Nco 37 - 01 de Novembro de 2019

Edição 37 * 1 de Novembro de 2019 * Mensal* Gratuita
Director: Carlos Mesquita

2 - Nova Costa de Oiro - Novembro de 2019
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Nova Costa de Oiro - Novembro de 2019 - 3
Sumário Editorial
Três notas só
Página 4 - Memória - Nova Costa de Oiro - Novembro de 1996 Três notas, três notas
Páginas 6 a 9 - A Abrir / Tema de Capa só, neste mês:
Lagos e o sismo de 1755 A primeira nota: no
Páginas 12 a 13 - A Abrir / Tema de Capa dia 1 de Novembro de
1755: O sismo de Lisboa 1755, Portugal foi atingi-
Página 14 - A Abrir / Tema de Capa do por um violento sismo,
1755: Depois do sismo na sequência do qual po-
Página 15 - A Abrir / Tema de Capa derão ter morrido cerca de 100 mil pes-
Lagos e o sismo de 1969 soas. A costa sul do nosso país e Lagos,
Página 16 - Celebração e Homenagem em particular, foram severamente afec-
42º Aniversário do M.D.M. tados por este cataclismo natural. Daí que
Página 17 - Celebração e Homenagem hoje, rigorosamente 264 anos passados
A Glória Marreiros sobre a tragédia que então nos assolou,
Páginas 20 a 23 - Lagos no seu melhor recordamos esse dia longínquo. E este é
Páginas 24 a 27 - Lagos no seu pior um «bom» pretexto para que nos interro-
Páginas 28 e 29 - Lagos ontem e hoje guemos e para que reflictamos: e se se
A estação ferroviária repetisse hoje um sismo dessa magnitu-
Páginas 30 e 31 - Lagos ontem e hoje de? Como ficaria Lagos? Quantas pes-
A ponte D. Maria soas iriam morrer?
Página 33 - Coleccionismo E em Lisboa? O que poderia aconte-
Encontro Nacional de Coleccionismo Cidade de Lagos, cer na cidade capital de Portugal? E es-
por José António Nunes taremos devidamente preparados para
Página 34 - Coleccionismo enfrentar uma calamidade desta nature-
Moedas do Conde de Lippe, e outras estórias, por Alberto Praça za? Infelizmente, a resposta não deverá
Página 35 - Clube das Comisquices ser muito animadora nem, tão pouco,
Coisas do palato tranquilizadora...
Páginas 36 e 37- Ruas da nossa terra - Rua Cândido dos Reis A segunda nota: a Nova Costa de
Páginas 38 e 39 - Gente da nossa terra, por Artur de Jesus Oiro esteve presente na celebração do
Páginas 40 e 41 - O imprevisto aconteceu e... 42º aniversário do Núcleo de Lagos do
Por José Francisco Rosa Movimento Democrático de Mulheres
Página 43 - O Cantinho do Poder, com novos protagonistas (M.D.M). Na ocasião falou-se do tráfico
Página 44 - Músicas, por Concerto pela Academia Georg Solti de pessoas e de variadas formas de ex-
Página 45- Damos-lhe música, no Spotify, por Hugo Palma ploração humanas, com especial desta-
Página 46 - Em Dezembro, na Nova Costa de Oiro, que para a situação que é vulgarmente
iremos passar revista aos 12 últimos meses apelidada de «barrigas de aluguer» para
gestação, em troco de dinheiro, de quem
não consegue procriar no seu seio fami-
liar. E assolou-nos a dúvida se, como so-
ciedade tecnologicamente desenvolvida,
aparentemente alfabetizada e letrada não
Ficha Técnica: há situações que poderão ser passíveis
Director e Editor: Carlos Mesquita de «condenação» social?
Colaboradores nesta edição: Alberto Praça, Ana Custódio, Artur de Jesus, A terceira nota: olho para a Ficha Téc-
Associação Filatélica e Numismática Gil Eanes - Lagos, Carlos Conceição, nica da Nova Costa de Oiro, aqui ao lado,
José António Nunes, José Francisco Rosa, Hugo Palma, Maria Inês Lima e fico feliz. Desde Outubro, mais nomes
e Marta Ferreira. se juntaram à nossa equipa. Amigos, aci-
Proprietário: ma de tudo, certamente. Mas, também,
JL, UnipessoaL, Lda/Carlos Conceição pessoas de grande valor e a quem agra-
Sede Social, Administração, Redacção e Editor: deço, publicamente, a colaboração.
Rua D. Xavier, nº6 – 8600-754 Lagos Carlos Mesquita
Capital Social da Empresa Proprietária: Na «Nova Costa de Oiro» não se
JL, Unipessoal, Lda/Carlos Conceição com 100% do capital social utiliza a Reforma Ortográfica de
Na Internet em: http://novacostadeoiro.blogspot.com/ 1990-2008, indevidamente chamada
Correio electrónico: [email protected] «Acordo Ortográfico».
Memória / Novembro 1996
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A abrir / Tema de capa
A terra tremeu...
Lagos e o sismo de 1755
Fotografia aérea da cidade de Lagos, circa 1951

Há rigorosamente 264 anos, era sá- atenção ou foco sobre este facto. balho e aos estudos do arquitecto Fre-
bado, esse dia 1 de Novembro de 1755, Um sismo resulta de uma libertação derico Mendes Paula para relatar os
«Dia de Todos os Santos». E, nessa ma- de energia na crosta do planeta Terra, ge- acontecimentos conhecidos, em Lagos,
drugada, ninguém poderia imaginar que ralmente devido ao choque entre placas nesse 1º de Novembro de 1755: «Pelas
esse seria um dos dias mais funestos vi- tectónicas. 9 ½ horas da manhã do predicto 1º de
vidos até hoje no nosso País. Os dados científicos conhecidos até Novembro, estando o dia claro e sere-
Pelas 09:30 da manhã, a tragédia ao presente apontam para que o fenó- no como de estio, vento N. O., ouviu-
abateu-se sobre Portugal, em especial meno de 1 de Novembro de 1755 tenha se um grande trovão surdo; logo pas-
sobre o Algarve e em Lisboa, na forma tido, provavelmente, epicentro no chama- sado 3 ou 4 minutos principiou a tre-
de um «tremor de terra», um sismo, se- do «Banco de Gorringe». Esta é uma mer a terra com espantosa violência;
guido de violento e devastador maremo- zona do Oceano Atlântico, que se locali- o mar recolheu-se em parte mais de
to (tsunami, em japonês). za a cerca de 120 milhas marítimas a 20 braças, deixando as praias em
Este cataclismo, que ceifou milhares oeste-sudoeste do Cabo de São Vicente seco; e arremetendo imediatamente
de vidas, ficou conhecido por «Sismo de (aproximadamente 222 quilómetros). para a terra com tamanho ímpeto, en-
Lisboa». Foi um dos mais mortíferos da Este é constituído por um maciço monta- trou por ela dentro mais de uma légua,
história de que há conhecimento docu- nhoso submerso, orientado na direcção sobrepujando as mais altas rochas;
mentado. Mas também é certo que o Al- nordeste-sudoeste. Tem aproximada- tornando a retrair-se e rompendo por
garve e, em especial, a cidade de La- mente 200 quilómetros de comprimento mais três vezes dentro de poucos mi-
gos e Vila Real de Santo António foram por 80 de largura. Foi descoberto em No- nutos, arrasando no fluxo e refluxo
seriamente fustigadas por esse fenó- vembro de 1875, por Henry Honychurch enormes massas de penhascos e edi-
meno natural. Gorringe, comandante do U.S.S. Gettys- fícios; e deixando por isso arrazadas
Acresce que várias cidades de Mar- burg. quase todas as povoações marítimas.»
rocos também sofreram com este abalo Com a permissão e a autorização que (Texto retirado das Memórias Paroquiais,
telúrico, sem que em Portugal haja muita nos foram concedidas, recorremos ao tra- in SOUSA, 1919). »»
A terra tremeu...
Localização do epicentro do Terramoto de 1755 (MENDES-VICTOR, 2006)

