Proposição de Um Modelo para Caracterização Das Conversões Do Conhecimento No Processo de Desenvolvimento de Produtos

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PROPOSIÇÃO DE UM MODELO PARA

CARACTERIZAÇÃO DAS CONVERSÕES


DO CONHECIMENTO NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Sergio Luis da Silva

Tese apresentada à Escola de


Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Doutor em Engenharia Mecânica

ORIENTADOR: Prof. Tit. Henrique Rozenfeld

São Carlos
2002
ii

FOLHA DE APROVAÇÃO
iii

à universidade pública,
responsável por minha formação científica e profissional
iv

“Onde está a vida que perdemos vivendo?

Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?

Onde está o conhecimento que perdemos na informação?”

T.S. Eliot (The Rock, 1934)


v

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que colaboraram para que este trabalho se


realizasse, em especial:

Ao Prof. Henrique Rozenfeld, por sua dedicação e paciência na orientação


deste trabalho, e pela confiança e amizade demonstrada desde o início do
doutorado.

Ao grupo de Engenharia Integrada do NUMA, pelo apoio durante toda a


realização deste trabalho e pelo enriquecedor ambiente de pesquisa.

Em especial ficam as boas recordações da convivência com a “antiga


geração”, Cristiano, Xup, Vander e Lucas, e com a “nova geração”, Elaine, Savi e
Sanderson, e com o velho colega e agora professor, Daniel Amaral.

Também um grande abraço à equipe de suporte do NUMA, e em particular a


Cristiane, Francis e Fernandinho, pela atenciosa colaboração e preocupação.

À Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, pela


oportunidade de cursar o doutorado nesta nobre e respeitada instituição.

À empresa do estudo de caso, e em particular às pessoas entrevistadas, pela


oportunidade concedida em receber este pesquisador e compartilhar suas
informações, o que contribuiu muito para a realização deste trabalho.

Aos professores e aos “meus” alunos da Universidade Federal de São Carlos,


pela paciência que tiveram devido as minhas longas ausências durante os anos de
afastamento para cursar o doutorado; e em especial, minha gratidão pela amizade
e pela colaboração dos professores Toledo e Dário, com as discussões e trabalhos
conjuntos que fortaleceram esta pesquisa.

Uma menção deve ser feita a algumas pessoas que colaboraram para a
finalização desta tese: à Elenise e Teresinha, da Biblioteca da EESC, pelas atentas
revisões no resumo e nas referências bibliográficas, e à Ana Paula e Ana Cláudia,
pela rigorosa revisão do português de toda a tese. Meu muito obrigado.

E a minha família, e em especial a meus pais, por toda a dedicação aos filhos
e a sua educação, e pela compreensão pelo pouco tempo disponível durante
alguns períodos desta jornada.
vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................. ix

LISTA DE QUADROS ........................................................... x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................... xii

RESUMO .............................................................................. xiii

ABSTRACT .......................................................................... xiv

1 – INTRODUÇÃO ................................................................ 1
1.1. Contexto do trabalho de pesquisa ....................................................... 1
1.2. Questões e objetivos ............................................................................. 5
1.3. Justificativas e limitações ..................................................................... 6
1.3.1. Justificativas .......................................................................................... 6
1.3.2. Limitações ............................................................................................. 8
1.4. Etapas de apresentação do trabalho ................................................... 9

2 – O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS E SUAS DIMENSÕES .............................. 11
2.1. Características do desenvolvimento de produtos .............................. 11
2.2. Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produtos tratado
como um processo .............................................................................. 14
2.3. Dimensões do processo de desenvolvimento de produtos .............. 18
2.3.1. Dimensão Estratégia ............................................................................. 19
2.3.2. Dimensão Organização ......................................................................... 23
2.3.3. Dimensão Atividades / Informações ...................................................... 25
2.3.4. Dimensão Recursos .............................................................................. 30
2.4. Considerações finais ............................................................................. 32

3 – A GESTÃO E AS CONVERSÕES DO
CONHECIMENTO ......................................................... 33
3.1. Conhecimento e administração: primórdios ....................................... 33
3.2. Diretrizes e recomendações básicas referentes a inserção da
gestão do conhecimento na empresa .............................................. 35
3.2.1. Mensurando o mercado de conhecimentos de uma empresa .............. 36
3.2.2. Impactos da gestão do conhecimento e da aprendizagem no escopo
das áreas e departamentos funcionais da empresa ............................ 38
3.3. Principais abordagens utilizadas na gestão do conhecimento ......... 39
3.4. Diferenciação do conhecimento em relação a dados e informações 41
3.5. Criação do conhecimento: formatos e conversões ............................ 43
3.5.1. Socialização .......................................................................................... 46
3.5.2. Externalização ....................................................................................... 46
3.5.3. Combinação .......................................................................................... 47
3.5.4. Internalização ........................................................................................ 47
3.6. Facilitadores do trabalho com o formato tácito do conhecimento 49
vii

3.7. Facilitadores do trabalho com o formato explícito do


conhecimento ....................................................................................... 51
3.8. Aplicações da tecnologia da informação na gestão do
conhecimento ......................................................................................... 53
3.8.1. As tecnologias da informação pioneiras no trabalho com o
conhecimento ...................................................................................... 54
3.8.2. A evolução no trabalho com o conhecimento através dos recursos da
internet ................................................................................................. 56
3.8.3. Perspectivas recentes e síntese do uso da tecnologia da informação
para a gestão do conhecimento .......................................................... 58
3.9. Considerações finais ............................................................................. 59

4 – METODOLOGIA DE PESQUISA ................................... 60


4.1. Referencial teórico sobre metodologia científica ............................... 60
4.2. Escolhas metodológicas para o presente trabalho ............................ 66
4.3. Etapas de realização do trabalho de pesquisa ................................... 69

5 – UM MODELO DE AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO


CONHECIMENTO NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ........................ 71
5.1. Conversões do conhecimento na dimensão Estratégia .................... 76
5.2. Conversões do conhecimento na dimensão Organização ................ 80
5.3. Conversões do conhecimento na dimensão Atividades /
Informações .......................................................................................... 86
5.4. Conversões do conhecimento na dimensão Recursos ..................... 95
5.5. Modelo completo para a avaliação da gestão do conhecimento no
processo de desenvolvimento de produtos ...................................... 104

6 – APLICANDO O MODELO DE AVALIAÇÃO: ESTUDO


DE CASO EM EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO
............................................................. 112
6.1. Breve descrição da empresa e de seu processo de
desenvolvimento de produtos ............................................................ 113
6.2. Avaliando a gestão do conhecimento no estudo de caso ................. 117
6.2.1. Avaliando Importância e Presença nas dimensões do
desenvolvimento de produtos .............................................................. 118
6.2.2. Avaliando preliminarmente conversões do conhecimento .................... 122
6.2.3. Avaliando conversões do conhecimento via hipóteses e melhores
práticas ................................................................................................ 126
6.2.4. Avaliando conversões do conhecimento via proposição e análise de
novas melhores práticas ...................................................................... 150
6.3. Síntese da avaliação e considerações finais sobre a aplicação do
modelo .................................................................................................. 170
viii

7 – COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES ................... 176


7.1. Considerações finais sobre o estudo de caso realizado ................... 176
7.2. Considerações finais sobre o método adotado .................................. 181
7.3. Considerações finais sobre a adequação e originalidade do
modelo proposto .................................................................................. 184
7.4. Considerações finais sobre as questões e objetivos de pesquisa ... 187
7.5. Sugestões de trabalhos futuros ........................................................... 188
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 191

ANEXOS ............................................................................... 217


1. Aplicações piloto realizadas .................................................................... 217
2. Dados da avaliação da gestão do conhecimento no estudo de caso .. 227
ix

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1. Características do DP (adaptado de ROZENFELD, 1999) ....... 14


FIGURA 2.2. Visão holística dos elementos de uma empresa (adaptado de
ROZENFELD et al., 2000) ....................................................... 15
FIGURA 2.3. Processo de negócio (adaptado de ROZENFELD et al., 2000) 16
FIGURA 2.4. Representação da dimensão Estratégia (figura do autor) ......... 19
FIGURA 2.5. Representação da dimensão Organização (figura do autor) ..... 23
FIGURA 2.6. Representação da dimensão Atividades / Informações (figura
do autor) ................................................................................... 26
FIGURA 2.7. Representação da dimensão Recursos e sua ocorrência ao
longo do processo de DP (adaptado de CLARK &
WHEELWRIGHT, 1992) .......................................................... 30
FIGURA 3.1. Espiral dos modos de conversão do conhecimento (tácito-
explícito) (adaptado de NONAKA & TAKEUCHI, 1997) .......... 45
FIGURA 5.1. Transferência de conhecimentos intra e inter projetos
(adaptado de BARTEZZAGHI et al., 1998) .............................. 77
FIGURA 5.2. Realização da prototipagem ao longo do processo de DP
(adaptado de CLARK & WHEELWRIGHT, 1992) .................... 90
FIGURA 5.3. Evolução constante do modelo de avaliação da GC no DP
(figura do autor) ....................................................................... 105
FIGURA 6.1. Ciclo de DP da empresa do estudo de caso (figura da
empresa) .................................................................................. 115
FIGURA 6.2. Médias das conversões do conhecimento nas perspectivas da
Estratégia e Organização, Atividades e Recursos (figura do
autor) ........................................................................................ 124
x

LISTA DE QUADROS

QUADRO 3.1. Diferenciando e relacionando dados, informação e


conhecimento (adaptado de SETZER, 2000) ........................ 44
QUADRO 4.1. Síntese das possibilidades dadas pelo referencial teórico
sobre metodologia científica .................................................. 66
QUADRO 4.2. Síntese das escolhas metodológicas feitas para o trabalho
de pesquisa ........................................................................... 69
QUADRO 5.1. Estrutura do modelo de avaliação baseado nas hipóteses e
melhores práticas de conversões do conhecimento nas
dimensões do DP .................................................................. 74
QUADRO 5.2. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às
conversões do conhecimento na dimensão Estratégia ......... 80
QUADRO 5.3. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às
conversões do conhecimento na dimensão Organização ..... 85
QUADRO 5.4. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às
conversões do conhecimento na dimensão Atividades /
Informações ........................................................................... 94
QUADRO 5.5. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às
conversões do conhecimento na dimensão Recursos .......... 102
QUADRO 5.6. Síntese dos relacionamentos entre as conversões do
conhecimento e as dimensões do processo de DP ............... 104
QUADRO 5.7. Conversões do conhecimento ................................................. 106
QUADRO 5.8. Dimensões do DP ................................................................... 107
QUADRO 5.9. Preenchimento das avaliações ............................................... 109
QUADRO 6.1. Valores finais para os critérios de Importância / Presença e
frases testemunho ................................................................. 119
QUADRO 6.2. Valores médios para as conversões do conhecimento e para
a GC no processo de DP ....................................................... 123
QUADRO 6.3. Análise das hipóteses e melhores práticas na Gestão ou
administração do portfólio de produtos (projetos) ................. 127
QUADRO 6.4. Análise das hipóteses na Avaliação do desempenho do
processo de DP ..................................................................... 128
QUADRO 6.5. Análise das hipóteses na Condução das alianças e parcerias
para o DP ............................................................................... 129
QUADRO 6.6. Análise das hipóteses na Condução das relações
interfuncionais / interdepartamentais ..................................... 130
QUADRO 6.7. Análise das hipóteses e melhores práticas na Adoção e
manutenção da estrutura organizacional para o DP ............. 131
QUADRO 6.8. Análise das hipóteses e melhores práticas na Execução do
trabalho de liderança no DP .................................................. 132
QUADRO 6.9. Análise das hipóteses na Execução do trabalho em grupo .... 133
QUADRO 6.10. Análise das hipóteses na Existência de programas de
capacitação e qualificação .................................................. 134
QUADRO 6.11. Análise das hipóteses na Pesquisa de mercado,
levantamento das possibilidades tecnológicas e
determinação dos requisitos dos clientes ........................... 135
QUADRO 6.12. Análise das hipóteses na Identificação de riscos, avaliação
de viabilidade e planejamento de recursos ......................... 136
QUADRO 6.13. Análise das hipóteses na Tradução do conceito do produto
em estilo, layout, componentes e especificações ............... 136
QUADRO 6.14. Análise das hipóteses no Envolvimento de fornecedores ..... 137
xi

QUADRO 6.15. Análise das hipóteses na Construção de modelos físicos e


avaliação de estilo e layout ................................................. 138
QUADRO 6.16. Análise das hipóteses na Transformação de resultados das
etapas anteriores em desenhos e normas .......................... 138
QUADRO 6.17. Análise das melhores práticas na Elaboração, construção e
testes de protótipos ............................................................. 139
QUADRO 6.18. Análise das hipóteses na Tradução das especificações do
projeto do produto no desenvolvimento do projeto do
processo de fabricação e montagem .................................. 140
QUADRO 6.19. Análise das hipóteses na Realização de produção piloto e
testes de validação do produto ........................................... 141
QUADRO 6.20. Análise das hipóteses e melhores práticas na Execução de
stage-gates para avaliação do andamento do projeto ........... 142
QUADRO 6.21. Análise das hipóteses na Normalização do conteúdo das
informações ......................................................................... 142
QUADRO 6.22. Análise das hipóteses na Normalização do formato das
informações ......................................................................... 143
QUADRO 6.23. Análise das hipóteses no Controle de atualizações e
armazenamento das informações ....................................... 143
QUADRO 6.24. Análise das hipóteses e melhores práticas no Método de
QFD ..................................................................................... 144
QUADRO 6.25. Análise das hipóteses nas Técnicas de DFMA ..................... 145
QUADRO 6.26. Análise das hipóteses e melhores práticas nas Ferramentas
e sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP ................................... 146
QUADRO 6.27. Análise das hipóteses nos Recursos de FMEA, Análise /
Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e uso de
protótipos ............................................................................. 147
QUADRO 6.28. Análise da melhor prática nos Sistemas PDM / EDM ........... 147
QUADRO 6.29. Análise das hipóteses nos Recursos de TI para apoio ao
trabalho em grupo, busca de conhecimentos externos e
para o treinamento e ensino ................................................ 148
QUADRO 6.30. Análise das melhores práticas nas Ferramentas para a
construção – desenho e manutenção de modelos de
referência ............................................................................ 150
QUADRO 6.31. Análise das novas melhores práticas na dimensão
Estratégia ............................................................................ 152
QUADRO 6.32. Análise das novas melhores práticas na dimensão
Organização ........................................................................ 154
QUADRO 6.33. Análise das novas melhores práticas na dimensão
Atividades / Informações ..................................................... 158
QUADRO 6.34. Análise das novas melhores práticas na dimensão
Recursos ............................................................................. 167
QUADRO 6.35. Síntese da análise qualitativa-descritiva das conversões ..... 171
xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A/E Análise / Engenharia do valor


APQP Advanced Product Quality Planning
CAD Computer Aided Design
CAE Computer Aided Engineering
CAM Computer Aided Manufacturing
CAPP Computer Aided Process Planning
C&T Ciência e Tecnologia
DFMA Design for Manufacturing and Assembly
DOE Design of Experiments
DP Desenvolvimento de Produtos
DSS Decision Support System
EDM Engineering Data Management
EESC Escola de Engenharia de São Carlos
ERP Enterprise Resource Planning
FESA Finite Element Structural Analysis
FIM Fábrica Integrada Modelo
FMEA Failure Mode and Effect Analysis
GC Gestão do Conhecimento
KBS Knowledge Based (information) System
MIS Management Information System
NUMA Núcleo de Manufatura Avançada
PCF Process Classification Framework
PDM Product Data Management
PM Project Management
QFD Quality Function Deployment
QS Quality System
STEP Standard for Exchanging of Product data
TI Tecnologia da Informação
xiii

RESUMO

SILVA, S.L. (2002). Proposição de um modelo para caracterização das conversões


do conhecimento no processo de desenvolvimento de produtos. São Carlos,
2002. 231p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.

Um modelo de avaliação da gestão do conhecimento no processo de


desenvolvimento de produtos é proposto, focalizado no relacionamento entre quatro
tipos de conversões do conhecimento consolidadas teoricamente, e quatro
dimensões integradas que formam o referido processo. Estas conversões são a
Socialização, a Externalização, a Combinação e a Internalização, que se referem às
relações entre dois tipos de conhecimentos, aqueles inerentes às habilidades
pessoais, o tácito, e aqueles possíveis de verbalizar e registrar, o explícito. Tais
conversões podem ocorrer na Estratégia, Organização, Atividades e Recursos, que
são as dimensões que formam o processo de desenvolvimento de produtos. O
referido relacionamento entre conversões e dimensões foi constatado por diversas
hipóteses e melhores práticas que são, respectivamente, suposições e
comprovações deste relacionamento em pontos específicos, formuladas com base
em um extenso estudo da bibliografia. O conjunto destas hipóteses e melhores
práticas forma o modelo de avaliação mencionado, que foi aplicado e validado em
um amplo estudo de caso na indústria automobilística, em que ficou demonstrado
sua viabilidade prática e efetividade na construção de uma visão completa sobre a
situação em que se encontra a gestão do conhecimento no processo de
desenvolvimento de produtos investigado. Este estudo propõe recomendações para
a empresa e incrementos no conteúdo do modelo utilizado, comprovando a
utilidade e a originalidade do modelo de avaliação para a realização do diagnóstico
empresarial voltado à gestão do conhecimento no processo de desenvolvimento de
produtos.

Palavras-chave: gestão do conhecimento; desenvolvimento de produtos;


diagnóstico empresarial; indústria automobilística.
xiv

ABSTRACT

SILVA, S.L. (2002). Proposal of an characterization model of knowledge conversion


in the product development process. São Carlos, 2002. 231p. Tese (Doutorado)
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

In this thesis, an evaluation model of knowledge management in the product


development process is proposed and it is focused on the relationship among four
types of knowledge conversion (which are theorically consolidated) and four
integrated dimensions that form the related process. These conversions are
Socialization, Externalization, Combination and Internalization, which are related to
the relationship among two types of knowledge: those which are inherent to
personal abilities (tacit knowledge) and those ones which are possible to verbalize
and register (explicit knowledge). These conversions may occur in the Strategy,
Organization, Activities and Resources, which are the dimensions that form the
product development process. This relationship has been established due to the
several hypothesis and the best practices presented - that are assumptions and
evidences of this relationship in specific points respectively -, which were formulated
based on an full bibliographical study. The group of these hypothesis and best
practices forms the mentioned evaluation model, which was applied and validated in
a large case study in the automotive industry, in which its practical viability and its
effectiveness were demonstrated in the building a complete view about the situation
in which it is possible to find the evaluation model of knowledge management in the
process that was investigated. This study proposed some recommendations for the
company and increased in the content of the model that was used, so that it proves
the usefulness and originality of the evaluation model to the executation of the
enterprise diagnostic turned to the knowledge management in the product
development process.

Keywords: knowledge management; product development; enterprise diagnostic;


automotive industry.
1

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Neste capítulo, são apresentados o contexto no qual se insere o presente


trabalho, as questões e os objetivos de pesquisa, as justificativas que motivaram
sua realização e as limitações que possui.

Já os capítulos 2 e 3 apresentam uma revisão teórico - bibliográfica sobre o


desenvolvimento de produtos (DP) e a gestão do conhecimento (GC),
respectivamente, que são as grandes áreas de estudo aqui utilizadas. O capítulo 4
trata da metodologia de pesquisa empregada; o capítulo 5 expõe o modelo de
avaliação da GC no DP – que é a contribuição inovadora desta tese de doutorado –
e o capítulo 6 apresenta e discute a aplicação e a validade do referido modelo em
um amplo estudo de caso.

Finaliza esta tese o capítulo 7, referente aos comentários e conclusões, a


listagem das referências bibliográficas, o anexo 1, que trata das aplicações piloto
realizadas antes do estudo de caso, e o anexo 2, que expõe os dados coletados em
tal estudo.

1.1. Contexto do trabalho de pesquisa

O presente trabalho está inserido tematicamente nas abordagens teóricas


da GC e do DP e, especificamente, concentra-se no estudo de determinados
mecanismos para o trabalho com o conhecimento ao longo do processo de
desenvolvimento de novos produtos.

O DP é considerado um dos mais importantes processos de negócio


(business process) para a competitividade atual das empresas, sendo de
fundamental importância para os crescentes esforços de adição de valor em sua
capacidade de inovação (HARMSEN, 2000). Uma das condições básicas para o
desempenho efetivo desse processo é o emprego disseminado da GC, que se
manifesta de várias maneiras, como por exemplo, na capacidade de aprendizado e
criatividade das pessoas envolvidas, na preocupação com a busca de
2

conhecimentos e aprendizados externos à empresa, no armazenamento e


divulgação dos conhecimentos adquiridos, dentre outras (LEONARD, 1995).

Como está detalhado neste e nos demais capítulos, o foco do presente


trabalho está no estudo do DP como um processo de negócio, constituído ou
caracterizado por quatro dimensões, nas quais a GC ocorre essencialmente por
meio de quatro tipos de conversões do conhecimento. As dimensões do processo
de DP são uma síntese de inúmeros trabalhos acadêmicos, em que se destacam
CLARK & FUJIMOTO (1991), CLARK & WHEELWRIGHT (1992), CLARK &
WHEELWRIGHT (1993), CLAUSING (1994), PRASAD (1996), PUGH (1996), e
PRASAD (1997). A GC, entendida como um conjunto de conversões do
conhecimento, baseia-se principalmente na contribuição de NONAKA & TAKEUCHI
(1997).

O DP é cada vez mais tratado nas empresas segundo a visão de processos


de negócio (business process) que, em termos básicos, significa realizar o DP
enfocando o cliente final, integrando, com este sentido, as diferentes pessoas e
áreas funcionais envolvidas e, muitas vezes, buscando uma simultaneidade na
realização das tarefas (CARTER & BAKER, 1992; CLAUSING, 1994).

Esta visão ou “imagem única”, sintética, do DP, é constituída de quatro


visões parciais interrelacionadas (ROZENFELD et al., 2000), aqui denominadas de
dimensões do DP.

Em um patamar do DP tipicamente de planejamento e decisão, situa-se a


dimensão Estratégia, que pode ser caracterizada pelas seguintes perspectivas mais
relevantes (baseando-se, entre outros, nos trabalhos de CLARK & FUJIMOTO,
1991; CLARK & WHEELWRIGHT, 1992; CUSUMANO & NOBEOKA, 1998;
CHENG, 2000): gestão ou administração do portfólio de produtos da empresa
(coordenando estrategicamente as relações entre produtos e projetos), avaliação
de desempenho do processo de DP, condução de alianças e parcerias
interorganizacionais para o DP, e a condução das relações interfuncionais /
interdepartamentais envolvendo marketing, engenharia e manufatura.

Relacionada à gestão do DP, a dimensão Organização é tratada pelas


seguintes perspectivas mais significativas (principalmente, segundo os estudos
feitos por CLARK & FUJIMOTO, 1991; CLARK & WHEELWRIGHT, 1992; PUGH,
3

1996; CHENG, 2000; ROZENFELD et al., 2000): adoção e manutenção da


estrutura organizacional para o DP, execução do trabalho de liderança no DP,
execução do trabalho em grupo com uma cultura de estímulo à comunicação e à
gestão de conflitos, existência de programas de educação e capacitação, assim
como o acompanhamento da qualificação do pessoal envolvido com o DP.

Para a execução efetiva do já referido DP, é necessária a contribuição da


dimensão Atividades / Informações, as quais se preocupam com as etapas
operacionais que ocorrem ao longo desse processo e com a normalização e
controle das informações geradas e trocadas entre essas etapas. Cabe ressaltar
que esta dimensão é especialmente caracterizada através das obras de CLARK &
WHEELWRIGHT (1992), EPPINGER & ULRICH (1995), PRASAD (1996), e
PRASAD (1997).

Por fim, há uma dimensão Recursos, tratada pioneiramente por CLARK &
WHEELWRIGHT (1992) e CLARK & WHEELWRIGHT (1993) e por diversos outros
trabalhos recentes (destacando-se PAWAR, 1999; CHENG, 2000; e ROZENFELD
et al., 2000), que são as técnicas, métodos, ferramentas e sistemas empregados
como apoio às dimensões anteriores principalmente a de Atividades / Informações.
O uso do QFD (quality function deployment) para o levantamento das necessidades
e desejos do cliente e do FMEA (failure mode and effect analysis) de produto e de
processo de fabricação para a análise de impacto de potenciais falhas são dois
exemplos de Recursos, dentre outros.

Essas quatro dimensões podem ser utilizadas para se observar e


caracterizar os processos de DP de diferentes empresas, com as dimensões
ocorrendo e interrelacionando-se conforme as especificidades de cada caso de DP
em particular.

Entretanto, mais relevante e completa do que essa utilização, é seu


emprego como ponto de partida para uma investigação da GC no DP, que consiste
na proposta da presente tese de doutorado. Considerando que as dimensões
estruturam e orientam o processo de DP, a investigação de como seus
conhecimentos são manuseados ou trabalhados deve permitir que se entenda e
avalie a GC em todo o processo. Para tanto, é necessário o domínio de um outro
grupo de conceitos, ligados ao conhecimento e a sua gestão.
4

A GC pode ser apresentada através de diferentes abordagens teóricas,


diferenciando-se pela intensidade e pela forma com que tratam as questões ligadas
ao conhecimento. A abordagem que melhor se aplica ao entendimento da GC no
DP é dada pela linha teórica da criação do conhecimento (knowledge creation), que
foi estruturada através do estudo da dinâmica da criação de novos conhecimentos
em ambientes inovadores, como os encontrados no desenvolvimento de novos
produtos. Esta linha teórica, contribuição principalmente de NONAKA & TAKEUCHI
(1997), baseia-se fortemente na conversão que pode ocorrer entre dois formatos
complementares do conhecimento, o tácito (inerente a uma pessoa) e o explícito
(possível de se representar).

Há quatro tipos de conversões do conhecimento entre estes dois formatos,


segundo o que foi comprovado por esta linha teórica: a Socialização (troca de
conhecimentos tácitos entre pessoas), a Externalização (a transformação de parte
do conhecimento tácito da pessoa em explícito), a Combinação (o agrupamento de
diferentes conhecimentos explícitos) e a Internalização (a formação de novos
conhecimentos tácitos na pessoa pelo acesso e estudo de conhecimentos
explícitos).

Analisando-se em detalhes vários dos trabalhos (autores) anteriormente


citados, pode-se levantar hipóteses sobre a existência de relacionamentos entre as
dimensões do DP com as conversões do conhecimento. Por exemplo, na
perspectiva de gestão do portfólio, citada na dimensão Estratégia, a construção de
figuras como o “funil”, proposto por CLARK & WHEELWRIGHT (1992), para
representar graficamente a administração do portfólio, pode ser aqui interpretada
como uma linguagem figurativa útil capaz de externalizar o conhecimento existente
sobre a situação do portfólio de produtos. Diversas hipóteses construídas com a
mesma lógica da do exemplo citado podem ser feitas (e são apresentadas no
capítulo 5) para vários dos relacionamentos entre dimensões e conversões.

Somando-se às hipóteses, elaboradas pelo autor da presente tese, com


base em sua interpretação do conteúdo das referências sobre DP, há também
diversos autores e trabalhos específicos que detectaram e descreveram
diretamente a existência de relacionamentos entre certas dimensões do DP com a
GC e, em muitos casos, especificamente com as conversões do conhecimento,
usando uma terminologia igual ou equivalente à adotada na presente pesquisa.
5

RAMESH & TIWANA (1999), por exemplo, afirmam que o QFD é uma ferramenta
com forte potencial de transmissão de conhecimentos, devido às discussões
(Socialização) e registros (Externalização) que são necessários para sua
realização. Esses trabalhos são aqui denominados de melhores práticas e, assim
como as hipóteses, são apresentadas no capítulo 5.

Essas hipóteses e melhores práticas sustentam a principal idéia ou


proposição desta tese, de que a análise da ocorrência das quatro conversões do
conhecimento, em cada uma das quatro dimensões já citadas, pode ser usada para
investigar como os conhecimentos são manuseados ou trabalhados em todo o
processo de DP e, portanto, constitui-se em um mecanismo efetivo de avaliação da
GC no DP. Esse relacionamento percebido entre as duas grandes linhas ou eixos
teóricos do presente trabalho acena para a pertinência de que uma avaliação ampla
da GC no DP possa fazer uso de um modelo que relacione as dimensões deste
processo com as conversões do conhecimento.

Os conceitos que delimitam o trabalho – o DP entendido como um processo


constituído de quatro dimensões e a visão da GC por meio das conversões do
conhecimento – são discutidos em detalhes, quanto ao seu embasamento teórico e
abordagens escolhidas, nos capítulos 2 e 3. Os parágrafos anteriores apresentaram
seus significados básicos ou introdutórios, necessários à compreensão dos
assuntos que são discutidos nas próximas seções desta Introdução: as questões e
os objetivos de pesquisa, suas justificativas e limitações.

1.2. Questões e objetivos

Considerando a delimitação e os relacionamentos dados pelos conceitos


expostos na contextualização anterior, o presente trabalho pretende contribuir com
respostas para as seguintes questões de pesquisa:

- Como podem ser avaliadas as conversões do conhecimento no processo de


DP, servindo assim de referencial para a avaliação da GC neste processo?

- Como as dimensões do DP contribuem para isso?

Colocando na forma de uma questão síntese:


6

- Como pode ser estruturada uma forma de avaliação da GC no DP que faça uso
das conversões do conhecimento e das dimensões desse processo?

Ao buscar respostas para as questões, pretende-se atingir os seguintes


objetivos:

- verificar a existência de relacionamentos entre as dimensões do processo de


DP com as conversões do conhecimento, tanto em estudos teóricos como em
ambientes práticos (reais) de DP;

- construir um modelo para avaliar a GC no processo de DP, modelo este


baseado nos referidos relacionamentos entre dimensões e conversões;

- testar e viabilizar a aplicação prática do modelo de avaliação por meio da


tradução dos relacionamentos entre dimensões e conversões, representados
pelas hipóteses e melhores práticas, em sentenças com significados e
conteúdos mais próximos da realidade do DP das empresas, ordenadas em
uma estrutura adequada;

- por fim, ao se atender aos objetivos anteriores, contribuir com uma revisão
crítica das abordagens teóricas que envolvem a GC e o DP, indicando lacunas
que necessitam ser mais detalhadamente investigadas nestes dois campos
teóricos.

Como em qualquer trabalho, há justificativas e restrições para a busca dos


objetivos e das respostas às questões de pesquisa levantadas, o que será visto na
próxima seção.

1.3. Justificativas e limitações

1.3.1. Justificativas

Em várias linhas ou abordagens teóricas sobre DP e GC, anteriormente


expostas de forma preliminar e que são discutidas em detalhes nos capítulos
seguintes, é nítida a importância de se entender o DP como um processo e de se
realizar nele uma efetiva GC. Algumas linhas mais ligadas ao DP, como por
exemplo CLARK & WHEELWRIGHT (1992) e CLARK & WHEELWRIGHT (1993),
concentram-se em propor melhores formas de emprego de uma ou mais dimensões
7

apresentadas, visando indiretamente a melhoria do aprendizado e do trabalho com


o conhecimento no DP. Outras linhas estudaram a GC em casos específicos de
projetos de desenvolvimento de produto, como por exemplo NONAKA & TAKEUCHI
(1997), verificando, entre outros pontos, como o conhecimento influenciou a busca
de soluções e a tomada de decisões no DP. Outros estudos chegaram mesmo a
investigar um ou mais dos mecanismos de conversão do conhecimento em algum
detalhe específico ligado às dimensões do DP, como por exemplo o estudo já
citado anteriormente sobre o QFD, como uma ferramenta com forte potencial de
transmissão de conhecimentos, feito por RAMESH & TIWANA (1999).

Entretanto, não foi encontrado, na literatura consultada, nenhum estudo com


a preocupação efetiva de investigar a GC em todas as facetas mais relevantes da
visão de processo (dada pelas dimensões do DP), priorizando uma análise com um
“corte” horizontal, um amplo mapeamento de todo o processo, ao invés de um
aprofundamento vertical em somente algumas especificidades do DP. O mesmo se
pode dizer do uso das conversões do conhecimento, um conceito relevante e
consolidado teoricamente, mas, até o momento, empregado apenas parcialmente e,
ainda assim, em pontos específicos do DP, em que essas conversões se fazem
mais evidentes e nítidas. Assim sendo, essas lacunas teóricas a serem exploradas
constituem uma das justificativas para a realização do presente trabalho.

Um outra justificativa é que o modelo de avaliação apresentado parte do


pressuposto de que já ocorrem naturalmente iniciativas de conversões do
conhecimento no processo de DP. O foco do presente trabalho está em detectar as
iniciativas e mapeá-las em relação às dimensões deste processo, entendendo-se
como ocorrem e detectando-se falhas existentes, tanto conversões que estão
sendo mal realizadas como as que não estão ocorrendo em certas dimensões do
DP, na tentativa de encontrar explicações para isso.

Percebe-se, na literatura, uma carência desse tipo de modelo de avaliação,


sendo mais comum encontrar propostas de soluções para a GC que desconsideram
a realidade de trabalho com o conhecimento já existente em um ambiente ou
empresa, propondo encaminhamentos que, muitas vezes, são difíceis de se
adaptar ou mesmo são inconsistentes em relação à situação prévia da empresa. Ao
se propor um modelo que avalia a situação, a partir da geração de resultados na
forma de um “mapa” detalhado, que pode subsidiar decisões futuras na GC no DP
8

da empresa, este trabalho justifica sua aplicação e utilidade prática. Muitas


empresas já reconhecem a importância do tema GC, e em particular no DP, e
também possuem acesso a inúmeras propostas (organizacionais, tecnológicas, etc)
que prometem solucionar os problemas relacionados ao tema; no entanto, tais
empresas normalmente têm dificuldades para delimitar e caracterizar esses
problemas e, a partir disso, tomar suas decisões. Dessa forma, o modelo proposto
pretende contribuir para a superação dessas dificuldades.

1.3.2. Limitações

Como consequência de seu foco avaliador, o modelo já citado não trará


procedimentos e roteiros detalhados sobre como proceder ou atuar para a melhoria
da GC no DP. Ele sinaliza as lacunas e, portanto, o que a empresa precisa
melhorar em sua GC no DP, mas não tem a preocupação de abordar em detalhes
quais são os passos a seguir para se fazer isso. Por possuir um foco avaliador ou
de diagnóstico, tal modelo busca tornar visível e hierarquizar as falhas e lacunas
nas dimensões do DP em que se podem implementar melhorias na GC. Como
fazer, em detalhes, estas melhorias, deve ser buscado em outras literaturas
específicas – muitas, inclusive, citadas e, em parte, discutidas ao longo deste
trabalho.

A contingência de se seguir apenas uma das linhas teóricas para cada tema
(a criação do conhecimento para a GC e as dimensões do processo para o DP),
consideradas e já defendidas aqui como sendo as mais pertinentes para se estudar
a GC no DP, faz que se coloque necessariamente em segundo plano outras
abordagens que também poderiam trazer algumas contribuições. Minimiza-se, esta
limitação, por meio de uma vasta análise de referências bibliográficas, buscando-se
entender e considerar as influências praticadas ou recebidas pelas linhas teóricas
adotadas em outras linhas que também tratam da GC e do DP.

No que se refere às dimensões do DP, estas possuem várias perspectivas


(da Estratégia e da Organização), e várias Atividades e Recursos, como será visto
no capítulo seguinte, e portanto, em si, já constituem uma grande área de estudo,
que comporta uma análise mais aprofundada ou particular das conversões do
conhecimento que nelas ocorrem. As restrições de tempo e de foco existentes no
presente trabalho impedem que isso seja feito, já que a prioridade escolhida é o
mapeamento da GC no todo (no processo de DP). No entanto, trabalhos futuros
9

terão na atual pesquisa um ponto de partida para aprofundamentos em dimensões


específicas.

Por fim, conhecimento é um termo de certa subjetividade, que é entendido


conforme o referencial que cada pessoa está utilizando. Da mesma forma, entender
o significado e perceber a ocorrência de cada uma das conversões do
conhecimento depende da avaliação pessoal de cada um, de sua experiência e
vivência, e de sua preocupação com a neutralidade. Reduz-se esta limitação
dando-se um mesmo referencial para as pessoas julgarem a ocorrência da
conversão do conhecimento no processo de DP: uma definição consistente e clara
de cada conversão, e o emprego de uma terminologia usual e consolidada pelas
pessoas que trabalham com esse processo, através das dimensões do DP, das
hipóteses e das melhores práticas.

A seção seguinte encerra esta Introdução, sintetizando as etapas em que o


presente trabalho será apresentado nos próximos capítulos.

1.4. Etapas de apresentação do trabalho

O conteúdo dos capítulos teóricos que seguem deriva de uma ampla revisão
bibliográfica, um trabalho concentrado no início da tese, mas que se manteve
durante toda sua elaboração, realizado principalmente por meio da literatura
científica convencional complementada pelas informações presentes em sites da
internet e pela literatura empresarial. A participação em congressos relacionados ao
DP e à GC, as visitas às empresas consideradas pioneiras ou referências na GC
e/ou no DP, e por fim os diálogos com pesquisadores ligados aos temas da
pesquisa, também contribuíram para este trabalho.

O capítulo 2 detalha as dimensões que constituem o processo de DP; o


capítulo 3 aborda a GC e, mais especificamente, as conversões do conhecimento; o
capítulo 4 trata da metodologia de pesquisa. Já o capítulo 5, orientado pelas
escolhas metodológicas adotadas, parte de hipóteses derivadas dos dois capítulos
teóricos (o 2 e o 3) sobre a existência de relacionamentos das dimensões do DP
com as conversões do conhecimento, e adiciona a estas hipóteses os estudos de
autores que detectaram diretamente esses relacionamentos em dimensões e
conversões específicas (melhores práticas). Com isso este capítulo constrói,
seguindo o método hipotético – dedutivo (método que será explicado no capítulo 4),
10

um modelo de avaliação da GC no processo de DP, objetivo principal desta tese e


que pretende buscar respostas para as questões de pesquisa colocadas nesta
Introdução.

No capítulo 6 constam os resultados e as discussões da aplicação e


validação do modelo que, para ser aplicado, requer o uso de um questionário semi-
fechado, utilizado em múltiplas entrevistas no estudo de caso realizado – o
processo de DP de uma empresa, selecionada devido a sua representatividade em
relação ao projeto do produto. Tal questionário é explicado no final do capítulo 5,
em termos de sua estrutura e forma de utilização.

Comentários e Conclusões, Referências Bibliográficas e Anexos fecham o


texto desta tese de doutorado. Após esta introdução, o capítulo seguinte detalha
teoricamente o processo de DP e suas dimensões.
11

CAPÍTULO 2 – O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE


PRODUTOS E SUAS DIMENSÕES

Neste capítulo, o DP é caracterizado e delimitado, mostrando-se a


importância de tratá-lo como um processo, constituído de quatro dimensões
principais: Estratégia, Organização, Atividades / Informações e Recursos. Estas
dimensões do DP, detalhadas no presente capítulo, formam um dos eixos teóricos
do modelo proposto no capítulo 5.

2.1. Características do desenvolvimento de produtos

As abordagens que tratam do DP provêm de diferentes áreas,


interrelacionadas, porém, com focos específicos. As mais significativas abordagens
são: as pesquisas na área da qualidade que focalizam a prevenção e controle de
erros no projeto; os trabalhos na engenharia e administração, respectivamente com
o foco na tecnologia do produto e de processo de fabricação e na gestão e
estratégia; a área de gestão da C&T – ciência e tecnologia, com o foco na inovação
tecnológica; e os trabalhos em marketing, que focalizam a captação e o
atendimento dos desejos do cliente.

No presente trabalho, a abordagem predominante é proveniente da


engenharia e da administração, tendo como principais autores PRASAD (1996),
PUGH (1996), e PRASAD (1997), mais ligados à área de engenharia, e CLARK &
FUJIMOTO (1991), CLARK & WHEELWRIGHT (1992), CLARK & WHEELWRIGHT
(1993), e CLAUSING (1994), mais relacionados à administração e à gestão. Os
referidos autores normalmente relacionam suas proposições teóricas com o que é
observado nas melhores práticas das empresas de classe mundial.

Segundo a definição de CLARK & FUJIMOTO (1991), o DP é basicamente o


esforço realizado por um conjunto de pessoas de uma empresa na transformação
de dados sobre oportunidades de mercado e possibilidades técnicas em bens e
informações para a fabricação de um produto comercial. Estes mesmos autores
12

destacam duas características intrínsecas do DP e que, se adequadamente


trabalhadas, resultam em produtos bem desenvolvidos: a natureza cíclica de
resolução de problemas (seguindo um ciclo de projetar, construir e testar) e a
harmonia e consistência no tratamento de detalhes.

Há diversos fatores em três níveis (mercado, corporação e empresa) que


afetam o DP e suas características intrínsecas. Dentre estes fatores, os principais
são (AMARAL & ROZENFELD, 1999): o grau de inovação em que estão os
produtos e processos da empresa, a complexidade do produto, as estratégias
competitivas que a empresa e a corporação adotam, o tipo de inserção da empresa
frente à corporação, o setor do mercado em que a empresa / corporação atua e
como estão a concorrência e as perspectivas neste setor. Estes fatores
caracterizam o DP a partir do cenário ou ambiente em que está inserido e, portanto,
do qual sofrerá influência.

No sentido de melhor trabalhar o DP e suas características intrínsecas,


reagindo-se e antecipando-se as mudanças nos fatores que o influenciam,
ROZENFELD et al. (2000), sintetizando algumas tendências atuais, faz as
seguintes recomendações para se estruturar o DP:

- definir os limites entre o DP e o desenvolvimento da tecnologia, trabalhar com o


conceito de plataforma e derivações, empregar gestão de portfólio;

- utilizar uma estrutura matricial para o DP, incrementar a aprendizagem


organizacional no DP através de programas de educação e capacitação;

- utilizar padrões mundiais, como, por exemplo, o STEP (Standard for


Exchanging of Product Data), para as trocas de informações entre diferentes
sistemas;

- integrar as técnicas, métodos, ferramentas e sistemas empregados no DP e


customizá-las à realidade da empresa, intensificando o uso integrado de
sistemas de engenharia e de realidade virtual e o emprego de técnicas de
prototipagem;

- empregar objetos distribuídos para a integração de sistemas / aplicativos com o


objetivo de facilitar o uso do conceito de computação colaborativa.
13

A necessidade de seguir essas recomendações ilustra o quanto o DP tem


se tornado complexo. A sua realização implica no emprego coordenado de
competências e habilidades provenientes de diversas áreas, envolvendo várias
noções gerenciais e usando-se uma visão sistêmica e integrada do negócio
(CLARK & WHEELWRIGHT, 1992).

Para que a realização do DP aconteça nesses moldes, um ponto importante


é gerenciá-lo, analisando-o de forma ampliada, considerando o seu ciclo completo,
desde a fase inicial de planejamento estratégico dos mercados visados com o novo
produto até seu lançamento e previsão de descarte após o uso.

Sabe-se, porém, que neste ciclo, na medida em que mais decisões vão
sendo tomadas na condução do DP (no seu andamento normal), mais
encarecedora fica a necessidade de se efetuarem modificações tardias (porque
requer que muitas decisões e suas implicações sejam revistas). Ao mesmo tempo,
a dinamicidade dos contextos atuais em que o DP se insere torna, muitas vezes,
inevitável que modificações ocorram durante sua realização. O próprio desafio
contemporâneo do DP, de contribuir para a “customização em massa” (a produção
de produtos personalizados em grande escala) (PINE II et al., 1993), requer uma
condução do DP flexível e rápida no atendimento das mudanças de projetos.

Assim sendo, a alternativa de condução deste ciclo em etapas sequenciais,


como tradicionalmente o DP é realizado, apresenta sérias limitações. Esta
abordagem, ao especificar o produto somente com as pessoas das etapas iniciais
do ciclo, sem envolver as outras pessoas que participam das etapas subsequentes,
gera uma alta probabilidade de mudanças e modificações no projeto quando as
últimas etapas são atingidas. Além disso, é uma abordagem com pouca
flexibilidade e rapidez na realização destas mudanças, e tal situação implica em
incremento de custos e consideráveis atrasos devido a retrabalhos e reajustes
(figura 2.1).

Portanto, em resposta a estas restrições existentes na abordagem


sequencial, ganha espaço, desde os anos 90, uma abordagem que recomenda a
condução simultânea das atividades do DP (CLAUSING, 1994; PRASAD, 1996).
14

2.2. Engenharia simultânea e o desenvolvimento de produtos tratado como


um processo

A Engenharia Simultânea (Concurrent Engineering) é o nome mais utilizado


dentre as diversas denominações que se referem à condução simultânea das
atividades do DP. Considerando as definições e sínteses de vários autores,
apresentadas por CARTER & BAKER (1992), CLAUSING (1994), PRASAD (1996),
e PRASAD (1997), pode-se afirmar que os princípios fundamentais recomendados
pela engenharia simultânea para o DP são:

- trabalhar mais na especificação do produto no início do ciclo de DP, em que há


menos restrições a mudanças, com um custo de modificação menor (figura 2.1);

- empregar técnicas, métodos e ferramentas e aumentar a sinergia e paralelismo


nas atividades do DP;

- desenvolver uma maior interação entre diferentes áreas funcionais, valorizando


o trabalho em equipes, a comunicação e o acesso às informações, a
coordenação e a confiança entre os membros, e compartilhando objetivos
acordados.

FIGURA 2.1. Características do DP (adaptado de ROZENFELD, 1999)


15

No entanto, um desafio consiste na aplicação de todos estes princípios de


uma maneira integrada, dando-lhes uma valorização similar. Para isso, é
necessário que as pessoas que irão realizar a Engenharia Simultânea tenham uma
“visão holística” do DP (e também da empresa), ilustrada na figura 2.2, o que
equivale a ter uma “imagem única”, sintética, de todos os elementos ou dimensões
do DP, que normalmente podem ser relacionados a visões parciais, abrangendo e
interrelacionando estratégia, atividades e informações, os recursos empregados e a
organização (ROZENFELD et al., 2000).

FIGURA 2.2. Visão holística dos elementos de uma empresa (adaptado de


ROZENFELD et al., 2000)

A grande contribuição de se possuir uma “imagem única” do DP evidencia-


se quando se tomam decisões sobre problemas específicos inseridos no DP, sem
perder a visão das suas influências (ou consequências) no todo (ROZENFELD et
al., 2000).

No entanto, não é possível representar a “visão holística”. Pensar o DP


como um processo de negócio (business process) é o que mais se aproxima de um
formalismo para a obtenção dessa visão. O emprego da abordagem de processos
de negócio no DP é freqüentemente associado à introdução parcial ou completa da
filosofia de Engenharia Simultânea.
16

O conceito de processo de negócio substitui a clássica visão funcional por


uma visão horizontal, em que a unidade de análise passa a ser uma cadeia de
atividades / eventos. Segundo DAVENPORT (1994, p.7), “um processo é uma
ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um
começo, um fim, e inputs e outputs claramente identificados”. De forma similar,
ROZENFELD et al. (2000, p.16) afirmam que “o processo de negócio representa o
conjunto de atividades, associadas às informações que manipula, utilizando os
recursos e a organização da empresa. Forma uma unidade coesa e está
direcionado a um determinado mercado / cliente, com fornecedores bem definidos”
(figura 2.3). Um processo de negócios é algo que ocorre naturalmente nas
empresas, não sendo percebido, em muitos casos, por estar ofuscado pela
estrutura funcional predominante.

FIGURA 2.3. Processo de negócio (adaptado de ROZENFELD et al., 2000)

GARVIN (1995), assim como DAVENPORT (1994), afirmam que o processo


provê uma poderosa forma de se compreender o funcionamento de uma
organização (da sua produção, do seu DP, etc), assegurando a necessária
integração entre as práticas de trabalho relacionadas. Ao integrar e coordenar, um
processo também relaciona-se com a criação e acumulação do conhecimento na
empresa (CARRILLO & GAIMON, 2000), e com sua circulação e compartilhamento
(BROWN & DUGUID, 2000; EL SAWY, 2001).

Ao propor uma taxionomia para a classificação de processos de negócio,


GARVIN (1998) situa o DP como um processo de trabalho ou operacional (os
17

outros dois tipos são os processos comportamentais e os de mudança). Todos


estes três tipos interelacionam-se e formam um grande grupo de processos
organizacionais da empresa, complementado por um outro grande grupo de
processos gerenciais.

O processo de DP relaciona-se com outros processos da empresa, como,


por exemplo, o de vendas / marketing e o de fabricação. Quando um processo
possui um elevado número de atividades, faz sentido agrupá-las em sub-processos,
e, cada uma dessas atividades, por sua vez, apresenta procedimentos e tarefas
(THIVES, 2000). Segundo este autor, no processo de DP pode-se ter, por exemplo,
o sub-processo de pesquisa e de conceito do produto, o sub-processo de testes, o
sub-processo de engenharia, entre outros.

O referido processo de DP, assim como qualquer tipo de processo de


negócio, pode ser representado simbólica e formalmente através de um modelo de
referência, que descreve as atividades, os responsáveis, os recursos disponíveis e
as informações necessárias e/ou geradas no citado processo. Serve tal modelo
como um referencial comum que auxilia no gerenciamento do processo, por facilitar
o entendimento e a comunicação entre os integrantes do desenvolvimento (internos
e externos a empresa), e por facilitar a implantação e integração de métodos,
técnicas e sistemas de apoio ao DP (ROZENFELD et al., 2000; VERNADAT, 1996).

Apesar dos muitos méritos do emprego da visão de processo no DP, deve-


se ter claros seus limites e condicionamentos, conforme as necessidades de cada
empresa e de seu DP em particular. Ilustrando com o caso da Toyota, exemplo
clássico de uso da visão de processo e dos conceitos dela derivados em seu DP,
SOBEK et al. (1998) e SOBEK et al. (1999) mostram alguns dos limites
estabelecidos para seu emprego: - a rotatividade de pessoas entre diferentes áreas
funcionais, valorizada para a aquisição da visão de processos, não sendo
necessariamente estimulada em todos os casos; - o desdobramento e o
detalhamento de técnicas ao longo do processo, como, por exemplo, o QFD (quality
function deployment, utilizado para traduzir desejos do consumidor em requisitos
técnicos do produto), que nem sempre precisa ser realizado; - a flexibilidade nos
padrões de trabalho mas que, em muitos casos, ocorre em menor grau do que se
imagina, havendo padrões e normas coordenadas a serem seguidas.
18

Interessa, para o foco do presente trabalho, detalhar as já mencionadas


quatro dimensões constituintes do processo de DP: Estratégia, Organização,
Atividades / Informações e Recursos. A dimensão Estratégia situa-se em um nível
decisório macro, cujas perspectivas influenciam e são influenciadas pelas
perspectivas da dimensão Organização. Por sua vez, a operacionalização no
ambiente organizacional das estratégias decididas é feita pelas Atividades /
Informações, que formam uma única dimensão do DP, devido a sua dualidade (já
que as atividades utilizam e geram as informações). As técnicas, métodos,
ferramentas e sistemas empregados como apoio para que as dimensões anteriores
funcionem, especialmente as Atividades / Informações, são agrupadas na dimensão
Recursos.

Percebe-se que, apesar desta divisão, feita para permitir uma melhor
análise do processo de DP, as dimensões são interelacionadas e interdependentes,
formando em conjunto uma visão holística sintética do DP.

2.3. Dimensões do processo de desenvolvimento de produtos

Detalha-se, em seguida, as quatro dimensões, destacando-se as mais


relevantes perspectivas da Estratégia e da Organização, assim como as Atividades
/ Informações e os Recursos, sintetizadas a partir de inúmeros trabalhos
acadêmicos, notadamente as obras de CLARK & FUJIMOTO (1991), CLARK &
WHEELWRIGHT (1992), CLARK & WHEELWRIGHT (1993), CLAUSING (1994),
PRASAD (1996), PUGH (1996), e PRASAD (1997).

Nesse sentido, entende-se uma escolha de cada perspectiva da Estratégia e


Organização, cada Atividade e Recurso, considerando sua relevância para a
respectiva dimensão, baseada em critérios de caráter empírico relacionados à:

- quantidade e/ou frequência com que as perspectivas da Estratégia, da


Organização, assim como as Atividades / Informações e os Recursos,
aparecem na literatura;

- sua universalidade no sentido de que são aplicáveis ou são uma preocupação


para praticamente todo tipo de produto / projeto de desenvolvimento;

- e a significativa profundidade e desdobramento com que já foram e estão sendo


estudadas e aplicadas.
19

Ao não atender claramente aos três critérios anteriores, a perspectiva da


Estratégia ou da Organização, a Atividade ou o Recurso, não é aqui considerada
(ou escolhida), seja por ainda ser pouco conhecida ou disseminada no meio ligado
ao DP, ou por possuir um caráter pontual e específico em determinados tipos de
produtos / projetos, ou ainda porque é pouco estudada e pesquisada em
profundidade, ou ainda por já estar de certa forma incorporada em alguma outra
perspectiva (ou Atividade ou Recurso) que foi considerada.

2.3.1. Dimensão Estratégia

Destaca-se, nesta dimensão, a presença de quatro perspectivas,


essencialmente ligadas às decisões estratégicas e/ou de planejamento do processo
de DP (figura 2.4).

FIGURA 2.4. Representação da dimensão Estratégia (figura do autor)

Uma perspectiva relevante desta dimensão é a gestão ou administração do


portfólio de produtos (projetos), que se refere à coordenação estratégica dos
projetos em andamento ou em planejamento (incorporando novos ou
redirecionando os já existentes). Esta perspectiva envolve também a coordenação
das relações interprojetos (as relações simultâneas e sequenciais que podem existir
entre os projetos, conforme alerta CUSUMANO & NOBEOKA, 1998), sendo que
todas estas ações estão ligadas ao planejamento estratégico da empresa.
20

Incluída na perspectiva da gestão do portfólio, está a administração


(planejamento) da variedade de produtos e das inovações no produto (e em seu
processo de fabricação), utilizando-se os conceitos de plataforma / derivados e
arquitetura / módulos do produto (CLARK & HENDERSON, 1990; ULRICH, 1995;
ULRICH & ROBERTSON, 1998) empregados de forma balanceada conforme o
ambiente de mercado em que a empresa compete (CLARK & WHEELWRIGHT,
1992).

