Desculpa
Desculpa
Desculpa
Faculdade de Engenharia
Viabilidade tecno-económica de
telhas fotovoltaicas
Estudo de Caso
iii
iv
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela sua proteção, pois somos seres incapazes de atingir
quaisquer patamares se Ele não estender a Sua mão.
A Profª. Doutorª Maria do Rosário Alves Calado, que aceitou o desafio de ser a minha
orientadora, permitindo que eu pudesse alargar o meu leque de conhecimento nessa área de
estudo, os meus sinceros agradecimentos.
Agradeço ao Eng. José Álvaro Nunes Pombo que se mostrou disponível para nos acompanhar e
apoiar durante a escrita da dissertação, partilhando seu conhecimento e experiência, bem
como aos demais colegas de laboratório.
Estendo ainda os meus especiais agradecimentos aos meus colegas e amigos que sempre se
fizeram presente em todos momentos sejam bons e maus. Seu companheirismo permitiu que
pudéssemos concluir esta árdua tarefa.
v
vi
Resumo
A energia elétrica está na base do desenvolvimento das sociedades, por isso, a busca por
novos recursos energéticos é atualmente uma incessante tarefa. Por conta disto,
investigações focadas na exploração da energia solar têm assistido a um crescimento
considerável, por se tratar de uma fonte limpa e renovável. Evidencia-se, no entanto, a
produção fotovoltaica por meio de sistemas fotovoltaicos de pequena ou grande dimensão,
garantindo uma redução significativa a nível global da exploração dos combustíveis fósseis.
Assim, a investigação nesta área deverá ser potenciada para que estes sistemas possam ser
cada vez mais eficientes, permitindo avaliar diferentes possibilidades de exploração do
recurso solar, tanto a nível doméstico como industrial.
Para tal, em primeira instância, é apresentada uma visão geral sobre o interesse mundial na
exploração do recurso solar, levando a um desenvolvimento cada vez mais crescente das
tecnologias de conversão – as células fotovoltaicas. Este interesse tem suscitado a análise de
diversas facetas desta tecnologia, entre elas, a BIPV. Assim sendo, foram abordadas as
vantagens e as barreiras relativas à sua implementação, bem como os vários tipos de
tecnologias inerentes a ela. Neste seguimento, com o intuito de poder simular esta tecnologia
num caso prático, são primeiramente estudadas as condições veladas pela legislação
portuguesa no que concerne à geração de eletricidade por meio de fontes renováveis, com
maior destaque para a energia solar, sendo abordados os pressupostos legais necessários para
a implementação de uma unidade de produção fotovoltaica.
Depois, após ter sido apresentada a metodologia teórica para a implementação de um sistema
fotovoltaico ligado à rede elétrica, é simulado sob condições e dados reais, dentro da
categoria BIPV, um sistema que garante a geração de energia por meio de telhas
fotovoltaicas.
Palavras-chave
Células, módulos e telhas fotovoltaicas, recurso e energia solar, efeito fotovoltaico, sistema
fotovoltaico, viabilidade técnica e económica, BIPV, unidades de produção.
vii
viii
Abstract
Electric energy is at the base of the development of societies, so the search for new energy
resources is currently an incessant task. Because of this, investigations focused on the
exploration of solar energy have seen a considerable growth, since it is a clean and renewable
source. However, there is evidence of photovoltaic production by means of photovoltaic
systems of small or large size, ensuring a significant global reduction in the exploitation of
fossil fuels. Thus, research in this area should be enhanced so that these systems can be
increasingly efficient, allowing to evaluate different possibilities of exploitation of the solar
resource, both domestically and industrially.
This dissertation aims to present an analysis about the possibility of installing a BIPV system in
a domestic environment, more specifically, a photovoltaic system based on photovoltaic tiles,
being elaborated studies of the energy and economic viability of the same.
To do this, in the first instance, an overview is presented on the world interest in the
exploitation of the solar resource, leading to an ever increasing development of conversion
technologies - photovoltaic cells. This interest has led to the analysis of several facets of this
technology, among them, the BIPV. Thus, the advantages and barriers related to its
implementation, as well as the various types of technologies inherent to it, were addressed.
Following this, in order to simulate this technology in a practical case, we first studied the
conditions covered by Portuguese legislation regarding the generation of electricity through
renewable sources, with a greater emphasis on solar energy, and the legal assumptions
necessary for the implementation of a photovoltaic production unit.
Then, after presenting the theoretical methodology for the implementation of a grid-
connected photovoltaic system, a system that guarantees the generation of energy through
photovoltaic tiles is simulated under real conditions and data within the BIPV category.
Keywords
Photovoltaic cells, modules and tiles, solar energy and resource, photovoltaic effect,
photovoltaic system, technical and economic feasibility, BIPV, production units.
ix
x
Índice
Dedicatória .....................................................................................................iii
Agradecimentos ................................................................................................v
Abstract......................................................................................................... ix
Lista de Figuras............................................................................................... xv
1. Introdução .............................................................................................. 3
1.1. Enquadramento ...................................................................................5
1.2. Motivação ..........................................................................................6
1.3. Objetivos do trabalho ............................................................................7
1.4. Estrutura da dissertação ........................................................................7
xi
2.5.3. Inversores híbridos....................................................................... 40
xii
5.6.3. Cabo de ligação AC ...................................................................... 80
5.7. Dimensionamento das proteções ............................................................ 81
5.7.1. Fusíveis de fileiras ....................................................................... 81
5.7.2. Interruptor DC ............................................................................ 82
5.7.3. Disjuntor AC .............................................................................. 82
xiii
Anexo nº8 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias – UBI .............................. 133
Anexo nº9 - Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico .............................. 134
xiv
Lista de Figuras
xv
Figura 2.29 - Sistema solar PV híbrido com armazenamento [43] .................................. 35
Figura 2.30 - Sistema solar PV ligado à rede elétrica de distribuição de energia [44] .......... 36
Figura 2.31 - Inversor central [47] ........................................................................ 38
Figura 2.32 – Configuração de inversor de fileiras [47] ............................................... 39
Figura 2.33 - Micro-inversor [48] .......................................................................... 39
Figura 2.34 - Esquema de funcionamento de um inversor hibrido [51] ............................ 41
Figura 3.1 – Arco curvo com implementação de telhas solares [52] ................................ 46
Figura 3.2 - Telhado de vidro com módulos BIPV transparentes [52] .............................. 46
Figura 3.3 - Exemplo de folhas fotovoltaicas da Alwitra GmbH & Co. usando células de silício
amorfo [57] ................................................................................................... 47
Figura 3.4 - Exemplos de telhas fotovoltaicas. a) Solardachstein, p-Si; b) SRS Energy, a-Si; c)
Lumeta, m-Si; d), Solar Century, m-Si; e) Suntegra, m-Si e f) Dyaqua, m-Si. .................... 48
Figura 3.5 – Exemplo de módulos BIPV. a) módulos instalados em fachada; b) módulos
instalados na cobertura ..................................................................................... 49
Figura 3.6 – Vidro fotovoltaico. a) produto da Onyxsolar; b) produto da Vidursolar ............ 50
Figura 3.7 - Instalação BIPV global e previsão de sua taxa de expansão [68] ..................... 52
Figura 4.1 - UPP [90] ........................................................................................ 62
Figura 4.2 - UPAC [90] ...................................................................................... 63
Figura 4.3 – Processo de licenciamento de uma UPAC com potência superior a 1,5 kW [91] . 64
Figura 4.4 – Processo de licenciamento de uma UPP [91] ............................................ 65
Figura 4.5 - Diagrama de produção e consumo de uma UPAC ligada à RESP (sem baterias de
armazenamento) [91] ....................................................................................... 66
Figura 5.1 – Especificações elétricas e térmicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar ...... 73
Figura 5.2 -Especificações mecânicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar .................. 73
Figura 5.3 – Especificações técnicas do inversor SIW600T020-44 da WEG ......................... 75
Figura 5.4 – Distribuição horária da radiação incidente sobre a superfície da Terra, adaptado
de [95] ......................................................................................................... 78
Figura 6.1 - Vista superior da Faculdade de Engenharia – UBI [96] ................................. 86
Figura 6.2- Radiação horizontal vs Radiação normal direta para a cidade da Covilhã ao longo
do ano, adaptado de PVGIS (2001 – 2012) ............................................................... 87
Figura 6.3 – Relação entre radiação difusa e global para a Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 –
2012) ........................................................................................................... 87
Figura 6.4 – Temperaturas médias diárias ao longo do ano na Covilhã, adaptado de PVGIS
(2001 – 2012) ................................................................................................. 88
Figura 6.5 – Local de instalação das telhas solares. Fonte: Próprio autor ......................... 88
Figura 6.6 – Layout da GTFV100 Tile. Fonte: Catálogo do fabricante .............................. 89
Figura 6.7 – Esquema inversor central. Fonte: PVSYST ............................................... 90
Figura 6.8 - Configuração global do sistema. Fonte: PVSYST ........................................ 91
Figura 6.9 - Energia incidente de referência no plano do coletor. Fonte: PVSYST .............. 92
Figura 6.10 -Produções normalizadas. Fonte: PVSYST ................................................ 93
xvi
Figura 6.11 - Produção normalizada e fatores de perdas. Fonte: PVSYST ......................... 93
Figura 6.12 - Taxa de desempenho do sistema. Fonte: PVSYST ..................................... 94
Figura 6.13 – Diagrama de perdas ao longo de todo ano. Fonte: PVSYST .......................... 95
Figura 6.14 – Energia do arranjo fotovoltaico vs energia injetada na rede ....................... 96
Figura 6.15 – Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia da UBI (2017) vs energia injetada
na rede pelo sistema PV .................................................................................... 99
Figura 6.16 - Gráfico do payback do sistema fotovoltaico proposto ............................... 103
Figura 9.1 – a) Curva I-V para valores diferentes de radiação; b) Curva I-V para valores
diferentes de temperatura; c) Curva P-V para distintos valores de temperatura; d) Curva P-V
para distintos valores de radiação ....................................................................... 132
Figura 9.2 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias - UBI .................................. 133
xvii
xviii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Comparação das características dos diferentes tipos de células [4] ................ 21
Tabela 3.1 – Características de dois produtos BIPV (folhas fotovoltaicas) [52] ................... 47
Tabela 3.2 – Características de produtos de alguns fabricantes de telhas fotovoltaicas [58].. 48
Tabela 3.3 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de módulos fotovoltaicos ...... 49
Tabela 3.4 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de vidros fotovoltaicos ......... 50
Tabela 3.5 – Dados elétricos do módulo fotovoltaico de vidro da Onyxsolar, tendo em
consideração o nível de transparência das células .................................................... 50
Tabela 4.1 – Tarifário relativo à UPP [88] ............................................................... 66
Tabela 4.2 - Percentagens por fonte primária utilizada [88] ........................................ 67
Tabela 5.1 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo de fileira.............................. 79
Tabela 5.2 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo DC principal .......................... 80
Tabela 5.3 – Parâmetros para o dimensionamento do cabo de ligação AC ........................ 81
Tabela 6.1 – Radiação global incidente para a cidade da Covilhã, fonte: PVGIS (2001 – 2012) 86
Tabela 6.2 – Especificações técnicas telha solar GTFV100 Solarteg. Fonte: datasheet do
fabricante ..................................................................................................... 89
Tabela 6.3 – Resultados obtidos. Fonte: PVSYST ....................................................... 91
Tabela 6.4 -Balanços e principais resultados. Fonte: PVSYST ....................................... 95
Tabela 6.5 – Custo associado à instalação do sistema fotovoltaico proposto ..................... 98
Tabela 6.6 – Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto ................................. 101
Tabela 6.7 - Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto [continuação] ............... 102
Tabela 6.8 – Resultados dos indicadores económicos ................................................ 103
Tabela 9.2 - Evolução do preço da eletricidade em Portugal 1991 – 2017. Fonte: [98] ........ 130
Tabela 9.3 - Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia – UBI, 2017. Fonte: Serviços
técnicos UBI .................................................................................................. 131
Tabela 9.1- Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico [99] ............................ 134
xix
xx
Lista de Acrónimos
BOS Balance-of-system
BIPV Building Integrated Photovoltaics
BT Baixa Tensão
CO2 Dióxido de Carbono
CdTe Telureto de Cádmio
CIS Disseleneto de cobre-índio
CIGS Disseleneto de cobre-índio-gálio
CUR Comercializador de Último Recurso
DSSC Células solares sensibilizadas por corante
ER Energia Renovável
FER Fontes de Energia Renováveis
FF Fator de Forma
FIT Feed-in-Tariff
GEE Gases de Efeito Estufa
GWh Gigawatts hora
GW Gigawatts
HPS Horas de Pico Solar
IEA International Energy Agency
MW Megawatts
MPP Maximum Power Point
MPPT Maximum Power Point Tracking
MT Média Tensão
MVA Megavolts amperes
OMIE Operador do Mercado Ibérico de Energia
PV Photovoltaics
PQs Pontos Quânticos
PER Promoção de Energias Renováveis
PSO Particle Swarm Optimization
PVGIS Photovoltaic Geographical Information System
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century
RESP Rede Elétrica de Serviço Público
SWE Efeito Staebler-Wronski
STC Standar Test Conditions
SPP Small Power Producer
SEP Sistema Elétrico Português
SEN Sistema Elétrico Nacional
xxi
TIR Taxa Interna de Rentabilidade
TMA Taxa Mínima de Atratividade
UBI Universidade da Beira Interior
UPAC Unidade de Produção para Autoconsumo
UPP Unidade de Pequena Produção
UE União Europeia
UP Unidades de Produção
VAL Valor Atual Líquido
xxii
_________________________________
CAPÍTULO
1
_________________________________
Introdução
1
2
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
1. Introdução
Desde os tempos primitivos, o homem desenvolve técnicas para o aproveitamento das fontes
de energia disponíveis na natureza, desde o controlo do fogo, a força dos ventos, dos mares,
etc., aproveitando essas diversas formas de energia para se aquecer, afastar predadores,
preparar alimentos, obter água para consumo, entre outras. As fontes de energia passaram a
ser vitais para a sobrevivência e evolução do homem. Desta forma, devido à grande
importância da energia para a humanidade nos dias de hoje, pesquisas incessantes têm sido
feitas, no sentido de desenvolver e melhorar as técnicas de obtenção de energia, com o
objetivo principal de conciliar grande capacidade de geração, custo reduzido e um mínimo
impacto ao meio ambiente.
