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Resumo
O Ensino de Ciências ainda apresenta vertentes que prezam por práticas pautadas predominantemente na
repetição e memorização de exercícios. Essa abordagem leva a dificuldades de aprendizagem dos discentes, bem
como, o desinteresse pela ciência e pelo seu processo de construção. Uma das formas de romper com essa
abordagem trata-se da utilização da História Cultural Científica no qual a ciência é vista como integrante da cultura
humana. Assim sendo, objetivamos elaborar um material didático em formato de texto narrativo histórico que
contemplasse a abordagem cultural científica da Termodinâmica pautados nas abordagens internalista e
externalista. Para isso utilizamos da pesquisa bibliográfica em fontes secundárias, com o intuito de elucidar as
contribuições culturais e científicas da Revolução Industrial para o desenvolvimento da Termodinâmica. Deste
modo, foi possível elucidar as necessidades sociais que foram predominantes para o aperfeiçoamento das
máquinas térmicas e a evolução dos processos técnicos para os científicos que culminaram nas leis da
Termodinâmica. Diante disso, a visão internalista e externalista, foram abordadas de forma integradas permitindo
que a narrativa histórica seja uma possibilidade de abordagem da História Cultural Científica.
Palavras-chave: Estudo do Calor; História da Ciência; Máquinas Térmicas.
Abstract
The teaching of science still presents aspects that emphasize practices based predominantly on repetition and
memorization of exercises. This approach leads to learning difficulties of students, as well as the lack of interest in
science and its construction process. One of the ways to break with this approach is the use of scientific Cultural
history in which science is seen as a member of human culture. Thus, we aim to elaborate a didactic material in a
historical narrative format that contemfaced the scientific cultural approach of thermodynamics based on internalist
and externalist approaches. For this we use the bibliographic research in secondary sources, with the aim of
eluciding the cultural and scientific contributions of the Industrial Revolution for the development of thermodynamics.
Thus, it was possible to elucidates the social needs that were predominant for the improvement of the thermal
machines and the evolution of the technical processes for the scientific ones that culminated in the laws of
thermodynamics. In view of this, the internalist and Externalist vision, were approached in an integrated way allowing
the historical narrative to be a possibility of approaching the scientific Cultural history
Keywords: Heat Study; History of Science; Industrial Revolution.
Introdução
O emprego de estratégias de ensino explorando o processo de construção de teorias científicas
contrapõe-se ao modelo tradicionalista de ensino, pautado na resolução memorizada de exercícios, que
priorizam principalmente a capacidade dos estudantes em realizar operações matemáticas, associadas
aos conteúdos científicos. Entretanto esse modelo, não contempla as necessidades de uma Educação
Científica de qualidade, que favoreça o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo e criativo, o qual
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propiciando aos estudantes as bases conceituais para entenderem o avanço científico e tecnológico,
presente na sociedade atual1.
Uma alternativa que contribuiria com a Educação Científica seria a utilização da História Cultural
Científica, uma estratégia viável para discutir no ensino de ciências o processo coletivo de construção da
ciência, demonstrando-o como um construto humano, passível de transformações e que influencia e é
influenciado pela sociedade2. Destacar, a evolução das ideias, apresentando as tentativas e erros dos
seus produtores, desmistificando possíveis concepções de que a ciência é realizada apenas por gênios e
que é necessária uma formação acadêmica3 para contribuir com o processo.
Nessa discussão é preciso explicitar que a construção dos conhecimentos científicos perpassa a
visão reducionista da ciência, como um mero amontado de saberes específicos, teorias e metodologias.
Ela reflete os aspectos humanísticos imbricados na representação simbólica que o homem constrói dos
fenômenos naturais, a partir de elementos que são próprios do seu universo cultural4.
As narrativas históricas não devem ser concebidas como uma mera descrição linear de fatos e
datas, vinculadas a grandes nomes da ciência, mas sim, como uma reconstrução de episódios, que
retratam a intricada relação entre a sociedade e o fazer científico. Elas devem retratar o processo que
culminou na formulação de novas teorias, evidenciando modificações ou mesmo refutações de forma a
compor um escopo, de maior abrangência das teorias científicas.
Dessa forma, os episódios históricos são reconstruídos a partir de uma abordagem sócio
construtivista da ciência, a qual compreende a construção do conhecimento científico como resultado de
negociações e acordos entre sujeitos de diferentes instituições, com interesses diversos5.
Considerando a valorização desses aspectos evidenciamos na literatura, trabalhos que podem
contribuir para a construção do que alguns autores denominam como uma nova história da ciência6:
1
T. C. de M. Forato, M. Pietrocola, & R. de A. Martins, “Historiografia e Natureza da Ciência na Sala de
aula,” Caderno Brasileiro de Ensino de Física 28 (2011): 27-58,
https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175-7941.2011v28n1p27 (acessado em 27 de
março de 2018).
2
M. H. Alvim & M. Zanotello, “História das Ciências e Educação Científica em Uma Perspectiva
Discursiva: Contribuições para a Formação Cidadã e Reflexiva,” Revista Brasileira de História da
Ciência 7 (2014): 349-359, https://www.sbhc.org.br/arquivo/download?ID_ARQUIVO=1967
(acessado em 27 de março de 2018).
3
R. de A. Martins, “Introdução a História das Ciências e seus Usos na Educação,” in Estudos de
História e Filosofia das Ciências: Subsídios para Aplicação no Ensino, ed. C. C. Silva, 21-34 (São
Paulo: Livraria da Física, 2006).
4
C. B. de Moura & A. Guerra, “História Cultural da Ciência: Um Caminho Possível para a Discussão
sobre as Práticas Científicas no Ensino de Ciências,” Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências. 16 (2016): 725-748 https://seer.ufmg.br/index.php/rbpec/article/download/2859/2798
(acessado em 27/03/2018).
5
B. J. de Oliveira & M. L. L. Condé, “Thomas Kuhn e a Nova Historiografia da Ciência,” Ensaio
Pesquisa em Educação em Ciências 4, nº 2 (2002): 143-153.
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propostas que contemplam os aspectos listados como necessários para a construção dessas narrativas
históricas com finalidade de atender as necessidades do ensino de ciências.
Essa busca na literatura propiciou identificar discussões acerca da construção da ciência e a
coleta informações, em fontes primárias, secundárias e comentários inseridos nesses trabalhos. Elas
foram reorganizadas e sistematizadas para a construção do objeto de ensino apresentado nesse trabalho.
Nele temos o intuito de inserir a História da Ciência no Ensino Médio em uma perspectiva cultural do
desenvolvimento científico7.
Salientamos, entretanto, que ainda são poucos os trabalhos no contexto educacional brasileiro
que evidenciam a ciência como construção humana conectada ao contexto cultural, bem como, com os
vínculos econômicos, políticos e das condições sociais presentes no desenvolvimento científico8.
