Biografia de Monteiro Lobato

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Biografia de Monteiro

Lobato
Monteiro Lobato (1882-1948) foi um escritor e editor brasileiro. "O Sítio do Pica-pau
Amarelo" é sua obra de maior destaque na literatura infantil. Criou a "Editora Monteiro
Lobato" e mais tarde a "Companhia Editora Nacional". Foi um dos primeiros autores de
literatura infantil de nosso país e de toda América Latina.
Monteiro Lobato também deixou extensa obra voltada para o público adulto. Retratou os
vilarejos decadentes e a população do Vale do Paraíba, quando da crise do café. Situa-se
entre os autores do Pré-Modernismo, período que precedeu a Semana de Arte Moderna.
Lobato foi também jornalista, tradutor e empresário. Fundou a Companhia Petróleo do
Brasil, à qual se dedicou por dez anos.

Infância:
Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Era filho de
José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato. Alfabetizado pela mãe, logo
despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros infantis da biblioteca de seu avô o
Visconde de Tremembé.
Monteiro Lobato já mostrava seu temperamento irrequieto e aos 10 anos escandalizou sua
família quando se recusou a fazer a primeira comunhão.

Adolescência:
Monteiro Lobato fez seus primeiros estudos em sua cidade natal. Em 1896, com 14 anos,
foi estudar em São Paulo no Instituto de Ciências e Letras.
Ao nascer, Lobato foi registrado com o nome de José Renato Monteiro Lobato, mas após a
morte do pai, em 13 de junho de 1898, queria usar a bengala que pertencera ao pai e tinha
as iniciais J.B.M.L. gravadas no topo do castão. Por isso, resolveu mudar de nome para que
suas iniciais ficassem iguais às do pai e desde então passou a se chamar José Bento
Monteiro Lobato.

Formação:
Em 1900, Lobato ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, embora preferisse
estudar Belas Artes.
Nesse período, morava em uma república de estudantes localizada no centro de São Paulo,
junto com os amigos Godofredo Rangel, Lino Moreira e Raul de Freitas.
O grupo se reunia para cuidar da vida literária e escrevia para um jornal publicado em
Pindamonhangaba, de propriedade de Benjamin Pinheiros. Usando vários
pseudônimos faziam oposição ao prefeito da cidade.
Monteiro Lobato manteve uma amizade duradoura com Godofredo Rangel e trocaram
correspondência por 40 anos, que mais tarde foram reunidas em um livro chamado “A
Barca de Gleyre”.
Lobato escrevia também para o jornal da faculdade, quando já mostrava sua preocupação
com as causas nacionalistas. Na festa de formatura, em 1904, fez um discurso tão agressivo
que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala.
Nesse mesmo ano voltou para Taubaté. Prestou concurso para a Promotoria Pública,
assumindo o cargo na cidade de Areias, no Vale do Paraíba, no ano de 1907.
Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da Natividade em 28 de março de 1908. Com
ela teve quatro filhos, Marta (1909), Edgar (1910), Guilherme (1912) e Rute (1916).
Em 1911 perdeu seu avô, herdando a fazenda Buquira para onde se mudou pretendendo
ser fazendeiro. Começou a escrever o conto “O Boca Torta” que seria o primeiro de uma
série que mais tarde foram reunidos sob o nome de Urupês.

Publicações Polêmicas:
No dia 12 de novembro de 1912 foi publicado no jornal O Estado de São Paulo uma carta
que Monteiro Lobato havia enviado à redação, intitulada Velha Praga, que causou grande
polêmica, pois criticava as queimadas, a ignorância e a miséria do caboclo que
prejudicavam o desenvolvimento da agricultura na região.
Em 1917 vendeu a fazenda e foi morar em Caçapava, quando fundou a revista "Paraíba".
Nesse mesmo ano, comprou a Revista do Brasil, de programa nacionalista, tornou-se editor
e publicava seus artigos. Transformou a revista em um núcleo de defesa da cultura
nacional.
No dia 20 de dezembro de 1917, Lobato publicou no jornal O Estado de São Paulo, um
artigo intitulado Paranoia ou Mistificação? quando criticou os quadros de Anita Malfatti,
pintora paulista recém-chegada da Europa, o que lhe custou a ruptura com os líderes da
Semana de Arte Moderna.
Em 1918, Monteiro Lobato publicou sua primeira coletânea de contos, Urupês,
quando traçou a paisagem das cidades por onde passou e o perfil do Jeca Tatu um caipira
apontado pela pobreza, pelo marasmo e pela indolência, que o tornava incapaz de auxiliar
na agricultura.
A figura do Jeca Tatu, descrita por Monteiro Lobato, chamou a atenção de Rui Barbosa que
o citou em um discurso na campanha presidencial de 1918, como um protótipo do caipira
brasileiro, abandonado à miséria pelos poderes públicos.
A obra se tornou famosa e a polêmica sobre a veracidade da figura do Jeca Tatu, se
espalhou por todo o país. Na quarta edição do livro, Lobato pediu desculpas ao homem do
interior.

