Revisão N1 IESC - Monitoria

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REVISÃO N1 IESC I

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Larissa Beatriz
Assuntos: Page 02

As diferentes Concepções do Processo Saúde-Doença

Os determinantes Sociais do Processo Saúde-Doença

Promoção de Saúde e Prevenção de Doenças

Breve História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil

A importância das Políticas Públicas de Saúde para a Sociedade

Reforma sanitária x SUS

SUS: Princípios e Diretrizes

Território e Territorialização
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As diferentes Concepções do Page 03

Processo Saúde-Doença
A saúde e a doença sempre estiveram
presentes na vida dos seres vivos. A
humanidade, desde os primórdios, buscou
explicações para compreender tais eventos.
Em cada época, os homens buscaram explicá-las
com base nos conhecimentos disponíveis
naquele determinado momento, sendo estes
resultados do período histórico vivenciado,
considerando sua estrutura social, política,
filosófica e científica.
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As diferentes Concepções do Page 03

Processo Saúde-Doença

A visão mágica O modelo multicausal

Teoria de Hipócrates A determinação social da doença

A Idade Média O Renascimento

A era bacteriológica O Iluminismo

O conceito ampliado de saúde

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A visão mágica

Nos primórdios da civilização, a saúde era vista como algo natural

Já a doença ou era provocada por situações nas quais se podia claramente identificar a
causa e o efeito: queda, ataque de animais

Ou era provocada por uma causa “misteriosa” - isso ocorria quando os humanos não
podiam compreender em razão das limitações de seus recursos tecnológicos.

As doenças eram vistas como castigos dos deuses sobre as pessoas e as populações
que ha­­viam falhado em cumprir suas obrigações morais e religiosas perante eles e sua
comunidade
Mesmo com essa visão ligada ao sobrenatural, as sociedades primitivas já tinham
hábitos que as protegiam do adoecimento, como enterrar os dejetos, beber água
limpa e se abrigar do frio e do calor intensos; tais hábitos eram resultado da
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22 observação da natureza e da influência dela sobre as pessoas
Hipócrates, o pai da Medicina Page 05

Na civilização grega, a saúde e a doença foram explicadas a partir das conclusões


advindas da observação atenta do homem, de seus costumes e suas relações com a
natureza.

Descreveu como o modo de vida dos homens e sua relação com a natureza podiam
resultar em uma vida saudável ou em adoecimento

Defendia que a saúde era resultado do equilíbrio entre o homem e seu meio.

Suas observações a respeito do papel da natureza no desenvolvimento das doenças


influen­­ciaram a organização dos espaços nas comunidades gregas em relação ao
descarte de dejetos, ao acesso à água limpa, à higiene pessoal e à moradia
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A Idade Média

Esse período foi marcado pela presença onipotente da Igreja, que dominou e enclausurou o
conhecimento científico desenvolvido até então.

Além disso, esse momento histórico foi marcado pelo feudalismo- as comunidades giravam em
torno de um senhor feudal, dono de todas as terras e da população que nela habitava -
possibilitou o crescimento de­­sordenado das cidades, com aumento da aglomeração
populacional. Nesse cenário, as cidades não tinham condições para garantir o mínimo de
higiene, o que provocou a proliferação de doenças.

Com a forte influência da Igreja na vida social, a doença passou a ser o foco das atenções: era
considerada castigo divino, resultado da desobediência às normas da Igreja ou da impureza da
alma, e só podia ser curada se houvesse vontade divina para tal.

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A Idade Média

Durante quase dez séculos, as cidades ficaram à deriva no que diz respeito às regras sanitárias.

Teoria dos Miasmas: relacionava a transmissão de doenças aos “maus ares”, ou ares
pútridos.Nesse sentido, para se prevenir da peste bubônica, causada pela pulga do rato, os
médicos utilizavam vestimentas especiais, que cobriam todo o corpo, além de uma máscara,
com um longo “bico”, que possuía ervas aromáticas em sua ponta e visava “purificar” o ar
contaminado, já que acreditava-se que a doença era transmitida pelo ar.

Atualmente, ainda é possível identificar populações que explicam o adoecimento como evento
ligado ao poder divino e que desenvolveram rituais de cura partindo desse olhar. Como
exemplo, há as novenas e cultos em prol da cura de um membro familiar.

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Renascimento Page 07

A partir do século XV, houve uma ruptura entre Igreja e poder político.

Com as grandes navegações, diversas doenças foram trazidas para a América e outras tantas foram
levadas para a Europa.

Nas Artes e na Ciência, reiniciaram-se as pesquisas que visavam compreender o funcionamento do


mundo e também do homem, o que possibilitou os estudos acerca do funcionamento do corpo
humano.

A analogia entre o funcionamento do corpo humano e algumas máquinas era frequente entre os
pesquisadores, daí o início da ideia de que a doença é um “defeito” da máquina humana, sem relação
com o meio externo.
A Teoria dos Miasmas ainda era forte nessa época e, a partir dela, códigos sanitários foram es­critos,
com o objetivo de sanear as cidades. Controvérsias a respeito da origem das doenças foram iniciadas:
de um lado, cientistas acreditavam que elas eram resultado exclusivo do contato entre pessoas; de
outro, havia aqueles que defendessem que o ambiente social era um de seus principais
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22causadores.
O Iluminismo Page 08

A partir da Revolução Industrial, nasceu uma nova forma de produção de bens de consumo.

Nesse sentido, modificou-se a relação entre empregadores e empregadores, uma vez que, para os
primeiros, gerou-se riqueza e para os segundos, gerou-se péssimas condições de vida.

