2019 Matheus Janio Mella
2019 Matheus Janio Mella
2019 Matheus Janio Mella
Passo Fundo
Ano 2019
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO APLICADA
Passo Fundo
Ano 2019
CIP – Catalogação na Publicação
__________________________________________________________________
M524m Mella, Matheus Janio
Medidor de energia elétrica por eventos / Matheus Janio
Mella. – 2019.
83 f. : il. color. ; 30 cm.
RESUMO
ABSTRACT
Embedded systems are used in different areas, performing various functionalities, and when
combined with the proper software, the whole solution makes it simpler to obtain, understand
and visualize data. Electronic measurements of electrical energy enable new possibilities that
were not possible with analog systems. Within the context of software-based embedded
electronic measurements, this work introduces an electrical energy meter that is able to measure
and analyze events generated by the energy consumption of domestic devices. Our
methodology and start point is the Protegemed project: an electronic device that detects and
analyze events from electric power and differential current of electromedical devices. One of
our contributions is a software with graphical interface, in Python, that receives events of
voltage and current variation captured by an embedded system consisting of a TM4C129
platform from Texas Instrument. We built a prototype of the embedded system and Python
software, and validate it with an electrical reference meter of ELO brand and model ELO2101L.
Our results show that it is possible to measure the electric energy from events of current
variation, with errors as low as 5% for the calculation of Apparent Energy, and as low as 3%
for Active Energy.
A/D - analógico-digital
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANNEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
CCS – Code Composer Studio
CI – Circuito Integrado
DMA – Direct memory access
EEM – Equipamento Eletromédico
FO – Forma de Onda
Fs – Frequência de Amostragem
GPS - Global Positioning System
GSM - Global System for Mobile Communications
HW - Hardware
Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IoT - Internet of Things (Internet das coisas)
LCD - Liquid Crystal Display (display de cristal líquido)
RTOS – Real Time Operating System (sistema operacional de tempo real)
SW - Software
TC – Transformador de Corrente
TI – Texas Instrument
TP – Transformado de Potencial
UART - Universal Synchronous Receiver/Transmitter
μC – Microcontrolador
LISTA DE SÍMBOLOS
A – ampere
Hz – hertz
t – tempo (segundos)
V – volt
VA – Potência em volt-ampere
W – Potência em watts
π – Constante com valor aproximado de 3.1415926
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
1.1. HISTÓRICO DO PROTEGEMED ..................................................................................... 14
1.2. MEDIDORES DE ENERGIA ............................................................................................. 17
1.2.1. Medidores Eletromecânicos ........................................................................................... 17
1.2.2. Medidores Eletrônicos .................................................................................................... 18
2. TRABALHOS RELACIONADOS .............................................................................. 20
3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 25
3.1. MÉTODO PARA CÁLCULO DAS POTÊNCIAS ............................................................. 26
3.2. MATERIAIS PARA TESTE DE HARDWARE ................................................................. 31
3.3. DESCRIÇÃO DE FIRMWARE E SOFTWARE ................................................................ 35
3.3.1. Firmware utilizado na placa TM4C129 ........................................................................ 35
3.3.2. Software de recepção e análise dos dados ..................................................................... 40
3.4. COMPARAÇÃO ENTRE OSCILOSCÓPIO E TM4C129 ................................................. 44
3.5. PROJETO DO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA POR EVENTOS ......................... 45
4. RESULTADOS.............................................................................................................. 50
4.1. COMPARAÇÃO ENTRE SIMULADOR PSIM E SCRIPT PYTHON ............................. 50
4.2. VALORES OBTIDOS COM TM4C129 VERSUS OSCILOSCÓPIO ............................... 52
4.3. CORREÇÃO DA DEFASAGEM DO SENSOR DE TENSÃO ......................................... 55
4.4. TESTES DE AMPLIFICADOR DE ÁUDIO VERSUS TM4C129 .................................... 56
4.4.1. Ajuste dos sensores com relação ao valor do ganho .................................................... 60
4.4.2. Investigação da deformação do sinal no sensor de tensão........................................... 60
4.4.3. Discussão dos resultados dos testes entre amplificador de áudio e TM4C129 .......... 64
4.5. TESTES DO PMED VERSUS MEDIDOR ELO2101L ..................................................... 65
4.5.1. Testes com cargas definidas ........................................................................................... 66
4.5.2. Testes com cargas continuamente variáveis ................................................................. 72
4.5.3. Discussão dos resultados dos testes entre PMED e Medidor ELO2101L .................. 74
4.6. APRESENTAÇÃO DO SOFTWARE PMED PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS DA
MEDIÇÃO DE ENERGIA ............................................................................................... 75
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 78
5.1. CONTRIBUIÇÕES AO PROTEGEMED ........................................................................... 79
5.2. TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................. 80
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
13
1. INTRODUÇÃO
a plataforma TM4C129 da Texas Instrument, que também é utilizada nesse trabalho. Na seção
1.2 são contextualizados os tipos de medidores de energia elétrica. O capítulo 2 apresenta os
trabalhos relacionados com foco em medidores de energia elétrica, realizando no final uma
comparação entre os trabalhos pesquisados com o aqui proposto. O capítulo 3 descreve a
metodologia desenvolvida, com base no Protegemed, para calcular a energia elétrica. No
capítulo 4 são apresentados os resultados baseados na metodologia com uma série de teste de
validação e comparações. No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e as sugestões para
trabalhos futuros.
A primeira versão possuía um LED vermelho que piscava, sinalizando que havia
uma diferença de valor da corrente entre os dois condutores de alimentação. Também havia um
pequeno sinalizador sonoro intermitente com a mesma finalidade. A pesquisa de mercado
resultou na necessidade de evoluir para um produto mais complexo e capaz de produzir mais
informações ao engenheiro clínico. A utilização prevista para esta versão era a detecção de
problemas nos Equipamentos Eletromédicos que pudessem colocar em risco os pacientes
durante um procedimento cirúrgico. Se alguma corrente diferencial fosse detectada, esta
corrente poderia estar circulando pelo paciente, podendo provocar danos ao paciente podendo
provocar até parada do coração. O trabalho [3] mostra com detalhes os experimentos que
levaram à conclusão de que era possível ocorrer estes eventos de risco, embora muito raros.
Para os testes de 2009, a inclusão de software de banco de dados e cálculos de transformada de
Fourier foram fundamentais.
Nos anos que se seguiram, outras versões foram sendo desenvolvidas, fruto do
investimento do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, de uma empresa do setor e de
várias agências de apoio ao empreendedor, como Sebrae, Instituto Euvaldo Lodi e Finep, assim
como de fomento à pesquisa, como Fapergs, CNPq e Capes. A Figura 2 mostra as várias versões
desenvolvidas até 2016.
