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Atuação

fonoaudiológica
na disfagia
no adulto
01
Índice
Objetivo da
cartilha

04 Tipos
de disfagia

05
Avaliação
fonoaudiológica

10
Conduta

16
Conclusão

17
Normativas que
envolvem a disfagia
COF
Objetivo
da cartilha COF
O objetivo deste material é fornecer informações
claras e concisas sobre a disfagia, direcionadas aos
profissionais de fonoaudiologia, abrangendo concei-
tos, avaliação, classificação e tratamento. Este
recurso tem a intenção de enriquecer o conhe-
cimento e orientar os fonoaudiólogos em di-
versos contextos de atuação, seja no ambiente
ambulatorial, domiciliar ou hospitalar. É impor-
tante salientar que esta cartilha visa complementar o
material de estudo dos profissionais e, não, substituir
livros e artigos científicos. O nosso propósito é in-
centivar os profissionais a buscarem uma constante
melhoria de seus conhecimentos e, assim, aprimorar
a qualidade de sua prática clínica.

A disfagia pode ser definida como sendo a di-


ficuldade ou incapacidade de deglutir ali-
mentos, saliva e/ou secreção de forma
adequada e segura. É um distúrbio da deglu-
tição que pode afetar diferentes partes do trato
digestivo, desde a boca até o estômago, devido
a alterações estruturais, neurológicas, in-
flamatórias ou funcionais que comprome-
tem o processo de deglutição, tornando-o

C
doloroso, lento ou propenso a engasgos.
Essas queixas podem ser causadas por
estase faríngea, penetração e/ou aspi-
ração laringotraqueal de alimentos
ou secreções nas vias aéreas.
A disfagia pode afetar pessoas de
todas as idades e, pode ter várias
causas e níveis de gravidade.

01
COF
F
Sintomas
Alguns dos sinais e sintomas fre-
quentemente observados em pessoas
com disfagia incluem:

tosses ou engasgos antes, durante ou


após as refeições;
sensação de bolo na garganta;
dificuldade em iniciar o processo de
deglutição;
desconforto ou odinofagia;
perda de peso;
regurgitação de alimentos
e/ou líquidos;
excesso ou ausência de saliva;
lentidão na alimentação
alteração na voz após engolir.

COF

COF 02
Quando não tratada adequadamente, a disfagia pode acar-
retar diversas implicações para a saúde e o bem-estar do
paciente, como desnutrição, desidratação, pneumo-
nia por aspiração, isolamento social e, em casos mais
graves, risco de óbito. O fonoaudiólogo desempenha um
papel fundamental na avaliação, diagnóstico e tratamento,
colaborando em equipes multidisciplinares com o objetivo
de prevenir e reduzir complicações, priorizando a segu-
rança e eficácia na deglutição.

03
Tipos
de
disfagia
A disfagia pode ser classi-
ficada em três tipos prin-
cipais com base na fase da
deglutição afetada e em sua
localização: oral, faríngea
e esofágica. Além disso, a
classificação com base na
causa subjacente inclui a
disfagia mecânica, neu-
rológica, iatrogênica,
psicogênica e sarcopêni-
ca. Essas categorias ajudam
a compreender e abordar a
disfagia de forma mais pre-
cisa e eficaz.

04
Avaliação
Fonoaudiológica
Uma avaliação adequada visa identificar os riscos de desnutri-
ção, desidratação e broncoaspiração, além de determinar a
via de alimentação mais segura para o paciente com adaptação
da alimentação oral (modificação da consistência dos alimentos
líquidos e sólidos) ou uma via alternativa de alimentação. Essa
avaliação pode ser conduzida por meio de uma triagem, avalia-
ção instrumental ou avaliação clínica.

A triagem (EAT -10) representa o


primeiro passo na identificação de pa-
cientes em situação de risco para disfagia,
e pode ser conduzido por fonoaudiólogos
ou outros profissionais
de saúde devidamente treinados.
A avaliação instrumental da deglutição envolve exames
objetivos, contudo, é fundamental ressaltar que, em cer-
tos casos, a interpretação dos resultados pode ser influen-
ciada pela experiência do examinador, tornando-a subjetiva.

05
Os
exa-
mes
mais
comuns
Os exames mais
comuns e amplamente
considerados como “padrão-ouro” na
avaliação da disfagia são o videodeglutograma e
a videoendoscopia da deglutição. É importante des-
tacar que esses dois exames não podem ser compa-
rados, uma vez que avaliam aspectos diferentes da
deglutição, e devem ser vistos
como complementares.

