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MARÇO | 2024

BOLETIM DE
MERCADO EDIÇÃO #2

FIQUE POR DENTRO DOS ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM O SETOR EM MARÇO

PRIMEIRO TRIMESTRE
NESTA EDIÇÃO:
MARCADO POR GRANDES
MUDANÇAS NO
“ENERGIA POR ASSINATURA”
FINANCIAMENTO DE
NA MIRA DO TCU E DA ANEEL
PROJETOS DE GD
Tribunal de Contas da União pede
que ANEEL se manifeste sobre REFORMA TRIBUTÁRIA Novos critérios para a emissão de
possível comercialização irregular de CRIs e CRAs afetam projetos de GD,
ACENDE SINAL AMARELO
energia no Sistema de Compensação que, por outro lado, vê novos
NO SETOR SOLAR horizontes com as debêntures de
de Energia Elétrica Pg. 02
Em processo de infraestrutrura. Pg. 08
regulamentação, ainda não há
DECISÃO indicativos de que os atuais
DO STJ benefícios dados ao setor solar
serão mantidos quando da
CONFIRMA entrada em operação dos novos
TUST E tributos. Pg. 04
TUSD NA
BASE DE E MAIS:
ESTUDO DE CASO:
CÁLCULO IMPACTO DO REIDI PARA
Minuta da Medida Provisória a ser
publicada pelo Executivo vaza e
DO ICMS PROJETOS DE GERAÇÃO divide opinião no setor Pg. 12
Pg. 06
DISTRIBUÍDA
Redução dos valores das
Pg. 09
bandeiras tarifárias Pg. 12

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#2 - Março de 2024

Editorial de Março
“ENERGIA POR ASSINATURA” NA MIRA DO TCU E DA ANEEL
Tribunal de Contas da União pede que ANEEL Anastasia
se manifeste sobre possível comercialização tomou posse no
Tribunal de
irregular de energia no Sistema de
Contas da União
Compensação de Energia Elétrica (SCEE) em 03/02/2022

No último dia 13 de março, o setor de porque “o produto anunciado e percebido


geração distribuída foi pego de surpresa pelos clientes é o mesmo oferecido pela
pela decisão proferida pelo Ministro distribuidora (energia elétrica), porém a
Antônio Anastasia, do TCU, determinando um preço menor para o consumidor”, em
a manifestação da ANEEL, no prazo de 15 detrimento aos consumidores que não
dias, sobre a existência de indícios de aderirem.
comercialização de créditos ou
excedentes de energia elétrica (“venda de A ANEEL, que já foi formalmente
energia”) de micro e minigeração comunicada da decisão, tem até o dia
distribuída. 08/04/2024 para enviar sua resposta. A
depender do teor da manifestação da
A abertura do processo de representação Agência, o Ministro já sugere, em seu
ocorreu no início de março (05/03). O despacho, alguns encaminhamentos
parecer técnico emitido pela Secretaria possíveis, como a elaboração de um
de Controle Externo de Energia e plano de fiscalização e punição àqueles
Comunicações afirma que “Empresas que infringiram as normas. Outra
podem estar se valendo da facilidade sugestão feita é a melhor
para se criar cooperativas ou outras regulamentação do tema, notadamente
formas associativas a fim de realizar do artigo 28 da Lei 14.300/2022:
venda sub-reptícia de energia”. O Tribunal
cita, ainda, os casos em que há Art. 28. A microgeração e a minigeração
distribuídas caracterizam-se como produção
arrendamento com pagamento vinculado de energia elétrica para consumo próprio.
à energia gerada, em contrariedade ao §3º
do artigo 655-M da REN 1.000/2021 da Esse artigo, inclusive, já estava na mira da
ANEEL; ou quando a participação na ANEEL. Vale lembrar que no final de 2023
associação ou na cooperativa restringe, de a SMA (Superintendência de Mediação
qualquer forma, o direito de voto do Administrativa e das Relações de
associado ou cooperado. Consumo), seguindo recomendação da
Superintendência de Regulação dos
O parecer também entende que há Serviços de Transmissão e Distribuição de
conflito de interesse na exploração do Energia Elétrica (STD), instaurou a
modelo de assinatura por empresas Tomada de Subsídios 18 (TS 18/2023). O
diretamente ligadas às distribuidoras de objetivo era colher contribuições setoriais
energia. Isso porque esses agentes
possuem o dever de fiscalizar as usinas
de micro e minigeração distribuída. De
acordo com o Tribunal, o conflito é maior

