Sentença
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SENTENÇA
Processo nº: 1045647-58.2019.8.26.0576
Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Inclusão Indevida em Cadastro de
Inadimplentes
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANTONIO ROBERTO ANDOLFATTO DE SOUZA, liberado nos autos em 22/03/2021 às 11:33 .
Requerente: Debora de Oliveira Lemos Silva
Requerido: FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS
NAO PADRONIZADO NPL I e outro
VISTOS.
Houve réplica.
1045647-58.2019.8.26.0576 - lauda 1
fls. 438
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É O RELATÓRIO.
DECIDO.
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O feito comporta julgamento antecipado, na forma do artigo 355, inciso I, do
NCPC, por envolver matéria estritamente de direito, sendo a prova toda documental dispensando a
produção de prova em audiência.
Dispõe o artigo 370, do Código de Processo Civil, que caberá ao juiz, de ofício ou
a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito, indeferindo as
diligências inúteis ou meramente protelatórias conforme parágrafo único.
E isto porque, “Sendo o juiz o destinatário da prova, somente a ele cumpre aferir
sobre a necessidade ou não de sua realização”(RT 305/121).
Não se pode perder de vista, ainda, que as partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa (NCPC, art. 4º).
SCORING
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fls. 439
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a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados
(histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas.
5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema “credit scoring”,
configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade
objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do
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consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de
utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem
como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou
desatualizados.
II CASO CONCRETO:
1) Não conhecimento do agravo regimental e dos embargos declaratórios
interpostos no curso do processamento do presente recurso representativo de controvérsia;
2) Inocorrência de violação ao art. 535, II, do CPC.
3) Não reconhecimento de ofensa ao art. 267, VI, e ao art. 333, II, do CPC.
4) Acolhimento da alegação de inocorrência de dano moral "in re ipsa".
5) Não reconhecimento pelas instâncias ordinárias da comprovação de recusa
efetiva do crédito ao consumidor recorrido, não sendo possível afirmar a ocorrência de dano
moral na espécie.
6) Demanda indenizatória improcedente.
III NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL E DOS
EMBARGOS DECLARATÓRIOS, E RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO".
A simples anotação do risco, por si só, como ocorreu no caso em apreço, não gera
direito à indenização pretendida na inicial.
O Colendo Superior Tribunal de Justiça assinalou que: “o score, por sua vez, é um
produto diretamente derivado das informações que são inseridas no SCPC pelos clientes da Ré
que, como seu próprio nome diz, tem por fim indicar para o mercado as chances de determinado
consumidor se tornar inadimplente nos próximos meses, partindo da observação de seu
comportamento junto ao mercado".
Não se trata de novo banco de dados, mas apenas sistema de consulta a dados já
existentes no sistema.
PRESCRIÇÃO
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fls. 440
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Sustenta a autora que tomou conhecimento da existência de três anotações em
relação a três contratos por dívidas vencidas com proposta de acordo ou negociação. Contudo, as
dívidas encontram-se vencidas há mais de cinco anos, de modo que, nesse aspecto, não se justifica
a cobrança pela ocorrência da prescrição.
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De se aplicar, na espécie, o lapso prescricional previsto no art. 206, § 5º, do
Código Civil, que estabelece o prazo quinquenal para cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento particular, de forma que a pretensão da credora em exigir os valores inadimplidos já
se encontra prescrita, diante dos vencimentos das dívidas em 27.11.2009, 29.01.2010 e
01.02.2010, respectivamente.
