Esportes Individuais

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AUTORIA

Dr. Bruno Pereira Melo


Dr. Francisco de Assis Manoel
Olá, aluno(a), seja-vindo à primeira unidade da nossa apostila de Esportes
Individuais!

Em algum momento você já deve ter em algum momento ouvido falar ou teve
contato com o Atletismo ou algum movimento especí co da modalidade. Muitas
pessoas o associam às corridas, outras com a de nição clássica de que é o esporte
base todas as outras modalidades esportivas.

E a nal o Atletismo é isso? Já se perguntaram porque a relação do Atletismo com a


Grécia? Apesar de pouco difundido no Brasil, por que é considerado um conteúdo
clássico da Educação Física?

Neste capítulo, você conhecerá um pouco da origem do atletismo, e isso trará uma
nova interpretação do conjunto de movimentos que ao longo da história tornaram a
modalidade que é conhecida hoje. Além disso, será possível observar que o
atletismo vai muito além dos simples movimentos básicos de correr, lançar e saltar.
Ele é resultado de um processo de construção social e histórica do indivíduo.

O conhecimento das características básicas da modalidade é importante para o


desenvolvimento do ensino da mesma, você poderá conhecer cada uma das provas
assim como as regras que compõem a modalidade Atletismo nos dias atuais. Para
isso faremos uma longa viagem no tempo na história do atletismo, espero que você
aproveite a viagem e que possa levar esses conhecimentos adquiridos para além da
nossa disciplina, mas que também aplique na sua atuação pro ssional, divulgando a
modalidade de Atletismo, assim como a prática dos movimentos que o compõem.

Se prepare, iremos iniciar nossa caminhada pelas trilhas da diversão!

De nição e contextualização
histórica do Atletismo.

Características do Atletismo.

Descrição das regras e provas do


atletismo.
Conceituar e conhecer o percurso
histórico do Atletismo.

Descrever as características especí cas


do atletismo, assim como: as provas e
suas respectivas regras o ciais.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
O Atletismo conta a história esportiva do homem no Planeta. É chamado de
esporte-base, porque sua prática corresponde a movimentos naturais do ser
humano: correr, saltar, lançar (Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT, 2020).

A origem do Atletismo retrocede até a origem do gênero humano, quando os


primeiros habitantes que se alimentar por meio da caça e, por isto, necessitavam
lançar objetos, correr ora atrás, ora à frente dos animais, saltar obstáculos e riachos a
m de proteger a si e aos outros (BARALDI e OLIVEIRA, 2019, p. 15). Entretanto, não
devemos limitá-lo a apenas essa de nição, porque senão a especi cidade do
atletismo acaba sendo deixada em segundo plano, comprometendo o seu
conhecimento amplo.

Ao longo do tempo esses movimentos básicos já observados nos primeiros


habitantes foram se tornando forma aos poucos e se transformando em
movimentos especí cos da modalidade Atletismo. A grande variedade de
movimentos, é justi cada pelo fato dele englobar muitas provas, as quais cada uma
apresenta suas características especí cas. É possível observar movimentos
semelhantes do atletismo em outras modalidades esportivas, entretanto com
especi cidades diferentes, cabendo a nós pro ssionais de Educação Física, ter claro
essas diferenças para não resumir a modalidade do atletismo em apenas correr,
lançar e saltar e deixando de lado a sua especi cidade.

Ao compararmos os movimentos realizados naquela época com os movimentos


atuais, observamos que a maior diferença está na nalidade. De acordo com Baraldi
e Oliveira (2019, p. 15),

Os objetivos e signi cados dos movimentos produzidos pelo ser


humano, portanto, também são considerados nesta interpretação da
realidade, fazendo- se humano e produzindo a sua existência,
compreendidos aqui numa visão histórico-social dos movimentos.
Podemos, então, a rmar que existe uma diferença gigantesca entre os
movimentos que fazem parte do conjunto de atividades atléticas
conhecidas por nós, hoje, e aqueles que julgamos ser, em sua gênese
histórico-social, de forma bem elementar.

Os registros mostram que as primeiras manifestações do atletismo no formato


competitivo aconteceram na Europa, praticada por duas raças no extremo do
continente. A modalidade era praticada pelos povos irlandeses do período pré-
céltico e os gregos de Acádia, assim como os seus vizinhos, os cretenses da época
minóica (1750-1400 a. C.) (CABRAL, 2004; BARALDI e OLIVEIRA, 2019, p. 16).

Durante o período dos primeiros registros até os dias atuais, foram observados
diversos jogos em que se notava a presença do atletismo no formato competitivo.
Dentre as diversas manifestações podemos destacar: às reuniões atléticas da Grécia
Antiga, da Irlanda que também estavam ligadas às cerimônias religiosas e aos
funerais (CABRAL, 2004).
Os Jogos Píticos dedicados a Apolo (deus grego da beleza e juventude), eram
realizados próximo a Delfos, na cidade de Pítia, a partir de 527 a. C., celebravam- se
primeiramente, a cada oito anos e, depois, no ano seguinte, a cada Olimpíada
(BARALDI e OLIVEIRA, 2019, p. 16). Em Istmia, eram realizados os Jogos Ístmicos, a
cada dois anos, assim como em Argos, os Jogos Nemeus celebravam a vitória de
Héracles ( lho de Zeus na mitologia grega) sobre Nemeia (monstro mitológico),
vencido naquele mesmo local (CABRAL, 2004; BARALDI e OLIVEIRA, 2019, p. 16).
Esses jogos olímpicos são os mais antigos e o seu início remonta ao ano de 884 a. C.,
mas, na história o cial, é datado de 776 a. C. (CABRAL, 2004).

O atletismo moderno, é marcado com a criação do Amatheur Athletic Club,


segundo relatos em 1886, fundado com o propósito de organizar campeonatos
nacionais na Inglaterra (OLIVEIRA, 2013). As primeiras edições e descrições dos Jogos
Londrinos são datadas do século XII, e são marcadas pelo gosto dos reis pelo
esporte, que patrocinavam as competições. Iniciando com o rei Henrique II, depois
com o rei Henrique V que era um admirador de corridas, e Henrique VII, um
especialista em lançamento de martelo (OLIVEIRA, 2013).

Algumas instituições tiveram um papel importante na divulgação da modalidade


promovendo competições. A Universidade de Cambridge deu início a organização
dessas competições em 1857. Alguns anos depois, em 1860 e em 1864, a
universidade de Oxford, organiza uma competição que marca o início de confrontos
entre entidades duas universidades (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014).

O Atletismo apresenta uma relação com os jogos Olímpicos, estando presente


desde as primeiras edições. Não por acaso, a primeira competição esportiva de que
se tem notícia foi uma corrida, nos Jogos de 776 A.C., na cidade de Olímpia, na
Grécia, que deu origem às Olimpíadas. A prova, chamada pelos gregos de "stadium",
tinha cerca de 200 metros e o vencedor, Coroebus, é considerado o primeiro
campeão olímpico da história (Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT, 2020).
Já os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, foram realizados com
provas de 100, 400, 800 e 1500m; e fora da pista, a maratona com 40 km. Foram
realizados os saltos em distância, triplo, em altura e com vara. Os arremessos
contemplaram disco e peso (BARALDI e OLIVEIRA, 2019). E as mulheres tiveram a
sua primeira participação nos Jogos Olímpicos somente em Amsterdã, em 1928.
En m, esse esporte sempre esteve ligado aos Jogos Olímpicos, ele é considerado,
por muitos pro ssionais da área, o primeiro dos esportes (OLIVEIRA, 2013).
Figura 1 - Estádio Panatenaico, construído em 536 a.C., foi sede das Olimpíadas de
1896 em Atenas

Fonte: tech tudo.

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo sobre as olimpíadas e suas modalidades, acessando
link a seguir:

ACESSAR

Apesar do espetáculo das competições, e um grande número de atletas negros


como detentores de records em diversas provas do Atletismo. Nem sempre foi
assim, esses atletas passaram por períodos de preconceito, racismo e inferioridade
perante a atletas brancos. Mas ao longo dos anos eles conquistaram seu espaço,
mostrando a sua capacidade durante os jogos Olímpicos, dos quais um dos jogos foi
marcado pelas vitórias de Jesse Owens nas Olimpíadas de Berlim em 1936,
derrubando a ideia de superioridade ariana construída por Hitler durante o regime
nazista, mostrando que era apenas uma ideia racista. E o segundo episódio
aconteceu nas Olimpíadas de 1986 em houve protestos de dois atletas negros que
subiram ao pódio com os punhos fechados com luvas pretas, que era um dos
símbolos da luta dos “Panteras Negras”.

CONECTE-SE
Assista ao vídeo de Jesse Owens e o preconceito nas Olimpíadas de
Berlim em 1936, acessando link a seguir:

ACESSAR

CONECTE-SE
Assista ao vídeo sobre as Olimpíadas 1968 e a luta dos “Panteras
Negras”, acessando link a seguir:

ACESSAR

Para chegar ao período atual, o atletismo passou por diversas mudanças, marcado
por datas e acontecimentos descritos a seguir.
Figura 2 - Datas importantes na história do Atletismo

Fonte: Baraldi e Oliveira (2019 P. 20).

E por m, recentemente a IAAF - International Association of Athletics (Associação


Internacional das Federações de Atletismo) altera sua denominação para World
Athletics (Atletismo Mundial)
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Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
O Atletismo tem uma entidade maior que rege a modalidade mundialmente
chamada World Athletics (Atletismo Mundial). Cada país é responsável pela
organização da modalidade, no Brasil a entidade principal é a Confederação
Brasileira de Atletismo e abaixo dela temos as federações dos estados.

Apesar de ser considerada uma única modalidade, o atletismo é composto por


diversas provas, as quais podemos dividi-las por grupos que apresentem
características semelhantes. Além disso, nas competições elas são divididas em
provas de pista: as corridas; marcha atlética e provas de campo: os saltos;
arremesso e lançamentos.

As provas de pista, como é o caso da maioria das corridas e das provas de marcha
atlética, ocorrem na pista de atletismo de 400 m, com duas retas paralelas e duas
curvas com raios iguais, normalmente com 8 raias de 1m 22cm cada uma (
Confederação de Brasileira de Atletismo, 2020), além das pistas de 200 m para
competições indoor. As outras provas de saltos, arremesso e lançamentos ocorrem
em locais especí cos, próprios para o desenvolvimento das provas de campo
(MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014)

As categorias e respectivas faixas etárias da Confederação Brasileira de Atletismo


(CBAt), são as abaixo relacionadas, atendendo às determinações previstas nestas
Normas, nas Normas e Regras da WA (Associação das Federações Nacionais) e da
CONSUDATLE (Confederação Sul-Americana de Atletismo) e de aplicação
obrigatória no Atletismo Brasileiro:

a) Categoria Sub-14: atletas com 12 e 13 anos, no ano da competição.

b) Categoria Sub-16: atletas com 14 e 15 anos, no ano da competição.

c) Categoria Sub-18: atletas com 16 e 17 anos, no ano da competição.

d) Categoria Sub-20: atletas com 16, 17, 18 e 19 anos, no ano da


competição.

e) Categoria Sub-23: atletas com 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22 anos, no ano da
competição.

f) Categoria de Adultos: atletas a partir de 16 anos em diante (no ano da


competição).

g) Categoria de Masters atletas a partir de 35 anos em diante (idade a


ser considerada no dia da competição):
Figura 3 - Pista O cial de Atletismo

Fonte: adaptada de Müller e Ritzdorf (2000); Baraldi e De Oliveira (2019 p. 19).

Figura 4 - Medidas das linhas e das raias da pista de atletismo

Fonte: CBAT (2020).


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Dr. Bruno Pereira Melo
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Na moderna de nição, o Atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de
campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que
reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a
maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha, e marcha
atlética.

Abaixo serão abordadas as provas do atletismo assim como as suas características e


regras básicas, que são baseadas na Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT
(2020), tendo como referência Matthiesen (2017).

As provas de corridas rasas do atletismo caracterizam-se pela ausência de obstáculos


ou barreiras para serem transpostos. Segundo Matthiensen (2017) as provas podem
ser classi cadas de acordo com a distância, tempo e fontes energéticas empregadas,
e elas podem ser divididas em: corridas de velocidade, meio fundo e fundo.

Figura 5 - Saída de bloco para as provas de velocidade

Fonte: Shutterstock
Figura 6 - Largada: saída alta das provas de meio fundo e fundo

Fonte: Shutterstock

As provas rasas que fazem parte dos jogos Olímpicos são:

Com exceção da maratona, todas as outras provas são realizadas na pista de


atletismo, e apresentam regras que são comuns a todas e outras que são especí cas
para cada uma.
Não é permitido nenhum tipo de saída falsa, sendo excluído da prova aquele
que realizar antes do tiro de largada. Em provas de velocidade (até e inclusive os
400m), os comandos de largada são: às suas marcas, prontos, e o tiro de largada;
por outro lado nas demais distâncias a partir dos 800m, os comandos serão: às
suas marcas e em seguida o tira de largada;
A chegada de todas as provas de corridas rasas ocorre no mesmo local, ao nal
da reta principal.
Será o vencedor das provas aquele que for o primeiro a atingir o plano vertical
que passa pela borda anterior da linha de chegada geral com o tronco,
excluindo-se a cabeça, pescoço, braços, pernas, mãos ou pés;

Além disso, temos algumas regras especí cas para as provas de velocidade:

As corridas em curva devem escalonadas de acordo com o número de curvas a


serem corridas;
A saída baixa, assim como, os blocos de partida, são obrigatórios em todas as
provas até e inclusive 400 m.
A corrida é realizada em raia marcada, ou seja, cada atleta deve correr em sua
determinada raia.

As provas com barreiras ou obstáculos, tem por objetivo percorrer uma determinada
distância transpondo as barreiras ou os obstáculos. As provas o ciais olímpicas
apresentam diferenças nas distâncias para homens e mulheres. Sendo os 100 metros
com barreiras (c/b) disputada pelas mulheres e os 110 metros com barreiras (c/b)
disputada pelos homens. Por outro lado, os 400 m c/b e 3000 m com obstáculos são
disputados por ambos.

Figura 7 - Prova 3000 m com obstáculo Figure 8 - Prova 100m com barreiras

Fonte: Pixabay
Fonte: Pixabay
As regras para as provas com barreiras e obstáculos seguem as mesmas das provas
de corrida rasas, entretanto podemos acrescentar as seguintes regras:

Derrubar a barreira, desde que involuntariamente e sem atrapalhar outro atleta,


não gera desclassi cação.
Na prova de 3000 m com obstáculo são sete voltas e meia na pista de atletismo
e os atletas devem passar 28 vezes os obstáculos e sete vezes o fosso de água. A
transposição dos obstáculos ocorrerá a partir da primeira volta, de forma que da
saída até lá, não haverá nenhuma transposição. Além disso, os atletas podem
apoiar no obstáculo para ultrapassá-lo, além de poder saltar dentro do fosso.

Abaixo segue as características das provas de acordo com a categoria:

Quadro 1 - Altura e distâncias das barreiras de acordo com as categorias femininas

FEMININO - BARREIRAS

Distância
Distância
da última
Altura da linha Distância
Distância barreira
Categoria da de saída entre as
da prova até a
barreira até a 1ª Barreiras
linha de
Barreira
chegada

Sub - 14 60 m 60 cm 12,0 m 7,5 m 10,5 m

Sub - 16 80 m 76,2 cm 12,0 m 8,0 m 12,0 m

Sub - 18 100 m 76,2 cm 13,0 m 8,5 m 10,5 m

Sub-20;
Sub-23; 100 m 83,8 cm 13,0 m 8,5 m 10,5 m
Adulto

Sub - 16 300 m 76,2 cm 45,0 m 35,0 m 40,0 m

Sub-18;
20;23 e 400 m 76,2 cm 45,0 m 35,0 m 40,0 m
Adulto

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).


Quadro 2 - Altura e distâncias das barreiras de acordo com as categorias
masculinas.

MASCULINO - BARREIRAS

Distância
Distância
da última
Altura da linha Distância
Distância barreira
Categoria da de saída entre as
da prova até a
barreira até a 1ª Barreiras
linha de
Barreira
chegada

Sub - 14 60 m 60 cm 12,0 m 7,5 m 10,5 m

Sub - 16 100 m 83,8 cm 13,0 m 8,5 m 10,5 m

Sub - 18 110 m 91,4 cm 13,72 m 9,14 m 14,02 m

Sub-20 110 m 99,1 cm 13,72 m 9,14 m 14,02 m

Sub-23;
110 m 1,067 m 13,72 m 9,14 m 14,02 m
Adulto

Sub - 16 300 m 76,2 cm 45,0 m 35,0 m 40,0 m

Sub-18 400 m 83,8 cm 45,0 m 35,0 m 40,0 m

Sub-20;23
400 m 91,4 cm 45,0 m 35,0 m 40,0 m
e Adulto

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).


Quadro 3. Altura e distâncias dos obstáculos de acordo com as categorias
femininas.

