Atuação Do Farmacêutico Possagno

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GERUSA CLAZER HALILA POSSAGNO

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS PRIVADAS E


PESQUISA DE EVIDÊNCIAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE
PRESCRIÇÃO

CURITIBA
2015
0

GERUSA CLAZER HALILA POSSAGNO

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS PRIVADAS E


PESQUISA DE EVIDÊNCIAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE
PRESCRIÇÃO

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências Farmacêuticas, do Setor
de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do
Paraná, como requisito parcial para a obtenção do
título de Doutor em Ciências Farmacêuticas.
Orientador: Prof. Dr. Michel Fleith Otuki
Coorientador: Prof. Dr. Cassyano Januário Correr

CURITIBA
2015
1

Possagno, Gerusa Clazer Halila


Atuação do farmacêutico em farmácias comunitárias privadas e
Pesquisa de evidências sobre medicamentos isentos de prescrição. /
Gerusa Clazer Halila Possagno. - Curitiba, 2015.
161 f. : il.(algumas color.) ; 30 cm

Orientador: Professor Dr. Michel Fleith Otuki


Coorientador: Professor Dr. Cassyano Januário Correr
Teses (doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do
Paraná, 2015.

Inclui bibliografia

1. Farmacêuticos. 2. Medicamentos isentos de prescrição.


3.Dispensação. I. Otuki, Michel Fleith, II. Correr, Cassyano
Januário. III. Universidade Federal do Paraná. IV. Título.

CDD 615.1
2
3

Dedico este trabalho à minha amada família........

Meu querido filho Fabrizio, pelo qual meu coração apertava a cada viagem para Curitiba
Meu marido Rildo, meu companheiro, que sempre me incentivou para que eu
melhorasse como profissional e realizasse este trabalho
Meu pai Lauro, cujo trabalho e amor possibilitaram que eu pudesse estudar
Minha irmã Karine, minha mais fiel amiga e incentivadora, com a qual posso contar
sempre
Meu sobrinho Gustavo e meu cunhado Ricardo
À minha querida mãe, Maria Aparecida, que mesmo não estando presente
fisicamente, sei que sempre está junto de nós, presenciando cada etapa de nossas
vidas!
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela possibilidade de acordar todos os dias...... por me tornar a


pessoa que sou hoje e por acalmar meu coração nos momentos difíceis.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade
Federal do Paraná, pela oportunidade de fazer o doutorado.
Ao meu orientador professor Michel Fleith Otuki por possibilitar a realização
deste trabalho e o meu ingresso ao programa.
Ao meu coorientador professor Cassyano Januário Correr por ter me recebido
em seu grupo de pesquisa, pelos ensinamentos e conversas esclarecedoras e por
me mostrar “a luz no fim do túnel”.
Ao coordenador do programa de pós-graduação, professor Roberto Pontarolo,
sempre gentil, educado e atencioso. Ao secretário Jean, pelo suporte prestado.
À minha amiga Alexandra Czepula, que depois de muitos anos nos
reencontramos, por tornar meus dias em Curitiba mais leves e alegres. Obrigada
pela amizade e por me receber com carinho em sua casa.
Ao Edson Hipólito Junior pela valiosa parceria para a construção do
instrumento e análises estatísticas.
À Suzane Virtuoso pela amizade, pela alegre convivência e por ter me
recebido em sua casa.
Aos colegas e amigos da pós-graduação, Andreia Conegero Sanches, Astrid
Wiens Souza, Inajara Rotta, Mariana Martins Garcia, Patrícia Rodrigues Gonçalves,
Rangel Ray Godoy, Walleri Reis, que me receberam e me auxiliaram em todas as
dúvidas. Meu muito obrigada Thais Teles de Souza por estar sempre pronta a
ajudar.
Às minhas companheiras de viagem, Aline Garabeli, Camila Bugnotto Pereira,
Daniela Gaspardo Folquito, Jéssica Mendes Nadal, Juliane Nadal Swiech, Vanessa
Barbosa Bobek, que tornaram as idas para Curitiba mais divertidas.
Aos meus cunhados Keilly e Ricardo Possagno, e seus filhos Letícia, Laura e
Vinicios, por terem me acolhido com carinho enquanto eu fazia as disciplinas.
Aos meus colegas e amigos do Departamento de Ciências Farmacêuticas, da
minha querida Universidade Estadual de Ponta Grossa, por contribuírem para que
eu pudesse ir para Curitiba. Obrigada pelo apoio, pelas inúmeras trocas de turno na
5

Farmácia Escola e pela compreensão: Ana Paula Veber, Arcélio Benetoli, Daniel
Fernandes, Daniele Fardin, Edmar Miyoshi, Fernanda Barbosa, Priscileila Ferrari,
Willian Machado.
À Josélia Borba Daher pelas palavras sábias, fortes e, ao mesmo tempo,
doces. Obrigada por segurar na minha mão, não só nas viagens...obrigada por tudo!
À minha amiga Júlia Folmer de Andrade Ribeiro que sempre torceu por mim,
me incentivou, rezou e vibrou com minhas conquistas. Obrigada pelo carinho!
À Josiane Bachmann Madalozzo, minha eterna professora de farmacologia,
cujo amor pela profissão Farmacêutica é contagiante. Obrigada pelo apoio, pelo
carinho e pelo exemplo de pessoa.
Às minhas amigas da UEPG Ana Cristina Oltramari Toledo, Elaine Ferrari,
Fabiana Postiglione Mansani, Jane Manfron Budel, Josiane Padilha de Paula, Marly
Santos, Miriam Soares, Rosi Zanoni da Silva (muito obrigada pelas valiosas dicas) e
Sueli Puppo, pelo incentivo, apoio e pela grande torcida para que as coisas sempre
dessem certo.
Ao professor Fábio André dos Santos, pelo auxílio com as análises
estatísticas.
Ao meus queridos alunos do curso de Farmácia da UEPG, que me ajudaram
com a aplicação do questionário nas farmácias de Ponta Grossa: Amanda Weber
Colodel, Beatriz Mika, Bianca Scharr, Bruno Fiod Riccio, Camila Dias Machado,
Camila Guimarães, Evelyn Assis de Andrade, Guilherme Camargo, Matheus
Saukoski Pauzer, Paloma Morais, Paola Raeski, Suellen Moura, Thaise Borges e
Valter Paes de Almeida.
Ao Conselho Regional de Farmácia do Paraná, por ter fornecido os e-mails
dos farmacêuticos do Estado e os endereços das farmácias de Ponta Grossa. Ao
farmacêutico Ribamar Schmitz Jones, muito solícito e gentil.
Aos farmacêuticos do Estado do Paraná por terem colaborado com este
trabalho, destinando um pouco do seu tempo a responder as questões.
A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para a
realização deste trabalho.
6

Não deixe que os seus medos tomem o lugar dos seus sonhos

Walt Disney
7

RESUMO

Os farmacêuticos na farmácia comunitária são colocados em uma posição de


confiança, especialmente no modo como se relacionam diretamente com os
pacientes e são facilmente acessíveis para prover aconselhamento sobre
medicamentos. Os objetivos deste estudo foram: avaliar a disponibilidade e a
qualidade das revisões sistemáticas publicadas sobre os medicamentos isentos de
prescrição (MIPs); verificar a atuação do farmacêutico comunitário no Estado do
Paraná e avaliar o conhecimento e o comportamento dos farmacêuticos na
dispensação de medicamentos em drogarias da cidade de Ponta Grossa, Paraná.
Inicialmente, foi realizada uma revisão sistemática de revisões sistemáticas
(overview), utilizando os descritores “Nonprescription Drugs”, “OTC”, “over-the-
counter”. Buscou-se artigos avaliando a eficácia e segurança dos MIPs. Foram
incluídos 49 artigos, 18 deles com qualidade metodológica moderada e 31 com alta
qualidade. 74,5% dos estudos demonstraram eficácia favorável ao uso da
intervenção. Dos 24 estudos avaliando segurança, 21% mostraram evidência
desfavorável ao uso do medicamento. De maneira geral a evidência encontrada nos
estudos incluídos é favorável ao uso do medicamento avaliado. Entretanto, existem
grupos terapêuticos para os quais há lacunas de evidência. A seguir, foi realizada
uma pesquisa descritiva, do tipo transversal, cuja coleta de dados ocorreu por meio
de um inquérito on-line anônimo autoadministrado, via plataforma Survey Monkey®.
Um instrumento foi enviado para os endereços eletrônicos dos farmacêuticos do
Estado do Paraná. Participaram da pesquisa 533 farmacêuticos (8,5%). A eficácia
(97%), os efeitos adversos (62,3%) e a experiência anterior com o produto (54,8%)
foram os fatores considerados mais importantes para a recomendação de um MIP.
Os farmacêuticos demonstraram falta de conhecimento sobre os termos técnicos
relacionados à Saúde Baseada em Evidências, o que compromete a compreensão
de estudos científicos. A maioria dos respondentes concorda que os farmacêuticos
possuem a capacitação necessária para a prescrição de MIPs. Verificou-se que o
aconselhamento de pacientes com estes medicamentos é uma prática muito comum
no cotidiano de trabalho dos farmacêuticos paranaenses. Por fim, foi realizado um
estudo descritivo, em que todas as drogarias da cidade de Ponta Grossa, Paraná,
foram visitadas e os farmacêuticos que atuavam nesses estabelecimentos foram
convidados a responder um questionário estruturado e validado. Participaram da
pesquisa 104 farmacêuticos (83,9%), dos quais a metade apresentou conhecimento
regular acerca das questões relacionadas a dispensação de medicamentos. 60,2%
dos farmacêuticos demonstraram conduta adequada diante da dispensação
mediante apresentação de prescrição. Metade dos participantes afirmou prestar o
serviço de Atenção Farmacêutica, embora somente 27,9% acredite que seu local de
trabalho favoreça um atendimento sigiloso e confortável, em termos de espaço e
recursos materiais. Menos da metade dos participantes (43,3%) se consideram
realizados ao avaliarem sua atuação profissional enquanto agentes de saúde
comprometidos com o sucesso da farmacoterapia e qualidade de vida dos
pacientes. Pode-se inferir que o serviço de Atenção Farmacêutica não é
efetivamente realizado.

Palavras-chave: Farmacêuticos. Medicamentos Isentos de Prescrição. Dispensação.


8

ABSTRACT

Pharmacists in community pharmacies are placed in a position of trust, especially in


how they relate directly to patients and are readily available to provide advice about
medicines. The objectives of this study were: to analyze the availability and quality of
systematic reviews published about over-the-counter medicines (OTC); check the
actions of community pharmacists in the State of Parana; and assess the knowledge
and behavior of pharmacists in dispensing medicines in pharmacies in the city of
Ponta Grossa, Parana. Initially, a systematic review of systematic reviews was
performed (overview), using the keywords ‘Nonprescription Drugs’, ‘OTC’, ‘over-the-
counter’. We tried to find articles evaluating the efficacy and safety of OTC. We
included 49 articles, 18 of them with moderate methodological quality and 31 with
high quality. Of the studies, 74.5% demonstrated efficacy in favor of the use of
intervention. Of the 24 studies that evaluated safety, 21% showed evidence
unfavorable to the drug. Overall, the evidence found in the studies included in the
overview is favorable to the use of the drugs evaluated. However, there are therapy
groups for which there are gaps in evidence. Then, we carried out a descriptive,
cross-sectional study, with data collection through a self-administered anonymous
survey via the Survey Monkey® platform. An instrument was sent to the email
addresses of the State of Parana pharmacists. The participants were 533
pharmacists (8.5%). The effectiveness (97%), adverse events (62.3%), and previous
experience with the product (54.8%) were the factors considered most important for
the recommendation of an OTC. Pharmacists demonstrated lack of knowledge about
the technical terms related to Evidence-Based Health, which compromises the
understanding of scientific studies. Most respondents agreed that pharmacists have
the necessary training to prescribe OTC. Over-the-counter medication counseling is a
very common practice in the daily work of Parana pharmacists. Finally, we performed
a descriptive study, in which all pharmacies in the city of Ponta Grossa, Parana, were
visited and pharmacists who worked in these establishments were asked to answer a
structured and validated questionnaire. Participants were 104 pharmacists (83.9%),
of whom half had regular knowledge on issues related to dispensing drugs and
60.2% demonstrated proper conduct in the dispensation on presentation of
prescription. Half of the participants said they provided the pharmaceutical care
service, although only 27.9% believed that their workplace favors a confidential and
comfortable service, in terms of space and material resources. Less than half of
participants (43.3%) considered satisfied when assessing their professional
performance as health workers committed to the success of pharmacotherapy and
quality of life of patients. It can be inferred that the pharmaceutical care service is not
actually performed.

Key-words: Pharmacists. Nonprescription drugs. Dispensing.


9

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Fluxograma das revisões incluídas e excluídas........................ 44


Figura 2.2 - Estudos encontrados na revisão sistemática em relação às
indicações terapêuticas avaliadas............................................. 53
Figura 3.1 - Distribuição dos respondentes no mapa do Estado do
Paraná, Brasil............................................................................ 83
Figura 3.2 - Fatores considerados importantes pelos farmacêuticos para a
recomendação de um MIP........................................................ 86
Figura 3.3 - Respostas dos farmacêuticos participantes do estudo quando
questionados à respeito das fontes de informação em caso
de dúvidas................................................................................. 87
Figura 3.4 - Comparação das respostas dos farmacêuticos participantes
em relação à prescrição farmacêutica....................................... 90
Figura 4.1 - Classificação administrativa dos estabelecimentos (n=104) … 126
Figura 4.2 - Formação curricular dos farmacêuticos participantes (n=103).. 127
Figura 4.3 - Recursos utilizados para consultar informações relativas aos
medicamentos........................................................................... 128
Figura 4.4 - Respostas dos farmacêuticos para as questões que
avaliavam o conhecimento para a dispensação de
medicamentos........................................................................... 129
Figura 4.5 - Conduta apresentada pelos farmacêuticos durante a
dispensação de medicamentos................................................. 130
Figura 4.6 - Avaliação da atuação profissional dos farmacêuticos
enquanto agentes de saúde...................................................... 133
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Principais características das revisões sistemáticas sobre


medicamentos isentos de prescrição....................................... 45
Tabela 3.1 - Características dos farmacêuticos participantes do
estudo....................................................................................... 84
Tabela 3.2 - Conhecimento sobre os termos relacionados à saúde
baseada em evidências (número de respondentes e
porcentagem) .......................................................................... 88
Tabela 4.1 - Dados gerais dos farmacêuticos participantes do estudo
(n=104) .................................................................................... 125
Tabela 4.2 - Frequência com a qual os medicamentos são indicados
pelos Farmacêuticos................................................................ 131
11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMIP - Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição


AF - Atenção Farmacêutica
AINE’s - Anti-inflamatórios não esteroidais
AMSTAR - A Measurement Tool to Assess Systematic Reviews
Anti-H2 - Antagonistas de Receptores H2
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATC - Anatomical Therapeutic Chemical
CFF - Conselho Federal de Farmácia
CNE - Conselho Nacional de Educação
CRF-PR - Conselho Regional de Farmácia do Paraná
ECR - Ensaio Clínico Randomizado
FDA - Food and Drug Administration
FIP - Federação Internacional de Farmácia
GITE - Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
MIP - Medicamento Isento de Prescrição
OMS - Organização Mundial da Saúde
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde
OTC - Over-the-counter
PNM - Política Nacional de Medicamentos
PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
RS - Revisão Sistemática
SBE - Saúde Baseada em Evidências
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRN - Terapia de Reposição da Nicotina
WHO - World Health Organization
12

SUMÁRIO

1 CAPÍTULO 1: REVISÃO DA LITERATURA........................................ 15


1.1 CONTEXTO........................................................................................... 16
1.2 AUTOCUIDADO E AUTOMEDICAÇÃO............................................... 18
1.3 PROFISSÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL...................................... 21
1.4 MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO................................. 25
1.5 SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS.................................................. 28
REFERÊNCIAS...................................................................................... 30
ANEXO 1.1 LISTA DE GRUPOS E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
ESPECIFICADAS (GITE)...................................................................... 36
2 CAPÍTULO 2: ANÁLISE DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DE
MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO.................................. 38
2.1 CONTEXTO............................................................................................ 39
2.2 OBJETIVOS........................................................................................... 40
2.2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 40
2.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 40
2.3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 41
2.3.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS ESTUDOS......................................... 41
2.3.1.1 Critérios de inclusão............................................................................... 41
2.3.1.2 Critérios de exclusão.............................................................................. 42
2.3.2 BUSCA E CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS........................................ 42
2.3.2.1 Avaliação da qualidade metodológica dos estudos................................ 43
2.3.2.2 Extração de dados................................................................................. 43
2.4 RESULTADOS....................................................................................... 44
2.5 DISCUSSÃO.......................................................................................... 54
2.6 CONCLUSÃO........................................................................................ 61
REFERÊNCIAS..................................................................................... 62
APÊNDICE 2.1 ESTRATÉGIAS DE BUSCA UTILIZADAS NAS
BASES DE DADOS............................................................................... 69
APÊNDICE 2.2 INSTRUMENTO DESENVOLVIDO PARA A
EXTRAÇÃO DE DADOS....................................................................... 70
APÊNDICE 2.3 ESTUDOS EXCLUÍDOS A PARTIR DA LEITURA NA
13

ÍNTEGRA............................................................................................... 71
ANEXO 2.1 CHECKLIST PRISMA........................................................ 74
ANEXO 2.2 INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
METODOLÓGICA DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS.......................... 75
3 CAPÍTULO 3: AVALIAÇÃO DA PRÁTICA FARMACÊUTICA NO
ESTADO DO PARANÁ.......................................................................... 76
3.1 CONTEXTO........................................................................................... 77
3.2 OBJETIVOS........................................................................................... 79
3.2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 79
3.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 79
3.3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 80
3.3.1 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS....................................... 80
3.3.2 COLETA DE DADOS............................................................................. 80
3.3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS................................................................... 81
3.3.4 PRECEITOS ÉTICOS............................................................................ 82
3.4 RESULTADOS....................................................................................... 83
3.5 DISCUSSÃO.......................................................................................... 91
3.6 LIMITAÇÕES.......................................................................................... 99
3.7 CONCLUSÃO......................................................................................... 100
REFERÊNCIAS...................................................................................... 101
APÊNDICE 3.1 QUESTIONÁRIO COMPLETO ENVIADO.................... 108
APÊNDICE 3.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO...................................................................................... 116
4 CAPÍTULO 4: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E DO
COMPORTAMENTO DOS FARMACÊUTICOS DURANTE A
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM UMA CIDADE NO
ESTADO DO PARANÁ.......................................................................... 118
4.1 CONTEXTO............................................................................................ 119
4.2 OBJETIVOS........................................................................................... 121
4.2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................. 121
4.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 121
4.3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 122
4.3.1 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS....................................... 122
14

4.3.2 COLETA DE DADOS............................................................................. 123


4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................ 124
4.3.4 PRECEITOS ÉTICOS............................................................................ 124
4.4 RESULTADOS....................................................................................... 125
4.5 DISCUSSÃO.......................................................................................... 134
4.6 CONCLUSÃO......................................................................................... 145
REFERÊNCIAS...................................................................................... 146
APÊNDICE 4.1 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS............. 151
APÊNDICE 4.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (PROPRIETÁRIO/GERENTE) ................................... 159
APÊNDICE 4.3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (FARMACÊUTICO)..................................................... 160
15

CAPÍTULO 1: REVISÃO DE LITERATURA


16

1.1 CONTEXTO

De acordo com a lei nº 13.021 de 2014, Farmácia é uma unidade de


prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à
saúde e orientação individual e coletiva, sendo classificada em farmácias sem
manipulação ou drogarias e farmácias com manipulação (BRASIL, 2014).
Neste contexto, o termo farmácia comunitária refere-se aos
estabelecimentos farmacêuticos não hospitalares e não ambulatoriais que atendem
a comunidade, sendo, no Brasil, em sua maioria privadas (BARETA, 2003;
CORRER; PONTAROLO; RIBEIRO, 2013). Desta forma, o foco do farmacêutico
comunitário é o paciente e todas as ações e responsabilidades quando centradas
neste usuário de medicamentos trazem benefícios diretos para ele e para o sistema
de saúde (ANGONESI; RENNÓ, 2011).
Na farmácia comunitária, os farmacêuticos têm a oportunidade de dispensar
medicamentos mediante a apresentação de prescrições médicas e odontológicas,
recomendar medicamentos isentos de prescrição para sintomas autolimitados, bem
como prestar os serviços farmacêuticos estabelecidos pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (BRASIL, 2009).
A dispensação, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), é o
ato do farmacêutico de orientação e fornecimento ao usuário de medicamentos,
insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não (CFF, 2001). Desta
forma, a entrega do medicamento com as devidas orientações acerca de seu uso
devem ser feitas mediante a apresentação e análise de uma prescrição elaborada
por um profissional habilitado.
Da mesma forma, o farmacêutico comunitário tem uma atuação bastante
expressiva diante de sintomas autolimitados, para os quais é solicitado a selecionar
e recomendar o medicamento isento de prescrição (MIP) mais adequado. Neste
sentido, o CFF regulamentou, em 2013, a prescrição farmacêutica, como a ação de
recomendar algo ao paciente, podendo incluir a seleção de opção terapêutica, a
oferta de serviços farmacêuticos, ou o encaminhamento a outros profissionais ou
serviços de saúde. Considerada uma atribuição clínica do farmacêutico, a prescrição
deve ser realizada com base nas necessidades do paciente e nas melhores
evidências científicas (CFF, 2013b).
17

Diante deste cenário, o farmacêutico deve estar capacitado a selecionar e


orientar o uso correto e seguro dos MIPs, estando adequadamente preparado no
que diz respeito: ao conhecimento sobre os medicamentos e a legislação que
regulamenta a atuação da categoria; aos cuidados com o paciente; à prática
baseada em evidências, que representa o elo entre a experiência clínica, os valores
do paciente e as melhores evidências científicas.
Existem poucos estudos que avaliem a prática de farmacêuticos
comunitários baseada em evidências, sendo que os estudos disponíveis revelam um
contexto de dificuldades e limitações relatadas por estes profissionais. Ainda, não há
na literatura estudos com um grande número de farmacêuticos no Estado do
Paraná, voltados para o uso de MIPs. Desta forma, torna-se importante avaliar
criteriosamente o farmacêutico segundo seu conhecimento e comportamento
observados durante a dispensação, verificando a contribuição deste profissional
para o uso responsável de medicamentos.
Desta forma, este trabalho apresenta, inicialmente, uma pesquisa de
evidências sobre os MIPs. A seguir, foi realizado um estudo verificando a prática dos
farmacêuticos no Estado do Paraná com ênfase na recomendação de MIPs. Por fim,
o conhecimento e comportamento dos farmacêuticos na dispensação de
medicamentos e a prestação do serviço de Atenção Farmacêutica foram avaliados.
O trabalho foi organizado em capítulos, sendo que este traz uma revisão da
literatura sobre aspectos importantes abordados no decorrer do trabalho.
18

1.2 AUTOCUIDADO E AUTOMEDICAÇÃO

Há uma constatação de que graças à maior disponibilidade de informações


sobre os produtos para a saúde, cada vez mais os pacientes assumem ou desejam
assumir maiores responsabilidades pelo seu estado de saúde, caracterizando o
autocuidado, reconhecidamente um dos aspectos da assistência e promoção à
saúde (WHO, 1998; FIP, 1996 e 1999).
No autocuidado, é o indivíduo quem decide qual tratamento será utilizado,
aumentando sua responsabilidade de que a escolha seja segura e efetiva
(WERTHEIMER; SERRADELL, 2008). O autocuidado é o método preferido para
tratar sintomas menores, facilmente identificáveis, por acarretar um menor gasto de
tempo e dinheiro (PORTEOUS et al., 2006).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde o autocuidado pode ser
definido como recurso primário de saúde pública no sistema de saúde, o qual inclui a
automedicação (WHO, 2000). Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA, 2012) a automedicação é a utilização de medicamentos por conta própria
ou indicados por pessoas não habilitadas, isto é, sem a orientação e/ou o
acompanhamento do médico. Ainda, automedicação é um procedimento
caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu
responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto acreditando que lhe trará
benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas (PAULO; ZANINE, 1988).
Uma consequência direta deste interesse e maior autonomia do indivíduo
em relação ao seu corpo e à sua condição de saúde, tem sido o incremento na
demanda por informações de fontes externas, no sentido de agregar mais
conhecimento sobre doenças, sintomas, produtos e medidas que auxiliem o paciente
a cuidar de si mesmo. Entretanto, a prática da automedicação tem seus benefícios,
mas também riscos que a utilização irracional de medicamentos de venda livre pode
causar para o indivíduo e para a sociedade (BLEKINSOPP; BRADLEY, 1996a e
1996b; FIP, 1999). Assim, antes de a automedicação ser considerada um método
seguro e econômico de atendimento, a realidade do risco relacionado com esta
prática deve ser levada em conta pelos profissionais de saúde e instituições
(ASSERAY et al., 2013).
19

A automedicação engloba o uso de medicamentos isentos de prescrição


(MIPs), ou ainda medicamentos sujeitos à prescrição médica e remédios caseiros
(EDITORIAL DE AUTOMEDICAÇÃO, 1997). Quando as pessoas decidem por
buscar ajuda profissional, a farmácia comunitária é considerada a principal fonte de
consulta (PORTEOUS et al., 2006).
Um estudo analisando o perfil da automedicação no Brasil, verificou que a
escolha de medicamentos é baseada principalmente na recomendação de pessoas
leigas (51%), sendo também relevante a influência de prescrições anteriores (40%).
Observou-se maior cuidado com a escolha de fármacos para crianças e idosos
(maior taxa de recomendação por profissionais sanitários) (ARRAIS et al., 1997).
O farmacêutico tem um papel de extrema importância no âmbito da
automedicação, no sentido de orientar o uso correto e seguro dos MIPs, os quais
não requerem a apresentação de prescrição médica ou odontológica. O uso destes
fármacos deve ser monitorado com o mesmo cuidado relacionado aos
medicamentos prescritos (WHO, 2000; ALONZO et al., 2001). Bilhões de problemas
de saúde são tratados anualmente com um ou mais MIPs, como terapia primária ou
terapia adjuvante. A prevalência do uso de fármacos sem prescrição, bem como a
possível ocorrência de efeitos adversos e falhas terapêuticas, requer atenção por
parte do profissional farmacêutico (COVINGTON, 2006; WERTHEIMER;
SERRADEL, 2008).
Quando uma pessoa consulta o farmacêutico sobre um problema de saúde,
o profissional deve determinar se o quadro deve ser gerido pelo autocuidado ou ser
encaminhado para um médico (PORTEOUS et al., 2006; WERTHEIMER;
SERRADELL, 2008; MACKOWIAK, 2010). O farmacêutico precisa obter informações
do indivíduo sobre o atual problema, incluindo uma descrição dos sintomas, a
gravidade, o início e duração dos mesmos. O farmacêutico acessa essas
informações e desenvolve um plano de cuidado para o indivíduo, o que pode incluir
a indicação de um MIP (MACKOWIAK, 2010).
Para aconselhar adequadamente o paciente no autocuidado, o farmacêutico
deve empenhar-se em (FINKEL; PRAY, 2007):
1. Adquirir um grande conhecimento sobre produtos que não exigem
prescrição (por exemplo, por meio do estudo de livros baseados em evidências);
2. Obter informações dos pacientes (ou cuidadores), de forma rápida, por
meio de um processo de entrevista, podendo incluir diversos tipos de avaliação;
20

3. Analisar as informações levando em conta todos os fatores relacionados


ao produto e ao paciente;
4. Aconselhar os pacientes sobre o(s) problema(s) apresentado(s). Este
aconselhamento de pacientes que solicitam informações sobre autocuidado deve
incluir uma recomendação do farmacêutico sobre a melhor ação a ser tomada, que
poderia ser não tratar, encaminhar ao médico ou autotratamento.
21

1.3 PROFISSÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL

Segundo Ciccia e Peretta (2000) o Farmacêutico é o profissional da saúde


com maior conhecimento sobre medicamentos e seus efeitos sobre o corpo humano.
Combinando esses conhecimentos com o fácil acesso ao público, está em uma
posição ideal para melhorar a atenção prestada ao paciente. Seu papel no moderno
sistema de saúde é orientar e educar no que se refere ao uso racional de
medicamentos.
Até o século XIX os farmacêuticos, então denominados boticários,
realizavam todo o processo de produção dos medicamentos artesanalmente, além
de acompanhar o tratamento farmacológico de seus pacientes, sendo profissionais
reconhecidos pela sociedade. No entanto, em meados do século XX, as funções
antigamente exercidas exclusivamente pelos farmacêuticos, como a pesquisa e a
produção, passaram a ser realizadas pela indústria, restando ao farmacêutico as
preparações extemporâneas e a dispensação de medicamentos (GOUVEIA, 1999;
HOLLAND; NIMMO, 1999).
Com a redução da atividade artesanal da manipulação, à medida que os
médicos e o consumidor deram preferência ao produto industrializado, a farmácia
passou a ser considerada como posto de venda de medicamentos e como um ato
puramente comercial, desvinculado de seu papel de assistência à saúde
(VALLADÃO, 1986). Os farmacêuticos passaram a ser vistos como “vendedores de
alto custo”, guardiões econômicos, encarregados de controlar os custos de
medicamentos, mas frustrados, por não desempenharem ações em saúde e, com
isso, profissionais com pouca valorização profissional e científica (CICCIA;
PERETTA, 2000).
Essa expansão da indústria farmacêutica e a diversificação do campo de
atuação profissional, levaram o farmacêutico a se distanciar da área de
medicamentos. Este afastamento pode ser considerado como um processo de
“desprofissionalização”, no qual o conhecimento intrínseco relativo aos
medicamentos é desvalorizado e a confiança pública, outrora conquistada pelos
boticários, é perdida (SANTOS, 1993; HOLLAND; NIMMO, 1999).
Os farmacêuticos não conseguiam inserção nas grandes indústrias e não
tinham o que fazer nas drogarias, pois a comercialização dessas especialidades
22

exigia menos conhecimento técnico (ANGONESI; SEVALHO, 2010). Além disso, em


1930, com a alegação de que não existiam farmacêuticos suficientes para atender
às necessidades do crescente número de farmácias no país, “a legislação passa a
proporcionar a possibilidade” de seu funcionamento “sem a presença de
farmacêuticos diplomados” (GIOVANNI, 1980).
A Lei nº 5.991 reforçou o caráter comercial que vinha sendo atribuído ao
setor pelo fato de denominar as atividades farmacêuticas por “comércio
farmacêutico”, autorizar que a venda de medicamentos fosse exercida por qualquer
pessoa, deferir a venda de artigos não relacionados à saúde nas farmácias, tais
como produtos de limpeza, e permitir o fornecimento de medicamentos por hoteis e
similares sem a supervisão do farmacêutico (BRASIL, 1973).
No Brasil, houve uma migração de profissionais para campos como as
análises clínicas, bromatológicas e toxicológicas, que não têm relação com o
contexto do medicamento. A indústria contribuiu para essa situação na medida em
que passou a fornecer aos médicos, aos proprietários de farmácia e ao consumidor
informações sobre as propriedades e indicações de uso dos produtos, na forma de
bulas. Assim, o conhecimento do farmacêutico em relação aos medicamentos é
substituído pelas bulas, não havendo mais a necessidade do profissional para
explicar os fatores envolvidos com a manutenção e a recuperação da saúde
(SANTOS, 1993).
Desta forma, a perda do papel tradicional dos farmacêuticos fez com que
estes se afastassem do contato direto com o paciente (ANGONESI; SEVALHO,
2010). Portanto, esta crise de identidade exigiu mudanças na atitude profissional,
que está evoluindo em direção à recuperação de um papel respeitável do
farmacêutico na sociedade, com maior responsabilidade frente ao paciente
(VALENTINI; MADALOZZO, 2005).
Na década de 90, foi utilizado na literatura o termo Pharmaceutical care, em
que a profissão farmacêutica direciona suas intervenções para a melhoria da
qualidade de vida do paciente, buscando a provisão responsável do tratamento
farmacológico, visando alcançar resultados satisfatórios na saúde (HEPLER;
STRAND, 1990).
Sendo assim, no Brasil, o termo Pharmaceutical care foi traduzido como
Atenção Farmacêutica, e seu conceito foi formulado na proposta do Consenso
Brasileiro de Atenção Farmacêutica, em 2002:
23

“Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da


Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos,
comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma
integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o
usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados
definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.
Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos,
respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da
integralidade das ações de saúde” (IVAMA et al., 2002).