O videodeglutograma ou videofluoroscopia
da deglutição (VDG ou VFD): exame de raio-X
em movimento, conhecido como fluoroscopia,
que permite a observação das estruturas e seu
funcionamento dinâmico durante as fases
oral, faríngea e esofágica da deglutição. Ele
é realizado durante a ingestão de alimen-
tos em diferentes consistências e volumes,
misturados em contraste de sulfato de bário.
Entre as vantagens deste exame, destaca-se
a capacidade de testar a eficácia das mano-
bras de proteção da via aérea e da limpeza
faríngea. Ele é altamente sensível e específico
para o diagnóstico da penetração e aspiração
laringotraqueal, detectando-a antes, durante
ou após a deglutição do alimento, ou por refluxo
laringofaríngeo/gastroesofágico. O exame não é
invasivo, mas é importante observar que envolve
exposição à radiação e o uso de contraste, além de
depender da cooperação do paciente. É conduzido
por um fonoaudiólogo em colaboração com um téc-
nico em radiologia, e o laudo da parte esofágica deve
ser complementado por um médico radiologista.

06
A videoendoscopia da deglutição
(VED) ou Fiberoptic Endoscopic Evaluation
of Swallowing (FEES) é um exame de naso-
fibrolaringoscopia convencional que envol-
ve a oferta de alimentos tingidos com coran-
tes para visualizar a dinâmica da deglutição
na fase faríngea. Esse procedimento avalia
a mobilidade e sensibilidade das estruturas,
bem como, a ocorrência de estases (reten-
ção), penetrações e/ou aspirações laringo-
traqueais durante a deglutição. Além disso,
permite a realização de testes de manobras
de intervenção. No entanto, é importante
citar que a VED é invasiva e pode apresen-
tar possíveis riscos, como epistaxe (sangra-
mento nasal), resposta vasovagal
e laringoespasmo.

Existem outros métodos complementa-


res que podem ser utilizados na avaliação
instrumental da disfagia, incluindo oxime-
tria, ausculta cervical, medida do pico
de fluxo da tosse, ultrassom
e cintilografia.

A avaliação clínica da disfagia pode ser


conduzida de maneira direta ou indireta,
mas sempre se inicia com uma anamnese
minuciosa. Além de informações básicas,
como nome, idade, nível de escolaridade e
ocupação, é fundamental obter dados sobre
a condição médica (doença de base e medi-
cações), o início e a progressão da disfagia,
bem como, quaisquer sinais e sintomas re-
lacionados. Isso abrange a via de alimenta-
ção, a consistência da dieta oral, alterações
no peso corporal, saúde bucal e manifesta-
ções de refluxo gastroesofágico.

07
Na avaliação indireta, são examinadas as estruturas sensório-
-motoras da cavidade oral, que englobam lábios, língua, boche-
chas, dentes, palato, véu palatino e parede posterior da faringe.
São avaliados aspectos como sensibilidade, simetria, força, tônus
e mobilidade dessas estruturas, bem como a presença ou au-
sência de saliva na cavidade oral. Além disso, a avaliação vocal
e articulatória desempenham um papel relevante, uma vez que
existe uma correlação entre essas funções e a deglutição. Quanto
à linguagem, uma avaliação básica aborda questões relacionadas
à compreensão e expressão, que podem interferir diretamente
no prognóstico da reabilitação da disfagia.

A avaliação direta compreen-


de a observação do paciente en-
quanto ele realiza a deglutição
de alimentos em vários volumes
e consistências, com alimentos
pastosos, líquidos (sejam eles
espessados ou não) e sólidos.
Na avaliação funcional, diversas
manobras relacionadas à indu-
ção da deglutição, proteção da
via aérea e limpeza faríngea são
testadas. As características das
consistências dos alimentos, a
quantidade e velocidade de in-
gestão, e os utensílios utilizados
são igualmente considerados ao
determinar a abordagem
terapêutica apropriada.

08
Diversas escalas e instrumentos de avaliação são utilizados na
análise da disfagia. Alguns deles incluem:

1. SWAL-QOL (Quality of Life in Swallowing Disorders):


questionário de autoavaliação que aborda a qualidade de vida re-
lacionada à disfagia, composto por 44 perguntas distribuídas em
11 domínios. Ele permite que os pacientes expressem seu próprio
nível de funcionalidade e qualidade de vida no contexto
da deglutição

2. EAT-10 (Eating Assessment Tool-10): questionário com


10 perguntas que avaliam os sintomas de disfagia e a gravidade
percebida pelo paciente. É útil para triagem e acompanhamento
da disfagia.

3. FOIS (Functional Oral Intake


Scale): classifica a ingesta oral fun-
cional de pacientes com disfagia em
sete níveis, descrevendo o grau de
dependência de uma via alternativa de
alimentação e auxiliando na determi-
nação das necessidades alimentares
do paciente.

