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Laura Eduarda Vieira Pereira Marques

APLICAÇÃO DA TEORIA DAS ONDAS VIAJANTES PARA


DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS
EM LINHAS DE TRANSMISSÃO UTILIZANDO O SOFTWARE
ATP

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
da Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do Grau de
Mestre em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Augusto
da Rosa.
Coorientador: Prof. Dr. Maurício
Valência F. da Luz.

Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária
da UFSC.
3

Laura Eduarda Vieira Pereira Marques

APLICAÇÃO DA TEORIA DAS ONDAS VIAJANTES PARA


DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS
EM LINHAS DE TRANSMISSÃO UTILIZANDO O SOFTWARE
ATP

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


Mestre em Engenharia Elétrica e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 28 de novembro de 2018.

________________________
Prof. Bartolomeu Ferreira Uchôa Filho, Dr.
Coordenador do Curso

________________________
Prof. Mauro Augusto da Rosa, Dr.
Orientador

________________________
Prof. Maurício Valência Ferreira da Luz, Dr.
Coorientador
Banca Examinadora:

________________________
Prof.ª Maria Cristina Dias Tavares, Dr.ª
Universidade Estadual de Campinas

________________________
Prof. Walter Carpes Pereira Júnior, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Dimas Pereira, Eng.
Transmissoras Brasileiras de Energia
5

Este trabalho é dedicado aos meus


pais, José Marques e Jozinete Vieira;
aos meus irmãos Maria Helena e José
Neto e ao meu noivo, Stefano Basset
que são o meu alicerce.
7

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a DEUS, por todo o bem, força e coragem


que me foram concedidos nesta caminhada.
Aos meus pais por me apoiarem incondicionalmente,
incentivando-me a não desistir perante os obstáculos que surgiam. À
toda a minha família pelo apoio emocional, mesmo de longe, na
realização de mais um sonho.
Ao meu noivo, Stefano, por estar mais uma vez ao meu lado nesta
fase; por toda compreensão e amor para comigo em todos os momentos,
especialmente nas horas em que estive mais atribulada.
Ao meu orientador, Professor Mauro A. da Rosa, por toda
paciência e confiança entregues a mim; pelo incentivo à continuidade
deste curso de Pós-Graduação e pela disponibilidade dedicada à
orientação deste estudo, em meio à todas as suas atividades acadêmicas.
Ao meu coorientador, Professor Maurício V. F. da Luz, pelas
discussões, correções e sugestões realizadas neste trabalho.
Aos meus colegas do LabPlan pela parceria em estudos, trabalhos
e por contribuírem tanto para a realização desta pesquisa quanto para
minha adaptação e melhor estadia em um novo ambiente/cidade.
À Edwin Alberto G. Marin pela apresentação e auxílio na
modelagem de sistemas elétricos de potência no ATP, além das
inúmeras contribuições ao desenvolvimento desta pesquisa, mediante
esclarecimentos teóricos e práticos.
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina,
especialmente à Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEEL), por
ter me proporcionado o estudo em um ambiente com grandes mestres.
Ao INESC P&D Brasil pelo suporte financeiro.
9

“Quelli che s’innamorano della pratica senza la


scienzia, sono come i nocchieri che entrano in
naviglio senza timone o bussola, che mai hanno
certezza dove si vadano. Sempre la pratica
dev’essere edificata sopra la bona teorica, della
quale la prospettiva è guida e porta, e senza
questa nulla si fa bene ”.
Leonardo Da Vinci, 1651.
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RESUMO

Atualmente, o comportamento de sistemas elétricos de potência (SEP’s)


frente à transitórios eletromagnéticos tem sido cada vez mais estudado
devido à sua relevância para o desenvolvimento de técnicas que
possibilitem além da coordenação do isolamento, a detecção,
classificação e localização de distúrbios em linhas de transmissão
(LT’s). Os avanços nestas áreas agregam três importantes benefícios aos
SEP’s, os quais são a melhoria dos índices de confiabilidade do sistema,
diminuição dos custos operacionais e redução das perdas econômicas.
Neste contexto, este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um
framework, composto por quatro módulos, responsáveis pela aquisição
de sinais de corrente, detecção, classificação e localização de faltas. As
metodologias desenvolvidas para estes três últimos módulos
fundamentam-se na teoria das ondas viajantes (TOV’s) e utilizam a
transformada wavelet com sobreposição máxima (do inglês, MODWT).
Além disto, esta pesquisa assume um caráter comparativo, uma vez que
são aplicadas técnicas envolvendo o uso de registros oscilográficos de
dois e três terminais de monitoramento para a localização de faltas na
LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC. Especificamente, são
estudados dois fenômenos: faltas induzidas na frequência de
chaveamento, para as quais são analisadas a variação do tipo,
resistência, ângulo de incidência e distância de aplicação e a descarga
atmosférica, para a qual, além destas duas últimas variáveis,
consideram-se a alternância da impedância de surto da torre e da
amplitude da corrente de raio. De acordo com diretrizes para estudos de
transitórios eletromagnéticos, é modelada inicialmente a LT Presidente
Dutra/MA – Boa Esperança/PI como um alicerce para o estudo e
aplicação das técnicas engendradas na LT da região sul. A modelagem
das LT’s é realizada no ATP e os algoritmos elaborados são
implementados no MatLab. Os resultados obtidos demonstram que a
variável que exerce a maior influência sobre o desempenho do módulo
localizador, em ambos os métodos, é a distância de aplicação da falta e
que, efetivamente, o método de três terminais de monitoramento
fomenta uma maior precisão na estimação da distância da falta
paragonado ao método clássico de dois terminais.

Palavras-chave: Detecção de faltas. Classificação de faltas.


Localização de faltas. Teoria das ondas viajantes. Transitórios
eletromagnéticos.
13

ABSTRACT

Nowadays, the behavior of electrical power systems in face of


electromagnetic transients has been increasingly studied due to its
relevance for the development of techniques that enable, beyond the
insulation coordination, the detection, classification and localization of
disturbances in transmission lines. The advances in these fields attach
three important benefits to the power systems, which are the
improvement of the reliability indices of the system, decrease of the
operational costs and reduction of the economic losses. In this context,
this research aims to develop a framework, composed for four modules,
responsible for the acquisition of current signals, detection,
classification and fault location. The methodologies developed for these
three last modules are based on the travelling waves theory and apply
the maximal overlap discret wavelet transform (MODWT).
Furthermore, this research assumes a comparative character, once that
are applyed techniques involving the use of oscillographic records of
two and three monitoring terminals for fault location in the Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC transmission line. Specifically,
two phenomena are studied: induced faults at the switching frequency,
for which the variation of type, resistance, angle inception and distance
of application are analyzed and lightning overvoltages, for which,
besides of the last two variables, are considered the change on the
tower’s surge impedance and on the lightning current amplitude. In
accordance with the guidelines for electromagnetic transients studies,
initially is modeled the Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI
transmission line as a base for the study and application of the
developed techniques in the south region transmission line. The
modeling of tranmission lines is peformed in ATP and the algorithms
developed are carried out in the MatLab. The results show that the
variable with the major influence on the location module performance,
in both methods, is the distance of application of the fault and that,
effectively, the method wich involves three monitoring terminals shows
a better accuracy than the two terminals classical method.

Keywords: Fault detection. Fault classification. Fault location.


Travelling waves theory. Electromagnetic transients.
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Sistema híbrido proposto. .................................................. 34


Figura 2.1 - Linha bifilar ideal. ............................................................. 37
Figura 2.2 - Circuito equivalente da LT bifilar ideal............................. 38
Figura 2.3 - Superposição de ondas....................................................... 41
Figura 2.4 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 = 𝑍0. ... 43
Figura 2.5 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 > 𝑍0. ... 44
Figura 2.6 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 < 𝑍0. ... 45
Figura 2.7 - Diagrama Lattice de tensão. .............................................. 47
Figura 2.8 - Diagrama Lattice para uma falta a uma distância d do
terminal transmissor. ............................................................................. 49
Figura 2.9 - Desacoplamento e transformação modal de um sistema
trifásico. ................................................................................................. 53
Figura 2.10 - Acoplamento entre fases - correntes monitoradas no
terminal local em uma falta monofásica BT.......................................... 57
Figura 2.11 - Áreas de aplicação da TW em sistemas elétricos de
potência. ................................................................................................ 58
Figura 2.12 - Diagrama da STFT: (a) janelamento do sinal; (b)
resoluções tempo-frequência. ................................................................ 60
Figura 2.13 - Escalamento e translação de uma função wavelet: (a)
wavelet-mãe (b=0 e a=1); (b) wavelet-filha transladada por um fator b,
com a=1; (c) wavelet-filha dilatada, com a=2 e (d) larguras da janela de
observação no tempo. ............................................................................ 62
Figura 2.14 - Resoluções tempo-frequência da TWD. ......................... 64
Figura 2.15 - Decomposição wavelet em dois níveis. ........................... 70
Figura 2.16 - Reconstrução de uma função ou sinal a partir de dois
níveis. .................................................................................................... 71
Figura 2.17 - Esquema de decomposição e reconstrução na AMR. ...... 71
Figura 3.1 - Sistema identificador do tipo de falta. ............................... 74
Figura 3.2 - Sistema de transmissão simulado. ..................................... 75
Figura 3.3 - Sistemas de transmissão simulados. .................................. 76
Figura 3.4 - Esquemático das linhas de transmissão. ............................ 77
Figura 3.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão trifásico. ..... 79
Figura 3.6 - Modelo do sistema de potência utilizado........................... 80
Figura 3.7 - Fluxograma geral do framework híbrido. .......................... 81
Figura 3.8 - Topologia real do sistema Taipower de 345 kV. ............... 82
Figura 3.9 - Sistema utilizado. .............................................................. 83
Figura 3.10 - Esquemático de um sistema com sincronização de dados a
partir do GPS. ........................................................................................ 84
Figura 3.11 - Sistema implementado no ATP. ...................................... 85
Figura 3.12 - Fluxograma para classificação das faltas. ....................... 86
Figura 3.13 - Sistema de transmissão de três terminais. ....................... 87
Figura 3.14 - Diagrama unifilar de uma linha não homogênea de três
terminais................................................................................................ 88
Figura 3.15 - Sistema simulado............................................................. 89
Figura 3.16 - Diagrama do diferenciador-amortecedor. ........................ 90
Figura 3.17 - Fluxograma do método proposto. .................................... 91
Figura 3.18 - Diagrama unifilar de um sistema híbrido de três terminais.
.............................................................................................................. 92
Figura 3.19 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o
Algoritmo 3. .......................................................................................... 93
Figura 3.20 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o
Algoritmo 4. .......................................................................................... 93
Figura 3.21 - LT de 400 kV simulada. .................................................. 94
Figura 3.22 - Diagrama de blocos utilizado no bloco de acionamento. 95
Figura 3.23 - Estrutura do processo de localização de faltas. ............... 96
Figura 3.24 - Sistema MTDC de alta tensão. ........................................ 96
Figura 3.25 - Sistema radial. ................................................................. 97
Figura 3.26 - Sistema utilizado. ............................................................ 98
Figura 3.27 - Sistema de transmissão belga. ......................................... 98
Figura 3.28 - Diagrama de reflexões para uma falta com conexão a terra.
.............................................................................................................. 99
Figura 3.29 - Sistema elétrico simulado. ............................................. 100
Figura 4.1 - Interligações entre os submercados N, NE e SE/CO. ...... 105
Figura 4.2 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão. ................. 105
Figura 4.3 - Torre da LT de 500 kV. ................................................... 106
Figura 4.4 - Mapa eletro-geográfico. .................................................. 107
Figura 4.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão. ................. 108
Figura 4.6 - Torre da LT da região catarinense. .................................. 109
Figura 4.7 - Configuração adotada. ..................................................... 109
Figura 4.8 - Curto-circuito monofásico-terra tipo AT......................... 113
Figura 4.9 - Curto-circuito bifásico tipo AB. ...................................... 113
Figura 4.10 - Curto-circuito trifásico. ................................................. 114
Figura 4.11 - Curto-circuito bifásico BC com resistência de falta igual a:
(a) 10 Ω; (b) 70 Ω. .............................................................................. 115
Figura 4.12 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de
incidência de 0° graus, impedância de falta de 70 Ω e distante 60 𝑘𝑚 do
terminal local: (a) tensões de fase; (b) correntes de fase..................... 117
Figura 4.13 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de
incidência de 90° graus, impedância de falta de 70 Ω e distante 60 𝑘𝑚
do terminal local: (a) Tensões de fase; (b) correntes de fase. ............. 118
17

Figura 4.14 - Curto-circuito bifásico AB incidente à: (a) 20𝑘𝑚; (b)


130𝑘𝑚. ............................................................................................... 119
Figura 4.15 - Situações simuladas para faltas induzidas na frequência de
chaveamento: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.............................................. 120
Figura 4.16 - Separação de cargas elétricas no interior de uma nuvem.
............................................................................................................. 121
Figura 4.17 - Tipos descargas atmosféricas: (a) intra-nuvem; (b) nuvem-
solo; (c) nuvem-ar. ............................................................................. 121
Figura 4.18 - Densidade de raios no Brasil. ........................................ 123
Figura 4.19 - Probabilidade das amplitudes das correntes de descarga
negativas. ............................................................................................. 124
Figura 4.20 - Situações simuladas para faltas induzidas por descargas
atmosféricas: (a) Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.............................................. 125
Figura 4.21 – Representação da modelagem da reação de armadura. . 127
Figura 4.22 - Circuito equivalente por fase de um gerador síncrono. . 127
Figura 4.23 - Parametrização do gerador. ........................................... 128
Figura 4.24 - Parametrização das reatâncias dos geradores. ............... 129
Figura 4.25 - Parametrização do gerador. ........................................... 131
Figura 4.26 - Parametrização do equivalente de rede.......................... 132
Figura 4.27 - Circuito equivalente de uma LT genérica. ..................... 133
Figura 4.28 - Circuito equivalente de uma LT curta. .......................... 134
Figura 4.29 - Circuito π-nominal de uma LT média. .......................... 135
Figura 4.30 - Circuito π-equivalente de uma LT longa. ...................... 136
Figura 4.31 - Transposição: (a) LT não transposta e (b) LT transposta.
............................................................................................................. 137
Figura 4.32 - Parametrização da LT. ................................................... 138
Figura 4.33 - Parametrização das impedâncias características (a)
Circuito; (b) cabos para-raios. ............................................................. 140
Figura 4.34 - Parametrização da LT. ................................................... 140
Figura 4.35 - Parametrização das impedâncias características. (a)
Circuito; (b) cabos para-raios. ............................................................. 141
Figura 4.36 - Parametrização da impedância de surto das torres de
transmissão. ......................................................................................... 144
Figura 4.37 - Parametrização da impedância das torres de transmissão.
............................................................................................................. 145
Figura 4.38 - Parametrização dos isoladores. ...................................... 146
Figura 4.39 - Esquemático dos sensores em LT’s. .............................. 147
Figura 4.40 - Perfis do isolador desenvolvido no âmbito do projeto
TECCON II. ........................................................................................ 147
Figura 4.41 - Desenhos conceituais do protótipo: (a) Conceito original;
(b) Mudanças das ferragens; (c) Aumento do diâmetro devido a
limitações do processo fabril............................................................... 148
Figura 4.42 - Distribuição do campo elétrico sobre a representação 3D:
(a) Sem anel de equalização; (b) Com anel de equalização. ............... 149
Figura 4.43 - Projeto TECCON II. ...................................................... 150
Figura 4.44 - Forma de onda gerada pela fonte Heidler...................... 153
Figura 4.45 - Parametrização da fonte de surto atmosférico. .............. 154
Figura 4.46 - Modelo utilizado para representação da descarga
atmosférica. ......................................................................................... 154
Figura 4.47 - Arranjos da carga: (a) estrela, (b) delta. ........................ 155
Figura 4.48 - Modelos de carga. ......................................................... 156
Figura 4.49 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de
chaveamento. ...................................................................................... 158
Figura 4.50 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas
atmosféricas. ....................................................................................... 159
Figura 4.51 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de
chaveamento. ...................................................................................... 159
Figura 4.52 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas
atmosféricas. ....................................................................................... 159
Figura 4.53 - Fluxograma do algoritmo desenvolvido. ....................... 160
Figura 4.54 - Interface ATP/MatLab. ................................................. 161
Figura 4.55 - Função densidade de probabilidade normal. ................. 163
Figura 4.56 - Comparação entre os coeficientes de detalhes máximo e
mínimo ................................................................................................ 164
Figura 4.57 - Fluxograma do módulo de detecção. ............................. 165
Figura 4.58 - Coeficientes escalares e energia associada (a) falta bifásica
AB; (b) falta monofásica AT. ............................................................. 168
Figura 4.59 - Falta bifásica AB. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 170
Figura 4.60 - Falta bifásica AC. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 171
Figura 4.61 - Falta bifásica BC. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 172
Figura 4.62 - Falta trifásica. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia. .......................................................................... 173
Figura 4.63 - Falta monofásica AT. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 174
Figura 4.64 - Falta monofásica BT. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 175
19

Figura 4.65 - Falta monofásica CT. (a) Correntes resultantes; (b)


coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 176
Figura 4.66 - Fluxograma do módulo da classificação........................ 178
Figura 4.67 - Fluxograma do módulo de localização. ......................... 182
Figura 5.1 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω. ....... 187
Figura 5.2 - Diferença entre os tempos de chegada das frentes de onda.
............................................................................................................. 188
Figura 5.3 - Falta bifásica BC: (a) componentes modais; coeficientes de
detalhes e energia dos modos: (b) 𝛼 e (c) 𝛽. ....................................... 189
Figura 5.4 - Energia do sistema acometido por uma falta AT com
resistência de: (a) 10 Ω; (b) 40 Ω e (c) 70 Ω. ...................................... 191
Figura 5.5 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10 Ω........ 192
Figura 5.6 - Componente modal 𝛼, coeficientes de detalhes e energias
associadas para faltas distantes 20km do terminal local e incidentes a:
(a) 90°; (b) 30°. ................................................................................... 193
Figura 5.7 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10 Ω........ 194
Figura 5.8 - Coeficientes de detalhes para faltas incidentes a: (a) 90° e
(b) 0°. Energias computadas a: (a) 90° e (b) 0°. ................................. 196
Figura 5.9 - Histograma das faltas induzidas na frequência de
chaveamento. ....................................................................................... 197
Figura 5.10 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da distância. .................................................... 199
Figura 5.11 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da impedância de surto da torre. ..................... 200
Figura 5.12 - Formas de onda das componentes modais, coeficientes de
detalhes energias nas LT’s com impedância de surto de: (a) 100 Ω e (b)
200 Ω. ................................................................................................. 201
Figura 5.13 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100 𝛺. ............................................................ 202
Figura 5.14 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200 Ω. ............................................................ 203
Figura 5.15 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase B e
impedância da torre de 100 Ω. ............................................................ 204
Figura 5.16 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase C e
impedância da torre de 100 𝛺. ............................................................ 205
Figura 5.17 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da magnitude da corrente de raio. .................. 206
Figura 5.18 - Correntes trifásicas de sistemas acometidos por impulsos
de: (a) 18 kA; (b) 50 kA. Coeficientes de detalhes: (c) 18 kA; (d) 50 kA.
............................................................................................................ 207
Figura 5.19 - Coeficientes de detalhes: (a) terminais local e remoto.
Energias: (b) terminais local e remoto. ............................................... 208
Figura 5.20 - Histograma das faltas induzidas por impulsos
atmosféricos. ....................................................................................... 209
Figura 5.21 - Erros absolutos computados utilizando M2T e M3T. ... 211
Figura 5.22 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas
incidentes a 90°e 24 km do terminal local: variação de corrente. ....... 214
Figura 5.23 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas
incidentes a 30° e 24 km do terminal local: variação de corrente. ...... 215
Figura 5.24 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas
incidentes a 0° e 24 km do terminal local: variação de corrente. ........ 215
Figura 5.25 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas
incidentes a 90° e 24 km do terminal local: variação de corrente. ...... 216
Figura 5.26 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas
incidentes a 30° e 24 km do terminal local: variação de corrente. ...... 217
Figura 5.27 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas
incidentes a 0° e 24 km do terminal local: variação de corrente. ........ 218
Figura 5.28 - Coeficientes de detalhes: (a) 879 A; (b) 10 A. Energias: (c)
879 A; (d) 10 A. .................................................................................. 219
Figura 5.29 - Erros absolutos de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da distância. .................................................... 221
Figura 5.30 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação à fase A. .......................................... 222
Figura 5.31 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação à fase A. .......................................... 223
Figura 5.32 - Erros absolutos, em m, para faltas incidentes a 90° em
relação à fase B. .................................................................................. 224
Figura 5.33 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação à fase C. .......................................... 224
Figura 5.34 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação à fase C. .......................................... 225
Figura 5.35 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação à fase A. .......................................... 226
Figura 5.36 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase A. .......................................... 227
21

Figura 5.37 - Erros absolutos, em m, para faltas incidentes a 90° em


relação à fase B. .................................................................................. 227
Figura 5.38 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação da
magnitude da corrente de raio. ............................................................ 228
Figura 5.39 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação da
magnitude da corrente de raio. ............................................................ 229
Figura A. 1 - Procedimento para criação do banco de dados. ............. 253
Figura B.1 - Forma cilíndrica da torre. ................................................ 255
Figura B.2 - Forma cônica da torre. .................................................... 257
Figura B.3 - Forma waist da torre. ...................................................... 258
Figura B.4 - Torre de transmissão: (a) modelo multicondutor; (b)
modelo equivalente. ............................................................................ 260
Figura B.5 - Modelo multi-estágio da torre de transmissão. ............... 262
Figura B.6 - Modelo para cálculo do raio equivalente e impedância de
surto da torre de transmissão. .............................................................. 263
Figura B.7 - Mecanismo do isolador no ATPDraw. ............................ 265
Figura B.8 - LT a parâmetros concentrados utilizada para elaboração do
modelo RLC. ....................................................................................... 268
Figura D.1 Erros absolutos para faltas incidentes a 20 km do terminal
local. .................................................................................................... 274
Figura D.2 - Erros absolutos para faltas incidentes a 60 km do terminal
local. .................................................................................................... 274
Figura D.3 - Erros absolutos para faltas incidentes a 130 km do terminal
local. .................................................................................................... 275
Figura D.4 - Erros absolutos para faltas incidentes a 175,6 km do
terminal local. ...................................................................................... 275
Figura D.5 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da impedância da torre. ................................... 277
Figura D.6 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação à fase A e
impedância da torre de 100 Ω. ............................................................ 278
Figura D.7 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação à fase A e
impedância da torre de 200 Ω. ............................................................ 279
23

LISTA DE QUADROS

Quadro 5.1 - Erros absolutos, em m, para faltas com resistência de 10 Ω.


............................................................................................................. 188
Quadro 5.2 - Erros absolutos, em m, para faltas com resistência de 10 Ω.
............................................................................................................. 195
Quadro D.1 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase A.276
Quadro D.2 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase B. ........................................................... 276
Quadro D.3 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase C. ........................................................... 277
Quadro D.4 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase A. ........................................................... 280
Quadro D.5 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase B. ........................................................... 280
Quadro D.6 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de
incidência em relação à fase C. ........................................................... 281
Quadro D.7 - Diferenças entre as estimativas dos erros para correntes de
raio de 50 kA e 100 kA. ...................................................................... 282
Quadro D.8 - Erros absolutos, em m, computados no M2T. ............... 283
Quadro D.9 - Erros absolutos, em m, computados no M3T. ............... 284
Quadro D.10 - Erros absolutos, em m, computados no M2T. ............. 285
Quadro D.11 - Erros absolutos, em m, computados no M3T. ............. 286
Quadro D.12 - Erros absolutos, em m, computados no M2T. ............. 287
Quadro D.13 - Erros absolutos, em m, computados no M3T. ............. 288
Quadro D.14 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e
M3T. .................................................................................................... 289
Quadro D.16 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e
M3T. .................................................................................................... 289
Quadro D.17 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e
M3T. .................................................................................................... 290
Quadro D.18 - Erros absolutos, em m, computados no M2T. ............. 290
Quadro D.19 - Erros absolutos, em m, computados no M3T. ............. 291
25

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Síntese da revisão bibliográfica....................................... 103


Tabela 4.1 - Características dos condutores e cabos guarda da LT. .... 106
Tabela 4.2 - Parâmetros de sequência zero e positiva. ........................ 106
Tabela 4.3 - Características dos condutores e cabos-guarda da LT..... 109
Tabela 4.4 - Demais parâmetros necessários a simulação. .................. 110
Tabela 4.5 - Origem e intervalo de frequências de transitórios. .......... 110
Tabela 4.6 - Classificação dos intervalos de frequência...................... 111
Tabela 4.7 - Probabilidade de ocorrência e severidade de cada tipo de
falta...................................................................................................... 112
Tabela 4.8 - Condições para o uso das componentes modais na detecção
de faltas em LT’s. ................................................................................ 162
Tabela 5.1 - Frequência e probabilidade cumulativa. .......................... 198
Tabela 5.2 - Frequência e probabilidade cumulativa. .......................... 209
Tabela A.1 - Parâmetros obtidos após a simulação da LT. ................. 252
Tabela C.1 - Pseudoalgoritmo: módulo da detecção. .......................... 271
Tabela C.2 - Pseudoalgoritmo: módulo da classificação..................... 272
Tabela C.3 - Pseudoalgoritmo: módulo da localização. ...................... 273
27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMR Análise Multi-Resolução


ASNN Adaptive Structure Neural Network
ATP Alternative Transient Program
BPA Bonneville Power Administration
CBC Channel-Base Current
CG Current Generation
CGCR Centro de Gestão e Controle da Rede
CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco
CP Current Propagation
DFR Digital Fault Recorder
EAT Extra Alta Tensão
EMT Electromagnetic Transient
EMTP Electromagnetic Transient Program
EMTR Electromagnetic Time Reversal Theory
FCSE Fault Current Signal Energy
FEM Força Eletromotriz Induzida
FPGA Field-Programmable Gate Array
GFL Guessed Fault Location
GIS Gas Insulated Substation
GPS Global Positioning System
IEC International Electrotechnical Commission
INESC P&D Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores
BRASIL Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil
ISF Insulator String Flashover
LT Linha de Transmissão
MISO Multiple Input-Single Output
MODWT Maximal Overlap Discret Wavelet Transform
MTDC Multi-Terminal Direct Current
NBR Norma Brasileira
OPPC Optical Phase Conductor
OPGW Optical Ground Wire
OV Onda Viajante
PCA Principal Component Analysis
PMU Phasor Unit Measurement
RNA Rede Neural Artificial
RTDS Real Time Digital Simulator
SE Subestação
SEP Sistema Elétrico de Potência
SIN Sistema Interligado Nacional
SISO Single Input-Single Output
STFT Short Time Fourier Transform
SVM Support Vector Machine
TBE Transmissoras Brasileira de Energia S.A
TECCON Tecnologia de sensores em fibras ótica para
supervisão, controle e proteção de sistemas de
energia elétrica
TF Transformada de Fourier
TOV’S Teoria das Ondas Viajantes
TW Transformada Wavelet
TWC Transformada Wavelet Contínua
TWCI Transformada Wavelet Contínua Inversa
TWD Transformada Wavelet Discreta
TWDI Transformada Wavelet Discreta Inversa
29

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 33
1.1 OBJETIVOS ......................................................................... 34
1.1.1 Objetivos gerais ................................................................... 35
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................... 35
1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................... 36
2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................... 37
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS......................................... 37
2.2 ONDAS VIAJANTES .......................................................... 39
2.2.1 Incidência, reflexão e refração das OV’s .......................... 41
2.2.1.1 Diagrama Lattice ................................................................... 46
2.2.1.2 Distúrbios em LT’s ............................................................... 48
2.2.2 Atenuação e distorção das OV’s ........................................ 50
2.3 ANÁLISE MODAL .............................................................. 52
2.4 TRANSFORMADA WAVELET ......................................... 57
2.4.1 Contextualização e aplicações ............................................ 57
2.4.2 Definição .............................................................................. 58
2.4.3 Transformada Wavelet Contínua ...................................... 62
2.4.4 Transformada Wavelet Discreta ........................................ 63
2.4.5 Análise Multi-Resolução ..................................................... 66
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................... 73
3.1 DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
CONFORME A TOV’S ........................................................................ 73
3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................. 101
4 METODOLOGIA ............................................................. 104
4.1 SISTEMAS ANALISADOS ............................................... 104
4.1.1 LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI ............... 104
4.1.2 LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC ........ 107
4.2 FENÔMENOS ESTUDADOS............................................ 110
4.2.1 Chaveamento ..................................................................... 111
4.2.2 Descargas atmosféricas ..................................................... 120
4.3 MODELAGEM NO ATP ................................................... 126
4.3.1 Modelo elétrico do gerador .............................................. 126
4.3.1.1 Parametrização dos geradores ............................................. 128
4.3.2 Modelo elétrico da LT....................................................... 133
4.3.2.1 Parametrização das LT’s ..................................................... 136
4.3.2.1.1 Impedância de aterramento ................................................ 141
4.3.2.1.2 Impedância de surto da torre .............................................. 142
4.3.2.1.3 Isolador ............................................................................... 145
4.3.2.1.4 Isolador OPPC instrumentalizado ...................................... 146
4.3.3 Modelos das descargas atmosféricas ............................... 150
4.3.3.1 Parametrização das descargas atmosféricas ........................ 151
4.3.4 Modelo elétrico da carga .................................................. 155
4.3.4.1 Parametrização da carga ..................................................... 157
4.3.5 Parâmetros da simulação ................................................. 157
4.3.6 Modelagem dos sistemas .................................................. 158
4.4 FORMULAÇÃO DOS ALGORITMOS DE DETECÇÃO,
CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS ...................... 160
4.4.1 Aquisição de dados............................................................ 160
4.4.2 Detecção ............................................................................. 161
4.4.3 Classificação ...................................................................... 166
4.4.4 Localização ........................................................................ 179
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................. 182
5 RESULTADOS ................................................................. 184
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................... 184
5.2 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI 186
5.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento ............ 186
5.2.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local ............ 187
5.2.1.2 Variação da resistência de falta........................................... 190
5.2.1.3 Variação do ângulo de incidência ....................................... 192
5.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos ................... 198
5.2.2.1 Variação da distância ao terminal local .............................. 199
5.2.2.2 Variação da impedância de surto da torre ........................... 199
5.2.2.3 Variação do ângulo de incidência ....................................... 202
5.2.2.4 Amplitude do impulso atmosférico ..................................... 205
5.3 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC
210
5.3.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento ............ 210
5.3.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local ............ 211
5.3.1.2 Variação da resistência de falta........................................... 211
5.3.1.3 Variação do ângulo de incidência ....................................... 212
5.3.1.4 Variação da corrente ........................................................... 213
5.3.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos ................... 220
5.3.2.1 Variação da distância ao terminal local .............................. 220
5.3.2.2 Variação do ângulo de incidência ....................................... 221
5.3.2.3 Amplitude do impulso atmosférico ..................................... 225
5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................. 230
6 CONCLUSÃO ................................................................... 232
6.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES ...................................... 235
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............. 235
REFERÊNCIAS ................................................................................ 237
31

APÊNDICE A - PROCEDIMENTOS NO ATPDRAW................. 252


APÊNDICE B - MODELOS............................................................. 254
B.1 IMPEDÂNCIA DE ATERRAMENTO ........................................ 254
B.2 IMPEDÂNCIA DE SURTO DA TORRE .................................... 255
B.3 ISOLADOR .................................................................................. 264
B.4 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ............................................... 267
APÊNDICE C - PSEUDOALGORTIMOS DESENVOLVIDOS . 271
APÊNDICE D - RESULTADOS ...................................................... 274
D.1 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI......... 274
D.1.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento .................. 274
D.1.1.1 Simulações da variação da resistência de falta ....................... 274
D.1.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos .......................... 276
D.1.2.1 Simulações com impulso atmosférico de 50 𝑘𝐴 .................... 276
D.1.2.2 Simulações com impulso atmosférico de 100 𝑘𝐴 .................. 277
D.2 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC .... 283
D.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento .................. 283
D.2.1.1 Simulações com corrente nominal na LT ............................... 283
D.2.1.2 Simulações da variação da corrente........................................ 285
D.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos .......................... 289
D.2.2.1 Simulações da variação do ângulo de incidência ................... 289
D.2.2.2 Simulações da variação da corrente de raio............................ 290
33

1 INTRODUÇÃO

Em um SEP (sistema elétrico de potência), o elemento que


apresenta maior vulnerabilidade a riscos — tais como intempéries,
poluição industrial, descargas atmosféricas, queimadas e vandalismo —
é a LT (linha de transmissão), em virtude de sua ampla dimensão física,
a exemplo da rede de transmissão brasileira, cuja extensão é de
141.388 𝑘𝑚 (KINDERMANN, 1997; ONS, 2017).
Os distúrbios mais preocupantes em LT’s são os curtos-circuitos,
denominados comumente de faltas, em razão da sua natureza aleatória
que atalha o prognóstico de suas características, bem como, a estimativa
de sua localização (LOPES et al., 2014; PHADKE; THORP, 2009).
Com índice de ocorrência de, aproximadamente, 89% em LT’s,
estas faltas podem ser desencadeadas por problemas elétricos,
mecânicos, térmicos, de isolação e/ou de manutenção. Outrossim, o
surgimento destas induz uma susceptibilidade dos sistemas de
distribuição e transmissão de energia a condições imprevisíveis. Estas
provocam efeitos deletérios, como danos nos equipamentos que
integram a rede elétrica, instabilidade e/ou interrupção do suprimento de
energia, caso não sejam eliminadas rapidamente (KINDERMANN,
1997).
No cenário brasileiro vigoram, desde o ano de 2004, novas
diretrizes que alicerçam e regulamentam o funcionamento do atual
modelo do setor elétrico, a fim de garantir uma maior eficiência e
qualidade no fornecimento de energia aos consumidores (LEITE, 2016).
Por conseguinte, para a manutenção dos indicadores coletivos de
continuidade, como os índices de duração e frequência de interrupção
média do sistema, dentro de padrões estabelecidos, tais diretrizes
permitem a imposição de penalidades severas pelos agentes reguladores
aos transmissores, quando há interrupção no fornecimento de energia
elétrica, seja pela indisponibilidade de equipamentos ou das próprias
LT’s (JIANG et al., 2011a; SOUZA, 2007).
Como consequência do elevado percentual de incidência de
faltas, da preocupação com a manutenção dos índices de confiabilidade
mencionados e do crescimento em tamanho e complexidade dos SEP’s,
a exemplo do SIN (Sistema Interligado Nacional), a localização de faltas
se tornou extremamente necessária para um hábil reestabelecimento das
condições normais de operação do sistema.
Neste contexto, foram desenvolvidos, nas últimas décadas,
inúmeros estudos pertinentes a este campo, os quais culminaram no
surgimento de métodos/técnicas aplicáveis a redes de distribuição e
34

transmissão (RAZZAGHI; RACHIDI; PAOLONE, 2017). Além disto,


também foram elaboradas e aprimoradas pesquisas acerca da detecção e
classificação de faltas, com o propósito de permitir uma análise mais
abrangente da falha.

1.1 OBJETIVOS

Neste estudo é proposto um sistema híbrido, no qual suas LT’s


possuem isoladores situados estrategicamente em seus pontos médios.
Estes isoladores são dotados de sensores e funcionam como um canal de
comunicação entre estes dispositivos e blocos interrogadores localizados
nos terminais da LT, tal como pode ser observado na Figura 1.1.

Figura 1.1 - Sistema híbrido proposto.

Fonte: Próprio autor.

As informações coletadas — tal como o instante de incidência da


primeira frente de onda — serão então enviadas, instantaneamente, aos
blocos interrogadores, objetivando auxiliar a localização das faltas.
Este trabalho foi concebido no âmbito do projeto TECCON
(tecnologia de sensores em fibras ótica para supervisão, controle e
proteção de sistemas de energia elétrica), desenvolvido pelo INESC
P&D Brasil (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores
Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil) para a empresa TBE
(Transmissoras Brasileira de Energia S.A), dentro do seu programa de
P&D.
De modo geral, o projeto TECCON visa desenvolver soluções de
monitoramento baseadas em sensores de fibra ótica, para redes de
energia de alta tensão. Estas soluções são compreendidas por sensores,
os quais devem ser embebidos em elementos passivos já presentes no
sistema — tais como isoladores — de modo a dotá-los com inteligência
e capacidade de colhimento de dados críticos ao longo da linha, além de
35

sistemas computacionais que deverão processar estes dados e


transformá-los em informação útil para o operador da rede.

1.1.1 Objetivos gerais

Diante do exposto, este estudo possui como objetivo geral o


desenvolvimento de módulos computacionais, fundamentados na TOV’s
(teoria das ondas viajantes), que vislumbrem a detecção, classificação e
a localização de faltas na LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do
Sul/SC, na qual o isolador instrumentado será alocado.
Por conseguinte, a fim de justificar a inserção do isolador na LT,
como componente ativo de monitoramento na localização de faltas, esta
pesquisa assumirá um caráter comparativo, uma vez que a estimativa do
ponto de incidência da falha será realizada mediante duas metodologias:

1. Método clássico, considerando dois terminais de


monitoramento alocados em ambas as extremidades da LT;
2. Método de três terminais, no qual será utilizado,
adicionalmente, um outro ponto de monitoramento,
representando o isolador situado no centro da LT.

1.1.2 Objetivos específicos

A fim de alcançar o objetivo geral proposto nesta pesquisa, com o


nível de complexidade requisitado, é imprescindível que alguns
objetivos específicos sejam logrados preliminarmente. São estes:

1. Estudar o conceito da TOV’s utilizando o software ATP


(Alternative Transient Program);
2. Implementar os modelos de LT’s e dos componentes do sistema
em estudo mediante o ATP, fundamentando-se em uma revisão
detalhada dos arquétipos utilizados neste ambiente, para a correta
modelagem/parametrização dos componentes e melhor adequação
do sistema aos fenômenos em análise;
3. Modelar um sistema de referência amplamente utilizado na
literatura, tal como a LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI,
com o intuito de se respaldar nos resultados disponibilizados pela
comunidade científica e de alicerçar, também, a própria
modelagem de outros sistemas, além das técnicas utilizadas no
desenvolvimento dos módulos de detecção, classificação e
localização;
36

4. Estudar e definir uma técnica de filtragem de sinal para obter


estimativas mais precisas de localização, apoiando-se em uma
revisão bibliográfica, isto é, uma pesquisa do estado da arte dos
métodos clássicos e de suas variantes, fundamentados na TOV’s;
5. Validar os métodos propostos aplicando-os à LT Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC.

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta por uma estrutura de seis capítulos,


os quais são descritos sucintamente a seguir:

 No capítulo 2, será apresentada a fundamentação teórica


relativa às OV’s (ondas viajantes) e à TW (transformada
wavelet), que é indispensável para a assimilação da
problemática abordada e dos demais estudos disponíveis na
literatura;
 No capítulo 3, será exposto um levantamento bibliográfico das
pesquisas desenvolvidas na literatura sobre detecção,
classificação/identificação e localização de faltas, embasadas na
TOV’s e que utilizam diferentes técnicas e/ou variantes para
atingir os objetivos propostos;
 No capítulo 4, será retratada a modelagem dos sistemas
abordados, respaldando-se em diretrizes estabelecidas para a
determinação de parâmetros, de acordo com o fenômeno em
análise. Além disto, será descrita a formulação dos algoritmos
propostos para os módulos de aquisição, detecção, classificação
e localização de faltas;
 No capítulo 5, serão discorridas as análises dos resultados
obtidos a partir das simulações de ambos os sistemas no ATP e
da implementação dos algoritmos computacionais no ambiente
do MatLab tanto para os fenômenos de chaveamento quanto
para as descargas atmosféricas;
 No capítulo 6, serão razoadas as conclusões, principais
contribuições e sugestões para aprimoramento, bem como, para
o desenvolvimento de trabalhos futuros.
37

2 REVISÃO TEÓRICA

Neste capítulo, será exposta a fundamentação teórica, com os


principais conceitos relativos às OV’s e à TW, os quais alicerçam e são
imprescindíveis para a compreensão deste estudo.
Deste modo, este capítulo será composto por quatro seções: na
primeira, serão expostos os princípios fundamentais do comportamento
de uma OV, originada a partir da energização de uma LT; na segunda,
serão abordados o equacionamento e as análises pertinentes ao
comportamento de uma OV em um ponto de descontinuidade, bem
como, a sua caracterização; na terceira, será apresentada a ferramenta
utilizada para o desacoplamento de um sistema trifásico, objetivando a
aquisição das componentes modais que serão empregadas nos módulos
referentes à detecção, classificação e localização.
Finalmente, na quarta seção, dar-se-á um enfoque à TW, a qual
será utilizada no processamento dos dados obtidos a partir das
simulações realizadas no ATPDraw.

2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Uma LT é um sistema de orientação eletromagnética destinado ao


transporte de sinais elétricos (informações) e potência de uma fonte a
uma carga. Desde sua primeira utilização na telegrafia por Samual
Morse na década de 1830, as LT’s têm sido empregadas em vários tipos
de sistemas elétricos cobrindo uma ampla gama de frequências e
aplicações. Alguns dos exemplos mais comuns englobam desde
conexões entre transmissores e antenas; entre computadores em redes
até interligações entre usinas hidrelétricas e SE’s (subestações) (HAYT;
BUCK, 2013; WEISSHAAR, 2004).
Destarte, será considerada, inicialmente, uma LT monofásica
bifilar ideal, na qual toda a potência injetada pela fonte chega a
extremidade final, representada por um consumidor (carga), tal como
ilustrada na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Linha bifilar ideal.

Fonte: Fuchs (1979).


38

O circuito equivalente desta LT sem perdas, isto é, com


resistência elétrica nula e dielétrico perfeito entre condutores, é
esquematizado simplificadamente na Figura 2.2 (FUCHS, 1979).

Figura 2.2 - Circuito equivalente da LT bifilar ideal.

Fonte: Fuchs (1979).

Ao conectar a fonte de tensão à rede, representada por um


circuito a parâmetros concentrados na Figura 2.2, uma corrente começa
a fluir através do primeiro indutor, proporcionando que o primeiro
capacitor se carregue. Ao passo que este começa a se carregar, uma
tensão se estabelece no próximo trecho da LT e a corrente começa a
fluir no segundo indutor; consecutivamente, o segundo capacitor
começa se carregar. Este processo continua e termina apenas quando
todos os capacitores da LT são carregados (GREENWOOD, 1991;
HAYT; BUCK, 2013).
Em um circuito como o apresentado, a perturbação provocada
pela interligação da fonte à rede será percebida em todos os trechos
(∆𝑥), em um instante de tempo (∆𝑡) calculado com base na sua
velocidade de propagação (𝑣). Este último parâmetro depende do quão
rápido cada indutor e capacitor atingem, respectivamente, as máximas
corrente e carga. Já em uma LT a parâmetros distribuídos, a perturbação
só será sentida em pontos remotos após um tempo finito, determinado
também, com base na velocidade de propagação, o que proporciona uma
maior capacidade destas LT’s suportarem OV’s de corrente e tensão
(GREENWOOD, 1991; HAYT; BUCK, 2013).
Por conseguinte, afirma-se que uma das principais características
de uma LT é o atraso no tempo com que um sinal emitido da fonte é
visto no terminal receptor devido a velocidade de propagação finita
(WEISSHAAR, 2004).

Neste documento será exposto, simplificadamente, um


embasamento teórico relativo às LT’s, fundamentado na análise
39

qualitativa realizada por Fuchs (1979). Porém, de acordo com a


literatura, além deste autor, em sua análise quantitativa, outros trabalhos
sucessivos, como os desenvolvidos por Naidu (1985), Weisshaar (2004),
Elhaffar (2008) e Hayt e Buck (2013), trazem abordagens mais
aprofundadas para o estudo das LT’s, tal como a utilização das equações
gerais, denominadas também de equações telegráficas. Sendo assim,
para um embasamento matemático mais denso, recomenda-se a
utilização da bibliografia citada.

2.2 ONDAS VIAJANTES

Embasando-se, então, na teoria de circuitos elétricos, podem-se


escrever, inicialmente, a impedância de entrada (𝑍0 ) da LT como a razão
entre a tensão da fonte (𝑈) e a corrente (𝐼0 ) em uma seção do condutor.
Contudo, este último parâmetro é delineado como sendo o produto entre
a carga elétrica (𝑞) em um trecho (∆𝑥) da LT e a velocidade (𝑣) com que
esta se move. Deste modo, 𝑍0 e 𝐼0 podem ser calculados conforme as
Equações (2.1) e (2.2), respectivamente.

𝑈 (2.1)
𝑍0 =
𝐼0

𝐼0 = 𝑞𝑣 = 𝑈𝐶𝑣 (2.2)

Ao fazer a devida substituição de (2.2) em (2.1), a expressão para


a determinação de 𝑍0 poderá, então, ser escrita de uma forma distinta,
consoante a Equação (2.3).

1 (2.3)
𝑍0 =
𝐶𝑣

Considerando que a FEM (força eletromotriz induzida) em ∆𝑥 é


denotada por:

𝑑𝐼0 𝐼0 (2.4)
𝐹𝐸𝑀 = −∆𝑥𝐿 = − ∆𝑥𝐿
𝑑𝑡 ∆𝑡

pode-se reescrever a expressão utilizada na determinação da FEM em


função de 𝑣, haja vista este parâmetro pode ser calculado fisicamente
mediante a razão entre ∆𝑥 e o intervalo de tempo (∆𝑡), no qual a
40

corrente cresce de zero a um valor 𝐼0 . Desta forma, FEM é computada


também conforme a Equação (2.5).

𝐹𝐸𝑀 = −𝐼0 𝐿𝑣 (2.5)

Então, para que haja fluxo de corrente, faz-se necessário que a


FEM seja anulada pela tensão da fonte que, por conseguinte, deverá
assumir um valor oposto, conforme a Equação (2.6).

𝑈 = 𝐼0 𝐿𝑣 (2.6)

Consequentemente, a partir desta última equação, obtém-se uma


nova expressão para 𝑍0 , vide Equação (2.7).

𝑈 (2.7)
= 𝑍0 = 𝐿𝑣
𝐼0

Apoiando-se, portanto, na relação entre as Equações (2.3) e (2.7),


é possível obter duas características essenciais das OV’s, que são a
velocidade de propagação e a impedância de surto.
Primeiramente, ao igualar estas duas equações, admite-se uma
formulação para o cálculo da velocidade com que os campos magnético
e elétrico se propagam ao longo de uma LT, a qual é descrita pela
Equação (2.8) e ratifica, matematicamente, a dependência deste
parâmetro em relação a capacitância e a indutância da LT, bem como
mencionado na seção 2.1 (FUCHS, 1979).

1 (2.8)
𝑣=
√𝐿𝐶

Alternativamente, ao colocar o parâmetro 𝑣 em função de 𝑍0 na


Equação (2.7) e substituí-la na Equação (2.3), obtém-se uma nova
expressão para 𝑍0 , a qual será denominada de impedância de surto ou
impedância característica da LT, vide Equação (2.9).

(2.9)
𝐿
𝑍0 = √
𝐶
41

2.2.1 Incidência, reflexão e refração das OV’s

A partir da energização da LT representada na Figura 2.1, duas


ondas, uma de tensão e outra de corrente, originárias no transmissor,
propagam-se em direção ao receptor. Porém, ao depararem-se com um
ponto de descontinuidade, no qual ocorra uma variação brusca nos
parâmetros da LT (tomam-se como exemplos abertura de terminal,
curto-circuito, junção com outra LT ou simplificadamente, uma
mudança na impedância característica), uma parcela das ondas
incidentes neste ponto é refletida, ou seja, viaja de volta ao transmissor e
a outra é refratada, isto é, propaga-se em direção ao receptor. Neste
ponto, mais uma vez, as ondas serão refletidas e refratadas
sucessivamente, até serem atenuadas por completo, devido as perdas de
energia. Desta forma, o sistema finalmente entrará no estado de regime
permanente (FUCHS, 1979; NAIDU, 1985).
É importante ressaltar que, estas ondas refletidas e refratadas são
formadas de acordo com as leis de Kirchoff, satisfazem as equações
diferenciais da LT, condizem com o princípio de conservação da
energia, dispõem das mesmas propriedades que as ondas incidentes e
obedecem ao princípio da superposição (BEWLEY, 1933).
Segundo Naidu (1985), o princípio da superposição estabelece
que quando duas ondas que se propagam na mesma direção se
encontram, as amplitudes delas se somam. No entanto, após passarem
uma pela outra, estas não exibem distorções em suas formas ou
magnitudes, o que significa que, no momento do encontro, as ondas não
exerceram alguma influência entre si.
Tal princípio está exemplificado e ilustrado na Figura 2.3.

