O Relativismo

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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
LICEU Nº 8042 “PUNIV-ANA PAULA”
TRABALHO DE FILOSOFIA

TEMA:

O RELATIVISMO

O DOCENTE
______________________

TERESA CUNGO

LUANDA 2022/2023
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
LICEU Nº 8042 “PUNIV-ANA PAULA”
TRABALHO DE FILOSOFIA

TEMA:

O RELATIVISMO

GRUPO Nº: 03

SALA: 09

CLASSE: 11ª

TURMA: 11H8023FB

CURSO: CIÊNCIAS FÍCIAS E BIOLOGICAS

LUANDA 2022/2023
INTEGRANTES DO GRUPO:

1. MANUEL MANUEL Nº 30

2. MANUEL JOSÉ Nº 31

3. MARIA NDONZI Nº 33

4. MARIA MIGUÊNS Nº 34

5. MARIO VALENTIN Nº 35

6. MARTA ALFREDO Nº 36

7. MENEZES NZANJE Nº 37

8. NVEMBA LÁZARO Nº 38

9. NSIMBA BERNADO Nº 40

10. ORINEL GONÇALVES Nº 41

11. PEDRO JORGE Nº 42

12. RABY GARCIA Nº 43

13. ROSA ANDRÉ Nº44


ÍNDICE
AGRADECIMENTOS

Os nossos sinceros agradecimentos a Sra. Professora Teresa Cungo, pela


atribuíção deste tema bastante pertinente.
OBJETIVO DO TRABALHO

Objetivo Geral: O objetivo geral deste trabalho é explorar e analisar criticamente


o conceito de Relativismo, examinando suas implicações filosóficas e suas ramificações
em diferentes áreas do conhecimento, como Ética, Epistemologia E Antropologia, a fim
de compreender seus fundamentos teóricos e suas consequências práticas.

Objetivos Específicos: Investigar as principais correntes e abordagens do


relativismo, como o relativismo cultural, cognitivo e linguístico, a fim de compreender as
diferenças e semelhanças entre elas.

1. Analisar as bases filosóficas do relativismo, explorando os argumentos e


teorias que sustentam essa perspectiva, bem como as críticas e objeções
levantadas por outros filósofos.
2. Examinar as implicações éticas do relativismo, discutindo questões como
a diversidade cultural, os direitos humanos universais e os limites da
tolerância moral.
3. Investigar o impacto do relativismo nas teorias do conhecimento e da
verdade, explorando como diferentes concepções de relativismo podem
influenciar a forma como entendemos a realidade e justificamos nossas
crenças.
4. Analisar as implicações do relativismo em áreas específicas, como a
antropologia e a sociologia, investigando como essa perspectiva influencia
a compreensão e a interpretação de diferentes culturas e práticas sociais.
5. Avaliar criticamente os argumentos a favor e contra o relativismo,
considerando suas potenciais vantagens e limitações, bem como suas
implicações para a coexistência pacífica e a busca pela verdade e justiça
em uma sociedade pluralista.
6. Propor reflexões e conclusões pessoais sobre o relativismo, destacando
suas implicações no pensamento contemporâneo e na forma como nos
relacionamos com o mundo e com os outros.
RESUMO

O Relativismo é uma perspectiva filosófica que desafia a ideia de verdades


absolutas e universais. Ele afirma que a verdade, a moralidade e os valores são relativos
a diferentes contextos e perspectivas. O relativismo cultural argumenta que sistemas de
valores e normas morais são determinados pela cultura em que uma pessoa está inserida,
enquanto o relativismo cognitivo sustenta que não há uma verdade objetiva, mas apenas
diferentes pontos de vista subjetivos. Embora o relativismo valorize a diversidade cultural
e a pluralidade de opiniões, ele enfrenta críticas relacionadas à possibilidade de uma
verdade universal e aos dilemas éticos resultantes.
INTRODUÇÃO

