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Carolina Belli Amorim

(Organizadora)

Bem-estar e qualidade
de vida: prevenção,
intervenção e inovações
Vol. 2

Ponta Grossa
2023
Direção Editorial Executiva de Negócios
Prof.° Dr. Adriano Mesquita Soares Ana Lucia Ribeiro Soares
Organizadora Produção Editorial
Prof.ª Ma. Carolina Belli Amorim AYA Editora©
Capa Imagens de Capa
AYA Editora© br.freepik.com
Revisão Área do Conhecimento
Os Autores Ciências da Saúde

Conselho Editorial
Prof.° Dr. Adilson Tadeu Basquerote Silva Prof.° Dr. Gilberto Zammar
Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Prof.° Dr. Aknaton Toczek Souza Prof.ª Dr.ª Helenadja Santos Mota
Centro Universitário Santa Amélia Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, IF
Baiano - Campus Valença
Prof.ª Dr.ª Andréa Haddad Barbosa
Universidade Estadual de Londrina Prof.ª Dr.ª Heloísa Thaís Rodrigues de
Prof.ª Dr.ª Andreia Antunes da Luz Souza
Faculdade Sagrada Família Universidade Federal de Sergipe

Prof.° Dr. Argemiro Midonês Bastos Prof.ª Dr.ª Ingridi Vargas Bortolaso
Instituto Federal do Amapá Universidade de Santa Cruz do Sul

Prof.° Dr. Carlos López Noriega Prof.ª Ma. Jaqueline Fonseca Rodrigues
Universidade São Judas Tadeu e Lab. Biomecatrônica - Poli - Faculdade Sagrada Família
USP Prof.ª Dr.ª Jéssyka Maria Nunes Galvão
Prof.° Me. Clécio Danilo Dias da Silva Faculdade Santa Helena
Centro Universitário FACEX Prof.° Dr. João Luiz Kovaleski
Prof.ª Dr.ª Daiane Maria De Genaro Chiroli Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof.° Dr. João Paulo Roberti Junior
Prof.ª Dr.ª Danyelle Andrade Mota Universidade Federal de Roraima
Universidade Federal de Sergipe Prof.° Me. Jorge Soistak
Prof.ª Dr.ª Déborah Aparecida Souza dos Faculdade Sagrada Família

Reis Prof.° Dr. José Enildo Elias Bezerra


Universidade do Estado de Minas Gerais Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará,
Campus Ubajara
Prof.ª Ma. Denise Pereira
Faculdade Sudoeste – FASU Prof.ª Dr.ª Karen Fernanda Bortoloti
Universidade Federal do Paraná
Prof.ª Dr.ª Eliana Leal Ferreira Hellvig
Universidade Federal do Paraná Prof.ª Dr.ª Leozenir Mendes Betim
Faculdade Sagrada Família e Centro de Ensino Superior dos
Prof.° Dr. Emerson Monteiro dos Santos
Campos Gerais
Universidade Federal do Amapá
Prof.ª Ma. Lucimara Glap
Prof.° Dr. Fabio José Antonio da Silva
Faculdade Santana
Universidade Estadual de Londrina

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


Prof.° Dr. Luiz Flávio Arreguy Maia-Filho Prof.ª Ma. Rosângela de França Bail
Universidade Federal Rural de Pernambuco Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais

Prof.° Me. Luiz Henrique Domingues Prof.° Dr. Rudy de Barros Ahrens
Universidade Norte do Paraná Faculdade Sagrada Família

Prof.° Dr. Milson dos Santos Barbosa Prof.° Dr. Saulo Cerqueira de Aguiar Soares
Instituto de Tecnologia e Pesquisa, ITP Universidade Federal do Piauí

Prof.° Dr. Myller Augusto Santos Gomes Prof.ª Dr.ª Silvia Aparecida Medeiros
Universidade Estadual do Centro-Oeste Rodrigues
Prof.ª Dr.ª Pauline Balabuch Faculdade Sagrada Família
Faculdade Sagrada Família Prof.ª Dr.ª Silvia Gaia
Prof.° Dr. Pedro Fauth Manhães Miranda Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof.ª Dr.ª Sueli de Fátima de Oliveira
Prof.° Dr. Rafael da Silva Fernandes Miranda Santos
Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Parauapebas Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Prof.ª Dr.ª Regina Negri Pagani Prof.ª Dr.ª Thaisa Rodrigues
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Instituto Federal de Santa Catarina
Prof.° Dr. Ricardo dos Santos Pereira
Instituto Federal do Acre

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


© 2023 - AYA Editora - O conteúdo deste Livro foi enviado pelos autores para publicação
de acesso aberto, sob os termos e condições da Licença de Atribuição Creative Commons
4.0 Internacional (CC BY 4.0). As ilustrações e demais informações contidas nos capítulos
deste Livro, bem como as opiniões nele emitidas são de inteira responsabilidade de seus
autores e não representam necessariamente a opinião desta editora.

B455 Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações [recurso


eletrônico]. / Carolina Belli Amorim (organizadora) -- Ponta Grossa: Aya, 2023. 305
p.

v.2

Inclui biografia
Inclui índice
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN: 978-65-5379-311-8
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222

1. Qualidade de vida. 2 Hábitos de saúde. 3. Corpo e mente. 4. AIDS


(Doença) - Pacientes - Direitos fundamentais – Brasil. 5. Saúde mental. 6.
Educação física para idosos. 7. Burnout (Psicologia). 8. Epilepsia - Estudo de
casos. I. Amorim , Carolina Belli. II. Título
CDD: 613

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Bruna Cristina Bonini - CRB 9/1347

International Scientific Journals Publicações de


Periódicos e Editora LTDA
AYA Editora©
CNPJ: 36.140.631/0001-53
Fone: +55 42 3086-3131
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Endereço: Rua João Rabello Coutinho, 557
Ponta Grossa - Paraná - Brasil
84.071-150

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


SUMÁRIO
Apresentação..................................................................... 13

01
Afetos transferenciais como condições de riscos
suicidas: impactos na saúde mental............................... 14
Jayne Santos da Silva
Bruno de Sousa Carvalho Tavares
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.1

02
Síndrome de Burnout em psicólogos pós-pandemia: o
esgotamento do acolher.................................................. 24
Ily Luna Melani
Guilherme Alcantara Ramos
Michele Freitas
Neilice Matos
Bruno Gadonski
Alexia Ferreira Nogueira
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.2

03
Atendimento odontológico a pacientes com HIV......... 38
Ioniff de Paula Costa Tavares
Bruno de Sousa Carvalho Tavares
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.3
04
Importância da promoção de saúde bucal nas escolas.
............................................................................................. 44
Gabriela de Matos Siqueira
Bruno de Souza Carvalho Tavares
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.4

05
A humanização da assistência em enfermagem no
cuidado ao paciente: uma revisão de literatura........... 51
Erica Santos Silva
Marizete Silva Campos de Moura
Lorena Rocha Batista de Carvalho
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.5

06
O enfermeiro nos cuidados à pacientes em tratamento
de hemodiálise: uma revisão de literatura..................... 64
Cristiane da Rocha Oliveira de Medeiros
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.6

07
Treinamento de força: benefícios para os obesos......... 79
Ana Carolina Ferreira da Silva
Caio Rodrigo de Freitas Rodrigues
José Igor Marcos Barbosa
Eziane Barbosa da Silva
Paula Fernanda de Souza Silva
Linsosval Nascimento Cavalcante
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.7
08
Aplicação do laser de baixa potência para dor crônica
em mulheres com fibromialgia........................................ 92
Thaiza Hannah da Silva Lopes
Thatielle Monteiro Matos
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.8

09
Natação infantil: ludicidade e os aspectos
metodológicos................................................................. 101
Ana Clecia Moura Feitosa
Cláudia Fernanda Melo Silva
Jõao Marcos Bezerra de Morais
Rafael Ferreira da Silva
Thomas Caetano Luna
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.9

10
A atividade física na terceira idade.............................. 111
Aline Paula Montanha Cavalcante
Elizangela Miranda de Goes
Felipe Augusto Medeiros Cavalcanti
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.10

11
Treinamento funcional e sua aplicabilidade para a
terceira idade................................................................... 120
Matheus Ferreira de Souza
Bruno Cristino
Jaqueline Gonçalves Bonini Chasseraux
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.11
12
A importância do diagnóstico diferencial da síndrome
de corpúsculos de Lewy e o impacto na vida do
paciente: relato de caso................................................. 140
Ana Giulia Gandra Bastos
Izadora Amorim Queiroga
Luana Fernanda Camilo Silva
Maria Luiza Mendes
Leonardo de Araújo Lopes
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.12

13
Avanços e inovações na cirurgia minimamente
invasiva: transformando a prática cirúrgica................. 150
Pablo Patrick Pereira
Paula Braga Nunes
Sofia Lúcia El Hauche Pereira
Thiago Gabriel Bonoto Valois
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.13

14
Estratégias de prevenção de doenças cardiovasculares
bem-sucedidas em pacientes com histórico de
hipertensão e diabetes em comunidade rural do
estado de Rondônia – um breve relato dos resultados
da implantação do Projeto Viver Mais, como parte da
prática de especialização em Saúde da Família UNA/
SUS com pacientes do Estratégia de Saúde da Família....
........................................................................................... 159
Solange Marçal Oliveira
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.14
15
Hidroxiapatita de cálcio como Bioestimulador na
reestruturação facial....................................................... 168
Alessandra Licos Rodrigues
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.15

16
O potencial farmacológico do gênero Ocimum e sua
importância na fitoterapia: uma revisão de literatura..175
Alice Conceição Moraes Florêncio
Luiz Henrique da Silva Linhares
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.16

17
A epilepsia em pacientes pediátricos e os benefícios
pelo tratamento com canabidiol................................... 184
Bárbara Cristina Andrade Ferreira
Lais Xavier Kretli
Livia de Oliveira Silva
Rívia Carla Ferreira de Lima
Vanilda Pacheco Martins
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.17

18
Ácidos graxos no tratamento do Lúpus Eritematoso
Sistêmico (LES).................................................................. 197
Ana Laura Henrique Rodrigues
Ana Carolina Gomes Costa
Anna Luiza de Carvalho Santana
Lais Xavier Kretli
Livia de Oliveira Silva
Rívia Carla Ferreira de Lima
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.18
19
O desafio da comunicação humanizada para
profissionais de saúde no ambiente hospitalar............ 212
Elena Erhardt Trombelli
Érika Colato
Josely Amaral da Silva Ayalla
Rosemary Cruz Correia
Franciele Leão
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.19

20
Informação em Saúde por meio de portais: uma Revisão
Narrativa........................................................................... 222
Jeferson Victor Viana Silva
Clésia Oliveira Pachú
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.20

21
Neurociência e estratégias de comunicação no
ambiente corporativo: impulsionando a produtividade e
o bem-estar...................................................................... 233
Kenia Maria da Silva
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.21

22
A importância de programas sociais para a população
idosa.................................................................................. 251
Ingrid Fernandes dos Santos
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.22
23
Envelhecimento cognitivo: diagnóstico, tratamento e
prevenção do declínio cognitivo em idosos................ 262
Pedro Henrique de Abreu Souza Zanine
Georgia Brito de Souza
Isadora Monteiro Matos
Gustavo Novelino Reis
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.23

24
Breve análise do acolhimento e tratamento ofertados
aos capixabas dependentes químicos e seus familiares
nos CAADS do estado do Espírito Santo........................ 268
Roberto Dornelas Vilete
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.24

25
A imposição das mãos como prática teológica: uma
abordagem histórico-cultural para compreender a cura
espiritual............................................................................ 280
Guilherme Afonso Pereira Palácios
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.25

Organizadora................................................................... 295
Índice Remissivo............................................................... 296
Apresentação
É com satisfação que apresentamos o segundo volume do livro “Bem-estar e qua-
lidade de vida: prevenção, intervenção e inovações”. Este compêndio reflete o compro-
metimento incessante com o avanço do conhecimento científico nas diversas áreas que
convergem para a promoção da saúde e do bem-estar.

Os capítulos cuidadosamente elaborados pelos eminentes autores deste volume


oferecem uma abordagem abrangente e aprofundada sobre temas cruciais que permeiam
a saúde e a qualidade de vida. Desde questões psicológicas até inovações em procedimen-
tos cirúrgicos, este livro proporciona uma visão holística das complexidades que envolvem
a promoção do bem-estar em nossa sociedade dinâmica.

Iniciando com uma análise perspicaz sobre os “afetos transferenciais como condi-
ções de riscos suicidas”, o primeiro capítulo destaca a importância da compreensão das
nuances emocionais na preservação da saúde mental. Da mesma forma, a discussão sobre
a “síndrome de burnout em psicólogos pós-pandemia” oferece uma visão crítica sobre os
desafios enfrentados por profissionais que, incansavelmente, buscam aliviar o sofrimento
alheio.

Os capítulos subsequentes abrangem uma diversidade de tópicos, desde a “huma-


nização da assistência em enfermagem” até avanços inovadores na “cirurgia minimamente
invasiva”. Cada capítulo é uma contribuição valiosa para a compreensão e aprimoramento
das práticas de saúde, trazendo à tona novas perspectivas e soluções inovadoras.

A inclusão de temas como “natação infantil” e “atividade física na terceira idade”


reforça a importância do desenvolvimento saudável desde tenra idade até a fase sênior da
vida. A diversidade de abordagens, como o “tratamento com canabidiol para epilepsia em
pacientes pediátricos” e a “hidroxiapatita de cálcio como bioestimulador na reestruturação
facial”, evidencia a amplitude das pesquisas e práticas neste volume.

Este livro não apenas oferece uma compreensão aprofundada dos temas aborda-
dos, mas também representa um marco na convergência de disciplinas que tradicionalmen-
te atuavam de maneira isolada. Ao destacar a interconexão entre a comunicação humani-
zada em ambientes hospitalares, os benefícios do treinamento funcional na terceira idade
e os avanços em tecnologia da informação em saúde, este volume reflete a complexidade
do panorama atual da promoção da saúde.

Cada capítulo, embasado em uma sólida revisão de literatura e, em alguns casos,


em relatos de caso, oferece aos leitores uma síntese crítica das pesquisas mais recentes
e das práticas inovadoras em suas respectivas áreas. Este livro não é apenas uma fonte
de conhecimento, mas também uma ferramenta prática para profissionais de saúde, pes-
quisadores e estudantes que buscam se aprofundar no entendimento e na aplicação de
princípios que promovem o bem-estar.

Esperamos que este livro contribua significativamente para o avanço do conheci-


mento científico e, por conseguinte, para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida
em nossa sociedade. Boa leitura!

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


Capítulo Afetos transferenciais como

01
condições de riscos suicidas:
impactos na saúde mental
Transferential affects as suicide
risk conditions: impacts on
mental health
Jayne Santos da Silva
Acadêmico(a) do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Macapá
Bruno de Sousa Carvalho Tavares
Orientador(a). Docente do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de
Macapá.

RESUMO

Nesta pesquisa utilizou-se o conceito de transferência que, dentro da Psi-


canálise, está integrado à expressão “amor de transferência”. Este estudo
também salientou o suicida, demonstrando que se trata de um sujeito que
sempre apresenta informações sobre sua intenção de morrer, portanto,
não se pode ignorar os sinais que são manifestados, tratando como tri-
viais. O principal objetivo desta pesquisa, foi compreender se há relação
entre o amor transferencial e os fatores de risco ao suicídio presentes em
alguns términos de relacionamentos amorosos. Ela se consolidou atra-
vés dos métodos de pesquisa em Psicanálise e pesquisa bibliográfica.
A Psicanálise tem como grande vantagem ser o único estudo que tem
como intenção dar a fala ao sujeito, tendo como seu objeto de análise o
inconsciente. Traz em suas especificidades, a modalização da metodolo-
gia, a fim de contribuir para as particularidades deste conhecimento. Tam-
bém se busca uma compreensão mais contemporânea acerca do amor
de transferência, tendo em vista que os manuscritos sobre o respectivo
tema datam os anos de 1915 a 2022. Para os livros, centrou-se o uso nos
clássicos de Psicanálise que datam períodos diversos. Após toda a coleta
de dados, foram feitas relações entre o amor transferencial e suicídios
pós-términos de relacionamentos dentro do contexto psicanalítico. Com
essa base, descobriu-se que o sujeito transfere para o outro, inconscien-
temente, sentimentos que provocam angústias afloradas de suas figuras
paternais ou exemplares, e acaba por não conseguir administrar essa
transferência para o parceiro ocasionando em uma autopunição, vendo
como única possibilidade a morte por suicídio.

Palavras-chave: amor transferencial. suicídio pós-términos de


relacionamento. luto e melancolia. narcisismo.

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.1 14
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
ABSTRACT

In this research, the concept of transference was used, which, within Psychoanalysis, is
integrated to the expression “transference love”. This article also highlighted the suicide,
demonstrating that it is a subject who always presents information about his intention to
die, therefore, one cannot ignore the signs that are manifested, treating them as trivial. The
main objective of this research was to understand if there is a relationship between trans-
ferential love and the risk factors for suicide present in some romantic relationships. It was
consolidated through research methods in Psychoanalysis and bibliographical research.
Psychoanalysis has the great advantage of being the only study that intends to give speech
to the subject, having the unconscious as its object of analysis. It brings in its specificities,
the modalization of the methodology, in order to contribute to the particularities of this know-
ledge. A more contemporary understanding of transference love is also sought, considering
that the manuscripts on the respective subject date from 1915 to 2022. For the books, the
use was centered on the classics of Psychoanalysis dating from different periods. After all
the data collection, relationships were made between transference love and suicides after
the end of relationships within the psychoanalytic context. With this base, it was discovered
that the subject transfers to the other, unconsciously, feelings that provoke anguish that
arise from their paternal or exemplary figures, and ends up not being able to manage this
transference to the partner, resulting in a self-punishment, seeing as the only possibility the
death by suicide.

Keywords: transferential love. post-relationship termination suicide. mourning and


melancholy. narcissism.

INTRODUÇÃO

Foi possível visualizar no decorrer deste artigo os principais conceitos em Psicanálise,


que desde seus estudos, esse amor existe enquanto uma repetição de nossas experiências
da libido, que pontuadas no capítulo sobre o narcisismo, vem falar como ela se deu origem
e se faz importante para o sujeito em suas relações. O amor torna-se um processo natural
permitido através desta transferência, está representação nos desejos, pode também ser
direcionada a outra pessoa que não necessariamente precisa ser o analista, mas para
Freud a rapidez com que estes sentimentos poderiam estar emersos. Percebeu-se que eles
eram importunados pelas situações que se tornam essenciais ao trabalho da análise, os
mesmos sentimentos já se faziam presentes no analisando, e acabavam sendo transferidos
para o analista como diz Freud (2010).

Foram apresentados também alguns levantamentos sobre as mortes por suicídio,


dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2019), e escritos da
Psicanálise que se refere ao suicídio. É importante sempre ressaltar que é necessário que
se conheça de fato o que é o suicídio, quais as causas do mesmo para então se criar
subsídios para a prevenção, segundo a OMS (2019), temos um manual que nos mostra
mecanismos de prevenção ao suicídio, onde se aborda comportamentos, fatores que levam
ao suicídio dentre outras informações que se são de extrema relevância para que no futuro
possa prevenir-se ainda mais as mortes em decorrência de suicídios.

15
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
Neste escrito fez-se a relação entre o amor transferencial pós-términos de
relacionamento, tendendo ao comportamento suicida.

Em todos os relacionamentos a transferência acontece e existem aqueles que


não conseguem lidar com as possíveis angústias que o mesmo pode trazer e acabam por
desencadear fatores que podem tender ao suicídio em decorrência do vínculo afetivo criado
na transferência. Como este amor pode ser transferido para o parceiro ou parceira em
virtude de términos de relações, levantando assim as características que este sentimento
está inserido, seja, o amor ou os riscos de suicídio. Esse amor transferido, pelo teor
significante na vida do sujeito, em um processo de término de relacionamento amoroso,
pode desencadear o desejo do suicídio.

Qual a relação entre o amor transferencial e fatores de risco ao suicídio?

Nas pesquisas que foram realizadas através do método de revisão bibliográfica,


qualitativo e descritivo, desenvolvendo de forma psicanalítica e interpretativa com bases
em Gil (2008) conseguiu identificar que há relação de transferência de sentimentos para o
parceiro e que em alguns casos pode-se chegar ao estado melancólico, fazendo com que
o sujeito veja como uma forma de autopunição o suicídio.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia

A referida pesquisa se consolidou através dos métodos de pesquisa em Psicanálise,


sendo teórico/interpretativo. Segundo Guerra (2010) dentro dos aspectos de Lacan o método
interpretativo pode ser caracterizado como procedimentos de interpretação da natureza
intelectual que categoriza a transferência mediante as explicações constantes proliferadas
por conceitos das mais diversas teorias.

Para Mezan (1982) a bibliografia conexa traz dimensões não somente para que
possamos dar continuidade às pesquisas já trabalhadas que possamos fazer novos estudos
a partir destes que já foram trabalhados anteriormente, assim dando novas visões para o
campo científico, dando também ao cientista que tenha uma visão mais positivista de suas
pesquisas ou de suas informações. Foram utilizados também os métodos bibliográficos, que
para Gil (2008) são provenientes de revisões de materiais elaborados, sendo eles: artigos,
livros e publicações científicas. Trazendo-nos assim, que a pesquisa bibliográfica não é
mera repetição de estudos sendo também uma forma de buscar novos conhecimentos e
assim trazendo novas pesquisas.

Este estudo também teve caráter explicativo, que tem como objetivo central a
identificação de fatos que possam ser determinantes para responder os fenômenos que
estão sendo relacionados. Dentre os modelos de pesquisa, este método é conhecido
como o mais complexo, pois tenta buscar causas e principalmente explicá-las. Segundo
Gil (2008) é válido ressaltar que as maiorias dos conhecimentos do campo científico estão
relacionadas aos métodos de conhecimento explicativo, exatamente por explicar o que se
veio propor.

16
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
As informações foram coletadas através do modelo de fichas eletrônicas, sendo
distribuídas pastas e subpastas, uma pasta referente a artigos, mestrados e livros
referentes ao suicídio sendo eles dos anos de 1915 a 2022, a outra pasta referente ao amor
transferencial contendo as subpastas de livros dos anos de 1915 a 2022, artigos referentes
dos anos de 2006 a 2022, após essas coletas de dados às mesmas foram interpretadas
através do método em Psicanálise Interpretativo, o tema foi desenvolvido com base em
Psicanálise O amor transferencial como fator de risco ao suicídio, montando um estudo
que até o presente momento não havia sido feito, fazendo uma relação entre estes dois
fenômenos dentro do contexto Psicanalítico.

Foram utilizados todos os materiais que correspondem à proposta do tema, utilizei


as plataformas de pesquisa SciELO, Pepsic, lilcsi, livros específico Psicanalítico dos
autores Sigmund Freud e Jacques Lacan, Ferenczi, monografias, teses e dissertações de
mestrado, pesquisadas as palavras-chave serão: Amor Transferencial, Suicídio, pesquisa
em psicanálise, términos de relacionamento, luto e melancolia, narcisismo, complexo de
édipo. Foram excluídos todos e quaisquer materiais que não corresponda à proposta citada
acima ou que não seja de acordo com a proposta do tema e da problemática da pesquisa.
Vale ressaltar que todo o material foi escolhido de forma das formas citadas em decorrência
de haver poucas obras que fariam está relação de fenômenos, elas foram tanto para compor
os critérios de inclusão e exclusão, bem como em sua coleta e análise de dado.

Resultados e Discussão

A Psicanálise e suas Vertentes na Ciência

Freud (1917/1976) afirma que o homem não é senhor de si mesmo e nem de


sua morada, ou seja, existe algo que controla este indivíduo que seria o Inconsciente, o
mesmo expõe um projeto não cartesiano que descarta totalmente a perspectiva racional de
Descartes, o cogito cartesiano traz a proposta, “Penso logo existo”, Freud (1917/1976) nos
traz uma nova radicalização em sua sugestão contrária ao antigo pensamento do cogito,
passando para o novo pensamento “Penso onde não sou” (FREUD, 1976 apud GUERRA,
2010; p 136).

Segundo Lacan (1965-1998 apud GUERRA) é sempre importante incluir o sujeito,


e mais importante ainda o objeto a dele, ou seja, a causa, que em síntese não é aprendido
pelos recursos constituintes da linguagem, a partir desta visão objetivou-se tirar maiores
noções do que seria a Pesquisa em Psicanálise e como seria a sua produção científica.
Antes trouxe suas especificidades da modalização da metodologia, a fim de contribuir para
as especialidades deste conhecimento, vemos que a partir destes destaques a Psicanálise
jamais deixa o seu principal objeto que é o inconsciente.

Para que se consiga ter uma melhor compreensão em como se dá procedência ao


fenômeno transferencial precisou rememorar como se originou a nomenclatura e por que
ela se faz tão presente e tão atual nos dias de hoje. O amor transferencial existe em todas
as relações humanas como elucidou Ferenczi em um dos seus trabalhos que teve como
intitulação “transferência e introjeção” publicado em 1909 (FERENCZI, 1992). No artigo,
a transferência é acentuada como um mecanismo +universal e faz-se necessário, não se

17
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
delimitando apenas ao funcionamento psíquico simbólico da neurose; apesar de se fazer
bastante presente.

Segundo Ferenczi (1992) conforme o sujeito adquire novas experiências subjetivas,


aquele desperdício de energia do psiquismo que anteriormente era investida, poderia estar
aparentemente apresentando-se totalmente necessário, tornando-se presente dentro dos
afetos nos neuróticos que se instala a partir do exagero tanto de seu ódio, quanto sendo de
seu amor ou até mesmo compaixão, são provenientes das transferências de sentimentos
para o outro; podendo apresentar suas fantasias inconscientes conectadas a episódios,
também a pessoas que estejam presentes naquele momento, bem como a eventos psíquicos
estando algum tempo esquecidos, sendo assim, desencadeada a locomoção de uma
energia afetiva dos complexos de representatividade do inconsciente para as ideologias da
contemporaneidade, tornando assim exageradas intensidades afetivas.

De acordo com Freud (2010), fazem-se presentes dois conceitos de transferência,


o primeiro sendo aquele de repetições das relações afetivas, ele é constituído na infância
e o segundo sendo ele relacionado com a falta de um objeto, fazendo essa relação com os
conflitos dele mesmo.

Essa necessidade de amar deve ser compreendida em cada indivíduo, através da:

Ação combinada de sua disposição inata e das influências sofridas durante os pri-
meiros anos, que conseguiu um método específico próprio de conduzir a vida eró-
tica - isto é, nas precondições para enamorar-se que estabelece nos instintos que
satisfaz e nos objetivos que determina a si mesmo no decurso daquela. Isso produz
o que se poderia descrever como um clichê estereotípico (ou diversos deles), cons-
tantemente repetido – constantemente reimpresso no decorrer da vida da pessoa,
na medida em que as circunstâncias externas e a natureza dos objetos amorosos a
ela acessíveis permitam, e que decerto não é inteiramente incapaz de mudar, frente
a experiências recentes (FREUD, 1912-1996, p. 133)

Segundo Freud (2010) o amor transferencial pode em síntese, possuir um grau


bem menor do que é considerado “normal”, sobrevém ao longo da vida, dessa forma
deixa mais à mostra padrões durante a fase infantil, tendo uma maior visibilidade e uma
flexibilidade, tendo capacidade de mudança; ao ver psicanalítico isto é tudo. Mas não se faz
essencial à vida da pessoa, existindo outros pontos em que o amor pode ser reconhecido,
se faz diversos questionamentos de como se reconhece está autenticidade do amor, a
autenticidade de sua meta amorosa.

Suicídio para a Psicanálise

Segundo Freud (2010) em seu escrito Luto e Melancolia, toda a dor psíquica,
provém da angústia inseparável das nossas perdas, frustrações, escolhas, imperfeições e
limitações, aparecem na fantasia dentro do sono para não termos que enfrentar a realidade o
tempo todo, sendo que o sonhar ajuda a organizar e dar sentido às experiências prazerosas,
enigmáticas ou dolorosas vividas durante o dia.

Freud (2010) apesar de estarem acordados não necessitam estar a todo o momento
em contato com a realidade, poder idealizar, ou seja, “sonhar acordado”. A psicanálise nos
instrui que em todo evento psíquico ocasionalmente existem conflitos, sendo dois lados: para
o suicida existe a linha tênue entre a vontade de matar o corpo e a vontade de sobreviver.

18
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
O suicida espera que vá existir um “estado de não sofrimento”, quando na realidade não
existirá “estado” nenhum, apenas um puro corpo morto.

Para Freud (2010) Dentre os escritos que foram abordados abaixo, estão os termos
em psicanálise Narcisismo e Libido, ressaltando a importância em abordar estes fenômenos
psicanalíticos, pois é de total relevância para a construção subjetiva do sujeito e suas
relações amorosas, será muito importante a compreensão de como surgem os sentimentos
amorosos que são dirigidos ao Outro.

Freud (2010) traz um conceito amplo do que seria a libido e como ela é caracterizada.
É a energia que passa a ser direcionada à pulsão sexual ao objeto de desejo, podem ser
representadas como libido do eu e libido do objeto. A diferença delas é que a primeira libido
é própria do sujeito e a segunda está relacionada à construção dos objetos, sendo assim,
uma hipótese levantada que elas estejam inseridas dentro das pulsões.

Dentro do contexto da Psicanálise, o termo Narcisismo se aplica diretamente ao


modo particular da relação que se dá na sexualidade e da construção desta, Freud (2010)
deduz que o narcisismo seria a construção que o sujeito faz de sua imagem, assumindo
o corpo como sua autoimagem revogando a definição como seu, e neste processo se
identificando com ele mesmo. Ele não está apenas integrado a um campo patológico,
apesar de na maioria das vezes a compreensão que se tem é que este narcisismo é algo
negativo, com tudo, deve ser visto como um fator positivo no psiquismo, pois sendo ele
algo que acaba por solicitar a imagem singular de si, sempre vendo ela como perfeita,
ultrapassando campos do autoerotismo, fornecendo assim uma diferenciação do outro.

Freud (2010) faz a distinção do narcisismo primário e secundário. O narcisismo


primário seria a satisfação do desejo orgânico, nela se destacaria o autoerotismo, descrito
como o prazer que se retira do órgão para o seu próprio prazer; neste contexto as pulsões
estão relacionadas diretamente a uma forma independente de satisfação, sendo ela por
si em seu próprio corpo. Não existe uma regra para se aprender a diferenciação do Eu
para o mundo externo, o bebê passa a fazer essa distinção do que seria prazeroso para
o seu corpo e para o mundo ao seu redor. Basicamente o narcisismo primário vem dar
embasamento para o narcisismo secundário, solidificando a construção do Eu do sujeito.

Nestes escritos Freud (2010) destacou a primordial relevância dos pais ou


exemplares para que este narcisismo seja constituído, ele aponta que o amor que os pais
investem nos filhos é aquele sentimento renovado e demudado em amor objetal, este
narcisismo acaba por de certa forma definindo-se como uma espécie de onipotência que
acabam se cruzando entre o narcisismo nascente do bebê e o narcisismo renovado dos
pais ou cuidadores.

Já no narcisismo secundário Freud (2010) diz que existem dois momentos, o primeiro
é aquele em que se fazem investimentos nos objetos; posterior a isso, o que é investido
se reformula e volta para o Eu do sujeito. Isso acontece quando o bebê, por exemplo,
consegue fazer esta diferenciação do seu próprio corpo e o mundo externo, ele passa a
identificar suas favoráveis necessidades e quem as consegue satisfazer ou o que consegue
nutrir esta satisfação, aí o sujeito passa a reunir em um único objeto parcialmente suas
pulsões sexuais, neste há um único investimento objetal, que seria concentrado apenas na
mãe e os seios seriam apenas o objeto parcial desta pulsão.

19
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
Ao passar do tempo à criança vai descobrindo que não existe somente ela como
desejo único da mãe e que ela não é mundo todo para ela, nisso ele começa a sair daquele
centro, o que resulta na frustração do narcisismo primário da criança, e a partir desta
frustração o objeto passa a ser buscado através do sentimento de ser amado pelo outro,
passando a fazer agrados para recuperar aquele amor.

No que se refere a transferência amorosa, segundo Freud (2010) a Transferência


é um conceito amplo, sendo ele quase que abundante, fazendo-se necessário em todas as
relações, para que o vínculo afetivo ocorra. Além disto, o sujeito detém aspectos inatos ou
de acordo com suas experimentações desde a infância as suas vivencias amorosas sendo
guiadas, originando especificidades para a construção deste amor através da transferência,
causando para o objeto aquela satisfação de suas pulsões, que se torna ao longo da vida
do sujeito repetições, além disso, as escolhas de relações passíveis de ordens externas e
naturais de objetos amorosos, podem se permitir ser alcançadas no inconsciente, não há
dúvidas que elas não são passiveis de mudança mediante admirações atualizadas destas
escolhas.

Freud (2010) descreve que algumas de suas observações que foram dadas a partir
das interações amorosas constituídas desde a infância do sujeito, estas mostraram que
somente uma parte destes investimentos de afeto são determinantes para a vida amorosa
deste, estes investimentos se fazem presentes no desenvolvimento psíquico do indivíduo, e
se encontram ao dispor da personalidade atualizada no consciente. Sendo que a segunda
parte que constitui esses laços amorosos é formada no inconsciente e se encontra nas
pulsões libidinais, ela se mostra separada, bem como da personalidade consciente, como
também da realidade psíquica dele. Freud (2010) aborda que se ampliando somente para a
fantasia ou ficando presente somente no inconsciente, fazendo-se difícil de ser presenciada
pela consciência da personalidade. Bem como a particularidade essencial daquele amor que
tem como satisfação total o campo da realidade, passando a se voltar estas possibilidades
libidinais para novas relações, sendo passiva há duas vertentes libidinais, tanto no campo
da consciência, como no campo do inconsciente

De acordo com Freud (2010) é necessário que possa distinguir uma transferência
“positiva” da “negativa”, para distinção daqueles sentimentos amorosos, afetuosos e aqueles
avessos. O que se considera como transferência “positiva” se dissolve de sentimentos
fraternos, afetivos que estão passíveis na consciência e/ou os que se estendem a estes
estão presentes no inconsciente. Enquanto, a transferência “negativa” é mostrada que são
de fontes eróticas, e que o entendimento destas formações da pulsão de sentimentos como
amizade, afetivo, confiança, entre outras representadas na realidade psíquica do sujeito, ou
seja, estão dentro do campo inconsciente.

A psicanálise nos mostra que algumas pessoas que estão ligadas somente
por sentimentos de estima e respeito, são consideradas como objetos sexuais para o
inconsciente dele. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2019) em seus dados
mundiais sobre as mortes por suicídio, conota que a cada 40 segundos uma pessoa comete
suicídio no mundo, dentre esse índice a idade das pessoas são entre 15-35 anos, a estima-
se que no ano de 2000 cerca de um (01) milhão de pessoas vieram a óbito em decorrência
deste fator, tornando a morte por suicídio entre as dez causas de mortes mais frequentes
no mundo.

20
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
De acordo com a OMS (2006) à taxa de suicídio entre os homens são maiores
do que no grupo das mulheres e existem dois picos que são em jovens com as idades
entre 15-35 anos e idosos de 75 anos aproximadamente, dentre estes dados nas cartilhas
da OMS (2006), encontram-se dados de grupos com risco de vulnerabilidade, que são
pessoas recém-divorciadas, viúvos e solteiras são mais provenientes as mortes por suicídio
do que pessoas casadas.

Para Freud (2010) os sentimentos são transferidos de uma pessoa para outro,
sendo estes sentimentos investidos no sujeito desde a infância, o mesmo cresce com estes
investimentos, administra e ao longo de sua vida os vai repetindo nas relações afetuosas
com os mesmos. No decorrer da coleta dos dados deste artigo, buscou-se pesquisas
científicas que pudessem dar vazão à hipótese que foram levantadas, contudo, desta
forma conseguiu-se identificar que a base para que o amor transferencial se desenvolva
é através do narcisismo primário e secundário. O sujeito busca amparar esse desamparo
em outros objetos libidinais, assim passa a transferir para suas figuras amorosas estes
elementos “possam completar”, “suprir um vazio”, sendo que o narcisismo cobra está
lacuna ser “fechada”, como na inscrição do narcisismo primário, somos. Portanto, talvez
por o sujeito não ter sido devidamente castrado, bem como amparados pela maternagem,
o sujeito não consegue lidar com frustrações e quando acontece o rompimento, o ciclo de
repetições do amor transferencial é consumido e individuo acaba por ser atravessado por
estar lembrança de desamparo. De acordo com Freud (2010) para o sujeito, este sofrimento
psíquico é impossível, inconscientemente, de ser amparado. Então o morrer cabe como
única alternativa, já que o referido se sente incompleto de qualquer jeito, achando que não
suporta a frustração melancólica de sua angústia, a existência em desamparo, a mesma
incompletude em um ciclo de repetição constante de parceiro após parceiro, tendo os
mesmos ciclos que causam dores.

Este amor leva o homem a uma repetição em sua vida adulta, com diz Freud (2010)
em Introdução ao Narcisismo, ela se dá quando os investimentos de amor são feitos pelos
pais ou exemplares, ele absorve estes sentimentos fazendo a separação do que seria do
seu Eu e o que seria do mundo externo. Torna-se ou não algo patológico quando o sujeito
não consegue administrar estes sentimentos ou não quando acontece a castração, ou seja,
a separação do Outro para com o seu Eu.

Em Freud (2010) quando o sujeito entra em um estágio de melancolia após a perda


deste objeto, ele sente a necessidade de autopunição, já que no neurótico se permite está
separação do que seria para si ou para o outro. O mesmo acaba por sentir que perdeu uma
parte de si, e encontra como alívio somente o suicídio, o autor também enfatiza que não é
uma condição que todos necessariamente entrem em um estágio de doença, mas que pode
vir a acontecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste presente trabalho visou possibilitar uma melhor


compreensão em como se deu a relação do tema, a análise desta pesquisa se os objetivos
foram alcançados. A mesma que se consistiu em métodos de pesquisa em Psicanálise,

21
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
que foi de total relevância para poder se obter resultados bastante satisfatórios no que
se referem às pesquisas no campo psicanalítico e da psicologia, os escritos de autores
psicanalíticos foram de suma importância para que fosse constatado parcialmente o que
está na proposta.

Neste processo de identificação tanto o narcisismo primário quanto o secundário


são extremamente importantes para que o sujeito consiga identificar o que é do seu Eu e
o que é do mundo exterior, para que posterior a isto ele consiga superar toda e qualquer
perda de algo que ele possa desejar sem que esta frustração esteja ligada a um campo
patológico.

Durante as pesquisas que foram realizadas para se fazer a coleta de dados que
pudessem constatar as vertentes de conhecimentos empíricos, que o sujeito transfere os
sentimentos que são adquiridos durante a infância, concentrando na figura do parceiro suas
pulsões, quando o mesmo se frustra em relação há estas emoções, quando o mesmo vem
à tona e passa a entrar em um estágio melancólico do adoecimento, ele não consegue
administrar esta angústia, achando como única solução a autopunição como descreve
Freud (2010) em seus escritos.

Nas interpretações que foram feitas a partir das leituras realizadas, o sujeito
desenvolve os sentimentos de amor que são ofertados por seus cuidadores desde a
infância, levando para a vida adulta em forma de repetição, transferindo estes anseios de
suas pulsões libidinais para o Outro inconscientemente, sendo eles positivos ou negativos
como é descrito na discussão e resultados. A infância tem um valor total significativo, pois
é nela que a formação do Eu se concentra e é a partir desta formação que ele escolhe a
pessoa vai amar.

Dentre o que foi proposto nos objetivos do projeto de pesquisa, estava inserido
compreender se há relação entre o amor transferencial e suicídios pós-términos de
relacionamento; não foram encontrados materiais em nenhuma das plataformas propostas,
ou em qualquer outra fonte de pesquisa científica para a coleta destes dados específicos,
para que se obtenham estes dados. Fazendo com que este estudo seja pioneiro dentre o
contexto psicanalítico, a partir da falta destes dados teóricos notou-se que as motivações
para as mortes por suicídio são pouco ou não são discutidas nos campos científicos, a falta
da fala sobre, acaba por acarretar desconhecimento e a não criação de subsídios para
prevenção.

Não houve pesquisas após os escritos de Freud em Luto e Melancolia, desta forma,
este estudo passa a ser pioneiro e primordial para se compreender este estágio em que o
sujeito se encontra. Isso mostra que apesar de serem bastante debatidos meios preventivos
para que se combata de fato o suicídio, as causas que não estejam relacionadas à depressão
não são faladas, sabemos que há esta relação, pois quem tenta ou comete o ato suicida,
mostra que deseja cometer tal ato, talvez buscando pedir ajuda e ser escutado.

22
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 01
REFERÊNCIAS

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Martins Fontes, 1991. Acesso em 15 de setembro de 2022 às 17h51min < https://www.scielo.br/j/
agora/a/RFyY4JM3WZKphSxXXZbpncS/?lang=pt >

FREUD, Sigmund. (1856-1939), in Introdução ao narcisismo: ensaio de metapsicologia e outros


textos. (1914-1916) / Sigmund Freud; Obras Completas. Vol. XII. Tradução Paulo César de Souza-
São Paulo companhia das Letras, 2010).

FREUD, Sigmund. (1856-1939), in Luto e Melancolia (1914-1916) / Sigmund Freud; Obras


Completas. Vol. XII. Tradução Paulo César de Souza- São Paulo companhia das Letras, 2010).

FREUD, Sigmund. (1911-1913), in A Dinâmica de Transferência. (1915) Obras Completas. Vol. X.


Tradução Paulo César de Souza- São Paulo companhia das Letras, 2010).

FREUD, Sigmund. (1911-1913), in Observações sobre o amor de Transferência. (1915) Obras


Completas. Vol. X. Tradução Paulo César de Souza- São Paulo companhia das Letras, 2010).

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GUERRA, Andréa M Campos. Pesquisa em Psicanálise. Minas Gerais. Ed. UEMG, 2010, 179p.
Disponível em: https://www.pucminas.br/pos/psicologia/DocumentosGerais/Publicacoes/pesquisa-
em-psicanalise-producao-na-universidade.pdf acesso em: 22 de novembro de 2022.

MEZAN, Renato. Psicanálise e pós-graduação. Rio de Janeiro, Jorge Zahar,1997.

MEZAU, R. Pesquisa teórica em Psicanálise in: Psicanálise e Universidade, Revista da PUC – SP.
N. 1, 1994.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE- OMS- Prevenção do Suicídio um Recurso para


Conselheiros- Genebra, 2006. Disponível em: https://www.who.int/mental_health/media/
counsellors_portuguese.pdf

WHO. World Health Organization. Suicide worldwide in 2019. Geneva; 2019. Disponível em:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643. Acessado em: 22 de novembro de 2022.

23
Capítulo Síndrome de Burnout em

02
psicólogos pós-pandemia: o
esgotamento do acolher
Ily Luna Melani
Guilherme Alcantara Ramos
Michele Freitas
Neilice Matos
Bruno Gadonski
Alexia Ferreira Nogueira

RESUMO

Muito embora o conceito de Burnout tenha surgido nos Estados Unidos


em meados de 1970, a Síndrome de Burnout só foi efetivamente reco-
nhecida como doença recentemente. Sua inclusão na CID-11 foi realizada
em janeiro de 2022 pela OMS e representa uma maior necessidade de
atenção aos sintomas de esgotamento em trabalhadores. Se analisarmos
o contexto ocupacional pós-pandemia de COVID-19, torna-se evidente
uma associação entre sintomas da Síndrome de Burnout e a realidade de
inúmeros trabalhadores que precisaram adaptar-se no exercício da profis-
são durante e após um período conturbado de calamidade pública. Este
trabalho busca compreender os efeitos psicológicos das mudanças acar-
retadas pela pandemia em psicólogos e estabelecer uma correlação com
a Síndrome de Burnout, a partir de uma revisão bibliográfica e de entre-
vistas. Ademais, foi realizada uma proposta de intervenção para trabalhar
aspectos subjetivos relacionados ao processo de acolhimento a fim de
auxiliar na restauração da saúde mental de psicólogos.

Palavras-chave: Burnout em psicólogos. COVID-19. consequências da


pandemia. intervenção psicológica.

INTRODUÇÃO

Muito embora o conceito de Burnout tenha surgido nos Estados


Unidos em meados de 1970 (NUNES, 2008), a Síndrome de Burnout
só foi efetivamente reconhecida como doença recentemente. Sua
inclusão na CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde, 2022) foi realizada em janeiro de
2022 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e representa uma maior
necessidade de atenção aos sintomas de esgotamento em trabalhadores
por profissionais de saúde ao redor do mundo.

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.2 24
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
Na classificação, a Síndrome de Burnout sustenta o código QD85 e compõe a lista
de doenças ocupacionais, ou seja, patologias de ordem física ou psicológica que tenham
sido criadas ou eliciadas pelo exercício do trabalho de um profissional. De acordo com a
Lei nº 8.213/91, em seu artigo 20, a doença ocupacional ou profissional “é a enfermidade
desencadeada ou produzida pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e/
ou em função de condições especiais em que o trabalho é realizado” (PLANALTO, 1991).

Na definição do CID-11, Burnout é uma síndrome conceituada como resultante do


estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso e é caracterizada
por três dimensões: 1) sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia; 2) aumento
da distância mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao
trabalho; e 3) sensação de ineficácia e falta de realização (OMS, 2022). Se analisarmos o
contexto ocupacional pós-pandemia de Covid-19, torna-se evidente uma associação entre
sintomas da Síndrome de Burnout e a realidade de inúmeros trabalhadores que precisaram
adaptar-se no exercício da profissão durante e após um período conturbado de calamidade
pública.

Este trabalho busca compreender os efeitos psicológicos das mudanças acarretadas


pela pandemia em psicólogos e estabelecer uma correlação com a Síndrome de Burnout.
Ademais, foi realizada uma proposta de intervenção para trabalhar aspectos subjetivos
relacionados ao processo de acolhimento a fim de auxiliar na restauração da saúde mental
de psicólogos.

METODOLOGIA

Como metodologia para a produção deste trabalho, foram utilizados a revisão


bibliográfica e a pesquisa de campo, com aplicação de entrevistas semiestruturadas
com 20 psicólogos de Curitiba (PR). A revisão bibliográfica consiste em um levantamento
realizado acerca dos temas estudados em pesquisas e livros já publicados, a fim de
delinear as informações já validadas com relação ao tema. Neste caso, a revisão foi voltada
principalmente ao tema Síndrome de Burnout pós-pandemia em profissionais da saúde
mental.

Também foi realizada uma pesquisa a respeito da prevalência de sintomas de


Burnout em psicólogos e as correlações com características da profissão que propiciam
o adoecimento psíquico. Além disso, buscou-se compreender a influência do período de
pandemia de COVID-19 no exercício da profissão e os eventuais prejuízos acarretados por
mudanças na rotina laboral.

JUSTIFICATIVA

O esgotamento físico e emocional de profissionais da psicologia tem um relevante


impacto social se analisarmos pelo prisma da atuação desta classe na propagação e
manutenção da saúde mental no período pós-pandemia. São justamente os psicólogos
que podem atuar no auxílio à população na retomada da saúde mental após uma fase
conturbada e limítrofe como a pandemia de COVID-19. Os impactos psíquicos, decorrentes

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
de questões de saúde pública, questões financeiras, vivências particulares (como processos
de luto e experiências de estado de medo e vulnerabilidade), entre outros tantos aspectos,
reverberam em nossa sociedade no presente momento e necessitam de intervenção para
ampliar o bem-estar social.

Cientes da importância de seus papéis, os psicólogos muitas vezes esquecem que


também estão suscetíveis às mazelas da mente e que o exercício da profissão pode ser
exaustivo e propulsor do adoecimento mental. Um indício disto é a falta de estudos realizados
com psicólogos para compreender os efeitos da pandemia em suas saúdes mentais e a
propensão ao desenvolvimento de Síndrome de Burnout. A mesma categoria que publicou
centenas de artigos analisando a saúde mental de diversas fatias da sociedade (desde
outros profissionais da área da saúde até a população em geral) parece ter esquecido de
olhar para si e compreender os efeitos de uma situação de calamidade pública em suas
próprias existências.

É justamente neste fato que se encontra a importância de fazermos este estudo


que correlaciona a Síndrome de Burnout com psicólogos em exercício no período pós-
pandêmico. É necessário auxiliar a classe de trabalhadores da psicologia a encontrar
equilíbrio e saúde em seus trabalhos para que possam continuar a desempenhar suas
importantes funções sociais, antes que a gente vivencie um verdadeiro colapso na profissão
do acolher. Cuidar de quem cuida de nós é sempre uma medida preventiva que beneficia
a todos.

SAÚDE MENTAL DE PSICÓLOGOS PÓS-PANDEMIA

A pandemia de COVID-19 gerou diversas consequências sociais decorrentes


de mudanças significativas acarretadas por este processo de calamidade pública. O
isolamento social como medida de prevenção para evitar a propagação do vírus gerou uma
alteração na rotina de trabalho de milhares de pessoas e fez com que diversos profissionais
necessitassem adaptar suas atividades laborais. Ao analisar-se a realidade de psicólogos,
a partir da aplicação de entrevistas semiestruturadas, fica evidente que novas demandas
como atendimentos online, além de contato com pacientes por meio de aplicativos de
mensagens particulares como WhatsApp, tornaram-se uma constante que reverbera
inclusive no período pós-pandemia.

Além dos desafios laborais adaptativos, os psicólogos estiveram frente a novas


dificuldades na saúde mental dos pacientes, decorrentes do isolamento e de outras
consequências da pandemia, tais como: processos de luto, medo intensificado, crises de
ansiedade e pânico, insônia, aumento do uso de substâncias, perda do emprego, conflitos
familiares, entre outros. Por tratar-se de uma emergência em saúde mundial, a pandemia
de COVID-19 fez com que gestores e profissionais da saúde acabassem subestimando ou
negligenciando aspectos de saúde mental, uma vez que “a saúde física das pessoas e o
combate ao agente patogênico são os focos primários de atenção” (SCHMIDT et al., 2020).

No entanto, é fundamental pensar-se em impactos psicológicos de um acontecimento


de extrema gravidade como esse, uma vez que as implicações na saúde mental podem ser
mais duradouras e prevalentes que o próprio COVID-19 e reverberar em diversos setores da

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
sociedade (ORNELL et al., 2020). Os resultados do período turbulento de pandemia ainda
estão aparecendo e o impacto psicológico da rotina exaustiva de trabalho em profissionais
da saúde é tema de diversos artigos ao redor do mundo.

O estresse e o conflito emocional vividos por profissionais da saúde são frutos


de fatores correlatos à atuação durante a pandemia, tais como: sobrecarga de trabalho,
ausência de equipamentos de proteção individual, distanciamento prolongado de familiares,
exposição aumentada ao risco de infecção, número de mortes de pacientes, entre outros
(LAI et al., 2019).“A meta-análise de prevalências para a depressão foi de 27,5%, para a
ansiedade de 26,8%, para a insônia de 35,8% e de 51,9% para o estresse” (SOUZA et al.,
2021).

Por outro lado, há pouca literatura no que diz respeito ao impacto das consequências
da pandemia em profissionais de saúde mental, como psicólogos, que além de atuarem com
a população em geral também prestaram apoio aos profissionais de saúde durante e depois
deste momento delicado. Encontram-se artigos anteriores à pandemia que já sinalizavam
uma necessidade de atenção para a saúde mental de psicólogos, pois indicam um aumento
em casos de Burnout na profissão. Um estudo realizado em 2009 com 497 psicólogos, nos
Estados Unidos, concluiu que cerca de 20% deles apresentavam sintomas de Burnout,
decorrentes principalmente de conflitos entre os domínios de trabalho e família (RUPERT;
STEVANOVIC; HUNLEY, 2009).

Outro estudo realizado no Brasil em 2014 com 518 psicólogos do Rio Grande do
Sul demonstrou que 11,6% dos participantes apresentavam sentimentos de baixa ilusão
pelo trabalho, 26,1% apresentavam alto nível de desgaste psíquico, 11,2%, apresentavam
indolência e 10,8% demonstravam sentimento de culpa (SPIENDLER RODRÍGUEZ;
CARLOTTO, 2014). O trabalho de cuidar do outro e acolher demandas emocionais intensas
e excessivas faz com que psicólogos estejam sujeitos ao Burnout, bem como o contato
frequente com o sofrimento e a dor e a falta de reconhecimento (LOPES; GUIMARÃES,
2016).

O próprio trabalho do psicólogo predispõe os profissionais a quadros de estresse,


devido ao elevado investimento pessoal na profissão – que é definida a partir do contato
muito próximo com os pacientes e do enfrentamento de situações estressantes durante
quase todo o período de trabalho. “Esses aspectos contextuais, entre outros, podem
ameaçar a saúde psicológica e o bem-estar deste trabalhador, favorecendo o adoecer
pelo estresse crônico, repercutindo, por fim, no colapso da saúde, através da síndrome de
burnout” (BIEHL, 2009).

A origem da nomenclatura Burnout remonta por si só ao trabalho realizado por


pessoas que trabalham com serviços humanos. Para Maslach (1994, p.64) burnout é: “uma
reação à tensão emocional crônica por tratar excessivamente com outros seres humanos,
particularmente quando eles estão preocupados ou com problemas”. Foi realizado um estudo
em 2005, por Rupert e Morgan, com 571 psicólogos com doutoramento para compreender
os níveis de satisfação laboral. Na pesquisa, verificou-se que psicólogos que trabalhavam
em consultório ou clínicas privadas tinham maior realização pessoal do que aqueles
que atuavam em serviços públicos. As razões estavam no fato de uma maior exaustão
profissional estar associada com menor controle sobre o trabalho, mais horas trabalhadas,

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Capítulo 02
mais serviços relacionados a atividades administrativas e, até mesmo, a maior número de
atendimentos a pacientes com comportamentos negativos (RUPERT; MORGAN, 2005).

TRATAMENTO DA SÍNDROME DE BURNOUT

Uma das formas de intervenções para o tratamento da Síndrome de Burnout se


dá através da psicoterapia. Em geral, o tratamento apresenta resultados favoráveis em um
período que varia de um a três meses, embora seja importante ressaltar que a duração
pode ser prolongada, dependendo das características particulares de cada caso. É crucial
realizar modificações nas condições de trabalho e, acima de tudo, promover alterações
nos hábitos e no estilo de vida. Estabelecer uma rotina regular de atividade física e incluir
exercícios de relaxamento são elementos-chave para aliviar o estresse e controlar os
sintomas dessa condição. Após obter um diagnóstico médico, é altamente recomendável
que o indivíduo tire férias e dedique-se a atividades recreativas em companhia de pessoas
próximas, como amigos, familiares e parceiros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023).

Descansar adequadamente e ter uma noite de sono com qualidade são outras
formas recomendadas que ajudam a diminuir o impacto do Burnout na vida da pessoa e
faz com que ela tenha um equilíbrio entre sua vida pessoal e o trabalho (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2023). Outra técnica que pode ajudar o paciente com Burnout seria o Mindfulness,
ou Atenção Plena, pois auxilia o indivíduo a perceber e acolher suas vivências internas
sem fazer juízos de valor, sem emitir julgamentos ou buscar transformá-las (BECK, 2013).
Existem diversos processos nas organizações que podem ser aprimorados por meio da
prática de Atenção Plena. Isso inclui evitar interpretações simplistas, fortalecer a resiliência
e lidar com preocupações relacionadas a falhas. Além disso, compreender a relação entre
Mindfulness e os processos de tomada de decisão nas organizações é fundamental para
melhorar a capacidade de discernimento (MARKUS; LISBOA, 2015).

Outra técnica encontrada que pode ajudar é a técnica do Coping, fundamentada por
Folkman e Lazarus (1984), que se trata de uma resposta que busca fortalecer, estabelecer
ou preservar a sensação de controle pessoal diante de uma situação estressante. Ter um
amplo conjunto de habilidades sociais é uma das formas de ampliar as recompensas, uma
vez que a pessoa é capaz de lidar com problemas imediatos e reduzir possíveis desafios
futuros, demonstrando respeito tanto por si mesma quanto pelos outros (COSSALTER;
ANGOTTI; CIPPOLA, 2017).

As técnicas de Coping são usadas para prevenir ou reduzir uma ameaça, dano,
perda ou sofrimento, cujas estratégias de enfrentamento utilizadas pelo indivíduo são
cruciais para a transição do estresse ocupacional ao desenvolvimento da Síndrome de
Burnout, o que afeta diretamente sua qualidade de vida. Alguns exemplos dessa técnica
são: suporte social, resolução de problemas, autocontrole, afastamento e fuga-esquiva,
confronto, reavaliação positiva, e aceitação de responsabilidade. Sendo que a estratégia de
enfrentamento a intervenção mais utilizada por profissionais que lidam com trabalhadores
com estresse (HYMOVICH; HAGOPIAN,1992).

É essencial que o profissional seja capaz de reconhecer os sinais do processo de


estresse e desenvolva habilidades para identificar os elementos que estão causando o

28
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
estresse. Dessa forma, ele poderá adotar estratégias assertivas e eficazes para lidar com o
estressor, o que resultará na interrupção do avanço do processo e na redução do estresse
ocupacional (ZOMER; GOMES, 2017).

Segundo a Dra. Dalton-Smith (2017), o Burnout é uma condição que ocorre


quando estamos emocionalmente, mentalmente e fisicamente esgotados. Ela enfatiza que
o burnout não é apenas resultado do trabalho excessivo, mas também pode ser causado
por outros aspectos da vida, como relacionamentos, responsabilidades familiares e até
mesmo atividades sociais. Ela destaca a importância do descanso e da recuperação para
evitar e tratar o burnout e ressalta que o descanso é sagrado. Há diferentes formas de
descanso além do sono que são essenciais para restaurar a energia e promover o bem-
estar: descanso físico, mental, emocional, espiritual, social, sensorial e criativo. Cada um
desses tipos de descanso desempenha um papel fundamental na prevenção e recuperação
do Burnout (DALTON-SMITH, 2017).

O descanso físico inclui o descanso ativo sendo ele atividades suaves, como ioga,
alongamento e massagem terapêutica, que ajudam a aumentar o fluxo sanguíneo para os
músculos, diminuem o estresse e aumentam a cura do corpo e o descanso passivo inclui
o sono, dormir mais de 7 horas por dia, e tirar cochilos (se necessário). Uma pessoa sem
descanso mental pode ter pensamentos acelerados e pode apresentar dificuldade em se
acalmar para se concentrar ou adormecer. Soluções como programar pausas a cada duas
horas durante o dia, para não fazer nada além de descansar o cérebro, e anotar seus
pensamentos ao longo do dia ou antes de dormir para limpar sua mente (DALTON-SMITH,
2017).

A falta de descanso emocional ocorre quando você sente que não consegue ser
autêntico. Há soluções como passar o tempo com pessoas que você pode ser autêntico, e a
terapia também é um ambiente seguro e vulnerável. As principais necessidades espirituais
incluem um propósito, o amor e um sentimento de pertencimento. Quem não tem descanso
espiritual pode apresentar problemas para sentir o que faz no dia a dia. Encontrar uma
comunidade forte e entrar em contato com suas próprias crenças, seja por meio de uma
cultura baseada na fé ou não, pode ajudá-lo (DALTON-SMITH, 2017).

A falta de descanso social ocorre quando não conseguimos diferenciar entre os


relacionamentos que nos revivem daqueles que nos esgotam. Avaliar seus relacionamentos
e passar mais tempo com pessoas que lhe dão energia e menos com pessoas que roubam
sua energia são passos importantes. Se você é introvertido, momentos para ficar sozinho
ajudam bastante. Sobre o descanso sensorial, a maioria de nós não está ciente de como os
ambientes sensoriais podem impactar nossos sentimentos, personalidade e até níveis de
energia. Ainda que ouvir um álbum favorito ou ler um livro possa ser relaxante, às vezes é
mais tranquilo para nossos cérebros desligar e ter algum tempo livre de conteúdo. Já para
o descanso criativo o ideal é apreciar a beleza em qualquer forma, seja natural ou criada
pelo homem (DALTON-SMITH, 2017).

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Para atuar na promoção de informações a respeito da Síndrome de Burnout


em psicólogos em busca da prevenção e da remissão de sintomas, foi elaborada uma
29
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
proposta de intervenção intitulada “Círculo de Atividades – Cuidando de Nós”. A ideia é
promover encontros quinzenais na sede do CRP-PR (podendo se estender a outras sedes
de conselhos regionais e federais de psicologia) com psicólogos e estudantes de psicologia
para oferecer atividades que promovam o bem-estar laboral, a partir de recursos idealizados
exclusivamente para a categoria de psicólogos, além de promover discussões e debates
sobre o tema Burnout em psicólogos.

Os encontros seriam realizados aos finais de semana, para ampliar a participação


de pessoas que trabalham regularmente durante a semana, e têm a duração de 3h cada.
A cada encontro serão ofertadas 3 atividades diferentes em torno do tema Burnout em
psicólogos. A proposta do “Círculo de Atividades – Cuidando de Nós” é a de ofertar quatro
encontros, distribuídos quinzenalmente em dois meses, e ofertar um grupo terapêutico
regular para os profissionais interessados. A proposta das atividades desenvolvidas para
cada encontro está descrita na sequência.

Dia 01 – abertura do “círculo de atividades – cuidando de nós”

Data: 09/06/2023 (sábado)

Horário: Das 16h às 19h

Local: Sede do CRP-PR

Atividades: Palestra inaugural; roda de conversa e vivência de Mindfulness

Cronograma:

• Das 16h às 16h15: Recepção de boas-vindas com entrega de kit contendo bolsa,
caderno e caneta do Círculo de Atividades, cronograma de todos os encontros e
“autoteste” de Burnout (ANEXO I).

• Das 16h15 às 17h15: Palestra sobre a Síndrome de Burnout em psicólogos no


período pós-pandêmico e convite para participar de pesquisa sobre o assunto.

• Das 17h15 às 17h45: Coffee Break

• Das 17h45 às 18h15: Vivência de Mindfulness com aplicação de técnicas de


Atenção Plena no cotidiano para auxiliar no alívio do estresse no trabalho.

• Das 18h15 às 19h: Roda de conversa sobre as mudanças no atendimento pós-


pandemia.

Detalhamento de Atividades:

A Palestra inaugural, sobre a Síndrome de Burnout em psicólogos no período


pós-pandêmico, pretende iniciar a discussão em torno do tema apresentando dados
relacionados às consequências psicológicas da pandemia de COVID-19 aos profissionais
da área de saúde mental. A ideia é apresentar um panorama geral sobre a Síndrome de
Burnout, com os critérios estabelecidos pelo CID-11, pesquisas mais modernas sobre a
temática, e correlacionar com o ofício dos psicólogos. Além disso, pretende-se convidar os
profissionais para participarem de uma pesquisa na área para quantificar as sequelas pós-
pandêmicas em psicólogos.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
A roda de conversa é uma estratégia que possibilita dar protagonismo para as
pessoas apresentando uma oportunidade de diálogo e comunicação, em que todos os
conhecimentos compartilhados são igualmente importantes. De acordo com Sampaio et
al. (2014, p. 1301), as rodas de conversas: “possibilitam encontros dialógicos, criando
possibilidades de produção e ressignificação de sentido – saberes – sobre as experiências
dos partícipes. Sua escolha se baseia na horizontalização das relações de poder”.

A vivência de Mindfulness possibilita apresentar na prática técnicas de Atenção


Plena voltadas para o cuidado de pacientes com Síndrome de Burnout. Mindfulness, ou em
português Atenção Plena, “é um estado de direcionar a atenção para o presente com abertura
e aceitação da experiência imediata” (CEBOLLA; GARCÍA-CAMPAYO; DEMARZO, 2016).
Ao regular a atenção, de modo voluntário e sistemático, o paciente passa a ter familiaridade
com os pensamentos e emoções que aparecem nas experiências do momento presente.
A postura não-reativa, que inclui a observação e a aceitação incondicional de todos os
aspectos do momento presente, possibilita que a pessoa aumente sua capacidade de
autoconhecimento (KABAT-ZINN, 2017).

Há uma categoria de Mindfulness chamada MBSR (Mindfulness Based Stress


Reduction) que trabalha diretamente com aspectos de esgotamento emocional. Dentre as
técnicas que constam nesta categoria, escolheu-se para esta vivência a meditação guiada,
varreduras corporais, percepção da respiração e comunicação consciente (KABAT-ZINN,
2017).

Dia 02 – segunda etapa do “círculo de atividades – cuidando de nós”

Data: 23/06/2023 (sábado)

Horário: Das 16h às 19h

Local: Sede do CRP-PR

Atividades: Palestra sobre sobrecarga de emoções; vivência de Mindfulness e


debate sobre a solidão na psicologia

Cronograma:

• Das 16h10 às 17h: Palestra sobre os efeitos da sobrecarga de emoções em


atendimentos psicológicos e as consequências a longo prazo.

• Das 17h às 17h30: Coffee Break

• Das 17h30 às 18h: Vivência de Mindfulness com técnicas de Atenção Plena


para relaxamento após o trabalho.

• Das 18h às 19h: Debate sobre a solidão na psicologia com psicólogos convidados.

Detalhamento de Atividades:

A Palestra sobre os efeitos da sobrecarga de emoções em atendimentos psicológicos


e as consequências a longo prazo pretende mostrar aspectos intrínsecos à prática
profissional em psicologia, como a vivência constante de momentos de sofrimento e dor.
No caso dos profissionais de saúde mental, a sobrecarga no trabalho pode ser resultado do

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
contato contínuo com pessoas portadoras de distúrbios psiquiátricos, incluindo sentimentos
negativos, como frustração com os resultados do trabalho, cansaço, medo de ser agredido
e desejo de mudar de emprego (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996).

Esta vivência de Mindfulness se concentra em apresentar possibilidades de


relaxamento após o trabalho. Para este momento, será utilizado o protocolo CARE
(Cultivating Awareness and Resilience in Education) – um protocolo de Mindfulness
idealizado para auxiliar pessoas a “aprender a reduzir o estresse, promovendo consciência,
presença, compaixão, reflexão e inspiração” (FOSCO; COBB, 2023, tradução nossa).

Em seguida, o debate sobre a solidão na psicologia traz psicólogos experientes


para compartilharem suas vivências na profissão com os colegas, ampliando assim a
reflexão em torno das dificuldades da atuação. Como sugestão de convidados estão o
psicólogo Raphael Henrique Castanho Di Lascio e o psicólogo Guilherme Falcão. A ideia é
trocar informações e experiências sobre a solidão na atuação profissional e os recursos que
podem ser utilizados para amenizar consequências negativas.

Dia 03 – terceira etapa do “círculo de atividades – cuidando de nós”

Data: 07/07/2023 (sábado)

Horário: Das 16h às 19h

Local: Sede do CRP-PR

Atividades: Grupo terapêutico; palestra sobre prevenção da Síndrome de Burnout


e atividade musical.

Cronograma:

• Das 16h10 às 17h10: Grupo terapêutico de escuta sobre as dificuldades em


fazer psicologia na prática.

• Das 17h10 às 17h40: Coffee Break

• Das 17h40 às 18h10: Atividade musical “Liberando Emoções”

• Das 18h10 às 19h: Palestra sobre prevenção da Síndrome de Burnout

Detalhamento de Atividades:

O grupo terapêutico de escuta oferece um processo de mediação simbólica a partir


da “apropriação subjetiva de experiências excessivas no contexto da fala que se constrói
coletivamente” (JÚNIOR; AMPARO; NOGUEIRA, 2019). A ideia deste grupo é dar voz aos
profissionais para compartilharem vivências em torno das dificuldades que encontram no
fazer psicologia. A fala em um grupo coletivo de interesse similar proporciona sentimento de
pertencimento e validação, fundamentais para o processo de autoconhecimento.

A atividade musical “Liberando Emoções” tem como objetivo trazer um tom


mais lúdico para o trabalho de combate e prevenção ao Burnout por meio de atividades
prazerosas que resgatem a alegria na simplicidade. A musicoterapia é “uma intervenção
que utiliza a música e seus elementos, por uma pessoa qualificada, para promoção de

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
aprendizagem, aquisição de novas habilidades, a fim de proporcionar melhor qualidade de
vida” (FEDERAÇÃO MUNDIAL DE MUSICOTERAPIA, 1996).

A Palestra sobre prevenção da Síndrome de Burnout busca trazer informações a


respeito de medidas práticas que podem auxiliar psicólogos a evitar o Burnout, encontrando
equilíbrio na prática profissional e na vida pessoal.

Dia 04 – quarta etapa do “círculo de atividades – cuidando de nós”

Data: 21/07/2023 (sábado)

Horário: Das 16h às 19h

Local: Sede do CRP-PR

Atividades: Grupo terapêutico; atividade artística e palestra de encerramento

Cronograma:

• Das 16h10 às 17h10: Grupo terapêutico de escuta sobre as dificuldades em


fazer psicologia na prática.

• Das 17h10 às 17h40: Coffee Break

• Das 17h40 às 18h10: Atividade artística “Libertando o Sentir em Nós”

• Das 18h10 às 19h: Palestra de encerramento com convite para participação no


grupo terapêutico regular para tratar Burnout em Psicólogos.

Detalhamento de Atividades:

A ideia deste grupo é continuar a vivência do encontro anterior permitindo aos


psicólogos compartilhar experiências a respeito das dificuldades em fazer psicologia na
prática. Depois no grupo terapêutico, a atividade artística “Libertando o Sentir em Nós”
busca inspirar de forma lúdica a expressão dos sentimentos, para oferecer um olhar
atento e acolhedor. A arteterapia se apropria de atividades artísticas como “instrumento de
intervenção profissional para a promoção da saúde e a qualidade de vida, abrangendo hoje
as mais diversas linguagens: plástica, sonora, literária, dramática e corporal, a partir de
técnicas expressivas” (REIS, 2014).

A palestra de encerramento traz um compilado das informações transmitidas e


das vivências de todos os encontros, abre espaço para que os participantes deem seus
feedbacks e convida para a participação no grupo terapêutico regular para tratar Burnout
em Psicólogos, que será oferecido quinzenalmente na sede do CRP-PR.

Cuidados técnicos e éticos na intervenção

O tratamento de Burnout exige que os psicólogos tomem precauções especiais


ao lidar com essa condição. É fundamental respeitar a confidencialidade das informações
compartilhadas durante as intervenções, garantindo a proteção das informações pessoais
e clínicas dos pacientes. Além disso, é fundamental obter o consentimento do paciente,
fornecendo informações claras e abrangentes sobre os objetivos, métodos, benefícios e

33
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
riscos potenciais do tratamento proposto. A competência profissional é um pré-requisito
crucial para lidar com o burnout de maneira ética. Os psicólogos devem ter conhecimentos
atualizados sobre as melhores práticas de intervenção nesta condição, bem como
competências específicas para avaliar, diagnosticar e tratar de forma eficaz o Burnout. O
estabelecimento de uma relação terapêutica baseada no respeito, empatia e confiança é
fundamental para a criação de um ambiente seguro no qual o paciente sinta-se à vontade
para comunicar suas dificuldades relacionadas ao burnout (CFP, 2005).

O cuidado com o próprio psicólogo também é de extrema importância. Ao lidar com


o burnout, os profissionais podem apresentar altos níveis de estresse emocional. Por isso,
é fundamental que o psicólogo se envolva em práticas regulares de autocuidado e busque
apoio e supervisão para lidar com os desafios emocionais e evitar o esgotamento profissional.
Por fim, é fundamental que os psicólogos abordem o burnout de maneira imparcial e justa,
considerando as diferenças culturais, sociais e individuais de seus pacientes. Isso significa
evitar todas as formas de discriminação e dar tratamento igualitário a todas as pessoas,
independentemente de sua origem, gênero, orientação sexual, raça, religião ou outras
características pessoais. Esses cuidados éticos são essenciais para garantir a integridade
do tratamento do burnout e promover o bem-estar dos pacientes. Para garantir uma prática
profissional responsável e ética, os psicólogos devem aderir às diretrizes éticas fornecidas
por órgãos regulamentares, como o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2005).

RESULTADOS ESPERADOS

A partir da intervenção idealizada no presente trabalho, espera-se ampliar a


visibilidade em torno da Síndrome de Burnout em psicólogos e contribuir para a prevenção
e tratamento da patologia. Ao oferecer um espaço de atividades, acolhimento e informações
para os profissionais da psicologia, aumenta-se o debate em torno da saúde dos profissionais
que atuam com a saúde mental da população em geral e oferece um momento de cuidado
para quem cuida.

Espera-se que o público presente no “Círculo de Atividades – Cuidando de Nós”


tenha a oportunidade de refletir em torno da própria saúde mental e perceba as fragilidades
que cercam aqueles que se dedicam ao cuidado do outro. Além disso, pretende-se ampliar
o debate em torno do tema para fomentar mais pesquisas na área e colocar luz sobre
um tema tão importante, representando avanços na ciência. Ademais, tratar do assunto
com leveza e naturalidade ajuda a combater preconceitos em torno de temas importantes
como questões de saúde relacionadas ao trabalho e retira do lugar de tabu a ideia de que
psicólogos não sofrem com questões de ordem de saúde mental.

Ao final do círculo de atividades, a proposta é continuar a oferecer um serviço de


acolhimento e acompanhamento para os psicólogos que desejem a partir de um grupo
psicoterapêutico regular sobre Burnout, o que permite dar continuidade ao trabalho de
promoção de saúde mental para profissionais da psicologia. Com todo este movimento,
pretende-se reduzir os casos de Burnout entre psicólogos e aumentar a qualidade de vida
dos profissionais que lidam com a saúde mental de todos.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 02
Além disso, este trabalho pretende dar suporte em um período complicado de pós-
pandemia, em que ainda estamos percebendo enquanto sociedade as sequelas deixadas
por esta situação emergencial de saúde pública. Apoiar as pessoas que ainda sofrem com
as consequências de tal período é uma maneira de acelerar a retomada social para que se
possa seguir em frente e progredir coletivamente.

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view/3339/3498. Acesso em 28 de maio de 2023.

37
Capítulo Atendimento odontológico a

03
pacientes com HIV
Ioniff de Paula Costa Tavares
Bruno de Sousa Carvalho Tavares

RESUMO

O número de pessoas que são portadoras pelo vírus HIV, tem passado
de milhares em todo o mundo. Por esse motivo é importante proporcionar
uma qualidade de vida maior para essa parte da população, a integração
da odontologia no atendimento de pacientes acometidos pelo vírus HIV,
é de suma importância pois os primeiros indícios da doença, são através
de manifestações bucais. Neste sentido devemos identificar os serviços e
ações de saúde bucal voltadas para pacientes com HIV, devido se tratar
de uma patologia que ataca o sistema imunológico do paciente, necessi-
tam de cuidados bucais constante para que elevem sua expectativa de
vida. Método: Realizou-se um estudo de revisão de literatura onde foram
pesquisados em livros, dissertações e atividades científicos selecionados
através de busca nas seguintes bases de dados Scielo, Google Acadêmi-
co, Pubmed. Resultados: Os trabalhos analisados sugerem a importância
do atendimento a pacientes portadores do vírus do HIV, com intuito de
promover a saúde bucal e evitar agravos na saúde geral desse indivíduo.
Conclusões: Desta forma é imprescindível que seja incluído estudos com
foco na atenção odontológica a pessoas portadoras do vírus HIV, abor-
dando suas necessidades mais especificas, em busca de qualidade de
vida.

Palavras-chave: odontologia. atendimento. atuação do cirurgião-dentista.


integração e cuidados.

INTRODUÇÃO

O presente estudo detém por finalidade realizar uma breve


abordagem sobre o atendimento odontológico ao paciente portador do vírus
HIV, visto que está se trata de uma patologia de alto risco, que comumente
tem seus primeiros indícios, através de manifestações bucais. Deste
modo, o profissional de odontologia se mostra de grande importância no
atendimento aos pacientes com HIV, devendo estes profissionais manter-
se atualizados em seus métodos de prevenção e segurança ao atender
os pacientes.

Dentre as principais manifestações bucais que acometem os


pacientes com HIV, se encontra: candidíase bucal, eritema gengival
linear, leucoplasia pilosa, úlceras atípicas, gengivite. Deste modo, a saúde

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 03
bucal é fundamental para se garantir a saúde em geral de uma pessoa, inclusive aos
pacientes com HIV, que necessitam de cuidados buscais constantes para que elevem sua
expectativa de vida, tornando-se necessário que os profissionais que os cirurgiões-dentistas
atualizem constantemente suas práticas para propiciar atendimento especializado aos
pacientes soropositivos, visto que o atendimento a estes indivíduos requer conhecimentos
aprofundados e manuseio de técnicas especializadas, para se evitar a contaminação.

Neste sentido, o atendimento odontológico ao paciente soropositivo requer um


conjunto de fatores a serem observados pelo profissional dentista. Devendo o profissional
manter-se sempre atento as normas de esterilização e desinfecção dos materiais e
instrumentos, assim como, as normas de proteção ao paciente, de modo a propiciar um
atendimento de qualidade a estes.

Vamos identificar os serviços e ações de saúde bucal voltados a saúde bucal de


pacientes com HIV, assim como, a atuação do cirurgião dentista e evidenciar os aspectos
históricos, conceito, fisiopatologia e diagnóstico do HIV, demostrar as manifestações bucais
em pacientes com HIV, e as medidas de segurança em odontologia.

Estudar o papel do cirurgião dentista no atendimento odontológico de pacientes


com HIV, assim como, propostas de intervenções em saúde bucal a esses pacientes.

Nos dias atuais a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), consiste em uma


patologia ocasionada pelo vírus do HIV, que se tornou questão de saúde pública nos últimos
anos, visto que acomete milhares de pessoas em todo o mundo. Está patologia dentre suas
características é tida como fatal, causando muitas vezes discriminação e preconceito, visto
que é transmissível, seus primeiros sintomas e sinais se dão através de manifestações orais,
tais como a herpes, candidíase e leucoplasia pilosa, tornando-se necessário o atendimento
odontologia a estes indivíduos, deste modo, o profissional de odontologia se mostra de
grande importância no tratamento de manifestações orais em pacientes com HIV.

No entanto, a prática profissional do cirurgião dentista frente aos indivíduos


com HIV, se mostra de pequeno risco, sendo necessário que tanto o paciente quanto os
profissionais respeitem as regras de segurança disponíveis. Muitas das vezes apesar das
várias medidas de precaução, muitos profissionais negam atendimento a estes pacientes,
por não estarem preparados para atender, assim como, por falta de informações sobre a
doença. Deste modo, se mostrando necessário que sejam criadas ações e serviços de
atendimento odontológico voltados aos pacientes com HIV.

Diante disto, o presente estudo justifica-se em demostrar a sociedade e profissionais


de odontologia, ações, serviços e intervenções voltadas aos pacientes soropositivo,
assim como, a importância da qualificação do cirurgião dentista, para atendimento destes
pacientes.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia

Esse trabalho foi elaborado a partir de uma revisão de literatura onde serão

39
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 03
pesquisados livros, dissertações e artigos científicos selecionados através de busca nas
seguintes bases de dados; Google Acadêmico e SCIELO.

O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados nos últimos


10 anos, nos idiomas português e inglês. As palavras chaves utilizadas na busca foram;
Odontologia; HIV; Atendimento, sendo esses os principais indicadores da pesquisa a ser
realizada.

Resultados e Discussão

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), se trata de um lentivirus que ataca


o sistema imunológico, responsável pela de defesa do organismo contra doenças. Nesta
linha de acordo com Silva et al. (2017), o HIV se caracteriza por ser um retrovírus, que se
propaga por meio dos fluidos presentes no corpo humano, tais como sangue, secreções, leite
materno e sêmen, de modo a atacar o sistema imunológico. As células mais comprometidas
durante a contaminação pelo vírus do HIV, são os linfócitos T CD4+.

A Síndrome da Imunodeficiências Adquirida (HIV), comumente é transmitida


através de relações sexuais ou sangue, ocasionando déficit primário na imunidade celular,
que consequentemente dar brechas para o desenvolvimento de neoplasias malignas ou
infecções oportunistas. Nesse sentido, Santos e Oliveira (2017), informa que a classificação
do HIV, e dar através da análise filogenética de sequências nucleotidicas, sendo que sua
classificação é hierárquica, dividindo-se em grupos, tipos, subtipos e outros.

Neste sentido Moreno et al. (2021, p. 2 e 3), aduz que:

Na cavidade oral abriga um grande número de bactérias que se mantêm equilibra-


das. Infecções fúngicas e virais são as que mais afetam indivíduos com o Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), mas também outras doenças de origem bacte-
riana aparecem na cavidade oral, porém não tão claras. Certas lesões orais estão
fortemente associadas à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
A principal característica patológica do vírus da HIV é um declínio progressivo da
imunidade, causando o surgimento de doenças oportunistas e neoplasias malignas.

Deste modo, o HIV além de comprometer o sistema imunológico, afetando diversos


órgãos da pessoa contaminada, ocasiona o surgimento de outras patologias, tais como
rinite, tuberculose, neurotoplasmose e outras. Santos e Oliveira (2017), informam que até
o ano de 2014, haviam aproximadamente 36,9 milhões de pessoas no mundo com HIV, o
que gerava grande preocupação e medo por parte das pessoas em serem contaminadas,
visto que sua contaminação também pode ocorrer acidentalmente durante atendimentos
hospitalares, afetando deste modo, diretamente os profissionais da saúde. Deste modo, se
tornando essencial que os profissionais tenham pleno conhecimento sobre a patologia, ao
que concerne sintomas e atuação do vírus no corpo humano.

Conforme os conhecimentos de Motta et al. (2014), as manifestações orais possuem


múltipla etiologia, podendo advim de ser ocasionadas por fungos, bactérias e fungos, como
é o caso de pessoas portadoras do vírus de HIV, que apresentam constantemente lesões
bucais, sendo está muita das vezes uma das primeiras manifestações da doença, de modo
que o diagnóstico inicial pode ser dado pelo profissional Cirurgião-Dentista.

Nesta linha Ribeiro et al. (2015), aduz que as pessoas que se encontram com

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 03
HIV, apresentam alguns tipos de lesões bucais, tal como a candidíase nas suas variadas
modalidades clínicas, assim como, doenças periodontais, gengivais, herpes simples,
leucoplasia pilosa e outras manifestações, que ocasionam danos à saúde bucal.
Figura 1 – candidíase de bochecha.

Fonte: md.saúde.

Candidíase Oral; é caracteriza-se pelo aparecimento de placas cremosas e


esbranquiçadas na língua, lábios, céu da boca, parte interna das bochechas e, às vezes,
gengivas ou amígdalas. Podem surgir lesões avermelhadas Como aftas.

Nesse sentido Lourenço et al. (2021, p. 9), dispõe que:

As lesões bucais e peribucais são comuns nos pacientes infectados pelo vírus HIV e
podem representar os primeiros sinais da doença, antes mesmo das manifestações
sistêmicas, por isso, torna-se crucial para o profissional dentista, reconhecer tais
lesões, tomar as medidas de segurança além de informar o paciente sobre a ne-
cessidade de buscar por mais informações sobre tais lesões, isso é, encaminha-los
para outros procedimentos capazes de identificar a soropositividade no organismo.

Deste modo, constata-se que é comum as lesões bucais em pacientes soropositivas,


de modo que a cavidade bucal se tornou uma importante fonte para o prognóstico e
diagnóstico da patologia. Nesta linha de acordo com Motta et al. (2014), entre as principais
manifestações bucais que acometem os pacientes com HIV, se encontra: candidose bucal,
eritema gengival linear, leucoplasia pilosa, úlceras atípicas, gengivite, entre outras.
Figura 2 - Eritema gengival linear.

Fonte: slide player

Eritema gengival linear é uma manifestação gengival única de pacientes infectados


pelo HIV22, também denominada gengivite associada ao HIV.

