Módulo 1: Forças e Movimentos
1. A Física estuda a interação entre corpos
1.1. Interações fundamentais
Identificar a Física como a ciência que busca conhecer as leis da Natureza, através do
estudo do comportamento dos corpos sob a ação das forças que neles atuam.
A Física é a ciência que estuda a interação (ação recíproca entre dois ou mais corpos) entre
corpos, através do estudo do comportamento do mundo material que nos rodeia, sob a
ação das forças que neles atuam.
• Reconhecer que os corpos exercem forças uns nos outros.
Os corpos interagem exercendo forças uns nos outros.
Exemplos:
aproximando um íman a clipes de metal, estes ficam sujeitos à força magnética que
provoca o seu deslocamento;
friccionando uma vareta de vidro com um pano de lã e aproximando-a de corpos leves,
como pequenos pedacinhos de papel, estes são atraídos pela vareta que exerce forças
elétricas sobre os papéis;
empurrando um carrinho de compras, este move-se numa determinada direção e
sentido.
• Distinguir forças fundamentais.
As diferentes interações que se exercem entre os corpos podem ser compreendidas como
manifestações de quatro tipos de forças fundamentais:
Força Fundamental Intensidade
Exerce-se entre as partículas que possuem massa. É
responsável pela estabilidade do Universo (movimento
Força gravítica 1
dos astros, marés e retenção da atmosfera à superfície
terrestre).
Força nuclear Exerce-se entre as partículas do núcleo do átomo. É
1038
forte responsável pela estabilidade do núcleo.
Exerce-se entre as partículas do núcleo do átomo
(mantendo-se juntas). É responsável por alguns tipos de
Força nuclear
radioatividade (isto é, transformação de um núcleo 1025
fraca
atómico noutro, em que um neutrão passa a um protão
ou vice-versa).
Força
Exerce-se entre as partículas que possuem carga
eletromagnétic 1036
elétrica. Pode ser atrativa ou repulsiva.
a
⟹ Por ordem crescente de intensidade, as interações ficam: interação gravítica <
interação nuclear fraca < interação eletromagnética < interação nuclear forte.
1.2. Lei das ações recíprocas ou Lei da Ação-reação ou 3ª Lei de Newton
Compreender que dois corpos A e B estão em interação se o estado de movimento ou
de repouso de um depende da existência do outro.
Quando duas bolas de bilhar chocam uma com a outra, o seu movimento altera-se em geral.
Ocorreu uma interação entre as duas bolas. Um carro anda num sentido quando o pneu
roda no sentido oposto. Quando a roda de um carro gira, obriga o pneu a girar num
determinado sentido. O pneu empurra o chão num sentido, e o carro é empurrado no
sentido oposto. A força que o pneu faz no chão (aplicada no chão) e a força que o chão faz
no pneu, e por consequência no carro, (aplicada no carro) são um par de forças ação-reação.
Compreender que, entre dois corpos A e B que interagem, a força exercida pelo corpo A
no corpo B é simétrica da força exercida pelo corpo B no corpo A (Lei das ações
recíprocas).
Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, este também exerce uma força
sobre o corpo A. Estas duas forças são simétricas, isto é, têm a mesma intensidade, a
mesma direção, mas sentidos opostos. Uma destas forças chama-se ação e a outra será a
reação. O conjunto dessas forças constitui um par ação-reação. Estas duas forças, apesar de
simétricas, não se anulam mutuamente, dado que estão aplicadas em corpos diferentes.
Identificar pares ação-reação em situações de interações de contacto e à distância,
conhecidas do dia-a-dia do aluno.
Interações à distância e de contacto
Existem dois tipos de forças:
o de contacto – ocorre apenas quando os corpos que interatuam se encontram em
contacto
força exercida pela mesa num monitor de computador impedindo-o de cair;
força exercida pela mão numa porta empurrando-a e provocando o
movimento desta;
força exercida pelo pé numa bola fazendo-a mover-se.
o à distância – tem lugar mesmo quando os corpos estão separados
força exercida pela Terra num corpo, que o faz cair;
força entre dois ímanes que se encontram próximos um do outro, mas não
encostados, que os faz aproximarem-se ou afastarem-se um do outro.
No caso A o peso, ⃗ P, é a força que a Terra exerce sobre o livro, mas o livro também exerce a
⃗
força gravítica, P ' , na Terra, constituindo estas duas forças um par ação-reação.