O Relativismo é uma corrente filosófica que desafia a existência de verdades


absolutas e universais. Ele sustenta que a verdade, a moralidade e os valores são relativos
a diferentes contextos culturais, sociais, históricos ou individuais. O relativismo
argumenta que aquilo que é considerado verdadeiro ou moralmente correto pode variar
de acordo com as perspectivas e circunstâncias específicas. Essa abordagem filosófica
valoriza a diversidade de opiniões e culturas, mas também enfrenta críticas relacionadas
à existência de uma verdade objetiva e aos dilemas éticos que podem surgir.
O RELATIVISMO

O Relativismo é a doutrina ou, nalguns casos, simplesmente a atitude filosófica


que, valendo-se da contraposição entre o uno e o múltiplo, frisa esta última polaridade,
enfatizando o carácter relacional entre as unidades que a compõem e recusando sistemas
de valores que por aquela polaridade e esse carácter não estejam devidamente regidos.

Outra forma de o definir será dizer que, o Relativismo desenvolve a perspectiva


segundo a qual nenhuma coisa pode ser adequadamente encarada se total e artificialmente
isolada da que outras com que, de uma ou outra maneira, se articula necessariamente.

Assim, do ponto de vista de quem sustente tal doutrina, as coisas e os valores em


consideração carecem de contextualização e terão de ser tomados como relativos a outros
e a um ou mais sistemas em que se integram e que os enquadram, não podendo ser
afirmados em absoluto.

Dentro do âmbito do relativismo, encarado ao longo da história, devemos


distinguir duas facetas ou vertentes predominantes, a do Relativismo Gnoseológico ou
Cognitivo e a do Moral, por vezes também chamado Ético.

Não quer isto dizer que o relativismo não compreenda outras facetas de igual
modo relevantes, como, por exemplo, a do relativismo jurídico, mas tem sido sobretudo
a respeito daqueles domínios que o posicionamento relativista mais se tem afirmado como
marcante.

Embora seja possível, a respeito de certas questões ou aspectos, observarem-se


cruzamentos entre si, essas duas facetas existem frequentes vezes independentemente e,
enquanto doutrinas hoje sustentáveis ou discutíveis, deverão ser consideradas à parte uma
da outra.

De entre os elementos comuns destaca-se que ambas as espécies envolvem a


noção de relatividade e a contraposição entre absoluto e relativo, fazendo-o a primeira no
campo do conhecimento, e a segunda no da acção. Caber-nos-á aqui focar apenas esta
última espécie de relativismo – O Relativismo Moral –, pelo que de agora em diante será
a ela que nos referiremos, salvo expressa menção em contrário.
VERTENTES PREDOMINANTES DO RELATIVISMO

Relativismo Gnoseológico ou Cognitivo: O relativismo gnoseológico ou


cognitivo é uma perspectiva que argumenta que não existe uma verdade objetiva e
absoluta. De acordo com essa visão, o conhecimento é relativo e dependente das
percepções, experiências e contextos individuais. Essa abordagem afirma que não
podemos acessar uma verdade objetiva, pois nosso conhecimento é influenciado por
fatores subjetivos e sociais.

Segundo o Relativismo Gnoseológico, diferentes pessoas ou culturas podem ter


visões e interpretações diferentes da realidade, todas elas válidas dentro de seus próprios
contextos. Nesse sentido, o conhecimento é considerado uma construção humana e
subjetiva, resultante de influências culturais, históricas e individuais.

Relativismo Moral: O relativismo moral é uma perspectiva ética que argumenta


que os princípios morais são relativos e variam de acordo com a cultura, a sociedade ou
o indivíduo. Essa visão sustenta que não existem princípios éticos universais e absolutos
que possam ser aplicados a todas as situações.

De acordo com o relativismo moral, as normas morais são determinadas pelo


contexto cultural e social, e o que é considerado moralmente correto ou errado pode variar
de uma cultura para outra. Nessa abordagem, não há uma base objetiva para a moralidade,
e os valores morais são vistos como construções sociais e subjetivas.

