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SERVIÇO SOCIAL

GLAUCIA DE ABREU SCHEINER EMMERIK

O PROCESSO DE ADOÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL

Niteroi
2023
GLAUCIA DE ABREU SCHEINER EMMERIK

O PROCESSO DE ADOÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial


para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof (a) Valquiria Aparecida Dias Caprioli

Niterói
2023
Dedico este trabalho a todas aquelas pessoas que
contribuíram de alguma forma para que eu chegasse até
aqui, aos meus filhos para que eles saibam nunca é tarde
para estudar, e a minha mãe por tornar tudo isso possível.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha profunda gratidão a todas as pessoas e forças


que estiveram ao meu lado durante essa jornada desafiadora. Primeiramente, dedico
meus agradecimentos a Deus, que cuidou de mim e me deu forças para superar
momentos de desespero e tristeza, alimentando minha mente com esperança e
determinação.

À minha mãe, Vera Lucia, que é verdadeiramente minha luz e exemplo de


resiliência, força e coragem. Seu amor incondicional e sua fé inabalável me renovam
diariamente. Agradeço por ser tão significativa em minha vida e por me sustentar em
oração.

À meu marido, Cristiano, que sempre cuida da nossa família e esteve ao


meu lado, me apoiando e compreendendo minhas crises de choro e desespero. Te
amo profundamente e sou grata por todo o seu suporte incondicional.

Aos meus filhos, que são minha razão de existir e minha fonte de energia
e amor inesgotáveis, tudo que faço é por vocês, sempre!

Agradeço também às minhas amigas de curso e futuras colegas de profissão, Ana


Carolina Souza, Thais Marchon, Priscila Vaz, Suzana Lemos e Erica Sampaio, pelo
apoio ao longo dessa trajetória.

A minha amiga Nathalia Vargas, que sempre me incentivou em tudo e me


lembrou do meu potencial, sou grato por sua presença constante em minha vida.

Aos meus sobrinhos Victor Hugo (em memória), Deéborah e Gabriela Scheiner,
vocês são essenciais em minha vida, meus filhos do coração.

Um agradecimento especial à minha prima e comadre Izabela Abreu, que,


mesmo sem saber o motivo pelo qual eu precisava, me emprestou seu computador
para que eu pudesse finalizar meu trabalho. Sua generosidade e disponibilidade são
verdadeiramente notáveis.

Por fim, gostaria de expressar minha gratidão a todos os "nãos" que recebi
ao longo da vida. Embora possa parecer contraditório, esses obstáculos e rejeições
foram a motivação necessária para me impulsionar a chegar até aqui, fortalecendo
minha determinação e ensinando-me valiosas lições de perseverança.
A todos vocês, meu mais profundo e sincero agradecimento por fazerem parte desta
caminhada e por terem contribuído para minha jornada de crescimento pessoal e
profissional. Sou verdadeiramente grata por sua presença em minha vida.
O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a
mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei uns pais para elas. Ninguém tem o direito de matar um
ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o estado, nem o médico. Ninguém. Nunca,
jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as
pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito
felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o
medo é sempre uma grande pobreza.
Madre Teresa de Calcutá
EMMERIK,Glaucia de Abreu Scheiner. O processo de adoção e o Serviço Social.
2023, 33 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – Unopar -
Anhanguera, Niterói.2023

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo compreender a


atuação do Assistente Social em trabalho multidisciplinar nos processos de adoção,
assim como entender a relevância de sua postura investigativa e capacidade crítica
de analisar a realidade características da profissão, agindo em conformidade com o
que orienta o Código de Ética do Serviço Social e o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). O objetivo é refletir sobre a proteção de crianças e adolescentes
em situação de risco social e pessoal, bem como as consequências do abrigamento
em suas vidas. enfatizando a importância da prática do Serviço Social na adoção para
modificar situações como abandono, abrigamento e destituição do poder familiar.

Palavras-chave: Adoção. Abandono.Serviço Social. Ética


EMMERIK,Glaucia de Abreu Scheiner. the adoption process.and Social Service 2023,
pages. Social Service Course Completion Work – Unopar - Anhanguera, Niterói.2023

ABSTRACT

This Course Completion Work aims to understand the role of Social Workers in
multidisciplinary work in adoption processes, as well as understanding the relevance
of their investigative stance and critical ability to analyze the reality characteristics of
the profession, acting in accordance with what guides the Social Service Code of
Ethics and the Child and Adolescent Statute (ECA). The objective is to reflect on the
protection of children and adolescents in situations of social and personal risk, as well
as the consequences of sheltering in their lives. emphasizing the importance of Social
Service practice in adoption to modify situations such as abandonment, sheltering and
removal of family power.

