UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Curso de Ensino Basico
Gilberto Silva Daimone
ABORDAGEM DAS PLANTAS MEDICINAIS LOCAIS NA
DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS, COMO FORMA DE
VALORIZAÇÃO DO CURRÍCULO LOCAL
Beira
2022
Gilberto Silva Daimone
ABORDAGEM DAS PLANTAS MEDICINAIS LOCAIS NA
DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS, COMO FORMA DE
VALORIZAÇÃO DO CURRÍCULO LOCAL
Projecto de pesquisa a ser entregue ao curso de
de Ensino Básico, departamento de ciências
Educação, Educação Extensão da Beira, para a
obtenção de grau académico de Licenciatura em
Ensino Básico.
Orientador: Dr. Filipe Ângelo Chiweteca
Beira
2022
Índice
CAPITULO I...............................................................................................................................4
1. Introdução..........................................................................................................................4
2. Delimitação do Tema.........................................................................................................5
3. Enquadramento..................................................................................................................5
4. Justificativa........................................................................................................................5
5. Problematização.................................................................................................................6
6. Hipóteses...........................................................................................................................7
7. Objectivos da pesquisa......................................................................................................8
7.1. Objectivo geral..................................................................................................................8
7.2. Objectivos específicos........................................................................................................8
CAPITULO II: METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................9
2.1. Tipo de pesquisa...................................................................................................................9
2.2. Métodos................................................................................................................................9
2.3. Método bibliográfico............................................................................................................9
2.3. Trabalho de campo...............................................................................................................9
2.4. Inquérito.............................................................................................................................10
2.5. Entrevista...........................................................................................................................10
2.6. Universo e Amostragem.....................................................................................................10
CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO TEÓRICO.................................................................11
3. Currículo...............................................................................................................................11
3.1. Currículo Local..................................................................................................................11
3.2.Objectivos do Currículo Local no Ensino Básico...............................................................12
3.4. Metodologias de Inserção de conteúdos do Currículo Local no processo de Ensino-
Aprendizagem...........................................................................................................................12
3.5. Currículo Local no Contexto Moçambicano......................................................................13
3.6.Disciplina de Ciências Naturais no Currículo.....................................................................14
3.7. Plantas Medicinais.............................................................................................................14
3.8. Plantas Medicinais no Processo Ensino Aprendizagem....................................................15
Referências bibliográficas.........................................................................................................16
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CAPITULO I
1. Introdução
A preocupação com a qualidade da Educação ministrada nas Escolas constitui aspecto
de grande foco ao Governo Moçambicano. Todavia, estratégias como mudança curricular
vem sendo adoptadas pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH)
com vista a garantir esta qualidade. Com isso, o currículo do sistema nacional de educação
(SNE) de Moçambique promulgado pela lei 4/83 de 23 de Março de 1983 e revisto pela lei de
6/92 de 6 de Maio, previa formas de envolvimento da comunidade na escola, mas este
envolvimento não concebia aspectos ligados com a interacção dos conhecimentos prévios e
populares dos alunos com os científicos, mas sim limitavam-se, essencialmente, a reuniões e
acções de melhoria das infra-estruturas.
Pois, segundo (Basilio, 2006) os termos curriculares não estava previsto um espaço
onde a comunidade pudesse participar e contribuir para a construção dos saberes a transmitir
aos seus educandos. Também, de acordo com o Instituto Nacional de Desenvolvimento da
Educação (MINED, 2003, p. 12), o currículo do Ensino Primário não previa, de forma
explícita, a possibilidade de integração de elementos locais, o que fazia com que os conteúdos
temáticos fossem abordados de modo tendencialmente uniforme e homogéneo em todo o
País.
Esta acção levou com que o ministério tomasse a iniciativa de fazer uma reforma
curricular com vista a fazer o reconhecimento dos aspectos ligados com a cultura locais de
cada educando. Mesmo com a implementação dos currículos antigos até chegar ao currículo
actual (lei nº 18/2018), a interacção entre escola e comunidade ainda apresenta uma
morosidade. Por isso, a interacção entre aluno, comunidade e escola cria uma limitação,
principalmente para a assimilação de conhecimentos práticos, como as de ciências naturais.
