio no qual seriam
repetidos os valores de s e p do primeiro ensaio, porém com uma configuração
88

geométrica diferente dos parafusos na ligação em relação aos dois primeiros


ensaios.

590

17,6
55
145,2

55
17,6
40 70 70 70 90 70 70 70 40

Figura 4.22 – Desenho geométrico do ensaio E2_CARB_S70_a

Figura 4.23 – Seqüência de ruina do ensaio E2_CARB_S70_a

Nas Figura 4.24 e Figura 4.25 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 250 kN, fase elástica da ligação.
Pode-se, também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈
30 mm.
89

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100 ext 3
ext 8

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.24 – Gráfico carga versus deformação - E2_CARB_S70_a

400

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

lvdt média
50

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)

Figura 4.25 – Gráfico carga versus deslocamento - E2_CARB_S70_a


90

A carga final mostrada do gráfico carga versus deformação da Figura 4.24 é


diferente da carga final do gráfico carga versus deslocamento da Figura 4.25, porque
no os extensômetros usados não suportaram as altas deformações impostas
rompendo antes de atingir a carga final de ruptura.

4.4.3 Ensaio E3_CARB_S50

Neste ensaio optou-se por repetir os mesmos valores de s e p do primeiro


ensaio, porém com uma configuração geométrica de parafusos diferente do primeiro
ensaio, conforme apresentado no desenho da Figura 4.26.
Esta ligação apresentou ruptura na área líquida passando por dois furos com
a carga de 310 kN, conforme seqüência de fotos mostrada na Figura 4.27. O tipo de
ruptura foi o previsto teoricamente, porém, a carga apresentada era diferente da
carga teórica de 298,3 kN. Entretanto, a diferença entre as cargas últimas de ruptura
teórica e experimental ficou mais próxima neste ensaio do que no primeiro ensaio.
Este fato indica, que a placa de espessura de 15 mm influenciava na
distribuição da carga pelos parafusos. Desta forma para o quarto ensaio buscando-
se verificar a ruptura na área líquida passando por três furos, o valor de s, foi
substancialmente reduzido para alcançar este resultado, ou seja, 30 mm, valor que
garantiria teoricamente este tipo de ruptura.

470
17,6
55
145,2

55
17,6

40 50 50 50 90 50 50 50 40

Figura 4.26 – Desenho geométrico do ensaio E3_CARB_S50


91

Figura 4.27 – Seqüência de ruptura do ensaio E3_CARB_S50

Nas Figura 4.28 e Figura 4.29 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 200 kN, fase elástica da ligação.
Pode-se, também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈
16 mm.

300

250

200
Carga (kN)

150

100
ext 3
ext 8
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.28 – Gráfico carga versus deformação - E3_CARB_S50


92

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

lvdt média

50

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 4.29 – Gráfico carga versus deslocamento - E3_CARB_S50

Novamente a carga final mostrada do gráfico carga versus deformação da


Figura 4.28 é diferente da carga final do gráfico carga versus deslocamento da
Figura 4.29, porque no gráfico carga versus deformação os extensômetros, não
suportaram as altas deformações rompendo antes de atingir a carga final do ensaio.
Também nota-se a diferença de leitura nos dois extensômetros devido a
diferente solicitação sofrida pelas duas placas, além do terceiro canal ter
apresentado falhas de leitura.

4.4.4 Ensaio E4_CARB_S30

Este ensaio apresentou ruptura na área líquida passando por dois furos com
carga última de ruptura de 296 kN, conforme Figura 4.31, onde o esperado era de
ruptura na área líquida passando por três furos com a carga teórica de 282,5 kN.
Concluiu-se novamente, que a placa de 15 mm realmente apresentava influência na
distribuição de carga pelos parafusos, concentrando a carga nos parafusos das
extremidades da ligação.
93

Pretendendo confirmar e quantificar esta influência, pensou-se em utilizar


uma placa mais fina para usar como placa principal. Isto motivou a execução do
sexto ensaio com a utilização de outra placa, também constituída de aço carbono,
porém com espessura de 10 mm, menor que a placa anteriormente adotada de 15
mm.
Buscando a comparação de resultados do aço carbono com o aço inoxidável
foi determinado que o quinto ensaio fosse realizado com este material com os
mesmos valores de s e p do primeiro e do terceiro ensaio, respectivamente.
350

17,6
55
145,2

55
17,6
40 30 30 30 90 30 30 30 40

Figura 4.30 – Desenho geométrico do ensaio E4_CARB_S30

Figura 4.31 – Ruptura do ensaio E4_CARB_S30


94

Nas Figura 4.32 e Figura 4.33 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 200 kN, fase elástica da ligação.
Pode-se, também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈
13 mm.

300

250

200
Carga (kN)

150

100

ext 3
ext 8
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.32 – Gráfico carga versus deformação - E4_CARB_S30

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

lvdt média
50

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 4.33 – Gráfico carga versus deslocamento - E4_CARB_S30


95

4.4.5 Ensaio E5_INOX_S50

Este ensaio teve por objetivo a comparação com o primeiro e terceiro ensaios
realizados com aço carbono, mantendo-se as mesmas dimensões, ou seja, s igual a
50 mm e p igual a 55 mm, conforme desenho geométrico da Figura 4.34. Mesma
seqüência de carga utilizada para o aço carbono foi usada neste ensaio.
O resultado foi a ruptura na área líquida passando dois parafusos com a
carga última de 480 kN. Teoricamente, a ruptura deveria ocorrer primeiro na seção
bruta de chapas com a carga de 302,9 kN, seguida do corte no parafuso com a
carga de 376 kN, mais a frente ter-se-ia o esmagamento da chapa na região dos
parafusos com a carga de 466,9 kN e finalmente, romperia na área líquida passando
por dois furos com a carga de 494,6 kN.
Ocorreu no ensaio, antes da ruptura, o esmagamento da chapa mostrado
através da seqüência de fotos da Figura 4.35. Os parafusos localizados na área
líquida passando por dois parafusos, onde houve a ruptura, apresentaram
deformações associadas ao corte acentuado, conforme apresentado na Figura 4.36.

470

17,6
55
145,2

55
17,6

40 50 50 50 90 50 50 50 40

Figura 4.34 – Desenho geométrico do ensaio E5_INOX_S50


96

Figura 4.35 – Seqüência de ruptura do ensaio E5_INOX_S50

Figura 4.36 – Corte apresentado no parafuso do ensaio E5_INOX_S50

Nas Figura 4.37 e Figura 4.38 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o final do
comportamento linear da ligação entre as cargas de 280 kN a 320 kN. Pode-se,
também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈ 41 mm.
97

300

250

200
Carga (kN)

150

100

50 ext 3
ext 8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.37 – Gráfico carga versus deformação - E5_INOX_S50

600

500

400
Carga (kN)

300

200

lvdt média
100

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Deslocamento (mm)

Figura 4.38 – Gráfico carga versus deslocamento - E5_INOX_S50


98

4.4.6 Ensaio E6_CARB_S30_P10

Neste ensaio, diferentemente dos demais, utilizou-se como placa base, uma
chapa de aço carbono de espessura de 10 mm, para analisar a influência da chapa
de 15 mm nos ensaios anteriores. Este ensaio apresenta as mesmas dimensões da
chapa do quarto ensaio, conforme desenho geométrico apresentado na Figura 4.39.
Este ensaio apresentou o tipo de ruptura na área líquida passando por três
furos, conforme Figura 4.40 com a carga última de ruptura de 309,5 kN, enquanto a
norma prediz o mesmo tipo de ruptura, porém com a carga última de ruptura de
282,5 kN, resistindo mais que o quarto ensaio. Este fato confirma a influência da
placa de 15 mm em não distribuir igualmente a carga por todos os parafusos.
Outra característica foi a apresentação, ao final do ensaio, de discreto
alongamento dos furos da placa de 10 mm, , conforme Figura 4.41, diferentemente
da placa de 15 mm, que apresentou um alongamento desprezível,

350

17,6
55
145,2

55
17,6

40 30 30 30 90 30 30 30 40

Figura 4.39 – Desenho geométrico do ensaio E6_CARB_S30_P10


99

Figura 4.40 – Seqüência de ruptura do ensaio E6_CARB_S30_P10

Figura 4.41 –Furos da placa base do ensaio E6_CARB_S30_P10

Nas Figura 4.42 e Figura 4.43 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 200 kN, caracterizando a fase
elástica da ligação. Pode-se, também, observar o valor de deslocamento associado
a carga última, de ≈ 18 mm.
100

300

250

200
Carga (kN)

150

100

ext 3
50
ext 8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.42 – Gráfico carga versus deformação - E6_CARB_S30_P10

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

lvdt média

50

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 4.43 – Gráfico carga versus deslocamento - E6_CARB_S30_P10


101

4.4.7 Ensaio E7_INOX_S30

Este ensaio teve como objetivo avaliar o comportamento do aço inoxidável, ao


se reduzir o valor do parâmetro s buscando a ruptura na área líquida passando por
três parafusos em comparação com o quarto ensaio, com valores de s e p de 30 mm
e 55 mm, respectivamente, conforme desenho geométrico mostrado na Figura 4.44.
A seqüência de aplicação de carga deste ensaio foi diferente do quinto
ensaio, o qual repetia a seqüência do aço carbono, sendo executada a seguinte
seqüência de carregamento:

1) Aplicação da carga até 150 kN, com leituras de 10 em 10 kN;


2) Retorno da carga até 10 kN com leituras de 20 em 20 kN;
3) Aplicação da carga até 250 kN, com leituras de 10 em 10 kN;
4) Retorno da carga até 10 kN com leituras de 20 em 20 kN;
5) Aplicação da carga até a ruptura, com leituras de 10 em 10 kN.

