2019 Matheus Janio Mella

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E GEOCIÊNCIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
COMPUTAÇÃO APLICADA

MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA


POR EVENTOS

Matheus Janio Mella

Passo Fundo
Ano 2019
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO APLICADA

MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA


POR EVENTOS

Matheus Janio Mella

Dissertação apresentada como requisito parcial


à obtenção do grau de Mestre em Computação
Aplicada na Universidade de Passo Fundo.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Eduardo Schardong Spalding


Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Trindade Rebonatto

Passo Fundo
Ano 2019
CIP – Catalogação na Publicação
__________________________________________________________________
M524m Mella, Matheus Janio
Medidor de energia elétrica por eventos / Matheus Janio
Mella. – 2019.
83 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Eduardo Schardong Spalding.


Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Trindade Rebonatto.
Dissertação (Mestrado em Computação Aplicada) –
Universidade de Passo Fundo, 2019.

1. Sistemas embarcados (Computadores). 2. Correntes


elétricas. 3. Programas de computador. 4. Medição. I. Spalding,
Luiz Eduardo Schardong, orientador. II. Rebonatto, Marcelo
Trindade, coorientador. III. Título.
CDU: 004.438
__________________________________________________________________
Catalogação: Bibliotecária Jucelei Rodrigues Domingues - CRB 10/1569
MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA POR EVENTOS

RESUMO

Os sistemas embarcados realizam diversas funções em diferentes áreas. Entretanto, quando


aliados com software de alto nível tornam as informações mais simples e fáceis de serem
compreendidos e visualizados, seja em um programa de computador ou em um sistema web. A
área da medição eletrônica de energia elétrica abre muitos caminhos dos quais não eram
possíveis com os sistemas analógicos. No contexto de medição eletrônica embarcada aliada ao
uso de software, este trabalho propõem desenvolver um medidor de energia elétrica capaz de
medir e analisar eventos que são gerados pelo consumo de energia de aparelhos domésticos. A
metodologia é baseada no projeto Protegemed, equipamento eletrônico composto de hardware
e software, que detecta e analisa eventos gerados por correntes elétricas, de alimentação e
diferencial, dos Equipamentos Eletromédicos. Foi desenvolvido um software com interface
gráfica utilizando a linguagem de programação Python para receber os eventos de variação de
tensão e corrente enviados por um sistema embarcado composto pela placa TM4C129 da Texas
Instrument. O protótipo composto pelo sistema embarcado e o software Python foi validado
com testes realizados com um medidor eletrônico de referência da marca ELO e modelo
ELO2101L. Os resultados obtidos mostraram que é possível medir a energia elétrica a partir de
eventos de variação de corrente, obtendo-se erros abaixo de 5,0% para cálculo da Energia
Aparente e abaixo de 3,0% para cálculo da Energia Ativa.

Palavras-chave: Medição eletrônica de energia elétrica, Medição por eventos, Protegemed,


TM4C129.
ELECTRONIC POWER METER BY EVENTS

ABSTRACT

Embedded systems are used in different areas, performing various functionalities, and when
combined with the proper software, the whole solution makes it simpler to obtain, understand
and visualize data. Electronic measurements of electrical energy enable new possibilities that
were not possible with analog systems. Within the context of software-based embedded
electronic measurements, this work introduces an electrical energy meter that is able to measure
and analyze events generated by the energy consumption of domestic devices. Our
methodology and start point is the Protegemed project: an electronic device that detects and
analyze events from electric power and differential current of electromedical devices. One of
our contributions is a software with graphical interface, in Python, that receives events of
voltage and current variation captured by an embedded system consisting of a TM4C129
platform from Texas Instrument. We built a prototype of the embedded system and Python
software, and validate it with an electrical reference meter of ELO brand and model ELO2101L.
Our results show that it is possible to measure the electric energy from events of current
variation, with errors as low as 5% for the calculation of Apparent Energy, and as low as 3%
for Active Energy.

Keywords: Electronic Measurement of Electrical Energy, Measurement by events, Protegemed,


TM4C129.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Protótipo do Protegemed da década de 1990. ........................................................... 14


Figura 2. Uma amostra de várias versões até 2015. ................................................................. 15
Figura 3. Painel Protegemed em 2012. ..................................................................................... 16
Figura 4. Tipos de medidores eletromecânicos. Adaptado de [8]. ........................................... 18
Figura 5. Tipos de medidores eletrônicos. Adaptado de [13] e [14]. ....................................... 19
Figura 6. Triângulo das Potências. Adaptado de [23] .............................................................. 26
Figura 7. Trecho do código Python da função que calcula valor médio e eficaz. .................... 27
Figura 8. Trecho do código Python da função que calcula P, S, Q e Fator de Potência. ......... 28
Figura 9. Proposta de esquema inicial do projeto. .................................................................... 31
Figura 10. Sensor de corrente [1]. ............................................................................................ 32
Figura 11. Especificações de tensão AC ET-1649 [29]............................................................ 33
Figura 12. Especificações de corrente AC ET-1649 [29]......................................................... 33
Figura 13. Especificações de tensão e corrente de ET-3367c [30]........................................... 34
Figura 14. Equipamentos utilizados no trabalho. Adaptado de [29], [30] e [31]. .................... 35
Figura 15. Placa de desenvolvimento Texas TM4C1294 [32]. ................................................ 36
Figura 16. Parte 1 do fluxograma do FW. ................................................................................ 37
Figura 17. Parte 2 do fluxograma do FW. ................................................................................ 40
Figura 18. Fluxograma do SW. ................................................................................................ 41
Figura 19. Evento de transiente de corrente de alimentação. ................................................... 43
Figura 20. Esquema para teste de comparação de FO entre TM4C129 e Osciloscópio........... 45
Figura 21. Esquema de testes de comparação entre medidor de referência e protótipo. .......... 46
Figura 22. Medidor Eletrônico ELO2101L. ............................................................................. 47
Figura 23. Maleta de testes do protótipo e medidor de referência. .......................................... 49
Figura 24. Diagramas dos exemplos simulados no SW PSIM. ................................................ 50
Figura 25. Circuito do tipo não linear para teste de script Python e PSIM. ............................. 51
Figura 26. Captura de FO dos sensores de tensão e corrente pelo osciloscópio. ..................... 52
Figura 27. Comparação de FO da tensão e corrente entre TM4C129 e osciloscópio. ............. 53
Figura 28. Esquema para teste dos sensores com amplificador de áudio. ................................ 56
Figura 29. FOs dos sensores capturadas por TM4C129 no teste com amplificador de áudio.. 58
Figura 30. FOs capturadas por TM4C129 dos sinais predefinidos. ......................................... 58
Figura 31. Sinais normalizado em amplitude. .......................................................................... 61
Figura 32. Sinais de teste normalizados em amplitude e com correção da defasagem. ........... 62
Figura 33. FO com artefato e sem correção da defasagem. ...................................................... 63
Figura 34. FO com artefato e com correção da defasagem. ..................................................... 64
Figura 35. Estimativa teórica do teste prático. ......................................................................... 67
Figura 36. Comparação de PMED e ELO da Tensão do teste 1. ............................................. 69
Figura 37. Comparação de PMED e ELO da Corrente do teste 3. ........................................... 70
Figura 38. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 2. ............................ 70
Figura 39. Comparação de Potência Aparente nos três testes. ................................................. 71
Figura 40. Comparativo de Energia Aparente Acumulada....................................................... 72
Figura 41. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 4. ............................ 73
Figura 42. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 5............................. 73
Figura 43. Tabela das capturas do SW. .................................................................................... 76
Figura 44. Tela dos detalhes sobre o evento. ............................................................................ 76
Figura 45. Tela dos gráficos de grandezas elétricas calculadas a partir dos eventos. .............. 77
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação dos medidores por tipo. Adaptado de [9]. .......................................... 17


Tabela 2. Comparação entre trabalhos relacionados. ............................................................... 23
Tabela 3. Trabalhos relacionados com Protegemed. ................................................................ 25
Tabela 4. Estrutura da tabela do banco de dados. ..................................................................... 43
Tabela 5. Especificações do medidor ELO2101L. Adaptado de [13]. ..................................... 47
Tabela 6. Resultados dos testes: teórico, PSIM e Python. ........................................................ 51
Tabela 7. Resultados dos testes PSIM e Python para circuitos não lineares. ........................... 52
Tabela 8. Resultados dos testes osciloscópio e TM4C129. ...................................................... 54
Tabela 9. Comparação dos métodos de deslocamento. ............................................................ 59
Tabela 10. Resultados do teste de similaridade de FO. ............................................................ 62
Tabela 11. Escala de Similaridade entre FO. Adaptado de [4]................................................. 63
Tabela 12. Aparelhos utilizados nos testes com cargas definidas. ........................................... 66
Tabela 13. Resultados dos testes com cargas definidas para PMED e ELO. ........................... 68
Tabela 14. Comparação de PMED com ELO dos testes com cargas definidas. ...................... 69
Tabela 15. Comparação de PMED com ELO dos testes cargas continuamente variáveis. ...... 74
LISTA DE SIGLAS

A/D - analógico-digital
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANNEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
CCS – Code Composer Studio
CI – Circuito Integrado
DMA – Direct memory access
EEM – Equipamento Eletromédico
FO – Forma de Onda
Fs – Frequência de Amostragem
GPS - Global Positioning System
GSM - Global System for Mobile Communications
HW - Hardware
Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IoT - Internet of Things (Internet das coisas)
LCD - Liquid Crystal Display (display de cristal líquido)
RTOS – Real Time Operating System (sistema operacional de tempo real)
SW - Software
TC – Transformador de Corrente
TI – Texas Instrument
TP – Transformado de Potencial
UART - Universal Synchronous Receiver/Transmitter
μC – Microcontrolador
LISTA DE SÍMBOLOS

A – ampere
Hz – hertz
t – tempo (segundos)
V – volt
VA – Potência em volt-ampere
W – Potência em watts
π – Constante com valor aproximado de 3.1415926
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
1.1. HISTÓRICO DO PROTEGEMED ..................................................................................... 14
1.2. MEDIDORES DE ENERGIA ............................................................................................. 17
1.2.1. Medidores Eletromecânicos ........................................................................................... 17
1.2.2. Medidores Eletrônicos .................................................................................................... 18
2. TRABALHOS RELACIONADOS .............................................................................. 20
3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 25
3.1. MÉTODO PARA CÁLCULO DAS POTÊNCIAS ............................................................. 26
3.2. MATERIAIS PARA TESTE DE HARDWARE ................................................................. 31
3.3. DESCRIÇÃO DE FIRMWARE E SOFTWARE ................................................................ 35
3.3.1. Firmware utilizado na placa TM4C129 ........................................................................ 35
3.3.2. Software de recepção e análise dos dados ..................................................................... 40
3.4. COMPARAÇÃO ENTRE OSCILOSCÓPIO E TM4C129 ................................................. 44
3.5. PROJETO DO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA POR EVENTOS ......................... 45
4. RESULTADOS.............................................................................................................. 50
4.1. COMPARAÇÃO ENTRE SIMULADOR PSIM E SCRIPT PYTHON ............................. 50
4.2. VALORES OBTIDOS COM TM4C129 VERSUS OSCILOSCÓPIO ............................... 52
4.3. CORREÇÃO DA DEFASAGEM DO SENSOR DE TENSÃO ......................................... 55
4.4. TESTES DE AMPLIFICADOR DE ÁUDIO VERSUS TM4C129 .................................... 56
4.4.1. Ajuste dos sensores com relação ao valor do ganho .................................................... 60
4.4.2. Investigação da deformação do sinal no sensor de tensão........................................... 60
4.4.3. Discussão dos resultados dos testes entre amplificador de áudio e TM4C129 .......... 64
4.5. TESTES DO PMED VERSUS MEDIDOR ELO2101L ..................................................... 65
4.5.1. Testes com cargas definidas ........................................................................................... 66
4.5.2. Testes com cargas continuamente variáveis ................................................................. 72
4.5.3. Discussão dos resultados dos testes entre PMED e Medidor ELO2101L .................. 74
4.6. APRESENTAÇÃO DO SOFTWARE PMED PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS DA
MEDIÇÃO DE ENERGIA ............................................................................................... 75
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 78
5.1. CONTRIBUIÇÕES AO PROTEGEMED ........................................................................... 79
5.2. TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................. 80
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
13

1. INTRODUÇÃO

A busca por tecnologias que permitam obter o máximo de informações do sistema


elétrico tem como um dos objetivos, a eficiência energética. Já é uma realidade o uso dos
chamados medidores inteligentes (smart meters) que proporcionam melhorias com alternativas
por busca de melhores padrões de consumo de energia elétrica, contribuindo para conscientizar
consumidores à utilização da energia de forma mais eficiente, segura e racional.
Um exemplo destes medidores inteligentes é o Protegemed, equipamento eletrônico
composto de hardware e software, que busca medir e analisar eventos gerados por correntes
elétricas, de alimentação e diferencial, dos Equipamentos Eletromédicos (EEM). Este trabalho
visa utilizar a mesma metodologia aplicada no Protegemed, entretanto com a proposta de medir
e analisar eventos que são gerados pelo consumo de energia de aparelhos domésticos, sendo
também possível a aplicação para EEM.
Atualmente, o Protegemed não realiza a medição da potência dos EEM monitorados
e tão pouco o consumo de energia. Na versão 2018 do Protegemed, foram inseridos sensores
para o monitoramento da tensão da rede que alimenta os painéis elétricos de tomadas da sala de
cirurgia, permitindo, assim, calcular a potência elétrica em funcionamento de um EEM e medir
o consumo de energia de todos os EEM utilizados durante um procedimento cirúrgico.
De maneira indireta, uma solução ou aperfeiçoamento do Protegemed implicará em
um outro produto que pode ser caracterizado como um medidor eletrônico de energia, que
utiliza toda base já formalizada do Protegemed com a introdução das ferramentas para calcular
a energia consumida.
O objetivo geral deste trabalho é avaliar uma adaptação do método e verificar se
este é capaz de mensurar o consumo de energia elétrica a partir dos eventos gerados pelas
grandezas monitoradas, como a tensão e a corrente.
Os objetivos específicos são: a) utilizar a plataforma do Protegemed definida no
trabalho de [1] e ter como base o hardware utilizado no trabalho de [2]; b) utilizar a linguagem
de programação Python para criação do software e banco de dados para armazenar os eventos;
c) criar um protótipo para validar o estudo realizado na forma de medir o consumo de energia
elétrica via firmware e software e comparar os resultados com um medidor eletrônico de
referência.
O trabalho apresenta na seção 1.1 um histórico do Protegemed com o intuito de
contextualizar de maneira geral as diversas versões e a trajetória até chegar na versão que utiliza
14

a plataforma TM4C129 da Texas Instrument, que também é utilizada nesse trabalho. Na seção
1.2 são contextualizados os tipos de medidores de energia elétrica. O capítulo 2 apresenta os
trabalhos relacionados com foco em medidores de energia elétrica, realizando no final uma
comparação entre os trabalhos pesquisados com o aqui proposto. O capítulo 3 descreve a
metodologia desenvolvida, com base no Protegemed, para calcular a energia elétrica. No
capítulo 4 são apresentados os resultados baseados na metodologia com uma série de teste de
validação e comparações. No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e as sugestões para
trabalhos futuros.

1.1. HISTÓRICO DO PROTEGEMED

O Protegemed é uma plataforma computacional, composta de hardware e software,


que tem o propósito de medir e analisar as correntes elétricas, de alimentação e diferencial, dos
Equipamentos Eletromédicos. A primeira versão possuía somente hardware e foi desenvolvida
na década de 1990. Pode-se ver na Figura 1 o protótipo que foi utilizado para fazer pesquisa e
avaliar o mercado em hospitais do Rio Grande do Sul. Na época, os pesquisadores envolvidos
decidiram continuar melhorar o produto, pois a pesquisa apontou que este produto não seria
utilizado nos hospitais.

Figura 1. Protótipo do Protegemed da década de 1990.