»» Os relatos das consequências des- mentos Portugueses e conjunto edifi- de anos», tendo acrescentado que «A
te sismo revelam a enorme dimensão da cado de valor inestimável é reduzida a regularidade dos sismos é "um mito
tragédia que se abateu sobre a cidade escombros. urbano"».
do barlavento algarvio: «Lagos está qua- O temor pelos fenómenos incom- E adianta o periódico atrás citado que
se arrasada, padeceram muito os Tem- preendidos e a vontade de esquecer «Considera-se actualmente que um
plos, não se isentou algum do destro- as catástrofes votou esta data ao es- sismo na costa portuguesa na ordem
ço, morreram 400 pessoas, e muitas quecimento. A memória colectiva pre- dos 8,5 a 9 graus na escala de Richter,
ficaram feridas; o mar que entrou em fere fazer de conta que nunca aconte- como o de 1755, se repete "entre mil a
altura de 7 varas (cerca de 9 metros) a ceu, como se assim o terramoto não dois mil anos", mas este número pode
levou; os fortíssimos muros da cida- voltasse. Mas o terramoto está aí, não significar nada se os sismos de
de padecerão também esta desgraça, adormecido, e um dia acordará e vol- grande dimensão se sucederem em
foram conduzidas com a violência das tará a fazer sentir os seus efeitos». períodos mais curtos de tempo, como
águas até aos Armazéns, que tendo A tecnologia actualmente disponível é comum, "não se sabe bem porquê"».
sido arruinados, a soberba de Neptu- não permite aos cientistas que estes con- No entanto, conclui o cientista que «um
no totalmente os precipitou», in «Ris- sigam prever onde ou quando poderá sismo de magnitude 6, estatisticamen-
co Sísmico - Centro Histórico de Lagos», ocorrer um sismo, nem qual a sua mag- te mais frequente, mais perto da cos-
de Luís Alberto Mendes Victor - 2006. nitude. Em declarações à Agência Lusa, ta ou debaixo de uma cidade pode ter
Na opinião de Frederico Mendes Pau- citadas pelo jornal Diário de Notícias de efeitos ainda devastadores».
la, merecedora de necessária reflexão, 07 Maio 2019, João Duarte, da Faculda- Crê-se que o sismo de 1755, que terá
«Os acontecimentos terríveis ocorri- de de Ciências da Universidade de Lis- atingido 8,8 na escala de Richter (<2,0 a
dos nessa manhã do primeiro de No- boa, declarou que «Não é possível di- >10,0) terá sido um dos 10 maiores ocor-
vembro de 1755 marcaram para sem- zer que vai haver mais sismos por- ridos no Mundo e terá libertado uma ener-
pre o futuro da cidade de Lagos. A ca- que este é um processo absoluta- gia equivalente a 210 000 000 de tonela-
pital do Algarve, sede dos Descobri- mente lento, demora 10 a 20 milhões das em massa de TNT. »»
A terra tremeu...
A Ermida de Santo Amaro, em Lagos, onde os sobreviventes se refugiaram após o sismo

»» Cerca de 20 minutos após o terra-
moto, o mar entrou aproximadamente
quatro quilómetros pela ribeira e destruiu
a Ermida de São João Baptista, edifício
que acabou por ser recuperado em 1805.
O fluxo e o refluxo do mar (o maremoto
originado pelo sismo), que ocorreu por
três vezes, sendo a segunda vaga a mais
violenta, terá acabado de arrasar o que o
abalo não tinha destruido: «E só o que
posso dizer nesta minha é que no pri-
meiro de novembro do ano próximo
passado, pelas nove horas e meia da
manhã, principiou o terramoto, que du-
raria quatro ou cinco minutos, pouco
mais ou menos, e foi tão vigoroso nes-
Simulação da provável inundação pelo maremoto (MENDES-VICTOR)
ta cidade que totalmente arrasou, me-
in «Risco Sísmico - Centro Histórico de Lagos», página 110
nos algumas casas térreas que fica-
ram junto das muralhas da parte do mente caíram umas mais que outras Manoel de S. José, in SOUSA, 1919), in
campo, donde não fez tanta impres- menos, e de toda ela só ficaram algu- «Histórias de Portugal em Marrocos»,
são. Os templos todos se arruinaram, mas casas térreas em pé, na porta dos Blogue da autoria do arquitecto Frederi-
assim dentro dos muros, como de quartos, rua dos homens do mar e jogo co Mendes Paula.
fora. da bola». (Carta do Prior de S. Sebasti- Os sobreviventes do cataclismo refu-
Todas as casas da cidade inteira- ão, João Baptista Coelho da Costa, a Frei giaram-se na zona de Santo Amaro, »»
A terra tremeu...
A Igreja de Santa Maria da Graça, na Porta da Vila, foi totalmente destruída em 1 de Novembro de 1755
»» perto da Ermida aí existente, onde foi
criado um bairro de barracas. A Ermida
não sofreu danos devido ao abalo telúri-
co e às três vagas do maremoto, uma vez
que não só se encontrava implantada
num maciço geológico sólido, como se
localizava numa zona alta da cidade, por
conseguinte, longe da fúria do mar.
De acordo com o estudo de Luís Al- decadência e de abandono, com a popu- gos», e que se reproduz acima. Atente-
berto Mendes Victor, já mencionado, o lação deixada à sua sorte. O Governa- se: o número de mortos, para uma popu-
maremoto «que se seguiu ao terramo- dor e o Exército fugiram para Tavira e, só lação de 2.507 residentes situar-se-ia
to foi especialmente destruidor, inun- vários anos depois, parte dos edifícios foi entre os 501 e os 752 indivíduos, e o de
dando cerca de 15 dos 30 hectares da restaurada. Muitos, no entanto, nunca fo- feridos graves seria entre as 25 e as 50
área intra-muralhas. Segundo os rela- ram reparados. pessoas.
tos da época, a altura do tsunami cor- Conhecendo-se hoje, tanto quanto Citando Frederico Mendes Paula: «O
respondeu à altura das Muralhas, 8.00 possível a dimensão e os efeitos do sis- primeiro de Novembro de 1755 ficará
metros, mas o mar entrou na cidade mo de 1 de Novembro de 1755, em La- para sempre ligado à história da cida-
até à cota 12.00». gos, impõe-se a seguinte questão: e se de de Lagos, como a data que mais a
Estima-se que na sequência deste ca- ocorresse hoje um cataclismo desta marcou e determinou o seu futuro.
taclismo terão morrido, em Lagos, cerca dimensão? Data que deveria ser evocada anual-
de 400 pessoas, de um total estimado de A resposta não poderia ser mais do mente, homenageando as suas vítimas
5 mil residentes, ou seja, cerca de 8% da que trágica, conforme se pode depreen- e lembrando que muito pode ser feito
população. der pela estimativa apresentada no livro para minimizar os efeitos de um novo
A cidade viveu momentos terríveis, de «Risco Sísmico - Centro Histórico de La- grande sismo num futuro próximo».
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A terra tremeu...
1755: O sismo de Lisboa
Gravura de 1755, que mostra os incêndios na cidade de Lisboa e o maremoto no Rio Tejo
O terramoto de 1755 foi amplamente
debatido pelos filósofos iluministas do sé-
culo XVIII (entre os quais se destaca Vol-
taire e a sua obra Candide), inspirando de-
senvolvimentos significativos no domínio da
teodiceia e da filosofia do sublime.
Por ter destruido parte significativa da
capital portuguesa (especialmente a zona
da Baixa da cidade) e por ter provocado
a morte de um número estimado de 90
mil pessoas, este cataclismo, seguido de
maremoto, é conhecido por «Sismo de
Lisboa».
Segundo relatos da época os tremo-
res foram sentidos, consoante o local, du-
rante entre seis minutos a duas horas e
meia, causando fissuras enormes de que
Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, promoveu
ainda hoje há vestígios em Lisboa.
a reconstrução da Baixa de Lisboa e de Vila Real de Santo António
Este evento teve enormes repercus-
sões a nível político, social e económico São impressionantes e dramáticos os que apresenta o primeiro balanço siste-
em Portugal e originou os primeiros es- relatos dos sobreviventes deste abalo mático dos efeitos, refere-se que as
tudos científicos do efeito de um sismo, telúrico. Segundo a Wikipedia, «Na obra águas "alagaram o bairro de S. Paulo" e
dando início ao aparecimento da sismo- História Universal dos Terramotos, de Jo- que o "espanto das águas" difundiu o
logia moderna. aquim José Moreira de Mendonça (1758), perigo de que "vinha o mar cobrindo »»
A terra tremeu...
1755: O sismo de Lisboa
Lisboa ficou em ruínas e os sobreviventes viveram em tendas nos arredores da cidade - gravura de 1755
»» tudo": Havia muita gente puxada para das pelo fogo que se seguiu ao abalo sís-
o rio Tejo, por se livrarem dos edifícios, mico, causado por lareiras de cozinha, ve-
cheios de horror da vista das suas ruí- las e mais tarde por saqueadores em pi-
nas. Eis que de repente entra o mar pela lhagens dos destroços».
barra com uma furiosa inundação de D. José I e a família Real não foram
águas, que não fizeram igual estrago em atingidos pelo «Sismo de Lisboa». Con-
Lisboa que em outras partes, pela distân- tudo e devido ao trauma que viveu, o rei
cia que há de mais de duas léguas desta português ficou com fobia aos espaços
Cidade à foz do rio. Contudo, passando fechados. Até à sua morte, D. José I ins-
os seus antigos limites se lançou por cima talou-se num complexo luxuoso de ten-
de muitos edifícios e alagou o bairro de das, no Alto da Ajuda (a «Real Barraca»,
S. Paulo. Cresceu em todos os que havi- que foi a residência da Corte durante cer-
am procurado as praias o espanto das ca de 30 anos) e onde veio a ser edifica-
águas, e o novo perigo se difundiu por do o actual Palácio Nacional da Ajuda.
toda a Cidade, e seus subúrbios, com É possível visualizar-se na Internet
uma voz vaga, que dizia que vinha o mar vários vídeos sobre este cataclismo que
cobrindo tudo». atingiu Portugal, no dia 1 de Novembro
De acordo com a Wikipédia, «Cerca de 1755.
de 85% das construções de Lisboa foram Clicando na ligação abaixo, poderá
destruidas, incluindo palácios famosos e visualizar o publicado no espaço «RTP
bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais Ensina», da autoria de Maria Júlia Fer-
e todas as estruturas. nandes, datado de 2005:
Várias construções que sofreram pou- http://ensina.rtp.pt/artigo/o-terramoto-
cos danos pelo terramoto foram destrui- de-lisboa-de-1755/ O livro «Candide», de Voltaire - 1759
A terra tremeu...
1755: depois do sismo
Ruínas do período romano, na Praia da Boca do Rio, Budens, Vila do Bispo

