Analfabetismo de Jovens e Adultos

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ANALFABETISMO DE JOVENS E ADULTOS: UM DESAFIO DA

UNIVERSIDADE POR MEIO DO CURSO DE PEDAGOGIA

Maria Onide Ballan Sardinha)1


Universidade Norte do Paraná
[email protected]

Lucy Mara Conceição2


Universidade Norte do Paraná
[email protected]

Adilson Fernandes da Cruz3


Universidade Norte do Paraná
[email protected]

Eixo Temático:
Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica

RESUMO

No Paraná há aproximadamente 9% da população com idade acima de 15 anos. A


Lei 9394/96 fez com que a Educação de Adultos ganhasse um novo impulso,
garantiu o direito de todos à educação, declarando-a como um dever do Estado a
sua garantia. Sensibilizados um grupo de professores da Universidade Norte do
Paraná - iniciou um projeto envolvendo acadêmicas do curso de Pedagogia visando
contribuir, com pessoas da comunidade, por meio da EJA, ofertando cursos de
alfabetização e inseri-las no processo de Educação Básica. As alunas do Curso de
Pedagogia do 2o ao 8 o Semestre, foram convidadas para participar do Projeto de
extensão Alfabetização de jovens e adultos, por terem na matriz curricular as

1
Autora: Professora Pedagoga da Rede Pública de Ensino – NRE- Apucarana e Professora da disciplina de EJA e
Gestão da UNOPAR
2
Coautora: Professora Pedagoga da Rede Pública de Ensino – NRE- Londrina e Coordenadora do Curso de
Pedagogia da UNOPAR - Arapongas
3
Coautor: Professor de Matemática da Rede Pública de Ensino – NRE- Apucarana e Mestrando em
Metodologias do Ensino das Linguagens e suas Tecnologias – UNOPAR.
83
disciplinas de Fundamentos da EJA, Metodologia da Matemática e Língua
Portuguesa. A IES possui desde 1999 o Projeto Biblos com ações voltadas para
arrecadar livros, difundir a leitura e formar Bibliotecas, fez uma inter-relação dos
conteúdos do curso e do projeto de extensão visando ações conjuntas para atingir
os objetivos propostos no campo da aprendizagem da leitura e escrita, por todos.
Esse artigo descreve o percurso desses trabalhos e seus resultados desde a sua
implantação.

