O Que É Uma Sociedade Justa
O Que É Uma Sociedade Justa
O Que É Uma Sociedade Justa
O véu de ignorância
Uma das representações mais comuns da justiça é a imagem da deusa Témis com uma venda nos
olhos e uma balança nas mãos. A balança com os pratos na mesma posição simboliza a igualdade no
julgamento e na atribuição de punições. Já a venda, representa a imparcialidade da justiça.
A venda impede que a justiça dê atenção às características individuais, como raça, classe social ou
género, de modo que trata todas as pessoas com imparcialidade. Rawls defende que, ao pensarmos
no que é uma sociedade justa, deveríamos fazer o mesmo, estar cobertos com o que chamou de véu
de ignorância. Assim seríamos capazes de pensar com imparcialidade.
O véu da ignorância possibilita que pensemos de maneira imparcial. Podemos imaginar
esse véu como uma venda que, ao invés de impedir que enxerguemos o que está à
nossa frente, impede que saibamos quem somos. Ou seja, a partir do momento em que nos
imaginamos com um véu de ignorância, já não sabemos se somos negros ou brancos, ricos ou
pobres, homens ou mulheres, quais nossas habilidades naturais etc. Não conhecemos qualquer
característica que nos diferencie dos outros.
Rawls pensa que se uma pessoa ignorar as suas características individuais, será
imparcial, pois terá que pensar em si considerando que pode ser várias pessoas
diferentes, logo, os indivíduos seriam tentados a escolher os princípios de justiça que beneficiassem
todos.
Contrato social
O ponto de partida de Rawls para alcançar os princípios da justiça é o contrato social. Rawls
considera que pessoas racionais são capazes de chegar a um acordo, um contrato, que
registe os princípios de justiça que devem reger uma sociedade. O contrato, uma vez
aceite, deve provocar o acordo voluntário de forma que todos aceitem uma
distribuição benéfica para todos os indivíduos dos bens e dos encargos sociais
resultantes da cooperação social.
No entanto, os indivíduos tendem a ter muita dificuldade em ser imparciais na escolha
dos princípios de justiça, porque, conhecendo a sua situação especifica,
nomeadamente a sua classe social e económica, as suas capacidades ou limitações,
dificilmente escolheriam os referidos princípios de forma isenta e neutra. Para superar
esta dificuldade, Rawls elabora uma experiência intelectual cujo objetivo é o de
colocar todos os contraentes (os indivíduos que realizarão o acordo) em situação de
igualdade, garantindo, dessa forma, a sua imparcialidade. A esta experiência deu o
nome de posição original.
Posição original
Rawls foi influenciado por um grupo de filósofos chamados de contratualistas. Os
contratualistas acreditavam que as leis de uma sociedade são legítimas e justas apenas
se todas as pessoas as puderem aceitar. Por outras palavras, ninguém tem obrigação
de respeitar uma lei com a qual não poderia concordar.
Rawls acredita que uma sociedade justa é aquela que adota leis que foram escolhidas
de forma imparcial e com as quais todas as pessoas poderiam concordar. Para
identificar quais são essas leis, ele pede que nos imaginemos no que chama de posição
original para a elaboração de um contrato social. A posição original é uma situação
hipotética na qual não existe uma sociedade formada e temos que escolher, em
conjunto com outras pessoas, quais serão as leis básicas da sociedade que iremos
criar. Ou seja, temos que fazer um contrato social: chegar a um acordo sobre os
princípios básicos dessa sociedade, incluindo quais os direitos e deveres que as
pessoas terão, como será distribuída a riqueza e como será o governo.
Rawls pensa que esse contrato social deve ser feito por trás de um véu de ignorância,
para que ele seja imparcial. Isso quer dizer, como já vimos, que as pessoas na posição
original não sabem qual seu género, classe, raça, religião etc.
Os princípios da justiça
Os princípios da justiça corretos são aqueles que seriam escolhidos na posição original.
Nessa posição, os membros da sociedade, estando todos sob o mesmo véu de ignorância, ficam
numa situação equitativa — daí que Rawls nos esteja a propor uma teoria da justiça como
equidade.
2º - Princípio da oportunidade justa: Este princípio é menos importante que o anterior, mas mais que
o seguinte. Rawls acredita que, numa sociedade justa, a desigualdade deve ser
relacionada a cargos que qualquer pessoa possa aceder em condição de igualdade
equitativa de oportunidades. Isso quer dizer, que as profissões são acessíveis a qualquer pessoa. Ninguém
é proibido, por exemplo, de ser médico ou professor com base em sua raça, género,
religião etc. O único critério que deve presidir à
escolha dos indivíduos para a ocupação dos cargos e das funções é o mérito e a
competência dos indivíduos. Concluindo, deve haver uma igualdade de oportunidades.
A regra maximin é um critério de justiça proposto por Rawls. Este presume que, como seres racionais que
são, os indivíduos vão considerar que é preferível para todos jogarem pelo seguro e maximizarem as
vantagens, correndo o mínimo risco possível e escolhendo como se o pior lhes fosse acontecer.
É a estratégia para uma sociedade mais justa maximizar todas as oportunidades e calcular o risco
previsível para as diferentes opções. De acordo com este princípio é sempre preferível escolher a opção
mais segura que implica o menor risco para todos. O sistema deve ser projetado para maximizar a posição
daqueles que estarão em pior situação. Concluindo, a regra maximin diz-nos que cada alternativa tem
vários resultados possíveis, sendo uns melhores do que outros. Entre as alternativas disponíveis, deve-se
escolher aquela que tenha o melhor pior resultado possível, isto é, maximizar sempre os resultados.