Miss Lucy - Freud-1

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BACHARELADO EM PSICOLOGIA

AMANDA TARGINO PARÁ


ANA CAROLINA ROCHA SOARES
BÁRBARA DINIZZ CAVALCANTE
BRENDA MITHIELY DA SILVA
JUSSARA GRACIELE DOS SANTOS
RAYANE CRISTINA G. DE O. AMORIM

MISS LUCY R.

Maringá – PR

2024
AMANDA TARGINO PARÁ
ANA CAROLINA ROCHA SOARES
BÁRBARA DINIZZ CAVALCANTE
BRENDA MITHIELY DA SILVA
JUSSARA GRACIELE DOS SANTOS
RAYANE CRISTINA G. DE O. AMORIM

CASO MISS LUCY R.

Trabalho apresentado à disciplina de Teoria


Psicanalítica para a obtenção de nota parcial
do 1° bimestre do 5° semestre do curso de
Bacharelado em Psicologia do Centro
Universitário Cidade Verde.

Docente: Ms. Emily Albuquerque

Maringá – PR
2024
1.INTRODUÇÃO

O livro de Sigmund Freud sobre histeria, "Estudos sobre a Histeria", foi


publicado em 1895, escrito em conjunto com seu amigo médico Josef Breuer. Este
livro reúne uma série de estudos de casos clínicos que exploram a natureza e o
tratamento da histeria, uma condição mental caracterizada por sintomas somáticos
e sem causa orgânica. Freud e Breuer discutem a histeria como causa psicológica
de sintomas físicos sem causa orgânica, ligada a conflitos emocionais reprimidos.
Estudos sobre a Histeria, é um trabalho importante na história da pesquisa da
psicanálise e marca o início do trabalho de Freud para explorar os delírios do
inconsciente e a psicologia subjacente à doença mental.
Os casos apresentados fornecem informações importantes sobre a teoria e a
prática da psicanálise, a disciplina que Freud estava desenvolvendo na época.
Um dos casos famosos discutidos no livro é o de “Anna O.”, cujo tratamento dado
por Josef Breuer é um marco importante no desenvolvimento da psicologia. As
técnicas utilizadas no tratamento de Anna O são chamadas de “terapia da fala” ou
“catarse”.
Uma das contribuições mais importantes do livro é a introdução da técnica da
“catarse” ou “cura pela fala”. Freud e Breuer observaram que permitir que os
pacientes expressem livremente seus pensamentos e emoções, muitas vezes
levando-os a reviver traumas passados, poderia aliviar os sintomas da histeria.
Dessa forma, Freud e Breuer argumentaram que os sintomas histéricos são
sintomas de conflito emocional e dor reprimida, muitas vezes resultado de
experiências infantis ou eventos traumáticos na vida do paciente. Eles sugeriram
que a histeria poderia ser curada trazendo esses problemas à mente do paciente,
processando-os e elaborados.

Na maioria dos casos não se tem um sintoma histérico único, mas


certo número deles, em parte independentes uns dos outros, em
parte ligados entre si. Não se deve esperar uma lembrança
traumática única e, como núcleo da mesma, uma única idéia
patogênica; é preciso, isto sim, estar preparado para séries de
traumas parciais e cadeias de pensamentos patogênicos. (FREUD
S. BREUR J. 1883 - 1885. p. 226)
Além dos estudos de caso, o livro discute a teoria da "sedução precoce",
segundo a qual Freud que inicialmente o levou a acreditar que muitos casos de
histeria eram resultado de experiências negativas na infância. Mais tarde, ele
modificou esta teoria, percebendo que os pacientes muitas vezes relatam falsas
memórias de abuso, e desenvolveu uma teoria da sexualidade infantil e do
complexo de Édipo.
"Estudos sobre a Histeria" marcou o início do interesse de Freud no papel do
inconsciente na vida mental. Ele argumentou que os sintomas históricos são
expressões simbólicas de desejos e conflitos inconscientes, enfatizando a
importância de explorar o inconsciente no tratamento de distúrbios psicológicos.
Entendimento que a pessoa arbitrariamente “resiste” nas vivências
patogênicas (influência na formação da existência da resistência). A relação entre
as situações patogênicas e o surgimento de um desejo inconcebível (conflito), ou
seja, o mecanismo que produz a histeria, representa uma medida defensiva que se
coloca à disposição do ego. Portanto, o momento traumático real é aquele em que a
incompatibilidade se impõe sobre o Ego e em que o mesmo decide repudiar a ideia
incompatível.
Freud aborda em seu livro sobre a teoria da repressão e da resistência,
apresentando então a resistência como força psíquica do ego que se opõe a tornar
consciente a revelar pensamentos e da repressão, o processo psíquico que visa
encobrir a consciência, uma ideia ou representação inconfortável e dolorosa que
está na origem do sintoma.
2.CASO MISS LUCY R.