Palavras: EJA, articulação, ensino

Introdução

Dentre os vários desafios que a maioria dos países latinos se depara


está o analfabetismo de grande parcela da população de jovens, adultos e idosos.
No Brasil as políticas tanto em âmbito nacional, estadual e municipal colocam como
meta a erradicação do analfabetismo com extensiva progressão a outros níveis de
ensino, considerando o alto índice de analfabetos concentrados em algumas regiões
do país, com taxas mais ou menos elevadas, porém inconcebível no atual contexto
histórico, com todo avanço científico e tecnológico já conquistado.
No entanto, de acordo com Paiva (1983) os sistemas educacionais e os
movimentos educativos têm caráter histórico e refletem as condições sociais,
econômicas e políticas da sociedade a que servem, voltando-se, portanto ao
atendimento de interesses, necessidades e ideais de diversos grupos. Interesses
esses que se conjugam em alguns momentos, coexistem ou lutam entre si em
outros, mas que sobrevivem e influenciam os movimentos educativos até hoje.
Para Gadotti (2001) a educação de jovens e adultos no Brasil, iniciando
pela alfabetização, ao longo do desenvolvimento histórico foi assumindo concepções
diferentes tanto no âmbito de sua importância como no de sua forma de organização
e efetivação, porém o que se constata ao adentrar o século XXI é que o Brasil ainda
possui milhões de analfabetos.
Na atualidade a educação de jovens e adultos (EJA) fundamenta-se na
Constituição Federal de 1988 – Art. 208, que dispõe sobre o dever do Estado em
garantir o direito ao ensino fundamental aos cidadãos de todas as faixas etárias,
qualquer que seja o grupo social a que pertença, sem distinção de idade, raça, etnia,
religião, local de moradia ou situação econômica. Fundamenta-se ainda na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN 9394/96) que a coloca como uma
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modalidade de ensino constituindo-se como base para elaboração de seus
princípios, elencados nas diretrizes curriculares nacionais e estadual de educação
para EJA.
O Plano Nacional de Educação de 2001 -Lei nº 10.172 e o novo Plano
(que está em fase de aprovação) colocam como uma das suas metas, universalizar
a alfabetização aos jovens, adultos e idosos.No Paraná a meta é a superação do
analfabetismo dos paranaenses não alfabetizados com 15 anos ou mais, na
perspectiva de garantir o acesso à leitura e escrita como direito à educação básica e
como instrumento de cidadania, tendo como princípio o respeito à diversidade
sociocultural e suas expressões de cultura e educação popular.
O Plano determina a universalização da alfabetização em uma década
possibilitando condições para a continuidade da escolarização de seus egressos.
Para isso o que se constata é “a necessidade da transição de uma política
centralista para uma descentralizada”, prevendo o desenvolvimento de ações
conjuntas com as Secretarias Municipais de Educação, com segmentos da
comunidade, com ONGS, para a garantia da EJA Fase I do ensino fundamental,
considerando os locais onde residem e trabalham as pessoas analfabetas e seus
diversos tempos e realidades;
Nesse sentido esse projeto nas suas diferentes ações toma como base o
pensamento de Freire (1991) que incita os educadores a exercitarem a sua
percepção, no sentido do compromisso com a garantia do direito de todos em
relação ao processo de alfabetização/educação, que deve ser transformador,
servindo para que o sujeito se aproprie não só da leitura e da escrita, mas que tenha
a consciência do seu papel no mundo.
Diante dessas questões, um grupo de professores do Curso de
Pedagogia da UNOPAR sensibilizado com os números apresentados nas
estatísticas do MEC - INEP, IBGE e outros institutos vêm desenvolvendo projetos de
pesquisa e extensão desde 2007, envolvendo acadêmicos e docentes do curso,
professores da rede pública, organização governamental e não governamental,
visando à formação permanente, que lhes possibilitem compreender os diferentes
contextos e modalidades de atuação, sendo capazes de construir uma prática
pedagógica voltada para as reais necessidades dos diferentes grupos sociais. Entre

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esses estão os alunados da EJA, que segundo Tiepelo (2009) têm urgência em
aprender a decodificar o mundo e suas imagens, suas histórias, seus problemas, o
mundo e sua poesia, e sua literatura e seus contrastes.
No entanto ao se pensar numa ação da IES para alfabetizar a população
se pensou que não bastaria ficar nesse ponto, mas seria preciso avançar no
processo de continuidade na educação básica. Entendemos como pessoa
alfabetizada a concepção descrita por Oliveira (2001): o sujeito lê, compreende e
produz textos simples, de diferentes tipos e finalidades; Participa de debates sobre
diferentes assuntos de seu interesse e da comunidade ampliando sua possibilidade
de articulação da língua falada; Expressa criticamente sua reflexão oral, escrita e
interpretativa.
Para isso foi necessário buscar espaços nos quais se dariam a EJA, sua
concreticidade na relação professor aluno, pois segundo Freire (1984) não há
docência sem discência; ensinar não é transferir conhecimento; ensinar é uma
especificidade humana que exige um compromisso em relação ao outro e ao
processo educativo, para isso se buscou as parcerias e a mobilização da
comunidade.
O ponto fundamental para os Professores do curso da Pedagogia,
responsáveis direto pelo projeto, foi preparar os alfabetizadores para compreender a
educação de jovens e adultos, formas de encaminhar o processo de alfabetização
na concepção acima descrita, tendo em vista suas características, que segundo
Tifouni (2006) têm urgência em aprender a decodificar o mundo e suas imagens, o
mundo e suas histórias, o mundo e seus problemas, o mundo e sua poesia, o mundo
e sua literatura e o mundo e seus contrastes. Querem aprender, pois estão
inseridos no mundo do trabalho que exige, de cada um, qualificação em níveis cada
vez mais elevados.
O Projeto teve início em 2007 e acontece até a presente data, sendo
considerado de extensão permanente e de pesquisa da UNOPAR. São quatro
professores do curso de Pedagogia envolvidos, que planejam as ações a serem
desenvolvidas, buscam as parcerias com igrejas, Associação de Bairros, com o
Rotary Club e Prefeituras de municípios da região do Vale do Ivaí (abrangência mais

