Producao de Ovinos de Corte
Producao de Ovinos de Corte
Producao de Ovinos de Corte
SAÚDE
PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE
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268p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-499-6
CDD 636.311
SUMÁRIO
2 CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA...............................................................................................18
8.5 Suculência................................................................................................................................41
9.1 Fatores que afetam as características da carcaça e a qualidade da carne Ovina ............44
10 SISTEMAS DE PRODUÇÃO ....................................................................................................47
17 HOMEOTERMIA .......................................................................................................................60
19 CERCAS ...................................................................................................................................63
20 PORTEIRAS..............................................................................................................................66
22 CABANHA ................................................................................................................................72
25 CONFINAMENTO .....................................................................................................................80
27 ESTERQUEIRA .........................................................................................................................89
28 COCHOS ...................................................................................................................................90
29 BEBEDOUROS .........................................................................................................................92 4
30 SALEIRO...................................................................................................................................94
31 ENFERMARIA...........................................................................................................................95
32 OUTRAS ...................................................................................................................................96
34 RAÇAS RÚSTICAS...................................................................................................................99
36 PUBERDADE ...........................................................................................................................110
38 GESTAÇÃO .............................................................................................................................113
40 RELAÇÃO CANEIRO/OVELHA...............................................................................................114
47 SISTEMAS DE REPRODUÇÃO...............................................................................................126
55 VERMINOSE ............................................................................................................................149 6
57 DESMAME ...............................................................................................................................151
60 PASTAGENS ..........................................................................................................................157
61 SILAGENS E FENOS...............................................................................................................173
61.1 Silagens ...................................................................................................................................173
62 CONCENTRADOS ...................................................................................................................177
63.2 Vitaminas.................................................................................................................................182
67 MANEJO SANITÁRIO..............................................................................................................199
69 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................226
9
1 A ESPÉCIE OVINA: HISTÓRICO E PERSPECTIVAS
Com o aparecimento das fibras sintéticas, a indústria têxtil passou a contar com um
produto de menor preço e de oferta constante, fazendo com que a lã perdesse parte do mercado
consumidor, diminuindo seu preço de venda, já que a quantidade de produto oferecido era maior
que a demanda por ele. Com o baixo preço da lã e a concorrência das fibras sintéticas, a
ovinocultura lanera entrou numa fase bastante instável.
Com isso muitas pesquisas foram realizadas para a melhoria das carcaças das raças
de dupla aptidão, principalmente Corriedale e Ideal, visando a utilização destas como animais
produtores de carne e/ou como linha materna em cruzamentos programados com raças de
carne. Estas raças de dupla aptidão estão extremamente adaptadas ao ambiente deste estado,
apresentam um bom desempenho na produção de carne, quando selecionadas geneticamente,
além de serem menos exigentes nutricionalmente. Outro ponto a favor das raças de dupla
aptidão é a lã que representa sempre mais um incremento para a lucratividade da ovinocultura,
já que o mercado diminuiu, mas não acabou.
12
A carne ovina representa atualmente 3,2% do total mundial de carnes, sendo utilizada
universalmente, não sofrendo restrições religiosas como algumas outras carnes, a exemplo da
carne suína e bovina, pelos povos judeus e hindus, respectivamente, e não sofrendo tanto com
propagandas negativas relativas a segurança alimentar relacionada com sanidade e/ou uso de
substâncias promotoras de crescimento.
Em países onde a ovinocultura é desenvolvida, o consumo médio de carne ovina varia
entre 20 e 28 kg/pessoa/ano, enquanto que no Brasil este consumo é de 0,7 kg/pessoa/ano,
podendo este baixo consumo ser explicado pela má qualidade do produto comercializado, que
geralmente é oriundo de animais velhos, bem como pela falta constante na oferta do mesmo.
Contudo, o consumo de carne ovina, principalmente da carne de cordeiro abatidos
entre a 16ª e a 22ª semana de idade, tem aumentado, viabilizando economicamente a
ovinocultura brasileira e tornando-a uma boa alternativa para elevar a rentabilidade das
propriedades rurais, o que tem incentivado o produtor a investir na produção de carcaças com 16
qualidade. Este aumento no consumo pode ser observado ao se comparar a quantidade de
carne importada e exportada pelo Brasil, onde na década de 80 havia maior exportação do que
importação, quadro oposto do atual, o que denota um aumento do mercado interno (Tabela 2).
Tabela 2: Evolução das exportações e importações de carne ovina (ton.) pelo Brasil
Embora a produção de carne ovina tenha aumentado nos últimos anos, a demanda por
este produto ainda supera a oferta nacional (Figuira 4), fazendo com que boa parte
(aproximadamente 50%) da carne de ovinos consumida oficialmente no país seja importada,
principalmente do Uruguai, Argentina e Nova Zelândia.
Figura 4: Produção e consumo de carne ovina no mercado brasileiro, em mil
toneladas. Fonte: Souza, 2008.
A produção de carne ovina tem demonstrado um grande potencial, apresentando-se
como uma boa opção para o agronegócio brasileiro, sendo uma alternativa viável para
incrementar o desenvolvimento rural, inclusive dentro de programas de desenvolvimento da
agricultura familiar, já que ainda existe uma lacuna a ser preenchida no consumo interno e o
Brasil possui os requisitos para ser um exportador desta carne. 17
Embora a procura pela carne ovina esteja aumentando, as informações sobre esta
produção ainda são muito escassas, sendo assim, conhecer os principais aspectos produtivos da
ovinocultura, bem como aumentar a capacidade produtiva e, consequentemente, o desfrute dos
rebanhos ovinos brasileiros é essencial para que se possa atender às necessidades do mercado
consumidor. Somam-se a estas pesquisas as avaliações sobre as condições de criação
(alimentação, clima, sanidade, sistemas de terminação, etc) e cruzamento (escolha dos
genótipos mais adaptados e produtivos) visando obter cordeiros com pesos maiores em menor
espaço de tempo, com alto rendimento de carcaça, com qualidade de carne superior e que
possuam preço compatível com o mercado alvo.
A carne ovina é produzida nas mais diversas regiões do mundo, sendo oriunda de uma
enorme variação de tipos de animal (raça, idade, sexo, etc) e práticas de criação (estratégia de
alimentação, desmame, etc). As combinações destes fatores geram uma imensa gama de
sistemas de produção e tipos de cordeiro, originando uma grande variabilidade de carcaça e
qualidade de carne disponível para o consumidor. Esta variação é extremamente vantajosa para
a comercialização desta carne por oferecer ao mercado produtos diversificados, a fim de
satisfazer as preferências do consumidor nas diferentes regiões geográficas. Contudo, é
extremamente necessário o conhecimento do tipo apropriado para cada mercado consumidor,
levando em consideração o material genético disponível, as condições ambientais da localidade
e a lucratividade do sistema.
2 CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA
O tronco original dos ovinos domésticos deve ser procurado no gênero Ovis, nos
grupos de ovinos selvagens:
18
Argali (Ovis ammon) - Ásia e Europa
Urial (Ovis vignei) -Afeganistão, Irã, Índia e Tibet
Mouflon (Ovis musimon) - Córsega e Sardenha
19
Cordeiro ou cordeira = é o filhote, vai desde o nascimento até os seis meses
(dentes de leite);
Borrego ou borrega = desde os seis meses até por volta de um ano a um ano e
meio (de dentes de leite a dois dentes);
Fêmeas são consideradas borregas até o primeiro parto;
Ovelha = fêmea adulta em idade reprodutiva (quatro dentes a boca cheia);
Carneiro = macho adulto inteiro em idade reprodutiva (quatro dentes a boca
cheia);
Capão = macho castrado, pouco usado nos sistemas de produção de carne.
4 DENTIÇÃO DOS OVINOS
A utilização da dentição para determinação da idade dos animais é uma prática muito
comum, possibilitando obter esta informação de forma prática no campo e com boa margem de 20
segurança.
Os ovinos jovens possuem 20 dentes de leite, sendo esta dentição composta por:
Os 8 dentes incisivos, tanto na dentição de leite quanto na permanente, podem ser subdivididos
em:
2 Pinças;
2 Primeiros médios;
2 Segundos médios;
2 Extremos;
Os ovinos não possuem dentes incisivos no maxilar.
Dentição de leite;
22
Substituição dos dois extremos, animal com boca cheia (oito dentes
incisivos permanentes).
O desgaste dos dentes permanentes começa por volta dos quatro anos, estando o
grau de desgaste relacionado à dureza dos alimentos que consomem. O nivelamento ocorre por
volta dos nove anos, mas após seis anos se torna mais difícil e impreciso estabelecer a idade
dos animais pela dentição.
5 CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DOS OVINOS
Problemas de aprumo;
Fêmeas reprodutoras com cara coberta por lã, pois possuem menor habilidade
materna;
Constituição muito débil;
Pouca massa muscular;
Prognatismo e retrognatismo, pois dificultam a apreensão dos alimentos,
fazendo com que os animais comam menos e consequentemente ganhem
menos peso;
Machos reprodutores apresentando criptorquidismo, monorquidismo, hipoplasia
testicular, acentuada assimetria testicular, pois, comprometem a reprodução
destes animais;
Cifose, lordose, escoliose - quando a linha dorso-lombar não é reta a quantidade
de carne na carcaça é menor, principalmente se a garupa for caída a quantidade
de carne de traseiro (carne nobre) ficará bem comprometida.
6.1 Aprumos
Os aprumos também são de origem genética, passando de pais para filhos, logo,
reprodutores que apresentam um aprumo inadequado passarão esta característica indesejável
26
para sua prole. Animais que apresentam problema no aprumo possuem dificuldade para fazer a
monta (saltar sobre a fêmea – reprodução), para caminhar e consequentemente para buscar
alimentos. Quando se trata de animais especializados para produção de carne, e portanto mais
pesados, este problema se torna ainda maior.
APRUMOS LATERAIS
Correto
Defeitos:
Membros anteriores e
Jarretes muito oblíquos posteriores para dentro Membros anteriores e
(sentado) (remetido) posteriores para fora (plantado)
Pés horizontais (Boletos longos) Pés muito verticais (Boletos curtos)
27
APRUMOS DIANTEIROS
Correto
Defeitos:
Joelhos muito Joelhos muito Apenas uma perna Pés muito Pés muito
para dentro para fora torta (manco) fechados separados
APRUMOS TRASEIROS
Correto
Defeitos:
28
Jarretes muito Jarretes muito Apenas um jarrete Pés muito Pés muito
para dentro para fora torto (manco) fechados separados
Prognatismo;
Retrognatismo.
Estes defeitos são de origem genética, sendo assim, os animais com estas
características devem ser eliminados do rebanho. Animais que apresentam prognatismo ou
retrognatismo têm dificuldade para apreender os alimentos e para mastigá-los, por isso
consomem menos e ganham menos peso. Em alguns casos mais extremos o animal pode
cessar o consumo e chegar a óbito. As figuras abaixo mostram a posição normal e as más
oclusões nos ovinos:
O ponto ideal de abate é aquele que resulta numa carcaça que apresente uma máxima
proporção de músculo, uma mínima de ossos e uma proporção de gordura adequada para
assegurar uma boa conservação da carne e conferir aroma, suculência e sabor a esta carne, 30
levando sempre em consideração o mercado a qual esta carne se destina. Sendo assim, para
entender como uma idade de abate é definida é necessário conhecer como funciona o
crescimento e o desenvolvimento dos animais.
