Antropologia
Antropologia
Antropologia
Introdução
O professor não pode ignorar a diversidade e a riqueza humana e cultural dos seus
alunos. Ele deve ser capaz de potencializar tal diversidade a favor da elevação da
qualidade do ensino e da aprendizagem.
O tema da diversidade, de acordo com Sacristán (2002, p. 14-15), deve ser encarado
com naturalidade pela escola visto que, para o autor: A diversidade, assim como a
desigualdade, são manifestações normais dos seres humanos, dos fatos sociais, das
culturas e das respostas dos indivíduos frente à educação nas salas de aula. A
diversidade poderá aparecer mais ou menos acentuada, mas é tão normal quanto a
própria vida, e devemos acostumar-nos a viver com ela e a trabalhar a partir dela.
(SACRISTÁN, 2002, p. 15).
A Psicologia Diferencial ao estudar as variações entre os sujeitos vai provocar uma série
de classificações e de dicotomias que vão colocar os indivíduos em hierarquias,
distinguindo os indivíduos em graus e qualidade, detectando graus de inteligência,
diferenças de personalidade, estilos cognoscitivos, etc.
Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos estudos
culturais e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, p. 1-3) consideram que
os estudos pós-coloniais e os estudos culturais, nos quais se integram os relacionados
com a diversidade cultural, multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade,
não podem ser considerados uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de
contribuições que aparecem como “uma referência epistemológica crítica às concepções
dominantes da modernidade”. (COSTA, 2006, p. 1).
Uma das característica mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que,
por coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica.
De acordo com dados do INE/ NELIMO (2000, p. 108) estão presentes no país 30
agrupamentos linguísticos. A maior parte das línguas são de origem bantu [24], mas
também se fala, para além do Português, línguas européias [Inglês, Francês, Espanhol,
Italiano, Russo, Alemão], outras línguas africanas [Árabe, Sutho] e línguas asiáticas
[Hindi, Gujurati e Chinês].
A cultura moçambicana foi sempre marcada pela miscigenação cultural que advém das
migrações bantu e do contato que estes Existe a educação formal que ocorre nas escolas
e a informal que é transmitida por via de formas tradicionais, com particular incidência
durante os ritos de iniciação das crianças e jovens. .
A colonização portuguesa [iniciada em 1498] vai trazer influências européias que vão
ser acrescidas pelas culturas de comunidades imigrantes da Índia e da China que se vão
fixar em vários pontos de Moçambique.
Após a Independência, os moçambicanos vão também adquirir valores culturais, éticos
e morais que nos vão ser transmitidos pela política socialista e pelo contato com
“cooperantes” russos, cubanos, búlgaros, norte-coreanos, chineses, alemães [RDA].
A cultura socialista vem a ser amplamente difundida nas escolas por meio do Sistema
Nacional de Educação que tinha como objetivo formar um “Homem Novo”, que
significava “um homem livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade
burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista”
(MINED, 1985, p. 113).
Em Moçambique, sobretudo nas zonas urbanas lidamos com uma cultura híbrida que
não é, nem tipicamente africana, nem sequer, totalmente, européia. Ela também não é a
justaposição simples de duas culturas, ela tem traços africanos, mas também europeus e
ela também é, ao mesmo tempo, uma terceira cultura.
Existem desigualdades de oportunidades para as crianças e jovens das zonas rurais. Eles
estão em desvantagem em relação à alfabetização e à progressão escolar porque há falta
de escolas, porque as escolas estão distantes das zonas residenciais, porque a escola não
consegue ser suficientemente significativa para as necessidades da sua vida. As crianças
ingressam na escola, mas a exclusão de tais crianças realiza-se “por dentro”, pois o
direito ao acesso não garante automaticamente o sucesso escolar.
considerações finais
É necessário realçar que o currículo comum não significa homogeneizar a cultura, nem
sequer criar um currículo monocultural. Os aspectos comuns devem significar a
inclusão de aspectos que sejam válidos para toda a sociedade em que haja uma
pluralidade interna, em que se tolera a diversidade “sem renunciar a uma plataforma
cultural compartilhada .
Referências
Acesso em: jun. 2006. SACRISTÁN, J. Gimeno. Educar e conviver na cultura global:
as exigências da cidadania. Porto Alegre: Artmed, 2002. HALL, Stuart. A identidade
cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a, 2006. INE/ NELIMO.
Situação linguística de Moçambique. Dados do II Recenseamento Geral da População e
Habitação de 1997.