O que seria diferente, pois esta disciplina garante o desenvolvimento intelectual do
aluno no ensino básico, pois é nas aulas desta disciplina em que o aluno aprende conteúdos
ligados á Saúde e o ambiente que convive, e dentre vários aspectos abordagem que a sua
aprendizagem constitui uma grande vantagem ao aluno. Supervisão
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Mas o que se observa é que esta disciplina não faz ligação entre a realidade natural do aluno e
conhecimento científicos adquirido, portanto na operacionalização das aulas constata-se que
em certos conteúdos não tem de certa forma levado o aluno para aquilo que é a sua realidade.
Com isso, a presente pesquisa com título ” Abordagem das plantas Medicinais locais na
disciplina de Ciências Naturais, como forma de Valorização do currículo Local ” pretende-
se apresentar as estratégias metodológicas para inclusão das plantas medicinais como forma
de garantir o envolvimento da comunidade local na construção e transmissão dos saberes dos
alunos. Como também, para garantir maior interacção entre quotidiano do aluno com os
conhecimentos científico com vista a melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
2. Delimitação do Tema
A pesquisa encadeia-se no programa do curricular do ensino básico, na qual o objectivo do
trabalho é trabalhar com a disciplina de ciências Naturais da 5ª e 6ª classe. Por se tratar das
classes que contem conteúdos relacionados com plantas e sua importância.
3. Enquadramento
O estudo encadeia-se tendo em conta alguns âmbitos que serão abrangido, no âmbito
da interacção social, o estudo vem melhorar o princípio de interacção da escola e comunidade
no âmbito de valorização de culturas locais na qual o ensino é ministrada. Nesta senda, o
estudo vem responder aos desafios do ministério de educação, na qual aposta no ensino
voltado ao aluno. Contudo, a exploração e adição de conhecimentos relacionados com plantas
medicinais contribui bastante para valorização do ensino melhorando assim o processo de
ensino-aprendizagem. No âmbito científico, o tema responde e tenta objectivar os propósitos
da faculdade de educação, na qual, anseia que educação esteja voltada a resolução dos
problemas locais e do quotidiano.
4. Justificativa
A escolha do tema deve-se ao facto de ter constatado que a maioria das Escolas
Primárias que lecciona as aulas das classes com a disciplina de ciência naturais são
ministradas de forma teórica sem a inserção das componentes práticas. Mesmo analisando, o
currículo em vigor (18/2018), a inserção de conhecimentos locais no ensino não é explícita.
Com, mesmo sem essas componentes, os professores tem a prorrogativas de adequar métodos
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e técnicas de ensino que estivesse voltado a vida concreta dos alunos, o que não acontece na
sua totalidade.
Portanto, inclusão plantas medicinais no ensino de ciências naturais seria uma
ferramenta didáctica da valorização dos conhecimentos científicos pelos factos destes
resolver os problemas do seu dia-a-dia. Pois verifica-se que apesar de que os conteúdos
programado em manuais e livros de ensino trazerem uma abordagem meramente clara e
objectiva, mesmo assim, averigua-se que a abordagens sobre plantas medicinais não tem sido
eficazes para a compreensão da matéria por parte do aluno, mas com a ideia do currículo
local, nota-se que é possível juntar o útil e o agradável através da melhoria na metodologia de
ensino de conteúdos ligados a Plantas. Todavia, a inclusão destas plantas nas escolas ajudaria
com melhoramento de interacção da comunidade e escolas, pois a escola seria vista não só
para aquisição de conhecimentos para progressão de classes, mas também para ajudar a
resolver alguns problemas da comunidade. Dando mais enfoque para a valorização do
curriculo Local, pois sabe-se que para que o aluno venha a ser participativo e interactivos nas
aulas é necessário ou é sempre importante que as abordagens dos conteúdos estejam ligados
com a sua realidade porque de certa forma gera interesse no aluno.
Então com a pesquisa pretende-se buscar a partir de uma estudo compreensivo, demostrar a
relevância do currículo local para o ensino em especial destaque para a inclusão de conteúdos
ligados a plantas medicinais.
