TCC Fernanda Pimenta
TCC Fernanda Pimenta
TCC Fernanda Pimenta
Resumo: Considerar a obra literária enquanto arte e referência histórico-social nas aulas de Literatura precisa ser
o principal enfoque dos professores no momento de delinear seu trabalho. Na procura por apontar estratégias que
auxiliem os professores do Ensino Médio a desenvolver aulas de Literatura significativas e interessantes, o
presente artigo tem como objetivo demonstrar maneiras de não somente despertar nos alunos o gosto pela
leitura, mas também em conduzi-los para que a realizem de forma eficiente, para que dessa maneira
compreendam os motivos pelos quais ela é fundamentalmente importante, e como pode ser imprescindível para o
seu desenvolvimento humano. Para tanto, através de análises bibliográficas com um levantamento de pesquisas,
foram apontadas quatro estratégias aplicáveis, que utilizam tanto ferramentas tecnológicas atuais, como o uso de
computadores e internet, quanto métodos tradicionais, como o livro didático, através de processos de leitura
individual e coletiva, motivadas por textos complementares e discussões acerca das obras literárias e dos temas
que abordam, bem como a contextualização da sua importância social e histórica. Sobretudo, as estratégias
elencadas aproximam o professor e o aluno através de atividades de leitura necessárias e expressivas e que
consideram a Literatura como fator fundamentalmente importante no processo de ensino na escola.
Introdução
Ler por prazer é uma questão própria, íntima e pessoal. É uma escolha determinada
por uma vontade despertada no leitor, e traz consigo uma condição dinâmica e arbitrária
sujeita a si mesma, e que se encerra no simples ato de apenas ler.
Construir na escola uma educação para a leitura é pensar em um leitor não ideal,
imperfeito, e nem sempre disposto a aceitar e absorver todas as indicações de leituras feitas
pelos professores ou a buscar sozinho por leituras que lhe agradem. Também é preciso
considerar o fato de que o aluno nem sempre tem interesse em iniciar uma leitura obrigatória.
Sabe-se que na escola, desde os primeiros anos do ensino fundamental, o contato com a
leitura da Literatura é primordial para o desenvolvimento e formação do bom leitor e que
esse percurso da leitura precisa ser bem trabalhado pela escola até o final do Ensino Médio.
Levando em consideração essas possibilidades, de que o aluno, sem o incentivo adequado,
por si só não frequentaria a biblioteca escolar ou a biblioteca pública, nem procuraria por
textos literários na internet para o simples e especial deleite da leitura por ela mesma, faz-se
necessário um olhar atento voltado para estratégias práticas para enredar e seduzir esse leitor
ainda em período escolar. Convidá-lo a mergulhar nesse universo da leitura literária por
escolha própria, por curiosidade, pelo desejo de se conhecer, de evoluir enquanto ser humano
é uma das tarefas da escola.
Desta forma, o problema central desta pesquisa foi a construção de cenários possíveis
de estratégias de ensino para a leitura literária, voltado a um público específico, o Ensino
Médio.
Para tanto, este trabalho se desenvolveu a partir de análises bibliográficas com um
levantamento de pesquisas a respeito do assunto. Em que notar-se-á que o professor obtém a
responsabilidade pelo trabalho de ser o mediador, com a função de provocar nos alunos a
realização de leituras significativas e atribuídas de sentidos, de modo a edificar criticidade ao
sujeito atuante nas práticas de letramento da sociedade, ou seja, nas diversas possibilidades de
leituras que o aluno encontrará à sua disposição ao longo de sua vida.
Assim, o objetivo principal desta pesquisa foi investigar algumas estratégias que o
professor poderá utilizar em sala de aula para despertar o interesse do aluno em iniciar e
concluir as leituras de fruição nas aulas de Literatura no Ensino Médio. E como objetivos
específicos, esta pesquisa pretendeu: apresentar possibilidades de práticas significativas e
possíveis de serem executadas durante as aulas de Língua Portuguesa com foco em Literatura;
construir cenários possíveis de estratégias de ensino da leitura literária para as aulas de
literatura do ensino médio e; realizou um levantamento bibliográfico da temática pertinente
nesta pesquisa, buscando sua reflexão e análise, no tocante a construção das estratégias de
ensino voltadas à leitura literária.
