A Contribuição Da Análise Do Comportamento Aplicada - ABA Na Inclusão de Crianças
A Contribuição Da Análise Do Comportamento Aplicada - ABA Na Inclusão de Crianças
A Contribuição Da Análise Do Comportamento Aplicada - ABA Na Inclusão de Crianças
6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Resumo
Este artigo teve como objetivo - compreender a contribuição da ABA na inclusão de crianças com TEA no ambiente
escolar. O estudo em questão é de natureza qualitativa, do tipo, bibliográfica – narrativa, onde buscou-se realizar um
levantamento bibliográfico na ferramenta digital - Google, tendo como descritores de busca – a importância da ABA
na escola ou a contribuição da ABA na inclusão dos alunos na escola. Posteriormente, foi considerado apenas as
pesquisas que tinham nos títulos as informações compatíveis com objetivo desta pesquisa. Com isso, foi possível
reunir oito pesquisas, sendo seis artigos e dois Trabalhos de Conclusão de Curso. Então, chegou-se à conclusão, por
meio desse levantamento que, as pesquisas encontradas reforçam sobre a contribuição da ABA no ambiente
educacional, ao qual vem gerando inclusão. Essa contribuição está relacionada com o desenvolvimento da autonomia
e o desenvolvimento cognitivo da criança autista, como também, da sua participação social. Para tais benefícios, são
necessárias mudanças nas estratégias pedagógicas, como a formação continuada dos professores em ABA, currículo
adaptado e um trabalho em conjunto e bem articulado com todos os profissionais envolvidos no processo de
aprendizagem da criança.
Palavras-chave: Transtorno do espectro autista; ABA; Inclusão.
1
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Abstract
This article aimed to understand the contribution of ABA in the inclusion of children with ASD in the school
environment. The study in question is of a qualitative nature, specifically a bibliographic-narrative type, where a
literature search was conducted using the digital tool - Google, with search descriptors such as "the importance of
ABA in school" or "the contribution of ABA in student inclusion in school." Subsequently, only the research studies
with titles containing information relevant to the objective of this research were considered. As a result, eight studies
were gathered, including six articles and two undergraduate theses. Therefore, through this survey, it was concluded
that the found research studies reinforce the contribution of ABA in the educational environment, which promotes
inclusion. This contribution is related to the development of autonomy and cognitive abilities of autistic children, as
well as their social participation. To achieve these benefits, changes in pedagogical strategies are necessary, such as
ongoing training of teachers in ABA, adapted curriculum, and a collaborative and well-coordinated effort among all
professionals involved in the child's learning process.
Keywords: Autism spectrum disorder; ABA; Inclusion.
Resumen
Este artículo tuvo como objetivo comprender la contribución de ABA en la inclusión de niños con TEA en el entorno
escolar. El estudio en cuestión es de naturaleza cualitativa, del tipo bibliográfico-narrativo, en el que se realizó una
búsqueda bibliográfica en la herramienta digital Google, utilizando descriptores de búsqueda como "la importancia de
ABA en la escuela" o "la contribución de ABA en la inclusión de los alumnos en la escuela". Posteriormente, solo se
consideraron las investigaciones que tenían en sus títulos información compatible con el objetivo de esta
investigación. Como resultado, se recopilaron ocho estudios, incluyendo seis artículos y dos Trabajos de Fin de
Grado. Por lo tanto, a través de este estudio se llegó a la conclusión de que las investigaciones encontradas refuerzan
la contribución de ABA en el entorno educativo, generando inclusión. Esta contribución está relacionada con el
desarrollo de la autonomía y las habilidades cognitivas del niño autista, así como con su participación social. Para
lograr estos beneficios, se requieren cambios en las estrategias pedagógicas, como la formación continua de los
profesores en ABA, un currículo adaptado y un trabajo conjunto y coordinado con todos los profesionales
involucrados en el proceso de aprendizaje del niño.
Palabras clave: Transtorno del espectro autista; ABA; Inclusión.