Este ensaio apresentou ruptura na área líquida passando por dois furos com a
carga última de 459,0 kN, enquanto a norma prediz que a ruptura ocorreria primeiro
na seção bruta da chapa com a carga de 302,9 kN, seguida do corte no parafuso
com carga de 376,0 kN, mais a frente ocorreria o esmagamento da chapa na região
dos parafusos com a carga de 466,9 kN e finalmente romperia na área líquida
passando por três furos com a carga de 469,8 kN. Ocorreu no ensaio, antes da
ruptura, o esmagamento da chapa mostrado através da seqüência de fotos da
Figura 4.45. Os parafusos, localizados na área líquida da ruptura, apresentaram,
como no quinto ensaio com placas de aço inoxidável, deformações substanciais
devido ao corte.
102

350

17,6
55
145,2

55
17,6
40 30 30 30 90 30 30 30 40

Figura 4.44 – Desenho geométrico do ensaio E7_INOX_S30

Figura 4.45 – Seqüência de ruptura do ensaio E7_INOX_S30

Nas Figura 4.46 e Figura 4.47 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o final do
comportamento linear da ligação entre as cargas de 250 kN a 300 kN. Pode-se,
também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈ 36 mm.
103

300

250

200
Carga (kN)

150

100

50 ext 3
ext 8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.46 – Gráfico carga versus deformação - E7_INOX_S30

500

450

400

350

300
Carga (kN)

250

200

150
lvdt média
100

50

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)

Figura 4.47 – Gráfico carga versus deslocamento - E7_INOX_S30


104

4.4.8 Ensaio E8_CARB_S50_P8

Neste ensaio, repetiu-se a configuração de parafusos do terceiro ensaio,


conforme desenho geométrico apresentado na Figura 4.48, utilizando uma chapa de
espessura de 8 mm no lugar da chapa de espessura de 15 mm.
A ruptura aconteceu na área líquida passando por dois furos com carga última
de ruptura de 326,0 kN, conforme mostra a seqüência de fotos da Figura 4.49. Pela
utilização de cálculos teóricos sem o uso de fatores de resistência, encontra-se o
mesmo tipo de ruptura, porém com carga de 298,3 kN.
Da mesma forma que no sexto ensaio, a ligação suportou mais carga que o
terceiro ensaio (310,0 kN) devido a melhor distribuição das cargas pelos parafusos.
Esta melhor distribuição das cargas deve-se ao fato da diminuição da
espessura da chapa principal, fazendo com que esta se deformasse e distribuísse
melhor o carregamento.

470

17,6
55
145,2

55
17,6

40 50 50 50 90 50 50 50 40

Figura 4.48 – Desenho geométrico do ensaio E8_CARB_S50_P8


105

Figura 4.49 – Seqüência de ruptura do ensaio E8_CARB_S50_P8

Nas Figura 4.50 e Figura 4.51 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o
comportamento linear da ligação até a carga de 250 kN, caracterizando a fase
elástica da ligação. Pode-se, também, observar o valor de deslocamento associado
a carga última, de ≈ 17 mm.
.
106

300

250

200
Carga (kN)

150

100

50 ext 3
ext 8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.50 – Gráfico carga versus deformação - E8_CARB_S50_P8

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

lvdt média
50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento (mm)

Figura 4.51 – Gráfico carga versus deslocamento - E8_CARB_S50_P8


107

4.4.9 Ensaio E9_INOX_S23

Neste ensaio diminuiu-se o valor do parâmetro s baseado numa simples


consideração dos resultados dos dois últimos ensaios em aço inoxidável e a relação
entre áreas líquidas, buscando a ruptura na seção líquida passando por três furos,
resultando no desenho geométrico da Figura 4.52. A ligação foi submetida a mesma
seqüência de carregamento do aço carbono.
O ensaio apresentou a ruptura esperada na área líquida passando por três
furos com a carga última de 436,0 kN. Porém, a norma prediz que a ruptura ocorreria
primeiro na seção bruta da chapa com a carga de 302,9 kN, seguida do corte do
parafuso com uma carga de 376,0 kN, e finalmente romperia na área líquida
passando por três furos com a carga de 455,5 kN. A norma fornece para o
esmagamento da placa na região dos parafusos, uma carga de 466,9 kN. Na
seqüência de fotos da Figura 4.53 pode ser observado o esmagamento ocorrido na
placa antes da ruptura da seção líquida passando por três furos.

308

17,6
55
145,2

55
17,6

40 23 23 23 90 23 23 23 40

Figura 4.52 – Desenho geométrico do ensaio E9_INOX_S23


108

Figura 4.53 – Seqüência de ruptura do ensaio E9_INOX_S23

Nas Figura 4.46 e Figura 4.47 são apresentados os gráficos: carga versus
deformação e carga versus deslocamento, onde pode ser observado o final do
comportamento linear da ligação entre as cargas de 230 kN a 280 kN. Pode-se,
também, observar o valor de deslocamento associado a carga última, de ≈ 35 mm.

250

200

150
Carga (kN)

100

50
ext 3
ext 8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 4.54 – Gráfico carga versus deformação - E9_INOX_S23


109

450

400

350

300
Carga (kN)

250

200

150

lvdt média
100

50

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)

Figura 4.55 – Gráfico carga versus deslocamento - E9_INOX_S23

4.4.10 Quadro resumo dos ensaios

Apresenta-se abaixo o quadro resumo dos ensaios experimentais realizados,


mostrando os tipos de ruptura e as cargas últimas apresentadas, os tipos de ruptura
e as cargas últimas da norma e a diferença em percentual.

Tipos de ruptura:
• AB – ruptura na área bruta;
• 1F – ruptura na área líquida passando por um furo;
• 2F – ruptura na área líquida passando por dois furos;
• 3F – ruptura na área líquida passando por três furos;
110

Tabela 4.3 – Resumo dos ensaios experimentais

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura última ruptura EC-3 última EC-3 (%)
(kN) (kN) (kN) Exp- EC3
E1_CARB_S50_a 3F 312,0 2F 298,3 4,6
E2_CARB_S70_a 1F 349,5 2F 298,3 17,2
E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9
E4_CARB_S_30 2F 296,0 3F 282,5 4,8
E5_INOX_S50 2F 480,0 AB 302,9 58,5
E6_CARB_S30_P10 3F 309,5 3F 282,5 9,6
E7_INOX_S30 2F 459,0 AB 302,9 51,5
E8_CARB_S50_P8 2F 326,0 2F 298,3 9,3
E9_INOX_S23 3F 436,0 AB 302,9 43,9

Neste capítulo foram apresentadas algumas considerações sobre a realização


dos ensaios experimentais, obtenção das características mecânicas e geométricas
dos ensaios, além da instrumentação dos mesmos. No capítulo seguinte,
apresentar-se-á a avaliação dos resultados obtidos nos ensaios, comparando-se
ensaios com características similares.
5 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS

5.1 Introdução

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios de ligações


aparafusadas alternadas constituídas por aço carbono e aço inoxidável descritos no
capítulo anterior. Serão discutidos os comportamentos das ligações aparafusadas
observados nos ensaios experimentais, através de suas curvas carga versus
deformação e carga versus deslocamento.
Uma análise comparativa entre os resultados experimentais com a utilização
destas curvas, será considerada a fim de se estabelecer uma relação de parâmetros,
que justifique o comportamento apresentado.
A análise comparativa de curvas carga versus deformação proporciona uma
visão global do comportamento da ligação aparafusada, com relação a sua rigidez.
Da mesma forma, uma análise comparativa de curvas carga versus deslocamento
permite, também, uma visão do comportamento da ligação aparafusada, verificando
a carga última de ruptura e o deslocamento total apresentado pela ligação.
Em uma primeira análise de comparação da curva carga versus
deslocamento, verifica-se o maior valor da carga última de ruptura da ligação
aparafusada em aço inoxidável do que o valor da carga última de ruptura na ligação
aparafusada em aço carbono, conforme a curva carga versus deslocamento
apresentada na Figura 5.1.
Observa-se também que a ligação aparafusada constituída de aço inoxidável
apresenta um maior deslocamento do que a ligação aparafusada constituída de aço
carbono, comprovando o seu comportamento mais dúctil.
Estas duas observações nos parágrafos acima com certeza serão os limites
de avaliação para a obtenção de nova formulação, mais real, visando um melhor
aproveitamento na utilização do aço inoxidável.
Todos os resultados obtidos nos ensaios experimentais, juntamente com as
comparações possíveis podem ser encontradas no anexo A desta dissertação.
112

