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Research, Society and Development, v. 11, n.

15, e478111537320, 2022


(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37320

Síndrome da vaca caída- revisão sistemática


Downer cow syndrome- systematic review
Síndrome de la vaca caída-revisión sistemática

Recebido: 01/11/2022 | Revisado: 16/11/2022 | Aceitado: 17/11/2022 | Publicado: 23/11/2022

Luísa Holanda Andrade Rodrigues*


ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6456-4943
Centro Universitário de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
Adriana Brasil Ferreira Pinto
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7171-3081
Centro Universitário de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
Natália Botega Pedroso
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7757-127X
Centro Universitário de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
José da Páscoa Nascimento Neto
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3185-0513
Universidade Federal de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
André Luis Mendes Azevedo Carvalho
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6861-9369
Universidade Federal de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
Priscilla Rochele Barrios Chalfun
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4555-7614
Universidade Federal de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
Ana Carolina Chalfun de Sant’Ana
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4655-3431
Universidade Federal de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]
Luthesco Haddad Lima Chalfun
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8067-175X
Centro Universitário de Lavras, Brasil
E-mail: [email protected]

Resumo
A produção leiteira pode ser influenciada por diversas enfermidades que afetam rebanhos bovinos. Dentre estas, a
Síndrome da Vaca Caída (SVC) é um dos principais transtornos que acometem vacas leiteiras, principalmente no
periparto. Essa síndrome possui definições variadas que são correlacionadas ao decúbito prolongado e incapacidade
do animal de se manter em estação. Devido a variabilidade relacionada a etiologia, patogenia e medidas terapêuticas,
as informações relacionadas a SVC se encontram dispersas na literatura científica veterinária. Objetivou-se consolidar
uma base de informações técnico-científicas revisadas sistemicamente, proporcionando um material completo,
pertinente e acessível para auxiliar a conduta clínica de médicos veterinários. O levantamento foi realizado através das
principais bases de dados do meio cientifico e acadêmico. A seleção passou por um processo criterioso de avaliação,
filtrando somente trabalhos com assunto pertinente ao tema proposto. Alguns aspectos relacionados a SVC
apresentam maior relevância, como a caracterização de etiologia multifacetada. Além disso, pode ocorrer devido a
doenças primárias ou secundária a lesões decorrentes do decúbito. O estabelecimento de prognóstico e tratamento
adequado é dependente da causa inicial deste acometimento, necessitando de avaliação clínica correta. Contudo,
alguns pontos importantes são os cuidados de enfermagem que buscam proporcionar melhores condições aos animais
afetados e na maioria das vezes, consistem na utilização de diversos métodos e equipamentos na tentativa de manter o
paciente em estação. O conhecimento apropriado em relação as ferramentas terapêuticas disponíveis na clínica médica
de bovinos, visa minimizar consequências a saúde e proporcionar bem-estar aos animais.
Palavras-chave: Bovino; Decúbito; Distocia; Hipocalcemia; Lesão nervosa.

Abstract
Dairy production can be influenced by several diseases that affect cattle herds. Among these, the Downer Cow
Syndrome (DCS) is one of the main disorders that affect dairy cows, especially in the peripartum period. This

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(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37320

syndrome has varied definitions that are correlated with prolonged recumbency and the inability of the animal to keep
stationary. Due to variability related to etiology, pathogenesis and therapeutic measures, information related to DCS is
dispersed in the veterinary scientific literature. The objective was to consolidate a systemically revised technical-
scientific information base, providing a complete, relevant and accessible material to assist the clinical conduct of
veterinarians. The research was carried out through the main scientific and academic databases. The selection went
through a careful evaluation process, filtering only works with a topic relevant to the proposed topic. Some aspects
related to DCS are more relevant, such as the characterization of a multifaceted etiology. In addition, it can occur due
to primary diseases or secondary to injuries resulting from recumbency. The establishment of prognosis and adequate
treatment depends on the initial cause of this involvement, requiring a correct clinical exam. However, some
important points are the nursing care that seeks to provide better conditions to the affected animals and most of the
time, consists of the use of different methods and equipment in an attempt to keep the patient stationary. The
appropriate knowledge about the therapeutic metods available in the bovine medical clinic, aims to minimize health
consequences and provide the welfare to the animals.
Keywords: Bovine; Decubitus; Dystocia; Hypocalcemia; Nerve injury.

Resumen
La producción lechera puede estar influenciada por diversas enfermedades que afectan a los rebaños bovinos. Entre
estas, el Síndrome de la Vaca Caída (SVC) es uno de los principales trastornos que acometen vacas lecheras,
principalmente en el periparto. Este síndrome tiene definiciones variadas que se correlacionan con el decúbito
prolongado y la incapacidad del animal para mantenerse en estación. Debido a la variabilidad relacionada con la
etiología, la patogenia y las medidas terapéuticas, la información relacionada con SVC se encuentra dispersa en la
literatura científica veterinaria. Se buscó consolidar una base de información técnico-científicas revisada
sistémicamente, proporcionando un material completo, pertinente y accesible para auxiliar la conducta clínica de
médicos veterinarios. El levantamiento fue realizado a través de las principales bases de datos del medio científico y
académico. La selección pasó por un proceso juicioso de evaluación, filtrando solamente trabajos con asunto
pertinente al tema propuesto. Algunos aspectos relacionados a SVC presentan mayor relevancia, como la
caracterización de etiología multifacética. Además, puede ocurrir debido a enfermedades primarias o secundarias a
lesiones por decúbito. El establecimiento de pronóstico y tratamiento adecuado depende de la causa inicial de este
ataque, lo que requiere una evaluación clínica correcta. Sin embargo, algunos puntos importantes son los cuidados de
enfermería que buscan proporcionar mejores condiciones a los animales afectados y la mayoría de las veces, consisten
en la utilización de diversos métodos y equipamientos en el intento de mantener al paciente en estación. El
conocimiento apropiado en relación con las herramientas terapéuticas disponibles en la clínica médica de bovinos
tiene como objetivo minimizar consecuencias para la salud y proporcionar bienestar a los animales.
Palabras clave: Bovino; Decúbito; Distocia; Hipocalcemia; Lesión nerviosa.