Keywords: Adoption. Abandonment.. Social service. ethic


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ART ARTIGO

CEAS Centro de Estudos e Ação SociaL

CFESS Conselho Federal de Serviço Social

CRAS Centro de Referência da Assistência Social

CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social

CRESS Conselho Regional de Serviço Social

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FEBEM Fundação Estadual do Bem-estar do Menor

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

ONU Organização das Nações Unidas

SAC Serviço de Ação Continuada

SUS Sistema Único de Saúde

SNA Sistema Nacional de Adoção


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………….…………………………………………………………..........10
CAPITULO II - A ADOÇÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE …………………..11

2.1 Contexto historico da Adorção ………………………………………….................11


2.2 Os tipos de adoção existentes no Brasil…………………………………………...14
2.4 Adoção tardia e os mitos que a cercam……………………………………………15
CAPITULO III - SERVIÇO SOCIAL E ADOÇÃO:...................................................18

3.1- O Assistente Social no contexto da adoção.......................................................18

3.2 O papel do assistente social nos processos de adoção da Vara da infância e


juventude...................................................................................................................21

3.3- Legislação e Prática da Adoção após o ECA ....................................................22

3.4 - O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA.....................................24

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………….....……………………. 26

5. REFERÊNCIAS……………………………………………......…………………….....28
13

INTRODUÇÃO

O abandono de crianças é uma realidade triste e alarmante em nossa


sociedade. Muitas vezes, devido às condições precárias de vida e trabalho dos pais
biológicos, essas crianças são deixadas à própria sorte, sem o cuidado e proteção
necessários para seu desenvolvimento saudável. Diante dessa situação, surgiram as
instituições de atendimento à criança e ao adolescente, como os abrigos, que se
tornaram uma alternativa de sobrevivência para esses jovens desamparados.

Neste trabalho, iremos analisar a realidade dos abrigos como uma forma de
proteção e acolhimento para crianças e adolescentes que tiveram seus vínculos
familiares rompidos. Buscaremos compreender as consequências do abrigamento em
suas vidas, levando em consideração os aspectos sociais e pessoais que envolvem
essa experiência.

Além disso, iremos explorar o processo de adoção, que muitas vezes se


torna a solução para essas crianças e adolescentes encontrarem uma família que
possa oferecer o amor e cuidado que lhes foi negado. Abordaremos as
particularidades e problemáticas relacionadas à adoção, bem como o papel
fundamental do Serviço Social no desenvolvimento de programas e no
acompanhamento desse processo.

É importante ressaltar que avanços significativos foram alcançados no


campo da proteção à criança e ao adolescente com a promulgação do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). Esse marco legal trouxe consigo a necessidade de
uma atuação mais efetiva do Serviço Social frente à adoção, visando modificar
situações como abandono, abrigamento e destituição do poder familiar.

Diante desse contexto, este trabalho tem como objetivo refletir sobre a
importância da proteção e acolhimento de crianças e adolescentes em situação de
risco social e pessoal, bem como a relevância do Serviço Social na promoção de
mudanças significativas nesse cenário. Através da análise de estudos e casos reais,
esperamos contribuir para a conscientização e sensibilização da sociedade sobre a
necessidade de garantir o direito de todas as crianças e adolescentes a uma família e
a um futuro digno.
14

CAPITULO II - A ADOÇÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

2.1 Contexto histórico da adoção

A adoção é uma prática ancestral que remonta aos primórdios da história


da humanidade. Embora as motivações e as formas de adoção possam variar ao
longo do tempo e de acordo com diferentes culturas, a ideia fundamental de oferecer
uma nova família e um lar seguro para uma criança que não é biologicamente
relacionada é uma constante que perpassa as diferentes sociedades.

Na Antiguidade, a adoção assumia diferentes significados e finalidades.


Segundo Collaborative for Children (2021), na Roma Antiga, a adoção tinha como
objetivo principal garantir a sucessão e a continuidade de linhagens nobres. Os
imperadores romanos, por exemplo, frequentemente adotavam herdeiros para
consolidar suas dinastias. Nesse contexto, a adoção era uma prática mais voltada
para o aspecto de continuidade do poder e status social, do que propriamente para a
proteção e bem-estar da criança.

Na Grécia Antiga, a adoção também ocorria com certa regularidade. No


entanto, diferentemente de Roma, a adoção grega não tinha o mesmo foco na
continuidade da linhagem. De acordo com Dutra (2017), na Grécia, a adoção era
praticada para garantir a continuidade do culto aos deuses domésticos, principalmente
quando uma família não tinha herdeiros biológicos. Nesse sentido, a adoção era vista
como uma forma de preservar a identidade cultural e religiosa da família.

Com o advento do Cristianismo, a adoção recebeu um novo significado e


propósito. A religião cristã enfatizava o amor e a caridade e encorajava a adoção como
um ato de compaixão e auxílio aos mais necessitados. De acordo com Austin et al.
(2020), durante a Idade Média, os conventos e mosteiros cristãos passaram a cuidar
de crianças órfãs e abandonadas, muitas vezes oferecendo-as para adoção por
famílias cristãs que desejavam ter filhos.