Tal conceito de plataforma emprega uma base comum – uma estrutura


básica ou padrão do produto no que se refere às partes principais que o constituem
e como estas se agrupam – a partir da qual podem ser gerados produtos derivados,
adicionando-se partes e/ou novos agrupamentos e mantendo, porém, a estrutura
básica ou padrão do produto. Isso implica em vantagens para o DP, facilitando a
atualização de produtos, em termos de redução de custos, de tempos de
desenvolvimento e de manufatura, e da complexidade do sistema, além de
estimular o aprendizado entre projetos (entre plataformas e derivações) (CLARK &
HENDERSON, 1990; SANDERSON & UZUMERI, 1995; ULRICH & ROBERTSON,
1998; MUFFATTO, 1999;). Este importante aprendizado justifica a gestão efetiva
das interfaces entre uma plataforma e suas derivações – que formam uma família
de produtos – e deste conjunto com outras plataformas (SUNDGREN, 1999).

Já o conceito de arquitetura / módulos do produto refere-se às modificações


incrementais ou radicais que podem ocorrer nos módulos de um produto, afetando
suas partes constituintes ou as ligações entre os módulos, o que provocará
mudanças na arquitetura do produto (MAGNUSSON, 1998).

Uma das mais importantes perspectivas da dimensão Estratégia é a


avaliação do desempenho, que pode ser considerada como um trabalho de
avaliação de um projeto de DP realizado, que resultou no produto final totalmente
desenvolvido, tendo como referência outros projetos (produtos) do portfolio da
empresa.

Os parâmetros de desempenho fundamentais no DP, segundo CLARK &


FUJIMOTO (1991), são o lead time (time to market – tempo do início do projeto ao
lançamento de seu produto resultante), a produtividade no projeto (que envolve
custos e retorno sobre o investimento) e a qualidade na execução do projeto (e do
produto desenvolvido). Estes parâmetros orientam outros indicadores de avaliação /
21

desempenho mais específicos (CLARK & FUJIMOTO, 1991), como o custo do


pessoal (horas de engenharia) e de peças / ferramental utilizados no projeto, a
adequação e durabilidade do produto em uso, a atualidade de estilo e percepção do
consumidor, o número de retrabalhos no projeto, etc.

Muitas das informações para a avaliação do desempenho são provenientes


da execução de “stage-gates” (etapa da dimensão Atividades / Informações que
será descrita adiante) que, em momentos específicos, avalia o andamento do
projeto, segundo EPPINGER & ULRICH (1995) em termos de defeitos / falhas em
tarefas executadas, rotatividade de pessoas, horas adicionais (extras) dedicadas ao
projeto, modificações (reprojeto) em componentes / sistemas do produto, tarefas
não completadas – completadas com atraso – completadas com modificações,
avaliação de riscos, comprometimento do orçamento previsto, solicitações
adicionais (não previstas) para a execução do projeto, etc1.

A avaliação de desempenho é influenciada e influencia as decisões


estratégicas e é resultado da efetividade do trabalho que a empresa realiza nas
demais dimensões do DP (CLARK & FUJIMOTO, 1991; CLARK &
WHEELWRIGHT, 1992).

Uma outra perspectiva desta dimensão é a condução das alianças e


parcerias para o DP (integração inter-organizacional), que envolve a negociação da
participação de seus fornecedores e clientes, e a negociação de outras alianças e
parcerias menos comuns, com empresas (concorrentes ou não) e com organismos
(governamentais ou não) (RAGATZ et al., 1997; BOWONDER & MIYAKE, 2000;
CHENG, 2000).

Vários autores destacam um incremento de oportunidades de estratégias


colaborativas (ESSERS & SCHREINEMAKERS, 1997; AMIDON, 1998; LYNN,
1998), englobando parcerias com clientes, fornecedores ou outras empresas, o que
é normalmente denominado de extended enterprise (LINCOLN et al, 1998). Essas

1
Esses e outros indicadores de avaliação / desempenho de projetos são utilizados em
abordagens recentes sobre gestão de projetos, como as apresentadas em SILVA (2001) por
meio de textos explicativos e exemplos de uso de metodologias como o PMBoK – Project
Management Body of Knowledge e softwares como o Ca-Superproject, o MS-Project, e o
Project Control Panel.
22

parcerias são críticas para a estratégia competitiva de alguns setores, como os de


informática e biotecnologia (POWELL, 1998).

GIBBONS et al. (1994) e INKPEN (1996) enfatizam a importância destas


parcerias e alianças estratégicas na obtenção dos conhecimentos necessários ao
processo inovativo da empresa, principalmente pelas ligações entre estruturas
formais das empresas como também pelas comunidades informais criadas em
paralelo. Em acréscimo a isso, LEONARD (1995) e HARGADON (1998) destacam
a relevância de se manter um trabalho continuado de monitoramento do ambiente,
em busca dessas oportunidades de parcerias e alianças, tanto as formais quanto as
informais, valorizando as pessoas que fazem este monitoramento.

Uma quarta e última perspectiva de destaque nessa dimensão é a condução


das relações interfuncionais / interdepartamentais, que envolve a integração, em
nível estratégico, de marketing, engenharia e manufatura, podendo ocorrer em
apenas uma unidade ou nas várias unidades de uma mesma empresa (CHENG,
2000). Esta perspectiva é influenciada pelos relacionamentos estratégicos previstos
entre as unidades constituintes da empresa, o que determina o tipo de
interdependência, a natureza da comunicação e as formas de controle e
coordenação entre elas (PRAHALAD & LIEBERTHAL, 1998; GUPTA, 2000).

Uma empresa multinacional pode ter, por exemplo, um relacionamento


estratégico centralizado na engenharia e marketing da matriz, cabendo a esta
desenvolver produtos e disseminar conhecimento para as unidades locais de
engenharia e marketing, que apenas têm a função de apoiar a manufatura local
(HANSEN, 1999). Neste caso, há uma fraca coordenação e um fraco trabalho
conjunto entre as diferentes unidades locais.

No extremo oposto, há empresas que trabalham com um relacionamento


estratégico descentralizado, em que as tarefas das unidades locais de engenharia
(e marketing) envolvem o desenvolvimento de seu próprios projetos. Por esse
motivo, o conhecimento está disperso entre as unidades, o que requer um maior
grau de coordenação entre elas, mediado ou coordenado, mas não centralizado,
pela matriz (FLEURY & NAKANO, 1998). Este tipo de relacionamento estratégico
tem valorizado o envolvimento das unidades locais (que irão fabricar o produto em
diferentes países) nos times de projeto e na geração dos conceitos do produto na
matriz. Reúnem-se, assim, diferentes projetistas que, tacitamente, possuem um rico
23

conhecimento proveniente das interações “face-a-face” mantidas com seus clientes


locais (PRAHALAD & LIEBERTHAL, 1998).

2.3.2. Dimensão Organização

Agrupam-se nesta dimensão as quatro perspectivas organizacionais e


comportamentais mais relevantes no ambiente em que se realiza o processo de DP
(figura 2.5).

FIGURA 2.5. Representação da dimensão Organização (figura do autor)

Uma das principais perspectivas desta dimensão é a adoção e manutenção


da estrutura organizacional para o DP ou, mais precisamente, são as escolhas e
combinações entre os quatro modos de organização do DP (adotando-se uma das
mais completas classificações a respeito, proposta por CLARK & FUJIMOTO,
1991). Esses modos de organização são a estrutura funcional, o time autônomo, ou
então, em posição intermediária a estes dois, o gerenciamento (time) “peso leve” ou
o “peso pesado” do projeto de DP. Há uma razoável interdependência entre esta
perspectiva da dimensão Organização e a dimensão Estratégia, principalmente com
a perspectiva da gestão do portfólio e das relações interfuncionais /
interdepartamentais.
24

Bastante relacionado à anterior, uma segunda perspectiva desta dimensão é


a execução do trabalho de liderança no DP, que se refere às habilidades e
comportamentos dos líderes e gerentes de produto no trabalho com os outros
membros do DP (CLARK & FUJIMOTO, 1991; CLARK & WHEELWRIGHT, 1992).

Líderes efetivos de projetos de DP devem buscar a instauração de um


“sentido de crise”, motivador da não acomodação na busca de soluções, e também
possuem o papel de integradores e questionadores das partes envolvidas e das
soluções encontradas no referido projeto de DP (JONES & JORDAN, 1998; SOBEK
et al., 1998).

Uma perspectiva tipicamente comportamental desta dimensão é a execução


do trabalho em grupo, em uma cultura que estimule a comunicação entre os
indivíduos e a gestão de conflitos (CHENG, 2000), propiciando um comportamento
cooperativo e autogerenciado favorável à formação de pequenos grupos
(temporários, espontâneos e heterogêneos), voltados para a solução dos vários
problemas pontuais que surgem ao longo do projeto de DP.

Sintetizando vários autores (NONAKA & TAKEUCHI, 1986;


WHEELWRIGHT & SASSER, 1989; NONAKA, 1990; MEYER & UTTERBACK,
1993; DE MAIO et al., 1994; SANDERSON & UZUMERI, 1995), o DP deve envolver
um contínuo estímulo à comunicação (transferência de conhecimentos e
integração) dentro e fora dos limites da empresa (afetado por esta perspectiva da
dimensão Organização, mas também influenciado pelas decisões tomadas na
dimensão Estratégia), procurando otimizar o compartilhamento de conhecimentos
entre os diferentes especialistas envolvidos (HOOPES & POSTREL, 1999;
RAMESH & TIWANA, 1999).

Por fim, envolvendo aspectos comportamentais e organizacionais, há uma


perspectiva relacionada com a existência de programas de capacitação, assim
como o acompanhamento da qualificação das pessoas envolvidas com o DP, sendo
um dos aspectos principais a montagem de programas de educação, que
incrementam a aprendizagem organizacional em DP (ROZENFELD et al., 2000).

A complexidade atual do processo de DP requer que os profissionais que


dele fazem parte acumulem profundos conhecimentos técnicos em sua área de
atuação aliados a uma visão da inserção desta área no todo (no processo). Além
25

dessas habilidades, também é valorizada a capacidade de manter um


relacionamento construtivo com profissionais de diferentes áreas funcionais,
equilibrando o espírito crítico e o cooperativo (VODOVOZOV, 1995; ACAR &
PARKIN, 1996). Um referencial amplo a respeito, envolvendo não só o DP, como
também toda a empresa, pode ser obtido em HUBER (1991), HUBER (1996), e em
QUINN et al. (1996).

Apesar das separações feitas entre as diferentes perspectivas desta


dimensão, para facilitar a análise individual de cada uma, essas perspectivas
possuem uma consistente interrelação e interdependência. Isto pode ser percebido
no trabalho de vários autores (ANDERSSON & DAHLQVIST, 1998; PAWAR, 1999;
PAWAR & DRIVA, 1999a; PAWAR & DRIVA, 1999b) que relacionam o
compartilhamento de objetivos e trabalhos em times multidisciplinares do DP com a
criação de uma cultura organizacional favorável à comunicação e ao conhecimento,
envolvendo uma valorização da aprendizagem para a execução das tarefas
referentes ao DP.

2.3.3. Dimensão Atividades / Informações

Esta dimensão trata basicamente das atividades realizadas ao longo do


processo de DP, com maior ou menor paralelismo (simultaneidade), conforme as
especificidades do DP de cada tipo de empresa, e as informações manuseadas na
execução destas atividades (figura 2.6).

Diversos autores descrevem e detalham as atividades (etapas) desta


dimensão. CLARK & WHEELWRIGHT (1992), EPPINGER & ULRICH (1995),
PRASAD (1996), e PRASAD (1997) são os que fazem isso de forma mais
abrangente. Complementando estes autores, há ainda propostas institucionais,
sendo a mais conhecida o modelo da APQP – Advanced Product Quality Planning
– Planejamento Avançado da Qualidade do Produto, derivado da QS 9000, restrito
ao setor automotivo / autopeças. O APQP preocupa-se com as atividades de todo o
processo de DP, desde o fechamento do contrato (de um produto que ainda será
desenvolvido) até a aprovação das peças de produção (deste produto, agora já
projetado e em fase de lançamento).
26

FIGURA 2.6. Representação da dimensão Atividades / Informações (figura do


autor)

Sintetizando de forma única as abordagens desses autores e da APQP, a


dimensão Atividades / Informações é expressa em termos das seguintes atividades
de características operacionais (figura 2.6):

Pesquisa de mercado, levantamento das possibilidades tecnológicas e


determinação dos requisitos dos clientes.

Nesta atividade, define-se o conceito do produto: seu escopo (a “imagem” e


“personalidade” do produto), as necessidades explícitas e latentes que pretende
atender, o consumidor-alvo, o desempenho desejado, as possibilidades quanto aos
recursos tecnológicos e configurações que podem ser empregadas no produto.

Identificação de riscos, avaliação de viabilidade e planejamento de recursos.

São realizados estudos de viabilidade do projeto e produção; discussões de


idéias, conceitos, atratividade, e diretrizes; requisitos para a formação de times e
escolha de coordenadores e fornecedores.
27

Tradução do conceito do produto em estilo, layout, componentes e


especificações.

Parte-se do conceito em direção às abordagens mais detalhadas de projeto,


o que inclui as especificações de custos, a escolha de componentes, o estilo e o
layout, e as especificações (métrica com valores e limites toleráveis) do
desempenho desejado para o produto.

Envolvimento de fornecedores.

Parte-se das alianças e parcerias com fornecedores definidas na dimensão


Estratégia, decide-se os que irão participar do projeto e detalha-se o nível de
envolvimento desejado.

Construção de modelos físicos e avaliação de estilo e layout.

Modelos físicos ou protótipos sem funcionalidade são construídos para


subsidiar discussões, objetivando a aprovação final de estilo e layout.

Transformação de resultados das etapas anteriores em desenhos e normas.

Os resultados selecionados das atividades realizadas anteriormente são


registrados em desenhos e normas, e as mudanças posteriores (de engenharia)
passam a ser devidamente gerenciadas, documentadas e adequadamente
comunicadas às atividades afetadas.

Elaboração, construção e testes de protótipos.

Nesta atividade, são realizadas simulações em protótipos virtuais (no


computador) ou reais, de componentes, de sistemas e do produto completo, com os
devidos planos de controle de protótipos e descrições de medições e testes.

Tradução das especificações do projeto do produto no desenvolvimento do


projeto do processo (fabricação e montagem).

As informações sobre o produto são desdobradas em informações para o


processo de fabricação – projeto e teste de ferramental, programação de
equipamentos, preparação dos "softwares" para controle de processo, preparação
do sistema da qualidade do produto / processo, habilitação de pessoal para
28

fabricação e montagem, procedimentos e manuais de fabricação e manutenção do


produto.

Realização de produção piloto e teste de validação do produto.

Realização das produções ou lotes piloto, ensinando os setores da empresa


que irão lidar com o novo produto (desde vendas até assistência técnica, etc),
lançamento do produto, e realização de mudanças / atualizações no produto já em
produção plena.

Execução de “stage-gates” para avaliação do andamento do projeto.

Trata-se de uma atividade (etapa) que gerencia ou controla as demais


atividades desta dimensão. Usando-se vários critérios (derivados dos parâmetros
de desempenho fundamentais: lead time, qualidade e produtividade), avalia-se o
que foi realizado após o encerramento de uma determinada atividade (ou após um
conjunto com várias atividades) em relação ao que foi planejado / previsto para o
projeto. A partir do resultado da avaliação, o projeto pode seguir ou não para as
próximas atividades. Os resultados dos “stage-gates” são usados também na
avaliação do desempenho do processo de DP, uma das perspectivas relacionadas
à dimensão Estratégia. Mais detalhes sobre “stage-gates” no processo de DP pode
ser obtido em VALERI (2001).

Percebe-se que na execução das atividades anteriores diversos recursos


podem ser empregados (métodos, técnicas, ferramentas, e sistemas, que são
tratados na próxima dimensão), e diversas informações (que possuem um conteúdo
apresentado na forma de desenhos, relatórios, fichas, listas, formulários, instruções,
etc) são manuseadas (utilizadas e geradas)2.

Em termos de conteúdo, estas informações relacionam-se com as


atividades (são estas que utilizam e geram o conteúdo de informações), porém, em
termos de forma, as informações relacionam-se com os recursos (são estes que
dão a forma ou o formato com que a informação é apresentada).

2
EPPINGER (2001) menciona que no dinâmico DP atual, faz mais sentido a pergunta:
“Quais informações de outras tarefas eu preciso para completar esta?” do que a pergunta
convencional: “Quais outras tarefas precisam ser completadas antes de eu começar esta?”
29

As informações manuseadas no DP possuem algumas características bem


peculiares, segundo PRASAD (1996), PRASAD (1997), e SVENSSON et al. (1999):

- alta complexidade (de conteúdo), compatível com a complexidade crescente


dos produtos atuais (e das suas atividades de desenvolvimento);

- heterogeneidade, apresentando-se em diversos tipos (formatos), e provenientes


de diversos aplicativos (recursos) utilizados no DP;

- alta frequência de criação e modificação, devido às instabilidades e mudanças


necessárias que ocorrem ao longo da execução de um projeto de DP.

Sendo assim, com base nestas características apontadas pelos autores e


também em recomendações pontuais de CLARK & WHEELWRIGHT (1992) e
EPPINGER & ULRICH (1995), a dimensão de Atividades / Informações pode ser
complementada por mais três atividades, de características gerenciais:

Normalização do conteúdo das informações no processo de DP,


esforçando-se para a busca de uma padronização aceitável em termos de
vocabulário controlado na utilização e geração das informações, entre as diversas
atividades do DP.

Normalização do formato das informações no processo de DP, esforçando-


se para a busca de uma padronização aceitável quanto à forma de apresentação
das informações, pelos diferentes recursos utilizados em seu manuseio.

Controle de atualizações e armazenamento da informação no processo de


DP, relacionando-se a busca de padronização para as atualizações e
armazenagem das informações do DP.

Já mencionado nesta dimensão Atividades / Informações, sendo primordial


para a sua realização, a próxima sub-seção trata da dimensão Recursos.
30

2.3.4. Dimensão Recursos

Os recursos são formados pelos métodos, técnicas, ferramentas e sistemas


que podem ser aplicados como apoio às dimensões anteriores, especialmente nas
Atividades / Informações do processo de DP (figura 2.7).

FIGURA 2.7. Representação da dimensão Recursos e sua ocorrência ao longo do


processo de DP (adaptado de CLARK & WHEELWRIGHT, 1992)

De CLARK & WHEELWRIGHT (1992), sintetizando vários autores, e


também de PAWAR (1999), PAWAR & DRIVA (1999a), PAWAR & DRIVA (1999b),
CHENG (2000), e ROZENFELD et al. (2000), podem ser listados os principais
recursos que compõem esta dimensão:

O método de QFD (Quality Function Deployment), para o levantamento


(percepção) das necessidades e desejos do cliente, também conhecido como a
“voz do cliente”, e sua tradução para a engenharia (características técnicas do
produto desejado).

As técnicas de DFMA (Design for Manufacturing and Assembly), que


avaliam a capacidade da manufatura da empresa (fabricação, montagem, etc) para
que o processo de DP considere os limites e as possibilidades da manufatura
durante a execução dos projetos.
31

As ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM (respectivamente Computer


Aided Design – Engineering – Manufacturing), preferivelmente integrados e com
base de dados unificada, para a representação do projeto (produto) em desenhos,
os cálculos e simulações de engenharia, e a manufatura virtual e as instruções de
fabricação, respectivamente. E também a utilização de ferramentas e sistemas
CAPP (Computer Aided Process Planning), integrados ou não ao CAD-CAE-CAM,
para apoio ao projetista na elaboração de planos de processo de fabricação e
montagem consultando informações técnicas de engenharia e fabricação.

As técnicas e métodos de FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) de


produto e de processo (de fabricação), da Análise e Engenharia do Valor, e de
fabricação e uso de protótipos funcionais e não funcionais para, respectivamente, a
análise de falhas no projeto e na fabricação, a melhora de soluções disponibilizadas
pelo produto, e a orientação para o teste e visualização de produtos.

Os sistemas PDM / EDM (respectivamente, Product / Engineering Data


Management) são utilizados no gerenciamento e controle das informações
utilizadas e geradas pelas etapas do projeto (principalmente na dimensão
Atividades / Informações), fisicamente representadas por documentos, planilhas,
desenhos, normas, etc, integrados ou não aos sistemas ERP (Enterprise Resource
Planning), em seu módulo de gestão de projetos conhecido como PM (Project
Management).

A diferença entre um projeto de um novo produto e um projeto de uma


derivação não significa necessariamente um uso excludente de alguns destes
recursos mas, sim, uma diferenciação em termos de detalhes e intensidade com
que serão utilizados (TATIKONDA, 1999). Além dos recursos anteriores – mais
estabelecidos e universais e, portanto, aplicados a praticamente qualquer tipo de
processo de DP – há ainda outros especializados em determinados tipos de
projetos de DP ou indústrias e também os mais recentes e em fase de
disseminação no processo de DP das empresas.

Dois destes recursos recentes merecem menção e inclusão, pelo seu


considerável potencial. O auxílio dado pelos Recursos de TI para apoio ao trabalho
em grupo, busca de conhecimentos externos e para o treinamento e ensino, não é
somente aplicado ao processo de DP ou lhe é específico, como em geral acontece
com os recursos anteriormente descritos. Esses sistemas de TI servem,
32

principalmente, para facilitar o trabalho individual e coletivo dos projetistas, e podem


ser empregados de forma isolada, ou então integrados aos recursos anteriores.

Neste recurso, inserem-se desde os sistemas básicos de elaboração de


textos, planilhas e imagens, até os sistemas de apoio ao trabalho em grupo
(workgroup computing / groupware) e de treinamento e ensino. Também podem ser
colocados aqui os sistemas de Business Intelligence (data warehouse / mining e
navigation tools) empregados em buscas nas bases de dados da intranet
corporativa e na internet.

O segundo destaque dentre esses recursos recentes são as ferramentas


para a construção (desenho) e manutenção de modelos de referência (como o do
processo de DP) e ferramentas de workflow. Devido à crescente importância, como
já mencionado, de se entender e trabalhar o DP como um processo de negócio,
essas ferramentas ganham relevância por facilitarem a representação e, portanto, o
entendimento (e o emprego) dessa visão de processos.

2.4. Considerações finais

Se neste capítulo o foco principal é o processo de DP, a partir do qual se


chegou às quatro dimensões – Estratégia, Organização, Atividades / Informações, e
Recursos, no próximo capítulo o foco estará nas quatro conversões entre os
formatos tácito e explícito do conhecimento. As teorizações expostas nestes dois
capítulos servirão de base para o capítulo 5, quando será construído o modelo de
avaliação da GC no DP, diretamente relacionado com a intersecção das suas
dimensões com as conversões do conhecimento.
33

CAPÍTULO 3 – A GESTÃO E AS CONVERSÕES DO


CONHECIMENTO

Este capítulo trata do conhecimento e sua gestão sob diferentes


perspectivas, porém focalizando a abordagem da criação e das conversões do
conhecimento. As seções seguintes introduzem e contextualizam o assunto deste
capítulo.

3.1. Conhecimento e administração: primórdios

O conhecimento envolvido nas atividades organizacionais já vem sendo


abordado desde as primeiras teorias da administração, ao menos indiretamente,
tanto pelas teorias da linha da administração dita “científica”, quanto pela linha das
“relações humanas”. Mesmo antes da revolução industrial e do advento dos
estudos da administração, a forma de produção artesanal nas oficinas que
produziam sob encomenda já fazia intenso uso da aprendizagem pela prática,
através da transferência de conhecimentos entre mestres e aprendizes.

Nos anos 80, este tema tornou-se mais presente devido ao advento das
abordagens teóricas relacionadas à sociedade do conhecimento, ao aprendizado
organizacional e às competências essenciais na gestão estratégica (SPENDER,
1996). Em anos recentes, as pesquisas nestas abordagens intensificaram suas
aplicações práticas e o aprofundamento teórico, focalizando a necessidade de se
entender como as organizações trabalham com o conhecimento para desenvolver
novos produtos, novos processos e novas formas ou arranjos organizacionais mais
flexíveis, proporcionando uma vantagem competitiva sustentável (HAYES &
PISANO, 1994).

Também tornou-se relevante entender como as organizações trabalham


com o conhecimento especializado, sem perder o foco em uma visão unificada do
todo, característica de uma visão de processos de negócios (DRUCKER, 1988;
QUINN, 1999). Mesmo pensando em todos os processos da empresa, esses
34

autores mencionam que começar a GC pelo processo de DP, devido a sua inerente
dependência quanto ao conhecimento, é uma das melhores formas de se iniciar um
trabalho com este tema.

GARVIN (1993) considera que a criação, aquisição, interpretação,


disseminação e retenção de conhecimentos são constituintes do processo de
aprendizagem organizacional (um processo do tipo comportamental). De forma
inversa, para SARVARY (1999), a GC é um processo de negócios, em que a
empresa usa seu conhecimento institucional ou coletivo. Inclui três sub-processos:
a aprendizagem organizacional; a produção do conhecimento; e a distribuição do
conhecimento. Um sistema de GC é a infraestrutura necessária para a organização
implementar este processo (SARVARY, 1999): a infraestrutura de TI (bases de
dados, redes de computadores, etc) e a infraestrutura organizacional (pessoas e
times – incentivos e motivações, regras e cultura organizacional favorável).

A implantação coordenada da GC cria uma vantagem competitiva


sustentável e de difícil imitação, pois está enraizada nas pessoas que trabalham na
empresa e não em recursos físicos, que são facilmente imitáveis pelos
concorrentes (QUINN et al., 1997; CLARKE, 1998; COLE, 1998) e menos flexíveis
para reagir às incertezas do ambiente (THOMKE & REINERTSEN, 1998).
Entretanto, diversas pesquisas e levantamentos indicam que ainda há um longo
caminho a ser percorrido, na maior parte das empresas, para que essa implantação
coordenada da GC efetivamente ocorra e atinja o grau de satisfação desejado pelos
seus usuários (SUTTON & PFEFFER, 1999a; RIGBY, 2001).

As três próximas seções introduzem o tema do presente capítulo, com a


seguinte sequência: apresentação de uma síntese de diretrizes e recomendações
básicas, indicadas por praticamente todas as abordagens de GC; exposição das
principais abordagens de GC (as mais disseminadas e consolidadas), apontando-se
a que é empregada no modelo de avaliação proposto na presente tese; e
discussões sobre o que é conhecimento e qual sua diferenciação em relação a
dados e informações, que são aspectos conceituais a serem considerados quando
se trata de GC e, em especial, para a abordagem empregada no atual trabalho.

Em seguida a essas três seções, há outras quatro que focalizam aspectos


do conhecimento e sua gestão, de particular interesse para o modelo de avaliação
da GC no DP: detalham-se os formatos e conversões do conhecimento, com a
35

orientação dada pela abordagem de GC empregada, a da criação do conhecimento;


discutem-se os facilitadores do trabalho com o formato tácito do conhecimento; faz-
se o mesmo para com o formato explícito; e finalmente expõe-se o papel da TI
aplicada na GC.

3.2. Diretrizes e recomendações básicas referentes à inserção da gestão do


conhecimento na empresa

Trabalhar com o conhecimento de forma coesa e integrada aos processos


de negócios da empresa deve compreender um conjunto de diretrizes e
recomendações básicas, fortemente interrelacionadas e válidas para qualquer
abordagem de GC; tais diretrizes e recomendações podem ser sintetizadas
principalmente da obra de DAVENPORT & PRUSAK (1998) e TERRA (2000), como
também de vários outros trabalhos (INKPEN, 1996; MARQUARDT, 1996; WIIG,
1997; WILKINS et al., 1997; ABECKER et al., 1998; FAHEY & PRUSAK, 1998;
O’DELL & GRAYSON, 1998; PRASAD et al., 1998b; RUGGLES, 1998; EARL &
SCOTT, 1999; RAMESH & TIWANA, 1999; ROTH et al., 1999). Fazendo-se uma
síntese das diretrizes e recomendações mais citadas, pode-se mencionar as
seguintes ações:

- criar o pensamento corporativo de que trabalhar ou gerenciar os conhecimentos


é o esforço conjunto e sistemático de todos os que trabalham na empresa e não
somente de um único indivíduo formalmente designado para esta tarefa;

- enfatizar o conhecimento como sendo tanto estoque (bases de dados,


informação e conhecimento), como fluxo (ligado à realização dos processos de
negócios existentes na empresa);

- contextualizar o conhecimento e o aprendizado no tempo e no espaço (quando,


onde e em que condições foi ou está sendo manuseado);

- estabelecer um equilíbrio entre a importância da interface humana (múltiplos


canais de contato face-a-face para a transferência do conhecimento e o
aprendizado) e da interface propiciada pela tecnologia da informação (internet,
intranet e outras ferramentas de apoio);

- criar ambientes que estimulem o debate e a experimentação, incentivado por


mecanismos de confiança, reconhecimento e motivação, como, por exemplo, os
36

grupos e comunidades de prática em que as pessoas da organização


participam, discutem e registram seus acertos e erros (best e bad practices e
lessons learned);

- construir uma compreensão entre as diferentes áreas ou setores da empresa (e,


em certos casos, com parceiros externos) desenvolvendo uma linguagem /
vocabulário de trabalho minimamente compartilhado ou comum;

- procurar formas de avaliação, tanto quantitativas como qualitativas, das


iniciativas de conhecimento e aprendizagem, estabelecendo uma relação, pelo
menos indireta, com a redução de custos e/ou com o aumento de receita
propiciados.

Essas diretrizes e recomendações básicas influenciam diretamente a


riqueza do mercado de conhecimentos de uma empresa, que pode ser avaliado por
abordagens que buscam mensurar estrategicamente a aprendizagem e o
conhecimento.

3.2.1. Mensurando o mercado de conhecimentos de uma empresa

No mundo real das empresas, há regras que norteiam a troca de


conhecimentos, similares às regras de mercado ou de pactos políticos (JONES &
JORDAN, 1998), que influenciam o desempenho das diretrizes e recomendações
básicas anteriormente expostas.

Na visão de DAVENPORT & PRUSAK (1998), as pessoas executam


alternadamente o papel de vendedores, compradores e corretores de
conhecimentos, e os tipos de pagamentos são, em ordem decrescente de
importância, a reciprocidade, a reputação e o altruísmo. Como em todo mercado,
algumas distorções podem ocorrer como monopólios, escassez artificial e barreiras
às trocas de conhecimentos.

Duas das mais disseminadas abordagens que podem auxiliar na


mensuração estratégica da aprendizagem e do conhecimento existente e potencial
em uma empresa são:

- a proposta do capital intelectual (EDVINSSON & MALONE, 1998; MILES et al.,


1998; STEWART, 1998; ULRICH, 1998), que é a principal tentativa de avaliar
37

os recursos não tangíveis da empresa, envolvendo marcas e patentes, valores


respeitados pela sociedade e também o conhecimento e a capacidade de
aprendizado que as pessoas de uma empresa potencialmente possuem;

- e, parcial ou indiretamente, o balanced scorecard (KAPLAN & NORTON, 1997),


em uma parte de sua abordagem teórica de mensuração estratégica da
empresa, quando se preocupa com medições da capacidade de aprendizagem
da empresa, em correlação com seus esforços estratégicos.

Tais abordagens trabalham basicamente com os seguintes indicadores da


capacidade da organização para realizar a GC (e a aprendizagem organizacional)
de alto desempenho (LETHBRIDGE, 1998):

- parâmetros organizacionais (por exemplo, disseminação do trabalho em times,


rotatividade entre diferentes postos de trabalho, etc);

- parâmetros de recursos humanos (por exemplo, gerenciamento de


competências, programas de treinamento e formação de pessoas, etc);

- e parâmetros de sistemas de informação (por exemplo, a existência e


disseminação da intranet/internet, de ferramentas de trabalho em grupo virtual,
etc).

Segundo alguns autores (ANAND et al., 1998; TEECE, 1998b; ALBINO et


al., 2001), estas abordagens devem ainda ser objeto de mais pesquisas e
desenvolvimentos, superando sua orientação atual de foco mais interno, no exame
dos conhecimentos advindos das habilidades e especializações dos empregados
da empresa, e enfatizando uma orientação também voltada ao exame do potencial
da empresa em obter conhecimento externo. Há ainda outros autores (JARKE et
al., 1997; COHEN, 1998a; GLAZER, 1998; VERKASALO & LAPPALAINEN, 1998)
que fazem ressalvas a essas abordagens de características mais quantitativas, por
não considerarem a transitoriedade do contexto em que aprendizagem e
conhecimento ocorrem1.

1
Estes autores consideram que o valor do conhecimento não pode ser fixado
definitivamente, pois vai depender de cada contexto (no tempo e no espaço) em que está
sendo aplicado. O conhecimento é sempre recriado conforme as condições que
caracterizam o momento presente em que está sendo manuseado. O aprendizado advindo
38

A mensuração estratégica da aprendizagem e do conhecimento em uma


empresa está diretamente relacionada à disseminação e incorporação das já
citadas diretrizes e recomendações básicas pela empresa, particularmente em suas
áreas e departamentos funcionais, o que é tratado em seguida.

3.2.2. Impactos da gestão do conhecimento e da aprendizagem no escopo das


áreas e departamentos funcionais da empresa

Na visão coesa e integrada dos processos de negócios, as tradicionais


áreas ou departamentos funcionais da empresa continuam existindo, mas precisam
atuar com uma nova orientação, procurando contribuir efetivamente na formação de
linguagens comuns com outros departamentos, naqueles processos em que atuam
conjuntamente.

Isso tem significado um alargamento ou flexibilização das atividades destas


áreas funcionais, para assim contribuirem com a GC e a aprendizagem
organizacional nos processos de negócio em que estão envolvidas (AMIDON, 1997;
COOMBS & HULL, 1998; STEHLE, 1999). Exemplos dessas novas atribuições em
algumas áreas funcionais são relacionadas em seguida:

- Manufatura ou fabricação (área de produção da fábrica): contribui com mais


espaços de conversão de conhecimentos tácito / explícito e formação de
competências, através da oportunidade dada por métodos como a produção
enxuta, que incentiva o agrupamento de visões diferentes para a análise e
solução de problemas da produção;

- Marketing: trabalhando de forma mais abrangente com as fontes de


conhecimentos e aprendizado externos à empresa, através da mudança de foco
que incorpora, além dos retratos da realidade atual (pesquisas de mercado
convencionais), o desenvolvimento de mecanismos de construção de cenários
para analisar tendências futuras;

- Vendas e serviços: cria diversos espaços de aprendizado e incorporação de


conhecimentos externos à empresa, através da acumulação de dados e

de experiências e idéias do passado é direcionado para a aplicação presente, para as


necessidades impostas por esta aplicação.
39

informações sobre os clientes, que, então, podem ser trabalhados por


ferramentas de TI voltadas à construção de conhecimentos através de análises
estatísticas e cruzamentos destes dados e informações;

- Qualidade: contribuindo com a gestão da qualidade focalizada no processo, do


fornecedor até a entrega ao cliente, e também com a busca do conhecimento
externo à empresa pelo aprimoramento dos procedimentos de benchmarking de
best practices;

- Tecnologia da Informação: pela tentativa de implantar nos processos de


negócios as inúmeras novas ferramentas de TI para a GC e aprendizagem
(multimídia, internet e networking, datamining, etc), levando-se em
consideração a visão estratégica que a empresa emprega nestes temas e os
aspectos humanos e comportamentais ligados ao uso destas ferramentas;

- Engenharia: pela visão do DP como um processo, coordenado pelo uso da


engenharia simultânea, que com o envolvimento de pessoas de diferentes
áreas funcionais (com visões diferentes na análise e solução de problemas), do
envolvimento de clientes no projeto (conhecimento externo) e da realização de
experimentações, contribui com as atividades ligadas à criação de novos
conhecimentos.

Apresentadas as diretrizes e recomendações básicas válidas para qualquer


abordagem ou perspectiva de GC na empresa, com suas implicações quanto à
mensuração estratégica e disseminação pelas áreas funcionais, a próxima seção
busca caracterizar as especificidades existentes entre as três mais disseminadas
abordagens ou perspectivas sobre GC.

3.3. Principais abordagens utilizadas na gestão do conhecimento

A GC é um fator ou elemento crítico para o sucesso de uma organização


nos dias atuais e é por isso que vem sendo tão intensamente estudada em
Administração (VERKASALO & LAPPALAINEN, 1998). Possui um domínio
multidisciplinar (ciências cognitivas, da informação, organizacionais e
administrativas, e tecnologia da informação) e na administração, particularmente,
possui uma forte ligação com mudanças, melhores práticas, reengenharia de
processos de negócios e benchmarking (LIEBOWITZ, 1999). Com tais
40

características, pode-se dizer que a GC não apresenta apenas uma única


perspectiva ou escola de pensamento focalizando sua estruturação.

As várias abordagens ou perspectivas de GC encontradas na literatura


foram agrupadas por VERKASALO & LAPPALAINEN (1998) em basicamente três,
conforme o princípio teórico predominante que as orienta no atendimento às
diretrizes e recomendações básicas para a GC expostas anteriormente. Embora
interrelacionadas, cada abordagem ou perspectiva (ou escola, na denominação
usada por estes dois autores) possui características bem particulares:

1. A escola da criação do conhecimento (Knowledge Creation), tendo em


NONAKA (1991) e NONAKA & TAKEUCHI (1997) seus principais expoentes, e
focalizando mais intensamente os mecanismos de criação de novos
conhecimentos do que a aplicação de sistemas de informação para a
transferência do conhecimento;

2. A escola das competências essenciais (Core Competence), com a contribuição


de LEONARD (1995) indo nesta direção2, e tendo um foco mais voltado em
desenvolver os recursos e o aprendizado coletivo que diferenciam a
organização em termos competitivos, naqueles negócios em que está dedicada;

3. A escola das bases de conhecimentos (Knowledge Base), com inúmeros


autores envolvidos em pontos específicos, relacionada ao emprego de
tecnologias como a inteligência artificial e sistemas especialistas em bases de
conhecimentos (KBS – Knowledge Based System), tendo como limitações os
grandes esforços necessários para construir, manter e atualizar estes sistemas
ou bases, e o nível de aceitação pelo usuário que, em muitos casos, coloca
ressalvas quanto a sua eficiência.

Destes três, o que mais proximidade ou adequação possui com a


necessidade de se entender a GC no DP é a teoria apresentada na escola da
criação do conhecimento (Knowledge Creation) de NONAKA & TAKEUCHI (1997).

2
Esta visão de competências essenciais para o desenvolvimento de uma vantagem
competitiva sustentável e de difícil imitação é advinda de uma perspectiva competitiva
baseada em recursos, proposta originalmente por PRAHALAD & HAMEL (1990), em
oposição à abordagem ou perspectiva competitiva baseada na análise do posicionamento
estratégico da indústria em seu ambiente, advindo do trabalho de PORTER (1980).
41

Isso porque, em termos conceituais, o DP é um processo essencialmente


criador e disseminador de novos conhecimentos, o que é o foco principal dessa
teoria, e em termos empíricos, porque NONAKA & TAKEUCHI (1997) construíram e
testaram sua teoria tendo como base inovações (novos produtos) executadas em
casos de DP considerados exemplares e bem sucedidos.

Ao mesmo tempo, a escola das competências essenciais apenas focaliza o


DP como um dentre outros diferenciais competitivos da empresa, sem considerar
suas especificidades; por sua vez, a escola das bases de conhecimentos propõe
tecnologias para a GC que podem ser empregadas em qualquer processo na
empresa, inclusive o DP, mais uma vez praticamente sem considerar as
especificidades de cada processo.

Portanto, como a proposta do presente trabalho trata detalhadamente o DP,


a teoria da criação do conhecimento é a mais adequada para investigar a GC nesse
processo, viabilizando a construção do modelo de avaliação. As outras duas
abordagens não são desconsideradas totalmente, mas sim utilizadas conforme as
condições ou parâmetros impostos pela teoria da criação do conhecimento. Ou
seja, as características e contribuições dessas duas abordagens são consideradas,
na proposta do atual trabalho, condicionadas ou em conformidade com o uso e a
valorização que a elas são atribuídos pela teoria da criação do conhecimento.

Particularmente importante para se entender a GC, e em especial a teoria


da criação do conhecimento, é analisar as discussões referentes às diferenças
entre dados, informação e conhecimento, além de se entender este último como
sendo constituído por dois formatos: o conhecimento tácito e o conhecimento
explícito, sendo possível a existência de conversões entre ambos. As próximas
duas seções detalham esses pontos.

3.4. Diferenciação do conhecimento em relação a dados e informações

Há vários autores que buscam destacar a diferença existente entre dados,


informação e conhecimento (MARSHALL et al., 1996; DUTTA, 1997; MARSHALL,
1997; DAVENPORT & PRUSAK, 1998). Não havendo um consenso quanto à
diferenciação ou definição entre os três conceitos, apresentam-se nesta seção
algumas proposições mais aceitas.
42

Segundo TUOMI (1999), normalmente tratam-se esses conceitos em um


sentido hierárquico em que os dados são simples fatos, que se tornam informação
se forem combinados em uma estrutura compreensível, ao passo que a informação
torna-se conhecimento se for colocada em um contexto, podendo ser usada para
fazer previsões. Uma informação é convertida em conhecimento quando um
indivíduo consegue ligá-la a outras informações, avaliando-a e entendendo seu
significado no interior de um contexto específico (VERKASALO & LAPPALAINEN,
1998).

De acordo com esse sentido, os dados são pré-requisitos para a informação


e esta é pré-requisito para conhecimento. TUOMI (1999) menciona que uma
hierarquia reversa a esta também faz sentido; neste caso, a informação emerge
somente após existir o conhecimento que permita compreender a sua estrutura, e
os dados são percebidos somente após existir a informação que permite verificar a
existência dos fatos3.

As diversas definições dadas para o conhecimento normalmente


consideram estas diferenciações hierárquicas e, em sua maioria, convergem para a
idéia de que conhecimento é formado por informação, que pode ser expressa,
verbalizada, e é relativamente estável ou estática, em completo relacionamento
com uma característica mais subjetiva e não paupável, que está na mente das
pessoas e é relativamente instável ou dinâmica, e que envolve experiência,
contexto, interpretação e reflexão (POLANYI, 1966; NONAKA & TAKEUCHI, 1997).

Estas duas partes constituintes do conhecimento são, na verdade, tratadas


por muitos pesquisadores, entre eles NONAKA & TAKEUCHI (1997), como sendo
dois tipos de conhecimentos intrinsecamente relacionados. Estes dois tipos são:

- o formato tácito, conhecimento subjetivo; habilidades inerentes a uma pessoa;


sistema de idéias, percepção e experiência; difícil de ser formalizado,
transferido ou explicado à outra pessoa;

3
No caso da internet há uma razoável separação conceitual entre estas três entidades. Os
dados que existem na web podem, quando acessados, prover informações em formato
estruturado e inteligível que, quando utilizada, serve como catalisadora de novos
conhecimentos (GEISELER, 1997).
43

- e o formato explícito, conhecimento relativamente fácil de codificar, transferir e


reutilizar; formalizado em textos, gráficos, tabelas, figuras, desenhos,
esquemas, diagramas, etc, facilmente organizados em bases de dados e em
publicações em geral, tanto em papel como em formato eletrônico.

Os formatos tácito e explícito do conhecimento podem ser bem entendidos e


diferenciados pela analogia que BOND & OTTERSON (1998) fazem com o trabalho
de um artesão – escultor de madeira4 e que MASCITELLI (2000) ilustra com a
diferenciação das habilidades entre dois pianistas – músicos5.

As conversões do conhecimento entre estes dois formatos constitui a


essência da abordagem teórica da criação do conhecimento, que será detalhada
em seguida. O quadro 3.1 sintetiza as discussões sobre dados, informação e
conhecimento da presente seção6, usando uma abordagem objetiva da ciência da
computação para diferenciá-los de forma consistente.

3.5. Criação do conhecimento: formatos e conversões

Os autores mais relevantes da abordagem teórica da criação do


conhecimento e, portanto, da definição e do uso dos formatos tácito e explícito,
NONAKA & TAKEUCHI (1997), consideram que um trabalho efetivo com o
conhecimento somente é possível em um ambiente onde possa ocorrer a contínua
conversão entre estes dois formatos. Isto é reforçado por JOHANNESSEN et al.
(1999a), que destaca a importância desta conversão para a criação de novos
conhecimentos, implicando em inovações organizacionais.

4
Este escultor experiente pode escrever detalhadas regras e procedimentos e construir
elaboradas ferramentas físicas, porém, consegue incorporar nestes recursos formais
apenas parte de seu conhecimento, aqueles que o escultor consegue externalizar na forma
explícita. Mas quando este inicia uma nova escultura, um dos mais importantes
conhecimentos é a visão do todo, do resultado final de seu trabalho, que o vai guiar nos
detalhes e pequenas tarefas para conseguir seu intento. Esse conhecimento é tácito,
apenas precariamente externalizado na forma de um desenho ou discurso, mas pode ser
razoavelmente bem captado e incorporado por um aprendiz deste artesão que junto com ele
trabalha por um regular intervalo de tempo.
5
Ao descrever que dois pianistas, um aprendiz e um mestre, podem ter acesso ao mesmo
conhecimento explícito (as partituras musicais), porém, o entendimento destas partituras
será diferente, assim como a reação a esta leitura, em termos de interação com o teclado e
ajuste ao som produzido (conhecimento tácito).
6
Para uma revisão mais específica (indo além do escopo desta tese) de definições sobre
conhecimento e sua gestão, assim como aprendizagem e outros temas correlatos, veja em
BECGCAN apud CARAYANNIS (1999) e TERRA (2000).
44

CONCEITO CARACTERÍSTICA

Dados São abstrações formais quantificadas. Podem ser armazenados


em computador, e , como são puramente sintáticos, podem ser
também processados.

Informações São abstrações informais que representam, por meio de


palavras, som ou imagem, algum significado para alguém.
Contêm semântica e não podem ser formalizadas segundo uma
teoria matemática ou lógica. Informações podem ser
armazenadas em computador, mas não podem ser processadas
(para isso, seria preciso quantificá-las, reduzindo-as a dados).

Conhecimento É uma abstração interna e pessoal, gerada a partir da


experiência. Não pode ser completamente descrito,
representado, caso contrário seria apenas informação. O
conhecimento não pode ser armazenado e nem processado.
Neste sentido, o conhecimento dito explícito é, na verdade,
informação, mas que, ao ser manuseada por uma pessoa,
naturalmente se relaciona com o conhecimento tácito.

QUADRO 3.1: Diferenciando e relacionando dados, informação e conhecimento


(adaptado de SETZER, 2000)

Culturas nacionais e culturas corporativas influenciam a predominância de


um dos formatos. Por exemplo, COHEN (1998a) afirma que estilos culturais e
gerenciais de cada país influenciam a ênfase maior em um dos formatos. O autor
afirma que nos EUA há uma utilização mais disseminada dos recursos de TI e do
reuso do conhecimento explícito, enquanto no Japão é mais propagada a direta
interação social para o compartilhamento do conhecimento tácito.

Para a transferência do conhecimento tácito são necessárias fortes ligações


entre pessoas em espaços coletivos, tornando-se prioritário o contato “face-a-face”,
como os que ocorrem, por exemplo, em reuniões e sessões de treinamento prático
no local de trabalho, realizados entre mestre e aprendiz. Já a transferência do
conhecimento explícito pode se dar sem esta relação “face-a-face”, podendo ser
completada totalmente pelo uso, por exemplo, de meios da TI como uma intranet
(CLIFFE, 1998).

SUTTON & PFEFFER (1999b) afirmam que, para aprender bem uma prática
de trabalho, é necessária a ação conjunta do conhecimento explícito e tácito, pois é
neste último formato que estão as várias nuances e aspectos não tangíveis que
45

fazem a diferença na hora de se executar o trabalho. O exemplo que estes autores


dão é bastante ilustrativo desta questão7.

Este foco na criação de conhecimentos através de espaços para a contínua


conversão entre o formato tácito e explícito forma o núcleo central de uma das
principais abordagens sobre GC, desenvolvida pelo trabalho dos pesquisadores
Ikuhiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi (NONAKA & TAKEUCHI, 1997; NONAKA &
KONNO, 1998). Estes pesquisadores detalharam esta conversão de conhecimentos
entre os formatos tácito / explícito em quatro modos (figura 3.1).

FIGURA 3.1. Espiral dos modos de conversão do conhecimento (tácito-explícito)


(adaptado de NONAKA & TAKEUCHI, 1997)

7
Há inúmeros livros, figuras, filmes, relatos de visitas a fábricas, enfim conhecimento no
formato explícito, sobre o sistema Toyota de produção (similar à produção enxuta – lean
production). Entretanto, apenas com um trabalho conjunto ou estágio duradouro junto aos
experientes engenheiros e técnicos nas fábricas da Toyota, ou da permanência destes por
um certo período de tempo na empresa que pretende implantar este sistema de produção,
enfim criando-se oportunidades de contato com o conhecimento no formato tácito, é que é
possível captar e incorporar efetivamente os conhecimentos sobre este sistema (SUTTON &
PFEFFER, 1999b). O caso NUMMI, da fábrica construída em joint-venture entre a Toyota e
a General Motors, para que esta última aprendesse os princípios da lean production, é o
melhor exemplo que corrobora a afirmação destes autores.
46

Uma ou mais conversões do conhecimento podem ocorrer


simultaneamente. Os quatro tipos existentes estão detalhados em seguida, em
termos de ações em que a conversão entre o formato tácito – explícito do
conhecimento normalmente ocorre.

3.5.1. Socialização

Conversão de parte do conhecimento tácito de uma pessoa no


conhecimento tácito de outra pessoa. Este tipo de conversão também é abordada
pelas teorias ligadas à cultura organizacional e ao trabalho em grupo.
Normalmente, esse conhecimento compartilhado acontece quando:

- ocorre diálogo frequente e comunicação “face-a-face”;

- brainstorming, insights e intuições são valorizados, disseminados e analisados


(discutidos) sob várias perspectivas (por grupos heterogêneos);

- valoriza-se o trabalho do tipo “mestre-aprendiz”: observação, imitação e prática


acompanhada por um tutor;

- há compartilhamento de experiências e modelos mentais via trabalho em


equipe.

Uma frase síntese desta conversão pode ser, então: troca de


conhecimentos “face-a-face” entre pessoas.

3.5.2. Externalização

Conversão de parte do conhecimento tácito do indivíduo em algum tipo de


conhecimento explícito. Este tipo de conversão é pouco abordada por outras teorias
da administração. Normalmente, esse conhecimento conceitual acontece por meio
de:

- representação simbólica do conhecimento tácito através de modelos, conceitos,


hipóteses, etc, construídos por meio de metáforas / analogias ou dedução /
indução, fazendo uso de toda a riqueza da linguagem figurada para tentar
externalizar a maior fração possível do conhecimento tácito;
47

- descrição de parte do conhecimento tácito, por meio de planilhas, textos,


imagens, figuras, regras (por exemplo, nos sistemas especialistas), scripts,
design history, etc;

- relatos orais e filmes (gravação de relatos orais e imagens de ocorrências /


ações).

Uma frase síntese desta conversão pode ser, então: o registro do


conhecimento da pessoa feito por ela mesma.

3.5.3. Combinação

Conversão de algum tipo de conhecimento explícito gerado por um indivíduo


para agregá-lo ao conhecimento explícito da organização. Este tipo de conversão
também é abordada pelas teorias ligadas ao processamento da informação.
Normalmente, esse conhecimento sistêmico acontece por meio do agrupamento
(classificação, sumarização) e processamento de diferentes conhecimentos
explícitos.

Uma frase síntese desta conversão pode ser, então: o agrupamento dos
registros de conhecimentos.

3.5.4. Internalização

Conversão de partes do conhecimento explícito da organização em


conhecimento tácito do indivíduo. Este tipo de conversão também é abordada pelas
teorias ligadas à aprendizagem organizacional. Normalmente, esse conhecimento
operacional acontece por meio de:

- leitura / visualização e estudo, individual, de documentos de diferentes formatos


/ tipos (textos, imagens, etc);

- prática individual (learning by doing)

- reinterpretar / reexperimentar, individualmente, vivências e práticas (practices e


lessons learned).

Uma frase síntese desta conversão pode ser, então: o aprendizado pessoal
a partir da consulta dos registros de conhecimentos.
48

A proposta de NONAKA & TAKEUCHI (1997) valoriza ainda o estilo de


gerência middle-up-down ou o gerente intermediário (que também denominam de
engenheiro do conhecimento). Este gerente atua como um “catalisador”, otimizando
as quatro conversões do conhecimento (e em especial a externalização)8, em uma
estrutura organizacional por analogia parecida com um hipertexto, em termos de
ligação entre as diferentes áreas funcionais (COOMBS & HULL, 1998).

Os ciclos de conversão do conhecimento, passando várias vezes por estes


quatro modos, formam uma espiral que serve para analisar e entender os mais
diversos casos de criação e disseminação do conhecimento, sendo que cada caso
terá suas particularidades ou especificidades. Basicamente, este tipo de análise
com as quatro conversões será feita (no capítulo 5) para cada perspectiva da
Estratégia e da Organização, cada Atividade e Recurso, do processo de DP.

Para que a interação entre estes quatro modos de conversão do


conhecimento seja otimizada, NONAKA & TAKEUCHI (1997) propõem as seguintes
condições capacitadoras: intenção organizacional (metas); autonomia; flutuação ou
“caos” criativo; redundância (superposição intencional); e variedade de requisitos
(diversidade organizacional). Estes autores investigaram a ocorrência destas
condições em situações pontuais ou momentos específicos do desenvolvimento de
determinados produtos, porém, não fizeram esta investigação em todo o processo
de DP.

De certa forma, esta investigação é realizada em todo o processo no


presente trabalho, pois o modelo de avaliação (que é discutido no capítulo 5), ao
fazer uso das dimensões do DP, indiretamente considera estas condições
capacitadoras, por exemplo: redundância – ocorre quando da simultaneidade na
realização das atividades do DP; variedade de requisitos – pela formação de
equipes multifuncionais; “caos” criativo – pelo “sentido de crise” desafiador mantido
pelo líder do DP; etc.

8
Segundo NONAKA & TAKEUCHI (1997), o modelo de gerência top-down valoriza a
atuação do “comandante”, otimizando apenas o conhecimento explícito (particularmente a
Combinação e a Internalização). Já o modelo bottom-up valoriza a atuação do “patrocinador
ou mentor”, otimizando o conhecimento tácito (em particular a Socialização e a
Externalização).
49

A abordagem teórica da criação do conhecimento é uma contribuição


relevante e ponto de partida para muitos outros trabalhos, contribuição esta
reconhecida até mesmo por autores que criticam e apontam algumas limitações
nesta abordagem, como, por exemplo, ESSERS & SCHREINEMAKERS (1997),
que ressaltam a ausência ou a pouca preocupação com o papel dos modelos
mentais na criação do conhecimento, bem como o pouco espaço dado à
aprendizagem organizacional nesta visão – o que pode ser visto como útil para
diferenciá-la em relação à linha teórica da aprendizagem. Mesmo assim, observa-
se que as conversões do conhecimento incorporam, ao menos indiretamente,
elementos de outras teorias relacionadas a GC (a cultura organizacional e o
trabalho em grupo, o processamento da informação, a aprendizagem
organizacional), porém, subordinadas à lógica das quatro conversões e de seu ciclo
de criação do conhecimento.