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#2 - Março de 2024

.......................................................
sobre a necessidade de edição de nova resolução PÍLULAS DO SETOR
normativa que garanta a melhor aplicação do referido ......................................................
artigo. Tal proposta, oriunda de sugestão da Diretora
Agnes quando da votação da REN 1.059/2023, tinha por Adesões à CCEE em março/24:
objetivo exatamente mitigar a comercialização de 38

energia no âmbito do SCEE.


16

5
3

Comercia- Consumidor Consumidor PIE


lizador Especial Livre

Valores obtidos por meio das atas das reuniões


do Conselho de Administração da CCEE.
......................................................
Brasil sobe 6 posições no ranking
de liberdade energética
O que esperar disso tudo? O período de contribuições à
TS 18/2023 se encerrou no final de janeiro. Se antes as Com a abertura do ACL a todo
consumidor do Grupo A, o Brasil
chances de que a TS fosse arquivada sem resultar na
subiu do 47º para o 41º lugar no
abertura de uma Consulta Pública eram boas, após a ranking internacional de liberdade
entrada do TCU no jogo elas, sem dúvida alguma, se de energia elétrica, que avalia o
tornaram ínfimas. Dessa forma, o cenário mais provável acesso ao ACL em 56 países.
é de que a ANEEL abra Consulta Pública para tratar .......................................................
sobre o tema e, a partir daí, edite normativo para trazer Reajustes tarifários:
maior detalhamento à questão da locação de Light - em vigor desde 15/3/2024

equipamentos e do próprio artigo 28 da Lei 14.300/2022. Consumidores residenciais - B1 +4,16%


Baixa tensão em média +4,05%
Alta tensão em média +2,45%

Frente a esse cenário, a pergunta que mais tem sido Efeito Médio para o consumidor +3,54%

feita é: a geração compartilhada vai acabar? Aqui, é ENEL RJ - em vigor desde 15/3/2024
importante ter em mente que, apesar de a própria Consumidores residenciais - B1 +3,08%

representação do TCU versar bastante sobre modelos Baixa tensão em média +3,00%
Alta tensão em média +4,97%
envolvendo a geração compartilhada (conhecidos como Efeito Médio para o consumidor +3,45%

“energia por assinatura”), o Tribunal é muito claro a se


CPFL Santa Cruz- em vigor desde 15/3/2024
referir a qualquer negócio que represente transgressão Consumidores residenciais - B1 +6,90%

à proibição de comercialização de energia no âmbito do Baixa tensão em média +6,83%


Alta tensão em média +3,57%
SCEE. Dessa forma, mais do que mirar uma modalidade Efeito Médio para o consumidor +5,63%
de compensação, o TCU está interessado em investigar .......................................................
os contornos que são dados aos modelos de negócio em Reajuste de 0% no Amapá
que a usina é de propriedade de um terceiro, para
A ANEEL decidiu diferir o aumento
assegurar que não haja prática ilícita disfarçada.
de cerca de 35% nas tarifas da
Equatorial Amapá e aprovar o
reajuste de 0%. A expectativa da
Agência é de que o tema seja em
breve endereçado pelo Poder
Executivo por meio da publicação
de uma Medida Provisória (leia
mais sobre isso na página 12).
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#2 - Março de 2024