600

500

400
Carga (kN)

E5_I_50
300 E7_I_30
E9_I_23
E3_C_50
200 E4_C_30
E1_C_50_a
E2_C_70_a
E6_C50_P10
100
E8_C30_P8

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)

Figura 5.1 – Análise comparativa - ensaios aço carbono e inoxidável

5.2 Análise dos Ensaios com Aço Carbono

Para esta análise, foram utilizados cinco extensômetros elétricos instalados e


posicionados simetricamente em cada chapa de 3 mm de espessura. Todavia, os
resultados obtidos para os extensômetros 1, 5, 6 e 10 foram inconstantes e por isto
foram desprezados, logo, somente são apresentados os dados correspondentes aos
extensômetros 2, 3, 4, 7, 8 e 9.
Observando-se a localização dos extensômetros, conforme Figura 5.2, optou-
se pelo agrupamento de resultados dos extensômetros 2, 4, 7 e 9, pois apresentam
simetria de posições, como também acontece com os extensômetros 3 e 8.
Todas as cotas dos desenhos desta dissertação encontra-se em milímetros.
113

890

590

150 40 70 70 70 90 70 70 70 40 150
LADO 1 - 2

17,6
55
3
2

4
1

145,2

200
17,6
55
LADO 3 - 4

10

55
8

9
6

17,6

145,2

200
55

17,6
150 40 70 70 70 90 70 70 70 40 150

Figura 5.2 – Disposição dos extensômetros no ensaio E2_CARB_S70_a

5.2.1 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a com E2_CARB_S70_a

Estes ensaios apresentam a mesma configuração de parafusos porém


valores diferentes do parâmetro s, permitindo analisar o seu comportamento pela
sua simples variação. Para esta análise foram agrupadas as curvas carga versus
deformação, conforme Figura 5.3, obtidas através dos extensômetros 2 e 4 dos dois
ensaios experimentais.
Para melhorar a visualização foi colocado apenas o resultado destes
extensômetros e ao lado direito, em cada gráfico, o desenho da posição dos
extensômetros observados.
É interessante observar, que no E1_CARB_S50_a ocorreu a ruptura na área
líquida passando por três furos, enquanto no E2_CARB_S70_a na área líquida
passando por um furo, conforme observado na Figura 5.3 e Tabela 5.1,
respectivamente.
114

400

350

300

250
Carga (kN)

200

150 ext 2 E1_C_50_a


ext 2 E2_C_70_a
100 ext 4 E1_C_50_a
ext 4 E2_C_70_a

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.3 – Curvas carga versus deformação dos ensaios E1 e E2 (ext. 2 e 4)

Observando-se as curvas apresentadas na Figura 5.3, nota-se no ensaio


E1_CARB_S50_a, uma maior rigidez inicial, pela comparação das diferentes
deformações apresentadas para uma mesma carga no início do carregamento.
Este efeito foi causado pelo menor valor do parâmetro s mobilizando
imediatamente os três parafusos, pela concentração de tensões nos primeiros furos
provocada pela placa de 15 mm de espessura.
Observa-se que a maior carga última foi alcançada pelo ensaio
E2_CARB_S70_a, devido a necessidade de se atingir uma carga maior para vencer
a maior resistência proporcionada pela área líquida na seção de um furo, conforme
mostrado nas curvas carga versus deslocamento da Figura 5.4.
115

400

350

300

250
Carga (kN)

200

150
E1_CARB_S_50_a
100 E2_CARB_S_70_a

50

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)

Figura 5.4 – Curvas carga versus deslocamento dos ensaios E1 e E2

Ao comparar os valores experimentais com os valores teóricos da norma


(EUROCODE 3, 2003), verifica-se a grande diferença na carga última apresentada
pelo ensaio E2_CARB_S70_a e os diferentes modos de colapso apresentados pelos
ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a, conforme mostrado na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1 e E2

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura última ruptura EC-3 última EC-3 (%)
(kN) (kN) (kN)
E1_CARB_S50_a 3F 312,0 2F 298,3 4,6
E2_CARB_S70_a 1F 349,5 2F 298,3 17,2

Esse comportamento é devido a grande diferença em absorção de carga


pelos parafusos de mesma linha, promovida pela diferente configuração de
parafusos, como pode ser observado no gráfico percentagem de carga por linha de
parafuso versus carga total aplicada apresentado na Figura 5.5. Apesar disto, os
116

limites do Eurocode podem ser interpretados como limites inferiores para o


problema.

120 SEGUNDA PRIMEIRA PRIMEIRA SEGUNDA

100

80
carga (%)

E1 primeira
E1 segunda
60
E2 primeira
E2 segunda

40

20

0
0 50 100 150 200 250 300

carga (kN)

Figura 5.5 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1 e E2

Estes dados foram retirados pela média das deformações fornecidas pelos
extensômetros colados na placa de ensaio com espessura de 3 mm.
A primeira seção transversal no sentido de aplicação da carga, ou seja, a
primeira seção mais perto do centro da chapa, onde foram colados os
extensômetros 1,5,6 e 10 (ver Figura 5.6).
A seção transversal no meio da placa, onde foram colados os extensômetros
3 e 8, foi considerada a seção de aplicação total da força.
A segunda seção transversal no sentido de aplicação da carga é
caracterizada pela a segunda seção mais longe do centro da placa, onde foram
colados os extensômetros 1,5,6 e 10 (ver Figura 5.6).
Estas seções estão definidas para os dois tipos de furação nos desenhos
apresentados na Figura 5.6.
117

SEGUNDA PRIMEIRA PRIMEIRA SEGUNDA

TIPO A
SEGUNDA PRIMEIRA PRIMEIRA SEGUNDA

TIPO B

Figura 5.6 – Localização das seções nas chapas de ensaio

5.2.2 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a com


E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30

A diferença dos ensaios experimentais E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a


para os ensaios experimentais E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30 foi a disposição dos
parafusos, conforme mostra a Figura 5.7. Observa-se que nos dois primeiros
ensaios, a primeira seção após o eixo de simetria da ligação é constituída por um
118

parafuso enquanto que nos ensaios E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30 existem dois


parafusos nesta mesma seção.

E3_CARB_S50 E1_CARB_S50_a

Figura 5.7 – Configurações de furação

Para esta análise foi construída a comparação das curvas carga versus
deformação mostradas na Figura 5.8, nas quais são agrupados os comportamentos
dos ensaios experimentais envolvidos, observados pelo extensômetro 2.
Novamente, para melhorar a visualização dos resultados utilizam-se apenas
as leituras de um extensômetro, e ao lado direito, do gráfico, a posição do
extensômetro nos ensaios considerados.
Podem ser obtidas no anexo A desta dissertação, para eventual consulta, as
curvas obtidas de todos os ensaios experimentais, além de todas as comparações
possíveis.
119

350

300

250
Carga (kN)

200

150
ext 2 E1_C_50_a
ext 2 E2_C_70_a
100 ext 2 E3_C_50
ext 2 E4_C_30

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.8 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 (ext. 2)

Observa-se que os ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a


apresentam maior rigidez inicial do que os ensaios E3_CARB_S50 e
E4_CARB_S30, devido a configuração da furação ser diferente entre eles.
Esta maior rigidez inicial prova que os ensaios E1_CARB_S50_a e
E2_CARB_S70_a apresentaram uma melhor distribuição de tensão no final da
ligação mais equilibrada que os ensaios E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30.
Nas curvas carga versus deslocamento da Figura 5.9, observa-se que o
ensaio E2_CARB_S70_a apresenta maior carga última de ruptura do que os ensaios
E1_CARB_S50_a, E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30, devido a sua ruptura ter
ocorrido na seção da área líquida de um furo, possuindo maior área líquida a ser
vencida, que na seção da área líquida passando por dois furos dos ensaios
E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30 e passando por três furos do ensaio
E1_CARB_S50_a, respectivamente.
120

400

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100 E1_C_50_a
E2_C_70_a
50 E3_C_50
E4_C_30

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)

Figura 5.9 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E1, E2, E3 e E4

Considerando-se um erro tolerável de 10% e comparando-se os valores


experimentais com os valores teóricos do Eurocode, verifica-se novamente a
diferença na carga última apresentada pelo ensaio E2_CARB_S70_a e um diferente
modo de colapso apresentado pelo ensaio E4_CARB_S30, mostrados na Tabela
5.2.

Tabela 5.2 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1, E2, E3 e E4

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura última ruptura EC-3 última EC-3 (%)
(kN) (kN) (kN)
E1_CARB_S50_a 3F 312,0 2F 298,3 4,6
E2_CARB_S70_a 1F 349,5 2F 298,3 17,2
E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9
E4_CARB_S30 2F 296,0 3F 282,5 4,8
121

Pode-se observar na Figura 5.10 a melhor distribuição de carga dos ensaios


E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30 executados com furação tipo B em relação aos
ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a executados com furação tipo A.

120

100

80
E1 primeira
E1 segunda
carga (%)

E2 primeira
E2 segunda
60
E3 primeira
E3 segunda
E4 primeira
E4 segunda
40

20

0
0 50 100 150 200 250 300

carga (kN)

Figura 5.10 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1, E2, E3 e E4

Novamente, os limites do Eurocode podem ser interpretados como limites


inferiores para o problema.