1. Introdução
A presente pesquisa parte da problemática em que os números da pessoa com deficiência a cada ano vêm sendo
crescente, de acordo com Tokarnia (2019). Em um dado mais recente, registra-se que 8,4% da população brasileira acima de 2
anos (ou 17,3 milhões de pessoas), têm algum tipo de deficiência, segundo o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019. Sobre a especificidade da deficiência, não consta nos registros do órgão (IBGE),
portanto, o que existe, é uma estimativa1 de dois milhões de pessoas que possuem Transtorno do Espectro Autista – TEA no
Brasil, segundo a Câmara dos Deputados (2014).
Considerando a existência da pessoa autista no Brasil, o que as políticas garantem, é o direito de todos a educação
escolar, inclusive a grupos sociais que foram marcados pela exclusão educacional, incluindo a pessoa com deficiência, ao qual
é atestado na Constituição Federal de 1988, no Art. 205 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (Brasil,
1988).
Com esse novo público tendo acesso a escola, são gerados novos desafios, principalmente aos professores e a toda
comunidade escolar, no sentido de possibilitar uma educação inclusiva, que não só permita o acesso, mas consiga incluir o
aluno em sua totalidade, oportunizando uma educação de qualidade, com um currículo adequado, uma boa organização escolar
e uma estratégia pedagógica que atenda as especificidades. Ter esse cuidado é necessário, pois, de a cordo com Jara, Siqueira,
Recaldes, Folmer e Machado (2020, p. 17) “[...] trabalhar com aluno autista é um processo árduo e contínuo e exige do docente
uma disciplina, sensibilidade, um desenvolvimento pedagógico [...]”.
1
Não existe a computação de tais dados, contudo, o IBGE passará a contabilizar o quantitativo da pessoa autista no Brasil (Moreno, 2022) -
2
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Nesse liame, uma das estratégias que vem gerando resultado para o público em questão, segundo as pesquisas
realizadas, como de Silva e Almeida (2021), Rosa e Albrecht (2021) e outros, é o método da Análise do Comportamento
Aplicada – ABA, que se trata, segundo Rosa e Albrecht (2021) de uma ciência que contribui e auxilia de forma significativa
para o ensino de novas habilidades e para auxiliar a aprendizagem dos alunos com autismo na escola. Considerando a
complexidade do ensino escolar para as crianças com TEA, diversos métodos de intervenção terapêutica têm sido
desenvolvidos, mas a ABA mostra-se o mais completo, disponibilizando formas variadas de intervenções que auxiliam a
criança ao longo da vida, como destaca Silva et al. (2022).
Nesse sentido questiona-se, o que as pesquisas vêm relatando sobre a contribuição da análise do comportamento
aplicada – ABA na Inclusão de Crianças com Transtorno do Espectro Autista no âmbito escolar? Para isso, busca-se, como
objetivo geral, compreender a contribuição da ABA na Inclusão de Crianças com Transtorno do Espectro Autista no âmbito
escolar.
2. Metodologia
Este estudo se trata de um ensaio teórico de natureza qualitativa, que permite pesquisar fenômenos que envolvem
seres humanos em conjunto com as complexas relações sociais constituídas sob diversos ambientes (Godoy, 1995). A pesquisa
qualitativa oferece inúmeras possibilidades de caminhos, como por exemplo, o tipo de estudo bibliográfico, que segundo
Marconi e Lakatos (2003) o pesquisador se coloca em contato direto com o que foi escrito, ou com que foi dito, ou filmado
sobre um determinado assunto. Por isso a importância de construir um arcabouço teórico que serve de base para esta pesquisa,
possibilitando, de acordo com Gil (2002), desenvolver um material reunindo livros e artigos científicos.
A pesquisa qualitativa, do tipo, bibliográfica, também é aplicada de variadas formas, podendo ser: narrativa,
integrativa ou sistemática. Para este estudo, adotou-se uma pesquisa bibliográfica - narrativa, que segundo Cordeiro, Oliveira,
Rentería e Guimarães (2007), não tem um protocolo rígido ao procurar as fontes, não tem uma exigência de ser pré-
determinada e específica.
Dentro desse liame, buscou-se realizar um levantamento bibliográfico na ferramenta digital - Google, tendo como
descritores de busca – a importância da ABA na escola ou a contribuição da ABA na inclusão dos alunos na escola.
Posteriormente, foi considerado apenas as pesquisas que tinham nos títulos as informações compatíveis com objetivo desta
pesquisa. Com isso, foi possível reunir oito pesquisas, sendo seis artigos e dois Trabalhos de Conclusão de Curso.
