Mulheres Improváveis - Viviane Martinello
Mulheres Improváveis - Viviane Martinello
Mulheres Improváveis - Viviane Martinello
provável”. Cirúrgica nas palavras e humilde no jeito de ser, ela consegue reunir profundidade,
consistência e empatia, o que apenas confirma o chamado para o qual Deus a escolheu: ser porta-voz
dele para trabalhar as dores de muitas mulheres.
Karine Rizzardi
Autora, neurocientista e psicóloga especialista em casais e família
A MÃO DE DEUS sempre nos levará a lugares que não poderíamos chegar por nós mesmas. O dom,
o talento, o propósito já estão depositados em nós, porém o alinhamento das circunstâncias e o
lapidar da pedra bruta são obras que somente ele pode realizar. Vamos brilhar, mas que seja a luz que
vem do Senhor. Vamos refletir sua glória, o brilho do seu rosto em nós. Vamos ser reconhecidas como
valentes, mas saberemos, no íntimo, que não alcançamos nada sozinhas. É exatamente o contrário.
Quando somos fracas é que estamos fortes. O poder de Deus só é aperfeiçoado na nossa fraqueza.
Talvez você imagine que a Vivi, ou eu, ou alguma outra mulher que você admire, seja diferente de
você, tenha privilégios ou condições externas e internas melhores que as suas, mas o que define a
extensão do que Deus pode fazer na vida de alguém não é nada disso. Afinal, ele busca aquelas
pessoas que são as improváveis, as que conseguem entender as expressões “pela graça e não por obras”,
“não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito”, que assim se revestem e se apegam a essa
capacitação divina. Contando suas histórias e aplicando os princípios bíblicos de uma forma
extraordinariamente clara e prática, Vivi nos ensina como esse mistério acontece. Prepare-se para
reconhecer o que o Pai já lhe confiou. Renda tudo a ele, enfrente seus medos e desista de seus
argumentos ao se alistar como uma improvável. Não há limites para o que Deus pode fazer com uma
pessoa que se reconhece totalmente dependente e capacitada por ele para cumprir sua vontade.
JOSÉ ERA REJEITADO POR seus irmãos. Moisés tinha impedimentos na fala. Ester, uma órfã
criada pelo primo. Maria, a adolescente nascida em uma vila com cerca de 600 habitantes com
hábitos questionáveis. Respectivamente, o segundo homem mais poderoso da maior nação de sua
época, o libertador de um povo, uma rainha que mudou o destino de sua gente, e a mãe do Redentor
de toda a humanidade. Deus continua escolhendo, de um jeito peculiar, seus improváveis, por meio
da história. A grandeza pertence a ele, que, generosamente, se move, através daqueles que se rendem
e confiam. Este livro não é sobre autoajuda, mas uma proclamação da ajuda que vem do alto. É tempo
de compreender que não é sobre nós, mas sobre o que Deus pode e deseja fazer.
Helena Tannure
Conferencista e escritora
VIVIANE É UMA VOZ que tem sido levantada nesta nação para ativar mulheres e as posicionar no
desenho o qual o Pai tem a respeito delas. De uma maneira precisa e com muita autoridade, ela tem
distribuído as pérolas adquiridas em seu caminhar com Cristo, dando destino a uma geração de
mulheres improváveis, que desejam ser amigas de Jesus.
Leile Ricardo
Pastora e musicista
DEUS ESCOLHE HOMENS E mulheres improváveis e imperfeitos que se permitem moldar pelo
Espírito Santo diariamente. Só quem se submete ao processo de ser forjado em seu caráter está
pronto e autorizado a viver o seu propósito. Este livro nos revela sobre como Deus levanta mulheres
improváveis que foram provadas e aprovadas pelo fogo, forjadas na pressão e que são curadas para
curar outros! Chega o dia que o propósito do Senhor se torna maior que você, e eu acredito que
Viviane é uma dessas mulheres que se permitiu forjar como voz profética e assertiva para este tempo
em nossa nação.
Flavia Arrais
Pastora da Igreja Angelim
©2022, Viviane Martinello
Editora Vida
Rua Conde de Sarzedas, 246 Liberdade
Todos os direitos desta obra reservados por Editora Vida.
CEP 01512-070 São Paulo, SP
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em
Tel.: 0 xx 11 2618 7000
breves citações, com indicação da fonte.
[email protected]
www.editoravida.com.br
Martinello, Viviane
Mulheres improváveis / Viviane Martinello. -- São Paulo : Editora Vida, 2022.
ISBN 978-65-5584-319-4
e-ISBN 978-65-5584-323-1
1. Mulheres - Aspectos religiosos - Cristianismo I. Título.
22-121985
CDD-270.082
01. Escondidas
02. Construa no lugar secreto
03. Primeiro em mim, depois através de mim
04. As mulheres que Deus deseja levantar neste tempo!
05. Respeite a sua estação
06. Aprendendo a esperar
07. Aperfeiçoadas no silêncio
08. Cortadas, não! Podadas
09. Estou cansada
10. Lugares improváveis
11. Arco ou flecha
Conclusão — Ele escolheu você!
Prefácio
N estes 23 anos juntos, tenho acompanhado alguns dos processos
mais lindos e verdadeiros na vida de alguém improvável.
Os medos, traumas e feridas que a Vivi tinha eram parentes do gigante
Golias, fortes e atormentadores. Aquela menina fraca, medrosa, tímida e
escondida, não sabia que iria viver uma história parecida com a do rei Davi.
Seus gigantes tombariam.
Lembro-me da história de um homem que trouxe de uma viagem nas
montanhas um pouco de musgo; ele o colocou em seu jardim, em um local
onde o sol e a claridade incidiam diretamente. Depois de alguns dias,
surgiram daquele musgo flores das mais belas e raras.
Viviane era como esse musgo. Frio e escuridão impediam que as flores e
aromas mais raros surgissem. Mas ela teve o real encontro com o Sol da
Justiça e a Luz do Mundo: Jesus. E eu presenciei esse encontro.
Ela deixou a televisão, deixou o pecado, deixou as opiniões, deixou o
mundo. Perdi a conta das vezes em que acordava pelas madrugadas com o
choro que vinha da sala. Era ela com ele.
Começava ali um relacionamento entre o Pai, o Abba, e sua filha.
Feridas curadas, passado redimido, presente assumido e futuro... bem, o
futuro não imaginávamos.
Aquela menina tímida e cheia de medo se tornaria uma mulher forte e
destemida, obediente e valente, sensível como a pomba, mas forte como
uma leoa.
Profecias apontaram, profetas profetizaram: “milhares de mulheres do
mundo todo ouvirão você”. E para quem tinha medo de apresentar
trabalhos em grupo na escola, falar para uma multidão era apavorante.
Mas quem anda com leão se torna forte como ele. Vivi se tornou leoa.
Hoje, sou acordado pelo choro nas madrugadas nas quais ela se encontra
com o Pai.
Vivi não é uma mulher de performance nos púlpitos ela é uma mulher de
verdade, uma mulher comum, porém nada comum.
Uma mãe presente e até exagerada (até sorrio disso).
Uma esposa incomparável e apaixonada.
Uma filha de honra e amável.
Este livro é mais uma flor entre tantas que nasceram de um musgo que
veio para a luz, que teve um encontro com Jesus, e muitas outras flores ainda
virão.
Para mim, é uma honra fazer parte e ser parte da vida dela.
Vivi, celebro com você. Celebro VOCÊ!
Telmo Martinello
Um marido honrado
O que esperar desta obra?
Q uando damos os primeiros passos, às vezes temos a impressão de
que muita coisa ao nosso redor não sofre mudanças. Pense por
exemplo, nas situações a seguir:
O início da leitura de um livro.
O início de um casamento.
O início da maternidade.
O início de um projeto.
O início de um ministério.
No entanto, Deus já nos disse em sua Palavra que o início é pequeno,
mas essencial:
“Não desprezem os começos humildes, pois o SENHOR se alegra ao ver a obra começar”
(Zacarias 4.10).
Toda longa caminhada começa com o primeiro passo, e talvez este seja o
passo mais difícil de dar.
Mas quero dizer uma coisa a você: é o primeiro passo que nos tira da
estagnação e da zona de conforto. É ele que nos arranca do comodismo e
nos coloca na pista de decolagem. Quando estamos na pista de decolagem,
alçar voo é questão de tempo!
Por falar em tempo, ele é extremamente necessário para que os resultados
da mudança que desejamos viver venham à luz. Plantamos hoje, mas só
colheremos no devido tempo. Então, não desanime!
Quer viver o que nunca viveu? Então, faça o que nunca fez!
Comece agora!
Boa leitura!
Introdução
Este livro é para você!
“Você olha e não vê
motivos para ser escolhida.
Ele te olha e não vê motivos
para não te escolher.”
D eus continua recrutando homens e mulheres simples e
vulneráveis. Esta é a estranha maneira que Deus usa para tornar
essas pessoas em fortes e corajosas.
Ele busca pessoas nas quais escondeu dádivas preciosas e confia a elas
missões desafiadoras. Em uma das madrugadas que passei com o Senhor,
perguntei-lhe o motivo de ele não escolher os fortes e corajosos, aqueles que
são considerados homens e mulheres mais capazes, mais habilidosos, mais
inteligentes, mais fortes.
Em meio aos meus questionamentos, o Espírito Santo lembrou-me de
que, na administração do Reino, os tesouros são escondidos em vasos de
barro, assim como, na natureza, as pedras preciosas são escondidas na terra e
muitas vezes abrigadas no interior das rochas.
“Agora nós mesmos somos como vasos frágeis de barro que contêm esse grande tesouro.
Assim, fica evidente que esse grande poder vem de Deus, e não de nós”. (2Coríntios 4.7)
“O reino dos céus é como um tesouro escondido que um homem descobriu num campo.
Em seu entusiasmo, ele o escondeu novamente, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro
da venda, comprou aquele campo”. (Mateus 13.44)
O valor que temos reside em Deus. É ele que muda destinos, transforma
corações e estabelece conexões poderosas.
Desisti de buscar respostas ou de tentar entender as escolhas de Deus.
Escolhi apenas me entregar. Mesmo sendo falha, rodeada por receios e
temores que se misturam com anseios e sonhos, decidi aceitar o desafio e me
render à escolha que o Pai fez para mim. No final de tudo, sempre
descobrimos que é justamente isto que ele espera: entrega!
Quando nos entregamos, Deus pode transformar pessoas improváveis em
elementos surpresa do céu para estabelecer belos propósitos na terra.
Escrevo hoje pensando nos improváveis. Imagino o que Deus pode fazer
quando alguém se entrega à vontade dele, ainda que para um improvável
seja praticamente inconcebível imaginar tal coisa. Penso naqueles que se
consideram fracos, mas também na força que eles podem encontrar em
Deus. Lembro-me dos desvalorizados e do valor inestimável que eles têm
para o Pai.
Hoje escrevo com lágrimas de gratidão nos olhos, pois um dia Deus viu
em uma mulher tímida, pecadora, que se considerava destruída, um tesouro
escondido, um terreno perfeito para construir a vontade dele.
