Evento 159-DECRESP1
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DECISÃO
Decido.
Trata-se de recurso especial interposto com apoio no art. 105, III, "a" e "c" da
Constituição Federal, contra acórdão proferido por Órgão Colegiado desta Corte, ementado nos
seguintes termos:
2. De acordo com o art. 1.013, § 3º, inciso I, do CPC/2015, o Tribunal deve decidir desde logo o
mérito quando reformar sentença que extingue o feito, sem resolução do mérito, desde que o
processo esteja em condições de imediato julgamento (teoria da causa madura).
4. A emenda à inicial apresentada pelo autor após determinação do juízo para adequação do
pleito ao que decidido pelo STJ no REsp 1.344.771 é acolhida parcialmente apenas quanto à
inclusão da União e do Estado do Paraná no polo passivo haja vista a impossibilidade inovação
nos pedidos e na causa de pedir disposta no art. 264 do CPC/73 aplicável à época da prática do
referido ato processual.
5. Nos termos dos artigos 5º, I, da Lei n. 7.347/1985, e 82 da Lei n. 8.078/1990, o Ministério
Público ostenta legitimidade para propor ação coletiva que vise à proteção de interesses ou
direitos difusos, interesses ou direitos coletivos e interesses ou direitos individuais homogêneos.
6. O Termo de Convênio entre a Vizivali e a Iesde Brasil S/A não atribui a esta legitimidade
passiva na medida em que tinha por finalidade o desenvolvimento de ações conjuntas para a
implantação e a oferta, pela instituição de ensino, do Programa de Capacitação de Docentes,
sendo, pois, daquela entidade, a legitimidade passiva por ter permitido a matrícula de alunos
que não se adequavam à autorização recebida pelo órgão estadual.
8. Registra-se que a jurisprudência do STJ possui entendimento de que, nas ações coletivas, "por
se tratar de substituição processual por legitimado extraordinário, não é necessária a presença
das mesmas partes para configuração da litispendência, devendo somente ser observada a
identidade dos possíveis beneficiários do resultado das sentenças, dos pedidos e da causa de
pedir". (REsp 1.726.147/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 14/05/2019, DJe 21/05/2019)
9. À época do ajuizamento desta ação já não mais vigia a Portaria nº 634/2004, que havia
prorrogado a vigência da autorização dada pelo Conselho Estadual de Educação do Paraná à
Vizivali para a oferta do aludido curso e, além disso, já havia sido exarado o Parecer CNE/CES
nº 139/2007, o qual veio a encerrar a discussão acerca da competência para aquele ato
autorizativo, reconhecendo a incompetência da autoridade que autorizou sua oferta, impedindo,
portanto, a continuidade daquela situação fática, tornando desnecessário a veiculação em
âmbito judicial de pretensão relativa à lide já pacificada no âmbito administrativo.
10. Conformando o entendimento da 2ª Seção desta Corte à tese fixada pelo Superior Tribunal de
Justiça relativa ao Tema 928, a responsabilização pelo pagamento da inedenização por danos
morais deve ser assim observada: (a) a União é responsável exclusivamente pelo pagamento da
indenização aos alunos que detinham vínculo formal como professores perante instituição
pública ou privada; (b) a União e o Estado do Paraná são responsáveis de forma solidária pela
indenização aos alunos que detinham vínculo apenas precário perante instituição pública ou
privada; (c) a Fundação Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu - Vizivali é responsável pela
indenização relativamente aos alunos estagiários. O valor da indenização em todos os casos é
fixado em R$ 10.000,00 (dez mil reais) nos termos do precedente desta Corte.
12. Com relação aos juros de mora, a condenação imposta à Vizivali também observará os
critérios previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça
Federal, os quais deverão ser computados a partir de sua citação tendo em vista a
natureza contratual do litígio, não se aplicando ao caso a Súmula 54 do STJ.
13. Distintamente se dá no que tange à origem dos danos morais causados pela Fazenda
Pública, pois não há relação contratual na espécie, atraindo, assim, o conteúdo da Súmula 54 do
STJ, a fim de que os juros moratórios sejam contabilizados a partir do evento danoso,
observando-se sua fixação em parâmetros idênticos aos juros aplicados à caderneta de
poupança dada sua constitucionalidade, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no
artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação dada pela Lei 11.960/2009.
Em que pese a alegação de afronta ao art. 1.022 do Novo CPC, tendo em conta a
ausência de suprimento da omissão indicada nos embargos declaratórios - ainda que opostos
para efeito de prequestionamento - cumpre observar, quanto à questão de fundo, que o presente
recurso não reúne as necessárias condições de admissibilidade, tornando despiciendo o exame
da violação, em tese, ao apontado dispositivo infraconstitucional, consoante se infere da
fundamentação.
Nesse sentido:
Por outro viés, nos termos delineados, não socorre melhor sorte os ditames das
Súmulas 5 e 7 do STJ.
Por fim, observo que a parte recorrente não combate os fundamentos do acórdão
esgrimido de maneira frontal, direta e objetiva, o que atrai a incidência das Súmulas 283 e
284/STF.
Intimem-se.
Documento eletrônico assinado por FERNANDO QUADROS DA SILVA, Vice-Presidente, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
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