3. Resultados e Discussão
3.1 Uma breve história sobre o autismo
Para compreender a contribuição da ABA na Inclusão de Crianças com Transtorno do Espectro Autista no âmbito
escolar, é importante apresentar os aspectos conceituais sobre o autismo, um breve histórico e o diagnóstico. Nesse sentido,
busca ressaltar como ponto de partida o termo autismo, que se trata de uma palavra que vem do grego, que segundo Coutinho
(2018) significa “si mesmo”, é quando o sujeito se encontra imerso em si próprio. Mas, foi no ano de 1911 que o psiquiatra
Eugéne Bleuler utilizou pela primeira vez o termo autismo com intuito de “descrever a fuga da realidade e o retraimento
interior dos pacientes acometidos com esquizofrenia” (Cunha, 2012).
Posteriormente, foram iniciadas pesquisas científicas por Leo Kanner, um psiquiatra infantil renomado que avançou
em seus estudos sobre autismo, resultando em 1942 um estudo denominado - Autistic Disturbance of Affective Contact –
Perturbação Autística de Contato Eficaz. Tal estudo, reconheceu a especificidade das características do autismo, por meio de
um trabalho realizado com 11 crianças que apresentavam comportamentos similares entre si (Rosa & Albrecht, 2021).
3
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Foi a partir desse contexto que ocorreu avanços nas pesquisas sobre autismo, culminando no Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais - DSM, por meio da Associação Americana de Psiquiatria – APA, ao qual tinha como
finalidade, unificar o conceito dos diagnósticos dos transtornos mentais, em consequência das diversas classificações existentes
no EUA (Rosa & Albrecht, 2021).
No cenário brasileiro, se tem como referência para guiar o diagnóstico de autismo, como também, mapear estatística e
tendência de saúde em âmbito global, a Classificação Internacional de Doenças – CID. Essa ferramenta – CID, teve sua
aprovação no ano de 1893, sendo sujeito a revisões periódicas, mas, só foi em 1989, com a décima revisão, que foi possível
desenvolver mecanismo para atualizar a CID-10, de acordo com Laurenti et al. (2013).
No que se refere ao transtorno do espectro do autismo (TEA), a Classificação Internacional de Doenças (CID) tem
sido atualizada ao longo dos anos. A CID-10 descreveu três níveis de autismo, incluindo o nível I (leve) e o nível II
(moderado), que requerem menos apoio, e o nível III, que requer mais apoio. As características comuns do TEA incluem
dificuldade em manter contato visual, repetição de palavras inteiras (ecolalia), interesses limitados, comportamentos
estereotipados, dificuldade em se comunicar e habilidades expressivas e receptivas de linguagem comprometidas (Rosa &
Albrecht, 2021).
A CID-11, a versão mais recente da CID, publicada em 2022, incluiu modificações no diagnóstico do TEA. A
nomenclatura foi alterada para Transtorno do Espectro do Autismo, a fim de englobar todos os diagnósticos anteriormente
classificados na CID-10 como Transtorno Global do Desenvolvimento (Kerches, 2022). Além disso, o código F84.0 foi
substituído pelo código 6A02, com novas subdivisões.
De acordo com as subdivisões, o TEA (6A02), na CID-11, é classificado como: 6A02.0 - Transtorno do Espectro do
Autismo sem Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional.
Todos os indivíduos devem atender aos critérios para TEA, não apresentar Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, e ter
apenas leve ou nenhum comprometimento no uso da linguagem/comunicação funcional, seja através da fala ou de outro
recurso comunicativo (como imagens, texto, sinais, gestos ou expressões). O 6A02.1 - Transtorno do Espectro do Autismo
com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional também foi
incluído nas subdivisões. Além disso, o desenvolvimento funcional e a linguagem funcional também foram incluídos (Kerches,
2022).
Embora as características do TEA tenham sido observadas e descritas, ainda não há uma causa conhecida para o
transtorno, sendo apontados fatores genéticos e sociais como possíveis causas (Rosa & Albrecht, 2021). Compreender as
características do TEA é importante para a inclusão de indivíduos autistas em ambientes educacionais. Para responder à
pergunta - como as políticas educacionais possibilitam a inclusão desses indivíduos na escola? É necessário apresentar os
aspectos legais que garantam essa inclusão.