A mais importante fonte de energia do nosso planeta é o Sol. É uma fonte de energia
inesgotável e limpa. Com capacidade suficiente para mitigar toda a demanda energética do
planeta. Parte desta demanda corresponde incontornavelmente à energia elétrica, que é a
forma de energia mais importante podendo ser transportada ininterruptamente a longas
distâncias, distribuída em simultâneo a diversos pontos e convertida nas mais diversas formas
de energia como luminosa, mecânica, química e térmica.
O Efeito Fotovoltaico que transforma de forma direta a energia dos raios solares em
eletricidade concilia a fonte mais importante, o Sol, com a principal forma de energia, a
elétrica. Este efeito pode ser explicado como o aparecimento de uma diferença de potencial
aos terminais de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz.
Essas estruturas de material semicondutor são denominadas de Células Fotovoltaicas.
Porém, embora seja possível o aproveitamento do recurso solar por meio dessa tecnologia, o
custo da produção de energia elétrica através de painéis fotovoltaicos ainda é muito elevado
em comparação com outros métodos de geração de energia elétrica (por meio de
combustíveis fósseis) o que inviabiliza muitas vezes a sua aplicação perante a crescente
3
|Capítulo 1 - Introdução
_________________________________________________________________________________
Face aos inúmeros problemas ambientais causados pela produção de energia por meio de
combustíveis fosseis, nos últimos anos vários esforços foram sendo empregues no sentido de
alavancar as fontes de energia renováveis (FER), em particular a solar. Presentemente, a
maior parte da humanidade está familiarizada com os gases de efeito estufa (GEE) como
consequência da poluição ambiental. O rápido crescimento populacional e industrial,
resultará numa maior produção de eletricidade e consequente maior emissão de CO 2.
Assim, espera-se que todas as fontes de energia renováveis, devam ser implantadas e
desenvolvidas para o nosso consumo e mitigar os problemas ambientais. Para ilustrar isto, em
2006 cerca de 12% da energia necessária na Alemanha foi suprida por fontes de energia
renováveis e conduziram a uma redução de mais de 100 milhões de toneladas de emissões de
C02 [1]. Em Janeiro de 2018, a quota da produção de eletricidade renovável para Portugal
Continental, como se vê na Figura 1.1, centrou-se nos 47,7% equivalente a 2.341 GWh [2].
Figura 1.1 - Balanço da produção de eletricidade de Portugal Continental (Janeiro de 2018) [2]
Contudo, o grande desafio das fontes de energia renováveis, incluindo a solar, é a sua
regularidade. Por serem fontes externas, tais como a radiação solar, a velocidade dos ventos,
a força dos mares, as precipitações, entre outras, o seu controlo não depende da influência
humana. Este facto, naturalmente afeta a produção de eletricidade. Na Figura 1.2, é
apresentado um estudo comparativo da evolução da produção de eletricidade por fonte em
4
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Portugal Continental (Janeiro 2016 a Janeiro de 2018), onde constata-se a irregularidade das
FER.
Figura 1.2 - Evolução da produção de eletricidade por fonte em Portugal Continental (Janeiro
2016 a Janeiro de 2018) [2]
A análise da produção mensal de eletricidade, por fonte, ao longo dos últimos dois anos,
permite constatar um aumento da produção térmica convencional, nos últimos meses, face
aos valores de 2016, como resultado da baixa pluviosidade [2]. É ainda notável, a fraca
participação da fonte solar nos últimos três anos.
Figura 1.3 – Potencial solar de Portugal. (a) Módulos montados horizontalmente (b) Módulos montados
com inclinação otimizada [3]
1.1. Enquadramento
5
|Capítulo 1 - Introdução
_________________________________________________________________________________
Uma das formas mais comum para o aproveitamento da energia solar, é a tecnologia
fotovoltaica, que consiste na conversão direta dos raios solares incidentes na superfície
terrestre em eletricidade através das células fotovoltaicas ou agrupamento de células – os
painéis fotovoltaicos. O custo das células solares tem declinado muito nos últimos anos,
tornando a utilização dos painéis fotovoltaicos, muito vulgarizada, fruto dos grandes avanços
tecnológicos e também da produção destes em grande escala. Porém, mais da metade do
custo dos sistemas PV não está relacionado com o custo das células em si, mas com o custo do
sistema de balanço (BOS, balance-of-system) tais como inversores, baterias, quadros,
trabalho civil de instalação e a cablagem [5]. Esforços estão sendo feitos para reduzir os
custos do BOS.
Por este facto, surgem os sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios, ou mais conhecidos
pelo acrónimo BIPV (Building Integrated Photovoltaics do inglês), que visam colmatar diversos
problemas enfrentados pelos sistemas fotovoltaicos convencionais, relativamente ao peso dos
painéis, as estruturas metálicas de suporte, o espaço requerido para instalação, bem como
suplantar o desafio com a estética dos edifícios. Esta tecnologia tem se tornado numa aposta
cada vez mais crescente para o aproveitamento da energia solar.
Na verdade, como o próprio nome sugere, são dispositivos com capacidade de produção de
energia elétrica fotovoltaica, ao serem diretamente instalados como parte da estrutura dos
edifícios durante ou após a construção. Diferente dos sistemas fotovoltaicos convencionais (os
painéis fotovoltaicos), estes, substituem elementos tradicionais como telhados, fachadas,
paredes, janelas, para produzir eletricidade e garantir de igual forma a função de proteção
contra intempéries.
Porém, por ser uma tecnologia emergente e em constante crescimento, ainda há muito
estudo por se fazer, tais como a eficiência do sistema, a resistência a intempéries, o tempo
de retorno do investimento (playback time), bem como transpor barreiras de índole política,
governamental, arquitetónica, técnica e outras que serão abordadas.
1.2. Motivação
Tendo como foco principal a simulação do referido sistema, permitindo organizar um estudo
de viabilidade energética e económica. Sendo que, devido a grande divulgação dos sistemas
fotovoltaicos usando painéis solares, pretende-se trazer com este trabalho, o conhecimento
das vantagens que os sistemas BIPV acarretam e suscitar o interesse nesta tecnologia.
6
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
A energia renovável pode ser gerada a partir de uma larga variedade de fontes, como o vento,
o sol, a água, a geotermia e a biomassa. Através da crescente utilização destas fontes de
energia, reduz-se significativamente a dependência dos combustíveis fósseis importados e
aumenta-se a sustentabilidade da produção energética.
Para além das estratégias de adoção nacional de planos energéticos a partir das renováveis,
incluindo os sectores industriais e de transporte, é cada vez maior a aposta na utilização
doméstica de parcelas de energia de origem renovável com geração doméstica. Nesta última
situação, a energia fotovoltaica assume particular importância, enquadrando-se numa
filosofia de smarthome/greenhome.
É objetivo principal deste trabalho o estudo dos sistemas de geração de energia a incluir em
sistemas de geração fotovoltaica doméstica por telhas fotovoltaicas ou solares. Pretende-se
analisar e propor um sistema de geração capaz de entregar a energia gerada à rede caso seja
possível, ou suprir uma parcela da demanda requerida. Especial ênfase será dada ao estudo
da viabilidade energética e económica das novas soluções baseadas em telhas solares.
O trabalho está repartido em diversos capítulos, porém conectados. Desde a introdução até
aos anexos são no todo nove secções.
No capítulo dois, que aborda o estado da arte da tecnologia fotovoltaica, é exibido uma
análise sobre os componentes que formam os sistemas fotovoltaicos e sua implicação no
sistema. Apresenta-se ainda, uma descrição sobre os diferentes tipos de sistemas
fotovoltaicos.
7
|Capítulo 1 - Introdução
_________________________________________________________________________________
distintos tipos de tecnologias inerentes aos BIPV. Faz-se ainda uma elucidação, sobre as
barreiras enfrentadas por esta, assim como os mecanismos necessários para suplanta-las.
As disposições legais, para a exploração das FER em Portugal, são estudadas no capítulo
quatro, sendo em primeiro lugar mostrada a evolução histórica do interesse de Portugal
quanto a exploração das FER. É posteriormente, analisada a legislação em vigor, que visa
regular a exploração da energia solar por meio de unidades de produção, conhecidas mais
especificamente como UPAC e UPP.
Os resultados obtidos, são organizados no capítulo sete, onde acredita-se, poder apresentar
conclusões satisfatórias. O capítulo oito apresenta as referências bibliográficas citadas ao
longo do trabalho servindo de base para toda esta investigação. Finalmente é visto pelo
capítulo nove, diversos anexos uteis para compreensão dos diversos assuntos abordados.
8
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
_________________________________________
CAPÍTULO
2
_________________________________________
Estado da arte da
tecnologia
fotovoltaica
9
|Capítulo 1 - Introdução
_________________________________________________________________________________
10
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
2.1. Introdução
O recurso solar, pode ser aproveitado de diversas formas para diversas aplicações, todavia a
mais comum é a produção de eletricidade. A maneira convencional de converter a radiação
solar em eletricidade de forma direta é através de células fotovoltaicas. Estas são
constituídas por materiais semicondutores que apresentam uma característica peculiar – o
aumento do nível de condução com o aumento da temperatura.
A produção de eletricidade por meios de células, é na ordem de alguns volts (0,5 – 0,6 V), por
este motivo, para a produção em grande escala seja de corrente ou de tensão faz-se o
agrupamento de células em série ou paralelo, dependendo da necessidade (conforme
estudado mais adiante) ao que chamamos de painel/módulo fotovoltaico. Este, pode ser
considerado como uma unidade básica de uma instalação de grande porte. Cada painel e
ligado de forma a fornecer as tensões em corrente continua adequadas ao sistema. Para
sistemas com baterias, as tensões típicas de trabalho são 12 V, 24 V e 48 V enquanto para
sistemas ligados à rede variam entre 200 V e 600 V.
A energia solar fotovoltaica (PV) tem vindo nos últimos anos a tornar-se uma alternativa para
a produção de energia elétrica no futuro. A sua produção tem tido um crescimento de tal
dimensão a nível global, que, acredita-se, poderá ser um dos principais recursos energéticos
do planeta nos próximos anos.
Este crescimento tem sido cada vez mais visível. Segundo a REN21, durante o ano 2016, pelo
menos 75 GW foi adicionado da capacidade de energia solar fotovoltaica em todo o mundo, o
equivalente a instalação de mais de 31.000 painéis solares a cada hora. Maior capacidade de
PV solar foi instalado em 2016 (até 48% em relação a 2015) do que a capacidade cumulativa
do mundo até cinco anos antes. No final do ano, a capacidade de PV solar global atingiu pelo
menos 303 GW [6]. A Figura 2.1, ilustra esta realidade. Este incremento da produção de
energia PV é justificável, pois, o potencial solar a nível global é bastante elevado, como
claramente se constata na Figura 2.2, sendo as zonas sinalizadas com cores quentes, as que
apresentam maior potencial energético.
11
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________
Em 2016, pelo quarto ano consecutivo, a Ásia eclipsou todos os outros mercados, sendo
responsável por cerca de dois terços das adições globais. Os cinco principais mercados,
nomeadamente a China, Estados Unidos, Japão, Índia e Reino Unido, representaram cerca de
85% das adições, como ilustram as Figuras 2.3 e 2.4 respetivamente. Enquanto a China
continuou a dominar tanto o uso como o fabrico de PV solar, mercados emergentes em todos
os continentes começaram a contribuir significativamente para o crescimento global.
Salienta-se que em 2016, todos os continentes tinham instalados, pelo menos 1 GW,
aproximadamente 24 países tinham 1 GW ou mais de capacidade, e, pelo menos, 114 países
tinham mais de 10 MW [6].
12
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Figura 2.4 - Capacidade global PV e adição para os 10 melhores países, 2016 [6]
Mesmo com o crescimento da demanda em 2016, o ano trouxe reduções de preços sem
precedentes para os módulos, inversores e estruturas do sistema. Devido a aumentos ainda
maiores na capacidade de produção, o preço do módulo baixou consideralvente. No entanto,
os desafios permanecem, com a exploração da energia solar fotovoltaica ainda vulnerável às
13
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________
mudanças políticas ou medidas para proteger os combustíveis fósseis nalguns países [6]. A
seguir, é estudado, a tecnologia por detrás da exploração da energia proveniente do sol.
14
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
As células fotovoltaicas são constituídas por semicondutores como: silício, arseneto de gálio,
telureto de cádmio ou disseleneto de cobre e índio [8]. Entretanto, a tecnologia mais
difundida e comercializada atualmente é a de silício.
