Monopoli 10023104
Monopoli 10023104
Monopoli 10023104
MINÉRIO DE FERRO
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
André, Ignez Merly de Oliveira
Determinação dos parâmetros de resistência de
rejeito de minério de ferro/ Ignez Merly de Oliveira
André– Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA
POLITÉCNICA, 2018.
64 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Leonardo De Bona Becker
Ana Cláudia de Mattos Telles
Projeto de graduação – UFRJ/Escola
Politécnica/Curso de Engenharia Civil, 2018.
Referências bibliográficas: p. .
1.Rejeito de minério de ferro. 2. Regime
Permanente 3.Ring Shear. 4. Cisalhamento Direto, I.
Leonardo De Bona Becker et al. II.Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso
de Engenharia Civil. III. Título
iii
“A gente precisa ter fé,
Sempre de pé
Te questionar,
Te sacudir,
Diogo Nogueira
iv
AGRADECIMENTOS
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Fevereiro/2018
O crescimento da economia global tem elevado a demanda por metais, com consequente
incremento na demanda por minério de ferro que é um dos principais itens de
exportação do Brasil. A extração e os processos de beneficiamento dos minérios geram
elevadas quantidades de resíduos, chamados rejeitos (tailings), que em geral, são
dispostos em grandes barragens. É comum que esses rejeitos, de granulometria arenosa
ou siltosa, sejam transportados para estas barragens em forma de polpa e depositados
por métodos de aterro hidráulico. Assim, como o rejeito é também o material do corpo
da barragem, é importante conhecer o seu comportamento mecânico. Neste trabalho,
então, será analisada a relação dos parâmetros de resistência encontrados pelos ensaios
de ring shear e cisalhamento direto de um rejeito de minério de ferro, com a
possibilidade de ocorrência da liquefação estática a partir dos conceitos da mecânica dos
solos dos estados críticos.
vi
Abstract of Monograph presented to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for degree of Civil Engineer.
February/2018
The demand for metals has risen due to global economy growth, consequently
increasing the demand for metal ore, which is one of the main items of exportation in
Brazil. The extraction and processing procedures generate high amounts of residues
called tailings that are usually disposed in huge dams. It’s common that these tailings,
of sandy or silty grading, are frequently transported to the dams in the shape of pulp and
deposited through hydraulic fill methods. Thus, as the tailing is also the material of the
dam body, it is important to know its mechanical behavior. In this work, the relationship
between the resistance parameters found by the ring shear test and the direct shear of an
iron ore tail, with the possibility of static liquefaction, will be analyzed from the
concepts of soil mechanics of critical states.
Keywords: tailing; ring shear; steady state; direct shear; iron ore.
vii
CONTEÚDO
AGRADECIMENTOS ...................................................................................... V
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... X
LISTA DE TABELAS ................................................................................... XII
LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................ XIII
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1
1.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 1
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................... 2
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 2
2 ESTADO DE REGIME PERMANENTE ....................................... 3
2.1 DEFINIÇÃO DE ESTADO DE REGIME PERMANENTE (STEADY
STATE) ........................................................................................................... 3
2.2 RESISTÊNCIA NO ESTADO DE REGIME PERMANENTE VS.
RESISTÊNCIA NO ESTADO CRÍTICO VS. RESISTÊNCIA RESIDUAL ........ 3
2.3 STEADY STATE LINE (SSL) – LINHA DE REGIME PERMANENTE .. 5
2.4 ÂNGULOS DE ATRITO DE REGIME PERMANENTE DE REJEITOS
DE MINÉRIO DE FERRO. ............................................................................... 6
3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA E DO MATERIAL DE ESTUDO ..10
3.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA ...............................................................10
3.2 MATERIAL ..........................................................................................11
3.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, QUÍMICA E MINERALÓGICA ............12
4 METODOLOGIA DE ENSAIO ....................................................14
4.1 ENSAIO RING SHEAR .........................................................................14
4.1.1 Descrição do equipamento de cisalhamento por torção desenvolvido por
BROMHEAD (1979) .......................................................................................... 14
4.1.2 Execução do ensaio ................................................................................ 20
4.1.3 Cálculo dos resultados ........................................................................... 24
4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO .............................................27
4.2.1 Descrição do equipamento ..................................................................... 27
4.2.2 Execução do ensaio ................................................................................ 28
4.2.3 Cálculos dos Resultados......................................................................... 31
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS ENSAIOS .............................34
5.1 ENSAIOS DE RING SHEAR ..................................................................34
5.1.1 Primeira campanha de ensaios ............................................................... 34
5.1.2 Segunda campanha de ensaios ............................................................... 35
5.1.3 Quebra de grãos ..................................................................................... 37
5.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ...........................................40
5.2.1 Ensaio de cisalhamento direto com reversão .......................................... 40
5.2.2 Ensaios de cisalhamento direto sem reversões ........................................ 41
5.2.3 Quebra de grãos ..................................................................................... 43
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS
TRIAXIAL, RING SHEAR, E CISALHAMENTO DIRETO. .............................45
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .48
viii
6.1 CONCLUSÃO .......................................................................................48
6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .....................................48
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................49
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Esquema de uma curva τ/σ’ vs. deslocamento sob tensão efetiva constante
para solos com fração argila menor do que 25% (SKEMPTON, 1985). ................. 4
Figura 2.2 – Ensaio de cisalhamento por torção com misturas areia-bentonita (LUPINI
et al., 1981, adaptado por SKEMPTON, 1985). ..................................................... 5
Figura 2.3 - Linha de regime permanente e o espaço tridimensional (ATKINSON &
BRANSBY, 1978)................................................................................................. 6
Figura 2.4 - Exemplo do plano p’-q no estado de regime permanente. ........................... 6
Figura 2.5 - SSL definida no plano p’-q para os ensaios das campanhas de TELLES
(2017),FLÓREZ (2015) e para todos os ensaios. (adaptado de TELLES, 2017). .... 9
Figura 3.1 - Imagem de satélite da Barragem do Fundão em 2015, apresentando os
Diques 1 e 2 (FLÓREZ, 2015). ............................................................................ 10
Figura 3.2 - Foto em 3D da Barragem do Fundão, no mês de junho de 2013, mostrando
as áreas de coleta de amostras (FLÓREZ, 2015). ................................................. 11
Figura 3.3 - Rejeitos arenosos amostrados oriundos do (a) Concentrador I e (b)
Concentrador II (FLÓREZ, 2015)........................................................................ 11
Figura 3.4 - Rejeito seco, quarteado e armazenado em sacos plásticos (FLÓREZ, 2015).