Neste sentido, variadas são as lesões que podem se desenvolver em pacientes


com HIV, tornando-se necessário tratamento odontológico que elevem a expectativa de

41
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 03
vida destes pacientes, por isso é necessários profissionais odontologia capacitados para
atuar diretamente no contato com esses pacientes, de modo a atuar no reconhecimento
precoce das manifestações bucais.

A saúde bucal é fundamental para se garantir a saúde em geral de uma pessoa,


inclusive aos pacientes com HIV, que necessitam de cuidados buscais constantes para
que elevem sua expectativa de vida, tornando-se necessário que os profissionais que os
Cirurgiões-dentistas atualizem constantemente suas práticas para propiciar atendimento
especializado aos pacientes soropositivos, visto que o atendimento a estes indivíduos
requer conhecimentos aprofundados e manuseio de técnicas especializadas, para se evitar
a contaminação.

Nesta linha Moreno et al. (2021), aduz que de acordo com o Código de Ética
Odontológica, os pacientes devem receber o melhor atendimento no consultório
odontológico, independente da condição de cada paciente. De modo que o profissional de
odontologia propicie aos pacientes melhor qualidade de vida. Deste modo, o profissional
de odontologia deve manter-se preparado para atender pacientes que apresentam os mais
variados quadros de infecção, inclusive os pacientes soropositivos.

Nesta linha de raciocínio Moreno et al. (2021, p. 4), dispõe que:

Para pacientes com diagnóstico de HIV-AIDS, o dentista deve seguir alguns proce-
dimentos. Uma delas é comprovar que o paciente recebeu atendimento médico es-
pecializado, depois, antes de iniciar o tratamento, deve seguir algumas das normas
apontadas pela Coordenação Nacional de DST e Aids.

Deste modo, o profissional cirurgião-dentista, exercer um papel de grande


importância no tratamento odontológico de pacientes com HIV. Neste sentido, Conforme os
conhecimentos de Lourenço et al. (2021), entre as atribuições deste profissional encontram-
se: a orientar e encaminhar o paciente ao serviço de saúde em casos de diagnóstico da
patologia, realizar o atendimento com base nas normas de biossegurança, garantir o
tratamento humanitário e digno ao paciente com HIV, garantir a continuidade do tratamento
odontológico, assim como, manter o sigilo profissional, entre outras atribuições que se
mostram essencial para o atendimento de qualidade do paciente soropositivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, a integração do cirurgião-dentista em equipes multidisciplinares e cuidados


com a saúde bucal no ambiente hospitalar é de extrema importância pois contribui para
uma melhor recuperação do quadro geral do paciente sendo fundamental a qualificação e a
ampliação dos estudos nessa área para que seja feita a implantação de protocolos clínicos
de conduta visando tanto prevenção, quanto aos cuidados da saúde bucal, dos pacientes
portadores do vírus HIV.

REFERÊNCIAS

LOURENÇO, Celi. Tratamento odontológico em pacientes soropositivos – HIV e a conduta


ética dos profissionais de odontologia. Disponível em: https://multivix.edu.br/wp-content/

42
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 03
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MORENO, Victória; et al. Atendimento odontológico em pacientes soropositivo. Disponível


em: file:///C:/Users/Keuly/Downloads/40-Artigo-278-11020211012%20(2).pdf. Acessado em:
30/03/2023 as 16:51.

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soropositivos para o HIV/Aids. Rev. Odontol. UNESP. 43 (01), 2014.

RIBEIRO, MP. DAL CASTEL, MMB. COSTA, TOC. CHEVALIER, ALN.

MONTENEGRO, FLB. MIRANDA, AF. Odontopediatria: AIDS na população idosa do Brasil e a


falta de programas de prevenção. Rev. Portal; vol.5, edi. 44, p. 25-32. 2015.

SANTOS, Anderson; OLIVEIRA, Gleidson. Principais manifestações bucais em pacientes pediátricos


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CAIS%20EM%20PACIENTES%20PEDI%C3%81TRICOS%20ASSOCIADOS%20%C3%81%20
INFEC%C3%87%C3%83O%20DO%2 0HIV%20AIDS.pdf?sequence=1. Acessado em: 30/03/2023
as 16:42.

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integrativa. RSC online., vol. 6, n. 3, p. 133-147, set., 2017.

43
Capítulo Importância da promoção de

04
saúde bucal nas escolas
Gabriela de Matos Siqueira
Bruno de Souza Carvalho Tavares

RESUMO

O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma política intersetorial no âmbito


dos Ministérios da Educação e da Saúde, instituído por Decreto Presiden-
cial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. A finalidade do PSE é contribuir
para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação
básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde.
Tais ações devem ser desenvolvidas articuladamente com a rede de edu-
cação pública básica e em conformidade com os princípios e diretrizes do
Sistema Único de Saúde (SUS). O presente trabalho teve como objetivo
demonstrar a importância da promoção de saúde bucal nas escolas. A
metodologia de trabalho, foi através de artigo, livros, google acadêmico,
Pubmed, SciELO.

Palavras-chave: cárie dentária. prevenção. saúde oral. PSE.


odontopediatria.

INTRODUÇÃO

A cárie já é considerada como um dos maiores problemas de


saúde oral no mundo. Então por afetar vários tipos de idades, é um
assunto que sempre tá em alta. Apesar de ser considerada uma doença
multifatorial, há diversos fatores associados pra que ela se desenvolva,
desde uma alimentação rica em cariogênicos, déficit em higiene bucal,
falta de informações entre outros aspectos. Que contribuem para que haja
a prevalência do agravo dessa doença.

Dessa forma, os cirurgiões dentistas sempre estão buscando um


meio de usar a prevenção como um fator essencial pra vida das pessoas,
muitos trabalhos educativos e preventivos vêm sendo realizados dentro
de instituições de ensino, sejam infantil e/ou fundamental, transmitindo
informações sobre o cuidado com higiene bucal.

Como a prevenção se torna um fator essencial, pro público no


geral, aos meios de transmitir conhecimento para aqueles que estão
desconstruídos quanto o assunto cárie, deve-se sempre fazer trabalhos com
meios lúdicos para faixa etária X abordada, o processo de aprendizagem
sobre cárie e sua manifestação são de extrema importância, levando
também o conhecimento quanto a introdução sobre os cuidados com a

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Capítulo 04
higiene bucal.

As existências de doenças bucais que podem prejudicar na saúde não são poucas,
e nas escolas sendo públicas ou privadas, podem se apresentar em diferentes graus, como
uma periodontite, fluorose e até mesmo a famosa carie por exemplo, que pode causar dores,
infecção e até a perda do dente. Os motivos são multifatoriais e a importância do ensino
na escola desde o fundamental ajudará no amadurecimento e na prevenção, além de levar
saúde bucal para toda a família, pois a educação não só vem de casa. São profissionais
como do Programa Saúde na Escola (PSE) visam prevenção, promoção e ação com
objetivos de incentivar e contribuir para melhora a saúde da população e levantamento de
dados para a obtenção do controle da saúde em questão.

A promoção da saúde em âmbito escolar contribui para formação de um pensamento


crítico e promove uma melhor qualidade de vida para a sociedade, pois a promoção,
manutenção e recuperação da própria saúde certamente é o objetivo para ser alcançado.
A educação em saúde geralmente é de família, mas muitas vezes não se tem um bom
suporte, seja por falta de conhecimento ou financeiro para obtenção de uma boa higiene
oral. É a escola de forma secundaria, chega para criar condições e motivação para prevenir
umas essas doenças orais e até certas transmissões como por exemplo a herpes labial. De
que forma a odontologia trabalha no ambiente escolar?

O objetivo principal deste trabalho foi de descrever quanto ao funcionamento da


odontologia no âmbito escolar, e especificamente demonstrar métodos preventivos para o
âmbito escolar, de forma leiga para cada faixa etária.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia

Realizou-se um estudo em artigos científicos, consultando as seguintes bases de


dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online); Lilacs (Literatura Latino- Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde), sobre a importância da promoção no âmbito escolar. Os
idiomas pesquisados foram a língua portuguesa e inglesa e foram utilizadas as seguintes
palavras-chaves: Cárie dentária, prevenção, saúde oral, PSE, Odontopediatria.

Resultados e discussão

Programa de saúde bucal nas escolas

De acordo com Gomes e Merhy (2011), a escola é um local de comunicação que


pode reverter o quadro sanitário da população através do fortalecimento da educação em
saúde, entendida como um modo de fazer as pessoas mudarem seus hábitos e assimilarem
práticas e recomendações que evitariam o desenvolvimento de uma série de doenças.
Sendo assim, a relação profissional de saúde/professor e aluno poderia ser compreendida
como produtora de apoio social, sejam estes informativo ou emocional. O apoio informativo
se estrutura na relação dialógica que se estabelece no trabalho que é realizado em saúde,
enquanto o apoio emocional se desenvolve a partir do modo como se configuram as relações

45
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 04
baseando-se nas atitudes do profissional diante do usuário.

A Escola Promotora da Saúde procura desenvolver conhecimentos, habilidades


e destrezas para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas
as oportunidades educativas; fomenta uma análise crítica e reflexiva sobre os valores,
condutas, condições sociais e estilos de vida, buscando fortalecer tudo que contribui para
a melhoria da saúde e do desenvolvimento humano; facilita a participação de todos os
integrantes da comunidade escolar na tomada de decisões; colabora na promoção de
relações socialmente igualitárias entre as pessoas, estimula a participação efetiva da
comunidade na construção da cidadania, na transformação de seu ambiente, na conquista
da equidade social e em saúde, de forma que as pessoas possam melhorar a qualidade
de vida. Além de atuar, efetivamente, na reorientação dos serviços de saúde para além de
suas responsabilidades técnicas no atendimento clínico, para oferecer uma atenção básica
e integral aos pacientes e à comunidade (ETHEL et al., 2010).

O Programa Saúde na Escola, instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de


5 de dezembro de 2007, tem como proposta integrar os setores saúde e educação na
perspectiva de ampliar as ações específicas de saúde no territórios (BRASIL, 2009).

Foi relatada e comprovada, por diversos autores, a importância dos Programas


de Educação em Saúde nas escolas de educação infantil, tanto na aquisição de novos
conhecimentos, como na redução dos índices das doenças bucais (OHARA et al., 2000;
MASTRANTONIO; GARCIA, 2002; PEREIRA, 2002; AQUILANTE et al., 2003; SALIBA et
al., 2003; GOEL et al., 2005).

O Ministério da Saúde (2002), compreende que o período escolar é fundamental


para se trabalhar saúde na perspectiva de sua promoção, desenvolvendo ações para a
prevenção de doenças e para o fortalecimento dos fatores de proteção. Por outro lado,
reconhece que, além da escola ter uma função pedagógica específica, tem uma função
social e política voltada para a transformação da sociedade, relacionada ao exercício da
cidadania e ao acesso às oportunidades de desenvolvimento e de aprendizagem, razões
que justificam ações voltadas para a comunidade escolar que visem concretizar as propostas
de promoção da saúde.

A escola é espaço de grande relevância para a promoção da saúde, principalmente


quando exerce papel fundamental na formação do cidadão crítico, estimulando a autonomia,
o exercício de direitos e deveres, o controle das condições e saúde e qualidade de vida,
com opção por atitudes mais saudáveis (BRASIL, 2009).

A educação garante o acesso às informações necessárias para a valorização e


incorporação de hábitos saudáveis (prevenção ativa), além de promover uma cultura de paz,
valorizando não só o indivíduo e suas habilidades, mas também o coletivo, estimulando-os a
inovar, capacitando-os a resolverem problemas pessoais e da comunidade. As informações
podem ser transmitidas de forma lúdica, por meio de música, artes, vídeos, jogos, atividades
culturais e serviços de saúde (ETHEL et al., 2010)

A escola é um local favorável para a realização de programas de saúde, nas


mais diversas faixas etárias, já que tem importante papel na formação social, cultural
e intelectual dos estudantes. Considerando crianças, como sujeitos do processo, estas

46
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 04
assimilam informações rapidamente e são capazes de incorporar novos hábitos saudáveis
com facilidade, levando-os até mesmo para seu ambiente familiar e, portanto, atuando
como multiplicadores do conhecimento em saúde (ALMAS et al., 2003; MASTRANTONIO
et al., 2002).

Portanto a estratégia “escola promotora da saúde” traz subsídios para que


profissionais das áreas de saúde e educação possam atuar, conjuntamente, para melhorar
a qualidade de vida de alunos, professores, gestores, funcionários, famílias, atingindo toda
comunidade.

Os programas de saúde bucal, desenvolvidos em períodos mais longos, repercutem


melhor no aprendizado dos estudantes, ou seja, há melhor assimilação dos conhecimentos.
(TOASSI; PETRY, 2002, p. 36).

As ações previstas no PSE são eficazes na prevenção, manutenção e controle


de alguns problemas bucais como cárie, doença periodontal, halitose e fluorose. Essas
condições afetam a qualidade de vida das pessoas e são influenciadas por fatores externos
como: higiene bucal deficiente, alimentação desequilibrada e consumo exagerado de açúcar.
Tais fatores são, em grande parte, de natureza comportamental e/ou obtidos através do
convívio social, o que justifica a importância da educação em saúde na promoção da saúde
bucal, como forma de estabelecer hábitos de prevenção desses problemas da cavidade
oral (MONTE, 2013).

A importância da odontologia nas escolas

As enfermidades bucais (principalmente as cáries e as periodontites) são,


atualmente, consideradas como um problema de saúde pública e resultam em perda de
elementos dentais quando não são tratadas de forma adequada e/ou precocemente. A
literatura odontológica brasileira discute a pouca valorização da saúde bucal por parte da
população e demonstra que é urgente a implantação programas de prevenção e educação
em saúde. A educação em saúde é fundamental para a construção de comportamentos e
hábitos saudáveis (BRASIL, 2007).

Na Odontologia, a educação em saúde pode esclarecer a população sobre a


importância dos hábitos de higiene bucal com procedimentos simples e baratos e, ainda,
como eles influenciam a saúde e a vida cotidiana das pessoas. Saliba et al. (2003),
ressaltam que a educação em saúde bucal assume papel relevante, quando se pretende
conscientizar os indivíduos para atuarem na valorização de sua saúde bucal, permitindo,
com isso, a incorporação de hábitos e atitudes saudáveis.

A Odontologia Preventiva é uma excelente forma de abordagem, uma vez que


possibilita a prevenção de danos às estruturas dentais, causados pelo desequilíbrio
bioquímico entre o biofilme e o hospedeiro, resultando na conservação da saúde bucal
da população. Essas ações podem ser realizadas por meio da educação e motivação do
paciente no cuidado com sua higiene oral e alimentação, procurando criar hábitos saudáveis
(RIBEIRO et al., 2009).

Uma vez que o paciente é motivado a cuidar da sua higiene bucal e da sua
alimentação, espera-se que ele passe a ter consciência de sua condição tornando-se

47
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 04
disposto às mudanças. Isso pode levá-lo a colocar em prática todas as orientações que
lhe foram passadas. Desta forma, torna-se sujeito de sua própria condição de bem-estar
(SABACHUJFI et al., 1999).

Ao assumir o auto-cuidado, a partir de conhecimentos embasados na ciência e na


percepção popular sobre o fenômeno e não em normatizações e ordens, o paciente passa
a encarar a doença como algo passível de ser prevenido. Este processo é chamado de
“desnaturalização da doença” isto é, o indivíduo deixa de encarar o adoecer como algo
inevitável (GAZZINELLI et al., 2005).

Atividades como palestras, peças teatrais e jogos podem ser realizadas na escola
para facilitar o ensino-aprendizagem sobre saúde bucal. As tecnologias digitais podem
ser aplicadas para disseminar o conhecimento e alcançar efetivamente os estudantes. A
tecnologia renova e implanta a compreensão das práticas de saúde, reestrutura os modelos
assistenciais e de prevenção que podem reforçar e otimizar os benefícios da promoção de
saúde bucal (TENÓRIO et al., 2014).

Dessa forma, o odontólogo tem buscado fazer maior uso da educação em saúde,
em sua prática, possibilitando a construção de uma relação mais próxima entre ele e seus
pacientes. Essa aproximação desenvolve-se nas ações educativas na escola, pois nesse
contato despretensioso, no qual a criança está no seu ambiente cotidiano, sem o medo da
cadeira odontológica, o vínculo ultrapassa a relação profissional/paciente, estabelecendo
relação direta de confiança entre esses sujeitos, muito importante para a continuidade do
tratamento (PINHEIRO et al.,2010).

Na odontologia, estudos mostram que procedimentos educativos e preventivos


contribuem para a manutenção e o controle de alguns problemas bucais já que doenças
como a cárie e a doença periodontal ainda manifestam grande prevalência e incidência
universal na área odontológica, nos dias de hoje e seu tratamento pode evitar perdas
importantes durante a vida escolar (HOLT & BARZEL, 2013).

CONSIDERAÇÕES

Conclui-se que é possível reconhecer a importância da realização do programa


saúde em escolas, pois há um direcionamento organizado de ações em saúde bucal
utilizando o referencial da clínica ampliada. Essas diretrizes demonstram contribuições nos
quesitos de intersetorialidade, trabalho em equipe, participação da comunidade escolar,
o verdadeiro significado de conceito ampliado de saúde, valorização não só dos saberes
profissionais, mas também dos estudantes e suas famílias, educação popular em saúde e
empoderamento dos escolares a respeito da sua saúde.

REFERÊNCIAS

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49
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 04
TENÓRIO, L. C. et al. Educação em Saúde através das novas tecnologias da informação e
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50
Capítulo A humanização da assistência

05
em enfermagem no cuidado
ao paciente: uma revisão de
literatura
The humanization of nursing
care in patient care: a literature
review
Erica Santos Silva
Centro de Educação Tecnológica de Teresina - CET
Marizete Silva Campos de Moura
Centro de Educação Tecnológica de Teresina – CET
Lorena Rocha Batista de Carvalho
Centro de Educação Tecnológica de Teresina – CET

RESUMO
O presente estudo tem como objetivo descrever as condutas de enferma-
gem na assistência humanizada, por meio de uma revisão da literatura.
Os dados foram levantados por meio das bases de dados: Biblioteca Virtu-
al da Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), La Litera-
tura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) a partir
de trabalhos publicados entre 2018 e 2022, utilizando palavras chaves
como: Política Nacional de Humanização (PNH); Humanização hospitalar;
Assistência em enfermagem; Enfermagem no cuidado ao paciente. Para
a seleção dos artigos utilizou-se critérios de inclusão e exclusão. Foram
encontrados um total de 3.349 estudos, sendo na base de dados Bvs (n
= 1.751), SciELO (n = 245) e Lilacs (n = 1.353), contudo quando aplica-
dos os critérios de exclusão e inclusão restaram 483 estudos, na Bvs (n
= 292), SciELO (65) e Lilacs (126). Restaram apenas 15 artigos para a
construção do trabalho, sendo na BVs (n = 6), SciELO (n = 4) e Lilacs (n
= 5). Os estudos foram dispostos em um quadro organizado conforme a
base de dados, título, autores/ano, metodologia e conclusões. A partir do
presente estudo ao término da pesquisa, concluiu-se que a humanização
da assistência de Enfermagem, abrange todos os setores e serviços que
prestam atendimento de saúde. A humanização é uma ferramenta primor-
dial para a reabilitação e recuperação da saude do paciente, uma vez que
a complexidade humana exige uma assistência de qualidade levando em
consideração a gravidade do quadro de saúde do paciente.
Palavras-chave: humanização. assistência de enfermagem. cuidado do
paciente.
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.5 51
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
ABSTRACT

This study aims to describe how the nursing team can act to improve the well-being of pa-
tients, through humanized behaviors in care through a literature review. Data were collected
through databases such as the Virtual Health Library (BVS), Scientific Electronic Library On-
line (Scielo), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (Lilacs) based on
works published between 2018 and 2022, using keywords such as: National Humanization
Policy (PNH); Hospital humanization; Nursing assistance; Nursing in patient care. For the
selection of articles, inclusion and exclusion criteria were used. A total of 3,349 studies were
found, in the Bvs (n = 1,751), SciELO (n = 245) and Lilacs (n = 1,353) databases, however,
when the exclusion and inclusion criteria were applied, 483 studies remained in the Bvs (n
= 292), SciELO (65) and Lilacs (126). Only 15 articles remained for the construction of the
work, being in BVs (n = 6), SciELO (n = 4) and Lilacs (n = 5). The studies were arranged in
a table organized according to the database, title, authors/year, methodology and conclu-
sions. From the present study to the end of the research, it is concluded that the humaniza-
tion of nursing care covers all sectors and services that provide health care. Humanization is
a key tool for the rehabilitation and recovery of the patient’s health, since human complexity
requires quality care, taking into account the severity of the patient’s health condition.

Keywords: humanization. nursing assistance. patient care.

INTRODUÇÃO

As práticas de humanização é um tema que vem ganhando destaque nos estudos


científicos atuais, mais frequente nos serviços públicos de saúde, e nas publicações da área
da saúde coletiva, visto que essa prática estabelece o cuidado e a valorização da harmonia
entre a relação paciente-enfermagem no âmbito hospitalar (FRANZON et al., 2022).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde não se resume apenas a


inexistência de enfermidade, mas abrange o bem-estar físico, mental e social. A humanização
no atendimento e nos cuidados prestados ao paciente são necessários, pois o ser humano
não dispõe somente de necessidades biológicas, mas também espirituais e sociais que
devem ser respeitados mediante uma assistência digna e com ética (PEREIRA, 2019).

Em 2003, foi lançada a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão


do SUS (PNH/Humaniza SUS) que, abrange a mudança da atenção e gestão da política
pública de saúde, que visa melhoria na assistência aos usuários e melhores condições para
os trabalhadores (SALVATI et al., 2021).

O atendimento humanizado se destaca pela atenção, diálogo e uma escuta


qualificada entre o profissional e o usuário, através desse elo, se espera um entendimento
melhor da situação vivenciada, pautada pela boa adesão do usuário ao tratamento proposto
(VIEIRA; ALMEIDA, 2020). De certo modo, é importante ressaltar que apesar da literatura
abordar esses tipos de conceitos, muitas vezes, devido à sobrecarga imposta pelo cotidiano
do trabalho, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e tecnicista.

Olhando pela literatura e também pelo aprendizado como futuros profissionais, o


processo de humanização na assistência vai além de textos literários propriamente dito,
sao vários fatores que interferem e de certo modo contribuem para essa sobrecarga. E
sobre isso Nwozichi; Locsin; Guino-o (2019) afirmam que é necessária a humanização

52
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
das condições de trabalho destes profissionais, pois quando há um respeito e valorização
mútuos, os profissionais desempenham um trabalho mais eficiente na instituição em que
trabalham, sem contar com as jornadas abusivas de trabalho que se fazem geradoras de
estresse físico e emocional.

Considerando que a Humanização envolve o a compartilhamento da gestão como


um método e dispositivo na produção de novos modos de gerir e cuidar em saúde, este estudo
se justifica pela importância do tema e sua interação com a saúde pública. A humanização
da enfermagem tem como critério proporcionar assistência ao ser humano portador de
uma condição clínica, considerando as questões psicológicas, sociais e religiosas, entre
outras variáveis que afetam o prognóstico do paciente. Portanto, reconhecer e estimular as
iniciativas de humanização deve ser fator primordial nos dias atuais, bem como valorizar
os profissionais competentes e compromissados com o tema proposto. O atendimento
humanizado de enfermagem traz benefícios significativos para todos os envolvidos.

Assim, o presente estudo tem como objetivo geral descrever as condutas


de enfermagem na assistência humanizada por meio de uma revisão de literatura.
Especificamente, discutir a percepção do enfermeiro sobre a humanização no atendimento
ao paciente; Compreender como a assistência humanizada em enfermagem pode melhorar
a qualidade de vida dos pacientes e transformar a qualidade da assistência prestada; refletir
sobre a Política Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar e a relação da mesma
com o trabalho da Enfermagem.

METODOLOGIA

Tipo de Estudo

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura (RI), que tem como objetivo
mapear os conteúdos dos documentos para estudar a incidência de um fenômeno por
meio da constatação de sua ocorrência em outros estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,
2008). Esse tipo de estudo permite analisar e sintetizar o conhecimento produzido de forma
ordenada e sistemática, com a finalidade de gerar um todo consistente e significativo por
meio de achados oriundos de estudos diversos e representativos sobre determinado tema
(RABELO; PINTO, 2019).

Coleta de dados

Os dados foram levantados por meio de base de dados como Biblioteca Virtual da
Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), La Literatura Latino Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) a partir de trabalhos publicados entre 2018 e 2022,
utilizando palavras chaves como: Política Nacional de Humanização (PNH); Humanização
hospitalar; Assistência em enfermagem; Enfermagem no cuidado ao paciente.

Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: disponibilidade eletrônica do


artigo na íntegra; publicados em línguas portuguesa e inglesa; título que contenha referência

53
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
aos descritores e texto que estejam relacionados diretamente ao tema proposto. Como
critérios de exclusão foram eliminados as publicações que não atenderam os critérios
estabelecidos na metodologia, bem como os que não descreveram sobre a temática
definida.

Análise e Organização de dados

Os dados necessários para a realização foram obtidos através da leitura dos artigos
na íntegra com o objetivo de sistematizar os achados. Depois de lidos, foram elencados os
artigos que fizeram parte da amostra; e estes foram registrados em ficha própria contendo
dados do periódico como a base de dados, título, autores/ano de publicação, metodologia,
conclusões e achados da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme os procedimentos de pesquisa, quando realizada a busca pelos


descritores foram encontrados um total de 3.349 estudos, sendo na base de dados Bvs
(n = 1.751), SciELO (n = 245) e Lilacs (n = 1.353), contudo quando aplicados os critérios
de exclusão e inclusão restaram 483 estudos, na Bvs (n = 292), SciELO (65) e Lilacs
(126). Desses artigos excluíram-se os estudos indisponíveis em sua totalidade, duplicados,
publicações fora do recorte temporal, teses, dissertações e estudos que não atendiam ao
escopo do estudo. Assim, restaram apenas 15 artigos para a construção do trabalho, sendo
na BVs (n = 6), SciELO (n = 4) e Lilacs (n = 5). O fluxograma abaixo descreve as etapas da
seleção dos estudos:
Fluxograma 1 - seleção dos estudos da pesquisa de revisão de literatura.

Fonte: elaborada pelos autores, 2023.

Os artigos escolhidos foram analisados por meio de leitura reflexiva e criteriosa


acerca das principais informações e elementos que compõem a temática nos estudos,
sendo avaliados quanto à temática e a consonância com os objetivos do presente estudo.
Além disso, esses estudos foram dispostos em um quadro organizados conforme a base
de dados, título, autores/ano, metodologia e conclusões. Observa-se que os estudos se
encontram bem distribuídos no quadro 1 abaixo:

54
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
Quadro 1 - síntese das principais informações dos artigos, quanto à base de dados,
título, autores/ano, metodologia e conclusões.
BASE DE TITULO AUTORES/ANO METODOLOGIA CONCLUSÕES
DADOS
BVS A humanização da SOARES, Revisão integra- Observou-se que a humanização
enfermagem nos Giovanna et al. tiva. do atendimento da enfermagem
cenários de urgên- (2022). não depende exclusivamente da
cia e emergência. capacitação do corpo de en-
fermagem, mas envolve outros
coeficientes, como: infraestrutura
hospitalar e recursos humanos.
BVS A comunicação SILVA, Bruna Revisão integrati- A comunicação é uma ferramenta
entre a enferma- Aparecida de va da literatura. importante na prática cotidiano
gem e os pa- Oliveira; SOU- da enfermagem possibilitando
cientes em uma ZA, Diala Alves acolhimento, humanização, acei-
unidade de terapia (2022). tação do tratamento, segurança
intensiva: dilemas do paciente contribuindo para
e conflitos. uma assistência eficiente e de
qualidade.
BVS Fundamentos FERREIRA, Revisão da litera- Os princípios básicos do cuidado
Nightingaleanos, Márcia et al. tura. propostos por Nightingale refle-
cuidado humano e (2020). tem-se em atuais políticas de
políticas de saúde saúde, contribuindo para ampliar
no Século XXI. a autonomia dos profissionais
de enfermagem, na oferta de
cuidados baseados em conceitos
próprios, em favor de uma Enfer-
magem Integrativa e Humana.
BVS Insuficiências na SALCI, Maria Pesquisa qualitati- A atenção às pessoas usuárias
aplicabilidade das Aparecida et al. va avaliativa. de insulina apresentou fragilida-
políticas direcio- (2020). des, sem uma abordagem que
nadas ao diabe- prevenisse os riscos inerentes a
tes mellitus e a esta terapêutica, além de dificul-
humanização na dades no acompanhamento e
atenção primária. orientações por parte dos profis-
sionais, com vistas à totalidade
e integralidade da atenção em
saúde a essa população.
BVS Escuta terapêuti- NASCIMENTO, Revisão de inte- A escuta é uma eficiente tecnolo-
ca: uma tecnolo- João Matheus, grativa da litera- gia terapêutica que pode e deve
gia do cuidado em et al. (2020). tura. ser implementada em diversos
saúde mental. cenários, mas que carece de
maiores pesquisas acerca do
impacto nos diferentes níveis,
requerendo o desenvolvimento
de habilidades técnicas para sua
melhor operação.
BVS Humanização da PAULA, Carla Estudo quanti- Chegou-se à conclusão de que
assistência: aco- Fernanda et al. tativo, analítico, os usuários estão satisfeitos com
lhimento e triagem (2019). transversal. a atuação da Enfermagem na
na classificação humanização da assistência, no
de risco. acolhimento e na triagem com
classificação de risco, nos servi-
ços médicos de emergência.
SciELO Acolhimento e OLIVEIRA, Estudo qualitativo. O acolhimento e a ambiência
ambiência hospi- Caroline et al. hospitalar vão além de melhorias
talar: percepção (2022). físicas e vínculos utilitaristas ou
de profissionais da funcionais. Os mesmos podem
saúde. ser considerados indutores e am-
pliadores de promoção da saúde,
tanto de gestores e colaborado-
res quanto de usuários.

55
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
BASE DE TITULO AUTORES/ANO METODOLOGIA CONCLUSÕES
DADOS
SciELO Enfermagem e SOUZA, Bruna Pesquisa de cam- Os achados revelaram que a
gestantes de alto Felisberto et al. po com enfoque ênfase no manejo biomédico
risco hospitaliza- (2020). qualitativo. do risco obstétrico e limitações
das: desafios para estruturais e organizacionais do
integralidade do trabalho acabam por dificultar a
cuidado. incorporação ao cotidiano do cui-
dado de preocupações e saberes
necessários à construção de sua
integralidade.
SciELO A humanização PERBONI, Jés- Estudo de abor- Os resultados demonstraram
do cuidado na sica Siqueira et dagem qualitativa que a maioria dos enfermeiros
emergência na al. (2019). exploratória. entendem que o conceito de hu-
perspectiva de manização faz parte do cuidado
enfermeiros: en- de enfermagem e da assistência
foque no paciente de qualidade.
politraumatizado.
SciELO Humanização SALVATI, Caro- Pesquisa-ação. O acolhimento e a ambiência,
hospitalar: cons- line de Oliveira, com vistas à humanização hospi-
trução coletiva de et al., 2021. talar, perpassam pela implemen-
saberes e práticas tação de estratégias concebidas
de acolhimento e com a participação responsável e
ambiência. multiplicadora de todos os atores
(profissionais e usuários) do
hospital.
LILACS Humanização no LIMA, Deivson Pesquisa explora- O estudo identificou que o cui-
cuidado em saúde Wendell et al. tória, de aborda- dado em Enfermagem em saúde
mental: compreen- (2021) gem qualitativa. mental é preciso modificar as re-
sões dos enfer- lações que os discursos biomédi-
meiros. cos mantem com os que buscam
uma pratica humanizada.
LILACS Percepção da BARBOZA, Estudo descritivo A humanização envolve aspec-
equipe multidisci- Beatriz Coêlho de abordagem tos inerentes à condição de ser
plinar acerca da et al. (2020). qualitativa. humano, e, para sua efetivação,
assistência huma- é necessário o envolvimento de
nizada no centro toda a equipe multidisciplinar nos
cirúrgico. cuidados com os pacientes.
LILACS Humanização e NASCIMENTO, Revisão sistemá- Os dados direcionam para a
tecnologias leves Francisco Ju- tica. percepção das várias formas de
aplicadas ao cui- nior, (2021). se possibilitar a humanização e a
dado de enferma- utilização das tecnologias leves
gem na unidade no atendimento ao paciente em
de terapia inten- Unidade de Terapia Intensiva,
siva: uma revisão sendo indiscutível a importância
sistemática. de se ter uma visão holística para
a prestação de um serviço de
assistência integral, atingindo os
pacientes e familiares, devendo
as tecnologias duras serem con-
jugadas a este processo.
LILACS Assistência huma- SANTOS, Entrevista. Na percepção dos enfermeiros
nizada: percepção Emilenny Lessa, intensivistas, ofertar uma assis-
do enfermeiro (2018). tência agregada à humanização
intensivista. é importante, por influenciar no
tratamento e na recuperação do
paciente.
LILACS Humanização da OLIVEIRA, Revisão integrati- No contexto da unidade de
assistência de Amanda Kar- va da literatura. terapia intensiva, a humanização
enfermagem na la Silva et al. da assistência de enfermagem
unidade de terapia (2018). influencia na melhora da qualida-
intensiva. de do tratamento do paciente.

Fonte: elaborado pelas autoras, (2023).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
Desafios da implementação da humanização da assistência nos setores
de saúde

Segundo os preceitos da Politica Nacional de Humanização a Humanização envolve


o processo de humanizar a assistência com o oferecimento de tecnologias, serviços,
recursos humanos, materiais e infraestrutura, no intuito de garantir a segurança do paciente,
de modo a assegurar o conforto e o bem-estar dos usuários (LIMA et al., 2018).

Nesse sentido, algumas instituições de saúde não dispõem de serviços de


humanização, comprometendo assim a assistência. Diante disso, os estudos de Soares
et al. (2022), encontraram entraves na implementação da humanização nos Serviços de
Urgência e Emergência, principalmente, em decorrência da falta de recursos humanos e
materiais que prejudicam o trabalho dos enfermeiros, além disso, a falta de estratégias
no atendimento inicial resulta em superlotação desses serviços, sobrecarregando os
profissionais.

Os estudos de Salci et al. (2020) corroboram com esses achados, pois também
encontraram insuficiências nas políticas públicas destinadas à assistência ao paciente com
Diabetes Mellitus na Atenção Primária. Um dos problemas encontrados foram fragilidades
na atenção às pessoas que usam insulina, pois não havia uma abordagem que previam os
riscos inerentes à doença. Assim, além das pessoas não serem acompanhadas e orientadas
adequadamente, a humanização da atenção foi comprometida por falta de atitudes dos
profissionais de saúde.

Segundo Paula et al. (2019) o Acolhimento com Classificação de Risco nos setores
de Urgência e Emergência é um mecanismo fundamental para qualificar e humanizar a
assistência. O enfermeiro é o profissional mais indicado pelo Ministério da Saúde para
realizar a Classificação visto que é uma competência legal e regulamentada pelo Conselho
Federal de Enfermagem de acordo com a Resolução Cofen 423/2012. Assim, isso
estabelece prioridades no atendimento por meio das manifestações clínicas dos pacientes,
ofertando mecanismos necessários para a assistência, assim como o ambiente, objetivando
o acolhimento e o atendimento humanizado.

No estudo de Paula et al. (2019), que também analisou a humanização da


assistência na Classificação de Risco por meio de um questionário aplicado a pacientes
atendidos em um Hospital de Base de São José do Rio Preto, em São Paulo, concluiu
que os pacientes estavam satisfeitos com o atendimento e a organização da assistência,
mesmo não conhecendo o sistema de acolhimento. Dessa maneira, percebe-se que,
a implementação do sistema de acolhimento é uma maneira de melhorar e ofertar um
atendimento humanizado e seguro aos pacientes.

Outro estudo sobre a humanização do cuidado na emergência agora sob a


perspectiva dos enfermeiros, com enfoque em pacientes politraumatizados, destacou
o cuidado de enfermagem ao paciente nessas condições, ressaltando as prioridades e
as dificuldades durante o atendimento. Os resultados demonstraram que a maioria
dos enfermeiros entendem o conceito de humanização e que faz parte do cuidado de
enfermagem, porém foi identificado fragilidades durante a assistência, como a preocupação
com a técnica e com a doença, deixando de olhar o lado humano do paciente (PERBONI
et al., 2019).
57
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
Os estudos de Silva e Souza (2022) abordam a comunicação entre a enfermagem e os
pacientes em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Os dados da pesquisa demonstraram
que a comunicação nesse setor contribui como um instrumento facilitador da humanização,
pois faz com que as relações entre enfermeiro e paciente aconteçam, representando um
processo recíproco, favorecendo o diálogo, onde necessita estar presente às emoções, o
respeito e os interesses de cada um.

A importância da escuta humanizada e a ambiência no processo da


humanização

Para Farias et al. (2018), a comunicação é fundamental para o cuidado humanizado,


pois é uma forma de respeito criado por parte do enfermeiro durante a assistência ao utilizar
os procedimentos técnicos, a escuta e a atenção adequada. No atendimento é importante o
diálogo constante entre ambos, uma vez que é cultivada a confiança, o respeito, a empatia,
contribuindo para o estabelecimento da saúde do paciente.

Nos estudos de Ferreira et al. (2020), aborda os pensamentos Nightingaleano para a


prática de enfermagem onde tem-se como princípios básicos compreender profundamente
o ser humano. No contexto da PNH, observa-se a difusão da teoria ambientalista de
Nightingale nos serviços de saúde, em que o conceito de ambiente sustenta as práticas de
cuidado, no intuito de resguardar uma ambiência adequada para que as famílias estejam
presentes junto aos seus familiares hospitalizados, fortalecendo o vinculo e o protagonismo
dos usuários.

Ainda sobre a questão da ambiência, nos estudos de Oliveira et al. (2022), avaliou
a percepção dos profissionais sobre o acolhimento e a ambiência hospitalar no processo
de assistência ao paciente. De acordo com a pesquisa, para os profissionais, a ambiência
deve ser caracterizada de forma ampliada e além das características físicas, como a cor,
acústica, claridade, tamanho, deve promover interação e compartilhamento de experiências,
proporcionando relações saudáveis de convivência.

Na pesquisa de Salvati et al. (2021), confirma que a humanização hospitalar deve


ser baseada em uma construção coletiva de saberes e práticas de acolhimento e ambiência.
O acolhimento e a ambiência devem perpassar a implementação de estratégias concebidas
com a participação responsável e multiplicadora de todos os atores tanto os profissionais
quanto os usuários do hospital, seguindo o protagonismo de novos modelos de ser, conviver
e fazer em saúde.

Nos estudos de Nascimento et al. (2020) as pesquisas analisadas, apontaram


sobre a importância da escuta terapêutica como uma ferramenta importante do cuidado
viabilizando ao profissional obter informações mais fidedignas sobre o individuo e seu
estado mental. Assim, a escuta terapêutica apresenta-se como um método de grande valia
para a recuperação dos pacientes, no entanto, requerem investimentos em tecnologias do
cuidado, ações técnicas e sistematizadas, mas também humanísticas.

A escuta terapêutica é uma estratégia tecnológica que favorece a comunicação


afetiva, que é importante para compreender o outro, implicando em uma atitude positiva
em respeito ao outro. No contexto da saúde mental, pode ser empregada como forma

58
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
de superar as dificuldades em estabelecer um processo comunicativo, estruturado e
afetivo, fundamentado na compreensão das necessidades de vida e saúde dos sujeitos
(NASCIMENTO et al., 2020).

Outro estudo desenvolvido por Lima et al. (2021) ratifica com esta pesquisa e
aborda a humanização no cuidado em saúde mental por meio da compreensão dos
enfermeiros. Os resultados demonstraram que o cuidado em enfermagem em saúde mental
ainda se encontram atrelados ao modelo manicomial, culminando em práticas focadas na
medicação, ações desarticuladas e sem participação do paciente. Assim, o estudo concluiu
que é preciso aprofundar ainda mais as estratégias que materializem a incorporação dos
princípios da humanização para os enfermeiros e também na relação com os usuários.

No que se diz respeito da humanização para as gestantes, os estudos de Souza, et


al. (2020), analisaram as interações entre os profissionais de enfermagem e as gestantes
de alto risco hospitalizadas. A equipe de enfermagem participante demonstraram intenções
de interações pautadas na escuta, acolhimento e respostas às demandas biopsicossociais
das gestantes de alto risco. Percebeu-se também uma forte compreensão da enfermagem
quanto à necessidade de acolher emocionalmente e ofertar informações às gestantes
hospitalizadas.

No estudo desenvolvido por Barboza et al. (2020) aborda a percepção da equipe


multidisciplinar acerca da assistência humanizada no centro cirúrgico. Os resultados
afirmaram que para se prestar um atendimento de qualidade trazendo respostas satisfatórias,
é fundamental a atuação coletiva aliada à comunicação objetiva e clara, por meio de
trabalho em equipe, organização, divisão de tarefas, elaboração de ações coordenadas
e compartilhamento de opiniões e ideias. Assim, é possível proporcionar integralidade e
continuidade da assistência ao paciente.

Nesse sentido, ainda de acordo com a pesquisa a equipe multidisciplinar durante


a assistência humanizada deve envolver aspectos inerentes á condição humana, como
proporcionar bem-estar ao próximo, ser empático diante as angústias e acolher ante suas
necessidades, compreendendo o individuo como um todo, sendo único e insubstituível.

O estudo de Nascimento (2021) analisou o processo de humanização e o uso das


tecnologias leves aplicadas ao cuidado de enfermagem nas UTI’s. Segundo a pesquisa a
humanização deve abranger a visão holística para a prestação de serviço de assistência
direcionada ao atendimento de maneira integral, haja vista que a humanização é um
processo complexo, abrangente e dinâmico, que envolve todo o ambiente e os sujeitos.
Ademais, o uso de tecnologias leves devem ser constantes, conhecidas e disseminadas
pelos profissionais de saúde, destacando os enfermeiros, que estão em contato direto com
o paciente e seus familiares.

O estudo de Oliveira et al. (2018) corrobora com esta percepção, pois a Unidade
de Terapia Intensiva – UTI é um setor complexo para o paciente e para seus familiares,
e também para os profissionais de saúde no que se refere à humanização, pois muitas
vezes surgem situações difíceis e irreversíveis. Assim, os familiares dos pacientes cultivam
esperanças para que haja a cura e reabilitação do seu ente, e ao mesmo tempo aflitos e
ansiosos, com medo da morte. Dessa maneira, a equipe de enfermagem deve se atentar
para a humanização da assistência, a fim de apoiar o paciente e seus familiares.

59
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 05
O estudo de Santos et al. (2018), analisou a percepção do enfermeiro intensivista
sobre a assistência humanizada por meio de um estudo analítico em um hospital público.
Por meio da pesquisa, percebeu-se que os enfermeiros reconhecem a importância de se
ter uma visão holística para a prestação de uma assistência voltada ao atendimento integral
do paciente. Para os enfermeiros, a humanização não é uma técnica, um artificio, mas um
processo complexo, abrangente e dinâmico.

Dessa maneira, a humanização deve ser pilar em todos os atendimentos que


prestam serviços de saúde. É importante que os profissionais de enfermagem assim
como os demais tenham treinamento adequado para ofertar uma assistência de qualidade
promovendo o bem estar e conforto ao paciente. Quando se é ofertado um atendimento
de qualidade, pautado nos valores humanos, tem-se um resultado positivo no tratamento
e recuperação do paciente.

Assim, a humanização não é apenas uma técnica e sim um artificio que engloba todo
o ambiente e os sujeitos nele que estão inseridos na assistência. O cuidado de enfermagem,
além da técnica, possibilita a valorização das queixas do paciente, e as necessidades
individuais, atentando-se para os aspectos psicológicos, emocionais e afetivos. No que se
refere aos profissionais de saúde, estes precisam fortalecer a comunicação, o contato e
valorizar os usuários por meio do diálogo e a escuta qualificada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do presente estudo ao término da pesquisa, conclui-se que a humanização da


assistência de Enfermagem, abrange todos os setores e serviços que prestam atendimento
de saúde. A humanização é uma ferramenta primordial para a reabilitação e recuperação
da saúde do paciente, uma vez que a complexidade humana exige uma assistência de
qualidade levando em consideração a gravidade do quadro de saúde do paciente.

De acordo com os estudos analisados, percebeu-se que ainda há entraves com


relação à implementação da humanização em alguns serviços de saúde, comprometendo
com o atendimento e também com recuperação da saúde do paciente. Dessa forma,
é preciso que os gestores articulem-se na organização da assistência, promovendo
ambientes adequados, assim como profissionais capacitados para ofertar um atendimento
de qualidade.

Percebeu-se também que muitos estudos abordaram a questão do acolhimento


e também da ambiência no processo de humanização do cuidado. Assim, o ambiente
hospitalar, deve ser um espaço de cuidado por excelência, assim como estimulador e
agregador de diálogos saudáveis, promovendo trocas afetivas e solidárias para fortalecer a
assistência com maior qualidade.

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63
Capítulo O enfermeiro nos cuidados à

06
pacientes em tratamento de
hemodiálise: uma revisão de
literatura
The nurse in the care of patients
in treatment of hemodialysis: a
literature review
Cristiane da Rocha Oliveira de Medeiros
Graduada em enfermagem pelo Curso de Bacharel em Enfermagem do Centro
Universitário Estácio da Amazônia.

RESUMO

Quando os rins param de funcionar corretamente, a hemodiálise passa


a ser a alternativa ideal de tratamento. Esse processo filtra o sangue de
forma artificial, permitindo que sejam retirados do organismo resíduos pre-
judiciais à saúde como o excesso de sal e de líquidos. Por ser um proce-
dimento que requer total adesão por parte dos pacientes, a importância
dos cuidados oferecidos pela enfermagem torna-se fundamental, uma vez
que pode influenciar de forma positiva a aceitação do tratamento que per-
mite prolongar suas vidas. O presente estudo tem como objetivo mostrar
a relevância do enfermeiro nos cuidados aos pacientes em tratamento de
hemodiálise. Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva com abordagem
qualitativa, onde a coleta de dados foi realizada através de revisão sis-
temática de literatura. Foram analisadas as inferências norteadoras com
base no estudo bibliográfico, registrando as informações e avaliando o
conhecimento deste profissional nesse campo de atuação. Assim, des-
taca-se a importância dos enfermeiros no atendimento aos pacientes re-
nais crônicos, bem como a necessidade de constante atualização desses
profissionais, sobretudo, no que se refere a temas atuais, fomentando a
qualidade nos procedimentos realizados.

Palavras-chave: enfermeiro. cuidados. hemodiálise.

ABSTRACT

When the kidneys stop functioning properly, hemodialysis becomes the ide-
al treatment alternative. This process artificially filters the blood, allowing
health damaging residues such as excess salt and liquids to be removed

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.6 64
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
from the body. As it is a procedure that requires full patients adherence, the importance of
nursing care becomes fundamental, since it can positively influence the acceptability of tre-
atment which will enable to prolong their life expectancy. The present study aims to show
the relevance of the nurses in the care of patients undergoing hemodialysis treatment. This
is a descriptive research with qualitative approach, where the data were collected using a
systematic review of the literature. The guiding inferences were analyzed based on the bi-
bliographic study, recording the information and evaluating the knowledge of this professio-
nal in this field of activity. Thus, it is emphasized the relevance of the nursing professionals
in the care of chronic renal patients, as well as the need for constant professional updating,
especially with regard to current issues, fostering quality in the procedures performed.

Keywords: nurse. care. hemodialysis.

INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos e científicos permitiram ao longo das décadas uma


evolução na assistência à saúde, que beneficiam em grande escala as ações de saúde para
a coletividade (SHAYG, 2019). Assim, falar nos cuidados oferecidos pelo enfermeiro aos
pacientes que se encontram enfermos ou em algum tratamento específico ainda é polêmico
e ao mesmo tempo gratificante, a enfermagem não apenas oferece os primeiros cuidados
mais possui papel importante na adesão e permanência desse paciente ao tratamento
(NETTO, 2019).

Nos últimos anos um novo desafio foi incluído no campo da enfermagem, os


cuidados aos pacientes em tratamento de hemodiálise. São pacientes que geralmente
sofreram algum tipo de intoxicação exógena por venenos dialisáveis, insuficiência renal
aguda, e insuficiência renal crônica. Essa última tem levado um número considerado de
pacientes a viverem na dependência de uma máquina, o hemodialisador, aparelho que
passa a fazer o trabalho dos rins defeituosos aumentado assim à expectativa de vida de
quem depende do tratamento (PRETTO et al., 2020).

O enfermeiro tem participado diretamente nesse processo de hemodiálise, tanto no


preparo do paciente para receber o procedimento quanto na solução de complicações que
possam vir a ocorrer (FREITAS et al., 2018).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) instituiu normas técnicas para


o funcionamento dos Serviços de Terapia Renal Substitutiva, a RDC 154/04. O documento
cita que para cada 35 pacientes, a unidade de hemodiálise precisa ter um enfermeiro, e a
Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (SOBEN) sugere que este profissional
precise ter treinamento em diálise reconhecido pela entidade (BRASIL, 2004).

Para Barros (2018), a presença fixa de um de enfermeiro e os cuidados voltados


aos pacientes durante a sessão de hemodiálise podem evitar possíveis complicações, além
do que o diagnóstico precoce e exato de intercorrências pode salvar vidas.

Para isso, é importante que o Enfermeiro nefrologista conheça bem seu paciente
individualmente, independentemente do diagnóstico. Ele precisa saber a limitação de cada
paciente, entender bem sua equipe e seu ambiente de trabalho, para que possa evitar o

65
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
agravamento de intercorrências que poderão surgir durante a terapia (LEGAN, 2016).

Esse profissional diariamente tem acompanhado a luta de um paciente, em cada


tipo de enfermidade, mesmo que seja em um único atendimento ou em tratamentos
prolongados, como nesse caso, a hemodiálise, isso tem exigido maior qualificação
profissional e aperfeiçoamento nos cuidados desempenhados em sua forma de cuidar, de
se doar com um único objetivo, a melhora do paciente (MARTINS, 2018).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), 500 milhões de pessoas


no mundo sofrem de problemas renais e 1,5 milhão estão em tratamento de hemodiálise. As
estatísticas apontam ainda que em cada dez pessoas, uma sofre de doença renal crônica.
No Brasil, 28% a % das pessoas com mais de 64 anos têm Doença Renal Crônica. Sendo
essa a situação mais crítica, que leva o paciente para as terapias renais substitutivas como
a hemodiálise e o transplante renal. Estima-se que um total de 120 mil pessoas realizam
hemodiálise no Brasil, um aumento de cerca de 100% nos últimos 10 anos (MARINHO et al.,
2017). A cada ano mais de 20 mil pacientes entram em hemodiálise. A taxa de mortalidade
chega a 15% ao ano (RINNO, 2016; WINTER et al., 2016; LEHMKUHL, 2019).

O presente estudo se justifica uma vez que o atendimento de Enfermagem


potencializa a qualidade da assistência tanto na atenção primária à saúde como no ambiente
hospitalar e clínica especializada direcionando e organizando o atendimento. Em várias
ocasiões, é esse profissional quem realiza os primeiros cuidados em pessoas que sofreram
acidentes ou estão em crise, permitindo assim que as chances de vida do paciente sejam
aumentadas. São indispensáveis nos hospitais, nos programas envolvendo a saúde da
família, na prevenção de doenças e no trabalho educativo.

O enfermeiro é um profissional humanista, tendo como base de seu trabalho o


cuidado com as pessoas, já que na maioria das vezes, o paciente e sua família, estão
fragilizados e precisam também de um apoio emocional. São os profissionais que por
estarem mais próximos ao paciente têm importância significativa em seus cuidados, sempre
se apresentando com dedicação e zelo.

Neste contexto, o presente estudo foi motivado por observações feitas em nosso dia
a dia de trabalho em uma clínica de hemodiálise, os cuidados prestados a esses pacientes
e a percepção do impacto positivo que esse atendimento traz para a vida de alguém que se
sente completamente frágil e sem esperanças. Outro ponto seria a compreensão de que “o
saber cuidar” realmente pode fazer a diferença na vida das pessoas permitindo que tenha
esperanças e mais vontade de viver.

Nesse sentido, se fez uma análise de registros científicos que enfatizem o enfermeiro
nos cuidados à pacientes em tratamento de hemodiálise, com intuito de demonstrar os
impactos positivos que esse atendimento possa vir a ter para o paciente, comprovando
assim a relevância acadêmica e social deste estudo, considerando-se ainda sua possível
colaboração no auxílio de novas pesquisas sobre o estudo.

66
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
OBJETIVOS

Objetivo geral

Descrever sobre o conhecimento do enfermeiro nos cuidados à pacientes em


tratamento de hemodiálise.

Objetivos específicos

Analisar os fatores determinantes que ocorrem durante o tratamento;

Identificar quais cuidados pode ser oferecido ao paciente pelo profissional


enfermeiro;

Perceber a responsabilidade do enfermeiro diante do paciente em hemodiálise.

METODOLOGIA

Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, com fonte bibliográfica e abordagem


qualitativa, ou seja, elaborada a partir de um material já publicado. Sendo que o material
coletado passou por uma triagem e foi acompanhado de anotações as quais foram utilizadas
para descrever o trabalho (GIL, 2010).

Para Medeiros (2004), a pesquisa bibliográfica baseia-se em fonte secundária que


almeja alcançar na literatura científica subsídios de interesse, possuindo como objetivo a
tentativa de oferecer aos autores informações relevantes sobre a temática escolhida. Estas
pesquisas têm o aperfeiçoamento de ideias (GIL, 2010).

Utilizou-se uma abordagem qualitativa que permitisse a construção de novas


abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação
e pode ser utilizado “para a elaboração de novas hipóteses, construção de indicadores
qualitativos, variáveis e tipologias” (MINAYO, 2012).

Construção e processamento das informações

Através de documentação indireta: revisão de literatura e pesquisas documentais.


O processamento se deu pela organização de um acervo de material temático nos quais
foi compilado documentos, bem como utilizou-se informações disponibilizadas por meio
de busca de artigos científicos nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), BIREME
(Biblioteca Virtual em Saúde) e Google acadêmico.

Os trabalhos selecionados foram artigos disponibilizados na íntegra, encontrados


através de acesso ao portal de periódicos, que abordavam a temática deste estudo.

67
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
Da análise e critérios de inclusão e exclusão

Foram analisadas as inferências norteadoras com base no estudo bibliográfico,


comparando as informações e avaliando a maneira pelas quais os achados serviriam para
a análise da temática. As informações foram disponibilizadas e organizadas com base na
literatura pertinente com foco na realidade atual.

Realizou-se um levantamento da literatura, leitura prévia e fichamento de 84 (oitenta


e quatro) artigos; após uma segunda análise e aperfeiçoamento do conteúdo, selecionou-se
48 (quarenta e oito) artigos para construção das informações pertinentes, destes, utilizamos
10 (dez) artigos de relevância para análise dos resultados e discussão. Vejamos na figura 1.
Figura 1 – Fluxograma do processo de seleção dos arquivos.

Fonte: Própria dos autores (2021).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os rins são órgãos essenciais para o controle da homeostase do corpo humano,


sendo responsável pela filtração glomerular. Uma perda na capacidade ou ritmo de filtração
glomerular pelos rins pode levar a doença renal crônica, essa diminuição na filtração pode
chagar a atingir valores inferiores a 15 ml/min, estágio mais avançado de perda contínua
da função renal, o que se faz necessário a utilização de terapia renal substitutiva (BASTOS,
2014; FELIS E FILHO, 2019).

Dentre as modalidades de terapia renal substitutiva tratamento para doença renal


crônica, temos: a dieta e medicamentos, a hemodiálise e diálise peritoneal, e o transplante
renal (SANTOS et al., 2017).

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia - SBN, a Doença Renal Crônica hoje


é um grande problema de saúde pública no mundo, estima-se que no Brasil o número total
de pacientes em tratamento de hemodiálise esteja em torno de 100 mil, com uma taxa de
mortalidade alta (KIRSZTAJN, 2019; MALTA et al., 2019, FIGUEIREDO, 2017).

Observa-se no mundo, um crescimento constante no número de pessoas


com problemas renais, e o Brasil, hoje, é considerado o terceiro País que mais realiza
hemodiálise, onde se tem em média 10% de todo o gasto do orçamento do Ministério
da Saúde voltado para esse fim. Acredita-se que cerca de 2 milhões de brasileiros são

68
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
acometidos por insuficiência renal crônica, e que aproximadamente 70% destes têm
dificilmente em conseguir tratamento especializado, e diagnóstico, 71 mil fazem diálise e
entre 23 a 25 mil já foram submetidos a transplantes (FREITAS E MENDONÇA, 2016;
ALCALDE E KIRSZTAJN, 2018).

Conseguir identificar os pacientes com problemas renais ainda no início é


essencial para que se possa impedir complicações e permitir que medidas de prevenção
sejam tomadas com antecedências e assim conseguir retardar possíveis necessidades de
hemodiálise ou mesmo óbitos, consequentemente se teria uma possível diminuição nos
gastos com a saúde (RAYMOND, 2017).

São raros os países que têm políticas de constatação precoce de Doença Renal
Crônica, além de que a maioria não reconhece a importância do encaminhamento oportuno
desses pacientes e a consequente carga econômica procedente de suas complicações
(FERNANDES et al., 2017)

Para tanto, é fundamental conhecer os principais grupos de risco para a doença


renal crônica, dentre entes estão os pacientes portadores de Diabetes Mellitus, Hipertensão
Arterial Sistêmica, idosos e pessoas com histórico familiar de nefropatia (REIS, 2017). Esses
pacientes devem ser avaliados periodicamente com exame de urina, para se verificar se
ocorre perda de proteína, e creatinina sérica (CLASS, 2018; VASCONCELOS, 2018).

O termo hemodiálise é visto na literatura como um processo de filtração e depuração


do sangue, onde substâncias como a creatinina e a ureia que precisam ser eliminadas da
corrente sanguínea passa a ser feito de forma mecânica, uma vez que os rins já não têm a
capacidade de trabalhar por si só (MARTINS, 2018), uma ilustração do processo pode ser
observada na figura 2.
Figura 2 - Hemodiálise.

Fonte: HECHANOVA (2019, p. 6-7)

É certo que o procedimento de hemodiálise não substitui totalmente as funções


renais, mas, permite a manutenção da vida, é considerado um procedimento de alto
custo e muito complexo, que exige uma assistência especializada devido às fragilidades
e necessidades dos pacientes e também da utilização de tecnologias avançadas (FREIRE,
2020).

O Sistema Único de Saúde - SUS tem um papel fundamental no atendimento a


pacientes em tratamento de hemodiálise, sendo hoje em dia, o principal responsável pelo

69
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
financiamento, cerca de 90% do tratamento desses pacientes é de responsabilidade do
SUS (ALCALDE E KIRSZTAJN, 2018).

No entanto, a complexidade dos cuidados destinados a esses pacientes e a


importância da necessidade de uma abordagem interdisciplinar, exige que o enfermeiro
seja cada vez mais capacitado, para que possa orientar de forma adequada sua equipe e o
próprio paciente (FREITAS E MENDONÇA, 2016; BRASIL, 2014).

Um paciente em tratamento de hemodiálise precisa de um cuidado humanizado


para que tenha autoestima e melhor qualidade de vida, além de que esse tipo de cuidado
permitirá ao paciente uma maior adesão pois tem confiança na equipe (FREITAS et al.,
2018).

Assim, para que o enfermeiro desempenhe da melhor maneira o seu papel, ele
precisa se apropriar da sistematização da assistência de enfermagem, para, sobretudo poder
injetar conhecimentos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional,
contribuindo assim na definição de sua função da melhor forma possível (TRIGUEIRO et
al., 2014).

Para Neri (2016), a enfermagem é a equipe de profissionais que está diretamente


presente no processo de hemodiálise que envolve o paciente, o que mostra a importância
que esses profissionais desempenham na solução de possíveis complicações que possam
vir a ocorrer durante o tratamento.

Portanto, o profissional que atua na enfermagem precisa estar constantemente


atualizado, alerta para os temas atuais, com o intuito de garantir um tratamento que vise
segurança e eficácia, com a intenção de garantir a qualidade no procedimento prestado ao
paciente renal crônico (JHONSON, 2016; SILVA, 2016).

Por fim, este estudo mostra sua importância no sentido de que poderá oferecer
benefícios e contribuições ao enfermeiro, em particular ao nefrologista, pois destacará
os cuidados oferecidos por ele ao paciente em hemodiálise, demonstrando assim sua
importância para uma maior aceitação por parte do paciente ao tratamento, o que lhe
permitirá ter melhora em sua qualidade de vida.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

De acordo com a literatura, as doenças sistêmicas são as maiores causas do


crescimento das doenças renais crônicas que acabam lesando os rins, fato de grande
preocupação entre as políticas públicas, uma vez que esses pacientes passarão a depender
do SUS para tratamento, o que acarretará em custo para o Estado, além de exigir mão de
obra qualificada (SESSO, 2014).

Este se tornou um desafio para a enfermagem, à medida que precisará oferecer


a esses pacientes um atendimento que seja capaz de diminuir seu sofrimento durante as
sessões de hemodiálise. O enfermeiro precisa também conseguir que o paciente se adapte
com a doença e sinta que a melhor escolha seria a continuidade do tratamento mesmo que
esse exija tempo e dedicação (SOUZA et al., 2013).

70
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
Para Freitas et al. (2018), a humanização oferecida pelo enfermeiro durante o
processo de hemodiálise é feita através de um ponto de vista interdisciplinar, e o enfermeiro
é a peça principal, por estar mais próximo do paciente oferecendo a ele recursos e táticas
que o permita passar por esse procedimento de forma mais branda, para isso é importante
criar uma relação de confiança, entre o paciente e seu cuidador, uma vez que este se
encontra bem fragilizado.

Dentre os autores pesquisados observamos que muitos possuem uma linha de


pensamento semelhante quando falam sobre o cuidado oferecido ao paciente pela equipe
de enfermagem, para eles quanto mais atencioso e capacitado seja o profissional, maior
a confiança do paciente no tratamento e no local em que está fazendo as sessões de
hemodiálise.

Na análise literária foi observado que há um grande impacto do tratamento


hemodialítico sob o modo de viver da pessoa, mudanças significativas ocorrem desde o
momento em se saber estar com a doença renal crônica até o aceitar que precisa fazer
hemodiálise, uma vez que para o paciente enfrentar essa fase em sua vida é algo muito
complicado, gerando frustração e medo.

Uma vez que o enfermeiro é o profissional mais próximo do paciente e que de perto
tem acompanhado toda essa mudança na vida de seu cliente, caberá a ele auxiliar o renal
crônico em todo processo de recuperação e superação, nesse caso, é preciso que sua
assistência esteja voltada não só para o cuidar, mas também, o saber educar para que o
paciente se sinta seguro em realizar o processo hemodialítico.

Após uma análise mais aprofundada, observou-se que para alguns autores, o
enfermeiro tem de fato importância significativa no processo de permanência do paciente nas
sessões de hemodiálise, transferindo meios mais fáceis de entendimento da doença, com
intuito de que o paciente renal crônico tenha responsabilidade, mudança de comportamento
em relação ao seu estilo de vida e adquira mais esperança e perseverança conseguindo
assim adaptar-se bem a hemodiálise.

Nesse contexto, percebe-se que o cuidado da enfermagem é um ponto chave para


o sucesso do tratamento hemodialítico, especialmente no que tange ao cuidado técnico.
Assim, fica claro que a qualificação do profissional é imprescindível para a manutenção do
tratamento e melhoria da qualidade de vida do paciente. O profissional precisa entender sua
importância e que o cuidar abrange mais que uma relação terapêutica, expressa também
uma relação de necessidades com sensibilidade que permitirá o bem-estar da pessoa a ser
tratada, além de melhorar as completudes emocionais e físicas do cliente.

Dentre os arquivos selecionados para a redação do trabalho, observou-se que em


sua maioria, o cuidado da enfermagem ao paciente em tratamento de hemodiálise é visto
como parte fundamental, uma vez que incentiva uma maior adesão ao paciente, sendo
essencial que o profissional esteja bem preparado e comprometido.

Segue abaixo um quadro descrevendo os artigos de maior relevância, mostrando


semelhanças nos resultados quanto à importância de um tratamento mais humanizado e de
qualidade destinados à pacientes em tratamento hemodialítico, quadro 1.

71
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
Quadro 1 - registro dos artigos selecionados sobre a importância dos cuidados da
enfermagem ao paciente em tratamento de hemodiálise.
Autor/Ano Título Resultados Conclusões
Oliveira et al. O papel do enfermeiro Nesse artigo ficou evidenciado Os autores comprovam que
(2020) no cuidado ao paciente que o enfermeiro é importante a enfermagem é fundamental
em tratamento hemo- nas ações de prevenção de no cuidado ao paciente em
dialítico. complicações do tratamento tratamento hemodialítico, com
hemodialítico e na promoção ações assistências destinadas
da saúde. a prevenir e tratar complica-
ções.
Kirsztaj, Doença renal crônica: Ficou constatado que a pre- A doença renal crônica tem
(2019) diagnóstico e preven- venção é a melhor forma de cura. Os diversos recursos de
ção. Sociedade Brasi- lidar com a doença renal, e tratamento podem evitar ou
leira de Nefrologia que isso pode ser conseguido pelo menos retardar a progres-
através de um diagnóstico são da doença para os está-
precoce. gios mais avançados.
Silva et al. Conhecimentos da Os profissionais de enfer- A equipe de enfermagem ne-
(2019) equipe de enfermagem magem reconhecem que os cessita de medidas educativas,
no cuidado intensivo a conhecimentos acerca dos como a educação permanente,
pacientes em hemodi- cuidados aos pacientes em para que possam organizar e
álise. hemodiálise são limitados e fo- prestar o cuidado aos pacien-
ram adquiridos por intermédio tes em tratamento hemodialíti-
de outros colegas. co fundamentados em conheci-
mentos técnicos e científicos.
Filomeno, Construção e validação Utilizando-se de uma consulto- Foi observada a importância
(2019). de instrumento para ria de enfermagem foi possí- dos cuidados de enfermagem
consulta de enferma- vel construir um instrumento para a melhora do pacientes,
gem em uma Unidade para registro das consultas sua contribuição na adesão ao
de Tratamento Dialítico de enfermagem voltado para tratamento e melhora de sua
a realidade de uma unidade autoestima.
de tratamento dialítico em um
Hospital Universitário do Sul do
Brasil
Oliveira & Ri- Assistência de en- Com base nos artigos analisa- Relata a importância da capa-
beiro, (2019) fermagem à criança dos, ficou evidente a carência citação da enfermagem, para
portadora de insufi- de estudos científicos sobre o que assim consiga intervir e
ciência renal crônica tema abordado, bem como, a atuar com competência no
na hemodiálise: uma gravidade da IRC na infância, setor de hemodiálise, a fim de
revisão integrativa reduzindo significativamente a garantir segurança ao paciente
qualidade de vida das crianças e a família.
acometidas.
Neto et al. O papel do enfermeiro O artigo mostra a importância Foi identificado nos trabalhos
(2017) de uma unidade de do enfermeiro na hemodiálise pesquisados que o profissio-
terapia intensiva na em uma UTI, onde o mesmo nal enfermeiro tem um papel
hemodiálise deve assistir o paciente de fundamental na hemodiálise,
forma integral, visando-o holis- pois é ele que lida diretamente
ticamente, estabelecendo uma com o paciente nesse procedi-
relação de confiança e segu- mento, prestando uma assis-
rança entre o paciente/enfer- tência digna e integral durante
meiro, priorizando os cuidados a realização do mesmo.
necessários e agindo prevenin-
do as complicações através de
intervenções que minimizem
sem que haja algum risco ao
paciente.
Rocha, et al. O Papel da Enferma- Os resultados apontam que na A efetivação de um trabalho
(2017) gem na Sessão de sessão de hemodiálise o papel de orientação, educação e
Hemodiálise. do enfermeiro abrange entre assistência ao paciente, além
outros aspectos a prevenção de permitir ao enfermeiro a
por meio de orientação ao realização do diagnóstico
paciente, no intuito de não prévio, pode evitar possíveis
agravar ou comprometer ainda complicações na sessão de
mais a situação. hemodiálise.

72
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
Autor/Ano Título Resultados Conclusões
Aguiar, et al. Diagnósticos e inter- Os diagnósticos encontrados O tratamento da hemodiálise
(2017) venções de enfer- estão todos relacionados à ainda é envolto por detalhes,
magem do domínio riscos, o que evidencia o papel peculiaridades e complicações.
segurança e proteção do enfermeiro em desempe- Isto torna o enfermeiro res-
para pacientes em nhar ações preventivas com os ponsável por parte do controle
hemodiálise. pacientes e profissionais, pois de todos esses aspectos,
estes são responsáveis pelo pois inclui desde a supervi-
sucesso do tratamento. são das ações do técnico de
enfermagem a condições das
máquinas, insumos, gerência
dos múltiplos fármacos utili-
zados no tratamento, manejo
do ambiente, para conforto
dos pacientes, e controle da
infecção.
Pires et al. O papel da enferma- Evidencia-se que os cuidados Assim, a importância do papel
(2017) gem na assistência ao referidos pelos técnicos/auxi- do enfermeiro como educa-
paciente em tratamento liares de enfermagem incluem: dor e facilitador da atenção
hemodialítico. verificação do funcionamento ao cuidado, exige habilidades
da máquina de hemodiálise, especiais, assim como enten-
prevenção de infecção durante dimento dos sentimentos que
os procedimentos, verificação são expressos, no momento da
dos sinais vitais ou algum sinal sessão hemodinâmica.
de mal-estar do paciente.
Ramos, Qualidade de vida na Pacientes em diálise peritoneal Há importante subutilização da
(2014) Insuficiência Renal relataram menos “dor” do que diálise peritoneal em Pelotas.
Crônica: comparação os em hemodiálise. Não houve O menor relato de dor e esco-
entre pacientes em he- diferença para os demais do- res semelhantes nos demais
modiálise e em diálise mínios do SF-36. domínios de qualidade de vida
peritoneal em Pelotas justificariam sua maior utiliza-
– RS ção em nosso meio.
Fonte: Própria dos autores, (2021).

Os profissionais responsáveis pelo setor de hemodiálise possuem um ponto de vista


de integralidade do cuidar, proporcionando um conforto ao paciente durante o tratamento
hemodialítico, além de criar um relacionamento adequado com os familiares participantes.
Nota-se que o simples fato de ouvir os pacientes faz despertar neles sentimentos de
autoestima possibilitando melhora na qualidade do tratamento.

Ao longo desta pesquisa pode-se observar a importância de um atendimento


humanizado para a melhora de um paciente, talvez não só daquelas pessoas em tratamento
hemodialítico, mas em toda e qualquer forma de tratamento. Quando o profissional
conseguir realmente se colocar no lugar do paciente e pelo menos imaginar toda frustração
e sentimentos negativos que o cerca, talvez assim consiga, não se importando com o dia
a dia estressante, agir de forma que mesmo por um só instante possa trazer conforto e
segurança para aquela pessoa que naquele momento precisa dele. A enfermagem é a
primeira equipe a entrar em contato com o paciente e provavelmente será a última também,
portanto, tem sim uma responsabilidade enorme em mãos, a de levar conforto, a de saber
escutar, a de cuidar com zelo e sabedoria.

Na maioria dos trabalhos observa-se que os autores falam que uma equipe bem
capacitada é a chave para um tratamento eficaz (OLIVERA et al., 2020; SILVA, et al., 2019;
OLIVEIRA & RIBEIRO, 2019; NETO et al., 2017). Sem dúvida a capacitação profissional
e conhecimento ampliado traz segurança na atuação do enfermeiro, ele se torna capaz
de perceber possíveis complicações, além de ter ideias para solucionar todo e qualquer
problema.

73
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 06
O cuidado da enfermagem a pacientes em tratamento de hemodiálise é visto por
muitos autores, como algo essencial que precisa não só de estudo aprofundado para se
ter qualidade, mas também ser capaz de expressar e perceber sentimentos é preciso de
humanização (SALIMENA et al., 2018; PIRES et al., 2017; AGUIAR et al., 2017; ROCHA
et al., 2017). Assim, pode ser evidenciado que conhecimento e cuidado humanizado é um
diferencial para a sua atuação do enfermeiro frente ao paciente que necessita de cuidados
tão específicos. Ressalta-se que o interesse em se qualificar de forma constante precisa
prevalecer sobre qualquer outro. O saber cuidar e a forma de cuidar é essencial para se ter
sucesso profissional quando falamos em saúde e segurança do paciente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o estudo sobre o enfermeiro nos cuidados à pacientes em tratamento


de hemodiálise, destaca-se notoriamente a importância do profissional de enfermagem, de
modo que o enfermeiro esteja sempre em constante atualização profissional pautada em
temas atuais para que possa atender os seus pacientes renais crônicos com garantia e
qualidade em seus procedimentos.

Notou-se que os autores amplamente discutem na literatura que as doenças


sistêmicas são as maiores causas do crescimento das doenças renais crônicas que acabam
lesando os rins, fato de grande preocupação entre as políticas públicas.

Outro fato importante do enfermeiro com o paciente está pautado na


humanização oferecida pelo enfermeiro durante o processo de hemodiálise que é realizada
por meio da equipe interdisciplinar.

Portanto, o enfermeiro nesse processo com o paciente é a peça primordial por ficar
mais próximo do paciente oferecendo a ele recursos e táticas que o permita passar por esse
procedimento de forma mais branda. Para isso é importante estabelecer uma relação de
confiança, entre o paciente e seu cuidador, uma vez que este se encontra bem fragilizado.

Constatou-se ao final desta pesquisa que a literatura legitima o profissional de


enfermagem como fundamental na hemodiálise, uma vez que ele, ao se tornar responsável
pelo paciente, precisa oferecer uma assistência digna e integral em todo o período de
realização do mesmo.

Assim, é possível perceber que o enfermeiro estando bem preparado e qualificado,


conseguirá ter sucesso na prevenção de agravos, proporcionando uma intervenção mais
rápida e eficaz por meio de um diagnóstico precoce em casos de complicações, evitando
assim uma evolução para casos mais graves.

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Capítulo Treinamento de força: benefícios

07
para os obesos
Ana Carolina Ferreira da Silva
Caio Rodrigo de Freitas Rodrigues
José Igor Marcos Barbosa
Eziane Barbosa da Silva
Paula Fernanda de Souza Silva
Linsosval Nascimento Cavalcante

RESUMO

A obesidade é uma doença ubíqua com prevalência crescente em todo o


mundo e possui características epidemiológicas, tornando-se um proble-
ma de saúde pública na sociedade moderna. A obesidade é definida como
o grau de armazenamento de gordura corporal associado a riscos à saú-
de, pois está associada a várias complicações metabólicas. A definição
adotada nas Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010 refere-se ao
acúmulo de tecido adiposo localizado ou sistêmico causado por desequi-
líbrios nutricionais que podem ou não estar associados a distúrbios endó-
crinos genéticos ou metabólicos. Em adultos, o padrão internacional para
categorizar o estado nutricional é o índice de Quetelet, ou índice de massa
corporal (IMC) segundo a Abeso (2009), que corresponde a quilogramas
por metro quadrado. Esse projeto tem como objetivo avaliar a importância
do treinamento de força para pessoas obesas e como esse tipo de treina-
mento pode tirar pessoas do sedentarismo e da obesidade, dando então
uma qualidade de vida melhor para essas pessoas.

Palavras-chave: obesidade. qualidade de vida treinamento de força.

ABSTRACT

Obesity is a ubiquitous disease with increasing prevalence worldwide and


has epidemiological characteristics, making it a public health problem in
modern society. Obesity is defined as the degree of body fat storage as-
sociated with health risks, as it is associated with various metabolic com-
plications. The definition adopted in the 2009/2010 Brazilian Obesity Gui-
delines refers to the accumulation of localized or systemic adipose tissue
caused by nutritional imbalances that may or may not be associated with
genetic or metabolic endocrine disorders. In adults, the international stan-
dard for categorizing nutritional status is the Quetelet index, or body mass
index (BMI) according to Abeso (2009), which corresponds to kilograms
per square meter. This project aims to evaluate the importance of strength
training for obese people and how this type of training can take people out
of sedentary lifestyle and obesity, thus providing a better quality of life for
these people.

Keywords: obesity. quality of life. strength training.

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.7 79
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 07
INTRODUÇÃO

A obesidade, reconhecida como uma doença invasiva com prevalência crescente,


é hoje caracterizada epidemiologicamente como um importante problema de saúde pública
na sociedade moderna. Pollock e Wilmore (1993) afirmaram que uma pessoa é considerada
obesa quando a massa de gordura em relação ao peso corporal é igual ou superior a 30% do
peso corporal em mulheres e 25% em homens, sendo que a obesidade grave é caracterizada
por níveis de gordura corporal superiores a 35%. para 40% homens. Segundo a OMS
(1995), uma vez que o índice de massa corporal (IMC) mostra a relação entre altura e peso,
em vez de quantificar a gordura corporal, a Organização Mundial de Saúde não usa mais o
termo obesidade, mas sobrepeso I (IMC em 25 e 29,9 kg/m2), Sobrepeso II (IMC entre 30 e
39,9 kg/m2) e Sobrepeso III (IMC maior ou igual a 40 kg/m2). Sabemos que as causas da
obesidade são diversas, incluindo fatores bioquímicos, genéticos, psicológicos, fisiológicos
e ambientais. De acordo com Kim e cols. (2004), Misra et al. (2003) O índice abdominal/
quadril (IAQ) se correlaciona com a gordura intra-abdominal e, juntamente com o IMC, tem
valor prognóstico para dislipidemia e doença arterial coronariana. A inatividade física está
fortemente associada à incidência e gravidade de uma série de doenças crônicas. A atividade
física surge, assim, como uma das mais importantes ferramentas terapêuticas na promoção
da saúde, cabendo aos profissionais de educação física a sua ampla divulgação. Nesse
sentido, o exercício intervalado de alta intensidade tem sido utilizado como estratégia de
tratamento para perda de peso. Além de apresentar um maior gasto energético, esse método
de treinamento também produz um maior consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC) por
um período de tempo mais longo. Assim, segundo Lanforgia, Withers, Shipp e Gore (1987),
mesmo sem a vantagem da gordura como substrato energético durante o treinamento, o
metabolismo da gordura consome grande quantidade de oxigênio durante a recuperação
desse esporte. O treinamento de força, comumente conhecido como musculação, é uma
forma de exercício contra resistência que é usado para treinar e desenvolver os músculos
esqueléticos. A geração de força e seu desenvolvimento dependem principalmente de
fatores como o número de unidades motoras ativadas; o tipo de unidades motoras ativadas;
tamanho do músculo; comprimento inicial do músculo na ativação; ângulos articulares e
velocidade de ação muscular. Utiliza a gravidade (através de barras, halteres, placas de
peso ou peso corporal) e a resistência criada por equipamentos, elásticos e molas para
trabalhar contra a força dos músculos, no seu caso a força oposta deve ser produzida por
meio de contrações musculares que podem ser concêntricos, excêntricos e isométricos.

Wilmore e Costill (2001) afirmam que:

Esta forma de exercício físico é utilizada para fins atléticos (melhorando o desempe-
nho do atleta), estética (desenvolvimento de massa muscular) e saúde (auxiliando
no tratamento de doenças musculares, esqueléticas, metabólicas, melhorando a
mobilidade, postura, etc.).

O exercício aeróbico é um tipo de exercício que utiliza oxigênio no processo de


produção de energia nos músculos. Este tipo de exercício trabalha um grande número de
grupos musculares de forma rítmica. Caminhar, correr, nadar e andar de bicicleta são alguns
dos principais exemplos de exercícios aeróbicos. O exercício aeróbico típico é contínuo e
prolongado, realizado com movimentos muito rápidos. Segundo Rique, Soares e Meirelles
(2002), esse tipo de exercício, além de ser uma importante ferramenta na modificação dos

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fatores de risco, é o que traz maiores benefícios ao organismo, diminuindo as chances de
desenvolver doenças cardiovasculares e melhorando a qualidade e expectativa de vida,
porque somente exercícios aeróbicos sustentados podem queimar as reservas de gordura
do corpo.

Segundo Barbanti (2001); Francischi, Pereira e Lancha Junior (2001); Ramalho e


Martins Júnior (2003):

O treinamento de força e o exercício aeróbico induzem mudanças adaptativas na


composição corporal de indivíduos obesos, por exemplo: aumento da duração do
exercício, alteração dos ingredientes corporais e aumentar a oxidação de gordura.

O treinamento de força (TR), ou treinamento de resistência, tem sido reconhecido


como uma parte importante do programa de condicionamento físico de um adulto porque
promove uma variedade de benefícios à saúde. Existem fortes indícios de que níveis mais
altos de força muscular podem estar associados a uma menor prevalência de síndrome
metabólica. O exercício físico tem sido um dos métodos mais utilizados no tratamento da
obesidade. Taxas reduzidas de atividade física são um fator de risco para obesidade; baixa
atividade física aumenta o risco de desenvolver obesidade, enquanto a obesidade, por
outro lado, também pode levar a baixos níveis de atividade física.

OBJETIVOS

Objetivo geral

• Baseados em projetos de pesquisas tivemos como objetivo trazer informações


sobre os benefícios que o treinamento de força trás quando praticados, os
resultados mostram que futuramente a qualidade de vida tem um índice bem mais
elevado quando comparado a pessoas que desfrutam de uma vida sedentária.
Combater a obesidade, por meio do exercício físico, e educação escolar sobre
os riscos de doenças, estimular as pessoas sobre bons hábitos para que possa
contribuir a diminuição de caso, demostrando meios de superá-la.

Objetivos específicos

• Conscientizar as pessoas dos riscos que a obesidade causa e estimular na


pratica de atividades físicas.

• Trabalhar com as pessoas a maneira de estimular a pratica de exercícios físicos.

• Alertar que uma má alimentação e o sedentarismo podem causar problemas


futuros. Maneiras de estudar e prevenir para diminuir a obesidade para que a
população tenha uma vida mais saudável.

• Informar que os exercícios físicos é o melhor tratamento para obesidade, com


melhor custo benefício.

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Capítulo 07
JUSTIFICATIVA

Com base no atual cenário brasileiro onde pesquisas apresentam altos índices
de obesidade, trazemos em questão algumas ações que daria uma aliviada nesses altos
números com resoluções simples de fácil acesso que pode ser aplicada em toda e qualquer
pessoa. A futura geração trará reflexos de ações que estamos praticando hoje, o modo
sedento que normalizamos nos tempos atuais está levando a população cada vez mais ao
comodismo. Isso nos traz a necessidade de inserir exercício físico na vida das pessoas,
assim evitando uma sociedade obesa e sedenta e apresentado uma vida ativa e bem
socializada sem muitos custos, fazendo apenas o uso do tempo e disposição das mesmas.
Para aproveitar os benefícios oferecidos pela atividade física para a saúde, o organismo
necessita de um estilo de vida adequado e mais ativo para manter um desenvolvimento
funcional saudável. Um dos problemas causados pela ​​ falta de exercício é a obesidade.
Com o passar do tempo, essa doença aumentou gradativamente como um problema de
saúde pública, além disso, a obesidade tem um aspecto negativo tanto na estética quanto
no aparecimento de outras doenças. Algumas delas são diabetes, pressão alta e disfunção
cardíaca. A musculação pode ser uma opção eficaz no combate e prevenção da obesidade,
pois possui uma variedade de exercícios aeróbicos e anaeróbicos e uma variedade de
musculação que estimula a queima de calorias no corpo, mantém o metabolismo e ajuda
a controlar a energia. A atividade física regular desse tipo pode ajudar a controlar melhor o
apetite e equilibrar a ingestão de calorias com o gasto de energia, tornando a musculação
uma excelente maneira de controlar o peso. É importante sempre manter um equilíbrio
entre ingestão e queima de calorias, daí a importância da musculação como atividade física,
pois ela vai suprir todas as necessidades que o corpo precisa para que não haja excesso
e consumo calórico compatível. E, portanto, é necessário enfatizar a musculação como
aliada na prevenção da obesidade.

