7676-Texto Do Artigo-23144-1-10-20171001
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FORMAÇÃO DO LEITOR
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo geral identificar e analisar as concepções de
texto e de leitura presentes no Currículo Oficial de Língua Portuguesa do estado de São Paulo
(2010). É, pois, um recorte do conteúdo da pesquisa de mestrado intitulada “A mediação docente
e a formação do leitor no Programa São Paulo Faz Escola” (GUIMARÃES, 2016), realizada
junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Oeste Paulista,
UNOESTE, Presidente Prudente, São Paulo. Realizou-se um estudo qualitativo, incluindo uma
análise documental do Documento Paulista. Partindo do viés dialógico de língua (gem) e texto
postulado por Bakhtin (2000; 2014), Geraldi (1997; 2012); Kristeva (1974) e Marcuschi (2008) e
da concepção de leitura como atividade complexa de construção de sentidos (KLEIMAN, 1989;
KOCH, 2010; SILVA, 2003; TREVIZAN, 2000; 2004) verificamos que o Currículo Oficial está
em consonância com os pressupostos epistemológicos (histórico-culturais) que balizaram essa
investigação, embora não apesente, explicitamente, uma concepção de leitura para direcionar o
trabalho docente. Contudo, acreditamos que o referido material pode contribuir
significativamente para a formação contínua do professor de língua portuguesa, possibilitando
uma reflexão crítica sobre sua prática, bem como sobre as coleções didáticas distribuídas pela
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e que são utilizadas como principal recurso
didático nas aulas de língua materna.
Palavras-chave: Texto. Leitura; Formação do leitor; Currículo de Língua Portuguesa.
Abstract: This study aimed to identify and analyze the concepts of text and reading present in the
Official Portuguese Language Curriculum of the state of São Paulo (2010). It is, therefore, a cut
of the content of the master's research entitled "Teacher mediation and the formation of the reader
in the São Paulo Faz Escola Program" (GUIMARÃES, 2016), held in conjunction with the
Postgraduate Program in Education of the Universidade do Oeste Paulista , UNOESTE,
Presidente Prudente, São Paulo. A qualitative study was carried out, including a documentary
analysis of the Paulista Document. Starting from the dialogical bias of language (gem) and text
postulated by Bakhtin (2000, 2014), Geraldi (1997, 2012); Kristeva (1974) and Marcuschi (2008)
and the conception of reading as a complex sense-building activity (KLEIMAN, 1989; KOCH,
2010, SILVA, 2003; TREVIZAN, 2000; 2004). Epistemological (historical-cultural) assumptions
that led to this research, although it does not explicitly advocate a conception of reading to direct
teaching work. However, we believe that this material can contribute significantly to the
continuous training of the Portuguese language teacher, allowing a critical reflection on its
practice, as well as on the didactic collections distributed by the State of São Paulo Education
Department and used as main Didactic resource in mother tongue classes.
Keywords: Text. Reading; Formation of the reader; Curriculum of Portuguese Language.
1
Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE. Especialista em Metodologia de
Ensino de Língua Portuguesa e Literatura-UNIASSELVI; Pós-Graduado em Educação Especial Inclusiva
pela UNIASSELVI. E-mail: [email protected].
Ribeiro (2014, p. 39) afirma que o texto não deve ser pensado fora de seu
contexto real de produção e recepção. Percebemos, na perspectiva semiótica (histórico-
cultural), a relevância do contexto para apreensão total dos sentidos que podem emergir
no ato de ler.
Nesse sentido, verificamos que há “uma relação intrínseca entre o homem
enquanto constituinte da historicidade que se inscreve num âmbito social” (RIBEIRO,
2014, p. 39), além disso, o texto “agrega valores que contribuem para a manifestação do
ser humano enquanto sujeito ativo e participativo na sociedade em que vive”.
Ressaltando a natureza histórico-cultural do texto é necessário evidenciar,
também, a essência intertextual de toda manifestação verbal. Isto é, “todo texto se constrói
como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto”
(KRISTEVA, 1974, p. 64).
O professor de língua materna, além de reconhecer o dinamismo da língua,
deverá, em suas práticas, valorizar o caráter intertextual inerente às construções
linguísticas de seus alunos, pois o texto pode ser visto como um tecido elaborado a partir
de outros diversos fios/textos. Dito de outro modo, um texto sempre apontará para outro
(s) texto (s), formando, desse modo, um circuito semiótico no qual várias vozes ecoam e
que contribuem para a formação do (inter) texto.
De acordo com Trevizan (2000, p. 17), “a elaboração discursiva é de natureza
dinâmico-relacional, e todo texto é constituído de uma organização sociossemiótica, pois
os signos têm natureza ideológica”. Portanto, um texto não é apenas um conjunto de
Além disso, o Currículo Paulista (2010, p. 30) informa que “os textos são
utilizados em atividades sociais variadas”, fazendo alusão à noção de gêneros discursivos
de Bakhtin (2000). Sobre os gêneros textuais o referido documento define da seguinte
forma:
Os gêneros textuais são, ao mesmo tempo, eventos linguísticos e ações
sociais. Funcionam como paradigmas comunicativos que nos permitem
gerar expectativas e previsões ao elaboramos a compreensão de um
texto (SÃO PAULO, 2010, p. 30-31).
Referências