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efetiva da IES) para viabilizar a estrutura necessária ao funcionamento das turmas
de alfabetização em locais alternativos (carteiras, lousa, mesa e cadeiras, merenda)
Os acadêmicos do curso de Pedagogia se inscrevem como monitores das
turmas e atuam dois dias na semana com os alfabetizandos, num total de 6 horas,
contando como carga horária de monitoria da IES. São orientadas e acompanhadas
pelos docentes responsáveis pelo Projeto e assim que os jovens e adultos estão
alfabetizados são encaminhados para se matricularem na escola mais próxima que
oferta o EJA na Fase I.
A mobilização acontece em primeira instância no meio universitário (com
a coleta de livros e a justificativa dos objetivos da doação dos mesmos, “no Trote”);
nas igrejas; nos bairros com auxilio de carros de sons e nas escolas.
A alfabetização segue os fundamentos de Paulo Freire usando as formas
metodológicas do Programa BB Educar - Banco do Brasil e do Light House,
proposta pelo Rotary , trazida por essa organização da Tailândia ,que usa as
história de vida dos alunos para alfabetizar. Atualmente usa os materiais do MEC do
Brasil Alfabetizado e os organizados pela SEED/PR.
Por meio do Projeto Biblos, de extensão permanente da IES, que consiste
em arrecadar livros e montar Bibliotecas nas comunidades mais necessitadas, se
estabeleceu que nos locais onde ocorresse a alfabetização de jovens e adultos
seriam montadas ou fortalecidas suas Bibliotecas. Assim ficou estabelecido no
regimento interno da Universidade que os “trotes” de início de semestre de seus
cursos os calouros devem fazer doações de livros, visando atender a esse objetivo.
O projeto segue a linha da pesquisa ação, que é uma maneira de
se fazer pesquisa, podendo ser uma ferramenta importante para a alteração de
comportamento em contextos sociais, desenvolver o conhecimento e a
compreensão como parte da prática, produzindo resultados para as preocupações
que estão sendo observadas. (ENGEL, 2000). Essa foi uma forma encontrada de ao
longo do desenvolvimento do projeto, em cada turma ,coletar dados sobre a vida,
comportamento dos adultos no processo de alfabetização,diante dos outros,de si
mesmos, dificuldades, expectativas etc.. Dados que são analisados no grupo de
professores envolvidos, repassados para outros docentes (de Psicologia, Sociologia,
das Metodologias, do curso de Pedagogia ) visando sempre conhecer a realidade e

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nela atuar pontualmente, detectar avanços e ou necessidades de novas estratégias
de ação, que promovam a melhoria de vida dos alfabetizados. Essas coletas de
dados visam a obtenção de algum controle sobre os egressos em relação a
empregabilidade , a continuidade dos estudos, forma de atuação na comunidade
entre outros, além de garantir o tripé da IES que é :o ensino ,a pesquisa e a
extensão