4. PARD (Protocolo Fonoaudioló-


gico de Avaliação do Risco para
Disfagia): avaliação funcional que
inclui testes de deglutição com água
e alimentos pastosos, classificando
o grau de disfagia e diretrizes para
conduta.

Além dessas, existem outras escalas de gravidade, como a ASHA,


ROGS e DOSS. Essas ferramentas permitem o monitoramento,
avaliação, orientação e reabilitação da disfagia. É importante des-
tacar que a escolha da escala a ser utilizada depende das necessi-
dades específicas de cada paciente.

09
Condutas
Certamente, uma variedade de técnicas fonoaudiológicas são
empregadas no tratamento da disfagia em adultos. Algumas des-
sas técnicas englobam manobras de deglutição, exercícios
destinados ao fortalecimento muscular, estimulação
sensorial, terapia postural e modificações na textura e
consistência dos alimentos.

É fundamental destacar que o


processo de reabilitação
deve ser adaptado às ne-
cessidades individuais de
cada sujeito. A adesão e a
realização regular dos exer-
cícios são passos essenciais
para alcançar os resultados
desejados. A capacitação ade-
quada dos fonoaudiólogos na
área de disfagia é de extrema
importância devido às com-
plexidades envolvidas em seu
diagnóstico e tratamento, uma
vez que o paciente corre risco
de ir à óbito. Para isso é neces-
sário uma avaliação pre- A decisão sobre a
cisa, plano terapêutico necessidade de uma
personalizado, seleção via alternativa de alimen-
de técnicas adequa- tação é determinada pela
das, atualização em gravidade da disfagia,
pesquisas e cola- além do estado nutri-
boração inter- cional e de hidrata-
disciplinar. ção, e é baseada em uma
avaliação multidis-
ciplinar que envolve
fonoaudiólogos, médicos,
nutricionistas e outros
profissionais de saúde.

10
Manobras Facilitadoras da Deglutição:
Técnicas como a manobra de Mendelsohn (1), deglutição de es-
forço (2), manobra supraglótica (3) e manobra super-supragloti-
ca (4) podem ser usadas para melhorar a coordenação dos mús-
culos envolvidos na deglutição, facilitando o transporte seguro
dos alimentos até o estômago.

1. Manobra de Mendelsohn 3. Manobra supragló-

4. Manobra super-
supraglótica

2. Deglutição por esforço

11
Modificações na Textura e
Consistência
dos Alimentos: São adapta-
ções dos alimentos sólidos e
líquidos para torná-los mais
seguros na deglutição, depen-
dendo da gravidade da disfagia.

Treino de Sucção
e Deglutição: É utilizado com
o propósito de melhorar a coor-
denação e a força dos músculos
envolvidos.

Exercícios de Força Muscu-


lar: São realizados exercícios
específicos para fortalecer os
músculos envolvidos na degluti-
ção, como os músculos da língua
e da faringe.

Estimulação Sensorial:
A estimulação tátil-térmica-gus-
tativa ajuda a melhorar a sensi-
bilidade e a resposta dos mús-
culos da deglutição, facilitando
o tempo de trânsito oral e dimi-
nuindo o tempo da fase faríngea.

12
Manobras Posturais:
cabeça fletida (1), hiperextensão de cabeça (2), cabeça virada
para o lado comprometido (3), cabeça inclinada para o lado não
comprometido (4). Envolve mudanças na posição do corpo du-
rante a alimentação com o objetivo de facilitar a passagem do
bolo alimentar da cavidade oral

1. Cabeça fletida 3. Cabeça virada para o lado


comprometido

2. Hiperextensão da cabeça 4. Cabeça inclinada para o


lado não comprometido

13
Alguns recursos terapêuticos podem ser usados para comple-
mentar a terapia convencional:

Dispositivos respiratórios: Instrumentos simples e portá-


teis originalmente desenvolvidos para melhorar a expansão
pulmonar, promover ou favorecer a higiene brônquica e
obter fortalecimento da musculatura ventilatória. Dentre
os aparelhos inspiratórios, que ajudam na expansão pulmonar,
os comercialmente mais conhecidos são: Respiron, CliniFLO, Co-
ach, Voldyne, Threshold IMT e Power Breathe. Já os expiratórios
facilitam a higiene brônquica e os mais conhecidos são: Shaker,
Acapella, Threshold PEP, EMST e Power Breathe EX-1.

