1. O documento discute os limites do poder de polícia no Brasil, definindo ordem pública e segurança pública.
2. A ordem pública é essencial para o bem comum e envolve a manutenção da tranquilidade, segurança e saúde públicas.
3. Os limites do poder de polícia devem ser conhecidos para evitar abusos na aplicação da lei.
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1. O documento discute os limites do poder de polícia no Brasil, definindo ordem pública e segurança pública.
2. A ordem pública é essencial para o bem comum e envolve a manutenção da tranquilidade, segurança e saúde públicas.
3. Os limites do poder de polícia devem ser conhecidos para evitar abusos na aplicação da lei.
1. O documento discute os limites do poder de polícia no Brasil, definindo ordem pública e segurança pública.
2. A ordem pública é essencial para o bem comum e envolve a manutenção da tranquilidade, segurança e saúde públicas.
3. Os limites do poder de polícia devem ser conhecidos para evitar abusos na aplicação da lei.
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1. O documento discute os limites do poder de polícia no Brasil, definindo ordem pública e segurança pública.
2. A ordem pública é essencial para o bem comum e envolve a manutenção da tranquilidade, segurança e saúde públicas.
3. Os limites do poder de polícia devem ser conhecidos para evitar abusos na aplicação da lei.
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DOUTRINA 73
Limites do Poder de PoUda
LVARO IAZZARlNI (') Desembargador - SP SUMRIO: 1 - Introduo. 2 - Ordem pblica e segurana pblica. 3 - Poder de p o l ~ cia, polcia e poder da polcia. 4- Polcia administrativa e polcia judiciria. 5 - Polcia de segurana pblica e polcia de preservao da ordem pblica. 6 - Limites do poder de polcia. 7 - Controle administrativo e judicirio do ato de polcia. 8 - Concluso. 1 - .ntroduo A idia de Estado inseparvel da idia de Polcia e o fundamento da ao de polcia o Poder de Policia. Numa sociedade policiada, como se dizia em portugus clssico, h de estar garantida a convivncia pacfica de todos os cidados de tal modo que o exerccio dos direitos de cada um no se transforme em abuso e no ofenda, no impea, no per- turbe o exerccio dos direitos alheios,(l) Assim deve ser, porque a busca do bem comum misso primordial do Estado. Para isso ele se constituiu. misso a ser desempenhada por meio de uma legislao adequa- da, instituies e servios capazes de controlar, ajudar e regular as atividades privadas e individuais da vida nacional, fazendo-as convergir para o bem comum. Da afirmar Jos Cretella Jnior que a segurana das pessoas e dos bens o elemento bsico 9-as condies universais, futor absolutamente indispensvel para o natural desenvolvimento da persona- lidade humana. m Bem por isso avulta conhecer o importantssimo captulo do Direito Administrativo que o Poder de Polcia. Conhecendo-o nos detalhes essenciais, em verdade Administraco Pblica e administrado ficam em condices de conhecer dos seus limites, ou seja, a dministrao ter condies de aquilatar ;t onde poder exercitar este seu Cr) Professor de Direito Admiflisrrativo fia ACldemia de Policia Militar do Barro Branco e na Escola Paulista da Magistratura e Scio Cohborador do Instilllto dos Advogados de So Paulo. (1) - CAETANO, Marcelo. uPrincipios Fundamentais do Direito Administrativo", F cri., 1977, Forense, Rio de Janeiro, pag 335. (2) - CRETELIA.JNIOR, Jose. "lies de Direito Administrativo", 2 g ed., 1972, Jos Busharsky Editor, So Paulo, pg. 227. DOUTRINA 73 Limites do Poder de PoUda LVARO IAZZARlNI (') Desembargador - SP SUMRIO: 1 - Introduo. 2 - Ordem pblica e segurana pblica. 3 - Poder de p o l ~ cia, polcia e poder da polcia. 4- Polcia administrativa e polcia judiciria. 5 - Polcia de segurana pblica e polcia de preservao da ordem pblica. 6 - Limites do poder de polcia. 7 - Controle administrativo e judicirio do ato de polcia. 8 - Concluso. 1 - .ntroduo A idia de Estado inseparvel da idia de Polcia e o fundamento da ao de polcia o Poder de Policia. Numa sociedade policiada, como se dizia em portugus clssico, h de estar garantida a convivncia pacfica de todos os cidados de tal modo que o exerccio dos direitos de cada um no se transforme em abuso e no ofenda, no impea, no per- turbe o exerccio dos direitos alheios,(l) Assim deve ser, porque a busca do bem comum misso primordial do Estado. Para isso ele se constituiu. misso a ser desempenhada por meio de uma legislao adequa- da, instituies e servios capazes de controlar, ajudar e regular as atividades privadas e individuais da vida nacional, fazendo-as convergir para o bem comum. Da afirmar Jos Cretella Jnior que a segurana das pessoas e dos bens o elemento bsico 9-as condies universais, futor absolutamente indispensvel para o natural desenvolvimento da persona- lidade humana. m Bem por isso avulta conhecer o importantssimo captulo do Direito Administrativo que o Poder de Polcia. Conhecendo-o nos detalhes essenciais, em verdade Administraco Pblica e administrado ficam em condices de conhecer dos seus limites, ou seja, a dministrao ter condies de aquilatar ;t onde poder exercitar este seu Cr) Professor de Direito Admiflisrrativo fia ACldemia de Policia Militar do Barro Branco e na Escola Paulista da Magistratura e Scio Cohborador do Instilllto dos Advogados de So Paulo. (1) - CAETANO, Marcelo. uPrincipios Fundamentais do Direito Administrativo", F cri., 1977, Forense, Rio de Janeiro, pag 335. (2) - CRETELIA.JNIOR, Jose. "lies de Direito Administrativo", 2 g ed., 1972, Jos Busharsky Editor, So Paulo, pg. 227.
75 --- de Droit et de DOUTRINA --- (8) - Sup,emo Tribunal Fede,al, Recurso b:trilordinrio n 14.658, de So Paulo, Revista cios Tribunais, V. 219, pg. 581. (9) - Sup,emo Tribunal Fede,al, Senten.i\ Estnmgeim n Q 1.013, da Suia, "Revista dos Tribunais", \'. 148, pg. 771. (10) - CRETELIA JUNIOR, Jos, "Didonrio de Dirdto AdministTIlDvo", 3" ed., 1978, Forense, verbete Ordem Pblica, paI'. 370. - ROLIAND, Louis. "Prcis de Droit Administrmif', 9" ed., 1947, Ubmicie Dalloz, Paris, Frnna, pg: 399. - KNAPP, Bli\se. "Prcis de Dmit Administratif', Editions Helbing & Lichtenhahn, Ble et Francfon.sm-le-Main, Slli<i, A noo de ordem pblica s pode ser nacional. -Ela, reconhecidamente, por demais incerta, porque varia no tempo e no espao, de um para outro pas e, at mesmo, em um determinado pas de uma poca para outtaYl A ordem pblica, em verdade, mais fcil de ser sentida do que definida -e resulta, no dizer- de Salvat, de um conjunto de princpios de ordem superior, polticos, econmicos, morais e algumas vezes religiosos, aos quais uma sociedade considera estreitamente vinculada existncia e conservao da organizao social estabelecida. A noo obedece a um critrio contingente, histrico e nacional. 19l Da por que, atento s lies de Waline, Rivero, Paul Ben13.rd e VedeI, Jos Cretella Jnior anota que a noo de ordem pblica extremamente vaga e ampla, no se tratan- do apenas da manuteno material da ordem na -rua, mas t.'tmbm da manuteno de uma certa ordem moral, o que bsico em direito administrativo, porque, como susten- tou com rigor cientifico, a ordem pblica constituda por um mnimo de condies essenciais a uma vida social conveniente, formando-lhe o fundamento segurana dos bens e das pessoas, salubridade e tranqilidade, revestindo, finalmente, aspectos eco nmicos (luta contra monoplios, aambarcamento e a carestia) e, ainda; estticos (prote- _o de lugares e de monumentos)yl Ao cuidar da Polcia Administrativa, partindo de textos legais franceses, Louis Rolland afirmou ter a polcia por objeto assegurar a boa ordem, isto , a tranqilidade pblica, a segurana pblica, a salubridade pblica, concluindo, ento, que assegurar a ordem pblica , em suma, assegurar essas trs coisas, pois a ordem pblica tudo aqui- lo, nada mais do que aquilo.Ui) Blaisc Knapp, por sua vez, assevera que a ordem pblica compreende a ordem pbli ca propriamente dita, a sade, a segurana, a moralidade e a tranqilidade pblicas, assim como a boa-f nos negcios, concluindo, em seguida, que a ordem pblica propriamente dit.'t a ausncia de desordem, de atos de violncia contra as pessoas, os bens ou o pr- prio Est.'tdo.(l2) Por fim, e para no nos alongarmos mais, deve ser colacionado que Paul Bernard, na sua clssica "L't notion d'ordre public en Droit Administratif', confirma ser tradicional o entendimento de que a ordem pblica a ausncia de agitaes, ausnCa de desordens, noo essa que est' se alargando, como parece consagrar a jurispmdncia vista dos trs elementos citados por Louis Rolland, retroindicados.(]J) A ordem pblica, assim, uma siu13o de fato oposta desordem, sendo, portanto, essencialmente de natureza material e exterior, como sustentou Louis Rolland, invocando a autoridade cientfica de Hauriou. Quanto segurana pblica, fiel s lies retroindicadas, em especial de Paul Bernard, temos entendido ser ela um aspecto da ordem pblica, ao lado da tranqilidade e da salubridade pblicas. A ordem pblica, bem por isso, efeito da causa segurana pblica ou, ainda, efei- to da causa tranqilidade pblica ou, ainda, efeito da musa salubridade pblica. Cada um desses aspectos , por si s, a causa do efeito ordem pblica, cada um deles tem por objeto assegurar a ordem pblica. Justitia, So 1_9_9_5 O estudo dos limites do Poder de Polcia comporta examinar o que ordem pblica e o seu principal aspecto que a segurana pblica, locuo esta que encerra todo um caprulo da Constituio da Repblica, no qual est.10 previstos os rgos policiais, ou seja, o Captulo UI do Tirulo V, embora s integrado pelo artigo 144, que define competncias de t.'tis rgos. Na Enciclopdia Universal Ilustrada - Europeo/Americana,(61 no verbete ardeu, den- tre outros, encontramos o significado de que "EI orden consiste en la acertada disposicin de las cosas. El concepto de orden, por lo tanto, importa pluralidad real o ideal de seres, partes o propriedades", razo de Santo Toms, sob O aspecto teleolgico, ter definido ordem "diciendo que es la reeta disposicin de las cosas a su fin", salientando-se, aps, que "Comprndese por esto que el orden pblico es la base fundament.'11 de toda orga- nizacin social y politica. Cuando aquel falte, no puede existir el Derecho ni, por lo tanto, seguridad de las personas ni de la propriedad, con lo cual faltar la tranquilidad, la paz social, y la vida de pueblos quedar a mereed deI mas fuerte". Jean Rvero, porm, adverte no se poder confundir o sentido de ordem pblica dado pelo direito privado com o sentido em matri;=t de polcia administrativa. As palavras so idnticas. Porm, ordem pblica, no seu dizer, coisa completamente diversa segun- do diga respeito ao direito privado ou, ento, ao direito pblico que rege a polcia, malgra- do ponto de vista em contrrio que possa existir por encerrar a locuo ordem pblica conceito jurdico indeterminado.I?1 poder administrativo sem que ele lese o direito do administrado, enquanto este aquilatar at que ponto dever respeito ao ato de polcia, como tal considerado o que decorre do exerccio do Poder de Polcia. Para quem queira conhec-lo, nada melhor do que os estudos de Jos Cretella Jnior na sua vastssima obra juridica, em especial no seu "Tratado de Direito Administrativo", cujo volume V est dedicado Polcia Administrativa Ol , bem como nos alentados "Comentrios ConstiuliC<10 Brasileira de 1988", onde incursinou, em mais de um dos seus nove volumes, pelos 'meandros do "Poder de Policia" e de suas barreiras Hl c, ainda, em "Direito Administrativo da Ordem Pblica", no qual lhe coube o exame do tema "Polcia Militar e Poder de Polcia no Direito Brasileiro", oportunidade em que demons- trou a sua sensibilidade jurdica e humanstica, tratando doutrinariamente da realidade policial brasileira, imprimindo ao rgo policial ostensivo e de preservao da ordem pbli- C:'t uma orientado f1nne sobre o exerccio do Poder de Polcia.