Talvez como eu, você também não entenda como isso é possível, mas
nesta jornada surpreendente dos improváveis de Deus, o segredo não está
em entender, mas em que tão somente nos entreguemos a ele. Eu me
entrego, corro em velocidades cada vez maiores, vivo experiências
inimagináveis — abraço o impossível.
Por vezes, podemos ter a sensação de que cada passo dado hoje não surte
efeito algum ao nosso redor. Temos que ter em mente que uma longa
caminhada começa sempre com o primeiro passo, sem nos esquecermos de
que é exatamente por isso que, na maioria das vezes, o primeiro passo é
justamente o nosso maior desafio. Mas posso falar com convicção de que é
justamente esse primeiro passo que nos tira da zona de conforto e da
estagnação. Ele nos arranca do comodismo e da procrastinação, de tal forma
que nos impulsiona para a pista de decolagem.
Voar é questão de tempo! E tempo é o elemento indispensável para que
os resultados da mudança que almejamos sejam uma realidade na nossa
história. Tudo o que semeamos hoje tem sua colheita com prazo
determinado. Plantamos hoje e colheremos amanhã! Não podemos
desanimar. Isso porque, quando desejamos viver o que nunca vivemos,
precisamos atuar de forma diferente e dar passos que nunca foram dados.
O lugar é aqui, o tempo é agora! Por meio destas páginas, estamos
promovendo um grande ajuntamento de improváveis. Este livro fala sobre a
assinatura de Deus nas Escrituras: Improvável!
Você conhecerá pessoas e lugares improváveis que foram palco e
elementos-chave para a manifestação da glória de Deus, pois esta é a
estranha maneira de Deus escolher os seus, e é por isso que eu e você
estamos aqui.
Capítulo 1
Escondidas
“Deus esconde aquele que
deseja estar exposto
mas expõe aquele que deseja
estar escondido.”
S im. Escondidas! Muitas das mulheres que Deus levantará nos
próximos anos estão escondidas, sumidas no anonimato. Talvez
muitas delas estejam agora mesmo com este livro em mãos, atraídas
pelo título que correspondeu a um sentimento interno: “Sim, eu sou uma
improvável!”.
São as samaritanas dos dias atuais, mulheres envolvidas em afazeres
comuns junto aos poços da vida, mulheres improváveis que estão sendo
encontradas por Jesus neste tempo. Esposas, mães, mulheres solteiras;
mulheres que enfrentam a dor do divórcio, do luto, da traição, do abandono
e inúmeras situações desafiadoras e tristes que fazem parte do universo
vivido pelas mulheres no mundo todo.
No entanto, essas mesmas condições não definem onde elas estarão nos
próximos anos. Não são essas variáveis que determinam o futuro que terão.
Esta foi a verdade que me abraçou há alguns anos, e hoje, através deste livro,
espero que abrace você também.
Aprendi na minha caminhada com Deus que ele esconde aquele que
deseja estar exposto, mas expõe aquele que deseja estar escondido; além
disso, entendi que estar escondida libera o favor do Alto para sermos
posicionadas no lugar onde seremos geradas pelo Pai.
No entanto, é bom saber desde já que quem nos posiciona é o Pai! A
exposição não é pessoal — autoapresentação, autoexibição, autopromoção.
As formas, o tempo e o lugar são definidos pelo Eterno.
Quando Jesus observou que os convidados para o jantar procuravam ocupar os lugares de
honra à mesa, deu-lhes este conselho: “Quando você for convidado para um banquete de
casamento, não ocupe o lugar de honra. E se chegar algum convidado mais importante
que você? O anfitrião virá e dirá: ‘Dê o seu lugar a esta pessoa’, e você, envergonhado, terá
de sentar-se no último lugar da mesa. Em vez disso, ocupe o lugar menos importante à
mesa. Assim, quando o anfitrião o vir, dirá: ‘Amigo, temos um lugar melhor para você!’.
Então você será honrado diante de todos os convidados. Pois os que se exaltam serão
humilhados, e os que se humilham serão exaltados”. (Lucas 14.7-11)
Depois disso, ele ensinou uma lição aos convidados ao redor da mesa. Percebendo que
alguns disputavam o lugar de honra, disse: “Quando alguém convidar vocês para um
jantar, não ocupem o lugar de honra. Alguém mais importante que você pode ter sido
convidado, e o anfitrião dirá, na frente de todos os convidados: ‘Desculpe, você pode dar
licença? O lugar de honra pertence a este homem. Com a maior vergonha, você terá de se
acomodar na última mesa, no lugar que sobrar. Quando você for convidado para uma
festa, sente-se no último lugar. Quando o anfitrião entrar na sala, ele dirá: ‘O que você está
fazendo aí? Venha para a frente’. Você será motivo de comentários na festa! O que eu
estou dizendo é que, se você andar por aí com o nariz empinado, vai acabar com a cara no
chão. Mas, se souber ficar no seu lugar, será recompensado” (Lucas 14.7-11, AM).
“Não o julgue pela aparência nem pela altura [...]. O SENHOR não vê as coisas como o ser
humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o SENHOR olha para o
coração” (1Samuel 16.7).
“Vocês são a luz do mundo. É impossível esconder uma cidade construída no alto de um
monte. Não faz sentido acender uma lâmpada e depois colocá-la sob um cesto. Pelo
contrário, ela é colocada num pedestal, de onde ilumina todos que estão na casa. Da
mesma forma, suas boas obras devem brilhar, para que todos as vejam e louvem seu Pai,
que está no céu” (Mateus 5.14-16).
“É impossível esconder uma cidade construída no alto de um monte. Não faz sentido
acender uma lâmpada e depois colocá-la sob um cesto. Pelo contrário, ela é colocada num
pedestal, de onde ilumina todos que estão na casa. Da mesma forma, suas boas obras
devem brilhar, para que todos as vejam e louvem seu Pai, que está no céu” (Mateus 5.14-
16).
Agora nós mesmos somos como vasos frágeis de barro que contêm esse grande tesouro.
Assim, fica evidente que esse grande poder vem de Deus, e não de nós (2Corintios 4.7).
Mesmo sendo vasos de barro, Deus confia a nós algo de valor e quer nos
usar no tempo devido. Ele esconde, prepara, levanta e usa.
“Tudo que fazem é para se exibir. Usam nos braços filactérios mais largos que de costume
e vestem mantos com franjas mais longas. Gostam de sentar-se à cabeceira da mesa nos
banquetes e de ocupar os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de receber saudações
respeitosas enquanto andam pelas praças e de ser chamados de ‘Rabi’ ” (Mateus 23.5-7).
O nosso lugar secreto com Deus precisa ser o nosso jardim particular, um
refúgio no qual vivemos em plenitude com o Pai. Assim como a nossa busca
deve acontecer na intimidade, a mudança também acontecerá nessas
mesmas condições, porque emana de dentro para fora, não o contrário.
Toda mudança que começa do lado de fora não é duradoura; não passa
de dias ou horas, porque não resulta do nosso interior ou de uma intimidade
real com Deus.
Algumas áreas da vida revelam a necessidade de mudanças mais
profundas, pois se trata de algo que parece estar enraizado com maior
profundidade em nós; para que essas mudanças aconteçam, será necessário
arrancar e remover as amarras. As raízes precisam ser removidas, e somente
o Senhor poderá fazer isso em um processo pessoal e íntimo conosco.
A verdadeira transformação do nosso eu acontece na intimidade com
Deus, quando o nosso interior é tocado e transformado, pois as mudanças
aparentes ou externas são fáceis de serem promovidas, mas mudar quem
somos por dentro requer processos mais profundos, que só vivenciamos no
secreto com Deus.
Por mais que venhamos a esconder as áreas do nosso mundo interior que
não foram tratadas ou redimidas pelo Senhor, por mais que nos esforcemos
para que elas não sejam expostas, de repente, surgem situações que acabam
expondo as mazelas que tentamos ocultar.
Não raro, o que realmente somos acaba saltando para fora,
surpreendendo a nós mesmas, causando espanto para aqueles que nos
cercam. Acontece que Deus permite que sejamos reveladas para que
saibamos quanto precisamos ser transformadas por ele.
A mudança no secreto com Deus é sempre interna e se revela, sim, de
forma externa ou aparente, porque uma transformação genuína é
reconhecida quando situações específicas extraem de nós atitudes e
comportamentos diferentes dos quais teríamos antes de sermos
transformadas.
Isso quer dizer que toda mudança interna se revela por si mesma; não
precisa ser apontada por quem foi transformado.
Terreno em construção
Com certeza, você já passou por terrenos em construção. Em geral,
vemos tapumes que cercam o que está sendo construído, tamanha a poeira, a
quebradeira e a sujeira que podem atingir os que passam por perto.
Igualmente, o tapume também serve para não afetar o que se constrói do
lado de dentro.
De fato, o tapume é necessário por motivos de proteção interna e
externa, um processo de vedação completo do lugar onde se dá a construção.
Veículos entram, materiais são entregues, mas os tapumes não nos permitem
saber o que está acontecendo na construção. Em geral, o que está sendo
construído não é exposto, principalmente quando os fundamentos estão
sendo estabelecidos.
Creio que você já entendeu aonde quero chegar. Para passar por uma
verdadeira transformação, cada pessoa precisa se proteger e proteger
também os demais, porque muita coisa será desfeita e reconstruída. Somos
como um terreno em construção, cujos tapumes divinos não só nos
protegem das olhadelas alheias, em um ato de preservação da nossa
intimidade por Deus, como também protegem os demais para que estes não
se escandalizem, não se machuquem e não se ofendam com o que Deus está
fazendo conosco.
Assim como uma mulher que engravida não aparenta estar grávida no dia
seguinte, muitos frutos gerados em nosso lugar secreto com Deus só serão
revelados no tempo e no lugar apropriados; igualmente, como a construção
de uma casa começa pela parte que não se vê, que são os alicerces, logo
somos surpreendidos com a beleza do que foi edificado.
Já falhei muitas vezes por falar demais, por abrir aquilo que deveria ser
guardado. Deus tem sido pontual em estabelecer tapumes ao redor de alguns
projetos, pois, quando não sabemos guardar aquilo que está sendo gerado, o
fruto pode morrer devido a uma exposição fora do tempo.
Quantas histórias e projetos não foram adiante por falarmos com as
pessoas erradas? Precisamos aprender a guardar o que não deve ser
compartilhado, a fim de que não venha a morrer.
Quando as dores de parto se manifestam, apenas as pessoas envolvidas
com o nascimento do bebê é que são acionadas. Em um parto, apenas os
profissionais da saúde, o pai da criança e pessoas com funções específicas
para o nascimento do bebê permanecem na sala de cirurgia, porque os
hospitais não permitem a entrada de pessoas alheias ao nascimento. Depois
que o bebê nasce, tudo já terá sido preparado para que ele seja apresentado à
família, aos parentes e amigos.
Se estamos em um tempo de muitos sonhos e projetos de Deus para nós,
devemos colocar uma cerca e tapumes apropriados ao redor daquilo que o
Pai está fazendo. Quando Deus já nos deu o terreno, já pôs o projeto em
andamento, então é nossa responsabilidade fixarmos a cerca e deixarmos que
a construção pronta fale por si mesma.
