Monopoli 10023104

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DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DE UM REJEITO DE

MINÉRIO DE FERRO

Ignez Merly de Oliveira André

Projeto de Graduação apresentado ao


Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientadores: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2018
André, Ignez Merly de Oliveira
Determinação dos parâmetros de resistência de
rejeito de minério de ferro/ Ignez Merly de Oliveira
André– Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA
POLITÉCNICA, 2018.
64 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Leonardo De Bona Becker
Ana Cláudia de Mattos Telles
Projeto de graduação – UFRJ/Escola
Politécnica/Curso de Engenharia Civil, 2018.
Referências bibliográficas: p. .
1.Rejeito de minério de ferro. 2. Regime
Permanente 3.Ring Shear. 4. Cisalhamento Direto, I.
Leonardo De Bona Becker et al. II.Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso
de Engenharia Civil. III. Título

iii
“A gente precisa ter fé,

E nunca reclamar de dor,

Sempre de pé

Mesmo existindo algum dissabor

As pedras não vão impedir o destino que Deus reservou

Saber resistir é o segredo de um bom vencedor...

A vida vai te balançar,

Te questionar,

Te sacudir,

O que ela quer da gente é coragem”.

Diogo Nogueira

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por iluminar meus pensamentos, meus


caminhos, minhas escolhas, colocar tantas pessoas maravilhosas na minha trajetória, por
me dar força, por não me deixar desistir e sempre me levantar nos momentos de
dificuldade. Sem a fé eu nada seria.
Meishu-Sama, meu Messias, por todos os seus ensinamentos que tem feito de
mim uma pessoa melhor a cada dia.
Amor e gratidão, palavras que definem os sentimentos que carrego comigo em
se tratando do homem maravilhoso, Sérgio André, e da mulher maravilhosa, Monique
André. Meus pais queridos que me acompanharam nessa jornada longa e difícil, que me
apoiaram a todo momento, que aguentaram meus momentos de estresse, que seguraram
a barra comigo, comemoraram cada vitória e torceram a todo instante. Obrigada por
todos os ensinamentos, por todos os princípios que me passaram, sem eles não teria
chegado até aqui. Obrigada, meus eternos amores, meu amor por vocês não cabe aqui e
em nenhum outro lugar, pois é imenso demais.
A minha irmã Monique Mello por ter transformado os momentos de estudo em
momentos de alegria, por ter me ensinado o que é superação, persistência, e
competência, você é um exemplo a ser seguido, não só como profissional, mas como
pessoa, como ser humano. E não poderia esquecer, obrigada por ter sempre a paciência
de fazer aqueles resumos marotos que nos salvavam. Te amo.
Aos amigos Danielle, Gabriela, Jéssica, Matheus, Paola e Renan pelo grupo
maravilhoso que formamos, por todas as risadas, todo apoio, os conselhos, as histórias
épicas. Obrigada por tornarem meus dias mais alegres e a caminhada mais leve. Quero
levar vocês pro resto da minha vida. Amo vocês.
Aos Meus orientadores Leonardo Becker e Ana Cláudia de Mattos Telles, por
todo conhecimento transmitido, por toda paciência e boa vontade em me ajudar. Com
toda certeza, se hoje eu amo a Geotecnia, eu devo isso a vocês.
Aos amigos Isabelle Quirino e Matias Faria que tanto me ajudaram nesse
processo, não só me ajudando na realização dos ensaios, mas também deixando meus
dias no laboratório ainda mais alegres e leves.
À todos os meus amigos e familiares que de alguma forma, direta ou
indiretamente, participaram dessa caminhada, seja me auxiliando em algo, me
entendendo quando eu não pude comparecer em algum evento, me alegrando nos
momentos difíceis, simplesmente por estarem ali, presentes.

v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Determinação dos parâmetros de resistência de um rejeito de minério de ferro.

Ignez Merly de Oliveira André

Fevereiro/2018

Orientador: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Curso: Engenharia Civil

O crescimento da economia global tem elevado a demanda por metais, com consequente
incremento na demanda por minério de ferro que é um dos principais itens de
exportação do Brasil. A extração e os processos de beneficiamento dos minérios geram
elevadas quantidades de resíduos, chamados rejeitos (tailings), que em geral, são
dispostos em grandes barragens. É comum que esses rejeitos, de granulometria arenosa
ou siltosa, sejam transportados para estas barragens em forma de polpa e depositados
por métodos de aterro hidráulico. Assim, como o rejeito é também o material do corpo
da barragem, é importante conhecer o seu comportamento mecânico. Neste trabalho,
então, será analisada a relação dos parâmetros de resistência encontrados pelos ensaios
de ring shear e cisalhamento direto de um rejeito de minério de ferro, com a
possibilidade de ocorrência da liquefação estática a partir dos conceitos da mecânica dos
solos dos estados críticos.

Palavras-chave: Rejeito; minério de ferro, ring shear, regime permanente, cisalhamento


direto.

vi
Abstract of Monograph presented to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for degree of Civil Engineer.

Determination of the parameters of resistance of iron ore tailings.

Ignez Merly de Oliveira André

February/2018

Advisor: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Course: Civil Engineering

The demand for metals has risen due to global economy growth, consequently
increasing the demand for metal ore, which is one of the main items of exportation in
Brazil. The extraction and processing procedures generate high amounts of residues
called tailings that are usually disposed in huge dams. It’s common that these tailings,
of sandy or silty grading, are frequently transported to the dams in the shape of pulp and
deposited through hydraulic fill methods. Thus, as the tailing is also the material of the
dam body, it is important to know its mechanical behavior. In this work, the relationship
between the resistance parameters found by the ring shear test and the direct shear of an
iron ore tail, with the possibility of static liquefaction, will be analyzed from the
concepts of soil mechanics of critical states.

Keywords: tailing; ring shear; steady state; direct shear; iron ore.

vii
CONTEÚDO
AGRADECIMENTOS ...................................................................................... V
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... X
LISTA DE TABELAS ................................................................................... XII
LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................ XIII
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1
1.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 1
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................... 2
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 2
2 ESTADO DE REGIME PERMANENTE ....................................... 3
2.1 DEFINIÇÃO DE ESTADO DE REGIME PERMANENTE (STEADY
STATE) ........................................................................................................... 3
2.2 RESISTÊNCIA NO ESTADO DE REGIME PERMANENTE VS.
RESISTÊNCIA NO ESTADO CRÍTICO VS. RESISTÊNCIA RESIDUAL ........ 3
2.3 STEADY STATE LINE (SSL) – LINHA DE REGIME PERMANENTE .. 5
2.4 ÂNGULOS DE ATRITO DE REGIME PERMANENTE DE REJEITOS
DE MINÉRIO DE FERRO. ............................................................................... 6
3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA E DO MATERIAL DE ESTUDO ..10
3.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA ...............................................................10
3.2 MATERIAL ..........................................................................................11
3.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, QUÍMICA E MINERALÓGICA ............12
4 METODOLOGIA DE ENSAIO ....................................................14
4.1 ENSAIO RING SHEAR .........................................................................14
4.1.1 Descrição do equipamento de cisalhamento por torção desenvolvido por
BROMHEAD (1979) .......................................................................................... 14
4.1.2 Execução do ensaio ................................................................................ 20
4.1.3 Cálculo dos resultados ........................................................................... 24
4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO .............................................27
4.2.1 Descrição do equipamento ..................................................................... 27
4.2.2 Execução do ensaio ................................................................................ 28
4.2.3 Cálculos dos Resultados......................................................................... 31
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS ENSAIOS .............................34
5.1 ENSAIOS DE RING SHEAR ..................................................................34
5.1.1 Primeira campanha de ensaios ............................................................... 34
5.1.2 Segunda campanha de ensaios ............................................................... 35
5.1.3 Quebra de grãos ..................................................................................... 37
5.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ...........................................40
5.2.1 Ensaio de cisalhamento direto com reversão .......................................... 40
5.2.2 Ensaios de cisalhamento direto sem reversões ........................................ 41
5.2.3 Quebra de grãos ..................................................................................... 43
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS
TRIAXIAL, RING SHEAR, E CISALHAMENTO DIRETO. .............................45
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .48
viii
6.1 CONCLUSÃO .......................................................................................48
6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .....................................48
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................49