1. Introdução
A bovinocultura leiteira representa uma das mais importantes atividades econômicas do agronegócio brasileiro desde
meados dos anos 70. O desenvolvimento crescente do setor e as tecnologias empregadas nos meios de produção em escala
requerem a criação de animais produtivos e de alto mérito genético, que consequentemente necessitam de avanços relacionados
à nutrição, manejo, controle de doenças, clínica médica, dentre outros. No Brasil, existem inúmeras doenças que afetam os
bovinos e que acarretam prejuízos econômicos para o produtor, sendo que muitas delas podem ser prevenidas e tratadas por
meio do estabelecimento de conduta clínica apropriada. Neste raciocínio, a Síndrome da Vaca Caída (SVC) é de extrema
importância para a saúde desses animais de produção e para a economia em geral, e mesmo que descrita na literatura
veterinária há mais de 100 anos, as pesquisas apresentam abordagens sucintas e escassas que dificultam a exploração de
informações.
A Síndrome da Vaca Caída é referida por diferentes nomenclaturas dentro dos buscadores acadêmicos, como
“Downer Cow”, “Nonambulatory Cow”, “Alert Downers”. Essa variação está relacionada à condição dos animais em decúbito
e incapazes de levantar, variando também em relação aos animais alertas ou letárgicos (Stull et al., 2007). Diversos fatores
contemplados ao longo deste trabalho de revisão podem ocasionar a SVC, como distúrbios metabólicos ou
musculoesqueléticos (USDA, 2004). A SVC pode ocorrer de forma primária, ou seja, como consequência principal de outra
enfermidade, quando o decúbito prolongado é decorrente de uma doença específica, ou secundária, quando há acometimento
especialmente do sistema musculoesquelético decorrente de decúbito prolongado, levando a incapacidade física do animal. Na
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maioria dos casos de decúbito prolongado, a pressão exercida pelo peso do animal ocasiona lesões nervosas irreversíveis. O
decúbito esternal por mais de 6 horas pode resultar em necrose isquêmica localizada dos músculos. A isquemia leva à
permeabilidade das membranas celulares e, dessa forma, os íons sódio, normalmente em maior concentração fora das células, e
potássio, em maior concentração dentro das células, penetram para o meio intracelular e extracelular, respectivamente,
proporcionando um desequilíbrio eletrolítico e impossibilitando que haja condução de informação nervosa (Gelberman et al.,
1983). As alterações resultantes dessa condição levam à fraqueza muscular (Allen & Davies,1981).
A partir disso, alguns sinais clínicos são característicos de SVC. Por exemplo, extensão do pescoço até o chão,
abertura de boca, protrusão de língua e gemidos são comumente observados. Geralmente o animal permanece apático, mas
frequentemente realiza esforços extenuantes, porém inúteis na tentativa de levantar e, em alguns casos estende os membros
torácicos e flexiona os pélvicos, na denominada “postura de cão sentado” (Allen & Davies,1981). A ocorrência de SVC em
vacas leiteiras de alta produção comumente está relacionada à hipocalcemia no período pós-parto (Correa, Erb & Scarlett,
1993; Cox & Farmsworth, 1998). Um estudo realizado em 12 rebanhos leiteiros em Nova York, avaliou distúrbios que
acometem bovinos no período pós-parto e demonstrou que os mais comuns, são hipocalcemia e acometimentos durante o
parto, como distocia ou fetos natimortos (USAHA, 2006).
Existem vários cuidados terapêuticos que podem ser considerados em quadros de SVC, com o intuito de manter o
animal em estação e evitar lesões decorrentes de decúbito prolongado. Dentre estas alternativas, destaca-se o levantador
pélvico, bolsas de ar infláveis ou fardos de feno e até mesmo a construção de estrutura de madeira, denominada popularmente
por “giral” ou “estaleiro”. Outra ferramenta bastante discutida é a utilização do tanque de flotação em água, método que causa
menos traumas e indicado para casos graves (Rasmussen, 1982). Vale ressaltar que existem vários trabalhos demonstrando
vantagens deste método na recuperação dos animais.
A avaliação cuidadosa dos pacientes e identificação da causa primária são fundamentais para estabelecimento do
diagnóstico clínico e tratamento adequado com o intuito de obter sucesso na cura clínica e retorno produtivo. Portanto, esta
revisão sistemática objetiva, apesar de grande parte das informações se apresentarem escassas e antigas, agrupar resultados de
pesquisas científicas pertinentes que abordaram os principais aspectos clínicos, epidemiológicos e terapêuticos relacionados à
ocorrência da síndrome da vaca caída em rebanhos leiteiros.

2. Metodologia
A busca por artigos científicos foi realizada nas seguintes bases de dados: PubMed e Google Acadêmico. Além disso,
houve a inclusão de livros pertencentes às bibliotecas de universidades ou acervos virtuais. A pesquisa foi realizada baseando-
se na combinação de termos e palavras-chave, tais como: “Downer Cow”, “Nonambulatory Cow”, “Decubitus”. A presente
revisão associou informações científicas clássicas às mais atuais. Os critérios de exclusão consideraram dissertações ou teses
de conclusão de curso ou pós-graduação, trabalhos incompletos, resenhas e resumos publicados em anais de eventos. Além
disso, não foram selecionados artigos que não apresentaram relação direta com SVC ou não articulavam com doenças
primárias causadores desta síndrome.
Esta revisão sistemática foi confeccionada com o intuito de esclarecer aspectos clínicos, epidemiológicos e
terapêuticos relacionados à ocorrência de SVC em rebanhos leiteiros. Além disso, foi fundamentada na necessidade de
estabelecer uma base concreta de dados científicos pertinentes e confiáveis considerando a apresentação escassa e antiga deste
assunto na literatura veterinária.
A seleção dos dados foi realizada em etapas (Fluxograma 1). Inicialmente foi feita pesquisa nas bases de dados,
utilizando combinações das palavras-chave supracitadas. Nesta primeira etapa, foram obtidos 115 artigos no PubMed e 399 no
Google Acadêmico, totalizando 514 trabalhos. Em seguida, os artigos pré-selecionados foram avaliados por leitura e
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compreensão do título e resumos, além dos outros critérios de exclusão citados anteriormente. Assim, 367 foram excluídos da
pesquisa. Na etapa seguinte, foi realizada a exclusão de duplicatas, considerando a retirada de 51 trabalhos. Por fim, realizou-
se releitura de todos estes 96 trabalhos, excluindo 39 que não articulavam com o assunto proposto. E como forma de
complementação, foram incluídas 18 referências da literatura clássica veterinária, presentes em bibliotecas de universidades ou
acervos online, a fim de incrementar especialmente definições clínicas de doenças primárias já estabelecidas na literatura
científica. Houve uma exceção para inclusão de dois trabalhos, uma tese de pós-doutorado (University of Melbourne,
Austrália) e uma comunicação de pesquisa (Cornell University, EUA) devido a relevância científica e ligação direta destas
pesquisas com o tema proposto. Portanto, esta revisão considerou a análise de 77 trabalhos.
Uma lista de referências foi criada e as informações mais relevantes e pertinentes foram extraídas de cada trabalho.
Esta análise considerou avaliação completa do artigo por pares, especialmente relacionada as descrições clínicas, resultados
experimentais e conteúdos intimamente vinculados a SVC. Durante o estudo, vários temas relacionados a SVC foram
considerados de alta relevância, assim optou-se pela confecção deste artigo com subdivisões que abordaram os mais diferentes
temas.

Figura 1 - Fluxograma representando o processo de seleção de trabalhos elegíveis.

Fonte: Autores (2022).

3. Resultados e Discussão
3.1 Lesões Musculoesqueléticas
As lesões musculoesqueléticas estão entre as principais patologias que levam os bovinos ao decúbito prolongado,
caracterizando a SVC. Essas lesões podem ocorrer por vários motivos, com acometimento de diversos músculos, ossos,
tendões, ligamentos e nervos. Como comumente estas lesões afetam nervos do membro pélvico, o conhecimento da localização
anatômica destas estruturas é de suma importância (Figura 2).

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Figura 2- Anatomia dos principais nervos do membro pélvico bovino.

Fonte: McCracken et al. (2004).

3.1.1 Nervo Radial


As lesões do nervo radial comumente ocorrem de forma unilateral nos bovinos (Hartnak, 2017). Derivado das fibras
dos nervos cervicais VII e torácico I, esse nervo adentra entre o músculo redondo maior e as cabeças longa e medial do tríceps
braquial. Continuando em sentido distolateral, o nervo radial emite ramos também para a cabeça lateral do tríceps braquial e
músculo ancôneo, se dividindo em nervo radial superficial e profundo acima da articulação úmero-rádioulnar. Peculiarmente
nos bovinos, este nervo pode emitir ramos ao músculo braquial.
As lesões no nervo supracitado podem levar os bovinos ao decúbito pela incapacidade de sustentação do membro
torácico e dificuldade de se levantar. Esse acometimento pode ser oriundo de quedas devido a locais escorregadios, manejo
inadequado, aprisionamento do membro em cercas, cochos, bebedouros, camas, entre outros objetos e locais. Além desta
possibilidade de lesão do nervo radial, levar o animal ao decúbito esternal ou lateral, o contrário também pode acontecer, ou
seja, o decúbito prolongado devido a outras enfermidades, lesões ou procedimentos em que o animal é submetido pode levar ao
acometimento do nervo radial e consequente agravamento do quadro clínico (Divers, 2004). Neste caso, manter o animal em
decúbito por longos períodos ou de maneira inadequada pode acarretar em miopatia por compressão (Hartnak, 2017).
Os sinais clínicos variam de acordo com o local e grau da lesão, tempo de acometimento, além de outros fatores
como: idade, tamanho, peso e Escore de Condição Corporal (ECC) do animal. Geralmente cursam com paresia do membro
acometido e articulações fletidas. Animais jovens e leves, na maioria das vezes conseguem se manter e caminhar sobre os 3
membros saudáveis. Já em animais maiores e mais pesados, isso se torna um problema e geralmente o animal permanece em
decúbito (Divers, 2004).
O diagnóstico é baseado em sinais clínicos, aspectos epidemiológicos e exame neurológico. Fratura de úmero e artrite
devem ser descartadas por apresentarem sintomatologia semelhante (Divers, 2004). Nestes casos, se for possível, é
aconselhável a realização de exames complementares de imagem (radiografia e/ou ultrassonografia) para confirmação destes
acometimentos. O tratamento consiste em manter o animal em estação, estímulo a caminhada, fixação de talas e bandagens
visando manter o membro estendido, hidroterapia e aplicação de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) ou
corticosteroides (Hartnak, 2017). A escolha da classe desses fármacos irá depender da causa primária e gravidade do caso.