E para atingir estes objetivos, esta pesquisa foi delineada em três partes. Na primeira
parte são traçadas perspectivas a respeito da leitura da Literatura e sua relevância na
formação do aluno enquanto cidadão crítico, consciente de sua história e de seu papel na
sociedade, capaz de imergir no conhecimento das artes literárias e transportar para sua vida os
aprendizados e experiência vividos nesse universo, e para tanto, são apontadas as principais
responsabilidades da escola e o papel fundamental do professor nesse processo
fundamentalmente importante.
Na segunda parte há a abordagem das principais dificuldades encontradas por
professores na busca por um desenvolvimento de um ensino assertivo e bem sucedido no
campo da Literatura, e também os principais problemas com o planejamento dessas ações e
aponta caminhos possíveis de serem percorridos nessa procura tão urgente e necessária.
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Por fim, na terceira parte são elencadas quatro estratégias de trabalho, com intuito de
auxiliar os professores do Ensino Médio a realizarem um bom planejamento de ações no
desenvolvimento de aulas interessantes, motivadoras e que cumpram com seu papel principal,
que é o de despertar no aluno o gosto pela leitura de Literatura e ensinar-lhes o caminho de
sua compreensão e contemplação, enquanto arte fundamental à formação humana.
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perspectiva politizada, podendo abarcar também a consciência de que sua contribuição é
capaz de mudar os rumos de uma sociedade.
Para tanto, faz-se necessário um professor disposto a desnudar os reais sentidos da
Literatura, em uma aula bem estruturada que deixe o aluno livre para realizar suas inferências
pessoais acerca do texto. Contudo, o professor deve estar preparado para realizar esse
trabalho, deve ser um conhecedor das obras e um entusiasta no sentido de levar seus alunos a
percorrerem os caminhos da descoberta literária.
Segundo Bedê (2020, p. 05),
condicionado pela sociedade, o fenômeno literário não é neutro, e também por este
motivo é rico. Desse modo, não pode a escola deixar o indivíduo à mercê das
ideologias dominantes, mas deve oferecer os meios para compreender o universo no
qual se insere. A atuação mais efetiva junto ao corpo discente transformará, até
mesmo, o corpo docente. O trabalho com a Literatura exige um professor
comprometido, o qual, pelo seu prazer de ler e amor à arte, seja capaz de
compreender a diversidade que cerca o aluno e, de posse dessas informações,
oferecer textos que sensibilizem o aluno, despertando-lhe o gosto. A Literatura
precisa ser, antes de tudo, uma experiência vivida pelo professor, sentida pelo aluno
e cultivada na escola.
Ao traçar tais perspectivas, Silva (2020, p. 09) ressalta que a Literatura se enquadra
nos
estudos dos gêneros discursivos, por isso dialoga com resenha, sinopses, sínteses,
reportagens, ensaios entre outros que falam sobre a Literatura e que são
imprescindíveis para esse jovem leitor do Ensino Médio compreender alguns aspectos
que são teóricos em relação à forma de o autor dizer as coisas do jeito que diz, pois
somente ele sabe o efeito de sentido que deseja provocar nos seus leitores.
E essas práticas de leitura devem ser bem desenvolvidas ao longo da vida escolar, pois
as leituras vão se tornando mais complexas na trajetória acadêmica, (SILVA, 2020).