Talvez muitas de vocês estejam questionando o motivo de construirmos
na intimidade; um dos motivos principais é porque o lugar secreto é o lugar
de autoridade no Reino de Deus. Uma semente, quando cai na terra, ali,
naquele lugar secreto, frutificará. Mas, se ficar exposta aos temporais, às
pedras, ao frio ou ao calor, tem muitas chances de morrer.
E é justamente por isso que Deus precisa nos esconder feito uma
semente, pois é no esconderijo que o nosso DNA é extraído e vem para
fora; toda semente manifesta seu DNA quando é enterrada, depois disso ela
gera frutos de acordo com sua espécie.
Todo crescimento saudável é de dentro para fora, e Deus deseja ver o
crescimento de filhas que entenderam a importância de crescer nele, com ele
e para ele. A semente enterrada na terra pode ser bem pequena, mas pode
resultar em árvores gigantescas, que proporcionem sombra para muitas
pessoas. Este é o fruto que Deus deseja produzir em cada uma de nós. Ele
deseja que os frutos segundo cada espécie sejam belos por fora, que
alimentem e nutram os demais, além de serem perfeitos por dentro.
“O reino dos céus é como um tesouro escondido que um homem descobriu num campo.
Em seu entusiasmo, ele o escondeu novamente, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro
da venda, comprou aquele campo. O reino dos céus também é como um negociante que
procurava pérolas da melhor qualidade. Quando descobriu uma pérola de grande valor,
vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro da venda, comprou a tal pérola”. (Mateus 13.44-
46)
A restauração é secreta
Existem outras coisas que também acontecem no lugar secreto, e uma
das principais é a restauração. Quando precisamos ser restauradas ou
estamos em tempos de restauração, devemos permanecer em silêncio diante
de Deus.
Neemias exemplifica a importância da discrição em tempos de
restauração. Depois de receber as notícias de Jerusalém e ouvir os relatos
terríveis de como a cidade estava destruída, com portas queimadas e muros
quebrados, Neemias foi servir ao rei com uma aparência tão triste, que o
próprio rei questionou o motivo, por reconhecer que Neemias nunca havia
se apresentado antes daquele jeito. Ao compartilhar com o rei o motivo e
receber autorização dele para ir à sua cidade e reconstruí-la, Neemias se
moveu discretamente para a restauração de Jerusalém:
Saí discretamente durante a noite, levando comigo uns poucos homens. Não havia
contado a ninguém os planos para Jerusalém que Deus tinha colocado em meu coração.
Não levamos nenhum animal de carga além daquele que eu montava. Depois que
escureceu, saí pela porta do Vale, passei pelo poço do Chacal e fui até a porta do Esterco
para inspecionar o muro de Jerusalém, que tinha sido derrubado, e as portas, que haviam
sido destruídas pelo fogo. Em seguida, fui à porta da Fonte e ao tanque do Rei, mas, por
causa do entulho, não havia espaço para meu animal passar. Por isso, embora ainda
estivesse escuro, subi pelo vale de Cedrom e inspecionei os muros ali, antes de voltar e
entrar de novo pela porta do Vale. Os oficiais da cidade não sabiam aonde eu tinha ido nem o
que estava fazendo, pois não havia contado meus planos a ninguém. Ainda não tinha falado
com os líderes judeus: os sacerdotes, os nobres, os oficiais e outros que realizariam o trabalho
(Neemias 2.12-16).
Mas, então, eu lhes disse: “Vocês sabem muito bem da terrível situação em que estamos.
Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos
reconstruir o muro de Jerusalém e acabar com essa vergonha!”. Então lhes contei como a
mão de Deus tinha estado sobre mim e lhes relatei minha conversa com o rei. Eles
responderam: “Sim, vamos reconstruir o muro!”, e ficaram animados para realizar essa boa
obra. Mas, quando Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém, o árabe,
souberam de nosso plano, zombaram de nós com desprezo e perguntaram: “O que estão
fazendo? Estão se rebelando contra o rei?” (Neemias 2.17-19).
Davi, porém insistiu: “Tomo conta das ovelhas de meu pai e, quando um leão ou um urso
aparece para levar um cordeiro do rebanho, vou atrás dele com meu cajado e tiro o
cordeiro de sua boca. Se o animal me ataca, eu o seguro pela mandíbula e dou golpes nele
com o cajado até ele morrer. Fiz isso com o leão e o urso, e farei o mesmo com esse filisteu
incircunciso, pois ele desafiou os exércitos do Deus vivo!”. E disse ainda: “O SENHOR que me
livrou das garras do leão e do urso também me livrará desse filisteu!”. Por fim, Saul
consentiu. “Está bem, então vá”, disse. “E que o SENHOR esteja com você!” (v. 34-37).
Não podemos matar Golias sem antes vencer leões e ursos; igualmente,
não podemos matar feras e gigantes, sem antes vencermos as batalhas
secretas que travamos em nosso interior. Medos ocultos e lutas secretas
precisam ser vencidas, e as batalhas que já vencemos devem nos lembrar que
o mesmo Deus que nos fez vitoriosas ontem garante a vitória para nós hoje.
O mesmo Deus que nos livrou das batalhas internas é poderoso para nos
garantir vitórias externas. É no lugar secreto que recebemos toda força
necessária para vencer os Golias que nos afrontam hoje.
Davi soube reconhecer as armas que tinha nas mãos, e, assim como ele,
precisamos discernir as armas que temos para derrubar os gigantes que estão
diante de nós. Em primeiro lugar, devemos saber quem somos em Deus e
que ele nos prepara para a batalha. Em segundo lugar, ele nos dará
autoridade para vencer em público e servir de ponte para a reconstrução de
outras.
Muitas de nós serão levantadas para levantar e atuar como construtoras
de Deus na vida de outras mulheres, mas, para isso, precisamos estar nesse
lugar secreto com Deus, onde seremos construídas na intimidade com ele.
Construa no secreto e permita que as construções geradas nele falem por si
mesmas!
Deus sabe o que está fazendo quando nos lança no deserto.
O primeiro lugar que Israel pisou depois ser livre do Egito não foi
Canaã, mas sim o deserto, um deserto longo e cheio de desafios.
Ele nos prepara por meio das dores e dos limites que somos capazes
de vencer.
Simplesmente se renda!
Capítulo 3
Primeiro em mim, depois através de
mim
“No mundo natural,
colhemos quando o
fruto está maduro.
No mundo espiritual,
colhemos quando nós
estamos maduros.”
E xiste algo que precisamos entender: andamos em círculos quando
não nos submetemos ao processo, assim como caminhamos feridos
quando não nos submetemos à cura. Em geral, as pessoas que
caminham em um ciclo de reprovação e sequidão são pessoas que caminham
feridas e que estão acostumadas a ferir outras.
Precisamos abandonar esse lugar de mediocridade de estarmos feridas e
de ferirmos os demais, pois, se existe algo que tem o poder de travar a nossa
vida e de nos impedir de viver o que Deus tem para nós, são as situações mal
resolvidas e as feridas não tratadas.
Não há como evitar fluir o que somos, porque você e eu ministramos a
nossa própria vida. Talvez este seja o motivo de vermos um grande número
de ministros cuja vida está emocionalmente destruída e cujas famílias estão
fragilizadas. Muitos não param para corrigir e reposicionar as motivações do
próprio coração e acabam dando frutos conforme a raiz.
A vida do ministro é que ministra. Por isso, antes de Deus nos usar ou
nos levantar para a plenitude do que ele mesmo estabeleceu para nós,
precisamos permitir que ele nos cure. O interessante é que o caminho para a
cura é justamente “abrir a ferida”, assim como está escrito no livro de Jó:
“Pois ele fere, mas trata do ferido; ele machuca, mas suas mãos também curam” (Jó 5.18,
NVI).
Não é incomum olharmos para nós mesmos e começarmos a ver tudo o
que há de errado no contexto em que vivemos: problemas familiares,
desajustes financeiros, questões ministeriais ou temas conjugais. Deus, no
entanto, deseja trabalhar dentro de nós antes de fazer algo a respeito do que
está ao nosso redor. E isso requer tempo e espera, pois as construções
internas são fundamentais e de extrema importância para a transformação
externa que anelamos.
Somos uma geração de pessoas que esperam que os outros mudem e
temos uma facilidade enorme para encontrar falhas e defeitos nos demais.
Ao mesmo tempo em que somos misericordiosos com nós mesmos, somos
cruéis com os erros das pessoas; afinal, o lugar de vítima é sempre mais
confortável que assumir a nossa parcela de responsabilidade nas situações.
Existem muitas coisas na nossa caminhada com Deus que custamos
compreender, e uma delas é que ele sempre fará primeiramente em nós, para
depois atuar por meio de nós. Essa é a dinâmica do reino de Deus.
Não raramente deixamos de mensurar os processos pelos quais teremos
que passar até vivermos os planos de Deus. Olhando para a minha história,
lembro que, aos 24 anos, me lancei verdadeiramente e de todo coração ao
Senhor, e imagino que o céu tenha dado um brado de “Finalmente!”.
Apenas me entregando totalmente rendida a ele é que Deus poderia atuar
em mim.
Deus está levantando mulheres que não dependem apenas do alimento
que emana dos púlpitos, mulheres para as quais a palavra dos que ministram
testifica o alimento que elas receberam em seu lugar secreto com o Pai.
Algumas mulheres estão cavando e buscando profundidade, e da fonte que
jorram essas águas elas alimentam umas às outras, uma vez que ninguém
tem o suficiente e todas precisamos aprender a receber umas das outras. No
entanto, algumas das revelações mais profundas e significativas na nossa
própria vida resultam da nossa intimidade com Deus, dos momentos em
que estamos a sós com ele.
Depois de iniciar a nossa caminhada com Jesus, desenvolvemos outra
característica como mulheres improváveis: deixamos de nos importar com
títulos e posições. Ao compreendermos que o próprio Jesus se esvaziou para
fazer a vontade do Pai, aprendemos a suportar em silêncio as perseguições.
Estas nos ensinam uma das lições mais valiosas que devemos aprender
sempre: permanecer em silêncio.
É vital desenvolvermos o silêncio do aprendiz. Quem se aproxima de
Deus deve aprender a ficar calado quando for irritado ou perseguido, pois,
quando nos defendemos, perdemos a oportunidade de experimentar a ação
de Deus para nos defender e justificar.
Nesse processo, aprendemos a valorizar o que Deus diz a nosso respeito,
não o que as pessoas pensam ou dizem sobre nós. Apreciar o caráter
aprovado por Deus é mais importante que conquistar uma reputação frágil
aos olhos dos homens, pois, se amarmos mais a nossa reputação ou o que as
pessoas pensam sobre nós, o nosso coração ficará doente e preso a
frustrações, porque as pessoas que nos aplaudem um dia, são as mesmas que,
diante das nossas falhas, nos apontarão como culpadas.
Devemos construir um caráter aprovado segundo o Pai e deixar a nossa
reputação com ele, porque somente ele tem a habilidade de lidar com a
correnteza de um mundo frenético e perdido. Se eu não confiasse
plenamente nessa verdade, já estaria perdida e presa a sentimentos de
decepção e rancor. No entanto, aprendi a prosseguir firmada em uma
convicção sobre quem eu sou em Deus, pois são as palavras dele que me
definem e me moldam.