No relativismo moral, a ética é vista como uma questão de perspectiva e


subjetividade, permitindo a coexistência de diferentes sistemas morais, cada um com suas
próprias normas e valores. No entanto, o relativismo moral também enfrenta críticas
relacionadas à existência de princípios éticos universais e aos desafios de lidar com
conflitos morais entre diferentes culturas ou indivíduos.
Vamos considerar exemplos para ilustrar O Relativismo Gnoseológico/Cognitivo
E O Relativismo Moral:

Relativismo Gnoseológico/Cognitivo: Imagine duas pessoas, Ana e João, que


estão discutindo a cor de um objeto. Ana o vê como azul, enquanto João o vê como verde.
Ambos estão convencidos de que sua percepção é correta. De acordo com o relativismo
gnoseológico/cognitivo, não há uma verdade objetiva sobre a cor do objeto.

A percepção de cada pessoa é influenciada por fatores individuais, como sua


visão, iluminação e experiência passada. Nesse caso, a verdade sobre a cor do objeto é
relativa às percepções e experiências únicas de Ana e João.

Relativismo Moral: Considere dois países com culturas e valores morais


diferentes. No país A, a eutanásia é legalizada e vista como uma opção legítima para
pessoas que estão sofrendo. No país B, a eutanásia é considerada moralmente errada e
ilegal.

Segundo o relativismo moral, não há uma norma moral universal que determine
se a eutanásia é certa ou errada em todas as circunstâncias. Em vez disso, as normas
morais são relativas ao contexto cultural e social de cada país. Nesse exemplo, a
percepção da moralidade da eutanásia varia de acordo com a cultura e a sociedade em que
ela está inserida.

Esses exemplos ilustram como o relativismo gnoseológico/cognitivo e o


relativismo moral afirmam que a verdade e a moralidade são relativas a diferentes
perspectivas, contextos e experiências individuais ou culturais. Essas perspectivas
enfatizam a subjetividade e a diversidade nas formas como percebemos o mundo e
avaliamos questões éticas.
O ponto de partida do relativismo é o da Variabilidade, Sincrónica E
Diacrónica, Dos Costumes, Práticas E Crenças, com todas as suas consequências, a
primeira e a mais importante das quais consiste na incompatibilidade entre crenças ou
códigos morais daí resultante.

A primeira vez na história da filosofia ocidental em que se desenvolveu coerente


e consequentemente uma doutrina relativista foi no século V a.C., com os Sofistas e, em
especial, com Protágoras de Abdera.

No início de uma das suas principais obras, este filósofo escreveu uma frase que
se tornaria célebre e, de certo “O homem é a medida de todas as coisas, das que são que
são, das que não são que não são” (Vaz Pinto/ Alves de Sousa, 2005, 79).

Se o que é mais saliente nesta sentença é a expressão do aspecto cognitivo, ela não
deixa, contudo, de poder ser interpretada como contemplando também a dimensão ética.
A principal objecção lançada contra a posição relativista de Protágoras consiste em ela
implicar uma auto-contradição e, logo, uma auto-refutação, pois se tudo é tomado como
relativo, também a enunciação do próprio princípio se deverá incluir entre o que é dito
como relativo.

Na filosofia céptica antiga também se fez amplo uso da noção de relatividade (pros
ti) e de uma argumentação construída com base nela. Todavia, os cépticos faziam questão
de frisar aquilo que na sua posição os distinguia dos relativistas como Protágoras,
aproximados que estavam uns dos outros pelo extenso recurso a essa noção.

Assim, Sexto Empírico dedica um capítulo da sua obra de introdução ao


cepticismo, Esboços Pirrónicos (também conhecida como Hipotiposes Pirrónicas), à
abordagem de tal distinção, onde releva que, ao invés dos Pirrónicos, que praticam a
epoche, ou suspensão do assentimento, quanto ao que não é estritamente fenoménico.