Neste contexto, o farmacêutico contemporâneo atua no cuidado direto ao


paciente, promove o uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em
saúde, redefinindo sua prática a partir das necessidades dos pacientes, família,
cuidadores e sociedade (CFF, 2013a).
Em 2013, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou duas resoluções
que contribuem para a retomada do farmacêutico como profissional de saúde. A
resolução nº 585 regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico, visando
proporcionar cuidado ao paciente, família e comunidade, de forma a promover o uso
racional de medicamentos e otimizar a farmacoterapia, com o propósito de alcançar
resultados definidos que melhorem a qualidade de vida do paciente (CFF, 2013a).
Entre estas atribuições está a prescrição de medicamentos pelo
farmacêutico, prática regulamentada pela resolução do CFF nº 586. Define-se a
prescrição farmacêutica como ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta
terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao
cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da
saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde. A prescrição
deve ser realizada com base nas necessidades de saúde do paciente e nas
melhores evidências científicas (CFF, 2013b).
De acordo com a regulamentação, o farmacêutico pode realizar a prescrição
de MIPs e pode prescrever medicamentos cuja dispensação exige prescrição
médica, desde que condicionados à existência de diagnóstico prévio. Neste caso, a
prescrição farmacêutica está condicionada àqueles casos previstos em programas,
protocolos, diretrizes ou normas aprovados para uso no âmbito de instituições de
saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros
prescritores ou instituições de saúde (CFF, 2013b).
Recentemente, foi sancionada a Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014, que
define a Farmácia como uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar
24

assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e


coletiva. Esta lei deixa claro a obrigatoriedade da presença do profissional
farmacêutico durante todo o tempo de funcionamento do estabelecimento e
classifica as farmácias segundo sua natureza, como farmácias sem manipulação ou
drogarias e farmácias com manipulação (BRASIL, 2014).
Diante deste novo cenário da profissão farmacêutica, ressalta-se o cuidado
prestado pelo profissional farmacêutico ao paciente e à sociedade, que se
materializa na prestação de serviços farmacêuticos. Desta forma, uma consulta
pública promovida pelo Conselho Federal de Farmácia traz os seguintes serviços
prestados pelo farmacêutico para atender às necessidades de saúde do paciente:
rastreamento em saúde, educação em saúde, manejo de problemas de saúde
autolimitados, dispensação, conciliação de medicamentos, revisão da
farmacoterapia e acompanhamento farmacoterapêutico (CFF, 2014).
Entretanto, até o momento, com relação aos serviços farmacêuticos no
Brasil, tem-se o estabelecido pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 44 de 2009. De acordo com a
resolução, além da dispensação de medicamentos, é permitido às farmácias e
drogarias a prestação de serviços farmacêuticos, como a Atenção Farmacêutica
(AF) e a perfuração de lóbulo auricular. O serviço de AF compreende a AF
domiciliar, a aferição de parâmetros fisiológicos (verificação de pressão arterial e
temperatura corporal) e bioquímico (determinação da glicemia capilar) e
administração de medicamentos. A aferição de parâmetros fisiológicos e bioquímico
deve ter por finalidade subsidiar informações sobre o estado de saúde do paciente,
situações de risco e permitir o acompanhamento e avaliação da efetividade do
tratamento prescrito (BRASIL, 2009a).
25

1.4 MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO

Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs), segundo a Organização


Mundial da Saúde, são os medicamentos aprovados pelas autoridades sanitárias
para tratar sintomas e males menores. Conhecidos internacionalmente pela sigla
OTC (Over-The-Counter), estão disponíveis sem prescrição ou receita médica
devido à sua segurança e eficácia, desde que utilizados conforme as orientações
disponíveis nas bulas e rotulagens (ABIMIP, 2012).
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, MIP é aquele cuja
dispensação está destinada a condições que não necessitam de um diagnóstico
preciso, também chamadas de transtornos menores (CORRER; ROTTA; OTUKI,
2013). Neste contexto, o aconselhamento farmacêutico nos transtornos menores
visa melhorar e/ou resolver sintomas simples experimentados pelos pacientes.
Sendo assim, o farmacêutico tem um papel chave em selecionar o tratamento mais
adequado e educar o paciente para o autocuidado, a fim de alcançar resultados
clínicos positivos, evitando possíveis problemas relacionados aos medicamentos
(COELHO; COSTA, 2014).
Para que um medicamento seja comercializado como isento de prescrição, a
OMS estabelece que deve haver uma relação favorável benefício/risco; eficácia e
incidência bem caracterizada de efeitos adversos; o fármaco deve ter uma larga
margem de segurança; a absorção, metabolismo e excreção do medicamento não
devem ser afetados por outros fármacos comumente usados. Ainda neste contexto,
deve haver avaliação dos riscos do medicamento em grupos de pacientes
específicos; risco baixo de mascarar sintomas resultando em demora no diagnóstico
e no tratamento adequado; baixo grau de dependência e potencial de abuso. Em
suma, as propriedades básicas do medicamento devem estar bem estabelecidas e
documentadas, como a farmacocinética, farmacodinâmica, indicações, segurança,
eficácia, toxicidade e potencial alergênico (WHO, 2000).
A alteração da classificação do enquadramento da categoria de venda do
medicamento sob prescrição para medicamentos isentos de prescrição é conhecida
internacionalmente como switch. A segurança é a principal preocupação das
Autoridades Sanitárias no momento de permitir ou não a reclassificação do
enquadramento da categoria de venda sob prescrição para a categoria de venda
26

isenta de prescrição médica. Quando um medicamento novo é lançado, inicialmente,


ele é enquadrado pela Autoridade Sanitária como medicamento de venda sob
prescrição médica. Com o passar dos anos, após o medicamento ser utilizado em
larga escala por um grande número de pacientes e de terem sido levantadas
informações suficientes acerca da segurança de seu uso e, também, de que possui
características intrínsecas de um medicamento isento de prescrição, a indústria
poderá submeter à Autoridade Sanitária um pedido de reclassificação do
enquadramento da categoria de venda do seu produto (ABIMIP, 2012; FDA, 2012).
Os medicamentos isentos de prescrição foram mencionados pela primeira
vez na legislação sanitária brasileira na Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973,
que dispõe sobre o controle sanitário de medicamentos (BRASIL, 1973).
A RDC da ANVISA nº 138 de 2003 foi publicada em virtude da necessidade
de implementar ações visando a melhoria da qualidade da assistência à saúde.
Sendo assim, esta resolução tem como anexo a Lista de Grupos e Indicações
Terapêuticas Especificadas (GITE). Todos os medicamentos cujos grupos
terapêuticos e indicações terapêuticas estão descritos na lista GITE (ANEXO 1),
respeitadas as restrições textuais e de outras normas legais e regulamentares
pertinentes, são de venda sem prescrição médica, com exceção daqueles
administrados por via parenteral, na forma de medicamento injetável, que são de
venda sob prescrição médica (BRASIL, 2003).
As associações medicamentosas de duas ou mais apresentações em uma
mesma embalagem para uso concomitante ou sequencial, cujo grupo e indicação
terapêutica de pelo menos um de seus fármacos não se encontrarem na lista GITE,
são de venda sob prescrição médica (BRASIL, 2003).
Entretanto, a ausência de atualização da lista nos últimos anos impossibilitou
que medicamentos que tivessem perfil de segurança e uso compatíveis com a venda
sem prescrição fossem incorporados a essa categoria de venda. Sendo assim, a
consulta pública da ANVISA nº 27, de 6 de abril de 2015, trouxe uma proposta de
RDC, dispondo sobre os critérios e procedimentos para o enquadramento de
medicamentos como MIPs (BRASIL, 2015).
Com o propósito de reduzir o uso inadequado e sem orientação de
medicamentos, em 2009, a Instrução Normativa nº 10 de 17 de agosto aprovou a
relação dos medicamentos isentos de prescrição que poderiam permanecer ao
alcance dos usuários, para obtenção por meio de autosserviço em farmácias e
27

drogarias: fitoterápicos, medicamentos administrados por via dermatológica e


medicamentos sujeitos a notificação simplificada como soro fisiológico, água
boricada, entre outros (BRASIL, 2009b). Desta forma, conforme a RDC da ANVISA
nº 44 de 2009, os demais MIPs deveriam permanecer, assim como os
medicamentos tarjados, em área de circulação restrita aos funcionários, não sendo
permitida sua exposição direta ao alcance dos usuários do estabelecimento
(BRASIL, 2009a).
Entretanto, em 27 de julho de 2012, foi publicada no Diário Oficial da União a
RDC nº 41 que estabelece que os medicamentos de venda livre podem ficar em
gôndolas ao alcance dos usuários em farmácias e drogarias, desde que em área
segregada àquela destinada aos produtos correlatos, como cosméticos e produtos
dietéticos. Desta forma, a RDC nº 41 altera o artigo 40 da Resolução nº 44 de 2009,
que exigia que os medicamentos isentos de prescrição fossem posicionados atrás
do balcão e revoga a Instrução Normativa nº 10 (BRASIL, 2012).
A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição
(ABIMIP) traz listas com os fármacos isentos de prescrição comercializados no
mundo. Estas listas agrupam os fármacos de acordo com o órgão em que agem e
segundo suas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas, conforme a
Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) Classification System, estabelecida pela
Organização Mundial da Saúde. Neste caso, a sigla "OTC" significa que pelo menos
uma dosagem ou forma do ingrediente tem o status legal de "medicamento sem
prescrição médica" no país em questão (ABIMIP, 2012).
Embora os MIPs sejam considerados medicamentos relativamente seguros
para serem dispensados sem prescrição, alguns estudos colocam em questão sua
efetividade e segurança (HEINECK et al., 1998; SMITH; SCHROEDER; FAHEY,
2012). Desta forma, é importante a obtenção de estudos que respondam a uma
questão clínica, procurando integrar a melhor evidência científica às necessidades
de atendimento do paciente (BERNARDO; NOBRE; JATENE, 2004).
28

1.5 SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS

A Saúde Baseada em Evidências (SBE) é definida como o elo entre a boa


pesquisa científica e a prática clínica, utilizando provas científicas existentes no
momento, como boa validade interna e externa, para a aplicação de seus resultados
na prática clínica (ATALLAH, 2004).
Antigamente, as pesquisas eram embasadas apenas por teorias
fisiopatológicas. Recentemente, estas foram agregadas a um processo baseado em
evidências provindas de boas pesquisas científicas, as quais objetivam reduzir a
incerteza na área da saúde para auxiliar na tomada de melhores decisões clínicas
(EL DIB, 2007).
Com relação aos estudos de tratamento, as revisões sistemáticas (RS) são
consideradas, atualmente, o maior nível de evidência para qualquer questão clínica
(EL DIB, 2007). As RS envolvem uma revisão exaustiva da literatura abordando uma
questão claramente definida, utilizando metodologia sistemática, transparente e
explícita para identificar, selecionar e avaliar criticamente todos os estudos
relevantes. Depois que os dados relevantes dos principais estudos disponíveis foram
recolhidos, extraídos e analisados, uma síntese das conclusões é então produzida,
de forma clara e objetiva (TORLONI; RIERA, 2010).
Os métodos estatísticos (metanálises) podem ou não ser usados para
analisar e sumarizar os resultados dos estudos incluídos em uma RS (CORDEIRO et
al., 2007). As RS e metanálises são importantes para acompanhar as inovações na
área da saúde, considerando que experiências clínicas nem sempre são suficientes
para fundamentar decisões. A SBE integra a experiência clínica com a capacidade
de analisar e aplicar de forma racional a informação científica (LOPES, 2000;
MANCHIKANTI et al., 2009).
A revisão sistemática de revisões sistemáticas (overview ou overview of
systematic reviews) é uma pesquisa designada principalmente a resumir os dados
de várias revisões sistemáticas, com foco nos efeitos de intervenções clínicas em
potencial sobre uma condição de saúde. O objetivo principal é fornecer subsídios
para a tomada de decisão em saúde (HIGGINS; GREEN, 2001).
Durante a realização de uma RS é possível que ocorram falhas neste
processo, levando a variações na qualidade das RS publicadas. Por isso, os leitores
29

e usuários de RS devem ter um ponto de vista crítico e olhar atentamente para a


qualidade metodológica dos trabalhos (TORLONI; RIERA, 2010).
Uma vez que a overview permite a visualização das revisões sistemáticas
disponíveis sobre determinado assunto, existem, atualmente, instrumentos que
avaliam a qualidade metodológica destas revisões. Dentre estes instrumentos está o
A Measurement tool to assess systematic reviews (AMSTAR). O AMSTAR foi criado
baseado em evidências empíricas e consenso de especialistas, tendo uma boa
reprodutibilidade “feasibility”, confiabilidade “reliability” e validade de construto
“construct validity”. O tempo destinado ao preenchimento do instrumento é
relativamente pequeno (15 minutos aproximadamente), com 11 perguntas
respondidas conforme a seguinte escala: sim, não, não pode responder e não
aplicável (SHEA et al., 2006; 2007; 2009).
Desta forma, é importante que os profissionais da saúde considerem para a
tomada de decisões em sua prática diária, não somente as experiências clínicas,
mas também a informação científica, advinda da capacidade de analisar os dados
científicos publicados.
30

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36

ANEXO 1.1 - LISTA DE GRUPOS E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS


ESPECIFICADAS (GITE)

Grupos Terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações


Antiacneicos tópicos Acne, acne vulgar, rosácea Restrições: retinóides
Antiácidos, antieméticos, Acidez estomacal, azia, Restrições: metoclopramida,
eupépticos, enzimas desconforto estomacal, dor de bromoprida, mebevirina,
digestivas estômago, dispepsia, enjôo, inibidor de bomba de
náusea, vômito, epigastralgia, prótons
má digestão, queimação
Antibacterianos tópicos Infecções bacterianas da pele Permitidos: bacitracina e
neomicina
Antidiarreicos Diarréia, disenteria Restrições: loperamida
infantial, opiáceos
Antiespasmódicos Cólica, cólica menstrual, Restrições: mebevirina
dismenorréia, desconforto pré-
menstrual, cólica biliar, renal e
intestinal.
Antihistamínicos Alergia, coceira/prurido, coriza, Restrições: adrenérgicos,
rinite alérgica, urticária, picada corticosteróides que não a
de inseto, ardência, ardor. hidrocortisona de uso tópico.
Antisseborréicos Caspa
Antissépticos orais Afta, dor de garganta, profilaxia
de cáries
Antissépticos oculares Restrições: adrenérgicos
(exceto nafazolina com
concentração <0,1%),
corticóides.
Antissépticos de pele e Assaduras, dermatite de
mucosas fraldas
Antissépticos urinários Disúria, dor, ardor e
desconforto para urinar
Antissépticos vaginais tópicos Higiene íntima, desodorizante
Aminoácidos, vitaminas e Suplementos vitamínicos e/ou
minerais minerais em pós-
cirúrgico/cicatrizante, anemias
carenciais, dietas restritivas e
inadequadas, doenças
crônicas/convalescença,
idosos, período de crescimento
acelerado, gestação e
aleitamento, recém-nascidos,
lactentes e crianças em fase de
crescimento, prevenção do
raquitismo,
prevenção/tratamento da
desmineralização óssea pré- e
pós-menopausal, prevenção de
cegueira noturna/xeroftalmia e
como antioxidantes e auxiliares
do sistema imunológico.
Anti-inflamatórios Lombalgia, mialgia, torcicolo, Permitidos: naproxeno,
dor articular, artralgia, ibuprofeno, cetoprofeno.
inflamação da garganta, dor Tópicos esteroidais
muscular, dor na perna, dor
varicosa, contusão.
Antiflebites Dor nas pernas, dor varicosa,
sintomas de varizes
37

Antifiséticos, antiflatulentos, Eructação, flatulência,


carminativos empachamento, estofamento.
Antifúngicos, antimicóticos Micoses de pele, frieira, Permitidos: tópicos que não
micoses de unha, pano branco. contenham princípios ativos
de uso sistêmico
Antihemorroidários Sintomas de hemorróidas Permitidos: tópicos
Antiparasitários orais Verminoses Permitidos: mebendazol,
levamizol
Antiparasitários tópicos Piolhos, sarna, escabiose,
carrapatos, pediculose,
lêndeas
Antitabágicos Alívio dos sintomas Restrições: bupropiona
decorrentes do abandono do
hábito de fumar
Analgésicos, antitérmicos Dor, dor de dente, dor de Permitidos: analgésicos não
cabeça, dor abdominal e narcóticos
pélvica, enxaqueca, sintomas
da gripe, sintomas dos
resfriados, febre, cefaléia
Ceratolíticos Descamação, esfoliação da
pele, calos, verrugas
Cicatrizantes Feridas, escaras, fissuras de
pele e mucosas, rachaduras
Colagogos, coleréticos Distúrbios digestivos, distúrbios
hepáticos
Descongestionantes nasais Congestão nasal, obstrução Restrições: vasoconstritores
tópicos nasal
Descongestionantes nasais Congestão nasal, obstrução Permitido: fenilefrina
sistêmicos nasal
Emolientes cutâneos Hidratante
Emolientes oculares Secura nos olhos, falta de
lacrimejamento
Expectorantes, sedativos da Tosse, tosse seca, tosse
tosse produtiva
Laxantes, catárticos Prisão de ventre,
obstipação/constipação
intestinal, intestino preso
Reidratante oral Hidratação oral
Relaxantes musculares Torcicolo, contratura muscular,
dor muscular
Rubefacientes Vermelhidão/rubor
Tônico oral Estimulante do apetite, astenia.
38

CAPÍTULO 2: ANÁLISE DA EFICÁCIA E SEGURANÇA


DE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO
39

2.1 CONTEXTO

No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 138, de 2003, estabelece que são medicamentos
de venda sem prescrição médica aqueles que se enquadram nas condições da lista
de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (GITE) (BRASIL, 2003). A
Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (ABIMIP)
traz listas com os fármacos isentos de prescrição comercializados em 36 países,
conhecidos internacionalmente como over-the-counter (OTC) (ABIMIP, 2012).
Desta forma, os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) podem ser
indicados pelo farmacêutico, mediante a análise dos sintomas do paciente, em caso
de transtornos menores.
Embora estes medicamentos sejam considerados relativamente seguros
para serem dispensados sem prescrição, alguns estudos, como o realizado por
Smith, Schroeder e Fahey (2012) colocam em questão sua eficácia e segurança,
pela falta de ensaios de boa qualidade. Desta forma, o farmacêutico precisa manter-
se permanentemente atualizado, utilizando fontes de informação baseadas em
evidências científicas para escolher um MIP que apresente eficácia e segurança
bem embasadas.
Neste sentido, a Saúde Baseada em Evidências (SBE) parte da premissa de
que as condutas dos profissionais na prática clínica devem ser baseadas nas
melhores evidências científicas disponíveis no momento (GUAUDARD, 2008). Sob
este aspecto, para auxiliar o profissional na identificação, análise e síntese de
evidências de estudos primários sobre uma determinada questão, podem ser
utilizadas as revisões sistemáticas (RS). A RS é uma das ferramentas mais
poderosas e confiáveis para estimar a magnitude de efeitos e a probabilidade da sua
ocorrência (RIERA; ABREU; CICONELLI, 2006; LITTELL; CORCORAN; PILLAI,
2008; GOLDER; LOKE, 2009).
Portanto, a compreensão de estudos científicos sobre MIPs torna-se
importante para a atuação do farmacêutico, visando uma prática com base nas
necessidades de saúde do paciente e nas melhores evidências científicas.
40

2.2 OBJETIVOS

2.2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a disponibilidade de revisões sistemáticas que avaliem a eficácia e a


segurança dos MIPs.

2.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar a qualidade metodológica das revisões sistemáticas encontradas;


- Identificar os grupos terapêuticos, de acordo com a lista GITE, para os quais há
lacunas de evidência.
41

2.3 MATERIAL E MÉTODOS

A fim de verificar a existência de revisões sistemáticas sobre MIPs, foi


realizada uma overview. Para isto, foi desenvolvido um protocolo seguindo as
orientações do Manual Cochrane de revisão sistemática de intervenções (HIGGINS;
GREEN, 2011) e do modelo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic
Reviews and Meta-Analyses) (MOHER et al., 2009).
A busca foi realizada nas bases Cochrane Database of Systematic Review
(CDSR) e no MEDLINE (via Pubmed) no período compreendido desde o início da
base até maio de 2012. Para busca dos trabalhos foram utilizados os descritores:
“Nonprescription Drugs”, OTC, “over-the-counter”. Os mecanismos de busca de cada
base de dados estão descritos no Apêndice 2.1. Além disso, como uma segunda
estratégia de busca, foram incluídos estudos obtidos por busca manual nas
referências dos artigos encontrados inicialmente. Não foi realizada busca por
trabalhos não publicados ou em anais de congressos.

2.3.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS ESTUDOS

2.3.1.1 Critérios de inclusão

Foram selecionados estudos de acordo com os seguintes critérios de


inclusão:
a) Revisões sistemáticas, com ou sem metanálise, publicadas em inglês,
português ou espanhol;
b) Pacientes com indicações terapêuticas constantes na lista GITE;
c) Uso de medicamentos considerados isentos de prescrição no Brasil e no
mundo, segundo as listas fornecidas pela ABIMIP;
d) Desfechos analisados nas revisões sistemáticas de eficácia e segurança.
42

2.3.1.2 Critérios de exclusão

a) Artigos cujo texto na íntegra não estavam disponíveis por meio das bases
de dados ou após contato com o autor por e-mail;
b) Artigos que não descreviam revisões sistemáticas ou que eram revisões
sistemáticas de revisões sistemáticas (overview);
c) Estudos que incluíam apenas medicamentos de prescrição médica;
d) Artigos que avaliaram o uso de plantas medicinais, vitaminas e
suplementos;
e) Artigos que se definiam como revisão sistemática, mas em cujo texto
completo não cumpriam com os itens 4, 7 e 9 do checklist PRISMA (ANEXO 2.1):
- Fornecer uma declaração explícita de questões a serem abordadas com
referência aos participantes, intervenções, comparações, resultados e desenho do
estudo;
- Descrever todas as fontes de informação (por exemplo, bases de dados
com datas de cobertura, contato com os autores para identificação de estudos
adicionais) e data da última busca;
- Apresentar o processo de seleção de estudos (ou seja, busca,
elegibilidade, incluídos na revisão sistemática, e, se for o caso, incluídos na
metanálise).

2.3.2 BUSCA E CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS

Após a obtenção dos artigos, todas as etapas do processo foram realizadas


por dois revisores independentes (GCH e AIC), sendo que as discrepâncias foram
resolvidas por consenso. Na ausência de concordância, foi solicitado o auxílio de um
terceiro revisor (CJC). O processo de seleção dos estudos seguiu o modelo prisma
(1): (a) Todos os artigos obtidos foram analisados com base nos títulos e resumos
(screening); (b) Os artigos considerados relevantes foram analisados na íntegra
pelos dois revisores, observando-se os critérios de inclusão e exclusão (eligibility);
(c) Os artigos que atenderam a todos os critérios foram incluídos para coleta de
43

dados (inclusion). Os artigos que na fase de screening geraram dúvida foram


incluídos e passaram à fase de eligibility, para análise na íntegra.

2.3.2.1 Avaliação da qualidade metodológica dos estudos

Na fase de leitura na íntegra foi feita a avaliação crítica dos estudos, a fim de
verificar a qualidade metodológica e analisar possíveis fontes de viés inseridas em
cada revisão, por meio do instrumento Assessment of Multiple Systematic Reviews
(AMSTAR), desenvolvido por Shea et al. (2009). A pontuação total do AMSTAR
(ANEXO 2.2) foi obtida pela soma de um ponto para cada resposta “sim”, qualquer
outra resposta, não foi pontuada. A pontuação variou de 0 (zero) como a pior
qualidade a 11 (onze) como a melhor qualidade. Além disso, os estudos foram
estratificados conforme proposto pelo trabalho de Mikton e Butchart (2009) em que
um escore de 0 a 4 indicava uma revisão de baixa qualidade, de 5 a 8 indicava uma
qualidade moderada e de 9 a 11 indicava uma revisão de alta qualidade.

2.3.2.2. Extração de dados

Os dados de interesse de cada estudo foram extraídos em duplicata, e


plotados em um instrumento padronizado, desenvolvido pelos autores (APÊNDICE
2.2). Os dados coletados foram: periódico da publicação; indicações terapêuticas ou
grupo de pacientes em estudo; desenho dos estudos; número de estudos incluídos;
medicamentos ou classe de medicamentos avaliados; realização de metanálise;
evidência de eficácia e segurança favorável ao medicamento analisado; pontuação
AMSTAR. As discordâncias foram resolvidas pelo consenso entre os revisores.
44

2.4 RESULTADOS

Por meio da busca nas bases de dados foram encontrados 228 artigos de
potencial relevância, dos quais foi feita a leitura dos títulos e resumos. Destes, 164
artigos foram excluídos por não contemplarem os critérios de inclusão deste estudo.
Os outros 64 artigos passaram para a fase seguinte e foram lidos na íntegra, sendo
que apenas 23 foram incluídos, uma vez que 41 não atendiam aos critérios de
inclusão (APÊNDICE 2.3). Um fluxograma dos resultados obtidos e as razões para a
não seleção dos artigos estão apresentados na figura 2.1. A busca manual
complementar selecionou 26 artigos, totalizando 49 incluídos na overview. Seis
destes artigos foram publicados na década de 90 e os demais foram publicados
após o ano 2000. Os artigos incluídos na revisão e algumas características estão
descritas na tabela 2.1, ordenados conforme as indicações terapêuticas ou o grupo
de pacientes em estudo.