Dessa forma buscando contribuir para minimizar a falta de materiais didáticos com esses
aspectos, elaboramos um texto narrativo histórico contemplando a abordagem cultural científica do
desenvolvimento da Termodinâmica. Este material didático foi estruturado com base nas perspectivas
dessa nova história da ciência a qual destaca na descrição de um episódio histórico os respectivos
cenários políticos, econômicos, sociais e científicos.
Marco teórico
Ao longo dos últimos anos, evidenciamos entre os pesquisadores que estudam a temática, que é
consensual o entendimento sobre possíveis contribuições do emprego da História da Ciência no ensino de
Ciência. Entretanto a discussão sobre a forma como isso que deve ocorrer ainda é contraditória e passou
por várias transformações ao longo do século XX. Uma dessas é o debate entre as correntes internalista e
externalista a respeito do que é Ciência e como deve ser contada sua História9.
6
D. Pestre & M. Romero, “A Nova História das Ciências: Entrevista com Dominique Pestre,” História,
Ciências, Saúde-Manguinhos 23, nº 3 (2016).
7
H. Schiffer & A. Guerra, “Electricity and Vital Force: Discussing the Nature of Science Through a
Historical Narrative,” Science & Education 24 (2014): 409-434,
https://link.springer.com/article/10.1007/s11191-014-9718-6 (acessado em 28 de março de 2018).
8
W. T. Jardim & A. Guerra, “Experimentos Históricos e o Ensino de Física: Agregando Reflexões a
partir da Revisão Bibliográfica da Área e da História Cultural da Ciência,” Investigações em Ensino de
Ciências 22 (2017): 244-263, https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/841/pdf
(acessado em 28 de março de 2018).
9
W. G. Schmiedecke & P. A. Porto, “A História da Ciência e a Divulgação Científica na TV: Subsídios
Teóricos para uma Abordagem Crítica dessa Aproximação no Ensino de Ciências,” Revista Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências 15, nº 3 (2015): 627-643.
73
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A corrente internalista de uma teoria científica, busca analisar quais seriam os problemas de
pesquisa que os cientistas tentavam responder, elucidando os caminhos lógicos percorridos, o formalismo
matemático e possíveis processo de experimentação empregados na construção do conhecimento. A
história contada a partir dessa perspectiva exalta cientistas em períodos de intensa revolução científica,
valorizando interpretações anteriormente produzidas pelos pares ou dantes obtidas por procedimentos
experimentais. Dessa forma, a história assim descrita evidencia etapas fundamentais que possibilitaram a
construção de uma teoria científica10.
Por outro lado, a externalista retrata a ciência a partir de um ponto de vista social, evitando
retratar visões estereotipadas dos cientistas, como indivíduos deslocados do meio social e protegidos das
influências do contexto, no qual estão inseridos. Uma abordagem histórica, estruturada a partir dessa
perspectiva, valoriza os avanços e retrocessos do trabalho científico, indicando-os como inerentes ao
próprio desenvolvimento da Ciência. A história assim contada evidencia aspectos como: a disputa entre os
pares, pela aceitação ou rejeição de modelos científicos; a valorização das influências sociais,
econômicas, políticas e culturais, que motivam ou direcionaram o desenvolvimento de pesquisas,
geralmente iniciadas com o objetivo de suprir determinadas necessidades da sociedade 11.
Contudo a escolha de uma dessas correntes mostra-se conflitante na atualidade, principalmente
porque a história contada privilegiaria uma perspectiva ou outra. Um caminho para superar esse conflito
advém da evolução das pesquisas no campo da historiografia da ciência, a qual sinaliza a possibilidade de
um diálogo entre as ideias e experimentos científicos e seu entorno. Em outras palavras, considera essas
correntes como complementares12.
Atualmente, a História da Ciência que se deseja no Ensino de Ciências, é aquela que propicia a
compreensão das ideias científicas alinhada a descrição do seu contexto de produção e que leve em
consideração outros saberes13. Em outras palavras, uma história descrita a partir de uma corrente que
denominada uma nova história da Ciência. Mas isso não é o que evidenciamos no Ensino de Ciências. É
grande e constante o reducionismo dos conceitos científicos presente em vários materiais didáticos ao
10
T. S. Kuhn, A Tensão Essencial (Rio Claro: Editora Unesp, 2011).
11
N. R. B. Martinelli & L. F. Mackedanz, “Abordagens da História da Ciência no Ensino de Ciências,” in
Anais do XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (Florianópolis, ENPEC, 2017).
12
R. N. da Cruz, “História e Historiografia da Ciência: Considerações para Pesquisa Histórica em
Análise do Comportamento,” Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 8 (2006): 161-
178, http://www.usp.br/rbtcc/index.php/RBTCC/article/view/98/87 (acessado em 28 de março de
2018).
13
Schmiedecke & Porto, “A história da ciência e a divulgação científica na TV,” 627-643.
74
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apresentarem uma descrição de episódio histórico, reforçando assim a imagem de cientistas como gênios
isolados e desconexos da sociedade14.
Considerando a necessidade de materiais didáticos que apresentem os saberes científicos a
partir de uma abordagem que integra saberes de diferentes áreas do conhecimento, apresentamos a
seguir o processo de obtenção dos textos para a reconstrução histórica da Termodinâmica, que valoriza
uma nova história da Ciência.
Metodologia
É importante ressaltar que são poucos os materiais didáticos que possibilitam ao professor do
Ensino Médio fazer uso de um episódio histórico descrito a partir da integração de saberes, de uma nova
história da ciência. Diante dessa problemática e buscando inserir aspectos contextuais e axiológicos, para
assim apresentar a construção da Termodinâmica a partir de visão mais elaborada da ciência, realizamos
uma pesquisa bibliográfica. Ela teve com o objetivo obter informações sobre o desenvolvimento da
Termodinâmica buscando relacioná-la à alguns momentos vivenciados pela sociedade europeia, no
contexto da Revolução Industrial.
Sendo assim, esse tipo de pesquisa agrupa os documentos obtidos em dois tipos de fontes: as
primárias, que são aquelas produzidas no decorrer de um processo, e que são elaborados pelos
indivíduos inseridos nesse processo; as secundárias, que são aqueles documentos que comentam, citam,
relatam os saberes apresentados nas fontes primárias15.
Deste modo, utilizamos de fontes secundárias, pautadas em artigos, livros, dissertações e teses,
devido as dificuldades de tradução das obras primárias dos pesquisadores da Termodinâmica, no tempo
destinado a execução da pesquisa. Salientamos que a consulta se deu em artigos publicados em
diferentes áreas do conhecimento, para assim realizar a reconstrução histórica do desenvolvimento da
Termodinâmica e os seus desdobramentos na sociedade e no campo científico. Esse aspecto configura à
natureza interdisciplinar do texto narrativo histórico apresenta a seguir.