(O) O Poder de Polcia, por ser discricionrio e no arbitrrio, tem limites e deles remos, no sem antes tratarmos da ordem pblica e seu principal aspecto que a segu- rana pblica para, em seguida, examinar ele prprio, Poder de Polcia, diferenciando-o do Poder da Polcia e a razao de esta existir, como Policia Administrativa e Polcia Judiciria, aquela com a sua modalidade Polcia de Segurana Pblica a converter-se em Polcia de Preservao da Ordem Pblica, na denominada represso imediata, que ativi- dade inicial de Polcia Judiciria, quando ocorre o ilcito penal que no se conseguiu evi- tar na preveno criminal. 2 - Ordem pblica e segllrana pblica (3) - CRETEUA JUNIOR, Jos. 'Trarado de Direi[o AdministTIltivo", v. V, 1" ed., 1968, Foreme, Rio de Janeiro, 320 pginas. (4) - CRETELLA. JUNIOR, Jos. "Comentrios Brasileiril de 1988", obril em nO\T volume>, Forense Unil'ersi{;i.riil, Rio de Janeiro. 5.158 paginas. (5) - CRlTELLA. JUNIOR, Jos et aBi. "Direito Administrillivo dil Ordem Pblia", 2" ed., 1987, Forense, Rio de Janeiro, pgs. 159201. (6) - Encidopedi,l Universallllls,mda Emopeo/Amcri,ma, Tomo XL, E,pilsa. Calpe, S.A, Madrid, verbete On.len, pg,';.119-195. (7) - RlVERO, Jean. Direim Adminisrrativo, uaduiio de Rogrio Ehrha,dt Soares, Livraria AO"""",', 1981, pago 480. 74 75 --- de Droit et de DOUTRINA --- (8) - Sup,emo Tribunal Fede,al, Recurso b:trilordinrio n 14.658, de So Paulo, Revista cios Tribunais, V. 219, pg. 581. (9) - Sup,emo Tribunal Fede,al, Senten.i\ Estnmgeim n Q 1.013, da Suia, "Revista dos Tribunais", \'. 148, pg. 771. (10) - CRETELIA JUNIOR, Jos, "Didonrio de Dirdto AdministTIlDvo", 3" ed., 1978, Forense, verbete Ordem Pblica, paI'. 370. - ROLIAND, Louis. "Prcis de Droit Administrmif', 9" ed., 1947, Ubmicie Dalloz, Paris, Frnna, pg: 399. - KNAPP, Bli\se. "Prcis de Dmit Administratif', Editions Helbing & Lichtenhahn, Ble et Francfon.sm-le-Main, Slli<i, A noo de ordem pblica s pode ser nacional. -Ela, reconhecidamente, por demais incerta, porque varia no tempo e no espao, de um para outro pas e, at mesmo, em um determinado pas de uma poca para outtaYl A ordem pblica, em verdade, mais fcil de ser sentida do que definida -e resulta, no dizer- de Salvat, de um conjunto de princpios de ordem superior, polticos, econmicos, morais e algumas vezes religiosos, aos quais uma sociedade considera estreitamente vinculada existncia e conservao da organizao social estabelecida. A noo obedece a um critrio contingente, histrico e nacional. 19l Da por que, atento s lies de Waline, Rivero, Paul Ben13.rd e VedeI, Jos Cretella Jnior anota que a noo de ordem pblica extremamente vaga e ampla, no se tratan- do apenas da manuteno material da ordem na -rua, mas t.'tmbm da manuteno de uma certa ordem moral, o que bsico em direito administrativo, porque, como susten- tou com rigor cientifico, a ordem pblica constituda por um mnimo de condies essenciais a uma vida social conveniente, formando-lhe o fundamento segurana dos bens e das pessoas, salubridade e tranqilidade, revestindo, finalmente, aspectos eco nmicos (luta contra monoplios, aambarcamento e a carestia) e, ainda; estticos (prote- _o de lugares e de monumentos)yl Ao cuidar da Polcia Administrativa, partindo de textos legais franceses, Louis Rolland afirmou ter a polcia por objeto assegurar a boa ordem, isto , a tranqilidade pblica, a segurana pblica, a salubridade pblica, concluindo, ento, que assegurar a ordem pblica , em suma, assegurar essas trs coisas, pois a ordem pblica tudo aqui- lo, nada mais do que aquilo.Ui) Blaisc Knapp, por sua vez, assevera que a ordem pblica compreende a ordem pbli ca propriamente dita, a sade, a segurana, a moralidade e a tranqilidade pblicas, assim como a boa-f nos negcios, concluindo, em seguida, que a ordem pblica propriamente dit.'t a ausncia de desordem, de atos de violncia contra as pessoas, os bens ou o pr- prio Est.'tdo.(l2) Por fim, e para no nos alongarmos mais, deve ser colacionado que Paul Bernard, na sua clssica "L't notion d'ordre public en Droit Administratif', confirma ser tradicional o entendimento de que a ordem pblica a ausncia de agitaes, ausnCa de desordens, noo essa que est' se alargando, como parece consagrar a jurispmdncia vista dos trs elementos citados por Louis Rolland, retroindicados.(]J) A ordem pblica, assim, uma siu13o de fato oposta desordem, sendo, portanto, essencialmente de natureza material e exterior, como sustentou Louis Rolland, invocando a autoridade cientfica de Hauriou. Quanto segurana pblica, fiel s lies retroindicadas, em especial de Paul Bernard, temos entendido ser ela um aspecto da ordem pblica, ao lado da tranqilidade e da salubridade pblicas. A ordem pblica, bem por isso, efeito da causa segurana pblica ou, ainda, efei- to da causa tranqilidade pblica ou, ainda, efeito da musa salubridade pblica. Cada um desses aspectos , por si s, a causa do efeito ordem pblica, cada um deles tem por objeto assegurar a ordem pblica. Justitia, So 1_9_9_5 O estudo dos limites do Poder de Polcia comporta examinar o que ordem pblica e o seu principal aspecto que a segurana pblica, locuo esta que encerra todo um caprulo da Constituio da Repblica, no qual est.10 previstos os rgos policiais, ou seja, o Captulo UI do Tirulo V, embora s integrado pelo artigo 144, que define competncias de t.'tis rgos. Na Enciclopdia Universal Ilustrada - Europeo/Americana,(61 no verbete ardeu, den- tre outros, encontramos o significado de que "EI orden consiste en la acertada disposicin de las cosas. El concepto de orden, por lo tanto, importa pluralidad real o ideal de seres, partes o propriedades", razo de Santo Toms, sob O aspecto teleolgico, ter definido ordem "diciendo que es la reeta disposicin de las cosas a su fin", salientando-se, aps, que "Comprndese por esto que el orden pblico es la base fundament.'11 de toda orga- nizacin social y politica. Cuando aquel falte, no puede existir el Derecho ni, por lo tanto, seguridad de las personas ni de la propriedad, con lo cual faltar la tranquilidad, la paz social, y la vida de pueblos quedar a mereed deI mas fuerte". Jean Rvero, porm, adverte no se poder confundir o sentido de ordem pblica dado pelo direito privado com o sentido em matri;=t de polcia administrativa. As palavras so idnticas. Porm, ordem pblica, no seu dizer, coisa completamente diversa segun- do diga respeito ao direito privado ou, ento, ao direito pblico que rege a polcia, malgra- do ponto de vista em contrrio que possa existir por encerrar a locuo ordem pblica conceito jurdico indeterminado.I?1 poder administrativo sem que ele lese o direito do administrado, enquanto este aquilatar at que ponto dever respeito ao ato de polcia, como tal considerado o que decorre do exerccio do Poder de Polcia. Para quem queira conhec-lo, nada melhor do que os estudos de Jos Cretella Jnior na sua vastssima obra juridica, em especial no seu "Tratado de Direito Administrativo", cujo volume V est dedicado Polcia Administrativa Ol , bem como nos alentados "Comentrios ConstiuliC<10 Brasileira de 1988", onde incursinou, em mais de um dos seus nove volumes, pelos 'meandros do "Poder de Policia" e de suas barreiras Hl c, ainda, em "Direito Administrativo da Ordem Pblica", no qual lhe coube o exame do tema "Polcia Militar e Poder de Polcia no Direito Brasileiro", oportunidade em que demons- trou a sua sensibilidade jurdica e humanstica, tratando doutrinariamente da realidade policial brasileira, imprimindo ao rgo policial ostensivo e de preservao da ordem pbli- C:'t uma orientado f1nne sobre o exerccio do Poder de Polcia.(O) O Poder de Polcia, por ser discricionrio e no arbitrrio, tem limites e deles remos, no sem antes tratarmos da ordem pblica e seu principal aspecto que a segu- rana pblica para, em seguida, examinar ele prprio, Poder de Polcia, diferenciando-o do Poder da Polcia e a razao de esta existir, como Policia Administrativa e Polcia Judiciria, aquela com a sua modalidade Polcia de Segurana Pblica a converter-se em Polcia de Preservao da Ordem Pblica, na denominada represso imediata, que ativi- dade inicial de Polcia Judiciria, quando ocorre o ilcito penal que no se conseguiu evi- tar na preveno criminal. 2 - Ordem pblica e segllrana pblica (3) - CRETEUA JUNIOR, Jos. 'Trarado de Direi[o AdministTIltivo", v. V, 1" ed., 1968, Foreme, Rio de Janeiro, 320 pginas. (4) - CRETELLA. JUNIOR, Jos. "Comentrios Brasileiril de 1988", obril em nO\T volume>, Forense Unil'ersi{;i.riil, Rio de Janeiro. 5.158 paginas. (5) - CRlTELLA. JUNIOR, Jos et aBi. "Direito Administrillivo dil Ordem Pblia", 2" ed., 1987, Forense, Rio de Janeiro, pgs. 159201. (6) - Encidopedi,l Universallllls,mda Emopeo/Amcri,ma, Tomo XL, E,pilsa. Calpe, S.A, Madrid, verbete On.len, pg,';.119-195. (7) - RlVERO, Jean. Direim Adminisrrativo, uaduiio de Rogrio Ehrha,dt Soares, Livraria AO"""",', 1981, pago 480. 74
(14) - PESSOA, Mrio. "O Direito da Seguran.a Nacion.al", Biblioteca do Exrcito e Revista dos Tribun.ais(Editores, 1971, So Paulo, pgs. 7 e segs. (15) - DE Pu\.CIDO E SILVA. Vocabul:i.rio Jurdico, v.IV, l" ed., 1963, Forense, Rio de Janeiro, verbete Segunma Pblica, pg.1.417. (16) - FIGUEiREDO MOREIRA NETO, Diogo de. "Reviso Doutrinria dos Conceitos de Ordem Ptblica e Segurana Publica", "Anais do 1lI Congresso Brasileiro de Polcias Militares", fevcreiro/1987, Belo Horironte, Ed. Barvalle, pg. 49. (17) - CRETEUA JNIOR, Jos. "Conceirua.o do Poder de Policia", "Re\'ista do Ad\'Ogado", Associa\ilo dos Advogados de So PBul0, nO 17, abril/1985, pg. 53. (18) - Revism Supcr Intcrcssante, Ano 1, n 5, maio de 1988, Editora Abril, So Paulo, pago 19. (19) - l.AZZARINI, Alvaro et a1ii. Dircito Administrativo da Ordem Pblic:l., 2'; ed., 1987, Forense, Rio dc Janeito, pg. 19. (20) - DE Pl.CIDO E SILVA Vocabulrio, 00. cir., m, verbete Polcia, pg. 1.174. Segurana pblica, aspecto dos mais polmicos, em verdade um esmdo antidelitual, que resulta da observncia dos precietos tutelados pelos cdigos penais comuns e pela lei das contravenes penais, com aes de polcia preventivas e repressivas imediatas tpicas 041 afastandose, assim, por meio de organizaes prprias, de todo o perigo, ou de todo o mal que possa afetar a ordem pblica, em prejuzo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade das pessoas, limitando as liberdades individuais, estabele- cendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo em fazer aquilo que a lei no lhe veda, no pode ir alm da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a. oS ) Em outras palavras, como afirma Diogo de Figueiredo Moreira Neto, segurana pblica o conjunto de processos, polticos e jurdicos, destinados a garantir a ordem pblica, sendo esta o objeto daquela, (lt A segurana pblica dever do Esmdo, direito e responsabilidade de todos, sendo exercida para a preservao da ordem pblica e, assim, da incolumidade das pessoas e do patrimnio, conforme texto do artigo 144, caput, da Constituio da Repblica, que gera graves conseqncias em relao aos limites da competncia dos rgos policiais que enu- mera, bem como destes em relaco ao direito e responsabilidade de todos, pois h aque- les que entendem de exercer Poder de Polcia porque a norma constitucional assegura ser de responsabilidade de todos a preveno e repressso de infraes penais. 77