Para além disso, não nos parece o TCU ou Tendo em vista a extensão da análise
a ANEEL tenham interesse em proibir um feita até o momento pelo TCU, nossa
modelo de negócio (o que poderia recomendação é de que sejam revisados
inclusive representar uma afronta à não somente os contratos de locação de
liberdade econômica), mas sim em equipamentos, mas também de
garantir que a prática desse negócio seja constituição do veículo de compensação
condizente com as orientações eleito como mais adequado ao seu
normativas. Por fim, lembramos que a negócio.
própria ANEEL por diversas vezes se
manifestou sobre a regularidade do Por tais razões, cada vez mais se faz
modelo de locação de equipamentos, necessário contar com profissionais
estabelecendo somente restrições quanto capacitados para realizar a estruturação
à forma como é feita a precificação do de um modelo de negócio capaz de
contrato entre as partes. traduzir os anseios do empreendedor,
bem como cumprir as normas
Dessa forma, nossa orientação é que regulatórias aplicáveis ao caso.
aqueles que possuam negócios neste
modelo de locação de usinas revisem
Precisa de ajuda para assegurar o compliance
atentamente seus contratos para regulatório dos seus contratos?
assegurar que eles estejam em perfeita Conte conosco.
aderência às normativas vigentes e Acesse aqui
orientações da ANEEL.

REFORMA TRIBUTÁRIA ACENDE


SINAL AMARELO NO SETOR SOLAR
Em processo de regulamentação, ainda não
há indicativos de que os atuais benefícios
dados ao setor solar serão mantidos quando
da entrada em operação dos novos tributos.

No final de 2023, o Congresso Nacional


aprovou a Emenda Constitucional nº 132
IBS, de base estadual e municipal.
(PEC 45/2019) – popularmente conhecida
como a Emenda da Reforma Tributária, Apesar desse importante primeiro passo,
que cria o Imposto de Valor Agregado a Reforma ainda será regulamentada por
(IVA), composto pelo Imposto sobre Bens Leis Complementares e é fato que só a
e Serviços (IBS) - que substituirá o ICMS e partir daí a sociedade conseguirá ter a real
o ISS -, e a Contribuição sobre Bens e dimensão de seus efeitos. Mesmo sem a
Serviços (CBS) - que abarcará o PIS, o PIS regulamentação, estudos preliminares
Importação, a Cofins-Importação e a realizados pelo Instituto de Pesquisa
Cofins. A prometida simplificação do Econômica Aplicada (IPEA) apontam
sistema tributário está aí, na substituição que a alíquota do IVA pode chegar a
dos cinco tributos por um: o IVA Dual, 28,4% - posicionando o Brasil como um
que se desdobra no CBS, federal, e no dos países com a maior alíquota.

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A preocupação com os impactos da Reforma também se faz presente no setor solar
fotovoltaico – que goza hoje de diversos benefícios tributários, não havendo qualquer
sinalização de que serão mantidos no futuro. Nesse sentido, um dos Grupos de Trabalho
da regulamentação da Reforma Tributária tem por objetivo exatamente trabalhar a
questão dos Regimes Especiais – nos quais o setor fotovoltaico deve lutar para se inserir.

Dentre os pontos de atenção que precisam estar no radar do setor, destacamos:

1 Isenções na eletricidade para o


SCEE: não há clareza sobre como será
tratada a isenção de ICMS e PIS-COFINS
4 Extinção do REIDI: com o fim do
Regime Especial de Incentivos para o
Desenvolvimento da Infraestrutura, os
hoje dada consumidor que gera a própria projetos que dele se beneficiam (como os
energia a partir do SCEE. Com a de geração centralizada) perderão uma
substituição desses tributos pelo IVA, o importante possibilidade de redução de
caminho natural é que tal isenção precise custos de CAPEX – que deverá ser
ser novamente tratada sob a ótica da nova contemplada nos planos de médio e longo
tributação; prazo das empresas cujo foco é geração.