Os átomos de silício caracterizam-se por terem quatro eletrões de valência que interagem
com os átomos vizinhos, formando uma rede cristalina; neste caso não existem eletrões
livres, ou seja, não há passagem de corrente elétrica. Para que ocorra a circulação de
eletrões é necessário introduzir o conceito de dopagem – processo de inserir no cristal puro
de silício minúsculas quantidades de impurezas.
15
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________
À temperatura ambiente, existe energia térmica suficiente para que praticamente todos os
eletrões livres em excesso dos átomos de fósforo estejam livres, bem como as lacunas criadas
pelos átomos de boro estejam aptas a deslocar-se.
Entretanto, a união de ambos os tipos de semicondutores (tipo-n e tipo-p), forma aquilo a que
se chama de junção pn. Nesta junção, os eletrões livres do lado n passam para o lado p onde
encontram as lacunas preenchendo-as; isso provoca uma acumulação de eletrões no lado p,
tornando-o negativamente carregado e uma redução de eletrões do lado n, que o torna
eletricamente positivo (como se vê na Figura 2.10). O aprisionamento das cargas origina um
campo elétrico permanente E perpendicular a junção e que dificulta a passagem dos eletrões
remanescentes do lado n para o lado p.
16
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
O processo descrito, cria uma região, chamada de região de depleção, cuja largura depende
da quantidade de dopagem aplicada [9].
Quando a luz incide sobre a célula fotovoltaica, os fotões chocam com outros eletrões da
estrutura do silício fornecendo-lhes energia e transformando-os em condutores, Figura 2.11.
Por meio de um condutor externo, ligando a camada negativa à positiva, gera-se um fluxo de
eletrões (corrente elétrica). Enquanto a luz incidir na célula, manter-se-á este fluxo. A
intensidade da corrente elétrica gerada variará proporcionalmente com a intensidade da luz
incidente [14].
É importante ressaltar que uma célula fotovoltaica não armazena energia elétrica. Apenas
mantém um fluxo de eletrões num circuito elétrico enquanto houver incidência de luz sobre
ela [14].
Entretanto, alguns dos eletrões libertados são recombinados, se não forem capturados. Além
disso, nem todo o espetro da radiação é aproveitado. Os fotões com energia superior ou
inferior àquela que é necessária geram calor desnecessário, que diminui a eficiência da célula
fotovoltaica.
17
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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A tecnologia das células PV tem sido classificada em três gerações, tendo em conta o material
de base utilizado, o tempo de vida e, consequentemente, a sua maturidade no mercado.
Na terceira geração existe uma certa ambiguidade na definição de quais as tecnologias são
englobadas, embora haja uma tendência de incluir tecnologias orgânicas, pontos quânticos
(PQs), células tandem/multijunção, células de portadores quentes (hot carriers) e células
solares sensibilizadas por corantes (DSSC). Uma definição útil para a terceira geração de
células solares é a seguinte: são células que permitem uma utilização mais eficiente da luz
solar do que as células baseadas num único band-gap eletrónico. De forma geral, a terceira
geração deve ser altamente eficiente, possuir baixo custo/watt e utilizar materiais
abundantes e de baixa toxicidade. Estas células de terceira geração, embora ainda careçam
de uma maior eficiência de conversão, exibem grande potencial e diversas vantagens sobre as
tecnologias já estabelecidas [17].
Os semicondutores mais apropriados à conversão da luz solar são os mais sensíveis, ou melhor,
aqueles que geram o maior produto corrente-tensão para a luz visível, já que a maior parcela
da energia fornecida pelos raios solares está dentro da faixa visível do espectro [12]. A seguir,
são distinguidos os principais tipos de células fotovoltaicas, que correspondem à primeira e à
segunda geração.
18
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Uma das formas de se obter o cristal único de silício é através do método Czochralski1.
Durante esse processo, uma semente de cristal de silício é inserida, através de uma haste,
numa caldeira com silício policristalino fundido e, enquanto o conjunto gira lentamente, essa
haste com a semente puxada lentamente. Os átomos vão sendo orientados e cristalizados
numa única formação cristalina, e por isso o nome: monocristal [8].
Estas células são fabricadas a partir do mesmo material que as descritas anteriormente,
porém, ao invés de formarem um único grande cristal, o material solidificado obtém-se em
forma de um bloco composto de muitos pequenos cristais. A partir deste bloco são obtidas
fatias e fabricadas as células [12]. As várias interfaces ou descontinuidades da estrutura
molecular dificultam o movimento de eletrões e encorajam a recombinação com as lacunas, o
que reduz a potência de saída. Em contrapartida, o processo de fabrico é mais barato do que
o processo para a obtenção do silício monocristalino [18], usando menos energia. Na prática,
os produtos disponíveis alcançam eficiências muito próximas das oferecidas em células
monocristalinas [12][20].
São obtidas pela deposição de finas camadas de silício microcristalino sobre vidro, plásticos
ou metal. A sua eficiência na conversão da luz solar em eletricidade varia entre 6 à 8%, sendo
as células de silício as com rendimento mais baixo. Entretanto, para temperaturas elevadas,
são células que menos variam a sua eficiência [20][21]. Apresentam uma composição
diferente das demais estruturas cristalinas, devido ao alto grau de desordem que apresentam
na estrutura dos átomos.
1
Czochralski, é um método de cultura de cristais, utilizado na produção industrial de monocristais de
uma diversidade de materiais cristalinos os quais se desejam elevada pureza e cristais isentos de
defeitos. Foi descoberto pelo cientista polaco Jan Czochralski em 1916, e dado o nome em sua
homenagem.
19
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Tem como vantagem a alta absorção de luz, funcionando bem com radiação difusa, ideal para
regiões com muita nebulosidade. Porém, esta tecnologia tem levantando problemas dada a
toxidade do cádmio, que pode apresentar um risco para o ambiente e para a saúde quando
em estado gasoso [8].
Comparadas com outras células de filmes finos (a-Si e CdTe), estas apresentam maior
eficiência, não sendo tão suscetíveis a deterioração por indução da luz como as células de
silício amorfo, no entanto, apresentam problemas de estabilidade quando instaladas em
ambientes quentes e húmidos. Por isso, os painéis fabricados com este tipo de célula devem
apresentar uma boa selagem.
Os preços destes painéis podem-se tornar mais atrativos com a produção em massa se
comparadas com os de silício amorfo. Porém, esta tendência pode estar condicionada ao
facto das reservas de índio, estarem a ser mais exploradas para a produção dos touch-screen
dos smartphones e tablets, comprometendo o uso desse material para a indústria
fotovoltaica.
2
O conhecido Efeito Staebler-Wronski (SWE) é referente as modificações induzidas pela luz nas
propriedades do sílicio amorfo. A densidade de defeito, aumenta com a exposição à luz, desencadeando
um aumento na corrente de recombinação, reduzindo desta feita, a eficiência da conversão dos raios
solares em eletricidade. Em homenagem a David L. Staebler e Christopher R. Wronski, pela descoberta
em 1977.
20
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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As células de CIGS são muito parecidas com as de CIS, constituídas pelos mesmos elementos,
mas com a particularidade de o índio formar uma liga com o gálio, o que permite obter
melhores desempenhos. Devido à sua boa aparência, estas células e as anteriores são
atrativas para a aplicação em edifícios. No entanto, estas duas apresentam problemas com a
toxicidade e a pouca abundância dos componentes. Permitem obter um bom desempenho
quando comparadas com as CIS, chegando aos 12% de eficiência de conversão [23].
A Tabela 2.1 apresenta um resumo comparativo das características dos diferentes tipos de
células fotovoltaicas. Nota-se facilmente que as células monocristalinas lideram na eficiência,
entretanto, devido ao custo elevado relativo ao seu processo de fabrico, outros tipos de
células têm-se tornado úteis, principalmente a policristalina.
Tabela 2.1 – Comparação das características dos diferentes tipos de células [4]
Eficiência Área/ 1
Células Vantagens Desvantagens
Módulo (%) kWp (m2)
m-Si 15 - 18 7-9 Mais eficiente; facilmente disponível no mercado; Muito cara; muita
altamente padronizado quantidade de silício no
processo produtivo
p-Si 13–16 8-9 Menor energia e tempo necessário para a Um pouco menos eficiente
produção; custo reduzido; facilmente disponível no que os módulos
mercado; altamente padronizado monocristalinos
a-Si 6–8 13 - 20 As temperaturas altas e sombreamento afetam Mais área requerida para a
pouco o seu desempenho; necessita menos silício mesma saída de potência
para a produção.
21
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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O ponto da curva I-V onde o produto destas duas grandezas é máximo, chama-se MPP
(Maximum Power Point), tal como apresentado na Figura 2.13, e corresponde à máxima
potência produzida pela célula/painel. Os valores da corrente e tensão que originam este
valor de potência máxima são designados, respetivamente, por I MPP e UMPP [20].
22
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A Figura 2.14 a seguir, apresenta as curvas P-V, de um painel fotovoltaico típico, em função
das diferentes radiações incidentes.
Figura 2.14 - Curvas características P-V de um painel fotovoltaico típico em função da radiação solar
[21]
A intensidade da radiação solar muda a cada instante em função da rotação da terra e da sua
translação à volta do sol. Quando se adquire um painel fotovoltaico de, por exemplo, 58 Wp,
significa que este painel disponibilizará 58 Watts quando na superfície da terra incidirem 1000
W/m2 (valor de referência). A corrente gerada pelo painel será máxima quando a incidência
de radiação for máxima [20].
23
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Com menores intensidades de radiação solar (dias nublados, por exemplo), a corrente
produzida diminuirá na mesma proporção. A redução na tensão de circuito aberto (Voc), no
entanto é pequena. A Figura 2.15, apresenta a curva característica I-V de uma célula ou
painel fotovoltaico para diversas intensidades de radiação solar incidente [4].
Figura 2.15 - Variação da curva I-V com a radiação incidente de uma célula típica de silício cristalino
[25]
A eficiência de conversão de uma célula ou painel fotovoltaico varia muito pouco com a
radiação solar. A Figura 2.16, por exemplo, mostra a eficiência de uma célula em função do
nível de radiação solar. Observa-se que para uma ampla faixa de radiação solar a eficiência é
praticamente constante [4].
A temperatura é um parâmetro importante uma vez que, estando as células expostas aos
raios solares, o seu aquecimento é considerável. Além disso, boa parte da incidência solar
absorvida não é convertida em energia elétrica, mas sim dissipada sob a forma de calor [20].
24
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Figura 2.17 - Variação da curva I-V com a temperatura de uma célula típica de silício cristalino [25]
25
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O modelo elétrico que representa uma célula fotovoltaica ideal é mostrado na Figura 2.18,
onde a fonte de corrente IPV representa a corrente elétrica unidirecional gerada pelo feixe de
radiação luminosa, constituída por fotões, ao atingir a superfície ativa da célula (efeito
fotovoltaico), cuja amplitude depende da radiação incidente. A junção pn funciona como um
díodo que é atravessado por uma corrente interna unidirecional ID, que depende da tensão V
aos terminais da célula [18][27][28].
(2.1)
A corrente ID que circula pelo díodo é expressa em (2.2). A tensão térmica Vt, é dada pela
expressão (2.3).
(2.2)
(2.3)
(2.4)
26
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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A corrente gerada (IPV), a tensão de circuito aberto (VOC), a tensão (VMPP) e corrente (IMPP) na
máxima potência são funções da temperatura (T) e da radiação solar (G), e podem ser
representadas pelas seguintes expressões (2.5) a (2.8) [30]:
(2.5)
(2.6)
(2.7)
(2.8)
(2.9)
Este modelo apresenta três parâmetros IPV, a e IS. Entretanto, o modelo ideal da célula
fotovoltaica é apenas usado para explicar os conceitos fundamentais, mas não é utilizado na
simulação do comportamento real das células fotovoltaicas.
Para introduzir um modelo das células fotovoltaicas mais próximo da realidade, a resistência
dos elétrodos e a resistência ao fluxo da corrente são tidas em consideração e modeladas
como uma resistência em série denotada por RS na saída, caracterizando as perdas de
27
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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condução [30][31]. Afim de considerar as correntes de fuga da junção pn, uma resistência em
paralelo RP com o díodo é também incluída neste modelo. O modelo resultante é mais
comumente usado graças à sua relação entre precisão e simplicidade. Não obstante, para
baixos valores de radiação, não se considera ser suficiente a sua precisão.
Assim, a célula fotovoltaica é modelada por uma fonte de corrente IPV, cujo valor depende da
variação da radiação solar e da temperatura do painel, por um díodo D em paralelo com a
fonte de corrente cuja característica varia em função da temperatura da célula e da carga
aplicada, por uma resistência RP em paralelo com o díodo que caracteriza as correntes de
fuga e, finalmente, por uma resistência RS na saída que caracteriza as perdas de condução
[27][31] [32].
A figura 2.19 apresenta o circuito equivalente deste modelo e sua característica I-V é dada na
expressão (2.10), sendo um modelo de cinco parâmetros: IPV, a, IS, RS e RP.
(2.10)
Deve-se notar que todos os parâmetros do modelo da célula fotovoltaica são dependentes das
condições ambientais. A dependência da IPV já foi enunciada na expressão (2.5). A
dependência dos outros parâmetros pode ser representada pelas expressões (2.11) a (2.14)
[30][33]:
(2.11)
(2.12)
(2.14)
(2.15)
28
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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onde IS,STC, RS,STC, RP,STC e aSTC são respetivamente a corrente de saturação do díodo, a
resistência em série, a resistência em paralelo e o fator de idealidade do díodo nas condições
padrão de teste.