Nesse cenário, desenvolveu-se a Medicina social, responsável por discutir o processo de adoecimento a
partir das condições de vida das pessoas e propor formas de atuação para o controle das doenças e da
mortalidade, formas que extrapolavam a prática médica, como intervenções sobre a moradia dos
trabalhadores e garantia de melhor alimentação para eles

A Medicina social nasceu com a Revolução Industrial e não conseguiu o apoio necessário para se tornar
um modelo direcionador das ações ligadas à saúde, pois isso não era de interesse econômico para
proprietários e políticos.

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A ERA BACTERIOLÓGICA Page 09

Foi nesse momento que se provou a relação entre os germes e as doenças.

A partir daí, uma nova explicação sobre o processo saúde-doença nasceu: a Teoria Bacterio-­­
lógica, de acordo com a qual a doença tem uma causa única, a infecção.
Essa visão foi importante para a identificação de vários agentes patogênicos e o controle deles,
mas não levou em consideração os fatores psicossociais no processo de adoecimento.

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O modelo multicausal Page 10

Como a Teoria Bacterio­­lógica não foi capaz de explicar a complexidade do adoecimento,


outras teorias foram criadas, as quais consideravam a multicausalidade do processo de
adoecimento.

Nesse modelo, o adoecimento é dividido em duas partes: pré-patogênese, período


anterior ao adoecimento, e a patogênese, que é o momento a partir do qual a doença já
está instalada no ser vivo. A História Natural considera a interação entre agentes, fatores
do ambiente e do indivíduo como partes integrantes do processo de adoecimento. O
modelo também prevê diferentes estratégias para a prevenção das doenças. Você verá
detalhes dessa teoria no próximo capítulo, no qual será apresentado o conceito de
prevenção de doenças

Esse modelo também prevê diferentes estratégias para a prevenção das doenças.
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A determinação social da doença

Determinantes Sociais de Saúde, definidos como:

[...] fatores sociais, econômicos ou comportamentais que influenciam a saúde, posi­tiva ou


negativamente, e que podem ser influenciados por decisões políticas ou individuais, ao contrário da
idade, sexo e fatores genéticos, que também influenciam a saúde, mas não são modificáveis por
essas decisões. (PELLEGRINI FILHO, 2013)

Condicionantes de Saúde: são fatores que condicionam uma situação a determinados fatores, por
exemplo: apenas mulheres podem engravidar, portanto, o sexo é fator condicionante para a
gestação entre os humanos.

Você deve ter notado a diferença entre os dois tipos de fatores: o primeiro tipo abrange os fatores
que influenciam a saúde e que podem ser alterados por meio de decisões dos envolvidos ou
externas a eles. Já o segundo tipo apresenta uma condição que não pode ser alterada, que é
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inerente à pessoa: idade, sexo, fatores genéticos, entre outras características.
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A determinação social da doença

As teorias explicativas sobre o processo saúde-doença vigentes começaram a ser questionadas, por
não responderem às reais necessidades de saúde das pessoas

Desenvolvimento de nova teoria, resgatando preceitos da Medicina social e com aprofundamento


das questões sobre o papel do Estado e da sociedade na saúde das populações: a Determinação
Social do Processo Saúde-Doença.

Esse modelo integra vários componentes que interferem de forma negativa ou positiva sobre o
processo saúde-doença e propõe a modificação das estruturas sociais, econômicas e polí­­ticas como
parte fundamental para se alcançar a saúde plena, por exemplo: melhores salário e transporte,
acesso igualitário aos serviços de saúde, cidades pensadas para pessoas e não para carros, entre
outras propostas.

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O conceito ampliado de saúde Page 12

Pesquisadores perceberam que não é possível explicar a saúde ou a doença a partir de um único ponto de vista, em razão da
complexidade do tema.

modelo biomédico- homem funciona como uma máquina e de que toda doença é desarranjo desta ou das partes que a
compõem

Você deve conhecer pessoas que aparentemente tinham tudo, bom emprego, boa família, amigos e, mesmo assim, adoeceram, e
pessoas com as quais tudo parecia estar errado, mas elas se consideravam com saúde. Isso mostra como é difícil considerar
apenas um fator como o desenca­deador de doença ou saúde!

Organização Mundial da Saúde (OMS):

“saúde é o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”

Saúde não é a simples ausência de enfermidades

VIII Conferência Nacional de Saúde:


Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é princi­­palmente
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resultado
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das formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.
(BRASIL, 1986)
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Constituição de 1988, na seção II, art. 196, capítulo 1:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e


econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
(BRASIL, 1988

Para se alcançar saúde, é necessário que haja integração entre os diferentes setores da
sociedade: política, educação, economia, trabalho, segurança, lazer e todos os demais, a
fim de que sejam articuladas políticas abrangente, que não se limitem apenas aos serviços
de saúde, como hospitais e unidades básicas, por exemplo.

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Os determinantes Sociais
do Processo Saúde-Doença
De acordo com a OMS, existem determinantes sociais de saúde que são os fatores
fatores sociais,econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores
de risco na população

Alguns fatores estão em excesso para uns e em falta para outros, o que determina, na
maioria das vezes, o processo saúde-doença, que ocorre de maneira desigual entre os
indivíduos, suas comunidades e a população.

