Contação de Historia 1

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CONTAÇÃO DE HISTORIA

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Sumário

Introdução ........................................................................................................ 3

Uma visão historiográfica sobre a contação de história ................................... 5

A importância das histórias infantis ................................................................. 8

A contação de história como prática educativa: uma reflexão pedagógica ... 10

A preparação para a contação de histórias ................................................... 12

O uso das histórias para trabalhar os aspectos internos da criança.............. 14

Transmissão de valores através das histórias ........................................... 17


Estudando uma história ............................................................................. 18
A escolha ................................................................................................ 18

A personalização .................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 28

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Contação de História

Introdução

A contação de histórias desperta a curiosidade, estimula a imaginação,


desenvolve a autonomia e o pensamento, proporciona vivenciar diversas emoções
como medo e angústias, ajudando a criança a resolver seus conflitos emocionais
próprios, aliviando sobrecargas emocionais.

O ato de contar histórias instrui, socializa e diverte as crianças. É uma


ferramenta que desperta o interesse pela leitura, ajuda no desenvolvimento
psicológico e moral, auxiliando na manutenção da saúde mental das crianças em fase
de desenvolvimento, amplia o vocabulário e o mundo de ideias, desenvolvendo a
linguagem e o pensamento, trabalha a atenção, a memoria e a reflexão, desperta a
sensibilidade, a descoberta da identidade, adapta as crianças ao meio ambiente,
assim como desenvolve funções cognitivas para o pensamento como comparação,
raciocínio lógico, pensamento hipotético e convergente e divergente. A organização
geral dos enredos possui um conteúdo moral que colabora para a formação ética e
cidadã das crianças.

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Abramovich (1997) ressalta a importância de contar historias para crianças, de
forma que escutá-las é um precedente para a formação de leitor, além de incitar seu
imaginário para responder tantas questões existentes no mundo da criança. Incluir a
narração de historias na rotina da educação infantil, ajuda no desenvolvimento do
trabalho do educador, pois auxilia na aprendizagem da criança, fazendo uso do lúdico
no momento do ensino.

Além disso, a história permite o contato das crianças com o uso real da escrita,
levando-as a conhecerem novas palavras, a discutirem valores como o amor, família,
moral e trabalho, e a usarem a imaginação, desenvolver a oralidade, a criatividade e
o pensamento crítico, auxiliam na construção de identidade do educando, seja esta
pessoal ou cultural, melhoram seus relacionamentos afetivos interpessoais e abrem
espaço para novas aprendizagens nas diversas disciplinas escolares, pelo caráter
motivador da criança.

Contar histórias é uma atividade lúdica, pois amplia os horizontes e as


possibilidades de uma criança, e a interação que se estabelece cria um vínculo
precioso entre narrador e ouvinte. Através das histórias, podemos construir o
aprendizado, além de ajudar os pequeninos a resolver conflitos no seu cotidiano.

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Uma visão historiográfica sobre a contação de história

Na transição do século XVII para o XVIII, o significado e o papel social da


infância, assim como uma literatura adequada para esta instituição que apenas foi
criada posteriormente, as crianças eram reconhecidas como pequenos adultos,
possuidores de tarefas e cuidados semelhantes aos de um adulto, o que pode explicar
a alta taxa de mortalidade infantil naquela época.

Compartilhando todas as atividades com as pessoas mais velhas, as crianças


também possuíam a mesma cultura literária que os demais. Apenas com a ascensão
da burguesia e reestruturação familiar, a criança começou a ser reconhecida como
indivíduo diferente do adulto, com atribuições diferentes. No século XVIII, a literatura
infantil mostrou-se importante no âmbito escolar e na necessidade de uma mudança
na mentalidade sociocognitiva que a criança possuía.

A escola foi um dos principais agentes para que a mudança na literatura


ocorresse. As primeiras produções infantis foram realizadas por professores e
pedagogos no final do século XVII e durante o século XVIII. Coelho (2001) afirma que
“estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado de
apresentá-la.” (COELHO, 2001, p. 31).

A contação de histórias é uma das atividades mais antigas de que se tem


notícia. Essa arte remonta à época do surgimento do homem há milhões de anos.
Contar histórias e declamar versos constituem práticas da cultura humana que
antecedem o desenvolvimento da escrita.

Na cultura primitiva, saber ler, escrever e interpretar sinais da natureza era de


grande importância, porque mais tarde iam se tornar registros pictográficos, com os
quais seriam relatadas coisas do cotidiano que poderia ser lido e compreendido pelos
integrantes do grupo. As histórias são uma maneira mais significativa que a
humanidade encontrou para expressar experiências que nas narrativas realistas não
acontecem.

Os contos são temidos porque objetivam os fatos e as verdades que não


podem ser expressos pela razão, por isso nos estudos dos contos observa-se: “Em
primeiro lugar, o fato de que eles falam sempre de relacionamentos humanos

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primitivos e, por isso, exprimem sentimentos muito arcaicos do psiquismo humano.”
(VIEIRA, 2005, p. 10).