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Corticosteroides não devem ser utilizados em lesões pós cirúrgicas ou decorrentes de feridas abertas, pois aumenta o risco de
infecção (Stock & Coetzee, 2015). Ainda é importante ressaltar que em animais gestantes, a utilização de corticosteroides não
é recomendada. A utilização de AINES é recomendada devido a ação anti-inflamatória e analgésica, que são sinais comuns em
animais acometidos por SVC. Essa classe de fármacos ainda possui ação antipirética, indicado nos casos de doenças sistêmicas
que levam o animal ao decúbito prolongado (Tasaka, 2006)
A recuperação do animal depende da gravidade da lesão neurológica, podendo ocorrer cura em alguns dias ou até
mesmo se tornar irreversível. Como forma de prevenir tal lesão, é importante manter as instalações livres de obstáculos, evitar
pisos muito lisos e promover ambiente confortável em casos que o animal por algum motivo permanece em decúbito
prolongado.

3.1.2 Plexo braquial


Lesões no plexo braquial são comumente observadas em bovinos, principalmente de forma bilateral. Além do nervo
radial, nestes casos também há acometimento dos nervos ulnar e musculocutâneo (Divers, 2004). O nervo musculocutâneo
unido ao nervo mediano, segue distalmente até o terço final do braço, onde se individualiza e emite o ramo muscular distal,
inervando o músculo braquial e continua como ramo cutâneo medial pelo antebraço. O nervo ulnar inicialmente segue junto a
artéria axilar, e cruza a artéria braquial em sentido caudal no terço médio do antebraço, alcançando a face medial da cabeça
longa do tríceps braquial.
Uma das principais causas de lesão é a abdução excessiva dos membros no momento de queda. Em bezerros, pode
ocorrer durante o nascimento, devido a tração excessiva dos membros. Essas causas geralmente levam a lesões bilaterais.
Também pode ser decorrente de lacerações, punção medicamentosa incorreta ou contaminada na região axilar (Divers, 2004).
Hartnak (2017) cita a ocorrência de lesões do plexo braquial secundárias a compressão por neoplasias.
O diagnóstico clínico depende principalmente do histórico e o tratamento é semelhante ao realizado para lesão do
nervo radial (Hartnak, 2017). Em casos de lacerações infeccionadas pode ser necessário o uso de antibióticos, limpeza e
drenagem de conteúdo (Divers, 2004). Em casos de avulsão completa dos nervos, o prognóstico pode ser desfavorável. Nas
lesões menos graves, as chances de recuperação são maiores. Evitar locais com piso escorregadio, manejo adequado com
animais adultos e procedimentos corretos no auxílio a distocias são as principais formas de prevenção.
As lesões supracitadas descrevem os nervos do membro torácico dos bovinos que comumente são citados com maior
incidência a injurias que levam o animal ao decúbito, caracterizando a SVC. Em sequência, são descritos os nervos presentes
na pelve e membros pélvicos.

3.1.3 Nervo obturatório


O nervo obturatório ou obturador situa-se na face medial do corpo do íleo. Ao atravessar esse forame obturador, são
emitidos ramos para os músculos adutor, obturador, pectíneo e grácil, de ambos os membros. Responsável pela adução do
membro pélvico, este nervo é lesionado principalmente devido a partos distócicos (Hartnak, 2017). Entretanto a abdução
severa dos membros pélvicos, ocasionada por escorregões e quedas também podem acarretar lesão do nervo obturador
(Mahendran, 2019).
Animais lesionados geralmente apresentam abdução anormal de um ou ambos os membros pélvicos (Figura 3)
(Hartnak, 2017). Em pisos bem estruturados, geralmente o animal é capaz de se locomover, porém em locais escorregadios há
dificuldade de se manter em posição quadrupedal e o risco de agravamento é elevado (Divers, 2004). Juma et al. (2015)
relataram sinais de paralisia pélvica severa, com o animal permanecendo em “postura de cão sentado”, evoluindo para decúbito
esternal em caso de lesão bilateral do nervo.

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O diagnóstico é realizado por meio de histórico e exame clínico, especialmente avaliando a incapacidade de adução
após abdução forçada. Em casos em que o animal não consegue permanecer em estação, é necessário investigar possíveis
fraturas pélvicas ou no fêmur ou luxação coxofemoral (Divers, 2004; Hartnack, 2017). Semelhante ao tratamento realizado
quando há lesões nos nervos do membro torácico, a utilização de AINES e corticoides também é indicada (Divers, 2004). Juma
et al. (2015) verificaram a eficácia na utilização de selênio, vitaminas E e B12 no tratamento de lesão do nervo obturador,
obtendo sucesso. Citam ainda a eficácia da utilização desses fármacos no tratamento de lesões nervosas em outras espécies
animais.
Manter o animal em locais de piso com boa aderência e utilizar amarração das pernas, próxima a região de metatarso,
evitando abdução ao caminhar, também são procedimentos indispensáveis no tratamento desse tipo de lesão (Hartnack, 2017).
O prognóstico é extremamente dependente do nível da lesão e do tipo de tratamento realizado. Muitos animais são capazes de
se recuperar de forma completa em casos de lesões parciais e tratamento adequado. Avulsão completa do nervo e casos com
tratamento tardio são complicadores e tornam o prognóstico desfavorável.

Figura 3 - Lesão em nervo obturador.

Fonte: www.vetstream.com/treat/bovis/diseases/obturator-paralysis.

3.1.4 Nervo isquiático


O nervo isquiático, popularmente chamado de ciático, é o maior nervo presente nos animais (Kirkwood et al. 2017).
Em bovinos, é considerado o principal nervo periférico junto aos seus ramos tibial e fibular a sofrer injurias e causar
claudicação e decúbito. Inerva os músculos extensores do quadril e do calcâneo e os flexores da articulação fêmorotibiopatelar
(Hartnack, 2017).
As principais causas de lesão nesse nervo são traumas no parto, injeções intramusculares, miopatia isquêmica por
compressão, neoplasias, abcessos ou fraturas pélvicas (Divers, 2004). Hartnack (2017), cita que em nulíparas as lesões se
tornam mais comuns, decorrente de distocias prolongadas culminando em paralisia pós-parto. O ramo fibular pode ser
comumente lesionado após decúbito prolongado, enquanto o ramo tibial raramente é acometido em bovinos adultos. Como o
nervo isquiático e seus ramos emitem raízes que inervam estruturas em quase todo o membro pélvico, os sinais clínicos são
variáveis e dependentes do local e gravidade do quadro. Em lesões na região do quadril, os sinais são caracterizados por
dificuldade de suportar o membro, flexão de jarrete e boleto (Figura 4), claudicação, arraste do membro na caminhada,
podendo ser observada analgesia total da porção distal do membro e decúbito (Divers, 2004). Lesões iatrogênicas, causadas
principalmente por aplicação de medicamentos levam a sinais de rigidez do membro e dor local (Kirkwood et al., 2017).
A utilização de bandagens é recomendada para manter o membro estendido e evitar lesões abrasivas, além de auxiliar
na sustentação do peso (Hartnack, 2017). Aplicação de anti-inflamatórios pode auxiliar no tratamento, além de cuidados de
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enfermagem já abordados no tratamento das lesões anteriores. As medidas profiláticas consideram principalmente auxílio a
distocias, aplicação correta de medicamentos e evitar a administração de substâncias irritantes na região próxima ao nervo. A
recuperação pode ser muitas vezes completa, sendo que casos de lesão secundária a infecção local, apresentam prognóstico
desfavorável.

Figura 4 - Lesão em nervo isquiático.

Fonte: www.vetstream.com/treat/bovis/diseases/sciatic-injury.