Da grande calamidade que teve lugar
no dia 1 de Novembro de 1755, resulta-
ram duas situações que poderão ser
merecedoras de atenção.
Uma delas teve lugar na Praia da
Boca do Rio, em Budens, concelho de
Vila do Bispo.
O maremoto que ocorreu após o sis-
mo pôs a descoberto uma aldeia do perí-
odo romano, da qual se conhecia muito
pouco. Silva Lopes (in «Corografia ou
Memória Económica, Estatística e Topo-
gráfica do Reino do Algarve»), deu a co-
nhecer os relatos de um médico lacobri-
gense que teria assistido ao cataclismo e
assinalado as estruturas que então se ti-
nham ficado a ver junto à praia. «Ao re-
colher-se, o mar deixou a descoberto jun-
to à água, grandes e luxuosos edifícios,
e onde era terra firme, hum lago bastan-
te grande».
Outra consequência, esta de maior
importância, prende-se com a forma
como se passou a construir após o sis-
mo, em especial na «Baixa Pombalina»,
da cidade de Lisboa. Este inovador sis- A «gaiola Pombalina», utilizada na construção após o sismo de 1755
tema de construção anti-sísmica é conhe- de da edificação em alvenaria (com re- uma elevada capacidade de resistência
cido por «gaiola pombalina». Esta é uma duzida capacidade de absorção e de dis- às forças de tracção e de compressão.
estrutura tridimensional de madeira incor- sipação da energia libertada). Foi inspi- Ao incorporar-se a estrutura em madeira
porada nas paredes de alvenaria, já que rada nos métodos de construção naval e nas paredes de alvenaria, obtinha-se as
o sismo de 1755 veio mostrar a fragilida- uma vez que a madeira é deformável, tem vantagens dos dois tipos de construção.
A terra tremeu...
Na madrugada do dia 28 de Feverei-
ro de 1969, um sismo de magnitude 7,5
na escala de Richter, com epicentro no
Banco de Gorringe, atingiu o Sul do país
e a região de Lisboa. Este foi o último
grande sismo que ocorreu em Portugal
Continental.
Refira-se que em Marrocos também
foram registadas vítimas, tendo o abalo
telúrico sido sentido até 1.300 km do epi-
centro, particularmente em Bordéus, e
nas Canárias. Por último, registe-se que
foram registadas 47 réplicas deste sismo
entre 28 de Fevereiro e 24 de Março de
1969.
Pelo menos 13 pessoas morreram e
segundo o Instituto Português do Mar e
da Atmosfera (IPMA), «Os estragos nas
construções foram apreciáveis, em
particular nas localidades algarvias de
Vila do Bispo, Bensafrim, Portimão e
Castro Marim. Nestes locais o sismo
foi violento tendo-se verificado a fen-
dilhação de paredes, chaminés e tec-
tos, quebra de vidros, deslocamento
de telhas, etc...
Foram várias as zonas atingidas
nomeadamente as povoações de Ben-
safrim e Barão de S. João. Na primeira
destas localidades caíram mais de 20
casas [...]».
Marcelo Caetano, que era o Presiden-
te do Conselho de Ministros, visitou as
zonas afectadas pelo terramoto com o
objectivo de se inteirar dos estragos e
percorreu, então, parte do concelho de
Lagos.
Os danos ocorridos na cidade lacobri-
gense também foram significativos: a torre
da Igreja de Santo António sofreu diversas
fendilhações, várias casas ruíram e ou-
tras tiveram de ser escoradas.
Em Lagos, ainda, a freguesia de Ben-
safrim foi das mais fustigadas pelo sismo
de 1969: teve edifícios desmoronados e
outros simplesmente danificados.
As causas terão estado na má cons-
trução, muitas vezes com paredes de pe-
dra solta e sem argamassa, o que se ex-
plica pelas pouco exigências técnicas
requeridas na época.
Celebração e Homenagem
42º Aniversário do M.D.M.
O Núcleo de Lagos do Movimento

Democrático de Mulheres (M.D.M.) cele-
brou no passado dia 20 de Outubro o seu
42º aniversário.
Esta associação não governamental
foi criada em 1968, no seio do movimen-
to de oposição ao regime salazarista.
O MDM é uma organização de âmbi-
to nacional, sem fins lucrativos, indepen-
dente do Estado, de partidos políticos e
de religiões e assume-se como um movi-
mento de opinião e de intervenção que
valoriza o legado histórico dos movimen-
tos de mulheres que lutaram contra a
opressão e as desigualdades entre mu-
lheres e homens, defenderam e defen-
dem os direitos das mulheres nas suas
vertentes políticas, sociais, económicas
e culturais e de direitos humanos.
O núcleo de Lagos do MDM foi criado
em 1977, sem nunca ter interrompido a
sua actividade até ao presente.
Maria Antónia Candeias, do Núcleo
de Lagos, Leonor Agulhas, da Direcção
Nacional, e Glória Marreiros, fundadora
do MDM, recordaram o nascimento des-
ta associação, o trabalho por si desen-
volvido e algumas das suas companhei-
ras já falecidas, destacando os nomes de
Maria Luísa Veloso e o de Maria Marga-
rida Mesquita.
Glória Maria Marreiros foi homenage-
ada pelo MDM de Lagos, por ocasião do
seu 90º aniversário (ver página 17).
Celebração e Homenagem
Aniversário de Glória Marreiros

Aquando da celebração do 42º ani-
versário do Núcleo de Lagos do Movi-
mento Democrático das Mulheres (MDM
-ver página 16-, Glória Maria Marreiros,
uma das fundadoras desta associação
não governamental, foi homenageada por
ocasião do seu 90º aniversário.
Glória Maria Marreiros da Cunha é na-
tural de Marmelete, concelho de Monchi-
que, onde nasceu a 26 de Agosto de
1929. Frequentou a escola primária em
Lagos e, na mesma cidade, em ensino
particular, estudou francês, piano e con-
tabilidade.
Antifascista desde tenra idade, foi ca-
sada com o engenheiro Henrique Perei-
ra da Cunha (1932-2010), também ele
resistente antifascista, que foi preso em
1964 e libertado em 1967.
O percurso profissional de Glória Mar-
reiros iniciou-se na área da saúde, sen-
do Parteira diplomada pela Faculdade de
Medicina de Coimbra e concluído o cur-
so de enfermagem psiquiátrica da esco-
la do Hospital psiquiátrico Sobral Cid.
Colaborou com o psiquiatra João dos
Santos e Maria Amália Borges de Medei-
ros, tendo seguido apaixonadamente o
mundo da psicopedagogia e os proble-
mas associados à saúde materno infan-
til. Posteriormente, licenciou-se em Filo-
sofia, com pós-graduação em Museolo-
gia Social.
Glória Marreiros tem vasta obra lite-
rária publicada, destacando-se entre es-
tes os trabalhos «Gravidez e Maternida-
de», «Viveres Saberes e Fazeres Tradi-
cionais da Mulher Algarvia», «Um Algar-
ve Outro, contado de boca em boca»,
«Algarve, a gente e o mar (com fotografi-
as de Júlio Bernardo), «Algarvios Pelo
Coração - Algarvios Por Nascimento» e
«Quem Foi Quem? - 200 Algarvios do
Século XX».
Glória Marreiros é, acima de tudo,
para o que assina com emoção esta sin-
gela homenagem à amiga de sempre da
sua família, especialmente da avó e da
mãe, isso mesmo: a amiga carinhosa e
fraterna.
O que é muito, é muito, certamente!
Carlos Mesquita
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Mais Lagos
Lagos no seu melhor
A Baía de Lagos, com Alvor e a Praia da Rocha ao fundo
Meia-Praia e a cidade de Lagos - Vistas do Forte da Ponta da Bandeira