Desde aqueles tempos remotos e ainda hoje, a necessidade de exprimir os


sentidos da vida, buscar explicações para nossas inquietações, transmitir valores de
avós para netos têm sido a força que impulsiona o ato de contar, ouvir e recontar
histórias.

A contação de histórias é uma atividade fundamental que transmite


conhecimentos e valores, sua atuação é decisiva na formação e no desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem. As histórias são uma maneira mais significativa
que a humanidade encontrou para expressar experiências que, nas narrativas
realistas, não acontecem. A contação de histórias, além de pertencer ao campo da
educação e à área das ciências humanas, é uma atividade comunicativa. Por meio
dela, os homens repassam costumes, tradições e valores capazes de estimular a
formação do cidadão.

Por isso, contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento,


suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e os personagens ganham vida,
transformando tanto o narrador como o ouvinte. O ato de contar histórias deve
impregnar todos os sentidos, tocando o coração e enriquecendo a leitura de mundo
na trajetória de cada um.

A contação de histórias está ligada diretamente ao imaginário infantil. O uso


dessa ferramenta incentiva não somente a imaginação, mas também o gosto e o
hábito da leitura; a ampliação do vocabulário, da narrativa e de sua cultura; o conjunto
de elementos referenciais que proporcionarão o desenvolvimento do consciente e
subconsciente infantil, a relação entre o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno)
com o mundo social (mundo externo), resultando na formação de sua personalidade,
seus valores e suas crenças.

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A capacidade de imaginar permite que o ser humano crie uma habilidade de
entendimento e compreensão de histórias ficcionais, pois nossa vida apenas é
entendida dentro de narrativas. As histórias nos transmitem informações e abrangem
nossas emoções. É por esse motivo que algumas pessoas se sentem receosas ao
trabalhar com crianças e jovens em desenvolvimento.

A história tem um papel significativo na contribuição com a tolerância e o senso


de justiça social, podendo criar novos rumos à imaginação, podendo ser eles bons ou
ruins. Sendo assim, a reformulação da literatura infantil foi de extrema importância
para que a sua função social e individual pudesse respeitar as especificidades e
necessidades da intencionalidade que a história possui e quer transmitir para a
criança. Além, é claro, da adequação condizente com a faixa etária.

A contação de histórias é um momento mágico que envolve a todos que estão


nesse momento de fantasia. Ao contar histórias, o professor estabelece com o aluno
um clima de cumplicidade que os remete à época dos antigos contadores que, ao
redor do fogo, contavam a uma plateia atenta às histórias, costumes e valores do seu
povo. A plateia não se reúne mais em volta do fogo, mas, nas escolas, os contadores
de história são os professores, elo entre o aluno e o livro.

O ato de contar histórias é próprio do ser humano, e o professor pode apropriar-


se dessa característica e transformar a contação em um importantíssimo recurso de
formação do leitor. (PENNAC, 1993, p. 124). Inúmeras são as possibilidades que o
uso da contação de histórias em sala de aula propicia. Além de as histórias divertirem,
elas atingem outros objetivos, como educar, instruir, socializar, desenvolver a
inteligência e a sensibilidade.

A literatura não está recebendo um estímulo adequado, e a contação de


histórias é uma alternativa para que os alunos tenham uma experiência positiva com
a leitura, não uma tarefa rotineira escolar que transforma a leitura e a literatura em
simples instrumentos de avaliação, afastando o aluno do prazer de ler. Porque, para

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formar grandes leitores, leitores críticos, não basta ensinar a ler. É preciso ensinar a
gostar de ler. [...] com prazer, isto é possível, e mais fácil do que parece. (VILLARDI,
1997, p. 2).

Dessa forma, utilizar a contação em sala de aula faz com que todos saiam
ganhando, tanto o aluno, que será instigado a imaginar e criar, quanto o professor,
que ministrará uma aula muito mais agradável e produtiva e alcançará o objetivo
pretendido: a aprendizagem significativa.

Além disso, as histórias ampliam o contato com o livro para que os alunos
possam expandir seu universo cultural e imaginário e, através de variadas situações,
a contação de histórias pode: intrigar, fazer pensar, trazer descobertas, provocar o
riso, a perplexidade, o encantamento etc. Ou seja, ao se contar uma história, percorre-
se um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo.

As histórias despertam no ouvinte a imaginação, a emoção e o fascínio da


escrita e da leitura. Afinal, contar histórias é revelar segredos, é seduzir o ouvinte e
convidá-lo a se apaixonar... pela história... pela leitura. A contação de história é fonte
inesgotável de prazer, conhecimento e emoção, em que o lúdico e o prazer são eixos
condutores no estímulo à leitura e à formação de alunos leitores.