FEMININO - OBSTÁCULOS

Categorias Provas Altura do Obstáculo

Sub-16 1.000 m 76,2 cm

Sub-18 2.000 m 83,8 cm

Sub-20;23 e Adulto 3.000 m 91,4 cm

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

Quadro 4. Altura e distâncias dos obstáculos de acordo com as categorias


masculinas.

MASCULINO - OBSTÁCULOS

Categorias Provas Altura do Obstáculo

Sub-16 1.000 m 76,2 cm

Sub-18 2.000 m 83,8 cm

Sub-20;23 e Adulto 3.000 m 91,4 cm

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

A prova de revezamento é uma das mais aguardadas nas competições de atletismo.


Apesar da modalidade ser individual, essa é a única prova disputada em equipes. A
corrida de revezamento já era conhecida dos antigos gregos nas Panatenéias
realizadas em homenagem à deusa Atena. As distâncias para as provas não diferem
entre os naipes (feminino e masculino), apenas nas categorias.
A prova é disputada por equipes compostas por quatro atletas cada, em que cada
atleta deverá correr um trecho da prova carregando o bastão e depois transferi-lo
para o companheiro de equipe.

Figura 9 - Passagem de bastão na prova de revezamento feminino.

Fonte: Pixabay.

Quadro 5 - Distâncias para as provas de revezamento para cada categoria.

Sub- Sub- Sub- Sub-


Naipe Adulto Sub-18
23 20 16 14

4x100 m; Médley 4x
Feminino 4x100 m 4x
(100,200,300 e 75
Masculino 4x400 m 60m
400m) m

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

Além disso, temos outras distâncias que podem ser disputadas no revezamento:
4x200m, 4x800m, Revezamento Medley de Longa Distância 1200m-400m-800m-
1600m e 4x1500m.
O bastão, que pode ser de madeira, metal ou outro material rígido em uma peça
única, deve ser um tubo liso, oco, de seção circular com 28 a 30 cm de
comprimento, pesando no máximo 50 g.
Nas provas de 4 × 100 m, a corrida ocorrerá inteiramente em raia marcada, ou
seja, cada atleta em sua raia.
Nos 4 × 400 m, a corrida terá início em raia marcada e, depois, será realizada em
raia livre.
Nos revezamentos 4x100m e 4x200m e para a primeira e segunda passagens no
Revezamento Medley, cada zona de passagem deve ter 30 m de comprimento,
dos quais a linha de interseção ca 20m à frente do início da zona. Para a
terceira passagem no Revezamento Medley e nos 4x400m e mais os
revezamentos longos, cada zona de passagem deve ter 20m de comprimento,
do qual a linha de interseção é o centro.
Em todos os revezamentos, o bastão tem que ser passado dentro da zona de
passagem.
O atleta deverá segurar o bastão durante toda a prova, e quem derrubá-lo
deverá pegá-lo para dar prosseguimento à passagem. A queda do bastão, desde
que não atrapalhe outros, não implica a desclassi cação da equipe.
O bastão não deve ser lançado, apenas entregue na mão do companheiro de
equipe.

“A marcha atlética é uma progressão de passos, executados de tal modo que o atleta
mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer (a olho nu) a perda
do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar reta (ou seja, não exionada
no joelho) desde o momento do primeiro contato com o solo, até a posição ereta
vertical” (Confederação Brasileira de Atletismo, 2020).
Figura 10 - Quilômetros iniciais da prova de marcha atlética masculina.

Fonte: Pixabay.

Quadro 6 - Distância das provas de marcha atlética de acordo com o nipe e


categoria

Nipe Adulto Sub-23 Sub-20 Sub-18 Sub-16 Sub-14

20.000 20.000 10.000 5.000 3.000 2.000


Feminino
m m m m m m

20.000
m 20.000 10.000 10.000 5.000 2.000
Masculino
50.000 m m m m m
m

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

A saída ocorre nos mesmos moldes das provas de longa distância, ou seja: saída
alta e sob a voz de comando: “às suas marcas” e tiro de largada.
A chegada também ocorre na reta oposta, vencendo o atleta que cruzar a linha
de chegada primeiro.
A progressão de passos deve provocar uma manutenção contínua do contato
com o solo, ou seja, o pé que avança deve tocar o solo antes que o pé posterior
deixe o terreno.

A perna que avança deverá estar estendida, de modo que não haja exão do
joelho, do primeiro contato com o solo até a posição ereta vertical.
Ficam espalhados árbitros ao longo do percurso para avaliarem se os atletas
estão realizando a técnica de maneira correta.
Quando o competidor não está realizando a técnica de maneira correta, ele
pode ser advertido pelos árbitros, seja com uma placa amarela ou cartões
vermelhos. Quando, na opinião de três árbitros, o movimento não se encaixar na
de nição da marcha, o atleta será desquali cado.

O salto em distância é considerado, dentre as provas de saltos, uma das mais


antigas. Os registros mostram que os atletas contaram com o auxílio de halteres
considerando que esse procedimento contribuiria para um salto mais longo.
(Confederação Brasileira de Atletismo-CBAT, 2020).

A prova é caracterizada por uma corrida em um corredor, e ao nal dele o atleta deve
realizar uma impulsão na tábua e saltar o mais distante possível, realizando a queda
na caixa de areia.
Figura 11 - Queda na caixa de areia após a realização do salto

Fonte: Pixabay.

O Salto Triplo consistirá de um salto com impulsão em um só pé, uma passada e um


salto, nesta ordem. O salto com impulsão em um só pé será feito de modo que o
atleta caia primeiro sobre o mesmo pé que deu a impulsão; na passada ele cairá com
o outro pé do qual, consequentemente, o salto é realizado (Confederação Brasileira de
Atletismo-CBAT, 2020).
Figura 12 - Atleta realizando o primeiro salto do salto triplo.

Fonte: Pixabay.

A impulsão deverá ocorrer de preferência e, para ns de aproveitamento técnico,


sobre a tábua de impulsão. Caso seja realizada antes, o saltador não será punido.
Caso sua impulsão ocorra ao lado da tábua de impulsão, seja à frente ou atrás do
prolongamento da linha de impulsão ou se tocar o solo além dela, passando-a
sem saltar ou no ato de saltar o salto será invalidado.
No salto triplo a tábua para os homens se localiza a 13 metros da caixa de areia, e
a tábua para as mulheres a 11 metros da caixa de areia.
O impulso deverá ser realizado em um dos pés, realizado com a perna de
impulsão. Será punido, com a invalidação do salto, aquele que realizar qualquer
tipo de salto mortal
A linha de impulsão, a partir da qual se realiza a medição, corresponde à borda
da tábua mais próxima da caixa de areia. Assim, a medição do salto equivale ao
espaço compreendido entre essa linha e a marca da queda na areia mais
próxima da mesma, conforme orientações da Confederação Brasileira de
Atletismo (2016, p. 85).
Nas competições, a ordem dos competidores será sorteada.
Em competições o ciais com mais de oito saltadores, cada um terá direito a três
saltos; classi cam-se os oito melhores, os quais terão direito a mais três saltos.
Caso o número inicial de competidores seja menor que oito, cada saltador terá
direito a seis tentativas e contabilizando e melhor salto.

Figura 13 - Setor dos saltos em distância e triplo

Fonte: MATTHIESEN, 2017 p. 111.

O principal objetivo do salto em altura é transpor a barra e, para que isto ocorra de
forma adequada e e ciente, o saltador deverá elevar o centro de gravidade acima da
barra e utilizar uma das técnicas permitidas pelo regulamento técnico da prova
(BARALDI e OLIVEIRA, 2019).
Figura 14 - Salto em altura estilo fosbury op

Fonte: Pixabay.

O salto com vara é considerado umas das modalidades esportivas mais difíceis de
serem praticadas, devido a sua complexidade. Além disso, é uma das provas que mais
evoluiu no quesito material, que se iniciou com a utilização das varas pesadas e
atualmente utiliza-se varas de carbono, que são mais leves e exíveis permitindo uma
melhor e ciência nos saltos.
Figura 15 - Salto com vara

Fonte: Pixabay.

Para o salto em altura o atleta deverá apenas um dos pés deverá realizar a
impulsão.
Cada saltador terá direito a três tentativas para ultrapassar a altura, sendo
eliminado da competição caso não consiga.
A tentativa será invalidada caso o sarrafo não permaneça nos suportes, ou caso o
saltador toque o solo ou a área de queda antes de ter ultrapassado o sarrafo,
obtendo quaisquer vantagens dessa ação.
O saltador poderá começar a saltar em qualquer altura anunciada pelo árbitro.
Caso falhe na primeira tentativa, poderá rejeitar a segunda e a terceira naquela
altura e, ainda, saltar em uma altura subsequente.
Nas competições, a ordem dos competidores será sorteada.
O sarrafo nunca será elevado em menos de 2 cm para o salto em altura e menos
de 5 para o salto com vara.
A vara, cuja superfície básica deve ser lisa, poderá ser de qualquer material,
comprimento ou diâmetro.
A tentativa será invalidada caso o sarrafo não permaneça nos suportes, ou caso o
atleta toque o solo ou a área de queda com seu corpo ou com a vara antes de ter
ultrapassado o sarrafo, obtendo quaisquer vantagens dessa ação.
No salto com vara a tentativa será invalidada caso o saltador altere a posição das
mãos durante o salto

O arremesso de peso foi uma das provas que também teve bastante mudanças na
sua técnica. É a única prova de arremesso do atletismo, e tem como objetivo
arremessar o implemento o mais longe possível.

Figura 16 - Movimento nal do arremesso de peso

Fonte: Pixabay
O peso deve ser maciço, de ferro, latão ou qualquer outro metal que não seja
mais macio que este último, ou um invólucro de qualquer um desses metais,
cheio de chumbo ou outro material.
O peso deverá ser arremessado de dentro do círculo, a partir de uma posição
estacionária, e sua queda deverá ocorrer nos limites internos do setor do
arremesso.
Ao arremessar, o atleta poderá tocar a borda interna do anteparo, mas não
poderá subir nem ultrapassá-lo.
O peso deverá partir do ombro, tocando ou estando bem próximo ao queixo, de
forma que não seja arremessado atrás da linha dos ombros.

Nas competições, a ordem dos competidores será sorteada, e o tempo de 1


minuto não deve ser excedido para a realização de uma tentativa.
Por regra, a orientação é que, em competições o ciais com mais de oito atletas,
cada arremessador tenha direito a três arremessos, classi cando-se para a nal
os oito melhores, os quais terão direito a mais três arremessos. Caso o número
inicial de competidores seja menor que oito, cada arremessador terá direito a
seis tentativas, valendo, para ns de classi cação nal, o melhor arremesso.
A medição ocorrerá a partir da parte mais próxima da queda do peso em relação
ao anteparo, em cuja parte interna será feita a leitura da medida do arremesso.
Após a tentativa e tão logo o implemento tenha tocado o solo, o arremessador
deverá deixar o círculo por detrás da linha externa que de ne sua metade.

A prova do lançamento do disco consiste em lançar o disco à maior distância possível,


de uma gaiola de proteção para dentro do setor.

O lançamento do martelo consiste no lançamento de um martelo, contendo cabeça,


que deve ser feita de ferro maciço ou outro material não menos maciço, com alça de
conexão na extremidade e uma empunhadura conectada no cabo do implemento.
Figura 17 - Lançamento do disco Figura 18 - Lançamento do martelo

Fonte: World Athletic


Fonte: World Athletic

O disco, cujas faces devem ser lisas e uniformes, poderá ser de madeira ou outro
material, sólido ou oco, envolto por um aro de metal em sua borda, que deve ser
arredondada.
O disco deverá ser lançado a partir de uma posição estacionária de um círculo
de 2,50 m de diâmetro, dividido externamente por uma linha pela qual o
lançador deverá deixá-lo (pela metade posterior) após sua queda no setor de
lançamento.
Na metade anterior, há um arco que coincide com a borda interna do círculo e
pode ser tocado lateralmente, mas não pode ser ultrapassado, já que isso
invalidará o lançamento.

A cabeça do martelo deve ser de ferro maciço ou de outro metal que não seja
mais macio que o latão ou um invólucro de qualquer um desses metais, cheio
de chumbo ou outro material sólido. O cabo deve ser inteiriço, com alças de
conexão nas extremidades, de arame de aço para molas. A empunhadura reta e
em forma de triângulo deve ser sólida e rígida sem qualquer tipo de conexão
articulada, mas conectada ao cabo.
O martelo deverá ser lançado, a partir de uma posição estacionária, de um
círculo de 2,135 m de diâmetro, dividido externamente por uma linha pela qual o
lançador deverá deixá-lo pela metade posterior após sua queda no setor de
lançamento.
Na metade anterior do círculo, há um arco que coincide com sua borda interna,
o qual pode ser tocado lateralmente, mas não ultrapassado no ato do
lançamento.
Uma prova que tem bastante relação aos nossos ancestrais que utilizam
implementos semelhantes para caçarem. Essa prova consiste em lançar o dardo o
mais longe possível dentro do setor de queda.

Figura 19 - Momento nal do lançamento de dardo

Fonte: Pixabay.

Deve-se segurar o dardo pela empunhadura, lançando-o sobre o ombro ou


acima da parte superior do braço de lançamento; estilos não ortodoxos não são
permitidos.
O lançamento deverá ocorrer sem que o lançador ultrapasse o arco do setor de
lançamento ao nal do corredor. Uma tentativa só será validada se a ponta de
metal cair completamente na parte interna do setor de queda, tocando o solo
antes de qualquer outra parte do dardo quando, então, o competidor poderá
deixar o setor de lançamento pela parte posterior.
Quadro 7 - Peso dos implementos de acordo com a categoria para as mulheres

Implemento Adulto Sub-23 Sub-20 Sub-18 Sub-16 Sub-14

Peso 4 kg 3 kg

Disco 1 kg 750 g

Martelo 4 kg 3 kg 2 kg

Dardo 600 g 500 g 400 g

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

Quadro 8 - Peso dos implementos de acordo com a categoria para os homens

Implemento Adulto Sub-23 Sub-20 Sub-18 Sub-16 Sub-14

Peso 7,26 kg 6,0 kg 5,0 kg 4,0 kg 3 kg

Disco 2,0 kg 1,75 kg 1,5 kg 1,0 kg 750 g

Martelo 7,26 kg 6,0 kg 5 kg 4 kg 3 kg

Dardo 800 g 700 g 600 g 500 g

Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2020).

A origem é novamente grega, pois este povo, sempre buscando a perfeição absoluta
ou a procura do atleta completo, criou em 708 a.C. uma fórmula de competição que
permitisse aos campeões menos dotados numa disciplina mostrar, num programa
mais complexo, as suas possibilidades. A prova consiste em um conjunto de provas do
atletismo realizadas por um mesmo atleta, em dois dias de competição.

Para as categorias principais, as provas realizadas são: Heptatlo para as mulheres (7


provas) e Decatlo (10 provas) para os homens, sendo as provas divididas da seguinte e
realizadas nessa ordem.
Heptatlo

1º dia: 100m com barreiras; salto em altura; arremesso de peso e 200m rasos
2º dia: salto em distância; lançamento do dardo; 800m rasos.

Decatlo

1º dia: 100 m rasos; salto em distância; arremesso de peso; salto em altura; 400 m
rasos.
2º dia: 110 m com barreiras; lançamento do disco; salto com vara; lançamento do
dardo; 1.500 m.

Cada uma das provas detém as suas próprias regras, conforme já vimos
separadamente. Mas destacamos algumas especí cas para as provas
combinadas:
Sugere-se a existência de um intervalo mínimo de 30 minutos, entre o nal e o
início de cada uma das provas da competição, e de 10 horas entre o nal da
prova do primeiro dia e o início da prova no segundo dia.
Sobre as regras individuais das provas, temos algumas mudanças para as
seguintes provas:

No salto em distância e nas provas de arremessos e lançamentos, cada


competidor terá direito apenas a três tentativas.
Nas provas de pista, o competidor será desquali cado em qualquer uma das
provas em que cometer duas saídas falsas.

O atleta deverá, obrigatoriamente, participar de todas as provas da prova


combinada em que estiver inscrito, devendo pontuar em todas elas.
A pontuação em cada uma das provas ocorre de acordo com a Tabela de
Pontuação da IAAF após cada uma delas, devendo ser informada separada e
cumulativamente.
Vence a competição quem, ao nal, tiver o maior número de pontos.
Em caso de empate, vencerá o competidor que tiver o maior número de pontos
no maior número de provas. Caso persista o empate, o vencedor será aquele
com o maior número de pontos em qualquer outra prova.
As corridas de rua por um tempo eram denominadas como “corridas rústicas”,
embora elas contenham características próprias dentre as provas do atletismo,
podem ser classi cadas como corridas de fundo, sendo as distâncias masculinas e
femininas, recomendadas pela World Athletic.

Figura 20 - Corredores amadores Figura 21 - Corredoras de elite

Fonte: Pixabay Fonte: Pixabay

As corrida de cross-country (ou corrida através do campo) também é considerada


como prova de fundo. Caracterizada por percurso ondulado “natural” com curvas
planas e retas curtas, a corrida de cross-country ocorre normalmente nas diferentes
categorias, de acordo com as distâncias.
Figura 22 - Prova de Cross Country

Fonte: Pixabay.

