Fenômenos de Transporte III-AULA 1 - 2024

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EEL - USP

Fenômenos de Transporte III


Aula 1

PARTE 1

Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

1
Fenômenos de Transporte III
Programa Resumido:
1- Introdução
2- Coeficiente de difusão
3- Concentrações, velocidade e fluxos
4 -Equações da continuidade em transferência de massa
5- Difusão em regime permanente sem reação química
6- Difusão em regime permanente com reação química
7- Transferência de massa entre fases.

Programa:
1- Introdução: Transferência de massa: Definição. Classificação das operações que envolvem transferência de massa.
Contribuições à transferência de massa. Tipos de difusão. 2- Coeficiente e mecanismos de difusão: Considerações a
respeito. Difusão em gases: Análise da primeira lei de Fick. O coeficiente de difusão para gases. Estimativa do
coeficiente de difusão a partir de um coeficiente de difusão conhecido em outra temperatura e pressão. Coeficiente de
difusão de um soluto em uma mistura gasosa estagnada de multicomponentes. Difusão em líquidos. Difusão em sólidos.
3- Concentrações, velocidades e fluxos: Concentração. Velocidade. Fluxo. A equação de Stefan – Maxwel. Coeficiente
convectivo de transferência de massa 4 - Equações da continuidade em transferência de massa: Considerações a
respeito. Equações da continuidade mássica e molar de um soluto. Equações da continuidade do soluto A em termos da
lei ordinária da difusão. Condições de contorno. 5- Difusão em regime permanente sem reação química: Difusão
Unidimensional em regime permanente. Difusão através de filme gasoso inerte e estagnado. Difusão pseudo-
estacionária num filme gasoso estagnado. Contradifusão equimolar. Taxa molar em esferas isoladas. Difusão em
membranas. 6- Difusão em regime permanente com reação química: Difusão em regime permanente com reação
química heterogênea na superfície de uma partícula catalítica não porosa. Difusão com reação química heterogênea na
superfície de uma partícula não catalítica e não porosa. Difusão intraparticular com reação química heterogênea.
Difusão em regime permanente com reação química homogênea. 7- Transferência de massa entre fases: Considerações a
respeito. Técnicas de separação. Transferência de massa entre fases. Teoria das duas resistências. Coeficientes globais
de transferência de massa. Coeficientes volumétricos de transferência de massa para torres de recheios. Balanço
macroscópio de matéria em equipamentos de separação. Operações contínuas (contracorrente e paralelo). Cálculo da
altura efetiva e do diâmetro de uma coluna para operação contínua em um sistema diluído.
2
Fenômenos de Transporte III

Critério de avaliação:
A Nota Final (NF) será calculada da seguinte maneira:

NF = (P1 + 2*P2)/3 P2 = Nota da Prova (80%) e Nota do Trabalho (20%)

A recuperação será feita por meio de uma Prova Escrita (PE) e a Média da
Recuperação (MR) será calculada pela fórmula:

MR = (NF + PE)/2.

3
Bibliografia:

[1] Fundamentos de Transferência de Calor e Massa – Incropera, F. P.; Dewitt,


D. P. – Ed. LTC.
[2] Fenômenos de Transporte - Bennet, C. O.; Myers, J. E. – Ed. McGraw-Hill.
[3] Fenômenos de Transporte - Pitts, D. R.; Sisson, L. E. – Ed. McGraw-Hill.
[4] Mass Transfer Operations - Treybal, R. E. – Ed. McGraw-Hill.
[5] Fundamentos de Transferência de Massa - Cremasco, M. A. – Ed.
UNICAMP.
[6] Fenômenos de Transporte - Bird, R. B.; Stewart, W. E.; Lightfood, E. N. –
Ed. LTC.
[7] Fundamentals of Momentum Heat and Mass Transfer - Welty, J. R.; Wilson,
R. E.; Wicks, C. E. – Ed. John Wiley & Sons.
[8] Cinética Química Aplicada e Cálculo de Reatores - Schmal, M. – Ed.
Guanabara Dois.
[9] Operações Unitárias, Reynaldo Gomide, Vol. IV, Edição do autor.
[10] Internos de Torres - pratos & recheios, Caldas, J. N.; Lacerda, A. I.;
Veloso, E.; Paschoal, L. C. M – Ed. Interciência.