A importância das histórias infantis

A contação de histórias é um instrumento


muito importante no estímulo à leitura, ao
desenvolvimento da linguagem, é um passaporte
para a escrita, desperta o senso crítico e
principalmente faz a criança sonhar. E os
contadores de histórias são os mediadores desse
processo, tendo uma tarefa muito importante que
é de envolver a criança na história, dando vida aos sonhos, o despertar das emoções,
transportando para o mundo da fantasia.

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Antes mesmo do surgimento da escrita, todo o conhecimento era transmitido
através da fala. Com isso, podemos afirmar que os contadores nasceram com a
humanidade, pois lhes cabia discutir fatos, encadear acontecimentos, perpetuar
crenças, manter uma tradição além de repassar o conhecimento.

A Literatura infantil, em destaque os contos de fadas, passou a influenciar a


formação das pessoas, dividindo as personagens em belas e feias, boas e más,
poderosos e sem poder, ajudando na compreensão dos valores e crenças sociais
sustentando os princípios morais e éticos da sociedade em que vivemos.

As narrativas mostram o mundo, a vida em sociedade através da simbologia.


Segundo Bettelheim (2009, p.67), “o conto de fadas procede de um modo conforme
[...] a criança pensa e experimenta o mundo”.

Nóbrega (2009, p.20) demonstra que os contos partem de uma organização


simples e dinâmica, “mantém uma estrutura fixa, partem de um problema vinculado à
realidade que desequilibra a tranquilidade inicial, buscam soluções no plano da
fantasia e necessitam de elementos mágicos para, enfim, trazer de volta a realidade”,
possibilitando à criança interação com um mundo bem próximo de seu modo de
percepção do mundo.

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A contação de história como prática educativa: uma
reflexão pedagógica

A contação de histórias é uma prática


cada vez mais presente na escola. Ora se
desenvolve a partir do planejamento do
professor, ora a escola recebe a visita de um
contador, ora ela permeia os espaços
culturais (como feiras do livro). O professor,
através de sua formação, tem contato com
diversas possibilidades de integrar a literatura
em sua aula.

Muitos teóricos abordam a questão da importância dos textos literários na


escolarização. Ao considerar a contação de histórias como portadora de significados
para a prática pedagógica, não se restringe o seu papel somente ao entendimento da
linguagem. Preserva-se seu caráter literário, sua função de despertar a imaginação e
sentimentos, assim como suas possibilidades de transcender a palavra.

A ação de contar histórias deve ser utilizada dentro do espaço escolar, não
somente com seu caráter lúdico, muitas vezes exercitado em momentos estanques
da prática, como a hora do conto ou da leitura, mas adentrar a sala de aula, como
metodologia que enriquece a prática docente, ao mesmo tempo em que promove
conhecimentos e aprendizagens múltiplas.

De acordo com prévia pesquisa bibliográfica, ficou evidente que a contação de


histórias pode e deve ser usada como metodologia para o desenvolvimento dos
alunos e de sua personalidade, melhorando de maneira significativa o desempenho
escolar.

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A questão da contação de histórias como participante da práxis pedagógica
não pretende de forma alguma desconfigurar sua função de transmitir beleza,
sensibilidade, prazer. Aliás, acredita-se que o caráter artístico da contação de
histórias pode servir de elo no processo de ensino e aprendizagem.

Portanto, a contação de histórias pode auxiliar a práxis sem perder seu valor
estético e artístico. Muitos teóricos abordam a questão da importância dos textos
literários na escolarização.

BETTELHEIM (2000) fala da importante e difícil tarefa na criação das crianças,


a qual consiste em ajudá-las a encontrar significado na vida. Em primeiro lugar, o
autor coloca o impacto dos pais nessa tarefa; e, em segundo lugar, cita a herança
cultural transmitida de maneira correta: “Quando as crianças são novas, é a literatura
que canaliza melhor este tipo de informação.” Quanto à leitura em si, ele acrescenta:
“A aquisição de habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que
se aprendeu a ler não acrescenta nada de importante à nossa vida”. (BETTELHEIM,
2000, p. 12).

A escola, dia a dia, vem perdendo seu papel de estimuladora da literatura para
seus educandos, já não é contínuo o uso de livro paradidático. As palavras de Maciel
(2010) são bem oportunas para a reflexão proposta neste trabalho, já que o autor
defende a ideia de que o espaço da literatura em sala de aula, além de desvelar a
obra e aprimorar percepções, também é uma maneira de enriquecer o repertório
discursivo dos alunos, sem ter medo da análise literária. Pois, “longe da crença
ingênua de que a leitura literária dispensa aprendizagem, é preciso que se invista na
análise da elaboração do texto, mesmo com leitores iniciantes ou que ainda não
dominem o código escrito.” (MACIEL, 2010, p. 59).