Miss Lucy R. de trinta anos, foi uma paciente de Freud, que trabalhava como
preceptora da casa, uma espécie de professora e cuidadora das crianças da casa,
de um diretor de fábrica em Viena. Miss Lucy era incumbida de cuidar das duas
filhas órfãs do diretor. Quanto a sua condição física, a jovem apresentava rinite
supurativa devido a uma cárie no osso etmoide e sofria de anosmia, que é a perda
do olfato, além disso, o médico a descreve como uma jovem de aspecto lacônico
(que é dito em poucas palavras ou que usa poucas palavras para se exprimir), e
apresentava o peculiar sintoma histérico de sentir cheiro de torta queimada e
charuto, mesmo que sua rinite a impossibilita de sentir cheiros no momento.
Num primeiro momento, Freud teve dificuldade em tratá-la, pois Lucy não
entrava em estado hipnótico, assim ele volta a questioná-la sobre o cheiro de torta,
o qual, que segundo ela, surge quando recebe uma carta de sua mãe, e conta que
as meninas das quais cuidava, não a deixaram ler no dia, mas somente no dia de
seu aniversário. Além disso, a equipe de trabalho da casa, começou a criar rumores
sobre ela e as suas intenções com o patrão.
Consternada, Lucy escreve uma carta com o pedido de demissão ao patrão e
o mesmo a pede para repensar a decisão, e nesse momento ela acredita que ele a
olhou de uma forma diferente, a qual ela não sabe descrever ao certo.
Assim, Freud sugere a Lucy que talvez ela estivesse apaixonada por seu
patrão, o que ela concorda, mas diz não poder reconhecer esse sentimento, pois ela
é pobre e seu patrão é um homem de posses, ela temia os rumores que poderiam
surgir, nas palavras de Freud:

Não acredito que essas sejam todas as razões para seu sentimento
em relação às duas crianças; antes presumo que esteja apaixonada
por seu patrão, o diretor, talvez sem se dar conta disso você mesma,
e que alimente em si a esperança de ocupar efetivamente o lugar da
mãe. A isso acrescenta-se ainda o fato de ter-se tornado tão
suscetível em relação aos empregados, com os quais convivera
pacificamente durante anos. Você teme que eles percebam algo de
sua esperança e zombem de você por isso. (FREUD, S. 1893 -
1895.p. 89)

Assim, quando Freud trouxe à tona esses conteúdos reprimidos, o cheiro de


torta queimada desapareceu, contudo é substituído por outro, o de fumaça de
charuto. Freud, então, torna a questionar Lucy que, após muitas tentativas
lembra-se de um episódio que ficou marcado em sua memória: um amigo do diretor
tenta beijar as crianças, o diretor se altera com o homem e aqui ela se lembra que
ambos os homens, como era comum da época, fumavam charuto.
Questionando mais a fundo, Lucy revela a Freud que meses antes uma
mulher beijou as crianças na boca e o patrão repreendeu Lucy por não impedir a
mulher, além disso, ameaçou demitir a governanta, o que a fez entender que o
patrão não nutria sentimentos ambíguos por ela.
Nessa sessão, Lucy conta como aquela reação violenta do patrão arruinou a
fantasia que ela possuía do homem causando a ela uma gigantesca tristeza e
aflição por ele não ser completamente o homem amável e gentil que ela fantasiou
durante tanto tempo. Segundo Freud:

O momento verdadeiramente traumático é, portanto, aquele em que


a contradição se impõe ao Eu e este decide expulsar a ideia
contrária. Tal expulsão não a aniquila, apenas a impele para o
inconsciente. (FREDU, S. 1895-1893, p.93).

Após todas essas sessões, Freud relata que Lucy não possuía mais o
aspecto lacônico de antes, que estava feliz e aceitava a paixão por seu patrão,
mesmo que não pudesse realizá-la, também não sentia mais os cheiros de torta e
charuto.
3. CONCLUSÃO

Ao reviver esses eventos, através do método catártico, Miss Lucy pode


compreender e expressar as emoções reprimidas que estavam associadas aos seus
sintomas. Essa expressão emocional levou à reação, ou seja, à descarga da
energia emocional acumulada, o que resultou na melhora dos seus sintomas.

A força do afeto que uma lembrança pode desencadear varia muito,


conforme a medida em que ela foi exposta às diversas influências
“desgastantes”. Varia, principalmente, segundo a medida em que o
afeto original foi “ab-reagido”. Na “Comunicação preliminar”
destacamos como é diverso o grau em que, por exemplo, o afeto da
cólera por uma ofensa é despertado pela lembrança, consoante a
ofensa tenha sido revidada ou suportada em silêncio. Se na ocasião
original houve realmente o reflexo psíquico, a lembrança desencadeia
um quantum de excitação bem menor. (FREUD, S. 1893-1895, p.162)

O caso da Miss Lucy foi de grande importância nos estudos sobre histeria,
sendo até hoje um dos mais famosos. Freud usou de três técnicas com Lucy,
primeiro com a hipnose, o que não surtiu efeito pois a paciente não conseguia se
entregar o suficiente ao processo; o segundo foi a técnica de pressão na testa e
cabeça, o que a facilitou a lembrança de eventos traumáticos e a terceira se
caracteriza pelo método catártico, que é buscar a cura pela fala, obtendo total
sucesso.
4.REFERÊNCIAS

BREUER, J.; FREUD, S. (1893-1895). Estudos sobre a histeria. In: FREUD, S.


Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.
2. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

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