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1- INTRODUÇÃO
Entende-se por transferência de massa, o transporte de um
componente de uma região de alta concentração para outra de baixa
concentração.
Grande acúmulo de
energia e temperatura em
um pequeno espaço!!!

∆C
Big Bang

A grande explosão cósmica!!!


Surgimento do Universo!!!
Energia → Matéria
E = m.c² (Albert Einstein)

Se há diferença de concentração, haverá o fenômeno de transferência de massa!!!


https://www.youtube.com/watch?v=5ZBuKt_3UR8 5
Definição de Transferência de Massa pela análise termodinâmica
Para que exista um fenômeno de transferência de massa, existe
a necessidade da diferença. As condições de espontaneidade
𝑑𝑆 > 0 (irreversibilidade), restrita a sistemas isolados (ex. universo)
são para Q = 0 (adiabático). A entropia total do sistema
aumenta (nunca diminui) e esse processo está de acordo com a
segunda lei da termodinâmica.

𝑑𝜇𝑖 = 𝑑𝐶𝑖 = 0 Haverá equilíbrio termodinâmico quando não há


diferença de potencial químico (ou concentração).

∆𝜇 ≠ 0 Diferentes valores do potencial químico das espécies


provocam a situação de não-equilíbrio.

Se há diferença de concentração, haverá o fenômeno de


𝑑𝐶𝑖 ≠ 0
transferência de massa!!!

https://www.youtube.com/watch?v=U0Cc7wuIq6g
6
https://www.youtube.com/watch?v=wDM8RWmguHk
Encontramos transferência de massa na indústria, no
laboratório, na cozinha, no corpo humano, enfim em todo lugar
em que há diferença de “concentração” de uma determinada
espécie para que ocorra o seu transporte.
A transferência de calor é promovida pelos gradientes de
temperatura. A transferência de massa num sistema ocorre de
maneira análoga.
O fluxo de massa ocorre no sentido das regiões de alta para
os de baixa concentração. A este fenômeno denomina-se difusão
molecular de massa.
O transporte de massa pode também estar associado com a
convecção, processo este no qual porções do fluido são
transportados de uma região a outra do escoamento em escala
macroscópica.

https://www.youtube.com/watch?v=L-zX3rYKj3s

https://www.youtube.com/watch?v=i-f8hPxUMdY
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• Mecanismos de difusão (gás, líquido e sólido)
• Difusão (com e sem reação química)
Transferênciade • Convecção mássica
Massa • Transferência simultânea de calor e massa
• Transferência de massa entre fases

• Destilação
• Absorção
• Extração líquido-líquido
Operações de • Adsorção
Transferência de • Lixiviação ou Extração sólido-líquido
Massa • Secagem
• Desumidificação e Umidificação
• Cristalização
• Evaporação
8
2-TRANSFERÊNCIA DE MASSA: DIFUSÃO vs.
CONVECÇÃO MÁSSICA
De acordo com a segunda lei da termodinâmica (dS > 0), haverá fluxo de
matéria (massa ou mols) de uma região de maior a outra de menor
concentração de uma determinada espécie química. Esta espécie que é
transferida denomina-se soluto.
As regiões que contêm o soluto podem abrigar população de uma ou mais
espécies químicas distintas do soluto, as quais são denominadas de solvente.
O conjunto soluto/solvente, por sua vez, é conhecido como mistura (para
gases) ou solução (para líquidos). Tanto uma quanto a outra constituem o
meio onde ocorrerá o fenômeno de transferência de massa.
“Transferência de massa é um fenômeno ocasionado pela diferença de
concentração, maior para menor, de um determinado soluto em um certo
meio”

 CA
...............

C A = 0
...............
CA = 0 ...............
...............
...............