............................................................................................................................ 12
Figura 3.5 – Curva granulométrica do rejeito estudado (TELLES, 2017). .................... 12
Figura 3.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (adaptado, FLÓREZ,
2015). .................................................................................................................. 13
Figura 4.1- Equipamento de ring shear de BROMHEAD (1979)................................. 14
Figura 4.2 – Vista lateral do equipamento de BROMHEAD (1979) (VASCONCELOS,
1992)................................................................................................................... 16
Figura 4.3 - Seção A-A' do equipamento de BROMHEAD (1979) (VASCONCELOS,
1992)................................................................................................................... 16
Figura 4.4 - Vista superior do equipamento de BROMHEAD (1979)
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.5 - Célula de cisalhamento do equipamento de BROMHEAD (1979)
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.6 - Posição do sistema de medição de torque para o início do cisalhamento
(VASCONCELOS, 1992) ................................................................................... 17
Figura 4.7 - Moldagem do corpo de prova ................................................................... 21
Figura 4.8 – Definição de quebra relativa (HARDIN, 1985 em COOP et al., 2004,
adaptado por SILVA, 2017.)................................................................................ 27
Figura 4.9 - Utensílios, caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes
constituintes. ....................................................................................................... 28
Figura 4.10 - Caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes constituintes. ......... 28
Figura 4.11 - Moldagem do corpo de prova do cisalhamento direto. ............................ 29
Figura 4.12 - Exemplo de um gráfico obtido após as reversões (HEAD, 1982) ............ 31
Figura 5.1 – Gráfico tensão-deslocamento da primeira campanha de ensaios. .............. 34
Figura 5.2 – Gráfico deslocamento vertical vs. deslocamento horizontal da primeira
campanha de ensaios. .......................................................................................... 35
Figura 5.3 – Envoltória determinada para a primeira campanha de ensaios. ................. 35
x
Figura 5.4 - Gráfico tensão-deslocamento da segunda campanha de ensaios. ............... 36
Figura 5.5 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal” da
segunda campanha de ensaios. ............................................................................. 37
Figura 5.6 - Envoltória obtida para a segunda campanha de ensaios. ........................... 37
Figura 5.7 – Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa da primeira campanha. ....................................................................... 38
Figura 5.8 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 400kPa da segunda campanha. ........................................................................ 39
Figura 5.9 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa da segunda campanha. ........................................................................ 40
Figura 5.10 – Gráfico tensão-deformação do ensaio de 100kPa realizado com reversão.
............................................................................................................................ 41
Figura 5.11 - Gráfico “Tensão cisalhante normalizada” versus “Deslocamento
horizontal” .......................................................................................................... 42
Figura 5.12 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal”. .... 42
Figura 5.13 – Envoltória obtida para os ensaios de cisalhamento direto. ...................... 43
Figura 5.14 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 400kPa............................................................................................................ 44
Figura 5.15 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio
de 800kPa............................................................................................................ 45
Figura 5.16 – Gráfico com as envoltórias de resistência dos ensaios de cisalhamento
direto e ring shear obtidos por esta autora, e do ensaio triaxial obtido por TELLES
(2017). ................................................................................................................ 47
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Granulometria e valores médios para o ângulo de atrito das amostras
(adaptado de PRESOTTI, 2002). ........................................................................... 7
Tabela 2.2 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de PEREIRA (2005). ........................................................... 8
Tabela 2.3 - Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de MOTTA (2008). .............................................................. 8
Tabela 2.4 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as
amostras do trabalho de REZENDE (2013). ......................................................... 9
Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização obtidos por FLÓREZ
(2015), TELLES (2017) e SILVA (2017) para o rejeito estudado. ....................... 13
Tabela 5.1 – Índices de vazios obtidos na primeira campanha de ensaios..................... 34
Tabela 5.2 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios. ..................... 36
Tabela 5.3 – Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 800kPa da primeira campanha. ............................................................. 38
Tabela 5.4 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 400kPa da segunda campanha. ............................................................. 38
Tabela 5.5 - Resultado do peneiramento realizado antes do cisalhamento do ensaio de
800kPa da segunda campanha. ............................................................................ 39
Tabela 5.6 - Índices de vazios obtidos na segunda campanha de ensaios. ..................... 41
Tabela 5.7 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 400kPa. ................................................................................................ 43
Tabela 5.8 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do
ensaio de 800kPa ................................................................................................. 44
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
xiii
1 INTRODUÇÃO
1
1.2 OBJETIVOS
2
2 ESTADO DE REGIME PERMANENTE
O estado crítico foi definido por ROSCOE et al. (1958) como o estado no qual o solo
continua deformando sob tensão constante e índice de vazios constante.
