Comunicar-Se Com Amor - Aula Do Instituto

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ineficaz é um dos dez maiores empecilhos para a satisfação conjugal. Oitenta e dois por
cento dos casais desejavam que o cônjuge externasse os sentimentos com mais fre-
qüência. Outras respostas relacionadas à comunicação, embora não figurem na lista das
dez maiores dificuldades, também foram muito citadas: 75 por cento das pessoas
tinham dificuldade para perguntar ao cônjuge o que ele deseja, 72 por cento não se sen-
tiam compreendidas, 71 por cento disseram que o cônjuge não discutia problemas ou
dificuldades com o outro e 67 por cento disseram que o cônjuge fazia comentários que
as magoavam.3 O estudo também revelou a “comunicação satisfatória” como o princi-
pal indicador de um casamento feliz.4

Enternecer o Coração
Os casais fazem o máximo progresso na melhora de suas habilidades de comunicação
quando têm um coração contrito e a disposição de perdoar e pedir perdão. As pessoas
podem enternecer o coração a despeito do que o cônjuge decida fazer.
Victor Cline, psicólogo e membro da Igreja, observou: “Verifiquei, em trinta anos
de aconselhamento conjugal, que aprender novas técnicas de comunicação, assistir a
seminários sobre técnicas de relacionamento ou ler todos os melhores livros sobre o
assunto não ajudam a curar as feridas conjugais, a menos que as pessoas envolvidas
desenvolvam um espírito contrito ou sintam o coração enternecer-se. Esse abranda-
mento do coração precisa acontecer, por via de regra, em ambos os cônjuges, mesmo
que o principal culpado pelos problemas seja um deles. Embora nunca se possa for-
çar um cônjuge a mudar, você pode mudar. Você pode optar por amar e perdoar a des-
peito de tudo mais que venha a acontecer. O resultado, em geral, será uma
modificação na atitude e comportamento do cônjuge também”.5
As escrituras sugerem que a maneira de uma pessoa comunicar-se está relacionada
ao tipo de pessoa que é. Jesus ensinou: “O que sai da boca, procede do coração”
(Mateus 15:18). Tiago declarou em sua epístola: “Se alguém não tropeça em palavra,
o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tiago 3:2). Melhorar
a comunicação pode exigir mudanças fundamentais no caráter, no modo de pensar,
nos sentimentos, no comportamento. Como seguidores de Cristo, procuramos ser
como Ele, conforme Sua diretiva ao ensinar os discípulos nefitas: “Que tipo de homens
devereis ser? Em verdade vos digo que devereis ser como eu sou” (3 Néfi 27:27).

MELHORAR A COMUNICAÇÃO
As recomendações a seguir ajudarão os casais a melhorar a comunicação em seu casa-
mento.

Eliminar as Palavras Destrutivas


Durante mais de vinte anos, o psicólogo John Gottman estudou as interações entre
casais. Identificou quatro problemas de comunicação que tendem a destruir o casa-
mento:
• Criticar: “Atacar a personalidade ou caráter de alguém, (...) em geral atri-
buindo culpa”.
• Desprezar: Insultar ou rebaixar o cônjuge; indicar por palavras ou atos que o
considera “estúpido, repulsivo, incompetente, um perfeito idiota”.
• Ficar na defensiva: Ficar sempre na defensiva diante de reclamações, críticas
ou desdém apresentando desculpas, negando, discutindo, queixando-se ou
jogando o problema nas costas do cônjuge, em vez de tentar resolvê-lo.