9
Observa-se desse enunciado uma nítida relação de causa e efeito na
transferência de massa. Para causa, diferença de concentração de soluto,
existe o efeito da transferência de massa. Portanto:
“A causa gera o fenômeno, provoca a sua transformação, ocasionando o
movimento”

A diferença de concentração do soluto, enquanto “causa”, traduz-se em


força motriz necessária ao movimento da espécie considerada de uma região
a outra; levando-nos a:

(movimento da matéria )  ( força motriz )


O teor da resposta de reação desse movimento, em virtude da ação da
força motriz, está associado à resistência oferecida pelo meio ao
transporte do soluto como:

1
(movimento da matéria ) = ( força motriz )
(resistência ao transporte)

Interação Soluto-Meio + Ação Externa Interação Soluto-Meio


10
A resistência presente na equação anterior está
relacionada com:

* interação soluto/meio
* interação soluto/meio + ação externa

A transferência de massa pode ocorrer em nível


macroscópico, cuja força motriz é a diferença de
concentração e a resistência ao transporte está associada à
interação soluto/meio + ação externa. Essa ação externa
relaciona-se com as características dinâmicas do meio e
geometria do lugar onde ele se encontra. Esse fenômeno é
conhecido como convecção mássica. Por outro lado, o
movimento das espécies (soluto) no meio, é conhecido como
difusão.
https://www.youtube.com/watch?v=wcCAKQrHyXA
11
Os Fenômenos de Transporte têm em comum o gradiente de uma
propriedade física como sendo a força motriz.

Força motriz é aquilo que impulsiona ou que faz mover.

A principal força motriz para o escoamento de um fluido é o


gradiente de pressão; para a transferência de calor, o gradiente de
temperatura; e para a transferência de massa, o gradiente de
concentração.

dvx Transferência de Quantidade de Movimento


τyx = −𝜇
dy ( Lei de Newton da viscosidade )

dT Transferência de Calor
qy = −k
dy ( Lei de Fourier )

dCA Transferência de Massa


JA,𝑦 = − DAB ( Lei de Fick )
dy

µ = viscosidade absoluta; k = condutividade térmica; D AB = coeficiente de difusão 12


MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA

Interação soluto-meio

Difusão Molecular

- Movimento espontâneo e aleatório das moléculas;

- Fluxo líquido obedece à 2ª Lei da Termodinâmica (dS > 0),


ou seja, para que exista um fenômeno, existe a necessidade
da diferença;

- Ação da concentração do soluto (força motriz).

13
DIFUSÃO MOLECULAR
Difusão Molecular

Pode ser um processo lento;

A taxa de mistura para gás pode ser da ordem de 5 cm/min,


para líquido de 0,05 cm/min e sólidos 10-5 cm/min;

Baixas taxas de difusão podem limitar processos:

- Catalisadores porosos
- Taxa de corrosão do aço
- Liberação de um aroma de um alimento.

14
MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA

Interação soluto-meio + ação externa

Convecção Mássica

- Auxílio ao transporte de matéria;

- Transferência em nível macroscópico;

- Relaciona-se com as características


CONVECÇÃO do meio
MÁSSICA
e da geometria.

15
Convecção
CONVECÇÃO Mássica
MÁSSICA

Agitação acelera a taxa de mistura;


A agitação movimenta as porções de fluido em grandes
distâncias;

Dispersão de poluentes na atmosfera: o vento é uma


forma de agitação.

Vídeo sobre a diferença de difusão e convecção (natural e forçada)


https://www.youtube.com/watch?v=Mn8MmdnmICk
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Existem diversos mecanismos de transferência de massa. A classificação
dada por R. B. Bird abrange oito tipos:

1- Difusão molecular, resultante de um gradiente de concentração.


2- Difusão térmica, resultante de um gradiente de temperatura;
3- Difusão devido à pressão, que ocorre em virtude de um gradiente de
pressão;
4- Difusão forçada, que resulta de outras forças externas além das
gravitacionais (ex.: campo magnético);
5- Transferência de massa por convecção natural;
6- Transferência de massa por convecção forçada;
7- Transferência de massa turbulenta, resultante das correntes de
redemoinho existente num fluido (ex.: ciclones, furacões ou tornados);
8- Transferência de massa entre as fases que ocorre em virtude do não
equilíbrio através da interface (ex.: fenômeno da maresia).

