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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
FORO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
3ª VARA CÍVEL
Rua Abdo Muanis, nº 991, 8º andar, sala 811 - Bairro Nova Redentora
CEP: 15090-140 - São José do Rio Preto - SP
Telefone: (17) 3227-3346 - E-mail: [email protected]

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1045647-58.2019.8.26.0576 e código 6816DA7.
SENTENÇA
Processo nº: 1045647-58.2019.8.26.0576
Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Inclusão Indevida em Cadastro de
Inadimplentes

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANTONIO ROBERTO ANDOLFATTO DE SOUZA, liberado nos autos em 22/03/2021 às 11:33 .
Requerente: Debora de Oliveira Lemos Silva
Requerido: FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS
NAO PADRONIZADO NPL I e outro

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Antônio Roberto Andolfatto de Souza

VISTOS.

Debora de Oliveira Lemos Silva qualificado(a)(s) na inicial, ajuizou(aram) ação


de Procedimento Comum Cível, em face de FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS
CREDITORIOS NAO PADRONIZADO NPL I e SERASA EXPERIAN, alegando, em
resumo, que após receber cobranças por supostas pendências, constatou a existência de três contas
atrasadas desconhecidas e vinculadas aos contratos ns. 42938635619001, no valor de R$ 2.403,15,
vencido em 01/02/2010, 7097008546170-00-1287, no valor de R$ 2.498,06, vencida em
29/01/2010 e 0004006890177440716, no valor de R$ 3.434,28, vencida em 27/11/2009, os quais
teriam sido alvo de cessão de crédito em nome da primeira requerida. Ocorre que tais dívidas já
estão prescritas há mais de cinco anos. A permanência do registro gera efeito negativo quanto ao
perfil e também no score do consumidor. Pretende a declaração de inexistência das dívidas, além
da indenização por danos morais estimados em R$ 12.000,00.

Pedido de tutela de urgência a ser apreciado após o prazo de resposta.

Citadas as requeridas contestaram a ação.

A segunda sustenta em sua defesa (fls. 46/55), ausência de negativação. Houve


apenas oferta de negociação de conta atrasada. Não há que se confundir cadastro de inadimplentes
com a plataforma limpa nome. Acesso restrito ao próprio usuário. Inexistência de vícios na
prestação dos serviços. Ausência dos requisitos legais para a pretendida indenização. Enfim, a
ação deve ser julgada improcedente.

A primeira requerida afirma que se impõe o comparecimento da parte autora.


Providenciou a baixa das anotações. Cuida-se de operação de crédito objeto de cessão com regular
notificação da parte devedora. Agiu no exercício regular de direito, o que afasta a obrigação
indenizatória. Prescrição. Aponta a existência de outras anotações nos termos da Súmula 385 do
STJ. A ação deve ser julgada improcedente.

Houve réplica.

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É O RELATÓRIO.

DECIDO.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANTONIO ROBERTO ANDOLFATTO DE SOUZA, liberado nos autos em 22/03/2021 às 11:33 .
O feito comporta julgamento antecipado, na forma do artigo 355, inciso I, do
NCPC, por envolver matéria estritamente de direito, sendo a prova toda documental dispensando a
produção de prova em audiência.

Dispõe o artigo 370, do Código de Processo Civil, que caberá ao juiz, de ofício ou
a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito, indeferindo as
diligências inúteis ou meramente protelatórias conforme parágrafo único.

E isto porque, “Sendo o juiz o destinatário da prova, somente a ele cumpre aferir
sobre a necessidade ou não de sua realização”(RT 305/121).

Na hipótese, o acervo documental trazido aos autos cuidou de revelar a


possibilidade de pronto julgamento, dispensando maior dilação probatória.

Ademais, “Em matéria de julgamento antecipado da lide, predomina a prudente


discrição do magistrado, no exame da necessidade ou não da realização de prova em audiência,
ante as circunstâncias de cada caso concreto e a necessidade de não ofender o princípio basilar
do pleno contraditório” (STJ-4ª Turma, Resp 3.047-ES, rel. Min. Athos Carneiro, j. 21.8.90, DJU
17.9.90, p. 9.514).

Não se pode perder de vista, ainda, que as partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa (NCPC, art. 4º).