2 Mudança no fato gerador para o


IBS: com a substituição do ICMS pelo
IBS, há mudança do fato gerador para
A lista acima (que não é exaustiva) acende
um sinal amarelo forte para o setor. Mas a
boa notícia é que ainda há tempo de
pagamento do tributo, que deixa de ser o tratar essas e outras questões junto ao
local em que a mercadoria começa a Executivo e ao Legislativo, que por meio
circular (local de origem) e passa a ser o dos seus respectivos Grupos de Trabalho,
local de destino. Este ponto impacta têm se debruçado sobre a discussão da
sobretudo aqueles que vendem regulamentação da Reforma Tributária em
equipamentos ou energia (no caso do cada um dos setores da economia e, tão
mercado livre, por exemplo) para outras importante quanto, suas regras de
localidades; transição.

3 Isenções para equipamentos


fotovoltaicos: hoje os equipamentos
fotovoltaicos são em grande parte isentos
do pagamento de ICMS (sob o NCM de kit
gerador) a partir de convênios firmados
pelos Estados no âmbito do Conselho
Nacional de Política Fazendária (CONFAZ).
De forma similar ao item 1, com a
substituição do ICMS pelo IBS, é preciso
que se rediscuta o que ocorrerá com os Nossa CEO, Bárbara Rubim, participa da discussão do
Grupo de Trabalho 8, na Câmara dos Deputados, sobre
atuais regimes de isenção; reequilíbrio econômico em contratos de longo prazo.

Em linha com nosso compromisso com a excelência e a pontualidade na informação


levada aos nossos clientes, a Bright Strategies tem participado dos Grupos de Trabalho do
Legislativo (chamados de GTs paralelos), que objetivam defender os interesses dos
contribuintes na regulamentação da Reforma Tributária, atuando ativamente nos temas
que guardam relação com o setor elétrico e as energias renováveis.
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#2 - Março de 2024

STJ CONFIRMA TUST E TUSD NA A base de cálculo é o valor sobre o qual se


BASE DE CÁLCULO DO ICMS aplica a alíquota para calcular o valor a ser
pago a título de imposto, contribuição ou
Julgamento da 1ª Seção do Superior Tribunal
outro tipo de encargo financeiro. Por
concluiu problemática sobre inserção das
exemplo, no ICMS, a base de cálculo é o valor
tarifas "do fio" na base de cálculo do ICMS total da mercadoria ou serviço sobre o qual
incide o imposto.
O dia 13 de março realmente foi de fortes
emoções. Além do despacho do TCU, Tendo em vista o impacto dessa decisão,
sobre o qual falamos no editorial desta o Colegiado do STJ modulou seus efeitos.
edição, a data também foi marcada pelo Para consumidores que obtiveram
julgamento, pelo STJ, da questão da decisões liminares favoráveis até 27 de
incidência do ICMS nas Tarifas de Uso do março de 2017, os efeitos de tais decisões
Sistema de Distribuição (TUSD) e de Uso serão mantidos e estes consumidores
do Sistema de Transmissão (TUST). passarão a recolher o ICMS com a inclusão
A questão chegou ao STJ em 10 de maio da TUSD e da TUST na base de cálculo
de 2017, como Tema Repetitivo 986. somente a partir da publicação do
Desde então, o setor elétrico aguardava a acórdão do Tema Repetitivo 986, sem
decisão do Superior Tribunal dado o necessidade de recolhimento do
impacto de tal questão na formação do montante devido entre a concessão da
valor final das tarifas de energia elétrica. liminar e a publicação do acórdão. Abaixo,
o tratamento a cada grupo de
Após 7 anos, a decisão veio de forma
contribuintes:
unânime, com o Colegiado do STJ
estabelecendo que a TUSD e a TUST CONDIÇÃO
MODULAÇÃO DOS
MODULAÇÃO DOS
EFEITOS
EFEITOS
devem, sim, fazer parte da base de cálculo
do imposto estadual. Devem voltar a recolher
Decisões Liminares beneficiando o ICMS com a inclusão
da TUSD e da TUST na
consumidores de energia, proferidas
Sob a relatoria do Ministro Herman até 27 de março de 2017
base de cálculo a partir
da publicação do
Benjamin, o STJ estabeleceu a seguinte acórdão.

tese: "a TUST e/ou a TUSD, quando


Não são beneficiados
lançadas na fatura de energia elétrica Contribuintes com demanda judicial,
pela modulação de
mas sem liminar vigente
efeitos.
como encargo a ser suportado
diretamente pelo consumidor final, seja Contribuintes com demanda judicial
Não são beneficiados
ele livre ou cativo, integra, (...), a base de cuja liminar tenha sido concedida, mas
pela modulação de
condicionada à realização de depósito
cálculo do ICMS". judicial
efeitos.