Este modelo descreve com maior exatidão os fenómenos físicos ao nível da junção pn. Um
díodo (D1) representa a corrente de difusão na junção, enquanto o outro díodo (D2) é
adicionado para representar o efeito de recombinação na região de depleção. A vantagem
deste modelo é permitir uma melhor precisão para baixos valores de radiação, diferindo do
anterior em apenas mais um diodo. Carateriza-se por sete parâmetros IPV, RS, RP, a e IS do
primeiro díodo, a e IS do segundo díodo. O modelo é apresentado na Figura 2.20, e a sua
característica I-V é dada pela expressão (2.16) [28][30][34].
(2.16)
A corrente de saturação IS2, é dada pela expressão (2.17). A expressão para calcular a
corrente de saturação IS1 é dada em (2.4).
(2.17)
Além dos modelos anteriormente mencionados, existem ainda outros modelos para as células
fotovoltaicas que têm sido introduzidos, tais como: modelo de três díodos [35][36], modelo
multidíodo [37], modelo bishop [38], entre outros. Entretanto devido à grande complexidade
destes modelos, a sua aplicação para a simulação de células fotovoltaicas é muito limitada.
Um dos parâmetros muito importante das células fotovoltaicas é a sua eficiência. Esta
representa o quociente entre a energia fornecida pela célula e a radiação solar incidente na
célula. É dada pela expressão (2.18), e expressa em percentagem (%):
(2.18)
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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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em que:
A – Área da célula em m2
G – Radiação solar incidente por unidade de superfície em W/m2
Outro parâmetro que se deve ter em consideração, é o fator de forma (FF), que é o quociente
entre a potência máxima da célula e o produto de V OC e ICC. É um parâmetro que nos indica a
qualidade da célula solar, e calcula-se através da expressão (2.19) [20][28].
(2.19)
O FF tem valor inferior à unidade, normalmente entre 0,7 e 0,8 para células de silício
cristalino e entre 0,5 e 0,7 para células de silício amorfo [8]. Sendo que nem sempre este
dado é fornecido pelo fabricante. A Figura 2.21 ilustra o cálculo do fator de forma.
Quanto melhor a qualidade das células no painel, mais próxima da forma retangular ser sua
curva I-V. A área a tracejado simples corresponde ao produto VOC x ISC, valor sempre acima da
30
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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potência que o painel pode alcançar. A área duplamente tracejada representa o produto VMPP
x IMPP, ou seja, PMPP, a potência máxima do painel. A relação entre as áreas e o valor de FF
[39].
Os painéis com células fotovoltaicas ligadas em série são fabricados para possibilitar um
aumento na tensão de saída, mantendo o valor de corrente igual ao de uma única célula. Os
contactos frontais de cada célula são soldados aos contactos posteriores da célula seguinte,
por forma a ligar o polo negativo (parte frontal) da célula com o polo positivo (parte traseira)
da célula seguinte. Os terminais de início e de fim da fileira (strings) de células são
estendidos para o exterior, tendo em vista a posterior ligação elétrica. Na associação em
31
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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série, devem ser utilizadas células do mesmo tipo, de forma a minimizar as perdas de
potência no sistema.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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aéreos, entre outros e iii) sombreamento produzido pelo edifício, resulta de sombras
constantes causadas por elementos pertencentes ao edifício da instalação, como chaminés ou
antenas.
Quando uma célula fotovoltaica dentro de um painel, por algum motivo, estiver sombreada,
esta funcionará como uma carga, dissipando a corrente de entrada, fazendo com que a
potência de saída do painel caia drasticamente que, por estar ligada em série, comprometerá
todo o funcionamento das demais células no painel. Isto significa que o MPP irá ser desviado,
havendo assim uma redução da potência comparativamente com um painel não sombreado.
Este efeito pode ter consequências graves tanto na eficiência como na segurança do painel.
Para que toda corrente de um painel não seja limitada por uma célula com pior desempenho
(no caso de estar encoberta), usa-se um díodo de desvio (bypass em inglês). Este díodo serve
como um caminho alternativo para a corrente e limita a dissipação de calor na célula
defeituosa (tal como se ilustra na Figura 2.26). Geralmente, a colocação do díodo bypass é
feito por agrupamentos de células o que torna a configuração muito mais barata, se
comparada com o custo da ligação de um díodo em cada célula. Na prática, os díodos bypass
são colocados em antiparalelo com um conjunto de 18 a 20 células [8].
Um outro problema que pode acontecer é quando surge uma corrente negativa fluindo pelas
células ou seja, ao invés de gerar corrente, o painel passa a receber muito mais do que
produz. Esta corrente pode causar queda na eficiência das células e, em caso mais drástico, a
célula pode ser desligada do arranjo, causando assim a perda total do fluxo de energia do
painel. Para evitar esses problemas, usa-se um díodo de bloqueio, como mostra a Figura 2.27,
impedindo assim correntes inversas que podem ocorrer caso o painel seja ligado diretamente
a um acumulador ou bateria. Para painéis fotovoltaicos, constituídos por células com as
mesmas características, recomenda-se o uso de fusíveis de proteção em vez de díodos.
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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Os sistemas isolados ou autónomos, também conhecidos como sistemas Off-Grid, são sistemas
interessantes para situações onde a rede elétrica de serviço público (RESP) não existe, quer
seja por razões técnicas e/ou económicas ou para aplicações em países com baixo
desenvolvimento, onde as infraestruturas elétricas são praticamente nulas. Em menor escala
também podem ser aplicadas em aparelhos eletrónicos, como relógios, calculadoras,
telefones, etc. Os sistemas isolados constituíram o primeiro campo de operação económica da
tecnologia PV.
Contudo, quando não têm sistemas de armazenamento, a energia produzida pelo sistema PV é
imediatamente consumida pelas cargas em corrente contínua (DC) ou em corrente alternada
(AC). É comum utilizar esta topologia para bombeamento de água, por exemplo. Como não
utilizam baterias para armazenar energia possibilitam custos mais reduzidos e menor
manutenção.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Estes sistemas, normalmente conhecidos como sistemas On-Grid, estão geralmente associados
a unidades de produção para autoconsumo (UPAC), no qual o excesso de produção é injetado
na RESP, bem como a unidades de pequena produção (UPP), as quais injetam a totalidade de
produção na RESP. Em ambas as situações, pretende-se obter uma receita adicional do maior
valor que é pago por cada unidade de energia elétrica injetada. Nos casos da produção
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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Para um local de consumo inerente a uma UPP, toda a energia elétrica necessária provém da
RESP. No entanto, no local de consumo relacionado com uma UPAC, parte da energia elétrica
necessária, ou mesmo a sua totalidade, pode ser proveniente da RESP, caso o sistema PV não
conseguida satisfazer a demanda da carga imposta localmente.
Figura 2.30 - Sistema solar PV ligado à rede elétrica de distribuição de energia [44]
Quer na aplicação para pequena produção de energia quer para a grande produção, os
elementos constituintes que encontramos são de uma forma genérica os mesmos, variando
apenas em quantidade. Esta realidade permite distinguir as pequenas produções das grandes
produções pela sua dimensão, ou seja, pela área de terreno que ocupam. Considera-se em
algumas situações a implementação de um transformador elevador, nomeadamente para
potências de produção consideráveis.
Apesar deste tipo de sistema, em geral, não incluir banco de baterias, estas podem ser
instaladas, bem como um gerador de apoio, de forma a criar um sistema de backup para
garantir o fornecimento de energia à carga caso ocorra insuficiência da radiação solar e/ou
corte da energia fornecida pela RESP. Para os casos em que o excedente de energia é vendido
a rede, é indispensável, nesta topologia, um contador para registar a energia elétrica
vendida, podendo ser ou não ser bidirecional, dependendo de se para além do fornecimento
também for adquirida energia elétrica.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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i) Inversor Central
Neste tipo de configuração, todos os módulos que constituem o arranjo fotovoltaico estão
ligados a um único inversor, como apresentado na Figura 2.31. São modelos de grande
dimensão, utilizados somente em grandes centros de produção e que incluam arranjos
fotovoltaicos compostos por um grande número de módulos.
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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Os inversores centrais oferecem uma alta eficiência. No entanto a sua utilização e restrita a
módulos com iguais características elétricas e sujeitos a condições de sombreamentos
semel antes. or outro lado, a fiabilidade do sistema fotovoltaico esta limitada pelo facto de
este depender de um inversor que em caso de falha compromete toda a instalação.
Nos sistemas fotovoltaicos de grandes dimensões, compostos por várias fileiras com diferentes
orientações ou sujeitos a diferentes condições de sombreamento, a instalação de um inversor
por cada fileira de módulos permite uma melhor adaptação do MPP às condições de radiação.
Assim, os módulos sujeitos a condições de funcionamento semelhantes (radiação e
sombreamento) devem estar ligados na mesma fileira e esta, por sua vez, ao inversor de
fileira. Em comparação com a configuração de inversores centralizados, apresentam
vantagens como [46]:
A adaptação individual do MPP de cada fileira permite o aumento da eficiência do
sistema;
O efeito de ligações defeituosas e reduzido, assim como o efeito associado às
questões de sombreamento (redução de potência máxima do sistema pelo facto de
apenas uma parte se encontrar sombreada);
m caso de avaria de uma fileira, a energia produ ida nas restantes continua a ser
entregue a rede.
Estes modelos são de baixa potência, com capacidade para operar com até algumas dezenas
de módulos fotovoltaicos, sendo os mais utilizados em aplicações de pequeno porte, como são
as aplicações domésticas. A Figura 2.32, ilustra a configuração de um sistema com inversor de
fileiras.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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iii) Micro-inversor
Nos sistemas fotovoltaicos autónomos, off-grid, os inversores são utilizados para possibilitar o
uso de aparelhos elétricos convencionais que requerem alimentação em AC a partir da rede
em DC. Os inversores utilizados nos sistemas autónomos possuem características bastante
diferentes dos inversores utili ados em sistemas ligados a rede e são, por vezes, conhecidos
como inversores para baterias ou inversores autónomos.
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escol a de um inversor para um sistema deste tipo e feita tendo em conta que a potência
nominal do inversor deve ser suficiente para alimentar as cargas de forma contínua. Estes
inversores devem apresentar características especificas, tais como [49]:
Gerar uma onda de tensão em AC estável;
A tensão DC de entrada deve acautelar as variações de tensão na bateria;
Ser dimensionado de modo a ter capacidade de alimentar continuamente todas as
cargas;
Capacidade de fornecer correntes de arranque elevadas;
Elevada eficiência para diferentes condições de carga;
Fiabilidade elevada;
Baixa interferência eletromagnética;
Baixo consumo quando não há carga a ser alimentada.
O inversor híbrido aproveita ao máximo todos os recursos disponíveis e tenta que o excedente
de energia na rede elétrica seja o menor possível, acumulando nas baterias para que se
obtenha consumo mais eficientes.
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42
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CAPÍTULO
3
________________________________
43
44
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3.1. Introdução
No estado da arte do desenvolvimento dos sistemas PV, os BIPV têm-se tornado na mais
promissora e potente tecnologia. Comparados com os sistemas PV tradicionais (não
integrados), os BIPV não só não requerem espaços de alocação extra, suportes e trilhos para
instalação, mas também oferecem instantaneamente eletricidade aos edifícios para alimentar
eletrodomésticos tais como aparelhos de ar condicionado e iluminação [53].
Os BIPV são materiais fotovoltaicos que substituem os materiais convencionais do edifício tais
como telhados e fachadas. São considerados como uma parte funcional da estrutura do
edifício, ou são arquitecturalmente integrados no design do edifício. É uma tecnologia que
transforma edifícios, de consumidores para produtores de energia [54]. Funcionam como um
material que fornece cobertura ao mesmo tempo que produz eletricidade. Além disso, a parte
sombreada de um sistema BIPV pode também ser usada como sombra para os raios solares,
reduzindo a absorção de calor pelo edifício e assim, diminuir o consumo de energia e a
temperatura interna [53]. Isto pode possibilitar a economia nos materiais de construção, mas
obviamente aumenta a preocupação sobre penetrações de água e a durabilidade do produto
BIPV.
Embora, as principais zonas do edifício a serem aproveitadas pelo BIPV sejam o telhado e as
fachadas, as áreas a serem cobertas por módulos PV variam de caso para caso. Esta
dependência deve-se, em grande parte, ao facto de as áreas que em geral são pouco
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|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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iluminadas ao longo do dia serem evitadas, privilegiando as zonas com maior incidência de
raios solares. Se o projeto for subsidiado, os subsídios podem ser concedidos para um
determinado nível de energia produzido e, portanto, o tamanho da área coberta de PV pode
depender disso. Isso pode levar a soluções com apenas alguns módulos fotovoltaicos
distribuídos na estrutura, e, portanto, alguns fabricantes disponibilizam módulos falsos para
possibilitar uma estética consistente no telhado ou na fachada.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Existe uma grande variedade de produtos BIPV diferentes, que podem ser categorizados de
diferentes maneiras. A principal forma de categorizar é feita com base na forma como o
fabricante descreve o produto, e de acordo com o tipo de material utilizado para ser
combinado com este. As principais categorias são: folhas fotovoltaicas, telhas fotovoltaicas
(ou telhas solares), módulos e vidros fotovoltaicos [57]. Os módulos podem normalmente ser
usados em combinação com vários tipos de material de cobertura. Os vidros fotovoltaicos
podem ser integrados em fachadas, telhados ou em equipamentos de fenestração (ex.
janelas) e oferecem várias soluções estéticas.