Acredita-se que é estimulando as crianças a imaginar, criar, envolver-se, que


se dá um grande passo para o enriquecimento e desenvolvimento da personalidade,
por isso, é de suma importância o conto; acredita-se, também, que a contação de
história pode interferir positivamente para a aprendizagem significativa, pois o
fantasiar e o imaginar antecedem a leitura. Utiliza-se da leitura, através da contação
de histórias, como metodologia para o desenvolvimento dos sujeitos e melhoria de
seu desempenho escolar, respondendo a necessidades afetivas e intelectuais pelo
contato com o conteúdo simbólico das leituras trabalhadas.

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A preparação para a contação de histórias

Contar histórias é uma arte, pois envolve vários mecanismos para prender a
atenção dos seus ouvintes. Mas não é somente isso, precisa encantar. E para isso, o
educador precisa estar preparado utilizando-se de técnicas apropriadas para todo tipo
de ouvinte, assim como utilizar recursos, espaço e tempo para atender melhor as
suas necessidades.

Para Abramovich (1997), a contação não pode ser feita de qualquer jeito, sem
nenhum preparo. Pelo contrário, corre o risco de no meio desta, empacar ao
pronunciar alguma palavra, fazer pausas em momentos errados ou mesmo perder o
seu rumo e, certamente, a criança perceberá. Deve haver um clima de mistério para
envolver e não subestimar o ouvinte, deixando pairar os questionamentos para uma
possível discussão após o momento da contação.

O professor pode, a partir, da história, criar novas propostas de atividades


como desenho, teatro, entre outras. O educador precisa se dedicar ao contar ou ler
um texto, não somente didatizar as histórias sem a participação dos seus alunos.
Deve haver o gosto do contador para despertar também nos ouvintes o prazer da
história.

Na educação infantil há diversos tipos de histórias, mas devem ter uma


linguagem clara e objetiva, direcionada a essa faixa etária das crianças, segundo
Coelho (1999). Nos contos de fadas (o “Era uma vez...”), as crianças entram em
contato com a magia e o encanto e conhecem personagens fantásticos. Nas fábulas,
conhecem um mundo de fantasia e da moral subentendida na narrativa. Há contos
com repetições, sons e vozes de animais.

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Para Coelho (1999), os interesses de
cada faixa etária é que determina a escolha
dos tipos de histórias. A fase pré-mágica vai
até os três anos de idade, onde o enredo deve
ser simples, com ritmo e repetições e conter
situações próximas à vida afetiva, social e
doméstica da criança. Dos três aos seis anos,
na fase mágica, deve prevalecer o encanto e
as crianças solicitam a repetição constante da
mesma história.

Para que a história seja realmente


relevante e envolvente para as crianças, o educador precisa considerar alguns
aspectos como não ter vícios de vocabulário, ser criativo, saber utilizar expressão
corporal e facial, a entonação de voz e a criatividade e imaginação. O livro é um
componente imprescindível no momento da contação, devendo ficar à altura dos
olhos das crianças.

Edmir Perrotti, citado por Maricato (2006, p.18), diz, “primeiro a criança escuta
a história lida pelo adulto, depois conhece o livro como um objeto tátil, que ela toca,
vê e tenta compreender as imagens que enxerga”. Além deste, outros recursos
podem ser utilizados como: fantoches, teatrinhos, máscaras, desenhos, dobraduras,
instrumentos musicais, materiais reciclados entre outros.

Não é necessário saber tocar nenhum instrumento, conforme Garcia et.al.


(2003). Somente o toque pode remeter a algum som da natureza ou de um animal.
Entretanto, é preciso saber fazê-lo com cuidado, sem exageros, sendo inseridos de
forma gradativa durante a narração.

Para o momento da contação de histórias, o ambiente onde o evento será


realizado, deve ser analisado com cautela. Se ocorrer em local aberto, deve haver
sombra e não ter ruídos; em fechados, ser amplo, arejado, mas o importante é o
conforto, a tranquilidade e o silêncio para a concentração de todos.

Assim como no início é interessante fazer uma dinâmica ou um aquecimento,


ao final da narrativa, propor atividades que deem continuidade, enriquecem o evento

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com atividades como desenhos, rodas de conversas, cantigas, dramatizações, entre
outras.

Na hora de iniciar a história é imprescindível que os ouvintes estejam bem


acomodados e o bordão que a antecede precisa ser bem escolhido como o “Era uma
vez...”, “Há muito tempo atrás...”, entre outros. Mas seu encerramento, por sua vez, é
tão importante, pois é o momento de sair do mundo imaginário e voltar à vida real.

Com certeza, é o estímulo à leitura é que tornará a criança uma leitora para o
resto da vida. Ter muitos livros não é obrigatoriedade para que a criança se vislumbre
com eles, mas há necessidade de atraí-las para o mundo da leitura, contagiando a
paixão da arte de contar histórias.

O uso das histórias para trabalhar os aspectos internos


da criança

Caráter: Histórias escolhidas de feitos heroicos, conteúdos que encerram


lições de vida, fábulas em que o bem prevalece sobre o mal são lições que as crianças
absorvem. Por meio das histórias, os meninos defrontam-se com situações fictícias e
percebem as várias alternativas que elas oferecem, podendo antever as
consequências que a decisão por cada uma delas trará. Com isso adquirem vivência
e referências para montar os seus próprios valores.