As próximas duas seções destacam alguns importantes facilitadores que


permitem otimizar o trabalho com o conhecimento tácito e com o conhecimento
explícito nas conversões do conhecimento de que estes formatos fazem parte.
Estes facilitadores podem ter apoio de algumas TI aplicadas direta ou indiretamente
na GC, o que é discutido em uma seção posterior.

3.6. Facilitadores do trabalho com o formato tácito do conhecimento

Um dos principais facilitadores para o trabalho com este formato do


conhecimento são as redes de trabalho que ligam pessoas experientes e
preparadas para atuarem em grupo, interagindo basicamente por meio de ampla
troca de conhecimentos tácitos9 (HANSEN et al., 1999; ZACK, 1999a; ZACK,
1999b).

A importância das redes de trabalho entre as pessoas em uma organização


já foi apontada pelos resultados obtidos no pioneiro estudo de ALLEN (1977),
confirmados por pesquisas mais recentes (BROWN, 1991; ALLEE, 1997;
McDERMOTT, 1999; GUPTA & GOVINDARAJAN, 2000; QUINN, 2000; STORCK &
HILL, 2000), evidenciando seu papel na troca de conhecimentos (principalmente

9
A prioridade de se trabalhar com o conhecimento tácito é denominada por HANSEN et al.
(1999) de estratégia de GC de personalização, em oposição a uma estratégia de GC de
codificação, que prioriza o trabalho com o conhecimento explícito.
50

tácitos)10. Essas redes, também denominadas de comunidades de prática,


normalmente espontâneas e informais em relação à estrutura formal da
organização, podem envolver pessoas de dentro e de fora da empresa na troca de
experiências e na busca de novas abordagens para problemas comuns,
continuando a existir conforme seus membros se identifiquem com o propósito do
grupo (LIEVROUW & FINN, 1996; JUNNARKAR, 1997; WENPIN, 2000)11.

Outro importante facilitador de conversões entre conhecimentos tácitos é a


capacidade criativa (e de inovação) existente na empresa, ligada à presença de
talentos individuais e de motivação fornecida pelo ambiente organizacional, para a
proposição de idéias e soluções originais, além do estímulo ao compartilhamento
de experiências individuais no ambiente de trabalho. Destacam-se nesta linha
teórica diversos autores, dentre estes SENKER (1993), SENKER (1995), AMABILE
(1997), CUMMINGS & OLDHAM (1997), NEMETH (1997), STERNBERG et al.
(1997), BOND & OTTERSON (1998), GHOSHAL & NAHAPIET (1998), e
JOHANESSEN et al. (1999b).

Por fim, um significativo facilitador é a capacidade de aprendizagem


individual e organizacional. GARVIN (1993) destaca que uma organização de
aprendizagem é aquela em que as pessoas envolvidas estão capacitadas ou têm
habilidades para criar (externalizar), adquirir (internalizar) e disseminar (socializar)
conhecimentos, e modificar comportamentos a partir da reflexão sobre estes
conhecimentos. Tal reflexão que modifica comportamentos requer que a
aprendizagem não seja somente adaptativa e cumulativa (denominada de

10
Em síntese, estes autores apontam algumas condições para o funcionamento destas
redes de trabalho: - grupos e redes são voluntários e espontâneos, a empresa não deve
formalizá-los ou forçar sua criação, mas apenas remover barreiras e motivar a participação;
- a empresa deve respeitar as lideranças e elementos de ligação (gatekeepers) que surgem
nestes grupos ou comunidades, escolhidos não por sua posição na hierarquia formal da
empresa, mas sim por suas habilidades (motivadoras e inovadoras) de condução do
trabalho do grupo; - a empresa deve respeitar e valorizar os termos e linguagens comuns
que estes grupos adotam e proteger os canais de comunicação (físicos e virtuais) e as
oportunidades para o compartilhamento de experiências criados por estes grupos.
11
Um exemplo significativo de redes de trabalho (networks) é dado por DYER & NOBEOKA
(2000) e KOGUT (2000), ao estudar seu papel relevante no compartilhamento de
conhecimentos tácitos, no sistema de produção Toyota (tanto da empresa com seus
fornecedores como entre diferentes unidades da empresa no Japão e EUA). A empresa
fomenta a existência destas redes ao manter abrangentes associações com fornecedores,
estimular a formação de pequenos grupos voluntários de aprendizagem, oferecer uma
consultoria interna para solucionar problemas no trabalho em rede, e transferir empregados
entre diferentes unidades da empresa e fornecedores.
51

aprendizagem de ciclo único), mas também inovadora (aprendizagem de ciclo


duplo) (ARGYRIS & SCHON, 1978; ARGYRIS, 1991), resultando em uma
inteligência organizacional dinâmica, que afeta o indivíduo, sendo amplificada para
o grupo e, finalmente, através do pensamento ou raciocínio sistêmico, repercute em
toda a organização (SENGE, 1990; GOMES et al., 1998).

3.7. Facilitadores do trabalho com o formato explícito do conhecimento

A memória organizacional ou corporativa compõe-se de idéias criativas, da


análise de falhas e sucessos, das experiências diárias, etc (HEIJST et al., 1997),
cujos fundamentos, habilidades e princípios mantêm-se e são transmitidos
principalmente por meio de conhecimentos tácitos (BALASUBRAMANIAN, 1997;
MOORMAN & MINER, 1998; CROSS & BAIRD, 2000), sendo que podem ser
parcialmente registrados e, portanto, convertidos em conhecimentos explícitos os
procedimentos, regras e recomendações resultantes desta memória (SOLTERO,
1997; WARGITSCH et al., 1997).

Portanto, um dos facilitadores para o trabalho com o formato explícito do


conhecimento é a capacidade de construção de “lessons learned” (a parte da
memória organizacional que contém apenas o conhecimento explícito), significando
registrar objetivamente uma determinada vivência, os erros levantados e quais
foram as soluções adotadas.

Algumas recomendações devem ser seguidas na construção de ”learning


history” (termo sinônimo, assim como ”best / bad practices”, do termo ”lessons
learned”)12, já que não se trata de uma simples redação de um relatório
operacional. Dentre outros cuidados apontados por KLEINER & ROTH (1997),
BIRCHALL & SMITH (1998), e SARVARY (1999), destacam-se a ênfase na síntese
(texto enxuto), a redação impessoal porém com comentários dos fatos relatados
(mostrando diferentes pontos de vista e contextualizando a ocorrência relatada), e

12
Outras denominações e procedimentos similares: relatos na forma de case method,
scripts (papéis e cenas que descrevem uma sequência de eventos), redes semânticas
(relações hierárquicas entre objetos), frames (uma estrutura que inclui todo o conhecimento
de um objeto em particular), mapas e/ou cenários, conforme indicados por, DUARTE &
SNYDER (1997), HEIJST et al. (1997), SOLTERO (1997), BIRCHALL & SMITH (1998),
O’LEARY (1998c), entre outros.
52

os critérios de aprovação e acesso às “lessons learned” para os diferentes níveis e


setores da empresa.

Se as recomendações anteriores estão mais preocupadas com a otimização


da Externalização (redação) e Internalização (facilidade de leitura do que foi
redigido), um outro facilitador importante para o trabalho com o formato explícito é a
preocupação com as formas de melhor agrupar ou organizar estes conhecimentos
(Combinação).

HEIJST et al. (1997) e MAURER (1998) destacam a importância de que,


para cada conhecimento (explícito) que faça parte da memória corporativa, tenham-
se bem claro seus atributos ou metaconhecimentos, auxiliando tanto que esse seja
encontrado em um diretório, como também servindo para dar o contexto
(particularidades da ocorrência) que originou o conhecimento explícito, facilitando
seu entendimento e reutilização em outros contextos (TSCHAITSCHIAN et al.,
1997):

- qual(is) o(s) processo(s) de negócios e produtos / serviços ao(s) qual(is) o


conhecimento está relacionado;

- como está classificado em um domínio (em qual taxionomia / vocabulário /


palavra chave se insere e como está inserido, quem são os autores e usuários
mais frequentes do conhecimento);

- como está representado (forma de apresentação do conhecimento: meio papel,


meio eletrônico, texto, desenho, etc), onde se localiza, e como se classifica no
tempo (por exemplo de registro, uso, atualização, etc, do conhecimento).

Essa necessidade de empregar classificações para organizar ou


hierarquizar os conhecimentos explícitos tem merecido destaque no trabalho de
vários autores.

COOMBS & HULL (1998) discutem a variedade de tipologias de


conhecimentos possíveis, sendo as categorias mais utilizadas aquelas ligadas a
domínios técnicos, de mercado ou de procedimentos organizacionais. Tais
tipologias devem ser construídas de forma a serem universalmente entendidas e
traduzidas, facilmente decompostas e gerenciadas (controladas), sendo
53

estruturadas pelo consenso entre todos os agentes (pessoas ou organizações)


envolvidos (O´LEARY, 1998c; STUDER et al., 1998).

DAVENPORT & PRUSAK (1998) defendem o maior emprego de algum tipo


de controle de vocabulário e / ou construção de tesauros (controle de palavras
chave, visando a compatibilização de diferentes tipos de linguagens, do que está
relacionado com o que, padronizando as formas de busca). O`DELL & GRAYSON
(1998) recomendam priorizar a perspectiva de inventário (mapas de conhecimentos
ou “páginas amarelas”), indicando ou apontando o acesso ou onde se encontram o
conhecimento tácito (pessoas) e o explícito (documentos), ao invés de manter
custosamente os seus conteúdos integralmente disponíveis (repositórios).

Além das recomendações anteriores voltadas a otimização do trabalho com


o conhecimento explícito na Externalização, Combinação e Internalização, alguns
autores apontam outros cuidados genéricos a serem tomados. Segundo TEECE
(1998a), há o perigo do apego ao passado se a memória acumulada for pensada
como um repositório de soluções prontas ao invés de um conjunto de idéias a
serem adaptadas para criar soluções e oportunidades novas para problemas
futuros. Há também algumas questões críticas, como o grau de centralização e
descentralização do sistema e o trabalho demorado de redigir, manter e filtrar as
“lessons learned” (COHEN, 1998b), que deve ser realizado continuamente e que
sempre estará sujeito a esquecimentos, verdadeiros ou propositais, no registro e
interpretação de uma ocorrência. Um outro risco é o de não ser dada atenção
suficiente, em meio a tantas ocorrências, para a seleção dos conhecimentos que
são mais importantes e que devem ser armazenados para a estratégia de longo
prazo da empresa (CLARKE, 1998).

Os recursos de TI podem otimizar ainda mais a Externalização,


Internalização e Combinação do conhecimento explícito, quando partem de uma
situação em que as recomendações e preocupações anteriormente expostas já são
levadas em consideração. A próxima seção aborda as contribuições da TI
(tecnologia da informação) para a GC, particularmente no formato do conhecimento
em que esta tecnologia faz sentido de ser aplicada; o explícito.
54

3.8. Aplicações da tecnologia da informação na gestão do conhecimento

A TI não resolve todos os problemas do trabalho com o conhecimento


explícito, porém, seu uso e suas potencialidades contribuem no encaminhamento
de significativa parte da solução desses problemas.

A TI é fundamental para a Combinação (agrupamento) dos conhecimentos


explícitos, mas não contribui significativamente com o formato tácito do
conhecimento. Basicamente, o máximo que pode fazer para a troca de
conhecimentos tácito – tácito é facilitar que pessoas sejam encontradas
(contactadas) (e a partir daí podendo ocorrer a Socialização). No entanto, a TI pode
facilitar as outras duas conversões do conhecimento, quando o formato tácito está
em equilíbrio com o formato explícito. Assim sendo, pode facilitar a Externalização
(auxilia no registro do conhecimento) e a Internalização (agiliza o acesso ao
conhecimento explícito).

Os recursos de TI facilitam o trabalho em rede, podendo manter os


conhecimentos descentralizados junto aos locais em que são mais gerados e / ou
utilizados (DAVENPORT et al., 1998), e melhorando o grau de interatividade do
usuário com os registros de conhecimentos (por exemplo com as “lessons learned”)
(DAVENPORT & PRUSAK, 1998). A TI é efetivamente útil para a GC se for
empregada utilizando-se uma sistemática interferência (interatividade) humana
(DAVENPORT et al., 2001).

O emprego de sistemas (tecnologias) de informação na empresa deve ser


condicionado às definições e escolhas da estrutura organizacional e não o
contrário, cabendo-lhe o papel de facilitador na existência dos espaços
organizacionais voltados ao processamento dos aspectos cognitivos (SALERNO,
1998), contribuindo com o tratamento e transmissão do conhecimento (explícito)
(McDERMOTT, 1999).

3.8.1. As tecnologias da informação pioneiras no trabalho com o conhecimento

Pode-se considerar que a utilização da TI para a gestão do conhecimento


tem seus primórdios nos anos 70, quando esta passa de um foco voltado ao
processamento de dados para um foco voltado à informação, exemplificado pela
criação dos sistemas de suporte à decisão gerencial (DSS – decision support
55

system) e nos sistemas de informação gerencial (MIS – management information


system).

Nos anos 80, a evolução se direciona para os sistemas da informação


baseados no conhecimento (KBS – knowledge-based information systems), em que
talvez sua face mais visível e conhecida sejam os sistemas especialistas (expert
systems) (DUTTA, 1997; GUIMARÃES et al., 1997; STUDER et al., 1998).

Esses sistemas desdobraram-se em inúmeras linhas de atuação, indo


desde a utilização de sistemas baseados em inteligência artificial e modelos
matemáticos e estatísticos para criar o conhecimento a partir do cruzamento de
dados e informações presentes em bases de dados (DAVENPORT & KLAHR,
1998; ROUSE et al., 1998) (p.ex.: data mining, data warehousing) até a
representação do conhecimento em sistemas especialistas e redes neurais que
procuram automatizar a tomada de decisões (VERDUIN, 1995; SINGH et al., 1997;
WIELINGA et al., 1997; O’LEARY, 1998b; O’LEARY, 1998c; SPEEL & ABEN, 1998;
MILTON et al., 1999). Também os sistemas KBS podem melhorar a dinamicidade
(facilidade de registro e sua manutenção através do uso de regras e modelos) da
representação do conhecimento explícito das vivências registradas (lessons learned
ou best/bad practices) (WIELINGA et al., 1992; O’DELL & GRAYSON, 1998;
LIEBOWITZ et al., 1998; VRIENS & HENDRIKS, 1999).

A colaboração desses sistemas restringe-se ao apoio (recurso facilitador)


para que uma pessoa registre (conhecimento explícito) o máximo possível de seu
conhecimento tácito (Externalização) e agrupe e processe este registro de forma
efetiva junto com outros registros de conhecimentos explícitos da organização
(Combinação) (HEIJST et al., 1997; REIMER, 1997; CROSS & BAIRD, 2000).

A Internalização e a Socialização também são conversões importantes para


a formação da memória organizacional. A primeira pode ser em parte ajudada pela
TI (tanto recursos KBS, como Intranets / Internet que são mostradas na próxima
sub-seção), mas é mais influenciada pelas redes e comunidades de prática. A
56

segunda, praticamente independe da TI, ocorre apenas se houver um trabalho “face


a face”, seja em equipes formais ou em redes e comunidades informais13.

Apesar de todos os potenciais usos dos sistemas KBS, algumas limitações


ao seu emprego para a GC devem ser mencionadas:

- por mais sofisticados que sejam os recursos de inteligência artificial, estes não
têm a mesma sensibilidade e versatilidade para fazer julgamentos se
comparados a uma pessoa conhecedora do assunto em análise (JUNNARKAR,
1997), que pode mesmo fazer julgamentos prévios com aceitável precisão em
situações instáveis, quando ainda não estão disponível todos os dados para
uma análise completa (TAYLOR & OATES, 1996; O’LEARY, 1998a);

- portanto, um sistema KBS voltado a GC tem muito mais a função de processar


e fornecer conhecimentos explícitos relevantes e confiáveis, deixando para seus
usuários a responsabilidade de interpretar contextualmente e avaliar cada
conhecimento fornecido (KÜHN & ABECKER apud DIENG et al., 1999);

- um sistema KBS requer constantes atualizações dos conhecimentos explícitos


que manuseia nas bases corporativas. Estes sistemas também possuem uma
razoável complexidade técnica, que pode exigir preparação especial das
pessoas que irão utilizá-lo (STUDER et al., 1998; NISSEN, 1999).

3.8.2. A evolução no trabalho com o conhecimento através dos recursos da internet

Dos anos 90 até os dias atuais, a evolução e disseminação da internet (e


intranets) têm concentrado as principais aplicações da TI para a gestão do
conhecimento (RUGGLES, 1998; DIENG, 2000). Esta evolução incorpora e integra
alguns tipos de KBS, trazendo-lhes novas funcionalidades como, por exemplo, os
recursos multimídia e hipertexto, facilitando sua interatividade tanto para uso
individual como em grupo (MARSHALL, 1997; BIRCHALL & SMITH, 1998;
CARAYANNIS, 1998). Exemplos dessa integração são as ferramentas de apoio ao
trabalho em grupo suportadas por mecanismos de gerenciamento de documentos

13
Um dos poucos exemplos de ferramenta de TI relativamente útil à Socialização são os
grupos de discussão virtuais (groupware forum) (MARSHALL et al., 1996; BERRA &
GHAFOOR, 1998) permitindo a realização de discussões espontâneas ou conduzidas por
um líder ou mentor (BIRCHALL & SMITH, 1998).
57

eletrônicos, ferramentas de navegação inteligente na internet, etc (HOOG & SPEK,


1997; RUGGLES III, 1997).

Os recursos da intranet / internet facilitam o acesso aos diferentes


conhecimentos explícitos acumulados na corporação, podendo mesmo personalizar
seu uso de acordo com as preferências e necessidades de cada pessoa (MAURER,
1998; MEISTER, 1998). Permitem ainda que se façam comentários ou que se criem
grupos de discussão virtuais (groupware forum) sobre estes conhecimentos e
outros assuntos, facilitando a Externalização de experiências e opiniões,
envolvendo grupos restritos, grupos amplos dentro da empresa ou mesmo
parceiros e colaboradores externos da empresa (como clientes, fornecedores,
consultores e especialistas de universidades, etc) (KLOOSTER et al., 1997;
MAURER, 1998; RENTES et al., 1999; BOLISANI & SCARSO, 2000). Esses
recursos também ganham cada vez mais espaço como ferramenta de treinamento
virtual das pessoas na empresa, devido ao baixo custo envolvido e a rapidez em se
conectar várias pessoas em pontos remotos ou diferentes fábricas da corporação.

A utilização de TI focalizada na internet / intranets para a GC representa


também a adoção de uma tecnologia base de padrões abertos e universais, o que
facilita a integração com outros sistemas internos ou externos à empresa,
resultando em uma tendência recente que é a formação de portais com o objetivo
de centralizar o acesso à intranet da empresa e a sites relacionados ou de interesse
da empresa na internet (AGOSTA, 1999; KOULOPOULOS & REYNOLDS, 1999;
RAYMOND, 2000; REZAYAT, 2000).

A internet / intranet possui uma filosofia diferente da maioria dos sistemas


de informação tradicionais. Segundo SCOTT (1998), apresenta características
favoráveis à criação do conhecimento, que são a autonomia, redundância, caos
criativo e variedade, em consonância com a abordagem da mudança constante dos
conhecimentos entre o formato tácito e explícito (escola da criação do
conhecimento). As listas de discussão facilitam o diálogo e a interação, os gráficos
aumentam o uso de metáforas, analogias e protótipos para clarear o que estava
originalmente confuso e obscuro. Hyperlinks relacionam conceitos e organizam os
repositórios de conhecimentos para um melhor acesso e trabalho cognitivo. A
integração do conhecimento organizacional é facilitada pela capacidade de
trabalhar com plataformas diferentes e padrões abertos (SCOTT, 1998).
58

3.8.3. Perspectivas recentes e síntese do uso da tecnologia da informação para a


gestão do conhecimento

Paralelamente à evolução recente da internet e dos portais corporativos,


uma TI que também pode influenciar na GC são os sistemas ERP (Enterprise
Resource Planning), empregados pelas grandes empresas desde os anos 90.

Buscando integrar vários setores da empresa, os sistemas ERP procuram


padronizar e normalizar os diferentes setores e funções, facilitando o
compartilhamento de dados, informação e até conhecimentos (DAVENPORT &
PRUSAK, 1998). Esses sistemas estruturam-se em torno de uma grande base de
dados central que envolve toda a corporação (DAVENPORT, 1998). Passa a ser
uma ferramenta com impacto na GC à medida que tem como foco intermediar a
ação de pessoas, aproximando quem domina de quem está necessitando de
determinados conhecimentos. Com a nova utilização destes sistemas ERP por
meio de intranet / internet (SAP, 2000), e integrados aos recentes sistemas CRM
(Customer Relationship Management) que tratam de informações sobre clientes,
ainda mais possibilidades de intermediação de conhecimentos podem ocorrer.

As intranets corporativas, bem como outros sistemas além do ERP, podem


permitir o gerenciamento dos conteúdos de conhecimentos da empresa. Porém,
uma importante parte da solução, para que estes sistemas funcionem, passa por se
estabelecer muito bem quais são os processos-chave e os principais papéis e
fluxos de trabalho (workflow) dentro destes processos (ELLIOTT, 1999).

Sintetizando esta evolução histórica pela interpretação do trabalho de vários


autores (WIIG, 1993a; WIIG, 1993b; WIIG, 1993c; JUNNARKAR, 1997;
PROKESCH, 1997; ROGERS, 1998; CARAYANNIS, 1999), pode-se entender que
a TI tem ampliado seu papel na GC, essencialmente no trabalho com o
conhecimento explícito (pois o conhecimento tácito, devido a seu próprio conceito,
implica em restrições a seu manuseio pela TI), equilibrando-se em duas linhas de
atuação:

- as tecnologias centradas no indivíduo (human-centric technologies), mais úteis


para auxiliar na Internalização do conhecimento explícito e com menos sucesso
nas tentativas de transmissão de conhecimentos tácitos (Socialização).
Sistemas interativos hipertexto e multimídia para a aprendizagem e ferramentas
59

de groupware podem ser mencionados como exemplos destas tecnologias. O


foco principal está em facilitar o compartilhamento de interesses e experiências
pessoais, devido a um acesso mais dinâmico ao conhecimento explícito;

- e as tecnologias centradas na máquina (machine-centric technologies), mais


úteis nas tentativas de Externalização do conhecimento tácito e no
agrupamento dos conhecimentos explícitos (Combinação). Envolve sistemas
que buscam dinamizar o registro (explícito) de parte do conhecimento (tácito)
das pessoas, portanto, facilitando a Externalização, e depois agrupando este
registro junto a inúmeros outros conhecimentos explícitos (realizando então a
Combinação). Bases de dados, sistemas especialistas, ferramentas de suporte
à decisão, agentes de busca na internet, etc, são exemplos de tecnologias que
podem ser empregadas com esses propósitos.

Há uma crescente interdependência entre as tecnologias destas duas linhas


de atuação, que caminham em direção a seu emprego de forma integrada, nos
problemas de GC de uma empresa.

3.9. Considerações finais

NONAKA & TAKEUCHI (1997) analisaram a criação do conhecimento em


alguns casos de produtos em desenvolvimento, porém, não focalizaram ou
entraram em mais detalhes nas particularidades do processo de DP, tratadas pelas
dimensões do DP. Esta lacuna é focalizada com particular detalhe na proposta da
presente tese, do modelo de avaliação da GC no DP.

A discussão sobre o DP e o detalhamento de suas dimensões, feita no


capítulo 2, juntamente com a discussão deste capítulo 3, sobre a GC e as
conversões do conhecimento, formam os dois eixos principais do referido modelo
de avaliação, que é apresentado no capítulo 5. Antes, o capítulo 4 discute
metodologia de pesquisa e as escolhas metodológicas que sustentam a construção
e a validação deste modelo.
60

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DE PESQUISA

Este capítulo trata da sustentação metodológica da proposta de trabalho


deste doutorado, ou seja, do modelo de avaliação da GC no processo de DP. Em
4.1, são descritas as opções dadas pelo referencial teórico sobre metodologia
científica e, em 4.2, as escolhas feitas, dentre estas opções, quanto à metodologia
empregada na construção e validação da presente proposta. Estas escolhas
orientam-se pelo que já foi exposto na Introdução em relação às questões e aos
objetivos de pesquisa e suas justificativas e limitações, e também pelos conceitos
teóricos que delimitam a proposta deste trabalho, preliminarmente expostos na
Introdução e detalhados nos capítulos 2 e 3. Em sintonia com as escolhas
metodológicas realizadas, a seção 4.3 finaliza este capítulo descrevendo as etapas
de realização do trabalho de pesquisa.

4.1. Referencial teórico sobre metodologia científica

O emprego do método científico em pesquisas se faz necessário para que


suas etapas de realização sejam conduzidas com o máximo rigor e objetividade,
com foco e limitações devidamente explicitados, chegando-se a resultados finais
confiáveis e válidos, e permitindo que o trabalho de pesquisa realizado possa ser
repetido em outro ambiente ou condição (GIL, 1999).

Antes de fazer escolhas dentre as possibilidades de métodos de pesquisa,


um importante passo inicial deve ser dado. Trata-se da seleção e delimitação de um
problema de pesquisa relevante, em que a revisão bibliográfica assume importante
papel, devendo-se chegar a sua formulação na forma de questões e objetivos a
serem atingidos.

Após este passo inicial, algumas classificações dos métodos de pesquisa


podem ser úteis para fazer as escolhas necessárias, condicionadas pelo problema
de pesquisa formulado. Uma classificação básica ou ampla, retirada de LAKATUS
& MARCONI (1995) e GIL (1999), apresenta as seguintes opções de métodos:
61

- método indutivo – não leva em conta princípios pré-estabelecidos, mas defende


que a busca de soluções deve partir do trabalho de coleta de dados particulares
para chegar a conclusões genéricas na forma de teorias ou leis;

- método dedutivo – a busca de soluções parte de teorias ou leis aceitas


(premissas), que são aplicadas em situações específicas e analisadas com
base no raciocínio dedutivo, tendo como resultado uma nova premissa ou
conclusão do problema de pesquisa;

- método dialético – a busca de soluções está na análise da dialética, nas


contradições existentes na interpretação de um determinado problema;

- método hipotético-dedutivo – a busca de soluções consiste em testar rigorosa e


exaustivamente as teorias ou leis existentes no sentido de encontrar respostas
para novos problemas, até que estas teorias ou leis falhem (refutação) e seja
necessário propor inovações que resolvam estes problemas, incorporando o
que as teorias ou leis anteriores já solucionavam.

Com base na abordagem de vários autores sobre este método hipotético-


dedutivo, MARTINS (1998) mostra sua vantagem ao buscar a refutação de uma
teoria (o foco no descarte daquilo que não funciona), ao invés do que é proposto
por outros métodos, especialmente o dedutivo, que buscam sua comprovação (o
foco na confirmação do que funciona). Cada vez que uma teoria resisti a um teste
de refutação, mais robusta ela se torna e, ao ser refutada, é preciso buscar uma
nova que responda pelo que a anterior fazia, além de trazer inovações para as
novas necessidades exigidas, aumentando-se, assim, a riqueza de conteúdo da
nova teoria proposta.

Um ou mais métodos podem ser usados em uma determinada pesquisa


que, por sua vez, também pode ser classificada de várias maneiras. Quanto a sua
natureza, SILVA & MENEZES (2000) propõem a seguinte classificação:

- pesquisa básica – tem como objetivo gerar inovações no pensamento científico,


sem se preocupar, necessariamente, em converter estas inovações em
aplicações práticas imediatas;

- pesquisa aplicada – tem como foco a solução de problemas práticos


específicos, com o objetivo de gerar inovações para esta aplicação imediata.
62

Quanto à abordagem do problema, BRYMAN apud MARTINS (1998)


apresenta a seguinte classificação:

- pesquisa quantitativa – esta abordagem gera dedutivamente hipóteses sobre as


teorias utilizadas que, em seguida, devem ser convertidas em variáveis
possíveis de serem mensuradas. Além disso, estas variáveis devem ter uma
relação de causa-e-efeito entre si, de modo a demonstrar quais são
dependentes, independentes e de contorno. Os dados obtidos devem ser
coletados / medidos de forma que as hipóteses originais possam ser testadas
por inferência estatística. A pesquisa quantitativa pode ser aplicada também em
um estudo exploratório, como por exemplo, quando há uma preocupação em
estabelecer se duas ou mais variáveis são relacionadas, sem entrar em mais
detalhes quanto à natureza deste relacionamento;

- pesquisa qualitativa – este tipo de pesquisa não apresenta aversão à


quantificação de variáveis, mas enfatiza a captação das perspectivas e
interpretações dos indivíduos que estão sendo estudados, situando-se aí sua
diferença em relação a pesquisa quantitativa. O foco está no entendimento de
um determinado fenômeno, produto da interpretação e dos significados a ele
atribuídos pelo pesquisador, e não na freqüência em que ocorre este fenômeno,
que deve ser constatada após a compreensão do fenômeno.

Os procedimentos mais comuns para a coleta de dados na pesquisa


quantitativa são a pesquisa de avaliação (survey), o experimento de campo e o
experimento de laboratório e, na qualitativa, são a observação participante, a
realização de entrevistas e o exame de documentos.

Quanto aos objetivos gerais da pesquisa, analisando-se o que DANE (1990)


e GIL (1991) propõem, três tipos principais podem ser apresentados nesta
classificação:

- pesquisa exploratória – visa comprovar a existência de um determinado


fenômeno e torná-lo mais explícito para, então, elaborar hipóteses;

- pesquisa descritiva – tem por objetivo descrever as características de um


determinado fenômeno, definindo-o e delimitando-o, transformar hipóteses em
variáveis de estudo, e estabelecer as relações existentes entre estas variáveis;
63

- pesquisa explicativa – visa identificar os fatores que determinam ou contribuem


para a ocorrência de um determinado fenômeno, buscando explicar a razão dos
fatos e envolve a análise das relações de causa e efeito entre variáveis.

Quanto aos métodos de procedimento de pesquisa, BRYMAN apud


MARTINS (1998) destaca os seguintes tipos, mais adequados às pesquisas
organizacionais ou administrativas:

- pesquisa experimental – busca através de um experimento, demonstrar


relações de causa-e-efeito. Para tanto, tenta-se controlar as variáveis que
contribuem para um efeito, experimentando alternativas e verificando quais
resultados são obtidos. Em pesquisas de campo – em empresas, por exemplo –
torna-se difícil para o pesquisador controlar as variáveis independentes e
verificar a ocorrência de certos efeitos, o que constitui a principal restrição deste
método;

- pesquisa de avaliação ou levantamento (survey) – trata-se de uma coleta de


dados quantificáveis sobre um determinado conjunto de variáveis, restrita a um
único instante de tempo (o momento da aplicação do questionário ou da
entrevista estruturada) e a um grupo de pessoas (recomendável que seja de
uma amostra probabilística, para que sejam permitidas generalizações
estatísticas). Suas principais restrições referem-se à coleta de dados, feita em
um único instante de tempo, o que dificulta a observação dos efeitos advindos
das correlações medidas entre as variáveis, e a estrutura fechada do
questionário ou da entrevista, o que impõe às pessoas uma única forma de ver
e analisar o problema;

- estudo de caso – tem como principal característica uma maneira exploratória de


testar teorias e permitir a confirmação de resultados de outros estudos. Pode
ser utilizado para explicar, descrever, avaliar e explorar situações, quando a
questão de pesquisa é do tipo “como” e “por que”, e o pesquisador tem pouco
ou nenhum controle sobre o evento. Como principal limitação, apontada por YIN
(1994), seus resultados não podem ser generalizados para uma população ou
universo (generalização estatística), mas podem, com os devidos cuidados, ser
generalizados em termos de proposições teóricas (generalização analítica).
Dessa forma, o número de casos deve ser escolhido conforme as necessidades
64

desta generalização teórica ou analítica e não de acordo com critérios de


amostragem representativa do ponto de vista estatístico;

- pesquisa-ação (action research) – é mais voltada para o diagnóstico e para a


solução científica de problemas geralmente relacionados à prática das
organizações. Neste método de procedimento de pesquisa, o pesquisador
envolve-se diretamente com a organização estudada e com os participantes
representativos do problema, estando todos envolvidos de modo cooperativo ou
participativo (THIOLLENT, 1998). Com esta característica, a pesquisa-ação
diferencia-se do estudo de caso, na medida em que o pesquisador, ao
estruturar as informações e as relações entre os participantes, pode controlar
determinadas variáveis e, com isto, analisar relações de causa-e-efeito. Quanto
à generalização a pesquisa-ação, é idêntica ao estudo de caso, por conseguir
realizar uma generalização analítica, e não a estatística.

Não há uma rígida associação ou arranjo hierárquico entre a escolha de um


método de procedimento de pesquisa com a escolha feita dentre os tipos das
classificações metodológicas e de pesquisa anteriormente expostos. O estudo de
caso, por exemplo, não precisa ser necessariamente a única opção para a pesquisa
exploratória, da mesma forma que o survey não o é para a pesquisa descritiva e
nem o método experimental para a pesquisa explicativa. No entanto, recomenda-se
justificar adequadamente as escolhas feitas conforme as especificidades de cada
situação de pesquisa, evitando-se inconsistências.

Após as escolhas anteriores, o passo seguinte consiste na seleção dos


instrumentos de pesquisa, que são usados para a operacionalização ou realização
prática do trabalho. Sintetizando o que está elencado em YIN (1994) e GIL (1999),
pode-se listar os seguintes instrumentos mais empregados:

- análise de documentos e registros de arquivos – as principais recomendações


para o correto emprego do documento / registro estão na sua cuidadosa análise
semântica e de conteúdo, além da verificação de sua validade e autenticidade;

- entrevistas – as informações são obtidas por meio de uma entrevista


estruturada (quando há um roteiro com todos os tópicos previamente
detalhados e definidos) ou semi-estruturada (quando há um roteiro com apenas
os tópicos gerais do assunto a ser abordado). Em ambos os casos, recomenda-
65

se realizar múltiplas entrevistas (o que garante várias evidências e visões


diferenciadas sobre um problema), e fazer sua transcrição o mais brevemente
possível antes que a mentalização do contexto e dos detalhes em que foi
realizada começem a serem esquecidos;

- questionário – obtenção das informações por meio de uma série de perguntas,


que podem ser abertas, fechadas ou de múltipla escolha, e que devem ser
respondidas por escrito – na maior parte das vezes, sem a presença do
pesquisador. Na construção deste roteiro, algumas recomendações são
fundamentais: a utilização de blocos temáticos deve obedecer a uma ordem
lógica, a redação das perguntas deve ser feita utilizando-se uma linguagem
compreensível ao informante, cada pergunta deve focar apenas uma questão e
todas as perguntas necessitam estar relacionadas aos objetivos da pesquisa;

- observação – este instrumento de pesquisa pode ser classificado em dois tipos


principais quanto à relação entre o pesquisador (observador) e o objeto
observado – a observação direta (observações sobre os comportamentos e as
condições ambientais mais relevantes) e a observação participante (em que as
observações sobre comportamentos e condições ambientais são feitas por um
observador não passivo, ou seja que está participando dos eventos). Cuidados
devem ser tomados pelo pesquisador (observador) no sentido de respeitar e
considerar seus limites de percepção e registro do que foi observado.

O quadro 4.1 resume todas as possibilidades permitidas pelo referencial


teórico sobre metodologia científica. Em seguida, discutem-se as escolhas feitas
para este trabalho de doutorado.
66

Métodos de pesquisa - indutivo


- dedutivo
- dialético
- hipotético-dedutivo
Natureza da pesquisa - básica
- aplicada
Abordagem do problema - quantitativa
- qualitativa
Objetivos gerais da - exploratória
pesquisa - descritiva
- explicativa
Métodos de procedimento - pesquisa experimental
de pesquisa - pesquisa de avaliação ou levantamento (survey)
- estudo de caso
- pesquisa-ação (action research)
Instrumentos de pesquisa - análise de documentos e registros de arquivos
- entrevistas
- questionário
- observação
QUADRO 4.1. Síntese das possibilidades dadas pelo referencial teórico sobre
metodologia científica

4.2. Escolhas metodológicas para o presente trabalho

Partindo-se das questões e dos objetivos de pesquisa, além das


justificativas e limitações, ambas colocadas na Introdução, são apresentadas e
discutidas, em seguida, quais foram as escolhas metodológicas feitas para a
realização da presente tese, dentre as opções dadas pelo referencial teórico sobre
metodologia científica, sintetizados anteriormente.

A pesquisa feita neste trabalho emprega, essencialmente, o método


hipotético-dedutivo, à medida que:

- parte de teorias existentes sobre o processo de DP e sobre a GC para


encontrar respostas para um novo problema, ou seja, procura entender como as
conversões do conhecimento ocorrem nas dimensões do processo de DP;

- descarta, dentre estas teorias, aquelas que não funcionam (refutação) para a
solução do novo problema. Isto ocorre na elaboração teórica do modelo, tanto
ao se concentrar na teoria que trata o DP como um processo constituído por
várias dimensões e na que trata a GC como um conjunto de conversões do
conhecimento, quanto, dentro destas mesmas teorias, ao refutar algumas de
suas partes que não funcionam para a construção do modelo proposto;
67

- procura a contínua refutação da teoria exigida pelo método hipotético-dedutivo,


submetendo a um teste rigoroso o modelo proposto. Por meio de sua aplicação
prática em empresas, mais descartes do que não funciona no modelo podem
ser feitos. Buscam-se inovações para superar os referidos descartes que, por
sua vez, também vão ser testadas em uma nova aplicação, em um contínuo
processo de melhoramento.

Como o resultado desta pesquisa é a construção de um modelo, com


possibilidades viáveis de emprego em empresas para a solução de problemas
práticos específicos (avaliação da GC no DP), pode-se, então, classificá-la, quanto
a sua natureza, como uma pesquisa aplicada.

No que se refere à abordagem do problema, o presente trabalho tem


características que o classificam como uma pesquisa qualitativa. Ao buscar o
entendimento de um determinado fenômeno (o relacionamento entre conversões do
conhecimento e dimensões do processo de DP), pela sua avaliação e interpretação
feitas pelos próprios indivíduos envolvidos com o processo de DP e ao qual o
pesquisador atribue um determinado significado, a pesquisa é, essencialmente,
qualitativa.

Em termos de objetivos gerais, esta pesquisa é melhor classificada como


descritiva, com alguns elementos de pesquisa exploratória e reduzidos elementos
de explicativa. Isto porque o presente estudo visa descrever as características de
um determinado fenômeno – o mencionado relacionamento entre conversões e
dimensões – definindo-o e delimitando-o através de um modelo proposto, que ajuda
a estabelecer as relações existentes entre as variáveis envolvidas: as perspectivas
da Estratégia e da Organização, as Atividades e os Recursos, com as quatro
conversões do conhecimento.

Pode-se dizer que há alguns elementos de pesquisa exploratória na medida


em que se busca tornar mais explícito o fenômeno mencionado e daí construir
hipóteses, não sendo necessário, porém, determinar sua existência, uma vez que já
é conhecido. Há, também, reduzidos elementos de pesquisa explicativa, pois o foco
está na avaliação e na interpretação do relacionamento entre variáveis (mapeando
ocorrências de conversões em dimensões do DP), e menos nas relações de causa
e efeito que determinam este relacionamento.
68

Considerando o método de procedimento de pesquisa, o presente trabalho


emprega o estudo de caso, por ser adequado à necessidade de testar o modelo de
avaliação da GC no DP, verificando as teorias e hipóteses empregadas na
construção deste modelo. Além disso, o estudo de caso é o mais recomendado
para descrever e avaliar situações, como a GC no DP, quando a questão de
pesquisa é do tipo “como” (Como podem ser avaliadas as conversões do
conhecimento no processo de DP? e Como as dimensões do DP contribuem para
isso?) e quando o pesquisador não tem nenhum controle sobre o evento, já que,
neste trabalho, não há possibilidade e nem interesse do referido pesquisador
interferir na forma como a empresa faz sua GC no DP.

Ao se decidir pelo uso do estudo de caso, deve-se ter clara a principal


limitação deste método: a impossibilidade de que seus resultados sejam
generalizados para uma população ou universo (generalização estatística). Esta
limitação não compromete a contribuição deste trabalho – que é o de propor um
modelo para avaliação da GC no DP – pois o estudo de caso permite que os
resultados do teste deste modelo sejam generalizados em termos de proposição
teórica (generalização analítica). Levando-se em consideração esta característica,
foi escolhido um caso para estudo de forma não probabilística e intencional, por
meio da seleção daquele que mais riqueza de detalhes e complexidade pôde
oferecer ao teste do modelo proposto, permitindo, assim, atingir a generalização
teórica ou analítica desejada.

Para operacionalizar as escolhas metodológicas feitas para este trabalho,


foram empregados diferentes instrumentos de pesquisa. Um questionário semi-
fechado, aplicado por meio de entrevistas estruturadas, são os principais
instrumentos de pesquisa escolhidos, ao passo que a observação direta ou não
participante e, a análise de documentos e registros, foram pouco empregadas, de
forma apenas complementar e acessória.

Na montagem do questionário semi-fechado, e para a realização da


entrevista estruturada, foi necessário considerar as recomendações feitas na seção
anterior, quanto ao uso desses instrumentos de pesquisa. O capítulo 5 apresenta
detalhadamente o questionário utilizado, trazendo também instruções sobre como
foi feita a pesquisa de campo, e o quadro 4.2 resume as escolhas metodológicas
deste trabalho de pesquisa.
69

Métodos de pesquisa - indutivo


- dedutivo
- dialético
- hipotético-dedutivo
Natureza da pesquisa - básica
- aplicada
Abordagem do problema - quantitativa
- qualitativa, com alguns elementos da
quantitativa
Objetivos gerais da - exploratória
pesquisa - descritiva, com alguns elementos da
exploratória e reduzidos elementos da
explicativa
- explicativa
Métodos de procedimento - pesquisa experimental
de pesquisa - pesquisa de avaliação ou levantamento (survey)
- estudo de caso
- pesquisa-ação (action research)
Instrumentos de pesquisa - análise de documentos e registros de arquivos
- entrevistas
- questionário
- observação
QUADRO 4.2. Síntese das escolhas metodológicas feitas para o trabalho de
pesquisa

4.3. Etapas de realização do trabalho de pesquisa

A partir da decisão, no início do doutorado, de trabalhar com a temática do


DP e da GC, um primeiro passo desta pesquisa consistiu em realizar uma ampla
revisão bibliográfica sobre estes dois temas, consolidada, respectivamente, nos
capítulos 2 e 3. As reflexões advindas desta revisão permitiram que se chegasse à
delimitação do problema a ser investigado, exposto pelas questões e objetivos
apresentados na Introdução, juntamente com suas justificativas e limitações.

As escolhas metodológicas feitas no presente trabalho, condicionadas pelo


problema de pesquisa formulado na Introdução e explicadas na seção anterior, são
efetivamente materializadas nos capítulos seguintes.

O capítulo 5 apresenta o modelo de avaliação da GC no processo de DP,


construído segundo a orientação do método hipotético-dedutivo. Sendo assim, tal
modelo origina-se das teorias existentes sobre DP e GC, que já foram pré-
selecionadas respectivamente nos capítulos 2 e 3, para buscar respostas para um
novo problema de pesquisa: entender como as conversões do conhecimento
70

ocorrem nas dimensões do processo de DP. Este problema é representado por


uma ampla hipótese de pesquisa, que consiste na possibilidade de construção de
um modelo que relacione as conversões com as dimensões para avaliar a GC no
DP.

Para se construir este modelo, continuando a orientação dada pelo método


hipotético-dedutivo, buscou-se traduzir a ampla hipótese de pesquisa mencionada
para as especificidades dadas pelos diversos relacionamentos conversões –
dimensões existentes. Para tanto, selecionou-se, das teorias sobre dimensões do
DP e conversões do conhecimento, o conteúdo útil para formular hipóteses e
melhores práticas; o qual permitiu a construção do modelo de avaliação com as
hipóteses e melhores práticas que o constituem, como é apresentado nos textos
das seções do capítulo 5.

Considerando que se trata de uma pesquisa aplicada e essencialmente


qualitativa, é necessário que o modelo seja traduzido em um formato mais viável
para sua aplicação e para a análise qualitativa. Para tanto, observa-se, ao longo do
capítulo 5, a construção de tabelas que sintetizam o conteúdo dos textos sobre as
hipóteses e melhores práticas de cada dimensão do DP. Ao final deste mesmo
capítulo, em sua última seção, é explicado como estas tabelas devem ser utilizadas
na pesquisa de campo, em conjunto com um questionário (em que algumas
avaliações complementares são feitas), sendo ambos aplicados por meio de
entrevistas estruturadas. Portanto, esta última seção explica o procedimento de uso
destes instrumentos de pesquisa.

O capítulo 6, que trata da aplicação do modelo, mostra como ocorreu o


método de procedimento de pesquisa escolhido, o estudo de caso, que, de forma
preliminar, foi realizado em aplicações piloto (Anexo 1). O estudo de caso
apresentado neste capítulo permitiu um completo teste do modelo de avaliação
proposto, detalhando, de forma principalmente descritiva (avaliação e
interpretação), o relacionamento entre variáveis (conversões e dimensões). Esta
descrição da ocorrência ou validade de cada hipótese e melhor prática serve,
inclusive, para o propósito de contínua refutação do modelo proposto, o que é
exigido pelo método hipotético-dedutivo que orienta a presente pesquisa.
71

CAPÍTULO 5 – UM MODELO DE AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO


CONHECIMENTO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTOS

Este capítulo apresenta o modelo de avaliação da GC no processo de DP,


construído segundo a orientação do método hipotético-dedutivo e priorizando uma
abordagem de pesquisa aplicada e qualitativa.

Conforme anteriormente exposto, hipóteses e melhores práticas acenam


para a existência de relacionamentos entre as conversões do conhecimento e as
dimensões do DP, o que sustenta a principal idéia ou proposição desta tese, de que
a análise das conversões, em cada uma das dimensões, pode ser usada para
investigar como os conhecimentos são manuseados ou trabalhados em todo o
processo de DP. Esta proposta pode, então, resultar em um efetivo modelo de
avaliação da GC.

Esse direcionamento do trabalho já foi devidamente justificado na


Introdução, bem como suas limitações, e baseia-se em dois eixos teóricos
principais: o DP entendido como um processo constituído de quatro dimensões, e a
GC derivada da ocorrência de quatro conversões do conhecimento. Os
mencionados relacionamentos entre dimensões e conversões, pontualmente
percebidos por meio das hipóteses e melhores práticas, também são reforçados por
reflexões amplas em cada um destes eixos teóricos, as quais mostram o potencial
de relacionamentos entre eles.

Uma reflexão relevante neste sentido, advinda dos capítulos 2 e 3, é que o


DP, ao ser tratado como um processo, alarga as atribuições das áreas funcionais e
envolve pessoas de diferentes áreas (valorizando o conhecimento heterogêneo),
amplia a participação de clientes e fornecedores no projeto (valorizando o
conhecimento externo), e melhor integra e coordena as atividades do projeto, o
que, segundo CARRILLO & GAIMON (2000), relaciona esse processo com a
72

criação e acumulação do conhecimento na empresa, e com sua circulação e


compartilhamento (BROWN & DUGUID, 2000; EL SAWY, 2001).

Aprofundando a reflexão da visão de processo em direção às suas


dimensões constituintes (capítulo 2), pode-se afirmar que essas dimensões
possuem várias características importantes ou facilitadoras para a GC (com base
no que foi colocado no capítulo 3). Por exemplo, a relevante noção de core
competence para a GC está permeada nas perspectivas da dimensão Estratégia;
as capacitações e competências individuais, as ligações entre especialistas, e o
trabalho em grupo, características valorizadas pela GC, estão incorporados nas
perspectivas da dimensão Organização; a importância da criatividade e da
experimentação para a GC é valorizada nos ciclos projetar-construir-testar,
presentes na dimensão Atividades; e, por fim, o diagnóstico de problemas e a
tecnologia da informação potencialmente útil para a GC, são considerados na
dimensão Recursos do DP.

Centrando-se, agora, a reflexão na GC, o capítulo 3 mostra que, dentre as


várias abordagens teóricas, é a da criação do conhecimento (por meio das
conversões) de NONAKA & TAKEUCHI (1997) a que melhor se aplica para
entender o manuseio e o trabalho com o conhecimento no processo de DP. Isso
porque, sintetizando o que já foi explicado no capítulo 3, o foco principal de tal
teoria é a criação e a disseminação de novos conhecimentos, e o processo de DP,
por enfatizar a inovação, tem esse foco. Além disso, a referida teoria de GC foi
construída e testada tendo como base problemas pontuais em inovações (novos
produtos) desenvolvidos.

Continuando a reflexão, agora voltando-se para as condições capacitadoras


da teoria da criação do conhecimento que foram apresentadas no capítulo 3,
percebe-se que essas condições são significativamente presentes quando o DP é
tratado como um processo. Por exemplo, a simultaneidade na realização das
atividades do DP habilita a condição de redundância; a formação de equipes
multifuncionais habilita a condição de variedade de requisitos; o “sentido de crise”
desafiador, mantido pelo líder do DP, habilita a condição de “caos” criativo; a gestão
do portfólio habilita a condição de intenção organizacional; entre outras
possibilidades.
73

As reflexões dos parágrafos anteriores mostram que o DP, visto como um


processo, com suas dimensões, já incorpora algumas das características da GC
enquanto que esta, entendida como um conjunto de conversões direcionadas à
criação do conhecimento, apresenta uma natural proximidade com processos
inovadores, como o de DP. Todas essas reflexões indicam, então, que faz sentido
pensar em um relacionamento entre estes dois eixos teóricos, utilizando-se um
mecanismo comprovado (as conversões) para avaliação da criação e da troca de
conhecimentos, e fazendo-se isso no processo de DP em seu todo (via dimensões
do DP).

No entanto, para que essas reflexões amplas e gerais materializem-se em


fatos palpáveis e específicos, que possam ser utilizados para avaliar os
relacionamentos entre conversões e dimensões, é necessário que diversas
hipóteses e melhores práticas pontuais sejam devidamente formuladas, se possível
em todos os relacionamentos de cada perspectiva da Estratégia e da Organização,
Atividade e Recurso, com cada uma das conversões do conhecimento
(Socialização, Externalização, Combinação, e Internalização).

As hipóteses e melhores práticas tiveram suas diferenças explicadas


conceitualmente na Introdução, inclusive com exemplos ilustrativos. Basicamente,
as hipóteses foram construídas pela interpretação que o autor da presente tese faz
do conteúdo de referências sobre DP (várias já citadas quando da construção das
dimensões do DP no capítulo 2). Estas referências não tratam de GC, porém,
quando confrontadas partes de seu conteúdo com os indicadores e facilitadores da
GC, expostos no capítulo 3, torna-se possível formular hipóteses sobre a
possibilidade das conversões do conhecimento ocorrerem.

As melhores práticas foram encontradas em autores e trabalhos específicos


– alguns já citados nas dimensões do DP no capítulo 2, mas vários outros sendo
mencionados inicialmente no presente capítulo – que diretamente detectaram e
descreveram a existência de relacionamentos entre certas dimensões do DP com
indicadores e facilitadores da GC e, muitas vezes, com as próprias conversões do
conhecimento, usando uma terminologia igual ou equivalente à adotada na
presente tese. As melhores práticas apresentam-se em menor número se
comparadas às hipóteses, denotando um incipiente número de trabalhos que tratam
diretamente da GC no processo de DP.
74

Portanto, o modelo completo de avaliação da GC no processo de DP é


constituído pela formulação do conjunto de todas as melhores práticas encontradas
com as hipóteses construídas, que comprovam ou supõem a existência das quatro
conversões do conhecimento nos relacionamentos com as quatro dimensões do
DP.

As seções seguintes do presente capítulo apresentam e discutem as


hipóteses e melhores práticas de conversões do conhecimento para cada uma das
dimensões, formando a estrutura do modelo de avaliação da GC no DP, como está
esquematizado no quadro 5.1. Essas hipóteses e melhores práticas estão indicadas
ao longo do texto pelo destaque (sublinhado) nas sentenças que as representam, e
são agrupadas nas tabelas de síntese ao final de cada dimensão – um
agrupamento que representa qualitativamente o modelo de avaliação.

A última seção do presente capítulo traz algumas considerações finais sobre


o modelo completo de avaliação formado, e também mostra como esse modelo é
aplicado por meio dos instrumentos de pesquisa escolhidos no capítulo 4 – o
questionário semi-fechado e as entrevistas estruturadas.

Perspectivas da Estratégia e da Organização, Atividades Conv. do conhec. definidas no Capítulo 3


e Recursos, escolhidos conforme critérios definidos nas
dimensões do processo de DP do capítulo 2 Socializ. Extern. Combin. Internal.

Estratégia
- Gestão ou administração do portfólio de produtos Seção 5.1: Conversões do
(projetos); conhecimento na dimensão
- Avaliação do desempenho do processo de DP;
- Condução das alianças e parcerias para o DP; Estratégia (HT e MP)
- Condução das relações interfuncionais /
interdepartamentais.
Legenda: HT = hipóteses; MP = melhores práticas

QUADRO 5.1. Estrutura do modelo de avaliação baseado nas hipóteses e melhores


práticas de conversões do conhecimento nas dimensões do DP
75

Perspectivas da Estratégia e da Organização, Atividades Conv. do conhec. definidas no Capítulo 3


e Recursos, escolhidos conforme critérios definidos nas
dimensões do processo de DP do capítulo 2 Socializ. Extern. Combin. Internal.