SCORING

Quando do julgamento do Recurso Especial n. 1.419.697, em novembro de 2014, o


Colendo Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento com as seguintes teses:

"RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART.


543-C DO CPC). TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS DE CRÉDITO.
SISTEMA “CREDIT SCORING”. COMPATIBILIDADE COM O DIREITO BRASILEIRO.
LIMITES. DANO MORAL.
I TESES:
1) O sistema “credit scoring” é um método desenvolvido para avaliação do risco
de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com
atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito).
2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art.
7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei do cadastro positivo).
3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites
estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da
máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n.
12.414/2011.
4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser

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a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados
(histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas.
5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema “credit scoring”,
configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade
objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do

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consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de
utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem
como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou
desatualizados.
II CASO CONCRETO:
1) Não conhecimento do agravo regimental e dos embargos declaratórios
interpostos no curso do processamento do presente recurso representativo de controvérsia;
2) Inocorrência de violação ao art. 535, II, do CPC.
3) Não reconhecimento de ofensa ao art. 267, VI, e ao art. 333, II, do CPC.
4) Acolhimento da alegação de inocorrência de dano moral "in re ipsa".
5) Não reconhecimento pelas instâncias ordinárias da comprovação de recusa
efetiva do crédito ao consumidor recorrido, não sendo possível afirmar a ocorrência de dano
moral na espécie.
6) Demanda indenizatória improcedente.
III NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL E DOS
EMBARGOS DECLARATÓRIOS, E RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO".

Conforme se vê a mais alta Corte de Justiça do País, no tocante à matéria,


reconheceu a legalidade da anotação relativa ao "credit scoring", ressalvando a possibilidade de
ocorrência de danos morais em caso de abusividade na utilização do sistema, a ser avaliado em
cada caso concreto.

A simples anotação do risco, por si só, como ocorreu no caso em apreço, não gera
direito à indenização pretendida na inicial.

O Colendo Superior Tribunal de Justiça assinalou que: “o score, por sua vez, é um
produto diretamente derivado das informações que são inseridas no SCPC pelos clientes da Ré
que, como seu próprio nome diz, tem por fim indicar para o mercado as chances de determinado
consumidor se tornar inadimplente nos próximos meses, partindo da observação de seu
comportamento junto ao mercado".

E ainda: "para definir a pontuação de cada consumidor, o score leva em conta


uma série de variáveis considerando, dentre outros fatores, (i) se este consumidor se encontra
negativado no momento da consulta; (ii) qual o valor total que este deve ao mercado; (iii) todas as
suas negativações dos últimos 05 (cinco) anos e seus valores; (iv) o período pelo qual este
consumidor permaneceu negativado por cada uma de suas anotações pretéritas; e, (v) se o
consumidor é reincidente em negativações".

Não se trata de novo banco de dados, mas apenas sistema de consulta a dados já
existentes no sistema.

PRESCRIÇÃO

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Sustenta a autora que tomou conhecimento da existência de três anotações em
relação a três contratos por dívidas vencidas com proposta de acordo ou negociação. Contudo, as
dívidas encontram-se vencidas há mais de cinco anos, de modo que, nesse aspecto, não se justifica
a cobrança pela ocorrência da prescrição.

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De se aplicar, na espécie, o lapso prescricional previsto no art. 206, § 5º, do
Código Civil, que estabelece o prazo quinquenal para cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento particular, de forma que a pretensão da credora em exigir os valores inadimplidos já
se encontra prescrita, diante dos vencimentos das dívidas em 27.11.2009, 29.01.2010 e
01.02.2010, respectivamente.

Há, inclusive, Súmulas editadas pelo CSTJ, conforme bem observado na inicial:

Súmula 323:

A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao


crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução.

Súmula 359:

Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação do


devedor antes de proceder à inscrição.

Súmula 385

Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização


por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

Assim, procede o pedido de exclusão das anotações diante da prescrição, e, por


consequência, da inexigibilidade dos contratos.

