LEI 14.164/2021: Caminhos para A Educação Sob A Perspectiva de Gênero A Partir Da Teoria Da Ação Dialógica de Paulo Freire

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TEMAS ATUAIS EM DIREITO,

CIDADANIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

Marli Marlene Moraes da Costa


Simone Andrea Schwinn
(Organizadoras)

LEMOS MÍDIA
Editora

Belo Horizonte
2023
LEMOS MÍDIA
Belo Horizonte - MG
Todos os direitos reservados.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja
para venda ou qualquer fim comercial.

EDITORES EXECUTIVOS
Antônio Augusto Lemos Rausch
Gustavo do Amaral Loureiro

CONSELHO EDITORIAL
Bárbara Gonçalves Mendes (UFMG)
Lucas Faial Soneghet (UFF)
Denise Lopes Salles (UCP)
Marco Aurélio Máximo Prado (UFMG)
Fernanda Nanci Gonçalves (Unilasalle-RJ)
Patricia Nasser de Carvalho (UFMG)
Guilherme Moreira Dias (ECEME)
Rafael Pinheiro de Araújo (UERJ)
Júlia Silva Vidal (UnB)
Rafaela Vasconcelos Freitas (UFRGS)
Leticia Simões (Unilasalle-RJ)

TEMAS ATUAIS EM DIREITO, CIDADANIA E POLÍTICAS PÚBLICAS


Organização: Marli Marlene Moraes da Costa e Simone Andrea Schwinn
Diagramação: Gustavo do Amaral Loureiro
Capa: Antônio Augusto Lemos Rausch / Imagem: Art Institute of Chicago (acervo)

1ª edição – 2023

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo, SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
_______________________________________________________________________________________________
C837t Costa, Marli Marlene Moraes da; Schwinn, Simone Andrea (org.).

Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas / Organizadoras: Marli Marlene Moraes da
Costa; Simone Andrea Schwinn; Prefácio de Suzéte da Silva Reis. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG :
Lemos Mídia, 2023.
195 p.
E-book: 2,71 Mb; PDF.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-84991-10-1.

1. Cidadania. 2. Direito. 3. Direitos Humanos. 4. Políticas Públicas. I. Título. II. Assunto. III. Organizadoras.

CDD 323.6
23-308499101 CDU 342.71
________________________________________________________________________________________________
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Direitos civis / Direitos humanos: Cidadania e tópicos relacionados.
2. Temas de Cidadania.
______________________________________________________________________________________
PREFÁCIO

A obra que ora tenho a satisfação de apresentar é resultado das pesquisas


realizadas pelo Grupo de Estudos Direito, Cidadania e Políticas Públicas,
vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISC e que tem se
debruçado, nas últimas décadas, sobre temas de grande relevância e impacto,
tanto jurídicos quantos sociais.
Nesta edição, são apresentados textos sobre diversas áreas do
conhecimento, e que tem, sobretudo, o compromisso de analisar e apontar
alternativas para a efetivação dos direitos e garantias fundamentais previstos
no texto constitucional brasileiro, o que se dá, em grande parte, a partir das
políticas públicas. Tal compromisso dos autores decorre da compreensão de que
não basta apontar os problemas ou as violações de direitos, mas também apontar
caminhos para a sua superação.
Nesse sentido, os textos que compõem a presente obra tratam com
profundidade de temas que envolvem a perspectiva de gênero, incluindo a
violência de gênero no ambiente de trabalho, a divisão sexual do trabalho,
a educação, a violência doméstica, a maternidade, dentre outras questões
pertinentes. Também são apresentados textos sobre racismo, o acesso à
justiça, a justiça restaurativa, os direitos humanos, criminologia e justiça penal
consensual.
Os diferentes temas e as diferentes abordagens demonstram o perfil e
o propósito do presente livro, que é de oferecer subsídios aos leitores para que
possam, de maneira crítica, refletir sobre as situações que se apresentam como
obstáculos para o pleno exercício da cidadania e, em consequência, para a
própria democracia.
Respeitar os direitos humanos e os direitos fundamentais é condição
essencial para uma vida digna. Garantir o respeito a esses direitos é dever de
todos. O Estado, através das políticas públicas, deve atuar no sentido de
assegurar a igualdade não apenas no âmbito formal, mas especialmente no
âmbito material. Nessa perspectiva, as políticas públicas, e em particular as
políticas públicas educacionais, assumem um protagonismo importante, pois é
a partir delas que várias questões podem ser trabalhadas. O desenvolvimento do
senso crítico, o respeito ao próximo e o compromisso com o bem coletivo são
caminhos possíveis e representam os objetivos de uma educação de qualidade.
Os textos desta obra dedicam-se a todas essas questões e oferecem
subsídios importantes para a construção de uma sociedade mais justa, mais
fraterna e mais digna. Desejo que a leitura traga muitas inquietações, pois é a
partir delas que nos mobilizamos e nos comprometemos com as mudanças.