No ano de 2017, foi concluído o trabalho de [1]. Uma nova plataforma foi definida
utilizando um microcontrolador da família ARM Cortex-M4F TM4C. Para os testes, foi
utilizado um kit de desenvolvimento TM4C129 (EK-TM4C1294XL). Diversas foram as
melhorias alcançadas com essa nova plataforma, entre elas: atualização remota de firmware,
vinte canais analógicos, maior quantidade de memória RAM e FLASH, poder de processamento
com ARM Cortex-M4F, entre outros [1].
No ano de 2018, foi concluído o trabalho de [2], sendo utilizada e modificada a
plataforma do Protegemed de 2018 para ser possível a captura de dez ciclos das formas de onda
da tensão, corrente de alimentação, diferencial e de aterramento. O propósito do trabalho foi
desenvolver um método para capturas de Forma de Onda (FO) da corrente elétrica visando a
detecção da degradação de isolamento em EEMs. Foi desenvolvido um protótipo baseado no
Protegemed para o estudo do caso. Por fim, esse protótipo serviu como base para o
desenvolvimento desse trabalho.
17
O medidor da Figura 5 (a) foi utilizado como referência para os testes comparativos
neste trabalho. No capítulo três, são descritas suas características. Como fundamentação teórica
sobre o modelo utilizado, pesquisou-se informações em âmbito geral sobre o tipo de classe do
medidor, visto que nas informações visuais do produto consta que é Classe B. Conforme o
manual do produto [13], a classe de exatidão para a energia ativa é classe B, de acordo com o
Regulamento Técnico Mercosul - RTM (portaria 431 de 04/12/2007), do INMETRO. Este
documento considera a necessidade de implementar o controle metrológico dos medidores de
energia elétrica ativa e/ou reativa, monofásicos e polifásicos, baseados em tecnologia
eletrônica. São apontados quatro classes, definidas por D (0,2%), C (0,5%), B (1,0%) e A
(2,0%) que indicam a exatidão do medidor [15].
Outro fato interessante envolvendo os medidores eletrônicos é abordado no trabalho
de [16]. Nesse trabalho, um estudo sobre a adesão à Tarifa Branca é realizado, sendo esta uma
nova modalidade tarifária da ANEEL, na qual se faz uso dos medidores eletrônicos que
realizam a medição por horários de consumo. No final do mês, os dados armazenados no
medidor servem de base para cálculo da energia consumida, mostrando a importância e
necessidade desse tipo de medidor.
20
2. TRABALHOS RELACIONADOS
ser de até 27,9 kHz. Através de uma conexão serial UART, foi realizada a comunicação com
um Arduino UNO que recebeu os dados e transmitiu, via Wi-Fi para uma placa de modelo
ESP8266, comunicando-se assim com a plataforma de Internet of Things (IoT) de nome
ThingSpeak sendo apresentadas as informações recebidas do CI. O sensor de tensão foi um
divisor resistivo e o sensor de corrente foi do tipo TC. Um analisador de energia de modelo AE-
200 foi utilizado para testes de calibração e verificação de precisão. O período de envio dos
dados para a plataforma ThingSpeak ficou definido em 1 minuto.
No trabalho de [7], também foi utilizado o CI ADE7753 interligado com um
Arduino UNO, comunicando-se com diversos módulos como Global Positioning System
(GPS), Global System for Mobile Communications (GSM), e placa Wi-Fi. Os dados
processados foram enviado para uma plataforma de IoT chamada de Xively, similar a
ThingSpeak utilizada em [16]. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do
tipo TC. Testes de calibração e medição foram feitos com multímetros e amperímetros de
referência.
O trabalho de [18] utilizou um μC MSP430AFE253 que possui três conversores
A/D sigma-delta independentes, de 24 bits de resolução. A frequência de amostragem utilizada
foi de 3,84 kHz, resultando em 64 amostras por ciclo de 60 Hz. Esse μC faz parte de um kit de
desenvolvimento da Texas Instrument, o MSP-EXP430G2, possuindo uma interface serial-usb
para conexão com o computador. Os dados capturados pelo μC foram enviados para o
computador, processados e visualizados em um programa construído com o ambiente
LabVIEW. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do tipo TC. O objetivo
foi a identificação de cargas a partir de assinatura de cargas. Foram coletados dados de diversas
capturas de eventos de LIGA para definir padrões, assim chamadas de assinaturas, com base
em diversas grandezas calculadas como, por exemplo, a potência ativa.
O trabalho de [19] realizou uma pesquisa sobre micromedidores inteligentes de
energia, os chamados smart plugs, onde normalmente são ligados diretamente nas tomadas e
monitoram um aparelho de interesse. Foi construído também um protótipo com o mesmo
propósito. Dois μC MSP430F6736 da Texas Instruments foram utilizados. O primeiro μC para
aquisição de dados com conversor A/D de 24 bits de resolução e frequência de amostragem de
4.096 Hz. O segundo μC recebeu os dados convertidos pelo primeiro através de uma
comunicação infravermelho. Os dados foram armazenados em uma memória do tipo SD, onde
posteriormente um computador com um software foi capaz de realizar as leituras e gerar os
gráficos e relatórios de consumo. O software foi criado em ambiente LabVIEW. Foram
realizadas comparações entre o protótipo construído e um medidor comercial HS110 da TP-
22
LINK. O sensor de tensão foi do tipo TP e o sensor de corrente foi do tipo TC. Nos testes foram
utilizados intervalos de coleta e armazenamento dos dados de 15 minutos e 1 minuto.
O trabalho de [20], apresenta um protótipo de um medidor de energia utilizando um
Arduino MEGA. O sensor utilizado para medir a corrente foi o mesmo utilizado no Protegemed,
do tipo TC, tratando-se de um trabalho do grupo de pesquisa envolvido na plataforma
Protegemed. Para medir a tensão, foi utilizado um sensor de corrente diferencial, que também
do tipo TC. No entanto, esse sensor mediu a corrente que circulava por um resistor ligado entre
os condutores de fase e neutro. Assim, a tensão foi proporcional a essa corrente. Os sinais de
tensão e corrente foram convertidos pelo conversor A/D com 10 bits de resolução e frequência
de amostragem de 3.840 Hz. Os dados foram processados, e os valores de tensão e corrente
comparados com limites predefinidos e caso os valores passem desses limites, eventos eram
gerados e enviados para um computador através de um shield Ethernet. No computador, foi
criado um SW que recebeu os dados e armazenou em um banco de dados, exibindo as
informações sobre o consumo com base nos eventos ocorridos. Não foram realizados testes de
comparação como medidores de referência, apenas testes de cargas conhecidas e medidas por
um multímetro como referência.