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• Isolar-se: Afastar-se física ou emocionalmente do outro quando ocorrer um


desacordo, tornando-se uma parede intransponível.6
Alguns maridos e mulheres, sem se darem conta, dizem e fazem coisas que os
impedem de compartilhar e escutar. Os maus hábitos tornam-se profundamente
arraigados após anos de repetição e reforço. Às vezes, os problemas são mais profun-
dos e envolvem cônjuges que obstruem intencionalmente a comunicação por causa
da ira, pensamentos negativos, frustração pessoal, malícia ou indiferença. Pode ser
que esses casais precisem de auxílio eclesiástico e profissional para resolver seus pro-
blemas. Se os cônjuges se depararem com obstáculos de comunicação em seu relacio-
namento, devem examinar sua maneira de falar um com o outro e o motivo pelo qual
falam assim e resolver quaisquer problemas subjacentes.
Além de eliminar formas de comunicação destrutivas, os cônjuges devem aumentar
a comunicação positiva. “[A] proporção mágica é de 5 para 1”, afirmou Gottman.
Quando sentimentos e interações positivos ocorriam cinco vezes mais do que as inte-
rações e sentimentos negativos, “era provável que o casamento permanecesse estável”.7
Em seu estudo, Gottman verificou que os cônjuges satisfeitos e felizes eram mais
positivos um com o outro. Essas pessoas interagiam de modo positivo:
• Demonstrando interesse pelo que o cônjuge tinha a dizer;
• Sendo afetuosos por meio de atos de ternura, andando de mãos dadas e exter-
nando amor;
• Mostrando atenção com gestos carinhosos como pequenos presentes ocasio-
nais e telefonemas;
• Demonstrando e externando gratidão, elogiando e manifestando orgulho pelo
cônjuge;
• Mostrando que se importavam quando o cônjuge estava com problemas;
• Tendo empatia, mostrando que compreendiam e sentiam o que o cônjuge
estava sentindo;
• Sendo tolerantes, mostrando ao cônjuge que aceitavam e respeitavam o que
dizia, mesmo quando discordavam;
• Brincando e divertindo-se juntos, sem serem ofensivos;
• Externando alegria quando estavam entusiasmados ou contentes.8
Embora o objetivo maior seja eliminar totalmente a negatividade, os cônjuges
devem tentar, nesse ínterim, aumentar as interações positivas e diminuir as intera-
ções negativas.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
IDENTIFICAR AS FORMAS DE INTERAÇÃO
Peça aos participantes que façam o seguinte:
• Estimem o quociente de interações positivas e negativas com o cônjuge;
• Vejam se o cônjuge concorda com o quociente estimado de interações positivas e
negativas, a menos que sintam que isso crie um conflito;
• Descubram o que o cônjuge considera interações positivas típicas e anotem quais
são elas;
• Escrevam quaisquer formas de comunicação destrutivas às quais eles se entreguem
ocasionalmente, como criticar, desprezar, ficar na defensiva e isolar-se.

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Reconhecer e Aceitar as Diferenças


Algumas pessoas se comportam como se acreditassem que seu cônjuge deve pensar
e agir exatamente como eles. Se os cônjuges reconhecerem, aceitarem e apreciarem
suas diferenças, serão mais compreensivos e atentos às necessidades e modo de agir
um do outro.
Muitos livros e artigos populares e acadêmicos já foram escritos sobre as diferen-
ças entre os homens e as mulheres, principalmente sobre os estilos e modos de comu-
nicação. Na verdade, duas pessoas — sejam elas quais forem — podem diferir de
modo significativo entre si. Alguns escritores e professores afirmam que as mulheres
dão mais valor à interdependência, à ligação com os outros e à cooperação e que lidam
com os problemas tentando chegar a um consenso, escutando, fazendo perguntas,
externando sentimentos e citando seus próprios problemas. Essas pessoas afirmam,
por outro lado, que os homens tendem a dar maior valor à independência, liberdade,
status e autoridade e que lidam com os problemas agindo para resolvê-los, dando
conselhos, tranqüilizando e achando soluções.
Embora esses livros e artigos sejam interessantes e costumem ter sucesso, as dife-
renças descritas variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Tendências
sociais, criação familiar e a atividade profissional influenciam a maneira de pensar e
comunicar-se das pessoas, bem como sua forma de relacionar-se com os outros.
O marido e a mulher devem entender que o cônjuge é uma pessoa que tem formas
diferentes de comunicar-se. Essas diferenças não precisam ser um empecilho; uma
diferença de comunicação ou um modo diferente de reagir a determinada situação
pode tornar-se um ponto forte num relacionamento conjugal.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
COMPREENDER DIFERENTES ESTILOS DE COMUNICAÇÃO
A fim de ajudar os casais a desenvolver uma melhor compreensão dos diferentes esti-
los de comunicação, peça-lhes que tenham uma conversa baseada “apenas nos sen-
timentos” durante dois ou três minutos (abordando problemas por meio do consenso,
da escuta, de perguntas, da expressão de sentimentos e da revelação de seus próprios
problemas). Em seguida, peça-lhes que conversem, durante dois ou três minutos, num
estilo voltado para as soluções (dando conselhos, tranqüilizando, achando soluções,
agindo). O assunto pode ser um problema neutro real ou imaginário, não uma ques-
tão que venha a desencadear conflitos entre os cônjuges.
Discuta com os alunos para ver se tiveram dificuldade para adotar um dos estilos de
comunicação. Peça a cada um que descreva por escrito seu próprio estilo de comuni-
cação e o do cônjuge. Em seguida, peça-lhes que mostrem um ao outro suas obser-
vações sobre o estilo e conversem para ver se estão de acordo.