Então, espera-se que nesse período o aluno já consiga formular adequadamente suas
inferências e compreender a riqueza e a cultura contidas na Literatura que lhe seja oferecida
em aulas bem preparadas. A essa altura, quanto ao papel da escola, espera-se que ele tenha
sido crucial, pois é em seu contexto que a maioria dos leitores teve seu primeiro contato com
as histórias e leituras que transformaram sua formação. De acordo com Bedê (2020, p. 06), “é
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nessa etapa também que há a possibilidade de se criarem os vínculos com o gosto em relação
às obras, é quando o jovem leitor passa a se identificar com elas, e passa a ler por fruição,
criando o hábito da leitura”. Ainda segundo Bedê (2020), a escola é a responsável para que o
aluno descubra o prazer em ler, para que essa leitura faça bem para a alma, em detrimento a
seu uso como instrumento de moralização e mera reprodução. Trabalhos acerca das obras
podem ser propostos, desde que a sua leitura não seja condicionada a aspectos limitantes.
Neste constructo, Silva (2020) enfatiza que a leitura literária é de extrema necessidade
para a vida, pois é através dela que o leitor desenvolve habilidade de auto-observação,
experimenta sentimentos como choro, riso, envolvimento e recusa. Através dela a
sensibilidade pode ser exercitada, e ideologias tornam-se conhecidas. Mas tudo isso só torna-
se possível através de uma leitura livre, sem cobranças objetivas, sem moldes pré-
estabelecidos, geralmente os que são, infelizmente, usados nas escolas. É preciso liberdade de
interação com o texto, para desenvolver capacidade de mergulhar nele por conta própria, para
que a leitura seja realmente uma descoberta de sentidos.
Ao se aceitar esse ponto de vista, embora seja um desafio trabalhar com o despertar do
leitor nos alunos, o professor, elemento fundamental para a ampliação de atividades leitoras
eficientes, precisa estar atento ao objetivo de desenvolver o incentivo à leitura, tendo em vista
levar o aluno a gostar de ler, vendo a leitura como um processo, e não a ler por obrigação, a
fim de cumprir uma determinada sequência de atividades.
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estimula o desenvolvimento da criticidade.” Essas aulas precisam ter como objetivo
enaltecer a função artística e subjetiva do texto literário e, principalmente, que seja explorado
o potencial emocional que ele desperta no leitor. Seja através de romances, contos, fábulas,
poemas, dentre outros, os textos literários são capazes de estimular o desenvolvimento da
criatividade, do conhecimento e compreensão de si, do outro e do mundo, em destaque as
obras clássicas, tão necessárias para uma formação íntegra do caráter humanístico dos alunos.
No entanto, de acordo com Menino e Dal Molin (2015, p. 07), depoimentos de
professores indicam que “só com muito esforço conseguem obrigar seus alunos a ler os
clássicos da Literatura, recorrendo ao argumento da necessidade de ler em função do
vestibular”. Esse quadro alerta para o fato de que os alunos sozinhos e sem a motivação
adequada, não mergulharão nesse universo desconhecido e, muitas vezes de difícil
compreensão, se não tiverem com quem discutir adequadamente a obra, e se não dispuserem
de apoio para receber as informações necessárias sobre o autor e a obra, que os motivem a
questionar o que estão lendo e relacionar com a época em que foi escrita e com a historicidade
contida naquele texto. Porém há ressalvas a serem feitas em relação às escolhas de alguns
professores do ensino médio, que devido já a grande dificuldade de convencer os alunos a
lerem, mesmo os títulos que caem no vestibular, acabam tendendo a explorar os clássicos
apenas para esse fim, de forma técnica e objetivando a preparação para a prova, em
detrimento ao desenvolvimento humanístico que obras literárias proporcionariam, como um
trabalho voltado à arte e a humanização permitida pelos textos.
Outro ponto a se considerar é o planejamento falho em relação à importância artística
de obras literárias, já que muitas vezes, em sala de aula, a abordagem é apenas conforme se
apresenta nos livros didáticos. Stopa e Boberg (2009) reforçam que essa questão é
preocupante apontando que ao acompanhar o trabalho de vários professores do Ensino Médio,
verificaram que eles seguem o modelo proposto pelo livro didático, através de fragmentos das
obras, utilizando a Literatura como pretexto para o estudo da gramática ou outra atividade,
afastando a leitura da literatura da forma ideal.