Raciocínio: As histórias mais elaboradas, de enredos intrigantes, agitam o


raciocínio das crianças, que as acompanham mentalmente, interrogando-se como
agiriam naquela situação.

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Imaginação: Os meninos ouvem atentos as narrações e com isso
acompanham-nas mentalmente. Desta forma consegue-se situações
verdadeiramente formidáveis! Com elas podemos transitar pelo tempo e o espaço,
estando ora na pré-história, ora pisando em galáxias estranhas. Podemos "bater um
papo" com Hércules, participar de rituais indígenas ou conhecer a selva. Nas histórias
tudo é possível!

O exercício da imaginação traz grande proveito às crianças, primeiro porque


atende a uma necessidade muito grande que elas têm de imaginar. As fantasias não
são somente um passatempo; elas ajudam na formação da personalidade na medida
em que possibilitam fazer conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa
seria "desta" ou "de outra forma".

Criatividade: Uma vez que a criatividade é diretamente proporcional à


quantidade de referências que cada um possui, quanto mais "viagens" a imaginação
fizer, tanto mais aumentará o "arquivo referencial" e, consequentemente, a
criatividade.

As histórias aumentam o horizonte dos ouvintes, com elas: eles "conhecem a


China", "pisam na Lua", voam através do tempo, da pré-história aos dias de hoje,
travam conhecimento com fadas, duendes, monstros e heróis.

Estas emoções semeiam a imaginação e estimulam a criatividade.

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Senso Crítico: A cada dia que passa assistimos abismados à falta de senso
crítico nos indivíduos. Aumenta a procura de elementos massificações, tais como
grifes e modismos, tolhendo e até envergonhando o indivíduo de ter as suas próprias
ideias.

É preciso que as pessoas tenham olhos para ver a realidade da sociedade que
as cerca, identificando as atitudes que levam à prosperidade, para incentivar estas e
reprimir as danosas, e saber manejar as suas opiniões, para que em conjunto com o
pensamento dos demais, possam ter uma vida útil e feliz.

As histórias atuam como ferramentas de grande valia na construção desse


senso crítico, porque por meio delas os alunos tomam conhecimento de situações
alheias ã sua realidade, uma vez que podem "navegar" em diferentes culatras,
classes sociais, raças e costumes.

A visão de outras realidades fará com que vejam "os dois lados de uma mesma
moeda", gerando tomadas de posições e construindo uma personalidade ativa.

Disciplina: É entendida como aceita e praticada espontaneamente pela criança


e não como algo imposto inquestionavelmente pelo educador.

No momento que trabalhamos com algo que a criança realmente gosta, que
sente que foi preparado com carinho para ela, as chances de ter uma postura atenta
e participativa aumentam muito.

Ela não irá gritar ou fazer algazarra se tiver algo muito mais interessante para
fazer: ouvir uma história!

Algo que ela espera ser interessante, porque confia que foi preparado
especialmente para ela e para o seu grupo.

A situação fará a criança perceber que existe momento para tudo: brincar, se
divertir e também para prestar atenção, e o que é melhor: que vale a pena prestar
atenção!

Isto contribuirá para o aumento de sua capacidade de concentração e para o


desenvolvimento de uma atitude crítica em relação ao seu comportamento e ao dos
demais, ou seja: levará a uma disciplina consciente e assumida pela própria criança.

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Transmissão de valores através das histórias

Alegria: Boa disposição para fazer as coisas. Propensão a ver e mostrar o lado
divertido das coisas.

Amor: Desejar o bem para outras pessoas. Ter apego às suas produções e
bens, ao meio em que se vive e às pessoas.

Compartilhar: Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o


legítimo desejo das outras pessoas usufruírem igualmente de pertences ou
oportunidades.

Confiabilidade: Ter uma conduta constante e verdadeira, capaz de conquistar


crédito de um bom procedimento.

Cooperação: Capacidade de atuar com outras pessoas de forma consistente e


produtiva.

Coragem: Resolução, perseverança, constância e firmeza perante situações


novas ou desafiantes.

Cortesia: Ser afável, atento e bem-educado.

Disciplina: Obedecer a ordens preestabelecidas, combinadas e anteriormente


aceitas. Capacidade de praticar atos que resultem no aprimoramento de si próprio ou
de sua comunidade

Honestidade: Apropriar-se exclusivamente do que lhe pertence. Conhecer os


limites de suas propriedades em relação às de outras pessoas. Ter atitudes coerentes
com o seu pensamento e suas convicções. Compartilhar os seus sentimentos de
forma verdadeira.

Igualdade: Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater


a preconceitos e tratar todas as pessoas da mesma forma.

Justiça: Capacidade de fazer julgamentos desassociados de seus próprios


interesses. Ter sensibilidade e disponibilidade para ouvir e entender as razões que
levam outra pessoa a determinada conduta. Capacidade de dar a cada um o que lhe
pertence.