Bandagem elástica: Sua aplicação pode ser realizada em


músculos hipofuncionais, hiperfuncionais e/ou hipotônicos para
a drenagem de edemas, assim como sequelas motoras causadas
por lesões neurológicas, paralisias faciais e/ou em casos de ten-
são cervical. Pode ser utilizada como auxiliar no tratamento de
disfagias neurogênicas ou mecânicas com a finalidade de facilitar
a deglutição, a elevação hiolaríngea e a pressão intraoral, dentre
outras utilizações. A resposta motora depende de como a aplica-
ção é realizada: se a aplicação da bandagem partir da origem do
músculo para sua inserção, é obtido contração muscular, porém
se a aplicação partir da inserção em direção à origem do músculo
é obtido o relaxamento da musculatura.

Eletroestimulação
neuromuscular (EENM):
Método não invasivo de apli-
cação da corrente elétrica com
finalidade terapêutica de pro-
mover e otimizar as funções
oromiofuncionais, tanto para
a referência do movimento,
como para o ganho de força, em
casos de hipofuncionalidade e/
ou desuso, além de estimulação
sensorial e sensório motora.

14
Fotobiomodulação (LASER e LED): Fonte de luz não térmica
utilizada com finalidades terapêuticas de biomodular o tecido,
seja com bioestimulacão (doses baixas) ou bioinibição (doses
altas). A maioria dos aparelhos de LASER e LED utilizados cau-
sam risco irrelevante de lesão na pele, porém com risco consi-
derável aos olhos, fazendo com que os óculos de proteção sejam
indispensáveis tanto para o paciente como para os presentes no
ambiente. Estudos do LASER sugerem melhora do desempenho
funcional, otimização do ganho de força muscular e redução da
fadiga, otimização da sensibilidade relacionada à deglutição,
além de modulação do fluxo salivar.

Neuromodulação não invasiva: Estimulação cerebral com


métodos não invasivos como: estimulação magnética transcra-
niana (EMT), estimulação transcraniana por corrente contínua
(ETCC), estimulação transcraniana por corrente alternada,
transcranial alternating current stimulation (tACS), transcranial
random noise stimulation (tRNS) e métodos invasivos (não reali-
zados pelos fonoaudiólogos), aplicados de forma terapêutica em
alterações motoras, cognitivas e psiquiátricas.

15
Conclusão
A abordagem da disfagia requer um planejamento individua-
lizado e multidisciplinar em sua avaliação e tratamento.
A detecção precoce desempenha um papel fundamental no
prognóstico, uma vez que pode ter um impacto substancial nas
opções terapêuticas e na qualidade de vida do paciente.

É essencial que o fonoaudiólogo domine e transmita às famílias a


manobra de desengasgo (Heimlich), assegurando que fami-
liares e cuidadores adotem todas as práticas recomendadas.

16
Normativas
que envolvem
a disfagia
Resolução CFFa nº 719, de 15 de dezembro de 2023

Resolução CFFa nº 383, de 20 de março de 2010

Resolução CFFa nº 382, de 20 de março de 2010

Parecer CFFa nº 57, de 15 de dezembro de 2023

Resolução CFFa nº 716, de 15 de dezembro de 2023

Resolução CFFa n° 656, de 03 de março de 2022.

Parecer nº 51, de 18 de fevereiro de 2022.

Parecer CFFa nº 48, de 02 de outubro de 2020

Parecer CFFa nº 46, de 08 de junho de 2020

*As normativas podem ser atualizadas. Confira sempre a seção


legislação do site do CFFa: www.fonoaudiologia.org.br

17
Referências
Bibliográficas
JOTZ, Geraldo Pereira; CARRARA-DE-ANGELIS, Elisabete; BAR-
ROS, Ana Paula Brandão. Tratado da deglutição e disfagia:
no adulto e na criança. In: Tratado da deglutição e disfagia: no
adulto e na criança. 2009. p. 383-383.

FURKIM AM, SANTINI CS (orgs.). Disfagias orofaríngeas.


Carapicuiba, Pró-Fono, volume 1, 2004.

FURKIM AM, SANTINI CS (orgs.). Disfagias orofaríngeas.


Carapicuiba, Pró-Fono, volume 2, 2008.

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Método TherapyTaping®️: bandagem elástica como re-
curso terapêutico na clínica fonoaudiológica Distúrbios
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[Acesso em 14 de julho de 2016].

MORINI, JR. N. Bandagem terapêutica. Conceito de Estimula-


ção Tegumentar (pgs. 02,06, 07, 08, 10 a 15) Editora Roca-
-São Paulo, 2015.

VIGNÉ ALVAREZ DE STEENHAGEN, Claudia Helena; MOTTA,


Luciana Branco da. Deglutição e envelhecimento: enfo-
que nas manobras facilitadoras e posturais utilizadas
na reabilitação do paciente disfágico. Revista Brasileira

18
www.crefono6.org.br

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