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Esquema de uma curva τ/σ’ vs. deslocamento sob tensão efetiva constante
para solos com fração argila menor do que 25% (SKEMPTON, 1985). ................. 4
Figura 2.2 – Ensaio de cisalhamento por torção com misturas areia-bentonita (LUPINI
et al., 1981, adaptado por SKEMPTON, 1985). ..................................................... 5
Figura 2.3 - Linha de regime permanente e o espaço tridimensional (ATKINSON &
BRANSBY, 1978)................................................................................................. 6
Figura 2.4 - Exemplo do plano p’-q no estado de regime permanente. ........................... 6
Figura 2.5 - SSL definida no plano p’-q para os ensaios das campanhas de TELLES
(2017),FLÓREZ (2015) e para todos os ensaios. (adaptado de TELLES, 2017). .... 9
Figura 3.1 - Imagem de satélite da Barragem do Fundão em 2015, apresentando os
Diques 1 e 2 (FLÓREZ, 2015). ............................................................................ 10
Figura 3.2 - Foto em 3D da Barragem do Fundão, no mês de junho de 2013, mostrando
as áreas de coleta de amostras (FLÓREZ, 2015). ................................................. 11
Figura 3.3 - Rejeitos arenosos amostrados oriundos do (a) Concentrador I e (b)
Concentrador II (FLÓREZ, 2015)........................................................................ 11
Figura 3.4 - Rejeito seco, quarteado e armazenado em sacos plásticos (FLÓREZ, 2015).
............................................................................................................................ 12
Figura 3.5 – Curva granulométrica do rejeito estudado (TELLES, 2017). .................... 12
Figura 3.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (adaptado, FLÓREZ,
2015). .................................................................................................................. 13
Figura 4.1- Equipamento de ring shear de BROMHEAD (1979)................................. 14
Figura 4.2 – Vista lateral do equipamento de BROMHEAD (1979) (VASCONCELOS,
1992)................................................................................................................... 16
Figura 4.3 - Seção A-A' do equipamento de BROMHEAD (1979) (VASCONCELOS,
1992)................................................................................................................... 16
Figura 4.4 - Vista superior do equipamento de BROMHEAD (1979)
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.5 - Célula de cisalhamento do equipamento de BROMHEAD (1979)
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.6 - Posição do sistema de medição de torque para o início do cisalhamento
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.7 - Moldagem do corpo de prova ................................................................... 21
Figura 4.8 – Definição de quebra relativa (HARDIN, 1985 em COOP et al., 2004,
adaptado por SILVA, 2017.)................................................................................ 27
Figura 4.9 - Utensílios, caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes
constituintes. ....................................................................................................... 28
Figura 4.10 - Caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes constituintes. ......... 28
Figura 4.11 - Moldagem do corpo de prova do cisalhamento direto. ............................ 29
Figura 4.12 - Exemplo de um gráfico obtido após as reversões (HEAD, 1982) ............ 31
Figura 5.1 – Gráfico tensão-deslocamento da primeira campanha de ensaios. .............. 34
Figura 5.2 – Gráfico deslocamento vertical vs. deslocamento horizontal da primeira
campanha de ensaios. .......................................................................................... 35
Figura 5.3 – Envoltória determinada para a primeira campanha de ensaios. ................. 35
x
Figura 5.4 - Gráfico tensão-deslocamento da segunda campanha de ensaios. ............... 36
Figura 5.5 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal” da
segunda campanha de ensaios. ............................................................................. 37
Figura 5.6 - Envoltória obtida para a segunda campanha de ensaios. ........................... 37
Figura 5.7 – Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa da primeira campanha. ....................................................................... 38
Figura 5.8 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 400kPa da segunda campanha. ........................................................................ 39
Figura 5.9 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa da segunda campanha. ........................................................................ 40
Figura 5.10 – Gráfico tensão-deformação do ensaio de 100kPa realizado com reversão.
............................................................................................................................ 41
Figura 5.11 - Gráfico “Tensão cisalhante normalizada” versus “Deslocamento
horizontal” .......................................................................................................... 42
Figura 5.12 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal”. .... 42
Figura 5.13 – Envoltória obtida para os ensaios de cisalhamento direto. ...................... 43
Figura 5.14 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 400kPa............................................................................................................ 44
Figura 5.15 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa............................................................................................................ 45
Figura 5.16 – Gráfico com as envoltórias de resistência dos ensaios de cisalhamento
direto e ring shear obtidos por esta autora, e do ensaio triaxial obtido por TELLES
(2017). ................................................................................................................ 47

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Granulometria e valores médios para o ângulo de atrito das amostras
(adaptado de PRESOTTI, 2002). ........................................................................... 7
Tabela 2.2 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de PEREIRA (2005). ........................................................... 8
Tabela 2.3 - Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de MOTTA (2008). .............................................................. 8
Tabela 2.4 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de REZENDE (2013). ......................................................... 9
Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização obtidos por FLÓREZ
(2015), TELLES (2017) e SILVA (2017) para o rejeito estudado. ....................... 13
Tabela 5.1 – Índices de vazios obtidos na primeira campanha de ensaios..................... 34
Tabela 5.2 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios. ..................... 36
Tabela 5.3 – Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 800kPa da primeira campanha. ............................................................. 38
Tabela 5.4 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 400kPa da segunda campanha. ............................................................. 38
Tabela 5.5 - Resultado do peneiramento realizado antes do cisalhamento do ensaio de
800kPa da segunda campanha. ............................................................................ 39
Tabela 5.6 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios. ..................... 41
Tabela 5.7 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 400kPa. ................................................................................................ 43
Tabela 5.8 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 800kPa ................................................................................................. 44

xii
LISTA DE SÍMBOLOS

CID – Ensaio triaxial com consolidação isotrópica e fase de cisalhamento drenada


CIU – Ensaio triaxial com consolidação isotrópica e fase de cisalhamento não drenada
CP – Corpo de prova
e – Índice de vazios
M – Inclinação da linha de regime permanente no plano p’-q
p’ – tensão efetiva octaédrica (p’=(’1 + 2’3)/3)

q – Tensão desviadora (q=’1 – ’3)


SSL – Linha de regime permanente (SteadyStateLine)
Peso específico

'Ângulo de atrito efetivo da envoltória de Mohr-Coulomb


Subscritos
ss – estado de regime permanente

xiii
1 INTRODUÇÃO

Segundo IBRAM (2015), o Brasil, detentor de território com extensão continental e de


notável diversidade geológica propícia à existência de jazidas de vários minerais, conquistou
posição de destaque no cenário global, tanto em reservas quanto em produção mineral, esta
tendo atingido no ano de 2014 o valor de US$ 40 bilhões, o que representou cerca de 5% do
PIB Industrial do país.
O Minério de ferro é o principal produto da pauta de exportações minerais do Brasil,
tendo sua produção atingido, em 2014, 400 milhões de toneladas. Com tamanha importância,
é necessário voltar a atenção, também, para as questões ambientais, pois as atividades
mineradoras geram uma grande quantidade de resíduos sólidos, dos quais os mais importantes
em termos de volume são os gerados pelas atividades de extração de minério (estéreis) e pelas
usinas de beneficiamento (rejeitos).
A fim de estabelecer um local propício para disposição desses rejeitos, são construídas
as barragens de rejeito, que podem utilizar o próprio rejeito como material de construção.
Esses rejeitos são transportados para os locais de disposição em tubulações, por gravidade ou
por bombeamento, com grande quantidade de água. Chama-se de polpa a suspensão de
rejeitos e água, sendo a porcentagem de água aproximadamente igual a 70%. Devido ao
processo de beneficiamento, o rejeito de minério de ferro possui uma granulometria
tipicamente de silte ou areia siltosa.

1.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA

O método mais utilizado para deposição dos rejeitos em barragens, o de aterro


hidráulico, apesar de ser um método mais econômico, apresenta algumas desvantagens. Este
método resulta em um material saturado e com elevados índices de vazios, condição propícia
à ocorrência de liquefação estática, caso seja solicitado por um carregamento rápido o
suficiente para ser considerado não drenado.
Para avaliação da susceptibilidade quanto à liquefação, é necessário conhecer sua linha
de regime permanente e o estado inicial (tensão efetiva e índice de vazios) do material.
Seja por liquefação ou por ruptura estática comum, a instabilidade dos taludes da
barragem representa um grande perigo para o meio ambiente e para a população que se
encontra a jusante. Por isso é de extrema importância conhecer os parâmetros de resistência
do material utilizado para construção da barragem, no caso, o próprio rejeito, que possui ainda
um comportamento pouco conhecido por ser obtido industrialmente.

1
1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem os seguintes objetivos:


 Determinar o ângulo de atrito no estado de regime permanente de um rejeito de
minério de ferro, a partir da realização de ensaios ring shear e cisalhamento direto.
 Comparar os resultados com o valor determinado por TELLES (2017), de forma a
avaliar os efeitos das condições de contorno de três diferentes ensaios (ring shear,
triaxial e cisalhamento direto) no valor do ângulo de atrito.
 Verificar se há quebra de grãos durante o cisalhamento e se a mesma afeta a
resistência do material.

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A estrutura do presente trabalho foi organizada da seguinte forma:


O primeiro capítulo traz a introdução, bem como a motivação para realização desta
pesquisa, e seus objetivos.
O segundo capítulo trata da revisão bibliográfica, englobando tópicos relevantes sobre
o estado de regime permanente, e apresentando os resultados de outras pesquisas em rejeitos
de minério de ferro
O capítulo 3 apresenta o material estudado, a região de amostragem, a localização da
barragem, e as características físicas, químicas e mineralógicas do material.
O capítulo 4 apresenta as metodologias adotadas na pesquisa, detalhando a execução
dos ensaios de ring shear e de cisalhamento direto.
No quinto capítulo encontram-se os resultados dos ensaios e as análises realizadas.
O sexto capítulo traz a conclusão do trabalho e sugestões para futuras pesquisas.

2
2 ESTADO DE REGIME PERMANENTE

2.1 DEFINIÇÃO DE ESTADO DE REGIME PERMANENTE (STEADY STATE)

O estado de regime permanente de deformação foi definido por POULOS (1981)


como um estado no qual a massa de solo é continuamente deformada a volume, tensão normal
efetiva, tensão cisalhante e velocidade constantes. Segundo este autor, o regime permanente é
alcançado apenas depois que toda reorientação de partículas, e toda quebra de grãos, caso
haja, tiverem ocorrido, de forma que a tensão cisalhante e a velocidade de deformação
continuem constantes.
No estado de regime permanente a tensão normal efetiva e a tensão cisalhante são
unicamente relacionadas pelo ângulo de atrito interno e, consequentemente, o intercepto de
coesão efetiva é nulo (SLADEN et al., 1985).

2.2 RESISTÊNCIA NO ESTADO DE REGIME PERMANENTE VS. RESISTÊNCIA NO ESTADO


CRÍTICO VS. RESISTÊNCIA RESIDUAL

O estado crítico foi definido por ROSCOE et al. (1958) como o estado no qual o solo
continua deformando sob tensão constante e índice de vazios constante.
SLADEN et al. (1985) concluíram que qualquer diferença que possa existir entre o
estado crítico e o estado de regime permanente, para areias, é relacionada à velocidade
constante, requisito inerente na definição de estado de regime permanente.
Segundo CASTRO et al. (1982), a diferença entre estado crítico e estado de regime
permanente seria significativa apenas para argilas.
Já a resistência residual foi definida por SKEMPTON (1964) como um valor mínimo
da tensão cisalhante atingido a grandes deslocamentos, em condições drenadas, após esta
alcançar um valor de pico seguido por queda de resistência. SKEMPTON (1985) pontua que
em solos granulares com baixa fração argila (menor do que 25%) a resistência é controlada
pelo atrito entre areia e silte, não apresentando reorientação de partículas durante o
cisalhamento, o que resulta no valor da resistência residual ser aproximadamente igual ao
valor da resistência pós-pico. A Figura 2.1 exemplifica o comportamento de um material com
fração argila menor que 25% em um gráfico de tensão-deslocamento.