Muitas e muitas mulheres se veem presas, estagnadas e perdidas,
enterrando o chamado de Deus por medo do que outros vão pensar, mas o
que os outros pensam não muda quem somos. Outras, no entanto, se
lançam sem receio para algo que Deus não lhes convocou, simplesmente
para obter a aprovação alheia. O problema de uma flecha que se lança
sozinha é que ela não irá muito longe.
Toda flecha precisa do Arqueiro. É a autorização de Deus sobre nós que
transforma os poucos pães e peixes em alimento para uma multidão. A falta
dela, porém, faz do que poderia ser um banquete um lugar de desaprovação.
O que as pessoas pensam é transitório; por isso, quem somos não pode
estar nesse lugar tão frágil que é a opinião alheia. Devemos lançar as raízes
da nossa identidade em Deus, por meio de um relacionamento íntimo e
profundo com ele. É dessa intimidade e desse relacionamento que nascerão
as direções mais importantes da nossa vida.
Nesse sentido, é urgente parar de tentar impressionar as pessoas ou nos
esconder delas, o que significa dizer que devemos ser mulheres autênticas,
porque esta é uma das principais ações que Deus precisa fazer
primeiramente em nós, aliada à convicção de quem somos nele.
Uma coisa é certa: tanto nas perseguições quanto nos aplausos, o nosso
coração precisa permanecer ouvindo o que Deus diz.
Enquanto isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor.
Dirigindo-se ao sumo sacerdote, pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, de
maneira que, caso encontrasse ali homens ou mulheres que pertencessem ao Caminho,
pudesse levá-los presos para Jerusalém. Em sua viagem, quando se aproximava de
Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. Ele caiu por terra e ouviu
uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” Saulo perguntou:
“Quem és tu, Senhor?” Ele respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se,
entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer”. Os homens que viajavam com
Saulo pararam emudecidos; ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo levantou-se do
chão e, abrindo os olhos, não conseguia ver nada. E eles o levaram pela mão até Damasco.
Por três dias ele esteve cego, não comeu nem bebeu. Em Damasco havia um discípulo
chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!” “Eis-me aqui, Senhor”,
respondeu ele. O Senhor lhe disse: “Vá à casa de Judas, na rua chamada Direita, e pergunte
por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando; numa visão viu um homem
chamado Ananias chegar e impor-lhe as mãos para que voltasse a enxergar”. (Atos 9.1-12,
NVI)
Atos 9 exemplifica perfeitamente os momentos em que fazemos as coisas
pensando que temos aprovação de Deus, quando na realidade não temos.
Paulo estava em uma missão a respeito da qual pensava agradar a Deus, mas
foi necessário cair do cavalo para que ele voltasse ao propósito divino.
Na ressurreição de Jesus, após a perda de Judas, os discípulos
compreenderam que era necessário escolher alguém para completar os
Doze, e diante da proximidade dessa escolha surgiu Matias. No entanto,
Deus continuava chamando pessoas. E fez isso com Paulo — alguém que
muito provavelmente não seria escolhido aos olhos humanos.
Deus escolheu alguém que ninguém escolheria, e hoje ele continua
escolhendo mulheres que jamais seriam escolhidas pelos padrões humanos.
A maioria de nós só ouve o Senhor quando cai do cavalo, ou seja, quando
é tirada à força de uma postura adotada. Quando Paulo se levantou do chão,
depois de cair do cavalo, ele estava literalmente cego. Embora já estivesse
espiritualmente cego, a cegueira física foi oportuna para que Paulo
entendesse a cegueira espiritual em que estava vivendo.
A escola do quebrantamento
Deus possui uma escola chamada quebrantamento. A taxa de matrícula é
paga através de uma gentil frustração, dando, assim, as boas-vindas com um
sorriso amargo. Com tamanha recepção, é de se entender que se trata de
uma escola pequena, com poucos alunos matriculados; menor ainda é o
número de graduados.
Talvez seja por esse motivo que vemos muitos dons e pouco caráter,
muita performance e pouca saúde emocional, porque muitos não
compreendem que falar em línguas no domingo é um dom, mas guardar a
língua na segunda-feira é o fruto do Espírito.
A escola do quebrantamento tem o poder de nos amadurecer, e a
maturidade é uma chave de acesso.
Davi se matriculou nessa escola, e Saul foi seu professor. O jovem Davi
aprendeu a se defender de Saul sem o atacar, e entendeu que existia um Saul
dentro dele que precisava morrer. A unção nos separa, mas as dores nos
preparam! É nas cavernas escuras da vida que somos edificadas no lugar
secreto, e, quando Deus nos aprova na caverna, reinar no palácio será
questão de tempo.
Na escola do quebrantamento aprendemos também a ignorar as críticas e
as injustiças. Eliabe era o irmão mais velho de Davi e estava muito
contrariado por ver Davi ser separado para algo que ele mesmo gostaria de
viver. Eliabe representa as pessoas que amamos e que estão próximas de nós,
mas que não celebram a nossa vitória.
Os “Eliabes” nos ensinam que, para abraçarmos a vontade de Deus,
deveremos ignorar as ofensas. Isso não quer dizer ignorar as pessoas.
Devemos amar as pessoas, mas não permitir que elas tenham domínio sobre
o nosso destino. Para atendermos ao nosso chamado e vivermos
intensamente o nosso propósito, será necessário aprender a ignorar as
palavras cruéis que muitas delas nos dizem e suas falsas acusações.
Muitas pessoas se sentem paralisadas por terem dado ouvido a um
Eliabe. Eliabe julgou Davi duramente, lançando contra ele palavras duras e
ofensivas. Mas Davi não permitiu que as palavras do irmão o paralisassem
ou regessem sua vida. Ele sabia quem era, e seguiu seu chamado.
Há muitas mulheres completamente estéreis por temerem o que os
outros vão pensar ou dizer sobre elas. Por favor, não espere uma vida sem
Eliabes, porque eles são professores preciosos para a nossa saúde emocional;
sem saber, eles nos ajudam a desenvolver raízes fortes em meio aos ventos.
Além dos Eliabes, também contaremos com líderes como professores
dessa escola. Talvez você já tenha sido perseguido implacavelmente por uma
liderança, mas não desanime; existem lições valiosas que podemos extrair
dessas experiências e de cada Eliabe da nossa história.
A primeira lição dessa escola geralmente é ministrada por aqueles que
considerávamos referenciais, mas que falharam conosco. Para ser sincera,
lembro-me daquelas escolas em que apenas um professor lecionava várias
matérias, e penso que Saul era como um desses professores. Mas vou me
ater apenas em uma das matérias que Davi aprendeu com Saul. Em razão de
tudo o que eles vivenciaram, Davi aprendeu a não retribuir o mal com o
mal, mas a retribuir o mal com o bem. A postura de Davi foi não devolver
as lanças jogadas contra ele; ele aprendeu a se proteger do mal e a aguardar a
justificação do céu.
Saul foi o professor que ensinou Davi a olhar para dentro de si mesmo,
ou seja, um alerta para que ele jamais desejasse ser como Saul. Saul tinha a
posição, mas a autoridade estava sobre a vida de Davi; é provável que, se não
fosse a escola do quebrantamento, Davi pudesse ter sido um segundo Saul,
reproduzindo a conduta errada de seu principal professor.
Foi através da escola do quebrantamento que Deus arrancou um “Saul”
do coração de Davi, da mesma forma que algumas pessoas que conhecemos,
homens e mulheres de autoridade sobre nós, nos ensinam que nunca
devemos ser como eles. Por mais difíceis que tenham sido as lições
ministradas pelos professores que Deus permitiu lecionar na nossa trajetória,
elas foram usadas para quebrantar o nosso coração e, assim, contribuíram,
sem saber, para o nosso crescimento. Por meio delas, aprenderemos a dar
uma resposta diferente quando estivermos na posição de Saul.
O rei Saul procurava destruir Davi, mas seu único sucesso foi ter se
tornado um instrumento de Deus para matar o “Saul” que vagava nas
próprias cavernas de Davi. O que mais me impressiona em Davi foi que ele
abraçou o processo, abraçou as duras circunstâncias; ele deixou que sua
personalidade fosse lapidada e, ao findar a prova, Davi estava irreconhecível.
Na escola do quebrantamento aprendemos que não devemos abrir mão
de quem somos. No caso de Davi, a simplicidade foi sua armadura; foi o
elemento de Deus para conceder a ele a vitória. As pedras lisas de riacho,
delicadamente lapidadas pelo tempo e pela água, foram armas poderosas
para seu tempo de visibilidade. Da mesma forma, o que Deus está forjando
dentro de nós no lugar secreto, é o que estabelecerá a nossa vitória nos
lugares visíveis que Deus tem para nós.
Os olhos de todo o Israel estavam sobre Davi naquele dia. A escolha de
Davi para enfrentar o gigante sem fazer uso da armadura de Saul despertou
nele uma nova força — a força do Senhor — para usar habilidades que já
possuía.
É fácil buscar plataformas de lançamento, tentar pôr em prática aquilo
que está funcionando ou dando certo em outros lugares ou ministérios. Mas
Deus está em busca de “Davis”, homens e mulheres que se recusem a vestir
algo que não lhes pertence, algo que, em vez de ajudá-los a fluir, acaba
engessando sua vida e ministério em estruturas e modelos prontos; modelos
estes que já foram destituídos, assim como Saul já havia sido destituído por
Deus.
Com sua própria identidade, Davi não enfrentou o gigante porque
acreditava na pequena arma de que dispunha, mas porque ele
profundamente cria no Deus que tão bem conhecia. Aquilo que
aparentemente para muitos era motivo de vergonha, para Davi era a solução
e projetou sua vida com Deus.
Ser aprovada na escola do quebrantamento e em cada matéria nos
permitirá passar as fases seguintes, que exigirão de nós uma identidade
muito bem firmada e estabelecida.
Os momentos de pressão trarão à luz a nossa essência e revelarão quem
realmente somos, assim como a atitude de Saul trouxe à luz quem Davi
realmente era. Davi, por sua vez, trouxe à luz quem era Saul.
As pressões de hoje nos amadurecem para o amanhã. Podemos estar
angustiadas hoje, com muitos questionamentos que golpeiam as nossas
certezas e convicções. No entanto, assim como Davi, não nos cabe escolher
devolver as lanças, porque elas estão nas mãos daqueles que perderam
autoridade; em vez disso, devemos escolher as harpas e prosseguir na
adoração ao Senhor enquanto ele trabalha em nós e através de nós.
Acredite: já não existem limites para o que Deus pode fazer em você e
através de você. Devolva o mal com o bem, e você verá como todos os
“Sauls” ficarão perdidos e sem direção.
Em vez disso, batalhe no caminho da adoração. É a adoração que nos
permite estar no ambiente perfeito que antecede as lutas e nos faz vivenciar
o propósito com o foco em Deus e nos processos dele em nós, pois eles são
processos necessários e pedagógicos que nos lançarão para outro patamar.