Organização
- Adoção e manutenção da estrut. organizacional para Seção 5.2: Conversões do
o DP; conhecimento na dimensão
- Execução do trabalho de liderança no DP;
- Execução do trabalho em grupo, em uma cultura que Organização (HT e MP)
estimule a comunicação e a gestão de conflitos;
- Existência de programas de capacitação e de
acompanhamento da qualificação do pessoal envolvido
com o DP.
Atividades / Informações
- Pesquisa de mercado, levantamento das Seção 5.3: Conversões do
possibilidades tecnológicas e determinação dos conhecimento na dimensão
requisitos dos clientes;
- Identificação de riscos, avaliação de viabilidade e Atividades / Informações
planejamento de recursos; (HT e MP)
- Tradução do conceito do produto em estilo, layout,
componentes e especificações;
- Envolvimento de fornecedores;
- Construção de modelos físicos e avaliação de estilo
e layout;
- Transformação de resultados das etapas anteriores
em desenho e normas;
- Elaboração, construção e testes de protótipos;
- Tradução das especificações do projeto do produto
no desenvolvimento do projeto do processo (fabricação e
montagem);
- Realização de produção piloto e testes de validação
do produto;
- Execução de stage-gates para avaliação do
andamento do projeto;
- Normalização do conteúdo das informações;
- Normalização do formato das informações;
- Controle de atualizações e armazenamento das
informações.
Recursos
- Método de QFD; Seção 5.4: Conversões do
- Técnicas de DFMA; conhecimento na dimensão
- Ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP;
- Recursos de FMEA, A/E valor e técnicas de Recursos (HT e MP)
fabricação e uso de protótipos (funcionais e não
funcionais);
- Sistemas PDM / EDM (integrados ou não ao PM do
ERP);
- Recursos de TI para apoio ao trabalho em grupo,
busca de conhecimentos externos e para o treinamento e
ensino;
- Ferramentas para a construção (desenho) e
manutenção de modelos de referência.
Legenda: HT = hipóteses; MP = melhores práticas

QUADRO 5.1. Estrutura do modelo de avaliação baseado nas hipóteses e melhores


práticas de conversões do conhecimento nas dimensões do DP - continuação
76

5.1. Conversões do conhecimento na dimensão Estratégia

No que se refere à perspectiva gestão ou administração de portfólio de


produtos (projetos), pode-se relacionar as seguintes considerações:

- a construção de figuras, como por exemplo, o “funil” proposto por CLARK &
WHEELWRIGHT (1992), para representar graficamente a administração do
portfolio, é uma linguagem figurativa útil, capaz de Externalizar o conhecimento
existente sobre a situação do portfólio;

- o estudo das interfaces existentes entre diferentes plataformas / derivações,


necessário à gestão estratégica dessas interfaces (SUNDGREN, 1999), pode
promover a Internalização do conhecimento (aprendizado por meio do estudo
de documentos de outros projetos);

- a gestão (estratégica) de famílias de produtos, arquitetura / módulos, etc., é


apontada por vários autores (AYAS, 1997; BARTEZZAGHI et al., 1997;
AMELINGMEYER & KALVELAGE, 1999; BARTEZZAGHI et al., 1999;
BATCHELOR et al., 1999; PAVESI, 1999; RONCHI, 1999; VARTIAINEN et al.,
1999; VERGANTI et al., 1999) como motivadora para a existência de diálogos e
brainstorming entre pessoas de diferentes projetos (portanto, favorecendo a
Socialização) e formas unificadas de agrupamento de documentos para facilitar
a transferência entre diferentes projetos (portanto, estimulando a Combinação);

- o uso, no DP, do conceito de arquitetura / módulos do produto, exige do


projetista um esforço de documentação das propriedades destes módulos em
termos de suas partes constituintes e interações dentro da arquitetura, e,
portanto, contribui para a Externalização do conhecimento tácito (SANCHEZ,
2000);

- a gestão de portfólio otimiza o aprendizado (Internalização) a partir do estudo


(de documentos) de projetos passados, o que deve ser valorizado, porém, com
a revisão crítica dos conhecimentos explícitos advindos destes documentos. Tal
revisão evita que o portfólio de produtos seja excessivamente influenciado por
projetos passados, que contribuem com conhecimentos úteis para uma
derivação a partir de produtos já existentes, mas também podem comprometer
a busca da inovação e da mudança, no caso de um produto totalmente novo
(SONG & MONTOYA-WEISS, 1998).
77

Pode-se utilizar o trabalho de BARTEZZAGHI et al. (1998) para ilustrar o


potencial disponível à gestão de portfólio visando otimizar a ocorrência das
conversões de conhecimentos. Esses autores mostram a diversidade de tipos de
transferência de conhecimento intra e inter projetos (simultâneos e sequenciais),
sem diferenciá-los entre tácitos e explícitos, transferências essas que podem
ocorrer no DP de uma empresa (figura 5.1). A gestão de portfólio tem grande
impacto nas transferências interprojetos e, influencia as intraprojetos, que são mais
trabalhadas pelas dimensões Organização e Atividades do DP (SANCHEZ &
MAHONEY, 1996; LYNN, 1998).

FIGURA 5.1. Transferência de conhecimentos intra e inter projetos (adaptado de


BARTEZZAGHI et al., 1998)

No tocante à perspectiva avaliação do desempenho do processo de DP, um


projeto avaliado isolada e comparativamente com outros da empresa pode viabilizar
trocas de conhecimentos entre participantes e não participantes, tanto tácito –
Socialização devido à auditoria e/ou workshop pós-projeto, como explícito –
Internalização pela leitura e estudo de relatórios de avaliação sobre o projeto,
como, por exemplo, os relatórios gerados nos “stage-gates”.
78

Há, portanto, um relacionamento dessa perspectiva estratégica – que se


preocupa com a avaliação do conjunto de projetos executados no processo de DP –
com a realização dos “stage-gates” da dimensão Atividades / Informações – que se
preocupa com a avaliação das várias atividades / etapas que ocorrem em cada
projeto de DP em particular. Há também um relacionamento nítido entre esta
perspectiva e a anterior. Ao se realizar a avaliação de um projeto, comparando-o
aos demais projetos de DP da empresa, há de certa forma uma avaliação do
portfólio.

Além de contribuir para as conversões anteriormente mencionadas, também


a Externalização e a Combinação podem ser estimuladas pela redação e
armazenamento dos relatórios que são gerados com a realização periódica dessa
avaliação.

Na perspectiva da condução de alianças e parcerias para o DP, os


principais desafios estão em encontrar oportunidades de alianças e parcerias e, em
seqüência, negociar sua formação. Para a primeira ação é então relevante manter
um trabalho continuado de monitoramento do ambiente, buscando e estudando
informações sobre alianças e parcerias potenciais nas fontes mais diversificadas
possíveis, e, portanto, contribuindo para a Internalização. A segunda ação envolve
predominantemente a negociação, momento em que as discussões e acertos “face-
a-face” são insubstituíveis, e, assim sendo, a Socialização é a conversão que mais
está presente.

Apesar dessas duas conversões ocorrerem mais nitidamente nessa


perspectiva, também as outras duas podem ser estimuladas, já que há um potencial
(ou tendência) para aumento, no DP, das transferências de conhecimentos de um
projeto de uma empresa para outros projetos externos, de diferentes parceiros da
empresa, o que requer maior abrangência no gerenciamento desta troca de
conhecimentos entre todos os agentes envolvidos (MAGNUSSON, 1998; STAHL et
al., 1998; DING, 2000), implicando em acertos contratuais ou documentais
(Externalização) do que foi negociado tacitamente e o arquivamento em conjunto
(Combinação) dos inúmeros documentos e contratos gerados.

Também podem contribuir para as ocorrências das quatro conversões do


conhecimento desta perspectiva os esforços sistematizados de realização de
benchmarking (GARVIN, 1993) (no caso de empresas não concorrentes) e de
79

inteligência competitiva (FULD, 1995) (no caso de concorrentes efetivos ou


potenciais, usando-se dos princípios de análise da concorrência pioneiramente
apregoados por PORTER, 1980). Esses esforços não visam, em princípio, a
formação de alianças e parcerias, mas advêm de um trabalho continuado de
monitoramento do ambiente e, da mesma forma, implicam no estudo
(Internalização) e discussão com pessoas (Socialização) de inúmeras fontes,
gerando-se documentos (Externalização) que precisam ser devidamente agrupados
(Combinação).

Na perspectiva da condução das relações interfuncionais /


interdepartamentais (envolvendo a relação estratégica entre marketing, engenharia
e manufatura, em uma ou mais unidades de uma mesma empresa), pode ser
formulada uma hipótese derivada das considerações de HANSEN (1999), de que
ao ser centralizada a condução desses relacionamentos, reduzem-se as
oportunidades de trocas de conhecimentos entre os agentes das três áreas,
notadamente os tácitos por meio da Socialização.

Uma segunda hipótese, mais específica e derivada da anterior e das


argumentações feitas por PRAHALAD & LIEBERTHAL (1998) e FLEURY &
NAKANO (1998), é que a centralização dessa condução pode valorizar três
conversões do conhecimento: - a Externalização, devido à maior necessidade de
transmitir conhecimentos por meio de documentos (normas, memorandos, etc); - a
Combinação, mais documentos gerados implicam em maior necessidade de
controle e armazenamento; e a – Internalização, já que o conhecimento é adquirido
pela leitura e pelo estudo desses documentos. No entanto, ao enfatizar em demasia
o trabalho somente com os conhecimentos explícitos, além dos riscos de
burocratização, há ainda o enfraquecimento do compartilhamento e da exposição
de idéias e soluções que predominantemente ocorrem por meio dos conhecimentos
tácitos (Socialização), ao contrário do que acontece na descentralização dessa
condução de relações.

O quadro 5.2. faz uma síntese das hipóteses construídas e melhores


práticas encontradas sobre conversões do conhecimento nas perspectivas da
dimensão Estratégia do processo de DP. Pode-se perceber, em algumas
passagens desta seção, as ligações e influências entre as perspectivas da
Estratégia com outras dimensões do DP, mostrando o quanto as visões parciais
80

(dimensões) formam um conjunto ou uma visão única do DP (a visão do processo


de negócio).

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização

Gestão ou (HT) diálogos e (HT) figuras que (HT) formas (HT) estudo das
administração brainstorming entre representam unificadas de interfaces de
do portfólio de pessoas de portfólio agrupamento de projetos
produtos diferentes projetos (MP) document. documentos dos (HT) revisão crítica
(projetos) das propriedades projetos dos conhecimentos
de arquiteturas e explícitos de projetos
módulos passados
(MP) diversos tipos possíveis de transferência de conhecimento intra e inter projeto
(simultâneos ou sequenciais), tanto tácitos como explícitos
Avaliação do (HT) auditoria e/ou (HT) redação e armazenamento de (HT) leitura e estudo
desempenho workshop pós- relatórios de avaliação do portfolio de de relatórios de
do processo projeto projetos avaliação (p. ex. dos
de DP stage gates)
Condução das (HT) negociação (HT) acertos contratuais ou documentais (HT) monitorando o
alianças e via discussões e do que foi negociado tacitamente e o ambiente em busca
parcerias para acertos “face-a- arquivamento em conjunto dos inúmeros e estudo de alianças
o DP face” documentos e contratos gerados e parcerias
potenciais
(HT) esforços sistematizados de realização de benchmarking e de inteligência
competitiva
Condução das (HT) descentraliz., (HT) centralizado, (HT) centralizado, (HT) na condução
relações favorece o implica em implica maior centralizada há
interfuncionais compart. e a transferir controle no maior leitura de
/ interdepart. exposição dos conhecimentos via agrupamento dos normas e
conhecimentos documentos documentos memorandos
tácitos
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática

QUADRO 5.2. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Estratégia

5.2. Conversões do conhecimento na dimensão Organização

Iniciando pela perspectiva adoção e manutenção de uma estrutura


organizacional, as principais considerações a respeito são feitas nos parágrafos
seguintes.

No DP estruturado segundo o sistema de produção em massa clássico, em


que predomina um formato funcional e departamental determinado pelos princípios
da divisão rígida de tarefas e especialização, prevalece o conhecimento explícito
das normas e rotinas de projeto e engenharia, mais propício para atender às
necessidades de documentação de cada tarefa (KOTHA, 1996; MAGNUSSON,
1999). Ao contrário, o DP estruturado como um processo cria um ambiente em que
o trabalho com o conhecimento tácito é valorizado, principalmente quando é
81

praticada a visão do todo (a visão holística) em cada atividade pontual desse


processo.

O funcionamento efetivo dos times multidisciplinares de DP contribui (e ao


mesmo tempo é dependente) para a criação de um vocabulário comum entre os
membros do DP, participantes freqüentes de diferentes times (CARTER & BAKER,
1992). Esse vocabulário comum contribui para as quatro conversões do
conhecimento. Tal contribuição é mais visível na Combinação, ao existir uma forma
para agrupar os conhecimentos que é compreensível por todos os envolvidos.
Também facilita e agiliza a Externalização e a Internalização, pois há,
respectivamente, um vocabulário razoavelmente padronizado para representar o
conhecimento e para entender o conhecimento registrado. Por fim, esse
vocabulário comum pode também contribuir para a Socialização, ao melhorar o
entendimento nos diálogos entre as pessoas.

Segundo MOENAERT et al. (2000) e BATCHELOR (1998), quanto mais os


membros de um time de projeto de DP estiverem envolvidos com redes de trabalho,
ou comunidades de prática, melhor será a troca de conhecimentos tácitos
(Socialização) dos membros do time com membros externos e entre si. Isso porque
participar dessas redes ou comunidades informais pode desenvolver nas pessoas
um grande senso da importância da troca de conhecimentos e a habilidade
(comunicação e negociação) para fazê-lo. RAVEN (1999) também constatou isso
em times de DP fortemente ligados a redes ou comunidades informais.

A troca de conhecimentos tácitos (Socialização) entre os indivíduos


constituintes dos times de projetos também será maior, segundo MASCITELLI
(2000), quanto mais forte for uma cultura de inovação (a busca de novas idéias e
soluções) e de identidade positiva (a tolerância ao erro) no time.

Os participantes de um time de projeto de DP estarão estimulados a um


maior aprendizado em seu trabalho se estiverem presentes os seguintes fatores,
detectados por LYNN et al. (2000), ao procederem à análise de centenas de times
de DP de grandes corporações: a facilidade de acesso ao conhecimento explícito
sobre o projeto, a ocorrência de momentos de revisão durante o projeto, o
envolvimento e apoio da gerência (ao aprendizado), e uma clareza e estabilidade
de visão compartilhada (entre os membros do time) sobre o projeto. Como esses
fatores estimulam o aprendizado, podem contribuir para a Internalização, e também
82

para a Socialização e Externalização, devido a abrangência com que o termo


aprendizado é tratado por esses autores.

No entanto, é importante destacar que paralelamente às possibilidades de


aprendizado e conhecimento dos times de DP, há também as dificuldades que
esses times heterogêneos precisam superar e que afetam as conversões do
conhecimento (LOMBARD, 1999): - as diferenças entre os membros do time quanto
à experiência e vivência (diferentes memórias de soluções passadas, implicam em
formas diversas de se entender um problema presente); - o nível de confiança que
existe entre os membros do time; - o relacionamento entre a transferência do
conhecimento e os tipos de conhecimento a serem transferidos (por exemplo, há
conhecimentos facilmente explicitados e transferidos rapidamente em uma simples
conversa e há outros conhecimentos que requerem mais tempo de vivência coletiva
para que possam ser transferidos tacitamente).

Para a segunda perspectiva desta dimensão, a execução do trabalho de


liderança no DP, as seguintes considerações podem ser feitas:

- líderes de projeto, de perfil normalmente generalista, manuseiam o


conhecimento de maneira mais informal ou intuitiva (tácita) e com forte
conteúdo baseado na experiência (percepção) e em casos ocorridos, usados
para julgar fatos novos e transmitir idéias e valores (isso ocorre principalmente
no processo decisório). Ao contrário, outros membros do DP, com perfil mais
especializado, focalizam o conhecimento com conotações ou aplicações
voltadas a tecnologias específicas, extensivamente formalizadas (FLECK, 1996;
BROCKMANN & SIMMONDS, 1997; BROCKMANN & ANTHONY, 1998).
Sendo assim, pode-se esperar que um líder valorize a Socialização e a
Externalização em seu trabalho decisório e no das pessoas sobre as quais
exerce liderança, isso porque essas formas de conversão estão mais próximas
da forma tácita com que um líder trabalha com o conhecimento;

- a atuação de lideranças no DP tem significativa importância na Externalização


de idéias (relacionadas a projetos de DP) através de metáforas e analogias
(CLARK & WHEELWRIGHT, 1992; NONAKA & TAKEUCHI, 1997);

- um dos papéis mais importantes de um gerente ou líder de DP é “construir a


visão” do que vem a ser a engenharia simultânea (seus valores e implicações)
83

com a participação e concordância dos membros envolvidos com o DP


(CARTER & BAKER, 1992). Isso implica em um trabalho do líder de motivar a
Socialização (compartilhamento de visões individuais) e construir junto com o
grupo uma representação (Externalização) que melhor seja aceita como visão
comum sobre a engenharia simultânea (ES) no DP da empresa.

Com relação à perspectiva que envolve a execução do trabalho em grupo,


em uma cultura que estimula a comunicação e a gestão de conflitos, tem-se como
uma forte hipótese que essa forma de trabalho oferece oportunidades de
Internalização e Externalização de conhecimentos, porém, o que é mais
incrementado é a Socialização.

Para isso, busca-se a reunião de visões (indivíduos) diferentes (a riqueza


advinda do conhecimento diversificado) para a resolução sistemática de problema
(GARVIN, 1993; LOMBARD, 1999): - indivíduos provenientes de várias
especializações profissionais, - com variados estilos cognitivos (por exemplo, um
indivíduo que prioriza fatos e experiência versus outro que prefere imagens e
especulações), - e cada um especializado em diferentes ferramentas e
metodologias.

Essa forma de atuação nas atividades de análise e resolução de problemas


é conhecida como confrontação criativa ou construtiva (creative abrasion)
(LEONARD & STRAUS, 1997) que, para ocorrer, precisa de um ambiente que
respeite e valorize a diversidade mencionada anteriormente (e os conflitos daí
decorrentes) e possua líderes para conduzir dinamicamente esse trabalho em
grupo e gerenciar os conflitos resultantes. Os líderes devem otimizar os canais de
comunicação nos grupos (incentivando, assim, a Socialização) e deixar claras
(Externalizar) as regras, objetivos e normas que devem nortear o funcionamento do
trabalho em grupo (EPPLER, 2000). Dessa forma, percebe-se uma ligação nítida
desta perspectiva com a anterior.

Na perspectiva relacionada à existência de programas de capacitação e


acompanhamento da qualificação do pessoal envolvido com o DP, uma hipótese
bastante forte é a de que quanto mais bem preparados forem os programas de
capacitação no DP da empresa (quantidade / diversidade, qualidade / profundidade,
integração com o DP), melhor será a contribuição para a Internalização, devido ao
estudo de conhecimentos explícitos, e possivelmente também para a Socialização,
84

se ocorrerem facilitadores da assimilação de conhecimentos tácitos durante estes


programas, como as relações do tipo mestre-aprendiz e trabalho em equipe.

Em termos de acompanhamento da qualificação, alguns autores mencionam


a necessidade de procurar parâmetros para avaliação do conhecimento técnico do
projetista (que essencialmente está no formato tácito), parâmetros esses que
ajudam a Externalizar indicações do nível e do conjunto de conhecimentos tácitos
existentes na empresa (HT) (BOHN, 1994; KUME & SHIMIZU1, 1998).

Finalizando, o quadro 5.3. faz uma síntese das melhores práticas


encontradas e das hipóteses construídas na dimensão Organização.

1
Tais autores, tendo como referencial os atributos que um projetista deve ter
(conhecimento, habilidade de síntese, habilidade de elucidar princípios, habilidade de
avaliação), propõem uma avaliação do projetista nos seguintes tópicos (relacionados ao
projeto de DP):
- o conhecimento do produto e de técnicas de projeto (no exemplo dado pelos autores de
um equipamento de ar condicionado: as partes do motor, as unidades de aquecimento /
refrigeração);
- o conhecimento das propriedades dos materiais;
- o conhecimento de engenharia básica e de métodos de processamento (no exemplo
dado: forjamento, injeção de plásticos);
- o conhecimento de métodos experimentais e ferramentas analíticas (tais como, o
projeto de experimentos, o FMEA);
- o conhecimento de normas e regulamentações de serviços (por exemplo, as normas de
emissões de CFCs);
- e o conhecimento de elementos de administração do projeto (por exemplo,
conhecimento de custos, do sistema de patentes, da visão de business process).
Os projetistas têm seu conhecimento tácito avaliado no interior desses grupos em três
níveis de experiência (em escala descendente de habilidade): 3 - ensina o conhecimento
aos outros; ou 2 - executa o conhecimento sozinho; ou 1 - executa o conhecimento apenas
se ajudado; ou 0 - não entende nada do conhecimento. Desse referencial de conhecimentos
do projetista pode-se partir para um referencial mais amplo, mostrando-se a ligação com as
capacidades organizacionais no DP (KUSUNOKI et al., 1998). Contribuição semelhante
pode ser encontrado em BODNAR (2001).
85

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização

Adoção e (MP) no DP estruturado como um (MP) idem à MP


manutenção da processo, quando é praticada a visão da Socialização e
estrutura holística, prevalece o conhecimento tácito Externalização
organizacional (MP) no DP estruturado em um formato funcional /
para o DP departamental; prevalece o conhecimento explícito
(HT) criação de um vocabulário comum entre os membros do DP participantes dos
times
(MP) participação
dos membros dos
times de DP em
redes de trabalho /
comunidades de
prática
(MP) uma cultura
no time de DP que
valorize a busca de
novas idéias e seja
tolerante ao erro
(MP) acesso conhec. explícito, revisões (MP) idem à MP
no projeto, apoio da gerência, clareza de da Socialização e
visão compartilhada, são fatores principais Externalização
para estímulo ao aprendizado em um time
de DP
(MP) as diferenças de experiência, vivência, e o nível de confiança entre os
membros do time de DP, além dos tipos de conhecimentos a serem transferidos,
são dificuldades a serem superadas para a GC, que normalmente estão presentes
em times heterogêneos (multidisciplinares)
Execução do (MP) líderes utilizam o conhec. de
trabalho de maneira informal ou intuitiva (tácita), com
liderança no DP forte conteúdo baseado em experiências e
em casos ocorridos, usados para julgar
fatos novos e transmitir idéias e valores
(MP) líderes
utilizam habilmente
metáforas e
analogias para
representar idéias
relacionadas aos
projetos de DP
(HT) líderes motivam o compartilhamento
das visões individuais sobre a ES e
buscam junto com o grupo a formação de
uma visão comum sobre a ES no DP da
empresa
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática

QUADRO 5.3. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Organização
86

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização

Execução do (HT) respeito e valorização da diversidade (HT) idem à HT da


trabalho em (e dos conflitos daí resultantes) devido à Socialização e
grupo, em uma confrontação criativa de variadas Externalização
cultura que especializações profissionais e estilos
estimule a cognitivos
comunicação e
a gestão de
conflitos
Existência de (HT) quanto mais (HT) parâmetros e (HT) quanto mais
programas de bem preparados avaliações do bem preparados
capacitação e forem os programas conhec. tácito dos forem os programas
acompanha- de capacitação no projetistas permite de capacitação no
mento da DP da empresa, que se represente DP da empresa,
qualificação do melhor o (registre) o nível de melhor o
pessoal aprendizado via qualif. do pessoal aprendizado via
envolvido com o assimilação de envolvido com o DP estudo de
DP conhecimentos na empresa conhecimentos
tácitos explícitos
Legenda: HT = hipótese

QUADRO 5.3. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Organização – continuação

5.3. Conversões do conhecimento na dimensão Atividades / Informações

Os parágrafos seguintes discutem as atividades de pesquisa de mercado,


levantamento das possibilidades tecnológicas e determinação dos requisitos dos
clientes, que se concentram nas etapas iniciais do DP.

Para a atividade de levantamento das possibilidades tecnológicas, um dos


aspectos mais importantes são as interações com fontes externas de
conhecimentos tecnológicos2, tanto através dos contatos “face-a-face” com pessoas
(Socialização) como por meio do estudo (Internalização) de conhecimentos
explicitados por essas fontes. A Externalização, devido à documentação do que foi
aprendido ou assimilado, e a Combinação, em consequência do agrupamento
destes documentos, também podem ocorrer.

A existência dessas interações com fontes externas pode ser, em grande


parte, determinada pelas decisões tomadas na perspectiva da condução de
alianças e parcerias para o DP, da dimensão Estratégia. Isso no que se refere às

2
As principais são as empresas (concorrentes ou não), universidades, fornecedores,
clientes, consultores, e órgãos governamentais.
87

consequências práticas para cada projeto de DP, com as fontes externas de


conhecimentos tecnológicos que ficaram disponíveis devido às alianças e parcerias
decididas e planejadas na dimensão Estratégia.

Cada projeto de DP tem suas particularidades na forma de realizar essas


interações, o que é útil para refinar continuamente as alianças e parcerias definidas
na dimensão Estratégia. Além disso, as interações contribuem para uma maior
participação das pessoas do DP em redes ou comunidades de prática, às vezes,
até entre pessoas que trabalham em empresas concorrentes, quando o
compartilhamento de alguns conhecimentos é melhor para ambos (APPLEYARD,
1996).

Na atividade de pesquisa de mercado, há técnicas de pesquisa


convencionais, para um DP voltado a necessidades bem conhecidas e articulado ao
emprego de tecnologias amadurecidas (LEONARD, 1995), como há também o uso
de técnicas de “imersão” do projetista no ambiente de uso do produto pelo cliente
em potencial (como, por exemplo, a técnica de empathic design, que será explicada
na dimensão Recursos), quando necessidades e tecnologias não são bem
conhecidas e articuladas (LEONARD & RAYPORT, 1997; SUTTON & KELLEY,
1997; BOND & OTTERSON, 1998).

Tanto nas técnicas convencionais como nas técnicas de “imersão” é


necessário que os conhecimentos obtidos sobre fatos e opiniões dos potenciais
clientes sejam devidamente registrados (Externalização) e esses registros sejam
agrupados adequadamente (Combinação).

Em particular, as técnicas convencionais normalmente requerem maior


habilidade de preparação dos instrumentos de pesquisa e de interpretação de
resultados, o que pode, respectivamente, contribuir para a Externalização e a
Internalização. Já as técnicas de “imersão” implicam em grande habilidade de
percepção e captação dos desejos que o cliente não consegue descrever, algo que
está inerente no formato tácito. Dessa forma, a percepção requer capacidade de
Socialização, enquanto que a captação e a representação desses desejos em
conhecimentos explícitos requerem a capacidade de Externalização.

A atividade de determinação dos requisitos dos clientes começa e é


realizada principalmente nas etapas iniciais do projeto de DP, mas, pode ser
88

prolongada para outras etapas, conforme o tipo de envolvimento do cliente com o


projeto do produto.

Segundo LEONARD (1995), dependendo do tipo de indústria e do produto a


ser desenvolvido, o cliente pode não ter praticamente nenhum envolvimento
(delivery mode), ou pode ser periodicamente consultado (consultancy mode), ser
parte integrante do time de desenvolvimento (codevelopment)3, até o extremo de
assumir todas as responsabilidades pelo projeto, ficando os projetistas no papel de
tutores (apprenticeship mode).

Pode-se considerar que, em qualquer um dos quatro tipos de envolvimento,


é necessário que os conhecimentos obtidos da consulta com o cliente sejam
devidamente registrados (Externalização) e que tais registros sejam agrupados
adequadamente (Combinação).

Para os modos de menor envolvimento do cliente (delivery mode e


consultancy mode), como ele é consultado apenas esporadicamente, pode ser
necessária certa habilidade para representar algo a ser submetido a sua apreciação
e, depois, traduzir o resultado obtido em um registro, contribuindo, portanto, para a
Externalização. Os modos de maior envolvimento (codevelopment e apprenticeship
mode), além da capacidade de Externalização pelos mesmos motivos anteriores,
requerem principalmente habilidade de comunicação com o cliente, do tipo “face-a-
face”, valorizando, desta forma, a Socialização (que também é importante para os
dois modos de menor envolvimento, porém, com menor intensidade se comparada
à Externalização).

As atividades de identificação de riscos, avaliação de viabilidade e


planejamento de recursos e, em parte, as atividades de tradução do conceito do
produto em estilo, layout, componentes e especificações, também pertencentes às
primeiras etapas do DP, relacionam-se ao trabalho com diversas idéias e conceitos

3
Talvez esta seja uma das alternativas mais interessantes, devido à sua viabilidade prática
em equilíbrio com bons resultados (LEONARD, 1995). BROWN (1991) relata um caso de
realização desta prática, em que uma equipe do cliente ficou na empresa por algum tempo,
para visualizar e interagir com produtos desenvolvidos e tecnologias empregadas pela
empresa no DP e, paralelamente, uma equipe da empresa ficou no ambiente de trabalho do
cliente, estudando seus processos de trabalho que empregariam o produto a ser
desenvolvido. Ao final, ambas as equipes se reuniram para decidir as especificações do
89

(de aspecto abstrato e subjetivo, incerto e transitório, predominantemente no


formato tácito) e às tentativas de formalizá-las e documentá-las. Isso requer tanto
um esforço de Socialização como também de Externalização dessas idéias e
conceitos.

Diversos autores (LEONARD & RAYPORT, 1997; LEONARD & STRAUS,


1997; KHURANA & ROSENTHAL, 1998) destacam a importância da habilidade em
se trabalhar com os conhecimentos tácitos nessas atividades, pois trata-se de um
formato de difícil imitação pela concorrência (LEONARD & SENSIPER, 1998;
BROWN & DUGUID, 1998), além de permitir uma liberdade de detalhamentos e
discussões que não poderão ser repetidos em etapas posteriores do projeto
(KROGH, 1998).

Na atividade de envolvimento de fornecedores, que é influenciada pelas


alianças e parcerias com fornecedores já definidas na dimensão Estratégia, a
Socialização pode ocorrer nitidamente, pois esse envolvimento valoriza cada vez
mais interações e trabalho “face-a-face” entre projetista e pessoal técnico do
fornecedor, inclusive com a prática de trabalharem fisicamente juntos, no local onde
o produto está sendo projetado. Além dessa conversão, também a Internalização se
faz presente, quando o projetista estuda registros diversos de propostas e soluções
feitas pelo fornecedor.

As atividades de construção de modelos físicos e avaliação de estilo e


layout; de elaboração, construção e testes de protótipos; e de realização de
produção piloto e teste de validação do produto possuem uma mesma lógica em
termos de ocorrências das conversões do conhecimento.

A atividade de prototipagem no DP é a ligação do conjunto formado por


modelos físicos – protótipos – produção piloto, e deve ser pensada em um ciclo
mais abrangente envolvendo o projeto, a construção e o teste do protótipo4,
apresentando uma importância significativa na aprendizagem, comunicação e
integração do processo de DP, o que é discutido em seguida.

produto a ser desenvolvido e depois, durante o andamento do projeto, trabalharam juntas


para criar e testar alguns protótipos.
4
O ciclo “projetar-construir-testar” proposto por Clark & Wheelwright, que engloba o
conceito de “ciclo de solução de problemas” introduzido por Clark & Fujimoto, segundo
PAVESI (1999)
90

A prototipagem pode ocorrer com diferentes graus de complexidade ou


funcionalidade: as simulações (protótipos virtuais), os mock-ups (protótipos não –
funcionais) e os protótipos funcionais. Paralelamente a isso, a prototipagem pode
concentrar-se de forma diferente ao longo das etapas do processo de DP nas
partes que formam o produto (figura 5.2) (CLARK & WHEELWRIGHT, 1992;
EPPINGER & ULRICH, 1995)5.

FIGURA 5.2. Realização da prototipagem ao longo do processo de DP (adaptado


de CLARK & WHEELWRIGHT, 1992)

Segundo BOLISANI & SCARSO (1999), os protótipos e experiências podem


assumir significativa importância na visualização e aprendizado de soluções
(Internalização). Outros autores (GARVIN, 1993; LEONARD, 1995; FILIPPINI &
NALINI, 1998; e IANSITI et al., 1998) também destacaram que as pessoas na
empresa devem aprender a partir dos conhecimentos advindos dessa atividade.
Assim, da melhor prática recomendada para a atividade ligada aos protótipos,
algumas hipóteses podem ser derivadas, as quais seguem a mesma lógica quanto

5
Também considerando essas diferenças, MASCITELLI (2000) aponta quatro níveis ou
estágios principais de prototipagem:
- modelos iniciais – primeiras visualizações sobre o produto e/ou suas partes, no início do
projeto, que auxiliam discussões preliminares no interior do time de DP e desse com
outros setores da empresa e com clientes potenciais do futuro produto;
- modelos refinados – que servem para a análise das possibilidades técnicas e de
conceito, exposições e discussões na empresa para a aprovação da continuidade do
projeto;
- protótipos iniciais – para avaliações do produto pelo cliente, refinamento das escolhas
técnicas e de conceito, e primeiros testes de robustez do produto;
- protótipos refinados – otimização dos detalhes técnicos e avaliações finais de
desempenho e custos, oportunidade de uso também para a divulgação do produto pela
área de marketing.
91

à Internalização, nas atividades relacionadas aos modelos físicos e à produção


piloto.

Ainda BOLISANI & SCARSO (1999) destacam a representação do


conhecimento por intermédio da criação de protótipos e experiências, ao explicitar
soluções e propostas sobre o produto / projeto, mostrando que essa atividade
também pode contribuir com a Externalização. Uma lógica idêntica pode ser
utilizada para formular a hipótese de que as atividades relacionadas aos modelos
físicos e à produção piloto, de forma similar aos protótipos, contribuem para a
representação do conhecimento e, portanto, para a Externalização.

Analisando o uso de diferentes níveis ou estágios de prototipagem,


MASCITELLI (2000) detectou a capacidade que esses possuem de catalisar as
trocas de conhecimentos tácitos (Socialização) entre os membros de um time de
projeto de DP e também dessas pessoas com os fornecedores e clientes6. O
mesmo raciocínio pode ser utilizado para formular uma hipótese sobre o potencial
que as atividades relacionadas aos modelos físicos e à produção piloto possuem
para catalisar as trocas de conhecimentos tácitos.

Para a atividade de transformação de resultados das etapas anteriores em


desenhos e normas, deve ocorrer alguma Internalização por meio do estudo dos
registros e de documentos diversos que já foram gerados no projeto, e,
posteriormente, uma significativa Externalização (necessária à geração dos
desenhos e normas) e Combinação (para o agrupamento efetivo desses desenhos
e normas). Raciocínio similar pode ser formulado para a atividade de tradução das
especificações do projeto do produto no desenvolvimento do projeto do processo
(fabricação e montagem), pois também são estudados (Internalização) os registros
e documentos das especificações do projeto (do produto), e a partir disso,
desenhos, normas e documentos diversos para a fabricação e montagem são
gerados (Externalização) e agrupados (Combinação).

A atividade de execução de stage-gates para avaliação do andamento do


projeto significa a realização de uma análise crítica após a conclusão de uma das

6
LEONARD-BARTON et al. (1994) reforçam isso ao mostrar como a construção e uso de
protótipos envolvem pessoas de diferentes áreas, estabelecendo padrões de trabalho
92

atividades anteriores, ou de um conjunto delas, e / ou ao final do projeto


(postproject audit).

As reuniões para a execução de stage-gates constituem-se em


oportunidades de compartilhamento de conhecimentos e experiências entre
participantes ou não do projeto, o que contribui para a Socialização (ALLIPRANDINI
& SILVA, 2001). Além disso, a Internalização pode ser incentivada com a leitura e
estudo de documentos (conhecimentos explícitos) relacionados às atividades do
projeto, tarefas que as pessoas realizam para se preparar para essas reuniões.

Em alguns casos, conforme a prática adotada, a execução de stage-gates


gera relatórios, o que pode implicar na ocorrência de dois tipos de conversão de
conhecimento. KLEINER & ROTH (1997) destacam a oportunidade de Externalizar
os conhecimentos (tácitos) adquiridos em discussões mantidas nas já referidas
reuniões, principalmente registrando as falhas e acertos que foram detectados no
projeto (montando-se, por exemplo, uma learning history). Outra ocorrência que
também pode existir, embora menos nítida, é a Combinação, quando um relatório
de stage-gates tem a característica de ser uma síntese ou um agrupamento de
vários conhecimentos explícitos advindos de atividades do projeto que estão sendo
avaliadas.

As atividades mais relacionadas às informações do processo de DP são a


normalização do conteúdo das informações; a normalização do formato das
informações; e o controle de atualizações e armazenamento das informações. As
duas primeiras atividades, que são ligadas à normalização (que significa busca de
padrões unificados na empresa), contribuem com a GC essencialmente na
Externalização; isso ocorre devido à padronização, respectivamente, de conteúdo
(vocabulário) e de formato de representação do conhecimento explícito. Já a
terceira atividade, ao controlar atualizações e armazenamento, favorece o
agrupamento de conhecimentos explícitos, e, portanto, auxilia na Combinação.

A atividade de normalização do conteúdo das informações também pode


contribuir para a Combinação ao propor o emprego de taxionomias e classificações
para os conhecimentos explícitos do DP, fazendo uso de terminologias próximas ao

comuns, o que facilita a comunicação e permite que um grupo veja facilmente como suas
decisões afetam outros grupos (visão do todo).
93

processo de DP e suas dimensões, e, assim, facilitando seu agrupamento. Alguns


exemplos disso encontrados na literatura são:

- o uso de uma Estrutura de Classificação de Processos (Process Classification


Framework – PCF) para oferecer um vocabulário comum às pessoas de
diferentes negócios e indústrias (O`DELL & GRAYSON, 1998);

- da abordagem de O`DELL & GRAYSON (1998) e do modelo da APQP


(Advanced Product Quality Planning) proposto pela QS 9000, deriva-se uma
outra taxionomia focalizada nos recursos utilizados nas atividades do processo
do DP (SILVA & ROZENFELD, 1999)7;

- outra possibilidade envolve as partes do produto (componentes, plataformas,


derivações, módulos, arquiteturas, etc.), sendo a classificação ou taxionomia
mais influenciada pelo tipo de produto (mecânico, eletrônico, mecatrônico,
óptico, etc), o que depende das particularidades de cada indústria. É uma
classificação menos duradoura, pois baseia-se em projetos (produtos) que
normalmente sofrem mais mudanças do que o processo que o realiza. Um
exemplo dessa abordagem é apresentado por WIIG et al. (1997), que estratifica
a classificação em: 1. Domínio (engenharia mecânica); 2. Região (projeto
mecânico do automóvel); 3. Seção (projeto da transmissão); 4. Segmento
(projeto e especificação do redutor); 5. Elemento; 6. Fragmento.

Finalizando, o quadro 5.4. faz uma síntese das melhores práticas


encontradas e das hipóteses construídas nesta dimensão Atividades / Informações.

7
Essa taxionomia classifica os conhecimentos explícitos em três tipos:
- os conceitos e filosofias, que servem para criar um embasamento teórico e fornecer
diretrizes para a implantação dos métodos, técnicas, ferramentas e sistemas, como, por
exemplo, os conhecimentos ligados à engenharia simultânea, lean production , etc;
- as técnicas e métodos, que são tipos de conhecimentos não tão abrangentes como os
conceitos e filosofias e normalmente são estruturados em passos, ou relacionados com
alguma atividade específica, para atingir um determinado objetivo, como, por exemplo,
os conhecimentos ligados à Análise do valor, DOE (Design of Experiments), FMEA
(Failure Mode and Effect Analysis), QFD (Quality Function Deployment), DFMA (Design
for Manufacturing and Assembly), etc;
- e as ferramentas e sistemas, que são tipos de conhecimentos relacionados com
produtos comerciais (por exemplo, CAD (Computer Aided Design), CAPP (Computer
Aided Process Planning), ERP (Enterprise Resource Planning), etc), utilizados no DP e
normalmente associados a conhecimentos de alguns conceitos / filosofias e técnicas /
métodos, sendo necessário que esses sejam previamente entendidos.
94

Atividades
/ Inform. Socialização Externalização Combinação Internalização

Pesquisa de (HT) contatos (HT) documentação do aprendizado (HT) estudos de


mercado, “face-a-face” com captado nas fontes externas de conhecimentos
levantamento pessoas (fontes) conhecimentos tecnológicos e explicitados pelas
das possibilid. externas agrupamento desses documentos fontes externas
tecnológicas, e (HT) registro de fatos e opiniões dos
determinação clientes potenciais obtidos via pesquisa
dos requisitos de mercado e posterior agrupamento
dos clientes desses registros
(HT) técnicas (HT) técnicas
convenc. requerem convencionais
habilidade de requerem habilidade
preparação dos de interpretação de
instrumentos de resultados
pesquisa
(HT) técnicas de “imersão” implicam em
habilidade de percepção dos desejos que
o cliente não consegue descrever e na
representação desses desejos
(HT) os conhecimentos obtidos da
consulta com o cliente devem ser
devidamente registrados e esses
registros agrupados adequadamente
(HT) modos de (HT) modos de
maior envolvimento menor envolvimento
requerem requerem
principalmente principalmente
habilidade de habilidade para
comunicação com representar algo que
o cliente, do tipo será submetido à
“face-a-face” apreciação do cliente
Identif. de (HT) trabalho com diversas idéias e
riscos, aval. de conceitos (de aspecto abstrato e
viab. e planej. subjetivo, incerto e transitório),
de recursos predominantemente no formato tácito,
Tradução do buscando detalhamentos e discussões e
conceito do também a formalização e documentação
produto
Envolvimento (HT) interação (HT) estudo pelos
de “face-a-face” dos projetistas dos
fornecedores projetistas com os registros de
fornecedores fornecedores
Construção de (HT) modelos são (HT) modelos são (HT) a visualização e
modelos potenciais potenciais formas de o aprendizado de
físicos e catalisadores de se representar soluções do projeto
avaliação de trocas de (explicitar) conhec. são estimulados pelo
estilo e layout conhecimento sobre o produto / uso de modelos
tácito projeto
Transf. de (HT) representar em desenhos e normas (HT) estudar os
resultados em os conhecimentos já gerados no projeto conhecimentos
desenhos e e agrupá-los de forma efetiva explícitos já gerados
normas no projeto
Legenda: HT = hipótese

QUADRO 5.4. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Atividades / Informações
95

Atividades
/ Inform. Socialização Externalização Combinação Internalização

Elaboração, (MP) protótipos (MP) protótipos são (MP) visualização


construção e são potenciais potenciais formas de e o aprendizado de
testes de catalisadores de se representar soluções do
protótipos trocas de (explicitar) projeto são
conhecimento conhecim. sobre o estimulados pelo
tácito produto / projeto uso de protótipos
Tradução do (HT) representar os conhec. das especif. (HT) estudar os
proj. do prod. do proj. do produto em desenhos, normas conhec. explícitos
no proj. do e documentos diversos para a fabricação das especif. do
processo e montagem e agrupá-los de forma efetiva proj. do produto
Realização de (HT) pilotos e (HT) pilotos e testes (HT) a visualização
produção testes são são potenciais e o aprendizado de
piloto e testes potenciais formas de se soluções do
de validação catalisadores de representar projeto são
do produto trocas de conhec. (explicitar) conhec. estimulados pelo
tácitos sobre o prod. / proj. uso de pilotos e
testes
Execução de (MP) oportunidade (MP) oportunidade (HT) o relatório (HT) leitura e
stage-gates de reuniões para de registro das gerado pode ter estudo de docts.
para avaliação troca pessoal de falhas e acertos uma característica do projeto como
do andamento conhecimentos e ocorridos durante o de síntese de preparação
do projeto experiências projeto e discutidos vários conhec. individual para a
nas reuniões explícitos de ativ. realização dos
do projeto stage-gates
Normalização (HT) padronização (HT) taxionomias
do conteúdo de vocabulários empregadas nos
das facilita a represent. conhec. explícitos
informações do conhec. tácito em
explícito
Normalização (HT) padronização
do formato das de formatos facilita a
informações represent. do
conhec. tácito em
explícito
Controle de (HT) padronização
atualizações e da atualização e
armazenam. armazenamento
das inform. colaboram com o
agrupamento dos
conhec. explícitos
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática

QUADRO 5.4. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Atividades / Informações - continuação

5.4. Conversões do conhecimento na dimensão Recursos

O emprego do método de QFD (Quality Function Deployment) para o


levantamento (percepção) das necessidades e desejos do cliente e sua tradução
em especificações de engenharia, é um recurso que possui opiniões divergentes
quanto ao seu potencial de conversão de conhecimentos.
96

BARRETT et al. (1999) enfatizam a importância da técnica de imersão


(empathic design) do projetista no ambiente natural de uso do produto, observando
e captando tacitamente as formas e maneiras como o cliente faz uso de produtos
para atender as suas necessidades. Esses autores criticam e apontam limites para
ferramentas como o QFD, mencionando seu foco restrito ao conhecimento que o
cliente consegue externalizar (explícito) e enfatizando em excesso os mecanismos
de avaliação (scoring mechanisms). Na visão desses autores, essa avaliação
fornece medições consideradas artificiais por engenheiros e projetistas, pouco úteis
para motivar os times de projeto a trabalhem juntos nas tarefas de solução de
problemas, atuando somente como uma ferramenta que pode auxiliar a
comunicação (e, portanto, a Internalização) entre eles, ao transmitir conhecimentos
explícitos por meio de registros padronizados, pelo uso das casas ou matrizes do
QFD.

No entanto, essa opinião não é unânime. RAMESH & TIWANA (1999), por
exemplo, possuem uma opinião contrária ao afirmar que o QFD é uma ferramenta
com forte potencial de transmissão de conhecimentos pelo uso das casas da
qualidade, devido às discussões (Socialização) e aos registros (Externalização) que
são necessários para sua realização. Na mesma linha, está a posição de
DEBACKERE et al. (2000), ao mencionarem a importância das casas do QFD para
a documentação do conhecimento (Externalização) e seu posterior aprendizado
(Internalização), além de motivar a comunicação interfuncional devido aos
sucessivos desdobramentos dessas casas ou matrizes, envolvendo pessoas de
diferentes áreas funcionais (o que pode, aqui, contribuir indiretamente para a
Socialização).

As técnicas de DFMA podem contribuir potencialmente para a


Internalização, ao promover o estudo durante o projeto de DP dos limites da
manufatura, para a Socialização, ao estimular a reunião em grupos multifuncionais
de projetistas e das pessoas envolvidas com a manufatura, para discutir os
referidos limites e aplicar a técnica, e, embora menos nitidamente, também para a
Externalização, quando a técnica empregada possui algum procedimento para
documentar os resultados encontrados, otimizando o registro do conhecimento
tácito adquirido.
97

No que se refere à utilização das ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM e


CAPP, diversos autores têm estudado a contribuição desses recursos para as
conversões do conhecimento.

LEONARD-BARTON et al. (1994) mostram como as tecnologias CAD / CAM


envolvem pessoas de diferentes áreas, estabelecendo padrões de trabalho (e de
registro) comuns, o que facilita a comunicação e permite que um grupo melhore o
entendimento sobre como suas decisões afetam outros grupos (visão do todo).
BOLISANI & SCARSO (1999) também discutem a importância do CAD / CAM na
transferência de conhecimentos entre projetistas.

O que se pode desprender desses trabalhos é que a Externalização (através


dos padrões estabelecidos de registro de conhecimentos) e a Internalização
(facilitador do aprendizado devido às comunicações e transferências melhoradas de
conhecimentos explícitos) são as conversões em que mais estas tecnologias
colaboram.

NOBEOKA & BABA (1998) focam com mais detalhes o papel dos sistemas
CAD 3-D na criação de novos conhecimentos no DP, principalmente devido aos
recursos técnicos que permitem plena visualização em 3-D, pré-montagem digital e
simulação, e melhor comunicação e coordenação entre projetistas e engenheiros.

Esses autores afirmam que a visualização em 3-D permite que a


representação de uma idéia (Externalização) perca supostamente menos
conhecimento da transição tácito para explícito em comparação a uma
representação 2-D. A análise de uma simulação é mais fácil e rica em 3-D do que
em 2-D, assim como a visualização de detalhes em uma montagem digital de um
produto com muitos sub-sistemas e componentes (o que facilita a Internalização).

Ainda segundo NOBEOKA & BABA (1998), essas características dos


sistemas CAD 3-D podem estimular, quando há intenso e disseminado uso, a
coordenação e comunicação entre projetistas e engenheiros, facilitando a
Socialização. Isso ocorre devido à linguagem comum (o uso de frameworks
comuns) que seus usuários acabam enraizando e utilizando em seus diálogos
(CORSO & PAOLUCCI, 2001, também destacam isso), bem como por esses
sistemas facilitarem a inclusão de modificações no projeto, o que pode ser um
estímulo às trocas de opiniões e sugestões “face-a-face” entre os profissionais
98

envolvidos. Essa melhor coordenação e comunicação exerce também um papel


central para a efetividade da engenharia simultânea no processo do DP8.

NOBEOKA & BABA (1998) destacam que a plena utilização de sistemas


CAD 3-D para a criação e disseminação de conhecimentos no DP somente ocorre
se três condições forem rigorosamente observadas: padronização dos sistemas
CAD adotados pela empresa e seus parceiros, inclusive quanto ao controle da base
de dados comum, treinamento dos engenheiros no sistema e valorização de suas
habilidades multifuncionais, e uma visão de processos e integração de tarefas no
DP.

Os sistemas CAPP, em particular, são um útil recurso para a Externalização


de ao menos parte do conhecimento tácito do projetista (ou processista), o que é
possível devido aos planos de processo sobre como se fabricar e/ou montar um
produto (e suas partes constituintes). Esses sistemas também podem contribuir
para a Internalização, ao facilitar o estudo de planos já existentes e de
conhecimentos de engenharia e de fabricação.

As técnicas e métodos de FMEA, análise / engenharia do valor, e fabricação


e uso de protótipos são recursos cujo emprego pode agilizar e enriquecer as
discussões (Socialização) relacionadas aos seus usos (na solução de problemas),
ajudar na representação do conhecimento (tácito) devido ao uso de registros
padronizados (Externalização), e facilitar o estudo futuro devido ao acesso ao
conhecimento formalizado de maneira padrão nesses registros (Internalização).

Sistemas como o PDM / EDM (respectivamente, Product e Engineering Data


Management) são recursos que auxiliam essencialmente a Combinação, ao
otimizar o agrupamento dos inúmeros tipos de conhecimentos explícitos dos
projetos de DP (CORSO & PAOLUCCI, 2001).

Nos recursos de TI para apoio ao trabalho em grupo, busca de


conhecimentos externos e para o treinamento e ensino há diversos casos de

8
Estudando a evolução dos sistema CAD de 2-D para os atuais 3-D, NOBEOKA & BABA
(1998) perceberam também uma evolução na forma de inserção desta tecnologia no DP,
passando de apenas uma eficiente ferramenta para desenho e transferência de dados para
máquinas NC (numerical control) para uma ferramenta integrada ao processo de DP e
fundamental para a realização plena da engenharia simultânea.
99

conversões de conhecimentos no DP que podem ser auxiliados por esses sistemas,


sendo que alguns dos mais representativos encontrados na literatura são descritos
em seguida.

WIEGERAAD & KRIENS (1998) construíram uma metodologia para


descrever o que foi realizado no DP (design history system – captura e reutilização
do conhecimento utilizado em um projeto de produto), “navegada” por meio de um
sistema de TI (no caso do trabalho destes autores um sistema PDM), utilizando a
área automotiva para testá-la.

A principal motivação para o trabalho de WIEGERAAD & KRIENS (1998) é a


crescente necessidade das organizações trocarem e reutilizarem conhecimentos
entre projetos de DP paralelos e/ou subsequentes. Não focando somente a
memória humana, a documentação convencional, o emprego puro e simples de
alguns recursos de TI como os KBS ou as intranets, o design history system
proposto é um meio termo, buscando um equilíbrio ou ponto comum entre esses
focos diferentes para o trabalho com a memória no DP (WIEGERAAD & KRIENS,
1998).

Os conhecimentos armazenados são interpretados pelo usuário (pela


pessoa e não pela máquina). As discussões, que são os momentos (eventos) no
projeto em que tenta-se solucionar um problema ou questão que surgiu, são as
melhores oportunidades para se registrar (capturar) o conhecimento (explicitando
experiências pessoais tácitas), por meio da design history. WIEGERAAD & KRIENS
(1998) defendem o uso das discussões e procuram representá-las em um conjunto
de: questões – propostas – restrições – argumentos – e soluções, com textos e
figuras, que ligam-se a cada discussão.

Portanto, esta aplicação facilita principalmente a Internalização (o estudo da


memória de projetos passados, via design history) e ao mesmo tempo orienta a
Externalização (via procedimentos para o registro das discussões na design
history).

O uso de técnicas e métodos similares ao design history, ligados ou não a


sistemas de TI como o PDM ou outros (KBS, intranets, etc) também é proposto por
100

vários autores9, sempre com o propósito de auxiliar na Externalização e


Internalização de best / bad practices relacionadas ao produto e ao processo de
DP, internas e externas à empresa (POOLTON et al., 2000).

O emprego de sistemas KBS10 para as atividades de DP é essencialmente


voltado à representação de experiências e conhecimentos (Externalização) e seu
agrupamento (Combinação), em alguns casos voltados à automação na tomada de
decisões em tarefas do DP, em outros casos incluindo a disponibilização mais
dinâmica desses conhecimentos explícitos para o usuário (o que auxilia na
Internalização).

Incorporando parte das funções destes sistemas KBS, cada vez mais estão
sendo utilizados para a GC no DP sistemas de apoio aos projetistas baseado em
intranet / internet (RODGERS et al., 1999; CORSO & PAOLUCCI, 2001), como por
exemplo, os portais que ajudam a agrupar conhecimentos explícitos do DP
(Combinação), apoiando em tempo real o andamento de um projeto e conectando
diferentes atividades durante sua execução, e, portanto, sendo um facilitador da
engenharia simultânea (NICOLETTI & NICOLÒ, 1998; HUANG & MAK, 1999).

O trabalho de TURNG & DEAUGUSTINE (1999) segue essa mesma


tendência em seu sistema de GC baseado na web para o desenvolvimento e

9
Alguns exemplos: a Toyota incentiva seus engenheiros a registrarem, em textos resumidos
e de formato padronizado (contendo a definição do problema, a(s) solução(ões)
encontrada(s), as recomendações advindas, e os responsáveis pelo trabalho), os novos
conhecimentos incorporados durante a realização do desenvolvimento de um produto,
incentivando que vários engenheiros escrevam sobre uma mesma ocorrência; isso significa
uma riqueza de visões a ser compartilhada (SOBEK II et al., 1998). DUARTE & SNYDER
(1997) implantaram, em uma grande corporação (Whirlpool), um modelo para a
aprendizagem relacionada ao DP, em que enfatizam a seleção, análise e disseminação de
best / bad practices ligadas às experiências ocorridas nos projetos de DP da empresa.
Apesar desses esforços, MARSH (1997) e RAMESH & TIWANA (1999) afirmam que ainda
há muito a ser feito pelas empresas quanto à prática de captura e estruturação das
experiências e soluções adotadas em projetos de DP.
10
Alguns exemplos: KRENG (1992), foca a construção de um ambiente inteligente, usando
recursos KBS para assistir aos engenheiros na gestão dos conhecimentos envolvidos com
as configurações possíveis do projeto. FAVELA (1994) e FINN (1995) também propõem
sistemas para apoiar a memória de projetos de DP baseados em recursos de KBS, porém
diferenciando-se por deixar sob a responsabilidade do usuário a interpretação contextual e
avaliação de cada conhecimento. CALDWELL et al. (2000) apresenta uma ferramenta de
apoio à decisão (decision-support tool) para o DP, utilizando inteligência artificial. PRASAD
(2000) analisa casos de empresas que ampliaram o uso da manufatura integrada por
computador (CIM – computer integrated manufacturing) para apoiar o DP na GC e na
101

fabricação de moldes de injeção para peças plásticas11. Tal sistema tem


características muito parecidas com a idéia de portal, pois é a entrada / acesso para
vários outros sistemas utilizados no projeto e engenharia (CAD / CAM / CAE) e no
controle de documentos e informações do produto (PDM). Além disso, fornece
acesso a dados técnicos sobre plásticos, material de construção dos moldes, etc., e
a best / bad practices de projetos já realizados ou em andamento, indexado por
descritores / palavras-chave definidos pelos usuários, conforme seu uso e
experiência prática.