3
Deslocamento (mm)
Figura 2.1 - Esquema de uma curva τ/σ’ vs. deslocamento sob tensão efetiva constante para solos com fração argila
menor do que 25% (SKEMPTON, 1985).

LUPINI et al. (1981) apresentaram três mecanismos diferentes de cisalhamento,


conforme a quantidade de partículas lamelares presentes no solo e no atrito existente entre
essas partículas. Esses mecanismos foram chamados de cisalhamento turbulento,
cisalhamento deslizante e cisalhamento transicional. O cisalhamento turbulento ocorre em
solos com alta porcentagem de partículas não lamelares ou em solos com alto coeficiente de
atrito entre as partículas. Nesta situação, a reorientação das partículas no sentido do
cisalhamento é impedida pelo rolamento e translação das partículas granulares, resultando em
uma resistência residual alta, geralmente com um ângulo de atrito residual em torno de’r>
25º.
De forma oposta, o cisalhamento deslizante ocorre em solos com alta porcentagem de
partículas lamelares e baixo atrito entre as partículas, de modo que há reorientação dessas
partículas no sentido do cisalhamento. Essa reorientação faz com que a superfície de ruptura
tenha um aspecto polido e seja bem definida. Sua consequência mais importante, no entanto, é
uma queda considerável na resistência do solo após alcançar um valor de pico.
Por último tem-se o cisalhamento transicional, que forma superfícies de cisalhamento
descontínuas, ora comportando-se como deslizante, ora comportando-se como cisalhamento
turbulento. O ângulo de atrito residual, neste caso, é muito sensível à variação granulométrica
do material.
A Figura 2.2 apresenta o valor do ângulo de atrito residual com a variação da fração
argila (ou do índice de plasticidade) de uma mistura areia-bentonita. Observa-se na figura que
o ângulo de atrito residual é aproximadamente igual ao ângulo de atrito no estado crítico para
o comportamento de cisalhamento turbulento. Como em areias limpas o cisalhamento é do

4
tipo turbulento, conclui-se que nestes materiais a resistência no estado crítico e a resistência
residual são aproximadamente iguais.

Figura 2.2 – Ensaio de cisalhamento por torção com misturas areia-bentonita (LUPINI et al., 1981, adaptado por
SKEMPTON, 1985).

Assim, pode-se concluir que a resistência no estado de regime permanente, a


resistência no estado crítico, e a resistência residual não apresentam diferença significativa em
solos granulares com pequena fração argila.

2.3 STEADY STATE LINE (SSL) – LINHA DE REGIME PERMANENTE

Para um dado solo, conforme seu índice de vazios no início do cisalhamento diminui,
as tensões cisalhantes e as tensões normais efetivas alcançadas no estado de regime
permanente aumentam. CASTRO et al. (1982) pontuam que para aplicar os conceitos do
estado de regime permanente aos problemas práticos de engenharia, tem sido útil considerar
que a descrição completa do estado do solo consiste de três elementos: uma tensão normal
efetiva, uma tensão cisalhante, e um índice de vazios. A representação gráfica desse estado
seria, portanto, um ponto em um espaço tridimensional. Dessa forma, a união de todos os
pontos correspondentes a todos os estados de regime permanente de um solo em particular
resultaria na “linha de regime permanente” (SSL).
Os três planos que compõem o espaço tridimensional, onde a SSL é definida, são os
planos p’-q, e-p’ e e-q, como pode ser observado na Figura 2.3. SLADEN et al. (1985)
pontuam que no espaço tridimensional a SSL é uma curva, sendo sua projeção no plano p’-q
uma reta, que passa pela origem.
5
Figura 2.3 - Linha de regime permanente e o espaço tridimensional (ATKINSON & BRANSBY, 1978).

O plano p’-q, apresentado na Figura 2.4 apresenta uma linha de regime permanente e a
relação entre o parâmetro M e o ângulo de atrito de regime permanente para ensaio de
compressão. A única relação entre os eixos é o ângulo de atrito, sendo este valor único, e
independente da densidade, nível de tensão e tipo de carregamento, seja ele drenado ou não
drenado.

Linha de regime permanente (SSL)


Tensão desviadora (q)

1
M
3∙M
sin ϕ′ss =
6+M

Tensão efetiva octaédrica (p')

Figura 2.4 - Exemplo do plano p’-q no estado de regime permanente.

2.4 ÂNGULOS DE ATRITO DE REGIME PERMANENTE DE REJEITOS DE MINÉRIO DE FERRO.

O comportamento de rejeitos de minério de ferro durante o cisalhamento tem sido


estudado por diversos autores na literatura. A seguir serão apresentados os resultados do
ângulo de atrito no estado de regime permanente a partir dos trabalhos de PRESOTTI (2002),
PEREIRA (2005), MOTTA (2008), REZENDE (2013) e TELLES (2017).

6
PRESOTTI (2002) em sua dissertação utilizou amostras, obtidas por RIBEIRO (2000),
provenientes da Mina do Complexo de Água Limpa (CVRD), localizado no município de Rio
Piracicaba, Minas Gerais. Esse rejeito consistia basicamente de um material arenoso. Essa
Mina também faz parte do pólo de produção de minério de ferro do quadrilátero ferrífero. O
autor realizou ensaios triaxiais drenados em uma prensa com deformação controlada para a
obtenção dos parâmetros de resistência. Os valores médios dos ângulos de atrito no estado de
regime permanente obtidos pelo autor para as amostras podem ser observados na Tabela 2.1.
A condição residual considerada pelo autor foi para uma deformação axial de 20%.

Tabela 2.1 - Granulometria e valores médios para o ângulo de atrito das amostras (adaptado de PRESOTTI, 2002).

Ângulo de atrito de regime


Argila Silte Areia
Amostra permanente médio
(%) (%) (%)
(’SS,MÉDIO)
MA8-000 4(*) 16(*) 80 36°
MA8-040 0(*) 12(*) 88 35°
MA8-080 5(*) 5(*) 90 35°
MA8-120 5(*) 3(*) 92 35°
(*) Valores aproximados obtidos por esta autora a partir das curvas granulométricas apresentadas por PRESOTTI (2002)

PEREIRA (2005) coletou amostras deformadas de rejeitos de minério de ferro de seis


diferentes sistemas de contenção localizados no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. São
eles: a Pilha de rejeitos da Cava de Germano, no município de Mariana; a Barragem de
rejeitos de Itabiruçu, localizada no município de Itabira; a Barragem de rejeitos de Forquilha
II, no município de Ouro Preto; a Barragem de rejeitos de Forquilha III, no município de Ouro
Preto; a Barragem de rejeitos de Campo Grande, no município de Mariana; e a Barragem de
rejeitos de Córrego do Doutor, no município de Ouro Preto. O autor realizou ensaios triaxiais
não-drenados, para tensões confinantes de 50, 100 e 200kPa, sob deformação controlada. A
partir dos resultados apresentados por PEREIRA (2005), TELLES (2017) determinou o
parâmetro M para cada material estudado pelo autor. Pôde-se então obter o ângulo de atrito de
regime permanente de cada material, que se encontram apresentados na Tabela 2.2.

7
Tabela 2.2 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as amostras do trabalho de PEREIRA
(2005).

Parâmetro
Argila Silte Ângulo de atrito de
Amostras Areia (%) M
(%) (%) regime permanente (’ss)

Barragem de Germano
13 48 39 1,57(*) 38°
(rejeito granular)

Barragem de rejeitos de
13,5 20,5 66 1,41(*) 35°
Itabiruçu

Barragem de rejeitos de
18,5 55 26,5 1,58(*) 39°
Forquilha III

Barragem de rejeitos de
13 11 76 1,30(*) 32°
Forquilha II

Barragem de rejeitos de
12 38 30 1,27(*) 32°
Campo Grande

Barragem de rejeitos de
12 35 53 1,33(*) 33°
Córrego do Doutor
(*) Dados obtidos por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por PEREIRA (2005).

MOTTA (2008) realizou estudos com amostras de rejeitos coletadas da Barragem de


Germano, propriedade da Samarco Mineração S.A, tendo a autora concentrado seu estudo no
Rejeito Fino. A Tabela 2.3 apresenta os resultados da caracterização do material obtidos pela
autora, o parâmetro M obtido por TELLES (2017) a partir dos resultados de ensaios triaxiais
drenados apresentados pela autora, e o ângulo de atrito determinado a partir do parâmetro M.
Pontua-se que a presença da fração argila não indica a presença de argilo-minerais no rejeito,
apenas representa que uma fração do material é inferior a 0,0075mm (MOTTA, 2008).
Tabela 2.3 - Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as amostras do trabalho de MOTTA
(2008).

Argila Silte Areia Parâmetro Ângulo de atrito de


Amostra
(%) (%) (%) M regime permanente (’SS)

Rejeito
7 71 22 1,45 (*) 36°
Fino
(*) Dado obtido por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por MOTTA (2008).

REZENDE (2013) utilizou em seus estudos o rejeito arenoso que se encontrava


disposto na Barragem do Fundão, mesma barragem do material estudado no presente trabalho.
Ressalta-se, porém, que a amostragem foi realizada em outros locais e outra data. A autora
realizou ensaios triaxiais do tipo CID em 4 amostras obtidas da praia de rejeitos. TELLES
(2017) obteve, a partir dos resultados da autora, o parâmetro M das amostras. A Tabela 2.4

8
apresenta esses valores, junto da análise granulométrica e do ângulo de atrito obtido a partir
do parâmetro M.
Tabela 2.4 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as amostras do trabalho de
REZENDE (2013).

Parâmetro
Argila Silte Ângulo de atrito de
Amostras Areia (%) M
(%) (%) regime permanente (’ss)
BFD1 - 010 4 33 63 1,29(*) 32°
BFD1 - 043 2 37 61 1,40(*) 35°
BFD1 - 076 4 44 51 1,32(*) 33°
BFD1 - 110 2 27 71 1,31(*) 33°
(*) Dados obtidos por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por REZENDE (2013).