Trabalhar questões de compreensão gramatical e desenvolvimento de outros
conhecimentos acerca da escrita pode ser uma tarefa que se valha de textos para
exemplificação e uso prático, visando apenas à sistematização de conhecimentos técnicos,
porém o contato com a Literatura não deve ficar restrito a esses momentos, sacrificando a
oportunidade de interação com algo tão significativo. Há que se inserir a leitura da Literatura
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promovendo o contato do aluno com a obra de forma adequada, para que ele absorva todo o
significado contido no texto, se transporte para o universo da ficção, desenvolvendo suas
capacidades de inferências e amplie seu conhecimento de mundo. Para tanto, é também
necessário tomar o cuidado para não extrapolar essa sistematização da exploração do texto, a
fim de não transformar a atividades de leitura em uma doutrinação, em que o professor dirige
essa escuta do texto, traduza e induza seus significados. Pois, o aluno precisa ter liberdade
para ir sozinho, além do que o texto mostra em sua estrutura e estética, acessando por si só o
universo de sentidos que o texto carrega.
Nesse sentido, ainda para Stopa e Boberg (2009, p. 832),
Conforme Bedê (2020), talvez a questão resida no fato de que para o professor, que
atua como mediador, o mergulho na Literatura precisa ser, uma experiência apreciada e
amada por ele, para a partir daí ser experimentada pelo aluno. Dar esse sentido à leitura da
Literatura é significá-la de forma adequada, jamais esquecendo de que se trata de uma obra de
arte, e isso inclui aceitá-la como uma experiência repleta de história e mensagens de seu
tempo.
Nessa relação entre o ensino e o aluno, para Menino e Dal Molin (2015, p. 04),
Dessa forma, Silva (2020, p. 10), afirma “que existem críticas em relação à
escolarização da Literatura, porque deixa de ser arte para atender ao imediatismo das
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atividades escolares, com seus diferentes pretextos pedagógicos” em detrimento ao seu caráter
humanizador.
No entanto, para Menino e Dal Molin (2015, p. 11), quando se adotam atividades de
leitura interessantes com o objetivo de aprimorar a leitura literária por meio de práticas
desafiadoras e debates diversificados, certamente o resultado será a construção de um bom
leitor.
Ao buscar sistematizar atividades utilizando obras literárias em sala de aula, o
professor deve ter em mente que o aluno precisa saber sobre a importância social daquele
texto e todo potencial de desenvolvimento que ele carrega, o seu legado histórico, sua
capacidade de persuadir, de convencer, de construir e desconstruir. Nenhum aluno deveria ter
acesso a um texto literário e ser permitido sair incólume/imune. Deve ser consentido a ele,
experimentar, explorar, sorver tudo o que o texto pode lhe oferecer, de forma natural, sedenta
em sua essência, de maneira que seja possível que o texto possa lhe provocar, inquietar e
despertar.
Nesse sentido, para Menino e Dal Molin (2015), cultivar o hábito da leitura nos
educandos é essencial para que eles compreendam o quanto a leitura é fundamental para todos
os momentos da vida. Em se tratando de motivar os alunos ao desenvolvimento da leitura
literária de forma efetiva, o professor pode valer-se de estratégias variadas, e uma delas é o
uso de tecnologias para que as aulas se aproximem ao máximo da realidade atual desses
alunos. É primordial que o professor consiga conciliar suas estratégias ao uso das tecnologias
conhecidas pelos seus alunos, dessa forma aproximará ainda mais os interesses dos educandos
aos fazeres pedagógicos da escola. Essa ponte entre a vida cotidiana dos alunos e o dia a dia
na escola precisa ser urgentemente construída, pois uma aula interessante deve levar em
consideração a realidade de vida desses alunos, contemplando todos os seus aspectos.