Identificar Pensamentos Destrutivos


As pessoas terão dificuldade para comunicar-se de maneira positiva se tiverem pensa-
mentos negativos sobre seu cônjuge. Os pensamentos negativos tendem a ser distorci-
dos; as pessoas costumam superestimar seus pontos fortes e ao mesmo tempo
concentrar-se nas fraquezas do cônjuge. Os alunos podem começar a corrigir quaisquer
pensamentos distorcidos que tiverem combatendo-os, procurando evidências de que são
inexatos, mudando a perspectiva sobre as atitudes questionáveis do cônjuge e conside-
rando que pode haver boas intenções por trás de seu comportamento. Também podem
orar para que o Senhor os ajude a ver o cônjuge como Ele o vê. Às vezes, quando um

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cônjuge é bondoso e gentil ao falar com o outro, ambos desenvolvem pensamentos e


sentimentos positivos.
Gottman verificou que, ao terem pensamentos destrutivos, as pessoas tendem a
sentir-se vítimas ou ter acessos de indignação; esses pensamentos podem ocorrer
separadamente ou em conjunto.9 As pessoas que se sentem vítimas do cônjuge ten-
dem a ter medo dele; sentem-se acusadas injustamente, maltratadas ou desvaloriza-
das. Algumas sentem tanto medo que não se atrevem a defender-se. Sentem que têm
justificativa para sentir-se vítimas e usam essa condição como desculpa para eximi-
rem-se da responsabilidade de salvar seu casamento.10
As pessoas que se sentem injustiçadas desenvolvem “hostilidade e desprezo” pelo
cônjuge que os magoou. Acham que sua ira é justificável e às vezes querem vingar-
se. As pessoas que se sentem magoadas ou iradas em geral não estão dispostas a usar
boas modalidades de comunicação. Não consideram importante escutar nem tentar
compreender.11
Embora seja aceitável que as pessoas levem em conta suas próprias necessidades no
casamento, alguns maridos e mulheres são egocêntricos e põem em primeiro lugar
sua autogratificação. Podem culpar os outros, em vez de aceitarem a responsabilidade
pelos problemas ou mentir sobre seus atos ou negá-los. Podem desprezar ou humi-
lhar o cônjuge por ele não estar à altura de suas expectativas egoístas.
Às vezes as pessoas se sentem tão oprimidas por sua própria negatividade ou a do
cônjuge que se tornam hostis, ficam sempre na defensiva ou se isolam e se fecham.
Então, a comunicação construtiva se torna quase impossível.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
IDENTIFICAR PENSAMENTOS DESTRUTIVOS
Peça aos participantes que reflitam a fim de verificar se têm pensamentos e sentimen-
tos negativos que diminuam seu desejo e capacidade de trabalhar juntos pela melhora
de seu casamento. Caso tenham esse tipo de pensamentos, peça que elaborem um
plano para eliminá-los, aplicando as sugestões dadas acima conforme a necessidade.
Alguns cônjuges talvez precisem discutir seus sentimentos a fim de resolvê-los. Se acha-
rem que podem discuti-los sem entrar em contenda ou conflito, sugira que marquem
uma hora e local durante a semana com esse objetivo. Do contrário, pode ser que
tenham de esperar até adquirirem melhor capacidade de comunicação e resolução de
problemas. Oriente os casais a pensar na possibilidade de buscar aconselhamento
profissional, caso os pensamentos negativos pareçam excessivos e se esses pensa-
mentos referirem-se a problemas sérios no relacionamento.