15

A primeira versão possuía um LED vermelho que piscava, sinalizando que havia
uma diferença de valor da corrente entre os dois condutores de alimentação. Também havia um
pequeno sinalizador sonoro intermitente com a mesma finalidade. A pesquisa de mercado
resultou na necessidade de evoluir para um produto mais complexo e capaz de produzir mais
informações ao engenheiro clínico. A utilização prevista para esta versão era a detecção de
problemas nos Equipamentos Eletromédicos que pudessem colocar em risco os pacientes
durante um procedimento cirúrgico. Se alguma corrente diferencial fosse detectada, esta
corrente poderia estar circulando pelo paciente, podendo provocar danos ao paciente podendo
provocar até parada do coração. O trabalho [3] mostra com detalhes os experimentos que
levaram à conclusão de que era possível ocorrer estes eventos de risco, embora muito raros.
Para os testes de 2009, a inclusão de software de banco de dados e cálculos de transformada de
Fourier foram fundamentais.
Nos anos que se seguiram, outras versões foram sendo desenvolvidas, fruto do
investimento do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, de uma empresa do setor e de
várias agências de apoio ao empreendedor, como Sebrae, Instituto Euvaldo Lodi e Finep, assim
como de fomento à pesquisa, como Fapergs, CNPq e Capes. A Figura 2 mostra as várias versões
desenvolvidas até 2016.

Figura 2. Uma amostra de várias versões até 2015.

A versão de 2012, baseada na plataforma Mbed, Figura 3, já possuía firmware e


software capazes de realizarem a detecção de periculosidade ao paciente, classificando o grau
do risco em: Perigo, Atenção e Normal [4].
16

Figura 3. Painel Protegemed em 2012.

No ano de 2017, foi concluído o trabalho de [1]. Uma nova plataforma foi definida
utilizando um microcontrolador da família ARM Cortex-M4F TM4C. Para os testes, foi
utilizado um kit de desenvolvimento TM4C129 (EK-TM4C1294XL). Diversas foram as
melhorias alcançadas com essa nova plataforma, entre elas: atualização remota de firmware,
vinte canais analógicos, maior quantidade de memória RAM e FLASH, poder de processamento
com ARM Cortex-M4F, entre outros [1].
No ano de 2018, foi concluído o trabalho de [2], sendo utilizada e modificada a
plataforma do Protegemed de 2018 para ser possível a captura de dez ciclos das formas de onda
da tensão, corrente de alimentação, diferencial e de aterramento. O propósito do trabalho foi
desenvolver um método para capturas de Forma de Onda (FO) da corrente elétrica visando a
detecção da degradação de isolamento em EEMs. Foi desenvolvido um protótipo baseado no
Protegemed para o estudo do caso. Por fim, esse protótipo serviu como base para o
desenvolvimento desse trabalho.
17

1.2. MEDIDORES DE ENERGIA

Durante as pesquisas sobre trabalhos relacionados, em que se focou no tema:


medição de energia, verificou-se que muitos descrevem um histórico sobre os medidores de
energia no Brasil [5], [6], [7] e [8]. Os medidores se dividem em dois tipos: eletromecânicos e
eletrônicos. A Tabela 1, traz informações relevantes sobre o parque de medição nacional no
Brasil levantado no ano de 2009.

Tabela 1. Classificação dos medidores por tipo. Adaptado de [9].

Embora a referência da Tabela 1 seja do ano de 2009, nota-se a grande disparidade


percentual no Brasil quanto ao uso de medidores eletrônicos. Segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) [9] novos sistemas de medição estão sendo instalados, devido ao
desenvolvimento de novas tecnologias de informação e meios de comunicação.
A seguir, foram brevemente descritos os dois tipos de medidores como forma de
contextualização com o tema e indicativos de aproximação e relação com o protótipo que foi
desenvolvido nesse trabalho.

1.2.1. Medidores Eletromecânicos

Esse tipo de medidor funciona pelo princípio da indução eletromagnética, através


de bobinas que medem a tensão e corrente. É uma tecnologia consolidada, robusta e confiável.
Para uso de consumidores residenciais, eles registram apenas a informação da energia ativa
consumida na escala de quilowatt-hora (kWh) [5], [7]. Podem conter mostradores do tipo
ponteiros, ciclométricos e alguns modelos contam com displays eletrônicos para mostrar a
contagem de energia. Na Figura 4 são mostrados dois tipos de medidores eletromecânicos.
18

Figura 4. Tipos de medidores eletromecânicos. Adaptado de [8].

1.2.2. Medidores Eletrônicos

Esse tipo de medidor utiliza o princípio da amostragem digital. Transdutores e


circuitos condicionadores de sinais realizam a medida da tensão e da corrente [10]. Após a
digitalização das grandezas elétricas, um processamento de dados é realizado e diversas
informações podem ser calculadas. Isso dependerá do propósito do medidor eletrônico. Em [11]
foi comentado sobre a diferenciação de medidores eletrônicos e os chamados smart meters,
medidores inteligentes, onde se ressalta que todo medidor inteligente é eletrônico, mas nem
todo medidor eletrônico é inteligente.
Medidores inteligentes partem do princípio de estarem relacionados com redes
inteligentes, as chamadas smart grids, onde diversas informações são gerenciadas em prol da
eficiência energética e modernização dos processos que antes não eram possíveis com os
medidores eletromecânicos. Sendo assim, não basta somente instalar medidores inteligentes se
o sistema como um todo não está preparado para administrar todo potencial que um medidor
inteligente oferece. O presente trabalho não visa adentrar no contexto de smart grids e smart
meters, ficando como sugestão o primeiro relatório oficial publicado em 2010 sobre smart grids
no cenário brasileiro [12].
Na Figura 5, são demostrados dois modelos de medidores eletrônicos, sendo (a) um
modelo simples eletrônico da marca ELO, modelo ELO2101L e (b) um do tipo medidor
inteligente da marca WEG, modelo SMW 100.
19

Figura 5. Tipos de medidores eletrônicos. Adaptado de [13] e [14].

O medidor da Figura 5 (a) foi utilizado como referência para os testes comparativos
neste trabalho. No capítulo três, são descritas suas características. Como fundamentação teórica
sobre o modelo utilizado, pesquisou-se informações em âmbito geral sobre o tipo de classe do
medidor, visto que nas informações visuais do produto consta que é Classe B. Conforme o
manual do produto [13], a classe de exatidão para a energia ativa é classe B, de acordo com o
Regulamento Técnico Mercosul - RTM (portaria 431 de 04/12/2007), do INMETRO. Este
documento considera a necessidade de implementar o controle metrológico dos medidores de
energia elétrica ativa e/ou reativa, monofásicos e polifásicos, baseados em tecnologia
eletrônica. São apontados quatro classes, definidas por D (0,2%), C (0,5%), B (1,0%) e A
(2,0%) que indicam a exatidão do medidor [15].
Outro fato interessante envolvendo os medidores eletrônicos é abordado no trabalho
de [16]. Nesse trabalho, um estudo sobre a adesão à Tarifa Branca é realizado, sendo esta uma
nova modalidade tarifária da ANEEL, na qual se faz uso dos medidores eletrônicos que
realizam a medição por horários de consumo. No final do mês, os dados armazenados no
medidor servem de base para cálculo da energia consumida, mostrando a importância e
necessidade desse tipo de medidor.
20

2. TRABALHOS RELACIONADOS

Se tratando do tema de medidores eletrônicos, foram analisadas pesquisas que


proporcionam soluções para medição eletrônica. Considerando que protótipos foram
construídos para fins de comparação e demonstração de metodologias adotadas para medição
de energia, as referidas pesquisas subsidiam o presente trabalho, contribuindo com informações
gerais e específicas. O trabalho compreende a análise de oito pesquisas. O trabalho de [8]
utilizou dois microcontroladores (μC). O primeiro é um MSP430F2013, responsável pela
amostragem dos sinais de tensão e corrente da rede elétrica a uma frequência de amostragem
de 3.840 Hz por canal, totalizando 64 amostras com resolução de 16 bits do conversor
analógico-digital (A/D). O segundo μC, MSP430G2955, recebe os dados do primeiro e realiza
o armazenamento em uma memória do tipo FLASH SPI e exibe informações em um display
Liquid Crystal Display (LCD). Um software foi desenvolvido para download dos dados
armazenados e visualização do comportamento de consumo durante o período coletado. A
medição da tensão é realizada através de um divisor resistivo e o sensor de corrente é do tipo
shunt, via resistor em série com a carga. São realizados testes de comparação com um medidor
de referência. O cálculo da energia é realizado no sistema embarcado e o usuário escolhe o
intervalo de coleta e armazenamento dos dados.
O trabalho de [17] utilizou um circuito integrado (CI) específico para medição de
energia, da marca Teridian de modelo 71M6515H. Esse CI possui conversor A/D de 21 bits de
resolução com uma frequência de amostragem de 2.520 Hz. Através de uma conexão Universal
Synchronous Receiver/Transmitter (UART) do CI, foi realizada a transferência dos dados
calculados para um μC de modelo ATMEGA324P. Nesse microcntrolador, conectado também,
através de outra conexão serial UART, um módulo WiFly RN-171 que enviou os dados para
um computador. No computador, foi executado o software Phpmyadmin, sendo esse um cliente
de Banco de dados com interface Web, onde os dados foram armazenados e visualizados. Uma
comparação foi realizada com um analisador de potência Chauvin Arnoux C.A 8332B. O sensor
de tensão foi do tipo transformador de potencial (TP) e o sensor de corrente foi do tipo
transformador de corrente (TC). Nos testes de comparação o intervalo de coleta e
armazenamento dos dados foi de 1 segundo.
O trabalho de [16] utilizou um CI específico para medição de energia de modelo
ADE7753 da Analog Devices, composto por dois conversores A/D de 16 bits de resolução. A
frequência de amostragem utilizada não foi encontrada, mas, segundo o datasheet do CI, pode
21

ser de até 27,9 kHz. Através de uma conexão serial UART, foi realizada a comunicação com
um Arduino UNO que recebeu os dados e transmitiu, via Wi-Fi para uma placa de modelo
ESP8266, comunicando-se assim com a plataforma de Internet of Things (IoT) de nome
ThingSpeak sendo apresentadas as informações recebidas do CI. O sensor de tensão foi um
divisor resistivo e o sensor de corrente foi do tipo TC. Um analisador de energia de modelo AE-
200 foi utilizado para testes de calibração e verificação de precisão. O período de envio dos
dados para a plataforma ThingSpeak ficou definido em 1 minuto.
No trabalho de [7], também foi utilizado o CI ADE7753 interligado com um
Arduino UNO, comunicando-se com diversos módulos como Global Positioning System
(GPS), Global System for Mobile Communications (GSM), e placa Wi-Fi. Os dados
processados foram enviado para uma plataforma de IoT chamada de Xively, similar a
ThingSpeak utilizada em [16]. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do
tipo TC. Testes de calibração e medição foram feitos com multímetros e amperímetros de
referência.
O trabalho de [18] utilizou um μC MSP430AFE253 que possui três conversores
A/D sigma-delta independentes, de 24 bits de resolução. A frequência de amostragem utilizada
foi de 3,84 kHz, resultando em 64 amostras por ciclo de 60 Hz. Esse μC faz parte de um kit de
desenvolvimento da Texas Instrument, o MSP-EXP430G2, possuindo uma interface serial-usb
para conexão com o computador. Os dados capturados pelo μC foram enviados para o
computador, processados e visualizados em um programa construído com o ambiente
LabVIEW. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do tipo TC. O objetivo
foi a identificação de cargas a partir de assinatura de cargas. Foram coletados dados de diversas
capturas de eventos de LIGA para definir padrões, assim chamadas de assinaturas, com base
em diversas grandezas calculadas como, por exemplo, a potência ativa.
O trabalho de [19] realizou uma pesquisa sobre micromedidores inteligentes de
energia, os chamados smart plugs, onde normalmente são ligados diretamente nas tomadas e
monitoram um aparelho de interesse. Foi construído também um protótipo com o mesmo
propósito. Dois μC MSP430F6736 da Texas Instruments foram utilizados. O primeiro μC para
aquisição de dados com conversor A/D de 24 bits de resolução e frequência de amostragem de
4.096 Hz. O segundo μC recebeu os dados convertidos pelo primeiro através de uma
comunicação infravermelho. Os dados foram armazenados em uma memória do tipo SD, onde
posteriormente um computador com um software foi capaz de realizar as leituras e gerar os
gráficos e relatórios de consumo. O software foi criado em ambiente LabVIEW. Foram
realizadas comparações entre o protótipo construído e um medidor comercial HS110 da TP-
22

LINK. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do tipo TC. Nos testes foram
utilizados intervalos de coleta e armazenamento dos dados de 15 minutos e 1 minuto.
O trabalho de [20], apresenta um protótipo de um medidor de energia utilizando um
Arduino MEGA. O sensor utilizado para medir a corrente foi o mesmo utilizado no Protegemed,
do tipo TC, tratando-se de um trabalho do grupo de pesquisa envolvido na plataforma
Protegemed. Para medir a tensão, foi utilizado um sensor de corrente diferencial, que também
do tipo TC. No entanto, esse sensor mediu a corrente que circulava por um resistor ligado entre
os condutores de fase e neutro. Assim, a tensão foi proporcional a essa corrente. Os sinais de
tensão e corrente foram convertidos pelo conversor A/D com 10 bits de resolução e frequência
de amostragem de 3.840 Hz. Os dados foram processados, e os valores de tensão e corrente
comparados com limites predefinidos e caso os valores passem desses limites, eventos eram
gerados e enviados para um computador através de um shield Ethernet. No computador, foi
criado um SW que recebeu os dados e armazenou em um banco de dados, exibindo as
informações sobre o consumo com base nos eventos ocorridos. Não foram realizados testes de
comparação como medidores de referência, apenas testes de cargas conhecidas e medidas por
um multímetro como referência.
Por fim, o trabalho de [21] abordou o tema sobre variações de tensão para redes de
baixa tensão. Foi criado um protótipo que também utilizou o CI ADE7753, entretanto não tinha
o propósito de medir energia e sim as variações de tensão. O CI ADE7753 permite que sejam
configurados parâmetros de limites máximos e mínimos para a detecção de eventos com base
no valor nominal da tensão da rede. De forma similar a outros trabalhos, o CI se comunicou via
conexão serial com um Arduino UNO. Uma plataforma Proxy IP que contém um roteador WIFI
recebeu os dados e mandou para uma interface Web. Esse trabalho não teve relação com
medidores de energia, mas foi escolhido uma vez que tem por objetivo registrar eventos. A
Tabela 2 apresenta um levantamento com base nos trabalhos estudados, considerando algumas
características, tais como: plataforma utilizada; resolução do conversor A/D em bits; frequência
de amostragem em hertz (Hz); número de amostras por ciclo de 60 Hz; tipo de sensor utilizado
para corrente (Sensor I); tipo de sensor utilizado para tensão (Sensor V); e se alguma
comparação com um medidor eletrônico de energia ou analisador de energia foi realizada. A
última linha da referida tabela diz respeito ao presente trabalho.
23

Tabela 2. Comparação entre trabalhos relacionados.