As corridas em montanha são “realizadas em terreno que seja essencialmente fora


da estrada, a menos que haja um ganho signi cativo de elevação no percurso
(apresentando subidas e descidas) em cujo caso uma superfície asfaltada é aceitável”
(Confederação Brasileira de Atletismo, 2016, p. 109).
Figura 23 - Corrida de montanha

Fonte: Pixabay

SAIBA MAIS
Você sabia que o ex-maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima foi
condecorado com a medalha Pierre de Coubertin, uma honraria do
Comitê Olímpico Internacional a atletas que exempli cam o espírito
esportivo nas Olimpíadas - apenas 17 atletas já receberam o prêmio.

Fonte: Globo Esporte (2014).


Chegamos ao m da Unidade I de nossa apostila Esportes Individuais e, durante nossa caminhada, conceituamos o
atletismo, conhecemos seus percursos históricos e, por m, caracterizamos as provas do atletismo, assim como, as
principais regras.

Foi possível veri car que sua origem, possui sua origem desde o início dos tempos, na era primitiva, na qual o homem
precisava correr, lançar, saltar, como meio de sobrevivência. Também foi possível observar que ao longo do tempo esses
movimentos básicos foram tomando forma e aperfeiçoados e deram origem à modalidade esportiva atletismo. Além
disso,

Apesar de ser apenas uma modalidade, o atletismo possui diversas provas com características diferentes que podem ser
divididas em blocos de provas: Corridas, Marcha atlética, Saltos, Arremesso e Lançamentos e, as provas combinadas. E cada
uma dessas provas apresenta suas características e regras especí cas.

Ao chegarmos no último tópico desta unidade, podemos veri car que apesar de sempre ser falado que o atletismo é o
esporte base para as outras modalidades, devido aos movimentos de correr, lançar e saltar, cada movimento desses
apresentam uma especi cidade dentro de cada prova, o que os diferencia das outras modalidades esportivas. Devendo
dessa forma nós pro ssionais o ver dessa forma para que não se perca a especi cidade do Atletismo.

Então, aluno(a), concluímos a primeira fase de nossa caminhada acadêmica, em direção à formação em Educação Física,
com foco nos esportes individuais.

E agora dando continuidade à nossa caminhada, vamos descobrir o que nos aguarda na Unidade II.

Atletismo Teoria e Prática

O atletismo, apesar de ser considerado um dos conteúdos clássicos da Educação Física, ainda é pouco difundido no Brasil.
Infelizmente, não há grandes di culdades para a constatação dessa triste realidade. Você quer ver? Pense em sua própria
trajetória escolar e identi que se o atletismo esteve presente em suas aulas de Educação Física durante os ensinos
fundamental e médio. Melhor dizendo, durante suas aulas de Educação Física na escola, você aprendeu atletismo? Até seu
ingresso no ensino superior, qual foi o seu contato com o atletismo? Conheceu, teórica e praticamente, as diferentes
possibilidades de corridas, saltos, arremessos e lançamentos?

Não se assuste se a resposta foi “não”; a nal, essa realidade, infelizmente, vem se repetindo quando a mesma pergunta é
feita a universitários, em especial a graduandos do Curso de Educação Física da UNESP-Rio Claro. Para se ter uma ideia,
dos 56 alunos matriculados na disciplina “Fundamentos do Atletismo” em 2002 (27 do curso de Bacharelado e 29 do curso
de Licenciatura em Educação Física), apenas 15 (27%) tiveram contato com o atletismo no período escolar que antecedeu a
Universidade, enquanto os 41 restantes (73%) não tiveram contato com essa modalidade esportiva no mesmo período.1

Ainda que uma leitura da pesquisa original deva ser feita,2 gostaríamos de ressaltar que, de maneira geral, a de ciência do
ensino do atletismo no período escolar que antecede a Universidade revela que os alunos chegam ao ensino superior
munidos de um conhecimento restrito acerca dessa modalidade esportiva, restando-lhes apenas um exíguo
conhecimento televisivo, quase sempre centrado em algumas poucas provas. Espero que, com você, esse processo tenha
sido diferente!

Somado à discrepância existente entre os que tiveram ou não contato com o atletismo no período escolar, notou-se que,
mesmo entre aqueles, a maioria esteve em contato com corridas, sobretudo as de velocidade, ou saltos em distância e em
altura, em detrimento de tantas outras provas que compõem o atletismo. Observou-se, também, que a maior parte dos
alunos que tiveram contato com o atletismo estudou em escola particular, conquanto as condições de estrutura física e de
materiais não devam ser consideradas como um impedimento para o ensino dessa modalidade esportiva, passível de
inúmeras adaptações.

Esse é um exemplo simples que retrata a de ciência em relação ao ensino do atletismo no ambiente escolar, repercutindo
em um desconhecimento dessa modalidade esportiva ao ingressar no ensino superior. Não sem propósito, vale a pena
proceder a outros aprofundamentos e novas investigações capazes de revelar as causas substanciais para justi car,
irrefutavelmente, as possibilidades de ensino do atletismo na escola.

Nesse sentido, observamos, de maneira geral, que o conhecimento do atletismo não é apenas restrito no campo teórico,
mas, sobretudo, no campo prático, que envolve a realização de movimentos propriamente ditos. Assim, do pouco que se
conhece dele, muito se confunde com a história particular de crianças – pobres, na maioria das vezes – que fazem da
marcha, das corridas, dos saltos, dos arremessos e dos lançamentos um meio para a sua sobrevivência e inserção social.

Além disso, o que se conhece do atletismo mistura-se muito com a história dos Jogos Olímpicos, a nal sempre fez parte de
sua programação, ainda que algumas provas tenham sido incorporadas mais recentemente. Assim, não é difícil
constatarmos que quase tudo o que se conhece sobre o atletismo está calcado em recordes, índices, marcas e
competições – sobretudo internacionais –, que deslumbram e emocionam os observadores mais atentos e que
acompanham as breves, escassas e esporádicas reportagens e informações veiculadas pela mídia brasileira.

É nesse sentido que, no Brasil, em época de Jogos Olímpicos – portanto, de 4 em 4 anos –, o atletismo, de mero
desconhecido da população, passa a divulgar nomes, provas, esforços físicos, conquistas e recordes, contando com o apoio
dos meios de comunicação de massa, sobretudo da televisão, até mesmo em horários de grande audiência. É nesse curto
espaço de tempo olímpico que grande parte da população brasileira entra em contato com as provas, os movimentos e as
glórias do atletismo, capazes de comover todos aqueles que acompanham o desempenho dos atletas, transformados pela
mídia em verdadeiros heróis.

Fonte: MATTHIESEN (2017).

Livro

Livro
Filme
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) à segunda unidade da nossa apostila de Esportes
Individuais, “Conhecendo e Ensinando o Atletismo”.

Ao nalizar a unidade anterior, você deve ter se perguntado o que virá depois? E
como vamos ensinar essa modalidade que contém um elevado número de provas
com diferentes especi cidades? Vamos lá! Na etapa anterior conhecemos sobre a
modalidade Atletismo, o seu histórico, assim como as provas e suas características,
nesta unidade iremos dar prosseguimento ao conteúdo, de forma que você consiga
veri car como deve ser o ensinamento do atletismo em diferentes ambientes
(formais e informais). Além disso, você aprenderá como adaptar o local e material
para a prática da modalidade e a planejar uma aula/treino de Atletismo para
diferentes populações.

Sendo assim, se prepare para se aprofundar um pouco mais nessa modalidade e


prepare o fôlego, pois passaremos por momentos de marcha, corridas, arremesso,
lançamentos e saltos.

Vamos juntos desvendar tais possibilidades!

Ótimo estudo!

Aspectos pedagógicos e metodológicos para


o ensino da técnica e tática do Atletismo em
ambientes formais (dimensão conceitual,
atitudinal e procedimental);

Aspectos pedagógicos e metodológicos para


o ensino da técnica e tática do Atletismo em
ambientes informais;

Espaço físico, materiais o ciais e adaptações;

Organização e estruturação de aulas para o


trabalho com a iniciação do Atletismo no
âmbito do esporte educacional e esporte de
rendimento.
Estudar e explorar os aspectos
pedagógicos e metodológicos para o
ensino do atletismo em ambientes
formais e informais.

Conhecer os espaços físicos, matérias


o ciais e adaptados para o ensino e
prática do atletismo.

Conhecer como é a organização de uma


aula de atletismo da iniciação ao esporte
de alto rendimento.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caro(a) aluno(a), você já deve ter notado que estamos utilizando o termo ambiente
formal. Pois é, ao mencioná-lo estamos nos referindo à escola. Sendo assim, neste
tópico estudaremos os aspectos pedagógicos e metodológicos para o ensino da
técnica e tática do Atletismo em ambientes formais (dimensão conceitual, atitudinal
e procedimental).

Para adentrarmos em nossa temática especí ca, questiono a você: você teve contato
com o atletismo nas suas aulas de Educação Física no ensino fundamental e médio?
Se sim, aprendeu todas as modalidades citadas na unidade anterior, assim como as
suas características e possibilidades dos grupos de provas?

Infelizmente, para grande parte de vocês a resposta foi não, e assim como vocês, a
maioria dos graduandos do Curso de Educação Física da UNESP-Rio Claro
matriculados na disciplina “Fundamentos do Atletismo” em 2002, em que apenas
(27%) tiveram contato com o atletismo no período escolar que antecedeu a
Universidade, enquanto os 73% não tiveram contato com essa modalidade esportiva
no mesmo período (MATTHIESEN, CALVO, 2003).

Perante a situação acima de baixo


contato dos alunos com o atletismo
no ensino fundamental e médio
podemos nos perguntar: será que
esse baixo contato está relacionado
ao fato dos professores não
ensinarem ou se os mesmos não
tiveram o contato com a modalidade
no ensino superior?

Observa-se que grande parte desses


professores não se sentem seguros
em trabalhar com a modalidade, pelo
fato de não terem tido contato com
todas as provas da modalidade ou
realmente não ter visto praticamente
nada sobre a mesma. Para que essa
realidade possa mudar temos uma
responsabilidade como pro ssionais
de Educação Física de contribuir para
a divulgação e ensino da
modalidade.

@freepik

Devido à complexidade da modalidade Atletismo e suas diversas provas, ela poderia


ser planejada da mesma forma que as outras disciplinas como: Português,
Matemática, História, Geogra a, entre outras que em cada série temos o ensino de
um determinado conteúdo e a progressão do mesmo. Em cada série poderia ser
ensinado provas diferentes ou aspectos diferentes de determinadas provas, além de
levar em consideração o desenvolvimento motor das crianças, pois dessa forma poder
explorar e contribuir para o desenvolvimento do indivíduo.

Segundo Gallahue e Ozmuz (2005),

O ser humano, durante a sua vida, apresenta algumas fases de


desenvolvimento e, em relação ao movimento, ele passa por estágios,
ambos sendo in uenciados por aspectos bio-psico-sociais, ou seja, o
desenvolvimento de habilidades motoras depende e é também
determinado pelo ambiente externo (oferecendo estímulos e
oportunidades para a prática, incentivando, assim, a permanência) e
interno (existem in uências herdadas geneticamente nos indivíduos).

Figura 1 - Ampulheta heurística das fases do movimento humano

Fonte: Gallahue e Ozmuz (2005).

Ao pensarmos no atletismo no ambiente formal (escolar), como devemos trabalhá-lo?


de onde partimos? Provavelmente a maior di culdade seria onde praticá-lo,
entretanto o atletismo pode ser praticado em qualquer espaço. Segundo Matthiesen
(2014), o ponto de partida dependerá das características de cada grupo, da estrutura e
das possibilidades de desenvolvimento oferecidas pelo local em que será trabalhado
e dos objetivos a serem atingidos pelo professor em cada uma de suas aulas.
Então nesse ambiente o objetivo do ensino do atletismo será fornecer às crianças e
jovens experiências que façam com que reconheçam os movimentos, regras o ciais e
características de cada uma das provas, executando-as praticamente, de acordo com
suas possibilidades, além da possibilidade de através do atletismo contribuir com o
desenvolvimento motor das crianças e jovens respeitando cada fase.

E nesse ambiente o foco não será o desempenho, mas sim a vivência na modalidade,
para isso sugere-se a utilização de brincadeiras e jogos pré-desportivos em torno das
habilidades motoras básicas do atletismo, tais como: marchar, correr, saltar, lançar e
arremessar são, sem sombra de dúvida, aliadas importantíssimas na apreensão da
linguagem corporal em torno dessa modalidade esportiva (MATTHIESEN, 2007;
2012a).

A partir das três dimensões: conceituais, procedimentais, atitudinais (BRASIL, 1998),


Matthiensen (2014), sugere a utilização das mesmas de maneira separada para o
ensino do Atletismo no ambiente escolar.

DIMENSÃO CONCEITUAL - O que se deve ‘saber’ do atletismo?


DIMENSÃO PROCEDIMENTAL - O que se deve ‘saber fazer’ do atletismo?
DIMENSÃO ATITUDINAL - Como o atletismo me ajuda a ‘ser?’

A utilização das dimensões dos conteúdos ampliará as possibilidades de abrangência


e acesso aos conhecimentos concernentes a essa modalidade esportiva
(MATTHIESEN, 2014). Aos poucos, os alunos perceberão que o correr, o saltar, o
arremessar e o lançar do atletismo, não são simples atos de correr, saltar, arremessar e
lançar, mas envolvem regras e movimentos técnicos especí cos que fazem dessa
modalidade esportiva o que ela é (MATTHIESEN, 2007; 2012a). Além de levá-lo a
perceber o quanto do atletismo há em suas atividades cotidianas e como é possível
inseri-lo nas atividades do dia a dia (MATTHIESEN, 2014).

De acordo com as dimensões, a seguir será apresentado cada uma das dimensões e
como aplicá-las nas aulas de atletismo baseado no modelo sugerido por Matthiesen,
2014.

Nessa dimensão é fundamental se explorar fatos, conceitos e princípios (BRASIL, 1998)


que abranjam, entre outras coisas:

O processo histórico e, portanto, a origem e evolução das provas do atletismo;


A relação de suas provas com a vida cotidiana;
As capacidades físicas especí cas de cada uma delas;
As diferenças regionais e culturais em torno das provas do atletismo.
Essa dimensão está relacionada ao fazer (BRASIL, 1998). Essa parte é a maneira de
como iremos ensinar a modalidade esportiva, quais estratégias utilizar.

A utilização de jogos pré-desportivos e brincadeiras que envolvem habilidades


motoras básicas como marchar, correr, saltar, lançar e arremessar, ainda é o melhor
caminho para se iniciar um trabalho com a dimensão procedimental do atletismo
(MATTHIESEN, 2014).

O planejamento dessas atividades deve estar relacionado ao objetivo principal da


aula:

Quais provas do atletismo devem ser vivenciadas pelos alunos nessa fase de
idade ou série que eles se encontram;
Quais movimentos devem ser executados por eles? Nesse ponto lembrando que
é apenas iniciação ao atletismo, então devemos focar nos movimentos básicos
ou chave para determinada prova;
Como os materiais/implementos o ciais e alternativos do atletismo devem ser
manuseados?
E de acordo com a idade, pode-se acrescentar algumas regras o ciais.

Nesta dimensão, a modalidade atletismo será aplicado no dia a dia das alunos,
utilizando o mesmo como instrumento para estimular a re exão sobre as normas,
valores e atitudes (BRASIL, 1998) que pode in uenciar positivamente o
comportamento dos alunos perante seus colegas e demais pessoas de seu convívio,
aprimorando o relacionamento social (família/amigos) fora do ambiente de ensino
aprendizagem (MATTHIESEN, 2014).

Ao se planejar as atividades, alguns pontos devem ser abordados nas aulas, podemos
destacar:

Como aprender a respeitar os adversários e a exercitar o diálogo com os demais


competidores e árbitros;
Quais conquistas e/ou histórias de vida podem ser resgatadas e utilizadas como
exemplo de força de vontade e de superação?
Promover uma re exão sobre o meio ambiente a partir do atletismo;
Como o atletismo poderá estimular trabalhos em grupo de forma cooperativa e
interacional, favorecendo as relações interpessoais, além de situações em que
haja uma colaboração entre eles no processo de aprendizagem;
De que forma o atletismo pode nos auxiliar a reconhecer e a valorizar atitudes
que não sejam preconceituosas, em relação às habilidades, ao gênero, à religião,
entre outras?
Ético na prática do atletismo?

Para o desenvolvimento da aula e o ensino da modalidade o fazer (BRASIL, 1998), a


modalidade será dividida em grupo de provas de acordo com (MATTHIESEN, 2014).

Desenvolva as habilidades motoras (andar, correr e marchar) em diferentes ritmos,


para que os alunos identi quem as diferenças entre elas.

Figura 2 - Atividade “andar caminhar”

Ao comando do professor por um


apito ou algum sinal sonoro os alunos
devem alterar a caminhada com a
corrida.

Fonte: Matthiesen, 2012, p. 33 .

Figura 3 - Atividade “pega pega


marchando”

Deverá ser selecionado um pegador, o


qual deverá pegar (tocar os outros)
apenas marchando. E quem será pego
também deverá apenas marchar para
se deslocar.