Por fim, o trabalho de [21] abordou o tema sobre variações de tensão para redes de
baixa tensão. Foi criado um protótipo que também utilizou o CI ADE7753, entretanto não tinha
o propósito de medir energia e sim as variações de tensão. O CI ADE7753 permite que sejam
configurados parâmetros de limites máximos e mínimos para a detecção de eventos com base
no valor nominal da tensão da rede. De forma similar a outros trabalhos, o CI se comunicou via
conexão serial com um Arduino UNO. Uma plataforma Proxy IP que contém um roteador WIFI
recebeu os dados e mandou para uma interface Web. Esse trabalho não teve relação com
medidores de energia, mas foi escolhido uma vez que tem por objetivo registrar eventos. A
Tabela 2 apresenta um levantamento com base nos trabalhos estudados, considerando algumas
características, tais como: plataforma utilizada; resolução do conversor A/D em bits; frequência
de amostragem em hertz (Hz); número de amostras por ciclo de 60 Hz; tipo de sensor utilizado
para corrente (Sensor I); tipo de sensor utilizado para tensão (Sensor V); e se alguma
comparação com um medidor eletrônico de energia ou analisador de energia foi realizada. A
última linha da referida tabela diz respeito ao presente trabalho.
23
[8] MSP430F2013 +
16 3840 64 R R SIM
MSP430G2955
[17] CI 71M6515H +
21 2520 42 TC TP SIM
ATMEGA324P
[16] CI ADE7753 +
16 *** *** TC R SIM
Arduino UNO
[7] CI ADE7753 +
16 *** *** TC TP *
Arduino UNO
não para tarifação. Contudo essa tabela não foi criada para definir quem é o melhor ou pior,
mas para expor as inúmeras possibilidades que podem ser utilizadas no tema abordado.
Quanto aos tipos de sensores utilizados, nota-se que a maioria utilizou TC para
corrente e TP para tensão, visto que são as melhores opções no quesito isolamento da rede, ou
seja, são modelos não intrusivos.
Todos os trabalhos pesquisados e incluído o desta dissertação, utilizaram recursos
de software para exibir informações o que confirma a ligação de um sistema embarcado com
um computador, dispositivo móvel ou de modo geral um sistema web, ou seja, é uma tendência
cada vez maior interligar o hardware com o software.
Nos trabalhos [8], [17], [16] e [19] é definido um intervalo de coleta e
armazenamento dos dados para uma posterior análise, entretanto isto é o principal paradigma
na qual se confronta com o tema desta dissertação, visto que se pretende realizar é a medição
da energia a partir de eventos gerados e não com base em intervalos de tempo predefinidos.
Deve-se levar em consideração que no trabalho de [20] é realizado a medição a partir de eventos,
porém devem ser levadas em consideração algumas diferenças tanto de hardware e software,
logo pode-se afirmar que o trabalho desta dissertação vem a ser uma evolução de [20].
25
3. METODOLOGIA
A metodologia da presente pesquisa tem como base o trabalho de [2], da qual foi
realizada uma alteração no hardware (HW) e firmware (FW) do Protegemed para que fossem
capturados 10 ciclos de 60 Hz da FO da corrente elétrica, ao invés de um ciclo da FO, que tem
como referência o trabalho anterior [1]. A proposta de [2] foi detectar a degradação dos isolantes
elétricos do EEM. Esta opção por coletar 10 FOs proporcionaram mais informações para a
referida pesquisa. Estas degradações nos isolantes produzem alterações na FO das correntes de
alimentação e diferencial que podem ser detectadas.
Embora o objetivo do presente trabalho seja distinto do trabalho de [2], optou-se
por utilizar a mesma base do HW e do SW de [2], propondo as modificações convenientes. No
que tange às modificações, o presente trabalho propõe a modificação no software (SW),
implementado em Python. Esta decisão foi tomada para, no futuro, ser realizada uma
comparação entre uma versão do Protegemed implementado em Python, com o atual em
Javascript. Como o trabalho ora proposto faz parte de uma sequência de outras pesquisas, a
Tabela 3 apresenta uma comparação entre as últimas pesquisas aplicadas ao gerenciamento do
risco de uso dos EEM. Além disso, a tabela mostra as principais modificações que foram
planejadas e executadas por cada pesquisador para atingir seus objetivos, conforme os dados a
seguir:
Os três tipos básicos de cargas elétricas são denominadas: resistiva, onde a tensão
e corrente estão em fase; capacitiva, onde a corrente está adiantada com relação a tensão e;
indutiva, onde a corrente está atrasada com relação a tensão. Um EEM ou uma instalação
elétrica possui uma mistura dessas três cargas, que têm potências e energias associadas a elas.
Essas características definem o modo como o triângulo de potências é desenhado, para facilitar
a visualização de tipo de potência. Na Figura 6, o triângulo das potências indica três grandezas
de interesse da tarifação de energia elétrica: a Potência Ativa (P), Potência Aparente (S) e
Potência Reativa (Q). Portanto, é necessário fazer com que o SW em Python seja capaz de
calcular essas três potências com base nos dados capturados pelo HW.
1 (1)
= ( )
(2)
1
V = v(n)
N
A partir dos dados do vetor v(n), que no código da Figura 7 é denominado “sinal
(i)”, os valores médio e eficaz são calculados pelas linhas de código.
1. # VALOR MÉDIO
2. somatorio = 0.0
3. for i in range(N):
4. somatorio += sinal[i]
5. v_m = somatorio/N
6. # VALOR EFICAZ
7. somatorio = 0.0
8. for i in range(N):
9. somatorio += sinal[i]*sinal[i]
10. v_rms = math.sqrt(somatorio/N)
Figura 7. Trecho do código Python da função que calcula valor médio e eficaz.
1 (3)
= ( )∗ ( )
(4)
1 1
= ∗ = V(n) ∗ I(n)
N N
(5)
= S −P
(6)
=
 ( )= (7)
Nas equações (3) e (4), V(n) e I(n) representam os vetores da tensão e da corrente.
Da mesma forma, como foi colocado anteriormente, na Figura 8 é mostrado um trecho do
código onde são transcritas as equações (3) a (6) para cálculo das Potências Ativa (P), Aparente
(S) e Reativa (Q). O cálculo do Fator de Potência (FP) é a razão da Potência Ativa pela Aparente
como descrita na equação (6).
Pode-se calcular o Ângulo entre o sinal de tensão e corrente, através da Equação
(7) e representado por Φ na Figura 6, sendo válido apenas para sinais puramente senoidais, isto
é, sem distorção da tensão e/ou corrente elétrica.
Com base na Figura 8 linha 4, define-se que ‘sinal1’ e ‘sinal2’ referem-se aos
vetores da tensão e da corrente respectivamente. E conforme as nomenclaturas das Equações
(3) a (6), onde tem-se P, S, Q e FP correspondem as linhas 5, 11, 12 e 13 respectivamente.
Observa-se também que a Potência Ativa (P) é calculada pela multiplicação ponto a ponto dos
vetores de tensão e corrente, chamada também de potência instantânea, ou seja, a Potência Ativa
é a resultante do somatório de cada potência instantânea, obtidas das amostra de tensão e
corrente.