Trabalhos: Plataforma Bits Fs Amostras Sensor Sensor Comparação


ADC (Hz) I V

[20] Arduino MEGA 10 3840 64 TC TC *

[8] MSP430F2013 +
16 3840 64 R R SIM
MSP430G2955

[17] CI 71M6515H +
21 2520 42 TC TP SIM
ATMEGA324P

[16] CI ADE7753 +
16 *** *** TC R SIM
Arduino UNO

[7] CI ADE7753 +
16 *** *** TC TP *
Arduino UNO

[18] MSP430AFE253 24 3840 64 TC TP **

[19] 2x MSP430F6736 24 4096 68 TC TP SIM

Este trabalho TM4C129 12 15360 256 TC TC SIM


Notas: * Realizado comparações com multímetros.
** Não foi o foco do trabalho.
*** Valores não encontrados.
OBS: TC = Transformador de corrente, TP = Transformador de potencial e R = resistivo. Fs = frequência
de amostragem

Para fins complementares com relação as informações da Tabela 2, no documento


da ANEEL em [9], encontraram-se informações nas quais as grandezas elétricas básicas, tensão
e corrente, devem ser medidas através de conversor A/D, com, no mínimo, 6 entradas
independentes, amostragem sincronizada a uma taxa de, pelo menos, 1kHz e resolução de 16
bits. As entradas devem ser convertidas por transdutores apropriados para a faixa de medição
do conversor A/D e para a exatidão pretendida para o processo de medição. Em um outro
documento da ANEEL [22] referente a qualidade de energia elétrica, relatou que os
equipamentos de medição devem atender aos requisitos mínimos: frequência de amostragem
de 16 amostras/ciclo (960 Hz), conversor A/D de sinal de tensão de 12 bits de resolução e
precisão de até 1% da leitura.
A partir destas considerações, o presente trabalho parte da seguinte afirmação:
quanto maior a frequência de amostragem e resolução do conversor A/D, melhor será a
qualidade e precisão dos resultados calculados. No entanto, este fator irá depender do tipo de
aplicação ou, então, se exige as regulamentações mínimas da norma e, por fim, se o uso será ou
24

não para tarifação. Contudo essa tabela não foi criada para definir quem é o melhor ou pior,
mas para expor as inúmeras possibilidades que podem ser utilizadas no tema abordado.
Quanto aos tipos de sensores utilizados, nota-se que a maioria utilizou TC para
corrente e TP para tensão, visto que são as melhores opções no quesito isolamento da rede, ou
seja, são modelos não intrusivos.
Todos os trabalhos pesquisados e incluído o desta dissertação, utilizaram recursos
de software para exibir informações o que confirma a ligação de um sistema embarcado com
um computador, dispositivo móvel ou de modo geral um sistema web, ou seja, é uma tendência
cada vez maior interligar o hardware com o software.
Nos trabalhos [8], [17], [16] e [19] é definido um intervalo de coleta e
armazenamento dos dados para uma posterior análise, entretanto isto é o principal paradigma
na qual se confronta com o tema desta dissertação, visto que se pretende realizar é a medição
da energia a partir de eventos gerados e não com base em intervalos de tempo predefinidos.
Deve-se levar em consideração que no trabalho de [20] é realizado a medição a partir de eventos,
porém devem ser levadas em consideração algumas diferenças tanto de hardware e software,
logo pode-se afirmar que o trabalho desta dissertação vem a ser uma evolução de [20].
25

3. METODOLOGIA

A metodologia da presente pesquisa tem como base o trabalho de [2], da qual foi
realizada uma alteração no hardware (HW) e firmware (FW) do Protegemed para que fossem
capturados 10 ciclos de 60 Hz da FO da corrente elétrica, ao invés de um ciclo da FO, que tem
como referência o trabalho anterior [1]. A proposta de [2] foi detectar a degradação dos isolantes
elétricos do EEM. Esta opção por coletar 10 FOs proporcionaram mais informações para a
referida pesquisa. Estas degradações nos isolantes produzem alterações na FO das correntes de
alimentação e diferencial que podem ser detectadas.
Embora o objetivo do presente trabalho seja distinto do trabalho de [2], optou-se
por utilizar a mesma base do HW e do SW de [2], propondo as modificações convenientes. No
que tange às modificações, o presente trabalho propõe a modificação no software (SW),
implementado em Python. Esta decisão foi tomada para, no futuro, ser realizada uma
comparação entre uma versão do Protegemed implementado em Python, com o atual em
Javascript. Como o trabalho ora proposto faz parte de uma sequência de outras pesquisas, a
Tabela 3 apresenta uma comparação entre as últimas pesquisas aplicadas ao gerenciamento do
risco de uso dos EEM. Além disso, a tabela mostra as principais modificações que foram
planejadas e executadas por cada pesquisador para atingir seus objetivos, conforme os dados a
seguir:

Tabela 3. Trabalhos relacionados com Protegemed.

2016/2017 [1] 2017/2018 [2] 2018/2019


Números de
ciclos de 60 Hz 1 10 10
capturados
Software JavaScript HTML+PHP Python
Ampliar canais de Medir consumo de
Identificar falhas
aquisição e outras energia dos EEM,
Objetivos de isolamento de
melhorias no por meio da
EEM
Protegemed detecção de eventos
Cálculos feitos Valores eficazes e Valores eficazes,
Valores eficazes
do FW FFT potências e energias
Cálculos feitos FFT, potências,
Similaridade FFT e similaridade
do SW energia

Com base nas informações apresentadas na Tabela 3, completa-se com as seguintes


informações: os três trabalhos utilizaram a plataforma Texas TM4C e as grandezas analógicas
26

medidas e armazenadas no banco de dados foram: tensão, corrente de alimentação, corrente


diferencial e corrente de aterramento. O período de 2018 a 2019 refere-se ao presente trabalho.
Para atingir os objetivos propostos neste trabalho, foram planejadas atividades em
uma sequência de três etapas: testes no SW, no FW e HW. A seguir, é apresentado, como isto
foi feito.

3.1. MÉTODO PARA CÁLCULO DAS POTÊNCIAS

Os três tipos básicos de cargas elétricas são denominadas: resistiva, onde a tensão
e corrente estão em fase; capacitiva, onde a corrente está adiantada com relação a tensão e;
indutiva, onde a corrente está atrasada com relação a tensão. Um EEM ou uma instalação
elétrica possui uma mistura dessas três cargas, que têm potências e energias associadas a elas.
Essas características definem o modo como o triângulo de potências é desenhado, para facilitar
a visualização de tipo de potência. Na Figura 6, o triângulo das potências indica três grandezas
de interesse da tarifação de energia elétrica: a Potência Ativa (P), Potência Aparente (S) e
Potência Reativa (Q). Portanto, é necessário fazer com que o SW em Python seja capaz de
calcular essas três potências com base nos dados capturados pelo HW.

Figura 6. Triângulo das Potências. Adaptado de [23].

A partir de um conjunto de N amostras de um sinal de corrente e tensão, pode-se


calcular as grandezas elétricas necessárias para se chegar aos valores das potências ativa,
aparente e reativa. As principais informações calculadas foram: valor médio (Vm), valor eficaz
(Vrms).
27

As Equações (1) e (2) descrevem o cálculo do valor médio e eficaz respectivamente


de um sinal discretizado no tempo. E N é o número de amostras de um período coletado e ‘v’ é
o vetor de N amostras.

1 (1)
= ( )

(2)
1
V = v(n)
N

A partir dos dados do vetor v(n), que no código da Figura 7 é denominado “sinal
(i)”, os valores médio e eficaz são calculados pelas linhas de código.

1. # VALOR MÉDIO
2. somatorio = 0.0
3. for i in range(N):
4. somatorio += sinal[i]
5. v_m = somatorio/N
6. # VALOR EFICAZ
7. somatorio = 0.0
8. for i in range(N):
9. somatorio += sinal[i]*sinal[i]
10. v_rms = math.sqrt(somatorio/N)

Figura 7. Trecho do código Python da função que calcula valor médio e eficaz.

O trecho do código, implementado em Python, evidenciado na Figura 7 realiza de


forma intuitiva o passo a passo das Equações (1) e (2). Com a utilização de funções padrões do
Python, pode-se calcular também os valores máximos, mínimos e a diferença entre eles que
resulta no valor de pico a pico do sinal.
Na sequência, parte-se para o cálculo das potências, são elas: Potência Ativa (P),
Potência Aparente (S) e Potência Reativa (Q), e o valor do Fator de Potência (FP), sendo essa
a relação entre a Potência Ativa pela Potência Aparente. A potência, de forma geral, é calculada
pela multiplicação da tensão pela corrente elétrica. Fazendo uso da referência [24], obtém-se as
três potências expressas na forma discreta, conforme as Equações 3, 4 e 5.
28

1 (3)
= ( )∗ ( )

(4)
1 1
= ∗ = V(n) ∗ I(n)
N N

(5)
= S −P

(6)
=

 ( )= (7)

Nas equações (3) e (4), V(n) e I(n) representam os vetores da tensão e da corrente.
Da mesma forma, como foi colocado anteriormente, na Figura 8 é mostrado um trecho do
código onde são transcritas as equações (3) a (6) para cálculo das Potências Ativa (P), Aparente
(S) e Reativa (Q). O cálculo do Fator de Potência (FP) é a razão da Potência Ativa pela Aparente
como descrita na equação (6).
Pode-se calcular o Ângulo entre o sinal de tensão e corrente, através da Equação
(7) e representado por Φ na Figura 6, sendo válido apenas para sinais puramente senoidais, isto
é, sem distorção da tensão e/ou corrente elétrica.

1. # VALOR INSTANTÂNEO POTÊNCIA


2. somatorio = 0.0
3. for i in range(N):
4. somatorio += sinal1[i]*sinal2[i]
5. P = somatorio/N
6. # VALOR EFICAZ POTÊNCIA
7. somatorio1 = 0.0; somatorio2 = 0.0
8. for i in range(N):
9. somatorio1 += sinal1[i]**2
10. somatorio2 += sinal2[i]**2
11. S = math.sqrt(somatorio1*somatorio2/N**2)
12. Q = math.sqrt(S**2 – P**2)
13. FP = P/S

Figura 8. Trecho do código Python da função que calcula P, S, Q e Fator de Potência.


29

Com base na Figura 8 linha 4, define-se que ‘sinal1’ e ‘sinal2’ referem-se aos
vetores da tensão e da corrente respectivamente. E conforme as nomenclaturas das Equações
(3) a (6), onde tem-se P, S, Q e FP correspondem as linhas 5, 11, 12 e 13 respectivamente.
Observa-se também que a Potência Ativa (P) é calculada pela multiplicação ponto a ponto dos
vetores de tensão e corrente, chamada também de potência instantânea, ou seja, a Potência Ativa
é a resultante do somatório de cada potência instantânea, obtidas das amostra de tensão e
corrente.
Estas linhas de código em Python precisam ser testadas de alguma forma. Para a
pesquisa, foram escolhidas duas, sendo estas: uma comparação com a literatura (cálculos com
exemplos de livros didáticos de eletrônica [25]) e outra comparação com os simuladores de
circuitos eletrônicos, como o PSIM [26], por exemplo.
O próximo passo, foi partir para uma série de testes e comparações de resultados.
E para essa tarefa foi escolhido um software muito utilizado para fins de análise de circuitos de
potência. O PSIM é um simulador de circuitos eletrônicos, desenvolvido pela Powersim. É uma
ferramenta para análise e simulação de diversos tipos de circuitos e possui uma gama de
módulos prontos para emulação de dispositivos reais. O PSIM utiliza uma análise nodal e
aproximação de integração trapezoidal e fornece uma interface de captura esquemática e
visualização gráfica chamado de Simview [27].
Sendo assim, o PSIM foi utilizado como referência para os diversos casos de teste
que foram realizados. E o objetivo, foi comparar os resultados dos cálculos de tensão, corrente
e potências, calculados pelo PSIM e os programas criados em linguagem Python.
O procedimento dos testes ocorreu a partir de algumas especificações já definidas
pela plataforma do Protegemed, onde no trabalho de [2] foram relatadas tais mudanças no FW.
Dentre as mudanças, pode-se destacar no envio dos dados brutos das amostras dos sensores de
corrente, isto é, são enviados dez ciclos de FO e cada ciclo com 256 valores digitalizados, sendo
a frequência de amostragem definida em 15.360Hz. Com isso, assumiu-se que os testes
realizados para comparação de resultados entre PSIM e scripts Python devem analisar sinais
contendo dez ciclos de FO e frequência de amostragem igual ou o mais próxima da utilizada no
FW, a fim de se aproximar aos resultados que são calculados no FW.
Os três primeiros testes foram baseados em três exemplos retirados de [25], onde
tem-se um circuito resistivo, indutivo e capacitivo, sendo esses do tipo lineares. Os valores
teóricos calculados nos exemplos foram anotados e passados para uma tabela, sendo eles Fator
de Potência (FP), Potência Ativa (P), Potência Aparente (S) e Potência Reativa (Q) para cada
exemplo.
30

O procedimento para comparação, foi realizado da seguinte forma: tendo o


diagrama do circuito via exemplo do livro, esse é criado virtualmente no ambiente PSIM para
então ser simulado. Na simulação foi analisado um período de 500ms com um período de
amostragem de 6,51e-5s. Foi gerado um gráfico pela ferramenta Simview e selecionado o
período que corresponde aos últimos dez ciclos da simulação, desses dez ciclos foi realizado o
cálculo de FP, P, S e Q onde os valores foram transferidos para uma tabela. Através do Simview
foi possível extrair os dados da simulação e salvar em um arquivo de texto CSV. Com isso foi
possível ler esse arquivo com o script Python para realização dos cálculos de FP, P, S e Q. E da
mesma forma os resultados foram passados para uma tabela. Por fim, tem-se os resultados dos
três testes: cálculo teórico, PSIM e script Python.
O quarto e quinto teste foram baseados em dois exemplos extraídos do PSIM para
circuitos do tipo não lineares. O procedimento foi o mesmo realizado anteriormente para os três
primeiros testes, com exceção dos valores teóricos para comparação, apenas resultados do
PSIM e script Python.
Para esta primeira versão do SW e HW, o objetivo é avaliar a possibilidade de
atingir uma meta de erro de até 5,0% do valor calculado e medido, considerando como padrão
um medidor certificado pela ANEEL. Em uma versão posterior, o protótipo terá
aperfeiçoamentos em HW e SW para não ultrapassar os erros máximos exigidos pelas normas
da ABNT vigentes, considerando como padrões os equipamentos da rede de certificação do
Inmetro no Brasil. Desta forma, a busca por medidas com menor erro fica dividida nestas duas
etapas: uma realizada nesse trabalho, fixando um método e outra no segundo protótipo, fixando
um erro máximo de acordo com a norma vigente. Esta escolha estratégica tem um risco, que
não está sendo ignorado, de não ser atingido o erro desejado no segundo protótipo. Esse risco
foi assumido conscientemente.
O cálculo do Erro relativo percentual é calculado pela Equação (8), que relaciona
uma variável de interesse chamada de V_medido para com uma variável de referência, chamada
de V_referência [28].
(8)
(%) = 100 ∗ −1
ê

Considerando que os resultados do SW foram satisfatórios, elaborou-se uma


metodologia para verificar se o hardware está apto para realizar as medidas, com um erro
aceitável estipulado.
31

3.2. MATERIAIS PARA TESTE DE HARDWARE

Com a pesquisa de [1], foi definida a nova plataforma do Protegemed, ganhando-


se diversas melhorias em HW e FW em relação a plataforma vigente em 2015. Assim como no
trabalho de [2], o trabalho descrito nesse texto também faz uso dessa nova plataforma. Os
sensores de corrente também ganham uma nova versão, desenvolvidos pela empresa Elomed,
são agora compactos e não dependem de um tipo de HW específico, como nas primeiras versões
do Protegemed. Eles agora podem ser adaptados a diversas placas de desenvolvimento e/ou
diversos microcontroladores como Arduino(AVR), STM32, ESP32, PIC entre outras.
Como princípio fundamental do Protegemed, os sensores de corrente são utilizados
para medir correntes diferenciais e correntes de alimentação, sendo normalmente em escalas de
miliamperes, isto é, nas faixas até 3,0 mArms para os diferenciais e correntes de alimentação
até 5,0 Arms. Sendo essas faixas compatíveis com a maioria dos EEM. Neste trabalho, se
manteve essas faixas de corrente. Para a medição da tensão de alimentação, foi utilizado um
resistor, ligado entre fase e neutro e a corrente que passa por ele (na escala de miliamperes) é
medida pelo sensor com corrente máxima de 3,0 mArms, igual ao usado para medir corrente
diferencial. Na Figura 9 mostra o esquema simplificado do HW utilizado nesse projeto.

Figura 9. Proposta de esquema inicial do projeto.

