184-Manuscrito de Capítulo-1750-1-10-20210211 - 240 - 240314 - 100601
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linguagem
Lourenço Chacon
All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons
Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 (CC BY-NC-ND 4.0).
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons
Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 (CC BY-NC-ND 4.0).
Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons
Reconocimiento-No comercial-Sin derivados 4.0 (CC BY-NC-ND 4.0).
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Subsídios linguístico-
discursivos para a avaliação
de linguagem
Lourenço CHACON
Introdução
Implícita, ou explicitamente, as teorias sobre a linguagem
trazem, dentre seus fundamentos, uma ideia de diálogo. Essa ideia pode
ser detectada já em pensadores hoje clássicos do campo dos estudos
linguísticos, como Saussure1, Jakobson2 e Benveniste3. Vejam-se situações
em que ela, de algum modo, comparece em suas reflexões.
Em Saussure1, a ideia de diálogo se mostra ao descrever as
características do que ele define como circuito da fala: “Este ato supõe
pelo menos dois indivíduos: é o mínimo exigível para que o circuito seja
completo.”1(p. 19). Em Jakobson2, a ideia está subjacente ao que ele chama
de ato de comunicação verbal: “O REMETENTE envia uma MENSAGEM
https://doi.org/10.36311/2020.978-65-86546-87-3.p83-104 | 83
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língua e às unidades que se têm como típicas de cada uma dessas camadas.
Tradicionalmente, trata-se das camadas fonológica, morfológica, lexical,
sintática e semântica. Já o plano das condições do dizer diz respeito às
características contextuais – em sentido estrito, as pragmáticas; em sentido
amplo, as discursivas – da comunicação verbal. No contexto de avaliação,
as características pragmáticas estão relacionadas aos aspectos convencionais
da avaliação, bem como àqueles que provêm da situação concreta em que
ela se dá. Por sua vez, as características discursivas concernem aos aspectos
sócio-históricos mais amplos que estabelecem (ou constituem) os papeis
de avaliador/avaliado e orientam tanto a concepção quanto o fazer da
avaliação, sem que muitas vezes o próprio avaliador e o avaliado se deem
conta da presença e da força desses aspectos na situação de avaliação.
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desses testes e/ou desses procedimentos? Por que se buscam essas respostas
linguísticas, e não outras?
Além desse ponto de partida, central e organizador do olhar
para a dimensão pragmática do dizer, outro aspecto fundamental para
esse olhar é a lembrança de que, empiricamente, qualquer produção
linguística, mesmo em contexto de avaliação de linguagem, deve muito
de sua organização aos aspectos convencionais de sua produção. A título
de exemplo, se se espera de uma pessoa em avaliação, em simulação de
uma situação cotidiana de linguagem, que ela produza o enunciado Feche
a porta., a organização sintática desse enunciado pode, e deve, variar
em função dos papeis convencionais assumidos por quem produz e por
quem recebe esse enunciado. Numa assimetria de papeis, a expressão por
favor pode, por exemplo, se mostrar necessária. Já numa relação simétrica
poderia ser dispensável. Ou seja, não basta a organização sintática do dito
para se ver a “eficácia sintática” de quem é avaliado. Principalmente porque
faz parte da chamada competência pragmática o ajuste sintático (e mesmo
o lexical) dos enunciados em função das situações convencionais.
Cabe ao avaliador, no entanto, lembrar que papeis convencionais
podem não mobilizar os mesmos sentidos para ele e para o avaliado. O
que significa, por exemplo, desempenhar papeis de pai e de filho (numa
simulação de conversa entre ambos) para o avaliador e o avaliado?
Certamente há estereótipos sobre esses papeis, mas – antecipa-se aqui o
que será desenvolvido adiante – esses estereótipos podem não se mostrar
presentes numa situação de avaliação, já que avaliador e avaliado trazem
para essa atividade suas diferentes histórias de sentidos para o mundo e
para os papeis convencionais.
Por fim, uma questão já abordada, mas importante de ser
relembrada, é a de que o referencial teórico que sustenta um ato de
avaliação é que fornecerá a lente de observação de como se olhar para
os aspectos pragmáticos que regulam o dizer num ato de avaliação. Em
termos convencionais, supõe-se, pois, que certos conhecimentos e certas
posturas estejam na base de como se olhar para as condições do dizer num
ato de avaliação.
Mas não só para os aspectos pragmáticos.
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Palavras finais
Partiu-se do princípio de que o diálogo (ou as relações dialógicas)
é uma ideia (explicitada ou subjacente) às diferentes teorias linguísticas.
Empiricamente, o diálogo se mostra sob a forma de atos de comunicação
verbal. Teoricamente, neste capítulo, foram interpretados como atos
enunciativos.
Um ato enunciativo, no entanto, não se inicia em si mesmo, na
medida em que constitutivamente se desenvolve sob certas condições –
aqui interpretadas como pragmáticas e como discursivas. Ou seja, é um
ato que, embora único, reproduz e/ou se assenta na história de outros atos
que, em dadas condições, compõem uma tradição – ou como se preferiu
interpretar, um tipo de discurso no interior de um campo de saber.
Nessa perspectiva, portanto, qualquer ato de avaliação de linguagem
é, por princípio, um ato intersubjetivo. Não há, assim, possibilidade de
uma avaliação ser dita ou tida como isenta, neutra, porque o avaliador é
sempre parte desse processo, e o resultado do material linguístico que virá
do avaliado é, também, de responsabilidade do avaliador. A postura dita
isenta, ou neutra, pode, pois, significar para o avaliado algo inibidor ao
mostrar sua potencialidade de linguagem, na medida em que pode “soar”,
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Referência
1. Saussure F. Objeto da linguística. In: _______. Curso de linguística geral. 34. ed.
São Paulo: Cultrix, 2013. p.15-25.
2. Jakobson R. Linguística e poética. In: _______. Linguística e comunicação. 8. ed.
São Paulo: Cultrix; 1975. p. 118-62.
3. Benveniste E. O aparelho formal da enunciação. In: _______. Problemas de
linguística geral II. Campinas: Pontes; 1989. p.81-90.
4. Austin JL. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Souza Filho DM, tradutor. Porto
Alegre: Artes Médicas; 1990.
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