Munidos de tais documentos, realizou-se a pesquisa cujo resultado é apresentado no tópico
seguinte.
14
M. R. A. Hidalgo & A. Lorencini-Junior, “Reflexões sobre a Inserção da História e Filosofia da Ciência
no Ensino de Ciências,” História da Ciência e Ensino: Construindo interfaces 14 (2016): 19-38,
https://revistas.pucsp.br/hcensino/article/view/26106/20821 (acessado em 30 de março de 2018).
15
P. R. da S. Rosa, Uma Introdução à Pesquisa Qualitativa em Ensino (Campo Grande: UFMS, 2015).
75
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O início da revolução industrial, na Inglaterra, advém inicialmente das condições favoráveis que
a situação política apresentava no país. Contrastava com o fim do regime absolutista na França e eclosão
da revolução francesa, período em que principados, localizados na atual Alemanha e na Itália, travavam
disputas por territórios e influência política.
A burguesia Inglesa, em processo de ascensão, realizava vantajosos acordos comerciais com
Portugal, os quais renderam toneladas de metais preciosos, extraídos das terras brasileiras, na época,
colônia portuguesa16. Com a estabilidade política, o setor econômico, voltou-se essencialmente para a
exploração comercial das suas colônias, espalhadas pelo planeta. Além disso, como controlava o
parlamento a burguesia acelerou a troca da agricultura de subsistência para a comercial. Um exemplo
disso é a promulgação da Lei dos Cercamentos de Terras, instituída por parlamentares da aristocracia
rural, composta majoritariamente por burgueses. Eles destituíram terras de camponeses para transformá-
las em pastagem para as ovelhas, visando suprir a demanda crescente de lã, do mercado externo. Isso
acelerou o êxodo da população rural para as cidades17.
No cenário europeu, já era comum o movimento migratório do campo para as cidades, porém
esse processo aumentava lentamente a população das cidades. A urbanização necessária era congruente
com o avanço das ciências pela Europa Ocidental, que buscavam propiciar vantagens comerciais e
militares, para os países que dominassem o campo científico18.
Considerando o avanço científico, a Inglaterra estava atrasada em relação as demais regiões da
Europa Ocidental, principalmente no campo da matemática e da física. A França, por exemplo, na época a
principal potência que disputava a hegemonia colonial com a Inglaterra, apresentava um direcionamento
maior para as atividades científicas. Esse interesse do governo francês estava pautado não apenas no
crescimento econômico, mas também na defesa das suas fronteiras, que eram ameaçadas pelos
principados e condados vizinhos, que atualmente correspondem ao território da Alemanha e da Itália19.
Pode-se considerar que o pioneirismo da Revolução Industrial Inglesa em comparação com a
Francesa deveu-se ao fato de que a burguesia ali se apresentava mais solidificada, em comparação com a
da França, na qual a luta por poder se perpetuava. Isso propiciou a aceleração da atividade industrial na
Inglaterra e, consequentemente, o aumento da demanda por matéria-prima diversificadas.
16
E. J. Hobsbawm, Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, trad. Donaldson Magalhães
Garschagen, 5ª ed. (Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000).
17
D. S. Landers, Prometeu Desacorrentado: Transformação Tecnológica e Desenvolvimento Industrial
na Europa Ocidental desde 1750 até a nossa Época, trad. Vera Ribeiro (Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1994).
18
F. Braudel, Civilisation Matérielle, Économie et Capitalisme, XVème-XVIIIème Sciéle, 3 vol. (Paris:
Librairie Armande Collin, 1979).
19
A. dos S. Pascoal, “A Evolução Histórica da Máquina Térmica de Carnot como Proposta para o
Ensino da Segunda Lei da Termodinâmica” (dissertação de mestrado, Universidade Estadual da
Paraíba, 2016), 56.
76
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quantidade de água era acondicionada no interior desse cilindro, que ao ser aquecido transformava a água
em vapor, impulsionando o movimento de subida do pistão, para ser preso por uma presilha. O cilindro era
então resfriado para que o vapor no seu interior se condensasse e quando a presilha era solta o pistão era
empurrado para baixo, por ação da pressão atmosférica. Dessa forma ocorria o movimento da máquina e
o deslocamento da massa que se desejava levantar, tal como indicado na figura 1.
Um aspecto interessante da máquina de Papin é que ela pode ser considerada a precursora das
panelas de pressão, amplamente utilizada no contexto atual.
A máquina de Savery, tinha um princípio de funcionamento simples, porém era inovadora para
sua época pois, até aquele momento nenhum outro inventor tinha construído uma máquina que
24
Disponível em: https://salesol.wordpress.com/2010/05/07/marmita-de-papin-ou-a-minha-
pressionella-marmita-de-papin-ou-a-minha-pressionella/.
78
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aproveitasse o vácuo. Como evidenciamos na figura 2, a máquina era composta de uma caldeira (1)
utilizada para se produzir o vapor que adentrava no recipiente (2) controlado a partir de uma tubulação
com uma válvula (3). O vapor contido nesse recipiente 2 se condensava, após a ação da água fria contida
no reservatório indicado por (6) que era despejada sobre sua superfície. Dessa forma, produzia-se um
vácuo parcial, o qual era utilizado para elevar à água do interior da mina, com o auxílio do efeito da
pressão atmosférica que atua na parte inferior (4), retirando assim a água da mina. Essa água era
transferida para o meio externo, passando pelas válvulas A e depois impulsionada para fora da pelo duto
(5), abrindo então a válvula B25.
25
S. M. F. Díaz, “Sadi Carnot y La Segunda Ley de La Termodinámica: La História de la Ciencia como
Pedagogía Natural” (tese de doutorado, Programa Interinstitucional en Educación, Universidad
Pedagógica Nacional), 20140, 12-14.
26
Ibid., 17.
79
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recipiente 2, aumentando assim a pressão que empurrava a água para fora. As perdas de energia térmica
durante essa troca resultavam num rendimento de apenas 1% do equipamento27.
A máquina de Savery tinha o pioneirismo da mecanização do processo de retirada de material
nas minas, porém a contribuição desse invento acabaria aí, pois a mineração de carvão exigia uma forma
eficiente de bombeamento da água, eficiência essa que o equipamento não contemplava28.
Nesse cenário, o trabalho nas minas estava associado a construção de túneis com profundidade
cada vez mais elevada, aspecto que resultava num desgaste físico gigantesco, por parte dos
trabalhadores. O emprego da máquina de Savery, apesar de melhorar essa situação, apresentava riscos
relacionados com sua operação. Com a necessidade do aumento da pressão, conforme aumentava-se a
profundidade do local em que se encontrava a água que deveria ser expelida para fora das minas, muitos
eram os acidentes relacionados ao aumento da temperatura e consequente explosões da caldeira. Além
disso, as tubulações que transportavam a água também não resistiam as altas pressões, sendo
necessário controlar esse fator para no máximo 4 atmosferas (4 atm.). Isso resultava num deslocamento
da água em apenas algumas dezenas de metros, portanto o equipamento mostrava-se ineficiente para ser
utilizado em grandes profundidades29.