Os quatro primeiros tipos ocorrem com transferência de massa


molecular, os quatro últimos ocorrem com transferência de massa por
conveçcão.
17
2- CONCENTRAÇÕES, VELOCIDADES E FLUXOS
2.1 Concentrações

Concentração mássica:

 = Rô
mi
ρi = massa da espécie i por unidade de volume da solução
V

Concentração molar:

ni mi i
Ci = = = número de mols da espécie i por unidade de
volume da solução
V Mi V Mi

18
Fração mássica:

i concentração mássica da espécie i dividida pela


wi =
 concentração mássica total.


n

onde: = i
i =1

Fração molar:

Ci concentração molar da espécie i dividida pela


xi = concentração molar total da solução.
C

C
n

onde: C= i
i =1

Ci
A notação para gases de fração molar será: yi =
C 19
Quando relacionado com a fase gasosa em condições ideais, as
concentrações molares são expressas em termos de pressões parciais, isto é:

mi RT
Pi V = n i RT =
Mi

mi Pi M i ni Pi
ρi = = Ci = =
V RT V RT
onde Pi é a pressão parcial do componente i na fase gasosa e R é a
constante universal dos gases.
Para uma mistura gasosa ideal temos:

P m PM
C= ρ = =
RT V RT
onde P é a pressão total da mistura gasosa.

20
Quando relacionado com a fase gasosa em condições ideais, as frações
molares yi são expressas em termos de pressões parciais, isto é:

Pi
= R T
Ci Pi
yi = yi =
C P P
R T

Representação algébrica da Lei de Dalton

Pi = yi P

21
Definições básicas para uma mistura binária (A + B):

 = A + B ( concentração mássica da solução )

 A = CA M A
( concentração mássica de A ou B )
 B = CBM B

C = CA + CB
 ( concentração molar da mistura )
C=
M
A
CA =
MA
( concentração molar de A ou B )
B
CB =
MB
22
A
A =

( fração mássica de A ou B )
B
B =

CA
xA =
C
( fração molar de A ou B para líquidos )
CB
xB =
C

CA
yA =
C
( fração molar de A ou B para gases )
CB
yB =
C
23
Relações adicionais de uma mistura binária (A + B):

xA + xB = 1 ( molar para líquidos )

yA + yB = 1 ( molar para gases )

A + B = 1 ( mássico )

ഥ = yA MA + yB MB
M ( massa molar média para gases )

ഥ = xA MA + xB MB
M ( massa molar média para líquidos )

1 wA wB
= + ( massa molar médio mássico )

M MA MB

24
i
Por definição temos: wi = i = Ci M i  = CM

wi
i Ci M i Mi Mi Mi
Portanto temos: wi = = = xi = yi ou xi =
 CM M M 1
M
xA M A
x A M A + xB M B = M wA = ( mássico )
x A M A + xB M B

wA
wA wB 1 MA
+ = xA =
MA MB M wA wB ( molar em fase líquida )
+
MA MB
25
Exemplo 01: Determine a massa molecular da seguinte mistura gasosa:
5% de CO, 20% de H2O, 4% de O2 e 71% de N2. Calcule, também, as
frações mássicas das espécies que compõe essa mistura:
a) Solução:
M = y CO M CO + y O M O + y H O M H O + y N M N
2 2 2 2 2 2

M = (0,05)(28,01) + (0,04)(31,999) + (0,2)(18,015) + (0,71)(28,013)


M = 26,173 g/gmol

b) Solução:
Frações mássicas:
ρi
wi = ; ρ i = Ci M i ; ρ = CM
ρ

Ci M i Mi
wi = = yi
CM M

26
Massa molecular Fração molar Fração mássica
Espécie química
M (g/gmol) yi wi = yiMi/M
CO 28,01 0,05 0,0535
O2 31,999 0,04 0,0489
H 2O 18,015 0,20 0,1377
N2 28,013 0,71 0,7599

27
Exemplo 02: Calcule a massa molecular do ar considerando-o como uma
mistura nas seguintes proporções:
a) 79% de N2 e 21% de O2 (ar puro!)

b) 78,09% N2 , 20,65% de O2 , 0,93% de Ar (argônio) e 0,33% de CO2

28
a) Solução:

M Ar = y O M O + y N M N = 0,21(31,999) + 0,79(28,013)
2 2 2 2

M Ar = 28,85 g/gmol

b) Solução:

M Ar = y O M O + y N M N + y Ar M Ar + y CO M CO
2 2 2 2 2 2

M Ar = 0,2065(31,999) + 0,7809(28,01) + 9,3x10 −3 (39,948) + 3,3x10 −3 (44,01)


M Ar = 28,99 g/gmol

29
Exemplo 03: Calcule a concentração mássica da mistura (ρ) e de cada
componente (ρi) a 1 atm e 25C, assim como as frações mássicas de cada
espécie (wi) presente nos item (a) do exercício anterior (ar puro nas
CNTP).