5. Problematização
Nos dias de hoje, muitos estudos têm-se preocupado com a valorização dos conhecimentos
locais no processo de ensino e aprendizagem, como forma de valorizar as culturas de cada
sociedade e isso acontece em muitas disciplinas curriculares do Ensino Básico em
Moçambique, incluindo a das Ciências Naturais que começa a ser lecionada na 3ª classe.
Para o efeito, em 2004 foi introduzido o Novo Currículo do Ensino Básico e nas listas das
inovações dessa nova realidade, o Currículo Local vem como uma das prioridades. Portanto,
de acordo com o Ministério da Educação (MINED, 2003) a escola em função de refirma
curricular tem a função de formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida,
da vida da sua família, da comunidade e do país, partindo da consideração dos saberes locais
das comunidades onde a escola se situa.
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Pretende-se ainda com esta ideia, que o ensino seja um veículo de transferência e construção
da ciência e tecnologia, de desenvolvimento de valores culturais e atitudes positivas para uma
inserção plena dos educandos na comunidade. As plantas medicinais de uma determinada
comunidade fazem parte da cultura da mesma. Por isso que a utilização das plantas
medicinais faz parte do quotidiano da população, muitas vezes, há várias gerações (Kovalski
& Obara, 2008). Essas plantas servem para curar doenças ou sintoma provocada por doenças.
Em Moçambique, grande parte da população que vive nas zonas ou rurais utilizam essas
plantas para fins terapêuticos.
Apesar de que a educação básica moçambicana está actualmente orientada para o
reconhecimento das culturas locais, ainda prevalece os critérios de exclusão de conteúdos
relacionado ao currículo local nas escolas primárias. Isso porque os conteúdos programados,
não se inserem ou seja não se alinham a realidade local do aluno.
A inserção dos conteúdos de plantas medicinais no programa de Ensino Básico na disciplina
de Ciências Naturais, nos conteúdos planificado para a 3ª classe, bem como nas aulas
relacionados a constituição e funções das plantas, na 4ª e 5ª classe e na 6ª classe, as
abordagens sobre agricultura poderia permitir o maior interesse dos alunos durante
aprendizagem nesta disciplina.
Nas classes acima referenciadas constata-se que a abordagens conteúdos da disciplina de
ciências naturais relacionado de âmbito local não tem sido leccionado de forma que leve o
aluno a desenvolver valores e apreciação da aula porque de certa forma as metodologias
usadas nas aulas não convidam os alunos a serem participativos, consequentemente o
rendimento nestas aulas não tem sido bom, sendo assim, nasce a seguinte problemática:
Que estratégias metodológicas devem ser adoptadas pelas escolas para incluir as plantas
medicinas na disciplina de ciências naturais como forma de valorização de currículo local?
6. Hipóteses
H1: A Promoção por meio de Actividades práticas da aprendizagem significativa de plantas
medicinais seria uma estratégia metodológica de inclusão de plantas medicinais na disciplina;
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H2: O envolvimento dos intervenientes comunitários é uma das estratégias metodológicas
que, auxiliaria nas práticas de aprendizagem ligadas a plantas medicinais na disciplina de
ciências Naturais.
7. Objectivos da pesquisa
7.1. Objectivo geral
Traçar estratégias metodológicas capazes de incluir as plantas medicinais no ensino de
ciências naturais, como forma de valorizar o currículo local.
7.2. Objectivos específicos
Identificar o a relevâncias da abordagem das plantas medicinais locais no ensino de
ciências;
Avaliar o nível de percepção dos alunos e professores sobre o uso de plantas medicinais
locais;
Promover a abordagem plantas medicinais locais no ensino Ciências Naturais para a
promoção.
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CAPITULO II: METODOLOGIA DE PESQUISA
2.1. Tipo de pesquisa
A presente pesquisa é de uma abordagem qualitativa na qual busca entender
fenómenos humanos, buscando deles obter uma visão detalhada e complexa por meio de uma
análise científica do pesquisador. De acordo com Mutimucuio (2008), o método qualitativo
tem como base a interpretação de fenómenos e atribuição de significados que não pode ser
traduzido em números.