A análise dos determinantes sociais de saúde nos permite intervenções no sentido de


ampliar políticas públicas que possam reduzir as iniquidades e avançar para políticas de
saúde com mais equidade

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As iniquidades são as desigualdades decorrentes das condições sociais em que as pessoas vivem e
trabalham.
Diferenças em termos de moradia, de estudo, de saneamento básico, de acesso à saúde, etc., vão
influenciar diretamente na saúde da população.
Um exemplo da influência dos determinantes sociais no processo saúde doença é a cólera, pois são
os fatores sociais que permitem a exposição a tal agente infeccioso, como acesso a água contaminada e
falta de saneamento básico. Por isso, alguns grupos estão mais susceptíveis que outros a desenvolver
essa patologia.
O modelo de Dahlgren e Whitehead nos auxilia a entendermos melhor os determinantes sociais de
saúde:

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1º Nível: Fatores Comportamentais e Estilo de Vida
• Fortemente influenciados pelos DSS, pois é muito difícil mudar comportamentos de risco sem mudas as
normasnculturais que os influenciam.
• Está ligado a escolhas individuais, de forma que o indivíduo assume as consequências de suas escolhas. Exemplo:
Dirigir Embriagado.
• Para atuar nesse nível de maneira eficaz, são necessárias políticas de abrangência populacional que promovam
mudanças de comportamento. Por exemplo: proibição à propaganda de tabaco e do álcool em todas as suas formas.
2º Nível: Comunidades e suas Redes de Relações
• Os laços de coesão social e as relações de solidariedade e confiança entre pessoas e grupos são fundamentais para
a promoção e proteção da saúde individual e coletiva;
• Políticas que busquem estabelecer redes de apoio e fortalecer a organização e participação das pessoas e das
comunidades, especialmente dos grupos vulneráveis, em ações coletivas para a melhoria de suas condições de saúde
e bem-estar. Exemplo: grupo de anônimos.
3º Nível: Condições de Vida e Trabalho
• Setor em que temos mais governabilidade, uma vez que, se eu não gosto do meu local de trabalho e ele me faz mal,
eu posso trocar ou me demitir. Se eu não tenho saneamento básico eu posso reclamar na prefeitura.
• Refere-se à atuação das políticas sobre as condições materiais e psicossociais nas quais as pessoas vivem e
trabalham, buscando assegurar melhor acesso à água limpa, esgoto, habitação adequada etc.11
4º Nível: Macrodeterminantes
• Relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade e que possuem grande influência sobre
as demais camadas.
• Não temos governabilidade sobre eles, mas eles podem afetar nossa vida.
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Como
22 por exemplo: Queimadas e desmatamento na Amazônia, grandes crises econômicas
Promoção de Saúde e Prevenção Page 15

de Doenças

A atenção primária é a espinha dorsal de todo bom sistema de saúde

A atenção primária à saúde (APS) e a saúde pública são aliadas naturais.

A prevenção deve anteceder a ação dos especialistas em saúde. Deve começar no nível das estruturas
políticas e econômicas. As ações dos especialistas só são eficientes a partir do momento em que as
situações sociopolítico-econômicas estejam equilibradas

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Promoção de Saúde e Prevenção Page 15

de Doenças

Prevenção em saúde pública é a ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução
de uma doença

A APS é o primeiro nível de contato com o sistema de saúde para promover a saúde, prevenir doenças,
cuidar de doenças comuns e manejar problemas de saúde crônicos.

A saúde pública é a ciência e arte de prevenir doenças, promover saúde e prolongar a vida

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Promoção de Saúde e Prevenção Page 15

de Doenças
» Saúde pública: está ligada ao setor governamental e é voltada para os problemas de saúde que atingem a
coletividade.

» Saúde coletiva: diz respeito a um processo de trabalho em saúde que tenha como foco a promoção da saúde, a
prevenção de riscos e agravos, a reorientação da assistência, a melhoria da qualidade de vida, privilegiando
mudanças nos modos de vida e nas relações entre as pessoas e instituições envolvidas no cuidado à saúde da
coletividade. Também é gerida e administrada pelo Estado.

Políticas públicas: são diretrizes que norteiam as ações em determinada área da vida social. Sua formulação
envolve a discussão entre vários atores da sociedade: governo, legisladores, representantes de associações civis e
de setores produtivos (comércio, indústria, transporte, entre outros), a fim de se obter um consenso, com várias
proposiçõeslegisladas, isto é, transformadas em leis. Um bom exemplo é a Política Nacional do Idoso, que prevê
ações que vão desde a assistência à saúde dessa população até gratuidade no transporte público.

Níveis de atenção à saúde: trata-se da divisão dos serviços de saúde com base em suas características e
complexidade tecnológica. Essas tecnologias podem ser divididas em: leve (calcada nas relações interpessoais,
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como
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técnicas de entrevistas), levedura (saberes estruturados, como a administração e a epidemiologia) e dura (uso
de equipamentos e normas institucionais).
Promoção de Saúde e Prevenção Page 15

de Doenças

No Brasil, temos três níveis de atenção: a atenção básica, com os serviços de vigilância em saúde e as
Unidades Básicas de Saúde (UBS); a atenção secundária ou média complexidade, com os hospitais
gerais e os ambulatórios; e a atenção terciária ou alta complexidade, com os hospitais e os serviços
especializados (caso daqueles voltados para tratamento de doenças específicas, como o câncer)

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de Doenças

» Cuidados primários em saúde: são definidos como cuidados de elevada complexidade tecnológica, alta
penetração na comunidade, alta resolutividade dos problemas das populações e socialmente aceitáveis. Os
cuidados primários também se devem configurar como principal e primeiro contato do usuário com o
sistema de saúde e proporcionar serviços de proteção da saúde, cura e reabilitação.

» Atenção primária em saúde: forma de reorganizar os serviços de saúde, tendo como eixo estruturador do
sistema de saúde os cuidados primários em saúde. Prevê a participação ativa da comunidade e de
profissionais em sua organização e gestão, e tem foco na proteção e manutenção da saúde, cura e
reabilitação. Pode ser o primeiro nível de atenção em um sistema de saúde (como no caso do Sistema
Único de Saúde - SUS).