a) Concentração mássica do N2
PN 2 = y N 2 P = 0,79(1atm) = 0,79 atm
PN 2 M N 2 (0,79 atm)(28,01 g/gmol)
ρ N2 = =
RT (82,05 atm.cm3 /gmol.K)(298,15K)
ρ N 2 = 9,05x10 − 4 g/cm 3

b) Concentração mássica do O2

PO 2 = y O 2 P = 0,21(1atm) = 0,21 atm


PO 2 M O 2 (0,21 atm)(31,999 g/gmol)
ρ O2 = =
RT (82,05 atm.cm3 /gmol.K)(298,15K)
ρ O 2 = 2,75x10 − 4 g/cm 3

30
c) Concentração mássica da mistura:
n
ρ =  ρi = ρ O + ρ N = (2,75 + 9,05)10−4 = 1,18x10−3 g/cm 3
2 2
i =1

d) Fração mássica do N2

ρN
9,05x10−4 g/cm 3
wN = = 2

2
ρ 1,18x10−3 g/cm 3
wN = 0,767
2

e) Fração mássica do O2

ρO
2,75x10−4 g/cm 3
wO = = 2

2
ρ 1,18x10−3 g/cm 3
wO = 0,233
2

31
Exemplo 04: Calcule a massa molecular do ar úmido com 5% de umidade
(yágua = 0,05). Suponha o ar puro como uma mistura ideal das espécies
químicas contidas no item (a) do exercício 02. Calcule também a fração
mássica do vapor d’água.

M AR úmido = y H O M H O + y AR M AR = y H O M H O + (1 − y H O )M AR
2 2 2 2 2

M AR úmido = (0,05)(18,015 g/gmol ) + (1 − 0,05)(28,85 g/gmol )

M AR úmido = 28,31 g/gmol

PM Ar úmido (1atm )(28,31 g/gmol)


ρ Ar úmido = =
RT (82,05 atm.cm3 /gmol.K)(298,15K)

ρ Ar úmido = 1,157x10 −3 g/cm 3

32
PH O = y H O P = 0,05(1atm) = 0,05 atm
2 2

PH O M H O (0,05 atm)(18,015 g/gmol)


ρH O = 2 2
=
2
RT (82,05 atm.cm3 /gmol.K)(298,15K)

ρ H O = 3,719x10 −5 g/cm 3
2

ρH O 3,719x10 −5 g/cm 3
wH O = 2
=
2
ρ Ar úmido 1,157x10 −3 g/cm 3

wH O = 0,032
2

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Fenômenos de Transporte III
Aula 1

PARTE 2

Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

34
2.2 Velocidades
Quando mencionamos velocidade, esta não será apenas de uma molécula
da espécie i, mas sim a média de n moléculas dessas espécies contidas em
um elemento de volume. Como a solução é uma mistura de distintas
espécies químicas, a velocidade com a qual escoa esta solução é dada
pelas seguintes equações:

n

  i vi
v= i =1
n
( velocidade média mássica )

i =1
i

n

  Ci v i
V= i =1
n
( velocidade média molar )
C
i =1
i

35
onde i vi ( Ci vi ) é uma velocidade local com que a massa da solução atravessa
uma seção unitária colocada perpendicularmente à velocidade v ( V ) . Convém
salientar que vi é uma velocidade absoluta, pois diz respeito à espécie química
i. Essa velocidade pode estar referenciada a outro tipo de velocidade:


1- à de eixos estacionários: v=0
 
2- à da solução ( para velocidade mássica ): ( v i − v )

 
3- à da solução ( para velocidade molar ): ( v i − V )

O resultado oriundo das diferenças dos itens 2 e 3 denomina-se velocidade


de difusão da espécie i relativa a velocidade média mássica e molar,
respectivamente.