Quando pensamos em José do Egito, sabemos que Deus deu sonhos a
ele, sonhos acerca do propósito que ele viveria. Mas Deus não mostrou a
José todo o processo pelo qual ele passaria, porque, por mais doloroso que
tenha sido, foi fundamental para que José tivesse a estrutura emocional e
espiritual para a importante posição que ocuparia.
O processo nos amadurece! Portanto, se você recebeu uma orientação do
Senhor, e o seu coração queima em direção a esse propósito, prepare-se para
o processo. Pode ser doloroso e desafiador, mas transformará a sua
perspectiva e, como consequência, a sua vida.
Por isso, Deus começa por dentro e muda as coisas de lugar: ele nos tira
da zona de conforto, nos troca de bando, nos emudece e nos torna
aprendizes outra vez porque sabe que nunca estaremos preparadas o
suficiente. Cada etapa é importante para o amadurecimento de Deus em
nós.
Desejo que você, mulher improvável, vença a tentação de viver no raso
das aparências e se lance no profundo de uma vida aprovada por Deus no
lugar secreto.
Deus está agindo em você para atuar através de você; para isso, não anule
a sua essência esperando a aprovação das pessoas; muito menos dê os
próximos passos tendo como base carências ou expectativas alheias. Se parar
para pensar, você concluirá que essa combinação nunca funcionou; pelo
contrário, só a levou para o terreno fértil do desânimo e da comparação.
Ame mais a sua integridade do que a sua reputação, porque a integridade
diz quem você é de verdade, já a reputação oscila conforme o povo nos vê. E
já dizia Deus a Samuel:
“Não o julgue pela aparência nem pela altura, pois eu o rejeitei. O SENHOR não vê as coisas
como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o SENHOR olha
para o coração” (1Samuel 16.7).
Sondável
Muitas pessoas procuram Jesus em busca de cura, mas não desejam
caminhar com ele. Buscam apenas as bênçãos, mas não a intimidade.
Existem, porém, aquelas que estão muito além de uma bênção; têm um
coração que deseja mais; são pessoas que não querem apenas ser abençoadas,
mas também corresponder a um propósito na presença de Deus.
Amar a Deus quando as coisas vão bem é fácil; o verdadeiro amor, no
entanto, se revela nas dificuldades. O nosso amor por Deus é provado nas
dificuldades, nas tribulações, nas aflições, nos momentos em que não apenas
a sinceridade desse sentimento é provada, como também o nosso coração.
Mas o coração é terreno a ser sondado. Assim como os salmistas oravam,
devemos orar constantemente para que o Senhor sonde o nosso interior, não
porque ele não o conheça, mas porque nós precisamos conhecê-lo:
Investiga minha vida, ó Deus, descobre tudo a meu respeito. Interroga-me, testa-me;
assim, terás uma ideia clara de quem sou. Vê por ti mesmo se fiz alguma coisa errada e,
então, guia-me na estrada que conduz à vida eterna (Salmos 139.23,24).
Segura
É impressionante como Deus é especialista em levantar pessoas que
costumam dizer que não possuem nada em si mesmas, que tentam dar
desculpas para não serem usadas por ele. São pessoas que não buscam
visibilidade nem exposição, mas que amam a intimidade com o Pai.
Justamente por isso, são aquelas que Deus deseja expor, estabelecer e
levantar para um tempo e um propósito específicos.
É isso o que Deus tem feito na vida de muitas mulheres, ao levantar
aquelas que validam os planos de Deus, que possuem autoridade sobre
outros por meio da unção liberada sobre elas.
Como mulheres de Deus, a rivalidade e a comparação não são um lugar
seguro. A postura de Isabel, ao reconhecer que o bebê que Maria gerava era
maior do que o que estava sendo gerado em seu próprio ventre, mostra
como essa mulher de Deus soube discernir a importância do milagre que
Maria levava dentro de si; por isso, Isabel decidiu contribuir com esse
propósito. Isabel foi mais do que uma parente de Maria; ela foi
companheira de Maria no momento mais importante de sua vida.
Por outro lado, a insegurança é a raiz da rivalidade, mas uma mulher
segura de si mesmo em Deus não terá medo de nada nem de ninguém. E o
mais importante: ela não hesita em cooperar para que as mulheres a seu
redor vivam o propósito de Deus e gerem os frutos que precisam nascer
delas.
Não vingativa
O rei Davi nos ensina muito a respeito de uma característica comum nas
pessoas que Deus deseja levantar. Por mais perseguido que tenha sido, Davi
não ousou levantar a mão contra Saul. Saul morreu, mas não precisou ser
morto pelas mãos de Davi.
Entenda: a porta que Deus abre ninguém é capaz de fechar. Quando
chegou o tempo de Davi reinar, Saul morreu sem que a culpa dessa morte
fosse atribuída a Davi. A verdade é que não precisamos perseguir ou nos
vingar de ninguém, pois o tempo de Deus chegará, e nada poderá impedir
que os planos de Deus se estabeleçam.
Precisa e pontual
As mulheres que Deus está levantando são precisas e pontuais. Apesar de
improváveis aos olhos dos homens, são prováveis aos olhos de Deus. São
“atiradoras de elite”, munidas de uma palavra certeira; pertencem a um
grupo tático, cuja precisão é incomum.
Enquanto um exército e um batalhão são formados por grande
quantidade, os atiradores de elite são em menor quantidade, embora sejam
forjados para atuar com alta precisão, preparados para situações de alta
tensão e sem margem para erros.
Os atiradores de elite são convocados em situações nas quais a precisão
pode salvar vidas. Assim são essas mulheres. Há momentos em que elas são
mais do que necessárias, pois as palavras que emitem são precisas a ponto de
desarmar guerras e trazer lucidez em meio à confusão.
Tem discernimento
Da tribo de Judá, 6.800 guerreiros armados com escudos e com lanças. Da tribo de
Simeão, 7.100 guerreiros valentes preparados para a guerra. Da tribo de Levi, 4.600
guerreiros, incluindo Joiada, chefe da família de Arão, com 3.700 homens sob seu
comando, e Zadoque, jovem guerreiro valente, com 22 oficiais, membros de sua família. Da
tribo de Benjamim, parente de Saul, 3.000 guerreiros. Até então, a maioria dos homens de
Benjamim tinha permanecido leal a Saul. Da tribo de Efraim, 20.800 guerreiros valentes,
cada um deles muito respeitado em seu próprio clã. Da meia tribo de Manassés a oeste do
Jordão, 18.000 foram indicados por nome para ajudarem Davi a se tornar rei. Da tribo de
Issacar, 200 chefes com seus parentes. Todos eles entendiam bem os acontecimentos daquele
tempo e sabiam qual era o melhor caminho para Israel seguir. (1Crônicas 12.24-32)
O que me saltou aos olhos nesse texto foi o versículo 32, assinalado, pois
afirma que os guerreiros de Issacar eram líderes que sabiam agir em
quaisquer circunstâncias e comandavam o povo pelo melhor caminho.
Esse texto também revela o que Deus quer ver nas mulheres que ele está
levantando: mulheres que discernem os tempos e as estações, cuidam da
família, sabem onde colocam os pés e guiam os que estão a seus cuidados
pelos melhores caminhos, pois são mulheres que se preocupam com o bem-
estar de sua gente.
É interessante perceber que todas as tribos apresentavam um número
expressivo de pessoas, mas a tribo de Issacar possuía apenas 200 chefes, uma
diferença exorbitante que revela uma característica dessa tribo: eram
pequenos em número, mas grandes em influência. Apesar de contar com
poucas pessoas, saber discernir os tempos e lidar com qualquer circunstância
diferenciou aqueles líderes dos demais.
Podemos concordar que, em meio a uma guerra, recorremos às pessoas
que julgamos ser experientes, pessoas que saibam lidar com aquilo que
estamos enfrentando, e os chefes de Issacar possuíam tamanha precisão e
discernimento. São mulheres com essas características que estão sendo
levantadas pelo Senhor.
O discernimento, além de ser uma característica fundamental, diz
respeito à consolidação de uma construção já estabelecida. Deus está
levantando mulheres que não se abalam, mas permanecem: “Com sabedoria
se constrói a casa, e com discernimento se consolida” (Provérbios 24.3).
Construir é bom, mas somente se estiver fundada na sabedoria e no
discernimento.
Casar é uma escolha sábia, mas permanecer casada requer discernimento.
Gerar filhos é sábio, mas na educação deles precisamos distinguir entre o
certo e o errado, o bem e o mal, o que vale a pena e o que é perda de tempo;
em todos os aspectos da vida, o discernimento é indispensável.
O discernimento é que definirá a comida e a mesa em que nos
alimentaremos, pois o nível de sabedoria e discernimento de que dispomos
determinará o nosso cardápio espiritual:
Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. Mas
o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos
para discernir tanto o bem quanto o mal (Hebreus 5.13,14, NVI).
Libertadora
As mulheres que Deus deseja levantar sabem que todo avião precisa de
um aeroporto. Não podemos negligenciar o nosso lugar de descanso e
entrega. Aviões voam alto, mas precisam de aeroportos entre um voo e
outro. Todo Paulo precisa de um Ananias, assim como todas nós precisamos
de pessoas que contribuam com Deus na tarefa de nos conduzir a
determinado propósito. No entanto, o nosso lugar de descanso é o Senhor;
não existe outro.
As mulheres que Deus quer levantar não são apenas hábeis, são mulheres
que habilitam as demais mulheres; são “Josués” e “Calebes” da nossa
geração. Quando toda uma geração falhou em entrar na terra prometida,
Josué e Calebe não se enterraram com eles na murmuração, mas se
levantaram para equipar e preparar uma nova geração que estivesse disposta
a viver as promessas de Deus para Israel, seu povo.
Deus está chamando treinadoras neste tempo; mulheres hábeis que serão
usadas para capacitar outras mulheres para que vivam os sonhos de Deus.
Infelizmente, vemos mulheres, líderes e ministras que servem no Corpo
de Cristo e não se comportam como libertadoras, mas como carcereiras,
porque se alimentam das feridas e das dores de outras. Em vez de
ministrarem a cura e a libertação a mulheres feridas, elas têm se alimentado
das feridas das doentes da alma e do espírito. Elas agem na contramão da
ação de Deus.
Mas Deus, por outro lado, está levantando mulheres libertadoras que
estão dispostas a ministrar a cura a outras mulheres e emancipar umas às
outras; essas mulheres não temem promover as outras, pois compreendem
que o voo de cada uma contribui para a expansão do Reino de Deus e
glorifica o nome de Jesus.
As mulheres que Deus têm levantado são libertadoras, não carcereiras.
São mulheres que possuem o dom de amar, levantar e encorajar umas às
outras.
Quando Elias foi levado, a capa dele caiu sobre Eliseu. Da mesma
maneira, quando uma mulher é levantada, aquelas que estão ao redor
desfrutam da capa que cai sobre elas. Sempre que uma mulher é levantada,
uma capa cai sobre nós; por isso, precisamos andar com mulheres que
andam com Deus.
É mentoreada
Uma característica determinante na vida das mulheres que Deus deseja
levantar é que elas caminham com mentores segundo o coração de Deus.