Protágoras comporta-se como um dogmático a esse respeito, exprimindo-se sobre


o que é adelon, ou oculto, isto é, sobre a natureza das coisas (Sextus Empiricus, 1997,
178-181).
A Incompatibilidade (modernamente realçada por Julia Annas e Jonathan Barnes)
entre o pirronismo fenomenista e o relativismo, encarado em geral, diz respeito a uma
diferença fundamental de atitude: a diversidade das aparências leva os pirrónicos à epoche
quanto à natureza das coisas, ao passo que os relativistas, não suspendendo o
assentimento, dela inferem que as coisas são diferentes consoante os sujeitos que as
percebem (Annas/ Barnes, 1985, 86-88).

Esta incompatibilidade de fundo não obstou, conforme já referido, a que os


Pirrónicos lançassem mão da noção de relatividade, utilizando-a nomeadamente na sua
argumentação.

A especificidade do seu emprego de tal noção reside, fundamentalmente, na


recondução que dela fazem à epoche. De entre os dez tropos ou modos de argumentar
cépticos levando à epoche, atribuídos a Enesidemo, deve-se, no âmbito que nos concerne,
realçar mais ainda que o oitavo (propriamente respeitante ao pros ti), o décimo,
concernente à dissensão ou diaphonia.

Conquanto diversos filósofos modernos, como Montaigne e Hume, por exemplo,


tenham contribuído para o enriquecimento do relativismo, foi apenas no princípio do
século XX que a doutrina mais se difundiu nos meios filosóficos e adquiriu novos
contornos, servindo-se para tal amplamente dos dados das ciências sociais, sobretudo dos
da antropologia científica.

Costuma-se distinguir três tipos de posição no âmbito do relativismo na


actualidade praticado, de acordo com a tipologia das três teses do relativismo explicitada
por Richard Brandt (Brandt, 2001, 25-28): o Relativismo Descritivo, O Relativismo
Meta-Ético E O Relativismo Normativo.

Destas teses, a aceitação da primeira acha-se implícita por parte de quem adopta
as outras duas, e a segunda é normalmente aceite por todos os que se apresentam como
relativistas, já o mesmo não se passando com a terceira, que não é necessariamente
implicada pelas outras duas e que possui um carácter mais controverso.
O Relativismo Descritivo, identificado por alguns com o relativismo cultural
(que no entanto achamos preferível, como Brandt, considerar apenas uma subespécie
daquele), é a posição segundo a qual os valores e os códigos morais, quer todos (de acordo
com a versão mais extrema) quer somente alguns (conforme a versão moderada), variam
consoante os indivíduos ou consoante as culturas e as sociedades.

Resultando desacordos factuais (o que pode ser admitido por pensadores


objectivistas) ou fundamentais (que são aqueles que não desaparecem com o simples
acordo factual) entre os indivíduos, as sociedades e as culturas a respeito das respostas a
dar às questões do âmbito moral (realce-se aqui que, para Brandt, só há relativismo a
propósito de desacordos fundamentais).

O Relativismo Meta-Ético, por sua vez, é a posição segundo a qual, de entre os


diversos e divergentes códigos morais, não há nenhum que se destaque como o mais
verdadeiro ou o mais justificado de todos, podendo vários deles (ou mesmo todos eles,
em certas versões) ser considerados de alguma maneira verdadeiros e justificados.

Quer isto dizer que, de tal ponto de vista, não haverá nenhum código com validade
universal, embora todos encerrem ou possam encerrar alguma verdade.

Todavia, em certas variantes desta posição encara-se que, apesar de não se


reconhecer uma verdade moral universalmente válida (de outro modo, estar-se-ia a aceitar
a posição antagónica da relativista, a absolutista ou objectivista, de acordo com a qual
existem verdades morais absolutas) e de se admitir uma pluralidade de códigos
verdadeiros e justificáveis, nem todos se apresentam assim em igual grau.

Por último, chama-se Relativismo Normativo ao leque de posições que, tendo


em conta a diversidade dos códigos morais e dos comportamentos que suscitam, têm em
comum o facto de se pronunciarem sobre como os que têm um determinado código devem
ou não devem agir em relação a outros códigos e aos que os adoptam.