O Ministro
Com o julgamento,
Contribuintes que não ajuizaram ação Não são beneficiados
tomou posse estabeleceu-se questionando a inclusão da TUST e pela modulação de
no STJ em uma jurisprudência TUSD na base de cálculo do ICMS efeitos.
06/09/2006
a ser observada por Contribuintes
Contribuintes quecomajuizaram
demandademanda
judicial e
Casos serão analisados
todos os tribunais do país ao julgarem que obtiveram
judicial sentença
e obtiveram favorável
sentença favorável
individualmente.
transitada em julgado
processos similares. Muitos desses
processos, inclusive, estavam suspensos
aguardando a definição deste tema pelo
Superior Tribunal de Justiça.

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#2 - Março de 2024

O TEMA REPETITIVO 986 E A LEI COMPLEMENTAR 194/2022 (LC 194/2022)

Aqueles que acompanharam a edição da A segunda é que a constitucionalidade


LC 194/2022 talvez estranhem a notícia da LC 194/2022 é discutida pelo
trazida acima. Isso porque a LC 194/2022, Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação
que ficou famosa à época por promover a Direta de Inconstitucionalidade 7195 (ADI
desoneração tributária de bens e serviços 7195). E em 09/02/2023, a Suprema Corte
essenciais (como a eletricidade), excluiu concedeu liminar suspendendo a
expressamente a TUSD e a TUST da base eficácia dos dispositivos que afastaram
de cálculo do ICMS. o ICMS das tarifas.
Sobre este tema, duas observações Ou seja, até que haja o julgamento final da
precisam ser feita. A primeira é que a LC ADI 7195, a incidência de ICMS está
194/2022 produziu efeitos apenas para mantida. Se a constitucionalidade da LC
operações realizadas após a sua 194 for confirmada, a TUST/TUSD serão
publicação, sem impactar recolhimentos novamente excluídas da base de cálculo
anteriores. Dessa forma, a posição do ICMS e a decisão do STF deverá ter
adotada pelo STJ abrange – a princípio - seus efeitos modulados; se não for
também o período anterior à edição da confirmada, a inclusão da TUST/TUSD na
Lei Complementar (LC) 194/2022. base de cálculo do ICMS será mantida.

2017 2022 2023 2024

Julgamento STJ do Tema


STF suspende efeitos de 986: confirma incidência
Inicio do Tema Julho - Publicação LC alguns artigos da LC da TUSD e TUST na base
Repetitivo 986 STJ 194/2022 194/2022 (ADI 7195) de cálculo do ICMS

Retirada da TUSD e TUST da base de cálculo do ICMS de Volta da inclusão da TUSD e TUST na base de cálculo
Os processos questionando todos os consumidores de energia elétrica do ICMS de todos os consumidores
a questão, com liminares
concedidas até 27/03/2017
Consumidores beneficiados
por essas liminares voltam a
recolher ICMS sobre
TUST/TUSD a partir daqui

O IMPACTO DA QUESTÃO NO SETOR ELÉTRICO

A aplicação do ICMS sobre a TUSD Quando a LC 194/2022 foi suspensa pelo


resulta em um acréscimo médio de R$ STF em 09/02/2023, o custo com energia
0,105 por kWh na tarifa de energia. Em voltou a subir. Dessa forma, a decisão do
outras palavras, para um consumidor STJ não leva a um aumento da conta –
residencial com um consumo mensal de apenas a uma manutenção do valor.
cerca de 300 kWh, há um custo adicional Com relação aos consumidores que
de aproximadamente R$ 31,59 em geram a própria energia, tampouco há
tributos. Com a decisão do STJ, o valor mudança. Nos Estados em que há
continuará a ser devido (e pago) pelos isenção do ICMS incidente na TUSD
contribuintes. Lembrando que quando para estes consumidores, a isenção
houve a publicação da LC 194/2022, a permanece. Nos Estados em que não há,
conta de luz caiu pela redução da base o pagamento deverá continuar sendo
de cálculo do ICMS. feito.