DESENVOLVIMENTO

O treinamento de força é uma forma de treinamento de resistência em que um


indivíduo realiza movimento muscular contra uma força oposta, como o treinamento com
pesos. O culturismo pode ser definido como a prática de trabalho contra resistência em
ambientes competitivos, preventivos, terapêuticos, recreativos, estéticos e de preparação
física. Logicamente, os objetivos de prevenção, tratamento e estética devem ser priorizados
quando se trata de indivíduos obesos. A obesidade é a condição na qual um indivíduo
apresenta uma quantidade excessiva de gordura corporal, medida como uma porcentagem
do peso corporal total (%G). É uma condição na qual o teor de gordura ultrapassa o ideal,
podendo ocorrer também excesso de peso corporal, com o peso corporal total ultrapassando
certo limite, no mínimo ganho de massa corporal magra. O peso corporal é um sistema de
duas partes: massa corporal magra (sem gordura) formada a partir de tecido muscular e
ósseo, pele, órgãos e tecidos; e gordura corporal. Portanto, um aumento na massa corporal
magra pode representar um aumento no peso corporal total sem um aumento nos níveis de
gordura corporal. Por outro lado, o excesso de peso corporal pode resultar do aumento dos
depósitos de gordura, com ou sem ganho de peso. A massa corporal magra, caracterizada
pelo ganho de peso, pode levar à obesidade.

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Capítulo 07
Independentemente da definição, sabe-se que a obesidade pode ser a maior
ameaça à qualidade de vida do ser humano atualmente. Isso é verdade, e a obesidade
está diretamente ligada à etiologia de várias outras doenças, inclusive a hipertensão.
Hipertensão arterial, diabetes, câncer, artrite, doenças cardiovasculares, etc. O tratamento da
obesidade envolve educação nutricional, atividade física e, conforme o caso, medicamentos
complementares e acompanhamento psiquiátrico. Acontece que as práticas de atividade
física associadas a uma alimentação saudável formam um componente a base para a perda
de peso e manutenção do peso.

O treinamento de resistência em circuito (CRT) representa uma ótima maneira de


obter perda de gordura corporal por meio de atividades de resistência. O CRT é normalmente
realizado com uma carga equivalente a 40% - 55% de uma repetição máxima (1 RM),
realizando o máximo de repetições possível em um período de 30 segundos. Depois de
descansar adequadamente de acordo com a condição física do praticante, prossiga para a
próxima estação de prática com resistência e outros métodos até que o ciclo seja concluído.
Normalmente, use de 8 a 15 estações de exercícios com várias repetições, permitindo de
30 a 50 minutos de atividade contínua.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Guedes (2003), chama a atenção para os enormes custos financeiros e causas


sociais do excesso de peso por ano. A obesidade é considerada um problema mundial por
afetar muitas pessoas e por predispor o organismo a diversas doenças e à morte prematura
(NAHAS, 2001). Apesar dos progressos na compreensão dos mecanismos pelos quais a
obesidade ocorre e no aprimoramento das técnicas de tratamento de doenças relacionadas
ao metabolismo energético, pouco se avançou na contenção do aumento da obesidade nos
países desenvolvidos (CEDDIA, 1998). Por isso, os profissionais de saúde estão sempre
buscando formas e examinando as causas da alta gordura corporal existentes na sociedade,
e como evitá-los e até mesmo revertê-los utilizando métodos cada vez mais fundamentados
que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas obesas. Dentre as diversas
possibilidades de perda de gordura, o exercício anaeróbico, principalmente a musculação,
vem recebendo mais atenção dos acadêmicos que buscam ajudar pessoas obesas, mas
as pesquisas só começaram recentemente e mais investigações são necessárias. Diante
dessa situação, os majores do esporte têm obrigação de aprofundar os seus conhecimentos
relacionados com a atividade, a musculação, ao serviço dos seus clientes, para combater
da melhor forma a obesidade e contribuir globalmente para a melhoria da qualidade de vida
da sociedade.

OBESIDADE

A obesidade é uma doença crônica grave caracterizada pelo acúmulo excessivo


de gordura corporal que prejudica a saúde do indivíduo. Esse acúmulo pode ser resultado
do gasto calórico excessivo e/ou falta de atividade física. No entanto, embora o estilo de
vida seja um fator importante, mas a obesidade é considerada uma doença de etiologia
multifatorial, ou seja, não é causada por um único fator, portanto, pode-se dizer que a

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obesidade é complexa, envolvendo fatores biológicos, históricos, socioeconômicos,
psicossociais e culturais. No geral, o excesso de gordura corporal é um problema sério. No
entanto, dependendo de onde ocorre esse acúmulo, há um risco maior. Um risco ainda maior
está associado ao excesso de gordura abdominal, condição conhecida como Obesidade
robótica. Neste caso, neste Nesse caso, há um maior acúmulo de tecido adiposo visceral,
o que favorece o desenvolvimento de distúrbios metabólicos. Quando a gordura está mais
distribuída no corpo, dizemos que é obesidade feminina, o que não é tão preocupante. A
obesidade desencadeia uma série de complicações importantes que afetam a saúde de um
indivíduo:

• A obesidade está associada ao aumento de problemas que afetam o sistema


cardiovascular, como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio,
bem como hipertensão arterial;

• A obesidade está associada ao desenvolvimento de diabetes tipo 2;

• A obesidade está associada ao desenvolvimento de osteoartrite, uma doença


de articulações saudáveis;

• Problemas caracterizados por desgaste da cartilagem e problemas ósseos.


Certos tipos de câncer, como câncer colorretal, de próstata e de mama, têm
sido associados à obesidade;

• Pessoas obesas têm com mais frequência apneia do sono, uma condição que
faz com que o sono pare repetidamente e temporariamente parar problemas de
saúde respiratórios durante o sono;

• A obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de cálculos biliares;

A obesidade pode ser determinada de várias maneiras diferentes, sendo a mais


popular o índice de massa corporal (IMC). Para calculá-lo, divida o peso de uma pessoa
(em quilogramas) pelo quadrado de sua altura (em metros). Pessoas obesas são aquelas
com IMC igual ou superior a 30 kg/m2, índice entre 25 kg/m2 e 30 kg/m2 indica sobrepeso.

Vale ressaltar que, embora o IMC seja amplamente utilizado, ele apresenta algumas
limitações, pois não se correlaciona perfeitamente com a massa de gordura corporal.
Isso porque a métrica não diferencia massa magra de massa gorda e, além disso, está
relacionada às informações sobre distribuição de gordura. Conforme mencionado acima,
é importante verificar a presença de gordura visceral, que é um fator de risco para várias
doenças. Portanto, o IMC deve ser usado com cautela e outros métodos de determinação
de gordura corporal devem ser considerados.

A obesidade será tratada isoladamente, pois é fundamental avaliar os fatores que


favorecem o ganho de peso. O tratamento da obesidade inclui reeducação alimentar e
exercícios físicos. Em alguns casos, serão administrados medicamentos e pode ser indicada
cirurgia. Importante Ressalta-se que o tratamento da obesidade pode garantir a melhora e
até resolver os problemas de saúde associados a ela.

Em relação à alimentação, os indivíduos devem se lembrar da necessidade de


consumir vegetais como frutas e verduras. Além disso, é importante reduzir a ingestão de

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gordura e açúcar. Atividade física também deve ser feita, sendo importante conversar com
seu médico para que ele avalie as melhores atividades a serem feitas. Também é importante
que as pessoas adotem estilos de vida mais ativos, como tentar caminhar distâncias curtas
em vez de usar carros e preferir escadas a elevadores. Medidas simples tomadas todos
os dias podem prevenir doenças e melhorar nossa qualidade de vida. Segundo a Pesquisa
Nacional de Saúde, atualmente mais da metade dos adultos está acima do peso (60,3%,
representando 96 milhões de pessoas), sendo o público feminino (62,6%) mais prevalente
que o masculino (57,5%). cinco adolescentes de 15 a 17 anos apresentavam sobrepeso
(19,4%) e 6,7% eram obesos. Em 2021, dados do Boletim do Sistema Nacional de Vigilância
Alimentar e Nutricional mostraram que entre as crianças acompanhadas pela atenção
primária à saúde, 15,8% das crianças menores de 5 anos e 33,9% das crianças de 5 a 9
anos apresentavam excesso de peso. IMC), 7,6 % e 17,8% eram obesos, respectivamente.
Para os adolescentes acompanhados pela APS em 2021, 32,7% e 13,0% apresentavam
sobrepeso e obesidade, respectivamente.

Hipertensão arterial e seus riscos

Para o controle da hipertensão arterial é necessária a verificação e monitoramento


contínuos, não podendo ser diagnosticados por uma única verificação, vários fatores estão
inter-relacionados, e existem outras condições que podem causar HA, a saber: idade, sexo,
histórico familiar, raça, obesidade, estresse, sedentarismo, álcool, tabaco, anticoncepcional,
dieta rica em sódio e gordura.

Fatores como excesso de peso, sedentarismo, alto consumo de sal, baixo consumo
de potássio e consumo excessivo de álcool contribuem para a hipertensão arterial.
Fumar, menopausa e estresse emocional também aumentam o risco cardiovascular
em pessoas com pressão arterial limítrofe, dislipidemia, intolerância à glicose e dia-
betes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022)

Os maus hábitos alimentares têm levado a população ao sobrepeso e a obesidade,


aliado a isso, pode ser inserido a falta de atividade física, que são grandes fatores de
riscos à HA, essa associação requer uma intervenção urgente, no sentido de diminuir a
população obesa ou com sobrepeso e consequentemente, combater à hipertensão arterial.
A hipertensão arterial é considerada uma doença silenciosa que pode não apresentar
sintomas por muitos anos. Esse fator faz com que muitas pessoas sofram com a doença
sem diagnóstico e tratamento adequados. A hipertensão é um importante fator de risco
para doenças cardiovasculares. A condição também é frequentemente associada a outras
doenças crônicas e eventos como morte súbita, acidente vascular cerebral, infarto agudo
do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica.

“Estima-se que um terço de todos os casos de hipertensão esteja associado à


obesidade, que contribui para o desenvolvimento da doença por diversos mecanismos e é
considerada um dos principais fatores de risco tanto em adultos quanto em crianças”.

A pressão arterial descontrolada pode desencadear uma série de doenças


cardiovasculares e renais, como ataques cardíacos, que podem ser causados ​​ pelo
estreitamento das artérias que reduzem o fornecimento de sangue e oxigênio ao coração.
Os acidentes cerebrovasculares (AVCs) também podem ser causados ​​por pressão alta, pois
os danos causados ​​pela pressão impedem que as artérias da cabeça se dilatem o suficiente

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e correm o risco de bloqueio. Além disso, a pressão alta pode prejudicar o funcionamento
dos rins, impedindo-os de filtrar o sangue adequadamente, o que pode levar à insuficiência
renal. Finalmente, casos de morte súbita também podem estar relacionados à doença. Em
alguns casos, a pressão arterial pode aumentar sem motivo aparente. Em outros casos,
a hipertensão pode ser causada por outros problemas de saúde. Por ser uma doença
silenciosa, uma vez que sintomas como dor de cabeça, falta de ar, visão turva, zumbido e
tontura aparecem, pode significar que a hipertensão entrou em estágio avançado.

Alguns dos principais fatores de risco para pressão alta são:

• Obesidade;

• Histórico familiar: pais hipertensos aumentam os riscos da doença em 30%;

• Idade: a partir dos 50 anos os riscos de hipertensão são maiores.

• Gordura abdominal;

• Tabagismo;

• Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;

• Estresse;

• Consumo exagerado de sal;

• Níveis altos de colesterol;

• Sedentarismo;

• Diabete.

Outras causas menos comuns estão relacionadas ao uso de certos medicamentos,


como anti-inflamatórios ou pílulas anticoncepcionais, bem como doenças da tireoide,
distúrbios congênitos e danos nos rins.

Influência do treinamento de força nos programas de emagrecimento

O treinamento de força está sendo estudado como um método de atividade física


para melhorar a composição corporal e reduzir a gordura corporal dos indivíduos. O
principal objetivo desse tipo de exercício é aumentar e manter a massa muscular. Também
ajuda a melhorar a força, a resistência muscular e a energia gasto em repouso. O aumento
foi acompanhado por uma diminuição na gordura corporal (FLECK; KRAEMER, 2006).
Portanto, entendendo a importância da prevenção e combate ao sobrepeso e obesidade,
este estudo teve como objetivo verificar a eficácia do treinamento de força na perda de peso.
Conhecido como treinamento resistido ou treinamento com pesos, o termo treinamento
com pesos refere-se apenas ao treinamento de força geral com pesos livres ou máquinas
(FLECK; KRAEMER, 2006).

Segundo Chagas e Lima (2011): “a musculação é um estilo de treinamento


caracterizado pelo uso de pesos e máquinas para fornecer alguma carga mecânica contra
o movimento de partes do corpo”.

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Para Fleck e Kraemer (2006), existem termos que são fundamentais para descrever
o treinamento de força, que são movimentos musculares concêntricos, excêntricos e
isométricos: Movimentos musculares concêntricos são quando um indivíduo levanta
um peso e a musculatura necessária se contrai. Ação muscular excêntrica é quando o
indivíduo diminui o peso e a musculatura. Peça alongamentos de maneira controlada. A
ação muscular isométrica é quando não há movimento da articulação, mas a musculatura
é ativada (FLECK; KRAEMER, 2006). Outra definição básica para montar um programa de
treinamento de força são as repetições caracterizadas por movimentos completos, definimos
então as séries caracterizadas por um conjunto de repetições sem pausas (FLECK;
KRAEMER, 2006). Para Chagas e Lima (2011), é fundamental analisar os componentes de
carga da prescrição do treinamento, que são: volume, intensidade, frequência, densidade
e duração. Para especificar o treinamento de musculação, variáveis estruturais
​​ devem ser
consideradas: ação muscular, posição das partes do corpo, duração da repetição, amplitude
de movimento, trajetórias, movimentos assistidos, ajustes de equipamentos, execução
externa assistida, pausas, número de sessões de treinamento, número de exercícios,
número de séries, repetições e peso.

Devido ao aumento do gasto energético e oxidação calórica, a musculação promo-


ve benefícios como manutenção e aumento do metabolismo, levando ao aumento
da massa muscular, e diminuição da gordura corporal (FLECK; KRAEMER, 2006).

O treinamento de força e o treinamento cardiovascular podem promover alterações


agudas e crônicas no gasto energético total. Modificação aguda é a modificação do custo
energético de realização da atividade e da fase de recuperação. Alterações na taxa
metabólica de repouso (RMR) podem ter efeitos crônicos. O principal fator responsável pela
modificação do TMR é o aumento da massa corporal magra (CARNEVALI et al., 2011). Ao
contrário de muito treinamento com pesos, o treinamento de força pode reduzir a gordura
corporal com base na duração e na intensidade, e o gasto calórico desse tipo de treinamento
pode ser igual ou até superior ao do exercício aeróbico puro devido ao consumo excessivo.
O oxigênio pós-exercício (EPOC) ajuda a aumentar as calorias queimadas. Segundo
Guttierrez (2008), a utilização do treinamento de força para perda de peso, além de aumentar
o gasto energético pós-exercício, aumenta o gasto energético total e também contribui para
o aumento da massa corporal magra. A maior correlação encontrada entre treinamento de
força e TMR foi associada ao aumento da seção transversal da fibra muscular produzida por
esse tipo de treinamento (hipertrofia), aumentando o gasto energético (WILLIS et al., 2012).
Portanto, o treinamento de força tem um papel fundamental na luta contra a obesidade, pois
ajuda a aumentar a massa muscular.

Emagrecimento: relação entre o treinamento resistido e redução de


gordura corporal e saúde

Em alguns países, o comportamento sedentário é reconhecido como um problema


de saúde pública e a inatividade física é um fator de risco para o desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis e doenças cardiovasculares. Portanto, vale ressaltar
que a falta de exercícios, aliada a maus hábitos alimentares, podem afetar o acúmulo
excessivo de gordura corporal. A obesidade pode ser definida como excesso de tecido
adiposo no organismo, podendo ser causada por alterações endócrinas metabólicas e/
ou doenças genéticas, estando também associada a maus hábitos alimentares. Dentre as

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Capítulo 07
várias causas da obesidade, o alto consumo alimentar e o baixo nível de atividade física
são alguns dos principais fatores para o seu desenvolvimento.

Além disso, Melca e Fortes (2014) descrevem que transtornos mentais, como de-
pressão e ansiedade, contribuem para o desenvolvimento da obesidade por afetar
diretamente a autoimagem e a insatisfação corporal (FERNANDES et al., 2004;
SIMÉO, 2007; SOUZA, 2010; CONFERÊNCIA, 2012).

Diante disso, a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada são


as formas mais eficazes de combater e prevenir a obesidade. A atividade física pode ser
equivalente a 30% do gasto energético diário de uma pessoa. na redução da gordura corporal,
aumento da massa corporal magra e redução da massa gorda. Essa prática de treinamento
com exercícios livres e aparelhos de musculação parece ser um método eficaz, dados os
baixos níveis nocivos, de aumentar o gasto energético de repouso, desde que devidamente
direcionado (GUEDES; GUEDES). Até meados da década de 1980, a prescrição de
atividade física para perda de peso limitava-se aos exercícios aeróbicos, pois queimam
mais calorias durante o exercício. Como resultado, a comunidade científica começou a
apreciar o valor potencial do treinamento de resistência em fatores relacionados à saúde,
como controle de peso, saúde óssea e metabolismo basal. Em 1990, o American College of
Medicine and Exercise (ACSM) incluiu o treinamento resistido entre suas posições oficiais.
Nesse sentido, o American College of Medicine and Exercise recomenda a realização de
programas individuais no mínimo duas vezes por semana com 15 repetições por série.
Essas sessões devem variar entre oito a dez exercícios diferentes que utilizam os maiores
grupos musculares (POLLOCK, 1999; FLORES et al., 2002). O treinamento anaeróbico,
também conhecido como treinamento de resistência ou força, é um treinamento que consiste
em movimentos que produzem sobrecarga muscular. A sobrecarga pode ser aplicada por
equipamentos padronizados para elevação de pesos, roldanas ou molas, hastes fixas ou
uma série de dispositivos hidráulicos e de velocidade constante. O treinamento progressivo
com pesos, o sistema de exercícios mais comum usado para treinar e fortalecer os músculos,
aumenta o tamanho do músculo (hipertrofia) melhorando a síntese de proteínas - uma
chave para a adaptação ao aumento das cargas de trabalho, independentemente do sexo
e da idade do praticante (MCADELL, 1998).

METODOLOGIA

Este estudo é uma bibliografia descritiva para demonstrar a importância da


musculação para os hipertensos e a importância de nós profissionais nos mantermos
informados sobre as últimas pesquisas e benefícios para estarmos à disposição de nossos
alunos e comunidade.

Considerada a primeira etapa de qualquer pesquisa científica, também é mais


utilizada em trabalhos concluídos de graduação e pós-graduação, pois reúne e seleciona
conhecimentos prévios e informações sobre um problema ou hipótese, já organizadas e
organizadas por outro autor, material e informações de pesquisa. Expostos aos pesquisadores
são artigos sobre um determinado tema.

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Capítulo 07
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta breve revisão de literatura, foi possível fazer algumas considerações muito
importante por usar o treinamento de força como fator contribuinte para a perda de peso.
Percebe-se que o treinamento de força para perda de peso não deve ser feito isoladamente.
Se os praticantes não adotarem uma dieta em que o gasto energético seja maior que a
ingestão alimentar, não haverá bons resultados. Nesse ponto, observou-se também que
a qualidade da alimentação era de suma importância. A ingestão de calorias deve ser
equilibrada para evitar a perda de massa corporal magra, pois o tecido muscular é mais
ativo do que o tecido adiposo e, portanto, contribui para o aumento do gasto energético
diário. Observou-se que o treinamento de força utiliza gordura após o treino e o corpo
busca recursos para repor a gordura consumida durante o exercício anaeróbico, sendo
uma das fontes a gordura. O treinamento de força também deve ser complementado com
exercícios aeróbicos para queimar gordura durante o treino e trabalhar outras valências,
como a parte cardiorrespiratória do praticante. Já sabemos que exercícios aeróbicos e
anaeróbicos andam de mãos dadas, uma alimentação equilibrada desempenha um papel
fundamental na saúde, perda de peso.

REFERÊNCIAS

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

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91
Capítulo Aplicação do laser de baixa

08
potência para dor crônica em
mulheres com fibromialgia
Application of low power laser
for chronic pain in women with
fibromyalgia
Thaiza Hannah da Silva Lopes
Thatielle Monteiro Matos

RESUMO

Introdução: A fibromialgia é uma doença crônica sem causa definida que


se caracteriza pela presença de mialgia e hipersensibilidade generaliza-
da. A maioria dos pacientes sofrem com fadiga problemas no sono e na
memória. É comum também a presença de parestesia, visão turva, dor-
mência e fraqueza em todo corpo. Objetivos: Descrever a eficácia do la-
ser de baixa potência para tratamento da dor crônica em mulheres com
fibromialgia. Metodologia: Revisão da literatura onde o material relevante
escrito sobre o tema será pesquisado em livros, artigos de periódicos,
por meio dos sistemas de informação de busca eletrônica nas bases de
dados Pubmed, Cochrane e Bireme; com material em língua portuguesa
e inglesa, disponível gratuitamente na íntegra entre o período de 2018 a
2022. Resultados: A laserterapia de baixo nível é o fator terapêutico mais
universal, que não apresenta efeitos colaterais ou contraindicações ab-
solutas, embora, diferentemente dos analgésicos, não atinja apenas um
elo na recepção dolorosa, mas atinja essencialmente toda a hierarquia de
mecanismos de sua origem e regulamentação. Considerações finais: A la-
serterapia, permite restaurar quaisquer anormalidades no funcionamento
de vários órgãos e sistemas do corpo humano, o que, além de bloquear
diretamente a dor, garante a eliminação das causas da doença.

Palavras-chave: dor crônica. terapia a laser de baixa potência. síndrome


da dor miofascial difusa.

ABSTRACT

Introduction: Fibromyalgia is a chronic disease with no defined cause that


is characterized by the presence of myalgia and generalized hypersensi-
tivity. Most patients suffer from fatigue, sleep and memory problems. The
presence of paresthesia, blurred vision, numbness and weakness throu-
ghout the body is also common. Objectives: To describe the effectiveness
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.8 92
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
of low-power laser for the treatment of chronic pain in women with fibromyalgia. Methodo-
logy: Literature review where relevant written material on the subject will be searched in
books, journal articles, through electronic search information systems in Pubmed, Cochrane
and Bireme databases; with material in Portuguese and English, available free of charge
between 2018 and 2022. Results: Low-level laser therapy is the most universal therapeutic
factor, which does not have side effects or absolute contraindications, although, unlike anal-
gesics, it does not hit just one link in painful reception, but hit essentially the entire hierarchy
of mechanisms of its origin and regulation. Final considerations: Laser therapy allows you
to restore any abnormalities in the functioning of various organs and systems of the human
body, which, in addition to directly blocking pain, guarantees the elimination of the causes
of the disease.

Keywords: chronic pain. low power laser therapy. diffuse myofascial pain syndrome.

INTRODUÇÃO

A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crônica com etiologia desconhecida.


A FM é caracterizada por dor generalizada, pontos sensíveis, fadiga, distúrbios do sono
e transtornos do humor. Os sintomas mais prevalentes na FM são lombalgia, dores de
cabeça, doenças da artrite, espasmos musculares e comprometimento do equilíbrio.
Todos esses sintomas clínicos comprometem a autonomia, função e desempenho dos
pacientes com FM. Esses pacientes sofrem de condições de dor crônica caracterizadas
por processamento nociceptivo alterado. Essas alterações se manifestam como inibição
da dor descendente alterada com hipersensibilidade prolongada. Nesse contexto, esses
pacientes seriam considerados como tendo uma combinação de contribuintes nociceptivos
e nociplásticos à sua dor (VISEUX et al., 2020).

Um exemplo marcante da dor generalizada nos músculos ou articulações é a


fibromialgia doença reumática de etiologia pouco clara, caracterizada por fraqueza muscular
generalizada (sensação de fadiga) e palpações dolorosas de áreas características do corpo,
consideradas pontos sensíveis por alguns autores 3 e pontos gatilhos por outros. De acordo
com estudos sobre FM, cerca de 6 milhões de americanos sofrem com isso, enquanto 4
milhões deles são mulheres. Embora não exista uma base fisiopatológica distinta da doença,
esses pacientes são facilmente reconhecidos pela prevalência e localização característica
da dor em seus corpos (KISSELEV et al., 2018). Já no Brasil, estimasse que 2,5% da
população tem fibromialgia diagnosticada (SENNA et al., 2004).

A laser terapia de baixo nível (LLLT) é o fator terapêutico mais universal, que não
apresenta efeitos colaterais ou contraindicações absolutas, embora, diferentemente dos
analgésicos, não atinja apenas um elo na recepção dolorosa, mas atinja essencialmente
toda a hierarquia de mecanismos de sua origem e regulamentação, permite restaurar
quaisquer anormalidades no funcionamento de vários órgãos e sistemas do corpo humano,
o que, além de bloquear diretamente a dor, garante a eliminação das causas da doença
(VISEUX et al., 2020).

A laserterapia de baixa potência é um tratamento não medicamentoso que tem


sido utilizado para a redução de dores musculoesqueléticas e neuropáticas (MACIEL et al.,

93
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
2019). E o uso desse recurso tem demostrado grandes efeitos na redução de dores crônicas
por atuar diretamente na redução de sinais flogísticos e recuperação celular (MATOS et al.,
2014).

O fisioterapeuta é um profissional habilitado para aplicar esse aparelho, entretanto


é necessário revisar a literatura existente e relatar quais as novas informações importantes
existem para melhorar a conduta desse profissional no tratamento desses pacientes com
fibromialgia.

METODOLOGIA

Este estudo tem abordagem qualitativa realizado através de pesquisa bibliográfica


a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas através dos
meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. A análise
do material bibliográfico foi realizada por meio da leitura dos títulos, palavra-chave, resumo
e leitura completa dos artigos, usando como parâmetro para a pesquisa os critérios de
inclusão: publicações no período de 2018 a 2022. Foram incluídos estudos em língua
portuguesa e inglesa, disponível gratuitamente na forma global.

REFERENCIAL TEÓRICO

Fibromialgia

A fibromialgia é uma doença crônica sem causa definida que se caracteriza pela
presença de mialgia e hipersensibilidade generalizada. A maioria dos pacientes sofrem com
fadiga problemas no sono e na memória. É comum também a presença de parestesia, visão
turva, dormência e fraqueza em todo corpo. Considerando toda a população em geral, a
prevalência é de 2,1% a 5,3%, entretanto, as mulheres apresentam sintomas mais graves.
A faixa etária mais acometida desse distúrbio é em adultos de meia idade, mas isso não
significa que o público mais jovem ou mais idoso não possa ter a doença. Mesmo com
sua etiologia desconhecida, existem suspeitas de que a sensibilização do sistema nervoso
central seja o principal causador da doença. Existem suspeitas de que as infecções, traumas
e estresses pode precipitar o surgimento da patologia (YEH et al., 2019).

A Biblioteca Nacional dos Estados Unidos define a fibromialgia como uma síndrome
reumática e não articular que se caracterizada pela dor muscular e múltiplos pontos gatilhos
sensíveis a palpação. Com bastante frequência, se associa a alteração do sono, fadiga,
cefaleia e depressão com a fibromialgia, podendo esta última ser a doença primaria ou
secundaria, seu surgimento é mais frequente em mulheres entre 20 e 50 anos (QUIROZ et
al., 2015).

O Colégio Americano de Reumatologia relacionou o diagnostico com a presença de


sintomas como dor generalizada em pelo menos três dos quatro quadrantes corporais por
no mínimo três meses e dor a palpação em pelo menos 11 junções musculotendíneas ou
em pontos dolorosos (PANTON et al., 2013).

94
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
Com o passar dos anos, os sintomas necessários par formar diagnostico de
fibromialgia segundo o Colégio Americano de Reumatologia sofrerem alterações, antes era
necessário apresentar um número exato e especifico de pontos dolorosos, atualmente as
novas diretrizes focaram na presença de dor generalizada para concluir o diagnóstico para
fibromialgia (LAUCHE et al., 2015).

A dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP)
como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real
ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Dor é uma experiência
subjetiva e pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados
pelas variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio. A dor crônica pode ser
definida como a dor contínua ou recorrente de duração mínima de três meses; sua função
é de alerta e, muitas vezes, tem a etiologia incerta, não desaparece com o emprego dos
procedimentos terapêuticos convencionais e é causa de incapacidades e inabilidades
prolongadas. Sabe-se que a presença de dor crônica, independentemente da patologia
de base, tem implicações na saúde dos pacientes. Isto faz com que esse sintoma mereça
a atenção dos profissionais de saúde. Segundo Teixeira, mais de um terço da população
brasileira julga que a dor crônica compromete as atividades habituais e mais de três quartos
considera que a dor crônica é limitante para as atividades recreacionais, relações sociais e
familiares (PAIN, 2011)

A Organização Mundial de Saúde reconhece a Fibromialgia como um distúrbio


reumatológico e a incluiu na Classificação Internacional de Doenças desde 1992. Essa
doença desafia a comunidade da área da saúde pelo desconhecimento que ainda temos
de sua fisiopatologia, das formas de mensurar a dor que ela provoca, da prevalência em
mulheres e dos fatores associados (CARDONA-ARIAS et al., 2014).

Além de afetar principalmente as mulheres entre 30 e 50 anos de idade e de estar


associada a fadiga, insônia e depressão, a fibromialgia pode apresentar dor nociceptiva, que
está associada a lesões de tecidos, ossos, músculos e ligamentos, ou a dor neuropática que
é um tipo de dor crônica que ocorre quando os nervos sensitivos do Sistema Nervoso
Central e/ou periférico são feridos ou danificados (BERROCAL-KASAY et al., 2014).

A presença de dores nas articulações não tem relação com a presença de processo
inflamatório. Desta forma, as mialgias e parestesias podem surgir sem ter relação direta
com doenças musculares ou neurológicas. Algumas mulheres com fibromialgia podem
ter bexiga hiperativa ou apresentar desconforto ao urinar. Outros sintomas também foram
observados nesses pacientes, são eles: perda de memória e concentração, cólon irritável,
diminuição da capacidade de exercício, dor de cabeça (BERROCAL-KASAY et al., 2014).

A dor é o principal sintoma da Fibromialgia, ela pode causar a perca de emprego,


causa a incapacidade de realizar as atividades de vida diária. Cerca de 20% a 50% das
pessoas que tem fibromialgia, trabalham menos dias quando comparados com a população
que não tem a doença, e cerca de 27% a 55% recebem pagamentos de invalidez ou
previdência social por não conseguirem trabalhar (PANTON et al., 2013).

95
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
Laser

O laser representa um dispositivo constituído por substâncias de origem sólida,


líquida ou gasosa que produzem um feixe de luz, frequentemente denominado de “raio
laser”, quando excitadas por uma fonte de energia. Tal dispositivo pode ser classificado em
duas categorias: lasers de alta potência ou cirúrgicos, com efeitos térmicos apresentando
propriedades de corte, vaporização e hemostasia, e lasers de baixa potência ou terapêuticos,
apresentando propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e de bioestimulação; incluem-se
nesta última categoria o laser de hélio-neon (He-Ne), cujo comprimento de onda é 632,8nm,
ou seja, na faixa de luz visível (luz vermelha); o laser de arsenato de gálioalumínio (Ga-As-
Al) ou laser de diodo, cujo comprimento de onda se situa fora do espectro de luz visível (luz
infravermelha), sendo, aproximadamente, 780-830nm, e o laser combinado de hélio-neon
diodo (LINS et al., 2010).

A incorporação do laser como instrumento terapêutico tem sido acompanhada na


área biomédica desde 1960, através de Theodore Maiman, e um dos primeiros experimentos
publicados sobre os efeitos do laser de baixa potência data de 1983, através da irradiação
de laser HeNe (Hélio-Neônio), sobre feridas de ratos durante 14 dias consecutivos. Os
efeitos do laser de baixa potência podem ser observados no comportamento dos linfócitos
aumentando sua proliferação e ativação; sobre os macrófagos, aumentando a fagocitose;
elevando a secreção de fatores de crescimento de fibroblasto e intensificando a reabsorção
tanto de fibrina quanto de colágeno. Além disso, contribuem para elevar a motilidade de
células epiteliais, a quantidade de tecido de granulação e, podem diminuir a síntese de
mediadores inflamatórios. Sua ação pode ser observada sobre a redução da área de feridas
cutâneas tanto em humanos quanto em animais (ANDRADE et al., 2014).

A aplicação do laser também promoveu aumento de neovascularização e proliferação


de fibroblastos, com diminuição na quantidade do infiltrado inflamatório nas lesões, o que
contribui para a modulação do reparo tecidual com cicatrização mais rápida e organizada. Por
meio desse processo, o laser pode recrutar citocinas e fatores de crescimento importantes
para estimular a cicatrização da lesão (BRANDÃO et al., 2020)

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A fibromialgia é uma condição musculoesquelética crônica caracterizada por dor


generalizada no corpo e está associada a pontos sensíveis nas regiões do ombro, costas e
quadril. Uma grande variedade de medicamentos farmacológicos e suplementos alimentares
têm sido utilizados com sucesso limitado no tratamento da dor musculoesquelética. Estudos
clínicos iniciais com terapia a laser de baixo nível isoladamente ou em combinação com
medicamentos comumente usados ​​para tratar a fibromialgia sugeriram que a laser terapia
pode ser eficaz na redução da dor e rigidez musculoesquelética, bem como no número de
locais sensíveis (WHITE et al., 2017).

A laser terapia de baixa intensidade (LBI) é uma opção para tratar uma variedade
de condições, incluindo lesões na pele, lesões agudas de tecidos moles e síndromes de
dor crônica como a fibromialgia e melhorar a qualidade de vida destes pacientes (PANTON

96
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
et al., 2013). A LBI é apontada como um método não invasivo, indolor, de baixo custo e
com eficácia no tratamento de lesões, por atuar nos eventos fisiológicos e bioquímicos do
processo de cicatrização pois colabora na progressão do processo de reparo tecidual em
menor período de tempo, além de outros efeitos como alívio da dor, ação anti-inflamatória,
maior perfusão tecidual da lesão e melhora na resposta dos sistemas vascular e nervoso.
Possui bons resultados na redução da dor pós-laser sendo uma terapêutica coadjuvante
que pode favorecer alívio no estado álgico e no desconforto local. A diminuição da dor
pode impactar na qualidade de vida e possibilitar que o paciente esteja mais ativo em suas
atividades de vida diária (BRANDÃO et al., 2020).

Apesar de um número significativo de métodos de tratamento medicamentoso e


não farmacológico para pacientes com FM, sua eficácia não é boa o suficiente. Além disso,
o uso prolongado de analgésicos, sedativos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
- comumente usados para tratamento - leva ao desenvolvimento de efeitos colaterais,
agravamento e gravidade da condição do paciente. A laserterapia de baixo nível é o fator
terapêutico mais universal, que não apresenta efeitos colaterais ou contraindicações
absolutas, embora, diferentemente dos analgésicos, não atinja apenas um elo na recepção
dolorosa, mas atinja essencialmente toda a hierarquia de mecanismos de sua origem e
regulamentação (KISSELEV; MOSKVIN, 2018).

Maciel et al. (2018) investigou os efeitos da laserterapia de baixo nível (LLLT)


combinada a um programa de exercícios funcionais no tratamento da FM. Realizou um
estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, composto por 22 mulheres
divididas em dois grupos: grupo placebo (programa de exercícios funcionais associado à
fototerapia com placebo n = 11) e grupo laser (mesmo programa de exercícios associado à
fototerapia ativa; n = 11). Cada sessão durou de 40 a 60 minutos e foi realizada três vezes
por semana, durante 8 semanas. A fototerapia (808 nm, 100 mW, 4 J e 142,85 J / cm2 por
ponto) foi aplicada bilateralmente em diferentes pontos do quadríceps (8), isquiotibiais (6)
e músculos surais do tríceps (3) imediatamente após cada sessão de exercício. Foram
realizadas avaliações pré e pós-intervenção em relação à dor (locais, intensidade e limiar),
desempenho funcional (equilíbrio, testes funcionais), desempenho muscular (flexibilidade e
variáveis ​​isocinéticas), depressão e qualidade de vida.

O autor relata que houve redução da dor e melhora no desempenho funcional


e muscular, depressão e qualidade de vida nos dois grupos (p <0,05); no entanto, sem
diferenças significativas entre eles (p> 0,05). O grupo placebo mostrou uma redução
significativa da intensidade da dor em 27 dos 33 locais avaliados (p < 0,05, ES grande),
com exceção de cinco locais (cotovelo direito, quadril direito, perna direita, perna esquerda,
tórax e abdômen; p> 0,05, ES grande). Por outro lado, o grupo laser mostrou uma redução
em 30 dos 33 locais avaliados (p < 0,05, ES grande), exceto em três locais (mandíbula
esquerda, joelho direito e abdômen; p> 0,05, ES grande). Nesse estudo a intensidade da
dor em cada local foi classificada de acordo com a Escala Visual Analógica (EVA) de 0 a
100 mm, a dor geral no grupo placebo foi de 85.82 ± 9.02 na pré intervenção e de 50 ±
25.69 nos pós intervenção. Já no grupo laser a dor geral foi de na pré intervenção 84.45 ±
10.21, nos pós intervenção foi de 27.73 ± 29.53.

97
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 08
Vayvay et al. (2016) investigou os efeitos do laser e da aplicação de fitas adesivas na
dor, flexibilidade, ansiedade, depressão, estado funcional e qualidade de vida em pacientes
com síndrome da fibromialgia. Quarenta e cinco pacientes do sexo feminino com síndrome
de fibromialgia foram incluídas no estudo e alocadas aleatoriamente em três grupos de
tratamento; Aplicações de laser (n = 15), laser de placebo (n = 15) e gravação (foram
administrados cinesiotaping e um programa de exercícios nesse grupo e com a amostra
de 15 pessoas). Escala analógica visual para intensidade da dor, flexibilidade do tronco,
Questionário de Impacto da Fibromialgia para status funcional, Questionário Short Form
36 para qualidade de vida e estado de saúde e Inventário de Depressão de Beck para
ansiedade foram avaliados antes e após três semanas de intervenções.

Houve diminuição da gravidade da dor na atividade (p = 0,028), nível de ansiedade


(p = 0,01) e melhora do estado geral de saúde, qualidade de vida (p = 0,01) encontrada no
grupo Laser. Após as intervenções, houve diminuição da severidade da dor em todos os
grupos à noite para o grupo Laser (p = 0,04), grupo Laser com placebo (p = 0,001), grupo
de gravação (p = 0,01) e melhora do estado funcional encontrado no grupo Laser (p =
0,001), placebo laser grupo (p = 0,001), grupo de gravação (p = 0,01). Foram analisadas as
dores com a escala visual analógica da dor (EVA) pré e pós-tratamento de todos os grupos
durante o repouso, atividade e noite, o período de intervenção foi de 15 dias. O autor
representa através de gráficos que o grupo do laser tinha aproximadamente valor de 4 a
6 na escala EVA, após a intervenção a dor diminuiu para 2; no grupo laser placebo, a dor
iniciou com variações entre 4 e 7 e após a intervenção reduziu para 3 segundos a escala
EVA, e por fim, no grupo gravação, a dor inicial variou de 4 a 7 e após a intervenção ficou
com EVA 2.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os lasers de baixa potência ou terapêuticos, apresentam propriedades analgésicas,


anti-inflamatórias e pode ser um recurso utilizado no tratamento da fibromialgia. Esta
pesquisa tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre a eficácia do laser
de baixa potência para tratamento da dor crônica em mulheres com fibromialgia

A laserterapia de baixo nível (LLLT) é o fator terapêutico mais universal, que não
apresenta efeitos colaterais ou contraindicações absolutas, embora, diferentemente dos
analgésicos, não atinja apenas um elo na recepção dolorosa, mas atinja essencialmente
toda a hierarquia de mecanismos de sua origem e regulamentação, permite restaurar
quaisquer anormalidades no funcionamento de vários órgãos e sistemas do corpo humano,
o que, além de bloquear diretamente a dor, garante a eliminação das causas da doença
(VISEUX et al., 2020).

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100
Capítulo Natação infantil: ludicidade e os

09
aspectos metodológicos
Ana Clecia Moura Feitosa
Cláudia Fernanda Melo Silva
Jõao Marcos Bezerra de Morais
Rafael Ferreira da Silva
Thomas Caetano Luna

RESUMO

A escolha de estudar o impacto da recreação e do brincar no ensino da


natação para crianças deveu-se principalmente à escassez de publica-
ções sobre o tema. Porque também é interessante ler e pesquisar sobre
este assunto, já que é provável que muitos profissionais que atuam na
natação infantil ampliam seus conhecimentos em sala de aula sobre a
utilização de materiais e métodos lúdicos. Desenvolvimento de aplicativo
envolvendo atividades cômicas, em que a criança dessa idade é livre para
criar e descobrir suas próprias possibilidades explorando esse ambiente
cheio de possibilidades e surpresas, o universo dos meios líquidos, da
água e das piscinas. Diversas pesquisas mencionam o impacto da brinca-
deira na criança aprendendo a nadar, sugerindo que ensinar e aprender
se torna mais alegre e prazeroso. Antes de gravar as aulas de natação
e usar a diversão para ensinar as crianças a nadar, certifique-se de que
a escolha do tema seja razoável. O autor deste estudo iniciou a natação
como atividade física na adolescência, pensando em melhorar sua saúde
e aliviar o medo de água, e recebendo orientações médicas para correção
da postura pois seu ritmo de crescimento acelerou neste período, então
pratiquei por vários anos e isso Durante a fase de mudança, vimos outros
resultados, como respiração ou fatores de barreira corporal que muitos
adolescentes têm.

Palavras-chave: natação. aprendizagem. processo.

ABSTRACT

The choice to study the impact of recreation and play on teaching swim-
ming to children was mainly due to the scarcity of publications on the sub-
ject. Because it is also interesting to read and research on this subject,
since it is likely that many professionals who work in children’s swimming
expand their knowledge in the classroom about the use of playful materials
and methods. Application development involving comic activities, in which
children of this age are free to create and discover their own possibilities,
exploring this environment full of possibilities and surprises, the universe
of liquid media, water and swimming pools. Several studies mention the
impact of play on children learning to swim, suggesting that teaching and
learning become more joyful and pleasurable. Before you record swim-
ming lessons and use the fun to teach children to swim, make sure your

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.9 101
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
topic choice is reasonable. The author of this study started swimming as a physical activity
in adolescence, thinking of improving his health and alleviating his fear of water, and recei-
ving medical advice for correcting his posture because his growth rate accelerated during
this period, so I practiced for several years and that During the change phase, we saw other
results, such as breathing or body barrier factors that many teenagers have.

Keywords: swimming. learning. process.

INTRODUÇÃO

Na recreação, como no processo geral de aprendizagem, é importante que o sujeito


acrescente prazer à atividade e queira voltar ao exercício com frequência. Resultados
perfeitos virão com o tempo e com o entusiasmo despertado. É divertido apresentar aos
alunos exercícios e estratégias durante o aprendizado de natação que sejam consistentes
com o nível de ensino maduro, de fácil assimilação porque há tensão (gerada por expectativas
certas ou erradas) no processo de aprender a nadar.

A escolha de estudar o impacto da recreação e do brincar no ensino da natação


para crianças deveu-se principalmente à escassez de publicações sobre o tema. Porque
também é interessante ler e pesquisar sobre este assunto, já que é provável que muitos
profissionais que atuam na natação infantil ampliam seus conhecimentos em sala de aula
sobre a utilização de materiais e métodos lúdicos. Desenvolvimento de aplicativo envolvendo
atividades cômicas, em que a criança dessa idade é livre para criar e descobrir suas próprias
possibilidades explorando esse ambiente cheio de possibilidades e surpresas, o universo
dos meios líquidos, da água e das piscinas. Diversas pesquisas mencionam o impacto da
brincadeira na criança aprendendo a nadar, sugerindo que ensinar e aprender se torna
mais alegre e prazeroso. Pereira (2001) vinculou seu trabalho à “ficção” por meio de suas
aulas temáticas de natação, utilizando-a como ferramenta de trabalho, nomeando suas
aulas de “ambiente educacional lúdico”. cheio de fantasia e realidade. As atividades lúdicas
são a base da infância, pois desenvolvem a criatividade da criança, proporcionam muita
diversão, aprendem de forma mais fácil, simples, espontânea e convivem em harmonia
com as outras crianças.

Infelizmente, por diversos motivos, a grande maioria da sociedade raramente


adota algo tão construtivo quanto o lazer, mas isso pode mudar. Basta que estudiosos,
pesquisadores que tenham o mesmo propósito se unam e transmitam a importância do
lazer em nossas vidas. Aprender é algo que leva uma pessoa a enfrentar um novo fator.
Para reduzir com sucesso a tensão ao aprender determinados exercícios, é necessário
haver uma estratégia do professor para o ambiente que está sendo inserido. Brincar na
água ajuda a desenvolver o pensamento abstrato da criança em um lugar diferente, onde
oferece diferentes abordagens físicas para a vida cotidiana. Segundo as expectativas de
comportamento motor de Barbosa (2007), a faixa etária de 3 a 6 anos é adequada para uma
das fases motoras e o movimento especializado do esporte aplicado na fase de transição.

102
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
OBJETIVOS

Objetivo geral

O objetivo principal deste estudo foi investigar os procedimentos metodológicos


que mais auxiliam no ensino da iniciação à natação.

Objetivos específicos

Determinar a importância da recreação e da brincadeira para o aprendizado das


crianças durante os estágios iniciais da natação infantil.

Identificar atividades que facilitem a aclimatação aos fluidos durante os estágios


iniciais da natação infantil.

Contribuir para que profissionais da natação infantil ampliem seus conhecimentos


sobre o uso de materiais e métodos lúdicos em sala de aula.

JUSTIFICATIVA

As atividades lúdicas nas aulas de natação infantil são lúdicas considerando a


“mímica” das crianças, pois as crianças têm vontade de imitar familiares, amigos, educadores,
então também aproveitam essa característica “Imitando” seu professor é o motivo pelo qual
é tão valioso quando os educadores de natação infantil utilizam a brincadeira na sala de
aula, pois os alunos ficam mais motivados a aprender os fundamentos do estilo de natação.
Portanto, é importante redefinir o papel dos jogos na educação física, especialmente para
apontar que os cursos de formação de professores têm a responsabilidade de refletir mais
profundamente sobre os jogos.

Prática de ensino baseada na literatura profissional e sensibilização de todos os


profissionais para a relevância das atividades lúdicas na natação infantil. Entre eles, embora
o estudo tenha alcançado seus objetivos declarados, não pelo contrário, esta discussão
exaustiva – pensa-se contribuir para a divulgação do conhecimento estabelecido neste
caso para outras reflexões futuras.

A partir do momento em que os professores facilitam a sala de aula com atividades


lúdicas, eles despertam alegria nas crianças, e elas ficam ali por realização, não por
obrigação. Venditti Júnior e Santiago (2008) enfatizam que quando as atividades lúdicas
são utilizadas em sala de aula, a criança pode se desenvolver em todos os aspectos, pois o
professor torna a sala de aula mais agradável. Para que isso aconteça, porém, a sala de aula
precisa ser divertida e envolvente na medida em que a criança se sinta plena e realizada
cognitiva, física e socialmente. O objetivo deste trabalho é explicar aos professores os
benefícios da instrução lúdica nas aulas de natação infantil, melhorar a qualidade das aulas
de natação e o aprendizado das crianças e auxiliar os professores no design. Enriqueça
seu trabalho de treinamento adicionando mais elementos. Este trabalho também foi feito
para mostrar um significado interessante. Como recurso metodológico, relaciona artigos
relacionados à importância do brincar na natação infantil, identifica a natação como um

103
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
produto da cultura humana e desenvolve um currículo de natação.

DESENVOLVIMENTO

Aprender é expor uma pessoa a novos elementos. Para reduzir com sucesso a
tensão durante a aprendizagem de um determinado exercício, o professor deve ter uma
estratégia para o ambiente em que está inserido todos brincar na água ajuda as crianças
a desenvolver o pensamento abstrato em uma variedade de lugares que fornecem uma
abordagem física diferente para a vida cotidiana. Segundo Barbosa (2007), a faixa etária
comportamental-motora esperada entre 3 e 6 anos corresponde à fase temporal e à
fase de movimento utilizada em alguns movimentos específicos do esporte. Atualmente,
estou pesquisando e utilizando elementos lúdicos na aprendizagem da natação através
da literatura. Por meio de brincadeiras e histórias infantis, os professores podem entrar
no mundo da criança. A situação imaginária está mais próxima dele, há uma relação de
confiança e ele foca em uma aprendizagem mais prazerosa para os alunos. Alunos com
dificuldades “se soltam” nesses momentos divertidos e seu tempo de estudo melhora.
Portanto, o objetivo deste estudo é encontrar respostas para as seguintes perguntas. Qual
o papel da brincadeira como recurso sistemático na natação infantil? Portanto, o objetivo
geral deste estudo é apresentar a importância do brincar como recurso metodológico para
a construção do conhecimento e natação infantil. A procura por natação é crescente e bem
visível. Algumas escolas, principalmente as redes privadas de ensino, podem oferecer esse
método para crianças e jovens. É importante que os atletas profissionais que atuam na
natação escolar sejam capacitados para atender às necessidades individuais dos alunos
que ali estarão, mas lembre-se de considerar as habilidades que os capacitam a praticar a
natação com diversos interesses, inclusive participando de competições. Nesse sentido, os
professores que trabalham em um contexto educacional devem se esforçar para melhorar
os processos de aprendizagem que atendam à diversidade. Interesse do aluno, bem como
a contribuição da natação para a postura geral e outros desenvolvimentos importantes na
academia de modelos no treinamento de atletas. Para quem está aprendendo a nadar,
o fato da natação estar se desenvolvendo levanta discussões sobre a educação como
fator de influência no aprendizado para além da natação. Também promove o prazer de
nadar e, assim, influencia o treinamento dos nadadores para que eles possam viver mais
e continuar a nadar pelo resto de suas vidas após o término do período de exercícios.
Portanto, compreender o poder lúdico do ensino da natação pode aumentar a participação
dos alunos nas atividades aquáticas. Aumentar o valor da natação na vida humana.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pereira e Cols. (2016), destacam que quando nos referimos a práticas lúdicas,
estamos descrevendo atividades que incluem entretenimento que pode ser fornecido.
Alegria, e conforto aos que praticam esta prática. Eles também explicam que o conceito de
lúdico inclui uma variedade de atividades ou jogos que podem ser desfrutados. É relevante
porque, por meio de jogos e brincadeiras, as crianças têm a oportunidade de aprender de
forma confortável. Segundo Huizinga, e para nós também, na educação física é importante
corrigir a confusão do lúdico com lazer ou diversão, que por sua vez se relacionam com

104
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
atividades prazerosas, e que o brincar permite que as pessoas usem suas habilidades e
tomem decisões sobre suas ações. Uma atividade criada para compartilhar a diversão com
os outros. A educação é uma coisa nobre, mas tome cuidado para não “instrumentalizar” o
confucionismo. Em outras palavras, você acha que o confucionismo é importante quando
se trata de promover a educação, mas na realidade o confucionismo deveria ser enfatizado
ou importante por si só. É porque a escolha de pessoas que desafiam suas habilidades
e treinam sua imaginação é voluntária e desinteressada. Os seres humanos entram em
contato com a água pela primeira vez quando o feto ainda está se formando no útero da
mãe. Após o nascimento, o contato com esse meio líquido vai além de útil e se transforma
em meio de diversão e diversão na praia, piscina, rio ou cachoeira. Portanto, muitas vezes
as experiências com a água estão relacionadas ao brincar. A capacidade de nadar aparece
principalmente durante o jogo, e o prazer precede os esportes. Desde os tempos antigos,
nossos ancestrais tiveram a necessidade de explorar e interagir. Juntamente com o ambiente
aquático para obter alimentos, saneamento, ou para estender o conhecimento e chegar a
outras terras. Catteau e Garoff (1988) enfatizaram isso. As possíveis origens da natação
remontam aos tempos pré-históricos, quando as pessoas usavam a água do rio para
higiene, alimentação e recreação. Do antigo mundo divino viemos ao mundo é moderno,
secular e pluralista, baseado na ciência e na tecnologia. Mas a água era, e ainda é, um
mito, uma crença, fonte de doença, fonte de energia e abastecimento, meio de transporte,
opção de diversão e alimentação.

NATAÇÃO

A natação é uma das atividades físicas que as pessoas podem praticar desde o
nascimento até o final da vida com o menor número de restrições. No entanto, é interessante
apresentar aos alunos exercícios e estratégias que sejam condizentes com sua instrução
e nível de maturidade na aprendizagem da natação, pois, o mais importante, haverá
diferenças no processo de aprendizagem da natação decorrentes de expectativas estarem
certas ou erradas.

Segundo Darido e Souza Junior (2010):

A natação é o esporte mais conhecido e praticado no mundo. Originou-se como um


esporte no século 19, embora os humanos já soubessem como se mover na água
muito antes. Existem registros de natação humana na forma de pinturas nas pare-
des das cavernas, que os arqueólogos estimam ser anteriores ao nosso tempo em
milhares de anos.

Vale ressaltar a importância de introduzir uma prática adequada de acordo com a


faixa etária de cada aluno. Lima (1999) afirmou que o conhecimento primário e a pesquisa
no ensino de natação dizem respeito ao nível ou maturidade do aluno, muitos professores
utilizam exercícios inadequados para a idade. Os autores acrescentam ainda que, a partir
dos 3 anos, os primeiros movimentos decorrem de uma coordenação mais fina, com pernas
engatinhando e deslizando mais características, e o movimento do braço não só como
apoio, mas também como deslocamento. Como crawl, existe apenas a fase de mergulho,
que é relativamente fácil. Recursos de fantasia na prática, como: foguetes, braços
estendidos, uma mão sobre a outra, ou jogos como caça ao tesouro, ajudam a explorar
a piscina. Marcon (2002) disse que no início do ensino de alguma sequência de métodos

105
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
de natação, é muito importante que o professor mostre ao final o que pretende alcançar, o
que torna a contribuição do aluno nessa situação mais prazerosa e eficaz. a natação deve
levar esse aspecto em consideração. Além disso, exercícios são propostos de acordo com
seus objetivos. Segundo a pesquisa de Corrêa e Massaud (1999) em crianças, um dos
principais objetivos do desenvolvimento, a busca da saúde e do equilíbrio, é desenvolver
o interesse por atividades, ações divertidas, prazerosas dentro de sua capacidade motora,
com objetivos claros. Aulas não só para atingir objetivos específicos de natação, mas
também para se adaptar ao meio líquido e aprender a nadar. Devem também desenvolver
todo o potencial da criança, incluindo os domínios emocional, cognitivo e psicomotor.

Desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor é o processo de mudanças relacionadas à idade na


postura e no comportamento motor de uma criança. É um processo de mudança complexo
e inter-relacionado que envolve todos os aspectos do crescimento e maturação dos
órgãos e sistemas do corpo. É importante acompanhar o desenvolvimento motor do seu
filho, principalmente nos primeiros anos de vida, para que os distúrbios motores sejam
diagnosticados precocemente, o que pode facilitar o tratamento e torná-lo mais precoce.
O bom desenvolvimento motor tem impacto na vida social, intelectual e cultural futura da
criança.

O desenvolvimento motor é um processo contínuo e contínuo, que também está


relacionado com a idade cronológica do indivíduo. Esse processo resulta na expan-
são e progressão das habilidades motoras, desenvolvendo ativamente desde movi-
mentos simples e até caóticos até habilidades altamente organizadas e complexas.
(WILLIRICH, AZEVEDO & FERNANDEZ, 2008).

Para Gallahue e Ozmum (2003), as faixas etárias representam atitudes que as


crianças provavelmente desenvolverão de acordo com sua maturidade. Nesse sentido,
a idade representa uma estimativa de certas características do desenvolvimento de um
indivíduo em um determinado período de tempo. Rosa Neto (2002) definiu a motilidade
infantil como a interação de várias funções motoras (percepção, movimento, neuromotora,
psicomotora, neuropsicomotora, etc.). Portanto, esse conceito não pode ser ignorado no
aprendizado de uma criança, pois o movimento faz parte do processo. Nesse sentido, todo
o processo ocorre de forma interligada que contribui para o desenvolvimento global da
criança para o qual as habilidades motoras são relevantes. A criança assim se desenvolve
pelo movimento, além de ter consciência de si mesma, buscando maiores possibilidades
de independência.

Segundo Brasileiro e Marcassa (2004):

Os exercícios físicos e seus gestos, posturas e movimentos possuem sentimentos


e significados que muitas vezes educam e ensinam, assim como signos e signos
linguísticos que constituem a formação cultural e apontam para aspectos das di-
mensões sociais e subjetivas. É a base de como cada pessoa vê, entende e vive
sua vida autêntica. Ou seja, a criança também aprende por meio de seu corpo/
movimentos.

Marcassa (2004) também apontou que ao falar da relação entre o corpo e a prática
do corpo, está-se falando de uma linguagem silenciosa, mas repleta de sons, palavras,
cores, percepções, cheiros, sensações, valores, sentidos, conhecimento, imaginário e

106
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
significado Segundo Macedo, Merida, Massetto et al. (2007) a natação é considerada um
exercício físico e um exercício físico. É um dos esportes mais complexos e sua prática afeta
o desenvolvimento da personalidade do praticante. Pensando nisso, a razão de se buscar
ensinar essa modalidade baseada na prática física nessa idade é o fato de que os benefícios
dessa prática motora vão além do desenvolvimento motor e do alto desempenho futuro,
podendo abranger um processo de amadurecimento que inclui a manutenção emocional
relação e prática de natação e qualidade de vida (VENDITTI JÚNIOR E SANTIAGO, 2008).

Processo lúdico

O lúdico é um método pedagógico de ensino lúdico sem nenhuma exigência,


tornando o aprendizado significativo e de qualidade. Tanto os jogos quanto as brincadeiras
proporcionam desenvolvimento físico, mental e intelectual na educação infantil. Venâncio
e Costa (2005) observaram que existe uma relação entre a brincadeira e o movimento
humano. Os autores observam que brincar é uma vontade de brincar que existe em todas
as fases da vida, mas principalmente na infância.

Venditti Júnior e Santiago (2008):

Defendem que a partir do momento em que a criança começa a aprender determi-


nados movimentos, ela brinca com eles e desenvolve novas formas de realizá-los.
Assim pode acontecer em meio líquido, a criança aprende os movimentos de nata-
ção e consegue executá-los, e conforme os joga, ela começa a ter autonomia sobre
esses movimentos, aprendendo assim a nadar.

Quando a diversão está inserida nas brincadeiras e atividades de natação


apresentadas nas brincadeiras, as crianças podem criar e descobrir as possibilidades que
existem no meio aquático. Outro fator que o lúdico traz é a motivação, que é geradora de
emoções positivas e possibilita a atividade física nas atividades diárias das crianças. Assim,
existe uma associação entre prazer, contentamento, diversão e ludicidade da brincadeira,
proporcionando motivação para as crianças praticarem natação (VENDITTI JÚNIOR E
SANTIAGO, 2008). Ao propor o brincar nas aulas de natação pretende-se proporcionar
às crianças oportunidades de saúde, lazer, segurança e diversão, não apenas um elevado
nível de rendimento e um futuro brilhante no desempenho atlético. Vale lembrar que esses
jogos devem ser acessíveis a todas as crianças, das mais proficientes às menos proficientes
(VENDITTI JÚNIOR E SANTIAGO, 2008). Estudos enfatizam que a aplicação de atividades
lúdicas em sala de aula pode desenvolver plenamente as crianças e tornar a sala de aula
mais interessante. Para isso, a sala de aula precisa ter um nível de diversão e satisfação
que dê às crianças uma sensação de realização. Cabe ao professor utilizar este tipo de
diversão de forma correta, podendo estimular o interesse da criança em todas as atividades
propostas, de forma a estimular o interesse da criança em continuar praticando natação e
desenvolvendo o aprendizado da natação. Para isso, é necessário que o professor conheça
a criança, seu mundo e sua atuação (VENDITTI JÚNIOR E SANTIAGO, 2008).

O lúdico como programa norteador de natação

O esporte está se tornando cada vez mais popular na vida de crianças e adultos,
pois escolas e centros olímpicos oferecem diferentes modalidades em diferentes cidades e
regiões do Brasil. No entanto, chama-se a atenção para as aulas propostas para completar

107
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
o processo de aprendizagem das crianças. Os pais fazem várias perguntas sobre como
esses professores abordarão seus filhos para manter o interesse pelo método escolhido.
Embora a natação como esporte individual envolva competição, sempre incluir uma forma
competitiva como aprendizado pode desestimular esses praticantes a ponto de influenciar
no aprendizado.

Claro, especialmente no Centro Olímpico, vemos mais treinamento de professores


e mais visualização de modelos de tecnologia em sala de aula. Foco em esportes de alto
rendimento. Esses centros olímpicos tendem a implementar esse modelo, em parte porque
competem em equipe com outras escolas esportivas. Por isso, muitas pessoas tendem a
focar apenas na competição e deixar o entretenimento de lado ou usá-lo em determinados
momentos. O elemento lúdico raramente é usado em academias e escolas de natação, mas
alguns estudos e conselhos sobre brincadeiras já estão incluídos no contexto. Como um
facilitador do processo de aprendizagem. Além disso, ao usar o lúdico em sala de aula, tome
cuidado para não virar alguma coisa. Funcionalista, nunca perde sua essência no processo
pedagógico de aprendizagem. Na natação, a participação nas aulas lúdicas é importante,
principalmente de forma sensata que as crianças possam entender. Por ser um ambiente
perigoso, as crianças pequenas tendem a ter medo desses ambientes desconhecidos.

Segundo Tahara (2007):

Os profissionais da natação hoje se limitam a ensinar as quatro braçadas e não


buscam diversificar seus conhecimentos, deixando de perceber as riquezas que a
natação pode oferecer às pessoas e crianças. Necessidade Esses profissionais se
dedicam ao mercado de trabalho porque hoje se exige mais qualidade e seriedade
de quem atua no mercado de trabalho.” (TAHARA, 2007, p. 5).

METODOLOGIA

Conforme mencionado acima, este estudo constituiu-se segundo os procedimentos


técnicos em estudo bibliográfico (GIL, 2008) a partir de material já elucidado, constituído
principalmente por livros e artigos científicos. Trata-se de um estudo exploratório e qualitativo.
Segundo Richardson (2008, p. 80):

A complexidade que os métodos qualitativos podem descrever diante de um proble-


ma, analisar a interação de determinadas variáveis ​​para compreender e classificar
os processos dinâmicos vivenciados pelos grupos sociais. Explorar técnicas de ob-
servação e entrevista, pesquisa documental, explorar análise de conteúdo e análise
histórica.

Segundo Gil (2002, p. 43), “a pesquisa exploratória é realizada no sentido de fornecer


um panorama sobre um fato, porém, quando o tema escolhido foi pouco explorado”. Para
Martins (2002), a pesquisa exploratória busca mais informações sobre determinado tema e
aponta quando pouco se sabe sobre o tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao investigar a importância das atividades lúdicas no ensino de natação, observamos


que na educação em geral e na educação infantil em particular, brincar e brincar facilitam a
aprendizagem experiencial, pois permitem que o processo de aprendizagem seja vivenciado

108
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 09
como um processo social. Jogos como recursos metodológicos promove a educação infantil,
o conhecimento do mundo, a fala, o pensamento e o significado.

Observamos também que a ludicidade pode ser encontrada nas brincadeiras


e atividades do mundo infantil. Este recurso é divertido, mas mais como uma grande
possibilidade de ensino na infância, ensina as crianças a se expressarem com mais facilidade,
a ouvir, a respeitar e discordar, a usar suas habilidades de liderança, a serem lideradas e
a compartilhar o que estão fazendo a alegria de jogar. Nosso estudo atualiza e reitera os
resultados de um estudo no qual 100% dos autores de artigos pesquisados indicaram que
o jogo foi uma maneira eficaz. A visão oposta da dominância pode ser essencialmente
categorizada como o ensino da análise progressiva.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

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110
Capítulo A atividade física na terceira

10
idade
Physical activity in old age
Aline Paula Montanha Cavalcante
Elizangela Miranda de Goes
Felipe Augusto Medeiros Cavalcanti

RESUMO

Este estudo é um estudo bibliográfico sobre: a importância da atividade


física na terceira idade. Com a finalidade de destacar a importância da
prática de exercícios físicos nessa faixa etária e seus benefícios para o
desenvolvimento físico e para a saúde, no geral. Dentre tantos benefícios
é importante que o idoso escolha opções de atividades físicas que lhe
agrade e motive, gerando bem estar e qualidade de vida, sejam elas a
musculação, a yoga, o pilates, a caminhada, a natação, dentre outros. A
prática regular de atividade física de maneira adequada às necessidades
e realidade física, psicológica e social do idoso, pode significar a diferença
entre uma vida autônoma ou não. Praticar atividades físicas é essencial
em todas as fases da vida, mas na terceira idade elas se tornam ainda
mais importantes. Os exercícios trazem muitas vantagens para o corpo,
melhorando a qualidade de vida e proporcionando o bem estar. Entre os
benefícios da atividade física na terceira idade estão o aumento da força
muscular, energia, maior flexibilidade no corpo, equilíbrio, coordenação
motora, controle de peso, diminuição da ansiedade e prevenção de diver-
sas doenças. Quanto mais á vida for enriquecida em termos de recursos
para se enfrentar diferentes situações, melhor se enfrentará a velhice e os
possíveis problemas que podemos encontrar nessa fase da vida. Deve-se
procurar seguir evoluindo sempre, tanto física quanto intelectualmente,
sem deixar levar pela comodidade e pela rotina, fortalecendo-se, enrique-
cendo-se em todos os momentos e em qualquer idade. Deve-se sentir
vital sempre, desde o nascimento até a morte.

Palavras-chave: atividade física. terceira idade. rotina.

ABSTRACT

This study is a bibliographic study about: the importance of physical activi-


ty in old age. In order to highlight the importance of physical exercise in this
age group and its benefits for physical development and health in general.
Among so many benefits, it is important for the elderly to choose physi-
cal activity options that please and motivate them, generating well- being
and quality of life, whether they be bodybuilding, yoga, pilates, walking,
swimming, among others. The regular practice of physical activity in a way

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.10 111
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
that is adequate to the needs and physical, psychological and social reality of the elderly
can mean the difference between an autonomous life or not. Practicing physical activities
is essential at all stages of life, but in old age they become even more important. Exercises
bring many advantages to the body, improving the quality of life and providing well-being.
Among the benefits of physical activity in old age are increased muscle strength, energy,
greater flexibility in the body, balance, motor coordination, weight control, decreased anxiety
and prevention of various diseases. The more life is enriched in terms of resources to face
different situations, the better we will face old age and the possible problems that we may
encounter in this phase of life. One should always try to keep evolving, both physically and
intellectually, without getting carried away by comfort and routine, strengthening and enri-
ching oneself at all times and at any age. One must feel vital always, from birth to death.

Keywords: physical activity. seniors. routine.

INTRODUÇÃO

Devido aos avanços tecnológicos na medicina e ao aumento de adeptos de práticas


saudáveis é notável o contínuo crescimento da população da terceira idade em nosso país e
em todo o mundo. O envelhecimento para muitos é visto como o fim da vida, onde a pessoa
idosa não tem mais condições de realizar com firmeza as tarefas que sempre executou,
mas existem também aqueles que têm uma vontade imensa de viver e por conta disso,
busca praticar atividades físicas.

É de extrema importância que todas as pessoas iniciem uma atividade física o quanto
antes, pois além de proporcionar benefícios para o corpo, a atividade física proporciona
benefícios para a alma. A falta de oportunidade de praticar atividade física na terceira idade
faz com que os idosos desanimem ainda que tenham muita vontade de viver, e para essas
pessoas a atividade física é um modo de mostrar que ainda são capazes de fazerem as
coisas extraordinárias.

Dentre tantos benefícios é importante que o idoso escolha opções de atividades


físicas que lhe agrade e motive, gerando bem estar e qualidade de vida, sejam elas a
musculação, a yoga, o pilates, a caminhada, a natação, dentre outros. A prática regular
de atividade física de maneira adequada às necessidades e realidade física, psicológica e
social do idoso, pode significar a diferença entre uma vida autônoma ou não.

Praticar atividades físicas é essencial em todas as fases da vida, mas na terceira


idade elas se tornam ainda mais importantes. Os exercícios trazem muitas vantagens para
o corpo, melhorando a qualidade de vida e proporcionando o bem estar. Entre os benefícios
da atividade física na terceira idade estão o aumento da força muscular, energia, maior
flexibilidade no corpo, equilíbrio, coordenação motora, controle de peso, diminuição da
ansiedade e prevenção de diversas doenças.

É importante ressaltar que antes de iniciar a prática de qualquer atividade, a pessoa


idosa necessita passar por uma avaliação clínica para que o médico possa orientar na
escolha e acompanhar o programa de exercícios a ser seguido. A atividade física para as
pessoas desta faixa etária, além de proporcionar mais saúde, permite que eles se tornem
mais independentes. O exercício regular na terceira idade contribui para preservar as

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
estruturas orgânicas e o bem estar físico e mental, diminuindo o processo de degeneração
do organismo.

Vale lembrar que na terceira idade o corpo não reage da mesma forma em
comparação às pessoas mais novas. Ou seja, para se manter longe do sedentarismo é
necessário tomar alguns cuidados especiais na hora de escolher o exercício a ser realizado.
Também é crucial contar com o acompanhamento médico periódico, para que uma atividade
que veio para ser benéfica não cause preocupações, como lesões e desgaste físico.

DESENVOLVIMENTO

A relação entre atividade física, qualidade de vida e envelhecimento é cada vez mais
discutida e analisada na atualidade, e é praticamente um consenso entre os profissionais
da área da saúde que um estilo de vida ativo é fator determinante para um envelhecimento
com qualidade. Há uma série de mudanças que ocorrem no corpo e organismo com o
envelhecimento, e sem cuidados redobrados, podem surgir vários problemas. Para quem
já chegou à terceira idade, mexer o corpo praticando atividades físicas regularmente é a
melhor maneira de ficar longe do sedentarismo e garantir mais disposição. O exercício físico
é, sem dúvida, um grande aliado para prevenir e retardar o processo de envelhecimento.

Segundo Filho (2023) a recomendação da atividade física para idosos é muito


comum por médicos especialistas, pois esta prática traz diversos benefícios para o bem-
estar de modo geral e contribui no controle das mudanças que ocorrem no processo de
envelhecimento. Manter o corpo em movimento é uma das melhores formas de viver a
“melhor idade”. Para os idosos, praticar exercícios é essencial para fortalecer o sistema
imunológico, prevenir o aparecimento de doenças crônicas e também manter a mente
saudável. A prática de atividades físicas para os idosos minimiza os impactos do tempo no
processo de envelhecimento, como o enfraquecimento dos músculos.

É de extrema importância fazer atividade física, principalmente na terceira idade.


Além de benefícios ao corpo, proporciona benefícios para a alma, pois com o passar dos
anos o envelhecimento provoca progressivamente uma perda estrutural e funcional no
organismo do ser humano, gerando perda de massa muscular, consequentemente perda
de força, podendo tornar a pessoa dependente e sem autonomia.

Para pessoas que passaram muito tempo sem praticar exercícios físicos, o retorno
para essas atividades deve ser feito aos poucos. Da mesma forma, antes de iniciar a prática,
é importante passar por atendimento médico. Por meio de uma avaliação e da realização
de exames de rotina, é possível identificar possíveis problemas de saúde e evitar lesões
musculares e ósseas, que podem levar a grandes problemas de mobilidade no futuro. Além
disso, é possível identificar problemas cardiovasculares, que podem ser fatais. Com a
orientação médica adequada, o idoso poderá se exercitar de forma correta, de acordo com
suas limitações e necessidades (ALVES, 2023).

Diante disso:

A importância da atividade física é fundamental em qualquer idade e é um dos


meios de cuidar da saúde e ter uma melhor qualidade de vida. Além disso, a ativi-

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
dade física é um importante meio de prevenção para combater doenças crônicas
como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. É considerada atividade física qualquer
movimento corporal produzido por contração muscular que provoque aumento de
gasto de energia acima dos níveis de repouso. Por outro lado, o termo exercício
refere-se a uma forma de atividade física planejada, estruturada, repetitiva com o
objetivo principal de melhoria ou manutenção de um ou mais componentes da apti-
dão física. Com a mudança de estilo de vida das pessoas, o que vemos atualmente
é justamente o contrário. A inatividade física relaciona-se às facilidades que a tecno-
logia proporcionou, como a utilização de automóveis, escadas rolantes, elevadores,
muito tempo assistindo televisão e o uso de computadores e de vídeo games, por
exemplo¹. Além disso, o tempo utilizado para estudo, trabalho e outros afazeres di-
minuem a disponibilidade para a realização de atividade física, que frequentemente
não é considerada uma prioridade (EUROFARMA, 2023).

Como envelhecer é um processo que ocorre aos poucos, quanto mais cuidar da
saúde física e mental, menores serão as chances de ter doenças crônicas, aquelas doenças
que necessitam de um acompanhamento por maior tempo, como diabetes, hipertensão,
entre outras. O exercício físico na terceira idade ajuda a prevenir e a combater essas
doenças e evitar doenças do coração (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

Realizar atividade física na terceira idade nunca foi tão fácil. Existem diversas
academias, grupos de exercícios para idosos, casas especializadas em atividade física
para idosos e outras atividades que são oferecidas para as pessoas dessa faixa etária
poderem aproveitar a vida com mais disposição. Os exercícios para idosos são ótimos e
geram benefícios como:

• fazer o controle de doenças crônicas, entre elas diabetes e hipertensão arterial;

• sentir-se mais bem-disposto;

• ficar bem-humorado;

• diminuir a insônia;

• aumentar a longevidade;

• evitar muitas consultas com os médicos;

• reduzir os sintomas da depressão;

• prevenir doenças;

• dentre outros.

Em todos os casos, é essencial contar com acompanhamento profissional ao fazer


atividade física para idosos. Os professores realizam uma avaliação personalizada de
cada aluno, organizam uma rotina de treinos adaptada, realizam os exercícios conforme
as restrições de cada um observam para ver se a postura não está incorreta durante a
realização dos exercícios, monitoram para evitar acidentes, entre outros cuidados. Os
professores de educação física também ficam responsáveis por organizar os grupos de
pessoas que irão participar da atividade física na terceira idade (GRUPOACASA, 2023).

É importante frisar também que:

Os exercícios funcionais fazem a respiração, resistência, força e, principalmente, o


equilíbrio corporal, se manterem estáveis durante a terceira idade. Logo, esse tipo
de treino é muito indicado para essa fase, pois eles trabalham diversas habilidades

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
de uma vez só. Esses exercícios físicos são bastante simples de serem feitos, exi-
gindo pouco esforço físico. Claro, com mais tempo de prática a intensidade pode
aumentar, mas, o principal objetivo dessas atividades é o de manter-se ativo (PA-
GUE MENOS, 2023).

Nesse sentido, a atividade física pode resgatar essa independência, promover bem-
estar e ajudar a desfrutar de uma vida com mais qualidade. Seguindo a lista de vantagens,
um idoso mais ativo é também um indivíduo que se sente menos cansado e com menos
dores nas articulações e nas costas. E a atividade física não faz bem só para o corpo, ela
é ótima para a mente também. Os idosos podem experimentar uma redução dos sintomas
de ansiedade e depressão, além de uma melhora da autoestima, da imagem corporal e dos
sentimentos relacionados à solidão (RAMA, 2023).

Um outro problema comum entre os idosos é a perda gradual da memória. Nesse


caso, ser uma pessoa ativa também ajuda na manutenção da memória, da atenção, da
concentração, do raciocínio, do foco e até mesmo na redução do risco para demência,
como a doença de Alzheimer. Isso sem falar no controle e na prevenção das típicas doenças
crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes.

Segundo Commons (2022) é possível fazer vários tipos de atividades físicas na


própria casa. Comece com atividades de intensidade mais leve como caminhar devagar,
sentar e levantar algumas vezes da cadeira ou do sofá, arrumar a cama, lavar e secar
a louça, passar roupa, cuidar das plantas, entre outras. Isso ajudará a prevenir dores e
desconfortos musculares, proporcionará uma sensação de segurança e motivação para
continuar.

Ainda segundo o autor, é possível ir progredindo aos poucos e evoluindo nas


atividades. Se na sua cidade existirem espaços ou equipamentos que possibilitam a prática
de atividade física, como praças, quadras e parques, é melhor ainda. As ações de promoção
da saúde, incluindo a oferta de práticas de atividades físicas, são incorporados ao Sistema
Único de Saúde (SUS) em seu conjunto de ações e serviços voltados para garantir melhores
condições de saúde e mais qualidade de vida para a população.

Quanto mais á vida for enriquecida em termos de recursos para se enfrentar


diferentes situações, melhor se enfrentará a velhice e os possíveis problemas que podemos
encontrar nessa fase da vida. Deve-se procurar seguir evoluindo sempre, tanto física
quanto intelectualmente, sem deixar levar pela comodidade e pela rotina, fortalecendo-se,
enriquecendo-se em todos os momentos e em qualquer idade. Deve- se sentir vital sempre,
desde o nascimento até a morte.

Parece ser básico viver sempre com ilusões, fazer planos, ter projetos a curto e
longo prazo. Aprender a valorizar as pequenas coisas da vida e o que acontece no dia a
dia fortalece e enriquece o idoso interiormente. Com a chegada da velhice, é importante
não se fechar em si mesmo e não se deixar vencer pelos problemas e preocupações. Ainda
que a sociedade normalmente aposente os mais velhos, é necessário continuar sendo
pessoas cheias de necessidades e de motivações. É importante aceitar com otimismo a
nova situação, buscar e valorizar a todo o momento o aspecto positivo das coisas.

É importante envolver-se em atividades gratificantes que ocupem o tempo livre


do qual se dispõe, que ajudem a sentir-se melhor, a aceitar-se a si mesmo e aos demais.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
Algumas dessas atividades deverão ter por objetivo melhorar a agilidade do idoso, além de
fazê-lo sentir, valorizar e conhecer o próprio corpo.

Possivelmente, ao longo da vida, não se tenha dedicado tempo ao cuidado e ao


conhecimento do corpo, deixando-o abandonado e esquecido, e só no momento em que
este começa a falhar e a dar sinais externos de envelhecimento é que nos damos conta
de que temos um corpo ao qual se deve atentar. Poucas vezes, ao longo da vida, paramos
para pensar no corpo, para senti-lo e observar como se move e se desloca, como reage
ao exterior e como se relaciona com seu meio. Os nossos movimentos foram limitados ao
necessário, à realização de tarefas diárias, como deslocar-se para ir ao trabalho, abaixar-
se e pegar algo que caiu, sem nos fixarmos sequer em como nos abaixamos, etc. Poucas
foram às horas dedicadas a conhecer o próprio corpo, a senti- lo e a valorizá-lo (FILHO;
BAGNARA, 2013).

Benefícios recomendados na terceira idade e suas principais vantagens

Como principais vantagens da atividade física na terceira idade pode ser destacado
os seguintes: aumento da força e melhora da recuperação muscular; maior flexibilidade;
melhora do equilíbrio e coordenação motora; controle do peso; diminuição da ansiedade;
melhora da saúde mental e prevenção de diversas doenças, principalmente, cardíacas
(ECOMAX, 2022).

Como benefícios, podem ser destacados:

Atividades na água

As atividades aquáticas como a hidroginástica e a natação são excelentes opções


e para pessoas da terceira idade que desejam manter uma vida ativa. Estes esportes
trazem grandes ganhos, como a melhora da frequência cardíaca, da função respiratória e
o aumento da mobilidade, características essenciais para prevenir o envelhecimento. Além
disso, a movimentação na água proporciona pouco ou nenhum impacto nas articulações,
protegendo- as do desgaste que outras atividades podem ocasionar.

Dança

A dança também é considerada uma ótima sugestão de atividade física para a terceira
idade. Ela ajuda a manter um bom condicionamento aeróbico e muscular, a consciência
corporal e a coordenação motora. Tudo isso de forma leve e descontraída, já que muitos não
consideram a dança algo maçante e cansativo. Ao escolher esta modalidade, é importante
também levar em consideração a escolha do local para a prática do exercício para que os
profissionais envolvidos adaptem os passos às limitações físicas de cada aluno, garantindo
todas as vantagens desta atividade sem causar lesões.

Musculação

Devido à alta intensidade da prática da musculação por pessoas mais jovens,


a recomendação desse tipo de exercício para a terceira idade ainda causa um certo
estranhamento para muitas pessoas. Mas, se praticada da forma correta, esta atividade pode

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
trazer muitos benefícios para idosos. Isso porque após os 50 anos é natural que a pessoa
perca força muscular e a prática da musculação trabalha justamente o desenvolvimento da
massa magra, recuperando parte dessa força. Além disso, ela pode ajudar a aliviar dores
causadas pela osteoporose, auxiliar na flexibilidade e dar suporte para as articulações.

Pilates

O Pilates ou outras atividades similares, como o alongamento, são algumas


das modalidades mais indicadas para idosos. Isso porque a prática deste exercício traz
vantagens relacionadas ao alinhamento postural e ao fortalecimento muscular, diminuindo a
pressão entre as articulações, melhorando a mobilidade do corpo e ajudando na prevenção
de doenças como diabetes, hipertensão arterial e obesidade.

Caminhada

Para quem deseja uma sugestão de exercício de baixa intensidade, a caminhada


diária pode ser uma excelente opção. Ela ajuda a aumentar o bem-estar e a disposição dos
idosos que adotam esta prática na sua rotina. O hábito de caminhar alguns minutos por dia
melhora a circulação e a respiração, funções essenciais para esta faixa etária. Para os dias
mais frios, é possível também substituir a caminhada na rua por uma esteira, possibilitando
que o hábito seja mantido mesmo sem sair de casa.

Yoga

A yoga se classifica como um exercício físico para terceira idade que se adequa muito
bem a qualquer tipo de pessoa. A razão para isso é que há diferentes modalidades dessa
atividade, facilitando a escolha da que for mais adequada o perfil do idoso. Flexibilidade,
equilíbrio e força nas pernas e braços, além de um grande trabalho na respiração fazem
parte dos pilares da yoga. E isso vale para suas várias vertentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo visou mostrar a importância da atividade física na terceira idade


e seus benefícios. Este tipo de prática vem ajudando muitos idosos. A adoção de uma rotina
de atividade física para idosos é uma forma de envelhecer com saúde e bem-estar e um
hábito fundamental para adquirir na terceira idade.

O envelhecimento é um processo natural e contínuo, e os exercícios físicos ajudam


a retardar as alterações fisiológicas que acontecem nessa fase da vida. Envelhecer com
qualidade de vida é fundamental, e movimentar o corpo garante isso. A atividade física para
idosos gera mais força e equilíbrio para o corpo e proteção para os ossos e ainda oferece,
como bônus, a liberação de endorfina, hormônio da recompensa e da satisfação.

