Incendio 1
Incendio 1
Incendio 1
O concreto ao sofrer com temperaturas elevadas de forma lenta faz com que não ocorra a
degradação imediata, como fissuração e delaminação, já que não se desenvolve grandes
gradientes.
Quando somente uma ou duas faces do elemento estrutural são aquecidas, há gradientes
térmicos assimétricos e elevados. Na superfície exposta ao fogo surgem tensões térmicas de
compressão que ao serem elevadas distribuem de forma irregular as temperaturas na peça e
podem causar lascamentos explosivos.
O uso de peças mais esbeltas faz com que a estrutura perca massa e volume, isso acelera
a propagação de calor no interior da peça, ou seja, a temperatura será maior no centro do
elemento. Esse fator faz com que a perda de resistência e rigidez seja maior, por isso o efeito de
lascamento é maior nas seções finas.
O concreto por ser um material poroso é preenchido por água e ar, sendo assim, com o
aquecimento as propriedades materiais são afetadas. As massas de ar e água durante um
incêndio se movem do interior à superfície do concreto para serem liberados, ou ao contrário,
para o centro da peça. A transferência das massas de ar, água na forma liquída e vapor através
dos poros aumentam os gradientes de pressão e produzem os lascamentos explosivos violentos.
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Efeito da temperatura nas propriedades físicas do concreto
Quando a temperatura atinge 600ºC a situação se torna crítica em caso de incêndios, pois
se inicia uma degradação progressiva do concreto, começando pela superfície e se propagando
para o interior da massa, causada pela desidratação do gel de cimento e por transformações que
ocorrem na sua composição química.
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Temperaturas elevadas também provocam aumento do volume dos agregados. A partir de
aproximadamente 500ºC, as dilatações no concreto com agregados silicosos (mais sensíveis ao
fogo do que os calcários e os leves) e no aço são semelhantes.
Até atingir os 600ºC a tonalidade varia de tons róseos a vermelho pálido, por causa da
alteração dos compostos de ferro. Acima de 600ºC a tonalidade varia de cinza claro a amarelo
claro (ROSSO, 1975) [12].
Além desses fatores, o concreto em altas temperaturas sofre com a redução no modo de
elasticidade, com isso, peças com pequena espessura como as lajes, mesmo que não sofram
destruição, suas flechas aumentam consideravelmente, comprometendo o bom desempenho da
estrutura em serviço (BRANDÃO, 1998).
Na Figura 2, apresenta como a tonalidade de cor pode identificar a condição do concreto devido à elevação de
temperatura, além da redução que houve em sua resistência.
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Figura 2– Efeito do Fogo no Concreto.
Restauração
A realização dos estudos requer a criação de uma situação hipotética e teórica, que é
válida para a compreensão do comportamento das estruturas em relação ao gradiente térmico,
colaborando para a realização do diagnóstico de estruturas danificadas por incêndios reais.
Apesar disso, o estudo dos efeitos se torna limitado em virtude de, em uma situação real, existem
inúmeras variáveis relacionadas, por exemplo, aos materiais combustíveis, ventilação, barreiras,
mecanismos de combate ao incêndio da edificação e agilidade no serviço de combate ao
incêndio.
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A reutilização de uma estrutura após a ocorrência de um incêndio só deve ocorrer caso tal
estrutura seja inspecionada, devendo ser verificada a capacidade restante, bem como, após
diagnóstico, sejam projetadas e executadas as soluções para sua recuperação de seu
desempenho mecânico. A recuperação deve atender às capacidades últimas e de serviço da
estrutura antes do evento.
Há a possibilidade dos danos causados pelo incêndio serem irreversíveis, fazendo com
que quaisquer medidas de recuperação se tornem inviáveis e dispensáveis, sendo a demolição e
reconstrução o caminho mais correto.
O concreto pode ser projetado de forma a resistir elevadas temperaturas sem que se
deteriore. Algumas formas de realizar isso são: através da utilização de cimentos à base de
alumínios, uso de agregados silicosos, de preferência que sejam calcários ou escorias de alto
forno, bem como agregados leves como a argila expandida. A adoção de maior relação água
cimento, como também ao uso de aço recozido (tipo A) nas armaduras, com barras de menores
diâmetros e cobrimento mínimo de 3 centímetros, também são formas de proteger o concreto
para ocasiões de incêndio.