Figura 2.3 - Superposição de ondas.

Fonte: Próprio autor.


42

À vista disto, pelo princípio da superposição, a tensão e a


corrente em cada ponto da LT são então compostas pela soma das ondas
incidentes (𝑈𝑑 , 𝐼𝑑 ) e refletidas (𝑈𝑟 , 𝐼𝑟 ), conforme as Equações (2.10) e
(2.11).

𝑈 = 𝑈𝑑 + 𝑈𝑟 (2.10)

𝐼 = 𝐼𝑑 + 𝐼𝑟 (2.11)

De acordo com Elhaffar (2008), as ondas de tensão e corrente se


propagam ao longo de uma LT com uma proporção invariável, haja vista
que em qualquer ponto desta, a relação 𝑈𝑑 /𝐼𝑑 será sempre constante e
igual a 𝑍0 . Porém, no caso de uma onda eletromagnética atingir uma
descontinuidade na LT, onde há uma impedância 𝑍𝑟 diferente de 𝑍0 , a
relação citada assumirá um valor distinto. Consequentemente, ocorrerão
ajustes nas ondas de tensão e corrente com o objetivo de manter a
proporcionalidade entre estas e conservar o montante total de energia,
no caso das perdas serem desprezadas.
Assim, as ondas incidentes e refletidas de tensão em um ponto de
descontinuidade, são relacionadas pelo coeficiente de reflexão de tensão
(𝜌𝑟𝑢 ), descrito pela Equação (2.12).

𝑍𝑟 − 𝑍0 (2.12)
𝜌𝑟𝑢 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Já as ondas de corrente incidentes na descontinuidade e,


consecutivamente refletidas, a partir deste mesmo ponto, também são
correlacionadas por um coeficiente de reflexão, neste caso denominado
de coeficiente de reflexão de corrente (𝜌𝑟𝑖 ), que é oposto ao da tensão e
está explicitado na Equação (2.13).

𝑍0 − 𝑍𝑟 (2.13)
𝜌𝑟𝑖 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Em consequência disto, as reflexões de tensão e corrente são


escritas em função das suas ondas incidentes no ponto de
descontinuidade, tal como pode ser observado nas Equações (2.14) e
(2.15), respectivamente.
43

𝑈𝑟 = 𝜌𝑟𝑢 𝑈𝑑 (2.14)
𝐼𝑟 = 𝜌𝑟𝑖 𝐼𝑑 (2.15)

Posto isto, e de acordo com a literatura, a análise da condição de


regime permanente fundamentada na TOV’s é pautada, basicamente, na
relação da dependência entre o surgimento de reflexões e as condições
de descontinuidade da LT, ou seja, nos próprios coeficientes de reflexão.
Para tanto, consideram-se três situações abrangentes em que o
terminal receptor possui uma impedância 𝑍𝑟 :

a) 𝑍𝑟 = 𝑍0

Nesta relação as ondas refletidas de corrente (𝐼𝑟 ) e tensão (𝑈𝑟 )


são nulas, haja vista que, 𝜌𝑟𝑢 e 𝜌𝑟𝑖 são nulos. Portanto, consoante a
Equações (2.10) e (2.11), a tensão (𝑈2 ) e a corrente (𝐼2 ) no terminal
receptor serão iguais, respectivamente, às ondas incidentes 𝑈𝑑 e 𝐼𝑑 , que
partem do transmissor, mantendo-se, consequentemente, o estado de
equilíbrio denotado pela Equação (2.16).

𝑈 𝑈 (2.16)
𝐼0 = =
𝑍0 𝑍𝑟

As relações entre as tensões e correntes nos terminais transmissor


e receptor podem ser visualizadas graficamente na Figura 2.4.

Figura 2.4 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 = 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).


44

b) 𝑍𝑟 > 𝑍0

Quando a impedância no receptor é maior que a impedância


característica da LT, o sistema alcança um novo estado de equilíbrio,
uma vez que a relação de igualdade estabelecida pela Equação (2.16) é
violada.
Neste novo estado, por 𝜌𝑟𝑖 ser menor que zero, 𝐼𝑟 e 𝐼𝑑 assumem
polarizações inversas e então há uma redução na corrente 𝐼2 . Já a tensão
𝑈2 sofre um aumento na sua magnitude, uma vez que, 𝑈𝑟 e 𝑈𝑑 dispõem
de mesmo sinal, em virtude de 𝜌𝑟𝑢 ser maior que zero. Tais ilações
podem ser observadas na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 > 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).

Fortuitamente, quando o terminal receptor está aberto, isto é,


quando 𝑍𝑟 = ∞, verificar-se-á que 𝐼2 se reduzirá a zero, em
consequência de 𝐼𝑑 e 𝐼𝑟 disporem de sinais opostos e mesmas
magnitudes, devido a 𝜌𝑟𝑖 ser igual a −1. Entretanto, 𝑈2 atingirá o dobro
da magnitude da tensão incidente, devido a 𝑈𝑑 e 𝑈𝑟 exibirem iguais
polaridades e amplitudes, o que é justificado por 𝜌𝑟𝑢 ser igual a
unidade.

c) 𝑍𝑟 < 𝑍0

Assim como na relação anterior, o sistema atingirá um novo


estado de equilíbrio, porém ocorrerá o inverso: haverá um aumento na
45

corrente 𝐼2 , justificado por 𝐼𝑟 e 𝐼𝑑 disporem de mesmos sinais, devido a


𝜌𝑟𝑖 ser maior que zero, enquanto que a tensão 𝑈2 sofrerá uma redução,
pelo fato de 𝑈𝑟 e 𝑈𝑑 exibirem polarizações inversas, em consequência
de 𝜌𝑟𝑢 ser menor que zero. Isto pode observado na Figura 2.6.

Figura 2.6 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 < 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).

Eventualmente, quando há um curto-circuito no terminal


receptor, ou seja, quando 𝑍𝑟 = 0, 𝑈2 se reduzirá a zero em virtude de 𝑈𝑑
e 𝑈𝑟 possuírem sinais opostos e mesmas magnitudes, uma vez que
𝜌𝑟𝑢 = −1. Já 𝐼2 atingirá o dobro da amplitude da onda de corrente
incidente, haja vista que 𝐼𝑑 e 𝐼𝑟 dispõem de iguais magnitudes e
polaridades, em decorrência de 𝜌𝑟𝑖 possuir valor unitário.

Por fim, ao considerar a propagação das reflexões oriundas no


receptor em direção ao terminal transmissor, observar-se-á também o
surgimento de novas reflexões de tensão e corrente, cujas polarizações
dependerão do valor relativo à impedância da fonte e que irão se
sobrepor às ondas incidentes no transmissor (FUCHS, 1979).

De um modo alternativo, tomando por base as expressões (2.14) e


(2.15) e as substituindo, respectivamente, nas Equações (2.10) e (2.11),
podem-se reescrever a tensão e corrente totais em um ponto da LT em
função dos coeficientes de reflexão e das ondas incidentes, de tal forma
que:
𝑈 = 𝑈𝑑 + 𝜌𝑟𝑢 𝑈𝑑 = (1 + 𝜌𝑟𝑢 )𝑈𝑑 (2.17)
46

𝐼 = 𝐼𝑑 + 𝜌𝑟𝑖 𝐼𝑑 = (1 + 𝜌𝑟𝑖 )𝐼𝑑 (2.18)

A partir da Equação (2.17), define-se então o coeficiente de


refração ou transmissão da tensão como sendo a razão entre a amplitude
total de tensão e a tensão incidente. O mesmo raciocínio é equivalente
para a determinação do coeficiente de refração da corrente. Ambos os
coeficientes de tensão e corrente são calculados, respectivamente,
conforme as Equações (2.19) e (2.20).

𝑈 (2.19)
𝜌𝑡𝑢 = = (1 + 𝜌𝑟𝑢 )
𝑈𝑑

𝐼 (2.20)
𝜌𝑡𝑖 = = (1 + 𝜌𝑟𝑖 )
𝐼𝑑

Por conseguinte, mediante a substituição das expressões


utilizadas para o cálculo dos coeficientes de reflexão nas equações
anteriores, os coeficientes de refração de tensão e corrente também
podem ser reescritos em função das impedâncias 𝑍𝑟 e 𝑍0 , tal como nas
Equações (2.21) e (2.22), nesta ordem.

2𝑍𝑟 (2.21)
𝜌𝑡𝑢 = 1 + 𝜌𝑟𝑢 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

2𝑍0 (2.22)
𝜌𝑡𝑖 = 1 + 𝜌𝑟𝑖 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Desta forma, as análises realizadas anteriormente, fundamentadas


nos coeficientes de reflexão, também podem ser empreendidas com base
nos coeficientes de refração.

2.2.1.1 Diagrama Lattice

O diagrama Lattice foi desenvolvido em 1933 por Bewley com o


intuito de superar a dificuldade do monitoramento das múltiplas e
sucessivas reflexões, fornecendo então um meio gráfico para
acompanhá-las. Através da representação das OV’s no domínio espaço-
temporal, este diagrama exibe as posições e as direções de cada onda
incidente, refletida e refratada a cada instante de tempo, proporcionando,
desta forma, uma ampla visualização do histórico de cada uma destas.
47

Ademais, este digrama facilita o cálculo de todas as formas de onda


refletidas e refratadas; possibilita a determinação dos perfis de tensão e
corrente ao longo da LT; permite a inclusão dos efeitos de atenuação e
distorção sobre as ondas, além de oportunizar a estimação da localização
de distúrbios incidentes em LT’s (BEWLEY, 1933; NAIDU, 1985;
WEISSHAAR, 2004).
O diagrama Lattice, correspondente ao processo de energização
de uma LT de comprimento finito, é exemplificado através da Figura
2.7.

Figura 2.7 - Diagrama Lattice de tensão.

Fonte: Naidu (1985) - adaptado.

A partir da energização da LT, a onda de tensão (𝑈𝑑1 ) incide


sobre o terminal receptor em um instante de tempo, determinado
fisicamente como a razão entre o comprimento da linha (𝐿) e a
𝐿
velocidade de propagação (𝑣), isto é, 𝑡 = .
𝑣
Neste terminal, a depender das condições existentes, a onda
incidente é refletida (𝑈𝑟1) e viaja de volta ao transmissor, incidindo em
2𝐿
um instante 𝑡 = . Subsequentemente, surge uma nova reflexão (𝑈𝑑2),
𝑣
a qual se propaga em direção ao receptor. Tal como explanado
anteriormente, este processo de incidências e reflexões acontece
sucessivamente até as ondas serem atenuadas completamente pelas
perdas, uma vez que estas exibem um caráter amortecedor, reduzindo o
módulo da tensão gradativamente para o valor de regime permanente
(FUCHS, 1979; NAIDU, 1985).
48

2.2.1.2 Distúrbios em LT’s

De acordo com a literatura, distúrbios incidentes em uma LT,


sejam originados por quaisquer fenômenos (a exemplo de
chaveamentos, descargas atmosféricas, ferroressonância ou rejeição de
carga), provocam modificações nas condições de regime permanente.
Em consequência disto, fomentam uma nova redistribuição de energia
no sistema, visto que, tais fenômenos originam OV’s de tensão e
corrente que se propagam em direção às extremidades da LT,
sobrepondo-se, respectivamente, à tensão e à corrente pré-existentes. Ao
chegar a estes terminais, a depender da forma das descontinuidades ali
presentes, as reflexões e/ou refrações originadas irão, novamente, se
sobrepor às OV’s anteriores ao distúrbio, propagando-se sucessivamente
até novas condições de equilíbrio serem estabelecidas (NAIDU, 1985;
SILVA, 2003).
Diante do exposto e segundo Naidu (1985), as tensões e correntes
(𝑈 e 𝐼) na LT após a ocorrência de um distúrbio são determinadas com
base no princípio da superposição, isto é, compõem-se pelas tensões e
correntes já existentes (𝑈0 e 𝐼0 ) em adição às tensões e correntes
oriundas do próprio distúrbio (𝑈1 e 𝐼1 ). De forma geral:

𝑈 = 𝑈0 + 𝑈1 (2.23)

𝐼 = 𝐼0 + 𝐼1 (2.24)

Considerando-se, agora, uma falta incidente a uma distância 𝑑,


em km, do terminal transmissor, apresenta-se na Figura 2.8, o diagrama
Lattice que ilustra o processo de incidência, reflexão e refração das
OV’s originadas pelo distúrbio nos terminais transmissor e receptor da
LT.
49

Figura 2.8 - Diagrama Lattice para uma falta a uma distância d do terminal
transmissor.

Fonte: Próprio autor.

Tomando como exemplo os instantes de chegada das primeiras


OV’s aos terminais de monitoramento, pode-se determinar a distância
da falta aos terminais transmissor e receptor mediante as Equações
(2.25) e (2.26), respectivamente.

𝑑 = 𝑡1𝑡 𝑣 (2.25)

(𝐿 − 𝑑) = 𝑡1𝑟 𝑣 (2.26)

Onde:

𝑑 e (𝐿 − 𝑑): distâncias da falta aos terminais transmissor e receptor,


respectivamente;
𝐿: comprimento da linha;
𝑣: velocidade de propagação das OV’s;
𝑡1𝑡 , 𝑡1𝑟 : instantes de chegada das primeiras OV’s aos terminais
transmissor e receptor, nesta ordem.

Consequentemente, a distância da falta ao terminal transmissor


em função dos tempos de chegadas das primeiras OV’s em ambos os
50

terminais é calculada a partir da diferença entre as Equações (2.25) e


(2.26), que resulta na seguinte expressão:

𝐿 − 𝑣(𝑡1𝑟 − 𝑡1𝑡 ) (2.27)


𝑑=
2

Como será apresentado no capítulo seguinte, na comunidade


científica, a estimação da localização da falta ainda pode ser realizada de
acordo com o monitoramento de sinais em um ou em três terminais da
LT.

2.2.2 Atenuação e distorção das OV’s

Segundo Bewley (1933), à medida que as OV’s se propagam em


uma LT real, estas passam pelos processos de atenuação que é
caracterizado por uma redução na amplitude do pico da própria OV, e de
distorção, o qual é configurado por um alongamento na sua forma, visto
que irregularidades são suavizadas e há uma redução na inclinação da
frente de onda.
Estes dois processos são suscitados pelas perdas de energia, as
quais são associadas, majoritariamente, à resistência (𝑅) da LT, à
condutância shunt (𝐺) entre os condutores e entre estes últimos e a terra.
Numa LT em que a resistência 𝑅 e a condutância 𝐺 não são nulas,
à medida que a tensão se estabelece entre os condutores, incorrem
perdas equivalentes a 𝐺𝑈 2 (𝑊). Já o fluxo de corrente é responsável
pela dissipação de uma parcela igual a 𝑅𝐼 2 (𝑊) no próprio condutor.
Partindo do pressuposto de que as energias armazenadas pelos
campos magnético (∆𝐸𝑚 ) e elétrico (∆𝐸𝑒 ) associadas ao fluxo de
corrente nos condutores e à tensão entre estes, são respectivamente
iguais a:

𝐼0 2 𝐿∆𝑥 (2.28)
∆𝐸𝑚 = (𝑊𝑠)
2

𝑈 2𝐶∆𝑥 (2.29)
∆𝐸𝑒 = (𝑊𝑠)
2

Greenwood (1991) afirma que as ondas de tensão e corrente são


atenuadas exponencialmente ao se propagarem ao longo da LT, haja
vista que, tanto a energia suprida pelos campos magnético e elétrico
51

como as perdas associadas à corrente e à tensão, são proporcionais a


𝐼 2 e 𝑈 2, respectivamente.
Posto isto, tem-se que:

𝐺 (2.30)
𝑈 = 𝑈𝑑 exp (− 𝑡)
𝐶
𝑅 (2.31)
𝐼 = 𝐼𝑑 exp (− 𝑡)
𝐿

onde 𝑈0 e 𝐼0 são as ondas de tensão e corrente originárias na fonte.


Como explanado anteriormente que as ondas incidentes de tensão e
corrente se propagam ao longo de uma LT com uma proporção
constante e igual a 𝑍0 , a única forma para que isto também ocorra entre
𝐺
as Equações (2.30) e (2.31) será quando os termos exponenciais (− 𝑡)
𝐶
𝑅
e (− 𝑡) forem iguais. Desta forma, obtém-se:
𝐿

𝐺 𝑅 𝑅 𝐿 (2.32)
= ↔ =
𝐶 𝐿 𝐺 𝐶

Rememorando pois, que a impedância de surto 𝑍0 da LT equivale


𝐿
a √ e que também pode ser escrita em função da razão entre a tensão e
𝐶
a corrente, admite-se então que:
𝐿 𝑈2 (2.33)
𝑍0 2 = =
𝐶 𝐼2
𝐿 𝑈2
Substituindo por 2 na Equação (2.32) e rearranjando os termos,
𝐶 𝐼
depreende-se que as perdas associadas à resistência dos condutores são
iguais àquelas relacionadas à dispersão sobre os dielétricos, uma vez
que:

𝑅𝐼 2 = 𝐺𝑈 2 (2.34)

Desde que o armazenamento de energia se dá equitativamente


pelos campos magnético e elétrico na LT e as perdas associadas à
resistência e aos dielétricos são iguais, é mantida a proporcionalidade
entre as ondas de tensão e corrente em todos os pontos da LT, apesar
destas serem atenuadas. Porém, se eventualmente as perdas não são
52

iguais, há um desequilíbrio de energia e as OV’s além de serem


atenuadas, são distorcidas para manter a proporcionalidade entre tensão
e corrente. Posto isto, afirma-se então que a atenuação pode ocorrer sem
distorção, mas que o inverso não é verdadeiro (BEWLEY, 1933;
FUCHS, 1979; GREENWOOD, 1991).
Vale salientar que a Equação (2.32) é um caso particular e que a
LT para a qual esta condição é mantida é denominada de linha de
Heaviside sem distorção.
Outrossim, os fenômenos da atenuação e distorção em OV’s são
fomentados pelo efeito pelicular nos condutores e no solo (correntes de
retorno), dispersão sobre isoladores, a qual é muito pequena em linhas
aéreas e que normalmente pode ser desprezada, além do efeito corona
(BEWLEY, 1933).

2.3 ANÁLISE MODAL

A análise de LT’s polifásicas pode ser concebida como uma


extensão do estudo acerca das LT’s monofásicas, haja vista que as
grandezas escalares utilizadas neste último podem ser substituídas por
grandezas matriciais. Contudo, em sistemas polifásicos há um
acoplamento significativo entre fases, o que implica também no
acoplamento de equações, dificultando, por conseguinte, a análise do
sistema. Para mitigar esta problemática, demanda-se de uma
transformação matemática linear para a mudança de coordenadas capaz
de desacoplar as 𝑛 fases de um sistema (ELHAFFAR, 2008; NAIDU,
1985).
A ferramenta utilizada no processo de desacoplamento de
equações é denominada de transformação modal e tem por objetivo
eliminar as partes mútuas entre estas, ou seja, eliminar as impedâncias
mútuas entre os condutores, de forma que os modos resultantes desta
transformação possam ser analisados como circuitos monofásicos e
independentes.
A título de exemplo, são apresentados na Figura 2.9, os
acoplamentos de uma LT trifásica, em que as impedâncias próprias das
fases são denominadas de 𝑍𝑝 e as mútuas designadas por 𝑍𝑚 . Estas
últimas são eliminadas após a transformação modal, restando apenas as
impedâncias de surto nomeadas de 𝑍𝑚𝑑0, 𝑍𝑚𝑑1 e 𝑍𝑚𝑑2, características
de cada modo (ELHAFFAR, 2008).
53

Figura 2.9 - Desacoplamento e transformação modal de um sistema trifásico.

Fonte: Elhaffar (2008).

Desta maneira, a partir da aplicação da transformada modal, as


grandezas de fase de um sistema trifásico, a título de exemplo, são
transformadas em três modos desacoplados: um modo terra (modo 0) e
dois modos aéreos (modos α e β), os quais são caracterizados por uma
impedância de surto e uma velocidade de propagação (NAIDU, 1985).
À vista disto, as tensões e as correntes modais são relacionadas
com suas componentes de fase através das denominadas matrizes de
transformação modal 𝑇𝑈 e 𝑇𝐼 , conforme as Equações (2.35) e (2.36),
respectivamente.

𝑈0 𝑈𝑎 (2.35)
[𝑈𝛼 ] = 𝑇𝑈 [𝑈𝑏 ]
𝑈𝛽 𝑈𝑐

𝐼0 𝐼𝑎 (2.36)
[𝐼𝛼 ] = 𝑇𝐼 [𝐼𝑏 ]
𝐼𝛽 𝐼𝑐

De acordo com Silveira, Seara e Zürn (1999), para o


desacoplamento de uma LT, as ferramentas matemáticas utilizadas mais
frequentemente são as componentes simétricas e transformações modais
como as de Karrenbauer, Clarke e Wedepohl. Estas duas últimas
transformadas não requerem que as LT’s sejam perfeitamente
transpostas, sendo apenas suficiente um plano de simetria para a sua
aplicação. Adicionalmente, de acordo com Tavares, Pissolato e Portela
(2000, apud Dalcastagnê, 2007) quando da utilização da transformada
de Clarke em situações em que a LT não é transposta mas apresenta um
54

plano de simetria vertical, há o surgimento de dois quasi-modos (zero e


𝛼), denominados assim pela existência de um termo mútuo entre estes e
um modo exato, que é o modo 𝛽. Já no caso da LT não apresentar um
plano de simetria vertical, a aplicação desta transformada ainda
apresenta resultados satisfatórios.
Neste trabalho, empregar-se-á a transformada de Clarke, devido à
sua ortogonalidade que assegura que o somatório das energias
relacionadas às componentes modais seja igual à energia associada às
fases e pela sua majoritária utilização em trabalhos desenvolvidos na
literatura no tocante à detecção, classificação e localização de faltas em
LT’s (FERNANDES; MILAGRES, 2006).

Difundidas apenas em 1938 por Clarke, as componentes modais


ou componentes de Clarke foram obtidas a partir do teorema
fundamental das componentes simétricas, conforme apresentado na
Equação (2.37) (OLIVEIRA et al., 1996).

𝐼𝑎 1 1 1 𝐼0 (2.37)
[𝐼𝑏 ] = [1 𝑎2 𝑎 ] [𝐼1 ]
𝐼𝑐 1 𝑎 𝑎2 𝐼2

Onde:

𝐼𝑎,𝑏,𝑐 : correntes das fases A, B e C, respectivamente;


𝐼0,1,2 : correntes de sequência zero, positiva e negativa, nesta ordem;
𝑎: operador (1∠120°).
1 √3
Substituindo 𝑎 e 𝑎2 por suas formas retangulares (− 2 + 𝑖 2
) e
1 √3
(− 2 − 𝑖 2 ) na Equação (2.37) e fatorando as partes reais e
imaginárias, obtém-se a seguinte relação entre as correntes de fase e um
outro sistema composto por componentes de sequência zero, positiva-
mais-negativa e positiva-menos-negativa (CLARKE, 1943):

1 1 0 (2.38)
𝐼𝑎 1 √3 𝐼0
1 −
[𝐼𝑏 ] = 2 2 [𝐼1 + 𝐼2 ]
𝐼𝑐 1 √3 𝐼1 − 𝐼2
[ 1 − −
2 2 ]
55

Denominando (𝐼1 + 𝐼2 ) e (𝐼1 − 𝐼2 ) de 𝐼𝛼 e 𝐼𝛽 , respectivamente, a


Equação (2.38) pode ser reescrita como:

1 1 0
𝐼𝑎 1 √3 𝐼0 𝐼0
1 − (2.39)
[𝐼𝑏 ] = 2 2 [ 𝐼𝛼 ] = 𝑇𝐶 [ 𝐼𝛼 ]
𝐼𝑐 1 √3 𝐼𝛽 𝐼𝛽
[1 − −
2 2 ]

Uma vez que a matriz 𝑇𝐶 é invertível, a matriz de transformação


das componentes de fase para as componentes modais é estabelecida
como:

1 1 1 1
𝑇𝐼 = 𝑇𝐶 −1 = [2 −1 −1 ]
3
0 √3 −√3 (2.40)

Substituindo então a matriz 𝑇𝐼 na Equação (2.36), as


componentes modais de corrente podem ser escritas em função das suas
componentes fasoriais, conforme a Equação (2.41).

𝐼0 𝐼𝑎
1 1 1 1
𝐼
[ 𝛼 ] = [2 −1 −1 ] [𝐼𝑏 ]
𝐼𝛽 3 (2.41)
0 √3 −√3 𝐼𝑐

Posto isto, infere-se que as componentes modais 0 são idênticas


àquelas de sequência zero, obtidas a partir do teorema fundamental das
componentes simétricas; que as componentes 𝛼 fluem na fase A e
retornam igualmente pelas fases B e C e que as componentes 𝛽 têm seu
fluxo limitado apenas entre as fases B e C.
Vale salientar que o mesmo procedimento é adotado para a
obtenção das componentes modais de tensão, culminando, assim, em
uma matriz de transformação idêntica à 𝑇𝑐 (CLARKE, 1943).
Conforme já foi demonstrado na seção 2.2 que a expressão
utilizada para o cálculo da velocidade de propagação é dependente dos
parâmetros da própria LT, esta variável pode ser determinada da mesma
forma, para o caso considerado nesta seção, com a ressalva de que os
parâmetros, tais como indutância e capacitância, devem ser aqueles
correspondentes a cada modo. Portanto, as velocidades de propagação
56

do modo zero (𝑣0 ) e do modo 𝛼 (𝑣1 ) podem ser computadas,


respectivamente, através das Equações (2.42) e (2.43).

1
𝑣0 = (2.42)
√𝐿0 𝐶0

1
𝑣1 = (2.43)
√𝐿1 𝐶1

Onde:

𝐿0 , 𝐶0: indutância e capacitância do modo terra;


𝐿1 , 𝐶1: indutância e capacitância do modo 𝛼.

É importante ressaltar que, para o caso de uma LT idealmente


transposta, os modos 𝛼 e 𝛽 possuem mesma impedância característica e
velocidade de propagação.

No que concerne ao estudo de transitórios eletromagnéticos, o


desacoplamento dos sinais de tensão e/ou corrente é de extrema
relevância para implementação do método das OV’s, pois devido ao
acoplamento existente em LT’s polifásicas, uma falta incidente em uma
das fases irá desencadear o surgimento de perturbações de alta
frequência nas demais (SOUZA, 2007).
Elucidando o acoplamento entre fases, estão apresentados, na
Figura 2.10, os sinais de corrente monitorados no terminal local da LT
Presidente Dutra/BA – Boa Esperança/PI, acometida por uma falta BT.
57

Figura 2.10 - Acoplamento entre fases - correntes monitoradas no terminal local


em uma falta monofásica BT.

Fonte: Próprio autor.

As considerações acerca das componentes modais e de suas


restrições estão discorridas apenas na seção 4.4 correspondente à
formulação dos algoritmos de detecção, classificação e localização das
faltas, com o intuito de proporcionar uma maior fluidez na leitura do
documento e uma maior compreensão da estruturação de cada módulo.

2.4 TRANSFORMADA WAVELET

2.4.1 Contextualização e aplicações

Com princípio datado no ano de 1910 pelo matemático húngaro


Alfréd Haar, o qual propôs que uma função poderia ser aproximada por
degraus, mediante a utilização de constantes, denominadas
posteriormente de wavelets Haar, o desenvolvimento das wavelets
receberam inúmeras contribuições ao longo do século XX. Porém
somente em meados da década de 80, os fundamentos matemáticos da
teoria wavelet (do francês, ondelette) foram concebidos por J. Morlet, A.
Grossman e Y. Meyer (BENTLEY; MCDONNELL, 1994; PAN, 2003).
Desde a década de 90, a teoria wavelet vem ganhando mais
espaço na comunidade científica devido à sua aplicabilidade nos campos
da matemática, física e engenharia, especialmente no processamento
digital de sinais, compressão de dados, reconhecimento de padrões,
computação gráfica e dinâmica dos fluidos.
58

Além disto, é notório o crescimento da utilização da TW em


diversas áreas de estudo dos sistemas elétricos de potência, tais como
qualidade e medição de energia, descargas parciais, diagnóstico de
falhas em equipamentos, monitoramento de condições, predição de
energia, análise de transitórios e proteção de sistemas de potência (HE,
2016; KIM; AGGARWAL, 2001).
Segundo Kim e Aggarwal (2001), as áreas de sistemas de
potência que detêm uma maior concentração de estudos envolvendo a
TW são a qualidade de energia elétrica e a proteção de sistemas de
potência, com percentuais equivalentes a 45% e 23%, nesta ordem. Tal
comportamento também é verificado em estudos mais recentes, tal como
apresentado por Kumar, Gawre e Kumar (2014), no qual, apesar do
decorrer dos anos, a predominância de pesquisas com a TW nestes
campos ainda foi mantida, porém com proporções de 32% e 36%, tal
como ilustrado na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Áreas de aplicação da TW em sistemas elétricos de potência.

Fonte: Kumar; Gawre; Kumar (2014).

2.4.2 Definição

Vista como a TF (transformada de Fourier) do século XX, a TW


foi concebida com o intuito de superar as limitações da primeira, a qual
é capaz de decompor o sinal em várias componentes de frequência,
mediante a utilização de funções-base que são descritas como pequenas
ondas senoidais com várias frequências e limitadas, apenas, pela
duração do sinal analisado (BENTLEY; MCDONNELL, 1994).
59

De modo generalista, a representação de um sinal no domínio da


frequência mediante a TF é realizada com base em janelas de tempo
fixas, de forma a proporcionar uma visão global do comportamento
deste, sem pormenorizar as suas singularidades. Fortuitamente ao
ocorrer, um evento de natureza transitória, o processamento do sinal,
através da TF, será influenciado pelos transitórios e, assim, esta
ferramenta se mostrará inábil para avaliar a evolução temporal das
componentes e do ciclo do sinal (ARRUDA, 2017; WALKER, 1997).
De acordo com Flandrin (1999), a TF ainda apresenta algumas
restrições quanto à sua interpretação física, a exemplo do momento da
extinção do transitório, no qual as ondas (senoides) formadoras do sinal
exercem influência entre si, de modo a se anularem, originando o zero
“dinâmico” denominado assim por este autor. Isto contradiz o ponto de
vista físico, no qual o sinal, simplesmente, não existe (situação em que
há o zero “estático”).
Embora a TF seja conveniente para a análise de sinais
estacionários, devido às limitações expostas é inadequada para a análise
de sinais não-estacionários, os quais demandam uma ferramenta capaz
de correlacionar os domínios do tempo e da frequência simultaneamente
(BENTLEY; MCDONNELL, 1994; HE, 2016).
Com este objetivo, anteriormente ao desenvolvimento da TW,
Dennis Gabor propôs em 1946 a STFT (short time Fourier transform), a
qual é capaz de descrever o comportamento da frequência de um sinal
temporalmente, através de uma ferramenta nominada de espectrograma.
Em linhas gerais, a STFT segmenta o sinal em intervalos de tempo ou
janelas, descritas por funções que são constantes durante todo o
processamento do sinal, possibilitando, desta maneira, a análise de suas
frequências (BENTLEY; MCDONNELL, 1994; HE, 2016).
A desvantagem deste método é que há um trade-off entre as
resoluções de tempo e frequência, isto é, ao optar por uma boa resolução
no tempo, a resolução de frequência será prejudicada e, vice-versa.
Bentley e Mcdonnell (1994) elucidam este dilema ao afirmar que
ao escolher uma janela curta, verificar-se-á uma melhor resolução
temporal após a utilização da STFT, contudo será observada uma baixa
resolução no domínio da frequência, uma vez que será utilizado um
menor número de amostras por janela no processamento, implicando em
um número reduzido de frequências a serem analisadas.
Consequentemente, há uma menor sensibilidade na diferenciação de
frequências entre senoides distintas.
Apesar de ser um avanço para a análise de sinais, a STFT ainda
apresenta falhas na localização temporal de sinais não-estacionários,
60

uma vez que, escolhido o tamanho da janela de tempo, este permanece


invariável durante o processamento. Consequentemente, as resoluções
no plano tempo-frequência são constante, o que dificulta um
acompanhamento minucioso do comportamento dinâmico do sinal
(KUMAR; GAWRE; KUMAR, 2014; MALLAT, 1999).
Na Figura 2.12 está ilustrado o janelamento de um sinal através
da STFT, o qual tem que ter uma relação com o sinal a ser analisado e
que, no caso de uma perturbação no sistema elétrico, é importante que
esta janela corresponda a um período da frequência fundamental.
Também estão representadas as resoluções tempo-frequência durante o
processamento do sinal.

Figura 2.12 - Diagrama da STFT: (a) janelamento do sinal; (b) resoluções


tempo-frequência.

Fonte: He (2016).

Como forma alternativa, surgiram vários métodos capazes de


prover uma análise tempo-frequência adequada para sinais não-
estacionários. Dentre estes, está a TW, amplamente difundida na
comunidade científica e que será utilizada nesta pesquisa.

Assim como a STFT, a TW também decompõe o sinal em


componentes de diferentes frequências, contudo, mediante a utilização
de janelas de comprimentos variáveis, adaptadas à suas frequências, de
forma a possibilitar a análise de cada componente em uma resolução
compatível com sua escala (DAUBECHIES, 1992).
Na TW, cada janela é denominada de função-básica ou wavelet-
mãe (𝜓) e possui como características principais, das quais derivam o
seu nome, um comportamento ondulatório e um suporte compacto, isto
é, energia concentrada em um intervalo finito de tempo, ou
simplesmente, um decaimento rápido de amplitude, o que assegura a
localização espacial da própria wavelet-mãe.
61

Matematicamente, uma função só pode ser assim categorizada, se


atender as condições estabelecidas nas Equações (2.44) e (2.45), as
quais explicitam, respectivamente, que a média e a energia da wavelet-
mãe devem ser zero e um, nesta ordem (DOMINGUES et al., 2016;
OLIVEIRA, 2007).

∫ 𝜓(𝑡) 𝑑𝑡 = 0 (2.44)
−∞


∫ |𝜓(𝑡)|2 𝑑𝑡 = 1 (2.45)
−∞

Uma wavelet-mãe origina uma família wavelet ou wavelets-filhas


(𝜓𝑎,𝑏 ), as quais são versões escaladas/dilatadas e transladadas das
primeiras, isto é, são duplamente indexadas pelos parâmetros de escala
(𝑎) e de translação (𝑏), associados à frequência e ao deslocamento da
função no tempo, respectivamente.
Deste modo, 𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) é definida mediante a Equação (2.46):

1 𝑡−𝑏
𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) = 𝜓( ), 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ 𝑒 𝑎 ≠ 0 (2.46)
√|𝑎| 𝑎

1
onde o termo é o fator de normalização de energia do sinal e
√|𝑎|
assegura que esta permaneça igual para quaisquer valores de 𝑎 e 𝑏
(DAUBECHIES, 1990).
É importante ressaltar que o parâmetro 𝑎 também está
correlacionado diretamente à largura da janela e, portanto, estabelece-se
que se 𝑎 > 1, a wavelet-mãe será dilatada, logo, a largura da janela será
maior, em oposição às situações em que 𝑎 está no intervalo entre zero e
a unidade, nas quais a função será contraída e, por consequência, o
intervalo de tempo correspondente à janela de observação será menor
(DAUBECHIES, 1990).
De forma ilustrativa, são apresentados na Figura 2.13, uma
wavelet-mãe com sua família, constituída pelas wavelets-filhas
transladadas e escaladas, bem como, as larguras das janelas de
observação no tempo, impostas pela variação do parâmetro 𝑎.
62

Figura 2.13 - Escalamento e translação de uma função wavelet: (a) wavelet-mãe


(b=0 e a=1); (b) wavelet-filha transladada por um fator b, com a=1; (c) wavelet-
filha dilatada, com a=2 e (d) larguras da janela de observação no tempo.

Fonte: He (2016).

O modo como ocorre a variação dos parâmetros de escala e de


translação, seja de forma contínua ou discreta, regem a maneira pela
qual será realizado o janelamento em uma função/sinal, fomentando,
deste modo, o desenvolvimento dos processos nominados, na literatura,
por transformadas wavelet contínua (TWC) e discreta (TWD),
respectivamente.

2.4.3 Transformada Wavelet Contínua

A TWC de um sinal 𝑓(𝑡) fornece uma representação


bidimensional de um sinal contínuo de uma única dimensão e é
calculada com base no produto interno entre 𝑓(𝑡) e a função wavelet
𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) transladada e escalada.
Desta forma, a TWC é computada conforme a Equação (2.47):

𝑇𝑊𝐶(𝑎, 𝑏) = 〈𝑓(𝑡), 𝜓𝑎,𝑏 (𝑡)〉 ∫ 𝑓(𝑡)𝜓∗ 𝑎,𝑏 (𝑡) 𝑑𝑡 (2.47)
−∞

onde 𝜓 ∗ 𝑎,𝑏 (𝑡) é calculada mediante a Equação (2.46), considerando


uma variação contínua dos parâmetros de escala e translação, 𝑎 e 𝑏,
obedecendo as mesmas condições expostas, ou seja, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ 𝑒 𝑎 ≠ 0,
63

embora deva ser utilizado o complexo conjugado de 𝜓(𝑡) (MALLAT,


1999; RAO; BOPARDIKAR, 1998).
Eventualmente, o caminho inverso pode ser realizado, isto é, o
sinal 𝑓(𝑡) pode ser reconstituído a partir da função TWC, se esta for
inversível, o que é assegurado pela condição estabelecida na Equação
(2.44), também denominada de condição de admissibilidade.
De modo equivalente, esta condição é denotada pela Equação
(2.48).
∞|𝜓(𝑤)2 |
𝐶𝜓 = ∫ 2
𝑑𝑤 < ∞ (2.48)
−∞ |𝑤 |

Com base no valor de 𝐶𝜓 deferido pela condição de


admissibilidade, a função é reconstruída, então, por meio da TWCI
(transformada wavelet contínua inversa) descrita pela Equação (2.49).

1 ∞ ∞ 𝑑𝑎𝑑𝑏
𝑓(𝑡) = ∫ ∫ 𝑇𝑊𝐶𝑓(𝑎, 𝑏)𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) (2.49)
𝐶𝜓 −∞ −∞ 𝑎2

É importante ressaltar que, apesar da capacidade que a TWC


possui de localizar habilmente eventos no domínio tempo-frequência,
esta não é utilizada amplamente, em decorrência da sua complexidade
computacional (KUMAR; GAWRE; KUMAR, 2014).

2.4.4 Transformada Wavelet Discreta

De modo semelhante à TWC, a TWD também é capaz de mapear


um sinal no domínio do tempo, através de uma função bidimensional
indexada pelos parâmetros de translação e escalamento, relativos ao
tempo e à frequência, tal como mencionado preliminarmente. Contudo,
considera-se uma discretização destes parâmetros para a representação
do sinal no domínio wavelet.
Com a finalidade de abranger todo o domínio tempo-frequência,
o parâmetro 𝑎 é discretizado mediante uma sequência de termos
exponenciais, de forma que 𝑎 = 𝑎0 𝑚 , com 𝑚 ∈ ℤ e 𝑎0 , o qual é
denominado de passo de dilatação, constante e maior que um.
Outrossim, o parâmetro 𝑏 é amostrado uniformemente e
proporcionalmente à variável 𝑎 discretizada, ou seja, é imposta a relação
𝑏 = 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚 , em que 𝑛 ∈ ℤ e 𝑏0 , que é correspondente à variação no
tempo, também é constante, porém, maior que zero (MALLAT, 1999).
64

Por conseguinte, as wavelets-filhas, denotadas anteriormente, são


descritas pela Equação (2.50), considerando os valores discretos
especificados para os parâmetros 𝑎 e 𝑏.

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝜓𝑚,𝑛 (𝑡) = 𝜓( ), 𝑚, 𝑛 ∈ ℤ (2.50)
√𝑎0 𝑚 𝑎0 𝑚

Com base na função descrita para 𝜓𝑚,𝑛 (𝑡), dispõe-se que a janela
de observação do espectro do sinal possui uma relação de dependência
com os valores estabelecidos para a variável 𝑚. Eventualmente, ao
variar de um nível 𝑚 para um subsequente, 𝑚 + 1, a largura da janela
deste último será 𝑎0 vezes maior, em relação a do nível anterior.
Ademais, o escalamento provocado pela sequência de valores adotados
para o parâmetro 𝑎, proporciona que o espectro de frequências seja
abrangido de modo logarítmico (DAUBECHIES, 1992; KIM;
AGGARWAL, 2000).
Em outras palavras, isto sugere que para escalas maiores, há uma
menor resolução temporal, uma vez que a janela de tempo é maior, em
oposição a uma melhor resolução de frequência. Já para as escalas
menores, a diminuição da janela de tempo, que implica em uma melhor
resolução temporal, vem acompanhada de uma baixa resolução em
frequência (PENEDO, 2000).
Tais ilações podem ser visualizadas na Figura 2.14, a qual
representa o modo em que as resoluções tempo-frequência são
particionadas no domínio wavelet.

Figura 2.14 - Resoluções tempo-frequência da TWD.

Fonte: Araújo (2011) - adaptado.


65

Em decorrência da característica das resoluções no plano tempo-


frequência, uma janela maior compreenderá as componentes de baixa
frequência do sinal, cujas alterações induzidas são mais lentas no
domínio do tempo, enquanto que um intervalo de amostragem menor
encerrará, principalmente, as componentes de mais alta frequência do
sinal, o que o torna ideal para análise destas, devido a transitoriedade
das variações suscitadas (OLIVEIRA, 2007).
Em virtude da adequação da janela de tempo à frequência,
inúmeros autores estabelecem um paralelo entre a TW e o ajuste focal
de uma câmera, uma vez que para obter um maior detalhamento de uma
fotografia, é necessário aproximar o foco da câmera, de forma a
diminuir a janela de observação, enquanto que para observá-la
globalmente, é fundamental que a janela de visualização seja ampla.
Esta analogia advém dos estudos acerca do processamento de
imagens realizados por Meyer, o qual observou, em 1986, que as
wavelets poderiam ser utilizadas para migrar de uma aproximação mais
grosseira a uma de alta resolução, fundamentando de tal forma o
processo conhecido na literatura como AMR (análise multi-resolução), o
qual será abordado posteriormente (DAUBECHIES, 1992).

A TWD é determinada, então, mediante um janelamento1


discreto aplicado a um sinal 𝑓(𝑡), também discretizado, porém no
tempo, conforme a Equação (2.51).

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝑇𝑊𝐷(𝑚, 𝑛) = ∑ 𝑓(𝑡) 𝜓 ( ) , 𝑚, 𝑛 ∈ ℤ (2.51)
√𝑎0 𝑚 𝑡=−∞ 𝑎0 𝑚

Ademais, o sinal 𝑓(𝑡) pode ser reconstruído mediante os seus


coeficientes wavelet discretos, a partir da utilização da TWDI
(transformada wavelet discreta inversa). Desta forma, a reconstituição é
calculada com base na Equação (2.52), na qual 𝐶 é uma constante
dependente da wavelet-mãe (DAUBECHIES, 1990, 1992).

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝑓(𝑡) = 𝐶 ∑ ∑ 𝑇𝑊𝐷(𝑚, 𝑛)𝜓 ( ) (2.52)
√𝑎0 𝑚 𝑎0 𝑚
𝑚 𝑛
𝑚, 𝑛 ∈ ℤ

1
Nota: O termo janelamento se refere ao processo de aplicação de uma
janela (função wavelet) à um sinal ou à uma função 𝑓(𝑡).
66

2.4.5 Análise Multi-Resolução

O princípio básico da AMR consiste em aproximar uma função


através de uma série de várias outras funções, as quais são
fundamentadas, teoricamente, pelos conceitos da álgebra linear,
concernentes aos espaços, subespaços e propriedades vetoriais como a
ortonormalidade e a ortogonalidade, a qual fomenta a simplicidade nos
cálculos dos coeficientes de expansão, utilizados na representação de
uma função ou sinal (ARAÚJO, 2011; MEYER, 1992).
Brevemente, a AMR é calculada no espaço das funções
quadráticas integráveis, 𝐿2 (ℛ), como uma sequência de subespaços
fechados, pertencentes a este mesmo domínio e atendendo a três
diferentes critérios básicos: (a) relação de causalidade entre os
subespaços, a qual estabelece que as informações de um nível são
suficientes para determinar o conteúdo do próximo nível mais
“grosseiro”; (b) invariância dos subespaços de dilatação, o que permite
uma adequação da janela à frequência, no caso de distúrbios em sinais e
(c) invariância ante a translação no tempo. Outrossim, ainda são
relacionadas à AMR duas propriedades não menos importantes, as quais
estão associadas à regularidade de Lipschitz e às condições de Riesz
(PAN, 2003).
Desta forma, consoante a AMR, um sinal é composto
basicamente pelas funções de escalamento 𝜑(𝑡), denominadas também
de wavelets-pai e pelas wavelets-mãe 𝜓(𝑡) ou, simplesmente, wavelets.
Ambas as funções englobam todo o espaço de um sinal em 𝐿2 (ℛ) e
fundamentam-se nas premissas anteriormente citadas.
As wavelets-pai são formuladas como equações recursivas, que
são análogas às equações diferenciais com coeficientes ℎ(𝑘) e,
geralmente, são utilizadas na representação do aspecto global do sinal.
Já as wavelets-mãe são vistas como uma diferença entre dois espaços
consecutivos englobados pelas wavelets-pai e, portanto, são calculadas
mediante uma soma ponderada desta última função deslocada para um
conjunto de coeficientes ℎ1 (𝑘), o que possibilita a observação das
particularidades do sinal. Ambas as funções, 𝜑(𝑡) e 𝜓(𝑡), são
determinadas com base nas Equações (2.53) e (2.54), respectivamente
(BURRUS; GOPINATH; GUO, 1998).