Portanto, antes de praticar atividades físicas, é crucial que se procure um médico,


fazer todos os exames necessários e seguir à risca o que o médico vai orientar na prática
dos mesmos. Assim, pode- se evitar lesões ou qualquer tipo de transtorno, além de evitar por
a própria vida em risco. A atividade física melhora o condicionamento muscular e também

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
cardiorrespiratório. Provocando uma série de mudanças no organismo, tais como o ganho
de massa muscular, que está diretamente relacionado com a melhora da autoestima. A
atividade física também é importante para o controle de peso, dentre outras situações.

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118
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 10
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os%20idosos%2C%20praticar%20exerc%C3%ADcios,como%20o%20 enfraquecimento%20
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119
Capítulo Treinamento funcional e sua

11
aplicabilidade para a terceira
idade
Functional training and its
applicability for the elderly
Matheus Ferreira de Souza
Licenciado e Bacharel em Educação Física pela Universidade Anhanguera de São
Paulo, Especialista em Educação Física escolar pela UniFaveni e Mestrando da Unesp
Bauru – SP, Professor da Rede Pública municipal em Santo André – SP
Bruno Cristino
Bacharel em Educacao Fisica pela FEFISA Faculdades integradas de Santo André
Licenciado em Educacao Fisica pelo Centro Universitário Claretiano Especialista em
psicomotricidade, educacao e aprendizagem Pela Unoeste, Mestrando da Unesp Rio
Claro – SP, Professor da Rede Pública municipal em Santo André – SP
Jaqueline Gonçalves Bonini Chasseraux
Licenciatura plena em Educação Física pela USCS universidade municipal de São
Caetano do Sul. Especialista em atividade física adaptada e saúde pela universidade
Gama Filho E em Dança e consciência corporal pela USCS Mestranda da UNESP Bauru
– SP Professora da Rede Pública municipal em Santo André - SP

RESUMO

O presente estudo abordou o tema treinamento funcional e sua aplicabi-


lidade para a terceira idade, mostrando os impactos que esse método de
treinamento tem na vida de seus praticantes, principalmente na vida dos
idosos, bem como os seus benefícios. O número de idosos cresce muito
no Brasil, sendo assim passar a conhecer o treinamento funcional trans-
formando-o em mais uma ferramenta para trabalhar com esse público em
ascensão será um diferencial para os profissionais que almejam estar
inseridos nessa área de atuação. Os principais objetivos são: conhecer
o treinamento funcional como ferramenta crescente na educação física;
Descrever a importância da atividade física na terceira idade; Compre-
ender a aplicabilidade do treinamento funcional para os idosos. As fontes
de pesquisas foram sites contendo banco de dados de materiais cientí-
ficos tais como, Scielo e Google Acadêmico, a metodologia do trabalho
compôs-se de revisão bibliográfica, no qual foram realizadas consultas
e levantamento de Artigos científicos, dissertações e em trabalhos apre-
sentados para conclusão de curso, organização do material, fichamentos
dos dados, analises e redação. A revisão de literatura trata dos seguintes
tópicos: o treinamento funcional e as capacidades funcionais do idoso, o
processo de envelhecimento, a importância da atividade física na terceira
idade, os benefícios do treinamento funcional para o idoso. A literatura
parece chegar a um consenso de que o treinamento funcional proporciona
diversos benefícios a seus praticantes, podendo ser facilmente ajustado
sem perder sua eficácia, para atender todos os públicos e objetivos, ser-

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.11 120
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
vindo aos mais diversos fins, desde os físicos e fisiológicos, até as necessidades do ser
humano de socialização. Vale ressaltar a importância deste método de treinamento, que
visa principalmente a aprimorar as capacidades funcionais, dessa forma ele é utilizado
tanto para a promoção de saúde quanto para a reabilitação, sendo igualmente eficiente
em ambos os casos. Ainda se faz necessário de que haja mais pesquisas sobre os tópicos
abordados, e mais discussões a fim de aprofundar os conhecimentos que envolvem o tema.

Palavras-chave: treinamento funcional. envelhecimento. atividade física.

ABSTRACT

This study dealt with the subject of functional training and its applicability for the elderly,
showing the impact that this training method has on the lives of its practitioners, especially
the elderly, as well as its benefits. The number of elderly people in Brazil is growing a lot,
so getting to know functional training and turning it into another tool for working with this
growing public will be a differentiator for professionals who want to be part of this area of
activity. The main objectives are to learn about functional training as a growing tool in phy-
sical education; To describe the importance of physical activity in the elderly; To understand
the applicability of functional training for the elderly. The sources of research were websites
containing databases of scientific material such as Scielo and Google Scholar. The metho-
dology of the work consisted of a bibliographical review, in which consultations and surveys
of scientific articles, dissertations and papers presented for completion of the course were
carried out, organization of the material, fiching of the data, analysis and writing. The litera-
ture review deals with the following topics: functional training and the functional capacities of
the elderly, the ageing process, the importance of physical activity in the elderly, the benefits
of functional training for the elderly. The literature seems to reach a consensus that func-
tional training provides a range of benefits to its practitioners, and can be easily adjusted
without losing its effectiveness, to suit all audiences and objectives, serving the most diverse
purposes, from the physical and physiological, to the needs of the human being for sociali-
zation. It is worth emphasizing the importance of this training method, which is mainly aimed
at improving functional capacities, so it is used for both health promotion and rehabilitation,
and is equally effective in both cases. There is still a need for more research on the topics
covered, and more discussions in order to deepen the knowledge surrounding the subject.

Keywords: functional training. ageing. physical activity.

INTRODUÇÃO

O presente estudo abordou o tema treinamento funcional e sua aplicabilidade para


a terceira idade, mostrando os impactos que esse método de treinamento tem na vida
de seus praticantes, principalmente na vida dos idosos, bem como os seus benefícios. O
número de idosos cresce muito no Brasil, sendo assim passar a conhecer o treinamento
funcional transformando-o em mais uma ferramenta para trabalhar com esse público em
ascensão será um diferencial para os profissionais que almejam estar inseridos nessa área
de atuação.

A escolha do tema está pautada no crescimento do público idoso no Brasil e


a na necessidade de se ter boas ferramentas para trabalhar com esse público, o tema
passa a ter ainda mais relevância quando se analisa os mitos que envolvem os idosos

121
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
quando o assunto é sobre qual a melhor modalidade de atividade física para atender
suas necessidades e finalidades, e na contramão disso tudo, o treinamento funcional vem
crescendo cada vez mais no mercado, conquistando um lugar de destaque , e hoje se
apresenta como um método que pode ser muito eficaz e proporcionar ótimos resultados se
aplicado corretamente , e isso também se encaixa ao público da terceira idade.

Quando se relaciona exercício físico e o público da terceira idade o que se obtém


como resultado, são infindáveis questionamentos, tais como: o idoso com problemas físicos
ou enfermidades pode realizar programa de exercícios físicos? O idoso pode realizar treino
de força? A hidroginástica é realmente a melhor atividade física para idosos? Naturalmente
essas dúvidas e muitos mitos vão permear o mundo do idoso, e quando o assunto é
treinamento funcional não é diferente, também surgirão dúvidas, tais como: o treinamento
funcional é indicado para a terceira idade? Por se tratar de um método de treinamento
com características de alta intensidade não se torna perigoso para esse público? Idosos
com dificuldades motoras podem participar de um programa de treinamento funcional? São
dúvidas como essa que o presente estudo visa esclarecer.

O objetivo deste estudo é discutir o treinamento funcional dentro de suas principais


vertentes e características, descrever a importância da atividade física para o idoso, bem
como apontar o quão aplicável é o treinamento funcional para a terceira idade.

A metodologia selecionada para condução deste estudo é a de revisão de literatura,


na qual foram realizadas pesquisas e consultas a artigos científicos de bases de dados
confiáveis, tais como Scielo e Google acadêmico, sobre os temas centrais como atividade
física para a terceira idade, processo de envelhecimento, treinamento funcional. Por fim,
depois de selecionados os materiais, foi feita leitura e fichamento dos mesmos, o que serviu
de base para elaboração do estudo.

TREINAMENTO FUNCIONAL: UMA FERRAMENTA CRESCENTE NA


EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE É? PARA QUE E PARA QUEM SERVE?
QUAL SUA ORIGEM?

O treinamento funcional é um método que foi desenvolvido nos Estados Unidos, e


esse método vem ganhando muito espaço, revolucionando o mundo da educação física,
atravessando fronteiras e desembarcando em todas as grandes capitais do mundo, o que
não seria diferente aqui no Brasil, onde vem conquistando os públicos de todos os lugares
do norte ao sul, de leste a oeste, pessoas de todas as classes, e idades. (MONTEIRO et
al., 2019)

Muito se ouve falar a respeito desse método, que ele é intenso, dinâmico, que atrai
muitas pessoas, mas é necessário se aprofundar e trazer um conceito mais especifico,
categórico e preciso.

Sobre o conceito de treinamento funcional Teixeira et al. (2016) definem:

O Treinamento funcional objetiva o aprimoramento da capacidade de realização de


tarefas motoras do cotidiano com eficiência e independência, levando em conta as
características de cada indivíduo.

122
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
Novaes et al. (2014) apontam que o treinamento funcional é aquele que visa
desenvolver através de exercícios específicos as capacidades funcionais, as ações motoras
naturais do cotidiano e isso de maneira autônoma e eficaz. Silva-Grigoletto (2014) aponta
o treinamento funcional como uma metodologia que se utiliza de movimentos considerados
funcionais, que envolvem aceleração, estabilização, e desaceleração, e tem por objetivo
aperfeiçoar os movimentos, principalmente aqueles utilizados constantemente no dia-
a-dia , bem como a região do tronco, chamada nesse método de (core), e a eficiência
neuromuscular. Esse método é de grande relevância para todos os públicos justamente
por trabalhar os movimentos naturais que todas as pessoas usam em seu cotidiano tais
como andar, correr, puxar, empurrar, agachar, levantar, estabilizar, equilibrar, acelerar e
desacelerar. Entende-se que o treinamento funcional é um método voltado a desenvolver
as capacidades físicas e motoras mais comuns do ser humano, por isso se aplica a todos os
públicos, podendo ser aplicado com finalidades diversas, atendendo a inúmeros objetivos
e apresentando variados benefícios a seus praticantes.

Sobre a origem do treinamento funcional pouco se sabe, exceto que se deu nos
Estados Unidos, Novaes et al. (2014) relata que inicialmente o treinamento funcional era
utilizado por profissionais de fisioterapia tendo como finalidade o tratamento de pessoas
com lesões diversas para reabilitação de suas capacidades funcionais. Com o passar do
tempo o treinamento funcional foi migrando para o mundo da educação física, com variados
fins, que iam desde o uso para o lazer, até exercícios para manutenção, promoção da saúde
e melhora nas capacidades físicas e funcionais, como também na prevenção de doenças.
Sendo assim uma mesma ferramenta tornou-se útil para atender uma serie de interesses,
que variam de acordo dos profissionais que a usam e aos públicos que estes atendem,
para os profissionais de educação física serve como ferramenta de promoção da saúde e
prevenção de doenças, enquanto que para os fisioterapeutas serve como ferramenta para
a reabilitação, sendo eficaz em ambos os casos (NOVAES et al., 2014).

Esse método visa fortalecer primeiro o tronco levando em consideração que ele é
a parte medial do corpo, ponto de equilíbrio, o centro, o elo entre MMSS e MMII. Para tanto
o treinamento funcional se caracteriza por utilizar bases instáveis gerando assim maior
desequilíbrio para que os músculos que ficam no tronco sejam mais solicitados, bem como o
sistema neuromotor (NOVAES et al., 2014). Com isso entendemos que o método preconiza
a musculatura do tronco, mas isso não significa que os profissionais que utilizam esse
modelo de treinamento vão fragmentar o corpo e trabalhar os exercícios visando uma parte
especifica de cada vez, até porque uma das características mais marcantes do treinamento
funcional é a capacidade que tem de trabalhar o corpo de uma forma integral, num todo.

O corpo humano funciona como uma máquina devidamente coordenada, onde cada
membro cumpre suas funções especificas, pois quando isso não acontece todo o corpo é
lesado, isso fica fácil de constatar quando se dirige um olhar analítico para indivíduos que
tenham qualquer tipo de disfunção em seu corpo. Sendo assim pressupõe-se que o corpo
humano já que funciona como uma máquina, necessite de uma central de informações, um
centro organizacional, onde se controle tudo o que diz respeito ao corpo, essa central de
fato existe e é conhecida como sistema nervoso central, é essa central que é responsável
por gerenciar o corpo humano, a sede de comandos, é de lá que são enviados os sinais,
comandos para cada músculo para determinar qual ação o mesmo devera empenhar

123
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
para executar um movimento, essas informações são essenciais para o funcionamento do
corpo, uma vez que um mesmo músculo pode empenhar diversas funções, dependendo
do estimulo que for enviado pelo sistema nervoso central, tais como papel de agonista,
antagonista, cinergista, ou estabilizador, todas essas atuações do músculo são apenas
respostas aos comandos enviados pelo sistema nervoso (MONTEIRO et al., 2019).

O treinamento funcional é um método de treinamento onde o sistema nervoso


envia estímulos constantes para os músculos, que por sua vez atuam o tempo todo em
diversas funções, hora como agonista, e no momento seguinte como antagonista, hora atua
estabilizando o corpo no movimento e hora auxiliando a execução do movimento atuando
como cinergista, ou seja, é um método muito dinâmico que explora o tempo todo todas as
possibilidades mecânicas do corpo, e todas essas alterações e instabilidades geram uma
quebra constante da homeostase, gerando assim maior eficácia na aplicação dos programas
de treinamento e otimizando os resultados. O sistema nervoso central controlando as
ações, coordenando os movimentos, coloca dentro do treinamento funcional o corpo de
forma integral para trabalhar, o desenvolvimento do todo, e mesmo sendo um método onde
o todo é preconizado, ainda assim dentro de uma ação global do corpo os gestos motores
específicos podem ser trabalhados e desenvolvidos (MONTEIRO et al., 2019).

Muito se fala do exercício funcional, o exercício que tem por finalidade trabalhar o
corpo em cima de suas funcionalidades, ou funções motoras, e sobre isso Silva-

Grigoletto et al. (2014) ressaltam que o fato de escolher um exercício devido a


sua funcionalidade não é suficiente para afirmar que um indivíduo participou de um
programa de treinamento funcional, para tanto ainda se faz necessário que os princípios
e variáveis de treinamento tais como: volume, intensidade, escolha e sequência lógica de
exercícios, intervalo entre series, entre exercícios e entre sessões de treino sejam levados
em consideração, ou seja, um programa de treinamento funcional vai além de executar um
movimento funcional, se faz necessário estruturar o treinamento, para que os mais diversos
objetivos sejam alcançados e o programa de treinamento tenha êxito.

Que o treinamento funcional é uma ferramenta crescente da educação física já se


sabe, mas agora se levanta os seguintes questionamentos: a quem ele se aplica? Quais
públicos são atendidos por esse método de treinamento? A resposta é bem simples, o
treinamento funcional atende hoje a todos os públicos, por exemplo, é muito comum ver
ele inserido em programas de condicionamento e preparação física para atletas das mais
variadas modalidades esportivas, e não para por ai, devido a sua versatilidade e flexibilidade,
ajustando-se as mais variadas necessidades, especificidades e preferências, o treinamento
funcional é facilmente adaptado para satisfazer e conquistar públicos diversos, por exemplo,
atrai os jovens com seu dinamismo e possibilidades de trabalhos com altas intensidades,
atrai os idosos pela melhora nas funcionalidades motoras e sociabilização, atrai as crianças
por explorar uma infinidade de habilidades e ações motoras, e dentre tantos atrativos que
possui, o treinamento funcional para ser aplicado não necessita de muitos recursos materiais
e espaciais se comparado a outros métodos de treinamento, e por assim dizer trata- se de
um método acessível a praticamente todos os públicos (NOVAES et al., 2014).

124
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
Treinamento funcional: as capacidades físicas e funcionais

O corpo humano em sua composição é dotado de diversas capacidades físicas e


funcionais, e também de muitas habilidades ou ações motoras, e tanto essas capacidades
quanto as habilidades vão evoluindo, se desenvolvendo e podem ser aprimoradas ao
longo da vida. As capacidades físicas são: Força, Resistência, Capacidade aeróbica
(cardiorrespiratória), Flexibilidade, Coordenação motora, Equilíbrio, Velocidade, Potência,
agilidade. (BOHME, 2001)

Gleria et al. (2011) discorrem sobre a pluralidade do treinamento funcional,


apontando a sua eficácia ao contribuir no aprimoramento de todas as capacidades físicas,
destacando principalmente a força e resistência muscular, flexibilidade, coordenação motora
e a condicionamento cardiorrespiratório.

Sobre o treinamento funcional Resende-Neto et al. (2016) afirmam:

O treinamento funcional é um método sistematizado de exercícios multifuncionais


com a premissa básica de melhoria do sistema psicobiológico. Este tipo de treinamento se
baseia na aplicação de exercícios integrados, multiarticulares e multiplanares, combinados
a movimentos de aceleração, redução e estabilização, que tem como objetivo principal
aprimorar a qualidade de movimento, melhorar a força da região da região central do corpo
(core) e a eficiência neuromuscular, além de se adaptar as necessidades específicas de
cada indivíduo.

Os autores comentam a respeito do treinamento funcional ter como premissa básica


a melhoria de todo o sistema psicobiológico, ou seja, de todo o organismo, isso significa
que alem de ser eficaz para o corpo humano em seu sentido motor, físico e funcional, o
treinamento funcional ainda contribui para aprimoramento psicológico do indivíduo, sendo
assim esse método de treinamento se caracteriza como um método para desenvolvimento
integral do ser humano, aplicando-se a todos os públicos, desde crianças em fase de
desenvolvimento e crescimento até idosos que estão na fase final de suas vidas.

Resende-Neto et al. (2016) ao falar sobre o treinamento funcional apontou suas


principais características no que tange ações motoras, são elas: aceleração, redução ou
desaceleração, estabilização, e isso em exercícios multiarticulares onde mais de uma
articulação é requisitada e consequentemente inúmeros conjuntos musculares estarão em
ação. Sendo assim amplia-se a compreensão da utilidade desse método de treinamento
para aprimoramento das capacidades físicas e funcionais do corpo, humano. Quando se
analisa, por exemplo, exercícios de aceleração percebe-se ai as capacidade física de força,
velocidade, agilidade, resistência cardiorrespiratória e potência inseridas, a força atuando
como sustentadora do corpo em movimento, a velocidade como a capacidade de acelerar
na menor unidade de tempo possível de um determinado ponto a outro, e a potência
em atividades de aceleração com força rápida, um exemplo de exercício seria levantar
exercendo força um objeto que serviria como resistência, no menor tempo possível, a
agilidade seria o corpo em aceleração realizando mudanças de direção de forma rápida, e
a resistência cardiorrespiratória seria trabalhada por se tratar de atividades de intensidades
que elevam os batimentos cardíacos, obrigando assim o coração a trabalhar mais rápido e
tendo por consequência uma melhora na sua condição. Já quando se analisa os exercícios

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
de estabilização nota-se aí as capacidades, de novo de força, equilíbrio, flexibilidade e
quando se analisa os exercícios de desaceleração nota-se inseridas aí as capacidades
físicas de força, agilidade, coordenação motora, equilíbrio.

O treinamento funcional se utiliza dos mais diversos tipos de ações motoras, e


principalmente aquelas que são usuais do dia-a-dia, exemplos de exercícios de aceleração
andar, se deslocar lateralmente, correr de um lado para o outro com mudanças e leves de
direção e em seguida com mudanças bruscas, já para exercícios de desaceleração tem
como exemplo, correr e parar bruscamente, deslocar de forma lateral com parada brusca
no final, corrida para frente com parada brusca e retorno correndo de costas com parada
brusca, e como exemplo de estabilização, trabalhar exercícios isométricos.

O destaque que o treinamento funcional vem conquistando no mercado muito se dá


primeiro pelo seu dinamismo, pois quase que exclusivamente é um método de treinamento
rápido, independente da intensidade, e que não fragmenta o corpo, ele é capaz de agregar
o corpo e trabalhar as necessidades físicas num conjunto, podendo um mesmo exercício
contribuir para inúmeros objetivos, exemplo disso seria em um exercício de MMII unilateral
isométrico, onde pode trabalhar ao mesmo tempo, força, equilíbrio e resistência, sendo
assim é perceptível que ao participar de um programa de treinamento funcional, o indivíduo
terá todas as suas capacidades físicas sendo aprimoradas em conjunto, obtendo assim
considerável melhora em sua aptidão física. Sobre o conceito de aptidão física Bohme
(2001) relacionou além do bem-estar psicológico do indivíduo, a necessidade de que
todas as capacidades físicas estejam devidamente saudáveis e trabalhadas, sendo assim
entende-se que o treinamento funcional é muito eficaz na contribuição da saúde, por se
tratar de um método onde preconiza o desenvolvimento integral do indivíduo.

Força

As contribuições do treinamento funcional em cada uma das capacidades físicas já


foram explanadas, é consenso da utilidade do método para contribuição da manutenção da
saúde e aquisição da aptidão física, vale agora ressaltar e aprofundar um pouco mais sobre
os efeitos do treinamento funcional sobre a força, uma capacidade que é considerada por
muitos como a mais importante. (MATSUDO, 2006).

Gleria et al. (2011) em seus estudos classificou a força muscular a destacando


das demais capacidades como a única que é imprescindível para a realização de todas
as atividades básicas do dia-a-dia, servindo como base para todas as outras capacidades
físicas.

Segundo Filho et al. (2006 apud GUEDES 1997), Força é a capacidade de exercer
tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo a mesma.
Fica assim nítida a importância de se trabalhar essa capacidade física, pois o ser humano
exerce força o tempo todo, e ela está inserida em todas as ações motoras do ser humano,
seja de aceleração, ou estabilização.

Filho et al. (2006) ao falar da força conota de sua importância, o que nos leva a
crer que dentre todas as capacidades físicas do corpo humano, a força é determinante
para o bom funcionamento geral, o que caracterizada como a mais importante capacidade

126
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
biológica, ela é a base para todas as capacidades, sendo assim é indispensável para as
atividades do cotidiano, sem ela seria impossível até de o ser humano manter-se em pé. O
autor fala ainda a respeito da fisiologia humana, apresenta dados onde apontam que após
os 30 anos de idade o ser humano passa a ter diminuição da força paulatinamente e isso
vai se dar até o fim de sua vida, o que significa que o treinamento voltado para manutenção
da força é essencial (ALMEIDA et al., 2013).

O treinamento funcional como já citado acima é um método que visa trabalhar


a integralidade do corpo, diferentemente do método tradicional de treinamento que
trabalha o corpo de forma isolada (ALMEIDA et al., 2013). Resende-Neto et al. (2016)
aponta que o fato de não isolar o corpo em partes especificas não torna o treinamento
funcional ineficaz para o aprimoramento da força, porém segundo seus estudos os autores
afirmam que o treinamento funcional só é positivo para desenvolvimento e aprimoramento
da força se dentro do programa de treinamento estiver inseridos exercícios resistidos, ou
seja, exercícios realizados contra resistência externa. Os autores asseveram ainda que
o treinamento resistido ainda é mais eficaz para ganho de força do que qualquer tipo
de treinamento, porém se o programa de treinamento funcional for bem elaborado pode
contar com elementos do treinamento resistido tradicional sem perder as suas principais
características e por consequência vai gerar ótimos resultados para ganho e manutenção de
força. Entende-se com isso que o treinamento funcional se trabalhado sobre as premissas
certas é comprovadamente eficaz para trabalhar a força, dando uma boa base para as
demais capacidades físicas e funcionais do corpo humano, gerando benefícios diversos a
seus praticantes para o desenvolvimento de suas atividades cotidianas.

ATIVIDADE FÍSICA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O IDOSO

A vida do ser humano é composta de diversas fases, que vão desde sua concepção
até sua morte, existe a primeira infância (bebês), segunda infância, adolescência, vida
adulta e a terceira idade, ou a velhice que compreende a vida do indivíduo idoso.

Hoje em dia diversos fatores têm contribuído para que haja um aumento na
expectativa de vida do ser humano, tais como: avanços na medicina, inovações tecnológicas,
maior mobilização por parte das mídias sobre a importância do autocuidado da população,
maior acesso as informações sobre saúde, e etc. (FILHO et al., 2010). Sendo assim o
número de pessoas idosas (pessoas acima de 60 anos de idade) vem crescendo. Os autores
asseveram ainda que no Brasil o envelhecimento vem alcançando números expressivos,
principalmente no que diz respeito aos últimos 30 anos, estima-se que em breve o número
de idosos em nosso país vá se equiparar com os de países europeus, o que nos colocaria
na sexta posição em todo o mundo dos países com maior população de pessoas idosas,
acredita-se que em 2025 a população de idosos no Brasil será de 15% da população total
do país.

Envelhecimento

O Envelhecimento é objeto de estudos de diversos autores das mais diversas áreas,


não alterando suas principais características em sua definição.

127
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
Maciel (2010) define o envelhecimento como algo complexo, um processo que
ocorre em todos os seres humanos, independentemente de suas vontades, ou seja, é
universal, e irreversível, ocorre de forma gradativa e é caracterizado por uma perda funcional
do organismo. Ao discorrer sobre a universalidade do processo de envelhecimento Cunha
et al. (2010) afirmam que o envelhecimento ocorre naturalmente em todos os seres vivos,
e apontam o tempo como o principal agente do processo, trata-se da deterioração das
funcionalidades dos órgãos e sistemas em decorrência do tempo, do passar dos anos.
Sendo assim se for levado em consideração o fato de que o tempo é o agente determinante
do processo de envelhecimento, fica fácil de perceber a universalidade deste processo,
pois o tempo em seu sentido cronológico passa para todas as pessoas de maneira uniforme
e irreversível, impossível de ser parado.

Já é sabido que o processo de envelhecimento afeta inevitavelmente a todas as


pessoas, porem o fato de que este processo afete a todos não significa que ele vá ocorrer
da mesma maneira com todos os indivíduos, em alguns casos as fases do envelhecimento
ocorrem de forma muito rápida e perceptível, já em outros casos ele ocorre de forma mais
pausada, gradual, isso se dá por inúmeros fatores que abrangem desde a individualidade
biológica até as condições e estilo de vida do indivíduo, sendo assim percebe-se que fatores
externos tais como estilo de vida, meio ambiente, também podem acelerar ou amenizar o
processo de envelhecimento (FECHINI E TROMPIERI, 2012).

Ao falar sobre o envelhecimento em seus estudos, Fechini e Trompieri (2012)


destacam que há pelo menos três tipos de envelhecimento. O primeiro envelhecimento é
tido como o envelhecimento normal, que atinge a todos os seres humanos, pois se trata
de uma característica intrínseca da genética, ou seja, geneticamente o ser humano já está
programado para envelhecer, independentemente de sua vontade, e esse envelhecimento
tem como principais características ser universal, gradual e irreversível.

O segundo tipo de envelhecimento é o resultante das interações do indivíduo com


o meio em que vive, o espaço onde este está inserido, seus hábitos e práticas cotidianas,
sua cultura. Levando em consideração que há diversas culturas, inúmeros espaços
geográficos os efeitos deste tipo de envelhecimento são bem variáveis entre os indivíduos,
sendo diferentes os impactos sobre cada um. O terceiro tipo de envelhecimento tem como
característica principal medir o quanto foram afetadas as funcionalidades e capacidades do
organismo para assim determinar o grau do envelhecimento do indivíduo, sendo assim o
fator cronológico não seria o único fator a ser considerado no processo de envelhecimento,
a manutenção das capacidades e funcionalidades do indivíduo devem ser colocadas em
pauta também, com isso é possível afirmar que existem pessoas mais velhas ou com
mais idade cronologicamente falando que estão menos afetadas pelas complicações do
envelhecimento, por fatores biológicos, genéticos, estilo de vida, do que outras que são
mais jovens mas estão mais afetadas pelos mesmos fatores citados acima.

Efeitos e impactos do envelhecimento sobre o ser humano

O envelhecimento traz consigo inúmeras transformações na vida do indivíduo, seus


efeitos e impactos afetam todas as áreas da vida do ser humano, Fechini e Trompieri (2012)
caracterizam o envelhecimento como uma fase marcada pela diminuição das capacidades

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
da vida diária, fazendo com que o indivíduo perca parcialmente a sua autonomia passando
a precisar e até depender de apoio de terceiros, e em alguns casos os impactos são tão
fortes que podem fazer com que o idoso perca totalmente a sua autonomia , tornando-o em
uma pessoa totalmente dependente de terceiros, e isso traz como consequência ao mesmo
um agravo em sua qualidade de vida.

Maciel (2010) destaca que a funcionalidade é uma forma de medir se o indivíduo


é capaz de manter sua autonomia, sendo assim fica claro que ao impactar diretamente as
capacidades físicas do idoso fazendo com que este tenha sua funcionalidade diminuída ou
perdida, o envelhecimento coloca o idoso em um quadro de dependência e vulnerabilidade,
trazendo com isso agravos além de físicos também psicológicos. O autor ainda fala em seus
estudos a respeito de outros efeitos do envelhecimento sobre a vida do idoso, ressalta a
diminuição do equilíbrio e da mobilidade, se torna cada mais difícil manter o equilíbrio para
muitos idosos, e isso por sua vez afeta diretamente na mobilidade dos mesmos, muitos
idosos não conseguem ficar em pé por falta de equilíbrio, andar passa a ser ainda mais
difícil ou quase impossível para idosos nessa condição.

Matsudo (2001 apud BRILL et al., 2001) apresentou os respectivos dados levantados
por Brill et al. (2001) 56 avaliando 3.069 homens e 589 mulheres de 30 a 82 anos de
idade durante cinco anos, estes dados revelaram que nesse período 7% dos homens e
12% das mulheres reportaram pelo menos uma limitação funcional, que foi mensurada
pela capacidade de realizar atividades da vida diária, atividades domésticas e de cuidado
pessoal, assim como atividades leves, moderadas e vigorosas no tempo livre. Ao analisar
os dados fica fácil de perceber que os problemas funcionais são comuns, principalmente em
casos como esses onde temos pessoas a partir de 30 anos que já começam a ser afetados
pelos declínios fisiológicos decorrentes do processo de envelhecimento, aqui temos
evidencias cientificas de que o envelhecimento afeta diretamente na capacidade funcional
das pessoas, em uns casos mais do que em outros, mas que é muito comum pessoas em
processo de envelhecimento apresentarem limitações funcionais. Matsudo (2001) ao tecer
seus comentários sobre os testes apresentados acima ressaltou ainda que os indivíduos
que apresentaram maiores níveis de força foram os que tiveram também menor prevalência
de diminuição de capacidades funcionais, isso reitera a importância da atividade física para
manutenção das capacidades físicas uma vez que essas são determinantes, principalmente
a força, para o bom funcionamento do corpo.

Resende-Neto (2016) aponta que os declínios das capacidades funcionais são


resultados das perdas da eficiência dos sistemas cardiorrespiratório, neuromuscular,
osteoarticular e somatosensorial em decorrência do processo de envelhecimento, ou
seja, o envelhecimento faz com que os sistemas citados acima sejam ineficientes na
realização de suas funções o que resulta na diminuição ou até mesmo na perda total das
capacidades físicas e funcionais. Fechini e Trompieri (2012) ao falarem sobre os efeitos do
processo de envelhecimento apontam que o envelhecimento afeta diretamente o sistema
musculoesquelético, há uma progressiva perda de massa muscular com o passar dos anos,
essa perda é conhecida como sarcopenia, bem como a as fibras musculares são afetadas,
sua elasticidade diminui, aumentando a possibilidade de encurtamento e rupturas, e os
ligamentos e tendões também passam a ter problemas de elasticidade e viscosidades dos
fluídos sinoviais.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
Dentre tantos impactos negativos que o processo de envelhecimento tem sobre o
corpo humano, um dos mais falados é o citado acima, a sarcopenia, diminuição gradativa
de massa muscular, e sobre isso Araújo et al. (2014) ressalta, que com o envelhecimento
e a perca da massa muscular magra, o organismo começa a preencher o espaço que
antes era da massa muscular magra ou massa livre de gordura, com colágeno e gordura,
sendo assim há a tendência de que conforme o indivíduo envelheça os seus índices de
gordura também aumentem em relação a sua juventude. Semelhante a sarcopenia, o
envelhecimento traz também a osteopenia, a sarcopenia é a perda de massa muscular
magra, em quanto que a osteopenia é a perda de massa óssea, esse fenômeno se dá pelo
fato de que ao longo dos anos, o número de osteoblastos diminui no organismo, enquanto
que a ação dos osteoclastos aumenta, isso resulta em uma perda gradativa e irreversível
de massa óssea, que é denominada de osteopenia. (ARAÚJO et al., 2014).

O sistema cardiovascular, de extrema importância para o funcionamento geral do


corpo também é afetado no processo de envelhecimento, Filho et al (2006) aponta que
durante o envelhecimento há uma queda progressiva no Vo2 Máximo, e há a diminuição
de 1 batimento cardíaco por ano, e devido a degradações estruturais por decorrência do
envelhecimento, o processo de circulação passa a encontrar mais resistência e por sua vez
perde um pouco de sua eficiência.

Araújo et al. (2014) traz um resumo dos maiores efeitos e impactos que o
envelhecimento tem sobre o organismo, são eles: diminuição de proteínas contrateis no
músculo, ou seja dificuldade para contração muscular que é responsável por dar o estimulo
que gera o movimento , diminuição progressiva de todas as capacidades como força,
potência e agilidade, aumento de gordura no interior do músculo, perda de massa muscular
e massa óssea, diminuição das reservas de glicogênio muscular, atrofia muscular gradativa.
Esses fatores combinados cooperam para uma serie de complicações para os idosos, tais
como fraqueza muscular, dificuldades funcionais, perca de mobilidade articular, sensação
de cansaço, e ineficiência motora.

O envelhecimento se caracteriza como um processo continuo, que resulta na


diminuição ou perda total de diversas funções do indivíduo, sejam orgânicas ou funcionais,
os efeitos que ele causa sobre o indivíduo idoso são diversos, e vale ressaltar que em sua
grande maioria os indivíduos idosos se tornam muito vulneráveis, devido a perda de muitas
de suas capacidades, se tornando assim presas fáceis a inúmera doenças, patologias
e complicações que aparecem e ao longo da vida , tais como hipertensão, diabetes,
osteoporose, cardiopatia dentre outras, que surgem e se agravam conforme o organismo do
indivíduo vai declinando aos efeitos do processo de envelhecimento. (FILHO et al., 2010).

Os fatores biológicos, fisiológicos, e funcionais são diretamente afetados pelo


processo de envelhecimento, mas é preciso destacar que além de o ser humano ser um
indivíduo biológico, ele também é um indivíduo social, e um indivíduo intelectual, disso
vem uma frase muito conhecida no mundo da educação física, mente sã e corpo são.
Os efeitos e impactos negativos que o envelhecimento traz também afetam a mente do
indivíduo e sua capacidade de sociabilização. Stella et al. (2002) aponta que o indivíduo
idoso é muito mais propenso a doenças psicológicas, ou mentais do que os indivíduos
jovens, e isso se dá porque as estruturas do cérebro, e do sistema nervoso central que

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
cuidam da cognição humana, também são afetadas com o envelhecimento, tendo como
resultado disso a diminuição de suas capacidades tornando-se muitas vezes ineficientes.
Os autores destacam ainda que há a prevalência na terceira idade de inúmeras doenças
psíquicas que afetam também a parte motora, tais como Alzheimer e o mal de Parkinson. A
degradação do sistema nervoso central e das estruturas do cérebro desencadeia inúmeras
doenças, por isso que para o idoso há maior incidência dessas doenças, uma vez que
o envelhecimento além de enfraquecer as defesas do corpo ele também potencializa e
muitas vezes acelera os processos dessas doenças, por isso no mundo do idoso é comum
doenças como amnésia, demência, e tantas outras.

Matsudo et al. (2001) falam a respeito das questões sociais do idoso, os autores
ressaltam que muitas vezes os idosos são colocados de lado, e passam a ter dificuldades
de sociabilização. Sendo assim quando soma a essa realidade o fato de que na terceira
idade muitos idosos tem parte de suas capacidades funcionais limitadas, passam a sofrer
declínios físicos e também psíquicos, o aparecimento de doenças e também são expostos
a situações emocionais difíceis, tais como sensação de abandono, o constante luto de
pessoas queridas ao redor, a perda da autonomia, e a insegurança que permeia o final da
vida do ser humano, o indivíduo idoso passa então a ser muito mais propenso a desenvolver
outras enfermidades psicológicas, tais como a ansiedade e a depressão.

A depressão é uma das doenças mais comuns na terceira idade, é definida como
uma doença mental que atinge grande parte da população idosa, está associada a um
alto grau de sofrimento psíquico, diversos fatores podem desencadear essa enfermidade,
e muitos desses fatores estão presentes na vida do idoso o que justifica os altos níveis
de incidência da doença nessa faixa etária. Se não for devidamente tratada ela pode
ocasionar maiores números de morbidade clínica de idosos e também aumentar os índices
de mortalidade dessa população, vale ressaltar que não existe uma idade especifica onde
a depressão possa se manifestar, ela afeta pessoas de todas as idades em todo o mundo,
estima-se que para os próximos anos a depressão vai ser a doença mais incapacitante do
mundo (STELLA et al., 2002).

TREINAMENTO FUNCIONAL APLICADO AS NECESSIDADES DO


IDOSO

Quando se aplica o treinamento funcional as necessidades físicas, motoras,


fisiológicas e funcionais do idoso os resultados são diversos benefícios em cada uma
dessas esferas. Com o processo do envelhecimento e as alterações que este processo
impõe sobre o indivíduo idoso, é possível que este passe a enfrentar problemas para se
compreender fisicamente, a mobilidade e as capacidades funcionais são afetadas, e as
capacidades físicas ou biomotoras sofrem serias perdas, e a consequência disso é que o
indivíduo idoso precisara passar por uma reeducação motora, aprendendo e entendendo
sua nova realidade física, motora e funcional, compreendendo suas limitações e agindo
apesar delas. Sendo assim a consciência corporal do idoso precisa ser trabalhada, e sob
essa perspectiva o treinamento funcional é uma possibilidade importante, Teixeira (2017)
aponta que o treinamento funcional é um método onde exercícios de propriocepção são
trabalhados, e que por sua vez estimulam a consciência e controle corporal, assim auxiliando

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
o idoso no seu autoconhecimento e controle de seu corpo.

Os movimentos funcionais são aqueles que o ser humano utiliza em seu dia-a-
dia, esses movimentos ocorrem de forma harmônica e natural, em sua grande maioria os
movimentos do dia-a-dia são multi-articulares, ou seja, envolvem mais de uma articulação,
poucos movimentos são realizados isoladamente, e foi nisso que o treinamento funcional
se baseou para fundamentar as suas práticas. Este método de treinamento visa fortalecer
os músculos do tronco porque eles fazem a ligação entre Membros superiores e membros
inferiores, e estão incluídos em praticamente todos os movimentos que o corpo humano
realiza. Para o idoso que procura o treinamento funcional, o método lhe dará como retorno
e benefício o fortalecimento dos músculos estabilizadores do tronco, o que é de suma
importância uma vez que a maioria dos idosos que procuram o treinamento funcional tem
como um de seus principais objetivos aprimorar as suas capacidades funcionais, a fim
de melhorar seus movimentos do dia-a-dia, os movimentos do cotidiano são movimentos
integrados, que envolvem todo o corpo, sendo assim o indivíduo idoso que fortalece a
musculatura do tronco tem maior destreza na execução dos movimentos naturais.
(TEIXEIRA, 2017).

O Processo de envelhecimento traz diversos impactos negativos sobre as


capacidades biomotoras do ser humano, acredita-se que a partir dos 30 anos há um
declínio fisiológico gradual do organismo (FILHO et al., 2006), sendo assim o treinamento
funcional vai impactar positivamente a vida do idoso combatendo e amenizando os efeitos
do envelhecimento em cada uma das capacidades biomotoras (MATSUDO, 2001).

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA FORÇA APLICADO AO IDOSO

Sem dúvidas uma das mais importantes capacidades físicas que o ser humano
possui é a força, sem ela o ser humano não conseguiria sequer ficar em pé, Almeida,
Teixeira (2013) em seus estudos conceituam que força é a capacidade de um músculo
esquelético possui de exercer tensão, os autores apontam que a força é uma das mais
importantes capacidades físicas do ser humano se não for a mais importante, uma vez
que sem ela nenhum movimento poderia ser executado, e é da força que vem a base
para as outras capacidades físicas tais como resistência, potencia, velocidade, equilíbrio e
coordenação motora, sendo assim programas de treinamento que visem exclusivamente
a força deveriam ser colocados também dentro dos planejamentos dos profissionais de
educação física, isso levando em consideração a importância que essa capacidade possui
para o funcionamento geral do corpo, independentemente dos objetivos específicos do
aluno ou cliente, se a força é a base para a melhora de todas as capacidades, entende-se
que se a força for devidamente trabalhada vai proporcionar melhora e ganhos consideráveis
no desempenho das demais funções do corpo.

A força está intrinsecamente ligada ao músculo esquelético, uma vez que esta é a
capacidade do músculo de gerar tensão, e esta tensão será responsável por movimentar as
articulações, sendo assim a força é essencial para o movimento humano, além do mais uma
musculatura forte servira como camada protetora para a estrutura óssea e as articulações,
sendo assim a força também é importante na proteção ao organismo, atua prevenindo e

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
evitando lesões. Sobre isso Fidelis et al. (2013) afirmam que além de ser importante para a
mobilidade articular, uma vez que sem ela ou a perda parcial da mesma o movimento torna-
se ineficiente, a força é essencial para a prevenção de lesões, tanto musculares, quanto
nas articulações e a na parte óssea.

Devido ao processo de envelhecimento o indivíduo idoso pode chegar até a perder


cerca de 1kg de massa muscular magra por ano, e em troca preencher esse espaço com
gordura (FILHO et al., 2006), sendo assim, este público passa a estar cada vez mais
vulnerável conforme os anos passam e o processo de envelhecimento avança. Almeida,
Teixeira (2013) afirmam que a perca da massa muscular magra ocasiona a acentuação
da perda da força, isso por sua vez é a principal causa da perca da mobilidade e das
capacidades funcionais. Fidelis et al. (2013) afirma que a força é a principal capacidade a
ser trabalhada para o indivíduo idoso, uma vez que este está sendo impactado diretamente
pelo envelhecimento, e precisa fazer manutenção de suas capacidades, principalmente a
força, sem a qual é impossível realizar as ações mais básicas do dia-a-dia.

O treinamento funcional se aplica as necessidades de força do idoso, os movimentos


e exercícios escolhidos podem ser realizados com sobrecarga, exemplo halteres, anilhas
ou simplesmente com peso corporal como no caso do agachamento e da flexão de cotovelo
no solo ou com apoio em paredes, o treino de força convencional geralmente é realizado
em sala de musculação e com aparelhos, já no treinamento funcional, o princípio da
especificidade será primordial para o desenvolvimento do programa, a força sempre será
aplicada a movimentos usuais, indo de encontro as necessidades do cotidiano do idoso,
força para agachar, força levantar, força de estabilização para segurar uma sacola, força
para manter-se em pé, força para locomover-se, força para equilibrar-se, enfim a força pode
sim ser trabalhada e ainda ser uma força direcionada para atender a realidade do idoso,
que não precisa de força para levantar 100kg e sim força para levantar-se da cadeira e gerir
sua própria vida com autonomia.

Treinamento funcional para potência aplicado ao idoso

A potência é uma capacidade física muito importante para a manutenção da saúde


e execução dos movimentos do dia a dia, conceituada como força de explosão, ou força
rápida, alguns autores classificam a potência muscular como tão importante quanto a força
para a realização das atividades da vida diária, como também para modalidades esportivas.
(GLERIA et al., 2011). Ao falar sobre a importância da potência muscular para a terceira
idade Resende-Neto (2016) aponta que a perca da mobilidade em idosos é resultado da
acentuação da perda da potência muscular devido o envelhecimento, e que por sua vez
essa é a principal causa na limitação funcional do público da terceira idade, desfazendo
assim a mística de que idosos não devem treinar para a capacidade de potência, uma vez
que é muito comum ouvir que os idosos não se utilizam de força de explosão, na contramão
dessas falas, o autor afirma que os movimentos mais comuns da vida do idoso como partir
de estar sentado para a posição estática em pé são realizados graças a potência muscular,
reafirmando assim a importância da melhora dessa capacidade física para a realização das
atividades diárias.

O treinamento funcional é muito eficaz ao trabalhar a potência muscular, Resende-


Neto (2016) traz estudos que apontam e comprovam que exercícios funcionais que são

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
realizados na maior velocidade concêntrica produzem a melhora da potência, o que por sua
vez impacta positivamente na capacidade funcional dos idosos. Dessa forma o indivíduo
idoso que integra um programa bem elaborado de treinamento funcional terá acesso a
práticas que vão contribuir diretamente para a melhora da potência muscular que é uma das
mais afetadas com envelhecimento e menos trabalhada pelos profissionais de educação
física devido a mitos e paradigmas que foram criados.

Treinamento funcional para resistência aplicado ao idoso

Resistência é uma capacidade física, como o próprio nome já diz é a capacidade


de resistir, suportar, no âmbito físico e motor a resistência é a responsável de fazer com
que o organismo suporte a fadiga, ou seja, resistência muscular é resistir a fadiga, ou
prolongar a atividade além dos primeiros sinais de fadiga e cansaço. (ALMEIDA E
TEIXEIRA, 2013). Devido aos impactos do envelhecimento os idosos acabam por ter a
capacidade de Resistência muito prejudicada, passando então a ter ainda mais dificuldade
em seu cotidiano, pois já não tem a mesma resistência para realizar atividades de longa
duração que eles conseguiam fazer ao decorrer da vida, por exemplo, é muito difícil que
um indivíduo idoso sustente exercícios aeróbicos por mais que 30 minutos sem que tenham
fadiga muscular, e os que conseguem são aqueles que já tem sua capacidade aprimorada
devido ao cuidado e o exercício físico. (SILVA-GRIGOLETTO et al., 2014)

O treinamento funcional em suas sessões proporciona aos seus praticantes a


realização de exercícios de longa duração, números altos de repetições, exercícios,
estações e series, execução com tempo prolongado dos circuitos, além de ser facilmente
adaptado para se trabalhar essa capacidade em especial. Sendo assim o indivíduo idoso
que pratica o treinamento funcional tem sua resistência muscular aprimorada, podendo
suportar as atividades durante as 24 horas do dia, sem ceder a fadiga e ao cansaço, dessa
forma a melhora na resistência contribui para o aperfeiçoamento da funcionalidade, trazendo
ganhos relevantes para o idoso na condução do seu dia, pois não adianta saber executar
os movimentos do cotidiano, é necessário também suportar a fadiga que estes impõem ao
organismo (MONTEIRO, 2019).

Treinamento funcional para equilíbrio aplicado ao idoso

O equilíbrio é uma das principais capacidades em termos de impacto do


envelhecimento, e por sua vez é uma das mais agravantes para a perda parcial ou total
da mobilidade do indivíduo idoso. Sobre isso Gleria et al. (2011) apontam que cerca de
30% dos idosos apresentam problemas com equilíbrio, os autores apontam ainda que a
perda do equilíbrio associado a perda da força são os principais motivos para os altos
índices de quedas em idosos, e quanto mais avançado o processo de envelhecimento
maior a probabilidade de novas incidências de quedas, o que muitas vezes pode gerar até
fraturas ósseas. No treinamento funcional o equilíbrio passa a ser muito trabalhado, o que é
muito benéfico para o público da terceira idade que estão inseridos nesse meio, Resende-
Neto (2016) aponta que o dinamismo e as constantes variações de movimentos presentes
no treinamento funcional fazem com que os músculos estabilizadores da coluna sejam
ativados com maior intensidade, e estimulam os sistemas de controle corporal resultando
numa melhora significativa no equilíbrio. Teixeira (2016) confirma esse pensamento ao

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
afirmar que as bases instáveis que estão presentes no treinamento funcional fortalecem
os músculos do tronco e por sua vez geram benefícios ao equilíbrio de seus praticantes,
porem o autor ressalta que essas instabilidades que são eficazes para melhorar o core
devem ser trabalhadas com cautela, pois se o objetivo do treino for para força, potencia, ou
velocidade , as bases instáveis podem não ser tão eficazes, uma vez que a produção aguda
dessas capacidades é afetada em meios instáveis.

Treinamento funcional para flexibilidade aplicado ao idoso

A flexibilidade é uma capacidade muito importante na vida do ser humano, com


ela o ser humano tem uma boa amplitude articular, obtendo com isso mais eficácia em sua
mobilidade, também é imprescindível na postura corporal, porem essa capacidade é muito
prejudicada com o envelhecimento, o que aumenta e muito os riscos de lesão por falta
de flexibilidade. Filho et al. (2006) apontam que com o passar dos anos e o processo de
envelhecimento, o indivíduo passa a sofrer de encurtamento muscular, o que pode gerar
além de danos ao equilíbrio, a perda parcial da flexibilidade, ocasionando dores articulares
e musculares, perda da mobilidade e consequente da funcionalidade, e má postura
corporal. O autor ressalta ainda que os exercícios de alongamento são muito eficazes para
a melhora e manutenção da flexibilidade, e sob essa perspectiva o treinamento funcional
está encaixado, uma vez que alongamentos sempre estão inseridos antes e ou depois
das sessões de treino, com isso o treinamento funcional contempla a necessidade de
flexibilidade do idoso.

Treinamento funcional para coordenação motora aplicado ao idoso

Almeida, Teixeira (2013) conceituam a coordenação motora como as ações


e movimentos do corpo humano de forma integrada controlados pelo cérebro de forma
equilibrada, ou seja, uma combinação de movimentos que são controlados pelo cérebro,
logo a cognição é muito utilizada para que haja eficácia nessa capacidade física. Os autores
apontam ainda que essa capacidade física é muito utilizada no dia-a-dia para a realização
das atividades do cotidiano, isso se dá devido ao fato de que para realizar certas tarefas
o indivíduo vai necessitar combinar um ou mais movimentos de forma integrada a fim de
alcançar um determinado objetivo.

Uma das características marcantes da terceira idade é a dificuldade da mobilidade,


logo se entende que combinar movimentos, realizar ações mais elaboradas demanda um
grau de dificuldade maior para o idoso, tanto motora quanto cognitiva, sendo assim ao
trabalhar os circuitos funcionais onde se estimula o idoso a realizar movimentos complexos,
combinados e que se exigem maior coordenação, ação ativa de cognição, o treinamento
funcional proporciona ao público da terceira idade o aperfeiçoamento da coordenação
motora. (MONTEIRO, 2019).

Treinamento funcional para velocidade e agilidade aplicado ao idoso

Definida como a capacidade de mover-se com rapidez, a velocidade é uma


capacidade tanto genética quanto treinável, sobre isso Almeida, Teixeira (2013) afirmam
em seus estudos que quanto mais fibras musculares de contração rápida um indivíduo

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
possui maior a tendência genética para que ele tenha bons níveis de velocidade, porém
os autores ressaltam ainda que por mais que esse fator seja muito importante não é o
único a ser considerado, para os autores um programa de treinamento bem elaborado pode
contribuir para que haja o aperfeiçoamento dessa capacidade. A Agilidade é a capacidade
de movimentar-se e realizar de forma ágil mudanças de direção, paradas bruscas seguidas
de aceleração, e tem relação com a potência, coordenação motora, força e a velocidade.
(SILVA-GRIGOLETTO, 2014)

O treinamento funcional tem como uma de suas características exercícios que


trabalham locomoção estimulando a velocidade, e trocas de direção, bem como paradas
bruscas e aceleração, por exemplo, deslocar em máxima velocidade de um ponto A até o
ponto B, ao chegar no ponto B parar bruscamente e voltar correndo de costas, outro exemplo
seria deslocar-se lateralmente de um determinado ponto ao outro e em seguida mudar para
a direção oposta, com isso o método pode contribuir e muito para o aprimoramento dessas
capacidades físicas do idoso.

Treinamento funcional para melhora da capacidade cardiorrespiratória


aplicado ao idoso

Definida como a capacidade de realizar e sustentar exercícios de longa duração,


ou seja, é a capacidade através da qual o corpo num todo sustenta um exercício de
intensidade moderada a alta por um período mais prolongado, ou ainda é a capacidade de
suportar exercícios moderados ou intensos por um longo período, um exemplo de atividade
onde se faz necessário essa capacidade é a maratona de corrida de rua, onde o exercício
pode se estender por algumas horas e para tanto os sistemas cardiovascular, respiratório e
esquelético estão envolvidos. (RESENDE- NETO, 2016).

Os circuitos funcionais são exercícios onde se utilizam naturalmente intensidades


moderadas a altas, mas pode ser facilmente as condições de cada um, levando em
consideração o princípio da individualidade biológica o que é intenso para uma pessoa pode
não ser para outra, cabendo ao profissional adaptar o treino para que ele possa ser eficaz
para todos os alunos. Ao integrar os programas de treinamento funcional o indivíduo tem
consideráveis ganhos em sua capacidade cardiorrespiratória, é o que apontou Resende-
Neto (2016 apud, Whitehurst et al., 2016), ao mostrar os dados de um estudo de caso
onde se relatou uma melhora na ordem de 7,4% na aptidão cardiorrespiratória, após 12
semanas de treinamento em circuito com exercícios funcionais. Sendo assim entende-se
que o idoso que pratica o treinamento funcional tende a diminuir os impactos negativos que
o envelhecimento tem sobre sua capacidade cardiorrespiratória.

Treinamento funcional aplicado as necessidades psicológicas e sociais


do idoso

Mente sã e corpo são, uma mente saudável vai contribuir para que o corpo
também esteja saudável, as necessidades do ser humano transcendem os limites motores,
fisiológicos e funcionais, e abrangem até o âmbito psicológico e social.

Como um tipo de atividade física, o treinamento funcional proporciona diversos


benefícios psicológicos para seus praticantes, contemplando também o indivíduo idoso

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 11
e suas necessidades. O envelhecimento afeta diretamente a autonomia do idoso, e o
treinamento funcional ao proporcionar melhora motora e funcional ajuda a recuperar essa
autonomia contribuindo assim para a qualidade de vida do idoso, o envelhecimento afeta
também as estruturas cerebrais, o treinamento funcional se utiliza de diversos exercícios
que estimulam sistema nervoso central proporcionando uma melhora cognitiva. Os ganhos
psicológicos, emocionais são inúmeros aos idosos praticantes do treinamento funcional,
combate a depressão, e o estresse, regula a ansiedade, melhora o sono, proporciona
sensação de bem-estar, melhora a autoimagem e autoestima, e aumenta a sensação de
utilidade dos idosos. (MATSUDO, 2001).

No âmbito social os benefícios do treinamento funcional também são muito


relevantes, geralmente o treinamento funcional é realizado com inúmeros participantes
ao mesmo tempo, interagindo entre si, com dependência e importância mútua, e inserido
nesse universo o indivíduo idoso passa a atuar ativamente na execução das ações de sua
vida, resgatando assim sua autoconfiança, e dignidade. Muitos idosos sofrem o abandono
de seus entes queridos e amigos, e com isso passam a ter dificuldade de se relacionar com
o próximo, sendo assim o treinamento funcional ajuda a inserir de novo o idoso em meio
a sociedade, estimulando a sociabilização, fazendo com que o idoso se sinta parte de um
grupo, aceito, integrado, e igualmente importante. (MATSUDO, 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi abordado neste estudo o treinamento funcional proporciona diversos


benefícios a seus praticantes, podendo ser facilmente ajustado sem perder sua eficácia,
para atender todos os públicos e objetivos, servindo aos mais diversos fins, desde os
físicos e fisiológicos, até as necessidades do ser humano de socialização. Vale ressaltar
a importância deste método de treinamento, que visa principalmente a aprimorar as
capacidades funcionais, dessa forma ele é utilizado tanto para a promoção de saúde quanto
para a reabilitação, sendo igualmente eficiente em ambos os casos.

Na vida das pessoas da terceira idade o treinamento funcional se apresentou como


uma ferramenta muito importante na promoção da saúde, por ser um método que reúne
praticamente todas as necessidades que envolvem a vida do idoso, através do treinamento
funcional o idoso pode enfrentar e amenizar os agravos causados pelo processo de
envelhecimento, e ainda pode estar inserido em um meio social, podendo ser membro
atuante de sua vida e não um mero espectador.

A aplicação do treinamento funcional para o público da terceira idade ficou mais


esclarecida ao decorrer do estudo, o método é aplicável porque é facilmente adaptado
para atender ao idoso, independentemente de sua dificuldade motora e ou funcional, é
aplicável porquê vai de encontro as necessidades do idoso, combate o sedentarismo,
promove sociabilização, auxilia na manutenção das capacidades funcionais (muito afetadas
pelo envelhecimento) e ainda promove a autonomia fazendo com que o idoso possa gerir
suas próprias praticas , impactando positivamente em sua autoestima e melhorando sua
qualidade de vida.

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Capítulo 11
Conclui-se que o treinamento funcional impacta positivamente a vida das pessoas
da terceira idade que o adotam como pratica regular em seu cotidiano, e não oferece quase
nenhum risco se for aplicado devidamente, sendo assim o idoso que estiver inserido no
treinamento funcional será capaz de potencializar todas as suas probabilidades, e terão
neste método mais uma possibilidade para se sentirem plenos nessa fase de suas vidas.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Carlos Leite de; TEIXEIRA, Cauê La Scala. Treinamento de força e sua relevância
no treinamento funcional. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 17, Nº 178,2013.
Disponível em: <http://caueteixeira.com/wp- content/uploads/2014/09/Treinamento-de-forca-e-sua-
relevancia-no-treinamento- funcional-2013.pdf > (Acessado em: 14 de Abril de 2019).

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Capítulo 11
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139
Capítulo A importância do diagnóstico

12
diferencial da síndrome de
corpúsculos de Lewy e o
impacto na vida do paciente:
relato de caso
The importance of the differential
diagnosis of Lewy body
syndrome and its impact on the
patient’s life: a case report
Ana Giulia Gandra Bastos
Discente de Biomedicina, pela Faculdade Única de Ipatinga
Izadora Amorim Queiroga
Discente de Biomedicina, pela Faculdade Única de Ipatinga
Luana Fernanda Camilo Silva
Discente de Biomedicina, pela Faculdade Única de Ipatinga
Maria Luiza Mendes
Discente de Biomedicina, pela Faculdade Única de Ipatinga
Leonardo de Araújo Lopes
Professor do curso de Biomedicina, pela Faculdade Única de Ipatinga

RESUMO

O presente trabalho visa demonstrar a ocorrência da doença neurodege-


nerativa chamada síndrome de Corpúsculos de Lewy, ocasionada no Sis-
tema Nervoso Central, bem como sua evolução, diagnóstico e possíveis
causas. Esse artigo conta com um caso clínico descritivo da doença, e
que teve o consenso da família do paciente para ser estudado. O relato de
caso apresenta a progressão da doença e dos sintomas, demonstrando
os fatos que levaram o paciente e sua família recorrerem a uma ajuda mé-
dica. Nesse estudo é realizado uma comparação entre o laudo inicial, em
que o paciente foi diagnosticado com Alzheimer e o tratamento inicial uti-
lizado para o Alzheimer, assim como, o laudo posterior em que o portador
da Síndrome recebe o diagnóstico de Corpúsculos de Lewy, ocorrendo
mudanças na forma de seu tratamento.
Palavras-chave: doença neurodegenerativa. sistema nervoso central.
corpos de Lewy.

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.12 140
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
ABSTRACT

The present work aims to demonstrate the occurrence of the Lewy bodies neurodegenera-
tive disease, caused in the Central Nervous System, as well as its evolution, diagnosis and
possible causes. This article has a descriptive clinical case of the disease, and presents its
evolution from the period in which it was identified and diagnosed as Alzheimer’s, until the
discovery of Lewy’s body disease, and how the treatment was carried out at that time, and
who had the consensus of the patient’s family to be studied.

Keywords: neurodegenerative disease. central nervous system. doença de alzheimer.


corpos de Lewy.

INTRODUÇÃO

Definida como uma patologia neurodegenerativa, a doença de Alzheimer (DA), é


a mais comum relacionada à idade, de acordo com o envelhecimento. Sua manifestação
leva a pessoa acometida a uma incapacitação e total dependência conveniente à perda
das funções cognitivas, comprometendo a capacidade das atividades diárias, alterações
comportamentais e memória. (SERENIKI; VITAL, 2008)

O Alzheimer também pode ser considerado como uma perda gradual das funções
mentais, designada por uma degeneração dos tecidos do cérebro, abrangendo perda de
células nervosas, concentração da proteína beta-amilóide e a elevação das tranças ou
novelos neurofibrilares (NFT). (SERENIKI et al., 2008)

A demência Corpúsculos de Lewy é uma síndrome que tem muitas características


em comum com a doença de Alzheimer. Se não houver um diagnóstico preciso, é fácil
confundi- las. No cérebro, os Corpos de Lewy degeneram células nervosas, fazendo com
que elas morram. Esferas anormais são encontradas nas células nervosas, que podem
causar sua morte. A causa não é clara, não há teoria de que a síndrome seja hereditária e não
existem fatores de riscos confirmados, por isso ainda é uma doença muito desconhecida. A
seguir, apresentaremos um relato de caso em que o paciente M.N.B foi levado ao médico,
cujo principal sintoma era que ele ficava muito confuso e incapaz de realizar tarefas simples
do dia a dia, como costumava fazer. Situações rotineiras não eram possíveis de serem
executadas, a exemplificar, não conseguia mais trocar uma lâmpada, se perdia em locais
conhecidos e falava algumas coisas sem sentido. Paciente sem antecedentes médicos,
sem qualquer comorbidade ou relato anterior que o fizesse procurar um especialista. Sem
antecedentes de acidentes, cirurgias e etc. (MSD MANUL/ cerebrais da medula espinhal)

METODOLOGIA

Para se obter os dados necessários para o artigo que será apresentado, o início do
trabalho foi executado com o método de estudo de caso clínico da Síndrome do Corpúsculos
de Lewy, que permitiu observar como ocorre a diferença do diagnóstico da Síndrome de
Lewy para as demais doenças neurodegenerativas, em especial, o Alzheimer. Além disso,
foram feitas pesquisas bibliográficas em artigos, por meio da plataforma Google acadêmico,

141
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
optando exclusivamente pelos artigos da Língua Portuguesa, sendo usados como base do
estudo o total de nove artigos, que compreendem ao período de 1999 à 2021, visando
realizar uma abordagem acadêmica sobre as doenças neurodegenerativas, apresentando
como foco a síndrome do Corpúsculos de Lewy.

Segundo Yin (2001), o método de estudo de caso é uma das diversas maneiras de
se realizar uma pesquisa.

Interdisciplinaridades

• Farmacologia: O tratamento utilizado para o paciente foi o uso de drogas e


como elas reagiram no organismo. Demonstrando o aumento ou diminuição das
dosagens de acordo com a evolução do paciente.

• Fisiologia: As doenças neurodegenerativas apresentam funcionamento incorreto


em alguns órgãos, principalmente, a região cerebral. Dessa forma, a fisiologia
visa estudar e explicar cada sistema e sua maneira de manter o equilíbrio do
corpo. Logo, o artigo em estudo aponta um desequilíbrio em que é explicado
pela fisiologia.

• Neuroanatomia: Foi estudada a anatomia cerebral e por meio de exames por


imagem demonstrando o que a síndrome ocasiona no cérebro do paciente e
seus danos nas funções cerebrais.

• Genética: Ao longo do estudo sobre o relato de caso em questão, pode se


verificar a ocorrência de mais de um caso na família, mesmo que ainda não
existem estudos que comprovem sua relação com o fator genético, existem
teses e relatos de mais de um caso na mesma família, evidenciando uma
predisposição por fator hereditário.

• Citologia: Compreende ao estudo das células. No trabalho em estudo observa


se que algumas células apresentam perda total ou parcial de suas funções,
ocasionando problemas cognitivos que desencadeiam a síndrome de Lewy.

OBJETIVO GERAL

Analisar a importância do diagnóstico diferencial da Síndrome de Corpúsculos de


Levy e o seu impacto na vida do paciente.

Objetivo específico

• Analisar possíveis causas da doença;

• Comparar as semelhanças da doença de Alzheimer e da síndrome do


Corpúsculos de Lewy ;

• Descrever os métodos de diagnóstico.

142
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
DESENVOLVIMENTO

Relato de caso

Paciente M.N.B, de sexo masculino, 50 anos quando levado ao médico pela esposa.
Ela argumentou que ele estaria muito confuso, não conseguia fazer tarefas simples do
cotidiano e que fazia antes com muita frequência. O paciente trabalhava com eletricidade
predial, não conseguia mais trocar uma lâmpada, se perdia em locais conhecidos e
falava algumas coisas sem sentido. Paciente sem antecedentes médicos, sem qualquer
comorbidade ou relato anterior que o fizesse procurar um especialista. Sem antecedentes
de acidentes, cirurgias e etc.

Prontuário do paciente

Paciente com diagnostico de doença de Alzheimer, consultou em Juiz de fora,


realizou exames e foi feito o diagnóstico, segundo a esposa, conversa com o paciente,
mostra-se bem orientado, mas esquece de algumas partes na conversa.

Mini-mental: 13 pontos (Mini Exame do Estado Mental) Alterações visíveis da


memoria de recordação.

Prescreveu inicialmente Donepezila, após uns meses iniciou Quetiapina e


Memantina. Depois de um ano introduziu Oleptal, Clonazepam Quetiapina. Após alguns
meses Renovou torval. No ano seguinte nosso paciente passou por outra avaliação com
o psiquiatra, que descreveu o seguinte: paciente com quadro demencial avançado. Inicio
próximo aos 52 anos crises convulsivas com inicio há dois anos, movimentação ocular
prejudicada. Em uso de Quetiapina, Risperidona, Torval, Clonazepam, Quetiapina, iniciou
Naltrexona.

Até o momento o diagnóstico é de Alzheimer, porém os sintomas são bem sugestivos


de Corpos de Lewy (inicio com sintomas motores, na 5° década, com sintomas psicóticos
bem evidentes no início. Sono preservado. Em uso de Quetiapina, Depakene, Risperidona,
Clonazepam.

143
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
Exames de imagem do paciente
Figura 1 - Ressonância magnética de corte sagital.

Figura 2 - Ressonância magnética.

144
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
Figura 3 - Nessas imagens é possível visualizar diferentes cortes que demonstram
uma diminuição do volume encefálico, acometendo a substância cinzenta (formada por
corpos de neurônio.

Doenças neurodegenerativas

As doenças neurodegenerativas (DN) tem crescido em todo o mundo, particularmente


na população idosa. As manifestações clinicas e a fisiologia subjacente das doenças
neurodegenerativas são heterogêneas, embora frequentemente tenham características
sobrepostas (CRUZ et al., 2021).

As doenças correspondem à perda gradual de neurônio na estrutura do sistema


nervoso, resultando mudanças graduais de função (CONTALDI et al., 2021).

Anormalidades proteicas, estresse oxidativo, exposição a substâncias tóxicas e


distúrbios genéticos são alguns fatores que pode desencadear doenças neurodegenerativas
(CONTALDI et al., 2021; DUGGER et al., 2017) sendo o acumulo anormal de proteínas
e vulnerabilidade anatômica, geralmente, definindo as características das doenças
neurodegenerativas (CRUZ el al., 2021).

De acordo com Cruze et al. (2021):

A DN predominante é a Doença de Alzheimer, seguida da Doença de Parkinson,


afetando aproximadamente 1% da população mundial. As doenças neurodegenera-
tivas apresentam altas taxas de morbidade causando perturbações que englobam
comprometimentos físicos e cognitivos, que futuramente leva a morte do indivíduo.
(PAZ et al., 2021; LOVE, 2004)

A perda sináptica e morte neural nas regiões do cérebro ,são locais responsáveis
pelas funções cognitivas (SERENIKI et al., 2008). As características histopatológicas
presentes no parênquima cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer incluem
depósitos fibrilares amiloidais localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, associados
a uma variedade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo de filamentos anormais da
proteína tau e consequente formação de novelos neurofibrilares (NFT), perda neuronal e
sináptica, ativação da glia e inflamação. (SERENIKI; VITAL, 2008).

145
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
Morte neuronal e perda de sinapses em regiões do cérebro responsáveis pelas
funções cognitivas. Juntamente com a quantidade de lesões amiloides e os emaranhados
neurofibrilares, que abrangem o córtex cerebral e entorrinal, hipocampo e estriado ventral.
(SERENIKI et al., 2008).

A lesão amiloidal extracelular é formada por um peptídeo beta-amilóide gerado


a partir de uma clivagem da proteolítica da proteína precursora amilóide (APP), já os
novelos neurofibrilares (NFT), são classificados como uma lesão intraneural, composta
por elementos do citoesqueleto anormal, contendo principal a proteína tau. Na doença de
Alzheimer, decorre uma fosforilação anormal da proteína tau, proporcionando uma distrofia
e edema dos microtúbulos, tendo como efeito morte celular. (FALCO et al., 2016)

Os sintomas comportamentais da Doença do Alzheimer é basicamente mudança


como, alucinações, depressão, irritabilidade, agressividade, mudança de humor, insônia
e até perda de peso. Portanto podem ocorrer confusões e identificar o Alzheimer como
uma depressão por muitos sintomas serem parecidos como perda de interesse, cuidados
pessoais vão sendo deixados de lado. (FALCO et al., 2016)

Assim, o cuidado com os idosos que tem esse tipo de doença é indispensável,
principalmente o carinho e a paciência que os familiares devem ter com eles, pois todos
estão sujeitos a desenvolver um mais que os outros, a busca do tratamento é para estabilizar
o comprometimento cognitivo minimizando as manifestações da doença. (SERENIKI et al.,
2008) Partindo do exposto acima, quando se trata de tratamento dos sintomas cognitivos,

Os inibidores da acetilcolinesterase (tacrina, rivastigmina, donepezila, galantami-


na) alteram a função colinérgica central ao inibir as enzimas que degradam a ace-
tilcolina (enzimas acetilcolinesterase e butirilcolinesterase), aumentando, assim, a
capacidade da acetilcolina de estimular os receptores nicotínicos e muscarínicos
cerebrais (SERENIK, 2008, p.60).

Portanto, cuidar do idoso que sofre dessa doença é essencial, principalmente o


cuidado da família e paciência com eles, pois todos são mais fáceis de se desenvolver do
que os outros, e buscar tratamento é estabilizar o déficit cognitivo e minimizar o desempenho
da doença. Com base no acima exposto, no tratamento de sintomas cognitivos, os
inibidores da acetilcolinesterase (tacrina, rivastigmina, donepezil, galantamina) mudam ao
inibir as enzimas que degradam a acetilcolina (acetilcolinesterase e butirilcolinesterase) da
função colinérgica central, aumentando assim a capacidade da acetilcolina de estimular a
nicotinicolina e receptores muscarínicos no cérebro. (SERENIKI et al., 2008, p.60)

Contudo, esses medicamentos são considerados de primeira linha para o


tratamento da DA, assim a tacrina foi um dos primeiros fármacos a serem usados para
o tratamento e tendo bons resultados, portanto desencadeou muitos efeitos adversos e
por isso os medicamentos mais atuais tomaram seu lugar, já o galantamina, donepezila e
rivastigmina tem uma forma de atuar no organismo um pouco diferente mas todos inibem
a degradação da molécula do neurotransmissor associado à memória deteriorando a
molécula de acetilcolina e bloqueando a enzima acetilcolinesterase.

No entanto, esses medicamentos são considerados os medicamentos de primeira


linha para o tratamento da DA, portanto, a tacrina é um dos primeiros medicamentos
usados para o tratamento e o efeito é muito bom, por isso desencadeia muitas reações

146
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
adversas, por isso o medicamento mais popular é substituído por galantamina, o donepezila
e a rivastigmina agem de maneiras ligeiramente diferentes no corpo, mas ambos inibem
a degradação das moléculas de neurotransmissores relacionados à memória, pioram as
moléculas de acetilcolina e bloqueiam a acetilcolinesterase.

Demência dos corpos de LEWY

“Demência pode ser definida como uma síndrome clínica caracterizada por déficits
cognitivos múltiplos e quando se encontra associada à presença de Corpúsculos de Lewy, é
definida como demência primária que acomete as regiões frontais-subcorticais.” ( REVISTA
BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA, 2002)

A demência do corpos de Lewy, é uma doença que tem muitas coisas em comum
com a doença do Alzheimer, elas são facilmente confundidas se não houver um diagnostico
muito preciso. No cérebro o corpos de Lewy, degenera as células nervosas, causando a
morte das mesmas. São identificados corpos esféricos anormais se desenvolvendo dentro
das células nervosas, que possivelmente é o que contribui para morte das mesmas. A causa
ainda é desconhecida, não existe nada que comprove que seja hereditária e nem fatores
de risco comprovados, portanto ainda é uma doença muito desconhecida em relações as
causas. (MERCK SHARP; DOHME CORP, 2021)

No cérebro são necessários neurotransmissores para manter a comunicação entre


os neurônios, a acetilcolina é um neurotransmissor importante pra memória e pessoas
que possuem doenças como o Alzheimer possuem baixos níveis do neurotransmissor
acetilcolina,a colinesterase (enzima) destrói a acetilcolina, portanto se sua ação for inibida,
mais acetilcolina teremos no cérebro, e melhor para a memória do paciente. (ASSOCIAÇÃO
ALZHEIMER PORTUGAL, 2021)

Alucinações, confusões mentais, esquecimentos, dificuldade na fala, dificuldade


de locomoção, perca de noção de espaço, delírios são alguns dos sintomas presentes
na doença. O corpos de Lewy avança bem mais rápido que as demais doenças similares
a ela, é notório a mudança de um dia pro outro, de semana em semana o paciente pode
apresentar declínios muito consideráveis na doença, por exemplo um paciente que em uma
semana poderia executar movimentos simples como o ato de levar o garfo até a boca, na
outra semana já depende de auxilio, não consegue mais se alimentar sozinho. O prazo
médio de vida da doença é correspondente a sete anos. (TUA SAÚDE, 2007 - 2021)

O diagnostico da doença também é mais cauteloso, visto que não existem exames
que comprovem o corpos de Lewy em vida, os exames de imagem são capazes de acusar
uma degeneração cerebral, mas não qual tipo.

Um dos exames que são realizados nos pacientes é o Mini Exame do Estado
Mental (MEEM), “(...) foi desenvolvido para avaliar o estado mental relacionado a demência.
Atualmente o MEEM é o mais usado em idosos e adultos para analisar a sua capacidade
cognitiva”. (MELO; BARBOSA, 2015, p. 3.866)

O teste é feito da seguinte forma: O paciente deve se sentir á vontade ,é perguntado


o local que estão realizando a entrevista, eles pedem para repetirem palavras ditas, também
é dado testes de cálculo para o paciente resolver (Figura 4),é pedido que escreva uma

147
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 12
frase completa. Dessa maneira, são observados no paciente sua memória, capacidade de
cálculo e atenção, sua memória recente, compreensão oral, leitura e escrita.
Figura 4 - http://www.eerp.usp.br/ebooks/MiniExamedoEstado%20Mentalebook%20
dezembo%5B1%5 D.pdf )

Após a morte, pode ser feita uma biópsia cerebral que podem identificar o corpo
de Lewy dentro da célula. O diagnostico se baseia em exclusão da possibilidade de outras
doenças e dos exames que comprovem a degeneração cerebral. Pode ocorrer ao mesmo
tempo do Parkinson, Alzheimer e doença vascular, causando sintomas muito parecidos
umas com as outras tornando ainda mais difícil a identificação e separação de sintomas por
doença. (2021, Associação Alzheimer Portugal)

Ainda não existe uma cura, existe um tratamento com medicamentos para diminuir
os sintomas psicóticos, depressivos, ou algo do tipo. E existem também alguns estudos
atuais que inibidores de colinesterase podem ajudar no tratamento. (TUA SAÚDE, 2007 -
2021)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se com o estudo a importância do diagnóstico diferencial de Corpúsculos


de Lewy, em razão do tratamento para as doenças neurodegenerativas apresentarem
algumas diferenças. Contudo, pode-se afirmar que a doença do Alzheimer e a síndrome de
Lewy são similares em suas consequências e suas características, acometendo o sistema
nervoso central e suas funções. Como foi visto, o Corpos de Lewy por sua vez merece um
cuidado especial por ter uma evolução de maneira muito acelerada. Entretanto, as duas
doenças só podem ser tratadas, com o intuito de prolongar a vida do paciente e reduzir
os impactos negativos para o portador da doença, não existindo assim, a cura. A análise
do relato de caso permite a constatação da importância do tratamento medicamentoso
(para minimizar os efeitos da doença no paciente) e do auxílio da família em ambas as
doenças. Desta forma, é necessário que sejam feitos exames e acompanhamento médico
especializado para constatação de qualquer uma das duas doenças, além de ser de extrema
necessidade o cuidado e apoio familiar.

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Mestrado). Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, FMUC Coimbra, Portugal. 2016.

149
Capítulo Avanços e inovações na

13
cirurgia minimamente invasiva:
transformando a prática
cirúrgica
Pablo Patrick Pereira
Graduado em Medicina - Udabol, revalida UFMS
Paula Braga Nunes
Graduada em Medicina e CIrurgia Geral - Santa Casa Santo Antônio do Amparo
Sofia Lúcia El Hauche Pereira
Graduanda em Medicina - Faculdade de Medicina de Barbacena - FUNJOB
Thiago Gabriel Bonoto Valois
Graduando em Medicina - Universidade Federal de Lavras - UFLA

INTRODUÇÃO

A inovação tecnológica sempre foi a força motriz por trás


dos avanços médicos, e a área da cirurgia não é exceção. As últimas
décadas presenciaram um crescimento exponencial no desenvolvimento
e na implementação de novas técnicas e abordagens cirúrgicas.
Particularmente, a cirurgia minimamente invasiva emergiu como uma das
áreas mais dinâmicas e inovadoras da medicina moderna, transformando
a prática cirúrgica e melhorando os resultados dos pacientes (VARADHAN
et al., 2010). Este capítulo irá explorar os avanços e inovações na cirurgia
minimamente invasiva, destacando como essas novas abordagens estão
revolucionando o campo.

Nas últimas décadas, as cirurgias minimamente invasivas


tornaram-se a abordagem padrão para uma variedade crescente de
procedimentos. Elas proporcionam uma série de benefícios significativos
em comparação com as técnicas cirúrgicas abertas tradicionais, incluindo
menor dor pós-operatória, recuperação mais rápida, menor risco de
complicações e melhor estética com cicatrizes menores ou até mesmo
inexistentes. Além disso, esses avanços permitem que os procedimentos
cirúrgicos sejam realizados em pacientes que anteriormente poderiam
ser considerados inaptos para a cirurgia devido a comorbidades ou idade
avançada (ANTONIOU et al., 2012).

Entretanto, a evolução da cirurgia minimamente invasiva não


ocorre isoladamente. Na verdade, está intimamente interligada e é
impulsionada por avanços em áreas adjacentes da medicina e tecnologia.
A integração da robótica, da endoscopia avançada, da tecnologia de
imagem em tempo real, da inteligência artificial e da nanotecnologia na

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.13 150
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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
prática cirúrgica está abrindo novos horizontes e possibilitando procedimentos cada vez
mais complexos e precisos (HERRON E SWANSTROM, 2007).

Este capítulo examinará três áreas inovadoras dentro da cirurgia minimamente


invasiva: laparoscopia e robótica, cirurgia assistida por endoscopia e a emergente cirurgia
de orifícios naturais (NOTES). Cada uma dessas abordagens será explorada em detalhes,
destacando os avanços mais significativos, discutindo desafios e considerando suas
perspectivas futuras. Além disso, serão discutidos os principais estudos que fornecem
evidências sobre a eficácia e a segurança dessas abordagens, permitindo uma compreensão
abrangente do campo atual de inovação cirúrgica minimamente invasiva.

LAPAROSCOPIA E ROBÓTICA

A cirurgia laparoscópica, também conhecida como “cirurgia de buraco de fechadura”,


tem sido uma das transformações mais significativas na prática cirúrgica ao longo do último
século. Com a introdução de tecnologia avançada e procedimentos mais refinados, a
laparoscopia tem se tornado cada vez mais segura e eficaz, levando a melhores resultados
para os pacientes (FANELLi et al., 2020).

A laparoscopia oferece uma série de vantagens em relação à cirurgia aberta


tradicional. Ao fazer incisões menores, os pacientes experimentam menos dor e desconforto
pós-operatório, tempos de recuperação mais rápidos e menor risco de complicações como
infecções e hérnias (FANELLi et al., 2020). Há também benefícios estéticos significativos,
já que as cicatrizes pós-operatórias são muito menores e menos perceptíveis.

O advento da cirurgia robótica proporcionou avanços adicionais na cirurgia


minimamente invasiva. O sistema cirúrgico da Vinci, introduzido pela primeira vez no final dos
anos 90, usa uma interface de console para permitir que o cirurgião controle precisamente
os braços robóticos que realizam a cirurgia (COHEN et al., 2019). Isso oferece uma série
de vantagens, incluindo uma visão 3D melhorada do campo cirúrgico, tremores reduzidos
e a capacidade de realizar movimentos muito mais precisos e controlados do que seria
possível com a mão humana sozinha (COHEN et al., 2019).

A cirurgia robótica tem demonstrado resultados promissores em uma variedade de


especialidades, incluindo urologia, ginecologia e cirurgia geral (FICARRA et al., 2019). A
literatura atual indica que a cirurgia robótica é comparável, se não superior, à laparoscopia
em termos de desfechos cirúrgicos e do paciente, e pode oferecer benefícios adicionais,
como tempos de operação mais curtos e perda sanguínea reduzida (FICARRA et al., 2019).

Além disso, a cirurgia robótica pode oferecer benefícios significativos em


procedimentos complexos e de alta precisão. Por exemplo, a prostatectómica radical
robótica tem se tornado o padrão ouro para o tratamento do câncer de próstata localizado
devido à sua capacidade de preservar os nervos e, consequentemente, manter a função
sexual e urinária do paciente (FICARRA et al., 2019).

No entanto, a adoção da cirurgia robótica tem sido limitada por uma série de fatores,
incluindo o custo significativo dos sistemas robóticos e a necessidade de treinamento e
experiência especializados para operar efetivamente o equipamento (COHEN et al., 2019).

151
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
Essas barreiras são prováveis de serem superadas à medida que a tecnologia continua a
avançar e se tornar mais acessível.

Em resumo, tanto a laparoscopia quanto a cirurgia robótica representam avanços


significativos na cirurgia minimamente invasiva, proporcionando melhorias significativas
nos desfechos dos pacientes e oferecendo a promessa de ainda mais inovações no futuro.

Desafios e futuro da cirurgia robótica e laparoscópica

Com todos os avanços na cirurgia robótica e laparoscópica, ainda há desafios a


serem superados. Por exemplo, o treinamento adequado e a capacitação dos cirurgiões
nesses procedimentos são uma preocupação constante. A curva de aprendizado associada
a técnicas avançadas de CMI, particularmente em procedimentos robóticos, pode ser longa
e íngreme (KIM et al., 2020).

Além disso, o alto custo dos sistemas robóticos, como mencionado anteriormente,
torna-o inacessível para muitos centros médicos em países em desenvolvimento e regiões
mais remotas. Esta é uma barreira significativa que precisa ser abordada para democratizar
o acesso a esta forma avançada de cirurgia (WANG et al., 2018).