A partir do século XIX, surgem os primeiros marcos legais para a adoção.


O "Código Napoleônico", estabelecido em 1804 na França, foi um dos primeiros a
regularizar o processo de adoção, estabelecendo critérios e procedimentos formais.
Esse código influenciou a legislação de diversos países ao redor do mundo ao longo
do século XIX.

No século XX, a evolução do pensamento e dos direitos das crianças levou


a uma transformação significativa na prática e no entendimento da adoção. A
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estabeleceu o direito de toda
criança ter uma família que a proteja.

No contexto brasileiro, a legislação de adoção passou por uma grande


transformação com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
em 1990. O ECA ampliou os direitos das crianças e dos adolescentes e estabeleceu
diretrizes mais claras para os processos de adoção, priorizando o interesse superior
da criança e a promoção de sua convivência familiar e comunitária.
15

Ao longo da história, a adoção evoluiu de uma prática voltada principalmente


para a continuidade de linhagens e para os interesses de adultos, para uma medida
que coloca o bem-estar e os direitos da criança em primeiro plano. Atualmente, a
adoção é vista como uma forma de garantir a proteção, o desenvolvimento saudável
e a construção de vínculos afetivos para crianças e adolescentes que não podem ser
criados por suas famílias biológicas, proporcionando-lhes a chance de terem uma vida
plena e segura.

De acordo com um artigo publicado na Revista Brasileira de História, o


abandono de crianças era um problema social que preocupava as autoridades e a
sociedade no século XVIII. As crianças eram abandonadas nas portas das igrejas,
conventos, residências e ruas, e estavam sujeitas a serem mortas por animais. A
maioria dessas crianças era fruto de relações ilícitas para a sociedade. Para resolver
essa situação, as “Rodas” foram criadas nas grandes cidades para atender aos bebês
abandonados. As mães que não tinham condições de criá-las viam ali um porto seguro
de sustento para seus bebês. Elas mandavam junto colados na roupinha do bebê um
bilhete contendo o nome que gostariam que colocasse na criança, o motivo pelo qual
a criança estava sendo deixada e faziam questão de informar se a criança tinha sido
batizada ou não. Dessa forma, a criança era preparada para o batismo, pois faziam
deste ato um ato principal de misericórdia aos “enjeitados” 12.
Segundo Marcilio o abandono de bebês era mantido com muito cuidado.

“No livro de registro (1819-1822) da Roda de Expostos do Rio de Janeiro,


relata-se, de maneira completa, a forma de lançamento na Roda:” Os
expostos que se expõem na Roda, logo que ali chegam encontram amas
de-leite em número suficiente para alimentar, amas governantas por uma
Regente, que mora com elas, a qual, logo que entra uma criança naquela
casa, examina e faz lembrança da hora em que ela é exposta, dá seu
sexo, cor, sinais de afeto, células ou bilhetes que a acompanha e destes
dá conta ao Tesoureiro, este abre os assentos, com toda miudeza, lhe
poe um número, nome e a manda batizar na Igreja da Misericórdia. As
crianças que vêm doentes não se dão a criar fora.
“(MARCÍLIO, 2006, p.145)”.

A roda dos expostos foi uma prática comum na Idade Média e na


Idade Moderna, em que uma estrutura giratória era instalada em locais públicos, como
igrejas e hospitais, com o objetivo de receber crianças abandonadas. Esse
mecanismo permitia que os pais, principalmente mães solteiras ou em situação de
extrema dificuldade, pudessem deixar seus bebês anonimamente, sem serem
16

identificados.

A roda dos expostos é um reflexo da realidade social da época, em


que o abandono de crianças era uma ocorrência comum. De acordo com Faria et al.
(2015), essa prática foi impulsionada principalmente pela moralidade rígida da
sociedade, que não tolerava a existência de crianças nascidas fora do casamento ou
de famílias consideradas "dignas". As mães que não podiam ou não queriam cuidar
de seus filhos muitas vezes se encontravam sem opções e recorriam à roda dos
expostos como último recurso.

Uma citação que ilustra essa prática histórica é a de Thomas Coram,


um filantropo britânico que lutou pela criação de uma instituição para acolher crianças
abandonadas em Londres no século XVIII. Ele disse: "A roda de expostos é uma das
mais tristes e lamentáveis invenções da humanidade, como se os pecados ou crimes
dos pais deveriam ser visitados sobre as crianças inocentes" (CORAM, citado em
Faria et al., 2015, p. 408).

A roda dos expostos, apesar de ter sido uma forma de oferta de


cuidado para crianças abandonadas, também gerou debates éticos e morais na
época. Ela levantava questões sobre a proteção, os direitos e a dignidade das
crianças. Críticos argumentavam que essa prática incentivava o abandono, sem
oferecer um ambiente estável e afetivo para o desenvolvimento infantil saudável.