3.1.5 Nervo Femoral


O nervo femoral percorre o membro sob o músculo psoas maior e segue ventralmente em direção ao membro pélvico,
onde penetra no músculo quadríceps femoral, seguindo pelo membro junto aos vasos femorais, profundamente ao músculo
sartório. Este nervo é responsável pela extensão da articulação femorotibiopatelar e pela flexão do quadril (Hartnack, 2017).
As lesões ocorrem principalmente em bezerros no momento do nascimento em situações de tração forçada onde o
animal apresenta-se de forma posterior, ou seja, insinuando primeiramente os membros pélvicos no canal de parto. Embora
menos comum, pode ocorrer em animais adultos decorrente principalmente de quedas em que um ou ambos os membros
sofrem extensão caudal excessiva (Divers, 2004; Hartnack, 2017). Esses acontecimentos podem estar relacionados a quedas,
escorregões e movimentos descoordenados devido a fraqueza ou instabilidade do membro.
A lesão pode ser uni ou bilateral e os sinais clínicos são incapacidade de suporte do membro, extensão e progressão do
mesmo (Divers, 2004; Hartnack, 2017). Principalmente nos casos bilaterais, o animal apresenta-se em decúbito esternal ou
somente com os membros torácicos estendidos, levando o mesmo a uma postura de “cão sentado”, como caracterizada
anteriormente. Após uma semana aproximadamente, é possível observar atrofia do quadríceps que pode predispor a ocorrência
de luxação patelar (Divers, 2004). O tratamento assemelha-se as medidas supracitadas e o prognóstico é reservado.
Como descrito, existem vários nervos que podem ser lesionados e ocasionar decúbito em bovinos. Além disso, há
outras causas de SVC relacionadas ao sistema musculoesquelético e comumente observadas, como lacerações musculares,
fraturas ósseas e ruptura de tendões, que serão discutidas a seguir.

3.1.6 Síndrome Compartimental


Na medicina humana, esta síndrome pode ser definida como uma lesão compressiva osteofascial, podendo ocorrer
devido ao aumento da pressão interna ou externa, ou ambas (Cox, 1988). De acordo com Blowey (2016), lesões musculares na
maioria dos casos, são resultantes de laceração ou pressão excessiva decorrentes de decúbito prolongado. Ocorre degeneração
e isquemia devido à alta pressão que atinge a fáscia muscular, podendo lesionar músculos e/ou nervos (Divers & Peek, 2008;

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Poulton, 2015). Na avaliação visual do animal é possível identificar em alguns casos, edema na região muscular afetada, bem
próximo a articulação femorotibiopatelar (Blowey, 2016).
De acordo com Greenough (2007), casos em que o paciente é capaz de se movimentar, pode-se optar pela realização
de fasciotomia com o intuito de aliviar a pressão exercida na musculatura. Em animais em decúbito com membros pélvicos
rigidamente estendidos sob o corpo, deve-se considerar a ocorrência de síndrome compartimental (Andrews et al., 2004).
Ainda segundo os autores, quando os membros são manuseados a fim de corrigir a posição e o animal ao tentar se levantar
retorna os membros a postura original, deve-se pensar nesse acometimento. Considera-se ainda esse sinal como um importante
indicativo de degeneração muscular grave, com prognóstico desfavorável. Muitas vezes optando pelo descarte do animal
(Blowey, 2016).

3.1.7 Rotação de Pelve


A pelve é constituída pelos ossos ílio, ísquio e púbis, juntamente com o sacro e as primeiras vértebras caudais.
Apresenta funções importantes como, proteção de vísceras, asseguração de transmissão da força dos membros pélvicos para o
tórax durante a locomoção e postura e atuação como ponto de fixação de músculos, tendões e ligamentos (Konig & Liebich,
2014). Segundo Godinho & Cardoso (1991), a pelve se une à coluna vertebral por meio da articulação sacroilíaca, formada
pelas faces auriculares da asa do ílio e do sacro, sendo reforçada pelos ligamentos sacroilíacos ventrais. Além disso, o quadril
une-se ao sacro e primeiras vértebras coccígeas pelo ligamento sacrotuberal largo. A rotação de pelve é definida como o
deslocamento da pelve de sua posição anatômica.
Os ligamentos que sustentam esta estrutura óssea se encontram distendidos à medida que o animal se aproxima do
parto, devido a ação de estrógeno (Divers & Peek, 2008), com a função de permitir a passagem do concepto pelo canal pélvico.
Assim, manobras obstétricas incorretas durante o parto, como tração excessiva, podem ocasionar rotação ou deslocamento da
pelve. Este processo pode ser diagnosticado por meio de exame transretal, na maioria das vezes é irreversível e apresenta
prognóstico desfavorável (Blowey, 2016).

3.1.8 Luxação de Quadril


A pelve óssea se articula com o membro pélvico por meio da articulação coxofemoral, formada pelo acetábulo e
cabeça do fêmur. O acetábulo é considerado uma cavidade cotílica formada por parte do ílio, ísquio e púbis. A cabeça do
fêmur une-se a fossa do acetábulo por meio do ligamento intracapsular da cabeça do fêmur que emerge através da incisura do
acetábulo (Konig & Liebich, 2014).
Segundo Blowey (2016), a luxação do quadril, também chamada de subluxação, ocorre quando a cabeça do fêmur se
desloca do acetábulo, se movendo para outras regiões da pelve. A principal causa deste tipo de lesão, é a torção severa do
membro pélvico causada na maioria das vezes por quedas de animais próximos ao estro e que tentam montar em outros, e
podem se acidentar. Como destacado em síndrome compartimental, apresentação de membros pélvicos distendidos e que
retornam a postura inadequada mesmo após tentativa de correção, pode ser indicativa de luxação de quadril com prognóstico
desfavorável (Andrews et al., 2004). A lesão pode ser diagnosticada pela palpação transretal do quadril durante o exame físico.
Pode-se realizar o tratamento do animal, preferencialmente imediatamente após a ocorrência de acidentes,
considerando que a cavidade ainda não tenha sido preenchida por sangue. As manobras consistem em tentativas de retornar a
cabeça do fêmur à posição anatômica. O sucesso depende do grau de lesão, podendo ocorrer recidivas e se caso os ligamentos
tenham sido rompidos, a chance de cura também estará comprometida (Blowey, 2016).

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3.1.9 Fratura de Fêmur


A superfície desta estrutura óssea é caracterizada como a origem e fixação de músculos e tendões do membro pélvico
bilateral (Konig & Liebich, 2014). A maioria dos casos de fraturas ósseas no membro pélvico de bovinos ocorre devido a
quedas em pisos escorregadios. Geralmente ocorre em animais mais velhos, causando decúbito persistente. Vacas em estro
apresentam maior chance de ocorrência. As opções de tratamento são escassas, o prognóstico é desfavorável e na maioria dos
casos, opta-se pelo descarte de animais acometidos (Blowey, 2016).

3.1.10 Ruptura de Tendão Gastrocnêmio


O músculo gastrocnêmio é o maior dos músculos do membro pélvico, e o tendão deste músculo se encontra
distalmente em torno do tendão do músculo flexor superficial dos dedos, inserindo-se na tuberosidade do calcâneo. Essas
estruturas juntamente com as aponeuroses dos músculos bíceps femoral e semitendíneo formam o tendão calcanear comum
(Godinho & Cardoso, 1991).
A principal causa de ruptura do tendão gastrocnêmio é a alta tensão exercida sobre o membro, ocorrendo geralmente
próxima a junção do tendão e m. gastrocnêmio, em torno de 08 a 12cm proximal a articulação társica (Blowey, 2016). Podendo
ser influenciada pelo decúbito prolongado e tentativas de levantar, em que a força exercida pode comprometer ou romper o
tendão e/ou músculo (Figura 5) (Van Metre, Callan & Garry, 2001). A ruptura do tendão gastrocnêmio impede que o animal se
mantenha em estação com o membro pélvico estendido, assim, somente consegue se apoiar com a região próxima a articulação
társica sobre o chão. Nestes casos, a melhor opção é o descarte do animal acometido, visando evitar sofrimento e considerando
que não existe forma de tratamento eficaz descrita na literatura científica (Blowey, 2016).

Figura 5- Ruptura de tendão e músculo gastrocnêmio.

Fonte: Mori et al. (2017).