As folhas fotovoltaicas dos BIPV são produtos leves e altamente flexíveis, que permitem
facilmente a instalação em diferentes locais, bem como suprir constrangimentos relacionados
com o peso que a maioria dos telhados normalmente têm. As suas células fotovoltaicas são
frequentemente feitas de filmes finos para manter a flexibilidade e obter maior rendimento a
altas temperaturas. Isso é importante quando se deseja utilizar esta tecnologia em telhados
não ventilados [52][57][58].
Estes produtos apresentam baixo FF devido à sua baixa eficiência e às altas resistências
elétricas das células solares dos filmes finos [58]. Contudo, devido à sua flexibilidade e peso
relativamente baixo, podem ser facilmente aplicados em diferentes superfícies de edifícios. A
Tabela 3.1 apresenta um exemplo de dois produtos de um fabricante, mostrando algumas
características técnicas. Na figura 3.3 pode ver-se exemplos de folhas fotovoltaicas.
Figura 3.3 - Exemplo de folhas fotovoltaicas da Alwitra GmbH & Co. usando células de silício amorfo
[57]
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|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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As telhas fotovoltaicas podem cobrir todo o telhado ou apenas algumas partes selecionadas.
Geralmente, são agrupadas em módulos com a aparência e propriedades das telhas normais e
substituem um certo número das telhas tradicionais, permitindo assim, uma fácil instalação
nos telhados [52][57][58]. As telhas podem apresentar formatos variados, desde as telhas
mais planas (shingles), até às mais curvadas (tiles). Entretanto, as telhas com características
curvas, embora garantindo a estética, não oferecem a mesma área efetiva para
aproveitamento energético.
Figura 3.4 - Exemplos de telhas fotovoltaicas. a) Solardachstein, p-Si; b) SRS Energy, a-Si; c) Lumeta,
m-Si; d), Solar Century, m-Si; e) Suntegra, m-Si e f) Dyaqua, m-Si.
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Esta tecnologia é utilizada nas coberturas ou fachadas dos edifícios em substituição dos
materiais convencionais. São apresentados no mercado com algumas semelhanças com os
módulos PV convencionais, porém com a diferença de serem melhor preparados para lidar
com as intempéries que afetam a cobertura e fachada dos edifícios.
Estes, são uma forma inovadora de incorporar a tecnologia solar nos edifícios, combinando de
forma coerente design e tecnologia, sem esquecer a parte ecológica. Fornecem um excelente
isolamento acústico e térmico, produzindo ao mesmo tempo energia solar, sendo ainda feitos
à medida e incorporados no projeto de forma vertical, horizontal ou angular, aumentando
assim a facilidade de instalação. Na Tabela 3.3 está exibida as características de alguns
módulos BIPV de três fabricantes. O FF para estes módulos é alto, por se tratar de tecnologias
monocristalinas e policristalinas. As Figuras 3.5a) e 3.5b) mostram exemplos de aplicação
destes módulos.
Figura 3.5 – Exemplo de módulos BIPV. a) módulos instalados em fachada; b) módulos instalados na
cobertura
Os produtos fabricados com estes materiais providenciam uma grande variedade de opções
para janelas, fachadas ou telhados. Os vidros fotovoltaicos, além de produzirem eletricidade,
permitem a entrada da luz solar para o interior do edifício, ao mesmo tempo que impedem a
entrada dos nocivos raios ultravioletas (UV) e infravermelhos (IV). A passagem de luz através
das estruturas pode ainda ser controlada através da adequação das dimensões, e do ajuste do
número e espaço entre células no caso da tecnologia de silício cristalina. Para módulos de
películas finas, o nível de transparência pode ser controlado pela alteração no processo de
fabrico. Quanto mais transparente o módulo, menos eficiente será [4].
49
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
_________________________________________________________________________________
A Tabela 3.4 ilustra as características de dois vidros fotovoltaicos. Porém, importa referenciar
que não se pode avaliar por completo as características elétricas deste tipo de produto sem
levar em consideração o nível de transparência da célula. Este detalhe é nitidamente
percetível na Tabela 3.5, onde se apresenta o mesmo produto da Onyxsolar da Tabela 3.4,
mas considerando agora o seu nível de transparência. Na Figura 3.6 é possível observar
diferentes formas de aplicação desta tecnologia.
Tabela 3.5 – Dados elétricos do módulo fotovoltaico de vidro da Onyxsolar, tendo em consideração o
nível de transparência das células
Fabricante Produto Transparência (%) UMPP (v) IMPP (A) Uoc (v) Isc (A) Pmax (W)
0 32 1.29 47 1.45 41
10 32 0.90 47 1.11 29
OnyxSolar 034_N12000600
20 32 0.76 47 0.93 24
30 32 0.63 47 0.74 20
50
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
desnecessário construir mais grandes centrais produtoras de energia devido ao fato de que
fontes renováveis podem ser utilizadas como fornecedores de emergência. Além disso, a
energia solar pode ajudar a rede principal durante as horas de pico de carga e contribuir para
a partilha do fornecimento de energia [60][61].
A geração de energia por meio do sol ainda é relativamente insignificante comparada com
outros tipos de tecnologias de produção, mas o recente crescimento é inquestionável e não
pode ser ignorado [62]. A International Energy Agency (IEA) prediz que os sistemas
fotovoltaicos produzirão um quinto de toda a energia global em 2050 e antecipa um
crescimento de 60% para o final deste século [63]. Este crescimento, tem sido claramente
visto ao redor do mundo, com a implementação cada vez mais alargada de células
fotovoltaicas em diversas instalações. Mas para que esta tendência seja cada vez maior, ter-
se-ão que resolver um conjunto de problemas associados. Em [1] é apresentada uma
classificação destes desafios/barreiras em quatro grupos principais:
1- Barreiras institucionais
2- Aceitação pública
3- Barreiras económicas
4- Barreiras técnicas
3
A adoção de tarifas como o FIT (Feed-in-Tariff), em sistemas ligados à rede elétrica (On-
Grid), tem se tornado numa política fundamental para planear e facilitar os investimentos em
energia renováveis. Especialmente para BIPV, o FIT é um dos fatores mais importantes.
As tarifas FITs são a política mais utilizada em muitos países para acelerar a instalação da
energia renovável (ER), representando uma maior participação no desenvolvimento de ER do
3
FIT é um mecanismo de incentivo de adoção de energias renováveis por meio da criação de uma
legislação que obrigue as concessionárias regionais e nacionais a comprarem eletricidade renovável em
valores acima do mercado, estabelecidos pelo governo. É também conhecido como Tarifa Renovável
Avançada ou Pagamento da Energia Renovável.
51
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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que os incentivos fiscais ou outras políticas padrão. Os FITs provocaram uma significativa
implantação da ER, ajudando a catapultar os países que os adotaram para a vanguarda do
setor global de ER. Na União Europeia (UE), as políticas de FIT levaram à instalação de mais
de 15.000 MW de energia solar fotovoltaica (PV) e mais de 55.000 MW de energia eólica entre
os anos de 2000 e 2009. No total, os FITs são responsáveis por cerca de 75% do PV global e
45% das instalações de energia eólica. Particularmente, países como a Alemanha,
demonstraram que os FITs podem ser usados como uma poderosa ferramenta política para
impulsionar a instalação de ER e ajudar a atingir os objetivos combinados de segurança
energética e redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) [67].
Figura 3.7 - Instalação BIPV global e previsão de sua taxa de expansão [68]
O sucesso e fracasso dos projetos BIPV dependem totalmente da cooperação dada pela
sociedade. O esclarecimento das pessoas acerca da importância da utilização de energia
renovável e dos perigos que advêm da utilização de combustíveis fósseis, como o petróleo e o
carvão, para nós e para o nosso planeta, é fundamental.
Devido à baixa eficiência dos painéis e também à baixa quantidade de energia produzida,
esses projetos precisam de mais tempo para se tornarem populares. Portanto, os cidadãos
52
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
precisam ser pacientes e os governos têm de investir tempo e recursos para aumentar o
conhecimento e provocar ideias inovadoras. Também as normas e os regulamentos devem ser
simplificados o suficiente para se tornarem mais compreensíveis para o público em geral [1].
A visão e aceitação pública, no que concerne à transição de tecnologias antigas para as novas,
como a microgeração, incluindo células fotovoltaicas em edifícios, segundo [69] ainda é
insuficiente. Em [1], considera-se que, ao melhorar a divulgação por parte dos órgãos de
comunicação social, dos benefícios económicos e ambientais das fontes renováveis, potencia-
se o desenvolvimento da ER, tal como aconteceu entre 2004 e 2010 na Espanha. Importa
salientar que, mesmo com o apoio governamental, sem a aceitação pública, todo o projeto
estará seriamente ameaçado.
As barreiras económicas serão talvez as mais importantes para impedir o cumprimento dos
objetivos energéticos já descritos. Sem colaborações governamentais, os projetos
definitivamente falharão. A importante influência da formulação de políticas fortes e os
incentivos e apoios financeiros, tais como empréstimos a longo prazo com baixas taxas de
juro, subsídios e redução de impostos para a realização de projetos progressivos de BIPV, são
relevantes.
O investimento em sistemas BIPV é de longo prazo e os seus resultados somente poderão ser
visíveis apenas muito tempo depois. Assim, convencer empresas e pessoas a trabalhar nesse
investimento depende do poder político e das preocupações governamentais. Muitos estudos
tentaram comparar a viabilidade económica das energias renováveis com a dos métodos
convencionais de geração de eletricidade. Neles, alguns fatores económicos importantes,
como o prazo do empréstimo, os custos iniciais do sistema e o custo do financiamento foram
avaliados minuciosamente. Foi concluído que os programas e as políticas devem ser de longa
data e que os governos devem definitivamente conceder incentivos sustentáveis.
Em [70] considerou-se o financiamento como uma enorme barreira para alavancar o programa
Small Power Producer (SPP) na Tanzânia. Uma vez que os bancos da Tanzânia não estavam
familiarizados com as vantagens do aproveitamento de energias renováveis, a SPP não
encontrou apoio financeiro suficiente, com empréstimos a altas taxas de juro e tempos de
retorno curtos, o que resultou na impossibilidade de estes serem realmente úteis.
53
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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No entanto, à medida que os custos dos sistemas de energia baseados em energias renováveis
diminuem, a questão económica está perdendo lentamente a sua importância.
A seguir, são mencionadas algumas barreiras técnicas, sendo que certas barreiras são comuns
aos sistemas BIPV e a outros sistemas PV ligados à rede, tais como as perdas de energia e a
escassez de componentes da célula, ao passo que outros são específicos do BIPV, como as
considerações arquitetónicas. Os fatores abaixo descritos são importantes para avaliar a
viabilidade técnica dos sistemas BIPV, sejam eles ligados à rede ou não.
i) Perdas de energia
O sombreamento parcial é responsável por 5% a 10% das perdas de energia em sistemas BIPV.
Isto poderia ainda danificar as células fotovoltaicas. Este fenómeno é chamado de ponto
quente (hot spot em inglês) e ocorre quando a célula sombreada não pode operar como as
outras células do mesmo módulo. Então, ao invés de gerar energia, dissipa energia, o que
pode danificar o módulo todo. Os díodos bypass podem ser usados para proteger as células
desse fenómeno, como foi referenciado no capítulo anterior.
Devido à facilidade de manutenção e baixo custo inicial, geralmente os sistemas BIPV são
painéis fixos com uma determinada inclinação, o que afeta o desempenho do sistema.
Para os sistemas BIPV, ligados à rede, é muito importante avaliar a qualidade da energia
produzida. Esta qualidade pode ser definida através de diferentes parâmetros como por
exemplo o valor da tensão e as variações na frequência.
54
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
A qualidade da energia pode ser posta em causa principalmente em situações com alta
penetração de ER. A ligação à rede de diferentes pequenos produtores pode diminuir a
qualidade do fornecimento e coloca em risco o equilíbrio dos sistemas de energia,
especialmente nos pontos de ligação.
Talvez o equipamento mais crítico nos sistemas fotovoltaicos seja o inversor. A eficiência do
Maximum Power Point Tracking (MPPT) é normalmente o fator utilizado para avaliar a função
do inversor. Esta função é difícil de medir porque depende das características internas dos
inversores e dos parâmetros externos, tais como as características das células fotovoltaicas, a
radiação incidente e o clima.
Atualmente têm surgido uma série de investigações sobre os parâmetros que devem ser
considerados pelos arquitetos durante a fase de projeto para que se possam obter edifícios
cada vez mais económicos em termos energéticos. A ideia é ter edifícios que não sejam
apenas eficientes em termos de energia, mas também capazes de gerar a sua própria energia,
tanto quanto possível, através de sistemas solares.
55
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
_________________________________________________________________________________
Para enfrentar essas questões, foi estabelecida por esta agência, em 2009, a Tarefa 41:
Energia Solar e Arquitetura, Programa de Aquecimento Solar e Arrefecimento. A Tarefa
envolveu arquitetos, investigadores e educadores de 14 países: Austrália, Áustria, Bélgica,
Canadá, Dinamarca, Alemanha, Itália, Noruega, Portugal, Coreia do Sul, Singapura, Espanha,
Suécia e Suíça. O objetivo final desta tarefa de três anos consistiu em fazer da arquitetura
uma força motriz para o uso de energia solar em edifícios e ajudar a promover uma
arquitetura inspiradora de alta qualidade baseada em estratégias solares ativas e passivas,
identificando obstáculos que os arquitetos enfrentam na implementação dessas estratégias,
propondo estratégias para superá-las e aprimorando as qualificações e as interações dos
arquitetos com engenheiros, fabricantes e clientes [74].