A partir dos anos 90, se desenha um novo momento na educação brasileira, no sentido de possibilitar o acesso e a
permanência dos novos sujeitos que ascendem as escolas, desencadeando problemáticas com o professor e toda equipe
pedagógica em atender e incluir tantas especificidades da pessoa e do grupo social que hoje faz parte das escolas do Brasil.
Como política, destaca a LDB/96, pois além de trazer diretrizes mais gerais, no sentido de possibilitar o acesso e a
permanência para todos, garante também, uma educação especial, compreendendo no Art. 58 como uma modalidade de
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Um tipo de educação que inclua professores especializados, adotando
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, adequadas para atender às necessidades, dentre
outros elementos.
Também ressalta para este estudo a Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015, garantindo no Art. 27 uma educação
inclusiva para todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, com intuito de alcançar o máximo de desenvolvimento
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem (Brasil, 2015).
Diante dos aspectos legais que rege a pessoa com deficiência, considera-se que a pessoa de espectro autista é uma
pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, assegurado em todos os direitos, segundo a Lei Nº 12.764, de 27 de
dezembro de 2012. Essa Lei ressalta no Art. 3º o direito da pessoa com transtorno do espectro autista, à educação e ao ensino
profissionalizante, como também um acompanhante especializado (Brasil, 2012).
Tais políticas vêm como forma de efetivar os direitos para grupos sociais que vivem à margem, precisando de
garantias e reparação do Estado nacional para essa população no âmbito educacional, que, por vezes, é encontrado desafios,
sendo que, por um lado, são os alunos que passam por processos de exclusão, como também, os professores, gestores etc., que
não sabem desenvolver estratégias pedagógicas dentro deste novo contexto. Nesse sentido, uma das estratégias que vem
gerando resultado para o público em questão, segundo as pesquisas realizadas, como de Silva e Almeida (2021), Rosa e
Albrecht (2021) e outros, é o método de Análise do Comportamento Aplicada – ABA, considerado o mais completo, pois é
possível trabalhar com formas variadas de intervenções que auxiliam a criança ao longo da vida. Portanto, no próximo tópico,
busca-se destrinchar melhor sobre o ABA.
5
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
No tratamento de crianças com TEA, a ABA envolve a avaliação abrangente da criança para identificar suas
habilidades e dificuldades específicas e o estabelecimento de objetivos específicos e mensuráveis (Smith, 2001). Os terapeutas
de ABA utilizam técnicas que incluem o ensino de novas habilidades, reforçamento positivo, modelagem de comportamentos
desejáveis, dessensibilização e extinção de comportamentos indesejáveis (Sundberg & Partington, 1998). O progresso da
criança é monitorado de perto e avaliado regularmente para garantir que as intervenções estejam sendo eficazes e para ajustar o
plano de tratamento, se necessário. Além disso, a família da criança é uma parte importante do processo de tratamento e é
frequentemente incluída nas sessões de terapia e nas atividades em casa (Howard et al., 2005). Por fim, a criança é incentivada
a generalizar as habilidades aprendidas para diferentes ambientes e situações, ajudando a garantir que as habilidades
aprendidas sejam úteis em sua vida diária (McEachin et al., 1993).
Em resumo, a ABA é uma abordagem altamente eficaz e amplamente reconhecida para a modificação do
comportamento. Sua ênfase em intervenções individualizadas e baseadas em dados a tornou uma ferramenta valiosa para
abordar uma ampla gama de problemas comportamentais em indivíduos de todas as idades e habilidades, incluindo o TEA.
3.4 Contribuição da análise do comportamento aplicada – ABA na inclusão de crianças com transtorno do espectro
autista no âmbito escolar
Este tópico trata dos resultados deste estudo, onde foi realizado um levantamento bibliográfico resultando em
aproximadamente oito pesquisas que buscaram compreender a contribuição da ABA na inclusão das crianças com TEA no
âmbito escolar, trazendo reflexões que possibilita pensar e repensar em práticas pedagógicas que permita incluir o aluno TEA,
considerando suas especificidades. Sobre as oito pesquisas, foi possível identificar divergências nas nomenclaturas sobre a
ABA, pois, umas consideram como abordagem, outras como ciências, métodos e até técnicas, mas a postura em que se toma
esta pesquisa sobre essa nomenclatura, é considerando como ciência.