TELLES (2017) utilizou em sua dissertação o mesmo material, um rejeito de minério


de ferro da Barragem do Fundão, estudado no presente trabalho, e que será apresentado
detalhadamente no capítulo 3. A autora utilizou em suas análises os resultados de 11 ensaios
triaxiais (7 CIU e 4 CID) realizados por ela, e mais 15 ensaios CIU realizados por FLÓREZ
(2015). TELLES (2017) determinou a linha de regime permanente para a sua campanha de
ensaios, para a campanha de FLÓREZ (2015), e uma única considerando todos os 26 ensaios.
O resultado obtido encontra-se apresentado na Figura 2.5, onde se observa um parâmetro M
igual a 1,36, equivalente a um ângulo de atrito de regime permanente de 34º.
1300

1200 SSL (todos os


ensaios)
1100
y = 1,36x
1000 R² = 1,00

900
SSL (ensaios
q = '1 - '3 (kPa)

800 FLÓREZ, 2015)


SSL (ensaios
700
y = 1,38x TELLES, 2017)
600
R² = 1,00
y = 1,34x
R² = 1,00
500

400

300

200
Ensaios realizados por TELLES (2017)
100
Ensaios realizados por FLÓREZ (2015)
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
p' = ('1 + 2'3)/3 (kPa)

Figura 2.5 - SSL definida no plano p’-q para os ensaios das campanhas de TELLES (2017),FLÓREZ (2015) e para
todos os ensaios. (adaptado de TELLES, 2017).
9
3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA E DO MATERIAL DE ESTUDO

3.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA

O material estudado neste trabalho é um rejeito de minério de ferro, cuja disposição


era realizada na Barragem do Fundão, no município de Mariana, em Minas Gerais. Esta
barragem teve sua ruptura no dia 5 de novembro de 2015.
A Barragem do Fundão consistia na disposição dos rejeitos arenoso e fino (lama) em
reservatórios específicos, sendo disposto no reservatório do Dique 1 o rejeito arenoso, e no
reservatório do Dique 2 a lama. Na Figura 3.1 pode-se verificar a localização dos Diques 1 e 2
na Barragem do Fundão. O material do presente estudo é o rejeito arenoso que se encontrava
no reservatório do Dique 1 à época da coleta de amostras.

Figura 3.1 - Imagem de satélite da Barragem do Fundão em 2015, apresentando os Diques 1 e 2 (FLÓREZ, 2015).

A amostragem do material foi realizada em 2013 pela empresa responsável pela


barragem, e as amostras foram encaminhadas para o laboratório de Geotecnia da
COPPE/UFRJ. Os locais de retirada das amostras podem ser observados na Figura 3.2.

10
Figura 3.2 - Foto em 3D da Barragem do Fundão, no mês de junho de 2013, mostrando as áreas de coleta de amostras
(FLÓREZ, 2015).

3.2 MATERIAL

O material utilizado no presente trabalho é resultado da mistura e homogeneização que


FLÓREZ (2015) realizou, a partir dos rejeitos coletados provenientes do Concentrador I e do
Concentrador II. O objetivo daquela autora com esse procedimento era o de obter um material
mais representativo do depósito, visto que os canhões de descarga mudavam de posição ao
longo da crista, ocasionando assim a mistura dos dois rejeitos. A Figura 3.3 apresenta os
rejeitos retirados de cada concentrador.

a) b)

Figura 3.3 - Rejeitos arenosos amostrados oriundos


F do (a) Concentrador I e (b) Concentrador II
(FLÓREZ, 2015).

Após homogeneização e secagem ao ar, o material foi quarteado conforme


procedimento de amostragem de minérios do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)
(OLIVEIRA E AQUINO, 2007). A Figura 3.4 apresenta o rejeito já dividido e armazenado
em sacos plásticos de 5kg.
11
Figura 3.4 - Rejeito seco, quarteado e armazenado em sacos plásticos (FLÓREZ, 2015).

3.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, QUÍMICA E MINERALÓGICA

A caracterização física, química e mineralógica do material estudado foi realizada por


FLÓREZ (2015), TELLES (2017) e SILVA (2017). Foram realizados ensaios para
determinação da granulometria, massa específica dos grãos, índices de vazios máximo e
mínimo, porcentagens de ferro, sílica, óxido de alumínio, ensaios de microscopia eletrônica
por varredura (MEV), e análises de difração de raios-X (DRX). A curva granulométrica do
rejeito encontra-se apresentada na Figura 3.5. Os resultados da microscopia eletrônica de
varredura podem ser observados nas fotos, ampliadas de 35 a 1500 vezes, apresentadas na
Figura 3.6, onde verifica-se a presença de sílica e óxidos de ferro. O ensaio de difração de
raios-X confirmou o resultado da MEV, identificando o mineral quartzo e os óxidos de ferro
hematita e goethita (FLÓREZ, 2015). Um resumo dos resultados encontrados pode ser
verificado na Tabela 3.1.

ARGILA AREIA
ABNT SILTE FINA MÉDIA GROSSA
PEDREGULHO
PENEIRAS 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
100

90
Porcentagem que Passa

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3.5 – Curva granulométrica do rejeito estudado (TELLES, 2017).

12
Figura 3.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (adaptado, FLÓREZ, 2015).

Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização obtidos por FLÓREZ (2015), TELLES (2017) e
SILVA (2017) para o rejeito estudado.

ENSAIO REJEITO
AREIA (%) 69
SILTE (%) 31
FC (%) 38
D50 (mm) 0,09
FÍSICA
CARACTERIZAÇÃO

CNU 3,45
CC 1,12
Gs 2,795
emin 0,59
emax 0,97
Fe (%) 9,66 ± 2,21
QUÍMICA

SiO2 (%) 85,77 ± 3,29


Al2O3 (%) 0,06 ± 0,05
Partículas de ferro e
MEV
sílica

13
4 METODOLOGIA DE ENSAIO

4.1 ENSAIO RING SHEAR

4.1.1 DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE CISALHAMENTO POR TORÇÃO DESENVOLVIDO POR

BROMHEAD (1979)
Os ensaios de ring shear descritos nesta seção foram realizados com o equipamento de
BROMHEAD (1979) que aplica um cisalhamento torsional em um corpo de prova (CP) em
forma de anel.
A Figura 4.1 mostra o equipamento ring shear utilizado nesta pesquisa.

Figura 4.1- Equipamento de ring shear de BROMHEAD (1979).

4.1.1.1 Aspectos Gerais

O equipamento mencionado aqui ensaia corpos de prova (CP) de 100mm de diâmetro


externo, 70mm de diâmetro interno e 5mm de altura confinados radialmente entre anéis
metálicos concêntricos, possuindo então 20 cm³ de volume inicial. O braço de torque possui
150mm de comprimento.
A tensão normal é aplicada ao corpo de prova pelo top-cap (peça nº 38), um estribo
de carregamento (peça nº 7) e um braço de alavanca (peça nº 3) contendo um pendural de

14
carga (peça nº 4). A relação do braço de alavanca é igual 1:10. Tanto o top-cap quanto o
disco inferior (peça nº 33) possuem anéis de bronze sinterizado (peça nº 37), peças estas que
ficam em contato com o CP e permitem a drenagem do mesmo. O disco inferior é solidário à
base rotativa da célula (peça nº 27), a qual está acoplada a uma caixa de engrenagens (peça nº
18) e a um motor (peça nº 23). Estas peças permitem impor uma velocidade escolhida de
rotação constante ao disco inferior, onde se encontra o CP. O top-cap permanece estacionário
durante o ensaio. Este possui um braço de torque (peça nº 39) que reage contra um par de
anéis dinamométricos, permitindo então a aplicação do momento torsor ao corpo de prova. A
rotação da base da célula ocasiona a formação de uma superfície de ruptura junto ao anel de
bronze sinterizado do top-cap . O momento torsor transmitido ao corpo de prova é obtido
através das leituras realizadas no par de anéis dinamométricos. E a variação da altura do corpo
de prova durante o adensamento e cisalhamento é obtida através das leituras realizadas no
extensômetro vertical (peça nº 42). Todas as peças mencionadas aqui podem ser observadas
nas Figuras 4.2 a 4.5.

4.1.1.2 Lay-out

VASCONCELOS (1992) listou em sua dissertação as peças constituintes do


equipamento de BROMHEAD (1979), de acordo com o manual do fabricante – Wykeham
Farrance Engineering Limited – WF 25850 (1987), conforme Figuras 4.2 a 4.6.

15
Figura 4.2 – Vista lateral do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).

Corpo de
Prova
(CP)

Figura 4.3 - Seção A-A' do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).

16
Figura 4.4 - Vista superior do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).

Corpo de
Prova
(CP)

Figura 4.5 - Célula de cisalhamento do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS,
1992).

Figura 4.6 - Posição do sistema de medição de torque para o início do cisalhamento (VASCONCELOS, 1992).