Profa. Dra. Suzéte da Silva Reis


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 − VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: um estudo sobre a (in) 9


eficácia das medidas protetivas
Caroline Scariot e Carlos Henrique Miranda Jorge

CAPÍTULO 2 − DIÁLOGOS ENTRE JUSTIÇA RESTAURATIVA E O 27


DIREITO FRATERNO: reflexos na Justiça Penal Consensual
Clarice Maria de Moura Assmann e Matheus Arruda Gomes

CAPÍTULO 3 − O (DES)EQUILÍBRIO ENTRE TRABALHO E 41


MATERNIDADE: uma análise dos reflexos da divisão sexual do
trabalho na carreira da mulher mãe
Clarice Maria de Moura Assmann e Suzéte da Silva Reis

CAPÍTULO 4 − AS MULHERES NEGRAS NO ENSINO 55


SUPERIOR: nuances e realidades
Etyane Goulart Soares e Eduarda Viega da Rocha

CAPÍTULO 5 − SER MÃE NA PRISÃO: 67


perspectivas da maternidade no cárcere feminino brasileiro
Marli M. Moraes da Costa e Georgea Bernhard

CAPÍTULO 6 − A IMPORTÂNCIA DO INSS DIGITAL NO PERÍODO 81


PRÉ E PÓS-PANDEMIA DA COVID-19: uma alternativa (in)viável a
efetivação dos direitos sociais por meio da democracia participativa
Josiane Borghetti Antonelo Nunes e Analice Schaefer de Moura

CAPÍTULO 7 − A TRANSPOSIÇÃO DA CULTURA PATRIARCAL


AO AMBIENTE VIRTUAL E A ASCENSÃO DOS CRIMES 99
DIGITAIS DE GÊNERO: análises e ponderações
Letícia da Fontoura Tomazzetti e Maria Victoria Pasquoto

CAPÍTULO 8 − DA APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DOS


DIREITOS HUMANOS NAS ABORDAGENS REALIZADAS 113
PELAS POLÍCIAS BRASILEIRAS À LUZ DA CRIMINOLOGIA
Theodoro Luís Mallmann de Oliveira e Matheus Arruda Gomes
SUMÁRIO

CAPÍTULO 9 − O CICLO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 127


E A IMPORTÂNCIA DA REDE MULTIDISCIPLINAR DE
ATENDIMENTO E PROTEÇÃO ÀS VÍTIMAS
Luíse Pereira Herzog e Stéffani das Chagas Quintana

CAPÍTULO 10 − LEI 14.164/2021: caminhos para a educação 141


sob a perspectiva de gênero a partir da teoria da ação dialógica
de Paulo Freire
Deise Brião Ferraz e Marli Marlene Moraes da Costa

CAPÍTULO 11 − REPENSANDO AS MEDIDAS SOCIOEDUCA- 155


TIVAS À LUZ DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL:
a Justiça Restaurativa como alternativa à institucionalização de
adolescentes que cometem o ato infracional
Marli M. Moraes da Costa e Nariel Diotto

CAPÍTULO 12 − VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO AMBIENTE 173


DE TRABALHO NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO
COMPLIANCE EM SEU ENFRENTAMENTO
Isadora Hörbe Neves da Fontoura e Ramon Barcellos Tedesco

CAPÍTULO 13 − TRANSVERSALIDADE DE RAÇA E 187


GÊNERO E ACESSO À JUSTIÇA NO BRASIL
Simone Andrea Schwinn e Josiane Caleffi Estivalet
CAPÍTULO 10
LEI 14.164/2021:
caminhos para a educação sob a perspectiva de gênero a
partir da teoria da ação dialógica de Paulo Freire