A contribuição da ABA na inclusão das crianças com TEA no âmbito escolar, é ressaltada, em muitas pesquisas, a
importância desta ciência na eficácia nos variados aspectos do desenvolvimento da pessoa com espectro autista no ambiente
escolar, como é relatado na pesquisa de Oliveira e Silva (2021). Tais autores elencaram como objetivo - identificar as
principais contribuições para o desenvolvimento cognitivo do aluno autista, considerando a intervenção feita por meio da
ABA. A pesquisa foi de caráter bibliográfico que resultou na importância da ABA na educação infantil, pois vem trabalhando
com esforço positivo, na ideia de diminuir as frustrações, e, consequentemente, revelando a motivação do aluno em aprender,
contribuindo no desenvolvimento cognitivo, como também pedagógico.
Na pesquisa de Rosa e Albrecht (2021), também busca compreender e analisar a importância desta ciência – ABA no
âmbito educacional, especificamente no que refere aos alunos com autismo de níveis II e III do ensino fundamental I, por meio
de uma revisão bibliográfica. Como resultado, essa pesquisa trouxe outros elementos como a importância do professor em ter
conhecimento da ABA, porque permite (o professor) reconhecer as peculiaridades e as habilidades básicas do aluno autista,
tendo em vista um trabalho individualizado e de qualidade. Como é o caso também da pesquisa de Moraes, Silva e Van-Lume
(2018), que destaca sobre o trabalho docente em possibilitar às crianças TEA um currículo adaptado, mostrando o quanto a
formação inicial e continuada do docente pode ser importante neste processo de construir um ambiente mais inclusivo.
Para complementar, Silva (2021) traz para a discussão a importância de preparar tais profissionais para a realidade
que os cercam, e a ABA, pode auxiliar, pois sua aplicabilidade permite compreender os déficits dos alunos, como também,
diminuir comportamentos disruptivos, tendo em vista o aumento dos comportamentos adequados, fazendo, também, com que o
aluno TEA seja mais participativo, como um ser que pensa, age e com direitos assegurados no ambiente educacional.
Assim também é na pesquisa de Silva, Passeto e Barcelos (2022, p. 8) que reforça a importância do professor em ser
um dos canais em que permite a inclusão, através da aplicação da ABA, entre os professores ou terapeutas, ressaltando que,
6
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
“Quando ocorre a aplicação eficaz da ABA, é feito um trabalho com ajuda de professores ou terapeutas, facilitando a
generalização das habilidades”.
Já na pesquisa de Silva e Almeida (2021), ao buscar apresentar, investigar, compreender e refletir sobre a aplicação do
método - ABA, e suas contribuições para o processo de inclusão da criança com autismo, chegou à conclusão que a aplicação
da ABA pode possibilitar que os alunos vivam de maneira ativa e mais autônoma no meio escolar, contribuindo na inclusão.
Nesse mesmo estudo, os autores destacam também os contrapontos encontrados na literatura, como:
Alguns autores apontam críticas ao método por acreditar que, de acordo com a realização do método, condiciona o
comportamento e que é desenvolvido de maneira robotizada, porém, podemos perceber por meio de diferentes autores
apresentados nessa pesquisa que o método ABA permite a estruturação de um trabalho de qualidade que envolve a
individualidade e as necessidades de cada criança autista o que o torna mais significativo para a mesma. Por meio
deste método, é possível que a criança autista se desenvolva não apenas socialmente, mas engloba o seu
desenvolvimento pedagógico, emocional e comportamental (Silva & Almeida, p. 6).