Fonte: Matthiesen, 2012, p. 32.


Explore ao máximo jogos de pegador, estafetas e jogos em grupo, iniciando por
distâncias curtas;

Para trabalhar as corridas de fundo, utilize atividades alterando o ritmo e distância.

Figura 4 - Atividade “estafeta”

Os Alunos dispostos em duas ou mais


colunas divididas ao meio. Ao sinal, o
primeiro da coluna deverá correr, indo
em direção ao primeiro da equipe que
está do lado oposto, tocando-lhe as
mãos, e no revezamento pode-se
acrescentar o bastão ou algum objeto.

Fonte: Matthiesen, 2012, p. 40.

Figura 5 - Atividade “losango”

O exercício será realizado em grupo.


Cada grupo de alunos deverá deslocar
do um ponto ao outro do losango de
acordo com o tempo estabelecido
pelo professor.

Fonte: Matthiesen, 2012, p. 67.

Para essas provas pode-se explorar estafetas e corridas individuais, alterando as


distâncias e o tipo de obstáculos (caixas de papelão, cones, cordas).

Figura 6 - Atividade “losango” Em colunas, os alunos deverão


transpor dois, três, quatro conjuntos
de duas cordas colocadas paralela e
sequencialmente no solo. Podendo
variar a quantidade de passadas entre
cada espaço, e a perna que vai passar
o obstáculo. As cordas podem ser
substituídas por caixa de papelão ou
caixotes.
Fonte: Matthiesen, 2012, p. 98.

Explore todos os tipos, isto é, para cima, para baixo, para os lados, com um ou dois pés,
antes de ensinar os saltos especí cos de cada prova. Nessas provas devem ser
contabilizados os saltos, para evitar lesões.

Figura 7 - Atividade “Salto marcado”

Para as provas de salto distância e


triplo. Saltar com os dois pés ou com
um de acordo com o comando do
professor ou a brincadeira amarelinha.
Outra alternativa é o pique pega
saltando com apenas uma perna.

Fonte: Mini Atletismo, 2014, p. 20.

Figura 8 - Atividade “losango”

Para as provas de salto em altura,


saltar a corda que deve estar a uma
altura do chão e a queda pode ser na
areia ou colchão. Para o salto com vara,
utilizar a vara ou alguma adaptada
como a de bambu.

Fonte: Matthiesen, 2012, p. 139.


Utilize jogos em grupos com bola ou com materiais de texturas e formatos diferentes,
até que os alunos estejam preparados para conhecerem os movimentos especí cos
das provas.

Figura 9. Atividade “Acerte o alvo”


Atividade voltada para o lançamento
de dardo. Duas equipes, dispostas em
colunas de frente para um alvo
suspenso, existente entre elas. A
equipe marcará um ponto sempre que
um de seus executantes conseguir
acertar o alvo. Entretanto, essa
atividade também pode ser
desenvolvida com as outras provas de
lançamento, porém deve-se colocar as
observações dos movimentos, que
devem ser realizados de acordo com a
prova.
Fonte: Matthiesen, 2012, p. 139.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caro(a) aluno(a), você já deve ter notado que estamos utilizando o termo ambiente
informal. Pois é, ao mencioná-lo estamos nos referindo a outros ambientes fora da
escola. Sendo assim, neste tópico estudaremos os aspectos pedagógicos e
metodológicos para o ensino da técnica e tática do Atletismo em ambientes
informais.

Fora da escola, podemos visualizar a prática do atletismo em clubes que também


tenham outras modalidades esportivas ou algum projeto especí co para a prática do
mesmo e, normalmente, essas equipes em sua maioria também tem uma vertente
competitiva. É interessante uma parceria entre elas e as escolas para o
desenvolvimento de projetos, pois nas escolas é o primeiro local de contato das
crianças com a modalidade, e apresentando predisposição para a prática da mesma,
essas podem ser encaminhadas para a equipe e dar início aos treinamentos
direcionados para a competição.

Um exemplo dessa parceria, acontece em uma cidade chamada Lavras, localizada em


Minas Gerais, em que temos o Centro Regional de Iniciação ao Atletismo (CRIA-
Lavras). Esse projeto funciona dentro da Universidade Federal de Lavras, então os
alunos da graduação ao nal de cada semestre organizam um festival de atletismo
dentro da Universidade, para isso eles passam o semestre ministrando aulas de
iniciação ao atletismo em algumas escolas da cidade. E ao nal do festival as crianças
são convidadas a fazerem parte do projeto, que tem crianças desde a iniciação ao
atletismo até atletas pro ssionais. As crianças que se destacam, já são direcionadas
para a equipe competitiva.

Figura 10 - Pista de Atletismo da Universidade Federal de Lavras-MG (CRIA – Lavras)

Fonte: o autor
Ao tratarmos do atletismo em ambientes informais abordaremos o atletismo
direcionado para competições, em que daremos um pouco mais de enfoque no
treinamento para melhoria da técnica de cada prova. Partimos do princípio que os
indivíduos já passaram pelo processo de iniciação como abordado no tópico anterior.
Entretanto, gostaria de destacar que em clubes ou equipes de atletismo também
temos a parte de iniciação ao atletismo, e essa iniciação pode ser realizada da mesma
maneira em que foi trabalhado no tópico anterior, “Aspectos pedagógicos e
metodológicos para o ensino da técnica e tática do atletismo em ambientes formais
(dimensão conceitual, atitudinal e procedimental).”

Aqui também será utilizada a mesma divisão padronizada anteriormente para os


grupos de provas e como descritas na unidade I:

O sistema energético solicitado é o aeróbico, e como característica da pisada, os pés


se comportam entrando em contato com o solo apoiando-se em todos os seus
segmentos. Dessa forma os treinamentos devem ser direcionados para o
aperfeiçoamento da técnica, mas também como a melhoria do condicionamento
aeróbio (PETRIS, 2016). Abaixo algumas características importantes da prova
(MATTHIESEN, 2017):

Membros superiores: os braços


devem estar exionados a 90°,
movimentados no sentido
Figura 11 - Marcha atlética. anteroposterior e de acordo com o
ritmo e amplitude da passada, que
impulsiona o marchador para frente.
Assim, quanto mais veloz for o
deslocamento do marchador, mais
veloz será a movimentação dos
membros superiores.

Tronco: ligeiramente inclinado à


frente, o tronco deverá acompanhar,
de maneira oposta, os movimentos do
quadril, sem que haja uma rotação
exagerada.

São duas as fases de apoio observadas


na marcha atlética: a denominada fase
de apoio simples, caracterizada pelo
contato do calcanhar no solo, pela
“estabilização”, quando toda a planta
do pé está apoiada no solo, e pela
“impulsão”, realizada a partir da ponta
do pé, descrevendo, de maneira geral,
o movimento de rolamento do pé
Fonte: Matthiesen, 2012, p. 25 sobre o solo; e a denominada fase de
(Modi cada de Barros & Dezem, 1978, duplo apoio, caracterizada pelo
p. 90.). contato da ponta do pé posterior no
solo, nalizando a impulsão, enquanto
o pé dianteiro realiza o contato pelo
calcanhar, iniciando o “ataque”.

As corridas são divididas de acordo com a sua duração e contribuição bioenergética,


dessa forma os treinamentos devem ser direcionados de acordo com essas
características. Mas independente da distância as corridas se resumem em três fases:
Apoio, suspensão e apoio.

Figura 12 - Fases da corrida

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000).

Outro aspecto importante que se deve trabalhar nas corridas, são os educativos de
corrida ou exercícios coordenativos, abaixo alguns deles (MATTHIESEN, 2017).
Entretanto, de acordo com o nível de aprendizagem dos alunos, pode-se variar e
aumentar a complexidade deles. Além disso, os praticantes de outras provas também
podem realizar esses educativos especí cos de corrida, assim como, os educativos
especí cos de cada prova.
Figura 13 - Fases da corrida

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000).

Anfersen: Deslocamento com base na exão alternada dos membros


inferiores de modo que os calcanhares subam próximos aos glúteos.

Dribbling: Deslocamento bem curto com base em um molejo apoiando-


se os pés alternadamente ora na ponta, ora na planta, com ligeira exão
dos joelhos.

Skipping: deslocamento com base na elevação alternada dos joelhos até


a altura do quadril, mantendo o tronco ereto e os membros superiores no
sentido antero posterior, de acordo com o movimento da corrida,
priorizando-se a frequência e a coordenação dos movimentos

Hopserlauf: Deslocamento com saltos “repicados” (saltitamento duplo


na perna de impulsão) alternando-se membros inferiores e superiores.

Alguns fatores podem ser determinantes no resultado de uma corrida de velocidade,


dentre eles podemos destacar:

Tempo de reação
Força e velocidade de sprint
Resistência de sprint

Os treinamentos devem ter foco para a melhoria dessas variáveis. Nas provas de
velocidade teremos a saída de blocos, que fazem muita diferença na largada e no
resultado nal da prova, devendo dedicar uma parte dos treinos voltado para eles,
principalmente nas provas mais curtas. É recomendado que treine os mais variados
estímulos possíveis (sonoros, visuais, de diferentes posições).
Figura 14 - Sequência completa da saída de bloco.

Fonte: Matthiesen, 2014, p. 25.

Aos seus lugares: o corredor tem de se colocar nos blocos de partida e


de nir a posição inicial.

Prontos: ele se move, colocando-se na posição ideal para à partida.

Partida: aluno abandona os blocos e realiza a primeira passada de


corrida.

Aceleração: ele aumenta a velocidade e faz a transição para a corrida de


velocidade máxima.

Nas provas de revezamento temos as passagens dos bastões, que é o grande


momento. Ele é exaustivamente treinado pelas equipes, pois a passagem mal
sucedida ou o não acontecimento dela pode trazer resultados bastante penosos,
como a perda de tempo ou no pior dos casos a desclassi cação da equipe (PETRIS,
2016). Para que as passagens sejam bem sucedidas, deve-se ter uma sintonia entre os
atletas.

Para as provas temos dois tipos de passagens, a “visual” normalmente utilizada no


revezamento 4x400 m, caracterizada pelo atleta car olhando para trás incentivando
o atleta que está vindo, pois na maioria das vezes já está bem cansado (PETRIS, 2016).
Por outro lado, no revezamento 4x100m as passagens devem ser realizadas mais
rápidas e para não perder tempo elas são realizadas de maneira “não visual” (PETRIS,
2016). Além do tipo de passagens, temos o estilo de passagens do bastão: na
“passagem ascendente”, o corredor deve entregar o bastão de forma ascendente (de
baixo para cima) e colocá-lo entre o indicador e o polegar de quem recebe, os quais
devem estar bem afastados (BARALDI e OLIVEIRA, 2019). E na “passagem
descendente”, normalmente utilizada por atletas mais experientes, o corredor deve
entregar o bastão de forma descendente (de cima para baixo) e colocá-lo na palma
da mão, que deve estar bem aberta, de quem recebe (BARALDI e OLIVEIRA, 2019).

Figura 15: Passagem de bastão Figura 16: Passagem de bastão


ascendente descendente

Fonte: Adaptado de Müller e Ritzdorf Fonte: Adaptado de Müller e Ritzdorf


(2000); Baraldi e Oliveira (2019, p. 76 e (2000); Baraldi e Oliveira (2019, p. 76 e
77). 77).

Figura 17 - Pista de atletismo e as zonas de passagem de bastão da prova de


revezamento 4x100m

Fonte: Adaptado de Müller e Ritzdorf, 2000; Baraldi e Oliveira, 2019, p. 72.

Em relação às corridas rasas de meio fundo e fundo que vão de 800 a maratona, o
que devemos priorizar no planejamento dos treinamentos são as características
bioenergéticas das provas, ou seja, na prova de 800 m temos umas contribuição
maior do metabolismo anaeróbio em relação ao aeróbio, e essa proporção vai
mudando de acordo com que vai aumentando a distância da prova. Dessa forma, o
primeiro passo é realizar a classi cação bioenergética da prova antes de iniciar a
prescrição de treinamento. Outro fator de extrema importância a se trabalhar nessas
provas é o ritmo de corrida (MATTHIESEN, 2014).

A técnica da corrida sobre barreiras é formada por três fases: impulsão, transposição e
recepção. A transposição tem como objetivo principal minimizar o tempo de
suspensão. Para que isto ocorra de forma rápida, é necessário dominar a técnica, pois
ela permitirá ao atleta cumprir esse objetivo (LOHMANN, 2011; BARALDI e OLIVEIRA,
2019).

Figura 18 - Fases da corrida

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000); Baraldi e De Oliveira 2019, p. 66.

Impulsão: O corredor tem de se colocar nos blocos de partida e de nir a


posição inicial.

Transposição: Minimizar a perda de tempo na suspensão da


transposição. A perna de ataque deverá car totalmente estendida sobre
a barreira e o joelho está exionado e o pé da perna de rebote também; o
joelho deve ser puxado muito rapidamente para cima e para frente

Recepção: transferir a passagem da barreira para a corrida.

Corrida entre as barreiras: Após a recepção ele deverá correr até a


próxima barreira
Na prova com obstáculos as fases são as mesmas, porém os corredores podem apoiar
nos obstáculos para ultrapassá-los. O treinamento técnico das duas provas é parecido,
em ambas deve-se treinar bastante a técnica de passagem de barreira e obstáculo.

Para os saltadores temos algumas características que são pertinentes a um bom


saltador: velocidade; força; impulsão; habilidade; domínio da técnica, com isso o
planejamento dos treinamentos deve levar em consideração esses aspectos. Nessas
provas o controle da quantidade de saltos é de extrema importância.

De acordo com Baraldi e Oliveira (2019), os saltos, em geral, são divididos em quatro
fases:

Fase da corrida (antecede e prepara o salto) que o objetivo de ganho de velocidade;

Fase da impulsão ou chamada: esta fase é determinante e fundamental para todos


os saltos, pois de ne a altura do centro de gravidade e a trajetória do corpo do
saltador

Fase suspensão ou voo (fase aérea): nesta fase, para os saltos horizontais (em
distância e triplo), o saltador deverá evitar a redução da distância do tamanho do salto
e deve preparar-se para a queda. Nos saltos verticais (em altura e com vara), o saltador
deverá evitar a redução da altura do percurso para assegurar a boa transposição da
barra.

A fase de queda: nesta fase, para os saltos horizontais, o saltador deverá minimizar a
distância do contato inicial dos pés com o solo. Já no salto triplo, cada queda de cada
salto é utilizada como transição para o salto seguinte. Nos saltos verticais, a queda
deverá ser utilizada de forma segura para evitar lesões.

Com algumas particularidades, o salto com vara tem algumas adaptações para o uso
do implemento (vara). Porém, no salto triplo, temos a mesma sequência feita por três
vezes consecutivas.

No salto em distância ainda podemos destacar três estilos de saltos: grupado, arco e
passada no ar (ou hitch kick) hoje utilizado pela grande maioria dos atletas de alto
nível (MATTHIESEN, 2017).
Figura 19 - Tipos de saltos em distância

Fonte: Matthiesen, 2014, p. 95.

Figura 20 - Fases do salto em distância

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 98.

O salto triplo consiste basicamente na realização de três saltos sucessivos, onde o


atleta realiza os dois primeiros com a sua perna de impulsão (perna forte) e o último
salto é feito com sua perna fraca. Além disso, é considerada uma das provas mais
complexas do atletismo.
Figura 21 - Fases do salto triplo

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 98.

O salto em altura é uma das provas que mais evoluiu no atletismo, devido aos
diferentes tipos de saltos que contribuíram para a melhoria das marcas. Dentre os
saltos podemos destacar: o estilo tesoura, utilizado na iniciação, não tem a
necessidade de um colchão; o estilo “rolo ventral”; e o mais utilizado atualmente, o
estilo “fosbury op”, ou de costas (MATTHIESEN, 2017).

Figura 22 - Fases do salto em altura, “fosbury Flop”

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019 p. 98.

O salto com vara é considerado a modalidade esportiva mais complexa, além do


treinamento básico para a prova é recomendado que os atletas também façam aulas
de ginásticas, para o aprimoramento dos movimentos.
Figura 23 - Fases do salto com vara

Fonte: acesse o link Disponível aqui

Dentre as provas, de acordo com as nomenclaturas do atletismo, temos apenas uma


prova de arremesso que é o arremesso de peso e as outras todas são consideradas
lançamentos.

A técnica O’Brien, é também conhecida como arremesso de costas, é uma das mais
utilizadas em todo o mundo (PETRIS, 2016). No que diz respeito ao arremesso do peso
lateral, segundo Matthiesen (2017).
Sugere-se que, na fase de aprendizado, se inicie pelo arremesso do peso
lateral sem deslocamento (parado). A partir dele, o aluno poderá
aprender o arremesso do peso lateral com deslocamento, inicialmente
sem que haja troca de pés (reversão), até que se tenha condições de
realizá-la. Na sequência do aprendizado e de acordo com as
possibilidades do arremessador, outros estilos poderão ser
experimentados, como o estilo O’Brien e o estilo rotacional (ou com giro),
ambos inicialmente sem a troca de pés (reversão) até que se tenha
condições de realizá-la (MATTHIESEN, 2017). O que se deve priorizar no
ensino do arremesso do peso é que peso não deve perder o apoio com o
pescoço até o momento nal do arremesso e o mesmo deve ser
empurrado para cima e para frente.