FIGURA 2.1 - FLUXOGRAMA DAS REVISÕES INCLUÍDAS E EXCLUÍDAS


45

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUA)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
KOES et al. Annals of the Dor (lombar) ECR 26 AINE’s Sim Sim - 8
(1997) Rheumatics
Diseases
MOORE et al. British Medical Dor (e inflamação ECR 86 AINE’s tópicos Sim Sim Sim 10
(1998) Journal aguda e crônica)

EDWARDS et Pain Dor (pós- ECR 72 Ácido acetilsalicílico Sim Sim Não 8
al. (1999) operatória)
VAN TULDER Cochrane Dor (lombar) ECR 30 Carisoprodol; Sim Sim - 9
et al. (2003) Database of clorzoxazona;
Systematic orfenadrina
Reviews
BJORDAL et al. British Medical Dor (osteoartrite de ECR 23 AINE’s Sim Sim (uso a - 8
(2004) Journal joelho) curto prazo)

MASON et al. British Medical Dor (aguda ou ECR 12 Rubefacientes Sim Sim (dor Sim 9
(2004a) Journal crônica) tópicos (salicilatos) aguda)
MASON et al. BioMed Dor (aguda) ECR 36 AINE’s tópicos Sim Sim Sim 9
(2004b) Central Family
Practice
RICHY et al. International Dor (Artrite ECR 14 Flurbiprofeno Sim Sim Sim 10
(2007) Journal of reumatoide)
Clinical
Practice
TOMS et al. Cochrane Dor (pós- ECR 51 Paracetamol Sim Sim Sim 9
(2008) Database of operatória)
Systematic
Reviews
DERRY C. et al. Cochrane Dor (pós- ECR 15 Naproxeno Sim Sim Sim 9
(2009a) Database of operatória)
46

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUAÇÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
Systematic
views
DERRY C et al. Cochrane Dor (pós- ECR 72 Ibuprofeno Sim Sim Sim 9
(2009b) Database of operatória)
Systematic
Reviews
DERRY P et al. Cochrane Dor (pós- ECR 15 Diclofenaco Sim Sim Sim 9
(2009) Database of operatória)
Systematic
Reviews
MATTHEWS et Cochrane Dor (aguda e ECR 16 Rubefacientes Sim Sem evidência Sim 9
al. (2009) Database of crônica) tópicos (salicilatos)
Systematic
Reviews
MASSEY et al. Cochrane Dor (aguda) ECR 47 AINE’s tópicos Sim Sim Sim 10
(2010) Database of
Systematic
Reviews
MOLL et al. Cochrane Dor (pós- ECR 4 Ácido mefenâminco Sim Sim - 9
(2011) Database of operatória)
Systematic
Reviews
DERRY, Cochrane Dor (pós- ECR 68 Ácido acetilsalicílico Sim Sim Não 9
MOORE (2012) Database of operatória)
Systematic
Reviews
DERRY; Cochrane Dor (crônica) ECR 34 AINE’s tópicos Sim Sim Sim 9
MOORE; Database of
RABBIE (2012) Systematic
Reviews
OLDMAN et al. Pain Enxaqueca ECR 48 Sumatriptana; ácido Sim Sim - 8
47

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUAÇÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
(2002) acetilsalicílico +
metoclopramida;
naratriptana
SUTHISISANG The Annals of Enxaqueca ECR 13 Ibuprofeno Sim Sim - 10
et al. (2007) Pharmacother
apy
DERRY; Cochrane Enxaqueca ECR 10 Paracetamol sozinho Sim Sim Sim 9
MOORE; Database of ou em associação
MCQUAY Systematic com antiemético
(2010) Reviews
KIRTHI et al. Cochrane Enxaqueca ECR 13 Ácido acetilsalicílico Sim Sim Sim 9
(2010) Database of sozinho ou com
Systematic antiemético
Reviews
RABBIE et al. Cochrane Enxaqueca ECR 9 Ibuprofeno sozinho Sim Sim Sim 9
(2010) Database of ou com antiemético
Systematic
Reviews
DERRY, C.; Cochrane Enxaqueca ECR 61 Sumatriptana Sim Sim Não 9
DERRY, S.; Database of
MOORE (2012) Systematic
Reviews
DERRY; Cochrane Enxaqueca ECR 5 Diclofenaco sozinho Sim Sim Sim 9
RABBIE; Database of ou com antiemético
MOORE (2012) Systematic
Reviews
HUGHES et al. Tobacco Abandono do ECR; 7 Terapia de reposição Sim Sim - 8
(2003) Control tabagismo ensaios da Nicotina
quase-
experimen-
tais
48

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUAÇÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
ETTER; Tobacco Abandono do ECR 12 Terapia de reposição Sim Sim - 9
STAPLETON Control tabagismo da Nicotina
(2006)
WALSH (2008) Drug and Abandono do ECR; 12 Terapia de reposição Não Não - 7
Alcohol tabagismo estudos da Nicotina
Review observacio-
nais
HUGHES; Nicotine & Abandono do Estudos 18 Terapia de reposição Não Inconclusivo - 7
PETERS; NAUD Tobacco tabagismo observacio- da Nicotina
(2011) Research nais
STEAD et al. Cochrane Abandono do ECR; 150 Terapia de reposição Sim Sim - 10
(2012) Database of tabagismo ensaios da Nicotina
Systematic quasi-
Reviews experimen-
tais
SCHROEDER; British of Tosse em adultos ECR 15 Antitussígenos, Não Inconclusivo - 9
FAHEY (2002a) Medical expectorantes,
Journal mucolíticos, anti-
histamínicos com e
sem
descongestionantes,
outras combinações
SCHROEDER; Archives of Tosse em crianças ECR 6 Antitussígenos, anti- Não Não - 8
FAHEY (2002b) Disease in histamínicos com e
Childhood sem
descongestionantes,
outras combinações
CHANG, C; Cochrane Tosse em adultos e ECR 4 Mucolíticos Sim Inconclusivo - 10
CHENG,; Database of crianças
CHANG, Systematic
A.(2012) Reviews
49

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUAÇÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
SMITH; Cochrane Tosse em adultos e ECR 26 Antitussígenos, Não Inconclusivo - 9
SCHROEDER; Database of crianças expectorantes,
FAHEY (2012) Systematic mucolíticos, anti-
Reviews histamínicos com e
sem
descongestionantes,
outras combinações
KOLLAR et al. Clinical Alívio dos sintomas ECR 8 Fenilefrina Sim Sim - 6
(2007) Therapeutics nasais no resfriado
comum
DE SUTTER; Cochrane Alívio dos sintomas ECR 32 Anti-histamínicos Sim Não Não 9
LEMIENGR; Database of nasais no resfriado
CAMPBELL Systematic comum
(2009) Reviews

TAVERNER; Cochrane Alívio dos sintomas ECR 7 Descongestionantes Sim Sim (adultos) Sim 9
LATTE Database of nasais no resfriado nasais (uso tópico e Sem
(2009) Systematic comum oral) evidências
Reviews (crianças)
DE SUTTER et Cochrane Alívio dos sintomas ECR 27 Combinações de Sim Sim (adultos) - 10
al. (2012) Database of de resfriado comum analgésicos e/ou Sem evidência
Systematic descongestionantes (crianças)
Reviews e/ou anti-
histamínicos
PURSSELL British Journal Febre em crianças ECR 8 Ibuprofeno; Sim Sim Sim 8
(2002) of Community paracetamol
Nursing
PERROTT et al. Archives of Febre ou dor em ECR 17 Ibuprofeno; Sim Sim Sim 8
(2004) Pediatrics & crianças paracetamol
Adolescent
Medicine
MEREMIKWU; Cochrane Febre em crianças ECR; 12 Paracetamol Sim Inconclusivo - 9
50

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONTINUAÇÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
OYO-ITA (2009) Database of ensaios
Systematic quasi-
Reviews experimen-
tais
SOUTHEY; Current Febre ou dor em ECR; 36 Ibuprofeno; Sim - Sim 7
SOARES- Medical crianças estudos paracetamol
WEISER; Research and observacio-
KLEIJNEN Opinion nais
(2009)
TRAMONTE et Journal of Constipação ECR 36 Formadores de Não Sim - 7
al. (1997) General massa; estimulantes;
Internal osmóticos;
Medicine emolientes
PETTICREW British Journal Constipação em ECR 19 Formadores de Não Sem evidência - 7
WATT; BRAND of General idosos massa; estimulantes;
(1999) Practice osmóticos;
emolientes
HURDON; Journal of Pain Constipação ECR 4 Docusato Não Sem evidência - 8
VIOLA; and Symptom
SCHRODER Management
(2000)

JONES et al. Digestive Constipação ECR 11 Formadores de Sim Inconclusivo - 7


(2002) Diseases and massa; estimulantes;
Sciences osmóticos;
emolientes
HART et al. British of Infecção fúngica na ECR 67 Antifúngicos tópicos Sim Sim - 8
(1999) Medical pele e unhas dos
Journal pés
CRAWFORD; Cochrane Infecção fúngica na ECR 67 Antifúngicos tópicos Sim Sim - 10
HOLLIS (2007) Database of pele e unhas dos
Systematic pés
51

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (CONCLUSÃO)

Referências Periódicos da Indicações Desenho Estudos Medicamentos ou Metanálise Evidência de Evidência de Pontuação
publicação terapêuticas ou dos incluídos classes de eficácia segurança AMSTAR
grupo de estudos medicamentos favorável ao favorável ao
pacientes em avaliados medicamento medicamento
estudo
Reviews
TRAN; LOWRY; Alimentary Dispepsia ECR 14 Anti-H2; antiácidos; Sim Sim - 9
EL-SERAG Pharmacology alginatos
(2007) &
Therapeutics
JENKINS; British Medical Pacientes com ECR 21 Ácido acetilsalicílico Não - Não 8
COSTELLO; Journal asma
HODGE (2004)
AINE’s = anti-inflamatórios não esteroidais; ECR = ensaio clínico randomizado; Anti-H2 = antagonistas de receptores H2.
52

Das revisões obtidas pela busca sistemática, 3 estavam desatualizadas e


foram, portanto, substituídas pela sua atualização na busca manual (SMITH;
SCHROEDER; FAHEY, 2012). Dentre os artigos incluídos pela busca manual, 2
foram retirados da The Cochrane Library por falta de atualização (DE SUTTER;
LEMIENGRE; CAMPBELL, 2009; TAVERNER; LATTE, 2009), conforme preconiza
Cochrane Collaboration (HIGGINS; GREEN, 2011).
Com relação aos estudos sobre a eficácia dos MIPs, 35 artigos (74,5%)
demonstraram evidência favorável ao uso da intervenção, sendo que em 2 destes
estudos a evidência foi favorável à apenas um dos grupos de pacientes avaliados
(TAVERNER; LATTE, 2009; DE SUTTER, et al., 2012). Somente em 3 revisões
(6,4%) a evidência não foi favorável ao uso do medicamento (SCHROEDER;
FAHEY, 2002b; WALSH, 2008; DE SUTTER; LEMIENGRE; CAMPBELL, 2009). Por
outro lado, 9 revisões sistemáticas (19,1%) foram inconclusivas ou apontaram
ausência de evidência ao uso do fármaco, sugerindo mais estudos.
Dos 24 estudos que avaliaram a segurança, 5 (21%) apresentaram
evidência desfavorável ao uso do medicamento, devido aos significantes efeitos
colaterais apresentados (EDWARDS, 1999; JENKINS; COSTELLO; HODGE, 2004;
DE SUTTER; LEMIENGRE; CAMPBELL, 2009; DERRY S.; MOORE, 2012; DERRY
C.; DERRY S.; MOORE, 2012). Um destes estudos (JENKINS; COSTELLO;
HODGE, 2004) avaliou a segurança do fármaco ácido acetilsalicílico, no que diz
respeito à capacidade de induzir asma, em pacientes conhecidamente asmáticos. O
estudo demonstrou que uma parcela significativa dos pacientes asmáticos é sensível
ao ácido acetilsalicílico.
A fim de ampliar o escopo deste trabalho, foi incluída uma extensa lista de
MIPs comercializados no Brasil e em outros 36 países. Sendo assim, alguns dos
medicamentos incluídos não são isentos de prescrição no Brasil, como por exemplo,
diclofenaco, sumatriptana e ranitidina que são considerados OTC em alguns países
da Europa.
Considerando as indicações terapêuticas encontradas nos trabalhos, pode-
se perceber que a maior parte dos artigos avaliou pacientes com dor, seja aguda ou
crônica (35,4%) ou, especificamente, enxaqueca (14,6%) (FIGURA 2.2). Para estas
condições, foi avaliada a eficácia e, em alguns estudos, a segurança dos anti-
inflamatórios não esteroidais (AINE’s). O estudo que avaliou somente a segurança
do fármaco ácido acetilsalicílico em pacientes asmáticos não foi incluído no gráfico.
53

FIGURA 2.2 - ESTUDOS ENCONTRADOS NA REVISÃO SISTEMÁTICA EM RELAÇÃO ÀS


INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS AVALIADAS

Considerando a qualidade metodológica das revisões sistemáticas, de


acordo com a avaliação por meio do instrumento AMSTAR, 18 revisões eram de
qualidade moderada (isto é, escore AMSTAR entre 5 - 8), 31 eram de qualidade alta
(9 – 11), sendo que nenhuma das revisões recebeu escore entre 0 – 4, o que
caracterizaria uma revisão de baixa qualidade.
Em comparação com a lista GITE, é possível perceber que vários grupos
terapêuticos e indicações clínicas não foram avaliados por meio de revisões
sistemáticas, utilizando a estratégia de busca proposta. Sendo assim, há, portanto,
lacunas para grupos como antidiarreicos, antiespasmódicos, antiparasitários e
antissépticos em geral.
54

2.5 DISCUSSÃO

A comercialização de medicamentos sem a necessidade da apresentação


de uma prescrição leva a crer que são seguros e eficazes. Sendo assim, revisões
sistemáticas, que correspondem ao mais alto nível de evidência que avaliem a
eficácia e a segurança dos medicamentos são fundamentais, a fim de contribuir para
o uso racional dos MIPs. Neste sentido, é importante verificar se estes desfechos
são avaliados por ensaios de boa qualidade, a fim de que a evidência possa ser
utilizada na prática clínica. Portanto, estes dados devem ser considerados pelo
farmacêutico no momento da recomendação de MIPs, mediante a análise dos
sintomas do paciente.
O presente estudo analisou 49 revisões sistemáticas publicadas até maio de
2012, que mostram ausência de evidência de eficácia ou segurança para pelo
menos três das nove indicações terapêuticas avaliadas. Isso leva a pensar que o
uso de tais medicamentos em determinadas situações clínicas é questionável, e
aponta que mais estudos são necessários.
A maioria das revisões sistemáticas avaliando a eficácia das intervenções
(74,5%) demonstrou evidência favorável, em pelo menos um dos grupos de
pacientes estudados. Entre os estudos encontrados nesta revisão avaliando a
eficácia dos medicamentos no combate à dor aguda ou crônica, somente um estudo
não demonstrou evidência para o uso da intervenção (MATTHEWS et al., 2009).
Estudos que avaliem a eficácia e segurança dos medicamentos utilizados no
combate à dor são de extrema importância, uma vez que a automedicação neste
contexto é uma realidade. Neste sentido, os resultados do estudo realizado por
Arrais e colaboradores (1997) sobre o perfil da automedicação no Brasil,
demonstram que houve uma predominância do uso dos analgésicos (17,3%) e anti-
inflamatórios (5,6%) entre os medicamentos mais procurados. Com relação aos
motivos que levaram à procura por estes medicamentos estão: dor de cabeça (12%),
dor musculoesquelética (4,5%), dismenorreia (2,0%) e outras dores (4,7%).
Com relação à dor, especificamente a enxaqueca, foram encontrados 7
artigos, avaliando o uso de ácido acetilsalicílico, diclofenaco, ibuprofeno,
paracetamol e triptanas. Todos os estudos demonstraram evidência favorável ao uso
do medicamento. Um dos desfechos avaliados nestes estudos foi a ausência
55

sustentada de dor que, segundo Wanmacher e Ferreira (2004), parece ser o objetivo
terapêutico mais apropriado.
Três estudos (6,4%) não demonstraram evidência de eficácia favorável ao
fármaco, os quais avaliaram o uso de medicamentos para tosse (SCHROEDER,
FAHEY, 2002b), terapia de reposição da nicotina (WALSH, 2008) e o uso de anti-
histamínicos (DE SUTTER; LEMIENGRE; CAMPBELL, 2009).
Os resultados da utilização de medicamentos para tosse em crianças não
demonstraram maior eficácia em relação ao placebo, salientando o pequeno número
de ensaios encontrados (SCHROEDER, FAHEY, 2002b). Neste estudos os
fármacos avaliados foram antitussígenos (dextrometorfano, codeína), anti-
histamínicos sozinhos (clemastina e clorfeniramina), anti-histamínicos associados a
descongestionantes (bronfeniramina e fenilefrina) e outras combinações de
fármacos (dextrometorfano e paracetamol; dextrometorfano, guaifenesina e
pseudoefedrina). Os outros três estudos relacionados ao tratamento da tosse
apontaram ausência de boa evidência a favor do uso destes medicamentos, uma
vez que os resultados dos ensaios incluídos foram contraditórios (SCHROEDER;
FAHEY, 2002a; CHANG C.; CHENG; CHANG A., 2012; SMITH; SCHROEDER;
FAHEY, 2012). Resultado semelhante foi demonstrado no estudo de Reis e Figueras
(2010) que avaliou a evidência de eficácia e segurança dos medicamentos para
tosse registrados no Brasil. A conclusão dos autores foi de que as evidências sobre
a eficácia dos MIPs, disponíveis no mercado brasileiro, são fracas devido à falta de
pesquisas de boa qualidade.
O estudo de Walsh (2008) também não demonstrou evidência de eficácia
favorável ao uso da intervenção, avaliando a terapia de reposição da nicotina (TRN),
sem prescrição médica. O artigo concluiu que a superioridade desta terapia não foi
demonstrada de maneira convincente. Considerando os outros quatro estudos
avaliando a TRN, um deles apresentou resultado inconclusivo (HUGHES; PETERS;
NAUD, 2011), enquanto que os demais demonstraram evidência favorável ao uso da
intervenção (HUGHES et al., 2003; ETTER; STAPLETON, 2006; STEAD et al.,
2012). Estes resultados divergentes podem ser atribuídos à diferença de desenho
dos estudos incluídos.
O uso de anti-histamínicos não demonstrou eficácia no alívio dos sintomas
nasais (rinorreia, congestão nasal e espirros) presentes no resfriado comum e
mostrou mais efeitos colaterais em relação ao placebo (DE SUTTER; LEMIENGRE;
56

CAMPBELL, 2009). Entretanto, na prática, estes fármacos são muito utilizados nos
casos de resfriado, uma vez que se espera o alívio dos sintomas nasais, assim
como ocorre em reações alérgicas. Outros 3 artigos avaliaram o uso de fármacos
para o alívio dos sintomas do resfriado comum, sendo que em 2 deles foi avaliado o
uso de descongestionantes nasais, demonstrando evidência favorável à eficácia do
fármaco (KOLLAR et al., 2007; TAVERNER; LATTE, 2009). O trabalho de De Sutter
et al. (2012) avaliou a melhora global do paciente com resfriado utilizando
combinações de analgésicos e/ou descongestionantes e/ou anti-histamínicos,
demonstrando evidência de eficácia favorável para o uso em adultos e sem
evidência para crianças.
Alguns artigos encontrados nesta revisão apontam para a necessidade de
mais estudos (ECR) com determinadas classes de medicamentos, uma vez que os
resultados demonstraram ausência de evidência ou foram inconclusivos em alguns
casos. Este foi o caso dos quatro artigos encontrados avaliando pacientes com
constipação, em que somente um deles demonstrou evidência favorável ao uso da
intervenção (TRAMONTE et al., 1997). Os demais apontaram para ausência de
evidência (PETTICREW; WATT; BRAND, 1999; HURDON; VIOLA; SCHRODER,
2000) e um foi inconclusivo (JONES et al., 2002), demonstrando a necessidade de
mais estudos para embasar a recomendação das intervenções. Assim, estudos bem
delineados e com um número adequado de participantes são essenciais para a
obtenção de respostas para as questões clínicas.
No que diz respeito ao desfecho segurança, dos cinco trabalhos em que a
evidência foi desfavorável ao uso da intervenção, três deles avaliaram o uso do
ácido acetilsalicílico. Os efeitos colaterais observados, como sonolência e irritação
gástrica, foram significativos, apontando cautela no uso do fármaco (EDWARDS,
1999; DERRY; MOORE, 2012). O estudo realizado por Jenkins, Costello e Hodge
(2004) avaliou a indução da asma pelo ácido acetilsalicílico, verificando que a
prevalência é maior do que anteriormente demonstrada. Os autores alertam que
cabe ao profissional de saúde advertir estes pacientes sobre o risco do uso deste
fármaco. Estes dados de segurança enfatizam que o uso do ácido acetilsalicílico
requer cautela, embora seja amplamente empregado em casos de dor e febre,
especialmente como forma de automedicação.
As revisões sistemáticas tornaram-se o método padrão para avaliar e
resumir a investigação em saúde, entretanto a qualidade das revisões recebe,
57

muitas vezes, pouca atenção. A qualidade pode ser definida como a probabilidade
de que o desenho de uma revisão sistemática irá gerar resultados imparciais
(MOHER et al., 1995). Desta forma, uma alta qualidade metodológica é um pré-
requisito para interpretação válida e aplicação dos resultados da avaliação.
Assim, para que as revisões sistemáticas possam ser levadas em
consideração pelos tomadores de decisão em saúde é necessário que não somente
se aumente o número de publicações, mas que se preze pela alta qualidade,
especialmente procurando seguir padrões validados internacionalmente.
Neste sentido, foi realizada a avaliação da qualidade metodológica das
revisões sistemáticas encontradas, por meio do instrumento AMSTAR, o qual
estabelece os seguintes pontos para a produção de um artigo de revisão sistemática
de qualidade: 1) Definição clara da pergunta de pesquisa e dos critérios de inclusão;
2) Seleção dos estudos e extração dos dados por, pelo menos, dois revisores
independentes; 3) Utilização de, ao menos, duas bases de dados e descrição da
data da busca e das palavras-chave; 4) Descrição dos critérios de inclusão e de
exclusão, em especial a opção por incluir ou não teses, dissertações, capítulos de
livro ou artigos de idiomas específicos; 5) Apresentação de uma lista (ou figura)
indicando o número de artigos incluídos, excluídos e os critérios que foram levados
em consideração; 6) Descrição das características dos estudos incluídos; 7)
Avaliação da qualidade dos estudos incluídos; 8) Considerar a qualidade dos
estudos revistos ao generalizar as conclusões; 9) Avaliação da viabilidade de se
integrar estudos que, por suas características metodológicas, podem não ser
comparáveis; 10) Avaliar a probabilidade da ocorrência de viés de publicação; 11)
Descrição explícita dos possíveis conflitos de interesses.
Desta forma, no que diz respeito à avaliação metodológica, a maioria dos
estudos publicados (31) apresenta boa qualidade. Além disso, percebe-se que todas
as revisões sistemáticas realizadas pela Colaboração Cochrane foram de alta
qualidade. Este resultado era esperado, uma vez que instituições como a
Colaboração Cochrane, composta de grupos temáticos espalhados ao redor do
mundo, se dedicam especificamente à produção de revisões sistemáticas de alta
qualidade e para isso divulgam gratuitamente manuais que especificam cada detalhe
do método (HIGGINS; GREEN, 2011). Por outro lado, com relação às demais 26
revisões, publicadas em outros periódicos, 18 apresentaram qualidade moderada.
58

Dentre os itens verificados, aqueles que na sua maioria não receberam a


resposta "sim" foram os de número 10 e 11 do instrumento. O item 10 verifica se a
probabilidade de viés de publicação foi avaliada, que é a tendência de os estudos
com resultados positivos serem mais frequentemente publicados do que estudos
com resultados negativos (ZHOU; OBUCHOWSKI; MCCLISH, 2002). Uma forma
estatística de avaliar o viés de publicação é pelo uso do gráfico de dispersão em
funil (funnel plot) (EGGER et al., 1997). A possibilidade da ocorrência deste tipo de
viés não foi relatada em 42 artigos (86%).
O item 11 avalia se o conflito de interesse foi incluído no estudo, isto é,
potenciais fontes de apoio deveriam ser claramente reconhecidas tanto na revisão
sistemática quanto nos estudos incluídos (SHEA et al., 2009). Embora alguns
estudos tenham relatado fontes de apoio, não havia uma declaração explícita em 32
revisões (65%). Resultados semelhantes foram encontrados na literatura
(SANTAGUIDA et al., 2013; REMSCHMIDT; WICHMANN; HARDER, 2014), o que
demonstra a necessidade de melhorar a descrição de potenciais conflitos de
interesse e viés de publicação.
Por outro lado, os itens que mais pontuaram relacionaram-se à descrição
clara da pergunta de pesquisa e dos critérios de inclusão (item 1); à apresentação
integrada das características dos estudos incluídos, como em uma tabela contendo
informações como participantes, instrumentos, resultados etc. (item 6) e à
formulação das conclusões considerando a qualidade científica dos estudos
incluídos (item 8).
Com relação à utilização do instrumento AMSTAR, os revisores o
consideraram uma ferramenta rápida e fácil de ser aplicada, salientando que os itens
deste instrumento são requisitos mínimos para a escrita de uma boa revisão
sistemática. Em 2012, Melchiors e colaboradores avaliaram a qualidade das
revisões sistemáticas e metanálises das intervenções farmacêuticas publicadas
entre 1990 e 2009. Os autores concluíram que o AMSTAR é uma ferramenta útil
para avaliar a qualidade metodológica das revisões sistemáticas, diferenciando
revisões de boa e de baixa qualidade, desde que os usuários sejam suficientemente
treinados e qualificados para a utilização destas informações (MELCHIORS et al.,
2012).
Relacionando a qualidade dos estudos e as indicações terapêuticas,
percebeu-se que todos os estudos sobre a constipação apresentaram qualidade
59

metodológica moderada. O mesmo ocorreu com três estudos (de quatro) avaliando
febre e/ou dor e três estudos (de cinco) sobre abandono do hábito de fumar. Neste
caso, para além dos itens descritos acima, algumas revisões falharam em descrever
outros itens, tais como: exibir uma lista de estudos excluídos, descrever se as
etapas de seleção e extração foram realizadas em duplicata e raramente realizaram
metanálises.
Quanto ao desenho dos estudos encontrados nas revisões sistemáticas, em
apenas uma revisão (HUGHES; PETERS; NAUD, 2011) o desenho não incluía
ensaio clínico randomizado (ECR), uma vez que os autores visaram demonstrar a
efetividade do tratamento, utilizando, portanto, estudos observacionais. Outros três
estudos, além de ECR, incluíam estudos não randomizados (HUGHES et al., 2003);
estudos observacionais (SOUTHEY; SOARES-WEISER; KLEIJNEN, 2009); ensaios
quasi-randomizados (MEREMIKWU; OYO-ITA, 2009; STEAD et al., 2012) e estudos
de coorte (WALSH, 2008). A Cochrane Collaboration centra-se, sobretudo, em
revisões sistemáticas de estudos clínicos randomizados, porque eles são mais
propensos a fornecer informação imparcial do que outros desenhos de estudo
(HIGGINS; GREEN, 2011).
O presente estudo apresenta também algumas limitações. Primeiramente,
optou-se por uma estratégia de busca com maior especificidade, em detrimento de
uma maior sensibilidade, considerando o número grande de fármacos OTC no
mercado. Ademais, boa parte dos autores de revisões sistemáticas sobre
medicamentos OTC não utiliza descritores gerais como “non-prescription drugs” or
“OTC” o que dificulta a localização destes nas bases de dados. A fim de minimizar a
perda de estudos decorrente deste fato, foi realizada busca manual de trabalhos nas
referências de todos os estudos inicialmente incluídos. Ainda, a busca foi limitada a
estudos publicados em inglês, português ou espanhol. Assim, não se pode descartar
a possibilidade de perda de informação publicada em outras línguas. Por fim, a
inclusão das revisões sistemáticas foi condicionada apenas àquelas condições de
saúde consideradas tratáveis com medicamentos OTC. Isso foi necessário também,
considerando a existência de diversas revisões envolvendo fármacos OTC para
condições clínicas que exigem diagnóstico médico prévio, o que fugiria ao escopo
deste trabalho. A fim de evitar vieses relacionados a este aspecto, foi incluída uma
ampla lista de fármacos comercializados como OTC em 36 países e no Brasil.
60

O presente estudo verificou que existem revisões sistemáticas avaliando a


eficácia e a segurança de vários medicamentos isentos de prescrição, e que a
qualidade metodológica destes trabalhos é de moderada a alta. Portanto, no
momento da seleção do medicamento mais adequado para o paciente, o
farmacêutico deve buscar por informações atualizadas na literatura que o dirijam
para fármacos com eficácia e segurança bem documentadas. Entretanto, existe a
necessidade de ampliar os estudos nesta área, uma vez que não foram encontradas
revisões sistemáticas para certos grupos terapêuticos, utilizando a estratégia de
busca proposta, como antidiarreicos, antiespasmódicos, antiparasitários e
antissépticos. Vale ressaltar, que de acordo com a legislação brasileira, os
farmacêuticos podem indicar, e também prescrever, medicamentos que não
requerem apresentação de receita médica para os chamados transtornos menores,
como base nas melhores evidências científicas. Entretanto, sob este aspecto, faz-se
necessário verificar se estes profissionais buscam informações atualizadas sobre os
medicamentos e se estas informações são baseadas em boas evidências científicas.
61

2.6 CONCLUSÃO

As evidências encontradas nos estudos incluídos neste trabalho são


favoráveis à utilização da maior parte dos fármacos avaliados, como a terapia
antifúngica tópica, analgésicos e anti-inflamatórios. Entretanto, algumas revisões
sistemáticas foram inconclusivas ou não demonstraram evidência ao uso do
fármaco, sugerindo mais estudos, como no caso da terapia de reposição da nicotina,
medicamentos para tosse e constipação. Assim, existem grupos terapêuticos para
os quais há lacunas de evidência, havendo a necessidade de estudos nesta área. A
qualidade metodológica das revisões sistemáticas sobre MIPs, de acordo com os
estudos incluídos, é de moderada a alta. Desta forma, a qualidade da evidência
disponível, no momento, é boa para ser utilizada na prática clínica.
Neste sentido, a disponibilidade de estudos de boa qualidade que avaliem a
eficácia e a segurança de MIPs é de extrema importância no cotidiano do
profissional farmacêutico. A busca por informações na literatura é crucial para a
seleção do medicamento mais adequado para atender às necessidades dos
pacientes, entretanto, foi possível observar a existência de estudos inconclusivos.
Desta forma, ao escolher um MIP o farmacêutico deve ter a capacidade de fazer
uma análise crítica da evidência disponível para avaliar as vantagens, desvantagens
e limitações e, então, identificar os resultados que podem ser reproduzidos na
prática clínica.
62