Deise Brião Ferraz1


Marli Marlene Moraes da Costa2

1. Introdução

O presente trabalho tem por objeto a educação sob a perspectiva


de gênero, mais especificamente a partir das observações aqui tecidas à Lei
14.164/2021 – que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
a fim de incluir conteúdo sobre a prevenção de todas as formas de violência
contra a mulher nos currículos da educação básica e instituiu a Semana Escolar
de Combate à Violência contra a Mulher, no marco na teoria da ação dialógica
de Paulo Freire.
A hipótese aqui traçada é a de que as alterações introduzidas pela
referida lei podem colaborar com a educação de gênero na educação básica
desde que fundadas na colaboração, união e síntese cultural – conceitos chave
da teoria desenvolvida por Freire. Tem-se como objetivo geral demonstrar as
propostas da teoria da ação dialógica para, então, apontar como suas diretrizes
epistemológicas podem nortear o escopo da norma, colaborando com a
educação de gênero no Brasil.
1
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Santa Cruz
do Sul – UNISC, na linha de pesquisa Diversidade e Políticas Públicas, com bolsa PROSUC/
CAPES. Mestra em Direito e Justiça Social pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Rio Grande - FURG, com bosa CAPES/DS. Membra do Grupo de
Pesquisa do CNPq “Direito, Cidadania e Políticas Públicas” do PPGD da UNISC. E-mail:
[email protected].
2
Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, com pós-
doutoramento em Direito pela Universidade de Burgos - Espanha, com bolsa CAPES.
Professora da Graduação, Mestrado e Doutorado em Direito da Universidade de Santa Cruz
do Sul - UNISC. Coordenadora do Grupo de Pesquisa “Direito, Cidadania e Políticas Públicas”
do PPGD da UNISC. E-mail: [email protected].
Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

Para cumprir tal proposta, tem-se ainda, como objetivos específicos


a) discorrer sobre as alterações introduzidas pela lei 14.164/2021; b) abordar
a importância de uma educação sob a perspectiva de gênero; c) desenvolver
os principais conceitos que fundamentam a teoria da ação dialógica de Paulo
Freire.
Importante contextualizar que a referida lei e as alterações que ela
introduz na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional são de grande
relevância sociocultural e produzem potenciais efeitos para a educação
brasileira, já que incluem conteúdo sobre a prevenção da violência contra
a mulher nos currículos da educação básica e institui a Semana Escolar
de Combate à Violência de Gênero. Entretanto, a operacionalização dessa
proposta é esclarecida de forma abstrata em seus dispositivos que versam sobre
a inclusão de conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas
as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher, como temas
transversais nos currículos, com a distribuição de material didático adequado a
cada nível de ensino.
Não obstante, a lei introduz a Semana Escolar de Combate à Violência
contra a Mulher no âmbito de todas as instituições públicas e privadas de ensino
da educação básica, com a finalidade de que sejam amplamente conhecidas as
disposições da lei Maria da Penha, com a reflexão crítica em toda a comunidade
escolar sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher. E avança,
falando na integração da comunidade escolar no desenvolvimento de estratégias
para o enfrentamento das diversas formas de violência, na capacitação
de educadores, na promoção da igualdade entre homens e mulheres e na
promoção e distribuição de materiais educativos. Entretanto, não estipula como
o fará. Justamente diante desse silêncio normativo que se justifica a importância
da discussão.
Trata-se de pesquisa exploratória, conveniente para o relato de
fenômenos pouco estudados. A pesquisa exploratória foi combinada com
pesquisa descritiva. Foram adotadas como técnica de pesquisa a bibliográfica e
a documental. O método de procedimento utilizado foi o monográfico.

2. De que realmente trata a lei 14.164/2021?

A referida lei de 10 de junho de 2021 alterou a lei nº 9.394/1996 - Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) -, especificamente em seu
artigo nº 26 que passa a vigorar com a seguinte redação:

136
Lei 14.164/2021

Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do


ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade,
da cultura, da economia e dos educandos.

§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas


as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher serão
incluídos, como temas transversais, nos currículos de que trata o caput
deste artigo, observadas as diretrizes da legislação correspondente e a
produção e distribuição de material didático adequado a cada nível de
ensino (BRASIL, 2021).