SLADEN et al. (1985) concluíram que qualquer diferença que possa existir entre o
estado crítico e o estado de regime permanente, para areias, é relacionada à velocidade
constante, requisito inerente na definição de estado de regime permanente.
Segundo CASTRO et al. (1982), a diferença entre estado crítico e estado de regime
permanente seria significativa apenas para argilas.
Já a resistência residual foi definida por SKEMPTON (1964) como um valor mínimo
da tensão cisalhante atingido a grandes deslocamentos, em condições drenadas, após esta
alcançar um valor de pico seguido por queda de resistência. SKEMPTON (1985) pontua que
em solos granulares com baixa fração argila (menor do que 25%) a resistência é controlada
pelo atrito entre areia e silte, não apresentando reorientação de partículas durante o
cisalhamento, o que resulta no valor da resistência residual ser aproximadamente igual ao
valor da resistência pós-pico. A Figura 2.1 exemplifica o comportamento de um material com
fração argila menor que 25% em um gráfico de tensão-deslocamento.
3
Deslocamento (mm)
Figura 2.1 - Esquema de uma curva τ/σ’ vs. deslocamento sob tensão efetiva constante para solos com fração argila
menor do que 25% (SKEMPTON, 1985).
4
tipo turbulento, conclui-se que nestes materiais a resistência no estado crítico e a resistência
residual são aproximadamente iguais.
Figura 2.2 – Ensaio de cisalhamento por torção com misturas areia-bentonita (LUPINI et al., 1981, adaptado por
SKEMPTON, 1985).
Para um dado solo, conforme seu índice de vazios no início do cisalhamento diminui,
as tensões cisalhantes e as tensões normais efetivas alcançadas no estado de regime
permanente aumentam. CASTRO et al. (1982) pontuam que para aplicar os conceitos do
estado de regime permanente aos problemas práticos de engenharia, tem sido útil considerar
que a descrição completa do estado do solo consiste de três elementos: uma tensão normal
efetiva, uma tensão cisalhante, e um índice de vazios. A representação gráfica desse estado
seria, portanto, um ponto em um espaço tridimensional. Dessa forma, a união de todos os
pontos correspondentes a todos os estados de regime permanente de um solo em particular
resultaria na “linha de regime permanente” (SSL).
Os três planos que compõem o espaço tridimensional, onde a SSL é definida, são os
planos p’-q, e-p’ e e-q, como pode ser observado na Figura 2.3. SLADEN et al. (1985)
pontuam que no espaço tridimensional a SSL é uma curva, sendo sua projeção no plano p’-q
uma reta, que passa pela origem.
5
Figura 2.3 - Linha de regime permanente e o espaço tridimensional (ATKINSON & BRANSBY, 1978).
O plano p’-q, apresentado na Figura 2.4 apresenta uma linha de regime permanente e a
relação entre o parâmetro M e o ângulo de atrito de regime permanente para ensaio de
compressão. A única relação entre os eixos é o ângulo de atrito, sendo este valor único, e
independente da densidade, nível de tensão e tipo de carregamento, seja ele drenado ou não
drenado.
1
M
3∙M
sin ϕ′ss =
6+M
6
PRESOTTI (2002) em sua dissertação utilizou amostras, obtidas por RIBEIRO (2000),
provenientes da Mina do Complexo de Água Limpa (CVRD), localizado no município de Rio
Piracicaba, Minas Gerais. Esse rejeito consistia basicamente de um material arenoso. Essa
Mina também faz parte do pólo de produção de minério de ferro do quadrilátero ferrífero. O
autor realizou ensaios triaxiais drenados em uma prensa com deformação controlada para a
obtenção dos parâmetros de resistência. Os valores médios dos ângulos de atrito no estado de
regime permanente obtidos pelo autor para as amostras podem ser observados na Tabela 2.1.
A condição residual considerada pelo autor foi para uma deformação axial de 20%.
Tabela 2.1 - Granulometria e valores médios para o ângulo de atrito das amostras (adaptado de PRESOTTI, 2002).
7
Tabela 2.2 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as amostras do trabalho de PEREIRA
(2005).
Parâmetro
Argila Silte Ângulo de atrito de
Amostras Areia (%) M
(%) (%) regime permanente (’ss)
Barragem de Germano
13 48 39 1,57(*) 38°
(rejeito granular)
Barragem de rejeitos de
13,5 20,5 66 1,41(*) 35°
Itabiruçu
Barragem de rejeitos de
18,5 55 26,5 1,58(*) 39°
Forquilha III
Barragem de rejeitos de
13 11 76 1,30(*) 32°
Forquilha II
Barragem de rejeitos de
12 38 30 1,27(*) 32°
Campo Grande
Barragem de rejeitos de
12 35 53 1,33(*) 33°
Córrego do Doutor
(*) Dados obtidos por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por PEREIRA (2005).