Em relação ao sexo, machos inteiros são mais tardios, apresentando-se mais pesados
e produzindo uma carcaça com mais músculo e osso e com menor deposição de gordura, a uma
determinada idade, quando comparados às fêmeas e aos machos castrados. Os machos inteiros
apresentam também melhor conversão alimentar. Nas fêmeas a fase de deposição de gordura
inicia-se com pesos menores que nos machos castrados e estes com pesos menores que nos
machos inteiros.
A tabela abaixo mostra alguns índices zootécnicos encontrados para animais criados
neste sistema:
Idade ao Peso ao
Raça abate abate Alimentação Autor
(Kg) (Kg)
Capim elefante + concentrado
26,6 de milho em grão e farelo de
Dorper x Santa soja (1,5% do peso vivo). Barros et al.,
129
Inês Capim elefante + concentrado 2005.
31,8 de milho em grão e farelo de
soja (3,5% do peso vivo).
Silagem de capim elefante + 36
Texel x Santa Inês 46,4 concentrado de milho
desintegrado com palha e
Furusho-Garcia
180 sabugo + grão moído de milho
et al., 2000.
Santa Inês pura 37,6 + Farelo de soja (2.472 de
energia metabolizável e 15,8
de proteína bruta).
Selaive-Villarroel
Caatinga raleada + ração
Santa Inês x SRD 180 21,12 e Souza Júnior,
comercial (18% de PB).
2005.
Ideal 23,6
Ideal x Suffolk 33,7
Ideal x Ile de
28,5 Silagem de milho +
France
concentrado de milho, farelo de Cunha et al.,
Corriedale 150 25,6 algodão, soja, trigo (21,3% de 2000.
Corriedale x proteína – 2,55 do peso vivo).
31,4
Suffolk
Corriedale x Ile de
31,3
France
Dorper x Santa
137 37,4
Inês
Confinamento (não informou Chagas et al.,
Suffolk x Santa
153 36,1 tipo de alimentação) 2007.
Inês
Santa Inês pura 170 35,8
8 Qualidade da Carne
O fato de que cada segmento tem sua própria definição sobre qualidade de carcaça e
que às vezes os interesses entre eles são contraditórios e torna complicado um consenso entre
os diversos segmentos da cadeia produtiva. Uma forma de promover o entendimento é através
da criação de uma denominação específica de qualidade onde ocorreria uma reestruturação da
cadeia de produção de carne a fim de abastecer o mercado com produto de qualidade, o que
agregaria valor às carcaças e com a valorização da mesma incentivaria ao produtor buscar
melhorias na produção.
A aceitação de uma carne pelo consumidor é a resposta final sobre o valor desta
carne, porém a intensidade de satisfação que resulta do consumo desta carne é singular de cada
indivíduo e está relacionada com respostas psicológicas e sensoriais. A sensação de prazer ou
desprazer causada pelo consumo desta carne é medida por uma escala hedônica (gostar ou não
gostar) e alguns dos fatores que interferem nesta medida são a aparência, aroma, maciez,
suculência, porção comestível e valor nutritivo.
8.1 Palatabilidade
As características que contribuem para que uma carne seja palatável são aquelas
agradáveis à vista, ao olfato e ao paladar. Dentro destas características pode-se ressaltar a
aspecto, maciez, teor de gordura, suculência, sabor e aroma, sendo que a palatabilidade como
um todo será a inter-relação de todos estes atributos.
39
8.2 Aspecto
8.3 Maciez
Existem muitos métodos para superar a dureza do tecido conjuntivo, como enzimas de
origem vegetal, como a papaína, estas degradam proteínas como colágeno e elastina. Existem
também tratamentos mecânicos e sua eficiência depende da destruição da estrutura dos tecidos
conjuntivos. Em relação às fibras musculares, a sua maciez é determinada pelo estado de
contração que segue a rigidez, e esta é em grande parte controlada pela tensão do músculo
durante a instauração do rigor mortis.
41
8.4 Gordura
8.5 Suculência
42
A carne ovina oriunda de animais jovens (cordeiros abatidos até 180 dias) possui uma
coloração vermelha clara (rosada), aroma e sabor suave e pouca gordura. Na Tabela 1 43
encontramos uma comparação entre a composição da carne de ovinos (100 gramas de carne
assada) com a carne de outras espécies consumidas no Brasil.
A coloração é afetada pela nutrição, sendo que ovinos criados em pastagem podem
apresentar carne mais escura do que os que são terminados recebendo concentrado. Esta
diferença na coloração pode ser explicada pelo fato que pastagens são mais ricas em fibra do
que em amido, o que faz com que a taxa de acetato-propionato fique alta, afetando o pH final da
carne.
Um sistema de produção pode ser definido com base na raça, sexo, regime alimentar e
idade de abate. A carne ovina é produzida nas mais diversas regiões do mundo, oriunda de uma
enorme variação de tipos de animal (raça, idade, sexo, etc) e práticas de criação (estratégias de
alimentação, desmame, etc), gerando através das combinações destes fatores uma imensa
gama de sistemas de produção e tipos de cordeiro e consequentemente uma grande
variabilidade de carcaça e qualidade de carne disponível para o consumidor, o que tem
implicações importantes para aceitação do produto em regiões geográficas diferentes. Existe
mais diversidade nos sistemas de produção de carne ovina do que em qualquer outro sistema de
produção de carne.
Fatores edafoclimáticos:
Tipo de solo;
Topografia (plana, montanhosa) da propriedade;
Clima (temperatura, umidade, pluviometria);
Sistema mais utilizado no Brasil para a produção de ovinos de corte. Contudo, para a
ovinocultura comercial de corte não é muito eficiente economicamente. As principais 49
características deste sistema são:
A estacionalidade da produção:
O animal fica sujeito a variação de quantidade e qualidade das pastagens,
sendo que na época seca muitas vezes estes animais perdem peso;
O abate dos animais cuja engorda atravessou o período seco é tardio (animais
mais velhos);
Ciclos produtivos muito longos;
Menor capital de giro na propriedade;
O acabamento das carcaças é heterogêneo
Não é fácil ter sempre a mesma qualidade (quantidade de gordura e de
músculo) de carcaça e carne, já que o abate é realizado com animais de
idades diferentes.
51
Mesmo sendo o animal criado a pasto, de forma mais simples, o produtor não
pode esquecer-se de providenciar uma área de sombreamento para que o
animal possa se refugiar nas horas mais quentes do dia;
Pode ser com árvores ou construções em meia água;
A falta de planejamento na capacidade de suporte das pastagens pode levar ao
uso de altas taxas de lotação nestas áreas, acarretando na degradação dessas
pastagens;
Essa degradação se inicia com o aparecimento de espécies invasoras;
Desaparecimento do pasto original;
Aparecimento de espécies de baixo valor forrageiro;
A produtividade por área tende a ser cada vez menor, até o ponto de tornar a
atividade insustentável.
12 SISTEMA SEMI-INTENSIVO
Esse sistema é o resultado de algumas melhorias que podem ser realizadas em relação
ao sistema extensivo:
52
Planejamento dos recursos alimentares:
Emprego do sistema de rotação de pastagens:
Melhor utilização das pastagens;
Diminuição da carga parasitária;
Menor degradação da área
As pastagens ficam vazias pelo tempo necessário para sua
recuperação;
Implantação de pastagens melhoradas:
Maior valor nutritivo;
Maior produtividade;
Utilização de suplementação estratégica na época seca do ano:
Utilização de silagem e/ou feno;
Ração comercial;
Aproveitamento de subprodutos:
Em áreas produtoras de cereais, pode se utilizar o restolho como
fonte adicional de alimentação;
Polpa cítrica;
Resíduos do beneficiamento de trigo e de arroz;
Entre outros;
Melhor aproveitamento da mão-de-obra;
Melhorias nos manejos reprodutivo e sanitário:
Utilização do sistema de monta natural controlada;
Maior controle sobre fertilidade, época de parição; reposição de matrizes e
reprodutores;
Otimização do uso do macho;
Maior controle sobre endo e ectoparasitas;
Maior índice de vacinação;
Entre outros.
As principais características deste sistema são:
A propriedade deve possuir áreas com melhor topografia, com solos mais ricos
53
ou com correção desses solos através de adubação;
A superfície utilizada é menor em comparação ao sistema extensivo;
A taxa de lotação é maior, de 6 a 20 animais por hectare
Isto ocorre por causa da utilização de pastagens melhoradas que são
mais produtivas e nutricionalmente melhores;
Maior produtividade por animal;
Este sistema comporta animais de alta produtividade, com aptidão específica.
13 SISTEMA INTENSIVO
Este sistema produtivo possui exploração animal de alta tecnologia, de forma a permitir
a obtenção de animais com altos rendimentos produtivos no menor tempo possível, buscando 54
uma produtividade máxima por cabeça e por área. Além das melhorias realizadas no sistema
semi-intensivo, encontramos neste sistema as seguintes características:
14.2 Agrossilvopastoril
GANHO POR ÁREA: O ganho por área é o produto do ganho de peso por animal
pelo número de animais por unidade de área. 58
TAXA DE LOTAÇÃO: É o número de animais por hectare, não tendo ligação alguma
com disponibilidade de forragem. Via de regra, aumentos na taxa de lotação
provocam reduções no ganho por animal; em contrapartida, o rendimento por área
aumenta.
A localização das instalações deve ser seca, perto das pastagens e perto da sede para
evitar predadores. Em regiões muito frias, ventosas, com excesso de chuvas ou
62
demasiadamente ensolarada se faz necessária a construção de abrigos, principalmente para os
cordeiros recém-nascidos. As instalações (abrigos, cabanhas, etc) devem ser construídas no
sentido leste-oeste na maioria das regiões. Contudo, para decidir a direção em que a construção
deve ser feita temos que considerar o clima do local, por exemplo, a direção dos ventos mais
frios. Em alguns casos a literatura tem indicado a construção no sentido norte-sul, principalmente
para galpões de cama ou chão batido.
19 CERCAS
63
Para a construção das cercas das pastagens deve ser usado preferencialmente arame
liso, ovalado, galvanizado, nº 15 / 17. As cercas devem ter aproximadamente 1,20 m de altura.
Para ovinos deslanados utilizar altura de 1,30 a 1,50 m. As cercas podem ser de 5, 6 ou 7 fios,
devendo o primeiro fio estar no máximo 10 cm do chão para evitar fuga dos animais. Os
mourões podem ser de cimento ou madeira e devem medir de 10 cm a 15 cm de diâmetro ou
lado (redondo ou quadrado, respectivamente). O espaçamento entre os mourões é de 10 m
entre eles, com o uso de balancins de arame a cada 2 m. Os mourões devem ser enterrados de
40 a 60 cm do solo.