Note-se que o texto traz uma relevante alteração curricular que compõe
a base nacional comum da educação em todos os níveis ao acrescentar as
mulheres dentre as destinatárias da prevenção à violência, ao lado das crianças
e adolescentes – que já constavam no texto original da LDB - debruçando-se
sobre uma parte diversificada exigida pela cultura e pelas características da
sociedade, que deve ser complementada (embora não haja expressa indicação
sobre como isso deve ser feito e nem de que forma será feito). Não se trata,
ainda, de mera alteração curricular ou um acréscimo de palavras, mas prevê
expressamente que esses conteúdos relativos sejam incluídos nos currículos,
inclusive na produção e distribuição de materiais didáticos.
A outra alteração introduzida no art. 2º da lei 14.164/2021, institui
a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher, a ser realizada
anualmente, no mês de março, em todas as instituições da rede pública e
privada de ensino da educação básica e deve ser parametrizada por alguns
objetivos, quais sejam:

Art. 2º Fica instituída a Semana Escolar de Combate à Violência contra


a Mulher, a ser realizada anualmente, no mês de março, em todas as
instituições públicas e privadas de ensino da educação básica, com os
seguintes objetivos:

I - contribuir para o conhecimento das disposições da Lei nº 11.340, de 7


de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha);
II - impulsionar a reflexão crítica entre estudantes, profissionais da
educação e comunidade escolar sobre a prevenção e o combate à violência
contra a mulher;
III - integrar a comunidade escolar no desenvolvimento de estratégias para
o enfrentamento das diversas formas de violência, notadamente contra a
mulher;
IV - abordar os mecanismos de assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, seus instrumentos protetivos e os meios
para o registro de denúncias;
V - capacitar educadores e conscientizar a comunidade sobre violência nas
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Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

relações afetivas;
VI - promover a igualdade entre homens e mulheres, de modo a prevenir
e a coibir a violência contra a mulher; e
VII - promover a produção e a distribuição de materiais educativos
relativos ao combate da violência contra a mulher nas instituições de
ensino (BRASIL, 2021).

Difundir o conhecimento das disposições da Lei Maria da Penha,


fomentar a reflexão crítica entre estudantes, profissionais da educação e
comunidade escolar (sem que as alterações fiquem restritas apenas aos alunos,
mas que faça eco em toda essa comunidade, registre-se), capacitar educadores
e conscientizar a comunidade sobre as vivências da violência, com caráter
pedagógico e formativo, promover a igualdade entre homens e mulheres, são
alguns desses objetivos ambiciosos propostos na legislação novel.
Contextualmente, importa citar que a legislação parte do Projeto de
Lei (PL) 598/2019 de autoria do Senador Plínio Valério, protocolado em 19
de junho de 2019. O referido PL foi submetido à apreciação das Comissões
de Defesa dos Direitos da Mulher; Educação e Constituição e Justiça e de
Cidadania. Inicialmente, a proposta apresentada pelo senador previa apenas as
alterações na LDB incluindo as mulheres ao lado das crianças e adolescentes
como destinatárias da prevenção à violência mas, em seguida, após o texto ser
aprovado no Senado, em julho de 2019, e ser enviado à Câmara dos Deputados
para cumprimento do seu rito, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) sugeriu
a criação da Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher a ser
celebrada em todos os estabelecimentos de educação básica.
Após a promulgação da lei 14.164/2021 com o seu Substitutivo, tendo
passado a discussão pelo plenário, pelas duas casas do Congresso, é importante
que pensemos quais os caminhos para que se possa falar na efetivação
da norma. Sobretudo destaca-se que uma alteração na LDB tem efeitos
imediatamente esperados em toda a Base Nacional Comum da Educação, sendo
realmente expressivo e, portanto, ainda mais desafiador. Já no que se refere à
instituição da Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher, seus
efeitos podem ser visualizados mais rapidamente, uma vez que não demandam
o acionamento de uma série de esferas como o desenvolvimento de material
didático, implementação, formação, acompanhamento pedagógico – tudo de
que depende as alterações realizadas na LDB.
Prova disso, é que em uma rápida pesquisa no mecanismo de buscas do
Google, tem como resultado um grande número de notícias de uma série de
instituições que já promoveram no ano de 2022 atividades alusivas à Semana
138
Lei 14.164/2021