Rejeito
7 71 22 1,45 (*) 36°
Fino
(*) Dado obtido por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por MOTTA (2008).
8
apresenta esses valores, junto da análise granulométrica e do ângulo de atrito obtido a partir
do parâmetro M.
Tabela 2.4 – Granulometria, parâmetro M e ângulo de atrito encontrados para as amostras do trabalho de
REZENDE (2013).
Parâmetro
Argila Silte Ângulo de atrito de
Amostras Areia (%) M
(%) (%) regime permanente (’ss)
BFD1 - 010 4 33 63 1,29(*) 32°
BFD1 - 043 2 37 61 1,40(*) 35°
BFD1 - 076 4 44 51 1,32(*) 33°
BFD1 - 110 2 27 71 1,31(*) 33°
(*) Dados obtidos por TELLES (2017) a partir dos resultados encontrados por REZENDE (2013).
900
SSL (ensaios
q = '1 - '3 (kPa)
400
300
200
Ensaios realizados por TELLES (2017)
100
Ensaios realizados por FLÓREZ (2015)
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
p' = ('1 + 2'3)/3 (kPa)
Figura 2.5 - SSL definida no plano p’-q para os ensaios das campanhas de TELLES (2017),FLÓREZ (2015) e para
todos os ensaios. (adaptado de TELLES, 2017).
9
3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA E DO MATERIAL DE ESTUDO
Figura 3.1 - Imagem de satélite da Barragem do Fundão em 2015, apresentando os Diques 1 e 2 (FLÓREZ, 2015).
10
Figura 3.2 - Foto em 3D da Barragem do Fundão, no mês de junho de 2013, mostrando as áreas de coleta de amostras
(FLÓREZ, 2015).
3.2 MATERIAL
a) b)
ARGILA AREIA
ABNT SILTE FINA MÉDIA GROSSA
PEDREGULHO
PENEIRAS 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
100
90
Porcentagem que Passa
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro dos Grãos (mm)
12
Figura 3.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (adaptado, FLÓREZ, 2015).
Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização obtidos por FLÓREZ (2015), TELLES (2017) e
SILVA (2017) para o rejeito estudado.
ENSAIO REJEITO
AREIA (%) 69
SILTE (%) 31
FC (%) 38
D50 (mm) 0,09
FÍSICA
CARACTERIZAÇÃO
CNU 3,45
CC 1,12
Gs 2,795
emin 0,59
emax 0,97
Fe (%) 9,66 ± 2,21
QUÍMICA
13
4 METODOLOGIA DE ENSAIO
BROMHEAD (1979)
Os ensaios de ring shear descritos nesta seção foram realizados com o equipamento de
BROMHEAD (1979) que aplica um cisalhamento torsional em um corpo de prova (CP) em
forma de anel.
A Figura 4.1 mostra o equipamento ring shear utilizado nesta pesquisa.
14
carga (peça nº 4). A relação do braço de alavanca é igual 1:10. Tanto o top-cap quanto o
disco inferior (peça nº 33) possuem anéis de bronze sinterizado (peça nº 37), peças estas que
ficam em contato com o CP e permitem a drenagem do mesmo. O disco inferior é solidário à
base rotativa da célula (peça nº 27), a qual está acoplada a uma caixa de engrenagens (peça nº
18) e a um motor (peça nº 23). Estas peças permitem impor uma velocidade escolhida de
rotação constante ao disco inferior, onde se encontra o CP. O top-cap permanece estacionário
durante o ensaio. Este possui um braço de torque (peça nº 39) que reage contra um par de
anéis dinamométricos, permitindo então a aplicação do momento torsor ao corpo de prova. A
rotação da base da célula ocasiona a formação de uma superfície de ruptura junto ao anel de
bronze sinterizado do top-cap . O momento torsor transmitido ao corpo de prova é obtido
através das leituras realizadas no par de anéis dinamométricos. E a variação da altura do corpo
de prova durante o adensamento e cisalhamento é obtida através das leituras realizadas no
extensômetro vertical (peça nº 42). Todas as peças mencionadas aqui podem ser observadas
nas Figuras 4.2 a 4.5.
4.1.1.2 Lay-out
15
Figura 4.2 – Vista lateral do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).
Corpo de
Prova
(CP)
Figura 4.3 - Seção A-A' do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).
16
Figura 4.4 - Vista superior do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS, 1992).
Corpo de
Prova
(CP)
Figura 4.5 - Célula de cisalhamento do equipamento de BROMHEAD (1979), vide lista a seguir (VASCONCELOS,
1992).
Figura 4.6 - Posição do sistema de medição de torque para o início do cisalhamento (VASCONCELOS, 1992).