REFERÊNCIAS

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Prescrição. Disponível em: < http://www.abimip.org.br/site/index.php>. Acesso em
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69

APÊNDICE 2.1 - ESTRATÉGIAS DE BUSCA UTILIZADAS NAS BASES DE


DADOS

1 Base de dados: MEDLINE (via Pubmed)

Para buscar as revisões sistemáticas, no Pubmed foi usada a seguinte estratégia:


#1 (systematic review*[tiab] OR meta-analysis[pt] OR meta-analysis[tiab] OR
systematic literature review[tiab] OR "Cochrane Database Syst Rev"[Journal] OR
(search*[tiab] AND (medline or embase OR peer-review* OR literature OR "evidence-
based" OR pubmed OR IPA or "international pharmaceutical abstracts"))) NOT
(letter[pt] OR newspaper article[pt] OR comment[pt]) AND hasabstract

#2 ("Nonprescription Drugs"[Mesh] OR "Nonprescription Drugs"[tiab] OR OTC*[tiab]


OR "over the counter"[tiab])

#3 (#1 AND #2)

2 Base de dados: Cochrane Library

#1 (systematic review OR meta-analysis OR "evidence-based"):ti,ab,kw;


#2 ("Nonprescription Drugs" OR OTC OR "over the counter"):ti,ab,kw;
#3 (#1 AND #2).
70

APÊNDICE 2.2 – INSTRUMENTO DESENVOLVIDO PARA A EXTRAÇÃO DE


DADOS

Extração de dados da revisão sistemática

Estudo nº______________ Data: ____/____/____

Título resumido:______________________________________________________
Avaliador:_______________________________________________________

1 Dados referentes à publicação:

1.1 Jornal da publicação:__________________________________________


1.2 Autor e Ano da publicação:____________
1.3 Local da publicação:___________________________________________

2 Dados referentes ao estudo:

2.1 Tipos de estudos incluídos na revisão (RCT): _______________________


2.2 Quantidade de estudos incluídos na revisão:________________________
2.3 Qual o problema de saúde ou grupo populacional dos pacientes do estudo (ex.:
Hipertensos, gestantes, idosos): _______________________________
2.4 Quais são os medicamentos avaliados:_____________________________
2.5 Objetivo do trabalho: __________________________________________
2.6 Foi realizado metanálise? (sim ou não): _____________
2.7 Quais desfechos foram avaliados? _______________________________
2.8 A evidência de eficácia é favorável ao medicamento? (sim ou não): ______
2.9 A evidência de segurança é favorável ao medicamento? (sim ou não): ____
71

APÊNDICE 2.3 - ESTUDOS EXCLUÍDOS A PARTIR DA LEITURA NA ÍNTEGRA

Autor Ano Título Motivo da exclusão


Adatia 2012 Osteoarthritis of the knee and hip. Part II: Não é revisão
therapy with ibuprofen and a review of sistemática
clinical trials.
Arroll 2005 Non-antibiotic treatments for upper- Overview
respiratory tract infections (common cold).
Bansal 2001 A look at the safety profile of over-the- Não é revisão
counter naproxen sodium: a meta- sistemática
analysis.
Bennett 2004 Ephedrine- and guaifenesin-induced Não é revisão
nephrolithiasis. sistemática
Blaiss 2004 Current concepts and therapeutic Não é revisão
strategies for allergic rhinitis in school-age sistemática
children.
Brune 2007 Persistence of NSAIDs at effect sites and Não é revisão
rapid disappearance from side-effect sistemática
compartments contributes to tolerability.
Chou 2011 Analgesics for Osteoarthritis: An Update Overview
of the 2006 Comparative Effectiveness
Review
Deal 1999 Nutraceuticals as therapeutic agents in Não é revisão
osteoarthritis. The role of glucosamine, sistemática
chondroitin sulfate, and collagen
hydrolysate.
DeArmond 1995 Safety profile of over-the-counter Não é revisão
naproxen sodium. sistemática
Di Lorenzo 2011 Managing osteoarthritis and joint pain at Não é revisão
work: helping the primary care physician sistemática
educate patients who rely on non-
prescription NSAIDs.
Dostrovsky 2011 The effect of glucosamine on glucose Indicação não
metabolism in humans: a systematic consta na lista GITE
review of the literature.
Eccles 2006 Efficacy and safety of over-the-counter Não é revisão
analgesics in the treatment of common sistemática
cold and flu.
Eschler 2010 An evidence-based review of the efficacy Não atende aos
of topical antihistamines in the relief of critérios do protocolo
pruritus.
Foulks 2007 Clinical evaluation of the efficacy of Não é revisão
PEG/PG lubricant eye drops with gelling sistemática
agent (HP-Guar) for the relief of the signs
and symptoms of dry eye disease: a
review
Harris 2009 Cyclooxygenase-2 (cox-2) blockade in the Não avalia eficácia e
chemoprevention of cancers of the colon, segurança de MIP
breast, prostate, and lung.
Inflammopharmacology
Hersh 2007 Adverse drug interactions involving Não atende aos
common prescription and over-the- critérios do protocolo
counter analgesic agents.
Horn 2012 OTC polyethylene glycol 3350 and Não atende aos
pharmacists' role in managing critérios do protocolo
constipation.
Lanas 2011 Short-term acetylsalicylic acid (aspirin) Não é revisão
use for pain, fever, or colds - sistemática
72

Autor Ano Título Motivo da exclusão


gastrointestinal adverse effects: a meta-
analysis of randomized clinical trials.
Leung 2011 Chronic constipation: an evidence-based Overview
review.
Liu 2011 Current methods employed in the Não é revisão
prevention and minimization of surgical sistemática
scars.
Loveman 2011 The clinical effectiveness and cost- Não avalia eficácia e
effectiveness of long-term weight segurança de MIP
management schemes for adults: a
systematic review.
McCarthy 2012 Efficacy and gastrointestinal risk of aspirin Não é revisão
used for the treatment of pain and cold. sistemática
McKenna 2006 What over-the-counter preparations are Não atende aos
pregnant women taking? A literature critérios do protocolo
review.
Michels 2012 Over-the-counter ibuprofen and risk of Overview
gastrointestinal bleeding complications: a
systematic literature review.
Monroe 2001 Effect of common over-the-counter Não é revisão
medications on blood alcohol levels. sistemática
Moore 2012 A conservative method of testing whether Overview
combination analgesics produce additive
or synergistic effects using evidence from
acute pain and migraine.
Morgan 2005 Restricting paracetamol in the United Não avalia eficácia e
Kingdom to reduce poisoning: a segurança de MIP
systematic review.
Mosges 2011 The effectiveness of levocetirizine in Não atende aos
comparison with loratadine in treatment of critérios do protocolo
allergic rhinitis – a meta-analysis
Nordin 2006 Nonspecific lower-back pain: surgical Overview
versus nonsurgical treatment.
Patel 1992 Is there a role for fluconazole in the Não é revisão
treatment of vulvovaginal candidiasis? sistemática
Reginster 2007 Current role of glucosamine in the Overview
treatment of osteoarthritis.
Ringdahl 2004 Treatment of primary insomnia. Não é revisão
sistemática
Romanelli 2003 Dextromethorphan abuse: clinical effects Não é revisão
and management. sistemática
Schroeder 2001 Over-the-counter medications for acute Desatualizada
cough in children and adults in ambulatory
settings.
Schroeder 2004 Over-the-counter medications for acute Desatualizada
cough in children and adults in ambulatory
settings.
Smith 2008 Over-the-counter medications for acute Desatualizada
cough in children and adults in ambulatory
settings.
Sopo 2011 Efficacy of over-the-counter Overview
immunostimulants in the prevention of
paediatric recurrent acute respiratory tract
infections. Criticisms and pitfalls of
available metanalyses.
Steiner 2009 Gastrointestinal tolerability of aspirin and Não atende aos
the choice of over-the-counter analgesia critérios do protocolo
for short-lasting acute pain.
73

Autor Ano Título Motivo da exclusão


Vassilev 2010 Safety and efficacy of over-the-counter Não atende aos
cough and cold medicines for use in critérios do protocolo
children.
Wenzel 2003 Over-the-counter drugs for acute migraine Não atende aos
attacks: literature review and critérios do protocolo
recommendations.
Zapawa 2011 Cautions and warnings on the US OTC Não é revisão
label for nicotine replacement: what's a sistemática
doctor to do?
74

ANEXO 2.1 – CHECKLIST PRISMA


75

ANEXO 2.2 – INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE


METODOLÓGICA DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS (AMSTAR)1

Avaliação da Qualidade de Revisões Sistemáticas


Estudo Nº_______ Autor: ________________ Data: ____/____/____
Título resumido:_________________________________________________
Avaliador:_____________________________________________________
1
A Measurement tool to assess systematic reviews (AMSTAR)
Avaliação das revisões sistemáticas Sim Não Não Não
pode aplicável
dizer
1 Um projeto foi realizado “a priori”?
A pergunta da pesquisa e os critérios de inclusão foram estabelecidos antes de
conduzir a revisão.
2 A seleção dos estudos e extração dos dados foi realizada em duplicata?
Deve haver ao menos dois extratores de dados independentes e um processo de
consenso para que os desacordos sejam avaliados.
3 Foi realizada uma pesquisa bibliográfica abrangente?
Pelo menos duas fontes eletrônicas devem ser pesquisadas. O artigo deve incluir
os anos e as bases de dados usadas (ex.: Central, EMBASE, e MEDLINE).
Palavras-chave e/ou termos MESH devem ser descritos, e sempre que possível, a
estratégia de busca deve ser documentada. Todas as pesquisas deverão ser
complementadas por consulta ao conteúdo atual, revisões, livros-texto, registros
especializados, ou especialistas na área específica do estudo, e por revisão das
referências nos artigos encontrados.
4 O estado da publicação (ex.: literatura não indexada) foi usado como um critério
de inclusão?
Os autores devem indicar que eles buscaram por documentos, independente do
seu tipo de publicação. Os autores devem indicar quando excluíram ou não
quaisquer documentos (da revisão sistemática), baseado nos seu estado de
publicação, idioma, etc.
5 Uma lista de estudos (incluídos e excluídos) foi fornecida?
Uma lista de estudos incluídos e excluídos deve ser fornecida.
6 As características dos estudos incluídos foram fornecidas?
De uma forma agregada, como uma tabela, os dados a partir dos estudos
originais devem ser fornecidos quanto aos participantes, intervenções, e
resultados (outcomes). Os intervalos das características em todos os estudos
analisados (ex.:idade, raça, gênero, dados socioeconômicos relevantes, estado
da doença, duração, severidade, ou outras doenças) devem ser relatados.
7 A qualidade científica dos estudos incluídos foi avaliada e documentada?
“a priori” métodos de avaliação devem ser fornecidos (ex.: para estudos de
efetividade se os autores escolheram incluir somente estudos randomizado,
duplo-cego, controlado por placebo, ou ocultação da alocação como critérios de
inclusão); para outros tipos de estudos, itens alternativos podem ser relevantes.
8 A qualidade científica dos estudos incluídos foi usada apropriadamente na
formulação das conclusões?
Os resultados do rigor metodológico e qualidade científica devem ser
considerados nas análises e nas conclusões da revisão, e explicitamente
indicados na formulação das recomendações.
9 Os métodos utilizados para combinar os achados dos estudos foram apropriados?
Para o conjunto de resultados, um teste deve ser feito para garantir que os
estudos foram combináveis, para avaliar a sua homogeneidade (ex.: teste do qui
quadrado para homogeneidade, I2). Caso exista heterogeneidade, o modelo do
efeito randômico deve ser usado e /ou a adequação clínica da combinação deve
ser levada em consideração (ex.: é sensato combinar?).
10 A probabilidade de viés da publicação foi avaliada?
Uma avaliação de viés da publicação deve incluir uma combinação de ajuda
gráfica (ex.: gráfico do funil, outros testes disponíveis) e/ ou testes estatísticos
(ex.: teste de regressão de Egger).
11 O conflito de interesse foi incluído?
Potenciais fontes de apoio devem ser claramente reconhecidas tanto da revisão
sistemática quanto nos estudos incluídos.
“Não pode dizer” é escolhido quando o item é relevante, mas não é descrito pelos autores; “Não aplicável” é usado quando o item não é
relevante, tal como quando uma meta-análise não foi possível ou não foi realizada pelos autores.
76

CAPÍTULO 3: AVALIAÇÃO DA PRÁTICA


FARMACÊUTICA NO ESTADO DO PARANÁ
77

3.1 CONTEXTO

O termo “farmácia comunitária” refere-se aos estabelecimentos


farmacêuticos não hospitalares e não ambulatoriais que atendem à comunidade. No
Brasil, estas farmácias são, em sua maioria, privadas, mas também existem as
farmácias públicas (CORRER; PONTAROLO; RIBEIRO, 2013).
Os farmacêuticos na farmácia comunitária são colocados em uma posição
de confiança, especialmente no modo como eles se relacionam diretamente com os
pacientes e são facilmente acessíveis para prestar aconselhamento e informações
(WATERFIELD, 2008; HUSTON et al., 2010).
Em sua prática diária, os farmacêuticos comunitários podem dispensar
medicamentos mediante apresentação de prescrição médica ou odontológica e
podem recomendar medicamentos isentos de prescrição (MIPs) a partir dos
sintomas dos pacientes (BRASIL 2003, BRASIL 2009). Neste contexto, os
farmacêuticos devem educar e aconselhar seus pacientes e podem, ainda, prestar
serviços farmacêuticos como a determinação da pressão arterial, aplicação de
injetáveis e verificação de glicemia capilar, estabelecidos pela Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº
44 de 2009 (BRASIL, 2009).
Um dos papeis mais importantes de um farmacêutico é a educação do
paciente, comumente referida como aconselhamento, o qual é benéfico para ambas
as partes. Assim, a comunicação com os pacientes é uma forma importante para
evitar erros de medicação e ajudá-los a entender os efeitos pretendidos, bem como
os efeitos colaterais de seus medicamentos (DUNCAN-POITIER; MOKHIBER,
2004).
Neste contexto, destaca-se a atuação do farmacêutico, de extrema
importância no âmbito da automedicação, no sentido de orientar o uso correto e
seguro dos MIPs. Um estudo verificou que a confiança no profissional e a
conveniência foram as razões mais comuns para a escolha de um farmacêutico para
tratar sintomas menores (MANSELL et al., 2014).
Para que o farmacêutico consiga prestar as orientações adequadas ao
paciente no momento da dispensação e faça a recomendação do MIP da melhor
forma, é preciso acesso a informações atuais e confiáveis sobre medicamentos. O
78

acesso às fontes de informação sobre medicamentos e a participação em cursos de


atualização são primordiais neste contexto. Assim, o objetivo principal do
desenvolvimento profissional contínuo é o de melhorar a qualidade dos serviços
prestados como farmacêuticos comunitários (WATERFIELD, 2008).
Atualmente, no Brasil assim como em outros países, os farmacêuticos
comunitários têm assumido novas funções, como a prescrição de medicamentos.
Esta é uma prática vista como uma forma de reduzir os custos de cuidados de
saúde, melhorar o acesso da população a esta (MCINTOSH et al., 2011; MANSELL
et al., 2014), diminuir o número de visitas não urgentes nos serviços de emergência
(LYNAS, 2013) e ainda enfatizar a importância do farmacêutico perante a sociedade.
Entretanto, entre os países, há diferenças no modelo de prescrição
farmacêutica (EMMERTON et al., 2005), bem como na interpretação do termo.
Prescrever medicamentos não é uma tarefa simples, ela requer experiência
significativa para aplicar habilidades quanto à terapia medicamentosa (NISSEN,
2011).
Considerando este cenário, torna-se importante a realização de trabalhos
científicos que elucidem a realidade da profissão farmacêutica, especialmente no
que diz respeito aos MIPs e a prescrição farmacêutica recentemente estabelecida no
Brasil.
79

3.2 OBJETIVOS

3.2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a atuação do farmacêutico comunitário no Estado do Paraná, no


que diz respeito à dispensação de medicamentos e recomendação de um MIP.

3.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever o perfil dos farmacêuticos comunitários no Estado do Paraná;


- Avaliar a prática de farmacêuticos quanto à recomendação de MIPs, identificando
quais os fatores interferentes;
- Verificar se os farmacêuticos buscam por informações atualizadas e se estas
informações são utilizadas na recomendação de medicamentos;
- Analisar o conhecimento dos farmacêuticos acerca da saúde baseada em
evidências;
- Verificar a opinião dos farmacêuticos sobre a prescrição farmacêutica.
80

3.3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo realizado é uma pesquisa descritiva, do tipo transversal, cuja


coleta de dados ocorreu por meio de um inquérito on-line anônimo autoadministrado,
via plataforma Survey Monkey®. O Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-
PR) forneceu uma lista com 12.401 endereços eletrônicos dos farmacêuticos com
registro ativo no Estado. Foram incluídos no estudo os farmacêuticos inscritos no
CRF-PR que trabalham em farmácias sem manipulação ou drogarias. A pesquisa foi
realizada entre os meses de outubro de 2013 e janeiro de 2014.

3.3.1 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Um questionário foi elaborado para a coleta de dados, composto por


questões fechadas e abertas, abordando dados sociodemográficos;
dinâmica/processo de trabalho; busca de informações e indicação de medicamentos
(APÊNDICE 3.1).
Antes do início da investigação, o instrumento foi submetido a um estudo
piloto com o objetivo de eliminar possíveis variáveis de confundimento para os
sujeitos da pesquisa e observar se a abordagem dos mesmos também não gerava
vieses. Para isto, foram selecionados 10 farmacêuticos, mestres e doutores na área
de cuidados em saúde e assistência farmacêutica, que não possuíam registro no
CRF-PR. Estes farmacêuticos responderam ao questionário e fizeram sugestões, as
quais foram avaliadas pela equipe que elaborou o instrumento. Após a readequação
das questões, conforme as sugestões, os farmacêuticos responderam novamente o
questionário. Estes profissionais selecionados não foram incluídos na pesquisa.

3.3.2 COLETA DOS DADOS

Os 12.401 endereços eletrônicos fornecidos pelo CRF-PR foram importados


para a ferramenta Survey Monkey®, a qual fez a busca dos possivelmente
duplicados. Desta forma, após a retirada dos duplicados, foram obtidos 9.837
81

endereços eletrônicos. A ferramenta enviou o instrumento para estes endereços,


entretanto, 952 retornaram e foram excluídos, gerando um total de 8.885 endereços
eletrônicos disponíveis.
Um e-mail convite foi enviado para os farmacêuticos, explicando o objetivo
do estudo. Um link para a pesquisa foi incluído neste e-mail, juntamente com o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 3.2). A partir do
momento em que o participante lesse o TCLE e clicasse na opção prosseguir, o
termo era considerado aceito. Caso o participante não concordasse com o conteúdo
do TCLE, o mesmo deveria clicar na opção encerrar/sair. Concordando com o termo,
o entrevistado era conduzido a uma sequência eletrônica de perguntas e respostas.
Um e-mail, encorajando os farmacêuticos a responderem, foi enviado três semanas
depois do primeiro envio (EDWARDS et al., 2009).

3.3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

As respostas das questões foram inseridas e analisadas no software SPSS®


for Windows (SPSS Inc., versão 22.0, 2013). Uma vez que os dados não possuem
distribuição normal, testes não paramétricos foram utilizados para verificar a
associação entre as respostas e informações demográficas com um nível de
significância menor que 5% (p<0,05). Os gráficos foram construídos no graphPad
PRISM® (versão 5.00).
As cidades dos respondentes da pesquisa tiveram seu Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) verificado, uma medida composta de
indicadores de saúde, educação e renda ajustada para a realidade dos municípios,
refletindo as especificidades e desafios regionais no alcance do desenvolvimento
humano no Brasil. O IDHM varia entre 0 (valor mínimo) e 1 (valor máximo),
classificando as cidades em faixas de desenvolvimento: muito baixo, baixo, médio,
alto e muito alto (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2013).
Com relação à questão sobre a busca de informações, os participantes
poderiam responder “nunca”, “às vezes” ou “sempre” para cada item. Para
estabelecer um escore que refletisse o comportamento na busca de informações,
atribuiu-se um ponto para cada resposta, sendo 1 o valor de “nunca”, 2 de “às
vezes” e 3 pontos para a resposta “sempre”. Assim, o escore variou de 6 a 18
82

pontos, sendo que quanto maior o seu valor, maior é a tendência do farmacêutico
em buscar por informações nas fontes citadas.
Da mesma forma, foi estabelecido um escore na questão relacionada ao
conhecimento sobre os termos associados à Saúde Baseada em Evidências (SBE).
Neste caso, foi considerado o número de respostas “eu tenho uma boa
compreensão deste termo e poderia explicá-lo a outros”, com o valor de 1 ponto,
referente ao maior grau de conhecimentos acerca dos termos. Outras respostas não
pontuaram.

3.3.4 PRECEITOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi aprovado em 26.06.2013 pelo Comitê de Ética em


Pesquisa (COEP) da Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob o número
316.374/2013.
83

3.4 RESULTADOS

Dos 8.885 farmacêuticos contatados via e-mail, 1.851 acessaram o


questionário (20,8% de retorno). Entretanto, somente 533 o responderam
completamente e eram farmacêuticos de farmácia sem manipulação ou drogaria,
portanto, o alvo deste trabalho. Considerando que no início de 2014 havia no Estado
do Paraná 6.294 farmacêuticos trabalhando em drogarias (informação pessoal) 1, a
taxa de retorno foi de 8,5%.
A distribuição dos respondentes foi consideravelmente homogênea em todo
o Estado do Paraná, com 158 cidades participantes, das 399 que compõem o
Estado (FIGURA 3.1).

FIGURA 3.1 – DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES NO MAPA DO ESTADO DO PARANÁ,


BRASIL.

A idade média dos respondentes é de 35,2 anos (DP=9,3), com idades


variando entre 23 e 71 anos (mediana 33, intervalo interquartil 28 – 41). A tabela 3.1,
abaixo demonstrada, apresenta características dos farmacêuticos que responderam
o questionário.

1
CRF-PR. Informações. Mensagem recebida por [email protected] em 06 de fevereiro de
2014. Dado relativo a 2014.
84

TABELA 3.1 - CARACTERÍSTICAS DOS FARMACÊUTICOS PARTICIPANTES DO ESTUDO


Características n (%)
Gênero
Masculino 163 (30,6%)
Feminino 370 (69,4%)
Experiência em farmácia comunitária
≤ 1 ano 20 (3,7%)
> 1 a ≤ 10 anos 307 (57,6%)
> 10 a ≤ 20 anos 138 (25,9%)
> 20 anos 68 (12,8%)
Grau acadêmico
Graduação 265 (49,7%)
Especialização ou MBA 245 (46%)
Mestrado 20 (3,7%)
Doutorado 3 (0,6%)
Tipo de farmácia em que trabalha
Rede de alcance local/regional 174 (32,6%)
Rede de alcance estadual 49 (9,2%)
Rede de alcance nacional 97 (18,2%)
Independente 213 (40%)

O número de mulheres respondentes foi mais do que o dobro do número de


homens. Mais da metade dos participantes (54,7%) formou-se entre os anos de
2005 e 2010 e 61,3% possui até 10 anos de experiência no varejo farmacêutico.
Significativamente, mais mulheres (54%) têm pós-graduação em relação aos
homens (41,7%), seja lato ou stricto sensu (chi2 = 6,888; p<0,05).
Considerando a estrutura para o trabalho, 89,3% das farmácias possuem
acesso à internet; 68,9% das farmácias possuem um local para o paciente esperar
sentado até ser atendido e 52,2% das farmácias dispõe de algum espaço privado ou
semiprivado para o atendimento sentado de pacientes.
Quando questionados a respeito da área de maior interesse, 58,2%
relataram interesse tanto pela área administrativa e gerencial quanto pela área
técnica-assistencial e 30% demonstram interesse exclusivamente pela área
assistencial. Dos respondentes, 43,7% ocupam o cargo de diretor técnico e 21,4%
são gerentes, sendo que 31,3% dos participantes são proprietários da
85

farmácia/drogaria em que trabalham. A maioria dos participantes (60%) trabalha em


farmácia de rede, seja de alcance local, regional, estadual ou nacional.
Os farmacêuticos participantes trabalham uma mediana de 44 horas
semanais (intervalo interquartil 40 – 48), sendo que 97,4% atendem pacientes no
balcão, durante uma mediana de 6 horas por dia (intervalo interquartil 4 – 7). Os
respondentes relataram que fazem uma mediana de 30 atendimentos ao dia
(intervalo interquartil 20 – 50), com cerca de 12 minutos de duração cada
atendimento. Do total de atendimentos, 33,3% são indicações de medicamentos
mediante a solicitação dos pacientes.
Não houve diferença significativa quanto ao atendimento de pacientes que
solicitam indicação de medicamentos entre farmacêuticos que trabalham em redes e
àqueles que trabalham em farmácias independentes (p=0,806), tampouco no
número de atendimentos com indicação de medicamentos (p=0,902). Da mesma
forma, não houve diferença quanto à indicação de medicamentos entre os gêneros
(p=0,367), nem entre os graduados e pós-graduados (p=0,371).
Quando questionados quanto à organização dos MIPs na farmácia, 82% dos
entrevistados relataram que todos estão armazenados atrás do balcão; 12,4%
armazenam mais atrás do balcão e menos na gôndola, enquanto que 2,6%
armazenam todos os MIPs nas gôndolas e 3,0% mais na gôndola e menos atrás do
balcão.
Com relação à indicação de MIPs, os farmacêuticos foram solicitados a
assinalar três fatores que consideram importantes para a seleção do medicamento
mais adequado ao paciente. Para isto, era solicitado que o farmacêutico assinalasse
três das seis opções (FIGURA 3.2 abaixo demonstrada).
86

97%
100

Porcentagem de respondentes
80
62,3%
60 54,8%
46%

40

21,2%
18,8%
20

0
te ia o
nt
e as o
en ác dut e rs ucr
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l
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M

FIGURA 3.2 - FATORES CONSIDERADOS IMPORTANTES PELOS FARMACÊUTICOS PARA A


RECOMENDAÇÃO DE UM MIP

Os farmacêuticos com tempo de experiência no varejo farmacêutico inferior


ou igual a 10 anos demonstraram, significativamente, considerar a preferência do
paciente um fator importante para recomendar um MIP, comparados com àqueles
com mais de 10 anos de experiência (chi2 = 20,243; p<0,05). Com relação aos
outros fatores, não houve diferença significante. Da mesma forma, não foi observada
diferença em relação aos farmacêuticos com graduação e pós-graduação e os
fatores considerados importantes para a recomendação de um MIP.
Os farmacêuticos foram questionados sobre a busca de informações
“Quando você tem alguma dúvida ou um problema no seu dia-a-dia, com que
frequência você consulta cada um dos recursos abaixo?” (FIGURA 3.3). Do total,
62,2% responderam que sempre procuram em sites de busca tipo google, 49,5%
sempre recorrem a livros técnicos, como livros de farmacologia e dicionário de
especialidades farmacêuticas, enquanto 37% sempre consultam colegas de
87

trabalho. Ainda, 27,4% dos farmacêuticos sempre consultam o site da Agência


Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e 21,4% sempre consultam sites dos
Conselhos Regional e Federal de Farmácia. Considerando o escore de busca de
informações, observou-se que os farmacêuticos com pós-graduação têm maior
tendência a buscar informação nos recursos listados em relação aos graduados
(p<0,002).

80
Porcentagem de respondentes

nunca
62,2% às vezes
58,7%
60 54,2% 56,1% 57%
sempre
49,5%

41,3%
40 37%
31%
27,4%
23,6%
20,3% 21,6% 21,4%
20 13,9%
8,8% 9,2%
6,8%

lh
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FIGURA 3.3 - RESPOSTAS DOS FARMACÊUTICOS PARTICIPANTES DO ESTUDO QUANDO


QUESTIONADOS À RESPEITO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO EM CASO DE DÚVIDAS
*ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
**CRF/CFF: Conselho Regional de Farmácia/Conselho Federal de Farmácia

Os participantes foram solicitados a classificar o seu conhecimento acerca


de uma variedade de conceitos associados com trabalhos de pesquisa, relacionados
com a Saúde Baseada em Evidências (SBE). Neste sentido, eles foram
questionados a respeito dos termos: ensaio clínico randomizado, revisão
sistemática, metanálise, número necessário tratar, intervalo de confiança, risco
88

relativo, viés de publicação, estudo caso-controle, estudo de coorte e valor de


p<0,05. As respostas foram apresentadas em quatro categorias, conforme a tabela
3.2.