O andamento do Projeto no âmbito Escolar


Articulação do currículo da Pedagogia com o projeto da EJA

Ao trabalhar com as alunas do Curso de Pedagogia da UNOPAR, do 2o


ao 8o Semestre, com a disciplina de Fundamentos da Matemática se buscou uma
articulação com a disciplina da EJA, para planejar ações a serem desenvolvidas com
a turma do projeto de alfabetização. Ao mesmo tempo, que se discutia a
metodologia para o ensino da disciplina com os jovens e adultos, se buscava fazer
registros das observações dos alunos em situações de aprendizagem, nas quais
envolviam materiais didáticos recebidos do MEC e questões do cotidiano do aluno.
As observações em sala de aula, tanto no estágio quanto nas
participações acadêmicas nas turmas de EJA os resultados são apresentados, sob
forma de painéis, comunicações orais, relatórios nos eventos internos da IES e de
outras IES, com intuito de disseminar ideias, subsidiar o trabalho de outros
acadêmicos que darão continuidade ao projeto no âmbito do curso.
A atuação em sala de aula, parte da problematização dos conteúdos
envolvendo princípios da dialética, uma vez que, se possibilita a reflexão, mediação
e, transformação do sujeito, que ocorre por meio do diálogo, da socialização e da
contextualização dos saberes, bem como pela interdisciplinaridade, na perspectiva
de que as apropriações dos conhecimentos ocorram com o envolvimento do aluno
nesse processo.
O trabalho dos professores das diferentes disciplinas do curso acontece
por meio de pesquisas, estudos, leituras, construção de gráficos, tabelas, maquetes,
jogos, entre outros recursos.

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O professor da disciplina de Fundamentos da Matemática parte do
conteúdo estruturante: Tratamento da Informação, por meio do qual se propõe fazer
as articulações com a EJA, utilizando recursos tecnológicos. Essa linha de trabalho
foi norteadora para as acadêmicas pesquisarem vários temas que se relacionassem
com a temática e com conteúdos da matemática. Vários textos foram coletados, de
diversos assuntos e situações que envolveram o cotidiano de cada um. Após um
debate em sala de aula, as discussões tangeram para o analfabetismo no Brasil e
em diversos países.
Escolheu-se, assim, essa temática em comum acordo, pois ficou evidente
nos depoimentos das nossas acadêmicas, certa indignação de estarmos no século
XXI e ainda não conseguirmos erradicar o analfabetismo no Brasil.

Andamento das discussões na turma da Pedagogia

Com o desenvolvimento do tema e o avanço nas pesquisas, nos sites do


IBGE, INEP entre outros, iniciou-se as primeiras leituras dos textos, que abordam
questões sobre o analfabetismo, voltando-se a análise para o contexto social e
histórico envolvendo os atuais índices no Brasil, no Paraná e na região do Vale do
Ivaí (abrangência da UNOPAR).
Fez-se um levantamento detalhado, construindo uma linha do tempo,
onde se observou que na história recente do Brasil, as politicas públicas para o
combate ao analfabetismo estão repletas de ações vistas como pontuais, por
exemplo, na ditadura militar entre as décadas de 60 e 70, ocorreu o Movimento
Brasileiro de Alfabetização (Mobral), movimento esse que levantou a bandeira dos
movimentos em prol da Educação, preocupando-se com a erradicação do
analfabetismo, tema esse sempre deixado em segundo plano, nas implementações
das políticas públicas do país. Tudo ficava para depois, foi durante o período da
redemocratização que realmente criaram-se cursos supletivos.
Ao iniciar os anos 70, com uma sociedade em construção, a fase das
grandes indústrias se expandiu no país usufruindo de bens capitais e o mercado
criando estratégias de consumo. Começou-se a antever que precisaria de mão de
obra especializada e que não encontrariam em grandes números, houve uma
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pressão sobre o governo e a própria sociedade para ampliar a oferta de ensino
voltada a essa realidade, daí nasce a LDB 5692/71, que enfoca essa questão, uma
educação voltada para o mercado, o consumo. Em linhas gerais uma legislação
tecnicista, mas que mostrou sua finalidade em colocar a Educação de Jovens e
Adultos, como suplência em um dos seus artigos e acabou levando a questão do
analfabetismo à discussões em escala maiores.
Somente após o período da redemocratização, por volta da década de 80,
o cenário educacional começou a tomar um novo rumo, devido a essa
redemocratização a politica educacional passou a buscar o seu realinhamento em
consonância com as políticas públicas da atualidade.
Com um novo olhar para que as novas propostas da educação fossem
um direito de todos os cidadãos, independentemente da classe, da raça ou do credo,
foram postas em evidências pelos representantes legais do povo, pelos estudiosos
das políticas educacionais e comunidade escolar.
Para respaldar essa vontade política e da própria população foi criada
uma comissão constituinte para elaboração de novas leis, a nova Constituição
Federal de 1988, e a educação foi contemplada e vista diante dessa lei como uma
das prioridades, através de artigos que regulamentaram todo o processo de
construção de novas políticas para educação em todos os níveis de ensino e
mesmo questões de financiamentos e acesso ä educação para todos. No artigo 205
consta que “a educação, direito de todos, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade” e continua, no art. 206, afirmando que o ensino deve
ser fundamentado num dos princípios “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber” (1999 p. 95-96).
Na era Fernando Henrique Cardoso, foi à vez do Programa Alfabetização
Solidária. E, na era Luiz Inácio Lula da Silva, entrou em cena o Brasil Alfabetizado.
Todas essas políticas contribuíram, em maior ou menor escala, para a redução da
taxa de analfabetismo, que caiu de 39,6%, em 1960, para 9,7%, em 2009, segundo
dados do IBGE.
Com todo trabalho de pesquisa bibliográfica realizada e as análises
desenvolvidas, as acadêmicas concluíram que ainda temos um grande número de
analfabetos no país que não foram assistidos em seu tempo escolar. Agora muitos