Mais Lagos
Lagos no seu melhor
A Igreja de São Sebastião, de Lagos - Vista a partir da Rua dos Ferreiros
Interior da Igreja de São Sebastião, de Lagos

Mais Lagos
Lagos no seu melhor
A Baía de Lagos, vista da Rua de Santo Amaro - Lagos
Montra da cervejaria «Ferradura», na Rua 1º de Maio, em Lagos

Mais Lagos
Lagos no seu melhor
A Rua Silva Lopes, com a Igreja de Santo António ao fundo - Lagos
Edifício do cinema de Lagos - Rua Cãndido dos Reis

Menos Lagos
Lagos no seu pior
Praça Luís de Camões, com a Rua Cândido dos Reis - Lagos
Rua Infante de Sagres, com a Rua 1º de Maio - Lagos

Menos Lagos
Lagos no seu pior
Rua Professor Joaquim Alberto Taquelim - Lagos
Fotografia ©: António Manuel Rodrigues, do Facebook
Ponte sobre a Ribeira de Bensafrim - Lagos

Menos Lagos
Lagos no seu pior
Rua António Barbosa Viana (da «Zorra») - Lagos
Rua Dr. Faria e Silva - Lagos

Menos Lagos
Lagos no seu pior
72 decibéis de poluição sonora - Praça Gil Eanes - Lagos
Ermida de Santo Amaro - Lagos

Lagos - Ontem e Hoje
A estação ferroviária
A estação ferroviária de Lagos (uma Correia, o presidente da Câmara local, cio e Marinha e mais pessoal superior
das duas terminais da Linha do Algarve, enviou um ofício à Escola Industrial de dos caminhos de ferro, senadores e
a par com a de Vila Real de Santo Antó- Lagos, anunciando a tão aguardada inau- deputados pelo Algarve» e que «O Pre-
nio) foi inaugurada em 30 de Julho de guração. Nele se informa que o comboio sidente da Câmara convida o Director
1922. chegará a Lagos às 11:30 desse dia, con- a estar presente na recepção aos ilus-
Recorda-se que cinco dias antes des- tando com as presenças do «Presiden- tres hóspedes na gare da estação».
se evento marcante para Lagos, Joaquim te do Ministério, Ministros do Comér- Segundo informação disponibilizada »»
A estação ferroviária
»» na Wikipédia, «Na altura da inaugura- oito vias, sendo uma geral, uma directa, gava a estação à Linha do Algarve. A via
ção, o complexo da estação era formado uma de resguardo, três para manobras e directa terminaria alguns metros no sen-
pelo edifício do terminal, um bairro para duas de saco, para transbordo de mer- tido contrário à Linha do Algarve».
os funcionários, e uma cocheira para lo- cadorias e estacionamento. Apenas as Refira-se, por último, que a Secção
comotivas. Este último edifício destaca- vias de saco e no interior da cocheira ter- Museológica da CP, de Lagos, se encon-
va-se pela sua forma em leque, com co- minavam dentro da estação, convergin- tra abandonada há anos, sem que pare-
bertura em sheds. A estação contava com do todas as outras na via directa, que li- ça haver vontade de a reactivar.
A Ponte D. Maria
Desconhece-se a data em que a pon- ponto, com vãos desiguais. Uma cheia, em Novembro de 1805,
te Dona Maria, sobre a ribeira de Bensa- Em 1618 foi alvo de obras de conser- destruiu três arcos, tendo as obras de re-
frim, em Lagos, foi erigida. vação, mas com o Sismo de 1755 sofreu paração durado até 1807.
Esta ponte, que apresenta vestígios graves danos, tendo sido reconstruída em Foi renovada entre 1958 e 1960, e a
de construção romana, tem cerca de 103 1783. Foram adicionados, então, dois pa- placa comemorativa foi removida e guar-
metros de comprimento e nove de largu- tamares com bancos, e uma lápide co- dada no Museu Dr. José Formosinho.
ra, assentando sobre doze arcos de meio memorativa. Em Fevereiro de 2012 foi fechada»»
A Ponte D. Maria
»» ao trânsito automóvel e pedonal por tacaria, teve um novo tabuleiro mais leve ponsabilidade nos destinos dos outros,
recomendação do Laboratório Nacional e adaptado ao trânsito automóvel, dois teria logo pensado, antes de fazer fosse
de Engenharia Civil (LNEC), por «risco corredores laterais, um só para peões, o que fosse.
de colapso iminente». Após mais de três outro com uma ciclovia. E teria reparado que a ponte de D.Maria
anos encerrada e com as obras envoltas Na opinião do arquitecto José Velo- era mais do que a passagem duma mar-
em polémica, foi reaberta em Agosto de so, em artigo no Correio de Lagos, «Qual- gem para a outra da ribeira Bensafrim. Que
2015. Os arcos foram reforçados por es- quer cidadão investido de poder com res- era património da comunidade».
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Coleccionismo
Encontro Nacional de
Coleccionismo “Cidade de Lagos”
Tendo conhecimento da existência na
cidade de Lagos de muitos amantes do
coleccionismo e após contacto com mui-
tos coleccionadores de vários pontos do
país, através da internet, que nos expli-
caram como funcionava os vários encon-
tros de Coleccionadores que se realiza-
vam em várias cidades e tendo conheci-
mento que no Algarve só existia o encon-
tro de Vila Real de Santo António, a Jun-
ta de Freguesia de São Gonçalo de La-
gos, numa das suas reuniões de traba-
lho, propôs-se a organizar um Encontro
que denominou de Encontro Nacional de
Coleccionismo “Cidade de Lagos”.
Contactou alguns coleccionadores
locais e com o apoio da Câmara Munici-
pal de Lagos e do Exército Português, suas colecções, ainda esteve presente entre a Freguesia de São Gonçalo de
organizou o I Encontro nos dias 26 e 27 todos os dias, distribuindo, entre os jo- Lagos e a Associação Filatélica e Numis-
de Setembro de 2015, que contou com a vens estudantes e outros coleccionado- mática Gil Eanes, que contou com o En-
participação de 26 coleccionadores, res, o seu conhecimento e experiência na contro de trocas, em 10 de Novembro
oriundos de vários pontos do país que arte de coleccionar. (participaram 73 coleccionadores) e com
apresentaram uma grande variedade de Esta exposição, para lá de ter mos- a III Exposição de coleccionismo, de 12
colecções. trado muitos artigos coleccionáveis, ain- a 22 de Novembro, onde participaram 13
O resultado desse encontro foi exce- da contribuiu para o encontro e convívio coleccionadores Lacobrigenses.
lente, pois para lá da presença de um entre mais coleccionadores Lacobrigen- Entre 9 e 18 de Novembro de 2019,
número considerável de participantes, ses, tendo dado origem à criação de um vai acontecer o V Encontro Nacional de
surgiu um grupo de coleccionadores re- grupo de trabalho, que viria mais tarde a Coleccionismo “Cidade de Lagos”, que
sidentes em Lagos, interessados em recuperar a antiga “Associação Filatélica conta com o encontro de trocas no dia 9
apoiar a iniciativa e disponíveis para le- e Numismática Gil Eanes” com a IV exposição de coleccionismo de
var a efeito, no ano seguinte, uma expo- Entre 18 e 28 de Outubro de 2017, 12 a 18, que esperamos venha a ser mais
sição de Coleccionismo, que mostrasse realizou-se o III Encontro Nacional de um sucesso e uma prova de que o colec-
os vários tipos de artigos coleccionáveis. Coleccionismo “Cidade de Lagos”, já com cionismo está bem vivo no concelho de
Assim, de 22 a 31 Outubro de 2016, a organização repartida entre a Fregue- Lagos.
realizou-se o II Encontro de Coleccionis- sia de São Gonçalo de Lagos e a Associ- VIVA O COLECCIONISMO
mo “Cidade de Lagos”, que para lá do ação Filatélica e Numismática Gil Eanes, Associação Filatélica e
encontro de trocas (22 de Outubro) que que contou com o Encontro de trocas, em Numismática Gil Eanes - Lagos
contou com a participação de 52 colecci- 28 de Outubro (participaram 58 coleccio- José António Nunes
onadores, contou com uma exposição, de nadores) e com a II Exposição de colec-
24 a 31 de Outubro, onde, para lá dos cionismo, de 18 a 26 de Outubro, onde
artigos expostos, decorreram vários participaram 16 coleccionadores Lacobri-
workshops com os alunos das escolas do genses, com destaque, sem desprimor
1º ciclo. dos restantes, para a grande figura do
Esta exposição contou com o apoio Coleccionismo Nacional sobre desporto,
da Secção de Coleccionismo dos Bom- José Manuel Búzio.
beiros de Vila Real de Santo António e Entre 10 e 22 de Novembro de 2018,
de uma grande referência do coleccionis- realizou-se o IV Encontro Nacional de
mo Algarvio, o coleccionador Albano Par- Coleccionismo “Cidade de Lagos”, mais
ra dos Santos, que para lá de expor as uma vez com a organização repartida
Coleccionismo
Coleccionar é aprender e...
Moedas do Conde de Lippe,