No caso B a força, ⃗ F ' , aplicada na mesa pelo livro, estabelece um par ação-reação com a
⃗
força F aplicada no livro pela mesa.
No caso C estão aplicadas duas forças: o seu peso, ⃗ P, e a força, ⃗
F , com o sentido de baixo
para cima, exercida pela mesa. Apesar destas duas forças terem resultante nula, e
consequentemente o livro não cair nem subir, elas não constituem um par ação-reação,
precisamente porque estão aplicadas no mesmo corpo.
Com base na lei da ação-reação (ou lei das ações recíprocas) explique de que modo
balão se consegue deslocar no ar.
Ao encher de ar um balão e depois largando-o, este efetua um movimento rápido e em
ziguezague. À força que as paredes elásticas do balão exercem sobre o ar, obrigando-o a
sair, reage o ar, exercendo uma força sobre o balão, fazendo-o deslocar-se em sentido
contrário ao da saída do jato de ar.
Com base na lei da ação-reação (ou lei das ações recíprocas) explique de que modo um
avião a jato se consegue deslocar no ar.
Nos aviões a jato, os gases quentes, produzidos pela reação do oxigénio do ar com o
combustível nas câmaras de combustão, expandem-se rapidamente em todas as direções,
mas apenas podem sair em jato pela parte traseira das turbinas, sujeitos que estão a
enormes forças exercidas pelas paredes das estruturas do avião que os contêm; os gases,
por sua vez, também exercem forças (reação) muito intensas sobre o avião, comunicando-
lhe um grande impulso para a frente.
As forças são grandezas vetoriais e só ficam definidas se conhecermos as suas
características:
Características de uma força
Direção horizontal, na vertical ou oblíqua
da esquerda para a direita, de cima para baixo,
Sentido
... (é indicado pela seta)
Ponto de aplicação ponto onde a força está a ser aplicada
Intensidade corresponde ao valor numérico
⤷ unidade SI: newton (N)
⤷ aparelho de medição: dinamómetro
⤷ resulta da interação entre dois corpos
Efeitos das forças (interações entre corpos): provocam
⤷ deformação de um corpo
⤷ alteração do estado de repouso ou de movimento de um corpo
Exemplo:
Direção: horizontal ou direção AB
Sentido: da esquerda para a direita ou de A para B
Ponto de aplicação: ponto A
Intensidade: 3 N
2. Movimento unidimensional com velocidade constante
2.1. Características do movimento unidimensional
• Verificar que a descrição do movimento unidimensional de um corpo exige apenas um
eixo de referência orientado com uma origem.
A descrição de um movimento unidimensional de um dado corpo exige apenas um eixo de
referência orientado.
Cada ponto corresponde à coordenada da posição ocupada pelo corpo num dado
instante.
Junto ao eixo coloca-se a letra x, que identifica a grandeza a que se refere o mesmo,
neste caso a posição e a unidade de medida utilizada
Pode ser também definido o sentido positivo e negativo do movimento com uma seta.
Trajetória
O movimento de um corpo é descrito por trajetórias: linhas descritas por partículas
materiais em movimento. As trajetórias podem ser retilíneas ou curvilíneas:
• Identificar, neste tipo de movimento, a posição em cada instante com o valor, positivo,
nulo ou negativo, da coordenada da posição no eixo de referência.
Cálculo do deslocamento ∆ x = xf – xi
∆ x = deslocamento (m)
xf = Posição final (m)
xi = Posição inicial (m)
Unidades no Sistema Internacional (SI) = m (metros)
• Calcular deslocamentos entre dois instantes através da diferença das suas coordenadas
de posição.
Exemplo: Analisando o movimento retilíneo de uma pequena esfera ao longo de uma calha:
Situação 1 Situação 2
Quando a esfera se move da posição 10
Quando a esfera se move da posição 2 cm
cm para a posição 2 cm, efetua um
para a posição 10 cm, efetua um
deslocamento de - 8 cm
deslocamento de 8 cm.
∆ x = xf – xi ⟺ ∆ x = 2 – 10 ⟺ ∆ x = - 8
∆ x = xf – xi ⟺ ∆ x = 10 – 2 ⟺ ∆ x = 8 cm
cm
• Concluir que o valor do deslocamento, para qualquer movimento unidimensional, pode
ser positivo ou negativo.