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Lealdade: Amor e fidelidade à verdade. Incapacidade de trair, falsear ou
enganar.

Limpeza: Reconhecer os benefícios da limpeza interna e externa. Ter atitudes


para obtê-las.

Misericórdia: Reconhecimento e compaixão pelas necessidades alheias.


Aceitação e compreensão das limitações dos demais.

Paciência: Ter resistência para suportar os reveses. Tranquilidade para


esperar. Aceitar as características e limitações dos demais. Entender que cada um
tem o seu "ritmo" e saber conviver com isso.

Paz: Capacidade de reconhecer os benefícios da harmonia e trabalhar em prol


dela.

Respeito: Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas opiniões e


atitudes.

Responsabilidade: Estar consciente de suas obrigações e disposto a trabalhar


por elas. Estar comprometido com aquilo que afirma e com a forma com que se
comporta.

Solicitude: Estar disposto a ajudar e a fazer favores, prestar voluntariamente


um serviço ao próximo.

Tolerância: Respeito e consideração pelas opiniões e atitudes dos demais.

Estudando uma história

A escolha

É preciso muito esforço e dedicação para


estudar o mundo a que pertencem nossas crianças.

O excesso de apelos a que a criança está


sujeita nos dias de hoje faz com que diversas outras fantasias despontem no seu

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cenário (infelizmente quase nenhuma delas objetivando construir algo positivo no
comportamento da criança) e nós não podemos ficar indiferentes a essa situação.

Temos de pesquisar, ler literatura especializada, feita para elas, conhecer seus
heróis, sejam eles pertencentes aos desenhos animados ou histórias em quadrinhos,
assistir a filmes, conhecer suas brincadeiras e preferências. É só desta forma que
saberemos escolher, dentro de um repertório conhecido, qual história se adapta
àquele comportamento que desejamos (ou precisamos) abordar.

A pesquisa, o teste e o treino farão com que de uma história se chegue a outra
e, com alguma habilidade e dedicação, estaremos aptos a fazer adaptações à técnica
desejada ou mesmo criar nossas próprias histórias.

Quanto ao tema podemos recorrer a diversas fontes:

 História de fadas, que usam a fantasia;


 Fábulas;
 Lendas folclóricas;
 Passagens bíblicas;
 Fatos históricos;
 Fatos do cotidiano;
 Narrativas de aventuras.

Para orientar a escolha dos textos úteis é importante saber exatamente os


assuntos preferidos relacionados às faixas etárias:

Até 3 anos: Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com


características humanas (falam, usam roupa, tem hábitos humanos), histórias cujos
personagens são crianças.

Entre 3 e 6 anos: Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos


inesperados e repetitivos, histórias cujos personagens são crianças ou animais.

7 anos: Aventuras no ambiente conhecido (a escola, o bairro, a família, etc),


histórias de fadas, fábulas.

8 anos: Histórias que utilizam a fantasia de forma mais elaborada, histórias


vinculadas à realidade.

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9 anos: Aventuras em ambientes longínquos (selva, oriente, fundo do mar,
outros planetas), histórias de fadas com enredo mais elaborado, histórias
humorísticas, aventuras, narrativas ele viagens, explorações, invenções.

10 à 12 anos: Narrativas de viagens, explorações, invenções, mitos e lendas.


2 - A compreensão aprofundada

Uma vez escolhida a história escrita em um


livro, que faça parte de uma gravação, de um filme,
um trecho histórico, enfim, de nossa fonte de
pesquisa, é necessário estudá-la para ter
elementos para preparar a narração, fazer
adaptações, escolher se serão utilizados recursos
auxiliares e, sendo este o caso, qual é a melhor
técnica.

Às vezes pode acontecer de termos mais de


uma fonte de pesquisa, em que cada narrativa
apresenta peculiaridades próprias, sendo iguais na
sua essência mas divergindo em detalhes. Neste
caso, poderemos escolher uma das versões ou fazer uma média das versões,
ressaltando os elementos que preferimos ou que melhor aproveitam a mensagem
educacional que ela encerra.

Para estudar uma história é preciso, em primeiro lugar, divertir-se com ela,
captar a mensagem que nela está implícita e, em seguida, após algumas leituras,
identificar os seus elementos essenciais.

A ficha que apresentamos no final deste capítulo auxilia o estudo de uma


história. O preenchimento de cada tópico permitirá uma análise do que ressaltar,
quais são os elementos que realmente interferem na sucessão de fatos e quais são
acessórios.

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Estudo dos elementos da história

Os seguintes elementos devem ser destacados pois influem diretamente na


trama, na forma da narração, na identificação do público a que se destina e na escolha
da técnica de apresentação. São eles:

 Enredo
 Personagens principais, secundários e supérfluos e Ambiente (local,
época, civilização)
 Cenários (quantas cenas são necessárias para o seu desenvolvimento)
 Mensagem e conteúdo educacional

Estes elementos também indicarão onde estão as dificuldades para a produção


de caracterizações e cenários e quais pontos podemos explorar para dar um colorido
especial.