17
A seguir é apresentada a lista das peças que são mencionadas nas Figuras 4.2 a 4.5, de
acordo com o manual do fabricante:

1. Haste Vertical

2. Braço de suporte do extensômetro

3. Braço de alavanca

4. Pendural de carga

5. Contrapeso para equilíbrio do sistema de carregamento

6. Parafuso limitador de curso do braço de alavanca

7. Estribo (canga) de carregamento

8. Parafuso de ajuste do estribo (canga)

9. Porca de ajuste do estribo (canga)

10. Pinos de repouso do estribo (canga) de carregamento

11. Suportes (garfos) dos anéis dinamométricos

12. Adaptadores dos anéis dinamométricos

13. Hastes transmissoras do torque

14. Apoio com rolamentos de esfera

15. Trava do desengate rápido

16. Alavanca de mudança da relação de transmissão

17. Acesso para a troca de engrenagens

18. Caixa de engrenagem

19. Acoplamento das engrenagens

20. Volante manual

21. Engrenagem tipo coroa


18
22. Parafuso sem-fim

23. Motor

24. Acesso para a colocação de óleo

25. Acesso para a verificação do nível de óleo

26. Painel de controle

27. Base rotativa da célula

28. Pino de centragem

29. Escala em graus

30. Referência fixa da escala em graus

31. Recipiente de água de acrílico

32. “o-ring” de vedação do recipiente de acrílico

33. Disco inferior

34. Cavidade anular para amostra

35. Parafusos para elevação do disco inferior

36. Porca recartilhada para fixação do disco inferior

37. Anéis porosos de bronze sinterizado

38. “top-cap ” ou disco superior

39. Braço de torque

40. Pino centralizador

41. Encaixes para as hastes transmissoras do torque

42. Extensômetro

19
4.1.2 EXECUÇÃO DO ENSAIO

4.1.2.1 Considerações preliminares

VASCONCELOS (1992) atenta que em ensaios ring shear que utilizam amostras
reconstituídas poder-se-ia pensar que o equipamento não mediria a resistência residual
corretamente porque o anel superior “derraparia” sobre o solo. Porém, a mesma autora pontua
que, segundo BROMHEAD (1986), para permitir a medida da resistência residual é
necessário apenas que a superfície de deslizamento seja formada no interior da argila, abaixo
da superfície de contato, o que é assegurado quando o anel superior (top-cap ) é áspero
comparado com a partícula mineral de argila.
Considerando isto e mais o fato de que o material aqui estudado é um rejeito areno-
siltoso, é necessário que os anéis de bronze sinterizado sejam suficientemente ásperos para
essas partículas, a fim de atender à condição citada por BROMHEAD (1986).
Foram realizadas duas campanhas de ensaios, e a diferença entre elas é apenas o
recartilhamento realizado nos anéis de bronze sinterizado, situados no top-cap e no disco
inferior em cada campanha. Na primeira campanha os ensaios foram realizados com o
equipamento do jeito que já se encontrava e, na segunda campanha, foram realizados após o
processo de recartilhamento, isto é, após a abertura de novas ranhuras, visto que os anéis de
bronze se encontravam desgastados pelo uso, o que aparentemente afetava o atrito entre o CP
e os anéis.
O procedimento de ensaio foi basicamente o mesmo entre ambas as campanhas, com
algumas pequenas mudanças que serão citadas nos tópicos posteriores.
Por se tratar de um material areno-siltoso, não houve preocupação com a velocidade,
pois qualquer excesso de poropressão que viesse a aparecer, rapidamente seria dissipado,
portanto a velocidade escolhida para todos os ensaios foi de 0,0712 mm/min.
Nas duas campanhas as tensões ensaiadas foram de 100, 200, 400 e 800kPa. Na
segunda campanha o ensaio de 100kPa foi realizado seco para demonstrar que independente
de estar na condição seca ou saturada, ele chegaria no mesmo resultado do ângulo de atrito
dos outros ensaios da mesma campanha.

20
4.1.2.2 Primeira campanha de ensaios

a) Peneiramento

Para o ensaio de 800 kPa, foi realizado ensaio de peneiramento antes e depois do
ensaio de Ring shear, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram utilizadas peneiras
da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.

b) Pré-moldagem

Para cada ensaio ring shear foram utilizados 50g de material. A quantidade de água
variou entre 10,28g e 11,00g e sua principal função foi facilitar a moldagem que deveria
atingir índices de vazios em torno de 0,70 e 0,81, para chegar o mais próximo do que se
encontra em barragens de rejeitos.

c) Moldagem

Foram misturados a água e o rejeito, com a ajuda de uma espátula seca e limpa, de
forma a se obter uma mistura homogênea. A mistura foi colocada no anel de bronze do disco
inferior do equipamento (Figura 4.7).
O que sobra da mistura homogênea é utilizado para determinar o teor de umidade da
moldagem em estufa.

Figura 4.7 - Moldagem do corpo de prova

d) Ajustes pré-adensamento

Nesta fase do ensaio é colocado o CP (disco inferior + solo) no equipamento ring


shear. É necessário verificar se há graxa no pino central, a fim de evitar atrito indevido.
Coloca-se, cuidadosamente, o top-cap em cima do CP, de forma a facilitar
posteriormente o ajuste dos anéis dinamométricos, responsáveis por medir a tensão cisalhante

21
aplicada no CP, e em seguida, ajusta-se o extensômetro vertical para leitura inicial (tempo
zero).

e) Adensamento

Antes de iniciar o adensamento, os CPs dos ensaios de 100kPa, 200kPa, 400kPa e


800kPa, foram inundados e mantidos assim até fim do ensaio de cisalhamento. Após a
saturação do CP, que verificou-se a leitura inicial do extensômetro.

 Tensão de 100kPa

O peso foi colocado de uma só vez, e foram verificadas leituras de deslocamento


vertical até uma semana após o início do adensamento, antes de iniciar o cisalhamento.

 Tensão de 200kPa

Para essa tensão também foi colocado o peso de uma só vez, e foram verificadas
leituras até quase 24h após o início do adensamento.

 Tensões de 400kPa e 800kPa

Para essas tensões, foi necessário dividir o adensamento em estágios, a fim de


minimizar a extrusão de solo do CP pela folga entre o disco inferior e o top-cap .
Assim, para a tensão de 400kPa, o adensamento foi dividido em 2 estágios com pesos
iguais. Para a tensão de 800Kpa, o adensamento foi dividido em 4 estágios com pesos iguais.
Em cada estágio, foram verificadas leituras até 1 hora após o início do estágio, quando
verificou-se que os valores das leituras estabilizaram.

f) Cisalhamento

Após finalizada a fase de adensamento, verificou-se novamente a posição dos anéis


dinamométricos, para dar início ao cisalhamento.
Cada ensaio de cisalhamento teve a duração de 24 horas.

4.1.2.3 Segunda campanha de ensaios

a) Peneiramento

Para os ensaios de 400 kPa e 800 kPa, foram realizados ensaios de peneiramento antes
e depois do ensaio de ring shear, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram
utilizadas peneiras da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.

22
b) Pré-moldagem

Mesmo procedimento do tópico “b” do item 4.1.2.2.


Para o ensaio de 100kPa o CP foi moldado seco, e para garantir essa condição, o
material foi mantido em estufa por 24h. Após esse tempo não houve variação no peso, o que
garante que o material já se encontrava seco.

c) Moldagem

Mesmo procedimento do tópico “c” do item 4.1.2.2.


Para o ensaio de 100kPa foi utilizado material completamente seco, utilizando uma
quantidade que garantisse que o CP ficasse com o índice de vazios entre 0,70 e 0,81.

d) Ajustes pré-adensamento

Mesmo procedimento do tópico “d” do item 4.1.2.2.

e) Adensamento

Antes de iniciar o adensamento, os CPs dos ensaios de 200kPa, 400kPa e 800kPa,


foram saturados e mantidos assim até fim do ensaio de cisalhamento, após a saturação do CP,
que verificou-se a leitura inicial do extensômetro.
Apenas o ensaio de 100 kPa foi moldado completamente seco e foi mantido assim
durante o ensaio.

 Tensões de 100kPa e 200kPa

Os pesos para cada tensão foram colocados de uma só vez, e foram verificadas leituras
até 20 horas após o início do adensamento, antes de iniciar o cisalhamento, salvo o ensaio de
100kPa, que foram verificadas leituras até 30 minutos antes de iniciar o cisalhamento. Em
ambos os casos o cisalhamento foi iniciado após verificar-se estabilização das deformações
verticais.

 Tensões de 400kPa e 800kPa

Para essas tensões, foi necessário dividir o adensamento em estágios, a fim de


minimizar a extrusão de solo do CP pela folga entre o anel de metal e o top-cap .
Assim, para a tensão de 400kPa, o adensamento foi dividido em 2 estágios com pesos
iguais. Para a tensão de 800Kpa, o adensamento foi dividido em 4 estágios com pesos iguais.

23
Em cada estágio, foram verificadas leituras até 1 hora após o início do estágio, quando
se verificou que os valores das leituras estabilizaram.

f) Cisalhamento

Após finalizada a fase de adensamento, verificou-se novamente a posição dos anéis


dinamométricos, para dar início ao cisalhamento.
Cada ensaio de cisalhamento teve a duração de 24 horas.

4.1.3 CÁLCULO DOS RESULTADOS

a) Tensão de cisalhamento

VASCONCELOS (1992) calculou o momento torsor (T) a partir das leituras nos anéis
dinamométricos, e a fórmula utilizada foi:
𝑳
𝑻= 𝑭 𝟏 ∙ 𝑭𝒂 + 𝑭 𝟐 ∙ 𝑭𝒂 ∙
𝟐
Onde,
T = momento torsor (N∙mm)
𝐹1 = leitura do anel 1 (div)
𝐹2 = leitura do anel 2 (div)
𝐹𝑎 = constante dos anéis dinamométricos (N/div)
𝐿 = comprimento efetivo do braço do top-cap (mm)

A tensão de cisalhamento, 𝜏 𝑘𝑃𝑎 , é calculada pela equação:


3∙𝑇
𝜏 = ∗ 1000
2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑅23 − 𝑅13
Onde,
𝑅1 = Raio interno do corpo de prova (mm)
𝑅2 = Raio externo do corpo de prova (mm)

b) Deslocamento horizontal

O deslocamento horizontal médio é calculado da seguinte forma:

𝐷′ = 𝑡 ∙ 𝑣
Onde,
𝑡 = tempo (min)

24
𝑣 = velocidade de rotação (mm/min).
Porém, esse deslocamento deve ser corrigido de um fator de correção devido à
compressão dos anéis dinamométricos durante o ensaio, utilizando-se a seguinte equação:
𝑑= 𝐹1 + 𝐹2 /2 ∙ 𝐹𝑒 ∙ (𝑅′ /𝑅𝑏 )
Onde,
𝐹1 = leitura do anel 1 (div)
𝐹2 = leitura do anel 2 (div)
𝐹𝑒 = constante dos relógios comparadores dos anéis (mm/div), sendo a mesma para os dois
anéis.
𝑅𝑏 = Raio do braço do cabeçote (mm)
𝑅′ = Raio médio (mm)

c) Índice de vazios

 Índice de vazios inicial

O índice de vazios inicial foi calculado a partir do volume inicial do CP, do peso
específico aparente seco e da densidade dos grãos. Abaixo segue a equação:
𝐺𝑠 ∙ 𝛾𝑤
𝑒0 = −1
𝛾𝑑
onde,
𝑒0 = índice de vazios inicial
𝐺𝑠 = Densidade dos grãos = 2,795 (como foi visto anteriormente no capítulo 3)
𝛾𝑑 = peso específico aparente seco
𝛾𝑤 = peso específico da água