Primeiros livros infantis:


Entusiasmado com o sucesso de Urupês, em 1919, Monteiro Lobato fundou a Editora
Monteiro Lobato, a primeira editora nacional, através da qual publicou seus primeiros livros
infantis.
Em 1921 publicou "Narizinho Arrebitado", que depois passaria a chamar-se “Reinações de
Narizinho”. Em seguida publicou “Saci” (1921) e “O Marquês de Rabicó” (1922).
As obras infantis fizeram grande sucesso, o que levou o autor a prolongar as aventuras de
seus personagens em outros livros girando todos ao redor do "Sítio do Pica-pau Amarelo".
Em 1924, a Revolução Paulista levou sua editora à falência. Depois de vender tudo, Lobato
e o amigo Octalles fundaram outra editora só para imprimir livros didáticos: a “Companhia
Editora Nacional". Mudou-se então para o Rio de Janeiro.

A defesa do petróleo:
Em 1927, Lobato foi nomeado, por Washington Luís, adido cultural do Brasil nos Estados
Unidos. O grande progresso industrial que observou levou-o a desejar o mesmo para o
Brasil.
Em 1931 Monteiro Lobato retornou ao Brasil e no ano seguinte publicou suas impressões
sobre a viagem aos Estados Unidos em “América” e deu início à fundação de uma
companhia nacionalista pela produção de ferro e petróleo.
Fez várias conferências e insistiu na existência de petróleo no subsolo brasileiro, mesmo
que os técnicos estrangeiros afirmassem o contrário.
Na defesa de suas empresas, Lobato resolveu reunir todos os fatos e em 1936 publicou: “O
Escândalo do Petróleo e do Ferro”.
Ao fim de 10 anos de luta, em 1941, em plena ditadura Vargas, por seu ataque ao Conselho
Nacional do Petróleo, Lobato foi condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional a seis
meses de prisão, porém cumpriu apenas metade da pena.
Politicamente perseguido, Monteiro Lobato mudou-se para a Argentina onde viveu por um
ano. Em 1947 regressou ao Brasil. Faleceu em São Paulo, no dia 5 de julho de 1948, de
problemas cardíacos.
Em sua homenagem, no dia 18 de abril, dia do seu nascimento, é comemorado “O dia
Nacional do Livro Infantil”.

Obra de Monteiro Lobato:


A obra de ficção de Monteiro Lobato foi classificada como "Pré-Modernista" por duas
características fundamentais: o “regionalismo” e a “denúncia da realidade brasileira”.
A obra regionalista dá a dimensão exata do Vale do Paraíba paulista do início do século XX,
sua decadência após a abolição da escravatura e do declínio da agricultura cafeeira, tão
bem retratados nos contos de “Cidades Mortas”.

Literatura geral:
Entre as obras de literatura geral de Monteiro Lobato, há livros de ficção e outros sobre
questões, sociais, políticas e econômicas, mas todos apresentam caráter nacionalista e
interesse pelos problemas do país e pela construção de um futuro melhor.

Literatura infantil:
A literatura infantil de Monteiro Lobato além de apresentar um aspecto moralista e
pedagógico, não abandonou a luta pelos interesses nacionais e retratou os tipos de nossas
tradições e os temas mitológicos.
Em 1960, a obra de Monteiro Lobato foi levada para a televisão no seriado “O Sítio do Pica-
Pau Amarelo” onde as bonecas falam e as crianças convivem com mitos e fábulas.
Entre os livros de literatura infantil destacam-se
 O Saci (1921)
 Fábulas de Narizinho (1921)
 Narizinho Arrebitado (1921)
 O Marquês de Rabicó (1922)
Fábulas de Monteiro Lobato
 O Cavalo e o Burro
 A Coruja e a Águia
 O Lobo e o Cordeiro
 Os Dois Burrinhos

“Elementos racistas”
O livro "Caçadas de Pedrinho", publicado em 1933, que faz parte do Programa Nacional
Biblioteca na Escola, do Ministério da Educação, foi questionado pelo movimento negro,
por conter "elementos racistas". O livro relata a caçada a uma onça que está rondando o
sítio: "É guerra e das boas, não vai escapar ninguém, nem tia Anastácia, que tem cara
preta".

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