TABELA 3.2 - CONHECIMENTO SOBRE OS TERMOS RELACIONADOS À SAÚDE BASEADA EM


EVIDÊNCIAS (NÚMERO DE RESPONDENTES E PORCENTAGEM)

Termo relacionado à Eu não sei o Eu não sei o Tenho alguma Tenho alguma
Saúde Baseada em que significa que significa compreensão compreensão
Evidências este termo e este termo, sobre este sobre este
acho que não mas gostaria termo termo e poderia
seria útil de saber explicá-lo a
conhecê-lo outros
Ensaio clínico 22 (4,1%) 172 (32,3%) 260 (48,8%) 79 (14,8%)
randomizado

Revisão sistemática 22 (4,1%) 207 (38,8%) 243 (45,6%) 61 (11,5%)

Metanálise 30 (5,6%) 315 (59,1%) 145 (27,2%) 43 (8,1%)

Número necessário 39 (7,3%) 343 (64,3%) 117 (22%) 34 (6,4%)


tratar

Intervalo de 25 (4,7%) 229 (43%) 191 (35,8%) 88 (16,5%)


confiança

Risco relativo 20 (3,8%) 166 (31,1%) 265 (49,7%) 82 (15,4%)

Viés de publicação 36 (6,8%) 339 (63,6%) 114 (21,4%) 44 (8,2%)

Estudo caso- 24 (4,5%) 147 (27,6%) 249 (46,7%) 113 (21,2%)


controle

Estudo de coorte 30 (5,6%) 267 (50,1%) 178 (33,4%) 58 (10,9%)

Valor de p<0,05 34 (6,4%) 302 (56,7%) 147 (27,5%) 50 (9,4%)

Para seis dos dez termos apresentados (metanálise, número necessário de


tratar, intervalo de confiança, viés de publicação, estudo de coorte, valor de p<0,05),
a maioria dos farmacêuticos respondeu que não sabia o significado, mas teria
interesse em saber. Uma considerável proporção dos respondentes (45,6-49,7%)
tinha alguma compreensão sobre os demais termos (ensaio clínico randomizado,
revisão sistemática, risco relativo, estudo caso-controle) entretanto, não poderiam
explicá-los a outras pessoas.
89

Os farmacêuticos com pós-graduação demonstraram maior escore de


conhecimento sobre os termo relacionados à SBE (p=0,001), assim como os
respondentes cujo tempo de experiência no varejo farmacêutico é inferior ou igual a
10 anos (p=0,007). Entretanto, este escore não demonstrou correspondência com os
critérios apontados como mais importantes na recomendação de um MIP ao
paciente.
Conforme o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), as
cidades dos farmacêuticos participantes foram divididas em dois grupos: cidades
com índice “muito alto” ou “alto” e cidades com índice “médio” ou “baixo”. Nenhuma
das cidades apresentava índice “muito baixo” de IDHM. Os resultados demonstraram
que os farmacêuticos que moram em cidades com IDHM “muito alto” ou “alto”
apresentam maior escore de conhecimento sobre os termos da SBE (p=0,003). Este
índice não demonstrou relação com outras variáveis.
Quando questionados a respeito de cursos para atualização, 43,7% dos
respondentes afirmaram ter feito algum curso de curta duração nos últimos 12
meses, não considerando cursos de especialização, sendo a duração mediana de
20 horas (intervalo interquartil 8 - 40).
Os farmacêuticos que fizeram curso de atualização demonstraram maior
escore de conhecimento acerca das questões relacionadas à SBE (p=0,005), em
comparação com àqueles que não fizeram. Da mesma forma, houve correlação
positiva (r=0,224 e p=0,001) entre a carga horária destes cursos e o maior escore do
conhecimento em SBE. Os respondentes também demonstraram maior escore
relacionado à busca de informações do que àqueles que não fizeram cursos para
atualização nos últimos 12 meses (p=0,001). Por outro lado, não houve correlação
significativa (p=0,310 e r=0,067) entre a quantidade de horas dos cursos de
atualização e o escore de busca de informações.
Os participantes foram questionados a respeito da prescrição farmacêutica
(FIGURA 3.4), tendo em vista a regulamentação recente no Brasil (CFF, 2013). As
respostas estavam na forma de escala Likert de três pontos: “concordo”, “não
concordo nem discordo”, “discordo”.
90

concordo não concodo nem discordo discordo

Porcentagem de respondentes
10,1% 5,1% 46,0% 81,8%
100
9,9%
80 12,6%

60

40 26,6%
77,3% 85,0%
20
27,4% 13,1%
5,1%
0
I. II. III. IV.

FIGURA 3.4 - COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS DOS FARMACÊUTICOS PARTICIPANTES EM


RELAÇÃO À PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
Legenda: I. Os farmacêuticos possuem a capacitação necessária para a prescrição de medicamentos
que não exigem receita médica.
II. A regulamentação da prescrição farmacêutica é um passo importante para a valorização de toda a
profissão.
III. Regulamentar a prescrição farmacêutica não seria necessário, pois o farmacêutico sempre pôde
indicar medicamentos que não exigem receita médica.
IV. A prescrição farmacêutica não deve existir, pois o profissional que deve prescrever é somente o
médico.
91

3.5 DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo que avalia a prática de farmacêuticos comunitários


em um Estado brasileiro, tendo como foco o aconselhamento sobre MIPs. Dados
importantes foram encontrados, como o baixo conhecimento sobre termos
relacionados com SBE e os principais fatores considerados para a recomendação de
um MIP.
Observou-se que a lista de e-mails fornecida pelo CRF-PR possuía uma
expressiva quantidade de endereços duplicados e inexistentes, o que pode
comprometer a comunicação entre este órgão e os farmacêuticos nele registrados.
Neste sentido, de acordo com o código de ética farmacêutica, ressalta-se que é
obrigação do profissional farmacêutico informar por escrito ao respectivo CRF seus
dados completos, como é o caso do endereço eletrônico (CFF, 2014).
Uma boa cobertura em termos de número de cidades foi realizada no Estado,
atingindo uma proporção representativa de 39,59%, indicando que os resultados
encontrados retratam a realidade estadual.
O número de respondentes com graduação é semelhante ao dos que
possuem pós-graduação. Fazendo um paralelo com a realidade mundial, a
porcentagem de farmacêuticos pós-graduados se assemelha a países europeus, se
comparado ao estudo de Hughes et al. (2010) e é maior em relação àquela
encontrada no estudo de Hanna e Hughes (2012a). Entre os farmacêuticos pós-
graduados, a maior parte (91,4%) possui pós-graduação lato sensu, entretanto não
foi observada a área de concentração da pós-graduação. No Brasil, ainda são em
pequeno número os cursos de pós-graduação na área da Assistência Farmacêutica
que embasam a atuação do farmacêutico na Farmácia Comunitária. No entanto, os
farmacêuticos têm se valido de outros cursos que podem suprir algumas carências
deixadas pela graduação, como cursos de pós-graduação em farmacologia,
gerenciamento farmacêutico, farmácia clínica, entre outros (SOUZA, 2012).
Aproximadamente dois terços dos farmacêuticos trabalha em farmácias de
rede, resultado superior ao encontrado em outros estudos: 48,9% (LUCCHETA;
MASTROIANI, 2010), 40% (CORRER et al., 2004) e 12,8% (FARINA; ROMANO-
LIEBER, 2009). Com relação às farmácias independentes, observou-se que quase
todas são de propriedade de farmacêutico.
92

Em mais da metade das farmácias (52,2%) há um espaço privado ou


semiprivado para o atendimento sentado de pacientes, o que favorece uma
orientação adequada quanto ao uso do medicamento dispensado. Este resultado é
superior ao encontrado em outros estudos semelhantes (CORRER et al., 2004;
FRANÇA FILHO et al., 2008; FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009; TOMASSI;
RIBEIRO, 2012). Isto pode ser atribuído ao fato deste inquérito ser mais recente,
uma vez que, atualmente levanta-se a questão de que a farmácia deve dispor de um
local com um mínimo de privacidade para o atendimento farmacêutico de sintomas
menores. Nem sempre o balcão consiste no local mais adequado para este
procedimento (CORRER; ROTTA; OTUKI, 2013).
Em um estudo realizado no Reino Unido, muitos farmacêuticos relataram
que o ambiente da farmácia é adequadamente equipado para assegurar a
privacidade dos pacientes (MCINTOSH et al., 2011). Entretanto, em outro estudo, a
maioria dos respondentes não estava satisfeita com a área para consulta de
pacientes (LATIF; BOARDMAN, 2008). Em um local privativo, altera-se a dinâmica
da interação farmacêutico-paciente, removendo preocupações do paciente em ser
ouvido por outras pessoas e ajudando a manter o foco no aconselhamento, sem
interrupção (GREENHILL et al., 2011). Desta forma, acredita-se que o paciente
sinta-se mais à vontade para buscar aconselhamento (BLENKINSOPP; PAXTON;
BLENKINSOPP, 2009).
Dos farmacêuticos participantes da pesquisa, cerca de um terço relatou
maior interesse, exclusivamente, pela área assistencial, relacionada ao contato
direto com o paciente. Este resultado é inferior ao encontrado em um estudo
realizado em outro Estado sul brasileiro, em que mais de 70% dos participantes
afirmaram ter maior interesse por esta área de atuação (FRANÇA FILHO et al.,
2008). Entretanto, independente da área de maior interesse, 97,4% atendem
pacientes no balcão, seja na dispensação de medicamentos mediante apresentação
de prescrição médica/odontológica ou na recomendação de um MIP. Desta forma,
observa-se que, em sua prática diária, o farmacêutico tem a oportunidade de
orientar os pacientes em suas decisões sobre o uso de medicamentos, fornecendo
informações escrita e oral sobre os medicamentos e respondendo as perguntas dos
pacientes (BLOM; KRASS, 2011).
Do total de atendimentos realizados pelos farmacêuticos, 1 em cada 3 é
indicação de medicamentos mediante a solicitação do paciente. Não houve
93

diferença em relação ao número de atendimentos diários com indicação de


medicamentos entre farmácias de rede e independente, parecendo não haver
preferência do paciente por um determinado tipo de farmácia. No início de 2014, o
Estado do Paraná possuía 6.294 farmacêuticos trabalhando em drogarias e os
resultados deste trabalho mostram que eles fazem cerca de 300 recomendações de
MIPs por mês. Neste cenário, estima-se que esta prática é realizada cerca de 1
milhão e 800 mil vezes por mês, o que reflete a sua importância no cotidiano de
trabalho dos farmacêuticos.
O tempo médio de duração de cada atendimento foi de 12 minutos. A
literatura relata, com relação ao atendimento de pacientes que buscam orientação
sobre seus problemas de saúde, que o tempo de duração dependerá do perfil do
paciente e da gravidade da situação, mas raramente ultrapassa 10 ou 15 minutos de
consulta paciente-farmacêutico (CORRER; ROTTA; OTUKI, 2013).
Um trabalho realizado no Estado do Paraná demonstrou que, além do
atendimento de pacientes no balcão, os farmacêuticos também oferecem serviços,
conforme estabelecido pela RDC nº 44 da ANVISA. A verificação de pressão arterial
é ofertada por mais de 80% dos farmacêuticos, possivelmente pela alta prevalência
da hipertensão e a proximidade das farmácias comunitárias ao paciente, tornando
esse um local central para atenção à saúde (HIPÓLITO JUNIOR, 2015).
A maioria dos farmacêuticos (82%) afirmou que os MIPs estão armazenados
atrás do balcão, enquanto que 2,6% armazenam todos nas gôndolas. Em outros
trabalhos, a exposição destes medicamentos em gôndolas de autoatendimento foi
de 73% (TOMASSI; RIBEIRO, 2012) e 50% (SILVA; VIEIRA, 2004). No Brasil, a
RDC nº 44 de 2009 da ANVISA (BRASIL, 2009) determinou que os MIPs fossem
posicionados atrás do balcão, com o objetivo de reduzir a automedicação e evitar o
uso irracional de medicamentos pela população.
Entretanto, em 2012, foi publicada a RDC nº 41 estabelecendo que os MIPs
podem ficar em gôndolas ao alcance dos usuários, desde que em área segregada
àquela destinada aos produtos correlatos, como cosméticos e produtos dietéticos
(BRASIL, 2012). Ressalta-se que no Estado do Paraná, onde o trabalho foi
realizado, desde 1996, a Secretaria de Saúde do Estado (SESA), por meio da
Resolução nº 54, estabelece que é vedada a dispensação de medicamentos pelo
sistema de autoatendimento (PARANÁ, 1996). Em 2014, esta resolução foi
revogada, sendo substituída pela Resolução nº 590, mantendo a regulamentação de
94

que os medicamentos devem permanecer em área de circulação restrita aos


funcionários (PARANÁ, 2014). Pelos resultados obtidos é possível perceber que
embora a resolução nacional permita que os MIPs estejam ao alcance dos usuários,
muitos farmacêuticos optam pelo armazenamento atrás do balcão, o que contribui
para seu uso racional e orientado pelo farmacêutico, conforme preconizado pela
resolução estadual.
Quando questionados sobre os fatores considerados importantes para a
recomendação de um MIP (FIGURA 3.2), os farmacêuticos poderiam escolher três
das seis alternativas, sendo que 97% responderam a eficácia do produto, 62,3%
relataram as reações adversas e 54,8% consideram a sua experiência anterior com
o produto. A margem de lucro do produto é considerada um fator importante para a
indicação por 18,8% dos farmacêuticos. O conhecimento adquirido em cursos de
pós-graduação demonstrou não ter influência sobre estes fatores, uma vez que não
houve diferença em relação aos farmacêuticos com graduação e pós-graduação e
os fatores considerados importantes para a recomendação de um MIP. No estudo
realizado na Irlanda do Norte por Hanna e Hughes (2012a), a segurança foi o fator
considerado mais importante (67,6%), seguido pela efetividade (36,8%), escolha do
paciente, custo e popularidade do produto.
Em um estudo inglês, a evidência de eficácia não foi o fator determinante
para a seleção de MIPs. Os entrevistados apontaram para a falta de evidência
associada a tais produtos. Ainda, os farmacêuticos relataram tender a tomar
decisões com base na sua experiência pessoal, obtida pelo retorno do paciente, e
na capacidade do medicamento causar danos. Os farmacêuticos afirmaram sentir-se
desconfortáveis em recomendar produtos que não tiveram nenhuma evidência de
eficácia (RUTTER; WADESANGO, 2014).
No presente estudo, apesar de considerarem a eficácia e os efeitos
adversos fatores importantes na recomendação de um MIP, os farmacêuticos
demonstraram falta de conhecimento dos termos técnicos utilizados na Saúde
Baseada em Evidências (SBE) (TABELA 3.2). Entretanto, o conhecimento destes
termos é crucial para a interpretação de estudos científicos, como àqueles que
avaliam eficácia e segurança das intervenções. Uma pequena parte dos
participantes (6,4-21,2%) demonstrou que realmente sabia o significado dos termos,
pois responderam que além de terem conhecimento sobre os mesmos, poderiam
explicá-los a outras pessoas.
95

Este resultado é consoante com estudos de outros profissionais de saúde


(MCCOLL et al., 1998; YOUNG; WARD, 2001; YOUNG; GLASZIOU; WARD, 2002;
O’DONNELL, 2004) que demonstraram compreensão parcial dos termos utilizados
na SBE. Talvez por isso, no presente trabalho, mais de metade dos participantes
leve em conta a sua experiência anterior com o produto. Correlacionando este dado
com a pirâmide de evidências, verifica-se que a experiência com o produto
corresponde ao menor nível de evidência, uma vez que não está embasada em
dados científicos (OXFORD, 2009). Entretanto, é importante salientar que o
emprego da evidência não exclui a experiência clínica individual e é preconizado que
ambos os conhecimentos devam ser utilizados, levando em conta também as
preferências dos pacientes (CORDEIRO et al., 2007).
Em um trabalho realizado com farmacêuticos na Austrália, embora poucos
deles tenham demonstrado bom entendimento sobre os termos utilizados na SBE, a
compreensão ainda foi maior do que a do presente estudo (PETERSON et al.,
2009). Por outro lado, vale ressaltar que o conhecimento sobre SBE nem sempre
resulta em uma mudança de comportamento na prática (COOMARASAMY; KHAN,
2004).
Observou-se que os farmacêuticos com pós-graduação demonstraram maior
escore de conhecimento sobre os termos relacionado à SBE, assim como aqueles
que fizeram cursos de atualização nos últimos 12 meses. Isto pode ser atribuído à
deficiência deste conteúdo na grade curricular dos cursos de graduação em
Farmácia, reforçando a importância da atualização profissional constante, parte
primordial para a formação de um profissional com maior capacidade de atuação e
vasto conhecimento.
Considerando os cursos de atualização, pouco menos da metade dos
participantes afirmou ter feito nos últimos 12 meses. As barreiras para a realização
destes cursos não foram avaliadas, mas podem estar relacionadas à elevada carga
horária de trabalho ou mesmo devido à dificuldade em conseguir liberação da
farmácia. Neste sentido, os Conselhos Federal e Regional de Farmácia poderiam
intensificar os projetos de educação continuada, realizando cursos na modalidade de
ensino à distância (EAD), a fim de atingir uma parcela maior de profissionais, que
teriam acesso à informações atualizadas. Ainda, os conselhos poderiam
disponibilizar, em suas páginas, links para trabalhos sobre MIPs.
96

Hanna e Hughes (2012b) apontam que as universidades deveriam colocar


mais ênfase sobre como e onde encontrar as melhores fontes de evidência atual.
Por outro lado, em seu estudo envolvendo farmacêuticos que receberam
treinamento sobre SBE na graduação, os autores concluíram que o mesmo parece
ter influência limitada na tomada de decisão quanto à escolha de um MIP, e
salientam que é preciso mais trabalho para garantir que uma abordagem baseada
em evidências seja rotineiramente implementada. Uma revisão sistemática concluiu
que o ensino deve ir além da sala de aula, voltado para a prática clínica, envolvendo
a SBE, a fim de promover melhorias nas habilidades, atitudes e comportamentos do
profissional (COOMARASAMY; KHAN, 2004).
Um estudo qualitativo irlandês explorou os fatores que influenciam a seleção
do MIP pelo farmacêutico e o papel da prática baseada em evidências nesta
decisão. Os resultados demonstraram que os farmacêuticos consideram a
segurança acima de todos os outros fatores ao recomendar MIPs para os pacientes,
e a evidência de eficácia raramente é considerada. Os autores apontam que se a
prática baseada em evidências é influenciar este tipo de decisão, os farmacêuticos
precisam usar a evidência que está disponível e estar preparado para discuti-la com
os pacientes. Este estudo também expôs a falta de formação em SBE nos cursos de
graduação de farmácia (HANNA; HUGHES, 2010).
Desta forma, no que diz respeito à seleção e recomendação de MIPs, torna-
se interessante a elaboração de guidelines, que são guias criados por consenso de
especialistas no assunto, com o objetivo de uniformizar a assistência, adaptar à
realidade local, levando em conta o custo-benefício das intervenções (ATALLAH;
CASTRO, 1998). Guias com protocolos de atendimento em situações de transtornos
menores levariam à uniformização do aconselhamento farmacêutico no que diz
respeito à anamnese, seleção e recomendação do MIP mais adequado, com base
nas melhores evidências científicas disponíveis.
Considerando que 89,3% dos farmacêuticos possuem acesso à internet em
seu local de trabalho, e que este é um fator imprescindível para a busca na literatura
por informações atualizadas, 62,2% responderam buscar por informações em sites
de busca tipo google. É importante salientar que nem toda a informação que este
buscador capta possui confiabilidade e é baseada em evidências. 49,5% sempre
buscam informações em livros técnicos, como livros de farmacologia e compêndios
sobre medicamentos, entretanto, estes trazem somente informações técnicas sobre
97

os medicamentos, não abordando a parte clínica que inclui o manejo da


farmacoterapia, não atendendo, portanto, a demanda gerada pelo serviço. É
importante salientar que as fontes de informação devem ser atualizadas, precisas,
de fácil utilização e de confiança.
Em certas situações, fontes alternativas de informação sobre medicamentos
podem ser utilizadas, como organizações de profissionais e agências de saúde
regulamentadoras (MALONE; KIER; STANOVICH, 2011). Neste contexto, os
farmacêuticos relataram sempre buscar informações nos sites dos Conselhos
Regional/Federal de Farmácia e da ANVISA em 21,4% e 27,4% das vezes,
respectivamente (FIGURA 3.3). Em suma, é possível perceber que as fontes
utilizadas para busca de informações são de baixa evidência científica, assim como
demonstrado no trabalho de Peterson e colaboradores (2009).
Pouco mais de um terço dos participantes responderam que em caso de
dúvidas sempre recorrem a colegas de trabalho. Presume-se que estes sejam outros
farmacêuticos, entretanto respostas referentes aos demais funcionários da farmácia,
não farmacêuticos, não podem ser descartadas com estes resultados. O uso de
mídias sociais não foi avaliado, embora haja um enorme potencial para
farmacêuticos romperem o isolamento de seus locais de trabalho e colaborarem uns
com os outros por meio de ferramentas específicas para farmacêuticos. Como
exemplos, é possível mencionar o “PharmQD” nos Estados Unidos (pharmqd.com),
o portal “Farmacêutico Clínico” no Brasil (farmaceuticoclinico.com.br) e as páginas
criadas no “Facebook” por organizações profissionais de farmácia, como a
Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) (BENETOLI et al., 2014).
Recentemente, no Brasil, foi publicada a Resolução do Conselho Federal de
Farmácia (CFF) nº 586 de 2013 que estabelece a prescrição farmacêutica, a ser
realizada conforme as necessidades do paciente, com base nas melhores
evidências científicas. Esta resolução considera a prescrição como uma atribuição
clínica do farmacêutico, possibilitando a prescrição de medicamentos cuja
dispensação não exija receita médica (CFF, 2013).
Quando questionados sobre este assunto (FIGURA 3.4), a maioria dos
respondentes concorda que os farmacêuticos possuem a capacitação necessária
para a prescrição destes medicamentos. Este resultado é contrastante com o obtido
em um estudo realizado com farmacêuticos do Reino Unido, em que somente cerca
98

de 5% consideram ter competência para prescrever, relatando a necessidade de


treinamentos (MCINTOSH et al., 2011).
Os respondentes concordam que a regulamentação da prescrição é um
passo importante para a valorização da profissão. Estes resultados estão de acordo
com os 81,8% que discordam que a prescrição não deveria existir, pois o
profissional que deve prescrever é somente o médico. Assim, pode-se perceber que
alguns farmacêuticos ainda têm dúvidas sobre a aplicabilidade desta resolução, uma
vez que a recomendação de MIPs é uma prática já realizada no país. A lista de MIPs
no Brasil é restrita, se comparada com outros países (ABIMIP, 2014). Desta forma,
pode ser que os farmacêuticos brasileiros sintam necessidade de expandir as
possibilidades de medicamentos para serem prescritos.
Acredita-se que a regulamentação da prescrição farmacêutica no Brasil
contribua com o sistema de saúde no sentido de reduzir a procura pelo médico em
casos de transtornos menores e ainda possibilita a maior valorização do profissional
farmacêutico. O gerenciamento de doenças na farmácia comunitária, além de
reduzir custos, também é uma forma de contribuir para desenvolvimento profissional
dos farmacêuticos comunitários (PAUDYAL et al., 2011).
Nas duas últimas décadas, os farmacêuticos ao redor do mundo receberam
autorização para prescrever uma gama crescente de medicamentos. Em alguns
países, incluindo o Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia,
farmacêuticos já podem legalmente prescrever diversos medicamentos previamente
prescritos somente por médicos (NISSEN, 2011). A literatura internacional
demonstra os benefícios da prescrição por farmacêuticos, sendo realizada tanto de
forma independente ou em colaboração com outros profissionais da equipe de
saúde (CFF, 2013).
Quando esta pesquisa teve início, em outubro de 2013, a regulamentação da
prescrição farmacêutica no Brasil era muito recente (agosto de 2013). Desta forma,
foi verificada, somente, a opinião dos farmacêuticos a este respeito, uma vez que a
prática, em si, não pôde ser avaliada. Sendo assim, torna-se interessante realizar
um estudo, futuramente, a fim de verificar como esta prática está sendo realizada,
bem como quais as dificuldades encontradas pelos profissionais.
99

3.6 LIMITAÇÕES

As principais limitações deste estudo referem-se a metodologia de coleta de


dados on-line e a taxa de resposta. De fato, 20,8% dos farmacêuticos do Estado do
Paraná acessaram o questionário. No entanto, alguns responderam de forma
incompleta e foram descartados, enquanto outros eram farmacêuticos que não
trabalhavam em farmácias sem manipulação ou drogarias, não fazendo parte dos
critérios de inclusão deste estudo. Assim, a taxa de resposta obtida (8,5%) foi
semelhante a outros estudos na literatura utilizando a mesma metodologia
(SCHOMMER et al., 2003; MOCZYGEMBA; BARNER; ROBERSON, 2008;
BELLANGER; SHANK, 2010; HUSTON et al., 2010; CAUNTHON; BOWMAN;
GURNEY, 2013; FLEET et al., 2014; HOLMAN et al., 2014; O’BRIEN et al., 2014).
Este tipo de pesquisa possui vantagens como baixo custo, agilidade na
aplicação, controle sobre o preenchimento incorreto, a possibilidade de alcance de
um grande número de pessoas e a exigência de respostas completas. Por outro
lado, apresenta algumas desvantagens como o baixo índice de resposta, menor que
outros métodos de aplicação de questionário, presença de e-mails incorretos, alguns
servidores recebem o e-mail como “lixo eletrônico”, falta de interesse em responder
ao questionário e alcance somente àquelas pessoas que possuem acesso ao
computador, embora a maior parte dos farmacêuticos tenha acesso à internet em
casa, no trabalho ou em ambos os locais.
Edwards e colaboradores (2009) demonstraram que oferecer incentivos
aumenta a taxa de resposta, entretanto, por questões éticas, esta estratégia não foi
utilizada. Estudos demonstram que pesquisas do tipo web surveys apresentam
menor taxa de resposta em relação a outras formas de inquéritos (VANGEEST;
JOHNSON; WELCH, 2007; MANFREDA et al., 2008; SHIH; FAN, 2008; SCOTT et
al., 2011). Entretanto, não havia outra maneira confiável de coletar dados de mais de
6.000 farmacêuticos comunitários, residentes no Estado do Paraná, Brasil.
100

3.7 CONCLUSÃO

O aconselhamento de pacientes com MIPs é uma prática muito comum no


cotidiano de trabalho dos farmacêuticos paranaenses. Os fatores que demonstraram
influenciar de maneira mais significativa a seleção de um MIP foram a eficácia do
medicamento, as reações adversas e a experiência do farmacêutico anterior com o
produto. As fontes utilizadas para a obtenção de informações atualizadas sobre
medicamentos estão relacionadas com fraca evidência científica. Neste caso, existe
claramente, a necessidade de aumentar o pensamento crítico dos farmacêuticos, de
modo que procurem por informações atualizadas, baseadas em evidências
científicas consistentes e isentas de conflitos de interesse, a fim de aprimorar a
prática na farmácia comunitária.
Sob este aspecto, este estudo destaca um problema, que é o conhecimento
deficiente dos termos relacionados com a SBE entre farmacêuticos comunitários, o
que compromete a compreensão de estudos científicos. Assim, é intrigante
compreender como a eficácia e segurança dos medicamentos são consideradas
para o aconselhamento sobre MIPs. Esta prática poderia ser implementada nos
cursos de graduação em Farmácia, sob aspectos teóricos e práticos, para que esta
lacuna no conhecimento fosse preenchida. Além disso, os Conselhos Federal e
Regional de Farmácia poderiam intensificar os projetos de educação continuada,
realizados na modalidade de ensino à distância para atingir uma maior parcela de
profissionais.
Com relação à prescrição farmacêutica, os respondentes consideram que os
farmacêuticos são capazes de prescrever, embora eles tenham opiniões divergentes
sobre a prescrição de medicamentos que não exigem receita médica.
101

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108

APÊNDICE 3.1 – QUESTIONÁRIO COMPLETO ENVIADO

*Referente a esta Tese questões 1 a 20 e 57 a 66

QUESTIONÁRIO SURVEYMONKEY
OLÁ, SEJA BEM VINDO!
ESTAMOS REALIZANDO UMA PESQUISA COM FARMACÊUTICOS DO PARANÁ QUE
TRABALHAM EM FARMÁCIA COMERCIAL OU DROGARIA PRIVADA.