Estas linhas de código em Python precisam ser testadas de alguma forma. Para a
pesquisa, foram escolhidas duas, sendo estas: uma comparação com a literatura (cálculos com
exemplos de livros didáticos de eletrônica [25]) e outra comparação com os simuladores de
circuitos eletrônicos, como o PSIM [26], por exemplo.
O próximo passo, foi partir para uma série de testes e comparações de resultados.
E para essa tarefa foi escolhido um software muito utilizado para fins de análise de circuitos de
potência. O PSIM é um simulador de circuitos eletrônicos, desenvolvido pela Powersim. É uma
ferramenta para análise e simulação de diversos tipos de circuitos e possui uma gama de
módulos prontos para emulação de dispositivos reais. O PSIM utiliza uma análise nodal e
aproximação de integração trapezoidal e fornece uma interface de captura esquemática e
visualização gráfica chamado de Simview [27].
Sendo assim, o PSIM foi utilizado como referência para os diversos casos de teste
que foram realizados. E o objetivo, foi comparar os resultados dos cálculos de tensão, corrente
e potências, calculados pelo PSIM e os programas criados em linguagem Python.
O procedimento dos testes ocorreu a partir de algumas especificações já definidas
pela plataforma do Protegemed, onde no trabalho de [2] foram relatadas tais mudanças no FW.
Dentre as mudanças, pode-se destacar no envio dos dados brutos das amostras dos sensores de
corrente, isto é, são enviados dez ciclos de FO e cada ciclo com 256 valores digitalizados, sendo
a frequência de amostragem definida em 15.360Hz. Com isso, assumiu-se que os testes
realizados para comparação de resultados entre PSIM e scripts Python devem analisar sinais
contendo dez ciclos de FO e frequência de amostragem igual ou o mais próxima da utilizada no
FW, a fim de se aproximar aos resultados que são calculados no FW.
Os três primeiros testes foram baseados em três exemplos retirados de [25], onde
tem-se um circuito resistivo, indutivo e capacitivo, sendo esses do tipo lineares. Os valores
teóricos calculados nos exemplos foram anotados e passados para uma tabela, sendo eles Fator
de Potência (FP), Potência Ativa (P), Potência Aparente (S) e Potência Reativa (Q) para cada
exemplo.
30
e o sensor de corrente de alimentação uma faixa entre 1,0 mA até 5,0 Arms. Na Figura 10, em
destaque um dos sensores utilizados.
Observa-se que para a medição da tensão na escala até 600V para ambos os modelos
a precisão é de ±0,8% sem levar em consideração o número de dígitos. Para a medição da
corrente, leva-se em consideração os limites do sensor que utilizado no projeto que mede até
5,0 A. Para o ET-1649 tem-se a precisão entre ±1,0% e ±1,2%, e a precisão do alicate
amperímetro ET-3367c é menor, sendo ±2,5%, contudo pode-se ler corrente até 1000A sendo
que o ET1649 suporta até 10A.
Com o osciloscópio foi possível ver a FO dos sinais de saída dos sensores e realizar
uma análise preliminar sobre o funcionamento deles e a realização de comparações com o HW
proposto no trabalho. As especificações gerais do osciloscópio são: frequência de amostragem
até 1GSa/s, largura de banda de 70MHz, possui dois canais de entrada e memória até 16 kpts
[31]. Esse modelo também possui um recurso USB onde foi possível salvar capturadas no
formato de arquivo de texto CSV, para depois ser analisado nos scripts Python. Na Figura 14
são mostrados os três equipamentos descritos.
35
ADC, pois como as dois ADCs são ativados ao mesmo tempo1, garante-se com uma maior
aproximação, que ambos os sinais são capturados no mesmo instante e com isso é possível
calcular a potência instantânea ativa corretamente.
Esses quatro periféricos se relacionam sincronizadamente com auxílio de
interrupções de HW e SW, sendo as de SW manipuladas pelo TI-RTOS. O Timer seta o período
de amostragem, isto é, o inverso da frequência de amostragem, já comentada no texto e definida
em 15.360Hz. A cada interrupção do Timer quatro canais, dois para cada ADC, são convertidos
e salvos em vetores. Os dados salvos nos vetores são passados para outros vetores auxiliares
que são comandados automaticamente pelo DMA. Com a utilização de interrupções de
software, via eventos do TI-RTOS, os dados são, disponibilizados para os cálculos na tarefa #2.
1
Existe um pequeno intervalo de tempo em cada instrução do FW na função que ativa os ADCs, sendo esse
desprezível nos cálculos realizados.
39
desligava. Um valor fixo era definido como limite, tanto para corrente de alimentação ou
corrente diferencial e, caso ocorresse uma mudança e essa fosse maior ou menor que esse limite,
um evento era gerado. Para esse trabalho, foi adotada a mesma metodologia, porém o valor
limite não é mais fixo e muda conforme a valor atual da leitura dos sensores. Desta forma, é
possível gerar eventos de mudança de carga. Quando ocorre esta mudança, um pacote com
dados (#4) é preparado para ser enviado ao servidor.
pedido de atualização de FW via rede e um pedido de captura manual, isto é, não depende da
ocorrência de evento. Na Figura 17 é mostrado a PARTE 2 do FW.
A atual versão do Protegemed [2] conta com uma interface Web que utiliza os
recursos de XAMPP que envolve linguagem PHP, banco de dados MySQL e servidor web
Apache. Neste trabalho não foi utilizada a mesma interface. A linguagem de programação
escolhida foi Python na versão 3. Na Figura 18 são mostradas as etapas do SW, apesar de
visualmente ser mais simples que o FW, demonstrado nas Figuras 16 e 17, a complexidade é
bem maior, no contexto de trabalhar com diversos dados para então transformar em informação
real para entendimento do usuário.
41
O cálculo dos valores eficazes (RMS) dos dois ciclos escolhidos é atualizado na
interface gráfica para visualização do usuário. Após decodificar e realizar os ajustes e cálculos
necessários é criado um novo registro que salva no banco de dados. O banco foi estruturado
com apenas uma tabela. Na Tabela 4 é mostrado a estrutura da tabela no banco de dados SQLite.
CAPTURAS (type)
n_captura INTEGER
time_ REAL
event_ TEXT
v_rms_ REAL
i_rms_ REAL
di_rms_ REAL
gnd_rms_ REAL
raw_header_ BLOB
raw_data__ BLOB
Python, esse número contém a informação do tipo UTC (Coordinated Universal Time -Tempo
Universal Coordenado) sendo possível depois resgatar os valore de data, hora, minuto e
segundo [35].
A variável ‘event_’ do tipo TEXT, isto é, texto ou string, armazena um curto texto
que define se o evento foi de uma mudança de menos para mais, de mais para menos ou se foi
um pedido de captura do computador para a placa TM4C129. Até o momento do trabalho foram
criadas três mensagens, sendo elas: “EVENT_UP”, “EVENT_DOWN” e “MANDA
CAPTURA”.