Nesse sentido:

"APELAÇÃO Ação de obrigação de fazer cumulada com pedido indenizatório


Redução do score em razão de suposta restrição interna - Pedidos improcedentes Pleito de
reforma Impossibilidade Autor que não provou a proposta de crédito e a pontuação do score
anteriormente ao acesso do “Feirão Serasa Limpa Nome” Plataforma restrita aos
consumidores Proposta relacionada à obrigação vencida, que não se mostrava acessível a
terceiros Pontuação de crédito composta por inúmeros fatores, dentre eles, o próprio histórico
de inadimplência Tela sistêmica inserida nas razões recursais sem data específica Dano
moral Inocorrência - Inexistência de abalo do crédito perante terceiros Recurso improvido.
(Apelação Cível nº 1021473-04.2019.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, 19ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Desembargadora Relatora: CLÁUDIA GRIECO
TABOSA PESSOA, 15.09.2020)" gn.

“APELAÇÃO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZATÓRIA -


NEGATIVAÇÃO INDEVIDA - SERASA - SERVIÇO LIMPA NOME - CARACTERIZAÇÃO -
DANOS MORAIS I. Inconformismo do autor que se resume à existência dos danos morais, em

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decorrência da alegada reinclusão indevida do seu nome nos cadastros da apelada, em razão de
dívida anteriormente declarada indevida, em autos de ação judicial movida em face da credora. II
Hipótese, contudo, em que restou demonstrado que o nome do autor não foi efetivamente
reinserido no banco de dados da ré Ré que informou que nada constava em seu cadastro de
inadimplentes para o nome/CPF do autor, uma vez que já havia promovido a exclusão da dívida

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impugnada anteriormente - Ré, ademais, que esclareceu a diferença entre o serviço de
negativação e o serviço 'limpa nome', que disponibiliza a fornecedores mediante contratos
distintos - Serviço 'limpa nome' que consiste numa plataforma de negociação de débitos, onde o
fornecedor, quando entende ser credor de uma dívida vencida e não paga, insere uma proposta de
acordo ao consumidor - Informação disponibilizada apenas para o consumidor, quando utiliza o
serviço da ré - Informação não disponibilizada para consulta de terceiros - Danos morais não
caracterizados - Os aborrecimentos sofridos pelo autor, em razão da cobrança indevida,
realizada pela credora, através do serviço 'limpa nome' prestado pela ré, na espécie, não
configuram dano moral indenizável - Fatos narrados que se configuram como mero dissabor, a
que todos os indivíduos estão sujeitos na vida cotidiana - Não causam, segundo a experiência,
humilhação, imprescindível para a configuração do dano moral Autor que, repita-se, não sofreu
novo abalo de crédito em razão da cobrança indevida e não lhe foi imposta qualquer nova
restrição cadastral - Ausência de ofensa a direitos da personalidade - Danos morais não
caracterizados - Indenização indevida - Precedentes deste E. TJ e desta C. 24ª Câmara de Direito
Privado - Ação improcedente - Sentença mantida. III - Sentença proferida e publicada quando já
em vigor o NCPC - Honorários advocatícios majorados, com base no art. 85, §11, do NCPC, para
15% sobre o valor atualizado da causa - Apelo improvido." (Apelação Cível nº
1010646-82.2019.8.26.0003, 24ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo,
31 de julho de 2020, Rel. Des. SALLES VIEIRA) - gn.

"APELAÇÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. REQUERIDA QUE
NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS DE COMPROVAR A RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE AS
PARTES E TAMPOUCO A ORIGEM DO DÉBITO - INFORMAÇÕES EXTRAÍDAS DO SÍTIO
ELETRÔNICO DA MANTENEDORA DE BANCO DE DADOS QUE SE REFEREM A
CONTA VENCIDA E NÃO COMPROVAM SEGURAMENTE A ALEGADA NEGATIVAÇÃO -
DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. NOVO DESFECHO ATRIBUÍDO À LIDE ALIADO
AO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE QUE IMPÕE O RECONHECIMENTO DA SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA - SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA - RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Cível nº 1001382- 97.2020.8.26.0361, da Comarca de Mogi das Cruzes, 28ª
Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Desembargador Relator:
CESAR LUIZ DE ALMEIDA, 7.10.2020)" gn.