No entanto, o futuro da cirurgia robótica e laparoscópica é brilhante. O progresso


contínuo em engenharia, design e inteligência artificial tem o potencial de fazer da cirurgia
robótica uma opção ainda mais versátil e eficaz. Estão surgindo sistemas robóticos mais
acessíveis, e as inovações em treinamento, como realidade virtual e simuladores de alta
fidelidade, ajudam a treinar a próxima geração de cirurgiões de forma eficiente e segura
(LEE et al., 2020).

CIRURGIA ASSISTIDA POR ENDOSCOPIA

A endoscopia tem sido usada como ferramenta diagnóstica há décadas, mas a


evolução das tecnologias endoscópicas ao longo do tempo abriu portas para a sua utilização
em procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos. A cirurgia endoscópica oferece uma
série de vantagens, incluindo menores taxas de complicações, tempo de recuperação
mais rápido e menores custos em comparação com as abordagens cirúrgicas tradicionais
(ASGE, 2011).

A cirurgia assistida por endoscopia tem aplicações em várias especialidades médicas.


Na gastroenterologia, por exemplo, a terapêutica endoscópica tornou-se uma opção de
tratamento valiosa para várias doenças do trato gastrointestinal, incluindo o tratamento de
tumores benignos e malignos, o manejo de doenças de refluxo gastroesofágico, a remoção
de corpos estranhos e o tratamento de hemorragias digestivas (FLETCHER et al., 2018).

Em especialidades como a otorrinolaringologia, a cirurgia endoscópica é amplamente


utilizada em procedimentos como a cirurgia endoscópica do seio nasal e a cirurgia de
base do crânio, que são possíveis graças a avanços como instrumentos endoscópicos
especializados e tecnologias de navegação assistida por computador (SOLARES et al.,
2017).

152
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
A tecnologia endoscópica tem sido particularmente útil na abordagem de
condições que antes eram tratadas com cirurgia aberta, como a doença da vesícula
biliar. A colecistectomia endoscópica, por exemplo, é agora o padrão de cuidado para a
doença da vesícula biliar sintomática, com estudos demonstrando menos complicações,
tempo de recuperação mais rápido e satisfação geral do paciente em comparação com a
colecistectomia aberta (MARESCAUX et al., 2018).

Mais recentemente, a emergência de procedimentos de Orifício Natural Transluminal


Endoscópico (NOTES) expandiu ainda mais o escopo da cirurgia endoscópica. Esta técnica
usa orifícios naturais do corpo, como a boca, o ânus ou a vagina, como pontos de acesso
para a cirurgia, potencialmente eliminando a necessidade de incisões na pele. Embora a
técnica esteja ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, acredita-se que ela tem o
potencial de reduzir ainda mais o trauma cirúrgico e melhorar os resultados dos pacientes
(MARESCAUX et al., 2018).

Desafios e futuro da cirurgia assistida por endoscopia

Os desafios associados à cirurgia endoscópica incluem uma curva de aprendizado


íngreme e a necessidade de treinamento especializado, semelhante ao observado com a
cirurgia robótica e laparoscópica. Além disso, embora a endoscopia tenha se provado segura
e eficaz para uma ampla gama de procedimentos, o manejo de complicações cirúrgicas
complexas continua sendo uma preocupação em alguns cenários (KATZ et al., 2020).

Outro desafio significativo é a necessidade de dispositivos médicos mais avançados


e inovadores para melhorar a precisão e a eficiência dos procedimentos endoscópicos.
Isso é particularmente relevante para o campo emergente dos NOTES, onde as técnicas
e os instrumentos atuais são frequentemente considerados inadequados para realizar
procedimentos complexos através de orifícios naturais (MARESCAUX et al., 2018).

No entanto, o futuro da cirurgia assistida por endoscopia é promissor. Avanços nas


tecnologias endoscópicas, incluindo a utilização de robótica e a aplicação de inteligência
artificial, têm o potencial de tornar os procedimentos endoscópicos ainda mais precisos,
seguros e eficientes (KONDO et al., 2020).

CIRURGIA DE ORIFÍCIOS NATURAIS (NOTES)

A cirurgia de orifícios naturais (NOTES) é uma abordagem cirúrgica minimamente


invasiva emergente que usa os orifícios naturais do corpo (como a boca, o ânus e a
vagina) como portais de entrada para a realização de procedimentos cirúrgicos internos.
Ela representa um avanço significativo no campo da cirurgia minimamente invasiva, uma
vez que potencialmente elimina a necessidade de incisões na parede abdominal (JAIN E
HALUCK, 2018).

NOTES tem várias aplicações potenciais na medicina, incluindo a colecistectomia, a


apendicectomia, a cirurgia bariátrica e a ginecologia. Em estudos iniciais, os procedimentos
NOTES têm demonstrado ser factíveis e seguros, com taxas de complicações comparáveis
às da laparoscopia convencional (FERNANDEZ et al., 2019).

153
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
Um estudo feito por Park et al. (2020) destacou os resultados positivos da
colecistectomia transvaginal NOTES, em comparação com a colecistectomia laparoscópica.
Os autores concluíram que a colecistectomia transvaginal NOTES é uma opção de tratamento
seguro e eficaz para pacientes selecionados, com o benefício de nenhuma cicatriz visível
e recuperação mais rápida.

NOTES oferece benefícios potenciais significativos para os pacientes, incluindo menor


dor pós-operatória, recuperação mais rápida, menor risco de complicações relacionadas
com a ferida e ausência de cicatrizes visíveis. Contudo, ainda há considerações importantes
a serem resolvidas, como a manipulação de complicações, a curva de aprendizado íngreme
para os cirurgiões e a necessidade de desenvolver novos instrumentos e tecnologias para
realizar procedimentos mais complexos através de orifícios naturais (ZORRON et al., 2017).

Desafios e futuro da cirurgia de orifícios naturais (NOTES)

Embora NOTES tenha um potencial significativo, ainda há vários desafios que


precisam ser superados para que essa técnica possa ser adotada de maneira mais ampla.
O primeiro desafio é a falta de equipamentos e instrumentos cirúrgicos adequados que
possam ser usados através dos orifícios naturais. A maioria dos dispositivos endoscópicos
existentes não foi projetada para a complexidade e a variedade de procedimentos que
NOTES pode oferecer (MARESCAUX et al., 2018).

Um segundo desafio é a curva de aprendizado associada à realização de


procedimentos NOTES. Devido à natureza altamente técnica e ao acesso restrito aos locais
cirúrgicos, os cirurgiões precisam adquirir um alto nível de habilidade antes de poderem
realizar procedimentos NOTES com segurança e eficácia (JAIN E HALUCK, 2018).

Um terceiro desafio é o gerenciamento de complicações. Enquanto a laparoscopia


e a cirurgia robótica permitiram o desenvolvimento de técnicas e protocolos estabelecidos
para lidar com complicações, NOTES ainda está em suas fases iniciais e o gerenciamento
de complicações é uma área que requer mais estudos e experiência clínica (FERNANDEZ
et al., 2019).

Apesar desses desafios, o futuro da NOTES é promissor. À medida que a tecnologia


e os instrumentos avançam, espera-se que a capacidade de realizar procedimentos NOTES
mais complexos e seguros aumente. Além disso, a maior disseminação do treinamento e
da experiência clínica ajudará a superar a curva de aprendizado e a desenvolver melhores
estratégias para o gerenciamento de complicações (ZORRON et al., 2017).

EFICÁCIA DAS DIFERENTES ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS

Uma das questões mais fundamentais no desenvolvimento de novas abordagens


e estratégias cirúrgicas é a eficácia dos procedimentos. Sem eficácia comprovada, é
improvável que uma nova técnica encontre aplicação clínica generalizada. Assim, neste
tópico, discutiremos a eficácia das três principais abordagens em cirurgia minimamente
invasiva: laparoscopia e robótica, cirurgia assistida por endoscopia e cirurgia de orifícios
naturais (NOTES).

154
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
4.1. Laparoscopia e Robótica: A eficácia da laparoscopia em comparação com a
cirurgia aberta é bem documentada. Por exemplo, um estudo de 2011 de Markar et al.
(2011), mostrou que os pacientes submetidos à cirurgia laparoscópica tiveram menor tempo
de internação, menor perda de sangue e retorno mais rápido às atividades diárias quando
comparados àqueles submetidos à cirurgia aberta. A introdução da robótica ofereceu uma
precisão ainda maior, levando a resultados ainda melhores em termos de eficácia e redução
de complicações pós-operatórias (KIM et al., 2018).

4.2. Cirurgia Assistida por Endoscopia: Os procedimentos endoscópicos,


especialmente quando assistidos por recursos de imagem avançados, mostraram ser
altamente eficazes em diversas situações clínicas. Por exemplo, Ghadimi et al. (2019)
encontraram que a cirurgia assistida por endoscopia, quando comparada às abordagens
abertas, resultou em menor trauma cirúrgico, menor dor pós-operatória e recuperação mais
rápida. Além disso, a eficácia da cirurgia assistida por endoscopia em termos de remoção
completa do tecido-alvo é comparável à das técnicas abertas tradicionais.

4.3. Cirurgia de Orifícios Naturais (NOTES): Ainda que NOTES seja uma abordagem
relativamente nova, os estudos preliminares sugerem que sua eficácia é promissora. Park
et al. (2020) descobriram que a colecistectomia transvaginal NOTES resultou em tempos
operacionais semelhantes aos da colecistectomia laparoscópica, mas com a vantagem de
uma recuperação pós-operatória mais rápida e sem cicatrizes visíveis.

No entanto, a eficácia não pode ser considerada isoladamente. A segurança é


uma preocupação equivalente, e estudos abrangentes são necessários para avaliar tanto
a eficácia quanto à segurança dessas novas abordagens. A escolha da estratégia cirúrgica
ideal também dependerá das necessidades específicas do paciente, das comorbidades
presentes e da experiência e habilidade do cirurgião.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A CMI tem transformado a prática cirúrgica ao reduzir o trauma da cirurgia e


melhorar os desfechos dos pacientes. Com o desenvolvimento contínuo de novas técnicas
e tecnologias, a CMI está pronta para continuar a evoluir e influenciar a prática cirúrgica no
futuro.

Os avanços e inovações na CMI são vastos e continuam a expandir, impactando


várias especialidades cirúrgicas. As intervenções de laparoscopia e robótica, cirurgia
assistida por endoscopia e cirurgia de orifícios naturais estão à frente desta evolução,
promovendo o potencial para um trauma cirúrgico ainda menor e melhores resultados para
os pacientes.

A eficácia da CMI é bem estabelecida, com desfechos a curto prazo favoráveis,


como menor dor pós-operatória, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. No
entanto, ainda há espaço para pesquisas futuras para melhor entender a eficácia a longo
prazo e os potenciais benefícios e limitações da CMI em populações específicas.

A preparação pré-operatória adequada e a seleção cuidadosa dos pacientes são


práticas essenciais para garantir os melhores desfechos. Além disso, a evolução das

155
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 13
técnicas de treinamento, como a simulação, tem o potencial de aumentar a proficiência e a
segurança dos cirurgiões na execução desses procedimentos avançados.

Ao olharmos para o futuro da prática cirúrgica, a CMI continuará a desempenhar


um papel central, com avanços contínuos e inovações promovendo uma transformação
ainda maior na maneira como a cirurgia é realizada.

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158
Capítulo Estratégias de prevenção de

14
doenças cardiovasculares
bem-sucedidas em pacientes
com histórico de hipertensão e
diabetes em comunidade rural
do estado de Rondônia – um
breve relato dos resultados da
implantação do Projeto Viver
Mais, como parte da prática de
especialização em Saúde da
Família UNA/SUS com pacientes
do Estratégia de Saúde da
Família
Solange Marçal Oliveira
Médica Clínica Geral, Pos Graduada em Medicina de Família e Comunidade,
(Fundação Oswaldo Cruz 2022). Responsável pela elaboração e orientação do
Projeto Viver Mais - Prevenção e Combate a Doenças Cardiovasculares em Pacientes
portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus da ESF Chico Mendes, Município
de Presidente Médici, em Rondônia (RO). Atualmente cursando Gestão em Saúde
Mental e Urgência e Emergência.

RESUMO

As doenças cardiovasculares (DCV) são alterações no funcionamento do


sistema cardíaco, sendo este responsável por transportar oxigênio e nu-
trientes necessários às células para essas executarem suas tarefas¹ Tais
doenças são consideradas um grande problema de saúde pública. Por se-
rem a principal causa de morte em todo o mundo, em especial nas popu-
lações dos grandes centros urbanos² Pacientes com histórico de hiperten-
são arterial e diabetes apresentam um risco significativamente maior de
desenvolverem DCVs. Neste artigo científico, exploraremos as estratégias
de prevenção e manejo dessas doenças em indivíduos com histórico de
hipertensão e diabetes, com base em um estudo³ realizado no período de
janeiro a maio de 2022, pela equipe do Estratégia Saúde da Família (ESF)
Chico Mendes, do Município de Presidente Médici, em Rondônia (RO),
na região Norte do Brasil. Serão abordados fatores de risco, intervenções
farmacológicas e não farmacológicas, bem como o papel da educação e
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.14 159
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
do suporte contínuo para melhorar os resultados clínicos.

Palavras-chave: doenças cardiovasculares. hipertensão. diabetes. prevenção.

ABSTRACT

Cardiovascular diseases (CVD) are changes in the functioning of the cardiac system, which
is responsible for transporting oxygen and nutrients needed by cells to perform their tasks¹
Such diseases are considered a major public health problem. Because they are the main
cause of death worldwide, especially in populations in large urban centers² Patients with a
history of arterial hypertension and diabetes have a significantly higher risk of developing
CVDs. In this scientific article, we will explore the prevention and management strategies of
these diseases in individuals with a history of hypertension and diabetes, based on a stu-
dy³ carried out from January to May 2022, by the team of the Family Health Strategy (ESF)
Chico Mendes, from the Municipality of Presidente Médici, in Rondônia (RO), in the North
region of Brazil. Risk factors, pharmacological and non-pharmacological interventions, as
well as the role of education and ongoing support in improving clinical outcomes will be ad-
dressed.

Keywords: cardiovascular diseases. hypertension. diabetes. prevention.

RESUMEN

Las enfermedades cardiovasculares (ECV) son alteraciones en el funcionamiento del siste-


ma cardíaco, que es el encargado de transportar el oxígeno y los nutrientes que necesitan
las células para realizar sus funciones¹. Dichas enfermedades se consideran un importante
problema de salud pública. Porque son la principal causa de muerte en todo el mundo, es-
pecialmente en poblaciones de grandes centros urbanos² Los pacientes con antecedentes
de hipertensión arterial y diabetes tienen un riesgo significativamente mayor de desarrollar
ECV. En este artículo científico, exploraremos las estrategias de prevenció n y manejo de
estas enfermedades en individuos con antecedentes de hipertensión y diabetes, a partir de
un estudio³ realizado de janero a mayo de 2022, por el equipo de la Estrategia Salud de la
Familia (ESF) Chico Mendes, del Municipio de Presidente Médici, en Rondônia (RO), en
la región Norte de Brasil. Se abordaran los factores de riesgo, las intervenciones farmaco-
lógicas y no farmacológicas, así como el papel de la educacion y el apoyo continuo para
mejorar los resultados clínicos.

Palabras clave: enfermedades cardiovasculares. hipertensión. diabetes. prevención.

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são um grupo de patologias que afetam o coração


e os vasos sanguíneos, incluindo doenças como infarto agudo do miocárdio, acidente
vascular cerebral (AVE), insuficiência cardíaca e hipertensão arterial (ALMEIDA FF, Barreto
SM, Couto BR, Starling CE,2003). Pacientes com histórico de hipertensão e diabetes
mellitus apresentam um risco aumentado de desenvolverem DCVs (MINISTÉRIO DA
SAÚDE) Indicadores de mortalidade.2011), o que torna a prevenção e o manejo dessas
condições particularmente importantes. Sendo necessário o uso de uma metodologia que
aponte caminhos viáveis não apenas ao desaparecimento ou minimização dos sintomas,

160
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
mas principalmente para controle de suas causas. No caso em específico, buscou-se como
método a implantação do que se chamou de Projeto Viver Mais – um programa de educação
em saúde ofertado ao público-alvo da Unidade de Saúde, com um cronograma de atividades
gratuitas, envolvendo profissionais de saúde da própria unidade e da comunidade, tais como
técnicos em enfermagem, educador em saúde e nutricionista, aliado a aferição regular dos
resultados desse programa, através de exames clínicos e laboratoriais antes, durante e
após a sua implantação.

Motivação

A Proposta de Intervenção foi elaborada com base nas necessidades dos usuários
da ESF Chico Mendes, localizada na zona rural, conforme já explicitado. ”A população
estudada é composta especialmente por idosos e adultos jovens, com idade entre 40 e
80 anos, em sua grande maioria adeptos de costumes alimentares e de sedentarismo que
colaboram para o aumento do risco de incidência dessas doenças. De fato, dentre os principais
problemas de saúde identificados, motivo de morbidade e mortalidade entre a população
coberta pelas unidades de saúde locais, estão AVC/AVE, hipertensão e cardiopatias.
Ao mesmo tempo, identificou-se também o consumo de alimentos industrializados em
detrimento de uma dieta mais natural, rica em nutrientes e sem conservantes; o contato
constante com agrotóxicos e a iminente contaminação de alimentos e água por resíduos,
mesmo havendo a possibilidade de cultivo orgânico, livre desses compostos químicos; e a
ausência da prática de atividade física - sedentarismo”. (MARÇAL, 2021).

Objetivo

Baixar os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pacientes


com histórico de hipertensão e diabetes.

Fatores de Risco

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares


em pacientes com hipertensão e diabetes incluem hipertensão não controlada, níveis
elevados de colesterol, tabagismo, sedentarismo, obesidade, estresse e dieta inadequada
(OPAS, 2020). É fundamental identificar e controlar esses fatores para reduzir o risco de
complicações cardiovasculares. No caso dos pacientes acompanhados pela equipe do ESF
Chico Mendes, as amostras de sangue e demais exames clínicos realizados ao longo do
período de análise, apontaram que a população-alvo do estudo, com idade entre 40 e 80
anos, encaixava-se particularmente no perfil de doenças de risco cardiovascular.

Intervenções Farmacológicas

A terapia medicamentosa desempenha um papel crucial na prevenção de DCVs


em pacientes com histórico de hipertensão e diabetes. Anti-hipertensivos, estatinas para
controle do colesterol, antiagregantes plaquetários e hipoglicemiantes são exemplos de
medicamentos frequentemente prescritos para esses pacientes. A adesão rigorosa à
medicação é essencial para garantir uma gestão adequada dessas condições. No entanto,
os efeitos colaterais e adversos da medicação, bem como o comodismo que o uso desses

161
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
medicamentos causa nos usuários, impactam diretamente no aparecimento de outros
fatores de risco, tais como a depressão e transtornos de ansiedade, em especial nos
pacientes idosos ou com redução de mobilidade.

Intervenções não farmacológicas

Além do tratamento farmacológico, intervenções não farmacológicas são igualmente


importantes na prevenção de DCVs, recomenda-se a adoção de uma dieta equilibrada, rica
em frutas, legumes, grãos integrais e com baixo teor de gordura saturada e sódio. A prática
regular de exercícios físicos também desempenha um papel significativo na redução do
risco cardiovascular. O controle do estresse e a cessação do tabagismo são outras medidas
cruciais. (SBC, 201). Justamente pelo baixo risco que essas intervenções apresentam e seus
vários benefícios, o estudo base desse artigo teve por principal recurso a implementação de
um projeto de educação alimentar e combate ao sedentarismo.

Por um período de cinco meses, pacientes regulares do ESF foram submetidos a


oficinas de educação alimentar, orientadas por nutricionistas, participaram de prática de
atividade física orientadas por um profissional de Educação Física e assistiram a palestra
de uma médica e uma psicóloga. Entre janeiro e maio de 2022, os pacientes passaram por
exames clínicos e laboratoriais para a aferição de dados que comprovassem os efeitos da
nova rotina.

Intervenções farmacológicas

Foram prescritas medicações fornecidas pela farmácia popular como, metformina,


glibenclamida, sinvastatinas, insulinas NPH e regular, alguns pacientes foram encaminhados
ao cardiologista e oftalmologista para avaliação de possíveis complicações e auxílio no
suporte. Para aferição de resultados foram usados exames laboratoriais, perfil lipídico,
hemoglobina glicada, função renal e medições antropométricas como peso, altura, IMC,
circunferência abdominal. Os pacientes com risco moderado regrediram para baixo risco,
e os pacientes de alto risco e alguns que usavam insulina regrediram para risco moderado
e voltaram a usar medicação via oral.

Paciente 1. H

Perfil lipídico Hba1c IMC Circunferência Abdominal

CT 236, Hdl 35, Ldl 125 8.5% 33 120 cm

CT 200, Hdl 48, Ldl 120 6,5% 28 110

Paciente 2. H

CT 254, Hdl 48, LDL 150 9,5% 40 138

CT 206, Hdl 54, Ldl 137 7,0% 36 123

Paciente 3. H

CT 210, Hdl 50, Ldl 141 8,0% 30 105

CT 178, Hdl 53, Ldl 130 6,9% 27 100

162
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
Paciente 4. H

CT 306, Hdl 36, Ldl 178 9,0% 35 125

CT 244, Hdl 58, Ldl 157 6,0% 29 110

Paciente 5. H

CT 253, Hdl 51, Ldl 162 8.5% 40 128

CT 193, Hdl 62, Ldl 132 6,3% 36% 110

Paciente 1. M

CT 300, Hdl 55, Ldl 181 10.5% 30 92

CT 223, Hdl 59, Ldl 152 7,0% 24 80

Paciente 2. M

CT 295, Hdl 33, Ldl 162 7.5% 26 95

CT 191, Hdl 59, Ldl 120 6,3% 23 88

Paciente 3. M

CT 342, Hdl 47, Ldl 173 10,0% 35 98

CT 220, Hdl 54, Ldl 138 6,8% 30 90

Paciente 4. M

CT 205, Hdl 58, Ldl 150 8,0% 24 80

CT 170, Hdl 60, Ldl 132 7,3% 21 75

Paciente 5. M

CT 219, Hdl 59, Ldl 160 8,9 18 75

CT 186, Hdl 61, Ldl 148 6,4% 17 73

Educação e suporte contínuo

A educação dos pacientes sobre a importância de seguir o plano de tratamento,


entender os benefícios dos medicamentos e mudanças no estilo de vida, bem como os
riscos associados à não adesão, foi essencial para a mudança de status de mais de 60%
dos participantes do projeto, que passaram de pacientes com risco potencial de desenvolver
doenças cardíacas, para pacientes com risco controlado. Além disso, o suporte contínuo
por meio de consultas regulares com profissionais de saúde, programas de educação em
grupo e acompanhamento personalizado ajudaram a manter a motivação e o engajamento
dos pacientes na prevenção e controle das DCVs.

Divulgação e dificuldades encontradas

Para maior sucesso da iniciativa, foi feita uma divulgação, pelos próprios agentes de

163
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
saúde, entre os pacientes atendidos nas semanas que antecederam às ações e enviadas
notificações via grupos de aplicativo.

Desde o princípio, por força da localização da Unidade de Saúde, a equipe já


antevia uma dificuldade a ser enfrentada: a locomoção de tantas pessoas no mesmo dia e
horário, até a o ESF, em datas e horários específicos, para que os profissionais parceiros
pudessem realizar as palestras e atividades propostas no Plano de Ação***.

Execução

Apesar das dificuldades, contando com o empenho de toda a equipe e com a


solicitude de profissionais capacitados, pudemos pôr em prática parte da PI, com certas
ressalvas. As datas alinhadas no Plano de Ação original tiveram de ser alteradas, devido a
questões de logística e, em especial, por conta da COVID-19, que restringiu as atividades
coletivas, no entanto, sem impedir que o projeto chegasse à sua conclusão.

No primeiro dia de atividades, aconteceu a palestra “Como chegar à melhor idade


com a melhor saúde: mantendo os níveis de colesterol e glicêmico sob controle após os
60”. A apresentação foi parte da atividade do anúncio do Projeto Viver Mais à comunidade.
Também nesse dia, uma farmacêutica ministrou uma minipalestra sobre os efeitos de
medicamentos utilizados para contenção dos sintomas da hipertensão e do diabetes e
enfatizando a importância da realização da atividade física e da alimentação saudável
como acessórios da prevenção e manutenção dos níveis de colesterol e açúcar no sangue.

No segundo dia dentro do Projeto Viver Mais, apesar das dificuldades locais,
conseguimos levar um profissional de educação física, que realizou atividades físicas com
a comunidade. Nessa oportunidade, durante uma hora e trinta minutos, os pacientes do
ESF Chico Mendes puderam aprender sobre os benefícios da prática diária de exercícios
físicos, como a diminuição do estresse e ansiedade, melhoria no humor e controle das
emoções, melhoria nos níveis de gordura e colesterol, aumento da capacidade respiratória
e controle da arritmia cardíaca.

Essas atividades acompanhadas aconteceram periodicamente e também foram


incentivadas para que os pacientes pudessem repetir essa rotina de exercícios em casa,
com limitações, mas de modo a não perderem o interesse e o ritmo.

Resultados

Dentro das possibilidades e considerando as atividades ofertadas, obtivemos


resultados satisfatórios. As duas intervenções realizadas surtiram um efeito bastante
interessante na comunidade, com boa presença e feedback de usuários na unidade**. A
experiência muito valeu para que fosse possível dimensionar a extensão dos problemas
que envolvem a comunidade e de nossa responsabilidade como profissionais de saúde. A
intervenção gerou boas expectativas na equipe da unidade, que se sentiu mais motivada a
realizar outras intervenções na comunidade.

Uma política pública possível

Uma abordagem multidisciplinar é recomendada para garantir a prevenção eficaz

164
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
de DCVs em pacientes com histórico de hipertensão e diabetes. Isso envolve uma equipe
médica composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas e profissionais de saúde mental
trabalhando em conjunto para fornecer um cuidado abrangente e personalizado. Os
resultados obtidos no ESF Chico Mendes comprovaram a eficácia dessa abordagem. A
boa prática implementada foi recebida com alegria pelas autoridades de Saúde locais, que
consideram estender o projeto Viver Mais às demais unidades de saúde do município,
tornando-o uma política pública municipal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com histórico de


hipertensão e diabetes é uma tarefa complexa, mas essencial. A combinação de intervenções
farmacológicas e não farmacológicas, com a educação e o suporte contínuo, pode reduzir
significativamente o risco cardiovascular nessa população. A conscientização sobre a
importância da prevenção e o acesso adequado aos cuidados de saúde são fundamentais
para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida desses pacientes e os profissionais
de saúde, em especial as esquipes dos ESFs, têm papel fundamental nesse resultado.
Finalmente, é preciso enfatizar que a proposta atende aos princípios do Sistema Único de
Saúde - SUS, em especial o princípio da integralidade. (VIEGAS; PENNA, 2013).

REFERÊNCIAS

ALMEIDA FF, Barreto SM, Couto BR, Starling CE. Predictive factors of in-hospital mortality and of
severe perioperative complications in myocardial revascularization surgery. Arq. Bras. Cardio. São
Paulo, v.80, n. 1, 2003.

RIBEIRO PRQ, Oliveira DM. Reabilitação cardiovascular, doença arterial coronariana e infarto
agudo do miocárdio: efeitos do exercício físico. Rev. Digital. 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Indicadores de mortalidade. C.8 Taxa de mortalidade específica por


doenças do aparelho circulatório [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Crônicas. Saúde apresenta atual cenário das doenças não
transmissíveis no Brasil. 16/09/2021. Arquivo digital.

OPAS. Organização Pan-Americana da saúde. OMS revela principais causas de morte e


incapacidade em todo o mundo entre 2000 e 2019. 9 dezembros 2020. Arquivo digital. 2021.

SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia SBC; Sociedade Brasileira de Hipertensão SBH e


Sociedade Brasileira de Nefrologia SBN. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. São Paulo:
2010. Arquivo digital. 2021.

VIEGAS, S. M. DA F.; PENNA, C. M. DE M. O SUS é universal, mas vivemos de cotas. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 18, p. 181–190, jan. 2013.

PROJETO VIVER MAIS - Prevenção e Combate a Doenças Cardiovasculares em Pacientes


portadores de Hipertensão e Diabetes. Unidade de Saúde Chico Mendes, Presidente Médici, RO,
Brasil. 2021.

165
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
ANEXO

Data Para quem Objetivo das Como serão Profissional Recursos ma- Resultados
ou pe- fazer? Po- ações a serem desenvolvi- (is) Respon- teriais e local esperados
ríodo pulação? realizadas das sável (is) pela de realização
ação
Março a Pacientes Controle perió- Coleta de Dra. Solange Luvas; Obter dados
maio de da ESF dico dos indica- sangue reali- Marçal e equi- Máscara cirúr- suficientes
2022 Chico Men- dores de risco, zadas a cada pe da ESF gica; para balizar
des, com mediante estra- 30 dias. Óculos de as ações de
histórico de tificação (ESCO- proteção; intervenção
diabetes RE DE FRAMIN- Agulha e se- em saúde
meliltus e GHAM); ringa descar-
hipertensão táveis;
arterial. Adaptador e
seringa des-
cartáveis;
Tubo a vácuo;
Algodão e
álcool 70%;
Interruptor
adesivo com
algodão
Garrote.
Planilha para
estratificação
de dados.
Unidade ESF
CHICO MEN-
DES I
Março a Pacientes Incentivar os Realização Dra. Solange Cadeiras da Diminuir o
maio de da ESF pacientes a de 2 Pales- Marçal e equi- unidade de percentual
2022 Chico Men- desenvolverem a tras gratuitas pe, com apoio saúde; de pacientes
des, com prática de ativida- (encontros de um educa- Máscaras; que apresen-
histórico de de física. quinzenais) dor físico da Projetor. tam médio e
diabetes e implanta- comunidade. Computador. alto risco de
meliltus e ção da fase Locais: Unida- incidência
hipertensão 1 do projeto de ESF CHI- de doença
arterial. VIVER MAIS, CO MENDES I cardiovascu-
de orientação e Pracinha da lar, hoje em
para a ativida- comunidade. 61.9%, para
de física, com menos que
aula pública 20%.
gratuita duas
vezes por
semana.
Março e Pacientes Incentivar os pa- Realização Dra. Solange Cadeiras da Diminuir o
abril de da ESF cientes a desen- de 2 Pales- Marçal e equi- unidade de percentual
2022 Chico Men- volveram hábitos tras gratuitas pe, com apoio saúde; de pacientes
des, com de alimentação (encontros de nutricionis- Máscaras; que apresen-
histórico de saudáveis. quinzenais) e ta local ou, na Projetor. tam médio e
diabetes implantação falta deste, um Computador. alto risco de
meliltus e da fase 2 do profissional Locais: Unida- incidência
hipertensão projeto VIVER de nutrição de ESF CHI- de doença
arterial. MAIS – com online. CO MENDES I cardiovascu-
orientação lar, hoje em
para a alimen- 61.9%, para
tação saudá- menos que
vel. 20%.

166
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 14
Data Para quem Objetivo das Como serão Profissional Recursos ma- Resultados
ou pe- fazer? Po- ações a serem desenvolvi- (is) Respon- teriais e local esperados
ríodo pulação? realizadas das sável (is) pela de realização
ação
Abril e Pacientes Contribuir para a Realização Dra. Solan- Cadeiras da Diminuir o
maio de da ESF continuidade das de encontros ge Marçal e unidade de estresse a
2022 Chico Men- práticas de vida semanais, equipe, com saúde; ansiedade,
des, com saudável pelos dentro do apoio de Máscaras; estimular
histórico de pacientes. Projeto VIVA profissionais Projetor. a prática
diabetes MAIS, com de terapias Computador. de terapias
meliltus e profissionais integrativas, Locais: Unida- alternativas a
hipertensão de terapias tais como: de ESF CHI- coadjuvantes
arterial. integrativas. acupuntura, CO MENDES no percentual
yoga, masso- I, Pracinha de pacientes
terapia, home- e Escola da que apresen-
opata, plantas comunidade. tam médio e
medicinais, alto risco de
etc. Caso não incidência
se encontre de doença
profissionais cardiovascu-
do tipo na lo- lar, hoje em
calidade, usar 61.9%, para
as tecnologias menos que
para palestras 20%.
online.
Maio de Pacientes Avaliação de Mensuração Dra. Solan- Luvas; Produção de
2022 da ESF monitoramento de fatores de ge Marçal e Máscara cirúr- um relatório
Chico Men- das atividades risco, através equipe da gica; com dados
des, com realizadas e da coleta Unidade. Óculos de que com-
histórico de mensuração de de sangue proteção; provem a
diabetes resultados. sistemática Agulha e se- eficácia das
meliltus e (Escore de ringa descar- ações imple-
hipertensão Framingham) táveis; mentadas,
arterial. de pacientes Adaptador e tendo como
da unidade seringa des- resultado fi-
de saúde em cartáveis; nal a diminui-
foco, cruzada Tubo a vácuo; ção do índice
com dados Algodão e de 61,9%
obtidos em álcool 70%; para menos
entrevistas Planilhas de 20%.
realizadas Excel e note-
pela equipe book.
junto a esses Local: Unidade
pacientes. ESF CHICO
MENDES I

** Em virtude da escassez de tempo para mensuração de resultados efetivos por


mais tempo, limitou-se o tempo de pesquisa conforme o Plano de Ação, com o compromisso
da equipe de saúde de realizar pesquisa posterior sobre novos hábitos adotados ou não
pela público-alvo, com novo rastreio de glicemia capilar e coleta para detecção de novos
resultados positivos.

167
Capítulo Hidroxiapatita de cálcio

15
como Bioestimulador na
reestruturação facial
Alessandra Licos Rodrigues

RESUMO

Este documento aborda a eficácia da Hidroxiapatita de Cálcio como um


bioestimulador para reestruturação facial. Através de pesquisa bibliográfi-
ca, análise crítica e revisão de estudos clínicos recentes, investigou-se a
ação da Hidroxiapatita de Cálcio nas camadas profundas da pele, estimu-
lando a síntese de colágeno, elastina e angiogênese. O estudo analisou
os resultados de aplicações da substância, especialmente quando combi-
nada com outras técnicas como toxina botulínica e ácido hialurônico, des-
tacando seu potencial para promover melhorias graduais e duradouras no
contorno e elasticidade da pele. Observou-se que a técnica de hiperdilui-
ção é crucial para resultados estéticos otimizados, minimizando reações
adversas transitórias. As descobertas reforçam o papel da Hidroxiapatita
de Cálcio como alternativa promissora para procedimentos de rejuvenes-
cimento facial.

Palavras-chave: hidroxiapatita de cálcio. reestruturação facial.


bioestimulação. preenchimento. colágeno.

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento facial é um fenômeno natural e


contínuo, influenciado por uma interação complexa de fatores intrínsecos
e extrínsecos que afetam a pele e suas estruturas subjacentes. Essas
mudanças, muitas vezes indesejadas, podem resultar em flacidez, perda
de contorno e redistribuição da gordura facial, contribuindo para os sinais
visíveis de envelhecimento. Este trabalho se propõe a explorar a eficácia
e os benefícios do uso da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador na
reestruturação facial, abordando suas ações, mecanismos e resultados.

As alterações anatômicas que ocorrem no envelhecimento facial


são marcantes e compreendem uma série de fatores que levam a perdas
de volume, atrofia de tecidos e alterações nos compartimentos de gordura.
Essas mudanças resultam em flacidez cutânea, perda de contorno e atrofia
muscular, contribuindo para a aparência envelhecida da face (ALMEIDA;
LEVY; BUZALAF, 2023; COIMBRA; URIBE; OLIVEIRA, 2013).

Diante dessa realidade, surge a necessidade de abordar soluções


que possam reverter ou minimizar os efeitos do envelhecimento facial.
Uma dessas abordagens é o uso da Hidroxiapatita de Cálcio como

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.15 168
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 15
bioestimulador, a qual se propõe a promover melhorias na qualidade da pele por meio da
estimulação da produção de colágeno. No entanto, ainda é necessário compreender em
profundidade como esse processo ocorre e quais resultados podem ser esperados.

Este trabalho pretende responder à seguinte pergunta: de que forma a Hidroxiapatita


de Cálcio atua como bioestimulador na reestruturação facial e quais são os benefícios
dessa abordagem? Para isso, serão examinados estudos científicos, relatórios e pesquisas
relacionadas ao uso da Hidroxiapatita de Cálcio em procedimentos estéticos faciais.

As hipóteses levantadas para este estudo são que a Hidroxiapatita de Cálcio age
estimulando a produção de colágeno na pele, resultando em melhorias na elasticidade,
firmeza e contorno facial. Além disso, espera-se que o uso dessa substância proporcione
resultados mais naturais e duradouros em comparação com outros métodos de
preenchimento.

O objetivo geral deste trabalho é investigar a eficácia e os benefícios do uso da


Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador na reestruturação facial. Para atingir esse
objetivo, os seguintes objetivos específicos serão considerados: compreender as alterações
anatômicas do envelhecimento facial, explorar a ação da Hidroxiapatita de Cálcio como
bioestimulador e analisar os mecanismos de ação, aplicação e resultados dessa abordagem.

A relevância deste estudo reside na busca por alternativas que promovam resultados
mais naturais e duradouros no rejuvenescimento facial, atendendo às demandas crescentes
por procedimentos estéticos. Além disso, o conhecimento gerado pode contribuir para
aprimorar a prática clínica, fornecendo informações embasadas cientificamente sobre o
uso da Hidroxiapatita de Cálcio como opção terapêutica.

Quanto à metodologia, este estudo se baseia em uma pesquisa bibliográfica


extensiva, analisando e sintetizando informações de estudos científicos, artigos acadêmicos,
livros e fontes confiáveis para embasar os conceitos apresentados neste trabalho.

A estrutura deste trabalho está organizada da seguinte forma: na seção de


Desenvolvimento, serão explorados em detalhes os aspectos do envelhecimento facial, a
ação da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador e os mecanismos de ação, aplicação
e resultados dessa abordagem. A Conclusão sintetizará as principais descobertas e insights
deste estudo, reiterando sua relevância na busca por abordagens mais eficazes e naturais
no campo da estética facial.

DESENVOLVIMENTO

Nesta seção, aprofundaremos a compreensão da eficácia, ação e benefícios


do uso da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador na reestruturação facial, com
base nas referências bibliográficas fornecidas. Serão explorados aspectos relevantes do
envelhecimento facial, as características da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador,
sua ação no estímulo à produção de colágeno e os resultados alcançados em tratamentos
de reestruturação facial.

169
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 15
Envelhecimento facial e alterações anatômicas

O envelhecimento facial é um processo intrincado que resulta da interação


entre fatores intrínsecos e extrínsecos ao longo do tempo. Tanto elementos genéticos
quanto influências externas, como exposição solar, poluição e hábitos de estilo de vida,
desempenham um papel fundamental no surgimento de sinais de envelhecimento na pele.
As alterações estruturais que ocorrem durante o envelhecimento facial são complexas e
abrangentes, afetando diversos componentes anatômicos da face.

A perda gradual da elasticidade da pele é uma das características marcantes do


envelhecimento facial. Isso é causado pela quebra e diminuição das fibras de colágeno e
elastina na matriz extracelular dérmica. O colágeno, uma proteína crucial para a sustentação
e firmeza da pele, é progressivamente degradado, levando ao aparecimento de rugas finas,
flacidez e perda de contorno facial (ALMEIDA; LEVY; BUZALAF, 2023).

Além disso, o envelhecimento facial está associado a mudanças nas estruturas


ósseas e na distribuição de tecido adiposo na face. A diminuição do volume de gordura
em certas áreas e a redistribuição de depósitos de gordura em outras contribuem para
a perda de definição facial e a diminuição dos contornos característicos da juventude. A
atrofia dos compartimentos de gordura e a migração para regiões inferiores da face são
fatores chave nas mudanças anatômicas que ocorrem com o tempo (COIMBRA; URIBE;
OLIVEIRA, 2013).

A combinação desses processos resulta na flacidez e perda de sustentação da pele,


além da formação de sulcos e do achatamento das áreas de iluminação que caracterizam
a aparência jovem. O processo de envelhecimento facial não se limita à pele; ele também
envolve músculos faciais, estruturas ósseas e compartimentos de gordura. Essas mudanças
interconectadas contribuem para a aparência envelhecida da face e impactam a harmonia
e proporção facial (COIMBRA; URIBE; OLIVEIRA, 2013).

Portanto, compreender o processo de envelhecimento facial e suas implicações


anatômicas é fundamental para a avaliação e seleção de abordagens eficazes de
reestruturação facial. A Hidroxiapatita de Cálcio, como um bioestimulador de colágeno,
tem demonstrado ser uma opção promissora para atenuar essas mudanças e restaurar a
aparência rejuvenescida da face (ALMEIDA; LEVY; BUZALAF, 2023).

Ação da hidroxiapatita de cálcio como Bioestimulador

A Hidroxiapatita de Cálcio, um notável avanço na área de procedimentos estéticos,


desempenha um papel fundamental como um bioestimulador de colágeno, oferecendo
uma abordagem inovadora para a reestruturação facial. Essa substância, que tem sido
amplamente estudada e utilizada, possui características únicas que a tornam uma escolha
atrativa para promover a revitalização da pele envelhecida.

Como material preenchedor semipermanente, a Hidroxiapatita de Cálcio não apenas


preenche áreas deficitárias, mas também age como um agente bioativo que desencadeia
respostas regenerativas na pele. Sua composição, semelhante à encontrada naturalmente
nos ossos e dentes humanos, contribui para sua biocompatibilidade e segurança,
minimizando as reações inflamatórias (LIMA; SOARES, 2020).

170
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 15
Quando injetada, a Hidroxiapatita de Cálcio cria um suporte tridimensional na derme
profunda. Esse arcabouço, formado por microesferas do material, serve como um estímulo
mecânico para as células da pele, ativando os fibroblastos a produzirem colágeno novo.
A neocolagênese induzida pela presença das microesferas leva a um aumento gradual
na elasticidade e firmeza da pele, resultando em uma aparência mais rejuvenescida e
contornos faciais mais definidos (GOLDBERG et al., 2018; LIMA; SOARES, 2020).

Um aspecto notável é a gradualidade da ação da Hidroxiapatita de Cálcio como


bioestimulador. A sua atuação progressiva permite resultados naturais, uma vez que
a síntese de colágeno ocorre ao longo do tempo, alinhando-se com o ritmo biológico
de regeneração da pele. Essa característica distingue a Hidroxiapatita de Cálcio de
preenchedores convencionais, que frequentemente proporcionam mudanças abruptas
(HADDAD et al., 2017).

No entanto, a eficácia da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador está


diretamente ligada à sua diluição adequada e à técnica de aplicação. A dosagem correta
e a diluição balanceada são cruciais para alcançar resultados ótimos, considerando as
características individuais do paciente e as áreas a serem tratadas. Em regiões de pele
mais fina, uma diluição maior pode ser necessária para evitar efeitos indesejados, como a
formação de nódulos (FARIA et al., 2020).

Assim, a Hidroxiapatita de Cálcio oferece um método avançado e eficaz para


promover a bioestimulação do colágeno e a reestruturação facial. Sua capacidade de
estimular gradualmente a produção de colágeno, associada à sua biocompatibilidade e
segurança, faz dela uma escolha promissora para restaurar a vitalidade da pele envelhecida.
No entanto, a escolha adequada da técnica e a avaliação precisa das necessidades do
paciente são cruciais para garantir resultados satisfatórios e naturais (GOLDBERG et al.,
2018; LIMA; SOARES, 2020).

Mecanismo de ação, aplicação e resultados

O mecanismo de ação da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador é um


processo intrincado que culmina em uma restauração gradual e duradoura da estrutura
da pele. Ao ser injetada, a Hidroxiapatita de Cálcio cria um suporte estrutural na forma
de microesferas, que serve como uma base para a neocolagênese, a síntese de novo
colágeno. Essa matriz tridimensional estimula os fibroblastos a produzirem colágeno,
uma proteína fundamental para a elasticidade e sustentação da pele (KNIRSCH; CRUZ;
PEREIRA, 2020).

O procedimento começa com a injeção da Hidroxiapatita de Cálcio, que é composta


por 30% de microesferas de hidroxiapatita e 70% de um gel carreador. Com o tempo,
esse gel é gradualmente absorvido pelo corpo, deixando para trás as microesferas de
hidroxiapatita. Esse processo de absorção e formação de colágeno ocorre ao longo de
vários meses, geralmente começando a ser mais visível após cerca de 4 meses após a
injeção (ALMEIDA; LEVY; BUZALAF, 2023).

A absorção do gel carreador e a neocolagênese resultante culminam em um efeito


volumizador na pele tratada. A produção contínua de colágeno entre as microesferas

171
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 15
de hidroxiapatita contribui para a melhora da elasticidade, firmeza e contorno da pele,
características fundamentais para uma aparência rejuvenescida. Esse efeito volumizador
pode persistir por um período que varia de 12 a 18 meses, o que é notável considerando a
natureza gradual do processo (LOGHEM et al., 2015; KNIRSCH; CRUZ; PEREIRA, 2020).

Contudo, é fundamental reconhecer que a aplicação da Hidroxiapatita de Cálcio


exige expertise técnica para obter os melhores resultados. A diluição adequada e a escolha
da técnica de injeção são fatores determinantes para evitar reações adversas e garantir
que o produto seja absorvido e distribuído de maneira uniforme. É importante lembrar que a
experiência do profissional na seleção de pacientes, avaliação das necessidades individuais
e execução adequada do procedimento são cruciais para alcançar resultados satisfatórios
(KNIRSCH; CRUZ; PEREIRA, 2020).

Assim, o uso da Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador oferece um


mecanismo sofisticado para promover a produção de colágeno, resultando em melhorias
significativas na qualidade da pele ao longo do tempo. Seu processo gradual de absorção
e formação de colágeno entre as microesferas de hidroxiapatita confere durabilidade aos
resultados, tornando-a uma opção atraente para aqueles que buscam um rejuvenescimento
facial natural e progressivo (LOGHEM et al., 2015; KNIRSCH; CRUZ; PEREIRA, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a Hidroxiapatita de Cálcio se destaca como um eficaz e promissor


bioestimulador para a reestruturação facial, atuando de maneira gradual e progressiva. A
abordagem difere dos preenchedores convencionais, estimulando a síntese de colágeno,
elastina e angiogênese, resultando em melhorias visíveis na flacidez e contorno facial.

O estudo concentrou-se na investigação do uso da Hidroxiapatita de Cálcio como


bioestimulador na reestruturação facial, explorando sua ação nas camadas mais profundas
da pele. A revisão da literatura e a análise crítica de estudos clínicos consolidaram a
segurança e eficácia da substância, bem como suas associações potenciais com a toxina
botulínica e o ácido hialurônico.

O equilíbrio adequado na diluição da Hidroxiapatita de Cálcio emerge como fator


essencial para otimizar resultados estéticos. A técnica de hiperdiluição, quando realizada
com precisão, distribui uniformemente a substância, estimulando a neocolagênese e
gerando melhoria gradual e duradoura da flacidez cutânea.

Reações adversas temporárias, como edema, eritema e equimoses, podem ocorrer


após a aplicação e tendem a desaparecer em semanas. A técnica de hiperdiluição minimiza
tais reações, proporcionando resultados naturais e harmoniosos.

A combinação da Hidroxiapatita de Cálcio com outros procedimentos, como a


toxina botulínica e o ácido hialurônico, revelou vantagens sinérgicas e resultados mais
abrangentes. A associação com preparações autólogas, como o Plasma Rico em Plaquetas
(PRP) e o Plasma Rico em Fibrina (PRF), demonstra grande potencial para a bioestimulação
do colágeno e volumização facial.

172
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 15
Em suma, a Hidroxiapatita de Cálcio como bioestimulador oferece abordagem segura
e eficaz para a reestruturação facial, proporcionando resultados duradouros e naturais.
Seu uso demanda compreensão profunda das características individuais dos pacientes
e conhecimento técnico para resultados satisfatórios. Com mais estudos e experiências
clínicas, o entendimento da aplicação da Hidroxiapatita de Cálcio na reestruturação facial
avançará, aprimorando as práticas de rejuvenescimento.

Por fim, o estudo contribui para disseminar o conhecimento sobre a Hidroxiapatita de


Cálcio como agente bioestimulador na reestruturação facial. Destacando suas vantagens,
mecanismos de ação e indicações clínicas, fornece informações fundamentais para
profissionais de saúde e pacientes interessados em rejuvenescimento facial, impulsionando
o progresso nesse campo.

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Capítulo 15
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174
Capítulo O potencial farmacológico

16
do gênero Ocimum e sua
importância na fitoterapia: uma
revisão de literatura
Alice Conceição Moraes Florêncio
Luiz Henrique da Silva Linhares

RESUMO

A fitoterapia se dá como um método alternativo para o tratamento, pre-


venção e mitigação de enfermidades através da utilização de plantas com
propriedades medicinais. Entre os grandes grupos que possuem esta apli-
cabilidade, está o gênero Ocimum, pertencente à família Lamiaceae, que
possui ampla distribuição geográfica e se caracteriza pela produção de
compostos aromáticos que podem apresentar diversas finalidades e, con-
sequentemente, gerar um grande valor comercial. Com isso, este trabalho
visa articular os principais pontos que despertam este interesse na indús-
tria fitoterápica pelas plantas do gênero Ocimum, através de uma revi-
são bibliográfica sistematizada. Foram consultados aproximadamente 30
trabalhos científicos, como artigos, livros, monografias e dissertações, se
preocupando em checar os dados, discutir as informações e com o com-
prometimento de atribuir as referências utilizadas aos respectivos autores.
Através desta pesquisa, foi possível conhecer as inúmeras aplicações dos
princípios ativos produzidos por essas plantas e sua atuação em diversas
áreas importantes da fitoterapia.

Palavras-chave: fitoterapia. plantas medicinais. tratamento. gênero


Ocimum.

ABSTRACT

Phototherapy is an alternative method for the treatment, prevention and


mitigation of diseases through the use of plants with medicinal properties.
Among the large groups that have this applicability is the genus Ocimum,
belonging to the Lamiaceae family, which has a wide geographic distribu-
tion and is characterized by the production of aromatic compounds that
can have different purposes and, consequently, generate great commercial
value. This work aims to articulate the main points that arouse this interest
in the herbal industry for plants of the genus Ocimum, through a systematic
bibliographical review. Approximately 30 scientific works were consulted,
such as articles, books, monographs and dissertations, with the concern to
verify the data, discuss the information and with the commitment to include
the references used to the respective authors. Through this research, it
was possible to know the numerous applications of the active principles
produced by these plants and their performance in several important areas

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.16 175
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
of phototherapy.

Keywords: Phytotherapy. medicinal plants. treatment. genus Ocimum.

INTRODUÇÃO

A utilização de plantas como um recurso terapêutico – a fitoterapia – é uma prática


passada de geração para geração. Desde a antiguidade, o ser humano interage com o
ambiente à sua volta com a finalidade de suprir suas necessidades, seja de sobrevivência
ou de bem-estar. Segundo Badke et al. (2019), a primeira referência escrita sobre o uso de
plantas como remédios é encontrada na obra chinesa Pen Ts’ao (“A Grande Fitoterapia”), de
Shen Nung, que remonta a 2800 a.C., embora existam relatos deste uso em praticamente
todas as antigas civilizações.

Mesmo com o avanço da indústria farmacêutica, o uso popular de plantas para fins
medicinais continua sendo bastante relevante, visto que o acesso a medicamentos ainda
pode ser restrito dependendo de fatores como classe social, localidade e precarização do
conhecimento, que acaba induzindo o saber empírico (MATTOS et al., 2018). Além disso,
este consumo também perpassa por aspectos culturais de várias populações. A medicina
alternativa Ayurveda, bastante difundida na Índia, tem como base o tratamento de vários
distúrbios através de medicamentos com uma origem mais natural (WANJARKHEDKAR et
al., 2022). No Brasil, a história da utilização de plantas no tratamento de doenças apresenta
influências da cultura africana e indígena, que a utilizavam em rituais religiosos ou para fins
de cura (DORNELLES et al., 2022).

Devido a possibilidade de gerar mais lucros e até mesmo numa tentativa de


democratizar o acesso à saúde, a fitoterapia desperta o interesse de pesquisadores e órgãos
governamentais. Esta relação entre conhecimento popular e comunidade acadêmica acaba
sendo estreitada através dos vários estudos feitos ao longo dos anos, que comprovara a
eficácia dos ativos presentes nessas plantas de interesse biotecnológico. Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática do uso de plantas medicinais é tida como
a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial (FERREIRA
E PINTO, 2010).

Um dos principais grupos utilizados na fitoterapia é o gênero Ocimum, que tem


como uma de suas principais características a presença de compostos aromáticos devido a
uma forte produção de óleos essenciais e que, por sua vez, possuem diversas finalidades,
sejam elas para fins condimentares, medicinais, ornamentais e emprego nas indústrias
farmacêutica, de cosméticos e perfumaria (BLANK et al., 2010; ROSADO et al., 2011),
gerando um interesse econômico relacionado aos atributos encontrados nestas plantas.

O gênero Ocimum, pertencente à família Lamiaceae, possui ampla distribuição


geográfica e pode ser encontrado em muitos ambientes, com predileção por regiões tropicais
e subtropicais. No Brasil, pressupõe-se que sejam 11 espécies nativas (FERNANDES,
2014) e são popularmente conhecidas como manjericão ou alfavaca. As plantas do gênero
Ocimum são uma rica fonte de vários fitoquímicos, incluindo taninos, ácidos fenólicos,
antocianinas, fitoesteróis e policosanóis. Esses fitoquímicos têm o potencial de impactar

176
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
significativamente a saúde humana. Seu caráter medicinal está atrelado à presença de
óleos essenciais que possuem uma vasta aplicabilidade. São vários os ensaios presentes
na literatura que indicam uma ação antifúgica, antibacteriana, antitumoral, entre outras
bioatividades (BHATTACHARJYA et al., 2019)

Por Ocimum possuir estes requisitos, este trabalho tem como objetivo apresentar,
através de uma revisão bibliográfica, os principais parâmetros que respaldam o potencial
farmacológico atrelado ao gênero e destrinchar os principais pontos que despertam esse
interesse numa área de forte crescimento econômico como a fitoterapia.

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido seguindo os preceitos de um estudo exploratório,


através de uma pesquisa bibliográfica proposto por Gil (2008) e que, segundo ele, é feita
a partir de um material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos. Foram
consultados aproximadamente 30 trabalhos científicos que abordam a temática, tanto no
idioma português quanto o inglês. Também foram selecionadas monografias, dissertações
e livros presentes na literatura, a fim de enriquecer as referências necessárias para os
problemas propostos. A pesquisa foi efetuada em bancos de dados e sites de acesso
gratuito, assim como bibliotecas online de várias universidades.

A coleta de dados seguiu a partir da leitura exploratória e seletiva do material


encontrado, verificando e se aprofundando nas obras de interesse para o trabalho. Em
seguida, foi feito o registro das informações retiradas das fontes, com a finalidade de
ordenar e sumariar as informações contidas nos materiais, podendo ter a possibilidade de
esmiuçar e esclarecer a temática e seus problemas propostos.

Houve o comprometimento em citar os autores utilizados ao longo do estudo,


respeitando e seguindo normas vigentes acerca da metodologia considerada ideal,
dispondo sobre os elementos a serem incluídos e orientando a compilação e produção de
referências. É importante frisar que os dados foram coletados exclusivamente com uma
finalidade científica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Atividade Antifúngica

Os fungos, apesar de terem seus aspectos positivos, acabam trazendo malefícios


à agricultura e à saúde humana, gerando doenças que acarretam muitos prejuízos. Os
compostos químicos produzidos por plantas como as do gênero Ocimum podem ajudar a
sanar este tipo de problema. Segundo Mota (2022), os terpenos são indiscutivelmente os
compostos mais ativos contra bactérias, fungos e protozoários, agindo possivelmente na
desorganização da estrutura de sua membrana. Além disso, estudos sugerem que esta
atividade também pode estar relacionada a ligações de hidrogênio que o composto pode
realizar, caso possua em sua estrutura um anel aromático com um ou mais grupos hidroxilas,
possivelmente interagindo com os sítios ativos das enzimas microbianas (FOREZI et al.,
2021).
177
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
As propriedades antimicrobianas de condimentos e óleos essenciais podem ser
importantes para a indústria alimentícia, já que podem promover um efeito inibidor de micro-
organismos patogênicos presentes em alimentos (BIZZO et al., 2022). Em um estudo que
visa investigar a contaminação por fungos e aflatoxinas de algumas especiarias, Kumar et
al. (2010) avaliou a eficácia do óleo essencial (OE) de Ocimum gratissimum, quimicamente
caracterizado como antifúngico e antioxidante. O óleo essencial também foi submetido
a testes para comprovar sua eficácia como aditivo alimentar seguro. Concluiu-se que o
OE de O. gratissimum pode ser recomendado como aditivo para proteger as especiarias
de fungos deterioradores e contaminação por aflatoxinas, bem como melhorar a vida útil
dessas especiarias, com base em sua atividade antioxidante descrita.

Estudos recentes de Castro et al. (2019) demonstram que a produção de óleos


essenciais em O. gratissimum com ação anti-fúngica varia tanto em função da época do
ano, como durante o ciclo cicardiano. Neste sentido, a produção de Timol durante a estação
chuvosa é significantemente menor às 12h enquanto para γ-Terpineno ocorre o oposto, ou
seja, neste período o composto alcança a sua máxima concentração.

Atividade Antibacteriana

Devido ao aumento significativo do número de bactérias que apresentam uma certa


resistência aos fármacos disponíveis no mercado e as dificuldades para desenvolver e lançar
novos antimicrobianos com o uso da metodologia tradicional de triagens para produção
de drogas, surgiu-se a busca por estudos que indiquem novas alternativas de combate à
proliferação desses organismos, através de compostos sintéticos e naturais originados de
plantas (KUMAR et al., 2010). Souto, S. D. A., Sobreiro, A. A., & Carvalho, H. H. C. (2006)
confrontaram extratos hidroalcoólicos de três plantas do gênero (Ocimum gratissimum,
Ocimum selloi Benth e Ocimum basilicum) com agentes zoonóticos transmissíveis por
20 alimentos, como os gram-positivos Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis; e
gram-negativos como Escherichia coli e Salmonella enteritidis. As extrações das diferentes
plantas apresentaram capacidade de inativação ou de inibição seletivas sobre os diferentes
inóculos bacterianos estudados, atestando o seu caráter antibacteriano anteriormente
relatado na literatura.

Em relação a bactérias multirresistentes, Melo et al. (2019) descreveu a ação de


óleos essenciais de O. gratissimum L. sobre linhagens de Staphylococcus aureus resistente
a eritromicina, clindamicina, ciprofloxacina, orfloxacina, moxifloxacina, benzilpenicilina e
oxacilina e linhagens de Escherichia coli resistente a ampicilina, cefelotina, ciprofloxacina,
orfloxacina e ácido nalidixo. Neste ensaio também foi verificada a capacidade de atuação do
OE de O. gratissimum L. sobre biofilmes destes micro-organismos, bem como seu aumento
de eficácia quando associados ao uso de antibióticos.

Atividade Antitumoral

O câncer é uma doença complexa e um dos grandes problemas de saúde no mundo


atual, sendo responsável por 9,6 milhões de mortes em 2018. A nível global, uma em cada
seis mortes são relacionadas à doença e aproximadamente 70% das mortes por câncer
ocorrem em países de baixa e média renda. Devido a essa grande demanda, a busca por

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
alternativas ao tratamento convencional, ao rápido desenvolvimento, emprego de técnicas
e equipamentos analíticos e aos avanços tecnológicos, muitas drogas extraídas de fontes
naturais com potencial antitumoral têm sido desenvolvidas (FERLAY, 2021).

Entre as plantas mais citadas, o gênero Ocimum se destaca pela sua composição
química, que traz vários compostos utilizados e testados em estudos preliminares, mostrando
uma atividade anticarcinogênica. Mohammadi et al. (2014) testou o óleo essencial e o
extrato metanólico de raízes e partes aéreas de Ocimum basilicum numa linhagem celular
cancerígena e pôde observar que, em comparação com os controles, tanto o óleo quanto
o extrato mostraram dados bastante significativos, validando o uso tradicional desta erva
medicinal como medicina complementar e alternativa. Neste sentido, o extrato metanólico
de O. basilicum L. inibiu linhagens cancerígenas de leucemia do sangue promielocítica
(HL60) (NAIDU et al., 2016).

Foi relatado o efeito antitumoral em Ocimum gratissimum em células no


adenocarcinoma pulmonar humano, embora seu sucesso ainda seja incerto. Han-Min
Chen et al. (2011) objetivou investigar se o extrato aquoso afetava a viabilidade e os
sinais induzidos nas células do adenocarcinoma. Os ensaios revelaram que o extrato de
O. gratissimum diminuiu significativamente a viabilidade, induziu o encolhimento celular e
condensação do DNA, o que pode ter resultado na ativação da sinalização apoptótica e da
inibição da sinalização antiapoptótica, sugerindo que O. gratissimum pode ser benéfico ao
tratamento do carcinoma de pulmão. Dhandayuthapani et al. (2015) também testou extratos
etanólicos de Ocimum tenuiflorum em células de câncer de próstata e constatou-se que
os extratos podem efetivamente induzir a apoptose das células por meio da ativação da
caspase-9 e caspase-3, que podem eventualmente levar à fragmentação do DNA e morte
celular.

Atividade Antioxidante

Junto com as atividades mencionadas, os compostos presentes nas plantas do


gênero Ocimum também podem possuir outros tipos de ações, já relatadas na literatura
(BHATTACHARJYA et al., 2019). Em relação a atividade antioxidante diversas espécies
de Ocimum e seus extratos ou óleos essenciais apresentam esta ação (BHATTACHARYA
et al., 2014). Neste sentido, Filip et al. (2016) demonstraram esta atividade a partir da
técnica de extrações CO2, que gerou um extrato com boa capacidade antioxidante. Os
autores ainda identificaram a presença de linalol, eugenol, α-bergamoteno, germacreno D,
γcadineno, δ-cadineno e β-selineno.

Em um estudo utilizando O. sanctum, O. basilicum e O. canum, Bhattacharya et al.


(2014) observou que O. canum apresentava carotenoides, compostos fenólicos e flavonóide
como compostos antioxidantes, enquanto O. sanctum apresentou riboflavina e tiamina.

Atividade Anti-inflamatória

Os extratos de Ocimum contêm constituintes que possuem efeitos anti-inflamatórios.


Os efeitos anti-inflamatórios dos compostos fenólicos do óleo O. basilicum obtidos por meio
de extrato de folhas e de calos de folhas sobre células de macrófagos RAW 264.7 foram
descritos por Aye et al. (2019). Neste trabalho foi observado que ao adicionar tais extratos

179
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
em cultura de macrófagos murinos estimulados com lipopolissacarídeo bacteriano (LPS),
diminuía a produção de óxido nítrico nos mesmos.

Em extração direcionada para seleção de compostos com atividade antioxidante de


folhas e caules frescos de Ocimum sanctum, foram selecionados 7 compostos (cirsilineol,
cirsimaritina, isotimusina, isotonmonina, apigenina, ácido rosmarínico e eugenol). Estes
compostos foram então submetidos a ensaios para avaliar a capacidade antioxidante
(utilizando a taxa de peroxidação de lipossomas) e anti-inflamatória (pela inibição da
atividade da enzima ciclooxigenase). Os autores concluíram que o composto majoritário
eugenol era o componente com maior atividade antioxidante e anti-inflamatória (KELM et
al., 2000).

Para investigar o efeito anti-inflamatório do óleo de Ocimum basilicum L., Rodrigues


et al. (2016) investigaram os efeitos in vivo utilizando como modelos o sistema de edema
de pata, peritonite, permeabilidade vascular e inflamação granulomatosa para analisar
inflamações aguda e crônica. O mecanismo de ação anti-inflamatório também foi analisado
pela investigação das vias histamina e do ácido araquidônico. Esses pesquisadores
descobriram que o óleo essencial de O. basilicum L. e um de seus componentes principais
(estragol) reduziram significativamente o edema de pata induzido por carragenina e
dextrano.

Atividade Hipoglicemiante

A atividade hipogligêmica foi testada por Chattopadhyay (1993), através do extrato


metanólico das folhas de Ocimum gratissimum, avaliado em ratos diabéticos normais e
induzidos por aloxana. A injeção intraperitoneal do extrato reduziu significativamente os
níveis plasmáticos em ratos normais e diabéticos em 56 e 68%, respectivamente.

Em experimentos em coelhos com diabetes induzida por aloxana, efeitos


antioxidantes e hipoglicêmicos de O. basilicum L., O. tenuiflorum L., O. canum Sims e
O. gratissimum L. foram relatados. Nestes experimentos verificou-se uma diminuição
significativa nos níveis de glicose no sangue quando comparada com coelhos diabéticos de
controle. Esse efeito hipoglicemiante estava relacionado, segundo os autores, ao potencial
antioxidante do extrato. As evidências apresentadas incluem a recuperação dos níveis de
malondialdeído e da maioria dos antioxidantes endógenos enzimáticos e não enzimáticos
(BHATTACHARJYA et al., 2019).

Proteção cardiovascular

Segundo Bhattacharjya et al., (2019) durante a investigação sobre os efeitos


promotores da saúde da dieta asiática, foi revelada, há décadas, que o consumo de óleo de
O. basilicum L. é um fator-chave na proteção cardiovascular daquelas populações. Estudos
de Amrania et al. (2009) verificou a atividade vasorrelaxante do endotélio dependente
da agregação antiplaquetária do extrato aquoso de O. basilicum. Para tanto, os autores
verificaram o efeito vasorrelaxante na aorta torácica de ratos que foram alimentados com
dieta hipercolesterolêmica, juntamente com uma administração intragástrica de extrato de
O. basilicum por um período de 10 semanas. Como resultado, o extrato de O. basilicum
exerceu um efeito vasorelaxante significativo além de tender a suprimir as contrações

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 16
elevadas induzidas por HCD. O extrato inibiu a agregação plaquetária induzida por ADP em
53% na dose de 5 g.L-1. A ativação plaquetária induzida por trombina também foi reduzida
em 42%.

A oxidação do colesterol LDL é uma das principais etapas na indução de lesões


ateroscleróticas, aumentando os danos ao lado arterial através de vários processos,
incluindo liberação de fator de crescimento e expressão de proteínas quimiotáticas, processo
inflamatório e migração de macrófagos nestes locais. Neste sentido, o extrato etanólico das
folhas do óleo de O. basilicum L. inibe fortemente a oxidação do LDL induzida por sulfato de
cobre indicando um possível mecanismo da bioatividade do extrato (BRAVO et al., 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das informações apresentadas, podemos observar que as espécies do


gênero Ocimum estabeleceram o seu valor comercial como planta aromática na Fitoterapia,
atestando o seu grande potencial econômico;

Sob a ótica de metabólitos secundários, o gênero Ocimum se destaca pela


capacidade de produção de diversos compostos bioativos, que podem ser utilizadas na
produção de fitomedicamentos para diversas áreas de interesse medicinal;

Finalmente, o gênero Ocimum oferece amplas oportunidades de pesquisa básica e


tecnológica que pode e deve ser aproveitada na indústria fitoterápica.

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183
Capítulo A epilepsia em pacientes

17
pediátricos e os benefícios pelo
tratamento com canabidiol
Epilepsy in pediatric patients
and the benefits of treatment
with cannabidiol
Bárbara Cristina Andrade Ferreira
Lais Xavier Kretli
Livia de Oliveira Silva
Rívia Carla Ferreira de Lima
Vanilda Pacheco Martins

RESUMO

A epilepsia é uma doença neurológica crônica que afeta principalmente


crianças, nas quais seus sinais motores, sensitivos e sensoriais podem
ser comprometidos. O indivíduo acometido pela enfermidade, na maioria
das vezes, tem episódios de crises convulsivas que variam de acordo com
a área comprometida do cérebro. O Canabidiol no tratamento da doença
bloqueia a recaptação da anandamida, aumentando sua disponibilidade
na fenda si náptica e isso permite ampliar a sinalização dos endocana-
binoides na sinapse. O objetivo deste estudo consiste em descrever as
manifestações e efeitos das crises epilépticas em crianças e abordar o
manejo clínico e terapêutico destes pacientes através do tratamento com
Canabidiol. Os dados bibliográficos coletados provem de artigos científi-
cos utilizando o levantamento bibliográfico das palavras “epilepsia,” “doen-
ças neurológicas,” “Canabidiol,” “síndrome epiléptica infantil”. É possível
concluir que a substância Canabidiol, quando utilizada com anticonvulsi-
vantes, pode promover melhora parcial ou total do quadro clínico, já que a
maioria dos anticonvulsivantes usados isoladamente não podem controlar
efetivamente as crises epilépticas.

Palavras-chave: epilepsia. doenças neurológicas. Canabidiol. síndrome.


epiléptica infantil.

ABSTRACT

Epilepsy is a chronic neurological disease that mainly affects children, in


which their motor, sensory and sensory signs can be compromised. The
individual affected by the disease, most of the time, has episodes of seizu-

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.17 184
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
res that vary according to the affected area of the brain. Cannabidiol in the treatment of the
disease blocks the reuptake of anandamide, increasing its availability in the synaptic cleft
and this allows to increase the signaling of endocannabinoids in the synapse. The objective
of this study is to describe the manifestations and effects of epileptic seizures in children
and to address the clinical and therapeutic management of these patients through treatment
with Cannabidiol. The collected bibliographic data comes from scientific articles using the
bibliographic survey of the words “epilepsy,” “neurological diseases,” “Cannabidiol,” “infanti-
le epileptic syndrome”. It is possible to conclude that the substance Cannabidiol, when used
with anticonvulsants, can promote partial or total improvement of the clinical condition, since
most anticonvulsants used alone cannot effectively control epileptic seizures.

Keywords: epilepsy, neurological diseases, cannabidiol, childhood. epileptic syndrome.

INTRODUÇÃO

Considerando a efetividade e o crescimento das buscas por tratamentos das doenças


neurológicas, estudos com a utilização de plantas medicinais vêm sendo reconhecidos
como uma alternativa para o tratamento de diversos distúrbios neurológicos. Entre estes
destaca-se a epilepsia, um dos distúrbios mais comuns que afeta principalmente indivíduos
com idade pediátrica (SILVA et al., 2014).

A epilepsia é uma das enfermidades neurológicas crônicas mais frequente em


crianças e adolescentes e manifesta - se através de crises epilépticas (convulsivas)
involuntárias recorrentes, de forma a alterar temporariamente os sinais motores, sensitivos
e sensoriais, podendo interferir ou não no estado de consciência do indivíduo. É de etiologia
multifatorial, incluindo infecções, traumatismos, distúrbios metabólicos, congênita ou de
origem genética e estrutural (LEITÃO et al., 2020).

Estimativas indicam que a prevalência no Brasil seja de 1,4% da população em


geral, porém, existem variações de dados e informações impossibilitando a obtenção de
uma base estatística precisa (TAVARES et al., 2015).

Conforme observado, tem crescido a busca pelo tratamento da epilepsia a base de


agentes terapêuticos. O Canabidiol, (um dos derivados canabinoides da planta cannabis
sativa) vem sendo utilizado no tratamento mostrando eficácia nos resultados com efeito
reconhecido e regulamentado no Brasil pelo Conselho

Federal de Medicina (CFM) através da resolução n° 2.113/14 e autorizado pela


(ANVISA) Agência Nacional de Vigilância Sanitária (COSTA et al., 2020).

METODOLOGIA

Realizou-se revisão de literatura em artigos científicos nas bases de dados


PUBMED, Science & Technology do portal periódico CAPES, BV Salud, SCIELO e google
acadêmico. As palavras-chaves para o levantamento bibliográfico foram: “epilepsia,”
“doenças neurológicas,” “Canabidiol,” “síndrome epiléptica infantil.”

Os artigos selecionados obedeceram aos seguintes critérios de inclusão:


Classificação das crises e o uso do Canabidiol como tratamento da epilepsia; as definições
185
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
da epilepsia e as descobertas sobre o Canabidiol, publicados em períodos diversos por
se tratar de referências mais relevantes para o tema. Após a leitura dos títulos e artigos
encontrados foram excluídos os que não estavam relacionados ao objetivo proposto.

DESENVOLVIMENTO

Epilepsia

O neurologista Henri Gastaut (1973) definiu epilepsia como:

“Uma desordem crônica do cérebro por várias etiologias, caracterizada por crises
recorrentes devido à descarga de neurônios cerebrais [...].

Crises epilépticas isoladas ou ocasionais, ocorrendo em doenças agudas, não de-


vem ser classificadas como epilepsia.” (MOREIRA, et al., 2004).

Durante o início de uma crise epiléptica, ocorre a ´´Epileptogênese´´, transformação


de uma rede neural normal para uma sequência de descargas elétricas anormais, excessivas
e sincronizadas, que afetam o córtex cerebral. As crises da epilepsia atingem cerca de 50
milhões de pessoas no mundo, caracterizando-se como uma doença comum (COSTA et
al., 2012). Doença mais frequente principalmente na infância, na qual uma grande área de
problemas afeta a qualidade de vida da criança, possuindo um alto índice de problemas de
comportamento e de aprendizagem (SOUZA et al., 1999).

Crises epilépticas ocorrem em diversos jovens antes dos 20 anos de idade, desta
forma muitos pacientes sofrem sua primeira crise epiléptica em um período crítico, abalando
seus comportamentos e desenvolvimentos sociais, causando, assim, prejuízos que podem
perpetuar pela vida inteira (SOUZA et al., 1999). Em média, as crises epilépticas atingem
cerca 50 milhões de pessoas no mundo, 40 milhões delas em países em desenvolvimento.
Sendo assim, observa-se, diante da pesquisa, que a epilepsia é um frequente transtorno
neurológico sério, que atinge qualquer indivíduo, independentemente de seu sexo ou de
sua raça (MARCHETTI et al., 2005).

Classificações

As classificações das crises epilépticas foram consideradas idiopática, sintomática


ou criptogenética (GUILHOTO et al., 2011). A Epilepsia sintomática é caracterizada como
aquela que é possível a detecção por meio de lesões, quando a detecção não é possível,
é chamada de “provavelmente sintomática”. Já na epilepsia idiopáticas a causa é por
mutações genéticas (GITAL et al., 2008).

Na epilepsia criptogenética ocorre algumas alterações morfológicas no cérebro,


as quais são vistas apenas atrás do microscópio, acarretando em lesões digenéticas
menores, mas também podem ser vistas lesões secundárias a traumatismos ou em zonas
que teve perda neuronal (COUTINHO et al., 1993). Outro conceito bastante abordado são
as generalizadas focais, classificadas por meio de crises epilépticas que acontecem nas
redes neuronais. O conceito “generalizada focal” não é aplicado no caso de síndromes
eletroclínicas, crises focais caracteriza-se de acordo com suas manifestações (GUILHOTO
et al., 2011).

186
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
Etiologia

A origem da epilepsia são as crises cerebrais sendo elas tensas ou complicadas,


porém podem ocorrer as duas no mesmo indivíduo (LIMA et al., 2005).

Durante a Idade Média, pessoas com epilepsia eram evitadas, perseguidas e


torturadas durante muito tempo. No Renascimento tentaram colocar a epilepsia como
uma doença física, no entanto a epilepsia começou a ser considerada como uma doença
neurológica somente no iluminismo (GOMES et al., 2006).

O esquema de Meldurm e Bruton apresenta como funciona a divisão patológica


da epilepsia, a qual divide-se em sintomáticas e criptogenéticas. No caso da epilepsia
sintomática está incluída todas as causas orgânicas desencadeadoras, como malformações,
infecções e traumatismos. No cérebro acontece distúrbios da migração neuronal que
causam alterações congênitas, afetando o sistema nervoso periférico e entrando no grupo
de casos que manifestaram epilepsia intratável. No tratamento, os pacientes são submetidos
a cirurgias para a retirada da área anormal (COUTINHO et al., 1993).

Alterações genéticas são causas primárias da epilepsia, quando seu efeito


é estabelecer as crises, neste caso, pacientes geralmente tem mutações em um único
lócus gênico. Genes portadores de lesões ganham o nome de genes de susceptibilidade.
Pesquisadores acreditam que estas alterações são polimórficas do sistema nervoso
periférico e o risco de crises epilépticas é alto (GITAL et al., 2008).

Síndrome epiléptica infantil

Muitas crianças com epilepsia apresentam um distúrbio com duração autolimitada,


o qual tende à remissão espontânea após um período breve, possibilitando um controle das
crises relativamente fácil. É difícil distinguir no início do tratamento qual criança responderá
às drogas antiepilépticas (DAE), e casos intratáveis podem ser encontrados em todas as
síndromes epilépticas. Cerca de metade das crianças que apresentam a primeira crise,
apresentará uma outra. Este número, entretanto, é dependente do tipo de crise (CAMFIELD
et al., 1985).

As formas comuns de epilepsia na infância contrapõem-se com as encefalopatias


epilépticas, representadas por formas de epilepsia que se instalam em crianças previamente
normais e que agem com deterioração cognitiva e causando déficits neurológicos progressivos.
Na encefalopatia epiléptica, acredita-se que a anormalidade persistente da atividade
elétrica cerebral, ao promover modificações sinápticas, seja responsável por alterações
permanentes nos circuitos cerebrais. As formas graves de epilepsia são encontradas na
encefalopatia epiléptica, promovendo crises generalizadas e focais, as quais devem ser
consideravelmente controladas e minimizadas pelo tratamento. Nesse caso, a melhora das
crises mistas só é possível em regime de politerapia, no qual determinam síndromes como
encefalopatia mioclônica precoce, síndrome de Ohtahara, síndrome de West, síndrome de
Dravet (epilepsia mioclônica severa da infância), síndrome de LennoxGastaut, síndrome de
Landau-Kleffner e epilepsia com ponta onda contínua durante o sono lento (ISOJARVI et
al., 1993).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
O uso das drogas antiepilépticas no tratamento não permanece por muito tempo em
crianças, porque as pesquisas mostraram que depois de dois anos de crises controladas,
uma análise dos estudos feita pelo neurologista pediatra Shlomo Shinnar concluiu que a
porcentagem de pacientes sem crises com o tratamento de DAE é de 70%. Analisou-se
critérios para a recorrência de crises focais, disfunção neurológica, etiologia sintomática
remota e alterações no Eletroencefalograma (ENGEL et al., 2001).

Diagnóstico

Para o diagnóstico, considera-se diversas variáveis: tipos de manifestações


clínicas, idade de início, modo de evolução dos sintomas, momento de ocorrência das
crises, fatores desencadeantes, desenvolvimento neuropsicomotor, doenças associadas,
eventos precipitantes, além de dados obtidos de exames complementares como o
Eletroencefalograma (EEG), Tomografia de Crânio (TC), Ressonância de Encéfalo (RM),
dentre outros. Diante disso, todos os exames devem ser realizados a fim de identificar
o diagnóstico sindrômico, o qual é importante para detectar o tratamento específico
e o prognóstico. A síndrome epiléptica, ao longo dos anos, permitiu a conclusão de
que medicamentos antiepilépticos precisavam ser feitos para conter as crises, porém a
determinação de diagnóstico influencia no tipo de medicação que será usada no tratamento
(OLEJNICZAK et al., 2006).

As síndromes epilépticas idiopáticas não possuem substrato lesional e são


relacionadas à herança genética, porém o tratamento torna-se mais fácil pelo fato de que
existe maior possibilidade de controle das crises nesse caso. Um exemplo de uma síndrome
epiléptica generalizada idiopática comum é a epilepsia mioclônica juvenil, que corresponde
a 10% das epilepsias em geral (Figura 1) (OLEJNICZAK et al., 2006).
Figura 1 - Eletroencefalograma identificando complexos regulares em atividade
generalizada com espículas-onda lenta a frequência de 3 Hz. A imagem sugere o
diagnóstico da Epilepsia mioclônica juvenil, uma síndrome idiopática que, quando não
identificada, induz a erros terapêuticos e controle insatisfatório das crises.

Fonte: (OLEJNICZAK et al., 2006).

O eletroencefalograma (EEG) realiza a detecção de descargas elétricas normais


ou patológicas do cérebro. Posiciona-se os eletrodos no couro cabeludo e quando os

188
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
neurônios disparam, cria-se um campo elétrico que é captado pelos eletrodos e identificado
no aparelho do exame. O EEG é um exame rotineiro para os pacientes com epilepsia,
não somente em períodos de crise. As descargas elétricas localizam o foco da crise e
quando são registradas no período sem crise passam a se chamar descargas intelectuais.
O eletroencefalograma, durante as crises, permite a identificação das crises através da
origem e propagação delas. Porém, possui uma dificuldade em captar o momento exato
da crise, comumente procura-se vestígios no EEG, visto que as descargas elétricas podem
indiciar um provável foco epilético (OLEJNICZAK et al., 2006).

Tratamento

O tratamento para epilepsia é feito com o objetivo de diminuir a frequência e a


intensidade das crises epiléticas, uma vez que não existe uma cura para esta doença. O
tratamento mais comum para a epilepsia é o medicamentoso, por meio do uso diário de
anticonvulsivantes, os quais diminuem o efeito das crises epilépticas. Os medicamentos
anticonvulsivantes disponíveis atualmente não são capazes de promover a cura da doença,
porém, são apropriados para controlar a repetição das crises convulsivas (ALVES et al.,
2005).

Dentre os fármacos mais solicitados para controlar as convulsões de diversas


origens destacam-se: ácido valpróico, carbamazepina, clobazam, clonazepam, etosuximda,
felbamato, fenitoína, fenobarbital, gabapentina, lamotrigina, levetiracetam, oxcarbazepina,
pregabalina, primidona, tiagabina, topiramato, vigabatrina e zonizamida (YACUBIAN et al.,
2005; PATSALOS et al., 2008; BIALER et al., 2010).

Além do tratamento com uso de fármacos, existem ainda alguns métodos que estão
sendo experimentados, como o Canabidiol, que é uma substância extraída da maconha e
que poderá ajudar a controlar os impulsos elétricos cerebrais e diminuir as chances de
ocorrer crises. Os primeiros estudos acerca dos efeitos anticonvulsivantes provenientes do
CBD foram realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
(CEBRID), na Escola Paulista de Medicina a partir de 1975, conduzidos pelo professor
Elisaldo Carlini (CARLINI et al., 1975).

Em uma extensa revisão, foram analisados mais de 120 estudos de toxicidade e


efeitos adversos do CBD, dentre os quais, a maioria realizada em animais e poucos em
humanos, sugerem que o mesmo é bem tolerado e seguro, até em doses elevadas e com
uso crônico (BERGAMASCHI et al., 2011). As pesquisas clínicas realizadas até o presente
momento indicam segurança e eficácia no uso terapêutico do CBD, podendo ele se tornar
o primeiro canabinóide aplicado no tratamento da epilepsia. Porém, os alvos responsáveis
pelos efeitos anticonvulsivantes do CBD, em sua totalidade, ainda não foram completamente
compreendidos (MAIA et al., 2014).

Canabidiol (CBD)

A Cannabis sativa, nome científico da planta maconha, é utilizada para meios


medicinais desde 4000 A.C na China, mostrando-se eficaz para o tratamento da malária,
tuberculose, epilepsia, desordem mental, ansiedade entre outras enfermidades (ZUARDI et
al., 2006). No território brasileiro a planta chegou através dos escravos, no período de 1500,
e passou a ser cultivada pelos índios (CARLINI et al., 2016).
189
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
No decorrer dos anos, foram observados, durante a extração da planta, mais de 100
componentes presentes na Cannabis sativa, dentre eles destaca-se o grupo canabinoide,
constituído por substâncias com altas capacidades farmacológicas, por meio da interação
com o sistema endocanabinoide. No grupo canabinoide, está presente a principal substância
não psicoativa da planta, o Canabidiol, componente que possui propriedades como ação
analgésica e imunossupressora. (ROBSON et al., 2014; PERTWEE et al., 2008).