Os quatro sensores de corrente são do tipo transformadores de corrente. Os sensores


de corrente diferencial e tensão são iguais e a faixa de valores em que são utilizados está entre
1,0 mA e 3,0 mArms, o sensor de corrente de aterramento tem uma faixa de 1,0 até 700 mArms
32

e o sensor de corrente de alimentação uma faixa entre 1,0 mA até 5,0 Arms. Na Figura 10, em
destaque um dos sensores utilizados.

Figura 10. Sensor de corrente [1].

Esses sensores de corrente, fabricado pela empresa Elomed, já possuem um circuito


de condicionamento de sinal integrado ao toroide e a tensão de saída está referenciada a tensão
de alimentação do sensor, assim, se a alimentação for de 5,0 V a saída excursionará de 0 à 5,0
V (quando a alimentação é de 3,3V a saída irá variar de 0 a 3,3V). Além disso, a saída conta
com um filtro analógico passa-baixa de primeira ordem do tipo RC de 4.800Hz. Esse filtro tem
finalidade de atenuar ruídos elétricos e de atuar como filtro anti-aliasing [1].
Para realização dos testes com os sensores de corrente foram utilizados três
aparelhos para referência, dois multímetros da marca Minipa de modelos ET-1649 e ET-3367c
e um osciloscópio Agilent DSO1072B. Ambos os multímetros possuem leitura de valores em
True RMS. O ET-3367c é um alicate amperímetro onde o sistema de medição é o mesmo
utilizado pelos sensores que foram utilizados no projeto, isto é, ambos são transformadores de
corrente. Nas Figuras 11 a 13 são mostradas as especificações relevantes dos multímetros para
as medidas de comparação, ajuste e calibração dos sensores.
33

Figura 11. Especificações de tensão AC ET-1649 [29].

Figura 12. Especificações de corrente AC ET-1649 [29].


34

Figura 13. Especificações de tensão e corrente de ET-3367c [30].

Observa-se que para a medição da tensão na escala até 600V para ambos os modelos
a precisão é de ±0,8% sem levar em consideração o número de dígitos. Para a medição da
corrente, leva-se em consideração os limites do sensor que utilizado no projeto que mede até
5,0 A. Para o ET-1649 tem-se a precisão entre ±1,0% e ±1,2%, e a precisão do alicate
amperímetro ET-3367c é menor, sendo ±2,5%, contudo pode-se ler corrente até 1000A sendo
que o ET1649 suporta até 10A.
Com o osciloscópio foi possível ver a FO dos sinais de saída dos sensores e realizar
uma análise preliminar sobre o funcionamento deles e a realização de comparações com o HW
proposto no trabalho. As especificações gerais do osciloscópio são: frequência de amostragem
até 1GSa/s, largura de banda de 70MHz, possui dois canais de entrada e memória até 16 kpts
[31]. Esse modelo também possui um recurso USB onde foi possível salvar capturadas no
formato de arquivo de texto CSV, para depois ser analisado nos scripts Python. Na Figura 14
são mostrados os três equipamentos descritos.
35

Figura 14. Equipamentos utilizados no trabalho. Adaptado de [29], [30] e [31].

3.3. DESCRIÇÃO DE FIRMWARE E SOFTWARE

A seguir na seção 3.3.1 é brevemente contextualizado o kit de desenvolvimento


EK-TM4C1294XL e as ferramentas utilizadas para programação do mesmo. Depois é
explicado via diagrama de blocos o fluxograma do FW utilizado no trabalho. E na seção 3.3.2
descreve-se sobre o SW criado em Python e todas as suas dependências e da mesma forma no
FW, um fluxograma é apresentado para entendimento das etapas do SW.

3.3.1. Firmware utilizado na placa TM4C129

O sistema microcontrolado realiza a aquisição de dados, cálculos matemáticos e


interfaceamento com a rede Ethernet. O kit de desenvolvimento TM4C1294 (EK-
TM4C1294XL) é uma plataforma de avaliação de baixo custo para microcontroladores
baseados no ARM Cortex-M4. O TM4C utiliza o μC TM4C1294NCPDT que possui periféricos
Ethernet, USB 2.0 (host/device/otg), RTC, PWM, conexões serial (I2C, UART, SPI, CAN),
dois conversores analógico-digital (ADC) e módulo de hibernação. O TM4C possui ainda dois
botões, quatro LEDs, botões de reset e saída de hibernação. Além disso, é possível a utilização
do TM4C em protoboards para a rápida montagem de protótipos [32]. Na Figura 15 é
apresentada a placa.
36

Figura 15. Placa de desenvolvimento Texas TM4C1294 [32].

A porta Ethernet integrada na TM4C, facilita sua conexão à Internet e a utilização


em projetos que envolvem IoT. Através da porta Ethernet também é possível a atualização do
firmware de forma remota, e essa foi uma das implementações na nova versão do Protegemed
[1]. O número de canais dos dois ADCs totaliza em 20 entradas analógicas o que é suficiente
para a aplicação do Protegemed atual que monitora seis tomadas gerando um total de 12 canais
utilizados (seis para corrente de fase e seis para corrente diferencial). Além disso, nessa versão
com a placa TM4C foram adicionados dois canais para medir tensão dos painéis e um canal
para medida da corrente de aterramento.
Todavia, para o projeto do medidor de energia foram utilizados apenas quatro
canais do ADC. Como o objetivo é realizar a medição da energia elétrica, onde essa está atrelada
ao cálculo da potência que por sua vez está relacionada com a tensão e corrente, o foco principal
foi em medir a tensão e corrente de alimentação. Então, a medição dos sensores de corrente
diferencial e corrente de aterramento foram realizadas e salvas, mas para futuras análises.
A programação do FW neste uC pode ser realizada tanto em C quanto em C++,
diversos compiladores e ambientes estão disponíveis para a criação do código, inclusive um
serviço baseado em nuvem chamado CCS Cloud. Neste trabalho, foi utilizado o software
disponibilizado pela Texas Instrument, Code Compose Studio (CCS) [33]. Com ele foi possível
utilizar a interface de Debug que possibilitou a execução passo a passo do firmware
desenvolvido. O CCS combina as vantagens da estrutura do software Eclipse com recursos de
depuração da Texas Instruments, resultando em um ambiente de desenvolvimento convincente
e rico em recursos para desenvolvedores incorporados.
Dois detalhes podem ser destacados como os principais recursos na composição do
FW, são eles: o uso do recurso de DMA (Direct Memory Access) e sistema operacional de
tempo real chamado de TI-RTOS, desenvolvido pela Texas Instrument e que está disponível no
37

software CCS. O diagrama de blocos mostrado nas Figuras 16 e 17 exibem as principais


atividades do FW.

Figura 16. Parte 1 do fluxograma do FW.

Conforme Figura 16, observa-se os seguintes blocos denominados #1 como “LOOP


DMA”, #2 como “AJUSTES e CÁLCULOS”, #3 como “ANÁLISE DOS EVENTOS”, #4
como “PREPARA PACOTE DE ENVIO” e #5 como “SOCKET ENVIO PARA SERVIDOR”.
Todas essas denominações são referentes a tarefas do TI-RTOS que são executadas
sincronizadamente pelo escalonador e a utilização de semáforos. Abaixo são descritas
detalhadamente.

LOOP DMA (#1):


Essa parte é responsável por realizar as capturas dos quatro sensores, com a
utilização de quatro periféricos da placa TM4C129, que são eles, os dois conversores Analógico
para Digital (ADC0 e ADC1), Timer de 32 bits e o Acesso Direto a Memória (DMA). Com
relação ao FW utilizado em [2], foram alterados somente a ordem e numeração dos pinos físicos
que foram utilizados como entrada analógica. Um detalhe importante é o fato dos sensores que
foram utilizados para medição da tensão e corrente de alimentação, estarem cada um em um
38

ADC, pois como as dois ADCs são ativados ao mesmo tempo1, garante-se com uma maior
aproximação, que ambos os sinais são capturados no mesmo instante e com isso é possível
calcular a potência instantânea ativa corretamente.
Esses quatro periféricos se relacionam sincronizadamente com auxílio de
interrupções de HW e SW, sendo as de SW manipuladas pelo TI-RTOS. O Timer seta o período
de amostragem, isto é, o inverso da frequência de amostragem, já comentada no texto e definida
em 15.360Hz. A cada interrupção do Timer quatro canais, dois para cada ADC, são convertidos
e salvos em vetores. Os dados salvos nos vetores são passados para outros vetores auxiliares
que são comandados automaticamente pelo DMA. Com a utilização de interrupções de
software, via eventos do TI-RTOS, os dados são, disponibilizados para os cálculos na tarefa #2.

AJUSTES e CÁLCULOS (#2):


Depois dos dados serem disponibilizados nos vetores auxiliares, os mesmos agora
podem ser processados. Nessa parte é realizado o ajuste de offset: deslocamento dos dados que
antes estavam em uma faixa de 0 a 3,3V para -1,65 a 1,65V. O ajuste de ganho, é responsável
por multiplicar o sinal e deixá-lo na faixa real de leitura em Volts, Amperes, miliamperes. Para
calcular o valor do ganho é necessária realizar a calibração dos sensores com a utilização de
aparelhos de referência, descritos na seção 3.2.
Após realizados os ajustes, calcula-se os valores eficazes (RMS) dos quatro
sensores, e conhecendo os valores da tensão e da corrente de alimentação é possível calcular a
Potência Aparente. O cálculo da Potência Ativa é realizado pela multiplicação ponto a ponto
dos vetores de tensão e corrente de alimentação resultantes após os ajustes. Para cálculo da
energia, é utilizada a variável de tempo, que é determinada com base na contagem do Timer,
pois não foi utilizado o periférico de Real Time Clock (RTC). Após obter as potências, pode-
se calcular as Energias Ativa e Aparente. As energias são salvas em variáveis que incrementam
ciclo a ciclo da rede realizando assim a contagem da energia acumulada.
Depois de realizados os cálculos das potências e energias os valores RMS dos
quatro sensores são salvos em um vetor global para serem analisados pela próxima tarefa (#3).

ANÁLISE DOS EVENTOS (#3):


Nessa parte é realizada a análise dos eventos. O antigo FW analisava eventos
denominados de LIGA e DESLIGA, ou seja somente quando algum aparelho ligava ou

1
Existe um pequeno intervalo de tempo em cada instrução do FW na função que ativa os ADCs, sendo esse
desprezível nos cálculos realizados.
39

desligava. Um valor fixo era definido como limite, tanto para corrente de alimentação ou
corrente diferencial e, caso ocorresse uma mudança e essa fosse maior ou menor que esse limite,
um evento era gerado. Para esse trabalho, foi adotada a mesma metodologia, porém o valor
limite não é mais fixo e muda conforme a valor atual da leitura dos sensores. Desta forma, é
possível gerar eventos de mudança de carga. Quando ocorre esta mudança, um pacote com
dados (#4) é preparado para ser enviado ao servidor.

PREPARA PACOTE DE ENVIO (#4):


Nessa parte, é preparado o pacote de dados para enviar ao servidor. Ao ser gerado
um evento, é chamada uma função que realiza a montagem de um vetor que conterá os seguintes
dados: tipo de evento, contagem de eventos, contagem das energias ativa, reativa e aparente,
contagem do tempo e por fim os dez ciclos de cada sensor. Vários dados são de vários tipos,
isto é, ponto fixo de 8, 16, 32 bits e ponto flutuante de 32 bits. Foi necessário codificar todo o
pacote e organizá-lo em no vetor global do tipo inteiro de 8 bits de largura, compatível com a
função que envia os dados via socket TCP. Após realizada a codificação, o vetor está pronto
para ser enviado, e essa tarefa é realizada na próxima etapa (#5).

SOCKET ENVIO PARA SERVIDOR (#5):


O modo de envio, não foi modificado com relação ao FW antigo [2]. O envio do
pacote codificado na tarefa #4 é enviado para o servidor. Esse servidor, no caso o computador,
está ligado via cabo de rede (porta RJ45) na placa TM4C129 através da conexão Ethernet. Para
este procedimento, é realizada a abertura de um socket no protocolo TCP e, caso haja sucesso
na conexão, o pacote é enviado e retorna para esperar um novo sinal de envio.

Acima foram descritas as etapas que executam, tratam e enviam informações da


placa para o computador, sendo que o computador é considerado o servidor e a placa um cliente.
Entretendo há também a possibilidade contrária, isto é, a placa TM4C129 passa a ser um
servidor e o computador um cliente e isso ocorre de modo simultâneo com as etapas descritas
anteriormente devido o gerenciamento do sistema operacional TI-RTOS utilizado na
programação do FW.
Esta nova etapa contém uma tarefa onde foi criado um servidor socket TCP que fica
esperando um conexão, que nesse caso será do computador (cliente). Essa função já existia no
FW antigo e as mudanças foram apenas no tipo de requisição que o computador pode fazer.
Entre as requisições pode-se fazer: a leitura ou escrita de algum valor específico de ganho,
40

pedido de atualização de FW via rede e um pedido de captura manual, isto é, não depende da
ocorrência de evento. Na Figura 17 é mostrado a PARTE 2 do FW.

Figura 17. Parte 2 do fluxograma do FW.

Para cada pedido enviado do computador para placa TM4C129, é realizada a


chamada de uma função no FW que tratará o pedido e ao final do tratamento há o retorno para
o computador, para confirmar o recebimento ou enviar a requisição. Ao finalizar, é fechado o
socket e retorna-se ao início da tarefa que fica esperando a próxima conexão com o computador.

3.3.2. Software de recepção e análise dos dados

A atual versão do Protegemed [2] conta com uma interface Web que utiliza os
recursos de XAMPP que envolve linguagem PHP, banco de dados MySQL e servidor web
Apache. Neste trabalho não foi utilizada a mesma interface. A linguagem de programação
escolhida foi Python na versão 3. Na Figura 18 são mostradas as etapas do SW, apesar de
visualmente ser mais simples que o FW, demonstrado nas Figuras 16 e 17, a complexidade é
bem maior, no contexto de trabalhar com diversos dados para então transformar em informação
real para entendimento do usuário.
41

Figura 18. Fluxograma do SW.

Entre os motivos pela escolha da linguagem Python, deve-se ao fato da


familiarização e contextualização dela no decorrer do mestrado. Outro motivo se deve ao fato
da simplicidade de implementação dos algoritmos e a grande documentação encontrada em
livros e na Internet. As bibliotecas (módulos na linguagem Python) como, por exemplo,
NumPy, Scipy e Matplotlib agregaram eficiência e confiança nas funções e resultados
desejados.
Assim como na versão do Protegemed, o uso de um banco de dados é importante
pois é possível organizar de forma eficiente e rápida todos os dados. O Python possui
nativamente o módulo SQLite3 que é um banco de dados leve e baseado em disco e não precisa
de um processo de servidor separado e permite acessar o banco de dados usando uma variante
não padrão da linguagem de consulta SQL [34].
A interface gráfica é criada pela biblioteca padrão do Python chamada de Tkinter,
que é o pacote GUI (Graphical User Interface). É uma fina camada orientada a objetos em cima
de Tcl/Tk [34].
42

Conforme a Figura 18, o bloco identificado por #1 realiza a inicialização de diversas


funções como a importação de todos os módulos utilizados no SW, as bibliotecas criadas, o
carregamento do banco de dados e a inicialização da interface gráfica.
O bloco identificado por #2 refere-se ao acesso a todas as informações que o SW
exibe, isto é, a interface gráfica cria os diversos elementos gráficos como, por exemplo, uma
tabela na qual contém os eventos resgatados do banco de dados permitindo acesso direto a cada
um deles além de conter os blocos de status sobre a contagem da energia e os últimos valores
recebidos da placa TM4C129. Neste bloco o usuário decide quando iniciar a comunicação com
a placa TM4C129 para receber os eventos. Caso essa ação seja tomada, uma thread é iniciada
e o fluxo desloca-se para o bloco #3.
O bloco identificado por #3 realiza o processamento dos eventos recebidos. É
utilizado uma thread pois outras funções acontecem em paralelo. Essa thread abre um socket
em um endereço de IP definido e fica esperando alguma conexão, que no caso, será da placa
TM4C129. Estabelecida a conexão o pacote de dados recebido, referente ao enviado na parte
#5 do FW (Figura 16), passa para próxima etapa, o bloco #4. Em #4 o pacote é decodificado
separando os dados da seguinte forma: tipo de evento, contagem de eventos, contagem das
energias ativa, reativa e aparente, contagem do tempo e por fim os dez ciclos de cada sensor,
assim como foi explicado em #4 do FW.
Como o vetor possui dez ciclos, pensando em futuras utilizações, foi preciso
escolher quantos ciclos seriam utilizados neste trabalho. Optou-se por utilizar dois ciclos, no
caso, o nono e o décimo. Esta escolha foi baseada nas observações visuais dos dez ciclos, que
evidenciam que estes ciclos, em grande parte das medições, já tem valores estáveis, o que não
ocorre nos primeiros ciclos, como mostrado na Figura 19.
43

Figura 19. Evento de transiente de corrente de alimentação.