2.2. Métodos
Os métodos constituem etapas mais concretas da pesquisa, isto é, os distintos
caminhos que serão utilizados para alcançar o fim da pesquisa (Marconi & Lakatos, 2010)
Neste trabalho de pesquisa foram utilizados os seguintes procedimentos metodológicas e
técnicas que permitiram colectar e analisar dados. Para a materialização desta metodologia
serão usado os seguintes métodos de pesquisa
2.3. Método bibliográfico
Como procedimentos para realização deste estudo, fara-se uma pesquisa bibliográfica,
para conhecer e analisar contribuições científicas do passado existente sobre o tema: Inclusão
das plantas medicinais no ensino de ciências naturais, como forma de valorização do
currículo local. Segundo (Mutimucuio, 2008) revisão bibliográfica consiste em conhecer e
analisar contribuições culturais e científicas dum passado existente sobre determinada
temática. Também consistiu na leitura de diferentes obras, quer seja física ou electrónica, que
permitiram fazer a discrição teórica dos impactos
2.3. Trabalho de campo
Para a realização do trabalho de campo ira realizar-se os seguintes métodos e técnicas
de recolha de dados: como a observação, entrevistas, e os inquéritos. Estas técnicas
permitiram obter informações e conhecimentos acerca dos problemas ligados a metodologias
de ensino nas aulas relacionadas a plantas medicinais. Para o inquérito ira-se submeter um
questionário semiestruturado que será voltado aos alunos de modo a avaliar o grau de
percepção de conteúdos ligados a plantas medicinais.
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2.4. Inquérito
O inquérito será usado para a obtenção de dados ligados aos dados ligados a
percepção dos alunos acerca da matéria ligadas a plantas medicinais. Neste caso serão a
abrangido ao inquérito alunos da 5ª e 6ª classe da Escola Primaria Completa do Chota.
2.5. Entrevista
A entrevista “é uma outra técnica de Colecta de dados através de diálogo face a face.
(Marconi & Lakatos, 1991, p. 96) Com este conceito apresentados pelos autores, induz-nos a
crer que a entrevista é uma estratégia específica de interacção social entre o entrevistador e
entrevistado, que tem como objectivo a recolha de dados para uma investigação. Neste caso a
entrevista será destinado aos professores da escola Primaria Completa do Chota. As respostas
da entrevista permitiram recolher informações referentes as metodologias usadas na aulas de
ciências naturais precisamente nos conteúdos ligados a plantas.
2.6. Universo e Amostragem
A presente pesquisa contara com o universo amostra as classe de 5ª e 6ª classe da
Escola primaria Completa do Chota. Estes dados de amostra será utilizado porque nestas
classes do ensino básico porque é onde os conteúdos ligados a plantas medicinais saro
desenvolvidos.
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CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO TEÓRICO
3. Currículo
Etimologicamente o termo “currículo” encontra a sua raiz na palavra latina
curriculum, derivada do verbo curare, que significa caminho ou percurso a seguir. Este termo
tem uma definição diversificada, pois cada autor apresenta sua definição.
No entanto, (Saylor, 1966, p. 5) diz que o currículo “engloba todas as experiências de
aprendizagem proporcionadas pela escola”.
No seu turno (Johnson, 1977) define o currículo como sendo “uma serie estruturada
de resultados de aprendizagem que se tem em vista. Para este autor, o currículo prescreve (ou,
pelo menos, antecipa) os resultados do ensino; não prescreve os meios”.
Enquanto (Ribeiro, 1989) define currículo como sendo um "plano estruturado de
ensino-aprendizagem, englobando a proposta de objectivos, conteúdos e processos".
Dos conceitos acima ilustrado, vale destacar o conceito apresentado por Ribeiro, pois
apresenta o conceito currículo na sua forma generalizada.
3.1. Currículo Local
Segundo INDE (2003), Entende-se por currículo local o complemento do currículo
oficial, nacional, definido centralmente, que incorpora matérias diversas de vida ou de
interesse da comunidade local nas mais variadas disciplinas contempladas no Plano de
Estudos.