Buscando resultados diferentes do baixo rendimento e dos perigos da máquina de Savery,
diversos técnicos e inventores buscavam aperfeiçoar o equipamento, visto que a patente de uma nova
máquina resultaria em vultuosos recursos financeiros. Mas muitas das tentativas ficaram apenas no plano
teórico, não chegando ao processo de construção30. Dentre as dificuldades enfrentadas por esses
inventores, a principal, provavelmente, era a proteção advinda da patente adquirida por Savery. Conseguir
autorização para reproduzir essa máquina representava um investimento de um alto valor financeiro e isso
não era fácil.
O contexto sócio cultural vivenciado pelo construtor Thomas Newcomen provavelmente facilitou
a conquista da autorização para construir uma réplica do equipamento de Savery. Ele estabeleceu uma
eficiente rede de contatos, fazendo uso de sua influência como pregador na igreja batista, com
proprietários de minas de carvão. Eles lhes ofereceram vultuosos ganhos financeiros, caso conseguisse
aperfeiçoar a máquina de Savery31.
O aperfeiçoamento proposto por Newcomen começou com a utilização de um sistema mecânico
que inseria uma caldeira abaixo do cilindro da máquina. Essa modificação resultou numa pressão de
apenas 0,14 atm. inferior a pressão obtida com o equipamento de Savery. A máquina era composta por
27
Ibid., 17.
28
S. Quadros, A Termodinâmica e a Invenção das Máquinas Térmicas (São Paulo: Scipione, 1996).
29
Ibid., 17.
30
Ibid., 16.
31
J. D. Bernal, Science in History, vol. 2 (Londres: Penguim Books, 1954).
80
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uma parte fixa em uma parede sólida que possibilitava o movimento de suas extremidades: em uma ficava
à carga que se almejava mover e na outra o pistão que se movimentava no interior do cilindro32.
Outro ponto positivo dessa máquina é que ela apresentava um sistema básico de automação e
de controle, permitindo que as válvulas abrissem e fechassem de forma automática, minimizando assim os
riscos para os trabalhadores que utilizavam esse equipamento33.
Com melhorias resultantes da proposição de Newcomen o emprego de máquinas a vapor
ampliou os setores atendidos, pois além de possibilitar bombear o excesso de água das minas e
movimentar massas em diferentes alturas propiciou a geração de movimento a partir do vapor da água34.
Na figura 3 é apresentado uma ilustração da máquina aperfeiçoada por Newcomen e uma
possibilidade de emprego no contexto social da época.
32
Ibid., 17.
33
Z. T. S. dos Santos, “Ensino de Entropia: Um Enfoque Histórico e Epistemológico” (tese de
doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009), 89.
34
Ibid., 16.
35
Disponível em:
http://historico.oepm.es/museovirtual/galerias_tematicas.php?tipo=INVENTOR&xml=Newcomen,%20
Thomas.xml, (acessado em 28 de janeiro de 2018).
81
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nos túneis e favorecer o desenvolvimento social e econômico e apenas os conhecimentos técnicos não
apresentam respostas para essa problemática.
O certo é que, em dado momento, apenas o conhecimento técnico não atendia as necessidades
de avanços ou aperfeiçoamento das máquinas térmicas36. Provavelmente, um dos motivos disso, é que
grande parte dos inventores trabalhavam prezando o empirismo, ou seja, os conhecimentos práticos. Para
a construção das máquinas não precisavam entender o fenômeno físico envolvido ou dominar os
conceitos que explicavam seu funcionamento. Apesar disso, pode-se dizer que alguns desses inventores
conheciam as ideias que apontavam para o fogo ou calor como os responsáveis pelo funcionamento das
máquinas.
No campo acadêmico as pesquisas ainda eram inconclusivas e não recebiam a devida atenção
dos inventores e engenheiros, pois eles estão interessados tão somente na construção das máquinas e
como fazer para que elas continuassem funcionando e gerassem lucros 37.
Nesse sentido o interesse técnico pelas máquinas despertou o interesse do contexto acadêmico,
visto que era comum as universidades receberem nos departamentos de engenharia, algumas máquinas à
vapor, para que os pesquisadores orientassem no conserto38.
Iniciou assim uma relação entre os construtores e seus saberes técnicos e os cientistas que
estudavam o fogo e seu calor. A universidade de Glasgow, na Escócia, detentora de grande respaldo
acadêmico em comparação com as universidades inglesas, recebeu em seu laboratório, uma dessa
remessas de máquinas, para conserto. Esse respaldo frente a comunidade científica era consequência de
ela ser um centro intelectual mais autônomo em relação ao controle religioso exercido nas universidades e
por contar um sistema educacional mais rígido39.
Esse sistema educacional da Escócia, teve sucesso devido ao intenso intercâmbio com a
Holanda, mais especificamente, com a Universidade de Leyden, de onde muitos cientistas partiram para a
território. Destacamos dentre os pesquisadores que participaram desse intercâmbio, o botânico e médico
Herman Boerhaave, muito conhecido pelos seus estudos de Alquimia, com um viés mais científico e
menos místico. Esse cientista contribuiu na formação dos egressos das universidades da Escócia,
propiciando uma sólida base em filosofia natural (Botânica, Medicina e Química).
36
Ibid., 17.
37
Ibid.
38
R. Baldow & F. N. Monteiro-Júnior, “Os Livros Didáticos de Física e suas Omissões na História do
Desenvolvimento da Termodinâmica,” Alexandria, Revista de Educação em Ciência e Tecnologia 3
(2010): 3-19, https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/38013/29013 (acessado
em 07 de abril de 2018).
39
L. A. Tavares, “James Watt: A Trajetória que Levou ao Desenvolvimento da Máquina a Vapor Vista
por seus Biógrafos e Homens de Ciências” (dissertação de mestrado, Pontifica Universidade Católica
de São Paulo, 2008) 32-33.
82
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40
Bernal, 354.
41
Tavares, 38.
42
Bernal, 354.
83
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Com o cilindro frio o preenchimento ocorria com vapor de água e muito desse vapor retornava ao
estado líquido e, mesmo aumentando o tamanho do cilindro e empregando o bronze na sua construção, a
perda de energia ainda continuava aumentando proporcionalmente ao tamanho da máquina44.
Como estava inserido no contexto da universidade, participava das discussões e investigações
acerca do funcionamento da máquina térmica. Ele participava intensamente dos estudos acerca da
natureza do calor o que, de certa forma contribuiu para seu afastamento do grupo de técnicos. Esse fato
proporcionou uma maior liberdade de pensamento, desvinculando-se dos caminhos alicerçados pelos
conhecimentos técnicos, seguidos de forma rígida, pelos inventores e engenheiros que construíam as
máquinas.