» Atenção
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básica: é a denominação usada no Brasil, equivalente à Atenção Primária em Saúde.
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de Doenças

Leavell e Clark desenvolveram o modelo de História Natural da Doença (HND), a fim de explicar o processo de
adoecimento, demonstrando de forma clara quais são as fases desse processo. Eles também propuseram estratégias
de prevenção voltadas para cada fase da doença.
Fases:
a) Pré-patogênese: essa fase precede a instalação da doença no organismo. Nela, acontece a interação entre os
agentes patogênicos, o ambiente e o suscetível - no nosso caso, o ser humano -, que gera o estímulo para o
aparecimento da doença.
b) Patogênese: período no qual a doença já está instalada e as alterações no organismo são iniciadas, podendo esse
processo patológico resultar em cura, cronificação da doença, sequelas/invalidez e morte. Esse período é dividido em:
>> interação: momento no qual o estímulo entra em contato com o hospedeiro e começa a gerar a doença.
>> alterações dos tecidos;
>> sinais e sintomas;
>> desfecho: a doença pode terminar de várias formas, com a cura total, a cura com sequelas, a cronificação e a morte.

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Prevenção de Doenças Page 15

Prevenção em saúde exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de
tornar improvável o progresso posterior da doença.

As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas,
reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Seu objetivo é o controle da transmissão de doenças
infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos.

A estratégia preventiva cabe então apenas para algumas situações, e não todas, mas principalmente quando
temos certeza (com base nas evidências científicas) que determinada medida é eficaz para determinada
doença. Exige ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural da doença para tornar seu
progresso improvável, implica o conhecimento epidemiológico para o controle e redução do risco de doenças.

• Preparar, chegar antes de, impedir que se realize; intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças
específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações; tem um público-alvo que visa impedir o
agravo de uma doença.
P. Exemplo – cuidados que os diabéticos devem ter no dia a dia, evitar a transmissão de uma doença
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infecciosa.
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Prevenção
A prevenção primária é voltada ao período pré-patogênico e prevê ações de proteção
específica, como imunização, educação para a saúde, controle de vetores etc. Ex:
Moradia adequada. Escolas. Áreas de lazer. Alimentação adequada. Educação em todos
os níveis. Educação em saúde. Atividade física regular. Saneamento básico.

Já a prevenção secundária visa evitar que a situação piore. Tem foco no diagnóstico,
no tratamento precoce e na limitação da invalidez. Ex:Isolamento para evitar a
propagação de doenças, evitar sequelas, exames periódicos, individuais, para detecção
precoce de casos

Na prevenção terciária, a invalidez ou o defeito crônico provocado pela doença já


estão instalados e é preciso reabilitar e reinserir socialmente o indivíduo, para que ele
tenha uma vida normal, mesmo com essas restrições. Ex:Reabilitação (impedir a
incapacidade total). • Fisioterapia. • Terapia ocupacional. • Emprego para o reabilitado
Prevenção

Prevenção Quaternária – são estratégias para evitar ou atenuar o excesso de


intervencionismo no tratamento da doença, fornecendo informação necessária e
suficiente para paciente poderem tomar decisões autônomas, sem falsas expectativas,
conhecendo as vantagens e os inconvenientes dos métodos diagnósticos ou
terapêuticos propostos.

Exemplo – cuidados paliativos de pacientes com câncer, prevenindo e aliviando o


sofrimento dos próprios e dos seus familiares, detectando e tratando os sintomas
relacionados ao câncer como dor e falta de ar.
Promoção de saúde

A promoção da saúde era considerada uma parte da prevenção primária, mas, atualmente, ela é
conceituada como uma estratégia completamente diferente da prevenção de doenças.

Em 1986, enquanto no Brasil acontecia a VIII Conferência Nacional de Saúde, em Ottawa, no Canadá,
ocorria a Primeira Conferência Internacional de Promoção da Saúde, onde foi definido que: ''Promoção da
saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo.

Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduo e grupos devem
saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. (OMS,
1986)''

Sendo assim, a promoção da saúde trabalha de forma diversa da prevenção, pois não tem o foco na
doença, mas na alteração dos determinantes de saúde. Para se alcançar esse intento, foram definidos
cinco eixos que devem orientar as ações de promoção da saúde:
Promoção de saúde

A saúde, enquanto estado vital, setor de produção e campo do saber, está articulada à estrutura d
sociedade através das suas instâncias econômicas, político-ideológicas e históricas.

As ações de saúde (promoção, proteção, recuperação e reabilitação) constituem uma prática social
trazem consigo as influências do relacionamento dos grupos sociais.

A atuação na perspectiva da promoção da saúde visa a:

• Atuar no campo das políticas públicas saudáveis

•Agir contra a produção de produtos prejudiciais à saúde, a degradação dos recursos naturais, as condiçõe
ambientais e de vida não saudáveis e a má nutrição
Promoção de saúde

As duas estratégias (prevenção e promoção) são companheiras e devem ser utilizadas, pois
cada uma tem um objetivo importante e as duas se complementam.

» Prevenção de doenças: foco na doença, nos profissionais e nos serviços de saúde; baixa
responsabilização da pessoa e comunidade; programas desenvolvidos pelo Estado.

» Promoção da saúde: foco na saúde, na transformação da realidade para que essa torne a
busca pela saúde possível; responsabilidade compartilhada por todos os envolvidos (Estado,
comunidade, setores produtivos da sociedade,
profissionais de saúde).
Breve História das Políticas Públicas
de Saúde no Brasil

Brasil colônia

Doenças transmissíveis (DT), tanto as originais do país quanto as


importadas (doenças essas que dizimaram milhares de indígenas em várias
regiões e que ainda permanecem como um mal entre diversas tribos).