DOUTRINA (21) - CRI::.IEL0\ JQNIOR, Jos. "Ues de Direito Administrativo," ed. dt., pg. 229. (12) - CRETEUA. JUNIOR, Jos. "Tratado de Direito Adminiso-ativo", v. v., PolciB Administn1til'a; ed. dt., pg. 51. H, no poder de polcia, uma dicotomia, pois ele se concretiza atravs de duas ativi dades, ou seja, a de Polcia Administrativa e a de Polcia Judiciria. A dicotomia, no entanto, tem gerado confuses no legislador, disputas entre rgos policiais, que. no se acomodam aos limites legais de suas competncias institucionais e, assim, aos limites do Poder de Polcia, tudo em prejuzo do administrado que, quase sempre, aG:'lba por aceitar abusos de autoridade, por excesso de poder ou desvio de poder. Ambas, sabemos, so exteriorizao de atividade tipicamente administrativa, malgra do uma delas ser denominada de judiciria. A Polcia Administrativa, propriamente dita, preventiva, regida pelas nonnas e prin- cpios jurdicos do Direito Administrativo, enquanto que a Polcia Judicilia repressiva, exercendo atividade administrativa de auxiliar da represso Climinal. A Polcia Judiciria, necessrio insistir, no rgo, nem administrativo, do Poder Judicirio. Este Poder da Soberania Nacional, num Estado Democrtico de Direito, detm o monoplio da jurisdi- o e, bem por isso, ele que procede a represso criminal, sendo auxiliado pelo rgo do Poder Executivo que exerce a atividade de Polcia Judiciria e que, assim, deve observar as nonnas e princpios do Direito Processual PenaL O mesmo rgo policial, nos limites do Poder de Polcia, que a Constituio da Repblica impe, vinculando a sua atividade, pode ser ecltico, porque age preventiva e repressivamente, ou seja, passa necessria e automaticamente da atividade policial preven- tiva para o exerccio da atividade policial repressiva, dado que ocorreu o ilcito que. no conseguiu evitar. Quando o ilcito no for administrativo (infraes de normas do Cdigo de Trnsito, do de Obras, etc.) e sim penal, teremos, ento, atividade de polcia judiciria consubstanciada na denominada represso imediata, por parte do rgo policial exercente da atividade de polcia preventiva. No o rtulo do rgo policial que, alis; qualifica a atividade da polcia; O que a qualifica em Polcia Administrativa (preventiva) ou em Polcia Judiciria (repressiva ou auxiliar) ser, e isto sempre, a atividade de polcia em si mesma desenvolvida. passo que a polcia uma realidade, algo em ato. O poder de polcia legitima a a ao da polcia e a sua prpria existncia", concluiu, com exatido cientfica; o fes tejado mestre.(1l) Ele, alis, com a sua percuciente viso, em utTa de sua vasta obra jurdico-administra- tiva, justamente no seu Tratado de Direito Administrativo, acrescenta que "Se a polcia uma atividade ou aparelhamento, o poder de polcia o princpio jurdico que infomla essa atividade, justificando a ao policial, nos Estados de Direito", continuando por afiro mar que, por Sua vez, o "poder da polcia a possibilidade atuante da polcia, a polcia quando age. Numa expresso maior, que abrigasse as designaes que estamos esclarecen do insiste Jos Cretella Jnior -, diramos: em virtude do poder de polcia o poder da polcia empregado pela polcia a fim de assegurar o bem-estar pblico ameaado".112) Como poder administrativo, assim, o poder de polcia, que legitima o poder da cia e a prpria razo de ela existir, um conjunto de atribUies da Administrao Pblica, como poder pblico e indelegveis aos entes particulares, embora poSsam estar ligados quela, tendentes ao controle dos direitos e liberdades das pessoas, naturais ou jurdicas, a ser inspirado nos ideais do bem comum, e incidentes no s sobre elas, como tambm em seus bens e atividades. 4 - Polida administrativa e polida judiciria Justitia, So Paulo, 57 _ 76 3 - Poder de polida, polida e poder da polida Quem assegura a ordem pblica e, em especial a seguran<'1 pblica, a policia. A idia de policia inseparvel da idia de Estado, como afirma Jos Cretel1a Jnior, invo- cando o magistrio de Rafael - Bielsa. (li) Atribui-se, alis, a Honor de Balzac a afirmao de que "os governos passam, as sociedades morrem, a polcia etema."(lS) Ela o porque, na realidade, as naes podem deixar de ter as suas foras-armadas. Nunca, porm, podem prescindir da sua fora pblica, isto da sua polcia. (19) E no estudar polcia e os limites da sua atividade no se pode deixar de lado o estudo do poder de polcia e o do poder da polcia. Em sentido estrito, no dizer de De Plcido e Silva, polcia designa o conjunto de ins- tituies, fundadas pelo Esmdo, para que, segundo as prescries legais e regulamentares esmbelecidas, exeram vigilncia para que se mantenham a ordem pblica, a moralidade, a sade pblica e se assegure o bem-esmr coletivo, garantindo-se a propriedade e outros direitos individuais. eO) Importante , no entanto, o ensinamento de Jos Cretel1a Jnior no sentido de que "ao passo que a Polcia algo em concreto, um conjunto de atividades coerci- tivas exercidas na prtica dentro de um grupo social, o poder de polcia uma facultas, uma faculdade, uma possibilidade, um direito que o Estado tem de, vs da polcia, que uma fora organizada, limitar as atividades nefastas dos cida- dos. Usando a linguagem aristotlica-tomista - continua Jos Cretella Jnior - podemos dizer que o poder de polcia uma potencialidade, algo em potncia, ao (14) - PESSOA, Mrio. "O Direito da Seguran.a Nacion.al", Biblioteca do Exrcito e Revista dos Tribun.ais(Editores, 1971, So Paulo, pgs. 7 e segs. (15) - DE Pu\.CIDO E SILVA. Vocabul:i.rio Jurdico, v.IV, l" ed., 1963, Forense, Rio de Janeiro, verbete Segunma Pblica, pg.1.417. (16) - FIGUEiREDO MOREIRA NETO, Diogo de. "Reviso Doutrinria dos Conceitos de Ordem Ptblica e Segurana Publica", "Anais do 1lI Congresso Brasileiro de Polcias Militares", fevcreiro/1987, Belo Horironte, Ed. Barvalle, pg. 49. (17) - CRETEUA JNIOR, Jos. "Conceirua.o do Poder de Policia", "Re\'ista do Ad\'Ogado", Associa\ilo dos Advogados de So PBul0, nO 17, abril/1985, pg. 53. (18) - Revism Supcr Intcrcssante, Ano 1, n 5, maio de 1988, Editora Abril, So Paulo, pago 19. (19) - l.AZZARINI, Alvaro et a1ii. Dircito Administrativo da Ordem Pblic:l., 2'; ed., 1987, Forense, Rio dc Janeito, pg. 19. (20) - DE Pl.CIDO E SILVA Vocabulrio, 00. cir., m, verbete Polcia, pg. 1.174. Segurana pblica, aspecto dos mais polmicos, em verdade um esmdo antidelitual, que resulta da observncia dos precietos tutelados pelos cdigos penais comuns e pela lei das contravenes penais, com aes de polcia preventivas e repressivas imediatas tpicas 041 afastandose, assim, por meio de organizaes prprias, de todo o perigo, ou de todo o mal que possa afetar a ordem pblica, em prejuzo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade das pessoas, limitando as liberdades individuais, estabele- cendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo em fazer aquilo que a lei no lhe veda, no pode ir alm da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a. oS ) Em outras palavras, como afirma Diogo de Figueiredo Moreira Neto, segurana pblica o conjunto de processos, polticos e jurdicos, destinados a garantir a ordem pblica, sendo esta o objeto daquela, (lt A segurana pblica dever do Esmdo, direito e responsabilidade de todos, sendo exercida para a preservao da ordem pblica e, assim, da incolumidade das pessoas e do patrimnio, conforme texto do artigo 144, caput, da Constituio da Repblica, que gera graves conseqncias em relao aos limites da competncia dos rgos policiais que enu- mera, bem como destes em relaco ao direito e responsabilidade de todos, pois h aque- les que entendem de exercer Poder de Polcia porque a norma constitucional assegura ser de responsabilidade de todos a preveno e repressso de infraes penais. 77
DOUTRINA (21) - CRI::.IEL0\ JQNIOR, Jos. "Ues de Direito Administrativo," ed. dt., pg. 229. (12) - CRETEUA. JUNIOR, Jos. "Tratado de Direito Adminiso-ativo", v. v., PolciB Administn1til'a; ed. dt., pg. 51. H, no poder de polcia, uma dicotomia, pois ele se concretiza atravs de duas ativi dades, ou seja, a de Polcia Administrativa e a de Polcia Judiciria. A dicotomia, no entanto, tem gerado confuses no legislador, disputas entre rgos policiais, que. no se acomodam aos limites legais de suas competncias institucionais e, assim, aos limites do Poder de Polcia, tudo em prejuzo do administrado que, quase sempre, aG:'lba por aceitar abusos de autoridade, por excesso de poder ou desvio de poder. Ambas, sabemos, so exteriorizao de atividade tipicamente administrativa, malgra do uma delas ser denominada de judiciria. A Polcia Administrativa, propriamente dita, preventiva, regida pelas nonnas e prin- cpios jurdicos do Direito Administrativo, enquanto que a Polcia Judicilia repressiva, exercendo atividade administrativa de auxiliar da represso Climinal. A Polcia Judiciria, necessrio insistir, no rgo, nem administrativo, do Poder Judicirio. Este Poder da Soberania Nacional, num Estado Democrtico de Direito, detm o monoplio da jurisdi- o e, bem por isso, ele que procede a represso criminal, sendo auxiliado pelo rgo do Poder Executivo que exerce a atividade de Polcia Judiciria e que, assim, deve observar as nonnas e princpios do Direito Processual PenaL O mesmo rgo policial, nos limites do Poder de Polcia, que a Constituio da Repblica impe, vinculando a sua atividade, pode ser ecltico, porque age preventiva e repressivamente, ou seja, passa necessria e automaticamente da atividade policial preven- tiva para o exerccio da atividade policial repressiva, dado que ocorreu o ilcito que. no conseguiu evitar. Quando o ilcito no for administrativo (infraes de normas do Cdigo de Trnsito, do de Obras, etc.) e sim penal, teremos, ento, atividade de polcia judiciria consubstanciada na denominada represso imediata, por parte do rgo policial exercente da atividade de polcia preventiva. No o rtulo do rgo policial que, alis; qualifica a atividade da polcia; O que a qualifica em Polcia Administrativa (preventiva) ou em Polcia Judiciria (repressiva ou auxiliar) ser, e isto sempre, a atividade de polcia em si mesma desenvolvida. passo que a polcia uma realidade, algo em ato. O poder de polcia legitima a a ao da polcia e a sua prpria existncia", concluiu, com exatido cientfica; o fes tejado mestre.(1l) Ele, alis, com a sua percuciente viso, em utTa de sua vasta obra jurdico-administra- tiva, justamente no seu Tratado de Direito Administrativo, acrescenta que "Se a polcia uma atividade ou aparelhamento, o poder de polcia o princpio jurdico que infomla essa atividade, justificando a ao policial, nos Estados de Direito", continuando por afiro mar que, por Sua vez, o "poder da polcia a possibilidade atuante da polcia, a polcia quando age. Numa expresso maior, que abrigasse as designaes que estamos esclarecen do insiste Jos Cretella Jnior -, diramos: em virtude do poder de polcia o poder da polcia empregado pela polcia a fim de assegurar o bem-estar pblico ameaado".112) Como poder administrativo, assim, o poder de polcia, que legitima o poder da cia e a prpria razo de ela existir, um conjunto de atribUies da Administrao Pblica, como poder pblico e indelegveis aos entes particulares, embora poSsam estar ligados quela, tendentes ao controle dos direitos e liberdades das pessoas, naturais ou jurdicas, a ser inspirado nos ideais do bem comum, e incidentes no s sobre elas, como tambm em seus bens e atividades. 4 - Polida administrativa e polida judiciria Justitia, So Paulo, 57 _ 76 3 - Poder de polida, polida e poder da polida Quem assegura a ordem pblica e, em especial a seguran<'1 pblica, a policia. A idia de policia inseparvel da idia de Estado, como afirma Jos Cretel1a Jnior, invo- cando o magistrio de Rafael - Bielsa. (li) Atribui-se, alis, a Honor de Balzac a afirmao de que "os governos passam, as sociedades morrem, a polcia etema."(lS) Ela o porque, na realidade, as naes podem deixar de ter as suas foras-armadas. Nunca, porm, podem prescindir da sua fora pblica, isto da sua polcia. (19) E no estudar polcia e os limites da sua atividade no se pode deixar de lado o estudo do poder de polcia e o do poder da polcia. Em sentido estrito, no dizer de De Plcido e Silva, polcia designa o conjunto de ins- tituies, fundadas pelo Esmdo, para que, segundo as prescries legais e regulamentares esmbelecidas, exeram vigilncia para que se mantenham a ordem pblica, a moralidade, a sade pblica e se assegure o bem-esmr coletivo, garantindo-se a propriedade e outros direitos individuais. eO) Importante , no entanto, o ensinamento de Jos Cretel1a Jnior no sentido de que "ao passo que a Polcia algo em concreto, um conjunto de atividades coerci- tivas exercidas na prtica dentro de um grupo social, o poder de polcia uma facultas, uma faculdade, uma possibilidade, um direito que o Estado tem de, vs da polcia, que uma fora organizada, limitar as atividades nefastas dos cida- dos. Usando a linguagem aristotlica-tomista - continua Jos Cretella Jnior - podemos dizer que o poder de polcia uma potencialidade, algo em potncia, ao
