Gomesfilho Tarcisio M
Gomesfilho Tarcisio M
Gomesfilho Tarcisio M
INSTITUTO DE ARTES
MESTRADO EM MUSICA
CAMPINAS - 2004
FICHA CAT ALOGRAFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DO IA - UNJCAMP
I!
q) edicat6ria
lll
TI gradecimentos
flos meus queridos pais Tarcfsio e Marilene, pelo total
apoio e incentivo, pais nunca mediram esforgos para
minha educagao e concretizagao dos meus sonhos. A
eles meu am or, minha eterna gratidao.
flo Prof. Dr. Silvio Ricardo Baroni, que com todo o seu
incentivo contribuiu para o desenrolar desta pesquisa, e
pela troca de experiencias durante o curso, que muito
me fi.zeram crescer en quanta musico.
v
tfos Doutores: Aci Meyer, Adriana Giarola, Denise
Garcia, Eduardo Ostergren, Rafael dos Santos, Regina
Muller, Ricardo Goldenberg, Sara Lopes e Ver6nica
Fabrini, pela incentivo e partilha de experiencias.
VI
'RESUMO
Vll
'(1BSTRACT
lX
~umario
INTRODU<;:AO .................................................................................................... 1
CAPITULO 1
Aspectos da music a para piano de Heitor Villa-Lobos ...................................... 7
Apontamentos sobre o compositor ..................................................................... 8
0 idioma pianistico ........................................................................................... 17
CAPITUL02
Analise Musical das pegas ............................................................................... 23
CAPITUL03
Subsidios tecnicos para a abordagem pianfstica ............................................ 97
Xl
CAPITUL04
Abordagem Pianistica ..................................................................................... 121
Xll
kista de tabelas e figuras
Capitulo 2
Tabelas
Tabela 1- Caracteristicas gerais ...................................................................................... 27
Tabela 2- Variac;;6es da linha mel6dica 1....................................................................... 29
Tabela 3- Variac;;ao do ostinato 1 .................................................................................... 30
Tabela 4- Variac;;6es do ostinato 3 .................................................................................. 32
Tabela 5 - Acordes da Sec;;ao 1 ......................................................................................... 34
Tabela 6- Pedais- Sec;;ao 2 ............................................................................................. 37
Figuras
Figura 1- Linha mel6dica c.15 -17 ................................................................................. 28
Figura 2- Ostinato 1 c.1 e 2 ............................................................................................ 30
Figura 3- Ostinato 2 (c.27) ............................................................................................. 31
Figura 4- Celula ritmica ostinato 2 ................................................................................ 31
Figura 5- Ostinato 3 (c.32,33 e 34) ................................................................................ 31
Figura 6- c.36 a 38 .......................................................................................................... 33
Figura 7- Ostinato 4 ....................................................................................................... 33
Figura 8- c. 9 a 12 .......................................................................................................... 35
Figura 9- Linha do baixo- sec;;ao 1.. ............................................................................... 35
Figura 10- Linha do baixo- Sec;;ao 2 ............................................................................. 35
Figura 11- c.81 a 86 ........................................................................................................ 36
Figura 12-Texturasec;;ao 1 (c.la4) .............................................................................. 37
Figura 13- Textura 2 (c.Z7) ............................................................................................ 37
Xlll
Figura 14- Textura 3 (c.33e 34) ..................................................................................... 38
Figura 15- Textura 4 (c.49 e 50) .................................................................................... 38
Figura 16 - Legenda: graficos das sonoridades .............................................................. 39
Figura 17- Grafico das sonoridades sec;;iio 1 .................................................................. 39
Figura 18 - Grafico das sonoridades sec;;iio 2 .................................................................. 40
Figura 19- Grafico das sonoridades sec;;iio 3 ................................................................... 40
Tabelas
Tabela 7 - Caracteristicas gerais ............................................................................... 43- 44
Tabela 8 - Variac;;oes do ostinato 1 ................................................................. .45- 46
Tabela 9- Variac;;oes do ostinato 2 .................................................................................. 47
Tabela 10- Variac;;oes do motivo mel6dico 1 .......................................................... .48- 49
Tabela 11- Variagoes do motivo mel6dico da Segiio 2 ................................................... 50
Tabela 12 - Centros ......................................................................................................... 52
Tabela 13- Acordes da segiio 1 ........................................................... , ..........................53
Tabela 14- Pedais .............................................................................. ,............................ 55
Tabela 15 - Texturas da segiio 1 ..................................................................................... 56
Figuras
Figura20-0stinato1(c.1) ............................................................................................. 45
Figura 21- Ostinato 2 .................................................................................................... .46
Figura 22 - Motivo 2a menor descendente ..................................................................... .48
Figura 23 - Motivo mel6dico da Segiio 2 ........................................................................ 50
Figura 24 - Linha do baixo da segiio 1 ............................................................................ 51
Figura 25 - Acordes segiio 2 ............................................................................................ 51
Figura 26- Linha do baixo da segiio 3 ........................................................ , ................... 52
Figura 2 7 - Acordes da segiio 2 ....................................................................................... 53
Figura 28- Acordes c.34 a 45 ......................................................................................... 54
Figura 29- Acordes c.55 a 59 ......................................................... ,................................ 54
Figura 30 - Textura da segiio 2 ....................................................................................... 56
XJV
Figura 31- Textura da sec;:ao 3 ........... ,........................................................................... 57
Figura 32 - Legenda: grafico das sonoridades ................................................................ 58
Figura 33- Griifico das sonoridades sec;:iio 1.................................................................... 58
Figuras 34- Griifico das sonoridades sec;:iio 2 ................................................................. 53
Figura 35 - Griifico das sonoridades sec;:ao 3 ................................................................... 59
Figura 36 - Grafico das sonoridades sec;:ao 4 ................................................................... 59
\7alsa da dor
Tabelas
Tabela 16- Caracteristicas gerais ................................................................................... 63
Tabela 17- Variac;:oes da linha mel6dica da sec;:iio 2 .............................................. 64- 65
Tabela 18- Variac;:oes do motivo rftmico 1 .................................................................... 66
Tabela 19- Variac;:oes do ostinato 1 ......................................................................... 67 -68
Tabela 20 - Texturas ....................................................................................................... 72
Figuras
Figura 37- Motivo mel6dico da sec;:ao 1 c. 4 a 7............................................................ 64
Figura 38- Motivo mel6dico da sec;:iio 2 c.14 e 15 ......................................................... 64
Figura 39- Celula ritmica introduc;:ao ............................................................................ 65
Figura 40- Ostinato sec;:ao 1 c.4 e 5 ................................................................................ 67
Figura 41- Ostinato 2 ..................................................................................................... 68
Figura 42- Ostinato 3 c. 40 ............................................................................................ 69
Figura 43 - Linha do Baixo da sec;:iio 1 ........................................................................... 69
Figura 44 - Linha do baixo da sec;:ao 2 ............................................................................ 70
Figura 45 - Linha do baixo da sec;:ao 4 ............................................................................ 70
Figura 46- Pedal de Mi (c.11 a 13) ................................................................................. 71
Figura 47- Legenda graficos das sonoridades ............................................................... 70
Figura 48- Grafico das sonoridades da sec;:ao 1 ............................................................. 70
Figura 49 - Griifico das sonoridades da sec;:ao 2 ............................................................. 74
Figura 50- Griifico das sonoridades da sec;:ao 4 ............................................................. 74
XV
Poema singelo
Tabelas
Tabela 21 - Caracteristicas gerais ................................................................................... 79
Tabela 22- Varia<;:6es do motivo 1 ........................................................................... 81- 82
Tabela 23- Varia<;:ao do motivo 2 ................................................................................... 83
Tabela 24- Centros ......................................................................................................... 86
Tabela 25 - Acordes se<;:6es 1, 3 e 5 .......................................................................... 86 -87
Tabela 26- Acordes da se<;:ao 2 ...................................................................................... 8 7
Tabela 27- Cadencias ..................................................................................................... 88
Tabela 28- Pedais da se<;:ao 2 ......................................................................................... 89
Tabela 29- Texturas .......................................................................................... 89- 90-91
Tabela 30- Regi6es do piano, timbres da se<;:ao 1........................................................... 92
Tabela 31- Regioes e timbres da se<;:ao 2 ....................................................................... 93
Tabela 32- Regi6es e timbres da segao 4 ....................................................................... 93
Figuras
Figura 51- Motivo 1 c. 33 ............................................................................................... 80
Figura 52 - Motivo 2 c.100 .............................................................................................. 83
Figura 53- Linha do baixo da se<;:ao 1 (antecedente c.1 a 16) ........................................ 84
Figura 54- Linha do baixo da segao 1 (consequente c.17 a 32) .................................... 84
Figura 55 - Linha do baixo da se<;:ao 2 (parte a) ............................................................. 84
Figura 56- Linha do baixo da segao 2 (parte b) ............................................................. 85
Figura 57- Linha do baixo da se<;:ao 2 (parte a') .............................................................. 85
Figura 58 - Acordes se<;:ao 4 ............................................................................................ 88
Figura 59- Legenda dos graficos das sonoridades ........................................................ 94
Figura 60 - Grafico das sonoridades se<;:6es 1, 3 e 5....................................................... 94
Figura 61- Grafico das sonoridades se<;:ao 2 ................................................................. 94
Figura 62 - Grafico das sonoridades da se<;:ao 4 ............................................................ 95
XVI
Capitulo 3
Figuras
Figura 63 - Pronacao do antebrago e da mao ................................................................ 115
Figura 64 - Playing in ones ........................................................................... 116
Figura 65- Acentos em dois, tres e oito ........................................................................ 117
Capitulo 4
'(!lenda do caboclo
Figuras
Figura 66- c.1 a 8 ........................................................................................................... 123
Figura 67- c. 1 e 2 ......................................................................................................... 125
Figura 68- Gra.fico: Altura dos saltos ............................................................................. 125
Figura 69- c. 9 a 12 ........................................................................................................ 126
Figura 70- c.13 a 15 ....................................................................................................... 127
Figura 71- Dedilhado c. 15 a 19 .................................................................................... 127
Figura 72-c. 27 ............................................................................................................ 128
Figura 73 -c. 29 -30 ...................................................................................................... 128
Figura 74- c. 36 a 38 ..................................................................................................... 129
Figura 75 - Ostinato ...................................................................................................... 130
Figura 76- Codeta ......................................................................................................... 131
Figuras
Figura 77- c. 1 ............................................................................................................... 133
Figura 78- c.3 ............................................................................................................... 135
Figura 79- c. 4 e 5 ........................................................................................................ 136
XV!!
Figura 80 - c. 12 ........................................................................................................... 138
Figura 81- c. 13 a 15 ................................................................................................... 138
Figura 82- c.16 .............................................................................................................. 139
Figura 83- c. 23 e 24 .................................................................................................... 141
Figura 84- c.25-26 ........................................................................................................ 142
Figura 85 - c .29 ............................................................................................................. 145
Figura 86 -c.32 .............................................................................................................. 146
Figura 87- c.46 a 49 ..................................................................................................... 149
Figura 88- c. 50- 51 ..................................................................................................... 150
\7alsa da dor
Figuras
Figura 89- c.1 ............................................................................................................... 155
Figura 90- Introdu~a c. 1 a 3 ...................................................................................... 156
Figura 91- Dedilhado c.4 a 7 ........................................................................................ 156
Figura 92- Dedilhado c. 11-12 .................................................................................... 158
Figura93-c. 21 ............................................................................................................. 160
Figura 94- c. 40 ........................................................................................................... 161
Poema singelo
Figuras
Figura 95 - c.1 a 4 .......................................................................................................... 166
Figura 96- c.8 a 10 ........................................................................................................ 167
Figura 97- c.11 a 13 ...................................................................................................... 167
Figura 98- c.14 a 16 ...................................................................................................... 168
Figura 99- c.33 ............................................................................................................. 171
Figura 100- Comparagao entre as pegas ...................................................................... 172
Figura 101-c. 41 .......................................................................................................... 173
Figura 102- c. 52- 53 .................................................................................................... 175
X:Vlll
Figura 103 -c.100 ......................................................................................................... 176
Figura 104- Dedilhado da mao esquerda (vivace) ...................................................... 178
Figura 105-c.110.......................................................................................................... 179
XIX
bista de fotos
Capitulo 3
Capitulo4
XX
\?alsa da dar
Foto 19 - Maos dentro do teclado ........................................................................ 154
Foto 20- Mao direita toea dentro do teclado ...................................................... 154
Foto 21- Mao esquerda toea dentro do teclado ................................................... 162
Poema singelo
Foto 22- Mao esquerda dentro do teclado ........................................................... 169
Foto 23- Mao direita ............................................................................................ 170
Foto 24- Posigiio vertical do quinto dedo ............................................................ 172
Foto 25 - Posigiio arcada em oitava ...................................................................... 173
Foto 26- Passagem do polegar.............................................................................. 174
Foto 27 -Posigao plana ......................................................................................... 177
Foto 28- Posigao curva- 0 quinto dedo toea mais fechado ............................... 177
Foto 29- Polegar em tecla branca......................................................................... 180
Foto 30 - Dedas 2 e 3 buscando as teclas pretas .................................................. 180
XXJ
bista de abreviaturas
XXII
lntrodugao
l
lntrodu~a
"Nao escrevo dissonante para ser moderno. De
maneira nenhuma. 0 que escrevo e consequencia
c6smica dos estudos que fiz, da sintese a que
cheguei para espelhar uma natureza como a do
Brasil".
1
Heitor Villa-Lobos
As pec;;as por n6s trabalhadas siio: A lenda do caboclo (1920), Choros n°5 -
Alma Brasileira (1925), Valsa da dor (1932) e Poema Singelo (1942), que forarn
escolhidas por serem pec;;as avulsas (exceto o Charas n°5), por terern sido compostas
em epocas distintas e por representarem parte significativa da grande produc;;iio
pianistica de Heitor Villa-Lobos.