e outras estórias
Schauman-Lippe (Frederico Guilher- grandes reformas e construiu edifícios
me, conde de), general alemão, nascido que ainda hoje são dos mais marcantes
em Londres (1724-1777). Foi contratado do noroeste da Alemanha.
pelo Conde de Oeiras (depois Marquês Ora o dito Conde de Lippe terá prota-
de Pombal), para vir a Portugal reorgani- gonizado, uma das estórias de Lagos.
zar o exército deste país, missão que Não sabemos em que período terá
desempenhou brilhantemente. Coman- passado por Lagos, mas poderá ter sido
dou as tropas anglo-lusas durante a cam- na fase final da sua passagem por Portu-
panha de 1762 (Guerra Fantástica) con- gal.
tra os Espanhóis, manobrando com ex- O que consta é que o Conde de Li-
trema habilidade. Soube disciplinar e ins- ppe, tendo provado em Lagos as conqui-
truir as forças portuguesas e dirigiu com lhas que por lá se apanhavam, de tal for-
grande acerto os trabalhos de defesa da ma se encantou com o novo sabor em
fronteira e, particularmente, da praça de que seu palato voluptuosamente trope-
Elvas, onde fez construir um magnífico çara, que se tornou um aficionado degus-
forte, que se ficou chamando Forte de tador do referido bivalve.
Lippe. De tal forma terá sido a frequência
Foi Comandante-Chefe de Exército com que ordenava a quem o servia que
Português até 2 de Setembro de 1764, e guinte: Que de ora em diante, todo o Sar- lhas trouxesse, entre criados seus e povo
foram por si publicados os Regulamen- gento que nas mostras responda pela com- local, que se terá começado a dizer no
tos de Infantaria e Cavalaria e um Códi- panhia e que pela natureza do seu encar- passa palavra das ordens transmitidas
go de Justiça Militar que por anos servi- go deve saber ler e escrever correctamen- que os ditos bivalves eram “para o cond’
ram entre nós. te porque o Oficial Comandante da mes- d’Lippe”.
ma pode não o saber, por ser Fidalgo. Ora, num tempo sem grafias fixadas
Dado em Salvaterra de Magos e onde a alfabetização de facto contem-
16 de Fevereiro de 1764” plava apenas uma minoria muito pouco
No livro “Moedas Portuguesas e do representativa, não é improvável crer que
território que hoje é Portugal” - 5ª Edição, as sucessivas repetições do título nobili-
do malogrado Alberto Gomes, podemos árquico à guisa de nome próprio tivessem
encontrar (pág. 687 e 688), a amoeda- causado uma aglutinação, e, por analo-
ção do Conde de Lippe durante o perío- gia, tivessem mesmo vindo a substituir o
do em que se encontrou em Portugal: nome comum por que estes moluscos
Um episódio saboroso. são conhecidos na zona de Lagos: CON-
Enquanto Conde soberano de DELIPAS.
Schaumburg-Lippe, então um Estado in- Associação Filatélica e
dependente no contexto do Sacro Impé- Numismática Gil Eanes - Lagos
rio Romano-Germânico, empreendeu Alberto Praça
“Eu ,Guilherme por Graça de Deus, ,

conde reinante de Schaumburg, Conde e
nobre, senhor da Lipe e Thranberg, Mare-
chal General das Tropas de Sua Majesta-
de Fidelíssima, Cavaleiro da Ordem da
Águia Negra, etc.
Para evitar duvidas que se possam ofe-
recer sobre esta matéria, estabeleço o se-
Gastronomias
Clube das cosmiquices
Coisas do palato
O Clube das Comisquices e das Gu- sencialmente, os três livros que ilustram
lodices foi criado na Nova Costa de Oiro esta página e que são: «Cozinha Tradi- A Tiborna
pelo já falecido arquitecto Mário Helder cional Portuguesa», da autoria de Maria A «tiborna» não é uma receita
Silva, que nas nossas páginas recolheu, de Lurdes Modesto, «Cozinha Regional exclusivamente algarvia, pois pode
promoveu e testou receitas recebidas dos do Algarve», numa edição digital do Tu- ser encontrada em várias zonas do
nossos leitores, visando a preservação e rismo de Portugal/Algarve e «Coisas da nosso País.
a divulgação da gastronomia local. Terra e do Mar - Sabores da cozinha al- Actualmente, já há poucas pes-
Seguindo as pisadas de Mário Helder, garvia», de José Vila, soberbamente ilus- soas a cozerem o seu próprio pão,
a Nova Costa de Oiro propõe-se retomar trada com as fotografias do aljustralense se bem que tal não seja tarefa im-
esta rubrica. Para tal, pretende vir a visi- João Mariano. possível, mesmo para quem viva em
tar alguns estabelecimentos de restaura- Esperamos e ansiamos que esta ve- cidades, em apartamentos.
ção, conhecer os seus proprietários e fun- nha a ser uma viagem inesquecível pela Com um pão acabadinho de co-
cionários e, acima de tudo, provar as riqueza gastronómica da nossa região, zer (ou aquecido no forno), partido
muitas e variadas iguarias disponíveis. pelos seus maravilhosos produtos da ter- aos bocados, com a mão (não usar
Também se pretenderá divulgar aqui al- ra e do mar e na partilha de sabores. faca!), colocam-se alhos, sal e azei-
gumas receitas culinárias algarvias. Enfim, de tudo o que nos é agradável te numa travessa, onde se ensopa
Quanto a estas, iremos consultar, es- ao palato... o «casqueiro». Bom apetite!
Ruas da Nossa Terra
Conhecer e visitar
Rua Cândido dos Reis
(Antiga Rua Augusta)
A Rua Cândido dos Reis, em Lagos,

tem o seu início Praça Luís de Camões e o
seu término na Rua Lançarote de Freitas.
Antes da Implantação da República,
em 5 de Outubro de 1910, em Portugal,
chamava-se Rua Augusta», embora tam-
bém fosse conhecida localmente por Rua
do Assento.
O Almirante Carlos Cândido dos Reis
(Lisboa, 16 de Janeiro de 1852 - Lisboa,
4 de Outubro de 1910), foi um dos milita-
res conspiradores e membro da Carbo-
nária, anti-clerical e organizador militar da
Revolta de 5 de Outubro de 1910.
Cândido dos Reis foi um adepto fer-
veroso do regime republicano e opositor
do monárquico, não obstante ter sido então chefe do Governo) tinha tido conhe- Pouco antes do golpe, o médico Mi-
agraciado com o grau de oficial da Or- cimento da acção dos revolucionários e guel Bombarda, que era um dos chefes
dem de Avis e a de Cavaleiro da Torre e colocado de prevenção as tropas leais à civis responsáveis foi morto a tiro por um
Espada pelos seus feitos na marinha. monarquia. Por esta razão, a maioria dos doente mental do Hospital de Rilhafoles.
Dois dias antes do golpe militar que chefes republicanos propôs um adiamen- Por outro lado e para complicar ainda
culminou na Implantação da República, to do golpe, o que mereceu a vigorosa mais os planos dos conspiradores republi-
soube-se que Teixeira de Sousa (que era oposição de Cândido dos Reis. canos, parte substancial das unidades»»
Ruas da Nossa Terra
Conhecer e visitar
Rua Cândido dos Reis
(Antiga Rua Augusta)
»» militares comprometidas no movimen- ditando na vitória dos revoltosos, despe- tes de José Relvas e de Eusébio Leão
to não chegou a revoltar-se. Pior ainda, diu-se dos oficiais da Marinha com quem terem proclamado a Implantação da Re-
muitos oficiais do exército que pensavam privava e poucas horas mais tarde foi pública a partir da varanda da Câmara
que a revolução não iria ter sucesso de- encontrado morto na Azinhaga das Frei- Municipal de Lisboa.
sertaram do entrincheiramento que tinha ras. Por último, registe-se que Lagos foi
sido montado na Rotunda, em Lisboa. Ironicamente, o Almirante Cândido uma das 12 Câmaras republicanas de
Assim, Cândido dos Reis, não acre- dos Reis suicidou-se poucas horas an- Portugal, antes de 5 de Outubro de 1910.
Gente da Nossa Terra
Lacobrigenses
Joaquim José Machado