O fluxo do enredo

Uma história pode ser compreendida em 4 partes:

 Introdução
 Enredo
 Ponto Culminante
 Desfecho

Introdução: É o que situará os ouvintes no tempo e no espaço e apresenta os


principais personagens. Deve ser clara, sucinta, curta mas suficiente para esclarecer
os elementos que comporão a história. Se a versão original não satisfizer todos os
requisitos, caberá ao narrador complementá-la com alguma pesquisa ou mesmo com
a sua imaginação.

No verão, as focas corriam para a ilha de Saint Paul, situada no Pacífico norte,
para que as fêmeas dessem cria. A praia ficava superpovoada e era o palco ideal
para que homens impiedosos e gananciosos caçassem as focas jovens para vender
suas peles. Neste cenário é que nasce Kotick, a foca branca.

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Enredo: A sucessão de episódios, os conflitos que surgem e a ação dos
personagens formam o enredo. É importante destacar o que é essencial e o que são
detalhes.

O essencial deve ser rigorosamente respeitado, já os detalhes podem variar


conforme a criatividade do narrador, a situação que se deseja abordar, as facilidades
ou limitações da técnica usada ou mesmo o tipo de audiência.

Às vezes encontramos histórias muito boas para as crianças, mas que trazem
uma linguagem árida, difícil para a sua compreensão. Neste caso, é preciso "captar"
o essencial da história, a sucessão de fatos que levará à mensagem, para poder
transportá-la para uma linguagem que possa ser entendida. Tomemos por exemplo
"Kotick": o que é importante?

 A praia era superpovoada.


 Os chefes de família (focas machos) precisavam brigar muito para
conseguir um bom lugar.
 O pai de Kotick era um deles.
 As focas jovens (por terem a pele ainda intacta) eram caçadas
impiedosamente pelos homens para que estes depois vendessem suas peles.
 Kotick não corria perigo por ser branco e os homens terem medo, por
acreditar que ele fosse "de outro mundo”.
 As focas ficavam conformadas com esta situação e, mesmo correndo
perigo, sempre voltavam para a mesma praia.
 A preocupação de Kotick com o fato que o leva a conversar com o Leão
Marinho e ser aconselhado.
 A sua incansável busca pelos mares.

Já o encontro com o elefante marinho e com a gaivota, o fato de Kotick voltar


para a família todos os anos e de estar comprometido com um casamento são
detalhes e não prejudicam o entendimento da história quando omitidos. A descrição
do massacre das focas e as peripécias de Kotick no mar recebem a ênfase que o
narrador quiser dar, valorizando os aspectos que julga mais importantes de acordo
com suas próprias características, o tempo que tem para a narração e o grau de
compreensão de sua plateia.

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Ponto Culminante: Em uma história bem produzida, o ponto culminante surge
como uma consequência natural dos fatos arrolados de forma ordenada e sucessiva.

Uma história poderá conter vários pontos de emoção. Ainda em "Kotick":

 A foca branca encontrará a praia ideal?


 As demais focas a seguirão ou ele será desacreditado, perdendo todos
os seus esforços? Mas, indubitavelmente, é no momento da luta que está o clímax
da questão.

O narrador deverá estudar a intensidade da emoção em cada fato e as


estratégias para despertar as sensações desejadas. Porém o ponto culminante
deverá merecer atenção especial.

Desfecho: A história, seguindo num crescendo, atingiu o ponto culminante e


agora só resta terminá-la!

Uma semana mais tarde, um exército de aproximadamente dez mil focas partiu
para atravessar o túnel das vacas marinhas, em busca da praia que nenhum homem
jamais pisara.

A conclusão deverá ser simples, preferivelmente sem fazer alusão à moral da


história ou às lições que ela encerra. Uma boa narração expõe a conclusão: cabe aos
ouvintes encontrá-la. Pode-se usar depois da narração uma técnica de debate sobre
a história, mas isto seria outra atividade.

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No estudo da história, deve-se identificar estas quatro fases, a fim de dar o
tratamento adequado a cada uma. É útil fazer um resumo de cada uma delas por
meio do preenchimento dos espaços correspondentes na ficha descritiva de cada
história. Esta sinopse servirá de base para o treino da narração. Seria ideal que a
história estivesse bem preparada, para que a ficha fosse dispensável no momento da
narração. Se isto, porém, não for possível, o narrador poderá recorrer a este resumo
para apresentá-la.

Detectando o potencial educacional da história

De acordo com nossa tese, as histórias, além de encantarem e divertirem, são


uma importante ferramenta educacional, de forma que faz parte do estudo de cada
uma delas detectar em que pontos ela contribuirá com o desenvolvimento de seus
ouvintes.

O preenchimento dos itens correspondentes na ficha descritiva auxiliará nesta


tarefa.