Usar Boas Técnicas de Comunicação


Os cônjuges podem praticar e consolidar técnicas que os ajudarão a comunicar-se
melhor. Ao substituírem velhas formas destrutivas de comunicação por maneiras
novas e melhores de relacionamento, criam um melhor ambiente que pode conduzir à
mudança de coração descrita no início desta sessão. Contudo, a comunicação bem-
sucedida envolve riscos. Quando os cônjuges abrem os canais de comunicação, come-
çam a sentir-se mais seguros para expressar-se em assuntos sensíveis que tinham
receio de abordar antes. Podem surgir diferenças e conflitos. No entanto, a dor que
resulta disso costuma ser temporária. As feridas da relação começam a sarar quando
os cônjuges conseguem compreender e aceitar os sentimentos um do outro. Ao chega-

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rem ao ponto de discutir problemas subjacentes com tato e sensibilidade, os cônjuges


serão capazes de resolver os problemas.
As sugestões a seguir ajudarão os casais a melhorar a comunicação.
Mostrar-se interessados e atenciosos quando o cônjuge estiver falando. As pes-
soas podem demonstrar de modo não-verbal que se interessam mantendo contato
visual — sem encarar — e prestando atenção em vez de mostrarem-se distantes ou
entediados.
Quando um cônjuge estiver perturbado e precisar conversar, o outro deve deixar de
lado seus interesses pessoais e escutar. Se outras obrigações o impedirem, o casal deve
combinar para continuar o diálogo logo que possível. Ao ouvirem-se mutuamente,
os cônjuges devem estar atentos a sua própria linguagem corporal e mostrar que
estão escutando ao fazerem sinais com a cabeça ou dizerem “Entendo”, “Hmm hmm”
e assim por diante. O Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze, aconselhou-nos:
“Reservar tempo para conversar é essencial para manter intactas as linhas de comu-
nicação. Como o casamento desempenha um papel primordial na história de nossa
vida, merece o horário nobre!”12
Fazer perguntas. Um cônjuge pode convidar o outro a exprimir-se fazendo per-
guntas como: “Parece que há algo que o perturba. Gostaria de falar a respeito?”
Alguns cônjuges tentam evitar conflitos e hesitam antes de dizer o que pensam e
sentem, temendo provocar desentendimentos. Por esse motivo, não tratam de assun-
tos sensíveis. Todavia, é pouco provável que os sentimentos mudem a menos que
sejam discutidos. O cônjuge pode ajudar o outro a tocar nesses assuntos delicados
fazendo perguntas sobre seus pensamentos e sentimentos com o desejo genuíno de
compreender seu ponto de vista. Quando um compreende a perspectiva do outro,
ambos podem começar a empenhar-se juntos para achar soluções.
Ouvir ativamente. Os bons ouvintes reformulam de vez em quando aquilo que
ouvem. Ao fazerem-no, demonstram interesse e o desejo de compreender a mensagem
do interlocutor. Caso tenham entendido mal, o outro poderá esclarecer.
Os cônjuges podem dizer: “Deixe-me reformular o que acho que você disse para ter
certeza de que compreendi corretamente”. (Por exemplo: “Você está magoada porque
não conversei com você antes de comprar o sofá. Sentiu-se excluída e ignorada. É isso
mesmo?” ou “Você acha que quebrei nossa regra de sempre tomarmos decisões
importantes juntos quando comprei o sofá e isso a magoou. Entendi bem?”) As pes-
soas podem repetir o que entenderam do que o outro quiz dizer até que seu interlo-
cutor chegue à conclusão que foi compreendido. Os ouvintes não devem inserir seus
próprios preconceitos para passarem uma mensagem. Devem aceitar os pensamentos
e sentimentos do outro, em vez de criticá-los ou julgá-los.
Expor as intenções. Ao abordarem um assunto difícil, as pessoas podem primeiro
identificar e expor suas intenções — o que querem para o relacionamento, para o côn-
juge e para si mesmas. Se suas intenções forem boas, o cônjuge compreenderá que
pretendem resolver problemas, não criticar ou reclamar.
Quando surgem problemas no casamento, a pessoa que se sente atingida pode às
vezes externar apenas sentimentos negativos ou usar formas de comunicação des-
trutivas como criticar, desprezar, ficar na defensiva ou fechar-se. Esse tipo de com-
portamento tende a prejudicar a relação, levando o cônjuge a sentir-se rejeitado,
inaceitável, humilhado, triste, magoado ou irado. Um método melhor é os cônjuges