E sobre esse aspecto relevante de se considerar contemplar a utilização das tecnologias
em favor da Literatura, Silva (2020, p.06) menciona que “a leitura, portanto, é concebida
como um processo de compreensão abrangente cuja dinâmica envolve componentes
sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, bem como culturais econômicos e políticos”.
Assim, relegar do planejamento das aulas, que os alunos, principalmente os do ensino médio,
passam muitas horas do dia, ligados a aparelhos como celulares, tablets e computadores, é
certamente afastar qualquer possibilidade de atratividade das aulas, inclusive as de literatura.
O interesse deles em relação à escola e a tudo o que ela contempla, está diretamente ligada a
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junção das atividades escolares aos meios tecnológicos de interação utilizados pelos alunos.
Desta forma, a vida deles não se desassocia desses aparelhos, eles fazem parte de sua vida de
forma integral. Pensar em uma inserção do maravilhoso mundo da literatura a esses novos
meios de interação certamente tornarão as aulas mais atrativas e interessantes.
Outra abordagem que se mostra bastante estimulante é utilizar obras literárias para
verificar como são descritos os diversos papéis sociais, como exemplo, o papel da mulher na
sociedade. Um tema que pode ser muito interessante para os alunos, já que atualmente o
feminismo tem sido abertamente discutido em todas as mídias em diversos lugares do mundo.
Assim, Bedê (2020) sugere que através de intervenções diversas, se possa provocar no aluno a
compreensão da Literatura “através de pretextos como a exploração da figura feminina em
diversas obras, nas quais seu enfoque pode dar a exata noção da construção da personagem.”
(BEDÊ, 2020, p.02)
Outra atividade interessante que pode ser realizada é a leitura de uma obra em função
da produção de uma dramatização, ou seja, uma dramatização que seja realizada para chamar
a atenção para a obra em si, como sugere Alves (2016, p. 23), ao citar o projeto Feira
Literária, em que o contato com a Literatura acontece “através da dramatização teatral e
criação de cenários, concebendo a leitura literária como fonte de informação, fruição,
conhecimento e de ressignificação do mundo e do ser do sujeito”.
Mais do que oferecer oportunidades de exploração diversas aos textos literários, as
estratégias além de variadas, precisam ser, antes de tudo muito bem planejadas e adequadas
ao contexto do aluno, e também consideradas suas possibilidades de realização, para que a
experiência não seja frustrante ou desencorajante. O aluno precisa estar à vontade com os
textos e aberto a discutir sobre as leituras que fizer, para a partir daí realizar as inferências
necessárias ao seu desenvolvimento enquanto cidadão crítico, com consciência e apto a
produzir um discurso próprio, repleto de sentido e significado.
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Para Menino e Dal Molin (2015, p.03), “o ensino de literatura envolve um exercício de
reconhecimento da metodologia e das estratégias que devem ser adotadas, bem como, a ênfase
que se deve dar a uma nova forma de leitura, inferência e escrita”. Nesse sentido, sugerem o
uso da tecnologia aplicada como estratégia, pois acreditam que utilizar as redes sociais como
aliadas nesse processo de ensino e aprendizagem, elas auxiliam no incentivo para que os
alunos leiam os clássicos da Literatura brasileira. Para tanto, Menino e Dal Molin (2015,
p.09), reforçam que,
Desta forma, Menino e Dal Molin (2015, p.13) apresentam uma metodologia que
aproveita o uso do laboratório de informática da escola, e também a habilidade que os alunos
já têm em navegar pela internet, levando-os a criar um endereço de email para cada um, e
então produzindo um blog, pois, através dele algumas das atividades realizadas seriam
apresentadas, no caso, publicadas. Como por exemplo, os livros selecionados para leitura, em
que deram ênfase às escolhas dos alunos, cujas publicações cairiam no vestibular e no
ENEM, resenhas dos textos lidos e postagem de vídeos produzidos pelos alunos, esses
últimos demonstrando de forma descontraída, críticas acerca das obras lidas. Ainda para
Menino e Dal Molin (2015), é inegável que a presença de tecnologias de informática interfira
no modo pedagógico escolar, e seria um desperdício não aproveitar os meios virtuais de
comunicação, já que a internet é de uso comum da maioria dos alunos.