As principais vantagens apontadas por TURNG & DEAUGUSTINE (1999) no


uso do sistema de GC baseado na web foram: - o baixo custo de todo o sistema
(intranet / internet) e com acesso / interface “universal”; - a manutenção
razoavelmente fácil; - a presença de recursos de navegação, hipertexto, busca e
grupos de discussão, que aumentam a interação com o sistema e colaboração
entre os engenheiros; - a preservação da memória corporativa; - e a facilidade de
ligação com web-sites externos relacionados com moldes e plásticos.

As ferramentas para a construção (desenho) e manutenção de modelos de


referência (como o do processo de DP) podem facilitar a representação e, portanto,
o entendimento (e o emprego) da visão de processos. No caso dos modelos
construídos para o processo de DP, alguns autores (POLTERAUER &
MAYRHOFER, 1999; e também TSCHAITSCHIAN et al., 1997; e THIVES, 2000)
detalham como a construção e o uso de um modelo de referência do DP pode
contribuir para as quatro conversões do conhecimento:

- Socialização, ao ilustrar o fluxo de atividades / informações (workflow) do


processo de DP orienta a comunicação e o trabalho “face-a-face” entre as

prática da engenharia simultânea (o autor chamou essa estrutura para o desenvolvimento


integrado do produto de IIS – intelligent information system).
11
Há muitos outros exemplos similares, como o da Ford, que faz uso de uma intranet para
estimular a formação de uma comunidade virtual, com o objetivo de que os engenheiros do
DP compartilhem conhecimentos e colaborem em trabalhos de grupo (WILLIAMS &
COTHREL, 2000). Porém, alguns autores (CHEN & HSIAO, 1997; CRABTREE et al., 1997;
PRASAD et al., 1998a) alertam que ainda há um foco muito concentrado no gerenciamento
de dados de engenharia, que deveria também ser seguido de maior preocupação com o
gerenciamento e compartilhamento do conhecimento (entendido aqui como as regras,
princípios, e raciocínio usado na tomada de decisões durante o desenvolvimento de
produtos e lessons learned de experiências passadas).
102

pessoas, inclusive com a existência de diretórios ou mapas de conhecimentos


que permitem encontrar as pessoas desejadas (especialistas);

- Externalização, ao estabelecer modelos (padrões, formulários) para o registro


de conhecimentos e formas de classificá-los, e ao permitir a construção de
cultura, visão e linguagem compartilhadas, formalizando um know-how e
memória dos conhecimentos e práticas da empresa (VERNADAT, 1996);

- Combinação, ao relacionar documentos criados (ao longo do processo de DP);

- e Internalização, ao criar ambientes hipertexto que permitem navegar e estudar


os conhecimentos classificados e registrados, inclusive experiências passadas
(best / bad practices).

WENGER & SNYDER (2000) mostram como exemplo o modelo de


referência do TTM (time-to-market), que ajuda a formar uma visão ou imagem única
do DP da Xerox (idéia semelhante é defendida por BROWN & DUGUID, 1998). O
presente Recurso ligado aos modelos de referência relaciona-se particularmente
com as Atividades / Informações do processo de DP, ao auxiliar a visualização
integrada das mesmas.

Finalizando, o quadro 5.5. sintetiza as melhores práticas e as hipóteses da


dimensão Recursos.

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização

Método de (MP) as (MP) facilita o (HT) facilita a


QFD discussões em registro do conhec. comunicação
grupo multifunc. através do uso das explícita interfunc.,
para o preenchim. casas da qualidade devido aos conhec.
das casas ou (documentação transmitidos via
matrizes da padrão do conhec. registros padrão
qualidade, tácito em explícito) (MP) o aprendizado
facilitando a ao se estudar casas
comunicação tácita ou matrizes
interfuncional preenchidas
Técnicas de (HT) reunião em (HT) existência de (HT) estudos (via
DFMA grupos multifunc. algum procedimento acesso a conhec.
entre pessoal de para documentar os explícitos) de
proj. e manufatura, resultados elementos da
para aplicação das encontrados manufatura que
técnicas impactam o projeto
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática

QUADRO 5.5. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Recursos
103

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização

Ferramentas e (MP) o intenso uso (HT) padrões usados (HT) aprendizagem


sistemas CAD- cria uma nessas ferramentas e é facilitada devido
CAE-CAM e linguagem comum sistemas facilitam o a melhora no
CAPP e facilita a inclusão registro de acesso e
de modificações no conhecimentos comunicação de
projeto, sendo (MP) a representação conhec. explícitos
ambas um de uma idéia em 3-D (desenhos, planos
estímulo à troca de (via CAD) permite de processo,etc)
opiniões e menos perdas na (MP) a facilidade
sugestões (em conversão de conhec. de visualização de
reuniões face-a- tácito para explícito detalhes facilita o
face) aprendizado
Recursos de (HT) agiliza e (HT) ajuda na (HT) facilita o
FMEA, A/E do enriquece as representação estudo futuro
valor e discussões nas (registro) do devido à
técnicas de equipes conhecimento padronização dos
fab. e uso de registros
protótipos
Sistemas PDM (MP) otimiza o
/ EDM (integ. agrupamento dos
ou não ao PM conhecimentos
do ERP) explícitos dos
projetos de DP
Recursos de (HT) algumas TI (HT) emprego de (HT) algumas TI
TI para apoio podem facilitar o sistemas KBS facilitam o acesso
ao trabalho em procedimento de para agrupar os à memória de proj.
grupo, busca registro de conhec. conhec. passados e
de conhec. adquiridos por uma (HT) portais via também seu
externos, e pessoa no projeto intranet / internet estudo (das best /
para o (best / bad practices) ajudam a agrupar bad practices)
treinamento e (HT) emprego de conhec. do DP (HT) emprego de
ensino sistemas KBS para sistemas KBS para
representar o conhec. disponibilizar
(registrar) dinamicamente o
conhec. do DP, e
evoluindo (sendo
incorporado) pelas
intranet / internet
Ferramentas (MP) o modelo (MP) estabelece (MP) o modelo (MP) criando
para a ilustra o workflow padrões, formulários, ajuda a ambientes
construção do processo de DP etc. para o registro de relacionar hipertexto, que
(desenho) e orientando a conhecimentos, e documentos permitem navegar
manutenção comunicação e o permite a construção criados ao longo e estudar os
de modelos de trabalho “face-a- de visão e linguagem do processo de conhecimentos
referência face” entre as compartilhadas DP registrados
pessoas
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática

QUADRO 5.5. Síntese das hipóteses e melhores práticas relacionadas às


conversões do conhecimento na dimensão Recursos – continuação
104

5.5. Modelo completo para a avaliação da gestão do conhecimento no


processo de desenvolvimento de produtos

O quadro 5.6 faz uma síntese das tabelas parciais anteriores, ilustrando o
que vem a ser o modelo completo para a avaliação da GC no DP; tal modelo
fornece o embasamento para os instrumentos de pesquisa a serem aplicados no
estudo de caso do próximo capítulo.

Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz.


Quatro perspectivas da Tabela 5.2. Hipóteses e melhores práticas de
dimensão Estratégia conversões do conhecimento em 16 relacionamentos
Quatro perspectivas da Tabela 5.3. Hipóteses e melhores práticas de
dimensão Organização conversões do conhecimento em 16 relacionamentos
Treze atividades da Tabela 5.4. Hipóteses e melhores práticas de
dimensão Ativid. / Inform. conversões do conhecimento em 52 relacionamentos
Sete recursos da dimensão Tabela 5.5. Hipóteses e melhores práticas de
Recursos conversões do conhecimento em 28 relacionamentos
QUADRO 5.6. Síntese dos relacionamentos entre as conversões do conhecimento
e as dimensões do processo de DP

Percebe-se que há 112 relacionamentos ou intersecções possíveis, entre as


4 conversões do conhecimento e as 4 dimensões do processo de DP, havendo
inúmeras possibilidades teóricas supostas (hipóteses) ou verificadas (melhores
práticas), que buscam validar a existência destes relacionamentos (ocorrência das
conversões).

A interpretação de novas referências bibliográficas em DP e GC e a


experiência advinda da aplicação do modelo permitem a contínua revisão das
hipóteses / melhores práticas, acrescentando novidades ou melhorando a redação
das já existentes, o que contribui para a constante atualização do modelo (figura
5.3).

A partir do modelo completo de avaliação da GC no DP derivam-se os


instrumentos de pesquisa que o aplicam na pesquisa de campo. Trata-se de um
questionário, em que avaliações complementares das dimensões são feitas, e uma
entrevista, que aplica o questionário usando paralelamente as tabelas de hipóteses
e melhores práticas. A utilização desses instrumentos para a aplicação do modelo
transcorre em três passos básicos.
105

FIGURA 5.3. Evolução constante do modelo de avaliação da GC no DP (figura do


autor)

Em um primeiro passo, há um diálogo com o entrevistado quanto a sua


relação com o DP da empresa, o que permite ao entrevistador adquirir uma
percepção inicial do envolvimento direto e indireto do entrevistado com o processo
de DP e com suas dimensões específicas.

Após este diálogo inicial, em um segundo passo deve-se explicar o


propósito da pesquisa e o significado das dimensões do DP (capítulo 2) e das
conversões do conhecimento (capítulo 3), utilizando, para isso, duas folhas
apresentadas respectivamente nos quadros 5.7 e 5.8, que são consultadas pelo
entrevistado / entrevistador ao longo da entrevista, no caso de surgimento de
qualquer dúvida.
106

Folha de Conversões do Conhecimento

Socialização
Conversão do conhecimento tácito de uma pessoa no conhecimento tácito de outra pessoa:
- diálogo frequente e comunicação “face-a-face”;
- brainstorming, insights e intuições são valorizados e discutidos sob várias perspectivas;
- trabalho do tipo “mestre-aprendiz”, observação, imitação e prática;
- compartilhamento de experiências e modelos mentais via trabalho em equipe
(heterogênea).
Frase síntese: troca de conhecimentos “face-a-face” entre pessoas.
Externalização
Conversão do conhecimento tácito do indivíduo em algum tipo de conhecimento explícito:
- representação simbólica do conhecimento tácito, através de modelos, conceitos,
hipóteses, etc., construído via metáforas / analogias, ou dedução / indução;
- descrição de parte do conhecimento tácito, via planilhas, textos, imagens, figuras,
regras, scripts, design history, etc.;
- relatos orais e filmes (gravação de relatos orais e imagens de ocorrências / ações).
Frase síntese: o registro do conhecimento da pessoa feito por ela mesma.
Combinação
Conversão de algum tipo de conhecimento explícito gerado por um indivíduo para agregá-lo
ao conhecimento explícito da organização, normalmente através do agrupamento
(classificação, sumarização) e processamento desses conhecimentos.
Frase síntese: o agrupamento dos registros de conhecimentos.
Internalização
Conversão do conhecimento explícito da organização em conhecimento tácito do indivíduo:
- leitura / visualização e estudo, individual, de documentos de diferentes formatos / tipos
(textos, imagens, etc.);
- prática individual (learning by doing);
- reinterpretar / reexperimentar, individualmente, vivências e práticas (practices e lessons
learned).
Frase síntese: o aprendizado pessoal a partir da consulta aos registros de conhecimentos.

QUADRO 5.7. Conversões do conhecimento


107

Folha de Dimensões do DP
Estratégia, analisada sob a perspectiva da:
1. Gestão ou administração do portfólio de produtos (projetos), coordenação conjunta dos projetos
em andamento ou em planejamento, também coordenando estrategicamente as relações
interprojetos;
2. Avaliação do desempenho do processo de DP, avaliação de projetos de DP (produtos
desenvolvidos) em relação ao portfolio de projetos da empresa;
3. Condução das alianças e parcerias para o DP, realização de integração inter-organizacional
envolvendo fornecedores, clientes, instituições, etc;
4. Condução das relações interfuncionais / interdepartamentais, realização de integração em nível
estratégico entre marketing, engenharia e manufatura.
Organização, analisada sob a perspectiva da:
1. Adoção e manutenção da estrutura organizacional para o DP, envolvendo as escolhas e
combinações entre os (quatro) modos de organização do DP;
2. Execução do trabalho de liderança no DP, que se refere às habilidades e comportamento do
gerente de produto;
3. Execução do trabalho em grupo, em uma cultura que estimule a comunicação e a gestão de
conflitos;
4. Existência de programas de capacitação e de acompanhamento da qualificação do pessoal
envolvido com o DP, que incrementam a aprendizagem organizacional nesse processo.
Atividades / Informações, que são:
1. Pesquisa de mercado, levantamento das possibilidades tecnológicas e determinação dos
requisitos dos clientes;
2. Identificação de riscos, avaliação de viabilidade e planejamento de recursos;
3. Tradução do conceito do produto em estilo, layout, componentes e especificações;
4. Envolvimento de fornecedores;
5. Construção de modelos físicos e avaliação de estilo e layout;
6. Transformação de resultados das etapas anteriores em desenhos e normas;
7. Elaboração, construção e testes de protótipos;
8. Tradução das especificações do projeto do produto no desenvolvimento do projeto do processo
(fabricação e montagem);
9. Realização de produção piloto e testes de validação do produto;
10. Execução de stage-gates para avaliação do andamento do projeto;
11. Normalização do conteúdo das informações;
12. Normalização do formato das informações;
13. Controle de atualizações e armazenamento das informações.
Recursos, que envolve o uso:
1. Método de QFD (Quality Function Deployment);
2. Técnicas de DFMA (Design for Manufacturing and Assembly), projeto voltado à capacidade da
manufatura da empresa (fabricação e montagem);
3. Ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP, respectivamente, Computer Aided Design-
Engineering-Manufacturing e Computer Aided Process Planning, usados de forma integrada ou
não;
4. Recursos de FMEA (Failure Mode Effect Analysis) de produto e de processo (fabricação),
Análise / Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e uso de protótipos (funcionais e não
funcionais);
5. Sistemas PDM / EDM, respectivamente Product / Engineering Data Management, integrados ou
não aos PM (Project Management) dos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning);
6. Recursos de TI para apoio ao trabalho em grupo, busca de conhecimentos externos e para o
treinamento e ensino;
7. Ferramentas para a construção (desenho) e manutenção de modelos de referência.
Obs.: em negrito, palavra significativa do conteúdo para facilitar sua identificação em tabelas
QUADRO 5.8. Dimensões do DP
108

Finalmente, em um terceiro e último passo, é feita a coleta das informações


desejadas, registrando-as em um questionário (Matriz de Preenchimento das
Avaliações, quadro 5.9), com os comentários adicionais dos entrevistados (sobre
hipóteses e melhores práticas, por exemplo) anotados pelo entrevistador em folhas
avulsas.

O entrevistador conduz o preenchimento desta matriz, esclarecendo


dúvidas, e instigando a resposta do entrevistado, pela lembrança das hipóteses e
melhores práticas provenientes do modelo de avaliação da GC no DP (o
entrevistador mantém uma tabela para consulta ao longo de toda a entrevista).

O preenchimento do referido questionário-matriz (quadro 5.9) é feito na


seguinte sequência: primeiro e simultaneamente as colunas de Presença e
Importância, linha por linha (de E1 na dimensão Estratégia até R7 na dimensão
Recursos); e, então, também simultaneamente as quatro conversões do
conhecimento (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização), linha
por linha de E1 até R7.

A utilização desta Matriz de Preenchimento das Avaliações faz uso da


percepção das pessoas envolvidas com o DP sobre os pontos fortes e fracos deste
processo. Esta lógica é preconizada pela FAO – Ferramenta de Análise
Organizacional, apresentada em RENTES (2000), e é nítida principalmente nas
colunas que se referem aos conceitos / critérios de Importância (qual é a relevância
atribuída) e Presença (qual é a intensidade de atuação).

Há quatro combinações possíveis entre estes dois conceitos / critérios,


sendo que, quando em uma determinada perspectiva da Estratégia ou
Organização, Atividade ou Recurso, a Importância for alta e a Presença for baixa,
recomenda-se priorizar nesta a avaliação e a análise, para que se verifique porque
algo que é considerado relevante está recebendo pouca atuação, revertendo então
esta situação.
109

Matriz de Preenchimento das Avaliações


Dimensões Importância Presença Socialização Externaliz. Combinação Internaliz.
do DP (qual é a (qual é a
relevância intensidade
atribuída) de atuação)
Junto ao 1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre
código – Alta ou Baixa 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem
palavra 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão
significativa 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem
do conteúdo 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre

E1 portfólio
E2 desemp.

E3 parcerias

E4 relações

O1 estrutura
O2 liderança

O3 grupo

O4 capacit.

A1 clientes
A2 viabilid.

A3 conceito

A4 forneced.

A5 mod.fís.

A6 desenho

A7 protótip.

A8 proj.proc.

A9 prod. pil.
A10 gates

A11 ctdo.inf.

A12 form.inf.

A13 ctle.inf.

R1 QFD
R2 DFMA

R3 CAD

R4 FMEA

R5 PDM
R6 TI

R7 mod.ref.

QUADRO 5.9. Preenchimento das avaliações


110

Percebe-se que no questionário-matriz utilizado (quadro 5.9) pede-se ao


entrevistado que avalie, por meio de scores de uma escala Likert (de cinco pontos
com ponto médio), cada conversão do conhecimento nos relacionamentos com
cada dimensão do DP. Detalha-se esta apreciação qualitativa – descritiva do
método empregado quando é pedido ao entrevistado que justifique ou explique o
score atribuído, submetendo para sua apreciação algumas hipóteses e melhores
práticas do modelo, conforme o entrevistador julgue relevante para melhor entender
um relacionamento.

Sendo assim, não se questiona cada entrevistado sobre todas as hipóteses


e melhores práticas do modelo completo. Isso envolveria um desdobramento
excessivo dos instrumentos de pesquisa utilizados, provavelmente inviabilizando
sua aplicação prática. Também condicionaria a existência dos relacionamentos
conversão - dimensão à presença específica das hipóteses e/ou melhores práticas
do modelo, o que seria uma condição excessivamente restrita, pois outras podem
existir e viabilizar / comprovar este relacionamento.

A escolha da apreciação qualitativa – descritiva pelo método utilizado requer


a presença do pesquisador para fomentar discussões, esclarecer eventuais dúvidas
sobre os conceitos ligados às conversões e dimensões do DP e, principalmente,
garantir o entendimento desses conceitos de maneira homogênea e uniforme por
todos os entrevistados – o que efetivamente ocorreu e foi importante para a correta
coleta das informações. Adiciona-se a isto a oportunidade do pesquisador fazer, in
loco, observações não participantes e análise de documentos e registros que
auxiliem a compreensão do que foi levantado pelo questionário e entrevista.

Recomenda-se aplicar estes instrumentos de pesquisa a pessoas de


diferentes níveis hierárquicos do DP, por meio de entrevistas individuais (dinâmicas
de grupo são uma opção alternativa, mas não foram utilizadas no estudo de caso
desta tese). Deve-se entrevistar pessoas experientes (que já participaram de vários
projetos de DP) e que atualmente estão nas posições (níveis) de: direção ou
liderança de todo o processo de DP (ou de áreas funcionais fortemente envolvidas),
coordenação de projeto ou de suas partes principais, e especialistas senior
(possuidores de competências particulares dentro do DP).

Na aplicação e validação do modelo de avaliação da GC em situações reais


de DP, pretende-se verificar primeiro sua robustez e aplicabilidade e, então,
111

superada esta etapa, verificar a existência efetiva das hipóteses e melhores


práticas do modelo nos relacionamentos entre conversões do conhecimento com as
dimensões do DP.

Para a primeira etapa de verificação de robustez e aplicabilidade, um


conjunto de testes parciais foi conduzido (vide Anexo 1). Neles predominou a
preocupação de se proceder aplicações piloto do modelo, esse representado por
instrumentos de pesquisa de versão anterior a atual, possuindo a mesma estrutura
básica, porém com uma apresentação e formato ainda em fase preliminar (com
definições e conceitos menos desenvolvidos), e com algumas Atividades e
Recursos ainda não incluídos ou em ordenação diferente.

Nesta aplicação-piloto verificaram-se a compreensão dos termos e da


estrutura do modelo (dos instrumentos de pesquisa) pelas pessoas do DP
entrevistadas, os tempos gastos para se aplicar o questionário / entrevista, o
julgamento por essas pessoas de sua relevância nas partes e no todo, e demais
dificuldades de ordem prática de aplicação do modelo que não foram percebidas
quando de sua construção teórica. Isso serviu para melhoramentos que constam na
versão atual dos instrumentos de pesquisa (questionário e entrevista), utilizados no
estudo de caso completo do próximo capítulo.

Este estudo de caso envolve uma aplicação definitiva e detalhada do


modelo, o que não esgota suas possibilidades de melhorias futuras em outros
trabalhos de pesquisa; tal aplicação possui foco efetivamente voltado aos
resultados advindos de seu uso, mapeando e explicando a ocorrência e as lacunas
das hipóteses e melhores práticas nos relacionamentos entre dimensões do DP
com as conversões do conhecimento, e submetendo o resultado às pessoas
participantes das entrevistas para discussões e considerações.
112

CAPÍTULO 6 – APLICANDO O MODELO DE AVALIAÇÃO:


ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO

Deve-se orientar a seleção do objeto de pesquisa para o estudo de caso no


sentido de obter neste os resultados necessários à generalização analítica do
modelo que está sendo testado, conforme explicado na metodologia de pesquisa
(Capítulo 4). Como é possível perceber nas próximas seções, a empresa escolhida
para o estudo de caso possui dois pré-requisitos importantes para a referida
generalização analítica: efetivamente realizam DP no Brasil, e estruturam este na
forma de um processo, compatível com a abordagem teórica empregada no
presente trabalho.

Como também foi colocado no capítulo de metodologia de pesquisa, o


presente trabalho é essencialmente uma pesquisa qualitativa / descritiva, visando
utilizar (testar) um modelo proposto para descrever as características de
determinado fenômeno, estabelecendo as relações existentes entre as variáveis
envolvidas (as dimensões do DP com as conversões do conhecimento). Para isso,
justificou-se naquele capítulo o emprego do estudo de caso, realizado por meio de
múltiplas entrevistas estruturadas, conduzidas por um questionário semi-fechado
(seguindo as orientações registradas na última seção do capítulo anterior).

O critério de escolha do caso, riqueza de detalhes e complexidade do DP


oferecido ao teste do modelo proposto, fica nítido e justificado pela descrição da
empresa e de seu DP feita na seção seguinte. As informações coletadas são
apresentadas e analisadas em detalhes na seção 6.2, de forma descritiva e com um
tratamento estatístico básico (média e desvio padrão) para os valores de scores da
escala Likert. A seção 6.3 encerra este capítulo com a síntese da avaliação e
algumas considerações finais sobre a aplicação do modelo de avaliação da GC no
processo de DP do estudo de caso.
113

6.1. Breve descrição da empresa e de seu processo de desenvolvimento de


produtos

Apresentam-se nesta seção algumas características mais evidentes da


empresa e de seu processo de DP, com o propósito de melhor contextualizar os
resultados da avaliação da GC.

O estudo de caso foi realizado em uma montadora multinacional do setor


automobilístico, em sua divisão de caminhões e ônibus. A empresa estudada
caracteriza-se por possuir uma planta industrial recente, incorporando modernas
tecnologias de produto, de fabricação e de montagem, bem como as versões mais
atualizadas dos modelos de organização da produção (destacando-se as novas
formas de gestão da produção, de organização do trabalho e de relação com
clientes e fornecedores)1.

Dentre estas novidades, a que mais se destaca é a modularização do


processo de fabricação e a participação direta dos fornecedores de componentes e
subsistemas nos correspondentes módulos do processo de fabricação e montagem
em que estes componentes e subsistemas são incorporados ao produto final da
empresa contratante. Cabe à montadora, principalmente, a coordenação das
atividades de fabricação e montagem, e a monitoria da qualidade dos produtos
finais.

Esses fornecedores participam também do desenvolvimento de produtos e


de processos em parceria com a montadora, atualizando ou modificando seus
sistemas de componentes e seus processos de produção (parte deles localizada na
referida planta da montadora), de acordo com as necessidades dos novos produtos
a serem lançados. Há, portanto, um domínio da tecnologia de produto e de
processo inevitavelmente compartilhado entre montadora e fornecedores.

A divisão do produto em módulos foi realizada pela engenharia da


montadora em conjunto com sua manufatura, visando a entrega de grandes partes
da fabricação à responsabilidade de fornecedores diretos, conhecidos como
"parceiros", e, ao mesmo tempo, a racionalização do processo de fabricação. Ao
114

final, chegou-se a 7 módulos: chassis; eixos e suspensão; montagem de rodas;


motor; estamparia e armação da cabine; pintura da cabine; montagem interna da
cabine.

Essa configuração em que se destacam o total envolvimento e a


responsabilidade do fornecedor na montagem do caminhão implica em
significativos impactos para o DP, em especial porque torna praticamente
obrigatório que os fornecedores envolvam-se o quanto antes no processo de DP,
no projeto de um novo produto da montadora, para simultaneamente realizar o DP
do sistema que será fornecido para o novo produto da montadora, e também para
desenvolver o projeto do processo de fabricação e de montagem deste novo
sistema, no módulo sob responsabilidade do fornecedor.

Em termos mais específicos, isso requer um intenso trabalho colaborativo e


em parceria entre montadora e fornecedores e entre os próprios fornecedores,
desde o DP até o desenvolvimento dos processos de fabricação e montagem, com
troca potencialmente ampla de experiências e aprendizagem entre todos os
envolvidos.

Além das características mencionadas anteriormente, sobre a empresa do


estudo de caso, também deve ser ressaltado que essa divisão (de caminhões e
ônibus) da montadora existe apenas no Brasil. Ou seja, nem a matriz e nem outras
unidades da montadora no mundo atuam com o segmento de caminhões e ônibus.

Portanto, essa divisão é tipicamente brasileira, possuindo certa autonomia e


total responsabilidade pelo DP. Exerce plenamente este processo executando
todas as suas fases ou etapas com certo pioneirismo na implantação de
plataformas de produtos racionalizadas, com redução de peças e componentes,
substituindo-os por sistemas modulares, e na aplicação do conceito de engenharia
simultânea para a execução do processo.

Também é original na prática de ouvir intensamente o cliente e procurar o


máximo de personalização (taylor made) em seus produtos, herança esta provinda
do início de operações da empresa, no começo dos anos 80, em que adotou a

1
Em ARBIX & ZILBOVICIUS (1997) e DIAS & SALERNO (2000) podem ser encontrados
mais detalhes sobre essas inovações na produção e administração, adotadas na empresa
115

estratégia de pequenos volumes e personalização para competir em um mercado


recessivo e dominado por poucos fabricantes tradicionais, bem conhecidos e com
grandes volumes de produção.

A figura 6.1 (ciclo de DP) ilustra, de forma completa, a sistemática atual de


DP da empresa do estudo de caso, que será descrita em seguida, com base em
informações institucionais repassadas pela empresa.

Legenda:
QFD – Quality Function Deployment
CAD – Computer Aided Design
FESA – Finite Element Structural Analysis

FIGURA 6.1. Ciclo de DP da empresa do estudo de caso (figura da empresa)

O ciclo se inicia com o emprego do método de QFD, no qual pessoas da


engenharia, marketing, vendas, planejamento do produto, etc, dividem-se em
grupos e efetuam entrevistas estruturadas com clientes diretos ou indiretos da
empresa: motoristas, frotistas, gerentes de transporte, revendedores, etc.

As informações advindas dessa coleta são trabalhadas na conceituação do


produto, momento em que os grupos multifuncionais que realizaram as entrevistas
discutem os resultados encontrados e geram as matrizes “o que” (requisitos do
cliente), “como” (descrição dos sistemas no produto que podem atender aos

estudada e que estão sucintamente descritos no presente texto sobre o estudo de caso.
116

requisitos do cliente) e “quanto” (custo desses sistemas). As matrizes “como” e


“quanto” vão sendo revisadas e melhoradas (revisão de conceito) até atingir um
patamar viável que equilibre o atendimento aos requisitos com os custos do
produto.

Encerrada esta etapa, também conhecida como pré-programa, parte-se para


o projeto do produto propriamente dito, seguindo-se os conceitos da engenharia
simultânea. Isso implica no envolvimento conjunto da engenharia, produção /
manufatura, qualidade, etc., desde o início do projeto, buscando sinergia e
paralelismo entre suas ações, e principalmente, participando e apoiando o time
multifuncional que se dedica com exclusividade ao projeto.

Este projeto do produto inicia-se com lay-outs avançados dos sistemas


envolvidos no produto (por exemplo, a definição do chassi, a instalação do motor,
etc), estudados com o apoio do computador (das ferramentas CAD) e com o uso de
metodologias como o DFMA. Após uma primeira geração dos lay-outs em 3-D,
confeccionam-se peças “mock-up” (peças feitas apenas para verificar a montagem,
não sendo funcionais), montando-as em protótipos denominados “design aids”
utilizados para verificar acesso e facilidade para a montagem e manutenção,
interferências entre peças e sistemas, etc..

Feitas todas as melhorias necessárias, chega-se aos lay-outs finais


(definição de detalhes do produto) e parte-se para a análise estrutural (em
computador) dos componentes principais (estudos de tensão por elementos finitos,
cuja sigla em inglês é FESA), utilizando-se dados e parâmetros adquiridos em
campo com outros veículos similares (ou mesmo os dados provenientes dos testes
de protótipos do produto em desenvolvimento, quando se requer que o FESA de
algum componente seja refeito). O primeiro sistema a ser estudado por FESA é o
conjunto de chassi, por se tratar de uma estrutura básica do caminhão.

À medida que os componentes são aprovados em sua análise estrutural


(FESA), peças protótipos são construídas e montadas no protótipo mecânico, no
qual os componentes são funcionais, podendo ser obtidos através de retrabalho
e/ou com materiais diferentes dos especificados. Estes são submetidos a
avaliações estáticas (que começam mesmo com o protótipo não totalmente
completo) e uma avaliação dinâmica detalhada (com o protótipo mecânico
finalizado), que contribui para a aquisição de dados e testes, permitindo realimentar
117

FESA com novas informações para a melhoria da análise e cálculo estrutural dos
componentes e sistemas do produto em desenvolvimento.

Quando bem evoluídas as ações anteriores, parte-se para a construção de


componentes e sistemas para os protótipos de engenharia (protótipos estes no qual
os componentes e sistemas são representativos do produto em projeto, com todas
as dimensões e materiais corretos), que serão testados visando, principalmente, a
certificação do produto (veículo) em termos de durabilidade e fadiga.

Resolvendo-se os problemas das etapas anteriores, parte-se para o


lançamento do produto, em que se trabalha intensamente com os detalhes de
produção, qualidade, e assistência técnica ao novo veículo (embora este trabalho já
tenha começado previamente, na conceituação do produto). Por fim, a engenharia
de clientes acompanha o resultado do uso do novo produto pelos compradores e
estuda, através do feedback e de reclamações, as melhorias a serem realizadas em
futuras reestilizações do atual produto ou novas soluções a serem pensadas nos
produtos futuros.

A próxima seção deste capítulo apresenta e discute os resultados


encontrados no estudo de caso realizado, tabulando as informações coletadas por
meio de entrevistas com o uso do instrumental (questionário) apresentado no final
do capítulo anterior, cujas orientações de aplicação foram rigorosamente seguidas.

6.2. Avaliando a gestão do conhecimento no estudo de caso

No estudo de caso foram entrevistadas dez pessoas, amostra que, embora


não seja numerica ou estatisticamente representativa da população, constitui-se
representativa da diversidade de competências / habilidades das pessoas
envolvidas ou relacionadas com o DP da empresa. Assim, os entrevistados podem
ser divididos em dois grupos, conforme seu nível hierárquico:

- diretoria / gerência, constituído por quatro pessoas – diretor da engenharia,


gerente geral de programas (times dedicados), gerente da engenharia
avançada (conceituação), gerente da engenharia de cliente;

- supervisão / consultoria interna / coordenação, em que se enquadram seis


pessoas – supervisor da manufatura, consultor da qualidade assegurada do
produto, consultor do planejamento do produto, supervisor da engenharia
118

avançada (desenhos e protótipos), supervisores (cabine e elétrica) e (protótipos


e chassis) da engenharia de desenvolvimento e certificações e testes.

É importante mencionar que as entrevistas não foram realizadas


primeiramente com as pessoas pertencentes a um grupo e depois com as do outro
grupo. As entrevistas foram feitas aleatoriamente, alternando pessoas dos dois
grupos, conforme a disponibilidade de agenda dos entrevistados.

As próximas sub-seções apresentam os resultados obtidos com base


nessas entrevistas. Em 6.2.1. é apresentada e discutida a avaliação realizada pelos
critérios de Importância e Presença. Em 6.2.2. o mesmo ocorre com a avaliação
das conversões do conhecimento pela escala Likert. Os dados que foram
coletados, a partir dos quais se calcularam os resultados apresentados nessas
duas sub-seções, são expostos detalhadamente no Anexo 2.

A sub-seção 6.2.3. apresenta e discute a avaliação das conversões do


conhecimento pela análise das hipóteses e melhores práticas, que é a essência do
modelo proposto de avaliação da GC no DP. Como é percebido nas análises feitas
em 6.2.3, os diagnósticos e observações advindos do estudo de caso, movidos pela
intensa busca de verificação da validade das hipóteses e melhores práticas,
permitiram ir além dessas verificações, indicando-se novas melhores práticas,
trazendo, assim, complementações ao modelo proposto. Estas novas melhores
práticas são apresentadas e avaliadas em 6.2.4.

Após a análise detalhada dessa seção, uma síntese da avaliação é feita em


6.3, levando-se em consideração as dimensões e o processo de DP como um todo.

6.2.1. Avaliando Importância e Presença nas dimensões do desenvolvimento de


produtos

A avaliação das dimensões do DP, segundo os critérios de Importância e


Presença, é feita em seguida. O quadro 6.1 apresenta os valores finais obtidos para
esses critérios e, em algumas perspectivas da Estratégia e Organização, Atividades
e Recursos, há frases-testemunho de entrevistados que apontam lacunas e/ou
sugestões de melhorias, especialmente quanto à intensidade de atuação /
Presença.
119

Dimensões Importância Presença Frases-Testemunho


do DP (qual é a (qual é a
relevância intensidade
atribuída) de atuação)

E1 portfólio 8A 1B 5A 4B “deveriamos pensar menos em cada produto individual e


mais nas famílias de produtos”
E2 desemp. 7A 1B 1A 7B “falta tempo para mais aperfeiçoamentos neste trabalho
(de avaliação do desempenho do processo de DP)”
E3 parcerias 8A 6A 2B

E4 relações 10A 8A 2B

Estratégia 33A 2B 20A 15B

O1 estrutura 10A 10A

O2 liderança 9A 1B 8A 2B “há uma falha: a liderança das áreas tem peso maior do
que as lideranças de programas”
O3 grupo 10A 10A

O4 capacit. 9A 1B 8A 2B “visão de processo para o DP: falta curso para normalizar


entendimento de todo o pessoal”
Organização 38A 2B 36A 4B

A1 clientes 8A 6A 2B

A2 viabilid. 8A 6A 2B “é necessário melhorar o planejamento (e coordenação)


de recursos (por exemplo, entre marketing e engenharia),
pois prazos são assumidos por diferentes setores sem o
devido planejamento e coordenação”
A3 conceito 10A 9A 1B

A4 forneced. 10A 7A 3B “alguns fornecedores não têm habilidade para participar


do DP”
“certas atividades do DP sofrem atrasos devido a prazos
não cumpridos pelo fornecedor para a entrega de
desenhos e componentes para testes”
A5 mod.fís. 8A 1B 6A 3B “falha existente nesta atividade – muitas vezes o desenho
é liberado antes da análise do modelo físico, ou seja,
alguns destes modelos são feitos, porém atrasados em
relação ao melhor momento de utilizá-los (antes da
liberação dos desenhos)”
A6 desenho 10A 8A 2B

A7 protótip. 8A 7A 1B “protótipos realizados em ‘batelada’, tudo concentrado em


uma única vez, deixando outras atividades em ‘stand by’
paralisadas. Falta uma melhor distribuição das atividades
de protótipos ao longo do projeto, de forma continuada e
não concentrada”
“quanto mais demora / atraso ocorrido para se realizar a
‘batelada’ de protótipos, maior falha na identificação
prévia de riscos, retardando-a erroneamente para o final
do projeto, quando muitas atividades já feitas terão que
ser retrabalhadas”
Obs.1: notas atribuídas aos critérios de Importância e Presença: A = alta ou B = baixa. Nota
predominante colocada em negrito
Obs.2: em certas perspectivas da Estratégia, Atividades e Recursos um ou mais dos dez entrevistados
não responderam, devido a pouca experiência ou visão sobre o assunto

QUADRO 6.1. Valores finais para os critérios de Importância / Presença e frases-


testemunho
120

Dimensões Importância Presença Frases-Testemunho


do DP (qual é a (qual é a
relevância intensidade
atribuída) de atuação)

A8 proj.proc. 9A 7A 2B “algumas falhas só aparecem na montagem, mesmo com


todo o esforço de envolvimento de pessoal da manufatura
nos programas de DP”
A9 prod. pil. 9A 8A 1B

A10 gates 7A 2B 4A 5B “alguns dos ‘gates’ acabam por não ser feitos / realizados”

A11 ctdo.inf. 5A 3B 3A 5B

A12 form.inf. 7A 1B 6A 2B

A13 ctle.inf. 10A 9A 1B

Atividades 109A 7B 86A 30B

R1 QFD 8A 4A 4B

R2 DFMA 6A 1B 3A 4B “falta mais experiência dos engenheiros de produto para


usar o DFA (como o DFMA é conhecido na empresa),
cursos foram feitos mas com resultado menor do que o
esperado”
R3 CAD 9A 9A

R4 FMEA 10A 4A 6B “em alguns projetos de DP este (recurso) acaba sendo


insuficientemente empregado”
R5 PDM 8A 3A 5B

R6 TI 8A 2B 7A 3B “deficiências devido a equipamentos de informática


desatualizados”
R7 mod.ref. 8A 3A 5B

Recursos 57A 3B 33A 27B


Obs.1: notas atribuídas aos critérios de Importância e Presença: A = alta ou B = baixa. Nota
predominante colocada em negrito
Obs.2: em certas perspectivas da Estratégia, Atividades e Recursos um ou mais dos dez entrevistados
não responderam, devido a pouca experiência ou visão sobre o assunto

QUADRO 6.1. Valores finais para os critérios de Importância / Presença e frases-


testemunho – continuação

Os dados completos de todos os entrevistados para os critérios de


Importância e Presença, a partir dos quais se calcularam os resultados finais
apresentados neste quadro 6.1, são expostos no Anexo 2.

Observa-se, pelo quadro, que todas as perspectivas da Estratégia e da


Organização, as Atividades e os Recursos, foram respondidas pela maioria dos
entrevistados (no mínimo sete respondentes em R2, o menor número, com os
demais sendo respondidos por oito, nove ou todos os entrevistados). Verifica-se
121

também que, em termos de Importância (relevância atribuída), todas as dimensões


apresentam nítido predomínio de notas altas neste critério.

A partir desses dois fatos, pode-se fazer duas ponderações: primeira, os


entrevistados entenderam o significado das perspectivas da Estratégia e da
Organização, das Atividades e dos Recursos, utilizados no modelo e, segunda,
consideram que tais perspectivas, atividades e recursos são relevantes para a
constituição e o efetivo desempenho do processo de DP da empresa do estudo de
caso. Dentre outras implicações, essas ponderações podem ser interpretadas como
um importante respaldo de entrevistados experientes na prática do DP, no que se
refere às dimensões selecionadas para constituir o modelo de avaliação proposto.

O próximo passo é avaliar a intensidade de atuação (Presença) nessas


perspectivas da Estratégia e Organização, Atividades e Recursos, considerados
importantes e relevantes, destacando-se, em seguida, os que tiveram uma
avaliação baixa ou mediana nesse critério de Presença e que, portanto, merecem
mais atenção em termos de busca de melhorias (e, em especial, se a avaliação
posterior da GC, que é analisada nas próximas sub-seções, também não for
favorável):

- E1 – Gestão ou administração do portfólio de produtos (projetos);

- E2 – Avaliação do desempenho do processo de DP;

- A10 – Execução de stage-gates para avaliação do andamento do projeto;

- A11 – Normalização do conteúdo das informações;

- R1 – Método de QFD;

- R2 – Técnicas de DFMA;

- R4 – Recursos de FMEA, Análise / Engenharia do Valor, e técnicas de


fabricação e uso de protótipos;

- R5 – Sistemas PDM / EDM;

- R7 – Ferramentas para a construção - desenho e manutenção de modelos de


referência.
122

Estratégia e especialmente Recursos são as dimensões com avaliação


menos favorável no critério de Presença / Intensidade de atuação. A dimensão
Atividades / Informações, proporcionalmente ao número de atividades, e também a
Organização, possuem situação favorável neste critério.

Inúmeras podem ser as causas dessas avaliações menos favoráveis e um


diagnóstico mais profundo nas perspectivas da Estratégia e da Organização, nas
Atividades e nos Recursos, que estão nesta situação, faz-se necessário para se
chegar a elas e à consequente proposição de melhorias. As frases-testemunho
auxiliam neste sentido, ao trazerem exemplos ilustrativos de deficiências que
comprometem o critério de Presença, além de mostrarem que mesmo quando há o
predomínio de notas altas no referido critério, sempre há falhas e lacunas passíveis
de melhorias.

6.2.2. Avaliando preliminarmente conversões do conhecimento

Nesta sub-seção é apresentada e discutida a avaliação das conversões do


conhecimento, realizada por meio da escala Likert.

O quadro 6.2 apresenta os valores médios para cada uma das quatro
conversões e para a GC (média de todas as quatro conversões), em cada
perspectiva da Estratégia e Organização, Atividade e Recurso, e no conjunto destes
que formam as quatro dimensões e o processo de DP. Os dados completos que
foram coletados dos entrevistados, dos quais se calcularam os resultados finais
aqui apresentados, são expostos no Anexo 2. A figura 6.2, utilizando valores
apresentados no referido quadro, permite visualizar a distribuição das médias
encontradas para cada conversão do conhecimento.
123

Dimensões do DP Socialização Externaliz. Combinação Internaliz. GC

E1 portfólio 3,9 (0,6) 3,4 (0,5) 3,3 (0,9) 2,6 (0,9) 3,3 (0,9)
E2 desemp. 4,3 (0,5) 3,0 (1,2) 2,9 (1,2) 2,6 (1,1) 3,2 (1,2)
E3 parcerias 3,9 (0,4) 3,5 (0,8) 3,3 (0,7) 3,0 (0,9) 3,4 (0,8)
E4 relações 4,2 (0,4) 3,7 (0,5) 3,4 (0,7) 3,3 (0,8) 3,7 (0,7)
Estratégia 4,1 (0,5) 3,4 (0,8) 3,2 (0,9) 2,9 (0,9) 3,4 (0,9)

O1 estrutura 4,2 (0,8) 3,4 (0,5) 3,5 (0,7) 3,2 (1,0) 3,6 (0,8)
O2 liderança 3,9 (0,6) 3,3 (0,8) 3,6 (1,0) 3,4 (0,5) 3,6 (0,7)
O3 grupo 4,3 (0,5) 3,3 (0,7) 3,0 (0,7) 2,9 (1,1) 3,4 (0,9)
O4 capacit. 3,6 (0,7) 2,8 (0,6) 2,9 (0,9) 3,2 (1,0) 3,1 (0,9)
Organização 4,0 (0,7) 3,2 (0,7) 3,3 (0,8) 3,2 (0,9) 3,4 (0,9)

A1 clientes 4,0 (0,5) 3,8 (0,9) 3,8 (0,9) 3,1 (0,6) 3,7 (0,8)
A2 viabilid. 3,8 (0,7) 4,0 (0,8) 3,8 (0,7) 3,1 (1,1) 3,7 (0,9)
A3 conceito 3,5 (0,9) 4,0 (0,7) 3,8 (0,6) 3,7 (0,5) 3,8 (0,7)
A4 forneced. 4,0 (0,5) 3,6 (0,7) 3,2 (0,6) 3,2 (0,8) 3,5 (0,7)
A5 mod.fís. 4,0 (0,5) 4,0 (0,7) 3,6 (1,0) 3,1 (0,8) 3,7 (0,8)
A6 desenho 3,7 (0,7) 3,8 (1,0) 4,3 (0,7) 3,9 (0,6) 3,9 (0,8)
A7 protótip. 4,1 (0,8) 3,8 (0,9) 3,5 (0,8) 3,4 (0,5) 3,7 (0,8)
A8 proj.proc. 3,9 (0,6) 3,8 (0,7) 3,8 (1,0) 3,7 (0,7) 3,8 (0,7)
A9 prod. pil. 4,4 (0,5) 4,0 (0,5) 3,4 (0,7) 3,2 (0,7) 3,8 (0,8)
A10 gates 3,7 (0,9) 3,7 (1,0) 3,3 (1,0) 2,6 (1,0) 3,3 (1,0)
A11 ctdo.inf. 3,3 (1,0) 2,4 (1,1) 2,5 (1,2) 2,8 (1,0) 2,7 (1,1)
A12 form.inf. 3,6 (0,5) 3,5 (1,1) 3,4 (1,3) 3,4 (1,1) 3,5 (1,0)
A13 ctle.inf. 3,6 (0,5) 4,0 (0,8) 3,8 (0,9) 3,5 (0,7) 3,7 (0,8)
Atividades 3,8 (0,7) 3,7 (0,9) 3,6 (0,9) 3,3 (0,8) 3,6 (0,9)

R1 QFD 4,4 (0,7) 3,9 (0,6) 3,4 (0,9) 3,3 (1,0) 3,7 (0,9)
R2 DFMA 3,4 (1,1) 2,9 (1,2) 2,9 (1,2) 2,6 (1,1) 2,9 (1,2)
R3 CAD 4,1 (0,6) 4,3 (0,5) 4,2 (0,4) 3,8 (0,4) 4,1 (0,5)
R4 FMEA 3,4 (0,7) 3,5 (0,9) 3,1 (1,1) 2,4 (0,8) 3,1 (1,0)
R5 PDM 3,0 (0,9) 3,6 (0,9) 3,3 (1,2) 3,0 (0,8) 3,2 (0,9)
R6 TI 3,5 (0,5) 3,6 (1,0) 2,8 (1,0) 3,0 (0,8) 3,2 (0,9)
R7 mod.ref. 3,8 (0,5) 4,0 (0,8) 3,1 (0,6) 2,9 (0,8) 3,4 (0,8)
Recursos 3,7 (0,8) 3,7 (0,9) 3,3 (1,0) 3,0 (0,9) 3,4 (1,0)

Processo DP 3,8 (0,7) 3,6 (0,9) 3,4 (0,9) 3,1 (0,9) 3,5 (0,9)

Obs.: média (desvio padrão)

QUADRO 6.2. Valores médios para as conversões do conhecimento e para a GC


no processo de DP
124

E1
R7 E2

R6 E3

R5 E4

R4 O1

R3 O2

R2 O3

R1 O4

A13 A1

A12 A2

A11 A3

A10 A4

A9 A5

A8 A6
A7

Soc Ext Comb Intern

FIGURA 6.2. Médias das conversões do conhecimento nas perspectivas da


Estratégia e Organização, Atividades e Recursos (figura do autor)

O valor médio da GC para todo o processo de DP (de 3,5) situa-se entre


regular (3) e superior / bom (4) e, portanto, pode-se concluir preliminarmente que há
um ambiente favorável às conversões do conhecimento e à GC no processo de DP
(do estudo de caso).

No entanto, há uma oscilação nas conversões do conhecimento ao longo


das dimensões, o que se percebe pelo relativamente alto desvio padrão (de 0,9) da
média da GC no processo de DP e pelo que pode ser observado na figura 6.2,
principalmente nas últimas Atividades e nos primeiros Recursos desse processo. A
análise na próxima sub-seção das hipóteses e melhores práticas, ao investigar com
125

mais detalhes as Atividades e Recursos, assim como as perspectivas da Estratégia


e Organização, permitirá algumas possíveis explicações para essas oscilações.

O relativamente alto desvio padrão de quase todos os valores médios


listados no quadro 6.2 mostra que estas informações (avaliações) numéricas, ao
menos no presente estudo de caso, são insuficientes para se discutir (e classificar
de forma confiável) as maiores e/ou menores ocorrências ou manifestações das
conversões do conhecimento em cada perspectiva da Estratégia e da Organização,
Atividade e Recurso, e no conjunto destes que formam cada dimensão particular do
processo de DP.

Dada essa restrição, uma alternativa de uso dessas informações numéricas


é a verificação da tendência genérica detectada na análise em conjunto dos valores
médios, tomando-se, como referência, o valor médio da GC no processo (3,5) e os
limites estabelecidos por aquelas médias de conversões do conhecimento que mais
se distanciam desse valor (abaixo de 3 ou acima de 4).

Seguindo tal orientação, a tendência genérica observada no quadro 6.2 é de


redução das conversões no sentido Socialização – Externalização – Combinação –
Internalização. Ou seja, no sentido mencionado, cada conversão se manifesta ou
ocorre de forma menos nítida, segundo o julgamento, por meio da escala Likert, da
maioria dos entrevistados, tendência esta observada em praticamente todas as
linhas do referido quadro.

Orientando-se pela tendência apontada, a Socialização é a conversão do


conhecimento que mais ocorre no processo de DP. Em nenhuma das perspectivas
da Estratégia ou Organização, Atividade ou Recurso, a Socialização fica abaixo do
nível médio da escala Likert (score 3), e em várias dessas possui valor médio igual
ou superior a 4.

A Externalização e a Combinação se manifestam de forma intermediária no


processo de DP. Praticamente não há relacionamentos dessas conversões com as
perspectivas da Estratégia e Organização, Atividade e Recurso, em que ocorrem
médias acima do valor 4 da escala Likert, sendo mais comum encontrar valores
abaixo do nível médio (score 3 da escala Likert).
126

Ainda seguindo a tendência apontada anteriormente, a Internalização é a


conversão que menos ocorre no processo de DP. Em nenhuma ocasião possui
média maior do que o score 4, havendo, no entanto, várias avaliações menores do
que o nível médio (score 3 da escala Likert).

No entanto, para que a tendência genérica apontada seja efetivamente


válida no presente estudo de caso, é fundamental também que a mesma seja
verificada na análise das hipóteses e melhores práticas, já que a profundidade
desta análise pode ajudar a entender as causas da referida tendência. Na avaliação
das hipóteses e melhores práticas há também um menor risco de que a sequência
de questionamento Socialização – Externalização – Combinação – Internalização
influencie as informações coletadas, problema que pode existir na análise por meio
da escala Likert.

Apesar das limitações e restrições da avaliação, seus resultados podem ser


utilizados de forma complementar e acessória à avaliação das conversões do
conhecimento, baseada na análise das hipóteses e melhores práticas do modelo
proposto. Tal análise, que é apresentada na próxima sub-seção, se mostrou mais
efetiva e minuciosa do que a escala Likert na avaliação das conversões do
conhecimento.

6.2.3. Avaliando conversões do conhecimento via hipóteses e melhores práticas

Esta sub-seção apresenta e discute a avaliação das conversões do


conhecimento pela análise no estudo de caso das hipóteses e melhores práticas do
modelo proposto.

Os enunciados das hipóteses e melhores práticas são repetidos nos


quadros de análise colocados em seguida. Alguns desses enunciados trazem, entre
parênteses, pequenas complementações, sem entretanto modificar seu significado,
o que tem como objetivos melhor contextualização e facilidade de entendimento,
em relação às particularidades do presente estudo de caso. A avaliação de cada
hipótese ou melhor prática é colocada em itálico, logo abaixo do respectivo
enunciado.
127

De forma complementar, algumas constatações feitas nas sub-seções


anteriores podem ser confrontadas com a avaliação das hipóteses e melhores
práticas, enriquecendo a análise da GC no processo de DP.

Como será percebido nas análises da presente sub-seção, os diagnósticos e


observações advindos do estudo de caso, instigados pela busca de verificação das
hipóteses e melhores práticas do modelo, permitiram ir além dessas verificações,
propondo-se novas melhores práticas, e trazendo, assim, complementações ao
modelo de avaliação da presente tese. Essas novas melhores práticas são
formalmente apresentadas na próxima sub-seção (6.2.4) e também são avaliadas.

Estratégia

E1 – Gestão ou administração do portfólio de produtos (projetos)

A avaliação por meio de hipóteses e melhores práticas, descrita no quadro


6.3, sinaliza que a Internalização possui lacunas, o que também é atestado pela
frase dita por um dos entrevistados: “há fóruns de discussão (sobre o portfólio de
produtos da empresa); o que falta é internalizar melhor (estudar mais o que foi
redigido)”.

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização


E1 (HT) Diálogos e (HT) Figuras que (HT) Formas (HT) Estudo das
brainstorming entre representam unificadas de interfaces de projetos
Gestão ou pessoas de portfólio agrupamento de J Ocorre via leitura,
administração diferentes projetos documentos dos mas são preferencialm.
do portfólio de J Ocorre (MP) Document. projetos utilizados os diálogos, o
produtos plenamente e é das propriedades J Ocorre no DP “face-a-face” entre
(projetos) incentivado de arquiteturas e da empresa pessoas de diferentes
módulos projetos – o que reforça
a Socialização
J J Ambas
ocorrem, mais a (HT) Revisão crítica dos
documentação conhec. explícitos de
do que as figuras projetos passados
K Ocorrência deficiente,
irregular e pouco
comum
(MP) Diversos tipos possíveis de transferência de conhecimento intra e inter projeto
(simultâneos ou seqüenciais), tanto tácitos como explícitos
J J Socializ. e Externaliz. / K K Combin. e Internaliz. Ocorre, mais intensamente
via Socialização e Externalização
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para
avaliar

QUADRO 6.3. Análise das hipóteses e melhores práticas na Gestão ou


administração do portfólio de produtos (projetos)
128

Essas lacunas podem se constituir em um problema ou não, dependendo de


como as pessoas da empresa ou julguem que a melhoria desta conversão otimiza a
execução de E1 (que, inclusive, possui uma avaliação apenas mediana no critério
de Presença / intensidade de atuação), ou efetivamente continuem a considerar
que a Socialização é suficiente para a troca de conhecimentos referentes a essa
perspectiva da Estratégia.