"CONTRATO. Serviços telefonia. Banco de dados - Inclusão do nome junto ao


cadastro de negociação de dívidas Portal “Serasa Limpa Nome” que apenas informa ao usuário
previamente cadastrado a existência de débitos, sem implicar restrição desabonadora - Dano
moral não configurado. Sentença reformada. Recurso provido. (Apelação Cível nº
1001568-89.2020.8.26.0048, da Comarca de Atibaia. 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal
de Justiça de São Paulo. Desembargador Relator: MAIA DA ROCHA, 5.10.2020)" gn.

CESSÃO DE CRÉDITO

De outra parte, a cessionária (primeira requerida) apresentou documentos

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comprovando a existência das pendências em nome da parte autora, bem assim que tenham sido
elas objeto de cessão de crédito (fls. 337) junto às empresas CETELÉM DO BRASIL S/A,
BANCO SANTANDER e CITI BR, inclusive com regular notificação (fls. 239/251).

Diante desse contexto, presume-se que as dívidas da autora para com aludida

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instituição, de fato, existem.

Não bastasse essa presunção, comprovada a existência da relação jurídica entre a


cessionária e a cedente.

O artigo 290 do Código Civil estabelece que “ a cessão do crédito não tem
eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o
devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita”.

Segundo a doutrina, a cessão de crédito terá eficácia em relação ao cedido somente


depois de previamente notificado, judicial ou extrajudicialmente, admitida a notificação presumida
na forma prevista na segunda parte da aludida disposição legal, ou seja, a que resulta de qualquer
escrito de natureza pública ou particular diante do qual o devedor revele inequívoco conhecimento
acerca do direito creditório.

Este dispositivo legal tem por função essencial proteger o devedor que, não
notificado, paga a sua dívida à pessoa errada, isto é, ao credor anterior, que não é mais o legítimo.
Daí porque o devedor deve ser avisado que o seu débito, a partir da notificação, deverá ser pago a
um estranho da relação originária, vale dizer, cessionário.

Sabe-se que a validade do negócio original entre cedente e cedido independe da


vontade ou anuência do devedor.

No caso em tela, não comprovou a devedora que tenha quitado as pendências.


Desse modo, ainda que se possa hipoteticamente falar em inexistência de notificação isso não lhe
acarretou prejuízo algum, mesmo porque restou suficientemente comprovada a inexistência de
negativação por conta de tais dívidas.

A jurisprudência entende que é suficiente para tanto a própria citação ou intimação


no processo onde discutida a matéria.

Entendimento esse baseado nas seguintes ementas:

“AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. INDENIZATÓRIA - DANOS MORAIS


NEGATIVAÇÃO CESSÃO DE CRÉDITO - Reconhecido que a ineficácia da cessão de crédito
perante o devedor, ante a ausência de notificação da cessão, prevista no art. 290 do CC/2002,
protege apenas o devedor que pagou o débito ao credor originário - Existência e validade da
dívida incontroversa, que possibilita a cobrança e a negativação, junto aos órgãos de proteção
ao crédito - Art. 293 do CC - Danos morais não caracterizados Indenização indevida - Ação
improcedente - Sentença mantida - Apelo improvido.” (Apelação nº
4005116-83.2013.8.26.0576, da Comarca de São José do Rio Preto, 24ª Câmara de
Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, São Paulo, 20 de janeiro de 2017,
Rel. Des. Salles Vieira). grifei.

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“RESPONSABILIDADE CIVIL - Inexigibilidade do débito - Cessão de Crédito
sem notificação do devedor - Ausência de pagamento Ineficácia prevista no art. 290 do
Código Civil protege apenas o devedor que pagou o débito ao credor originário sem
conhecimento sobre a cessão, para não ser lhe exigido a pagar novamente ao cessionário -

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Existência de débito pendente - Inscrição em Cadastro de Inadimplentes - Comprovação da
postagem da comunicação de inscrição, nos termos do Art. 43, § 2o do CDC Sentença
confirmada - RECURSO NÃO PROVIDO”. (APELAÇÃO CÍVEL COM .REVISÃO n°
610.755-4/2-00, Sétima Câmara de. Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, j. em 04 de março de 2009, Rel. Des. ELCIO TRUJILLO).