Figura 24 - Fases do arremesso de peso

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 140.


Quadro 1 - Erros comuns e correções do arremesso do Peso

Fonte: Adaptado Matthiesen (2017)

Os movimentos dos lançamentos são divididos em quatro fases, conforme Fernandes


(1978), e são comuns a todos: preparação, construção do movimento, lançamento,
recuperação. De acordo com Baraldi e Oliveira (2019):

Na fase de preparação, o aluno deverá pegar o implemento e se


preparar para a construção do movimento.

Na fase de construção do movimento, o objetivo é aumentar a


velocidade do lançamento e acelerar a velocidade do corpo e do
implemento para o nível ideal. Essa velocidade é feita em um movimento
linear (reto) no lançamento do dardo e no arremesso do peso e, em
movimentos rotacionais, no lançamento do disco e do martelo.

Na fase de lançamento, a velocidade é armazenada, aumentando a


transferência do peso do corpo para o implemento que será lançado.
Existe um momento, em todos os lançamentos, que é chamado de
posição de forma, é a ligação entre a construção do movimento e o
lançamento.

Na fase de recuperação: O objetivo desta fase é a estabilização do corpo


a m de evitar que sejam ultrapassados os limites da borda do setor de
lançamento.
O treinamento para essas provas, além de ter um grande percentual de treino técnico
para melhoria da técnica de dos lançamentos para cada prova especí ca, deve-se dar
uma atenção muito grande aos treinos de força destinados a esses atletas, tanto para
membros superiores quanto inferiores, pois os movimentos de pernas são muito
importantes para os lançamentos.

Matthiesen (2017), destaca alguns erros comuns que ocorrem em cada uma das
provas e possíveis exercícios para correção:

Figura 25 - Fases do lançamento do dardo

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 140.


Quadro 2 - Erros comuns e correções do lançamento do dardo

Fonte: Adaptado Matthiesen (2017)

Figura 26 - Fases do lançamento de disco

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 140.


Quadro 3 - Erros comuns e correções do lançamento do disco

Fonte: Adaptado Matthiesen (2017)

Figura 27 - Fases do lançamento do martelo

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 140.


Quadro 4 - Erros comuns e correções do lançamento do martelo

Fonte: Adaptado Matthiesen (2017)


AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
No primeiro momento a maior di culdade para se trabalhar o atletismo parece ser o
espaço, pois na maioria das vezes é possível observar a sua prática em uma pista
o cial de 400 metros. Pois não, o atletismo, principalmente na iniciação, pode ser
praticado em qualquer espaço, desde um pátio pequeno até uma pista o cial de
atletismo. Essa falta de espaço normalmente é observada nas escolas, então utilize o
espaço que tiver disponível: pista, quadras, pátio, espaço com grama ou areia, sala
de aula, adapte suas atividades de acordo com o espaço disponível. São muitas as
possibilidades de adequações e de aprofundamento dos conhecimentos e vivências,
basta que haja criatividade! (MATTHIESEN, 2014).

No atletismo temos diversos materiais e implementos, que vão desde materiais


simples até outros mais complexos com elevado custo nanceiro. Entretanto, da
mesma maneira que a pista, podemos adaptar utilizando materiais alternativos e
desenvolver a modalidade esportiva (MATTHIESEN, 2014).

Abaixo temos algumas opções de utilização de material alternativos para os


diferentes grupos de provas:
Quadro 4 - Materiais alternativos para as provas de corrida

Para
MATERIAL UTILIZADO
CONFECCIONAR

giz branco ou ta crepe para demarcá-las na quadra


esportiva;
barbantes colocados no chão ou suspensos, a 30 cm
Raias
do solo, demarcando-as;
cordas ou linhas traçadas no chão para delimitá-las.

buracos cavados no chão, caso o piso seja de terra;


Blocos companheiro para apoio dos pés.

barbante de 50 cm amarrados ou cabo de vassoura


sobre
2 garrafas plásticas tipo pet;
1 cabo de vassoura (ou folha de jornal dupla enrolada)
sobre 2 latas de tinta de 10 L ou de 50 L;
Barreiras 1 cabo de vassoura sobre 2 cones ou 2 banquinhos ou
2 caixas de papelão;
caixas de papelão, colocadas no chão invertidas para
baixo;
canos de PVC encaixados, no formato da barreira.

caixotes de madeira resistentes, no chão, boca para


baixo;
Obstáculos
bancos suecos, xos nas extremidades.

gravetos ou tubos de PVC de 30 cm, com as


extremidades contornadas com ta crepe;

Bastões 1 folha de jornal enrolada no formato de um bastão


de 0,30 cm, envolvida em papel contact ou plástico
para preservá-lo.

Fonte: MATTHIESEN (2014, p. 41).


Quadro 5 - Materiais alternativos para as provas de salto

Para
MATERIAL UTILIZADO
CONFECCIONAR

giz branco, barbante ou ta crepe para delimitação


do espaço correspondente na quadra esportiva;
Caixa de areia cordas e cones para delimitação do espaço na
quadra esportiva

giz branco, barbante ou ta crepe para delimitação


do espaço correspondente à tábua de impulsão, na
quadra esportiva;
Tábua de demarcar o local da impulsão utilizando um arco
impulsão (bambolê), de acordo com a distância adaptada para
o salto em distância (30 cm) e para o salto triplo (2 m)
em relação ao local de queda.

caixotes de madeira resistentes, step, banco sueco ou


a tampa do plinto. Cuidado para não escorregar no
Impulsão
ato da impulsão.

colchões para amortecimento da queda, com


cuidado para que não escorreguem, segurando-os
Setor de queda
de encontro ao solo.

2 gravetos dentro de garrafas pet, com suporte para


o sarrafo e a ta métrica para medição, ou garrafas
Poste
pet e corda elástica.

1 graveto com cerca de 3 m de comprimento;


Sarrafo cordas elásticas ou trançadas com tecido.

cabos de vassoura ou caibros;


Vara varas de bambu com 2 m de comprimento.
Fonte: MATTHIESEN (2014, p. 41).
Quadro 6 - Materiais alternativos para as provas de arremessos e lançamentos

Para
MATERIAL UTILIZADO
CONFECCIONAR

jornal amassado no formato de bola, que caiba na


palma da mão. Colocá-la em 1 meia ou sacola
Peso plástica, fechada com ta crepe ou costurada. O peso
poderá ser aumentado com areia.

jornal amassado no formato de uma bola, tipo tênis.


Colocá-la dentro de 1 meia ou sacola plástica, fechada
Pelota com ta crepe ou costurada, cujo peso poderá ser
aumentado colocando-se areia.

folha de jornal dupla, enrolada no formato de um


dardo, contornando-o com papel contact;
cabo de vassoura ou bambu, contornando-se a
Dardo empunhadura com barbante. A ponta poderá ser
confeccionada com garrafa pet ou uma bolinha de
meia/ borracha, facilitando a queda.

2 pratinhos de bolo ou círculos de papelão, com


jornal amassado ou 1 saco com areia dentro, para
car mais pesado. Contornar os pratos com ta crepe
Disco
ou com uma borracha de mangueira, envolvendo-o
com papel alumínio ou plástico.

jornal amassado no formato de uma bola que caiba


na palma da mão. Colocá-la em 1 meia de nylon ou
sacola plástica, fechada com ta crepe ou costurada.
O peso poderá ser aumentado com areia. Para o
Martelo cabo, utilizar a meia de nylon trançada ou uma corda.
Para a empunhadura, utilizar 1 pedaço de borracha
no formato de 1 triângulo ou um rolo usado de durex
ou ta crepe.

Setor de queda giz branco, barbante ou ta crepe para delimitação


de arremesso e do espaço correspondente na quadra esportiva, no
lançamentos
formato em ‘V’.

Círculo de giz, barbante ou cordas para delimitar o círculo de


arremesso e acordo com a prova.
lançamento

Fonte: MATTHIESEN (2014, p. 43).


AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Agora veremos alternativas de como planejar uma aula de atletismo tanto no
âmbito Educacional quanto no esporte de alto rendimento. Como exemplo
utilizaremos a mesma modalidade para os dois ambientes para detectarmos as
diferenças dos planejamentos.

O primeiro passo para o planejamento das aulas é ter um objetivo do que irá
trabalhar na aula. Para o nosso exemplo de aula/ treino, iremos desenvolver a prova
de salto triplo, que é uma das provas que mais trouxe vitórias para o Brasil no
atletismo.

Como vimos no início desta unidade, a atletismo no ambiente escolar pode ser
planejada seguindo as três dimensões (BRASIL, 1998), e nas aulas veremos como
elas se interagem no planejamento e decorrer da mesma.

Tema: conhecer o salto triplo do atletismo. Conteúdos conceitual, procedimental e


atitudinal.

Conceitual: Conhecer o salto triplo como sendo a prova em que o Brasil mais
conquistou medalhas olímpicas no atletismo.

Procedimental: Vivenciar o salto triplo a partir de jogos pré-desportivos.

Atitudinal: Evidenciar as diferenças existentes entre a participação masculina e


feminina nesta prova, tendo como base as vivências e as atitudes de meninos e
meninas nas aulas.

É nessa parte em que iremos explorar a dimensão conceitual, em que serão


desenvolvidas atividades que proporcione aos alunos conhecerem a prova, assim
como seus recordistas (MATTHIESEN, 2014).

1. Pergunte para os alunos se eles conhecem a prova, se já ouviram falar da


mesma. Apresente imagens de alguns atletas brasileiros que foram destaques
nessa prova.
2. Com base em imagens de Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João
Carlos de Oliveira (João ‘do Pulo’), apresenta aos alunos as maiores conquistas
do salto triplo brasileiro.
3. Traga uma comparação da evolução dos recordes para essa prova
4. Apresente vídeos para que eles possam ver como é a prova de salto triplo.
5. E faça uma re exão com eles, perguntando porque determinados países são
melhores nessa prova comparado a outros. Se tem uma característica comum
entre os atletas.

É nessa parte em que iremos explorar a parte procedimental, em que tem que ser
desenvolvidas atividades que proporcione aos alunos a vivenciarem a prova.

1. Como aquecimento da aula, pode ser desenvolvida a atividade “mamãe da


rua”, essa brincadeira consiste em que um pegador ou mais cam em um
determinado espaço, e as outras pessoas devem atravessar de um lado para o
outro sem que o pegador as pegue. Para o salto triplo podemos adaptar
estabelecendo que todos tenham que saltar em só uma perna, depois só sobre
a outra e, pode ir di cultando, apenas dois saltos com cada perna.
2. No espaço correspondente às marcas dos recordistas, colocar quatro arcos em
sequência, com espaço de 30 cm entre eles. À frente do último arco, haverá
uma letra do nome do atleta, escrita em um pedaço de papel.

Distribuídos em quatro colunas, os


alunos deverão correr em direção
aos arcos posicionados ao nal das
marcas dos recordistas, saltando
dentro deles alternando-se os pés,
sendo que no último arco
executarão a queda com os dois pés.
Retirarão um papel de uma caixa de
papelão, retornando para a coluna
com uma das letras do nome do
atleta em mãos. Ao nal da
atividade, o grupo deverá formar o
nome do atleta (MATTHIESEN, 2014).

@davit85 em freepik

É nessa parte em que iremos explorar a parte atitudinal (MATTHIESEN, 2014).


1. Discuta com os alunos as diferenças entre as marcas dos atletas do salto triplo,
levantando os principais motivos que poderiam ter contribuído para essa
evolução.
2. Discuta com os alunos as principais razões para que o salto triplo seja a prova
em que o Brasil mais conquistou medalhas olímpicas no atletismo.
3. Discutir com os alunos como as potencialidades individuais podem ser
valorizadas em uma aula ou competição do salto triplo, sem que os menos
habilidosos sejam menosprezados;
4. Discutir porque temos um baixo número de mulheres nessa prova.

Ao nal da aula, o professor deverá fazer uma avaliação do aprendizado dos alunos
para dessa forma planejar as aulas seguintes.

Quando pensamos no planejamento do treinamento do atletismo voltado para o


alto rendimento, o objetivo principal é a melhoria do desempenho. Dessa forma,
para que se obtenha os melhores resultados nos treinamentos, os mesmos devem
ser planejados de maneira individualizada.

Assim como no planejamento no


âmbito educacional, no alto
rendimento a aula ou treino deve ter
um objetivo especí co. Vamos
imaginar a situação hipotética: Após
as avaliações de rotina foi detectado
que ele está com di culdade de
fazer o segundo salto com a mesma
perna devido a um desequilíbrio
muscular na perna, além da
di culdade em nalizar o salto na
areia.

Objetivo da sessão de treino: Treino


técnico para nalização do salto e
treino de força

@freepik
1. O treino começa com um aquecimento de corrida, por exemplo, ou podendo
utilizar outras formas para o aquecimento.
2. Educativos: realiza-se alguns que são comuns para todas as provas e depois
realiza os que são especí cos para a prova do salto triplo.

Nessa parte temos dois tópicos especí cos para trabalhar: A técnica do salto e
treinamento de força. Normalmente trabalha-se a parte técnica antes das outras
partes, quando o objetivo é a melhoria da técnica.

1. Para melhorar a parte de nalização do salto, iremos sugerir os seguintes


exercícios:
Com auxílio de um plinto ou caixote o atleta efetuará um passo e o impulso em
um dos pés em um caixote (ou tampa de plinto), observando o local da queda
(MATTHIESEN, 2017).

Figura 28 - Exercício de salto sobre o caixote

Fonte: acesse o link Disponível aqui

Correr de 5 a 6 m antes de começar a saltar. A partir de uma marca, realizar o hop e o


step. A queda do step deverá ser sobre uma plataforma de 15 cm de altura. Após a
plataforma, deverá ser realizado o jump ou o salto, caindo na areia. O ritmo entre os
saltos deverá ser mantido (BARALDI e OLIVEIRA 2019).
Figura 29 - “Exercício para o salto triplo com plataforma”

Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002); Baraldi e Oliveira 2019, p. 109.

2. E na segunda parte do treino será focado no treinamento de força para


membros inferiores (pernas). Pode ser realizado um treino geral de membros
inferiores tanto na academia ou com pesos livres. Só terá que levar em
consideração um detalhe: como o atleta está com desequilíbrio muscular em
uma das pernas, então deve-se realizar mais exercícios ou algum especí co
para essa perna.

Em relação ao número de repetições e de saltos do treino técnico, irão depender das


características do atleta, assim como a fase do treinamento que ele se encontra.

Nessa parte temos a volta a calma, que pode ser realizada alguma atividade de baixa
intensidade seguida de um período de alongamento. Em alguns lugares os atletas
têm à disposição sioterapeutas que sempre realizam alguma ação para acelerar o
processo de recuperação muscular.
SAIBA MAIS
A prova de salto triplo foi a que os brasileiros mais tiveram destaque no
atletismo. São eles: Adhemar Ferreira da Silva, cuja melhor marca foi
16,56 m, obtida em 16/03/1955 durante os Jogos Pan-Americanos
realizados na Cidade do México, consagrando-se recordista mundial da
prova até 28/07/1958, quando o soviético Oleg Ryakhovsky o superou,
saltando 16,59 m. Além disso, Adhemar consagrou-se campeão do salto
triplo nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, e de Melbourne, em
1956.

Foi também na Cidade do México que Nelson Prudêncio, anos depois,


saltaria 17,27 m em 17/10/1968. A posição de recordista durou não mais
do que meia hora, já que o soviético Viktor Saneyev, nesses mesmos
Jogos Olímpicos, saltou 17,39 m, registrando o novo recorde mundial da
prova, enquanto Nelson foi premiado com a medalha de bronze. Ainda
na Cidade do México, o triplista João Carlos de Oliveira, mais conhecido
como “João do Pulo”, superou, em 15/10/1975, o recorde de 17,44 m
obtido por Viktor Saneyev em Munique, no dia 17/10/1972. Nessa ocasião,
João saltou 17,89 m, marca que perdurou como recorde até 16/06/1985,
quando Willy Banks o ultrapassou com seus 17,97 m. Além disso, vale
destacar a medalha de bronze conquistada por João Carlos de Oliveira
nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980.

Fonte: MATTHIESEN (2017).


REFLITA
Você pro ssional em Educação Física pode ser a primeira pessoa a
apresentar o atletismo a alguém, talvez isso fará com que ela mantenha
a prática da atividade ou que ela desista da prática. Então ao ensinar,
respeite a individualidade de cada pessoa, pois ninguém nasce bom no
esporte, porém com o treinamento ela pode melhorar. E mesmo que
ela não se torne um grande atleta, você contribuiu para a formação dela
como pessoa.

Fonte: o autor.
Chegamos ao m da Unidade II de nossa apostila Esportes Individuais e, durante
nossa caminhada, no primeiro tópico veri camos como deve ser o ensinamento do
atletismo no ambiente formal (escolas). Podemos compreender que as atividades
nesse ambiente devem ter mais o foco de vivência na modalidade atletismo, devendo
priorizar as brincadeiras para promover a iniciação ao atletismo.