5.2.3 Comparação dos ensaios E1_CARB_S50_a, E3_CARB_S50 e


E8_CARB_S50_P8

Estes ensaios experimentais foram comparados, pois apresentam ligações


aparafusadas alternadas constituídas de aço carbono com o mesmo valor do
parâmetro s, ou seja, os ensaios E1_CARB_S50_a, E3_CARB_S50 e
E8_CARB_S50_P8 têm o valor de s fixado em 50 mm. Todavia, a placa interna no
ensaio E8_CARB_S50_P8 possui espessura de 8 mm, diferentemente dos outros
dois ensaios, onde foi utilizada uma placa de 15 mm de espessura.
Analisando-se as curvas carga versus deformação apresentadas na Figura
5.11 construídas através da comparação dos resultados fornecidos pelo
122

extensômetro 7, observa-se uma maior rigidez inicial do ensaio E1_CARB_S50_a,


no qual ocorreu a ruptura na área líquida dos três furos, mostrando, novamente, a
influência da configuração da furação no resultado final em termos de rigidez da
ligação.
Os três ensaios apresentam cargas últimas diferentes, onde o ensaio
experimental E8_CARB_S50_P8 apresenta maior resistência, como pode ser
observado nas curvas carga versus deslocamento apresentadas na Figura 5.12,
devido a melhor distribuição da carga aplicada entre os parafusos, proporcionada
pela utilização da placa de menor espessura no ensaio.
Nas curvas carga versus deformação da Figura 5.11, e em todas as curvas
carga versus deformação de todos os ensaios, não é possível visualizar as cargas
últimas dos ensaios, porque os extensômetros deixaram de registrar as leituras
antes dos ensaios atingirem a carga última.

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100
ext 7 E1_C_50_a
ext 7 E3_C_50
50 ext 7 E8_C_50_P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.11 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8 (ext. 7)


123

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

E1_CARB_S_50
E3_CARB_S_50
50
E8_CARB_S_50_P8

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 5.12 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E1, E3 e E8

Ao comparar os valores experimentais com os valores teóricos do Eurocode,


verifica-se novamente outro modo de colapso para o ensaio E1_CARB_S50_a,
mostrados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E1, E3 e E8

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura última ruptura EC-3 última EC- (%)
(kN) (kN) 3 (kN)
E1_CARB_S50_a 3F 312,0 2F 298,3 4,6
E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9
E8_CARB_S50_P8 2F 326,0 2F 298,3 9,3

Pode-se observar na Figura 5.13 a melhor distribuição de carga pelos


parafusos dos ensaios E3_CARB_S50 e E8_CARB_S50_P8, diferente em
comparação com o ensaio E1_CARB_S50_a, devido a mudança da configuração da
furação.
124

120

100

80

E1 primeira
carga (%)

E1 segunda
E8 primeira
60
E8 segunda
E3 primeira
E3 segunda

40

20

0
0 50 100 150 200 250 300

carga (kN)

Figura 5.13 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E1, E3 e E8

Observa-se, também, uma melhor distribuição de carga no ensaio


E8_CARB_S50_P8 devido a utilização da placa principal com 8 mm de espessura

5.2.4 Comparação dos ensaios E3_CARB_S50, E4_CARB_S30,


E6_CARB_S30_P10 e E8_CARB_S50_P8

Neste item comparam-se os resultados dos ensaios experimentais de


ligações aparafusadas alternadas de placas constituídas de aço carbono,
apresentando dois valores distintos para o parâmetro s e também com variação da
placa principal.
Analisando-se as curvas carga versus deformação da Figura 5.14,
construídas pela leitura do extensômetro 4, conclui-se que as ligações aparafusadas
dos ensaios experimentais E4_CARB_S30 e E6_CARB_S30_P10 com valores de s
fixados em 30 mm possuem mais rigidez do que as ligações aparafusadas dos
ensaios experimentais E3_CARB_S50 e E8_CARB_S50_P8 com valores de s
fixados em 50 mm e placas principais mais finas com espessura de 8 e 10 mm,
respectivamente.
125

300

250

200
Carga (kN)

150

100

ext 4 E3_C_50
ext 4 E4_C_30
50
ext 4 E6_C_30_P10
ext 4 E8_C_50_P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.14 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8 (ext. 4)

Na curva carga versus deslocamento mostrada na Figura 5.15, pode-se


constatar que os ensaios com valor do parâmetro s maiores tiveram as maiores
resistências sendo que as placas finas, proporcionaram melhor distribuição da carga,
apresentando melhores resultados em termos de resistência final
126

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100
E3_C_50
E4_C_30
50 E6_C_30_P10
E8_C_50_P8

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 5.15 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E3, E4, E6 e E8

Comparando os valores experimentais com os valores teóricos do Eurocode,


verifica-se novamente diferentes modos de colapso apresentado pelo ensaio
E4_CARB_S_30, mostrado na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E3, E4, E6 e E8

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura medida ruptura EC-3 prevista EC-3 (%)
(kN) (kN) (kN)

E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9


E4_CARB_S30 2F 296,0 3F 282,5 4,8
E6_CARB_S30_P10 3F 309,5 3F 282,5 9,6
E8_CARB_S50_P8 2F 326,0 2F 298,3 9,3

Pode-se observar na Figura 5.16, que na primeira seção, a distribuição de


carga pelos parafusos apresenta um ordenamento levando em consideração
primeiramente o valor do parâmetro s e em seguida a espessura da placa,
apresentando a maior percentagem de carregamento os maiores valores de s, e
127

apresentando a maior percentagem de carregamento os maiores valores da


espessura da placa principal.
Observa-se, também, uma melhor distribuição de carga nos ensaios
E6_CARB_S30_P10 e E8_CARB_S50_P8, que utilizaram a placa principal mais
fina.

100

80

E4 primeira
60 E4 segunda
carga (%)

E8 primeira
E8 segunda
E3 primeira
E3 segunda
40 E6 primeira
E6 segunda

20

0
0 50 100 150 200 250 300

carga (kN)

Figura 5.16 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E3, E4, E6 e E8

5.3 Ligações com aço inoxidável

A análise das ligações aparafusadas alternadas de chapas constituídas de


aço inoxidável será feita da mesma forma que foi feita para ligações constituídas de
aço carbono.
O uso de curvas carga versus deformação e carga versus deslocamento
permite avaliar o comportamento da ligação aparafusada alternada de chapas
constituídas de aço inoxidável, mostrando uma comparação entre estas ligações e
as ligações de aço carbono a ser apresentada posteriormente.
Para esta análise, foram novamente utilizados cinco extensômetros elétricos
instalados e posicionados simetricamente em cada chapa de 3 mm de espessura.
128

Todavia, como nos ensaios das chapas de aço carbono, os resultados obtidos para
os canais 1, 5, 6 e 10 foram inconclusivos, e assim, somente apresentam-se os
dados correspondentes aos extensômetros 2, 3, 4, 7, 8 e 9, respectivamente.
Novamente, pode-se agrupar alguns resultados retirados da mesma posição
de leitura, comparando seus comportamentos e fazendo uma análise da variação
dos parâmetros que influenciam no comportamento global das ligações em estudo.
Repete-se, novamente, a colagem dos extensômetros 2, 4, 7 e 9 em simetria,
com a mesma localização, invertidas as posições, como também acontece com os
extensômetros 3 e 8 (ver Figura 5.2 apresentada anteriormente).

5.3.1 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23

A primeira análise foi feita com a comparação dos resultados dos três ensaios
realizados com as chapas constituídas de aço inoxidável, lembrando que os três
ensaios tiveram as dimensões idênticas apenas variando o valor do parâmetro s.
Observando-se as curvas carga versus deslocamento mostradas na Figura
5.17 conclui-se que o valor do parâmetro s governou a resistência última dos
ensaios.

500

450

400

350

300
Carga (kN)

250

200

150

100 E5_I_50
E7_I_30
50 E9_I_23

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Deslocamento (mm)

Figura 5.17 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E5, E7 e E9


129

Analisando-se as curvas carga versus deformação, mostradas na Figura 5.18


pode-se concluir que a maior rigidez inicial foi apresentada pelos ensaios,
E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23, porém o ensaio E5_INOX_S50 apresenta a maior
resistência última. Nestes ensaios observou-se um comportamento similar ao das
ligações constituídas de aço carbono, onde os ensaios com menor valor do
parâmetro s, apresentaram o comportamento de maior rigidez em relação aos
outros, com maior valor do parâmetro s.