Sobre tais contrapontos, é importante ressaltar e pensar, pois, por mais que a ABA se sobressaia de outros métodos em
relação a sua eficácia, como relatado nas pesquisas, sempre é possível aprimorar para melhor atendimento das crianças
autistas, tendo em vista a inclusão desses em aspecto social, afetivo etc. Quem também destaca que a aplicação da ABA
viabiliza a inclusão dos alunos TEA é Brito (2022), ao investigar o papel do psicólogo no processo de inclusão de alunos
autistas em escolas regulares. Nesse sentido, Brito (2022) destaca que é possível a inclusão do autista em escolas regulares de
forma eficiente, ao trabalhar o ser como um todo, atendendo suas peculiaridades, como também, planejando as intervenções,
sempre com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento e o aprendizado. Por fim, para Sousa et al. (2020), ao buscar
identificar a percepção dos pais e profissionais sobre a aplicação da ABA em crianças com TEA, descobriu que tal técnica
permite que a criança alcance habilidades sociais e afetivas.
Portanto, compreende-se que o levantamento bibliográfico reforça sobre a importância da ABA no ambiente
educacional, com intuito de contribuir no desenvolvimento cognitivo da criança autista, no desenvolvimento de sua autonomia,
participação etc., mas, para isso, é necessário mudanças nas estratégias pedagógicas, como a formação continuada dos
professores em ABA, currículo adaptado e um trabalho em conjunto e bem articulado com todos os profissionais envolvidos no
processo de aprendizagem da criança TEA.
4. Conclusão
O presente estudo buscou compreender a contribuição da ABA na Inclusão de Crianças com Transtorno do Espectro
Autista no âmbito escolar, e, chega-se à conclusão, por meio de um levantamento bibliográfico que, as pesquisas encontradas
reforçam sobre a contribuição da ABA no ambiente educacional, ao qual vem gerando inclusão. Essa contribuição está
relacionada com o desenvolvimento da autonomia e o desenvolvimento cognitivo da criança autista, como também, da
participação social. Para tais benefícios, são necessárias mudanças nas estratégias pedagógicas, como a formação continuada
dos professores em ABA, currículo adaptado e um trabalho em conjunto e bem articulado com todos os profissionais
envolvidos no processo de aprendizagem da criança. Como sugestão para trabalhos futuros, ressalta a importância de
desenvolver pesquisas que busquem desvelar as variadas práticas pedagógicas que ocorrem no interior das escolas, com vista
não só no aperfeiçoamento da ABA, mas na transcendência da teoria, sobretudo, na prática com os professores e seus
respectivos alunos TEA, com principal objetivo, gerar inclusão.
7
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Referências
Baer, D. M., Wolf, M. M., & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 1(1), 91-97.
Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
Brasil (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.
Brasil, (2012). Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Com Transtorno do Espectro Autista. Lei n. 12.764, de 27 de dezembro de 2012.
Brasil. (2015). Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Lei n. 13.146, de 6 de jul. De 2015. Http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm
Brito, R. M., (2022). Aplicação Da Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) na inclusão de crianças e adolescentes autistas em escolas regulares.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Psicologia da Universidade de Uberaba.
Camara dos deputados (2014). Estimativas apontam cerca de dois milhões de brasileiros com autismo. Https://www.camara.leg.br/tv/430479-estimativas-
apontam-cerca-de-2-milhoes-de-brasileiros-com-autismo
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2020). Applied behavior analysis. Pearson.
Cordeiro, A. M., Oliveira, G. M. De, Rentería, J. M., & Guimarães, C. A. (2007). Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Revista Do Colégio Brasileiro
De Cirurgiões, 34(6), 428–431. Https://doi.org/10.1590/S0100-69912007000600012
Coutinho, F. T. (2018). Desenvolvimento da Comunicação e Linguagem na Criança com Transtorno do Espectro Autista – TEA. Projeto de Pesquisa
apresentado como Trabalho de conclusão de curso - TCC da especialização em Psicomotricidade Clínica e Escolar da UFRN.
Https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/44108/3/desenvolvimentocomunica%C3%A7%C3%a3olinguagemcrian%C3%a7a_Coutinho_2018.pdf.
Gil, A. C., (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. (4a ed.). Atlas.
Godoy, A. S. (1995). Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. RAE - Revista de Administração de Empresas, 35(2), 57-63
Howard, J. S., Sparkman, C. R., Cohen, H. G., Green, G., & Stanislaw, H. (2005). A comparison of intensive behavior analytic and eclectic treatments for
young children with autism. Research in Developmental Disabilities, 26(4), 359-383.