São exemplos a malária, introduzida em 1549, a varíola, em 1561, a febre


amarela e a hanseníase, por volta de 1680. Todas essas doenças foram
trazidas pelos colonizadores, pelos aventureiros e pelo comércio de
negros africanos para o trabalho escravo
Brasil colônia

A assistência à saúde não existia. Quem tinha dinheiro ia à Europa ou trazia médicos de lá para se
tratar. Quem não tinha procurava a medicina popular, a fim de cuidar do espírito e fazer uso de
ervas. As Santas Casas de Misericórdia ainda não possuíam caráter de hospital propriamente dito,
eram voltadas para abrigar pobres e doentes mentais, sem um cuidado apropriado.

A situação da saúde no país passou a mudar por volta do séc. XVIII, quando houve um maior afluxo
de médicos e nobres portugueses para cá e as cidades começaram a aumentar. A grande
preocupação nas cidades era com o lixo, que se acumulava nas vias públicas.

Por isso foram criados órgãos que cuidavam da limpeza e da higiene das cidades, mas nada era feito
ainda em relação à saúde das pessoas. Apenas com a vinda da família real portuguesa para o
Brasil, em 1808, houve um início de preocupação com a saúde das pessoas nas cidades, mas isso só
aconteceu porque toda a nobreza veio junto e ocorreu algumas melhorias, porém não existia saúde
publica
Proclamação da República

Entre as medidas tomadas, estavam a vacinação obrigatória contra a varíola, o controle dos ratos e dos
locais de procriação de mosquitos. A fim de controlar as doenças, no Rio de Janeiro e em São Paulo, foi
estabelecida a polícia sanitária, composta por agentes de polícia que acompanhavam os agentes de
saúde na aplicação das medidas saneadoras, a fim de coibir manifestações e reações contrárias da
população e garantir o cumprimento das ações.

Doentes de hanseníase eram levados para os sanatórios e proibidos de conviver com seus familiares.

Pessoas eram vacinadas à força contra varíola. Essas decisões tomadas de forma arbitrária e violenta
provocaram uma forte reação da população carioca, e, sob liderança de militares opositores do governo,
estourou a chamada Revolta da Vacina em 1904, a qual foi fortemente reprimida e teve seu fim em menos
de 48 horas.
Oswaldo Cruz alcançou seu objetivo no Rio de Janeiro, que era sanear a cidade e controlar as
epidemias.
Mesmo com toda a controvérsia sobre a forma como tudo estava sendo feito, em poucos anos ele foi
reconhecido como figura importante para a saúde brasileira. Ele também foi responsável pela
criação do Departamento Nacional de Saúde, embrião do Ministério da Saúde, e do Instituto
Manguinhos, importante instituto de pesquisa voltado para a saúde pública.

Até a década de 1930, a saúde pública funcionou principalmente na forma de campanhas e com o
apoio da polícia sanitária, e por isso ficou conhecida como campanhista, sempre voltada para
problemas de saúde que afetavam a população, mas principalmente motivada por interesses
econômicos. Apesar disso, houve avanços com esse modelo: além do controle das doenças
transmissíveis, em 1923, fundou-se a Escola Anna Nery, de enfermagem, com base no modelo
norte-americano de formação, voltado para a saúde pública; além disso, diversos centros de saúde
e uma rede de laboratórios públicos voltados para a pesquisa foram criados
Enquanto isso, a saúde individual permanecia parecida com a do Brasil colônia: médico para quem podia
pagar e curandeiros e Santas Casas para os pobres. Com a chegada dos imigrantes, houve uma discreta
mudança.
Muitos eram trabalhadores que atuavam politicamente em seus países, com ideias sobre a importância de sua
união para garantir direitos básicos, como acesso à moradia e à saúde.
A organização dos trabalhadores resultou em diversas greves, que estouraram no país entre os anos 1915 e
1920. Entre as reivindicações, estavam trabalho com carga horária pré-determinada, salário justo, assistência
à saúde e condições de trabalho mais saudáveis. Muitas categorias se juntaram e formaram fundos
financeiros mútuos, que atendiam toda a categoria, a qual se formava com base na contribuição de uma
porcentagem sobre o salário de cada um.
Esses fundos garantiam assistência médica individual ao trabalhador e suas famílias, bem como
pensões em caso de morte e invalidez. Funcionavam com regras determinadas pelos próprios trabalhadores
em assembleias. A partir de 1920, médicos sanitaristas começaram a discutir, no país, ideias trazidas dos
Estados Unidos e da Europa sobre um sistema de saúde que funcionasse a partir dos centros de saúde,
locais onde se realizava primordialmente assistência às gestantes e às crianças, com foco nos cuidados de
higiene e alimentação na primeira infância.

Em 1923 foi promulgada a lei Elói Chaves, que determinava a criação das Caixas de Aposentadoria e
Pensão (CAP), uma derivação dos fundos mútuos. A lei inovou ao determinar que o empregador também
contribuísse com uma porcentagem para a formação do fundo comum. Essa lei é considerada o embrião da
Previdência Social no país.
Era Vargas
Getúlio Vargas ficou conhecido como pai dos pobres, por sua política populista: enquanto desmontava o
movimento trabalhador, promulgava a Consolidação das Leis do Trabalho (desenvolvida apenas pela equipe do
governo, sem participação da sociedade).
Na década de 1930, foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP), que eram a unificação das
CAP.
O Estado passou a também contribuir financeiramente, e a administração desses institutos ficou dependente do
governo, o que reduziu a liberdade dos trabalhadores nas tomadas de decisão. O dinheiro dos IAP passou a
financiar grandes obras públicas, muitos empréstimos para grupos privados de saúde foram realizados e
usados para construir grandes hospitais, tendo como modelo o sistema de saúde norte-americano, centrado no
cuidado hospitalar.
Durante a Segunda Guerra Mundial, um convênio com os EUA foi acordado e assim nasceu o SESP (Serviço
Especial de Saúde Pública). Esse serviço foi moldado tendo como base o modelo norte-americano, com foco em
prevenção e atuando nas áreas onde não havia cobertura dos serviços tradicionais, como a Amazônia. O Brasil
iniciou uma nova fase de desenvolvimento, principalmente industrial, mas as desigualdades sociais começaram a
crescer no mesmo ritmo das indústrias, assim como as grandes cidades, que começaram a atrair cada vez mais
trabalhadores do campo para as grandes obras.
O direito à saúde permanecia como um privilégio para os ricos e os trabalhadores que tinham a carteira de
trabalho assinada, pois somente assim era possível ter acesso aos serviços de saúde oferecidos por alguns IAP.
Do final da ditadura Vargas até o golpe militar