Ouvimos muito sobre mentores atualmente, mas não basta estarmos em um
processo de mentoreamento; precisamos de mentores segundo o coração de
Deus. Precisamos encontrar pessoas que sejam como Tito na vida de Paulo,
pessoas que são como bálsamo, que alegram o nosso coração, aquecem o
nosso espírito e nos lembram de quem somos em Deus.
Por isso, é preciso ter cuidado e verificar que tipo de pessoas deixamos
que influenciem o nosso coração; precisamos de instrumentos de Deus que
nos encorajem e nos reposicionem no propósito divino quando perdemos o
rumo ou tropeçamos.
Deus tem levantado mulheres neste tempo que ocupem diversas esferas
da sociedade; mulheres nas quais ele mesmo depositou dons e talentos que
precisam ser manifestos. O Senhor está alçando mulheres para lugares nos
quais ele deseja nos estabelecer e reposicionar.
É preciso desenvolver o perfil da mulher que ele está levantando nesta
geração e desenvolver estas e outras características espirituais em nós, para
que sejamos as mulheres com as quais Deus pode contar neste tempo!
Não perca tempo.
Meu eu quer perfeição.
Foi isso que aconteceu com Pedro: ele foi peneirado para ter uma
visão ajustada de si mesmo.
Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu
(Eclesiastes 3.1, NVI).
Há um tempo para todas as coisas, e como é sábio andar no tempo
apropriado para cada uma delas! É sábio discernir o tempo certo para lançar
na terra as sementes que temos nas mãos. Igualmente sábio é perceber o
momento de reter algumas coisas para um tempo oportuno.
Cada semente tem um tempo apropriado para o plantio. Cada semente
carrega um timing próprio que sinaliza sua estação apropriada. É como se a
natureza estivesse nos ensinando coisas profundas que precisamos aprender
no Espírito. Deus nos chama para que andemos na nossa estação e, assim,
vençamos a comparação. Estamos em um tempo em que é preciso ouvir e
aprender sobre a importância de andar e respeitar cada estação, vencendo as
exigências das expectativas ao redor. As expectativas de uma sociedade que
deseja imprimir um padrão em nossa cultura e em nosso comportamento.
A mulher que vive sua própria estação entende não somente onde deve
estar, mas, acima disso e mais importante, onde não deve estar.
Só chegando perto
Você só conhece algo quando tem a chance de chegar perto; o resto é
especulação, imaginação e, na pior das hipóteses, julgamento. Algo
interessante aprendemos nesse texto de Marcos 11: de longe, toda árvore
parece ter fruto!
Não podemos nos esquecer de que, de longe, todos parecem ter frutos,
mas só conhecemos de fato uma árvore quando temos a chance de chegar
perto dela. Aliás, o fruto mostra a identidade da árvore, de que espécie se
trata; da mesma forma, o fruto define quem somos.
“Tomem cuidado com falsos profetas que vêm disfarçados de ovelhas, mas que, na
verdade, são lobos esfomeados. Vocês os identificarão por seus frutos. É possível colher
uvas de espinheiros ou figos de ervas daninhas? Da mesma forma, a árvore boa produz
frutos bons, e a árvore ruim produz frutos ruins. A árvore boa não pode produzir frutos
ruins, e a árvore ruim não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons
frutos é cortada e lançada ao fogo. Portanto, é possível identificar a pessoa por seus
frutos”. (Mateus 7.15-20)
Não precisamos dar folhas quando estamos fora de estação, pois Jesus
não está em busca de folhas nem frutos fora do tempo. Ele não foi injusto
com aquela figueira. Ele não amaldiçoou a árvore por não dar fruto, mas sim
por ter a aparência de frutos quando não era tempo de dar figos. Muitos
seguem o mesmo padrão: têm aparência, mas não frutos!
Como igreja de Jesus, talvez vivamos este tempo, quando ele se aproxima
de nós para ver o que estamos produzindo. Malaquias nos faz um alerta e
um questionamento muito importantes:
“Mas quem poderá suportar quando ele vier? Quem permanecerá em pé em sua presença
quando ele aparecer? Pois ele será como fogo ardente que refina o metal, como sabão
forte que branqueia as roupas” (Malaquias 3.2).
Então Jesus contou a seguinte parábola: “Um homem tinha uma figueira em seu vinhedo e
foi várias vezes procurar frutos nela, sem sucesso. Por fim, disse ao jardineiro: ‘Esperei três
anos e não encontrei um figo sequer. Corte a figueira, pois só está ocupando espaço no
pomar’. O jardineiro respondeu: ‘Senhor, deixe-a mais um ano, e eu cuidarei dela e a
adubarei. Se der figos no próximo ano, ótimo; se não, mande cortá-la’ ” (Lucas 13.6-9).
Talhas improváveis
Jesus ainda muda configurações e ainda encontra e usa talhas. Certo dia,
durante um casamento em Caná, as talhas sofreram uma crise de
identidade. De repente, de talhas vazias, passaram a ser conhecidas como
aquelas que Jesus usaria para produzir o melhor vinho da festa:
E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que
tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei
tudo quanto ele vos disser. E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações
dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água
essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E
levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera,
se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao
esposo, E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido
bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os
seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele
(João 2.3-11, ARC).
Se Jesus perguntasse a você: “O que a trouxe até aqui?”, qual seria a sua
resposta? A resposta a essa pergunta equivale à motivação do seu coração. A
resposta não poderia ser outra: “Foi você, Pai!”. Aquilo que Deus promove
ele também sustenta. Saber disso é o suficiente para eu seguir ou não no que
tenho feito até aqui. Isso me aquieta e me tranquiliza, porque tenho a
certeza de ter encontrado o meu chamado.
O amor de Deus por nós nunca muda, e nada é capaz de nos separar
desse amor. No entanto, ainda que as escolhas erradas não nos separem do
amor de Deus, elas podem nos separar dos propósitos dele para nós.
Podemos ser intensa e profundamente amadas por Deus e, ainda assim,
sermos totalmente disfuncionais em nosso propósito e destino.
Existe algo que precisamos entender nestes dias: qual postura e qual
posicionamento precisamos ter em resposta à vontade de Deus para nós. O
discernimento e o temor ao Senhor são elementos-chave para não sermos
enganadas por uma religião vazia ou por um amor separado do
compromisso e propósito:
Mas os que confiam no SENHOR renovam suas forças; voam alto, como águias. Correm e
não se cansam, caminham e não desfalecem. (Isaías 40.31)
“Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria sempre que passarem por qualquer
tipo de provação, pois sabem que, quando sua fé é provada, a perseverança tem a
oportunidade de crescer. E é necessário que ela cresça, pois quando estiver plenamente
desenvolvida vocês serão maduros e completos, sem que nada lhes falte.” (Tiago 1.2-4)
A quarta é fruto da terceira: quanto mais tempo você passar com Jesus
em oração, mais parecida com ele você se tornará.
É impressionante como há aumento de intimidade quando investimos
em tempo de qualidade. Quer em relacionamentos familiares, quer entre
amigos, quando investimos tempo, quando plantamos tempo juntos,
colhemos intimidade. A intimidade com Deus acontece na mesma
dinâmica: quanto mais tempo investido, mais intimidade haverá.
Algumas revelações e alguns segredos são apenas para os íntimos. Nesse
lugar de intimidade, o seu coração se aquieta e você entende que melhor do
que viver as promessas divinas é ser amiga do dono dessas promessas.
Nesse lugar, você reposiciona o coração e se centraliza em Cristo. Mesmo
que a espera seja longa, os seus olhos não estão mais nisso, e sim em Jesus.
Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num
lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo
ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito” (Isaías 57.15, NVI).
O SENHOR está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido
(Salmos 34.18, NVI).
Silenciar não significa calar para tudo. Não significa que vamos calar ou
sofrer caladas por todas as injustiças, pois existe um equilíbrio necessário,
que é o caminho seguro a ser percorrido. Por isso, é bom lembrar o que nos
diz o Pregador: “Tempo de calar, e tempo de falar” (Eclesiastes 3.7).
De fato, existe o tempo de calar e silenciar; a palavra dita no tempo certo
é como maçãs de ouro em bandejas de prata:
Como maçãs de ouro em bandejas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo (Provérbios
25.11a, NAA).
“Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua
religião não tem valor algum!”. (Tiago 1.26, NVI)
Quando vocês ficarem irados, não pequem; ao deitar-se, reflitam nisso e aquietem-se
(Salmos 4.4, NVI).
Falamos muitas coisas das quais nos arrependemos depois, e isso porque
falamos sob a tirania da ira. Quantas de nós sofremos pelo efeito de palavras
que os nossos pais proferiram quando estavam irados? Não podemos
perpetuar a dor por meio das palavras. O silêncio nos livrará de pecarmos
quando a ira rondar o nosso coração.
Quando a ira chegar, não responda sob sua influência. Pare, pense, fique
em silêncio. Fale quando ela for embora, pois, sempre que agimos
motivados pela ira, causamos dor e ferimos os demais.
Os mesmos critérios também são válidos quando nos referimos à família
estendida e à família do nosso cônjuge, pois nos livram de desonrarmos ou
entristecermos os nossos familiares.
A terceira esfera de influência do poder do silêncio se nota no
relacionamento com os nossos amigos. É aqui que devemos ser discretas e
confiáveis.
Acredito que Deus tem levantado neste tempo mulheres que são
consertadoras de redes; trata-se de mulheres que aprenderam a falar no
tempo apropriado e oportuno, mulheres que saram com suas palavras, com
seu modo de falar.
Pessoas que não guardam segredos e que expõem os amigos não terão
amizades duradouras, assim como aquelas que não aprenderam a controlar a
língua delatam a confidência. Na contramão, o silêncio nos torna confiáveis
e nos habilita como boas conselheiras, pois, quando falamos menos,
observamos mais e estamos mais habilitadas a oferecer ajuda.
A última esfera que quero mencionar é a do âmbito profissional. Também
precisamos andar no poder do silêncio na esfera do coleguismo. Nossa
intimidade não deve ser exposta aos nossos colegas de trabalho, assim como
não devemos expor nossa intimidade conjugal em rodas de conversa. No
ambiente de coleguismo, quanto maior o silêncio, melhor. Um amigo sabe
relevar os nossos erros e nos trata com amor e carinho, mas um colega de
trabalho pode facilmente expor as nossas falhas e os nossos defeitos, pois
não existe o vínculo de uma amizade consolidada.
Quando sofremos injustiças, ou quando somos alvos de mentira,
perseguição, ofensa, ou, ainda, quando somos caluniadas e alvo de todo tipo
de problemas em um ambiente de trabalho, devemos silenciar. Ao
silenciarmos diante de uma injustiça, damos a chance para que Deus nos
justifique.
Jesus apontou um caminho:
Depois de mandá-las para casa, Jesus subiu sozinho ao monte a fim de orar. Quando
anoiteceu, ele ainda estava ali, sozinho (Mateus 14.23).
Jesus precisava estar em silêncio com o Pai, pois, por estar sempre
cercado pela multidão, precisava de descanso. Assim, tinha o hábito de se
retirar para os lugares solitários e orar. Em alguns momentos, Deus também
nos separará do grupo ao qual pertencemos para nos orientar e sarar.