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abordarem um problema com a idéia de que o resolverão, em vez de apenas reclama-


rem a respeito. Portanto, podem começar expondo sua intenção de resolver o pro-
blema. Por exemplo: “Quero que saiba que o amo e que valorizo imensamente nossa
relação. Há um problema que precisamos discutir. Desejo que o solucionemos a fim
de continuarmos a nos sentir próximos e de bem um com o outro”.
Usar frases na primeira pessoa do singular. As pessoas devem usar frases com
o pronome “eu” quando estiverem aborrecidas, em vez de construí-las usando o
outro como sujeito.
Uma frase na primeira pessoa do singular externa sentimentos pessoais e explicita
as razões por trás deles (por exemplo: “Fico chateado quando o aluguel não é pago
em dia e quando os gastos não são lançados no canhoto do talão de cheques”), em
vez de jogar a culpa nas costas do cônjuge. As frases com o pronome “eu” mostram
ainda que assumimos a responsabilidade pelos sentimentos pessoais (por exemplo:
“Estou irritado” em vez de “você me irrita”).
As frases com “você” pressupõem julgamento e costumam transmitir informações
distorcidas sobre o cônjuge (por exemplo: “Você é preguiçoso” ou “Você nunca limpa
o que suja”). As frases com “você” são um convite ao ressentimento, a posturas
defensivas e à retaliação.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
USAR TÉCNICAS DE ESCUTA E FRASES
NA PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR
Esta atividade usa a dramatização para ensinar técnicas de escuta e de uso das frases
na primeira pessoa do singular. Peça a cada casal que escreva a palavra palco num
pedaço de papel e decida quem falará e quem ouvirá. A pessoa que falará deve segu-
rar o papel e “ser o emissor”. Use a situação abaixo ou invente uma para este exercí-
cio. Instrua os casais a evitar questões pessoais até terem mais tempo e experiência.
O emissor começa a falar e deve usar frases na primeira pessoa do singular (“eu”)
para abordar a questão, em vez de frases com “você”. Deve fazer comentários curtos,
a fim de que o receptor possa parafraseá-los. O receptor não deve interromper a pes-
soa que fala nem mostrar que discorda enquanto ela se exprime.
A meta é compreender plenamente o ponto de vista do emissor. Se o receptor não
entender o que o outro está dizendo, deve fazer perguntas para receber informações
adicionais. Depois que a pessoa expressar seus sentimentos e o receptor as parafra-
sear corretamente, peça a cada casal que inverta os papéis. O processo descrito
acima deve então ser repetido. O receptor passa a falar e agora pode externar seu
ponto de vista.
Depois que o marido e a mulher desempenharem ambos os papéis, peça-lhes que
falem de suas experiências.
SITUAÇÃO
Um casal está preocupado porque seus filhos não estão aprendendo um comporta-
mento responsável. Embora haja tarefas atribuídas designadas a eles, a louça fica por
lavar, os quartos permanecem desarrumados, as camas por fazer, o trabalho no quintal
é ignorado e assim por diante. A esposa gostaria de que o marido tomasse mais inicia-
tiva no trato com os filhos para garantir o cumprimento das designações. O marido
trabalha de 50 a 70 horas por semana e sente que a esposa deve exigir menos dele e
despender mais tempo com os filhos. Ela passa mais tempo em casa que o marido, mas
tem um emprego em tempo parcial e um chamado de responsabilidade na Igreja.