Uma dessas posições será nomeadamente a de dizer que não se deve tentar
conformar aos códigos do seu próprio grupo ou sociedade os indivíduos, grupos ou
sociedades com outros códigos, nem tão-pouco emitir juízos morais a respeito de tais
indivíduos ou sociedades e com base nesses juízos interferir nas suas práticas.
De entre as três teses enumeradas, esta última é a mais difícil de sustentar nas suas
versões simplistas e radicais e aquela sobre a qual mais críticas chovem.

Uma delas é a tecida por Bernard Williams, para quem este tipo de relativismo, a
que ele chama “relativismo vulgar”, incorre em inconsistência ao aplicar um princípio a
priori não relativo na determinação a partir de uma cultura ou sociedade de uma outra,
quando reivindica a relatividade de culturas ou sociedades (Williams, 1982, 173).

No entanto, como frisa David Wong, “não existe contradição em sustentar que
não haja uma moral válida única, não se deixando de se fundar na sua própria moral para
se julgar as outras e intervir na sua vida” (Wong, 1997, 1294).

De certa maneira, o relativismo descritivo retoma e reactualiza o tema céptico


antigo da discórdia entre os homens acerca dos costumes (diaphonia).

As principais objecções que se colocam ao relativismo descritivo, para lá da mera


contestação do valor e da pertinência probatória dos dados apurados, dizem respeito à
compatibilidade entre o desacordo e “a crença numa única moralidade verdadeira ou mais
justificada” (Shomali, 2001, 60), podendo-se explicar a diferença entre crenças morais
sem implicar uma renúncia ao absolutismo e à articulação entre tais dados e o relativismo
meta-ético, argumentando-se a insuficiência daqueles para este se fundamentar.

A aplicação, ainda que variada e renovada, do argumento da auto-refutação


formulado acerca da tese de Protágoras ao relativismo contemporâneo não tem
cabimento, em virtude da adopção pelos relativistas de uma posição meta-ética. Se por
vezes hoje é ainda frequente verem-se apóstrofes contra o relativismo encarado na sua
versão mais extrema, sobretudo quanto à tese normativa, isso não significa que tal
posicionamento radical de uma perspectiva filosófica tenha muitos adeptos.

Pelo contrário, a maioria dos autores que hoje acham válidos diversos aspectos do
relativismo e que de uma ou outra maneira o sustentam – como Richard Brandt, Philippa
Foot, Gilbert Harman ou David Wong –, fazem-no através de versões assinaladamente
moderadas e de âmbito restrito. Por outro lado, muitos pontos da doutrina relativista não
deixam hoje também de ser reconhecidos por quem explicitamente advogue uma posição
antagónica da relativista.
O RELATIVISMO NA ACTUALIDADE

O Relativismo continua sendo objeto de discussão e debate nos dias de hoje, tanto
na Filosofia como em outros campos do conhecimento, observamos algumas
considerações sobre o relativismo nos tempos atuais:

Diversidade Cultural E Globalização: Com a crescente interconexão entre


diferentes culturas e sociedades, o relativismo cultural tem sido amplamente discutido. À
medida que as pessoas têm mais exposição a perspectivas culturais diversas, surgem
questões sobre como apreciar e respeitar as diferenças culturais, ao mesmo tempo em que
se lida com questões universais de justiça e direitos humanos.

Ética E Valores Morais: O relativismo moral é frequentemente discutido no


contexto da ética contemporânea. A pluralidade de visões morais e a ênfase na autonomia
individual levantam questões sobre a existência de princípios éticos universais e como
abordar dilemas éticos complexos que envolvem conflitos entre diferentes visões morais.

Pós-Verdade E Fake News: O surgimento da era digital trouxe à tona questões


sobre a verdade e a objetividade. A disseminação de informações falsas, a manipulação
de fatos e a polarização de opiniões têm levantado debates sobre o relativismo epistêmico
e os desafios enfrentados na busca pela verdade em um ambiente digital.