Militar, Explorador, Governador e Empreendedor
cia e de energia, fizeram com que se dis-
tinguisse nos estabelecimentos de ensi-
no civil e militar onde estudou (Escola
Politécnica e Escola do Exército) e ao lon-
go de todo um percurso que o levou aos
territórios exóticos do Ultramar portugu-
ês. Tornou-se militar de carreira, ingres-
sando na Arma de Engenharia do Exér-
cito. Foi promovido sucessivamente até
atingir a patente de Coronel (1895) e,
mais tarde, a de General (1897).
Contudo, a carreira de Joaquim Ma-
chado ultrapassou a vertente castrense.
A sua notável capacidade e o seu carác-
ter organizador levaram-no às distantes
terras do Império em África. O Governo
confiou-lhe a direcção das Obras Públi-
cas em Moçambique, tendo deixado um
importante legado no território e revolu-
cionado a paisagem de Lourenço Mar-
ques. Graças à sua intervenção, a cida-
de conheceu uma planificação adequa-
da, bem como o aterro dos pântanos cir-
cundantes. O Hospital Civil e Militar
(1877), a Igreja Paroquial (1878) daque-
la cidade e o excepcional Hospital da Ilha
de Moçambique foram alguns dos vários
frutos da sua intervenção.
Foi no domínio da ferrovia, porém, que
este ilustre militar mais se destacou, pela
amplitude dos seus projectos e obras. De-
fensor acérrimo e entusiasta dos cami-
nhos-de-ferro, a Joaquim Machado se
deveu a planificação do traçado da via-
No meio de um mundo e de um quoti- deu origem (também) a uma estação em férrea que ligou Lourenço Marques ao
diano agitado, são muitas as vezes em território sul-africano e em Angola ergue- Transvaal (1877), bem como as ligações
que não reparamos devidamente nas re- ram-lhe um monumento. É, também, um de Moçâmedes à Província do Bié (1881)
alidades ao nosso redor, sobretudo nos nome de referência na toponímia da sua e a Ambaca (1885), em Angola, perspec-
espaços em que vivemos e, sobretudo, cidade natal: Lagos. Referimo-nos a Jo- tivando o desenvolvimento económico
nas Pessoas que os ajudaram a construir, aquim José Machado. dos territórios.
ou que a partir deles se notabilizaram de Joaquim José Machado nasceu em A sua experiência e conhecimento da
alguma forma. Lagos, no dia 24 de Setembro de 1847, e realidade ultramarina portuguesa, condu-
Com este artigo, pretendemos relem- faleceu na cidade de Lisboa, a 22 de Fe- ziram à sua participação numa missão em
brar, destacar e chamar a atenção para vereiro de 1925. Angola (1902) e a que exercesse as dis-
o nome, para a pessoa e para a obra de As suas origens humildes jamais su- tintas funções de Governador de Moçam-
um dos mais notáveis Lacobrigenses de poriam que Joaquim Machado alcanças- bique, entre 1890 e 1891; novamente em
todos os tempos. Em Lisboa existe um se a carreira brilhante que o futuro lhe 1900 e, uma terceira vez, entre 1914 e
largo com o seu nome, em Moçambique trouxe. As suas qualidades de inteligên- 1915.
existiu uma vila com o seu nome, o qual cia, de grande determinação, de resiliên- Outra função notável desempenhada»»
Gente da Nossa Terra
Lacobrigenses
Joaquim José Machado