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#2 - Março de 2024

MUDANÇAS NO FINANCIAMENTO De acordo com o Ministério da Fazenda e


DE PROJETOS DE GD MARCAM O com o Banco Central, as atualizações
visam coibir práticas inadequadas,
PRIMEIRO TRIMESTRE
restringindo o uso desses instrumentos
Novos critérios para a emissão de CRIs e
por projetos que apenas tinham com a
CRAs afetam projetos de GD, que, por outro
área imobiliária e agrícola uma relação
lado, vê novos horizontes com a debentures
de infraestrutrura. acessória. Emissões prévias, contudo,
não serão afetadas.
A emissão de Certificados de Recebíveis
As mudanças impactam diretamente o
Imobiliários (CRIs) e Certificados de
financiamento de projetos de MMGD,
Recebíveis do Agronegócio (CRAs) tem
principalmente solar, que faziam uso
sido prática cada vez mais usada para o
desses certificados como forma cada vez
financiamento privado de projetos: de
mais relevante de viabilizar novas usinas.
acordo com a Associação Brasileira das
A boa notícia é que, com a Lei 14.801/2023,
Entidades dos Mercados Financeiro e de
os projetos de MMGD podem ganhar
Capitais (ANBIMA), em janeiro deste ano
nova alternativa: as debêntures de
o número de emissões subiu 208% em
infraestrutura.
comparação ao mesmo período do ano
anterior. Essas debêntures se diferenciam das já
O fato de esses títulos serem incentivados conhecidas debêntures incentivadas
são um dos fatores que explicam este por alguns pontos, como:
aumento: os rendimentos auferidos pelos
Os benefícios tributários são para o
investidores que os adquirem são isentos
emissor, reduzindo a base tributária
de Imposto de Renda (IR). 1 da empresa, e não para o comprador
Atento a essa movimentação do mercado, dos papéis;
o Conselho Monetário Nacional (CMN)
aprovou, no dia 1º de março deste ano, Projetos em desenvolvimento ou
ajustes na Resolução CMN 5.118/2024, 2 concluídos em até 5 anos podem ser
visando refinar os critérios de elegibilidade objeto de emissão;
para a emissão de CRIs e CRAs.
A prévia provação ministerial do
Entre as novidades trazidas, destaca-se a projeto não é mais necessária,
necessidade de comprovação de que no 3 bastando que a emissora esteja em
mínimo 2/3 da receita consolidada das um dos setores contemplados;
empresas emissoras seja proveniente
diretamente dos setores imobiliário ou Possibilidade de inserção de cláusula
4 que contemple variação cambial.
agrícola. Confira abaixo a redação trazida:

Resolução CMN 5.118/2024: O passo a passo para a emissão veio no


Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, entende-se
por: (...)
último 27 de março, com a publicação do
II - setor principal de atividade: o setor de uma Decreto 11.964/2024, que, revogando
companhia responsável por mais de 2/3 (dois terços)
Decreto anterior, consolida as regras para
de sua receita consolidada, apurada com base nas
demonstrações financeiras do último exercício emissão de debêntures incentivadas e de
social publicadas. infraestrutura.