17
A seguir é apresentada a lista das peças que são mencionadas nas Figuras 4.2 a 4.5, de
acordo com o manual do fabricante:
1. Haste Vertical
3. Braço de alavanca
4. Pendural de carga
23. Motor
42. Extensômetro
19
4.1.2 EXECUÇÃO DO ENSAIO
VASCONCELOS (1992) atenta que em ensaios ring shear que utilizam amostras
reconstituídas poder-se-ia pensar que o equipamento não mediria a resistência residual
corretamente porque o anel superior “derraparia” sobre o solo. Porém, a mesma autora pontua
que, segundo BROMHEAD (1986), para permitir a medida da resistência residual é
necessário apenas que a superfície de deslizamento seja formada no interior da argila, abaixo
da superfície de contato, o que é assegurado quando o anel superior (top-cap ) é áspero
comparado com a partícula mineral de argila.
Considerando isto e mais o fato de que o material aqui estudado é um rejeito areno-
siltoso, é necessário que os anéis de bronze sinterizado sejam suficientemente ásperos para
essas partículas, a fim de atender à condição citada por BROMHEAD (1986).
Foram realizadas duas campanhas de ensaios, e a diferença entre elas é apenas o
recartilhamento realizado nos anéis de bronze sinterizado, situados no top-cap e no disco
inferior em cada campanha. Na primeira campanha os ensaios foram realizados com o
equipamento do jeito que já se encontrava e, na segunda campanha, foram realizados após o
processo de recartilhamento, isto é, após a abertura de novas ranhuras, visto que os anéis de
bronze se encontravam desgastados pelo uso, o que aparentemente afetava o atrito entre o CP
e os anéis.
O procedimento de ensaio foi basicamente o mesmo entre ambas as campanhas, com
algumas pequenas mudanças que serão citadas nos tópicos posteriores.
Por se tratar de um material areno-siltoso, não houve preocupação com a velocidade,
pois qualquer excesso de poropressão que viesse a aparecer, rapidamente seria dissipado,
portanto a velocidade escolhida para todos os ensaios foi de 0,0712 mm/min.
Nas duas campanhas as tensões ensaiadas foram de 100, 200, 400 e 800kPa. Na
segunda campanha o ensaio de 100kPa foi realizado seco para demonstrar que independente
de estar na condição seca ou saturada, ele chegaria no mesmo resultado do ângulo de atrito
dos outros ensaios da mesma campanha.
20
4.1.2.2 Primeira campanha de ensaios
a) Peneiramento
Para o ensaio de 800 kPa, foi realizado ensaio de peneiramento antes e depois do
ensaio de Ring shear, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram utilizadas peneiras
da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.
b) Pré-moldagem
Para cada ensaio ring shear foram utilizados 50g de material. A quantidade de água
variou entre 10,28g e 11,00g e sua principal função foi facilitar a moldagem que deveria
atingir índices de vazios em torno de 0,70 e 0,81, para chegar o mais próximo do que se
encontra em barragens de rejeitos.
c) Moldagem
Foram misturados a água e o rejeito, com a ajuda de uma espátula seca e limpa, de
forma a se obter uma mistura homogênea. A mistura foi colocada no anel de bronze do disco
inferior do equipamento (Figura 4.7).
O que sobra da mistura homogênea é utilizado para determinar o teor de umidade da
moldagem em estufa.
d) Ajustes pré-adensamento
21
aplicada no CP, e em seguida, ajusta-se o extensômetro vertical para leitura inicial (tempo
zero).
e) Adensamento
Tensão de 100kPa
Tensão de 200kPa
Para essa tensão também foi colocado o peso de uma só vez, e foram verificadas
leituras até quase 24h após o início do adensamento.
f) Cisalhamento
a) Peneiramento
Para os ensaios de 400 kPa e 800 kPa, foram realizados ensaios de peneiramento antes
e depois do ensaio de ring shear, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram
utilizadas peneiras da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.
22
b) Pré-moldagem
c) Moldagem
d) Ajustes pré-adensamento
e) Adensamento
Os pesos para cada tensão foram colocados de uma só vez, e foram verificadas leituras
até 20 horas após o início do adensamento, antes de iniciar o cisalhamento, salvo o ensaio de
100kPa, que foram verificadas leituras até 30 minutos antes de iniciar o cisalhamento. Em
ambos os casos o cisalhamento foi iniciado após verificar-se estabilização das deformações
verticais.
23
Em cada estágio, foram verificadas leituras até 1 hora após o início do estágio, quando
se verificou que os valores das leituras estabilizaram.
f) Cisalhamento
a) Tensão de cisalhamento
VASCONCELOS (1992) calculou o momento torsor (T) a partir das leituras nos anéis
dinamométricos, e a fórmula utilizada foi:
𝑳
𝑻= 𝑭 𝟏 ∙ 𝑭𝒂 + 𝑭 𝟐 ∙ 𝑭𝒂 ∙
𝟐
Onde,
T = momento torsor (N∙mm)
𝐹1 = leitura do anel 1 (div)
𝐹2 = leitura do anel 2 (div)
𝐹𝑎 = constante dos anéis dinamométricos (N/div)
𝐿 = comprimento efetivo do braço do top-cap (mm)
b) Deslocamento horizontal
𝐷′ = 𝑡 ∙ 𝑣
Onde,
𝑡 = tempo (min)
24
𝑣 = velocidade de rotação (mm/min).