de Combate à Violência contra a Mulher – acrescentadas pelas alterações na


Lei Maria da Penha via Lei 14.164/2021. São os casos do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) 3que o fez por meio
de lives em seu canal do Youtube; também a Secretaria Municipal de Educação
de Vitória no Espírito Santo4; também através da ação do Ministério Público
do Estado do Pará (MPPA), através do Núcleo de Proteção à Mulher; da 4ª
Promotoria de Justiça Criminal de Ananindeua e do Fórum de Enfrentamento
à Violência contra a Mulher (FEV) Ananindeua em conjunto com a Secretaria
Municipal da Mulher e Secretaria Municipal de Educação5; também a Secretaria
Municipal de Educação de São José, em Santa Catarina.6 Além de tantas outras
iniciativas.
Esses são apenas alguns dos muitos exemplos que mostram a aplicação
da lei 14.164 através de iniciativas conjuntas dos municípios para cumprir
a previsão da Semana de Combate à Violência contra a Mulher. Anota-se
que o mesmo desfecho em relação à efetividade das alterações introduzidas
na LDB e previstas na norma não foram identificadas, especialmente no que
diz respeito à produção e distribuição de materiais didáticos e à inclusão de
temas transversais que versem sobre a prevenção à violência contra a mulher.
Portanto, é importante mencionar aqui que, em parte, a norma vem cumprindo
seu escopo.
Sobre as dificuldades com a outra parte da norma que não tem tido
o mesmo desfecho, como já se registrou exaustivamente, tem-se ainda que
referir as ofensivas de movimentos conservadores como uma das hipóteses
que dificultam sua efetivação. Inclusive, para sinalizar nesse sentido, é
imprescindível apontar a Declaração Escrita de Voto relativa ao PL 598/2019,
feita pela deputada Chris Tonietto, do PSL:

O problema recai em relação à aplicabilidade da proposta. Dentro de um


texto de lei a proposta até parece não possuir nenhum potencial danoso,
porém, não é novidade que a pauta em defesa da mulher, infelizmente, foi
totalmente sequestrada por ideais de cunho feministas.

Ao se falar, por exemplo, em “direitos da mulher”, dentro do espectro


3
Disponível em http://www.ifsul.edu.br/ultimas-noticias/4226-ifsul-promove-semana-
escolar-de-combate-a-violencia-contra-a-mulher. Acesso em 23 jun. 2022.
4
Disponível em https://www.vitoria.es.gov.br/noticia/educacao-promove-semana-
escolar-de-combate-a-violencia-contra-a-mulher-44726. Acesso em 23 jun. 2022
5
Disponível em https://www2.mppa.mp.br/noticias/estudantes-participam-da-semana-
escolar-de-combate-a-violencia-contra-a-mulher.htm. Acesso em 23 jun. 2022.
6
Disponível em https://saojose.sc.gov.br/sao-jose-adere-a-semana-escolar-de-combate-a-
violencia-contra-a-mulher/22643/. Acesso em 23 jun. 2022.
139
Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

feminista, o tema sobre os “direitos sexuais e reprodutivos” vem à baila,


ou seja, necessariamente acaba-se por promover debates a respeito da
legalização do aborto simplesmente por considerá-lo um tema afeto à
pauta de direitos e defesa da mulher, o que sabemos que não corresponde
à verdade.

Outro tema que é utilizado nas discussões relacionadas aos direitos da


mulher é a questão de “gênero”. Trata-se de ideologia que se apoia
nas pautas de defesa da mulher para se propagar a desconstrução da
sexualidade humana. Instituir uma semana com a temática proposta
será apenas mais um meio para que as fantasias ideológicas propagadas
pelas feministas sejam incorporadas ao ambiente escolar, de modo
que o intuito da proposta poderia ser facilmente dissolvido e serviria
apenas como uma “janela de oportunidade” para se incorporar nas
escolas temas contrários aos valores fundantes de nossa sociedade.

[...] Deste modo, atenta ao modus operandi dos grupos que desejam
se aproveitar dos espaços escolares para propagar ideologias, nota-se
que a proposta, embora a manifesta boa intenção da relatora, Dep. Carla
Dickson, não deveria prosperar. Grifos nossos (BRASIL, 2020, grifo
nosso).

Apesar dos ventos esperançosos que a promulgação da referida


lei parece soprar no sentido de caminhos para a educação de gênero no
Brasil, esbarra-se em questões realmente desafiadoras e que merecem
uma discussão aprofundada, com a proposição de estratégias para a sua
efetivação. Notadamente a ideia de que o Brasil encontra a atividade ofensiva
de movimentos conservadores contra esses debates nas escolas e também a
presença robusta na política de alas conservadoras que parecem fazer todos
os esforços para que iniciativas como essa não se concretizem sob a bandeira
daquilo que ficou popularmente conhecido como “doutrinação de gênero”.