“Sub-tarefa B” da IEA SHC Tarefa 41, intitulada Ferramentas e métodos para design solar
foca em ferramentas e métodos de design atualmente disponíveis para arquitetos que podem
auxiliar e apoiar decisões de design no desenvolvimento da arquitetura solar, particularmente
na fase inicial de projeto. A justificativa para este estudo consagra a estimativa de que a
maioria das decisões de design que podem influenciar o desempenho energético do edifício,
como a forma, a orientação, o design de fachada, os materiais, as superfícies envidraçadas,
etc., são tomadas na fase inicial de projeto, e durante a qual os arquitetos têm um papel
dominante. A integração de estratégias passivas e tecnologias solares ativas só pode
realmente ser eficaz se esta for considerada desde os primeiros estágios do processo de
design e no estágio do design concetual [75]. Porém, tais ferramentas (principalmente
softwares de design e simulação) não estão acessíveis à maioria dos arquitetos,
correspondendo a um forte problema para a implementação e eficiência desta tecnologia.
Podemos, no entanto, afirmar que, embora, exista um longo percurso a percorrer para que
BIPV se possa tornar uma tecnologia atraente, não só do ponto de vista estético, mas também
económico, assiste-se a esforços consideráveis para que se possa tornar esta tecnologia vulgar
e acessível, permitindo a produção de eletricidade por parte dos próprios consumidores. É
previsível que nos próximos anos se assista a muitos mais desenvolvimentos.
56
________________________________
CAPÍTULO
4
________________________________
Legislação e Normas
aplicáveis à Unidades de
Produção (UP)
57
58
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
59
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________
excedente a terceiros ou à rede pública, sendo que a potência a entregar à rede pública em
cada ponto de receção, não poderá ser superior a 150 kW [79].
60
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
baseada em uma só tecnologia de produção cuja potência de ligação à rede seja igual ou
inferior a 250 kW [84].
Atualmente, os novos projetos de produção renovável a partir de energia solar, são regidos
pelo Decreto-Lei nº 153/2014 de 20 de Outubro [86]. Revogando o Decreto-Lei n.º
363/2007, de 2 de novembro, alterado pela Lei n.º 67 -A/2007, de 31 de dezembro, pelo
Decreto-Lei n.º 118 -A/2010, de 25 de outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 25/2013, de 19 de
fevereiro; bem como revoga o Decreto-Lei n.º 34/2011, de 8 de março, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 25/2013, de 19 de fevereiro.
61
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________
iii) Portaria n.º 60-E/2015, de 2 de março, procede à alteração dos artigos 9.º e 17.º da
Portaria n.º 14/2015, de 23 de janeiro, atribuindo-lhes uma nova redação [89].
i) UPP
A unidade de pequena produção (UPP) injeta a totalidade da energia produzida na
RESP;
A instalação de consumo associada, recebe toda a eletricidade proveniente do
respetivo comercializador;
É instalada no local de consumo;
A potência de ligação tem de ser inferior à potência contratada na instalação de
consumo e nunca superior a 250kW;
Numa base anual, a energia produzida pela UPP não pode exceder o dobro da
eletricidade consumida na instalação de consumo;
A configuração típica de uma UPP é ilustrada na Figura 4.1.
ii) UPAC
A unidade de produção para autoconsumo produz preferencialmente para satisfazer
necessidades de consumo;
O excedente produzido é injetado na RESP, evitando o desperdício;
É instalada no local de consumo;
A potência de ligação tem de ser inferior à potência contratada na instalação de
consumo;
A potência da UPAC não pode ser superior a duas vezes a potência de ligação;
A configuração típica de uma UPAC é ilustrada na Figura 4.2.
62
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
a) Suportar o custo das alterações da ligação da instalação elétrica de utilização à RESP, nos
termos do Regulamento de Relações Comerciais e do Regulamento Técnico e de Qualidade da
Produção Elétrica para Autoconsumo;
63
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________
b) Suportar o custo associado aos contadores que medem o total da eletricidade produzida
pela UPAC, bem como o total da eletricidade injetada na RESP, quando a instalação elétrica
de utilização a que se encontre associada se encontrar ligada à rede e a potência instalada da
UPAC seja superior a 1,5 kW;
c) Entregar à RESP a totalidade da energia ativa produzida na UPP, líquida do consumo dos
serviços auxiliares;
d) Dimensionar a UPAC de forma a garantir a aproximação, sempre que possível, da energia
elétrica produzida com a quantidade de energia elétrica consumida na instalação elétrica de
utilização;
e) Assegurar que os equipamentos de produção instalados se encontram certificados nos
termos previstos no presente decreto-lei;
As instalações de autoconsumo que não estejam ligadas à RESP, estão apenas sujeitas a uma
mera comunicação prévia de exploração. As figuras 4.3 e 4.4 apresentam respetivamente um
diagrama sequencial para o processo de registo para uma UPAC com potência superior a 1,5
kW e de uma UPP.
Figura 4.3 – Processo de licenciamento de uma UPAC com potência superior a 1,5 kW [91]
64
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
4.2.4. Tarifas
Quando conveniente, o utente de uma UPAC que esteja ligada à rede elétrica, pode, junto ao
comercializador de último recurso (CUR), formalizar um contrato de venda da energia que
seja produzida e não venha a ser consumida.
O valor dessa energia elétrica fornecida à RESP é calculado de acordo a expressão (4.1). O
excedente de produção instantânea é remunerado ao preço da “pool”, dedu ido de
praticamente 10%, para compensar custos com injeção, sendo igualmente um incentivo ao
dimensionamento da UPAC em conformidade com as necessidades de consumo, de modo a
que a injeção à rede seja reduzida.
(4.1)
sendo:
RUPAC,m – A remuneração da eletricidade fornecida à RESP no mês m, em €;
Efornecida, m – A energia fornecida no mês m, em kWh;
OMIEm – O valor resultante da média aritmética simples dos preços de fecho do Operador do
Mercado Ibérico de Energia (OMIE) para Portugal (mercado diário), relativos ao mês m, em
€/kW ;
m – O mês a que se refere a contagem da eletricidade fornecida à RESP.
A Figura 4.5 ilustra o diagrama de produção típico de uma UPAC com injeção de excedentes à
RESP. É evidenciado que durante as horas do dia sem presença da luz solar, o abastecimento
à carga é dado pela rede elétrica. Porém, espera-se que o dimensionamento da UPAC, venha
65
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________
Figura 4.5 - Diagrama de produção e consumo de uma UPAC ligada à RESP (sem baterias de
armazenamento) [91]
A energia elétrica ativa produzida pela UPP e entregue à RESP é remunerada pela tarifa
atribuída com base num modelo de licitação, no qual os concorrentes oferecem descontos à
tarifa de referência. Esta tarifa de referência é estabelecida mediante portaria do membro
do Governo responsável pela área da energia, até 15 de dezembro de cada ano [86].
I 95
II 105
III 100
66
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
A tarifa de referência referida varia também consoante o tipo de energia primária utilizada,
sendo determinada mediante a aplicação das percentagens apresentadas na Tabela 4.2.
Solar 100
Biomassa 90
Biogás 90
Eólica 70
Hídrica 60
A eletricidade vendida é limitada a 2,6 MWh/ano, no caso da utilização de fonte solar e eólica
e a 5 MWh/ano no caso da utilização das restantes fontes, por cada quilowatt de potência
instalada.
67
68
________________________________
CAPÍTULO
5
________________________________
Dimensionamento
de sistemas
fotovoltaicos
ligados à rede
69
70
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
5.1. Introdução
Na presente secção é apresentada uma descrição metodológica das etapas necessárias para o
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede elétrica. Para tal, são consideradas
as seguintes etapas:
Avaliação do local de instalação;
Seleção dos equipamentos;
Configuração da matriz fotovoltaica;
Estimativa da produção de energia;
Dimensionamento de cablagens;
Dimensionamento das proteções;
As principais condições que limitam a potência instalada num sistema fotovoltaico são a área
disponível para a instalação das estruturas e módulos fotovoltaicos, bem como o valor
monetário disponível para o investimento [46]. Porém, importa ressaltar que na fase de
projeto importa analisar todas as condições do local onde a instalação será realizada, com
vista a obter uma ótima viabilidade técnica do projeto.
No início do projeto devem ser obtidos dados como a localização geográfica (latitude e
longitude, com recurso ao Google Maps) e a radiação solar do local da instalação pois são
fatores que maior influência têm na determinação da energia produzida e, logo, na
rentabilidade do sistema [93]. Evidenciam-se três tipos de radiação solar: a direta
(proveniente diretamente do Sol, segundo a sua direção, obtida a céu limpo), a difusa (que
não tem uma direção específica e é devida, fundamentalmente, à existência de nuvens que
dispersam os raios solares) e aquela que é refletida na superfície terrestre e, de seguida,
pode ser aproveitada pelos painéis fotovoltaicos. Esta última é de difícil análise e depende,
71
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
Atualmente existem muitos softwares disponíveis no mercado (grátis ou pagos) que possuem
bases de dados, informações de radiação diárias e mensais de diversos locais em todo o
mundo, possibilitando fazer um estudo mais preciso do sistema. Neste trabalho usar-se-ão as
informações fornecidas pelo software PVGIS (Photovoltaic Geographical Information System),
uma ferramenta científica disponibilizada pelos serviços de ciência da Comissão Europeia.
72
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Após ter sido selecionado o tipo de módulo que corresponde as especificações do projeto
(sejam técnicas ou económicas), é possível obter uma estimativa do número de módulos a
73
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
serem instalados, fazendo uso da expressão (5.1), que relaciona a potência total a ser
instalada com a potência máxima dos módulos.
(5.1)
Embora não indique um valor definitivo, este parâmetro possibilita ao projetista ter uma
perspetiva, não apenas da quantidade de módulos, mas também da área necessária para a sua
instalação. As restrições em termos de área disponível podem, muitas das vezes, condicionar
o número de módulos que constituem o arranjo e o modo como estes vão ser ligados.
5.3.2. Inversores
(5.2)
A potência do inversor deverá estar de acordo com a gama de valores descritos na expressão
(5.2), porque segundo [20]:
- A eficiência do inversor é maior a cargas elevadas;
- O inversor suporta sobrecargas de 20% ou mais;
- Poucas vezes se encontra a potência máxima.
Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede e com uma potência instalada de até 5 kWp são
normalmente monofásicos. Para estes casos, e onde os módulos estão orientados e inclinados
uniformemente sem existirem sombreamentos, deve utilizar-se um único inversor.
74
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
A tensão de entrada no inversor, produzida pelo somatório das tensões dos módulos ligados
em série, está relacionada com a variação de temperatura. Tem-se em conta que no Inverno,
quando se verificam temperaturas mais baixas, a tensão atinge o valor mais elevado,
enquanto que no Verão, quando os módulos experimentam temperaturas mais elevadas, a sua
tensão regista valores mais baixos. As situações operacionais extremas de inverno e verão,
são determinantes para o dimensionamento.
Considerando uma variação média anual da temperatura no plano do painel entre -10ºC e
70ºC, os desvios absolutos relativamente à temperatura de 25ºC (STC) é respetivamente de -
35ºC e 45ºC [46]. Assim, podemos calcular as tensões máxima e mínima possíveis de serem
produzidas por um módulo através das expressões (5.3) e (5.4) respetivamente.
75
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
(5.3)
(5.4)
em que:
A tensão aos terminais das fileiras deve estar compreendida entre os limites máximo e
mínimo da tensão correspondente ao ponto de potência máxima do inversor, ou seja, dentro
da gama de variação para o qual o inversor se adapta ao ponto correspondente à máxima
extração de potência da fileira [46].
O valor máximo da tensão em circuito aberto da fileira, calculada em (5.3), não deve exceder
o valor máximo da tensão à entrada do inversor. A expressão (5.5) permite determinar a
quantidade máxima de módulos em série.
(5.5)
De forma análoga, o valor mínimo da tensão produzida pela fileira, calculada em (5.4), não
deve ser inferior ao valor mínimo de tensão admissível pelo inversor. A quantidade mínima de
módulos em série é determinada pela expressão (5.6).
(5.6)
sendo:
– Tensão máxima à entrada do inversor, fornecida pelo fabricante.
– Tensão mínima à entrada do inversor, fornecida pelo fabricante.
76
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
(5.7)
Após a obtenção dos principais indicadores relativos ao local da instalação, pode-se calcular a
energia possível de ser diariamente produzida pelo sistema através da expressão (5.8), onde
representa as horas de pico solar, o rendimento do inversor e a potência
nominal do gerador fotovoltaico.
(5.8)
77
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
inclinação do módulo, no qual, qualquer modificação implica uma alteração nos valores de
irradiância e número de horas de pico solar.
(5.9)
Figura 5.4 – Distribuição horária da radiação incidente sobre a superfície da Terra, adaptado de [95]
A energia mensal possível de ser produzida pelo sistema, depende do número de dias do mês
e é expressa matematicamente em (5.10).
(5.10)
Assim, para obter-se a energia anual que uma dada instalação fotovoltaica é capaz de
produzir, é necessário perceber que a intensidade da radiação solar e as horas de pico solar
variam ao longo dos meses. Então, é importante calcular a possível energia produzida pela
instalação nos diferentes meses do ano. A produção anual é dada pelo somatório dos distintos
valores de produção mensal, expressa matematicamente em (5.11).
(5.11)
78
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
objetivo de garantir proteção contra a ocorrência de falhas à terra, bem como de curto-
circuitos, os condutores positivos e negativos não podem ser colocados lado a lado no mesmo
cabo.