Sendo este urn trabalho com intenc;;6es didaticas, a escolha destas pec;;as ainda
se justifica pelo fato de que as mesmas fazem, constantemente, parte da formac;;iio da
rnaioria dos alunos de piano. Pode-se em urn primeiro momento, ter-se a falsa
impressiio de se considerar tais pec;;as relativamente "simples" sob a esfera da resoluc;;iio
tecnica. Todavia, seu idioma pianistico revela todas as possibilidades, niio s6 tecnicas,
mas tambem os meandros de sua escrita, que jarnais resvalam em caprichos ou efeitos
viios. Estas paginas dedicadas ao piano podem esdarecer de maneira Iucida a sua
1
Epigrafe extraida da home-page do Museu Villa-Lobos. Enderego: www.museuvillalobos.org.br
(Ultima visita 13/05/04)
2
ideia, pais cada compasso, cada passagem traz em seu conteudo especifico uma visii.o
perspicaz e refinada do teclado, edificada de modo solido.
Desse modo, procuramos justificar a nossa pesquisa pela sua utilidade, cuja
abordagem esta diretamente voltada a execu<;ii.o pianistica, haja vista que o nosso
intuito e gerar urn material de cunho didatico e informativo voltado para alunos e
professores de piano. Nii.o obstante, queremos esclarecer que nii.o e nossa intengii.o
criar formulas infaliveis ou tentar padronizar uma maneira de se tocar, e sim mostrar
mais urn caminho, uma forma consciente de como e passive! realizar uma
performance embasada em principios cientificos, sem contudo, desmerecer outras
escolas pianisticas.
3
adquirir por meio da investiga<;iio e da analise dos recursos a serem utilizados, o
conhecimento necessaria em areas como a fisiologia, a anatornia e a mecanica em
func;ao da execuc;ao musical-pianistica.
Deste modo esta pesquisa reflete uma dimensao contemporanea do estudo da musica-
"A Dimensao cientifica" que e conseqiiente do seu ingresso nas universidades,
sobretudo nos cursos de p6s-graduac;ao.
2
SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composir;ao musical. (tradugao de Eduardo Seincman). Sao
Paulo: Editora Edusp, 1996.
4
das pegas, explorando, especificamente, t6picos como analise dos motivos e variag6es,
harmonia, texturas, dinamicas e timbres.
5
~;=:
6
~=
Capitulo 1
Heitor Villa-Lobos
~=
7
c(I pontamentos sobre o compositor
Heitor Villa-Lobos nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Sua data de nascimento.
durante muito tempo, foi motivo de divergencia entre bi6grafos e historiadores, pois
ate entao, os autores que sobre ele escreviam oscilavam entre os anos de 1881 e 1891,
com diferentes argumentos. Alem disso, era sabido que o proprio Villa-Lobos mudava
suas afirmag6es sobre tal data de acordo com as circunsti'incias.
Somente ap6s os estudos de Vasco Mariz (MARIZ, 1983, p. 22-23), que atribuiu
esta data a 5 de margo de 1887, baseando-se numa anotagii.o de batismo, por ele
pesquisada, que informa ter nascido, Heitor Villa-Lobos, neste dia, e que esta data
passou a ser adotada como oficial, nas publicag6es do Museu Villa-Lobos, no Rio de
Janeiro.
Faleceu no ano de 1959, nos deixando uma vasta e rica obra. Ao todo, sua
produgao soma mais de mil titulos, escrita para as mais diversas formag6es, alem de
pegas para instrumentos solo, como as para piano, centro de nosso interesse e que
ocupam lugar especial em seu grande catalogo.
Segundo J. Jota de Morais, "( ... ) foi para o piano solo que ele dirigiu sua
criatividade com mais constancia (... ) proporcionando a ele todo urn importante e novo
repert6rio". 3 E de fa to, pela extensi'io, diversidade e originalidade do repert6rio
pianistico de Villa-Lobos, mesmo que de sua obra s6 tivessem permanecido as pegas
para piano, ainda sim, ao nosso ver, este compositor nii.o teria diminufdo em
importancia.
A imensa obra pianfstica por ele deixada abarca desde pegas mais simples
como, por exemplo, a colegii.o das Cirandinhas (1925) ate as de grande complexidade
tecnica, como o Rudepoema (1921-1926), famosa pega, por muitos considerada como
sua obra prima, dedicada ao pianista Arthur Rubinstein, que desempenhou papel de
grande importancia na divulgagii.o da obra Villa-Lobos no exterior.
3
MORAIS, J. Jota de. Extrafdo do texto escrito para o encarte do CD de Clara Sverner "Heitor Villa-
Lobos- Alma Brasileira" Sony Classical, 1991.
8
Sua escrita para piano encontra-se permeada de tragos marcantes, que refletem
a linguagem composicional do autor, Tais caracteristicas podem ser facilmente
reconhecidas em suas pegas, talvez menos, em suas primeiras obras, como, por
exemplo, a valsa Tristorosa de 1910, que segundo estudos de Bruno Kiefer (KIEFER
1981, pAZ), sofre nftida influencia de Chopin, Masse palmilharmos suas criag6es, este
reconhecimento vai se acentuando e se torna cada vez mais evidente, em obras nas
quais o compositor ja se encontra em plena exercicio de sua maturidade artistica,
como em Charas n°5 -Alma Brasileira (1925) e nas Bachianas nA (1930-1941), por
exemplo,
Essas caracteristicas e que formam o seu leque de "cores senoras tipicas", Sao,
ainda segundo Kiefer:
9
Todavia, tanto o musicologo Gerard Behague, (BEHAG1JE, 1994, p.44) quanta a
pianista Anna Stella Schic (SCHlC, 1989, p.115), citam a classificagao transcrita por
Adhemar Nobrega, que afirma ser do proprio Villa-Lobos, em cinco grupos distintos,
dos quais destacamos as seguintes pegas para piano presentes nesta classificagao :
10
folcl6rica se da de maneira total, pois nestas paginas encontramos o registro de
cangoes folcl6ricas de diversos estados do Brasil.
Quante a sua formagao musicaL esta se iniciara desde a infancia grac;as a seu
pai Raul Villa-Lobos, homem de vasta cultura, que o ensinara a tocar violoncelo e o
acostumara a ouvir musica, Sobre este fato ha urn comentario na Enciclopedia
Brasileira de Musica que afirma: "Datam da epoca as primeiras e duradouras
impress6es de Tuhu (seu apelido familiar), ao contato com a musica de d'tmara que
semanalmente se executava em sua casa" (ENCICLOPEDIA BRASILEIRi\. DE MUSICA,
1998, p.817-818).
De fato, a musica popular das noites cariocas, em especial ados chor6es, foi de
grande importancia na formac;ao musical de Villa-Lobos. De acordo com Mariz, "Villa-
4
Only after the premature death of his father in 1899 was Villa-Lobos able to immerse himself fully, at
first as a guitarist, in the life of Rio's street musicians. The music of choroes especially fascinated him, and
the impressions of this vigorous experience were of such importance that he later gave the generic
designation of choros to his portrayal, in the 1920s, of a variety of Brazilian musical styles.
11
Lobos tirou dos chor6es ambiente para criar uma atmosfera nova de musica. Naquele
meio, formou uma faceta da sua personalidade, aproveitando o que havia de original"
(I\.1ARIZ, 1982, P.32).
A esta altura, ao ouvir Bach em casa e os Chor6es nas ruas cariocas, Villa-Lobos
ja formara parte preciosa de seu perfil musical. e como bern afirma Luiz Paulo Horta:
"0 roteiro de sua vida comegava a ser definido muito depressa: de urn !ado, a absoluta
liberdade improvisat6ria dos chor6es; de outro, a severa disciplina da arte de Bach"
(HORTA, 1987, p.17).
12
Tendo se distanciado da academia, ao realizar suas pesquisas musicais, Villa-
Lobos utiliza entao a intuigao como fonte geradora de sua arte, Segundo Jose Maria
Neves:
Da primeira destas viagens, em 1905, boa parte do material que fora colhido esta
contido na colegao de pegas didaticas que chamou de Guia pr6.tico, publicado trinta
anos depois (MARIZ, 1982 Op, cit, p,35), Seguiram-se entao outras viagens em 1905,
1906, 1910 a mais longa e 1912 a ultima ao nordeste,
Em 1915, realizou sua estreia publica como compositor, mas seu catalogo de
obras nacionalistas s6 comegou a gerar os primeiros frutos em 1917.
5
Segundo Bruno Kiefer. Os anos em que Villa-Lobos viajou pelos estados brasileiros foram: 1905 (ES,
BA e PE) 1905 (PRJ, 1907(MT, GO e MG), 1910 (PEe CE) e 1912 (de volta ao Nordeste) (KIEFER. 1981.
Op. cit. p.125 -128).
13
Outro acontecimento importante em sua carreira, e que niio pode deixar de ser
citado, foi o seu engajamento na Semana de Arte Moderna de 1922. Segundo Elizabeth
Travassos:
Segundo Kiefer (KIEFER, 1981, Op. cit. p.134), nesta viagem Villa-Lobos p6de
conhecer compositores e interpretes importantes como Prokofief, Roussel, Vincent
d'Indy e Andres Segovia. Vasco Mariz comenta que nosso compositor juntou-se as
figuras celebres da musica francesa alcangando 0 apoio de crfticos famosos da epoca
como Florent Schmitt, Paul Le Flem e Tristan Klingsor (MARIZ, 2000, p.148).
Villa-Lobos realizou ainda duas viagens a Paris, uma em 1927 e outra em 1930.
14
De volta ao BrasiL outro acontecimento importante, foi o trabalho por ele
realizado no campo da politica culturaL Sua campanha de educa~;o musical por meio
do canto coral nas escolas, iniciada em Sao Paulo, na decada de 1930, recebeu o apoio
do entao presidents da republica, Getulio Vargas. Segundo Bruno Kiefer, com a
primeira conetra~; orfe6nica:
Na decada de quarenta, Villa-Lobos ainda viaja aos Estados Unidos duas vezes
onde rege obras suas e em 1945, de volta ao Brasil funda a Academia Brasileira de
MU.sica, sendo entao seu primeiro presidents.
Com todos estes contatos e acontecimentos, vindos desde a infancia, com os mais
variados estilos de musica, este compositor cria uma obra rica, e como bern afirma Jose
Miguel Wisnik:
5
Villa-Lobos organized and conducted massed choirs, always »ith the same idea in mind: to interest
relatives of the members of the choir in music. in the faint hope that some of them would eventually listen
to and like his own music.
15
(... ) se satisfez em multiplicar e usufruir dos meteriais des mais
diverses proveniencies (... ) tudo submetido a forc;a des "impuls6es··
desejoses de misturar o que encontre para fazer musica. nume
necessidede eo mesmo tempo intense e ingenue de soar. falar.
expresser. obedecendo eos imperatives do desejo (VVISNIK. 1977.
p.167-168).
16
0 idioma pianistico
Oriana de Almeida
Muitas de suas pegas possuem urn caniter didatico, ou como comenta Stewart
Gordon "uteis para ensinar niveis intermediaries" (GORDON, 1996, p.416). 7 Eo caso,
· Many of Villa-Lobos's sets of character pieces are useful for teaching at the intermediate levels.
17
por exemplo, de obras como: Brinquedo de roda (1912), Fabulas Caracteristicas (1914),
Cirandinhas (1925), Guia Pratico numeros 1 a 11 (1932 -1949), Petizada (1912),
Hist6rias da carochinha (1919), Francette et pia (1928), e as Suites infantis 1 e 2 (1912
e 1913).
Mas alem destas pegas de carater didatico, ha outras que tambem possuem
como ideia tematica o universe infantil e que representam significativa parcela de sua
criagiio musical para piano. Vasco Mariz cementa que: "Villa-Lobos sempre foi urn
apaixonado pela infiincia (.,.) Esse entusiasmo pela juventude levou o autor dos
Chores a escrever grande quantidade de obras baseadas na observagiio da vida infantil"
(MARIZ, 2000. Op. cit. p.167).
Neste contexto destacamos ainda obras como: Prole do Bebe n°1 (1918),
Carnaval das crianqas brasileiras (1921}, Prole do bebe n°2 (1921} e o Momo precoce,
para piano e orquestra (1929).
Mas, como falamos no inicio deste capitulo, a obra para piano de Villa-Lobos
abarca os extremos da tecnica pianistica. Suas pe~:as de maior complexidade possuem
grande riqueza no que diz respeito a explora~: dos recursos do piano, tanto nos
aspectos tecnicos, como no usa dos pedais e na exploragiio de timbres.
18
Sobre o uso do pedal Anna Stella ainda observa:
8
Ver Glossario no anexo l
19
HPolichinelo" da Prole do Bebe n°1 (1918) no qual ha uma melodia folcl6rica
emoldurada pelos arabescos ritmicos.
Quanta ao jogo de timbres, este se da por meio do uso das regi6es extremas do
piano, grande utilizagiio do pedal direito, acentos e efeitos percussivos. Anna Stella
Schic afirma que: "Quando Villa-lobos utilizava certos achados sonoros, nao era jamais
com a finalidade de exibir urn modernismo artificial, mas sim por uma necessidade
puramente musical" (SCHIC, 1989. Op. cit. p.81).
9
(. •• }perhaps as the result of his interest in bitonal and polytonal textures he began to explore various
possibilities of alternation of black and white keys(... }
20
Sobre esta questao da necessidade musical do autor, percebe-se uma grande
riqueza de detalhes e sutilezas em sua escrita. Adhemar da Nobrega em Presem;a de
Villa-Lobos comenta que:
21
~;:=
22
~=:
Capitulo 2
SCHOENBERG
~ :;~= ~
23
~;=:
24
'(llenda do caboclo
10
SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composi96o musical. (tradugao de Eduardo
Seincrnan). Sao Paulo: Editora Edusp, 1996.