O currículo local corresponde a 20% do tempo lectivo total de cada disciplina do
currículo oficial. Note-se que não se inclui, na definição do currículo local, o tempo que a
escola pode planificar para as actividades extracurriculares ou círculos de interesse para o
enriquecimento da formação dos seus discentes ( (MINED, 2003)A abordagem dos conteúdos
dos conteúdos locais para alem de servir incorporar matérias diversificadas ela serve de um
elo de ligação entre o conhecimento científico a realidade do dia-a-dia.
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Para (Basilio, 2006, p. 16)“os conteúdos locais são provenientes da realidade da zona
a onde a escola se inscreve e são diferentes de região para região são saberes locais porque se
prendem com o material de interesse local que emociona as crianças”.
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3.2.Objectivos do Currículo Local no Ensino Básico
O Currículo local em seu todo e dado como uma das ferramentas mais importante do
ensino, onde, a partir deste enaltece-se o valor dos saberes locais, abrindo assim um campo
para reflexão dos saberes locais. A Bordagem curricular no ensino Básico não só resgata os
valores como também serve de um vector que liga os conhecimentos adquiridos do dia-a-dia.
No âmbito da abordagem dos objectivos do saber local o (MINED, 2020) apresenta
como objectivo: Desenvolver, nos alunos, saberes locais, dotando-os de conhecimentos,
habilidades, valores e atitudes que lhes permitam ter uma participação plena no
desenvolvimento social, cultural e económico na sua comunidade, Formar cidadãos capazes
de contribuir para a melhoria da sua vida, da sua família e da comunidade, com base na
valorização dos saberes locais da comunidade onde a escola se situa.
Segundo o (MINED, 2003, p. 27) Um dos grandes objectivos da presente proposta
curricular é formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, a vida da sua
família, da comunidade e do país, partindo da consideração dos saberes locais das
comunidades onde a escola se situa.
Segundo (Agostinho, 2009) citado por (Ausse, 2014) o currículo local é uma das
principais inovações do Ensino Básico que tem como principal objectivo formar cidadãos
capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da vida sua família, da sua comunidade e
do seu país, tendo em conta as necessidades e potencialidades locais.
3.4. Metodologias de Inserção de conteúdos do Currículo Local no processo de Ensino-
Aprendizagem
A existência de um currículo planificado não é um fim em si, mas é um pressuposto e
um meio para a mediação do conjunto de experiências da sociedade aos alunos, ou seja, não
basta ter o manual do currículo local para aferir que está sendo implementado. Vários
factores são equacionados para a sua implementação tendo um olhar para o professor,
condições estruturais da escola e da colaboração da comunidade ou dos “informantes locais”
para a efectivação INDE (2011: 21) recorda que a comunidade tem o papel de:
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Fornecer informações relevantes a serem abordadas na escola; apoiar na transmissão
de conhecimentos/experiências, relativas aos saberes locais;
Sempre que possível, fornecer apoio material para uma melhor execução das
actividades; envolvimento dos membros da comunidade nos trabalhos do currículo local é
feito de forma rotativa, portanto, alternam entre si.
Como estratégias metodológicas o professor pode recorrer na sala de aula com vista a
atingir um melhor desempenho das suas funções, traduzir tanto o uso adequado dos meios
auxiliares de ensino, variando as actividades, com a vista a garantir o cumprimento, com
êxito, dos objectivos de aprendizagem visados.
As Sugestões metodológicas não assumem, necessariamente, um carácter obrigatório,
ou de lei, como o cumprimento das directrizes do Programa. O seu propósito é estimular a
criatividade do professor, de modo a permitir que o processo de ensino-aprendizagem seja
activo, dinâmico, diversificado e cativante (MINED, 2003)
A comunidade é representada por partícipes da educação, das instituições locais e
privadas organizações sociais e todos aqueles que possuem e possam dar informações
relevantes para inclusão na escola. As acções de intervenção da comunidade local são
coordenadas pela escola para apoiar na facilitação das experiências acumuladas ao longo do
tempo de modo que os alunos tenham os conhecimentos que possam participar no
desenvolvimento sócio-cultural e económico da sua comunidade.