E a equação do peso específico aparente seco é:


𝑃𝑠
𝛾𝑑 =
𝑉
onde,
𝑃𝑠 = Peso de sólidos
𝑉= Volume total inicial= 20,03cm³

25
 Índice de vazios pós-adensamento

Para o cálculo do índice de vazios pós-adensamento utilizam-se as mesmas equações


utilizadas para o cálculo do índice de vazios inicial, o que muda é apenas o volume do CP,
utilizado para calcular o peso específico aparente seco, que foi obtido considerando o que
adensou após a fase de adensamento

 Índice de vazios a volume constante

O índice de vazios a volume constante foi calculado com base nas mesmas equações
do cálculo do índice de vazios inicial, alterando somente o volume do CP que considera a
variação de altura ocorrida após a fase de adensamento mais a variação de altura até o ponto
do deslocamento horizontal escolhido durante o cisalhamento. Esse ponto do deslocamento
horizontal escolhido refere-se ao ponto onde a tensão cisalhante começou a estabilizar e
também onde houve pouca ou nenhuma extrusão de material.

d) Quebra de grãos

A metodologia utilizada para quantificar a porcentagem de quebra de grãos através do


cálculo das áreas formadas pelas curvas granulométricas do solo, antes e depois do material
ser submetido a uma tensão de compressão, foi desenvolvida por HARDIN (1985). E será a
metodologia utilizada aqui para obter o resultado da quebra.
A quebra total de grãos é definida como a área contida entre as duas curvas
granulométricas obtidas antes e depois do ensaio de cisalhamento. A partir dessa área, pode-se
calcular o índice que quantifica a quebra, como pode ser observado na Figura 4.8.

26
Figura 4.8 – Definição de quebra relativa (HARDIN, 1985 em COOP et al., 2004, adaptado por SILVA, 2017.)

Sendo a Equação:
𝐵𝑡
𝐵𝑟 =
𝐵𝑝

Onde:
𝐵𝑟 = Quebra relativa
𝐵𝑡 = Quebra total
𝐵𝑝 = Potencial de quebra.
Esse cálculo também foi utilizado para obter a quebra de grãos no ensaio de
cisalhamento direto.

4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO

4.2.1 DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO


Não será realizada uma descrição detalhada do equipamento de cisalhamento direto
por se tratar de um ensaio largamente utilizado e conhecido. Apenas serão descritos aqui
alguns detalhes do equipamento que foram utilizados para a campanha de ensaios desse
trabalho.

27
Trata-se de uma caixa de cisalhamento de 5cm x 5cm, com 93,6cm³ de volume inicial
do CP. As pedras porosas não foram utilizadas por se tratar de um material com
permeabilidade alta.
Os utensílios, a caixa bipartida e suas partes constituintes podem ser observadas nas
Figuras 4.9 e 4.10 que seguem.

Funil

Figura 4.9 - Utensílios, caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes constituintes.

Figura 4.10 - Caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes constituintes.

4.2.2 EXECUÇÃO DO ENSAIO

4.2.2.1 Considerações preliminares

Por se tratar de um rejeito areno-siltoso a velocidade escolhida de 0,065mm/min


atende apenas a conveniência da realização de um ensaio mais rápido, pois qualquer excesso
de poropressão que ocorresse seria rapidamente dissipado.
As tensões ensaiadas são as mesmas realizadas no ensaio de ring shear, ou seja, 100,
200, 400 e 800kPa.

28
4.2.2.2 Única campanha de ensaios

a) Peneiramento

Para os ensaios de 400 kPa e 800 kPa, foram realizados ensaios de peneiramento antes
e depois do ensaio de cisalhamento direto, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram
utilizadas peneiras da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.

b) Pré-moldagem

Para cada ensaio foi utilizado material seco, com a massa variando entre 143 e 146g de
forma a obter um CP com índice de vazios variando entre 0,80 e 0,82.

c) Moldagem

A moldagem é realizada, após a caixa de cisalhamento ser montada fixando as duas


partes com dois parafusos, com a ajuda de um funil de vidro (como mostra a Figura 4.11). Há
a preocupação em manter o mesmo procedimento para todos os ensaios na hora de realizar a
moldagem com o auxílio do funil. Após colocar o material dentro da caixa, utiliza-se uma
peça metálica para arrasar e nivelar o CP mantendo assim a mesma altura para todos os
ensaios. O material que sobra no procedimento de moldagem é colocado em um recipiente e
pesado para verificar a quantidade de material que o CP, de fato, contém.

Figura 4.11 - Moldagem do corpo de prova do cisalhamento direto.

29
d) Ajustes pré-adensamento

Finalizada a fase de moldagem, a caixa é transportada para a banheira do equipamento


e posicionada. Ajusta-se então o equipamento e o extensômetro. Coloca-se água na banheira
até a borda para saturar o CP. O material foi deixado inundando por 30 minutos antes de
iniciar o adensamento.

e) Adensamento

Após o tempo de saturação, faz-se a leitura inicial (tempo zero) e inicia-se o


adensamento.

 Tensões de 100kPa e 200kPa

Os pesos para cada tensão foram colocados de uma só vez, e foram verificadas leituras
até 1 hora após o início do adensamento, antes de iniciar o cisalhamento. Em ambos os casos
o cisalhamento foi iniciado após verificar-se estabilização das leituras do extensômetro
vertical.

 Tensões de 400kPa e 800kPa

Para essas tensões, foi necessário dividir o adensamento em estágios.


Assim, para a tensão de 400kPa, o adensamento foi dividido em 2 estágios e para a
tensão de 800Kpa, o adensamento foi dividido em 4 estágios.
Em cada estágio, foram verificadas leituras até 1 hora após o início do estágio, quando
foi verificado que os valores das leituras estabilizaram.

f) Cisalhamento

Após finalizada a fase de adensamento, soltam-se então os dois parafusos que


prendem as duas partes da caixa e com a ajuda de outros dois parafusos, levanta-se
ligeiramente a metade superior a fim de evitar o atrito metal-metal. Ajusta-se o extensômetro
horizontal e faz-se a leitura do extênsometro vertical (leitura do tempo zero). O ensaio foi
realizado até alcançar 9mm do extensômetro horizontal.

g) Reversões

Segundo HEAD (1982), o efeito de um grande deslocamento pode ser obtido em um


aparelho comum de cisalhamento direto ao retornar a caixa bipartida para sua posição inicial e

30
cisalhar novamente. Este procedimento é denominado reversão. O gráfico obtido após as
reversões é exemplificado na Figura 4.12.

Figura 4.12 - Exemplo de um gráfico obtido após as reversões (HEAD, 1982)

4.2.3 CÁLCULOS DOS RESULTADOS

a) Deslocamento horizontal

O deslocamento horizontal é calculado da seguinte forma:


δh = 900 − 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐻 × 0,01
Onde,
δh = Deslocamento horizontal em milímetros.
𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐻 = Leitura do extensômetro (div)

b) Tensão normal corrigida

Durante o cisalhamento há o deslocamento da parte inferior da caixa de cisalhamento


direto em relação à parte superior, isso acarreta a alteração da área do corpo de prova e
consequentemente a alteração da tensão normal e tensão cisalhante.
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 5,08 × 5,06 − δh ∙ 0,1

Onde,
δh = Deslocamento horizontal (mm)
25,7
𝜎𝑛 𝑐𝑜𝑟𝑟 𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝜎𝑛 ∙
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎

c) Tensão de cisalhamento

A tensão de cisalhamento, 𝜏 𝑘𝑃𝑎 , é calculada pela equação:

31
𝐹 ∙ 0,074
𝜏 =
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 ∙ 98,1

onde:
𝐹= Leitura da Força no anel dinamométrico (div)
0,074 é a constante do anel dinamométrico (kgf/div)

d) Índice de vazios

 Índice de vazios inicial

O índice de vazios inicial foi calculado a partir do volume inicial do CP, do peso
específico aparente seco e da densidade dos grãos. Abaixo segue a equação:

𝐺𝑠 ∙ 𝛾𝑤
𝑒0 = −1
𝛾𝑑
Onde,
𝑒0 = índice de vazios inicial
𝐺𝑠 = Densidade dos grãos = 2,795 (como foi visto anteriormente no capítulo 3)
𝛾𝑑 = peso específico aparente seco
𝛾𝑤 = peso específico da água
E a equação do peso específico aparente seco é:

𝑃𝑠
𝛾𝑑 =
𝑉
onde:
𝑃𝑠 = Peso de sólidos
𝑉= Volume total inicial= 20,03cm³

 Índice de vazios pós-adensamento

Para o cálculo do índice de vazios pós-adensamento utilizam-se as mesmas equações


utilizadas para o cálculo do índice de vazios inicial, o que muda é apenas o volume do CP
utilizado para calcular o peso específico aparente seco, que foi obtido considerando o que
adensou após a fase de adensamento.

32
 Índice de vazios a volume constante

O índice de vazios a volume constante foi calculado com base nas mesmas equações
do cálculo do índice de vazios inicial, alterando somente o volume do CP que considera o que
adensou após a fase de adensamento mais o que adensou até o deslocamento horizontal de
6mm.

e) Quebra de grãos

O cálculo para obter a quebra de grãos no ensaio de cisalhamento direto foi o mesmo
utilizado para obter o do ensaio de ring shear, e se encontra apresentado no tópico “d” do
item 4.1.3.