25
2. Motivos e suas variag6es:
3. Harmonia:
5. Sintese.
26
Caracteristicas gerais da pe~a
Segao 2
Centro
nao Tres pianos
I Alem dos Piu mosso
Uso da
c. 27 a definido. sonoros: regiao acentos, Andantino
56 Baixo, linha media do Indicagoes: rallentando e
mel6dica, ostinato piano, mf,f,p, pp umpouco
em quartas. Acentos crescendo e alegre
diminuindo
•poco a poco.
Para ele:
(... ) o motivo basico e freqiientemente considerado o
"germe" da ideia: se ele inclui elementos, em ultima aniilise, de
todas as figuras musicais subseqiientes, poderfamos, entao
considera-lo como o "mfnimo multiplo comum"; e, como esta
presente em todas as figuras subseqiientes, poderia ser
denominado "miiximo divisor comum'' (Ibidem, p.35).
27
Schoenberg ainda comenta que: "0 motivo geralmente aparece de uma
maneira marcante e caracteristica ao inicio de uma pega" (Ibidem, p.35). Mas
para que este, ao ser repetido, niio venha a gerar monotonia deve ser variado.
. '
2"ru , '--1"'M - '
28
Vari~:;o 1- c. 17 a
I
19. Ornamentagao
por acrescimo de
~ ~· r lid. qon1l]
nota e mudanga
rftmica. I
I
Vari~:;o 2 -c. 32 a I
I 34. Transposigao I
gJ J. N~i .~ J.
e mudanga de p>: Jl!## i
I I
registro.
IVari~:;o 3 -c. 34
~l:J
a 36
I·~ , •~ #~
I.'
I
J. r:._~
QJ. I
Transposigao da I I
variagao 1
I
I
Vari~:;o 4 I
I
c. 36 a 40
Transposigao,
q~
fi£ ~ q~· qfi~ r~ r. fvqr ~ I J
•
ampliagao da
frase pela !?lb
- $'
I I 1 1
repetigao de
celulas
I
I ritmicas.
2. Motivo do acompanhamento
2.1. Ostinatos
Para Schoenberg (SCHOENBERG, 1996. Op. cit. p. 43) "As similaridades
ritmicas atuam como elementos unificadores, e a coerencia harmonica reforga as
conex6es internas."
29
Partindo desta afirmagiio, ao falar do acompanhamento ele afirma:
2.1.1. Ostinato 1
Vari~,;o do ostinato 1
Vari~,;o 1:
Mudanga harmonica c.3 -
14
I
' por segundas
11
acrescentadas
0 ostinato 1 e utilizado ao Iongo de toda a primeira segiio desta pega (c.l a 26)
11
0 acrescimo de segundas aos acordes, e uma pratica realizada na harmonia do seculo XX. As
segundas acrescentadas dao urn colorido aos acordes, como notas acrescentadas. (PERSICHEITI,
1961 p. 121).
30
2.1.2. Ostinato 2
Esta celula ira se repetir tres vezes, gerando o desenho do ostinato que sera
utilizado dos compassos 27 ao 32, basicamente em intervalos de quartas.
2.1.3. Ostinato 3
Ostinato3
II • ~. • ' 1""1 rn r-n r-rn
:
I" -
<>-.
- II
aJ..-- lj_ ~?l
I . - ! - J. Jj
31
0 ostinato 3 aparece no compasso 33 e segue acompanhando a linha mel6dica 1.
Variac;:oes do ostinato 3
1 Vari~o 1
Ic. 34 - Transposigao II o • ( r--r-1
Vari~o 2
/c. 36- Variagao da
I • -
transpos1gao •
antenor
com mudanga de dire<;:ao
i" H
;--;-; I d
do movimento e I
. ~-
"
acrescimo de notas
Variac;:ao 3
c.37- Transposigao.
Variac;:ao 4
c. 38 - Transposic;:ao
~
I ~ H. ,j f I
·-
' !
I . q~· q~ t ~ ~
I
u
I
I
Tabela 4 -
.
I
Vana.,oes do ostinato 3
I
32
Salientamos que nas variag6es 3 e 4 do ostinato 3, ha uma adaptagiio
harmonica e por isso o uso de dois acordes em urn mesmo motivo, sendo na
variagiio 3: Fa 7M e Em7, e na variagiio 4: Rem7 e D67M.
c36 c. c.36
f\ ~ H. .b~ ~ 11'-
-- b. ~J I_ I I I
Et F7M Dm7
~; ~m7 C7M
J. - It· t;-t; ~ ~· q~- t!c
b11'-
.
'~
Figura 6 - c.36 a 38
2.1.4. Ostinato 4
Figura 7 - ostinato 4
3. Harmonia
12
Ver definigao de centro no anexo I - glossario de termos utilizados.
ascendentemente (modo lidio) e a partir do compasso 13 ate o fim desta segao o
uso de urn pedal de fa#.
> >
Acordes c.l e 2
EM
~.
---- .~
Acordes c.3 e 4
> >
D#4(9b)
Acordes
c. 5 a8 > >
34
Do compasso 9 ate a entrada da melodia principal, no compasso 15,
observamos uma ornamentagao do acorde de Si que acompanha toda a linha
mel6dica principal.
- - -
Figura 8 - c. 9 a 12
.... ....
Figura 9 - linha do baixo • se~i.o 1
Pela linha do baixo verificamos uma progressao Mi - Si, por grau conjunto
e urn pedal de Si durante sete compassos e urn longo pedal de Fa# ate o fim desta
segao.
compassos: 27 28 29 e 30 31 a 33 34 a 48 49 e 50 51 52 53 54 a 56
35
Pela linha do baixo da segunda segii.o observamos que ha uma grande
variedade harmonica sem centro definido, e que ap6s urn percurso ha urn retorno
ao centro Sino final da segii.o (c.54 a 56)
3.2. Cadencias
\
r ... ... 1":\
.,.
> _,_ 1":\
~
l
Figura 11- c.81 a 86
3.3. Pedal
36
Mib c.29 e 30
Re c.31 a 33
I
La c.34 a 48 I
I
Fa c.49 e 50
Si
I
c.54 a 56
I
Tabela 6 - Pedais- Se~io 2
4.1. Textura
Textura 1 - Textura forrnada pelos baixos sustentados, pedal de dois sons,
acordes em ostinato e uma linha mel6dica no soprano.
m.g. m.g:.
cresc. poco
.,.
---- .,.
Figura 12- Textura 1 (c.1 a 4)
(
" '
.,
.
Piil.mosso
~,J-
37
Textura 3 - Formada pelo ostinato 3, na linha superior, uma linha
mel6dica no tenor, e baixo sustentado.
"'
~
4.2. Timbres
38
basicamente. Os acentos marcados iriio conferir maior brilho as notas,
destacando-as da trama harmonica.
Amarelo -pianissimo,
laranja- piano,
vermelho -mezzo-forte
Azul -forte:
Se~tio 1
Compasses
Sarwridarles
39
Sec;:iw 2
Compasses
Sec;:ao 3
Compassos
5. Sintese
Por meio da anaJise foi possivel investigar e explicitar, visando dar urn
suporte a interpretac;:ao da pega, os elementos constituintes de sua estrutura.
Observamos que ha:
• Uso de motivos, utilizados na composic;;ao tanto da linha
mel6dica como dos ostinatos, por meio do recurso das variag6es
e das transposig6es.
• Tratamento de aspectos ritrnicos basicamente ligados aos
ostinatos.
• Diversidade de dinamicas, nao de maneira abrupta, mas sempre
programada.
• Emprego de segundas acrescentadas as triades.
40
Ghoros n°5 -Alma Brasileira
Esta pega faz parte do ciclo dos 14 Charas de Villa-Lobos sendo, neste conjunto,
a unica pe<;;a escrita para piano solo.
41
2. Harmonia:
4. Sintese.
42
Caracteristicas gerais da pef_;;a
mais de
brilho em
relac;:ao as
outras
partes
I
I
I
43
Sec;:ao Centro Textura Timbre Diniunica Andamento
acentos
Tabela 7 - Caracteristicas gerais- Choros n.5 -Alma brasileira
44
1. Analise dos motivos
-f -= =-
.1"
Figura 20 - Ostinato 1 (c.l)
Vari~o 1
Mudan\;a de notas nos acordes I
c.4
p: I a'•iiiiJj1
f·
I
I
Vari~o 2
Mudan\;a harmonica e no
sentido da dire\;i'iO
c.5 I j:I~_'LZ ~w-
. ~
Vari~o 3
Mudanga harmonica e no I r"""'-l I"""
sentido da dire\;i'iO 2 ... :r ~ i"""
c. 6 e 7 I I ~§)=
~
45
Vari~.;o 4
Abreviagao do motivo pela
eliminagao dos tn§s ultimos
acordes
c. 9
17: I
'{
f·
:rwoo, i
Vari~.;o 5
Mudanga para acordes maiores
c.23
l~t ~
~ !~· !: Ulr'
~
V ari~.;o 6
Variagao no ritmo
1:1' I tp ~
~I"
Troca de ) por ; na linha superior 'f
1e movirnentagao na linha do
'baixo. I
c.8
1.1.2. Ostinato 2
46
1.1.2.1. Vari~oes do ostinato 2
IVaria.;:iio 1 -J-
"'
-$-
> >
c. 15 e 16, 18 e 19 - "- ~I ()
direcionamento
f--·~-
-!J- ...-3-.
Lento
->,__ -51-. "'
">'"'-:.... .-3-.
V aria.;:iio 2
c. 24 - mudan'<a de modo
47
1.2. Motivos mel6dicos
Varia!(iio 1
Diminuigao
ritmica
c.4
Varia!(ii.o 2
Transposig6es
Quarta justa
acima e abaixo.
Mudanga
ritmica
para tercinas,
, ampliagao do
intervalo para
za Maior
c.5
48
Varial(iio 3 I
Transposigao I
quarta justa
abaixo com 2m
aumentagao
ritmica
c.6
Varial(ii.O 4
Transposigao
quarta justa
abaixo
c.7
Varial(ii.O 5
Mudanl(a
1ritmica para 2M 2m
tercinas depois
transposic;:ao
quarta justa
I abaixo
c.B
rvarial(ii.O 6
I Transposic;:ao
I quinta justa
labaixo com
aumentagao
... 0
ritmica
c.ll e 12
49
1.2.2. Motivo mel6dico 2
IVari~;o 1
Ornamentagii.o ritrnica >
~ ~{
c.27 e 28 I
!&·~=r I
I
I
t.!
Vari~;o 3 I
'
Transposto terga menor
::;;.._ > f > > >
abaixo
Arnpliagao ritrnica por
acn§scimo de notas.
i£ #BI1 ~=
t.! I~
.~
Bt~
~
F19 I
c.29 e 30
Tabela 11 - Vari~oes do motivo melodico da Se~io 2
2. Harmonia
50
2.1. Linha do baixo
conpas~ l a4 5 6 7 8 9 a12
Pela linha do baixo, e possivel identificar uma cadencia para mi, e tambem
observar que esta nota e a (mica utilizada duas vezes, como pedal.
~
u"-~ -~ E6 89 E6 C#7 F#m4 D# 6 7 C#9 E7M
centro em Mi.
51
2.1.3. Movimento da linha do baixo da se~io 3
2.2. Centros
Esta pega utiliza dois centros especfficos. De acordo com a tabela a seguir os
centros sao:
Segao Centro
1
IM'l
IUso do modo e6lio
2 \Mi
3 IFa# I
4 IMi
lUso do modo e6lio
Tabela 12 - Centros
52
2.3. Acordes
Outros acordes:
j•-4: I
<!' Ix
f"
ri!B fili1 Cii!' B7
i'l I x
M
rafltTI t (i],
ouEm6 ou Dli!'
-
J!.:____E- E6(llaum)
-~ I
I
~ r,A-t lp# I
., :t !¢£ r:-;_~
•
~·
1!1: ~
;:. Cii!'
OU G
0 F7(llaum) B7 ~
11 1~
E6 C#7 F#m4 D# 6 7 C#9 E7M
~ ~
~ o-
n.
I~
0-
. "
u '9-
C. 50 aSS C. 56 a 59
It H 5. h ..
I ~
' ! i v.Q9
2.4. Cadencias
Na primeira e segunda sec;;6es, as cadencias ocorrem para Mi; na terceira, ha
cadencias para Fa# e Mi.
2.5. Pedais
Nesta pec;;a predomina o pedal de Mi, mas ha outros pedais durante a pec;;a. De
acordo com a tabela a seguir, observam-se os pedais de:
54
Pedal Ser;:ao Compassos
Mi 1 1a4
9 a 12
1
Mi 2 25 a 30
IFa# 3 36 a 41
I
56 a 59 I
Mi 3 42 a45
Re# 3 46 e 47
Sol# 3 48 e 49
D6# 3 50 a 55
Fa 3 60 a 64
Mi 4 65 a 68
73 a 79
Tabela 14 · Pedais
3.1. Texturas
A per;:a faz uso de varios tipos de texturas. Estas estao ligadas a configurar;:ao dos
pianos sonoros e irao influir na estrutura timbristica.
55
~extura 1
.-
-· .-.,
1.. i ~ I
ILinha mel6dica, .._,
baixo e acordes
(ostinato 1)
.
'f.:l~- ... .... .. ~
I r~
jrextura 2 ':"./""
~ K 'l
Linha mel6dica,
baixo, acordes
. ;w w.r;~·
(ostinato 1) e ostinato 'f :J ~ ,- J-...r1
lz
f.:_______ ~
Na segunda segao predomina uma textura formada por uma linha mel6dica em
oitavas e dois pianos no acompanhamento, ou seja, plano dos acordes e plano do
ostinato.
pp
56
Na terceira segao, a textura utilizada e formada por acordes em ostinato e uma
linha mel6dica.