A assistência à saúde continuava dividida em campanhas para os problemas coletivos, e a


assistência individual curativa, ligada aos IAP, os quais, nessa época, passaram a oferecer esse
tipo de assistência à saúde. O Ministério da Saúde foi criado em 1953, resultado do
desmembramento do Ministério da Saúde e da Educação, mas com pouca influência e
capacidade para a tomada de decisões. O Brasil abriu-se ainda mais para os grupos
estrangeiros, e, na área da saúde, isso se refletiu na entrada dos grupos de medicina privada,
que começaram a administrar diversos hospitais (construídos e equipados com dinheiro do
Estado)
Do golpe militar à VIII Conferência
Nacional de Saúde

Os militares tomaram a sede do governo, fecharam o Congresso Nacional e declararam a suspensão


de vários direitos individuais. Enquanto isso, na saúde, a situação só piorava: os empréstimos a
fundos perdidos (que nunca seriam recebidos) continuaram a ser feitos em larga escala para a
construção de hospitais; o governo pagava duas vezes para os investidores, ao emprestar o dinheiro
e, depois, ao pagar pela assistência prestada à população; os IAP foram unificados no INPS
(Instituto Nacional de Previdência Social) responsável pela assistência médica individual voltada
apenas aos trabalhadores com carteira de trabalho assinada (trabalhadores rurais e informais
continuavam excluídos do sistema).
Posteriormente, o INPS foi desmembrado, e uma de suas partes foi denominada Inamps
(Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), responsável pela assistência
médica ambulatorial e hospitalar. A outra parte era o INSS (Instituto Nacional de Previdência
Social). Para o governo, o país vivia “o milagre econômico”, no entanto, o que se via nas cidades não
era isso. Tínhamos intenso êxodo rural, em razão das péssimas condições de trabalho no campo (o
trabalho escravo e a violência contra trabalhadores eram comuns e não coibidos pelo Estado),
inflando as grandes cidades e piorando as já frágeis condições de vida; arrocho salarial; inflação
descontrolada; serviços de saúde voltados para poucos.
Em 1975 foi criado o Sistema Nacional de Saúde, pela Lei no 6.229, de 17 de julho, a qual apenas
reforçou o que já estava em vigor: a previdência social continuava responsável pela assistência
médica individual e curativa, enquanto o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais
se responsabilizavam pelos cuidados preventivos. Com o enfraquecimento militar, os pensadores
da saúde pública na América Latina ganhavam força com suas teorias sobre a complexidade do
processo saúde-doença e das mudanças necessárias no sistema para atender às novas
necessidades de saúde.

VIII Conferência Nacional de Saúde: tema: saúde como direito, sistema de saúde e financiamento

A proposta final da conferência determinava a saúde como direito, com a universalização do


acesso aos serviços de saúde (todos os cidadãos brasileiros têm direito à saúde, não importando o
vínculo empregatício) e a garantia da participação popular no processo de planejamento,
implantação e avaliação do sistema de saúde.
A Constituição de 1988 aprovou a proposta quase na sua integralidade:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e


econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Apenas com a promulgação da Constituição é que todas as ações de saúde foram unificadas - os
serviços preventivos, curativos e de reabilitação passaram a ser responsabilidade do Ministério da
Saúde, não sendo mais divididos com a Previdência Social. O sistema de saúde foi reestruturado
a partir desses princípios, resultando no SUS (Sistema Único de Saúde), regulamentado pela Lei
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
aproteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências
Reforma sanitária para a criação do
SUS

O movimento da Reforma Sanitária nasceu no início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir
ao conjunto de ideias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde.
Essas mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das
condições de vida da população. As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade
do direito à saúde, oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS).

O movimento estudantil teve um papel fundamental na propagação das ideias e fez com que diversos jovens
estudantes começassem a se incorporar nessa nova maneira de ver a saúde
Entre esses diversos atores do movimento sanitário, destacam-se ainda os médicos
residentes, que na época trabalhavam sem carteira assinada e com uma carga horária
excessiva; as primeiras greves realizadas depois de 1968; e os sindicatos médicos, que também
estavam em fase de transformação. Esse movimento entra também nos conselhos regionais, no Conselho
Nacional de Medicina e na Associação Médica Brasileira – as entidades
médicas começam a ser renovadas. A criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
(Cebes), em 1976, também é importante na luta pela reforma sanitária. A entidade surge com o
propósito de lutar pela democracia, de ser umespaço de divulgação do movimento sanitário,
e reúne pessoas que já pensavam dessa forma e realizavam projetos inovadores. Quando a ditadura chegou
ao seu esgotamento, o movimento já tinha propostas. Assim, esse movimento conseguiu se articular em um
documento chamado Saúde e Democracia, que foi um grande marco, e
enviá-lo para aprovação do Legislativo. Uma das coisas mais importantes, segundo Arouca,
era transferir o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps) para o
Ministério da Saúde. A idéia era fazer isso pelas conferências de saúde (que na época eram espaços
burocráticos) convidando a sociedade para discutir e participar. A 8ª Conferência Nacional de Saúde reuniu,
pela primeira vez, mais de quatro mil pessoas, das quais 50% eram
usuários da saúde. A partir da conferência, saiu o movimento pela emenda popular, a primeira emenda
constitucional que nasceu domovimento social. Esse é considerado o maior
sucesso da reforma sanitária. As políticas públicas de saúde no Brasil foram construídas de acordo com o
momento histórico e a situação econômica do país.
SUS