5 - Polida de segurana pblica e polda de preservao da ordem pblica Polcia Judiciria, outrossim, no se confunde com Polcia de Segurana Pblica ou, simplesmente, Polcia de Segurana. Jos Cretella Jnior, com efeito, aps examinar as lies de RaneHetti e Guimarcs Menegale, concluiu, cientificamente, que a polcia de segurana tem por objeto prevenir a criminalidade em relao incolumidadc pessoal, propriedade, tranqilidade pblica e social. i!7J Esse conceito o que aceitamos, recordando o que dissemos anteriormente a respeito de ordem pblica e de segurana pblica, esta considerada um est:1.do antidelitual que tcm por objeto a ordem pblica. A Polcia de Segurana, portanto, tem por objeto prevenir a criminalidade, isto , procurar evitar, pelos meios legais ao seu alcance, dentro da realidade e do que seja razo" vel, a prtica de infraes penais, nos moldes apontados por Jos CreteHa Jnior. 79 DOUTRINA (28) - CONSONNI FOLCIERl. Car!o. "Nov,simo Dgesto lraliano," v. XIII, verbete Polcia Judiciria, traduo du Desembargador Geraldo Arruda, in "Re\'isra de Jurispnldncia do Tribunal de Justia do E$tado de So Paulo", Lex Editom, So Paulo. ano 1R julho/agosto de 1984. v. 89, pgs. 34-37. (29) - M. Aldo. "Manuale di Dirino Amministativo", Xll, ed. 1974, Casa Editrice DotL Eugnio Jo\'cne,. Napoli. Itlia, pg, 67). Carlo Consonni Folcieri, no verbete Polcia Judiciria, que escreveu para o "Novissimo Digesto Italiano", distinguea da polcia de seguran.a, porque, "enquanto de toda atividade discricionria de preveno no resguardo de qualquer lei liI11t:,d()ra da liberdade e penalmente sancionada, a polcia em sentido lato tem sempre carter de atividade administrativa, pelo qual pleonasticamente denominada a qualifica- co de polcia administrativa, constantemente usada. Ao lado do esbocado conceito de polcia administrativa, em sentido genrico, deve-se ter presente. um que se pode dizer da policia em sentido estrito e que, compreendendo apenas a atividade de preven- o referente s leis administrativas sancionadas penalmente, .divide-se em tantls partes quantas so as leis a que serve de atuao_ A principal das refelidas partes a policia de segurana, orientada a proteger os bens supremos de ordem pblica, da paz e da tranqi- lidade social; considerada a sua importncia preponderante entre os vrios ramos da policia administrativa, muitas das suas normas contm uma srie de princpios gerais aplicveis a qualquer outro ramo (polcia sanitria, polcia industrial, polcia comercial)" , acrescentando, ento, que a polcia de segurana tem por objeto "uma atribuiao comple xa geral e opera uma vasta atividade de observao e de coer para garantir a conserva o do direito, dos bens e das instituies sociais. Ela mantida pelo. uso de meios de execuo e opera com procedimentos e mtodos dinmicos e com amplos poderes discri- cionrios, pois age para impedir a violao da ordem e da segurana pblica. A polcia judiciria - acrescent:1. Folcieri -, ao invs, tendo finalidade especifica atinente reinte- grao do direito violado, desenvolve de regra atividade preordenada quela do rgo jurisdicional e vinculada no exerccio das ,suas funes observncia das rgidas nor- mas estabelecidas pela lei processual penaL A funo de polcia judiciria que se concre- tiza em uma atividade voltada para a realizao do escopo processual - bem que seja de natureza administrativa -, no se pode, portanto, recusar uma qualificao processuaL De fato a dita polcia ligada administrao da justia penal de modo a constituir uma direta em.anao dela, indiscutivelmente coordenada esfera jurisdicional", concluiu Carlo Consonn Folcieri. (281 A Policia de Segurana, portanto, nada mais do que uma parte da Polcia Administrativa, como sustenta, tambm Aldo M. Sandulli.()9) A Constituio de 1988, quando trata Da Segurana Pblica, no artigo 144, S, diz caber s policias militares a polcia ostensiva e a preserva.o da ordem pblica. Ela, ao certo, prev quc a Polcia Milit,'lr, como polcia ostensiva, tem a competncia constitucional inarredvel de Polcia de Preservac da Ordem Pblica (de manutenco da ordem pblica, na semntica constitucional' anterior), de que parte a de Segurana, exteriorizao da Polcia Administrativa na exata medida em que previne a desordem, mantendo a ordem pblica nas suas mltiplas facetas e procurando evit:1r que haja prtica deliruosa em sentido alnplo (crimes e contravenes penais), no que exercita, ento, a indicada atividade de polcia de segurana pblica, sendo, igualmente, exterioriza- o de Policia Judiciria, quando cuida da represso delitual, como auxiliar da Justia Crminal, sob regncia das normas de Direito Processual Penal e, assim, controlada e fis- calizada pela autoridade judiciria competente, sem embargo do controle cxterno do Ministrio Pblico (art. 129, VII, da Constituio da Repblica), sem que tenha natureza jurisdicional a sua atividade, devendo, pois, fornecer autoridade judiciria competente, na represso imediata, um primeiro material de averiguao e exame. Justitia, So Paulo, 57 (170), abr.llun. 1995 78 Isto est a demonstrar que a linha de diferenciao entre o que seja Polcia Administrativa (preventiva) ou Polcia Judiciria (repressiva ou auxiliar) bem precisa, porque sempre ser a ocorrncia ou nao de um ilcito penal,Cl) posio nossa acolhida por Maria Sylvia ZaneHa Di Pietro. (,41 A represso administrativa a ilcitos no penais, ou seja, a ilcitos administrativos, no a atividade de polcia judiciria e, bem por isso, nao pode ser exercida por quem s detenha competncia de Polcia Judiciria, sob pena de extrapolar os limites de seu poder de polcia. iCS) A competncia, sabemos, elemento vinculante do ato de polcia. A repres- so administrativa, assim, tpica manifestao de atividade de polcia administrativa. O posicionamento ora colocado importante em termos de controle jurisdicional do ato de polcia, em Estados Federados e no Distrito Fedcral, corno tambm a nvel de Justia Federal. Ato de polcia judiciria, por envolver matria criminal, s deve ser controlado pela Justia Criminal, de primeiro ou segundo graus de jurisdio, enquanto o ato de polcia administrativa o ser, nos mesmos graus de jurisdio, controlados pelo rgos competentes que detenham a jurisdio da Fazenda Pblica, tudo conforme as respectivas leis de organizao judiciria. Assim, por exemplo, a apreenso de um veculo, em um inqurito policial por furto, roubo, estelionato, etc. ser apreciada pela Justia Criminal, enquanto que a apreenso de um veculo por infrao administrativa ao Cdigo Nacional do Trnsito e seu regulamento dever ser apreciada pelo rgo competente da Justia CveL(2(-) (13) - LA..ZZARlNl, A.lvaro et aUi. "Direito Administrativo da OreJem Plibliw'. ed. cit., pg. 37 (24) - Dl PIETRO, Maria Sykia Zandb. "Direito Administrativo", Editora Atlas, So P.'!Ulo, 1990, p)!. 90. (25) - "A autoridade policial civil incompetente para apenas aqueles que. eventualmente. tenham pwticaJo s ilicito admini., trativo de trnsito, dado guc a sua competncia para s apurar infraes penais, no regular exercicio de policia judiciria. nica atividade que lhe foi pelas C..onstituies da Repblica e E,tadual (artigos 144, 4", e 140, respectivamente)", razo de de trnsito - Apreenso da Carteira Nacional de HabilitaO por alltoridade policial cil'il- lnadmissibldade - Ato de polcia adminisnati\a e no de policia judiiria - Inobservncia - Abmo de autoridade - Se"uranca. cono:odida- Sentena mnnmlada': (acrdo unnime da Primeira(\imara Civil do Tribunal de Justia do Estado de 53:' Paulo, na apelao civel 1)" 128.87S1, de So Paulo, Julgada em 26 de kverciro de 1991, in "jun5prudncm do Tribunal de justica". Edltora Lo;.:, So Paulo. ano 27, agosto de 1993. v_ 147, pgs, 137-142). . (26) - "Competncia Recursal - Mandado de - Impetraiio contra ato de autoridade policial que, em diligncia, apreendeu cilindros de gases nobres, visando da rnaterialid"de dO delitos - Atividade policial,judiciria, auxiliar da Justia Criminal - Competncia do Tribulla! de AI\<da Criminal - Remessa determinada - No conhecimento" (acrdlio unnime da Primcim Cmam Civil do Trbunal de justia do Esmdo de So Paulo, na apelao 111.0581. de So Paulo. julgada em 19 de setembro de ] 989, in "Revista de jurispnJllncia do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo". Editora Lex, So Paulo, ano 23. mar\,o/abril de 1990, v. 123, pgs. 3031; no mesmo sentido est anotado o julgamento, pela mesma Climara Civil 110 mandado de segurana n" 101.7051, de So Paulo, e no agravo de inSlnJlllenm n" 108.179-1. de So Paulo). (27) - CRETELLA. JNIOR, jm. "Enciclopdia Saraiva do Direito", Edio Saraiva, Siio Paulo, 1981, verbete "Polida Administrativa", pgs. 183-185, 5 - Polida de segurana pblica e polda de preservao da ordem pblica Polcia Judiciria, outrossim, no se confunde com Polcia de Segurana Pblica ou, simplesmente, Polcia de Segurana. Jos Cretella Jnior, com efeito, aps examinar as lies de RaneHetti e Guimarcs Menegale, concluiu, cientificamente, que a polcia de segurana tem por objeto prevenir a criminalidade em relao incolumidadc pessoal, propriedade, tranqilidade pblica e social. i!7J Esse conceito o que aceitamos, recordando o que dissemos anteriormente a respeito de ordem pblica e de segurana pblica, esta considerada um est:1.do antidelitual que tcm por objeto a ordem pblica. A Polcia de Segurana, portanto, tem por objeto prevenir a criminalidade, isto , procurar evitar, pelos meios legais ao seu alcance, dentro da realidade e do que seja razo" vel, a prtica de infraes penais, nos moldes apontados por Jos CreteHa Jnior. 