Cabo principal DC – este cabo estabelece a ligação entre a caixa de junção do gerador e o
inversor. Se a caixa de junção do gerador estiver localizada no exterior, estes cabos devem
ser entubados, uma vez que não são resistentes aos raios ultravioletas. De igual modo, por
razões associadas à proteção contra falhas à terra e de curto-circuitos, recomenda-se
também que os condutores de polaridade positiva e negativa devem ser independentes e não
devem ser agrupados lado a lado no mesmo cabo. Podem também ser utilizados os mesmos
tipos de cabos usados para os cabos de fileiras, desde que correspondam a secção
correspondente.
Os parâmetros necessários para o dimensionamento deste tipo de cabo são exibidos na Tabela
5.1.
Tabela 5.1 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo de fileira
(5.12)
79
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
As perdas totais nos cabos do sistema fotovoltaico podem ser determinadas através da
expressão (5.13).
(5.13)
(5.14)
(5.15)
As respetivas perdas no cabo principal PDC são calculadas para a secção transversal do cabo
selecionado, de acordo a expressão (5.16).
(5.16)
80
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Para uma instalação monofásica, a secção transversal é calculada por meio da expressão
(5.17).
(5.17)
Já para uma instalação trifásica, a secção transversal é calculada pela expressão (5.18).
(5.18)
As perdas PAC, no cabo para a secção transversal escolhida, são determinadas através do
seguinte:
- Instalações monofásicas, usa-se a expressão (5.19).
(5.19)
(5.20)
O circuito em DC deverá ter uma proteção com fusíveis. Porém, para sistemas fotovoltaicos
com menos de 4 fileiras, é dispensável o uso de fusíveis, sendo recomendável o
81
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________
(5.21)
5.7.2. Interruptor DC
(5.22)
5.7.3. Disjuntor AC
No sentido de garantir proteção no ramal que liga o inversor à rede, é instalado um disjuntor
AC à saída do inversor. A obtenção do poder de corte do disjuntor AC é efetuada pela
expressão (5.23), onde PACinv é a potência de saída do inversor e Vn a tensão nominal da rede.
(5.23)
No capítulo seguinte, será aplicada num caso de estudo a metodologia aqui estudada, com
vista a dimensionar um sistema fotovoltaico integrado num edifício. Espera-se assim, obter
uma aplicação prática e resultados satisfatórios.
82
________________________________
CAPÍTULO
6
________________________________
Estudo de Caso
83
84
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
6. Estudo de Caso
6.1. Introdução
A instalação, tal como se enfatizou, será alocada, na Faculdade de Engenharia da UBI, situada
na pequena cidade da Covilhã. De forma mais específica, apresentam-se as suas coordenadas
geográficas: latitude de 40º 16' 42.8'' N e longitude de 7º 30' 42.3'' W, tendo uma elevação em
relação ao nível do mar de 639 m de altitude.
85
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
Tabela 6.1 – Radiação global incidente para a cidade da Covilhã, fonte: PVGIS (2001 – 2012)
A época com maior índice de radiação corresponde aos meses de Junho, Julho e Agosto, como
se vê na Tabela 6.1 e na Figura 6.2. Tal resultado era de se esperar, pois esta é a estação do
verão em Portugal. Usando ângulos otimizados, esses níveis de radiação podem ser ainda
maiores.
86
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
10000
9000
8000
7000
Wh/m2/dia
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 6.2- Radiação horizontal vs Radiação normal direta para a cidade da Covilhã ao longo do ano,
adaptado de PVGIS (2001 – 2012)
Ao longo do ano, regista-se a forte presença de nuvens. A sua presença dispersa os raios
solares, reduzindo a intensidade dos mesmos e, consequentemente o rendimento dos sistemas
fotovoltaicos. Para as coordenadas referidas, observa-se na Figura 6.3 que nos meses de
Junho a Setembro, o quociente entre a radiação difusa e a radiação global é baixo,
privilegiando a chegada dos raios solares à superfície sem interferências de nuvens (céu
limpo). O mesmo não se pode referir relativamente aos meses de Outubro a Maio, já que para
estes regista-se a presença considerável de nuvens no céu da Covilhã. Significando, no
entanto, ainda a possibilidade de produzir eletricidade, porém em menor quantidade do que
nos meses de verão.
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 6.3 – Relação entre radiação difusa e global para a Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 – 2012)
87
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
30
25
20
15
10
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 6.4 – Temperaturas médias diárias ao longo do ano na Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 – 2012)
Podemos, então, afirmar que a cidade tem potencial solar capaz de ser aproveitado por um
sistema fotovoltaico à base de telhas solares. Para um melhor aproveitamento do recurso
solar, as telhas serão orientadas (azimute) para o sul (0º).
6.2.2. Sombreamentos
Figura 6.5 – Local de instalação das telhas solares. Fonte: Próprio autor
88
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
As telhas fotovoltaicas, ou solares, não são ainda muito populares no mercado, embora
existam diversos fabricantes, os seus produtos não estão tão disponíveis quanto os módulos
fotovoltaicos. Após uma vasta pesquisa das possíveis ofertas no mercado europeu, escolheu-se
a telha solar GTFV100 Tile, fabricada pela Solarteg, uma empresa sedeada em Milão–Itália,
cujo aspeto físico é ilustrado na Figura 6.6.
Tabela 6.2 – Especificações técnicas telha solar GTFV100 Solarteg. Fonte: datasheet do fabricante
89
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
6.3.2. Inversor
Para determinar a potência nominal do inversor, teve-se como base o intervalo de potência
da expressão (5.2). Assim, a potência do inversor deverá estar situada entre 1,4 kW e 2,4 kW.
Selecionou-se o inversor monofásico 2000P da SolarMax, cujas especificações técnicas são
apresentadas no Anexo nº 1.
Após a inserção dos dados no software, é automaticamente devolvida uma série de resultados
do sistema. Estes mesmos resultados são obtidos com base nas expressões (5.3) a (5.7). A
Figura 6.8 ilustra a interface do PVsyst e a respetiva configuração global do sistema aqui
proposto.
90
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Os resultados devolvidos pelo programa são apresentados na Tabela 6.3. Destes, destaca-se o
facto de nas condições de operação do sistema (VMPP (70º) e VOC (-10º)), as tensões variarem
entre 205 e 338 V, encontrando-se dentro dos limites de tensão admitido pelo inversor
escolhido (120 – 480 V). Isto é importante, pois garante que o algoritmo MPPT do inversor
possa explorar os pontos de máxima potência de cada curva.
Nº de telhas em série 20
Nº de fileiras 1
2
Área necessária (m ) 20
91
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
Para mensurar o rendimento de um sistema PV, alguns índices devem ser considerados. Estes
são utilizados com o objetivo de comparar sistemas entre si, além de avaliar o desempenho
individual de cada sistema. Neste trabalho são considerados os seguintes [97]:
- Produtividade final (Yf) – é a razão entre a energia injetada na rede elétrica E_Grid, e a
potência nominal do sistema PFV, representando o número de horas que o sistema precisaria
funcionar na potência nominal para fornecer uma determinada quantidade de energia à rede.
Este pode ser dado em horas ou em kWh/kWp.
Na Figura 6.9 encontra-se registado o valor de 5,259 kWh/m2.dia como sendo a média da
energia incidente nas telhas solares ao longo do ano.
A produção de energia por parte do sistema é sempre acompanhada de perdas. Estas são
intrínsecas às caraterísticas do arranjo fotovoltaico (desde as células até às telhas), bem
92
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
como do próprio inversor. Quanto maior for o nível de incidência da radiação solar, maior
serão as perdas registadas, já que aumenta a temperatura das células, reduzindo o
rendimento das telhas. Isto é claramente constatado nas Figuras 6.10 (dados absolutos) e 6.11
(dados percentuais).
93
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
A energia produzida pelo sistema fotovoltaico não é a energia injetada na rede, ou seja, à
saída do inversor. Isto deve-se ao facto de existirem diversas perdas que influenciam a
redução desta energia. As principais perdas que afetam o sistema são apresentadas na Figura
6.13 e descritas no Anexo nº 9.
94
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Através da simulação é possível obter uma previsão da produção anual do sistema. Como tal,
obtém-se uma produção de 2 900,3 kWh/ano.
A Tabela 6.4 apresenta o balanço mensal e anual das principais grandezas avaliadas. É
percetível a influência das perdas. A diferença entre a energia que o arranjo produz e a
energia injetada na rede é mostrada na Figura 6.14.
95
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
400
350
300
250
kWh
200
150
100
50
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
E_Array 131,9 183,4 267,6 283 325,7 348,8 374,9 348,5 282 211,9 140,8 116,6
E_Grid 126,6 176,6 257,8 272,1 313,5 335,4 360,5 335,4 271,5 204 135,2 111,9
O uso da telha GTFV100 dispensa o dimensionamento dos cabos de fileiras pois a ligação
elétrica é garantida graças a um ligador de contato patenteado (sem cabo), que une as telhas
umas às outras, proporcionando uma instalação simples e rápida no telhado.
Entretanto, como é necessário saber a secção do cabo de fileira para utilizar as expressões
(5.13) a 5.20, e tendo em conta que o fabricante apenas fornece o tipo de material condutor
(cobre), vamos neste trabalho admitir que o ligador equivale a uma secção de 2,5 mm2 e com
comprimento de 0,1 m.
Assim sendo, podemos calcular pela expressão (5.13) as perdas nos ligadores da fileira.
Considerando que temos apenas uma fileira, e sabendo pela Figura 6.8 que a corrente
máxima a circular na fileira em STC é 8,9 A, obtemos:
96
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
6.5.3. Cabo AC
A secção transversal do cabo AC é calculada por meio da expressão (5.17). A corrente nominal
e o fator de potência do inversor são, respetivamente, de 10 A e 0,8 e estes valores podem
ser vistos nas características do inversor selecionado, no Anexo nº1. Por se tratar de um
sistema monofásico, a tensão nominal é de 230 V.
Pelos cálculos, obtém-se uma secção transversal muito reduzida, porém admitimos uma
secção de 2,5 mm2.
As perdas PAC, para a secção transversal selecionada, são calculadas através de (5.19):
O uso de fusíveis de fileira é importante para proteger o circuito em DC, porém tal como foi
descrito na secção 5.6.1, para sistemas com menos de 4 fileiras é dispensável a sua
instalação.
6.6.2. Interruptor DC
97
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
6.6.3. Disjuntor AC
A proteção do ramal que liga o inversor à rede é calculada pela expressão (5.23).
Os sistemas fotovoltaicos são de certa forma limitados pelo custo associado a eles. A
avaliação económica torna-se num fator de particular importância, pois, através da mesma,
pode-se concluir acerca da rentabilidade da instalação.
Descrição Qdt Preço Unit (€) IVA (%) Preço total (€)
98
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
50000
45000
40000
35000
30000
kWh
25000
20000
15000
10000
5000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo 37968 46809 39637 40.030 35.934 32.266 47.216 13.111 23.807 30.270 30.643 39.837
E_Grid 126,6 176,6 257,8 272,1 313,5 335,4 360,5 335,4 271,5 204,0 135,2 111,9
Consumo E_Grid
Figura 6.15 – Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia da UBI (2017) vs energia injetada na rede
pelo sistema PV
Nesta secção será feita uma abordagem sobre o VAL, o TIR e o Payback que são os principais
indicadores de avaliação da viabilidade económica de um sistema.
6.7.1. VAL
O VAL (Valor Atual Líquido) é um indicador muito utilizado, pois avalia a viabilidade
económica de um projeto calculando o valor atual de todos os seus cash-flows. É dado pela
expressão (6.1).
(6.1)
em que:
n – Número de anos
I – Valor de investimento
R – Receita (valor anual)
C – Custos (O&M)
a – Taxa de empréstimo em vigor
O seu valor pode ser positivo, negativo ou nulo. Quando é positivo, o projeto é viável e
permite cobrir o investimento gerando ainda excedentes financeiros (lucros). Caso o valor
seja negativo, o projeto não é economicamente viável. Um VAL nulo significa que o projeto é
economicamente viável, porém não gerará excedentes financeiros.
99
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________
6.7.2. TIR
6.7.3. Payback
O Payback é considerado como o período de tempo necessário para que se recupere todo
investimento feito nalguma aplicação.
Considerando que a vida útil das telhas solares é de 25 anos, o estudo económico é feito para
o mesmo intervalo de tempo. No entanto, admite-se um consumo elétrico fixo ao longo do
horizonte temporal evidenciado.
Como as telhas fotovoltaicas sofrem uma diminuição do rendimento ao longo dos anos,
admitiu-se um valor de depreciação anual de 0,6 %. Este valor surge por estimativa, já que
não dispomos de informação disponibilizada pelo fabricante.
As tarifas de energia não são fixas, variando constantemente (subindo ou descendo), como
pode ser conferido na tabela exibida no Anexo nº 5. Essa variabilidade deve ser tida em conta
ao apreciar a faturação prevista para o horizonte temporal de 25 anos. Para tal, avaliando o
histórico de Portugal, admitimos um crescimento anual de 2% na tarifa de referência em 2017
(0,145 €/kW ).
Para considerar o valor da moeda no tempo, admitiu-se uma TMA anual de 10% sobre o valor
total acumulado.
Por se tratar de um sistema de pequena dimensão, e visto que as telhas apresentam uma
garantia de 10 a 15 anos, assumiu-se um valor de Operação e Manutenção Anual (O&M) de 100
€ a partir do segundo ano de operação, com um crescimento de 5% ao ano.