𝜑(𝑡) = √2 ∑ ℎ(𝑘)𝜑(2𝑡 − 𝑘) , 𝑘∈ ℤ
(2.53)
𝑘
67

𝜓(𝑡) = √2 ∑ ℎ1 (𝑘)𝜑(2𝑡 − 𝑘) , 𝑘∈ ℤ
(2.54)
𝑘

Considerando as operações de escalamento nas funções 𝜑(𝑡) e


𝜓(𝑡), estas são reescritas, conforme as Equações (2.55) e (2.56), de
forma a abranger todo o espaço 𝐿2 (ℛ).
𝑗
𝜑𝑗,𝑘 (𝑡) = 2 ⁄2 𝜑(2𝑗 𝑡 − 𝑘), 𝑘𝑒𝑗∈ ℤ
(2.55)
𝑗
𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) = 2 ⁄2 𝜓(2𝑗 𝑡 − 𝑘), 𝑘𝑒𝑗 ∈ ℤ
(2.56)

De acordo com a literatura, 𝜑𝑗,𝑘 (𝑡) e 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) são denominadas de


funções de base e são caracterizadas por possuírem normas constantes
independentemente da variação da escala 𝑗2, o que é assegurado pelo
𝑗
termo 2 ⁄2 ; serem transladadas no tempo pelo parâmetro 𝑘, além de
serem escaladas pelo fator 2𝑗 (BURRUS; GOPINATH; GUO, 1998).
Posto isto, qualquer função/sinal 𝑓(𝑡) ∈ 𝐿2 (ℛ) pode ser escrita
em termos das funções de base, conforme a Equação (2.57):
∞ ∞ ∞

𝑓(𝑡) = ∑ 𝑎(𝑘)𝜑𝑘 (𝑡) + ∑ ∑ 𝑑(𝑗, 𝑘)𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) (2.57)


𝑘=−∞ 𝑗=0 𝑘=−∞

1° termo 2° termo

onde 𝑎(𝑘) e 𝑑(𝑗, 𝑘) são os coeficientes de escala e de detalhes, nesta


ordem.
Segundo Burrus, Gopinath e Guo (1998), o primeiro termo da
Equação (2.57) corresponde a uma representação de 𝑓(𝑡) em baixa
resolução, fornecendo as características mais generalistas desta, visto
que o somatório pertinente está relacionado apenas à
translação/deslocamento no tempo, representada pelo parâmetro 𝑘. Em
contrapartida, o segundo termo caracteriza-se por viabilizar à análise, as
2
Nota: Este índice 𝑗, utilizado para designar uma escala em particular,
advém da literatura relacionada à TW.
68

particularidades de 𝑓(𝑡), uma vez que o somatório externo, correlato à


variação de escala 𝑗, proporciona um refinamento maior na resolução e,
consequentemente, uma melhor descrição das singularidades da
função/sinal.
É importante ressaltar que as funções de base podem ser
determinadas em qualquer nível, entretanto, ao variar a escala no cálculo
de 𝜑𝑗,𝑘 (𝑡), não serão obtidas as peculiaridades do sinal, uma vez que são
responsáveis por propiciar, somente, as características gerais deste, de
modo a contextualizá-lo, tal como mencionado anteriormente. Por
conseguinte, na composição de um sinal/função, elege-se apenas uma
escala para as funções de escalamento, como no caso da Equação (2.57),
em que foi escolhido 𝑗 = 0.
Ademais, em razão da ortogonalidade das funções de base, os
coeficientes 𝑎(𝑘) e 𝑑(𝑗, 𝑘) podem ser calculados através dos produtos
internos entre 𝑓(𝑡) e as funções 𝜑𝑘 (𝑡) e 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡), responsáveis pela
expansão em 𝐿2 (ℛ), conforme as Equações (2.58) e (2.59).

(2.58)
𝑎(𝑘) = 〈𝑓(𝑡), 𝜑𝑘 (𝑡)〉 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝜑𝑘 (𝑡)

(2.59)
𝑑(𝑗, 𝑘) = 〈𝑓(𝑡), 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡)〉 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡)

Diante do exposto, afirma-se que AMR é delineada pela


estratégia de transitar desde as resoluções baixas até as mais altas, o que
configura uma estrutura hierárquica, com o escopo de alcançar uma
representação adequada da função/sinal no domínio tempo-frequência.
No âmbito da análise de sinais, o processo da AMR também é
denominado de codificação em sub-bandas, uma vez que as funções de
escalamento e as wavelets são associadas, respectivamente, a filtros
passa-baixas e passa-altas, em decorrência de extraírem as componentes
de baixa e alta frequência de um sinal, correspondentes aos coeficientes
de aproximação e de detalhes, respectivamente.
Deste modo, segundo o teorema exposto por Mallat (1999), a
decomposição de um sinal em seus coeficientes de aproximação, em
uma escala 𝑗 + 1, é realizada através da convolução entre um filtro
passa-baixas 𝑔[𝑛 − 2𝑘] e os coeficientes de aproximação da escala
imediatamente anterior. Similarmente, os coeficientes de detalhes da
escala 𝑗 + 1 são obtidos por intermédio da convolução de um filtro
69

passa-altas ℎ[𝑛 − 2𝑘] com os coeficientes de aproximação da escala


precedente.
Destarte, a determinação dos coeficientes de aproximação e de
detalhes, em cada escala ou nível, é regida pelas Equações (2.60) e
(2.61), respectivamente.

𝑎𝑗+1 (𝑘) = ∑ 𝑔[𝑛 − 2𝑘] 𝑎𝑗 [𝑛] (2.60)


𝑛=−∞

𝑑𝑗+1 (𝑘) = ∑ ℎ[𝑛 − 2𝑘] 𝑎𝑗 [𝑛] (2.61)


𝑛=−∞

Os resultados obtidos então sofrem um processo de sub-


amostragem ou de decimação por dois, no qual apenas uma amostra a
cada duas é preservada, com a finalidade de manter, na escala 𝑗 + 1, a
quantidade total de amostras que a aproximação do nível anterior possui.
Portanto, à medida em que um sinal é decomposto em várias escalas, o
número de coeficientes de aproximação e de detalhes são reduzidos pela
metade, em relação à escala predecessora, desencadeando assim a perda
de informações.
Em consequência disto, afirma-se que o número de níveis de
decomposição é determinado, principalmente, por três fatores:
comprimento do sinal, nível de detalhamento requisitado e wavelet
selecionada, a qual possui uma estrita relação de dependência com o tipo
de aplicação (KIM; AGGARWAL, 2001).
Na Figura 2.15 está ilustrado o algoritmo piramidal de Mallat
(1989) explanado anteriormente, com duas escalas ou níveis de
decomposição, onde 𝑎𝑗,𝑘 corresponde as amostras da própria função ou
sinal; 𝑎𝑗+1,𝑘 e 𝑎𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de aproximação e 𝑑𝑗+1,𝑘 e
𝑑𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de detalhes condizentes aos primeiro e
segundo níveis, nesta ordem; 𝐺 e 𝐻 são os filtros passa-baixas e passa-
altas, respectivamente e é o operador de downsampling, ou de
decimação, neste caso, por dois.
70

Figura 2.15 - Decomposição wavelet em dois níveis.

Fonte: Próprio autor.

Ainda conforme o teorema proposto por Mallat (1989), um sinal


ou um nível de aproximação podem ser reconstruídos a partir da
combinação entre as aproximações e detalhes de uma escala
imediatamente inferior. Neste processo, as sequências de coeficientes de
aproximação e de detalhes são super-amostradas, isto é, seus elementos
são entremeados por zeros, o que ocasiona a duplicação de seus
comprimento. Em outra etapa, estas são convoluídas, com filtros passa-
baixas e passa-altas apropriados para o processo de reconstrução e, por
último, as duas sequências resultantes são adicionadas.
Em vista disto, a reconstrução da aproximação em um escala 𝑗 é
calculada com base nos coeficientes do nível 𝑗 + 1 subsequente,
conforme a Equação (2.62).
∞ ∞

𝑎𝑗 (𝑘) = ∑ 𝑔[𝑘 − 2𝑛] 𝑎𝑗+1 [𝑛] + ∑ ℎ[𝑘 − 2𝑛] 𝑑𝑗+1 [𝑛] (2.62)
𝑛=−∞ 𝑛=−∞

Ilustrativamente, o processo de reconstrução de um sinal, a partir


de dois níveis, é esboçado na Figura 2.16, na qual 𝑎𝑗,𝑘 corresponde as
amostras da própria função ou sinal; 𝑎𝑗+1,𝑘 e 𝑎𝑗+2,𝑘 são os coeficientes
de aproximação e 𝑑𝑗+1,𝑘 e 𝑑𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de detalhes
associados aos primeiro e segundo níveis, respectivamente; 𝐺′ e 𝐻′ são
os filtros passa-baixas e passa-altas, nesta ordem e é o operador de
upsampling, o qual intercalará zeros entre as amostras das sequências de
coeficientes de aproximação e de detalhes, tal como mencionado
anteriormente.
71

Figura 2.16 - Reconstrução de uma função ou sinal a partir de dois níveis.

Fonte: Próprio autor.

Os filtros 𝐺′ e 𝐻′ utilizados no processo de reconstrução são


relacionados com os filtros 𝐺 e 𝐻 associados à decomposição do sinal
ou função, mediante as Equações (2.63) e (2.64), nas quais 𝑛 e 𝐿
representam o coeficiente e o comprimento do filtro, respectivamente
(ARAÚJO, 2011).

𝐺 ′ [𝑛] = (−1)𝑛 𝐻(𝑛), 𝑛 ∈ ℕ∗ < 𝐿 (2.63)

𝐻 ′ [𝑛] = (−1)𝑛+1 𝐺(𝑛), 𝑛 ∈ ℕ∗ < 𝐿 (2.64)

Esquematicamente, os processos de decomposição, à esquerda, e


de reconstrução de um sinal, através de dois níveis, à direita, são
representados na Figura 2.17.

Figura 2.17 - Esquema de decomposição e reconstrução na AMR.

Fonte: Próprio autor.

Ademais, evidencia-se que, mesmo se um sinal for decomposto


em seus níveis e, subsequentemente, reconstruído, há perda de
informações, em decorrência do descarte de amostras, fomentado pelo
downsampling e que não são recuperadas pelo upsampling realizado na
reconstrução.
72

Além da supressão de informações (elementos pares ou ímpares


são descartados), o processo de decimação pode ocasionar uma
divergência entre os resultados obtidos nos cálculos das sequências de
aproximação e de detalhes, haja vista que esta última é determinada com
base na diferença entre aproximações de dois níveis consecutivos, as
quais são calculadas com base em intervalos pré-definidos. Desta forma,
a decimação equivale a escolha de um “ponto de partida” ou origem
para as subsequentes análises (NEGRI, 2012; PERCIVAL; WALDEN,
2000).
Então, com a finalidade de dirimir a sensibilidade dos resultados
ante a escolha de uma origem, surgiu a MODWT (maximal overlap
discret wavelet transform), a qual é vista como uma variante da TWD e
é caracterizada por não fazer uso da sub-amostragem na AMR, o que
credita, uma invariância no tempo. Como consequência, o cálculo das
aproximações e dos detalhes, via MODWT, é realizado utilizando todas
as amostras, o que resulta em sequências de mesmo comprimento que a
do nível anterior. De modo comparativo, a MODWT produzirá o dobro
de coeficientes de aproximação e de detalhes em cada nível, quando
comparada à TWD (COSTA; SOUZA, 2011).
Segundo Percival e Walden (2000), na literatura ainda são
encontradas TW’s idênticas ou com aspectos similares à MODWT com
outras denominações, tais como: transformada wavelet discreta
invariante no tempo, à translação ou ao deslocamento; transformada
wavelet discreta estacionária, não decimada ou redundante e frames
wavelets.

Diante do exposto, adotar-se-á, neste estudo, a MODWT, em


consequência da ausência dos processos de sub-amostragem, o que a
torna invariante no tempo e evita a perda de informações, tal como
mencionado anteriormente. Além disto, esta variante é capaz de refletir
bem as características de OV’s originadas por uma falta e pode fomentar
uma maior precisão na identificação do instante de ocorrência do
distúrbio, o que é imprescindível para a sua localização (HE, 2016).
As considerações relativas à MODWT, necessárias para o
desenvolvimento dos algoritmos computacionais, serão expostas na
seção 4.4, correspondente à formulação destes. Entretanto, para uma
fundamentação matemática mais aprofundada, recomenda-se a
utilização de referências pertinentes à área e consolidadas na literatura, a
exemplo de Percival e Walden (2000) e Burrus, Gopinath e Guo (1998).
73

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a literatura, as técnicas de localização de faltas


podem ser relacionadas conforme as suas características mais
importantes, limitações e potencialidades. Sendo assim, os principais
métodos são fundamentados em quatro tipos de abordagem: (1)
componentes de alta frequência, (2) componentes fundamentais, (3)
TOV’s e (4) inteligência artificial.
Atualmente, é possível encontrar algoritmos embasados nestes
quatro métodos em instrumentos como localizadores de falta, relés
diferenciais de corrente de linha e/ou relés de distância, sendo
desenvolvidos e comercializados. Com o objetivo de aumentar a
confiabilidade do sistema, estes dispositivos suscitam uma redução nas
perdas econômicas, uma vez que, conhecido o ponto de incidência do
defeito, a restauração do sistema é consideravelmente mais rápida
(SCHWEITZER et al., 2014).
O delineamento deste trabalho será pautado na abordagem da
TOV’s, em consequência da literatura nesta área ser bastante ampla e
diversificada quanto à incorporação de técnicas para detecção,
localização e identificação de falhas. Além disto, os problemas causados
para implementação destas em componentes reais, acarretados pela
necessidade de elevadas taxas de amostragem, foram contornados nas
últimas décadas com o desenvolvimento de tecnologias de conversores
A/D de alta velocidade, transdutores óticos de corrente e tensão, além de
processadores de sinais digitais de alto desempenho (COSTA, SOUZA,
2011; SILVEIRA, ZÜRN, 2001).
À vista disso, são apresentadas, neste capítulo, pesquisas
desenvolvidas nos campos da detecção, classificação e localização de
faltas correlatas a este método, que balizaram a realização deste estudo
tanto pela exposição da teoria pertinente à esta área quanto pela
introdução e aplicação de novas técnicas.

3.1 DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO


CONFORME A TOV’S

De forma generalista, os algoritmos fundamentados na TOV’s


partem do princípio de que dada a ocorrência de uma falha em uma LT,
ondas transitórias de tensão e corrente propagam-se, com velocidades
próximas a da luz, ao longo de sua extensão e em ambos os sentidos,
desde o ponto de incidência da falta até as suas extremidades. Apenas
com conhecimento dos instantes de chegada ao terminais de
74

monitoramento, bem como, de informações extraídas destas ondas, tais


como coeficientes de detalhe, energias associadas, velocidade de
propagação (variável dependente dos parâmetros da linha e das
frequências características dos próprios transitórios), além do
comprimento da LT é possível realizar a detecção, classificação e
localização de faltas (DONG; KONG; CUI, 2009; MOSAVI;
TABATABAEI, 2016).

Em 1999, Silveira, Seara e Zürn propuseram a classificação para


faltas em LT’s, na qual os sinais de tensão ou corrente eram obtidos, e
desacoplados por meio da transformada modal de Clarke. Em seguida,
as componentes resultantes serviam como entrada para os filtros
wavelet, os quais tinham como saída os coeficientes wavelet. Como
última etapa deste processo, a energia associada a esses coeficientes era
contabilizada e em consequência da comparação desta com um limiar de
classificação adequado, a falta era então identificada.
O sistema identificador elaborado pelos autores está representado
na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Sistema identificador do tipo de falta.

Fonte: Silveira, Seara, Zürn (1999).

Neste estudo, utilizou-se um sistema de 500 𝑘𝑉 (vide Figura 3.2)


com LT modelada a parâmetros distribuídos, com diferentes condições
de carga e submetidos a curtos-circuitos monofásicos, bifásicos,
75

bifásicos-terra e trifásicos em vários pontos da LT, com diferentes


ângulos de incidência e resistências de falta.

Figura 3.2 - Sistema de transmissão simulado.

Fonte: Silveira, Seara, Zürn (1999).

Os testes do sistema identificador com o uso dos sinais de tensão


conseguiram classificar 88,3% dos casos, incluindo aqueles com
elevadas resistências de falta, porém teve sua confiabilidade
comprometida, quando da ocorrência de falhas com ângulo de
incidência nas proximidades de zero. É valido afirmar que o algoritmo
proposto conseguiu classificar algumas dessas faltas, antes não
identificadas, com a utilização de sinais de corrente como entrada do
sistema.
Ainda assim, utilizando tanto os sinais de corrente como os de
tensão como entrada da rotina computacional, uma pequena parcela das
faltas, cerca de 0,6%, não foi identificada, o que foi justificado pela sua
ocorrência próximo ao terminal remoto com alta impedância e corrente
de carga.

Já em 2001, Silveira, Seara e Zürn propuseram uma metodologia


para a localização de faltas em LT’s, na qual coeficientes wavelet dos
sinais trifásicos de tensão de dois terminais de monitoramento foram
obtidos e desacoplados utilizando uma matriz de pesos modais.
Para a localização das faltas, os instantes de ocorrência da
primeira e da segunda frente de onda foram determinados com base na
detecção do primeiro pico de coeficiente wavelet por meio de um limiar
previamente definido e ajustado conforme o histórico do nível de ruído
em regime permanente presente no sinal, enquanto que o segundo pico
foi detectado por um outro limiar calculado com base nos
amortecimentos das ondas. Posto isto, a estimação do ponto da falta
apoiou-se no diagrama Lattice, com a utilização da velocidade do modo
aéreo.
A técnica proposta foi validada com a aplicação em dois
sistemas, modelados no ATP (vide Figura 3.3) com LT’s a parâmetros
distribuídos, ora considerando a frequência, ora não. Apesar das diversas
76

situações impostas ao sistema, tais como diferentes ângulos de


incidência da falta, resistências e condições de carga, além da aplicação
da falta em pontos distintos da linha, o algoritmo apresentou uma boa
estimação em praticamente 100% dos casos simulados.

Figura 3.3 - Sistemas de transmissão simulados.

Fonte: Silveira, Seara e Zürn (2001).

Em 2003, Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003) conceberam


um método para detecção e classificação de faltas centrado na aplicação
da TW. Sinteticamente, neste trabalho é proposto que os sinais trifásicos
de tensão, advindos de apenas um terminal de monitoramento da LT,
sejam desacoplados através da transformada de Clarke e colocados no
domínio wavelet, mediante a AMR. Então, os coeficientes wavelet de
primeira escala, de duas componentes modais, assim obtidos, são
utilizados no processo de detecção das falhas, enquanto que para a
classificação, utilizou-se o conteúdo de energia dos coeficientes wavelet,
de primeira escala, das tensões trifásicas e de suas componentes modais.
Os autores ainda fizeram uma breve menção à utilização das
componentes modais aéreas na identificação do instante de ocorrência
da falta, porém não foram dados maiores esclarecimentos sobre esse
procedimento.
Para implementação da técnica, simulou-se, no software ATP, a
LT Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI, de 500 𝑘𝑉, modelada a
parâmetros distribuídos e acometida por faltas monofásicas, bifásicas,
bifásicas-terra e trifásicas, com impedâncias nulas incidentes em três
localidades. A descrição completa desta LT será realizada na subseção
4.1.1.
Os resultados deste trabalho mostraram a eficácia do método
proposto para detecção e localização (processo para o qual não foi
informado se foi realizado com dados provenientes de um ou dois
terminais de medição, como o instante inicial do distúrbio foi
77

identificado e tampouco se o cálculo da distância foi realizado segundo


o diagrama Lattice).
Quanto à classificação, afirma-se apenas que a metodologia
proposta foi desenvolvida considerando apenas as falhas incidentes a
90° da fase A e que outros instantes de ocorrência ainda seriam
investigados para a consequente validação.
É importante frisar que as premissas concernentes às
componentes modais, utilizadas por estes autores para classificação de
faltas, permeiam o desenvolvimento dos módulos detector, classificador
e localizador nesta dissertação, apresentados nas subseções 4.4.2, 4.4.3 e
4.4.4, respectivamente.

No trabalho de Feng et al. (2008), os autores propuseram um


método para determinar a localização de faltas em LT’s tipo EAT (extra
alta tensão), sem utilizar a velocidade de propagação da onda.
Detectaram-se apenas os instantes em que a onda chega a barra de
referência (bus 𝑁𝑂. 2), à barra oposta a linha faltosa (bus 𝑁𝑂. 1) e à
barra oposta a linha “vizinha” ao trecho da falta (bus 𝑁𝑂. 3), mediante
aplicação do produto multi-escalar da transformada wavelet, no qual há
o cálculo do produto dos coeficientes wavelet de sucessivas escalas.
O esquema utilizado pode ser visto na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Esquemático das linhas de transmissão.

Fonte: Feng et al. (2008).

Considerando que a ocorrência da falta no tempo 𝑡0 e


denominando os instantes de chegada da onda inicial as barras 𝑁𝑂. 1,
𝑁𝑂. 2 e 𝑁𝑂. 3 por 𝑡1, 𝑡2 e 𝑡3, respectivamente, além de supor que a
velocidade de propagação na 𝐿1 e 𝐿2 são iguais, isto é, 𝑣𝐿1 = 𝑣𝐿2 = 𝑣,
os autores desenvolveram um conjunto de expressões descritas pelas
Equações (3.1).

(𝑡1 − 𝑡0 )𝑣 = 𝑑1 (3.1)
78

(𝑡2 − 𝑡0 )𝑣 = 𝑑2
(𝑡3 − 𝑡0 )𝑣 = 𝐿2 + 𝑑2
𝑑1 + 𝑑2 = 𝐿1

O ponto de falta (distância à barra de referência) foi estimado,


então, a partir da Equação (3.2), resultante da combinação das
expressões em (3.1).

(𝑡2 − 𝑡1 )𝐿2 𝐿1 (3.2)


𝑑2 = +
2(𝑡3 − 𝑡2 ) 2

Para validação da técnica, simulou-se o sistema, no ambiente do


EMTP (Electromagnetic Transient Program), com duas fontes de
alimentação (500 𝑘𝑉) com e sem transformador na barra de número 2.
Já no software MatLab, aplicou-se a transformada wavelet com análise
de dados em multi-escala aos sinais obtidos e, por conseguinte, o ponto
de falta foi estimado. Os resultados foram obtidos com alta precisão,
apresentando erros teóricos de 150 𝑚.
Vale ressaltar que o conjunto de Equações (3.1) proposto por
estes autores, também foi utilizado para a estimação das distâncias das
faltas na LT Barra Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC, no intuito de
contrastar a precisão dos métodos de dois e três terminais de
monitoramento na localização das faltas.

No algoritmo proposto por Dong, Kong e Cui (2009), a


classificação de faltas e identificação das fases acometidas embasaram-
se na onda viajante inicial de corrente.
Sumarizando o processo, os autores utilizaram a transformada de
Karrenbauer para o desacoplamento dos sinais de corrente trifásicos e
prosseguiram com a utilização da transformada wavelet, a partir da
função wavelet diádica, para extração dos coeficientes wavelet. Além
disto, foi aplicado o método do máximo módulo da transformada
wavelet com o intuito de reconstruir estes sinais, dado que esta
transformada contém informações úteis.
Por último, realizou-se uma análise das relações entre as
componentes modais reconstituídas, as quais eram capazes de descrever
as características de vários tipos de falta.
Para simulação do sistema, representado na Figura 3.5 e para a
análise dos sinais originados pelas faltas utilizou-se o EMTP, além do
MatLab para programação do software.
79

Figura 3.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão trifásico.

Fonte: Dong, Kong, Cui (2009).

Foram simulados os mais variados tipos de curtos-circuitos e


também foram analisados os efeitos da resistência de falta, ângulo de
incidência e casos de faltas incidentes próximas ao relé do sistema.
Nestas últimas situações, observou-se que a reflexão das OV’s entre o
barramento e o ponto de falta pode interferir nas OV’s iniciais e assim,
ocasionar o surgimento de “zonas mortas” no algoritmo proposto. Para
solucionar este problema, aumentou-se a frequência de amostragem.
Os resultados revelaram uma boa precisão na identificação dos
tipos de falta para a maioria das condições testadas.

Costa e Souza (2011) utilizaram, para efeitos comparativos, a


TWD e a MODWT objetivando detectar, em tempo real, os transitórios
de faltas induzidas.
O método proposto pelos autores foi dividido em três módulos, a
saber: (1) detecção em tempo real dos transitórios originados pela falta
induzida, utilizando os coeficientes wavelet das tensões e correntes de
fase nos terminais (2) identificação de faltas internas ou externas ao
trecho protegido, utilizando informações advindas de ambos os
terminais da linha e (3) localização da falha em tempo real utilizando,
também, informações de ambos os terminais da linha.
Os autores fizeram uso do RTDS (real time digital simulator) a
fim de simular o sistema de transmissão, modelado com LT’s a
parâmetros distribuídos, vide Figura 3.6. Foram impostas diversas
condições, tais como — curtos-circuitos monofásicos, bifásicos, fase-
fase-terra e trifásicos — com valores randômicos de resistência e
ângulos de incidência de falta.
80

Figura 3.6 - Modelo do sistema de potência utilizado.

Fonte: Costa, Souza (2011).

Após as análises dos resultados, observou-se que o uso da


MODWT proporcionou uma detecção mais rápida e melhor localização
em confronto à TWD. Também foi constatado que o método é um
pouco dependente das variações dos parâmetros de linha e de falta.
Vale salientar, aqui, que a etapa desenvolvida por estes
pesquisadores delineou a elaboração do módulo de mesma finalidade
neste estudo, apresentado na subseção 4.4.2.

Jiang et al (2011a) apresentaram um framework híbrido composto


por três módulos, os quais trouxeram consigo a análise de componentes
simétricas, mais especificamente, as componentes de sequência
negativa, para detecção de falta; transformada wavelet multinível
complexa, para obtenção dos coeficientes de detalhe das correntes e
tensões e PCA (principal component analysis), com o propósito de
revelar fatores importantes ocultos por ruídos e informações
redundantes.
Para a subsequente caracterização das falhas foi utilizada a SVM
(support vector machine) — técnica computacional cujo objetivo é
encontrar um hiperplano ótimo para dividir conjuntos de dados em duas
classes, isto é, prediz em qual de duas possíveis classes uma entrada de
dados se encaixa.
Já o módulo referente à localização fez uso de uma ASNN
(adaptive structure neural network), para a estimação do ponto de falta.
O fluxograma geral do framework proposto pode ser observado na
Figura 3.7.
81

Figura 3.7 - Fluxograma geral do framework híbrido.

Fonte: Jiang et al. (2011a).

Em um segundo artigo (continuação deste trabalho), Jiang et al


(2011b) implementaram este framework utilizando o FPGA (field-
82

programmable gate array) e simularam, através do MatLab/Simulink, o


sistema elétrico de potência Taipower 345𝑘𝑉, cujo diagrama está
representado na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Topologia real do sistema Taipower de 345 kV.

Fonte: Jiang et al. (2011b).

Com base nos resultados obtidos, observou-se que o framework


proposto era adequado para SEP’s simples e complexos, apresentando
um bom desempenho em cenários reais, tal como o utilizado. Ademais,
83

o método apresentou altos índices de precisão, com erros de localização


de 0,5%.

Em Lopes, Fernandes Júnior e Neves (2011), o procedimento


sugerido para a localização de faltas foi realizado em cinco etapas: (1)
aquisição de dados de tensão, utilizando DFR’s (digital fault recorders)
em ambos os terminais da linha; (2) cálculo de um fasor de tensão
ortogonal em uma referência estática, utilizando as componentes modais
aéreas, obtidas mediante aplicação da transformada de Clarke; (3)
cálculo de um fasor ortogonal de tensão considerando uma referência
não mais estática, a partir da utilização das componentes modais aéreas
resultantes da etapa 2 como variáveis de entrada na transformada de
Park (Tdq0); (4) determinação dos instantes iniciais dos transitórios e
(5) estimação da localização da falta.
Para validação do método, foram simulados no ATP, mais
especificamente na linguagem MODELS, curtos-circuitos monofásicos,
bifásicos, bifásicos-terra e trifásicos, associados a diferentes parâmetros
de falta, como resistências, ângulos de incidências e distâncias,
acometendo um sistema de 230 𝑘𝑉 (vide Figura 3.9), com uma LT
modelada a parâmetros distribuídos, com e sem transposição.

Figura 3.9 - Sistema utilizado.

Fonte: Lopes, Fernandes Júnior, Neves (2011).

Os resultados obtidos creditaram uma boa confiabilidade ao


método, falhando apenas nos casos de alta impedância e ângulos de
incidência de falta próximos a zero, o que corresponde a um percentual
menor que 1% da totalidade dos casos simulados.

No trabalho desenvolvido por Tabatabaei, Mosavi e Rahmati


(2012) foram propostos dois algoritmos para a localização de faltas, os
quais tinham como princípio o uso da TWD e a utilização de novas
84

formas para o cálculo da velocidade de propagação, a fim de eliminar os


possíveis erros decorrentes do uso de aproximações. Em ambos os
procedimentos, a estimação do ponto de falta embasou-se nos instantes
de chegada dos transitórios induzidos aos terminais de monitoramento,
com sincronização de dados realizada pelo GPS (global positioning
system).
O esquemático geral que melhor representa o sistema utilizado
está ilustrado na Figura 3.10.

Figura 3.10 - Esquemático de um sistema com sincronização de dados a partir


do GPS.

Fonte: Tabatabaei, Mosavi e Rahmati (2012).

De forma sucinta, no primeiro algoritmo a velocidade de


propagação (𝑣) foi calculada com base na distância já conhecida, dada a
aplicação de faltas em determinados pontos da linha (𝑑); gravação dos
instantes de chegada da onda aos terminais de medição local e remoto
(𝑡1 e 𝑡2) e a partir da substituição destas variáveis na Equação (3.3),
proveniente do diagrama Lattice.

𝐿 − 𝑣(𝑡2 − 𝑡1 ) (3.3)
𝑑=
2

Após isso, utilizou-se a média da velocidade dos casos que


incorreram em menores erros como aproximação para a consequente
localização da falta.
Já no algoritmo 2, a velocidade de propagação da onda (𝑣) foi
determinada com base nas diferenças entre os tempos de chegada destas
(∆𝑡1) e de suas reflexões (∆𝑡2), tal como expressado pela Equação (3.4).
85

2𝐿 (3.4)
𝑣=
∆𝑡1 + ∆𝑡2

Nos dois casos 𝐿 é o comprimento total da LT.

Fez-se uso do software ATP/EMTP para simulação de um


sistema de potência de 400 𝑘𝑉 (vide Figura 3.11) acometido por faltas
monofásicas, bifásicas, bifásicas-terra e trifásicas, com várias
resistências e aplicadas em pontos distintos da LT.

Figura 3.11 - Sistema implementado no ATP.

Fonte: Tabatabaei, Mosavi, Rahmati (2012).

Dentre os resultados obtidos, a partir da implementação do


primeiro e segundo métodos, as médias de erros foram de 0,16% e
0,06%, respectivamente, o que significou uma boa precisão.

Livani e Evrenosoğlu (2013) propuseram um método baseado em


OV’s para classificação e localização das faltas, utilizando sinais não
sincronizados de tensão advindos de três terminais de monitoramento.
Primeiramente, desacoplaram-se as fases do sistema através da
transformada de Clarke para obtenção das componentes modais. Em
seguida, foi aplicada aos sinais trifásicos e à componente modal terra a
TWD para o conseguinte cálculo e normalização da energia associada
aos coeficientes wavelet. Sendo estas energias entradas para as SVM’s,
as faltas eram, então, classificadas e a LT acometida pelo defeito, ou
apenas metade desta, era identificada.
Finalizando o método, o processo da localização das faltas
apoiou-se na utilização dos coeficientes wavelet do modo aéreo de
tensão para determinação dos instantes de chegada das ondas nos
terminais de monitoramento, juntamente com o diagrama Lattice para a
estimação do ponto da falta.
O fluxograma utilizado para a classificação das faltas pode ser
observado na Figura 3.12.
86

Figura 3.12 - Fluxograma para classificação das faltas.

Fonte: Livani, Evrenosoğlu (2013).

O sistema de transmissão utilizado foi de 230 𝑘𝑉/60 𝐻𝑧, com


três terminais, tal como exibido na Figura 3.13, com LT’s modeladas a
parâmetros distribuídos. Para validação do método proposto, aplicaram-
se a este sistema, diversas circunstâncias (diferentes carregamentos,
ângulos de incidência da falta, resistências, impedâncias não-lineares),
além de curtos-circuitos que não são muito comuns em um SEP,
exemplificados pelos autores por possuírem resistência de falta no
intervalo de 0 a 100 Ω e incidirem a ângulos menores que 10°.
87

Figura 3.13 - Sistema de transmissão de três terminais.

Fonte: Livani, Evrenosoğlu (2013).

O ambiente em que foram realizados os cálculos da velocidade


das OV’s foi o ATP e para implementação do método, utilizaram-se as
Toolboxes Wavelet e SVM, ambas pertencentes ao MatLab.
Os resultados obtidos demonstraram uma grande precisão do
método para classificação das faltas e identificação da linha/metade
defeituosa, falhando apenas em situações de alta resistência de falta
associada a um baixo ângulo de incidência. Já para a estimação do ponto
de falta, os autores observaram uma boa correlação entre seus resultados
e aqueles existentes na época.

Nas pesquisas realizadas por Lin, Lin e Liu (2014) foi proposto
um algoritmo para localização de faltas em LT’s não homogêneas
(linhas aéreas e subterrâneas) de três terminais multi-seção utilizando
sincrofasores obtidos através de PMU’s (phasor unit measurement).
Para confecção deste algoritmo, técnicas de localização de faltas em
linhas de dois terminais foram estendidas para linhas de três terminais.
O algoritmo proposto embasou-se no sistema representado na
Figura 3.14 e foi desenvolvido em três etapas: (1) seleção de referência,
cujo objetivo era identificar o ramo defeituoso, passando a configuração
do sistema de três para dois terminais através da seleção dos pontos 𝑃 e
𝐽𝑅(𝑣−1) como referência para os terminais de envio e recebimento de
sinais; (2) processamento dos dados obtidos por meio da transferência
dos sinais obtidos dos terminais de envio ao ponto 𝑃 e daqueles do
terminal de recebimento 𝑅 para o ponto de referência 𝐽𝑅(𝑣−1) , além da
geração dos índices de localização e (3) identificação do ramo
defeituoso mediante análise da relação entre aqueles dois índices, com
consequente estimação do ponto da falta.
88

Figura 3.14 - Diagrama unifilar de uma linha não homogênea de três terminais.

Fonte: Lin, Lin, Liu (2014).

Para validação do método proposto, simulou-se no


MatLab/Simulink, um sistema de 161 𝑘𝑉, com circuito duplo de três
terminais, com linhas não homogêneas e compostas por sete seções,
vide Figura 3.15, sujeito a faltas monofásicas, bifásicas e trifásicas, com
diferentes resistências e ângulos de incidência. Ademais, consideraram-
se diferentes condições pré-falta e impedâncias de fonte distintas.
89

Figura 3.15 - Sistema simulado.

Fonte: Lin, Lin, Liu (2014).

Após a realização dos testes, observou-se uma robustez do


método, não sendo influenciado pela resistência e tipo de falta, além da
combinação dos parâmetros de linha de cada seção.
Cabe afirmar aqui que a metodologia proposta já foi
implementada no sistema de transmissão de 161 𝑘𝑉 de Taiwan desde o
ano de 2008, apresentando uma grande precisão, dado os excelentes
resultados obtidos.

Schweitzer et al (2014) apresentaram um algoritmo adequado


para relés diferenciais de corrente de linha. A determinação do tempo de
chegada das OV’s aos terminais foi realizada por um método
diferenciador-amortecedor, no qual os sinais de corrente passavam por
um filtro passa-baixa, objetivando reduzir os efeitos das distorções da
forma de onda.
Após este processo, as saídas resultantes funcionavam como
entrada de um bloco diferenciador, cujas próprias saídas ingressavam
em um estimador de tempo, dotado da técnica da interpolação baseada
em parábolas, responsável pela seleção de algumas amostras anteriores e
posteriores a de valor máximo. Além disto, foi utilizado o método dos
mínimos quadrados para ajuste da parábola obtida aos pontos pré-
determinados, resultando na estimação dos tempos de chegada da onda
aos terminais de monitoramento.
O diagrama de blocos que representa o método descrito está
apresentado na Figura 3.16.
90

Figura 3.16 - Diagrama do diferenciador-amortecedor.

Fonte: Schweitzer et al (2014).

Para análise das OV’s, utilizou-se a transformada de Clarke que


possibilitou a implementação do método com a componente alfa.
A fim de contornar os erros de dispersão nos tempos de
amostragem, os autores corrigiram a velocidade de propagação das
ondas através da Equação (3.5).
𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙 (3.5)
𝑣𝑢𝑠𝑒𝑑 =
1 + 𝐷 𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙

Onde 𝐷 é um fator de dispersão por cada unidade de distância.


Então, a partir do comprimento real da LT, das aproximações obtidas
para a velocidade e dos instantes de chegada aos terminais de
monitoramento, estimou-se o ponto de incidência da falta embasando-se
no diagrama Lattice.
Os autores apresentaram, ainda, uma comparação entre os
resultados de testes de campo com a implementação do método proposto
em um relé na linha Goshen-Drummond, 161 𝑘𝑉 e aqueles fornecidos
pela BPA (Bonneville Power Administration). As diferenças que foram
apresentadas entre os dados compreendem um intervalo de 130 a 630 𝑚
e é justificada pela não uniformidade dos afundamentos da linha
decorrentes de mudanças na elevação do terreno e pelas diferenças nas
estruturas das torres.

Hamidi e Livani (2015) propuseram um método de localização de


faltas baseado em OV’s para sistemas de transmissão híbridos, os quais
incluem cabos submarinos e linhas aéreas, utilizando transitórios de
tensão advindos de transdutores óticos e sincronizados por GPS’s em
três terminais de monitoramento.
Sumariamente, a metodologia aventada estrutura-se em seis
etapas (1) obtenção dos transitórios de tensão; (2) aplicação da
transformada de Clarke; (3) aplicação da TWD aos modos aéreo das
LT’s e coaxial do cabos; (4) obtenção dos instantes de chegada da onda
aos terminais de medição, a partir da análise dos quadrados dos
91

coeficientes wavelet; (5) cálculo da diferença entre os instantes


resultantes da quarta etapa e aqueles pré-determinados, para posterior
identificação do ramo faltoso e (6) estimação do ponto de falta,
consoante o ramo identificado na etapa precedente.
O fluxograma do método proposto está ilustrado na Figura 3.17.

Figura 3.17 - Fluxograma do método proposto.

Fonte: Hamidi, Livani (2015).

No software EMTP-RV, simulou-se o sistema de transmissão


híbrido de 171 𝑘𝑉/60 𝐻𝑧 da Figura 3.18, com LT’s e cabos modelados
com parâmetros dependentes da frequência, frente aos variados tipos,
resistências e ângulos de incidência de faltas.
92

Figura 3.18 - Diagrama unifilar de um sistema híbrido de três terminais.

Fonte: Hamidi, Livani (2015).

Posteriormente, a análise dos resultados, realizada através da


Toolbox Wavelet do MatLab, mostrou-se satisfatória, entretanto os
autores observaram a existência de zonas “não identificáveis” nos
arredores da barra J.

Em 2016, Mosavi e Tabatabaei propuseram quatro algoritmos


para localização de faltas, classificados em dois grupos: o primeiro,
composto por dois algoritmos, é o método das OV’s, fundamentados na
determinação dos instantes de chegada dos transitórios aos terminais de
monitoramento e embasados em uma relação linear entre estes e a
localização das faltas, enquanto que o segundo grupo, método de
localização de faltas baseado em RNA’s (redes neurais artificiais), é
constituído pelos outros dois algoritmos, os quais consideram que essa
relação assume um caráter não-linear.
Em linhas gerais, no grupo 1 há a aquisição dos sinais de corrente
de ambos os terminais de monitoramento; aplicação da TW nos sinais de
sequência positiva para obtenção dos coeficientes de detalhe;
comparação destes com limiares ajustados experimentalmente e
consequente estimação do ponto de falta a partir do diagrama Lattice.
Especificamente, as diferenças entre os dois algoritmos
componentes deste grupo são: (1) utilização dos instantes de chegada
das ondas aos terminais de monitoramento e (2) cálculo da diferença
entre os tempos de chegada das OV’s e suas reflexões.
No grupo 2, o processo de obtenção dos instantes de chegada das
ondas aos terminais de medição é o mesmo do grupo anterior, porém,
agora, há o emprego de RNA’s para o tratamento da não linearidade
93

entre os instantes de chegada das ondas aos terminais de monitoramento


e o ponto da falta.
De modo particular, as duas rotinas deste grupo divergem quanto
aos parâmetros de entrada utilizados nas RNA’s, sendo: (3) tempos de
chegada das OV’s aos dois terminais da LT e (4) juntamente com as
entradas do algoritmo 3, foram considerados os instantes de chegada de
suas reflexões.
Os diagramas de blocos que representam estes dois últimos
algoritmos estão expostos nas Figuras 3.19 e 3.20, respectivamente.

Figura 3.19 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo 3.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).

Figura 3.20 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo 4.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).


94

Para validação das técnicas propostas, simulou-se no


ATP/EMTP, um sistema de 400 𝑘𝑉, nos moldes da "Iran Distribution
Management Company”, com uma LT de 200 𝑘𝑚 modelada a
parâmetros distribuídos e dependentes da frequência, tal qual ilustrado
na Figura 3.21. Esse sistema foi submetido a diversos tipos de falta, com
resistências distintas e incidentes em vários pontos da LT.

Figura 3.21 - LT de 400 kV simulada.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).

Após os testes, as análises dos resultados mostraram que quando


comparados os algoritmos 1 e 2, este último apresenta uma melhor
estimação da localização, ou seja, é visto um decréscimo na magnitude
dos erros. Tal comportamento também é observado no confronto entre
as rotinas 3 e 4, onde se observou um menor índice de erros quando se
consideram as ondas refletidas, isto é, no algoritmo 4.

Razzaghi, Rachidi e Paolone (2017) apresentaram uma outra


abordagem para o trabalho com OV’s. Os autores propuseram um
sistema de localização de faltas embasado na EMTR (electromagnetic
time reversal theory) para redes AC/DC radiais/em malha
Simplificadamente, o método é composto por dois grandes
blocos: o primeiro é representado por uma etapa correspondente à
aquisição de dados e no segundo bloco, sistema FPGA-RTS, estão as
segunda e terceira etapas. Tal método é descrito sucintamente a seguir.

 Etapa 1: por meio do monitoramento das fases do sistema,


apenas em um terminal, os sinais transitórios são adquiridos e
importados para o sistema localizador de faltas através sensores
de corrente/tensão acoplados aos módulos de entrada analógicas
do FPGA. Subsequentemente, os sinais resultantes passam por
um filtro passa-baixa, de primeira ordem, do tipo Butterworth.
95

Após esta filtragem, os sinais obtidos são subtraídos dos


originais e comparados a limiares pré-estabelecidos que se
forem violados, desencadeiam o processo de gravação das
medições após a ocorrência da falta.

O diagrama de blocos que representa este processo de ativação da


gravação é exibido na Figura 3.22.

Figura 3.22 - Diagrama de blocos utilizado no bloco de acionamento.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Os resultados gerados são então, processados, revertidos e


deslocados no tempo.

 Etapa 2: a partir da construção e simulação do modelo EMT


(electromagnetic transient) no FPGA, proporcionada pela
transferência dos dados de rede ao sistema FPGA-RTS, o sinal
revertido no tempo é injetado novamente na rede no mesmo
ponto de observação (aquele em que os transitórios originados
pela falta foram monitorados). Em seguida, para cada simulação
era determinada então a corrente de falta em um ponto
conhecido da rede, denominado de GFL (guessed fault
location).

 Etapa 3: é realizado o cálculo da energia do sinal da corrente –


FCSE (fault current signal energy) que flui no ponto GFL,
caracterizado por apresentar uma energia de maior magnitude,
para a posterior estimação do ponto de falta.

As três etapas descritas anteriormente, utilizadas no


desenvolvimento do método, estão ilustradas na Figura 3.23.
96

Figura 3.23 - Estrutura do processo de localização de faltas.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Para validação do método proposto, simularam-se dois sistemas


no FPGA-RTS: (1) sistema MTDC (multi-terminal direct current) de
alta tensão, composto por cinco LT’s conectadas à estações conversoras,
acometido por dois diferentes tipos de falta (bifásicas e monofásicas),
incidentes em pontos distintos e (2) sistema radial de
subtransmissão/distribuição, também composto pela mesma quantidade
de LT’s e acometido por faltas trifásicas, além daquelas consideradas no
caso anterior.
Ambos os sistemas estão apresentados nas Figuras 3.24 e 3.25,
respectivamente.

Figura 3.24 - Sistema MTDC de alta tensão.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).


97

Figura 3.25 - Sistema radial.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Após a realização do testes do sistema MTDC, exibido na Figura


3.24, os autores observaram que todas as faltas bifásicas foram
localizadas corretamente, entretanto algumas incoerências foram
percebidas na estimação do ponto de incidência das faltas monofásicas.
Já os resultados da implementação do método para o segundo
sistema, ilustrado na Figura 3.25, foram satisfatórios, desvelando uma
boa precisão na localização das faltas e identificação da linha faltosa,
dado que apenas 1,15% da totalidade dos casos simulados falharam.

Uma outra variante dos métodos embasados nas TOV’s foi


explorada por Bustamante-Mparsakis et al (2017), os quais propuseram
a localização de faltas fundamentada no reconhecimento de padrões.
Após a obtenção dos sinais trifásicos de tensão e corrente dos
dois terminais de monitoramento da LT estudada, utilizaram-se
equações telegráficas reformuladas para o cálculo da tensão no ponto de
falta e foram adotadas algumas premissas, tais como, desconsideração
do fator de atenuação e distorção, além da invariância da velocidade e
da impedância característica da linha no espectro de frequência
analisado. Vale ressaltar que para o sistema trifásico foi necessária a
utilização da transformada de Clarke, objetivando a decomposição
modal.
O passo seguinte foi a construção dos sinais pela combinação de
dados remotos e locais e aplicação de um fator de correção para
melhoramento do algoritmo de reconhecimento de padrões,
considerando, desta vez, a atenuação e fatores de reflexão.
Por último, o reconhecimento de padrões, implementado pelo
método dos mínimos quadrados nesta pesquisa, foi utilizado de forma a
verificar a semelhança entre dois sinais para fins de cálculo das
variações entre os tempos de chegada das ondas aos terminais da LT.
Consequentemente, a variação de maior amplitude foi utilizada na
estimação do ponto de falta.
98

Os autores implementaram o sistema, ilustrado na Figura 3.26, no


ATP/EMTP, utilizando os modelos Bergeron e JMarti para a LT no
intuito de compará-los.

Figura 3.26 - Sistema utilizado.

Fonte: Bustamante-Mparsakis et al (2017).

Após as simulações do sistema com o modelo Bergeron de LT’s,


observou-se que a distorção é um fator que não influi nas OV’s e que os
sinais obtidos pelo uso da combinação dos dados locais e remotos da LT
são similares quando há deslocamento de tempo. Tal comportamento
também foi visto para aqueles sinais resultantes apenas dos dados locais,
desde que a janela de tempo estivesse correlacionada ao tempo total de
propagação na linha.
Já para os modelos JMarti de LT’s, verificou-se que os sinais
obtidos pelo uso da combinação dos dados locais e remotos da LT,
diferem um dos outros quando há o deslocamento no tempo.
A metodologia proposta foi implementada em um registrador de
faltas de um sistema de transmissão belga, vide Figura 3.27, porém não
apresentou bons resultados, o que foi justificado pela topologia da linha
não ser adequada para o algoritmo e pela existência de reflexões no
ponto de junção T.

Figura 3.27 - Sistema de transmissão belga.

Fonte: Bustamante-Mparsakis et al (2017).


99

No trabalho realizado por Lopes e Silva (2017) é desenvolvido


um método embasado na TOV’s para localização de faltas com conexão
à terra, em sistemas dotados de dois terminais, com independência da
sincronização de dados e de ajustes na velocidade de propagação das
OV’s.
Resumidamente, o método proposto parte da aquisição dos sinais
trifásicos de corrente de ambos os terminais de medição para o
consequente desacoplamento, mediante a transformada de Karrenbauer.
Com a utilização das componentes dos modos aéreo 1 e terra
resultantes, empregou-se um filtro diferenciador-amortecedor para
obtenção das altas frequências dos sinais, visando a posterior
identificação dos instantes de chegada das ondas aos terminais de
monitoramento.
Por fim, o ponto de falta foi estimado a partir da análise do
diagrama de reflexões exposto na Figura 3.28 e de formulações
matemáticas inferidas a partir deste, as quais serão descritas a seguir.

Figura 3.28 - Diagrama de reflexões para uma falta com conexão a terra.

Fonte: Lopes, Silva (2017).

A partir da observação da propagação das ondas dos modos aéreo


e terra, com velocidades diferentes (𝑣1 e 𝑣0 , nesta ordem), incidindo em
distintos instantes de tempo nas barras 𝐿 e 𝑅 (𝑡𝐿1, 𝑡𝐿0, 𝑡𝑅1 e 𝑡𝑅0,
respectivamente), calculou-se a distância 𝑑, apontada no gráfico das
reflexões, por meio da Equação (3.6), adotando a barra 𝐿 como
referência.