O CBD destacou-se pelos seus benefícios ao sistema nervoso e pelo seu potencial
analgésico (BARBOSA et al., 2020). O professor Raphael Mechoulam permitiu a realização
dos estudos quando revelou a estrutura química do Canabidiol, através do seu isolamento em
1963, descobrindo que ele apresenta 21 átomos de carbonos, 30 átomos de hidrogênios e 2
oxigênios (MECHOULAM et al., 1963). A partir dessa descoberta, as pesquisas revelaram,
de forma detalhada, as especialidades do CBD em doenças como isquemias, diabetes,
náuseas, câncer, epilepsia, esquizofrenia, doenças de Parkinson e Alzheimer (DI MARZO
et al., 2009).
Figura 2 - Estrutura química do Canabidiol.

Fonte: (MATOS et al., 2017)

A estrutura química do Canabidiol foi isolado na década 40, porém sua descoberta
completa ocorreu somente na década de 60. Observou-se a grande quantidade de Cannabis
sativa, constituindo 40% da estrutura, porcentagem considerável para a ação predominante
da substância (MATOS et al., 2017).

Canabidiol como alternativa para o controle da epilepsia

O médico irlandês William Brook O´Shaughnessy, foi um dos primeiros a relatar


casos do uso de CBD no tratamento de epilepsia. Em 1843, uma menina com apenas 40
dias de vida estava sofrendo crises e não estava respondendo ao tratamento, quando o
médico deu gotas da resina de Cannabis indica para a paciente, as convulsões ficaram
ausentes por quatro dias, e após alguns dias, O´Shaughnessy relatou que a menina já
estava saudável novamente (MALCHERLOPES et al., 2014).

As primeiras observações sobre a ação do CBD foram feitas no Brasil, nas quais o
médico Dr. Elisaldo Carlini, em 1990, selecionou 15 pessoas que sofriam crise generalizada,
pelo menos uma vez na semana, mesmo medicadas com anticonvulsivantes. Durante o
estudo, de 8 pacientes que haviam ingerido o Canabidiol somente um não apresentou
melhora no caso. O restante relatou ausência das crises ou diminuição na frequência das
convulsões. A pesquisa não avaliou a ação do CBD sem o uso de anticonvulsivantes e
concluiu que o Canabidiol poderia auxiliar o tratamento junto com os anticonvulsivantes
(CARLINI et al., 2016).

190
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
Os estudos mostram que o CBD possui ação assertiva no sistema nervoso central
de forma analgésica, porém também apresenta uma pequena taxa de psicoatividade através
dos efeitos adversos, os quais podem se alterar de acordo com cada paciente, provocando
euforia, aumento do apetite, alteração na percepção, perda parcial da capacidade de
raciocínio, ansiedade, entre outros efeitos (REITHMEIER et al., 2018; GARCIA et al., 2020).
Essas consequências adversas são consideradas empecilhos para a utilização terapêutica
do Canabidiol, por isso, os pesquisadores estão estudando para entender o que causa
esses efeitos colaterais e para tentar diminuí-los.

Atualmente, o uso do Canabidiol para o meio terapêutico é permitido, de forma


controlada, pela ANVISA, os critérios para conseguir a autorização envolvem questionários
e o laudo médico recomendando a substância (BRASIL, 2014). A resolução do Conselho
Federal de Medicina (CFM) Nº 2. 113/2014 regulamentou a autorização do uso do CBD
para fins terapêuticos nos casos de epilepsia refratário aos tratamentos em crianças e
adolescentes (BRASIL, 2014). Por meio das leis e das pesquisas, o tratamento com o
Canabidiol é viabilizado e passa a ser uma ótima alternativa para as crises epilépticas.

Ação do Canabidiol

A ação do Canabidiol é explicada pelo sistema endocanabinoide, sistema que


explica como os canabinoides atuam dentro do sistema nervoso central. Esse mecanismo
se resume pela interação dos canabinoides com dois receptores endocanabinoides, o
receptor canabinoide tipo 1 (CB1) e o tipo 2 (CB2). O CB1 situa-se na parte pré-sináptica,
em áreas do cérebro relacionadas ao controle motor, emocional, aprendizagem, memória
e cognição, e também realizam a maioria dos efeitos psicotrópicos dos canabinoides. Já
o CB2, apresenta-se na área pós-sináptica, no sistema imunológico e algumas áreas do
sistema nervoso central, atua em áreas cerebrais aliviando dores. Os receptores quando
são ativados, interferem na sinapse, especificamente nos terminais pré e pós-sinápticos,
alterando alguns neurotransmissores como a acetilcolina, a dopamina, o GABA, o glutamato,
a serotonina, a noradrenalina e opioides endógenos. Estudos recentes relataram que o
Canabidiol atua no receptor CB2 (BENARROCH et al., 2014; LEWEKE et al., 2008; RUSSO
et al., 2006; MATOS et al., 2017).
Figura 3 - Sistema Endocanabinoide.

Fonte: Schubart et al. (2014)

191
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 17
O Canabidiol possui diversas ações dentro do sistema nervoso central. O CBD
bloqueia a recaptação da anandamida, aumentando a disponibilidade da anandamida na
fenda sináptica, esse aumento permite ampliar a sinalização dos endocanabinoides na
sinapse. Concluíram que, através dessa ação, o Canabidiol conquistou sua capacidade
antipsicótica (MECHOULAM et al., 2002; SCHUBART et al., 2014; MATOS et al., 2017). Além
disso, também atua na inibição de receptores serotonérgicos, responsáveis pela ansiedade
e depressão; ativa os receptores vaniloides, ajudando no alívio de dores e inflamações; inibe
a adesão de células cancerígenas e possuem propriedades neuroprotetoras e antioxidantes
(MATOS et al., 2017; HAMPSOM et al., 1998). Evidencia-se que o aprofundamento dos
estudos possibilitou uma segurança considerável para os pacientes de epilepsia, os quais
estão cientes dos benefícios e dos malefícios da substância Canabidiol, por mais que os
estudos deixam incógnitas em alguns assuntos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa sobre os benefícios do paciente pediátrico com


epilepsia e o uso da terapia com Canabidiol, identificou que a substância, quando utilizada
com anticonvulsivantes, pode promover melhora parcial do quadro clínico do paciente, pois
a maioria dos anticonvulsivantes utilizados isoladamente não podem controlar eficazmente
as crises epilépticas.

É imprescindível a realização de mais estudos aprofundados sobre esse assunto,


principalmente os efeitos que o Canabidiol causa nos pacientes com epilepsia, a fim de
aprimorar o conhecimento e ter a convicção que o tratamento é seguro e eficaz.

Como, nas atuais circunstâncias, a única forma de usar a CDB no Brasil é por
meio de ações judiciais, que é um processo demorado e burocrático envolvendo vários
órgãos da gestão pública, é necessário realizar um estudo mais detalhado das vantagens
e desvantagens do tratamento com Canabidiol para que forneça uma base científica para a
prescrição, mostrando o potencial do uso do CBD como uma melhoria na qualidade de vida
do indivíduo, e seu uso seja mais acessível.

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Capítulo Ácidos graxos no tratamento

18
do Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES)
Fatty acids in the treatment of
Systemic Lupus Erythematosus
(SLE)
Ana Laura Henrique Rodrigues
Ana Carolina Gomes Costa
Anna Luiza de Carvalho Santana
Lais Xavier Kretli
Livia de Oliveira Silva
Rívia Carla Ferreira de Lima

RESUMO

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune de caráter infla-


matório, marcada pela síntese de anticorpos, danos teciduais e concepção
de imunocomplexos. A doença é caracterizada por estágios de avanço e
decaimento, nos quais os sintomas são alterados de acordo com o agra-
vamento. Os ácidos graxos, no tratamento do lúpus, exercem uma ação
contra o processo inflamatório, marcado pelo declínio dos sinais clínicos,
decaimento de marcadores inflamatórios e maior concentração lipídica. O
estudo teve como objetivo analisar, por meio de revisão bibliográfica, os
aspectos gerais do lúpus e os efeitos dos ácidos graxos no tratamento da
doença. Os dados bibliográficos provem de artigos científicos coletados
nas bases PUBMED, Science & Technology, SCIELO e Google Acadêmi-
co, utilizando as palavras-chave “doença autoimune”, “lúpus eritematoso
sistêmico”, “ácidos graxos”, “ômega-3”. Conclui-se que o tratamento adi-
cional com ácidos graxos, de acordo com a maioria das pesquisas, aponta
resultados positivos relacionados à diminuição e/ou melhora da atividade
do LES, acarretando melhora na condição de vida do paciente.

Palavras-chave: doença autoimune. Lúpus Eritematoso sistêmico. Ácidos


graxos.

ABSTRACT

Systemic Lupus Erythematosus is an autoimmune disease of an inflamma-


tory nature, marked by the synthesis of antibodies, tissue damage and the
conception of immune complexes. The disease is characterized by advan-

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.18 197
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
cing and decaying stages, in which the symptoms change according to the aggravation.
Fatty acids, in the treatment of lupus, exert an action against the inflammatory process,
marked by the decline of clinical signs, decay of inflammatory markers and higher lipid
concentration. The study aimed to analyze, through a bibliographic review, the general as-
pects of lupus and the effects of fatty acids in the treatment of the disease. Bibliographic
data come from scientific articles collected in PUBMED, Science & Technology, SCIELO
and Google Scholar databases, using the keywords “autoimmune disease”, “systemic lupus
erythematosus”, “fatty acids”, “omega-3”. It is concluded that the additional treatment with
fatty acids, according to most studies, points to positive results related to the decrease and/
or improvement of SLE activity, leading to an improvement in the patient’s life condition.

Keywords: autoimmune disease. systemic Lupus Erythematosus. Fatty acids.

INTRODUÇÃO

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune complexa e


crônica que afeta múltiplos órgãos e sistemas do corpo humano. Nesta condição, o
sistema imunológico, que normalmente protege o organismo contra invasores como vírus e
bactérias, começa a atacar tecidos saudáveis, causando inflamação e danos progressivos
(SANDRI et al., 2019). As mulheres são afetadas com maior frequência do que os homens,
especialmente durante a idade fértil, sugerindo uma influência hormonal (LIMA et al.,
2019). Os sintomas do LES podem variar amplamente de pessoa para pessoa, tornando o
diagnóstico desafiador. Alguns dos sintomas mais comuns incluem fadiga persistente, dores
articulares e musculares, febre inexplicada, erupções, fotossensibilidade queda de cabelo,
inflamação nos rins, coração, pulmões e outros órgãos internos (SOUZA et al., 2021).

Os ácidos graxos são componentes essenciais dos lipídios, que desempenham


um papel vital no funcionamento do corpo humano. Essas moléculas consistem em uma
cadeia de carbono, com um grupo carboxila (- COOH) em uma extremidade e uma cadeia
hidrocarbonada na outra (MORAIS et al., 2020). Os ácidos graxos poli-insaturados são
encontrados em fontes como peixes gordurosos (salmão, sardinha), sementes de linhaça,
chia, girassol, soja e óleos vegetais. Esses ácidos graxos incluem os ômega-3 e ômega-6,
que são considerados essenciais, pois o corpo humano não pode produzi-los em quantidade
suficiente e, portanto, devem ser obtidos por meio da alimentação (NUNES et al., 2019).

O tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) geralmente envolve uma


abordagem multidisciplinar, incluindo o uso de medicamentos imunossupressores e outras
terapias direcionadas aos sintomas específicos. No entanto, alguns estudos têm explorado
o potencial dos ácidos graxos, principalmente o ômega-3 no manejo do LES, devido às
suas propriedades anti- inflamatórias e imunomoduladoras (DIAS et al., 2021).

METODOLOGIA

Realizou-se revisão de literatura em artigos científicos nas bases de dados


PUBMED, Science & Technology do portal periódico CAPES, SCIELO e Google Acadêmico.
As palavras-chave para o levantamento bibliográfico foram: “doença autoimune”, “lúpus”,

198
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
“lúpus eritematoso sistêmico”, “ácidos graxos”, “ômega-3 e colecalciferol”. A seleção
literária foi classificada conforme sua relevância ao tema, retirou-se artigos com conceitos
ultrapassados e aqueles que não apresentaram conteúdo compatível com o objetivo
exposto.

Critérios de inclusão: Tratamento do lúpus eritematoso sistêmico; Conceito e


classificação dos ácidos graxos; Papel dos ácidos graxos no tratamento do lúpus. Critérios
de exclusão: estudos de animais, estudos ecológicos, revisões sobre outras morbidades,
estudos com mulheres grávidas e crianças, revisões com foco em função de profissões.

DESENVOLVIMENTO

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

Conceito

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica que afeta
múltiplos órgãos e sistemas do corpo humano. Nesta condição, o sistema imunológico,
que normalmente protege o organismo contra invasores como vírus e bactérias, começa
a atacar tecidos saudáveis, causando inflamação e danos progressivos (SOUZA et al.,
2021). Embora a causa exata do LES ainda seja desconhecida, acredita-se que fatores
genéticos e ambientais desempenhem um papel importante no desenvolvimento da doença
(SOUSA et al., 2018). As mulheres são afetadas com maior frequência do que os homens,
especialmente durante a idade fértil, sugerindo uma influência hormonal. O LES também
pode ocorrer em crianças e adolescentes (SANTOS et al., 2017).

A incidência do LES varia entre diferentes populações e regiões geográficas. Estima-


se que a doença afete predominantemente mulheres em idade fértil, com uma relação de
aproximadamente 9:1 em comparação com os homens. No entanto, também pode ocorrer
em crianças, adolescentes, homens e mulheres mais velhas (LIMA et al., 2019). A maioria
dos casos de LES é diagnosticada entre os 15 e 45 anos de idade. Quanto à prevalência,
estima-se que o LES afete cerca de 20 a 150 indivíduos por 100.000 pessoas na população
em geral. Esses números podem variar dependendo da área geográfica e dos grupos
étnicos estudados. O LES é mais comum em pessoas de ascendência africana, hispânica
e asiática (MACEDO et al., 2020).

Embora a causa exata do LES ainda seja desconhecida, vários fatores de risco
foram identificados. Fatores genéticos desempenham um papel importante, visto que o
LES pode ocorrer em famílias e estudos de gêmeos mostraram uma maior concordância da
doença em gêmeos idênticos em comparação com gêmeos fraternos. Além disso, fatores
ambientais, como a exposição à luz solar e certos medicamentos, foram implicados no
desencadeamento do LES em pessoas geneticamente suscetíveis (CAMPOS et al., 2017).

O Lúpus Eritematoso Sistêmico pode ter um impacto significativo na vida dos


pacientes, porém muitas pessoas conseguem gerenciar a doença com sucesso e levar
uma vida plena e ativa. A conscientização sobre o LES, tanto por parte dos profissionais de
saúde quanto do público em geral, é crucial para facilitar o diagnóstico precoce, o tratamento
adequado e o apoio necessário aos indivíduos afetados por essa condição complexa (REIS
199
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
et al., 2020).

Manifestações clínicas

O diagnóstico do Lúpus apresenta desafios significativos devido à semelhança


dos sintomas com outras condições. Alguns dos sintomas comuns incluem dor comum
e muscular, perda de cabelo, perda de apetite e feridas no nariz e boca, entre outros. A
complexidade desses sintomas torna a identificação precisa do Lúpus um processo difícil
(RODRIGUES et al., 2017).

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é classificado entre as doenças desencadeadas


por distúrbios do sistema imunológico. Trata-se de uma condição crônica, autoimune, com
manifestações inflamatórias e ampla abrangência sistêmica, cuja origem ainda é pouco
compreendida. O LES apresenta uma prevalência significativa em mulheres pertencentes
ao grupo étnico negro e em idade reprodutiva (ENDERLE et al., 2019).

As manifestações clínicas do lúpus podem incluir fadiga, dor nas articulações e


músculos, febre, erupções cutâneas características, sensibilidade ao sol, perda de cabelo,
feridas na boca e no nariz, além de outros sintomas. No entanto, é importante ressaltar que
nem todas as pessoas com lúpus apresentam os mesmos sintomas e a doença pode se
manifestar de maneiras diferentes em cada indivíduo (RODRIGUES et al., 2017).

A patologia tem um grande impacto negativo, influenciando a vida cotidiana. Algumas


manifestações ampliam três vezes mais a possibilidade de insatisfação tanto na saúde
mental quanto na saúde física, existe diversas manifestações que tem impacto gigantesco
na vida cotidiana (SOUZA et al., 2021).

No contexto das interações sociais, foi observado que além da fadiga, a presença de
cicatrizes decorrentes do lúpus e despigmentação na pele aumentam significativamente as
chances de uma percepção insatisfatória nessa área. Além disso, complicações no sistema
circulatório também têm um impacto negativo nas relações sociais. Consequentemente,
é comum que indivíduos com lúpus eritematoso sistêmico (LES) apresentem isolamento
social, falta de comunicação e sintomas de depressão, como resultado dessas complicações.
Esses fatores, incluindo problemas cutâneos, podem levar a uma baixa autoestima e ao
afastamento social (SOUZA et al., 2021).

Dado que a doença prejudica o trabalho e a vida social destes pacientes (SOUZA
et al., 2021). Encontre-se dois tipos de lúpus conhecidos: Tipo cutâneo, e conhecida como
causadoras de manchas e de avermelhamentos decorrentes na pele, já o Tipo sistêmico
não é visível ocorre nos órgãos internos (ERDERLE et al., 2019).

Diagnóstico

Inúmeros exames são utilizados para detectar o lúpus, mas é fundamental levar
em consideração o indivíduo e correlacionar os resultados dos exames laboratoriais.
Quando sintomas como leucopenia e alterações no sedimento urinário são observados,
uma avaliação laboratorial fortalece o diagnóstico. O diagnóstico do LES e a identificação
dos órgãos internos acometidos dependem de exames laboratoriais. A análise regular de
sangue e urina é essencial para determinar a tolerância do paciente aos medicamentos,

200
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
bem como rastrear a atividade e a gravidade da doença (VARGAS et al., 2009).

Além disso, testes imunológicos, como o teste de Coombs são realizados para
determinar se a produção de anticorpos contra a hemácias é a causa da anemia. Já o teste
FAN indica a presença de anticorpos dirigidos contra um componente do núcleo da célula.
Por último é realizado o exame de urina, que revela a presença de proteinúria, uma vez que
pacientes com lúpus eritematoso estável apresentam aumento da excreção (RODRIGUES
et al., 2017).

De acordo com as diretrizes do American College of Rheumatology (ACR), a


aferição de um diagnóstico positivo é determinada pela observância de pelo menos quatro
atributos distintos: (SANDRI et al., 2019)

• Eritema malar: Uma área eritematosa localizada na região malar, podendo ser
plana ou apresentar uma elevação.

• Lesão discoides: Uma lesão avermelhada, com acúmulo de células, camadas


de pele endurecidas e obstrução dos folículos, evoluindo para uma cicatriz fina
e alteração de cor

• Fotossensibilidade: O exantema cutâneo pode surgir como uma resposta atípica


à exposição solar, conforme relatado na anamnese do paciente ou observado
pelo médico.

• Úlceras orais/nasais: É uma doença que prejudica a as articulações externas,


apresentando sinais como retenção de fluidos, inchaço e dor

• Artrite: É uma doença que prejudica a as articulações externas, apresentando


sinais como retenção de fluidos, inchaço e dor

• Serositose: A pleurisia é identificada por uma narrativa convincente de dor


pleurítica, presença de atrito pleural detectado durante o exame físico pelo
médico ou evidência de derrame pleural. Já a pericardite é documentada através
de um eletrocardiograma, presença de atrito pericárdico detectado durante o
exame físico ou evidência de derrame pericárdico.

• Comprometimento renal: A presença persistente de proteinúria (> 0,5g/dia ou


3+) ou a detecção de cilindrúria anormal

• Alterações neurológicas: Modificações no sistema nervoso: episódios


convulsivos ou estados psicóticos.

• Alterações hematológicas: A artrite pode levar a alterações sanguíneas, incluindo


anemia hemolítica, baixa contagem de leucócitos (inferior a 4.000 células/ml
em duas ou mais ocasiões), redução da quantidade de linfócitos (inferior a
1.500 células/ml em duas ou mais ocasiões) ou diminuição da quantidade de
plaquetas (inferior a 100.000 células/ml na ausência de fatores externos). Essas
são condições médicas relevantes.

• Alterações imunológicas: A detecção de anticorpos anti-DNA nativo ou anti-


smith, bem como a presença de anticorpo antifosfolípide, pode ser estabelecida

201
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
através dos seguintes critérios: a) Analisando-se anormalidades nos níveis
de anticorpos IgG ou IgM contra a cardiolipina, b) detectando um teste de
anticoagulante lúpico com resultado positivo ou um teste impreciso para sífilis,
durante pelo menos seis meses

• Anticorpos antinucleares: O título incomum é sobre a identificação de anticorpos


anti-nucleares através da técnica de imunofluorescência indireta ou uma
abordagem semelhante, sem considerar o momento em que ocorre, e quando
não são administrados medicamentos conhecidos por causar a síndrome do
lúpus induzido por drogas.

Os testes imunológicos como o teste de Coombs são realizados para determinar se


há produção de anticorpos. Anormalidades hematológicas, como plaquetopenia, anemias
hemolíticas e linfopenia, podem ser observadas com base em alterações laboratoriais.
Além disso, quando se trata de alterações no sistema imunológico, é possível detectar a
presença de anti-DNA do organismo do indivíduo com níveis anormalmente elevados de
IgG ou IgM, o que pode indicar um teste de Fan positivo. Mesmo que não sejam específicos,
os testes laboratoriais desempenham um papel crucial, pois funcionam como métodos de
triagem. Além disso, por terem uma alta sensibilidade de cerca de 95%, podem descartar
a possibilidade de doença mesmo que nenhum marcador seja encontrado com base nos
testes realizado (SANDRI et al., 2019).

O exame primordial consiste na detecção de anticorpos que interagem com os


componentes químicos, tais como ribonucleoproteína, histonas e DNA. A imunofluorescência
é a abordagem mais apropriada nessas circunstâncias, pois possui a habilidade de detectar
os anticorpos particulares da enfermidade, especialmente aqueles direcionados contra a
fita dupla helicoidal do DNA. Embora eles sejam os marcadores mais relevantes nos testes
laboratoriais para o diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico (LES), os fatores nucleares
(FAN) também estão presentes em quase todos os casos de doença ativa, reagindo com
componentes do núcleo. Apesar de não serem específicos para o LES, nenhum outro caso
apresenta uma frequência e título tão elevados desses fatores nucleares (REIS et al., 2020).

O uso da ressonância magnética (RM) desempenha um papel crucial na investigação


e diagnóstico de LES em pacientes que apresentam sintomas neuropsiquiátricos. O uso
de RM possibilita a detecção precoce da doença e auxilia na aplicação do tratamento
adequado. Embora os mecanismos patológicos das lesões cerebrais em pacientes com
LES ainda não sejam totalmente compreendidos, inúmeras teorias têm sido levantadas
nesse sentido, sendo pertinente o papel desempenhado pela imagem RM nesse contexto
(ENDERLE, et al., 2019).

De acordo com pesquisas epidemiológicas, a prevalência do LES é maior em


mulheres do que em homens, com uma média de 9 mulheres afetadas para cada homem.
Além disso, observa-se maior incidência entre 15 e 45 anos de idade, conforme sugerido por
estudos epidemiológicos. É amplamente reconhecido que doenças crônicas como esta têm
um componente psicossomática. É vital levar em consideração o papel que o estresse e o
sofrimento psicológico desempenham no início, progressão, agravamento e gerenciamento
potencial dessas condições (SANDRI et al., 2019).

202
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
Tratamento

Tratamento farmacológico

É necessária a iniciação terapêutica precoce, levando-se em conta os órgãos


acometidos. Isso possibilita não apenas o controle de atividade da doença, mas
também diminui a dosagem necessária de corticosteroides. É necessário personalizar o
tratamento do LES com base na gravidade da doença e nos sistemas afetados. No caso
de envolvimento de vários sistemas, o tratamento deve ser direcionado para a doença
de maior gravidade. As intervenções terapêuticas para o Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES) se bifurcam em estratégias não farmacológicas, as quais exercem um impacto
consideravelmente significativo no gerenciamento do LES e devem ser aplicadas de forma
contínua; e intervenções farmacológicas, que englobam fármacos anti- inflamatórios não
esteroides, medicamentos antimaláricos, glicocorticoides, imunossupressores, entre outras
opções terapêuticas (SILVA et al., 2021).

Quando ocorre o aparecimento de um sintoma que não apresenta melhora com


a medicação prescrita, pode ser necessário recorrer ao uso de múltiplos medicamentos
.Recomenda-se o uso regular de antimaláricos, especificamente o sulfato de
hidroxicloroquina, independentemente do órgão ou sistema afetado. O objetivo é reduzir a
atividade da doença e minimizar a necessidade de corticosteroides. A manutenção deste
tratamento farmacêutico em pacientes sob controle está associada a uma diminuição do
risco de desenvolvimento de novos sinais e sintomas de atividade. Além disso, o uso de
antimaláricos tem sido associado a vantagens como melhor perfil de lipoproteína e menor
risco de trombose (BORBA et al., 2008).

Tratamento não farmacológico

Indivíduos diagnosticados com Leptina Eritematoso sistemático (LES) devem


receber instruções sobre a condição e seu plano de tratamento. É de extrema importância
fornecer uma explicação sobre como o tratamento esperado para a maioria dos pacientes
desempenha um papel crucial na promoção de uma vida prolongada, produtiva e com uma
satisfatória qualidade de vida. Um acompanhamento médico e a adição de intervenções
farmacêuticas e não-farmacêuticas são de extrema importância para melhorar a condição
e proporcionar um prognóstico favorável. Várias instituições aconselham várias medidas
terapêuticas (COSTA et al., 2014), tais como:

a) Educação: A orientação médica é crucial, pois envolve compartilhar informações


com o paciente e seus familiares sobre a doença, como ela se desenvolve, os potenciais
riscos, as opções de diagnóstico e tratamento, bem como a importância de aderir às
diretrizes médicas;

b) Apoio psicológico: É de suma importância oferecer ao paciente um ambiente de


otimismo e motivação, a fim de auxiliá-lo na luta contra a doença;

c) Atividade física: É sugerido que o paciente descanse durante os períodos em


que a doença afeta o corpo como um todo. No entanto, é importante incentivar a adoção de
medidas que promovam a melhora do condicionamento físico, uma vez que a capacidade

203
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
aeróbica está diminuída. A adoção de uma rotina consistente de exercícios físicos tem
o potencial de diminuir os riscos relacionados ao sistema cardiovascular, melhorando a
qualidade de vida;

d) Dieta: Não tem como saber ao certo se alguns alimentos progridem doenças.
Porém, prudente aderir uma dieta mais equilibrada, evitando sal, gorduras e carboidratos.
Já a vitamina D é recomendável para paciente por conta da deficiência do sol, devido a má
proteção;

e) Proteção: Para garantir a proteção adequada, é recomendado o uso diário


de um protetor solar com FPS (fator de proteção solar) de 15 ou superior, aplicando-o
abundantemente pela manhã e reforçando a aplicação várias vezes ao longo do dia;

f) Abstinência tabágica: O uso do cigarro atrapalha na eficácia dos antimaláricos,


piora as lesões cutâneas (RODRIGUES et al., 2013).

Pacientes que fazem algum tipo de atividade e faz o uso das medicações indicadas
do médico, apresentam um melhor quadro clínico (COSTA et al., 2014).

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINESs) são frequentemente eficazes na


redução dos sintomas leves da síndrome associada ao lúpus eritematoso (LES), como
manifestações articulares e serosas leves, desconforto musculoesquelético, febre e cefalite
(SILVA et al., 2021). Existe uma preocupação com os AINEs, isso decorre da acumulação de
evidências que indicam um maior perigo de eventos, tais como infarto agudo do miocárdio,
acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca ou renal e hipertensão arterial, associados
ao uso desses medicamentos (COSTA et al., 2014).

Os AINEs tem função de barrar as isoformas da enzima (COX) diminuindo assim a


geração de tromboxano A2, prostaciclinas e prostaglandinas (SILVA et al., 2021). Acredita-
se que a capacidade anti-inflamatória desse composto esteja intimamente ligada à sua
capacidade de inibir a enzima COX 2. Isso geralmente resulta em vasodilatação, um
aumento indireto do edema e uma sensação de dor. É provável que, quando utilizados para
tratar condições inflamatórias, os efeitos indesejáveis desse composto sejam principalmente
devido à inibição da enzima COX 1 (SCHALLEMBERGER et al., 2014).

Agentes antimaláricos

A hidroxicloroquina é o medicamento utilizado para tratar a malária, porém


eles também desempenham um papel importante para o LES. Estes medicamentos
são regularmente aconselhados a todos os doentes que não tenham contra-indicações
específicas porque são considerados marcadores de qualidade do tratamento. É vital
observar que o efeito adverso do uso da hidroxicloroquina é a retinopatia. Uma consulta anual
com um oftalmológica é, portanto, recomendada para todos que usam este medicamento
(TASSINARI et al., 2023).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
Glicocorticoides

O uso de glicocorticóides no tratamento da doença é amplamente difundido, com


ajustes posológicos de acordo com a gravidade única de cada paciente. No entanto, é
importante observar que esses compostos têm uma ampla gama de efeitos negativos.
Portanto, é aconselhável administrá-lo na menor dose eficaz para controlar a atividade da
doença, reduzindo-a gradativamente até a descontinuação completa (PERES et al., 2023).

Imunossupressores

Medicamentos imunossupressores, que são freqüentemente usados para tratar o


LES, atuam inibindo a proliferação celular e induzindo a apoptose nas células do sistema
imunológico responsáveis pela resposta imune. É fundamental compreender que estes
imunossupressores têm um mecanismo de ação que visa reduzir a atividade do sistema
imunitário, ajudando a controlar os sintomas e a progressão da doença (NONATO et al.,
2010).

O medicamento metotrexato é utilizado para tratar manifestações articulares graves


e persistentes, inibindo a síntese de DNA e RNA, podendo ser uma opção terapêutica
em casos de lesões cutâneas persistentes. Tipicamente, sua administração é combinada
com corticoides e antimaláricos, com doses semanais variando de 7,5 a 15,0 mg. Porém,
a ciclofosfamida é empregada no tratamento de sintomas severos, tais como vasculite
do sistema nervoso, nefrite e hemorragia alveolar. Esses casos costumam ser tratados
com doses imunossupressoras de corticosteroides, que são administrados por meio de
pulsoterapia (CAMPOS et al., 2017).

O tratamento recomendado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia consiste


em administrar pulsoterapia com ciclofosfamida todos os dias, utilizando uma dose de 0,5
a 1,0 mg/m2 de área de superfície corporal total, por um período de seis meses. Após esse
período, são feitos intervalos trimestrais até que a sedimentação urinária retorne ao normal.
A azatioprina é um composto similar às purinas que atua inibindo a produção de DNA
através dos metabólitos derivados da 6-mercaptopurina, sendo comumente prescrita para
reduzir a necessidade de corticosteroides. É recomendado 2mg/kg/dia para as condições
renais e hematológicas (CAMPOS et al., 2017).

Tratamento adjunto

Para reduzir a exposição aos raios UV e minimizar os efeitos do LES, é necessário


o uso de filtros solares que bloqueiem as radiações UVA e UVB com alto fator de proteção
solar (>50), além do uso de roupas de proteção solar, como chapéus e sombrinhas . No
entanto, aconselha-se uma dieta com restrição de sal, principalmente para aqueles com
hipertensão e/ou síndrome nefrótica, bem como evitar o consumo excessivo de carboidratos
e gorduras. Não existem provas definitivas que estabeleçam uma conexão entre alimentos
e a intensificação ou avanço da doença. Além disso, a suplementação de vitamina D deve
ser levada em consideração, pois a maioria dos pacientes apresenta baixos níveis dessa
vitamina devido à exposição solar inadequada (SILVA et al., 2021).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
Ácidos Graxos

Os ácidos graxos são componentes essenciais das gorduras, também conhecidas


como lipídios, que desempenham um papel vital no funcionamento do corpo humano.
Essas moléculas consistem em uma cadeia de carbono, com um grupo carboxila (-COOH)
em uma extremidade e uma cadeia hidrocarbonada na outra (VIEIRA et al., 2018).

Existem diferentes tipos de ácidos graxos, classificados com base na presença


ou ausência de ligações duplas na cadeia de carbono. Os ácidos graxos saturados não
possuem ligações duplas e são encontrados principalmente em alimentos de origem animal,
como carnes, laticínios e alguns óleos vegetais, como o óleo de coco e a manteiga. Já os
ácidos graxos insaturados possuem uma ou mais ligações duplas e podem ser divididos em
monoinsaturados e poli-insaturados (SOUZA et al., 2021).

Os ácidos graxos monoinsaturados estão presentes em alimentos como azeite de


oliva, abacate e oleaginosas, como amêndoas e nozes. Eles são conhecidos por promover a
saúde cardiovascular, ajudar a reduzir o colesterol LDL (“ruim”) e aumentar o colesterol HDL
(“bom”). Esses ácidos graxos também fornecem energia ao corpo e ajudam na absorção de
vitaminas lipossolúveis, como as vitaminas A, D, E e K. Os ácidos graxos poli-insaturados
são encontrados em fontes como peixes gordurosos (salmão, sardinha), sementes de
linhaça, chia, girassol, soja e óleos vegetais. Esses ácidos graxos incluem os ômega-3 e
ômega-6, que são considerados essenciais, pois o corpo humano não pode produzi-los em
quantidade suficiente e, portanto, devem ser obtidos por meio da alimentação (VIEIRA et
al., 2018).

Os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes de água fria, como salmão, atum
e sardinha, bem como em sementes de linhaça e chia, têm propriedades anti-inflamatórias
e são importantes para a saúde do coração, função cerebral e desenvolvimento fetal.
Eles têm sido associados à redução do risco de doenças cardiovasculares, melhora da
saúde cerebral e apoio ao sistema imunológico (NUNES et al., 2019). Os ácidos graxos
ômega-6 são encontrados em óleos vegetais, como óleo de girassol, óleo de soja e óleo de
milho. Eles também desempenham um papel importante na saúde, especialmente quando
equilibrados com os ômega-3. No entanto, o consumo excessivo de ácidos graxos ômega-6
em relação aos ômega-3 tem sido associado a inflamação crônica e a um maior risco de
certas doenças (PAPPIANI et al., 2016).

É importante manter um equilíbrio adequado entre os ácidos graxos ômega-3 e


ômega-6 na dieta. A recomendação geral é aumentar a ingestão de ômega-3, por meio de
alimentos como peixes, sementes e nozes, e limitar o consumo de ácidos graxos ômega
(NUNES et al., 2019).

Mecanismos de ação

O papel anti-inflamatório dos ácidos graxos destacou-se em um estudo


epidemiológico, dos pesquisadores Kronmann and Green, com esquimós da Groenlândia,
no ano de 1980. Os autores observaram que a dieta da população estudada era rica em
frutos do mar, alimentos com maior fonte de ácidos graxos poli-insaturados. Em vista disso,
também verificaram que as doenças com elementos inflamatórios eram menos incidentes

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
no grupo pesquisado (BORGES et al., 2014). A partir de então, desencadearam vários
estudos com objetivo de identificar os mecanismos de ação desses lipídeos nas doenças
com fatores de inflamação (DIAS et al., 2021).

As classes essenciais de lipídeos são as famílias w-3 e w-6, produzem os mediadores


e reguladores anti-inflamatórios denominados de eicosanoides. A família w-3 é coordenada
pelos ácidos graxos alfa-linolênico, EPA e DHA. A família w-6 é marcada pela presença do
AA e do ácido linoléico (MORAIS et al., 2020). Observou-se que o parentesco químico entre
os ácidos linoleico e alfa- linolênico colabora para que ambos possuem as mesmas vias
enzimáticas. Devido à esta semelhança, a alta produção de eicosanoides, efetuada pela
família w-6, é inibida na oxidação do ácido araquidônico pela ciclooxigenase, executado
pela família w-3. A inibição aumenta a atividade anti-inflamatória, visto que o alto índice
de eicosanoides relaciona-se com distúrbios imunológicos e inflamatórios (NUNES et al.,
2019).

O Ômega-3 é o principal ácido graxo responsável pela redução das manifestações


inflamatórias, pelo fato de competir com o ômega-6 pela mesma via enzimática. Outro
aspecto considerado é a capacidade que EPA e DHA possuem em interromper a síntese de
citocinas inflamatórias e a proliferação de células T. Além disso, o ácido eicosapentaenóico
e o ácido docosahexaenóico disponibilizam resolvidas e protectinas, mediadores com ação
anti-inflamatória e imunomoduladora (DIAS et al., 2021)

Ácidos Graxos no LES

Os conceitos de autoimunidade e processo inflamatório estão presentes no LES e


nos ácidos graxos, alguns estudos permitem concluir que a classe de lipídeos e a doença
autoimune estejam ligados pela capacidade do omega-3 de suplementar o perfil lipídico e
gerar manifestações anti-inflamatórias, possibilitando representar uma solução adicional ao
tratamento medicamentoso tradicional (MACEDO et al., 2020).

O estudo pioneiro sobre a ação dos ácidos graxos em pacientes com lúpus
eritematoso sistêmico foi realizado pelo pesquisador Clark em 1989, o autor utilizou óleo de
peixe como uma fonte de ômega-3 (VIEIRA et al., 2020). A pesquisa observou o efeito do w-3
(EPA e DHA) em 12 pessoas diagnosticadas com LES e concluíram que a suplementação
do óleo de peixe pode gerar alterações nos processos de inflamação e na aterosclerose.
Constatou-se uma elevação nas quantidades de EPA e DHA, e diminuição da formação
de AA, esses acontecimentos geraram uma redução da agregação de plaquetas, uma
aderência sanguínea e uma maior plasticidade nas hemácias (CUNHA et al., 2021).

Estudos mais recentes acolheram outro tipo de manipulação, a utilização de cápsulas


contendo óleo de peixe, para estabelecer uma forma mais concentrada de ácidos graxos
e um tratamento com maior eficácia (ENDERLE et al., 2019). A maioria das pesquisas
descreveram resultados positivos relacionados à diminuição e ou melhora da atividade do
LES, declínio dos sinais clínicos, maior expectativa de vida, decaimento de marcadores
inflamatórios como PCR, VSH, adiponectina, leptina e/ou moléculas de adesão, além de
maior concentração lipídica e plaquetária (CUNHA et al., 2021). No entanto, alguns estudos
detectaram efeitos adversos no perfil de lipídeos, os autores analisaram um aumento no
colesterol total (LDL), no índice glicêmico e na quantidade de VSH (COSTA et al., 2020).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 18
Sendo assim, o tratamento adicional com ácidos graxos possui uma ação
indispensável no processo contra a inflamação, o resultado da utilização desses lipídeos
pode melhorar drasticamente a condição de vida dos pacientes com lúpus eritematoso
sistêmico e também diminuir a manifestação da doença. Porém, alguns efeitos indesejados,
mesmo que não apresentem ameaças graves para a doença autoimune, podem acarretar
malefícios a longo prazo se não forem observados atentamente (BORGES et al., 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune que pode ter
um impacto significativo na vida dos pacientes, porém muitas pessoas conseguem gerenciar
a doença com sucesso e levar uma vida plena e ativa. O tratamento pode ser farmacológico,
não farmacológico, com agentes antimaláricos, glicocorticoides, imunossupressores. Além
disso, destaca-se a ação dos ácidos graxos no processo terapêutico.

A presente revisão destacou que os ácidos graxos possuem uma importância


no monitoramento do lúpus eritematoso sistêmico. Observou-se, na maioria dos
estudos, resultados positivos com a diminuição de manifestações clínicas relacionadas
à inflamações, sinalizando uma ação terapêutica desses lipídeos. Entretanto, na minoria
dos estudos, identificou-se efeitos colaterais na suplementação com os ácidos graxos. O
assunto apresentado necessita de mais estudos para esclarecer os efeitos desconhecidos
que esse tratamento pode acarretar nos pacientes, a fim de evoluir no âmbito terapêutico e
na qualidade de vida dos doentes.

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211
Capítulo O desafio da comunicação

19
humanizada para profissionais
de saúde no ambiente
hospitalar
Elena Erhardt Trombelli
Érika Colato
Josely Amaral da Silva Ayalla
Rosemary Cruz Correia
Franciele Leão

RESUMO

Este estudo se configura como uma pesquisa qualitativa e tem como fina-
lidade realizar um estudo bibliográfico sobre a comunicação humanizada
entre a equipe de saúde e os pacientes e familiares no ambiente hospita-
lar no momento do diagnóstico de doenças que ameaçam à vida. Para o
desenvolvimento, o presente estudo foi elaborado uma revisão narrativa e
bibliográfica que analisou artigos publicados entre 1995 e 2020, nos perío-
dos nacionais indexados nas bases de dados Scielo e Google Acadêmico.
Para tanto os descritores que foram utilizados são: importância da comu-
nicação médico paciente, humanização na comunicação de diagnóstico,
a função do psicólogo no método de diagnóstico, idioma português. Bus-
caram-se estudo que estavam disponíveis na íntegra, como por exemplo,
o protocolo Spikes, na qual, este o mesmo consiste em seis etapas e a
intenção é habilitar o médico a preencher os 4 objetivos mais importantes
durante a transmissão de más notícias que são: Recolher informações
dos pacientes; transmitir as informações médicas; proporcionar suporte
ao paciente; induzir a sua colaboração no desenvolvimento de uma estra-
tégia ou plano de tratamento para o futuro.

Palavras-chave: comunicação na saúde. comunicação na assistência.


humanização da assistência.

INTRODUÇÃO

É por meio da comunicação com o paciente e/ou familiares que


podemos compreendê-lo por completo. Só identificando os problemas
enfrentados por eles que conseguimos ajudá-los. Dessa forma, o diálogo
é conceituado como a troca de mensagens e a compreensão da mesma,
tem o objetivo de transmitir informações, pensamentos e valores. É uma
ação humana que envolve a transmissão e a recepção da informação. No
que tange a transmissão da mensagem, utilizamos dois métodos, que é a
forma verbal e não verbal de comunicação (SILVA, 2006, HADDAD et al.,
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.19 212
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
2011).

Braga e Silva (2007) afirmam que a comunicação é competente e atinge seu


objetivo quando é um progresso interpessoal, ou seja, quando há um interesse do receptor
em ouvir o assunto do transmissor. O interesse faz com que a informação seja transmitida
com mais clareza e objetividade, facilitando a compreensão e estabelecendo o processo
comunicativo. Dessa forma, quando há o estabelecimento na conversa entre ambos, poderá
ser realizada de forma palpável (toques físicos) ou somente por palavras, se encaixando na
comunicação verbal ou não verbal. Dito isto, ambos modelos de comunicação expressam a
importância da relação entre paciente e profissional, seja ele enfermeiro, médico, psicólogo
e afins.

Em sintonia com Haddad, Machado, Neves-Amado e Zoboli (2011), para se ter


uma comunicação terapêutica são necessários elementos básicos que vão possibilitar uma
interação entre os envolvidos no diálogo, como:

A empatia entre os comunicadores, a escuta, a atenção às emoções do paciente,


o respeito mútuo, o acompanhamento do paciente em suas reflexões, a ajuda do
paciente para aumentar sua dignidade, a autorreflexão e auto-observação. Todos
eles vão contribuir para que seja uma comunicação terapêutica ou não.

Quando a comunicação é empregada de forma terapêutica além de proporcionar


segurança ao paciente e um cuidado humanizado, ela permite identificar as reais e potenciais
necessidades do paciente e ajudá-lo a encarar a situação de doença e de hospitalização
a que está inserido. (PETERSON, CARVALHO, 2011). A companhia do psicólogo soma
juntamente à equipe uma indispensável ajuda na ação de reconhecer as angústias, medos,
incertezas, expectativas, do mesmo modo ajudar o diálogo eficazmente entre equipe/
paciente, médico/equipe, paciente/família (SEBASTIANI, 1984).

Segundo Martins (2001) sobre a humanização referente ao contexto hospitalar:

A humanização é um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem


resistências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam a
insegurança. Os padrões conhecidos parecem mais seguros; além disso, os novos
não estão prontos nem em decretos nem em livros, não tendo características gene-
ralizáveis, pois cada profissional, cada equipe, cada instituição terá seu processo
singular de humanização. (MARTINS, 2001)

Tendo em vista a linha de pensamento desenvolvida até o momento, a presente


pesquisa justifica-se sua relevância tendo em vista que o tema desta pesquisa tem uma
significativa para entendermos o processo terapêutico dos pacientes nos hospitais e como
este poderia ser mais eficiente se houvesse no quadro clínico uma melhor comunicação
entre médico e paciente. Ou seja, por que é importante a comunicação humanizada na hora
de relatar o diagnóstico de um paciente hospitalar?

Dentro dessa perspectiva, o estudo buscou identificar acerca de como os profissionais


de saúde, poderiam ter uma melhor comunicação ao apresentar um diagnóstico para
os pacientes no contexto hospitalar, de diagnósticos, por exemplo, de doenças severas
(patologias de evolução prolongada e permanente, para as quais ainda não existe cura, que
comprometem severamente a saúde e a funcionalidade dos que delas padecem); doenças
crônicas (são aquelas que apresentam início gradual, com duração longa ou incerta, que,
em geral, apresentam múltiplas causas e cujo tratamento envolve mudanças de estilo de

213
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
vida, em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva à cura) e os casos
de doenças paliativas (paliativo é algo que melhora ou alivia momentaneamente, mas não
é capaz de curar ou resolver o problema. Como acontece, por exemplo, no tratamento ou
cuidado paliativo, que melhora a qualidade de vida e alivia o sofrimento do doente, mas não
é capaz de curar a enfermidade). Com isso, é preciso então, compreender a importância de
como é feito o relato do diagnóstico no processo terapêutico.

Ainda, avaliar como a psicologia pode atuar na participação do relato de diagnóstico


ao paciente. E pesquisar referenciais bibliográficos que falem da importância de uma boa
comunicação entre equipe de saúde paciente para apresentação do diagnóstico.

MÉTODO

O desenvolvimento deste trabalho, foi realizado levantamento bibliográfico, a partir


de artigos científicos em pesquisa virtual. Utilizou uma revisão narrativa e bibliográfica
que analisou artigos publicados entre 1995 e 2020, nos períodos nacionais indexados nas
bases de dados Scielo e Google Acadêmico com os seguintes descritivos, importância
da comunicação médico-paciente, humanização na comunicação de diagnóstico, o papel
do psicólogo no processo de diagnóstico, idioma português. Escolhidas por conterem um
expressivo número de periódicos brasileiros bem indexados e serem referência na área da
saúde.

Para analisar os dados coletados, realizou-se leitura de mais de 30 artigos


científicos mais aprofundada e transversal destes, possibilitando uma comparação entre
eles, separando os aspectos comuns encontrados e classificando-os por categorias sendo
pesquisa bibliográficas, pesquisa e ação, pesquisa documental, estudo de caso, estudo de
levantamento. Nesses casos, escolhemos aqueles que considerou com maior consistência
teórico-metodológica e que apresentava os dados e resultados de forma mais completa.
Considera-se consistência teórico-metodológica a relação explícita e coerente entre a
introdução do artigo, as escolhas metodológicas e a forma de análise dos dados empíricos
produzidos.

DESENVOLVIMENTO

Conforme Mota e Martins (2001), a ação de humanização nos hospitais é retomada


para o método de educação e treinamento dos profissionais de saúde, e da maneira que para
mediações estruturais que realizem a prática de a hospitalização ser mais acolhedora para
o paciente. A recomendação de humanização da assistência à saúde olha o aprimoramento
da qualidade do serviço ao usuário e das circunstâncias de trabalho para os profissionais.
Se compreende que olha ao ajustamento com as políticas mundiais de saúde e à redução
dos custos abundantes e inúteis decorrentes da ignorância, do descaso e do despreparo
que ainda permeiam as relações de saúde em todas as instâncias (BRASIL, 2005).

Além disso, a humanização do hospital precisa partir do princípio de que cada


paciente precisa continuar vivendo como ser humano, ou seja, levando em consideração
a possibilidade de seus valores de referência, exigindo o máximo somatório de suas

214
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
oportunidades de funcionar, não apenas fisiológicas e também o psicológico. Segundo
Jeammet e Consoli (2000), deve evitar que o paciente seja desorganizado pela angústia e
seja dominado por suas reações emocionais e facilitar seu acesso à palavra é a possibilidade
de unir e de simbolizar seus afetos.

Mota e Martins (2006), diz que a preocupação com a humanização hospitalar tem
como principal foco a dignidade do ser humano e o respeito por seus direitos, sendo que o
ser humano tem que ser olhado em primeiro lugar. Visto que, a dignidade, a liberdade e o
bem-estar da pessoa são causas a serem responsáveis entre o doente e o profissional da
saúde.

Em conformidade com Pessini e Bertachini (2004), discorrem a atenção com a


humanização hospitalar como cuidado em primeiro lugar, dado que:

A dignidade do ser continua a ser importante curar doenças, mas sem esquecer que
mais importante ainda é curar o doente; e não somente curá-lo, mas também cui-
dar dele. É a pessoa doente que deve ser o principal foco de atenção, e não a sua
enfermidade. Ainda quando a cura não é mais possível, quando a ciência se acha
incapaz de resolver o problema trazido pela doença, continuamos diante do doente,
na sua dignidade, na sua fragilidade e na sua necessidade de ser amparado, cuida-
do e amado. (PESSINI E BERTACHINI, 2004),

Mesmo que a própria pessoa não colabore, ou até não participe ou nada saiba,
a pura e simples identificação do conflito, sua discussão com o doente, sem dúvida lhe
será útil. Ouvir o doente, seja o que for que ele tenha a dizer, pode fazer diferença neste
processo da doença. Podemos então considerar que qualquer médico ou outro profissional
de saúde que exerce sua profissão com um mínimo de sensibilidade terá percebido, que
muitas vezes, importa menos o remédio que receita ou a técnica que utiliza e mais a atenção
ao paciente, neste contexto , o médico que consiga estabelecer com seu paciente uma
relação positiva, de afeto, confiança e amor terá sem dúvida, muito maiores chances de
mobilizar o potencial curativo interior do enfermo, dará mais força, e, portanto, eficácia, à
terapêutica que prescrever.

Concordamos com Pessini e Bertachini (2004) quando dizem que o ambiente


hospitalar gera sentimento de insegurança e principalmente ansiedade. É quase sempre
um lugar de aflição e dor, de espera e agonia, até de desolação e desespero. Os pacientes
nem sempre estão envolvidos nas decisões sobre sua vida pessoal, nem na política de
saúde que é desenvolvida. De fato, os profissionais “não se prendem” a abrir espaços para
compartilhar com os pacientes a responsabilidade de cuidar de suas vidas e administrar seu
destino. É por isso que um trabalho com profissionais da área da psicologia proporá uma
discussão sobre as reais condições da humanização no ambiente hospitalar, envolvendo o
papel da equipe de enfermagem e, espera-se, melhorando o sistema assistencial.

Segundo Leão-Machado (2016) em sua pesquisa sobre os processos de


humanização, aponta que os autores analisados indicam que a desumanização é proveniente
também do desenvolvimento tecnológico. Ou seja, desenvolvimento científico e tecnológico
é registrado como responsável por uma ordem de benefícios para a saúde, todavia, seu
efeito contrário é a desumanização. Outra condição na qual à desumanização discutida nos
artigos, é a ação dos fatores econômicos e sociais nas práticas de produção de saúde no
Brasil. Assim sendo, conforme a Política Nacional de Humanização é considerada como

215
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
um “movimento instituinte” que julga as marcas identitárias do modelo biomédico, de tal
forma acarretando um debate sobre a ética do cuidado. Portanto, a assistência humanizada
se dá na ocasião que a construção de uma nova cultura de atendimento é baseada na
democratização das relações, na comunicação, no vínculo de confiança entre médico e
paciente em uma relação personalizada, na garantia dos direitos coletivos e individuais,
respeito, reciprocidade e na inclusão do ensino de técnicas de comunicação durante a
formação dos profissionais de saúde.

Campos (1995), por exemplo, destaca a necessidade de focalizar a tríade paciente,


acompanhante, equipe de saúde. No contato com o paciente, o psicólogo constrói o vínculo
terapêutico, mostra-se disponível para a escuta das queixas e demandas, identificando, de
forma colaborativa, as situações que provocam sofrimento, visando reorganizar a tensão
emocional. Busca-se promover conversações para os acompanhantes, demais familiares e
equipe de saúde com o objetivo de mediar o relacionamento e a comunicação destes com
o paciente e, por outro lado, atender às demandas emocionais da família.

Diante disso, o psicólogo precisa ampliar seus conhecimentos e assim observar as


conexões que unem os que o cercam, assimilando seus anseios, desejos e sentimentos.
Portanto, o papel do psicólogo hospitalar começará com o encontro com o paciente, ou seja,
salvando a essência da vida interrompida pela doença e posterior internação. Com base
em uma visão humanística com atenção especial aos pacientes e familiares, a psicologia
hospitalar considera a totalidade e a totalidade do ser humano, sua condição individual
única e a definição e respeito de seus direitos humanos (ANGERAMI, 2001).

Com o passar do tempo, os hospitais passaram a ver o trabalho do psicólogo na


enfermaria e na clínica como importante e necessário para atender os pacientes de forma
humanizada e entender a relação entre profissionais e pacientes e familiares, sabendo
que muitas depressões se referem à fragilidade física, dor, incapacidade e medo da
hospitalização que criam dificuldades na relação médico-paciente. Pois, de acordo com
Souza (2012), se uma esquipe não consegue comunicar-se ou criar uma interação leal
entre si, o atendimento acaba sendo prejudicado. Antes de cuidar do paciente, a equipe
precisa aprender a se cuidar, a se comunicar e a criar vínculos entre os próprios colegas
de trabalho. A comunicação interdisciplinar adequada é atualmente um desafio para todos
os profissionais de saúde. Contudo, para alcançar a eficiência dos serviços prestados, faz-
se necessário o aprimoramento de comunicação entre a diversas especialidades. Então, a
perspectiva interdisciplinar por meio do diálogo constante entre a equipe de saúde representa
uma estratégia efetiva para facilitar a comunicação, conforme foi destacado por Chiattone
(2006) e Almeida (2000). Isso possibilita discutir características de um caso clínico com os
profissionais, definir procedimentos de intervenção e acompanhar os resultados avaliando
seus efeitos.

Ainda, Sebastiani e Chiatone (1991) Sebastiani e Chiatone (1991) apontaram que


o psicólogo não apenas acompanha um diagnóstico no sentido formal e acadêmico, mas
busca a visão mais ampla possível de quem é o paciente e como ele encara o processo de
adoecimento, internação e tratamento, seu principal objetivo é salvar a visão do indivíduo
como um todo, como um ser biopsicossocial-espiritual cujo princípio fundamental da
existência é o direito inalienável à dignidade e ao respeito.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
Por conseguinte, ao receber mensagens difíceis em ambiente hospitalar, os
pacientes tendem a valorizar aspectos como o local de recebimento, a qualidade da
mensagem, o timing adequado e a sinceridade e calma do médico (CHEHUEN NETO et
al., 2012). Esses aspectos podem ser abordados por meio de diversas ferramentas a serem
institucionalizadas e colocadas em prática, tais como: oficinas de comportamento empático,
ensino estruturado de protocolos e organização espacial em ambientes hospitalares.
Essa mobilização é fundamental, visto que o comportamento e a forma como os médicos
comunicam mensagens difíceis afetam diretamente o curso do tratamento, incluindo a
decisão do paciente em continuar o tratamento. (SOBCZAK, LEONIUK, E JANASZCZYK,
2018).

Estratégias e dificuldades encontradas na comunicação de notícias difíceis de


saúde são definidas como informações que podem alterar a percepção de um indivíduo
sobre seu futuro, incluindo declarações diagnósticas que levarão a grandes mudanças em
sua vida (BERKEY, WIEDEMER, E VITHALANI, 2018). Esse processo afeta pacientes,
familiares e toda a equipe de saúde. No que diz respeito aos médicos, eles também são
afetuosos porque são eles que comunicam o diagnóstico.

O Código de Ética Médica, capítulo V, artigo 34, descreve que é vedado ao


profissional:

Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objeti-


vos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar danos,
devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal (CFM, 2019,
p. 27).

Durante uma comunicação, um emissor e um receptor interagem, sendo que a


primeira passa uma mensagem ao segundo com a intenção de compartilhar informações
com este último. (CAMARGO, 2012). A comunicação também pode funcionar como um
facilitador e um obstáculo à integração entre os indivíduos envolvidos no processo. Nassar
(2012), diz que aqui podem ser compreendidos como a díade médico-paciente.

Portanto, para minimizar o impacto negativo da dificuldade de divulgação de


notícias ou prevenir sua maior exacerbação, é fundamental um processo de comunicação
eficaz entre as partes envolvidas. No ambiente hospitalar, ao receber uma notícia difícil, os
pacientes tendem a valorizar aspectos como local de recebimento, qualidade da informação,
momento pontualidade e sinceridade e tranquilidade do médico (CHEHUEN NETO et al.,
2012). Esses aspectos podem ser abordados por meio de diversas ferramentas a serem
institucionalizadas e colocadas em prática, tais como: oficinas de comportamento empático,
ensino estruturado de protocolos e organização espacial em ambientes hospitalares. Essa
mobilização é fundamental, uma vez que o comportamento e a maneira como os médicos
comunicam mensagens difíceis impactam diretamente o curso do tratamento, incluindo
as decisões dos pacientes sobre a continuidade do tratamento (SOBCZAK, LEONIUK, E
JANASZCZYK, 2018).

Nesse contexto, para melhorar a comunicação de mensagens complexas nas


instituições de saúde, é necessário primeiro entender quais estratégias os profissionais
que ali atuam têm utilizado e quais as dificuldades que enfrentam. Como disciplina que
estuda as interações em diversos contextos de cuidado, a psicologia da saúde contribui

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
significativamente para melhorar a relação o médico-paciente. Segundo Matarazzo
(1980), trata-se de um campo profissional, cientifico e educacional que visa à promoção
e manutenção da saúde. O objetivo deste estudo é contribuir para a análise e melhoria do
sistema de saúde e para o estabelecimento de políticas de saúde, prevenindo e tratando
a progressão de doenças. A importância deste domínio inclui também a situação social do
indivíduo e traços de personalidade como a autoconfiança (STRAUB, 2014)

Portanto, é relevante realizar pesquisas relevantes que possam orientar profissionais,


instituições e sociedades, dada a necessidade de uma psicologia da saúde que se dedique
a reduzir as desigualdades e instrumentalizar para melhorar muitos aspectos relacionados
à saúde e à doença. Estratégias e dificuldades encontradas. Algumas das dificuldades
relatadas incluíram respostas do paciente e familiares (VOGEL, SILVA, FERREIRA E
MACHADO, 2019; NOVAES, 2015), compreensão do paciente (AFONSO E MINAYO, 2017)
e interferência familiar (SILVA, SOUSA E RIBEIRO, 2018) por parte dos profissionais de
saúde. Por outro lado, estar preparado e se conectar com o paciente (SOMBRA NETO et al.,
2017) e o atendimento de uma equipe multidisciplinar (LECH, DESTEFANI, E BONAMIGO,
2013) são estratégias de comunicação estratégicas que facilitam o manejo de notícias
difíceis.

Segundo Stefanelli (1967), uma boa comunicação entre a tríade paciente-família-


equipe de saúde é fundamental para inspirar um clima de confiança entre todos os envolvidos:

Comunicação é um processo de interação por meio do qual, as pessoas compar-


tilham mensagens e sentimentos, e o modo como ocorre essa troca, influencia no
comportamento das pessoas nele envolvidas, a curto, médio e longo prazos, no
espaço onde ocorreu a comunicação ou mesmo à distância. (STEFANELLI, 1967)

A qualidade da comunicação entre profissional da saúde e paciente, segundo


Straub, é avaliada também pela postura do profissional em revelar uma má notícia, mas,
na maioria das vezes, os médicos não tiveram treinamento suficiente de suas habilidades
para transmiti-las. A maneira como estas informações são repassadas pode determinar
a adesão do tratamento e o estilo de enfrentamento do paciente e de sua família ao que
lhe é comunicado. Ser pouco hábil ao transmitir uma má notícia pode gerar um sofrimento
a mais, desnecessário à pessoa que a recebe, além de danos à relação profissional de
saúde-paciente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que, não apenas às instituições e demais profissionais da área de saúde


permitirem a introdução deste profissional nas equipes, mas, principalmente, o psicólogo
pode participar, pode fazer psicoeducação com a equipe de saúde, sendo que, pode mediar
a comunicação e os conflitos.

Por conseguinte, amaneira geral foi capaz finalizar por meio dos artigos, que a falta
de comunicação talvez seja o grande obstáculo para o firmamento e eficácia do processo
de humanização. Sendo que, a carência ou déficit de comunicação faz com que seja pouco
conhecido o trabalho, impossibilitando que, no mínimo, a maior parte dos profissionais,
gestores, e igualmente a comunidade saibam e se envolvam nesse novo procedimento

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 19
de cuidar, amparar e prestar melhor qualidade de vida para o sujeito. Desta forma, é
importante que sejamos capazes de conscientizar todo ser humano da competência de
humanizar-se. De que é preciso entender o outro e ajudá-lo a restabelecer sua vida, como
resultado promovendo a ele bem-estar e melhores circunstâncias de voltar a sonhar e
colocar em prática seus sonhos e planos. Com isso, referindo-se à humanização através
da comunicação, um dos focos do trabalho, percebeu-se a partir da leitura de artigos sobre
a psicologia da saúde e psicologia hospitalar, a eficácia desse processo é vista, quando
profissionais deixam de enxergar apenas a doença, e passam a ver o doente que a traz,
em sua totalidade.

De acordo com Pereira (2005), na literatura médica, mais precisamente nos últimos
dez anos, encontram-se trabalhos sobre orientações e protocolos para a comunicação com
os pacientes, porém grande parte destas publicações é direcionada para uma cultura norte-
americana, europeia e australiana. Sendo assim esta mesma autora, sugeriu um protocolo
para comunicação de más notícias, a partir de sua tese de doutorado em anestesiologia, na
faculdade de medicina de Botucatu/SP. Tal protocolo foi desenvolvido baseado na literatura
médica já existente sobre o assunto e consiste em sete passos fundamentados na palavra
PACIENTE: P – Preparar-se, A – Avaliar o quanto o paciente sabe, C – Convite à verdade,
I – Informar, E – Emoções, N – Não abandonar o paciente, T – Traçar uma E – Estratégia.
Nota-se que as estratégias adotas são semelhantes às do protocolo SPKIES (O protocolo
SPIKES tem o objetivo de facilitar a abordagem de assuntos delicados diante de pacientes
com câncer, como diagnóstico, recidiva da doença e início de tratamento paliativo, mas seus
princípios podem ser expandidos para outros cenários na prática médica), porém adaptada
ao contexto brasileiro, o que pode facilitar o processo de aprendizagem dos profissionais
de saúde.

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221
Capítulo Informação em Saúde por

20
meio de portais: uma Revisão
Narrativa
Health information through
portals: a narrative review
Jeferson Victor Viana Silva
Departamento de Educação Física (Universidade Estadual da Paraíba)
https://orcid.org/0009-0004-5953-8945
Clésia Oliveira Pachú
Departamento de Farmácia (Universidade Estadual da Paraíba)
https://orcid.org/0000-0002-7356-6297

RESUMO

Diante da evolução tecnológica e o impacto da comunicação na socieda-


de, torna-se fundamental analisar os impactos da informação em saúde
por meio de portais, na vida e no bem-estar das pessoas. Trata-se de
uma revisão narrativa, utilizou-se de termos relacionados à saúde, co-
municação e impacto das redes virtuais na vida dos cidadãos. Buscamos
teóricos nos bancos de dados e portais informativos com a finalidade de
enriquecer o conteúdo e a escrita desse periódico. A produção ocorreu
entre junho e julho de 2023. Foi observado que a mudança de caracterís-
tica da comunicação afeta a busca por informações em saúde e acentua
os desafios relacionados ao convívio em uma sociedade fermentada por
índices virtuais. Conclui-se que a caracterização dos portais influencia o
público de diferentes maneiras e objetivos variados, destacando a impor-
tância da veracidade das informações para a formação da educação em
saúde no meio social.

Palavras-chave: comunicação. informação. saúde.

ABSTRACT

In view of technological evolution and the impact of communication on


society, it is essential to analyze the impacts of health information through
portals on people’s lives and well-being. This is a narrative review, using
terms related to health, communication and the impact of virtual networks
on citizens’ lives. We searched for theorists in databases and informational
portals with the purpose of enriching the content and writing of this journal.
Production took place between June and July 2023. It was observed that
the change in communication characteristics affects the search for health
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2
DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.20 222
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
information and accentuates the challenges related to living in a society fermented by vir-
tual indexes. It is concluded that the characterization of the portals influences the public in
different ways and varied objectives, highlighting the importance of the veracity of the infor-
mation for the formation of health education in the social environment.

Keywords: communication. information. health.

INTRODUÇÃO

Na atualidade, a validade de uma informação pode ser cada vez mais difícil de
ser averiguada graças ao turbilhão de notícias que se recebe no cotidiano. O conceito de
informação sempre foi de grande importância para a vivência em sociedade, sendo um dos
pilares formadores da relação interpessoal. Todavia, o significado etimológico da palavra
“informação”, não necessariamente esteve, no seu surgimento, ligada apenas ao “ato de
informar”.

Dessa forma, os inúmeros meios de comunicação e a grande pluralidade de


informantes sem um devido filtro por parte dos leitores, torna a experiência do acesso
a informações verídicas uma objeção de caráter moral. De outro modo, partindo para
construção histórica do processo de comunicação, torna-se fundamental conhecer a palavra
“informação” originária do latim, “informare”, significando “modelar” ou “dar forma”. Porém,
na linguagem da Roma antiga, a palavra “informare”, derivava do verbo “informatio” usados
para relacionar, também, o ato de conceber ideias (CUNHA, 2011).

Assim, desde que se sabe do surgimento do homem, remete-se a prática de


comunicação, em qualquer período histórico. Pinturas Rupestres datados em 15.000 anos
a. C. encontradas na região que hoje pertence ao território egípcio, demonstram os primeiros
meios materiais de se comunicar com o próximo. Séculos depois, após o surgimento da
escrita e da sistematização de diversas línguas, as cartas foram meios de comunicação que
se sustentaram até a modernidade.

Contudo, as cartas e os hieróglifos ficaram no passado e, junto a eles, o telégrafo


também perdeu cargo de uso. Desde o surgimento das rádios difusoras, a comunicação de
massas se mostra o cargo chefe dos meios produtores de informação. No Brasil, a década
de 1930, sob o governo de Getúlio Dornelles Vargas, o rádio passou a ser o principal meio
informativo da população. A era de ouro do rádio brasileiro perdurou dos anos trinta a
década de quarenta, porém foi nesse período que pode-se conhecer o outro lado dos meios
de comunicação da informação de massa, o entretenimento. O rádio, caracterizou-se não
apenas com intuito de informar, mas de também entreter, moldar opiniões e ser inserido no
mundo comercial.

Outrossim, a partir do surgimento da televisão em 1927, e sua popularização,


no Brasil ocorrida na década de 1970, a mudança do meio de comunicação foi notório e
importante. Além da TV, os anos modernos também tiveram influência do surgimento de
uma rede mundial de Internet, facilitada pelo aumento dos números de computadores nos
lares, popularizando no Brasil, durando a primeira década do século XXI, a comunicação
virtual.

223
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
Dessa forma, a partir de uma grande exposição virtual das pessoas aos meios de
comunicação de massa por meio de smartphones, aliada ao surgimento de web sites e de
redes sociais de interação, a comunicação virtual se tornou a principal fonte de conversação/
obtenção de informações dos seres humanos a partir dos anos 2000. Para ilustrar esse
meio citado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 90,2% dos imóveis
brasileiros tinham acesso à Internet no ano de 2021, sendo 99,5% dos aparelhos que
acessam à rede, a utilização de celulares e smartphones.

Logo, a comunicação passou a estar mais próxima do receptor. Junto a isso, várias
objeções surgem, inclusive a da veracidade da informação. Além disso, o meio virtual se
tornou parte das construções sociais, acompanhando os problemas e desafios da sociedade.
(BAUDRILLARD, 1998).

Reforçando esse argumento da presença da virtualidade no dia a dia dos brasileiros,


segundo dados da Comscore, disponibilizados pela revista virtual Poder 360, Brasil é o
3° país do mundo que mais utiliza redes sociais para comunicação, sendo mais de 131
milhões de contas ativas. Além disso, o estudo demonstrou que uma plataforma reina na
sociedade brasileira, o youtube, tendo um alcance de 96,4% dos acessos na rede pelos
usuários. Outro ponto importante, está relacionado ao tempo de uso e exposição na rede,
que segundo a instituição acima, a média de horas gastas por mês nos meios sociais
virtuais, superam as 45 horas.

Portanto, o movimento de forma geral dos meios virtuais afeta não apenas a
informação ou o ato de comunicação, mas também tem ação direta no funcionamento
dos corpos, da economia, da sensibilidade ou do exercício da inteligência. A virtualização
atinge o status da construção da coletividade: comunidades virtuais, empresas em
ciberespaços e democracia virtual. Embora as redes digitais e a ampliação dos espaços
virtuais desempenhem papel fundamental na mudança de comportamento da sociedade,
trata-se de uma onda enorme que vai além do campo da rede, ultrapassa os limites da
informatização (LÉVY, 1997).

Observa-se, que em virtude das menções anteriores, estaremos abordando três


pilares fundamentais da comunicação virtual, hodiernamente, grandes formadores de
opiniões das grandes massas. Discutir-se-á acerca dos portais de notícias, portais digitais
de rede e dos portais de Instituição de Ensino Superior, peculiaridades, características e
impacto na formação de conhecimentos acerca do tema saúde.

Portais de notícias e saúde

O primeiro portal de notícia no mundo virtual foi ao ar em 1995, em Nova Iorque,


trata-se do Personal Journal, versão digital do The Wall Street. Em terras brasileiras, no
mesmo ano, o jornal JB Online foi o vanguardista dos periódicos de rede. Porém, os portais
noticiosos, tendo caracterização dos principais meios jornalísticos do país, só surgiram em
1996 e 2000, respectivamente, os portais da UOL e iG.

A partir desse momento, surgiu em 2006, o que viria na década seguinte, se tornar
o maior portal de notícia do país. No aniversário de 56 anos do surgimento da TV no Brasil,
a emissora principal do país, levou sua grade jornalística para a rede, o jornal O Globo

224
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
teria sua página virtual iniciada em meados da primeira década do século XXI (GROUPO
GLOBO, 2021).

Desde então, a comunicação brasileira passou por uma revolução que não
acontecia desde os tempos dos feitos de Assis Chateaubriand. Os portais de notícias por
estarem inseridos dentro de um contexto virtual passou a ter características peculiares das
formações digitais de rede: audiência fragmentada, múltiplos discursos, personalização,
interatividade, multimídia e pode ser produzida por quaisquer que seja o computador, até
mesmo pelo smartphone é possível a publicação (CAMERRO, 2023).

Por outro modo, essa mudança também ocorre na característica da narrativa,


ela perde sua linearidade e passa a ser retirada de um contexto editorial. Neste caso, o
acesso a um determinado tipo de conteúdo, a partir de um simples clique, possibilita mudar
de temática conteudista. Os portais deram aos meios de comunicação um aspecto muito
peculiar, a informação passou a ser fracionada e lançada para que o leitor acesse o que
quer, no momento que preferir.

Em contrapartida a essa caracterização peculiar, pode-se destacar dois benefícios


que os portais de notícias virtuais trouxeram para o nosso contexto diário, como também
analisar três problemáticas da vinculação da notícia nas redes sociais: o sensacionalismo
exagerado em busca de clickbait, o impacto das notícias falsas gerados por portais de
pouca confiança e os invisíveis digitais.

Com o passar dos tempos e a necessidade de evolução na comunicação, os portais


de notícia passaram a ser a fonte mais rápidas utilizadas pelas pessoas. No entanto, uma
das objeções presentes se encontra associadas a este meio de obtenção comunicativa
seria a presença de “caça-cliques”, os famosos “clickbait”. A técnica utilizada por vários
sistemas e empresas produtoras de conteúdo, pois visa atrair usuários para clicar em
títulos hiperbólicos com conteúdo diferentes da expectativa gerada pelo leitor, até mesmo,
informações irrelevantes acerca do tema a partir de um título bombástico (ZUHROH;
RAKHMAWATI, 2020).

Nesse contexto, essa estratégia de buscar leitores a todo custo ou sem


responsabilidade editorial, remete ao primeiro momento de uma crise informativa relacionada
aos portais. Seu acontecimento, gera no leitor que não se atenta ao conteúdo completo,
apenas pelo título da matéria, compartilhamentos que proporcionam uma onda de notícias
falsas sobre temas importantes. Desse modo, mudando a opinião e a formação intelectual
das pessoas à cerca de uma determinada temática.

Entretanto, não apenas a estratégia de cliques fomenta a rede de portais, deve-se


ficar atentos aos portais não profissionais que não trabalham com a veracidade dos fatos para
ter relevância perante os portais com alta confiabilidade. Essa objeção das notícias falsas,
gera na sociedade, precipuamente aos seus receptores, problemas adversos incalculáveis.
Pois a força de uma notícia falsa se mostra capaz de denegrir pessoas responsáveis e
gerar caos em sistemas sólidos.

Ilustrando as notícias falsas, elas foram fomentadas pelos últimos praticantes. O


objetivo central dessas notícias foi de minar a confiança dos leitores fabricando histórias
inverídicas e plantar o cinismo em relação à democracia. Além de promover lideranças

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
populistas em busca de ganhos, precipuamente em sistemas democráticos com baixa
seguridade que sempre está sob ameaças de ditadores (BAPTISTA, 2019).

Dessa forma, para combater todo o sistema de notícias falsas, torna-se necessário
perdermos a cultura de não averiguar o conteúdo, saber o caráter do site da postagem e
preferir /optar por redes jornalísticas nacionais de renome, porém, até esses merecem seu
cuidado ao rever o editor da matéria.

Além disso, outro fator de grande objeção da presença da informação de grandes


massas em portais de notícias presentes em websites, mostrou a desigualdade social
presente nas esferas globais da sociedade brasileira, também pode ser uma desigualdade
de caráter informacional. Por outro lado, poderemos averiguar que não existe uma bolha a
parte dos problemas sociais, contextos culturais e econômicos do território nacional. Pois
todo o contexto de inserção das redes digitais está atrelado ao mundo real, não dá para
pasteurizar as formas de vivência no plano real e no plano virtual. Portanto, não se pode ter
separações na análise. Assim, em um contexto de desinformação do cidadão, este também
estará fora do conhecimento das práticas, direitos e acessos do ser humano à informação
referente à saúde e bem-estar.

Logo, para ilustrar o cenário atual em terras brasileiras, a conhecida “desigualdade


digital” se apresenta afirmada por dados disponíveis do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística. No ano de 2021, 15,3% da população brasileira, 28,2 milhões de pessoas,
acima dos 10 anos ainda não têm acesso à internet. Além disso, 98,8% dos que utilizam
Internet, fazem acesso por meio de aparelhos eletrônicos, todavia, no Brasil, 28,7 milhões
de pessoas não tinham celular. Esses dados mostram que a desigualdade digital também
deve ser considerada ao tratar a temática da comunicação.

Por fim, a relação do uso de celulares no dia a dia e a dependência dos meios
virtuais na vida diária das pessoas não se trata de projeção, apresenta-se como realidade.
E isso nos mostra que o contexto social não se separa da realidade virtual, hodiernamente,
quase 29 milhões de pessoas no nosso país não têm acesso aos meios virtuais de
comunicação. Também não são inseridos nos portais de rede, ficando fora ou desatualizados
de informações em saúde.

Portais de rede e a saúde

As redes sociais vieram para modificar a relação do homem com a máquina, se


tornaram verdadeiros companheiros inseparáveis, onde cada passo da vida é publicado
em segundos e compartilhado por centenas de pessoas. O poder da rede vai além de
acompanhar a vida do próximo, ela aproxima quem está distante e tem a força de criar
na mente humana expectativas irreais e perigosas por meio da influência, como também
elevar padrões de vida dos seres detentores do poder de marketing pessoal.

Como destacado anteriormente, as redes e a vida na atualidade são inseparáveis.


Mais que isso, apresentam-se como formadoras de experiências, riscos e produtos. A rede
social remete ao grande produto do século, inúmeras. Essa diversidade, foi capaz de
penetrar na sociedade de tal forma que eleva status de pessoas ao caráter de “influencers”.

226
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
O uso das redes sociais para auto gerenciar informações sobre saúde representa
uma objeção que constitui uma prática comum de usuários leigos que vivem e são inseridos
em diferentes contextos de saúde. Todavia, mesmo facilitando o acesso à informação, as
mídias sociais podem contribuir para o surgimento de vários problemas e riscos ao bem-
estar, uma vez que ampliam a vulnerabilidade ao acesso fácil de informações falsas e sem
checagem científica. (BRASILEIRO; ALMEIDA, 2023).

Nesse sentido, sem juízo de valor, porém com caráter expositivo, as redes sociais
podem influenciar a vida das pessoas e por consequência, a má utilização dela pode gerar
consequências na saúde dos seres humanos com propostas milagrosas e sem averiguação
científica.

Falando nisso, a influencer e autodenominada “life coach”, Maíra Card, influenciadora


com mais de 8,8 milhões de pessoas na plataforma “Instagram”, promete realizar dietas e
planos alimentares com a estratégia de emagrecer pessoas e elevar a estética corporal
daqueles que adquirem seu plano. Muitas das pessoas que compraram seu plano de
emagrecer, acreditavam que Maíra era nutricionista, porém sua formação é técnica em
nutrição esportiva sem registro no Brasil. Além disso, o site informativo saborsaúde.
com, apurou que cerca de 152 pessoas foram influenciadas de forma direta na compra
do conteúdo, sem mencionar as que indiretamente são informadas com suas dicas pelas
variadas redes.

Desse modo, o Conselho Regional de Nutricionista da 3° região informou em


2016 que a influencer não era registrada como profissional e com base na Lei Federal n°
8234/1991, não poderia trabalhar prestando planos nutricionais (BRASIL, 1991).

Assim, o caso de Maíra Card põe em cheque dois embates, de um lado o


conhecimento empírico com força na experimentação aliada à apelação midiática da
indústria cultural. De outro o cientificismo e a prática orientada de profissionais. Deve-se
sempre está ao lado da comprovação científica, que mede os resultados em composição
dos riscos e aplica as técnicas adequadas. Acerca desse caso, em entrevista ao G1.com, o
Professor André Fernandes, presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF,
2017) corroborando com nossa análise, destacou os variados riscos à saúde de seguir
orientações de pessoas que não acompanham a ética científica: “seguir o treino só porque
funcionou para um blogueiro é colocar em risco a própria saúde, podendo se machucar, ter
um overtraining, degeneração osteoarticulares e lesões cardíacas”.

Nesse ponto, tais exposições nas redes e o gerenciamento dessas informações


de saúde sem um devido cuidado, como se comporta a sociedade brasileira perante tais
informações, diretamente, modificam percepções de tratamentos até comportamentos?

Ilustrando esse tema do uso constante das redes, uma pesquisa mostra que a mídia
social é a fonte mais utilizada de informações sobre saúde. Sendo que, 83% dos brasileiros
afirmam já estar cuidando da saúde com base nas informações que receberam por meio
dessas plataformas durante a pandemia de COVID-19. As conclusões foram publicadas
no estudo “The Information Epidemic and its Impact on Digital Lives”, que alerta para os
perigos potenciais do acesso à informação (KARSPESKY, 2021).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
Dessa forma, a utilização, cada vez mais intensa, dos recursos da informática para
produção e circulação de mensagens torna necessária a reflexão sobre as características
da comunicação virtual. A digitalização das informações não é a vilã, muito menos uma
rival da qualidade de vida e bem-estar. Pelo contrário, apresenta-se como uma das fontes
da descentralização da informação e democratização da informação em saúde para os que
precisam. A informação representa uma das maneiras da prática da prevenção, informando
as massas com potenciais verídicos sobre a saúde sendo aliada aos profissionais da saúde
e seu público.

No campo da educação em saúde, esse movimento se coaduna com a valorização


das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no desenvolvimento de iniciativas
criativas, inovadoras e ousadas de educação em saúde que têm fortalecido o vínculo
entre comunicação, ciência e sociedade. Para que essa informação seja benéfica, alguns
cuidados devem ser necessários (CURRAN; MATTHEWS; FLEER, 2019).

Nesse sentido, a primeira norma que se conhece em relação a informação em


saúde na rede, as Diretrizes de Políticas de Aprendizagem Móvel da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) de 2014, revela razões
para encorajar o uso da tecnologia móvel sozinha ou em combinação com outras TIC para
aprendizagem em qualquer hora e lugar. Ao fazer isso, a OMS visa ajudar os formuladores
de políticas a entender o conceito de aprendizagem com tecnologia móvel e seus benefícios
para democratizar a informação em saúde para todos (UNESCO, 2014).

No Brasil, essa mudança de era se mostra praticada por um dos maiores sites
relacionados a instrução de pessoas, trata-se do UMA-SUS. Neste, disponibilizado para
profissionais e público geral, informações relevantes acerca de vários problemas, temas,
soluções e preocupações que as pessoas devem ter em ralação a sua saúde e a de seus
próximos. Todavia, a plataforma se mostra pouco divulgada nas redes oficiais do governo
público do Ministério da Saúde do Brasil, precipuamente, sem atuações em redes como o
Facebook, Instagram e Youtube, impactando diretamente sua influência digital.

Desse modo, Levy enfatiza a relação entre cultura e aprendizado online e argumenta
que o sistema educacional atual impõe novas restrições a quantidade, variedade e velocidade
do desenvolvimento do conhecimento. A demanda por educação carece não apenas do
aumento exponencial da quantidade, mas também da mudança qualitativa, da busca de
soluções tecnológicas que permitam ampliar o acesso e a disseminação da informação.

Assim, torna-se necessário e importante, além dos sites oficiais, os sites e redes
informacionais das Instituições de Ensino Superior. Tal abordagem pode aproximar ainda
mais a comunidade científica da sociedade, obtendo êxito na propagação das informações
em saúde para o público pouco abastado dessas tecnologias.

Portais de instituições de ensino superior e a saúde

As importâncias das instituições ganharam força perante as novas tecnologias.


Todavia, as instituições tiveram que se adequar ao padrão e “surfar” na era tecnológica para
aproximar do seu público. A função dos portais de Instituição de Ensino Superior revela-se
em informar, solidificar a instituição e aproximar sua comunidade de si.

228
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
Todavia, essa definição ou esse entendimento de instituições sólidas na rede só
teve vanguarda em 1967, quando Philip Kotler e Kevin Keller, publicou nos Estados Unidos
da América, o livro intitulado “Administração de Marketing”, clássico da literatura comercial.
Nesse periódico, surgiu o termo “branding”, significado de gestão de marca, caracterizando
o valor de marca no mercado. Portanto, ao relacionar sites institucionais e sua importância
no século XXI, relaciona-se a uma gestão de marca direta, dado o portal e a instituição se
confundem a um só corpo.

Devido aos avanços da comunicação proporcionados pelo ambiente digital, pode-


se afirmar que, na atualidade, os portais corporativos têm uma responsabilidade enorme.
Sendo sua missão permitir a “eficiência e a busca pela vantagem competitiva nos espaços
organizacionais, intensificando a relançar entre as organizações e seus públicos” (SOARES,
2007).