Há, inclusive, Súmulas editadas pelo CSTJ, conforme bem observado na inicial:
Súmula 323:
Súmula 359:
Súmula 385
Nesse sentido:
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decorrência da alegada reinclusão indevida do seu nome nos cadastros da apelada, em razão de
dívida anteriormente declarada indevida, em autos de ação judicial movida em face da credora. II
Hipótese, contudo, em que restou demonstrado que o nome do autor não foi efetivamente
reinserido no banco de dados da ré Ré que informou que nada constava em seu cadastro de
inadimplentes para o nome/CPF do autor, uma vez que já havia promovido a exclusão da dívida
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impugnada anteriormente - Ré, ademais, que esclareceu a diferença entre o serviço de
negativação e o serviço 'limpa nome', que disponibiliza a fornecedores mediante contratos
distintos - Serviço 'limpa nome' que consiste numa plataforma de negociação de débitos, onde o
fornecedor, quando entende ser credor de uma dívida vencida e não paga, insere uma proposta de
acordo ao consumidor - Informação disponibilizada apenas para o consumidor, quando utiliza o
serviço da ré - Informação não disponibilizada para consulta de terceiros - Danos morais não
caracterizados - Os aborrecimentos sofridos pelo autor, em razão da cobrança indevida,
realizada pela credora, através do serviço 'limpa nome' prestado pela ré, na espécie, não
configuram dano moral indenizável - Fatos narrados que se configuram como mero dissabor, a
que todos os indivíduos estão sujeitos na vida cotidiana - Não causam, segundo a experiência,
humilhação, imprescindível para a configuração do dano moral Autor que, repita-se, não sofreu
novo abalo de crédito em razão da cobrança indevida e não lhe foi imposta qualquer nova
restrição cadastral - Ausência de ofensa a direitos da personalidade - Danos morais não
caracterizados - Indenização indevida - Precedentes deste E. TJ e desta C. 24ª Câmara de Direito
Privado - Ação improcedente - Sentença mantida. III - Sentença proferida e publicada quando já
em vigor o NCPC - Honorários advocatícios majorados, com base no art. 85, §11, do NCPC, para
15% sobre o valor atualizado da causa - Apelo improvido." (Apelação Cível nº
1010646-82.2019.8.26.0003, 24ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo,
31 de julho de 2020, Rel. Des. SALLES VIEIRA) - gn.
CESSÃO DE CRÉDITO
1045647-58.2019.8.26.0576 - lauda 5
fls. 442
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comprovando a existência das pendências em nome da parte autora, bem assim que tenham sido
elas objeto de cessão de crédito (fls. 337) junto às empresas CETELÉM DO BRASIL S/A,
BANCO SANTANDER e CITI BR, inclusive com regular notificação (fls. 239/251).
Diante desse contexto, presume-se que as dívidas da autora para com aludida
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instituição, de fato, existem.
O artigo 290 do Código Civil estabelece que “ a cessão do crédito não tem
eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o
devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita”.
Este dispositivo legal tem por função essencial proteger o devedor que, não
notificado, paga a sua dívida à pessoa errada, isto é, ao credor anterior, que não é mais o legítimo.
Daí porque o devedor deve ser avisado que o seu débito, a partir da notificação, deverá ser pago a
um estranho da relação originária, vale dizer, cessionário.
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fls. 443
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“RESPONSABILIDADE CIVIL - Inexigibilidade do débito - Cessão de Crédito
sem notificação do devedor - Ausência de pagamento Ineficácia prevista no art. 290 do
Código Civil protege apenas o devedor que pagou o débito ao credor originário sem
conhecimento sobre a cessão, para não ser lhe exigido a pagar novamente ao cessionário -
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Existência de débito pendente - Inscrição em Cadastro de Inadimplentes - Comprovação da
postagem da comunicação de inscrição, nos termos do Art. 43, § 2o do CDC Sentença
confirmada - RECURSO NÃO PROVIDO”. (APELAÇÃO CÍVEL COM .REVISÃO n°
610.755-4/2-00, Sétima Câmara de. Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, j. em 04 de março de 2009, Rel. Des. ELCIO TRUJILLO).
DANOS MORAIS
Entretanto, não há que se falar em danos morais, uma vez que a parte autora não
negou a existência da dívida, a qual, a princípio, era legítima e permitida a adoção das medidas
administrativas. Nem tampouco se vislumbra a ocorrência de fatos atentatórios à dignidade, à
personalidade, à honra ou nome do autor.
Isso porque, a plataforma constante do Serasa inclui vários serviços, dentre eles:
Consulta ao CPF (dívidas negativadas), Oferta de acordo (conta atrasada), Cadastro Positivo,
Monitoramento, Serasa Score, etc.
No caso, não restou evidenciado que apenas a anotação de conta atrasada tenha
causado abalo de crédito ou moral à parte autora.
1045647-58.2019.8.26.0576 - lauda 7
fls. 444
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É vedada a compensação de honorários no caso de sucumbência parcial (art. 85, §
14º, CPC), razão pela qual condeno a parte autora no pagamento de honorários em favor do
procurador da parte requerida que arbitro, com fundamento no art. 85, §§ 2º e 8º, CPC, em 10% do
valor atualizado da causa, além de 50% do valor das custas e despesas processuais, cuja
exigibilidade fica suspensa porque beneficiária da gratuidade.
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A parte requerida, por sua vez, arcará com o pagamento de honorários em favor
do(a) procurador(a) da parte autora, que arbitro, com fulcro no art. 85, § 2º, do CPC, em 10% do
valor atualizado da causa, além de 50% das custas e despesas processuais.
INTIMEM-SE.
1045647-58.2019.8.26.0576 - lauda 8