350

300

250
Carga (kN)

200

150

100

ext 4 E5_I_50
50 ext 4 E7_I_30
ext 4 E9_I_23
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.18 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E5, E7 e E9 (ext. 4)

Estas curvas carga versus deformação da Figura 5.18, também mostram um


agrupamento do comportamento dos ensaios E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23
devido a pequena diferença entre os valores do parâmetro s, comparada com o
ensaio E5_INOX_S50, mostrando a evolução do comportamento da ligação com a
variação do parâmetro s.
Comparando os valores experimentais com os valores teóricos do Eurocode,
verifica-se uma grande diferença na carga última e diferentes modos de colapso
apresentados pelos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23,
conforme mostrado na Tabela 5.5.
130

Tabela 5.5 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E5, E7 e E9

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga última Diferença


ruptura última ruptura EC-3 EC-3 (kN) (%)
(kN) (kN)
E5_INOX_S50 2F 480,0 AB 302,9 58,5
E7_INOX_S30 2F 459,0 AB 302,9 51,5
E9_INOX_S23 3F 436,0 AB 302,9 43,9

Observa-se uma melhor distribuição de carga no ensaio E9_INOX_S23 e


uma pior distribuição de carga no ensaio E7_INOX_S30. Porém, diferentemente
destes ensaios, o ensaio E5_INOX_S50 apresenta um comportamento de
diminuição do percentual de carga de cada seção mostrando uma maior capacidade
de absorção de carga e apresentando a maior carga última dos ensaios.

100

90

80

70

60 E5 primeira
carga (%)

E5 segunda
E7 primeira
50
E7 segunda
E9 primeira
40 E9 segunda

30

20

10

0
0 50 100 150 200 250

carga (kN)

Figura 5.19 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E5, E7 e E9
131

5.4 Comparação dos resultados do aço carbono com o aço inoxidável

Este sub-capítulo foi desenvolvido para estudar as ligações aparafusadas


alternadas constituídas de aço inoxidável e para tanto foram construídas ligações
semelhantes às utilizadas para o aço carbono, ou seja, com mesma geometria, para
realização de uma análise comparativa.

5.4.1 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 com


E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30

Comparando-se os ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23


com os ensaios E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30, que foram executados com a
mesma placa principal, observa-se através das curvas carga versus deslocamento
mostradas na Figura 5.20, a diferença de comportamento entre as ligações
constituídas pelos dois materiais utilizados neste trabalho.
As ligações em aço inoxidável apresentaram uma resistência última superior
em relação às ligações em aço carbono, além de possuir maior ductilidade devido ao
maior deslocamento sofrido conforme observado na Figura 5.20.

600

500

400
Carga (kN)

300

200
E5_I_50
E7_I_30
E9_I_23
100
E3_C_50
E4_C_30

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)

Figura 5.20 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9
132

E3_CARB_S50 E4_CARB_S30

E5_INOX_S50 E7_INOX_S30

E9_INOX_S23

Figura 5.21 – Modos de ruptura - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9

Observa-se nas curvas carga versus deformação construídas com as leituras


retiradas do extensômetro 2, dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e
E9_INOX_S23, E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30, apresentadas na Figura 5.22, que
a rigidez inicial apresentada pela ligação aparafusada de chapas constituídas de aço
133

carbono, diminui mais rápido, do que a rigidez da ligação aparafusada de chapas


constituídas de aço inoxidável.
Este comportamento verificado através das curvas carga versus deformação,
mostra que ligação aparafusada de chapas constituídas de aço inoxidável tem uma
maior capacidade de absorção de carga, através da sua maior capacidade de
deformação, apresentando uma maior carga última.

350

300

250
Carga (kN)

200

150

ext 2 E5_I_50
100
ext 2 E7_I_30
ext 2 E9_I_23
50 ext 2 E3_C_50
ext 2 E4_C_30

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.22 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9

Comparando os valores experimentais com os valores teóricos do Eurocode,


verifica-se que o ensaio E3_CARB_S50 é o único que apresentou o modo de
colapso idêntico ao previsto pelo Eurocode, e novamente observa-se as cargas
últimas dos ensaios em aço inoxidável muito altas e modos de colapsos diferentes
do Eurocode, conforme apresentado na Tabela 5.6.
134

Tabela 5.6 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E3, E4, E5, E7 e E9

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga última Diferença


ruptura última ruptura EC-3 EC-3 (kN) (%)
(kN) (kN)
E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9
E4_CARB_S30 2F 296,0 3F 282,5 4,8
E5_INOX_S50 2F 480,0 AB 302,9 58,5
E7_INOX_S30 2F 459,0 AB 302,9 51,5
E9_INOX_S23 3F 436,0 AB 302,9 43,9
Observa-se, através das curvas da Figura 5.23, nos ensaios E3_CARB_S50 e
E4_CARB_S_30, um comportamento na distribuição de carga, nas seções das
linhas dos parafusos perpendiculares a aplicação da carga, diferente dos ensaios
executados em aço inoxidável, que apresentam curvas bem definidas com a
tendência de diminuição da percentagem de carga nas linhas dos parafusos, com o
aumento da carga. O ensaio E4_CARB_S_30, que possui um menor valor do
parâmetro s, apresenta uma melhor distribuição de carga do que o ensaio
E3_CARB_S50, conforme mostrado nas curvas apresentadas na Figura 5.23.

100

90

80

70
E5 primeira
E5 segunda
60 E7 primeira
carga (%)

E7 segunda
E9 primeira
50
E9 segunda
E4 primeira
40 E4 segunda
E3 primeira
E3 segunda
30

20

10

0
0 50 100 150 200 250

carga (kN)

Figura 5.23 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E3, E4, E5, E7 e E9
135

5.4.2 Comparação dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 com


E6_CARB_S50_P10 e E8_CARB_S30_P8

O mesmo comportamento da comparação do item anterior é observado


quando agora analisam-se as curvas carga versus deslocamento e carga versus
deformação, mostradas nas Figura 5.24 e Figura 5.25, respectivamente, dos ensaios
com aço inoxidável E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23, e os ensaios
com aço carbono E6_CARB_S50_P10 e E8_CARB_S30_P8.
Apenas observa-se uma melhor adequação entre curvas devido ao uso de
placas mais finas nos ensaios experimentais de ligações aparafusadas constituídas
de aço carbono, compensando um pouco a diferença da maior deformação
apresentada pelas ligações constituídas de aço inoxidável.

500

450

400

350

300
Carga (kN)

250

200

150 E5_I_50
E7_I_30
100 E9_I_23
E8_C_50_P8
50 E6_C_30_P10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)

Figura 5.24 – Curvas carga versus deslocamento - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9
136

350

300

250
Carga (kN)

200

150
ext 2 E5_I_50
ext 2 E7_I_30
100 ext 2 E9_I_23
ext 2 E6_C_30_P10
50 ext 2 E8_C_50_P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura 5.25 – Curvas carga versus deformação Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9

E6_CARB_S50_P10 E8_CARB_S30_P8

E5_INOX_S50 E7_INOX_S30

Figura 5.26 – Modo de ruptura - Ensaios E5, E6, E7e E8


137

E9_INOX_S23

Figura 5.27 – Modo de ruptura - Ensaio E9

Comparando os valores experimentais com os valores teóricos do Eurocode,


verifica-se que os ensaios E6_CARB_S30_P10 e E8_CARB_S50_P8 apresentaram
o modo de colapso idêntico ao previsto pelo Eurocode, e novamente observam-se
as cargas últimas dos ensaios em aço inoxidável muito altas e modos de colapso
diferentes do Eurocode, conforme apresentado na Tabela 5.7.

Tabela 5.7 – Valores teóricos e experimentais dos ensaios E5, E6, E7, E8 e E9

Ensaio Tipo de Carga Tipo de Carga Diferença


ruptura última ruptura EC-3 última EC-3 (%)
(kN) (kN) (kN)
E5_INOX_S50 2F 480,0 AB 302,9 58,5
E6_CARB_S30_P10 3F 309,5 3F 282,5 9,6
E7_INOX_S30 2F 459,0 AB 302,9 51,5
E8_CARB_S50_P8 2F 326,0 2F 298,3 9,3
E9_INOX_S23 3F 436,0 AB 302,9 43,9

Observa-se, através das curvas da Figura 5.28, que os ensaios


E6_CARB_S30_P10 e E8_CARB_S50_P8 apresentam um comportamento na
distribuição de carga, nas seções das linhas dos parafusos perpendiculares a
aplicação da carga, diferente dos ensaios executados em aço inoxidável, porém com
138

alguma semelhança entre si. Os ensaios com placas constituídas de aço inoxidável
apresentam curvas bem definidas com a tendência de diminuição da percentagem
de carga nas linhas dos parafusos, com o aumento da carga. Novamente o
comportamento se repete, onde o ensaio E6_CARB_S30_P10, que possui um
menor valor do parâmetro s, apresenta uma melhor distribuição de carga do que o
ensaio E8_CARB_S50_P8, conforme mostrado nas curvas apresentadas na Figura
5.28

100

90

80

70
E5 primeira
E5 segunda
60 E7 primeira
carga (%)

E7 segunda
E9 primeira
50
E9 segunda
E6 primeira
40 E6 segunda
E8 primeira
E8 segunda
30

20

10

0
0 50 100 150 200 250

carga (kN)

Figura 5.28 – Curvas percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada - E5, E6, E7, E8 e E9

São mostrados na Tabela 5.8 e Tabela 5.9, respectivamente, os valores


teóricos das cargas últimas das ligações aparafusadas constituídas em aço carbono
e aço inoxidável com valores do parâmetro s executados neste trabalho.