Valor do deslocamento
∆x >0 O corpo desloca-se no sentido positivo da trajetória
∆ x < 0 O corpo desloca-se no sentido negativo da trajetória
∆x =0 Quando as posições inicial e final coincidem
• Distinguir, utilizando situações reais, entre o conceito de deslocamento entre dois
instantes e o conceito de espaço percorrido no mesmo intervalo de tempo.
O espaço percorrido, representado por s, é o comprimento do percurso efetuado. É uma
grandeza escalar traduzida por um valor numérico sempre positivo. É medido sobre a
trajetória.
Quando um corpo se desloca retilineamente, e sempre no mesmo sentido, o módulo do
valor do deslocamento coincide com o valor do espaço percorrido correspondente à
distância efetivamente percorrida pelo corpo. Porém, quando o corpo se desloca
retilineamente, mas variando o sentido do movimento, o módulo do valor do deslocamento
já não coincide com o valor do espaço percorrido porque o comprimento total do trajeto
realmente efetuado é superior ao comprimento |∆ x| (módulo do deslocamento). O
deslocamento pode ser nulo (quando as posições inicial e final coincidem), mas o espaço
percorrido não o é.
Exemplo: Um automóvel que contorna uma rotunda circular efetua, ao fim de uma volta
completa, um deslocamento nulo, mas o espaço percorrido é igual ao perímetro da
circunferência descrita.
1. A figura representa a trajetória efetuada por um
automóvel que partiu do ponto A e chegou novamente ao
ponto A. Determine:
a) o valor do espaço percorrido pelo automóvel entre A e
B;
b) o valor do espaço percorrido pelo automóvel entre A e
A;
c) o valor do deslocamento sofrido pelo automóvel desde
que partiu de A até que chegou novamente a A.
• Compreender que a posição em função do tempo, no movimento unidimensional, pode
ser representada num sistema de dois eixos, correspondendo o das ordenadas à
coordenada de posição e o das abcissas aos instantes de tempo.
Gráfico posição-tempo
A relação entre a posição ocupada por uma partícula, que descreve uma trajetória retilínea,
e o decorrer do tempo pode ser representada num sistema de dois eixos, correspondendo o
eixo das ordenadas à coordenada de posição e o eixo das abcissas aos instantes de tempo. A
partir deste tipo de gráfico pode-se efetuar uma descrição do movimento.
Posição/m Tempo/s Descrição do movimento
20 0 Partiu da posição x = 20 m, que corresponde ao ponto A
Durante os 10 segundos que se seguiram, afastou-se da posição
inicial até à posição x = 50 m (ponto B), verificando-se que
50 10 percorreu ao fim desse tempo 30 m no sentido positivo (da
esquerda para a direita), o que é confirmado pelo crescimento da
função nesse intervalo de tempo.
Esteve em repouso entre os instantes t = 10 s e t = 20 s, dado que
50 20 a posição é a mesma entre os pontos B e C (têm a mesma
ordenada)
Reiniciou o movimento no instante t = 20 s, mas agora em sentido
contrário, aproximando-se da posição de partida, o que se verifica
20 35
pelos valores sucessivamente menores de posição (função
decrescente); no instante t = 35 s passou pela posição inicial
Continuando no mesmo sentido, passou na origem das posições, x
-10 40
= 0, e seguiu até à posição x = – 10 m
Neste instante, t = 40 s, inverteu o sentido do movimento
10 50 novamente e percorreu durante 10 s mais 20 m, chegando à
posição final, x = 10 m
Nesta situação, quando se inicia o estudo do movimento (t = 0 s), a partícula passa na
posição – 5 m, deslocando-se no sentido positivo da trajetória. No instante 1 s, a partícula
passa na origem do referencial (x = 0 m), prosseguindo com o sentido inicial do movimento
até atingir a posição 20 m. Entre os instantes 4 e 7 s, a posição da partícula (x = 20 m) não
varia, pelo que, podemos concluir, durante este intervalo de tempo a partícula esteve
parada. Entre os instantes 7 s e 12 s, em que termina o estudo deste movimento, a partícula
desloca-se no sentido negativo da trajetória – umas vezes mais depressa, quando a
inclinação da curva é maior, outras vezes mais devagar, quando a inclinação da curva é
menor.