90
necessitam dessa alfabetização e mesmo de escolarização para distorção idade-
série. Ainda, no início do século XXI, existem 14,1 milhões de analfabetos no país,
segundo dados do IBGE (2009).
Alguns dos maiores desafios que precisamos resolver são:
 Altos índices de evasão na EJA.
 Estrutura física inadequada para atendimento dessa população.
 Dificuldades de acesso aos locais de estudo e programas ineficazes.
 Elevados índices de matriculas na EJA, porém um número baixo de
concluintes;
 Falta de recursos financeiros para a aplicação na erradicação do
analfabetismo.
 Falta de Planejamento adequado dos recursos financeiros para os
programas de erradicação do analfabetismo.
Se o objetivo é erradicar o analfabetismo no Brasil, essas problemáticas
precisam ser compreendidas e extirpadas, levadas a sério pelos gestores de todas
as instâncias, pois senão, se estará desistindo dos analfabetos.
Toda essa análise foi realizada pelas acadêmicas que fizeram: leituras
interpretativas, análise de materiais existentes, construção de resenhas críticas,
gráficos, tabelas, produção de artigos, com dados coletados sobre os índices de
analfabetismo, avaliando as perspectivas: nacional, regional e local que a partir das
disciplinas de Fundamentos da Matemática e EJA que também envolveram várias
outras do currículo por meio dos Seminários temáticos realizados sobre o
assunto,principalmente as de Metodologia de Alfabetização, Metodologia de Língua
Portuguesa.
Destaca-se nessas tarefas, análise de gráficos, entre esses, o destacado
abaixo que apresenta um comparativo de 10 anos das desigualdades regionais.

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Hoje, é considerada alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um
bilhete simples. Para muitos autores esse é um conceito muito discutível. Se
utilizarmos um critério um pouco mais exigente, esses índices mudam.
Outro item a destacar foi o Programa Brasil Alfabetizado que na disciplina
de EJA do curso de Pedagogia foi trabalho, por meio de painéis integrados, onde as
acadêmicas exploraram e compreenderam o papel que a UNESCO realiza em prol
da erradicação do analfabetismo no país e no mundo. Entre os seis objetivos da
ONU destacam-se dois que se relacionam diretamente a educação de jovens e
adultos:

3. Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e


adultos sejam satisfeitas mediante o acesso equitativo à aprendizagem
apropriada e a programas de capacitação para a vida.
4. Atingir, em 2015, 50% de melhora nos níveis de alfabetização de adultos,
especialmente para as mulheres, e igualdade de acesso à educação
fundamental e permanente para todos os adultos (UNESCO, 2003).