Com a capacidade perceptiva mais aguçada fez uso das ideias técnicas e científicas para
adicionar um segundo cilindro na máquina, favorecendo assim o processo de condensação do vapor de
água. Tal modificação proporcionou que o novo protótipo da máquina de Watt ficasse cinco vezes mais
potente que a anterior e que reduzisse em impressionantes 75% o consumo de combustível45.
43
Disponível em: https://www.dkfindout.com/uk/science/amazing-inventions/steam-engine/,
(acessado em 28 de janeiro de 2018).
44
Tavares, 38.
45
Freitas et al., 18.
84
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Os resultados positivos da aproximação entre técnicos e membros da acadêmica fez com que a
burguesia, por sua vez, também se aproximasse desse contexto. Seu interesse em melhorar o potencial
das máquinas térmicas e os ganhos obtidos com elas levou esse grupo da sociedade a liberar o
financiamento para projetos como o de Watt. Especificamente o projeto de Watt recebeu investimentos,
por exemplo, de John Roebuck e Mathew Boulton, que eram ricos comerciantes, com vários negócios e
visionários em relação a utilização do vapor para o abastecimento hídrico das cidades inglesas. Esses
investimentos na máquina de Watt renderam muito, não apenas pela aplicabilidade do equipamento pela
burguesia, mas também pela patente que controlava a utilização e aperfeiçoamento da máquina de Watt46.
Dessa aproximação de Watt com a burguesia surgiria uma importante parceria comercial, que
abrangeu diversas vertentes da utilização do vapor. Um exemplo disso foi o emprego de um cilindro,
construído para o motor de Watt, utilizado na construção de uma nova máquina para brocar canhões, de
forma mais eficiente. Isso contribuiu para o desenvolvimento militar da Inglaterra, tido nessa época como
de extrema necessidade para manter controle dos seus territórios ultramarinos47.
Apesar da máquina atender satisfatoriamente os objetivos iniciais que deram início ao processo
de construção e aperfeiçoamento dos equipamentos, ou seja, retirar o excesso de água das minas, os
proprietários delas estavam descontentes com os altos preços pagos pelas patentes. Eles começaram
então a desenvolver cópias dos motores de Watt o que deu origem a disputas entre os proprietários das
minas e os donos das patentes. Uma dessas teve como protagonistas Richard Trevithick-Pai e Richard
Trevithick-Filho, que eram também inventores e construíram uma máquina que não empregava o
condensador isolado do motor de Watt. Além disso, eles aumentaram a pressão da máquina, reduzindo o
sistema e diminuindo ainda mais o consumo de combustível. Outro diferencial em comparação com a
máquina de Watt é que a construída pelos Trevithick dependia de baixa pressão para funcionar48.
Dessa forma, a máquina dos Trevithick também passou a ser uma alternativa empregada para o
bombeamento do excesso das águas nas galerias das minas.
Em outro momento, quando o seu motor foi reduzido por Trevithick-Filho, foi possível acoplar
rodas a máquina e inserir dois recipientes: um para reserva de água que seria utilizada para propiciar o
seu resfriamento e outro de carvão, o combustível da máquina. Essas modificações podem ser
consideradas como precursoras das locomotivas a vapor, que começaram a ser construídas e
empregadas nas minas para de lá, retirar os minerais extraídos.
No campo social, o aprimoramento das máquinas possibilitando o movimento, resultou numa
significativa mudança do contexto, pois até então essa atividade era realizada por crianças, entre seis e
46
M. Mosley & J. Lynch, Uma História da Ciência, trad. Ivan Weisz Kuck (Rio de Janeiro: Zahar, 2011).
47
Ibid.
48
Mosley & Lynch, 228.
85
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
doze anos. A mão de obra das crianças, a partir do aprimoramento das máquinas, foi substituída pela
mecanização. Isso levou ao crescimento do desemprego e a migração de famílias inteiras, para as
cidades, aumentando assim as reservas de mão de obra, para a exploração nas fábricas49.
Os desdobramentos dos saberes técnicos aliados aos acadêmicos foram cada vez maiores e
permitiram aplicar a tecnologia das máquinas térmicas para alimentar navios, realizar drenagens, além de
constituir a base para a implementação de máquinas para abastecer a crescente atividade industrial
inglesa.
Dessa forma, os resultados contribuíram para elevar a Inglaterra ao status de potência industrial
e militar mundial, graças ao emprego do vapor nas numerosas embarcações da marinha imperial
inglesa50.
O status de potência industrial consolidou-se com o advento das máquinas térmicas, aspecto
que impulsionou a mudança do modo de produção artesanal para o manufatureiro, levando a constantes
buscas pelo aperfeiçoamento da tecnologia que contribuiria para aumentar a produtividade do sistema
fabril51.
Nesse sentido, as invenções e posterior melhorias técnicas das máquinas a vapor já não eram
mais suficientes para suprir a necessidade do contexto social, tornando-se necessário a relação entre
teoria e prática. Deste modo, era imperativo avançar nas explicações teóricas para assim aperfeiçoar a
máquina térmica.
Esforços foram realizados por diversos pesquisadores e contribuições surgiram em outros
contextos de estudo, dedicados a resolução de outros problemas, que não os relacionados com a
eficiência das máquinas térmicas. No campo militar, por exemplo, destacamos as contribuições de
Benjamin Thompson, formuladas em seus estudos com o lançamento de projéteis de canhões. Os
resultados desses estudos contribuiriam para a discussão acerca da natureza do calor52.
49
Ibid..
50
L. M. Farias & M. A. Sellitto, “Uso da Energia ao Longo da História: Evolução e Perspectivas Futura,”
Revista Liberato 12 (2011): 01-10,
http://www.liberato.com.br/sites/default/files/arquivos/Revista_SIER/v.%2012,%20n.%2017%20(20
11)/1.%20Uso%20da%20energia%20ao%20longo%20da%20hist%F3ria.pdf (acessado em 17 de
abril de 2018).
51
J. B. Michelena & P. M. Mors, Física Térmica: Uma Abordagem História e Experimenta:, Texto de
Apoio ao Professor de Física (Porto Alegre: Editora: UFRGS).
52
Ibid.
86
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
53
L. C. Gomes, “A Ascensão e Queda da Teoria do Calórico,”.Caderno brasileiro de ensino de Física
29, nº 3 (2012): 1030-1073, https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175-
7941.2012v29n3p1030/23609 (acessado em 17 de abril de 2018).
54
Ibid.
55
J. Calado, Haja Luz: Uma História da Química Através de Tudo (Lisboa: Ist Press, 2010).
56
A. Medeiros, “Entrevista com o Conde Rumford: Da Teoria do Calórico ao Calor como uma Forma de
Movimento,” Física na Escola 10 (2009): 4-16, http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol10/Num1/a02.pdf
(acessado em 17 de abril de 2018).