A. VOCÊ TRABALHA EM UMA FARMÁCIA DE DISPENSAÇÃO OU DROGARIA?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Continua o questionário, Questão B)
Se Não (Página de encerramento)

B. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ANEXO)


( ) Concordo
( ) Não concordo
Se Concordo (Continua o questionário, Questão 1)
Se Não Concordo (Página de encerramento)

DADOS GERAIS

1. Qual seu gênero?


( ) Masculino
( ) Feminino

2. Qual sua idade?______________________________________________________________

3. Em que cidade você trabalha?___________________________________________________

4. Em quantas farmácias/drogarias você trabalha?____________________________________

5. Quantas horas POR SEMANA você trabalha na farmácia/drogaria? (Caso trabalhe em mais de
uma farmácia/drogaria considere somente a que você tenha a maior carga horária em serviço)
______________________________________________________________________

6. Há quantos anos você trabalha na área do varejo farmacêutico?_______________________

7. Em que ano você se formou em farmácia?_________________________________________

8. Em uma média geral, quantos clientes sua farmácia/drogaria atende por dia?____________

9. Em quantas farmácias/drogarias você já trabalhou desde sua graduação em farmácia?_____

10. Em relação as suas funções na empresa, assinale a(s) alternativa(s) em que você se encaixe
melhor:
( ) Farmacêutico Diretor Técnico
( ) Farmacêutico Assistente Técnico
( ) Farmacêutico Substituto
( ) Farmacêutico Gerente
( ) Farmacêutico Proprietário

11. Marque a opção referente ao seu grau acadêmico atual:


( ) Bacharel
( ) Especialista
( ) Mestre
109

( ) Doutor

12. A sua farmácia/drogaria faz parte de:


( ) Rede Local
( ) Rede Regional
( ) Rede Nacional
( ) Farmácia Independente

13. No seu turno de trabalho na farmácia/drogaria, quantos balconistas trabalham com


você?________________________________________________________________________

14. No seu turno de trabalho na farmácia / drogaria, quantos (as) farmacêuticos (as) trabalham?
( ) Apenas um (a) farmacêutico (a), que sou eu.
( ) Eu e outros (as) farmacêuticos (as)

15. Sua farmácia/drogaria dispõe de alguma área, não importa o tamanho, onde o cliente possa
aguardar sentado para ser atendido?
( ) Sim
( ) Não

16. Na sua farmácia/drogaria, você dispõe de algum espaço privado ou semiprivado para
atendimento sentado de clientes?
( ) Sim
( ) Não

17. Qual é a área de seu maior interesse quanto ao ramo de farmácias / drogarias?
( ) Técnica/Assistencial
( ) Administrativa/Gerencial
( ) Ambas as áreas

18. Em sua farmácia / drogaria você atua na dispensação de medicamentos atendendo clientes no
balcão?
( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 19). Se Não (Questão 21)

19. Quantos atendimentos no balcão você realiza por dia, em média?____________________

20. Em uma média diária, quantas horas você passa atendendo clientes no balcão por dia?__

21. Pensando em uma semana normal. Em média, quantas horas você gasta por semana realizando
atividades relacionadas ao SNGPC?________________________________________

Teoria do Comportamento Planejado


22. Gostaríamos de conhecer sua opinião sobre os Serviços Farmacêuticos. Não há respostas certas
ou erradas. Marque a opção que melhor representa sua opinião:
110

22. #Continuação# Gostaríamos de conhecer sua opinião sobre os Serviços Farmacêuticos. Não há
respostas certas ou erradas. Marque a opção que melhor representa sua
111

opinião:

SERVIÇOS

23. Você realiza verificação de Pressão Arterial na sua farmácia/drogaria?


( ) Sim
( ) Não
Se sim (Questão 24). Se Não (Questão 27)

24. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

25. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 26). Se Não (Questão 27)

26. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

27. Você realiza Teste de Glicemia na sua farmácia / drogaria?


( )Sim
( )Não
Se Sim (Questão 28). Se Não (Questão 31)

28. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________
112

29. Este serviço é cobrado dos clientes?


 Sim
 Não
Se Sim (Questão 30). Se Não (Questão 31)

30. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

31. Você realiza Aplicação de Injetáveis na sua farmácia/drogaria?


( )Sim
( )Não
Se Sim (Questão 32). Se Não (Questão 35)

32. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

33. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 34). Se Não (Questão 35)

34. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

35. Você realiza serviço de Inalação / Nebulização na sua farmácia / drogaria?


( )Sim
( )Não
Se Sim (Questão 36). Se Não (Questão 39)

36. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

37. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 38). Se Não (Questão 39)

38. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

39. Você realiza serviço de Colocação de Brincos na sua farmácia / drogaria?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 40). Se Não (Questão 43)

40. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

41. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 42). Se Não (Questão 43)

42. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

43. Você realiza o serviço de verificação da Temperatura Corporal em clientes de sua


farmácia/drogaria?
( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 44). Se Não (Questão 47)

44. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

45. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
113

Se Sim (Questão 46). Se Não (Questão 47)

46. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

47. Você realiza Curativos em clientes de sua farmácia/drogaria?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 48). Se Não (Questão 51)

48. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

49. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 50). Se Não (Questão 51)

50. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

51. Você realiza Atendimento Farmacêutico Domiciliar de clientes de sua farmácia / drogaria?
( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 52). Se Não (Questão 55)

52. Quantos procedimentos deste tipo você realiza por semana, em média?______________

53. Este serviço é cobrado dos clientes?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 54). Se Não (Questão 55)

54. Quanto você cobra por este serviço, em R$?______________________________________

55. Em sua farmácia/drogaria, você emite Declaração de Serviços Farmacêuticos ao cliente?


( ) Sim
( ) Não
Se sim (Questão56). Se Não (Questão 57)

56. Em média, quantas Declarações de Serviços Farmacêuticos você emite por semana?____

57. Em relação à sua farmácia/drogaria, considere as afirmações abaixo:

58. Quando você tem uma dúvida ou um problema no seu dia a dia, com que frequência você
consulta cada um dos recursos abaixo?
114

59. Você fez algum curso de curta duração para sua atualização nos últimos 12 meses? (Não
considerar especializações)
( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 60). Se Não (Questão 61)

60. Qual a carga horária total dos cursos de curta duração que você fez nos últimos 12
meses?_______________________________________________________________________

61. Com relação ao seu conhecimento sobre os termos abaixo, assinale a opção mais adequada:

62. Você atende clientes que solicitam indicação de medicamentos no balcão?


( ) Sim
( ) Não
Se Sim (Questão 63). Se Não (Questão 64)

63. Quantos atendimentos deste tipo (indicação de medicamentos) você realiza por dia, em
média?___________
115

64. Na sua farmácia ou drogaria, como estão organizados os Medicamentos Isentos de Prescrição
(MIPs)?
( ) Todos nas gôndolas
( ) Todos atrás do balcão
( ) Mais na gôndola e menos atrás do balcão
( ) Mais atrás do balcão e menos na gôndola

65. Marque os (3) TRÊS principais fatores que você considera importantes no momento de indicar um
medicamento ao cliente:
( ) Custo do medicamento para o cliente
( ) Eficácia do medicamento
( ) Minha experiência anterior com o produto
( ) A preferência do cliente
( ) As reações adversas do medicamento
( ) Margem de lucro do produto

66. Marque abaixo sua opinião a respeito da prescrição farmacêutica:


116

APÊNDICE 3.2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Estadual de Ponta Grossa


Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS

Av.: Gen. Carlos Cavalcanti, 4748 CEP: 84030-900 Bloco M, Sala 100

Campus Uvaranas Ponta Grossa Fone: (42) 3220.3108; e-mail: [email protected]

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Caro(a) Farmacêutico(a),

O(a) sr.(a) está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa que faz
parte de um projeto de intitulado “Medicamentos isentos de prescrição: pesquisa de
evidências”. O objetivo é avaliar atitudes e práticas de farmacêuticos comunitários.
Convidamos-lhe a responder o questionário, caso seja farmacêutico(a) que atue em
farmácias/drogarias.
O(a) sr.(a) não é obrigado(a) a responder todas as perguntas, e pode desistir
de participar a qualquer momento, sem prejuízo algum. O formulário é anônimo;
você não precisará se identificar e asseguramos que o acesso às respostas está
reservado estritamente à equipe de pesquisa. Sua participação é voluntária, portanto
não receberá recompensa ou gratificação, nem pagará para participar. Será
garantido o livre acesso a todas as informações e retirada de dúvidas sobre o
estudo, enfim, tudo o que você queira saber antes, durante e depois da participação
na pesquisa. Você poderá deixar de participar do estudo a qualquer momento, sem
apresentar justificativas, tendo também todas as dúvidas esclarecidas sobre a sua
participação neste trabalho. Em caso de dúvidas, você poderá entrar em contato
com os membros da pesquisa ou com a Comissão de Ética em Pesquisa da UEPG.
Estamos contando com apoio do Conselho Regional de Farmácia do Paraná
para o acesso aos farmacêuticos do Estado. A pesquisa foi aprovada na Plataforma
117

Brasil/Comitê de Ética da Universidade Estadual de Ponta Grossa em 27/06/2013,


com parecer n. 316.374.
Ao preencher o formulário, você estará concordando que foi informado(a)
sobre o objetivo do estudo e aceitando a participar de forma voluntária.
ATENÇÃO: Você precisa ir até o final do formulário e clicar no botão
GRAVAR para ter suas respostas salvas e enviadas para o banco de dados.
Sua participação é muito importante para nós.
Desde já agradecemos sua colaboração.

Cordialmente,

Gerusa Clazer Halila Possagno


Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal do Paraná

Pesquisador responsável: Gerusa Clazer Halila Possagno (42) 3220-3247


[email protected]
Av. Carlos Cavalcanti, 4748, Farmácia Escola, Ponta Grossa – PR.

Pesquisador corresponsável: Cassyano J. Correr; (41) 3360-4076


[email protected]
Av. Pref. Lothário Meissner, 632 - Jardim Botânico, Curitiba – PR.

Pesquisador corresponsável: Edson Hipólito Junior; (41) 3360-4076


[email protected]
Av. Pref. Lothário Meissner, 632 - Jardim Botânico, Curitiba – PR.

Comitê de Ética em Pesquisa UEPG campus Uvaranas, Bloco M, sala 100; Telefone:
(42) 3220-3108.
118

CAPÍTULO 4: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E DO


COMPORTAMENTO DOS FARMACÊUTICOS DURANTE A
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM UMA CIDADE NO
ESTADO DO PARANÁ
119

4.1 CONTEXTO

Segundo a Política Nacional de Medicamentos (PNM), a dispensação é


definida como o:
“Ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a
um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma receita
elaborada por um profissional autorizado. Nesse ato, o farmacêutico informa
e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos
importantes da orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento da
dosagem, a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos,
o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de
conservação dos produtos.” (Brasil, 2001).

No processo da dispensação, juntamente com a entrega do medicamento, é


fundamental garantir que este seja utilizado corretamente pelo paciente. Neste
contexto, a informação prestada ao paciente, no ato da dispensação, chega a ser
tão ou mais relevante que o medicamento recebido (PEPE; CASTRO, 2000).
Sendo assim, o papel do farmacêutico comunitário envolve mais do que
simplesmente dispensar medicamentos. Envolve identificar, prevenir e resolver
problemas relacionados aos medicamentos, bem como encorajar o seu uso,
promover ações em saúde e educação que melhorem os desfechos clínicos
(GOKCEKUS et al., 2012).
A dispensação de medicamentos está elencada como um dos seis
macrocomponentes da prática profissional para o exercício da Atenção
Farmacêutica no Brasil, segundo a proposta do Consenso Brasileiro de Atenção
Farmacêutica (IVAMA et al., 2002). Além da dispensação, estão relatados: educação
em saúde; orientação farmacêutica; atendimento farmacêutico;
acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico e o registro sistemático das
atividades, mensuração e avaliação dos resultados.
Uma prática muito comum no Brasil é a indicação de medicamentos, diante
dos transtornos menores. O termo “indicação farmacêutica” é uma tradução literal do
correspondente espanhol “indicación farmacêutica” (CORRER; ROTTA; OTUKI,
2013): serviço prestado pelo farmacêutico ante a demanda de um paciente sobre o
medicamento mais adequado para um problema de saúde concreto, cujo tratamento
não requer uma prescrição médica (FERRER-LÓPEZ et al., 2007).
120

Além da dispensação de medicamentos, as drogarias podem prestar


serviços farmacêuticos, como a Atenção Farmacêutica (AF) e a perfuração de lóbulo
auricular. Como parte de serviço de AF, é possível realizar a aferição de parâmetros
fisiológicos (verificação de pressão arterial e temperatura corporal) e bioquímico
(determinação da glicemia capilar) visando subsidiar informações sobre o estado de
saúde do paciente, situações de risco e permitir o acompanhamento e avaliação da
efetividade do tratamento prescrito (BRASIL, 2009a). No Estado do Paraná, a
resolução nº 590 de 2014, estabelece que a prestação de serviços farmacêuticos
deve ser realizada em sala exclusiva e com os equipamentos devidamente
necessários (PARANÁ, 2014).
Sob este aspecto, avaliar o conhecimento dos farmacêuticos que atuam em
drogarias possibilita verificar se esses profissionais possuem subsídios para a
realização adequada da dispensação e da Atenção Farmacêutica. Da mesma forma,
a verificação das condutas adotadas pelos farmacêuticos em seu ambiente de
trabalho possibilita a identificação das variáveis que interferem sobre a realização
desses serviços, conduzindo a uma reflexão em torno das mudanças necessárias à
profissão farmacêutica.
121

4.2 OBJETIVOS

4.2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o conhecimento e o comportamento dos profissionais farmacêuticos


na dispensação de medicamentos em drogarias do município de Ponta Grossa –
Paraná.

4.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Caracterizar o perfil dos farmacêuticos que atuam em drogarias na cidade de Ponta


Grossa, Paraná;
- Verificar o conhecimento e a conduta dos farmacêuticos sobre a dispensação de
medicamentos;
- Avaliar o conhecimento e a conduta dos farmacêuticos para a prestação do serviço
de Atenção Farmacêutica.
122

4.3 MATERIAL E MÉTODOS

Um estudo observacional transversal, descritivo, foi realizado no município


de Ponta Grossa, Paraná, no período de outubro de 2013 a fevereiro de 2014, junto
aos farmacêuticos que atuam em drogarias.
Ponta Grossa é um município brasileiro localizado no centro do Estado do
Paraná, distante 103 quilômetros da capital Curitiba, com uma população de
311.611 habitantes, segundo o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2015).

4.3.1 INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foi utilizado um Instrumento (APÊNDICE 4.1)


desenvolvido pelo Centro de Pesquisa em Assistência Farmacêutica e Farmácia
Clínica (CPAFF) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo (FCFRP-USP).
Nesse instrumento constam 47 perguntas objetivas, divididas em três
domínios: A. Dados Gerais; B. Conhecimento; C. Comportamento. Os dados gerais
coletados referem-se ao farmacêutico e a empresa onde ele trabalha. O domínio
conhecimento possui questões relacionadas a atualização profissional, busca de
informações e legislação relacionada à dispensação de medicamentos. Com relação
ao comportamento, foram abordadas as atitudes do profissional em determinadas
situações comuns no cotidiano das drogarias e a prestação de serviços
farmacêuticos.
A equipe que desenvolveu o questionário, no ano de 2012, submeteu-o a um
processo de validação e, em seguida, a um estudo piloto com o objetivo de eliminar
possíveis variáveis de confundimento para os sujeitos da pesquisa e observar se a
abordagem dos mesmos também não gerava vieses.
123

4.3.2 COLETA DE DADOS

O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR) forneceu


os endereços das farmácias do município de Ponta Grossa (informação pessoal)2, o
qual possuía no ano de 2013, 159 farmácias, empregando 237 farmacêuticos.
Destas, uma é farmácia beneficente que dispensa medicamentos gratuitamente
mediante apresentação da prescrição; duas atendem somente por meio remoto,
mediante solicitação do paciente; dezesseis são farmácias públicas e dezesseis são
farmácias de manipulação. Desta forma, estabelecimentos que não se enquadravam
como drogarias por não constituírem empresas, manipular fórmulas ou não
comercializar medicamentos industrializados foram excluídos. Portanto, a amostra
do estudo era composta por 124 drogarias.
Uma equipe composta por 14 pessoas foi treinada pela pesquisadora
responsável pelo município (G.C.H), a fim de se evitar vieses, para visitar as
drogarias, em horários aleatórios. Apenas um farmacêutico de cada drogaria foi
convidado a participar da pesquisa. Os profissionais incluídos no estudo poderiam
ser responsáveis técnicos, substitutos, assistentes (folguistas), gerentes ou
proprietários dos estabelecimentos visitados.
Ao chegar à drogaria, o pesquisador responsável pela coleta de dados se
dirigiu ao proprietário e/ou gerente, fez sua apresentação pessoal, explicou sobre a
pesquisa e os objetivos do estudo, solicitando autorização para realizar a coleta de
dados no estabelecimento. O convite de participação aos profissionais somente foi
realizado após autorização de um dos responsáveis pela farmácia, mediante
assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE
4.2). Nos casos em que o farmacêutico não estava presente no estabelecimento, o
pesquisador registrou a ocorrência e fez uma nova visita à drogaria posteriormente.
As drogarias que não contavam com a presença do farmacêutico mesmo após uma
segunda visita do pesquisador ao estabelecimento foram excluídas do estudo.
Após aceitar participar da pesquisa mediante à assinatura de um TCLE
(APÊNDICE 4.3), o farmacêutico recebeu o Instrumento para o preenchimento das
respostas, sendo orientado a respondê-lo naquele momento, sozinho e sem
consultar qualquer material de auxílio. Finalizado o preenchimento do Instrumento, o

2
CRF-PR. Informações. Mensagem recebida por [email protected] em 29 de agosto de 2013.
Dados relativos a 2013.
124

farmacêutico recebeu um envelope no qual foram depositadas as folhas com as


respostas. O mesmo foi lacrado para ser entregue ao pesquisador, visando
assegurar ao participante o sigilo das informações fornecidas.

4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados coletados foram tabulados utilizando o software Epi InfoTM (versão


3.5.4) e a digitação das informações obtidas foi realizada em duplicata e
independentemente por dois pesquisadores, eliminando assim vieses do processo
de tabulação das informações.
Os dados obtidos foram avaliados e interpretados com auxílio do software
SPSS® for Windows (SPSS Inc., versão 22.0, 2013). Uma vez que os dados não
possuem distribuição normal, testes não paramétricos foram utilizados para verificar
a associação entre as respostas e informações demográficas com um nível de
significância menor que 5% (p<0,05). Os gráficos foram construídos no graphPad
PRISM® (versão 5.00).
Seis perguntas do questionário avaliavam o conhecimento dos
farmacêuticos para a dispensação de medicamentos, o qual foi classificado como
insatisfatório (0-2 acertos), regular (3-4 acertos) e satisfatório (5-6 acertos). Com
relação ao serviço de Atenção Farmacêutica, o conhecimento foi considerado
satisfatório nos casos em que os participantes acertaram a definição dessa prática
clínica e insatisfatório quando não respondiam ou marcavam uma alternativa errada.
No instrumento de coleta de dados havia questões com uma única
alternativa correta e outras que permitiam múltiplas respostas. Por esse motivo, foi
possível observar na análise dos resultados questões em que o somatório das
respostas excedeu 100%.

4.3.4 PRECEITOS ÉTICOS

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de


Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FCFRP-
USP), sob o parecer número 114.532/2012.
125

4.4 RESULTADOS

A equipe de pesquisa visitou as 124 farmácias componentes da amostra,


entretanto, em duas o farmacêutico não estava, cinco estavam fechadas (mesmo
após a segunda visita) e em treze o farmacêutico não aceitou participar ou o gerente
não permitiu a realização da pesquisa no estabelecimento, pois o mesmo não queria
“se comprometer”. Como somente um farmacêutico de cada drogaria participou da
pesquisa, foram aplicados 104 questionários (taxa de resposta de 83,9%). Embora
os farmacêuticos fossem orientados a responder todas as questões, no momento da
tabulação dos dados verificou-se que algumas estavam sem resposta.
A idade média dos respondentes é de 34,1 anos (DP=10,03), com idades
variando entre 22 e 61 anos (mediana 30, intervalo interquartil 25,3 – 41,5). A tabela
4.1 apresenta o perfil dos farmacêuticos e informações ocupacionais sobre os
participantes do estudo.

TABELA 4.1 - DADOS GERAIS DOS FARMACÊUTICOS PARTICIPANTES DO ESTUDO (n=104)

Características n (%)

Gênero

Masculino 34 (32,7%)
Feminino 70 (67,3%)
Tempo em que trabalha na empresa

< 1 ano 27 (26%)


1 - 10 anos 59 (56,7%)
> 10 anos 18 (17,3%)
Ocupação na empresa

Responsável técnico 58 (55,8%)


Substituto 14 (13,5%)
Assistente (ou folguista) 7 (6,7%)
Gerente 21 (20,2%)
Proprietário 25 (24%)
Atividades realizadas após a graduação

Congressos e cursos de curta duração 49 (47,1%)


Aprimoramento 7 (6,7%)
Residência multiprofissional 1 (1%)
Especialização 47 (45,2%)
Mestrado/doutorado 3 (2,9%)
Outro 8 (7,7%)
Nenhum 16 (15,4%)
126

A figura 4.1, abaixo demonstrada, retrata a classificação administrativa das


farmácias onde os farmacêuticos participantes da pesquisa trabalham.

50
40,4%
40
32,7%

30
18,3%
20

8,6%
10

0
I. II. III. IV.

FIGURA 4.1 – CLASSIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA DOS ESTABELECIMENTOS (n=104)


Legenda: I. Rede: estabelecimentos vinculados a uma rede de drogarias com administração
centralizada; II. Franquias: estabelecimentos vinculados a uma rede de drogarias, mas com
administração independente; III. Matriz e filiais: mais de um estabelecimento, sem vínculo a rede de
drogarias; IV. Independente: estabelecimentos constituídos apenas pela matriz e sem vínculo a uma
rede de drogarias.

As instituições públicas foram responsáveis pela graduação de 57,3%


(59/103) dos farmacêuticos participantes, sendo o currículo generalista o mais
prevalente [56,3% (58/103)] (FIGURA 4.2). Um dos respondentes, embora
farmacêutico, assinalou ter outro tipo de formação, diferente das opções
apresentadas, entretanto, não especificou qual seria. Observou-se que mais da
metade dos respondentes [57,1% (56/98)] terminou a graduação a partir de 2007.
127

60 56,3%

50

40
31,1%
30

20
9,7%
10 1,9% 1,0%

0
I. II. III. IV. V.

FIGURA 4.2 – FORMAÇÃO CURRICULAR DOS FARMACÊUTICOS PARTICIPANTES (n=103)


Legenda: I. Generalista; II. Sem habilitação; III. Habilitação em indústria; IV. Habilitação em
bioquímica; V. Outro.

Após a graduação, somente 47,1% (49/104) dos farmacêuticos participaram


de congressos e cursos de curta duração. Neste contexto, 56,7% (59/104) relataram
não receber dispensa ou relaxamento no horário de trabalho para a realização de
cursos de reciclagem ou aperfeiçoamento. Ainda, somente 6,7% (7/104) afirmaram
receber apoio financeiro para as despesas relacionadas com estes cursos.
A mediana do tempo de experiência dos farmacêuticos na dispensação de
medicamentos foi de 8,0 anos (intervalo interquartil 4 – 15), considerando também
estágios acadêmicos. Verificou-se que 82,7% (86/104) dos farmacêuticos
apresentam como única fonte de renda a remuneração obtida na drogaria e que
trabalham uma mediana de 44 horas semanais (intervalo interquartil 43,25 – 48).
Quando questionados a respeito de outras atividades além da farmácia, 3
profissionais relataram trabalhar em laboratório de análises clínicas e 7 atuam como
professores, seja em escola de ensino médio ou curso profissionalizante.
A maioria dos participantes alegou receber comissão sobre as vendas
[57,8% (59/102)], sendo que 55,8% (58/104) dos farmacêuticos recebem sobre a
venda de genéricos e/ou similares e 8,7% (9/104) sobre a venda de medicamentos
de referência, dermocosméticos e/ou correlatos. O recebimento de comissão está
menos presente entre os farmacêuticos que trabalham em farmácias independentes
em relação às demais (chi=22,586; p<0,05). Ainda, 47,6% (41/86) dos farmacêuticos
recebem algum tipo de benefício, tais como vale refeição e vale transporte, sendo
128

esta prática significativamente menos comum nas farmácias independentes


(chi=16,245; p<0,05).
Os farmacêuticos foram solicitados a assinalar as alternativas
correspondentes aos recursos consultados para busca de informações sobre
medicamentos em seu cotidiano (FIGURA 4.3). Os participantes que assinalaram a
alternativa “outros”, relataram: consulta ao Centro de Informação sobre
Medicamentos (CIM) do CRF-PR; solicitação de informação ao laboratório fabricante
do medicamento e busca ao Medline, via Pubmed.

100
78,8%
80

60 55,8%
51% 48,1%
44,2%
40
27,9%

20
5,8%

0
I. II. III. IV. V. VI. VII.

FIGURA 4.3 – RECURSOS UTILIZADOS PARA CONSULTAR INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS


MEDICAMENTOS
Legenda: I. Informativos enviados pelos Conselhos Federal e Regional de Farmácia;
II. Fontes como Bulário Eletrônico da Anvisa e Martindale;
III. Sites como Google e Wikipedia;
IV. Livros como Guia de Remédios, P.R. Vademécum e Dicionário de Especialidades Farmacêuticas;
V. Livros técnicos e científicos;
VI. Conversa com outros profissionais;
VII. Outros.

Com relação às principais dificuldades apontadas pelos participantes para a


orientação dos pacientes, destacam-se: informar sobre interações medicamentosas
[39,4% (41/104)], mecanismos de ação dos fármacos [25% (26/104)] e eventos
adversos [22,1% (23/104)]. Os farmacêuticos acreditam que isso se deva
principalmente à não realização de atividades de aperfeiçoamento [28,8% (30/104)]
e à formação acadêmica insuficiente [15,4% (16/104)]. Outros motivos foram
apontados por 20,2% (21/104) dos farmacêuticos, como o baixo nível cultural e
129

dificuldade de entendimento dos pacientes e a grande quantidade de medicamentos


existentes na atualidade. Por outro lado, 26% (27/104) dos respondentes relataram
não ter dificuldades durante a orientação de pacientes.
Algumas questões abordavam o conhecimento dos farmacêuticos acerca da
dispensação de medicamentos (FIGURA 4.4). De maneira geral, 16,3% (17/104)
apresentaram conhecimento insatisfatório (0 a 2 acertos); 49% (51/104)
demonstraram conhecimento regular (3 a 4 acertos) e 34,6% apresentaram
conhecimento satisfatório (5 a 6 acertos). Variáveis independentes como realização
de atividades de pós-graduação, cargo ocupado, classificação da farmácia, assim
como a instituição de ensino na qual o farmacêutico havia se formado, não
mostraram relação estatisticamente significante com o índice de acertos das
questões relacionadas ao conhecimento.

93,1% 42% 25,3% 4,9% 31,6% 7,8%


100
acertos
80 erros

60
92,2%
74,7% 95,1%
40
58% 68,4%
20

6,9%
0
I. II. III. IV. V. VI.

FIGURA 4.4 – RESPOSTAS DOS FARMACÊUTICOS PARA AS QUESTÕES QUE AVALIAVAM O


CONHECIMENTO PARA A DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Legenda: I. Aplicação de injetáveis; II. Dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial; III.
Dispensação de antimicrobianos; IV. Dispensação de anorexígenos; V. Orientação sobre a utilização
de medicamentos; VI. Descarte de medicamentos.

A orientação de pacientes no balcão demonstrou ser uma atividade realizada


com muita frequência por 89,5% (93/104) dos farmacêuticos e que demanda muito
tempo para 51% deles. Com relação à dispensação de medicamentos, os
130

farmacêuticos foram solicitados a assinalar a alternativa que mais se aproximasse à


sua conduta. Os resultados estão apresentados na figura 4.5. Não houve relação
significante entre as variáveis sexo, tipo de instituição de formação, classificação da
farmácia e conduta dos profissionais.

2,9%
Leio a prescrição e entrego os medicamentos. Maiores orientações são
fornecidas quando o paciente apresenta alguma dúvida

Analiso o receituário e entrego o medicamento após


36,9% anotar na embalagem a forma correta de uso. Se o
paciente apresentar dúvidas, esclareço-as

Analiso a prescrição, pergunto sobre


60,2% medicamentos que ele utiliza e quais
alergias apresenta a fármacos.
Entrego o medicamento após orientar
0 10 20 30 40 50 60 a forma correta de uso.

FIGURA 4.5 – CONDUTA APRESENTADA PELOS FARMACÊUTICOS DURANTE A DISPENSAÇÃO


DE MEDICAMENTOS

Quando questionados sobre as orientações prestadas no momento da


dispensação, os resultados foram: 97,1% (101/104) informam a posologia; 73,1%
(76/104) falam sobre prováveis reações adversas; 72,1% (75/104) alertam sobre
possíveis interações com alimentos e/ou medicamentos e 49% (51/104) informam o
paciente sobre a conservação do medicamento.
Ainda com relação ao atendimento de pacientes, os farmacêuticos foram
questionados sobre a intercambialidade de um medicamento de referência prescrito:
76,9% (80/104) substituiriam por um medicamento genérico; 19,2% (20/104)
realizariam a substituição por genérico ou similar; enquanto que 2,9% (3/104) não
realizariam a substituição. Não houve relação significante entre as variáveis
classificação das farmácias e a conduta adequada perante a intercambialidade
(p=0,054).
No tocante à indicação de medicamentos, a maioria [54,9% (56/102)]
afirmou indicar MIPs para transtornos menores, enquanto que 42,2% (43/102)
131

indicam MIPs e medicamentos tarjados para estas situações. Uma pequena parcela
dos participantes [2,9%(3/102)] demonstrou indicar MIPs e tarjados para transtornos
menores e maiores. Não houve diferença significante entre a conduta dos
farmacêuticos que trabalham em farmácias independentes em relação às demais
farmácias (p=0,540).
Com relação à esta prática, os participantes deveriam assinalar com qual
frequência costumam indicar os medicamentos listados (TABELA 4.2). As farmácias
independentes apresentam um maior escore de indicações incorretas, isto é,
indicam medicamentos que requerem prescrição médica ou odontológica, como anti-
hipertensivos, antilipêmicos e antidiabéticos (p=0,043).