Porém, esse deslocamento deve ser corrigido de um fator de correção devido à
compressão dos anéis dinamométricos durante o ensaio, utilizando-se a seguinte equação:
𝑑= 𝐹1 + 𝐹2 /2 ∙ 𝐹𝑒 ∙ (𝑅′ /𝑅𝑏 )
Onde,
𝐹1 = leitura do anel 1 (div)
𝐹2 = leitura do anel 2 (div)
𝐹𝑒 = constante dos relógios comparadores dos anéis (mm/div), sendo a mesma para os dois
anéis.
𝑅𝑏 = Raio do braço do cabeçote (mm)
𝑅′ = Raio médio (mm)
c) Índice de vazios
O índice de vazios inicial foi calculado a partir do volume inicial do CP, do peso
específico aparente seco e da densidade dos grãos. Abaixo segue a equação:
𝐺𝑠 ∙ 𝛾𝑤
𝑒0 = −1
𝛾𝑑
onde,
𝑒0 = índice de vazios inicial
𝐺𝑠 = Densidade dos grãos = 2,795 (como foi visto anteriormente no capítulo 3)
𝛾𝑑 = peso específico aparente seco
𝛾𝑤 = peso específico da água
25
Índice de vazios pós-adensamento
O índice de vazios a volume constante foi calculado com base nas mesmas equações
do cálculo do índice de vazios inicial, alterando somente o volume do CP que considera a
variação de altura ocorrida após a fase de adensamento mais a variação de altura até o ponto
do deslocamento horizontal escolhido durante o cisalhamento. Esse ponto do deslocamento
horizontal escolhido refere-se ao ponto onde a tensão cisalhante começou a estabilizar e
também onde houve pouca ou nenhuma extrusão de material.
d) Quebra de grãos
26
Figura 4.8 – Definição de quebra relativa (HARDIN, 1985 em COOP et al., 2004, adaptado por SILVA, 2017.)
Sendo a Equação:
𝐵𝑡
𝐵𝑟 =
𝐵𝑝
Onde:
𝐵𝑟 = Quebra relativa
𝐵𝑡 = Quebra total
𝐵𝑝 = Potencial de quebra.
Esse cálculo também foi utilizado para obter a quebra de grãos no ensaio de
cisalhamento direto.
27
Trata-se de uma caixa de cisalhamento de 5cm x 5cm, com 93,6cm³ de volume inicial
do CP. As pedras porosas não foram utilizadas por se tratar de um material com
permeabilidade alta.
Os utensílios, a caixa bipartida e suas partes constituintes podem ser observadas nas
Figuras 4.9 e 4.10 que seguem.
Funil
Figura 4.9 - Utensílios, caixa bipartida do cisalhamento direto e suas partes constituintes.
28
4.2.2.2 Única campanha de ensaios
a) Peneiramento
Para os ensaios de 400 kPa e 800 kPa, foram realizados ensaios de peneiramento antes
e depois do ensaio de cisalhamento direto, a fim de verificar se houve quebra de grãos. Foram
utilizadas peneiras da série 20, 30, 40, 60, 100, 200 e o fundo, para o peneiramento.
b) Pré-moldagem
Para cada ensaio foi utilizado material seco, com a massa variando entre 143 e 146g de
forma a obter um CP com índice de vazios variando entre 0,80 e 0,82.
c) Moldagem
29
d) Ajustes pré-adensamento
e) Adensamento
Os pesos para cada tensão foram colocados de uma só vez, e foram verificadas leituras
até 1 hora após o início do adensamento, antes de iniciar o cisalhamento. Em ambos os casos
o cisalhamento foi iniciado após verificar-se estabilização das leituras do extensômetro
vertical.
f) Cisalhamento
g) Reversões
30
cisalhar novamente. Este procedimento é denominado reversão. O gráfico obtido após as
reversões é exemplificado na Figura 4.12.
a) Deslocamento horizontal
Onde,
δh = Deslocamento horizontal (mm)
25,7
𝜎𝑛 𝑐𝑜𝑟𝑟 𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝜎𝑛 ∙
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
c) Tensão de cisalhamento
31
𝐹 ∙ 0,074
𝜏 =
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 ∙ 98,1
onde:
𝐹= Leitura da Força no anel dinamométrico (div)
0,074 é a constante do anel dinamométrico (kgf/div)
d) Índice de vazios
O índice de vazios inicial foi calculado a partir do volume inicial do CP, do peso
específico aparente seco e da densidade dos grãos. Abaixo segue a equação:
𝐺𝑠 ∙ 𝛾𝑤
𝑒0 = −1
𝛾𝑑
Onde,
𝑒0 = índice de vazios inicial
𝐺𝑠 = Densidade dos grãos = 2,795 (como foi visto anteriormente no capítulo 3)
𝛾𝑑 = peso específico aparente seco
𝛾𝑤 = peso específico da água
E a equação do peso específico aparente seco é:
𝑃𝑠
𝛾𝑑 =
𝑉
onde:
𝑃𝑠 = Peso de sólidos
𝑉= Volume total inicial= 20,03cm³
32
Índice de vazios a volume constante
O índice de vazios a volume constante foi calculado com base nas mesmas equações
do cálculo do índice de vazios inicial, alterando somente o volume do CP que considera o que
adensou após a fase de adensamento mais o que adensou até o deslocamento horizontal de
6mm.
e) Quebra de grãos
O cálculo para obter a quebra de grãos no ensaio de cisalhamento direto foi o mesmo
utilizado para obter o do ensaio de ring shear, e se encontra apresentado no tópico “d” do
item 4.1.3.