Ele faz isso para que nos voltemos inteiramente para ele antes de que
retomemos o convívio com as pessoas e nos precipitemos naquilo que ele
quer restaurar. A chance de estragarmos o que Deus faz é grande. Por isso, o
silêncio é o melhor caminho.
Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta. Todo ramo que dá fruto, ele
poda, para que produza ainda mais. (João 15.2-4)
Para descobrir “para que” você foi chamada, talvez primeiro você precise
descobrir “para o que não foi” — a esse processo chamamos poda. Quando
você entende quem é, passa a frutificar naturalmente. No entanto, esse
processo inicia com muitas frustrações, advindas de tentativas de ser quem
você não é e de fazer algo para o qual não foi chamada nem habilitada.
Portanto, ser interrompida — por meio da poda divina — pode consistir em
um valioso avanço.
Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para
que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas
fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando
sou fraco, é que sou forte (2Coríntios 12.9,10, NVI).
Então o SENHOR estendeu a mão, tocou minha boca e disse: “Veja, coloquei minhas palavras
em sua boca! Hoje lhe dou autoridade para enfrentar nações e reinos, para arrancar e
derrubar, para destruir e arrasar, para edificar e plantar” (Jeremias 1.9,10).
Em lugar de vergonha, vocês terão dupla honra; em lugar de afronta, exultarão na herança
recebida; por isso, em sua terra possuirão o dobro e terão perpétua alegria (Isaias 61.7).
— Acredito!
— Nunca foi sobre capacidade, mas sobre mim. Não foi você
que me escolheu. Eu é que a escolhi! Escolhi você, a quem eu
trouxe dos fins da terra, dos lugares mais distantes do mundo,
e disse: “Você é minha; eu a escolhi e não a rejeitei, você não
precisa ter medo porque eu sou o seu Deus”. Eu lhe darei
forças; eu a ajudarei e manterei você em pé, firme, com a
minha vitoriosa mão direita”.
Capítulo 9
Estou cansada
Aprenda a descansar
e não desistir.
E stou cansada! Talvez esta seja uma frase corriqueira para você. E,
sim, nós nos cansamos! As nossas preocupações e tarefas são cada
dia mais intensas; além disso, é muito difícil administrarmos as
expectativas das pessoas, da sociedade e a nossa própria expectativa.
As pressões são, por vezes, severamente desgastantes, e não raramente
nos encontramos em embates internos e externos. A boa notícia é que Deus
estabeleceu o descanso como mandamento. Não foi uma sugestão do tipo:
“Olha, seria bom se você descansasse um pouco”. Não! O descanso foi
deixado para nós como mandamento:
“O SENHOR fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles há em seis dias; no sétimo dia,
porém, descansou. Por isso o SENHOR abençoou o sábado e fez dele um dia santo” (Êxodo
20.8-11).
O esgotamento corporal
Nosso corpo precisa de descanso. Não é à toa que dormimos um terço da
nossa vida. Fomos programadas por Deus também para o descanso, ou seja,
todos os dias devemos parar a fim de descansar. Além de mandamento, o
descanso também é uma necessidade vital.
Os problemas causados pela falta de sono são inúmeros, mas podemos
mencionar dois deles que são agravantes e têm assolado muitas mulheres. O
primeiro é a irritabilidade. Sim, a maioria das mulheres que não dormem o
suficiente para que o corpo se recupere adequadamente tendem a ser
irritadas. Elas acabam cedendo à agressividade, proferindo palavras duras
que ferem as pessoas, além de sofrerem de intolerância crônica. Por isso,
tenho um conselho específico para este tempo: antes que a sua irritabilidade
e intolerância sejam usadas pelo Inimigo, verifique como está a qualidade do
seu sono!
Na etapa do puerpério, a maternidade pode nos dar uma amostra dessa
disfunção, pois trata-se de uma estação na nossa vida na qual uma boa noite
de sono e descanso será sacrificada.
Quando estamos com um bebezinho pequeno, lidando com a alternância
de cólicas e mamadas, é quase um milagre conseguir tempo para ler um
livro. Mas é importante lembrar que esta é uma estação — como todas as
demais estações —, que vai passar e abrirá espaço para uma nova estação,
quando será possível desfrutar de uma noite de sono reparadora e de outros
momentos tão apreciados pela mulher.
Amo a Palavra de Deus. Ela é a base de tudo aquilo de que precisamos
para caminhar com luz e direção. É incrível a capacidade que a Bíblia tem
de nos ensinar por meio de histórias e parábolas, aplicando princípios
profundos e contundentes para este tempo. É nela que encontramos um
homem de Deus que passou por estresse físico.
Em 1Reis 19.5, após um cansaço intenso, lemos que Elias, desgastado,
acabou dormindo. Deus enviou um anjo que teve a missão primeira de
restaurar Elias fisicamente, provendo descanso e comida para o profeta
desgastado:
“Então ele se deitou debaixo do pé de giesta e dormiu. Enquanto dormia, um anjo o tocou
e disse: “Levante-se e coma!” (1Reis 19.5).
O esgotamento da alma
As nossas emoções podem sofrer desgastes violentos devido a pressões,
traumas e dores que não podemos evitar ou que não estão sob o nosso
controle. A mente é extremamente ativa e possui mecanismos que podem
estar a favor ou contra nós, se não soubermos aplicar o princípio do
descanso sabiamente.
Muitas podem se perguntar: “Mas como dar descanso à alma? Se o nosso
físico precisa de uma boa noite de sono, o que fazer com a alma cansada?”.
Vamos voltar ao texto de 1Reis 19:
Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Foi para Berseba, uma cidade em Judá, e ali
deixou seu servo. Depois, foi sozinho para o deserto, caminhando o dia todo. Sentou-se
debaixo de um pé de giesta e orou, pedindo para morrer. “Já basta, SENHOR”, disse ele.
“Tira minha vida, pois não sou melhor que meus antepassados que já morreram” (1Reis
19.3,4).
Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por que está tão triste? Espere em Deus!
Ainda voltarei a louvá-lo, meu Salvador e meu Deus! (Salmos 42.11)
O esgotamento espiritual
Talvez você esteja pensando: “Cansaço espiritual? É possível?”. Sim, é
possível. Quando não nutrimos corretamente a vida no espírito e
confundimos uma vida transformada pela presença de Jesus com a religião,
nós nos desgastamos e nos frustramos.
Muitas de nós estão sendo jogadas na lona do desgaste pelo ativismo
religioso. Acabam avançando o sinal vermelho quando precisavam parar e
estão completamente sem forças para continuar.
Antes de fazer, Deus nos convida a ser! As nossas habilidades e os nossos
dons não estão à frente de quem somos. Deus celebra quem somos. Quando
ele escolheu Davi, disse por acaso: “Encontrei alguém com muitos dons e
talentos, a quem posso dar a missão de ser Rei de Israel”? Não! Ele não
olhou para aquilo que Davi era ou não capaz de fazer. Ele disse ao profeta
Samuel: “Achei alguém que tem o coração parecido com o meu! Achei
alguém em quem posso confiar!”.
“Vasculhei a terra e encontrei Davi, filho de Jessé. O seu coração está em sintonia com o
meu coração, e ele fará toda a minha vontade”. (Atos 13.22, AM)
A palavra usada foi “vasculhar” a terra. Você já pensou por que vasculhar?
Quando falamos em vasculhar, falamos em algo que não é fácil de achar,
para o qual é preciso empregar tempo na procura. O que exatamente Deus
estava procurando? Alguém que tivesse mais raiz por dentro do que a árvore
que se mostrava por fora. Davi tinha mais conteúdo dentro do que fora. Ele
não sofria de esgotamento espiritual porque era alguém que estava alinhado
com Deus.
Quantos estão dentro das nossas comunidades cristãs, buscando seu valor
no que fazem e, de tanto fazer, estão esgotados? É a nossa vida íntima com
Deus que deve sustentar a vida pública, não o contrário.
O esgotamento espiritual chega quando você não respeita os seus limites
e vive uma vida ativista sem a direção de Deus. Muitos passam por esse tipo
de esgotamento, porque se sentem cansados e sobrecarregados. Precisamos
prestar muita atenção nesta palavra: S O B R E C A R R E G A D O!
Estar sobrecarregado é diferente de estar cansado. O cansaço faz parte da
nossa vida diária como decorrência das atividades normais de cada um. Nós
nos cansamos até das coisas boas da vida, como de um bom dia de praia. No
entanto, se estamos sobrecarregadas, isso significa que estamos envolvidas
em atividades além do que podemos suportar. Muitas têm feito tarefas além
de sua capacidade com a desculpa de que “é para Deus”. Será mesmo?
O princípio da agenda continua sendo válido: ande na agenda de Deus.
Até Jesus tinha uma agenda alinhada com as prioridades do Pai:
Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: o Filho não pode fazer coisa alguma por sua
própria conta. Ele faz apenas o que vê o Pai fazer. Aquilo que o Pai faz, o Filho também
faz” (João 5.19).
Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei
descanso (Mateus 11.28).
Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para
o monte (João 6.15, NVI).
O Deus que fala por meio do fogo é o mesmo que fala na brisa
suave. O Deus que usa o fogo para levantar, provar e aprovar você
é o mesmo Deus que usa a brisa na porta da caverna para restaurá-
la.
Ele sempre vai estar com você, quer no alto do monte, com fogo e
glória, quer nas cavernas de fuga nas quais você se esconde.
Não existe lugar tão distante que Deus não possa encontrá-la ali.
“Mas tu, Belém, da terra de Judá, de forma alguma és a menor em meio às principais
cidades de Judá; pois de ti virá o líder que, como pastor, conduzirá Israel, o meu povo”.
(Mateus 2.6, NVI)
Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Ele cresceu
diante dele como um broto tenro e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha
qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o
desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e
experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi
desprezado, e nós não o tínhamos em estima. Certamente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado
por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas
transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe
paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados (Isaías 53.1-5).
Feridas de rejeição
Jesus foi desprezado e rejeitado, e a rejeição é uma das feridas
comumente encontradas nas pessoas improváveis. A rejeição faz parte do
processo de construção de Cristo em nós:
Então Jesus começou a lhes ensinar que era necessário que o Filho do Homem sofresse
muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes do povo, pelos principais sacerdotes e pelos
mestres da lei. Seria morto, mas três dias depois ressuscitaria. Enquanto falava
abertamente sobre isso com os discípulos, Pedro o chamou de lado e o repreendeu por
dizer tais coisas.
Jesus se virou, olhou para seus discípulos e repreendeu Pedro. “Afaste-se de mim,
Satanás!”, disse ele. “Você considera as coisas apenas do ponto de vista humano, e não da
perspectiva de Deus.”
Depois, chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quer ser meu seguidor,
negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas,
se abrir mão de sua vida por minha causa e por causa das boas-novas, a salvará. [...] E o que
daria o homem em troca de sua vida?” (Marcos 8.31-35,37).
Em seguida, resolveu explicar algumas coisas: “É necessário que o Filho do Homem seja
maltratado, levado a julgamento e declarado culpado pelos líderes do povo, sacerdotes e
líderes religiosos; que seja morto e três dias depois ressuscite”. Ele falava de modo simples
e claro, para que todos entendessem. Pedro, porém, protestou, segurando-lhe o braço.