No segundo tópico estudamos como deve ser o ensinamento do atletismo no


ambiente informal, que esse tem o direcionamento mais competitivo. Dessa forma, os
treinamentos são direcionados para melhoria da técnica e consequentemente do
desempenho, partindo do princípio do ponto chave de cada prova

Apesar de ser uma modalidade realizada na pista e que utiliza diversos materiais, no
tópico 3 vimos algumas alternativas de local para a prática da modalidade, além da
adaptação de material para a prática da modalidade

E por m, veri camos como deve ser o planejamento de uma aula/treino de


Atletismo para diferentes populações, que independente dos praticantes ela deverá
ser planejada a partir de um objetivo do que se pretende desenvolver durante a aula.

Ao chegarmos no último tópico desta unidade, podemos veri car que apesar de
sempre ser falado que o atletismo é o esporte base para as outras modalidades,
devido aos movimentos de correr, lançar e saltar, cada movimento desses
apresentam uma especi cidade dentro de cada prova, o que o diferencia das outras
modalidades esportivas. Devendo dessa forma nós pro ssionais o ver dessa forma
para que não se perca a especi cidade do Atletismo.

Concluímos mais uma etapa em busca de novos conhecimentos acerca dos Esportes
Individuais, e nessa unidade encerramos a modalidade Atletismo. Espero que ela faça
parte das suas aulas e treinos futuramente. Vamos com ânimo para próxima unidade,
pois nela você aprenderá uma nova modalidade esportiva.

Até mais!
Atletismo feminino nos Jogos Olímpicos

A primeira participação das mulheres na modalidade de atletismo feminino ocorreu


durante os esportes de exibição dos Jogos Olímpicos-JO, no ano de 1900. Contudo,
somente nos Jogos de Amsterdã, realizados entre 17 de maio e 12 de agosto de 1928, o
atletismo feminino foi inserido, dando destaque para a atleta americana Betty
Robinson, a primeira mulher a vencer os 100m. A participação feminina brasileira no
atletismo em Jogos Olímpicos ocorreu em Londres no ano de 1948, quando se
destacou Benedicta Sousa de Oliveira, hoje considerada uma das maiores modelos de
atleta olímpica do país.

No decorrer dos anos os Jogos Olímpicos mostraram um acréscimo gradual e


progressivo na participação das atletas brasileiras. Entretanto, o atletismo feminino
não acompanhou esse índice, mantendo uma média semelhante àquela da primeira
participação no atletismo feminino, nos JO de 1948. A maior delegação no atletismo
feminino foi composta por nove mulheres nos JO de Atlanta, em 1996. Para aumentar
o número de mulheres no atletismo de alto nível, segundo estudiosos da modalidade,
é preciso criar um ambiente esportivo inclusivo, que englobe mulheres em todos os
níveis do atletismo, para que suas vozes sejam ouvidas e suas experiências e
perspectivas re etidas nas decisões das organizações do esporte.

Apesar do baixo número de mulheres no alto nível do atletismo, podemos destacar


uma brasileira para a prova de salto em distância: a atleta Maurren Maggi foi
medalhista de ouro na prova de salto em distância nas Olimpíadas de Pequim 2018.

Fonte: DE OLIVEIRA e COSTA (2016).

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Filme
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Olá, aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade III da nossa apostila de Esportes individuais!

Após estudarmos os contextos históricos, as características e provas do atletismo,


bem como os aspectos pedagógicos do ensino e aprendizagem do atletismo
chegamos ao momento de compreender e conceituar outra modalidade de esporte
individual: a natação!

Nesta unidade iremos aprender sobre a história da natação, os cuidados que


devemos ter em ambiente aquático e o processo de ensino aprendizagem dos
quatro nados. Após isso, iremos aprender sobre as provas de natação e suas regras
o ciais. Você pode estar se perguntando, mas como vou aprender sobre natação se
eu mesmo não sei nadar? Fique tranquilo(a)! Nesta unidade você aprenderá como
ensinar natação e como trabalhar com esta modalidade esportiva!

Sim, caro aluno(a) é isso mesmo! Mas para que você tenha sucesso, o conhecimento
sobre a história da natação, os cuidados em ambiente aquático e as regras o ciais é
algo indispensável. Portanto, dedique-se aos estudos e mergulhe na leitura!

Vamos em frente?

Ótimo estudo!

Introdução à natação: O panorama


histórico da natação de sua origem a
contemporaneidade.

Cuidados em ambiente aquático e


processo de ensino-aprendizagem.

Conhecendo os quatro nados e sua


técnica.

Provas de natação: Caracterização e


regras o ciais.
Conceituar e contextualizar o panorama
histórico da natação de sua origem a
contemporaneidade.

Compreender os cuidados em
ambiente aquático e processo de
ensino-aprendizagem.

Conceituar e contextualizar os quatro


nados e sua técnica.

Conceituar e contextualizar a
caracterização e as regras o ciais da
natação.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Qual a origem da natação? Esta será a primeira pergunta que iremos responder! De
fato, nós podemos imaginar que a natação não deve ser um esporte tão recente, os
primeiros registros históricos sobre a natação foram encontrados no Egito no ano
5000 a.C, entretanto, nesta época, a natação ainda não era considerada um esporte,
mas sim uma mera função de sobrevivência em ambiente aquático (SAAVEDRA et
al., 2003). Na Grécia antiga, a natação era considerada fundamental para a formação
física de jovens e soldados, mas foi somente a partir do século XVII que os estilos de
nados e as regras começaram a ser estabelecidas (COB, 2020).

A primeira disputa o cial de uma prova de natação ocorreu em 1858 na Austrália!


Isso mesmo, somente em meados do século XIX! Desde então a natação foi
evoluindo e em 1896, a natação foi incluída pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de
Atenas, sendo realizadas três provas o ciais: 100m, 500m e 1200m de nado livre. As
provas foram realizadas em mar aberto! Isso mesmo! As primeiras provas o ciais de
natação nos Jogos Olímpicos não foram realizadas na piscina! As competições
o ciais de natação em piscina só começaram a ser realizadas, anos depois.

De acordo com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), o


primeiro campeonato o cial de natação no Brasil aconteceu em 1898 no Rio de
Janeiro e consistiu na travessia entre a Fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa
Luzia, uma distância de 1500m de nado livre. As competições o ciais de natação em
piscinas fechadas começaram a ser realizadas somente no século XX, entre os anos
de 1930 e 1940, após a criação da Federação Internacional de Natação (FINA).

A FINA foi fundada em 1908 e é uma entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI), responsável por administrar competições internacionais de
natação. Desde a determinação das medidas o ciais das piscinas de competição de
natação até as regras o ciais, as competições internacionais de natação seguem as
diretrizes estabelecidas pela FINA.

No Brasil, as competições o ciais


nacionais são organizadas pela
Confederação Brasileira de
Desportos Aquáticos (CBDA) .
Fundada em 1977, a CBDA além da
natação, também administra outras
quatro modalidades: águas abertas,
polo aquático, saltos ornamentais e
nado artístico. Filiada a CBDA, as
Federações Estaduais de Desportos
Aquáticos, também são responsáveis
por organizar e administrar
competições regionais e estaduais
em todo território brasileiro.

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Atualmente as competições o ciais de natação em piscinas fechadas incluem a
realização de quatro nados (crawl, borboleta, peito e costas) em diferentes
distâncias, realizados de forma individual ou combinados (medley). Mas isto nós
veremos com mais detalhes a seguir!

Portanto, nesta primeira parte vimos que a natação é uma modalidade esportiva
antiga que foi incluída pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Atenas de 1858 e as
criações das entidades regulamentadoras permitiu a evolução e a padronização da
natação como modalidade esportiva.
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Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as), até o momento, nós aprendemos sobre a história da natação e sua
organização por diferentes entidades nacionais e internacionais. A partir deste
ponto, iremos aprender como ensinar e trabalhar com natação com nossos futuros
alunos(as). Portanto, a primeira pergunta que devemos fazer é: como ensinar
natação? Quais os aspectos e cuidados que devemos ter ao trabalhar em um
ambiente aquático? Estas são algumas perguntas que iremos responder neste
tópico!

O processo de ensino e aprendizagem da natação, incluindo o ensino dos seus


diferentes nados (crawl, borboleta, costas e peito) começa com a adaptação ao meio
aquático. Por mais simples que pareça, esta é considerada uma das principais fases
do ensino aprendizagem da natação. Vale lembrar que muitas pessoas incluindo,
crianças, jovens e adultos, ao fazer a matrícula em escolas de natação, visam não
apenas ser um(a) atleta pro ssional, mas o objetivo da grande maioria é
simplesmente aprender a nadar! Ou apenas, perder o medo de permanecer em um
ambiente aquático! Portanto, saber como trabalhar a adaptação ao meio aquático é
o diferencial de grandes técnicos e treinadores!

Vale ressaltar aqui que o meio aquático produz uma sensação de estímulos
diferente ao nosso corpo quando comparado ao meio terrestre. Por exemplo,
quando uma pessoa entra em um meio aquático (em uma piscina, por exemplo),
um conjunto de alterações siológicas ocorre dentro do nosso corpo, incluindo,
alterações no equilíbrio, na visão e audição, alterações na respiração, alterações no
sistema proprioceptivo e no sistema termorregulatório (CASTRO et al., 2016). Assim, o
objetivo principal da adaptação ao meio aquático é o desenvolvimento das
habilidades motoras básicas, tais como, equilíbrio, respiração e propulsão. Mas como
podemos trabalhar no desenvolvimento destas habilidades motoras? Esta é a
pergunta que iremos responder a seguir!

Uma das estratégias utilizadas para a adaptação ao meio aquático é a aplicação de


atividades lúdicas. As atividades lúdicas proporcionam ao indivíduo o conforto de se
exercitar na superfície da água, além de promover a descontração e gosto pela
prática (FIORI et al., 2019). Neste sentido, ao propor atividades lúdicas devemos
sempre lembrar que os principais objetivos são enfatizar a familiarização do
indivíduo ao meio aquático, o desenvolvimento do controle da respiração, da
imersão, utuação e deslize sobre a água. Portanto, trabalhar o desenvolvimento
destas habilidades por meio do uso de tarefas e brincadeiras na água é uma
excelente estratégia para o início do ensino da natação.

O uso de equipamentos e acessórios, tais como, bolas, pranchas, espaguetes,


bambolês, entre outros, contribuem para uma ampla variedade de exercícios e
atividades que estimulam o desenvolvimento das habilidades motoras. Neste
sentido, explorar as diferentes possibilidades de utilização destes materiais é sem
dúvida um grande diferencial na atuação pro ssional.

Além das atividades lúdicas, atividades de técnicas (educativos), nados alternativos,


deslocamentos variados também podem ser utilizados como estratégias de
adaptação ao meio aquático. O quadro 1 apresenta alguns exemplos de atividades
que podem ser utilizadas como estratégias para o desenvolvimento das habilidades
motoras básicas.

Assim como em qualquer atividade, devemos ter alguns cuidados para a realização
dos exercícios em ambientes aquáticos. Um dos primeiros cuidados está
relacionado à segurança da realização da atividade, isto envolve aspectos
relacionados à profundidade da piscina, a temperatura da água, bem como o grau
limpeza/pureza da água. Neste sentido, em piscinas profundas e/ou atividades com
crianças, o uso de utuadores é indispensável. Além disso, o monitoramento da
temperatura da água da piscina, bem como, dos produtos químicos utilizados para a
limpeza da mesma, devem ser realizados com frequência para que evitem quadros
de hipotermia (redução da temperatura interna do corpo) e a incidência de alergias
e/ou infecções (em decorrência dos produtos químicos utilizados na limpeza da
piscina) nos indivíduos praticantes.
Quadro 1 – Exemplos de atividades para o desenvolvimento de habilidades
motoras e adaptação ao meio aquático.

Objetivos
Tarefa
aquáticos

Sentar na borda da piscina com os pés dentro da


Propulsão
água e movimentá-los em diferentes direções

Equilíbrio,
Caminhar e/ou correr livremente pela piscina
propulsão

Inspirar (pelo nariz) e soltar o ar pela boca (no fundo Respiração,


da piscina). Imersão

Caça ao tesouro. Colocar objetivos no fundo da Respiração,


piscina para que os alunos(as) mergulhem e propulsão, imersão
procurem os objetos. e deslize.

Respiração,
Passar por dentro de um bambolê que deverá estar
propulsão, imersão
abaixo do nível da água
e deslize

Flutuar de costas (decúbito dorsal) e de frente Respiração,


(decúbito ventral) utuação.

Flutuação,
equilíbrio,
Flutuar e empurrar um espaguete na piscina
respiração e
propulsão.

Fonte: Adaptado de GOMES (1995) e CABRITA et al., (2017).

Portanto, nesta segunda parte aprendemos que uma das etapas iniciais do ensino e
aprendizagem da natação é a adaptação ao meio aquático. Vimos também que esta
etapa é uma das mais importantes nos estágios iniciais da natação que envolve o
desenvolvimento de habilidades motoras básicas, incluindo, o equilíbrio, o controle
da respiração, utuação, propulsão, imersão e deslize sobre a água. Além disso,
vimos também que a profundidade da piscina, a temperatura da água, bem como o
grau limpeza/pureza da água são um dos cuidados fundamentais para a realização
das atividades em ambientes aquáticos.
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Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as) chegamos na terceira parte desta apostila. Nesta fase iremos
aprender sobre os quatro nados da natação (crawl, peito, costas e borboleta). Iremos
compreender os fundamentos técnicos envolvidos em cada estilo bem como as
características de cada nado. Vamos juntos?

O nado crawl é o estilo mais rápido de todos os nados da natação. É


preferencialmente o primeiro estilo a ser ensinado para as pessoas. O nome crawl é
de origem australiana e seu surgimento ocorreu por meio de Dick Cavill (membro
da família de nadadores australianos) que descobriu que alternar os movimentos
dos braços e pernas resultaria em aumentos na velocidade e na propulsão
(OLIVEIRA e SILVA, 2015).

O nado crawl é dividido em fases: 1) Entrada e alongamento da mão à frente a


cabeça; 2) Varredura para baixo ou tração: com os braços exionados e a palma da
mão inclinada para fora, as pontas dos dedos devem ser a primeira parte a entrar na
água, em seguida a mão desloca para baixo num trajeto curvilíneo terminando na
posição de agarre. Na tração a mão e o antebraço dirigem-se para trás em uma
trajetória côncava para dentro 3) Empurre: esta fase inicia-se da máxima exão dos
cotovelos até a sua completa extensão, o braço aproxima da superfície e a mão
percorre uma trajetória para cima e para trás empurrando a água até o nal do
movimento; 4) Recuperação: a fase inicia com a mão ao lado da coxa, juntamente
com a exão de cotovelos projetando o braço a frente e o cotovelo saindo da água. O
movimento de pernada é realizado na vertical, alternado e de forma contínua. É
neste momento em que a respiração acontece, uma rotação da cabeça favorece a
inspiração pela boca (veja foto abaixo).

Alguns dos erros mais comuns do estilo crawl relacionados à posição do corpo e
durante o nado incluem: quadril e cabeça altos (fora da água), levar o braço
estendido à frente, levar o braço com a mão mais alta que o cotovelo, entrada da
mão na água muito próxima a cabeça, batida da perna com elevação excessiva para
fora da água e exão excessiva dos joelhos (NAKAMURA, 1997).
Figura 1 - Nado crawl

Fonte: acesse o link Disponível aqui

O nado costas inicialmente tinha como principal objetivo facilitar a utuação e o


descanso do nadador. Atualmente, o nado costas é semelhante ao nado crawl,
entretanto, neste estilo, o nado é realizado em decúbito dorsal, onde os braços
realizam movimentos alternados e para cada ciclo de braçada são realizadas seis
pernadas (VASCONCELOS, 2012).
Figura 2 - Nado costas

Fonte: acesse o link Disponível aqui

Os erros mais comuns do nado costas são: quadril baixo, lançar com violência o
braço para trás, manter os ombros dentro da água e a realização de movimentos de
pedalada com as pernas (NAKAMURA 1997).

O estilo peito é caracterizado pelo deslocamento humano na água na posição


ventral do corpo, possuindo movimentos simultâneos, simétrico e coordenado dos
membros superiores e inferiores, possuindo fases de ascensão e descenso de
ombros e quadris permitindo, portanto a realização da inspiração (SAAVEDRA et al.,
2003).
Figura 3 - Nado peito

Fonte: acesse o link Disponível aqui

O nado peito é o mais lento de todos os estilos de nados da natação. Entretanto, a


sua técnica tem evoluído constantemente nas últimas décadas. A caracterização das
fases do nado durante a braçada envolve: 1) Varredura para fora; 2) Agarre; 3)
Varredura para dentro; e 4) Finalização e recuperação. Já as fases do nado durante
a pernada inclui a 1) Recuperação; 2) Varredura para fora; 3) Agarre; 4) Varredura
para dentro; 5) Levantamento e deslize (MAGLISCHO, 2010).