A Socialização ocorre plenamente em E1, pois a execução da gestão do


portfólio requer negociações e acertos entre pessoas, que são viabilizados por
encontros “face-a-face” (tanto os previstos, quanto os informais), não existindo no
DP da empresa restrições a isso.

E2 – Avaliação do desempenho do processo de DP

A Socialização é a conversão do conhecimento característica na execução


de E2, em que as relações “face-a-face” e as apresentações em grupo predominam
na exposição do desempenho atingido em um projeto de DP (e em sua defesa
pelos envolvidos). A empresa valoriza e incentiva essa forma de Socialização,
como se pode observar no quadro 6.4.

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização


E2 (HT) Auditoria e/ou (HT) Redação e armazenamento de (HT) Leitura e estudo
workshop pós- relatórios de avaliação do portfolio de relatórios de
Avaliação do projeto (participando de projetos (registrando-se erros e avaliação (p. ex. dos
desempenho pessoas de vários soluções dos projetos avaliados) stage gates)
do processo projetos e áreas K K Ambas – redação e K Estes relatórios
de DP funcionais) armazenamento – ocorrem de forma estão disponíveis e
J Há uma prática suficiente, segundo os entrevistados, são consultados,
estabelecida e embora alguns tenham alertado que porém, isto poderia ser
valorizada de se há possibilidades de melhorias feito com mais
realizarem profundidade
avaliações em grupo
após o projeto
concluído

Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.4. Análise das hipóteses na Avaliação do desempenho do processo de


DP

Percebe-se neste quadro que ações de redação, armazenamento e estudo


de relatórios de avaliação de projetos ocorrem, porém, com limitações. Há um
relativo posicionamento em segundo plano das três conversões do conhecimento
relativas a essas ações, em parte pela percepção (equivocada) de vários dos
129

entrevistados de que a forte Socialização é suficiente para substituir as demais


conversões. Como E2 apresentou deficiência no critério de Presença / intensidade
de atuação, uma contribuição para a melhoria desse critério pode ser uma maior
preocupação com essas três conversões.

E3 – Condução das alianças e parcerias para o DP

Como pode ser observado no quadro 6.5, a Socialização (negociação com


parceiros externos) e a Externalização e Combinação (no que se refere aos
contratos que registram os detalhes do que foi negociado e seu correto
arquivamento) atendem ao que é esperado para a execução desta estratégia, até
mesmo devido às exigências normativas da corporação de se documentar as
alianças e parcerias estabelecidas, conforme o comentário de um entrevistado: “há
documentos jurídicos para cada aliança / parceria firmada”.

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização


E3 (HT) (Prospecção) e (HT) Acertos contratuais ou (HT) Monitorando o
negociação (de documentais do que foi negociado ambiente em busca e
Condução das alianças e parcerias) tacitamente e o arquivamento em estudo de alianças e
alianças e via discussões e conjunto dos inúmeros parcerias potenciais
parcerias para acertos “face-a-face” documentos e contratos gerados K Como já é bastante
o DP (em reuniões e J J Há uma grande preocupação realizado “face-a-face” –
encontros) tanto na confecção dos contratos – vide HT da Socialização
J Ocorre especialmente com os – é menos comum a
plenamente e é fornecedores do consórcio modular consulta e leitura de
valorizado, – quanto em seu arquivamento documentos sobre estas
principalmente com alianças e parcerias
os fornecedores potenciais

(HT) Esforços sistematizados (reuniões e encontros, geração – agrupamento –


estudo de documentos) para a realização de benchmarking e inteligência competitiva
J Socializ. / K K K demais conversões. É reconhecida a importância, mas realiza-
se mais via Socialização em comparação às demais conversões do conhecimento
Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.5. Análise das hipóteses na Condução das alianças e parcerias para o
DP

Embora nenhuma das hipóteses tenha se mostrado nula ou inválida, há


possibilidades de melhoria na Externalização, Combinação e Internalização no que
se refere à otimização do registro (documentação) e estudo / leitura dos resultados
e aprendizados em prospecção e negociação de alianças e parcerias, e realização
de benchmarking e inteligência competitiva. Essa carência nas três conversões,
embora prejudique pouco o momento atual do DP, pode comprometer, a longo
prazo, a memória corporativa sobre E3, aumentando em demasia sua dependência
da Socialização.
130

E4 – Condução das relações interfuncionais / interdepartamentais

O desafio existente nesta estratégia é o de aumentar a centralização da


condução das relações interfuncionais / interdepartamentais, se isto for adequado,
contribuindo para a Externalização, Combinação e Internalização, porém, em
equilíbrio com a manutenção de uma descentralização e autonomia já
consolidadas, as quais têm se mostrado positivas para a Socialização. Esta
situação de E4 é percebida na análise das hipóteses apresentadas no quadro 6.6.
No entanto, mais de um entrevistado mostrou ceticismo na possibilidade de
conseguir o mencionado equilíbrio.

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização


E4 (HT) Descentralizado, (HT) Centralizado, (HT) Centralizado, (HT) Na
favorece o implica em implica maior condução
Condução das compartilhamento e a transferir controle no centralizada há
relações exposição dos conhec. conhecimentos agrupamento dos maior leitura de
interfuncionais tácitos (entre áreas e (entre áreas e documentos normas e
/ interdepart. funções) funções) via memorandos
J Há na unidade documentos (entre áreas e
estudada, e em sua funções)
relação com a matriz,
uma significativa K K K Em anos recentes tem ocorrido uma tendência de
descentralização e centralizar em áreas funcionais / departamentais da matriz
autonomia das áreas a condução / controle de algumas ações das
funcionais / correspondentes áreas da unidade brasileira estudada. Isto
departamentais – tem implicado em um acréscimo na geração, agrupamento
incluindo o DP – o que e leitura de normas, memorandos e documentos, o que
implica na plena tende a melhorar essas três conversões do conhecimento,
validade desta HT em relação aos pontos fracos atuais

Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.6. Análise das hipóteses na Condução das relações interfuncionais /


interdepartamentais

Organização

O1 – Adoção e manutenção da estrutura organizacional para o DP

Percebe-se, na análise das hipóteses e melhores práticas apresentadas no


quadro 6.7, que a estrutura organizacional exercida no DP da empresa estimula o
conhecimento tácito e em particular a Socialização, porém, sem prejudicar ou
comprometer as outras três conversões do conhecimento e o conhecimento
explícito. Mesmo a frase de um dos entrevistados ilustra essa situação: “esta
perspectiva (a estrutura organizacional para o DP) estimula fortemente o ‘face-a-
face’ (tácito – socialização)”.
131

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


O1 (MP) No DP estruturado como um (MP) Idem a MP da
processo, quando é praticada a visão Socialização e
Adoção e holística, prevalece o conhecimento tácito Externalização
manutenção J J O processo e a visão holística estão J Ocorre, pelos
da estrutura plenamente enraizados na estrutura mesmos motivos
organizacional organizacional adotada no DP da expostos na
para o DP empresa Socialização e
Externalização
(MP) No DP estruturado em um formato funcional /
departamental prevalece o conhecimento explícito
K K K Ocorre com reduzida intensidade, pois predomina o
DP organizado como um processo, como mencionado na MP
anterior. Assim sendo, prevalece o conhecimento tácito sobre
o conhecimento explícito - este é menos utilizado ou
praticado se comparado com aquele
(HT) Criação de um vocabulário comum entre os membros do DP participantes dos
times
J J J J A intensa Socialização ajuda a criar este vocabulário, que também é
utilizado e, portanto, contribui para as outras conversões do conhecimento
(MP) Participação
dos membros dos
times de DP em
redes de trabalho /
comunidades de
prática
J Ocorre, sem
restrições quanto a
estas atuações
paralelas em redes e
comunidades
(MP) Uma cultura no
time de DP que
valorize a busca de
novas idéias e seja
tolerante com o erro
J Prática exercida e
incentivada no DP
da empresa
(MP) Acesso conhec. explícito, revisões (MP) Idem a MP da
no projeto, apoio da gerência, clareza de Socialização e
visão compartilhada, são fatores principais Externalização
para estímulo ao aprendizado em um time J Ocorre
de DP adequadamente, pelos
J J Ocorre adequadamente, já bem mesmos motivos
disseminado na estrutura organizacional expostos na Socializ. e
adotada na empresa para seu DP Externalização
(MP) As diferenças de experiência, vivência, e o nível de confiança entre os
membros do time de DP, além dos tipos de conhecimentos a serem transferidos, são
dificuldades a serem superadas para a GC, que normalmente estão presentes em
times heterogêneos (multidisciplinares)
J J J J Há uma prática disseminada de trabalho multidisciplinar, percebida até
mesmo nas declarações de entrevistados – “os times atuam com grande suporte dos
especialistas”, e as dificuldades mencionadas na MP são percebidas e enfrentadas
nos times heterogêneos do DP da empresa, que buscam superá-las
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para
avaliar

QUADRO 6.7. Análise das hipóteses e melhores práticas na Adoção e manutenção


da estrutura organizacional para o DP
132

A GC em O1 está adequada, contribuindo para isso as quatro conversões


do conhecimento, com resultados até mesmo melhores do que o esperado. Não há
hipóteses e melhores práticas nulas, entre as inúmeras existentes, e a maioria
delas é efetivamente válida.

O2 – Execução do trabalho de liderança no DP

A partir da análise das hipóteses e melhores práticas (quadro 6.8), percebe-


se claramente a contribuição do trabalho de liderança no DP para a Socialização
(principalmente) e a Externalização, não havendo problemas detectados nestas
duas conversões. A Combinação e a Internalização podem ser avaliadas apenas
pela análise das novas melhores práticas, construídas na próxima sub-seção
(6.2.4).

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


O2 (MP) Líderes utilizam o conhecimento de
maneira informal ou intuitiva (tácita), com
Execução do forte conteúdo baseado em experiências e
trabalho de em casos ocorridos, usados para julgar
liderança no fatos novos e transmitir idéias e valores
DP J J Ocorre plenamente, para as duas
conversões do conhecimento
(MP) Líderes
utilizam habilmente
metáforas e
analogias para
representar idéias
relacionadas aos
projetos de DP
K Não houve
informações
suficientes para
avaliar a MP
(HT) Líderes motivam o compartilhamento
das visões individuais sobre a ES e
buscam junto com o grupo a formação de
uma visão comum sobre a ES no DP da
empresa
J J Ocorre para as duas conversões, até
porque um dos principais papéis
desempenhados pelas lideranças é o de
viabilizar a simultaneidade no DP da
empresa
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para
avaliar

QUADRO 6.8. Análise das hipóteses e melhores práticas na Execução do trabalho


de liderança no DP
133

O3 – Execução do trabalho em grupo

O quadro 6.9 mostra que no processo de DP estudado é valorizada a


diversidade de especializações profissionais e estilos cognitivos para a execução
do trabalho em grupo, o que contribui para três conversões do conhecimento
(Socialização, Externalização e Internalização). No entanto, outros fatos foram
observados como potenciais contribuintes para as conversões do conhecimento em
O3. Esses fatos são apresentados e analisados nas novas melhores práticas (em
6.2.4).

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


O3 (HT) Respeito e valorização da (HT) Idem a HT da
diversidade (e dos conflitos daí Socialização e
Execução do resultantes) devido à confrontação criativa Externalização
trabalho em de variadas especializações profissionais J Idem ao exposto na
grupo, em e estilos cognitivos avaliação da Socializ.
uma cultura J J Ocorre plenamente, sendo inclusive e Externalização
que estimule a esta confrontação valorizada na discussão
comunicação de problemas críticos do projeto de DP
e a gestão de
conflitos

Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.9. Análise das hipóteses na Execução do trabalho em grupo

O4 – Existência de programas de capacitação e qualificação

As hipóteses referentes à influência da preparação dos programas de


capacitação na Socialização e na Internalização são verificadas no estudo de caso
(quadro 6.10). Em situação oposta está a Externalização, no que se refere à
avaliação (registro) do nível de qualificação do pessoal de DP. Esta lacuna pode
comprometer a tomada de decisões futuras sobre capacitação e qualificação, pois
essas serão feitas sem a orientação de registros confiáveis, ficando na
dependência da memória dos tomadores das decisões. Além destas hipóteses,
outras possibilidades complementares de conversões do conhecimento em O4 são
apresentadas e analisadas nas novas melhores práticas (em 6.2.4).
134

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


O4 (HT) Quanto mais (HT) Parâmetros e (HT) Quanto mais
bem preparados avaliações do bem preparados
Existência de forem os programas conhec. tácito dos forem os programas
programas de de capacit. no DP da projetistas permite de capacitação no
capacitação e empresa, melhor o que se represente DP da empresa,
acompanha- aprendizado via (registre) o nível de melhor o
mento da assimilação de qualific. do pessoal aprendizado via
qualificação do conhec. tácitos envolvido com o estudo de
pessoal (troca de conhec. DP na empresa conhecimentos
envolvido com “face-a-face” entre K Poucos registros explícitos
o DP os participantes) confiáveis sobre a J Ocorre esta HT
J Ocorre esta HT qualific. do pessoal
de DP

Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.10. Análise das hipóteses na Existência de programas de capacitação


e qualificação

Atividades / Informações

A1 – Pesquisa de mercado, levantamento das possibilidades tecnológicas e


determinação dos requisitos dos clientes

A análise favorável das hipóteses (quadro 6.11) permite afirmar que não há
problemas expressivos na GC da presente atividade. Isso pode ser decorrência da
atenção especial que o DP da empresa dedica, desde sua origem, às
possibilidades tecnológicas e ao entendimento do mercado e do cliente. Essa
característica deve-se às condições de atuação da empresa quando de sua origem
no Brasil. Ao entrar em um mercado com grandes competidores já estabelecidos e
atuando por meio de grandes escalas de produção e produtos padronizados, a
empresa optou por enfatizar segmentos específicos do mercado, oferecendo
produtos personalizados e em conformidade com as necessidades particulares dos
clientes destes segmentos. Daí o especial destaque desta atividade A1, e também
outras atividades e recursos, como será percebido adiante.
135

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A1 (HT) Contatos “face- (HT) Documentação do aprendizado (HT) Estudos de
a-face” com pessoas captado nas fontes externas de conhec. explicitados
Pesquisa de (fontes) externas conhecimentos tecnológicos e pelas fontes
mercado, J Prática agrupamento destes documentos externas
levantamento disseminada no DP J J Há uma preocupação adequada K Ocorre com certa
das da empresa e com esta HT, havendo formulários e regularidade, mas há
possibilidades realizada por relatórios normalizados para este fim lacunas, como a
tecnológicas, e diversas funções (HT) Registro de fatos e opiniões dos apontada por um
determinação potenciais clientes obtidos via entrevistado: “falta
dos requisitos pesquisa de mercado e posterior buscar / estudar
dos clientes agrupamento destes registros mais fontes
J J Esta HT é válida, como atesta alternativas de
uma frase de entrevist.: “há um conhecimentos
catálogo de ‘desejos do cliente’ feito sobre mercado e
por marketing” cliente, para
realização desta
atividade”
(HT) Técnicas (HT) Técnicas
convenc. requerem convencionais
habilidade de requerem habilidade
preparação dos de interpretação de
instrumentos de resultados
pesquisa J Há várias pessoas
J Há pessoas que no DP com
auxiliam o DP no habilidade e
preparo adequado experiência para
desses instrument. esta interpretação
(HT) Técnicas de “imersão” implicam em
habilidade de percepção dos desejos que
o cliente não consegue descrever e na
representação destes desejos
J J Trata-se de uma forte competência
do DP da empresa, plenamente realizada,
p.ex. com o deslocamento de pessoas do
DP para o ambiente de uso do produto
(HT) Os conhecimentos obtidos da
consulta com o cliente devem ser
devidamente registrados e estes
registros agrupados adequadamente
J J Ocorre sem maiores problemas
(HT) Modos de maior (HT) Modos de
envolvimento requer menor envolvim.
principalmente requer principalm.
habilidade de habilidade para
comunicação com o representar algo
cliente, do tipo “face- que será
a-face” submetido à
J Há pessoas no DP apreciação do
com estas cliente
habilidades J Ocorre, p.ex. na
construção de
protótipos não
funcionais para
aprec. do cliente
Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.11. Análise das hipóteses na Pesquisa de mercado, levantamento das


possibilidades tecnológicas e determinação dos requisitos dos clientes
136

A2 – Identificação de riscos, avaliação de viabilidade e planejamento de recursos

A validade da hipótese apresentada no quadro 6.12 atesta em favor da


Socialização e da Externalização em A2. Outros fatos levantados pelas novas
melhores práticas permitem uma análise também da Combinação e da
Internalização (em 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A2 (HT) Trabalho com diversas idéias e
conceitos (de aspecto abstrato e
Identificação subjetivo, incerto e transitório),
de riscos, predominantemente no formato tácito,
avaliação de buscando detalhamentos e discussões e
viabilidade e também a formalização e documentação
planejamento J J Ocorre, pois, segundo os
de recursos entrevistados, esta atividade é muito
trabalhada verbalmente e depois são
registradas as decisões tomadas

Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.12. Análise das hipóteses na Identificação de riscos, avaliação de


viabilidade e planejamento de recursos

A3 – Tradução do conceito do produto em estilo, layout, componentes e


especificações

Esta atividade possui hipótese similar a da atividade anterior, para a


Socialização e Externalização que, da mesma forma, mostrou-se válida (quadro
6.13). Tais conversões, além da Combinação e Internalização, são analisadas pelas
novas melhores práticas, considerando outros fatores relevantes na atividade para
a GC (sub-seção 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A3 (HT) Trabalho com diversas idéias e
conceitos (de aspecto abstrato e subjetivo,
Tradução do incerto e transitório), predominantemente no
conceito do formato tácito, buscando detalhamentos e
produto em discussões e também a formalização e
estilo, layout, documentação
componentes, J J Ocorre plenamente, envolvendo pessoal
e especific. de várias áreas e funções em discussões
sobre o conceito e sua representação por
meio de estilo, layout, componentes e
especificações
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.13. Análise das hipóteses na Tradução do conceito do produto em


estilo, layout, componentes e especificações
137

A4 – Envolvimento de fornecedores

A Socialização nesta atividade ocorre muito bem, segundo o que foi


observado na análise da hipótese (quadro 6.14), o que deve ser atribuído, em
grande parte, à experiência da empresa em firmar e conduzir parceria com seus
fornecedores, com reflexos positivos para o envolvimento dessas pessoas no DP. A
Internalização não aparenta problemas no que se refere a sua importante faceta de
estudo dos registros gerados pelos fornecedores, que são facilmente
disponibilizados e regularmente acessados pelos projetistas do DP da empresa. A
Externalização e a Combinação são verificadas na análise das novas melhores
práticas para A4 (em 6.2.4).

Há uma relativa influência entre a atividade em questão e a perspectiva E3,


e, no atual estudo de caso, ambas obtiveram favorável avaliação da GC, com base
na análise de suas hipóteses.

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A4 (HT) Interação “face- (HT) Estudo pelos
a-face” dos projetist. projetistas (do DP da
Envolvimento com os fornecedores empresa) dos registros
de J Ocorre intensam., de fornecedores
fornecedores tanto por meio da J É realizado com
abertura existente certa freqüência e
para esta interação, profundidade, para
como pelas próprias avaliação de
características da documentos e
empresa, com registros de partes do
contratos de longo projeto com ampla
prazo com o fornec. participação e
e muitos desses com execução do
instalações na fornecedor
empresa,
participando
diretamente da
montagem do
produto final desta
empresa e de seu
DP
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.14. Análise das hipóteses no Envolvimento de fornecedores

A5 – Construção de modelos físicos e avaliação de estilo e layout

Esta atividade também é denominada na empresa de ‘design aid’. A forma


como são realizadas a construção e a avaliação dos modelos no DP da empresa é
138

comprovadamente fomentadora da Socialização, Externalização e Internalização,


como se percebe nas hipóteses desta atividade (quadro 6.15).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A5 (HT) Modelos são (HT) Modelos (HT) A visualização e
potenciais são potenciais o aprendizado de
Construção de catalisadores de formas de se soluções do projeto
modelos trocas de representar são estimulados pelo
físicos e conhecimento tácito (explicitar) uso de modelos
avaliação de J Ocorre conhecimentos J O modelo físico
estilo e layout plenamente, as sobre o produto / atende a esse objetivo
pessoas mencionam projeto quando as pessoas
que a avaliação de J O modelo utilizam-no para
estilo e layout via físico atinge este entender soluções do
modelo é um propósito projeto
fomentador efetivo
de troca de
conhecimento tácito
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.15. Análise das hipóteses na Construção de modelos físicos e


avaliação de estilo e layout

A6 – Transformação de resultados das etapas anteriores em desenho e normas

Ocorrem favoravelmente as três conversões do conhecimento na atividade


A6, referentes às hipóteses do modelo cuja análise está no quadro 6.16. A
complementação da investigação sobre as conversões do conhecimento em A6,
incluindo a Socialização, é feita na análise das novas melhores práticas (em 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A6 (HT) Representar em desenhos e (HT) Estudar os
normas os conhecimentos já conhecimentos
Transform. de gerados no projeto e agrupá-los de explícitos já gerados no
resultados em forma efetiva projeto
desenhos e J J Ocorre plenamente J Ocorre com rigor, até
normas por ser totalmente
necessário à execução
desta atividade

Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.16. Análise das hipóteses na Transformação de resultados das etapas


anteriores em desenhos e normas

A7 – Elaboração, construção e testes de protótipos

O quadro 6.17 apresenta a análise das melhores práticas referentes à esta


atividade.
139

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A7 (MP) Protótipos são (MP) Protótipos (MP) Visualização e o
potenciais são potenciais aprendizado de
Elaboração, catalisadores de formas de se soluções do projeto
construção e trocas de representar são estimulados pelo
testes de conhecimento tácito (explicitar) uso de protótipos
protótipos J As pessoas conhecimentos J O protótipo atende a
envolvidas com esta sobre o produto / esse objetivo, quando
atividade projeto as pessoas utilizam-no
consideram-na muito J O protótipo para entender
relevante para a atinge este o soluções do projeto
troca de conhec. propósito
tácito, não só entre mencionado pela
as áreas e funções MP
do DP diretamente
envolvidas, como
também com a
manufatura, os
fornecedores e até
mesmo alguns
clientes

Legenda: MP = melhor prática; J = válida

QUADRO 6.17. Análise das melhores práticas na Elaboração, construção e testes


de protótipos

O DP da empresa possui grande habilidade e experiência na elaboração,


construção e testes de protótipos, conseqüência do fato de realizar no Brasil todo o
DP e, portanto, sendo responsável direto pelo produto aqui lançado, além da
necessidade de testar rigorosamente, nos protótipos, as inúmeras condições
extremas a que são submetidos os caminhões e ônibus voltados ao mercado
brasileiro, com suas características de uso no transporte urbano e nas rodovias.
Devido principalmente a esses fatos, a atividade A7 apresenta um contexto ou
ambiente favorável a GC, o que é comprovado pela efetividade de suas melhores
práticas.

A8 – Tradução das especificações do projeto do produto no desenvolvimento do


projeto do processo de fabricação e montagem

Há nesta atividade um grande trabalho conjunto entre a engenharia do


produto e a engenharia do processo (de fabricação e montagem). A proximidade
entre essas duas áreas / funções para executar esta atividade é incentivada e é
prática corrente nos projetos de produtos. Esta situação reduz significativamente o
número de potenciais falhas nas conversões do conhecimento em A8, e contribui
140

especialmente para a riqueza dos contatos “face-a-face” e a qualidade (de


conteúdo e formato) dos desenhos, normas e documentos diversos para a
fabricação e montagem, com reflexos favoráveis na plena validade das hipóteses
referentes a esta atividade (quadro 6.18) e na posterior avaliação das novas
melhores práticas (em 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A8 (HT) Representar os conhecimentos das (HT) Estudar os
especificações do projeto do produto em conhecimentos
Tradução do desenhos, normas e documentos explícitos das
projeto do diversos para a fabricação e montagem especificações do
produto no e agrupá-los de forma efetiva projeto do produto
projeto do J J Ocorre plenamente J Ocorre
processo integralmente, até por
ser pré-requisito para
uma boa realização da
atual atividade

Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.18. Análise das hipóteses na Tradução das especificações do projeto


do produto no desenvolvimento do projeto do processo de fabricação e montagem

A9 – Realização de produção piloto e testes de validação do produto

Esta atividade precede o lançamento comercial do produto e, por isso,


recebe uma atenção significativa no processo de DP do estudo de caso, tanto para
que os últimos ajustes no produto e na produção sejam feitos, como também para
se detectar eventuais falhas que tenham passado desapercebidas por todas as
atividades anteriores. Envolve praticamente todas as áreas / funções da empresa,
em esforços e trabalhos que atendem de forma plena às hipóteses existentes nas
conversões do conhecimento desta atividade, comprovando a favorável situação
dessas hipóteses (quadro 6.19).
141

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A9 (HT) Pilotos e testes (HT) Pilotos e (HT) A visualização
são potenciais testes são e o aprendizado de
Realização de catalisadores de potenciais formas soluções do projeto
produção trocas de conhec. de se representar é estimulado pelo
piloto e testes tácitos (explicitar) conhec. uso de pilotos e
de validação J Há uma grande sobre o produto / testes
do produto percepção a respeito projeto J Na avaliação dos
deste potencial, como J Os entrevistados entrevistados, há
atesta um dos concordam com esta contribuição dos
entrevistados: “há um esta HT pilotos e testes
grande envolvimento –
socialização – de
todos os setores
envolvidos”
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.19. Análise das hipóteses na Realização de produção piloto e testes de


validação do produto

A10 – Execução de stage-gates para avaliação do andamento do projeto

Além dos problemas de intensidade de atuação (critério de Presença)


existentes em A10, notam-se também várias limitações nas hipóteses e melhores
práticas (quadro 6.20), e, portanto, nas conversões do conhecimento desta
atividade.

Exceto na Socialização, em que há plena validade da melhor prática, há


problemas em todas as demais conversões. Para melhorar a Externalização é
necessário incrementar o registro das falhas e acertos do projeto, indo além do
simples registro regulamentar feito nos relatórios formais de stage-gates, tentando
melhor relacionar causas e efeitos. Para a Combinação, faz-se necessário reduzir
as limitações na síntese dos conhecimentos explícitos que o relatório de stage-
gates consegue fazer. Para incrementar a Internalização é preciso melhorar a
preparação individual para a realização da atividade, com maior rigor na leitura e
estudo de documentos do projeto.

De certa forma, não é muito surpreendente que estas limitações nas


hipóteses e melhores práticas tenham aparecido em A10, já que se trata de uma
das mais recentes atividades inseridas no processo de DP do estudo de caso, e,
portanto, a empresa ainda está buscando a melhor forma de aplicá-la.
142

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A10 (MP) Oportunidade (MP) Oportunidade (HT) O relatório (HT) Leitura e estudo
de reuniões para de registro das gerado pode ter de documentos do
Execução de troca pessoal de falhas e acertos uma característica projeto como
stage-gates conhecimentos e ocorridos durante o de síntese de preparação
para avaliação experiências projeto e discutidos vários conhecim. individual para a
do andamento J Os gates são nas reuniões explícitos de realização dos
do projeto conduzidos por K Há os relatórios atividades do stage-gates
reuniões desse gerados quando da projeto K Ocorre o mínimo
tipo realização do gate, K Pouco ocorre, necessário, pode ser
que cumprem de os relatórios não melhorado em
forma apenas apresentam esta termos de
regulamentar esse síntese como profundidade e
tipo de registro característica regularidade neste
forte estudo

Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para


avaliar

QUADRO 6.20. Análise das hipóteses e melhores práticas na Execução de stage-


gates para avaliação do andamento do projeto

A11 – Normalização do conteúdo das informações

Há nesta atividade deficiência na intensidade de atuação (detectada pelo


critério de Presença), que é uma das principais causas das falhas percebidas nas
hipóteses, e, portanto, nas conversões do conhecimento (quadro 6.21). As novas
melhores práticas analisadas para A11 complementam a avaliação da GC para esta
atividade (em 6.2.4), investigando também a Socialização e a Internalização.

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A11 (HT) Padronização de (HT) Taxionomias
vocabulários facilita a empregadas nos
Normalização represent. do conhec. conhec. explícitos
do conteúdo tácito em explícito K Existem algumas,
das K Como esta em fase preliminar e
informações padroniz. formal está pouco disseminadas
em fase preliminar, e, portanto,
não há informações utilizadas no DP
suficientes para avaliar
a HT
Legenda: HT = hipótese; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.21. Análise das hipóteses na Normalização do conteúdo das


informações
143

A12 – Normalização do formato das informações

É válida a única hipótese do modelo referente a esta atividade (quadro


6.22), que indica uma situação favorável quanto à Externalização. Para se
investigar as demais conversões do conhecimento, é necessária a análise das
novas melhores práticas, colocadas na próxima sub-seção (em 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A12 (HT) Padronização de
formatos facilita a
Normalização represent. do conhec.
do formato das tácito em explícito
informações J Efetivamente
ocorre, pois os
padrões gráficos pré-
estabelecidos auxiliam
o registro do
conhecimento
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.22. Análise das hipóteses na Normalização do formato das informações

A13 – Controle de atualizações e armazenamento das informações

O quadro 6.23 mostra que é válida a única hipótese do modelo referente a


esta atividade, e que indica, portanto, uma situação favorável quanto à
Combinação. As demais conversões do conhecimento são investigadas por meio
da análise das novas melhores práticas (em 6.2.4).

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
A13 (HT) Padronização da
atualização e
Controle de armazenamento
atualizações e colaboram com o
armazenam. agrupamento dos
das conhec. explícitos
informações J Esta padroniz. se
verifica no DP
Legenda: HT = hipótese; J = válida

QUADRO 6.23. Análise das hipóteses no Controle de atualizações e


armazenamento das informações
144

Recursos

R1 – Método de QFD

A empresa deste estudo de caso atribui um papel primordial ao QFD em seu


processo de DP, sendo uma das pioneiras na aplicação deste recurso dentre as
empresas que desenvolvem produtos no Brasil. Mesmo não realizando todas as
casas da qualidade, os entrevistados consideram que este recurso desempenha
importante papel nas etapas iniciais do processo de DP, para a captura dos desejos
do cliente e sua transformação em requisitos técnicos.

Este contexto do uso do QFD tem permitido que grande experiência seja
acumulada a respeito, o que contribui para uma significativa constatação das
hipóteses e melhores práticas deste recurso (quadro 6.24) no caso estudado.

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R1 (MP) As (MP) Facilita o (HT) Facilita a
discussões em registro do conhec. comunicação explícita
Método de grupo multifunc. através do uso das interfunc., devido aos
QFD para o preenchim. casas da qualidade conhec. transmitidos
das casas ou (documentação via registros padrão
matrizes da padrão do conhec. J Percebe-se a
qualidade, facilitam tácito em explícito) importância dos
a comunicação J Há uma registros de resultados
tácita interfuncional avaliação positiva do QFD neste tipo de
J Ocorre dos entrevistados comunicação
plenamente na quanto ao
aplicação do QFD emprego destas (MP) O aprendiz. ao
ao DP da empresa casas da qualidade se estudar casas ou
para o registro do matrizes preenchidas
conhecimento J Ocorre plenamente,
em paralelo com as
discussões em grupo
multifunc. da Socializ.

Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida

QUADRO 6.24. Análise das hipóteses e melhores práticas no Método de QFD

R2 – Técnicas de DFMA

O assunto tratado por R2 – as influências e impactos da manufatura e


montagem no DP – é considerado relevante pelo pessoal do DP, mas, é trabalhado
apenas em termos de princípios gerais preconizados pelas técnicas de DFMA, sem
se prender aos seus procedimentos e rotinas de utilização.

Esta situação contribui para que a forma preferida de transmissão e


aplicação dos conhecimentos sobre os princípios gerais de DFMA seja a
145

Socialização (quadro 6.25), basicamente nas reuniões em grupos multifuncionais,


envolvendo o pessoal de manufatura que participa do DP. Em contrapartida, ficam
comprometidas as demais conversões do conhecimento, o que é mostrado pelas
lacunas nas hipóteses dessas conversões.

Como a maioria dos entrevistados avaliam de forma negativa a intensidade


de atuação (critério de Presença) em R2, há espaço para melhorias neste recurso e
o mais recomendável é o emprego integral das técnicas de DFMA, seguindo não
somente seus princípios gerais, mas também seus procedimentos e rotinas de
utilização, o que naturalmente pode criar condições para uma melhor ocorrência
não apenas da Socialização, mas também das demais conversões do
conhecimento.

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R2 (HT) Reunião em (HT) Existência (HT) Estudos (via
grupos multifunc. de algum acesso a conhecimentos
Técnicas de entre pessoal de procedimento explícitos) de elementos
DFMA projeto e para documentar da manufatura que
manufatura, para os resultados impactam o projeto
aplicação das encontrados K Ocorre de forma
técnicas L Não se deficiente, a preferência
J Ocorrência detectou a é dada as consultas
regular, inclusive existência deste pessoais junto ao
percebida na procedimento pessoal da manufatura,
afirmação de um dos via reuniões em grupos
entrevistados: “time - multifunc. como
que faz uso do colocado na
DFMA - sempre Socialização
envolve alguém da
manufatura”
Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar; L = nula ou
inválida

QUADRO 6.25. Análise das hipóteses nas Técnicas de DFMA

R3 – Ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP

Da mesma forma que no QFD, a empresa atribui papel fundamental ao


recurso R3, centralizado no CAD, mas também inclui os demais, especialmente o
CAE. A referida empresa possui experiência de aplicação deste recurso, tanto em
termos de tempo como na especificidade e profundidade de uso, além de uma
grande preocupação em se manter atualizada com as mais novas tendências de
inovação tecnológica neste recurso.

Percebe-se o valor atribuído à R3 no processo de DP da empresa até


mesmo em declarações de alguns entrevistados, que ressaltam sua importância
146

para outros recursos e atividades, como o R2 – “o DFMA é feito no CAD” – e o A3


– “lay-out visualizado via CAD”. Este histórico favorável em relação à R3 influencia
positivamente sua ótima avaliação no critério de Presença / intensidade de atuação
e na avaliação plenamente favorável das hipóteses e melhores práticas das quatro
conversões do conhecimento (quadro 6.26).

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R3 (MP) O intenso uso (HT) Padrões usados (HT) Aprendizagem
cria uma nessas ferramentas e é facilitada devido a
Ferramentas e linguagem comum sistemas facilitam o melhora no acesso e
sistemas CAD- e facilita a inclusão registro de comunicação de
CAE-CAM e de modificações no conhecimentos conhec. explícitos
CAPP projeto, sendo J Inclusive seguindo- (desenhos, planos
ambos um se rigorosamente de processo,etc)
estímulo a troca de estes padrões J Ocorrência
opiniões e intensa entre os
sugestões (em (MP) A representação projetistas
reuniões face-a- de uma idéia em 3-D
face) (via CAD) permite (MP) A facilidade de
J Os entrevistados menos perdas na visualização de
percebem a conversão de conhec. detalhes facilitam o
criação desta tácito para explícito aprendizado
linguagem comum J Ocorre J Tanto a
facilitadora das efetivamente, inclusive visualização como o
discussões sobre o com os entrevistados próprio trabalho com
projeto mencionando que as estes detalhes no
funcionalidades do computador,
CAD permitem segundo
representar mais mencionado pelos
fidedignamente suas entrevistados
idéias

Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; J = válida

QUADRO 6.26. Análise das hipóteses e melhores práticas nas Ferramentas e


sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP

Mesmo com todo este contexto favorável, há sugestões de melhorias em R3


que podem contribuir ainda mais para as conversões do conhecimento, como a que
foi lembrada por um dos entrevistados: “faltam mais apresentações de trabalhos
feitos no CAD, antes do seu encerramento, para que as colocações de outras
pessoas sejam vistas como sugestões a serem incorporadas, e não críticas a um
trabalho já concluído”.

R4 – Recursos de FMEA, Análise / Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e


uso de protótipos

A principal lacuna existente em R4, percebida pela avaliação das hipóteses


(quadro 6.27), situa-se nas deficiências no uso efetivo dos padrões – formulários e
147

roteiros – para os registros de seus resultados; ou seja, tais padrões existem, mas
ou não são empregados plenamente, ou são utilizados com incorreções. Esta
lacuna compromete a Externalização e, certamente, a Internalização, tornando-se
uma disfunção em R4, para a qual se pode recomendar ações de melhoria que
também venham a contribuir para o incremento da atualmente baixa intensidade de
atuação / Presença neste recurso.

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R4 (HT) Agiliza e (HT) Ajuda na (HT) Facilita o estudo
enriquece as representação futuro devido à
Recursos de discussões nas (registro) do padronização dos
FMEA, A/E do equipes conhecimento registros
valor e J Os entrevistados K Ocorrência K Como há falhas
técnicas de percebem o apoio parcial, pode nesta padronização,
fabricação e destes recursos melhorar se os faltam informações
uso de nas discussões padrões de registro – suficientes para se
protótipos das equipes sobre formulários e roteiros julgar esta HT
problemas no DP – forem seguidos
com mais rigor
Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.27. Análise das hipóteses nos Recursos de FMEA, Análise /


Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e uso de protótipos

R5 – Sistemas PDM / EDM

O modelo de avaliação da GC disponibiliza, para a análise de R5, uma


melhor prática referente à Combinação que, segundo o quadro 6.28, ocorre
adequadamente. Uma análise mais detalhada desta e das demais conversões do
conhecimento é feita pelas novas melhores práticas, na próxima sub-seção (em
6.2.4).

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R5 (MP) Otimiza o
agrupamento dos
Sistemas conhecimentos
PDM / EDM explícitos dos projetos
(integrados ou de DP
não ao PM do J O sistema PDM /
ERP) EDM utilizado contribui
nesta MP

Legenda: MP = melhor prática; J = válida

QUADRO 6.28. Análise da melhor prática nos Sistemas PDM / EDM


148

R6 – Recursos de TI para apoio ao trabalho em grupo, busca de conhecimentos


externos e para o treinamento e ensino

Os recursos de TI estão bem disseminados no DP da empresa e, na opinião


dos entrevistados, colaboram com o trabalho em grupo (principalmente pela
agilidade do correio eletrônico), são muito utilizados para a busca de
conhecimentos externos na internet e, principalmente, na intranet da corporação, e
têm começado a influenciar a forma como o treinamento e o ensino são realizados.

Este contexto influencia favoravelmente as hipóteses e as novas melhores


práticas em 6.2.4, porém não impede que também existam lacunas, como a que foi
observada em uma das hipóteses referentes à Combinação (quadro 6.29), que já
está em fase de melhoria como consequência das constantes renovações por que
passam o emprego e a gestão do uso dos recursos de TI no processo de DP da
empresa.

Neste mesmo quadro, percebe-se que muitas das hipóteses tiveram sua
avaliação limitada devido à ausência de informações, mas a análise das novas
melhores práticas busca superar, em parte, tal limitação.

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R6 (HT) Algumas TI (HT) Emprego de (HT) Algumas TI
podem facilitar o sistemas KBS para facilitam o acesso a
Recursos de procedimento de agrupar os conhec. memória de projetos
TI para apoio registro de conhec. K Não houve passados e também
ao trabalho em adquiridos por uma informações seu estudo (das best /
grupo, para pessoa no projeto suficientes para bad practices)
busca de (best / bad practices) avaliar esta HT J Ocorre esta
conhecim. J Efetivamente facilidade, o que é
externos e facilita, segundo a (HT) Portais via usado com grande
para o percepção dos intranet / internet frequencia ao longo do
treinamento e entrevistados a ajudam a agrupar projeto
ensino respeito das TI conhec. do DP
utilizadas no DP K Começam a ser (HT) Emprego de
empregados em sistemas KBS para
(HT) Emprego de maior intensidade disponib. dinamicam.
sistemas KBS para e, portanto, ainda conhec. do DP, e
representar o estão melhorando evoluindo (sendo
conhec. (registrar) sua função de incorporado) pelas
K Não houve inform. agrupamento de intranet / internet
suficientes para conhec. do DP K Não houve inform.
julgar esta HT suficientes para julgar
a ocorrência

Legenda: HT = hipótese; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.29. Análise das hipóteses nos Recursos de TI para apoio ao trabalho
em grupo, busca de conhecimentos externos e para o treinamento e ensino
149

R7 – Ferramentas para a construção - desenho e manutenção de modelos de


referência

Antes das análises, é necessário explicar o que significa o recurso R7 para o


contexto do DP da empresa deste estudo de caso e, para tanto, a afirmação feita
por um dos entrevistados é suficientemente completa: “a metodologia PEP
(planejamento do programa – manual DP) é utilizada para orientar a condução de
um programa (projeto DP). É um guia genérico para o PDP, que orienta a
representação gráfica de um programa e sua manutenção ao longo de sua
realização”. Portanto, não se está avaliando exatamente uma ferramenta de
construção e manutenção de modelo de referência – ferramenta esta que
aparentemente não existe no DP da empresa no Brasil – mas, sim, o próprio
modelo de referência empregado neste processo de DP.

Este modelo de referência é recente e, portanto, ainda é parcialmente


empregado, o que pode ser um forte motivo para a avaliação baixa no critério de
Presença / intensidade de atuação. O referido modelo segue um padrão mundial
relacionado ao que a matriz da empresa considera ser a melhor forma de se
estruturar o processo de DP idealizado para automóveis, e foi, de certa forma,
imposto ao DP da unidade de caminhões e ônibus, não tendo sido construído com
base no que é feito no DP desta última unidade. Há um certo receio expresso por
alguns dos entrevistados de que tal modelo ou metodologia PEP venha a
“burocratizar” o processo de DP, prejudicando a forma dinâmica e fluida como este
processo é hoje realizado.

Analisando R7 por meio das melhores práticas nas quatro conversões do


conhecimento, focando-se as potencialidades que o uso do modelo pode acarretar,
é possível avaliá-las e verificar que todas elas ocorrem (quadro 6.30).

Apesar da validade das melhores práticas em todas as quatro conversões


do conhecimento, percebe-se, no atual momento de recente implantação do modelo
de referência, um certo destaque à Socialização e à Externalização, observado,
respectivamente, pelo predomínio das trocas de conhecimento “face-a-face” e o
registro das ações tomadas, ambas referentes ao trabalho com o modelo. No
entanto, é recomendável que, futuramente, se ampliem as preocupações com a
Combinação e a Internalização, reforçando a consolidação do referido modelo junto
ao processo de DP.
150

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


R7 (MP) O modelo (MP) Estabelece (MP) O modelo (MP) Cria ambientes
ilustra o workflow do padrões, ajuda a hipertexto que
Ferramentas processo de DP, formulários, etc, relacionar permitem navegar e
para a orientando a para o registro de documentos estudar os
construção comunicação e o conhecimentos, e criados ao longo conhecimentos
(desenho) e trabalho “face-a- permite a do processo de registrados
manutenção face” entre as construção de uma DP J O modelo possui
de modelos de pessoas visão e linguagem J O modelo esta característica
referência J O modelo pode compartilhada desempenha
orientar estes J O modelo possui este papel
relacionam. entre características que
pessoas, embora já podem contribuir
ocorressem para esta MP
fortemente antes de
seu emprego no DP

Legenda: MP = melhor prática; J = válida

QUADRO 6.30. Análise das melhores práticas nas Ferramentas para a construção
– desenho e manutenção de modelos de referência

A análise das hipóteses e das melhores práticas do modelo de avaliação da


GC no processo de DP levaram a várias discussões e ponderações que permitiram
a construção de novas melhores práticas, que de forma complementar à análise
aqui realizada, são apresentadas e avaliadas na próxima sub-seção.

6.2.4. Avaliando conversões do conhecimento via proposição e análise de novas


melhores práticas

Durante a análise das hipóteses e melhores práticas no presente estudo de


caso, percebeu-se que certas ocorrências efetivas ou potenciais de conversões do
conhecimento poderiam ser melhor descritas por meio da construção de novas
melhores práticas.

O raciocínio que sustenta a proposição das hipóteses e melhores práticas,


dado pela existência de relacionamentos entre conversões do conhecimento e as
dimensões do DP, é o mesmo empregado para sustentar a formulação das novas
melhores práticas.

Foi do diálogo com os entrevistados, da observação e constatação que


estes possuem das especificidades do DP, confrontadas com as conversões e
dimensões apresentadas pelo entrevistador, de onde surgiram novos
151

relacionamentos que não foram previstos antes pelas hipóteses e melhores práticas
do modelo. Como estes novos relacionamentos foram diretamente detectados e
descritos no estudo de caso, receberam a denominação de novas melhores
práticas por ser a definição de melhor prática que mais fidedignamente traduz a
forma como surgiram.

É importante também enfatizar que estas novas melhores práticas devem


ser incorporadas ao modelo de avaliação da GC no processo de DP e, assim
sendo, devem ser analisadas junto com as hipóteses e melhores práticas, em
futuras aplicações do já citado modelo.

Para cada uma das quatro dimensões, foram propostas novas melhores
práticas que são comuns, ou seja, que seguem o mesmo raciocínio para todas as
perspectivas da Estratégia ou Organização, as Atividades ou os Recursos
constituíntes da dimensão. Desta forma, essas novas melhores práticas são
apresentadas em um quadro para cada dimensão, em que, inicialmente, o conteúdo
comum é formulado e, em seguida, analisado para cada perspectiva, atividade ou
recurso. Na Organização, diferenciando-se das demais dimensões, além dessas
novas melhores práticas comuns, há também algumas específicas para três das
quatro perspectivas.

Estratégia

O quadro 6.31 apresenta as novas melhores práticas para a dimensão


Estratégia, com as respectivas análises feitas por perspectiva.

E1 – Gestão ou administração do portfólio de produtos (projetos)

Além do que foi observado ao se analisarem hipóteses e melhores práticas


na sub-seção anterior, constatando-se lacunas na Internalização, o quadro 6.31
mostra limitações também nas outras conversões. Como E1 tem uma avaliação
apenas mediana no critério de Presença / intensidade de atuação, atenção deve ser
dada a estas falhas, o que além de contribuir para a GC, pode melhorar a avaliação
deste critério.
152

Estratégia Socialização Externalização Combinação Internalização


Propostas de (nMP) Reuniões, (nMP) Geração de (nMP) Os (nMP) Estudo de
novas encontros e documentos, documentos com documentos
Melhores diálogos, inclusive registrando experiências, acumulados na
Práticas com pessoas experiências, aprendizados, e empresa, tanto sobre
externas à aprendizados, e novas práticas, experiências e
empresa, visando novas práticas, relacionadas à aprendizados com a
trocas de relacionadas à perspectiva, são perspectiva no DP
experiências, perspectiva agrupados e da empresa, como
aprendizados e sistematizados, sobre novas práticas
novas práticas, ligando-se a outros na perspectiva
relacionadas à do mesmo tipo ou advindas de fontes
perspectiva de interesse externas à empresa
relacionado, com
acesso viável
Perspectiva (nMP) K É prática (nMP) K Ocorre, (nMP) K Não (nMP) K Ocorrência
E1 adotada na de forma desigual, ocorre plenamente, deixa a desejar; não
empresa para E1, p. ex., priorizando possuindo algumas há muito incentivo a
Gestão ou embora sem muita relatórios de ligações leitura e ao estudo
administração regularidade e resultados e bem deficientes e deste tipo de
do portfólio de mais internamente menos registros de dificuldades de documento, e, em
produtos do que acertos e erros acesso alguns casos, nem
(projetos) externamente mesmo há o
documento desejado
Perspectiva (nMP) J Ocorre de (nMP) K Ocorrênc. (nMP) K Em (nMP) K Ocorrência
E2 forma adequada, fraca, passível de decorrência da fraca, falta incentivo
em termos de amplas melhorias pouca existência e tempo para a
Avaliação do frequência de de documentos leitura e estudo
desempenho realização e deste tipo, não há deste tipo de
do processo conteúdo obtido inform. suficientes documento e, em
de DP para se proceder à alguns casos, nem
avaliação da nMP mesmo há o
documento desejado
Perspectiva (nMP) J Ocorre de (nMP) K Ocorrênc. (nMP) K Ocorrênc. (nMP) K Ocorrência
E3 forma satisfatória, mediana, mais por mediana, havendo não muito comum,
com abertura iniciativa individual espaço para dependente de
Condução das suficiente para sua do que por uma melhorias iniciativas individuais
alianças e realização prática corporativa
parcerias para
o DP

Perspectiva (nMP) J Há muito (nMP) K Ocorrênc. (nMP) K Ocorrênc. (nMP) K Ocorrência


E4 interesse e é rara, não mediana, havendo mediana, mais por
realização o constituindo uma espaço para iniciativa individual
Condução das mencionado preocupação da melhorias do que por uma
relações diálogo desta nMP empresa este tipo prática corporativa e,
interfuncionais de registro em muitos casos,
/ interdepart. nem mesmo há o
registro desejado
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.31. Análise das novas melhores práticas na dimensão Estratégia

E2 – Avaliação do desempenho do processo de DP

As novas melhores práticas sobre E2, apresentadas e avaliadas no quadro


6.31, reforçam o que foi observado nas hipóteses desta perspectiva, quanto às
153

limitações existentes nas conversões do conhecimento da Externalização,


Combinação e Internalização.

E3 – Condução das alianças e parcerias para o DP

Não há algo radicalmente diferente em termos de conversões do


conhecimento em E3, se comparado o julgamento das novas melhores práticas
desta perspectiva (quadro 6.31) com a análise das hipóteses realizada na sub-
seção anterior. Há, em E3, oportunidades de melhorias no registro, no agrupamento
e no estudo de experiências e práticas.

E4 – Condução das relações interfuncionais / interdepartamentais

As novas melhores práticas referentes a E4, analisadas no quadro 6.31,


mostram deficiências na maioria das conversões do conhecimento. Na
Externalização, principalmente, há lacunas no registro dos aprendizados
decorrentes da condução das relações interfuncionais / interdepartamentais,
deixando a memória sobre este evento dependente do conhecimento tácito das
pessoas / Socialização.

Organização

As novas melhores práticas, propostas e analisadas para as conversões do


conhecimento nas perspectivas da dimensão Organização, são expostas, em
seguida, no quadro 6.32. Nesta dimensão, além das novas melhores práticas
comuns, há também algumas específicas para as perspectivas O2, O3 e O4.