3. Propostas freirianas para a semântica da efetivação da lei 14.164/2021


a partir da Teoria da Ação Dialógica

Atendendo ao objetivo geral deste trabalho, qual seja o de apontar


as formas sob as quais a Teoria da Ação Dialógica poderia colaborar com
a efetivação da norma em comento, especialmente no tocante às alterações
introduzidas na LDB – sua parte mais delicada -, faz-se mister explicitar o
condão das ideias apresentadas por Freire em sua teoria. Inicialmente, Freire
(1987) estabeleceu como diretriz básica de sua epistemologia que a superação
da contradição opressor-oprimido só ocorre com a construção de uma
140
Lei 14.164/2021

educação problematizadora. E foi partindo desse pressuposto que desenvolveu


sua Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia e também sistematizou
sua chamada Teoria da ação Dialógica, onde estabeleceu categorias de ação
para alcançar a humanização do homem a partir da educação libertadora.
A Teoria da Ação Dialógica é fundada na colaboração, união e síntese
cultural. Nesse compasso, os sujeitos se unem para transformar o mundo em
regime de colaboração, sem que exista um sujeito que domina e um objeto
(homem coisificado) que é dominado. É o diálogo que funda a colaboração
(FERRAZ, 2019).
Na união para a libertação, o fundamental é a desmistificação da
realidade, através de uma ação cultural na qual os oprimidos conheçam o
porquê de sua aderência à realidade opressora, proporcionando-lhes um ato
de adesão à práxis verdadeira de transformação da realidade injusta. A união
é uma relação solidária entre os oprimidos que implica em uma consciência de
classe e “Para que os oprimidos se unam entre si, é preciso que cortem o cordão
umbilical, de caráter mágico e mítico, através do qual se encontram ligados ao
mundo da opressão.” (FREIRE, 1987, n.p.).
Quanto à síntese cultural, tem-se que toda ação cultural sistematiza
uma ação que incide sobre a estrutura social, tanto no sentido de transformá-
la, quanto na intenção de mantê-la. Enquanto a ação cultural antidialógica
pretende fazer permanecer a estrutura social nos moldes que favorecem os
opressores, a ação cultural dialógica quer a transformação da realidade. A
síntese cultural ocorre na investigação dos temas geradores, com o objetivo
de captar seus temas básicos para posterior organização do conteúdo
programático, é um ponto de partida do processo da ação, como síntese
cultural. Na síntese cultural não há modelos impostos e os homens enquanto
sujeitos do processo histórico fazem da realidade objeto de análise crítica,
criando as pautas para sua ação.
Ensinar exige rejeição a qualquer forma de discriminação, ensina Freire
(1996), sendo uma forma de intervenção no mundo que pode implicar tanto
na reprodução da ideologia dominante quanto no seu desfazimento, mas
jamais pode ser neutra. É assim que o conteúdo programático, desde uma
experiência dialógica, deverá partir da situação concreta, a partir de aspirações
dos educandos-educadores. E é justamente por isso que esse conteúdo deve ser
de eleição de ambos (educadores-educandos). A construção deve tomar como
base a investigação que Freire (1987, n.p.) chamou de “universo temático” do
povo.
141
Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

Os temas geradores só podem ser compreendidos na relação homens-


mundo, em um pensar do homem referente à realidade e sua práxis. Captar
esses temas a partir de uma investigação temática em cooperação com os
educandos-educadores é o ponto de partida do processo educativo de caráter
libertador. A investigação dos temas geradores, segundo Freire (1987, n.p.)
“[...] tem de constituir-se na comunicação, no sentir comum uma realidade
que não pode ser vista mecanicistamente compartimentada, simplistamente
bem ‘comportada’, mas na complexidade de seu permanente vir a ser.”. Assim,
a tarefa do educador dialógico é devolver como problema o universo temático
captado na investigação do mundo de seus educandos-educadores, superando a
autoridade intelectual do educador bancário.
Hooks, em seu encontro epistemológico com a obra freiriana, aduz no
mesmo sentido:

Vamos encarar a realidade: a maioria de nós frequentamos escolas onde


o estilo de ensino refletia a noção de uma única norma de pensamento e
experiência, a qual éramos encorajados a crer que fosse universal. Isso vale
tanto para os professores não brancos quanto para os brancos. A maioria
de nós aprendemos a ensinar imitando esse modelo. Como consequência,
muitos professores se perturbam com as implicações políticas de uma
educação multicultural, pois têm medo de perder o controle da turma caso
não haja um modo único de abordar um tema, mas sim modos múltiplos e
referências múltiplas. (HOOKS, 2013, p. 51)