Os erros mais comuns durante a realização do estilo peito são: iniciar a braçada sem
que os braços estejam completamente estendidos à frente e as palmas das mãos
estarem voltadas para fora; executar a tração dos braços diferentemente um do
outro; manter os joelhos e pés separados (assimetria do movimento) na fase de
exão dos joelhos; executar a pernada muito na superfície (com parte dos pés
saindo da água) e terminar a pernada com elas estendidas e separadas (NAKAMURA
1997).
Assim como o estilo peito, o nado borboleta é considerado um estilo que demanda
muita técnica durante a sua execução. O ciclo completo do estilo borboleta é
composto por uma braçada e duas pernadas. As fases durante a realização da
braçada incluem: 1) Entrada e apoio; 2) Puxada; 3) Empurrada e 4) Recuperação. As
fases 1 e 3 são consideradas fases propulsivas e as fases 2 e 4 são consideradas fases
não-propulsivas da braçada. Já as fases da pernada são divididos em 1) fase
descendente e 2) fase ascendente, sendo que, um ciclo de pernada completa
envolve a realização de ambas as fases duas vezes (SILVEIRA et al., 2012).

Os erros mais comuns durante a realização do nado borboleta incluem: elevação


exagerada do corpo; entrada das mãos muito próxima à cabeça e com os cotovelos
baixos; movimento alternado das pernas (assimetria) e realizar a batida de pernas
com os pés exionados (NAKAMURA, 1997).

Figura 4 - Nado borboleta

Fonte: acesse o link Disponível aqui


AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as) esta é a última parte da unidade III. Após compreendermos a
história da natação, os processos de ensino e aprendizagem e os quatro estilos de
nado da natação, chegou a hora de sabermos sobre as principais regras envolvidas
nesta modalidade esportiva, quais as provas e de que forma as competições o ciais
são organizadas. Vamos em frente?

Como vimos anteriormente, as regras o ciais da natação são organizadas e


administradas pela FINA. No Brasil a CBDA bem como as Federações Estaduais
seguem as regras e as recomendações propostas pela FINA. A seguir veremos as
principais regras da natação propostas para o período de 2017-2021.

As provas o ciais de natação que concorrem à quebra de recordes mundiais podem


ser disputadas em piscinas de 25 e 50 metros. O quadro 2 apresenta as provas
o ciais realizadas em piscina de 50 metros. Em competições realizadas em piscinas
de 25 metros, as provas o ciais de estilo livre, costas, peito, borboleta e medley
seguem as mesmas das provas o ciais disputadas em piscinas de 50 metros
(descritas no quadro 2). Entretanto, em competições realizadas em piscinas de 25
metros as provas de revezamentos são: revezamento Livre (4x50, 4x100 e 4x200
metros); revezamento Medley (4x50 e 4x100 metros) e revezamento misto (4x50
metros livres e 4x50 metros Medley).

Na prova de medley individual o nadador nada os quatros estilos na seguinte ordem:


borboleta, costas, peito e livre. Já nas provas de revezamento medley, os nadadores
nadam os quatros nados na seguinte ordem: costas, peito, borboleta e livre. As
equipes que disputam as provas de revezamento misto devem ser compostas por
dois (2) homens e duas (2) mulheres (CDA, 2017).
Quadro 2 – Provas o ciais em piscinas de 50 metros

Estilo Provas o ciais

Livre 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros

Costas 50, 100 e 200 metros

Peito 50, 100 e 200 metros

Borboleta 50, 100 e 200 metros

Medley 200 e 400 metros

Revezamento Livre 4x100 e 4x200 metros

Revezamento Medley 4x100 metros

Revezamento Misto 4x100 metros livres e 4x100 metros Medley

Fonte: Adaptado de Regras O ciais de Natação 2017-2021 (CBDA).

REFLITA
O conhecimento das regras da natação permite que você enquanto
estudante, professor ou treinador aprofunde os conhecimentos desta
modalidade esportiva. Além disso, possibilita você explorar e ter a
oportunidade de trabalhar em uma nova área com grandes
oportunidades: a arbitragem. A Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos promove cursos de arbitragem em natação para
pro ssionais, atletas e acadêmicos com aulas teóricas e práticas.
Aproveite!

Fonte: o próprio autor.


SAIBA MAIS
O uso de trajes e acessórios tanto masculinos quanto femininos são
regulamentados e controlados pela FINA. A CBDA segue as
recomendações e as regras propostas pela FINA sobre os trajes
obrigatórios na natação. Trajes que reduzem o arrasto na água,
aumentando assim a performance (desempenho físico) dos atletas, são
proibidos em competições o ciais. Portanto a FINA, assim como a
CBDA, divulga a cada período de tempo, a lista com o nome de todas as
marcas e códigos dos trajes e acessórios permitidos em competições
o ciais.

Fonte: CBDA regras o ciais de natação 2017-2021.


Caro(a) aluno(a), chegamos ao m de mais uma unidade. Parabéns pela imersão na
leitura e conhecimento! Compreender a modalidade esportiva, bem como as suas
características e regras é o primeiro passo para obter sucesso no trabalho com a
modalidade!

Nesta unidade abordamos os conteúdos referentes à natação, desde seu processo


histórico até as regras atuais das competições o ciais. Esperamos que, após
compreender os aspectos abordados na Unidade III, você tenha conseguido
identi car as principais características da natação.

Trabalhar com esta modalidade exige além do conhecimento e habilidades que


foram enfatizadas e exploradas nesta unidade, o conhecimento dos aspectos
pedagógicos e metodológicos para o ensino da natação (tema que iremos abordar na
próxima unidade). Portanto convido você a continuar esta imersão na leitura e seguir
em frente para a próxima unidade. Nela iremos abordar os temas relacionados à
como ensinar natação em diferentes faixas etárias (desde o nascimento à idade
adulta). Além dos métodos de organização e planejamento do ensino da natação.

Vamos lá?

Natação e incidência de lesões

A natação é uma modalidade esportiva praticada por muitas pessoas, incluindo


crianças, jovens e adultos. A prescrição de atividades em ambientes aquáticos requer
não apenas atenção, mas também alguns cuidados durante a realização dos
exercícios. Um dos principais desa os encontrado por técnicos e treinadores de
natação é o controle e o monitoramento do treinamento da natação. Isto se deve ao
fato de que algumas ferramentas e estratégias utilizadas para o controle da
prescrição do treinamento físico podem não ser facilmente aplicadas e utilizadas no
ambiente aquático.

Assim como em várias outras modalidades esportivas, na natação, o excesso de


treinamento pode aumentar o risco para ocorrências de lesões. Em um estudo
realizado por Aguiar e colaboradores (2010), os autores avaliaram 215 atletas de
natação de ambos os sexos, participantes dos principais campeonatos promovidos
pela Federação Aquática Paulista. Dos 215 atletas avaliados, 121 relataram ao menos
uma lesão durante a temporada. Além disso, os autores observaram que as maiores
taxas de lesões foram musculares e tendíneas em relação às osteoarticulares e o local
anatômico mais frequente das lesões é o ombro, exceto, para os nadadores de peito,
que relataram lesões mais frequentes na região da coxa e virilha. Por m, ao veri car
a relação do treinamento físico com a incidência de lesão em nadadores, os autores
observaram que o excesso no volume de treinamento foi o principal causador de
lesões nos referidos atletas.

Neste sentido, saber controlar e monitorar a prescrição do treinamento físico em


ambiente aquático é considerado de grande importância na atualidade. Algumas
estratégias são recomendadas para evitar o aumento na incidência de lesões em
nadadores, tais como, a realização de exercícios de alongamentos (ativos e passivos), a
realização de exercícios para fortalecimento muscular e o controle da técnica do
nado. Portanto, ao trabalhar com natação, busque sempre estratégias que permitam
o melhor acompanhamento e controle da prescrição e do treinamento físico.

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AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Olá, aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade IV da nossa apostila de Esportes individuais!

Após estudarmos os contextos históricos, as características e provas da natação,


chegamos ao momento de compreender e conceituar os aspectos pedagógicos do
ensino e aprendizagem da natação em diferentes faixas etárias bem como em
diferentes contextos esportivos (educacional e alto rendimento)!

Nesta unidade iremos aprender sobre o processo de ensino-aprendizagem da


natação desde o nascimento a idade adulta, os aspectos pedagógicos e
metodológicos para o ensino da técnica e tática da natação e de que forma
podemos organizar e estruturar as nossas aulas de natação no âmbito educacional e
esporte de alto rendimento.

Sim, caro aluno(a) é isso mesmo! Compreender as diferenças entre o esporte no


âmbito escolar e o alto rendimento é considerado de grande relevância no cenário
atual. Portanto, dedique-se aos estudos e mergulhe na leitura!

Vamos em frente?

Ótimo estudo!

Ensino-aprendizagem da natação: do
nascimento a idade adulta.

Aspectos pedagógicos e metodológicos


para o ensino da técnica e tática da
natação em ambientes formais e
informais.

Materiais de apoio para o ensino da


natação.

Organização e estruturação de aulas para


o trabalho com a natação no âmbito do
esporte educacional e esporte de
rendimento.
Conceituar e contextualizar os aspectos
envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem da natação em diferentes
faixas etárias (desde o nascimento a idade
adulta).

Compreender os aspectos pedagógicos e


metodológicos para o ensino da técnica e
tática da natação em ambientes formais e
informais.

Apresentar os principais materiais de apoio


para o ensino da natação.

Compreender a organização e estruturação


de aulas para o trabalho com a natação no
âmbito do esporte educacional e esporte de
rendimento.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
A natação infantil é uma das áreas que mais cresceram nas últimas décadas no
Brasil. Saber trabalhar com a natação infantil é um dos grandes diferenciais dos
pro ssionais atuantes na área. Portanto, neste tópico abordaremos os
conhecimentos acerca da natação infantil até a idade adulta, os principais cuidados
bem como as estratégias de trabalho.

Quando falamos de natação infantil, as primeiras perguntas que surgem são: Qual a
idade ideal para começar a natação? A partir de qual idade uma criança pode fazer
aulas de natação? Estas são algumas perguntas que muitos pais, avós e familiares
fazem com frequência aos professores e técnicos que trabalham com natação! Mas
a nal, existe uma idade mínima? Este será o tema que iremos aprender neste
primeiro tópico da unidade IV! Vamos lá?

Embora ainda não haja um consenso sobre qual a melhor idade para iniciar a
natação infantil, alguns autores na literatura cientí ca apontam que o início em um
programa de atividades aquáticas para bebês deve acontecer a partir dos três (03)
meses de idade, pois nesta fase a criança já consegue sustentar sua cabeça ou a
partir de seis (06) meses de idade, pois, nesta idade a criança já estará com suas
vacinas devidamente tomadas (SAAVEDRA et al., 2003). A natação infantil pode ser
dividida em fases de acordo com a faixa etária das crianças. O quadro 1 apresenta as
fases da natação infantil, bem como, as atividades que devem ser priorizadas em
cada uma das fases. Neste sentido, cabe aos professores orientar sempre os pais
sobre as faixas etárias para o início da natação infantil.
Quadro 1 – Fases da natação infantil e o desenvolvimento de atividades em
ambiente aquático.

Fases Atividades

A partir de
três (03)
É considerada uma das fases mais importantes para o
ou seis
desenvolvimento das crianças no ambiente aquático. Devem
(06)
enfatizar a adaptação ao ambiente aquático por meio de
meses até
atividades lúdicas, canções infantis, atividades de equilíbrio,
três (03)
postura, mergulho e socialização.
anos de
idade

Nesta fase a criança já possui habilidades de estabilidade


Entre três
postural e controle da respiração. Portanto, devem-se
(03) a
enfatizar atividades com o objetivo de aprimorar o
quatro
deslocamento em meio aquático, enfatizando exercícios de
(04) anos
propulsão de braços e pernas, nado de sobrevivência, nado
de idade
submerso, saltos e utuação.

A partir Nesta fase é possível iniciar a introdução dos estilos de nado,


quatro incluindo crawl, costas e peito. Enfatizar atividades que
(04) anos possibilitam o desenvolvimento e o aprendizado (mesmo que
de idade ainda rudimentar) dos estilos de nado da natação.

Entre Nesta fase é possível iniciar o aperfeiçoamento dos nados


cinco (05) crawl e costas com exercícios que estimulam o
e seis (06) desenvolvimento da execução correta dos braços, pernas e da
anos de respiração lateral. Além disso, é possível a introdução do nado
idade peito.

A partir de Nesta fase é possível enfatizar exercícios e atividades que


sete (07) estimulam o aperfeiçoamento do nado peito, palmateios,
anos de saídas e viradas, além do nado medley. Além disso, nesta fase
idade é possível a introdução do nado borboleta.

A partir de Nesta fase, com o aprendizado dos quatros estilos de nado, é


oito (08) possível a realização de exercícios que enfatizam também o
anos de condicionamento físico. É recomendado o uso de nadadeiras
idade e palmares para fortalecer o treinamento.

Fonte: Adaptado de CAMPOS (2020).


Agora que vimos sobre a natação infantil, chegou o momento de aprendermos
sobre a natação na idade adulta. Quando falamos em iniciação à natação, logo
pensamos em crianças e adolescentes. Entretanto, o desejo de aprender a nadar
ocorre em todas as faixas etárias, incluindo o adulto e o idoso. Portanto, saber
trabalhar não apenas a iniciação à natação infantil, mas também com a iniciação à
natação para pessoas adultas é sem dúvidas de grande importância.

Como aprendemos na unidade III, o processo de ensino e aprendizagem da natação


inicia-se pela adaptação ao meio aquático. Neste sentido, o início do processo de
ensino aprendizagem da natação em pessoas adultas não é diferente. A adaptação
ao meio aquático em pessoas adultas é uma das etapas mais importantes para o
desenvolvimento da natação. Nesta fase, os exercícios e as atividades lúdicas devem
objetivar o desenvolvimento das habilidades motoras básicas, tais como, controle da
respiração, utuação, propulsão e equilíbrio (veja com mais detalhes na unidade III,
tópico 2), o desenvolvimento da con ança (retirada do medo, seja de entrar ou
permanecer na piscina) e o aprendizado dos estilos de nados da natação (JUNIOR et
al., 2018).

Diferentemente da iniciação à natação em crianças, o processo de ensino


aprendizagem da natação em adultos pode envolver também exercícios e
atividades competitivas objetivando-se a avaliação de desempenho físico. Neste
sentido, o professor desempenha um papel importante no acompanhamento da
evolução do(a) aluno(a) durante o período de iniciação à natação em adultos.
AUTORIA
Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as), até o momento, nós aprendemos sobre o processo de ensino
aprendizagem da natação desde o nascimento até a idade adulta. A partir deste
ponto, iremos aprender quais são os aspectos pedagógicos e metodológicos
utilizados para o ensino da técnica e tática da natação. Além disso, iremos aprender
sobre os cuidados e as diferenças encontradas no ensino da natação em ambientes
formais e informais. Portanto, convido você a continuar a leitura para descobrir todos
estes aspectos importantes!

Ao observar a imagem acima podemos pensar que ensinar natação não deve ser
algo tão simples, por isso você deve estar se perguntando: quais são as estratégias
pedagógicas para ensinar natação? Ou melhor, como ensinar natação? Estas são
algumas questões que iremos responder neste tópico! Vamos juntos?

O ensino da natação realmente não é um processo tão simples. Envolvem vários


aspectos metodológicos, técnicas além do conhecimento sobre as adaptações
siológicas ao ambiente aquático. Neste sentido, o ensino da natação tem sido
aperfeiçoado nos últimos anos e hoje representa maior estabilidade e abrangência
para suprir as carências daqueles que a se submetem. Portanto, ao se tratar da
pedagogia do ensino da natação, três correntes metodológicas estão presentes:

1. A corrente global que tem como objetivo a abordagem metodológica ou


organizacional, possuindo a premissa de que a natação está associada ao
próprio instinto de sobrevivência e à necessidade da experiência, por isso,
possui como base a própria predisposição e o instinto de cada aluno e menor
ênfase nos métodos de ensino;
2. A concepção analítica que objetiva entender os movimentos no ambiente
aquático, procurando analisá-los em diferentes partes para então explicar o seu
entendimento total, seguindo, portanto, a sua execução lógica;
3. A concepção sintética que atualmente é a mais utilizada por diversos técnicos
e treinadores. Sua estruturação centra-se em uma corrente psicológica que
promove o conhecimento de forma mais e ciente, apresentando, portanto,
sequências pedagógicas mais propícias à iniciação dos alunos de natação,
como por exemplo, a realização de atividades que objetivam a adaptação ao
ambiente aquático por meio de exercícios básicos de utuação, respiração,
propulsão e mergulho elementar (GALDI et al., 2004).

Como vimos anteriormente, diferentes estratégias pedagógicas podem ser


utilizadas no ensino da natação. Neste sentido, o mais importante é sempre levar
em consideração o objetivo, as capacidades e as limitações de cada aluno. Assim, o
planejamento das atividades e a sequência pedagógica a ser utilizada no
desenvolvimento das habilidades motoras deverão levar sempre em consideração a
individualidade biológica de cada aluno.