Pode se usar cerca elétrica com dois fios, estando o primeiro a 10-15 cm do solo e o
segundo a 20 cm do primeiro. Se forem ovelhas lanadas uma área de aprendizagem com vários
fios poderá ser necessária.
1ª tábua = 5 cm
2ª tábua = 5 cm
65
3ª tábua = 10 cm
4ª tábua = 15 cm
5ª tábua = 15 cm
As porteiras para os pastos devem ter de 3 a 3,5 m de comprimento. A altura deve ser
a mesma da cerca. Estas porteiras podem ser construídas em madeira ou ferro. As porteiras
66
para os currais devem ser feitas de madeira, com tábuas de 10 cm, começando a 5 cm do chão
e com espaçamento semelhante ao da cerca para currais. A altura deve ser a mesma da cerca
do curral. Os portões de entrada do abrigo devem ter de 1,0 a 1,5 m e os portões das baias por
volta de 50 a 80 cm. Contudo, o tamanho das porteiras e portões vai depender do manejo
empregado.
21 ABRIGOS (APRISCOS)
Os abrigos são construídos visando o conforto dos animais e também para proteger os
67
animais dos predadores na parte da noite. Pode ser ripado e suspenso ou de chão batido. Se o
animal passar muitas horas no aprisco o mesmo deve conter cocho e bebedouro.
21. 1 Suspenso
Quando utilizado somente como abrigo não precisa ter divisórias internas. Deve ser
construído elevado a uma altura de 0,8 a 1,0 m do solo para facilitar a limpeza do terreno. O
chão é feito com ripas de madeira de 4 cm largura, espaçadas a 1,5 cm (quando for para
cordeiros muito jovens deve-se diminuir o espaçamento para 1,0 cm). As paredes podem ser de
alvenaria, madeira, tela, bambu ou o material mais facilmente encontrado e com menor custo em
sua região. As paredes podem ser inteiras ou meia parede, depende do clima da sua região. Se
for muito frio aconselha-se paredes inteiras e se for mais quente meia parede com o restante em
tela. Em locais muito quentes a utilização do sistema de cortinas (tipo de galpão para aves) pode
ser bastante eficiente. O pé direito é de 2,5 m a 3 m, as telhas podem ser metálicas, de barro,
etc. Deve ter um beiral de 1,5 m a 1,8 m para proteger dos raios solares e das chuvas de vento.
70
Para construção de apriscos de chão batido pode ser com área coberta ou descoberta.
Pode ser direto no chão ou em cima de camas (areia, maravalha, palha, etc). Contudo, o piso
deve ser de material que permita uma boa compactação e boa drenagem, com declive em torno
de 2 % a 5 %. O pé direito deve ser por volta de 2,5 m a 3 m, dependendo do clima e da
ventilação. O telhado e as paredes são construídos de forma semelhante ao do aprisco
suspenso. Para área coberta usar o mesmo espaçamento do aprisco suspenso. Já para apriscos
com área descoberta recomenda-se utilizar o dobro da área coberta para cada categoria de
animal. As cercas para o abrigo e cabanha devem ser de tela e arame para evitar os predadores.
71
As baias podem ser individuais ou coletivas, com exceção dos carneiros que devem ser
mantidos separados, ou seja, em baias individuais, para evitar acidentes e brigas. As divisórias
das baias (cercas) podem ser de madeira ou bambu. Deve ter por volta de 1 m de altura e
mourões a cada dois 2 m. Os portões medem de 50 a 80 cm de largura e a altura é a mesma da
cerca.
As baias dos carneiros não devem ser de madeira e sim de alvenaria ou concreto com
portão de ferro e divisórias de 1,5m de altura, para garantir a segurança dos animais. Como nos
sistemas mais intensivos os reprodutores ficam nestas instalações por períodos longos é
necessário que, além da área coberta, seja construído um solário (local descoberto onde o
animal pode ficar exposto ao sol). O solário para carneiros é individual e deve ter 5 m2.
74
Pré-maternidade.
76
Logo que nascem os filhotes ficam em tempo integral com suas mães e se forem
separados bruscamente podem sofrer muito e perder peso, sendo assim esta separação deve
78
ser gradativa. Num primeiro momento, as ovelhas ficam na pastagem e vão amamentar os
cordeiros duas vezes por dia. Depois passam a amamentá-los uma vez ao dia e enfim são
separados. A idade desta separação está muito relacionada com o tipo de manejo nutricional
que os cordeiros recebem, pois, quanto mais cedo começarem a consumir alimento sólido de
boa qualidade, mais cedo terão o seu rúmen desenvolvido (ver aula sobre nutrição) e estarão
prontos para o desmame.
O confinamento poderá ser a céu aberto (sem cobertura) ou em galpão fechado (mais
caro). Se for aberto deverá conter áreas sombreadas e os cochos e saleiros deverão ser
80
cobertos. As cercas podem ser de arame ou de madeira, levando em conta o tamanho e o custo
da construção. O tamanho das porteiras, bem como dos corredores centrais, dependerá do tipo
de implementos que passarão por eles. Poderá ser de chão batido, mas a área em volta do
cocho de alimentação deverá ser, preferencialmente, de cimento para facilitar a limpeza. Em
qualquer sistema de confinamento todos os cochos devem ser voltados para um corredor
central, visando facilitar o manejo. Para o confinamento deve se levar em conta um espaçamento
de 0,8 a 1,0 m2 por animal.
Como o próprio nome menciona, esta instalação é utilizada para manejar os animais
(vacinar, casquear, vermifugar, separar lotes, entre outros). O formato e a disposição do curral
83
vão depender do manejo empregado na propriedade. Contudo, independente da forma é
primordial que os cantos sejam arredondados.
Certo Errado
É recomendado que o curral seja dividido em vários curraletes para facilitar o manejo.
O dimensionamento é feito com base em 1 m2 por animal e vai depender do tamanho do
rebanho ou dos lotes que utilizarão ao mesmo tempo esta instalação. Pode ser de chão batido,
contudo é importante (se possível) ter pelo menos um curralete lavável (pode usar cimento
rústico - 9 partes de saibro e 1 de cimento). Pode ser descoberto, mas é altamente indicado que
pelo menos a parte do tronco, onde normalmente fica a balança, tenha cobertura. As cercas para
curral podem ser de tábuas de madeira resistentes ou de cordoalha de aço e suas dimensões
estão descritas acima, em tópico próprio.
84
São necessárias para o curral as seguintes partes: curraletes, seringa (funil) e tronco
coletivo e/ou individual. Outros acessórios, como balança e pedilúvio, podem auxiliar muito o
manejo, podendo estar associados ou não ao tronco.
85
Esquema de brete.
Fonte: Própria autoria, 2008.
O funil começa no curral e vai até o tronco, sendo um estreitamento que liga as duas
instalações. Sua função é facilitar a entrada dos animais, que estão no curral, no tronco. A parte
do funil que está próxima ao tronco deve ter as laterais fechadas para evitar acidente com os
animais. Sua altura é a mesma da cerca do curral.
26.3 Pedilúvio
Pode estar acoplado ao tronco (no início) para facilitar o manejo. Contudo, não há
impedimento de ter pedilúvio separado do tronco. Deve ser coberto para evitar que a água da 87
chuva dilua a solução usada no pedilúvio. O dimensionamento mais usado é: 10 a 15 cm de
profundidade, 2 m de comprimento e largura igual a do tronco. Deve ser feito em cimento e
possuir sistema de esgotamento para troca da solução.
A esterqueira não deve ficar muito próxima das instalações, para prevenir qualquer
fonte de contaminação. Pode ser de alvenaria, medindo 4,0 m de largura x 2,0 m de
profundidade e 1,5 m de altura.
28 COCHOS
Se o bebedouro não for com sistema de bóia deve-se dimensionar o seu tamanho de
acordo com a quantidade de água consumida:
Categoria Consumo litros/dia
O genótipo, assim como idade e sexo, é uma das principais fontes de variação quanti-
qualitativa da carcaça e da carne. Todos os genótipos podem produzir carcaças com carne de 97
boa qualidade desde que abatidos no seu peso ótimo econômico, ou seja, quando a proporção
de músculo é máxima, a de osso capaz de suportar os órgãos e tecidos vitais para a
sobrevivência do animal permitindo a sua funcionalidade e a de gordura é suficiente para conferir
a carcaça e a carne propriedades de conservação e organolépticas que satisfaçam ao
consumidor.
A raça paterna pode ser muito variada e depende das características de carcaça e
carne do produto final desejado. Carneiros de elevado peso adulto, como Suffolk, Hampshire
Down e Poll Dorset (origem norte-americana), aumentam o peso ao nascer e à desmama e
conferem elevado ganho de peso para suas crias, contudo, são mais tardios para deposição de
gordura de cobertura. Animais de raças compactas e de peso adulto médio, como Ile-de-France,
garantem bom ganho de peso e permitem um acabamento mais precoce das carcaças. A raça
Texel pode ser utilizada quando se pretende melhorar a conformação das carcaças, com
aumento de massa muscular (lombo e perna), com maior proporção de cortes nobres. Raças 98
ultracompactas como o Dorper imprimem excelente conformação e cobertura de gordura na
carcaça (BUENO; CUNHA; SANTOS, 2006).
OBSERVAÇÃO: As descrições das raças descritas abaixo foram retiradas do padrão racial da
ARCO (Associação Brasileira de Criadores de Ovinos).
34 RAÇAS RÚSTICAS
34.1 Corriedale
A raça Corriedale teve origem na Nova Zelândia, através do cruzamento entre ovelhas
da raça Merino e carneiros Lincoln (ou Leicester). O sistema de cruzamento foi desenhado para
que fosse obtida uma raça com 1/2 de sangue Merino e 1/2 de sangue Lincoln, resultando em
um equilíbrio zootécnico orientado para 50% para a produção de lã e 50% para a carne.
Contudo, esta raça tem sido amplamente utilizada no Rio Grande do Sul como produtora de
carne através de animais puros ou como linha materna em cruzamentos com raças carniceiras,
como a Ile-de-France e a Suffolk.
34.2 Ideal
Embora seja de origem inglesa, foi selecionado na Nova Zelândia para animal de duplo
propósito, melhorando a sua aptidão laneira, resultando na formação de uma raça com equilíbrio
zootécnico de 60% para carne e 40% para lã grossa e longa. Os animais Romney Marsh devem
ser rústicos e apresentar boa carcaça, membros fortes e vigorosos, sendo a sua conformação
carniceira e constituição robusta seus principais atributos. Os cordeiros são bastante precoces,
chegando a produzir, em pastagem, de 28 a 30 Kg aos 5 meses. O peso adulto médio é de 75 a
90 kg nas ovelhas e 100 a 120 kg
102
nos carneiros.
103
Esta raça também é do grupo dos ovinos deslanados e foi desenvolvida no nordeste
brasileiro, resultante do cruzamento entre as raças Bergamácia, Morada Nova, Somalis e outros
ovinos sem raça definida (SRD). Apresentam alguma gordura em torno da implantação da
cauda, quando o animal está muito gordo, evidência da participação da raça Somalis na sua
formação. Os animas da raça Santa Inês devem possuir grande porte, com excelente qualidade
de carne, baixo teor de gordura e pele de altíssima qualidade. Devem ainda ser rústicos e
precoces, adaptáveis a qualquer sistema de criação e pastagem e às mais diversas regiões do
país.