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Estudo de caso
IMPACTO DO REIDI PARA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

O Regime Especial de Incentivos para o arquivou as solicitações,


Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI) por entender que a
foi instituído pela Lei 11.488/2007. Seu Portaria não contempla
objetivo é estimular o desenvolvimento de a MMGD.
mais projetos nos setores considerados
Nesse cenário, o mais
estratégicos ao país – tais como
grave é: o tempo é uma
transportes, saneamento básico e energia.
variável extremamente
Caso tenha seu enquadramento aprovado, sensível: o benefício do
o projeto é beneficiado com significativa REIDI é aplicável, em regra, quando o
redução de custos, oriunda da suspensão investidor realiza a compra dos
da incidência do PIS-COFINS (com equipamentos/ contratação dos serviços.
alíquotas de 1,65% e 7,6%, Ou seja, é no momento deste pagamento
respectivamente) em diversos materiais e que o valor que seria devido a título de
serviços diretamente relacionados ao PIS-COFINS é retirado.
ativo, tais como: máquinas, materiais de À medida em que o parágrafo único do
construção, prestação de serviços por art. 28 se aproxima do seu 2º aniversário
pessoa jurídica estabelecida no país, sem qualquer endereçamento concreto
locação de máquinas e equipamentos pelo Poder Executivo, o empreendedor se
necessários à obra. vê diante da difícil decisão de (1)
Amplamente utilizado por projetos de prosseguir com o investimento previsto e,
geração centralizada, em 2022 o setor de no futuro, pleitear judicialmente a
geração distribuída viu a luz no fim do devolução dos valores pagos; ou (2)
túnel para a utilização do REIDI aos aguardar a regulamentação pelo MME e
empreendimentos de minigeração (ou correr o risco de perder os prazos que lhe
seja, aqueles com potência instalada são impostos pela própria Lei 14.300/2022
superior a 75 kW). Isso porque, em agosto e pela REN 1000/2021.
daquele ano, houve a derrubada do veto
trazido ao parágrafo único do artigo 28 da Para sermos justos... A CP 159/2024:
Lei 14.300/2022. Em janeiro/24, o MME abriu Consulta Pública
sobre o tema, apresentando minuta da
Não obstante tal inserção há quase dois regulamentação pretendida. Dentre as propostas,
anos, o setor passa longe de ver este destacamos a que prevê que o pedido de
habilitação do projeto seja submetido à
benefício. Isso porque, de acordo com o distribuidora da área de concessão. A análise às
Ministério de Minas e Energia, o tema contribuições realizadas pelos agentes, mostra
ainda carece de regulamentação própria - que essa proposta não agradou nem a gregos,
nem a troianos, com tanto distribuidoras, quanto
a ser editada pelo próprio Ministério.
associações e agentes se manifestando
Inúmeros empreendedores até buscaram contrariamente a ela. Encerrada em 26/02/2024,
ainda não houve devolutiva do MME sobre os
habilitar seus projetos com base na próximos passos.
Portaria 318/GM/MME. Contudo, a ANEEL

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#2 - Março de 2024

E qual o impacto econômico-financeiro


do REIDI para um projeto de
minigeração distribuída?

Para responder esta pergunta, nosso time


realizou análise de viabilidade
econômica de um projeto, considerando
cenário com e sem REIDI. E os números
não mentem: um projeto de 2,5MW, por
exemplo, tem um potencial de
economia de cerca de R$ 920 mil, Gráfico 2 – Impacto do REIDI: payback (em anos) e TIR
(em % a.a.) de projeto de 500kW em GDII para consumo próprio
considerando o valor do investimento de
aproximadamente R$ 10 milhões. Da mesma forma, investidores que atuem
no modelo de locação de equipamentos,
seja em autoconsumo remoto ou geração
compartilhada, além do melhor payback,
poderiam refletir esta economia em
maiores benefícios ao consumidor final.

No estudo de caso do Gráfico 3, é


apresentada a TIR de projeto de 2,5MW
de minigeração distribuída em GD II, com
(1)
investimento de cerca de R$ 10 milhões , e
Gráfico 1 - Potencial de economia trazida pelo REIDI (em R$
milhões) para projetos de minigeração distribuída
o valor de aluguel fixo pago pelo
consumidor capaz de lhe assegurar uma
Os ganhos trazidos pelo REIDI podem, percepção de economia da ordem de 15%:
inclusive, ajudar a amenizar o impacto das
regras de compensação aplicáveis aos
projetos GD II e GD III, reduzindo o
payback de consumidores que optem por
construir suas usinas, e aumentando as
taxas internas de retorno (TIR) em até 3
p.p (três pontos percentuais).