• Inferir que, no movimento unidimensional, o valor da velocidade média entre dois
instantes
A velocidade média é a razão entre o deslocamento escalar efetuado e o intervalo de tempo
decorrido.
(As unidades encontram-se no SI)
Vm = Velocidade média (m.s-1 ou m/s)
∆ x = deslocamento (m)
∆ t = intervalo de tempo (s)
xf = posição final (m)
xi = posição inicial (m)
tf = tempo final (s)
ti = tempo inicial (s)
• Concluir que, como consequência desta definição, o valor da velocidade média pode ser
positivo ou negativo e interpretar o respetivo significado físico.
Valor da velocidade média
O valor da velocidade média é A partícula desloca-se no sentido positivo da
Vm > 0
positivo trajetória
O valor da velocidade média é A partícula desloca-se no sentido negativo da
Vm < 0
negativo trajetória
O valor da velocidade média é
Vm = 0 A partícula voltou à posição inicial
nulo
• Compreender que, num movimento unidimensional, a velocidade instantânea é uma
grandeza igual à velocidade média calculada para qualquer intervalo de tempo se a
velocidade média for constante.
A velocidade instantânea, pode ser considerada como a velocidade num dado instante,
imaginando o deslocamento efetuado por uma partícula num intervalo de tempo
muitíssimo curto, com início no instante considerado.
Por exemplo, pode-se dizer que o módulo da velocidade instantânea de um automóvel é o
que pode ser lido no velocímetro.
Se a velocidade for constante é evidente que pode-se considerar igual à velocidade média,
durante aquele intervalo de tempo.
• Concluir que o sentido do movimento, num determinado instante, é o da velocidade
instantânea nesse mesmo instante.
Qualquer que seja o tipo de movimento a velocidade de uma partícula, que num dado
instante se encontra num dado ponto (posição) é sempre representada por um segmento
de reta orientado (vetor) que é tangente, nesse ponto, à trajetória da partícula.
• Reconhecer que a velocidade é uma grandeza vetorial que, apenas no movimento
unidirecional pode ser expressa por um valor algébrico seguido da respetiva unidade.
A velocidade é uma grandeza vetorial. Para ficar completamente caracterizada é necessário
conhecer, num dado instante:
• o seu valor, com a respetiva unidade
• a sua direção
• o seu sentido
Apenas no movimento unidirecional, a velocidade pode ser expressa por um valor algébrico
seguido da respetiva unidade.
2.2. Movimento uniforme
Uma partícula tem movimento uniforme quando o módulo da sua velocidade é constante.
Movimento Retilíneo e Uniforme (MRU)
Diz-se que um movimento é retilíneo e uniforme quando:
a trajetória descrita pelo corpo em movimento é retilínea (movimento efetuado em
linha reta);
a velocidade do corpo se mantém constante no decorrer do tempo (direção, sentido e
valor constante)
Saber qual é a equação das posições do MRU, isto é, com velocidade constante:
x = x0 + vt
x = posição final (m)
x0 = posição inicial (m)
v = velocidade (m/s)
t = tempo (s)
• Simplificar a equação do movimento com velocidade constante.
• Identificar, na representação gráfica da expressão x = x0 + vt, com v = const., a
velocidade média (que coincide com a velocidade instantânea) entre dois instantes com
o declive da reta.
O valor da velocidade pode ser calculado pelo declive da reta do gráfico posição-tempo:
O valor da velocidade é 2m/s.
Estudo gráfico do movimento retilíneo e uniforme
A partir deste tipo de gráfico pode-se efetuar uma descrição do movimento (a velocidade do
movimento pode ser observada pelo declive/inclinação do segmento de reta) e o seu
sentido.
2.3. Lei da inércia ou 1ª Lei da Newton
• Reconhecer que, do ponto de vista do estudo da Mecânica, um corpo pode ser
considerado um ponto com massa quando as suas dimensões são desprezáveis em
relação às dimensões do ambiente que o influencia.
Inércia é uma propriedade de todos os corpos e mede a resistência de um corpo à alteração
do seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme. É uma propriedade de todos
os corpos.
A massa de um corpo é uma medida da sua inércia, isto é, quanto maior for a massa de um
corpo, maior é a sua inércia.
• Compreender a importância de se poder estudar o movimento de translação de um
corpo, estudando o movimento de um qualquer ponto do corpo.
• Reconhecer que o repouso ou movimento de um corpo se enquadra num determinado
sistema de referência.