Teoria Da Justiça: O debate sobre a justiça social também está relacionado ao


relativismo. A diversidade de perspectivas e experiências tem levado à discussão sobre
como lidar com desigualdades e injustiças sociais de forma sensível aos diferentes
contextos culturais e sociais.

Filosofia Da Ciência: O relativismo continua sendo relevante na filosofia da


ciência, especialmente no que diz respeito às teorias científicas concorrentes e às
diferentes abordagens metodológicas. Questões sobre a objetividade científica, o papel
da cultura na produção do conhecimento científico e a influência de valores nas pesquisas
científicas são tópicos que continuam a ser explorados.

Desafios E Críticas: O relativismo enfrenta críticas de várias correntes filosóficas


e intelectuais, que questionam seus fundamentos e suas implicações práticas. Argumenta-
se que o relativismo pode levar à incoerência lógica, à falta de critérios para a tomada de
decisões éticas e ao relativismo extremo, que nega qualquer base comum para a
comunicação e o entendimento mútuo.

Essas são apenas algumas das áreas em que o relativismo continua sendo discutido
e aplicado nos dias de hoje. É importante ressaltar que a discussão sobre o relativismo é
dinâmica e está em constante evolução, adaptando-se aos desafios e contextos
contemporâneos.

Alguns aspectos relevantes sobre o relativismo que podem ser considerados:

Críticas Ao Relativismo: O relativismo enfrenta críticas e objeções de diversas


perspectivas filosóficas. Alguns argumentam que o relativismo leva à impossibilidade de
um diálogo racional, à falta de fundamentos para a crítica moral e à tolerância ilimitada
de todas as visões, incluindo as imorais. Essas críticas levantam questões sobre a
consistência e a aplicabilidade prática do relativismo.

Relativismo Epistêmico: Além do relativismo cognitivo, existe o relativismo


epistêmico, que se concentra na natureza do conhecimento. Essa perspectiva examina
como os padrões de conhecimento e justificação podem variar entre diferentes
comunidades epistêmicas ou teorias científicas. O relativismo epistêmico questiona a
existência de uma metodologia ou critério universalmente válido para determinar a
verdade.

Relativismo Linguístico E Determinismo Linguístico: O relativismo linguístico


também pode ser associado ao determinismo linguístico, que sustenta que a estrutura e o
vocabulário de uma língua influenciam ou determinam a forma como as pessoas pensam
e percebem a realidade. Essa perspectiva levanta questões sobre até que ponto a
linguagem molda nossa compreensão do mundo e se estamos limitados pelos termos e
conceitos disponíveis em nossa língua.

Relativismo Histórico E Social: Além do relativismo cultural, existe o


relativismo histórico e social. Essa abordagem enfatiza como as normas, valores e crenças
variam ao longo do tempo e dentro de diferentes estruturas sociais. O relativismo histórico
considera que as concepções morais e epistêmicas são moldadas por contextos históricos
específicos, enquanto o relativismo social destaca a influência das estruturas sociais na
formação das visões de mundo individuais.
Relativismo Moral E Dilemas Éticos: O relativismo moral apresenta dilemas
éticos, como a questão da tolerância versus a promoção dos direitos humanos universais.
Os críticos argumentam que o relativismo moral pode levar a uma posição de neutralidade
moral em relação a práticas culturalmente condenáveis, como a escravidão ou a opressão
de minorias.

Esses dilemas levantam questões sobre a interação entre a diversidade cultural e a


busca de princípios éticos universais. Esses são alguns pontos adicionais a serem
considerados ao explorar o tema do relativismo.