33
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS ENSAIOS
Os resultados dos ensaios encontram-se apresentados nos gráficos das Figuras 5.1 a
5.3. Observa-se no gráfico da Figura 5.3 que o ângulo de atrito do estado de regime
permanente obtido para a primeira campanha foi ’ss = 27º. A faixa de deslocamento
horizontal utilizada para obter o ângulo de atrito variou entre 12 e 103mm, usando como
critério a tensão cisalhante média da faixa com valores constantes e sem valores que destoam
no fim do ensaio.
0.6
Tensão cisalhante normalizada
0.5
0.4
0.3
34
0.2
0 100 kPa
-0.8
-1
-1.2
-1.4
-1.6
-1.8
0 20 40 60 80 100 120
600
y = 0.503x
500 R² = 1.000
Tensão cisalhante (kPa)
400
300
200
ϕ′ss = 27°
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
35
Assim, julgou-se necessário realizar um processo de recartilhamento nos anéis de
bronze sinterizado, a fim de verificar se estes se apresentavam ásperos o suficiente.
Os índices de vazios de moldagem, pós-adensamento, e a volume constante, dos 4
corpos de prova ensaiados na segunda campanha encontram-se na Tabela 5.2. Os resultados
dos ensaios encontram-se apresentados nos gráficos das Figuras 5.4 a 5.6. Observa-se no
gráfico da Figura 5.6 que o ângulo de atrito do estado de regime permanente determinado para
a segunda campanha de ensaios foi igual a 30°, isto é, 3° acima do resultado obtido na
primeira campanha, o que demonstra que era realmente necessária a realização de um
processo de recartilhamento para abertura de ranhuras mais profundas nos anéis de bronze
sinterizado do top-cap e do disco inferior. A tensão cisalhante utilizada foi a da última
leitura, no último ponto de deslocamento horizontal, pois o gráfico dos ensaios não
apresentou pontos destoantes. Este resultado, no entanto, ainda é inferior ao valor obtido por
TELES (2017).
O ensaio de 100kPa seco chegou ao mesmo resultado que os ensaios com CPs
inundados e isso foi importante para verificar que não estava sendo gerado excesso de
poropressão durante o cisalhamento.
0.7
Tensão cisalhante normalizada
0.6
0.5
0.4
0.3
100 kPa
0.2 200 kPa
400 kpa
0.1
800 kPa
0.0
0 20 40 60 80 100 120
Deslocamento horizontal (mm)
-0.6
-0.8
-1
-1.2
-1.4
-1.6
-1.8
0 20 40 60 80 100 120
Figura 5.5 - Gráfico “Deslocamento Vertical” versus “Deslocamento horizontal” da segunda campanha de ensaios.
600
y = 0.568x
500 R² = 1.000
Tensão cisalhante (kPa)
400
300
200
100
ϕ′ss = 30°
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tensão normal (kPa)
37
Primeira campanha de ensaios
Tabela 5.3 – Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da primeira
campanha.
100
90
Porcentagem passante (%)
80
70
60
50
40 Antes
30 Depois
20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)
Figura 5.7 – Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da primeira
campanha.
A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.7, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 12% para o ensaio de 800 kPa da primeira campanha de ensaios.
Tabela 5.4 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa da segunda
campanha.
38
100
90
70
60
50
40 Antes
30 Depois
20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)
Figura 5.8 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa da segunda
campanha.
A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.8, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 3,6 % para o ensaio de 400kPa da segunda campanha de ensaios.
Tabela 5.5 - Resultado do peneiramento realizado antes do cisalhamento do ensaio de 800kPa da segunda campanha.
39
100
90
70
60
50
40 Antes
30 Depois
20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)
Figura 5.9 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa da segunda
campanha.
A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.9, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 6,8 % para o ensaio de 800 kPa da segunda campanha de ensaios.
No presente trabalho não houve o objetivo de analisar uma possível relação entre a
quebra de grãos e o ângulo de atrito encontrado no regime permanente, e sim, apenas, de
apresentar resultados importantes para análises de futuros trabalhos.
Vale salientar que a mineralogia do rejeito estudado é bem resistente a quebra, o que
pode explicar a pequena quebra relativa encontrada nos ensaios.
0.7
0.5
0.4
0.3
0.2
100kPa
0.1
0
0 5 10 15 20
41
0.8
0.7
0.5
0.4
100kPa
0.3
200kPa
0.2 400kPa
800kPa
0.1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento horizontal (mm)
Figura 5.11 - Gráfico “Tensão cisalhante normalizada” versus “Deslocamento horizontal”
0
-0.1
Deslocamento vertical (mm)
-0.2
-0.3
-0.4
100kPa
-0.5
200kPa
-0.6 400kPa
800kPa
-0.7
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento horizontal (mm)
42
600
500
300
200
ϕ′ss = 31°
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
43
100
90
70
60
50
40 Antes
30 Depois
20
0.01 0.1 1
Figura 5.14 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 400kPa.
A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.14, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 1,5 % para o ensaio de 400 kPa.
Tabela 5.8 - Resultado do peneiramento realizado antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa
44
100
90
70
60
50
40 Antes
30 Depois
20
0.01 0.1 1
Diâmetro dos grãos (mm)
Figura 5.15 - Curvas granulométricas obtidas antes e depois do cisalhamento do ensaio de 800kPa.