As variáveis ‘v_rms_’, ‘i_rms_’, ‘di_rms_’ e ‘gnd_rms_’ armazenam em variáveis
do tipo REAL, isto é, floats os valores RMS do nono e décimo ciclo (entre os dez recebidos)
da tensão da rede, corrente de alimentação, corrente diferencial e corrente de aterramento
respectivamente.
As variáveis ‘raw_header’ e ‘raw_data’ armazenam em variáveis do tipo BLOB,
que são vetores do tipo bytes, e armazenam os dados brutos codificados onde contém as
informações de tipo de evento, contagem de eventos, contagem das energias ativa, reativa e
aparente, contagem do tempo e por fim os dez ciclos de cada sensor, da forma “bruta” ou seja
como foram enviados pela placa TM4C129 como descrito nas explicações do FW.
Por fim, tem-se a etapa de envio de dados do computador para placa TM4C129
(#5). Dentre as possibilidades estão: fazer a leitura ou escrita de algum valor específico de ajuste
de ganho, por exemplo, ou pedido de atualização de FW via rede, um pedido captura manual,
como já descrito na tarefa #6 do FW (Figura 17).
O que deve ficar claro depois das explicações do FW e SW é que em ambos os
sistemas, a energia é calculada, sendo que no FW é realizada em tempo real, isto é, ciclo por
ciclo da rede elétrica e no SW é com base nos eventos recebidos, ou seja, no fim pode-se dizer
que SW realiza uma estimativa da medição da energia com base nos eventos.
Depois da primeira etapa realizada, que foram os testes com as simulações em PSIM
e comparações com exemplos de livros e os scripts Python para cálculo das potências, se faz
necessário realizar os testes com os sensores utilizados no trabalho. Seguindo o esquema da
Figura 20, foi utilizado uma carga do tipo resistiva, nesse caso uma lâmpada incandescente de
70W. A corrente que circula na lâmpada foi medida pelo sensor de corrente de alimentação e a
medição da tensão foi realizada através da corrente proporcional que passa pelo resistor de valor
45
220kΩ, onde nesse caso resulta em uma corrente de aproximadamente 1,0mA considerando a
tensão da rede 220V. A fim de testar os outros dois sensores de corrente diferencial e corrente
de aterramento, ambos foram ligados da mesma forma que o sensor que mede a tensão.
Uma das vantagens desse modelo é que ele possui uma saída serial, sendo assim
possível obter as informações como tensão, corrente, frequência, entre outros. Na Tabela 5 é
relacionado as especificações do modelo ELO2101L.
4. RESULTADOS
O objetivo desse teste foi validar a metodologia explicada na seção 3.1. Para isso
foi utilizado inicialmente três exemplos extraído de [25]. Na Figura 24 é mostrado o diagrama
de cada um dos circuitos que foram simulados pelo software PSIM.
Para cada um dos três circuitos foi gerado uma tabela de comparação dos valores
de Potências Aparente (S), Potência Ativa (P), Potência Reativa (Q) e Fator de Potência (FP)
dos resultados contidos nos exemplos do livro, os gerados pelo PSIM e os calculados pelo script
criado em Python. Na Tabela 6 são apresentados os resultados de comparação juntamente com
o cálculo de erro.
O objetivo do cálculo dos erros foi para investigar o quanto os resultados do script
Python diferem dos resultados encontrados na teoria e no PSIM, Sendo assim, com base na
Equaçao (8), o Erro 1 é a relação do valor calculado pelo Python (V_medido) com valor Teórico
(V_referência). O Erro 2 é a relação do valor calculado pelo Python (V_medido) com valor
calculado por PSIM (V_referência).
51
Os próximos resultados referem-se aos testes com circuitos do tipo não lineares,
onde foram utilizados dois exemplos do SW PSIM. Na Figura 25 é mostrada uma tela do PSIM
que contém o primeiro circuito de exemplo do tipo não linear e sua forma de onda.
Figura 25. Circuito do tipo não linear para teste de script Python e PSIM.
PSIM. O Erro também é calculado via Equação (8) e é a relação do valor calculado por Python
(V_medido) com valor PSIM (V_referência).
Tabela 7. Resultados dos testes PSIM e Python para circuitos não lineares.
O maior erro percentual encontrado nas tabelas 6 e 7 foi de 0,039% (Tabela 6 Ex.3)
referente ao valor de FP e com relação ao valor Teórico. De modo geral, os resultados
confirmam que a metodologia adotada para realizar o cálculo das potências pode ser utilizado
no SW desejado e todos os erros ficaram bem abaixo do valor de 5,0% estipulado na
metodologia.
O objetivo desse teste foi validar a metodologia explicada na seção 3.4. Com base
na Figura 20 (seção 3.4), o esquema foi montado em uma bancada de testes e realizadas análises
iniciais dos sinais capturados pelo osciloscópio. Na Figura 26 é mostrada uma tela do
osciloscópio, onde registra a existência de uma defasagem entre o sinal de tensão (CH1, sinal
amarelo) e o de corrente (CH2, sinal verde).
O Erro é calculado com base na Equação (8), é a relação dos valores da placa
TM4C129 (V_medido) com os valores do osciloscópio (V_referência).
O maior erro encontrado nos três testes foi de -2,867%, para o erro relativo de P no
teste T3. Algumas observações para esses três testes: o período analisado foi de 10 ciclos; se
tratando de valores reais, por exemplo a tensão nominal da rede que é 220V pode oscilar de
ciclo para ciclo; a frequência de amostragem do osciloscópio foi de 50 kHz enquanto a da placa
TM4C129 é utilizado 15,36 kHz; a resolução do osciloscópio é de 8 bit enquanto a da TM4C129
é 12 bits; por fim, o instante de captura dos dez ciclos foi diferente, isto é, os dez ciclos do
osciloscópio não são os mesmo dez ciclos da TM4C129.
De modo geral e considerando as observações, os testes foram satisfatórios tanto
graficamente como matematicamente e quanto aos valores dos erros ambos foram menores que
5,0% como estipulado na metodologia. O método adotado para corrigir o ângulo de defasagem
entre os sensores de tensão e corrente não será utilizado nas futuras medições. Esse método tem
alguns pontos negativos, entre eles: atenuação da amplitude de saída e limitação da largura de
banda devido um aumento no valor do capacitor do filtro RC (como comentado na seção 3.2),
por esses motivos foi realizado um método de correção por SW, via deslocamento de amostras
no tempo. Esse método é explicado a seguir.
55
pelo ângulo da corrente. Esse método resulta em um valor de ângulo no qual depois calcula-se
o valor de deslocamento.
Figura 28. Esquema para teste dos sensores com amplificador de áudio.