A atuação docente desde uma perspectiva progressista entende que


ensinar não é transferir conhecimentos, como se opera no modelo bancário
de educação, mas criar possibilidades para a construção do saber com os
sujeitos da relação de aprendizado. Desse modo, Freire (1996) elenca algumas
pontuações para que a transferência de conhecimentos não ocorra: aponta que
ensinar exige consciência do inacabamento do professor crítico e predisposto
à mudança, que reconhece primordialmente sua inconclusão e por isso se abre
ao novo; Exige o reconhecimento de ser condicionado; Exige bom senso - que
deve ser compreendido como um instrumento da avaliação da prática docente;
Ensinar exige humildade e tolerância; Ensinar exige alegria e esperança, o que
implica uma atmosfera pedagógica positiva; Ensinar exige a convicção de que a
mudança é possível.
O educador problematizador deve reforçar a capacidade crítica dos
educandos na sua prática docente, bem como sua curiosidade, a partir do
que Freire chama de rigorosidade metódica para produzir condições possíveis
para um aprendizado crítico, que não se esgote no tratamento superficial do
objeto estudado. Isso pressupõe por parte dos educandos a sensação de que o
142
Lei 14.164/2021

educador permanece na experiência de produção do saber constantemente:


“Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão
se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber
ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo.” (FREIRE, 1996,
n.p.).
Diante desse cenário, mostra-se a iminente necessidade de uma
educação ciente da predominância de desigualdades de gênero e sociais, a
fim de traçar novas perspectivas para a educação contemporânea, o que pode
ser feito apenas com o estudo das intersecções entre a educação, o direito
e o feminismo. Compreender as principais causas que contribuem para a
continuidade das desigualdades de gênero, identificar o papel das políticas
públicas de educação no contorno dessa problemática para então buscar a
transformação da condição das mulheres e das desigualdades estruturais que as
atravessam.
Resta evidenciado que a escola deve garantir a participação de diferentes
segmentos da sociedade, o que passa pela comunidade escolar como sujeito do
processo, com discussão das propostas de ações para que se tenha uma gestão
democrática. E essa possibilidade está prevista na ação dialógica freiriana com a
captação de temas geradores.
É urgente que atentemos, ao falar de educação e empoderamento, para
qual educação estamos caminhando e para o significado de empoderamento
que se quer construir. Se antes, o sonho da emancipação das mulheres foi
apropriado e subordinado à máquina de acúmulo capitalista, servindo para
intensificar a valorização do trabalho assalariado no capitalismo, certamente,
empoderamento não significa apenas tomada de conhecimento e dos mesmos
espaços antes tidos apenas como masculinos, mas sim a tomada de consciência
das opressões, de suas transversalidades (relações entre opressão de gênero,
discriminação racial e capital) e de um enfrentamento ao seu conjunto.
Importa lembrar que a lógica e ideologia patriarcal capazes de condicionar o
ensino e, consequentemente, a construção das instituições, consolidou regras
e hierarquias sociais que, muitas vezes, tornam-se tão naturalizadas a ponto de
não haver uma percepção clara disso (DIOTTO; BRUTTI; DORNELES, 2021).
Nesse sentido, bem lembra Butler (2012) que uma vida que não deve ser
lamentada (em sua perda da condição de vida que merece ser vivida) tem antes,
já estabelecido, a falta de uma estrutura de apoio presente para sustentá-la, o
que a torna sem valor, indigna de ser apoiada e protegida – uma vida precária.
Somente vidas enlutáveis podem ser qualificadas para apoio social e econômico.
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Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

As pessoas marcadas por vidas precárias e sem rosto (BUTLER, 2011) não são
destinatárias de um agenciamento político.