(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 )𝑣0 𝑣1 (3.6)


𝑑1𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 =
𝑣1 − 𝑣0
100

Utilizando posteriormente a barra 𝑅 como referência, obteve-se a


distância 𝐿 − 𝑑, a qual pôde ser computada mediante a Equação (3.7).

(𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )𝑣0 𝑣1 (3.7)


𝐿−𝑑 =
𝑣1 − 𝑣0

O comprimento total da LT, denotado pela Equação (3.8), foi


então obtido pelo somatório das Equações (3.6) e (3.7).

[(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) + (𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )]𝑣0 𝑣1 (3.8)


𝐿̃ = 𝑑 + (𝐿 − 𝑑) =
𝑣1 − 𝑣0

Concluindo a formulação matemática do problema, os autores


calcularam a distância da falha à barra L no sistema por-unidades, isto é,
dividiu a Equação (3.6) pela (3.8), de maneira a anular o parâmetro
velocidade da estimação do ponto de falta, visto que este é um dos
objetivos deste trabalho. A expressão resultante é, então, descrita pela
Equação (3.9).

(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) (3.9)


𝑑𝑝𝑟𝑜𝑝(𝑝𝑢) =
[(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) + (𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )]

Para avaliar o desempenho do algoritmo simulou-se, no ATP, um


sistema de 500 𝑘𝑉/60 𝐻𝑧 com parâmetros reais, representado na Figura
3.29, imbuído de quatro linhas adjacentes de diferentes comprimentos e
transformadores que foram modelados idealmente, submetido à faltas
francas do tipo AT e ABT incidentes em diversos pontos da LT.

Figura 3.29 - Sistema elétrico simulado.

Fonte: Lopes, Silva (2017).


101

Com os dados oscilográficos obtidos pelo ATP, o estudo assumiu


inicialmente um caráter comparativo entre o algoritmo proposto e outras
técnicas, também embasadas na TOV’s, aplicadas em sistemas de um e
dois terminais de monitoramento, considerando erros nos parâmetros da
LT e de sincronismo.
Como resultado das análises, foi observado um melhor
desempenho em relação àquelas que utilizam a técnica clássica de dois
terminais, cujo cálculo da distância é apoiado no diagrama Lattice e
àquelas correlacionadas a um método alternativo de um terminal que
não necessita de informações sobre as ondas refletidas.
Em um segundo momento, foi adotado um perfil avaliativo do
desempenho do algoritmo em sistemas reais, considerando dois registros
oscilográficos de dispositivos em uma LT de 220 𝑘𝑉/50 𝐻𝑧 com
comprimento de 93,11 𝑘𝑚 em operação na China. Os resultados
demonstraram boa precisão do método.

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Exposta a literatura correlacionada aos métodos embasados na


TOV’s, conclui-se que estes, basicamente, apoiam-se na identificação
dos instantes de chegada das frentes de onda nos terminais de
monitoramento de uma LT, os quais são utilizados na localização de
faltas. Outrossim, esses métodos ainda são utilizados na detecção e
classificação de falhas, fornecendo de tal forma, uma avaliação
completa sobre os distúrbios.
Quanto à forma de implementação, estes métodos podem ter seus
registros oscilográficos adquiridos mediante um, dois ou três terminais
de monitoramento, com ou sem sincronismo de dados e serem
desenvolvidos através de várias técnicas, tais como TW e suas variantes;
filtros, a exemplo do diferenciador amortecedor; Tdq0; análise de
componentes simétricas; ASNN; PCA e SVM.
Além disto, percebe-se que as simulações dos sistemas foram
realizadas em softwares como o ATP-EMTP e MatLab/Simulink,
enquanto que os algoritmos de detecção, localização e classificação
foram confeccionados em ambientes como o MatLab (incluso suas
Toolboxes), FPGA e RTDS.
Dada a grande variedade de formas que os métodos
fundamentados na TOV’s assumem, uma classificação plausível para
estes, apoia-se na quantidade de terminais de medição.
Segundo Rodrigues et al. (2017), os métodos de um terminal são
classificados em três grupos: (1) método tipo A, caracterizado por lidar
102

com os instantes de chegada da primeira frente de onda ao terminal de


monitoramento e com suas reflexões; (2) método tipo C, o qual faz uso
de sinais refletidos, dada a existência de alguma descontinuidade na LT,
a partir da aplicação de um transitório e (3) método tipo E, cujos
transitórios são originados pela atuação de disjuntores na energização da
LT.
Ainda conforme Rodrigues et al. (2017), os métodos de dois
terminais são classificados em apenas dois grupos, a saber: (1) método
tipo B, no qual somente um dos terminais de monitoramento utiliza uma
base de tempo precisa, havendo a necessidade de um canal de
comunicação ótimo, a exemplo das fibras óticas, para a sincronização
dos dados e (2) método tipo D, o qual demanda, também, de um meio
de comunicação entre os terminais de medição, porém em ambos a
sincronização dos sinais é realizada via GPS.
Já os métodos de múltiplos terminais apresentam novas
formulações matemáticas, fazem uso de ondas incidentes e de suas
reflexões, assim como, dados sincronizados ou não. Vale salientar que,
em muitas vezes, o seu desenvolvimento é apoiado na extensão das
técnicas utilizadas nos métodos de dois terminais.
Abreviadamente, são apresentadas na Tabela 3.1, os dados
referentes aos trabalhos expostos neste capítulo, tais como o número de
terminais envolvidos, técnicas empregadas/variantes utilizadas pelos
autores, bem como, os escopos que os conduziram.
103

Tabela 3.1 - Síntese da revisão bibliográfica.


Autores Nº de Técnicas Escopos
terminais utilizadas/variante Det.* Id.* Loc.*
Silveira, Seara e Zürn 1T AMR -  -
(1999)
Silveira, Seara e Zürn, 2T AMR - - 
(2001)
Soares, Oliveira e 1T AMR   -
Carvalho Júnior
(2003)
Feng et al. (2008) 3T MPTW* - - 
Dong; Kong; Cui 1T WTMM -  -
(2009)
Costa e Souza (2011) 2T TWD e MODWT  
Jiang et al. (2011a) X ACS*, AMR, PCA,   
SVM ASNN
Lopes, Fernandes 2T Tdq0 - - 
Júnior e Neves (2011)
Tabatabaei, Mosavi e 2T TWD - - 
Rahmati (2012)
Livani e Evrenosoğlu 2T TWD e SVM -  
(2013)
Lin, Lin e Liu (2014) 3T ACS* - - 
Schweitzer et al. 2T FDA* - - 
(2014)
Hamidi e Livani 3T TWD - - 
(2015)
Mosavi e Tabatabaei, 2T TW e RNA - - 
(2016)
Razzaghi, Rachidi e 1T EMTR - - 
Paolone (2017)
Bustamante-Mparsakis 2T Reconhecimento de - - 
et al. (2017) padrões
Lopes e Silva (2017) 2T FDA* - - 
*Onde Det. = detecção; Id. = identificação; Loc. = localização; MPTW =
produto multi-escalar da transformada wavelet; ACS = análise de componentes
simétricas; FDA = filtro diferenciador amortecedor.
Fonte: Próprio autor.
104

4 METODOLOGIA

Inicialmente neste capítulo, será apresentado um sistema-base,


correspondente à LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI da
região norte/nordeste, o qual foi modelado segundo alguns parâmetros
disponibilizados na literatura e delineado pelas diretrizes já
estabelecidas para o estudo de transitórios eletromagnéticos, as quais
serão explanadas no decorrer deste capítulo.
De modo semelhante, serão expostas as características da LT
Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC e seu respectivo processo
de modelagem, fundamentado nas premissas consideradas para o
sistema-base e parametrizado de acordo com os dados fornecidos no
projeto da LT.
A partir da solução de monitoramento proposta pelo TECCON II,
será disponibilizado mais um ponto de monitoramento de sinais de
corrente, dantes não conhecido. Com estas novas informações, objetiva-
se avaliar a viabilidade de utilizá-las na localização de faltas.

Pormenorizadamente, este capítulo está estruturado em cinco


seções: na primeira, constarão os sistemas analisados com suas
respectivas características; na segunda, serão abordados os fenômenos
estudados; a terceira compreenderá o processo de modelagem dos
sistemas no ATP; na quarta, estará toda a formulação, juntamente com
algumas elucubrações pertinentes ao desenvolvimento dos módulos
computacionais e, por último, na quinta seção, serão realizadas algumas
considerações finais.

4.1 SISTEMAS ANALISADOS

4.1.1 LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI

Com base no estudo de Almeida (2017), neste trabalho utilizou-se


também a LT de 500 𝑘𝑉 que interliga as SE’s de Presidente Dutra/MA e
Boa Esperança/PI, demarcada na Figura 4.1, pertencente a CHESF
(Companhia Hidrelétrica do São Francisco).
105

Figura 4.1 - Interligações entre os submercados N, NE e SE/CO.

Fonte: ONS (2010).

Para modelagem do sistema, consideraram-se então, dois


terminais de monitoramento situados nas extremidades inicial e final da
LT, 𝑡𝐿 (terminal local) e 𝑡𝑅 (terminal remoto), respectivamente e
geradores de 500 𝑘𝑉, frequência de 60 𝐻𝑧 e com reatâncias de
sequências zero e positiva de 5,65 𝑚𝐻/𝑚. O diagrama unifilar
correspondente ao sistema pode ser visualizado na Figura 4.2.

Figura 4.2 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão.

Fonte: Próprio autor.


106

Ademais, os dados geométricos da torre de transmissão padrão de


500 𝑘𝑉 são apresentados na Figura 4.3 e as características dos
condutores e cabos-guarda relacionadas na Tabela 4.1 (ALMEIDA,
2017; CANTANHEDE, 2014).

Figura 4.3 - Torre da LT de 500 kV.

Fonte: Cantanhede (2014).

Tabela 4.1 - Características dos condutores e cabos guarda da LT.


Condutores Fase Para-raios
Tipo Grosbeak HS 3/8′′
Raio externo (𝒄𝒎) 1,257 0,4572
Raio interno (𝒄𝒎) 0,4635 0
Número de condutores por fase 4 0
Flecha a meio vão (𝒎) 12 7
Resistência DC (𝒐𝒉𝒎/𝒌𝒎) 0,08998 4,188
Fonte: Cantanhede (2014).

A título de conhecimento, os parâmetros de sequência zero e


positiva desta LT calculados a partir da simulação no software ATP
estão relacionados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Parâmetros de sequência zero e positiva.


Sequência Resistência Indutância Capacitância
(𝛀/𝒌𝒎) (𝒎𝑯/𝒌𝒎) (𝒏𝑭/𝒌𝒎)
Zero 0,3786 3,8245 8,692
Positiva 0,0228 0,87434 13,324
Fonte: Próprio autor.
107

Salienta-se que os parâmetros obtidos estão em consonância com


aqueles expostos no estudo de Soares, Oliveira e Carvalho Júnior
(2003), uma vez que dispõem de valores aproximados.

4.1.2 LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC

Nesta pesquisa, estudou-se também a LT de 230 𝑘𝑉/60 𝐻𝑧, de


circuito duplo, com 195 𝑘𝑚 de extensão, integrante do Sistema de
Transmissão da Região Sul e que interliga as subestações Barra Grande,
Lages e Rio do Sul, situadas no estado de Santa Catarina (ANEEL,
2005a).
A LT descrita pode ser vista no mapa eletro-geográfico dos
principais elos existentes do sistema de suprimento à região catarinense
ilustrado na Figura 4.4 (ANEEL, 2005a).

Figura 4.4 - Mapa eletro-geográfico.

Fonte: ANEEL (2005).

Considerando que os parâmetros das LT’s que compõem os


trechos de Barra Grande a Lages e de Lages a Rio do Sul são iguais,
modelou-se apenas o segundo trecho de extensão igual a 99 𝑘𝑚,
parametrizando-o de acordo com os dados fornecidos no projeto.
108

Além disto, para uma melhor análise do comportamento do


sistema frente aos eventos investigados, julgou-se necessário simulá-lo
com a sua corrente nominal (dado o conhecimento deste parâmetro).
Com este intuito, modelou-se uma carga trifásica conectada em estrela
adjacente ao terminal remoto.
Ainda com relação à modelagem deste sistema, foram
considerados três terminais de monitoramento, dois destes situados nas
extremidades inicial e final da linha, denominados de 𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 , nesta
ordem e um outro terminal de medição (𝑡𝐼 ) posicionado no ponto médio
da LT, representando o isolador instrumentado a ser alocado.
O diagrama unifilar correspondente ao sistema pode ser
visualizado na Figura 4.5.

Figura 4.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

Ademais, os dados geométricos da torre de transmissão, de


modelo cônico, assumidos no projeto desta LT, a configuração adotada
para o trecho Lages/Rio do Sul e as características dos condutores e
cabos-guarda estão apresentados nas Figuras 4.6, 4.7 e Tabela 4.3,
respectivamente.
109

Figura 4.6 - Torre da LT da região catarinense.

Fonte: STC (2006) - adaptado.

Figura 4.7 - Configuração adotada.

Fonte: STC (2006).

Tabela 4.3 - Características dos condutores e cabos-guarda da LT.


Condutores Fase Para-raios
4𝑘𝑚 iniciais e Restante da
finais LT
Tipo CAA CAA MINORCA 3/8" EAR
BLUEJAY
Raio externo (𝒄𝒎) 1,599 0,4890 0,457
𝐍 𝐨 de condutores por fase 1 1 1
Flecha (𝒎) 20,32 16,81 16,81
Resistência DC 0,06103 0,51450 4,2322
(𝛀/𝒌𝒎)
NOTA: As flechas dos cabos para-raios foram consideradas iguais neste
trabalho.
Fonte: STC (2006) - adaptado.
110

Complementando, na Tabela 4.4 ainda são relacionados outros


dados importantes para a modelagem do sistema no ATP em
conformidade com o projeto.

Tabela 4.4 - Demais parâmetros necessários a simulação.


Parâmetros Valores assumidos
Tensão nominal (𝒌𝑽) 230
Corrente nominal (𝑨) 879
Nível de 𝑰𝒄𝒄 nas SE’s (𝒌𝑨) 31,5
Frequência do sistema (𝑯𝒛) 60
Resistência de aterramento da SE (𝛀) 1
Resistência de aterramento da torre (𝛀) 15
Resistividade do solo (𝛀 ∙ 𝒎) 1000
Fonte: STC (2006) - adaptado.

4.2 FENÔMENOS ESTUDADOS

A determinação do tipo de evento a ser estudado é de extrema


importância, pois de acordo com Cigrè WG 33-02 (1990) e Martinez-
Velasco (2010), para a correta modelagem dos componentes de sistemas
na simulação de transitórios, deve-se considerar o intervalo de
frequências do próprio fenômeno.
Na Tabela 4.5 estão relacionadas as situações e as faixas de
frequência dos transitórios eletromagnéticos originados passíveis de
ocorrer em um SEP.

Tabela 4.5 - Origem e intervalo de frequências de transitórios.


Origem Frequência
Ferroressonância 0,1 𝐻𝑧 a 1 𝑘𝐻𝑧
Rejeição de carga 0,1 𝐻𝑧 a 3 𝑘𝐻𝑧
Eliminação de falhas 50 𝐻𝑧 a 3 𝑘𝐻𝑧
Chaveamento 50 𝐻𝑧 a 20 𝑘𝐻𝑧
Tensão de restabelecimento transitória 50 𝐻𝑧 a 100 𝑘𝐻𝑧
Sobretensões induzidas por descargas atmosféricas 10 𝑘𝐻𝑧 a 3 𝑀𝐻𝑧
Mudança de seccionador em subestações isoladas a 100 𝑘𝐻𝑧 a 50 𝑀𝐻𝑧
gás (GIS)
Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Ainda conforme Cigrè WG 33-02 (1990), as faixas de frequências


dos transitórios são classificadas em quatro grupos, vide Tabela 4.6.
111

Tabela 4.6 - Classificação dos intervalos de frequência.


Grupo Frequência Denominação Representação
I 0,1 𝐻𝑧 a 3 𝑘𝐻𝑧 Transitórios de Sobretensões
baixa frequência temporárias
II 50/60 𝐻𝑧 a Transitórios de Sobretensões causadas
20 𝑘𝐻𝑧 frente lenta por chaveamento
III 10 𝑘𝐻𝑧 a 3 𝑀𝐻𝑧 Transitórios de Sobretensões causadas
frente rápida por descargas
atmosféricas
IV 100 𝑘𝐻𝑧 a Transitórios de Restrike overvoltages
50 𝑀𝐻𝑧 frente muito
rápida
Fonte: Cigrè WG 33-02 (1990).

Inicialmente, o escopo deste estudo se ateve à detecção,


classificação e localização de faltas induzidas na frequência de
chaveamento, a qual representa os transitórios de frente lenta.
Entretanto, como pode ser constatado, mediante a revisão bibliográfica
realizada no capítulo 3, que na literatura foram encontradas, apenas,
pesquisas envolvendo este tipo de evento, foram incorporados a este
estudo, a detecção e localização de faltas induzidas por descargas
atmosféricas.

4.2.1 Chaveamento

Segundo Grainger e Stevenson (1994), uma falta em um sistema


de potência pode ser originada a partir de quaisquer condições anormais
que venham a acometê-lo, interferindo no fluxo normal de corrente. Tais
correntes serão dissemelhantes àquelas da condição de regime
permanente.
Como mencionado no capítulo 1, as faltas em um sistema são
suscitadas a partir de problemas de natureza térmica e de isolação — tais
como sobrecarga do sistema e desgaste do isolamento ao longo do
tempo — fatores climáticos, como ventos e chuvas fortes, acúmulo de
neve e descargas atmosféricas; erro humano, que pode ser exemplificado
pela manutenção inadequada, além de problemas elétricos, os quais são
relacionados à operação do sistema — tais como estabelecimento de
condições súbitas de sobretensão e chaveamento/manobra
(KINDERMANN, 1997; TLEIS, 2008).
Os curtos-circuitos em LT’s são classificados em balanceados e
não balanceados. A primeira classe compreende as faltas trifásicas, nas
112

quais as três fases do sistema são afetadas igualmente, o que induz a


valores de corrente semelhantes. Em contrapartida, o segundo grupo é
caracterizado por um desbalanço entre as fases do sistema que é
promovido por faltas monofásicas, bifásicas e bifásicas-terra
(GRAINGER; STEVENSON, 1994).
De acordo com Goh et al. (2017), a distribuição da probabilidade
de ocorrência e o grau de severidade dos curtos-circuitos mencionados
anteriormente estão relacionados na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 - Probabilidade de ocorrência e severidade de cada tipo de falta.


Tipos de curto-circuito Ocorrência Grau de severidade
(%)
Monofásicos 85% Muito baixo
Bifásicos 8% Baixo
Bifásicos-terra 5% Moderado
Trifásicos ≥ 2% Muito alto
Fonte: Goh et al. (2017).

Caracterizando o fenômeno do chaveamento, serão simulados,


neste estudo, os curtos-circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos, os
quais serão descritos sucintamente a seguir:

 Curto-circuito monofásico

Evidenciado pelo maior percentual de incidência, o curto-circuito


monofásico ocorre mediante uma conexão direta entre uma fase da LT e
a terra (curto-circuito franco) ou através de uma impedância de falta.
Neste tipo de defeito, verifica-se que há um fluxo acentuado de
corrente entre uma das fases e a terra. Em contrapartida, entre as fases
sãs e a terra não há fluxo de corrente.
A condição de contorno para as correntes de um curto-circuito
monofásico, tipo AT, é descrita por:

𝑖𝑏 = 𝑖𝑐 = 0

Ademais, o esquemático deste curto-circuito é ilustrado na Figura


4.8.
113

Figura 4.8 - Curto-circuito monofásico-terra tipo AT.

Fonte: Próprio autor.

 Curto-circuito bifásico

O segundo tipo de curto-circuito mais frequente em LT’s também


pode possuir uma conexão franca ou através de uma impedância entre
fases e é caracterizado pelas correntes das fases envolvidas no defeito
serem iguais em módulo, mas possuírem polaridades opostas. Além
disto, verifica-se que não há fluxo de corrente na fase sã.
As condições de contorno para as correntes de um curto-circuito
bifásico, tipo AB, são explicitadas por:

𝑖𝑎 + 𝑖𝑏 = 0
𝑖𝑐 = 0

Outrossim, está ilustrado na Figura 4.9 este tipo de curto-circuito.

Figura 4.9 - Curto-circuito bifásico tipo AB.

Fonte: Próprio autor.

 Curto circuito trifásico

Apesar da menor probabilidade de ocorrência, o curto-circuito


trifásico apresenta o maior grau de severidade e acomete as três fases da
LT. Estas podem ser interligadas diretamente ou através de impedâncias.
Similarmente aos demais curtos-circuitos supracitados, há um
aumento significativo e equitativo das correntes em relação àquelas da
operação do sistema em regime permanente.
Neste caso, a condição de contorno para as correntes é expressada
por:
114

𝑖𝑎 + 𝑖𝑏 + 𝑖𝑐 = 0

Por fim, está exemplificado na Figura 4.10 um curto-circuito


trifásico.

Figura 4.10 - Curto-circuito trifásico.

Fonte: Próprio autor.

É importante frisar que as condições de contorno relacionadas às


correntes, explicitadas anteriormente, delinearão o desenvolvimento do
módulo classificador neste estudo.

Semelhantemente às demais pesquisas encontradas na literatura,


estas situações de contingência foram simuladas com diferentes
variáveis, tais como impedâncias, ângulos de incidência de falta e
distâncias em relação ao terminal local, no intuito de reproduzir a
aleatoriedade deste fenômeno.
Para um maior esclarecimento sobre estas terminologias
utilizadas nos estudos de transitórios eletromagnéticos, faz-se necessário
uma breve descrição sobre as mesmas.

 Impedâncias de falta

Segundo Andrade e Sorrentino (2011), uma impedância de falta


pode ser composta por um arco elétrico, impedância de aterramento da
torre e objetos conectando a fase e a terra, no caso de faltas com
conexão ao solo e entre as próprias fases da LT. Na literatura, estes três
itens são modelados, simplificadamente, por uma resistência.
Além disto, as faltas também podem ser modeladas através do
arco elétrico, propiciando resultados próximos à realidade.
Na Figura 4.11 estão ilustradas as respostas do sistema ante a
aplicação de um curto-circuito BC, com resistências de falta iguais 10 Ω
e 70 Ω.
115

Figura 4.11 - Curto-circuito bifásico BC com resistência de falta igual a: (a)


10 Ω; (b) 70 Ω.

Fonte: Próprio autor.

A partir das Figuras 4.11 (a) e (b) pode-se inferir que a resistência
de falta influi diretamente sobre as magnitudes das correntes, o que está
em consonância com Andrade e Sorrentino (2011), o qual afirma que
tais impedâncias limitam as correntes de curto-circuito.
De acordo com os estudos de Sousa et al. (2005), os valores
típicos de resistência de falta variam entre 0 Ω e 10 Ω para o caso de
descargas atmosféricas; 10 Ω e 70 Ω para as queimadas e assumem
valores superiores a 70 Ω quando o curto-circuito é ocasionado por
árvores próximas às estruturas ou cabos.
Com base nisto, foram selecionados então apenas três valores
para as resistências de falta, 10 Ω, 40 Ω e 70 Ω.
116

 Ângulo de incidência

O ângulo de incidência de uma falta está relacionado diretamente


ao momento em que esta acomete um ponto específico do sinal senoidal
da tensão de fase e pode ser controlado através da imposição da própria
falta em um determinado instante de tempo.
Para uma melhor compreensão, considera-se inicialmente que a
tensão em uma determinada fase é descrita pela Equação (4.1).

𝑉𝑓 (𝑡) = √2𝑉𝑟𝑚𝑠 sin(2𝜋𝑓𝑡 + ∅𝑓 ) (4.1)


Onde:

𝑉𝑓 : tensão de fase;
𝑉𝑟𝑚𝑠 : tensão eficaz;
𝑓: frequência do sistema;
∅𝑓 : ângulo de fase.

Mediante a análise da expressão denotada em (4.1), infere-se que


através da manipulação do instante (𝑡) de incidência da falta, o
argumento da função senoide varia de −1 a +1 e consequentemente,
verificam-se os pontos de tensão mínima e máxima.
Exemplifica-se, através das Figuras 4.12 e 4.13, o efeito da
variação do ângulo de incidência mediante duas situações: na primeira, a
imposição do curto-circuito é realizada no instante em que a tensão de
fase é nula, ou seja, com um ângulo de incidência de 0°. Já na segunda,
o defeito ocorre quando o valor da tensão de fase é máximo, isto é, o
ângulo é igual a 90°.
Na Figura 4.12, observa-se nitidamente que a partir da aplicação
do curto-circuito, há uma oscilação do sistema e os transitórios de alta
frequência são praticamente imperceptíveis tanto nos sinais de tensão
como nos de corrente, o que dificulta, consequentemente, os processos
de detecção e localização utilizando as técnicas no domínio do tempo.
117

Figura 4.12 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de incidência


de 0° graus, impedância de falta de 70 Ω e distante 60 𝑘𝑚 do terminal local: (a)
tensões de fase; (b) correntes de fase.

Fonte: Próprio autor.

Em contrapartida, quando o curto-circuito é aplicado a 90°, vide


Figura 4.13, pode-se constatar que os transitórios induzidos dispõem de
maiores amplitudes em ambos os sinais de tensão e corrente, facilitando
consideravelmente a detecção e localização.
118

Figura 4.13 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de incidência


de 90° graus, impedância de falta de 70 Ω e distante 60 𝑘𝑚 do terminal local:
(a) Tensões de fase; (b) correntes de fase.

Fonte: Próprio autor.

Esta influência da variação do ângulo de incidência sobre a


resposta do sistema, na qual os transitórios de alta frequência são mais
significativos quando da aplicação da falta em um ângulo de incidência
de 90° do que quando inserida no momento em que a tensão é nula,
também foi constatada por Johns, Aggarwal e Bo (1994).

 Distância da falta ao terminal local

Esta terminologia é uma referência à localidade física da


incidência da falta na LT e é uma variável de extrema importância a ser
considerada em estudos de transitórios eletromagnéticos, pois quanto
mais distante do terminal de monitoramento uma falta ocorrer, mais
acentuadas serão as atenuações e distorções que as OV’s sofrerão, a
119

medida em que se propagarem em direção ao terminal, tal como


explanado na subseção 2.2.2.
Tal consideração pode ser observada na Figura 4.14, na qual logo
após a aplicação do curto-circuito, as amplitudes das correntes das fases
A e B, para uma distância de 20𝑘𝑚 ao terminal local, são superiores em
relação àquelas do mesmo defeito incidente à 130𝑘𝑚.
Além disto, é possível verificar que os sinais de corrente são mais
ruidosos no caso da primeira distância citada.

Figura 4.14 - Curto-circuito bifásico AB incidente à: (a) 20𝑘𝑚; (b) 130𝑘𝑚.

Fonte: Próprio autor.

Diante da imprevisibilidade do tipo, impedância e ângulo de


incidência de uma falta, simulou-se o fenômeno do chaveamento,
característico do grupo II, consonante às condições apresentadas nas
Figuras 4.15 (a) e (b) para as LT’s Presidente Dutra/MA - Boa
Esperança/PI e Barra Grande/SC - Lages/SC - Rio do Sul/SC,
respectivamente.
120

Figura 4.15 - Situações simuladas para faltas induzidas na frequência de


chaveamento: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.

Fonte: Próprio autor.

4.2.2 Descargas atmosféricas

A descarga atmosférica é um fenômeno natural cuja formação é


desencadeada a partir de colisões entre partículas esféricas de gelo de
densidade elevada, denominadas de partículas graupel, de tamanhos
diferentes ou cristais de gelo, no interior das nuvens. Estas colisões
fomentam a separação das partículas com cargas elétricas opostas e, por
conseguinte, o surgimento de um campo elétrico, o qual é capaz de
promover a ruptura do meio dielétrico seja dentro da própria nuvem, no
solo ou em suas proximidades (COORAY, 2014).
Na Figura 4.16 está ilustrada a separação das cargas elétricas que
propiciam o surgimento de descargas.
121

Figura 4.16 - Separação de cargas elétricas no interior de uma nuvem.

Fonte: Cooray (2014).

De acordo com Cooray (2014), as descargas atmosféricas são


classificadas em três grupos: (1) descargas intra-nuvens, as quais
ocorrem no interior das nuvens e é o tipo mais comum; (2) descargas
nuvem-solo, cuja ocorrência é entre a nuvem e o solo, sendo
categorizadas ainda em ascendentes, as quais são promovidas a partir do
solo e descendentes, cuja origem é a nuvem e (3) descargas nuvem-ar, as
quais são denominadas desta forma por não entrarem em contato com o
solo.
Os grupos supracitados podem ser visualizados na Figura 4.17.

Figura 4.17 - Tipos descargas atmosféricas: (a) intra-nuvem; (b) nuvem-


solo; (c) nuvem-ar.

Fonte: Cooray (2014).

Para a detecção e localização de faltas induzidas por descargas


atmosféricas em LT’s, aquelas classificadas como sendo do tipo nuvem-
solo, serão o foco desta pesquisa.
É importante ressaltar que o estudo de tal fenômeno,
característico do grupo dos transitórios de frente rápida, é de extrema
importância, uma vez que estatísticas revelam que, em âmbito nacional,
122

aproximadamente, 70% e 40% dos desligamentos ocorridos nos setores


da transmissão e distribuição são promovidos por tais fenômenos
(INPE/ELAT, 2018).
Conforme a norma brasileira (NBR 5419-1), uma descarga
atmosférica incidente nas proximidades de linhas elétricas, ou
diretamente sobre estas quando conectadas à diversos tipos de estrutura,
como por exemplo, indústrias, hospitais, moradias e estações de geração
e transmissão de energia elétrica, podem causar três tipos de danos: (1)
às pessoas; (2) físicos, que compreendem explosões, avarias mecânicas
e incêndios e (3) falhas em sistemas internos devido aos efeitos
eletromagnéticos induzidos (ABNT, 2015).
Além disto, esta norma ainda relaciona que as perdas mais
relevantes para as incidências relacionadas são: perda humana; perda de
serviço ao público, a qual inclui a interrupção no fornecimento de
energia, sinais de telecomunicações, entre outros; perda de patrimônio
cultural e perdas de valor econômico (ABNT, 2015).
Referindo-se ainda ao cenário brasileiro, a densidade de
descargas atmosféricas ou raios está representada na Figura 4.18. Nesta,
observa-se que a região entre os estados do Maranhão e Piauí e a área
catarinense, onde estão alocadas as LT’s em estudo, possuem,
respectivamente, índices de 3 a 7 e de 7 a 9 descargas
atmosféricas/𝑘𝑚2/ano.
123

Figura 4.18 - Densidade de raios no Brasil.

Fonte: INPE/ELAT (2018) .


124

As descargas atmosféricas podem variar conforme alguns


parâmetros intrínsecos às mesmas, tais como, forma de onda e
magnitude da corrente de raio.
Neste estudo, apesar de ser considerado uma mesma forma de
onda na representação deste fenômeno, as descargas foram modeladas
com diferentes amplitudes, no intuito de imprimir um pouco da
aleatoriedade deste evento.
Destarte, as amplitudes das correntes de raio foram selecionadas
com base nas curvas de probabilidade acumulada, fornecidas pelo IEEE
e CIGRÉ, as quais estão representadas na Figura 4.19.

Figura 4.19 - Probabilidade das amplitudes das correntes de descarga negativas.

Fonte: (CIGRE WG 33-01, 1991).

Ademais, ainda foi considerada, para este fenômeno, a


variabilidade de parâmetros como distância ao terminal local, ângulo de
incidência relacionado a cada fase, além da impedância de surto da
torre, que é um elemento necessário à modelagem de LT’s no estudo de
surtos atmosféricos, tal como será explanado no item 4.3.2.1.2.
Deste modo, para as faltas induzidas por impulsos atmosféricos,
foi analisada a influência da combinação das variáveis dispostas na
Figura 4.20.
125

Figura 4.20 - Situações simuladas para faltas induzidas por descargas


atmosféricas: (a) Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.

Fonte: Próprio autor.

É importante frisar que a alternância de valores para a impedância


de surto da torre foi considerada apenas para a LT Presidente Dutra/MA
- Boa Esperança/PI, uma vez que, não foram encontradas medidas
exatas e necessárias ao cálculo deste parâmetro.
Já para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC será
utilizada a impedância da torre calculada com base nos parâmetros
especificados em STC (2006).

Uma vez definidos os fenômenos a serem estudados e suas


classificações consoante com a faixa de frequências, procedeu-se com a
modelagem dos componentes do sistema de potência, de acordo com
algumas diretrizes estabelecidas em Martinez (2007), tais como:

 Linhas aéreas: modelo multifásico com parâmetros distribuídos,


considerando a assimetria de condutores. Parâmetros
dependentes da frequência são importantes para o modo de
propagação da terra. Considera-se o efeito corona no Grupo III;
 Cabos isolados: modelo multifásico com parâmetros
distribuídos, considerando a assimetria de condutores.
Parâmetros dependentes da frequência são importantes para o
modo de propagação da terra;
 Geradores síncronos: Representados por uma fonte em série
com sua impedância subtransitória no Grupo II, enquanto que a
126

representação no grupo III é baseada no circuito linear cuja


resposta em frequência coincide com a da máquina vista de seus
terminais.

Neste estudo, a carga foi modelada apenas para a LT Barra


Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, através do modelo de
impedância constante3, no intuito de analisar o sistema nas condições
nominais de operação.

4.3 MODELAGEM NO ATP

O ATPDraw é um software dedicado para estudos


eletromagnéticos que possui uma série de aplicações e vantagens, como
por exemplo: uma modelagem adequada de sistemas elétricos, capaz de
reproduzir com fidelidade a configuração elétrica real das redes;
disponibilidade de recursos para modelar sistemas de transmissão e
distribuição em uma mesma plataforma, além de permitir que o usuário
possa analisar transitórios eletromagnéticos para diferentes
configurações operacionais. As facilidades gráficas como o pré-
processador gráfico e o gráfico PLOTXY, os quais permitem trabalhar
utilizando somente o ambiente Windows, foram alcançadas apenas nos
últimos anos. Por estas razões, o ATPDraw é uma ferramenta de grande
flexibilidade e importância na realização de estudos de regime
transitório ou permanente em sistemas de potência (PRIKLER;
HOIDALEN, 2009).
Em virtude da grande aplicabilidade e das vantagens descritas,
utilizou-se o ambiente do ATPDraw para simulação das faltas em LT’s.

4.3.1 Modelo elétrico do gerador

Segundo Chapman (2013), a construção do modelo elétrico de


um gerador síncrono fundamenta-se na representação dos fatores que
provocam a diferença constatada entre a tensão (𝐸𝑎 ) produzida
internamente e a tensão (𝑉𝜙 ) vista em seus terminais. Esta desigualdade

3
Nota: a carga foi modelada, embora não tenham sido encontradas diretrizes
que subsidiassem a representação desta componente nas principais referências
utilizadas, a título de exemplo, Cigre WG 33-02 (1990) e Martinez-Velasco
(2010).
127

ocorre devido a, basicamente, três razões: (1) reação de armadura, (2)


autoindutância e resistência das bobinas de armadura e (3) influência do
formato dos pólos salientes do rotor.
Apesar da influência de tais fatores, ainda de acordo com este
autor, o modelo do gerador síncrono pode ser construído a partir das
duas primeiras premissas, uma vez que, quando desconsiderada a
terceira, os erros na modelagem de máquinas de pólos salientes são
irrelevantes.
Sucintamente, a reação de armadura está relacionada à distorção
do campo magnético do entreferro (rotor) provocada pelo campo
magnético do estator. Este último é produzido pela corrente de
armadura, quando uma carga é conectada aos terminais do gerador.
Consequentemente, este campo magnético originado no estator
induz o surgimento da denominada tensão de reação de armadura, a qual
pode ser modelada por meio um indutor (𝐿), que é associado, por sua
vez, a uma reatância (𝑋), em série com a tensão 𝐸𝑎 , vide Figura 4.21.

Figura 4.21 – Representação da modelagem da reação de armadura.

Fonte: Chapman (2013).

De modo a incorporar a segunda premissa ao modelo do gerador,


incluem-se a autoindutância (𝐿𝐴 ), representada pelo valor da reatância
associada (𝑋𝐴 ) e a resistência (𝑅𝐴 ) das bobinas de armadura, em série
com 𝐸𝑎 e 𝑋.
Representando 𝑋𝐴 e 𝑋 unicamente pela reatância síncrona (𝑋𝑆 ), o
circuito elétrico equivalente por fase de um gerador síncrono está
ilustrado na Figura 4.22.

Figura 4.22 - Circuito equivalente por fase de um gerador síncrono.

Fonte: Chapman (2013).


128

Contudo, de acordo com Kindermann (1997), nos estudos de


curto-circuito, a resistência interna 𝑅𝐴 não é representada, devido ao
valor deste elemento ser muito menor que a reatância interna 𝑋𝑆 .
Já no que concerne aos estudos de transitórios e para a
localização de faltas com base nas OV’s deve-se incluir a resistência dos
enrolamentos.

4.3.1.1 Parametrização dos geradores

 Linha de transmissão Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI

Para composição do sistema, parametrizaram-se através do


componente AC3PH, as duas fontes de tensão alternadas, trifásicas e
cossenoidais, com tensões de linha igual a 500 𝑘𝑉, isto é, com tensões
pico-fase de, aproximadamente, 408,248 𝑘𝑉, em uma frequência de
60 𝐻𝑧, tal como se pode observar na Figura 4.23.

Figura 4.23 - Parametrização do gerador.

Fonte: Próprio autor.

Em seguida, para simplificação do sistema, parametrizaram-se as


reatâncias das sequências zero e positiva de ambos os geradores através
do componente LINESY_3, vide Figura 4.24.
129

Figura 4.24 - Parametrização das reatâncias dos geradores.

Fonte: Próprio autor.

 Aterramento da SE

O aterramento de cada SE, representada pelos geradores, foi


modelado por uma resistência de 1 Ω, devido a inexistência de dados
necessários ao cálculo deste parâmetro. Ressalta-se que este valor está
em conformidade com a IEEE STD. 80 (2000), uma vez que esta norma
estabelece que para a maioria das SE’s de transmissão e de grande porte,
a resistência de aterramento é, usualmente, menor ou igual a 1 Ω.
Além disto, a IEEE STD. 80 (2000) estabelece um intervalo de
valores que a resistência de aterramento pode assumir, de acordo com
um cálculo simplificado. Neste, a resistência mínima de aterramento de
uma SE, considerando um solo uniforme, pode ser determinada com
base apenas na resistividade do solo e na área da malha da SE, conforme
a Equação (4.2).

𝜌 𝜋 (4.2)
𝑅𝑔 = √
4 𝐴

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


130

𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2.

Já o valor máximo para este parâmetro é determinado com base


na formulação proposta por Laurent e Niemann, os quais levaram em
consideração o comprimento total dos condutores da malha da SE
adicionalmente à Equação (4.2). Desta forma, o limite máximo é
calculado conforme a Equação (4.3) (IEEE STD. 80, 2000).

𝜌 𝜋 𝜌 (4.3)
𝑅𝑔 = √ +
4 𝐴 𝐿𝑡

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2;
𝐿𝑡 : comprimento total dos condutores da malha da SE, em 𝑚.

Outrossim, foi proposta por Sverak, em 1984, uma outra forma de


calcular a resistência de aterramento de uma SE, conforme Equação
(4.4), levando em consideração a profundidade da malha, a qual está
compreendida, geralmente, em um intervalo de 0,25 𝑚 a 2,5 𝑚.

1 1 1 (4.4)
𝑅𝑔 = 𝜌 [ + (1 + )]
𝐿𝑡 √20𝐴 1 + ℎ√20⁄𝐴

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2;
𝐿𝑡 : comprimento total dos condutores da malha da SE, em 𝑚;
ℎ: profundidade da malha, em 𝑚.

Ademais, a IEEE STD. 80 (2000) ainda menciona as equações de


Schwarz para o cálculo da resistência de aterramento de uma SE em um
solo homogêneo, com eletrodos verticais e horizontais. Para um maior
detalhamento, sugere-se consultar a norma referenciada.
131

 Linha de transmissão Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do


Sul/SC

Semelhantemente à LT do sistema-base, parametrizou-se a fonte


de tensão através do componente AC3PH, com tensão de linha igual a
230 𝑘𝑉, isto é, com tensão pico-fase de, aproximadamente, 188 𝑘𝑉, em
uma frequência de 60 𝐻𝑧, tal como se pode observar na Figura 4.25.

Figura 4.25 - Parametrização do gerador.

Fonte: Próprio autor.

Em sequência, como não foi disponibilizado pelo STC (2006) os


dados dos geradores, foi então determinado o equivalente de rede
trifásico a partir dos níveis de curto-circuito da SE, conforme o método
simplificado.
Desta forma, considerando o nível de curto-circuito informado no
projeto de 31,5 𝑘𝐴 e devido a dubiedade de informações acerca desta
corrente ser trifásica ou monofásica, as reatâncias das sequências zero e
positiva do equivalente de rede foram calculadas através da Equação
(4.5).

𝑉𝐿
𝑋1 = 𝑋0 = (4.5)
√3 𝐼𝑐𝑐
132

Onde:

𝑋1: reatância de sequência positiva;


𝑋0: reatância de sequência zero;
𝑉𝐿 : tensão de linha;
𝐼𝑐𝑐: corrente de curto-circuito.

Fazendo as devidas substituições, as reatâncias foram computadas


com um valor de, aproximadamente, 4,22 Ω e as indutâncias estimadas
em 11 𝑚𝐻. Estas últimas foram os parâmetros de entrada do
componente LINESY_3, vide Figura 4.26.

Figura 4.26 - Parametrização do equivalente de rede.

Fonte: Próprio autor.

 Aterramento da SE

Conforme os dados de projeto, o aterramento da SE foi modelado


através de uma resistência de 1 Ω. Sublinha-se que este parâmetro
também está de acordo com a IEEE STD. 80 (2000).
133

4.3.2 Modelo elétrico da LT

Como mencionado no capítulo 2, além da indutância e


capacitância consideradas em LT’s ideais, pontuam-se ainda, para as
linhas reais, outros dois parâmetros que são correlacionados às perdas ̶
a resistência e a condutância.
Recapitulando então, uma LT não ideal é caracterizada por quatro
parâmetros: (1) indutância, a qual está associada ao campo magnético,
originado a partir do fluxo de corrente; (2) capacitância, que está
relacionada ao campo elétrico entre os condutores; (3) resistência, a qual
simboliza a dissipação de potência ativa, equivalente a 𝑅𝐼 2 (𝑊) e (4)
condutância, a qual representa as perdas proporcionais a 𝐺𝑈 2 (𝑊), em
consequência do estabelecimento de tensão entre os condutores.
Por conseguinte, o circuito equivalente que representa uma LT,
levando em consideração os parâmetros relacionados anteriormente,
possui a configuração apresentada na Figura 4.27.

Figura 4.27 - Circuito equivalente de uma LT genérica.

Fonte: Fuchs (1979) - adaptado.

Onde:

𝑅: resistência da linha;
𝐿: indutância da linha;
𝐺: condutância shunt;
𝐶: capacitância shunt;
𝑉𝑡 e 𝑉𝑟 : tensões nos terminais transmissor e receptor, nesta ordem;
𝐼𝑡 e 𝐼𝑟 : correntes nos terminais transmissor e receptor, respectivamente.

Para a construção dos modelos das LT’s com base no circuito


equivalente ilustrado na Figura 4.27, são admitidas algumas hipóteses
relacionadas aos parâmetros, tal como a forma pela qual estão dispostos
na própria LT (de modo distribuído ou concentrado), no intuito de
134

minimizar a complexidade envolvida nos cálculos e nos estudos de


sistemas de grande porte (FUCHS, 1979).
A escolha de modelos adequados que representem com fidelidade
os efeitos dos parâmetros das LT’s, decorre do nível de precisão e
confiabilidade com que se pretende reproduzir, na modelagem do
sistema, o comportamento das tensões, correntes e os limites de fluxo de
potência tanto no regime permanente quanto no transitório (FUCHS,
1979; GRAINGER; STEVENSON, 1994).
Além disto, o emprego de tais modelos é regido pela classificação
das LT’s segundo a sua extensão, tal como será explanado
sumariamente a seguir.

1. LT’s curtas (comprimento até 80 𝑘𝑚)

Na modelagem de LT’s curtas consideram-se apenas os


parâmetros série, isto é, a resistência 𝑅 e a indutância 𝐿, desprezando-se
os efeitos de condutância e capacitância, pois a exclusão destes não afeta
significativamente a precisão do modelo, uma vez que, seus valores são
irrelevantes (GRAINGER; STEVENSON, 1994)
O circuito equivalente de uma LT curta está ilustrado na Figura
4.28.

Figura 4.28 - Circuito equivalente de uma LT curta.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994) - adaptado.

De acordo com Grainger e Stevenson (1994), a utilização de


parâmetros concentrados, na representação das LT’s desta classe,
incorre em uma boa precisão.

2. LT’s médias (comprimento entre 80 𝑘𝑚 e 240 𝑘𝑚)

Neste grupo de LT’s, apenas os efeitos da condutibilidade são


desconsiderados. Deste modo, além dos parâmetros série, representados
por uma impedância (𝑍), considera-se ainda a admitância shunt (𝑌)
135

total da LT, determinada unicamente pela capacitância shunt


(GRAINGER; STEVENSON, 1994).
O circuito equivalente deste tipo de LT é denominado de π-
nominal, no qual a admitância shunt total é dividida igualmente e
alocada nas extremidades inicial e final da linha, vide Figura 4.29.

Figura 4.29 - Circuito π-nominal de uma LT média.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994).

Nesta categoria, a representação dos parâmetros de forma


concentrada não influi significativamente na precisão da resposta do
modelo.
Sublinha-se ainda que as LT’s médias podem ser modeladas pelo
circuito T, que é caracterizado pela admitância total ser disposta no
centro da linha. Contudo, na modelagem de sistemas de grande porte,
este circuito não é utilizado com frequência, devido ao aumento de
complexidade decorrente da inclusão de um novo barramento no ponto
médio de cada LT (FUCHS, 1979).

3. LT’s longas (comprimento excede 240 𝑘𝑚)

Para a modelagem de uma LT longa, devem-se incluir os quatro


parâmetros, entretanto estes necessitam ser corrigidos, de modo a
considerar uma distribuição uniforme dos mesmos em toda a extensão
da LT. Ressalta-se que os circuitos tipo π-nominal a parâmetros
concentrados são insuficientes para se obter um bom nível de precisão
(GRAINGER; STEVENSON, 1994).
Na Figura 4.30 está ilustrado o circuito π-equivalente,
representativo das LT’s longas, no qual a impedância e admitância shunt
são denotadas por 𝑍′ e 𝑌′, respectivamente.
136

Figura 4.30 - Circuito π-equivalente de uma LT longa.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994) - adaptado.

No circuito π-equivalente, os valores de 𝑍′ e 𝑌′ são determinados


com base nos valores dos parâmetros 𝑍 e 𝑌 do circuito π-nominal e nos
fatores de correção. Estes últimos levam em consideração a constante de
propagação da linha, tal como descrito nas Equações (4.6) e (4.7).

sinh(γl)
𝑍′ = 𝑍 (4.6)
(𝛾𝑙)

𝛾𝑙

𝑌 tanh ( 2 ) (4.7)
𝑌 =
2 (𝛾𝑙 )
2

Onde:

𝑍 e 𝑌: impedância e admitância shunt do circuito π-nominal;


𝛾: constante de propagação da linha;
𝑙: comprimento total da linha.