3.2.Timbres
A segunda segao se configura numa regiao media do piano, obtendo assim urn
timbre homogeneo entre as partes. Os acentos nas notas da melodia irao lhe conferir
urn pouco mais de brilho, em relagao as outras partes.
57
3.3. Pianos sono:ros
Amarelo -pianissimo,
laranja- piano,
vermelho -mezzo-forte
Azul -forte:
Se(fii.o 1
Compasses
S01writlful.es
58
Se~;io 3
34 36 47 48 49 50 51 s-z 53
Car.rpassos
4. Sintese
59
~;:_
60
\1 alsa da dor
Esta pega foi composta em 1932, no Rio de Janeiro e dedicada a Julieta
d' Almeida Strutt E uma das poucas valsas para piano escritas por Villa-lobos.
2. Harmonia:
61
Analise dos fatores que comp6em a harmonia no decorrer da obra, em
t6picos como: linha do baixo, uso de centros, acordes, cadencias e
pedais.
4. Sintese.
62
Caracteristicas gerais da pec;:a
63
1. Amilise dos motivos
1.1. Amilise da linha mel6dica- motivos mel6dicos
~ -~·!1 ) F'
~s
(FlY~
l rn F' r· J. F' I r f:::l!r·
Figura 37 -Motivo mel6dico da se<;iio 1 c. 4 a 7.
Einteressante salientar que este motivo faz uma defasagem ritmica com o
compasso estabelecido.
lti J I J. J. J. J. I J. J_J;3J.
Figura 38 - Motivo mel6dico da se~io 2 c. 14 e 15
IV aria.;:ao 1
lpor
I o~namet
I,<;:ao
'
c.16-17
64
Vari~,;o 2 > > >
> > > > >
J J. J. J J. J.
Mudanga de
I fiJ
' I I
I ~
registro '
I
c. 22-23
I
1Vari~,;o 3
JAmpliagao > >
> "' >
> > > > > > > > >
I e _transposi-
gao
1£ J.
tJ
I&r· J. r· r·l ;r. J. [' r· r· 1
r r· ['I F'
c. 18 a 21
Vari~,;o4
> > > > > >
> >
>
r· ..bl
~
Ampliagao
Transposi-
~. l&r· ~. r llr· 1 r· ~. F I
> I
gao >
l l
I
L L
II ~
J I J: t' J- ,pi
c.26 a 29
65
1.2.1.1. vari~tfles do motivo ritmico 1
Vari~t.o 1 ~ ......... -1
> >- >
Motivo 1 em dois registros ..!. ..!• ·'
~ 'H • I I
c.l
•'
I ~ •M 7 • ,.(1.· ~
l...J
'
,,nl::!.
I I ·-~ ,.'-J ru
I
I
IVari~t.o 2 I
I
I
Diminuigao ritmica da primeira nota
~. ~. r-r-. r""'T-
r-r- -
c. 2
f.' 1 ... • "'
~ • l! ~ . ~ . ~ .'1
., I I I I
I
I
IVari~t.o 3 '
-';\
I
I I
.~'
.
Aumentagao ritrnica da primeira nota
"' !':'\
c.3
•t
~ u u'f:[-=f 'I
n ~
- :
.,... .,...
I T ""'
V ari~t.o 4
!':'\
IAumentagao ritmica da ultima nota. II o t !':'\ hJ.
I
c.3
.. U'U,
., ., ~-=f
a
'
/) • i. I ,...._;::;
.. .,... .,...
r ""'
-
I
I
Tabela 18- Vari~;oes do motivo rilmico 1
66
1.2.2. Motivo do acompanhamento - Ostinato 1
<>·
I r1 # ~· •·
Diminuigiio pela supressiio de
acordes e redugiio da duragiio
do baixo
c.6
Vari~to 2
Diminuigiio e mudanga
ritmica
c.10
I
67
\ Vari~to 3
I ""
.
! Diminuigao e adigao de urn
desenho cromatico
~
~ u,., '·c...:r lfr r#f r
~
c.11e12 :
f'- -f i-i·
Vari~to 4
Diminuigao pela supressao ~ E!J'qqr ~:. • 1
de elementos e mudanga
ritmica J:"""l " ·"'="
I -
Ic.13 r· f-:._~ ~
1.2.3. Ostinato 2
Este ostinato eformado por urn baixo e acordes repetidos com segundas
acrescentadas.
68
1.2.4. Ostinato 3
Figura 42 - Ostinato 3 c. 40
2. Harmonia
No tocante a estrutura harmonica desta pec;:a, observamos a utilizac;:ao de urn
centro Mi.
Compassos 4 5 6 7 8 9 10 11 a 13
I~: I n. e• ~. ~. e• u. el ~. ~. ~
69
Na introdugiio observamos a alternancia entre as notas Si e Mi, com cadencia
para Mi; a partir do compasso 4, ha urn movimento predominantemente por grau
conjunto e novamente uma cadencia para ML
jcompassos 14 15 16 17 e18 19 20 21 22 23 24 25 26 21 28 29
'
I')i I
... n.
.... ... ..,.. e· fa· ... n.
... n. J. J. l l qu. ...
Figura 44 - Linha do baixo da se~io 2
Sendo esta segiio uma repetigiio da segiio 1, segue a mesma analise do item
3.1.1. Idem segiio 5.
2 .2. Centros
70
2.3. Acordes
Sao utilizados acordes com setima, com nona e acordes com segundas
acrescentadas.
2.4. Cadencias
Nas seg6es 1, 2, 3 e 5 as cadencias sao realizadas para Mi, enquanto que na
segao 4 ha cadencias para Si.
2.5. Pedais
Na primeira segao observamos o uso do pedal de Mi na introdugao (c.3) e no
final da mesma (c.11 a 13), idemseg6es 3 (c.37 a 39) e 5 (c.57 a 61).
u r-..-""'""
~
"! u ' 'LJ Rr T 1p r
~ r---1
f'-- -v.-.._,
r~·
!';'\
..,
,.u,. ~r ,. ~1
!';'\
f'- -~ r--r· r· ~i ,.
Figura 46- pedal de Mi (c.11 a 13)
71
3. Textura, timbres e pianos sonoros.
3.1. Textura
Durante toda esta pec,;a Villa-Lobos fez uso de uma textura homofbnica,
constitufda por uma linha mel6dica com acompanhamento. Todavia observamos
diferentes composic,;6es desta textura em cada sec,;iio.
/Textura 1 I 8......... -,
Introduc;:ao 1
I
c.l a 3
'
ITextura 2
Sec;:ao 1
c. 4 e 5
<>. <>·
/Textura 3
Textura
Isec;:ao 4
) c.40
I
Tabela 20- Texturas
72
3.2. Timbres
Apesar da linha mel6dica superior se apresentar basicamente na regiao media
do piano, o que poderia homogeneizar o timbre da pega, os baix:os dobrados, a linha do
contralto, as notas agudas da introdugao, as articulag6es em legato e staccato, os
acentos e o usa de ressonancias irao conferir variedade timbristica a pega.
Legenda:
Azul- tOrte
v~rn1elho -mezzo-forte
laranja - piano
.A.mare lo - pianissimo
Se~tio 1
73
Se"ao 2
Se"ao 5
74
4. Sintese
Por meio da analise foi possivel investigar e explicitar. visando dar urn suporte a
interpa~o da pe~ta, os elementos constituintes de sua estrutura.
• Esta pega e constituida por dois motives mel6dicos, urn motive ritrnico e
tres motives em ostinato, que se apresentam em vari~t6es no decorrer do
discurso musical;
• Os elementos estao bern conectados, aproveitando elementos de urn
motivo para a constru~a de novos elementos para outras segoes,
principalmente no que se refere ao ritrno;
• A forma da pe~ta esta estruturada por subdivisao em partes com uma
recapitulagao das ideias iniciais entre se~t6 contrastantes.
Desta maneira, esta de acordo com o que Schoenberg afirma: "a subdivisao
apropriada facilita a compreensao e determina a forrna" (SCHOENBERG, 1996.
Op.cit. p.28)
75
~:
76
P oema singelo
Esta pe~a e dedicada a Arminda Neves d' Almeida e nao pertencendo a ciclo
algum, e tambem uma das pet;:as avulsas do compositor.
77
3. Harmonia:
5. Sfntese.
78
Caracteristicas gerais da pe11a
Secao Centro Textura Timbre Dinamica Andamento
Segao 1 Centro Textura 1 - Linba Usa das Tres pianos Andantino
c.1 a 32 Sol mel6dica diversas sonoros
e acordes em dais regi6es do
niveis (oscilam suas piano em Apenas
alturas) no vanas grifado o
acompanbamento; combinag6es sinal mf
textura 2- formada
por acordes, baixo e
oitavas no tenor.
Segao 2 Do Textura 3. formada Diferentes Continua a
c.33 a 67 pelos acordes regi6es do ff indicagao
Hauma paralelos sobre urn piano anterior
subdivisao baixo sustentado; p
interna da textura 4.com pedals,
segao em: acordes e uma linba
mel6dica ora em
a (c.33 a 43), oitavas, ora em
b (c.44 a 53) acordes.
a'( c.54 a 67). Textura 5 - formada I
pela linha superior
I em oitavas, baixo I
I sustentado, acordes I
no tenor e linba do
contralto.
Segao 3
c.68 a 99 Repetigii.o integral da Segao 1
79
1. Analise da linha mel6dica superior
Observa-se nesta segiio uma estrutura regular formada por urn grande periodo 13,
subdividido em antecedente (c.1 a 16) e conseqiiente (c.17 a 32).
2.1. Motivo 1
Este motivo e utilizado a partir da segunda segiio. E formado por duas vozes na
linha superi"or, sendo a melodia em oitavas, as tercinas da segunda voz, e urn baixo em
sincope.
Nesta segiio este motivo e usado em a e a'.
'i -s- - 3-
"f-s-
p
13
Segundo Schoenberg, um perfodo centra-se ao redor de uma tonica (no caso desta pega, da nota que
define o centro) e possui um final bern definido. 0 perfodo se subdivide em antecedente e conseqiiente
e na maior parte dos casas, o antecedente termina noV eo conseqilente termina no l com uma cadencia
completa. (SCHOENBERG, 1996, Op. cit. p.48-51),
80
2.1.1 Variar;:oes do motivo 1
Variac;:ao 1
Transposic;:ao
segunda maior acima
c.34 -s- _,_
-3-
Variac;:ao 2
Transposic;:ao terc;:a
maior acima
c.35
Variac;:ao 3
Transposic;:ao quarta
justa acima
c.36
81
Varia'<ao 4
Varia\li'to ritmica 1,
Redu\li'to ritmica
c.37
Varia'<ao 5 -J-
Varia\li'tO ritmica 2
, Adi\lao de nota
c. 38
'1
-9-
'I - I
r ::...
Varia'<ao 6 > I
Varia\li'to ritmica 3
.
LJ A! .J
Diminui\liio na linha
inferior }g_ !g_ Xg_
jC.40
..
~ ;;t =it b~
...
Varia'<ao 7 > 'OBS: OS
?
Transposi\li'tO da compassos
varia\li'tO 3, com
mudan11a de dire\li'tO
. ....... , . ~. ;u 60 e 61
seguem o
-•
.!..g- !....3- -3-
da linha mel6dica. mesmo
c. 59 . padrao, por
grau
~ ~.
conjunto, em
llinha
I descendente.
82
2.2. Motivo 2
·'
7:- ::;... _, . - • - . Ot· - •
r~t:i=-s;'c
! -~ ".- ··-·-·.
~?-4:=!;#±.£·'
<7•
i
Vari~;o 1
Ornamentagao ritmica
Figuragao de Y. de tempo
c.120
Vari~;o 2 s
Mudanga de diregao,
Movimento contrario.
c.151
3. Harmonia
Esta pega apresenta: na primeira segao, a utilizagao de urn centro Sol; na
segunda urn centro D6 e na quarta segao, o grande uso de cromatismo.
83
3.1. Linha do baixo
';J: # ..,
.0: Ito: J "1:5"
0:
e ~
com;passos 33 34 35 36 37 38 39 40 41
84
Pelo movimento do baixo observamos, em a, uma cadencia para Sol nos
compassos 40-41.
':): &b
"0"
0 #o . .. J J
~&
Na parte b, observamos urn caminho para a nota Sol, e depois uma prepara«ii.o
para o La bemol.
compassos 54 55 56 57 58 59 60 61 62a64
3.2. Centros
Esta pega apresenta tres centros espedficos, assim caracterizados:
85
JSer;;ao Centro
1, 3 e 5 Sol I
I
2 D6
'4 Cromatismo, pedais de
[Sole S1b
Tabela 24 - Centros
3.3. Acordes
Nas sec;:oes 1, 3 e 5 observa-se o uso de triades com notas acrescentadas,
acordes sem a terc;:a e com segundas e quartas.
~ ~ q~ ~= 1~. ~ ~ ~-I d~ I
acordes por
movimento
cromatico l;t: b~ I ~- ~-
c. 1 a 4
Idem
c. 4 a 8 I?>= &L
?.
1
F' r IF· Fa1p I~- Fh•p IIf i , I
!
I
Idem
c. 9 e 10
l~j}: ~ ~· ~ ~ ~- ~ ~ I
,
Acorde com
setima, sexta
r 1~-
t'J
!
acrescentada
e nona. && J
c.11,12e
E7 (6)
13 Cm7 (9) ''
I
86
Acorde sem
a ten;:a.c.14,
15 e 16.