33
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS ENSAIOS

5.1 ENSAIOS DE RING SHEAR

5.1.1 PRIMEIRA CAMPANHA DE ENSAIOS


Os índices de vazios dos corpos de prova após moldagem, adensamento e a volume
constante, encontram-se apresentados na Tabela 5.1. O índice de vazios a volume constante
foi estimado considerando o peso seco inicial. O equipamento ring shear, entretanto, expulsa
material durante o cisalhamento, o que explica o deslocamento vertical não estabilizar. Por
isso, para o cálculo do índice de vazios a volume constante, foi considerado o momento no
qual a tensão cisalhante começa a estabilizar, quando havia ocorrido pouca ou nenhuma
extrusão de material.
Tabela 5.1 – Índices de vazios obtidos na primeira campanha de ensaios.

σ’v Pós A "volume


Moldagem
(kPa) adensamento constante"
100 0,75 0,63 0,47
200 0,75 0,58 0,41
400 0,75 0,59 0,41
800 0,80 0,58 0,41

Os resultados dos ensaios encontram-se apresentados nos gráficos das Figuras 5.1 a
5.3. Observa-se no gráfico da Figura 5.3 que o ângulo de atrito do estado de regime
permanente obtido para a primeira campanha foi ’ss = 27º. A faixa de deslocamento
horizontal utilizada para obter o ângulo de atrito variou entre 12 e 103mm, usando como
critério a tensão cisalhante média da faixa com valores constantes e sem valores que destoam
no fim do ensaio.
0.6
Tensão cisalhante normalizada

0.5

0.4

0.3

0.2 100 kPa


200 kPa
0.1 400 kPa
800 kPa
0.0
0 20 40 60 80 100 120
Deslocamento horizontal (mm)
Figura 5.1 – Gráfico tensão-deslocamento da primeira campanha de ensaios.

34
0.2

0 100 kPa

Deslocamento vertical (mm)


-0.2 200 kPa
400 kPa
-0.4
800 kPa
-0.6

-0.8

-1

-1.2

-1.4

-1.6

-1.8
0 20 40 60 80 100 120

Deslocamento horizontal (mm)


Figura 5.2 – Gráfico deslocamento vertical vs. deslocamento horizontal da primeira campanha de ensaios.

600

y = 0.503x
500 R² = 1.000
Tensão cisalhante (kPa)

400

300

200
ϕ′ss = 27°
100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Tensão normal (kPa)

Figura 5.3 – Envoltória determinada para a primeira campanha de ensaios.

5.1.2 SEGUNDA CAMPANHA DE ENSAIOS


Em vista do resultado obtido na primeira campanha de ensaios ter sido
consideravelmente inferior ao resultado obtido por TELLES (2017), isto é ’SS =34º, ao
realizar ensaios triaxiais no mesmo material (conforme apresentado anteriormente no item 2.4
deste trabalho), questionou-se se os anéis de bronze sinterizado, tanto o do top-cap quanto o
do disco inferior, encontravam-se ásperos o suficiente para o rejeito estudado, conforme
proposição de BROMHEAD (1986).

35
Assim, julgou-se necessário realizar um processo de recartilhamento nos anéis de
bronze sinterizado, a fim de verificar se estes se apresentavam ásperos o suficiente.
Os índices de vazios de moldagem, pós-adensamento, e a volume constante, dos 4
corpos de prova ensaiados na segunda campanha encontram-se na Tabela 5.2. Os resultados
dos ensaios encontram-se apresentados nos gráficos das Figuras 5.4 a 5.6. Observa-se no
gráfico da Figura 5.6 que o ângulo de atrito do estado de regime permanente determinado para
a segunda campanha de ensaios foi igual a 30°, isto é, 3° acima do resultado obtido na
primeira campanha, o que demonstra que era realmente necessária a realização de um
processo de recartilhamento para abertura de ranhuras mais profundas nos anéis de bronze
sinterizado do top-cap e do disco inferior. A tensão cisalhante utilizada foi a da última
leitura, no último ponto de deslocamento horizontal, pois o gráfico dos ensaios não
apresentou pontos destoantes. Este resultado, no entanto, ainda é inferior ao valor obtido por
TELES (2017).

O ensaio de 100kPa seco chegou ao mesmo resultado que os ensaios com CPs
inundados e isso foi importante para verificar que não estava sendo gerado excesso de
poropressão durante o cisalhamento.

Tabela 5.2 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios.

σ’v Pós A "volume


Moldagem
(kPa) adensamento constante"
100 0,81 0,75 0,70
200 0,76 0,68 0,55
400 0,81 0,71 0,58
800 0,76 0,59 0,48

0.7
Tensão cisalhante normalizada

0.6

0.5

0.4

0.3
100 kPa
0.2 200 kPa
400 kpa
0.1
800 kPa
0.0
0 20 40 60 80 100 120
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 5.4 - Gráfico tensão-deslocamento da segunda campanha de ensaios.


36
0.2
100 kPa
0
200 kPa
Deslocamento vertical (mm) -0.2 400 kPa
-0.4 800 kPa

-0.6

-0.8

-1

-1.2

-1.4

-1.6

-1.8
0 20 40 60 80 100 120

Deslocamento horizontal (mm)

Figura 5.5 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal” da segunda campanha de ensaios.

600
y = 0.568x
500 R² = 1.000
Tensão cisalhante (kPa)

400

300

200

100
ϕ′ss = 30°

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tensão normal (kPa)

Figura 5.6 - Envoltória obtida para a segunda campanha de ensaios.

5.1.3 QUEBRA DE GRÃOS


Como citado no tópico “a” dos itens 4.1.2.2 e 4.1.2.3, realizou-se ensaios de
peneiramento antes e depois do ensaio de cisalhamento para verificar se houve quebra de
grãos durante o ensaio. A equação utilizada encontra-se no tópico “d” do item 4.1.3 e os
resultados obtidos para a primeira campanha estão apresentados na Tabela 5.3 e na Figura 5.7,
e para a segunda campanha estão representados nas Tabelas 5.4 e 5.5 e nas Figuras 5.8 e 5.9.

37
 Primeira campanha de ensaios

Tabela 5.3 – Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da primeira
campanha.

Antes do cisalhamento Depois do cisalhamento


Peneiras nº % Passante Peneiras % Passante
#30 99,87 #30 99,97
# 40 99,50 # 40 99,64
# 60 95,33 # 60 96,25
# 100 77,18 # 100 81,59
# 200 31,20 # 200 35,91
Bpa = 17,74 Bpd = 15,61

100

90
Porcentagem passante (%)

80

70

60

50

40 Antes

30 Depois

20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)

Figura 5.7 – Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da primeira
campanha.

A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.7, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 12% para o ensaio de 800 kPa da primeira campanha de ensaios.

 Segunda campanha de ensaios

Tabela 5.4 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa da segunda
campanha.

Antes do cisalhamento Depois do cisalhamento


Peneiras nº % Passante Peneiras % Passante
#20 100,00 #20 100,00
#30 99,92 #30 99,94
# 40 99,45 # 40 99,58
# 60 95,64 # 60 95,88
# 100 79,08 # 100 80,19
# 200 30,61 # 200 32,23
Bpa = 17,27 Bpd = 16,65

38
100

90

Porcentagem passante (%)


80

70

60

50

40 Antes
30 Depois

20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)

Figura 5.8 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa da segunda
campanha.

A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.8, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 3,6 % para o ensaio de 400kPa da segunda campanha de ensaios.

Tabela 5.5 - Resultado do peneiramento realizado antes do cisalhamento do ensaio de 800kPa da segunda campanha.

Antes do cisalhamento Depois do cisalhamento


Peneiras nº % Passante Peneiras % Passante
#20 99,98 #20 100,00
#30 99,93 #30 99,94
# 40 99,48 # 40 99,65
# 60 95,94 # 60 96,52
# 100 80,45 # 100 82,38
# 200 32,87 # 200 35,74
Bpa = 16,49 Bpd = 15,37

39
100

90

Porcentagem passante (%)


80

70

60

50

40 Antes
30 Depois

20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)

Figura 5.9 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da segunda
campanha.

A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.9, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 6,8 % para o ensaio de 800 kPa da segunda campanha de ensaios.
No presente trabalho não houve o objetivo de analisar uma possível relação entre a
quebra de grãos e o ângulo de atrito encontrado no regime permanente, e sim, apenas, de
apresentar resultados importantes para análises de futuros trabalhos.
Vale salientar que a mineralogia do rejeito estudado é bem resistente a quebra, o que
pode explicar a pequena quebra relativa encontrada nos ensaios.

5.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

Foram realizados 5 ensaios de cisalhamento direto no rejeito, sendo 1 com reversão,


submetido a tensão efetiva vertical inicial de 100 kPa, e 4 sem reversão, com tensões inicias
de 100, 200, 400 e 800 kPa.

5.2.1 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO COM REVERSÃO


As reversões múltiplas são uma opção para buscar a condição residual em ensaios de
cisalhamento direto, conforme apresentado anteriormente no capítulo 4. Foi realizado, assim,
um ensaio de cisalhamento direto com reversões, em um corpo de prova submetido a uma
tensão efetiva vertical inicial de 100 kPa, com o objetivo de obter a condição residual do
rejeito estudado. Entretanto, somente uma reversão foi realizada, pois o primeiro e o segundo
trechos (primeira reversão) chegaram ao mesmo patamar de resistência, conforme pode ser
observado na Figura 5.10. Desta forma, conclui-se que, para o material estudado, as reversões
não contribuem para obter a condição residual. Isto se deve ao formato das partículas do
40
rejeito, que não apresentam característica lamelar, conforme LUPINI et al. (1981). Não
foram, portanto, realizadas reversões nos outros ensaios.

0.7

Tensão cisalhante normalizada 0.6

0.5

0.4

0.3

0.2
100kPa
0.1

0
0 5 10 15 20

Deslocamento horizontal (mm)

Figura 5.10 – Gráfico tensão-deformação do ensaio de 100kPa realizado com reversão.