Um corpo encontra-se em movimento quando a sua posição em relação a um referencial
muda, à medida que o tempo passa, caso contrário o corpo encontra-se em repouso.
Sempre que existe uma interação entre dois sistemas existe um conjunto de duas forças.
Um corpo em movimento tem tendência a continuar em movimentos e a resultante das
forças que atuam sobre ele for nula.
O nosso corpo tem tendência a continuar parado pois segundo a Lei da Inércia, um
corpo em repouso tem tendência a continuar em repouso se a resultante das forças que
atuam sobre ele for nula.
O estado de movimento de um corpo define-se como sendo aquele em que o corpo
altera a sua posição, relativamente a um referencial, ao longo do tempo. Já um corpo
está em repouso quando a sua posição, relativamente a um referencial, permanece
inalterado ao longo do tempo. O estado de movimento ou de repouso depende
do referencial que é usado, sendo por isso um estado relativo. Um corpo pode estar em
repouso, relativamente a um referencial, e ao mesmo tempo em movimento,
relativamente a outro referencial.
Um dos exemplos mais comuns é utilizar diferentes referenciais num autocarro em
andamento, com vários passageiros no seu interior. Se utilizarmos como referencial do
movimento o condutor do autocarro, todos os passageiros que vão sentados no seu
interior estão em repouso relativamente a ele. Se utilizarmos como referencial uma
pessoa parada no passeio, todos os passageiros estão em movimento relativamente a
essa pessoa.
• Identificar a força como responsável pela variação da velocidade de um corpo.
• Compreender que um corpo permanecerá em repouso ou em movimento
unidimensional (retilíneo) com velocidade constante enquanto for nula a resultante das
forças que sobre ele atuam (Lei da Inércia).
Lei da Inércia: um corpo permanecerá em repouso, ou em movimento retilíneo com
velocidade constante, enquanto for nula a resultante das forças que sobre ele atuam.
• Aplicar a Lei da Inércia a diferentes situações, conhecidas do aluno, e interpretá-las com
base nela.
• Distinguir entre referenciais inerciais e referenciais não inerciais.
• Definir massa inercial como sendo uma propriedade inerente a um corpo, que mede a
sua inércia, independente quer da existência de corpos vizinhos, quer do método de
medida.
• Reconhecer que a massa inercial de um corpo e o seu peso são grandezas distintas.
3. Movimento unidimensional com aceleração constante
3.1. Movimento uniformemente variado
• Inferir da representação gráfica x = f (t) que, se a velocidade media variar com o tempo,
o gráfico obtido deixa de ser uma reta.
No movimento (unidimensional) uniformemente variado a velocidade média não é
constante (o seu valor varia), logo existe aceleração.
• Identificar a velocidade instantânea, num determinado instante, com o declive da reta
tangente, nesse instante, à curva x = f (t).
A forma curvilínea do gráfico indica que a velocidade média da partícula não é constante,
logo a velocidade instantânea também é variável.
O valor da velocidade instantânea é igual ao declive da tangente (reta) à curva em cada
ponto.
• Compreender, no movimento unidimensional, a aceleração média.
A aceleração média mede a variação da velocidade num determinado intervalo de tempo.
(As unidades encontram-se no SI)
am = Velocidade média (m.s-2 ou m/s2)
∆ v = variação de velocidade (m/s)
∆ t = intervalo de tempo (s)
vf = velocidade final (m/s)
vi = velocidade inicial (m/s)
tf = tempo final (s)
ti = tempo inicial (s)
• Compreender que a aceleração instantânea é uma grandeza igual à aceleração média
calculada para qualquer intervalo de tempo se, num movimento unidimensional, a
aceleração média for constante.
Equação das velocidades para o movimento retilíneo uniformemente variado:
v = v0 + at
v = velocidade final (m/s)
v0 = velocidade inicial (m/s)
a = aceleração (m/s2)
t = tempo (s)
• Obter, a partir da definição anterior, a equação ( ) v2 = v1 + a t2 − t1, em que a é a
aceleração instantânea, válida para o movimento com aceleração constante
(movimento uniformemente variado).
• Deduzir, a partir da equação anterior, a forma simplificada v = v0 + at.
• Verificar que a representação gráfica da velocidade em função do tempo para o
movimento unidimensional com aceleração constante tem como resultado uma reta.