Como descrito nos resultados da seção 4.2, que a tensão da rede oscila, assim como
a carga pode apresentar variações, foi utilizado uma maneira que busca minimizar essas ações
e tornar o teste mais preciso e seguro. Foi utilizado um software chamado GoldWave [37] que
57
trabalha com edição de áudio e permite gerar diversos sinais e executá-los diretamente na saída
de áudio do computador ou então salvar em arquivo de áudio (WAV, MP3 entre outros). O
Amplificador de Áudio, tem a função de amplificar a corrente para a carga R e 1000R descritas
na Figura 28.
Sendo assim, o sinal gerado pelo software GoldWave é mandado para o
amplificador e o amplificador transfere o sinal para a carga do tipo resistiva e a corrente que
circula na carga é medida pelos quatro sensores. A carga, que está simbolizada pelos resistores
R e 1000R, tem o propósito de criar um divisor de corrente, onde a corrente elétrica que circular
pelo resistor R é 1000 vezes menor no resistor 1000R, devido a lei de Ohm. Com isso o sensor
de corrente de alimentação que tem sua faixa até 5,0Arms foi instalado na malha do resistor R
e os outros três sensores na malha do resistor 1000R, onde a faixa vai até 3,0mArms.
Para validar os resultados foram criadas quatro FOs conhecidas (com o SW
GoldWave), cada uma com um propósito diferente. A primeira trata-se de um sinal senoidal
puro de 60Hz, a segunda contém três harmônicos ímpares, a terceira contem três harmônicos
pares e a última contem harmônico de 180Hz com amplitude mais elevada com relação aos
outros sinais. Nas Equações a seguir observa-se as definições dos sinais criados para o teste.
= 1.0 • sin(2 • 60 • ) (9)
= + 0.1 • sin(2 • 180 • ) + 0.05 ∗ sin(2 • 300 • ) + 0.01 (10)
• sin(2 • 420 • )
Na Figura 29 são demonstradas as FOs capturadas dos quatro sensores para o sinal
de teste 1, conforme Equação (9). Conforme a legenda, ‘IFASE’ refere-se ao sensor que mede
a corrente de alimentação, ‘IDIFF’ do sensor que mede a corrente diferencial, ‘TENSÃO’ do
sensor que mede tensão e ‘IGND’ o sensor que mede a corrente de aterramento. Os sensores de
corrente diferencial e corrente de aterramento não foram avaliados nesse trabalho, o foco ficou
nos sensores de tensão e corrente de alimentação, chamados de TENSÃO e IFASE
respectivamente.
58
Figura 29. FOs dos sensores capturadas por TM4C129 no teste com amplificador de áudio.
Na seção 4.3, foram apresentados três métodos para análise de dois sinais com
objetivo de encontrar a defasagem entre eles. Esses três métodos foram aplicados nos resultados
capturados com base nos quatro sinais predefinidos, Equações (9) a (12). Na Figura 30 são
apresentados os quatro sinais de teste capturados pela placa TM4C129.
Para a plotagem dos dados capturados, mostrados na Figura 30, foram utilizados
dois ciclos de FO e as amplitudes já ajustadas com relação ao offset e em escala analógica do
ADC, isto é, valores na escala ±1,65V. Na Tabela 9 são apresentados os resultados de
comparação entre os quatro sinais de teste e os valores encontrados de ângulo (valor em graus)
e deslocamento para os três métodos.
Com base na Tabela 9, observa-se que o Método 3 é o que resulta em uma maior
aproximação dos valores de Ângulo e Deslocamento com relação aos quatro sinais de teste.
Isso pode ser explicado pois como descrito na seção 4.3, o Método 2 somente é verdadeiro se
os dois sinais forem do tipo senoidais puros, sem a presença de harmônicos. Com relação ao
Método 1, com base nas FOs da Figura 30 (d), nota-se que o sinal de tensao sofre uma
deformação maior com relação ao sinal e corrente (desconsiderando as amplitudes de ambos),
e assumindo que o mesmo sinal é aplicado para os dois sensores. Conclui-se que ocorre uma
deformação do sinal no sensor da tensão e isso é investigado na seção 4.4.2.
Foi definido com base nos relatos anteriores que o desfasamento é verdadeiro e o
ângulo de defasagem fica em torno de 36,5° e utilizando a Equação (14) encontra-se o valor de
25,955. Porém o valor deve ser inteiro, define-se 26 como o valor de deslocamento para
correção da defasagem existente entre o sensor de tensão com relação ao de corrente de
60
alimentação. Nota-se também que o valor 26 de deslocamento é também resultante para todos
os sinais testados no método 3, conforme Tabela 9.
O ajuste do ganho tem como objetivo adequar os valores medidos pelos sensores
em valores de escala real, por exemplo uma lâmpada com potência de 70W ligada em uma rede
de 220V espera-se que o sensor de tensão meça 220V e o sensor de corrente meça 0,318 A. No
entanto sabe-se que os sensores utilizados operam na faixa de 0 a 3,3 V então é necessário
ajustar um valor, chamado de ganho, para que o resultado final seja como o esperado.
O procedimento foi realizado com base no esquema demonstrado na seção 4.2, onde
se utilizou uma lâmpada de 70W como carga conhecida. Para referência dos valores reais
medidos foi utilizado o multímetro ET1649. As etapas a seguir foram realizadas para todos os
sensores, mudando somente a escala e tipo de grandeza.
1) Captura de 10 ciclos
2) Ajuste de OFFSET e conversão para escala analógica
3) Cálculo do valor RMS dos ciclos 9 e 10 (Valor RMS do sensor)
4) Anotar Valor RMS do multímetro ET1649
5) GANHO = (Valor RMS do multímetro) / (Valor RMS do sensor)
6) Anotar valor de GANHO
Abaixo são apresentados os valores encontrados no cálculo de ganho para cada
sensor.
IFASE_GANHO = 5,33
IDIFF_GANHO = 0,00359
TENSAO_GANHO = 542
IGND_GANHO = 0,533
Esses valores são definidos como constantes e são utilizados no FW e no SW.
em [4] analisa diferentes métodos para calcular a similaridade entre FOs. Os três métodos
utilizados também foram utilizados nesse trabalho para investigar o quão similar ou não são as
FOs de interesse.
Os três métodos que foram utilizados são: Coeficiente de Spearman, Correlação de
Pearson e Root Mean Square Deviation (RMSD), em português Desvio Quadrático Médio.
Ambos os métodos são encontrados em bibliotecas para linguagem Python e podem ser
acessadas por [38], [39] e [40].
Observa-se na Figura 29 e 30, que os sinais IFASE e TENSÃO têm diferentes
amplitudes. Para fins de comparações, os ciclos analisados de TENSÃO e IFASE foram
normalizado, isto é, um procedimento que modifica a amplitude, dividindo todo sinal pelo valor
máximo absoluto encontrado, resultando em um sinal com escala de ±1.0. Na Figura 31 são
mostrados os dois sinais de interesse normalizados para o sinal de teste 1 (Figura 30(a)). E na
Figura 32 são apresentados os resultados pós correção da defasagem e normalização das
amplitudes.