Professores e alunos trabalhando juntos com essas ferramentas tecnológicas
proporcionam uma aproximação no ensino, além de motivar os discentes a participarem mais
ativamente, tanto da leitura, quanto das discussões sobre as obras lidas.
Menino e Dal Molin (2015) mencionam também que o trabalho com a tecnologia pode
auxiliar no interesse dos alunos por títulos de obras que seriam cobrados em provas
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importantes, como vestibular e ENEM, mas além dessas obras, outras tantas podem ser
amplamente apreciadas por meio das tecnologias, desde que haja interesse dos docentes em
desenvolver essas estratégias de leitura de Literatura tornando possível a exploração de mais
textos, com o intuito de desenvolver a leitura de fruição, em detrimento a sua obrigatoriedade.
Nesse contexto de desenvolver no aluno “a leitura de fruição, provocando a emoção do
belo” (BEDÊ, 2020, p. 08), através da exploração de textos variados, filmes, músicas e
reproduções de obras de arte, Bedê (2020), salienta a importância de se abranger o sentido
que a palavra possa comportar através da exposição de diferentes manifestações de arte.
Traçadas tais perspectivas, pode-se apresentar um projeto de leitura baseado no intuito de
promover no aluno “a recuperação do prazer de ler na escola, utilizando o mote da visão da
mulher na obra literária” (BEDÊ, 2020, p.08). Conforme o roteiro apresentado por Bedê,
(2020), as estratégias navegam entre leitura, composição de roteiros e dramatização, filmes
relacionados às obras, leitura de livros, de revistas, além da produção de seminários,
oportunidade de ouvir CDs com trechos de clássicos da Literatura. Há também, a sugestão de
promover a leitura de textos complementares e utilização de ferramentas de apoio para acesso
a quadrinhos, músicas, pinturas, esculturas, histórias de outros povos, textos teatrais, jornais,
lendas, filmes, dentre outros.
A ideia de trabalho acima, busca estimular, inicialmente, a leitura acerca de
manifestações de arte de maneira mais ampla, através da leitura de matérias sobre pinturas e
pintores e suas relações com os períodos literários, fazendo uso da tecnologia para esse
acesso, já que agora grande parte das notícias está disponível na internet, muitas de forma
gratuita, ou a leitura de outros tantos sites de notícias, e até mesmo a visitação virtual a
museus em todo mundo. De todo modo, o objetivo de realizar tais leituras, recai sobre a
possibilidade de apreciação de arte através da fruição, despertando no aluno um olhar mais
atento e direcionado, em contato com suas emoções e capaz de admirar as diferentes formas
de manifestação artística, além da possibilidade de poder relacioná-las aos movimentos
literários.
Doravante o contato do aluno com o universo magnífico da arte em suas diversas
manifestações, se faz possível a compreensão acerca da importância do desenvolvimento da
criticidade do leitor e da capacidade de relacionar a obra lida a diferentes questões históricas e
sociais. Essas relações tornam-se mais claras por meio de apreciações realizadas
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principalmente em sala de aula, e contextualizadas adequadamente, a partir da mediação do
professor e por meio de pesquisa e conhecimento de acervos diversos.
Nos casos citado acima, as obras de José de Alencar e Machado de Assis, podem, por
exemplo, ser analisadas sob a ótica de diferentes textos e manifestações culturais, e ainda
relacionando-as ao papel da mulher ao longo da história e na atualidade, bem como podem
servir de base para se levantar questões importantes de modo a promover o debate, a partir das
personagens das obras e como se relacionam com o seu contexto histórico/social. De acordo
com Louro (1995), o olhar voltado às questões de gênero, construção social e histórica do
papel dos sexos na sociedade com as novas configurações posicionais da mulher, são questões
históricas importantes de serem analisadas e discutidas. Uma vez que esse ajuste social, a
abertura para o reconhecimento da força e importância do papel feminino de forma tão
crescente, embora já se encontre em discussão há décadas, agora conquista cada vez mais
destaque como pauta amplamente abordada.