Também há estruturas que não são tão prejudicadas, que geralmente ocorre quando o
incêndio é de menor proporção ou a estrutura foi projetada e executada com maiores
mecanismos de proteção. Nesses casos ainda que superficialmente as estruturas pareçam
intactas, ainda é necessário verificar se não houve perda de aderência entre o aço e o concreto.
Ensaios
Ultrassom
O ensaio de ultrassom é um método não invasivo ou destrutivo que tem por principal
finalidade identificar se internamente a estrutura se encontra homogênea e sem vazios, falhas ou
defeitos. Para isso é utilizada a propagação de onda e é medido o intervalo de tempo entre suas
velocidades de propagação, conforme a Figura 3,
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Ensaio de Ultrassom.
Pacometria
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O ensaio é de excelente acurácia para detecção de objetos magnéticos, mas outros
materiais também podem ser detectados, tais como: fiações elétricas, tubos de cobre, tubulações
hidráulicas de PVC e madeiras.
Para a realização deste ensaio são utilizadas bobinas que geram um campo magnético
que pode ser de alta ou baixa frequência. O campo de alta freqüência é produzido na interação
entre o campo magnético da bobina e da corrente eddy na barra para gerar um campo magnético
capaz de medir o comprimento da barra, conforme figura 4. Já o campo de baixa freqüência é
gerado a partir de uma bobina primaria que induz corrente em uma bobina secundária e assim
detecta objetos magnéticos.
As principais aplicações deste ensaio são localizar barras para subsequentes ensaios,
como ultrassom e resistividade; extração de um corpo de prova; análise do cobrimento para
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identificação de pontos críticos de corrosão; verificação da densidade da armadura com a
finalidade de avaliar e calcular o reforço estrutural; e analisar se a obra foi executada segundo o
projeto.
Extração de testemunho de concreto é o ensaio mais preciso por permitir a avaliação das
condições reais, mesmo sendo o ensaio que mais danifica a estrutura, sendo seu método de
extração, preparo e análise definidos segundo a NBR 7680 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2015).
Devem ser recolhidos, no mínimo, 2 testemunhos, por segurança dos resultados, segundo
NBR 12.655. Para saber os locais em que devem ser recolhidas as amostras nas estruturas,
recomenda-se a divisão em lotes identificados na concretagem ou o uso de ensaios não
destrutivos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015).
As amostras que demonstrarem falhas de concretagem não são considera para avaliação
de resistência a compressão.
Ensaio de Carbonatação
O concreto normalmente possui o pH entre 12,6 e 13,5. Esses números são reduzidos para
valores próximos de 8,5 ao se carbonatar. A carbonatação é formada por duas zonas, sendo uma
com pH básico e outra neutra, na qual inicia-se na superfície da estrutura. Este processo
prossegue em direção ao interior do concreto e quando atinge a armadura ocorre a
despassivação do aço e este se torna vunerável.
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A norma DIN EN 14630 (2007) recomenda a aspersão da solução de fenolftaleína
perpendicularmente à área fraturada, até que o concreto esteja saturado (o escorrimento da
solução na superfície deve ser evitado). A frente de carbonatação é o valor médio da espessura
da camada incolor.
Tratamentos
O reforço está relacionado com o desempenho mecânico da estrutura que precisa ser
restituído para garantir que a estrutura volte ou continue a resistir aos esforços pelos quais ela foi
projetada para resistir. A Tabela 4, apresenta algumas formas para realizar o reforço estrutural.
a) Argamassa estrutural modificada com polímeros: São argamassas altamente aderentes e que
possuem também alta resistência mecânica, utilizadas para recomposição estrutural.
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c) Argamassa de recomposição de base poliéster: Massa para preenchimento de vazios para
estruturas que tiveram grandes danos superficiais por abrasão, ataque químico ou outros
agentes.
O reparo é feito para casos de danos localizados com pequenas intervenções e técnicas
corretivas. A Tabela 5, apresenta alguns exemplos de formas de reparo.
BIBLIOGRAFIA:
https://pt.linkedin.com/pulse/recupera%C3%A7%C3%A3o-de-estruturas-concreto-armado-ap%C3%B3s-de-
s%C3%A1-yarid-almeida
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