36
Analogia: Supondo, que, em um rio há diversas espécies de peixes
(lambari, traíra, pacu, ...). Existe uma velocidade média absoluta
inerente a cada cardume. Por exemplo, a velocidade do lambari é a
velocidade do cardume de lambari e assim por diante. Desse modo, se

considerarmos o cardume de peixes “i”, a sua velocidade será i .
v
A questão é “que velocidade está associada ao fluxo?”

v(V)
Fluxo Fluxo

Quando referenciamos a velocidade do cardume (ou espécie) “i” à


velocidade média do rio (molar
 ou mássico), teremos a velocidade de
(
difusão do cardume “i” v −V
i
)ou
 
( vi − v )
Exemplo 05: Sabendo que as velocidades absolutas das espécies químicas
presentes na mistura gasosa do exemplo 01 são: vCO,z = 10 cm/s, vO2,z = 13 cm/s,
vH2O,z = 19 cm/s, vN2,z = 11 cm/s, determine:

a) A velocidade média molar da mistura;

b) A velocidade mássica da mistura;

c) A velocidade de difusão do O2 na mistura, tendo como referência a


velocidade média molar da mistura;

d) Idem ao item (c), tendo como referência a velocidade média mássica da


mistura.

Obs: Utilizar as composições molares e mássicas dos gases do exemplo 1.

38
Solução:
a) Da definição da velocidade média molar da mistura para a direção z,
temos:
n

C v i i, z
VZ = i = 1n (1)
C i =1
i

mas
n
C
C = C ; y = ; C = y C
i i
i
i i (2)
i =1 C
Substituindo (2) em (1), temos:
n

V = y v
Z i i, z
i =1

Vz = y CO vCO,z + y O v O , z + y H O v H O, z + y N v N , z
2 2 2 2 2 2
(3)

39
Vz = y CO v CO,z + y O2 v O2 , z + y H 2O v H 2O, z + y N 2 v N 2 , z
Vz = (0,05)(10) + (0,04)(13) + (0,2)(19) + (0,71)(11)
Vz = 12,63 cm/s
b) Da definição da velocidade média mássica da mistura para a direção z,
temos: n


ρ i v i, z
v Z = i = 1n (4)
ρi 
i =1

n
ρi
ρ =  ρ i ; wi = ; ρi = wiρ
Porém
(5)
i =1 ρ
Substituindo (5) em (4), temos:
n

v z =  wi v i,z
i =1

v z = wCO v CO,z + wO v O , z + wH O v H O, z + wN v N , z
2 2 2 2 2 2
(6)
40
Conhece-se os valores de wi do exemplo 01:

v z = w CO v CO,z + w O2 v O2 , z + w H 2O v H 2O, z + w N 2 v N 2 , z
v z = (0,0535)(10) + (0,0489)(13) + (0,1377)(19) + (0,7599)(11)
v z = 12,15 cm/s
c) Da definição de velocidade de difusão do O2, referenciada à velocidade
média molar na direção z, temos:

( v i
− V ) = ( v O ,z − Vz
2
) = 13 − 12,63 = 0,37 cm/s
d) Da definição de velocidade de difusão do O2, referenciada à velocidade
média mássica na direção z, temos:

( v i − v ) = ( vO ,z − v z ) = 13 − 12,15 = 0,85 cm/s


2

41
2.3 Fluxos
No item anterior sempre que houve a menção “velocidade”, havia para
ela algum complemento:
- da espécie química ou
- da solução.
No caso dos peixes, foi:
- dos peixes ( cardume ) ou
- do rio

Evidenciou-se que, ao mencionar peixe, estava implícito o conjunto de


uma determinada espécie, ou seja, cardume. O cardume de peixes traz a
idéia de concentração de uma certa espécie. Escreve-se, dessa maneira,
o seguinte produto do qual resulta a definição de fluxo total:

(FLUXO ) = (Velocidade )(Concentração)


 massa(ou mols ) 
sendo a unidade de fluxo:  área . tempo 
 
42
FLUXO: Quantidade de matéria que atravessa uma superfície
com uma determinada área num intervalo de tempo.

O fluxo é gerado pelo gradiente de concentração.

Mols (ou Massa) mols Kg


FLUXO = =
(Área superficial)(Tempo) m s m s
2
ou 2

Fluxo Fluxo

Área Unitária
43
Analogia: Se considerarmos que os diversos cardumes de peixes passem
por debaixo de uma ponte, a qual está situada perpendicularmente ao
escoamento do rio (observe que a área entre os colchetes na unidade de
fluxo é aquela situada perpendicularmente sob a ponte), fica a seguinte
questão: Que velocidade está associada ao fluxo?