A efeito prático, indo além da função dos sites e portais institucionais, os tempos
atuais necessitam que esses portais de IES, precisam atrelar acontecimentos dos websites
às redes sociais em uma alimentação diária, ao invés das pessoas se alimentarem de
canais de notícias falsas, possam se aproximar de um meio confiável. Na questão de
informação em saúde, cada departamento poderia ter internamente, portais nas redes
sociais para publicação de informação do macro sistema. Nesses, cada departamento de
forma multidisciplinar, tivesse a produção de conteúdo e a publicação em meios acessíveis
e com linguagem popular, com finalidade de aproximar do seu público.

No caso de uma universidade com múltiplos públicos, as instituições são ativadas a


gerir as relações com a maioria, devendo escolher os seus principais públicos, para facilitar
a comunicação.

Dessa forma, torna-se extremamente comum que discentes e docentes sejam os


públicos mais memoráveis da instituição. Entretanto, não se pode esquecer das estratégias
de comunicação em saúde para promover um ambiente de bem-estar na instituição, e não
focar, apenas, nos informes universitários.

Em levantamento realizado por ação própria, seguindo a classificação 2023


do “Center for World University Rankings”, analisa-se os portais institucionais de três
universidades brasileiras melhores classificadas pelo CWER; Universidade de São Paulo
(USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Nesse levantamento, busca-se analisar dois pontos importantes, seja
a presença de cursos/informações em saúde para a comunidade e sua atuação nas redes
sociais.

Sob a ótica da primeira perspectiva, a Unicamp disponibiliza vários cursos gratuitos


pela plataforma Coursera, inclusive da área da saúde, porém voltadas ao público acadêmico
e sem nenhuma inserção para público geral. Já a USP, por sua vez, proporciona ao público
geral pela sua plataforma própria, e-aulas de várias áreas para sociedade, além de cursos
livres para a população. Todavia, a UFRJ, apesar de disponibilizar cursos de extensão para
comunidade, foram, no ano de 2022, disponibilizadas apenas 380 vagas em cursos da
ciência da saúde, sociais e humanas.

229
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
Por outro lado, todas as universidades citadas têm redes sociais de comunicação,
todas acima de cem mil seguidores no Instagram e com canais no Youtube, na qual a USP,
disponibiliza aulas e palestras aberta ao público geral. Porém, a UFRJ em seu Instagram
tem um caráter completamente institucional e normativo sobre os acontecimentos
burocráticos, de outro modo, a Unicamp se destaca por produções de audiovisuais pelos
próprios estudantes, e disponibilizados na rede Tik Tok, para informar ações e estudos da
instituição.

Assim, por todas as três instituições terem redes sociais e contas no Instagram,
corrobora com a ideia que desde a sua criação, o Instagram ganhou um grande número de
usuários e se tornou uma mídia social bastante conhecida. Pensando nisso, as empresas
começaram a desenvolver estratégias promocionais para alavancar novos estilos
de aplicativos e linguagens para atrair ou obter a atenção de usuários, por sua vez, a
universidades estão no âmbito dessa evolução comunicativa.

Portanto, torna-se necessário a ampliação das estratégias dos sites institucionais


de universidades públicas do país para reter e realizar ações concretas para a comunidade
pública e acadêmica. Essas estratégias insistem em ser realizadas por três esferas nas
quais julga-se importantes; alto promoção pelo tráfego pago nas redes digitais, publicação de
conteúdo web com relacionamento das redes institucionais e promoção de eventos públicos,
como corridas, revistas, congressos e palestras, como fundamentos para aproximar e criar
laços entre as instituições e a comunidade.

Logo, concluindo tal ciclo, para se entender a dinâmica dos relacionamentos se faz
necessário discernir a sua natureza, pois essa define-se como um “processo interdependente
de interação e trocas contínuas entre, pelo menos, dois atores”, envolvendo recursos e
atividades. Outrossim, um relacionamento se baseia na ideia de que existem aproximações
que conectam os dois lados, as aproximações devem ser as ações desenvolvidas
(HOLMLUND; TORNROOS, 1997).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que as evoluções comunicativas dos meios de produção da informação


acompanham a relação de recebimento e uso do receptor da notícia, como também, a
relevância e os cuidados que devemos ter sobre portais virtuais na propagação de
informação relacionadas à saúde e bem-estar.

No que se refere ao caráter da informação, foi possível destacar a abundância


populacional que se usa das redes virtuais de comunicação para ter cuidados com a saúde.
De outro modo, a necessidade de averiguar a influência digital das redes nas noções diárias
e de enfrentamentos a objeções de saúde pública.

A partir da perspectiva histórica da informação, o estudo direcionou as atenções


as características, necessidades e problemas nos três tipos de portais armazenadores/
produtores de informação: portais de notícias, portais de rede e portais de Instituição de
Ensino Superior, e seus impactos diretos nas vidas dos indivíduos. Dessa forma, analisa-se
compartimentos de portais de notícias, caracterização de portais de rede com exposição de

230
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 20
caso nacional e avaliação expositiva de experiências em portais de instituições de ensino
superior.

A partir desse ponto, destaca-se a importância dos sites universitários na formação


de opinião valorosa acerca do controle dos problemas de saúde, e também, mas não menos
importante, a influência da mídia profissional dos portais de notícias em averiguar e publicar
matérias verídicas de caráter científico.

Por outro lado, foi possível observar que a recepção da notícia é tão importante
quanto os métodos de publicação. Finaliza-se, valorando a comunicação virtual por facilitar
acesso a informações em saúde, todavia, alertando acerca da necessidade de ampliar os
meios e as estratégias na segurança da distribuição das informações. Ademais, no intuito de
democratizar a informação científica para ampla população, utilizando-se da comunicação
massiva, precisa-se das aplicações de estratégias que aproximem as instituições do público
geral.

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232
Capítulo Neurociência e estratégias de

21
comunicação no ambiente
corporativo: impulsionando a
produtividade e o bem-estar
Kenia Maria da Silva

RESUMO

O presente estudo tem como principal foco de estudo a interseção entre


neurociência, comunicação, produtividade e bem-estar no ambiente cor-
porativo. O desafio da gestão está centrado nos relacionamentos interpes-
soais e seus impactos nos resultados. Relevante questionar como utilizar
estratégias de comunicação baseadas na neurociência para aumentar
a produtividade e o bem-estar no ambiente corporativo? Nesse sentido,
o objetivo geral deste estudo é explorar a influência da neurociência na
comunicação e propor estratégias para promover o bem-estar e a pro-
dutividade no ambiente corporativo. A metodologia adotada foi a revisão
bibliográfica, onde os dados foram coletados em livros, artigos científicos,
monografias e sites relacionados com o assunto. Os resultados encontra-
dos indicaram que a neurociência é uma ferramenta poderosa para apri-
morar a comunicação, reduzir conflitos e melhorar os relacionamentos.
Concluiu-se que investir no bem-estar da equipe, por meio da utilização de
técnicas de treinamento, comunicação assertiva e empatica potencializa o
capital humano com a geração do senso de pertencimento e engajamen-
to. Isso promove um clima harmonioso e motivador, resultando em maior
satisfação e produtividade dos colaboradores.

Palavras-chave: neurociência. empatia. comunicação. produtividade.


bem-estar.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como principal foco o estudo do ambiente


corporativo e estratégias que impulsionem a produtividade, por meio da
conexão dos recursos da neurociência, comunicação e bem-estar. O
entendimento dos processos cognitivos e emocionais são fundamentais
na potencialização dos relacionamentos interpessoais das organizações
por possibilitar a criação de um ambiente de trabalho mais eficiente,
colaborativo e satisfatório.

A abordagem neurocientífica tem sido adotada para pesquisar


problemas e decisões relevantes para os negócios, permitindo
uma maior compreensão do porquê o ser humano se comporta
ou reage de determinada forma. Isso porque, a neurociência
hoje, fornece uma visão poderosa dos processos cognitivos,

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.21 233
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
comportamentais, da relação entre a mente e o corpo e transforma a maneira como
o ser humano pensa (VORHAUSER-SMITH, 2010). Assim, é possível desenvolver
maiores habilidades de prever comportamentos (LEE; BUTLER; SENIOR, 2010).
Portanto, aplicá-la às práticas de gestão pode contribuir para o desenvolvimento
das empresas de forma mais eficaz (HILLS, citada por DUARTE, 2021).

O cérebro é o “computador central” de nosso corpo, localizado dentro da caixa


craniana, faz parte do sistema nervoso, para onde convergem todas as informações que
recebemos. (MAGALHÃES, s.d.)

A comunicação assertiva, empática e livre de violência baseada na compreensão


das emoções e perspectivas dos outros, oportuniza a colaboração, a resolução construtiva
de conflitos e relacionamentos sem ofensas, mal-entendidos e estresse no ambiente de
trabalho.

Segundo Takeda (2011), a capacidade de transmitir informações de forma coesa,


objetiva, clara e com serenidade são grandes desafios para as empresas, significa conseguir
se expressar, se afirmar, colocando o que se sente e pensa sem ser agressivo, sempre
respeitando a si e aos outros, independente de certo ou errado.

A assertividade, ou comunicação assertiva, é uma poderosa ferramenta que põe em


prática a capacidade de produzir um discurso de forma clara e objetiva, facilitando a
compreensão do receptor, reduzindo ruídos e garantindo uma comunicação eficaz.
(GONÇALVES, ROCHA, LIMA, 2022).

De acordo com Duarte (2021), os estudos sobre tomada de decisão está vinculada
a área da neurociência social, associadas à confiança, competição, norma social e empatia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é um estado de com-


pleto bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou
enfermidades. Sendo assim, podemos perceber o quanto o campo da saúde, é um
campo complexo, pois envolvem várias áreas e elementos que vão afetar direta-
mente no bem-estar e felicidade do indivíduo. (TORRES, 2020).

As empresas não são apenas espaços físicos, mas comunidades de pessoas. Os


indivíduos trazem consigo uma combinação complexa de mente, corpo, emoções e espírito.
Gerenciar e cuidar desses aspectos é fundamental para o desempenho e bem-estar.

A comunicação é classificada pelos estilos de comunicação passiva, agressiva e


passivo-agressiva. A comunicação passiva representada por pessoas que não ex-
pressam com clareza, em situações conflitantes não se posicionam, por demonstrar
insegurança suas equipes são desmotivadas e sem engajamentos; a comunicação
agressiva a pessoa fala alto, critica, confronta, ofende, não aceita ideias diferentes
das suas próprias e algumas das caracteristicas das pessoas que comunica passi-
va-agressiva são o deboche, sarcasmo, cinismo e mensagem com duplo sentido.
(BRUM, 2021).

A comunicação assertiva pressupõe dialogo, respeito e compreensão, e isso só é


possível por meio de uma escuta ativa e empática.(BRUM, 2021, p.9)

De acordo com Rosenberg (2019), a comunicação não violenta é uma combinação


de pensamento e linguagem, uma ferramenta para usar o poder com intuito de criar uma
qualidade de conexão que favoreça ações compassivas.

Para algumas pessoas, a felicidade plena é algo impossível de se atingir. Porém, a


Psicologia Positiva sugere que a felicidade é alcançável, bem como o resultado natural da
construção de nosso bem-estar e a satisfação com a vida. (MARQUES, s.d.)

234
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
De acordo com Seligman (2010), o modelo PERMA composto pela combinação
dos elementos: emoções positivas, engajamento, relacionamentos, sentido e realização
proporciona uma vida mais feliz, próspera com impacto na saúde física e mental das
pessoas.

Consciência social refere-se a um espectro que se estende a sentir instantanea-


mente o estado interno da outra pessoa, compreender os sentimentos e pensa-
mentos dela a “entender” situações sociais complicadas. Inclui: empatia primordial:
sentir com os outros, detectar sinais emocionais não verbais; sintonia: ouvir com
total receptividade, sintonizar-se com o outro; precisão empática: compreender os
pensamentos, sentimentos e intenções da outra pessoa; cognição social: saber
como funciona o mundo social. (GOLEMAN, 2019, p. 107).

Nessa perspectiva, surge o questionamento com a seguinte pergunta: Como utilizar


estratégias de comunicação baseadas na neurociência para aumentar a produtividade e o
bem-estar no ambiente corporativo?

As respostas para essa pergunta é que a neurociência oferece a oportunidade de


otimizar processos, investir no bem-estar dos colaboradores, promovendo uma comunicação
saudável, resulta em maior produtividade, criatividade e menor taxa de absenteísmo,
impulsionando de maneira inteligente os resultados organizacionais.

Nesse sentido, a justificativa para este estudo fundamenta-se na necessidade de


adquirir um conhecimento sólido que embasa as estratégias de comunicação e intervenções
no ambiente corporativo, visando promover um ambiente saudável e produtivo que valorize
o crescimento dos colaboradores. O objetivo geral deste artigo é explorar a interseção
entre neurociência, comunicação, produtividade e bem-estar no contexto empresarial,
com foco no desenvolvimento do capital humano. Para isso, os objetivos específicos são
compreender como o funcionamento do cérebro e das emoções influencia a comunicação
assertiva, empática e não violenta, além de explorar estratégias de comunicação que levem
em consideração os princípios neurocientíficos do florescimento humano. A intenção é
promover o bem-estar dos colaboradores e contribuir para a construção de ambientes de
trabalho saudáveis, motivadores e produtivos, que incentivem o crescimento profissional e
pessoal.

METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho foi a pesquisa qualitativa, com uma


abordagem exploratória. Os procedimentos adotados consistiram em uma revisão
bibliográfica. O levantamento bibliográfico foi conduzido no período de maio a junho de 2023,
utilizando fontes como livros, artigos científicos, monografias, Google Acadêmico, revistas
científicas e sites relacionados com o assunto. O objetivo foi identificar estudos relevantes
que abordassem a interseção entre neurociência, empatia, comunicação no ambiente de
trabalho, produtividade e bem-estar. Palavras-chave específicas foram utilizadas, incluindo
neurociência, empatia, comunicação, produtividade e bem-estar, a fim de direcionar a busca
por informações pertinentes ao tema em estudo.

Para a seleção da amostra, foram estabelecidos critérios de inclusão, considerando


apenas trabalhos que abordassem a neurociência, comunicação não-violenta e assertiva,

235
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
empatia e psicologia positiva. Foram selecionados para pesquisa material dos últimos 16
anos, escritos em português e inglês. Quanto aos critérios de exclusão, foram descartados
os trabalhos que não abordassem a neurociência, comunicação e psicologia positiva.

A análise dos dados foi realizada por meio de uma leitura criteriosa e interpretação
detalhada de todas as informações encontradas na literatura pertinente. Os dados foram
cuidadosamente organizados para atingir o objetivo da pesquisa, testar as hipóteses
estabelecidas e chegar a conclusões significativas.

DESVENDANDO A COMPLEXIDADE DO CÉREBRO HUMANO:


CONEXÕES, FUNCIONAMENTO E POTENCIALIDADES

Quando consideramos o sistema nervoso na sua totalidade, é possível distinguir


facilmente as divisões central e periférica. (...) o cérebro, que é o componente prin-
cipal do sistema nervoso central. Além do cérebro, com os hemisférios esquerdo
e direito unidos pelo corpo caloso (um conjunto espesso de fibras nervosas que
liga bidirecionalmente os hemisférios), o sistema nervoso central inclui o diencéfalo
(um grupo central de núcleos nervosos escondidos sob os hemisférios, que inclui
o tálamo e o hipotálamo), o mesencéfalo, o tronco cerebral, o cerebelo e a medula
espinal. (DAMÁSIO, 2005, p. 43).

Figura 1 - Sistema nervoso central Figura 2 - Lateralidade cerebral

Fonte: Daniel Lascani (2019) Fonte: Lana Magalhães (s.d.)

O encéfalo humano é uma rede de mais de 100 bilhões de neurônios interconectados


em sistemas que constroem nossa percepção sobre o mundo externo, fixam nossa atenção
e controlam o mecanismo de nossas ações. (KONKIEWITZ, 2016).

O sistema nervoso central está “neuralmente” ligado a praticamente todos os re-


cantos e recessos do resto do corpo por nervos, que no seu conjunto constituem
o sistema nervoso periférico. Os nervos transportam impulsos do cérebro para o
corpo e do corpo para o cérebro. (DAMÁSIO, 2005, p. 49).

De acordo com Santos (2016), o cérebro é dividido em quatro lobos:

Lobo frontal: relacionado com trabalho criativo, raciocínio, personalidade, tomada


de decisões, movimentação dos músculos esqueléticos, entre outras funções.

Lobo temporal: atua na comunicação, audição e compreensão da linguagem.

Lobo parietal: relacionado a percepção de dor, frio, calor e toques.

Lobo occipital: possui relação com o processamento das informações visuais.

236
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Figura 3 - Partes do cérebro.

Fonte: Vanessa S.dos Santos (2016)

Do latim mens, o conceito de mente diz respeito a uma dimensão ou a um fenômeno


complexo que se associa ao pensamento. Pode definir-se a mente como a potência
intelectual da alma. É habitual que se estabeleça uma confusão entre cérebro e
mente. O cérebro é um órgão que se encontra na cavidade craniana e que apre-
senta uma grande quantidade de neurônios (células do sistema nervoso). A mente,
por sua vez, emerge do cérebro como consequência do funcionamento deste órgão.
Outra forma de entender a mente é como o nexo ou a etapa que existe entre um es-
tímulo que chega ao organismo e uma resposta. A mente encarrega-se do proces-
samento da informação que recebemos, permitindo-nos responder e desenvolver
uma determinada conduta.(CONCEITO, 2022).

Figura 4 - Regiões do cérebro Figura 5 - Funções do cérebro

Fonte: Elisabete C. Konkiewitz Fonte: Lana Magalhães (s.d.)


(2016)

Wernicke, descobriu que existe uma organização modular da linguagem no cérebro,


constituída de centros de processamento em série e em paralelo com funções mais
ou menos independentes, agora reconhecemos que todas as habilidades cognitivas
resultam da interação de muitos mecanismos de processamento simples distribuí-
dos em diversas regiões do cérebro. Assim as regiões do cérebro não estão relacio-
nadas com faculdades mentais, mas com operações de processamento elementa-
res.(KONKIEWITZ, 2016).

Segundo Villasante (2022), James Papez trabalhou com a anatomia das emoções
e criou o circuito de Papez, formado pelo hipocampo, tálamo e cíngulo. O fisiologista e
psiquiatra Paul McLean e o cirurgião e antropólogo Francês Paul Broca acrescentaram
ao circuito as estruturas: o septo, a amígdala e o hipotálamo, batizado de sistema límbico.
O neurologista Paul Ivan Yakovlev propôs um circuito emocional que incluía os núcleos
orbitofrontal, temporal anterior, insular e outros do tálamo.

237
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Neocórtex: desempenha papel crucial em várias funções cognitivas superiores,
como linguagem, pensamento abstrato, raciocínio, planejamento e criatividade. (LASCANI,
2019).
Figura 6 - Cérebro humano.

Fonte: Daniel Lascani (2019)

Segundo Magalhães (s.d.) o sistema límbico é o conjunto de diversas estruturas de


neurônios conectadas que atuam de forma integrada e complementar:

1. Giro do cíngulo: possui funções de regulação emocional, tomada de decisões,


atenção, memória, empatia, processamento da dor, regulação da interação
social e à autorregulação emocional.

2. Amígdalas: desempenha funções de processamento de emoções, resposta ao


medo, memória emocional e regulação das interações sociais.

3. Tálamo: ajuda a modular a percepção sensorial, regulação do estado de


consciência, processamento motor, integração multissensorial, memória,
atenção e aprendizado.

4. Hipotálamo: possui funções de regulação da temperatura corporal, controle do


apetite e da saciedade, regulação do ciclo circadiano e sono, controle hormonal,
regulação das respostas emocionais vital para a regulação do corpo e do
comportamento

5. Septo: está envolvido na regulação da atividade elétrica e no controle de certos


comportamentos, como agressão e sexualidade.

6. Corpo Mamilar: responsável pela transmissão dos impulsos oriundos das


amígdalas e do hipocampo e na manutenção da memória recente e da memória
espacial ligada à localização de objetos e eventos.

Cérebro Reptiliano: é responsável por funções básicas e instintivas, como controle


dos movimentos e sobrevivência.

Funções cognitivas são os processos mentais que nos permitem desenvolver qual-
quer tarefa. As mais importantes são a atenção, a orientação, a memória, as gno-
sias, as funções executivas, as praxias, a linguagem, a cognição social e as habili-
dades visuoespaciais.(NEURONUP, s.d.).

De acordo com Santos (s.d.), os neurônios estabelecem conexões entre si quando

238
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
recebem estímulos advindos do ambiente externo ou do próprio organismo e a sinapse
é uma região de proximidade entre um neurônio e outra célula por onde é transmitido o
impulso nervoso.
Figura 7- Neurônios. Figura 8 - Sinapse.

Fonte: Vanessa Sardinha dos Fonte: Vanessa Sardinha dos


Santos. Santos.

O tecido nervoso (ou neural) é constituído por células nervosas (neurônios),


apoiadas por células da glia. Os neurônios são as células essenciais para a atividade
cerebral. (DAMÁSIO, 2005, p. 49).

Os neurônios possuem três componentes importantes: um corpo celular; uma fibra


principal de saída, o axônio; e fibras de entrada, ou dendritos (...) Os neurônios
estão interligados em circuitos formados pelo equivalente aos fios elétricos con-
dutores (as fibras axônicas dos neurônios) e aos conectores (sinapses, os pontos
nos quais os axônios estabelecem contato com os dendritos de outros neurônios).
(DAMÁSIO, 2005, p. 49).

NEUROCIÊNCIA
Figura 9 - Neurociência em todas as áreas da vida.

Fonte: Agnes Braga (2022)

Esse campo científico estuda a consciência, os comandos do cérebro para ações


do corpo e tomada de decisões, a forma como o cérebro aprende, doenças degenerativas
e diversos outros temas. (BRAGA, 2022).

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
De acordo com Braga (2022), a valorização do bem-estar e qualidade de vida, seja
física, psicológica ou emocional é um mecanismo de sobrevivência em um mundo repleto
de novas informações, avanço tecnológico e envelhecimento da população.

Neurociência aplicada a empatia

A empatia nos permite perceber o mundo de uma maneira nova e ir em frente.


Quanto maior a empatia por outra pessoa, mas seguro nos sentimos. A empatia pelo não
de alguém não nos deixa entendê-lo como afronta. (ROSENBERG, 2021).

Estudos examinam as regiões cerebrais envolvidas na empatia e como a atividade


cerebral nessas áreas se relaciona com a capacidade de se colocar no lugar do outro.
Quadro 1 – Exemplos de sistemas neurais ativados na empatia.
Sistema Neuronal Atribuição neuronal Manifestação empática
Sistema de espelho Reproduz mentalmente a ação do outro Compreende as intenções e emoções
no próprio cérebro. dos outros.
Rede de teoria da Atribui estados mentais aos outros, como Permite inferir o que os outros estão
mente crenças, desejos e intenções. pensando ou sentindo, contribui para a
compreensão.
Sistema límbico O sistema límbico, incluindo a amígdala e Regulação emocional e resposta afetiva
o córtex cingulado anterior. aos estímulos emocionais dos outros.
Circuito da recom- Composto pelo núcleo accumbens e É ativado quando nos engajamos em
pensa pelo córtex pré-frontal ventromedial, ajudar os outros e estabelecer conexões
está envolvido na sensação de prazer e sociais.
recompensa.
Fibras de substân- Responsáveis pela transmissão de infor- A conectividade funcional e estrutural
cia branca mações e sinais elétricos entre diferentes entre as regiões cerebrais é fundamen-
áreas do cérebro. tal para o processamento e compartilha-
mento de emoções e estados mentais
dos outros.
Sistema de atenção Permite que direcione a atenção para as A regulação da atenção é crucial para a
pistas sociais relevantes e sintonizemos focar na pessoa em questão e respon-
nas experiências emocionais dos outros. der adequadamente às suas emoções e
necessidades.
Rede de memória Composta pelo hipocampo e áreas corti- Permitir a lembrar das próprias experi-
autobiográfica cais associadas. ências passadas, auxilia nos relaciona-
mentos com as experiências e emoções
dos outros.
Rede de tomada de Composta pelo córtex pré-frontal dorso- Permite adotar a perspectiva dos outros
perspectiva medial e a junção temporo-parietal. e compreender seu mundo interno.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O estudo conduzido pela psicóloga e neurocientista alemã Tania Singer concentrou-


se na cognição social, emoções morais sociais, empatia, compaixão, inveja e justiça, tomada
de decisão social e comunicação. Ela está interessada nos determinantes da cooperação
e do comportamento pró-social, bem como na quebra da cooperação e no surgimento
do comportamento egoísta. Sua pesquisa usa uma variedade de métodos, incluindo
ressonância magnética funcional, ambientes de realidade virtual, marcadores biológicos
como o cortisol e estudos comportamentais.

Segundo Leal (2020), as estratégias para desenvolver a empatia são:

Autoconhecimento: Gerenciar as próprias emoções antes de entender as emoções


dos outros.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Abertura e curiosidade: Conversar com pessoas de diferentes círculos sociais para
compreender seus pontos de vista.

Habilidades de escuta: Estar presente e reduzir a necessidade de oferecer opiniões.

Redução do julgamento: Suspender julgamentos para entender o ponto de vista do


outro.

Comunicação empática: Expressar sentimentos e necessidades e ouvir ativamente


os outros.

Feedback e opiniões: Buscar a perspectiva dos outros sobre comportamento e


situações vivenciadas.

Não existe um neurotransmissor específico exclusivamente responsável pela


empatia. A influência dos neurotransmissores na empatia pode variar dependendo do
contexto e das características individuais.
Quadro 2 – Neurotransmissores relevante na empatia.
Neurotransmissores Funcionalidades
Ocitocina Regulação do afeto e na promoção de comportamentos pró-sociais. Fortalece os
laços sociais, à confiança e à formação de vínculos emocionais.
Serotonina Regulação do humor e das emoções.
Dopamina Regulação da motivação e recompensa, associada ao bem estar em ajudar os
outros.
Noradrenalina Regulação do estado de alerta e da resposta ao estresse. Empatia cognitiva.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Neurociência do bem-estar

Em 2010, Martin Seligman desenvolveu a teoria PERMA, uma estrutura que estuda
os mecanismos cerebrais e neurais associados à sensação de bem-estar e felicidade.
Envolve a presença de emoções positivas, engajamento em atividades significativas,
conquistas pessoais, relacionamentos positivos e encontrar sentido na vida.
Figura 10 – PERMA.

Fonte: Rose Torres (2020)

241
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Quadro 3 – Neurotransmissores relevante na empatia.
Neurotransmissores Funcionalidades
Endorfina Atua como analgésicos naturais e promovem uma sensação de euforia e prazer.
Serotonina Frequentemente chamada de “hormônio da felicidade”. Regulação do humor, do
sono, do apetite e do desejo sexual.
Dopamina Relacionada à motivação, ao prazer e à recompensa. Fundamental na sensação
de bem-estar e satisfação.
Glutamato É inibitório do cérebro, reduze a atividade neuronal. Ajuda a acalmar a mente,
aliviar a ansiedade e promover o relaxamento.
Gaba É excitatório do cérebro, crucial no aprendizado, na memória e na regulação do
humor.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A regulação dos neurotransmissores e sua relação com o bem-estar são processos


complexos e multifatoriais. Eles são influenciados por diversos fatores, incluindo genética,
ambiente, estilo de vida e experiências individuais.

Estudos neurocientíficos têm revelado que o bem-estar está associado a ativação


de regiões como o córtex pré-frontal, o sistema límbico (incluindo o hipocampo e a amígdala)
e o sistema de recompensa.

Neurociência e a comunicação

A neurociência e a Comunicação Não Violenta estão relacionadas no sentido em


que se baseia em uma compreensão da estimulação na ativação de processos cerebrais e
emocionais para promover uma comunicação eficaz e construtiva. A comunicação eficaz no
ambiente de trabalho traz benefícios como: Colaboração e trabalho em equipe, resolução de
conflitos, aumento da produtividade e eficiência, engajamento dos funcionários, ambiente
de trabalho saudável e desenvolvimento de habilidades de liderança.

Abordagens e técnicas utilizadas como estratégias para melhorar a eficácia da


comunicação:

Escuta ativa: Carl Rogers, um renomado psicólogo humanista, foi um dos pioneiros a
enfatizar a importância da escuta ativa na terapia centrada no cliente, ouvir de forma
genuína, concentrada e empática, com o objetivo de compreender o interlocutor.

Comunicação empática: Carl Rogers, enfatizou a importância da empatia na


terapia centrada no cliente, expressar compreensão e cuidado pelos sentimentos e
necessidades dos outros, estabelecendo uma conexão emocional.

Comunicação não violenta: foi desenvolvida por Marshall Rosenberg, um psicólogo


americano, na década de 1960. Abordagem baseada em princípios de empatia,
compaixão, respeito mútuo e interação na expressão consciente de sentimentos e
necessidades.

Comunicação assertiva: Entre os estudiosos notáveis estão Albert Ellis, Aaron Beck,
Virginia Satir e Carl Rogers, se caracterizaram por expressarem pensamentos,
sentimentos e opiniões de maneira clara, direta e respeitosa, sem infringir os direitos
das outras pessoas.

242
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
De acordo com Brum (2021), as empresas enfrentam problemas de comunicação,
como informações centralizadas, reuniões longas e improdutivas, falta de clareza na
transmissão de informações estratégicas, boatos informais, falta de feedback entre líderes,
subordinados e colegas de trabalho, além da falta de comunicação entre diferentes áreas
ou setores da empresa.
Figura 11 - Neurociência e comunicação empresarial.

Fonte: Raquel Nery (2021)

Quadro 4 – Linguagem escuta ativa e comunicação empática x comunicação inadequada.


Situações Comunicação Comunicação
Escuta ativa Escuta passiva
hipotéticas empática sem empatia
Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação
Exemplo: 1 Adequada inadequada adequada inadequada
Um colega de Entendo que você Não se preocupe Lamento que você Pare de reclamar
trabalho está esteja enfrentando com isso. Todos esteja passando por tanto. Todos nós
compartilhando dificuldades com o pro- têm problemas nos dificuldades com o pro- temos proble-
seus desafios jeto. Você poderia me projetos. jeto. Gostaria de saber mas.
e frustrações contar mais sobre os mais sobre como se
em relação a principais obstáculos sente e como posso
um projeto. que está encontrando? ajudar.
Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação
Exemplo: 2 Adequada inadequada adequada inadequada
Durante uma Compreendo que exis- Não acho que sua Entendo que você Seu ponto de
reunião de tam opiniões diferentes ideia seja viável. tenha uma visão dife- vista não faz
equipe, há sobre a abordagem do Devemos seguir o rente sobre o projeto. sentido. O meu
um desacordo projeto. Poderíamos meu plano. Gostaria de saber mais plano é clara-
sobre a melhor ouvir cada perspectiva sobre sua abordagem mente o melhor.
abordagem com atenção e dis- e os motivos pelos
para um pro- cutir as vantagens e quais você acredita
jeto. desafios de cada uma que ela seja eficaz.
delas?
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Quadro 5 – Linguagem comunicação não violenta e assertiva x comunicação


inadequada.
Situações Comunicação não Comunicação Comunicação Comunicação
hipotéticas violenta agressiva assertiva não-assertiva
Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação
Exemplo: 1 adequada inadequada adequada inadequada
O cliente está insa- Entendo sua insatis- Você está exage- Lamento sua Não posso fazer
tisfeito com o serviço fação. Vamos discutir rando. O serviço insatisfação. Por nada sobre isso. É
recebido. suas preocupações foi prestado de favor, me diga assim que nosso
e encontrar uma so- acordo com o suas preocupa- serviço funciona.
lução que atenda às contrato. ções para que
suas necessidades. possamos resol-
ver juntos.

243
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação
Exemplo: 2 adequada inadequada adequada inadequada
Um colega de trabalho Percebo que ocorreu Você estragou Compreendo que Você sempre faz
cometeu um erro que um erro que teve tudo. Não con- houve um erro no tudo errado. É
afetou negativamente impacto no projeto. sigo entender projeto. Vamos inaceitável.
um projeto. Podemos analisar como você pode discutir o que
o ocorrido juntos e ser tão incompe- aconteceu e en-
encontrar maneiras tente. contrar soluções
de evitar situações para corrigir o
semelhantes no problema e evitar
futuro. recorrências.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Comunicação não verbal: Expressões faciais podem transmitir emoções, gestos


podem reforçar ou contradizer o discurso verbal, e o contato visual pode demonstrar
interesse e engajamento.
Quadro 6 - Exemplificação de comunicação não verbal.
Gestos e posturas Significado da mensagem
Aperto de mãos firme Transmite confiança e profissionalismo.
Contato visual adequado Demonstra interesse, respeito e engajamento na interação.
Postura ereta e aberta Indica confiança e disposição para se envolver na comunicação.
Sorriso genuíno Cria uma atmosfera acolhedora e positiva, facilitando a comunicação e
fortalecendo as relações interpessoais.
Nodulação Transmite interesse e encorajamento quando faz leves movimentos de
cabeça para demonstrar que se está ouvindo e compreendendo o que
o outro está dizendo.
Expressões faciais congruentes Mostra coerência emocional e facilitando a compreensão do interlocu-
tor.
Gestos calmos e controlados Transmite confiança e segurança, além de ajudar na ênfase e clareza
das ideias.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
A comunicação ideal no contexto da escuta ativa, comunicação empática, assertiva
e não violenta consiste em ouvir atentamente, compreender genuinamente as emoções e
perspectivas dos outros, expressar de forma clara e respeitosa as próprias necessidades
e limites, e buscar soluções que promovam o entendimento mútuo e o bem-estar de todos
os envolvidos.
Figura 12 – O corpo fala a linguagem silenciosa da comunicação não verbal.

Fonte: Pierre Weil e Roland Tompakow (2015)

244
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Figura 13 – O corpo fala a linguagem silenciosa da comunicação não verbal.

Fonte: Pierre Weil e Roland Tompakow (2015)

É importante ressaltar que a interpretação dos gestos é influenciada por diferentes


normas sociais e culturais, necessário considerar outros aspectos da comunicação para
melhor compreensão. A comunicação não verbal complementa e enriquece a comunicação
verbal, fornecendo pistas adicionais sobre o significado e a intenção das mensagens
transmitidas.

Linguagem positiva: é uma estratégia que envolve o uso de palavras e frases que
promovem um ambiente positivo, encorajador e construtivo. De acordo com Brum (2021), As
palavras que usamos determinam a qualidade dos nossos sentimentos, relacionamentos,
ações e resultados. A linguagem positiva fortalece relacionamentos, estimula o otimismo e a
confiança, promove a criatividade e a resolução de problemas. Já a linguagem negativa gera
conflitos, deteriora vínculos interpessoais e cria um ambiente desmotivador e insatisfatório.
Quadro 7 - Linguagem positiva.
Linguagem positiva Orientações Em vez de dizer Você pode dizer
Use palavras afirma- Escolhas palavras que Não acho que isso Acredito que podemos encon-
tivas transmitam otimismo, funcione. trar uma solução eficaz.
encorojamento e con-
fiança.
Foque em soluções Ao discutir problemas Isso não vai dar Podemos explorar outras
ou desafios, direcione a certo. abordagens que possam ser
conversa para possíveis mais efetivas.
soluções.
Elogie e reconheça Reconheça os esforços, Você sempre come- Agradeço o seu empenho e
realizações e contribui- te erros. compromisso em melhorar
ções dos outros. constantemente.
Seja claro e direto Comunique-se de forma Seria bom se você Envie as informações atuali-
clara, evitando ambi- pudesse me enviar zadas até amanhã de manhã.
guidades ou linguagem as informações
excessivamente com- atualizadas o mais
plexa. rápido possível.
Demonstre empatia Use frases que mostrem Isso não é impor- Entendo que essa questão é
que você valoriza as tante. importante para você. Vamos
opiniões e sentimentos discuti-la e encontrar uma
dos outros. solução juntos.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

245
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Feedback construtivo: impulsiona o crescimento, a motivação e o sucesso, enquanto
a falta dele resulta em estagnação, falta de desenvolvimento, desmotivação e lacunas de
comunicação.
Quadro 8 - Feedback construtivo - linguagem assertiva x linguagem inadequada.
Feedback construtivo Orientações Linguagem assertiva Linguagem inadequada
Seja especifico e ob- Identifique comportamen- Gostaria de discutir áreas Seu trabalho não é bom.
jetivo tos ou ações específicas específicas para melho-
que você deseja abordar. rar a qualidade do seu
trabalho.
Foque nos fatos Baseie o feedback em Na última reunião, você Você sempre se atrasa
evidências e observações chegou 10 minutos após para as reuniões.
concretas. o horário marcado.
Seja equilibrado Reconheça tanto os Você é comunicativo e Você é bom em se comu-
pontos fortes quanto as articulado, mas precisa nicar, mas precisa melho-
áreas de melhoria. melhorar sua organiza- rar em cumprir prazos.
ção pessoal para cumprir
os prazos das tarefas.
Ofereça sugestões Proporcione orientações Sugiro simplificar o pro- Isso não está bom. Tente
construtivas claras sobre como a pes- cesso, eliminando etapas de novo.
soa pode melhorar. intermediárias e tarefas
desnecessárias para
melhorar a eficiência e
alcançar resultados mais
rápidos e melhores.
Seja empático e aberto Demonstre empatia e Entendo o desafio que o Você deveria ter lidado
considere o impacto emo- projeto representou para melhor com a situação.
cional do feedback. você. Acredito no seu po- Não entendo por que
tencial e estou aqui para você está tão preocupa-
apoiá-lo. Vamos superar do.
esses obstáculos juntos.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

No campo da psicologia e das ciências comportamentais, renomados teóricos


como B.F. Skinner, Carl Rogers e Douglas McGregor trouxeram importantes insights
sobre relevância do feedback para o processo de aprendizado e motivação. No âmbito
organizacional e de gestão, entre os especialistas em liderança e desenvolvimento
destacam-se o Peter Drucker, Daniel Goleman e Kim Scott, cujas contribuições têm sido
amplamente difundidas e aplicadas na implementação de práticas eficazes de feedback
nos contextos de trabalho.

Validar emoções: É fundamental reconhecer e validar as emoções dos outros,


conforme preconizado por renomados especialistas como Rogers, Satir e Rosenberg.
Validar emoções promove a comunicação eficaz, cria confiança e empatia. A falta dessa
validação leva a incompreensão, mal-entendidos, distanciamento emocional e problemas
na resolução de conflitos.
Quadro 8 - Validação de emoções – Linguagem assertiva x linguagem inadequada.
Validar emoções Orientações Linguagem assertiva Linguagem inadequada
Esteja presente e Dê total atenção à Reconheço seu empenho e Você precisa lidar com
ouça atentamente pessoa que está dedicação. Se estiver sobre- isso sozinho. Não posso
compartilhando carregado, vamos conversar e fazer nada para ajudar.
suas emoções. encontrar soluções juntos.
Demonstre empatia Coloque-se no lugar É natural se sentir ansioso dian- Você não deveria se sentir
do outro e tente te dessas circunstâncias. ansioso diante dessas
compreender como circunstâncias.
ele está se sentindo.

246
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Validar emoções Orientações Linguagem assertiva Linguagem inadequada
Utilize linguagem Evite minimizar ou É perfeitamente compreensível Não entendo por que você
adequada desqualificar as que você esteja se sentindo está tão chateado com
emoções do outro. magoado. isso.
Reflita emoções Repita ou reformule Parece que você está se sentin- Você está triste e desa-
as emoções expres- do triste e desapontado com a pontado com a situação?
sadas pela pessoa situação. Isso é exagero, não há
para mostrar que motivo para se sentir
você as entende. assim.
Evite dar conselhos Concentre-se em Estou aqui para ouvir suas pre- Não vejo motivos para
prematuros validar as emoções ocupações e encontrar soluções ficar tão frustrado. Não
antes de oferecer para os desafios do projeto. é tão complicado assim.
qualquer conselho Você só precisa se con-
ou solução. centrar mais e trabalhar
duro.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Empatia reflexiva: Remonta a terapias humanistas, como a terapia centrada no cliente


de Carl Rogers, e é enfatizada por estudiosos como Virginia Satir e Marshall Rosenberg.
A prática da empatia refletiva beneficia a comunicação, a construção de relacionamentos
sólidos e na resolução de conflitos, enquanto a falta dela pode levar à incompreensão,
conflitos e prejuízos nas relações interpessoais.
Quadro 9 - Empatia refletiva – Linguagem assertiva x linguagem inadequada.
Situação Linguagem assertiva Linguagem inadequada
Um membro da equipe está Percebo que você está chegando atra- Você precisa se organizar
frequentemente atrasado para sado para algumas de nossas reuniões. melhor. Chegar atrasado não é
as reuniões. uma desculpa válida.
Um colega de trabalho come- Lembre-se de que todos cometemos Essa é a segunda vez que
teu um erro em um projeto erros, e é assim que crescemos profis- você comete esse erro. Você
importante. sionalmente. nunca aprende?
Um colega de trabalho inter- Você tem algum motivo para interrom- Por que você acha que suas
rompe constantemente os per durante as reuniões? Existe algo opiniões são mais importantes
outros durante as reuniões de importante que você gostaria de com- do que as dos outros?
equipe. partilhar?
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Neurociência e a produtividade

Estudiosos como David Rock, renomado por suas contribuições sobre a neurociência
aplicada à liderança e à produtividade, e Paul J. Zak, cujo trabalho se concentra nos
efeitos dos hormônios do bem-estar no desempenho e na colaboração no ambiente de
trabalho, são apenas alguns dos pesquisadores que têm investigado essa relação. Essas
pesquisas emergiram nas últimas décadas, quando a aplicação da neurociência ao contexto
organizacional trouxe valiosos insights sobre como o funcionamento do cérebro influencia a
produtividade e o engajamento dos colaboradores.

As contribuições da neurociência podem ser muito positivas para o negócio. As


várias descobertas da área colaboram para o aumento da produtividade dos colaboradores,
melhorando o desempenho dos profissionais. A chave do processo é compreender
o funcionamento de cérebro e utilizar esse entendimento para desenvolver padrões de
trabalho mais produtivos.

É importante destacar que diversos especialistas em produtividade, gestão e


neurociência têm contribuído para sua divulgação e recomendação ao longo dos anos.

247
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 21
Entre os autores relevantes que abordam esses temas, destacam-se Daniel Levitin,
renomado neurocientista e autor do livro “The Organized Mind: Thinking Straight in the
Age of Information Overload” (A Mente Organizada: Pensando com Clareza na Era
da Sobrecarga de Informações), que explora estratégias para lidar com o excesso de
informações e melhorar a organização mental, e Cal Newport, professor e autor de “Deep
Work: Rules for Focused Success in a Distracted World” (Trabalho Profundo: Regras para
o Sucesso Focado em um Mundo Distraído), que discute técnicas para alcançar um estado
de concentração profunda e maximizar a produtividade.

Fatores que alavanca o desempenho das equipes: estimular períodos de descanso


com a equipe; implementar recursos para redução do estresse; evitar multitarefa, dividir
atividades longas em blocos gerenciais e utilizar listas e checklists como ferramenta de
organização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico e competitivo, a busca por


estratégias eficazes que impulsionem a produtividade e promovam o bem-estar dos
colaboradores torna-se fundamental para o sucesso das organizações. Nesse contexto, a
interseção entre neurociência, comunicação, produtividade e bem-estar surge como uma
abordagem promissora, capaz de oferecer insights valiosos para a construção de ambientes
de trabalho saudáveis e motivadores.

Através do estudo do cérebro e dos processos cognitivos, a neurociência


tem o diferencial de transformar pessoas através do conhecimento e da melhoria dos
relacionamentos interpessoais. Compreender as funcionalidades do cérebro e como o
sistema emocional influencia o comportamento contribui para a redução de ruídos, mal-
entendidos e na resolução construtiva de conflitos. Utilizar como ferramenta interna
os pilares do modelo PERMA da psicologia positiva (emoções positivas, engajamento,
relacionamentos positivos, sentido e realização) – as organizações têm a oportunidade de
potencializar o florescimento humano com a valorização, compreensão e motivação. Investir
no entendimento da sinergia da neurociência, produtividade, comunicação e bem-estar
impulsiona a criatividade como consequência um ciclo virtuoso de sucesso. Para estudos
futuros, sugiro pesquisas sobre os efeitos a longo prazo das práticas da neurociênica na
comunicação, retenção de talentos, saúde mental e cultura organizacional com foco no
crescimento sustentável.

REFERÊNCIAS

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Disponível em: O que a neurociência tem a ver com a produtividade no trabalho? - Blog da Alelo.
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Capítulo 21
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250
Capítulo A importância de programas

22
sociais para a população idosa
The importance of social
programs for the elderly
population
Ingrid Fernandes dos Santos

RESUMO

Com o aumento rápido da expectativa de vida e consequentemente da po-


pulação idosa, torna-se imprescindível repensar nos papeis que essa po-
pulação tem na sociedade. Assim, programas sociais destinados a pessoa
idosa podem influenciar positivamente a vida de idosos e auxiliar a promo-
ção da autonomia e qualidade de vida. Este trabalho propõe-se Investigar
os impactos e benefícios de programas comunitários e sociais destinados
a população idosa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva em
que foi realizado grupo focal conduzido pela psicóloga do programa com
o tema autoestima em que 22 idosos participaram. A partir das falas dos
participantes, os dados foram tratados através de Análise de Conteúdo,
sendo divido em quatros eixos principais: 1) o bem-estar relacionado ao
local; 2) atuação e contribuição do trabalho do psicólogo para grupo; 3)
melhoras físicas, emocionais e cognitivas e 4) importância social. Con-
clui-se que os grupos comunitários contribuem para o bem-estar dos ido-
sos com a criação de redes sociais e de apoio, assim como melhoras físi-
cas, emocionais e cognitivas. Além disso, esse programa foi significativo
na vida dos idosos e auxiliou na promoção de um envelhecimento digno.

Palavras-chave: envelhecimento. programas sociais. grupos.

ABSTRACT

With the rapid increase in life expectancy and consequently the elderly
population, it is essential to rethink the roles that this population has in
society. Thus, social programs aimed at the elderly can positively influen-
ce the lives of the elderly and help promote autonomy and quality of life.
This work proposes to investigate the impacts and benefits of community
and social programs aimed at the elderly population. This is a qualitative
and descriptive research in which a focus group was conducted by the
program’s psychologist with the theme of self-esteem in which 22 elderly
people participated. From the speeches of the participants, the data were
treated through Content Analysis, being divided into four main axes: 1)
Well-being related to the place; 2) performance and contribution of the

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.22 251
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
psychologist’s work to the group; 3) physical, emotional and cognitive improvements and 4)
social importance. It is concluded that community groups contribute to the well-being of the
elderly by creating social and support networks, as well as physical, emotional and cognitive
improvements. In addition, this program was significant in the lives of the elderly and helps
to promote dignified aging.

Keywords: aging. social programs. groups.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a população idosa corresponde a uma parte significativa da sociedade


e o rápido crescimento dessa população está associado ao aumento da expectativa de
vida. Fato que orienta o olhar para a velhice e todas a particularidades dessa etapa da vida.
O instituto Brasileiro de demografia e estatística (IBGE, 2018) informa que o número de
idosos cresceu 18% em 5 anos ultrapassando 30 milhões de idosos no Brasil com mais de
60 anos. Muitos desses idosos contribuem de forma significativa para o orçamento familiar,
o que os coloca como uma fonte que gera renda e impulsiona diversos setores de consumo.

O Estatuto do Idoso divulgado pela Lei nº 10.741/03 de 1 de outubro de 2003


(BRASIL, 2003) preconiza os direitos dos idosos e assegura a essa população garantias
fundamentais para a preservação da saúde física e mental, assim como condições para
o desenvolvimento moral, intelectual, espiritual e social. Ademais, de acordo com esse
Estatuto, a Secretaria Especial do idoso é responsável por promover e desenvolver Políticas
Públicas com a finalidade de dignificar o envelhecimento dessa população de forma que
contribua para que não haja preconceitos e diminua a incidência de maus tratos. Além disso,
a Lei nº 8.080, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, publica o princípio da universalidade onde a saúde é um dever do estado e direito
de todos os cidadãos (BRASIL, LEI nº8080/90,1990), o que inclui uma parcela significativa
da população representada por idosos.

Ao se pensar em promoção de saúde aos idosos, observa-se que os grupos sociais


podem ter impactos positivos na vida deles sendo importantes aliados para propiciar bem-
estar e qualidade de vida através do convívio social. Além disso, há uma relação entre
frequentar grupos sociais e criar vínculos que incentivam o autocuidado e traz inúmeros
benefícios, entre eles, o aumento da autoestima e da qualidade de vida (ROQUE, 2019).

Assim, observa-se que existem relações entre autoestima, autonomia, garantia do


direito de ir e vir, envelhecimento ativo e qualidade de vida (FIAMINGHI et al., 2004). Diante
das necessidades específicas dos idosos, é importante implantar espaços de convivências
e lazer. Esses espaços podem ser entendidos, conforme Giraldi (2014) como um lugar com
valor e significado para o indivíduo. Os espaços sociais têm valor subjetivo diferenciado
de acordo com as vivências de cada um. Sendo assim, a percepção que o idoso tem de
um espaço social constitui um importante fator para a manutenção da sua autonomia e
autoestima. Ao observar as perdas advindas do avanço da idade, o cuidar ou ser cuidado
se apresentará a todos em algum momento da vida. Cuidar do outro significa dar atenção
a sua individualidade. É no encontro, na troca de experiências e na valorização do outro
que o mesmo se reconhece enquanto sujeito (KÜCHEMANN, 2012). Portanto, os espaços

252
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
destinados aos idosos podem ser percebidos como ambientes propícios ao cuidado tanto
de si, quanto do outro.

O envelhecimento de uma população acarreta mudanças sociais e econômicas


significativas que devem ser voltadas a diminuição de situações de risco que essa
população está sujeita. Para um envelhecimento saudável é preciso observar o idoso
através de suas potencialidades e vulnerabilidades, levando em consideração que com as
perdas biológicas vindas com a idade, o idoso fica mais exposto a situações de riscos. A
vulnerabilidade da pessoa idosa pode ser entendida como a fragilidade e a exposição às
situações danosas ao bem-estar físico e emocional, podendo ser classificada em três tipos
que se interagem entre si: vulnerabilidade individual, social e pragmática (SALMAZO-SILVA
et al., 2012). Com o avanço da idade e devido às perdas biológicas, os idosos ficam mais
frágeis individualmente, tornando-os mais suscetíveis a doenças e agravos decorrentes de
situações diárias comuns (AYRES et al., 2006). Esse declínio da capacidade funcional gera
uma incapacidade de realização das atividades consideradas mais simples e cotidianas,
caracterizando uma situação de vulnerabilidade individual (PAZ, SANTOS & EIDT, 2006)

A dimensão social da vulnerabilidade se relaciona a vida em sociedade que ultrapassa


os limites individuais. O idoso fica vulnerável socialmente ao enfrentar circunstâncias que
limitam o seu acesso, seja por condições financeiras ou não, aos meios de serviços, a
informação, a cultura, a política e ao convívio social e afetivo, estes estão intimamente
ligados com a qualidade de vida (PAZ, SANTOS & EIDT, 2006).

A vulnerabilidade pragmática se refere à dimensão que os serviços institucionais


estão envolvidos na percepção e superação de contextos desfavoráveis e de vulnerabilidades
(AYRES et al., 2006). Além disso, esse tipo de vulnerabilidade se caracteriza por limitações
dos serviços que são oferecidos à população, isso inclui, conforme Paz et al. (2006), atenção
básica à saúde, prevenção e controle. Diante desse contexto, a atuação de familiares é de
extrema importância, visto que com o aumento da expectativa de vida, e com as habilidades
físicas e cognitivas reduzidas, a família tem um importante papel de promover ao idoso o
acesso aos meios sociais e de saúde, zelando para que esse acesso seja saudável e
significativo.

O estudo do idoso em suas diversas esferas é importante para que a sociedade


aprenda a lidar de forma significativa com o envelhecimento. Ao considerar o fato de que
cada vez mais a população está envelhecendo, dar um enfoque às relações da sociedade
e do idoso torna-se primordial para se entender a percepção que o idoso tem dos meios em
que vive, bem como traçar panoramas de que maneira a sociedade se posiciona diante do
envelhecimento.

O objetivo da presente pesquisa foi analisar impactos de programas sociais na vida


dos idosos, a partir do estudo de caso de um grupo comunitário desenvolvido no Distrito
Federal, e com isso discutir a manutenção de funcionalidade, autonomia e autoestima,
tal como aspectos que levem a compreender a importância desses espaços aos idosos.
Acredita-se que análises desse tipo contribuam para desenvolver programas que sejam
realmente eficazes para a diminuição das vulnerabilidades que o idoso pode sofrer,
ampliando as possibilidades da atuação do psicólogo na área social e comunitária, como
o diálogo multiprofissional. Além de identificar as possíveis mudanças na percepção que o

253
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
idoso tem de si, assim como no seu contínuo processo de dignificação e ressignificação e
desta forma romper com paradigmas e preconceitos em relação à pessoa idosa.

MÉTODO

Foi realizada uma pesquisa qualitativa e descritiva em que foi investigado a


compreensão do fenômeno de como os grupos sociais influenciam e impactam a vida dos
idosos.

Participantes e local de pesquisa

A presente pesquisa foi realizada em uma instituição não governamental


comunitária localizada em uma região administrativa do Distrito Federal. A instituição é
destinada a idosos a partir de 60 anos e visa atividades como educação física, dança sênior,
fisioterapia, estimulação cognitiva, alfabetização, oficina de autoestima, dentre outras. Os
objetivos desse espaço de convivência são melhora da autoestima, autonomia, mobilidade
e convivência social.

Na tentativa de resolver a questão problema proposta por essa pesquisa, participaram


22 idosos desse grupo comunitário. A amostra foi escolhida por conveniência e os idosos
tinham idade entre 60 e 78 anos. Os participantes pertencem em média a classe B2 com
renda estimada de até R$4.427,36. Todos os idosos frequentam o centro comunitário há
pelo menos 3 meses e todos participam da oficina da autoestima com a psicóloga.

Instrumentos de pesquisa

Foi realizado grupo focal dirigido por uma psicóloga voluntária do projeto, envolvendo
temas como o que é autoestima, a influência dos grupos na vida dos idosos que frequentam
e possíveis mudanças que o grupo possibilitou na vida do idoso. O questionário Critério
Brasil foi utilizado como instrumento de levantamento sócio demográfico com o objetivo de
saber a classificação social e o potencial de consumo do idoso.

Procedimento de coleta

Obtidos as devidas autorizações, os idosos envolvidos nesse processo participaram


de uma introdução sobre autoestima na velhice realizado pela psicóloga responsável por
trabalhar autoestima no grupo comunitário. Aproveitou-se o vínculo que já havia entre a
psicóloga e o grupo de idosos para dar início a coleta de dados desta pesquisa. Após essa
introdução, esses idosos foram divididos em subgrupos de até três pessoas onde tiveram
aproximadamente dez minutos para pensar nas perguntas propostas pelos pesquisadores.
São elas: O que é autoestima? Qual é a influência de grupos como esse na vida de pessoas?
Quais as possíveis mudanças que o grupo possibilitou na sua vida? Depois, com o grupo
total, cada um compartilhou a sua experiência e temas discutidos anteriormente. Essa parte
da pesquisa foi finalizada com um debate em que todos estavam presentes. Todas as falas
foram gravadas e transcritas para análise dos dados posteriormente.

254
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
Procedimento de análise

O procedimento de tratamento dos dados utilizado foi a Análise de Conteúdo de


Bardin, que propõe a interpretação dos dados obtidos como um meio de investigar dados
em pesquisas principalmente em psicologia social e sociologia (BARDIN, 2011). Segundo
Mozzato e Grzibovsly (2011) a análise de conteúdo consiste em assimilar conteúdos e seus
significados sejam eles expressados ou não. Na presente pesquisa foram realizadas as três
etapas propostas por Bardin (2006) de análise. Foram elas: pré análise, caracterizado pelo
arranjo e ordenação dos materiais coletados, exploração do material que teve por objetivo
a classificação e delinear os dados coletados, assim como uma averiguação profunda
do material a partir da agregação em categorias. E por fim, Tratamento e discussão dos
resultados, que consistiu em compreender as categorias e fazer correlações dos dados
classificados nas etapas anteriores.

RESULTADOS

Após transcrição dos dados e análise das falas, resultou-se em quatro categorias:
1) o bem-estar relacionado ao local; 2) atuação e contribuição do trabalho do psicólogo para
grupo; 3) melhoras físicas, emocionais e cognitivas e 4) importância social. Em cada uma
dessas categorias os participantes mostraram o apreço que tem pelo espaço de convivências
sociais e foi confirmada a hipótese inicial da importância de espaços comunitários na vida
do idoso, principalmente na promoção da qualidade de vida.

Bem estar relacionado ao local

Através dos depoimentos dos participantes, foi constatado que o idoso se sente bem
ao participar do grupo social destinado a melhoria da qualidade de vida. Assim, o ambiente
do grupo exerce um impacto significativo na visão que o idoso faz desse local. No presente
estudo, a maioria dos idosos declara gostar do grupo, considerando um local agradável
e de bem-estar. Os idosos verbalizam sentir-se bem no grupo e gostam de frequentar o
grupo. As falas dessa categoria estão escritas no Quadro 1.
Quadro 1 - Bem-estar relacionado ao local.
Descrição das falas
“...eu me sinto bem de estar aqui nesse grupo...”
“Esto muito feliz aqui!”
“Eu também, eu gosto muito daqui.”
“Eu sinto bem aqui, aqui todo mundo é bom...”
“...mas eu gosto muito daqui.”
“...e tudo, tudo, tudo aqui é maravilhoso, é bom demais. ”
Bem-estar relacio- ” Aqui para mim é a casa de Deus.”
nado ao local “Eu, eu costumo pensar em dizer assim: aqui é o lugar de amor de paz e alegria.
Então pra mim aqui é um lugar assim de muito amor.”
“Sou eu mesmo, eu acho que aqui é uma benção mesmo.”
“...nem pensava mais na minha vida que eu ia participar de um lugar tão especial
que nem este, porque pra mim aqui tudo é muito bom.”
“É uma beleza isso aqui...”

255
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
Percepção da atuação e contribuição do psicólogo para grupo

Em relação à atuação da psicóloga no grupo é possível notar que ela é uma peça
fundamental no processo de dignificação da pessoa idosa e de promoção do autocuidado
e autoestima. Essa categoria foi dividia em duas subcategorias: a) percepção sobre o
trabalho do psicólogo e b) agradecimentos e elogios ao trabalho do psicólogo. Os idosos
reconhecem o papel profissional e atribuíram melhoras significativas em suas vidas após
terem participado da oficina de autoestima do grupo comunitário. Os participantes também
mencionaram estarem satisfeitos e agradecidos com o trabalho psicológico, além de se
referirem à psicóloga com palavras de elogios. As falas dessa categoria estão escritas no
Quadro 2.
Quadro 2 - Percepção da atuação e contribuição do psicólogo para o grupo.
Descrição das falas
“...e hoje eu estou bem e aqui nessa sala com a psicóloga eu estou
melhor, eu brinco eu sorrio eu faço a farra. ”
“E gosto também do trabalho dela, muito bom! ”
Percepção sobre o trabalho “Começando pela nossa psicóloga que é bacana de mais, dá muito
do psicólogo apoio, muita brincadeira aqui com a gente, a gente tem aprendido
muito. ”
“...gosto muito da professora, ”
“Quando eu lembro dela escondidinha ali eu digo: eu vou! ”
“E agradeço a essa criatura muito linda que é ela que é a que trans-
mite para gente toda essa alegria e esse prazer. ”
“Eu agradeço ela porque só o sorriso dela só, a gente já fica feliz! ”
Agradecimentos e elogios “A gente cada dia aprende mais coisas novas, muito acolhedor, prin-
ao trabalho do psicólogo cipalmente ela, que é um amor de pessoa. Eu só tenho a agradecer
por tudo. ”
“A professora (...) é muito amorosa com a gente. ”
“Quando ela entre já dá alegria, agente já se alegra.”

Melhoras físicas, emocionais e cognitivas

Através da análise dos relatos dos participantes envolvidos na pesquisa são


atribuídas diversas melhoras após começarem a frequentar o grupo comunitário. Essa
categoria foi dividida em duas subcategorias, a saber: a) melhoras físicas e b) melhoras
cognitivas e emocionais. Nos relatos, foi possível perceber que as falas se estendiam
para além da oficina de autoestima proposta pela psicóloga. Os participantes relataram
melhora da dor e da mobilidade. Isso se deve ao fato do grupo comunitário possuir
atividades multidisciplinares. A fisioterapia mostrou-se como importante no processo de
desenvolvimento e melhora física e motora dos idosos.

Além disso, os participantes relataram melhora de casos de depressão e isolamento,


resultado do trabalho do psicólogo que tem estes como objetivos da oficina da autoestima
para os idosos. Essas melhoras são importantes para comprovar através de resultados
visíveis e mensuráveis a eficácia desta oficina no grupo comunitário. Além disso, houve
relatos de melhoras cognitivas como novos aprendizados, melhora da memória e bem-
estar mental. As falas dessa categoria estão escritas no Quadro 3.

256
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
Quadro 3 - Melhoras físicas, emocionais e cognitivas.
Descrição das falas
“Porque eu era uma pessoa que quando eu entrei para cá, eu chorava
de dor, eu não aguentava sentar, eu não me aguentava abaixar, pra eu
ficar aqui até na hora de me levantar da cadeira as irmãs tinham que me
segurar, porque eu não tinha... era tanta dor que eu não suportava. Ai né,
e hoje eu corro eu faço ginástica, bicicleta, eu faço crochê, eu venho pra
cá, eu faço de tudo aqui dentro, entendeu?”
“Dentro de casa era tanto dor, eu não conseguia ficar sentada com a per-
na pendurada, até hoje quando me levanto tenho que me segurar né. Mas
faz a fisio né, o psicólogo. ”
“...aí eu estava ficando com depressão, sentindo muita tontura, não podia
Melhoras físicas nem me virar que sentia muita tontura e depois que eu vim para cá,
acredito que já até acabou já as tonturas, que eu me sinto bem, mas bem
mesmo! Não é mentindo não, é que eu me sinto bem mesmo. Chego em
casa com disposição para fazer tudo, quero fazer tudo de uma vez, mas
eu estou me sentindo bem mesmo. ”
“Eu também, eu não saia para lugar nenhum por causa das minhas per-
nas que eu até já cai muito, né, e agora, as vezes eu saio sozinha ou com
meu filho, vou ao mercado, pego ônibus... Eu corro pro o hospital (...) e às
vezes eu vou sozinha, ai acabo entrando no mercado e venho cheio de
sacolas, eu não fazia nada disso!”
“Aqui desenvolveu muito minha mente eu era até um pouco meio esqueci-
do, agora não, estou sendo mais alerta. ”
“Hoje a minha mente está bem. ”
“Eu depois que eu participei aqui do grupo estou me sentindo mais aberta,
... Eu era muito isolada, né, eu não me comunicava assim de falar, está
entendendo? Eu tinha acanhamento e vergonha, e agora eu melhorei
bastante. ”
Melhoras cognitivas e emo- “...eu cheguei aqui muito doente e hoje eu estou bem e aqui nessa sala
com a psicóloga eu estou melhor, eu brinco eu sorrio eu faço a farra. ”
cionais “ ...a gente vai desenvolvendo a mente mais né, vai ficando mais, assim
que a gente é meio tímido quando a gente entra, mas, essa timidez vai
saindo, ne! ”
“Eu também não conseguia falar e eu era muito fechada. Eu vivia depri-
mida, não estou mais, não estou mais daquele jeito chorando, não estou
mais. ”
“Depois que eu vim para cá eu era muito chorona. Ai meus problemas
acabou tudo,”

Importância social

Os relacionamentos sociais caracterizam-se por exercer um papel crucial na


saúde mental e física, principalmente ao se falar em manutenção e promoção da saúde.
Os depoimentos mostram a importância social enfatizada por falas sobre as amizades,
e esta se revela primordial para que este espaço seja considerado agradável aos idosos
entrevistados. Na presente pesquisa foi constatada a importância das amizades na vida
dos idosos, e as significações que os mesmos dão a esses relacionamentos. Além disso,
os idosos também consideram o grupo comunitário como extensão da família, atribuindo
ao grupo uma dimensão de suporte próximo e familiar. Essa categoria foi dividida em: a)
relacionamento de amizades e b) local como extensão da família. As falas dessa categoria
estão descritas no Quadro 4.

257
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
Quadro 4 - Importância social.
Descrição das falas
“A coletividade aqui é muito importante para a gente, que cada dia chega
um companheiro e uma companheira que a gente não conhecia e passa a
conhecer e assim vai desenvolvendo a mente da gente mais. ”
“Eu estou me sentindo muito melhor, muita amizade né, a gente fica muito
incentivada né, com os amigos daqui né, para sair e para vir mais né, e é
muito bom vir para cá...”
“Então, com essa juntando as colegas antigas né... Então com essa eu
estou aqui, muita amizade, gente que não conhecia e estou conhecendo.
Essa menininha aí fazedeirinha de bolo é uma benção de Deus por ter
conhecido aqui e tenho amizade com todas que eu conheço, aquela ali é
minha vizinha e também veio. Então de forma nós está juntando aqui. ”
Relacionamentos de ami- “Aaa... eu gosto daqui também, que a gente conheceu mais gente, eu
zades quase não saia de casa né, aí vim para cá e conheci mais gente. Aí me
enturmei, gosto muito das colegas todas, dos colegas que estão aqui. ”
“E com vocês também, vocês são muito simpáticos. É que a gente tá
falando que o nosso grupo aqui muito bacana, a gente brinca com todo
mundo, faz brincadeiras... agente vai ficando amiga de todo mundo né,
então acho muito bacana né. ”
“A solidão pra mim é uma coisa negativa, e eu estando no meio do povo
conversando pra mim é a felicidade maior do mundo, todo mundo somos
pessoas maravilhosas. ”
“...eu aprendi muito aqui e ela é minha amiga, todo mundo aqui é minha
amiga e sabe a situação que eu cheguei aqui e hoje Graças a Deus eu
estou bem!”
“Aqui para mim não é um grupo, aqui é uma família o que um sente o ou-
tro sente, se um está triste, vai até aquele e dá uma palavra de conforto,
se está alegre, vamos abraçar e vamos brincar, aqui tem de tudo. ”
“Aqui para mim não é um grupo, aqui é uma família...”
Local como extensão da “Então aqui eu considero não só todo mundo por amigos mas parece que
família assim, a família, os irmãos que as vezes né, aí se conheceu assim, é
muito bom. ”
“...e então para mim aqui todo mundo aqui é minha família completa, uma
família que eu nunca tive.”

DISCUSSÃO

Ao envelhecer é necessário que o idoso aprenda a conviver com as limitações que


lhe são biologicamente impostas e assim manter-se em constante atividade. Mesmo com
essas dificuldades e fragilidades o idoso deve participar e contribuir para a sociedade, sem
deixar de lado as eventuais individualidades e vulnerabilidades de cada um.

Ao considerar a população idosa e as suas vulnerabilidades, torna-se primordial


que essa mesma população tenha acesso a serviços que de alguma forma contribua para
uma melhor qualidade de vida e concepção do auto processo de envelhecimento. Os grupos
comunitários e o trabalho do psicólogo social podem ser uma forma de ajudar idosos a se
perceberem como indivíduos de valor.

Os grupos de promoção à saúde atuam sob uma ótica comunitária que abrange não
somente a promoção da saúde imediata como também um campo extenso de investigação
das ciências da saúde e do homem (SANTOS et al., 2006).

No presente estudo, os participantes do grupo relataram o quão é agradável fazer


parte do grupo, ou seja, eles têm uma percepção positiva do grupo que resulta em bem-
estar. O apoio social pode influenciar o bem-estar que o idoso sente, ou seja, quando
o idoso está satisfeito com o apoio que recebe, isso resulta em maior satisfação com a
vida (GUEDEA et al., 2006). Dessa forma, as amizades formadas em grupos comunitários

258
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
constituem em apoio social para os idosos e permitem melhor qualidade de vida.

A atuação do psicólogo dentro do grupo foi destacada como importante para os


idosos na manutenção da autoestima, diminuição da depressão e bem-estar emocional.
Decker e Pereira (2009), em um estudo realizado com idosos em uma instituição, constataram
que há diversas necessidades para que um psicólogo intervenha. Um desses elementos
foi a depressão que apareceu em 90% dos entrevistados e baixa autoestima, resultado
de uma visão atual da sociedade e do próprio idoso de que ele é incapaz. Na instituição
onde esses idosos frequentavam, a intervenção do psicólogo foi feita com o objetivo de
aumentar a autoestima, valorização dos idosos e percepção de valores que contribuem
para a dignificação da pessoa idosa. As atividades realizadas com esses idosos resultaram
em aumento do autoconhecimento que os mesmos tinham de si e dos companheiros, além
de reflexões a respeito do papel que o idoso desempenha na sociedade e a sua importância.

Vendruscolo e Marconcin (2006) realizaram um estudo em oito programas públicos


para idosos aonde houve uma coleta por meio de entrevista para saber quais são os
impactos dos mesmos na vida da terceira idade. Os objetivos e resultados dos diversos
programas são semelhantes em alguns aspectos. Entre eles podemos citar: integração
social e melhora dos níveis de qualidade de vida. Esses benefícios podem se estender a
outros programas direcionados aos idosos e o psicólogo comunitário pode contribuir para
que idosos tenham a oportunidade de serem inseridos nesses programas.

Os grupos de promoção à saúde são importantes para que o idoso desenvolva e


preserve sua autonomia. Além disso, grupos podem ser importantes aliados na assistência
da atenção básica aos idosos (PAULA et al., 2016). Os grupos de promoção a saúde podem
ser definidos como uma intervenção na sociedade de forma que diminua as diferenças
visando ações que sejam coletivas e interdisciplinares com o objetivo de promover uma
maior qualidade de vida para os participantes (SANTOS et al., 2006). Além disso, os grupos
promovem um trabalho voltado à minimização das perdas funcionais que o indivíduo pode
sofrer e a preservação das capacidades.

Na sociedade atual, ao considerar as fragilidades do idoso, envelhecer muitas vezes


é associado a experiências e aspectos negativos, ou a uma condição de falta de qualidade
de vida. Conforme Rocha et al. (2009), para envelhecer saudavelmente é necessário tanto
ter uma boa saúde física quanto ser respeitado, sentir se seguro, poder participar de maneira
ativa na sociedade no meio em que vive e ser reconhecido por essa participação.

Os grupos de prevenção à saúde são direcionados a todos, porém especificamente


a pessoas que se encontram em situações de exclusão e vulnerabilidade social. Promover
a saúde está sob uma ótica positiva que compreende ações desenvolvidas com o objetivo
de enfrentar doenças e situações que podem ser evitáveis (SANTOS et al., 2006).

O fato de um idoso fazer parte de um grupo de convivência produz melhoras


significativas na sua qualidade de vida. Esses grupos permitem que o idoso se torne um
sujeito ativo e protagonista em sua vida e se reconheça como tal. Isso se deve ao contato e a
identificação com outros idosos que apresentam aspectos semelhantes como capacidades
e problemas (MATTOS, 2008). Sendo assim, atividades que promovam e incentivam as
relações sociais dos idosos, são fundamentais para garantir bem-estar desse idoso e

259
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 22
estudos como este visa promover arcabouço teórico para que mais políticas públicas e ações
humanizadas possam ser implementadas com o objetivo de atingir essa população. Além
disso, com o envelhecimento da população, é preciso repensar os papeis das instituições
públicas, privadas e do terceiro setor, de forma que estejam preparadas para atender as
necessidades específicas, na garantia dos direitos e na promoção do protagonismo dos
idosos enquanto cidadãos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo evidenciou a importância de um programa social na vida de


idosos frequentadores. Além disso, esse programa foi significativo pois, auxiliou na
promoção de um envelhecimento digno e na qualidade de vida. Conclui-se então que,
os grupos comunitários contribuem para o bem-estar dos idosos com a criação de redes
sociais e de apoio, bem como melhoras físicas, emocionais e cognitivas. A participação em
grupos comunitários possibilita que o idoso possa ser reinserido na sociedade e mantenha
seu papel social ativo. Dessa forma, essa participação possibilita a garantia de direitos
fundamentais como, a preservação da saúde física e mental e o desenvolvimento moral,
intelectual, espiritual e social, assegurados pelo Estatuto do Idoso. A partir desse estudo,
nota-se a fundamental importância dos grupos comunitários estarem acessíveis aos
idosos. Além disso, evidencia-se a necessidade da construção de mais políticas públicas
que abarque também essa população, sendo os grupos sociais e comunitários exemplos
de serviços que podem estar à disposição dos idosos.

O envelhecimento da população brasileira promove mudanças aos níveis de


atenção básica de saúde e as formas com que são implementadas políticas públicas. Entre
essas mudanças, este estudo revelou a necessidade da criação de programas e projetos
sociais adequados as necessidades dessa população que possam complementar e somar
aos serviços de saúde já existentes e que visam à melhoria da qualidade de vida dessa
população sendo assim, ainda se faz necessário a ampliação de estudos com o objetivo de
investigar e avaliar programas sociais para que possam ser implementados de forma que
alcance a população idosa.

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261
Capítulo Envelhecimento cognitivo:

23
diagnóstico, tratamento e
prevenção do declínio cognitivo
em idosos
Pedro Henrique de Abreu Souza Zanine
Graduado em Medicina - Universidade Federal de Pelotas - UFPel
Georgia Brito de Souza
Graduada em medicina e pós-graduanda em Geriatria - Universidade Potiguar -
Medicina / Sanar - pós-graduação
Isadora Monteiro Matos
Graduada em Medicina - Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos - IMEPAC
Araguari
Gustavo Novelino Reis
Graduando em medicina - Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno global que tem


implicações consideráveis em todos os aspectos da sociedade. Conforme
a expectativa de vida aumenta, a prevalência de condições associadas à
idade, como o declínio cognitivo, também cresce. De acordo com o relatório
mundial de Alzheimer de 2019, estima-se que 50 milhões de pessoas em
todo o mundo tenham demência, um número que deverá triplicar até 2050
(ALZHEIMER’S DISEASE INTERNATIONAL, 2019).

O declínio cognitivo em idosos é uma preocupação crescente, não


só por causa do impacto direto sobre a qualidade de vida e independência
desses indivíduos, mas também devido ao encargo econômico e social
que impõe. O diagnóstico precoce, tratamento adequado e estratégias de
prevenção são elementos chave para gerenciar este desafio de saúde
pública. Este capítulo tem como objetivo sintetizar os resultados dos
principais estudos neste campo, agrupando-os por tipo de intervenção,
população-alvo e desfechos, para fornecer um panorama geral do estado
atual do conhecimento e indicar possíveis caminhos para pesquisas
futuras.

Diagnóstico do declínio cognitivo em idosos

O diagnóstico do declínio cognitivo em idosos é um processo


multifacetado que requer uma avaliação abrangente do estado cognitivo,
funcional e investigação com técnicas de neuroimagem e estudos de
biomarcadores. O objetivo é identificar as causas subjacentes do declínio
cognitivo e, assim, guiar o tratamento e a gestão adequados (PETERSEN

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.23 262
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 23
et al., 2018).

A triagem cognitiva é geralmente o primeiro passo no diagnóstico do declínio


cognitivo. Ela envolve o uso de instrumentos breves de rastreio para avaliar a função
cognitiva global do indivíduo. Um instrumento comumente usado para essa finalidade é a
Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA), que avalia diversas áreas cognitivas, incluindo
atenção, memória, linguagem, habilidades visuoconstrutivas, funções executivas e
orientação temporal e espacial (NASREDDINE et al., 2005).

No entanto, a triagem cognitiva é apenas uma parte do processo diagnóstico.


A avaliação clínica detalhada é fundamental para entender a natureza e a extensão do
declínio cognitivo e identificar possíveis causas subjacentes. Isso geralmente envolve
uma entrevista estruturada com o paciente e, quando possível, um informante confiável. O
médico deve obter uma história completa do problema atual, incluindo o início, a progressão
e o impacto das dificuldades cognitivas na vida diária do paciente. A revisão dos sistemas, o
histórico médico passado, a história familiar, a avaliação das atividades diárias e a revisão
dos medicamentos também são partes integrantes dessa avaliação (PETERSEN et al.,
2018).

Os testes neuropsicológicos são um complemento valioso à avaliação clínica,


proporcionando uma avaliação quantitativa e detalhada das habilidades cognitivas do
indivíduo. Eles podem ajudar a identificar padrões específicos de déficits cognitivos que
podem sugerir a etiologia do declínio cognitivo, por exemplo, a doença de Alzheimer ou a
demência vascular (LEZAK et al., 2012).

As técnicas de neuroimagem, como a ressonância magnética (RM) e a tomografia


por emissão de pósitrons (PET), podem fornecer informações adicionais sobre possíveis
causas estruturais ou metabólicas do declínio cognitivo. A RM pode revelar alterações
relacionadas à doença, como atrofia cerebral, infartos ou lesões de substância branca,
enquanto a PET pode detectar alterações no metabolismo cerebral ou no acúmulo de
proteínas anormais, como o peptídeo beta-amilóide na doença de Alzheimer (FRISONI et
al., 2010).

Finalmente, a análise de biomarcadores em fluido cerebrospinal ou sangue é


uma área promissora na detecção de doenças neurodegenerativas. Por exemplo, níveis
alterados de beta-amilóide, tau total e tau fosforilada no líquido cefalorraquidiano foram
associados à doença de Alzheimer e podem ser úteis no diagnóstico diferencial do declínio
cognitivo (BLENNOW et al., 2015).

Tratamento do declínio cognitivo em idosos

O tratamento do declínio cognitivo em idosos é um desafio e exige uma abordagem


multidisciplinar e individualizada, pois cada idoso pode apresentar uma série de condições
e necessidades distintas. As estratégias de tratamento para o declínio cognitivo geralmente
visam atrasar a progressão da doença, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida
do idoso.

263
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 23
Intervenções Farmacológicas

As intervenções farmacológicas são frequentemente usadas para tratar o declínio


cognitivo. No caso da doença de Alzheimer, por exemplo, os inibidores da acetilcolinesterase,
como donepezil, rivastigmina e galantamina, são comumente prescritos. Estes medicamentos
trabalham aumentando a quantidade de acetilcolina no cérebro, um neurotransmissor que
é fundamental para a memória e o pensamento, e que é tipicamente reduzido na doença
de Alzheimer (BIRKS, 2006). Além disso, o memantina, um antagonista do receptor de
N-metil-D-aspartato (NMDA), é outro medicamento frequentemente utilizado. O memantina
é conhecido por moderar os efeitos da glutamato excessivo, um neurotransmissor que,
quando em excesso, pode levar à morte de células cerebrais. Ambas as classes de
medicamentos mostraram efeitos modestos na melhoria ou estabilização dos sintomas
cognitivos e funcionais em pessoas com doença de Alzheimer (MCSHANE, AREOSA
SASTRE E MINAKARAN, 2006; MATSUNAGA, KISHI E IWATA, 2015). No entanto, esses
medicamentos não curam a doença de Alzheimer nem impedem sua progressão.

Intervenções não farmacológicas

A intervenção não farmacológica tem ganhado atenção considerável como


uma abordagem para gerenciar o declínio cognitivo. Essas intervenções incluem
terapias cognitivas, treinamento de habilidades, terapias de estimulação, intervenções
comportamentais e atividades físicas.

As terapias cognitivas, como a reabilitação cognitiva e o treinamento cognitivo,


envolvem uma série de atividades projetadas para melhorar o funcionamento cognitivo e
a qualidade de vida. A reabilitação cognitiva é um processo individualizado de intervenção
que envolve a colaboração entre o paciente, o terapeuta e, muitas vezes, os membros da
família para ajudar o paciente a atingir suas metas pessoais e lidar com as dificuldades
cognitivas. O treinamento cognitivo é uma intervenção mais padronizada e estruturada
que visa melhorar o desempenho em tarefas cognitivas específicas, geralmente através
da prática repetida dessas tarefas. Embora os efeitos dessas intervenções sobre o declínio
cognitivo ainda estejam sendo investigados, há evidências sugerindo que elas podem ser
úteis em melhorar alguns aspectos do desempenho cognitivo e da qualidade de vida em
pessoas com declínio cognitivo leve a moderado (BAHAR-FUCHS, CLARE E WOODS,
2013; CLARE et al., 2019).

As intervenções de estilo de vida, incluindo a atividade física regular e uma dieta


saudável, também são consideradas benéficas no tratamento do declínio cognitivo. A
atividade física regular tem sido associada a uma menor taxa de declínio cognitivo e a um
menor risco de demência. Ela pode ter um impacto benéfico no funcionamento cerebral
através da melhoria da saúde cardiovascular, do aumento do volume do cérebro e da
estimulação do crescimento de novos neurônios (SOFI et al., 2011). Da mesma forma,
uma dieta saudável, como a dieta mediterrânea rica em frutas, legumes, cereais integrais,
azeite e peixe, pode ter um impacto positivo no funcionamento cognitivo e na prevenção do
declínio cognitivo (SOFI et al., 2010).

264
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 23
Prevenção do declínio cognitivo em idosos

A prevenção do declínio cognitivo em idosos é um tópico de crescente interesse na


gerontologia e na neurologia, dada a crescente população idosa mundial e a ausência de
uma cura para as doenças neurodegenerativas. A prevenção do declínio cognitivo envolve
a identificação e a modificação dos fatores de risco, a adoção de um estilo de vida saudável
e a participação em atividades que promovam a saúde cognitiva.

Fatores de risco e modificadores

Os fatores de risco para o declínio cognitivo podem ser divididos em fatores


modificáveis e não modificáveis. Os fatores não modificáveis incluem a idade, a genética
e o sexo. Os fatores modificáveis, por outro lado, são áreas onde as intervenções podem
potencialmente reduzir o risco de declínio cognitivo e incluem condições de saúde, como
doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão, bem como estilo de vida e fatores
ambientais, como tabagismo, inatividade física, dieta pobre, consumo excessivo de álcool
e exposição a poluentes ambientais (LIVINGSTON et al., 2017).

A modificação dos fatores de risco é uma abordagem chave para a prevenção do


declínio cognitivo. Por exemplo, a manutenção do controle adequado da pressão arterial,
dos níveis de glicose no sangue e do colesterol pode reduzir o risco de declínio cognitivo
e demência. Além disso, a cessação do tabagismo, a limitação do consumo de álcool e a
manutenção de um peso saudável também são medidas importantes (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2019).

Estilo de vida saudável

Adotar um estilo de vida saudável é outra estratégia importante para a prevenção do


declínio cognitivo. Isso inclui uma dieta saudável, exercício físico regular, sono adequado,
interação social e atividades cognitivamente estimulantes.

A dieta é uma componente chave de um estilo de vida saudável. Uma dieta rica em
frutas, vegetais, peixes, nozes, legumes e grãos integrais, e baixa em gorduras saturadas,
açúcares e sal, como a dieta mediterrânea, tem sido associada a um menor risco de declínio
cognitivo e demência (SOFI et al., 2010).

O exercício físico regular, tanto aeróbico como de resistência, tem demonstrado


ter benefícios neuroprotetores e pode atrasar o início do declínio cognitivo e da demência.
O exercício pode melhorar a saúde do cérebro aumentando o fluxo sanguíneo cerebral,
promovendo a neurogênese (crescimento de novos neurônios) e melhorando a plasticidade
sináptica (SOFI et al., 2011).

O sono adequado é essencial para a função cognitiva. A privação do sono e os


distúrbios do sono, como a apneia do sono, têm sido associados a um maior risco de
declínio cognitivo e demência. Assim, o gerenciamento eficaz dos distúrbios do sono e a
promoção de hábitos de sono saudáveis ​​são importantes para a saúde cognitiva (YAFFE
et al., 2011).