O cálculo dos valores eficazes (RMS) dos dois ciclos escolhidos é atualizado na
interface gráfica para visualização do usuário. Após decodificar e realizar os ajustes e cálculos
necessários é criado um novo registro que salva no banco de dados. O banco foi estruturado
com apenas uma tabela. Na Tabela 4 é mostrado a estrutura da tabela no banco de dados SQLite.

Tabela 4. Estrutura da tabela do banco de dados.

CAPTURAS (type)
n_captura INTEGER
time_ REAL
event_ TEXT
v_rms_ REAL
i_rms_ REAL
di_rms_ REAL
gnd_rms_ REAL
raw_header_ BLOB
raw_data__ BLOB

Conforme a Tabela 4, a variável ‘n_capturas’ é incrementada automaticamente


sempre que algum evento é capturado e adicionado no banco. A variável ‘time_’ do tipo REAL,
salva o retorno do número float dado pela função time() que está presente no módulo time do
44

Python, esse número contém a informação do tipo UTC (Coordinated Universal Time -Tempo
Universal Coordenado) sendo possível depois resgatar os valore de data, hora, minuto e
segundo [35].
A variável ‘event_’ do tipo TEXT, isto é, texto ou string, armazena um curto texto
que define se o evento foi de uma mudança de menos para mais, de mais para menos ou se foi
um pedido de captura do computador para a placa TM4C129. Até o momento do trabalho foram
criadas três mensagens, sendo elas: “EVENT_UP”, “EVENT_DOWN” e “MANDA
CAPTURA”.
As variáveis ‘v_rms_’, ‘i_rms_’, ‘di_rms_’ e ‘gnd_rms_’ armazenam em variáveis
do tipo REAL, isto é, floats os valores RMS do nono e décimo ciclo (entre os dez recebidos)
da tensão da rede, corrente de alimentação, corrente diferencial e corrente de aterramento
respectivamente.
As variáveis ‘raw_header’ e ‘raw_data’ armazenam em variáveis do tipo BLOB,
que são vetores do tipo bytes, e armazenam os dados brutos codificados onde contém as
informações de tipo de evento, contagem de eventos, contagem das energias ativa, reativa e
aparente, contagem do tempo e por fim os dez ciclos de cada sensor, da forma “bruta” ou seja
como foram enviados pela placa TM4C129 como descrito nas explicações do FW.
Por fim, tem-se a etapa de envio de dados do computador para placa TM4C129
(#5). Dentre as possibilidades estão: fazer a leitura ou escrita de algum valor específico de ajuste
de ganho, por exemplo, ou pedido de atualização de FW via rede, um pedido captura manual,
como já descrito na tarefa #6 do FW (Figura 17).
O que deve ficar claro depois das explicações do FW e SW é que em ambos os
sistemas, a energia é calculada, sendo que no FW é realizada em tempo real, isto é, ciclo por
ciclo da rede elétrica e no SW é com base nos eventos recebidos, ou seja, no fim pode-se dizer
que SW realiza uma estimativa da medição da energia com base nos eventos.

3.4. COMPARAÇÃO ENTRE OSCILOSCÓPIO E TM4C129

Depois da primeira etapa realizada, que foram os testes com as simulações em PSIM
e comparações com exemplos de livros e os scripts Python para cálculo das potências, se faz
necessário realizar os testes com os sensores utilizados no trabalho. Seguindo o esquema da
Figura 20, foi utilizado uma carga do tipo resistiva, nesse caso uma lâmpada incandescente de
70W. A corrente que circula na lâmpada foi medida pelo sensor de corrente de alimentação e a
medição da tensão foi realizada através da corrente proporcional que passa pelo resistor de valor
45

220kΩ, onde nesse caso resulta em uma corrente de aproximadamente 1,0mA considerando a
tensão da rede 220V. A fim de testar os outros dois sensores de corrente diferencial e corrente
de aterramento, ambos foram ligados da mesma forma que o sensor que mede a tensão.

Figura 20. Esquema para teste de comparação de FO entre TM4C129 e Osciloscópio.

O objetivo do teste com o osciloscópio foi realizar uma comparação com as FO


capturadas pelo sistema para os quatro sensores, visto que, tem-se uma carga conhecida na
saída, isto é, a lâmpada de 70W e a tensão de alimentação é 220Vrms. O procedimento consistiu
em: ligar a lâmpada e esperar um tempo até a lâmpada se estabilizar, e depois realizar uma
captura dos dez ciclos de todos os sensores e no mesmo momento salvar em pen drive a FO
registrada no osciloscópio para os sensores de corrente de alimentação e tensão e depois para
os sensores de corrente diferencial e corrente de aterramento.
Com um script Python, criado especialmente para esse propósito, foi possível
visualizar e comparar as FOs capturadas pelo osciloscópio com as capturadas pela placa
TM4C129. Na comparação de resultados foi aplicado o mesmo teste descrito na seção 3.1.1,
entretanto com os dados capturados pela placa TM4C129 e os dados do osciloscópio.

3.5. PROJETO DO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA POR EVENTOS

Nesta seção é descrita a metodologia para comparação da medição de energia


elétrica utilizando o protótipo proposto e um medidor eletrônico de energia elétrica, como
46

referência, para uso doméstico, em rede monofásica. Na Figura 21 é demonstrado o esquema


geral do teste.

Figura 21. Esquema de testes de comparação entre medidor de referência e protótipo.

Com base na Figura 21, observa-se que o computador, na Figura 21 denominado


como NOTEBOOK, realiza duas aplicações ao mesmo tempo. A Aplicação Python (1) refere-
se ao SW explicado na seção 3.3.
A Aplicação Python (2) é um script que realiza a leitura de dados enviados pelo
medidor de referência. Foi utilizado um Arduino UNO para realizar o interfaceamento entre o
recebimento dos dados do medidor de referência e o envio para o computador, ambos via
conexão serial. O Arduino recebe as informações do medidor de referência e então processa e
envia um pacote de bytes para o computador. No computador esse pacote é decodificado e salvo
em um arquivo de texto CSV. Após o período de análise esse arquivo é carregado em outro
script que realiza a comparação dos dados do arquivo CSV com os eventos salvos no banco de
dados do SW (Aplicação Python 1).
O medidor de referência utilizado no trabalho é do tipo eletrônico de modelo
ELO2101L fabricado empresa ELO e distribuído, nesse caso, pela concessionária MUX
Energia da cidade de Tapejara – RS. Na Figura 22 é mostrado o modelo utilizado no trabalho.
47

Figura 22. Medidor Eletrônico ELO2101L.

Uma das vantagens desse modelo é que ele possui uma saída serial, sendo assim
possível obter as informações como tensão, corrente, frequência, entre outros. Na Tabela 5 é
relacionado as especificações do modelo ELO2101L.

Tabela 5. Especificações do medidor ELO2101L. Adaptado de [13].

Tensão de alimentação: 90 a 280 Vac, 60 Hz

Tensão nominal: 240 Vac, 60 Hz

Corrente nominal (IN): 15A

Corrente máxima contínua: 100A

Frequência nominal: 60Hz

Corrente de partida: <0,4% da corrente nominal

Classe de exatidão: Energia ativa, classe B (±1,0%)

Limites exatidão (±1,0%): 0,75A até 100A

Saída Pulso (via led): 1Wh por pulso

Saída Serial RS232 (1seg): V_rms, I_rms, freq., inc10Wh


48

Na Figura 22, nota-se que na parte inferior do medidor encontram-se as conexões


da rede elétrica, chamadas de LINHA (entrada) e CARGA (saída) e próximo desses conectores
há mais dois, responsáveis pela saída da conexão serial, denominados MTx(+) e Mc(-) como
descreve o desenho impresso na caixa do medidor. Nota-se também que existe uma tampa de
proteção (acrílico transparente) na qual é fixado o lacre da concessionária após a instalação do
medidor. Então fica claro que o consumidor final não tem acesso a conexão serial. Portanto o
procedimento realizado no trabalho foi possível pois trata-se um medidor que não está sendo
utilizado para fins de tarifação da concessionária, logo não possui o lacre.
Por se tratar de acesso restrito a ações da concessionária e/ou fabricante do medidor,
a utilização das informações disponibilizadas pela saída serial não são abertamente informadas,
sendo assim, não foram encontradas informações a respeito, tanto no manual do modelo quanto
no site do fabricante. Em documentos encontrados na Internet e nas próprias normas
estabelecidas pela ANEEL, verificou-se que há mais de um padrão ou então protocolo de
comunicação. Isso depende do tipo do medidor eletrônicos, e quais as funções ele contabiliza,
isto é, existem medidores eletrônicos mais simples, dos quais não possuem conexão serial,
somente uma saída de pulso via LED de sinalização até modelos que são chamados de
medidores inteligentes, que possuem múltiplas conexões e contabilizam diversas informações.
Após não obter sucesso na busca de informações sobre saída serial do medidor,
optou-se por realizar uma engenharia reversa. Com a ajuda do osciloscópio foi possível analisar
os sinais e realizar algumas conclusões: os dados disponibilizados pela saída serial do medidor
são atualizados a cada segundo, entre os dados, tem-se o número de série do medidor, contagem
da energia ativa (a mesma mostrada no display digital do medidor), a tensão da rede, a corrente
consumida no momento, a frequência da rede, uma variável de incremento que altera seu valor
a cada 10Wh entre outras funções que não foram exploradas.
Na Figura 23 é mostrada uma imagem do protótipo construído para o trabalho.
Observa-se a analogia com a Figura 21 onde tem-se o Medidor Eletrônico de referência, os
quatro sensores, a placa TM4C129 e a tomada de saída da rede elétrica.
49

Figura 23. Maleta de testes do protótipo e medidor de referência.

Foram realizados três testes para comparações de resultados. Onde o objetivo é


comparar os dados medidos pelo medidor de referência, pelo FW da placa TM4C129 e o SW
descrito na seção 3.3. O primeiro teste utiliza quatro aparelhos conhecidos e que possuem
características de cargas de modelo ON/OFF, como descrito em [36], são cargas que tem um
único estado quando ligadas e elas representam uma grande parte das cargas presentes nas
residências. O segundo teste é realizado com um computador desktop que representa cargas de
modelo Continuamente Variáveis [36], isto é, podem apresentar durante o funcionamento
mudanças significativas de consumo. O terceiro teste utiliza três aparelhos, são eles: um
computador portátil (notebook), o computador desktop (utilizado no teste 2) e o ventilador
(utilizado no teste 1). De modo geral pode-se dizer que os testes abordaram cargas estáveis e
cargas instáveis ou oscilantes.
O foco maior foi no primeiro teste, pois esse foi realizado três vezes, por se tratar
de cargas estáveis e conhecidas uma estimativa teórica foi realizada antes do teste acontecer. E
por fim foi realizada uma comparação geral entre todos os meios de medição da energia
abordados nesse trabalho. No próximo capítulo são relatados e discutidos os procedimentos e
resultados obtidos.
50

4. RESULTADOS

4.1. COMPARAÇÃO ENTRE SIMULADOR PSIM E SCRIPT PYTHON

O objetivo desse teste foi validar a metodologia explicada na seção 3.1. Para isso
foi utilizado inicialmente três exemplos extraído de [25]. Na Figura 24 é mostrado o diagrama
de cada um dos circuitos que foram simulados pelo software PSIM.

Figura 24. Diagramas dos exemplos simulados no SW PSIM.

Para cada um dos três circuitos foi gerado uma tabela de comparação dos valores
de Potências Aparente (S), Potência Ativa (P), Potência Reativa (Q) e Fator de Potência (FP)
dos resultados contidos nos exemplos do livro, os gerados pelo PSIM e os calculados pelo script
criado em Python. Na Tabela 6 são apresentados os resultados de comparação juntamente com
o cálculo de erro.
O objetivo do cálculo dos erros foi para investigar o quanto os resultados do script
Python diferem dos resultados encontrados na teoria e no PSIM, Sendo assim, com base na
Equaçao (8), o Erro 1 é a relação do valor calculado pelo Python (V_medido) com valor Teórico
(V_referência). O Erro 2 é a relação do valor calculado pelo Python (V_medido) com valor
calculado por PSIM (V_referência).
51

Tabela 6. Resultados dos testes: teórico, PSIM e Python.

TESTES FP P (W) S (VA) Q (VAr)


Teórico (livro) 1,000 800,000 800,000 0,000
PSIM 1,000 799,739 799,739 0,000
Ex. 1
(resistivo) Python 1,000 800,051 800,051 0,000
Erro 1 (%) 0,000 0,006 0,006
Erro 2 (%) 0,000 0,039 0,039
Teórico (livro) 0,600 288,000 480,000 384,000
PSIM 0,600 287,890 479,930 383,995
Ex. 2
(indutivo) Python 0,600 288,000 479,996 383,995
Erro 1 (%) 0,000 0,000 -0,001 -0,001
Erro 2 (%) 0,000 0,038 0,014 0,000
Teórico (livro) 0,728 106,997 146,894 100,645
PSIM 0,728 106,991 146,889 100,645
Ex. 3
(capacitivo) Python 0,728 107,009 146,902 100,644
Erro 1 (%) 0,000 0,011 0,006 -0,001
Erro 2 (%) 0,000 0,017 0,009 -0,001

Os próximos resultados referem-se aos testes com circuitos do tipo não lineares,
onde foram utilizados dois exemplos do SW PSIM. Na Figura 25 é mostrada uma tela do PSIM
que contém o primeiro circuito de exemplo do tipo não linear e sua forma de onda.

Figura 25. Circuito do tipo não linear para teste de script Python e PSIM.

Da mesma forma como realizado anteriormente, na Tabela 7 são apresentados os


resultados e cálculo de erro relativo ao valor encontrado no script Python e o retornado pelo
52

PSIM. O Erro também é calculado via Equação (8) e é a relação do valor calculado por Python
(V_medido) com valor PSIM (V_referência).

Tabela 7. Resultados dos testes PSIM e Python para circuitos não lineares.

TESTES FP P (W) S (VA) Q (VAr)


PSIM 0,977 601,642 615,591 130,306
Ex.1 psim Python 0,977 601,552 615,499 130,285
Erro (%) 0,000 -0,015 -0,015 -0,016
PSIM 0,850 97,764 114,959 60,479
Ex.2 psim Python 0,850 97,764 114,959 60,480
Erro (%) 0,000 0,000 0,000 0,001

O maior erro percentual encontrado nas tabelas 6 e 7 foi de 0,039% (Tabela 6 Ex.3)
referente ao valor de FP e com relação ao valor Teórico. De modo geral, os resultados
confirmam que a metodologia adotada para realizar o cálculo das potências pode ser utilizado
no SW desejado e todos os erros ficaram bem abaixo do valor de 5,0% estipulado na
metodologia.

4.2. VALORES OBTIDOS COM TM4C129 VERSUS OSCILOSCÓPIO

O objetivo desse teste foi validar a metodologia explicada na seção 3.4. Com base
na Figura 20 (seção 3.4), o esquema foi montado em uma bancada de testes e realizadas análises
iniciais dos sinais capturados pelo osciloscópio. Na Figura 26 é mostrada uma tela do
osciloscópio, onde registra a existência de uma defasagem entre o sinal de tensão (CH1, sinal
amarelo) e o de corrente (CH2, sinal verde).