79 DOUTRINA (28) - CONSONNI FOLCIERl. Car!o. "Nov,simo Dgesto lraliano," v. XIII, verbete Polcia Judiciria, traduo du Desembargador Geraldo Arruda, in "Re\'isra de Jurispnldncia do Tribunal de Justia do E$tado de So Paulo", Lex Editom, So Paulo. ano 1R julho/agosto de 1984. v. 89, pgs. 34-37. (29) - M. Aldo. "Manuale di Dirino Amministativo", Xll, ed. 1974, Casa Editrice DotL Eugnio Jo\'cne,. Napoli. Itlia, pg, 67). Carlo Consonni Folcieri, no verbete Polcia Judiciria, que escreveu para o "Novissimo Digesto Italiano", distinguea da polcia de seguran.a, porque, "enquanto de toda atividade discricionria de preveno no resguardo de qualquer lei liI11t:,d()ra da liberdade e penalmente sancionada, a polcia em sentido lato tem sempre carter de atividade administrativa, pelo qual pleonasticamente denominada a qualifica- co de polcia administrativa, constantemente usada. Ao lado do esbocado conceito de polcia administrativa, em sentido genrico, deve-se ter presente. um que se pode dizer da policia em sentido estrito e que, compreendendo apenas a atividade de preven- o referente s leis administrativas sancionadas penalmente, .divide-se em tantls partes quantas so as leis a que serve de atuao_ A principal das refelidas partes a policia de segurana, orientada a proteger os bens supremos de ordem pblica, da paz e da tranqi- lidade social; considerada a sua importncia preponderante entre os vrios ramos da policia administrativa, muitas das suas normas contm uma srie de princpios gerais aplicveis a qualquer outro ramo (polcia sanitria, polcia industrial, polcia comercial)" , acrescentando, ento, que a polcia de segurana tem por objeto "uma atribuiao comple xa geral e opera uma vasta atividade de observao e de coer para garantir a conserva o do direito, dos bens e das instituies sociais. Ela mantida pelo. uso de meios de execuo e opera com procedimentos e mtodos dinmicos e com amplos poderes discri- cionrios, pois age para impedir a violao da ordem e da segurana pblica. A polcia judiciria - acrescent:1. Folcieri -, ao invs, tendo finalidade especifica atinente reinte- grao do direito violado, desenvolve de regra atividade preordenada quela do rgo jurisdicional e vinculada no exerccio das ,suas funes observncia das rgidas nor- mas estabelecidas pela lei processual penaL A funo de polcia judiciria que se concre- tiza em uma atividade voltada para a realizao do escopo processual - bem que seja de natureza administrativa -, no se pode, portanto, recusar uma qualificao processuaL De fato a dita polcia ligada administrao da justia penal de modo a constituir uma direta em.anao dela, indiscutivelmente coordenada esfera jurisdicional", concluiu Carlo Consonn Folcieri. (281 A Policia de Segurana, portanto, nada mais do que uma parte da Polcia Administrativa, como sustenta, tambm Aldo M. Sandulli.()9) A Constituio de 1988, quando trata Da Segurana Pblica, no artigo 144, S, diz caber s policias militares a polcia ostensiva e a preserva.o da ordem pblica. Ela, ao certo, prev quc a Polcia Milit,'lr, como polcia ostensiva, tem a competncia constitucional inarredvel de Polcia de Preservac da Ordem Pblica (de manutenco da ordem pblica, na semntica constitucional' anterior), de que parte a de Segurana, exteriorizao da Polcia Administrativa na exata medida em que previne a desordem, mantendo a ordem pblica nas suas mltiplas facetas e procurando evit:1r que haja prtica deliruosa em sentido alnplo (crimes e contravenes penais), no que exercita, ento, a indicada atividade de polcia de segurana pblica, sendo, igualmente, exterioriza- o de Policia Judiciria, quando cuida da represso delitual, como auxiliar da Justia Crminal, sob regncia das normas de Direito Processual Penal e, assim, controlada e fis- calizada pela autoridade judiciria competente, sem embargo do controle cxterno do Ministrio Pblico (art. 129, VII, da Constituio da Repblica), sem que tenha natureza jurisdicional a sua atividade, devendo, pois, fornecer autoridade judiciria competente, na represso imediata, um primeiro material de averiguao e exame. Justitia, So Paulo, 57 (170), abr.llun. 1995 78 Isto est a demonstrar que a linha de diferenciao entre o que seja Polcia Administrativa (preventiva) ou Polcia Judiciria (repressiva ou auxiliar) bem precisa, porque sempre ser a ocorrncia ou nao de um ilcito penal,Cl) posio nossa acolhida por Maria Sylvia ZaneHa Di Pietro. (,41 A represso administrativa a ilcitos no penais, ou seja, a ilcitos administrativos, no a atividade de polcia judiciria e, bem por isso, nao pode ser exercida por quem s detenha competncia de Polcia Judiciria, sob pena de extrapolar os limites de seu poder de polcia. iCS) A competncia, sabemos, elemento vinculante do ato de polcia. A repres- so administrativa, assim, tpica manifestao de atividade de polcia administrativa. O posicionamento ora colocado importante em termos de controle jurisdicional do ato de polcia, em Estados Federados e no Distrito Fedcral, corno tambm a nvel de Justia Federal. Ato de polcia judiciria, por envolver matria criminal, s deve ser controlado pela Justia Criminal, de primeiro ou segundo graus de jurisdio, enquanto o ato de polcia administrativa o ser, nos mesmos graus de jurisdio, controlados pelo rgos competentes que detenham a jurisdio da Fazenda Pblica, tudo conforme as respectivas leis de organizao judiciria. Assim, por exemplo, a apreenso de um veculo, em um inqurito policial por furto, roubo, estelionato, etc. ser apreciada pela Justia Criminal, enquanto que a apreenso de um veculo por infrao administrativa ao Cdigo Nacional do Trnsito e seu regulamento dever ser apreciada pelo rgo competente da Justia CveL(2(-) (13) - LA..ZZARlNl, A.lvaro et aUi. "Direito Administrativo da OreJem Plibliw'. ed. cit., pg. 37 (24) - Dl PIETRO, Maria Sykia Zandb. "Direito Administrativo", Editora Atlas, So P.'!Ulo, 1990, p)!. 90. (25) - "A autoridade policial civil incompetente para apenas aqueles que. eventualmente. tenham pwticaJo s ilicito admini., trativo de trnsito, dado guc a sua competncia para s apurar infraes penais, no regular exercicio de policia judiciria. nica atividade que lhe foi pelas C..onstituies da Repblica e E,tadual (artigos 144, 4", e 140, respectivamente)", razo de de trnsito - Apreenso da Carteira Nacional de HabilitaO por alltoridade policial cil'il- lnadmissibldade - Ato de polcia adminisnati\a e no de policia judiiria - Inobservncia - Abmo de autoridade - Se"uranca. cono:odida- Sentena mnnmlada': (acrdo unnime da Primeira(\imara Civil do Tribunal de Justia do Estado de 53:' Paulo, na apelao civel 1)" 128.87S1, de So Paulo, Julgada em 26 de kverciro de 1991, in "jun5prudncm do Tribunal de justica". Edltora Lo;.:, So Paulo. ano 27, agosto de 1993. v_ 147, pgs, 137-142). . (26) - "Competncia Recursal - Mandado de - Impetraiio contra ato de autoridade policial que, em diligncia, apreendeu cilindros de gases nobres, visando da rnaterialid"de dO delitos - Atividade policial,judiciria, auxiliar da Justia Criminal - Competncia do Tribulla! de AI\<da Criminal - Remessa determinada - No conhecimento" (acrdlio unnime da Primcim Cmam Civil do Trbunal de justia do Esmdo de So Paulo, na apelao 111.0581. de So Paulo. julgada em 19 de setembro de ] 989, in "Revista de jurispnJllncia do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo". Editora Lex, So Paulo, ano 23. mar\,o/abril de 1990, v. 123, pgs. 3031; no mesmo sentido est anotado o julgamento, pela mesma Climara Civil 110 mandado de segurana n" 101.7051, de So Paulo, e no agravo de inSlnJlllenm n" 108.179-1. de So Paulo). (27) - CRETELLA. JNIOR, jm. "Enciclopdia Saraiva do Direito", Edio Saraiva, Siio Paulo, 1981, verbete "Polida Administrativa", pgs. 183-185,
I) - limites do I'ode, de I'0lda - Acrdo uniinime da Quana Cmara Criminal do Tribunal de JlIStio'l do Estado de So Paulo, na apelao criminal :>8.497-3, dc ltan,ham, Julgada em 21 de dezembro de 1987, in "Rcvista de Jurisprudncia do Tribunal de Justla do Estado de So Paulo' , Editora Lex, So Paulo, ano 22, maroh.bril de 1988, v. 111, pgs. 477-479. (31) -:- KNAPP, Blaise. Obra e cd. cits., 88, pg. 21. Blaise Knapp afirma: "Si ellcs doivent srrictelllent respecter lcs autres pnnC;ll?eS ,gnraux du drolt pubhc, les dClsions de la pohce administrative ne sont qu'en pnnClpe sounllses au pnnClpe de la lgallte. En effet. excepnonnellement, en cas dc danger srieux, direct et imminent pour l'ordre public (ATF 103 la 312 'Rassemblement jurassien et Unit juraissienne'), le Tribunal Fdraladmct que l'autorit executive prel1ne des ddsions ou des mesures. voire mme adopte eles rglements, mme sans ba,e legale ou constitucionndle expresse, pOlir protger l'ordre public cntre teUes aueintes qui 'compromeucm h ralisation d'une tche tJtique lDndamemale' en se fondam sur la c1ause gnrale de paliee". ' 81 DOUTRINA (33) - CRETELiA JNIOR, Jos. "Polcia e Poder de Policia", "Revista de Direito AdministTi<tl'O", Fundao Getlio Varga" Rio de Janeiro, v. 162, pg. 30. (34) - K1RKHAM, George L "De Professor a Policial", "Selees do Reader's Digest", maro de 1975, Brasil, pg. 84. (35) - CRpTELLA.]UNIOR, Jos. "Polida e Poder de Polcia", publicao cit., pg. 3l. (36) - TACITO, Caio. "O Abuso de Poder Administrativo no Brasil - Conceito e Remdios", edio do Departamento AdminiStrativo do Servio Pblico e lnstiruto Brasileiro de Cincias AdminiStrativas, Rio de Janeiro, 1959, pg. 27. Honestidade intelectual vemos nesta assertiva e podemos afirmar que Jos Cretella no errou quando,. abordando o tormentoso tema dos limites ou barreiras do de Policia, observou, com acuidade mpar e coragem moral, que o Poder de Polcia ser discricionrio, e no arbitrrio, mas, fixado o conceito, ficamos diante do mais relevante e moderno problema do direito pblico: "onde termina o discricionrio: principia o arbitrrio:"{3J) Essa, na realidade do a tonnent6sa questo com que se defrontam os opera do direito pblico, sejam juristas ou simples policiais que desempenham suas ingra- misses na rua, fora do recesso dos gabinetes e<dos manuais de Direito A,irrlinistrativo ou de Direito Processual Penal e,muitas vetes, devendo decidir diante de nonnas jurdicas amplas e vagas, na dinmica do cumprimento da' misso policial, da qual no pode fugir do estrito cumprimento do dever legal de, em defesa da cidadania, fazer aquelas escolhas crticas em questo de frao de segundo, a que alude George L. Kirkham, ilustre Professor da Universidade da Flrida, Estados Unidos da Amrica, em artigo intitulado "De Professor a Policial", (4) crtica escolha que ser sempre tomada com aquela incmoda celteza de que outros, aqueles que tinham tempo de pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que fizeram ou aquilo que no tinham feito. No resta dvida, no entanto, e todos sabem, que a ao administrativa de polcia est demarcada pela nonna jurdica, est sujeita aos princpios da legalidade e da moralidade admi- nistrativa, devendo respeitar os direitos do cidado, as prerrogativas individuais e as liberdades pblicas, no se confundindo, porm, como no-lo demonstra Jos Cretella Jnior vista. da lio de Vedel, atividades, que constituem meras faculdades, com as verdadeiras liberdades pblicas garantidas pela lei, mas faculdades concedidas aos cidadosY') A prpria liberdade de ao do rgo policial, hoje, est adsnita sua competncia legal, isto , cada rgo policial tem o exerccio do Poder de Policia limitado sua esfera de competncia, porque "A plimeira condio de legalidade a competncia do agente. No h, em direito administrativo, competncia geral ou universal: a lei preceitua, em relao a cada funo pblica, a forma e o momento do exerccio das atribuies do cargo. No competente quem quer, mas quem pode, segundo a nonna de direito. A competncia , sempre, um elemento vinculado, objetivamente fixado pelo legislador", no dizer, sempre lembrado, de Caio TcitoYf Deve, portanto, ficar assentado que o Poder de Polcia, forosamente, deve sofrer limitaes, como, por exemplo, as previstas na Constituio da Repblica e relativas s liberdades pessoais, manifestao do pensamento e divulgao pela imprensa, ao exer ccio das profisses, ao direito de reunio, aos direitos politicos, liberdade do comrcio, etc. O Cdigo Civil, igualmente, cuida de limitar o exerdcio dos direitos individuais, quando o condiciona ao seu uso normal, proibindo, no seu artigo 160, o seu abuso, o abuso do direito. Em verdade, como lembrou Hely Lopes Meirel1es, "Os limites do poder de polcia administrativa so demarcados pelo interesse social em conciliaco com os direitos funda- mentais do indivduo assegurados na Constituio da Repb'lica (...). Do absolutismo individual evolumos para o relativismo sociaL Os Estados democrticos como o nosso inspiram-se nos