Com o passar do tempo e o avanço das políticas de assistência social,


a roda dos expostos foi gradualmente abolida. Esforços foram feitos para combater as
causas do abandono infantil, buscando alternativas como instituições de acolhimento
e programas de adoção, com o compromisso de garantir os direitos e o bem-estar das
crianças em situações de vulnerabilidade.

Desse modo, a Roda dos Expostos evitou que bebês fossem


abandonados nas ruas, mas não conseguiu evitar o alto índice de mortalidade
17

2.2 Os tipos de adoção existentes no Brasil

A adoção nacional é aquela em que crianças brasileiras são adotadas por


famílias brasileiras. Esse tipo de adoção é regulamentado pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) e envolve um processo legal que inclui a habilitação dos
pretendentes à adoção, a avaliação psicossocial, a busca ativa por uma criança
compatível com o perfil desejado pelos adotantes e a realização de estágio de
convivência. A adoção nacional é a forma mais comum de adoção no Brasil e busca
proporcionar um ambiente familiar seguro e amoroso para crianças que não podem
ser criadas por suas famílias biológicas.

A adoção internacional ocorre quando crianças estrangeiras são adotadas


por famílias brasileiras. Esse tipo de adoção também é regulamentado pelo ECA, mas
envolve procedimentos específicos, como a habilitação dos pretendentes à adoção
internacional, a autorização dos países de origem das crianças e a intervenção de
organismos internacionais. A adoção internacional é uma alternativa para crianças
que não encontram famílias adotivas em seus países de origem. É importante
ressaltar que a adoção internacional deve ser pautada no respeito à cultura e aos
direitos das crianças, garantindo que elas sejam acolhidas em um ambiente adequado
e que sua identidade seja preservada.

A adoção por parentes ocorre quando crianças são adotadas por familiares
próximos, como avós, tios ou irmãos. Esse tipo de adoção é uma alternativa para
garantir a continuidade dos laços familiares e proporcionar um ambiente estável e
seguro para a criança. A adoção por parentes também é regulamentada pelo ECA e
envolve um processo legal, que inclui a avaliação da capacidade dos parentes para
cuidar da criança e a análise do melhor interesse da criança. A adoção por parentes
é uma forma de manter os vínculos familiares e garantir que a criança cresça em um
ambiente familiar conhecido e afetivo.

A adoção por casais homoafetivos é a adoção realizada por casais do mesmo


sexo. No Brasil, desde 2010, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável
18

entre pessoas do mesmo sexo e, consequentemente, o direito desses casais de


adotarem crianças. A adoção por casais homoafetivos segue os mesmos
procedimentos legais da adoção nacional, sendo avaliada a capacidade dos
pretendentes para cuidar da criança e garantir seu desenvolvimento saudável. A
adoção por casais homoafetivos é uma forma de garantir o direito à parentalidade e
proporcionar um ambiente familiar amoroso e acolhedor para as crianças.

Muitas crianças são prejudicadas devido a esse preconceito estrutural presente nos tribunais e
Varas da Infância e Juventude em relação à adoção homoafetiva. Uma família 5 não existe e é
formada apenas pela existência de laços sanguíneos, na realidade uma família é construída com
o tempo, através de um contínuo convívio, na qual forma um vínculo inseparável de amor e afeto,
e seus integrantes não precisam ter o mesmo sangue. (SOUZA, 2022)

2.3 Adoção tardia e os mitos que a cercam

A adoção tardia refere-se à adoção de crianças mais velhas, geralmente


acima de 3 anos de idade. Essas crianças podem ter vivido em instituições de
acolhimento por um período significativo de tempo ou terem passado por experiências
de negligência, abuso ou abandono. A adoção tardia apresenta desafios específicos,
pois as crianças podem ter desenvolvido vínculos afetivos com cuidadores anteriores
e podem ter traumas emocionais a serem superados. No entanto, a adoção tardia
também oferece oportunidades para que essas crianças tenham uma família amorosa
e estável, proporcionando-lhes um ambiente seguro e a chance de desenvolverem-se
plenamente.

Existem diversos mitos e preconceitos em torno da adoção tardia, que podem


dificultar o processo de adoção e desencorajar potenciais adotantes. Alguns dos mitos
mais comuns incluem:

- Dificuldade de adaptação: acredita-se que crianças mais velhas terão mais


dificuldade em se adaptar a uma nova família e que os laços afetivos já estabelecidos
com cuidadores anteriores serão um obstáculo para a formação de vínculos com os
19

adotantes.
- Comportamento problemático: há a ideia de que crianças mais velhas que
passaram por experiências adversas terão comportamentos problemáticos, como
agressividade, rebeldia ou dificuldades de aprendizagem, o que pode afastar
potenciais adotantes.
Impossibilidade de criar laços afetivos: acredita-se que crianças mais velhas
não serão capazes de criar laços afetivos profundos com seus adotantes, devido às
experiências passadas e ao tempo vivido em instituições de acolhimento.