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎(𝑜𝑢 𝑚𝑜𝑙𝑠)
FLUXO 
á𝑟𝑒𝑎 . 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜

v(V)
Fluxo Fluxo

  ou
( vi − V )  
( vi − v ) Velocidade de difusão
Qualquer que seja a velocidade, ou seja, velocidade do rio,
velocidade de difusão do cardume ou velocidade absoluta do
cardume, o fluxo total do cardume “A” referenciado a um eixo
estacionário qualquer é dado por:

 Movimento de A   Movimento de A 
 Movimento de A     
  =  decorrente do ato  +  resultante do  (1)
 observado da ponte     escoamento do rio 
 de nadar no rio   

45
Definimos anteriormente a “velocidade de difusão” como sendo a diferença
entre a velocidade absoluta da espécie química “i” com a velocidade média
(molar ou mássica). Assim, no exemplo dos cardumes de peixes em um rio,
implica a interação cardume A / rio, portanto um fenômeno difusivo e o
fluxo associado será devido à contribuição difusiva, escrita como:

J A,Z = CA (v A,Z − VZ ) (2)

v A,Z : velocidade da espécie A ( peixe “i”  cardume “i” ) na direção Z

VZ : velocidade do rio ( meio ) na direção Z

46
Suponha agora que, ao invés de nadar, o cardume A deixe-se levar pelo
rio. O movimento do cardume será devido à velocidade do meio. O fluxo
associado, nesse caso, decorre da contribuição convectiva ou advecção de
acordo com:

J CA,Z = C A VZ (3)

A equação anterior representa a contribuição convectiva analisada por


aquele observador parado, pescando tranquilamente sobre uma ponte.
A equação 1 é vista, também da seguinte maneira:

N A,Z = C A (v A,Z − VZ ) + C A VZ (4)

a qual representa o fluxo decorrente do cardume A nadar na direção Z,


enquanto o rio estiver escoando.

47
Assim, a equação 4 é válida para o fluxo unidirecional de qualquer espécie
química A, referenciada à coordenada estacionária Z.

 Fluxo total de A   Fluxo resultante   Fluxo resultante 


     
 referencia do a um  =  da contribuiç ão  +  do movimento 
 eixo estacionár io     global da solução 
   difusiva   

velocidades   
envolvidas :
vi ( v i − v ) ou ( vi − V )  
v ou V
ou

 Fluxo total da espécie A 


   Contribuiç ão   Contribuiç ão 
 referencia do a um eixo  =   +   (5)
   difusiva   convectiva 
 estacionár io 

N A,Z = J A,Z + J CA,Z (5)


48
3- Lei de Fick da difusão em regime estacionário (1855)

Considere um recipiente que contém dois gases A e B ( C A >> CB ),


inicialmente separados entre si por uma partição:

n A , VA n B , VB

nA nB
CA = Gás A Gás B CB =
VA VB

y
Partição
dx

x
T e P constantes
49
Ao retirar-se a partição, os dois gases difundem um através do outro até
que a concentração de ambos seja uniforme em todo o volume “V”.

Gás A + B
T e P constantes
CA >> CB
VeC

As concentrações de cada gás serão, respectivamente:


C
nA
CA = C = CA + CB
V CA
nB CB
CB = V = VA + VB
V
V 50
Este fenômeno é regido pela primeira lei de Fick, que pode ser expressa pela
seguinte equação:

dy A
J A = −CD AB = −CD ABy A = − D ABC A (6)
dx
O sinal negativo indica o decréscimo da concentração da espécie A com o
sentido do fluxo
onde:
C = Concentração molar total [mols/cm3]
J A = Densidade de fluxo molar de difusão [mol/cm2.s]
DAB = Coeficiente de difusão da espécie A em relação a espécie B
ou difusividade [cm2/s ou m2/s]
CA dC A
yA = C A =
C dx
51
dC A
C A = Gradiente de concentração
dx
dCA C A C Afinal − C Ainicial
Se for linear:  =
dx x x final − x inicial
dC A C A
J A = −D AB  − D AB
dx x
Lei de Fick para difusão em estado estacionário