4.3.2.1 Parametrização das LT’s

Segundo Marti (1982), para a simulação correta de transitórios


eletromagnéticos, a modelagem da LT deve abranger todo o intervalo de
frequências dos sinais, haja vista que os parâmetros de LT’s com retorno
pela terra são extremamente dependentes da frequência. Com este
propósito, em 1982, este autor desenvolveu o modelo intitulado JMarti,
no qual são considerados parâmetros distribuídos, compreendendo uma
faixa de frequências que é delimitada pelas frequências inicial e máxima
determinadas pelo usuário (REIS et al., 2012; REIS, 2013).
Respaldando-se nas premissas e diretrizes estabelecidas por Marti
(1982) e Martinez (2007), respectivamente, utilizou-se neste trabalho o
módulo LINE/CABLE CONSTANT (LCC), uma vez que foram
137

fornecidas informações acerca da geometria do sistema e das constantes


dos materiais. A partir da inserção destes dados, o módulo LCC
computa os parâmetros elétricos através das rotinas LINE CONSTANTS,
CABLE CONSTANTS e CABLE PARAMETERS. Consecutivamente,
adotou-se o modelo JMarti para representação da LT (REIS et al., 2012;
PRIKLER; HOIDALEN, 2009).
Para a LT norte/nordeste, considerou-se a transposição da LT,
para uma abordagem mais realista, haja vista que, o ONS (2016) e a
ANEEL (2006) estabelecem que LT’s de comprimento superior a
100 𝑘𝑚 devem ser transpostas. À vista disto, foi então assinalada a
opção Transposed que permite que a LT seja considerada transposta.
Para exemplificar a transposição da LT que ocorre internamente
no ATP, são ilustrados nas Figuras 4.31 (a) e (b) os sinais de corrente
obtidos no terminal local da LT norte/nordeste sem e com transposição,
respectivamente.

Figura 4.31 - Transposição: (a) LT não transposta e (b) LT transposta.

Fonte: Próprio autor.


138

Na Figura 4.31 (a), para o sistema não transposto, verifica-se um


desequilíbrio entre as correntes de fase, ocasionado principalmente pela
geometria da linha. Já na Figura 4.31 (b), nota-se que, quando da
aplicação da transposição, não há o desequilíbrio antes visto entre os
sinais medidos, uma vez que o objetivo da transposição é restaurar o
equilíbrio entre as fases.
Assinalaram-se, também, as opções Auto bundling e Skin effect,
as quais permitem a inserção do número de condutores por fase e a
inclusão do efeito pelicular, respectivamente. Além disto, como
recomendado por Lee e Goldsworthy (2011) e Prikler e Hoidalen
(2009), marcou-se a opção Real trans. Matrix devido às simulações
deste estudo serem em regime transitório. Essa opção trata a matriz de
transformação da linha como real, desconsiderando a parte imaginária.
De acordo com Dommel (1986), a utilização de matrizes de
transformação constantes com coeficientes reais é um procedimento
simplificado para o estudo de transitórios eletromagnéticos e pode ser
adotado no caso das LT’s aéreas proporcionando resultados sem muitos
erros.
Além disto, o modelo de linha JMarti (utilizado neste estudo)
proporciona resultados incorretos quando da utilização de uma matriz de
transformação complexa (DOMMEL, 1986).
Elaborou-se então, um modelo (template) para a LT de
comprimento igual a 1 𝑘𝑚 com as características reais, relacionadas na
Tabela 4.1; as medidas geométricas expostas na Figura 4.3 e
considerando também, a faixa de frequências do fenômeno a ser
estudado, descrita na Tabela 4.6.
A parametrização da LT para o estudo de transitórios induzidos
na frequência de chaveamento está apresentada na Figura 4.32.

Figura 4.32 - Parametrização da LT.

Fonte: Próprio autor.


139

Posteriormente, foram criadas oito seções do mesmo modelo,


porém de comprimentos distintos, com o objetivo de analisar as faltas
em diferentes pontos da LT.

Para as faltas induzidas pelas descargas atmosféricas, também


utilizou-se um template para a LT, com 1 𝑘𝑚 de comprimento e
mesmas características, porém considerando a faixa de frequências
pertinente a este fenômeno.
Quanto à incidência do surto atmosférico, este foi imposto
diretamente sobre o cabo para-raios em uma torre em particular,
modelada por uma LT a parâmetros distribuídos e sem perdas (conforme
será explanado na subseção 4.3.2.1.2). Para cada lado desta,
consideraram-se dois e três vãos de linha de 400 𝑚, no intuito de
simular que as torres mais próximas serão as mais afetadas pela
descarga atmosférica.
Já o restante da LT foi representado por seções com
comprimentos variáveis, de forma a complementar a extensão média,
dada a dificuldade em representá-la com seu comprimento total nestas
simulações.
É válido ressaltar que para este fenômeno, a LT foi modelada
com comprimento infinito, visando a reprodução do efeito de
propagação da onda na linha. Isto foi realizado através da colocação da
impedância característica (ou impedância de surto), que pode ser obtida
mediante informações de projeto, tanto nas extremidades dos circuitos
quanto nas dos cabos para-raios.
Ressalta-se que a impedância de surto pode ser calculada de
acordo com a Equação (2.9) para cada componente de sequência, com 𝐿
e 𝐶 por unidade de comprimento.
Dado que este parâmetro não foi encontrado nos estudos com esta
LT, o procedimento para obtenção desta variável está descrito no
apêndice A.
Após a realização do procedimento mencionado, as impedâncias
características relativas ao circuito e aos cabos para-raios foram
modeladas através dos componentes LINEZT_3 e LINEZT_1,
respectivamente, com valores aproximados para as impedâncias de surto
e velocidades de propagação obtidas.
A parametrização destes componentes para os circuitos e cabos
para-raios pode ser visualizada nas Figuras 4.33 (a) e (b),
respectivamente.
Frisa-se que nos parâmetros R/l+ e R/l0 foram colocados valores
simbólicos para caracterizar as perdas.
140

Figura 4.33 - Parametrização das impedâncias características (a) Circuito; (b)


cabos para-raios.

Fonte: Próprio autor.

De modo semelhante, para a LT da região sul elaborou-se


primeiramente um template para esta LT, de comprimento igual a 1 𝑘𝑚,
com as características reais, relacionadas na Tabela 4.3 e as medidas
geométricas expostas na Figura 4.6, levando em consideração a faixa de
frequências do fenômeno a ser estudado.
Criaram-se também oito seções do mesmo modelo, sendo duas
destas, representantes dos trechos iniciais e finais da LT iguais a 4 𝑘𝑚
com cabos para-raios do tipo CAA MINORCA, tal como especificado
no projeto. O restante da LT foi modelado com seções de comprimentos
variados e cabos para-raios tipo 3/8" EAR.
A parametrização do modelo da LT para o estudo de faltas
induzidas na frequência de chaveamento está apresentada na Figura
4.34.

Figura 4.34 - Parametrização da LT.

Fonte: Próprio autor.


141

É importante ressaltar que a parametrização desta LT foi


realizada conforme os dados especificados em STC (2006). Após a
compilação do modelo, foram obtidos parâmetros, tais como,
impedância de surto, atenuação, velocidade, resistência, reatância e
susceptância com valores próximos aos informados no projeto.

Com relação às faltas induzidas pelas descargas atmosféricas, o


procedimento adotado para a modelagem da LT foi o mesmo,
considerando, porém, a faixa de frequências pertinente a este fenômeno.
O surto atmosférico, também foi imposto diretamente sobre uma
torre e para cada lado desta consideraram-se dois e três vãos de linha de
400 𝑚, enquanto que o restante foi representado por seções de
comprimentos variáveis, de modo a complementar a extensão do trecho
considerado. Além disto, a LT foi modelada com comprimento infinito.
A parametrização das impedâncias características realizada para o
circuito e cabos para-raios pode ser visualizada nas Figuras 4.35 (a) e
(b), respectivamente.

Figura 4.35 - Parametrização das impedâncias características. (a) Circuito; (b)


cabos para-raios.

Fonte: Próprio autor.

4.3.2.1.1 Impedância de aterramento

A principal funcionalidade de um sistema de aterramento é


prover a segurança das pessoas, abrangendo em segunda instância,
proteções estáticas ou contra descargas atmosféricas, isolamento de
estruturas e equipamentos de contatos não intencionais com linhas
energizadas e, até mesmo, de sistemas computacionais.
142

Desta maneira, um bom sistema de aterramento pode ser


modelado de várias formas, desde que satisfaça três importantes
objetivos: 1) proteção pessoal, eliminando o risco de choques elétricos;
2) proteção de equipamentos e construções, evitando que faltas e surtos
atmosféricos prejudiquem o sistema e 3) redução de ruídos elétricos,
assegurando um mesmo potencial elétrico entre equipamentos e a
minimização do efeito dos acoplamentos elétrico e magnético. Para
alcançar essas três metas, utilizam-se em geral baixas impedâncias de
aterramento e conexões entre partes metálicas/condutoras de
equipamentos projetadas para manter um mesmo potencial elétrico
(IEEE STD. 142, 2007; SWITZER, 1999; ZIPSE, 2001).
Posto isto e com o objetivo de reproduzir o sistema em estudo
próximo a realidade, modelou-se o aterramento da LT, além daquele dos
geradores (supracitado na subseção 4.3.1.1).
Segundo Martinez-Velasco (2010), para efeitos de simulação,
existem duas classes de modelos de aterramento: uma é relacionada às
baixas frequências, isto é, a própria frequência do sistema de potência e
a segunda é correspondente às altas frequências, representada pelas
descargas atmosféricas. Estes modelos estão descritos no Apêndice B.
Tal com explanado no Apêndice B, a impedância de aterramento
pode ser representada por uma resistência, por não existir um consenso
entre os autores na representação deste elemento para as altas
frequências.
Embasando-se nisto, para a LT norte/nordeste, a impedância de
pé de torre foi modelada através de uma resistência de 50 𝛺, visto que
nos estudos relacionados à esta LT encontrados na literatura, o valor
deste parâmetro não é mencionado.
Já para a LT da região sul, a impedância de aterramento foi
modelada através de uma resistência, porém de valor igual a 15 𝛺, tal
como informado no projeto da LT.

4.3.2.1.2 Impedância de surto da torre

Dando continuidade à modelagem da LT em estudo, procedeu-se


com a busca de diretrizes e normas que balizassem a representação da
impedância de surto da torre nas simulações.
De acordo com a IEC - International Electrotechnical
Commission (2004), a impedância da torre é representada conforme a
classificação do fenômeno em análise. À vista disto, no caso de
sobretensões temporárias (grupo I), as torres podem ser figuradas por
143

um único nó elétrico, devido às suas baixas impedâncias e admitâncias,


ou ainda, esta representação pode ser desconsiderada.
Tal como no grupo supracitado, a representação das torres
também não se faz necessária nos estudos que envolvem transitórios de
frente lenta, característicos do grupo II, haja vista que a capacitância
equivalente da torre à linha é desprezível quando comparada à própria
capacitância da LT (IEC, 2004).
Já para os transitórios de frente rápida, os quais compõem o
grupo III, o Cigrè WG 33-01 (1991) estabelece que a torre deve ser
representada conforme uma das quatro configurações: indutância
conectando os cabos guarda ao solo; LT de impedância constante; LT de
impedância variável e estrutura radial.
Em uma classificação mais recente, Martinez-Velasco (2010),
apoiado na IEC (2004), afirma que os modelos já existentes na literatura
para representação de torres de transmissão foram elaborados conforme
dois modos distintos: aproximações teóricas, para as quais são
consideradas descargas atmosféricas incidentes no topo da torre e
estudos experimentais, cujo objetivo é a análise das sobretensões
induzidas pelos surtos nos isoladores alocados em pontos distintos da
torre. Ambas aproximações são explanadas no Apêndice B.
Dada a exposição dos modelos decorrentes de aproximações
teóricas e estudos experimentais, nota-se que a torre de transmissão é
representada basicamente por uma impedância e pelo tempo de
propagação do surto, o que corrobora com Martinez-Velasco (2010).
Este autor afirma ainda que tal representação pode ser feita por meio de
uma LT a parâmetros distribuídos e sem perdas, caracterizada pela
impedância de surto e tempo de viagem.
Posto isto, a modelagem das torres de transmissão neste estudo
balizou-se na literatura concernente à representação das mesmas. Deste
modo, as torres foram incluídas apenas nas simulações de descargas
atmosféricas.
Para modelagem da torre, utilizou-se então o componente
LINEZT_1, caracterizado por representar uma LT monofásica, a
parâmetros constantes (independentes da frequência) e distribuídos.
Na LT norte/nordeste, este componente foi parametrizado com
comprimento igual ao da própria torre, isto é, 33 𝑚 e velocidade de
propagação do surto igual a, aproximadamente, 85% da velocidade da
luz, como recomendado por Martinez-Velasco (2010).
A impedância de surto foi calculada com base no modelo waist,
utilizando, mais especificamente, a Equação (B.10). Porém para análise
da influência deste parâmetro no sistema proposto, considerou-se um
144

intervalo de abrangência de 100 a 250 𝛺, compreendendo aqueles de


100 a 200 𝛺 e 150 a 250 𝛺, especificados por CIGRE WG 33-02
(1990) e por CIGRE WG 33-01 (1991), respectivamente.
Ademais, para caracterizar a ausência de perdas, fez-se o
parâmetro 𝑅/𝑙 (resistência por comprimento em Ω/𝑚) igual a zero. A
parametrização realizada está apresentada na Figura 4.36.

Figura 4.36 - Parametrização da impedância de surto das torres de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

Para a LT da região sul, considerou-se na parametrização do


componente LINEZT_1, o comprimento igual ao da própria torre, isto é,
43,62 𝑚 e velocidade de propagação do surto igual a velocidade da luz,
tal como recomendado por Martinez-Velasco (2010) para o modelo
cônico.
Supondo o raio da base da torre igual a 3,70 𝑚, a impedância de
surto foi computada de acordo com a Equação (B.5), em um valor de,
aproximadamente, 170 Ω. Da mesma maneira, o parâmetro 𝑅/𝑙 também
foi considerado igual a zero. A parametrização realizada está
apresentada na Figura 4.37.
145

Figura 4.37 - Parametrização da impedância das torres de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

4.3.2.1.3 Isolador

Para o estudo de transitórios induzidos por descargas


atmosféricas, cujos objetivos vão desde o projeto de LT’s e SE’s à
proteção de equipamentos, ainda se faz necessária a representação de
um último elemento — o isolador. Devido à incidência de surtos
atmosféricos em cabos-guarda ou até mesmo nos condutores de fase, o
limite de isolamento da LT pode ser excedido, propiciando assim a
propagação do surto no SEP, com consequente danos aos equipamentos
(DATSIOS, MIKROPOULOS, TSOVILIS, 2011; IEEE WG 15.08.09,
1998; MARTINEZ-VELASCO, 2010).
De acordo com CIGRE WG 33-01 (1991), as cadeias de
isoladores podem ser modeladas considerando as curvas tensão versus
tempo, o método da integração e a aproximação física, denominada
também de método de desenvolvimento líder. Tais métodos, utilizados
amplamente na modelagem destes componentes, estão descritos no
Apêndice B.

Com base nos modelos expostos, utilizou-se neste estudo, por


simplicidade, o modelo do isolador embasado nas curvas de tensão
versus tempo, o qual requer como parâmetro de entrada apenas o
146

comprimento da cadeia de isoladores, estipulado em 2,5 𝑚 para a LT da


região norte/nordeste, vide Figura 4.38.

Figura 4.38 - Parametrização dos isoladores.

Fonte: Próprio autor.

Já para a LT da região sul, considerou-se o comprimento da


cadeia de isoladores igual a 2,19 𝑚, de acordo com a informação
disponibilizada no projeto da LT.

4.3.2.1.4 Isolador OPPC instrumentalizado

No âmbito do projeto TECCON II foi desenvolvido um isolador


OPPC (optical phase conductor) polimérico instrumentalizado, a nível
de cabeça de série, com classe de isolamento de 230 𝑘𝑉 e dotado de
sensores em fibra óptica para monitoramento da corrente na LT,
temperatura e tração no condutor de ancoragem.
Na Figura 4.39 está esboçado o esquemático do isolador OPPC
desenvolvido, o qual acomoda os sensores de corrente, fundamentado no
efeito Faraday e de temperatura, subsidiado pelas redes de Bragg. Já o
sensor de tração, também embasado nas redes mencionadas, é alocado
na peça de ancoragem do condutor.
147

Figura 4.39 - Esquemático dos sensores em LT’s.


Sensor
Interrogador FBG
Tração

Isolador
OPPC

Condutor

Sensor de corrente e
& Sensor FBG de
Temperatura

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

Com base em um modelo ótimo, fundamentado no método dos


elementos finitos, o isolador foi confeccionado de forma a atender as
principais normas nacionais e internacionais que regem os critérios,
especificações e ensaios mecânicos/elétricos, objetivando prover uma
interface entre os sensores e a LT.
Simplificadamente, considerando somente a sua constituição, o
isolador é dividido em duas partes principais: o corpo polimérico e as
ferragens (fase e terra), as quais estão demarcadas na Figura 4.40.

Figura 4.40 - Perfis do isolador desenvolvido no âmbito do projeto TECCON II.

Ferragem
terra

Corpo
polimérico

Ferragem
fase
Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).
148

O corpo polimérico é o segmento do isolador que contém o cabo


óptico e se destina a ser uma interface entre os sensores e o bloco
interrogador. É constituído por um tubo de fibra de vidro, com
imunidade eletromagnética, resistência à fratura frágil e com um
revestimento polimérico, o qual dispõe de hidrofobicidade e resistência
ao vandalismo elevadas, resistência à radiação ultravioleta, seja natural
ou provocada pelo efeito corona, à umidade, ácidos, ozônio e à
contaminação. Sublinha-se que o corpo polimérico do isolador foi
estudado e projetado para ser mais espesso que o dos demais existentes
no mercado, devido à acomodação das fibras ópticas.
Já as ferragens são constituídas por uma liga de alumínio de alta
resistência mecânica e são alocadas nas extremidades inicial e final do
isolador, cujos potenciais elétricos classificam-nas como ferragem fase
ou terra.
Para ambas as ferragens, fase e terra, os processos de modelagem
e confecção também foram modificados, de forma que cada uma
atendesse, respectivamente, critérios essenciais como a acomodação dos
sensores ópticos e suportabilidade às solicitações mecânicas, uma vez
que estas não devem ser transmitidas ao cabo óptico embebido na
ferragem terra.
O desenvolvimento do protótipo com as modificações
mencionadas anteriormente foi realizado a partir de um modelo de
isolador polimérico já existente. Tais alterações estão ilustradas na
Figura 4.41.

Figura 4.41 - Desenhos conceituais do protótipo: (a) Conceito original; (b)


Mudanças das ferragens; (c) Aumento do diâmetro devido a limitações do
processo fabril.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).


149

Além disto, para cumprir os requisitos da norma brasileira, foi


confeccionado um modelo de um anel equalizador de design ótimo,
pelos pesquisadores responsáveis pelo módulo referente ao modelo do
isolador, utilizando o método de otimização Nelder-Mead no software
Comsol Multiphysics®, para minimizar o campo elétrico sobre o
isolador OPPC. Outrossim, também foram realizados processos de
otimização para identificação do ponto ótimo no qual deve ser instalado.
Exemplificando a influência deste dispositivo, é ilustrada na
Figura 4.42 a distribuição do campo elétrico, o qual apresenta uma
redução significativa quando da inserção do anel equalizador.

Figura 4.42 - Distribuição do campo elétrico sobre a representação 3D: (a) Sem
anel de equalização; (b) Com anel de equalização.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

Apesar de possuir o mesmo princípio de funcionamento de um


isolador comum, o isolador OPPC apresenta-se como uma solução
integrada que engloba sensores, elementos de interface e ferramentas de
análise.
Construído em uma perspectiva modular, foram realizados
estudos, simulações e testes para as áreas compreendidas, tais como
sensores, eletrônica, comunicação, sistema de alimentação e ferramenta
computacional, uma vez que a solução de monitoramento proposta não
se limita apenas a uma tecnologia plug-and-play.
Em um panorama geral, os dados coletados pelos sensores serão
adquiridos e pré-processados na própria torre, em uma unidade de
medição, denominada de bloco interrogador, o qual será alimentado por
um painel fotovoltaico. Estes dados serão transmitidos posteriormente
ao CGCR (centro de gestão e controle da rede), por meio de um cabo
150

óptico OPGW (optical ground wire), onde será realizado o


processamento em tempo real, objetivando o fornecimento de
informações úteis ao operador do sistema.
O esquemático desenvolvido para a solução de monitoramento
proposta está ilustrado na Figura 4.43.

Figura 4.43 - Projeto TECCON II.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

4.3.3 Modelos das descargas atmosféricas

De acordo com estudos correferidos aos fenômenos das descargas


atmosféricas, sabe-se que os danos de maior severidade nos sistemas
elétricos são ocasionados pelas descargas de retorno, evento este que
impulsiona o constante desenvolvimento de modelos que representam
gradualmente, com maior fidedignidade, seu comportamento no espaço
e tempo.
Então, objetivando aperfeiçoar a proteção dos SEP’s através da
construção destes arquétipos, pesquisadores buscam recriar campos
eletromagnéticos originados pelas descargas de retorno próximos a
realidade; analisar a influência da descarga incidente em vários pontos
do sistema elétrico, por meio da geração de CBC’s (channel-base
currents), e avaliar o quão o sistema elétrico é vulnerável, com base em
dados estatísticos de amostras coletadas das características das correntes
de descargas de retorno (COORAY, 2010).
151

Segundo Cooray (2010), os modelos desenvolvidos na literatura


que retratam este evento são classificados em quatro grandes grupos
(relacionados no Apêndice B), conforme sua representatividade e
objetivos.

4.3.3.1 Parametrização das descargas atmosféricas

Dentre a categoria dos modelos para aplicações em engenharia,


estão os modelos CG que possuem uma maior utilização em programas
digitais. Estes foram desenvolvidos de forma a reproduzir o
comportamento espaço-temporal da corrente da descarga de retorno a
partir da combinação de três dos quatro parâmetros de entrada
necessários. São estes: a CBC; a velocidade; a distribuição da carga
depositada no canal pela descarga de retorno e a variação da constante
de tempo da corrente corona de descarga em conformidade com a altura
(COORAY, 2014; REIS, 2013).
Dentre os modelos CG desenvolvidos, utilizar-se-á o modelo de
Heidler, disponibilizado no ATPDraw. Esta escolha é justificada por
dois motivos: (1) a utilização deste arquétipo para representação das
primeiras e subsequentes descargas de retorno pelo IEC, no padrão de
proteção contra descargas atmosféricas, de acordo com Zimackis (2016)
e (2) por não possuir restrições quanto ao tipo de forma de onda e
oferecer uma representação adequada do surto, tal como constatado por
Marroques (2015).

 Modelo de Heidler

O modelo desenvolvido por Heidler possui basicamente três


parâmetros de entrada, tais como a CBC, a velocidade da descarga de
retorno, definida como constante e a constante de tempo da descarga
corona, admitida como nula, dada a instantaneidade do fenômeno. Desta
forma, através da associação dos parâmetros requisitados como entrada
para o modelo, a quarta característica associada ao fenômeno
representado, que é a densidade linear de carga depositada pela descarga
de retorno, pode ser obtida.
Além disto, para alcançar o objetivo de descrever a variação
espaço-temporal da corrente da descarga de retorno, o modelo proposto
ainda permite a estimação da corrente corona por unidade de
comprimento, através do produto entre a densidade calculada e a função
impulso de Dirac (COORAY, 2014).
152

A função de Heidler, para o cálculo da CBC e, consequente


representação da forma de onda da corrente, é definida pela Equação
(4.8), na qual são destacadas três seções: a primeira corresponde ao
valor de pico ajustado da corrente, a segunda está relacionada ao
crescimento da corrente, seguido pelo seu decaimento, representado pela
função da terceira seção (ANDREOTTI; VEROLINO, 2015;
TERESPOLSKY; NIXON, 2014).

𝑡 𝑛 (4.8)
𝐼0 (𝜏 )
1 −𝑡⁄𝜏2
𝑖(𝑡) = ∙ 𝑛∙𝑒
𝜂 1+ 𝑡
(𝜏 )
1

Primeira Segunda Terceira

Onde:

𝑖(𝑡): CBC em função do tempo 𝑡;


𝐼0 : corrente de pico, em Ampères;
𝜂: coeficiente de correção da corrente de pico;
𝑛: coeficiente de inclinação da corrente;
𝜏1 : constante de tempo do aumento da corrente ou tempo de frente da
onda;
𝜏2 : constante de tempo do decaimento da corrente, ou tempo de cauda
da onda.

No software ATP, a função descrita pela Equação (4.8) passa por


uma pequena alteração e a CBC é computada desprezando o fator de
correção da corrente de pico (𝜂), conforme Equação (4.9).

𝑡 𝑛 (4.9)
(𝜏 ) 𝑡
1
𝑖(𝑡) = 𝐼0 ∙ ∙ 𝑒 − ⁄𝜏2
𝑡 𝑛
1+( )
𝜏1

Com o objetivo de visualizar a forma de onda gerada pela fonte


Heidler, confeccionou-se o gráfico da Figura 4.44. Para isto, aplicou-se,
em um instante correspondente a 5 𝑚𝑠, uma corrente de 10 𝑘𝐴, com
tempos de frente/cauda equivalentes igual a 1,2/50 𝜇𝑠.
153

Figura 4.44 - Forma de onda gerada pela fonte Heidler.

Fonte: Próprio autor.

A partir do gráfico da Figura 4.44, infere-se que o valor de pico


da corrente assume um valor de 10 𝑘𝐴, acontecendo a,
aproximadamente, 1,2 𝜇𝑠 do instante de aplicação. Para o tempo de
cauda estabelecido em 50 𝜇𝑠, a corrente atinge um valor de 3,7 𝑘𝐴, ou
seja, 37% do valor de pico, tal como especificado pela descrição da
fonte no Rulebook do ATP.
Após a escolha da fonte de surto e correta configuração,
prosseguiu-se com a utilização dos parâmetros padrão para as ondas de
surto estabelecidos pelo IEC (2004), isto é, tempo de frente/cauda de
onda igual a 1,2/50 𝜇𝑠.
Além disto, para o coeficiente de inclinação da corrente (𝑛),
adotou-se um valor igual a 5 e a amplitude solicitada na parametrização
foi determinada de acordo com a probabilidade da magnitude da
corrente de raio, explicitada na subseção 4.2.2.
A configuração da fonte Heidler pode ser observada na Figura
4.45.
154

Figura 4.45 - Parametrização da fonte de surto atmosférico.

Fonte: Próprio autor.

Para integralização da completa modelagem do surto atmosférico


no ATPDraw, adicionou-se a representação do caminho de descarga por
meio de uma resistência com um valor de 400 Ω, proveniente dos
estudos de Bewley (1933), em paralelo à fonte de corrente, representante
da corrente de descarga.
É importante frisar que, apesar do valor adotado ter sido
estipulado há anos, o mesmo não está defasado, dada a sua utilização na
atualidade em pesquisas desenvolvidas por diversos autores, a título de
exemplo, Fekete et al. (2010), Pranlal (2011), Abd-Allah; Elyan e Belal
(2016) e Gouda e Elshesheny (2016).
O conjunto corrente e caminho de descarga modelado pode ser
visto na Figura 4.46.

Figura 4.46 - Modelo utilizado para representação da descarga atmosférica.

Fonte: Próprio autor.


155

Pelo fato do IEEE WG 15.08.09 (1998) afirmar que descargas


diretas incidentes em SE’s podem ser desconsideradas, partindo do
pressuposto que há uma blindagem perfeita tanto por cabos de proteção
quanto por para-raios, considerar-se-á neste estudo somente descargas
atmosféricas incidentes nas LT’s.
Porém, com base em Kindermann (1992), optou-se por considerar
apenas as descargas incidentes nas torres de transmissão, uma vez que é
exibido um comparativo onde as probabilidades destes fenômenos
acometerem os topos das torres e o meio do vão da LT são de 60% e
40%, respectivamente.
Finalizando, como a frequência adotada para o fenômeno também
pertence ao grupo IV (transitórios de frente muito rápida), para o qual a
representação do efeito corona pode ser desprezada conforme Martinez-
Velasco (2010), optou-se por não representá-lo neste estudo.

4.3.4 Modelo elétrico da carga

A carga, em um SEP, é o elemento que está relacionado à


demanda, sendo caracterizada assim, pelo consumo de potência ativa
e/ou reativa. Na modelagem de um sistema, a representação desta, a qual
pode ser monofásica, bifásica ou trifásica, é realizada através de um
único elemento equivalente conectado a um barramento (ANEEL,
2005b; PRICE et al., 1993).
De acordo com Reis (2013), as cargas trifásicas podem ser
representadas por três impedâncias, conectadas mediante duas
configurações: estrela (𝑌) e triângulo (∆). Na primeira, a conexão é
realizada entre cada fase do sistema e os terminais iniciais de cada fase
da carga, enquanto que as extremidades finais desta são interligadas em
um mesmo ponto, denominado neutro da carga. Já na segunda, duas
fases do sistema são conectadas aos terminais iniciais e finais de cada
fase da carga. Tais configurações podem ser visualizadas na Figura 4.47.

Figura 4.47 - Arranjos da carga: (a) estrela, (b) delta.

Fonte: Próprio autor.


156

No tocante à modelagem da carga, Zanetta Júnior (2005) afirma


que estas podem ser concebidas conforme três arquétipos:

 Modelo de potência constante: admite-se que as potências ativa


e reativa da carga sejam constantes, independentemente das
variações de tensão;
 Modelo de corrente constante: assume-se que a corrente e o
fator de potência permaneçam inalterados, apesar da
variabilidade da tensão;
 Modelo de impedância constante: considera-se que a
impedância seja imutável, ainda que a tensão varie.

Os três modelos relacionados previamente estão esquematizados


na Figura 4.48.

Figura 4.48 - Modelos de carga.

Fonte: Zanetta Júnior (2005) - adaptado.

É importante ressaltar que estes arquétipos pertencem à categoria


dos modelos estáticos da carga, nos quais são utilizados os valores da
tensão no barramento e da frequência, apenas em um instante de tempo
particular, para a determinação da potência da carga no mesmo instante
(VISCONTI, 2010).
Outrossim, ainda compõem este grupo o modelo exponencial, o
qual se fundamenta em funções não-lineares das variações de tensão
para a determinação da potência e o modelo polinomial (ZIP), no qual a
representação da carga é realizada através de uma combinação dos
modelos de potência, corrente e impedância constantes (VISCONTI,
2010).
Na literatura, é reportada ainda uma segunda categoria, a qual
abrange os modelos dinâmicos. Nestes, as potências ativa e reativa em
um instante específico são definidas a partir dos valores da tensão no
barramento e da frequência em um intervalo de tempo.
Neste grupo, as cargas são modeladas como motores de indução e
conforme os modelos auto regressivos SISO (single input-single output)
157

e MISO (multiple input-single output). No primeiro, a potência da carga


é determinada apenas pelas variações de tensão, já no segundo, a
potência também é descrita em função da frequência, além das variações
de tensão (VISCONTI, 2010).

4.3.4.1 Parametrização da carga

Visando investigar o desempenho dos algoritmos propostos neste


estudo sob as condições nominais de operação da LT, modelou-se
simplificadamente, apenas para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC –
Rio do Sul/SC, uma carga através de uma resistência trifásica conectada
em estrela, representada pelo componente RLCY3. O valor deste
parâmetro foi estipulado em 130 Ω, com base na análise de circuitos.
É importante ressaltar que a inclusão da carga no modelo da LT
foi realizada somente para a simulações das faltas induzidas na
frequência de chaveamento.

4.3.5 Parâmetros da simulação

Com a finalidade de ajustar os parâmetros de simulação, é


imprescindível determinar primeiramente a frequência de ocorrência dos
fenômenos a serem estudados no momento da parametrização do
módulo Line/Cable Constant (LCC), de acordo com a Tabela 4.6.
Portanto, para as faltas induzidas na frequência de chaveamento,
adotou-se uma frequência igual a 10 𝑘𝐻𝑧. Este valor foi colocado na
opção Freq. matrix [Hz] do módulo LCC, uma vez que Prikler e
Hoidalen (2009) recomendam que este parâmetro (utilizado para o
cálculo da matriz de transformação) seja escolhido de acordo com a
componente de frequência dominante do transitório em estudo.
Posto isto, adotou-se um tempo total de simulação igual a 0,2 𝑠 e
a escolha do passo de integração da simulação foi fundamentada no
teorema de Nyquist, exposto em Bollen e Gu (2006). Neste teorema, a
frequência de amostragem da simulação (𝑤𝑆 ) deve ser maior que o
dobro da máxima frequência do evento (𝑤𝑚á𝑥 ). Tal relação é descrita
pela Equação (4.10).

𝑤𝑆 > 2 𝑤𝑚á𝑥 (4.10)

Apoiando-se nesta relação, o passo de integração (∆𝑡) foi


estimado em 50 𝜇𝑠, porém foi utilizado um valor de 1 𝜇𝑠 para este
158

parâmetro, o qual é inferior ao estipulado pelo teorema e, por


conseguinte, adequado para o fenômeno analisado.
Já para o fenômeno das descargas atmosféricas, admitiu-se uma
frequência de 100 𝑘𝐻𝑧 para a opção Freq. matrix [Hz] do módulo LCC
e uma janela de tempo de simulação de 0,03 𝑠. O passo de simulação foi
estipulado em 0,05 𝜇𝑠, ajustado de forma a possibilitar um tempo de
propagação inferior ao menor tempo de trânsito de um elemento da LT
(REIS, 2013).
Vale frisar que ao adotar valores superiores para o passo de
integração, próximos ao de 5 𝜇𝑠 (calculado com base no teorema de
Nyquist), o ATP apresentou erro na simulação do sistema.

4.3.6 Modelagem dos sistemas

Reiterando que a modelagem dos componentes de um SEP leva


em consideração o intervalo de frequência correspondente aos
fenômenos transitórios particulares e a partir da exposição das
diferenças entre os modelos dos componentes, prosseguiu-se com a
implementação dos sistemas no ATPDraw.
Nas Figuras 4.49 e 4.50 estão ilustrados os sistemas referentes à
LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI modelados com as
características discutidas para os casos de chaveamento e descargas
atmosféricas, respectivamente.

Figura 4.49 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.


159

Figura 4.50 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas


atmosféricas.

Fonte: Próprio autor.

Já para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, os


sistemas modelados por completo para os casos de chaveamento e
descargas atmosféricas, podem ser visualizados nas Figuras 4.51 e 4.52,
nesta ordem.

Figura 4.51 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.

Figura 4.52 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas


atmosféricas.

Fonte: Próprio autor.


160

4.4 FORMULAÇÃO DOS ALGORITMOS DE DETECÇÃO,


CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS

De posse da correta modelagem da linha, procedeu-se com a


implementação de uma rotina no ambiente do MatLab com a finalidade
de adquirir, detectar, classificar e localizar a falta. Deste modo, o
algoritmo, cujo fluxograma geral está apresentado na Figura 4.53, foi
desenvolvido em quatro módulos.

Figura 4.53 - Fluxograma do algoritmo desenvolvido.

Fonte: Próprio autor.

4.4.1 Aquisição de dados

Para aquisição dos dados, podem ser consideradas técnicas que


envolvem a obtenção de sinais de tensão e/ou corrente provenientes de
um, dois ou três terminais, tal como explanado nas considerações finais
do capítulo 3.
Na literatura exposta, a sincronização dos dados em métodos de
dois terminais é feita pelo sistema GPS, o qual fornece informações de
navegação, posicionamento e cronometragem para aplicações civis e
militares. De acesso fácil e gratuito, este sistema é capaz de atender as
necessidades de controle, monitoramento e localização de faltas em
sistemas de potência com alta precisão. Contudo pesquisas demonstram
161

que para grandes áreas, o GPS pode introduzir um erro de até 1 𝜇𝑠,
problemática que pode ser corrigida com o aprimoramento da aplicação
de análises wavelet (KIM, KIM, CHOI, 2001; ZHAO, SONG, CHEN,
2001).
A aquisição de dados, neste estudo, foi realizada a partir de dados
sincronizados de ambos os terminais da linha.
Após a simulação dos sistemas elétricos no ATP, neste módulo
exportaram-se os sinais obtidos para o software MatLab, vide Figura
4.54, a fim de dar seguimento aos processos de detecção, classificação e
localização das faltas.

Figura 4.54 - Interface ATP/MatLab.

Fonte: Próprio autor.

O processo de transferência foi realizado, através do subprograma


GTPPLOT do ATP, o qual é capaz de criar um banco de dados das
variáveis em um arquivo de extensão “.mat” (arquivo de dados do
programa MatLab), de acordo com o procedimento descrito no
Apêndice A.

4.4.2 Detecção

Após a aquisição de dados, o módulo responsável pela detecção


de falhas é acionado e, através da transformação modal de Clarke, os
sinais das correntes trifásicas coletadas nos terminais local e remoto são
desacoplados em um novo conjunto de correntes modais. Desta forma, o
sistema pôde ser tratado como três subsistemas monofásicos distintos e
independentes.
De acordo com Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), o uso
de componentes modais pode atuar na detecção de faltas, apesar de
possuírem algumas limitações, vide Tabela 4.8.
162

Tabela 4.8 - Condições para o uso das componentes modais na detecção de


faltas em LT’s.
Componente Restrição
0 Não detecta faltas sem terra
𝛼 Não detecta faltas FFBC
𝛽 Não detecta falta FTA
0e𝛼 Não detecta faltas FFBC
0e𝛽 Sem restrição
𝛼e𝛽 Sem restrição
0, 𝛼 e 𝛽 Sem restrição
Fonte: Soares, Oliveira, Carvalho Júnior (2003).

Como discutido por este autor, pode-se perceber então que apenas
uma componente modal não é capaz de detectar todos os tipos de falta,
enquanto que o uso de duas destas componentes, desde que sejam 0 e β
ou α e β, não possuem restrição quanto ao tipo de falta. Deste modo,
foram utilizadas, neste trabalho, as correntes dos modos aéreos 𝛼 e 𝛽 (1
e 2) como variáveis na percepção de faltas em LT’s.
Posteriormente, tal qual os estudos de Costa e Souza (2011), os
coeficientes wavelet dos sinais foram calculados com base no algoritmo
piramidal da MODWT, de acordo com a Equação (4.11).
𝐿

𝑐𝐷(𝑘) = ∑ ℎ(𝑙)𝑥(𝑘 + 𝑙 − 𝐿) (4.11)


𝑙=1

Onde:

ℎ(𝑙): coeficientes do filtro wavelet passa-alta;


𝐿: comprimento do filtro;
𝑥: componente modal da corrente.

Conforme constatação de Costa e Souza (2011), o


comportamento dos coeficientes wavelet pode ser representado por uma
função densidade de probabilidade normal, a qual é calculada com base
na média (𝜇) e desvio-padrão (𝜎) dos próprios coeficientes, vide Figura
4.55.
163

Figura 4.55 - Função densidade de probabilidade normal.

Fonte: ESTATCAMP (2016).

Em consequência disto, calcularam-se os limiares inferior e


superior desta função de probabilidade normal, partindo do pressuposto
de que, aproximadamente, 99,994% dos coeficientes wavelet no estado
de regime permanente estão compreendidos no intervalo de [𝜇 − 4𝜎] a
[𝜇 + 4𝜎] (COSTA; SOUZA, 2011).
Sendo assim, é esperado que dada a incidência de uma falta, esses
limiares sejam violados, haja vista que coeficientes wavelet de
transitórios induzidos por uma falha são maiores e/ou menores que os
limites estabelecidos para o estado de regime permanente do sistema
(COSTA, SOUZA, 2011).
Em suma, para detecção de faltas, este estudo apoiou-se na
comparação entre os limiares inferior e superior com os valores mínimo
e máximo, respectivamente, dos coeficientes de detalhe dos modos
aéreos 𝛼 e 𝛽, dos sinais de corrente obtidos por ambos os terminais de
medição.
Ilustrativamente, nas Figuras 4.56 (a) e (b) estão representados os
coeficientes de detalhes obtidos a partir da aplicação da MODWT às
componentes modais 𝛼 e 𝛽 de corrente do terminal local da LT.
Adicionalmente, também são representados os limiares inferior e
superior computados para a detecção da falta.
164

Figura 4.56 - Comparação entre os coeficientes de detalhes máximo e mínimo


e os respectivos limiares (a) modo 𝛼 e (b) modo 𝛽.

Fonte: Próprio autor.

Para o exemplo da Figura 4.56, pode-se observar que a utilização


da componente modal 𝛼 é suficiente para a detecção da falta, uma vez
que os coeficientes de detalhes associados, cujos valores mínimo e
máximo são −32,38 e 58,121, nesta ordem, não estão compreendidos
no intervalo entre os limiares inferior e superior de −0,127 e 0,128,
respectivamente.
Adicionalmente, com o emprego da componente modal 𝛽,
observa-se também que os coeficientes de detalhes computados violam
o intervalo de detecção estabelecido entre os limiares inferior e superior
de −0,130 e 0,1300. A título de exemplo, os valores mínimo e máximo
165

destes coeficientes, a partir do instante de incidência da falta, equivalem


a, aproximadamente, −33,583 e 18,667, nesta ordem.
O fluxograma correspondente ao módulo detector está ilustrado
na Figura 4.57, onde o processo de detecção propriamente dito inicia-se
após o módulo de aquisição, com a decomposição modal. Em sequência,
é realizado o cálculo dos coeficientes de detalhes das componentes
modais 𝛼 e 𝛽 e, posteriormente, são determinados os limiares de
detecção.
Por último, é verificado se os coeficientes mencionados
anteriormente infringem os limiares. Em caso afirmativo, o módulo
classificador é acionado, caso contrário, inicia-se uma nova coleta de
dados.

Figura 4.57 - Fluxograma do módulo de detecção.

Fonte: Próprio autor.

O pseudoalgoritmo elaborado para a detecção de falta está


apresentado no Apêndice C.
166

4.4.3 Classificação

A classificação do tipo de falta em uma LT é de fundamental


importância para estudos mais detalhados sobre a influência destes
distúrbios no sistema. Outrossim, a caracterização destas falhas se faz
necessária neste trabalho, haja vista que a identificação dos instantes de
chegada dos transitórios aos terminais de monitoramento possui uma
relação de dependência com as componentes modais, a qual será
esclarecida na subseção 4.4.4.
Com a finalidade de classificar as faltas induzidas na frequência
de chaveamento no SEP em estudo, fez-se uma análise do conteúdo de
energia dos coeficientes escalares das correntes de fase e do modo zero,
cuja principal funcionalidade é a identificação da terra na falta. Vale
salientar que o algoritmo foi desenvolvido objetivando alcançar uma
correta classificação destas falhas em LT’s transpostas e não transpostas,
para todas as condições explicitadas na subseção 4.2.1.
À vista disso, em uma primeira etapa, criou-se um sistema-
referência (sem nenhum tipo de falta), no qual foram adquiridos os
sinais de corrente de apenas um dos terminais de monitoramento (neste
trabalho, optou-se pelas medições locais) e aplicada a transformada de
Clarke para obtenção da componente modal zero.
Em um outro ambiente, simulou-se o sistema faltoso, eliminando
primeiramente o efeito de regime permanente do sistema, para os
subsequentes equacionamentos e análises pertinentes à classificação das
falhas.
De início, determinaram-se os coeficientes de escala
(aproximação), os quais puderam ser obtidos por um equacionamento
semelhante ao utilizado para o cálculo dos coeficientes de detalhe,
denotado pela Equação (4.11), com a ressalva de que o filtro utilizado
foi tipo passa-baixas.
Tais coeficientes podem ser computados de acordo com a
Equação (4.12).
𝐿

𝑐𝐴(𝑘) = ∑ 𝑔(𝑙)𝑥(𝑘 + 𝑙 − 𝐿) (4.12)


𝑙=1

Onde:

𝑔(𝑙): coeficientes do filtro wavelet passa-baixas;


𝐿: comprimento do filtro;
167

𝑥: componente modal da corrente/componente da corrente trifásica.

Talqualmente Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), utilizou-


se a wavelet Daubechies 4 para a classificação das faltas, porém os
coeficientes empregados foram aqueles correspondentes ao filtro passa-
baixas para a MODWT. Conforme apresentado nos estudos de Metello
(2012), estes são iguais a:

1+√3 3+√3 3−√3 1−√3


𝑔1 = , 𝑔2 = , 𝑔3 = , 𝑔4 =
8 8 8 8

Posteriormente, calculou-se a energia relativa aos coeficientes de


detalhes determinados.
De acordo com Burrus, Gopinath e Guo (1998), o teorema de
Parseval para as wavelets estabelece uma relação intrínseca entre a
energia de um sinal com a energia contida nos seus componentes e em
seus próprios coeficientes de detalhes, considerando para estes últimos,
todos os níveis de decomposição. De forma generalista, esta associação
é formulada através da Equação (4.13).
∞ ∞ ∞
2 2
∫|𝑔(𝑡)|𝑑𝑡 = ∑ |𝑐(𝑙)|2 + ∑ ∑ |𝑑𝑗 (𝑘)| (4.13)
𝑙=−∞ 𝑗=0 𝑘=−∞

Onde:

𝑔(𝑡): sinal;
𝑐(𝑙): componentes ou coeficientes de aproximação;
𝑑𝑗 (𝑘): coeficientes detalhes em um determinado nível.

Partindo deste princípio, a energia do mesmo sinal discretizado


no tempo, com um número finito de amostras e níveis, pode ser
calculada através da Equação (4.14), conforme Arruda (2017).

𝑁 𝑁𝑗 𝐽 𝑁𝑗
2 2
∑|𝑔(𝑛)2 | = ∑|𝑐𝐴𝐽 (𝑛)| + ∑ ∑|𝑐𝐷𝑗 (𝑛)| (4.14)
𝑛=1 𝑛=1 𝑗=1 𝑛=1

Onde:

𝑔(𝑛): sinal discretizado;


168

𝑐𝐴𝐽 : coeficientes de aproximação do nível j;


𝑐𝐷𝑗 : coeficientes de detalhes do nível j;
𝑁: número total de amostras no sinal;
𝑁𝑗 : número de amostras no nível j.

Após a determinação do conteúdo espectral de energia dos


coeficientes escalares das correntes de fase e de sua componente zero do
terminal local, procedeu-se com normalização das energias para a fase
de maior magnitude energética, de forma semelhante aos estudos de
Silva (2003). Este autor se balizou na normalização dos fasores de
corrente e na componente de sequência zero.
Arrematando este processo de classificação, foram realizadas
comparações entre as energias de cada fase, para a consequente
identificação do tipo de falha.
Semelhantemente a Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003),
utilizou-se inicialmente o conteúdo de energia dos coeficientes escalares
da componente modal zero como indicador de envolvimento da falta
com a terra ou não.
Para uma melhor compreensão do que ocorre com a componente
zero, são apresentadas nas Figuras 4.58 (a) e (b), os coeficientes
escalares e energias relacionados a este modo, para as faltas tipo AB e
AT, respectivamente.