3.1.11 Lesões na Coluna Vertebral


As principais causas de lesão na coluna vertebral em bovinos, são acidentes na estrutura que compõe a cama de Free-
stall ou Tie-stall, além da expressão de montas ou quedas que podem ocorrer nos períodos de estro ou em pisos escorregadios
(Divers & Peek, 2008). A região lombar é a área mais afetada, e na maioria das vezes, o diagnóstico clínico das lesões é
dificultado, sendo necessário a palpação de segmentos ósseos ao longo da coluna vertebral em busca de edemas ou
desalinhamentos (Blowey, 2016). Animais em decúbito e apresentando fraturas deste tipo, apresentam prognóstico
desfavorável. Em bovinos, as lesões na medula espinhal estão entre as que apresentam diagnóstico mais difícil, com exames

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complementares limitados (Constable, 2004). Scott (2004) consideram a análise de líquido cefalorraquidiano (LCR) como um
procedimento seguro em bovinos.
Bilodeau et al. (2018) coletaram amostras de LCR do espaço intervertebral lombossacral de vacas em decúbito com o
objetivo de avaliar sobrevivência a curto e longo prazo baseada na análise de LCR descrita por Achard et al. (2017), em que
animais apresentando concentração total de células nucleadas > 4,5 células/μL e/ ou concentração de proteína > 0,39 g/L,
possuíam lesão medular. Com isso, os autores descobriram que vacas com concentração total de células nucleadas e/ou
concentração proteica acima do limite especificado, tiveram taxa de sobrevivência reduzida (p=0,02). Contudo, em casos
graves de comprometimento da coluna vertebral, o descarte dos animais é a única opção a ser considerada (Blowey, 2016).

3.2 Afecções Sistêmicas/Metabólicas


Como consequência do melhoramento genético, técnicas de criação intensivas e a criação de animais mais produtivos
em rebanhos leiteiros, houve um aumento da incidência de distúrbios metabólicos decorrentes principalmente do manejo
nutricional inadequado dos animais, mas também por outros fatores. Existem várias afecções sistêmicas que podem afetar a
saúde de vacas leiteiras e levar ao desenvolvimento da Síndrome da Vaca Caída (SVC).

3.2.1 Hipocalcemia
O cálcio contribui significativamente para o funcionamento normal do organismo. Considerando o meio intracelular,
este mineral está relacionado a diferenciação e motilidade celular, metabolismo de glicogênio e controle da contração
muscular, além de influenciar na liberação hormonal (Kimura et al., 2006). Assim, desregulações de cálcio podem desencadear
diversas consequências negativas à saúde dos animais. Considerada uma das principais causas de decúbito em bovinos, a
hipocalcemia é considerada uma doença metabólico-nutricional que acontece devido incapacidade de manter a homeostase de
Ca em consequência de elevada demanda do organismo para suprir necessidades do parto, em que ocorre metabolização do
mineral para mineralização do feto, produção de colostro e de leite (Angelos & Smith, 2015; Goff, 2014).
Vacas hipocalcêmicas, além dos prejuízos relacionados a elevada mortalidade da doença, provocam outros agravos ao
produtor, como redução da produção de leite, perda de peso e diminuição da vida produtiva do animal em 3 a 4 anos
(Valldecabres et al., 2018). Ademais, vacas que apresentam este distúrbio ainda possuem maior propensão a outras
enfermidades que ocorrem no período após o parto, como metrite, retenção de placenta e deslocamento de abomaso (Martinez
et al., 2016). A ocorrência desta afecção possui diferentes fatores de risco, como a idade, raça, fatores endocrinológicos e
potencial genético de produção leiteira (Goff, 2014; Oetzel, 2013). O padrão racial também está relacionado a incidência de
hipocalcemia, sendo que as principais raças predispostas são Jersey, Guersey e Holandesa devido a maior concentração de
cálcio no colostro e no leite (Goff, 2014; González & Silva, 2017). Entretanto, a principal causa da doença está relacionada ao
manejo nutricional inadequado no período de transição (Goff, 2014).
Vacas leiteiras devem apresentar níveis adequados de cálcio entre 8,5 a 10 mg/dL, principalmente no fim do período
de gestação com o intuito de garantir a produção de colostro, maturação fetal e posterior produção de leite, em que a
necessidade diária de Ca pode chegar a 30 g/dia (Divers & Peek, 2008). Assim, os principais mecanismos compensadores da
desregulação de cálcio no periparto são reabsorção óssea e aumento de absorção intestinal decorrentes de elevada secreção de
paratormônio (PTH) pela glândula tireoide, causada pela redução da concentração de Ca sérico (Goff, 2008). Entretanto, essa
resposta do PTH é tardia, ocorrendo cerca de 24 a 48 horas após o parto, elevando o risco de ocorrência de hipocalcemia
clínica nesse período (Constable et al., 2017).
No decorrer do quadro de hipocalcemia, baixa quantidade de Ca disponível, interrompe a transmissão neuromuscular,
ocasionando inicialmente em fraqueza muscular e decúbito esternal (Constable et al., 2017). Em consequência, ocorre

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isquemia no membro devido à pressão exercida pelo elevado peso do animal e, a diminuição da irrigação sanguínea leva a
necrose isquêmica muscular, além de edema em nervos tornando o animal incapaz de se levantar, caracterizando a SVC,
decorrente de tratamento tardio ou ineficiente do distúrbio primário (Andrews et al., 2008; Radostits et al., 2006).
A sintomatologia é dividida em três fases: na primeira o animal encontra-se alerta, em posição quadrupedal,
apresentando tremor muscular. Na segunda fase, ocorre decúbito esternal, que pode evoluir para decúbito lateral e terminal,
midríase e posteriormente óbito, sendo o último característico da terceira fase (Allen & Davies,1981). Os principais sinais
clínicos apresentados por animais com hipocalcemia, são: inquietação, excitabilidade, letargia, taquicardia, estase ruminal,
constipação, extremidades frias, anorexia, hipotermia acentuada de acordo com a evolução da doença, timpanismo devido ao
decúbito e incapacidade de levantar (Alvarenga et al., 2015; Constable et al., 2017; Divers & Peek, 2008). Estes sinais clínicos
podem perdurar de 6 a 36 horas, caso o tratamento não seja instituído (Constable et al., 2017).
Na maioria dos casos, realiza-se o diagnóstico terapêutico desta afecção. Os principais diagnósticos diferenciais para a
doença são: hiposfosfatemia (Gerloff & Swenson, 1996), hipomagnesemia, cetose, toxemia (Caple, 1991) e lesões
musculoesqueléticas (Radostits et al., 2006). A principal forma de tratamento da hipocalcemia é a administração de cálcio por
via endovenosa (EV), subcutânea (SC) ou via oral (VO). A dose recomendada para administração de Boroglucanato de Ca é de
100 a 200g de Ca/animal nas vias EV ou SC, e para a VO a dose recomendada é de 50g/animal a cada 12 horas por 48 horas,
sendo esta última utilizada como forma complementar às vias sistêmicas. Existem diferentes formas de prevenção da doença,
principalmente relacionadas ao manejo nutricional durante o período de transição, como fornecimento de dieta aniônica,
composta por concentrações elevadas de Cloro e Enxofre em comparação com Sódio e Potássio, que acarreta em uma leve
acidose metabólica devido alta quantidade de ânions, levando a mobilização de Ca para circulação sanguínea, devendo ser
estabelecida 30 dias antes do parto para reduzir a dependência de PTH pós-parto (Cunha et al., 2021). Santos (2011)
recomenda DCAD entre -150 a -100 mEq/kg de MS, considerando a equação com coeficiente igual para todos os minerais,
DCAD (mEq/kg)={(Na+ + K+) – (CL- + S-2)}, ressaltando a importância de monitoramento de pH urinário. Portanto, se torna
fundamental estabelecer medidas de prevenção e controle de hipocalcemia, como adequação de alimentação, manejo e
ambiência (Cunha et al., 2021).