5.2.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO SEM REVERSÕES


Como explicado no item anterior, não houve a necessidade de realizar reversões nos
outros ensaios, assim bastou apenas um único trecho para obter a condição residual.
Os índices de vazios dos corpos de prova determinados na moldagem, pós-
adensamento, e a volume constante podem ser observados na Tabela 5.6. O índice de vazios a
volume constante foi calculado quando o ensaio havia deslocado 6 mm, ponto no qual o a
tensão cisalhante apresenta-se aproximadamente constante. Cabe ressaltar que neste ponto a
maioria das curvas de deslocamento vertical por deslocamento horizontal não apresentam
estabilização, provavelmente em função da inclinação do top-cap. Tal efeito é uma
deficiência do ensaio de cisalhamento direto. Os gráficos resultantes dos ensaios encontram-
se apresentados nas Figuras 5.11 a 5.13. Observa-se que o ângulo de atrito de regime
permanente encontrado a partir da envoltória foi de 31°.
Tabela 5.6 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios.

σ’v Pós A "volume


Moldagem
(kPa) adensamento constante"
100 0,81 0,80 0,79
200 0,82 0,80 0,79
400 0,80 0,74 0,72
800 0,81 0,77 0,75

41
0.8

0.7

Tensão cisalhante normalizada 0.6

0.5

0.4
100kPa
0.3
200kPa
0.2 400kPa
800kPa
0.1

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento horizontal (mm)
Figura 5.11 - Gráfico “Tensão cisalhante normalizada” versus “Deslocamento horizontal”
0

-0.1
Deslocamento vertical (mm)

-0.2

-0.3

-0.4

100kPa
-0.5
200kPa
-0.6 400kPa
800kPa
-0.7
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 5.12 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal”.

42
600

500

Tensão cisalhante (kPa)


y = 0.593x
400 R² = 0.998

300

200
ϕ′ss = 31°
100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Tensão normal (kPa)

Figura 5.13 – Envoltória obtida para os ensaios de cisalhamento direto.

5.2.3 QUEBRA DE GRÃOS


Como citado no tópico “a” do item 4.2.2.2, realizou-se ensaios de peneiramento antes
e depois do ensaio de cisalhamento para verificar se houve quebra de grãos durante o ensaio.
A equação utilizada encontra-se no tópico “e” do item 4.2.3 e os resultados obtidos
apresentados nas Tabelas 5.7 e 5.8 e nas Figuras 5.14 e 5.15.
Tabela 5.7 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa.

Antes do cisalhamento Depois do cisalhamento


Peneiras nº % Passante Peneiras % Passante
#20 99,99 #20 100,00
#30 99,88 #30 99,92
# 40 99,37 # 40 99,44
# 60 95,08 # 60 95,26
# 100 78,03 # 100 77,89
# 200 33,91 # 200 35,48
Bpa = 17,18 Bpd = 16,92

43
100

90

Porcentagem passante (%)


80

70

60

50

40 Antes

30 Depois

20
0.01 0.1 1

Diâmetro dos grãos (mm)

Figura 5.14 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa.

A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.14, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 1,5 % para o ensaio de 400 kPa.

Tabela 5.8 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa

Antes do cisalhamento Depois do cisalhamento


Peneiras nº % Passante Peneiras % Passante
#20 100,00 #20 100,00
#30 99,87 #30 99,94
# 40 99,45 # 40 99,48
# 60 95,47 # 60 95,69
# 100 78,18 # 100 78,78
# 200 30,41 # 200 31,38
Bpa = 17,58 Bpd = 17,21

44
100

90

Porcentagem passante (%)


80

70

60

50

40 Antes
30 Depois

20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)

Figura 5.15 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa.

A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.15, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 2,1 % para o ensaio de 800kPa.

5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAL, RING SHEAR, E

CISALHAMENTO DIRETO.

O resultado determinado para o ângulo de atrito no estado de regime permanente


utilizando o ensaio de ring shear após recartilhamento foi 4º menor que o resultado obtido por
TELLES (2017) a partir de ensaios triaxiais. Quando se comparam, entretanto, os ensaios
realizados com ring shear e os ensaios realizados no equipamento de cisalhamento direto,
observa-se que a diferença foi de apenas 1° entre os valores dos ângulos de atrito, não sendo
considerada significativa.
GARGA et al. (2002) também fizeram a comparação dos resultados obtidos no seu
trabalho a partir do ensaio de ring shear, com os obtidos através de ensaios triaxiais por
ZHANG et al. (1997), ambos no regime permanente. GARGA et al. (2002) realizaram
modificações no equipamento de ring shear de BROMHEAD (1979) para permitir ensaios a
volume constante, bem como permitir a realização de ensaios com carregamento constante e
assim obter a resistência no estado de regime permanente de ambas as condições. Os autores
realizaram ensaios a volume constante em amostras saturadas e secas, e ensaios com
carregamento constante também com amostras saturadas e secas de uma areia que foi
utilizada no estudo de ZHANG et al. (1997) em ensaios triaxiais. Houve uma diferença entre
os resultados obtidos nos ângulos de atrito dos dois trabalhos de 2,6º, o ring shear sendo o

45
menor. Segundo os autores, o ângulo de atrito menor obtido pelo ensaio de ring shear pode
ser atribuído às grandes deformações alcançadas por esse equipamento, enquanto o estado de
regime permanente pode não ter sido realmente alcançado no ensaio triaxial, pois tais níveis
de deformação seriam impraticáveis neste ensaio. Esta explicação, entretanto, apresenta dois
problemas: os ensaios ring shear e cisalhamento direto dão a impressão de que não são
necessários grandes deslocamentos para atingir o estado crítico e a variabilidade dos
resultados dos vários ensaios triaxiais é muito baixa.
Segundo a teoria idealizada por Mohr, a resistência ao cisalhamento seria
independente do valor da tensão principal intermediária (2). Porém, acredita-se que 2
influencia na resistência ao cisalhamento. A partir dos ensaios triaxiais seria obtida uma
envoltória com a menor inclinação possível em resposta ao efeito da tensão principal
intermediária (2) na resistência (TAYLOR, 1948). Em ensaios na condição de deformação
plana foi observado que o ângulo de atrito obtido foi maior que nos ensaios triaxiais
(BECKER et al. (1972) apud DUNCAN & WRIGHT (2005)). Também é possível que a
envoltória obtida por cisalhamento direto tivesse uma inclinação maior que a mínima
encontrada para o triaxial, tendo em vista que as condições de contorno do ensaio de
cisalhamento direto assemelham-se à deformação plana.
Entretanto, MOTTA (2008) realizou ensaios triaxiais (CIU e CID), e ensaios de
cisalhamento direto em um rejeito fino, e obteve os parâmetros de resistência de pico para
esse material. A autora encontrou os ângulos de atrito de 42° a partir dos ensaios CID, 41° a
partir dos ensaios CIU e 32° para os ensaios de cisalhamento direto. Apesar dos resultados
encontrados se referirem aos valores de pico, este resultado demonstra a diferença que se pode
encontrar ao analisar o mesmo material com ensaios diferentes.
A Figura 5.16 apresenta as envoltórias obtidas para cada ensaio, uma para o ensaio de
cisalhamento direto e uma para o ensaio de ring shear ambos obtidos por esta autora, e a
envoltória para o ensaio triaxial obtido por TELLES (2017).
Os valores de quebra de grãos nos ensaios de cisalhamento direto foram
significativamente inferiores aos dos ensaios de ring shear. Acredita-se que isto se deve ao
fato de que o volume de rejeito na zona cisalhada no ensaio ring shear é proporcionalmente
muito maior que no ensaio de cisalhamento direto, devido às "zonas mortas" que se formam
na amostra do cisalhamento direto. Tendo em vista que as envoltórias de ring shear e
cisalhamento direto apresentaram-se retilíneas, conclui-se que a pequena quebra de grãos
observada não afetou a resistência do rejeito no intervalo de tensões ensaiado.

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700
Cisalhamento direto
'ss = 31º
600

Tensão cisalhante (kPa)


500
Triaxial (TELLES, 2017)
'ss = 34°
400

300
Ring shear
200 'ss = 30°

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tensão normal efetiva (kPa)

Figura 5.16 – Gráfico com as envoltórias de resistência dos ensaios de cisalhamento direto e ring shear obtidos por
esta autora, e do ensaio triaxial obtido por TELLES (2017).

47
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

6.1 CONCLUSÃO

Neste trabalho foram obtidos os parâmetros de resistência no estado de regime


permanente para um rejeito de minério de ferro da Barragem do Fundão, localizada no
município de Mariana, MG. Foram utilizados ensaios de ring shear e cisalhamento direto com
o objetivo de realizar a comparação dos resultados obtidos com os encontrados a partir de
ensaios triaxiais por TELLES (2017).
Foram realizadas 2 campanhas de ensaio de ring shear, pois o resultado da primeira
campanha resultou em um ângulo de atrito de 27º, muito inferior ao encontrado por TELLES
(2017). Suspeitou-se então que os anéis de bronze sinterizado não encontravam-se ásperos o
suficiente para satisfazer a condição citada por BROMHEAD (1986) para que não houvesse
deslizamento no contato solo-anel. Assim, optou-se por realizar um processo de
recartilhamento, o qual aumentou o número de ranhuras. Após o recartilhamento foram
realizados os ensaios da segunda campanha do ring shear que resultaram em um ângulo de
atrito de 30º.
Ensaios de cisalhamento direto também foram realizados, a fim de fazer uma
comparação com os ensaios de ring shear. O resultado encontrado para o ângulo de atrito no
estado de regime permanente foi de 31º. Conclui-se, portanto, que não houve diferença
significativa entre ambos os ensaios.
Entretanto, a diferença entre o resultado para o ângulo de atrito no estado de regime
permanente obtido por TELLES (2017), que foi de 34º, permaneceu significativa comparado
com os resultados obtidos por esta autora.
Os resultados dos ensaios para verificação da ocorrência de quebra de grãos mostraram
que houve quebra, tendo os ensaios de ring shear apresentado maior quebra relativa. No
entanto, para as tensões ensaiadas, esta quebra não resultou em alteração significativa na
resistência do rejeito.

6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

 Comparar os parâmetros de resistência de ensaios de cisalhamento direto com ensaios


de ring shear em regime permanente para outros materiais.
 Realizar ensaios de ring shear sob maiores tensões para analisar o efeito da quebra de
grãos para outros materiais.

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7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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