A adoção tardia apresenta desafios específicos, como a necessidade de


trabalhar com possíveis traumas emocionais, lidar com a adaptação da criança a um
novo ambiente e estabelecer vínculos afetivos. No entanto, também oferece
benefícios significativos, tanto para as crianças quanto para as famílias adotantes.

Alguns dos benefícios incluem:

- Oportunidade de proporcionar um ambiente familiar estável e amoroso para crianças


que passaram por experiências adversas.
- Possibilidade de ajudar na recuperação emocional e no desenvolvimento saudável
da criança.
- Potencial para criar laços afetivos profundos e duradouros com a criança,
proporcionando-lhe um senso de pertencimento e segurança.
- Chance de vivenciar o crescimento e desenvolvimento da criança, contribuindo para
sua formação e bem-estar.

É importante desmistificar os mitos em torno da adoção tardia, pois muitas crianças


mais velhas estão em busca de uma família amorosa e acolhedora. Ao compreender
os desafios e benefícios desse tipo de adoção, é possível incentivar mais pessoas a
considerarem a adoção tardia e proporcionar oportunidades melhores para essas
crianças.

“A adoção é considerada tardia quando a criança a ser adotada


20

tiver mais de dois anos. Tais crianças ou foram abandonadas


tardiamente pelas mães, que, por circunstâncias pessoais
ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando
delas ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário,
que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio poder,
ou, ainda foram “esquecidas” pelo Estado desde muito
pequenas em ‘orfanatos’ que, na realidade, abrigam uma

minoria de órfãos. (VARGAS, 1998, p. 35).”

A adoção tardia é considerada um grande dilema no processo de


adoção no Brasil, entre as modalidades de adoção é a que mais recebe impacto da
atual cultura de adoção, que visa ampliar os critérios exigidos pelos adotantes.
Contudo, 29 ainda estão presentes diversos tipos de restrições, medos e
inseguranças com relação a este tipo de adoção, dificultando o processo em seus
mais diferentes estágios (ALMEIDA, 2003).

CAPITULO III - SERVIÇO SOCIAL E ADOÇÃO


21

3.1- O Assistente Social no contexto da adoção

O assistente social desempenha um papel fundamental no contexto


da adoção, atuando nos processos de adoção da Vara da Infância e Juventude. Sua
atuação é pautada na garantia dos direitos das crianças e adolescentes, buscando
sempre o melhor interesse da criança em todas as etapas do processo.

“As situações cotidianas enfrentadas pelos assistentes sociais são


múltiplas e diversificadas em função do espaço de trabalho no qual esteja
inserido, mas independentemente dessa questão, em principio, o mesmo
terá de compreender que esse cotidiano é o lócus onde ele objetiva suas
ações, é o espaço onde põe suas capacidades em movimento em função
de suas finalidades profissionais” (SOUZA & AZEREDO, 2004, p.54)

De acordo com Souza e Azeredo (2004), o espaço cotidiano é bastante


heterogêneo e nele o Assistente Social se coloca com todas as suas dimensões. É a
partir daquilo que vivencia em seu cotidiano que o profissional adquire maior
habilidade e capacidade de tomar decisões e agir diante das demandas que lhes são
postas. Então, nesse espaço da ação cotidiana, o Assistente Social deverá ter duas
posturas diferenciadas,

No entanto, nesse espaço de ação cotidiana, o Assitente Social deverá ter duas
posturas diferenciadas,

“[...] a primeira diz respeito à necessidade de dizer não ao senso comum,


aos pré-conceitos, aos pré – juízos, aos fatos cotidianos que nos cercam;
a segunda diz respeito à capacidade de interrogar sobre o que são as
coisas, os fatos etc... mas também dos porquês. Essas duas posturas
constituem o que poderíamos chamar de atitude critica frente à realidade
de trabalho”.(SOUZA & AZEREDO, 2004, P.55)

Conforme Souza e Azeredo (2004), para se construir alternativas


de ação que estejam em acordo com a dimensão emancipatória da prática do
Assistente Social, torna-se necessário que sejamos capazes de elaborar uma análise
profunda da realidade profissional, buscando construir práticas menos isoladas e mais
universais.

Ao desempenhar suas atividades diárias, o assistente social está inserido


22

em competências teórico-metodológicas que são frequentemente interpretadas dentro


de um discurso de competência tecnológica e conservadora. De acordo com
Iamamoto (2007), existe uma ideologização da competência, vinculada ao discurso
do administrador burocrata, o que resulta em uma legitimação do profissional, dos
usuários e dos indivíduos sócio-políticos.