Contextualizar as obras lidas torna-se fundamental para que a apreciação do leitor
seja ampla e satisfatória. Nesse sentido, Silva (2020) critica a ausência de estratégia de alguns
professores ao seguirem à risca as atividades com literatura apresentadas nos livros didáticos,
geralmente dirigidas ao estudo da gramática e que citam apenas pequenos trechos das obras.
Contudo, sugere alternativas bastante valiosas para o trabalho que pode acontecer em sala de
aula, e aponta subsídio que alguns textos, que mesmo apresentados de forma desconexa nos
livros didáticos, oferecem para fomentar o debate sobre diversas questões sociais, bem como
alerta para o fato de que as indicações de leitura, a partir de trechos desmembrados das obras,
podem e devem ser efetivamente concretizadas, ou seja, os alunos precisam ter acesso à
leitura das obras na íntegra. Um bom exemplo abordado por Silva (2020) consta sobre como
se apresenta o poema Canção do exílio, de Gonçalves Dias, que aparece em um livro didático
apenas como base para o estudo dos advérbios, mas, que pode ser uma ótima oportunidade
para o professor explorar o nacionalismo ufanista presente na prosa do Romantismo. Também
aponta que outra possibilidade pudesse ser apresentar além do poema, as diversas paródias do
poema escritas por nomes como: Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Jô
Soares, Murilo Mendes, dentre outros, realizando um trabalho de discussão sobre
intertextualidade, traçando um comparativo. Nesse sentido, Silva (2020, p. 23), ressalta que
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é importante trazer o livro didático como chave para a entrada dos livros literários,
dos poemas, das peças teatrais, enfim, das leituras ficcionais e sobre elas na sala de
aula. No entanto, não podemos, enquanto escola, abrir mão da leitura do texto
integral que pode ocorrer de diferentes formas: leitura de um capítulo por toda a
turma; leitura silenciosa para buscar um aspecto linguístico ou cultural sob a
orientação do professor; contação de um capítulo feita pela professora; exibição de
um videoclipe a partir de aspectos do enredo; comunicação sobre a 2ª parte do livro,
entre outras. São infinitas as possibilidades para que as leituras literárias possam
acontecer na esfera escolar, mesmo que, no início, os alunos recusem.
O que se deve evitar é a questão de considerar que o trabalho com o texto literário
precisa ficar preso nos limites apresentados pelo livro didático. Esse trabalho deve ser
expandido, de modo que a partir de atividades mais adequadas e abrangentes, ao aluno sejam
disponibilizadas variadas possibilidades de inferências pessoais e aquisição de novos
conhecimentos a partir da leitura da literatura.
Dentre outros exemplos de abordagens realizadas a partir de trecho de obras literárias
nos livro didáticos, está a contextualização do texto em relação à realidade de vida do aluno,
apontado como artifício importante por Silva (2020), que destaca que a leitura de textos de
Machado de Assis por jovens que trabalham durante o dia e estudam a noite, pode ser um
tanto maçante, já que há presença de vocabulário rebuscado, e para tanto, sugere que deva
haver uma interferência do professor no sentido de estimular essa leitura, traçando um
paralelo entre a morte de uma das personagens, Rita, que é assassinada, com a violência
contra a mulher nos dias atuais, apresentando a Lei Maria da Penha e artigos dos Direitos
Humanos em refutação com as questões sobre violência e punições no século XIX, época em
que a personagem foi morta, e que propiciaram para que seu assassino ficasse impune. Nessa
mesma perspectiva, Silva (2020, p. 24) complementa:
alguns educadores podem dizer que teríamos ai a Literatura como pretexto, mas esse
tem um significado para o leitor que é pensar sobre o direito á vida em uma
sociedade marcada pela presença da violência e criminalidade contra a mulher, o que
gerou a criação de delegacias para inibir essa prática.