87
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
valor extremamente alto foi considerado como consequência do atrito da bala com o cano, o qual
propiciava a geração de calor e que levava ao aumento da temperatura57.
Rumford utilizou a teoria mais avançada, disponível nessa época, que era a do calórico, para
explicar suas observações. Ela já se encontrava solidificada graças aos estudos realizados em
calorimetria, relacionados com a combustão de substâncias, como as utilizadas como combustível para o
funcionamento das máquinas térmicas.
Segundo essa teoria científica, quando dois corpos estivessem em contato, num mesmo
sistema, ocorreria a migração do calórico que estivesse no corpo, que possuísse uma quantidade maior,
para aquele corpo que apresentasse uma quantidade menor, de forma que ambos entrariam em equilíbrio,
quando atingisse o mesmo nível de calórico58.
A teoria do calórico teve a contribuição de diversos pesquisadores que convergiram na
concepção de que ele era uma substância material, comportando-se como um fluído de natureza elástica,
com partículas que se repeliam intensivamente. Essa substância material apresentaria propriedades de
atração com partículas da matéria comum, conforme a natureza das substâncias e seus respectivos
estados de agregação59.
Porém essa teoria não era suficiente para explicar o porquê o trabalho mecânico apresentava
um ponto inesgotável de calórico, já que nessa situação ele não poderia ser conservado e também não
poderia apresentar uma natureza material. Era, portanto, necessário elucidar a natureza do calor para
compreender o aumento da temperatura das munições de canhões60.
Empenhado na elucidação dessa questão, almejando obter vantagens militares e econômicas
em relação as demais nações europeias, Rumford elaborou alguns experimentos, os quais visavam
investigar a quantidade de calor produzida na perfuração de canhões. Os experimentos consistiam em: (a)
na perfuração no interior de um recipiente construído de madeira. Ele foi preenchido totalmente por água,
na temperatura de 15,6°C, de forma a permitir à medição da temperatura da água, caso ocorresse
geração de calor por meio da broca. (b) Em outro experimento Rumford, lacrou a parte que foi perfurada
em uma caixa protegida da entrada de ar ambiente. (c) Dessa vez Rumford emergiu especificamente a
parte que sofria a perfuração em uma caixa preenchida completamente por água61.
57
Ibid., 49.
58
A. B. de Pádua, C. G. de Pádua, & J. L. C. Silva, A História da Termodinâmica Clássica: Uma Ciência
Fundamental (Londrina: EDUEL, 2009).
59
Calado, 521.
60
Medeiros, 7.
61
A. P. B. Silva, T. C. de M. Forato, J. L. de A. M. C. Gomes, “Concepções Sobre a Natureza do Calor
em Diferentes Contextos Históricos,” Caderno Brasileiro de Ensino de Física 30 (2011): 492-537,
https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175-7941.2013v30n3p492/25600 (acessado
em 17 de abril de 2018).
88
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
Para interpretar os resultados dos seus experimentos Rumford retoma a discussão do calor
advindo do movimento, tal como foram apresentados por Francis Bacon e Robert Boyle, levando a concluir
que o calor gerado provinha de ação mecânica. Apesar disso, os resultados de Rumford foram
inconclusivos contra a teoria do calórico, uma vez que as conclusões elaboradas por Rumford foram
refutadas pelos defensores do calórico, mesmo com a replicação de todos os experimentos. A aceitação
do calor sendo originado do movimento não ganhou respaldo na comunidade científica e as vantagens
militares que Rumford procurava obter, não foram atingidas. Um dos motivos do insucesso em refutar a
teoria do calórico pode estar relacionado a ausência de descritores matemáticos que embasassem os
resultados experimentais62.
Sendo assim, a proposta de Rumford de utilizar a teoria dinâmica do calor demonstrou-se
infrutífera, na refutação da teoria do calórico. Apesar disso os estudos teóricos embasados nessa teoria,
eram aplicados nas máquinas térmicas, apresentando pouco aproveitamento no aumento do rendimento.
Os resultados obtidos com a teoria do calórico fomentaram ainda mais a mecanização na
Inglaterra, que também passou a ser detentora de uma marinha numerosa e mecanizada, composta de
navios maiores, com melhor estabilidade, autonomia, sendo mais seguros e podiam transportar mais
projéteis do que os navios a vela. Essas eram as principais vantagens militares da Inglaterra em relação
as potências rivais63.
Com essas vantagens a Inglaterra passou a buscar a hegemonia de exploração colonial, fato
que provocou batalhas com a França, a qual foi derrotada nas disputas navais. Porém, no cenário
continental, a França almejava sobrepujar a Inglaterra com o seu numeroso exército, para isso o governo
aproximou ainda mais à academia da esfera militar e dessa aproximação surgiu além de armamentos,
técnicas para síntese de materiais, com emprego em outros setores da sociedade64.
Entretanto os esforços franceses não foram suficientes para sobrepujar o poderio inglês, que
liderou uma aliança dos países europeus, contra a França. Em um movimento ousado os estudantes da
escola politécnica, que participam dos esforços de guerra na produção de armamentos, estavam
incumbidos de um forte sentimento de nacionalismo, lutaram contra a invasão estrangeira. Dentre esses
estudantes temos Léornard Sadi Carnot, filho do importante militar Lazare Carnot Marguerite, que
incentivou o ingresso do seu filho nessa instituição, devido ao talento do filho nas ciências naturais e a
possibilidade de os egressos terem uma formação militar, que preparava para o corpo de engenharia do
62
Ibid.
63
T. Mantuano, “A Revolução dos Vapores na Navegação Marítima,” in Anais do XIII Congresso
Brasileiro de História Econômica e História das Empresas (Niterói, ANPHE, 2017).
64
Calado, 523.
89
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
exército. Porém o corpo de estudantes de engenharia da politécnica não conseguiu mudar o cenário, que
convergiu na derrota da França e no exílio forçado de Napoleão Bonaparte65.
Após as guerras napoleônicas e sob influência militar de seu pai, Sadi Carnot foi transferido para
o interior. Com poucos trabalhos no serviço militar, em 1820, Carnot recebe aposentadoria do exército,
solicitada ao estado maior francês que ainda respeitava a tradição militar da família. Esse pedido de
aposentadoria ocorreu, porque Carnot visava aperfeiçoar suas ideias acerca das máquinas térmicas, que
na sua concepção, foram primordiais para a vitória inglesa durante a guerra. Isso porque a economia da
Inglaterra era fundamentada no aço empregado na fabricação de navios, de canhões e na utilização do
carvão mineral, extraído das minas. Para Carnot, o ponto primordial que a Inglaterra deveria ser atacada,
tratava-se das máquinas térmicas, sendo necessário aperfeiçoar as máquinas térmicas francesas para
fazer frente ao poderio inglês66.