É importante para o assistente social não se limitar a ser um mero técnico


que lida com demandas cotidianas, mas também ser crítico, de forma a utilizar sua
prática profissional em prol da garantia dos direitos e da organização da classe
trabalhadora. Isso implica em não reproduzir práticas que são consideradas naturais,
uma vez que elas são construídas a partir das relações sociais desenvolvidas no
ambiente de trabalho e na sociedade como um todo.

Apesar de muitos profissionais possuírem uma visão crítica, suas ações


ainda são, por vezes, baseadas em uma herança conservadora e tradicional que
caracterizou amplamente a profissão no passado e ainda pode ser identificada na
prática do serviço social.

Ao tentarmos definir a competência profissional, percebemos que ela é


resultado da formação e do exercício profissional, implicando em um diálogo crítico
com a herança intelectual do serviço social, bem como em uma revisão dos critérios
de objetividade do conhecimento, além de exigir uma competência estratégica e
técnica-política.

O profissional de serviço social se depara diariamente com uma variedade


de situações, o que contribui para o enriquecimento de sua atuação. Essas situações
são expressões das demandas trazidas pelos usuários, como manifestações da
questão social por eles vivenciada.

Portanto, é fundamental que o assistente social seja crítico, reflexivo e atento ao


contexto histórico, cultural e político em que está inserido, a fim de desenvolver uma
prática profissional comprometida com a transformação social e a garantia dos direitos
das pessoas atendidas.

O assistente social tem diversas atribuições e responsabilidades, tais


como:

Avaliação e acompanhamento dos pretendentes à adoção: O


assistente social realiza entrevistas, visitas domiciliares e avaliações psicossociais
dos pretendentes à adoção. Essa avaliação tem como objetivo verificar a aptidão e a
capacidade dos pretendentes para cuidar de uma criança, levando em consideração
aspectos como estabilidade emocional, condições de moradia, renda, suporte familiar,
entre outros.
23

Orientação e preparação dos pretendentes à adoção: O assistente


social tem a função de orientar os pretendentes à adoção, esclarecendo sobre os
procedimentos legais, os direitos e deveres dos adotantes, as implicações emocionais
da adoção e os desafios que podem surgir no processo. Além disso, o assistente
social promove a preparação dos pretendentes, oferecendo informações sobre o
desenvolvimento infantil, técnicas de cuidado e educação, e estimulando a reflexão
sobre as expectativas e motivações para a adoção.

Estudo social da criança: O assistente social realiza um estudo social


da criança que será adotada, buscando conhecer sua história de vida, suas
necessidades emocionais e de saúde, suas relações familiares e sociais, entre outros
aspectos relevantes. Esse estudo tem como objetivo fornecer informações
importantes para a tomada de decisão do juiz, visando garantir que a adoção seja
realizada no melhor interesse da criança.

Acompanhamento pós-adoção: Após a adoção, o assistente social


realiza o acompanhamento pós-adoção, visitando a família adotiva e a criança para
verificar como está sendo a adaptação, o desenvolvimento e o bem-estar da criança.
Esse acompanhamento tem como objetivo oferecer suporte e orientação à família
adotiva, identificar possíveis dificuldades e encaminhar para os serviços necessários,
caso seja necessário.

No Brasil, o abrigamento de crianças é regulamentado pelo Estatuto


da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece os direitos e garantias
fundamentais para o desenvolvimento saudável e integral desses indivíduos. O
abrigamento deve ser considerado uma medida provisória e excepcional, buscando-
se sempre a reintegração familiar ou a colocação em família substituta, como a
adoção.

3.2 O papel do assistente social nos processos de adoção da Vara da infância e


juventude

O serviço social na vara da infância e juventude é embasado em uma


abordagem interdisciplinar e tem como objetivo principal proteger e garantir os direitos
24

das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Nessa perspectiva, o


assistente social é fundamental para promover uma atuação abrangente e
coordenada com outros profissionais e instituições.

De acordo com Costa (2016), o trabalho do assistente social na vara


da infância e juventude se apoia no princípio da proteção integral, definido pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seguindo essa diretriz, o profissional
deve estar preparado para ouvir e compreender as necessidades individuais das
crianças, jovens e suas famílias, levando em consideração suas particularidades e
contextos sociais.

“Afirma o valor intrínseco da criança e do adolescente como ser humano, o


respeito à sua condição de pessoa em desenvolvimento, o valor da
infância e adolescência como portadoras de continuidade do seu povo e o
reconhecimento da sua situação de vulnerabilidade, o que os torna
merecedores de proteção integral por parte da família, da sociedade e do
Estado; devendo este atuar mediante políticas públicas e sociais na
promoção e defesa de seus direitos.” (COSTA,1992, p.19)

O estudo social é uma das principais metodologias utilizadas pelo


assistente social nesse contexto. Segundo Souza (2011), o estudo social é uma
técnica que permite ao assistente social conhecer a fundo a realidade das famílias e
suas condições de vida, além de identificar possíveis violações de direitos. Esse
método envolve entrevistas, visitas aos lares, análise de documentos e outros
procedimentos que contribuem para a avaliação da situação social.