O1 – Adoção e manutenção da estrutura organizacional para o DP

A análise das novas melhores práticas (quadro 6.32) aponta limitações,


principalmente na Externalização, mas também na Combinação e na Internalização,
respectivamente, quanto ao registro, ao agrupamento e ao estudo de experiências
e aprendizados acumulados sobre a perspectiva O1, o que não foi detectado na
análise das hipóteses e melhores práticas. A validade da nova melhor prática da
Socialização mostra que, nesta conversão, concentra-se a troca de aprendizados e
experiências sobre O1, devido às limitações das outras conversões em exercer esta
troca. Como O1 foi bem avaliado no critério de Presença / intensidade de atuação,
a situação apontada não deve ser um problema grave ou prioritário.
154

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


Propostas de (nMP) Reuniões, (nMP) Geração (nMP) Os (nMP) Estudo de
novas encontros e de documentos com documentos
Melhores diálogos, documentos, experiências, acumulados na
Práticas inclusive com registrando aprendizados, e empresa, tanto sobre
pessoas externas experiências, novas práticas, experiências e
à empresa, aprendizados, relacionadas à aprendizados com a
visando trocas de e novas perspectiva, são perspectiva no DP da
experiências, práticas, agrupados e empresa, como sobre
aprendizados e relacionadas à sistematizados, novas práticas na
novas práticas, perspectiva ligando-se a outros perspectiva advindas de
relacionadas à do mesmo tipo ou de fontes externas à
perspectiva interesse empresa
relacionado, com
acesso viável
Perspectiva (nMP) J Ocorre (nMP) K Pouco (nMP) K Não é (nMP) K Excessivam.
O1 de forma ocorre, apenas possível realizar a dependente de
adequada, não a partir de avaliação da nMP, iniciativas individuais, e
Adoção e tão regularmente iniciativas pois há poucos também restrita devido
manutenção porém com individuais registros do tipo que aos poucos registros
da estrutura razoável análise isoladas ela menciona existentes
organizacional crítica, buscando
para o DP compensar a
deficiência das
outras
conversões na
troca de
aprendizados e
práticas
Perspectiva (nMP) J Ocorre (nMP) K Pouco (nMP) K Difícil de (nMP) K Excessivam.
O2 de forma regular, ocorre, apenas ser avaliada, até dependente de
e é fortemente a partir de porque há poucos iniciativas individuais, e
Execução do utilizado para iniciativas registros deste tipo também restrita devido
trabalho de preparar novos isoladas aos poucos registros
liderança no líderes (nMP específica) disponíveis
DP (nMP Os líderes
(nMP específica) específica) estimulam o (nMP específica)
Os líderes do DP As lideranças agrupamento dos Os líderes incentivam as
estimulam a do DP motivam diversos doctos. e pessoas com que
troca de / orientam as registros do DP, por trabalham a estudarem
conhecimentos pessoas com trabalharem em assuntos direta ou
“face a face” quem pontos chaves de indiretamente ligados ao
entre as pessoas trabalham a seus fluxos e DP
com quem registrarem possuírem uma K Ocorrência comum no
trabalham seus visão ampla de seus DP da empresa, porém
J Os líderes conhecimentos relacionam. os líderes deveriam
exercem e aprendizados J Realizado pelos priorizar também seu
efetivamente adquiridos líderes do DP na papel na busca de
esse papel no durante o DP empresa, o que é condições – p. ex.
DP da empresa K Ocorrência ilustrado pela tempo disponível – para
razoável, declaração de um os estudos sobre DP
podendo entrevistado: “há destas pessoas)
melhorar uma contribuição
para a combinação –
a ‘pasta do
programa’ – que é
organizada pelo líder
do projeto”
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.32. Análise das novas melhores práticas na dimensão Organização


155

Organização Socialização Externalização Combinação Internalização


Perspectiva (nMP) J Ocorre (nMP) K Limitada (nMP) K Como (nMP) K Ocorrência
O3 com regularidade e restrita a casos são poucos os não regular
isolados registros deste
Execução do (nMP específica) tipo, não há (nMP específica)
trabalho em Formação (nMP específica) informações Cobrança mútua entre
grupo, em espontânea de Devido ao trabalho suficientes para os participantes dos
uma cultura pequenos grupos – em pequenos avaliar a nMP pequenos grupos no
que estimule a heterogêneos, grupos, as pessoas sentido de que todos
comunicação temporários e de diversas áreas (nMP específica) estudem assuntos
e a gestão de informais – para a e funções passam Devido ao ligados direta ou
conflitos solução de a se conhecer trabalho em indiretamente aos
problemas e melhor e a dominar pequenos problemas em que o
conflitos do dia-a- diferentes grupos, as grupo está envolvido
dia do DP, vocabulários pessoas de (nMP específica)
resultando em uma corporativos, diversas áreas e Devido ao trabalho em
oportunidade de sentindo-se mais funções passam pequenos grupos e ao
troca de motivadas e a se conhecer domínio de diferentes
conhecimentos preparadas para o melhor e a vocabulários
“face-a-face” registro de dominar corporativos, as
J Ocorre conhecimentos e diferentes vocab. pessoas adquirem
plenamente e aprendizados corporativos, o melhor capacidade de
todos os adquiridos durante que influencia estudo e leitura de
entrevistados o projeto de DP positivamente o textos e documentos
mencionaram não J Ocorre e é agrupamento e a de outras áreas e
haver barreiras a relevante no DP organização dos funções
esta formação, documentos J J Ambas nMPs
sendo muito útil diversos do proj. ocorrem efetivamente
para o andamento J Ocorre esta
regular do DP influência no DP
Perspectiva (nMP) K Ocorre (nMP) K Ocorre (nMP) K Ocorre, (nMP) K Ocorre a
O4 efetivamente e é com várias com eventuais leitura dos registros
valorizado quanto limitações, p. ex. limitações, como derivados de
Existência de as experiências e falta registrar p.ex. quanto ao programas realizados
programas de novas práticas, melhor a análise agrupamento e e a consulta as novas
capacitação e porém há crítica quanto a sistematização práticas externas,
acompanha- limitações na relevância e de materiais e principalmente pelas
mento da disseminação aplicabilidade da conteúdos pessoas responsáveis
qualificação do interna, durante a capacitação didáticos por capacitação e
pessoal rotina de trabalho adquirida, etc adquiridos qualificação do
envolvido com no DP, dos pessoal de DP, porém
o DP conteúdos obtidos (nMP específica) (nMP específica) há ocorrência irregular
pelas pessoas O nível de capacit. O nível de de estudo dos
capacitadas / / qualificação da capacit. / materiais e conteúdos
qualificadas pessoa influencia qualificação da didáticos adquiridos
positivamente sua pessoa influencia pelas pessoas ligadas
(nMP específica) capacidade de positivamente ao DP da empresa
O nível de capacit. redação / sua contribuição
/ qualificação da formulação de para o (nMP específica)
pessoa influencia documentos e agrupamento / O nível de capacitação
positivamente sua registros no dia-a- sistematização / qualificação da
capacidade de dia de trabalho do dos registros e pessoa influencia
comunicação e DP doctos. diversos positivamente sua
troca de conhec. J Esta influência originados no capacidade e
“face-a-face” no positiva é dia-a-dia de interesse de estudo de
dia-a-dia de percebida trabalho do DP documentos e textos
trabalho do DP K Não há inform. diversos sobre DP
J Esta influência é suficientes para J Ocorre efetivamente
percebida avaliar a nMP
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.32. Análise das novas melhores práticas na dimensão Organização –


continuação
156

O2 – Execução do trabalho de liderança no DP

Analisando-se as novas melhores práticas (quadro 6.32) e confrontando-as


com as hipóteses e melhores práticas avaliadas, verifica-se que a transmissão de
novas práticas e visões sobre liderança, e a preparação de novos líderes, ocorrem
basicamente por meio da Socialização, o que é adequado e justificável pelas
próprias características do conceito liderança. No entanto, algum incremento nas
demais conversões pode ser buscado, visando reduzir a dependência excessiva da
Socialização para a memória corporativa referente à O2.

Outro aspecto relevante a ser observado nesta perspectiva, em relação às


novas melhores práticas específicas, é que estas apontam interessantes e originais
possibilidades de atuação da liderança para o incremento das quatro conversões do
conhecimento.

O3 – Execução do trabalho em grupo

É normal que, nesta perspectiva, a Socialização apresente uma melhor


situação ou ocorrência do que as demais conversões do conhecimento, visto que
se trata da otimização da execução do trabalho em grupo na organização do DP,
algo naturalmente dependente da comunicação e da gestão de conflitos, e portanto,
ligado às habilidades de trocas de conhecimentos tácitos.

De qualquer forma, no DP da empresa, tal conversão do conhecimento tem


uma situação bastante favorável (quadro 6.32) pois, segundo os entrevistados,
praticamente não existem barreiras a formação espontânea de pequenos grupos –
heterogêneos, temporários e informais – que inclusive são incentivados. Esta
situação é conseqüência direta de ambiente e cultura favoráveis na empresa, para
a concessão de autonomia às pessoas efetivamente envolvidas com um problema,
orientando-as claramente para que tenham iniciativas na busca de soluções.

Além disso, o que contribui para a favorável avaliação da GC em O3 é a


forma como a execução do trabalho em grupo influencia positivamente a
Externalização, a Combinação e a Internalização, devido, principalmente, ao
compartilhamento de diferentes vocabulários corporativos entre as pessoas que
atuam no grupo, e a uma valorização da motivação e da confiança entre estas
pessoas. Isto tem impactos positivos no registro, no agrupamento e no estudo de
157

conhecimentos, contribuindo para as três conversões do conhecimento. Há mesmo


uma situação de cobrança construtiva neste trabalho em grupo, no que se refere a
uma das trocas / conversões do conhecimento, como destaca o comentário de um
dos entrevistados: “a ‘competição-colaboração’, dentro dos grupos, estimula o
estudo (internalização)”.

Um eventual ponto para melhoria em O3 é o registro (Externalização) das


novas experiências e práticas obtidas a respeito do trabalho em pequenos grupos
espontâneos, no sentido de se reduzir a dependência da Socialização (troca tácita
entre as pessoas) na formação da memória corporativa sobre estas experiências e
práticas.

O4 – Existência de programas de capacitação e qualificação

As novas melhores práticas de O4 mostram algumas lacunas nas


conversões do conhecimento do já referido estudo de caso (quadro 6.32).

Na Socialização dos conhecimentos obtidos nos programas de capacitação,


percebem-se falhas na disseminação interna junto à rotina de trabalho do DP, uma
vez que há indicações de eventuais falhas de coordenação entre o momento de
aquisição da capacitação e seu melhor aproveitamento no trabalho – e no
compartilhamento com outras pessoas – do DP. Recomenda-se um diagnóstico
especificamente voltado para este problema, a fim de detectar as causas efetivas e
propor alternativas de solução.

A Externalização é a conversão que apresenta, aparentemente, mais falhas,


tanto pelo que foi observado nestas novas melhores práticas – relatando poucos
registros de aprendizados e experiências decorrentes dos programas de
capacitação realizados – como na análise da hipótese discutida na sub-seção
anterior, que reporta a uma deficiência na avaliação do nível de qualificação do
pessoal de DP.

A Combinação e a Internalização, embora não tenham apresentado graves


lacunas nas suas novas melhores práticas, podem eventualmente ser melhoradas
por meio de um melhor agrupamento e sistematização dos registros de
aprendizados e conteúdos didáticos adquiridos, e de estímulo (inclusive com
dedicação de tempo) para a leitura destes materiais, respectivamente.
158

Atividades / Informações

O quadro 6.33 apresenta as novas melhores práticas para a dimensão


Atividades / Informações, com análises realizadas em cada atividade.

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
Propostas de (nMP) Reuniões, (nMP) Geração de (nMP) Os (nMP) Estudo de
novas encontros e documentos documentos com documentos
Melhores diálogos, inclusive registrando resultados, acumulados na
Práticas com pessoas resultados (soluções experiências, empresa, tanto
externas à e/ou decisões) da aprendizados, e sobre resultados,
empresa, visando execução da novas práticas, experiências e
trocas de atividade, além de relacionadas à aprendizados
experiências, experiências, atividade, são advindos da
aprendizados e aprendizados, e agrupados e execução da
novas práticas, novas práticas, sistematizados, atividade, como
relacionadas à relacionadas à ligando-se a outros sobre novas
atividade atividade do mesmo tipo (ou práticas
de interesse relacionadas à
relacionado), com atividade advindas
acesso viável de fontes externas
à empresa

Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K Ocorre (nMP) K Ocorre de (nMP) K São


A1 adequadamente adequadamente forma satisfatória, satisfatoriamente
quanto aos porém com espaço realizados, porém
Pesquisa de resultados, porém há para melhorias sem muita
mercado, limitações no registro frequência, e
levantamento de aprendizados, ocorre mais a
das possibilid. podendo melhorar leitura de antigos
tecnológicas e resultados da
determinação realização da
dos requisitos atividade, do que o
dos clientes estudo das
experiências e
práticas
aprendidas – que
são transmitidas
mais verbalmente
do que por escrito
Atividade (nMP) K Ocorre (nMP) J Há uma (nMP) J Ocorre (nMP) K Não
A2 com frequência, razoável efetivamente, até ocorre
mas possui preocupação das por obrigação adequadamente, e
Identificação potencial para pessoas com este formal é uma das
de riscos, melhoria em tipo de registro principais lacunas
avaliação de termos de nesta atividade
viabilidade e conteúdo
planejamento
de recursos

Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.33. Análise das novas melhores práticas na dimensão Atividades /


Informações
159

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
Atividade (nMP) J Ocorre de (nMP) J Ocorre (nMP) J Ocorre (nMP) J Há uma
A3 forma adequada, adequadamente sem maiores prática de estudo
com regularidade e restrições ou pelas pessoas
Tradução do riqueza de dificuldades envolvidas com a
conceito do conteúdo trocado atividade,
produto em principalmente a
estilo, layout, consulta dos
componentes, registros desta
e especific. atividade em
projetos passados
Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K Experiênc. (nMP) J Ocorre de (nMP) K São feitas
A4 adequadamente e práticas são forma conveniente consultas
registradas de forma eventuais aos
Envolvimento irregular, porém é registros de
de favorável o registro resultados desta
fornecedores de resultados da atividade em
atividade, até projetos passados,
mesmo para se principalm. quando
atender às surgem problemas
exigências e conflitos, mas
contratuais, poucas consultas
atestando soluções e são feitas sobre as
decisões tomadas experiências e
pelas partes práticas, o que é
envolvidas – obtido
empresa e fornec. – principalmente de
resguardando forma tácita via
responsabilidades Socialização
Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K Há uma (nMP) J Os (nMP) K Ocorre
A5 com adequada exigência formal em documentos com certa
intensidade se registrar os relacionados a frequência quando
Construção de resultados advindos esta atividade são se refere ao estudo
modelos desta atividade, e devidamente dos resultados da
físicos e também ocorre o combinados atividade no
avaliação de registro das passado, mas bem
estilo e layout experiências e menos em relação
aprendizados, porém às experiências e
com menor práticas
intensidade aprendidas, até
pela escassez
destes registros
Atividade (nMP) J Nenhuma (nMP) K Ocorre, (nMP) J Estes (nMP) K Ocorre de
A6 restrição foi mas há espaço para registros estão forma razoável
apontada para o melhorias em termos arquivados de quando se refere à
Transform. de contato entre as de regularidade e forma conveniente consulta dos
resultados em pessoas, tanto conteúdo registrado resultados da ativ.
desenhos e para trocar no passado, em
normas experiências e busca de exemplos
novas práticas, para solucão de
quanto, problema recente,
principalm., para mas pouco nas
esclarecer dúvidas exper. e práticas
sobre os desenhos aprendidas, até
e normas em pela escassez
construção desses registros
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.33. Análise das novas melhores práticas na dimensão Atividades /


Informações – continuação
160

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K Ocorre (nMP) J Os (nMP) K Ocorre
A7 intensamente plenamente os documentos com alguma
registros de relacionados a frequência quando
Elaboração, resultados – esta atividade são se refere ao estudo
construção e soluções e decisões devidamente dos resultados da
testes de tomadas – na organizados e atividade no
protótipos atividade, inclusive arquivados, até passado, e com
para se atender mesmo por menos frequência
exigências obrigações formais nas experiências e
normativas, e com e de segurança práticas
menor plenitude veicular – aprendidas
quanto ao registro de comprovação dos
experiências e testes realizados
práticas
Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K Ocorrência (nMP) J Os (nMP) K Ocorre de
A8 com grande deficiente e irregular; registros existentes
forma razoável
intensidade e também há falhas no estão arquivados quando se refere
Tradução do abertura, conteúdo registrado de forma ao estudo dos
projeto do principalmente conveniente resultados da ativ.
produto no entre as pessoas no passado, mas,
projeto do do processo de DP ocorre pouco nas
processo e do processo de experiências e
manufatura / práticas
montagem aprendidas, até
pela escassez
desses registros
Atividade (nMP) J Ocorre de (nMP) K Há uma (nMP) J Ocorre de (nMP) K Ocorre
A9 forma adequada grande obrigação forma adequada, com alguma
formal que sem maiores falhas frequência, quando
Realização de impulsiona o registro ou dificuldades se refere ao estudo
produção de resultados – dos resultados da
piloto e testes soluções e decisões atividade no
de validação tomadas – na passado, na busca
do produto execução da de conhec. para a
atividade, e com solução de
menor intensidade problemas em
ocorre o registro de novos produtos, e
experiências e com menor
práticas intensidade
quando se trata de
experiências e
práticas
registradas
Atividade (nMP) K Ocorre de (nMP) K Os (nMP) J Ocorre (nMP)K Ocorrênc.
A10 forma deficiente; resultados são sem maiores fraca, tanto em
há espaço para registrados em problemas relação ao estudo
Execução de melhorias quanto relatórios, porém o dos registros de
stage-gates ao conteúdo registro de resultados –
para avaliação destas trocas e experiências e relatórios – de
do andamento regularidade em práticas ocorre gates passados,
do projeto sua realização apenas por quanto das poucas
iniciativas experiência e
individuais, isoladas práticas
e irregulares registradas
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.33. Análise das novas melhores práticas na dimensão Atividades /


Informações – continuação
161

Atividades / Socialização Externalização Combinação Internalização


Informações
Atividade (nMP) K Os (nMP) L Ocorrência (nMP) K Como há (nMP) K Pela
A11 contatos pessoais nula na prática, é poucos pouca
são basicamente a extremamente raro e documentos deste preocupação com
Normalização única forma fragmentado algum tipo, não existem esta atividade e
do conteúdo empregada para registro deste tipo informações pela própria
das normalizar o suficientes para aausência de
informações conteúdo, porém avaliação registros e
ocorre com pouca documentos a
frequência e respeito, esta nMP
intensidade é bastante
deficiente
Atividade (nMP) J Ocorre (nMP) K A ampla (nMP) J Os (nMP) K Ocorre de
A12 satisfatória maioria das normas documentos forma satisfatória,
exposição verbal a de formato – um dos existentes sobre embora pode ser
Normalização respeito das resultados da normalização do melhorada sua
do formato das normas do formato atividade – é formato são regularidade e a
informações das informações documentada, porém combinados de disseminação da
é reduzido e forma adequada, prática de estudo
infrequente o registro sem maiores falhas entre as pessoas
de aprendizados ou dificuldades do DP
com o uso destas
normas
Atividade (nMP) J Boa parte (nMP) K A ampla (nMP) J Ocorre (nMP) K Ocorre de
A13 da realização maioria das sem maiores forma satisfatória,
desta atividade é instruções e restrições com possibilidades
Controle de feita verbalmente e acompanhamentos de melhoria
atualizações e de forma relacionados a esta
armazenam. adequada atividade é
das documentada, mas o
informações registro de
aprendizados e
novas práticas é feito
de forma deficiente
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar; L =
nula ou inválida

QUADRO 6.33. Análise das novas melhores práticas na dimensão Atividades /


Informações – continuação

A1 – Pesquisa de mercado, levantamento das possibilidades tecnológicas e


determinação dos requisitos dos clientes

Confirmando a situação observada na análise das hipóteses (sub-seção


anterior), não há uma situação desfavorável nas novas melhores práticas (quadro
6.33), embora algumas melhorias possam ser recomendadas para a
Externalização, Combinação e Internalização, no que se refere ao registro, ao
agrupamento e ao estudo das experiências e práticas decorrentes da execução da
atividade A1.
162

A2 – Identificação de riscos, avaliação de viabilidade e planejamento de recursos

A principal deficiência sinalizada pelos entrevistados nestas novas melhores


práticas (quadro 6.33) refere-se à Internalização, como atestam duas declarações:
“internalização fraca – pouco uso dos conhecimentos registrados de projetos
anteriores” e “erros de projetos passados, na atividade de planejamento, são
repetidos em novos projetos”; o que também diz respeito à Socialização, que
mesmo sendo muito presente, não tem conseguido transmitir todo o conteúdo
necessário para evitar tal problema.

Sendo assim, uma possível recomendação consiste na melhoria da


Internalização, devendo-se buscar os caminhos para isto, como foi apontado por
um dos entrevistados: “há uma ‘folha-problema’, documento feito por vários setores
relacionando riscos / potenciais de falha, que poderia contribuir para o estudo”. Este
documento, ao qual o entrevistado faz referência, existe e é proveniente de projetos
passados – há, portanto, Externalização – porém é pouco consultado quando são
realizados novos projetos (falha na Internalização).

A3 – Tradução do conceito do produto em estilo, layout, componentes e


especificações

A verificação favorável das novas melhores práticas para a atividade A3


(quadro 6.33) denota uma consistente situação nas quatro conversões, que somada
à análise também favorável das hipóteses (sub-seção anterior), permite afirmar que
há uma adequada GC em A3.

A4 – Envolvimento de fornecedores

Analisando-se as novas melhores práticas (quadro 6.33), verifica-se que há


um problema recorrente quanto aos registros e leitura / estudo das experiências e
práticas decorrentes da execução da atividade A4. A transmissão desses
conhecimentos se dá quase totalmente pelo meio tácito, e portanto, é fortemente
dependente da Socialização, com as vantagens (facilidade e rapidez) e
desvantagens (monopólio individual do conhecimento e perda da memória
corporativa) que esta situação implica. Atuar nas causas deste problema significa
criar as condições – especialmente, preparo e tempo – para que as pessoas
163

realizem mais este tipo de leitura / estudo, e principalmente, prepará-las e motivá-


las para que registrem com mais regularidade as experiências e práticas
observadas na execução de A4.

A5 – Construção de modelos físicos e avaliação de estilo e layout

No caso das novas melhores práticas (quadro 6.33) de A5, em sintonia com
o que foi observado nas hipóteses da sub-seção anterior, não se percebe nenhuma
deficiência que comprometa alguma das conversões do conhecimento. Duas únicas
lacunas que podem sofrer melhoramentos foram observadas nas novas melhores
práticas colocadas na Externalização e na Internalização, que respectivamente, se
referem ao registro e ao estudo de experiências e práticas derivadas da execução
desta atividade. Criar este hábito nas pessoas seria útil para tratar de forma mais
adequada a memória corporativa referente a A5, com a finalidade de não torná-la
totalmente dependente da Socialização e da disponibilidade e interesse das
pessoas em compartilhá-la.

A6 – Transformação de resultados das etapas anteriores em desenho e normas

A análise das novas melhores práticas em A6 (quadro 6.33) mostra algumas


lacunas nas conversões do conhecimento, não sendo, no entanto, consideradas
graves perante à situação geral da GC na atividade.

Um esforço de redução ou eliminação destas lacunas poderia ser feito,


iniciando-se pela Externalização, ao melhorar a riqueza de conteúdo dos registros e
torná-los menos dependendes de iniciativas individuais e mais uma prática regular
das pessoas envolvidas com esta atividade. Essas ações proporcionariam mais e
melhores registros para estudo, que se somando a uma adequada gestão de tempo
e incentivo, proporcionaria uma melhoria na Internalização. Cabe ao DP da
empresa julgar se este esforço de melhoramento é adequado a sua realidade de
execução da atividade, ou se é melhor manter concentrada na Socialização a troca
de conhecimentos sobre experiências e práticas desta atividade.

A7 – Elaboração, construção e testes de protótipos

Não há problemas críticos nas novas melhores práticas que se referem à A7


(quadro 6.33), mas uma única recomendação pode ser feita quanto à necessidade
de melhoria no registro e no estudo do aprendizado decorrente da execução desta
164

atividade de prototipagem, o que poderia contribuir um pouco mais para a


Externalização e para a Internalização. Estas ações de registro e estudo já são
realizadas por algumas iniciativas individuais, porém, em muitos casos, não com o
propósito principal voltado ao aprendizado, mas sim ao atendimento das tarefas e
rotinas do trabalho com os protótipos. Melhorias nestas ações deveriam receber
incentivos – inclusive em tempo – para que os envolvidos com a atividade
executem-nas regularmente e com uma padronização adequada.

A8 – Tradução das especificações do projeto do produto no desenvolvimento do


projeto do processo de fabricação e montagem

A situação favorável nas hipóteses mostradas na sub-seção anterior e,


mesmo nestas novas melhores práticas (quadro 6.33), não impede que certas
deficiências existam como, por exemplo, a que foi registrada na frase-testemunho
da avaliação da intensidade de atuação em A8, mencionando que, apesar do
esforço de envolvimento de pessoal da manufatura nos programas de DP, certos
erros do projeto do processo só aparecem nas primeiras montagens do veículo.

Contribui para que estas deficiências ocorram a reduzida preocupação com


o registro e o estudo das experiências e práticas decorrentes de execuções
passadas dessa atividade (lacunas detectadas nas novas melhores práticas da
Externalização e Internalização). A Socialização tem feito seu papel de transmitir
estas experiências e práticas, mas é um equívoco acreditar que apenas esta
conversão seja suficiente, visto que nem sempre se encontram ou estão disponíveis
para colaborar as pessoas detentoras do conhecimento desejado. Sendo assim, é
recomendável que para a melhoria da GC em A8, haja uma diminuição ou
eliminação das mencionadas lacunas existentes na Externalização e na
Internalização.

A9 – Realização de produção piloto e testes de validação do produto

As novas melhores práticas têm uma situação adequada ou satisfatória


(quadro 6.33). Há algumas lacunas quanto ao registro e à leitura de experiências e
práticas acumuladas com a realização de A9, requisitando alguns cuidados na
Externalização e Internalização, como já foi recomendado em várias atividades
anteriores.
165

A10 – Execução de stage-gates para avaliação do andamento do projeto

No que se refere as novas melhores práticas, pode-se verificar (quadro 6.33)


que, exceto pela Combinação, há problemas nas demais conversões. A
Socialização apresenta limitações na troca de aprendizados sobre a atividade,
enquanto que na Externalização e Internalização há a necessidade de melhoria no
registro e estudo das experiências e práticas sobre esta atividade. Como A10
apresenta uma avaliação insatisfatória em termos de Presença / intensidade de
atuação, é recomendável certa atenção na busca de soluções para as lacunas
apontadas na GC, tanto aqui quanto nas hipóteses e melhores práticas analisadas
na sub-seção anterior.

A11 – Normalização do conteúdo das informações

A análise das novas melhores práticas (quadro 6.33) confirma que a


preocupação com a normalização do conteúdo das informações no DP da empresa
é pequena e poucos esforços são realizados a respeito, concentrando-se na
Socialização e, mesmo assim, com baixa frequência e intensidade. Há muito que se
fazer na Externalização, na Combinação e na Internalização, principalmente no
sentido de se criar, agrupar e consultar vocabulários controlados e taxionomias,
durante a execução do DP na empresa, já que esta atividade permeia todas as
demais.

A12 – Normalização do formato das informações

Há uma GC satisfatória em A12, considerando a situação adequada das


novas melhores práticas (quadro 6.33) de duas conversões do conhecimento, além
da hipótese favoravelmente avaliada na Externalização (apresentada na sub-seção
anterior). Assim como em outras atividades, melhorias podem ser buscadas no
registro de experiências e práticas advindas da execução desta atividade, e
também na leitura e no estudo de documentos diversos relacionados a A12, o que
pode melhorar a Externalização e a Internalização.

A13 – Controle de atualizações e armazenamento das informações

Há uma situação satisfatória das novas melhores práticas (quadro 6.33) em


A13, com algumas lacunas na Externalização e Internalização, do mesmo tipo que
já foi observado em outras atividades (registro e consulta de aprendizados e
166

práticas). Pela avaliação favorável observada aqui, e também na hipótese da


Combinação apresentada na sub-seção anterior, deriva-se uma indicação de que a
GC, nesta atividade, não apresenta problemas significativos.

Recursos

As novas melhores práticas, propostas e analisadas para as conversões do


conhecimento em cada recurso, são expostas no quadro 6.34 e discutidas em
seguida.

R1 – Método de QFD

Há uma grande confiança na memória das pessoas para a transmissão, por


meio da Socialização, de experiências e práticas a respeito deste recurso, o que
pode ser percebido na melhor prática da sub-seção anterior e, agora, na nova
melhor prática desta conversão (quadro 6.34). Esta situação é uma das causas das
lacunas observadas nas novas melhores práticas da Externalização e
Internalização, pois dedica-se menos atenção à referida transmissão de conteúdos
de conhecimento sobre o QFD por meio do registro e estudo.

Apesar da situação favorável da GC em R1, minimizar o efeito destas


lacunas deve ser o alvo prioritário de melhorias futuras para, possivelmente,
contribuir também para uma melhoria da avaliação deste recurso R1 no critério de
Presença / intensidade de atuação, em relação a uma situação atual apenas
satisfatória.

R2 – Técnicas de DFMA

A análise das novas melhores práticas (quadro 6.34) em R2 corrobora o que


já foi percebido na avaliação das hipóteses deste recurso (sub-seção anterior).
Além disto, acentuam-se as lacunas na Externalização, Combinação e
Internalização, com deficiências percebidas no registro, no compartilhamento e no
estudo de experiências e novas práticas sobre DFMA. Mesmo a conversão
Socialização, bem avaliada na hipótese, é aqui percebida com limitações, pois
verifica-se que as reuniões entre as pessoas têm o foco adequado no impacto da
manufatura no projeto, porém deixa em segundo plano a aplicação e a troca de
experiências sobre as técnicas de DFMA.
167

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


Propostas de (nMP) (nMP) Geração de (nMP) Os (nMP) Estudo de
novas Reuniões, documentos, documentos com documentos
Melhores encontros e registrando resultados, acumulados na
Práticas diálogos, resultados (soluções experiências, empresa, tanto sobre
inclusive com e/ou decisões) aprendizados, e resultados,
pessoas advindos do novas práticas, experiências e
externas à emprego do recurso, relacionadas ao aprendizados
empresa, além de recurso, são advindos do emprego
visando trocas experiências, agrupados e do recurso, como
de aprendizados, e sistematizados, sobre novas práticas
experiências, novas práticas, ligando-se a outros relacionadas ao
aprendizados e relacionadas ao do mesmo tipo (ou recurso advindas de
novas práticas, recurso de interesse fontes externas à
relacionadas ao relacionado), com empresa
recurso acesso viável

Recurso (nMP) J (nMP) K O registro (nMP) J Os (nMP) K Para


R1 Ocorrência de resultados documentos subsídiar novas
regular advindos do relacionados a aplicações, são feitas
Método de emprego do QFD este recurso são consultas esporádicas
QFD ocorre plenamente, combinados de aos resultados de
porém não há a forma adequada, aplicações do QFD em
mesma preocupação sem maiores projetos passados e a
com o registro de problemas textos externos sobre
experiências e o assunto, porém
aprendizados faltam registros de
experiências e
aprendiz. advindos do
emprego do recurso
no DP da empresa
Recurso (nMP) K (nMP) K São feitos (nMP) K (nMP) K Ocorrência
R2 Ocorrência os registros de Ocorrência deficiente, seja pelos
limitada; há resultados – moderada, positiva poucos registros
Técnicas de mais contato soluções e / ou no caso de doctos. existentes sobre este
DFMA entre pessoas decisões – sobre formais e relatórios recurso, como também
para tratar do impacto da com resultados pelo pouco tempo e
assunto – manufatura no gerados devido ao hábito de estudo e
impacto da projeto, porém sem uso das técnicas, leitura, preferindo-se
manufatura no seguir porém negativa no consultar outras
projeto – e bem procedimentos que se refere aos pessoas para se obter
menos quanto padrões de DFMA, registros da rotina conhecimentos sobre
ao emprego e, além disso, há um de trabalho com as as técnicas
das técnicas de reduzido número de técnicas, ficando
DFMA registros de com as pessoas
experiências e novas que participaram e
práticas sendo pouco
compartilhados
Recurso (nMP) J (nMP) K Ocorrência (nMP) J Ocorre (nMP) J Ocorrência
R3 Ocorre plena quanto ao sem maiores frequente; inclusive,
regularmente e registro de soluções problemas ou em cada novo projeto
Ferramentas e é valorizada e decisões, havendo dificuldades de DP, são acessados
sistemas CAD- espaço para inúmeros documentos
CAE-CAM e algumas melhorias e registros
CAPP no registro de relacionados a este
experiências e recurso, proveniente
práticas de projetos passados
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.34. Análise das novas melhores práticas na dimensão Recursos


168

Recursos Socialização Externalização Combinação Internalização


Recurso (nMP) J (nMP) K Ocorre o (nMP) J Os (nMP) K Há poucos
R4 Ocorre com registro de documentos registros de
regularidade resultados, em existentes experiências e práticas
Recursos de consonância com as relacionados a disponíveis para
FMEA, A/E obrigações de este recurso são estudo, e, além disso,
valor e document. de adequadamente há uma clara opção
técnicas de resultados de combinados, sem por buscar
fabricação e projeto, porém o maiores restrições conhecimentos
uso de registro de consultando-se outras
protótipos aprendizados e pessoas, ao invés da
práticas possui leitura e estudo
deficiências de
formato / conteúdo
Recurso (nMP) J (nMP) K O sistema (nMP) K É (nMP) K Ocorre
R5 Ocorre de PDM / EDM realizado em parte, parcialmente, pois a
forma empregado registra mas há falhas, prática arraigada no
Sistemas PDM satisfatória as ações que exerce como atesta a DP da empresa é a
/ EDM (integ. (resultados) no declaração de um troca de
ou não ao PM controle dos dados dos entrevistados: conhecimentos sobre
do ERP) de produto e “registra mas nem este recurso por meio
engenharia do DP, sempre fica de contatos pessoais,
porém ocorre poucos facilmente via Socialização
registros de disponibilizado o
experiências e conteúdo do
práticas com o documento
sistema registrado”
Recurso (nMP) J (nMP) J Ocorre, (nMP) K Necessita (nMP) K Há consultas
R6 Ocorre sem tanto para registrar melhor esporádicas a estes
restrições falhas existentes no compartilhamento / registros e
Recursos de emprego destes disponibilidade documentos,
TI para apoio recursos no DP, para os principalmente quando
ao trabalho em como para atestar as interessados há problemas com
grupo, busca ações realizadas no recursos de TI; porém,
de conhec. DP por meio da TI falta uma maior
externos e regularidade nestas
para treinam. consultas e estudos
e ensino
Recurso (nMP) J Tem (nMP) K (nMP) K Devido à (nMP) K Devido à
R7 ocorrido esta Acompanhando a recente recente implantação
nMP, na atual recente implantação implantação do do modelo
Ferramentas fase de do modelo, ocorre o modelo, ainda não praticamente não há
para a consolidação registro de há informações registros de
construção da implantação resultados e de suficientes para experiência e práticas,
(desenho) e do modelo aprendizados, porém avaliar esta nMP não sendo possível
manutenção ainda em estágios uma avaliação
de modelos de iniciais confiável desta nMP
referência
Legenda: nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente ou sem informações para avaliar

QUADRO 6.34. Análise das novas melhores práticas na dimensão Recursos -


continuação

R3 – Ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM e CAPP

As novas melhores práticas (quadro 6.34) em R3 enfatizam a situação


favorável das quatro conversões do conhecimento, como já foi verificado na plena
validade das hipóteses e melhores práticas da sub-seção anterior, com apenas
169

alguma possibilidade de melhoria na Externalização quanto ao registro e


documentação das experiências e práticas sobre o emprego deste recurso.

R4 – Recursos de FMEA, Análise / Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e


uso de protótipos

Em adição aos problemas verificados nas hipóteses (sub-seção anterior), a


análise do quadro 6.34, para o recurso R4, mostra uma deficiência no registro, com
reflexos negativos para o estudo das experiências e práticas acumuladas,
respectivamente, afetando a Externalização e a Internalização, e portanto, a GC
neste recurso.

R5 – Sistemas PDM / EDM

É prioritário melhorar a intensidade de atuação / Presença neste recurso,


que recebeu uma avaliação ruim da maioria dos entrevistados. Iniciada a
otimização deste critério, naturalmente haverá melhores condições para a GC em
R5. Com este novo contexto, deve-se dar especial atenção ao registro, ao
armazenamento e ao estudo das experiências e práticas aprendidas com o
emprego de R5, reduzindo a excessiva dependência da obtenção destes
conhecimentos por meio da memória de algumas pessoas – somente adquirido por
meio da Socialização – como foi observado na análise das novas melhores práticas
no quadro 6.34.

R6 – Recursos de TI para apoio ao trabalho em grupo, busca de conhecimentos


externos e para o treinamento e ensino.

No que se refere às análises das novas melhores práticas (quadro 6.34),


percebe-se que os recursos de TI não apresentam maiores problemas quanto à
Socialização e à Externalização, porém há algumas deficiências na Combinação e
na Internalização, no que diz respeito ao compartilhamento de registros de
experiências e ao estudo destes registros.

R7 – Ferramentas para a construção - desenho e manutenção de modelos de


referência

Devido ao contexto de recente implantação do modelo de referência, há


algumas restrições para que se possa fazer uma avaliação segura de todas as
170

novas melhores práticas. Apenas na Socialização e na Externalização é possível


fazer alguma análise (quadro 6.34) e, como já foi observado nas melhores práticas
(sub-seção anterior), há um maior destaque para estas duas conversões do
conhecimento.

Esta sub-seção e a anterior analisam o conjunto de hipóteses, melhores


práticas e novas melhores práticas individualmente, para cada perspectiva da
Estratégia e Organização, Atividade e Recurso, verificando a situação da GC em
detalhes do processo de DP. Na próxima seção, de síntese da avaliação e
considerações finais, este conjunto é discutido sucintamente para cada uma das
quatro dimensões e no processo de DP como um todo.

6.3. Síntese da avaliação e considerações finais sobre a aplicação do modelo

Após a análise detalhada da seção anterior, uma síntese da avaliação e


algumas considerações finais são feitas na presente seção, tratando-se das
dimensões e do processo de DP como um todo.

O quadro 6.35 mostra uma síntese da análise das hipóteses / melhores


práticas / novas melhores práticas nas quatro dimensões. Esta análise qualitativa-
descritiva do modelo fornece as principais informações para a presente síntese da
avaliação, sendo complementada por informações advindas dos critérios de
Importância e Presença e da avaliação por meio da escala Likert das conversões
do conhecimento.

A avaliação por meio da escala Likert, que indicou um valor médio da GC de


3,5 para todo o processo de DP, situando-se entre ocorrência regular (3) e superior
/ boa (4) e, principalmente, as 58% de hipóteses / melhores práticas / novas
melhores práticas que se mostraram válidas (quadro 6.35), permite afirmar que, de
forma ampla e geral, há um ambiente favorável às conversões do conhecimento e a
GC neste processo, estando ausentes as condições para a existência de graves
deficiências.
171

Conversões do conhecimento
Socialização Externalização Combinação Internalização
Dimensões J K (L) J K (L) J K (L) J K (L)
E1 1HT 1nMP 1HT 1nMP 1HT 1MP 1HT 1HT
portfólio 1MP 2MP 1nMP 1MP
1nMP
E2 1HT 1HT 1HT 1HT
desemp. 1nMP 1nMP 1nMP 1nMP
E3 2HT 1HT 1HT 1HT 1HT 2HT
parcerias 1nMP 1nMP 1nMP 1nMP
E4 1HT 1HT 1HT 1HT
relações 1nMP 1nMP 1nMP 1nMP
GC dim. 90%(9/10) 36%(4/11) 20%(2/10) 9%(1/11)
Estratégia
38%(16/42)
J
O1 1HT 1HT 1MP 1HT 1MP 1HT 1MP
estrutura 5MP 3MP 1nMP 1MP 1nMP 3MP 1nMP
1nMP
O2 1HT 1HT 1MP 1nMP 1nMP 2nMP
liderança 1MP 1MP 2nMP
2nMP
O3 1HT 1HT 1nMP 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
grupo 2nMP 1nMP 2nMP
O4 1HT 1nMP 1nMP 1HT 2nMP 1HT 1nMP
capacit. 1nMP 1nMP 1nMP
GC dim. 94%(16/17) 53%(9/17) 40%(4/10) 60%(9/15)
Organiz.
64%(38/59)
J
A1 3HT 6HT 1nMP 3HT 1nMP 1HT 1HT
clientes 1nMP 1nMP
A2 1HT 1nMP 1HT 1nMP 1nMP
viabilid. 1nMP
A3 1HT 1HT 1nMP 1nMP
conceito 1nMP 1nMP
A4 1HT 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
forneced. 1nMP
A5 1HT 1HT 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
mod.fís. 1nMP
A6 1nMP 1HT 1nMP 1HT 1HT 1nMP
desenho 1nMP
A7 1MP 1MP 1nMP 1nMP 1MP 1nMP
protótip. 1nMP
A8 1nMP 1HT 1nMP 1HT 1HT 1nMP
proj.proc. 1nMP
A9 1HT 1HT 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
prod. pil. 1nMP
A10 1MP 1nMP 1MP 1nMP 1HT 1HT
gates 1nMP 1nMP
A11 1nMP 1HT 1HT 1nMP
ctdo.inf. (1nMP) 1nMP
A12 1nMP 1HT 1nMP 1nMP 1nMP
form.inf.
A13 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
ctle.inf. 1nMP
GC dim. 87%(20/23) 55%(16/29) 81%(17/21) 36%(8/22)
Atividades
64%(61/95)
/ Inform. J
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente
ou sem informações para avaliar; L = nula ou inválida

QUADRO 6.35. Síntese da análise qualitativa-descritiva das conversões


172

Conversões do conhecimento
Socialização Externalização Combinação Internalização
Dimensões J K (L) J K (L) J K (L) J K (L)
R1 1MP 1MP 1nMP 1nMP 1HT 1nMP
QFD 1nMP 1MP
R2 1HT 1nMP (1HT) 1nMP 1HT
DFMA 1nMP 1nMP
R3 1MP 1HT 1nMP 1nMP 1HT
CAD 1nMP 1MP 1MP
1nMP
R4 1HT 1HT 1nMP 1HT
FMEA 1nMP 1nMP 1nMP
R5 1nMP 1nMP 1MP 1nMP 1nMP
PDM
R6 1nMP 1HT 1HT 2HT 1HT 1HT
TI 1nMP 1nMP 1nMP
R7 1MP 1MP 1nMP 1MP 1nMP 1MP 1nMP
mod.ref. 1nMP
GC dim. 92%(11/12) 40%(6/15) 45%(5/11) 44%(7/16)
Recursos
54%(29/54)
J
GC no 90%(56/62) 49%(35/72) 54%(28/52) 39%(25/64)
Processo 58%(144/250)
DP J
Legenda: HT = hipótese; MP = melhor prática; nMP = nova melhor prática; J = válida; K = deficiente
ou sem informações para avaliar; L = nula ou inválida

QUADRO 6.35. Síntese da análise qualitativa-descritiva das conversões -


continuação

Para a dimensão Estratégia, o percentual de hipóteses / melhores práticas /


novas melhores práticas válidas mostra um patamar elevado para a Socialização
(90%), relativamente bem acima das demais conversões – como, por exemplo, os
36% da Externalização, que é o segundo mais elevado.

No que se refere à Socialização, essa situação pode ser entendida como


adequada, devido às próprias características das perspectivas da Estratégia que,
naturalmente, precisam de grande interação humana nas negociações e
discussões. Além deste fato, geralmente válido para todas as empresas, há, no
processo de DP do estudo de caso, um ambiente e uma cultura propícios para
otimizar a referida conversão.

No entanto, esta situação não se configura como razoável no que diz


respeito às demais conversões e, em especial, à Internalização. Considerando as já
mencionadas características das perspectivas da Estratégia, é natural que as
demais conversões fiquem em um patamar abaixo ao da Socialização, porém não
deveriam estar em uma posição tão reduzida como a que foi observada na presente
173

avaliação, com um número significativo de hipóteses / melhores práticas / novas


melhores práticas apresentando deficiências.

A situação geral das quatro conversões do conhecimento mostra também


que a Estratégia é a dimensão mais distante do nível médio em que se encontra a
GC no processo de DP, apresentando vinte pontos percentuais a menos, quando
comparado o número de hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas
válidas da Estratégia, com o do processo de DP.

Na dimensão Organização, a Socialização apresenta um elevado percentual


de hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas válidas. Esta situação é
esperada para a referida dimensão, que naturalmente está ligada e é dependente
dos relacionamentos humanos (inerentes a Socialização). Além disto, há um
ambiente e uma cultura propícios a esta conversão do conhecimento na empresa
do estudo de caso, e em particular, ao incentivo e enraizamento do trabalho em
grupo, e à autonomia e iniciativa individual de atuação na organização do processo
de DP.

Por esse motivo, espera-se que as outras conversões do conhecimento não


tenham o mesmo peso da Socialização, o que foi efetivamente observado no
estudo de caso realizado. No entanto, a ocorrência dessas conversões
(Externalização, Combinação e Internalização) é melhor na dimensão Organização
do que na Estratégia, pois a primeira dimensão apresenta, nestas conversões, um
número menor de hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas
deficientes, se comparada à segunda dimensão.

A dimensão Atividades / Informações possui atividades que são


intensamente tratadas entre pessoas – o que constitui um potencial para a
Socialização – mas, muitas vezes, também necessitam que seus resultados sejam
documentados, organizados e consultados, criando um potencial para as demais
conversões do conhecimento.

Nesta dimensão, a Socialização e a Combinação apresentam, ambas, um


bom patamar de hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas válidas, o
que contribui para colocar a GC das Atividades / Informações em um nível idêntico
ao da Organização – se considerado os 64% de validade das hipóteses / melhores
práticas / novas melhores práticas das duas dimensões. Considerando-se todas as
174

atividades, praticamente não foi observado qualquer problema grave nessas


conversões do conhecimento. A Combinação é elevada nesta dimensão, devido à
típica característica de agrupamento de documentos de várias das atividades, que é
bem exercida no presente processo de DP.

Em Atividades / Informações, a Externalização ficou em uma posição


mediana (55% de hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas válidas),
dispensando maiores preocupações, o que é reforçado pela ausência de falhas
graves nesta conversão, segundo o que foi verificado nas análises realizadas em
cada atividade. No entanto, a Internalização possui uma situação razoavelmente
desfavorável se comparada às demais conversões, em especial às duas primeiras
que mais se manifestam na referida dimensão.

A dimensão Recursos apresenta uma avaliação mediana das hipóteses /


melhores práticas / novas melhores práticas.

A Socialização, em sintonia com o que foi observado nas outras dimensões,


destaca-se significativamente tanto nos recursos que focalizam suas ações no
apoio às discussões e decisões realizadas em grupo (notadamente o QFD, o DFMA
e o FMEA), como em todos os recursos para transmitir “face-a-face” os
aprendizados e experiências.

As demais conversões estão em um mesmo patamar e não apresentam


problemas graves; no entanto, elas têm potencial de melhoria, como foi observado
nas avaliações particulares de cada recurso.

As conversões do conhecimento foram tratadas de forma particular para


cada dimensão, na síntese feita nos parágrafos anteriores. Cabe agora fazer uma
breve consideração quanto a estas conversões considerando o processo de DP.

A Socialização é a conversão do conhecimento que mais se manifesta no


processo de DP. Em todas as dimensões, tal conversão apresenta o maior
percentual de validade das hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas,
se comparada às demais, situando-se em torno de 90%.

A Externalização e a Combinação possuem uma posição intermediária no


referido processo, sendo ambas as conversões menos presentes na dimensão
Estratégia.
175

A Internalização é a conversão que menos se manifesta no processo de DP,


pelo que foi observado na análise de suas hipóteses / melhores práticas / novas
melhores práticas, havendo significativa variação entre as quatro dimensões. É
importante destacar, ainda, que ela é menos presente nas Atividades / Informações,
e particularmente fraca na Estratégia.

Ainda sobre as conversões do conhecimento, destaca-se da análise


detalhada, principalmente das novas melhores práticas, um problema frequente de
deficiências nos registros e na leitura / estudo das experiências e práticas
acumuladas no processo de DP. Este problema afeta respectivamente a
Externalização e, de forma relacionada, a Internalização, e é observado nas quatro
dimensões, com diferentes intensidades.

O próximo capítulo, que se refere aos Comentários Finais e Conclusões,


apresenta recomendações e análises para o estudo de caso realizado e mostra as
principais implicações e reflexões resultantes do trabalho desta tese com o modelo
de avaliação da GC no DP.
176

CAPÍTULO 7 – COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES

Este capítulo apresenta os principais comentários e recomendações que


podem ser obtidos do estudo de caso realizado, e a partir disso, expõe algumas
conclusões sobre a efetividade da aplicação do modelo de avaliação – que permitiu
mostrar a correção das escolhas metodológicas para este trabalho de doutorado –
e, principalmente, a adequação de tal modelo para a avaliação da GC no processo
de DP e o referencial teórico utilizado em sua elaboração. Como consequência
dessas discussões, comentam-se as respostas encontradas para as questões de
pesquisa e a abrangência com que os objetivos deste trabalho foram alcançados.
Por fim, inspirando-se parcialmente nas justificativas e limitações da pesquisa,
propõem-se sugestões de trabalhos futuros derivados do atual.

7.1. Considerações finais sobre o estudo de caso realizado

Constata-se, no estudo de caso, que as perspectivas da Estratégia e da


Organização, as Atividades e os Recursos, foram respondidas pela ampla maioria
dos entrevistados, nos critérios de Importância e Presença, na avaliação por meio
da escala Likert, e na avaliação feita a partir das hipóteses / melhores práticas /
novas melhores práticas. Em adição a este fato, observa-se que, em termos de
Importância, há um predomínio absoluto de notas altas (o que significa relevância
atribuída alta) em todas as dimensões investigadas.

Esses dois fatos podem ser interpretados da seguinte forma: primeiro, os


entrevistados entenderam o significado das dimensões utilizadas no modelo; e,
segundo, consideraram que elas são relevantes para a constituição e o efetivo
desempenho do processo de DP da empresa. Esta interpretação significa, ao
menos para o DP da empresa do estudo de caso, que as dimensões do modelo de
avaliação fazem sentido e sua aplicação é válida para a finalidade a que se propõe,
de diagnóstico da GC no referido processo.

Tal interpretação é reforçada pela percepção do pesquisador ao conduzir e


interagir com os entrevistados no estudo de caso, percebendo que eles estavam
177

efetivamente entendendo e julgando relevante essas dimensões. Também é


reforçada pelo contexto de heterogeneidade de visões e diversidade de
experiências práticas dos entrevistados quanto ao processo de DP, o que significou
uma enriquecedora divergência na avaliação, com sugestões que contribuíram para
a construção das novas melhores práticas, e assegurada convergência quanto ao
entendimento e relevância das dimensões, sem sentir redundância nestas e/ou
necessidade de alguma adição.

O fato do DP da empresa estudada ser bem estruturado e possuir relativo


destaque dentre os outros processos existentes – o que pode ser percebido tanto
pela descrição feita no estudo de caso sobre o referido processo, como,
principalmente, pela avaliação favorável obtida no critério de Presença / intensidade
de atuação – cria uma situação potencialmente adequada à GC neste processo, o
que foi efetivamente verificado a partir da análise das hipóteses / melhores práticas
/ novas melhores práticas.

O modelo de avaliação indicou certos pontos ou aspectos em que a GC


pode ser melhorada no DP da empresa. Essas recomendações serão feitas nos
próximos parágrafos, juntamente com alguns comentários.

A Estratégia não teve uma avaliação favorável na Externalização, na


Combinação e, em especial, na Internalização, e também no critério de Presença /
intensidade de atuação, em duas de suas quatro perspectivas. Melhorias são
recomendadas para este critério e para as conversões (particularmente para a
Internalização), devendo-se concentrar naquelas hipóteses / melhores práticas /
novas melhores práticas com deficiências, investigando-se com profundidade suas
causas raízes e listando-se as mais críticas que, prioritariamente, devem ser
sanadas, em um trabalho integrado de melhoria desta dimensão.

A dimensão Organização tem uma situação favorável em termos de GC e o


mesmo ocorre com suas quatro perspectivas quanto à Presença / intensidade de
atuação. Mesmo assim, alguma atenção ou acompanhamento pode ser feito na
Combinação, em que há potencial de melhoria se comparado às outras conversões,
notadamente no sentido de melhor arquivar os ricos aprendizados e experiências
que ocorrem nas quatro perspectivas.
178

A dimensão Atividades / Informações também apresenta uma situação


favorável no processo de DP em termos de conversões do conhecimento, exceto a
Internalização, à qual se recomendam melhorias quanto aos incentivos para a
leitura e estudo de registros e documentos diversos relacionados às atividades.
Dentre as várias atividades, uma atenção especial deve ser dedicada, em todas as
conversões, à A10 (Execução de stage-gates para avaliação do andamento do
projeto) e, principalmente, à A11 (Normalização do conteúdo das informações), que
também são as únicas atividades com avaliação desfavorável em termos de
Presença (intensidade fraca de atuação).

Apesar de Recursos ser a dimensão com avaliação menos favorável no


critério de Presença / Intensidade de atuação (com mais da metade dos recursos
em avaliação baixa ou mediana), aparentemente esta situação não implicou na
existência de falhas graves nas conversões do conhecimento e na GC desta
dimensão.

A Externalização comporta uma maior ênfase na redação de aprendizados


obtidos com o uso dos recursos, e há duas vertentes em que ações de melhoria
respectivamente na Combinação e na Internalização devem se concentrar. Uma
delas diz respeito à preocupação de se evitar a sub-utilização atual (que foi
percebida na avaliação do critério de Presença / intensidade de atuação), quanto ao
potencial que estes recursos oferecem para apoiar e promover o agrupamento e o
acesso aos documentos sobre o projeto de DP; a outra vertente refere-se ao
incentivo (tempo e também cobrança) à leitura e ao estudo de registros e
documentos diversos relacionados aos recursos.

Especial atenção deve ser dada aos recursos R2 (Técnicas de DFMA), R4


(Recursos de FMEA, Análise / Engenharia do Valor, e técnicas de fabricação e uso
de protótipos) e R5 (Sistemas PDM / EDM), que além de avaliações ruins em boa
parte das conversões do conhecimento, têm também uma avaliação desfavorável
em termos de Presença / intensidade de atuação, embora sejam recursos
considerados importantes.

Em oposição aos pontos ou aspectos para os quais se recomendam ações


de melhoria na GC no processo de DP, há um conjunto restrito que se destaca por
atingir as melhores avaliações em termos de conversões e GC, podendo ser,
assim, entendidos como uma espécie de benchmarking interno, com suas práticas
179

servindo de referência e exemplo de GC. Neste conjunto estão a atividade A3


(Tradução do conceito do produto em estilo, layout, componentes e especificações)
e o recurso R3 (especialmente as Ferramentas e sistemas CAD-CAE), que
apresentaram um ótimo desempenho na avaliação das quatro conversões do
conhecimento, sendo válidas todas ou praticamente todas as hipóteses / melhores
práticas / novas melhores práticas, além de uma plenamente favorável avaliação no
critério de Presença (intensidade de atuação).

As quatro dimensões praticamente possuem o mesmo patamar de


Socialização, o que indica que predomina sobre as especificidades destas
dimensões o ambiente favorável à referida conversão. Este ambiente é encontrado
no processo de DP, e é resultado de ações empreendidas nos últimos anos para
uma melhor comunicação e trabalho “face-a-face” entre as pessoas envolvidas em
qualquer parte deste processo.

Ao contrário da conversão anterior, a Externalização e a Combinação têm


uma certa variação entre as quatro dimensões, sendo um pouco mais presentes na
dimensão Atividades / Informações. Isto se deve, no caso da Externalização, às
exigências de documentação e registro nas atividades, e no caso da Combinação,
ao aspecto “aglutinador de documentos” de várias atividades, que estão
organizadas em um processo de DP devidamente estruturado, inclusive com
obrigações rigorosas quanto ao agrupamento de documentos e registros das
atividades.

A falta de tempo para a leitura (estudo) e a preferência pela busca de


conhecimentos por meio do contato com outras pessoas são as principais causas
detectadas para as deficiências da Internalização no processo de DP da empresa
do estudo de caso.

Ainda analisando alguns aspectos relacionados às conversões do


conhecimento no estudo de caso, percebe-se que a transmissão de experiências e
práticas do processo de DP se dá quase totalmente pela via tácita e, portanto, é
fortemente dependente da Socialização, com vantagens (facilidade e rapidez) e
desvantagens (monopólio individual do conhecimento e perda da memória
corporativa). Atuar nas causas deste problema significa criar condições –
especialmente preparo e tempo – para que as pessoas realizem mais este tipo de
180

leitura / estudo e, principalmente, estejam preparadas e motivadas para registrar


com mais regularidade e correção as experiências e práticas observadas.

Talvez as outras conversões do conhecimento dificilmente consigam o


mesmo destaque que a Socialização, mas elas são fundamentais para a
perpetuação e para o refinamento dos conhecimentos no DP da empresa, à medida
que as pessoas precisam fazer esforços e ter sabedoria adicionais para externalizá-
los, combiná-los e internalizá-los, construindo a memória corporativa do DP.

Uma constatação final deve ser feita, refinado-se a tendência observada de


forma preliminar na avaliação por meio da escala Likert quanto à redução das
conversões do conhecimento no sentido Socialização – Externalização –
Combinação – Internalização. Este refinamento significa que, no estudo de caso
investigado minuciosamente pelas hipóteses / melhores práticas / novas melhores
práticas, há basicamente dois patamares de ocorrência das conversões do
conhecimento no processo de DP: um naturalmente elevado da Socialização, e
outro em nível intermediário, que equilibra as demais conversões do conhecimento.
As causas principais deste posicionamento em dois patamares já foram expostas
nos parágrafos anteriores, quando foi feita a análise das dimensões e conversões.