Esses objetivos possibilitam considerar como metas a se atingir até o ano


2015 a necessidade de se erradicar o analfabetismo no Brasil. O Programa Brasil
Alfabetizado é desenvolvido em todo o país, atendendo aos 1.928 municípios que
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apresentam taxas de analfabetismo igual ou superior a 25%, sendo que sua
prioridade técnica é a região do norte e nordeste com altos índices.
Com as análises dos dados estatísticos, as acadêmicas fecharam as
considerações, por meio da oralidade e escrita sobre o problema, onde destacaram:
 Programas de governo e não de Estado.
 Falta de politicas de continuidade, devido à mudança de governo, e
respectivos entraves que acontecem no processo.
 Alterações no programa original.
As avaliações feitas pelo MEC durante o desenvolvimento de um
Programa que geralmente, lhe atribui méritos, em detrimento de
programas anteriores.
Finalizando, ficou claro que com as discussões, escritas e pesquisas nas
duas disciplinas, Fundamentos da Matemática e a EJA, foram importantes para
conhecerem um pouco mais da realidade da alfabetização no Brasil. Com esse
embasamento teórico, foram trabalhadas nas oficinas.
Em linhas gerais, o enfoque foi trabalhar um conteúdo matemático, no
caso tratamento da informação voltado para essa realidade, resultando em um
trabalho que propôs reflexão e encaminhamento de ações para a realização das
atividades para o projeto de alfabetização.

A relação EJA com o Projeto Biblos

O Projeto de Alfabetização da UNOPAR desenvolvido por professores da


Pedagogia tem uma relação muito estreita com o Projeto Biblos, realizado em
parceria com Alfasol – Alfabetização Solidária, que era coordenado por um docente
também envolvido no da EJA.
O que se visou foi integrar as ações já realizadas pelo Biblos, com o
Projeto de Alfabetização de adultos, uma vez que por meio delas se discutiam os
pressupostos da aprendizagem da leitura e da escrita, concepção de aprendizagem,
tendo como ponto de partida que é preciso a mediação para que ela ocorra. Assim
se acreditou que só colocar a disposição o livro, nas comunidades necessitadas, não
seria suficiente para se fazer dele um instrumento emancipatório e de cidadania. Se

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pensou na organização de oficinas, cursos (de Alfabetização e de Literatura),
palestras e rodas de leitura, visando a capacitação de professores e pessoas
atuantes nas bibliotecas, as acadêmicas da Pedagogia,visando contribuir com o
processo de disseminação de práticas de leitura e escrita, nos locais em que as
Bibliotecas foram constituídas ou ampliadas com os livros doados para o Projeto
Biblos. Com isso se subsidiou as ações no Projeto de Alfabetização oportunizando
formas diferenciadas de práticas pedagógicas.
Deu para integrar os dois projetos considerando o compromisso social
da IES em relação à difusão do conhecimento e atendimento as necessidades
sócio culturais no âmbito das comunidades por ela atendidas.
O projeto, portanto, ao colocar o livro nas comunidades menos
favorecidas, e alfabetizar adultos abre o caminho ao homem em sua aventura na
conquista da auto- realização como ser capaz e pensante. Cabe destacar que os
livros arrecadados não ficam só na versão convencional,têm também os virtuais e
a literatura infantil e infanto-juvenil. E, tomou vulto, a ponto de registrar, hoje,
comunidades na fila de espera para atendimento, tendo montado efetivamente
quarenta e uma bibliotecas e outras quatro com entrega programada, no espaço de
treze anos.
Quando alguém fala em leitura, uma das primeiras questões que vem à
mente é a de uma pessoa lendo uma revista, um jornal, um folheto, e o mais comum
de todos é imaginarmos uma leitura de livros. Em Harris e Hodges (1999, p.165),
constatamos de que a maioria das pessoas concorda que a escrita se torna
leiturável quando as variáveis de um texto interagem com as do leitor a fim de tornar
a escrita fácil de ser entendida.
Criar condições do entendimento do significado pessoal e social da leitura
e da escrita não implica apenas alfabetizar ou propiciar acesso aos livros. Trata-se,
antes, de dialogar com o leitor sobre a sua leitura, isto é, sobre o sentido que ele dá
a algo escrito, um quadro, uma paisagem, sons, imagens, objetos, ideias, situações
reais ou imaginárias (Martins, 1997, p. 34).
A finalização de cada etapa do Projeto Biblos acontece com a entrega
oficial dos livros à instituição contemplada, que faz acompanhar de um roteiro de
organização formal de biblioteca, elaborado por uma das bibliotecárias da UNOPAR.