Acorde com
segunda e
quarta.
c.32
Acordes
sobrepostos
A umpedal ,J:-
de sol. ' I I
C.41
6
87
Na se<;:ao 4, observamos a utiliza<;:ao de acordes paralelos de s• dim. e 7• em
movimento paralelo.
3.4. Cadencias
Tabela 27 - Cadencias
3.5. Pedais
Quante ao uso de pedais, observamos que:
88
Na segiio 2, ha o uso de seis pedais, conforme a tabela abaixo:
Sol I c.35 a 37 e
I
52 e 53
I
Re c. 44-45
Mi c. 46-47
Fa c. 48-49
c. 50-51
Sib I c.62 a 67
Na segiio 4, ha urn pedal em Sol nos compassos 100 a 110 e de pedal em Sib nos
compassos 110 a 119 e 141 a 151.
4.1. Textura
Esta petta apresenta varios tipos de textura.
.-:;.-,
ITextura 1 II 1""1
mf
---r·
i ..J
-
..J
I'""'
[i I
-
..J ~ ..J ..J
I
'
!
•
J I
(c.160 a 191]
I • I . I . I.
89
Textura 2
(c.14 a 16)
. . .
·~ r·
·~
I ·-~ J - ~-
'f-3-
~ ~
Textura formada por oitavas na linha superior, tercinas no
I
I
contralto, baixo e tenor. I
I
Textura 4 b~: II- II- It
Segao 2 (c.41 a 43}
.J 6
~.
6
r~
Textura formada por baixo e acorde sustentados, unidos a acordes
sobrepostos em tremolo.
Textura 5
.. .,.
3
~·
f. I q!:: .~ "" .-1"~3
Segao 2
(c.44 a 53) <.!
- I
>
'
"I .I ;>
.. t - I "I ..! J
~:
Textura formada pela linha superior em oitavas, baixo sustentado,
acordes no tenor e linha do contralto.
90
Textura 6 .'
>">- :.- •
Textura 8
Segao 4 (c.121 a
131)
ITextura 9
!
•
Segao 4 (c.151 a
156)
Tabela 29 - Texturas
91
4.2. Timbres
0 jogo timbristico que esta pega possui e em grande parte conseqiiente do uso
das diferentes regi6es do piano, alem de aspectos como tipos de articulagao e uso de
ressonancias.
Se~;ao 1
Compassos Regiao e timbre do piano
1 a 8 e 17 a Regiao central nas duas linhas •
24
' 8 a 13 Utilizagao da regiao aguda na linha superior
11 a 13 •Acordes com mais notas na linha inferior,
mais densidade sonora.
I
14 a 16 Acordes em tres regi6es: agudo, media e
grave na linha superior e pedal em oitavas
de Re no grave e oitavas paralelas
descendentes da regiao media para a grave,
l uso de cromatismo.
30
Arpejo para a regiao aguda em pp. l
92
Se«;;iio 2
Compassos Regiao e timbre do piano
33 a 40 Regiao media na linha superior e grave na
linha inferior, sonoridade mais densa.
I
41 a 43 Acordes com diferenga de segunda menor
entre as notas, do grave ao agudo,
aproveitando a ressonancia.
Arpejo ascendente regiao aguda.
44 a 49 Utilizagao dos extremos do piano em
I sonoridade forte.
I I
Tabela 31- Regioes e timbres da se~io 2
Se(fiio 4
Compassos Regiiio e timbre do piano
100 a 110 Baixo na regiao grave, notas duplas e
I cromatismo utilizando as regi6es aguda e
I media do piano.
I Staccatos.
110 a 131 Na linha superior uso das regi6es media e
aguda.
Baixos sustentados, ressonancia.
151 a 159 Utilizagiio dos extremos do piano em
i
' sonoridade pianissimo ao fortissimo.
I
I As linhas se desenvolvem em movimentos I
I
93
4.3. Pianos Sonoros
Os pianos sonoros correspondern basicarnente as linhas das texturas utilizadas.
Quanto as dinarnicas, OS graficos i!ustrarn 0 tratarnento dado no decorrer da pega.
Arnarelo -pianissimo,
laranja -piano,
verrnelho -mezzo-forte
- Azul- forte:
Se~tos 1, 3 e 5
Sonon·tlades
Compassos
Sonoridaii'l!s
94
Se~tio 4
Compassos
Sonon·dades
5.Sintese
Por meio desta analise, foi possivel identificar que esta pega:
95
~;=:_
96
~;:=
Capitulo 3
KAPAl.\i'DJI
~;:=
97
~ubsfdio tecnicos para a abordagem pianistica
Ao Iongo desta pesquisa, nossa experiencia com o Prof. Dr. Maurfcy Martin,
que representa no Brasil uma segunda geragao da escola da professora Vengerova, 16
teve como perfil urn comportamento voltado a reflexao sobre a performance do
14
Tais ideias se encontram nos livros "The Vengerova system of piano playing" de Robert Schick,
"Beloved Tyranna- The legend and legacy of Isabelle Vengerova" de Joseph Rezits e "Famous Pianists &
Their Technique" de Reginald Gerig. Destes livros, os dois primeiros foram escritos por alunos da
Professora Vengerova. (Ver referencias completas na bibliografia)
15
Muitos dos conceitos sabre anatomia e fisiologia foram estudados no livro "A tecnica pianistica -
Uma abordagem Cientifica" do Prof" Dr. Claudio Richerme (1996) e por este motivo este autor e bastante
citado.
16
0 Prof. Dr. Mauricy Martin teve acesso a esta tecnica quando passou a estudar, nos Estados Unidos .
na Boston University, com o Prof. Anthony di Bonaventura, discfpulo da Prof' Vengerova que ainda
hoje trabalha em cima das ideias por ela elaboradas.
98
pianista, no que se refere a consciencia corporal, e com ela, o uso adequado dos
segmen:tos do corpo utilizados na execul(ao, alem do aprimoramento da escuta
musical.
99
nasceu em MlnsK na
NiJBSJ!a em 1877.
Viena.
e en1
SCiiiCJK, 1982
em no a em
e
suas como comj)Oin cram pnlmSii1S
e Lucas Foss e sao
Corn o intuito
subsidies utilizados no nosso estudo, achamos por bern, neste capitulo, organizer os
conteudos t6picos. Estes t6picos forarn utilizados durante o estudo e analise das
pegas abordadas no capitulo 4 .
Us pontos principais
Os abordados e que
professora sao OS
21
;\1usic takes up nleven hours
; and I somotimus
orn al the· and 25 arc privaio.
1. uso
reJ)re'Sent<nn a esta ea
ao nosso ver. mais a caracteriza. 0 pu"'"v e como ativador
da
no de
propiciendo vanas
ajustamento da mao as varietS posiqoes
uncci•onando como uma ponte mas
flexhrel. init.erfer·e na qualidade do som. na prodw:;ao legato. na
beleza do fraseado. na facilidade execugao e. cousequentemente. no
prazer de toca:r piano (ClA.RLll\11: RAFAEL. 1994. cit.
() a acentos.
Segundo o seu m•'itr1d<~. deve-se ;,nt~•r o ponto onde nao se pe:rca a
curvatura dos dedos (arcadaj. por sua vez. nFvPrn tambem IJ"''"''" o contato
pulso se baixo. h""'''tPri ao mesmo
tempo, a energia para a ponta dos dedos abaixando a tecla ou as teclas desejadas
(SCHICK. 1982. Op. p.22).
Desta maneira, como ja foi observado, o acento e obtido nao pela fon;:a do dodo
que pressioua a tecla, uem percussao do rnesmo e sim pela velocidade gerada
uo ataque. 0 dedo apenas se com o tonus minimo necessaria para nao
23
perder a flexao de suas tres articulagoes e poder conduzir a energia do impulso
gerado para a tecla.
'' i\s tres dos dodos sao: nos dodos 2 a 5 - arhcula\;ao metacarpo - falimgea (prim<;ira
articulacao), interfali'mgea proximal (segunda articula<;ao) e articulagao interfalangea distal
(terceira articula<;iio). Do po!egar - articulagao carpo - metacarpica (primeira articula.:;ao). articula<;ao
metacarpo- falangea (segunda articulagao) e articula<;ao interfa!angea (terceira articnla<;:ao).
104
Foto 3 - Concluslio do acento
Segundo Rezits, (Rezits, 1995. Op. cit. p.19) a principal diferen9a entre o
sistema da professora Vengerova e outros sistemas praticados e que, num ataque
sobre a tecla, eo movimento do pulso, antes que qualquer golpe do dedo, a pnme:1ra
fonte de fof9a.
2. A posi~a da mao
105
do caminho entre a tecla branca e a preta, e o polegar
colocado latenilnlSilte sobre a tecla. As articu!agoes sao arcadas,
e a ma.o conservar o plano ajustado a nao em
dire<;:ao ao polegar ou ao "uu11.v 1982. Op. cit.
p.22].
(the longest} is nearest the black keys, the second and fourth fingers a little behind, the
about midway between the edge the while keys and the black the placed
with its nail on the key. The knuckles are arehed, ead the hand is held level so that is does not tilt
toward either the thumh or fifth
"Ver glossario no aoexo L
106
Foro 5 - Posi«;ao curva
!07
E as var1ta,ger1s mesmo cementa
e
s6 se
mantem enqu;anito
que os dsdo
musculos a se reJlax:ar<om
dedos.
2.1. Os dedos 2 a 5
se mcwi:menti1m a
a e
Vnr ancxo H.
Foto 7 - Posi~a dos dedos
2.2. 0 polegar
27
Ver gioss<irio no anexo L
!09
Foln 8- Abdu!;OO do polegar
l!O
3. Uso do toque nao percussivo
Ao tratar deste assunto, Schick afirma que no metodo de Vengerova: "A ponta
do dedo deve estar em contato com a tecla todo o tempo. 0 toque basico de
28
Vengerova e preparado niio percussivamente." (SCHICK, 1982. Op. cit. p.23)
28
The fingertip must be in contact with the key at all the time. The Basic Vengerova touch is a prepared,
non-percussive one.
29
Ver anexo l - glossario de termos utilizados.
111
0 professor Kaplan afirma que:
A grande questiio esta entiio em, como afirma Richerme, (RICHERME, 1996,
Op.cit. p.81) conciliar precisiio e firmeza de toque com aus€mcia de fixac;;iio muscular.
Para isso, ao nosso ver, a consciencia corporal e condic;;ao essencial, durante o estudo
e a execuc;;ao.
Alem do que foi comentado, o Professor Kaplan ainda comenta que: "A perfeita
coordenac;;ao do sistema muscular necessaria para realizar uma determinada ac;;iio
(movimentos), faz que o gasto de energia necessaria para executa-la seja muito
menor que no caso daquela estar ausente" (KAPLA.N, 1987 p. 32).
30
Ver anexo I - glossario de termos utilizados.
31
Ver anexo I - glossario de termos utilizados.
32
Repose and the avoiding of all unnecessary movements are absolutely necessary, when one intends to
play in a decided manner. Any uneasiness endangers not only the tone which is just struck, but also the
following ones.
112
5. 0 uso do peso do bra<;o, e a transferencia do mesmo pelos dedos em
passagens especificas.
0 uso do peso do brago seja ele im6vel ou em movimento nao quer dizer que o
mesmo esteja passivo, pois para o seu uso se faz necessaria a contragao 33
ativa de
musculos motores dos dedos, bern como de outros segmentos do brago. Alem disso,
quando se utiliza o peso do brago, na verdade, trata-se de parte do peso. 0 declo ao
receber o peso do brago, esta dividindo-o, no minimo, tambem com a outra
extremidade que sustenta o brago inteiro, no caso o ombro.
Esta expressao diz respeito a nao utilizagao da parte superior do brago, ou seja,
do ombro na produgao do som. Como ja explicamos, no item 1, o pulso e que esta
diretamente ligado a produgao sonora. E evidente que o antebrago tambem participa
da produgao, ou numa visao mais minuciosa, ate o brago inteiro, mas nunca o impulso
vira do ombro.
33
A contragao muscular nao esta necessariamente ligada a fixagao muscular.
113
Estes seis t6picos comp6em o centro da escola de Vengerova. Nossa pesquisa
voltou-se primeiramente para a experimentagao destes e num segundo plano para a
aplicagao destes "comportamentos pianisticos" na execugao das pegas supracitadas.
lmciando o trabalho
34
Sobre este item o Prof'. Dr. Claudio Richerme esclarece passo a passo como se da este processo, em
seu livro "A tecnica pianistica uma abordagem cientifica" no capitulo 4, item 4 na pagina 90.
114
a capacidade potencial que todo individuo normal possui de controlar
intencionalmente a execu;,;ao de uma atividade de maneira a realiza-la
com urn m!nimo de tensao nos musculos requeridos, ao mesmo tempo
em que inibe, deixando-os em estado de repouso (relaxados) aqueles
que, momentaneamente, nao sao necessaries. [KAPLfu"J, 199!l. Op. cit.
p.5)
A mao pronada - o professor devera ensinar o aluno a observar o que foi citado
no item 2 "A posi~a da mao" deste capitulo, em "As concep<;oes sobre tecnica
pianistica". E importante salientar que a prona<;:ao do antebr~o dove ser
trabalhada, pois na maioria das vezes nao se esta acostumado com tal posi~ta e
este fato certamente dificultara o posicionamento equilibrado da mao.
Aconselhamos que o aluno durante alguns dias (o tempo espedfico varia a cada
individno) ajuste o antebrai(O a posigao pronada por alguns segundos e logo em
seguida retorno a sua posi~ta naturaL Aos poucos a pmnagao ira ficando mais
facil e mais comoda ate que o aluno se sinta totalmente a vontade para
posicionar a mao no teclado.