Encontra-se uma diferença média de 12% dos valores de Agxfy e Anetxfu para
ligações em aço carbono, conforme Tabela 5.10. Esta diferença demonstra a
pequena capacidade de encruamento do aço carbono, mostrando, como
comprovado neste trabalho, a sua baixa capacidade de rigidez e a sua baixa
resistência plástica, comparada com a do aço inoxidável.
139

Verifica-se, também, uma diferença média de 62% dos valores de Agxfy e


Anetxfu para ligações em aço inoxidável, conforme Tabela 5.11. Esta diferença
demonstra a grande capacidade de encruamento do aço inoxidável, mostrando,
como também comprovado neste trabalho, a sua alta rigidez e a sua alta resistência
plástica, comparada com a do aço carbono.

Tabela 5.8 – Valores teóricos dos ensaios em aço carbono

Carga de
s AB 2F 3F Cisalhamento Esmagamento Ruptura
(mm) (kN) (kN) (kN) (kN) (kN) (kN)
30 334,1 298,3 282,5 371,3 328,1 282,5
50 334,1 298,3 320,1 371,3 328,1 298,3

Tabela 5.9 – Valores teóricos dos ensaios em aço inoxidável

Carga de
s AB 2F 3F Cisalhamento Esmagamento Ruptura
(mm) (kN) (kN) (kN)) (kN) (kN) (kN)
23 302,9 494,6 455,5 376,0 466,9 302,9
30 302,9 494,6 469,8 376,0 466,9 302,9
50 302,9 494,6 531,8 376,0 466,9 302,9

Tabela 5.10 – Diferença percentual de Agxfy e Anetxfu - ensaios em aço carbono

AB (kN) 2F (kN) 3F (kN) AB/2F (%) AB/3F (%) Média (%)


334,1 298,3 282,5 112,0 118,3 115,1
334,1 298,3 320,1 112,0 104,4 108,2
Média (%) 111,7
140

Tabela 5.11 – Diferença percentual de Agxfy e Anetxfu - ensaios em aço inoxidável

AB (kN) 2F (kN) 3F (kN) AB/2F (%) AB/3F (%) Média (%)


302,9 494,6 455,5 163,3 150,4 156,8
302,9 494,6 469,8 163,3 155,1 159,2
302,9 494,6 531,8 163,3 175,6 169,4
Média (%) 161,8

Neste capítulo foram apresentados os resultados dos ensaios experimentais


realizados neste trabalho e no capítulo seguinte, apresentar-se-ão as considerações
finais com as principais conclusões deste trabalho além sugestões para trabalhos
futuros.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 Introdução

A utilização de ligações aparafusadas alternadas tem se mostrado de grande


importância no projeto de estruturas de aço possibilitando uma maior redução nos
custos de fabricação e montagem.
Na tentativa de se avaliar o real comportamento das ligações aparafusadas
alternadas com chapas constituídas em aço inoxidável, poucos trabalhos têm sido
desenvolvidos nesta área.
Poucos ensaios em laboratório foram realizados que possibilitassem a
calibração dos modelos existentes. Desta forma, comenta-se a seguir, os
procedimentos adotados na realização deste trabalho.
Este trabalho foi baseado no Eurocode 3 (Eurocode 3, 2003) – Norma
Européia para Projeto de Estruturas de Aço por se tratar de uma norma que
considera o comportamento das ligações em estruturas de aço inoxidável.
Foram feitos cálculos preliminares de forma a avaliar o comportamento da
ligação aparafusada alternada, ao se variar os parâmetros s e p, e mesmo com a
utilização do fator de correção kr , não se observou um outro estado limite último,
que não fosse a plastificação da sessão bruta do aço inoxidável.
Os resultados do corte no parafuso pelo efeito de cisalhamento foram
preteridos em função da análise do estado limite último da seção bruta, através do
escoamento, da seção líquida, através da ruptura, e do esmagamento da placa na
seção dos parafusos.
Considerando as análises feitas através destes modos de ruína, a ligação
aparafusada constituída de aço inoxidável mostrou durante os ensaios uma grande
capacidade de deformação antes da ruptura, característica que se mostrou útil na
redistribuição da força aplicada pelos parafusos.
A metodologia de cálculo das ligações alternadas constituídas de aço
inoxidável considera a presença desta grande deformação, impondo apenas uma
limitação, através do escoamento da seção bruta, sendo esta a resistência plástica
da ligação aparafusada para o esforço axial máximo que ela poderá suportar,
142

mantendo os procedimentos aplicáveis válidos para o aço carbono. Vale ressaltar


que não existe nenhum fundamento para justificar este limite empírico, a não ser de
garantir a ligação segura sob o aspecto da grande deformação apresentada. Vale
lembrar que existem alguns tipos de estruturas onde o esforço axial proveniente das
ligações é muito alto podendo ser melhor dimensionadas com aço inoxidável, fato
que motiva uma melhor investigação do seu comportamento.
Tendo em mente esta limitação encontrada no Eurocode 3, o principal
objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de ligações aparafusadas em
estruturas de aço submetidas a esforço axial de tração fora deste limite, determinado
pela norma.
Sendo assim, foram comparados os comportamentos de dois tipos de
ligações aparafusadas sendo uma constituída de aço carbono e outra de aço
inoxidável. Para tanto foram realizados nove ensaios de ligações, sendo que seis em
aço carbono e três em aço inoxidável.
A concepção geométrica dos ensaios bem como a instrumentação dos
mesmos, para aquisição dos dados no sistema de aplicação de carga, são
inovadoras, onde não se encontrou nenhuma referência similar na literatura.
O sistema de aquisição de dados através da construção de células-de-carga
no próprio ensaio se mostrou-se bem eficiente, e a disposição dos extensômetros
também se mostrou-se capaz tanto na captura de dados quanto na sua utilização na
comparação entre si e outros ensaios.
Um dos problemas verificados na leitura das cargas aplicadas foi a utilização
de chapas base mais finas, proporcionando desvio de leituras maiores. Isso não
inviabilizou a sua utilização, pois sua validade foi verificada, através da comparação
dos valores apresentados pelas duas células-de-carga e também pelo valor
analógico lido da máquina de tração, que foi aferido antes da realização dos
ensaios.
Por fim, utilizou-se um LVDT (transdutor linear variável diferencial) conectado
a este sistema de aquisição de dados possibilitando a leitura do deslocamento da
ligação aparafusada, tornando ainda mais precisos os resultados aferidos.
143

6.2 Conclusões

A comparação de resultados mostrou-se efetivamente útil na visualização dos


comportamentos apresentados pelos ensaios com mesmas características
geométricas. A análise dos resultados obtidos nos ensaios das ligações
aparafusadas constituídas de aço carbono permitiu algumas conclusões importantes
conforme descrito a seguir:
• os valores de carga última, dos ensaios em aço carbono, obtidos através do
Eurocode 3, apresentaram valores coerentes quando comparado com os
obtidos experimentalmente, estando o dimensionamento sempre a favor da
segurança;
• o ensaio com menor valor do parâmetro s em comparação com um outro
maior apresentou uma rigidez inicial maior;
• a configuração da furação Tipo A e a utilização da placa principal mais grossa
provocaram no ensaio E2_CARB_S70_a outro tipo de comportamento na
ligação aparafusada diferente do previsto pela norma, provocando a mudança
no modo de ruptura. Esta ruptura na seção passando por um furo aumentou
para 17% a diferença entre a carga última experimental e a teórica. Isto
mostra que a forma de cálculo prevista no Eurocode 3 deve ser reavaliada.
Entretanto, a norma ainda se mostra eficiente a favor da segurança, por
mostrar uma carga de ruptura 60% menor da encontrada experimentalmente;
• A configuração de furação Tipo A apresentou maior rigidez e uma distribuição
de tensão mais equilibrada no final da ligação aparafusada do que a ligação
Tipo B;
• o menor valor do parâmetro s apresenta uma melhor distribuição força nos
parafusos devido a maior proximidade destes;
• o maior valor do parâmetro s apresenta uma maior resistência, pois
proporciona uma maior área líquida a ser vencida;
• A diminuição da espessura da placa base melhorou a distribuição da carga na
ligação aparafusada constituída de aço carbono, pela sua deformação em
conjunto com a placa de ensaio, aumentando a resistência da ligação.
Para os ensaios das ligações aparafusadas de chapas constituídas em aço
inoxidável, as principais conclusões obtidas foram:
144