Militar, Explorador, Governador e Empreendedor
»» pelo General Joaquim Machado foi a
de Governador da Índia (foi o 110.º), en-
tre 1897 e o ano de 1900.
Aí, nas terras da Ásia portuguesa, pro-
curou aligeirar as medidas repressivas
impostas sobre a imprensa, manifestan-
do uma postura de pacificação e de con-
ciliação, após o período de revolta que
ocorrera no território. Além disso, a sua
experiência e conhecimentos técnicos
deixaram, também, as suas marcas: am-
pliou-se a rede viária e instalou-se uma
linha telegráfica. Apoiou o levantamento
da Carta Corográfica e Agrícola do terri-
tório e promoveu o seu desenvolvimento
agrícola. Joaquim José Machado, estan-
do à frente dos destinos do Estado da
Índia, procedeu, também, a reformas fis-
cais e administrativas e tomou importan-
tes diligências para a garantia da ordem
e tranquilidade públicas.
Entre os vários trabalhos de sua au-
toria, destacou-se “O Caminho de Ferro
de Lourenço Marques, Parecer da Comis-
são Africana e Informação Apresentada dade de Conselheiro.
pelo Vogal Joaquim José Machado”, que Terminamos com uma curiosidade Fontes e Bibliografia:
foi publicado pela Sociedade de Geogra- acerca desta insigne figura lacobrigense.
fia de Lisboa. Na cidade de Maputo, capital de Moçam- - SÁ, Francisco Xavier Valeriano de,
Este homem multifacetado, prestigia- bique – a antiga Lourenço Marques a que “Vice-Reis e Governadores da Índia
do militar, conhecido pela sua dignidade nos referimos anteriormente -, existe um Portuguesa”, Macau, CTMCDP,
e honestidade, foi homenageado das edifício que alberga hoje a Livraria da 1999, pp. 348 e 349.
mais variadas formas: com a designação Imprensa Nacional de Moçambique. Tra- - “Tratado de todos os Vice-Reis e
de uma Vila Machado em Moçambique e ta-se da antiga Cadeia Civil, conhecida Governadores da Índia”, Lisboa, Edi-
em Angola; com a estação ferroviária como “Casa do Machado” e constitui um torial Enciclopédia, Lda., 1962, pp.
Machadodorp (linha Lourenço Marques- dos vestígios das intervenções levadas 243 e 244.
-Transvaal) e com um monumento ergui- a cabo no âmbito da expedição de Obras
do em sua homenagem em Lobito (An- Públicas de 1877, liderada por Joaquim - Câmara Municipal de Lisboa
gola). A Câmara Municipal de Lisboa inau- José Machado. Um exemplo entre os http://www.cm-lisboa.pt/noticias/
gurou um busto em sua homenagem, no muitos contributos que este militar e ad- detalhe/article/inauguracao-do-
largo com o seu nome, em Benfica, no ministrador português deixou nos territó- busto-do-general-joaquim-jose-
passado ano de 2017. rios de Moçambique, de Angola e do Es- machado
Graças à sua importante e vastíssi- tado da Índia, ilustrando o seu país e afir- - Património de Influência Portugue-
ma obra, bem como à sua conduta o mando a sua soberania no meio do peri- sa – Fundação Calouste Gulbenkian
General Joaquim Machado foi conde- goso xadrez internacional do seu tempo, http://hpip.org/pt/heritage/details/
corado com as Ordens de Cristo, de percorrendo os reinados de D. Luís I, de 2205
Avis, de Santiago, de São Miguel e São D. Carlos I, de D. Manuel II e os contur- - The Delagoa Bay World https://
Jorge (de Inglaterra) e com a medalha bados anos da 1.ª República. delagoabayworld.wordpress.com/
de ouro de Serviços Relevantes no Ul- Artur Vieira de Jesus, category/pessoas/joaquim-jose-
tramar. Em 1902, foi elevado à digni- Licenciado em História machado/
Memória
O imprevisto aconteceu e...
A partir desta edição de Novembro da
Nova Costa de Oiro, José Francisco Rosa
junta o seu nome aos dos nossos cola-
boradores. E é com com profunda ale-
gria e satisfação que o recebemos e aos
seus textos nas nossas páginas. Seja
bem-vindo!
José Francisco Rosa nasceu na cida-
de de Lagos, em 21 de Fevereiro de 1924.
Completou os seus estudos em Lisboa,
tendo ingressado no ensino aos 20 anos,
como Mestre do Ensino Técnico Profissi-
onal.
Aposentou-se aos 68 anos, após 48
José Francisco Rosa anos de serviço.
Noite de Circo
…O imprevisto aconteceu quando a electricidade faltou,
o espectáculo não se realizou e…
A Feira Franca, criada em Lagos, a
partir de 20 de Novembro de 1931, era
muito concorrida, pois atraia muitos ne-
gociantes da cidade devido à compra e
venda de gado vacum, suíno, ovino, ca-
prino e muar, bem como de visitantes da
cidade e das populações vizinhas, para
se divertirem na enorme variedade, tais
como as dos circos, carrosséis, tendas
quinquilharias, de tiro, de doces e ainda
a esfera e o poço da morte, onde um mo-
tociclista se exibia, no seu interior.
Também havia os espelhos que diver-
tiam imenso os espectadores, pois ora se
viam gordos, ora se viam magros, con-
forme estivessem em frente de um ou
outro espelho.
Enfim, a Feira era um espectáculo no
Rocio de São João, repleto de lâmpadas
que iluminavam todo o recinto.
Alguns garotos, residentes nas ime-
diações da Feira, não faltavam àquele es-
pectáculo nocturno na mira de entrar no
circo sem pagar bilhete e, então, espia-
vam a patrulha da Guarda Nacional Re-
publicana, de serviço ao circo. Quando
esta se encontrava nas traseiras do mes-
mo, infiltravam-se no seu interior.
Foi o que fizeram três deles. cadas, por entre as pernas de espec- ziam e sentaram-se muito sossegadi-
Depois foi só marinhar pelas ban- tadores e espectadoras, que nada di- nhos, mas com o coração ainda a »»
Memória
O imprevisto aconteceu e...
Noite de Circo
»» bater da aventura, e esperança que res espectadores poderiam dirigir-se à bendo o dinheiro que não lhe pertencia.
o espectáculo começasse. bilheteira, para que o dinheiro dos seus Com aquele dinheiro, os três amigos
E começou com a orquestra tocando bilhetes lhes fosse restituído. compraram um maço de cigarros e rebu-
para animar o povo. Um dos três rapazes que entraram no çados com os cromos dos jogadores de
O mestre de cerimónias apareceu na circo à socapa, ouvindo o que o mestre de futebol. Não viram o espectáculo do cir-
pista, cumprimentando o público e a cerimónias disse, aproveitou a deixa e, co, mas fumaram uns cigarritos e tenta-
anunciar o primeiro número do espectá- antes de se retirar, apanhou do solo dois ram ganhar uma bola de cautchu com os
culo, nada mais nada menos que a fabu- bilhetes que os espectadores julgando que cromos dos jogadores.
losa mariposa voadora, a trapezista e… já não seriam necessários deles se desfi- José Rosa
foi nesse preciso momento que o impre- zeram. Então, dirigiu-se à bilheteira, rece- Memória de 1936
visto aconteceu e…
Ocorreu um súbito apagão devido à
demasiada carga eléctrica que os moto-
res da Central Eléctrica estavam a supor-
tar, com a enorme quantidade de lâmpa-
das acesas. Estes foram-se abaixo das
canetas e o escuro invadiu a cidade. No
entanto, o que é certo é que a iluminação
no interior do circo e, por conseguinte,
onde os artistas se exibiam era nula.
Novamente, o mestre de cerimónias
compareceu, trazendo um petromax na
mão para se alumiar e anunciou ao pú-
blico que o espectáculo não se podia
efectuar por falta de luz e que os senho- Edifício da Central Eléctrica de Lagos
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Ficção / Humor
O Cantinho do Poder
está de volta com novos protagonistas
Nos derradeiros suspiros de 2019, eis
que senão quando está de volta a hilari-
ante rubrica “O Cantinho do Poder”. Por-
ventura, sob inspiração do mais fresco
Feriado do Burgo, ocorrido como sempre
a 27 de Outubro, em honra do seu pa-
droeiro Mártir Peixinhos, prodigioso pes-
cador e milagreiro de dois Burgos. Caso
raro!
Na hora do regresso, é preciso avi-
var a memória daqueles que acompanha-
ram a saga de ficção, à época publicada
no saudoso jornal Notícias de Lagos e
que até, note-se, mereceu o lançamento
de um livro em 2003. Uma cerimónia de
apresentação da colectânea de histórias
de ficção que aconteceu na Biblioteca do afamada, pioneira no alojamento local, noites do Burgo.
Dantas, e que teve o condão de juntar as uma mulher de armas, sempre de cabe- Todas as Histórias, são pura ficção.
principais personagens ficcionadas e re- ça erguida, frontal e destemida. Qualquer semelhança entre Per-
ais, actores políticos, como foram os ca- Pépinho Palmeira quis deixar como sonalidades e Lugares existentes no
sos de Tin Tin Corado, Júlio dos Regis- sucessor Joaquim Xaiota. Uma persona- texto, e Personalidades e Lugares
tos e Lili Sereia. lidade incontornável, que rivalizava com da vida real, não passam de pura co-
Mais de uma década volvida, os Co- o Raul de Alvor na apanha de bivalves, o incidência.
mendadores reuniram, debateram e de- homem que dominava o cubo mágico e a Os Princípios Orientadores
cidiram pôr fogo à peça. Os novos episó- gaita como ninguém. O castiço animava Nós, Comendadores auto-comenda-
dios de “O Cantinho do Poder” assentam os bares nocturnos, sem nunca aldrabar. dos de Lagos, declaramos, assinamos e
agora praça na revista “Nova Costa de Xico Setúbal propôs o conhecido An- juramos fidelidades aos “Princípios Ori-
Oiro”. Pois claro, quem ganhou populari- tónio da Sabina. Quem não se recorda entadores para as crónicas:
dade no passado vem de novo honrar os daquele homem com estômago dilatado, 1) As crónicas devem desfavorecer
seus seguidores e espreitar as reacções o seu chapéu inseparável, e a voz incon- qualquer Partido, mandatário, assessor,
dos novos leitores. fundível, que na Praça dita do Gil Eanes ou agente partidário.
Em reunião magna, com palco num onde mora D. Sebastião, recitava: “O mar 2) Devem privilegiar o humor sagaz
recanto da Praia Grande, onde o taco é está bravo e as ondas a bater, partiu-se e de pura diversão.
soberano, os 5 Comendadores fizeram a fita e o Simões a ver”. 3) Não devem ser persecutórias.
um balanço, analisaram, reflectiram e Viva a Rússia também manifestou o 4) Devem salvaguardar a intimidade
emitiram um programa que rega o pre- seu desejo de escolher alguém de referên- das personagens.
sente e lança as sementes para o futuro. cia. Colocou em cima da mesa o Romeu 5) Não fazer humor sobre incapaci-
Fixados em novos horizontes, mas Pacote. Pescador popular, com penteado dade físicas e realçar as capacidades in-
com os pés bem assentes na actualida- sempre na moda, às vezes de pé descal- telectuais de todos.
de, onde cresce a adversidade política, ço, voz inconfundível, relembramos a poé- 6) Não fazer discriminação de sexos,
as alterações climáticas e o declínio de tica frase “Hoje vou comer uma lata de con- raças ou religiões.
valores da sociedade, foram ditadas as serva para desenjoar o peixe”. 7) Não podem atingir a dignidade e
conclusões. Henriquinho Francês resolveu re- honra de alguém.
O ponto rei determinou a renovação crutar mais uma mulher, por mor das quo- 8) As crónicas continuarão a ser apoi-
dos Comendadores. Prevaleceu a demo- tas na lavra da dita democracia. Vai daí, adas pela seguinte estrutura orgânica:
cracia e a natural sucessão. apresentou o nome de Bertelina Mocha. Departamento Criativo, Departamento de
Madame Perpétua indicou como Quem não se lembra dos seus afamados Investigação e Departamento de Correc-
substituta à altura, uma reconhecida fi- rajás e outros produtos, ali às portas de ção e Moderação de Excessos.
gura, a Mademoiselle Vargas. Poliglota uma casa de dança pop que animava as Os Comendadores
Músicas
Concerto pela
Academia Georg Solti
A Igreja de São Sebastião, em Lagos,
recebeu no passado dia 18 de Outubro,
um concerto pela Academia Georg Solti,
cujo nome honra o emérito trabalho do
reconhecido maestro (Budapeste, Hun-
gria, 21 de Outubro de 1912 - Antibes,
França, 5 de Setembro de 1997).
Sir Georg Solti foi director musical da
Orquestra Sinfónica de Chicago entre
1969 e 1991 (que dirigiu por 999 vezes),
da Orquestra de Paris de 1972 até 1975.
Entre 1979 e até 1983 foi o maestro prin-
cipal da Orquestra Filarmónica de Lon-
dres, tendo morrido em Antibes, na se-
quência de um ataque cardíaco.
O maestro desenvolveu uma longa e
produtiva parceria com John Culshaw, na
editora na Decca. Desse trabalho nasceu
a primeira gravação em estúdio da ópera
«O Anel do Nibelungo», de Richard Wag-
ner, pela Filarmónica de Viena.
Gravou, também em estúdio, as ópe-
ras de Richard Strauss. Ao longo da sua
vida profissional recebeu 31 vezes os
Grammy Awards, bem como o Grammy
Lifetime Achievement Award.
A Academia Solti está sediada na Tos-
cânia, em Itália, e é uma das mais presti-
giadas entidades formadores de jovens
artistas de ópera em todo o mundo.
Com a direcção artística de Jonathan
Papp, que acompanhou ao piano as vo-
zes de Alexandra Omens (Soprano), Sa-
rah Jane Lewis (Soprano), Freddie De
Tommaso (Tenor) e Paul Grant (Baríto-
no), o público que encheu por completo
a Igreja de São Sebastião pôde escutar
o seguinte repertório musical:
Handel (Tornami a vagheggiar),
Dvorak (Songs my mother taught me
Gypsy Songs, Caccini (Ave Maria),
Mendelssohn (Nachtstück), Sullivan
(The Lost Chord), Debussy (C’est
l’extase), Wagner (Der Engel Wesen-
donk Lieder), Verdi (Ingemisco - Requi-
em), Rachmaninoff (Christ is Risen),
Puccini (Boheme duet), Bizet (Tarante-
lle), FUN Piece (TBC), Buzzi-Peccia
(Lolita/Neapolitan songs).
Músicas
Damos-lhe música no Spotify

