Toleranciamento Geométrico1
Toleranciamento Geométrico1
Toleranciamento Geométrico1
1. Introdução
O toleranciamento geométrico é uma linguagem normalizada internacionalmente da qual fazem
parte símbolos, convenções, definições e princípios, que são apresentados ao longo desta
explanação sobre toleranciamento geométrico. Esta lingagem permite toleranciar de modo
rigoroso, a forma, orientação e localização dos elementos ou partes da peça.
Por outro lado o toleranciamento geométrico permite uma melhor especificação e interpretação
dos desenhos, e intermutabilidade na transmissão de dados entre projectos, o fabrico e o controlo
de qualidade. No fabrico torna-se mais fácil definir quais os processos a usar e no controlo de
qualidade está definida com rigor a forma de realizar a verificação.
O toleranciamento geométrico é ainda uma filosofia de projecto, que permite definir e toleranciar
as relações geométricas, com base na função dos elementos da peça no conjunto. Este tipo de
toleranciamento permite tolerâncias maiores, garantindo a mesma funcionalidade. As tolerâncias
geométricas são definidas para um dado elemento com base nos requisitos funcionais, isto é na
função dos elementos das peças, no conjunto.
Uma tolerância geométrica aplicada um elemento, define uma zona de tolerância na qual o
elemento ( superfície, eixo ou plano ) deve estar contido. As tolerâncias geométricas só devem
ser especificadas nos elementos para os quais são essenciais, tendo em conta requisitos
funcionais e de intercambiabilidade ( intermutabilidade). A especificação de tolerâncias
geométricas, não obriga à utilização de nenhum meio particular de produção ou medida. Tal
como para o toleranciamento dimensional, existe um toleranciamento geométrico geral, que
facilita a especificação das tolerâncias para os elementos não funcionais.
2. Toleranciamento dimensional versus toleranciamento geométrico
Para ilustrar de uma forma mais clara as difernças entre toleranciamento dimensional e
geométrico, considere-se o exemplo apresentado na Fig.3, em que a mesma peça é
toleranciada usando tanto tolerâncias dimensionais e geométricas ( note-se que o
tolerancionamento geométrico não “elimina” todas as tolerâncias dimensionais). Recomenda-
se ao estudante, que reveja este exemplo quando forem apresentados todos os conceitos e
definições que compõem a linguagem do toleranciamento geométrico.
3. Definições
Cota de máximo material (CMM) – Cota definida pela aplicação do princípio de máximo
material a um elemento.
Cota de mínimo material (CmM) – Cota definida pela aplicação do princípio de mínimo
material a um elemento.
Cota local actual – Qualquer distância numa secção transversal de um elemento, isto é a
cota medida entre dois pontos opostos.
Cota teoricamente exacta – Cota considerada exacta, a partir da qual, uma tolerância
geométrica é aplicada.
Elemento – Termo geral aplicado a uma porção física da peça, como seja uma superfície, ou
furo.
Elemento dimensional – Corresponde a uma cota, associada a um elemento ou um conjunto
de elementos.
Elemento interno – Elemento que, numa montagem, vai estar contido noutro elemento. É o
caso de um veio.
Elemento externo – Elemento que, numa montagem, vai conter outro elemento. É o caso de
um furo.
Zona de tolerância – Área ou volume, definida pelos valores das tolerâncias geométricas
inscritas no desenho.
4. Símbolos geométricos
As tolerâncias geométricas são inscritas em quadros de acordo com a Fig. 5, com a seguinte
ordem:
O referencial pode ser indicado de duas formas de acordo com a norma ISO 5459:1981:
1) Directa: neste caso o quadro da tolerância é ligado directamente ao elemento que serve
de referencial, por intermédio de uma linha de chamada, tal como indicado na Fig. 9.
Note-se que, no exemplo apresentado, para a tolerância geométrica do lado esquerdo, a
superfície toleranciada é a superfície A, correspondendo o referencial à superfície B,
enquanto que no exemplo do lado direito a superfície toleranciada é a superfície B,
correspondendo o referencial à superfície C;
2) Por intermédio de uma letra: este é o modo mais usual de indicar o referencial ( Fig.
10). Neste caso, o referencial é identificado por intermédio de uma letra maiúscula,
colocada dentro de um quadro, quadro esse ligado ao elemeneto que serve de referencial,
por intermédio de um triângulo, a cheio (lado esquerdo d figura) ou não preenchido ( lado
direito da figura).
Na situação apresentada na Fig.10, apenas existe um único referencial para cada tolerância
geométrica. Todavia no caso de toleranciamentos mais complexos, podem ocorrer as
situações indicadas na Fig. 11. Um referencial singular é indicado por uma letra maiúscula,
tal como no caso a). No caso de um referencial composto constituído por dois elementos
diferentes, é indicado por duas letras diferentes separadas por um traço, caso b).
Se a ordem dos refrenciais é importante, cada uma das letras deve ser colocada num
compartimento diferente, e a ordem de prioridade é da esquerda para a direita ( caso c) ).
Neste caso o referencial mais importante (B) é designado por Referencial Primário, o
seguinte (C) por Referencial Secundário eo último (A) por Referencial Terciário.
O plano primárioestá em cotacto com a peça pelo menos três pontos, de acordo com a Fig.
14, que corresponde ao caso b) da Fig. 12. Isto significa que a peça uma vez em contacto
com este plano, ainda pode ter movimentos de translação e rotação sobre este mesmo plano.
Figura 14 – Referenciais
5.5 Modificadores