• Os ensaios em aço inoxidável apresentaram grandes deformações e grande


capacidade de absorção de energia devido a sua capacidade de encruamento
em função da maior razão entre a tensão última e a tensão limite de
escoamento (fu/fy);
• O modo de ruína e a carga última esperados, através do Eurocode 3
(EUROCODE 3, 2003), para os ensaios da ligação aparafusada constituída
de aço inoxidável, não aconteceram, apresentando experimentalmente
valores de carga última bem superiores aos da norma, estando o
dimensionamento muito a favor da segurança, evitando, com esta carga
inferior de ruptura, o aparecimento de grande deformação, característica
apresentada nos aços inoxidáveis, como mostrado na Tabela 4.3, porém não
contemplando, de uma forma intermediaria a maior capacidade de carga do
aço inoxidável .
Finalmente pela comparação dos ensaios das ligações aparafusadas de
chapas constituídas em aço inoxidável e aço carbono, as principais conclusões
obtidas foram:
• A comparação do comportamento entre as ligações aparafusadas
constituídas por aço carbono e as constituídas de aço inoxidável, onde a
capacidade de ductilidade, caracterizada pela maior razão dos parâmetros
fu/fy do aço inoxidável, mostra uma capacidade de absorção de energia, em
torno de 60% maior, do que o aço carbono;
• A rigidez inicial da ligação aparafusada de chapas constituídas de aço
carbono diminui rapidamente em comparação com a rigidez das ligações
aparafusadas constituídas em aço inoxidável;
• A grande diferença dos valores de Agxfy e Anxfu do aço inoxidável em relação
ao aço carbono, proporciona uma maior capacidade de encruamento com o
aumento de carga apresentando maior resistência na fase plástica e
conseqüentemente maiores cargas últimas.
145

6.3 Trabalhos futuros

Uma das principais dificuldades encontradas na análise dos resultados


experimentais é conseguir extrair a real influência de todos os parâmetros envolvidos
numa ligação aparafusada. Portanto, torna-se viável realizar uma análise através do
método dos elementos finitos que permita uma avaliação do comportamento da
ligação aparafusada através de um modelo mecânico computacional. Para
calibração deste modelo numérico mais ensaios experimentais deverão ser feitos,
utilizando valores de parâmetros diferentes dos utilizados neste trabalho.
Execução de novos ensaios com a utilização de novas configurações de
parafusos, já que neste trabalho, a mudança de configuração da furação apresentou
mudanças significativas no comportamento das ligações aparafusadas. Ensaios com
a utilização de parafusos em aço inoxidável e ensaios com parafusos torqueados
(protendidos).
Considerando que a norma baseia-se na segurança, optando por evitar uma
grande deformação da ligação aparafusada constituída de aço inoxidável, através da
utilização do limite de escoamento da seção bruta como carga última para o cálculo,
uma melhor avaliação da formulação, através de novos ensaios, com análise das
relações entre os diversos parâmetros faz-se necessária, principalmente somando-
se aos dados apresentados neste trabalho de ligação aparafusada constituída de
aço inoxidável e a presença em outros trabalhos.
Outros tipos de ligações, considerando que a espessura é um fator
importante, seria interessante utilizar espessuras de placas diferentes das utilizadas
neste trabalho, pois com isso, ter-se-ia uma gama maior de resultados para estudo
mais aprofundado do comportamento individual das ligações aparafusadas em aço
inoxidável.
Ensaios com cargas cíclicas considerando a capacidade de absorção de
energia demonstrada pela ligação aparafusada constituída de aço inoxidável neste
trabalho, também devem ser avaliados em comparação com as ligações
aparafusadas constituídas de aço carbono.
Finalmente, de posse de mais resultados, torna-se possível a realização de
uma análise paramétrica identificando o efeito de cada um dos parâmetros. A partir
disso, deve-se propor uma nova formulação de dimensionamento a ser inserida em
normas de dimensionamento de estruturas constituídas de aço inoxidável.
REFERÊNCIAS

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Anexo A - CURVAS DOS ENSAIOS
A.1. ENSAIOS INDIVIDUAIS
A.1.1. CURVAS CARGA AXIAL MEDIDA VERSUS DEFORMAÇÃO

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 2
ext 4
100 ext 7
ext 9
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.1 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E1_CARB_S50_a

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200

ext 2
150
ext 4
ext 7
100 ext 9

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.2 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E2_CARB_S70_a


150

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 2
100
ext 4
ext 7
ext 9
50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.3 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E3_CARB_S50

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 2
100 ext 4
ext 7
ext 9
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.4 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E4_CARB_S30


151

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 2
100 ext 4
ext 7
ext 9
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.5 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E5_INOX_S50

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 2
ext 4
100 ext 7
ext 9

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.6 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E6_CARB_S30_P10


152

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 2
ext 4
ext 7
100 ext 9

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.7– Curvas carga versus deformação - Ensaio E7_INOX_S30

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 2
100
ext 4
ext 7
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.8 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E8_CARB_S50_P8


153

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200
ext 2
ext 4
150 ext 7
ext 9
100

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.9 – Curvas carga versus deformação - Ensaio E9_INOX_S23

A.2. CURVAS COMPARATIVAS


A.2.1. CURVAS CARGA VERSUS DEFORMAÇÃO

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100

ext 8 E1 c 50
50
ext 8 E2 c 70
ext 3 E2 c 70

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.10 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2


154

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200

150 ext 7 E1 c 50
ext 7 E2 c 70
100 ext 9 E1 c 50
ext 9 E2 c 70

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.11– Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200 ext 2 E1 c 50
ext 2 E2 c 70
150 ext 4 E1 c 50
ext 4 E2 c 70
100 ext 7 E1 c 50
ext 7 E2 c 70
ext 9 E1 c 50
50
ext 9 E2 c 70

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.12 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E2


155

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 3 E2 c 70 a
ext 3 E3 c 50
ext 3 E4 c 30
100

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.13 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 8 E1 c 50 a
ext 8 E2 c 70 a
100
ext 8 E3 c 50
ext 8 E4 c 30
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.14 –Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4


156

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200

150 ext 4 E1 c 50 a
ext 4 E2 c 70 a
100 ext 4 E3 c 50
ext 4 E4 c 30

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.15 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200

150 ext 7 E1 c 50 a
ext 7 E2 c 70 a
100 ext 7 E3 c 50
ext 7 E4 c 30

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.16 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4


157

400

350

300
Carga axial medida (kN)

250

200

150 ext 9 E1 c 50 a
ext 9 E2 c 70 a
100
ext 9 E3 c 50
ext 9 E4 c 30

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.17 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100
E3_C_50_ext 3
E8_C_50_P8_ext 3
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.18 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8


158

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100 E1_C_50_ext 8
E3_C_50_ext 8
E8_C_50_P8_ext 8
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.19 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100 E1_C_50_ext 2
E3_C_50_ext 2
E8_C_50_P8_ext 2
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.20 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8


159

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100 E1_C_50_ext 4
E3_C_50_ext 4
E8_C_50_P8_ext 4
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.21 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1, E3 e E8

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100
E1_C_50_ext 9
E3_C_50_ext 9
50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.22 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E1 e E3


160

250

200
Carga axial medida (kN)

150

100 ext 3 E3 c 50
ext 3 E4 c 30
ext 3 E6 c 30 P10
ext 3 E8 c 50 P8
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.23 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 8 E3 c 50
ext 8 E4 c 30
100
ext 8 E6 c 30 p10
ext 8 E8 c 50 p8

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.24 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8


161

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 2 E3 c 50
ext 2 E4 c 30
100 ext 2 E6 c 30 p10
ext 2 E8 c 50 p8

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.25 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 7 E3 c 50
ext 7 E4 c 30
100 ext 7 E6 c 30 p10
ext 7 E8 c 50 p8

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.26 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4, E6 e E8


162

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 9 E3 c 50
100 ext 9 E4 c 30
ext 9 E6 c 30 p10

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.27 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E3, E4 e E6

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100
ext 3 E5
ext 3 E7
50 ext 3 E9

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.28 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7e E9


163

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100

ext 8 E5 I 50
50
ext 8 E7 I 30
ext 8 E9 I 23

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.29 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100

ext 2 E5 I 50
50 ext 2 E7 I 30
ext 2 E9 I 23

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.30 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9


164

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100

ext 7 E5 I 50
50 ext 7 E7 I 30
ext 7 E9 I 23

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.31 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100

ext 9 E5 I 50
50 ext 9 E7 I 30
ext 9 E9 I 23

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.32 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9


165

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 3 E5 I 50
100
ext 3 E7 I 30
ext 3 E9 I 23
ext 3 E3 C 50
50
ext 3 E4 C 30

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.33 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 8 E5 I 50
ext 8 E7 I 30
100 ext 8 E9 I 23
ext 8 E3 C 50
ext 8 E4 C 30
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.34 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4
166

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 4 E5 I 50
ext 4 E7 I 30
ext 4 E9 I 23
100 ext 4 E3 C 50
ext 4 E4 C 30
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.35 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 7 E5 I 50
ext 7 E7 I 30
ext 7 E9 I 23
100 ext 7 E3 C 50
ext 7 E4 C 30
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.36 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4
167

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150 ext 9 E5 I 50
ext 9 E7 I 30
ext 9 E9 I 23
100 ext 9 E3 C 50
ext 9 E4 C 30
50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.37 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E7, E9, E3 e E4

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

100 ext 3 E5 I 50
ext 3 E7 I 30
ext 3 E9 I 23
50 ext 3 E6 C 30 P10
ext 3 E8 C 50 P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.38 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9
168

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 8 E5 I 50
100 ext 8 E7 I 30
ext 8 E9 I 23
ext 8 E6 C 30 P10
50 ext 8 E8 C 50 P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.39 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 4 E5 I 50
ext 4 E7 I 30
100
ext 4 E9 I 23
ext 4 E6 C 30 P10
50 ext 4 E8 C 50 P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.40 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9
169