O SUS é parte do desenvolvimento social do país e reflete o atual momento histórico. Hoje,
ele é considerado como a política pública de maior impacto social, mesmo com todas as
dificuldades.
Poucos países possuem sistemas de saúde universais como o nosso. Canadá, Inglaterra e
França possuem um sistema de saúde parecido com o SUS, exceto pelas diferenças culturais
e pela organização. Segundo o Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011, art. 3o, capítulo II:
‘’O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de forma direta ou indireta,
mediante a participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado de forma
regionalizada e hierarquizada. (BRASIL, 2011).
No caso do SUS, esse sistema visa oferecer cuidados de saúde à população: preventivos,
curativos, de reabilitação e de promoção.
SUS: Princípios e Diretrizes
Princípios
» Universalidade: se saúde é direito de todos e dever do Estado, então, cada cidadão,
independentemente da etnia, da religião e da condição socioeconômica, tem direito a utilizar os serviços
do SUS.

» Equidade: esse valor é baseado na justiça social - dar mais a quem pode menos. Todos possuem
direito, mas nem todos têm as mesmas condições para acessar esse direito; então, o Estado deve prover
as condições para
que as pessoas sejam tratadas de forma justa, ou seja, que cada um seja tratado conforme sua
necessidade.

» Integralidade: a assistência deve ser fornecida visando atender todas as necessidades da população,
atuando na prevenção, na cura e na reabilitação dos problemas de saúde e também sobre os
determinantes de saúde
Diretrizes

a) Descentralização/regionalização
Até a regulamentação do SUS, as ações de saúde eram centralizadas no nível
federal. Os programas eram desenhados a partir do perfil epidemiológico (perfil de
adoecimento e mortalidade de uma região) do país e executados pelos estados e
municípios.

Distribuição das responsabilidades pelas ações e pelos serviços de saúde para os


municípios, tornando as três esferas (federal, estadual e municipal) responsáveis pelo
desenvolvimento, pela coordenação, pela implantação e pela avaliação dos programas de
saúde. As ações e as responsabilidades foram distribuídas da seguinte maneira:
» Nível federal: Ministério da Saúde: desenvolvimento, coordenação e avaliação de programas
de saúde.
» Nível estadual: Secretaria de Estado da Saúde: coordenação, desenvolvimento e avaliação
dos programas de saúde.
» Nível municipal: Secretaria Municipal de Saúde: programação, execução e avaliação do
atendimento à saúde.
A regionalização significa que é preciso delimitar territórios para que os gestores locais possam
atuar sobre eles, de forma planejada e organizada. Para isso, existem as Comissões Intergestoras Bipartites -
estado e municípios -, nas quais são discutidas as necessidades de saúde regionais e as soluções. Para as discussões
que envolvem o nível federal, existem as Comissões Intergestoras Tripartites, que têm, além de representantes
dos estados e municípios, representantes do governo federal. Um importante resultado do processo de
regionalização é a possibilidade de trabalhar a realidade local, com seus determinantes e suas características
populacionais.

➢ Participação popular: Essa participação também é importante para que haja controle social das ações
governamentais em vários âmbitos: na gestão, na formulação de políticas, no emprego dos recursos financeiros,
na avaliação da assistência prestada, entre outros. Essa participação também é uma exigência para que ocorra o
repasse de verbas aos municípios, pois o plano de saúde de cada município deve ser aprovado em conjunto pela
Secretaria Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde.

Os conselhos de saúde são espaços definidos por lei e devem ser garantidos em todos os serviços. Para compor um
conselho, é necessário realizar eleições para os cargos titulares e suplentes, os quais têm uma divisão paritária:
usuários do serviço devem ocupar 50% das vagas, gestores (que são os administradores dos serviços: secretários de
saúde, diretores, gerentes, entre outros) ocupam 25% e trabalhadores 25%. Essa formação é válida para os conselhos
gestores de serviços como UBS, hospitais, ambulatórios etc. Para os conselhos dos três níveis, os candidatos são
escolhidos, também por meio de eleição, entre delegados indicados de diversas entidades representativas dos
profissionais, dos gestores e da população
Resolubilidade: Quando um indivíduo busca um serviço de saúde ou quando surge um problema de impacto
coletivo, o serviço de saúde, deve estar capacitado para enfrenta-lo e resolvê-lo até o nível da sua
competência.

➢ Complementariedade do setor privado: A CF define que, quando por insuficiência do setor público, for
necessária a contratação de serviços privados, a celebração de contrato sob as normas do Direito Público, ou
seja, o interesse público prevalece sobre o privado e a instituição privada estar de acordo com os princípios
básicos e normas técnicas do SUS, pode existir a complementariedade do setor privado.
Conferência Mundial de Saúde de Alma-Ata
(1978)

Expressava a necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos que trabalham no campo da saúde e do
desenvolvimento da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo.
Ocorreu na Conferência Internacional sobre Cuidados primários de Saúde, na cidade de Alma-Ata, na URSS, em 1978.
Reafirma que a saúde é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a
mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além
do setor saúde.
Reafirma, também, que a promoção e proteção da saúde dos povos é essencial para o contínuo desenvolvimento
econômico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz mundial, sendo direito e dever de os povos
participarem individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de saúde. Dessa forma, discutiu
priorizar o acesso básico de saúde para diminuir os custos e aumentar o índice de saúde.
A saúde passou a ser entendida como completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de
doença ou enfermidade.