3.2.2 Acidose ruminal aguda


A acidose ruminal aguda ocorre quando o animal ingere uma quantidade excessiva de alimentos ricos em carboidratos
não estruturais altamente fermentáveis e amido, que em consequência da fermentação excessiva no rúmen resulta em elevada
produção e acúmulo de ácidos graxos voláteis (AGV’s) no rúmen. A alta produção de AGV’s resulta na queda do pH ruminal e
consequente multiplicação e predominância das bactérias Streptococcus bovis e Lactobacillus spp., aumentando a produção de
ácido lático e reduzindo o pH ao redor de 5, suprimindo o crescimento bacteriano (Santana Neto et al., 2014). A afecção ocorre
principalmente em consumo acidental ou devido a rápida introdução de dietas ricas em grãos, sem a devida adaptação do
animal (Constable et al., 2017).
Esta desordem metabólica afeta principalmente vacas de alta produção próximas ao parto ou imediatamente pós-parto
(Lean et al., 2013). Este último fator está relacionado a alteração na dieta destes animais no período após o parto a fim de
aumentar a produção de leite, sendo assim, estes recebem alta quantidade de carboidratos não fibrosos e menor quantidade de
fibra efetiva quando comparado ao período seco. Esta alteração na alimentação, sem prévia adaptação, pode acarretar em
acidose ruminal aguda (Ortolani, 2009). Os animais acometidos por essa enfermidade apresentam apatia, taquipneia,
taquicardia, diarreia profusa com odor agridoce, anorexia, perda de ECC, baixa produção de leite, distensão abdominal,
desidratação, fraqueza e ataxia (Abdela, 2016; Constable et al., 2017). Em decorrência do desequilíbrio eletrolítico e
endotoxemia que os animais podem apresentar, ocorre a fraqueza muscular, podendo causar o decúbito. Muitas vezes, a

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impossibilidade de ser manter em estação é ocasionado por polioencefalomalácea secundário ao quadro de acidose. A queda
brusca do pH ruminal leva a inibição de componentes da microbiota que produzem tiamina e também favorece o
desenvolvimento de outros que produzem tiaminases. (Morgan & Lawson, 1974).
O diagnóstico de acidose ruminal aguda é baseado em sinais clínicos, histórico, exames laboratoriais e avaliação do
fluido ruminal (Pimentel et al., 2020), avaliando características de coloração, odor, consistência, tempo de sedimentação e
flotação (TAS) e pH (Bayne & Edmondson, 2021). Em condições normais, o fluido ruminal deve possuir coloração verde
oliva, odor aromático, aspecto viscoso e o TAS ocorrer em aproximadamente cinco minutos (Naida et al., 2002). Porém, o
líquido ruminal de animais acometidos com acidose metabólica, apresenta coloração acinzentada, odor ácido e aspecto leitoso-
aquoso (Alcantra et al., 2020).
O tratamento consiste na correção da acidose através de administração parenteral ou oral de alcalinizantes, como o
bicarbonato de sódio, além de reposição hídrica e eletrolítica conforme necessário e em casos graves, recomenda-se a lavagem
ruminal ou rumenotomia e transfaunação (Constable et al., 2017; Radostits et al., 2006). Como forma de controle e prevenção,
deve-se realizar adaptação dos animais em dietas com elevada concentração de grãos, além de manejo alimentar adequado
especialmente no período de transição (Constable et al., 2017).

3.2.3 Doenças endotoxêmicas


As doenças endotoxêmicas também são de grande importância na etiologia da SVC. As principais afecções agudas
pós-parto que podem acarretar em decúbito são: mastite aguda, metrite séptica e peritonite difusa (Mahendran, 2019). A
mastite é definida como um processo inflamatório da glândula mamária que se manifesta através de sinais de inflamação nos
quartos mamários, alterações no leite e queda na produção (Lopes et al., 2020; Massote et al., 2019). É considerada uma
doença multifatorial e de etiologia variada, sendo a principal enfermidade que onera a pecuária leiteira (Quadros et al., 2019).
A origem da afecção pode ser fisiológica, traumática, alérgica, metabólica e/ou infecciosa, sendo que cerca de 90% tem origem
bacteriana, sendo os principais agentes dos gêneros Streptococcus sp. e Staphylococcus sp. (Lopes et al., 2018). A doença pode
ser dividida em mastite clínica e subclínica (Ashraf & Imran, 2020) e contagiosa ou ambiental, dependendo do agente
etiológico (Acosta et al., 2016).
Os principais sinais clínicos apresentados pelos animais acometidos pela mastite clínica, são: febre, apatia, anorexia,
sinais de inflamação no úbere como aumento de temperatura local, edema, grumos no leite e outros (Alves et al., 2019;
Mahendran, 2019). A ação dos agentes infecciosos leva ao comprometimento do estado geral dos animais, devido a infecção
sistêmica e pode acarretar distúrbios eletrolíticos, endotoxemia e consequentemente, fraqueza e decúbito. O diagnóstico da
mastite é realizado através do histórico, sinais clínicos e exames laboratoriais, como cultura bacteriana do leite, além da
contagem de células somáticas (CCS), utilizada principalmente para diagnosticar a mastite subclínica (Alves et al., 2019;
Constable et al., 2017). A indicação de tratamento para mastite clínica aguda causada por agentes contagiosos, considera
fluidoterapia parenteral, antibioticoterapia sistêmica e/ou local (intramamário), anti-inflamatório sistêmico e administração de
cálcio endovenoso (Langoni et al., 2017). Contudo, o alto índice de pesquisas científicas relacionadas as diversas formas de
tratamento para mastite, inviabiliza nesta revisão sistemática uma abordagem detalhada de todas as possíveis maneiras de
tratamento e profilaxia para tal afecção.
Outra enfermidade endotoxêmica que pode ocasionar a SVC, seria a metrite puerperal aguda, definida como infecção
uterina que ocorre no pós-parto imediato, podendo desencadear alterações sistêmicas e/ou locais. (Sheldon et al. 2006, 2008).
As principais causas estão relacionadas a infecção em parto distócico, abortamento e retenção de membranas fetais (Constable
et al., 2017; Smith, 2014). Os animais acometidos, geralmente apresentam apatia, febre, redução na produção de leite e quadros
de toxemia que levam ao decúbito, depressão, anorexia, desidratação grave e alterações cardiovasculares (Galvão et al., 2019),
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sendo que a sintomatologia mais grave da doença ocorre principalmente de 2 a 8 dias após o parto em consequência de
fraqueza muscular (Blowey, 2016). Além de alterações relacionadas ao sistema reprodutivo, como útero aumentado de
tamanho, descarga uterina fluida e viscosa amarronzada ou purulenta e esbranquiçada com odor fétido.
O diagnóstico de metrite puerperal aguda pode ser realizado através do histórico, sinais clínicos, ultrassonografia
transretal para avaliação da condição uterina e cultura do fluido uterino (Divers & Peek, 2008). As medidas terapêuticas devem
ser baseadas na sintomatologia clínica da doença, considerando-se fluidoterapia, antibioticoterapia sistêmica com fármacos de
amplo espectro e anti-inflamatórios em doses endotoxêmicas, além da lavagem uterina com soluções salinas aquecidas em
grande volume, associadas a antibióticos e antissépticos (Smith, 2014).
A Peritonite Aguda Difusa também apresenta grande importância entre as doenças endotoxêmicas, sendo definida
como a inflamação aguda do peritônio que pode estar relacionada com diversas causas e ocorre principalmente no pós-parto
(Constable et al., 2017). Pode ocorrer de forma primária ou como consequência de outra afecção que leva a toxemia severa,
acarretando em fraqueza, depressão e falha na circulação sanguínea, com isso o paciente pode ir a decúbito e tornar incapaz de
se levantar, caracterizando o quadro de SVC (Constable et al., 2017). Os sinais clínicos mais comuns são: desconforto,
bradicardia, dor abdominal durante palpação, anorexia, estase ruminal, exsudato inflamatório no fluido peritoneal e alguns
animais podem apresentar febre (Constable et al., 2017; Mahendran, 2019; Smith, 2014). O diagnóstico muitas vezes é baseado
na sintomatologia, podendo realizar-se diagnóstico terapêutico (Mahendran, 2019; Smith, 2014). Os exames complementares
como hemograma para contagem de fibrinogênio e abdominocentese com o intuito de verificar o aspecto e composição do
líquido peritoneal podem ser úteis para diagnosticar o distúrbio, além de exames de imagem como a ultrassonografia
abdominal (Mahendran, 2019; Smith, 2014). As medidas terapêuticas utilizadas são: fluidoterapia parenteral e
antibioticoterapia sistêmica com fármacos de amplo espectro (Smith, 2014). Dependendo do grau da peritonite, recomenda-se
a eutanásia (Blowey, 2016).
Como foi supracitado, essas afecções podem cursar com toxemia e levar o animal a alterações sistêmicas graves. Isso
se dá pela ação de toxinas produzidas e liberadas por microrganismos, por constituintes da parede celular dos mesmos ou por
reação do organismo à tais injurias. Quando microrganismos patogênicos e/ou suas toxinas entram na corrente sanguínea, um
quadro de sepse é instaurado, causando severa debilidade ao animal por afetar diversos sistemas orgânicos. Como
consequência, há prejuízos e alterações cardiovasculares, respiratórias, digestórias, entre outras. Finalmente, o animal se
apresentará em decúbito prolongado, podendo ir a óbito (Constable et al., 2017).