Ciente desse potencial Carnot disserta em sua obra:
O culminar das pesquisas de Carnot resultou na obra Reflexões sobre a Potência Motriz do
Fogo, que é uma análise das máquinas térmicas. Desse estudo Carnot, indicou que deveria ser explorado
a vantagem da utilização do retorno para a temperatura mais baixa, que ocorreria de forma espontânea,
devido à resistência que tem que ser superada, ser inferior a tensão que é gerada pelo poder motriz com o
aumento da temperatura68.
A obra de Carnot é embasada em reflexões cientificamente aceitas como corretas, sem um
arcabouço matemático avançado. Ao analisar a máquina térmica, Carnot inferiu que o calor flui entre um
corpo que possui uma temperatura maior para outro corpo com temperatura menor. Esse processo não
ocorre de forma vice-versa, sendo que o calórico só poderia ser reestabelecido no equilíbrio, se não
houvesse atrito, sendo este fator um dos principais responsáveis pelo baixo rendimento das máquinas.
Entretanto Carnot empregava o calórico para elucidar a produção da potência motriz, no qual o calórico
não era consumido nesse processo, mas ocorria o transporte do calórico de um corpo quente para o frio69.
65
C. Vincentino & G. Dorigo, História Geral e do Brasil, 2ª ed. (São Paulo: Scipione, 2013).
66
Pascoal, 61.
67
Ibid., 62.
68
Pascoal, 62.
69
Pascoal, 63.
90
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
70
A. Castignani, “Sadi Carnot e o Desenvolvimento Inicial da Termodinâmica Clássica" (dissertação de
mestrado, Pontifica Universidade Católica de São Paulo, 1999), 45.
71
Pascoal, 63.
72
W. P. Queirós, “A Articulação das Culturas Humanísticas e Científicas por meio do Estudo Histórico-
sociocultural dos Trabalhos de James Prescott Joule: Contribuições para a Formação de Professores
Universitários em uma Perspectiva Transformadora” (tese de doutorado, Universidade Estadual
Paulista, 2012).
91
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
contribuiu para o aumento da fortuna da família de Joule e a expansão do comércio da família também
ocorreu com a mecanização e o emprego de máquinas térmicas73.
Nesse ambiente técnico Joule iniciou suas pesquisas inicialmente acerca dos fenômenos
elétricos magnéticos, que demonstravam ter aplicações comerciais a longo prazo. Apesar disso, Joule
aplicou seu conhecimento obtido com os experimentos utilizando esses fenômenos nos princípios
mecânicos que viriam a ser importantes no estudo acerca do funcionamento das máquinas térmicas que
se demonstravam mais promissoras de ponto de vista econômico em um curto prazo74.
Em outro cenário, surge investigações de forma não convencional acerca da natureza do calor,
propostos pelo alemão Julius Robert Mayer, o interesse de Mayer por pesquisas nessa área ocorreu
devido a uma viajem do mesmo para a ilha de Java como médico de um navio que visava obter matérias
primas para a industrialização germânica.
Nessa ilha as médias de temperaturas eram mais elevadas do que na Germânia, e devido a isso,
Mayer esperava que os organismos dos nativos, gerasse menos calor para compensar suas perdas em
comparação dos marinheiros da Germânia. Mayer então realizou uma série de observações do sangue
retirado de europeus que possuía uma coloração vermelho intenso. Porém naquela região do planeta o
sangue venoso retirado possui uma coloração que era semelhante ao arterial75.
A pesquisa desenvolvida por Mayer se centrou em investigar a natureza fisiológica a partir de
teorias do calor, sendo que Mayer apontou que o trabalho estava interligado ao esforço realizado, no qual
a equivalência entre o esforço e o calor gerado era constante, de forma a ser condizente com as relações
físicas e filosóficos. Deste modo, Mayer passou a estabelecer que as diferentes energias (Químicas e
Mecânicas), poderiam ser convertidas entre si.
Ao retornar para a Europa, Mayer tenta publicar seus resultados, porém esbarra na falta de
conhecimentos em aspectos básicos da Física, tendo com isso a recusa de publicação de seu artigo.
Apenas em 1842 é publicado o trabalho de Mayer após a melhoria do artigo, obtido com estudos de Física
sob a tutela de um professor que era amigo da família sendo que Mayer obteve claramente a relação entre
a conversão do trabalho mecânico em calor, sendo obtido um valor numérico para expressar essa
equivalência, Mayer ainda generalizou que a conversão seria válida em qualquer processo natural76.
73
Ibid., 67.
74
Ibid., 27.
75
R. de A. Martins, “Mayer e a Conservação de Energia,” Caderno de História e Filosofia da Ciência 6
(1984): 63-95, http://www.ghtc.usp.br/server/PDF/ram-18.PDF (acessado em 17 de abril de 2018).
76
J. Bomfim, J. C. Reis, & A. Guerra, “Problematizando a Ideia de Gênios Isolados: Mayer e Joule no
Episódio da Conservação de Energia,” Revista Tecné Episteme y Didaxis (2016): 1264-1270,
http://revistas.pedagogica.edu.co/index.php/TED/article/download/4736/3876/ (acessado em 28 de
abril de 2018).
92
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
Já Joule determinou o equivalente mecânico para o calor, assim como, Mayer. Porém Joule
estava interessado em investigar as relações entre as forças elétricas e magnéticas que ainda não tinha
sido unificada, sendo aplicados aos princípios mecânicos, essa análise inicial de Joule estava pautada em
princípios técnicos, no que tange o calor produzido na passagem de corrente elétrica, com isso Joule
inferiu que esse comportamento era oriundo do efeito mecânico77.
Sendo assim, Joule estipulou a relação entre a produção de calor a partir de uma corrente do
tipo voltaica com medidas precisas da temperatura da água em contato com uma porção em formato de
espiral de um circuito, com termômetros de elevada sensibilidade, determinando assim a intensidade da
corrente da resistência Nesse sentido era importante além dos estudos dos cientistas, a posição social dos
mesmos para conseguir acesso ao círculo científico de debate entre os pares e também para conseguir
financiamento provenientes de industriais visando aperfeiçoar os equipamentos que poderiam ser usados
para aumentar a precisão e a exatidão na determinação do equivalente mecânico do calor. Com isso as
pesquisas eram financiadas com o intuito de gerar lucros, havendo o interesse em aumentar a fortuna e o
avanço científico seria uma consequência desses estudos78.
Apesar de participar do debate científico promovido entre os pares devido a sua posição social, o
trabalho de Joule não foi conclusivo para determinar a existência ou não do calórico então ele realizou
uma série de experimentos que elucidou a origem dinâmica para o calor no qual ocorreria uma conversão
das forças magnéticas e do calor. Joule ainda apontou que haveria uma razão entre o calor e a potência
mecânica que era recebida ou cedida mesmo com esses resultados ainda havia resistência dos pares pela
aceitação dos resultados de Joule. Essa resistência residia no fato da mensuração de pequenas variações
de temperatura, esse fator foi melhorado com as contribuições de Michael Faraday, com a sugestão de
realizar o experimento em banho de mercúrio, devido este elemento apresentar baixa capacidade
calorífica na água79.