O valor da aceleração pode ser calculado pelo declive da reta do gráfico velocidade-tempo.
O valor da aceleração é 3 m/s2
Gráficos posição, velocidade e aceleração em função do tempo, para o movimento
unidimensional com aceleração constante:
Estudo gráfico do movimento uniformemente variado
A partir deste tipo de gráficos podemos inferir qual o sentido do movimento (positivo ou
negativo):
Se v > 0, então Δx > 0
Se v < 0, então Δx < 0
• Obter a equação que relaciona a posição com o tempo, válida para o movimento com
aceleração constante.
1
x = x0 + v0t + at2
2
x = posição final (m)
x0 = posição inicial (m)
v0 = velocidade inicial (m/s)
a = aceleração (m/s2)
t = instante (s)
Cálculo no deslocamento no murv:
v 0+ v
∆ x = vmt ⟹ vm =
2
• Reconhecer que a aceleração é uma grandeza vetorial que, apenas no movimento
unidirecional pode ser expressa por um valor algébrico seguido da respetiva unidade.
3.2. Lei fundamental da Dinâmica ou 2ª Lei de Newton
Verificar que a aceleração adquirida por um corpo é diretamente proporcional à
resultante das forças que sobre ele atuam e inversamente proporcional à sua massa (Lei
fundamental da Dinâmica).
Compreender que a direção e o sentido da aceleração coincidem sempre com a direção
e o sentido da resultante das forças.
A resultante das forças (ou força resultante), ⃗
F R ou R, que atuam sobre um corpo de massa
m é diretamente proporcional à aceleração, a⃗ , que ele adquire e tem a mesma direção e
sentido que esta.
A aceleração (variação de velocidade por unidade de tempo) adquirida por um corpo é
diretamente proporcional à resultante das forças que sobre ele atuam e inversamente
proporcional à sua massa.
Decompor um vetor em duas componentes perpendiculares entre si.
Fx = F cos α
Fy = F sen α
Forças aplicadas no bloco com movimento
Forças aplicadas no bloco em repouso uniformemente acelerado
Aplicar a Lei fundamental da Dinâmica e a Lei das interações recíprocas às seguintes
situações.
Procedimento a seguir na resolução de problemas de dinâmica:
Identificar os corpos a que o problema se refere e as forças aplicadas a cada um.
Traçar o diagrama de forças para cada um dos corpos em causa.
Escrever as equações que resultam da aplicação da 2ª Lei de Newton a cada um dos
corpos.
Obter as equações escalares que resultam das equações vetoriais obtidas no passo
anterior, utilizando as componentes das forças num determinado sistema de referência.
Acrescentar as equações que relacionam o movimento dos corpos.
Resolver o sistema de equações obtido.
Interpretar a origem da força de atrito com base na rugosidade das superfícies em
contacto.
Forças de atrito (⃗F a) são forças que se opõem ao movimento de um corpo em relação a
outro.
Pode ser:
o útil – quando contribui
o prejudicial – quando diminui...
Esta força é gerada devido a irregularidades entre as duas superfícies que estão em contato.
Em algumas situações as forças de atrito são necessárias. É este tipo de forças que nos
permite ter controle sobre um veículo em andamento, devido às forças de atrito entre os
pneus e o chão, ou caminhar, sem escorregar, devido às forças de atrito entre as solas dos
sapatos e o chão.
Noutras situações a redução das forças de atrito é importante. A diminuição das forças
atrito entre as superfícies de dois corpos em contato facilita o deslizamento relativo desses
corpos (ao colocar óleo na corrente de uma bicicleta diminui-se o atrito, o que faz com que
as mudanças “entrem” melhor e haja menos desgaste da corrente). Esta diminuição pode
ser conseguida por:
Melhoria das superfícies em contacto (polimento ou lubrificação);
Melhoria do aerodinamismo do corpo;
Mudança dos materiais em contacto.
A intensidade da força de atrito depende:
Das superfícies dos corpos que estão em contacto (maior rugosidade ⇒⇒ maior
atrito);
Da força normal à superfície de contato (maior normal ⇒⇒ maior atrito).
Devido à natureza das superfícies em contato, as forças de atrito que surgem podem ser
úteis ou prejudiciais.
o A força de atrito depende da natureza das superfícies em contacto.
o A força de atrito não depende da área das superfícies em contacto.
o A intensidade da força de atrito é proporcional à intensidade da componente normal,
⃗
R n, da reação de um corpo sobre o outro.