Cada um deles pode ser examinado mais aprofundadamente, permitindo uma


análise mais completa do conceito e de suas implicações em diferentes áreas da filosofia
e do pensamento humano.
CONCLUSÃO

Em conclusão, o Relativismo desafia a existência de verdades absolutas,


argumentando que a verdade, a moralidade e os valores são relativos a diferentes
contextos culturais, sociais, históricos ou individuais. Embora essa perspectiva filosófica
valorize a diversidade e a subjetividade, ela também enfrenta desafios em relação à
existência de uma verdade objetiva e aos dilemas éticos que podem surgir. Embora o
relativismo possa oferecer uma compreensão mais contextualizada e inclusiva da
realidade, é importante considerar suas implicações e críticas antes de formar uma visão
abrangente sobre o tema.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICAS

Rui Bertrand Romão Bibliografia - Annas, J.; Barnes, J., The Modes of Scepticism –
Ancient Texts and Modern Interpretations, Cambridge University Press, Cambridge
(1985).

© DICIONÁRIO DE FILOSOFIA MORAL E POLÍTICA Instituto de Filosofia da


Linguagem - Brandt, R. (1967), “Ethical Relativism”, in P.K. Moser e T.L. Carson (eds.),
Moral Relativism: a Reader, Oxford University Press, New York/Oxford (2001).

- Moser, P.K.; Carson, T.L. (eds.), Moral Relativism: a Reader, Oxford University Press,
New York/Oxford (2001).

- Sextus Empiricus, Esquisses Pyrrhoniennes, trad. de P. Pellegrin, Seuil, Paris (1997). -


Shomali, M.A., Ethical Relativism. An Analysis of the Foundations of Morality, Islamic
College for Advanced Studies Press, Londres (2001).

- Vaz Pinto, M.J.; Alves de Sousa, A.A., Sofistas. Testemunhos e Fragmentos, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, Lisboa (2005).

- Williams, B. (1972), “An Inconsistent Form of Relativism”, in J.W. Meiland e M.


Krausz (eds.), Relativism – Cognitive and Moral, University of Notre Dame Press, Notre
Dame/London, (1982), pp.171-174.

- Wong, D. (1996), “Relativisme Moral”, in M. Canto-Sperber (dir.), Dictionnaire


d’Éthique et de Philosophie Morale, 2ª ed., Presses Universitaires de France, Paris,
(1997), pp.1290- 1296.
GLOSSÁRIO

A. Relativismo: A perspectiva filosófica que sustenta que a verdade, a moralidade e


os valores são relativos a diferentes contextos culturais, sociais, históricos ou
individuais.
B. Relativismo Cultural: A visão de que os sistemas de valores e normas morais são
determinados pela cultura em que uma pessoa está inserida, levando a diferentes
concepções do que é certo e errado em diferentes culturas.
C. Relativismo Cognitivo: A ideia de que não há uma verdade objetiva e absoluta,
mas apenas diferentes pontos de vista subjetivos baseados nas experiências,
conhecimentos e contextos individuais.
D. Relativismo Ético: A perspectiva que argumenta que os princípios morais são
relativos e variam de acordo com a cultura, sociedade ou indivíduo, rejeitando a
existência de princípios éticos universais.
E. Relativismo Linguístico: A teoria que sustenta que a linguagem que uma pessoa
utiliza influencia sua percepção da realidade e a forma como ela interpreta o
mundo ao seu redor.
F. Universalismo: A crença em princípios, valores ou verdades que são aplicáveis de
forma universal, independentemente de contextos culturais, sociais ou
individuais.
G. Subjetivismo: A perspectiva que enfatiza a importância das experiências, opiniões
e perspectivas individuais na construção do conhecimento e da verdade, podendo
estar relacionado ao relativismo cognitivo.
H. Objetivismo: A visão de que existe uma verdade objetiva e absoluta,
independentemente de perspectivas individuais ou contextos culturais.
I. Pluralismo: A aceitação e reconhecimento da diversidade de valores, crenças e
perspectivas, buscando uma coexistência pacífica entre diferentes visões do
mundo.
J. Tolerância: A disposição de aceitar e respeitar as diferenças e opiniões
divergentes, mesmo que discordemos delas.

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