Por fim, os resultados e a análise da avaliação da GC, no estudo de caso,


confirmaram que há um relacionamento entre esta gestão (as conversões do
conhecimento) e a trajetória e a forma como o processo de DP vem sendo tratado –
a valorização e a dedicação às dimensões do DP. Este relacionamento é percebido
tanto pelo critério de Presença / intensidade de atuação, quando este é avaliado em
conjunto com as hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas, quanto
pela própria análise do contexto ou ambiente do DP da empresa do estudo de caso.

Sendo assim, é aconselhado que as recomendações e melhorias sugeridas


para a GC sejam sempre confrontadas pelo próprio DP da empresa, com a referida
trajetória e a forma como o processo de DP está sendo tratado. Com isto, pode-se
ter mais segurança na decisão de implantar diretamente a melhoria, ou antes,
realizar mudanças no processo de DP. Procedendo-se dessa forma, aumentam-se
as chances de aplicação das melhorias com a obtenção de resultados efetivos e
desejados.
181

7.2. Considerações finais sobre o método adotado

O estudo de caso realizado permitiu uma abrangente e complexa aplicação


do modelo, o que contribui para provar sua viabilidade na avaliação da GC no DP.
Além disso, cabe ressaltar que não foi encontrada nenhuma falha em sua aplicação
que pudesse comprometer tal viabilidade. Pode-se citar, como exemplo, as falhas
mais comuns que poderiam ter acontecido: dificuldades de entendimento, com o
uso do modelo, da GC no DP do estudo de caso; fatores ou variáveis críticas sobre
GC no DP, não previstas pelo modelo, mas detectadas no estudo de caso; e fatores
ou variáveis do modelo que não têm sentido ou possuem uma avaliação anormal
para o estudo de caso analisado.

A aplicação do modelo no estudo de caso mostrou também que a avaliação


das conversões / GC nas dimensões do processo de DP foi muito bem realizada
pela análise combinada dos critérios de Presença e Importância, mensuração das
conversões por meio da escala Likert e avaliação das conversões a partir da
ocorrência das hipóteses / melhores práticas / novas melhores práticas.

O DP da empresa estudada, devido à sua abrangência e complexidade,


contribuiu para que houvesse uma condição adequada de teste e, portanto, uma
efetiva aplicação do modelo de avaliação. Este DP é estruturado como um
processo, com uma ampla maioria das perspectivas da Estratégia e Organização,
Atividades e Recursos, apresentando alta presença / intensidade de atuação, e
todos com importância atribuída alta. A trajetória construtiva e inovadora da
empresa em seu DP e a preocupação dos principais atores deste processo, com
sua constante renovação e melhoria gerencial, permitiram uma adequada abertura
para o trabalho de pesquisa in-loco.

A visão de processo disseminada e praticada no DP, percebida


principalmente pela alta presença e importância na maioria das perspectivas da
Estratégia e Organização, Atividades e Recursos, permitiu que os questionamentos
feitos a partir do modelo de avaliação fizessem sentido e pudessem ser avaliados
pelos entrevistados. A abertura para o trabalho de pesquisa possibilitou um mínimo
de interferências e parcialidade por parte do pesquisador e dos participantes
ouvidos do DP, com um significativo interesse destes últimos pelo referido trabalho,
pela avaliação da GC da qual estavam participando criticamente como
entrevistados e pelos resultados daí decorrentes.
182

Essa visão de processo e a adequada abertura para o trabalho de pesquisa


– que permitiram a aplicação efetiva e integral do modelo de avaliação – foram bem
aproveitadas devido à correção das escolhas metodológicas feitas para esta
pesquisa, que merece alguns comentários finais.

Uma das escolhas metodológicas refere-se ao uso dos instrumentos de


pesquisa (questionário semi-fechado em conjunto com entrevistas estruturadas),
que se mostraram adequados porque permitiram transmitir didaticamente ao
entrevistado o que se pretendia investigar sobre o processo de DP – a avaliação da
presença e importância e as conversões do conhecimento – e orientou o
entrevistador na sistematização das informações coletadas.

Em outra escolha, referente ao método de procedimento de pesquisa, o


estudo de caso atingiu as necessidades de generalização teórica ou analítica do
modelo de avaliação, uma vez que possibilitou extrair uma suficiente riqueza de
detalhes e entendimento do objeto de estudo, para a aplicação e teste de todas as
dimensões do DP e as conversões do conhecimento, em nível e criticidade
desejáveis.

Importante relembrar que o método de pesquisa aqui empregado, centrado


no estudo de caso, restringe-se ao oferecimento de condições adequadas à
aplicação e validação do modelo de avaliação da GC no DP. Sendo assim, os
resultados e análises específicos desta avaliação para a empresa estudada são
válidos apenas para este caso, nas condições e restrições em que a coleta de
informações foi feita. Portanto, os resultados obtidos para o DP da referida empresa
não podem ser considerados válidos para o de outras, ou mesmo para o processo
de DP de forma geral. Antes, servem de inspiração, buscando verificar a repetição
destes resultados, análises e tendências em outros casos ou situações, podendo-se
empregar, para isso, o modelo de avaliação da GC no DP aqui validado.

A opção por uma pesquisa predominantemente descritiva e qualitativa


mostrou-se viável para que o foco avaliativo e interpretativo fosse atingido,
evitando-se, assim, entrar na quantificação das relações de causa e efeito, que
seria uma preocupação por demais prematura, considerando o estado da arte atual
dos estudos sobre GC no DP.
183

A bem sucedida aplicação do modelo de avaliação comprovou também a


lógica utilizada em sua construção, baseada no uso das hipóteses e melhores
práticas que atestam a existência das conversões do conhecimento nas dimensões
do processo de DP, já que o estudo de caso propiciou um ambiente para que todas
estas hipóteses e melhores práticas pudessem ser testadas.

As respectivas hipóteses e melhores práticas das perspectivas da Estratégia


e da Organização, das Atividades e dos Recursos, fizeram sentido ou foram
compatíveis com o que foi observado na prática real do DP, o que colaborou para
cumprirem seu papel de orientar o pesquisador (entrevistador) a ficar atento a
pontos específicos em que poderiam ocorrer as conversões do conhecimento, nas
dimensões do processo de DP. Desta forma, estas hipóteses e melhores práticas
permitiram que o pesquisador fizesse um questionamento mais crítico do objeto de
estudo, refinando sua avaliação sobre as conversões por meio da busca de
evidências, no estudo de caso, que comprovassem cada hipótese ou melhor prática
investigada. Tal rigor na análise permitiu, ainda, uma apreciação ao mesmo tempo
ampla e profunda da GC no processo de DP.

Se por um lado as hipóteses e melhores práticas construídas teoricamente


no modelo de avaliação fizeram sentido e foram úteis na análise da prática real do
DP, o estudo de caso também mostrou que essas mesmas hipóteses e melhores
práticas não conseguiram prever certas manifestações de conversões do
conhecimento. Novas melhores práticas foram, então, criadas, com o modelo e o
método mostrando-se flexíveis para, respectivamente, incorporá-las e começar a
testá-las, junto com as hipóteses e melhores práticas já existentes. Tal fato,
observado no estudo de caso, comprovou o que foi planejado na construção teórica
do modelo de avaliação, a respeito de sua contínua evolução e renovação a cada
nova aplicação realizada.

Sobre hipóteses e melhores práticas é necessário ainda enfatizar que seu


refinamento é uma necessidade contínua e de longo prazo, com constantes
melhoramentos e novos aprendizados a cada realização de um novo estudo teórico
e/ou aplicação prática do modelo.
184

7.3. Considerações finais sobre a adequação e originalidade do modelo


proposto

O principal aspecto original do presente trabalho é que este consiste em um


estudo “horizontal”, priorizando um mapeamento amplo da GC no processo de DP,
pela investigação da questão conhecimento em suas dimensões relevantes, por
meio do modelo de avaliação proposto. Não foi encontrado na literatura qualquer
trabalho com essas características, apenas alguns estudos que tratam de
conhecimento ou de tema correlato em partes ou características específicas do DP.
Portanto, a presente pesquisa preenche, ao menos parcialmente, essa lacuna.

Sem o objetivo de ser um modelo de avaliação, SCHULZE (2001) discute o


processo de DP considerando a criação do conhecimento, argumentando que este
processo é estruturado em quatro grandes blocos genéricos – que consistem em
uma simplificação da dimensão Atividades / Informações – no qual cada um tem
características típicas de uma das conversões do conhecimento: criação de uma
idéia (Socialização), desenvolvimento / formalização da idéia (Externalização),
agrupamento das soluções encontradas no projeto para lançar o produto
(Combinação) e a realização de melhorias a partir do aprendizado com a reação do
mercado ao produto lançado (Internalização). Trata-se de uma reflexão inicial, que
segundo seu autor, ainda precisa ser melhorada e validada (testada) na prática
empresarial. Além disso, pode-se questionar a ligação das características de cada
bloco com apenas uma das conversão.

A proposta que mais se aproxima do modelo apresentado é a de HOOPES


& POSTREL (1999) que afirmam que os problemas da GC no DP devem-se às
falhas de coordenação (prazos, por exemplo) ou de cooperação (motivação para
colaborar) em um projeto, ou então, às lacunas no compartilhamento do
conhecimento (dificuldades em saber onde o conhecimento está e quem está
precisando dele). Apenas esta última falha foi investigada na proposta destes
autores, verificando-se lacunas no compartilhamento do conhecimento em vários
projetos de DP, analisados no todo sem detalhá-lo nas dimensões do DP e sem
analisar as conversões do conhecimento presentes.

Um modelo que não trata especificamente do DP, mas que tem seu foco na
avaliação da GC na empresa, é encontrado na proposta de TERRA (2000), a qual
185

merece uma discussão quanto as suas similaridades e diferenças em relação ao


presente modelo de avaliação da GC no DP.

Este autor propõe um modelo baseado em um conjunto de quarenta e uma


características relacionadas à GC, correlacionando-as com resultados de
posicionamento de mercado da empresa. Essas características são pensadas para
a empresa como um todo e agrupam-se em sete dimensões da prática gerencial –
reflexo, segundo o autor, das condições capacitadoras propostas por NONAKA &
TAKEUCHI (1997).

Comparando o modelo proposto por TERRA (2000) com o modelo de


avaliação da GC no DP, uma diferença fundamental reside na especificidade do
segundo, que enfoca o processo de DP, enquanto que o primeiro concentra-se na
empresa como um todo, sem desdobrá-la em seus processos. Essa diferença de
foco fez que o modelo de avaliação da GC no DP utilizasse as dimensões deste
processo advindas de suas visões parciais, ao contrário das sete dimensões da
prática gerencial do modelo de TERRA (2000).

Além disso, o referido modelo de avaliação da GC no DP utiliza a proposta


de NONAKA & TAKEUCHI (1997) de uma forma mais detalhada e crítica. As
condições capacitadoras da proposta destes autores estão presentes nas
dimensões do DP, assim como nas dimensões da prática gerencial do modelo de
TERRA (2000), no entanto o uso das conversões do conhecimento é aprofundado
ao verificar sua efetividade em cada dimensão do DP, algo que não é feito nas
dimensões da proposta de TERRA (2000).

Em síntese, se o modelo de TERRA (2000) é mais amplo (empresa) e


correlaciona a GC com o desempenho empresarial, o modelo aqui proposto é mais
específico (processo de DP) e relaciona uma abordagem de GC (conversões) com
o DP (dimensões deste processo). Um permite a comparação de competências
empresariais amplas com os resultados competitivos da empresa; o outro focaliza a
ocorrência de mecanismos específicos de GC em um processo de inovação (DP).
TERRA (2000) baseou-se nas relações apontadas por vários autores entre GC e
desempenho empresarial para montar seu modelo; já o modelo de avaliação da GC
no DP baseia-se nas hipóteses e nas melhores práticas, advindas de vários
autores, para os relacionamentos entre conversões do conhecimento (GC) com as
dimensões do DP.
186

Os estudos teóricos no processo de DP e em suas dimensões podem


continuar o trabalho de criação de hipóteses e melhores práticas, ampliando sua
abrangência perante o já citado processo, para cada perspectiva da Estratégia e
Organização, para cada Atividade e Recurso.

As aplicações práticas do modelo, além de testarem as novas hipóteses e


melhores práticas advindas dos estudos teóricos, permitem o surgimento de novas
melhores práticas a partir de observações específicas de conversões do
conhecimento em certas dimensões do DP. Essas novas melhores práticas – que
não haviam sido previstas teoricamente – podem servir de base para a derivação
de outras, equivalentes, e adaptadas a outras perspectivas da Estratégia ou
Organização, Atividades ou Recursos.

A validação obtida do modelo de avaliação proposto reforça a adequação do


referencial teórico utilizado em sua construção, uma vez que ele é a base na qual
se estruturou o modelo aprovado.

Um dos eixos deste referencial é a análise do DP como um processo de


negócio, estruturado em conformidade com a filosofia da engenharia simultânea.
Esta construção teórica do DP como um processo facilitou a análise e o
entendimento da forma como a empresa do estudo de caso vem tratando o seu DP:
um conjunto de ações sistêmicas e integradas que o compõem.

Além disso, as dimensões deste processo, advindas do referencial teórico,


fizeram sentido para os atores do DP da empresa investigada, sendo por estes
consideradas pertinentes e completas para se enxergar toda a complexidade do
DP.

Um aprendizado relevante sobre essas dimensões, proveniente da


aplicação do modelo no estudo de caso, é a importância de explicar claramente aos
entrevistados a delimitação / abrangência de cada perspectiva da Estratégia e da
Organização, de cada Atividade e Recurso. Isto contribui para melhorar a precisão
e reduzir a sobreposição no julgamento, tornando os resultados da avaliação mais
confiáveis.

Outro eixo do referencial teórico consiste na abordagem da GC feita por


intermédio da teoria da criação do conhecimento, que propõe a existência dos
187

formatos tácito e explícito do conhecimento e seus quatro tipos de conversões. Os


formatos tácito e explícito mostraram-se facilmente compreensíveis, enquanto as
quatro conversões (Socialização, Externalização, Combinação, e Internalização),
entre estes formatos, requerem uma certa intervenção e preparo do entrevistador
para que as pessoas entrevistadas entendam-nas corretamente.

Enxergar as conversões do conhecimento nos vários relatos, descrições,


críticas, e apreciações feitas pelos entrevistados, nas inúmeras especificidades do
DP, mostrou-se uma oportunidade rica do pesquisador visualizar este processo e
suas lacunas na GC, permitindo-lhe utilizar uma boa forma de julgamento das
hipóteses, melhores práticas e novas melhores práticas do modelo de avaliação.

Um aprendizado importante, também proveniente da aplicação do modelo


no estudo de caso, refere-se à comprovação de que o pesquisador (entrevistador)
deve ter uma sólida visão e senso crítico sobre cada uma das quatro conversões do
conhecimento, sendo capaz de dirimir dúvidas, citar exemplos de ocorrências das
conversões por meio de hipóteses e melhores práticas, e contornar erros de
entendimento dos entrevistados. Com isso, ele pode evitar reducionismos na
interpretação e insuficiente priorização da profundidade / riqueza de análise das
conversões, com uma consequente falha no julgamento.

7.4. Considerações finais sobre as questões e objetivos de pesquisa

Em decorrência dos comentários anteriores, pode-se afirmar que foram


encontradas respostas satisfatórias para as questões de pesquisa do presente
trabalho. Provou-se como as conversões do conhecimento podem ser avaliadas no
processo de DP, por intermédio da existência de hipóteses e melhores práticas,
assim como foi possível demonstrar que as dimensões do DP contribuem para essa
avaliação, ao darem constituição e consistência à visão de processo no DP,
permitindo que as hipóteses e melhores práticas sejam mapeadas e situadas ao
longo deste processo.

Os quatro objetivos propostos para o presente trabalho foram alcançados:

- verificou-se a existência de relacionamentos dimensões-conversões, tanto por


meio de exaustiva análise do abrangente número de referências teóricas como
pela intensa investigação em um estudo de caso completo;
188

- foi construído integralmente o modelo para avaliar a GC no processo de DP,


traduzindo os mencionados relacionamentos dimensões-conversões em
hipóteses e melhores práticas, o que tornou viável a aplicação do modelo;

- foi testada e viabilizada a aplicação prática deste modelo, desde testes


preliminares nos estudos de caso piloto até seu pleno emprego em um
completo estudo de caso, que permitiu, além de sua verificação integral, a
incorporação de novas melhores práticas; e

- finalmente, ao se fazer a necessária revisão crítica das abordagens teóricas


sobre a GC e o DP, mostrou-se o quanto estes dois campos teóricos possuem
ligações ainda pouco exploradas e com potencial de sinergia e contribuição
conjunta, sendo que a proposta de modelo de avaliação da GC no DP aqui
apresentada é tão somente um exemplo deste potencial.

7.5. Sugestões de trabalhos futuros

As justificativas e limitações deste trabalho, agora analisadas pela ótica dos


resultados obtidos e anteriormente discutidos e comentados, servem de inspiração
para propostas de trabalhos futuros, derivados do atual.

Uma primeira proposta de trabalho, mais teórica do que de aplicação


prática, consiste em submeter o modelo à apreciação de diversos especialistas nas
perspectivas da Estratégia e Organização, nas Atividades e Recursos, visando,
com isso, um incremento e refinamento das hipóteses e melhores práticas do
modelo, a fim de melhorar sua especialização na avaliação das dimensões do DP,
mantendo, no entanto, sua característica de mapeamento amplo da GC em todo o
processo.

No estudo de caso realizado nesta tese, a Socialização destacou-se mais


que as outras conversões, devido, principalmente, à condição favorável ao
relacionamento humano dado pela empresa deste estudo. Seria adequado verificar,
em estudos futuros, em casos de empresas com condições menos favoráveis, se
essa tendência de destaque da Socialização se mantém.

Outra proposta de trabalho futuro é aplicar o mesmo modelo de avaliação da


GC em um maior número de empresas, com um processo de DP de características
similares àquelas que foram utilizadas para a construção do atual modelo.
189

Essas aplicações poderiam ser feitas de maneira similar à que foi realizada
no presente trabalho, através de estudos de caso em que todas as dimensões do
processo de DP sejam investigadas. De forma alternativa, poderia concentrar-se na
análise de apenas uma ou duas dimensões daquele processo, ou de partes destas
dimensões, especialmente quando estudos amplos, realizados no DP da empresa,
mostrarem que tem sentido essa concentração. Também pode ser interessante
ouvir um número maior e mais representativo de pessoas envolvidas com o DP, e
acompanhar a evolução dos resultados da análise em relação ao número de
pessoas entrevistadas – e também em relação às diversidades de função e
hierarquia. Será interessante constatar, nessas aplicações, se a escala Likert é
efetivamente viável para a mensuração das conversões do conhecimento,
verificando se persiste o problema com o desvio padrão, que foi observado no
estudo de caso desta tese.

O presente modelo de avaliação da GC no DP, traduzido no questionário


para aplicação por meio da entrevista, poderia também ser transposto para um
questionário aplicado via survey, simplificando-o e adequando-o para o
entendimento do respondente sem a presença do pesquisador. Apesar da idéia ser
válida para estudos prospectivos de GC no DP, em categorias ou agrupamentos de
empresas, ainda há um longo caminho a ser percorrido para se fazer este uso do
modelo, tanto pelas dificuldades de se conseguir um entendimento uniforme dos
conceitos envolvidos, quando o pesquisador não está presente para efetuar – e
normalizar – explicações, como também porque a GC no DP é um fenômeno
complexo e particular de cada empresa e, talvez, ainda seja precipitado, com o
atual estado da arte sobre o assunto, buscar comparações simplificadas entre
empresas, como a que um survey permite.

No entanto, um caminho oposto poderia ser trilhado com resultados mais


interessantes. Ao invés do survey em várias empresas, o modelo de avaliação
poderia ser utilizado para uma análise profunda no DP de uma única empresa,
porém indo além do que já foi feito atualmente por meio do estudo de caso. A
pesquisa-ação, com a completa imersão do pesquisador no objeto de estudo – o
processo de DP – em tempo integral e por longo prazo, e talvez acompanhando um
projeto de um novo produto, poderia trazer relevantes contribuições na melhoria do
modelo, notadamente pela investigação profunda de suas hipóteses e melhores
práticas, assim como pela proposição de inúmeras outras.
190

A pesquisa-ação também seria útil para que o pesquisador interagisse mais


intensamente com pessoas envolvidas com o DP da empresa e, assim, preparasse
um grupo multifuncional voltado ao uso / aplicação do modelo de avaliação da GC
no DP. Isto representa uma terceira proposta de trabalhos futuros, que se refere à
transformação da proposta atual – de um modelo aplicado esporadicamente, em
uma intervenção feita por um único pesquisador externo ao DP da empresa – em
uma ferramenta ou sistema de acompanhamento permanente da GC no processo
de DP da empresa, feito por pessoas diretamente envolvidas com isto.

Esta aplicação permanente e interna, além do treinamento das pessoas


envolvidas pelo pesquisador, requer alguns questionamentos e mudanças no
modelo para propiciar sua auto-aplicação por pessoas diretamente relacionadas
com o objeto de estudo. Também poderá ser uma aplicação em um ciclo contínuo,
em que o modelo será usado para avaliar soluções implementadas na GC do DP
decorrentes de lacunas por ele previamente apontadas em uma avaliação anterior.

Por fim, uma quarta proposta de trabalhos futuros pode ser feita mantendo-
se do trabalho atual apenas a lógica do relacionamento entre dois eixos estruturais:
a visão de processos e a GC. Nesse sentido, outros processos poderiam ser
investigados, como o de fabricação, o de logística, o de vendas, o de assistência
técnica ao cliente, entre outros, que, com certeza, possuem suas dimensões,
provavelmente diferentes para cada tipo de processo. Ao fazer essa mudança no
eixo do processo, trocando-se o de DP por outro, pode-se manter a configuração
atual do eixo da GC, usando as conversões do conhecimento, como também pode
fazer sentido explorar outras abordagens para tratar da GC. Mantendo-se as
conversões do conhecimento, certamente devem ser buscadas, para cada
processo escolhido, as hipóteses e melhores práticas correspondentes para cada
dimensão deste processo.

O aspecto mais relevante desta última proposta, assim como das anteriores,
é que a originalidade do modelo de avaliação da GC no processo de DP cumpriu
seu papel de abrir um novo nicho ou segmento de estudo, longe de se esgotar e
com inúmeras possibilidades de novas contribuições.
191

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217

ANEXO 1 – Aplicações piloto realizadas

As aplicações piloto seguiram as versões anteriores do modelo de avaliação


e, consequentemente, dos instrumentos de pesquisa apresentados na última seção
do capítulo 5; acrescenta-se, ainda, que não foram realizadas com o mesmo grau
de profundidade se comparado ao estudo de caso definitivo (apresentado no
capítulo 6). Por seguirem versões anteriores, as tais aplicações utilizaram
terminologias que, eventualmente, foram modificadas e melhoradas na versão final;
e foram realizadas com um reduzido número de entrevistas e diversidade de
formação / experiência das pessoas ouvidas, além de apenas se proceder a
mensuração dos scores da escala Likert para as conversões do conhecimento, sem
muito espaço para discussões sobre as dimensões do DP e as hipóteses e
melhores práticas existentes. Mesmo com as limitações apontadas, propiciaram
oportunidades adequadas para testes parciais das versões preliminares do modelo
de avaliação da GC no processo de DP, antes deste modelo ser aplicado no estudo
de caso definitivo do capítulo 6.

FIM – Fábrica Integrada Modelo1

Aplicação

O modelo de GC no DP foi testado em uma Fábrica Integrada Modelo (FIM),


que é um ambiente (laboratório) de ensino de engenharia, e que está estruturada
como uma coleção de processos de negócios, sendo o DP um dos mais estudados,
já tendo sido mapeado por meio de um modelo de referência. Este modelo é a base
para construção de cenários de DP – uma história fictícia de DP, com atos e cenas
organizados em um script – os quais podem ter maior ou menor detalhamento,

1
Publicado inicialmente em: SILVA, S.L., ROZENFELD, H. Construção de um modelo para
avaliação da gestão do conhecimento no desenvolvimento do produto. Anais do XVI
Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica (COBEM). UFU. Uberlândia, MG. Novembro,
2001.
218

podendo ser completo (envolvendo todo o ciclo do DP) ou parcial (concentrando-se


em alguma parte do processo ou tecnologia específica do DP).

Este cenário pode ser vivenciado, o que significa ter alunos – universitários
e/ou pessoas de empresas – que assumem o papel de personagens da história e
seguem um script, para praticar, assim, o DP de forma integrada, assistindo
apresentações e também participando da execução de tarefas e tomadas de
decisão. Com duração que varia de três dias a uma semana, em período integral,
esta vivência tem conseguido simular, de forma bastante próxima do real, a
complexidade existente na realização do DP.

Para o teste do modelo de GC no DP, o autor deste trabalho participou da


vivência de um cenário completo, interagindo com alunos e instrutores, observando
e analisando documentos. Após esta primeira etapa de convivência com este
ambiente, o autor realizou uma entrevista com um dos mais experientes
coordenadores do DP da FIM, que montou e estruturou em detalhes o cenário
completo.

Os scores relativos às ocorrências das conversões do conhecimento nas


dimensões do DP, apresentados no quadro 1 deste Anexo, foram atribuídos por
este coordenador do DP, cabendo ao autor do modelo testado, com a experiência
acumulada devido à convivência neste ambiente, arguir o entrevistado em busca de
explicações e justificativas.

Em seguida, discutem-se os principais resultados e os aprendizados obtidos


com o teste do modelo de avaliação da GC no DP.

Resultados

Quanto aos resultados obtidos na FIM, podem ser feitas as seguintes


considerações:

- quanto à dimensão Estratégia, com dezesseis relacionamentos (vide quadro 1),


em cerca de dez (aproximadamente 63%) o entrevistado não percebeu a
ocorrência de conversão ou então a própria perspectiva desta dimensão não
existe no cenário. As conversões que mais ocorreram, na percepção do
entrevistado, foram a Socialização e a Externalização, devido à contribuição das
219

perspectivas: Avaliação de desempenho e Condução das relações


interfuncionais / interdepartamentais;

- quanto à dimensão Organização, também com dezesseis relacionamentos, há


oito que apresentam score N (cerca de 50%), portanto, sem ocorrência de
conversão ou sem a presença da própria perspectiva. A Socialização é a
conversão que mais ocorre, devido ao trabalho com uma organização do DP em
time “peso pesado” (a perspectiva Adoção da estrutura organizacional para o
DP) e à existência de uma Cultura favorável ao trabalho em grupo;

- quanto à dimensão Atividades / Informações, com sessenta relacionamentos,


trinta e um possuem o score N (cerca de 52%). Esta dimensão contribuiu
principalmente para a Socialização devido, especialmente, às atividades de
Determinação dos requisitos dos clientes e Tradução do conceito do produto em
estilo, layout e especificações, e para a Externalização, graças à Pesquisa de
mercado e das possibilidades tecnológicas, Construção de modelos físicos,
Transformação de atividades em desenhos e normas, Realização de produção
piloto e teste de validação do produto, e Normalização das informações;

- quanto à dimensão Recursos, com vinte e quatro relacionamentos, oito deles


possuem scores N (33%), havendo, na opinião do entrevistado, uma
contribuição para as conversões do conhecimento quase equivalente entre
todos os recursos desta dimensão. Destacou-se a forte avaliação obtida pelo
emprego do método de QFD, o que contribuiu para a Socialização e a
Combinação.

Analisando as quatro conversões isoladamente, os vinte e nove


relacionamentos que existem em cada uma delas, tem-se o seguinte valor
percentual de scores N e média / desvio dos scores de 1 (ocorrência muito inferior)
a 5 (ocorrência muito superior) atribuídos: Socialização (45% e 2,6 / 1,3),
Externalização (34% e 2,7 / 1,2), Combinação (55% e 2,5 / 1,1) e Internalização
(62% e 1,8 / 0,8).

Dessa forma, analisando cada uma das quatro colunas de conversões do


conhecimento, destaca-se, da avaliação do entrevistado, a maior ocorrência da
Socialização e Externalização, devido aos menores valores percentuais de score N
destas conversões (45% e 34%, respectivamente).
220

Em termos de média, a Combinação também tem algum destaque, com um


valor de 2,5 que fica próximo do que foi obtido pela Socialização e Externalização,
apesar desta medida, para todas as quatro conversões, ter mostrado um desvio
padrão acentuado, e todas as médias terem ficaram abaixo do score 3 (ocorrência
mediana da conversão do conhecimento na escala Likert utilizada).

Comentários

Basicamente, podem ser feitos os seguintes comentários quanto à aplicação


do modelo de GC no DP na Fábrica Integrada Modelo:

- a presença do autor, antes participando do cenário de DP e depois conduzindo


a entrevista, mostrou-se adequada tanto para esclarecer eventuais dúvidas na
entrevista sobre dimensões e/ou conversões, como também para estimular a
discussão com o entrevistado, incentivando-o a justificar a avaliação ou score;

- foram sugeridas melhorias na formulação dos detalhamentos das dimensões do


DP, no sentido de distinguir melhor sua ação executada no DP, e/ou o domínio
e limites de cada um, de forma que o instrumento de pesquisa (roteiro) fosse
mais facilmente utilizado e compreendido nas entrevistas;

- foi proposta a atribuição de uma nota ou peso (ou um ranking) para cada
detalhamento das dimensões, conforme sua importância e/ou esforço para o
DP, percebido pelas pessoas que trabalham neste processo. Trata-se, então,
de caracterizar sua abrangência e sua valorização dentro do processo de DP da
empresa, antes de avaliar sua contribuição para as conversões do
conhecimento;

- uma provável existência de correlações entre as quatro conversões e,


principalmente, entre os detalhamentos das quatro dimensões do DP, que foi
percebida durante a realização deste teste, sugere que em análises futuras seja
possível mensurar estas correlações.
221

Dimensões do DP Socializ. External. Combin. Internaliz.


Estratégia
1. Gestão do portfólio de produtos (projetos) N N N N
2. Avaliação do desempenho do processo de DP 2 4 N 1
3. Condução das alianças e parcerias para o DP N N N N
4. Condução das relações interfunc./interdepart. 2 3 2 N
Organização
1. Adoção da estrutura organizacional para o DP 5 2 2 N
2. Trabalho de liderança no DP 2 2 3 N
3. Cultura de trabalho em grupo e gestão de conflitos 4 N N 2
4. Programas de educação e capacitação N N N N
Atividades / Informações
1. Pesq. de mercado e das possibilidades tecnológicas N 4 N 2
2. Determinação dos requisitos dos clientes 4 2 3 N
3. Identificação de riscos e avaliação de viabilidade N 2 N 1
4. Planejamento de recursos N N 2 2
5. Tradução conceito prod. em estilo, layout e especific. 4 1 4 N
6. Seleção de fornecedores N N N N
7. Construção de modelos físicos N 4 N N
8. Avaliação de estilo e layout N N N N
9. Transf. das ativ. anteriores em desenhos e normas N 4 N N
10. Elaboração, construção e testes de protótipos 3 1 3 N
11. Trad. especif. proj. produto para proj. processo 1 N 1 1
12. Desenvolv. e teste de ferramentas e equipamentos N N N 1
13. Prod. piloto e testes de validação do produto 1 4 N N
14. Realização de “stage-gates” 1 3 N N
15. Normalização do formato e conteúdo das inform. DP 1 5 1 2
Recursos
1. Método QFD 4 2 4 2
2. Técnicas DFx 2 N 2 N
3. Ferramentas e sistemas CAD – CAE N 3 4 3
4. Sistemas PDM / EDM N 3 N 3
5. FMEA, A/E valor, técnicas fabric. e uso protótipos 3 1 2 N
6. Recursos de TI em geral 2 1 N N
Nota: observar que há diferenças quanto à existência, à redação e ao ordenamento dos
detalhamentos das dimensões do DP, usados na aplicação piloto (vide este quadro 1), com os que
foram listados na versão atual do questionário (vide capítulo 5, quadros 5.8 e 5.9)

QUADRO 1. Mapeamento da GC no cenário completo do DP na FIM


222

Indústria de Máquinas e Equipamentos2

Aplicação

O modelo de avaliação da GC foi aplicado no DP da subsidiária brasileira de


uma empresa multinacional de máquinas e equipamentos para o setor
agroindustrial, que realiza desenvolvimentos de produtos conforme as
particularidades de seus clientes brasileiros e do Mercosul, que, em sua maioria,
são grandes corporações processadoras de alimentos da cadeia agroindustrial.

O DP desta empresa é estruturado em uma perspectiva de processo, sendo


a gestão simultânea do DP uma realidade e uma prática corrente. A engenharia,
que é o setor mais envolvido com o DP, tem uma intrínseca ligação com marketing,
e uma forte, porém menos intensa, ligação com a manufatura (produção).

Para o teste do modelo de avaliação, o autor visitou os setores envolvidos


com o DP da referida empresa e lá realizou uma dinâmica de grupo com dois
experientes engenheiros – projetistas, que já lideraram vários projetos de DP na
empresa e, devido a sua experiência acumulada, conhecem em detalhes todo este
processo. Além desta experiência prática, ambos estão teoricamente atualizados na
área de negócios e gestão de projetos, devido à recente conclusão de cursos de
MBA (Marter in Business Administration) em administração.

A atribuição dos scores relativos à contribuição das dimensões do DP, para


a ocorrência de cada conversão do conhecimento, apresentado no Quadro 2 deste
Anexo, foi obtida por consenso entre os dois entrevistados na dinâmica de grupo.

Em alguns dos detalhamentos dessas dimensões o consenso foi obtido


rapidamente entre eles, enquanto que em outros detalhamentos houve necessidade
de algum debate, cabendo ao autor do modelo de avaliação, que conduziu a
dinâmica de grupo, instigar o debate e arguir ambos os entrevistados em busca de
explicações e justificativas para os scores atribuídos. A realização da dinâmica de

2
Publicado inicialmente em: SILVA, S.L., ROZENFELD, H. Proposta de uma ferramenta de
diagnóstico da gestão do conhecimento no processo de desenvolvimento do produto. Anais
do III Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto (CBGDP). UFSC.
Florianópolis, SC. Setembro, 2001.
223

grupo resultou em uma riqueza na discussão sobre a GC atualmente existente no


DP da empresa.

Em seguida, os resultados obtidos são mostrados e discutidos e, na próxima


seção, são descritos os principais aprendizados obtidos com este teste do modelo
de avaliação.

Resultados

Quanto à dimensão Estratégia, com dezesseis relacionamentos (vide


quadro 2), em quatro deles (25%) não há conversão do conhecimento devido à
inexistência da perspectiva (a Administração do portfólio de produtos da empresa).
Para os entrevistados, a conversão que mais ocorre nas demais perspectivas dessa
dimensão é a Socialização, graças à estrutura enxuta da subsidiária brasileira da
empresa e ao forte incentivo à discussão “face-a-face” e ao compartilhamento de
opiniões e soluções nos assuntos relacionados a essas perspectivas.

Quanto à Organização, também com dezesseis relacionamentos, não há


nenhuma perspectiva que não seja realizada (score N). A Socialização (o incentivo
a comunicação) e, em seguida, a Combinação (o incentivo ao agrupamento dos
documentos gerados), são as conversões que mais ocorrem. Para tanto
contribuem, particularmente, a primeira perspectiva, devido ao gerenciamento “peso
pesado” do projeto de DP e em alguns casos até mesmo o uso de time autônomo, e
a quarta perspectiva, com a existência de um consistente programa de educação e
capacitação de pessoal.

Quanto à dimensão Atividades / Informações (com sessenta


relacionamentos), os entrevistados atribuíram a dezesseis destes o score N (cerca
de 27%), devido a não realização da atividade no DP da subsidiária brasileira da
empresa, sendo que três destas atividades (as de número 3, 7 e 8) não fazem
muito sentido para o tipo de produto (máquinas e equipamentos) que a subsidiária
desenvolve.

Há um certo equilíbrio entre a ocorrência dos quatro tipos de conversões do


conhecimento nesta dimensão (Atividades / Informações), não havendo uma
conversão que se destaque. Também entre a contribuição das atividades há um
razoável equilíbrio, destacando-se um pouco a 10 (Elaboração, construção e testes
224

de protótipos) e a 12 (Desenvolvimento e teste de ferramentas e equipamentos),


com scores mais elevados e no qual ambos os entrevistados não têm nenhuma
discordância quanto ao seu extenso emprego no DP e contribuição para as
conversões. Também a atividade 15 (Normalização das informações) é atualmente
muito valorizada na empresa e à qual se atribui forte contribuição para a
Combinação.

Quanto à dimensão Recursos (com vinte e quatro relacionamentos), esta é


a que mais proporcionalmente possui scores N (doze ou 50% dos relacionamentos
da dimensão), devido à inexistência ou não emprego do recurso.

Diferente da justificativa de não fazer sentido ou não ser relevante para o


produto da empresa (o que foi apontado na dimensão Atividades / Informações), no
caso desta dimensão a inexistência do recurso foi mencionado pelos entrevistados
como uma deficiência a ser solucionada.

Destaca-se nesta dimensão o recurso 3 (as ferramentas e sistemas CAD –


CAE) que muito contribui, na opinião de um dos entrevistados, para a
Externalização, ao permitir representar em 3-D conceitos e idéias abstratas do
projetista. Também o recurso 6 merece destaque, devido à ampla disseminação e
uso efetivo pelas pessoas dos recursos de TI para o suporte ao trabalho em grupo
e busca de conhecimentos externos.

Percebe-se, nesta análise, que na dimensão Estratégia há uma ligeira


predominância no trabalho com o conhecimento tácito, devido à Socialização maior
em comparação aos outros tipos de conversão. Nas dimensões seguintes, há um
maior equilíbrio entre os quatro tipos de conversões.

Analisando-se as quatro conversões isoladamente, para os vinte e nove


relacionamentos de cada coluna de conversão, tem-se o seguinte valor de média /
desvio padrão dos scores de 1 (ocorrência muito inferior) a 5 (ocorrência muito
superior) atribuídos: Socialização (3,8 / 1,2), Externalização (3,5 / 0,9), Combinação
(3,5 / 0,9) e Internalização (2,9 / 1,2). De forma global para o DP, considerando
todas as dimensões, em termos de média destaca-se a Socialização, vindo logo em
seguida a Externalização e a Combinação.
225

As declarações dos entrevistados estão em sintonia com estes resultados


quantitativos encontrados, ao mencionar o esforço crescente da empresa nos
últimos anos pelo incremento do trabalho em grupo e comunicação pessoal, o que
reforça a Socialização, enquanto que o trabalho de externalizar o conhecimento e
combiná-lo com outros conhecimentos sempre fez parte da tradição da empresa,
com uma forte política e ações de documentação e normalização.

A Internalização é a conversão do conhecimento que atingiu menor valor


médio ficando na última colocação. Uma provável causa para esta posição não está
no desestímulo à aprendizagem no DP da empresa (ocorre exatamente o contrário,
com fortes incentivos para isso), mas a ausência de tempo livre para o estudo e
consulta, o que foi apontado pelos entrevistados, devido a uma estrutura enxuta do
setor de DP da empresa, obrigando as pessoas a assumirem muitas tarefas
urgentes e imediatas.

Todas as médias (excluindo a Internalização) ficaram logo acima do score 3


(ocorrência mediana da conversão do conhecimento na escala Likert utilizada),
mostrando uma situação de regular a boa para a GC no DP da empresa analisada.

Comentários

Basicamente os seguintes comentários podem ser feitos quanto à esta


aplicação piloto do modelo de avaliação da GC no DP:

- foi adequada a presença do autor durante a aplicação do questionário e o


formato utilizado – uma dinâmica de grupo com as duas entrevistas ocorrendo
simultaneamente. Isso permitiu tanto o esclarecimento de eventuais dúvidas
sobre dimensões e/ou conversões, como também estimulou a discussão entre
os entrevistados, incentivando-os a justificar a avaliação ou score;

- foram sugeridas melhorias na formulação das perguntas sobre os


detalhamentos das dimensões do DP, no sentido de distinguir de forma mais
clara a ação executada e/ou seus domínios e limites, de forma que o
instrumento de pesquisa (roteiro) seja mais facilmente utilizado nas entrevistas;

- foi proposta a aplicação do modelo a uma amostra estatisticamente


representativa dos envolvidos com o DP na empresa, ou, ao menos, mais
diversificada quanto à formação e à experiência.
226

Dimensões do DP Socializ. External. Combin. Internaliz


Estratégia
1. Gestão do portfólio de produtos (projetos) N N N N
2. Avaliação do desempenho do processo de DP 5 3 3 1
3. Condução das alianças e parcerias para o DP 5 3 3 1
4. Condução das relações interfunc./interdepart. 5 4 3 1
Organização
1. Adoção da estrutura organizacional para o DP 5 2 4 3
2. Trabalho de liderança no DP 4 3 2 1
3. Cultura de trabalho em grupo e gestão de conflitos 4 3 3 3
4. Programas de educação e capacitação 4 3 5 4
Atividades / Informações
1. Pesq. de mercado e das possibilidades tecnológicas 4 4 3 5
2. Determinação dos requisitos dos clientes 5 2 2 3
3. Identificação de riscos e avaliação de viabilidade N N N N
4. Planejamento de recursos 4 4 3 3
5. Tradução conceito prod. em estilo, layout e especific. 3 4 4 2
6. Seleção de fornecedores 4 3 2 3
7. Construção de modelos físicos N N N N
8. Avaliação de estilo e layout N N N N
9. Transf. das ativ. anteriores em desenhos e normas 4 5 3 2
10. Elaboração, construção e testes de protótipos 5 4 4 4
11. Trad. especif. proj. produto para proj. processo 3 4 3 3
12. Desenvolv. e teste de ferramentas e equipamentos 4 5 4 3
13. Prod. piloto e testes de validação do produto 3 4 4 3
14. Realização de “stage-gates” N N N N
15. Normalização do formato e conteúdo das inform. DP 4 4 5 4
Recursos
1. Método QFD N N N N
2. Técnicas DFx N N N N
3. Ferramentas e sistemas CAD – CAE 1 5 4 4
4. Sistemas PDM / EDM 1 2 4 4
5. FMEA, A/E valor, técnicas fabric. e uso protótipos N N N N
6. Recursos de TI em geral 2 3 5 4
Nota: observar que há diferenças quanto à existência, à redação e ao ordenamento dos
detalhamentos das dimensões do DP, usados na aplicação piloto (vide este quadro 2), com os que
foram listados na versão atual do questionário (vide capítulo 5, quadros 5.8 e 5.9)

QUADRO 2. Mapeamento da GC no DP
227

ANEXO 2 – Dados da avaliação da gestão do conhecimento


no estudo de caso

Anexo 2.1. Dimensão Estratégia

Os dados são apresentados na tabela 1 deste Anexo, e discutidos em seus


aspectos principais nas sub-seções 6.2.1 e 6.2.2.

TABELA 1. Valores dos critérios de Importância e Presença e da avaliação das


conversões e GC na dimensão Estratégia

Dimensões Importância Presença Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz. GC


do DP (qual é a (qual é a média –
relevância intensidade considerando
atribuída) de atuação) as quatro
1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre conversões
notas: 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem (desvio
Alta ou Baixa 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão padrão)
(tendência predominante 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem n=tamanho
em negrito) 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre da amostra
(scores coletados, organizados por ordem decrescente)
média (desvio padrão) n=tamanho da amostra
E1 AAAAA AAAAAB 5444443 444333 4444332 443222
AAAB BBB 3 33 2 22
portfólio
3,9 (0,6) 3,4 (0,5) 3,3 (0,9) 2,6 (0,9) 3,3 (0,9)
n=8 n=8 n=8 n=8 n=32
E2 AAAAA ABBBBB 5544444 544322 4444222 443322
AAB BB 4 22 1 21
desemp.
4,3 (0,5) 3,0 (1,2) 2,9 (1,2) 2,6 (1,1) 3,2 (1,2)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
E3 AAAAA AAAAAA 4444444 444443 4443333 444332
AAA BB 3 32 2 22
parcerias
3,9 (0,4) 3,5 (0,8) 3,3 (0,7) 3,0 (0,9) 3,4 (0,8)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
E4 AAAAA AAAAAA 5544444 444444 4444433 444443
AAAAA AABB 444 4333 332 3322
relações
4,2 (0,4) 3,7 (0,5) 3,4 (0,7) 3,3 (0,8) 3,7 (0,7)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40

Estrat. 33 A - 94% 20 A - 57% 4,1 (0,5) 3,4 (0,8) 3,2 (0,9) 2,9 (0,9) 3,4 (0,9)
2 B - 6% 15 B - 43% n=34 n=34 n=34 n=34 n=136
228

Anexo 2.2. Dimensão Organização

Os dados são apresentados na tabela 2 deste Anexo, e discutidos em seus


aspectos principais nas sub-seções 6.2.1 e 6.2.2.

TABELA 2. Valores dos critérios de Importância e Presença e da avaliação das


conversões e GC na dimensão Organização

Dimensões Importância Presença Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz. GC


do DP (qual é a (qual é a média –
relevância intensidade considerando
atribuída) de atuação) as quatro
1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre conversões
notas: 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem (desvio
Alta ou Baixa 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão padrão)
(tendência predominante 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem n=tamanho
em negrito) 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre da amostra
(scores coletados, organizados por ordem decrescente)
média (desvio padrão) n=tamanho da amostra
O1 AAAAA AAAAAA 555544 4444333 4444443 444443
AAAAA AAAA 4433 333 332 3321
estrutura
4,2 (0,8) 3,4 (0,5) 3,5 (0,7) 3,2 (1,0) 3,6 (0,8)
n=10 n=10 n=10 n=10 n=40
O2 AAAAA AAAAAA 544444 4444433 5444444 444433
AAAAB AABB 4433 322 322 3333
liderança
3,9 (0,6) 3,3 (0,8) 3,6 (1,0) 3,4 (0,5) 3,6 (0,7)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
O3 AAAAA AAAAAA 555444 4444333 4433333 444433
AAAAA AAAA 4444 332 322 2221
grupo
4,3 (0,5) 3,3 (0,7) 3,0 (0,7) 2,9 (1,1) 3,4 (0,9)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
O4 AAAAA AAAAAA 544443 4333333 4443332 544433
AAAAB AABB 3333 222 222 3222
capacit.
3,6 (0,7) 2,8 (0,6) 2,9 (0,9) 3,2 (1,0) 3,1 (0,9)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40

Organ. 38 A - 95% 36 A - 90% 4,0 (0,7) 3,2 (0,7) 3,3 (0,8) 3,2 (0,9) 3,4 (0,9)
2 B - 5% 4 B - 10% n=40 n=40 n=40 n=40 n=160
229

Anexo 2.3. Dimensão Atividades / Informações

Os dados são apresentados na tabela 3 deste Anexo, e discutidos em seus


aspectos principais nas sub-seções 6.2.1 e 6.2.2.

TABELA 3. Valores dos critérios de Importância e Presença e da avaliação das


conversões e GC na dimensão Atividades / Informações

Dimensões Importância Presença Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz. GC


do DP (qual é a (qual é a média –
relevância intensidade considerando
atribuída) de atuação) as quatro
1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre conversões
notas: 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem (desvio
Alta ou Baixa 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão padrão)
(tendência predominante 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem n=tamanho
em negrito) 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre da amostra
(scores coletados, organizados por ordem decrescente)
média (desvio padrão) n=tamanho da amostra
A1 AAAAA AAAAAA 544444 5444443 5444443 443333
AAA BB 43 2 2 32
clientes
4,0 (0,5) 3,8 (0,9) 3,8 (0,9) 3,1 (0,6) 3,7 (0,8)
n=8 n=8 n=8 n=8 n=32
A2 viabilid. A A A A A AAAAAA 544443 5544443 5444433 544332
AAA BB 33 3 3 22
3,8 (0,7) 4,0 (0,8) 3,8 (0,7) 3,1 (1,1) 3,7 (0,9)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
A3 AAAAA AAAAAA 444444 5544444 5444444 444444
AAAAA AAAB 4322 433 333 4333
conceito
3,5 (0,9) 4,0 (0,7) 3,8 (0,6) 3,7 (0,5) 3,8 (0,7)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
A4 AAAAA AAAAAA 544444 5444433 4443333 444433
AAAAA ABBB 4443 333 332 3322
forneced.
4,0 (0,5) 3,6 (0,7) 3,2 (0,6) 3,2 (0,8) 3,5 (0,7)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
A5 AAAAA AAAAAA 544444 5544444 5444443 444333
AAAB BBB 443 33 22 322
mod.fís.
4,0 (0,5) 4,0 (0,7) 3,6 (1,0) 3,1 (0,8) 3,7 (0,8)
n=9 n=9 n=9 n=9
n=36
A6 AAAAA AAAAAA 444444 5554443 5555444 544444
AAAAA AABB 4432 332 443 4433
desenho
3,7 (0,7) 3,8 (1,0) 4,3 (0,7) 3,9 (0,6) 3,9 (0,8)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
A7 AAAAA AAAAAA 555444 5444443 4444433 444333
AAA AB 33 2 2 33
protótip.
4,1 (0,8) 3,8 (0,9) 3,5 (0,8) 3,4 (0,5) 3,7 (0,8)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
A8 AAAAA AAAAAA 544444 5444443 5544443 544443
AAAA ABB 433 33 32 333
proj.proc.
3,9 (0,6) 3,8 (0,7) 3,8 (1,0) 3,7 (0,7) 3,8 (0,7)
n=9 n=9 n=9 n=9
n=36
230

TABELA 3. Valores dos critérios de Importância e Presença e da avaliação das


conversões e GC na dimensão Atividades / Informações – continuação

Dimensões Importância Presença Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz. GC


do DP (qual é a (qual é a média –
relevância intensidade considerando
atribuída) de atuação) as quatro
1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre conversões
notas: 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem (desvio
Alta ou Baixa 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão padrão)
(tendência predominante 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem n=tamanho
em negrito) 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre da amostra
(scores coletados, organizados por ordem decrescente)
média (desvio padrão) n=tamanho da amostra
A9 AAAAA AAAAAA 5555444 544444 4444433 444333
AAAA AAB 44 443 32 332
prod. pil.
4,4 (0,5) 4,0 (0,5) 3,4 (0,7) 3,2 (0,7) 3,8 (0,8)
n=9 n=9 n=9 n=9
n=36
A10 gates AAAAA AAAABB 5544333 554443 5444333 443322
AABB BBB 33 332 22 221
3,7 (0,9) 3,7 (1,0) 3,3 (1,0) 2,6 (1,0) 3,3 (1,0)
n=9 n=9 n=9 n=9
n=36
A11 AAAAA AAABBB 5443332 433322 4433221 443332
BBB BB 2 11 1 21
ctdo.inf.
3,3 (1,0) 2,4 (1,1) 2,5 (1,2) 2,8 (1,0) 2,7 (1,1)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
A12 AAAAA AAAAAA 4444433 544443 5444432 444443
AAB BB 3 22 1 31
form.inf.
3,6 (0,5) 3,5 (1,1) 3,4 (1,3) 3,4 (1,1) 3,5 (1,0)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
A13 AAAAA AAAAAA 4444443 554444 5544444 444444
AAAAA AAAB 333 4442 332 3332
ctle.inf.
3,6 (0,5) 4,0 (0,8) 3,8 (0,9) 3,5 (0,7) 3,7 (0,8)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40

Ativid. 109A - 94% 86 A - 74% 3,8 (0,7) 3,7 (0,9) 3,6 (0,9) 3,3 (0,8) 3,6 (0,9)
7B - 6% 30 B - 26% n=116 n=116 n=116 n=116 n=464
231

Anexo 2.4. Dimensão Recursos

Os dados são apresentados na tabela 4 deste Anexo, e discutidos em seus


aspectos principais nas sub-seções 6.2.1 e 6.2.2.

TABELA 4. Valores dos critérios de Importância e Presença e da avaliação das


conversões e GC na dimensão Recursos

Dimensões Importância Presença Socializ. Externaliz. Combin. Internaliz. GC


do DP (qual é a (qual é a média –
relevância intensidade considerando
atribuída) de atuação) as quatro
1 – muito inferior (desprezível) – a que menos ocorre conversões
notas: 2 – inferior (fraca) – uma das que menos ocorrem (desvio
Alta ou Baixa 3 – média – ocorrência mediana / regular da conversão padrão)
(tendência predominante 4 – superior (boa) – uma das que mais ocorrem n=tamanho
em negrito) 5 – muito superior (ótima / plena) – a que mais ocorre da amostra
(scores coletados, organizados por ordem decrescente)
média (desvio padrão) n=tamanho da amostra
R1 AAAAA AAAABB 5555444 544444 5443333 544333
AAA BB 3 33 2 22
QFD
4,4 (0,7) 3,9 (0,6) 3,4 (0,9) 3,3 (1,0) 3,7 (0,9)
n=8 n=8 n=8 n=8 n=32
R2 AAAAA AAABBB 5444322 444322 4443221 443222
AB B 1 1
DFMA
3,4 (1,1) 2,9 (1,2) 2,9 (1,2) 2,6 (1,1) 2,9 (1,2)
n=7 n=7 n=7 n=7
n=28
R3 AAAAA AAAAAA 5544444 555444 5544444 444444
AAAA AAA 43 444 44 433
CAD
4,1 (0,6) 4,3 (0,5) 4,2 (0,4) 3,8 (0,4) 4,1 (0,5)
n=9 n=9 n=9 n=9
n=36
R4 AAAAA AAAABB 4444433 544443 5443333 433322
AAAAA BBBB 332 3332 321 2221
FMEA
3,4 (0,7) 3,5 (0,9) 3,1 (1,1) 2,4 (0,8) 3,1 (1,0)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
R5 AAAAA AAABBB 4443322 544443 4444432 443333
AAA BB 2 32 1 22
PDM
3,0 (0,9) 3,6 (0,9) 3,3 (1,2) 3,0 (0,8) 3,2 (0,9)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32
R6 AAAAA AAAAAA 4444433 544444 4443332 444333
AAABB ABBB 333 4322 221 3222
TI
3,5 (0,5) 3,6 (1,0) 2,8 (1,0) 3,0 (0,8) 3,2 (0,9)
n=10 n=10 n=10 n=10
n=40
R7 AAAAA AAABBB 4444443 554444 4433333 443332
AAA BB 3 33 2 22
mod.ref.
3,8 (0,5) 4,0 (0,8) 3,1 (0,6) 2,9 (0,8) 3,4 (0,8)
n=8 n=8 n=8 n=8
n=32

Recurs. 57 A - 95% 33 A - 55% 3,7 (0,8) 3,7 (0,9) 3,3 (1,0) 3,0 (0,9) 3,4 (1,0)
3B - 5% 27 B - 45% n=60 n=60 n=60 n=60 n=240

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