Figura 26. Captura de FO dos sensores de tensão e corrente pelo osciloscópio.


53

Com auxílio de ferramentas integradas do osciloscópio é possível medir essa


defasagem, que foi cerca de 34°. O desfasamento representa o atraso entre dois sinais senoidais
de mesma frequência. A cada instante de tempo pode corresponder a um ângulo que varia entre
0° a 360°.
Por se tratar de uma carga resistiva, essa defasagem não poderia existir, logo
descobre-se que essa defasagem é uma característica do sensor de corrente, mais
especificamente se forem comparados os sensores de correntes diferenciais (até 3,0mArms)
com os de correntes de alimentação (até 5,0Arms). Com isso, deve-se realizar a correção dessa
defasagem, tornando-a o mais próximo do valor teórico que é 0°.
O primeiro método testado para realizar a correção foi de adicionar uma carga
capacitiva na saída do sensor. Consiste em adicionar um capacitor com um valor que aproxime
o ângulo da defasagem próximo de zero. Para o caso do sensor utilizado para tensão, o valor
resultante do capacitor ficou próximo de 2,2uF. Realizada a correção, novos testes foram feitos
para três tipos de carga (resistiva, indutiva e capacitiva), como realizado nos testes de SW,
porém agora com cargas reais. Não foi relevante nesse teste os valores de amplitudes dos
sensores, pois o objetivo é somente comparar se as FOs entre os sinais do osciloscópio e da
placa TM4C129 estão de acordo gráfica e matematicamente, via cálculo das potências.
Na Figura 27 é mostrado o gráfico gerado pelo script Python que plota quatro sinais,
sendo eles, dois do osciloscópio e outros dois da placa TM4C129.

Figura 27. Comparação de FO da tensão e corrente entre TM4C129 e osciloscópio.


54

Observa-se conforme a legenda, que os sinais pontilhados referem-se aos sinais do


osciloscópio, chamado de SCOPE e os sinais em azul e vermelho da placa TM4C129 chamada
de TEXAS. Graficamente é possível ver a similaridade entre as FOs e isso indica que as capturas
da placa TM4C129 são coerentes. Na Tabela 8 são demonstrados os resultados para os três tipos
de cargas com o mesmo método utilizado na seção 4.1.

Tabela 8. Resultados dos testes osciloscópio e TM4C129.

TESTES FP P (W) S (VA) Q (VAr)


Osciloscópio 0,994 7,804 7,849 0,845
T1
(resistivo) TM4C129 0,994 7,812 7,860 0,864
Erro (%) -0,025 0,107 0,131 2,218
Osciloscópio 0,914 6,893 7,542 3,060
T2
(capacitivo) TM4C129 0,913 6,958 7,618 3,103
Erro (%) -0,076 0,935 1,012 1,399
Osciloscópio 0,648 2,694 4,158 3,167
T3
(indutivo) TM4C129 0,646 2,617 4,051 3,092
Erro (%) -0,303 -2,867 -2,572 -2,359

O Erro é calculado com base na Equação (8), é a relação dos valores da placa
TM4C129 (V_medido) com os valores do osciloscópio (V_referência).
O maior erro encontrado nos três testes foi de -2,867%, para o erro relativo de P no
teste T3. Algumas observações para esses três testes: o período analisado foi de 10 ciclos; se
tratando de valores reais, por exemplo a tensão nominal da rede que é 220V pode oscilar de
ciclo para ciclo; a frequência de amostragem do osciloscópio foi de 50 kHz enquanto a da placa
TM4C129 é utilizado 15,36 kHz; a resolução do osciloscópio é de 8 bit enquanto a da TM4C129
é 12 bits; por fim, o instante de captura dos dez ciclos foi diferente, isto é, os dez ciclos do
osciloscópio não são os mesmo dez ciclos da TM4C129.
De modo geral e considerando as observações, os testes foram satisfatórios tanto
graficamente como matematicamente e quanto aos valores dos erros ambos foram menores que
5,0% como estipulado na metodologia. O método adotado para corrigir o ângulo de defasagem
entre os sensores de tensão e corrente não será utilizado nas futuras medições. Esse método tem
alguns pontos negativos, entre eles: atenuação da amplitude de saída e limitação da largura de
banda devido um aumento no valor do capacitor do filtro RC (como comentado na seção 3.2),
por esses motivos foi realizado um método de correção por SW, via deslocamento de amostras
no tempo. Esse método é explicado a seguir.
55

4.3. CORREÇÃO DA DEFASAGEM DO SENSOR DE TENSÃO

Como explicado no início da seção 4.2, o ângulo da defasagem medido pelo


osciloscópio foi de 34°. No entanto não foram realizados testes nos sinais capturados pela placa
TM4C129 a fim de verificar se esse valor foi encontrado também, pois um novo método foi
investigado. Foram avaliados três métodos para calcular o ângulo de defasagem, descritos a
seguir

Método 1: Deslocamento no tempo


Uma das propriedades dos sinais discretizados no tempo é o deslocamento no
tempo. Supondo um vetor x[n], onde n são as amostras, e k uma constante inteira que pode ser
positiva ou negativa, o vetor y[n] resultante é dado por y[n] = x[n-k], ou seja, y[n] contém o
vetor x[n] deslocado k posições para a direita. Para realizar esse procedimento o sinal deve
possuir mais de um ciclo para ser possível deslocar as amostras. O objetivo é calcular o valor
de k, descrito anteriormente, a fim de zerar a defasagem entre os dois sinais.
O procedimento é baseado em detectar os cruzamentos por zero nos pontos de
subida de cada sinal analisado e salvar os valores das respectivas posições e no final o valor do
deslocamento é a diferença entre as duas posições encontradas. Esse método resulta em um
valor inteiro baseado no número de contagem das amostras.

Método 2: Cálculo do ângulo do fator de potência


Esse método é o mesmo utilizado no cálculo das potências. O fator de potência é a
relação da Potência Ativa (P) pela Potência Aparente (S) e o ângulo, que é o cosseno do FP
representa a defasagem entre o sinal de tensão em relação ao de corrente. As Equações (6) e (7)
no capítulo 3, demonstram esses cálculos. Uma obrigatoriedade é que ambos os sinais sejam do
tipo senoidais puros, isto é, contenham somente uma componente harmônica, nesse caso a de
60Hz. Esse método resulta em um valor de ângulo no qual depois calcula-se o valor de
deslocamento.

Método 3: Transformada de Fourier


Através da Transformada de Fourier é possível realizar uma análise de um sinal no
domínio da frequência e isso traz grandes vantagens e nesse método utilizar-se a Transformada
Discreta de Fourier para analisar os ângulos retornados dos sinais de tensão e corrente e calcular
a defasagem da harmônica fundamental, nesse caso 60Hz, pela diferença do ângulo da tensão
56

pelo ângulo da corrente. Esse método resulta em um valor de ângulo no qual depois calcula-se
o valor de deslocamento.

De posse dos valores de deslocamento ou ângulo calculados através dos três


métodos descritos anteriormente, pode-se calcular o ângulo com base no deslocamento da
mesma forma que o deslocamento com base no ângulo, ou seja, as Equações (13) e (14)
realizam essa operação tendo como referência que o sinal de um ciclo equivale a 256 posições
e 360 graus. Uma observação com relação a Equação (14) é que o resultado é do tipo real,
entretanto para fins de utilização no procedimento de correção de defasagem esse número deve
ser arredondado e transformado em um número inteiro.
360 (13)
â = •
256
256 (14)
=â •
360

4.4. TESTES DE AMPLIFICADOR DE ÁUDIO VERSUS TM4C129

Esse teste tem como objetivo verificar e calcular o valor do ângulo e do


deslocamento que deve ser realizado para correção da defasagem via SW. Na Figura 28 é
mostrado o esquema montado na bancada de testes para o procedimento realizado.

Figura 28. Esquema para teste dos sensores com amplificador de áudio.

Como descrito nos resultados da seção 4.2, que a tensão da rede oscila, assim como
a carga pode apresentar variações, foi utilizado uma maneira que busca minimizar essas ações
e tornar o teste mais preciso e seguro. Foi utilizado um software chamado GoldWave [37] que
57

trabalha com edição de áudio e permite gerar diversos sinais e executá-los diretamente na saída
de áudio do computador ou então salvar em arquivo de áudio (WAV, MP3 entre outros). O
Amplificador de Áudio, tem a função de amplificar a corrente para a carga R e 1000R descritas
na Figura 28.
Sendo assim, o sinal gerado pelo software GoldWave é mandado para o
amplificador e o amplificador transfere o sinal para a carga do tipo resistiva e a corrente que
circula na carga é medida pelos quatro sensores. A carga, que está simbolizada pelos resistores
R e 1000R, tem o propósito de criar um divisor de corrente, onde a corrente elétrica que circular
pelo resistor R é 1000 vezes menor no resistor 1000R, devido a lei de Ohm. Com isso o sensor
de corrente de alimentação que tem sua faixa até 5,0Arms foi instalado na malha do resistor R
e os outros três sensores na malha do resistor 1000R, onde a faixa vai até 3,0mArms.
Para validar os resultados foram criadas quatro FOs conhecidas (com o SW
GoldWave), cada uma com um propósito diferente. A primeira trata-se de um sinal senoidal
puro de 60Hz, a segunda contém três harmônicos ímpares, a terceira contem três harmônicos
pares e a última contem harmônico de 180Hz com amplitude mais elevada com relação aos
outros sinais. Nas Equações a seguir observa-se as definições dos sinais criados para o teste.
= 1.0 • sin(2 • 60 • ) (9)
= + 0.1 • sin(2 • 180 • ) + 0.05 ∗ sin(2 • 300 • ) + 0.01 (10)
• sin(2 • 420 • )

= + 0.1 ∗ sin(2 • 120 • ) + 0.05 ∗ sin(2 • 240 • ) + 0.01 (11)


∗ sin(2 • 360 • )

= + 0.5 ∗ sin(2 • 180 • ) (12)

Na Figura 29 são demonstradas as FOs capturadas dos quatro sensores para o sinal
de teste 1, conforme Equação (9). Conforme a legenda, ‘IFASE’ refere-se ao sensor que mede
a corrente de alimentação, ‘IDIFF’ do sensor que mede a corrente diferencial, ‘TENSÃO’ do
sensor que mede tensão e ‘IGND’ o sensor que mede a corrente de aterramento. Os sensores de
corrente diferencial e corrente de aterramento não foram avaliados nesse trabalho, o foco ficou
nos sensores de tensão e corrente de alimentação, chamados de TENSÃO e IFASE
respectivamente.
58

Figura 29. FOs dos sensores capturadas por TM4C129 no teste com amplificador de áudio.

Figura 30. FOs capturadas por TM4C129 dos sinais predefinidos.


59

Na seção 4.3, foram apresentados três métodos para análise de dois sinais com
objetivo de encontrar a defasagem entre eles. Esses três métodos foram aplicados nos resultados
capturados com base nos quatro sinais predefinidos, Equações (9) a (12). Na Figura 30 são
apresentados os quatro sinais de teste capturados pela placa TM4C129.
Para a plotagem dos dados capturados, mostrados na Figura 30, foram utilizados
dois ciclos de FO e as amplitudes já ajustadas com relação ao offset e em escala analógica do
ADC, isto é, valores na escala ±1,65V. Na Tabela 9 são apresentados os resultados de
comparação entre os quatro sinais de teste e os valores encontrados de ângulo (valor em graus)
e deslocamento para os três métodos.

Tabela 9. Comparação dos métodos de deslocamento.

Método Ângulo (°) Deslocamento


SINAL 1 36,562 26
SINAL 2 30,938 22
Método 1
SINAL 3 30,938 22
SINAL 4 16,875 12
SINAL 1 36,571 26
SINAL 2 36,363 26
Método 2
SINAL 3 36,132 26
SINAL 4 32,381 23
SINAL 1 36,578 26
SINAL 2 36,522 26
Método 3
SINAL 3 36,276 26
SINAL 4 36,164 26

Com base na Tabela 9, observa-se que o Método 3 é o que resulta em uma maior
aproximação dos valores de Ângulo e Deslocamento com relação aos quatro sinais de teste.
Isso pode ser explicado pois como descrito na seção 4.3, o Método 2 somente é verdadeiro se
os dois sinais forem do tipo senoidais puros, sem a presença de harmônicos. Com relação ao
Método 1, com base nas FOs da Figura 30 (d), nota-se que o sinal de tensao sofre uma
deformação maior com relação ao sinal e corrente (desconsiderando as amplitudes de ambos),
e assumindo que o mesmo sinal é aplicado para os dois sensores. Conclui-se que ocorre uma
deformação do sinal no sensor da tensão e isso é investigado na seção 4.4.2.
Foi definido com base nos relatos anteriores que o desfasamento é verdadeiro e o
ângulo de defasagem fica em torno de 36,5° e utilizando a Equação (14) encontra-se o valor de
25,955. Porém o valor deve ser inteiro, define-se 26 como o valor de deslocamento para
correção da defasagem existente entre o sensor de tensão com relação ao de corrente de
60

alimentação. Nota-se também que o valor 26 de deslocamento é também resultante para todos
os sinais testados no método 3, conforme Tabela 9.

4.4.1. Ajuste dos sensores com relação ao valor do ganho

O ajuste do ganho tem como objetivo adequar os valores medidos pelos sensores
em valores de escala real, por exemplo uma lâmpada com potência de 70W ligada em uma rede
de 220V espera-se que o sensor de tensão meça 220V e o sensor de corrente meça 0,318 A. No
entanto sabe-se que os sensores utilizados operam na faixa de 0 a 3,3 V então é necessário
ajustar um valor, chamado de ganho, para que o resultado final seja como o esperado.
O procedimento foi realizado com base no esquema demonstrado na seção 4.2, onde
se utilizou uma lâmpada de 70W como carga conhecida. Para referência dos valores reais
medidos foi utilizado o multímetro ET1649. As etapas a seguir foram realizadas para todos os
sensores, mudando somente a escala e tipo de grandeza.
1) Captura de 10 ciclos
2) Ajuste de OFFSET e conversão para escala analógica
3) Cálculo do valor RMS dos ciclos 9 e 10 (Valor RMS do sensor)
4) Anotar Valor RMS do multímetro ET1649
5) GANHO = (Valor RMS do multímetro) / (Valor RMS do sensor)
6) Anotar valor de GANHO
Abaixo são apresentados os valores encontrados no cálculo de ganho para cada
sensor.
IFASE_GANHO = 5,33
IDIFF_GANHO = 0,00359
TENSAO_GANHO = 542
IGND_GANHO = 0,533
Esses valores são definidos como constantes e são utilizados no FW e no SW.

4.4.2. Investigação da deformação do sinal no sensor de tensão

Para um melhor entendimento do funcionamento dos sensores foi realizado uma


comparação de similaridade entre a FO do sensor de corrente de alimentação e o sensor de
tensão. Como relatado anteriormente e com base na Figura 30, nota-se que além da defasagem
existente uma deformação, alteração na FO, entre os dois sinais plotados. O estudo apresentado
61

em [4] analisa diferentes métodos para calcular a similaridade entre FOs. Os três métodos
utilizados também foram utilizados nesse trabalho para investigar o quão similar ou não são as
FOs de interesse.
Os três métodos que foram utilizados são: Coeficiente de Spearman, Correlação de
Pearson e Root Mean Square Deviation (RMSD), em português Desvio Quadrático Médio.
Ambos os métodos são encontrados em bibliotecas para linguagem Python e podem ser
acessadas por [38], [39] e [40].
Observa-se na Figura 29 e 30, que os sinais IFASE e TENSÃO têm diferentes
amplitudes. Para fins de comparações, os ciclos analisados de TENSÃO e IFASE foram
normalizado, isto é, um procedimento que modifica a amplitude, dividindo todo sinal pelo valor
máximo absoluto encontrado, resultando em um sinal com escala de ±1.0. Na Figura 31 são
mostrados os dois sinais de interesse normalizados para o sinal de teste 1 (Figura 30(a)). E na
Figura 32 são apresentados os resultados pós correção da defasagem e normalização das
amplitudes.