Para executar seu trabalho de forma eficiente, o assistente social na


vara da infância e juventude deve colaborar de maneira integrada com outros
profissionais e instituições. Conforme Melo (2013), a rede de proteção social é
composta por diversos protagonistas, como conselhos tutelares, Ministério Público,
escolas, hospitais e serviços socioassistenciais. O objetivo dessa rede é articular
ações e serviços para garantir a proteção total das crianças e jovens em situação de
vulnerabilidade.

Adicionalmente, o serviço social na vara da infância e juventude


25

também desempenha uma função relevante na implementação e monitoramento de


políticas públicas voltadas para essa área. Segundo Santos (2014), a atuação do
assistente social nessas circunstâncias requer um profundo entendimento das
políticas sociais, bem como habilidades para mobilizar e articular diversos atores
visando a promoção dos direitos.

3.3 Legislação e Prática da Adoção após o ECA.

No Brasil, a Lei nº 8.069/1990, conhecida como Estatuto da Criança e


do Adolescente (ECA), revolucionou o sistema de adoção ao estabelecer diretrizes
mais claras e garantir a primazia do interesse superior da criança.

Segundo Peixoto (2015), o ECA rompeu com o paradigma da adoção


enquanto "favor" prestado por famílias adotivas, passando a tratar a questão como
um direito das crianças e adolescentes em situação de abandono, negligência ou
qualquer forma de violência. Isso significa que o processo de adoção deve ser pautado
pela proteção integral e respeito à identidade e cultura da criança, priorizando sua
reintegração familiar sempre que possível.

O ECA também trouxe inovações quanto aos procedimentos e


requisitos para efetivar uma adoção. De acordo com Oliveira et al. (2013), a lei
estabelece que a adoção deve ser realizada em um ambiente familiar adequado,
garantindo a convivência anterior entre adotante e adotado, por meio de estágios de
convivência e acompanhamento técnico. Além disso, determina que a criança tenha
sua história de vida preservada, resguardando suas informações pessoais e
garantindo o sigilo necessário.

A prática da adoção também passou por mudanças significativas após


a implementação do ECA. Segundo Souza (2018), houve uma ampliação dos órgãos
responsáveis pela adoção, como os Juizados da Infância e da Juventude, Conselhos
Tutelares e Varas de Família, que passaram a atuar de maneira mais especializada e
26

integrada. Essa articulação entre profissionais e instituições é fundamental para


garantir a efetiva proteção e acompanhamento das crianças e adolescentes em
processo de adoção.

Além disso, o ECA também instituiu o Cadastro Nacional de Adoção,


que tem como objetivo centralizar e agilizar os processos de adoção em todo o país.
Segundo Fonseca (2016), o cadastro busca atender a princípios como a isonomia e o
melhor interesse da criança, proporcionando um ambiente mais transparente e seguro
para todos os envolvidos no processo.

Apesar dos avanços trazidos pelo ECA, ainda existem desafios a


serem enfrentados no campo da adoção. Segundo Sousa e Silva (2019), esses
desafios incluem o preconceito em relação a crianças mais velhas, com algum tipo de
deficiência ou pertencentes a grupos étnicos minoritários. Além disso, a burocracia e
a demora nos processos de adoção são questões que precisam ser enfrentadas para
agilizar e tornar mais efetivo o acesso das crianças a um convívio familiar adequado.

Essas são algumas das principais legislações e práticas relacionadas


à adoção após a implementação do ECA. É importante destacar que a criança e o
adolescente devem sempre ter seus direitos garantidos e respeitados ao longo desse
processo, tanto no que diz respeito à convivência familiar e comunitária, quanto ao
resguardo de sua história e identidade.

O ECA destaca em seus artigos 150 e 151, a relevância dos serviços


auxiliares composto por uma equipe interprofissional, tendo como objetivo assessorar
a Justiça da Infância e Juventude. Assim:

“Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária,


prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. Compete à equipe
interprofissional dentre outras atribuições que lhes forem reservadas pela
legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo
sob imediata subordinação a autoridade judiciária, assegurada a livre
manifestação do ponto de vista técnico”.
27

(ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, Art.150 e 151).

Para adoção, o trabalho do Assistente Social é considerado


importante, pois é ele que verifica se os requerentes possuem condições sociais para
assumirem de fato, a adoção e se as crianças ou adolescentes serão mesmo
colocados para adoção.

3.4- O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA

O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) é uma importante


ferramenta implementada no Brasil pela Resolução CNJ nº 289/2019, em 14 de agosto
de 2019. Ele substituiu o antigo Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e visa facilitar o
processo de adoção ao considerar a compatibilidade dos perfis dos pretendentes
habilitados e das crianças e adolescentes disponíveis para adoção.