“INEXIGIBILIDADE DE DéBITO E RESPONSABILIDADE CIVIL. CESSÃO


CIVIL. NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR. FINALIDADE. DANO MORAL.
1- Na cessão de crédito a ausência de notificação do devedor (CC, art. 290) não
afasta a legitimidade do cessionário para a cobrança do crédito cedido.
2- A necessidade da notificação na cessão de crédito é para a evitar que se pague
quem já não é mais credor. Sendo devido o débito, portanto, não há justificativa para baixa do
nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito.
3- Apelação da autora não provida”. (Apelação n° 0044871-90.2010.8.26.0576,
18 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, 27 de abril de 2011, Rel.
ALEXANDRE LAZZARINI).

DANOS MORAIS

Entretanto, não há que se falar em danos morais, uma vez que a parte autora não
negou a existência da dívida, a qual, a princípio, era legítima e permitida a adoção das medidas
administrativas. Nem tampouco se vislumbra a ocorrência de fatos atentatórios à dignidade, à
personalidade, à honra ou nome do autor.

Isso porque, a plataforma constante do Serasa inclui vários serviços, dentre eles:
Consulta ao CPF (dívidas negativadas), Oferta de acordo (conta atrasada), Cadastro Positivo,
Monitoramento, Serasa Score, etc.

O score crédito é um modelo estatístico para análise de risco de crédito, que


considera diversas variáveis (histórico de pagamentos e inadimplências), atribuindo uma
pontuação ao consumidor que pode, ou não, ser utilizada pelas empresas fornecedoras de serviços.

No caso, não restou evidenciado que apenas a anotação de conta atrasada tenha
causado abalo de crédito ou moral à parte autora.

Em face do exposto e do mais que dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE


PROCEDENTE a presente ação, com resolução de mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do
NCPC, para o fim de declarar a inexigibilidade das dívidas representadas pelos contratos nºs
42938635619001, no valor de R$ 2.403,15, vencido em 01.02.2010, 7097008546170-00-1287, no
valor de R$ 2.498,06, vencida em 29.01.2010 e 0004006890177440716, no valor de R$ 3.434,28,
vencida em 27.11.2009 pela ocorrência da prescrição; e IMPROCEDENTE o pedido
indenizatório por danos morais.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
FORO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
3ª VARA CÍVEL
Rua Abdo Muanis, nº 991, 8º andar, sala 811 - Bairro Nova Redentora
CEP: 15090-140 - São José do Rio Preto - SP
Telefone: (17) 3227-3346 - E-mail: [email protected]

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1045647-58.2019.8.26.0576 e código 6816DA7.
É vedada a compensação de honorários no caso de sucumbência parcial (art. 85, §
14º, CPC), razão pela qual condeno a parte autora no pagamento de honorários em favor do
procurador da parte requerida que arbitro, com fundamento no art. 85, §§ 2º e 8º, CPC, em 10% do
valor atualizado da causa, além de 50% do valor das custas e despesas processuais, cuja
exigibilidade fica suspensa porque beneficiária da gratuidade.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANTONIO ROBERTO ANDOLFATTO DE SOUZA, liberado nos autos em 22/03/2021 às 11:33 .
A parte requerida, por sua vez, arcará com o pagamento de honorários em favor
do(a) procurador(a) da parte autora, que arbitro, com fulcro no art. 85, § 2º, do CPC, em 10% do
valor atualizado da causa, além de 50% das custas e despesas processuais.

Considerando a adoção de providências no tocante à exclusão das anotações, tem-


se que o pedido de tutela de urgência perdeu objeto.

Havendo apelação, considerando as novas disposições do Novo Código de


Processo Civil (art. 1.010), que determina a remessa do recurso independentemente de juízo de
admissibilidade no primeiro grau de jurisdição, deverá o Cartório intimar a parte recorrida para
oferecer contrarrazões e dar vista ao Ministério Público para parecer, se for o caso, e, na
sequência, uma vez devidamente certificado o recolhimento ou não do respectivo preparo (valor
devido e valor efetivamente recolhido), em atendimento ao Comunicado CG nº 136/2020,
publicado no DJE de 22.01.2020, remeter os autos à instância superior.

INTIMEM-SE.

São José do Rio Preto, 22 de março de 2021.


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME
IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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