O cálculo dos indicadores económicos considerados (VAL, TIR e Payback), foi efetuado
recorrendo-se ao Excel. Tendo em conta o investimento inicial de 7 009,93 € e as estimativas
de cash-flows ao longo dos anos, obtiveram-se os resultados apresentados na Tabela 6.6.
100
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________
2018 1 0,147 417528 2900,3 414628 61 552,2 61 124,7 427,6 0 427,6 427,6 -6 582,4
2019 2 0,150 417528 2882,9 414645 62 783,3 62 349,8 861,1 100,00 761,1 691,9 -5 890,5
2020 3 0,153 417528 2865,6 414662 64 038,9 63 599,4 1 300,6 105,00 1 195,6 988,1 -4 902,4
2021 4 0,156 417528 2848,4 414680 65 319,7 64 874,1 1 746,2 110,25 1 635,9 1229,1 -3 673,3
2022 5 0,160 417528 2831,3 414697 66 626,1 66 174,3 2 198,0 115,76 2 082,2 1422,2 -2 251,1
2023 6 0,163 417528 2814,3 414714 67 958,6 67 500,6 2 656,1 121,55 2 534,5 1573,7 -677,4
2024 7 0,166 417528 2797,4 414731 69 317,8 68 853,4 3 120,5 127,63 2 992,9 1689,4 1 012,0
2025 8 0,169 417528 2780,7 414747 70 704,2 70 233,3 3 591,4 134,01 3 457,4 1774,2 2 786,2
2026 9 0,173 417528 2764,0 414764 72 118,2 71 640,8 4 068,8 140,71 3 928,1 1832,5 4 618,7
2027 10 0,176 417528 2747,4 414781 73 560,6 73 076,6 4 552,8 147,75 4 405,1 1868,2 6 486,9
2028 11 0,180 417528 2730,9 414797 75 031,8 74 541,1 5 043,6 155,13 4 888,4 1884,7 8 371,6
2029 12 0,183 417528 2714,5 414813 76 532,5 76 034,9 5 541,2 162,89 5 378,3 1885,0 10 256,6
2030 13 0,187 417528 2698,2 414830 78 063,1 77 558,6 6 045,6 171,03 5 874,6 1871,8 12 128,4
2031 14 0,191 417528 2682,0 414846 79 624,4 79 112,9 6 557,1 179,59 6 377,5 1847,3 13 975,8
2032 15 0,195 417528 2666,0 414862 81 216,9 80 698,3 7 075,7 188,56 6 887,1 1813,6 15 789,4
2033 16 0,198 417528 2650,0 414878 82 841,2 82 315,4 7 601,5 197,99 7 403,5 1772,3 17 561,7
2034 17 0,202 417528 2634,1 414894 84 498,0 83 964,9 8 134,5 207,89 7 926,6 1725,1 19 286,8
2035 18 0,206 417528 2618,3 414910 86 188,0 85 647,5 8 675,0 218,29 8 456,7 1673,1 20 959,9
101
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________
2037 20 0,215 417528 2586,9 414941 89 670,0 89 114,4 9 778,5 240,66 9 537,9 1559,5 24 137,0
2038 21 0,219 417528 2571,4 414957 91 463,4 90 900,1 10 341,8 252,70 10 089,1 1499,7 25 636,7
2039 22 0,223 417528 2556,0 414972 93 292,6 92 721,5 10 912,9 265,33 10 647,6 1438,8 27 075,5
2040 23 0,228 417528 2540,6 414987 95 158,5 94 579,5 11 492,0 278,60 11 213,4 1377,5 28 453,0
2041 24 0,232 417528 2525,4 415003 97 061,7 96 474,6 12 079,1 292,53 11 786,5 1316,3 29 769,3
2042 25 0,237 417528 2510,2 415018 99 002,9 98 407,7 12 674,3 307,15 12 367,1 1255,6 31 024,9
102
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
Nota-se que ao final da vida útil do sistema, este estaria a trabalhar a 66% da sua capacidade,
produzindo 2480,2 kWh/ano. Estima-se obter, ao fim dos 25 anos, um valor acumulado de
31 024,9 €.
Pela Figura 6.16 constata-se que, em comparação com a vida útil do sistema, o período de
retorno do investimento apresenta um resultado satisfatório. Os resultados dos indicadores
económicos são apresentados na Tabela 6.8.
35.000,0 €
30.000,0 €
25.000,0 €
20.000,0 €
15.000,0 €
10.000,0 €
5.000,0 €
0,0 €
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-5.000,0 €
Anos
-10.000,0 €
Assim sendo, do ponto de vista económico, a implementação de uma UPAC com tecnologia
BIPV, usando telhas solares GTFV100 Solarteg, é viável, já que obtemos um VAL positivo, bem
como uma TIR superior à TMA estipulada. O tempo de retorno do investimento aplicado é de
6,3 anos (6 anos e 4 meses), permitindo a obtenção de lucros nos anos subsequentes.
103
104
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________
_________________________________
CAPÍTULO
7
_________________________________
Conclusão
105
106
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
7. Conclusão
A energia solar fotovoltaica é claramente uma das fontes de energia que apresenta um maior
potencial de crescimento nos próximos anos, sendo com certeza a grande esperança para
assegurar as inúmeras necessidades energéticas a nível mundial, em particular para Portugal.
Referimo-nos a uma tecnologia, relativamente estabelecida, mas que tem suscitado o
interesse cada vez maior de muitos investigadores, no intuito de reduzir os custos que
envolvem a sua exploração.
Relativamente à tecnologia BIPV, vemos que esta tem ganho cada vez mais espaço no campo
da exploração da energia solar. Isto, porque ela combina o aproveitamento energético e a
estética, um dos grandes desafios da tecnologia fotovoltaica convencional. O telhado, ou as
fachadas dos edifícios, constituem os principais locais de aplicação dos sistemas BIPV, o que
leva os arquitetos e engenheiros a demonstrarem uma maior preocupação na conceção de
novos produtos, já que estes devem ser capazes de resistir às intempéries suportadas pelos
elementos convencionais dos edifícios.
Esta tecnologia tem sindo agrupada em diversos tipos, conhecidos como folhas fotovoltaicas,
telhas fotovoltaicas, módulos BIPV e vidros fotovoltaicos. A sua aplicação depende da
finalidade desejada, se para telhado, fachada ou elementos de fenestração. Portanto, tal
como toda a tecnologia inovadora enfrenta desafios, os sistemas BIPV não são diferentes.
Vários desafios devem ser superados para que BIPV ganhe cada vez mais espaço no mercado e
possa ser uma escolha por parte dos consumidores. Tais desafios podem ser evidenciados
como institucionais, de aceitação pública, económicos e técnicos.
107
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________
A nível local, tem-se assistido a uma preocupação por parte do governo, em potencializar
cada vez mais a exploração do recurso solar e a instalação de tecnologias que visem
desmotivar a utilização dos combustíveis fosseis. Esta preocupação é justificável, pois
Portugal apresenta um potencial solar bastante elevado, podendo, com a aplicação destas
tecnologias, diminuir a crescente demanda elétrica por parte dos centros de consumo.
Um bom estudo do local onde será instalado o sistema é necessário, pois através dele se
poderá conhecer as condições meteorológicas e perceber se a radiação solar permite a
instalação de um sistema PV. Os equipamentos a serem selecionados são submetidos a uma
análise criteriosa, de modo a dar resposta às exigências de potência.
Foi apresentada neste trabalho uma proposta para instalação de um sistema de geração
fotovoltaica baseado em telhas fotovoltaicas. A instalação estaria localizada no telhado da
108
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________
referida Faculdade e projetada com potência de 2 kWp. A seleção da telha recaiu sobre a
GTFV100 Tile fabricada pela Solarteg e foi escolhido o inversor 2000P da Solarmax.
A simulação do sistema foi realizada no PVsyst v6.68, que após o preenchimento dos
parâmetros requeridos, retornou que a instalação necessitará de 20 telhas, 1 inversor,
podendo ocupar uma área de 20 m2.
Numa base anual, pelo menos para o primeiro ano de operação, a instalação produzirá
3 015,2 kWh, sendo que apenas 2 900,3 kWh poderão ser aproveitados devido às diversas
perdas inerentes ao funcionamento do sistema. O dimensionamento dos cabos foi realizado
baseado nas expressões matemáticas exibidas no capítulo cinco, de onde se pôde calcular a
secção de 2,5 mm2 para os cabos de fileira, secção de 4 mm2 para o cabo DC principal e
secção de 2,5 mm2 para o cabo AC. O uso de fusíveis de fileira é dispensável, assim como
dispensável é o dimensionamento de um interruptor DC, já que o inversor escolhido já o tem
instalado. Deverá ser instalado um disjuntor do lado AC, que deverá ter um poder de corte
superior a 10,8 A.
No intuito de avaliar o custo envolvido para a implementação deste sistema, bem como
conhecer a sua viabilidade económica, foi elaborado um estudo económico. Para tal, foi
necessário fazer o levantamento dos preços de todos os equipamentos necessários, bem como
da mão de obra envolvida, perfazendo um investimento total de 7 000,93 €. De referir ue,
foi descartada a possibilidade de empréstimo bancário.
No entanto, verdade seja dita, embora tenhamos obtido resultados satisfatórios que nos
indicam a viabilidade técnica e económica do sistema fotovoltaico proposto, não nos podemos
olvidar de que as telhas solares ainda são muito caras quando comparadas com os painéis
fotovoltaicos convencionais, sem contar que elas ainda não estão disponíveis em todos países,
(ex. Portugal), encarecendo ainda mais a instalação, já que teriam de ser considerados os
custos de transporte e alfândegas.
A escolha do nível de potência a ser instalado foi propositada pois, convinha-nos comparar os
custos envolvidos com uma instalação deste género e com os de uma do tipo convencional. O
resultado é claro, como se pode ver no Anexo nº 2, percebendo-se que a instalação de um
sistema fotovoltaico à base de painéis solares com a mesma potência instalada de 2 kWp,
teve um custo total em 2015 de 2 829,00 € e, consequentemente, um tempo de retorno de
109
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________
Podemos com certeza afirmar que, a instalação de telhas fotovoltaicas é capaz de gerar
níveis de energia muito próximos (pois pelo Anexo nº4, nota-se que a produção anual de um
sistema fotovoltaico à base de painéis, sob condições semelhantes às telhas, não é muito
superior, mostrando uma diferença mínima), ou até mesmo superiores, aos dos painéis
fotovoltaicos convencionais. Apresenta vantagens como a redução do peso suportado pelo
telhado, a otimização do espaço e a melhoria da estética do edifício. Entretanto, se
comparada com a tecnologia convencional, e com os métodos de instalação tradicionais, ela
ainda é cara, desmotivando por enquanto a sua aquisição.
Acreditamos que nos próximos anos, com o desenvolvimento cada vez maior desta tecnologia,
e a preocupação com a arquitetura, estética e consumo energético dos edifícios, poderemos
assistir a uma redução considerável no preço das telhas, tornando o investimento mais
atraente. Várias empresas, entre elas a Tesla, têm evidenciado esforços para que num futuro
não muito distante se possa financiar a instalação de um telhado fotovoltaico com um custo
reduzido ou até mesmo mais barato do que um telhado convencional.
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CAPÍTULO
8
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Referências
Bibliográficas
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Capítulo 8 – Referências Bibliográficas
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Capítulo 8 – Referências Bibliográficas
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CAPÍTULO
9
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Anexos
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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9. Anexos
Anexo nº1 – Especificações técnicas do inversor solar
Pseries da Solarmax
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Capítulo 9 - Anexos
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Capítulo 9 - Anexos
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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129
|Capítulo 9 - Anexos
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Tabela 9.1 - Evolução do preço da eletricidade em Portugal 1991 – 2017. Fonte: [98]
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Tabela 9.2 - Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia – UBI, 2017. Fonte: Serviços técnicos UBI
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|Capítulo 9 - Anexos
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Figura 9.1 – a) Curva I-V para valores diferentes de radiação; b) Curva I-V para valores diferentes de temperatura; c) Curva P-V para distintos valores de temperatura; d)
Curva P-V para distintos valores de radiação
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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|Capítulo 9 - Anexos
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Far Shadings/Horizon Sombreamentos distantes são descritos por uma linha do horizonte. Eles dizem respeito a sombreamentos de objetos suficientemente longe, pois
podemos considerar que eles atuam no array fotovoltaico de uma maneira global.
Module quality loss Perda de qualidade do módulo. Esta perda refere-se às tolerâncias Wp positivas e negativas dos módulos. Os seguintes casos devem ser
considerados ao escolher os módulos solares:
a. Se ambas as tolerâncias estiverem presentes significa positivo e negativo (ou seja, + -5 Wp), então isso adicionará perda no sistema, de modo
que a geração se torne menor.
b. Se somente tolerâncias positivas estiverem presentes, a geração será mais alta do que o máximo de +0,4%.
LID-Light induced degradation
Degradação induzida pela luz. Ocorre quando as impurezas de oxigénio nas camadas de silício reagem com o boro dopado (tipo p) nas primeiras
horas/semanas de iluminação da célula. O efeito pode reduzir a eficiência da célula de 2 a 4%.
Ohmic wiring loss Perda nos cabos. Como o nome indica, esta perda deve-se à seleção de cabos, representando a perda no lado DC entre o módulo e o inversor
através do cabo DC. Isso não deve ser superior a 2%.
Perda do inversor durante a operação Esta perda depende completamente do datasheet do fabricante do inversor. Ao selecionar inversores através da eficiência, podemos conhecer o
valor da perda.
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