Antes do SNA, o CNA era utilizado como mecanismo para realização de


adoções, buscando encontrar a compatibilidade entre os perfis dos pretendentes e
das crianças disponíveis. No entanto, o próprio sistema apresentava algumas
limitações e desafios, o que levou a necessidade de atualização.

Com a implantação do SNA, houve uma modernização no processo, de


forma a torná-lo mais ágil e eficiente. Essa ferramenta é uma importante resposta às
demandas da sociedade e dos órgãos envolvidos com a adoção, permitindo uma
gestão mais efetiva e transparência no processo.

O novo sistema representa um avanço na garantia dos direitos à criança e


ao adolescente, pois busca garantir a convivência familiar e comunitária, evitando
prolongamentos desnecessários no tempo de acolhimento institucional ou familiar,
bem como favorecendo a formação de vínculos afetivos estáveis e duradouros.

Dessa forma, o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento é uma ferramenta


fundamental para conecta de forma eficiente e segura os pretendentes habilitados e
as crianças e adolescentes disponíveis para adoção, possibilitando a constituição de
novas famílias e promovendo o direito à convivência familiar e à afetividade.

Quando existe uma criança/adolescente apta à adoção no sistema, a busca de


pretendentes é realizada manualmente por servidor da Vara da Infância e Juventude
ou pela equipe do Serviço Social Judiciário, observando a ordem de classificação
disponibilizada automaticamente pelo sistema, baseada no perfil, na data do pedido
28

de habilitação (distribuição), na data da sentença de procedência e na prioridade de


pretendentes cadastrados no âmbito municipal, estadual, nacional e internacional. Se
o sistema encontrar um pretendente compatível com o perfil da criança/adolescente,
há a vinculação automática no sistema e os assistentes sociais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste trabalho, abordamos o processo de adoção e a relevante


atuação do serviço social nesse contexto. Ao compreender a história da adoção,
entendemos como essa prática tem evoluído e se transformado ao longo dos anos,
buscando sempre garantir o melhor interesse da criança e oferecer a ela um
ambiente familiar seguro e afetuoso.
29

Discutimos os diferentes tipos de adoção, desde a adoção nacional até a


adoção internacional, e compreendemos a importância de cada um desses
processos. O direito à convivência familiar é um direito garantido por lei, e cabe ao
serviço social assegurar que esse direito seja efetivado de forma adequada,
respeitando os princípios éticos e jurídicos.

Destacamos também a importância da adoção tardia, que envolve


crianças e adolescentes que se encontram fora da faixa etária desejada pelos
pretendentes à adoção. Nesse sentido, é fundamental o trabalho do assistente social
para conscientizar e desconstruir preconceitos e estigmas em relação a essas
crianças, além de promover sua reintegração familiar ou sua colocação em famílias
substitutas.

O serviço social desempenha um papel essencial nos processos de


adoção, atuando desde a preparação dos pretendentes, realização de estudos
sociais, acompanhamento pós-adoção e suporte emocional. Os assistentes sociais
são responsáveis por analisar a aptidão e a capacidade das famílias adotantes,
considerando aspectos socioeconômicos, emocionais e psicológicos, a fim de
garantir que a criança seja acolhida em um ambiente adequado.

Além disso, o assistente social busca garantir a continuidade dos


vínculos familiares, promovendo o contato e a integração entre a criança adotada e
sua família de origem, sempre que possível e respeitando o melhor interesse da
criança.

Diante desse contexto, torna-se evidente a importância do serviço social


nos processos de adoção, garantindo que tanto a criança quanto as famílias
adotantes tenham suporte e orientação adequados. O serviço social não só atua
como mediador nessas relações, mas também como agente de transformação
social, buscando promover os direitos da criança, a igualdade, a justiça e a
cidadania.

É fundamental ressaltar que o trabalho do assistente social nos


processos de adoção não se restringe apenas aos aspectos técnicos e burocráticos,
mas sim no reconhecimento e valorização da importância do afeto, do respeito e do
cuidado no exercício da maternidade e paternidade adotiva. Através desse olhar
humanizado, o serviço social contribui para a construção de famílias sustentáveis e
vínculos afetivos sólidos, promovendo o desenvolvimento e o bem-estar de todas as
partes envolvidas nesse processo.

Em suma, a adoção é um ato de amor e responsabilidade, que


proporciona a crianças e adolescentes a oportunidade de crescerem em um ambiente
familiar seguro e afetivo. É um processo que exige cuidado, preparação e
acompanhamento, mas que traz benefícios tanto para as crianças adotadas quanto
para as famílias adotantes. É necessário que a sociedade esteja consciente da
importância da adoção e que sejam criadas políticas e programas que promovam e
30

facilitem esse processo, garantindo assim um futuro melhor para todas as crianças.
31
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