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As acadêmicas e o professor responsável pelo projeto realizam os
contatos e visitas para verificação da organização e utilização da Biblioteca.
Realização das atividades anteriormente descritas visando o “Resgate da leitura e
seus valores culturais” em Escolas de Ensino Fundamental e Médio envolvidas
nesse projeto. Este é realizado durante o período letivo das aulas, viabilizando a
participação dos acadêmicos, professores, funcionários da Universidade e
Comunidade em geral e a aquisição de novos conhecimentos, podendo se
conscientizar do papel de cidadão, mudando paradigmas, buscando alternativas
para soluções dos problemas, enfim, comprometendo-se e participando
efetivamente da vida social.

Resultados e Discussões
Os educadores e as acadêmicas que se propuseram a colaborar no
Projeto Biblos e no Projeto de Alfabetização da EJA, sem dúvida, colocam-se como
mediadores de leituras, pois sabemos que essa realidade de ler, e ler bem depende
muito de cada um, das reais condições de existência, mais do que podem ou
querem nos fazer crer os “sabedores das coisas”. Para melhorarmos nossa prática
devemos começar a realizar a avaliação de que a importância do ato de ler não está
certamente na compreensão errônea de que ler é devorar bibliografia, sem
realmente serem lidas ou estudadas.
Devemos ler sempre os livros que nos interessem que possibilitem a
mudança da nossa prática, procurando nos adentrar nos textos, criando aos poucos
uma disciplina intelectual que nos levará enquanto educadores e educandos não
somente a fazermos uma leitura do mundo, mas escrevê-lo ou reescrevê-lo, ou seja,
transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE,1984).
Participando do Projeto Biblos existente na IES desde 1999 e o de
Alfabetização desde 2007 os acadêmicos podem ampliar suas atividades
complementares ao estudo básico, participando também de outros projetos
motivadores de leitura, de extensão e de pesquisa, que contam, mais uma vez com
a ousadia, criatividade e colaboração dos futuros profissionais, cujo objetivo se
volta para mudanças desejadas de melhoria da qualidade de vida e verdadeiro

95
exercício de cidadania para os que são e serão contemplados por esse Projeto
sociocultural.
Por sua vez, os acadêmicos têm a oportunidade de exercer o
compromisso de romper com o isolamento social dos que não têm os livros para
ler, ou tendo não têm quem os ensine a ler, possibilitando-lhes, portanto, as
necessárias luzes da leitura. Martins também enfatiza: “Fundamental mesmo é a
continuidade da leitura e da escrita e o interesse em realizá-las”. (1994, p.84)
A partir de 2007 com a implantação do Projeto de alfabetização de
Adultos e com ações conjuntas com as do Projeto Biblos foram realizados: 6 cursos
de Alfabetização com a metodologia do Ligth House, do BB Educar(com funcionários
do Banco do Brasil) e a do Brasil Alfabetizado; formadas 11 turmas de alfabetização
sendo 5 em Arapongas; 3 em Apucarana;3 em Londrina.
Além dos mais de 200 mil exemplares entregues a IES possui com cerca
de 6 (seis) mil exemplares arrecadados, para continuar realizando nossos objetivos.
A montagem e ampliação de bibliotecas, portanto, está relacionada com a
importância da leitura para o desenvolvimento de uma nação, para a segurança e
bem-estar de uma pessoa, pois com a leitura ela pode se conscientizar do seu papel
na sociedade, seus direitos e deveres e ir à busca destes de forma consciente. Mas
também se sabe que ainda existem milhares de pessoas que não sabem ler e, mais
ainda, que sabem traduzir os códigos, mas sem entender seu real significado.
Numa dicotomia, enquanto pessoas não conseguem decodificar
palavras, registram-se depoimentos de escritores sobre a “profecia” do fim do livro,
dos quais se ressalta Mangel, (1997, p.17).dizendo que:

Por anos se profetizou o fim do livro, disse, apontando como elementos


ameaçadores o filme, a TV, o game, o vídeo e agora, a Internet e o CD
ROM. O que se verifica, é que, apesar das várias formas de tecnologia já
disponíveis, o número de livros impressos no momento é maior do que em
qualquer outra época. Não devemos temer mudanças. Nada de precioso
será perdido, apenas novas possibilidades surgirão, questionando a
satisfação do leitor criativo em proposição do espectador passivo