3.2.4 Hepatopatias
O manejo nutricional e controle de ECC são fundamentais durante todo o período produtivo dos bovinos,
principalmente no periparto, a fim de evitar a ocorrência de desordens metabólicas que podem afetar a função hepática. A
cetose possui maior prevalência em vacas de alta produção leiteira, mantidas principalmente em sistema intensivo. Constable
et al. (2017) relatam que a doença é imediata após o parto e influenciada pela alimentação do animal, considerando que 90%
dos casos ocorrem em até 60 dias em lactação, apresentando maior prevalência em pluríparas de alta produção e a partir da
quarta lactação. Após o parto, os bovinos de leite apresentam uma condição de Balanço Energético Negativo (BEN),
caracterizada pelo déficit de energia, em que o consumo de alimento não é capaz de suprir a demanda nutricional. Esta situação
é ocasionada pela redução de IMS entre 8 a 10 semanas após o parto e o pico de lactação entre 4 a 6 semanas. Com isso as
vacas mobilizam reservas energéticas do tecido adiposo e consequentemente aumentam as concentrações séricas de ácidos
graxos não esterificados (NEFA), ocorrendo aumento subsequente nas concentrações séricas de cetona, promovendo a
ocorrência de gliconeogênese e cetogênese. Em alguns casos, como forma secundaria à cetose, pode ocorrer insuficiência
hepática, dividida em três tipos.

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O tipo I, ocorre quando a demanda ultrapassa a capacidade do fígado em metabolizar glicose devido ao suprimento
insuficiente de precursores de glicose, resultando em pouco acúmulo de gordura no fígado. O tipo II ou fígado gorduroso
ocorre quando a capacidade de transportar triglicerídeos do fígado é reduzida, obtendo como resultado a esteatose hepática. O
tipo III consiste na elevada produção ruminal de butirato, metabolizado diretamente pelas células epiteliais ruminais. Os sinais
clínicos mais comuns são redução de IMS, do ECC e da produção leiteira, além disso, os animais podem apresentar período de
decúbito prolongado e em estados mais graves não conseguirem se manter em posição quadrupedal (Constable et al., 2017). Os
movimentos ruminais podem apresentar-se reduzidos, além de odor característico de cetonas no hálito do animal e
frequentemente no leite (Radostits et al., 2006).
Segundo Constable et al. (2017), o diagnóstico pode ser realizado por testes no sangue, urina e leite, por meio de
mensuração de concentração de corpos cetônicos. O tratamento geralmente é eficaz, considerando a reposição de glicose,
permitindo a reversão da cetogênese. Os autores destacam a administração de propilenoglicol no início da lactação como forma
de prevenção de cetose. Contudo, como supracitado na abordagem de mastite, as diversas formas de tratamento de afecções
primárias não poderão ser abordadas detalhadamente nesta revisão, considerando a alta diversidade de trabalhos científicos
relacionados a tais acometimentos.

3.3 Afecções Podais


Apesar de ser multifatorial, as afecções podais estão diretamente relacionadas com o tempo que os animais passam
em estação, considerando o peso do corpo suportado pelos membros. Assim, uma vaca leiteira deve passar em torno de 14
horas deitada para proporcionar melhor condição de ruminação e produção de leite pela glândula mamária, levantando apenas
para se alimentar, socializar e ir à ordenha (Blowey, 2016). Visto isso, qualquer alteração que reduza o tempo de descanso,
pode predispor o desenvolvimento de afecções podais. Independente do modelo de criação, deve haver disponibilidade de
cama confortável, limpa e seca para os animais. Blowey (2016) demonstra que bovinos acometidos por afecções podais agudas
podem apresentar dificuldade em se levantar e consequentemente permanecerem em decúbito por tempo prolongado,
ocasionando lesões severas e irreversíveis em nervos e/ou musculatura. Os principais fatores que influenciam o
desenvolvimento destas lesões, são relacionados a superfícies molhadas ou com umidade elevada, como o barro, ou superfícies
abrasivas que possam desgastar inadequadamente os cascos.
Segundo Blowey (2016), a úlcera de sola possui grande influência na claudicação dos animais. É marcada pela
inflamação do cório, levando ao aumento do fluxo sanguíneo e congestão com acúmulo de sangue, redução de oxigenação e
consequente danos aos tecidos. A infecção em úlceras graves pode penetrar estruturas profundas dos membros, ocasionando
ruptura total de tendão e consequente rotação permanente da terceira falange. Esse processo resulta em claudicação severa com
inchaço e secreção purulenta no local da úlcera, sendo necessária drenagem de conteúdo e antibioticoterapia ou a amputação
do dígito acometido em casos mais graves.
Outra afecção podal importante, a laminite apresenta alta incidência, sendo considerada endêmica em diversos
rebanhos leiteiros. A ocorrência pode ser influenciada por fatores como herdabilidade ou fornecimento de concentrado com
alta quantidade de carboidratos altamente fermentáveis para as vacas de alta produção de leite, podendo atingir valores de
prevalência em torno de 78% (Bass & Whittier, 1996). Segundo Radostitis et al. (2006), essa doença é causada pela
degeneração aguda das lâminas primárias e secundárias do casco, podendo haver associação com acidose ruminal aguda, que
causaria alterações hemodinâmicas da microvasculatura periférica. Porém esta correlação de acidose ruminal e laminite ainda é
discutida em pesquisas atuais, relacionadas principalmente à ambiência e desenvolvimento de lesões podais. Os sinais clínicos
de laminite, consistem em claudicação severa, geralmente nos membros pélvicos. Além disso, há alta predisposição ao

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desenvolvimento de doenças infecciosas ou traumáticas secundárias. O diagnóstico pode ser realizado por meio de exame
clínico e radiográfico. O tratamento consiste na utilização de AINES e cuidados corretivos com as lesões, quando necessário.
A inflamação associada à laminite ou úlceras de sola, pode resultar em doença da linha branca (Blowey, 2016), que
posteriormente pode evoluir para infecção bacteriana e formação de abscessos necróticos no interior do tecido. O tratamento
também consiste em drenagem, remoção de área acometida e antibioticoterapia. A prevenção das afecções podais é a melhor
maneira de reduzir prejuízos econômicos decorrentes principalmente de redução em produção de leite e descarte de animais.
Segundo Radostitis et al. (2006), deve-se considerar a limpeza e secagem de camas por meio de ventilação e revolvimento, dos
corredores e salas de espera, além de plano nutricional adequado e utilização de pedilúvio.

3.4 Cuidados de Enfermagem e Formas de Tratamento


A causa primária do decúbito deve ser diagnosticada e tratada imediatamente, quando houver possibilidade de
tratamento (Andrews et al., 2004; Divers & Peek, 2008; Huxley, 2006). Além disso, segundo Constable et al. (2013), os
cuidados adequados durante o quadro de decúbito são de extrema importância. O animal deve ser transferido para uma baia
com cama confortável, como palha e permanecer na posição anatômica adequada, ou seja, com os membros torácicos
flexionados e os pélvicos flexionados sob o corpo (Allen & Davies, 1981; Andrews et al., 2004; Greenough, 2007).
Outros cuidados relevantes, são: fornecimento de alimento e alteração de posição regularmente durante o dia, a fim de
evitar lesões em nervos e músculos decorrentes do decúbito prolongado (Allen & Davies,1981; Andrews, 1986; Andrews et al.,
2004; Blowey, 2016; Constable et al., 2017; Divers & Peek, 2008; Greenough, 2007). O fornecimento de água é de extrema
importância, sendo fundamental mantê-la próxima ao animal e em casos de animais que tentam se levantar frequentemente, o
fornecimento deve ocorrer de forma regular durante todo dia, considerando que o animal pode tentar levantar e derramar a
água, ficando sem acesso durante um longo período (Cox, 1988). Em concordância, Cox e Onapito (1986) citam a importância
de limpeza correta da cama e possibilidade de utilizar camas de areia (material inorgânico), considerando aspectos higiênicos
como facilidade de limpeza e infiltração de urina, evitando acúmulo de sujidades. Em animais que estão no período final da
gestação, a indução do parto pode ser uma opção, contudo é de suma importância que a situação seja avaliada por um médico
veterinário qualificado (Andrews et al., 2004). Alguns pontos importantes no estabelecimento de cuidados de enfermagem e
plano terapêutico são: valor zootécnico individual, mão-de-obra disponível, tempo necessário e gravidade das lesões (Divers &
Peek, 2008).
As principais formas de tratamento visam manter o animal em estação com técnicas específicas, porém o resultado é
variável entre os animais. O levantador pélvico é comumente utilizado em grandes propriedades leiteiras. Esse equipamento é
acoplado às asas dos ílios e a um trator/levantador com o objetivo de erguer o animal (Figura 6), porém caso este não seja
capaz de se manter em estação, a utilização contínua pode causar danos musculares (Allen & Davies,1981; Andrews, 1986;
Andrews et al., 2004; Blowey, 2016; Cox, 1988; Mahendran, 2019; Van Metre et al., 1996).