A raça Somális pertence ao grupo dos ovinos de "garupa gorda", originário da região
formada pela Somália e Etiópia. A Somális Brasileira já se afastou bastante do tronco original,
sendo mais prolífero, de garupa menos gorda e com alguma lã pelo corpo, o que sugere ter
havido muita infusão de raças sem garupa gorda e com alguma lã. São ovinos de porte médio,
deslanados, mochos e com anca e base da cauda gorda. Possuem cabeça e pescoço negros ou
pardos e corpo branco. São animais rústicos, adaptando-se bem às condições climáticas da
região semiárida. Possuem aptidão para produção de carne e pele. As fêmeas têm boa
prolificidade. O peso adulto médio é de 30 a 50 kg nas ovelhas e 40 a 60 kg nos carneiros.
35 RAÇAS ESPECIALIZADAS NA PRODUÇÃO DE CARNE
35.1 Dorper
105
A raça Dorper foi desenvolvida na África do Sul, através do cruzamento do Dorset Horn
com o Blackhead Persian (conhecida no Brasil por Somális) visando à produção de carne em
regiões semiáridas e áridas. Essa raça apresenta alta velocidade de crescimento, carcaça de
boa conformação e bom rendimento de carcaça de 48,8% a 52,6%. Também devem apresentar
tronco longo, profundo e largo, costelas bem arqueadas, um lombo largo e cheio, linha dorso-
lombar bem longa e reta e uma fina camada de gordura distribuída uniformemente sobre a
carcaça e entre as fibras musculares (marmoreio). As fêmeas são sexualmente precoces e de
boa prolificidade, por volta de 140%. O peso adulto médio é de 50 a 80 kg nas ovelhas e 90 a
120 kg nos carneiros.
35.2 Hampshire Down
106
35.3 Ile-de-France
107
35.4 Suffolk
108
As fêmeas são prolíferas, com índices de nascimento de até 165%. As ovelhas têm
muita aptidão materna. Os cordeiros nascem inteiramente pretos, e vão branqueando até os 4 à
5 meses de idade. Os animais adultos possuem corpo coberto com lã branca e extremidades
desprovidas de lã e revestidas de pelos negros e brilhantes. O peso adulto médio é de 80 kg nas
ovelhas e 100 kg nos carneiros, mas em boas condições de criação estes ultrapassam
facilmente os 150 Kg.
35.5 Texel
109
Embora as fêmeas da espécie ovina possam apresentar cio dos 6 aos 9 meses, a
idade da primeira cobertura está muito relacionada com o manejo nutricional que a borrega
110
recebe, já que a mesma deve ser acasalada quando atingir 70% do peso adulto (exemplo: raça
Santa Inês - 45 Kg peso vivo). Logo, borregas que recebem uma melhor nutrição entram em cio
mais cedo e consequentemente possuem uma vida produtiva maior. Os machos atingem a
puberdade ao redor dos 6 meses (com 40 a 60% do peso vivo adulto), porém só chegam a
maturidade sexual aos 18 meses época onde devem começar a ser usados com maior
intensidade.
37 CICLO REPRODUTIVO
Em grande parte das raças ovinas, a fêmea é poliéstrica estacional de dias curtos, ou
seja, são influenciadas pelo fotoperíodo e somente entram em reprodução quando os dias ficam 111
mais curtos (entre o final de março e o início de maio). As raças deslanadas não são estacionais,
podendo reproduzir durante todo o ano. O ciclo estral da ovelha é de 17 dias, com duração de
cio de 24 a 36 horas e com momento da ovulação de 24-30 horas após o início do cio. As
ovelhas apresentam cio pós-parto em torno de 45 a 60 dias. Contudo, este período de anestro
depende muito das condições em que esta fêmea chegou ao parto, da sua produção de leite, da
idade ao desmame de suas crias, bem como da incidência de doenças do aparelho reprodutivo.
38 EFEITO DO FOTOPERÍODO
Animais oriundos dos trópicos têm menor estacionalidade do que aqueles nascidos em
regiões de maior latitude. Esta diferença de estacionalidade ocorre porque mamíferos oriundos
de latitudes mais altas possuem a glândula pineal mais desenvolvida que nos trópicos. Quando
animais de mesma raça e origem são enviados para diferentes ambientes as fêmeas que vão
para mais perto dos polos têm sua estação reprodutiva diminuída em relação às fêmeas que vão
para mais próximo de regiões equatoriais.
Tal fato se torna muito importante quando se deseja importar animais de raças
estacionais oriundos de clima temperado. Se esses animais forem introduzidos durante a
estação de monta natural em sua região de origem a tendência é que eles continuem em
atividade sexual mesmo em climas adversos. Porém, se a mudança de latitude ocorrer durante o
anestro fisiológico das ovelhas essas fêmeas poderão ficar sexualmente inativas por um longo
período.
Outro fator relevante em relação às raças estacionais é o cuidado que devemos ter com
a alimentação das borregas, pois se estas não atingirem peso corporal suficiente para serem
encarneiradas (cobertas pelo macho) até a estação reprodutiva só poderão ser acasaladas no
ano seguinte.
39 GESTAÇÃO
113
40 RELAÇÃO CARNEIRO/OVELHA
completar a monta.
Sêmen: o sêmen deve ser avaliado pela suas características físicas (volume,
Os reprodutores não devem continuar em serviço com mais que 6 anos, exceto quando
o animal possui alto mérito genético aliado a um elevado valor comercial.
116
43 CRITÉRIOS DE DESCARTE PARA OVELHAS
118
Neste método as ovelhas ficam junto com os carneiros nos piquetes para serem
cobertas. Este é o método reprodutivo que exige menos mão-de-obra. Contudo, ele não
possibilita um controle de informações (escrituração zootécnica), já que não sabemos com
certeza o dia que a fêmea foi coberta e se tivermos mais de um carneiro no piquete teremos
problema na identificação de quem é o pai, o que inviabilizará o registro na ARCO, além de que
podermos ter brigas entre os machos. Pelo fato de ficarem por longos períodos com o carneiro,
este método também inibe o efeito macho (veremos mais adiante).
119
Máximo aproveitamento dos reprodutores (um reprodutor pode produzir até 10
o carneiro a saltar);
Limpar e secar bem o prepúcio do carneiro;
das mãos numa inclinação de 45º e deixar a outra livre para desviar o pênis do
macho em direção à vagina artificial;
Esperar o momento do salto;
Quando o carneiro saltar sobre a fêmea segurar o prepúcio com uma das mãos
e levar até a vagina, fazendo com que o pênis penetre na vagina artificial e aí 121
seja depositado o sêmen;
Testar a qualidade do sêmen (volume, motilidade, densidade, movimento e
b. Eletroejaculação
Este processo de coleta é realizado através da introdução de um eletrodo no reto do
animal, onde uma corrente elétrica alternada (em torno de 30 volts) passa pelos centros
ejaculadores, situados na medula espinhal, levando o animal a ejacular. Para que este método
seja seguro é necessário conter bem o macho, seja em pé ou decúbito lateral (deitado de lado).
Para facilitar a entrada do eletrodo no ânus do animal deve se lubrificar o mesmo.
Este método causa bastante estresse no macho, sendo seu uso mais indicado para
carneiros, que embora sejam férteis, estão incapacitados de realizar a monta ou que não
consigam se adaptar a vagina artificial. O volume normal do sêmen dos carneiros é de 0,8 a 1
ml. O mesmo deve ser diluído até 1:2 (1 parte de sêmen para 2 de diluente). O volume utilizado
por fêmea 0,05 ml (cada 1 ml contém de 2 a 3 bilhões de espermatozoides).
122
b. Sêmen resfriado
Após a análise e diluição, podemos manter o sêmen em temperatura de geladeira por
períodos superiores a 24 horas para depois ser utilizado. Este método ainda conserva uma boa
taxa de prenhez e permite transporte a longas distâncias.
c. Sêmen congelado
O sêmen analisado e diluído é estocado em equipamento próprio a –196 ºC. O tempo
de estocagem é indeterminado, ultrapassando décadas. Contudo, a utilização da inseminação
artificial em ovinos é limitada pelos baixos índices de fertilidade que se consegue quando é
utilizado sêmen congelado. Isso ocorre por causa da anatomia da cervix das ovelhas que não
permite a passagem da pipeta.
com a tinta;
No caso da monta natural, as fêmeas marcadas pelos carneiros devem ser
pelos rufiões devem ser inseminadas ou levadas aos carneiros para serem
cobertas e depois separadas e seu número anotado para controle;
Se forem marcadas pela manhã, separar do rufião e inseminar à tarde;
Se forem marcadas à tarde, separar do rufião e inseminar no dia seguinte pela
manhã;
Separar as fêmeas submetidas à monta controlada ou inseminação do resto das
Rufiões são machos submetidos à vasectomia, desvio lateral do pênis ou epididimectomia caudal ou, ainda,
fêmea e capões submetidos a tratamento hormonal.
46 ESTAÇÃO DE MONTA
O sistema de monta natural onde o carneiro permanece no rebanho durante todo o ano
possui algumas desvantagens:
125
Manejo das matrizes e das respectivas crias mais difícil;
Entre outras.
c. 3 partos em 2 anos
É o mais indicado quando se deseja aumentar a produção de cordeiros;
Muito eficiente, permitindo um bom número de cordeiros sem sacrificar demais
as matrizes;
Intervalo entre partos de 8 meses;
d. 4 partos em 3 anos
Semelhante ao sistema acima, mas um pouco menos eficiente, pois possui
e. CAMAL
Mesmo manejo do sistema 3 partos em 2 anos;
4 grupos de fêmeas;
f. STAR
Divide o ano em 5 períodos de 75 dias (metade da gestação);
5 partos em 3 anos;
128
Considerando um rebanho com mil matrizes e com os índices abaixo, teremos:
Fertilidade = 90%
Número de partos por ano de acordo com o IEP (intervalo entre partos):
IEP 8 meses: 1000 ovelhas x 90% fertilidade x 1,5 parto/ano x 1,3 cordeiro/parto
= 1755 cordeiro/ano.
IEP 9 meses: 1000 ovelhas x 90% fertilidade x 1,3 parto/ano x 1,3 cordeiro/parto
= 1521 cordeiro/ano.
129
48 FATORES QUE AFETAM A EFICIÊNCIA REPRODUTIVA, CONTRIBUINDO PARA UM
LONGO INTERVALO ENTRE PARTOS
131
Ocorre uma maior resposta da taxa de partos ao aumento do nível nutricional pré-
acasalamento em ovelhas com condição corporal média do que em fêmeas muito gordas ou
muito magras. Ovelhas que perdem peso no período de acasalamento produzem menos
cordeiros do que aquelas que mantêm seu peso e estas menos do que as que ganham peso.
Além disso, ovelhas que são alimentadas de forma incorreta têm crias mais leves o que
compromete o manejo do rebanho.