principios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Dai o equi- librio a ser procurado entre a fruio dos direitos de cada um e os interesses da coletivida- Justitia, So 57 (170), abr./Jun. 1995 80 Podemos examinar, agora, o tema a que se refere o ttulo deste trabalho, ou seja, das barreiras ao Poder de Polcia. Dissemos que o exerccio desse poder administrativo deve buscar os ideais do bem comum, isto , deve ter em vista, e sempre, o supremo objetivo de fazer concretizar o bem comum da coletividade administrada, embora em certos pases, como a Sua por exem- plo, admita-se, excepcionalmente a no submisso do ato de polcia ao princi- pio da legalidade, conforme esclarece Blaise KnappYil Mas, pelo bvio, o Poder de Polcia no ilimitado, no carta branca para quem exerce atividade de Administrao Pblica fazer ou deixar de fazer alguma coisa arbitrariamente. A Lei Federal n 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecida como Cdigo Tributrio Nacional, no seu artigo 78, pargrafo nico, na redao dada pelo Ato Complementar n 31, de 28 de dezembro de 1966, sob o prisma legal, diz "regular o exerccio do poder de polcia quando desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionria, sem abuso ou desvio de poder". Como se verifica, a prpria lei, embora cuide do sistema tributrio nacional, impe barreiras ou limites intransponveis, que abrigam as atividades humanas, protegendo-as contra os desmandos dos governantes e administradores, barreiras ou limites esses que so de trs ordens, pelo magistrio escorreito de Jos Cretella Jnior: "os direitos dos cidados; as prerrogativas individuais; as lberdades pblcas garantidas pelas Constituies e pelas leis" .02) Jos Cretella Jnior, apresentando os seus "Comentrios Constituico Brasleira de 1988" a que j nos referimos, asseverou: o 'talvez', preferindo, sempre, dar nossa interpretao, dizendo 'sim' ou 'no'. E melhor o erro, que permitir pronta critica, ou correo, do que a semiverdade, que encobre a anlise objetiva dos fatos". Bem por isso, como Polcia de Preservao da Ordem Pblica, Polcia Militar no s cabe o exerccio da polcia ostensiva, como tambm cabe-lhe a competncia residual de exerccio de toda atividade policial de segurana pblica no atribuda aos demais rgos elencados taxativamente no art. 144 da Constituio de 1988, o que engloba, inclusive, a competncia especfica de tais rgos policiais, no caso de falncia operacional deles, a exemplo de suas greves ou outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta, eficazmente, de suas atribuices constitucionais. A Polcia Militar como fora pblica que , constitui o rgo de da ordem pblica para tod; o uni- verso da atividade policial em tema de ordem pblca e, especificamente, de segurana pblca, cabendolhe, inclusive, a investigao polcial mlitar preventiva, conforme con- clui o Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, pela sua Colenda Quarta Cmara Criminal, ao referendar a misso que o policial militar desenvolvia, em trajes civis, e que culminou na priso de traficantes de entorpecentesYOl I) - limites do I'ode, de I'0lda - Acrdo uniinime da Quana Cmara Criminal do Tribunal de JlIStio'l do Estado de So Paulo, na apelao criminal :>8.497-3, dc ltan,ham, Julgada em 21 de dezembro de 1987, in "Rcvista de Jurisprudncia do Tribunal de Justla do Estado de So Paulo' , Editora Lex, So Paulo, ano 22, maroh.bril de 1988, v. 111, pgs. 477-479. (31) -:- KNAPP, Blaise. Obra e cd. cits., 88, pg. 21. Blaise Knapp afirma: "Si ellcs doivent srrictelllent respecter lcs autres pnnC;ll?eS ,gnraux du drolt pubhc, les dClsions de la pohce administrative ne sont qu'en pnnClpe sounllses au pnnClpe de la lgallte. En effet. excepnonnellement, en cas dc danger srieux, direct et imminent pour l'ordre public (ATF 103 la 312 'Rassemblement jurassien et Unit juraissienne'), le Tribunal Fdraladmct que l'autorit executive prel1ne des ddsions ou des mesures. voire mme adopte eles rglements, mme sans ba,e legale ou constitucionndle expresse, pOlir protger l'ordre public cntre teUes aueintes qui 'compromeucm h ralisation d'une tche tJtique lDndamemale' en se fondam sur la c1ause gnrale de paliee". ' 81 DOUTRINA (33) - CRETELiA JNIOR, Jos. "Polcia e Poder de Policia", "Revista de Direito AdministTi<tl'O", Fundao Getlio Varga" Rio de Janeiro, v. 162, pg. 30. (34) - K1RKHAM, George L "De Professor a Policial", "Selees do Reader's Digest", maro de 1975, Brasil, pg. 84. (35) - CRpTELLA.]UNIOR, Jos. "Polida e Poder de Polcia", publicao cit., pg. 3l. (36) - TACITO, Caio. "O Abuso de Poder Administrativo no Brasil - Conceito e Remdios", edio do Departamento AdminiStrativo do Servio Pblico e lnstiruto Brasileiro de Cincias AdminiStrativas, Rio de Janeiro, 1959, pg. 27. Honestidade intelectual vemos nesta assertiva e podemos afirmar que Jos Cretella no errou quando,. abordando o tormentoso tema dos limites ou barreiras do de Policia, observou, com acuidade mpar e coragem moral, que o Poder de Polcia ser discricionrio, e no arbitrrio, mas, fixado o conceito, ficamos diante do mais relevante e moderno problema do direito pblico: "onde termina o discricionrio: principia o arbitrrio:"{3J) Essa, na realidade do a tonnent6sa questo com que se defrontam os opera do direito pblico, sejam juristas ou simples policiais que desempenham suas ingra- misses na rua, fora do recesso dos gabinetes e<dos manuais de Direito A,irrlinistrativo ou de Direito Processual Penal e,muitas vetes, devendo decidir diante de nonnas jurdicas amplas e vagas, na dinmica do cumprimento da' misso policial, da qual no pode fugir do estrito cumprimento do dever legal de, em defesa da cidadania, fazer aquelas escolhas crticas em questo de frao de segundo, a que alude George L. Kirkham, ilustre Professor da Universidade da Flrida, Estados Unidos da Amrica, em artigo intitulado "De Professor a Policial", (4) crtica escolha que ser sempre tomada com aquela incmoda celteza de que outros, aqueles que tinham tempo de pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que fizeram ou aquilo que no tinham feito. No resta dvida, no entanto, e todos sabem, que a ao administrativa de polcia est demarcada pela nonna jurdica, est sujeita aos princpios da legalidade e da moralidade admi- nistrativa, devendo respeitar os direitos do cidado, as prerrogativas individuais e as liberdades pblicas, no se confundindo, porm, como no-lo demonstra Jos Cretella Jnior vista. da lio de Vedel, atividades, que constituem meras faculdades, com as verdadeiras liberdades pblicas garantidas pela lei, mas faculdades concedidas aos cidadosY') A prpria liberdade de ao do rgo policial, hoje, est adsnita sua competncia legal, isto , cada rgo policial tem o exerccio do Poder de Policia limitado sua esfera de competncia, porque "A plimeira condio de legalidade a competncia do agente. No h, em direito administrativo, competncia geral ou universal: a lei preceitua, em relao a cada funo pblica, a forma e o momento do exerccio das atribuies do cargo. No competente quem quer, mas quem pode, segundo a nonna de direito. A competncia , sempre, um elemento vinculado, objetivamente fixado pelo legislador", no dizer, sempre lembrado, de Caio TcitoYf Deve, portanto, ficar assentado que o Poder de Polcia, forosamente, deve sofrer limitaes, como, por exemplo, as previstas na Constituio da Repblica e relativas s liberdades pessoais, manifestao do pensamento e divulgao pela imprensa, ao exer ccio das profisses, ao direito de reunio, aos direitos politicos, liberdade do comrcio, etc. O Cdigo Civil, igualmente, cuida de limitar o exerdcio dos direitos individuais, quando o condiciona ao seu uso normal, proibindo, no seu artigo 160, o seu abuso, o abuso do direito. Em verdade, como lembrou Hely Lopes Meirel1es, "Os limites do poder de polcia administrativa so demarcados pelo interesse social em conciliaco com os direitos funda- mentais do indivduo assegurados na Constituio da Repb'lica (...). Do absolutismo individual evolumos para o relativismo sociaL Os Estados democrticos como o nosso inspiram-se nos principios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Dai o equi- librio a ser procurado entre a fruio dos direitos de cada um e os interesses da coletivida- Justitia, So 57 (170), abr./Jun. 1995 80 Podemos examinar, agora, o tema a que se refere o ttulo deste trabalho, ou seja, das barreiras ao Poder de Polcia. Dissemos que o exerccio desse poder administrativo deve buscar os ideais do bem comum, isto , deve ter em vista, e sempre, o supremo objetivo de fazer concretizar o bem comum da coletividade administrada, embora em certos pases, como a Sua por exem- plo, admita-se, excepcionalmente a no submisso do ato de polcia ao princi- pio da legalidade, conforme esclarece Blaise KnappYil Mas, pelo bvio, o Poder de Polcia no ilimitado, no carta branca para quem exerce atividade de Administrao Pblica fazer ou deixar de fazer alguma coisa arbitrariamente. A Lei Federal n 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecida como Cdigo Tributrio Nacional, no seu artigo 78, pargrafo nico, na redao dada pelo Ato Complementar n 31, de 28 de dezembro de 1966, sob o prisma legal, diz "regular o exerccio do poder de polcia quando desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionria, sem abuso ou desvio de poder". Como se verifica, a prpria lei, embora cuide do sistema tributrio nacional, impe barreiras ou limites intransponveis, que abrigam as atividades humanas, protegendo-as contra os desmandos dos governantes e administradores, barreiras ou limites esses que so de trs ordens, pelo magistrio escorreito de Jos Cretella Jnior: "os direitos dos cidados; as prerrogativas individuais; as lberdades pblcas garantidas pelas Constituies e pelas leis" .02) Jos Cretella Jnior, apresentando os seus "Comentrios Constituico Brasleira de 1988" a que j nos referimos, asseverou: o 'talvez', preferindo, sempre, dar nossa interpretao, dizendo 'sim' ou 'no'. E melhor o erro, que permitir pronta critica, ou correo, do que a semiverdade, que encobre a anlise objetiva dos fatos". Bem por isso, como Polcia de Preservao da Ordem Pblica, Polcia Militar no s cabe o exerccio da polcia ostensiva, como tambm cabe-lhe a competncia residual de exerccio de toda atividade policial de segurana pblica no atribuda aos demais rgos elencados taxativamente no art. 144 da Constituio de 1988, o que engloba, inclusive, a competncia especfica de tais rgos policiais, no caso de falncia operacional deles, a exemplo de suas greves ou outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta, eficazmente, de suas atribuices constitucionais. A Polcia Militar como fora pblica que , constitui o rgo de da ordem pblica para tod; o uni- verso da atividade policial em tema de ordem pblca e, especificamente, de segurana pblca, cabendolhe, inclusive, a investigao polcial mlitar preventiva, conforme con- clui o Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, pela sua Colenda Quarta Cmara Criminal, ao referendar a misso que o policial militar desenvolvia, em trajes civis, e que culminou na priso de traficantes de entorpecentesYOl