A necessária chuva de Novembro dos
«Guns n´Roses» tende a não chegar às
Terras do Infante para regar os abaca-
tes, melões e coisas afins de «Muddy Wa-
ters». Deixamos assim as condolências
de «Benjamin Clementine» para a falta
de água no nosso território que tanto afli-
ge a população, vamos baixo com «The
Rolling Stones» e verificamos que a falta
deste recurso é uma problemática séria.
Em Novembro, deixamos os falsos fingi-
mentos de Verão dos «Foo Fighters» e
surge o desejo de viajar ao som de «Go-
gol Bordello» nas paragens paradisíacas
A playlist da Nova Costa de Oiro
de beleza no Algarve.
Agora sem as multidões de turistas, Novembro
continuamos a seguir o sol de «Xavier 01. November Rain - Guns n´Roses
Rudd» durante o ano inteiro. Nesta edi- 02. Muddy Waters - Blow wind blow
ção é feita uma revisão do terramoto e 03. Benjamin Clementine - Condolence
consequente maremoto que fortemente 04. The Rolling Stones - I’m Going Down
assolou o nosso território, com os avisos 05. Foo Fighters - The Pretender
de Bob Dylan e de Bob Marley. 06. Gogol Bordello - Wonderlust King
Nas diversas vozes que marcaram 07. Xavier Rudd - Follow The Sun
várias gerações de diferentes nacionali-
dades, celebramos o Verão Indiano (o Tsunami
nosso São Martinho), com «Anoushka 08. Bob Dylan - Hurricane
Shankar», «Frank Sinatra», «The Doors», 09. Bob Marley - Concrete Jungle
«Joe Dassin» e «Glenn Miller». 10. Nick Cave - Earthquake
Sendo a revista NCO atenta aos tu- 11. Johnny Cash - The Man Comes Around
multos em Voga no mês de Novembro no 12. Let It Be Sung - Jack Johnson
Mundo, deixamos uma mensagem clara 13. Arnold Schwarzenegger - Judgement Day
de Paz «Gotan Project» e para as pes-
soas esquecidas no Mundo, «Thievery Eventos relevantes em Novembro
Corporation». Em Barcelona, os tumultos 14. U2 - Indian Summer Sky
actuais nada se comparam com o hino 15. Anoushka Shankar - Indian Summer
da cidade de «Freddie Mercury & Mont- 16. Frank Sinatra - Indian Summer
serrat Caballé». E a guerrilha em Hong 17. The Doors - Indian Summer
Kong mantém-se com «Rage Against the 18. Joe Dassin - L’Été Indien
Machine» chinesa. 19. Glenn Miller - Indian Summer
A Saga Brexit continua e o senhor Boris 20. Gotan Project - Queremos Paz
parece ser um apreciador de «Sex Pistols», 21. Thievery Corporation - Forgotten People
pois a Anarquia parece imperar no Reino 22. Freddie Mercury & Montserrat Caballé - Barcelona
Unido, enquanto no Algarve aguardamos 23. Sex Pistols - Anarchy in the U.K.
por um desfecho que seja favorável. 24. Rage Against the Machine - Guerrilla Radio
Concluindo, no mês de Novembro, os
Índios da Meia-Praia ficam mais sós, pois Músicas Portuguesas
com um novo governo e términus do Ve- 25. Victor Almeida e Silva - Os Índios da meia praia (tsunami)
rão, os Verdes anos de «Carlos Paredes» 26. Carlos Paredes - Verdes Anos (Novo Governo após eleições)
são «Censurados». 27. Pedro Abrunhosa – Quem Me Leva Os Meus Fantasmas
Assim me despeço e Adeus Que Me 28. Da Weasel - Força (Uma Página De História)
Vou Embora «Humanos» e até a próxi- 29. Humanos - Adeus Que Me Vou Embora
ma edição da NCO. 30. Censurados - É Difícil
Hugo Palma 31. Jorge Palma - Viagem na Palma da Mão (homólogo)
Na próxima edição...
Em Dezembro
na Nova Costa de Oiro
Na próxima edição da Nova Costa de
Oiro, que deverá estar disponível no dia
1 de Dezembro para leitura, descarga em
PDF e impressão, iremos dar destaque
alargado a dois temas:
- Iremos recordar os últimos 12 me-
ses (a partir de Dezembro de 2018) até
30 de Novembro. O nosso foco estará em
Lagos, mas poderemos relembrar outros
factos e acontecimentos marcantes não
só em Portugal, como no Mundo.
- Iremos acompanhar o Ciclo Jazz in
Lagos, que se realizará na Praça
d’Armas, na sede da Filarmónica Laco-
brigense 1º de Maio, nos dias 1, 2 e 9 de
Novembro.
Contamos apresentar uma reporta-
gem alargada sobre este evento, que
esperamos não seja só registada em fo-
tografia e para leitura em PDF, mas tam-
bém em vídeos que iremos deixar para
visualização e audição online. Este é um
«suporte» que iremos utilizar com mais
frequência num futuro próximo.
Por último, apresentaremos algumas
novidades que poderão surgir no ínicio
do próximo ano, no suporte digital do nos-
so site e que se encontram actualmente
em estudo e em ponderação.
Até lá!
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Edição 37 * 1 de Novembro de 2019 * Mensal* Gratuita

Director: Carlos Mesquita

Fotografia aérea da cidade de Lagos, circa 1951

Localização do epicentro do Terramoto de 1755 (MENDES-VICTOR, 2006)

A Ermida de Santo Amaro, em Lagos, onde os sobreviventes se refugiaram após o sismo

Ruínas do período romano, na Praia da Boca do Rio, Budens, Vila do Bispo

42º Aniversário do M.D.M.

O Núcleo de Lagos do Movimento

Aniversário de Glória Marreiros

A Baía de Lagos, com Alvor e a Praia da Rocha ao fundo

Meia-Praia e a cidade de Lagos - Vistas do Forte da Ponta da Bandeira

A Igreja de São Sebastião, de Lagos - Vista a partir da Rua dos Ferreiros

Interior da Igreja de São Sebastião, de Lagos

A Baía de Lagos, vista da Rua de Santo Amaro - Lagos

Montra da cervejaria «Ferradura», na Rua 1º de Maio, em Lagos

A Rua Silva Lopes, com a Igreja de Santo António ao fundo - Lagos

Edifício do cinema de Lagos - Rua Cãndido dos Reis

Praça Luís de Camões, com a Rua Cândido dos Reis - Lagos

Rua Infante de Sagres, com a Rua 1º de Maio - Lagos

Rua Professor Joaquim Alberto Taquelim - Lagos

Fotografia ©: António Manuel Rodrigues, do Facebook

Ponte sobre a Ribeira de Bensafrim - Lagos

Rua António Barbosa Viana (da «Zorra») - Lagos

Rua Dr. Faria e Silva - Lagos

72 decibéis de poluição sonora - Praça Gil Eanes - Lagos

Ermida de Santo Amaro - Lagos

Moedas do Conde de Lippe,

“Eu ,Guilherme por Graça de Deus, ,

A Rua Cândido dos Reis, em Lagos,

Joaquim José Machado

Joaquim José Machado

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