Figura 31. Sinais normalizado em amplitude.


62

Figura 32. Sinais de teste normalizados em amplitude e com correção da defasagem.

Observando a Figura 32 (a), nota-se que os dois sinais estão sobrepostos, e isso se
deve pois o sinal do teste 1 (SINAL 1) é do tipo senoidal puro, por outro lado é claramente
visível as alterações das FO dos sinais na Figura (b), (c) e (d). Na Tabela 10 são apresentados
os resultados dos três métodos de similaridade utilizados para comparação dos quatro sinais de
teste, Figura 32.

Tabela 10. Resultados do teste de similaridade de FO.

TESTES: Spearman Pearson RMSD


SINAL 1 1,000 1,000 0,006
SINAL 2 0,988 0,987 0,132
SINAL 3 0,996 0,993 0,099
SINAL 4 0,702 0,731 0,470

Em [4] é apresentada uma tabela como uma proposta de escala de similaridade para
FO de corrente elétrica e com base nessa tabela e os resultados da Tabela 10 pode-se definir
63

que o SINAL 1 tem máxima similaridade, o SINAL 2 e SINAL 3 possui alta similaridade e o
SINAL 4 resulta em baixa similaridade. Na Tabela 11 é apresentado uma adaptação de [4].

Tabela 11. Escala de Similaridade entre FO. Adaptado de [4].

Similaridade Intervalo
Máxima [1,000; 1,000]
Alta [0,950; 0,999]
Média [0,850; 0,949]
Baixa [0,500; 0,849]
Mínima [0,001; 0,499]

Com base nesses resultados surge um alerta que deve ser levado em consideração
para futuras aplicações com esses sensores. A fim de finalizar essa investigação é realizado um
último teste com base em capturas reais onde se identificou que caso a FO da tensão
apresentasse artefatos (pequenos desvios ou deformações de amplitude em pontos da FO), a
correção da defasagem via deslocamento de amostras pode apresentar um problema de
dessincronização, que é exemplificado na Figura 33 e 34.

Figura 33. FO com artefato e sem correção da defasagem.

A Figura 33 apresenta o sinal de tensão (TENSÃO) e corrente (IFASE) em escala


real, onde a direita temos a amplitude da corrente e a esquerda da tensão. Na Figura 34, será
64

realizado a análise com a correção da defasagem e para uma melhor visualização e


entendimento, os sinais estão em escala do ADC e normalizados.

Figura 34. FO com artefato e com correção da defasagem.

Em comparação com as Figuras 33 e 34, nota-se que na Figura 33, sem a correção
da defasagem, o artefato que ocorre na tensão da rede acontece em sincronia com o sinal da
corrente, sendo essa uma verdade, pois a resposta da corrente conterá o artefato da tensão no
mesmo instante que aconteceu na tensão. Quando se aplica a correção da defasagem, Figura 34,
o deslocamento da FO da tensão para direita faz com que a sincronia do artefato não ocorra no
mesmo instante. Se tratando do cálculo ponto a ponto da Potência Ativa haverá um erro devido
essa dessincronia do instante onde ocorreu o artefato.

4.4.3. Discussão dos resultados dos testes entre amplificador de áudio e TM4C129

O teste realizado com o amplificador de áudio para análise das respostas dos
sensores trouxe mais precisão e segurança, se comparado com os testes em escala real, isto é,
65

com a tensão da rede. A utilização do software GoldWave tornou rápida a modelagem dos
quatro sinais de teste. Os três métodos utilizados para calcular o valor do deslocamento e ângulo
foram satisfatórios pois os resultados comprovaram que o melhor método foi o terceiro, via
Transformada de Fourier, sendo utilizado para qualquer um dos sinais de teste.
A investigação da deformação causada no sensor utilizado para medir a tensão
levou a uma aplicação utilizada em [4] para fins de análise de similaridade de FO, e com base
nos resultados constatou-se que o SINAL 4 apresentou uma baixa similaridade, sendo que
esperava-se que fosse no mínimo de média similaridade. E por fim é demonstrado e explicado
um problema que pode ocorrer quando o sinal da tensão apresentar artefatos na FO e com a
correção da defasagem via deslocamento de amostras haverá uma dessincronização com relação
ao instante que ocorre o artefato.
Outro problema desse tipo de sensor é que ele não responde a sinais com nível DC,
isto é, uma das características dos transformadores de corrente, mas que nesse trabalho não foi
investigado. De modo geral será mantido o uso dos sensores e a correção da defasagem como
proposto. Para análises futuras ficará nesse texto o registro dos relatos encontrados.
Uma última observação é de que ao realizar o ajuste da defasagem na qual se
desloca o vetor da tensão em 26 posições para direita consequentemente perde-se uma parte do
vetor de 256 posições, logo dos dez ciclos que são recebidos, depois desse ajuste tem-se
somente nove ciclos completos para calcular as grandezas desejadas.

4.5. TESTES DO PMED VERSUS MEDIDOR ELO2101L

Os resultados obtidos nessa etapa referem-se a metodologia apresentada na seção


3.5, onde foi realizado uma bateria de testes com diversas cargas reais. Por conveniência o SW
projetado que realiza a medição da energia a partir dos eventos gerados pela placa TM4C129
foi chamado de PMED e o medidor eletrônico utilizado como referência foi chamado de ELO.
Com relação aos resultados das potências e energias que foram calculados o foco se manteve
na Potência Ativa (P) e Potência Aparente (S) assim como na Energia Ativa (EP) e Energia
Aparente (ES). A Potência Reativa, assim como a Energia Reativa não foi utilizada pois o
medidor ELO não realiza essa medição.
66

4.5.1. Testes com cargas definidas

O teste seguiu uma metodologia predefinida, ou seja, o procedimento teve quatro


aparelhos conhecidos tanto na questão de tipo de carga como potência consumida. Inicialmente
foram anotados os valores teóricos de potência, isto é, valores descritos nas especificações do
aparelho e que normalmente vem na unidade de medida em watts (W) e depois anotados os
valores medidos com PMED sendo possível obter as medidas tanto da potência na unidade de
watts (W) e volt-ampere (VA) que referem-se as Potência Ativa e Potência Aparente
respectivamente. Na Tabela 12 são apresentados os dados inicias coletados dos quatro
aparelhos.

Tabela 12. Aparelhos utilizados nos testes com cargas definidas.

Pot. teórica (W) Pot. medida (W) Pot. medida (VA)


APARELHOS TIPO
Potência Ativa Potência Ativa Potência Aparente
Sistema
SEM CARGA - 2,6 4,5
Embarcado
Transformador +
APARELHO 1 200 207 210
resistência
Lâmpada
APARELHO 2 45 44 46
Compacta
APARELHO 3 Ventilador simples 50 41,1 41,4
APARELHO 4 Resistência 400 405,2 405,6

Com base na Tabela 12 e sabendo que a máxima corrente elétrica medida pelo
sensor utilizado é 5Arms e com uma tensão nominal da rede de 220V descobre-se, via lei de
Ohm, que a potência máxima é de 1100VA. Sendo assim estipula-se um limite de segurança de
20% chegando a um valor aproximado de 880VA. No pior caso, onde todos os aparelhos são
ligados a potência seria de 707,5VA, estando essa abaixo do limite estipulado.
Quanto aos aparelhos nota-se que foi adicionado propositalmente para fins de
conhecimento o valor da potência do Sistema Embarcado denominado como SEM CARGA,
pois como ele é ligado depois do medidor ELO passa a ser uma carga permanentemente ligada.
O Aparelho 1 é uma resistência ligada na saída de um transformador (220V/110V). O Aparelho
2 é uma lâmpada do tipo fluorescente compacta de alta eficiência. O Aparelho 3 é um ventilador
de chão. Por fim o Aparelho 4 é uma resistência de aquecedor.
Foi criado uma sequência de eventos de liga e desliga alternando entre os quatro
aparelhos. O tempo do teste foi de uma hora onde os aparelhos foram ora ligados, ora desligados
em períodos de cinco em cinco minutos. Essa sequência é programada em um script Python
67

onde é gerada uma estimativa teórica da energia consumida assim como um gráfico base. Na
Figura 35 é demostrada a estimativa teórica do teste prático, gerado pelo script Python, onde
também é calculada a Energia Ativa com valor de 91,77Wh e Energia Aparente com valor de
93,46VAh.

Figura 35. Estimativa teórica do teste prático.

Para o procedimento dos testes foi utilizado um módulo relé de quatro canais,
controlado por um Arduino UNO no qual foi programado as sequências de liga e desliga
conforme o script Python. Com base na Figura 35 os valores entre parênteses (1), (2), (3) e (4)
representam os quatro aparelhos apresentados na Tabela 12. Quando há mais de um número,
indica que dois aparelhos foram ligado no mesmo instante.
O teste foi repetido três vezes e os resultados das medições são apresentados a
seguir. Embora a TM4C129 faça a contagem da energia ciclo por ciclo os resultados
apresentados tem como foco a comparação do medidor de referência ELO e o SW PMED que
realiza a medição da energia por eventos. Na Tabela 13 é realizada a comparação dos valores
calculados por PMED e do medidor ELO. As grandezas de interesse são: Energia Aparente
(ES) medida em VAh, Energia Ativa (EP) medida em Wh.
68

Tabela 13. Resultados dos testes com cargas definidas para PMED e ELO.

TESTES ES (VAh) EP (Wh) inc10Wh TEMPO (m) EVENTOS Eventos/m


TESTE 1 94,272 92,463 59,101 48 0,812
PMED TESTE 2 92,790 91,117 56,856 47 0,827
TESTE 3 93,920 91,981 65,211 38 0,583
TESTE 1 90,418 90 9 60,93
ELO TESTE 2 89,816 90 9 62,05
TESTE 3 89,603 100 10 65,38

A coluna de nome ‘inc10Wh’ refere-se exclusivamente ao medidor ELO, sendo


uma variável de incremento, como descrita na seção 3.5, com um passo de 10Wh sendo assim
os valores da coluna EP para o medidor ELO são inteiros. A coluna de ‘EVENTOS’ refere-se
somente ao PMED, totalizando o número de eventos registrados e ao lado direito dessa coluna
tem-se a média de eventos por minuto, baseado no tempo medido.
Com base na Figura 35, da estimativa teórica, um total de 20 eventos entre o início
e fim do teste são necessários, assumindo que durante os períodos em que os aparelhos estejam
ligados não ocorram mudanças de carga. Na prática isso é bem diferente pois, desde os testes
realizados na seção 4.2 relatam-se sobre as oscilações no valor da tensão da rede, onde isso
impacta na alteração da potência e então em uma possível geração de um evento. Além disso,
na programação de ligação dos aparelhos foi fixado um período de dois segundos entre a ligação
de um aparelho e outro nos momentos onde dois aparelhos são ligados, gerando assim, mais de
um evento. E por fim, deve-se levar em consideração o período transitório, chamado também
de regime transitório, que é um período de curta duração que dependendo do tipo de carga
acontece nos momento de liga e desliga, gerando assim picos de potência e com isso maior
número de eventos.
A Tabela 14 apresenta o erro relativo percentual. O Erro também é calculado via
Equação (8) e é a relação do valor PMED (V_medido) com valor do medidor ELO
(V_referência).
69

Tabela 14. Comparação de PMED com ELO dos testes com cargas definidas.

TESTES ES (VAh) EP (Wh)


PMED 94,272 92,463
TESTE 1 ELO 90,418 90,000
Erro (%) 4,262 2,737
PMED 92,790 91,117
TESTE 2 ELO 89,816 90,000
Erro (%) 3,311 1,241
PMED 93,920 91,981
TESTE 3 ELO 89,603 100,000
Erro (%) 4,818 -8,019

O maior valor de erro encontrado foi de -8,019% no TESTE 3 para EP, onde nesse
caso pode-se tratar como uma exceção pois devido a variável de incremento do medidor ELO
ter dado 10 ao invés de 9 (como nos TESTES 1 e 2), se supõem que a contagem interna do
medidor ELO estava no limite da passagem de 9 para 10. O maior erro de ES foi de 4,818% no
TESTE 3. Uma possível explicação é o desconhecimento sobre o modo de medição da tensão
e corrente no medidor ELO, onde se supõem que possa ser realizado uma média de n amostras
entre outras formas, além disso, o tempo de atualização e envio dos dados via serial é a cada
segundo. Então, admitindo-se a possibilidade dessas observações os piores erros ficariam sendo
4,818% para ES (Teste 3) e 2,737% para EP (Teste 1).
As próximas três figuras demonstram graficamente a tensão, corrente e potência
com base nos testes 1, 2 e 3 comparando os dados capturados por PMED e ELO. As figuras
contem três sinais plotados, são eles: Referência, que é o medidor ELO, em linha pontilhada
vermelha, PMED e Eventos de PMED, isto é, a linha em azul é a ligação dos pontos que
representam os eventos. No eixo horizontal tem-se a escala de tempo, que registra o dia e hora.

Figura 36. Comparação de PMED e ELO da Tensão do teste 1.


70

Figura 37. Comparação de PMED e ELO da Corrente do teste 3.

Figura 38. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 2.

Fica visualmente claro as mudanças na tensão da rede, com base na Figura 36, onde
a tensão oscilou dentro de uma faixa de 224,0V a 213,0V onde em PMED é possível verificar
a capturas dos picos ocorridos durante o teste. Na Figura 37 e 38, onde tem-se a corrente e
potência respectivamente, nota-se as semelhanças dos valores dos gráficos de PMED com ELO
no transcorrer do tempo onde na Tabela 14 dos TESTES 3 e 2 apresentaram erros de 4,818% e
3,311% respectivamente. Não é possível fazer comparações da Potência Ativa pois o medidor
ELO apenas contabiliza a Energia Ativa e não fornece os dados instantâneos como na Potência
Aparente.
Na Figura 39 é demonstrada uma comparação de similaridade entre os três testes
com relação a Potência Aparente. Nota-se, assim como descrito sobre as figuras anteriores, a
aproximação dos valores plotados de PMED e ELO, salvo sobre picos de diferentes tamanhos
71

em diferentes tempos que aconteceram durante cada um dos testes. A área sombreada de azul
refere-se a PMED e as linhas tracejadas em vermelho refere-se a ELO. Da mesma forma como
nas outras figuras o eixo horizontal representa o tempo. Na Figura 39 é possível verificar que
os testes aconteceram todos no dia 20 e ambos levaram cerca de uma hora como era previsto.

Figura 39. Comparação de Potência Aparente nos três testes.

Por fim é demonstrado na Figura 40 um gráfico, onde é abordada a Potência


Aparente com a curva da energia acumulada durante cada evento capturado por PMED e os
dados analisados por ELO. No lado esquerdo tem-se a escala de Potência Aparente, onde a área
sombreada de azul refere-se a PMED e as linhas tracejadas em preto refere-se a ELO e no lado
direito a escala de Energia Acumulada, onde a linha contínua em vermelho refere-se a PMED
e a linha tracejada em preto refere-se a ELO.
72

Figura 40. Comparativo de Energia Aparente Acumulada.

O gráfico apresentado na Figura 40 é referente ao TESTE 2, onde o erro relativo a


Energia Aparente (ES) entre PMED e ELO foi de 3,311% sendo visível a semelhança das curvas
levantadas por PMED e ELO. Esse tipo de gráfico pode ser muito útil para futuras aplicações
onde a escala de tempo venha a ser dias, semanas, meses, anos entre outras possíveis
possibilidades para geração de históricos de consumo de energia ou investigação de anomalias
em aparelhos via eventos capturados.