4. Conclusão

Aprofundar a problemática a respeito da efetivação das políticas


públicas contidas na legislação novel que, diga-se de passagem, é de
proeminente impacto sociocultural nessa sociedade patriarcal e marcada
por severas desigualdades entre homens e mulheres e também entre classes e
outras intersecções de vulnerabilidade, revela-se indispensável para pensar no
seu avanço e instrumentalização, o que é de extrema importância já que uma
educação capaz de identificar e mitigar tais desigualdades é indispensável para
a concretização da prevenção e enfrentamento à violência de gênero.
Diante deste cenário, mostra-se a iminente necessidade de uma
educação ciente da predominância de desigualdades de gênero e sociais, a fim
de traçar novas perspectivas para a educação contemporânea. Compreender
as principais causas que contribuem para a continuidade das desigualdades de
gênero, identificar o papel das políticas públicas de educação no contorno dessa
problemática para então buscar a transformação da condição das mulheres e
das desigualdades estruturais que as atravessam. Não se pode lançar mão da
educação como a possível salvadora de estruturas tão desiguais, é verdade,
inclusive porque os próprios educadores e educadoras encontram-se, muitas
vezes, entremeados nas realidades de opressão sob as quais operam. Mas é
indispensável se pensar caminhos.
Feito este breve apanhado, é possível tecer algumas observações
importantes a respeito da lei em comento. Por exemplo, pode-se dizer que a
norma é exposta de forma abstrata nos dispositivos que requerem a inclusão
de conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas
de violência contra a criança, o adolescente e a mulher, como temas transversais
nos currículos, com a distribuição de material didático adequado a cada
nível de ensino, de forma que não é possível extrair, de plano, quais seriam os
matérias didáticos adequados e nem de que forma seriam abordados os temas
transversais.
Ademais, a legislação, ao prever a inclusão desses conteúdos como temas
transversais nos currículos, recai no perigoso lugar em que a transversalidade
pode diluir os conteúdos e não os tratar de forma aprofundada, especialmente
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Lei 14.164/2021

ao não contar com estratégias de capacitação dos educadores e da preparação


de materiais educativos adequados, afastando-se dos temas geradores que
questionam os motivos de aderência da comunidade escolar à realidade
opressora.
E nessa trilha se consolida a necessidade de pensar a educação sob a
perspectiva de gênero também na educação básica, mais especificamente a
partir do advento da lei em comento, o que pode colaborar com seu adequado
cumprimento desde que se materialize de forma dialógica, fundada na
colaboração, união e síntese, o que, na prática, pode ocorrer de forma objetiva
através da formulação do conteúdo programático que deve partir da situação
concreta, a partir de aspirações dos educandos-educadores e seu universo
temático, seus temas geradores.
Também a formulação de material didático adequado a cada nível
de ensino prevista na lei, deve acontecer através de uma ação cultural com
toda a comunidade escolar, especialmente com a participação das mulheres,
crianças e adolescentes – destinatários da lei - na qual os oprimidos conheçam
o porquê de sua aderência à realidade opressora, proporcionando um ato de
adesão à práxis verdadeira de transformação da realidade injusta, o que só é
possível dialogicamente ou as previsões legais caminharão para a ação cultural
antidialógica - que pretende fazer permanecer a estrutura social nos moldes
que favorecem os opressores.
Nesse sentido, as contribuições de Freire apontam um caminho ao
sinalizar que os oprimidos – incluídos nessa categoria também os educadores
e educadoras seja por seu gênero, classe social, raça, condições de trabalhos
vulneráveis - conheçam o porquê de sua aderência à realidade opressora,
proporcionando-lhes um ato de adesão à práxis verdadeira de transformação da
realidade injusta.
A partir da denúncia da realidade opressora e reconhecendo-se como
oprimidos é que será possível pensar um conteúdo programático e alterações
curriculares desde uma experiência dialógica, que tem como ponto de partida a
situação concreta, pautadas nas aspirações dos educandos-educadores, em sua
realidade, em suas dificuldades. E é justamente por isso que esse conteúdo deve
ser de eleição de ambos (educadores-educandos), com base na investigação do
universo temático do povo.
Por óbvio que esses apontamentos breves não esgotam e tampouco
resolvem a questão complexa apresentada, sob pena de recairmos no simplismo
e nas soluções mágicas. Mas tem-se em mente que, para que a referida legislação
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Temas Atuais em Direito, Cidadania e Políticas Públicas

com todo seu potencial e alcance geográfico de uma Base Nacional Comum
da Educação não se perca em letras de lei desconexas da realidade, pensar em
formas para a sua efetivação e apontar caminhos a serem percorridos é de suma
importância. A desigualdade de gênero também passa pela educação, embora
não se deva sobrecarregá-la de expectativas uma vez que já está submetida às
suas próprias mazelas. Mas, passa ainda, cabe lembrar, por políticas públicas,
condições adequadas de trabalho, efetivação, participação popular, formação,
fiscalização, implementação. Há um longo caminho pela frente, mas são
esperanças como essa, trazidas pela lei, que podem orientar o desfecho futuro.

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