Com essa sugestão Joule melhorou seu experimento e conduziu uma série de aperfeiçoamentos
em outros experimentos que permitiram obter êxito na determinação da constante do equivalente
mecânico que passou a ter valor de 4,154 J/cal. Além de inferir que a energia potencial poderia ser
77
Calado, 525.
78
R. da S. Souza, A. P. B. da Silva, & T. S. Araújo, “James Prescott Joule e o Equivalente Mecânico do
Calor: Reproduzindo as Dificuldades do Laboratório,” Revista Brasileira de Ensino de Física 36 (2014):
3301-3309, http://www.scielo.br/pdf/rbef/v36n3/09.pdf (acessado em 28 de abril de 2018).
79
W. P. Queirós, R. Nardi, & D. Delizoicov, “A Produção Técnico-científica de James Prescott Joule:
Uma Leitura a Partir da Epistemologia de Ludwik Fleck,” Investigações em Ensino de Ciências 19
(2014): 99-116, https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/98/69 (acessado em 28
de abril de 2018).
93
Silva & Errobidart Volume 19, 2019 – pp. 71-97
transformada em energia cinética e a energia cinética seria transformada em calor, com isso o calor e a
energia mecânica estariam relacionados80.
Os resultados obtidos por Joule foram apresentados novamente na real sociedade de ciência
inglesa e dessa vez teve aceitação em parte devido a defesa realizado por Willian Thomsom que mais
tarde seria referido como Lord Kelvin, um dos mais eminentes cientistas da época, pertencente
inicialmente ao corpo docente da Universidade de Glasgow na Escócia. Somando-se o apoio de Thomson
e o aperfeiçoamento da quantificação da temperatura, as ideias de Joule foram gradativamente aceitas
conforme este realizava as publicações em periódicos científicos acerca do equivalente mecânico do
calor81.
Em um contexto diferente, pautados por conflitos militares os centros científicos dos principados
que compõem a atual Alemanha, passaram a formar engenheiros, técnicos e médicos com capacidades
de atuar no exército. É nesse ambiente científico que Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz, recebe a
sua formação inicial em medicina, além de ter estudado Física e Filosofia. A sua formação em medicina,
levou a servir o exército durante a guerra para repelir a invasão do império turco-otomano, passando após
o fim do conflito para a reserva militar, no qual pode exercer a função de docente na universidade de
Berlim. E devido a sua experiência no campo fisiológico, Helmholtz, interessou-se pelo estudo do calor,
analisando o equivalente mecânico do calor então ele buscou uma aplicação mais ampla de tal forma que
um corpo apresenta energia mecânica e pode realizar trabalho, permitindo assim inferir que as
observações obtidas com o calor, a eletricidade e as reações químicas poderiam ser associadas ao
conceito de trabalho82.
Essas reflexões podiam ser utilizadas tanto para máquinas, como para a natureza o que incluía
os seres humanos, pois qualquer gasto de energia tem como consequência o trabalho e qualquer trabalho
realizado resultaria no consumo de energia, deste modo, o trabalho passaria ser um fenômeno quantitativo
que era representado por um conjunto de equações matemáticas83.
As análises de Helmholtz no estudo do calor foram profundas e levaram este cientista a inferir
que a natureza apresenta uma reserva de energia que não é aumentada e nem reduzida, levando à
conclusão de que a energia na natureza não sofre alteração, permitindo ainda provar que trabalho não é
originado do nada com isso o Princípio da Conservação de Energia ganha um escopo maior84.
Entretanto ressaltamos que não foi apenas Helmholtz que contribui com essa formulação que
contou com a construção coletiva de vários cientistas. Alguns desses cientistas foram: Mayer, Joule,
80
Souza, Silva, & Araújo, 3307.
81
Queirós, Nardi, & Delizoicov, 106.
82
Calado, 527.
83
Ibid.
84
M. Nussenzveig, Curso de Física Básica, vol. 2, 4ª ed. (Rio de Janeiro: Blucher. 2010).
94
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Colding, Helmholtz, Carnot, Marc Séguin, Karl Holtzmann, Hirn, Mohr, Wiliiam Grove, Michael Faraday e
Justus von Liebig.
Alguns desses cientistas participaram, com outros pesquisadores, da divisão de engenharia dos
exércitos que desempenharam papel importante no cenário instável dos principados e condados, que
sofriam com conflitos militares intensos que antecederam a unificação alemã esses cientistas estavam
vinculados as escolas de engenharia e artilharia que eram os centros universitários mais prestigiados. Um
desses professores foi Rudolf Julius Emmanuel Clausius que obteve esse status universitário ao estudar
os fenômenos envolvidos com o calor, partindo inicialmente da análise de uma extensa literatura já
produzida acerca da natureza do calor. Obtendo então raciocínios matemáticos para o trabalho realizado
pelas máquinas térmicas, sendo que esta não resulta apenas no deslocamento de calor da fonte quente
para a fonte fria, resulta ainda no consumo de calor. Sendo que o calor pode ser gerado pelo trabalho
mecânico, sendo impossível realizar um processo cíclico visando transferir unicamente calor entre um
corpo mais frio para um mais quente85.
Willian Thomson contribui com essa discussão ao desenvolver os aportes matemáticos para os
conceitos de irreversibilidade e dissipação do calor. Do intenso debate entre os pares emergiu as ideias
que contribuíram para a formulação do valor de equivalência que representava o fluxo entre um corpo
quente para um corpo frio, provocando a transformação do calor em trabalho. Esse processo é equilibrado
pela conservação de trabalho em calor, de tal forma que o calor flui entre um corpo frio para um quente.
Dessa forma munida de tais avanços conceituais Clausius, compreendeu a distinção nos processos
reversíveis e os irreversíveis86.
Clausius ainda propôs a substituição do valor de equivalência que assumia um valor positivo,
pela entropia que passaria então a balizar as seguintes premissas:
85
J. M. F. Bassalo & R. F. Farias, “Clausius: Pequena História da Entropia,” História da Química 10
(2015): 95-100,
https://www.researchgate.net/publication/304581082_Clausius_pequena_historia_da_entropia_Clausi
us_a_short_history_of_entropy (acessado em 28 de abril de 2018).
86
Ibid.
87
Pádua, Pádua, & Silva, 68.
95
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Considerações Finais
contemplado com o viés exclusivamente matematizado, que não elucida a constituição da Termodinâmica
como ciência, desenvolvida por seres humanos que são passíveis de erros, acertos, e de influências
sociais estando diretamente ligadas ao contexto de produção científica.
SOBRE OS AUTORES:
Geilson Rodrigues da Silva
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
[email protected]
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