Os governos devem ter em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de proteção,
prevenção, cura e reabilitação, conforme suas necessidades. Além de assegurar os cuidados primários de saúde a todos os
povos, uma vez que a consecução da saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia diretamente todos os outros
países
Territorialização

Processo de apropriação por atores sociais de uma área geográfica delimitada, considerando-se o perfil
epidemiológico, social, cultural, político e administrativo desse espaço e que está em constante mutação.

A territorialização, nos sistemas de saúde, surge com o Relatório Dawson, após Primeira Guerra Mundial,
devido à necessidade de se implantar um sistema de redes no serviço público de saúde.

Objetivos : reconhecimento, identificação e responsabilização sanitária de uma determinada área, para, em


seguida, estabelecer um relacionamento horizontal e vertical com outros serviços adjacentes.

No Brasil, a territorialização é um pressuposto básico da Estratégia de Saúde da Família (ESF), instituído


pelo Ministério da Saúde (MS) desde 1994. A ESF foi proposta como modelo de assistência com base na
prevenção e na promoção da saúde, com reestruturação dos serviços de saúde e de sua relação com a
comunidade ( /umentando o vínculo com o indivíduo e com sua família) e com atuação nos níveis de atenção
primária, secundária e terciária com consequente melhora da acessibilidade
Com o objetivo maior de realizar a vigilância em saúde, os agentes comunitários de saúde (ACSs)
integram a equipe de saúde e realizam o elo entre a comunidade do território da unidade de saúde
e os profissionais.
Cada Unidade Básica de Saúde (UBS) tem um espaço delimitado com determinadas características,
naturais ou elaboradas pelo homem, que definem o ambiente e influem no processo saúde-doença
da população. Essa relação é um passo importante para a incorporação de conceitos e práticas da
geografia na Saúde da Família. Isso torna o território um arquivo de atributos da população
e um lugar de responsabilidade e de atuação compartilhada

Os problemas e as necessidades da população de um território serão conhecidos a partir de uma


coleta sistemática de dados, por meio da qual serão determinadas as populações expostas a risco, os
problemas prioritários, as vulnerabilidades e as relações interespaciais que geram necessidade de
intervenção
O território é um espaço limitado político-administrativamente ou por ação de um grupo social,
em que se edificam e exercitam os poderes do Estado e dos cidadãos, de grande importância
para a definição estratégica de políticas públicas

Para definir o território, deve-se delimitar a área de atuação dos serviços, analisar o ambiente, a
população e a dinâmica social da área e definir relações horizontais com outros serviços e
verticais com centros de referência

b) Território-área: delimitação da área de abrangência de uma unidade ambulatorial. O território-área


constitui-se na área de abrangência de uma UBS. Os limites da área devem considerar barreiras físicas e
vias de acesso e de transporte da população às unidades de saúde. Ela pode abranger metros ou
quilômetros, hectares, posições de latitude e longitude ou simplesmente bairros ou ruas. O território-
área é um espaço de determinação da corresponsabilidade pela saúde entre a população e o serviço,
assim como o espaço de atuação da UBS. A área para uma Unidade de Saúde da Família (USF) é formada
por microáreas, nem sempre contíguas, onde atua uma equipe de saúde da família e residem em torno
de 2.000 a 3.500 pessoas.
c) Território-microárea: delimitada com a lógica da homogeneidade socioeconômico-sanitária. O
território-microárea é uma subdivisão do território-área. Geralmente, a microárea é
assimétrica e delimitada conforme as condições socioeconômicas e sanitárias, de modo a concentrar
grupos mais homogêneos,
o que facilita a implementação de ações sociais. O território-micr área tem como objetivo a prática da
vigilância em saúde e a melhoria de indicadores de saúde (hipertensos, diabéticos, gestantes cadastradas,
número de tuberculosos, hansenianos, etc.).
A microárea é formada por um conjunto de famílias que congrega, no máximo, 750 habitantes,
constituindo a unidade operacional do ACS. O ACS realiza o cadastro das famílias adscritas em sua base
geográfica, identificando e mapeando áreas de maior risco, valendo-se do fato de pertencer à comunidade
para estreitar os laços entre a população e os serviços de saúde.
d) Território-moradia: lugar de residência de uma família.
O território-moradia instituiu-se no espaço de vida de uma família, alvo de ações de
intervenção, conforme a epidemiologia e a fonte de informação. É o objeto da prática da
vigilância em saúde. Os territórios-distrito e moradia apresentam um território conceitualmente delimitado, e
os territórios-área e microárea apresentam dimensões e população indefinidas, variando para cada UBS e se
revelando como extensões de abrangência desta. Várias ferramentas podem ser utilizadas a partir da
territorialização dos serviços da saúde, entre elas georreferenciamento, ecomapa, densidades populacionais e
outros.
O território é um recorte geográfico dinâmico que expressa características demográficas, epidemiológicas,
administrativas, políticas, sociais e culturais específicas e a partir do qual os gestores podem planejar e propor
ações, bem como melhorar a organização, o controle e a intervenção, conforme as necessidades da
população adscrita. Assim, deve-se reconhecer que o território é palco de vários atores sociais, agregando
processos que transgridem seus limites geográficos e capazes de interferir no processo de saúde-doença.
A cobertura integral do território brasileiro pela Saúde da Família possibilitaria acompanhamento, validação e
avaliação dos indicadores em saúde mais representativos e uma maior resolubilidade dos problemas na área
da saúde.
No âmbito municipal, pode-se identificar os
territórios: distrito, área, microárea e moradia.
Resolução N1

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