Figura 4.58 - Coeficientes escalares e energia associada (a) falta bifásica AB;
(b) falta monofásica AT.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise das Figuras 4.58 (a) e (b), pode-se inferir que
ao ocorrer uma falta sem conexão com a terra, tipo AB (a título de
169

exemplo), os coeficientes de escala apresentam baixas magnitudes


(próximas a zero) e, consequentemente, a energia associada a estes
componentes também dispõe desta mesma característica. Já nas
situações em que há ocorrência de uma falta com envolvimento da terra,
exemplificada pela falha AT, os coeficientes escalares apresentam
amplitudes maiores que a unidade, acarretando em valores de energia
mais expressivos quando comparado à falha AB, o que caracteriza um
grau elevado de desequilíbrio entre as fases do sistema (SOARES,
OLIVEIRA, CARVALHO JÚNIOR, 2003).
Fundamentando-se nestas considerações, observou-se então o
valor normalizado do conteúdo de energia dos coeficientes da
componente modal zero. No caso deste valor estar nas proximidades de
zero, o algoritmo prosseguia para a classificação de faltas bifásicas e
trifásicas, caso contrário, a rotina seguia com a categorização das falhas
monofásicas.
Admitindo que o conteúdo de energia do modo terra seja próximo
de zero, como segundo passo, foi analisado se a razão entre as energias
associadas às correntes das fases A e B era próxima a unidade e se a
razão entre as energias das fases C e A era próxima a zero. Em caso
positivo, a falta era tipificada como AB, caso contrário, testava-se uma
nova condição.
Para compreender visualmente as condições de fronteira
utilizadas, faz-se necessário observar as Figuras 4.59 (a), (b) e (c), as
quais apresentam, respectivamente, o comportamento das correntes
resultantes (após eliminação do efeito de regime permanente), os
coeficientes escalares e as energias associadas a estes em uma falta
bifásica AB.
170

Figura 4.59 - Falta bifásica AB. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Na ocorrência de uma falta AB, tal como representada nas


Figuras 4.59 (a), (b) e (c), nota-se que as correntes das fases envolvidas
na falha possuem comportamentos e valores semelhantes, o que é
refletido nos coeficientes de escala e nas energias.
Caso a condição proposta no segundo passo não fosse atendida,
observou-se então se a razão entre as energias associadas às correntes
nas fases A e C era próxima a unidade e se a razão entre as energias das
fases B e A era próxima a zero. Sendo estas condições verdadeiras, a
falta era classificada como AC, caso contrário, prosseguia-se para um
novo teste.
As Figuras 4.60 (a), (b) e (c) exibem, respectivamente, o
comportamento das correntes resultantes, os coeficientes escalares e as
energias associadas a estes em uma falta bifásica AC.
171

Figura 4.60 - Falta bifásica AC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Semelhantemente à falta AB, nota-se que na falha AC as


correntes das fases faltosas possuem comportamentos e valores
semelhantes, refletindo tais características nos coeficientes escalares e
na energia.
Ao não tipificar a falta como AC, analisou-se então a razão entre
os conteúdos de energia das fases B e C juntamente com a relação entre
as energias das fases A e C.
De modo igual às outras falhas bifásicas já abordadas,
estabeleceu-se a condição de que se a primeira relação fosse próxima a
um e a segunda estivesse nas proximidades de zero, a falta seria
caracterizada como BC, caso contrário procedia-se com um novo teste.
As Figuras 4.61 (a), (b) e (c) ilustram, respectivamente, o
comportamento das correntes trifásicas no terminal local, os coeficientes
escalares e as energias relacionadas a estes em uma falta bifásica BC.
172

Figura 4.61 - Falta bifásica BC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

A partir das análises gráficas, pode-se perceber que as correntes


das fases faltosas apresentam amplitudes muito mais significativas e
semelhantes entre si em comparação a fase A. Tais características
também foram observadas nos coeficientes escalares e nas energias. Por
conseguinte, a razão entre as energias das correntes nas fases B e C,
além da relação entre as energias das fases A e C foram utilizadas para a
tipificação desta falta.
O quinto e último teste desta categoria de faltas que não
envolviam a terra, foi realizado a fim de classificar falhas trifásicas.
Como já foi visto que, através das Figuras 4.59 (c), 4.60 (c) e
4.61 (c), a energia associada à fase não envolvida na falta nas falhas
bifásicas desvelam amplitudes não significativas quando em
comparação às fases faltosas, estabeleceu-se então que se as energias
relacionadas às fases A, B e C assumissem valores aproximados, a falta
seria classificada como trifásica.
Para uma melhor visualização, estão ilustradas nas Figuras 4.62
(a), (b) e (c), respectivamente, as correntes trifásicas no terminal local,
173

os coeficientes escalares e as energias associadas a estes em uma falta


trifásica.

Figura 4.62 - Falta trifásica. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes escalares;
(c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Com base na Figura 4.62, pode-se observar que na ocorrência de


uma falta trifásica, as correntes das três fases apresentam
comportamento e amplitudes semelhantes e em consequência disto, os
coeficientes escalares e as energias também assumem as mesmas
características.

Dando início à classificação das faltas envolvendo a terra,


analisou-se primeiramente se a energia relacionada à fase A era maior
que as energias associadas às fases B e C. Em caso afirmativo, a falta
era categorizada como monofásica AT, caso contrário, prosseguia-se
com a realização de um novo teste.
Esta condição pode ser observada nas formas de onda de
corrente, nos coeficientes escalares e nas energias exibidas nas Figuras
4.63 (a), (b) e (c), nesta ordem.
174

Figura 4.63 - Falta monofásica AT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, infere-se que ao ocorrer uma falta tipo


AT, a corrente da fase A aumenta significativamente em relação às
demais, enquanto que, as correntes das fases B e C, exibem
comportamentos semelhantes entre si e valores da mesma ordem de
grandeza. As mesmas considerações são válidas tanto para os
coeficientes escalares quanto para a energia contabilizada.
Na hipótese de que a falta não fosse considerada como AT, a
mesma lógica foi aplicada para a classificação da falta monofásica BT.
Caso a energia relacionada à fase B fosse maior que as energias
associadas às demais fases, a falha era tipificada como tal, caso
contrário, seria realizado um último teste.
Nas Figuras 4.64 (a), (b) e (c) estão ilustradas, nesta ordem, as
formas de onda de corrente, os coeficientes escalares e as energias
associadas, as quais pautaram a classificação deste tipo de falta.
175

Figura 4.64 - Falta monofásica BT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

A última etapa da categoria de faltas que envolvem a terra, teve o


objetivo de classificar as faltas CT. Para isto, incorreu-se novamente na
análise das energias associadas às fases. Caso o conteúdo espectral de
energia da fase C fosse maior que aqueles relacionados às outras fases, a
falta era, então categorizada.
Para uma melhor visualização, as formas de onda de corrente, os
coeficientes escalares e as energias associada estão esboçadas nas
Figuras 4.65 (a), (b) e (c), respectivamente.
176

Figura 4.65 - Falta monofásica CT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Como exposto previamente, este algoritmo pautou-se apenas no


uso da energia normalizada associada aos coeficientes escalares da
componente modal zero de corrente, para indicação do envolvimento da
terra na falta, além da energia, também normalizada, correlata aos
próprios sinais trifásicos de corrente resultantes, após a eliminação do
efeito de regime permanente.
O método desenvolvido nesta pesquisa, diferencia-se do método
empregado por Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), no qual, além
de utilizar a energia associada aos coeficientes de detalhe do modo zero
do sinal de tensão, empregou-se o conteúdo de energia dos coeficientes
de detalhe das tensões de fase, quando a energia relacionada às
componentes modais não foram suficientes.
De forma sucinta o método proposto, neste estudo, faz uso dos
valores de energias normalizados da componente modal zero para
categorizar as faltas em dois grandes grupos: com e sem envolvimento
da terra. Em seguida, apoiando-se nas condições de fronteira
explicitadas na subseção 4.2.1 e com o emprego das energias
normalizadas de cada fase, classificou-se as faltas.
177

O pseudoalgoritmo desenvolvido para este módulo está descrito


no Apêndice C.
É importante frisar que, tal como exibido no pseudoalgoritmo,
após o teste de cada condição para categorização da falta, foi colocado
um flag de classificação, o qual é acionado apenas quando a falta é
classificada como BC. Este flag é de extrema importância, uma vez que
determina a utilização da componente modal 𝛼 ou 𝛽 para a localização
das faltas no módulo da localização.
Ilustrativamente, o módulo responsável pela classificação é
apresentado na Figura 4.66, onde o processo inicia com a aquisição dos
sinais de corrente trifásicos e da componente modal zero dos sistemas
faltoso e de referência e finaliza após a classificação de todas as faltas.
178

Figura 4.66 - Fluxograma do módulo da classificação.

Fonte: Próprio autor.


179

4.4.4 Localização

Iniciando o processo de localização das faltas, considerou-se um


sistema-referência, no qual foi simulado um sistema saudável, de
maneira igual ao módulo classificador. Neste ambiente, foram coletados
os sinais trifásicos de corrente dos terminais de monitoramento da LT.
Em seguida, foi aplicada a transformada de Clarke para o
desacoplamento das fases e consequente obtenção das componentes
modais 𝛼 e 𝛽.
Similarmente ao módulo classificador, considerando agora o
sistema faltoso, eliminou-se primeiramente o efeito de regime
permanente do sistema, pois desejou-se analisar apenas os sinais de
corrente após o instante de falta.
Em seguida, calcularam-se os coeficientes de detalhes das
componentes modais aéreas, mediante a Equação (4.11). Porém vale
ressaltar que, a utilização destas componentes modais foi determinada
pelo flag de classificação, definido no módulo precedente.
Deste modo, para as faltas classificadas como BC, o cálculo dos
coeficientes foi realizado com base na componente modal 𝛽, em razão
das componentes zero e 𝛼 apresentarem restrição na detecção desse tipo
de falha, vide Tabela 4.8. Já para as demais faltas, tais coeficientes
foram determinados com base na componente modal 𝛼.
Em sequência, calculou-se a energia associada a estes
coeficientes, conforme a Equação (4.14).
Analogamente à Silva (2003), a estimação da distância da falta
apoiou-se no primeiro instante de reflexão em ambos os barramentos,
porém de modo diferente deste autor, o qual detectou estes instantes por
meio de uma comparação entre os coeficientes de detalhes de primeiros
nível e modo dos sinais de tensão com um limiar. Este foi definido
como o maior coeficiente de detalhe, também de nível 1 e modo 𝛼,
obtidos dos sinais de tensão do terminal local em regime permanente.
O módulo desenvolvido nesta pesquisa, pautou-se na comparação
entre as energias calculadas a partir das componentes modais de corrente
𝛼 ou 𝛽, consoante a classificação, com um limiar estabelecido conforme
os ruídos da LT.
Como etapa final, estimou-se a localização da falta para a LT
Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI embasando-se no diagrama
Lattice, apresentado na subseção 2.2.1.2 e considerando, apenas, dois
terminais de monitoramento.
180

Recapitulando, a expressão utilizada para o cálculo da distância


da falta ao terminal local é denotada pela Equação (4.15).

𝐿𝑡 − 𝑣(𝑡𝑅 − 𝑡𝐿 ) (4.15)
𝑑𝐿 =
2
Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿: comprimento total da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 : instante de chegada aos terminais local e remoto.

Apenas para um maior controle das estimativas, calcularam-se,


em cada simulação, as distâncias das faltas ao terminal remoto, mediante
a Equação (4.16).

𝐿𝑡 − 𝑣(𝑡𝐿 −𝑡𝑅 ) (4.16)


𝑑𝑅 =
2

Onde:

𝑑𝑅 : distância ao terminal remoto;


𝐿𝑡 : comprimento total da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 : instante de chegada aos terminais local e remoto.

Subsequentemente, somaram-se as distâncias 𝑑𝐿 e 𝑑𝑅 no intuito


de verificar se o resultado obtido era igual ao comprimento total da LT.
Em caso afirmativo, a estimação realizada estava coerente com a teoria.
Já para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC,
dotada de três pontos de monitoramento, a estimativa da localização foi
realizada de acordo com dois procedimentos, a saber: (1) através do
diagrama Lattice, considerando apenas dois terminais de monitoramento
(𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 ), tal qual determinado para a primeira LT e (2) mediante as
formulações expostas por Feng et al. (2008) para três pontos de
medição, desconsiderando a velocidade de propagação.
Por simplicidade, no decorrer deste estudo, os métodos
mencionados serão nominados de M2T e M3T, por envolverem dois e
três terminais de monitoramento, respectivamente.
181

Uma vez que foi adotado o terminal local como referência para as
estimações no M2T, desenvolveu-se, a partir da manipulação das
Equações (3.1), a expressão denotada pela Equação (4.17), no intuito de
obter também a distância da falta ao terminal local.

𝐿1 (𝑡𝐼 − 𝑡𝐿 ) (4.17)
𝑑𝐿 = − 𝐿1
2 2 (𝑡𝑅 − 𝑡𝐼 )

Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿1: comprimento equivalente à metade da LT;
𝑡𝐿 , 𝑡𝑅 e 𝑡𝐼 : instante de chegada aos terminais local, remoto e do isolador.

Vale ressaltar que a Equação (4.17) é apropriada apenas para


faltas incidentes na primeira metade da LT, adotado como sendo o
trecho entre o terminal local e o isolador.
Então, de modo a considerar faltas incidentes na segunda metade
da LT (entre o isolador e o terminal remoto), manipulou-se novamente o
conjunto de Equações (3.1) e obteve-se a Equação (4.18).

𝐿𝑡 (𝑡𝑅 − 𝑡𝐿 ) (4.18)
𝑑𝐿 = + 𝐿1
2 2 (𝑡𝐼 − 𝑡𝐿 )

Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿𝑡 : comprimento total da LT;
𝐿1: comprimento equivalente à metade da LT;
𝑡𝐿 , 𝑡𝑅 e 𝑡𝐼 : instante de chegada aos terminais local, remoto e do isolador.

A utilização das Equações (4.17) e (4.18) embasou-se na relação


entre os instantes de chegada aos terminais local e remoto, a qual
estabelece que quando 𝑡𝐿 < 𝑡𝑅 , a incidência da falta foi na primeira
metade da LT. Já quando 𝑡𝐿 > 𝑡𝑅 , a segunda metade da LT foi
acometida pela falta.
No intuito de verificar a coerência dos resultados, também foram
calculadas as distâncias das faltas ao terminal remoto para o M2T e
M3T, além das distâncias em relação ao isolador, neste último método.
182

Também foram relacionados em planilhas, à parte, os instantes de


incidência dos transitórios nos terminais de monitoramento de todos os
casos simulados, para uma simples supervisão dos resultados obtidos.
O fluxograma correspondente à localização de faltas está
ilustrado na Figura 4.67, onde o sistema-referência utilizado neste
módulo é representado para uma maior clareza.

Figura 4.67 - Fluxograma do módulo de localização.

Fonte: Próprio autor.

O pseudoalgoritmo confeccionado para este módulo está descrito


no Apêndice C.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do comportamento de SEP’s frente à transitórios


eletromagnéticos induzidos por quaisquer fenômenos, tem se tornado
relevante para o desenvolvimento de técnicas que possibilitem além da
coordenação de isolamento de um sistema, a detecção, caracterização e
localização destes distúrbios.
A fim de modelar um SEP corretamente, é de extrema
importância que sua parametrização seja realizada de acordo com
183

normas e diretrizes já estabelecidas na literatura para o estudo de


transitórios eletromagnéticos e que seja considerado, também, o
fenômeno a ser estudado, tal como explanado neste capítulo.
Após a compreensão do que se faz necessário na modelagem de
um SEP, pode-se proceder com a elaboração ou a implementação de
técnicas já desenvolvidas na comunidade científica para avaliação dos
distúrbios. Sendo assim, um estudo inicial de um sistema já explorado
em outros trabalhos é de grande valia para efeitos comparativo e de
aprendizado, propiciando então uma maior segurança para a modelagem
de outros sistemas.
As técnicas desenvolvidas e implementadas nesta pesquisa para a
LT Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI foram estendidas para a
LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC. Porém, para esta
segunda LT, a estimação da localização da falta foi realizada
considerando duas diferentes abordagens, com o objetivo de demonstrar
que um terceiro ponto de medição propicia uma redução significativa
nos erros inerentes à estimação da localização de faltas, tal como será
demonstrado a posteriori.
184

5 RESULTADOS

Como explanado na subseção 4.2, as possíveis fontes de erro na


estimação do ponto de incidência da falta são a distância de ocorrência,
resistência de falta e ângulo de incidência. Visando, então, analisar a
influência destas variáveis, este capítulo traz os resultados e uma
inspeção minuciosa do desempenho dos algoritmos desenvolvidos frente
à variação destes parâmetros para as duas LT’s estudadas.
Desta forma, a estrutura deste capítulo é composta por quatro
seções: na primeira, serão realizadas algumas considerações importantes
admitidas na simulação dos algoritmos computacionais; na segunda,
serão expostos os resultados, bem como, as análises pertinentes à LT
Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI. Esta será dividida em duas
subseções, as quais serão destinadas às faltas induzidas na frequência de
chaveamento e por impulsos atmosféricos.
Similarmente, na terceira seção, serão apresentados os resultados
decorrentes da aplicação dos métodos M2T e M3T à LT Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio Do Sul/SC, o que fomentará um caráter
comparativo à vista dos objetivos do projeto TECCON.
Na quarta e última subseção, serão expostas algumas
considerações finais.

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Partindo do pressuposto que o módulo responsável pela detecção


de faltas é crucial para a correta continuidade do funcionamento do
algoritmo, fez-se necessário testá-lo de forma independente juntamente
com um sistema sadio, haja vista que não é interessante que a rotina
acuse erroneamente a presença de uma falta.
De acordo com Barbosa e Blitzkow (2008), uma das
recomendações para se escolher uma função wavelet apropriada é a
similitude entre suas características e àquelas do sinal em questão. Para
o caso de variações bruscas nestes sinais, a wavelet mais adequada seria
a Haar, o que corrobora com Kim e Aggarwal (2000), os quais afirmam
que wavelets com tal comportamento são indicadas para melhores
análises no domínio do tempo. Complementando isto, He (2016)
também afirma que esta função wavelet possui a melhor capacidade de
localização de transitórios de alta frequência no domínio do tempo.
Posto isto e após simulações realizadas com a wavelet Haar,
observou-se que os primeiros instantes de reflexão, em ambos os
barramentos, foram identificados com maior exatidão, repercutindo
185

menores erros na localização das faltas. Logo, esta wavelet foi


selecionada para a detecção e localização das faltas.
O módulo classificador foi desenvolvido para LT’s transpostas e
não transpostas, isto é, considerando a LT Presidente Dutra/MA – Boa
Esperança/PI transposta, originalmente, e não transposta. O algoritmo,
também foi testado individualmente, obtendo sucesso na classificação
de todas as faltas induzidas na frequência de chaveamento.
Similarmente, a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do
Sul/SC foi considerada, inicialmente, não transposta, consoante o
projeto e, por fim, transposta. Em ambos os casos, todas as faltas
induzidas na frequência de chaveamento também foram classificadas
corretamente.
Vale salientar que a função wavelet que se revelou mais adequada
para a técnica adotada foi a Db4, também utilizada por Soares, Oliveira
e Carvalho Júnior (2003), como outrora mencionado na subseção 4.4.3.
No módulo localizador, um parâmetro crucial para a correta
localização dos defeitos é a velocidade de propagação. Este é calculado
com base nos parâmetros das próprias LT’s ou pode assumir valores
próximos ao da velocidade da luz, em casos de desconhecimento.
De posse dos parâmetros da linha, a velocidade de propagação foi
então estipulada para a LT da região norte/nordeste com um valor de
2,92808 ∙ 105 𝑘𝑚/𝑠 (correspondente a, aproximadamente, 97,6% da
velocidade da luz), na frequência de 60 𝐻𝑧. Porém, a partir de inúmeros
testes, observou-se que uma aproximação de 95% da velocidade da luz
implicava em erros menores na localização.
É válido enfatizar que este valor está em conformidade com
outras pesquisas, a título de exemplo, o estudo de Moutinho et al.
(2014), no qual afirma-se que a velocidade de propagação pode assumir
valores entre 95 e 99% da velocidade da luz, dada a existência de
peculiaridades nas LT’s.
Segundo Bewley (1933), estas particularidades são
caracterizadas, majoritariamente, pela ocorrência dos fenômenos de
atenuação e distorção, ocasionados pelo efeito pelicular; perdas
dielétricas; dispersão sobre isoladores e efeito corona.
Outrossim, a velocidade de propagação possui uma relação de
dependência com a frequência, uma vez que os parâmetros da LT, como
impedância série e admitância em derivação variam com esta. Desta
forma, a velocidade para uma determinada frequência é calculada
conforme a Equação (5.1) (LOPES et al., 2014).
186

1 (5.1)
𝑣(𝑤) =
𝐼𝑚[√𝑍(𝑤)𝑌(𝑤)]
Onde:

𝑤: frequência angular;
𝑍(𝑤) e 𝑌(𝑤): impedância série e admitância em derivação por unidade
de comprimento da LT em função da frequência.

Conforme apresentado nos estudos de Lopes et al. (2014), é ideal


que a velocidade seja determinada com base na frequência dominante
dos transitórios, a qual é variável com a distância de falta.
Portanto, há um obstáculo para a determinação da velocidade de
propagação, que é a identificação da frequência dominante, pois não há
conhecimento prévio da localização da falta. Desta maneira, são
utilizadas comumente aproximações para a velocidade em dispositivos
localizadores de falta.
Constata-se também que outros autores, em anos precedentes,
fizeram uso de aproximações da velocidade da luz, tais como Lopes,
Fernandes Júnior e Neves (2013) e Costa e Souza (2011), os quais
obtiveram resultados satisfatórios na estimação do ponto de incidência
da falta, assumindo um valor de 98% da velocidade da luz.
Quanto à LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, a
velocidade de propagação foi estimada em 2,90417 ∙ 105 𝑘𝑚/𝑠, na
frequência de 60 𝐻𝑧. Este valor foi utilizado no M2T ao invés de algum
tipo de aproximação, objetivando uma comparação justa entre as
metodologias adotadas.
É importante frisar que a inclusão de um terceiro terminal de
monitoramento dispensa a utilização do parâmetro velocidade da
estimação da localização de faltas. Desta forma, com a implementação
do M3T, elimina-se a procura por hipóteses para este parâmetro que
desvelem menores erros de localização.

5.2 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI

5.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

Nesta subseção serão expostos os resultados obtidos, bem


como, as análises convenientes frente à variação da distância, resistência
e ângulo de incidência de faltas induzidas na frequência de
chaveamento.
187

5.2.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local

Apoiando-se nas premissas expostas na seção 5.1,


confeccionaram-se gráficos objetivando melhor visualizar os resultados
obtidos.
Considerando um ângulo de incidência de 90° e uma resistência
de falta de 10 Ω, na Figura 5.1 são apresentados os erros absolutos
computados para cada tipo de falha nas quatro distâncias impostas em
relação ao terminal local.

Figura 5.1 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω.

Fonte: Próprio autor.

Analisando a Figura 5.1, infere-se que os erros absolutos


máximos equivalentes a 150 𝑚 e 125 𝑚 ocorrem para distâncias reais
de 20 𝑘𝑚 e 175,6 𝑘𝑚, respectivamente. Já os menores erros surgem
quando as faltas são incidentes a 60 𝑘𝑚 e 130 𝑘𝑚 do terminal local,
desvelando valores próximos a 50 𝑚 e 124 𝑚, nesta ordem.
Este comportamento do erro em relação à distância está
diretamente relacionado à diferença entre os instantes de chegada das
primeiras frentes de onda aos terminais local e remoto.
Na Figura 5.2 é ilustrada a variação destas diferenças em relação
à distância de aplicação da falta no ATP. Os valores de distância foram
discretizados e, para uma melhor visualização, considerou-se para as
faltas ocorridas na segunda metade da LT, o módulo da diferença entre
𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 .
188

Figura 5.2 - Diferença entre os tempos de chegada das frentes de onda.

Fonte: Próprio autor.

Com base em uma inspeção gráfica, observa-se que para as faltas


incidentes na primeira metade da LT, isto é, até os primeiros 102,8 𝑘𝑚,
a diferença entre 𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 diminui, ao passo em que se aproximam do
ponto médio (102,8 𝑘𝑚). Como consequência, os erros tendem a se
reduzir. Já para a segunda metade da LT, à medida que as faltas se
distanciam de 102,8 𝑘𝑚, a diferença entre 𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 cresce em módulo,
refletindo assim em maiores erros.
É válido relembrar que a distância da falta é determinada com
base na diferença entre os instantes de chegada aos terminais de
monitoramento, consoante a Equação (4.15).
Outrossim, a partir de uma análise mais detalhada dos resultados,
vide Quadro 5.1, pode-se observar que existem algumas diferenças entre
os erros computados para as faltas ocorridas a uma mesma distância do
terminal local, contudo esta oscilação não excede um valor de 2 𝑚.

Quadro 5.1 - Erros absolutos, em m, para faltas com resistência de 10 Ω.


Tipo de Distância ao terminal local (𝒌𝒎)
falta 𝟐𝟎 𝟔𝟎 𝟏𝟑𝟎 𝟏𝟕𝟓, 𝟔
FAT 150,3 50,338 124,329 125,044
FBT 149,238 50,338 125,391 125,044
FCT 150,3 49,276 124,329 125,044
FAB 150,3 50,338 124,329 125,044
FAC 150,3 50,338 124,329 125,044
FBC 149,238 50,338 125,391 125,044
FABC 150,3 50,338 124,329 125,044
Fonte: Próprio autor.
189

É válido frisar que, a detecção foi realizada com base na


componente modal 𝛽, devido às restrições de uso das componentes
modais na detecção de faltas expostas na Tabela 4.8. Além disto, a partir
das simulações, constatou-se que o emprego do modo 𝛽 se mostrou mais
adequado para a estimação da localização, uma vez que as distâncias
foram computadas com uma maior precisão.
De modo ilustrativo, são apresentadas nas Figuras 5.3 (a), (b) e
(c), as componentes modais, os coeficientes de detalhes e energia
computadas a partir das componentes modais 𝛼 e 𝛽, respectivamente.

Figura 5.3 - Falta bifásica BC: (a) componentes modais; coeficientes de detalhes
e energia dos modos: (b) 𝛼 e (c) 𝛽.

Fonte: Próprio autor.


190

A partir da análise das componentes modais na Figura 5.3 (a),


verifica-se que a partir do instante de aplicação da falta, a componente
modal 𝛼 apresenta pequenas oscilações, entretanto os transitórios
eletromagnéticos de alta frequência são imperceptíveis. Desta maneira,
os coeficientes de detalhe dispõem de baixas magnitudes, as quais não
são suficientes para infringir os limiares de detecção.
Como o framework elaborado é constituído por módulos
interconectados, esta falta não seria classificada, nem localizada. Porém,
ao testar o algoritmo de localização de forma independente, constatou-se
que as energias associadas aos coeficientes também dispunham de
pequenas amplitudes, mas que a falta ainda poderia ser localizada, com
um erro de 434,8 𝑚.
Já com relação à componente 𝛽, observa-se nitidamente a
presença de transitórios de alta frequência juntamente com oscilações
mais significativas, após o início da falta. Consequentemente, os
coeficientes de detalhes computados são mais proeminentes (a ponto de
violar o intervalo de detecção estabelecido) e refletem energias de
maiores magnitudes. Neste caso, o erro de localização foi computado em
149,238 𝑚.
Diante do exposto, afirma-se que quando da utilização da
componente 𝛼 na localização das faltas BC, há uma certa complexidade
em identificar os instantes em que começam a ocorrer as variações
energéticas nos terminais de monitoramento, devido aos valores de
energia serem muito baixos. Por sua vez, estes se mesclam aos ruídos
verificados no sistema antes da aplicação da falta, mesmo após a
eliminação do efeito de regime permanente.

5.2.1.2 Variação da resistência de falta

Mantendo a distância constante e apenas variando a resistência de


falta, percebeu-se que para a totalidade dos casos simulados, os erros
absolutos mantiveram-se invariáveis, com suas respectivas nuances
tintas pela cor verde no Quadro 5.1. Tal comportamento pode ser
visualizado nas Figuras ilustradas no Apêndice D.1.1.1.
A constância observada entre os resultados contabilizados, para
as situações de faltas com diferentes resistências, é justificada pela
identificação dos mesmos instantes iniciais em que ocorre a variação de
energia em ambos os terminais.
A título de exemplo, são ilustradas nas Figuras 5.4 (a), (b) e (c) as
energias computadas para faltas monofásicas AT, incidentes a 90°, com
191

resistências de 10 Ω, 40 Ω e 70 Ω e a 20 𝑘𝑚 do terminal local,


respectivamente.

Figura 5.4 - Energia do sistema acometido por uma falta AT com resistência de:
(a) 10 Ω; (b) 40 Ω e (c) 70 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Com base nos resultados expostos, constata-se que, para um


ângulo de incidência de 90°:

 Os erros variam predominantemente com a distância,


apresentando os menores valores para faltas distadas a 60 𝑘𝑚
do terminal local;
 O tipo de falta não influenciou significativamente no
desempenho do módulo localizador, porém através de análises
comparativas, é possível perceber inicialmente que apenas em
cinco casos (falhas BT, BC e CT, sendo as duas primeiras à
20 𝑘𝑚 e 130 𝑘𝑚 e a última à 60 𝑘𝑚 do terminal local),
considerando uma resistência de 10 Ω, houve pequenas
variações nos erros calculados. Tal comportamento também
pode ser observado para as demais resistências de falta testadas;
 O módulo localizador revelou-se imune à variação da
resistência de falta, isto é, os erros mantiveram-se constantes
perante uma mesma distância e tipo de falta.
192

5.2.1.3 Variação do ângulo de incidência

Outra variável importante que pode interferir negativamente na


atuação do módulo localizador é o ângulo de incidência da falta.
Diferentemente da subseções anteriores, onde este parâmetro foi
ajustado em 90°, ou seja, a aplicação da falta ocorreu quando uma das
tensões era máxima, simulou-se o sistema para faltas incidentes a 30° e
a 0° (momento em que uma das tensões possui valor nulo).
Com a finalidade de avaliar o comportamento do módulo frente à
situação de ângulo de incidência igual a 30°, confeccionou-se o gráfico
da Figura 5.5, no qual são ilustrados os erros alusivos às faltas com
resistência de 10 Ω.
A partir deste gráfico infere-se que, assim como no caso das
faltas incidentes a 90°, a distância é um fator que exerce grande
influência sobre a localização destas, pois é notável que quanto mais
próximas dos terminais de monitoramento, maiores são os erros
contabilizados. De modo contrário, quando as faltas incidem nas
adjacências do ponto médio, são computados os menores erros.

Figura 5.5 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Comparando os gráficos das Figuras 5.1 e 5.5, pode-se afirmar


que, os erros relacionados às faltas BT e BC incidentes a 20 𝑘𝑚 do
terminal local apresentam um acréscimo de, aproximadamente, 1,1 𝑚
quando o ângulo equivale a 30°. Já para as faltas ocorridas a 60 𝑘𝑚,
com execeção da falha CT, todos os erros desvelam uma redução de
mesmo valor.
193

Os erros contabilizados para as falhas distadas de 130 𝑘𝑚 do


terminal local exibem o mesmo comportamento daqueles associados às
faltas incidentes a 20 𝑘𝑚. Para uma distância real de 175,6 𝑘𝑚, os erros
se mantêm constantes em relação aos ângulos.
Em uma análise mais detalhada, nota-se que as nuances
anteriormente observadas nos erros das faltas BT, BC e CT em relação
aos demais tipos de falta para uma mesma distância, explicitadas no
Quadro 5.1, esvaecem-se.
A exemplo disto, nas Figuras 5.6 (a) e (b) estão ilustradas as
componentes modais utilizadas na detecção do instante de chegada dos
transitórios ao terminal local, os coeficientes de detalhes computados,
bem como, as energias associadas a estes para uma falta BT, incidente a
90° e 30° da tensão e distantes 20 𝑘𝑚 do terminal local,
respectivamente.

Figura 5.6 - Componente modal 𝛼, coeficientes de detalhes e energias


associadas para faltas distantes 20km do terminal local e incidentes a: (a) 90°;
(b) 30°.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, pode-se observar que a partir do


instante da aplicação da falta, naquela incidente a 90°, as oscilações
impelidas ao sistema são mais notórias que aquelas provocadas pela
falta com ângulo de incidência igual a 30°. Este comportamento
também é visto na magnitude dos transitórios eletromagnéticos de alta
frequência, uma vez que, os coeficientes de detalhes desvelam maiores
magnitudes, assim como, as energias associadas. Consequentemente, os
instantes de chegada destes transientes são identificados precisamente
pelo algoritmo, haja vista que os erros computados são menores.
194

Esta lógica pode ser utilizada também para justificar a diferença


entre os demais erros contabilizados para os dois ângulos de incidência.

Finalizando a abordagem das faltas incidentes a 30°, faz-se


necessário a análise da influência da resistência nos erros de localização.
Desta forma, mantendo a distância constante e variando a
resistência de falta, observou-se que este parâmetro não exerce
influência alguma sobre o método adotado, haja vista os erros absolutos
computados permanecem iguais àqueles cuja resistência de falta
equivale a 10 Ω.
De modo igual ao caso anterior (ângulo de incidência de 90°),
verificou-se que o módulo localizador identificou com uma mesma
precisão os instantes iniciais de variação de energia no terminais de
monitoramento para as faltas com diferentes resistências.

De forma sintetizada, pode-se concluir que para faltas incidentes


a 30°:
 Os erros variam majoritariamente com a distância imposta,
sendo os maiores exibidos nas falhas incidentes nas
proximidades dos extremos da LT (onde estão situados os
terminais de monitoramento);
 O tipo e a resistência da falha não exerceram nenhuma
influência no desempenho do módulo localizador.

Já para faltas com ângulo de incidência nulo, inicialmente traçou-


se o gráfico exposto na Figura 5.7, considerando uma resistência de
10 Ω e variando a distância destas em relação ao terminal local.

Figura 5.7 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10 Ω.

Fonte: Próprio autor.


195

Após inspeção minuciosa das situações simuladas, percebe-se que


tal como nas falhas incidentes a 90° e 30°, a distância é um fator
impactante na localização destas. Os maiores erros, equivalentes a,
aproximadamente, 150 𝑚, ocorrem nas proximidades do terminal local,
enquanto que os menores erros, próximos a 50 𝑚, são computados para
faltas aplicadas a uma distância real de 60 𝑘𝑚.
Observa-se também, que os erros estimados para faltas impostas a
130 𝑘𝑚 e 175,6 𝑘𝑚 dispõem de diferenças irrisórias entre si, isto é, um
valor, de aproximadamente, 35 𝑐𝑚. Tais considerações também podem
ser inferidas a partir do Quadro 5.2.
Nota-se que existem também algumas diferenças (erros
sombreados de verde), não excedentes a 2 𝑚, entre os erros computados
para faltas ocorridas a uma mesma distância do terminal local.

Quadro 5.2 - Erros absolutos, em m, para faltas com resistência de 10 Ω.


Tipo de Distância ao terminal local (𝒎)
falta 𝟐𝟎 𝟔𝟎 𝟏𝟑𝟎 𝟏𝟕𝟓, 𝟔
FAT 150,3 50,338 125,391 125,044
FBT 150,3 49,276 124,329 123,982
FCT 149,238 50,338 125,391 125,044
FAB 150,3 50,338 125,391 125,044
FAC 150,3 50,338 125,391 125,044
FBC 150,3 49,276 124,329 123,982
FABC 150,3 50,338 125,391 125,044
Fonte: Próprio autor.

Ademais, ao comparar os Quadros 5.1 e 5.2 verifica-se que


existem algumas poucas oscilações não significativas (inferiores a
1,1 𝑚) entre os erros computados para uma mesma falta e distância.
Entretanto, a maioria dos resultados é estimada com uma mesma
precisão, uma vez que os erros computados são idênticos.
De modo ilustrativo, são apresentados na Figura 5.8, os
coeficientes de detalhes e as energias associadas para uma falta
monofásica BT incidente a 90° e a 0°.
196

Figura 5.8 - Coeficientes de detalhes para faltas incidentes a: (a) 90° e (b) 0°.
Energias computadas a: (a) 90° e (b) 0°.

Fonte: Próprio autor.

Contrapondo as Figuras 5.8 (a) e (b) é possível observar que os


coeficientes de detalhes computados para a falta com ângulo de
incidência nulo dispõem de amplitudes inferiores, em módulo, que
aqueles contabilizados para a falta incidente a 90°. Consequentemente,
verifica-se a mesma característica nas energias ilustradas nas Figuras 5.8
(c) e (d).
Apesar disto, o módulo localizador atua com a mesma precisão
em ambos os casos, uma vez que a identificação dos instantes iniciais da
variação de energia é realizada de modo semelhante. Embora as faltas
tenham sido aplicadas em momentos diferentes, as diferenças entre os
instantes iniciais destas variações nos terminais remoto e local são as
mesmas.

Após a realização de testes considerando as demais resistências


(40 Ω e 70 Ω), observou-se que o desempenho do módulo localizador é
idêntico, dada a variação deste parâmetro. Por conseguinte, foram
observados erros de localização iguais.
197

De forma sintetizada, pode-se concluir que para faltas incidentes


a 0°:
 A distância da falta é o parâmetro que exerce influência
significativa na estimação da localização destas e, tal como para
os ângulos de 90° e 30°, os erros de maiores magnitudes
ocorrem próximos ao terminal local. Já aqueles associados às
distâncias de 130 𝑘𝑚 e 175,6 𝑘𝑚 permanecem quase que
constantes;
 Ocorreu uma certa instabilidade na determinação dos erros
absolutos para uma mesma distância, devido ao tipo de falha,
entretanto a diferença calculada é de apenas alguns metros;
 As ponderações referentes à análise das faltas com resistência
de 10 𝛺 estendem-se às falhas com as demais resistências
testadas, haja vista que os resultados obtidos são idênticos.

Considerando o panorama geral e embasando-se no histograma


ilustrado na Figura 5.9 e nos dados da Tabela 5.1, os erros absolutos de
baixa amplitude, estimados no intervalo de localização de 41 𝑚 a 60 𝑚
ocorrem em, apenas, 25% dos 252 casos simulados. Já 50% destes
estão compreendidos em um intervalo de 121 𝑚 a 140 𝑚, perfazendo
assim, uma probabilidade de que 75% dos erros computados estejam
abaixo de 140 𝑚. Ademais, é possível perceber que os maiores e
menores erros ocorrem com uma mesma probabilidade.

Figura 5.9 - Histograma das faltas induzidas na frequência de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.


198

Tabela 5.1 - Frequência e probabilidade cumulativa.


Intervalo de Frequência Probabilidade Probabilidade
localização (m) de ocorrência cumulativa
0 a 40 0 0 0,00
41 a 60 63 0,25 0,25
61 a 80 0 0 0,25
81 a 100 0 0 0,25
101 a 120 0 0 0,25
121 a 140 126 0,50 0,75
141 a 160 63 0,25 1,00
Mais 0 1,00
Fonte: Próprio autor.

Respaldando-se nos resultados obtidos para o conjunto de faltas


induzidas na frequência de chaveamento, pode-se concluir que o
desempenho do módulo localizador é satisfatório, haja vista que as
distâncias estimadas pelo algoritmo são boas aproximações das
distâncias reais, apesar de apresentar diferenças insignificantes, dada a
variabilidade do tipo de falta, quando comparadas ao comprimento total
da LT.
Além disto, verifica-se uma robustez da metodologia empregada
quanto à variação da resistência de falta, apesar da influência da própria
distância aos terminais de monitoramento e do ângulo de incidência.

5.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

Como extensão do estudo desta LT, avaliou-se o desempenho dos


módulos detector e localizador frente a outro fenômeno passível de
acometer os SEP’s: os impulsos atmosféricos.
Portanto, serão apresentados nesta subseção os resultados obtidos
frente à variação da distância, impedância da torre, ângulo de incidência
em relação cada uma das fases, além da amplitude da descarga
atmosférica.
Após as simulações de todo o conjunto de situações exploradas
neste trabalho, verificou-se que a grande maioria das faltas induzidas
por descargas atmosféricas nas torres de transmissão foram detectadas
com êxito.
199

5.2.2.1 Variação da distância ao terminal local

A fim de avaliar a performance do módulo localizador frente à


variação da distância, considerou-se inicialmente um ângulo de
incidência de 90° em relação à fase A, impedância da torre de 100 Ω e
uma descarga atmosférica com amplitude de corrente de 50 𝑘𝐴.
Similarmente às faltas induzidas na frequência de chaveamento,
na Figura 5.10 observa-se que a distância é uma variável que exerce
grande influência na magnitude dos erros associados às falhas. Da
mesma maneira, nota-se claramente que as faltas incidentes nas
proximidades dos terminais de monitoramento incorrem em maiores
erros em oposição àquelas incidentes nas proximidades do ponto médio
da LT, sendo esta representada com comprimento igual a 102,8 𝑘𝑚.

Figura 5.10 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da distância.

Fonte: Próprio autor.

5.2.2.2 Variação da impedância de surto da torre

Objetivando verificar a desenvoltura deste módulo mediante a


variação da impedância de surto da torre, inspecionou-se o efeito deste
parâmetro considerando um intervalo de abrangência de 100 a 250 Ω,
tal como explanado na subseção 4.3.2.1.2.
Para estes valores de impedância, foi elaborado o gráfico da
Figura 5.11, considerando um ângulo de incidência de 90° em relação à
fase A e uma descarga atmosférica com amplitude de corrente de 50 𝑘𝐴.
200

Figura 5.11 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da impedância de surto da torre.

Fonte: Próprio autor.

Com base na Figura 5.11, pode-se constatar que para a variação


da impedância de surto da torre, a maioria dos erros manteve-se
constante, considerando-se uma mesma distância ao terminal local. A
única exceção ocorre para a falta incidente a 27,2 𝑘𝑚 na LT com
impedância de 100 𝛺. O erro contabilizado difere em, apenas, 27 𝑐𝑚
em relação aos demais com outras impedâncias testadas.
De forma ilustrativa, são exibidas nas Figuras 5.12 (a) e (b) as
formas de ondas das componentes modais, os coeficientes de detalhes e
as energias em cada terminal das faltas incidentes a 27,2 𝑘𝑚 do terminal
local na LT com impedância de 100 Ω e 200 Ω, nesta ordem.
201

Figura 5.12 - Formas de onda das componentes modais, coeficientes de detalhes


energias nas LT’s com impedância de surto de: (a) 100 Ω e (b) 200 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Após a análise das componentes modais de ambos os casos a e b


(impedância de surto da torre de 100 Ω e 200 Ω), verifica-se neste
último que os transitórios de alta frequência são mais discretos e
refletem por consequência, coeficientes de detalhes de baixas
amplitudes. Deste modo, as energias calculadas também dispõem desta
mesma característica.
202

Em oposição, no caso a nota-se que os transitórios são mais


proeminentes nas componentes modais e que refletem coeficientes de
detalhes e energias maiores que aqueles observados quando a
impedância de surto da torre é de 200 Ω. Todavia, há um atraso de
48 𝜇𝑠 e 50 𝜇𝑠 na identificação dos instantes em que começam as
variações de energia, o que é justificado pela escolha do limiar de
localização. Neste caso, as variações energéticas que se iniciam por
valores menores que o limiar são desconsideradas, retardando a detecção
dos instantes.

5.2.2.3 Variação do ângulo de incidência

Com o propósito de analisar a interferência deste parâmetro no


processo de localização das faltas, procedeu-se da seguinte maneira:
primeiramente foram simuladas falhas em todas as distâncias já
estabelecidas, com ângulos de 0°, 30° e 90° em relação à fase A e com a
impedância da torre igual a 100 Ω. Após isto, testaram-se as mesmas
condições para os demais valores de impedância.
Para o primeiro arranjo de condições, foi confeccionado o gráfico
da Figura 5.13.

Figura 5.13 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100 𝛺.

Fonte: Próprio autor.

A partir dos resultados exibidos na Figura 5.13, pode-se observar


que os erros estimados para uma mesma distância ao terminal local,
variando-se os ângulos de incidência, dispõem de valores em um mesmo
203

nível, apresentando diferenças pouco significantes entre si, quando


comparadas à extensão da LT.
A exemplo disto, estas diferenças são observadas nos erros
associados à estimação das faltas incidentes a 90° e ocorridas a 20 𝑘𝑚,
27,2 𝑘𝑚, 52,8 𝑘𝑚 e 60 𝑘𝑚 em relação aos demais ângulos de
incidência para uma mesma distância. A maior destas variações é
valorada em, aproximadamente, 7 𝑚 para a falta mais próxima ao
terminal local da LT e as demais em 26,5 𝑐𝑚 para o restante das
situações mencionadas.

Prosseguindo com os testes relacionados às faltas induzidas por


impulsos atmosféricos, foram realizadas as mesmas simulações,
considerando, nesta ocasião, a impedância da torre igual a 200 Ω. Os
resultados obtidos estão apresentados na Figura 5.14.

Figura 5.14 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Assim como no caso anterior, no qual considerou-se a


impedância de surto igual a 100 Ω, os erros absolutos estimados para
uma mesma distância ao terminal local com diferentes ângulos de
incidência, apresentaram algumas variações entre si, porém em apenas
dois casos: nas faltas incidentes a 90° e distadas de 20 𝑘𝑚 e 27,2 𝑘𝑚 do
terminal local. Estas oscilações correspondem a, aproximadamente, 7 𝑚
e 26,5 𝑐𝑚, respectivamente.
As mesmas considerações podem ser inferidas para as simulações
com impedância de surto igual a 250 Ω, haja vista que os erros
204

estimados são idênticos àqueles resultantes de quando a impedância é de


200 Ω.
Procedendo-se com as análises do desempenho do módulo
localizador, consideraram-se faltas incidentes a 0°, 30° e 90° em relação
à fase B para cada uma das impedâncias de surto estipuladas.
Em um primeiro momento, foram realizadas as simulações com a
impedância de surto estabelecida em 100 Ω. Os resultados obtidos estão
apresentados na Figura 5.15.

Figura 5.15 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase B e
impedância da torre de 100 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Analisando o gráfico da Figura 5.15, observou-se uma


variabilidade entre os erros computados, considerando-se uma mesma
distância para diferentes ângulos de incidência. Assim como nos casos
precedentes, a maior diferença entre os resultados obtidos ocorre para a
falta incidente a 90° próximo ao terminal local da LT, também com um
valor de, aproximadamente, 7 𝑚. Já para as distâncias de 27,2 𝑘𝑚 e
60 𝑘𝑚 estas disparidades decrescem para valores inferiores a 13 𝑐𝑚.
As mesmas ponderações podem ser realizadas para os conjuntos
de simulações com impedâncias de surto iguais a 200 Ω e 250 Ω, dada a
exígua variação dos resultados obtidos.

Finalizando, considerou-se a variação do ângulo de incidência em


relação à fase C, para cada uma das impedâncias de surto. Deste modo,
os resultados obtidos estão apresentados na Figura 5.16 para uma
impedância igual a 100 Ω.
205

Figura 5.16 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase C e
impedância da torre de 100 𝛺.

Fonte: Próprio autor.

Após a análise dos resultados, pode-se perceber que,


diferentemente dos casos anteriores, para os quais foram consideradas as
variações angulares em relação às fases A e B, a falta incidente à 90° e
distada a 20 𝑘𝑚 do terminal local apresenta agora uma diferença menor
que 15 𝑐𝑚 em relação as demais. Também são observadas mais duas
oscilações irrelevantes, já que ambas são inferiores a 30 𝑐𝑚.
Alternando a impedância para 200 Ω, observou-se uma similitude
entre os erros computados. Porém foram percebidas algumas pequenas
variações nos erros (menores que 30 𝑐𝑚) quando comparados àqueles
calculados para a LT com impedância de 100 Ω.
Já para a impedância de 250 Ω, os resultados são idênticos
àqueles associados à impedância de surto igual a 200 Ω.
Os resultados obtidos referentes às simulações das faltas
induzidas por impulsos atmosféricos de 50 𝑘𝐴 ante a variação de
parâmetros como distância, impedância da torre e ângulo de incidência
em relação às fases A, B e C estão relacionados no Apêndice D.1.2.1.