132
Os períodos onde é preciso ter mais atenção com a nutrição da ovelha para não
comprometer sua eficiência reprodutiva são:
A escala mais utilizada para medir o escore corporal na ovinocultura é a que vai de
zero a cinco. Onde zero é dado para animais caquéticos, extremamente magros, beirando a
morte por desnutrição e cinco é dado para animais obesos. Os esquemas abaixo caracterizam
os diversos escores para condição corporal nos ovinos, sendo AE = apófises espinhosas, ML =
músculo Longissimus dorsi (lombo) e AT = apófises transversas:
Período de Mortalidade de
Escore Fertilidade Prolificidade
serviço (dias) crias (%)
<1 68 56,3 1,11 20
2 59 72,0 1,17 9,5
3 48 72,7 1,17 3,6
>4 56 71,4 1,20 6,7
Tempo, em meses, que a borrega leva para apresentar o primeiro estro com
ovulação;
Está relacionado com o tempo que esta fêmea demora para atingir peso
compatível com a reprodução (60-70% do peso de fêmea adulta);
É influenciado pela raça e, principalmente, pelo manejo nutricional;
Taxa de concepção:
Perda fetal
138
Para raças de ovelhas que apresentem poliestria estacional, uma técnica que pode ser
empregada para favorecer a reprodução em outros períodos do ano é fornecer um ambiente
artificialmente iluminado que imite o fotoperíodo negativo (16 horas de luz e 8 horas de escuro).
Indicada para unidades de larga produção comercial, pois é um sistema bastante dispendioso.
Contudo, esta introdução não deve ser muito cedo, pois, as ovelhas são incapazes de
ovularem devido à incompleta involução uterina ou ao anestro lactacional. Se o macho for
introduzido durante o período de anestro estas fêmeas vão demorar mais para restabelecerem
sua atividade reprodutiva. O uso do efeito carneiro pode estar associado ao manejo de luz
artificial e ao uso de hormônios para sincronização de cio.
Um cuidado que se deve tomar em relação ao efeito macho é com o primeiro estro, pois
pode ter baixa fertilidade pela não ocorrência de ovulação ou ovulação de folículos velhos. Logo
é recomendado deixar as fêmeas com rufião e levar a fêmea até o macho para ser coberta ou
inseminá-la a partir da manifestação do segundo estro.
139
50.3 Uso de Hormônios
A utilização de hormônio tem sido uma metodologia bastante difundida para sincronizar
o cio das ovelhas. Quando a propriedade faz acasalamentos em estações de monta pré-
determinadas, o uso de hormônios se torna uma ferramenta importante para viabilizar que as
fêmeas entrem em cio ao mesmo tempo (períodos próximos). Existem vários esquemas para
sincronização de cio com utilização de hormônios, abaixo pode ser observado um exemplo de
esquema:
ou eCG);
Inseminar entre 55 a 60 h.
51 MANEJO PRÉ-PARTO E PARIÇÃO
Para que o manejo reprodutivo seja eficiente numa propriedade é fundamental que as
fêmeas tenham boas condições corporais e sanitárias no momento do parto, por isso um mês
140
antes desta data devemos começar a tomar alguns cuidados:
Colocar estas fêmeas em instalações limpas, tranquilas (sem muita
movimentação, para evitar que as fêmeas fiquem estressadas, o que pode
provocar um aborto), seguras contra predadores, de fácil acesso e perto do
centro da propriedade para facilitar a observação.
Nos sistemas mais extensivos, onde não existem instalações para pré-parto e/ou
maternidade, as fêmeas podem ficar no pasto, mas devem ficar num piquete
destinado a este grupo e não misturadas a outras categorias do rebanho.
Preferencialmente este piquete deve ter forrageira de boa qualidade, ser de
tamanho pequeno para facilitar a observação das fêmeas e estar próximo das
instalações da propriedade. Os piquetes maternidades devem oferecer proteção
contra o vento e a chuva;
Ter funcionário(s) encarregado(s) na observação periódica destas fêmeas para
evitar que os filhotes e até mesmo as mães morram por problemas no momento
do parto;
As fêmeas prenhez devem estar com as vacinas em dia;
Se for possível, deve ser fornecido volumoso (pastagem, verde picado, silagem
Maior quantidade de cordeiros nascidos e bem criados = mais animais prontos para o abate e mais
produção de carne.
A maior parte dos problemas com os cordeiros que trazem prejuízos econômicos e que
muitas vezes levam as crias a óbito pode ser minimizada com adoção de práticas muito simples.
Se o cordeiro estiver muito fraco e não conseguir mamar o colostro deve ser dado via
sonda estomacal. O ideal é utilizar o colostro de ovelhas saudáveis, preferencialmente de
ovelhas mais velhas, pois, possuem uma maior taxa de anticorpos, pela probabilidade de terem
sido expostas a um número maior de agentes infecciosos. Embora não seja o ideal, se não tiver
colostro de ovelha disponível pode-se usar de vaca ou de cabra, sendo o leite de raças leiteiras
mais indicado por conter maior quantidade de gordura. Se o colostro tiver sido armazenado
congelado deve ser descongelado à temperatura ambiente e não expor o colostro a calor
excessivo, pois pode haver destruição dos anticorpos.
52.2 Hipotermia
Para evitar que ocorra hipotermia podemos tomar algumas precauções: 144
Fornecer boa alimentação para as ovelhas no terço final da gestação, pois uma
boa nutrição promoverá uma maior produção de leite por estas fêmeas;
Fazer a estação de monta que resulte em nascimentos fora da época mais fria e
chuvosa;
Manter as ovelhas no pré-parto em local seco e protegido do vento para que os
Aquecer o cordeiro;
Induzir o cordeiro a mamar o colostro na mãe e se não for possível fornecer o 145
colostro.
Outro cuidado que devemos ter é em relação à maternidade quando esta é de piso
147
ripado, pois se o espaçamento entre as ripas for muito grande os cordeiros recém-nascidos e os
muito jovens podem prender as patas não podendo mamar e ficando expostos ao pisoteio. Uma
forma de solucionar este problema é utilizar uma tela sobre o chão da baia onde o filhote recém-
nascido ficará com sua mãe.
Baia maternidade
Fonte: Arquivo pessoal, 2006.
Os cordeiros podem ser criados somente a pasto quando este é de boa qualidade e
possui um elevado valor nutricional. Contudo, se não houver adequada disponibilidade de
forragem ou se esta for de baixa qualidade é necessário oferecer suplementação (creep feeding
ou creep grazing – ver aula 8 sobre manejo nutricional) para esses cordeiros. Animais que
recebem pouca alimentação ou alimentação de baixa qualidade, além do leite materno, depois
do desmame precisarão aumentar de forma gradual o consumo de concentrado. Estes animais
normalmente demoram a se acostumar com a nova alimentação, perdendo peso após o
desmame, podendo inclusive apresentar diarreia.
56.1 Aleitamento Artificial
Nem sempre a ovelha aceita cuidar de sua cria. Quando isso ocorre podemos tentar
induzir esta aceitação colocando-a com sua cria em um local pequeno e obrigando-a a deixar o
150
cordeiro mamar. Quando a ovelha morre ou não produz leite ou por qualquer outra razão não
pode alimentar seus filhotes podemos tentar introduzir este filhote ao convívio de outra ovelha
(que só teve uma cria ou que perdeu a cria. Não tentar colocar o cordeiro com uma mãe que já
possui dois filhotes). Para tentar fazer a ovelha aceitar o cordeiro pode-se passar sobre o
cordeiro leite ou urina desta fêmea ou ainda colocar sobre o cordeiro a pele do filhote morto.
Se não for possível introduzir este cordeiro a uma nova família deve-se proceder à
alimentação artificial através de mamadeira com leite de ovelha livre de doenças. Se não estiver
disponível leite de ovelha pode-se fornecido leite de vaca acrescido de óleo de soja (01 colher
sopa/500 ml de leite). Deve ser acrescido o óleo, pois o leite ovino é mais rico em gordura do
que o leite bovino. O leite deve ser fornecido, preferencialmente, morno (por volta de 35 ºC). O
oferecimento de leite frio diminui o consumo. Até a terceira semana de vida o fornecimento de
leite deve ser à vontade e a partir desta idade (21 em média) deve ser restrito a 1,5 kg de leite
por dia.
O desmame tradicional, que é praticado nos sistemas mais extensivos, ocorre por volta
de 100 dias de idade. Enquanto que o desmame precoce ocorre entre 45 e 60 dias. O desmame
precoce somente poderá ser realizado em sistemas onde o cordeiro recebe alimentação sólida
de boa qualidade e em boa quantidade a partir da segunda/terceira semana de idade. Quando
não se pode oferecer alimento de boa qualidade é melhor realizar o desmame tradicional.
a. Desmame abrupto
Neste sistema,quando chega a época do desmame, o cordeiro é separado da mãe de
forma brusca. Não deve ser realizado, pois o cordeiro sente muito a separação da mãe, mesmo
aqueles que já consomem boa quantidade de sólido. Neste tipo de desmame, normalmente, os
cordeiros perdem peso.
152
b. Desmame interrompido
Numa primeira fase as mães são trazidas duas vezes ao dia para os
cordeiros mamarem;
Numa etapa posterior somente uma vez por dia, normalmente à noite para
mamadas;
No desmame, os cordeiros são definitivamente separados das mães.
Nas horas que os cordeiros estão separados da mãe devem receber alimentação de
boa qualidade à vontade.
58 DESEMPENHO DOS CORDEIROS ATÉ O DESMAME
Peso ao Idade ao
Peso ao Ganho de peso
desmame
Raça nascer (kg) desmame (kg) (g/dia) Autor
(dias)
Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea
Dorper x Barros et al.,
4,67 4,50 18,16 17,29 70 182,49 170,59
Santa Inês 2005.
Sousa e Leite,
Dorper 5,00 4,70 36,2 32,4 90 346,6 307,7
2000.
Texel 3,33 21,8 63 291,0
Suffolk 4,82 24,42 60 325,0 Carvalho et al.,
2005.
Texel x
5,20 31,90 69 387,0
Suffolk
Selaive-
Santa Inês Villarroel e
- - 12,50 11,13 90 - -
x SRD Souza Júnior,
2005.
Santa Inês Selaive-
2,87 11,37 90 85,0
x SRD Villarroel et al.,
Texel x 2006.
3,25 11,68 89,0
SRD
Ideal 3,70 3,30 12,50 11,80 149,0 169,0
Ideal x
4,30 4,10 16,00 15,60 194,0 191,0
Suffolk
Ideal x Ile 154
4,10 3,70 14,20 13,60 169,0 166,0
de France
Cunha et al.,
Corriedale 4,30 3,70 12,50 11,70 60 137,0 135,0 2000.
Corriedale
4,30 4,00 13,80 13,60 181,0 160,0
x Suffolk
Corriedale
x Ile de 4,40 4,10 15,20 13,90 190,0 164,0
France
Dorper x
4,50 3,97 18,9 18,3 64 65 236 226
Santa Inês
Suffolk x Chagas et al.,
4,53 3,77 17,8 17,9 67 72 206 202
Santa Inês 2007.