Observando a Figura 32 (a), nota-se que os dois sinais estão sobrepostos, e isso se
deve pois o sinal do teste 1 (SINAL 1) é do tipo senoidal puro, por outro lado é claramente
visível as alterações das FO dos sinais na Figura (b), (c) e (d). Na Tabela 10 são apresentados
os resultados dos três métodos de similaridade utilizados para comparação dos quatro sinais de
teste, Figura 32.
Em [4] é apresentada uma tabela como uma proposta de escala de similaridade para
FO de corrente elétrica e com base nessa tabela e os resultados da Tabela 10 pode-se definir
63
que o SINAL 1 tem máxima similaridade, o SINAL 2 e SINAL 3 possui alta similaridade e o
SINAL 4 resulta em baixa similaridade. Na Tabela 11 é apresentado uma adaptação de [4].
Similaridade Intervalo
Máxima [1,000; 1,000]
Alta [0,950; 0,999]
Média [0,850; 0,949]
Baixa [0,500; 0,849]
Mínima [0,001; 0,499]
Com base nesses resultados surge um alerta que deve ser levado em consideração
para futuras aplicações com esses sensores. A fim de finalizar essa investigação é realizado um
último teste com base em capturas reais onde se identificou que caso a FO da tensão
apresentasse artefatos (pequenos desvios ou deformações de amplitude em pontos da FO), a
correção da defasagem via deslocamento de amostras pode apresentar um problema de
dessincronização, que é exemplificado na Figura 33 e 34.
Em comparação com as Figuras 33 e 34, nota-se que na Figura 33, sem a correção
da defasagem, o artefato que ocorre na tensão da rede acontece em sincronia com o sinal da
corrente, sendo essa uma verdade, pois a resposta da corrente conterá o artefato da tensão no
mesmo instante que aconteceu na tensão. Quando se aplica a correção da defasagem, Figura 34,
o deslocamento da FO da tensão para direita faz com que a sincronia do artefato não ocorra no
mesmo instante. Se tratando do cálculo ponto a ponto da Potência Ativa haverá um erro devido
essa dessincronia do instante onde ocorreu o artefato.
4.4.3. Discussão dos resultados dos testes entre amplificador de áudio e TM4C129
O teste realizado com o amplificador de áudio para análise das respostas dos
sensores trouxe mais precisão e segurança, se comparado com os testes em escala real, isto é,
65
com a tensão da rede. A utilização do software GoldWave tornou rápida a modelagem dos
quatro sinais de teste. Os três métodos utilizados para calcular o valor do deslocamento e ângulo
foram satisfatórios pois os resultados comprovaram que o melhor método foi o terceiro, via
Transformada de Fourier, sendo utilizado para qualquer um dos sinais de teste.
A investigação da deformação causada no sensor utilizado para medir a tensão
levou a uma aplicação utilizada em [4] para fins de análise de similaridade de FO, e com base
nos resultados constatou-se que o SINAL 4 apresentou uma baixa similaridade, sendo que
esperava-se que fosse no mínimo de média similaridade. E por fim é demonstrado e explicado
um problema que pode ocorrer quando o sinal da tensão apresentar artefatos na FO e com a
correção da defasagem via deslocamento de amostras haverá uma dessincronização com relação
ao instante que ocorre o artefato.
Outro problema desse tipo de sensor é que ele não responde a sinais com nível DC,
isto é, uma das características dos transformadores de corrente, mas que nesse trabalho não foi
investigado. De modo geral será mantido o uso dos sensores e a correção da defasagem como
proposto. Para análises futuras ficará nesse texto o registro dos relatos encontrados.
Uma última observação é de que ao realizar o ajuste da defasagem na qual se
desloca o vetor da tensão em 26 posições para direita consequentemente perde-se uma parte do
vetor de 256 posições, logo dos dez ciclos que são recebidos, depois desse ajuste tem-se
somente nove ciclos completos para calcular as grandezas desejadas.
Com base na Tabela 12 e sabendo que a máxima corrente elétrica medida pelo
sensor utilizado é 5Arms e com uma tensão nominal da rede de 220V descobre-se, via lei de
Ohm, que a potência máxima é de 1100VA. Sendo assim estipula-se um limite de segurança de
20% chegando a um valor aproximado de 880VA. No pior caso, onde todos os aparelhos são
ligados a potência seria de 707,5VA, estando essa abaixo do limite estipulado.
Quanto aos aparelhos nota-se que foi adicionado propositalmente para fins de
conhecimento o valor da potência do Sistema Embarcado denominado como SEM CARGA,
pois como ele é ligado depois do medidor ELO passa a ser uma carga permanentemente ligada.
O Aparelho 1 é uma resistência ligada na saída de um transformador (220V/110V). O Aparelho
2 é uma lâmpada do tipo fluorescente compacta de alta eficiência. O Aparelho 3 é um ventilador
de chão. Por fim o Aparelho 4 é uma resistência de aquecedor.
Foi criado uma sequência de eventos de liga e desliga alternando entre os quatro
aparelhos. O tempo do teste foi de uma hora onde os aparelhos foram ora ligados, ora desligados
em períodos de cinco em cinco minutos. Essa sequência é programada em um script Python
67
onde é gerada uma estimativa teórica da energia consumida assim como um gráfico base. Na
Figura 35 é demostrada a estimativa teórica do teste prático, gerado pelo script Python, onde
também é calculada a Energia Ativa com valor de 91,77Wh e Energia Aparente com valor de
93,46VAh.
Para o procedimento dos testes foi utilizado um módulo relé de quatro canais,
controlado por um Arduino UNO no qual foi programado as sequências de liga e desliga
conforme o script Python. Com base na Figura 35 os valores entre parênteses (1), (2), (3) e (4)
representam os quatro aparelhos apresentados na Tabela 12. Quando há mais de um número,
indica que dois aparelhos foram ligado no mesmo instante.
O teste foi repetido três vezes e os resultados das medições são apresentados a
seguir. Embora a TM4C129 faça a contagem da energia ciclo por ciclo os resultados
apresentados tem como foco a comparação do medidor de referência ELO e o SW PMED que
realiza a medição da energia por eventos. Na Tabela 13 é realizada a comparação dos valores
calculados por PMED e do medidor ELO. As grandezas de interesse são: Energia Aparente
(ES) medida em VAh, Energia Ativa (EP) medida em Wh.
68
Tabela 13. Resultados dos testes com cargas definidas para PMED e ELO.
Tabela 14. Comparação de PMED com ELO dos testes com cargas definidas.