5.2.2.4 Amplitude do impulso atmosférico

Impondo ao sistema uma corrente de descarga de 100 𝑘𝐴 e


confrontando os resultados com aqueles relativos à corrente de raio de
50 𝑘𝐴, ambos com ângulo de incidência de 90° em relação à fase A e
impedância de surto equivalente a 100 Ω, pôde-se confeccionar o
gráfico da Figura 5.17.
206

Figura 5.17 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da magnitude da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, observa-se que os erros estimados, dada


a alternância da amplitude da corrente de raio, dispõem de valores
aproximados para a maior quantidade de distâncias testadas. Já para os
casos de faltas incidentes a 52,8 𝑘𝑚, 72,8 𝑘𝑚 e 80 𝑘𝑚 do terminal
local, as diferenças entre os resultados equivalem a, aproximadamente,
7 𝑚, o que não é significante quando comparado à extensão da LT
representada.
Além disto, pode-se observar que, uniformemente, os maiores
erros ocorrem nas proximidades dos terminais de monitoramento, em
contraposição àqueles que acometem as regiões circunvizinhas ao ponto
médio da LT.
Logo, pode-se afirmar que para as simulações com corrente de
raio igual a 100 𝑘𝐴, a distância da falta em relação aos terminais de
monitoramento, também possui uma influência expressiva na magnitude
dos erros computados.
Ademais, no Apêndice D.1.2.2, estão apresentadas as análises da
influência da variação da impedância de surto da torre e do ângulo de
incidência relacionados a cada uma das fases.
Após as análises dos resultados obtidos, verificou-se que quando
estes são comparados com aqueles resultantes de uma corrente de
50 𝑘𝐴, os erros estimados apresentam algumas diferenças, porém não
acentuadas. Tais variações entre os resultados estão relacionadas
especificamente no Quadro D.7.
207

 Corrente de raio igual a 18 𝑘𝐴

A partir das simulações realizadas dos sistemas acometidos por


raios com amplitude de corrente de 18 𝑘𝐴, observou-se que a falta não
foi detectada e, por conseguinte, não localizada em objeção aos casos
anteriormente analisados.
Esse comportamento é justificado pelos transitórios nos terminais
de monitoramento refletirem coeficientes de detalhes de baixas
magnitudes, os quais não violam os limiares de detecção estabelecidos
na subseção 4.4.2.
Quando há a ocorrência de impulsos atmosféricos de magnitudes
maiores, a título de exemplo, 50 𝑘𝐴 e 100 𝑘𝐴, há o surgimento de
coeficientes de detalhes mais significativos no sistema que infringem o
intervalo de detecção. Estas considerações podem ser inferidas a partir
das Figuras 5.18 (a), (b), (c) e (d).

Figura 5.18 - Correntes trifásicas de sistemas acometidos por impulsos de: (a)
18 kA; (b) 50 kA. Coeficientes de detalhes: (c) 18 kA; (d) 50 kA.

Fonte: Próprio autor.


208

Deste modo, afirma-se que wavelet-mãe utilizada, no caso, a


Haar, se mostrou inadequada para a detecção de faltas induzidas por
impulsos atmosféricos de 18 𝑘𝐴. Entretanto, ao utilizar a Db4, observa-
se o correto funcionamento dos módulos da detecção e localização, isto
é, a falta é detectada e, por conseguinte, localizada.
Ilustrativamente, são exibidos nas Figuras 5.19 (a) e (b) os
coeficientes de detalhes obtidos após a aplicação da MODWT,
utilizando a wavelet Db4 e as energias em ambos os terminais de
monitoramento, respectivamente.

Figura 5.19 - Coeficientes de detalhes: (a) terminais local e remoto. Energias:


(b) terminais local e remoto.

Fonte: Próprio autor.

Embasando-se na Figura 5.19 (a), verifica-se que apenas os


coeficientes de detalhes provenientes do terminal local não são
suficientes para indicar a ocorrência de uma falta, uma vez que estes não
violam os limiares de detecção superior e inferior. Entretanto, a falta é
detectada quando são empregados os coeficientes de detalhes advindos
do terminal remoto e, deste modo, o módulo localizador é acionado.
209

Na Figura 5.19 (b) são expostas as energias calculadas a partir


dos coeficientes de detalhes em cada terminal. Após a comparação entre
estas e os limiares de localização, os instantes de chegada dos
transitórios eletromagnéticos a cada terminal podem ser identificados.

Arrematando a análise das faltas induzidas por impulsos


atmosféricos, elaborou-se um histograma, vide Figura 5.20, cujos dados
de frequência e probabilidades dos erros estimados estão relacionados
na Tabela 5.2.

Figura 5.20 - Histograma das faltas induzidas por impulsos atmosféricos.

Fonte: Próprio autor.

Tabela 5.2 - Frequência e probabilidade cumulativa.


Intervalo de Frequência Probabilidade de Probabilidade
localização (m) ocorrência cumulativa
0a3 0 0 0,00
3,1 a 23 54 0,125 0,125
23,1 a 43 96 0,2222 0,3472
43,1 a 63 12 0,0278 0,3750
63,1 a 83 0 0 0,3750
83,1 a 103 108 0,25 0,6250
103,1 a 123 108 0,25 0,8750
123,1 a 143 54 0,125 1,00
Mais 0 1,00
Fonte: Próprio autor.
210

Mediante o exposto, observa-se que os erros absolutos de menor


e maior amplitude, estimados nos intervalos de localização de 3,1 𝑚 a
23 𝑚 e 123,1 𝑚 a 143 𝑚, respectivamente, detém uma probabilidade de
ocorrência de 12,5%. Já os erros de maior frequência acontecem no
intervalo de 83,1 𝑚 a 123 𝑚, correspondendo um total de 216 dos
casos simulados. Além disso, nota-se uma probabilidade de 87,5% dos
resultados obtidos serem inferiores a 123 𝑚.

Após averiguação de todas as situações impostas ao sistema,


considerando-se os surtos atmosféricos, pode-se concluir que:

 A distância foi o parâmetro de maior influência no desempenho


do módulo localizador, uma vez que os menores erros
contabilizados foram aqueles associados às faltas incidentes nas
imediações do ponto médio da LT, enquanto que os maiores
ocorreram para falhas próximas aos terminais de
monitoramento;
 Tanto as variações da impedância de surto da torre, como as do
ângulo de incidência, fomentaram algumas oscilações na
localização das faltas, nas faixas de 7 𝑚 ou inferiores a 30 𝑐𝑚.
Estas podem ser consideradas desprezíveis quando comparadas
ao comprimento da LT;
 A amplitude da corrente de raio, desde que detectada a falta,
causou também uma mínima variabilidade nos resultados
alcançados;
 Os erros estimados demonstraram uma boa precisão do módulo
localizador.

5.3 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC

5.3.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

Nesta subseção serão expostos os resultados obtidos mediante a


aplicação de M2T e M3T, bem como, as análises do desempenho do
módulo localizador frente à variação da distância, resistência e ângulo
de incidência de faltas induzidas na frequência de chaveamento.
Adicionalmente, será inclusa uma outra subseção alusiva à
variação da corrente na LT.
211

5.3.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local

Ante a variância deste parâmetro, os erros absolutos computados


para M2T e M3T após as simulações de faltas incidentes a 90° e com
resistência de 10 Ω, estão apresentados na Figura 5.21.

Figura 5.21 - Erros absolutos computados utilizando M2T e M3T.

Fonte: Próprio autor.

A partir de uma análise gráfica, pode-se inferir inicialmente que


os erros obtidos através de M2T possuem maiores amplitudes quando as
faltas incidem nas proximidades dos terminais de monitoramento da LT.
Já os erros de valores mais baixos estão associados às faltas impostas
nas adjacências do ponto médio. Tal comportamento não é observado
quando aplicado o M3T, haja vista que os erros crescem ao passo que a
distância da falta em relação ao terminal local aumenta.
Com a implementação do M3T, verifica-se que há uma redução
significativa nos erros contabilizados em percentuais de,
aproximadamente, 99,18%, 87,72%, 86,34% e 91,32% para as
distâncias de 24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e 84 𝑘𝑚 ao terminal local,
respectivamente, em comparação aos resultados obtidos mediante a
aplicação do M2T.

5.3.1.2 Variação da resistência de falta

Para investigação do desempenho do módulo localizador ante à


alternância da resistência, manteve-se a distância da falta em relação ao
terminal local constante e considerou-se o ângulo de falta igual a 90°.
212

Após a análise dos resultados, observou-se que os erros absolutos


contabilizados, dada a variância da resistência, tanto para o M2T quanto
para o M3T, mantiveram-se invariáveis. Portanto, pode-se inferir as
mesmas ponderações acerca das diferenças entre os dois métodos
implementados.

5.3.1.3 Variação do ângulo de incidência

Similarmente ao sistema-base, consideraram-se, a princípio,


faltas incidentes a 30° e, posteriormente, a 0°.
Ao comparar os erros absolutos associados às faltas com ângulos
de incidência iguais a 30° e 90°, considerando uma resistência de falta
de 10 Ω, observou-se uma similitude entre os resultados, com algumas
poucas variações, inferiores a 1,1 𝑚 para M2T e 2 𝑚 para M3T.
Portanto, as considerações realizadas na subseção 5.3.1.1 podem ser
estendidas para este caso.
Prosseguindo com as análises pertinentes a este ângulo,
inspecionou-se ainda a influência da resistência de falta nos erros de
localização. Igualmente aos testes realizados com ângulo de 90°, os
resultados obtidos mediante a aplicação dos dois métodos se mostraram
invariáveis ante à alteração deste parâmetro.
Alternando agora, o ângulo de incidência das faltas para 0°,
constataram-se igualmente algumas poucas oscilações nos erros,
também inferiores a 2,2 𝑚 e 2 𝑚 para M2T e M3T, respectivamente,
quando comparados àqueles associados às faltas incidentes a 30°, com
resistência de 10 Ω.
Encerrando os testes para este ângulo, também foi detectada uma
imutabilidade dos resultados obtidos frente à variação da resistência de
falta.
Os erros absolutos resultantes da aplicação do M2T e M3T para a
totalidade dos casos considerando a corrente nominal da LT estão
relacionados no Apêndice D.2.1.1.

Diante do exposto, pode-se concluir que:

 Tanto para o M2T quanto para o M3T, o único parâmetro que


exerceu influência em demasia na estimação da localização da
falta foi a distância de sua ocorrência em relação aos terminais
de monitoramento;
 De acordo com os dados apresentados nos Quadros D.8 e D.9
213

(Apêndice D.2.1.1), o tipo de falta não acarretou em


interferências significativas no desempenho do módulo
localizador, haja vista que as maiores diferenças entre os erros
estimados em M2T possuem valores inferiores a 1,5 𝑚, para os
ângulos de 0° e 90° e menores que 2,2 𝑚 para 30°. Já no M3T,
estas nuances são valoradas em 70 𝑐𝑚, 2 𝑚 e 1,6 𝑚 para 0°,
30° e 90°, respectivamente;
 Para ambos os métodos, a resistência de falta não influenciou
de forma alguma no cálculo dos erros;
 Após as análises dos dados, observou-se que a variação do
ângulo de incidência não compeliu oscilações consideráveis nos
erros, pois as maiores equivalem a 2,2 𝑚 e 2 𝑚 para M2T e
M3T, nesta ordem;
 A utilização de um terceiro terminal de monitoramento é
justificável, visto que os resultados desvelaram um aumento
considerável na precisão da estimativa da localização da falta.
Em uma concepção geral, os erros apresentaram taxas médias
de redução de, aproximadamente, 99,18%, 87,65%, 86,30%
e 91,41% para as distâncias de 24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e 84 𝑘𝑚
do terminal local, respectivamente.

5.3.1.4 Variação da corrente

Adicionalmente aos estudos de faltas induzidas na frequência de


chaveamento, realizaram-se testes objetivando verificar o nível de
precisão do módulo ante à imposição de baixas correntes na LT.
Portanto, esta subseção será pautada na acareação entre os
resultados obtidos, mediante a alternância da corrente imposta à LT,
para faltas incidentes a 0°, 30° e 90°; com resistência de 10 Ω e distadas
a 24 𝑘𝑚 do terminal local, a princípio em M2T e subsequentemente em
M3T.
Vale salientar que também foram justapostas ao sistema as
demais condições previamente analisadas para a corrente nominal da
LT. Os resultados serão disponibilizados a posteriori.

a) M2T

Iniciando as análises, confeccionou-se o gráfico da Figura 5.22


com os erros absolutos computados para faltas incidentes a 90°, com
resistência de 10 Ω e distadas a 24 𝑘𝑚 do terminal local.
214

Figura 5.22 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas incidentes a


90°e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ante à variação de corrente, pode-se perceber nitidamente


algumas oscilações entre os erros associados as mesmas faltas. Destaca-
se que a de maior amplitude (145 𝑚) está associada à falta CT, quando
comparados os resultados obtidos mediante alternância da corrente na
LT de 15 𝐴 para 10 𝐴, em cada circuito.
Já para faltas incidentes a 30°, estas variações (a maioria em
torno de 145 𝑚) aparecem com mais frequência, sendo notadas
principalmente quando confrontados os erros da falta AB para as
correntes de 879 𝐴 e 15 𝐴, além das faltas monofásicas e trifásica para
as correntes de 15 𝐴 e 10 𝐴.
Para estas duas correntes, também é observada a maior variação
deste conjunto, equivalente a, aproximadamente, 290 𝑚, para as faltas
bifásica BC. Tais considerações podem ser visualizadas graficamente
mediante a Figura 5.23.
215

Figura 5.23 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas incidentes a


30° e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ainda em relação à M2T, confeccionou-se o gráfico da Figura


5.24 para as faltas incidentes a 0°. Pode-se observar que as diferenças
entre os erros computados para as duas correntes de 879 𝐴 e 15 𝐴
ocorrem nas faltas monofásicas que. Por sua vez, estas não foram
localizadas quando foi imposta à cada circuito uma corrente 10 𝐴.
Contudo, os erros estimados para as faltas bifásicas e trifásicas
foram iguais aos contabilizados para as demais correntes testadas.

Figura 5.24 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T para faltas incidentes a


0° e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.


216

Ademais, para o ângulo de 0° e uma corrente de 10 𝐴 em cada


circuito, o módulo localizador ainda apresentou falhas na estimação da
distância de:
 Faltas a 64 𝑘𝑚 do terminal local, com resistências de 40 Ω e
70 Ω;
 Faltas impostas a 84 𝑘𝑚 do terminal local com resistência de
10 Ω;
 Faltas AT e CT situadas a 84 𝑘𝑚 do terminal local com
resistência de 40 Ω.

b) M3T

Para este método, também foram consideradas preliminarmente


as faltas incidentes a 90°, com resistência de 10 Ω e a uma distância de
24 𝑘𝑚 do terminal local. Os resultados estão disponibilizados de forma
gráfica na Figura 5.25.

Figura 5.25 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas incidentes a


90° e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ao confrontar os resultados obtidos, observa-se que, assim como


o M2T, a maior nuance percebida ocorre entre os erros computados para
as correntes de 15 𝐴 e 10 𝐴, associada, também, a falta CT, porém com
um valor próximo a 4,6 𝑚. Já para as demais faltas simuladas, nota-se
uma invariabilidade dos resultados.
Semelhantemente aos resultados associados às faltas incidentes a
30° em M2T, para este ângulo é visto um maior comportamento
217

oscilatório entre os erros quando comparados ao conjunto de faltas com


ângulo de incidência de 90°.
Estas variações também ocorrem para as faltas monofásicas,
bifásica BC e trifásica, quando comparados os erros contabilizados para
as correntes de 15 𝐴 e 10 𝐴, em uma magnitude de apenas 4,6 𝑚.
Adicionalmente, também é vista uma oscilação nos erros da falta AB
computados para as correntes de 879 𝐴 e 15 𝐴, com igual valor.
Além disto, a maior diferença, equivalente a 145 𝑚, ocorre entre
as faltas AB simuladas com correntes de 15 𝐴 e 10 𝐴. Tais ponderações
podem ser realizadas com base no gráfico da Figura 5.26.

Figura 5.26 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas incidentes a


30° e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Além disto, é possível observar na Figura 5.26 que os erros


absolutos computados tanto para a corrente de 15 𝐴 quanto para a de
10 𝐴, dispõem de uma variação notória em suas magnitudes, o que é
justificado pela escolha do mesmo limiar de localização para o conjunto
de faltas simulado.

Complementando estas análises, simularam-se faltas incidentes a


0°, considerando as mesmas resistência e distância. Os resultados estão
apresentados na Figura 5.27.
218

Figura 5.27 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T para faltas incidentes a


0° e 24 km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

É nítido verificar que, neste caso, há uma diminuição na precisão


do método M3T na localização das faltas monofásicas ao passo que a
corrente diminui. Isto é comprovado pelo aumento médio de 147 𝑚,
quando a corrente nominal passa a um valor de 15 𝐴 e de 595 𝑚 na
ocasião em que esta última se reduz para 10 𝐴.
De modo ilustrativo, são exibidos na Figura 5.28 os coeficientes
de detalhes obtidos nos três terminais de monitoramento, bem como, as
energias calculadas para uma falta monofásica AT, considerando as
correntes de 879 𝐴 e 10 𝐴.
219

Figura 5.28 - Coeficientes de detalhes: (a) 879 A; (b) 10 A. Energias: (c) 879 A;
(d) 10 A.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise das Figuras 5.28 (a) e (c), verifica-se que


quando a corrente é de 879 𝐴, os coeficientes de detalhes refletem
energias de amplitudes consideráveis, o que favorece a identificação do
primeiro instante em que há um aumento de energia nos terminais de
monitoramento. Em consequência disto, a distância de falta é estimada
com uma maior precisão.
Já para uma corrente de 10 A, devido aos coeficientes de detalhes
disporem de baixas amplitudes, as energias calculadas apresentam
magnitudes exíguas, o que compromete a seleção de um limiar de
localização adequado. Portanto, a estimação da distância de falta é
realizada com uma menor precisão, incorrendo em maiores erros.
Apesar das faltas monofásicas terem sido localizadas pelo M3T,
quando a LT está operando com 10 𝐴 em cada circuito, o módulo
apresentou falhas na localização das mesmas faltas expostas no item a
desta subseção.
Por fim, são apresentados no Apêndice D.2.1.2 os erros absolutos
computados por ambos os métodos para a totalidade de casos simulados,
considerando as correntes de 15 𝐴 e de 10 𝐴 em cada circuito.
220

Embasando-se apenas nos resultados obtidos para correntes


inferiores a nominal, pode-se constatar que:

 Parâmetros como resistência, ângulo de incidência, distância


imposta ao terminal local, além do tipo de falta exerceram uma
influência significativa no desempenho do módulo localizador,
comprovada pelas oscilações consideráveis entre os erros
obtidos ante à alternância das variáveis citadas;
 Os lapsos na performance do módulo localizador (considera-se
por lapso as faltas que não foram localizadas) ocorreram
majoritariamente em faltas incidentes a 0°, quando imposta à
LT uma corrente de 10 𝐴 em cada circuito;
 Esta sensibilidade no comportamento do módulo localizador
ante à variação de parâmetros é justificada pela escolha do
limiar de localização. Este foi estabelecido conforme o nível de
ruído da LT e igual para os três terminais de monitoramento,
assim como para a corrente nominal.

5.3.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

Nesta subseção serão analisados os resultados obtidos para o


sistema acometido por impulsos atmosféricos, considerando também o
M2T e M3T, frente à variação da distância, ângulo de incidência e
amplitude da corrente de raio.

5.3.2.1 Variação da distância ao terminal local

Para o estudo da influência deste parâmetro no módulo


localizador, considerou-se preliminarmente faltas induzidas por
descargas atmosféricas de amplitude igual a 100 𝑘𝐴 e incidentes a 90°
em relação à fase A. Os resultados obtidos mediante aplicação de M2T e
M3T são apresentados graficamente na Figura 5.29.
221

Figura 5.29 - Erros absolutos de faltas induzidas por descargas atmosféricas:


variação da distância.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise gráfica, pode-se inferir que, igualmente às


faltas induzidas na frequência de chaveamento, os erros obtidos através
de M2T possuem maiores amplitudes quando as faltas incidem nas
proximidades dos terminais de monitoramento da LT. Entretanto, os de
valores mais baixos ocorrem para faltas impostas nas adjacências do
ponto médio.
Já no M3T, particularmente para este caso, verifica-se que ocorre
o inverso, ou seja, uma maior precisão na localização das faltas é obtida
para aquelas circunvizinhas aos terminais local e remoto.
Através da comparação entre os dois métodos adotados, nota-se
que o M3T propicia uma exatidão apreciável em relação ao M2T, haja
vista que neste último, para faltas localizadas a 24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e
84 𝑘𝑚 em relação ao terminal local, os erros computados são de
785,63 𝑚, 163,6 𝑚, 436,54 𝑚 e 1051 𝑚, respectivamente. Já no M3T,
estes equivalem a 1 𝑚, 5,83 𝑚, 5,52 𝑚 e 13,5 𝑐𝑚. Deste modo, as taxas
de aumento na precisão das estimativas são de, 99,87%, 96,44%,
98,73% e 99,99%, nesta ordem.

5.3.2.2 Variação do ângulo de incidência

Prosseguindo com as análises, consideraram-se inicialmente


faltas incidentes a 0° e 30° em relação à fase A e induzidas por
descargas atmosféricas de 100 𝑘𝐴, a fim de complementar o primeiro
arranjo de condições da subseção anterior.
222

Desta forma, os erros absolutos computados por ambos os


métodos, dada a variação do ângulo de incidência em relação à fase
mencionada, estão apresentados nas Figuras 5.30 e 5.31.

Figura 5.30 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do ângulo de


incidência em relação à fase A.

Fonte: Próprio autor.

Com base nos resultados apresentados na Figura 5.30, é possível


observar que os erros estimados se encontram em um mesmo patamar de
valores, dada a variação do ângulo de incidência para uma mesma
distância. Contudo dispõem de algumas oscilações, em torno de 7 𝑚, a
exemplo das faltas incidentes a 0° e 30° para as distâncias de 24 𝑘𝑚 e
64 𝑘𝑚, respectivamente. Para as faltas a 84 𝑘𝑚 do terminal local, a
precisão diminui a um passo, também de 7 𝑚, à medida que o ângulo de
incidência decresce para 0°.
Já com o método M3T, nota-se uma inconstância mais frequente,
entre os erros obtidos para uma mesma distância e, além disso, a partir
das análises dos resultados, constata-se que essas oscilações variam de
1 𝑚 a 7,5 𝑚. Entretanto, evidencia-se que o maior erro estimado
equivale a, aproximadamente, 10 𝑚. Tais considerações podem ser
inferidas a partir da Figura 5.31.
223

Figura 5.31 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do ângulo de


incidência em relação à fase A.

Fonte: Próprio autor.

Comparando os resultados de ambos os métodos (apresentados no


Apêndice D.2.2.1), percebe-se nitidamente que o M3T confere uma
maior precisão na estimação da distância da falta, devido aos erros
serem reduzidos a uma taxa superior a 95,4%.

Adotando o mesmo procedimento para os ângulos relacionados à


fase B, observou-se que dada a alternância deste parâmetro, as
oscilações previamente vistas para a fase A, considerando uma mesma
distância, dispunham de valores inferiores a 19 𝑐𝑚 tanto para os
resultados pertinentes à M2T quanto para aqueles relacionados à M3T.
À vista disso, confeccionou-se, apenas a título de exemplo, o
gráfico da Figura 5.32 com os erros absolutos calculados, por ambos os
métodos, para as faltas induzidas por descargas atmosféricas de 100 𝑘𝐴
e incidentes a 90° em relação à fase B.
224

Figura 5.32 - Erros absolutos, em m, para faltas incidentes a 90° em relação à


fase B.

Fonte: Próprio autor.

Assim como, para as faltas com ângulos relacionados à fase A,


pôde-se perceber uma redução abrupta, agora superior a 96,44%, nas
estimativas dos erros em todas as distâncias, quando inserido um
terceiro terminal de monitoramento na LT.
Os resultados obtidos ao considerar a variação do ângulo de
incidência em relação à fase B estão relacionados no Apêndice 2.2.1.
Finalizando, estudou-se a influência da alternância dos ângulos
em relação à fase C. Com este objetivo, confeccionou-se inicialmente o
gráfico da Figura 5.33 com os erros estimados através de M2T.

Figura 5.33 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do


ângulo de incidência em relação à fase C.

Fonte: Próprio autor.


225

Apoiando-se no gráfico exibido, observa-se que para a primeira


metade da LT, os erros estimados em uma mesma distância exibem
variações desprezíveis entre si, inferiores a 30 𝑐𝑚. Entretanto, na
segunda metade, essas oscilações assumem valores de,
aproximadamente, 7 𝑚.
Já no gráfico da Figura 5.34, relacionado ao M3T, observa-se que
a variabilidade entre os resultados ocorre com maior frequência e torna-
se mais visível devido à reduzida escala dos erros estimados.
Ademais, em uma análise mais detalhada dos resultados obtidos,
pode-se verificar que essas variações são inferiores a 3 𝑚 e que o maior
erro computado dispõe de um valor de, aproximadamente, 6 𝑚.

Figura 5.34 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do ângulo de


incidência em relação à fase C.

Fonte: Próprio autor.

Similarmente às faltas incidentes com ângulos relacionados à fase


B, é nítido o aumento na precisão do módulo localizador quando da
utilização do M3T. Isto pode ser inferido a partir dos resultados
relacionados no Apêndice D.2.2.1, onde há um decréscimo superior a
96,3% nos erros contabilizados pela metodologia mencionada.

5.3.2.3 Amplitude do impulso atmosférico

Arrematando o estudo sobre impulsos atmosféricos, inspecionou-


se o desempenho do módulo localizador frente a este fenômeno com
diferentes correntes de raio. Novamente foram analisadas a influência da
variação da distância e do ângulo de incidência relacionado à cada fase.
226

 Corrente de raio igual a 50 𝑘𝐴

Empeçando as simulações com uma descarga de 50 𝑘𝐴,


alternaram-se os ângulos e posteriormente as fases a fim de identificar
possíveis alterações nos erros estimados.
Desta forma, confeccionou-se inicialmente o gráfico da Figura
5.35, correspondente aos resultados de M2T em relação à fase A.

Figura 5.35 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação do ângulo de


incidência em relação à fase A.

Fonte: Próprio autor.

A partir de uma análise gráfica, percebe-se que de maneira


generalizada os erros se mantém invariáveis para uma mesma distância,
considerando a alternância do ângulo. A exceção observada ocorre
quando a falta incide a 64 𝑘𝑚 do terminal local a 30°, com uma
variação de, aproximadamente, 7,3 𝑚 em relação às demais.
Para o M3T, foi observado um comportamento similar dos
resultados, pois constatou-se que a única variação observável, porém
pequena, ocorre para a mesma falta descrita anteriormente em um valor
de, aproximadamente, 3 𝑚. Já com relação aos outros erros computados,
as oscilações entre estes assumem valores inferiores a 30 𝑐𝑚.
Tais considerações podem ser inferidas embasando-se no gráfico
da Figura 5.36.
227

Figura 5.36 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação do ângulo de


incidência em relação a fase A.

Fonte: Próprio autor.

Contrapondo os resultados obtidos mediante M2T e M3T,


verifica-se uma redução superior a 97% nos erros estimados, quando da
implementação deste último método, o que confere uma maior precisão
ao módulo localizador.

Considerando, agora, a variação angular em relação à fase B,


averiguou-se que tanto para M2T quanto para M3T os erros
mantiveram-se invariáveis. Por este motivo, elaborou-se apenas um
gráfico, vide Figura 5.37, com os resultados obtidos através de ambos os
métodos.

Figura 5.37 - Erros absolutos, em m, para faltas incidentes a 90° em relação à


fase B.

Fonte: Próprio autor.


228

A partir da análise dos resultados obtidos, observa-se que há um


aumento superior a 97,7% na precisão das estimativas de localização
através do M3T. Ratifica-se que isto também ocorre para os demais
ângulos.

Findando este conjunto de simulações, considerou-se a variação


do ângulo de incidência em relação à fase C e observou-se que os
resultados se mantiveram constantes e praticamente iguais aos da fase B,
anteriormente testada. Igualmente se constatou o mesmo aumento na
precisão quando utilizado o M3T.

 Corrente de raio inferior a 50 𝑘𝐴

Considerando descargas atmosféricas inferiores a 50 𝑘𝐴 e


variando-se inicialmente o ângulo e posteriormente a fase, observaram-
se algumas oscilações nos resultados, cerca de alguns poucos metros, o
que pode ser considerado irrelevante quando comparadas ao
comprimento da LT.
Portanto, serão apresentados brevemente, o comportamento dos
erros estimados por M2T e M3T, mediante a alternância da amplitude da
corrente de raio, ângulo de incidência de 90° relativo à fase A através
das Figuras 5.38 e 5.39, respectivamente.

Figura 5.38 - Erros absolutos, em m, estimados em M2T: variação da magnitude


da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Com relação aos resultados obtidos por intermédio de M2T,


observa-se que os erros detêm, de forma generalista, valores próximos
229

entre si para uma mesma distância e correntes de raio distintas, dispondo


de oscilações equivalentes a, aproximadamente 7 𝑚. Isto pode ser
considerado como irrelevante, dado que as médias dos erros atribuídos
às faltas distanciadas de 24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e 84 𝑘𝑚 do terminal
local são, respectivamente, 781,1 𝑚, 170,8 𝑚, 436,5 𝑚 e 1054 𝑚.
Já no método M3T, pode-se observar que os erros médios
associados às faltas incidentes a 24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e 84 𝑘𝑚 do
terminal local são equivalentes a 4,1 𝑚, 3,7 𝑚, 10 𝑚 e 4,9 𝑚, o que
desvela um aumento superior a 97,7% na precisão do módulo.
Tais considerações podem ser inferidas com base no gráfico da
Figura 5.39.

Figura 5.39 - Erros absolutos, em m, estimados em M3T: variação da magnitude


da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Na Figura 5.39, a variabilidade observada entre os resultados para


uma mesma distância é mais acentuada devido à escala reduzida dos
erros computados. Em termos comparativos, os maiores erros
computados por M2T e M3T equivalem a, aproximadamente,
1058,58 𝑚 e 18,778 𝑚, nesta ordem.
Os resultados computados por M2T e M3T para a totalidade de
casos simulados, considerando a variação da amplitude da corrente de
raio, estão apresentados no Apêndice D.2.2.2.

Embasando-se nos resultados obtidos e nas ponderações


realizadas para esta conjuntura, conclui-se que:

 Assim com as faltas induzidas na frequência de chaveamento, o


230

parâmetro que mais influenciou o desempenho do módulo


localizador foi a distância da falta em relação aos terminais de
monitoramento em ambos os métodos;
 As variações do ângulo de incidência e da corrente de raio não
provocaram alterações significativas na performance do
módulo, haja vista que as oscilações entre os resultados,
percebidas durante as análises, são irrelevantes paragonadas aos
erros estimados e ao comprimento da LT;
 O M3T fomenta maior precisão ao módulo localizador em
relação ao M2T, haja vista que para a totalidade de simulações
realizadas, os erros reduziram-se a percentuais médios de,
99,46%, 97,84%, 97,74% e 99,48% para as distâncias de
24 𝑘𝑚, 44 𝑘𝑚, 64 𝑘𝑚 e 84 𝑘𝑚 do terminal local,
respectivamente.

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização das simulações computacionais, pode-se


concluir que os módulos elaborados para detecção, classificação e
localização de faltas obtiveram êxito em suas funcionalidades,
demonstrando resultados satisfatórios para maioria das situações
impostas em ambas as LT’s. Excetua-se apenas a detecção de faltas
induzidas por impulsos atmosféricos da magnitude de 18𝑘𝐴 na LT
Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI e a localização de faltas
incidentes a 0°, relacionadas na subseção 5.3.1.4, na LT Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC com uma corrente de 10𝐴.
Considerando as faltas induzidas na frequência de chaveamento e
em conformidade com os resultados obtidos para a LT norte/nordeste,
pode-se afirmar que o módulo localizador demonstrou uma robustez
quanto à alternância do tipo, ângulo de incidência e resistência de falta.
Apesar de apresentar algumas pequenas oscilações entre os erros
(explicitadas no decorrer do capítulo), estas se tornam irrelevantes
quando comparadas à própria distância estimada ou ao comprimento da
LT.
Com relação aos impulsos atmosféricos, infere-se que o módulo
localizador desenvolvido se revelou imune às variações de impedância
de surto da torre, ângulo de incidência e amplitude da corrente de raio,
apesar de ser constatada uma exígua variabilidade entre os erros
computados, desde que detectada a falta.
231

Deste modo, ratifica-se que a utilização de aproximações da


velocidade de propagação na estimação da distância da falta é uma boa
alternativa a se considerar na construção de um módulo responsável pela
localização de distúrbios. Contudo, apesar do valor empregado para este
parâmetro estar em conformidade com a literatura, o mesmo foi auferido
após um processo extensivo de simulações computacionais, no intuito
de imprimir bons resultados.
Já no estudo da LT catarinense, também poderia ter sido utilizada
uma aproximação da velocidade da luz, o que demandaria a realização
de simulações do sistema frente às diferentes condições impostas neste
trabalho, uma vez que os valores utilizados para este parâmetro não são
necessariamente iguais para diferentes LT’s. Rememora-se que na
estimação da distância da falta, outros autores, como citado na seção
5.1, utilizaram aproximações distintas da velocidade da luz, obtendo
resultados satisfatórios.
Além disto, para realizar uma comparação justa entre os métodos
de dois (M2T) e três (M3T) terminais, fez-se necessário a utilização do
valor real da velocidade, isto é, estipulado com base nos parâmetros da
LT. Ressalta-se que valores aproximados para esta variável podem
suprir as possíveis imprecisões na detecção dos instantes de chegada dos
transitórios aos terminais de monitoramento e, consequentemente,
impingir menores erros.
Então, embasando-se nos resultados obtidos, pode-se afirmar que
a inclusão de um terceiro terminal de monitoramento na LT se faz de
extrema importância no auxílio à localização de faltas, haja vista que o
módulo desenvolvido desvela um aumento médio na precisão de,
aproximadamente, 91,13% e 98,63% na estimação da distância de
falhas induzidas na frequência de chaveamento e por impulsos
atmosféricos, respectivamente.
Assim como a LT norte/nordeste, os erros computados através
dos dois métodos também dispuseram de variações pouco significantes
entre si ante a alternância do tipo de falta, ângulo e resistência,
considerando-se o fenômeno do chaveamento. Quanto aos impulsos
atmosféricos, também foram vistas intercorrências irrelevantes
ocasionadas pela variação do ângulo e da amplitude da corrente de raio.
Por fim, é válido frisar que para os testes adicionais de corrente
baixa, o M3T ainda exibiu uma maior acurácia que o M2T na maioria
dos casos, em consequência da redução significativa dos erros de
estimação.
232

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi desenvolvido um framework composto por


quatro módulos interconectados e responsáveis pela aquisição, detecção,
classificação e localização de faltas, nesta ordem. Para a composição
deste, foi imprescindível que primeiramente fossem pontuados e
discorridos os conceitos fundamentais sobre OV’s e TW necessários à
compreensão da problemática estudada, tal como realizado no capítulo
2.
No capítulo 3, foi realizada uma revisão bibliográfica de
pesquisas embasadas na TOV’s, no intuito de conhecer as técnicas
existentes e utilizadas na literatura. Neste contexto, averiguou-se que os
métodos fundamentados na TOV’s variam principalmente conforme os
tipos de registros oscilográficos (tensão e/ou corrente, adquiridos via
um, dois ou três terminais de monitoramento) e quanto às técnicas
aplicadas.
Em continuidade, o capítulo 4 foi dividido em quatro principais
seções: a primeira foi destinada à descrição das características dos
sistemas analisados; na segunda, foram apresentados os fenômenos que
originam transitórios eletromagnéticos em SEP’s, bem como, os
intervalos de frequência em que ocorrem. Além disto, foi exposta a
classificação destes intervalos que delineia o processo de modelagem de
um SEP.
Neste sentido, na terceira seção, foi exibida a modelagem
relacionada aos grupos, porém com enfoque nos transitórios de frentes
lenta e rápida. Por conseguinte, as LT’s estudadas foram modeladas
consoante a frequência de chaveamento e o fenômeno das descargas
atmosféricas.
Na quarta seção, que é o cerne desta pesquisa, foi explanada, de
forma elucidativa e objetiva, a formulação e o processo de algoritmia
utilizados na concepção dos módulos componentes do framework. Vale
salientar que os algoritmos engendrados foram balizados por trabalhos
difundidos na literatura e moldados de forma a atingir o propósito deste
estudo.
No módulo detector, recorreu-se à utilização dos coeficientes de
detalhes, calculados através da MODWT, das componentes modais 𝛼 e
𝛽 dos terminais local e remoto para a percepção das faltas.
Posteriormente, a detecção foi realizada com base na comparação entre
estes coeficientes e limiares relacionados à uma função densidade de
probabilidade normal.
233

No módulo destinado à classificação, foi criado inicialmente um


sistema-referência, no qual não foi imposto qualquer tipo de falta
visando a posterior eliminação do efeito de regime permanente. Em
seguida, foram calculados, através da MODWT, os coeficientes de
escala das correntes de fase e da componente modal zero.
Subsequentemente, foram determinadas as energias associadas a
estes coeficientes, as quais foram normalizadas para a fase de maior
magnitude energética. Por último, foi utilizada a componente modal
zero para indicação do envolvimento da terra na falha, além de
comparações entre as energias de cada fase para a caracterização das
faltas.
No módulo localizador, foi considerado primeiramente um
sistema-referência, igualmente ao módulo classificador, também com o
objetivo de eliminar o efeito de regime permanente; foram calculados os
coeficientes de detalhes das componentes modais 𝛼 e 𝛽 e,
posteriormente, foi determinado o conteúdo espectral de energia
associado a estes.
Para a determinação do primeiro instante de reflexão nos
terminais de monitoramento e a subsequente estimação do ponto de
incidência da falta, os valores de energia calculados foram comparados
com um limiar estabelecido conforme os ruídos da LT. Sublinha-se que
para as faltas classificadas como BC, foi utilizada a componente modal
𝛽, o que é justificado pelas restrições destas na detecção de faltas.
De fato, através das simulações realizadas nesta pesquisa,
constatou-se que o emprego desta induziu menores erros na localização
das faltas quando comparado à utilização da componente modal 𝛼.
Outrossim, para a estimação da distância da falta, foram
aplicados os métodos M2T e M3T, sendo este último apenas para a LT
da região sul. Para esta abordagem foram obtidas equações relacionadas
à distância ao terminal local para a primeira e segunda metade da LT.
Por fim, no capítulo 5 foram apresentados os resultados obtidos a
partir da implementação dos módulos, dada a ocorrência de faltas
induzidas na frequência de chaveamento e por descargas atmosféricas.
Após as simulações de todas as condições impostas, constatou-se
que, predominantemente, as faltas foram detectadas com êxito, à
exceção das descargas atmosféricas com magnitude de 18 𝑘𝐴, tal como
explanado na subseção 5.2.2.4.
O módulo classificador, elaborado para LT’s transpostas e não
transpostas, também obteve sucesso na classificação de todas as faltas
induzidas na frequência de chaveamento. Sublinha-se que para as
situações de variação de corrente, este módulo não foi testado.
234

Quanto ao módulo localizador, com relação às faltas supracitadas


incidentes na LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI, constatou-
se que a distância é o parâmetro que exerce maior influência no
desempenho deste módulo. Apesar do tipo e ângulo de incidência da
falta provocarem algumas oscilações nos erros computados, quando
mantidos os demais parâmetros constantes, afirma-se que estas são
irrelevantes em comparação ao comprimento da própria LT. Ressalta-se
que a metodologia adotada se revelou imune à variação da resistência de
falta.
No caso das descargas atmosféricas, a distância de aplicação da
falta também foi o fator de maior preponderância sobre o módulo
localizador, uma vez que, os maiores erros ocorreram próximos às
extremidades da LT e os menores em regiões circunvizinhas ao ponto
médio. Diante da variação da impedância de surto da torre e ângulo de
incidência, as oscilações entre os erros contabilizados foram exíguas
(cerca de centímetros a menos de uma dezena de metros).
Quanto à alternância da amplitude da corrente de raio, também
foram verificadas variações da mesma ordem quando mantidos
inalterados os demais parâmetros analisados.
Para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, tanto
para o M2T quanto para o M3T e ambos os fenômenos, observou-se
novamente que o parâmetro que exerceu uma maior influência sobre os
erros computados foi a distância. Porém, foram percebidas algumas
pequenas oscilações entre os resultados, quando da variação do tipo,
ângulo de incidência e resistência da falta, no caso das falhas induzidas
na frequência de chaveamento.
De forma semelhante, foram percebidas pequenas variações entre
os erros de localização ante à alternância da amplitude da corrente de
raio e ângulo de incidência, quando da simulação de descargas
atmosféricas.
Quando confrontados os resultados do M2T e M3T, verificou-se
que há um aumento considerável, maior que 90%, na precisão do
módulo localizador, quando empregado este último método na análise
das faltas induzidas na frequência de chaveamento e por descargas
atmosféricas. Esta exatidão superior é fomentada pela utilização de um
terceiro terminal de monitoramento, o qual possibilita a supressão do
parâmetro velocidade, uma vez que este impele incertezas na estimação
da distância de falta.
Além dos testes realizados para a LT da região catarinense,
almejou-se examinar o comportamento do módulo localizador para o
sistema com correntes baixas. Neste caso, observou-se também um
235

aumento significativo na precisão das estimativas computadas pelo M3T


em relação àquelas fornecidas pelo M2T, excetuando-se os casos
explicitados na subseção 5.3.1.4.
Deste modo, para alcançar uma robustez do módulo localizador e
evitar lapsos na estimação das distâncias de falta, evidencia-se que é
necessário um estudo mais aprofundado de técnicas de filtragem que
possam atuar com uma maior sensibilidade na detecção dos instantes de
chegada dos transitórios aos terminais de monitoramento em LT’s com
diferentes pontos de operação da condição nominal.

6.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

As principais contribuições deste trabalho foram:

 Abordagem pormenorizada do processo de modelagem dos


sistemas em estudo, delineada por diretrizes estabelecidas para
a determinação de parâmetros e em conformidade com o
fenômeno em análise;
 Estudo de faltas induzidas na frequência de chaveamento e de
descargas atmosféricas, as quais caracterizam os grupos dos
transitórios de frente lente e rápida, respectivamente;
 Elaboração de um framework capaz de detectar, classificar e
localizar faltas, utilizando uma única ferramenta, a MODWT;
 Comparação entre o desempenho de algoritmos de localização
de dois e três terminais;
 Inclusão de testes com a LT operando em diferentes condições
da nominal.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para a continuidade do estudo realizado, propõem-se as seguintes


sugestões para aprimoramento e desenvolvimento de trabalhos futuros:

 Realizar as simulações das LT’s acometidas por faltas bifásicas-


terra e descargas atmosféricas com outras formas de ondas;
 Estudar e modelar os sistemas considerando a incidência de
descargas atmosféricas diretamente nos condutores das LT’s;
 Otimizar o processo de variação dos parâmetros e de
transferência dos dados obtidos após as simulações no ATP
para o MatLab;
236

 Modelar estas e outras LT’s consoante os grupos de transitórios


de baixa frequência e de frente muito rápida;
 Modelar o isolador instrumentado e considerá-lo nas
simulações, no intuito de observar se este interfere no
desempenho do framework desenvolvido;
 Estudar métodos que possibilitem uma melhor captura do
instante inicial da primeira frente de onda incidente nos
terminais de monitoramento, para LT’s com pontos de operação
diferentes da condição nominal;
 Testar o framework com dados oriundos de SEP’s reais;
 Expandir este estudo para Sistemas Elétricos de Distribuição.
237

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252

APÊNDICE A - PROCEDIMENTOS NO ATPDRAW

Procedimento para obtenção da impedância de surto:

 Após a correta modelagem da LT, na aba Model do módulo


LCC, seleciona-se o modelo PI;
 Na caixa #Ph, coloca-se apenas o número de fases do circuito,
neste caso 3;
 Em Freq. Init (Hz) coloca-se a frequência do sistema, neste
caso, 60𝐻𝑧;
 Assinala-se a caixa Printed output e a opção [Cs];
 Na aba Data, na coluna correspondente a Ph.no. coloca-se 0 nas
células referentes aos cabos para-raios;
 Por fim, clica-se no botão Run ATP. Na nova janela que se
abrirá estarão as informações sobre impedância de surto,
atenuação, velocidade, comprimento de onda, resistência,
reatância e susceptância.

Na Tabela A.1 estão relacionados os parâmetros da LT obtidos


após a realização do processo descrito anteriormente.

Tabela A.1 - Parâmetros obtidos após a simulação da LT.

Fonte: Próprio autor.

Procedimento para criação do arquivo de dados “.mat”:

 Na guia ATP, seleciona-se a opção GTPPLOT, ou


alternativamente, pressiona-se as teclas Ctrl+Alt+1;
 Na nova janela que se abre, digita-se “choice”;
 Ao pressionar um enter, aparecerá todas as variáveis lidas pelos
medidores, no caso deste trabalho, pelas current probes;
 Digita-se os números das variáveis a serem exportadas
precedidos de uma barra (por exemplo: /1 2 3 4 5 6) e
pressiona-se enter;
 Digita-se “matlab” e novamente pressiona-se enter;
 Finalizando, digita-se “go”.
253

A janela que se abre após a seleção da opção GTPPLOT,


contendo os passos posteriores estão apresentados na Figura A. 1.

Figura A. 1 - Procedimento para criação do banco de dados.

Fonte: Próprio autor.


254

APÊNDICE B - MODELOS

B.1 IMPEDÂNCIA DE ATERRAMENTO

a) Modelos de baixas frequências

De acordo com EPRI (2006, apud Martinez-Velasco, 2010), a


impedância de aterramento de um sistema pode ser calculada conforme
a Equação (B.1).

𝑍 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝐸 + 𝑅𝐶 + 𝑖(𝑋𝐸 + 𝑋𝐿 ) (B.1)

Onde:

𝑅𝐿 : resistência do eletrodo terra;


𝑅𝐸 : resistência de dissipação do solo circundante ao eletrodo;
𝑅𝐶 : resistência de contato entre o eletrodo e o solo;
𝑋𝐸 : reatância dos caminhos de corrente no solo;
𝑋𝐿 : reatância do eletrodo terra;
𝑖 = √−1.

A impedância de aterramento descrita pela Equação (B.1) pode


ser simplificada e representada apenas pela resistência 𝑅𝐸 , pois
conforme Martinez-Velasco (2010), além da resistência do eletrodo terra
(𝑅𝐿 ) ser muito menor que as resistências de contato (𝑅𝐶 ) e de dissipação
(𝑅𝐸 ), a reatância de dissipação (𝑋𝐸 ) também é menor que a reatância do
eletrodo terra (𝑋𝐿 ). Este último, por sua vez, é insignificante quando
comparada a resistência de dissipação para frequências do sistema de
potência.

b) Modelos de altas frequências

Conforme EPRI (2006, apud Martinez-Velasco, 2010),


parâmetros como ionização, impedância da superfície e de cabos abaixo
do solo exercem significativa influência na magnitude e na forma dos
transitórios de tensão induzidos por fenômenos de alta frequência na
base da torre.
Bewley (1951, apud Martinez-Velasco, 2010) justifica esta
interferência nos transientes através do fato de, inicialmente, a
impedância efetiva dos cabos abaixo do solo ser igual a impedância de
255

surto e reduzir-se, durante os tempos de viagem da onda ao longo do


cabo, a um nível correspondente à resistência de fuga. Além disso, este
autor afirma que a impedância de surto aumenta abruptamente em
menos de 1 𝜇𝑠, apresentando um crescimento lento após esse curto
período, em oposição à resistência de fuga, a qual decresce até um valor
de resistência de baixa frequência, ao passo que as ondas refletidas
acumulam tensão ao longo do condutor.
A partir das considerações e de estudos já realizados, afirma-se
então que a impedância de aterramento deste grupo é dependente da
frequência. Contudo, não há uma conformidade entre os autores na
forma de adaptar todo o conhecimento adquirido aos projetos atuais de
sistemas de aterramento nas simulações de descargas atmosféricas, a
título de exemplo. Desta maneira, a impedância de aterramento é
representada geralmente por uma resistência (MARTINEZ-VELASCO,
2010).

B.2 IMPEDÂNCIA DE SURTO DA TORRE

a) Aproximações teóricas

 Modelo cilíndrico

Em 1960, Wagner e Hileman desenvolveram um modelo de


forma cilíndrica para a representação das torres de transmissão. A partir
da utilização deste arquétipo, tal qual apresentado na Figura B.1, e
considerando uma descarga atmosférica incidente no topo da torre, com
propagação vertical até o solo, estes autores inferiram que a impedância
da torre varia conforme a onda se propaga em direção ao solo (IEC,
2004; MARTINEZ-VELASCO, 2010).

Figura B.1 - Forma cilíndrica da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).


256

Para o cálculo da impedância de surto da torre de transmissão,


considerando o modelo cilíndrico, Wagner e Hileman (1960)
propuseram então uma aproximação descrita pela Equação (B.2).