Outra questão importante que precisamos entender é: como planejar as aulas de


natação durante o processo de iniciação? Inicialmente o ensino da natação pode ser
dividido em duas fases: a iniciação e o aprimoramento. Em ambas as fases, o
planejamento das atividades das aulas de natação está associado à duração de
cada aula (aproximadamente 50 a 60 minutos) e na estrutura de cada aula, que
geralmente é composta por aquecimento (com duração de 5 a 10 minutos), parte
principal (com duração média de 30 a 40 minutos) e parte nal ou relaxamento
(com duração de 5 a 10 minutos). A parte principal contempla o objetivo especí co
de cada aula. Nela pode conter exercícios educativos, corretivos e de vivências que
possibilitará o progresso do aluno na natação. O quadro 2 apresenta um exemplo de
planejamento nas aulas de natação durante o período de iniciação.
Quadro 2 – Planejamento das aulas de natação durante o processo de iniciação.

Semanas Planejamento

1ª. Adaptação ao meio líquido (entrada na água); imersão; jogos


Semana de integração;

2ª.
Adaptação; atividades lúdicas; deslocamento;
Semana

3ª.
Início ao trabalho respiratório; utuação;
Semana

4ª.
Deslocamento; respiração; utuação;
Semana

5ª.
Flutuação em decúbito dorsal, ventral e lateral; deslize;
Semana

Deslize ventral e dorsal na superfície; exercícios de recuperação


6ª.
da posição pronada (decúbito ventral) e da posição supino
Semana
(decúbito dorsal);

7ª.
Respiração (frontal/lateral);
Semana

8ª. Flutuação; propulsão de membros inferiores e superiores;


Semana deslize com impulso;

9ª. Exploração da parte funda da piscina; propulsão de membros


Semana inferiores; início ao estilo crawl;

10ª. Propulsão de membros superiores; braço crawl; início ao


Semana mergulho;

11ª.
Respiração bilateral; crawl; mergulho;
Semana

12ª.
Sincronização do nado crawl;
Semana

13ª. Iniciação ao estilo costas;


Semana
14ª.
Estilo costas; crawl; mergulho;
Semana

15ª.
Sincronização do estilo costas; crawl;
Semana

16ª.
Circuito de materiais; educativos dos estilos crawl e costas
Semana

Fonte: Adaptado de GALDI et al. (2004).

Como vimos até aqui, o período de iniciação à natação objetiva-se o


desenvolvimento das habilidades motoras básicas. Já o período de aprimoramento
que ocorre após o período de iniciação, possui como principal característica o
desenvolvimento das capacidades físicas e as correções técnicas dos nados e estilos
(MAGLISCHO et al., 2010). É neste período que os fundamentos de cada estilo são
explorados e aperfeiçoados. Vale ressaltar que o tempo em cada fase de ensino da
natação (iniciação e aprimoramento) dependerá não apenas da idade, mas também
do desenvolvimento e a progressão técnica de cada aluno. Portanto caberá ao
professor / técnico a decisão de qual o melhor momento para avanço de fase no
processo de ensino da natação.
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Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as) conforme aprendemos até aqui, o processo de ensino-
aprendizagem da natação contempla desde a iniciação até a fase de
aprimoramento. Vimos também as características presentes em cada uma das fases,
bem como, o objetivo de cada uma delas. Conforme percebemos, o ensino da
natação envolve desde a aplicação de atividades lúdicas até exercícios especí cos
para o aprimoramento da técnica em cada estilo de nado. Neste sentido, saber quais
materiais podem ser utilizados no desenvolvimento das atividades e quais os
cuidados ao utilizá-los é considerado um passo importante no processo de ensino
da natação. Portanto, neste tópico iremos aprender sobre o uso de materiais de
apoio no ensino da natação, vamos juntos?

Sabemos que o ensino da natação não é uma tarefa muito simples. Neste sentido,
diversos materiais de uso pedagógico favorecem o ensino da natação e são
comumente utilizados por diferentes técnicos e treinadores. O uso de utuadores,
tais como, bóias, pranchas e espaguetes, por exemplo, podem contribuir no
desenvolvimento de diversas habilidades, tais como, equilíbrio, utuação e deslize.
Outros materiais, tais como, bambolês, cones e pratinhos, por exemplo, são
comumente utilizados em atividades de imersão, propulsão e mergulho. E por m,
temos os materiais de uso obrigatório para aulas de natação, estes incluem os trajes
de banho, óculos e touca.

Obviamente, sabemos que existem dezenas de outros materiais que podem auxiliar
no processo de ensino da natação. Alguns deles podem ser utilizados para a
melhora do deslocamento, como por exemplo, pés de borracha (ou pés de pato),
outros podem contribuir para a melhora da capacidade física, tais como os halteres.
Mas, o objetivo aqui, não será listar cada uma dos materiais, mas é fazer vocês
perceberem que, embora o uso destes materiais possa facilitar o ensino da natação,
requer alguns cuidados ao utilizá-los.
Um dos principais cuidados ao
utilizar os materiais de apoio no
ensino à natação está associado à
higiene e o manuseio correto dos
mesmos. Por isso, sempre antes e
após utilizá-los é necessário a
veri cação da limpeza e condição de
uso.

Secar bem os materiais antes de


guardá-los é uma estratégia
importante para evitar o possível
acúmulo de fungos e bactérias.
Além disso, é necessário reservar um
local especí co para guardar os
materiais, de preferência, bem
arejado, ao abrigo do sol e de fácil
acesso aos alunos e professores.

@fabrikasimf em freepik

Além dos materiais de uso prático, ou seja, aqueles que podem ser utilizados
durante as aulas de natação, temos também os materiais de apoio aos professores.
Estes incluem apostilas e livros que apresentam informações relevantes sobre o
planejamento das aulas, bem como as estratégias e exemplos de exercícios e
atividades para serem utilizadas nas diferentes fases de ensino da natação. Por isso,
a leitura e o acesso aos livros didáticos são inevitáveis ao trabalhar com esta
modalidade esportiva.

Vale lembrar aqui, que o auxílio visual, ou seja, a utilização de materiais visuais, tais
como, imagens e vídeos podem não apenas ajudar os técnicos e professores no
planejamento das atividades, mas também durante a realização das aulas. Neste
sentido, a visualização da execução correta do movimento pelo aluno por meio de
vídeos, podem favorecer o ensino e a correção da técnica de nado realizada.
Portanto, cabe ao professor a escolha de quais materiais podem melhor auxiliar os
seus alunos no processo de ensino-aprendizagem da natação.
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Dr. Bruno Pereira Melo
Dr. Francisco de Assis Manoel
Caros alunos(as) esta é a última parte da unidade IV. Após compreendermos os
processos de ensino e aprendizagem da natação, os processos metodológicos e
pedagógicos, bem como, os materiais utilizados no ensino da natação, chegou a
hora de sabermos sobre a organização e estruturação das aulas de natação no
âmbito do esporte educacional e no âmbito de esporte de rendimento. Vamos em
frente?

A natação é uma das modalidades esportivas que deve ser ensinada no âmbito
escolar. Embora a falta de estrutura física e de materiais adequados para o ensino da
natação nas escolas seja um dos grandes desa os enfrentados por diferentes
professores, o ensino da natação durante as aulas de educação física pode promover
diversos benefícios ao aluno(a), como por exemplo, o desenvolvimento das
capacidades motoras como também as cognitivas, incluindo a melhora da atenção,
da concentração e do aprendizado.

O ensino da natação no âmbito escolar também se inicia com a adaptação ao meio


líquido e envolvem exercícios de con ança, utuação, impulsão, deslize, respiração
geral, propulsão de membros inferiores e superiores, coordenação motora, além do
ensino dos diferentes estilos de nados (ROMAGNANI, 2016).

Uma das principais diferenças encontradas entre a natação no âmbito escolar e a


natação no âmbito esportivo de alto rendimento é que as aulas de natação escolar
devem ser democráticas e não seletivas, ou seja, as atividades propostas devem
sempre objetivar o desenvolvimento da criança no meio aquático e não o
desempenho físico competitivo (CAMARGO et al., 2018).

Neste sentido, o uso de atividades que envolvem a ludicidade e a coletividade entre


os alunos são as principais estratégias pedagógicas no ensino da natação do âmbito
escolar. Além disso, a progressão das atividades deve variar entre as classes de
acordo com a evolução coletiva dos alunos. Portanto, no contexto escolar, a natação
deve sempre contribuir para uma formação integrada dos alunos enfatizando
sempre o desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo de maneira coletiva
(CARVALHO et al., 2016).

Por outro lado, a natação no âmbito esportivo de alto rendimento pode ser
caracterizada por três diferentes fases: 1) iniciação; 2) aperfeiçoamento; e 3)
competitividade. A fase de iniciação compreende ao período inicial do aprendizado
da natação, ou seja, é a fase correspondente ao processo de adaptação ao ambiente
aquático até o aprendizado dos estilos de nado. A fase 2 é caracterizada pelo
aperfeiçoamento da técnica de nado, ou seja, após o aprendizado de todos os estilos,
o aluno passa a ser inserido em um programa de aperfeiçoamento da técnica de
nado, com exercícios e atividades que objetivam a melhora do desempenho físico.
Por m, a última fase da programação das aulas de natação no ambiente esportivo
de alto rendimento é caracterizada pela fase competitiva, na qual o aluno/atleta
passa a competir em diferentes campeonatos objetivando o alto rendimento
esportivo.
Trabalhar com a natação objetivando o alto rendimento requer o conhecimento não
apenas sobre as técnicas e métodos de treinamento, mas também sobre os
métodos de avaliação do desempenho esportivo, bem como o conhecimento sobre
a seleção e detecção de talentos esportivos. Aliás, selecionar e detectar talentos, até
hoje é um dos grandes desa os de técnicos e treinadores de diferentes equipes
competitivas de natação.

Portanto, como podemos observar, dependendo do âmbito a ser trabalhado, a


natação pode possuir diversas características especí cas. Neste sentido, o
planejamento das atividades, bem como a escolha dos métodos, sem dúvidas, é um
passo fundamental para o sucesso na modalidade.

REFLITA
A natação é uma das modalidades esportivas mais praticadas por
pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo crianças, adolescentes,
adultos e idosos. Por apresentar diversos benefícios à saúde, a natação
também tem sido recomendada para diferentes populações especiais,
incluindo, gestantes, pessoas com diabetes, pessoas com doenças
ósseas, entre outras. Portanto, a realização de aulas individuais ou em
grupos para essas pessoas é uma estratégia interessante de trabalho
para o pro ssional de Educação Física com ótimo retorno nanceiro.
Mas lembre-se, antes de iniciar as aulas de natação, o pro ssional deve
saber os riscos e os principais cuidados para trabalhar com tais
populações. Para isso, a participação em cursos de atualização e
capacitação é uma excelente alternativa para a obtenção de
conhecimento. Portanto, aproveite o período em formação e abranja os
estudos na área de natação!

Fonte: o próprio autor.


SAIBA MAIS
As principais competições nacionais de natação são organizadas pela
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). A CBDA
disponibiliza em seu site o calendário atualizado das competições,
incluindo informações sobre a data e horário, bem como o local das
competições. Além disso, vale ressaltar que faz parte do planejamento
anual da CBDA a organização dos jogos escolares da juventude que
envolve a competição dos alunos matriculados em escolas tanto da
rede pública quanto da rede privada a partir de 12 anos de idade.
Portanto, acesse com frequência o site da CBDA e que informado(a)
das principais notícias e das competições o ciais de natação no Brasil.

Fonte: CBDA calendário de competições o ciais.


Caro(a) aluno(a), chegamos ao m de mais uma unidade. Parabéns pela imersão na
leitura e conhecimento! Compreender a natação, bem como as suas características e
seus processos pedagógicos envolvidos no ensino, é sem dúvidas, o principal caminho
para obter sucesso ao trabalhar com esta modalidade!

Nesta unidade abordamos os conteúdos referentes à natação, desde seu processo de


ensino-aprendizagem, modelos pedagógicos de ensino, bem como, as diferenças entre
o esporte no âmbito escolar e o esporte no âmbito de alto rendimento. Esperamos que,
após nalizar esta unidade, você tenha conseguido compreender os aspectos mais
importantes envolvidos no ensino da natação.

Portanto, gostaria de parabenizá-lo pela imersão na leitura e estudos! E desejar além de


sucesso, que você tenha uma carreira brilhante no futuro! Lembre-se que um ótimo
pro ssional é sempre um pro ssional atualizado! Portanto, continue sempre estudando
e buscando novos conteúdos e conhecimentos!

Um grande abraço!

A presença dos pais nas aulas de natação: ajuda ou atrapalha o desenvolvimento


das crianças?

A presença dos pais nas aulas de natação infantil é sem dúvidas uma das rotinas mais
frequentes encontradas por diferentes professores atuantes na área. Mas a nal, a
presença dos pais ajuda ou atrapalha o desenvolvimento das crianças? Esta é a principal
pergunta que iremos responder neste tópico.

A natação é uma das modalidades preferidas pelos pais para seus lhos (as) logo nos
primeiros meses ou anos de vida. Por isso, o acompanhamento durante as atividades
aquáticas e durante as aulas de natação são cada vez mais frequentes. Neste sentido,
além dos alunos(as), os professores muitas vezes dividem o espaço da piscina com os
pais e/ou responsáveis das crianças. Portanto neste tópico iremos aprender os
benefícios da presença dos pais e os limites dos mesmos durante as aulas de natação
infantil.

A presença dos pais durante as aulas de natação para as crianças, principalmente nos
primeiros meses ou ano de vida, é sem dúvidas, de grande importância para a
adaptação e o desenvolvimento dos bebês no ambiente aquático. A realização de
tarefas e atividades junto aos pais reforça o vínculo de afetividade, proporciona a
sensação de segurança, além disso, contribui no processo de desenvolvimento motor,
psicológico, cognitivo e social dos bebês (CAMARGO et al., 2012). Entretanto, a
participação excessiva dos pais deve ser evitada, uma vez que, tal condição favorece a
relação de interdependência e em longo prazo, pode di cultar o desenvolvimento do
bebê. Neste sentido, saber os limites da participação dos pais durante as aulas de
natação infantil é de grande importância para o sucesso da atividade.

A variação de atividades individuais e coletivas, com e sem a participação direta dos


pais, é uma excelente estratégia para as aulas de natação infantil. Além disso, manter o
diálogo constante com pais sobre as atividades e o desenvolvimento dos bebês é sem
dúvidas, considerado indispensável para o sucesso das aulas de natação.

Fonte: o autor

Livro
Livro

Filme
Prezado(a) aluno(a),

Chegamos ao nal da nossa apostila de Fundamentos teóricos e metodológicos dos


Esportes Individuais.

Durante a disciplina percorremos um caminho de muito conhecimento. Espero ter


proporcionado a você, conhecimentos teóricos e práticos sobre as modalidades
Atletismo e Natação, que possam contribuir para sua formação pro ssional em
Educação Física e, consequentemente, em sua atuação, seja ela, em espaços formais
ou informais.

Neste material, foi possível fazer uma viagem ao longo do tempo, veri cando que o
atletismo possui sua origem desde o início dos tempos, na era primitiva, na qual o
homem precisava correr, lançar, saltar, como meio de sobrevivência. Também foi
possível observar que ao longo do tempo esses movimentos básicos foram tomando
forma e aperfeiçoados e deram origem à modalidade esportiva atletismo. Além
disso, destacamos as inúmeras provas que compõem a modalidade atletismo, assim
como as suas regras especí cas.

Destacamos também, como deve-se planejar uma aula/treino de Atletismo para


diferentes populações e seu ensinamento em diferentes ambientes (formais e
informais). Apesar da complexidade de determinadas provas e utilização de
materiais especí cos, o atletismo é uma modalidade que pode ser adaptada, assim
como os seus materiais, para ser praticada em diferentes locais.

Em relação a modalidade Natação, aprendemos sobre a sua história, os aspectos


pedagógicos no ensino-aprendizagem dos diferentes estilos de nados, bem como, a
sua caracterização e suas principais regras o ciais. Além disso, vimos também que a
natação é uma modalidade esportiva praticada por pessoas de diferentes faixas
etárias, incluindo bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Portanto, o
conhecimento do processo de ensino-aprendizagem da natação para diferentes
faixas etárias tem sido considerado fundamental na formação pro ssional.
Saber trabalhar com a natação em ambientes formais e informais é sem dúvidas,
um grande diferencial dos pro ssionais na atualidade. Embora o ensino da natação
no âmbito escolar pode apresentar características diferentes do ensino da natação
no âmbito esportivo de alto rendimento, em ambos os contextos, a fase de iniciação
do processo ensino-aprendizagem apresenta semelhança. Neste sentido,
independente do contexto e da idade, a adaptação ao ambiente aquático é
considerada a principal fase no ensino da natação.

Portanto caro(a) aluno(a) espero que esse material possa contribuir para sua
formação e seus conhecimentos a respeito das modalidades atletismo e natação.
Espero que a partir do conhecimento adquirido com esse material, você possa dar
continuidade aos estudos sobre a temática, contribuindo dessa forma com a
ampliação da sua bagagem de conhecimento. Parabéns pela imersão na leitura e
estudos!

Desejo sucesso em sua formação!

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