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Não ficar na defensiva e concordar com a verdade. As pessoas devem concor-


dar com o que for verdade ao receberem críticas ou acusações. Quando assumem a
responsabilidade por seus erros, podem acalmar as discussões e aumentar sua credi-
bilidade. Caso neguem a verdade, tenderão a intensificar os problemas e se mostrarão
fracos e culpados.
Gottman afirmou que a tendência de ficar na defensiva é uma das mais perigosas
formas de comunicação destrutiva. Observou que “pode conduzir a espirais intermi-
náveis de negatividade”. Ficar na defensiva inclui negar responsabilidade, lançar mão
de desculpas, discordar, criticar, atacar, ser cínico ou sarcástico e lamentar-se.
A atitude contrária consiste em assumir responsabilidade, reconhecer os erros, bus-
car soluções para os problemas, concordar sinceramente para efetuar mudanças e
reconhecer respeitosamente os sentimentos do cônjuge. Gottman observou que os
cônjuges que aprendem a não ficar na defensiva quase sempre melhoram seu casa-
mento: “A tática mais importante para pôr fim à postura defensiva na comunicação
é decidir ter um estado de espírito positivo em relação ao cônjuge e reintroduzir os
elogios e a admiração no relacionamento”.13
Ao concordarem com a verdade e aprenderem a comunicar-se sem ficar na defen-
siva, as pessoas podem lembrar-se da eficácia de simplesmente dizerem: “Desculpe”.
Um pedido sincero de perdão diminui os conflitos e abranda a ira e a discórdia.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
NÃO FICAR NA DEFENSIVA E CONCORDAR COM A VERDADE
Esta atividade usa a dramatização para ensinar a técnica de comunicar-se sem ficar na
defensiva e concordar com a verdade. Peça aos casais que usem uma das situações
abaixo ou criem uma. A situação não deve relacionar-se a um problema real de seu
casamento. Durante a encenação, eles podem decidir quem vai enviar a mensagem e
quem a receberá. O emissor deve dizer algo ligeiramente crítico ou agressivo, como:
“Sinto-me traída quando você vai jogar golfe escondido”. O receptor deve praticar
formas de responder sem ficar na defensiva, concordando com qualquer verdade que
for dita. Após alguns minutos, os cônjuges devem inverter os papéis. O emissor deve
observar qual é a sensação de assumir responsabilidade, e o receptor deve observar
qual é a sensação de reconhecer a imperfeição ou a conduta errada. Em seguida,
peça aos casais que discutam sobre a experiência.
SITUAÇÃO A
Uma esposa acaba de saber por meio de um amigo que seu marido têm jogado golfe
à tarde, quando lhe garantira estar fazendo horas extras no trabalho. Ela descobriu que
ele guarda sua bolsa com o material de golfe no porta-malas do carro. Ela sente-se
traída, pois ele mentiu para ela. A atitude dele é: “Por que isso a aborrece ou magoa?
Sempre fui um marido responsável”.
SITUAÇÃO B
Um marido fica incomodado porque a esposa, que vende cosméticos, passa muitas
horas visitando os clientes. Quando ela está em casa, continua o trabalho por telefone.
Ele sente-se rejeitado e solitário. Acusa-a de cuidar mais do trabalho do que dele.
Segundo ela, o contato social é muito importante para ela e para o seu trabalho.

Elogiar honestamente. Os elogios sinceros melhoram a comunicação e ajudam as


pessoas a sentir-se bem. Como Gottman sugeriu, “o fato de relembrar o cônjuge (e você
mesmo) que você o admira muito, costuma ter um impacto vigoroso e positivo sobre
o restante da conversa”.14 Esses elogios fortalecem o relacionamento.