Para a análise proposta, os seguintes


parâmetros foram utilizados: (i) seleção
de uma distribuidora por região; (ii) usina
Gráfico 3 - Impacto do REIDI: TIR (% a.a.) para projeto de 2,5MW
de 500 kW, com investimento de R$2MM como locação de equipamentos.

(R$3,00/Wp); (iii) atendimento do próprio


As análises feitas deixam claro o quão
consumo de unidades consumidoras do
crítico é a falta de regulamentação do
Grupo A; (iv) enquadramento GD II. Os
REIDI para a GD. Este incentivo beneficia
resultados desta análise estão na coluna
não só consumidores e investidores, mas
ao lado.
toda uma cadeia de valor, auxiliando,
(1) Outras premissas foram consideradas para esta análise, como por exemplo, ainda, no aumento da oferta da energia
custos com aquisição do cliente (CAC), O&M, seguros, inflação, reinvestimentos etc.
Caso tenha interessa na análise de seu projeto, contate a Consultoria. renovável do país.

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#2 - Março de 2024

Aconteceu em março também


BANDEIRAS TARIFÁRIAS SÃO GOVERNO FEDERAL PUBLICARÁ
REDUZIDAS APÓS PERÍODO DE EM BREVE MEDIDA PROVISÓRIA
HIDROLOGIA FAVORÁVEL PARA O SETOR DE ENERGIA
No dia 05 de março, a ANEEL aprovou Nos últimos dias de março, circulou entre
reduções significativas nos valores das o setor de energia a minuta do que deve
bandeiras tarifárias para o ciclo 2023/2024. ser a Medida Provisória (MP) a ser
Tratadas no Submódulo 6.8 do publicada ainda em abril pelo Governo.
Procedimentos de Regulação Tarifária Essa MP, sobre a qual muito se fala desde
(PRORET), as bandeiras sinalizam ao dezembro de 2023, deve tratar de dois
consumidor as variações no custo de grandes temas:
geração de energia. Assim, após um longo Prorrogação do prazo para início de
período hidrológico favorável (vale operação dos empreendimentos
lembrar que em março o Brasil celebrou abarcados pela Lei 14.120/2021: os
23 meses consecutivos de bandeira projetos que solicitaram outorga em
verde), aprovou-se a redução das tarifas. até 1 ano após a publicação da referida
Lei devem iniciar operação em até 48
A decisão unânime da Diretoria da
meses da emissão da outorga para
Agência foi formalizada por meio da
assegurarem o desconto na
Resolução Homologatória 3.306/2024 e da
TUST/TUSD. A minuta da MP propõe
Resolução Normativa nº 1.084/2024, as
ampliar este prazo em mais 36
quais oficializam a redução a partir de
meses, desde que as obras se iniciem
abril de 2024, nos seguintes termos:
em 18 meses e o empreendedor
Patamar Amarela Vermelha 1 Vermelha 2
apresente garantia. Vale destacar que
este tópico não abrange projetos de
Valores anteriores
(R$/MWh)
29,89 65,00 97,95
micro e minigeração distribuída;
Novos valores
18,85 44,63 78,77
(R$/MWh)
Pagamento antecipado dos
Percentual
de redução
36,9% 31,3% 19,6% empréstimos da Conta-COVID e Conta
da Escassez Hídrica, a partir de
recursos da Eletrobrás e outras fontes,
REGULADA OLIMPÍADA NACIONAL com o objetivo de reduzir a conta de
DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (ONEE) luz e, sobretudo, endereçar a questão
Pela regulação trazida pela ANEEL, ONEE do aumento previsto nas tarifas da
acontecerá uma vez por ano e será Equatorial Amapá.
custeada pelo Programa de Eficiência
Energética. O objetivo da ONEE é difundir Nosso time está à disposição para lhe ajudar a
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