Todas as histórias contribuem de uma forma ou de outra para a educação,


porém diferenciam-se quanto a intensidade e características. Umas desenvolvem a
imaginação, outras o senso crítico, por exemplo. O mesmo se dá com a questão dos

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valores. É preciso destacar os aspectos éticos de cada história para poder enfatizá-
los na sua adaptação e narração.

Ter bem claro os objetivos educacionais que cada história atinge facilita o
planejamento do educador, que dosará as diversas histórias ao longo do período que
tem disponível, tendo em vista um desenvolvimento em todos os sentidos, de forma
globalizada.

Determinando o uso de recursos auxiliares

Após estudar bem o enredo da história, seus elementos e a mensagem que


ela transmite, ficará claro a que técnica ela se adapta melhor.

A narração simples sempre poderá ser usada, porém é útil determinar neste
estudo quais as variações poderiam ser feitas e avaliar quais as vantagens que este
uso poderá trazer.

No capítulo "Projetos" apresentamos fichas técnicas de cada um dos recursos


auxiliares enfocados neste livro. Elas dão indicações da aplicabilidade da técnica em
relação ao número de personagens, ao cenário, às caracterizações das histórias, bem
como às habilidades necessárias ao educador e às características de local e público.
A comparação das Fichas Técnicas de Recursos Auxiliares com a Ficha Descritiva
de cada história auxiliará a determinação da técnica ou das técnicas com que cada
história poderá ser apresentada.

No bojo do estudo de uma história fica mais fácil visualizar que tipo de interação
se pode ter com as crianças, tem como que atividades podem ser aplicadas após a
apresentação, valorizando e potencializando os efeitos da história. Estas ideias
devem ser registradas na ficha descritiva. Isto facilitará a tarefa de desenvolvimento
de atividades na oportunidade em que a história for aplicada.

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A personalização

Muitas vezes é interessante apresentar a


história às crianças tal como está escrita nos
livros, aproveitando o talento de seus escritores
e sua maestria em expressá-lo. Mas, na maioria
das vezes, o narrador terá necessidade de fazer
a sua própria adaptação da história, isto porque
ela é:

 muito extensa e detalhada, a apresentação ficaria muito longa, maçante,


ou, pelo contrário:
 muito resumida, faltam detalhes, não possui elementos para suscitar a
imaginação e sustentar a narração com tempo adequado.

Pode acontecer que uma história tenha no seu enredo um excelente potencial
para desenvolver determinado aspecto educacional ou valor ético, mas este não está
claro na versão que temos à mão. À medida em que vamos estudando, isto irá
aparecer e começa-se a visualizar a importância de reforçá-lo na narração que
faremos. Assim, será lícito e desejável fazer a adaptação incluindo elementos
capazes de enriquecer este aspecto, a fim de torná-lo mais evidente.

As adaptações tornam-se realmente necessárias quando se deseja utilizar


determinado recurso auxiliar.

Quando se utilizam personagens (marionetes, fantoches, bonecões,


dramatizações), a adaptação deve ser feita transformando a história em diálogos. A
trama se desenvolve através de uma sucessão de cenas "interpretadas" pelos
personagens.

Quando se está fazendo a adaptação, deve-se antever como será criada a


ambientação. Se for possível utilizar cenário, será mais fácil levar os espectadores a
imaginar, mas se não for possível, as falas dos personagens deverão descrever o
ambiente:

João: NOSSA! O feijão que plantei ontem cresceu tanto!

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Mãe: Olha lá, João! O pé de feijão é tão alto que perfura as nuvens! E suas
folhas são tão fortes que você poderia até se apoiar nelas!

A adaptação deverá atentar também para não colocar em cena muitos


personagens, para dar tempo para troca de roupas, colocação de algum adereço, uso
de músicas e efeitos especiais.

O ideal é que toda a história se desenvolva por meio dos personagens, porém
o uso de um narrador poderá ajudar. Ele fará a introdução, criando a ambientação e
apresentando os personagens.

O narrador poderá entrar em cena para solucionar as passagens mais difíceis,


que necessitariam de cenário mais elaborado ou que seriam muito longas.

As técnicas de maquete, velcômetro, dobraduras e sombras geralmente não


são apresentadas com diálogos, mas por meio da narração de uma só pessoa.

O adaptador, conhecendo bem os recursos da técnica escolhida, deve


valorizar os trechos da história que usarão os seus pontos fortes.

Narrar uma história recorrendo apenas à memória e aos recursos dramáticos


da voz é, sem dúvida, o que mais desafia o educador. Por outro lado, é também o
que mais fascina tanto o narrador como a plateia.

Contar histórias é uma arte, que poderá ser nata em muitas pessoas. Porém,
há um certo nexo em pensar que essa qualidade, mesmo não sendo visível em
alguns, encontra-se "incubada" em todos aqueles que procuram um trabalho com
crianças, uma certa predisposição que poderá eclodir mediante treino e estudo.

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