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Figura 6 - Levantador pélvico.

Fonte: Rebhun (1984).

Outra técnica com objetivo semelhante, seria a utilização de estrutura denominada “supportive harness”, um modelo
de rede posicionada ao redor do tórax e abdômen e erguida por um trator, na tentativa de manter o animal em estação
(Andrews, 1986). Segundo Blowey (2016), esta técnica pode ser realizada concomitante ao posicionamento de fardos de feno
sob o animal, a fim de evitar danos aos músculos devido ao material e bordas da rede. Casos em que as vacas apresentam
abdução anormal dos membros pélvicos, devido a paralisia de nervo obturador, por exemplo, a utilização de amarra com corda
entre os membros (próximo a região de metatarso) possibilitando distanciamento de aproximadamente 50cm entre eles (Figura
7), pode ser uma alternativa eficiente (Allen & Davies,1981; Andrews et al., 2004; Mahendran, 2019).
As medidas terapêuticas podem incluir a utilização de bolsa de ar inflável sob o animal, tendo como principal objetivo
melhorar a circulação sanguínea, porém, o paciente pode se debater e se acidentar pelas bordas laterais da bolsa (Andrews,
1986; Andrews et al., 2004; Cox, 1988). Quando os animais conseguem se manter em posição quadrupedal, a bolsa de ar pode
ser desinflada gradualmente até que possa ser removida e o paciente seja capaz de suportar o peso do corpo (Blowey, 2016). A
utilização desta técnica em animais maiores e mais pesados deve ser cautelosa, considerando que o peso do corpo pode
comprimir as vísceras contra o diafragma e dificultar a respiração (Cox, 1988). Além disso, Blowey (2016) e Cox & Onapito
(1986) citam a utilização de um equipamento móvel, denominado “livestock wheelchair”, um modelo de “cadeira de rodas
para bovinos”, que sustenta a vaca em estação. De acordo com Cox (1988), esta alternativa é útil para estabelecimento de
prognóstico, considerando a capacidade do animal se manter em estação após alguns minutos e possibilidade de afrouxamento
gradual das cintas acopladas ao equipamento.

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Figura 7 - Utilização de amarra com corda entre os membros (próximo a região de metatarso).

Fonte: Autores (2022).

Outra alternativa de tratamento discutida na literatura científica, é a utilização do tanque de flotação ou flutuação em
água (Figura 8), em que o animal é transportado para uma caixa de metal, posteriormente preenchida com água, porém o custo
do equipamento pode dificultar a implementação nas propriedades (Andrews et al., 2004; Blowey, 2016; Divers & Peek, 2008;
Mahendran, 2019). Segundo Cox (1988), este seria o único método capaz de reduzir a pressão exercida nos membros e apoiar
o corpo do animal, porém deve-se considerar a dificuldade em manter a água aquecida e o risco de desenvolvimento de
mastite. A água deve ser mantida em torno de 36°C e o tanque deve apresentar possibilidade de enchimento e esvaziamento em
curto período de tempo (Divers & Peek, 2008).

Figura 8 - Tanque de flotação em água.

Fonte: Von Keyserlingk (2016).

Burton et al. (2008) avaliaram o prognóstico nas primeiras 24h de 46 vacas que passaram pelo tanque de flotação e
relataram que pacientes capazes de se manter em estação na primeira tentativa de flutuação apresentaram maior chance de
sobrevivência (p=0,02) em comparação aos que eram incapazes, o mesmo ocorreu com animais que apresentaram alimentação
adequada durante o período de permanência no tanque (p=0,03). A taxa de sobrevivência neste estudo, foi de

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aproximadamente 37%. O sucesso na utilização do tanque de flotação pode ser influenciado principalmente por fatores como
causa primária da SVC e duração do decúbito antes de iniciar a terapia (Van Metre et al., 1996).
Stojkov et al. (2016) avaliaram 34 animais que se enquadravam em SVC, submetidos a terapia do tanque de flutuação.
Dentre as várias observações realizadas no estudo, os autores apontaram que animais que iniciaram o tratamento cerca de 24h
após o decúbito, apresentaram maiores chances de recuperação em comparação aos animais que iniciaram o tratamento após
48h de decúbito (odds ration = 0.96; 95% CI = 0.93–0.99). Smith (2014) demonstrou a importância de examinar os animais
previamente a utilização desta terapia, visando melhores chances de sucesso. Vacas apresentando fraturas, compressão de
medula ou doença sistêmica grave não apresentam resultado satisfatório e na maioria das vezes, estes animais são destinados
ao descarte. Além disso, ressalta-se a importância do tratamento de doenças primárias, como hipocalcemia e outros
desequilíbrios eletrolíticos.
Além das informações supracitadas, existem outras inúmeras formas de tratamento de SVC, como administração de
corticosteroides, anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES), analgésicos e fluidos endovenosos, porém não há evidência
suficiente relacionada aos benefícios de utilização destes medicamentos (Andrews et al., 2004). Fármacos como Flunixina
Meglumina, Cetoprofeno ou Dexametasona podem ser indicados (Divers & Peek, 2008). Segundo Constable et al. (2013), a
administração de AINES além de aliviar a dor e desconforto, pode ser útil no controle de infecções secundárias em casos de
miopatia ou neuropatia, porém a utilização frequente destes medicamentos em ruminantes deve ser cautelosa considerando o
risco de ulcerações abomasais. Andrews (1986) cita sobre a aplicação de Cloridrato de Tripelenamina em quadros de SVC em
vacas de corte. Em animais apresentando inapetência, indica-se a reposição eletrolítica por meio de administração de fluídos,
VO (“Drench”) ou EV (Constable et al., 2013). Segundo Greenough (2007), em casos de inapetência, a transfaunação pode ser
realizada visando estimular o consumo de alimentos. A fluidoterapia também é indicada em casos de possíveis lesões renais
(Divers & Peek, 2008). Ainda segundo estes autores, a suplementação com Vitamina E e Selênio é importante para manter
níveis adequados destes antioxidantes, considerando a capacidade de reparo de lesões musculares. A avaliação relacionada a
eutanásia ou descarte de animais decorrente de SVC deve ser conduzida pelo Médico Veterinário clínico.
A prevenção se dá através de manejo apropriado no periparto, alimentação adequada e outras medidas profiláticas
para acometimentos primários, como distocia e hipocalcemia, que podem ser as principais causas de SVC (Cox & Onapito,
1986). Os cuidados com animais em decúbito requerem atenção especial, principalmente considerando o risco de perda
significativa de condição corporal. Deve-se evitar pisos escorregadios e avaliar as situações individualmente, optando-se pela
melhor forma de preservar o bem-estar e evitar sofrimento aos animais (Allen & Davies,1981; Divers & Peek, 2008).

4. Considerações Finais
Este trabalho demonstra aspectos clínicos, epidemiológicos e terapêuticos relacionados a ocorrência da Síndrome da
Vaca Caída em rebanhos leiteiros. Considerando de suma importância o reconhecimento da causa inicial com intuito de
instituir as medidas terapêuticas necessárias. O tema apresenta necessidade de desenvolvimento de estudos mais atualizados e
aplicados, assim recomenda-se que pesquisas futuras busquem correlacionar fatores, como eficácia, benefícios e viabilidade da
implementação de alternativas terapêuticas que visam o restabelecimento de saúde e produção de vacas leiteiras. Contudo, esta
revisão sistemática se consolida como uma excelente fonte de informações para médicos veterinários e/ou estudantes que
necessitam ter uma visão ampla desse importante acometimento que frequentemente ocorre em vacas leiteiras.

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