𝑐𝑡 (B.2)
𝑍 = 60 ∙ ln [√2 ∙ ( )]
𝑟
Onde:

𝑐: velocidade da luz, em metros por segundo;


𝑡: tempo, em segundos;
𝑟: raio da base da torre, em metros.

Apoiando-se na Equação (B.2), inferiu-se que o máximo


potencial no topo da torre ocorre quando 𝑡 = 2ℎ⁄𝑐 . Então, substituindo
a variável tempo, o cálculo da impedância de surto pôde ser realizado
através da Equação (B.3).

2ℎ (B.3)
𝑍 = 60 ∙ ln [√2 ∙ ( )]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

Após testes experimentais e estudos na área, Sargent e Darveniza


(1969) observaram que as impedâncias de surto da torre, calculadas
através da Equação (B.3), eram divergentes das impedâncias medidas.
Então, para solucionar este problema, foi realizada uma análise e
proposta uma nova forma para o cálculo da impedância de surto no
momento em que ocorre o máximo potencial no topo da torre, conforme
Equação (B.4).

ℎ (B.4)
𝑍 = 60 ∙ [ln (2√2 ∙ ) − 1]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


257

𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelo cônico

Como alternativa ao uso da forma cilíndrica, os autores


supracitados ainda propuseram um modelo cônico para representação da
torre de transmissão, vide Figura B.2.

Figura B.2 - Forma cônica da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Então, a partir do desenvolvimento analítico, Sargent e Darveniza


(1969) concluíram que a impedância de surto podia ser calculada
independentemente do tempo de propagação da onda, conforme
Equação (B.5).

√𝑟 2 + ℎ2 (B.5)
𝑍 = 60 ∙ [ln (√2 ∙ )]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelos cilíndrico e cônico supondo descargas atmosféricas a


meio vão da linha

Em análises do comportamento dos modelos desenvolvidos por


Wagner e Hileman (1960) e Sargent e Darveniza (1969) face à
incidência de descargas atmosféricas a meio vão da linha, isto é, surtos
258

horizontais à torre, Chisholm, Chow e Srivastava (1985) observaram


que os mesmos não imprimiam bons resultados frente à ocorrência deste
fenômeno. Em consequência disto, modificaram as equações referentes
aos dois modelos estudados.
As novas expressões depreendidas para os modelos cilíndrico e
cônico da torre de transmissão são descritas pelas Equações (B.6) e
(B.7), respectivamente.

𝑟 (B.6)
tan−1 ( )
𝑍 = 60 ∙ {𝑙𝑛 [𝑐𝑜𝑡 ( ℎ )] − 1}
2

𝑟 (B.7)
tan−1 ( )
𝑍 = 60 ∙ {𝑙𝑛 [𝑐𝑜𝑡 ( ℎ )]}
2
Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelo waist

Além das contribuições realizadas para o estudo de surtos


horizontais à torre, em 1985, Chisholm, Chow e Srivastava
recomendaram a utilização de um novo modelo, representado na Figura
B.3, para torres tipo waist.

Figura B.3 - Forma waist da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).


259

As Equações (B.8) e (B.9) balizam o cálculo da impedância


média de surto da torre.

𝑟1 ℎ2 + 𝑟2 (ℎ1 + ℎ2 ) + 𝑟3 ℎ1 (B.8)
𝑇=
(ℎ1 + ℎ2 )2

1 (B.9)
𝑍 = 60 ∙ {ln [cot ∙ tan−1(𝑇)]}
2

Onde:

𝑟1 : raio do topo da torre, em metros;


𝑟2 : raio da parte waist da torre, em metros;
𝑟3 : raio da base da torre, em metros;
ℎ1: altura da base da torre a parte waist, em metros;
ℎ2: altura da parte waist ao topo da torre, em metros.

Para determinação da impedância de surto de torres tipo waist e


implementação do modelo no programa FLASH, foram realizadas
algumas modificações na expressão denotada em (B.9), com o objetivo
de eliminar possíveis imprecisões no cálculo deste parâmetro (BABA;
ISHII, 1999).
Desta forma, a expressão para a impedância de surto utilizada no
programa FLASH é descrita conforme a Equação (B.10).

𝜋 1 (B.10)
𝑍 = √ 60 ∙ {ln [cot ∙ tan−1(𝑇)] − ln √2}
4 2

Disponível na década de 80 na linguagem FORTRAN, a


funcionalidade do programa FLASH se direcionava a estimação de taxas
de descargas atmosféricas, inicialmente em LT’s e, posteriormente, em
linhas de distribuição, como consequência do avanço de pesquisas na
área. Além de incorporar uma análise simplificada, fundamentada na
TOV’s, com ajustes necessários à impedância de surto de torre,
características de aterramento e efeito corona, também se pode constatar
a inclusão de modelos de para-raios de linha, cabos guarda e isolamento
proporcionado por madeira ou fibra de vidro (MCDERMOTT, 2010).
260

 Modelo multicondutor

Partindo das mesmas premissas adotadas por Ametani et al.


(1994), Hara e Yamamoto (1996) desenvolveram um modelo mais
generalista para representação de torres de transmissão, no qual cada
segmento da estrutura principal da torre é representado por cilindros e
simplificadamente, por um único condutor cujos diâmetros diminuem do
solo até o topo.
Além disto, esses autores consideraram a propagação do surto por
toda a geometria da torre, ou seja, incluíram em seus estudos braços e
cruzetas, ambos modelados por linhas a parâmetros distribuídos e
constantes, isto é, sem perdas (HARA, YAMAMOTO, 1996;
MARTINEZ-VELASCO, 2010).
Nas Figuras B.4 (a) e (b) estão representados, respectivamente, o
modelo multicondutor da torre desenvolvido por Ametani et al. (1994) e
o equivalente da torre de transmissão proposto por Hara e Yamamoto
(1996).

Figura B.4 - Torre de transmissão: (a) modelo multicondutor; (b) modelo


equivalente.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Na Figura B.4 (b) pode-se observar nitidamente que cada parte


da torre é constituída por um conjunto de impedâncias, as quais podem
ser calculadas em função das dimensões e da geometria da própria torre,
conforme as Equações (B.11), (B.12), (B.13) e (B.14) (HARA;
YAMAMOTO, 1996).
261

1⁄ 3⁄ (B.11)
1⁄ 1⁄ 2⁄ 4 1⁄ 2⁄ 4
𝑟𝑒𝑘 = 2 8 ∙ [(𝑟𝑡𝑘 3 ∙ 𝑟𝐵 3) ]∙ [(𝐷𝑇𝑘 3 ∙ 𝐷𝐵 3) ],
para 𝑘 = 1, 2, 3, 4

𝑍𝑇𝑘 = 60 ∙ [ln (
2∙√2ℎ𝑘
) − 2], para 𝑘 = 1, 2, 3, 4 (B.12)
𝑟𝑒𝑘

𝑍𝐿𝑘 = 9 ∙ 𝑍𝑇𝑘 (B.13)

2 ∙ ℎ𝐴𝑘 (B.14)
𝑍𝐴𝑘 = 60 ∙ ln ( )
𝑟𝐴𝑘

Onde:

𝑟𝑒𝑘 : raio equivalente do sistema, em metros;


𝑟𝑇𝑘 : raio do perfil da torre correspondente ao trecho 𝑘, em metros;
𝑟𝐵 : raio do perfil da torre na base, em metros;
𝐷𝑇𝑘 : diâmetro do cilindro correspondente a seção 𝑘, em metros;
𝐷𝐵 : diâmetro do cilindro na base da torre, em metros;
𝑍𝑇𝑘 : impedância de surto da seção 𝑘, em Ω;
ℎ𝑘 : altura do topo do cilindro da seção 𝑘 ao solo, em metros;
𝑍𝐿𝑘 : impedância de surto do braço correspondente a seção 𝑘, em Ω;
𝑍𝐴𝑘 : impedância de surto da cruzeta relativa a seção 𝑘, em Ω;
ℎ𝐴𝑘 : altura correspondente a cruzeta na seção 𝑘, em metros;
𝑟𝐴𝑘 : raio equivalente da cruzeta na seção 𝑘, em metros.

A IEC (2004) afirma que é válido considerar, em estudos


práticos, a velocidade de propagação da onda na torre igual a velocidade
da luz, ratificando CIGRE WG 33-01 (1991), o qual certifica que uma
aproximação adequada para o tempo de viagem da onda na torre pode
ser computado com base em tal velocidade.
Entretanto, algumas pesquisas neste campo revelam que os
tempos de propagação são maiores que aqueles calculados com base na
razão entre a altura da torre e a velocidade da luz (𝑡 = ℎ⁄𝑐), em
consequência de atrasos provocados por cruzetas, braços e caminhos
adicionais. Então, para incorporar esse efeito no modelo da torre,
considera-se uma redução na velocidade de propagação, a exemplo dos
modelos cilíndrico e waist (IEC, 2004; MARTINEZ-VELASCO, 2010;
REIS, 2013).
262

b) Estudos experimentais

 Modelo multi-estágio

Inicialmente, ISHII et al. (1991) propuseram um modelo cujos


parâmetros pudessem ser determinados a partir de medições de tensão
nas cadeias de isoladores, considerando uma torre de transmissão de
500 𝑘𝑉.
Com o objetivo de realizar estas aferições, tais autores dividiram
a torre em quatro seções, representadas individualmente por uma LT
sem perdas em série com um circuito a parâmetros concentrados,
figurado por uma resistência de amortecimento em paralelo com uma
indutância. Desta forma, a atenuação das OV’s é representada, visto que
é realizada uma aproximação mais precisa da característica da cauda de
onda (MARTINEZ-VELASCO, 2010; IEC, 2004; YAMADA et al.,
1995).
O arquétipo desenvolvido está representado na Figura B.5.

Figura B.5 - Modelo multi-estágio da torre de transmissão.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Os parâmetros necessários para representação da torre conforme


este modelo, são a velocidade de propagação (definida como sendo a
velocidade da luz), atenuação/deformação da onda, além da impedância
263

de surto. Este último é calculado com base na Figura B.6 e nas Equações
(B.15) e (B.16) (YAMADA et al., 1995).

Figura B.6 - Modelo para cálculo do raio equivalente e impedância de surto da


torre de transmissão.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

𝑟1 ∙ℎ2 +𝑟2 ∙ℎ+𝑟3 ∙ℎ1 (B.15)


𝑟𝑒𝑞 = , ℎ = ℎ1 + ℎ2
2ℎ

ℎ (B.16)
𝑍𝑇 = 60 ∙ [ln ( ) − 1]
𝑟𝑒𝑞

Onde:

𝑟1 : raio do topo do cone, em metros;


𝑟2 : raio do ponto médio do cone, em metros;
𝑟3 : raio da base do cone, em metros;
ℎ1: altura da base ao ponto médio do cone, em metros;
ℎ2: raio do ponto médio ao topo do cone, em metros;
𝑟𝑒𝑞 : raio equivalente da torre, em metros;
ℎ: altura da torre, em metros.

As demais variáveis (resistência de amortecimento e indutância),


utilizadas na modelagem desenvolvida, são calculadas conforme as
Equações (B.17), (B.18) e (B.19) (YAMADA et al., 1995).

−2∙𝑍𝑇1 ∙ln(√𝛾) (B.17)


𝑅𝑖 = [ ] ∙ ℎ𝑖 , para 𝑖 = 1, 2, 3
ℎ1 +ℎ2 +ℎ3

𝑅4 = −2 ∙ 𝑍𝑇2 ∙ ln(√𝛾) (B.18)

2∙(ℎ1 +ℎ2 +ℎ3 +ℎ4 ) (B.19)


𝐿𝑖 = 𝛼 ∙ 𝑅𝑖 ∙ 𝑐
, para 𝑖 = 1, 2, 3,4
264

Onde:

𝑍𝑇1: impedância de surto das três seções superiores da torre, em Ω;


𝑍𝑇2:impedância de surto da torre da seção inferior da torre, em Ω;
ℎ𝑖 : altura de cada seção da torre, em metros;
𝑅𝑖 : resistência de amortecimento, em Ω;
𝐿𝑖 : indutância de amortecimento, em 𝜇𝐻;
𝛼: coeficiente de amortecimento;
𝛾: coeficiente de atenuação;
𝑐: velocidade de propagação da luz, em 𝑚/𝜇𝑠.

B.3 ISOLADOR

a) Curva tensão versus tempo

A representação de um isolador em simulações se dá,


basicamente, através de chaves controladas por tensão em paralelo com
um capacitor de capacitância concentrada, conectado entre as fases da
LT e a torre, simulando, desta forma, os efeitos do acoplamento entre os
condutores e a estrutura da torre (IEEE WG 15.08.09, 1998; SILVA et
al., 2016).
Segundo o IEEE WG (1985), um valor que pode ser adotado para
a capacitância é de 80 𝑝𝐹, haja vista que pesquisas nesta área revelaram
uma menor divergência entre os resultados de simulações
computacionais e testes.
Na Figura B.7 está representado o mecanismo de funcionamento
do isolador no ATPDraw, no qual se considera inicialmente um
interruptor normalmente aberto. Quando a tensão nos terminais deste
dispositivo ultrapassar o valor da tensão de disrupção especificada para
a cadeia de isoladores, este se fechará, caracterizando assim a ocorrência
de um flashover (IEEE WG, 1985; SILVA et al., 2016).
265

Figura B.7 - Mecanismo do isolador no ATPDraw.

Fonte: Silva et al. (2016).

Como apresentado por Daverniza, Popolansky e Whitehead


(1975) e, mais tarde, por IEEE WG (1985), através da representação do
mecanismo de flashover nos isoladores por curvas tensão versus tempo,
a tensão flashover ou de disrupção é calculada em função do
comprimento da própria cadeia de isoladores, mediante a Equação
(B.20).

𝐾2 (B.20)
𝑉 = (𝐾1 + )
𝑡 0.75

Onde:

𝑉: tensão, em 𝑀𝑉;
𝐾1 : 0,4 𝑊;
𝐾2 : 0,71 𝑊;
𝑊: comprimento da cadeia de isoladores, em metros;
𝑡: tempo de ruptura, em 𝜇𝑠.

b) Método da integração

Respaldando-se no mecanismo de funcionamento do isolador, tal


qual explanado anteriormente, considera-se agora que o flashover
iniciará no isolador quando a tensão aplicada em um determinado
intervalo de tempo exceder uma tensão mínima e constante, a qual é
determinada com base em resultados experimentais, dada a aplicação de
descargas atmosféricas padrão.
266

De forma sucinta, este método fundamenta-se no cálculo do


denominado efeito disruptivo de surto a partir da integração, no tempo,
da diferença entre a própria tensão aplicada e a mínima determinada
vide Equação (B.21).
𝑡 (B.21)
𝐷𝐸 = ∫ (𝑈(𝑡) − 𝑈0 )𝑘 𝑑𝑡
𝑡0

Onde:

𝐷𝐸: efeito disruptivo do surto aplicado, em 𝑘𝑉 𝑘 ∙ 𝜇𝑠;


𝑈(𝑡): tensão aplicada em função do tempo, em 𝑘𝑉;
𝑈0: tensão mínima e constante, em 𝑘𝑉;
𝑡0: instante em que a tensão aplicada excede a tensão mínima, em 𝜇𝑠;
𝑡: tempo decorrido da incidência da descarga, em 𝜇𝑠;
𝑘: constante empírica.

Neste modelo, considera-se que o flashover ou a ruptura do


isolador só ocorrerá, de fato, quando o efeito disruptivo calculado for
maior ou igual ao valor crítico considerado para este parâmetro, o qual é
determinado conforme as características do equipamento em estudo
(CALDWELL, DARVENIZA, 1973; DATSIOS, MIKROPOULOS,
TSOVILIS, 2011; IEEE WG 15.08.09, 1998).

c) Método de desenvolvimento líder

Este método é caracterizado como uma aproximação física por


ser fundamentado no processo de rompimento da estrutura do isolador.
A partir da aplicação de impulsos, descargas corona incidem nas regiões
mais solicitadas na superfície do eletrodo em um tempo 𝑡𝑖 . Somente
quando o campo elétrico no centelhador se torna maior ou igual a um
valor crítico (𝐸0 ), os streamers percorrem todo o centelhador em um
tempo 𝑡𝑠 , desencadeando a propagação de ondas ionizantes ao longo do
canal streamer até uma zona de alta condutividade próxima ao eletrodo.
Por fim, o líder da descarga começa a se propagar e atravessa todo o
comprimento do centelhador em um tempo 𝑡𝑙 , fomentando assim, o
flashover (BRAZ, 2011; DATSIOS, MIKROPOULOS, TSOVILIS,
2011; IEEE WG 15.08.09, 1998).
O tempo para ocorrência pode ser computado através da Equação
(B.22).
267

𝑡𝑐 = 𝑡𝑖 + 𝑡𝑠 + 𝑡𝑙 (B.22)

O ponto crucial para implementação deste método é o cálculo da


velocidade do líder de descarga. Escrito inicialmente a partir de
formulações empíricas em função da tensão aplicada, intensidade do
campo elétrico, além da geometria e comprimento do centelhador ainda
não percorrido, vários autores propuseram novas formas para este
cálculo a partir da combinação entre as expressões citadas e equações de
circuito, determinadas por resultados experimentais (IEEE WG
15.08.09, 1998; SHINDO, SUZUKI, 1985).

Os avanços nos estudos acerca de isoladores, ao longo dos anos,


serviram como alicerce para a pesquisa de Datsios, Mikropoulos e
Tsovilis (2011), na qual este equipamento foi modelado como um objeto
denominado ISF (Insulator String Flashover) no ATPDraw, reunindo
modelos já consolidados na literatura. Uma desvantagem para os
usuários é a quantidade requisitada de parâmetros de entrada.

B.4 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

a) Modelos eletro-termodinâmicos

Sucintamente, a descarga de retorno é representada por uma


coluna de plasma, cujas propriedades e adjacências são descritas pela
solução numérica de equações de conservação (massa, momento e
energia) e equações de estado (térmica e calórica). Já as suas dimensões
são relacionadas aos parâmetros observáveis da descarga atmosférica,
tais como corrente e tensão características, efeitos acústicos e radiativos,
temperatura e composição plasmática (COORAY, 2014).
Na construção deste modelo, considera-se geralmente como
premissas simplificadoras, a uniformidade da corrente em todo
comprimento da coluna; equilíbrio termodinâmico local em todo o
período de tempo, para que apenas com o conhecimento de temperatura
e pressão, seja possível o cálculo do estado do meio em um determinado
ponto e neutralidade elétrica da porção condutora do plasma (COORAY,
2014).
268

b) Modelos fundamentados em circuitos RLC

A modelagem da descarga de retorno, nesta abordagem, se dá em


duas etapas básicas: inicialmente, considera-se a transferência de toda a
carga da nuvem ao canal principal, representando-se o primeiro por um
capacitor (𝐶0) associado a uma resistência (𝑅0 ) e o segundo por um
circuito RL em série, salientando-se que a carga armazenada neste canal
deve ser figurada por um elemento capacitivo. Sendo assim, cada
segmento 𝑛 do canal é composto pela associação entre 𝑅1 𝑎 𝑁 , 𝐿1 𝑎 𝑁 e
𝐶1 𝑎 𝑁 . Por conseguinte, todo este circuito é modelado como uma LT a
parâmetros concentrados, a partir da suposição de que no canal principal
há uma energia magnética significante (LITTLE, 1978).
Por último, este é conectado a uma resistência terminal ou de
aterramento (𝑅𝐸 ) através de uma chave, que quando fechada promove o
fluxo da descarga de retorno (HOOLE, HOOLE, 2011).
O circuito utilizado para construção deste modelo pode ser visto
na Figura B.8.

Figura B.8 - LT a parâmetros concentrados utilizada para elaboração do modelo


RLC.

Fonte: Little (1978).

c) Modelos embasados na teoria de antenas

Um dos modelos já construídos embasados na teoria de antenas é


aquele proposto por Moini et al. (2000), no qual a distribuição de
corrente no canal principal da descarga de retorno é determinada através
das soluções das equações de Maxwell, obtidas numericamente pelo
método dos momentos.
A representação deste canal é feita por uma antena monopolar
com perdas, cuja alimentação é realizada por uma tensão proveniente da
associação entre a corrente de entrada pré-estabelecida e sua própria
resistência por unidade de comprimento.
Neste modelo são necessários apenas que dois parâmetros sejam
especificados pelo usuário: a resistência por unidade de comprimento do
canal e a velocidade de propagação da onda de corrente no meio não
269

resistivo, já que dado o surgimento de campos eletromagnéticos,


promovidos pela excursão da onda de corrente ao longo da antena, a
permissividade elétrica no meio não condutor é selecionada conforme
uma velocidade peculiar de propagação (MOINI et al., 2000).

d) Modelos para aplicações em engenharia

Neste modelo, o canal principal é tratado como uma LT e a


descarga de retorno como uma corrente resultante nesta, quando aterrada
em uma das extremidades. Alguns protótipos desenvolvidos consideram
a variação espaço-temporal para a corrente de descarga e consequente
cálculo dos campos eletromagnéticos, enquanto outros apoiam-se em
conceitos físicos, tais como a velocidade de propagação da descarga de
retorno e as causas das variações espaços-temporais. É importante frisar
que alguns destes parâmetros são obtidos através de experimentos,
enquanto que os demais são selecionados a partir do alinhamento entre
os resultados do modelo e dados experimentais (COORAY, 2014;
SANTAMARÍA; ALARCÓN; VARGAS, 2011).
Segundo Cooray (2014), os modelos para aplicação em
engenharia são subdivididos em três classes: a primeira categoria
corresponde aos modelos CP (current propagation), nos quais a
descarga de retorno é tratada como um pulso de corrente aplicado ao
nível do solo, propagando-se com velocidade uniforme e sem mudanças
na amplitude da forma de onda em direção à nuvem, através do canal
principal. Este último é representado por uma LT uniforme e sem
perdas.
Na segunda categoria estão os modelos CG (current generation),
cuja representação do canal principal é feita por uma LT carregada e a
corrente da descarga de retorno constituída por fontes de corrente
distribuídas ao longo deste canal. O acionamento destas fontes pela
frente da descarga de retorno, que se propaga com destino à nuvem,
promove a injeção de correntes corona, as quais viajam em ambas as
direções, para baixo e para cima, no núcleo altamente condutor do canal
de descarga. Ressalta-se que, nesta abordagem, são consideradas as
correntes corona com propagação ao solo (COORAY, 2014;
SANTAMARÍA; ALARCÓN; VARGAS, 2011).
A terceira e última categoria compreende os modelos de
dissipação de corrente, os quais são construídos com base no princípio
utilizado para os modelos CG. Todavia, considera-se aqui, a propagação
ascendente das correntes corona, as quais agem sobre a frente do pulso
de corrente (aplicado no terminal aterrado da LT para originar a
270

descarga de retorno), de forma a provocar uma redução em sua


velocidade de propagação (COORAY, 2014).
271

APÊNDICE C - PSEUDOALGORTIMOS DESENVOLVIDOS

 Pseudoalgoritmo desenvolvido para o módulo da detecção

Tabela C.1 - Pseudoalgoritmo: módulo da detecção.

Fonte: Próprio autor.


272

 Pseudoalgoritmo desenvolvido para o módulo da classificação

Tabela C.2 - Pseudoalgoritmo: módulo da classificação.

Fonte: Próprio autor.


273

 Pseudoalgoritmo desenvolvido para o módulo da localização

Tabela C.3 - Pseudoalgoritmo: módulo da localização.

Fonte: Próprio autor.


274

APÊNDICE D - RESULTADOS

D.1 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI

D.1.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

D.1.1.1 Simulações da variação da resistência de falta

Figura D.1 Erros absolutos para faltas incidentes a 20 km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.

Figura D.2 - Erros absolutos para faltas incidentes a 60 km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.


275

Figura D.3 - Erros absolutos para faltas incidentes a 130 km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.

Figura D.4 - Erros absolutos para faltas incidentes a 175,6 km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.


276

D.1.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

D.1.2.1 Simulações com impulso atmosférico de 50 𝑘𝐴

Quadro D.1 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase A.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 127,942 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 127,942 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,718 42,821 3,843 42,832 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.

Quadro D.2 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase B.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 135,241 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,253 122,746
30° 135,241 110,586 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 128,075 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,241 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 128,207 110,453 42,688 3,710 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,241 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 128,207 110,453 42,688 3,710 42,566 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.
277

Quadro D.3 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase C.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 135,374 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,109 110,718 42,821 3,843 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,109 110,718 42,821 3,843 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.

D.1.2.2 Simulações com impulso atmosférico de 100 𝑘𝐴

a) Variação da impedância de surto da torre

Analogamente ao conjunto de simulações correspondentes à


corrente de raio de 50 𝑘𝐴, para averiguação da influência da impedância
de surto da torre, confeccionou-se o gráfico da Figura D.5, considerando
um ângulo de incidência de 90° em relação à fase A para as três
resistências testadas.

Figura D.5 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da impedância da torre.

Fonte: Próprio autor.


278

Embasando-se nos resultados expostos, verifica-se que há uma


variabilidade entre os erros computados para uma mesma distância, nos
casos em que a impedância de surto é 100 Ω para as distâncias de
40 𝑘𝑚, 52,8 𝑘𝑚, 72,8 𝑘𝑚 e 80 𝑘𝑚, correspondente a,
aproximadamente, 30 𝑐𝑚 para a primeira e 7,2 𝑚 para as demais
localidades.
Também é vista uma altercação no erro associado à falta
incidente a 60 𝑘𝑚 na LT com impedância de 250 Ω, no valor de 7,2 𝑚
em relação aos erros das demais impedâncias testadas.

b) Variação do ângulo de incidência

Para análise da intercorrência deste parâmetro nos resultados


obtidos, foram simuladas inicialmente falhas incidentes a 0°, 30° e 90°
em relação a fase A, na LT com impedância de surto igual a 100 Ω. Os
resultados obtidos estão apresentados na Figura D.6.

Figura D.6 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação à fase A e
impedância da torre de 100 Ω.

Fonte: Próprio autor.

Contrapondo os erros absolutos estimados para cada ângulo


associado a uma mesma distância, nota-se que as maiores disparidades
que ocorrem são em relação as faltas incidentes a 90°, num valor de,
aproximadamente, 7 𝑚, em oposição às outras. As únicas exceções são
aquelas ocorridas a 27,2 𝑘𝑚, 40 𝑘𝑚 e 87,8 𝑘𝑚 do terminal local, nas
quais estes valores são nulos ou inferiores a 30 𝑐𝑚.
279

Dando continuidade aos testes, foram realizadas as mesmas


simulações, considerando, a impedância da torre igual a 200 Ω. Os
resultados obtidos estão ilustrados graficamente na Figura D.7.

Figura D.7 - Erros absolutos, em m, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação à fase A e
impedância da torre de 200 Ω.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise gráfica da Figura D.7, percebe-se claramente


que os erros computados para cada distância permanecem invariáveis,
dada a alternância dos ângulos de incidência. Excetua-se apenas um
caso, cuja variação equivale a 7 𝑚, na falta incidente a 90° mais
próxima do terminal local.
Estas considerações também podem ser inferidas para os casos
em que a impedância da torre equivale a 250 Ω, adicionando-se apenas
um caso de variabilidade de 7 𝑚 no erro relativo à falta incidente a 90°
e a 60 𝑘𝑚 do terminal local.
Os resultados obtidos para este conjunto de simulações podem ser
visualizados no Quadro D.4.
280

Quadro D.4 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase A.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 128,207 110,453 42,555 3,578 49,733 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,453 42,821 10,744 42,566 88,965 85,220 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 128,207 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,121 122,746
30° 128,207 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
90° 135,109 110,453 42,555 3,578 49,733 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.

Finalizando as simulações para esta LT, variaram-se os ângulos


de incidência em relação às fases B e C.
Partindo do pressuposto que os erros absolutos obtidos dispõem
de um mesmo patamar de valores, vide Quadros D.5 e 5.6, as mesmas
análises podem ser perpetradas.

Quadro D.5 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase B.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 128,207 110,453 42,688 3,578 49,733 96,131 92,386 122,746
30° 135,241 110,453 42,821 10,744 42,566 96,131 85,352 122,746
90° 128,207 110,453 42,688 3,710 49,733 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 135,241 110,586 42,688 3,710 49,733 95,998 92,386 122,746
30° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
90° 128,075 110,586 42,821 3,710 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 135,241 110,586 42,688 3,710 49,733 95,998 92,386 122,746
30° 135,241 110,453 42,688 3,578 49,866 96,131 92,386 122,746
90° 128,075 110,586 42,821 3,710 42,566 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.
281

Quadro D.6 - Erros absolutos, em m, para diferentes ângulos de incidência em


relação à fase C.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100 Ω
0° 135,374 110,453 42,555 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 200 Ω
0° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,109 110,718 42,821 3,843 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
Impedância da torre: 250 Ω
0° 135,374 110,453 42,821 3,578 42,566 96,131 92,386 122,746
30° 135,109 110,718 42,821 3,843 42,832 96,131 92,386 122,746
90° 135,241 110,453 42,688 3,578 42,699 96,131 92,386 122,746
Fonte: Próprio autor.
282

 Diferenças entre os erros absolutos computados nas simulações


de impulsos atmosféricos com magnitudes de 50kA e 100 kA

Quadro D.7 - Diferenças entre as estimativas dos erros para correntes de raio de
50 kA e 100 kA.
Distância da Diferenças entre os erros absolutos (m)
falta(km)/
Fases
Ângulo de
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8

Impedância da torre: 100 Ω


0° -0,265 0 0,265 0 0 0 0 0
30° -0,265 0 0,265 0 -7,167 0 0 0
90° 0 0,265 0 -6,901 0,265 7,167 7,167 0
Impedância da torre: 200 Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
A
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 -0,265 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250 Ω
0° 0 0 0,265 0 0 0 -0,265 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 -0,265 0 7,167 0 0 0
Impedância da torre: 100 Ω
0° 7,034 0 0,133 0 -7,167 0 -0,133 0
30° 0 0,133 0 -7,167 0 0 7,034 0
90° -0,133 0 0 -0,133 -7,034 0 0 0
Impedância da torre: 200 Ω
0° 0 0,133 0 0,133 7,167 -0,133 0 0
B
30° 0 0 -0,133 0 0,133 0 0 0
90° -0,133 0,133 0,133 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250 Ω
0° 0 0,133 0 0,133 7,167 -0,133 0 0
45° 0 0 -0,133 0 7,299 0 0 0
90° -0,133 0,133 0,133 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 100 Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 200 Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
C
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250 Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Próprio autor.
283

D.2 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC

D.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

D.2.1.1 Simulações com corrente nominal na LT

Quadro D.8 - Erros absolutos, em m, computados no M2T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
40 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
70 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
D=44km
10 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319

D=64km
10 559,878 559,878 560,960 559,878 559,878 559,878 559,878
40 559,878 559,878 560,960 559,878 559,878 559,878 559,878
70 559,878 559,878 560,960 559,878 559,878 559,878 559,878
D=84km
10 1392,075 1393,157 1392,075 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
40 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
70 1392,075 1393,157 1392,075 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
D=24km
10 1105,598 1105,598 1103,434 1105,598 1105,598 1105,598 1105,598
40 1105,598 1105,598 1103,434 1105,598 1105,598 1105,598 1105,598
70 1105,598 1105,598 1103,434 1105,598 1105,598 1105,598 1105,598
D=44km
10 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
30°
D=64km
10 559,878 560,960 558,796 559,878 559,878 560,960 559,878
40 559,878 560,960 558,796 559,878 559,878 560,960 559,878
70 559,878 560,960 558,796 559,878 559,878 560,960 559,878
D=84km
10 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
40 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
70 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
D=24km
10 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
40 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
70 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
D=44km
10 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
90°
D=64km
10 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
40 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
70 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
D=84km
10 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
40 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
70 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
Fonte: Próprio autor.
284

Quadro D.9 - Erros absolutos, em m, computados no M3T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 9,084 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,084
40 9,084 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,084
70 9,084 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,084
D=44km
10 33,687 33,437 33,687 33,687 33,687 33,437 33,687
40 33,687 33,437 33,687 33,687 33,687 33,437 33,687
70 33,687 33,437 33,687 33,687 33,687 33,437 33,687

D=64km
10 77,124 76,458 75,993 77,124 77,124 76,458 77,124
40 77,124 76,458 75,993 77,124 77,124 76,458 77,124
70 77,124 76,458 75,993 77,124 77,124 76,458 77,124
D=84km
10 119,229 119,680 119,229 119,229 119,229 119,680 119,229
40 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,680 119,229
70 119,229 119,680 119,229 119,229 119,229 119,680 119,229
D=24km
10 9,119 7,953 10,216 9,119 9,119 7,953 9,119
40 9,119 7,953 10,216 9,119 9,119 7,953 9,119
70 9,119 7,953 10,216 9,119 9,119 7,953 9,119
D=44km
10 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
40 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
70 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
30°
D=64km
10 77,124 75,327 77,589 77,124 77,124 75,327 77,124
40 77,124 75,327 77,589 77,124 77,124 75,327 77,124
70 77,124 75,327 77,589 77,124 77,124 75,327 77,124
D=84km
10 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229
40 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229
70 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229 119,229
D=24km
10 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
40 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
70 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
D=44km
10 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
40 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
70 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
90°
D=64km
10 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
40 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
70 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
D=84km
10 120,812 119,229 119,680 120,812 120,812 119,229 120,812
40 120,812 119,229 119,680 120,812 120,812 119,229 120,812
70 120,812 119,229 119,680 120,812 120,812 119,229 120,812
Fonte: Próprio autor.
285

D.2.1.2 Simulações da variação da corrente

 Corrente de 15 𝐴 em cada circuito da LT

Quadro D.10 - Erros absolutos, em m, computados no M2T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 960,625 378,569 814,570 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
40 960,625 524,624 814,570 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
70 960,625 524,624 814,570 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
D=44km
10 272,319 162,600 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 17,627 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 17,627 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319

D=64km
10 414,905 268,850 414,905 559,878 559,878 559,878 559,878
40 268,850 268,850 414,905 559,878 559,878 559,878 559,878
70 413,823 413,823 414,905 559,878 559,878 559,878 559,878
D=84km
10 1102,129 957,156 957,156 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
40 1102,129 1392,075 957,156 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
70 1102,129 957,156 957,156 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
D=24km
10 1105,598 1105,598 1103,434 960,625 1105,598 1105,598 1105,598
40 1105,598 1105,598 1103,434 960,625 1105,598 1105,598 960,625
70 1105,598 1105,598 1103,434 960,625 1105,598 960,625 1105,598
D=44km
10 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
30°
D=64km
10 559,878 560,960 558,796 413,823 559,878 560,960 559,878
40 559,878 560,960 558,796 413,823 559,878 560,960 559,878
70 559,878 560,960 558,796 413,823 559,878 560,960 559,878
D=84km
10 1392,075 1392,075 1247,102 1247,102 1392,075 1247,102 1392,075
40 1392,075 1392,075 1247,102 1247,102 1392,075 1247,102 1392,075
70 1392,075 1392,075 1247,102 1102,129 1392,075 1247,102 1392,075
D=24km
10 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
40 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
70 1104,516 1105,598 1104,516 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
D=44km
10 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
90°
D=64km
10 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
40 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
70 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
D=84km
10 1392,075 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
40 1392,075 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
70 1392,075 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075 1392,075 1392,075
Fonte: Próprio autor.
286

Quadro D.11 - Erros absolutos, em m, computados no M3T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 150,975 164,066 153,467 9,084 9,084 9,084 9,084
40 150,975 311,368 153,467 9,084 9,084 9,084 9,084
70 150,975 311,368 153,467 9,084 9,084 9,084 9,084
D=44km
10 66,963 245,144 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687
40 66,963 98,057 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687
70 66,963 98,057 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687

D=64km
10 139,055 111,620 49,817 77,124 77,124 76,458 77,124
40 200,691 111,620 49,817 77,124 77,124 76,458 77,124
70 50,935 37,229 49,817 77,124 77,124 76,458 77,124
D=84km
10 0,203 58,842 58,842 119,229 119,229 119,680 119,229
40 0,203 119,229 58,842 119,229 119,229 119,680 119,229
70 0,203 58,842 58,842 119,229 119,229 119,680 119,229
D=24km
10 9,119 7,953 10,216 4,498 9,119 7,953 9,119
40 9,119 7,953 10,216 4,498 9,119 7,953 4,498
70 9,119 7,953 10,216 4,498 9,119 3,339 9,119
D=44km
10 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
40 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
70 33,687 33,687 33,187 33,687 33,687 33,687 33,687
30°
D=64km
10 77,124 75,327 77,589 139,515 77,124 75,327 77,124
40 77,124 75,327 77,589 139,515 77,124 75,327 77,124
70 77,124 75,327 77,589 139,515 77,124 75,327 77,124
D=84km
10 119,229 119,229 59,150 59,150 119,229 59,150 119,229
40 119,229 119,229 59,150 59,150 119,229 59,150 119,229
70 119,229 119,229 59,150 0,203 119,229 59,150 119,229
D=24km
10 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
40 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
70 9,084 9,119 9,084 9,084 9,084 9,119 9,084
D=44km
10 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
40 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
70 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
90°
D=64km
10 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
40 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
70 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
D=84km
10 120,812 119,229 59,150 120,812 120,812 119,229 120,812
40 120,812 119,229 59,150 120,812 120,812 119,229 120,812
70 120,812 119,229 59,150 120,812 120,812 119,229 120,812
Fonte: Próprio autor.
287

 Corrente de 10 𝐴 em cada circuito da LT

Quadro D.12 - Erros absolutos, em m, computados no M2T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 - - - 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
40 959,543 668,515 814,570 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
70 959,543 668,515 814,570 1104,516 1104,516 1104,516 1104,516
D=44km
10 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319

D=64km
10 414,905 414,905 414,905 559,878 559,878 559,878 559,878
40 - - - - - - -
70 - - - - - - -
D=84km
10 - - - - - - -
40 - 1247,102 - 1247,102 1247,102 1393,157 1247,102
70 1247,102 1102,129 1102,129 1392,075 1392,075 1393,157 1392,075
D=24km
10 960,625 960,625 958,461 959,543 1105,598 815,652 960,625
40 960,625 960,625 958,461 814,570 1105,598 815,652 960,625
70 960,625 960,625 958,461 814,570 1105,598 815,652 960,625
D=44km
10 272,319 272,319 272,319 127,346 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 272,319 127,346 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319 272,319
30°
D=64km
10 559,878 560,960 413,823 414,905 559,878 560,960 413,823
40 559,878 560,960 413,823 414,905 559,878 415,987 413,823
70 559,878 560,960 413,823 414,905 559,878 415,987 413,823
D=84km
10 1247,102 1247,102 1247,102 957,156 1247,102 1102,129 1102,129
40 1247,102 1247,102 1247,102 957,156 1247,102 1102,129 1102,129
70 1247,102 1247,102 1247,102 957,156 1247,102 1102,129 1102,129
D=24km
10 1104,516 1105,598 959,543 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
40 1104,516 1105,598 959,543 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
70 1104,516 1105,598 959,543 1104,516 1104,516 1105,598 1104,516
D=44km
10 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
40 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
70 272,319 272,319 273,401 272,319 272,319 272,319 272,319
90°
D=64km
10 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
40 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
70 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878 559,878
D=84km
10 1247,102 1247,102 1247,102 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075
40 1247,102 1247,102 1247,102 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075
70 1247,102 1247,102 1247,102 1392,075 1247,102 1392,075 1392,075
Fonte: Próprio autor.
288

Quadro D.13 - Erros absolutos, em m, computados no M3T.


Ângulo de Resistência de Tipo de falta
incidência falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 751,137 750,221 751,165 9,084 9,084 9,084 9,084
40 4,463 157,060 0,102 9,084 9,084 9,084 9,084
70 4,463 157,060 0,102 9,084 9,084 9,084 9,084
D=44km
10 33,687 99,837 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687
40 33,687 99,837 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687
70 33,687 99,837 66,963 33,687 33,687 33,437 33,687

D=64km
10 139,055 49,817 138,390 77,124 77,124 76,458 77,124
40 - - - - - - -
70 - - - - - -
D=84km
10 - - - - - - -
40 - 59,150 - 59,150 59,150 119,680 59,150
70 59,150 412,711 0,203 119,229 119,229 119,680 119,229
D=24km
10 4,498 3,339 5,588 149,858 9,119 1,219 4,498
40 4,498 3,339 5,588 153,467 9,119 1,219 4,498
70 4,498 3,339 5,588 153,467 9,119 1,219 4,498
D=44km
10 33,687 33,687 33,187 49,919 33,687 66,963 33,687
40 33,687 33,687 33,187 49,919 33,687 66,963 33,687
70 33,687 33,687 33,187 99,837 33,687 66,963 33,687
30°
D=64km
10 77,124 75,327 139,515 49,817 77,124 13,402 139,515
40 77,124 75,327 139,515 49,817 77,124 48,700 139,515
70 77,124 75,327 139,515 49,817 77,124 48,700 139,515
D=84km
10 59,150 59,150 59,150 58,842 59,150 0,203 0,203
40 59,150 59,150 59,150 58,842 59,150 0,203 0,203
70 59,150 59,150 59,150 58,842 59,150 0,203 0,203
D=24km
10 9,084 9,119 4,463 9,084 9,084 9,119 9,084
40 9,084 9,119 4,463 9,084 9,084 9,119 9,084
70 9,084 9,119 4,463 9,084 9,084 9,119 9,084
D=44km
10 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
40 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
70 33,437 33,687 34,568 33,437 33,437 33,687 33,437
90°
D=64km
10 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
40 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
70 76,458 77,124 77,124 76,458 76,458 77,124 76,458
D=84km
10 60,720 59,150 59,150 120,812 60,720 119,229 120,812
40 60,720 59,150 59,150 120,812 60,720 119,229 120,812
70 60,720 59,150 59,150 120,812 60,720 119,229 120,812
Fonte: Próprio autor.
289

D.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

D.2.2.1 Simulações da variação do ângulo de incidência

 Alternância do ângulo em relação à fase A

Quadro D.14 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e M3T.

Ângulo de Distância ao terminal local (km)


incidência
24 44 64 84
M2T
0° 792,932 163,589 436,543 1065,615
30° 785,629 163,589 443,845 1058,583
90° 785,629 163,589 436,543 1051,280
M3T
0° 6,989 7,506 9,939 4,152
30° 1,006 5,829 2,404 3,103
90° 1,006 5,829 5,523 0,135
Fonte: Próprio autor.

 Alternância do ângulo em relação à fase B

Quadro D.15 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e M3T.


Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 24 44 64 84
M2T
0° 785,629 163,589 443,845 1058,583
30° 785,494 163,589 443,845 1058,448
90° 785,494 163,589 443,710 1058,448
M3T
0° 1,006 5,829 2,404 3,103
30° 0,867 5,829 2,404 3,048
90° 0,867 5,829 2,462 3,243
Fonte: Próprio autor.
290

 Alternância do ângulo em relação à fase C

Quadro D.16 - Erros absolutos, em m, computados através de M2T e M3T.


Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 24 44 64 84
M2T
0° 785,359 163,319 436,813 1051,010
30° 785,629 163,589 443,845 1058,583
90° 785,359 163,454 436,678 1051,280
M3T
0° 0,727 6,046 5,408 0,414
30° 1,006 5,829 2,404 3,103
90° 0,871 5,938 5,465 0,330
Fonte: Próprio autor.

D.2.2.2 Simulações da variação da corrente de raio

Quadro D.17 - Erros absolutos, em m, computados no M2T.


Distância ao terminal local (km)
Ângulo de
24 44 64 84 24 44 64 84 24 44 64 84
incidência/Fase
A B C
Corrente de raio 1 kA
0° 785,359 177,924 436,813 1051,010 785,494 178,059 436,543 1051,280 785,629 178,195 436,543 1051,280
30° 785,629 178,195 436,543 1051,280 785,494 178,059 436,543 1051,145 785,629 178,195 436,543 1051,280
90° 785,629 178,195 436,543 1051,280 785,629 178,059 436,543 1051,280 785,494 178,195 436,543 1051,145
Corrente de raio 5 kA
0° 778,327 170,892 436,543 1058,583 778,327 170,892 436,543 1058,583 778,327 170,892 436,543 1058,583
30° 778,056 170,622 436,543 1058,312 778,191 170,757 436,678 1058,448 778,056 170,622 436,543 1058,312
90° 778,056 170,892 436,543 1058,583 778,191 170,757 436,543 1058,448 778,327 170,892 436,543 1058,448
Corrente de raio 18 kA
0° 778,327 170,892 436,543 1051,280 778,191 170,757 436,678 1051,145 778,327 170,892 436,543 1051,280
30° 778,327 170,892 436,543 1051,280 778,327 170,757 436,543 1051,280 778,327 170,892 436,543 1051,280
90° 778,056 170,622 436,543 1051,010 778,327 170,892 436,543 1051,280 778,327 170,892 436,543 1051,280
Corrente de raio 50 kA
0° 778,327 170,892 436,543 1058,583 778,327 170,892 436,543 1058,448 778,056 170,622 429,510 1058,312
30° 778,327 170,892 429,240 1058,583 778,327 170,892 436,543 1058,583 778,327 170,892 429,240 1058,583
90° 778,327 170,892 436,543 1058,312 778,191 170,892 436,543 1058,448 778,327 170,757 436,678 1058,583
Corrente de raio 100 kA
0° 792,932 163,589 436,543 1065,615 785,629 163,589 443,845 1058,583 785,359 163,319 436,813 1051,010
30° 785,629 163,589 443,845 1058,583 785,494 163,589 443,845 1058,448 785,629 163,589 443,845 1058,583
90° 785,629 163,589 436,543 1051,280 785,494 163,589 443,710 1058,448 785,359 163,454 436,678 1051,280
Fonte: Próprio autor.
291

Quadro D.18 - Erros absolutos, em m, computados no M3T.


Distância ao terminal local (km)
Ângulo de
24 44 64 84 24 44 64 84 24 44 64 84
incidência/Fase
A B C
Corrente de raio 1 kA
0° 16,243 8,961 18,500 10,082 16,383 9,131 18,697 10,167 16,522 9,240 18,615 10,361
30° 16,235 9,240 18,779 10,361 16,239 9,100 18,697 10,222 16,235 9,240 18,779 10,361
90° 16,522 9,240 18,779 10,361 16,378 9,100 18,697 10,361 16,383 9,240 18,697 10,222
Corrente de raio 5 kA
0° 1,234 1,705 9,939 7,397 1,091 1,705 9,939 7,203 1,234 1,705 9,939 7,397
30° 0,955 1,488 9,775 7,118 1,095 1,597 9,799 7,258 0,955 1,426 9,939 7,118
90° 0,955 1,705 9,939 7,008 1,095 1,566 9,939 7,258 1,234 1,705 9,939 7,258
Corrente de raio 18 kA
0° 1,234 1,705 5,523 0,135 1,095 1,597 5,465 0,275 0,947 1,705 5,523 0,524
30° 1,234 1,705 5,523 0,135 1,234 1,566 5,523 0,135 1,234 1,705 5,523 0,135
90° 0,955 1,488 5,523 0,414 1,234 1,705 5,523 0,135 1,091 1,705 5,523 0,330
Corrente de raio 50 kA
0° 0,947 0,031 9,939 7,397 1,234 0,062 9,939 7,258 0,955 0,186 12,776 7,118
30° 1,234 0,031 13,055 7,397 1,091 0,031 9,939 7,397 1,234 0,031 13,055 7,397
90° 1,234 0,093 9,939 7,118 1,095 0,031 9,939 7,258 1,091 0,078 9,799 7,203
Corrente de raio 100 kA
0° 6,989 7,506 9,939 4,152 1,006 5,829 2,404 3,103 0,727 6,046 5,408 0,414
30° 1,006 5,829 2,404 3,103 0,867 5,829 2,404 3,048 1,006 5,829 2,404 3,103
90° 1,006 5,829 5,523 0,135 0,867 5,829 2,462 3,243 0,871 5,938 5,465 0,330
Fonte: Próprio autor.

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