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150
ext 7 E5 I 50
ext 7 E7 I 30
100
ext 7 E9 I 23
ext 7 E6 C 30 P10
50 ext 7 E8 C 50 P8

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.41 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7, E8 e E9

350

300

250
Carga axial medida (kN)

200

150

ext 9 E5 I 50
100 ext 9 E7 I 30
ext 9 E9 I 23
ext 9 E6 C 30 P10
50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
µε)
µε
Deformação (µε

Figura A.42 – Curvas carga versus deformação - Ensaios E5, E6, E7 e E9


170

Apostila de programação em Labview 8.1.2


Anexo B - Apostila de programação em Labview

Exemplo: Leitura de valores medidos por extensômetros e gravação em programa


Excel

1- Tela Inicial do Labview – Diagrama de Blocos ou Block Diagram

Para iniciar a programação do exemplo, clicar com o botão direito do mouse na tela
e escolher Messurement I/O passar com o mouse em NIDAQ-mx e arrastar o
DAQassist, com o botão esquerdo do mouse pressionado, para a tela do Block
diagram.
Clicando duas vezes com o botão esquerdo do mouse em cima do DAQassist
aparece a tela abaixo:
171

Clicar em Acquire Signals, pois o programa vai ler os sinais emitidos pelos
extensômetros
Aparece a tela abaixo:

Clicar em analog input

Como o exemplo é de estensômetros para ler deformações, clicar com o botão


esquerdo do mouse em strain.
172

Escolher a placa de entrada, no caso SCXI-1521B, na qual esta ligada os


estensômetros e clicar no sinal de mais.

Selecionar as portas de entrada de dados, já configurada nos cabos.


Clicar em Finish.

2- Neste momento de configurar as características do strain gage (extensômetro).


173

Selecionar novamente os dois estensômetros para fazer somente uma única


configuração para os dois, pois tem a mesmas caracteristicas.

Signal input Range – configura os limites de leitura. A menos que saiba os limites,
aceita-se a range de imput inicialmente mostrada, que também pode ser modificada
no meio das leituras aumentando a precisão das leituras diminuindo o ruído. No caso
deixa o range bem aberto para pegar tudo. 50000 strain

Scale Units – unidade que será medida as leituras, no caso strain.

Gage factor - dados fornecidos pelo fabricante do strain gage.

Gage Resistence - dados fornecidos pelo fabricante do strain gage.

Initial Voltage – Voltagem inicial. Se o aparelho de leitura tiver uma voltagem inicial
coloca-se ela aqui, no caso os estensômetros não tem.

Vex Source - se vai utilizar excitação externa ou a interna produzida pelo strain gage
ou nenhuma, no caso interna.

Vex value - valor da excitação. Não mexe, pois ela é interna.


174

Strain configuration - tipo de strain gage utilizado, no caso medindo a deformação


numa só direção.

Load resistence – medir a resistência do fio que transposta os dados. Se ele for
muito longo tem que ser medida e colocado o valor neste campo.

Custon Scaling - configurar a escala a ser utilizada, a principio deixar sem escala
determinada. No caso lerá na unidade strain já pré-determinada.

Timing setting – Os dados serão adquiridos por um determinado número de leituras


feitas em determinada freqüência no caso em tela no período de 0,1 segundos, pois
serão 100 leituras num período de 1000 Hz.

Aquisition Mode - continuous mode. Para fazer um looping nas leituras.

2.1 - Calibrando os estensômetros

Selecionar a pasta device e após clicar com botão esquerdo em strain calibration

Configurar o extensômetro
175

Informações já determinadas pelo tipo de extensômetro escolhido anteriormente.


Clicar em next.

A tela apresenta as medidas iniciais apresentadas pelos estensômetros colados.


Uma má colagem demonstraria valores altos, porém estes apresentados são baixos
mostrando que foram bem colados na peça a ser analisada.

No caso o extensômetro 0 apresenta um erro de leitura de 51,9%


Aperta Calibrate, para zerar os erros e obter as leituras de deformação apresentada
pela peça.
176

Clicar em finish, pois os erros foram zerados.


Agora Clicar no ok, para continuar configurando nosso Diagram block

O programa pergunta se quer mesmo que ele próprio configure o looping a ser
executado. Clica OK
E aparece a tela abaixo, com o ícone do assistente de aquisição de dados
177

Configurar o botão do stop para parar o looping quando for necessário.


Eliminar as linhas clicando sobre elas e deletando e ligar com a figura carretel
aparecendo e pressionando o botão esquerdo do mouse e arrastando criar uma
linha até o stop.

Com o botão esquerdo em cima do ícone converter para NIDAQ-mx code.


Em Tools acesse Measurement acesse o último DAQ assist x rename a tarefa para
apostila
178

Salve o programa com um nome apostila.

Em Tools acesse Measurement acesse o último DAQ assist x (último) rename a


tarefa para apostila. Seguir os seguintes passos:
179

Para arrumar o programa retirando a janela de erro e com o botão direito do mouse
em cima do canal tarefa criar uma constante para entrada de dados da tarefa
apostila criada anteriormente.

O programa criado já gerou uma janela gráfica para acompanhar as diversas leituras
feitas graficamente pelos extensômetros no painel frontal, que pode ser visto ao
clicar em windows e selecionar a sua visualização.

A programação para a leitura dos dados foi criada, agora pode-se novamente ajeitar
o range para melhor visualizar os valores de leitura graficamente.

Clicar com o botão esquerdo nos valores extremos se consegue mudar o fundo de
escala.
180

Outra mudança que pode ser feita é no diagrama de blocos mudar a quantidade de
leituras no período de 1000Hz.
3 - Preparando o programa para tratar e organizar a saída de leituras.

Separar as leituras, através de uma matriz ir no Programing/array/index array, agora


indexar, através da criação de uma constate.
Pegar a forma de curva computando os seus valores, separando e indexando,
através da waveform retirada de programing/waveform/ get waveform components.
No block diagram colocar um controlador de valores, escolhendo o valor principal
através da janela mathematics/prob & statist. Posicionar o controlador mean, que
dará o valor principal ou a média das leituras.
181

Criar um for loop para fazer várias leituras repetidas vezes.

E para identificar as entradas separadamente será criado um array size na entrada,


para que as várias leituras sejam ordenadas.

Criando a mesma estrutura gerada no primeiro looping, para ler os principais valores
de cada entrada.

Deve-se então desabilitar o indexador, pois no for loop já existe este indexador
necessário no index array.

Criar o shift register para passar dados da atual interação para a próxima interação.

Acumulando os dados num insert array.

Criar uma constante e aumentar para duas saídas promovendo a relação com o
array do for loop
182

Criar um contador numérico de leituras que vai aparecer no painel frontal

4 - Criar a tabela do Excel.

Pegar os dados acumulados e faz-se uma transposição de dados duas vezes


No programing array pegar o transpose 2d array e colocar em seqüência os dois.

No programing selecionar string e depois no string/number selecionar o number to


fractional string para definir o tamanho do número e sua precisão que irá sair na
tabela do Excel.

Criar um cotrolador de transpose array e fazer change to indicator para poder se


conectar com a linha de dados e mostrar no painel frontal a matriz transposta.
183

Através do help se encontra os exemplos de VIs no NI example finder é escolhido


write table to xl.VI depois de aberto salvar com o nome de tabela Excel apostila nos
meus documentos. Após salvar arrastar o ícone para a ligação final
Seleciona a tabela do table Excel apostila e copia para dentro do loop e fazer
change to indicator para poder se conectar com a linha de dados e mostrar no painel
frontal.

5 - Gravar os dados em um arquivo de dados .dat

No endereço C\ National Instruments\Labview 8.2\vi.lib\Utility\file.llb\write to


spreadsheet file.vi colocar o icone ou mais fácil pegar do file I/O write to spreadsheet

Criar uma condição de verdadeiro ou falso, que pode ser formatada no painel frontal.
Criar uma formatação dos resultados através do string constat no formato de 9
dígitos.
E gerar um path com endereço aonde os dados serão guardados e colocar fora do
loop.
184

Criar um botão que para todo o ciclo e nos mostre os valores lidos.
Dentro de um loop será colocado o controlador de verdadeiro ou falso comum botão
de stop criado através de replace bolean

6 - Criar um gráfico com as leituras geradas

Create a indicator e desabilita o formato ícone para transportar as leituras para


outras área do loop para construir o gráfico

E criar uma variável local em outro lugar do loop para construir os comando de
formação do gráfico
185

Criar então dois index array através da palete de array e change to read

No programing cluster e colocar um bundle para separar em ordenada e abcisa as


leituras

Acessar front panel e criar um gráfico xy e ligar no boundle

Criar um tab control para melhorar a aparência do painel frontal

Tela final de diagrama de blocos.

Esta pronta a programação para leitura de deformações fornecida por


extensômetros colados ao ensaio e gravar estas leituras em planilha Excel. Pode-se,
ainda, criar mais dois controladores neste programa: um para a leitura de carga e
outro para leitura de deslocamento feita através de placas de capturas específicas.

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