115
3) A produgao dos acentos por meio do pulso:
Como foi citado, o aluno deve ser primeiramente introduzido neste sistema de
tecnica e produgao do som aprendendo como tocar urn acento em cada nota
com a posigao basica (arcada) dos cinco dedos. 35
1 J j J j
l l l l l
Figura 64 -Playing in ones
35
Sobre a produgao de acentos por meio do pulso, rever o item 1.2 deste capitulo na pagina 114.
36
Ver gloss3rio
116
,, JJ J1 i fJ
em dois
l i l i l i l i
3 I fJ~
em t:res
J~
lillitlii
8
Jij
,, JJ Ji ®
em quat:ro em oito em oito
JO IJJ jg ~? )0 I jJ=i~
liilllii l ji I I I I j li i I I I I I
Na figura anterior, as setas para cima representam as notas que tern uma
sonoridade mais suave, obtida pelo gesto ascendente do pulso.
117
Sobre a pnitica dos acentos como pulso, Robert Schick, (op. cit. p. 29) ao descrever
o trabalho da professora Vengerova, enumera sete pontos favoraveis:
(1) Urn sistematico metodo de praticar cada nota individualmente, e depois para
organizar essas notas dentro de grupos maiores. Este procedimento pode ser
equalizar o som.
equilibria da passagem.
passagem.
(5) A habilidade de tocar urn acento onde quer que se deseje durante a
execuc;:ii.o.
(6) A tecnica, ela mesma, ja ajuda como fraseado e como controle de cores e da
dinamica.
118
(7) Boa qualidade do toque - Isto e obtido pela ponta dos dedos em contato com
37
as teclas em todo o tempo (toque niio percussivo).
Este metodo de trabalho pode ser utilizado para o estudo de qualquer pega do
trabalhadas lentamente para que se observe com atengiio cada gesto empregado e
tambem de miios separadas, para que haja independencia e maior seguranga entre os
Tendo passado por estes exercicios, o aluno entiio inicia a aplicagiio nas pegas.
37
{1} A systematic approach to practicing each note individually, and then for organizing these notes into
larger groups. This procedure can then be applied to the study of sections of pieces.
{2} Evenness of passagework. Practicing with accents helps the fingers acquire independence and
strength so they can play with firmness and equality of sound.
{3) Good legato. Transferring the weight from one fingertip to the next when the accents are removed
helps achieve this and also aids the evenness of passagework.
(4) Relaxation where needed. Acquiring this in the wrist and forearm helps avoid the stiffness which
can cause rhythmic unevenness in passagework.
(5} The ability to play an accent wherever desired in performance.
{6) A technique which lends itself to musical phrasing and control of color and dynamics. (. .. )
{7} Good tone quality. This is aided by keeping the fingertips in the contact with the keys at all the time
(non- percussive touch).
119
~;:
120
"'-~;:
Capitulo 4
'(1bordagem pianistica
Kaplan
"'-~=:
121
11 bordagem pianistica
Gostariamos de deixar clara que nas ideias aqui expostas, nii.o temos a
pretensii.o de que estas sejam irrefutaveis, uma vez que sao fruto de uma pesquisa
de ordem pratica e refletem uma visii.o embasada nos conceitos por n6s
trabalhados. Tambem queremos enfatizar, mais uma vez, que nii.o e nossa
intengii.o desmerecer outras escolas pianisticas que por ventura trabalhem de
modo diferente.
122
~ lenda do caboclo
Abordagem pianistica
Piano
cresc. poco
5 rg,.g m.g.
>
Para que se consiga a sonoridade inicial, aconselhamos que tanto o baixo como
os acordes sejam tocados com urn movimento do pulso da seguinte maneira:
123
ataque, para baixo, nao devera ser mnito rapida, pois se trata de uma sonoridade em
piano. Este gesto descendente do puiso ira sempre coincidir, neste trecho da pe~,;a. com
a thesis a cada dois compasses, coincidindo tambem com a entrada dos baixos.
Para que nao haja acentos nos acordes dos tempos fracos consequentes,
sugerimos um gesto ascendente do pulso. Alem disso, os dedos devem estar com o
tonus minimo necessaria para que as notas nao falhem, deixando a a<:;iio do pulse agir
sabre ales.
124
Em relac;:ao a nota do soprano, esta sendo executada com a mao esquerda
cruzando a direita, deve ser alcanc;:ada por meio de urn salta guardando o menor
angulo possivel e recorrendo apenas ao uso do antebrac;:o, ou seja, sem a interferencia
direta do ombro para tal movimento.
Pelo desenho dos saltos observamos que em B ha urn menor gasto de energia se
comparado a A. Desta maneira, pensamos que todos os saltos devem obedecer a este
esquema.
Em relac;:ao ao uso do pedal direito, pela escrita da pec;:a, Villa-Lobos pede que o
baixo seja sustentado durante dais compassos inteiros. Para que nao haja urn
125
descontrole na graduar;;ao sonora, devido ao pedal prolongado, aconselhamos que ap6s
a execur;;ao dos dois primeiros acordes, as repetir;;oes dos mesmos sejam feitas em
diminuendo, evitando assim uma grande aglomerar;;ao sonora.
F
Figura 69- c. 9 a 12
1- Tocar o baixo com a mao esquerda e os acordes com a mao direita para que se
possa melhor controlar a sonoridade do baixo.
2- Tocar os acordes e o baixo com a mao esquerda direcionando urn maior peso
para o quinto dedo, realr;;ando assim a linha do baixo.
126
13
II • ~.
~ ,: j J j I
~- ~-
I
" I
. .~_: . ~ ~:
:
~ P;d ~
Figura 70 - c.13 a 15
3 2 5 4 3 I 3 2 5 4 2 I 2
•
'~D#I- t
r IIIJ. ~ ~ r Jil J f
r l#J p=g!Jil
Figura 71- Dedilhado c.15 a 19
38
0 termo "embaixo da mao" e por n6s utilizado para designar urn trecho musical que pode ser
executado sem que a mao mude de posigao ou realize grandes aberturas.
127
Se~:;ao 2 - Piil mosso
C. 27 a 32- Esta segao inicia com urn ostinato na linha superior que acompanha
a melodia executada pela mao esquerda. No compasso 27, e necessaria que a mao
direita esteja posicionada dentro do teclado devido as notas dup!as que nem sempre
estao nas teclas brancas. Eimportante definir me!odicamente este ostinato, destacando
as notas superiores.
A voz do tenor, por estar acentuada, devera ser sobressafda. Todavia, por se
tratar de uma progressao ascendente, aconselhamos que se inicie a execugao desta
linha mel6dica numa sonoridade nao muito forte, para en tao, a partir desta, comegar a
crescer, nota por nota, ate atingir o ponto culminante no compasso 31.
.
Piil mosso
" '
. - .
~ .... b :j "-~ r.;- -· ....
I I ~J-.
'
Figura 72 - c.27
c. 36
,.. -
<..37 c.3B
• IL . b.I I 'b. I d I_ I I i
•
. J.
q~
- 't· tf1 qr= ~ q~· 4~- -~ (!:. b.-..
-
Figura 74- c. 36 a 38
129
Ate o compasso 48 a execw;;ao da melodia no tenor esta escrita de maneira
confortavel. Os saltos que ocorrem nos compassos 33, 36, 40, 42, 44 e 48 devem seguir
a ideia, ja citada de guardar sempre o menor angulo.
Um pouco alegre
0 ostinato em notas duplas, executado pela mao direita, deve ser realizado da
seguinte maneira: 0 primeiro tempo e tocado com urn gesto descendente do pulso, isto
para que haja o acento pedido, assim como as notas acentuadas. Os demais tempos
que nao recebem acentos, sao executados com urn gesto ascendente. Na figura a seguir
ha uma exemplificagao dos movimentos em tal situagao:
Figura 75 - Oslinato
Tambem neste trecho, os saltos realizados pela mao esquerda devem guardar
sempre o menor angulo possiveL A linha mel6dica do tenor deve ser realgada e para
isso, o ataque de cada nota deve ser preciso e veloz. Deve-se recorrer ao uso do pulso
130
na execugao dos acentos, pois somente com os dedos, seria urn grande desgaste fisico
tentar tocar as notas acentuadas na sonoridade pedida (jj. As notas duplas da linha
superior, tocadas com a mao esquerda, devem tambem ser executadas com urn gesto
descendents.
I~ II -•~ I-
~
'@.)
:@
-
- I
-
Figura 76 - codeta
As notas superiores dos acordes devem ser realgadas. Para isso deve-se
direcionar urn pouco mais de peso sobre estas notas. Como a sonoridade anterior e
resultants de urn diminuendo, pressupomos que esta codeta deva ser executada em
131
pianissimo. Para isso. aconselhamos que tude seja tocado com ataques tranqiiilos,
controlando a descida da tecla lentarnente para que se consiga a sonoridade desejada.
Considera«;;fles
132
Choros n°5 -Alma Brasileira
Abordagem pianistica
Secao
, 1 - Moderato
Introdw;:ao
C. 1 - Esta pega inicia com uma nota Mi, no baixo, que aparece como pedal.
Nesta nota, esta marcada, alem de urn acento, a indicagiio de forte.
Figura 77. c. 1
133
terceiro dodo, o pulso e a mao obedecem a mesma linha que o antebrago, que se
encontra em pronagao 39 , como mostra a foto.
Na linha superior, executada pela mao direita, ha uma sequencia de acordes que
se movimentam por graus conjuntos "ostinato 1", que como ja analisamos no capitulo
2, se constitui como um "motivo do acompanhamento", As notas superiores destes
acordes devem ser timbradas, com o intuito de reaigar a ideia mel6dica deste ostinato,
por meio do uso de um maior peso sobre as mesmas.
'' i\. posi~a de pronagao do antebra<:;o e aquela em que a palma da mao se posiciona pam baixo com o
polegar junto ao corpo. (Kapandji, L A. p.96)
"' 0 toque preparado consiste em uma antecipagao das posigoos que serao realizadas na execu9ao de urn
determinado trecbo musical. 0 pulso e o bra9o se deslocam verticalmente em dire~ao a proxima posi9ao
enquanto os dedos caminham sem perder o contato com as teclas. {R.icberme. 1996. Op. cit. 182·183)
4
' "No movimento passivo de pulso, sao os movimentos do antebra<:;o que movimentam o pulso para
dma e para baixo. ocorrendo flexiio e extensao passivas do pulso, ou seja, sem que os muscu!os motores
do pulso se contraian1 para causar ou colaborar com a impulsao destes movimentos". (Ibidem, p 174)
pulso realize urn movimento para baixo no primeiro acorde seguido de urn gesto
ascendente para todos os outros acordes do compasso, com urn pouco mais de apoio
no terceiro acorde.
135
A partir deste compasso a melodia principal passa a ser exposta. Iniciada com a
nota D64, devera ser executada com urn gesto descendente do pulso, ja que se trata de
urn inicio tetico; alem de estar marcada com urn acento. Ja a segunda nota, Si3, sera
tocada com urn gesto ascendente para que nao ocorra um acento igual a primeira.
C. 4 - Em se tratando novamente de um inicio tetico, a melodia principal e
tocada com um gesto descendente e segue ascendentemente ate o primeiro tempo do
quinto compasso, onde ocorre o ii.pice desta frase. Durante o desenvolver da melodia,
seguimos a mesma ideia dos professores Myrian Ciarlini e Maurilio Rafael que
comentam:
Sempre para cima e para frente. Gada impuiso serve a
produgao de urn som e ao inicio do caminho para o proximo. 0
movimento do brago, desenhando uma linha imaginaria de curvas
elipticas, deve ser ininterrupto como sao ininterruptos os
movimentos das pernas ao caminhar. (CIARLINI;RAFAEL,1994.
Op. cit. p.49]
•
'
'-------
Figura 79 c. 4 e 5
136
compasso anterior, e marcada com urn sinal de forte. 0 interprete deverS. saber dosar
com cuidado o peso utilizado, junto com a velocidade do ataque, para conseguir a
dinarnica pedida, alem de se preocupar tambem com o acompanhamento, que deverS.
acontecer em outro patamar sonora.
C. 6- A nota So13 esta marcada com urn acento, para isso, utilizamos o pulso
como ativador da mao num impulso para baixo, gerando a velocidade necessaria a
produc;;ao sonora desejada. A segunda nota, F6.3, sera tocada com urn gesto ascendente
do pulso para que niio acontec;;a urn novo acento, pais nao e mais o caso. Na linha
inferior, deve-se manter o cuidado com a sonoridade do acompanhamento,
observando os sinais de crescendo e diminuendo, sempre em func;;ao da dinamica
estabelecida na melodia superior.
C. 9 e 10- Vale o mesmo dito no compasso seis, ou seja, o pulso como ativador
do acento e o usa do gesto ascendente para a nota niio acentuada. Apenas observamos
uma mudanc;;a no acompanhamento onde ha apenas dais acordes, mas a ideia da
dinarnica coincide.
137
Figura 80. c. 12
~,-
f·
~-:)
Figura 81 c.13 a 15
C. 13 - Este compasso e uma ponte que liga ao proximo periodo. Nele continua
a ideia do ostinato, porem desta vez sofre uma pequena variac;:ao ao ser escrito uma
ten;:a acima.
C. 14- Para que se possa timbrar e segurar as notas da voz superior, enquanto a
segunda voz realiza o ostinato, faz-se necessaria, ao nosso ver, que n£10 ocorra uma
fixac;:ao muscular nos dedos responsaveis pela execuc;:ao da melodia, alem disto, o
138
pulso deve se manter flexivel, possibilitando urn maior controle dos diferentes pianos
sonoros entre a melodia e o ostinato 2.
42
C. 15- A execm;:ao das oitavas deve ser feita de forma preparada • 0 dedo,
posicionado na ultima semicolcheia de cada grupo que intercala as oitavas citadas,
serve de eixo na passagem, ou seja, enquanto a mao se movimenta em direc;:ao a
proxima oitava, este permanece sabre a tecla abaixada, mas de maneira flexivel
colaborando com o deslocamento da mao.