Santa Inês
3,81 3,44 17,8 17,4 71 79 201 184
pura
59 HÁBITOS ALIMENTARES
A apreensão da forragem nos ovinos é feita pela língua, dentes e lábios possibilitando
um pastejo rente ao solo, o que os torna mais seletivos do que os bovinos que apreendem a 155
forragem somente com a língua. Os ovinos têm preferência por forragens mais baixas (inferior a
1 metro), diminuindo o pastejo quando colocados em meio a pastagens altas. As forragens
lenhosas ou alimentos grosseiros também diminuem o consumo, contudo as raças de ovinos
deslanadas são “mais tolerantes” a estas forragens.
O ciclo de pastejo é descontínuo, ocorrendo no início da manhã e entre o final da tarde
e o anoitecer. O tempo de pastejo é em média de 9 horas por dia, podendo ocorrer variações
entre 4,5 h e 14,5 h. Esta variabilidade está bastante relacionada com a disponibilidade da
pastagem, se a forragem é escassa aumenta tempo de pastejo, pois aumenta o número de
bocados (quantidade de vezes que o animal apreende a forragem), mas diminui a quantidade de
forragem apreendida em cada bocado.
menor digestibilidade;
Capacidade física do rúmen – se o rúmen já esta cheio não tem como o animal
156
60 PASTAGENS
Uma forrageira para ser considerada de boa qualidade deve apresentar as seguintes
157
características:
Deve ser perene, pois se precisar ser replantada a cada ano encarece muito o
custo da produção;
160
Muitas gramíneas podem ser usadas para o pastejo dos ovinos, desde que não sejam
muito altas, muito lenhosas ou de baixa qualidade nutricional. Forrageiras com hábito de
crescimento prostrado (estoloníferas), têm sido muito utilizadas na criação de ovinos, pois
toleram o pastejo baixo, possuem sistema radicular bem desenvolvido, o que garante boa
fixação ao solo e apresentam boa capacidade de rebrota através das gemas basais. Devido ao
modo de apreensão dos alimentos, os ovinos consomem a planta até próximo ao solo e se as
gêmeas forem apicais a rebrota da pastagem será mais lenta. Porém, a formação destas
pastagens é mais cara e trabalhosa, já que a maioria dessas forrageiras apresenta propagação
por muda. Outro ponto negativo é que o tipo de crescimento prostrado cria um microambiente
quente e úmido, favorecendo a sobrevivência dos helmintos e dificultando o controle da
verminose.
Embora as forrageiras de crescimento prostrado sejam mais utilizadas, as forrageiras
de crescimento cespitoso são preferíveis, pois favorecem o controle da verminose através da
incidência solar direta no solo, onde as fezes se encontram, diminuindo o potencial de
reinfestação da pastagem. Porém, deve-se tomar cuidado com o manejo destas forrageiras em
relação à sua altura, já que os ovinos diminuem o consumo quando são colocados em piquetes
com forrageiras altas (maior que 1 metro).
Abaixo podem ser vistos alguns exemplos de pastagem usadas para ovinos.
60.2.1 Brachiaria spp
As forrageiras deste gênero estão disseminadas por quase todo o território nacional.
Embora bastante rústicas e agressivas, fechando bem o terreno, estas forragens não têm sido 162
muito recomendadas para a alimentação de ovinos por causa da sua baixa qualidade nutricional.
Quando trabalhamos com pastagens de Brachiaria decumbens precisamos ter cuidado com a
presença do fungo Pithomyces chartarum, que pode causar fotossensibilidade nos ovinos. Para
evitar que este fungo se prolifere é necessário manejar esta planta em uma altura baixa. Para
mais informações sobre fotossensibilidade ver aula sobre manejo sanitário.
Estrela-africana
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Tifton
Fonte: Agronomia.com.br, 2008.
Coastcross 164
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Colonião
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Aruana
Fonte: Sementes Rancharia, 2008.
Tanzânia 166
Fonte: InfoBibos.com, 2008.
O capim Andropogon possui boa tolerância a solos de baixa fertilidade e resiste bem à
cigarrinha-das-pastagens. Para ser utilizado por ovinos deve se evitar o crescimento exagerado,
manejando a taxa de lotação dos ovinos.
Andropogon
167
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Capim Elefante
Fonte: Tropical Forages, 2005.
60.3 Leguminosas
Alfafa
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Calopogônio
Fonte: Tropical Forages, 2005.
170
Soja perene
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Amendoim forrageiro
Fonte: Tropical Forages, 2005.
171
Feijão Gandú
Fonte: Tropical Forages, 2005.
Leucena
Fonte: Tropical Forages, 2005.
60.4 Plantas Forrageiras do Semiárido
Existem muitas plantas do semiárido brasileiro que podem ser utilizadas para a
alimentação de ovinos. Contudo, a que vem sendo bastante utilizada é a Palma forrageira 172
(Opuntia ficus-indica).
Palma forrageira
Fonte: www.agricultura.al.gov.br, 2008.
61 SILAGENS E FENOS
61.1 Silagens
É um alimento de valor energético muito bom, mas seu valor proteico é baixo. Possui
boa fermentação e tem ótima aceitação pelos animais. Sua produção é, em média, de 20-30
ton/ha de massa verde.
174
Sorgo
Sorgo
Fonte: Estación Experimental Agropecuaria Balcarce –
Fonte: Aboissa
INTA, 2008.
61.2 Fenos
Um feno para ser considerado de boa qualidade deve possuir cor esverdeada, grande
quantidade de folhas, macio ao tato, ter acima de 10% de proteína bruta e ser bem aceito pelos
animais. Assim como a silagem um feno para ser de boa qualidade deve ser feito a partir de uma
forragem de bom valor nutricional. Bons fenos são conseguidos utilizando Alfafa, Coast-cross,
Tifton e Aruana.
176
Feno
Fonte: Wikipédia, 2008.
61.3 Cana-de-Açúcar
É considerada uma forrageira que se conserva “em pé”. Tem como inconveniente:
Possuir grande quantidade de açúcar altamente solúvel no rúmen, o que
Sorgo em grão;
Farelo de o trigo;
Polpa cítrica.
tóxica;
Só podem ser fornecidas depois que o rúmen está completamente
desenvolvido;
Usar preferencialmente com animais adultos;
63.1 Minerais
179
Os minerais são muito importantes para o metabolismo dos animais, atuando como
constituintes de vários tecidos e órgãos, auxiliam no equilíbrio ácido base dos fluídos corporais,
além de atuar na regulação de várias enzimas e hormônios. Sendo assim, o fornecimento de
minerais deve ser bem planejado. Como o teor de minerais pode ser variável nas pastagens
devido a espécie forrageira utilizada e ao solo, o mais recomendado é que se faça uma análise
para saber o teor de minerais na pastagem e que se suplemente com os minerais que estão em
déficit. Caso isto não seja possível, deve-se então utilizar sal mineral comercial.
Devemos ter cuidado com o excesso de alguns minerais, pois podem tornar
indisponíveis a absorção ou potencializar a ação de outros minerais, originando carência ou
toxidade. Por exemplo, grande quantidade de enxofre reduz a absorção de selênio, enquanto
que altos níveis de ferro reduzem o aproveitamento do fósforo e zinco. Ovinos são
particularmente intolerantes ao excesso de cobre, sendo o excesso deste mineral tóxico
principalmente quando o teor de molibdênio e de enxofre estiver baixo, já estes elementos são
antagônicos ao cobre.
Tabela 2: Exigências minerais para ovinos:
180
As gramíneas são pobres em fósforo, sendo assim, animais que são alimentados
exclusivamente a pasto precisam receber suplementação deste mineral. As leguminosas são
ricas em cálcio. Já alimentos como milho e farelos de trigo, algodão e soja são ricos em fósforo e
pobres em cálcio. A maioria das pastagens e grãos possui boa quantidade de potássio, mas
baixa quantidade de sódio, sendo a principal fonte deste mineral o sal comum. Na tabela 3
podemos observar a composição mineral de alguns alimentos usados para ovinos.
Mg Zn Fe Cu Co
Alimentos Ca (%) P (%) K (%)
(%) (ppm ) (ppm) (ppm) (ppm)
Colonião 0,58 0,15 0,28 1,58 31 154 4,2 0,09
Elefante 0,43 0,11 0,36 0,34 33 100 18 0,14
B. decumbens 0,209 0,089 0,168 0,59 4,2 151 2,9 0,02
B. brizantha 0,37 0,09 0,24 0,82 24 130 5 0,14
Silagem de milho 0,36 0,21 0,22 1,60 24 60 4,8 0,02
Farelo de soja 0,36 0,65 0,25 2,2 55 - 20 -
Farelo de algodão 0,30 1,00 0,57 1,23 60 - 20 0,15
Milho grão 0,02 0,09 0,14 0,333 20 - - 0,02
181
Soja grão 0,25 0,58 0,25 1,8 55 - 15 -
63.2 Vitaminas
Normalmente as dietas dos caprinos, ovinos e bovinos no Brasil são calculadas com
base nas tabelas de exigências do National Research Council - NRC (1985), que é um órgão
182
americano, ou então pelo Agricultural Research Council – ARC, que é Sul Africano. No Brasil
somente existem alguns trabalhos isolados sobre exigências nutricionais. Contudo, seria
desejável que possuíssemos nossas próprias tabelas, já que as condições ambientais e de
manejo brasileiras (clima, solo, pastagens, animais criados, entre outros) diferem das condições
norte americanas.
64.1.1 Manutenção
É a categoria de menor exigência nutricional, já que suas exigências são somente para
manter os processos fisiológicos normais. Para esta categoria, se tivermos uma pastagem de
boa qualidade e quantidade não é necessário suplementar com concentrado, verde picado no
cocho, silagem, entre outras. Porém, mesmo para esta categoria a suplementação com sal
mineral é importante.
64.1.2 Puberdade e Época de Monta
184
64.1.4 Cordeiros
Consumo de
Peso Necessidades de nutrientes por animal
Mudança MS/animal
vivo
no PV % do NDT ED
(PV) Kg PB Ca (g) P (g)
PV (kg) (Mcal)
(g) % 4,0 1,9
10 200 0,5 5,0 0,40 1,8 127 12,7 5,4 2,5
20 250 1,0 5,0 0,80 3,5 167 16,7 6,7 3,2
30 300 1,3 4,3 1,00 4,4 191 19,1
A suplementação deve começar por volta de duas semanas, ainda com o cordeiro
lactente. Como visto na aula sobre instalações, pode-se usar diversos tipos de creep feeding,
onde somente o cordeiro consegue entrar e consumir o alimento do cocho. A ração deve ser
primeiramente oferecida moída e posteriormente pode ser peletizada. O milho (energético) e o
farelo de soja (proteico) são alimentos bastante empregados para a alimentação desta categoria.
Também existem várias rações comerciais para cordeiros lactentes.