C1
Fluxo

C2

x1 x 2
52
Exemplo 06: O diclorometano é um ingrediente comum em
decapantes de tintas. Além de causar irritações, pode ser
absorvido pela pele. Deve-se usar luvas de proteção quando
manipular este decapante. Usando-se luvas de borracha
butílica (0,04 cm de espessura), qual é o fluxo de
diclorometano através da luva?
Dados:
Coeficiente de difusão em borracha butílica: 110x10-12 m2/s
Concentrações superficiais do decapante:
1 = 440 kg/m3
2 = 20 kg/m3

53
ρ1

Decapante Pele
ρ2

x1 x 2
 dwA ρA dρ A
J A = − ρD AB ; wA = ; dwA =
dx ρ ρ
 dρ A Δρ A ρA − ρA
J A = − D AB  − D AB = − D AB 2 1

dx Δx x 2 − x1
 ( 20 − 440 )kg/m 3
J A = −(110x10 m /s )
−12 2

0,04x10 −2 m

J A = 1,16x10 −4 kg/m 2 .s
54
N A,Z = J A,Z + J CA,Z (5)

A partir da equação 5, toma-se uma mistura binária (A + B), em que C A


representa a concentração molar da espécie química A e v A , a velocidade
absoluta de A e V a velocidade média molar da solução, respectivamente. O
fluxo molar total da espécie A referenciado a eixos estacionários “z” foi dado
anteriormente pela equação 4:

N A,Z = C A (v A,Z − VZ ) + C A VZ (4)

Como consequência da equação 4:

N A = CA v A (7)

sendo que o fluxo N A posto desta forma é denominado fluxo absoluto


molar da espécie A.
55
A parcela correspondente à contribuição difusiva é:

J A = CA (v A − V ) (8)

sendo restrita segundo a lei ordinária da difusão (equação 6):

J A = − D AB CA (6)

Como a concentração total da solução é constante e considerando o


soluto A em fase gasosa, a relação para gases será:

J A = − CD AB y A (7)

56
Levando a definição de velocidade média molar, para uma mistura
binária, na parcela da contribuição convectiva, o resultado fica:

CA V = CA
(C A
vA + CB vB )
C

CA V = y A (N A + N B ) (9)

Substituindo as equações 7 e 9 na equação 4, temos:

N A = − CD AB y A + y A (N A + N B ) ( 10 )

A equação 10 representa o fluxo total da espécie A em uma mistura


binária (A+B), válida para gases.

57
Para líquido a equação 10 torna-se:

N A = − CD AB x A + x A (N A + N B ) ( 11 )

No caso de fluxo mássico do soluto A referenciado a eixos


estacionários, o procedimento é análogo ao molar, ou seja:

n A = − D AB w A + w A (n A + n B ) ( 12 )

As equações 10, 11 e 12 são denominadas primeira lei de Fick


escrita para N A e n A . No caso de eleger apenas a direção z para o
fluxo, tais equações serão, respectivamente:

58
+ y A (N A,Z + N B,Z )
dy A
N A,Z = − CD AB ( 13 )
dz

+ x A (N A,Z + N B,Z )
dx A
N A,Z = − CD AB ( 14 )
dz

+ w A (n A,Z + n B,Z )
dw A
n A,Z = − D AB ( 15 )
dz
O fluxo total para uma espécie química “1” presente em uma
mistura com “n” espécies químicas será dado por:

n →
N1 = −C.D1,M y1 + y1  N j ( 16 )
j=1
59
(y1 N j − y j N1 )
n
1
y1 =  ( 17 )
j = 2 CD1j

n n
N1  y j − y1  N j
j= 2 j= 2
D1,M = ( 18 )

 D (y1 N j − y j N1 )
n
1
j = 2 1j

A equação 18 é conhecida como a equação de Stefan-Maxwell, ela é útil


para a determinação do coeficiente de difusão na situação em que o meio
não é estagnado; na ventura de sê-lo N j = 0 (para todas as espécies j).
Neste caso, a equação 18 torna-se:
n
N1  y j
j= 2
D1,M = ( 19 )
n y j N1
D
j= 2 1j

A demonstração da equação de Stefan-Maxwell está no item 2.5 do M.A. Cremasco, pag


60
152
Como N1 não entra no somatório, a equação 19 torna-se:
n

 yj (1 − y1 )
j= 2
D1,M = = ( 20 )
n yj y2 y y y
D + 3 + 4 + ... + n
D12 D13 D14 D1n
j = 2 1j

61
OBRIGADO!

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