Questões como essas, são importantes de serem levantadas em sala de aula, para levar
o aluno a refletir sobre sua perspectiva em relação ao seu entorno, e traçar relações entre a
literatura, mesmo as que estão presentes de forma fragmentada nos livros didáticos, e a sua
vida cotidiana. Nesse sentido percebe-se que o professor mediador, deve estar ciente de que
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seu trabalho precisa ir além do que se apresenta nas limitações do livro didático, para que esse
instrumento não sirva apenas como um demarcador dessas limitações, empobrecendo o
contato do aluno com a Literatura, mas que possa servir como um guia, apontando um
caminho que possibilite ao aluno um contato com diversos outros textos, desenvolvendo
assim aulas muito mais interessantes e relevantes por sua riqueza de conteúdo e a Literatura
possa, enfim, ser compreendida e apreciada.
Traçando esses caminhos fundamentalmente necessários no universo da
intertextualidade, considerado, então como um artifício imprescindível ao estudo da
Literatura, Alves (2016, p.83), apresenta outra proposta de trabalho, a qual é entendida como
uma “sequência de leitura”. Esta proposta é baseada no enfoque de Cosson (2014, p. 104 apud
ALVES, 2016, p. 83), sobre a “sequência expandida”, adequada ao Ensino Médio, e cujo
objetivo é a promoção do letramento literário para que o aluno aprimore sua capacidade de
compreender a construção do texto e toda a cultura que ele carrega em si. Essa sequencia é
realizada através de “intervalos de leitura” que Cosson (2016, p. 63) exemplifica como
“leitura de outros textos menores que tenham alguma ligação com o texto maior, funcionando
como uma focalização sobre o tema da leitura, permitindo que se teçam aproximações breves
entre o que foi lido e o novo texto.” A sequência proposta por Alves (2016), é assim
realizada, através da leitura e discussão da obra em si, seguindo as fases da sequência
expandida, em que é pontuada a compreensão do texto sob a luz da leitura de outros textos,
ou trechos de textos que possibilitem ampliar a discussão acerca da obra principal.
Para Alves (2016, p. 26), essa conduta em relação à aprendizagem deve persistir no
fato de que a interferência do professor como mediador deva existir,
Considerações finais
Nesse sentido, ao aluno são oferecidos esses meios, para que trace relação entre as
obras e leia nas entrelinhas todo contexto crítico-histórico e crítico-social nelas contidas.
São de suma importância, também, as considerações sobre o uso do livro didático,
apresentados na terceira estratégia, cujo enfoque principal foi que ele não só pode, mas deve
ser utilizado no desenvolvimento dos estudos sobre Literatura, porém não como única
ferramenta, e sim desenvolvendo o trabalho a partir dele. Inserindo para ampliar as
discussões, os textos completos e não somente os recortes presentes no livro didático, bem
como a realização de comparações e debates sobre as inferências de diferentes textos, de
modo a intensificar a busca pela compreensão do texto literário em estudo. Pois para Silva
(2020, p.11),
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precisamos priorizar esse potencial do aluno – leitor, oferecer a ele diversos textos
que estejam próximos ou distantes de sua realidade histórica e social no intuito de
oferecer caminhos para construir sua identidade quanto leitor, colaborando para que
possa se tornar um sujeito que age sobre o mundo para transformá-lo a partir da ação
sobre si mesmo para firmar sua liberdade fugindo da alienação.
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Referências
MENINO, Fatima M., DAL MOLIN, Beatriz H. Literatura como uma via prazerosa de
leitura e escrita no ensino médio: desafios e estratégias. In: Cadernos PDE – Os Desafios
da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor. PDE. Vol. 01. Dois Vizinhos,
2015, p. 01-17. Disponível
em:<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/201
4/2014_unioeste_port_artigo_fatima_maria_menino.pdf. Acesso em: 27 Maio 2020.
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