7 - Controle administrativo e judicirio do ato de polda 83 DOUTRINA Diogo de Figueiredo Moreira Neto, na sua IllOnografia sobre Legitimidade e Discricionariedade, em novas reflex6es sobre os limites e controle da discricionariedade, afirma que a sua sistematizao palte de dois princpios que ao tempo de Forsthoff no tinham curso e que hoje ganhamos mais srios tratamentos de doutrina e ascendem at aos projetos constitucionais, ou seja, "So dois princpios tcnicos que no existem auto- nomamente mas servem de instrumentos para que se afirmem os princpios substantivos; so eles o prindpio da realidade e o princpio da razoabilidade" .(4C) O princpio da razoabilidade, alis, foi expressamente acolhido pela Constituio Paulist1. de 1989, no seu artigo 111, que o tornou obrigatrio ao lado daqueles outros enunciados na Consttuio da Repblica de 1988, isto , os da legalidade, impessoalida- de, moralidade e publicidade_ Ao certo, COlTIO se verifica e, t"1mbm, afirma Maria Sylvia Zanella Di Pietro, "A dis cricionariedade no mais a liberdade de atuaao limitada pela lei, mas a liberdade de atuao limitada pelo Direito. (...) medida que o princpio da legalidade adquire conte do material antes desconhecido aos limites puramente formais dscricionariedade admi- nistrativa, concernentes Competncia e forma, outros foram sendo acrescentados prin cipalmente pela jurispnldncia dos pases em que o papel do Poder Judicirio nao se resu- me aplicaao pura e simples da lei formal, mas se estende tarefa de criao do direi to".(411 Os rgos superiores ao que praticou o ato de policia devem considerar o quanto exposto na fiscalizao desse ato de modo a lhe garantir a sua legalidade e convenincia, devendo ser lembrado que dentro do Poder Hierrquico, o superior funcional tem o dever legal de, ordinariamente, proceder o controle preventivo ou sucessivo do ato de seu subordinado para vcrificar de sua legalidade, ou seja, a sua conformao com o princpio da legalidade, isto , com a lei, bem como a sua convenincia quanto aos efeitos do ato e quanto aos meios empregados para a sua execuo. 14 !) Falhando o controle administrativo, porque o superior, por ao ou omisso, fez per petrar o abuso de autoridade do seu subordinado, restar, ento, ao administrado que se sinta prejudicado a busca do controle jurisdicional do ato de polcia. Esse controle judici rio, como se sabe, sempre fcito a posteriori, atravs das a6es adequadas previst:1.s no ordenamento processual brasileiro, como o habeas corpus, o mandado de segurana e, quando no haja violao ao direito de locomoo e nem direito lquido e certo, procedi- mento sumarssimo ou procedimento ordinrio, quando ser, ento, possvel a ampla dilao probatria para demonstrar, cabalmente, a ilegitimidade do ato de polcia, que, como qualquer outro ato administrativo, goza de presuno de verdade e de legitimidade, que s ser infnnada por prova cabal em contrrio. Merece destaque a propsito, por correta que , a lio de Jos Cretella Jnior no sentido de que "Julgando embora casos concretos, o poder judicirio tem assinalado, de modo genrico, os limites do poder de polcia, sob a forma de regra ou princpio, decidin do que as barreiras ao exerccio desse poder se encontram na sua prpria finalidade, que (40) - FIGUEIREDO l'IOREIRA. NETO, Oiogo de "Legitimidade e Discricionariedade", 1" ed., 1989, Editora Forense, Rio de Janeiro. pg. 37. (41) - OI PIETRO, Maria Sylvia laneHa. "Discricionariedade Administativa na ConstiUlio de 1988", Editora Atlas, Su Paulo, 1991, pli- 171. (42) - MA5AGAO, MMio. de Oireiro Administrativo", Editora Revisra dos Tribunais, So Paulo, ed., 1974, n" 151 154, pgs. 63-64. 82 de, em favor do bem comum. Em nossos dias e no nosso Pas predomina a idia da relatividade dos direitos, porque, como bem adverte Ripert, o direito do indivduo Il.ao pode ser absoluto, visto que absolutismo sinnimo de soberania. No sendo o homem soberano na sociedade, o seu direito , por conseqncia, simplesmente relativo' ('O Regime Democrtico e o Direito Civil Moderno', Ed. Saraiva, 1937, pg. 233)".1''' Da ser correto o raciocnio de Jos Cretella Jnior ao sustentar que "Do mesmo modo que os direitos individuais so relativos, assim tambm acontece com o poder de polcia que, longe de ser onipotente, incontrolvel, circunscrito, jamais podendo pr em perigo a liberdade c a propriedade. Importando, regra geral, o poder de polcia, restri6es a direitos individuais, a sua utilizao no deve ser excessiva ou desnecessria, para que no se configure o abuso de poder. No basta que a lei possibilite a aco coercitiva da autoridade para justificao do ato de polcia. necessrio, ainda, que se condi- 6es materiais que solicitem ou recomendem a sua inovao. A coexistncia da liberdade individual e o poder pblico repousa na conciliao entre a necessidade de respeit.ar essa liberdade e a de assegurar a ordem social. O requisito da convenincia ou do int.eresse pblico , assim, pressuposto necessrio limitao dos direit.os do indivduo. Escreve Mrio Masago: Pode a polcia preventva L1.Zer tudo quanto se torne til a sua msso, desde que com isso no vole direito de quem quer que seja. Os direitos que principal. mente confinam a atividade da polcia administrativa so aqueles que, por sua excepcional importncia, so declarados na prpria Constituo'" .im Da por que possvel distinguir, com Diogo de Figueiredo Moreira Neto, trs siste- mas de limites ao exerccio da discricionaredade no poder de polcia, em especial o de segurana pblica: a legalidade, a realidade e a razoabildade, sendo que "A legalidade conforma o primeiro e o mais importante dos sistemas de limite; a moldura normativa dentro da qual deve-se conter o exerccio do poder de polcia de segurana", certo que "No obstante, mesmo que a ilegalidade no possa ser diretamente aferida, mediante sm- pies contrasteamento com o comando legal, ainda ser possvel, mediante os dois outros sistemas de limites, submeter o exerccio de poder de polcia de seQ1mmca pblica como de resto, qualquer ato discricionrio, a uma tutela indireta ou oblqua da ilegalidade. realidade o segundo sistema. No basta - continua Diogo de Figueiredo Moreira Neto _ que estejam diretamente observados os parmetros legais. precso que os pressupostos de fato do exerccio do poder de poltia de segurana pblica sejam reais, bem como reali- zveis as suas conseqncias. A vivncia do direito no comporta fantasias. O irreal tanto no pode ser a fundamentao como tampouco pode ser o objeto de um ato do Poder Pblico. Enquanto limitc, a realidade t.1.mbm resulta bvia, pois o mediano bom senso pode detect<:l.r a inconsistncia da atuao policial se no se manifestam como reais ou rea- lizveis os motivos e objetos considerados, respcctivamente, como fundamentos e resulta- dos visados. A razoabilidade, por fim, o terceiro sistema de limite, que modernamente pode-se estabelecer para distinguir a discrico do arbtrio. Seu envolvimento mais recente deixa patente sua maior sofisticao, a comear do referencial, que o de mais difcil trato doutrinrio e o mais elusivo na prtica operativa: a finalidade. De modo amplo, a razoabi- lidade uma relao de coerncia que se deve exigir entre a manifestao da vontade do Poder Pblico e a finalidade especfica que a lei lhe adscreve"Y91 (37) - LOPES ME!RELLES, l-ld)'. "PoJeT de Policia e Seglll'ana Nacional", Imprensa Oficial do Esrado, So Paulo, 1972, pg. 11; Idem "Dlrclro Administram'o Brasibro", 18" eel., 1993, atuall:;li:la pDr Eunco de Andrade ll.zevedo, DlciD Ba!eSteTO Alcixo e Jos Emmanud Bu:k Filho, Malheiros Editores, So Paulo, pg. 119. (38) - CRETELLA JUNIOR Jos. "Policia e Poder de Policia", publicao ciL, pgs. 31.32. (39) - FIGUEIREDO MOREIRA. NETO, Diogo de. "Con.,ideraoes sobre os limites da di,cricionaridaJe do exerccici do Poder de P,?licia de segurana pllblica", Imerveno em Painel sobre o Tema, no 1" Congl'esso Brasileiro de Segurana Pblica, Fort,lleza, Cear, m,110 de 1990_ 7 - Controle administrativo e judicirio do ato de polda 83 DOUTRINA Diogo de Figueiredo Moreira Neto, na sua IllOnografia sobre Legitimidade e Discricionariedade, em novas reflex6es sobre os limites e controle da discricionariedade, afirma que a sua sistematizao palte de dois princpios que ao tempo de Forsthoff no tinham curso e que hoje ganhamos mais srios tratamentos de doutrina e ascendem at aos projetos constitucionais, ou seja, "So dois princpios tcnicos que no existem auto- nomamente mas servem de instrumentos para que se afirmem os princpios substantivos; so eles o prindpio da realidade e o princpio da razoabilidade" .(4C) O princpio da razoabilidade, alis, foi expressamente acolhido pela Constituio Paulist1. de 1989, no seu artigo 111, que o tornou obrigatrio ao lado daqueles outros enunciados na Consttuio da Repblica de 1988, isto , os da legalidade, impessoalida- de, moralidade e publicidade_ Ao certo, COlTIO se verifica e, t"1mbm, afirma Maria Sylvia Zanella Di Pietro, "A dis cricionariedade no mais a liberdade de atuaao limitada pela lei, mas a liberdade de atuao limitada pelo Direito. (...) medida que o princpio da legalidade adquire conte do material antes desconhecido aos limites puramente formais dscricionariedade admi- nistrativa, concernentes Competncia e forma, outros foram sendo acrescentados prin cipalmente pela jurispnldncia dos pases em que o papel do Poder Judicirio nao se resu- me aplicaao pura e simples da lei formal, mas se estende tarefa de criao do direi to".(411 Os rgos superiores ao que praticou o ato de policia devem considerar o quanto exposto na fiscalizao desse ato de modo a lhe garantir a sua legalidade e convenincia, devendo ser lembrado que dentro do Poder Hierrquico, o superior funcional tem o dever legal de, ordinariamente, proceder o controle preventivo ou sucessivo do ato de seu subordinado para vcrificar de sua legalidade, ou seja, a sua conformao com o princpio da legalidade, isto , com a lei, bem como a sua convenincia quanto aos efeitos do ato e quanto aos meios empregados para a sua execuo. 14 !) Falhando o controle administrativo, porque o superior, por ao ou omisso, fez per petrar o abuso de autoridade do seu subordinado, restar, ento, ao administrado que se sinta prejudicado a busca do controle jurisdicional do ato de polcia. Esse controle judici rio, como se sabe, sempre fcito a posteriori, atravs das a6es adequadas previst:1.s no ordenamento processual brasileiro, como o habeas corpus, o mandado de segurana e, quando no haja violao ao direito de locomoo e nem direito lquido e certo, procedi- mento sumarssimo ou procedimento ordinrio, quando ser, ento, possvel a ampla dilao probatria para demonstrar, cabalmente, a ilegitimidade do ato de polcia, que, como qualquer outro ato administrativo, goza de presuno de verdade e de legitimidade, que s ser infnnada por prova cabal em contrrio. Merece destaque a propsito, por correta que , a lio de Jos Cretella Jnior no sentido de que "Julgando embora casos concretos, o poder judicirio tem assinalado, de modo genrico, os limites do poder de polcia, sob a forma de regra ou princpio, decidin do que as barreiras ao exerccio desse poder se encontram na sua prpria finalidade, que (40) - FIGUEIREDO l'IOREIRA. NETO, Oiogo de "Legitimidade e Discricionariedade", 1" ed., 1989, Editora Forense, Rio de Janeiro. pg. 37. (41) - OI PIETRO, Maria Sylvia laneHa. "Discricionariedade Administativa na ConstiUlio de 1988", Editora Atlas, Su Paulo, 1991, pli- 171. (42) - MA5AGAO, MMio. de Oireiro Administrativo", Editora Revisra dos Tribunais, So Paulo, ed., 1974, n" 151 154, pgs. 63-64. 