4.5.2. Testes com cargas continuamente variáveis

Os próximos dois testes, chamados de TESTE 4 e TESTE 5, trataram de demonstrar


a utilização de aparelhos que apresentam característica de consumo variado, como o
computador por exemplo. Nesses dois testes não foi levado em consideração o tempo de
execução. Em geral foram dois testes livres, onde ligaram-se e desligaram-se aparelhos sem
uma predefinição, por isso, foram realizados somente uma vez cada um.
O TESTE 4, consistiu em medir o consumo de um computador do tipo desktop ou
computador de mesa, onde possui além do gabinete, mouse, teclado e um monitor de 17
polegadas. Não foi medido o consumo, como na Tabela 12, para fins de estimar o cálculo da
energia, pois não era esse o propósito. Na Figura 41 é demonstrado o gráfico de comparação
entre Referência, que é o medidor ELO, plotado em linhas tracejadas na cor vermelha e PMED
que corresponde a área sombreada em azul e os pontos em verde representando os eventos de
PMED.
73

Figura 41. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 4.

O TESTE 5 utilizou um notebook da marca DELL da série VOSTRO, depois o


computador desktop utilizado no TESTE 4 e por fim um terceiro aparelho, o ventilador (mesmo
utilizado nos testes 1, 2 e 3). Na Figura 42 é demonstrado o gráfico de comparação entre
Referência, plotado em linhas tracejadas na cor vermelha, PMED que corresponde a área
sombreada em azul e os pontos em verde representando os eventos de PMED.

Figura 42. Comparação de PMED e ELO da Potência Aparente do teste 5.

Da mesma forma como realizado com os testes 1, 2 e 3, tabelas foram criadas para
comparações e levantamento de erros relativos percentuais. Na Tabela 15 são demonstrados os
resultados extraídos dos dados capturas pelo sistema PMED e ELO para os testes 4 e 5. O Erro
também é calculado via Equação (8) e é a relação do valor calculado por PMED (V_medido)
com valor medidor por ELO (V_referência).
74

Tabela 15. Comparação de PMED com ELO dos testes cargas continuamente variáveis.

TESTES ES (VAh) EP (Wh) inc10Wh TEMPO (m) EVENTOS Eventos/m


PMED 473,011 305,717 193,295 226,000 1,169
TESTE
4 ELO 459,541 290,000 29,000 195,033
Erro (%) 2,931 5,420
PMED 401,391 276,022 160,761 4.278,000 26,611
TESTE
5 ELO 383,672 270,000 27,000 162,683
Erro (%) 4,618 2,230

Para o TESTE 4 e com base na Figura 41 e Tabela 15 a diferença quanto ao número


de eventos capturados se comparado com a média de eventos por minuto dos testes 1 ,2 e 3, isto
é, considerando 0,8 a média dos primeiros testes e 1,1 para o TESTE 4 cerca de 40% maior.
Sendo esse aumento devido ao tipo de carga testada. O maior erro para o TESTE 4 foi de 5,42%
para EP e da mesma forma como foi explicado para o TESTE 3 que apresentou um erro de -
8,019% é provável que a contagem do incremento de 10Wh do medidor ELO esteve no limite
entre 29 e 30 resultando em 290Wh ao invés de 300Wh.
Para o TESTE 5 e com base na Figura 42 e Tabela 15 é notável a diferença quanto
ao número de eventos capturados se comparado com os demais testes realizados. Isso se deve
a uma característica do consumo do notebook que foi descoberta durante esse teste. E fica
visível na Figura 42 e via análise dos eventos que mais de 50% dos eventos foram gerados pelo
notebook.
O maior erro no TESTE 5 foi de 4,618% para ES e vale recordar a mesma
explicação relatada para o erro do TESTE 3 onde foi encontrado 4,818%. Uma nova hipótese
sobre o desconhecimento da forma de medição do medidor ELO é que como ele é projetado
para leitura somente de Energia Ativa (EP) e como as cargas dos TESTES 4 e 5 possuem muito
conteúdo harmônico, resultando em uma energia não ativa, pode ser esse também um indicativo
de aumento no erro geral das comparações de ES de ELO com PMED.

4.5.3. Discussão dos resultados dos testes entre PMED e Medidor ELO2101L

Os testes com o protótipo criado, que uniu tanto o HW que contou com o sistema
embarcado com a placa TM4C129 junto dos sensores, como o SW projetado em Python foram
muito satisfatórios. A utilização de um medidor eletrônico de modelo ELO2101L da
concessionária MUX foi muito útil do ponto de vista comparativo da Energia Ativa medida
além da validação do protótipo. As possíveis observações ou suposições sobre as diferenças
75

encontradas nos resultados foram relatadas, servindo de suporte ou investigação para futuros
trabalhos.
Levando em consideração as observações levantadas pode-se dizer de maneira geral
que nos cinco testes realizados o erro para Energia Aparente (ES) ficou abaixo de 5,0 % e o
erro de Energia Ativa (EP) e abaixo de 3,0%. Testes com tempo de duração maior tendem a
reduzirem as margens de erro, visto que a precisão do medidor ELO quanto a Energia Ativa
(EP) é de 10Wh.

4.6. APRESENTAÇÃO DO SOFTWARE PMED PARA ANÁLISE DOS


RESULTADOS DA MEDIÇÃO DE ENERGIA

Nesta seção é demonstrado e exemplificado via figuras o SW descrito na seção 3.3.


Esse SW, chamado de PMED nos testes realizados na seção 4.5 foi amplamente utilizado e
modificado durante o desenvolvimento do trabalho. Sendo assim diversas atualizações foram
realizadas e diversas bibliotecas foram criadas possibilitando serem compartilhadas as mesmas
funções utilizadas em PMED com os diversos scripts paralelos que foram criados. Na Figura
43 é demonstrado uma das telas do PMED.
Com base na Figura 43, observa-se uma tabela gerada com base em todos os eventos
armazenados no banco de dados. Nessa tabela têm-se as informações de número da captura,
data, hora, tipo do evento, os valores rms da tensão, corrente de alimentação, corrente
diferencial e corrente de aterramento.
Ao clicar sobre um dos eventos selecionados (linhas da tabela) é acessado uma nova
janela sendo possível verificar mais informações sobre o evento. Na Figura 44 é demonstrado
essas informações sobre o evento 338 como exemplo.
Na Figura 44, observa-se diversas informações: do lado esquerdo, temos um botão
de plotagem, UPDATE PLOT, das informações escolhidas em PLOT CANAIS (escolhe quais
os canais à plotar), PLOT CICLOS (escolhe quais os ciclos à plotar), os checkbox AUTO
OFFSET e SET DEFASAGEM servem para ativar ou desativar os cálculos do ajuste de offset
e correção da defasagem tanto nos cálculos de Valor Médio, RMS, PP, P+, P- e Potências como
nos gráficos gerados no lado direito da Figura 44. No combobox, que fica a direita do botão
UPDATE PLOT, é possível alternar entre as formas de plotagem dos ciclos, sendo essas: escala
do ADC (valores inteiros), escala do ADC (valores analógicos ±1,65V) e valores reais. E por
fim é possível salvar uma imagem do gráfico desejado. Esse recurso, assim como a geração do
gráfico faz parte da integração da interface gráfica com o módulo Matplotlib.
76

Figura 43. Tabela das capturas do SW.

Figura 44. Tela dos detalhes sobre o evento.


77

Figura 45. Tela dos gráficos de grandezas elétricas calculadas a partir dos eventos.

Na Figura 45 é demonstrado mais uma possibilidade de visualização das


informações, foi utilizado o mesmo método para gerar os gráficos das Figuras 36 a 42. A única
observação é que não se tem os dados capturados pelo medidor ELO, somente os dados
armazenados no banco de dados sobre os eventos.
Na Figura 45 é demonstrado a opção de escolha de um intervalo de início e fim dos
eventos a serem analisados. Os diversos checkboxes coloridos, a esquerda, servem de base para
ativar ou desativar a plotagem dos gráficos na parte direita da figura. O eixo horizontal
representa os horários e é compartilhado com todos os sinais selecionados nos checkboxes, pois
ambos ocorreram no mesmo instante, logo ao aplicar por exemplo, uma ação de zoom ou
deslocamento, todos os sinais se movem ao mesmo tempo.
De modo geral os scripts Python e o próprio SW PMED desenvolvidos, desde os
algoritmos básicos para cálculo dos valores médios e eficazes até o cálculo das potências e
energias bem como a criação dos gráficos e a incorporação dos módulos NumPy, SciPy e
Matplotlib, entre outros, formaram uma grande documentação de aplicação da linguagem
Python para fins de computação aplicada.
78

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho descreveu uma plataforma de hardware e software,


desenvolvida com base no Protegemed que é capaz de medir e calcular a energia utilizada por
cada EEM. Com esta informação, obtida com o trabalho ora apresentado, é possível também
medir e calcular o custo da energia de cada modelo de EEM, além de fazer a comparação de
EEMs da mesma atividade, mas de marcas ou modelos diferentes. Esta plataforma desenvolvida
pode ser adaptada para medir a energia não só de EEM, mas também de outros ambientes como
residências ou industrias, contribuindo para um maior conhecimento do consumo elétrico
nesses ambientes. A plataforma é composta de um conjunto de sensores para aquisição dos
sinais, um microcontrolador para tratar e enviar os dados a um computador. No computador, a
plataforma conta com uma aplicações escrita na linguagem Python e um Banco de Dados.
Nas revisões de trabalhos relacionados, foram encontrados diversos assuntos
abordando a medição de energia e detecção de tipo de cargas. Alguns dos trabalhos revisados
realizam a detecção de eventos, analisam a qualidade de energia e também calculam o consumo
da energia elétrica. No entanto, nenhum dos trabalhos apresenta a medição de energia e
detecção do tipo de cargas por eventos, que é a forma como o Protegemed está estruturado. A
partir destas constatações, foi possível perceber que o medidor de energia por eventos pode ser
utilizado em outras áreas, não apenas vinculado ao Protegemed.
A plataforma trabalha com o sensoriamento de 10 ciclos completos das formas de
onda analisadas (corrente e tensão), de forma similar ao trabalho iniciado em [2]. A captura e
armazenamento dos dez ciclos também se justificam pela oportunidade de analisar o período
transitório das capturas, quando o equipamento liga e desliga. Mesmo que nesta proposta, não
foi realizada a análise do período transitório, o banco de dados está apto para esta tarefa. O
mesmo ocorre com a captura da corrente diferencial e corrente de aterramento. Em ambos os
dados, fica a disposição para trabalhos futuros, na medida em que o banco de dados já está
armazenando estas informações.
A escolha da linguagem de programação Python 3 mostrou-se acertada e se deve
ao fato da facilidade e rapidez de implementação dos algoritmos e a grande documentação
encontrada em livros e na Internet. As bibliotecas (módulos na linguagem Python) como, por
exemplo, NumPy, Scipy e Matplotlib são de grande importância para computação científica.
Elas agregam um conjunto de funções prontas para aplicação de forma eficiente e amigável
para lidar com vetores, gráficos, transformada de Fourier, entre outros.
79

O uso de um banco de dados foi importante, sendo possível organizar de forma


eficiente e rápida os dados. A cada evento detectado pelo sistema embarcado, esse organiza um
pacote (vetor) contendo dez ciclos (formas de onda) de cada um dos quatro canais digitalizados,
isto é, dos quatro toroides que medem a tensão, corrente de alimentação, corrente diferencial e
corrente de aterramento. Além disso, informações de tempo, contagem de energia Ativa,
Aparente e Reativa, tipo de evento detectado entre outros, são agrupadas e enviadas a cada
evento. O módulo SQLite3, que é um banco de dados leve e baseado em disco e não precisa de
um processo de servidor separado. Permite também acessar o banco de dados usando uma
variante não padrão da linguagem de consulta SQL. Sendo suficiente para os testes realizados
no presente trabalho.
A plataforma é capaz de ajustar a defasagem da tensão em relação a corrente. Esta
defasagem é função da baixa corrente (próxima de 1,0 mA) que circula pelo interior do toroide
quando este é utilizado para medir a tensão entre os condutores fase e neutro. O cálculo do
ajuste necessário foi realizado e validado com diferentes testes, chegando ao valor de
deslocamento de 36 graus, usando parte de um dos 10 ciclos da captura.
Os testes práticos, realizados na seção 4.5, validaram o protótipo com base em um
medidor eletrônico de referência ELO2101L. Os erros ficaram abaixo de 5% para cálculo da
Energia Aparente e abaixo de 3% para cálculo da Energia Ativa, provando que é possível
calcular as potências com base em eventos gerados pelas grandezas de tensão e corrente.

5.1. CONTRIBUIÇÕES AO PROTEGEMED

A partir do trabalho desenvolvido, percebe-se que a utilização do Protegemed no


HSVP trouxe informações significativas para a equipe de engenheiros do hospital. Com o
Protegemed, é possível saber se está ocorrendo uma fuga em algum EEM durante a cirurgia e
o grau de risco de microchoque ao paciente. Também é possível obter o valor instantâneo das
correntes de alimentação e diferencial de cada EEM, além de saber que dia, hora, minuto e
segundo ele foi ligado e desligado, bem como somar o tempo que ficou ligado durante sua vida
útil. Entretanto, o Protegemed não realiza o cálculo da energia utilizada por cada EEM. Outra
mudança significativa em relação ao Protegemed de 2017/2018 foi a proposta de capturar 10
ciclos das formas de onda, ao invés de um ciclo das correntes de alimentação e diferencial.
Uma discussão à parte sobre o medidor de energia por eventos como uma nova
função do Protegemed em ambiente hospitalar é sua utilização como fonte de informações sobre
a energia entregue aos consumidores. Naturalmente, percebemos que o produto deste texto pode
80

ser utilizado em outras áreas e sua configuração de hardware já está adequada (ou quase) para
uma delas: como gravador de dados sobre a tensão e correntes de uma instalação. Isto é
relevante, principalmente, para a análise de consumidores com cargas não lineares, que também
é o caso do consumidor hospital, mas não apenas ele.
O cálculo das potências e da energia de circuitos com cargas não lineares é
atualmente estudado no Brasil (IEEE 1459-2010) para fins de tarifação e de qualidade de
energia. Desta forma, o produto desta dissertação pode ser utilizado para obter informações dos
consumidores e, assim, ajudar o grupo de estudo da ABNT/ANEEL a tomar decisões. Esta
informação se justifica na medida em que a decisão sobre a tarifação (exceto pela multa),
atualmente, não leva em conta a diferença entre consumidores que poluem a rede com
harmônicos e consumidores que não poluem (ou poluem de forma insignificante). Desta forma,
acredita-se que o produto gerado nesta dissertação pode ser útil tanto para a evolução do
Protegemed, como para uma ferramenta adicional para estudar qualquer outra instalação
elétrica, seja ela residencial, comercial ou industrial.

5.2. TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros ficará uma aplicação real da medição de energia elétrica de
uma residência no período de um mês por exemplo, a fim de comparar resultados com a conta
de energia elétrica da concessionária. Modificações nos sensores como capacidade de medir
correntes maiores que 5,0 Arms devem ser consideradas também.
Quanto a geração dos eventos realizado pelo FW, novas possibilidades de eventos
podem ser feitas, como mudanças de carga com relação ao triângulo de potências, onde envolve
o uso do Fator de Potência e também uma análises de distorção harmônica da rede na qual
servirá para fins de qualidade de energia entregue pela concessionária ou mesmo com relação
aos tipos de aparelhos ligados na residência ou em um ambiente hospitalar.
Ainda com relação a geração de eventos, uma análise aprofundada deve ser
realizada com relação ao uso da rede de comunicação, seja ela via cabo (Ethernet) ou redes sem
fio (wireless), no quesito tráfego de dados pois como apresentado nos resultados do Teste 5 na
seção 4.5 foram gerados 4.278 eventos em menos de três horas com uma média de 26,6 eventos
por minuto. Assim, técnicas de filtragem de eventos com base no tipo de carga (especialmente
as continuamente variáveis) devem ser estudadas e validadas a fim de manter os resultados
corretos sem perder eventos significativos.
81

REFERÊNCIAS

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Dissertação Mestrado. PPGCA, UPF, Passo Fundo.
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ELÉTRICA VISANDO A DETECÇÃO DA DEGRADAÇÃO DE ISOLAMENTO EM
EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS. 2018. 45p. Dissertação Mestrado. PPGCA,
UPF, Passo Fundo.
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PósMQI, PUC-Rio, Rio de Janeiro.
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