5 5 5 5 4
42 32 2 12 13213 21
42
Os dedos devem somente largar as teclas no Ultimo momenta, atuando o pulso de maneira passiva,
enquanto 0 bra90 e que conduz a proxima oitava.
139
Foto 12- Posi<;ao inicial de oitava c,l6
140
buscar a posi<;;ao junto a nota La. Devido ao posicionamento da mao, o segundo dedo
executarii. duas notas vizinhas, Sol e Fa# e logo ap6s hii. uma passagem do segundo
dedo sabre o primeiro, ainda no ostinato, para entao o quinto dedo se posicionar sabre
a nota So13, ficando o restante do trecho absolutamente "embaixo da mao".
>
Figura 83 c.23 e 24
141
indicac;:ao de dinamica. Consideramos de born gosto musical urn diminuendo neste
trecho, pois assim achamos mais logica a transic;ao para uma proxima sec;ao que se
inicia em pianissimo.
Figura 84 - c.25- 26
Uma questao importante a ser observada neste trecho e o que diz respeito a
posic;ao da mao direita. Esta passagem necessita de uma maior abertura entre os dedos,
tendo em vista que, logo no primeiro tempo, o interprete tera que buscar uma posic;:ao
que facilite a execuc;:ao da oitava de Si, enquanto que o terceiro declo, logo em seguida,
ira se posicionar na nota RM. Trata-se realmente de uma adaptac;ii.o, pois estando a
mao em posic;ao de oitava o mais natural seria o terceiro declo se posicionar proximo a
tecla Fa# como mostra a foto a seguir:
142
Foto 14- Posi~:a de oitava
143
Na segunda rnetade do segundo tempo, faz-se necessaria urn pequeno sal to para
que se possa alcangar a oitava de Sol corn a nota Si3 sendo tocada, no rneio, corn o
segundo dedo. A proxima oitava segue a rnesrna ideia de abertura e extensao do pulso.
Alern do que foi dito, a distancia entre as oitavas, executadas nas teclas brancas
e pretas.. deve ser rninirnizada por rneio de urna aproxirnagao dos dedos as teclas
pretas, enquanto estes se posicionarn sobre as teclas brancas.
Ern todo este trecho pode parecer rnais facil para a execugao manter a mao
inclinada para 0 lado do quinto declo, todavia este ultimo iria tocar "deitado"
cornprornetendo a sua precisao, ja que ele e quem ira se encarregar de manter o
"cantabile". Sugerirnos entao que este rnesrno dedo se posicione de modo que fique o
rnais proximo da posigao vertical de rnaneira que esteja rnais preparado para o ataque
da nota. Sobre este posicionamento do quinto dedo, Richerme cornenta que:
3
' Ver analise musical capitulo 2.
144
>
Figura 85 - c.29
Segue no ultimo tempo urn arpejo ascendente que se configura como urn efeito
sonoro, que e uma das caracteristicas da musica para piano de Heitor Villa-Lobos. Este
deve ser executado com bastante rapidez, sobretudo no ataque das notas, para que se
consiga a sonoridade forte indicada. As cinco primeiras notas sao tocadas com todos os
dedos da mii.o esquerda, e as trl§s ultimas, com os dedos primeiro, terceiro e quinto da
mii.o direita respectivamente. Observemos que com a sugestii.o de urn rallentando no
segundo tempo, e possivel a realizagii.o deste arpejo de forma que a pulsagii.o nii.o seja
alterada. Ap6s sua execugii.o subitamente deve-se retornar a sonoridade piano que
perdurara ate o compasso trinta e dois.
De urn modo geral, temos que realizar trl§s tarefas para conseguir uma perfeita
equalizagii.o nesta segii.o:
145
3) Nos acordes, timbrar a nota superior formando uma melodia secundaria.
Un poco animato
~ M H. ... 3
II
.... 3 3 6:i
,..
'..__/
•
f ~ sjjz
Figura 86 - c.32
C. 36 - Nesta segao, mais uma vez, o quinto declo da mao direita ira se
responsabilizar pelo cantabile. Para isso, se faz necessaria, uma boa colocagao do
mesmo durante a execugao.
146
Observe as fotos a seguir:
147
Foto 18 - Detalhe do quinto dedo
(Posi!(ao errada, o dedo esta deiladol
0 peso utilizado deveni recair sobre o quinto dedo, de modo que este sempre
esteja com a maior sonoridade. Para a produgao dos acentos sfz, recorremos a ajuda do
pulso para a aquisigao da velocidade do ataque necessaria. Nas partes do
acompanhamento em piano as repetig6es dos acordes devem ser realizadas sem que se
deixe a tecla subir totalmente ap6s o primeiro toque. ficando mais facil a repeth;ao dos
mesmos numa sonoridade suave.
·- -· ~
>
~ !:
>
!:
>
'"
f >
(",
(",
>3
0
mf
(",
-
~ ~1. ~- \~ i~ -~
1\-~
--;=•:; ~ lo- 1,3 (\
3 (",
3
(",
3
.
:u
- "'
-- i ~ ~ li
> ... > >
!:":"'!!":-- -----
' H.
f-=~ .- - · · : il --- ~ :.-,...
q 1:;- 1----- -,~: ~
>
I
>
t.!!- q11.
> >
_,.
•
f = , mf - - -::::
> 0 (",
r---:- (",
. ' ~ ~
> 3 t\_ rnfi Q (", 3
- : ~: • ~ l ' ~4
$3, ~'· r
..-
~ ~ i
149
~ H.
if
----
-~
~
.-J-
·-·
iff mf
~
q
~
---, ....
- ,
--
L..J
I
,
-------
J,: I I
mf
==
~ "1 l .,..
~ '~ ~ -~,; M! ! ! ! t !
Figura 88 c. 50 ·51
Tudo o que foi dito na primeira sec;;ao, pode ser aplicado nesta, pois se trata, de
uma re-exposic;;ao do material ja utilizado.
Considerac;:oes
Por ser uma pega rica em contrastes de dinamica , aconselhamos que se estude
desde o inicio, realizando os pianos sonoros pedidos.
Observa-se nesta pega maiores aberturas entre os dedos, alem de posig6es pouco
comuns para as maos, por isso deve-se estar atendo para que nao ocorram tens6es
desnecessarias.
151
~;=:
152
\? alsa da dar
Abordagem pianistica
153
Foto 19 - Maos dentro do teclado
154
Os saltos realizados, por ambas as mi'ws, devem guardar sempre o menor angulo
para que sempre haja tempo para o re-posicionamento das mesmas nas pr6ximas notas
a serem tocadas.
B...•.•.•. -I
>
J., .">
•)
Figura 89 - c.1
No terceiro compasso, a nota Mi3 da linha superior, par ser uma nota longa,
deve ser executada com uma sonoridade urn pouco mais forte, para que possa ser
ouvida em toda a sua duragao, ao mesmo tempo em que as notas do acompanhamento
guardam uma sonoridade menor. Observemos que o proprio Villa-Lobos escreveu urn
acento nesta nota, pois conhecendo bern o instrumento para o qual compunha, sabia
que se esta nota niio fosse acentuada, o seu som logo se extinguiria e se perderia em
meio as notas das vozes inferiores.
155
8......... -I
> > ."> r..
J. > r..
•!
~ I
.
··' r 1,;1
5 2
5 2-5
3 1 5 3
J. IJ. J.
J. J.l J. J_4QJ
2 2 1
156
As notas da linha do contralto niio devem sobressair, em sonoridade, a nota
sustentada da linha do soprano, pois isso quebraria o sentido da linha mel6dica
superior. 0 problema consiste em cantar corretamente a nota prolongada do soprano
para que esta niio se extinga antes do tempo que esta escrito.
157
de comentarios, apenas ha uma indicagiio de piGilissimo no ultimo tempo. Para isso
basta urn toque mais !eve e urn ataque Iento para que se consiga o contro!e da
sonoridade pedida.
~
5 r-..---;,
[3-5] (4-5]
4
'1 2u ' "U ·r qr
1
4 3 2 1 3
'p 3r
2
.---. ~
. 1
2 1 2 1 :i-'-3 2
f'- -rr r~·
Figura 92- Dedilhado c. 11- 12
44
Ver o termo "Liquidagao" no Glossario.
158
Sec;:iio 2 -Allegro ancioso
Esta se<;;ao tern por caracteristica uma maior densidade sonora decorrente da
propria textura utilizada, alem da mudan<;;a de carater. Nela o quinto e o quarto dedos
da mao direita tern fun<;;ao de timbrar a linha melodica, fazendo-a sobressair ante os
acordes.
C. 14 a 20- Como ja foi citado, a linha melodica deve ser ressaltada por meio de
uma sonoridade superior a dos os acordes. Para o processo de timbragem, ao nosso
ponto de vista, nao e necessaria que se incline a mao para o lado do quinto dedo, como
pregam algumas escolas. Ao nosso ver, isto poderia diminuir o contato dos outros
dedos com as teclas. Aconselhamos entao que se mantenha a mao numa posi<;;ao de
equilibria, ou seja, nao inclinando nem para o lado do quinto dedo, nem para o lado
do polegar, e se mantenha o quinto dedo o mais proximo da posi<;;ao vertical para que
45
este possa controlar melhor o "cantabile".
Para isso, na mao direita, os dedos quarto e quinto, responsaveis tambem pelo
legato da linha melodica, receberao quantidade maior de peso, enquanto que nos
outros dedos, o peso devera ser diminuido. Alem disto, o ataque sobre as notas
timbradas devera ser mais agil, para que a velocidade de descida da tecla possa, junto
com o peso, au:xiliar na produ<;;ao sonora.
Para a repeti<;;ao dos acordes, aconselhamos que estes sejam executados sempre
com os dedos em constante contato com as teclas, realizando as repeti<;;6es sem que as
mesmas subam completamente apos o toque. Desta maneira, fazendo com que os
martelos nao retornem totalmente a posi<;;ao de origem e percutam as cordas sempre na
metade do percurso original, colaborar-se-a tambem como legato.
45
Sabre o desempenho do quinto dedo na posigao proxima a vertical rever o comentario da abordagem
pianistica da pega Choros n°5 Alma Brasileira nas paginas 145 e 146.
159
C. 21 - Neste compasso a maier dificuldade esta relacionada a sonoridade, ou
seja, a equalizagao das vozes.
>
. LH .H
1
-•
' .:
~
sfz a. tt:!mpo
dz pp
.. .."~
rr:_
a~ J 1- 1-
~
I I I
1- 1-
'' ' '
•
Figura 93 - c. 21
Os acordes devem ser tocados de modo que nao se perca a sonoridade da nota
sustentada da linha do soprano Mi4. Observando a partitura, ve-se que Villa-Lobos
escreveu urn pianissimo entre os acordes, pais sabia que s6 desta maneira seria
possivel manter a sonoridade da nota sustentada. Assim, Villa-Lobos nos mostra, mais
uma vez, bastante intimidade com o instrumento para o qual compunha.
160
C. 28 e 29 - Observa-se a presenga de uma linha cromatica nas notas duplas nas
linhas do contralto e do tenor. Esta linha cromatica devera ser realgada, mas nao deve
ser mais forte que a sonoridade da nota sustentada na linha superior.
Se~ao 3 -Moderato
Se~ao 4 - Moderato
Figura 94 - c.40
161
Foto 21 -Mao direita dentro do teclado
As notas da linha do soprano devem receber maior enfase, por meio do peso e
da precisao do ataque, enquanto que os acordes em staccato devem ser tocados com
leveza. Para isso, basta que o interprete direcione o peso, na mao direita, apenas para
os dedos 4 e 5, que tocarao a linha mel6dica, e alivie os demais, que tocarao os
acordes.
Aconselhamos ainda que nos acordes em staccato, logo apos ser tocado o
primeiro, imediatamente o proximo seja preparado antecipando, desta forma, a
colocac;:ao dos dedos, isso quando ha mudanc;:a de acordes. Alem disto, o salta
realizado no final do compasso 41 para o inicio do proximo deve guardar o menor
angulo possivel, para que alem da economia de energia se possa tambem ter precisao
na hora de posicionar a mao no lugar que se deve chegar.
162
Se~ao 5 -Allegro -Lento -Moderato
0 ultimo acorde da linha superior esta escrito sem arpejo. Aos que alcangam a
disti'l.ncia de uma decima, aconselhamos toca-lo como esta escrito, nf10 sendo possivel
pode-se arpejar.
Ap6s a execugao deste acorde, os pr6ximos que seguem na linha inferior nao
devem ser muito fortes para que a sonoridade nao ultrapasse a da linha superior, que
esta sendo prolongada.
163
Considera!{oes
164
P oema singelo
Abordagem pianistica
Se«;:iio 1 -Andantino
46
A expressao ''embaixo da mao" significa que as notas que irao ser tocadas ja estao abaixo dos
dedos e por isso a mao precisa ir busca-las.
165
quarto compasso uma movimenta\(i'io em dire\(ao ao centro do teclado, onde
voltara ao estado de repouso na nota Re3.
Figura 95 - c. 1 a 4.
"Impress6es Seresteiras (1936) pe~a numero dois do ciclo brasileiro, dedicada a Arminda Neves
d'Almeida
166
C. 9 e 10 - Ha nestes compassos uma pequena escala onde se observa tres
passagens de polegar, vejamos o dedilhado do fragmento a seguir:
i &'' l
~·
ilqJ 1 s J13 lEY rl' r:-
1 1 1 1
Figura 96 - c. 8 a 10
Figura 97 - c. 11 a 13
167
C.14 a 16- Na linha superior. ha a repetigao do acorde Re, sem a terga, em
registros diferentes.
48
Ver gloss8rio no anexo I.