82 de, em favor do bem comum. Em nossos dias e no nosso Pas predomina a idia da relatividade dos direitos, porque, como bem adverte Ripert, o direito do indivduo Il.ao pode ser absoluto, visto que absolutismo sinnimo de soberania. No sendo o homem soberano na sociedade, o seu direito , por conseqncia, simplesmente relativo' ('O Regime Democrtico e o Direito Civil Moderno', Ed. Saraiva, 1937, pg. 233)".1''' Da ser correto o raciocnio de Jos Cretella Jnior ao sustentar que "Do mesmo modo que os direitos individuais so relativos, assim tambm acontece com o poder de polcia que, longe de ser onipotente, incontrolvel, circunscrito, jamais podendo pr em perigo a liberdade c a propriedade. Importando, regra geral, o poder de polcia, restri6es a direitos individuais, a sua utilizao no deve ser excessiva ou desnecessria, para que no se configure o abuso de poder. No basta que a lei possibilite a aco coercitiva da autoridade para justificao do ato de polcia. necessrio, ainda, que se condi- 6es materiais que solicitem ou recomendem a sua inovao. A coexistncia da liberdade individual e o poder pblico repousa na conciliao entre a necessidade de respeit.ar essa liberdade e a de assegurar a ordem social. O requisito da convenincia ou do int.eresse pblico , assim, pressuposto necessrio limitao dos direit.os do indivduo. Escreve Mrio Masago: Pode a polcia preventva L1.Zer tudo quanto se torne til a sua msso, desde que com isso no vole direito de quem quer que seja. Os direitos que principal. mente confinam a atividade da polcia administrativa so aqueles que, por sua excepcional importncia, so declarados na prpria Constituo'" .im Da por que possvel distinguir, com Diogo de Figueiredo Moreira Neto, trs siste- mas de limites ao exerccio da discricionaredade no poder de polcia, em especial o de segurana pblica: a legalidade, a realidade e a razoabildade, sendo que "A legalidade conforma o primeiro e o mais importante dos sistemas de limite; a moldura normativa dentro da qual deve-se conter o exerccio do poder de polcia de segurana", certo que "No obstante, mesmo que a ilegalidade no possa ser diretamente aferida, mediante sm- pies contrasteamento com o comando legal, ainda ser possvel, mediante os dois outros sistemas de limites, submeter o exerccio de poder de polcia de seQ1mmca pblica como de resto, qualquer ato discricionrio, a uma tutela indireta ou oblqua da ilegalidade. realidade o segundo sistema. No basta - continua Diogo de Figueiredo Moreira Neto _ que estejam diretamente observados os parmetros legais. precso que os pressupostos de fato do exerccio do poder de poltia de segurana pblica sejam reais, bem como reali- zveis as suas conseqncias. A vivncia do direito no comporta fantasias. O irreal tanto no pode ser a fundamentao como tampouco pode ser o objeto de um ato do Poder Pblico. Enquanto limitc, a realidade t.1.mbm resulta bvia, pois o mediano bom senso pode detect<:l.r a inconsistncia da atuao policial se no se manifestam como reais ou rea- lizveis os motivos e objetos considerados, respcctivamente, como fundamentos e resulta- dos visados. A razoabilidade, por fim, o terceiro sistema de limite, que modernamente pode-se estabelecer para distinguir a discrico do arbtrio. Seu envolvimento mais recente deixa patente sua maior sofisticao, a comear do referencial, que o de mais difcil trato doutrinrio e o mais elusivo na prtica operativa: a finalidade. De modo amplo, a razoabi- lidade uma relao de coerncia que se deve exigir entre a manifestao da vontade do Poder Pblico e a finalidade especfica que a lei lhe adscreve"Y91 (37) - LOPES ME!RELLES, l-ld)'. "PoJeT de Policia e Seglll'ana Nacional", Imprensa Oficial do Esrado, So Paulo, 1972, pg. 11; Idem "Dlrclro Administram'o Brasibro", 18" eel., 1993, atuall:;li:la pDr Eunco de Andrade ll.zevedo, DlciD Ba!eSteTO Alcixo e Jos Emmanud Bu:k Filho, Malheiros Editores, So Paulo, pg. 119. (38) - CRETELLA JUNIOR Jos. "Policia e Poder de Policia", publicao ciL, pgs. 31.32. (39) - FIGUEIREDO MOREIRA. NETO, Diogo de. "Con.,ideraoes sobre os limites da di,cricionaridaJe do exerccici do Poder de P,?licia de segurana pllblica", Imerveno em Painel sobre o Tema, no 1" Congl'esso Brasileiro de Segurana Pblica, Fort,lleza, Cear, m,110 de 1990_
8 - Conclusiio (43) - CRETEUA.JNIOR. Jose. "Polcia e Poder de Policia", publicao cit.. pg. 32. (44) - RANGEL DINAMARCO. Cndido. "Discurso de posse no Primeiro Tribunal de Alada Civil do Esmdo de So Paulo no cargo de Juiz", "Julgados dos Tribunai, de Alada Civil de Silo Paulo". Lex Editora, Silo Paulo. v. 65, pg. 280. 85 " \ o Juiz O construtor da Justia do G:'lSO concreto, que lhe levado pelo administrado c pela Administrado Pblica. De modo, para conhecer os seus limites, mister se torna conhecer a doutri- na do Poder de Polcia. S assim a Administrao Pblica saber o que exigir legitima- mente do administrado e este saber at que ponto dcve obedincia ao ato de polcia, como exteriorizao do Poder de Polcia. Justitia, So Paulo, 57 (170), abrJjun. 1995 84 o Poder de Polcia U}11 poder instrumental da Administrao Pblica, para que ela possa realizar os seus fins. E, portanto, um poder administrativo. O Poder de Polcia, bem por isso, s pode ser exercido pela Administrao Pblica, enquanto poder pblico, sendo, assim, indelegvel a qualquer ente privado, seja ele pes- soa natural ou pessoa jurdica de direito privado, embora da administrao indireta, estan- do a uma importante limitao ao exerccio do Poder de Polcia, pois diz respeito com- petncia para a prtica do ato de polcia. O Poder de Polcia se concretiza em ato de polcia que s pode ser praticado por quem, efetivame!1te, detenha a competncia para a sua realizao. O ato de polcia ato administrativo. E, regra geral, ato discricionrio, sujeito, pois, aos prinCpios da legalida- de, realidade e razoabilidade. Ser arbitrrio o ato de policia que desatender tanto a lei, como tambm estiver des- conforme realidade e razoabilidade. Mesmo que o ato de policia no possa ter a sua ilegalidade aferida diretamente pela sua comparao com o comando constitucional ou infraconstitucional, possvel submet-lo aos dois outros princpios, objetivamente, quan- to ao da realidade e, subjetivamente, quanto ao da razoabilidade, com o que haver uma tutela indireta ou oblqua da ilegalidade. Seja, porm, por que motivo for a arbitrariedade, qucm a cometer sujeita-se s san- es penais, administrativas e civis por abuso de poder, quer este ocorra por excesso ou desvio de poder. O abuso de autoridade, a prevaricao, a usurpao de funo pblica, a condescendnca criminosa, seja qual for o ilcto penal ou administrativo, no podem ser tolerados em relao a quem use de arbtrio no exerccio do Poder de Polcia, quer quem praticou o ato, quer quem o aprovou, expressa ou tacitamente. O Poder de Polcia, em outras palavras, tem os seus limites ou barreiras na legislao de regncia da atividade policiada e, em especial, na Constituio da Repblica, no se descartando o exame da realidade e se a ordem de polcia razovel. Compete prpria Administrao Pblica, pelos seus rgos superiores, fiscalizar, preventiva ou sucessivamente, o ato de polcia, controlando, assim, eventual abuso de poder por parte do rgo que lhe est subordinado. Esse controle cuidar, portanto;,sdos aspectos de legalidade e convenincia do ato de polcia quanto aos seus efeitos. Quem se sinta prejudicado com o ato de polcia tambm pode pedir ao Poder Judicirio que proceda ao controle jurisdicional do tTleSmO ato, quando, ento, a ri, fixar-se, em Juizo, os limites do Poder de Polcia exercido para o caso concreto, sendo a promoo do bem pblico", pois, "o poder de polcia entra no conceito da defesa dos direitos e dos interesses sociais do Estado, cabendo aos tribunais dizer dos limites em que aquele exerccio deve conter-se".{4}l Em outras palavras, no dizer de Cndido Rangel Dinamarco, o Poder Judicirio que, em ltima anlise, faz a Justia do caso concreto, pois o Juiz o artfice dessa Justia, diante do caso concreto, devendo constru-la com mos habilidosas, tendo a lei como ins- trumento e os seus sentimentos como fonte de inspirae1at"c'\l, sentimentos esses, acrescen- to, que naturalmente estaro voltados plena realizao do Direito, na busca do bem comum. 8 - Conclusiio (43) - CRETEUA.JNIOR. Jose. "Polcia e Poder de Policia", publicao cit.. pg. 32. (44) - RANGEL DINAMARCO. Cndido. "Discurso de posse no Primeiro Tribunal de Alada Civil do Esmdo de So Paulo no cargo de Juiz", "Julgados dos Tribunai, de Alada Civil de Silo Paulo". Lex Editora, Silo Paulo. v. 65, pg. 280. 85 " \ o Juiz O construtor da Justia do G:'lSO concreto, que lhe levado pelo administrado c pela Administrado Pblica. De modo, para conhecer os seus limites, mister se torna conhecer a doutri- na do Poder de Polcia. S assim a Administrao Pblica saber o que exigir legitima- mente do administrado e este saber at que ponto dcve obedincia ao ato de polcia, como exteriorizao do Poder de Polcia. Justitia, So Paulo, 57 (170), abrJjun. 1995 84 o Poder de Polcia U}11 poder instrumental da Administrao Pblica, para que ela possa realizar os seus fins. E, portanto, um poder administrativo. O Poder de Polcia, bem por isso, s pode ser exercido pela Administrao Pblica, enquanto poder pblico, sendo, assim, indelegvel a qualquer ente privado, seja ele pes- soa natural ou pessoa jurdica de direito privado, embora da administrao indireta, estan- do a uma importante limitao ao exerccio do Poder de Polcia, pois diz respeito com- petncia para a prtica do ato de polcia. O Poder de Polcia se concretiza em ato de polcia que s pode ser praticado por quem, efetivame!1te, detenha a competncia para a sua realizao. O ato de polcia ato administrativo. E, regra geral, ato discricionrio, sujeito, pois, aos prinCpios da legalida- de, realidade e razoabilidade. Ser arbitrrio o ato de policia que desatender tanto a lei, como tambm estiver des- conforme realidade e razoabilidade. Mesmo que o ato de policia no possa ter a sua ilegalidade aferida diretamente pela sua comparao com o comando constitucional ou infraconstitucional, possvel submet-lo aos dois outros princpios, objetivamente, quan- to ao da realidade e, subjetivamente, quanto ao da razoabilidade, com o que haver uma tutela indireta ou oblqua da ilegalidade. Seja, porm, por que motivo for a arbitrariedade, qucm a cometer sujeita-se s san- es penais, administrativas e civis por abuso de poder, quer este ocorra por excesso ou desvio de poder. O abuso de autoridade, a prevaricao, a usurpao de funo pblica, a condescendnca criminosa, seja qual for o ilcto penal ou administrativo, no podem ser tolerados em relao a quem use de arbtrio no exerccio do Poder de Polcia, quer quem praticou o ato, quer quem o aprovou, expressa ou tacitamente. O Poder de Polcia, em outras palavras, tem os seus limites ou barreiras na legislao de regncia da atividade policiada e, em especial, na Constituio da Repblica, no se descartando o exame da realidade e se a ordem de polcia razovel. Compete prpria Administrao Pblica, pelos seus rgos superiores, fiscalizar, preventiva ou sucessivamente, o ato de polcia, controlando, assim, eventual abuso de poder por parte do rgo que lhe est subordinado. Esse controle cuidar, portanto;,sdos aspectos de legalidade e convenincia do ato de polcia quanto aos seus efeitos. Quem se sinta prejudicado com o ato de polcia tambm pode pedir ao Poder Judicirio que proceda ao controle jurisdicional do tTleSmO ato, quando, ento, a ri, fixar-se, em Juizo, os limites do Poder de Polcia exercido para o caso concreto, sendo a promoo do bem pblico", pois, "o poder de polcia entra no conceito da defesa dos direitos e dos interesses sociais do Estado, cabendo aos tribunais dizer dos limites em que aquele exerccio deve conter-se".{4}l Em outras palavras, no dizer de Cndido Rangel Dinamarco, o Poder Judicirio que, em ltima anlise, faz a Justia do caso concreto, pois o Juiz o artfice dessa Justia, diante do caso concreto, devendo constru-la com mos habilidosas, tendo a lei como ins- trumento e os seus sentimentos como fonte de inspirae1at"c'\l, sentimentos esses, acrescen- to, que naturalmente estaro voltados plena realizao do Direito, na busca do bem comum.
A política criminal de segurança pública à luz da tutela da dignidade humana e do Direito Internacional Humanitário: análise do estado do Rio de Janeiro a partir de 2016