É importantíssimo oferecer, juntamente com o concentrado, um volumoso de boa
qualidade e palatabilidade, já que a parte fibrosa exerce importante função na digestão (ver
tópico 7.3 abaixo). Os minerais também devem ser ajustados para satisfazer as exigências
nutricionais dos cordeiros. 186
64.1.5 Carneiro
187
Volumoso
• Silagem de sorgo
Concentrados
• Milho (energético)
• Farelo de soja (proteico)
ED Caroteno Vit. A
Item PB (%) Ca (%) P (%)
(Mcal/kg) (mg/kg) (IU/kg)
Déficit - - 7,5
193
Déficit - - -
194
Déficit - 0,39 -
O valor de fósforo está suprido, mas será necessário suplementar com uma fonte de
cálcio.
Para ajustar o valor de cálcio às exigências dos cordeiros será usado Calcário calcítico
como fonte de cálcio. Esta fonte possui 40% de Ca.
Cada alimento tem um teor de matéria seca (MS) diferente, então para ajustarmos as
quantidades de cada alimento na dieta precisamos levar esta diferença de MS em consideração. 195
Por exemplo, a silagem de sorgo é mais úmida (tem maior teor de água), sendo a percentagem
de matéria seca de 28%. Enquanto o farelo de soja é mais seco (90% de MS).
% de MS no Percentagem
Item Parte da dieta Base
alimento final
Silagem de sorgo 12 28 42,9 29,7
Milho 70 87 80,5 55,7
Farelo de soja 18 90 20,0 13,9
Calcário 1 100 1 0,7
Este cálculo serve para ajustar a quantidade (percentagem) a ser utilizada do alimento
de acordo com a percentagem de matéria seca que o mesmo possui. Para isso é necessário
dividir a parte do alimento utilizada na dieta pela percentagem de matéria seca.
a) Silagem de sorgo = 12 / 0,28 = 42,9 (usa-se 0,28, pois, é igual a 28%)
b) Milho = 70 / 0,87 = 80,5 196
c) Farelo de soja = 18 / 0,90 = 20,0
d) Calcário = 1 / 1 = 1,0
Contudo, se somarmos as novas quantidades veremos que o valor é maior que 100%.
Para isto basta fazer uma regra de três, vejamos o exemplo da silagem de sorgo:
a) Milho = 80,5 / 1,444 = 55,7
b) Farelo de soja = 20,0 / 1,444 = 13,9
c) Calcário = 1,0 / 1,444 = 0,7
Sabendo-se que cada cordeiro desta categoria consome 5% do seu peso vivo, que é
de 20 kg, logo cada um consumirá 1 kg de alimento/dia.
TOTAL
...........................................................
3.000,0 kg
Para calcular rações para outras categorias utilizando outros alimentos basta
consultar as tabelas do NRC ou outras tabelas que tenham as exigências da
categoria desejada e o valor nutricional dos alimentos a serem usados e seguir o
modelo acima.
67 MANEJO SANITÁRIO
Iniciar a produção com ovinos sadios e sempre que comprar animais certificar que
Limpar, desinfetar e tratar qualquer ferimento para evitar que funcionem como
fresca;
Observar o escore corporal dos animais;
68.1 Infecciosas
201
Etiologia
Transmissão:
Brucela ovis.
Tratamento:
• Ingestão de alimentos e água
contaminada por restos placentários; • Não existe tratamento.
• Ingestão de leite de fêmeas • Animais positivos devem ser
doentes; eliminados.
• Através do acasalamento com
animais contaminados.
Sintomas:
Bacilus anthracis
Profilaxia:
Sintomas:
Tratamento:
• Ulcerações com formação de
crostas, principalmente nos lábios, • Isolamento dos animais doentes;
podendo também ocorrer nas • Tratar as lesões aplicando
gengivas, bochechas, língua, glicerina iodada (partes iguais de
narinas, olhos, úbere, língua, vulva, glicerina e solução de iodo a 10%)
região perianal, ou solução de permanganato de
espaços interdigitais e coroas potássio a 3% (970 ml de água
dos cascos. destilada e 30 gramas de
Permanganato de potássio)
• Cordeiros deixam de mamar ou
podem transmitir a doença para as
tetas das ovelhas (mamites)
Etiologia
recomendação da bula.
• Reprodutores e fêmeas vazias
anualmente.
Sintomas:
• Cólicas;
Tratamento:
• Diarreia fétida;
• Sintomatologia nervosa, com • Deve ser realizado por médico
excitabilidade até convulsão, ranger veterinário
de dentes, movimentos de pedalar;
• Pode provocar morte súbita.
Etiologia
Sintomas:
injeções intramusculares.
Sintomas:
Epidemiologia, transmissão e
Doenç
Profilaxia e tratamento
Etiolo
sintomas
gia
a
O C. pseudotuberculosis pode
permanecer no meio ambiente por
períodos de 4-8 meses,
principalmente quando protegido
do sol direto, e morre quando Profilaxia:
exposto a 70°C, aos desinfetantes
comuns, bem como ao sol direto. Evitar infecções, através de
medidas higiênicas com os 208
A bactéria penetra no organismo instrumentos de tosquia, castração
através de ferimentos, arranhões e assinalação.
ou mesmo da pele intacta. A
transmissão se dá por contato • Ovinos jovens devem ser
direto com o abscesso dos tosquiados antes dos adultos.
animais doentes ou indiretamente • Vacinação pode ser eficiente
diminuindo o número de animais
pela ingestão de água ou
com abscessos.
alimentos contaminados com o • Isolar animais infectados.
pus do abscesso. A doença
geralmente se manifesta em
animais mais velhos ou Tratamento:
Corynebacterium pseudotuberculosis.
209
Epidemiologia, transmissão e
Doenç
Profilaxia e tratamento
Etiolo
sintomas
gia
a
Transmissão:
Sintomas: Tratamento:
Sintomas:
• Mudanças no comportamento;
• Pelos arrepiados;
• Ansiedade;
• Agressividade (em alguns casos);
• Salivação intensa;
• Diminuição do apetite;
• Dificuldade de deglutição;
• Balançar de cabeça;
• Ranger de dentes;
Lyssavirus
Etiologia, epidemiologia,
Profilaxia e tratamento
Doença
• Aplicação periódica de
inseticidas: injetáveis, aspersão,
Sintomas: "pour-on", submersão, brincos ou a
colocação de sacos com inseticida
• Irritação; nos locais de passagem dos animais
• Perda de apetite; (princípios ativos: ivermectinas,
• Emagrecimento. triclorfon, amitraz, diazinon e
cumafós);
Protozoário Elmeria arloingi
Profilaxia:
Transmissão:
instalações úmidas.
• Através do consumo de água ou
alimentos contaminados por oocistos
(forma infectante). • Para cordeiros criados em
sistema intensivo recomenda-se o
Sintomas: uso de salinomicina na dose de 1
mg/kg misturada ao leite ou ração
• Diarreia fétida com presença de dos 14 a 210 dias de vida.
sangue e muco;
• Falta de apetite;
• Desidratação; Tratamento:
• Pelos arrepiados;
• Perda de peso; • Não é muito eficaz;
• Crescimento retardado. • Deve ser feito por médico
veterinário com medicamentos à
base de sulfa.
Se não for tratada pode levar à morte.
Etiologia, epidemiologia,
Profilaxia e tratamento
Doença
transmissão e sintomas
Profilaxia e tratamento
transmissão e sintomas
Sintomas:
• Perda de peso,
• Coceira,
• Aglutinação da lã.
todas as crostas;
Transmissão: • Banhar os animais acometidos
com produto sarnicida (olhar tópico
• Através do contato entre animais específico).
sadios e doentes.
Sintomas:
• Lesões externas;
• Placas;
• Crostas;
• Prurido;
• Inquietação;
• Nódulos na pele;
• Queda do pelo ou da lã.
Etiologia, epidemiologia, 218
Doença
Profilaxia e tratamento
transmissão e sintomas
O principal parasito é o nematoide
Profilaxia:
Haemonchus contortus
• Fazer rotação de pastagem;
• Utilizar pastagem com crescimento
Este nematoide aloja no abomaso e é
cespitoso;
causa mais frequente de mortalidade
• Consórcio com outras espécies
entre os ovinos, especialmente dos
animais; 219
cordeiros.
• Se possível, separar os cordeiros
dos adultos;
• Alimentar bem os animais;
Outro endoparasito importante
• Manter as instalações, cochos e
encontrado nos ovinos é o
Trichostrongylus, que se localiza na bebedouros limpos;
• Colocar bebedouro e cocho para
porção anterior do intestino delgado.
fora das baias ou usar canzil para
evitar que os animais subam no
Sintomas: cocho;
• Fazer coletas periódicas (a cada
• Anemia; dois meses no mínimo) para exame
• Prostração; de fezes (OPG) com amostragem de
• Inapetência; 10% do rebanho por categoria;
• Diarreia; • Vermifugar todos os animais
• Lã áspera pela falta de lanolina.
Verminose
Tratamento:
Banhar uma vez ao ano, com dois banhos seguidos, com intervalos de 7 a 10
dias; 220
O banho pode ser por aspersão ou imersão;
Para o banho por imersão:
• Preparar o banho 2 a 3 dias de antecedência, limpando o banheiro, checando
221
Doença
Brachiaria decumbens;
• Levar o animal para uma área
Sintomas: coberta, livre da incidência direta
• Irritação; de raios solares;
• Orelhas edemaciadas; • Tratamento tópico das lesões
• Forma uma crosta grossa nas orelhas e com soluções ou pomadas
cabeça (eczema); antissépticas;
• Com a evolução do processo há a • Uso de protetores hepáticos.
morte do tecido cutâneo;
• Ocorrência de miíases secundárias
também é comum.
Doença
Sintomas:
Tratamento:
• Apatia;
Hipocalcemia (Tetania da lactação)
223
Acomete ovelhas no terço final da Profilaxia:
gestação ou no parto, principalmente com
fetos duplos ou triplos e que receberam • Alimentação adequada
durante toda a gestação;
nutrição inadequada durante a gestação. • Descarte de fêmeas velhas;
• Controle de verminose.
224
Desequilíbrio nutricional, com alteração
Tratamento:
do metabolismo energético, causando
hipoglicemia e aparecimento de corpos • Deve ser realizado por médico
cetônicos (acetonemia secundária) e veterinário.
podendo levar a lesões cerebrais.
Causas:
Sintomas iniciais:
Sintomas iniciais:
• Cálculo na uretra;
• Dificuldade de urinar;
• Cólica;
• Apatia;
• Diminui o consumo de alimentos por
causa da dor;
• Pode levar à morte.
69 MANEJO GENÉTICO
Diversas raças e tipos de ovinos vêm sendo introduzidos no Brasil com a intenção de
promover o melhoramento da produção. Entretanto, para que o melhoramento genético desta
espécie seja eficiente é necessário que ocorra a organização da cadeia produtiva, através de 226
ações integradas dos produtores e da criação de políticas sustentáveis para o desenvolvimento
da ovinocultura. Também é fundamental conhecer melhor os recursos genéticos disponíveis para
a definição dos métodos mais eficientes para sua conservação e melhoramento. Assim,
adequados programas de seleção devem ser desenvolvidos para o melhoramento genético
destas espécies no Brasil.