168
C. 25 e 25 - Devido ao fragmento oscala que aparece nostes compasses,
vorif:lcanli)S dua.s passagens de polegar, e inicialmente uma passagem do segundo
dedo sobre este. Em rela<;:ao a tais passagens, pode-se seguir o que foi dito
anteriormente no inicio desta analise.
169
Jii a direita, utilize somente as teclas se em posigao
de com o segundo dado sobre a nota sol. Esta posil;;ao sera repetida uma
olt;"v" acima e devido a repetigao da nota D65, a troca entre os dodos cinco e um,
devera ser bastante rapida.
170
no em
tres partes, sendo respectivamente: a b 44a e a' 54 a
33 a so
constitui em quatro pianos sonoros, se considerarmos as oitavas como um s6
>
> '
I'~ v dqm$YI
t
A(
•
::
- s~-
• ;;
Figura 99 - c. 33
notas da segunda voz com os dodos pr6ximos as teclas com o intuito de u"""'''v"
r:n·ntro!Btr a sonoridade, que nao ser superior a oitavas da 1n•~ura. n.nc:ru
h Vcr antllisn
J 7l
>~
•~df EW~wt±
Figura 100- Compar~ entre as ~as
172
Folo 25 - Posi<;lio arcada em oitava
41
A expressao "relevo do teclad<J" e por nos ntiliz11da se renmr•oo a dif<1rer1qado alturas entre o
teclado branco e o teclado
173
executa-los e primordial uma total flexibilidade e agllidade nos
movimentos do pulso. rolagao ao deslocamento lateral. este devera ser feito.
modo que as maos se movimentem praticamente coladas ao tedado, ou seja,
niw ha uecessidade gestos de grande verticalidade na mudanga de acordes.
Ao nosso ver seria de grande auxilie para a regulartdade ritmica, trabalhar a
relagao dos dois polegares.
174
polegar da
>
;
Figura Hl2 c. 52 - 53
Nos e na oitavas.
Se~ao 4 - Vivace
C. 100- Neste trecho os dedos oscilam entre as posio;;oes plana e curva entre
as teclas brancas e pretas respectivamente. Sendo, as tedas brancas tocadas na
posi;;;ao curva e as pretas na posio;;ao plana.
nesta
passagem. Toda a movimenta;;;ao, neste trecho, parte deles e a ales retorna. As
fotos a seguir as mudano;;as de posi96es dos dedos.
176
Foto 27 - Posi<;iio plana
177
a se
Sol:1re a llllJ)Ortancia
"Na posic;ao
a dOS UGUVO, U.lt:\l1Liii CQlll 0
dese:nvohrern em
(KAP.c~1JI, 2000. Op. 172).
prt)Xl:mo acorde.
1
l 2 2 •'
2 1 l 4 1 4 1 2 3 4 1
4
4 2 1 2 3 4 2 3 2 3
5 5
5 5 ~}-.,
~ q,.·~. .L .;.. .•
""
:
> > 3
3
> > 3 >
' j
2 •
4 1 2 3 4 1 4 1 2 3 1 1 4 2 3 4 J 2 3 4 1 "'
5
..• 3 3
3
---.. .• • • .• • -+
3
3 3
~- >
c. -A uma
acordes em Staccato. Aconselhamos se
ao Quanto ao staccato em
este e realizado com a ajuda do pulso. no memento em os dedos as
180
Set;ao 5
Esta segao e uma segunda repetigao, integral, do material musical exposto
na segiio 1, logo sao aplicaveis os mesmos parametros tecnicos em sua execugao,
Considerat;6es
Como o titulo sugere, esta pega nao deve ser tratada com arroubos de
sonoridades e ag6gica e sim de modo simples, "singelo". Apesar de haver pouca
notagao de dinamica, deve-se observar as progress6es harmonicas, onde par
exemplo, na segao 2 a harmonia conduz ao apice na parte b. Alem disso, pode-se
pensar em crescendo nas linhas ascendentes e diminuendo nas linhas
descendentes.
0 vivace deve manter urn carater ritmico, e como afirma Souza Lima: "No
vivace, o efeito verdadeiramente brilhante e obtido por urn desencadear de
acordes brincalh6es que parecem divertir-se com o proprio efeito" (SOUZA
LIMA, op. cit. p.96).
181
~;:=_
182
Gonclusao
183
C'ondusao
184
ou nurn rnesrno cornpasso, corn rnudant;:as harmonicas. Sabernos que o proprio
compositor gostava do uso de rnuito pedal ern suas pet;:as, todavia isto traz ao
interprete o desafio de controlar, por rneio de urna correta equalizat;:ao, os efeitos
cacofonicos, escolhendo deste modo os sons que desaparecerao prirneiro para ir
lirnpando o arnalgarna sonora.
No tocante a abordagern pianistica, virnos que ao passo ern que esta estava
sendo realizada, o nosso estudo pratico das pet;:as ficava cada vez rnais solido e
consciente, pois todo o gestual utilizado, ao ser tratado de rnaneira esquernatizada, nos
fazia obter resultados rnais rapidos na aprendizagern. Isto foi verificado nao sornente
nas pet;:as que cornp6ern este trabalho, mas ern outras estudadas pelo pesquisador
durante o curso. Virnos tarnbern que, ern se tratando de pet;:as corn rnuitas informat;:6es
escritas a serern transformadas ern sonoridades, esta esquernatizat;:ao tarnbern
colaborou corn o processo de rnernorizat;:ao, pois o estudo, ao trabalhar cada gesto ern
funt;:ao da sonoridade e fraseado a ser obtido, unia a rnaneira de se tocar corn a
aprendizagern das notas, dos nfveis dinarnicos, das articulat;:6es, do fraseado e da visao
total da es tru tura.
185
Como dissemos na introdw;;ao deste trabalho, nossa intengao ao realizar esta
pesquisa era gerar urn material de carater didatico e informativo, voltado para alunos e
professores de piano. Fica entao aqui registrado nosso modelo para a construgao de
uma performance, em tres passos: conhecendo a hist6ria do compositor e sua estetica,
analisando a estrutura da pegas escolhidas e esquematizando a tecnica de acordo com
a escrita. Terminando estes passos, e possivel a realizagao de uma performance
consciente.
186
J3 ibliografia
187
J3 ibliogra:fia
ABREU, Maria; GUEDES, Zuleika Rosa. 0 piano na mfisica brasileira.
Porto Alegre: Movimento, 1992.
ALMEIDA, Oriana de. Mfisica atraves dos tempos: do sec. XVIII ao sec.
XX. Natal: UFRN- Editora Universitaria, 1991.
188
CIARLJ:l','l, Myrian - RAFAEL, Maurilio. 0 piano. Campina Grande:
Edi~6es LIAA, 1994.
189
KAPLAN, Jose Alberto. 0 ensino do piano: ponderar;;6es sabre a
necessidade de um enfoque cientifico. Joiio Pessoa: Editora Universitaria
UFPB, 1977.
190
_ _ _ _ _ _ . Heitor Villa-Lobos: Ufe and Works of the Brazilian
Composer. Washington: Brazilian American Cultural Institute, 1970.
191
PEPPERCOR.N, Lisa M. The World of Villa-Lobos in Pictures and
Documents. London: Scolar Press, 1996.
SADIE, Stanley. The New Grove dictionary of music and musicians. 2nd.
192
STRAUS, Joseph. Introduction to post tonal theory. 2 ed. Upper Saddle
River: Prentice Hall, 2000.
193
--
194
-~=
Tlnexos
-~=
195
'(l.nexo I
196
ANTAGONISTAS (musculos) -Sao os musculos que atuam como opositores a
ac;:ao dos musculos agonistas. Podem tambem se contrair com a finalidade de
fixar articulac;:6es dos ossos (ver agonistas).
197
FLExAO - Segundo Hamil e Knutzen: "E o movimento de curvar-se em que o
angulo relative entre dois segmentos adjacentes diminui". (HAWL: KN1JTZEN,
1999, Op, cit. p.12)
MAO PRONADA- Posigiio que a mao adquire ap6s ter realizado o movimento de
pronagao. Ver pronagao.
OSTINATO - Termo que se refere a repetigao de urn padriio musical por muitas
vezes sucessivas enquanto outros elementos musicais sao geralmente
modificados. ( ... ) A repetigao regular de urn padrao requer, no minima, a
existencia de uma estrutura ritmica na qual outros elementos podem ser
acrescentados (SADIE, 2001 p.782).
198
PEDAL SINCOPADO - Este termo se refere ao uso do pedal direito (pedal
sustain) quando o mesmo 8 acionado logo ap6s a nota ser tocada, e nao junto com
amesma.
PLAYING IN ONES- "Executar uma por uma". Termo utilizado pela professora
Vengerova para a pratica do exercicio que consiste em, por meio do pulso, tocar
urn acento para cada nota.
199
'(lnexo II
1 o Metacarpico
Art•culacao Carpo-metacarp1ca
20 Metacarpico/
/
' 1
Articulacao Metacarpo- falangea
Falange proximal (1• Falange)
/ Falange distal (3• falange)
1
Art. interfalangea distal (3• art.)
Art. lnterfalengea proximal (2• art.)
Artmed, 2000.
200
Partituras das pegas
201
I'~ A
\1'
."
::.
A
A
A
0
••
~·
••0:
(
A
. .. :;;
\.- ~·
•
'
A ~
~· ..
"<
0
-l
u
0
:
co
<
u
0
0
•
<
0
zw
"
.,0•
0
-l
'3a
< s
.,"••
.
0
8
0
::.
~ •
:;
" .;
"'~
0
~
~
202
'i \'
-..
0·
0
~
ac.. .
•
'"' "
) ~-
h "
•• :: A
))
.~
• -•
h ))
-~ )A
.....
~
(
f
) A
~
{ /(
~
Gi
t
-'91
'
t ._;,
A
'-;
.,!,
~
(~
t I
A !...;
-f.c.
-
':.t
A~ "::_:!
r"-'
A~ :J::
t Aj
t -,
~- ..-· .
. ~-
<1~ .,
~
z
" • <
' '- '
203
i
' -
z
<
204
66
I)!
J Arna/J~ Gu;,tlt
ALMA BRASILEIRA
CHOROS No.)
H. VILLA·LOBOS
Rio, 1925
Moderato (M,M, J ~ u)
dcle:ntt Ben marcato
-~· ;;. +•1!:-
-...... - "':*'-"-
-
~
' ~. ~
- ' - .
ilv .f ..... ==- '
mf--====:. :.:::=:-.. p)i .....
f PPfbn n--.n
~ ~ ~ ~
-
;f~ > I. .:. . ._ ~ ...r~Y.:"ando)
p~f
N
0 -==
~
"'"' _-;--_
Lento
>'"J"" -a:_
Vl ~ >9"' ·J'
j~
rail.
Lento = ~- 0 .. -~ - .y--·---
7 'T
" 8'· '3"
" r. ~
_______
,. ~
lr
~
~ ~
> >
f~
r'-~ r· =::::t. r~
~-c
A1-!+ft.....:_--flti ~liP
A
1~-.til Ill
'
0
d
.~
0
•
0
u
:;. 1\ '+\-H+---"
:']
-;;
•
))
206
!TI~ (~
~I
II I
~l
I~
I §]
.J
I (" ~" ::
~
~ A
J :.~' §!
- E II
~A •• ~·
l~ ~
I I~
§ A
-§ ~.,
;.._., ~
Q
A
1
11
~
~.
A ~
§l· Ill
'!!, }ali.
A
Q
•• ~b" I ·~
A
~':J
J
Q
5
~
g I"JJ
jl~
~. =
• A
A li~A A 1/tA
;:.!, 511
1
I
~
~
<
~
.. : to
I
~
~ - /~l):iA
AI .
(( I
'
~ (
{ I¢11P
((A ( ((
I
)) 'i' ) )
. I ll
~{ ~
..
·------- " ............. -----------
207
..... _
. 1
...
208
"
·-···
-----------
--·--··
if!
0
~
0
,.),
·~
·C
~
..l
~
;.
.,;
~ p
" p:;.,
""'" Q:o>
,::{::l
"" <tj2"'
"~
>=1:3
"'
..," <tl~
"
;, w..,
,," r-::15 ~
~-
u
~ •
"
•0
'"
:::e
-..
"0
~. ....,..
0 o"
,;:
"
~ Ei
0.
~ ""
"'
~
"'•
.,
•'
"
209
, A4
A I
210
..-.··.
·~.
...:,·,,,
211
....
"' POEMA SINGELO
SIMPLE SONG
H. \'ILLA-LOTIOS
Rio. 1941 > =- > :::.- ;;.-
rh Q
'.....-!-
I' t
.3
j 1r r 1 4
p
±
~r + t:~ u- f
>
.. _. > ;;.... ::- I :::.- -- ~ .~
~
bf' "" If b~ p :;t
N r· g·---- r·
~
N r·-
r· - -
f..:___f• r·
~;!:1 1e~ ~,;.'
11
t ;:i!~tu•< PoJoii•h"'· Inc.-An Ri 1:h•· R.....-"·"1
:-.;,,.. ,-J;,;,.,, ,.,;,.,! l•r or.,. ""''I'"''"
•
.'_;~:,
.:0.
'
Il~ A
=
213
" '• ~
1
·~~· i--
·.E -
·;·
''
:.
~
.;
"'
~
l·
\
"
~
~) [tiA
~
A t>-
I (•
1- ~'!
'"," .
'< 'L.
, __
._,~
·-~
tO_
"'
~
r
._ "···
~
"
"
I /llt-r-
E IIIIi-
•...
I
1~
i ~
i
"'
-
-· .
)._
-
-
.
l\, 1---
-
"
~'
.. .
'--
..,
--.
,_
) ..,
~ -,
~ '-- I~
<
t>
216