Vendo que os discípulos hesitavam em aceitar os fatos, Jesus repreendeu Pedro: “Pedro,
saia do meu caminho! Fora, Satanás! Você não tem ideia de como Deus trabalha” (Marcos
8.31-33, AM).
Davi fugiu da cidade de Gate e foi para a caverna de Adulão. Quando seus irmãos e a
família de seu pai souberam disso, foram até lá para encontrá-lo. Também juntaram-se a
ele todos os que estavam em dificuldades, os endividados e os descontentes; e ele se
tornou o líder deles. Havia cerca de quatrocentos homens com ele (1Samuel 22.1,2).
Podemos estar seguras de que as pessoas serão trazidas por Deus para
perto de nós. Quando as portas estiverem fechadas, não as empurre. Mais
tarde, você agradecerá por elas. Deus trará para o nosso ambiente novas
conexões interpessoais que podem destravar e impulsionar a nossa vida, e é
ao lado delas que devemos estar, sendo construídas por meio de
relacionamentos saudáveis, não utilitários.
Quantas de nós, em algum momento da vida, precisamos de alguém
maduro o suficiente para ser apoio, aceitação e correção sábia? Quantas de
nós descobrimos que essas pessoas são uma raridade? Sim, Paulo já havia
nos alertado:
Pois, ainda que tivessem dez mil mestres em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois eu me
tornei seu pai espiritual em Cristo Jesus por meio das boas-novas que lhes anunciei
(1Coríntios 4.15).
Onde quer que haja um arco existe uma flecha voando em direção a
seu propósito.
Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o
homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus
inimigos no tribunal. (Salmos 127.4,5, NVI)
Este é um texto que traz considerações importantes para nós. A primeira
delas é que o versículo fala sobre filhos nascidos na juventude, ou seja, trata-
se de filhos pequenos. Aqui cabe uma pergunta: Você foi lançada pela
família que deveria funcionar como arco? Muitas flechas falharam em seu
propósito porque o arco falhou, por isso muitas de nós tivemos que lidar
com o primeiro arco quebrado, ineficiente ou simplesmente ausente.
É provável que muitas das improváveis tenham vindo de uma família sem
pai, ou seja, sem um guerreiro que lançasse o arco. Outras, do ponto de vista
ministerial, acabaram se submetendo a um pastoreio imaturo, o que lhes
causou diversas feridas; isso porque líderes feridos geram pessoas feridas, e
pessoas feridas ferem.
Muitas flechas estão desperdiçadas no chão por não estarem em uma
aljava apropriada ou nas mãos de um guerreiro que possa lançá-las, e é
justamente por isso que Deus tem levantado líderes saudáveis que possam
ser o arco que essas flechas precisam para alcançar o destino de Deus.
O arco precisa saber o tempo certo de ser a pessoa que lança a flecha para
o seu destino, ou seja, de impulsionar alguém. Já as flechas precisam
compreender que deverão estar alternadamente em três ambientes: na aljava,
no ponto de mira ou rumo ao alvo determinado para ela.
O tempo na aljava
O tempo de estar na aljava tem, no entanto, uma par ticularidade:
Escutem-me, vocês, ilhas; ouçam, vocês, nações distantes: antes de eu nascer o SENHOR me
chamou; desde o meu nascimento ele fez menção de meu nome. Ele fez de minha boca
uma espada afiada, na sombra de sua mão ele me escondeu; ele me tornou uma flecha
polida e escondeu-me na sua aljava. Ele me disse: “Você é meu servo, Israel, em quem
mostrarei o meu esplendor”. Mas eu disse: Tenho me afadigado sem qualquer propósito;
tenho gastado minha força em vão e para nada. Contudo, o que me é devido está na mão
do SENHOR, e a minha recompensa está com o meu Deus. E agora o SENHOR diz, aquele que
me formou no ventre para ser o seu servo, para trazer de volta Jacó e reunir Israel a ele
mesmo, pois sou honrado aos olhos do SENHOR, e o meu Deus tem sido a minha força; ele
diz: “Para você é coisa pequena demais ser meu servo para restaurar as tribos de Jacó e
trazer de volta aqueles de Israel que eu guardei. Também farei de você uma luz para os
gentios, para que você leve a minha salvação até os confins da terra”. Assim diz o SENHOR,
o Redentor, o Santo de Israel, àquele que foi desprezado e detestado pela nação, ao servo
de governantes: “Reis o verão e se levantarão, líderes o verão e se encurvarão, por causa
do SENHOR, que é fiel, o Santo de Israel, que o escolheu” (Isaías 49.1-7, NVI).
Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na
palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à
leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino. Não negligencie o dom que foi dado a
você por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros. Seja diligente
nessas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso.
Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois,
agindo assim, você salvará tanto você mesmo quanto aos que o ouvem (1Timóteo 4.12-16).
Escrevo como um pai, meus filhos. Amo vocês e quero que sejam adultos, não crianças
mimadas. Há muita gente que não vê a hora de apontar o dedo para o que vocês têm feito
de errado, mas não há muitos pais dispostos a investir tempo e esforço para ajudá-los a
crescer. Foi quando Jesus me levou a proclamar a vocês a Mensagem de Deus que me
tornei o pai de vocês. (1Coríntios 4.15, AM)
Mudar dá medo.
Para estar onde Deus quer que estejamos, precisaremos abrir mão de
onde gostaríamos de estar.
Troque de mesa
A mesa que Daniel escolheu para se alimentar definiu o nível de
revelação e de influência dele em um tempo de crise. As mesas a que você se
assenta falam muito de você. As suas escolhas hoje definem onde você estará
amanhã.
Talvez hoje pareça que você esteja perdendo enquanto costura
silenciosamente renúncias à sua história, mas o “não” de hoje será o “sim” de
amanhã.
A mesa definiu Daniel e guardou a identidade dele, assim como a mesa
devolveu um lugar a Mefibosete. A mesa deu estratégias a Ester. A mesa
dos discípulos de Emaús trouxe revelação. E a mesa de Davi fazia seu cálice
transbordar mesmo diante de seus inimigos.
Escolha bem a sua mesa, porque nem todas as mesas são para você! A
mesa de Marta tinha ressentimento. A mesa de Simão tinha intenções
escondidas. A mesa da Babilônia tinha manjares que roubavam a
identidade. A mesa de Vasti tinha desonra.
As mesas estão à disposição para serem escolhidas. Caberá a você
escolher bem. O banquete sobre o qual você se debruçar definirá quem você
é.
Depois da morte de Eúde, mais uma vez os israelitas fizeram o que o SENHOR reprova. Assim
o SENHOR os entregou nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. O
comandante do seu exército era Sísera, que habitava em Harosete-Hagoim. Os israelitas
clamaram ao SENHOR, porque Jabim, que tinha novecentos carros de ferro, os havia
oprimido cruelmente durante vinte anos. Débora, uma profetisa, mulher de Lapidote,
liderava Israel naquela época. Ela se sentava debaixo da tamareira de Débora, entre Ramá
e Betel, nos montes de Efraim, e os israelitas a procuravam, para que ela decidisse as suas
questões. Débora mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, em Naftali, e lhe
disse: “O SENHOR, o Deus de Israel, ordena a você que reúna dez mil homens de Naftali e
Zebulom e vá ao monte Tabor. Ele fará que Sísera, o comandante do exército de Jabim, vá
atacá-lo, com seus carros de guerra e tropas, junto ao rio Quisom, e os entregará em suas
mãos” (Juízes 4.1-7, NVI).
Diante do avanço de Baraque, o SENHOR derrotou Sísera e todos os seus carros de guerra e
o seu exército ao fio da espada, e Sísera desceu do seu carro e fugiu a pé. Baraque
perseguiu os carros de guerra e o exército até Harosete-Hagoim. Todo o exército de Sísera
caiu ao fio da espada; não sobrou um só homem. Sísera, porém, fugiu a pé para a tenda de
Jael, mulher do queneu Héber, pois havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e o clã do queneu
Héber. Jael saiu ao encontro de Sísera e o convidou: “Venha, entre na minha tenda, meu
senhor. Não tenha medo!” Ele entrou, e ela o cobriu com um pano. “Estou com sede”,
disse ele. “Por favor, dê-me um pouco de água.” Ela abriu uma vasilha de leite feita de
couro, deu-lhe de beber, e tornou a cobri-lo. E Sísera disse à mulher: “Fique à entrada da
tenda. Se alguém passar e perguntar se há alguém aqui, responda que não”. Entretanto,
Jael, mulher de Héber, apanhou uma estaca da tenda e um martelo e aproximou-se
silenciosamente enquanto ele, exausto, dormia um sono profundo. E cravou-lhe a estaca
na têmpora até penetrar o chão, e ele morreu. Baraque passou à procura de Sísera, e Jael
saiu ao seu encontro. “Venha”, disse ela, “eu mostrarei a você o homem que você está
procurando.” E entrando ele na tenda, viu ali caído Sísera, morto, com a estaca
atravessada nas têmporas. Naquele dia, Deus subjugou Jabim, o rei cananeu, perante os
israelitas (Juízes 4.15-23).
Jael foi o elemento surpresa de Deus. É por isso que Deus tem levantado
mulheres improváveis, porque a resposta pela qual a terra clama não
costuma estar no que é considerado óbvio e adequado de acordo com a
perspectiva humana, mas, sim, de acordo com a perspectiva de Deus, que
usa quem ele quer, da forma que deseja, para os propósitos que ele mesmo
estabelece.
Deus já havia rompido com a cultura da época através da liderança de
Débora; afinal, ela foi a única mulher juíza entre todos os juízes de Israel e
foi levantada em um tempo em que as mulheres eram relegadas, ou seja,
banidas a segundo plano na organização tribal de Israel. Mas, para
cumprimento da promessa de que entregaria Sísera e suas tropas nas mãos
de Baraque, Deus levanta outra mulher improvável, que foi justamente Jael.
Jael foi construída no secreto, forjada em uma atividade incomum para as
mulheres de hoje. Acredita-se que sua destreza ao manusear a estaca e o
martelo tenha sido uma habilidade desenvolvida enquanto cumpria uma
tarefa que geralmente era das mulheres de sua época: montar e desmontar
tendas! Uma mulher improvável, forjada por meio de uma tarefa comum e
rotineira em sua época, foi a resposta para aplacar a guerra e findar a
opressão que estava sobre o povo israelita.
Foi através de Jael, da forma mais improvável e por meio de uma mulher
improvável, que o Senhor cumpriu sua palavra e entregou o general do
exército inimigo nas mãos de Israel.
“Que Jael seja a mais bendita das mulheres, Jael, mulher de Héber, o queneu! Seja ela
bendita entre as mulheres que habitam em tendas! Ele pediu água, e ela lhe deu leite;
numa tigela digna de príncipes trouxe-lhe coalhada. Ela estendeu a mão e apanhou a
estaca da tenda; e com a mão direita o martelo do trabalhador. Golpeou Sísera,
esmigalhou sua cabeça, esmagou e traspassou suas têmporas. Aos seus pés ele se curvou,
caiu e ali ficou prostrado. Aos seus pés ele se curvou e caiu; onde caiu, ali ficou. Morto!
(Juízes 5.24-27).
_____________________