Jara, G. C., Siqueira, C. X., Recaldes, D., Folmer, I. & Machado, G. E. (2020) Transtorno espectro autista na escola. Autistic spectrum disorder at
school. Research, Society and Development, 9(12), e36391211264, 2020. 10.33448/rsd-v9i12.11264.
Kazdin, A. E. (2011). Single-case research designs: Methods for clinical and applied settings. Oxford University Press.
Kerches, D., (2022). TEA na CID-11: o que muda? Autismo e Realidade. Https://autismoerealidade.org.br/2022/01/14/tea-na-cid-11-o-que-muda/
Laurenti, R., Nubila, H. B. V. D., Quadros, A. A. J., Conde, M. T. R. P., & Oliveira, A. S. B. (2013). A Classificação Internacional de Doenças, a Família de
Classificações Internacionais, a CID-11 e a Síndrome Pós-Poliomielite. Arquivos De Neuro-psiquiatria, 71(9A), 3–10. Https://doi.org/10.1590/0004-
282X20130111
Lerman, D. C., & Vorndran, C. M. (2002). On the status of knowledge for using punishment: Implications for treating behavior disorders. Journal of Applied
Behavior Analysis, 35(4), 431-464.
Marconi, M. De A., & Lakatos, E. M. (2018). Metodologia científica. (7a ed.). Atlas.
Mceachin, J. J., Smith, T., & Lovaas, O. I. (1993). Long-term outcome for children with autism who received early intensive behavioral treatment. American
Journal on Mental Retardation, 97(4), 359-372.
Moraes, R; Silva, M. J. N. L., & Van-Lume, R. P. (2018). A Importância da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no contexto escolar. II CINTEDI.
Https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cintedi/2018/TRABALHO_EV110_MD1_SA3_ID2666_12082018233701.pdf
Moreno, S. (2022). O Censo também vai levantar informações sobre autismo. Https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2022-
02/censo-tambem-vai-levantar-informacoes-sobre-autismo
Oliveira, D. S. F., & Silva, A. D. P. R. (2021). Autismo e a Educação: ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada) como proposta de Intervenção na
educação infantil. Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE.
Rosa, S. O.; & Albrecht, A. R. M. (2021). Estudo Sobre a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e sua contribuição para a inclusão de Crianças com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), graus II e III, no Ensino Fundamental I. Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Especial, publicado no
repositório UNINTER. Https://repositorio.uninter.com/handle/1/905
Silva, H. J. R., Passeto, R. D.; & Barcelos, L. B. (2022). Contribuições do método ABA para a criança autista nos anos iniciais do ensino fundamental. Revista
da Graduação UNIGOIÁS.
Silva, L. S. T. (2021). Contribuições do Método ABA para o desenvolvimento cognitivo e pedagógico da criança com autismo. Trabalho apresentado à
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/3797/1/tcc_art_laysasinaratorresdasilva.pdf
8
Research, Society and Development, v. 12, n. 6, e8112641929, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i6.41929
Silva, V. S., & Almeida, R. C. (2021) A importância e os desafios do método ABA para a inclusão de crianças autistas na rede regular de ensino. Revista
Educação Pública. Https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/12/a-importancia-e-os-desafios-do-metodo-aba-para-a-inclusao-de-criancas-autistas-na-
rede-regular-de-ensino
Smith, T. (2001). Discrete trial training in the treatment of autism. Focus on Autism and Other Developmental Disabilities, 16(2), 86-92.
Smith, T., & Lovaas, O. I. (2013). Intensive and early behavioral intervention in autism. In F. R. Volkmar, S. Rogers, R. Paul, & K. A. Pelphrey (Eds.),
Handbook of autism and pervasive developmental disorders (pp. 887-912). John Wiley & Sons.
Sousa, D L D, Silva, A L, Ramos, C M O, & Melo, C F. (2020). Análise do comportamento aplicada: a percepção de pais e profissionais acerca do tratamento
em crianças com espectro autistaapplied behavior analysis: parent and professional perception about treatment in children with autism spectrum. Contextos
Clínicos, 13(1), 105-124. Https://dx.doi.org/10.4013/ctc.2020.131.06
Sundberg, M. L., & Partington, J. W. (1998). Teaching language to children with autism or other developmental disabilities. Behavior Analyst Today, 2(4),
335-342.