TABELA 4.2 – FREQUÊNCIA COM A QUAL OS MEDICAMENTOS SÃO INDICADOS PELOS


FARMACÊUTICOS

Medicamentos Sempre n (n%) Às vezes n (n%) Nunca n (n%)


Analgésicos 86 (83,5%) 16 (15,5%) 1 (1%)
Antiácidos 54 (51,9%) 48 (46,2%) 2 (1,9%)
Antibióticos - 11 (11%) 89 (89%)
Antidiabéticos 1 (1%) 5 (5,1%) 93 (93,9%)
Antieméticos 29 (29%) 65 (65%) 6 (6%)
Anti-helmínticos 35 (34,3%) 55,8 (56,9%) 9 (8,8%)
Anti-hipertensivos - 3 (3,1%) 93 (96,9%)
Anti-histamínicos 37 (35,9%) 58 (56,3%) 8 (7,8%)
Anti-inflamatórios 49 (47,1%) 50 (48,1%) 5 (4,8%)
Antilipêmicos - 11 (11,2%) 87 (88,8%)
Laxantes e purgativos 21 (20,8%) 74 (73,3%) 6 (5,9%)
Polivitamínicos 58 (56,9%) 43 (42,2%) 1 (1%)
Antigripais 80 (76,9%) 23 (22,1%) 1 (1%)
Antitussígenos 66 (63,5%) 37 (35,6%) 1 (1%)

Além da dispensação de medicamentos, algumas drogarias vendem outros


produtos, como biscoitos, doces, refrigerantes e secadores de cabelo [43,3%
(45/104)], inseticidas [5,8% (6/104)] e produtos veterinários [1%(1/104)]. A presença
destes produtos para venda foi estatisticamente maior nas farmácias de rede em
relação às independentes (p<0,05). Em 38,5% das farmácias, estes produtos não
eram comercializados. Dos participantes, 63,6% (49/77) concordam com a venda de
132

produtos alheios em drogarias, desde que a empresa tenha autorização legal para
comercializá-los.
Com relação à prestação de serviços farmacêuticos na farmácia em que
trabalham, os resultados foram: verificação de parâmetros bioquímicos [62,5%
(65/104)]; verificação de parâmetros fisiológicos [67,3% (70/104)]; administração de
medicamentos [76,9% (80/104)]; perfuração de lóbulo auricular [56,7% (59/104)] e
Atenção Farmacêutica [84,6% (88/104)]. Ressalta-se que 5,8% (6/104) dos
farmacêuticos afirmaram que o serviço de AF é também prestado por funcionários
da farmácia. Mais da metade dos respondentes (58,7%) afirmou emitir Declaração
de Serviços Farmacêuticos (DSF). Por outro lado, 9,6% (10/104) declararam que os
serviços apresentados no instrumento não são realizados na farmácia onde
trabalham.
Sobre o serviço Atenção Farmacêutica (AF), os farmacêuticos foram
solicitados a assinalar a opção que melhor apresentasse sua definição. A opção
correta foi assinalada por 65% (67/103) dos respondentes, demonstrando
conhecimento satisfatório: “Prática profissional que busca obter resultados
terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida através do acompanhamento
farmacoterapêutico sistemático do paciente”. Os demais marcaram como resposta
correta o conceito de Assistência Farmacêutica ou o fato de atender os pacientes no
balcão com mais atenção, de modo com que o serviço seja mais humanizado.
Aproximadamente a metade dos participantes [49,5% (50/101)] afirmou
prestar este serviço, entretanto em 83,7% das farmácias ele não consta no Manual
de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e em 95,2% dos casos não são feitos
registros em cada consulta. 18,3% dos farmacêuticos afirmaram receber os
pacientes em espaço reservado do balcão, permitindo conhecer melhor o paciente,
entretanto, nenhum dado é registrado, buscando assegurar o sigilo do paciente.
Para 70,2% dos participantes o serviço de AF atrai clientes e para 52,9% favorece o
aumento das vendas.
Sobre a estrutura física da farmácia, mais da metade (61,5%) julga
dificuldade no atendimento individualizado de pacientes, pela falta de espaço
reservado para a prestação do serviço. Além disso, 19,2% consideram que o
estabelecimento não oferece condições para o atendimento individualizado, pela
falta de materiais como computador, internet e livros para consulta. Por outro lado,
133

27,9% acreditam que seu local de trabalho favorece um atendimento sigiloso e


confortável, em termos de espaço e recursos materiais.
Quando questionados sobre como os atendentes aprendem a entregar
adequadamente os medicamentos, 81,7% (85/104) dos participantes afirmaram que
os mesmos recebem treinamentos regulares pelos farmacêuticos.
Ao avaliarem sua atuação profissional enquanto agentes de saúde,
comprometidos com o sucesso da farmacoterapia e qualidade de vida do pacientes,
os farmacêuticos poderiam assinalar mais de uma alternativa. Menos da metade
(43,3%) se consideram realizados, enquanto que a maioria sente a necessidade de
melhorar sua atuação diante do paciente, conforme a figura 4.6 abaixo demonstrada.

50 43,3%

40 35,6% 36,5%

30

20 15,4%

10
1,9%

0
I. II. III. IV. V.

FIGURA 4.6 – AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS FARMACÊUTICOS ENQUANTO


AGENTES DE SAÚDE
Legenda: I. Realizado; II. Preciso melhorar no que diz respeito ao conhecimento relacionado aos
medicamentos e à legislação; III. Preciso melhorar no que diz respeito ao seguimento correto da
legislação; IV. Preciso melhorar quanto à orientação do paciente e o acompanhamento do tratamento
medicamentoso; V. Péssimo.
134

4.5 DISCUSSÃO

Este é o primeiro trabalho realizado na cidade de Ponta Grossa, Paraná,


avaliando o conhecimento e o comportamento dos farmacêuticos durante a
dispensação de medicamentos. A farmácia é a interface da profissão que é
exclusiva do farmacêutico, uma vez que em outras áreas é possível encontrar
profissionais com formação distinta. Isto reforça a importância de estudos neste
campo, visando aprimorar a atuação do farmacêutico.
No ano de 2013, havia na cidade de Ponta Grossa 159 farmácias, segundo o
Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR), empregando 237
farmacêuticos. Como o foco deste trabalho eram somente as drogarias, a amostra
era composta por 124 estabelecimentos. De acordo com o conceito, drogaria é um
estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais (CFF, 2001; BRASIL,
2014a).
O grupo de pesquisa que desenvolveu o instrumento utilizado neste trabalho
já realizou a sua aplicação em quatro cidades brasileiras, Ribeirão Preto (SP),
Araraquara (SP), Londrina (PR) e Alfenas (MG) (REIS, 2013). Além disso, outros
pesquisadores estão realizando este inquérito nas cidades de Teresina (PI) e
Aracajú (SE). Futuramente, pretende-se reunir os resultados de todas as cidades
para que sejam comparados, obtendo-se as devidas considerações.
A taxa de resposta obtida na cidade de Ponta Grossa (83,9%) foi superior ao
estudo de Reis (2013) utilizando o mesmo instrumento, e ao estudo realizado por
Tomassi e Ribeiro (2012), com valores variando entre 16,1 e 35%. A participação
dos farmacêuticos foi semelhante aos estudos realizados por Silva e Vieira (2004),
Farina e Romano-Lieber (2009), Lucchetta e Mastroianni (2010), que reportaram
valores entre 76,3 e 86,5%. Estudos relatando a aplicação de questionário, porém,
enviados via on-line, apresentam taxas de resposta inferiores, conforme
demonstrado por Schommer et al. (2003), Moczygemba, Barner e Roberson (2008),
McIntosh et al. (2011) e O’Brien et al. (2014), com valores entre 9,9 e 25,2%.
Interessante perceber que a aplicação do mesmo questionário obteve taxas
de respostas tão distintas, comparando a cidade de Ponta Grossa com Londrina,
Araraquara, Alfenas e Ribeirão Preto (REIS, 2013), uma vez que a metodologia de
135

abordagem foi padronizada. Isto leva a crer que os farmacêuticos participantes deste
trabalho reconhecem a importância de pesquisas na área da farmácia e, mesmo
com diversas atividades a serem realizadas, aceitaram participar da pesquisa.
A maior parte dos participantes é do gênero feminino, semelhante ao
observado em outros estudos (CORRER et al., 2004; SILVA; VIEIRA, 2004;
FRANÇA-FILHO et al., 2008; FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009; MCINTOSH et al.,
2011; TOMASSI; RIBEIRO, 2012; REIS, 2013). Segundo Petris (1999), este
predomínio do gênero feminino caracteriza a feminilização da profissão
farmacêutica, o que também é observado em outras profissões. A idade média dos
participantes (34,1 anos) é semelhante à idade encontrada nas outras quatro
cidades onde o mesmo questionário foi aplicado (33,4 anos) (REIS, 2013).
Com relação à ocupação na empresa, um quarto dos respondentes é o
proprietário da farmácia, assim como observado nos estudos de Tomassi e Ribeiro
(2012) e Reis (2013). Embora no Brasil não exista a obrigatoriedade de que as
farmácias sejam de propriedade de farmacêuticos, acredita-se que este seria o
cenário ideal para que o estabelecimento atue realmente em prol da saúde do
paciente.
Diferentemente do estudo realizado por Tomassi e Ribeiro em 2012, além
das farmácias independentes, participaram do estudo farmacêuticos atuantes em
farmácias de rede, franquias e farmácias que possuíam filiais. Desta forma, com
relação à classificação administrativa dos estabelecimentos farmacêuticos (FIGURA
4.1), observou-se que somente um terço dos participantes trabalha em farmácia
independente, o que pode ser atribuído ao fato do município de Ponta Grossa estar
em expansão e ter recebido grandes redes de farmácias nos últimos anos. Além
disso, a concorrência com as redes, muitas vezes, dificulta a manutenção de
farmácias independentes no mercado. Em um estudo realizado em 2010, os
farmacêuticos que trabalham em farmácias independentes também tiveram uma
participação menos expressiva (HUSTON et al., 2010).
Sob este aspecto, em relação ao estudo de Reis (2013), analisando as
quatro cidades separadamente, verificou-se que a cidade de Londrina teve
distribuição semelhante ao do presente estudo. Por outro lado, nas demais cidades
(Alfenas, Araraquara e Ribeirão Preto) a maior parte dos farmacêuticos trabalhava
em farmácias independentes. O mesmo foi observado no estudo de Farina e
Romano-Lieber (2009), realizado na cidade de Jundiaí (SP), em que 87,2% dos
136

participantes eram de farmácias independentes. Jundiaí e Ponta Grossa apresentam


número de habitantes aproximado, portanto, seria possível esperar que a
classificação administrativa das farmácias dos respondentes fosse semelhante. O
que pode ter influenciado, em parte, esta diferença é o fato de que a pesquisa em
Ponta Grossa foi realizada entre 2013 e 2014, e a de Jundiaí em 2009.
O município de Ponta Grossa possui o curso de graduação em Farmácia em
duas instituições, uma pública (a Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG) e
outra privada (Faculdades Ponta Grossa). Na UEPG, a abertura do curso de
Farmácia foi no ano de 1952, inicialmente formando farmacêuticos que poderiam
seguir a habilitação em análises clínicas (referida no questionário como habilitação
em bioquímica). No ano de 2006, formou-se a última turma neste currículo, sendo
os demais formados pelo currículo generalista (Conselho Nacional de Educação,
2002). A instituição privada formou a primeira turma no ano de 2009, já no currículo
generalista. Portanto, considerando que 57,1% dos respondentes formou-se a partir
do ano de 2007, isto justifica o fato de 56,3% ter formação generalista (FIGURA 4.2).
Assim como no trabalho de Lucchetta e Mastroianni (2010), mais da metade dos
farmacêuticos é formada por instituições públicas, diferente do que foi observado por
Farina e Romano-Lieber (2009), Tomassi e Ribeiro (2012) e Reis (2013) onde as
instituições privadas formaram entre 72 e 90% dos farmacêuticos entrevistados.
Cerca de 15% dos participantes (TABELA 4.1) relatou não ter feito nenhum
curso após a graduação, seja pós-graduação (lato ou stricto sensu) ou cursos para
atualização profissional. Menos da metade dos farmacêuticos (45,2%) fez curso de
especialização, resultado superior ao dos estudos de Correr et al. (2004), França-
Filho et al. (2008) e Reis (2013). Ainda, menos da metade dos participantes relatou
participação em congressos e cursos de curta duração, possivelmente pela
dificuldade de se ausentarem da farmácia e pela falta de incentivo, em termos de
auxílio financeiro e flexibilização do horário de trabalho. Lucchetta e Mastroianni
(2010) ressaltam a falta de hábito do profissional farmacêutico em busca de
reciclagem e informações, pois, geralmente, os congressos para farmacêuticos são
mais frequentados por estudantes de graduação e pós-graduação do que pelos
profissionais. Vale ressaltar que é fundamental a qualificação do profissional
farmacêutico, responsável pela dispensação de medicamentos (NAVES;
MERCHAN-HAMANN; SILVER, 2005).
137

O tempo de experiência na dispensação de medicamentos é curto, o que


pode ser atribuído ao fato de muitos farmacêuticos recém formados buscarem seu
primeiro emprego em drogarias. Provavelmente, em virtude da carga horária elevada
de trabalho, a maioria apresenta como única fonte de renda a remuneração da
drogaria. Entretanto, alguns farmacêuticos também trabalham em laboratório de
análises clínicas, possivelmente como plantonistas, enquanto que outros atuam
como professores.
Mais da metade dos farmacêuticos (57,8%) alegou receber comissão pela
venda de medicamentos, principalmente com relação a genéricos e similares, o que
é menos observado em farmácias independentes. Provavelmente, por este motivo é
que este valor seja superior ao encontrado em outros trabalhos (FARINA; ROMANO-
LIEBER, 2009; REIS, 2013), nos quais a maioria dos respondentes trabalha em
farmácias independentes.
Com relação a busca de informações sobre medicamentos (FIGURA 4.3),
percebe-se que as consultas são realizadas em fontes com baixa evidência
científica, fácil acesso e qualidade por vezes questionável (BARROS, 2000).
Resultados semelhantes foram demonstrados em outros estudos (CORRER et al.,
2004; FRANÇA-FILHO et al., 2008; FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009; TOMASSI;
RIBEIRO, 2012; REIS, 2013). É possível perceber que os farmacêuticos não
buscam por trabalhos científicos, talvez porque a maioria deles está publicada em
língua inglesa. A familiaridade dos participantes com línguas estrangeiras não foi
avaliada. Neste aspecto, é importante ressaltar que as fontes de informação são
ferramentas indispensáveis e diretamente ligadas à qualidade das ações de saúde
desenvolvidas pelo profissional (FERNÁNDEZ-LLIMÓS, 1999).
Livros organizados pela indústria farmacêutica também são muito utilizados,
assim como informativos elaborados pelos conselhos de farmácia. Dentre estes,
destaca-se o boletim informativo do Centro de Informação sobre Medicamentos
(CIM) do CRF-PR. O “CIMformando” é enviado trimestralmente para os
farmacêuticos cadastrados no conselho com o objetivo de levar aos profissionais
informações confiáveis sobre farmacoterapia e novidades sobre medicamentos
(CRF-PR, 2015). Além disso, destaca-se a importância dos CIM, que visam
equacionar a grande quantidade de informação disponível sobre medicamentos e a
aplicação desses conhecimentos à prática clínica (CFF, 2015), utilizando fontes de
pesquisa de boa qualidade. Somente um farmacêutico participante deste trabalho
138

relatou consultar o CIM do CRF-PR, embora esta alternativa não estivesse explícita
na questão. Este fato nos remete à uma outra pergunta: Os farmacêuticos não
conhecem o CIM ou somente não têm o hábito de consultá-lo em caso de dúvidas
sobre medicamentos? O uso deste recurso deveria ser estimulado desde a
graduação e, até mesmo, poderia ser implantando em Faculdades de Farmácia no
Estado do Paraná, tornando-se um campo de estágio para os acadêmicos. No
Brasil, além dos CIM localizados nos conselhos, existem àqueles em faculdades e
hospitais (CFF, 2015).
No que diz respeito à orientação de pacientes, alguns profissionais sentem
dificuldades em orientar sobre interações medicamentosas e reações adversas. Uns
atribuem as dificuldades à falta de aperfeiçoamento após a graduação, à existência
de uma grande quantidade de medicamentos e à formação acadêmica insuficiente.
Entretanto, a dificuldade de entendimento dos pacientes a respeito da informação
passada também foi relatada. Para Silva e Vieira (2004) as faculdades de farmácia
provavelmente não fornecem subsídios teóricos básicos e práticos para que os
futuros farmacêuticos possam atuar na dispensação de medicamentos. Os autores
ainda alertam para o fato de que a formação na área de atenção farmacêutica,
durante a graduação e, principalmente, o estágio em farmácia e drogaria seria
deficiente. Entretanto, cabe esclarecer que os autores realizaram este trabalho antes
da reforma curricular e que os farmacêuticos participantes do estudo não tinham
formação generalista, da qual a disciplina específica de Atenção Farmacêutica faz
parte.
Sob este aspecto, enfatiza-se que os cursos de aperfeiçoamento são de
extrema importância, como forma de educação continuada. Assim, mesmo àqueles
profissionais com formação deficiente com relação à Atenção Farmacêutica
poderiam adquirir este conhecimento. A I Oficina Nacional de Atenção Farmacêutica
aponta problemas como a escassez de oportunidades de educação continuada e a
formação excessivamente tecnicista e insipiente na área clínica (OFICINA, 2001).
Ainda neste contexto, o trabalho de Silva e Vieira (2004) aponta para o fato
de que os treinamentos e reciclagens na área de dispensação de medicamentos,
acompanhados pela supervisão direta e educação continuada, deveriam integrar as
propostas de ações das entidades de classe e associações da categoria. Neste
âmbito, vale ressaltar que o CRF-PR oferece cursos de atualização em diversas
cidades do Estado, divulgados por meio de sua página na internet e e-mail aos
139

farmacêuticos inscritos (CRF-PR, 2015). Um exemplo disto, são os seminários sobre


Prescrição Farmacêutica que vem sendo promovidos desde a recente
regulamentação desta prática em 2013 (CFF, 2013).
Seis questões do questionário abordavam o conhecimento sobre a
dispensação de medicamentos (FIGURA 4.4). Sob este aspecto, a questão que mais
teve respostas erradas foi a relativa à aplicação de injetáveis. Grande parte dos
profissionais respondeu que esta é uma atividade privativa do farmacêutico,
cabendo a ele a execução e responsabilidade. Entretanto, a aplicação de injetáveis
pode ser realizada por outro profissional treinado, porém, supervisionado pelo
farmacêutico, o qual é o responsável pelo procedimento (CFF, 2008; PARANÁ,
2014). Esta pergunta gerou questionamentos por parte dos respondentes, sendo
que alguns alegaram haver mais de uma alternativa correta. Entretanto, o
pesquisador responsável não poderia interferir no preenchimento, apenas orientando
que havia somente uma resposta.
Da mesma forma, uma parte dos farmacêuticos teve dúvidas com relação à
dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial, de prescrições emitidas
em outro Estado. De acordo com a Portaria nº 344 de 1998, do Ministério da Saúde,
os fármacos contidos na lista C devem ser prescritos em receituário de controle
especial, em duas vias, com validade em todo território nacional. Entretanto, os
fármacos pertencentes à lista B1 são prescritos em notificação de receita azul, válida
somente na unidade federativa em que foi emitida (BRASIL, 1998).
Por outro lado, quase a totalidade dos respondentes acertou as questões
que versavam sobre a dispensação de anorexígenos e o manejo correto no descarte
de medicamentos, assinalando que os mesmos devem ser descaracterizados e
encaminhados para incineração. A grande margem de acertos sobre os
anorexígenos pode ser justificada pelo fato de que, além de serem medicamentos
sujeitos a controle especial, houve uma ampla discussão acerca da Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº
52 de 2011. Esta resolução proíbe a comercialização dos fármacos mazindol,
femproporex e anfepramona, e estabelece critérios para a prescrição e dispensação
de sibutramina (BRASIL, 2011a). Entretanto, após a realização desta pesquisa, foi
publicada em 2014 a RDC nº 50, que retoma a comercialização dos fármacos
anorexígenos anteriormente proibidos, invalidando a resolução de 2011 (BRASIL,
2014b).
140

De maneira geral, a metade dos participantes apresentou conhecimento


regular com relação às questões sobre dispensação de medicamentos, isto é,
acertaram de 3 a 4 das 6 questões. Entretanto, este resultado deve ser interpretado
com cautela, considerando que o universo da dispensação de medicamentos é
muito amplo e que este questionário abordou somente 6 situações. Em comparação
com o estudo de Reis (2013), a porcentagem de acertos obtida na cidade de Ponta
Grossa foi entre 10 a 20% maior, nas questões sobre dispensação de medicamentos
sujeitos a controle especial, antimicrobianos, anorexígenos e orientação sobre a
utilização de medicamentos.
Quase 90% dos farmacêuticos presta, com muita frequência, orientação aos
pacientes no balcão. Assim, no que diz respeito à conduta adotada pelos
profissionais durante a dispensação de medicamentos mediante apresentação de
prescrição (FIGURA 4.5), a maioria (60,2%) assinalou a alternativa referente a um
atendimento adequado, com a análise da prescrição, questionamentos sobre uso de
medicamentos e possíveis reações alérgicas e orientação sobre a forma correta de
uso. Entretanto, esta conduta deveria ser esperada por todos os profissionais, uma
vez que a orientação é componente da dispensação de medicamentos.
Com relação a esta questão, é possível que tenha ocorrido uma
discrepância entre a prática relatada e a atual. Esta discrepância já foi mencionada
na literatura em outros trabalhos (GOKCEKUS et al., 2012; BRATA et al., 2015) e
pode ser explicada pelo fenômeno chamado “viés de desejabilidade social”. A
desejabilidade social é a tendência de alguns entrevistados relatarem a resposta de
uma maneira que consideram socialmente mais aceitável, do que seria a sua
resposta verdadeira (CALLEGARO, 2008). Desta forma, é possível imaginar que
alguns dos farmacêuticos tenham respondido a alternativa mais adequada por ser o
comportamento esperado pelo profissional.
Outra questão sobre a dispensação de medicamentos, simulava um paciente
apresentando uma prescrição de medicamento de referência e solicitando sua
substituição por outro com o mesmo fármaco. No que diz respeito à
intercambialidade de medicamentos, de acordo com a Lei Federal nº 9.787 de 1999,
que estabelece o medicamento genérico, é possível a substituição do medicamento
de referência por seu genérico correspondente, desde que não haja na receita
nenhuma restrição (BRASIL, 1999). A maioria dos farmacêuticos respondeu que a
intercambialidade poderia ser realizada com o medicamento genérico
141

correspondente. Entretanto, parece que alguns farmacêuticos desconhecem esta lei,


uma vez que responderam que substituiriam pelo genérico ou similar, ou ainda não
realizariam a substituição.
Se esta pesquisa fosse realizada neste ano, esta questão deveria ser
interpretada de maneira diferente. Isto porque, alguns meses após a aplicação do
questionário, foi publicada a RDC da ANVISA nº 58, de 10 de outubro de 2014,
estabelecendo a intercambialidade com medicamento similares (BRASIL, 2014c).
Agora, alguns medicamentos de referência são intercambiáveis não somente com o
genérico, mas também com o medicamento similar, de acordo com a relação
atualizada pela ANVISA, uma vez que tiveram sua bioequivalência comprovada.
Com relação à indicação de medicamentos, o farmacêutico pode indicar os
medicamentos isentos de prescrição (MIPs) para os chamados transtornos menores.
Assim, a RDC nº 138 de 2003 estabelece que todos os medicamentos cujos grupos
e indicações terapêuticas que estão descritos no anexo da resolução (lista GITE)
são de venda sem prescrição (BRASIL, 2003). Pouco mais da metade dos
participantes afirmou indicar MIPs para transtornos menores, conforme preconiza a
resolução. Entretanto, mais de um terço deles relatou indicar também medicamentos
tarjados para estas situações, os quais requerem receita médica ou odontológica.
Observou-se que alguns farmacêuticos indicam medicamentos para doenças
crônicas (TABELA 4.2), consideradas transtornos maiores, que requerem um
diagnóstico médico prévio. Vale ressaltar ainda, que estes grupos de medicamentos
não são encontrados na lista GITE (antidiabéticos, antilipêmicos e anti-hipertensivos)
e, portanto, o farmacêutico não poderia indicá-los. Além de que a RDC nº 44 de
2009, em seu artigo 43, estabelece que os medicamentos sujeitos à prescrição
somente podem ser dispensados mediante apresentação da respectiva receita
(BRASIL, 2009a). Pode ser que este comportamento aconteça em virtude da
dificuldade de acesso da população aos serviços médicos e pela posição favorável
em que a farmácia comunitária se encontra, para prestar atendimento em saúde.
Constatou-se que os farmacêuticos que trabalham em farmácias
independentes apresentam maior escore de indicações incorretas, recomendando
medicamentos que não deveriam. Neste caso, é possível considerar que as redes
de farmácias estão localizadas próximas ao centro da cidade ou em grandes bairros,
onde o serviço médico é mais presente. Portanto, bairros mais afastados, onde por
vezes o atendimento médico é mais difícil, concentram mais farmácias com caráter
142

independente, o que favoreceria a indicação de uma gama maior de medicamentos.


A regulamentação da prescrição farmacêutica não foi abordada no questionário.
Uma parte dos farmacêuticos (11%) relatou indicar “às vezes” antibióticos, o
que, de acordo com a RDC nº 20, de 5 de maio de 2011, não é permitido (BRASIL,
2011b). Esta resolução estabelece que os antimicrobianos só deve ser dispensados
mediante apresentação e retenção da prescrição. Entretanto, a lista GITE traz como
grupo terapêutico isento de prescrição “antibacterianos tópicos”, do qual fazem parte
a neomicina e a bacitracina (BRASIL, 2003). Por este motivo, interpretar a resposta
dos participantes com relação à esta conduta como incorreta é controverso, uma vez
que ao responderem que “às vezes” indicam este grupo, poderiam estar se referindo
àqueles fármacos permitidos pela resolução.
A venda de produtos alheios à saúde (como doces, refrigerantes e até
inseticidas) foi reportada por uma parte dos farmacêuticos, o que é proibido segundo
a Instrução Normativa n.º 9 (BRASIL, 2009b). Isto também foi observado nos
trabalho de Tomassi e Ribeiro (2012) e Reis (2013). O comércio destes produtos,
que também são encontrados em padarias e supermercados, descaracteriza a
farmácia como estabelecimento de saúde.
Além da dispensação de medicamentos, a prestação de serviços
farmacêuticos é prevista pela RDC nº 44 de 2009. É possível perceber que estes
serviços são prestados em grande parte das farmácias e que a emissão da
Declaração de Serviços Farmacêuticos, preconizada pela resolução, é feita em mais
da metade dos estabelecimentos.
Com relação ao serviço de Atenção Farmacêutica (AF), cerca de dois terços
dos farmacêuticos marcaram o conceito correto, o que pode estar relacionado ao
fato de que pouco mais da metade dos participantes tem formação generalista. A AF
é um modelo de prática profissional recente no cenário brasileiro e foi incluída como
disciplina na maioria dos cursos de farmácia com a reforma curricular, que instituiu a
formação generalista do farmacêutico (Conselho Nacional de Educação, 2002).
Aqueles que marcaram as opções incorretas, confundiram com o conceito de
Assistência Farmacêutica ou interpretaram como mera atenção ao receber o
paciente. Resultado semelhante foi obtido em um estudo realizado em farmácias no
Rio de Janeiro (BASTOS; CAETANO, 2010).
Um fato interessante, é que embora a metade dos farmacêuticos afirme
prestar o serviço de AF, cerca de 60% não possuem um espaço reservado para o
143

atendimento individualizado dos pacientes. Outros trabalhos também relataram


ausência de espaço privado ou semiprivado para o atendimento de pacientes na
maioria das farmácias (FRANÇA-FILHO et al., 2008; FARINA; ROMANO-LIEBER,
2009; TOMASSI; RIBEIRO, 2012; REIS, 2013). Além disso, alguns farmacêuticos
relataram a falta de materiais para consulta, como computador, internet e livros. Sob
este aspecto, percebe-se que muitas farmácias ainda não estão adaptadas à
realidade da prestação deste serviço, visto que menos de um terço delas possui um
ambiente adequado para um atendimento sigiloso, confortável e com disponibilidade
de recursos materiais. Este fato, além de ser uma barreira à prestação do serviço,
pode desestimular o farmacêutico. As condições de trabalho, em especial para a
prestação da AF, também foram consideradas insatisfatórias no estudo de Bastos e
Caetano (2010).
Além disso, quase a totalidade dos farmacêuticos assume não registrar os
dados da consulta. De acordo com a proposta do consenso brasileiro de AF, o
registro sistemático das atividades (juntamente com a mensuração e avaliação dos
resultados) é um dos macrocomponentes da prática profissional para o exercício da
AF (IVAMA et al., 2002). Ainda, de acordo com a RDC nº 44, as ações relacionadas
à AF devem ser registradas de modo a permitir a avaliação de seus resultados, cuja
metodologia utilizada deve estar descrita em um Procedimento Operacional Padrão
(BRASIL, 2009a), o que não acontece em mais de 80% dos casos.
Entretanto, o que mais chama a atenção, é que alguns farmacêuticos
alegaram que este serviço é prestado por funcionários da farmácia, sendo que este
é um ato privativo do farmacêutico. Realmente, é possível perceber que alguns
profissionais não sabem a definição correta de AF e que este é um serviço provido
única e exclusivamente pelo farmacêutico aos pacientes (CORRER; OTUKI, 2013).
Estes resultados levam a crer que o serviço de AF não é efetivamente
prestado na maioria das farmácias, sendo que as respostas podem ter sido
baseadas na orientação ao paciente no momento da dispensação ou indicação de
medicamentos.
A maioria dos participantes (81,7%) respondeu que os atendentes das
farmácias onde trabalham recebem treinamentos regulares pelos farmacêuticos.
Este resultado é semelhante ao encontrado em um estudo realizado em Santa
Catarina (FRANÇA-FILHO et al., 2008) em que 73,7% dos farmacêuticos relataram
realizar treinamento de auxiliares e superior ao encontrado em estudo de Curitiba
144

(CORRER et al., 2004). Neste caso, o treinamento era realizado em somente 56%
das farmácias. O valor superior encontrado no presente estudo pode ser atribuído ao
fato de que a RDC nº 44 de 2009, estabelece que uma das atribuições do
farmacêutico responsável pelo estabelecimento é prover as condições necessárias
para capacitação e treinamento de todos os profissionais envolvidos nas atividades
do estabelecimento. Entretanto, vale ressaltar que estes treinamentos já eram
estabelecidos pela resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 357 de 2001.
Desta forma, além desta capacitação ser uma das atribuições do farmacêutico
responsável pelo estabelecimento (CFF, 2001; BRASIL, 2009a), constitui uma
estratégia de melhoria da qualidade da dispensação e promoção do uso racional de
medicamentos (CORRER et al., 2004).
Quando questionados à respeito de sua atuação profissional como agentes
de saúde, comprometidos com o sucesso da farmacoterapia e qualidade de vida dos
pacientes, menos da metade (43,3%) se sentem realizados. A maioria relatou a
necessidade de melhorar seu comportamento, com relação ao conhecimento sobre
os medicamentos e à legislação, ao seguimento correto da legislação, às
orientações prestadas ao pacientes e acompanhamento do tratamento. Sob este
aspecto é importante retomar a importância dos cursos após a graduação,
ressaltando a diversidade de medicamentos no mercado e a legislação que está
continuamente em atualização. Ainda, é preciso que estes temas estejam voltados
para o cuidado com o paciente e que o uso dos medicamentos esteja focado na
melhoria dos desfechos em saúde. Da mesma forma, os cursos de graduação em
Farmácia precisam dar maior ênfase à parte clínica, possibilitando, por meio de
estágios, que os acadêmicos estejam cada vez mais em contato com os pacientes.
Talvez desta forma, os futuros farmacêuticos estarão mais preparados para que seu
atendimentos seja orientado para o benefício do paciente, reconhecidamente a base
da AF.
145

4.6 CONCLUSÃO

Atualmente, os farmacêuticos que trabalham em drogarias na cidade de


Ponta Grossa, Paraná, são na maioria do gênero feminino, jovens, com formação
generalista, com pouco tempo de experiência na dispensação de medicamentos,
atuando em farmácias de rede. Pelo menos a metade deles possui curso de pós-
graduação.
Os participantes demonstraram conhecimento regular para a realização
adequada da dispensação de medicamentos em drogarias, com relação às questões
apresentadas. Entretanto, este resultado não pode ser generalizado, uma vez que
existem vários cenários no tocante à dispensação de medicamentos. Além disso, a
porcentagem de acertos foi maior em relação à observada em outras cidades,
utilizando o mesmo instrumento.
A busca de informações em casos de dúvidas no cotidiano é realizada em
fontes de baixa evidência científica. A conduta durante a dispensação de
medicamentos mediante a apresentação de prescrição é considerada adequada,
incluindo análise da receita, questionamentos e orientação quanto ao uso do
medicamento.
Muitos farmacêuticos desconhecem o conceito de Atenção Farmacêutica,
confundindo com o de Assistência Farmacêutica ou com a orientação prestada ao
paciente no balcão no momento da dispensação. Alguns alegam, inclusive que este
serviço é prestado por funcionários da farmácia. Muitas farmácias não possuem um
local adequado para a prestação do serviço, o que dificulta sua implantação. Desta
forma, pode-se inferir que o serviço de Atenção Farmacêutica não é efetivamente
realizado.
146

REFERÊNCIAS

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comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias
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uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros,
bem como intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de
147

medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem


como intermediários e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
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de controle de comercialização, prescrição e dispensação de medicamentos que
contenham as substâncias anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina, seus
sais e isômeros, bem como intermediários e dá outras providências. Diário Oficial
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151

APÊNDICE 4.1 – INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS


Código: _________________
INSTRUÇÕES PARA RESPONDER AO QUESTIONÁRIO:
A. Nas questões em que as alternativas estejam organizadas em itens (a, b, c), você deverá assinalar apenas uma opção como resposta.