Essa visão é uma pretensão que está longe de ser alcançada se consideradas as práxis
actuais nas escolas e principalmente na escola que fomos observar (embora não seja de
forma profunda) o envolvimento e a aplicabilidade dos saberes locais na escola. Esta mostra
dificuldades de articulação dos conteúdos do currículo local no processo de ensino-
Aprendizagem. A implementação é também influenciada, na percepção da escola, pela fraca
articulação com a comunidade no processo de recolha e da mediação dos conteúdos do
currículo local na escola.
3.5. Currículo Local no Contexto Moçambicano
À luz das recomendações, Moçambique realizou uma terceira reforma curricular
operada de forma faseada. A primeira fase da terceira reforma começou no Ensino Básico,
em 2003. Nesse ano, foram escolhidas 22 Escolas pilotos a nível do país. Em 2004 foi
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introduzido na sua generalidade em todas as escolas do país. A terceira reforma curricular
focaliza-se nos aspectos da cultura local, na ligação escola-comunidade e no desenvolvimento
das competências. Para a integração dos aspectos da cultura na escola, abriu-se um espaço
denominado currículo local. O Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação (INDE,
2003) instituição responsável pela reforma curricular definiu 20% do tempo previsto para
cada disciplina para articulação do currículo local.
Neste óptica a comunidade como a INDE tem-se empenhado em adoptar estratégias
de implementação de saberes locais para que os alunos nas escolas venham a ser mais
participativos nas aulas, e assim possam construir o conhecimento gerado pelas experiências
do dia-a-dia.
3.6.Disciplina de Ciências Naturais no Currículo
A Inserção desta disciplina de Ciências Naturais no currículo é aceite como um das
áreas de saber que permite ao aulo desenvolver competências ligadas ao meio Natural em que
este inserido, dando ferramentas básicas ao aluno para examinar e explorar o meio em que
vive.
No Currículo a disciplina de Ciências Naturais tem como finalidade permitir que o
aluno desenvolva aptidões de literacia científica para compreender a si, como humano e ao
mundo que o rodeia, através da observação crítica, procurando explicações lógicas para
interpretar o que observa. Esta disciplina visa, ainda, habilitar o aluno a identificar e usar os
recursos naturais, tendo em conta a preservação do ambiente.
Os conceitos e procedimentos ligados às Ciências Naturais, ampliam os
conhecimentos do aluno sobre o mundo, levando-o à aquisição de novos valores sobre os
fenómenos da natureza, contribuindo, deste modo, para uma reconstrução da relação Homem-
Natureza (MINED, 2020, p. 20).
3.7. Plantas Medicinais
A (OMS, 1998.) define planta medicinal como sendo “todo e qualquer vegetal que
possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou
que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos”. Os também pode se dizer que Plantas
medicinais são como espécies vegetais, cultivadas ou não, utilizadas com propósitos
terapêuticos.
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Muitos destes maioritariamente são utilizado para fins curativos de doenças desde os
tempos remotos pelas populações, comunidades, grupo éticos, que possuem conhecimentos
sobre plantas.
3.8. Plantas Medicinais no Processo Ensino Aprendizagem
Para (VYGOTSKY, 2005), o processo de aprendizagem, ocorre por meio da formação
de conceitos que se inter-relacionam, compreendidos em conceitos espontâneos e científicos,
sendo os primeiros construídos a partir da realidade experimentada e observada; os segundos
são construídos pelas ações formais do processo ensino-aprendizagem.
(SILVEIRA, 2005) afirma que os estudos pedagógicos sobre plantas medicinais
envolvem temas como: meio ambiente, economia, saúde e qualidade de vida, interligando
tudo isso à ed0ucação ambiental e saúde pública. Afirmando Fumagalli (1998) diz que é
partir desses estudos interativos que levam a formação científica do aluno.
Para (FUMAGALLI, 1998) a formação científica das crianças e dos jovens deve
contribuir para a formação de futuros cidadãos que sejam responsáveis pelos seus atos, tanto
individuais como coletivos, conscientes e conhecedores dos riscos, mas ativos e solidários
para conquistar o bem-estar da sociedade e críticos e exigentes diante daqueles que tomam as
decisões.
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Referências bibliográficas
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