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Expressar as preferências com clareza. A escritora Susan Page observou que


alguns cônjuges passam anos sem externar suas preferências ou expectativas.15
Algumas expectativas são simples, como levar o lixo para fora de casa ou tirar a mesa
depois do jantar; outras são menos prosaicas. Page sugeriu que as expectativas não
comunicadas podem prejudicar um relacionamento durante anos. Quando suas
expectativas não são atendidas, as pessoas tendem a sentir-se decepcionadas, frustra-
das e iradas, mesmo que não tenham expressado seus desejos ou anseios. Podem até
acabar por ficar desiludidas com a relação.
Alguns motivos comuns para não externar os desejos e expectativas incluem pen-
samentos como: “Ele deveria saber o que quero”; “Ela vai achar que estou criticando”;
“Devo contentar-me com o que tenho” ou “Nunca vou ter mesmo o que desejo, então
por que pedir?” Contudo, ao pedirem o que desejam, as pessoas mostram que assu-
mem responsabilidade no relacionamento. O processo de pedir costuma fortalecer o
relacionamento. Mesmo que um pedido não seja atendido ou crie um conflito, pelo
menos trará à questão à baila. Depois de expressa, poderá ser abordada e por fim
resolvida.16
As pessoas devem usar de bom senso ao pedirem o que desejam, lembrando que
nem todas as solicitações são adequadas. Elas devem:
• Definir mentalmente com clareza o que desejam, antes de fazer o pedido;
• Escolher o momento certo para fazer o pedido. É menos provável que o côn-
juge seja compreensivo se estiver preocupado com outros assuntos;
• Ser específicas; por exemplo, poderiam dizer: “Poderia levar o lixo, por favor?”
em vez de “Eu gostaria que você fosse mais prestativo”;
• Descrever brevemente o pedido sem se desfazer dele como forma de justificá-lo;
por exemplo, poderiam dizer: “Eu gostaria de um beijo de despedida antes de ir
trabalhar”, em vez de, “Sei que é pedir muito e que às vezes você não está total-
mente acordada, mas eu me sentiria melhor se...”;
• Pedir sem fazer exigências. “Você se importaria de...” é uma boa frase introdu-
tória. As pessoas devem entender que o cônjuge tem o direito de dizer não,
principalmente se o pedido for descabido.17
Se o pedido parecer adequado e a pessoa tiver fortes sentimentos a respeito e ainda
assim o cônjuge o negar, o pedido pode ser formulado de outra maneira. Pode ser que
o cônjuge demore para entender o significado e a importância da solicitação.18

Examinar o Modo de Comunicação (Processo versus Conteúdo)


Às vezes os casais dão tanta atenção às questões imediatas, como quem vai pagar as
contas ou levar o lixo, que não reconhecem que a maneira de comunicarem-se (o pro-
cesso) é o maior problema. Tentam sanar problemas de comunicação continuando a
fazer coisas que não funcionam, como gritar, discutir ou repreender. Em vez de aju-
darem a resolver os problemas, essas coisas contribuem para a continuação do con-
flito. Se os cônjuges avaliarem e mudarem seus processos de comunicação,
tornando-os mais eficazes, resolverão melhor os conflitos e ganharão novas perspec-
tivas que culminarão numa melhor interação.
Um casal buscou terapia porque a esposa tinha medo dos acessos de ira do marido.
Durante uma discussão, ele esmurrou a parede do quarto e quebrou parte do reves-
timento de madeira. Na terapia, ele afirmou que jamais faria mal a alguém, ao passo

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que ela afirmava que bater em objetos poderia levá-lo um dia a agredir pessoas.
(Questões de conteúdo.)
Em vez de deixar o casal discorrer indefinidamente sobre a possibilidade de o marido
bater em alguém, o terapeuta voltou a atenção para o modo como eles costumavam
lidar com os desentendimentos, incluindo o atual. A esposa sempre reclamava sobre
problemas que a incomodavam. O marido sentia que ela lhe atribuía a culpa e ficava
emocionalmente esgotado. Sem saber o que dizer, parava de falar e se distanciava. Ela
interpretava o afastamento dele como uma rejeição dos sentimentos dela. Em seguida,
ela seguia-o de um cômodo ao outro, exigindo que dialogasse. Ele acabava explodindo.
Depois que o casal identificou o processo, o terapeuta ajudou-os a mudar sua
maneira de tentar resolver os problemas. A esposa aprendeu a expressar seus senti-
mentos de maneira menos intrusiva, ao passo que o marido aprendeu a ouvir e a res-
ponder de modo adequado aos sentimentos da esposa.