Fa máx = µe Rn
Compreender os conceitos de coeficiente de atrito estático e de coeficiente de atrito
cinético.
Existem dois tipos de força de atrito:
Força de atrito estático – ocorre quando a força aplicada não é suficiente para mover
o objeto (exemplo: empurra-se algo e isso não se move) ou antes do corpo iniciar o
movimento
Quando não há deslizamento dos corpos sobre as superfícies pode haver atrito estático,
cujo valor máximo pode ser determinado a partir da seguinte expressão: Fa máx = µe Rm. O
valor do coeficiente de atrito estático - µe - depende da natureza das superfícies em
contacto.
Força de atrito cinético – ocorre a partir do momento em que os corpos entram em
movimento (tem valor constante e normalmente tem uma intensidade menor que o
estático)
A expressão que traduz a relação da intensidade da força de atrito cinético com a
intensidade da reação normal das superfícies em contacto é dada por: Fc = µc Rn, onde µc é o
coeficiente de atrito cinético.
Analisar tabelas de valores de coeficientes de atrito, selecionando materiais consoante
o efeito pretendido.
Compreender a relação que traduz a definição do módulo da força de atrito cinético
Reconhecer em que situações é útil a existência de força de atrito.
Aplicar a Lei fundamental da Dinâmica e a Lei das interações recíprocas em situações
em que existe atrito entre os materiais das superfícies em contacto.
4. Introdução ao movimento no plano
Movimento de um projétil
4.1. Movimento de um projétil
A trajetória de um projétil é parabólica
O lançamento oblíquo de um projétil pode ser estudado como a sobreposição de dois
movimentos:
um movimento retilíneo uniforme, segundo a direção horizontal – eixo dos 𝑥𝑥
um movimento retilíneo uniformemente variado, segundo a direção vertical – eixo dos
𝑦𝑦
De acordo com a figura:
A componente 𝑣𝑥 é constante.
O módulo de 𝑣𝑦 diminui enquanto o projétil sobe e aumenta quando o projétil desce.
O módulo da velocidade é mínimo no ponto mais alto da trajetória.
Equações do lançamento oblíquo de um projétil:
Equação das posições: Equação das velocidades:
{ v x =v 0 x
{
x=x 0 +v 0 x t v y =v oy −¿
1 2
y= y 0 + v oy t− g t
2 v 0 x = v o cos ∝
v oy = v o s en ∝
α = 0° ⇒ v 0 x =v 0 e v 0 y =v 0 α = 90° ⇒ v 0 x =0 e v 0 y =v 0
lançamento do projétil é horizontal lançamento do projétil é vertical
{
x=x 0 +v 0 t
1 2
y= y 0 − g t
2
{ v x =v 0
v y =−¿
1 2
y= y 0+ v oy t− g t
2
v=v o−¿
Quer o corpo esteja a subir
ou a descer, a única que atua,
Esta equação também se
segundo a direção, e com
aplica à situação de queda
sentido de cima para baixo, é
livre de um corpo, desde que
a força gravítica, uma vez que
se considere
se está a desprezar a
resistência do ar.
4.2. Movimento circular uniforme
Se a força resultante fizer um ângulo não nulo com a velocidade, a trajetória será
obrigatoriamente curvilínea, podendo o módulo da velocidade ser constante ou variável. A
força resultante que atua numa partícula em movimento, quando esta ocupa, um dado
instante, um ponto da trajetória curvilínea que descreve, aponta sempre no sentido da
concavidade da curva, como indicado na figura.
Quando a força resultante é em cada instante, perpendicular à direção da velocidade ⃗F 𝑡 = 0⃗ ,
não existe variação do módulo da velocidade, esta apenas varia a sua direção, ou seja, o
movimento é curvilíneo uniforme.
O movimento circular dos satélites em torno da Terra é uniforme, porque cada um deles
está sujeito à força de atração gravítica da Terra que, em cada instante, é perpendicular, à
sua velocidade.
Neste tipo de movimento, a força de resultante aponta para o centro da trajetória, pelo que
também se pode designar de força centrípeta.
A aceleração, como tem a mesma direção e sentido da força, também se pode designar de
aceleração centrípeta.
O movimento é uniforme, porque o módulo da velocidade é constante, mas possui
aceleração, porque a direção da velocidade varia.