B. Em questões que tenham parênteses ( ) nas alternativas, poderá ser assinalada mais de uma opção.

C. Não é permitido consultar qualquer material para responder às questões.

A. DADOS GERAIS

1. Idade: ________ anos.

2. Gênero:
a) Feminino. b) Masculino.

3. Município onde trabalha:


a) Ribeirão Preto/SP.
b) Londrina/PR.
c) Araraquara/SP.
d) Ponta Grossa/PR.

4. Este estabelecimento, administrativamente, pode ser enquadrado como:


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Rede de farmácias com administração centralizada.
b) Rede de farmácias com administração descentralizada (franquias).
c) Mais de uma farmácia (não considerado rede de farmácias).
d) Apenas farmácia sede (único estabelecimento).

5. Você, na empresa:
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) É o farmacêutico responsável técnico.
( ) É o farmacêutico substituto.
( ) É o farmacêutico assistente (ou folguista)
( ) É o farmacêutico gerente.
( ) É o farmacêutico proprietário.

6. Qual sua carga horária semanal de trabalho na farmácia? ___________.

7. Há quanto tempo trabalha nesta empresa?


a) Menos de 1 ano.
b) Entre 1 e 5 anos.
c) Entre 6 e 10 anos.
d) Mais de 10 anos.

8. Qual sua formação?


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Farmacêutico generalista.
b) Farmacêutico, sem habilitação.
c) Farmacêutico habilitado em indústria.
d) Farmacêutico habilitado em bioquímica.
e) Outro. Especifique: ____________________________.
152

9. Qual o ano e o tipo de instituição em que concluiu a graduação?


Ano de conclusão do curso: __________ .
Instituição: a) pública b) privada

10. Quanto tempo de experiência profissional possui na área da dispensação de medicamentos?


(considerar também estágios acadêmicos):____________________.

11. Qual valor você recebe, de fato, como remuneração salarial bruta: R$ ________________.
12. Você recebe:
(assinalar apenas uma alternativa para cada item)
Comissão sobre vendas a) Sim b) Não.
Algum tipo de benefício a) Sim b) Não.

13. Com relação às comissões sobre vendas:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Recebo comissão sobre a venda de genéricos e/ou similares.
( ) Recebo comissão sobre a venda de medicamentos de referência, dermocosméticos e/ou correlatos.
( ) Não recebo comissão sobre vendas.

14. Você trabalha em algum outro local?


a) Não b) Sim (especifique): _________________________.

B. CONHECIMENTO

Responda às questões seguintes de acordo com seus conhecimentos

15. Após a graduação, que tipo de atividades realizou buscando aprofundamento/capacitação


profissional? Se possível, cite exemplos no espaço reservado.
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Congressos e cursos de curta duração. _________________
( ) Aprimoramento. __________________________________
( ) Residência multiprofissional. ________________________
( ) Especialização (carga horária mínima de 360h).____________
( ) Mestrado / doutorado. ______________________________
( ) Outro.___________________________________________
( ) Nenhum.

16. Que recursos utiliza para consultar informações relativas aos medicamentos no seu dia-a-dia?
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Informativos enviados pelos Conselhos Regionais e Federal de Farmácia via Correios e/ou e-mail.
( ) Fontes como Bulário Eletrônico da Anvisa e Martindale.
( ) Sites da internet como Google e Wikipedia.
( ) Livros como Guia de Remédios, P.V. Vademécum e Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF).
( ) Livros técnicos e científicos (obras escritas por autores como Goodman, Katzung, Hang Dale, DiPiro e
Harrison).
( ) Conversa com outros profissionais.
( ) Outros: _________________________________________.

17. Com quais dificuldades você se depara durante a orientação ao paciente?


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Informar sobre posologia.
( ) Informar sobre mecanismo de ação.
( ) Informar sobre interações com alimentos ou medicamentos.
( ) Informar sobre conservação/armazenamento.
( ) Linguagem/forma de comunicação com o paciente.
( ) Informar sobre descarte de medicamentos.
( ) Informar sobre a forma de administração do medicamento.
( ) Informar sobre reações adversas/efeitos colaterais.
153

( ) Outros (especifique): ______________________________.


( ) Não tenho dificuldades (assinalando esta alternativa, siga para a questão 19)

18. A que você atribui essas dificuldades?


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) À formação acadêmica.
( ) À insuficiência de estudos durante a graduação.
( ) À falta de experiência profissional.
( ) À falta de atividades de aperfeiçoamento e reciclagem após a graduação.
( ) Outros (especifique): ______________________________.
19. Quais incentivos você tem na empresa onde trabalha para a realização de cursos de reciclagem,
aprofundamento, outros?
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor respondem à questão)
( ) Dispensa e/ou relaxamento do horário de trabalho.
( ) Apoio financeiro para custear matrícula, deslocamento, estadia e/ou outras despesas.
( ) Não recebo incentivos.

20. Sobre a aplicação de injetáveis em farmácias, é correto afirmar que:


(assinalar apenas uma alternativa)
a) O estabelecimento deve possuir condições técnicas, higiênicas e sanitárias adequadas; local devidamente
aparelhado com acesso aos banheiros para garantir a comodidade do paciente.
b) É uma atividade privativa do farmacêutico, cabendo a ele a execução e a responsabilidade pela aplicação.
c) Os medicamentos injetáveis adquiridos no estabelecimento, cujas embalagens permitam múltiplas doses, devem
ser entregues ao usuário após a administração, no caso de sobra.

21. Um paciente portando uma receita de outro estado na qual constam as prescrições de fluoxetina e
diazepam solicita a dispensação dos referidos medicamentos. Tanto a receita quanto a notificação de
cor azul, obrigatórios para o fornecimento do diazepam, estão de acordo com a Portaria 344/98 e
atualizações. Como você deveria proceder?
(assinalar apenas uma alternativa)
a) Entregar fluoxetina e diazepam em quantidade suficiente para até 2 meses de tratamento.
b) Entregar apenas fluoxetina em quantidade suficiente para até 2 meses de tratamento.
c) Não fornecer nenhum dos medicamentos uma vez que a prescrição é de outro estado.

22. Sobre antimicrobianos, a legislação determina que:


(assinalar apenas uma alternativa)
a) A dispensação se dará mediante a retenção da primeira via da receita, devendo a segunda via ser devolvida ao
paciente.
b) No ato da dispensação devem ser registrados nas duas vias da receita os seguintes dados: data da dispensação,
número do documento de identidade (RG) e endereço do comprador.
c) As receitas têm validade em todo o território nacional pelo prazo máximo de 10 dias.

23. Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº. 52/2011, que trata da regulamentação de uso
de anorexígenos:
(assinalar apenas uma alternativa)
a) A sibutramina pode ser comercializada desde que prescrita até o limite de 15mg/dia por meio de notificação de
receita “B2”, que deverá vir acompanhada de um Termo de Responsabilidade do Prescritor assinado pelo médico e
pelo paciente.
b) A sibutramina pode ser comercializada desde que prescrita até o limite de 20mg/dia. Ao contrário do prescritor,
o responsável técnico pela farmácia que dispensa o medicamento industrializado não precisa estar cadastrado no
Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária – NOTIVISA.
c) Os anorexígenos anfepramona, femproporex e mazindol podem ser comercializados para pacientes que
apresentam obesidade mórbida, desde que o médico prescritor assine uma declaração na qual assuma a
responsabilidade pelo tratamento.
24. Das recomendações a seguir, qual está correta?
(assinalar apenas uma alternativa)
154

a) Paciente idosa faz uso de omeprazol 20mg/dia (1-0-0) em jejum. Foi prescrito azitromicina 500mg/dia para tratar
infecção no trato urinário. Você recomendou que o antibiótico fosse ingerido logo após alguma refeição e,
preferencialmente, com leite para evitar comprometimento gástrico.
b) M.S.C, 17 anos, sofreu uma cirurgia bucal e o dentista prescreveu nimesulida 100mg (1-0-1) por 5 dias para
tratar inflamação. Como na receita não havia nenhuma outra informação, você recomendou que o medicamento
fosse tomado logo após a refeição.
c) E.R.R, 67 anos, faz uso de captopril 50 mg/dia 1-0-1 para controle de hipertensão arterial e AAS 100mg/dia (0-
1-0) para reduzir o risco de infarto agudo do miocárdio. A paciente relata tomar os medicamentos antes do café da
manhã e antes do jantar. Você recomendou que ambos os medicamentos fossem administrados após as refeições.

25. Assinale a alternativa que apresente o manejo correto no descarte de medicamentos em farmácias:
(assinalar apenas uma alternativa)
a) Medicamentos vencidos deverão ser lançadas na rede coletora de esgoto para não haver riscos de reutilização.
b) Os produtos farmacêuticos deverão ser descaracterizados e encaminhados para incineração.
c) Os medicamentos poderão ser desprezados em lixo comum desde que descaracterizados e embalados em saco
branco devidamente identificado.

26. Qual dos conceitos abaixo melhor define Atenção Farmacêutica?


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Área do conhecimento farmacêutico que busca oferecer um serviço mais humanizado e resgatar a atenção do
profissional para o atendimento do paciente no balcão da farmácia.
b) Prática voltada à saúde individual e coletiva que tem o medicamento como insumo essencial no ciclo logístico
(manufatura, aquisição, programação, armazenamento, distribuição e dispensação).
c) Prática profissional que busca obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida através do
acompanhamento farmacoterapêutico sistemático do paciente.

C. COMPORTAMENTO

Responder as próximas questões de acordo com sua atuação profissional e o contexto da farmácia onde trabalha.

27. Classifique as atividades abaixo segundo a freqüência e o tempo que você gasta para realizá-las.
Pontue as alternativas de acordo com a legenda:
0- Nunca realizo
1- Realizo com pouca freqüência e demanda pouco tempo
2- Realizo com muita freqüência e demanda pouco tempo
3- Realizo com pouca freqüência e demanda muito tempo
4- Realizo com muita freqüência e demanda muito tempo

( ) Emissão de notas fiscais de entrada/saída de produtos.


( ) Registro de produtos sujeitos a controle especial.
( ) Limpeza do estabelecimento e/ou de prateleiras.
( ) Verificação do prazo de validade dos medicamentos.
( ) Orientação de pacientes no balcão.
( ) Reposição de produtos nas prateleiras.
( ) Aquisição de produtos.
( ) Movimentações financeiras no caixa (abertura, fechamento e/ou processamento de vendas).
28. Qual das alternativas mais se aproxima de sua conduta durante a dispensação dos medicamentos?
(assinalar apenas uma alternativa)
a) Recebo o paciente, leio a prescrição e entrego os medicamentos. Maiores orientações são oferecidas quando o
paciente apresenta alguma dúvida.
b) Recebo o paciente, analiso o receituário e entrego o medicamento após anotar na embalagem a forma correta de
uso. Se o paciente apresentar dúvidas, esclareço-as.
c) Recebo o paciente, analiso a prescrição, pergunto sobre medicamentos que ele utiliza e quais alergias apresenta a
fármacos. Então, entrego o medicamento após orientar sobre a forma correta de uso.
155

29. Um paciente lhe apresenta uma prescrição contendo um medicamento de referência (“ético”) A, mas
ele pede que você substitua esse medicamento por outro, com mesmo princípio ativo. Você substitui
esse medicamento:
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) pelo medicamento B, que é um similar (“bonificado”).
( ) pelo medicamento C, que é um genérico.
( ) pelos medicamentos B ou C.
( ) não realizaria a substituição.

30. Sobre a indicação farmacêutica:


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Realizo apenas quando o paciente apresenta distúrbios menores (pequenas moléstias que não requerem
diagnóstico médico), indicando medicamentos isentos de prescrição (MIP).
b) Realizo quando o paciente apresenta distúrbios menores, indicando MIP e/ou medicamentos tarjados.
c) Realizo quando identifico distúrbios menores ou maiores, indicando MIP e/ou medicamentos tarjados.
d) Não indico.

31. Assinale com um “X” os medicamentos abaixo de acordo com a freqüência na qual você os indica na
farmácia:

Medicamentos Nunca Às vezes Sempre


Analgésicos e antitérmicos
Antiácidos, eupépticos e
enzimas digestivas
Antibióticos
Antidiabéticos
Antieméticos
Antihelmínticos
Antihipertensivos
Antihistamínicos
(antagonistas de H1)
Antiinflamatórios
Antilipêmicos
Laxantes e purgativos
Polivitamínicos
Antigripais
Antitussígenos
Outros:_________________

32. Durante a dispensação, você informa ao paciente :


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Posologia.
( ) Interação com alimentos e/ou medicamentos
( ) Possíveis reações adversas que o uso poderá causar.
( ) Conservação do produto.
( ) Não oriento os pacientes porque eles geralmente chegam à farmácia já instruídos pelo prescritor e/ou outros
profissionais.
( ) Não oriento os pacientes porque eles não gostam de escutar as recomendações farmacêuticas, não têm tempo
para ouvi-las e/ou não seguem as recomendações.

33. Quais dos produtos abaixo são comercializados na empresa:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) biscoitos e/ou sorvetes.
( ) doces e/ou balas (exceto produtos light e diet)
( ) máquinas fotográficas.
( ) água sanitária.
( ) inseticidas.
156

( ) secadores de cabelo.
( ) produtos veterinários.
( ) refrigerantes, sucos, energéticos, etc. (exceto isotônicos)
( ) nenhum dos produtos citados. (caso assinale esta alternativa, siga para a questão 35).

34. Qual sua opinião a respeito da venda desses produtos?


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Concordo.
b) Concordo, desde que a empresa tenha autorização legal para vendê-los.
c) Discordo, mas o proprietário tem autorização legal para vendê-los e não há o que eu possa fazer para coibir a
comercialização.
d) Discordo e o proprietário não tem autorização legal para vendê-los. Ainda assim, ele vende os produtos,
contrariando minhas recomendações de não comercializá-los.

35. Assinale com um “X” os itens abaixo de acordo com os medicamentos que mais são vendidos sem
prescrição nesta farmácia.

Medicamentos Nunca Às vezes Sempre


Analgésicos e antitérmicos
Antiácidos, eupépticos e
enzimas digestivas
Antibióticos
Antidiabéticos
Antieméticos
Antihelmínticos
Antihipertensivos
Antihistamínicos
(antagonistas de H1)
Antiinflamatórios
Antilipêmicos
Laxantes e purgativos
Polivitamínicos
Antigripais
Antitussígenos
Outros:_________________

36. Assinale com um “X” o(s) responsável(is) por executar, nesta farmácia, os seguintes serviços:

(Se o serviço não for oferecido, deixar os campos de resposta sem preenchimento. Se farmacêutico e funcionários realizam o
serviço, assinalar os dois parênteses).
.

Vide próxima página.


Serviço Farmacêutico Funcionário (s)
Aferição de parâmetros
bioquímicos
Aferição de parâmetros
fisiológicos
Administração de
medicamentos
Perfuração de lóbulo
auricular
Atenção Farmacêutica

37. Sobre os serviços farmacêuticos citados acima e que são oferecidos nesta farmácia:
(assinalar apenas uma alternativa)
a) São documentados através de declaração de serviços farmacêuticos (anotação das informações referentes ao
paciente, às orientações, intervenções realizadas e resultados observados).
157

b) Não são documentados uma vez que a empresa não possui formulário próprio para registro dos serviços.
c) Os serviços farmacêuticos discriminados não são realizados.

38. Quando um medicamento está próximo do vencimento, qual(quais) alternativa(s) mais se aproxima
da(s) conduta(s) adotada(s) pela empresa para minimizar as perdas e atender a legislação?
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Vender o produto a preços reduzidos para que o paciente não seja lesado.
( ) Recolher o produto e/ou segregá-lo em área específica para medicamentos próximos da data de vencimento e
alertar o consumidor quando adquirir esse produto.
( ) Manter o produto na prateleira mas identificá-lo para que o mesmo não se misture com outros medicamentos de
prazo de validade superior.

39. Como os atendentes aprendem a entregar adequadamente o medicamento?


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Através da prática no dia-a-dia e orientações fornecidas pelos funcionários mais antigos.
( ) Através de treinamentos regulares e orientações fornecidas pelo farmacêutico.
( ) Os funcionários contratados já têm experiência na dispensação e não precisam ser treinados.

40. Sobre o treinamento dos recursos humanos nesta farmácia:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Não há treinamento de recursos humanos.
( ) Os funcionários são treinados em eventos promovidos pelas indústrias farmacêuticas, distribuidoras de
medicamentos, empresas parceiras e afins, o que garante maior qualidade ao treinamento oferecido.
( ) Farmacêuticos desta empresa são responsáveis por treinar os funcionários sobre a legislação sanitária e os
Procedimentos Operacionais Padrão (POP) do estabelecimento.
( ) Outro (especifique): _______________________________.

41. Você realiza Atenção Farmacêutica?


a) Sim (ao responder sim, siga para a questão 42).
b) Não (ao responder não, siga para a questão 43).

42. Com relação a Atenção Farmacêutica oferecida:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Consta no Manual de Procedimentos Operacionais Padrão da farmácia protocolos com referências bibliográficas
e indicadores de avaliação dos resultados, a serem seguidos durante a realização desse serviço.
( ) São feitos registros em cada consulta contendo pelo menos: dados do paciente; orientações e intervenções
realizadas; resultados observados.
( ) Os pacientes são recebidos em um espaço reservado do balcão. Além disso, buscando assegurar o sigilo do
usuário, nenhum dado é registrado. Este atendimento privativo permite conhecermos o paciente e melhor atender
suas necessidades.
( ) Nenhuma das alternativas.

43. Na sua percepção, a Atenção Farmacêutica:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Diminui as vendas.
( ) Favorece o aumento das vendas.
( ) Não influi nas vendas.
( ) Atrai clientes.
( ) Não atrai clientes.
( ) Prejudica a rotina de atendimento na farmácia.

44. Sobre a atual estrutura física da farmácia:


(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Dificulta o atendimento individualizado dos pacientes uma vez que não possui sala ou espaço reservado para
realização da Atenção Farmacêutica. Conversas reservadas com os pacientes ocorrem na sala de aplicação de
injetáveis ou local similar.
( ) Não oferece condições para o atendimento individualizado uma vez que faltam recursos materiais (computador,
internet, prontuários para registro, livros para consulta, etc) para realização da Atenção Farmacêutica.
158

( ) Favorece o atendimento individualizado uma vez que garante aos pacientes conforto e sigilo; conta com espaços
específicos destinados à consulta farmacêutica e recursos materiais para a realização da Atenção Farmacêutica.

45. Com os funcionários e colaboradores da farmácia:


(assinalar apenas uma alternativa)
a) Tenho um relacionamento amigável e seguem totalmente minhas recomendações.
b) Tenho um bom relacionamento e seguem parcialmente minhas recomendações.
c) Tenho um péssimo relacionamento, não acatam minhas recomendações e criam um ambiente desagradável.
d) Não me relaciono.

46. Você tem dificuldades em executar as recomendações impostas nas legislações que regulamentam as
práticas farmacêuticas?
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Não.
( ) Sim. Tenho dificuldade de implantá-las devido a limitações financeiras impostas pelo setor gerencial da
empresa.
( ) Sim, pois o(s) funcionário(s) e/ou o(s) proprietário(s) da farmácia são resistente às mudanças exigidas pela lei.

47. Como você avalia sua atuação profissional enquanto agente da saúde comprometido com o sucesso da
farmacoterapia e qualidade de vida do paciente?
(assinalar a(s) alternativa(s) que melhor responde(m) à questão)
( ) Realizado.
( ) Preciso melhorar no que diz respeito ao conhecimento relacionado aos medicamentos e à legislação.
( ) Preciso melhorar no que diz respeito a seguimento correto da legislação.
( ) Preciso melhorar quanto a orientação do paciente e o acompanhamento do tratamento medicamentoso.
( ) Péssimo
159

APÊNDICE 4.2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(PROPRIETÁRIO/GERENTE)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Proprietário/Gerente)


Título do Projeto: Avaliação do conhecimento e do comportamento dos farmacêuticos durante a dispensação de
medicamentos.
Orientador do Projeto: Prof. Dr. Leonardo R. L. Pereira Pesquisador: Tiago Marques dos Reis

Este estudo tem por objetivo avaliar o conhecimento e o comportamento dos farmacêuticos durante a
dispensação de medicamentos em farmácias uma vez que os poucos estudos nesta área revelam um contexto de
dificuldades e limitações na prática da profissão farmacêutica. Caso o senhor(a) autorize a realização do estudo
neste estabelecimento, será aplicado um questionário ao(s) farmacêutico(s) contendo 47 perguntas de múltipla
escolha que, para respondê-las, o profissional necessitará de aproximadamente 30 minutos. Essas perguntas
serão relativas à formação acadêmica, o local de trabalho, a prática profissional e o conhecimento adquirido com
relação à profissão e à dispensação de medicamentos.
A participação do(s) farmacêutico(s) na pesquisa será totalmente voluntária e não trará danos ou
despesas à ele(s), à você ou à esta empresa. Você poderá não autorizar a realização do estudo neste
estabelecimento ou mesmo desistir da permissão a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou
prejuízo à sua pessoa. Os resultados da pesquisa poderão ser publicados em periódicos e/ou congressos
científicos, mas em hipótese alguma será exposto o nome dos participantes, tampouco a razão social, nome
fantasia e/ou nome dos responsáveis pelas empresas onde atuam. Ao término do estudo você poderá receber por
e-mail os resultados deste trabalho, mantendo-se o devido sigilo dos dados fornecidos, desde que informe seu
endereço eletrônico no espaço abaixo reservado para este fim.
Deverá haver concordância de ambos, proprietário e farmacêutico, para a inclusão dos sujeitos na
pesquisa, bem como a desistência de qualquer um destes implicará na exclusão dos dados fornecidos.
Após o preenchimento das respostas, o farmacêutico receberá um envelope no qual deverá ser
depositado o questionário, visando assim o sigilo das informações fornecidas. Esse envelope deverá ser lacrado
antes da entrega ao pesquisador.
A veracidade das informações fornecidas é fundamental para que possamos verificar o quanto as
condições de trabalho, a formação acadêmica, a educação continuada, as experiências diárias e outras variáveis
podem influenciar sobre o conhecimento e atitudes dos farmacêuticos e, conseqüentemente, sobre a dispensação
de medicamentos.
Qualquer dúvida relativa à pesquisa, ao preenchimento do questionário ou sobre a permissão para
realização do estudo nesta empresa poderá ser esclarecida a qualquer momento (antes, durante ou após a
participação do(s) farmacêutico(s) na coleta dos dados).
Eu_________________________________________________________, RG nº. ________________________,
e-mail ____________________________ autorizo a abordagem do(s) farmacêutico(s) neste estabelecimento
para a realização da pesquisa do mestrando Tiago M. dos Reis, sob orientação do Prof. Dr. Leonardo R. L.
Pereira (FCFRP – USP).
Ponta Grossa-PR, _______ de dezembro de 2013/2014.

________________________ ________________________ ________________________


Gerente / Proprietário Pesquisador Responsável Prof. Dr. Leonardo Régis Leira
Pereira
Para maiores esclarecimentos, entrar em contato com:
Tiago M. dos Reis: Tel:(16) 3602-0254 / (16) 8828-9244 . E-mail: [email protected].
Comitê de Ética em Pesquisa: Tel: (16) 3602-4213 / (16) 3602-4216 . E-mail: [email protected].
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP
Avenida do Café, s/n . CEP: 14030-070 . Monte Alegre - Ribeirão Preto/ SP
160

APÊNDICE 4.3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(FARMACÊUTICO)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Farmacêutico)


Título do Projeto: Avaliação do conhecimento e do comportamento dos farmacêuticos durante a dispensação de
medicamentos.
Orientador do Projeto: Prof. Dr. Leonardo R. L. Pereira Pesquisador: Tiago Marques dos Reis

Este estudo que você está sendo convidado(a) a participar tem por objetivo avaliar o conhecimento e o
comportamento dos farmacêuticos durante a dispensação de medicamentos em farmácias uma vez que os poucos
estudos nesta área revelam um contexto de dificuldades e limitações na prática da profissão farmacêutica. Caso
você concorde em participar, será aplicado um questionário contendo 47 perguntas de múltipla escolha e para
respondê-las, será necessário aproximadamente 30 minutos. Essas perguntas serão relativas à sua formação, seu
local de trabalho, sua prática profissional e seu conhecimento adquirido com relação à profissão e à dispensação
de medicamentos.
Sua participação na pesquisa será totalmente voluntária e não lhe trará danos ou despesas. Você poderá
se recusar a participar ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à
sua pessoa. Os resultados da pesquisa poderão ser publicados em periódicos e/ou congressos científicos, mas em
hipótese alguma será exposto o nome dos participantes, tampouco a razão social ou nome fantasia das empresas
onde atuam. Ao término do estudo você poderá receber por e-mail os resultados deste trabalho, mantendo-se o
devido sigilo dos dados fornecidos, desde que informe seu endereço eletrônico no espaço abaixo reservado para
este fim.
Deverá haver concordância de ambos, proprietário e farmacêutico, para a inclusão do sujeito na
pesquisa, bem como a desistência de qualquer um destes implicará na exclusão dos dados fornecidos.
Após o preenchimento das respostas, você receberá um envelope no qual deverá ser depositado o
questionário, visando assim o sigilo das informações fornecidas. Esse envelope deverá ser lacrado antes de
entregá-lo ao pesquisador.
A veracidade das informações fornecidas é fundamental para que possamos verificar o quanto suas
condições de trabalho, sua formação acadêmica, a educação continuada, suas experiências diárias e outras
variáveis podem influenciar sobre seu conhecimento e atitudes e, conseqüentemente, sobre a dispensação de
medicamentos. Assinale as respostas conforme o conhecimento que possui e de acordo com a maneira como
conduz seu trabalho na drogaria.
Qualquer dúvida relativa à pesquisa, ao preenchimento do questionário ou sobre sua participação poderá
ser esclarecida a qualquer momento (antes, durante ou após responder a este instrumento para coleta de dados).
Eu___________________________________________, RG nº. ____________________________, e-mail
_________________________________________________ concordo em participar voluntariamente na
pesquisa do mestrando Tiago M. dos Reis, sob orientação do Prof. Dr. Leonardo R. L. Pereira (Departamento de
Ciências Farmacêuticas da FCFRP – USP).

Ponta Grossa-PR, _______ de dezembro de 2013/2014.

________________________ ________________________ ________________________


Farmacêutico Participante Pesquisador Responsável Prof. Dr. Leonardo Régis Leira
Pereira
Para maiores esclarecimentos, entrar em contato com:
Tiago M. dos Reis: Tel:(16) 3602-0254 / (16) 8828-9244 . E-mail: [email protected].
Comitê de Ética em Pesquisa: Tel: (16) 3602-4213 / (16) 3602-4216 . E-mail: [email protected].
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP
Avenida do Café, s/n . CEP: 14030-070 . Monte Alegre - Ribeirão Preto/ SP

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