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
EXAMINAR OS PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
Peça aos cônjuges que pensem na maneira como conversam sobre questões penden-
tes, resolvem problemas e influenciam os pensamentos e comportamento um do outro.
Será que discutem os problemas de maneira harmoniosa? Criticam, discutem, recla-
mam, dão lições de moral, ditam ordens ou se fecham em silêncio, submissão ou resis-
tência obstinada? Respondem de modo positivo um ao outro ou ficam na defensiva?
A abordagem usada funciona, ajudando-os a chegar a resultados satisfatórios para
ambos ou apenas cria problemas a mais? Ambos se sentem bem com a maneira pela
qual são discutidos os assuntos? Peça-lhes que discutam como podem melhorar sua
maneira de conversar sobre os problemas de sua relação.

COMUNICAR-SE COM EFICÁCIA


O Élder Marvin J. Ashton, do Quórum dos Doze, indicou como as pessoas podem
aprender uma comunicação mais amorosa: “Oro ao Pai Celestial para que nos ajude
a comunicar-nos com mais eficácia no lar por meio da disposição de fazermos sacri-
fícios, escutarmos, externarmos nossos sentimentos, evitarmos os julgamentos,
resguardarmos as confidências e da disposição de praticarmos a paciência. (...)
A comunicação pode aumentar a união familiar se nos empenharmos e fizermos
sacrifícios para isso”.19

ATIVIDADE DE APRENDIZADO:
MARCAR SESSÕES PRÁTICAS
Peça aos participantes que anotem quais técnicas precisam praticar. Oriente-os a regis-
trar as datas e horários em que vão fazê-lo. Eles devem consagrar mais tempo para
aprender as técnicas que sejam mais relevantes para eles. Instrua-os a continuar prati-
cando até as dominarem. Durante o aprendizado das técnicas, é melhor concentrar a
atenção em questões fictícias ou de menor importância no relacionamento. Se os casais
abordarem grandes problemas, poderão enredar-se em conflitos e não aprenderão as
técnicas a contento.

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NOTAS
1. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
2. “Love Versus Lust”, em Brigham Young University Speeches of the Year (Provo: Brigham Young University,
1962), p. 2.
3. David H. Olson e Amy K. Olson, Empowering Couples: Building on Your Strengths (Minneapolis: Life
Innovations, Inc., 2000), pp. 7, 24. Há mais informações em www.prepare-enrich.com. Não se trata
de um site oficial da Igreja e o fato de ser citado aqui não implica endosso.
4. Empowering Couples, p. 9.
5. “Healing Wounds in Marriage”, Ensign, julho de 1993, pp. 18–19.
6. Why Marriages Succeed or Fail, de John Gottman, Ph.D. Todos os direitos reservados © 1994 por
John Gottman. Reimpresso com a permissão de Simon & Schuster, Inc. NY. Páginas 72–95. Citações
das páginas 73 e 79.
7. Why Marriages Succeed or Fail, p. 57.
8. Why Marriages Succeed or Fail, pp. 59–61.
9. Why Marriages Succeed or Fail, p. 105.
10. Why Marriages Succeed or Fail, pp. 105–107.
11. Why Marriages Succeed or Fail, pp. 107–108.
12. Conference Report, abril de 1991, p. 28; ou Ensign, maio de 1991, p. 23.
13. Why Marriages Succeed or Fail, p. 181.
14. Why Marriages Succeed or Fail, p. 196.
15. The 8 Essential Traits of Couples Who Thrive (New York: Dell Publishing, 1997), p. 152.
16. The 8 Essential Traits, pp. 152–153.
17. The 8 Essential Traits, pp. 157–158, 160–161.
18. The 8 Essential Traits, p. 161.
19. Conference Report, abril de 1976, p. 82; ou Ensign, maio de 1976, p. 54.

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