265
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 23
A interação social e as atividades cognitivamente estimulantes também têm sido
associadas a um menor risco de declínio cognitivo. Participar de atividades sociais, tais
como visitar amigos e familiares, voluntariado, participação em clubes ou grupos, pode
promover a saúde cognitiva. Da mesma forma, atividades cognitivamente estimulantes,
como ler, jogar jogos de tabuleiro, tocar um instrumento musical ou aprender uma nova
língua, também podem ter um efeito protetor sobre a cognição (FRATIGLIONI, PAILLARD-
BORG, E WINBLAD, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O envelhecimento cognitivo e o declínio cognitivo em idosos são questões


importantes que requerem uma abordagem multifacetada para diagnóstico, tratamento e
prevenção. A pesquisa recente tem oferecido várias estratégias promissoras, desde o uso
de biomarcadores no diagnóstico até intervenções multifatoriais para prevenção.

No entanto, ainda há muito a aprender. Futuras pesquisas devem continuar a


explorar novos biomarcadores e abordagens de tratamento, bem como estratégias de
prevenção eficazes e acessíveis. Além disso, é crucial considerar os aspectos individuais,
como a diversidade genética e cultural, ao desenvolver e implementar estratégias de
diagnóstico e tratamento.

Por último, mas não menos importante, a colaboração entre diferentes campos,
como neurologia, geriatria, psiquiatria, farmacologia e saúde pública, será crucial para
enfrentar o desafio do declínio cognitivo em idosos, melhorar a qualidade de vida desses
indivíduos e reduzir o encargo desta condição na sociedade.

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267
Capítulo Breve análise do acolhimento

24
e tratamento ofertados aos
capixabas dependentes
químicos e seus familiares nos
CAADS do estado do Espírito
Santo
Brief analysis of the welcome
and treatment offered to
chemical and family dependent
capixabas in CAADS in the state
of Espírito Santo
Roberto Dornelas Vilete

RESUMO

O presente estudo fará uma breve análise dos serviços ofertados no CA-
ADs – Centro de Acolhimento e Atenção Integral Sobre Drogas do estado
do Espírito Santo, enquanto equipamento para tratamento da dependên-
cia química e discutirá ainda, brevemente a evolução das políticas sobre
drogas, especificamente no Brasil e apontando a Rede de Atenção Psi-
cossocial como um conjunto de serviços para o tratamento de forma com
que o acolhimento seja de forma integral e a importância da inserção dos
CAADs em tal rede, considerando a sua relevância para o atendimento à
população capixaba.

Palavras-chave: SPA. substâncias psicoativas. RAPS. rede de atenção


psicossocial. drogas. tratamento.

ABSTRACT

This study will make a brief analysis of the services offered at CAADs –
Center for Reception and Integral Attention on Drugs in the state of Espírito
Santo, as equipment for the treatment of chemical dependency and will
also briefly discuss the evolution of policies on drugs, specifically in Brazil
and pointing out the Psychosocial Care Network as a set of services for
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DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.24 268
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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
the treatment in a way that the embracement is integral and the importance of the insertion
of the CAADs in such network, considering its relevance for the attendance to the capixaba
population.

Keywords: SPA. psychoactive substances. RAPS. psychosocial care network. drugs.


treatment.

INTRODUÇÃO

A OMS – Organização Mundial da Saúde compreende a dependência química


como uma doença crônica progressiva e multifatorial, a qual afeta os valores culturais,
econômicos, sociais e políticos, assim, tornando-se um problema de saúde pública a nível
internacional.

Entende-se por drogas, toda e qualquer substância que contribua na alteração da


estrutura e funcionamento do nosso organismo, o que, por vezes, prejudica o funcionamento
biopsicossocial do indivíduo.

A Rede Abraço é um programa do Governo do Estado do Espírito Santo, coordenado


pela Subsecretaria de Estado de Políticas Sobre Drogas (SESD), e vinculada ainda a SEG
– Secretaria de Estado de Governo, que tem como principal objetivo ofertar atendimento,
tratamento e o cuidado aos capixabas que possuem problemas relacionados ao uso de
drogas e aos seus familiares, os quais, por vezes encontram-se inseridos nesse contexto
do atravessamento do uso de S.P.A mesmo que indiretamente.

Deste modo a Rede Abraço a qual é o Programa Estadual de Ações Integradas Sobre
Drogas (PESD) possui quatro eixos que são fundamentais para a sua organização, sendo
eles: a prevenção, o tratamento, a reinserção social e estudos, pesquisas e avaliações.

Visando ampliar a oferta de atendimentos aos dependentes químicos do estado, o


atual governo, no ano de 2021 implantou mais dois equipamentos, um na região sul e outro
na região norte do estado, assim, esse equipamento facilita o acesso dos capixabas que
possuem problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas aos serviços ofertados.

Deste modo, este artigo apontará os CAADs como centros de atendimento as


pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas e ainda a importância
de sua inserção na Rede de Atenção Psicossocial – RAPS.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Realizadas pesquisas através de sites, livros e documentos que abordam a temática,


contribuindo assim na execução da pesquisa, contudo, foi utilizada ainda observações
presenciais no CAAD – Centro de Acolhimento e Atenção Integral de Cachoeiro de
Itapemirim – ES, o qual, no momento atuo como Assistente Social, assim, enriquecendo o
conteúdo apresentado.

269
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
RESULTADOS E DISCUSSÕES

O SISNAD - Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, o qual também é chamado


de “Lei de Drogas”, Lei 11.343/2006 diz que: parágrafo único. “Consideram-se como drogas
as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em
lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. ”
Assim como essa, ao longo dos anos foram sendo criadas novas Leis, comissões, conselhos,
entre outros relacionadas as drogas.

No último “Relatório Mundial sobre Drogas”, o qual a UNODC – Escritório das Nações
Unidas Sobre Drogas e Crime publica estatísticas anualmente referente ao consumo de
drogas a nível mundial, foram percebidas que cerca de 200 milhões de pessoas usaram
cannabis em 2019, o que corresponde a 4% da população mundial, apontando assim um
crescimento no uso de mais de 18% referente a última década. Foi identificado ainda que
1,2% da população mundial equivalente a 62 milhões de pessoas fizeram uso de opioides
para fins medicinais também no ano de 2019 dobrando o valor da última década, onde foi
enfatizado o avanço na Ásia e na África e apontam ainda que a pandemia causada pela
COVID-19 desencadeou o desenvolvimento de problemas relacionados a drogas. (UNODC,
2021a).

Em relação ao tráfico de drogas, de acordo com o estudo “Análise Executiva da


Questão das Drogas no Brasil” (CONAD/MJSP, 2021), o Brasil possui uma localiza-
ção estratégica para o narcotráfico. A extensa faixa de fronteira que o liga a países
produtores de drogas traz desafios aos órgãos de redução da oferta. Além disso, o
país possui uma extensa malha rodoviária, transporte fluvial e aéreo, que viabilizam
a saída da droga por meio dos grandes portos. (CONAD/MJSP, 2021)

Assim, a organização do SISNAD (2006) Sistema Nacional de Políticas Públicas


sobre Drogas “assegura uma orientação central e uma execução descentralizada das
atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal, e
é pautado por princípios e objetivos”.

O SISNAD representa um “conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e re-


cursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações
e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas
Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios” (BRASIL, 2006).

São atores extremamente importantes para a atuação nas questões relacionadas


a problemas relacionados as drogas, onde citamos os Ministérios da Economia, Justiça,
Saúde, Cidadania, Segurança Pública, Educação, da Mulher, Família, Direitos Humanos e
Vigilância Sanitária, pois, integram políticas públicas que atuam diretamente na reinserção
e prevenção social, tratamento, articulação, gestão, formação, financiamento, repressão,
regulação de mercados legais, entre outros fatores de suma importância para a gestão da
política sobre drogas.

A primeira Política Nacional sobre Drogas (denominada à época de Política Nacio-


nal Antidrogas) foi estabelecida a partir do Decreto Presidencial nº 4.345, de 26 de
agosto de 2002, sendo pioneira na consolidação das diretrizes de governo para as
ações voltadas à solução dos problemas relacionados à questão das drogas.

A segunda PNAD foi instituída em 27 de outubro de 2005, por meio da Resolução nº


03/GSIPR/CH/CONAD. A nova PNAD excluiu o prefixo “antidrogas” de seu título e
inseriu, em seu lugar, o termo “sobre drogas”. Também apresentou foco na coopera-
ção mútua entre os atores envolvidos e deu atenção especial à temática de redução

270
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
de danos (BRASIL, 2021a).

A terceira e mais recente PNAD foi instituída pelo Decreto nº 9.761, de 11 de abril
de 2019. Essa PNAD definiu que a Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção
às Drogas, do Ministério da Cidadania, e a Secretaria Nacional de Políticas sobre
Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, articularão e coordenarão a
implementação da PNAD, no âmbito de suas competências. (BRASIL, 2021a)

Assim, o Brasil opera tais ações baseados na garantia do acesso a serviços e


também na perspectiva da não violação dos direitos humanos, considerando a aplicação
de medidas que não firam a dignidade das pessoas, onde enfatizamos as pessoas que são
dependentes químicos e ou possuem transtornos mentais.

A RAPS REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COMO GARANTIA DE


ACESSO A PREVENÇÃO, CUIDADO E TRATAMENTO E A IMPORTÂNCIA
DA INSERÇÃO DOS CAADS EM SUA COMPOSIÇÃO

Instituída por meio da Portaria de Consolidação nº 3/GM/MS, de 28 de setembro


de 2017 (Portaria de origem nº 3.088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011) e na Portaria
nº 3.588/GM/MS, de 21 de dezembro de 2017, a Rede de Atenção Psicossocial tem como
principais objetivos:

• Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral.

• Promover o acesso das pessoas com transtornos mentais e com necessidades


decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos
de atenção.

• Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde


no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanha-
mento contínuo e da atenção às urgências. (BRASIL, 2017)

Assim, a RAPS é organizada pelos seguintes componentes: “I. Atenção


Primária à Saúde II. Atenção especializada III. Atenção às Urgências e Emergências
IV. Atenção Residencial de Caráter Transitório V. Atenção Hospitalar VI. Estratégias de
Desinstitucionalização e Reabilitação”. Sendo que as Unidades de Saúde são a porta de
entrada para que os usuários deste serviço sejam inseridos na rede SUS e consequentemente
na RAPS.

No que tange a ampliação do acesso à atenção psicossocial, é importante destacar


as formas de acesso, sejam elas por demandas espontâneas ou referenciadas.

Como citado anteriormente, as unidades de saúde são a porta de entrada, como


também as ESF – Estratégias Saúde da Família; CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
em suas diversas modalidades, o qual realiza atendimento especializado as pessoas que
possuem problemas relacionados ao uso de S.P.A – Substâncias Psicoativas e ainda, os
que atendem as pessoas que apresentam sofrimento psíquico e ou transtornos mentais,
entre outros equipamentos que se encontram inseridas na PNAB – Política Nacional de
Atenção Básica, e ainda, o consultório na rua.

“A expansão da Raps é contínua e busca assegurar um mecanismo diferenciado de


financiamento, promovendo discussões e arranjos no formato de apoio institucional,
com a finalidade de articular e integrar as diferentes políticas e Redes de Atenção à

271
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
Saúde em todo o território nacional.

A Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) está em processo de consolidação no


País com a ampliação da Raps em todo o território nacional. As ações de avaliação
e ajustes necessários buscam superar desafios inerentes aos processos de imple-
mentação de políticas públicas. Tais desafios acontecem em função da alteração
de perfil do público-alvo e suas necessidades, dos dados epidemiológicos, da dis-
ponibilidade orçamentária e financeira ou de situações inesperadas, como a Emer-
gência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) em razão da pandemia
da covid-19, impactando condições de saúde no Brasil e no mundo”. (PNAB,2022)

Fortalecer a rede requer acolhimento, escuta, cuidado e acompanhamento. Não


adianta apenas encaminhar para gerar fluxo e números de atendimentos, é preciso ter o
cuidado para com o paciente, pois, somos seres subjetivos e únicos, assim, as dores e
demandas de cada cidadão precisa ser tratada com cuidado e atenção.

Tão importante quanto tratar é preciso prevenir, assim, realizar ações de prevenção
também são de extrema importância, sendo este um dos eixos de implementação da RAPS,
assim, considera-se a extrema importância de inserir os Centros de Acolhimento e Atenção
Integral como equipamentos que compõe tal rede.

O CAAD E SUAS MODALIDADES DE TRATAMENTO PARA


DEPENDENTES QUÍMICOS E SEUS FAMILIARES NO ESPÍRITO SANTO

O Centro de Acolhimento e Atenção Integral Sobre Drogas oferta tratamento as


pessoas que possuem problemas em decorrência do S.P.A nas modalidades ambulatorial,
encaminhamentos para tratamento em comunidades terapêuticas, encaminhamentos a
rede e atua ainda na prevenção e realização de estudos e pesquisas. Destaca-se que
também ofertados atendimentos aos familiares dos dependentes químicos.

O Programa Estadual de Ações Integradas Sobre Drogas, mais conhecido como


Rede Abraço, é um programa do Governo do Espírito Santo, que visa a promover o
bem-estar e o cuidado das pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e
outras drogas, além de familiares e comunidade em geral. (SESDH, 2022).

O fluxo de atendimento realizado nesses equipamentos dá-se através de


encaminhamentos de outros setores e ou demanda espontânea. Por tratar-se de um serviço
que atua na perspectiva da garantia dos direitos humanos, as modalidades de tratamento
são de caráter voluntário, ou seja, os cidadãos precisam estar dispostos ao tratamento
ofertado, pois, nem uma modalidade será imposta de modo involuntário, ou mesmo via
judicial.

O equipamento é considerado um serviço de “porta aberta”1, oferta atendimentos


durante a semana de forma espontânea.

Faz-se necessário atentar-se que os atendimentos se dão de forma multiprofissional


para que sejam realizados os devidos encaminhamentos a partir das demandas apresentadas
pelos acolhidos.

Assim, todas as modalidades de tratamento ofertadas neste equipamento


são realizadas por um profissional de psicologia e serviço social, ou seja, atendimento
1 Equipamento Porta Aberta: a dinâmica de atendimento dá-se de forma com que a pessoa não precise realizar
agendamento prévio. Equipamento aberto ao público.

272
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
psicossocial, exceto aqueles atendimentos que dizem respeito a demandas específicas,
como exemplo atendimento psicológico, médico e de enfermagem.

São realizados atendimentos e encaminhamentos tanto para o próprio setor quanto


para a rede socioassistencial e intersetorial quando necessário, assim, sendo inserido na
RAPS – Rede de Atenção Psicossocial.

AÇÕES DE PREVENÇÃO

Ações de prevenção são fundamentais para manter a saúde das pessoas “em dia”,
quando digo em dia entre aspas, me refiro ao cuidado prévio, o que tem como um de seus
objetivos, contribuir na mudança de hábitos na vida das pessoas, para que assim, assumam
responsabilidades de forma saudável no que tange a sua saúde.

Um dos principais eixos do Centro de Acolhimento e Atenção Integral Sobre Drogas


é trabalhar na perspectiva da prevenção, realizando ações em escolas levando informações
importantes principalmente as relacionadas a prevenção ao uso de substâncias psicoativas
e dependência química.

ATENÇÃO E CUIDADO A FAMÍLIA

É importante destacar que são ofertadas modalidades de tratamento não apenas


ao dependente químico, mas também aos familiares e amigos com o entendimento de que
a dependência química é multifatorial, assim, mesmo que indiretamente as pessoas que
convivem com o dependente químico também sofrem com tal doença e necessitam de
acompanhamento.

Deste modo, trata-se a codependência através da escuta qualifica com possibilidade


de serem direcionadas/encaminhadas ao Grupo de Família.

Carvalho e Negreiro (2011) dizem que:

O trabalho terapêutico em grupo, quando voltado para o público codependente,


trabalha com a finalidade de discutir as vivências de cada membro além de sua
relação com o “outro” e debater a situação em que vivem. Assim, o codependente e
consequentemente o “outro” começaram a desenvolver estratégias de convivência
com a situação desenvolvida no ambiente em que estão inseridos.

Trabalhar o tratamento da codependência é fundamental para que os familiares/


amigos percebem que não são os responsáveis pelo uso de drogas de outra pessoa e
compreendam ainda, que, muitos desses familiares encontram-se adoecidos e que precisam
de tratamento tanto quanto quem faz uso de S.P.A.

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM

No atendimento da enfermagem é realizada a triagem para averiguar a saúde do


acolhido no que diz respeito a realização de aferição da pressão arterial, são avaliados
os sinais vitais como exemplo: temperatura axilar, frequências cardíaca e respiratória, e

273
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
ainda peso e altura, bem como são realizadas orientações acerca das ISTS – Infecções
Sexualmente Transmissíveis e realizados os testes rápidos de sorologia. Ressalta-se que
os atendimentos supracitados também são classificados como ações de prevenção.

AVALIAÇÃO INICIAL

Seguindo o fluxo de atendimento, após ser atendido pela equipe de enfermagem, o


acolhido é encaminhado para a avaliação inicial a qual dá-se através da escuta qualificada
com a dupla psicossocial, onde é confeccionado o PIA – Plano Individual de Atendimento e
realizados as devidas orientações e encaminhamentos que se fizerem necessários.

A avaliação inicial é a responsável por ouvir as demandas trazidas pelo acolhido


e assim direcioná-lo a melhor forma de tratamento possível. Deste modo, nesta etapa são
realizadas as pactuações de tratamento, sejam elas para tratamento apenas no ambulatorial,
sendo: atendimento com psicólogo, grupos terapêuticos (grupo de adolescentes; grupo de
acolhimento e grupo de família).

Nesta avaliação é possível compreender a dependência química sendo multifatorial,


progressiva e até mesmo fatal, pois, os acolhidos, neste atendimento tem a possibilidade
de trazer falas e demandas que estão relacionadas desde o primeiro uso de S.P.A e o que
levou a fazer tal uso, bem como, a dependência química instaurada em sua vida.

São discutidos os fatores de risco e de proteção, fortalecimentos dos vínculos


familiares e sociais, violações de direitos, histórico do uso de drogas no qual o histórico
dos familiares também se faz necessário ser discutido, nesse tocante percebe-se então as
influências, os desejos, as predileções e progressão do uso de substâncias, ou não.

Para o tratamento da dependência química é de suma importância que o dependente


se perceba enquanto tal e aceite o tratamento, para que assim, através da oferta de serviços,
possa obter sucesso no tratamento.

Outro fator importante a ser destacado é o fortalecimento da rede socioassistencial,


intersetorial e RAPS, pois, quanto mais possibilidades de acesso a essa rede o acolhido
tiver, quanto mais apoio encontrar, mais fácil se tornará seu tratamento.

A RAPS é de fundamental importância para a continuidade no tratamento, pois, a


rede garante através serviços/equipamentos ações complementares aos serviços ofertados
no CAAD, onde aqui citamos os CAPS.

Ainda na avaliação inicial são identificadas demandas de saúde, assim, são


realizados encaminhamentos para avaliação médica no próprio equipamento, quanto para
as UBS, ESF, Pronto Atendimento, Hospitais Psiquiátricos e demais serviços de saúde para
possível acompanhamento.

Do mesmo modo são realizados encaminhamentos a rede socioassistencial


para acesso aos serviços disponíveis, como exemplo as pessoas que se encontram em
situação de rua são encaminhadas ao Centro POP – Centro de Referência Especializado
para Atendimento à População em Situação de Rua, ou mesmo, podem ser realizados
encaminhamentos aos CRAS – Centro de Referência da Assistência Social e CREAS –

274
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
Centro de Referência Especializado da Assistência Social, entre outros, de acordo com as
demandas apresentadas por cada acolhido.

Por fim, é ainda na avaliação inicial que são realizados os encaminhamentos para
acolhimento em Comunidades Terapêuticas, outra modalidade de tratamento, porém,
ofertada fora da sede do CAAD, observados alguns critérios para solicitação.

Até o momento, o estado do Espírito Santo conta com cinco comunidades


terapêuticas devidamente credenciadas, ou seja, estas são sistematicamente fiscalizadas
pela SESD – Subsecretaria de Políticas Sobre Drogas, garantindo assim, o acesso ao
tratamento com qualidade.

Reforça-se que o encaminhamento a rede é fundamental, pois, assim, alcançaremos


melhores resultados no tratamento dos acolhidos e faz-se necessário considerar ainda a
extrema necessidade de acompanhamento, pois, o estado do Espírito Santo possui apenas
três unidades do CAAD, sendo elas: CAAD Cachoeiro que atende a região Sul do Estado,
CAAD Linhares responsável por atender a região Norte e CAAD Vitória (Base) responsável
por atender a grande Vitória e demais.

ENCAMINHAMENTOS A REDE

Lembrando que a dependência química é considerada uma doença multifatorial,


muitas vezes é preciso que o dependente químico acesso outros serviços, assim são
realizados encaminhamentos a rede para a complementação do tratamento.

AVALIAÇÃO MÉDICA

O atendimento realizado pelo profissional de medicina atenta-se as demais


demandas de saúde apresentadas pelo acolhido no momento da escuta na avaliação
inicial, deste modo, também são realizados encaminhamentos a rede na perspectiva de
que contribua no tratamento ofertado naquele momento.

Na avaliação médica, pode-se ainda, surgir demandas de encaminhamentos para


a internação em clínicas especializadas ou mesmo para hospitais para a desintoxicação/
estabilização do paciente, considerando o contexto apresentado no atendimento e estudo
de caso com a equipe multiprofissional.

Pode-se também serem prescritas medicações e solicitados exames para melhor


compreensão das doenças e tratamento do acolhido.

ATENDIMENTO AMBULATORIAL PSICOLÓGICO

Diferente dos grupos de acolhimento onde são discutidos temas com mais pessoas,
o atendimento ambulatorial individual faz-se necessário para que as pessoas possam
através do atendimento individual, trazer demandas mais específicas e assim, o terapeuta
consiga intervir de forma mais precisa entendendo a subjetividade da pessoa e a melhor
forma de conduzir o tratamento.

275
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
GRUPOS TERAPÊUTICOS

Outra modalidade de tratamento que pode ser encaminhada ainda na avaliação


inicial, são os grupos terapêuticos, os quais são ofertados na modalidade ambulatorial
como forma de orientar tanto o acolhido quanto seus familiares e trazer compreensões a
partir das trocas de informações e vivencias. Hoje são ofertados grupos para atendimento
especificamente ao acolhido, grupo de família, grupo de adolescentes e grupo de orientação
para encaminhamentos para a comunidade terapêutica como forma de tratamento fora do
equipamento.

ENCAMINHAMENTO A COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

Outra modalidade de tratamento ofertada é acolhimento em comunidade terapêutica,


onde o dependente químico pode ficar acolhido por até 06 meses em tratamento baseado
com sua pactuação e confecção do PIA – Plano Individual de Atendimento.

REINSERÇÃO SOCIAL

Posterior a alta terapêutica, o acolhido pode dar sequência no tratamento na


modalidade ambulatorial, assim, os atendimentos na reinserção social contribuem no
fortalecimento dos vínculos tanto familiares quanto comunitários, qualificação profissional
e incentivo à elevação do grau de escolaridade, emissão de documentações e inserção
no mercado de trabalho, propiciando assim, espaços para discussões compreendendo os
fatores de risco e de proteção o que contribui para que o adicto mantenha-se sem retornar
ao uso de substância.

Compreende-se que a reinserção social apresenta diversos desafios como a


inclusão, recuperação da autoestima, retomada ou mesmo a construção do projeto de vida,
superação da abstinência dentre outros, deste modo, percebe-se a extrema importância
de sua inserção na Rede de Atenção Psicossocial, rede SUS e demais políticas públicas e
sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visto a importância do tratamento e cuidado para com as pessoas que acessam


esses serviços e estão inseridos na Rede de Atenção Psicossocial, faz-se necessário além
do tratamento, o cuidado e a realização de ações de prevenção.

É de suma importância defender a Rede de Atenção Psicossocial, pois, esta passa


a garantir o cuidado de forma integral, facilitando o acesso aos serviços, a qualificação da
rede, reabilitação e redução de danos, prevenção e ações intersetoriais e fortalece ainda
o processo de desinstitucionalização, assim, rompendo definitivamente com o modelo de
tratamento ofertado antes da reforma psiquiátrica.

O Centro de Acolhimento e Atenção Integral Sobre Drogas vem como um novo


equipamento para complementar os serviços que são ofertados na RAPS, mesmo não

276
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
estando inserido em tal, como forma de tratamento aos dependentes químicos, fortalecendo
assim o cuidado integral, a acolhida e a inserção do usuário na rede SUS, Socioassistencial
e ainda na própria RAPS.

REFERÊNCIAS

ESPÍRITO Santo, 2022. SEDH – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano acesso


disponível em: https://sedh.es.gov.br/Not%C3%ADcia/governo-inaugura-nova-sede-do-caad-em-
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de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. Brasília, DF: Presidência da República, 1991.
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BRASIL. Decreto nº 5.912, de 27 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei nº 11.343, de 23 de


agosto de 2006, que trata das políticas públicas sobre drogas e da instituição do Sistema Nacional
de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/
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BRASIL. Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019. Aprova a Política Nacional sobre Drogas.
Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/
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BRASIL. Decreto nº 9.926, de 19 de julho de 2019. Dispõe sobre o Conselho Nacional de Políticas
sobre Drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019b. Disponível em: http://www.planalto.
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BRASIL. Decreto nº 4.345 DE 26 DE AGOSTO DE 2002. INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL


ANTIDROGAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS., DF: Presidência da República, 1977. Disponível
em:https://legislacao.presidencia.gov.br/s/?tipo=DEC&numero=4345&ano=2002&ato=4c3MTS
q5UNNpWT240#:~:text=Ementa%3A,ANTIDROGAS%20E%20D%C3%81%20OUTRAS%20
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BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção
não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF:
Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
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BRASIL.Portaria Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011. Institui a Rede de Atenção


Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html. Acesso
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BRASIL. PORTARIA Nº 3.588, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2017Altera as Portarias de


Consolidação no 3 e nº 6, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de Atenção
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277
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
BRASIL. Resolução nº 03/GSIPR/CH/CONAD, de 27 de outubro de 2005. Aprova a Política
Nacional sobre Drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2005. Disponível em: https://
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Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 110 p.: il. – (Série E.
Legislação em Saúde)

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Mental. Disponível em: https://www.gov.
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BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre


Drogas. Resolução nº 2, de 24 de julho de 2020. Estabelece a metodologia de planejamento,
monitoramento e avaliação da política sobre drogas no âmbito do Plano Nacional de Políticas
sobre Drogas - PLANAD, e aprova seu Guia Metodológico. Brasília, DF: Presidência da República,
2020a. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/
subcapas-senad/conad/atos-do-conad-1/2020/resolucao-n-2-de-24-de-julho-de-2020.pdf. Acesso
em: 22 fev. 2022.

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Drogas. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas – CONAD. Brasília, DF: SENAD/MJ,
2022. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/
subcapas-senad/conad/conselho-nacional-de-politicas-sobre-drogas-conad. Acesso em: 22 nov.
2022.

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Conselhos


Estaduais de Políticas sobre Drogas: Institucionalidade, Atuação e Estrutura 2018. Brasília, DF:
SENAD, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-
drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-
politicas-sobre-drogas-2018.pdf. Acesso em: nov. 2022.

BRASIL. Rede de Atenção Psicossocial acesso em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/


tabagismo/rede-atencao-psicossocial/ out. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. DADOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) NO


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS). Https: //www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/
acoes-e-programas/caps/raps/arquivos/dados-da-rede-de-atencao-psicossocial-raps.pdf/. Acesso
disponível em out. De 2022.

CARVALHO, L. de S.; NEGREIROS, F. A Codependência na Perspectiva de quem sofre. Boletim


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CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. Ministério da Justiça de Segurança


Pública. Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil. Brasília, DF: CONAD/MJSP, 2021.
Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-
manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-
no-brasil___versao-final.pdf. Acesso em: 22 fev. 2022.

278
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 24
UNODC. Relatório mundial sobre drogas 2021. Viena, 2021a. Disponível em: https://www.unodc.
org/unodc/en/data-and-analysis/wdr2021.html. Traduzido Acesso em: out. 2022.

UNODC. Tipos de drogas sob controle internacional. Viena, 2007. Disponívelem: https://www.
unodc.org/pdf/26june0709/typesofdrugs_brochure_pt.pdf. Acesso em: 22 out. 2022.

ESPÍRITO Santo - Programa Estadual de Ações Integradas Sobre Drogas. Acesso disponível em:
https://ocid.es.gov.br/Media/ObservatorioCapixaba/documentos/PESD%20definitivo%20(1).pdf.
Vitória – ES, 2022. Acesso em out 2022.

279
Capítulo A imposição das mãos como

25
prática teológica: uma
abordagem histórico-cultural
para compreender a cura
espiritual
Guilherme Afonso Pereira Palácios

RESUMO

Neste estudo, investigaremos a prática da imposição das mãos como ex-


pressão teológica, utilizando uma abordagem de análise baseada na pers-
pectiva histórico-cultural. Nosso objetivo é compreender a cura espiritual
relacionada a essa prática desde a antiguidade em um contexto histórico
e cultural. A partir de uma análise dos conceitos da Prática Integrativa
e Complementar, chegaremos na compreensão dos conceitos da prática
teológica da imposição das mãos em diversas tradições religiosas, como
o Cristianismo, Espiritismo Kardecista, religiões afro-brasileiras e a Igreja
Messiânica Mundial do Brasil. Um olhar teológico dos princípios filosófi-
cos, espirituais e cosmológicos subjacentes nas práticas de cura espiritu-
al. Além disso, destacaremos a importância do equilíbrio e da busca pela
cura espiritual como parte integrante das práticas religiosas. O texto tam-
bém aborda a busca pelo autoconhecimento, a conexão com o Sagrado e
a perspectiva de um caminho espiritual após a vida terrena. Em resumo, o
artigo oferece uma análise dialética das práticas teológicas de cura espi-
ritual em diferentes religiões e tradições, explorando a interconexão entre
a espiritualidade e o bem-estar humano, com ênfase na imposição das
mãos como prática teológica.

Palavras-chave: cura espiritual. imposição das mãos. práticas de cura.


religiões. teologia prática.

ABSTRACT

In this study, we will investigate the practice of laying on of hands as a


theological expression, utilizing a historical-cultural analysis approach. Our
objective is to understand the spiritual healing related to this practice since
ancient times within a historical and cultural context. Through an analysis
of the concepts of Integrative and Complementary Practice, we will arrive
at an understanding of the theological concepts of laying on of hands in
various religious traditions such as Christianity, Kardecist Spiritism, Afro-
-Brazilian religions, and the World Messianic Church of Brazil. A theologi-
cal examination of the underlying philosophical, spiritual, and cosmological
principles in spiritual healing practices will be conducted. Additionally, we

Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2


DOI: 10.47573/aya.5379.2.222.25 280
AYA Editora©
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
will emphasize the importance of balance and the pursuit of spiritual healing as an integral
part of religious practices. The text also addresses the quest for self-knowledge, connection
with the Divine, and the perspective of a spiritual path beyond earthly life. In summary, the
article provides a dialectical analysis of theological practices of spiritual healing in different
religions and traditions, exploring the interconnection between spirituality and human well-
-being, with a focus on laying on of hands as a theological practice.

Keywords: spiritual healing. laying on of hands. healing practices. religions. practical


theology.

INTRODUÇÃO

Neste estudo, pretendemos desenvolver como tema central a cura espiritual e a


materialização da espiritualidade. Analisaremos a prática religiosa da imposição de mãos a
partir de um olhar teológico e utilizaremos o método de análise dialética para compreender
o termo “cura espiritual” em suas expressões, significados e interpretações dentro de
correntes religiosas contemporâneas no contexto atual da Teologia Prática.

Na Medicina Integrativa, ao utilizar práticas terapêuticas integrativas e


complementares para ampliar as possibilidades de cura nos cuidados médicos utilizados
na Medicina Convencional, é notável a escassez de informações específicas sobre o tema
da cura espiritual. Nas literaturas científicas brasileiras, há poucas menções desse termo,
embora esteja frequentemente associado em sua origem às abordagens terapêuticas que
envolvem o aspecto espiritual, religioso ou emocional do paciente, visando promover seu
bem-estar, progresso da saúde e qualidade de vida. A busca da cura espiritual por muitos
praticantes e pacientes evidencia um tema de pesquisa científica relevante para investigar
seus mecanismos e efeitos de forma mais aprofundada e deixar de considerá-la como
pseudociência.

Pesquisas científicas recentes têm demonstrado a importância das relações entre


corpo, mente e espírito na busca pela qualidade de vida de forma holística e integrativa. Ao
conciliar a Medicina Convencional com práticas integrativas e complementares, promove-
se a cura espiritual. Essa abordagem tem se mostrado eficaz na promoção do bem-estar
integral e na busca por uma maior harmonia entre os diferentes aspectos da vida humana.
(THIESEN, A.; THIESEN, L.; MAIA, 2021).

Embora a medicina ocidental convencional tenha historicamente focado


principalmente nos aspectos físicos e biológicos do tratamento da saúde, tem havido um
crescente reconhecimento da importância de uma abordagem holística que considere as
pessoas como um todo. Isso implica levar em conta os aspectos emocionais, psicológicos
e espirituais no cuidado de saúde. No Brasil, a Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares (PNPIC), implementada na atenção básica, tem demonstrado
cientificamente resultados positivos no tratamento de doenças crônicas. As 29 terapias
incluídas nas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são:

Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Medicina Antroposófica, Homeopatia,


Plantas Medicinais e Fitoterapia, Termalismo Social/Crenoterapia, Arteterapia, Ayur-
veda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopa-

281
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
tia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa,
Yoga, Apiterapia, Aromaterapia, Bioenergética, Constelação familiar, Cromoterapia,
Geoterapia, Hipnoterapia, Imposição de mãos, Ozonioterapia e Terapia de Florais.
(BRASIL, 2023).

As práticas integrativas e complementares surgiram em diferentes culturas como


meio de buscar a cura para os enfermos. Essas práticas eram realizadas por pessoas que
vivenciavam de forma única o Sagrado, utilizando métodos milenares de cura por meio de
práticas terapêuticas em diversas tradições religiosas e espirituais, como o xamanismo,
hinduísmo, budismo e cristianismo primitivo. No entanto, é importante ressaltar que ao
longo da história, de acordo com os diferentes contextos culturais, muitas dessas vertentes
foram consideradas pagãs ou hereges devido à intolerância religiosa por parte de grupos
hegemônicos. Essa intolerância religiosa influenciou a construção social da humanidade ao
longo do tempo.

No caso de a imposição das mãos ser um meio promotor de cura espiritual para
restabelecer a qualidade de vida, ao atuar nos tratamentos de saúde, seja pelo toque
terápico ou o direcionar das mãos aos enfermos, ocorre uma melhora significativa em seu
quadro de saúde e bem-estar. Dentro de uma concepção teológica, não há uma separação
entre a concepção da Medicina Integrativa e as suas práticas integrativas e complementares
das práticas religiosas de conexão espiritual. Embora, nas práticas religiosas encontramos
o ato confessional e devocional que incluem a fé religiosa, as orações, a meditação, a
visualização de lugares belos, ajuda ao próximo, caridade, altruísmo, ter um propósito e
sentido de vida.

Por hipótese, a busca da cura espiritual ocorre pela materialização da espiritualidade


tanto na abordagem da Medicina Integrativa quanto nas práticas religiosas para aliviar o
sofrimento causado pelas doenças. Ambas têm como objetivo aliviar o sofrimento causado
pelas doenças e promover o bem-estar. No entanto, é necessário considerar que a Medicina
Integrativa se baseia em evidências científicas, busca integrar terapias complementares, ao
abordar uma visão holística dos aspectos físicos, emocionais, psicológicos e espirituais da
saúde. Por outro lado, as práticas religiosas enfatizam a conexão com o divino e a busca da
transcendência espiritual. Consideramos como visão teológica a sobreposição entre essas
abordagens, apesar de ambas possuírem diferenças em termos de fundamentos, objetivos
e metodologias.

DESENVOLVIMENTO

A busca da cura das enfermidades nos remete a tempos remotos, há milhares de


anos antes do nascimento de Jesus Cristo, nas civilizações da Mesopotâmia (como os
sumérios, acádios, babilônios e assírios), Grécia (com escritores conhecidos como Homero,
Platão, Aristóteles e Heródoto), China (Medicina Tradicional Chinesa) e Índia (Medicina
Ayurveda). A civilização egípcia deixou registros escritos em hieróglifos em monumentos,
papiros e inscrições em templos, que incluem textos médicos, religiosos, históricos e
literários. Esses registros fornecem evidências da importância atribuída à saúde e à cura
desde os tempos antigos, revelando o conhecimento e as práticas médicas desenvolvidas
por essas civilizações ao longo da história.

282
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
Uma breve etiologia da palavra “doença” no Antigo Egito

De acordo com Forshaw (2014), a saúde e a cura eram questões constantes na era
faraônica (3100-30 a.C.) do Antigo Egito, especialmente considerando que a expectativa
de vida da população era em torno de 35 anos. Os registros egípcios revelam as práticas
terapêuticas utilizadas para tratar uma população que vivia em proximidade com animais
ferozes, como crocodilos e hipopótamos, presentes nas margens do rio Nilo. Além disso,
o Egito também enfrentava desafios relacionados a animais peçonhentos, como cobras e
escorpiões, e a transmissão de doenças causadas por insetos e parasitas, especialmente
em trabalhadores que viviam em condições de aglomeração. Essas condições adversas
exigiam estratégias eficazes de cura e tratamento para manter a saúde da população.

Esses registros e escritos em hieróglifos contém os encaminhamentos e prescrições


de tratamento por ação de terapias racionais empíricos de natureza científica, assim como
de terapias envolvendo a magia (considerada de cunho religioso). Tanto os conhecimentos
empíricos quanto os mítico-magísticos faziam parte dos elementos intrínsecos às crenças
do complexo sistema de conhecimentos do Antigo Egito, que reconhecia e considerava
as influências e intervenções do sobrenatural na vida cotidiana. Essa combinação de
abordagens refletia a visão holística e multifacetada que os egípcios tinham em relação
à saúde, reconhecendo tanto os aspectos materiais quanto os imateriais, espirituais e
místicos no tratamento e na cura das doenças.

Dessa forma, as doenças eram atribuídas a uma variedade de causas, como


por espíritos malignos de pessoas ou de animais, demônios e deidades. O processo de
cura envolvia rituais religiosos conduzidos por sacerdotes, que incluíam encantamentos,
invocações e imposição das mãos. Além disso, para certas doenças, o tratamento era
realizado por medicamentos elaborados a partir de ervas e alimentos cultivados na região
do Nilo. Se trata de uma abordagem de cura holística que, ao envolver os elementos
espirituais e naturais, reconhece a importância tanto do sobrenatural quanto do uso prático
e terapêutico dos recursos naturais disponíveis.

No Antigo Egito, o papel do médico e do sacerdote era desempenhado pela mesma


pessoa, refletindo a estreita conexão entre a prática da medicina e o campo religioso. Esses
profissionais, conhecidos como sacerdotes da deusa Sekhmet, eram devotos dedicados,
atuando como intermediários entre o mundo divino e os enfermos, ao remover as influências
negativas do sobrenatural que afetavam os enfermos, restaurando assim o equilíbrio e a
saúde. Essa devoção era central na prática médica, pois acreditava-se que o conhecimento
e o poder de cura vinham diretamente da deusa. Portanto, o médico sacerdote tinha o papel
crucial de canalizar e aplicar os ensinamentos divinos para promover a cura e o bem-estar
daqueles que buscavam seus cuidados.

A imposição das mãos como prática do cristianismo primitivo

No versículo de Lucas (Lc 4, 40-41), encontramos a descrição de um evento em


que Jesus Cristo realizou várias curas ao impor as mãos sobre as pessoas. Esse evento
ocorreu durante a transição do dia para a noite, especificamente no momento do pôr do
sol. A narrativa relata que Jesus curou todas as pessoas doentes, independentemente das

283
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
diversas doenças que elas enfrentavam, e os demônios que as afligiam foram expulsos
e repreendidos por Ele. Esse relato destaca a capacidade de Jesus em realizar curas e
libertações espirituais, demonstrando seu poder e autoridade sobre as doenças e as forças
malignas. (BÍBLIA, Lc 4: 40-41, 2002).

A imposição das mãos realizada por Jesus Cristo, nesse contexto, porta em si um
gesto de transmissão de poder e de bênção divina. As mãos são a interface da transmissão
de um poder divino para a cura que ocorre quando há a expulsão dos demônios do enfermo.

O toque terapêutico desempenha um papel fundamental na libertação do enfermo


das doenças, proporcionando a restauração da saúde tanto física quanto espiritual. Embora
muitos teólogos e religiosos possam argumentar que o poder de cura operado por Jesus
Cristo não reside apenas em suas mãos, mas sim em sua autoridade divina, é importante
ressaltar que Jesus demonstrava compaixão, empatia e um profundo desejo de restaurar
a vida e promover a cura espiritual. Ao realizar milagres como uma manifestação do poder
divino e do amor incondicional para as pessoas, o toque terapêutico, nesse contexto, é
um símbolo tangível desse amor e compaixão divina, transmitindo esperança, alívio e
renovação àqueles que são tocados por Ele.

Confirmando assim que Jesus Cristo era o Messias e Salvador ao ter o poder divino
de cura no mundo natural e a autoridade sobre o mundo sobrenatural ao expulsar demônios
das pessoas.

Outras passagens da Bíblia, em Mateus (Mt 8, 1-17), Marcos (Mc 6, 1-13), Lucas
(Lc 13, 10-17), confirmam que a prática de cura ocorria pela imposição das mãos por Jesus
Cristo realizada frequentemente como um gesto de benção para o enfermo, por retirar a
doença e os pecados da pessoa como um processo de Salvação e de glorificação a Deus.

No cristianismo primitivo, conhecido como “Era Apostólica” (1 d.C. a 375 d.C.), a


imposição das mãos desempenhou um papel central nas práticas religiosas dos apóstolos.
Em nome de Jesus Cristo, eles invocam a presença divina para a cura dos enfermos e a
libertação do sofrimento causado por doenças. A imposição das mãos, um canal pelo qual
os apóstolos recebiam o poder divino do Espírito Santo, e capacitava-os a manifestar curas
e difundir os ensinamentos de Jesus. Um processo de cura e conversão religiosa que, em
gratidão pela cura recebida, se abandonava as crenças pagãs ao se tornar um seguidor de
Cristo em fé.

Portanto, com a imposição das mãos como a manifestação do poder divino, ocorre
a disseminação da fé cristã e a transformação espiritual daqueles que experimentaram a
cura espiritual.

A transição de uma seita para uma religião oficial do estado Romano

Após o Primeiro Concílio de Nicéia, em 375 d.C., a religião cristã estabelece as


suas doutrinas e deixa de ser uma religião dissidente do judaísmo para se tornar uma
religião oficial e adequada politicamente aos interesses do Estado Romano. Ainda não
havia uma igreja constituída pela hierarquia eclesial, entretanto, havia muitos textos de
cunho teológico produzidos pelos seguidores de Cristo, para espalhar o Evangelho como o
único meio de salvação da alma no pós-vida.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
Além disso, as práticas teológicas do cristianismo primitivo se modificaram durante
a formação da instituição igreja. As responsabilidades sobre a fé são concentradas na figura
dos sacerdotes, e o clero assume uma autoridade eclesial determinante sobre a prática
teológica.

É no limiar do século IV que o cristianismo passa a ser uma religião aceita dentro
do Império romano num processo construído e que ganha mais respaldo através
da adesão de Constantino ao cristianismo e este fato acaba por ser um momento
singular na história do movimento cristão, tendo em vista que a partir daí a Igreja
começa a se organizar de maneira mais efetiva. (SILVA, 2017, p.17).

Embora não seja o foco deste artigo, para compreendermos como ocorreu um
rompimento e a transição de um pensamento místico ancestral para um pensamento mais
racional em relação à espiritualidade e a sua conversão da fé, será determinada de forma
dogmática e canônica nos concílios ecumênicos após o período do cristianismo primitivo.

A transformação da doutrina religiosa cristã como religião oficial do Estado


Romano determinou a definição de prática religiosa. Os princípios para a compreensão da
espiritualidade foram estabelecidos em decisões nos “Concílios Ecumênicos” (reconhecidos
como marcos na história do cristianismo), ao reunir os líderes das Igrejas ocidental e oriental.
Suas decisões foram aceitas pela Igreja Católica, Igreja Ortodoxa Oriental e, posteriormente,
por algumas denominações protestantes.

Os sete principais Concílios Ecumênicos, de acordo com Percival (1956) e Kelly


(2009), foram o Primeiro Concílio de Nicéia (325 d.C.), o Primeiro Concílio de Constantinopla
(381 d.C.), o Concílio de Éfeso (431 d.C.), o Concílio de Calcedônia (451 d.C.), o Segundo
Concílio de Constantinopla (553 d.C.), o Terceiro Concílio de Constantinopla (680-681
d.C.) e o Segundo Concílio de Nicéia (787 d.C.). Dentre os sete Concílios Ecumênicos,
vale ressaltar o Segundo Concílio de Constantinopla (553 d.C.) devido à condenação das
teologias consideradas hereges. Dentre elas estava a condenação póstuma da teologia
de Orígenes considerada contrária aos princípios estabelecidos pela Igreja principalmente
durante o reinado do imperador Justiniano.

O anátema da reencarnação no segundo Concílio de Constantinopla

Orígenes, conhecido como Orígenes de Alexandria (185-232 d.C.), contribuiu com


o desenvolvimento do pensamento cristão primitivo, foi um proeminente teólogo, filósofo
e exegeta cristão do século III, considerado uma das figuras mais influentes do início do
cristianismo, é conhecido também por seu trabalho na exegese bíblica e na filosofia cristã.
Nascido em Alexandria, no Egito, por volta do ano 185 d.C., recebeu uma educação erudita
nas áreas de filosofia grega, literatura e teologia. Interpretava a Bíblia de forma alegórica
e mística, portanto foi criticado por alguns por sua abordagem excessiva e interpretações
especulativas.

Poucos autores foram tão prolíficos como Orígenes. São Epifânio estima em seis
mil o número de seus escritos, contando separadamente, sem dúvida, os diferentes
livros de uma única obra, suas homilias, cartas e seus menores tratados. (SCHAFF,
2016, p.5, tradução nossa).

Em suas crenças e ensinamentos, interpretava a Bíblia com o fundamento


da preexistência das almas. No entanto, algumas de suas ideias foram consideradas

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
controversas e alvo de críticas por parte da igreja. Foi condenado postumamente pelo
Imperador Justiniano em 543 d.C., e essas condenações foram posteriormente ratificadas
no Quinto Concílio Ecumênico realizado em Constantinopla em 553 d.C., conhecido como
Segundo Concílio de Constantinopla.

Segundo Percival (1956) os anátemas contra Orígenes foram:

1. Se alguém afirmar a fabulosa preexistência das almas e sustentar a monstruosa


restauração que dela decorrer, seja anátema.

2. Se alguém disser que a criação de todas as coisas racionais inclui apenas inteli-
gências sem corpos, completamente imateriais, sem número nem nome, de modo
que todos estejam unidos por identidade de substância, força e energia, e por sua
união e conhecimento de Deus, a Palavra; mas que, não desejando mais a visão
de Deus, eles se entregaram a coisas piores, cada um seguindo suas próprias incli-
nações, e que eles tomaram corpos mais ou menos sutis e receberam nomes, pois
entre as Potestades celestiais há uma diferença de nomes, assim como há uma
diferença de corpos; e daí alguns se tornaram e são chamados Querubins, outros
Serafins, e Principados, e Potestades, e Domínios, e Tronos, e Anjos, e tantas ou-
tras ordens celestiais quantas possam existir, seja anátema.

3. Se alguém disser que o sol, a lua e as estrelas também são seres racionais e que
eles se tornaram o que são apenas porque se voltaram para o mal, seja anátema.

4. Se alguém disser que as criaturas racionais, cujo amor divino esfriou, foram ocul-
tadas em corpos grosseiros como os nossos, e foram chamados de seres huma-
nos, enquanto aqueles que atingiram o grau mais baixo da maldade compartilham
corpos frios e obscuros se tornam e são chamados demônios e espíritos malignos,
seja anátema.

5. Se alguém disser que uma condição psíquica surgiu de um estado angelical ou


de arcanjo, e além disso que uma condição demoníaca e humana surgiu desta con-
dição psíquica, e que de um estado humano eles podem se tornar novamente anjos
e demônios, e que cada ordem de virtudes celestiais vem de baixo ou de cima, ou
de cima e de baixo, seja anátema.

6. Se alguém disser que existe uma dupla raça de demônios, na qual uma inclui as
almas dos homens e a outra os espíritos superiores que caíram para isso, e que
de todo o número de seres racionais, apenas um permaneceu inabalado no amor
e contemplação de Deus, e que aquele espírito se tornou Cristo e o rei de todos os
seres racionais, e que ele criou todos os corpos que existem no céu, sobre a terra, e
entre o céu e a terra; e que o mundo que possui ele mesmo elementos mais antigos
que ele próprio e que existem por si mesmos, ou seja, a secura, a umidade, o calor
e o frio, e a imagem para a qual foi formado, foi formado dessa maneira, e que a
Santíssima Trindade consubstancial não criou o mundo, mas que ele foi criado pela
inteligência ativa que é mais antiga que o mundo e que lhe comunica o seu ser, seja
anátema.

[…]

10.Se alguém disser que após a ressurreição o corpo do Senhor era etéreo, tendo
a forma de uma esfera, e que tais serão os corpos de todos após a ressurreição,
e que depois que o Senhor mesmo rejeitar seu verdadeiro corpo e depois que os
outros que ressuscitarem rejeitarem os deles, a natureza de seus corpos será ani-
quilada, seja anátema.

11.Se alguém disser que o julgamento futuro significa a destruição do corpo e que
o fim da história será uma ψύσις (psýsis) imaterial, e que depois disso não haverá
mais matéria, mas apenas espírito νοῦς (noús): seja anátema.

12.Se alguém disser que as Potestades celestiais e todos os homens e o Diabo e os


espíritos malignos estão unidos à Palavra de Deus em todos os aspectos, como a
divina razão (Νοῦς) que é chamado por eles de Cristo e que está na forma de Deus
e que se humilhou, como eles dizem; e [se alguém disser] que o Reino de Cristo

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
terá um fim, seja anátema.

13.Se alguém disser que Cristo [ou seja, o a divina razão (Νοῦς) ] não é de modo
algum diferente de outros seres racionais, nem substancialmente nem por sabedo-
ria nem por seu poder e domínio sobre todas as coisas, mas que todos serão colo-
cados à direita de Deus, assim como aquele que é chamado por eles de Cristo [a
divina razão (Νοῦς) ], assim como eles estavam na suposta preexistência de todas
as coisas, seja anátema.

14.Se alguém disser que todos os seres racionais serão um dia unidos em um,
quando as hipóstases, assim como os números e os corpos, tiverem desaparecido,
e que o conhecimento do mundo vindouro trará consigo a destruição dos mundos, e
a rejeição dos corpos, assim como a abolição de [todos] os nomes, e que finalmente
haverá uma identidade da gnose (γνῶσις) e da hipóstase; além disso, que nessa su-
posta apocatástase, apenas os espíritos continuarão a existir, como foi na suposta
preexistência, seja anátema.

15.Se alguém disser que a vida dos espíritos (νοῶν) será semelhante à vida que
existia no início, quando os espíritos ainda não haviam descido ou caído, de modo
que o fim e o começo sejam iguais, e que o fim será a verdadeira medida do come-
ço, seja anátema. (PERCIVAL, 1956, p. 318-319, tradução nossa).

Nesses anátemas contra Orígenes, a sua espiritualidade mística, sistematização


teológica, ensinamentos associados a ele, e toda a sua teologia e exegese foram
considerados heréticas.

Dessas condenações, no anátema primeiro, encontramos a doutrina que foi mais


impactante ao longo do tempo em relação à preexistência das almas. Orígenes ensinava
que as almas humanas existiam antes de serem incorporadas em corpos físicos.

Também nos anátemas segundo ao sexto, décimo segundo, décimo quarto, décimo
quinto, verificamos que Orígenes considerava e acreditava na restauração universal, um
processo de purificação e redenção universal em que todas as almas (inclusive os demônios)
seriam eventualmente reconciliadas com Deus.

Por fim, nos anátemas décimo e décimo primeiro, a negação da ressurreição física
pela reencarnação e ressurreição ocorreria em um corpo espiritual em vez de ressurgir
de um mesmo corpo físico. Essas doutrinas foram consideradas contrárias aos cânones
estabelecidos nos Concílios Ecumênicos.

A cura espiritual na concepção de Orígenes

Orígenes enfatizava a cura espiritual como um processo que envolvia a cura das
enfermidades da alma e a purificação dos desejos e de paixões desordenadas. Enfatizava a
importância do arrependimento, do autoexame e da busca pela sabedoria divina como meios
para alcançar a cura espiritual. Acreditava que, quando a alma era curada, a pessoa poderia
ser levada para uma maior proximidade com Deus e experimentaria uma transformação de
seu EU, tornando-se uma pessoa em conformidade com a imagem divina.

[…]Orígenes começa com a proposição de que todo pecado age como uma ferida
que precisa de tempo para ser curada. “Se uma ferida é infligida no corpo… leva
muito tempo para ser curada… No caso da alma, cada pecado causa uma ferida…
e essas feridas precisam de muito tempo para serem curadas… a alma é ferida por
palavras, pensamentos e desejos malignos e é danificada e machucada por atos
pecaminosos. Portanto, é necessário que a duração de seu castigo, isto é, de sua
cura e cicatrização, seja longa, e que o tempo de seu tratamento seja estendido de
acordo com a natureza do sofrimento causado por ferida”. Essas feridas na alma só

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
serão curadas em primeiro lugar se os homens confessarem seu pecado e se volta-
rem para Cristo. “Cristo somente age como médico para aqueles que reconhecem
a sua condição de doente e recorrem à sua compaixão na esperança de alcançar a
saúde”. Em segundo lugar, essas feridas só serão devidamente curadas se o arre-
pendimento dos homens for contínuo e complementado por boas ações que cubram
as cicatrizes do pecado. Para Orígenes, o arrependimento consiste essencialmente
na percepção do pecado, e neste sentido devemos observar que a lei deve ser en-
tendida não como a causa ou a ocasião do pecado, mas como o meio pelo qual ele
é diagnosticado e reconhecido. “A habilidade do médico permite o reconhecimento
de uma doença, mas dificilmente pareceria ser a causa da doença… É reconhecido
que o bom conhecimento médico proporciona uma compreensão da doença e, da
mesma forma, a boa lei possibilita a descoberta e o reconhecimento do pecado”.
(CROUZEL, 1985, p.195-196, tradução nossa).

Além disso, Orígenes via a cura espiritual como um processo contínuo que ocorre
ao longo da vida de uma pessoa, um progresso espiritual para a cura interior por meio do
estudo das Escrituras, da oração, da prática da virtude e do cultivo de uma relação íntima
com Deus.

Contribuições e desdobramentos da Medicina Ayurveda

A religião hindu e a medicina Ayurveda (“Ciência da vida” em Sânscrito) possuem


uma relação histórico-cultural significativa, portanto influenciaram-se mutuamente. A
medicina Ayurveda é “considerada uma das mais antigas abordagens de cuidado do mundo,
surgiu na Índia entre 2000 e 1000 a.C.”, conforme mencionado na Portaria MS 849/2017.

No entanto, para compreender a medicina Ayurveda precisamos conciliar os


princípios e contextos filosóficos, espirituais e cosmológicos que são encontrados nas
escrituras sagradas hindus, como nos livros Vedas e os Upanishads. Com uma visão
holística sobre a vida, a saúde é vista como o equilíbrio fisiológico e energético do corpo,
mente, e espírito como um todo para promover a saúde e o bem-estar.

A principal forma de promover a saúde, segundo a Ayurveda, vem da prática da


respiração. Ao inspirarmos estamos recebendo a energia vital responsável pela vida,
chamada de Prana (termo sânscrito).

A meditação Prânica é um método de meditação secular baseado nos antigos en-


sinamentos védicos, que descrevem que o desequilíbrio prânico afeta várias di-
mensões da saúde humana em termos físicos, mentais e espirituais. Prana utiliza
técnicas de meditação para equilibrar as “energias sutis”. Esse equilíbrio energético
é necessário para manter e melhorar a saúde. (DEWI; UTAMI; AYU, 2002, p. 311)

Na filosofia hindu e medicina Ayurveda, Prana é considerada a energia vital que


permeia todo o universo e está presente em todos os seres vivos, é uma energia vital
que anima e sustenta a vida. Também é a primeira vibração do sopro divino da Criação,
o primeiro movimento que transformou o silêncio e a inércia em manifestação da vida e
criação do universo. Participa de todos os processos vitais como a respiração, circulação,
digestão, e de todas as funções biológicas do corpo material e da mente no processo da
construção de conceitos, significados, emoções e reações do pensamento.

A energia flui pelos canais sutis, chamados de Nadis, concentrados em pontos


de energia chamados de Marmas, que “em sânscrito significa escondido ou secreto”
(GAUTAM, 2019, p.9, tradução nossa). Em pontos internos de controle dos órgãos, estão
interligados aos centros de energias localizados nas principais glândulas endócrinas no

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
corpo, chamados de chacras, são responsáveis pelas “funções essenciais: a excreção,
reprodução, digestão e distribuição de todas as substâncias que são essenciais para a vida,
metabolismo, emoções, intelecto e percepção”. (SCHROTT, 2016, p.68, tradução nossa).

Uma breve explicação de Schrott (2016) sobre a Terapia Marma:

A Terapia Marma, em sua essência, é um tratamento que envolve a cura com as


mãos. No entanto, não devemos nos considerar curandeiros milagrosos, pois o po-
der de cura das mãos está latente em todos nós. Essa energia sutil que flui da
palma das mãos e dos dedos é fisiológica, natural e essencial para a vida. Sem
ela, a vida não existiria. Na Ayurveda, chamamos essa energia especial de cura de
Prana. Prana é a primeira vibração, o primeiro movimento que transforma o silêncio
do universo em vida manifesta, e é aquilo que existe como a respiração vital, uma
expressão da consciência de todos os seres vivos. Esse Prana flui por todos os
Nadis, os canais de energia mais sutis do corpo, e reside em forma concentrada em
seus pontos de energia, os Marmas.

Nossas mãos estão cheias de Marmas, grandes e pequenos, e eles nos dão
sensibilidade para sentir mental e fisicamente, informando a maneira como movemos as
mãos e a forma como tocamos. O Prana nas mãos nos permite expressar o amor. É o poder
pelo qual tratamos e curamos naturalmente a nós mesmos e aos outros em nossa vida
cotidiana. (SCHROTT, 2016, p.7, tradução nossa).

A partir dessa noção sobre a energia vital do Prana, também, não está restrita
apenas a uma tradição religiosa específica, de fato, encontramos em outras religiões
significados muito próximos sobre a energia vital como sendo o “sopro divino” que dá vida
e anima toda a criação, inclusive a humana. “Então Iahweh Deus modelou o homem com
a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser
vivente. ” (BÍBLIA, Gn 2:7, 2002).

Teologia Prática: as religiões e tradições espirituais no Brasil

No Brasil, existem diversas religiões e vertentes que incorporam a prática da


imposição de mãos como parte integrante de sua liturgia. Essa prática é entendida dentro do
contexto específico de cada religião, fundamentada em um conjunto de rituais, cerimônias
e práticas religiosas realizadas como forma de culto ou adoração. A imposição de mãos
torna-se assim uma tradição religiosa, desempenhando um papel significativo na expressão
da fé e no estabelecimento de conexões espirituais entre os praticantes e o divino. É uma
manifestação de crença e uma forma de canalizar energia espiritual para o benefício dos
indivíduos envolvidos no contexto religioso em questão.

No Cristianismo e em diversas denominações cristãs, como o catolicismo,


protestantismo, pentecostalismo e neopentecostalismo, a prática da imposição das mãos
desempenha um papel significativo em várias ocasiões. Os sacerdotes ou ministros
religiosos utilizam esse gesto para abençoar pessoas, interceder em orações, realizar
curas espirituais, transmitir os dons do Espírito Santo e participar de ritos sacramentais,
como a consagração do batismo, do casamento, da ordenação dos ministros religiosos e de
objetos sagrados. A imposição das mãos é considerada um meio pelo qual a graça divina
é transmitida aos fiéis e desempenha um papel importante na vida religiosa e sacramental
das comunidades cristãs.

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Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
No Espiritismo Kardecista e suas vertentes, de modo geral, a prática ocorre em
sessões públicas, começando por uma palestra relacionada à doutrina de Allan Kardec, e
em seguida realizam a prece para iniciar os trabalhos espirituais gratuitos de imposição das
mãos de forma fixa ou na forma de passes, isto é, quando há o movimento das mãos do
médium ao aplicar em movimentos longitudinais ou rotatórios sobre o paciente. (TEIXEIRA,
2009).

Nas religiões afro-brasileiras, como na Umbanda ou Candomblé, cada terreiro tem


uma tradição religiosa de como proceder a imposição de mãos nos consulentes. De modo
geral, os médiuns de Umbanda realizam uma prece inicial para que os trabalhos daquele dia
sejam abençoados e tenham a permissão para acontecer. Há o processo de incorporação das
entidades espirituais chamadas de guias, que atuam conforme a sua falange hierárquica de
vibração espiritual ou linha de trabalho, e diferenciam-se nos modos de realizar a imposição
das mãos. No Candomblé, os adeptos recebem não apenas a energização da casa, mas
também o equilíbrio energético por meio dos passes ou toques realizados pelos sacerdotes
ou sacerdotisas. Esses passes são parte integrante dos rituais e cerimônias da religião,
nos quais os sacerdotes, com sua conexão espiritual e conhecimento dos fundamentos do
culto, aplicam toques específicos em pontos do corpo dos adeptos. Esses toques têm o
propósito de harmonizar e reequilibrar as energias pessoais dos adeptos, fortalecendo sua
conexão com as divindades e promovendo bem-estar físico, emocional e espiritual.

Os “passes” ministrados por médiuns magnetizadores e doadores de energias têm


como função descarregar este campo dos acúmulos de energias negativas nele
formados no decorrer do tempo.

E por isso que os passes magnéticos são fundamentais num tratamento espiritual,
pois os mentores curadores precisam ter em seus pacientes este campo totalmente
limpo, quando então começam a operar no corpo energético, onde realizam cirur-
gias corretivas ou desobstrutoras, chegando mesmo a retirar “tumores” formados
unicamente por energias negativas internalizadas pelo corpo energético.

Só depois de equilibrarem o campo eletromagnético e o corpo energético dos seres


é que os mentores curadores atuam no corpo físico de seus pacientes encarnados,
que a eles recorrem porque realizam curas maravilhosas.

É fundamental que saibam disso, pois só assim entenderão o porquê dos passes
realizados em todos os centros espíritas ou de Umbanda: é para fazer a limpeza
dos campos mediúnicos de seus frequentadores. (SARACENI, 2014, p.41).

A Igreja Messiânica Mundial do Brasil, fundada em 1970, tem como principal pilar
de sua fé a administração da imposição das mãos. A primeira igreja oficial foi a Igreja de
Pinheiros contando com inúmeras filiais espalhadas pelo Brasil. Para os messiânicos, o
principal pilar de sua fé é a administração da imposição das mãos, em que o membro canaliza
a luz divina recebida com a autorização e permissão de Deus, recebida na cerimônia de
outorga da medalha Ohikari (que simboliza o ideograma da palavra “Luz”).

Para compreender a atuação do Johrei, é importante esclarecer que, segundo a


antropologia messiânica, o ser humano é constituído de duas naturezas: a divina e
a animal. A natureza divina se caracteriza pela partícula divina outorgada pelo Cria-
dor, enquanto a natureza animal é agregada após o nascimento.

Com o recebimento de Johrei, a atuação da natureza divina do ser humano se am-


plia naturalmente e os sermões enfadonhos se tornam desnecessários, pois “a alma
é purificada, faz despertar na pessoa a vontade de salvar o próximo e ela mesma se
torna feliz” (IMMB, 2003, v. 2, p. 83 apud TOMITA, 2014, p. 62).

290
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
Conforme a teologia messiânica, o Johrei desperta a alma adormecida por meio do
sopro do milagre. O milagre é, pois, uma chave fundamental para a compreensão
da existência de Deus. O milagre não é o fim, mas o próprio caminho para despertar
a alma. (TOMITA, 2014, p. 62).

Em cada religião, encontramos indivíduos que buscam a cura espiritual como uma
forma de aliviar a dor e o sofrimento, a busca da cura pelo milagre. Para muitos, essa busca
espiritual representa um meio de enfrentar as adversidades e diminuir as mazelas que
enfrentam. Muitas pessoas recorrem à cura espiritual em busca de alívio, especialmente
quando se sentem desiludidas e sem esperança com os tratamentos recebidos ou
disponibilizados pelo sistema de saúde convencional. Encontram na cura espiritual uma
fonte de esperança, quando se sentem frustradas com os resultados ou limitações dos
métodos indicados de tratamento médico.

A materialidade espiritual ocorre de maneira diferenciada em cada religião. A fé


pertence ao processo de individuação, “a individuação aparece como um processo que só
ocorrerá se houver unidade entre a consciência e o inconsciente”. (VERGUEIRO, 2008,
p.133). Religar-se, em um sentido polissêmico da palavra “religiosidade”, mas, muito
próximo a um sentido onde cada ser ao escolher uma determinada religião, encontra as
suas afinidades espirituais ao se aproximar do Sagrado.

Para que o desenvolvimento espiritual ocorrer, requer adotar uma vida em ação
altruísta. Um processo de autoconhecimento profundo, no qual uma pessoa explora e
confronta os seus próprios aspectos ocultos de si mesmo (o inconsciente), tanto positivos
quanto negativos, e não desenvolvidos conscientemente, para alcançar a totalidade da
autorrealização. Ao viver de acordo com a verdadeira natureza espiritual, onde a fé estará
em constante teste para o desvelar da espiritualidade na materialidade. E, encontrará um
possível caminho (segundo a sua fé e crença no pós-vida) para chegar a um dos inúmeros
Reinos Divinos.

A imposição de mãos para a cura espiritual é uma prática que vai além dos limites
perceptíveis pelos sentidos humanos, e adentra os mistérios do pós-vida e do oculto. O
segredo de como essa cura ocorre reside na preservação da integralidade do Sagrado,
uma força transcendente que vai além dos interesses egoístas daqueles que buscam
apenas a prosperidade material acumulando riquezas para si. É um chamado para explorar
as dimensões mais profundas da existência e conectar-se com o divino, buscando uma
harmonia entre o mundo espiritual e o mundo material, para assim enriquecer a alma e
promover o bem-estar integral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, as abordagens das práticas de cura espiritual e imposição das mãos nas
diversas religiões e tradições espirituais revelam a busca humana por alívio do sofrimento
e o encontro com a conexão com o divino. Essas práticas são encontradas em diferentes
contextos religiosos, como o Cristianismo, Espiritismo Kardecista, religiões afro-brasileiras,
Igreja Messiânica Mundial do Brasil, e outras. Cada uma dessas tradições enfatizam a
importância do equilíbrio físico, mental e espiritual, e possuem seus fundamentos, crenças
próprias, rituais e entendimentos sobre a cura espiritual. É importante ressaltar que algumas

291
Bem-estar e qualidade de vida: prevenção, intervenção e inovações - Vol. 2

Capítulo 25
tradições espirituais se focam na prosperidade material como meio de receber uma “graça
divina” e perdão pelos pecados e dívidas recebidas por más ações na vida. E, no exagero
apontam que há um trabalho espiritual realizado para prejudicar a pessoa ou a vida familiar,
que no Brasil chamam de “macumbas”.

No entanto, não podemos generalizar nem estereotipar as práticas religiosas, pois


cada tradição possui suas próprias nuances e abordagens, mas, nem todas as tradições
religiosas possuem seus capelães no pós-vida.

A espiritualidade desempenha um papel fundamental nesse processo, permitindo


que os indivíduos se reconectem com o Sagrado e busquem o autoconhecimento para
alcançar a autorrealização. A fé e a crença são testadas e aprofundadas, a cada grau da
espiritualidade atingida. Todavia, há forças contrárias à essa evolução e podem criar ilusões
que nos levam à crise e à dúvida sobre a existência da espiritualidade. Na materialização
da espiritualidade espera-se que ocorram os milagres em meio às experiências cotidianas,
como confirmação de sua existência.

No entanto, podemos destacar que a busca pela cura espiritual não deve ser
um substituto para a assistência médica profissional. Ademais, é um meio essencial ao
ser considerado como Prática Integrativa e Complementar (uma abordagem holística),
ao combinar os cuidados médicos com as práticas espirituais para promover uma saúde
integral.

Em última análise, cada pessoa encontra seu próprio caminho espiritual e suas
afinidades religiosas, buscando a totalidade e a harmonia consigo mesma e com o Divino
(seu Senhor ou Senhora). Independentemente da tradição religiosa escolhida, a jornada
espiritual visa o desenvolvimento pessoal e a conexão com os reinos divinos, oferecendo
uma perspectiva de esperança e transcendência. Ao ocorrer uma troca de roupa, uma roupa
nova ao deixar o passado e atitudes negativas perante si e aos demais para trás, segundo
Jesus Cristo, de acordo com o evangelho de Mateus (BÍBLIA, Mt, 9:16, 2002).

Portanto, a cura espiritual, permeada pela fé, busca trazer conforto, cura e bem-
estar àqueles que buscam uma vida plena e significativa, reconhecendo a importância do
equilíbrio entre o material e o espiritual.

Para futuros temas de estudo seria interessante compreender se o sopro divino tem
relações com a Mecânica Quântica enquanto energia primordial que anima e sustenta toda
a criação de Deus.

REFERÊNCIAS

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294
Organizadora Carolina Belli Amorim
Doutoranda em Psicologia Educacional Pelo Centro
Universitário FIEO, com bolsa pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), Mestre em Psicologia Educacional Pelo Centro
Universitário FIEO, Especialista em Administração
Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo, MBA
em Gestão de Recursos Humanos pela Faculdade
Metropolitanas – FMU, graduada em Administração e
Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Estácio
de Sá, graduada em Nutrição pelo Centro Universitário
São Camilo. Atualmente é docente na Faculdade Capital
Federal- FECAF, Docente e coordenadora de curso da
Faculdade Estácio de Carapicuíba. Membro do grupo de
avaliadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
Índice A
Remissivo abordagem 38, 47, 55, 56, 57, 64, 67, 70, 94, 104, 142,
150, 153, 155
abordagens 67, 102, 150, 151, 152, 154, 155
ações judiciais 192
alimentação 44, 47, 81, 83, 84, 88, 89
amor 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23
analgésica 190, 191
análise 14, 15, 17, 21, 22, 27, 40, 46, 50, 63, 66, 68, 71,
94, 108, 109, 148, 161, 168, 172
ansiedade 131, 137
aprendizagem 33, 44, 46, 48, 101, 102, 104, 105, 108,
110
assistência 51, 52, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63,
65, 66, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 76, 77, 51, 212
atendimento 30, 38, 39, 42
atividade física 28, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 101,
107, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119,
120, 111, 120, 121, 122, 129, 136, 137, 138

B
bem-estar 26, 27, 29, 30, 34, 48, 52, 57, 59, 71, 113,
115, 117, 126, 137, 176, 215, 219, 222, 226, 227,
228, 229, 230, 233, 234, 235, 240, 241, 242, 244,
247, 248, 250
bioestimulador 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174
burnout 24, 27, 29, 34, 36, 37

C
calamidade pública 24, 25, 26
canabidiol 184, 195, 196
características 16, 25, 28, 34, 39, 58, 79, 93, 105, 106,
116, 122, 123, 125, 127, 128, 135, 136
cárie dentária 44
comunicação 31, 45, 50, 55, 58, 59, 60, 63, 147, 200,
212, 213, 214, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222,
223, 224, 225, 226, 228, 229, 230, 231, 232, 233,
212, 233, 234, 235, 236, 237, 240, 242, 243, 244,
245, 246, 247, 248
corpo 123, 124, 125, 126, 127, 129, 130, 131, 132, 135,
136
COVID-19 24, 25, 26, 30, 35, 36, 37, 164
crianças 46, 72, 85, 99, 101, 102, 103, 104, 106, 107,
108, 109, 110
crise 66, 186, 187, 189, 190
cuidados 34, 38, 39, 42, 44, 52, 55, 56, 63, 64, 65, 66,
67, 70, 72, 73, 74, 75
cura 29, 59, 72, 148, 176, 189, 213, 214, 215, 265, 280,
281, 282, 283, 284, 287, 288, 289, 291, 292
cura espiritual 280, 281, 282, 284, 287, 288, 291, 292

D
declínio cognitivo 262, 263, 264, 265, 266
depressão 131, 137
desenvolvimento 20, 21, 22, 26, 28, 40, 45, 46, 55, 80,
82, 84, 85, 87, 88, 97, 106, 107, 109, 110, 111, 117,
124, 125, 126, 127, 133, 150, 152, 153, 154, 155,
161, 179, 186, 188, 192, 199, 203, 206, 208, 212,
214, 215
desenvolvimentos 104, 186
diabetes 55, 82, 83, 84, 85, 99, 114, 115, 117, 130, 159,
160, 161, 164, 165, 166, 167
diagnostico 94, 95, 143, 147, 148
diagnóstico 28, 39, 40, 41, 42, 65, 69, 72, 74, 76, 85, 95,
98, 99, 140, 141, 142, 143, 148, 199, 188, 189, 193,
198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 209, 212, 213,
214, 216, 217, 219, 262, 140, 262, 263
distúrbios 32, 79, 84, 86, 93, 106, 145, 176, 185, 187
doença 21, 24, 25, 36, 38, 39, 40, 41, 44, 47, 48, 49, 57,
66, 68, 69, 70, 71, 72, 74, 75, 76, 77, 79, 80, 82, 83,
84, 85, 86, 92, 93, 94, 95, 98, 105, 115, 131, 140,
141, 142, 143, 145, 146, 147, 148
doença crônica 83, 92, 94
doenças 25, 40, 41, 45, 46, 48, 66, 70, 74, 80, 81, 82,
83, 84, 85, 86, 87, 88, 93, 95, 111, 112, 113, 114,
115, 116, 117, 123, 130, 131, 141, 142, 145, 147,
148, 149, 152, 159, 160, 161, 163, 165, 176, 177,
184, 185, 186, 188, 202, 190, 200, 203, 204, 206,
207, 208, 209, 159, 212, 213, 214
doenças cardiovasculares 81, 83, 85, 87, 159, 160,
161, 165
doenças psicológicas 130
dor crônica 92, 93, 95, 96, 98
drogas 142, 178, 179, 187, 188, 202, 268, 269, 270, 271,
272, 273, 274, 277, 278, 279
E
educação 44, 45, 46, 47, 48, 49
emocional 53
empatia 34, 58, 213, 233, 234, 235, 236, 238, 240, 241,
242, 243, 245, 246, 247, 249
enfermagem 51, 52, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62,
63, 64, 51, 64, 65, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 64
enfermeiro 53, 56, 57, 58, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,
70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77
enfermidades 122, 131
envelhecimento 112, 113, 116, 117, 120, 121, 122,
127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136,
137, 138, 139, 141, 168, 169, 170, 173, 240, 251,
252, 253, 258, 260, 261, 262, 266
epilepsia 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192,
193, 194, 195
equipe 65, 70, 71, 72, 73, 74, 77
esgotamento 24, 25, 31, 34, 36
exclusão 17

F
facial 168, 169, 170, 171, 172, 173
familiar 252, 257
farmacológicas 159, 160, 162, 165
fenômeno 17
fenômenos 16, 17, 19
ferramenta 51, 55, 58, 60, 80, 102, 120, 121, 123, 124,
137
fibromialgia 92, 93, 94, 95, 96, 98, 99, 100
fitoterapia 175, 176, 177, 182

G
grupos 251, 252, 254, 258, 259, 260, 261

H
habilidades 28, 33, 46, 55, 73, 104, 105, 106, 109, 114,
124, 125
hemodiálise 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74,
75, 76, 77, 78
hidroxiapatita 168, 170, 171, 172, 173
higiene bucal 44, 45, 47, 49
hipertensão 83, 84, 85, 86, 114, 115, 117, 130, 159,
160, 161, 164, 165, 166, 167
HIV 38, 39, 40, 41, 42, 43
humanização 49, 51, 52, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61,
62, 63, 71, 74, 77, 51, 212, 213, 214, 215, 218, 219,
220

I
idade 252, 253, 254, 259, 261
idoso 120, 121, 122, 127, 129, 130, 131, 132, 133, 134,
135, 136, 137, 138, 252, 253, 254, 255, 258, 259,
260, 261
idosos 262, 263, 265, 266
inclusão 17, 24, 51, 53, 54
informação 50, 75, 92, 212, 213, 217, 222, 223, 224,
225, 226, 227, 228, 229, 230, 231
inovação 150, 151
insegurança 131
integração 38, 42
intervenção 2, 24, 25, 28, 30, 32, 33, 34
intervenções 28, 33, 37, 39, 72, 73, 74, 98, 155, 159,
162, 164, 165

L
lesão 96, 97, 135, 146
linguagem 17
lúdicos 44, 101, 102, 103, 104
luto 14, 17

M
melancolia 14, 17, 21
método 16, 17, 18, 49, 53, 58, 62, 80, 86, 88, 97, 104,
107, 108, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127,
131, 132, 136, 137, 138, 141, 142, 161, 171, 175
metodologia 14, 17
métodos 14, 16, 21, 22, 33, 38, 45, 81, 83, 84, 97, 101,
102, 103, 105, 108, 110
N
narcisismo 14, 15, 17, 19, 20, 21, 22, 23
natação 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109,
110
neurociência 233, 234, 235, 236, 242, 247, 248, 249
neurodegenerativa 140, 141
neurológicas 95, 184, 185

O
obesidade 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88
odontologia 38, 39, 42, 45, 47, 48
odontopediatria 44
OMS 24, 25, 36
organismos 178

P
paciente 28, 31, 33, 34, 38, 39, 41, 42, 47, 48, 51, 52,
53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62
pacientes 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75,
76, 77, 78
pandemia 24, 25, 26, 27, 30, 35, 37
plantas 115, 167, 175, 176, 177, 178, 179, 181, 183
plantas medicinais 167, 175, 176, 181
prática 28, 31, 32, 33, 34, 35, 39, 48, 49, 52, 55, 58,
61, 70, 76, 82, 83, 88, 104, 105, 106, 107, 111, 112,
113, 115, 116, 117, 138, 150, 151, 155, 156
práticas 33, 34, 39, 42, 45, 48, 52, 56, 58, 59, 62, 83,
104, 112, 115, 128, 132, 134, 155, 167, 173, 215,
220, 226, 234, 246, 248, 249, 260, 280, 281, 282,
283, 284, 285, 289, 291, 292, 293, 294
preconceitos 34, 252, 254
prevenção 2, 15, 29, 22, 26, 29, 30, 32, 33, 34, 38, 42,
43, 44, 45, 46, 47, 48, 160, 161, 66, 163, 164, 69,
72, 73, 74, 82, 86, 111, 112, 114, 115, 116, 117,
123, 133, 159, 160, 161, 162, 164, 165
processamento 67
processo 15, 16, 19, 22, 24, 25, 26, 28, 29, 32, 44, 46,
48, 52, 53, 56, 57, 58, 59, 60, 64, 65, 68, 69, 70, 71,
74, 77, 80, 95, 96, 97, 101, 102, 105, 106, 107, 108,
109, 113, 114, 117, 120, 122, 128, 129, 130, 131,
133, 134, 135, 137, 138, 139, 168, 169, 170, 171,
172, 173, 181, 192, 197, 200, 207, 208, 213, 214,
215, 216, 217, 218, 219, 221
produção 17, 25, 31, 53, 80, 135, 169, 171, 172, 175,
176, 177, 178, 180, 181
produtividade 233, 235, 242, 247, 248, 249
profissionais 24, 25, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 37, 161,
163, 164, 165, 167
programas sociais 251, 253, 260
PSE 44, 45, 47, 49
psicoativas 268, 273
psicológica 24, 25, 27
psicológicas 130, 131, 136
psicólogos 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35
públicos 27, 52

Q
qualidade de vida 2, 28, 33, 34, 38, 42, 45, 46, 47, 53,
70, 71, 72, 73, 75, 76, 79, 81, 83, 85

R
rede pública 44
reestruturação 168, 169, 170, 171, 172, 173
rejuvenescimento 168, 169, 172, 173
relacionamento 14, 16, 17, 22
responsabilidade 5
rotina 25, 26, 27, 28, 111, 113, 114, 115, 117

S
saúde , 24, 39, 25, 26, 27, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38,
39, 40, 41, 42, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53,
55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 68, 69,
72, 74, 76, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89,
95, 98, 101, 112, 113, 106, 107, 111, 113, 114, 115,
116, 117, 118, 121, 123, 126, 127, 133, 137, 139,
159, 199, 161, 163, 164, 165, 166, 192, 167, 199,
173, 176, 177, 178, 180, 193, 200, 206, 212, 213,
214, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 212, 159,
120, 44, 14, 222, 224, 226, 227, 228
saúde mental , 14, 24, 25, 26, 27, 31, 32, 34, 35
saúde oral 44, 45
saúde pública 26, 35, 39
sedentarismo 79, 81, 85
serviços 27, 28, 38, 39, 46, 51, 52, 55, 57, 58, 60, 61, 63
síndrome 25, 27, 36, 39, 81, 92, 93, 94, 98, 140, 141,
142, 147, 148, 140, 184, 185, 187, 188
sintomas 24, 25, 27, 28, 29, 30, 39, 40, 85, 86, 93, 94,
95, 114, 115, 140, 143, 146, 147, 148
sistema 5
sistema nervoso 94, 123, 124, 130, 131, 137, 140, 145,
148
social 251, 252, 253, 254, 255, 257, 258, 259, 260, 261
sociedade 26, 27, 35, 39, 45, 46, 79, 80, 82, 83, 102,
115, 137, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229,
251, 252, 253, 258, 259, 260
soropositivos 39, 42, 43
suicídio 14, 15, 16, 17, 20, 21, 22

T
tecnologias 48, 50, 56, 57, 58, 59, 62, 69
tecnológicos 65
teológica 280, 282, 285, 287
terapia 29, 55, 56, 58, 61, 62, 63, 66, 68, 72, 75, 76, 92,
93, 96
terapia intensiva 55, 56, 58, 61, 62, 63
terapias 66, 167, 198, 247, 264
trabalhadores 24, 25, 26, 28
trabalho 65, 66, 67, 71, 72, 76
transferencial 14, 16, 17, 18, 21, 22
tratamento 28, 33, 34, 39, 41, 42, 43, 48, 52, 55, 56,
60, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76,
77, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 92, 93, 94, 96, 97, 98,
106, 123, 140, 142, 146, 147, 148, 151, 152, 154,
162, 163, 175, 176, 179, 184, 185, 186, 187, 188,
189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 213,
198, 199, 200, 202, 203, 204, 205, 207, 208, 209,
210, 211, 212, 214, 216, 217, 218, 219, 221, 255,
262, 263, 264, 266, 268, 262, 197, 184, 64, 268,
269, 270, 272, 273, 274, 275, 276
treinamento 60, 65, 79, 80, 81, 82, 83, 86, 87, 88, 89
treinamento funcional 120, 121, 122, 123, 124, 125,
126, 127, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138,
139
V
vida 2, 44, 45, 46, 47, 48
vírus 26, 38, 39, 40, 41, 42
vulnerabilidades 253, 258

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