O maior valor de erro encontrado foi de -8,019% no TESTE 3 para EP, onde nesse
caso pode-se tratar como uma exceção pois devido a variável de incremento do medidor ELO
ter dado 10 ao invés de 9 (como nos TESTES 1 e 2), se supõem que a contagem interna do
medidor ELO estava no limite da passagem de 9 para 10. O maior erro de ES foi de 4,818% no
TESTE 3. Uma possível explicação é o desconhecimento sobre o modo de medição da tensão
e corrente no medidor ELO, onde se supõem que possa ser realizado uma média de n amostras
entre outras formas, além disso, o tempo de atualização e envio dos dados via serial é a cada
segundo. Então, admitindo-se a possibilidade dessas observações os piores erros ficariam sendo
4,818% para ES (Teste 3) e 2,737% para EP (Teste 1).
As próximas três figuras demonstram graficamente a tensão, corrente e potência
com base nos testes 1, 2 e 3 comparando os dados capturados por PMED e ELO. As figuras
contem três sinais plotados, são eles: Referência, que é o medidor ELO, em linha pontilhada
vermelha, PMED e Eventos de PMED, isto é, a linha em azul é a ligação dos pontos que
representam os eventos. No eixo horizontal tem-se a escala de tempo, que registra o dia e hora.
Fica visualmente claro as mudanças na tensão da rede, com base na Figura 36, onde
a tensão oscilou dentro de uma faixa de 224,0V a 213,0V onde em PMED é possível verificar
a capturas dos picos ocorridos durante o teste. Na Figura 37 e 38, onde tem-se a corrente e
potência respectivamente, nota-se as semelhanças dos valores dos gráficos de PMED com ELO
no transcorrer do tempo onde na Tabela 14 dos TESTES 3 e 2 apresentaram erros de 4,818% e
3,311% respectivamente. Não é possível fazer comparações da Potência Ativa pois o medidor
ELO apenas contabiliza a Energia Ativa e não fornece os dados instantâneos como na Potência
Aparente.
Na Figura 39 é demonstrada uma comparação de similaridade entre os três testes
com relação a Potência Aparente. Nota-se, assim como descrito sobre as figuras anteriores, a
aproximação dos valores plotados de PMED e ELO, salvo sobre picos de diferentes tamanhos
71
em diferentes tempos que aconteceram durante cada um dos testes. A área sombreada de azul
refere-se a PMED e as linhas tracejadas em vermelho refere-se a ELO. Da mesma forma como
nas outras figuras o eixo horizontal representa o tempo. Na Figura 39 é possível verificar que
os testes aconteceram todos no dia 20 e ambos levaram cerca de uma hora como era previsto.
Da mesma forma como realizado com os testes 1, 2 e 3, tabelas foram criadas para
comparações e levantamento de erros relativos percentuais. Na Tabela 15 são demonstrados os
resultados extraídos dos dados capturas pelo sistema PMED e ELO para os testes 4 e 5. O Erro
também é calculado via Equação (8) e é a relação do valor calculado por PMED (V_medido)
com valor medidor por ELO (V_referência).
74
Tabela 15. Comparação de PMED com ELO dos testes cargas continuamente variáveis.
4.5.3. Discussão dos resultados dos testes entre PMED e Medidor ELO2101L
Os testes com o protótipo criado, que uniu tanto o HW que contou com o sistema
embarcado com a placa TM4C129 junto dos sensores, como o SW projetado em Python foram
muito satisfatórios. A utilização de um medidor eletrônico de modelo ELO2101L da
concessionária MUX foi muito útil do ponto de vista comparativo da Energia Ativa medida
além da validação do protótipo. As possíveis observações ou suposições sobre as diferenças
75
encontradas nos resultados foram relatadas, servindo de suporte ou investigação para futuros
trabalhos.
Levando em consideração as observações levantadas pode-se dizer de maneira geral
que nos cinco testes realizados o erro para Energia Aparente (ES) ficou abaixo de 5,0 % e o
erro de Energia Ativa (EP) e abaixo de 3,0%. Testes com tempo de duração maior tendem a
reduzirem as margens de erro, visto que a precisão do medidor ELO quanto a Energia Ativa
(EP) é de 10Wh.
Figura 45. Tela dos gráficos de grandezas elétricas calculadas a partir dos eventos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ser utilizado em outras áreas e sua configuração de hardware já está adequada (ou quase) para
uma delas: como gravador de dados sobre a tensão e correntes de uma instalação. Isto é
relevante, principalmente, para a análise de consumidores com cargas não lineares, que também
é o caso do consumidor hospital, mas não apenas ele.
O cálculo das potências e da energia de circuitos com cargas não lineares é
atualmente estudado no Brasil (IEEE 1459-2010) para fins de tarifação e de qualidade de
energia. Desta forma, o produto desta dissertação pode ser utilizado para obter informações dos
consumidores e, assim, ajudar o grupo de estudo da ABNT/ANEEL a tomar decisões. Esta
informação se justifica na medida em que a decisão sobre a tarifação (exceto pela multa),
atualmente, não leva em conta a diferença entre consumidores que poluem a rede com
harmônicos e consumidores que não poluem (ou poluem de forma insignificante). Desta forma,
acredita-se que o produto gerado nesta dissertação pode ser útil tanto para a evolução do
Protegemed, como para uma ferramenta adicional para estudar qualquer outra instalação
elétrica, seja ela residencial, comercial ou industrial.
Para trabalhos futuros ficará uma aplicação real da medição de energia elétrica de
uma residência no período de um mês por exemplo, a fim de comparar resultados com a conta
de energia elétrica da concessionária. Modificações nos sensores como capacidade de medir
correntes maiores que 5,0 Arms devem ser consideradas também.
Quanto a geração dos eventos realizado pelo FW, novas possibilidades de eventos
podem ser feitas, como mudanças de carga com relação ao triângulo de potências, onde envolve
o uso do Fator de Potência e também uma análises de distorção harmônica da rede na qual
servirá para fins de qualidade de energia entregue pela concessionária ou mesmo com relação
aos tipos de aparelhos ligados na residência ou em um ambiente hospitalar.
Ainda com relação a geração de eventos, uma análise aprofundada deve ser
realizada com relação ao uso da rede de comunicação, seja ela via cabo (Ethernet) ou redes sem
fio (wireless), no quesito tráfego de dados pois como apresentado nos resultados do Teste 5 na
seção 4.5 foram gerados 4.278 eventos em menos de três horas com uma média de 26,6 eventos
por minuto. Assim, técnicas de filtragem de eventos com base no tipo de carga (especialmente
as continuamente variáveis) devem ser estudadas e validadas a fim de manter os resultados
corretos sem perder eventos significativos.
81
REFERÊNCIAS
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El%C3%A9trica---Linha-SMW/p/MKT_WTD_SMART_METERS_SMW>. Acesso
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[19] ARAUJO, F. C. SISTEMA DE MONITORAMENTO DO CONSUMO ELÉTRICO
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83