Por outro lado, a leitura não pode mais ser concebida única e
exclusivamente como decodificação, embora esta seja essencial, não é o suficiente
para que a leitura se concretize. Nestes aspectos, podemos resgatar as palavras de

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Paulo Freire (1999, p.11) quando afirma que “a leitura não se esgota na
decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas sim, envolve a
compreensão crítica do ato de ler e que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo”.
Com o desenvolvimento do Projeto de Alfabetização se contribuiu para a
alfabetização de 243 alunos em três municípios onde o projeto ocorre : Arapongas,
Apucarana e Londrina em parceria com o Escolas Municipais e Estaduais, Rotary
Clube Associações de moradores. Um total de 70% dos alfabetizados está inserido
em programas de Educação Básica da EJA oferecidos pela rede municipal e
estadual de educação. Foram encaminhados com a orientação das acadêmicas do
curso de Pedagogia.
Constatou-se que o Projeto de Alfabetização de Adultos ajudou a resgatar
um pouco da dívida social brasileira/paranaense aos que não tiveram acesso à
educação escolar; possibilitou a continuidade da escolarização e superação dos
atuais índices de analfabetismo do Estado do Paraná e principalmente dos
municípios envolvidos; Viabilizou a busca pela implantação de uma política pública
de alfabetização coordenada pela SEED, em parceria com secretarias municipais e
parcerias locais, pois o trabalho de alfabetização está articulado às demais políticas
sociais no enfrentamento às condições precarizadas de diferentes comunidades.
Na atualidade o censo de 2010 revelou que houve uma redução nos
índices de analfabetismo no Brasil, pelas políticas públicas adotadas nesse sentido.
Por meio do Projeto Biblos desenvolvido desde 1999 e o de Alfabetização desde
2007 se desenvolveu 12 cursos de literatura , 6 de Alfabetização, 11 palestras, já se
conseguiu montar 42 Bibliotecas e ampliar o acervo de mais outras.
Um resultado que deve ser destacado é que dos adultos alfabetizados
pelo projeto 82% estão inseridos nas turmas de EJA Fase I e II ; 60% deles são
atuantes na sociedade; 15% se aposentaram.

Considerações Finais
A iniciativa de pensar coletivamente sobre questões que podem promover
a melhoria da qualidade de vida das pessoas, por meio do ensino ,pesquisa e
extensão é papel do ensino superior , devendo ser assumido por todos os docentes
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que têm como objetivo o compromisso social com o trabalho educacional que
desenvolve .
Tanto o Projeto Biblos como o de Alfabetização de Adultos, com ações
interligadas apresentam resultados positivos tanto na dimensão social como pessoal
para aqueles que deles tiveram e têm acesso . Acredita-se que ao se munir dos
instrumentos essenciais da participação que passam pelo domínio da leitura e da
escrita- são viabilizados aos sujeitos o acesso a informação, ao conhecimento e as
novas ideias e possibilidades.
Concordando com o pensamento de Soares (1988, p. 3) que “a leitura
não é um ato solitário, mas sim a interação entre leitor - texto - autor e suas
especificações”, acredita-se que a acadêmica que alfabetiza contribui para essa
mediação Os resultados destes projetos Biblos e Alfabetização de Adultos
alicerçados e coerentes com a realidade estimulam também a leitura crítica oriunda
da própria dinâmica democrática, ao encorajar todos os cidadãos a participar da vida
comunitária e até modificar a trajetória de seus destinos.
Observou-se que as acadêmicas envolvidas com o projeto puderam
conhecer uma realidade diferente da sala de aula, pois foram a campo e realizaram
um trabalho quase que voluntário, mas por outro lado adquiriram conhecimento do
processo de alfabetização de adultos e os espaços disponíveis para essa prática,
contribuindo para diminuir os índices de analfabetismo do país,mais especificamente
com os dos municípios e comunidades onde os Projetos são desenvolvidos.

REFERÊNCIAS

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