A partir das curvas granulométricas obtidas na Figura 5.15, obtém-se a quebra relativa
(𝐵𝑟 ) de 2,1 % para o ensaio de 800kPa.
CISALHAMENTO DIRETO.
45
menor. Segundo os autores, o ângulo de atrito menor obtido pelo ensaio de ring shear pode
ser atribuído às grandes deformações alcançadas por esse equipamento, enquanto o estado de
regime permanente pode não ter sido realmente alcançado no ensaio triaxial, pois tais níveis
de deformação seriam impraticáveis neste ensaio. Esta explicação, entretanto, apresenta dois
problemas: os ensaios ring shear e cisalhamento direto dão a impressão de que não são
necessários grandes deslocamentos para atingir o estado crítico e a variabilidade dos
resultados dos vários ensaios triaxiais é muito baixa.
Segundo a teoria idealizada por Mohr, a resistência ao cisalhamento seria
independente do valor da tensão principal intermediária (2). Porém, acredita-se que 2
influencia na resistência ao cisalhamento. A partir dos ensaios triaxiais seria obtida uma
envoltória com a menor inclinação possível em resposta ao efeito da tensão principal
intermediária (2) na resistência (TAYLOR, 1948). Em ensaios na condição de deformação
plana foi observado que o ângulo de atrito obtido foi maior que nos ensaios triaxiais
(BECKER et al. (1972) apud DUNCAN & WRIGHT (2005)). Também é possível que a
envoltória obtida por cisalhamento direto tivesse uma inclinação maior que a mínima
encontrada para o triaxial, tendo em vista que as condições de contorno do ensaio de
cisalhamento direto assemelham-se à deformação plana.
Entretanto, MOTTA (2008) realizou ensaios triaxiais (CIU e CID), e ensaios de
cisalhamento direto em um rejeito fino, e obteve os parâmetros de resistência de pico para
esse material. A autora encontrou os ângulos de atrito de 42° a partir dos ensaios CID, 41° a
partir dos ensaios CIU e 32° para os ensaios de cisalhamento direto. Apesar dos resultados
encontrados se referirem aos valores de pico, este resultado demonstra a diferença que se pode
encontrar ao analisar o mesmo material com ensaios diferentes.
A Figura 5.16 apresenta as envoltórias obtidas para cada ensaio, uma para o ensaio de
cisalhamento direto e uma para o ensaio de ring shear ambos obtidos por esta autora, e a
envoltória para o ensaio triaxial obtido por TELLES (2017).
Os valores de quebra de grãos nos ensaios de cisalhamento direto foram
significativamente inferiores aos dos ensaios de ring shear. Acredita-se que isto se deve ao
fato de que o volume de rejeito na zona cisalhada no ensaio ring shear é proporcionalmente
muito maior que no ensaio de cisalhamento direto, devido às "zonas mortas" que se formam
na amostra do cisalhamento direto. Tendo em vista que as envoltórias de ring shear e
cisalhamento direto apresentaram-se retilíneas, conclui-se que a pequena quebra de grãos
observada não afetou a resistência do rejeito no intervalo de tensões ensaiado.
46
700
Cisalhamento direto
'ss = 31º
600
300
Ring shear
200 'ss = 30°
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tensão normal efetiva (kPa)
Figura 5.16 – Gráfico com as envoltórias de resistência dos ensaios de cisalhamento direto e ring shear obtidos por
esta autora, e do ensaio triaxial obtido por TELLES (2017).
47
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
6.1 CONCLUSÃO
48
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, E., CHAN, C. K., SEED, H. B., 1972. Strength and deformation characteristics
of rockfill materials in plane strain and triaxial compression tests, Report TE-72-3, Office
of Research Services, University of California, Berkeley, CA.
BROMHEAD, E. N., 1979. “A simple ring shear apparatus”. Ground Engineering, v.12, n.5,
pp.40-44.
BROMHEAD, E. N., 1986. The Stability Slopes. Surrey University Press, London.
CASTRO, G., ENOS, J. L., FRANCE, J.W., POULOS, S. J., 1982, “Liquefaction induced
by cyclic loading”. Report to National Science Foundation, Washington, DC, n. NSF/CEE-
82018.
GARGA, V. K., SEDANO, J. I., 2002. “Steady State Strength of Sands in a Constant Volume
Ring Shear Apparatus”. Geotechnical Testing Journal, v. 25, n.4, pp414 - 421.
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LUPINI, J. F., SKINER, A.E., VAUGHAN, P.R., 1981. “The drained residual strength of
cohesive soils”. Géotechnique, 31 (2), pp181-213.
50
RIBEIRO, L. F. M. Simulação física do processo de formação dos aterros hidráulicos
aplicados a barragens de rejeitos. Tese de D.Sc., Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2000.
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101.
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SLADEN, J. A., D’HOLLANDER, R. D., KRAHN, J., 1985. “The liquefaction of sands, a
collapse surface approach”, Can. Geotech. J., v.22, pp.564-578.
ZHANG, H., GARGA, V. K., 1997. “Quasi-steady State: A Real Behavior?”. Canadian
Geotechnical Journal, v.34, n.5, pp. 749-761.
51