Ainda há uma lacuna entre os produtores e os pesquisadores no Brasil. O processo de
transferência de tecnologia não é tão eficiente e o desenvolvimento de programas de seleção
não é fácil, pois uma boa parte dos produtores não faz nenhum tipo de anotação do desempenho
dos seus animais, impossibilitando a seleção genética de animais superiores e avaliações das
raças e cruzamentos.
70 HISTÓRICO DO MELHORAMENTO GENÉTICO NO BRASIL
Existem algumas particularidades da cadeia de produção de carne ovina que, ainda 229
nos dias atuais, limita a execução nacional de programas de melhoramento de ovinos:
sêmen congelado;
Falta de rebanhos multiplicadores, dificultando a passagem de material genético de
230
231
Para este tipo de cruzamento podemos ter dois tipos de manejo distintos:
plantel de raça pura de linhagem materna para ser acasalado com reprodutores
da mesma raça a fim de gerar fêmeas para reposição e outro lote de fêmeas para
serem acasaladas com as raças produtoras de carne.
Compra de matrizes puras:
• Neste sistema todas as fêmeas são acasaladas com machos produtores de carne.
Este tópico tem o intuito de abordar alguns resultados de cruzamentos entre a raça
Santa Inês e raças especializadas na produção de carne, bem como compará-los com
resultados das raças puras. CARVALHO et al. (2005), trabalhando com as raças Texel e Santa
Inês e com seu cruzamento, encontrou melhor desempenho dos animais ½ Texel ½ Suffolk,
sendo este justificado pela heterose, aumentando a velocidade de crescimento e
consequentemente aumentando a produtividade tanto na fase de recria como de engorda
(Tabela 1).
232
Tabela 1. Peso vivo ao nascimento (PV-N), peso vivo ao desmame (PV-D), peso vivo ao
abate (PV-A), idade de desmame (ID) e idade de abate (IA) dos cordeiros, de acordo com os
diferentes genótipos:
Genótipos
Variáveis
Texel Suffolk Texel x Suffolk
PV-N 3,33b 4,82 a 5,20 a
PV-D 21,80 b 24,42 b 31,90 a
PV-A 37,73 b 43,92 a 48,25 a
ID 63,33 60,25 69,25
IA 126 128,5 128,5
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma linha, diferem (P<0,05) pelo teste t.
Tabela 2. Ganho de peso diário do nascimento ao desmame (GPD-D), ganho de peso diário
do desmame ao abate (GPD-A), ganho de peso diário do nascimento ao abate (GPD-
TOTAL), consumo de matéria seca (CMS) e conversão alimentar (CA) dos cordeiros, de
acordo com os diferentes genótipos:
Variáveis Genótipos
Texel Suffolk Texel x Suffolk
GPD-D 0,291b 0,325 a 0,387 a
GPD-A 0,255 0,281 0,276
GPD-TOTAL 0,274 b 0,304a b 0,335 a
CMS 0,981 b 0,988 b 1,254 a
CA 3,85 3,59 4,60 233
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma linha, diferem (P<0,05) pelo teste t.
Fonte: Adaptado de CARVALHO et al. (2005).
Genótipos
Variáveis
Texel Suffolk Texel x Suffolk 234
PCQ (Kg) 18,25 21,45 24,11
RCQ (%) 48,38 48,56 49,91
Fonte: Adaptado de CARVALHO et al. (2005).
Contudo, este desempenho dos animais cruzados só foi possível porque estes
animais, mães a partir do terço final da gestação e cordeiros, receberam suplementação
alimentar com ração contendo 21% de proteína e 70% de NDT, o que propiciou que pudessem
expressar seu potencial genético. Corroborando com estes resultados, CARVALHO et al. (2007)
estudaram o efeito da alimentação sobre o desempenho ponderal na raça Texel e observou que
os animais que recebiam uma alimentação de melhor qualidade se mostravam superior tanto
para ganho de peso quanto para rendimento de carcaça (Tabela 4).
Tabela 4. Valores médios para ganho de peso diário (GPD), peso de carcaça quente (PCQ) e
rendimento de carcaça quente (RCQ), de acordo com o sistema nutricional para cordeiros
Texel puros abatidos aos 144 dias de idade:
Alimentação
Variáveis Pastagem com Pastagem sem
Confinamento
suplementação suplementação
GMD (Kg) 0,171 0,161 0,072
PCQ (Kg) 15,10 15,25 10,17
RCQ (%) 44,27 44,93 36,82
Pastagem: Tifton-85; Suplementação: 21% de PB, 70% de NDT; Confinamento: feno de Tifton-
85 e concentrado na proporção de 40:60 na matéria seca.
Tabela 5. Média de ganho de peso (Kg) para cordeiros (machos) segundo os genótipos:
Variáveis
Genótipos
15-25 kg 25-35 kg 35-45 kg
Santa Inês puro 0,205 0,261 0,183
½ Santa Inês ½ Texel 0,237 0,277 0,261
½ Santa Inês ½ Ile-de-France 0,244 0,307 0,244
½ Santa Inês ½ Bergamácia 0,218 0,167 0,173
Fonte: Adaptado de Furusho-Garcia et al., (2004).
Tabela 6. Média de ganho de peso (Kg) para cordeiras (fêmeas) segundo os genótipos:
Variáveis
Genótipos
15-25 kg 25-35 kg 35-45 kg
Santa Inês puro 0,172 0,143 0,116
236
½ Santa Inês ½ Texel 0,206 0,192 0,191
½ Santa Inês ½ Ile-de-France 0,234 0,194 0,199
½ Santa Inês ½ Bergamácia 0,200 0,127 0,127
Fonte: Adaptado de Furusho-Garcia et al., (2004).
Variáveis
Genótipos
15-25 kg 25-35 kg 35-45 kg
Santa Inês puro 74,82 76,24 64,94
½ Santa Inês ½ Texel 71,63 75,59 77,62
½ Santa Inês ½ Ile-de-France 77,61 79,51 71,00
½ Santa Inês ½ Bergamácia 74,13 62,91 64,01
Fonte: Adaptado de Furusho-Garcia et al., (2004).
Tabela 8. Média de consumo de matéria seca (g/Kg0,75/dia) para cordeiras (fêmeas) segundo
os genótipos:
Variáveis
Genótipos
15-25 kg 25-35 kg 35-45 kg
Santa Inês puro 76,85 63,24 54,29 237
Outro fator que contribuiu para que os animais cruzados com raças especializadas na
produção de carne (Texel e Ile-de-France) ganhassem mais peso foi a sua melhor eficiência em
utilizar os alimentos, como é observado nas tabelas 9 e 10.
Tabela 9. Média de conversão alimentar (g) para cordeiros (machos) segundo os genótipos:
Variáveis
Genótipos 35-45 kg
15-25 kg 25-35 kg
Variáveis
Genótipos
15-25 kg 25-35 kg 35-45 kg
Santa Inês puro 4,33 5,83 7,67
238
½ Santa Inês ½ Texel 3,29 4,71 6,17
½ Santa Inês ½ Ile-de-France 3,63 5,08 5,77
½ Santa Inês ½ Bergamácia 3,88 6,78 8,26
Fonte: Adaptado de Furusho-Garcia et al., (2004).
Tabela 11. Valores médios para peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD), ganho de
peso diário do nascimento ao desmame (GPD-1), peso aos 150 dias de idade (P150) e
ganho de peso diário (GPD-2), de acordo com os genótipos para cordeiros (machos):
Variáveis
Genótipos PN PD GPD-1 P150 GPD-2
(Kg) (Kg) (g/dia) (Kg) (g/dia)
½ Suffolk ½ Corriedale 4,3 13,8 181 32,3 188
½ Suffolk ½ Ideal 4,3 16,0 194 35,0 191
½ Ile-de-France ½ Corriedale 4,4 15,2 190 34,4 158
½ Ile-de-France ½ Ideal 4,1 14,2 169 30,5 143
Corriedale puro 4,3 12,5 137 26,2 148
Ideal puro 3,7 12,5 149 24,5 121
Fonte: Adaptado de Cunha et al. (2000).
Tabela 12. Valores médios para peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD), ganho de
peso diário do nascimento ao desmame (GPD-1), peso aos 150 dias de idade (P150) e
ganho de peso diário (GPD-2), de acordo com os genótipos para cordeiras (fêmeas):
Variáveis
Genótipos PN PD GPD-1 P150 GPD-2 239
(Kg) (Kg) (g/dia) (Kg) (g/dia)
½ Suffolk ½ Corriedale 4,0 13,6 160 30,4 206
½ Suffolk ½ Ideal 4,1 15,6 191 32,3 213
½ Ile-de-France ½ Corriedale 4,1 13,9 164 28,1 213
½ Ile-de-France ½ Ideal 3,7 13,6 166 26,5 181
Corriedale puro 3,7 11,7 135 25,0 152
Ideal puro 3,3 11,8 142 22,7 133
Fonte: Adaptado de Cunha et al. (2000).
Quando usadas em cruzamentos com raças rústicas (como a Santa Inês), as raças
Suffolk e a Ile-de-France apresentaram aumento do comprimento e da compacidade da carcaça
(CUNHA et al., 2000). SELAIVE-VILLARROEL et al. (2006), estudaram o cruzamento de
carneiros das raças Texel e santa Inês com ovelhas sem raça definida. Os animais, após o
desmame, foram alimentados com pastagem nativa melhorada (caatinga raleada) durante o dia
e confinados no final da tarde, onde recebiam suplementação alimentar de concentrado
comercial com 20% de proteína, à base de farelo de trigo, soja, milho, leucena e uréia, além do
sal mineral.
Variáveis
Genótipos
PN (Kg) PD (Kg) PF (Kg)
Santa Inês x SRD 2,87 11,37 20,70
Texel x SRD 3,25 11,68 23,70 240
O desmame foi realizado com 90 dias e peso final de 240 dias.
Fonte: Adaptado de Selaive-Villarroel et al. (2006).
Tabela 14. Valores médios para ganho de peso diário do nascimento ao desmame (GPD-1),
ganho de peso diário do desmame ao peso final (GPD-2) e ganho de peso diário do
nascimento ao peso final (GPD-total), de acordo com os genótipos:
Variáveis
Genótipos
GPD-1 (g/dia) GPD-2 (g/dia) GPD-total (g/dia)
Texel x SRD 89 80 83
Tabela 15. Valores médios para peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça
quente (RCQ), de acordo com os genótipos:
Variáveis
Genótipos
PCQ (Kg) RCQ (%)
Tabela 16. Valores médios de consumo de matéria seca (CMS), ganho de peso diário
(GPD), conversão alimentar (CA) e peso de abate (PA), de acordo com o grupo genético:
Genótipos
Variáveis
Bergamácia x Santa Inês Texel x Santa Inês Santa Inês puro
Nascimento Desmame
Variáveis
T1 T2 T3
P1 (Kg) 19,3 19,5 20,3
242
P30 (Kg) 22,6 25,0 26,9
GPD30 (g dia –1) 108,1 183,2 220,4
P50 (Kg) 26,6 28,7 31,8
GPD (g dia –1) 144,3 184,4 234,0
Fonte: BARROS et al. (2005).
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