Interferências Linguísticas
Interferências Linguísticas
Interferências Linguísticas
1. Introdução.................................................................................................................................3
1.1. Objectivos.............................................................................................................................4
1.2. Metodologia..........................................................................................................................4
3. Conclusão...............................................................................................................................13
4. Referências Bibliográficas.....................................................................................................14
1. Introdução
Moçambique adoptou a língua portuguesa como única língua oficial, pelo que o processo de
escolarização usa esta língua para o ensino-aprendizagem, sendo a norma seguida a do Português
Europeu (PE). No entanto, apesar do progressivo aumento do universo populacional que tem o
português como sua língua materna (L1), o português é ainda falado pela maioria como uma
língua segunda (L2) num ambiente sociolinguístico caracterizado por um extenso multilinguismo
e um contacto linguístico de duas naturezas: contacto de línguas e contacto bidialectal, causando
assim interferências no processo de ensino e aprendizagem da língua Portuguesa.
Olhando por esta realidade sociolinguista, o presente trabalho com o tema: Combate da
Interferência da Língua Materna na Língua Portuguesa na Aprendizagem, usando como
referência os alunos do distrito de Gilé, abordando também sobre o ensino de português como
língua segunda e os seus métodos de ensino mais fiáveis para a realidade moçambicana. Em
termos estruturais o trabalho esta dividido em três partes essenciais, a primeira apresenta uma
breve introdução do trabalho, na segunda etapa o próprio desenvolvimento do trabalho, em
seguida encontramos a conclusão e por fim a lista bibliográfica.
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1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Abordar os métodos de combate a Interferência da Língua Materna na Língua
Portuguesa na Aprendizagem.
1.2. Metodologia
No que diz respeito a metodologia para a realização do trabalho foi através de consultas
bibliográficas relacionadas a esta área de estudo. As obras consultadas que tornaram o trabalho
possível encontram-se listadas no final do trabalho, depois da conclusão, estando organizadas em
ordem alfabética.
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2. Combate a Interferência da Língua Materna na Língua Portuguesa na
Aprendizagem
2.1. Interferência Linguística
Em qualquer situação onde existe mais de uma língua sempre existe interferência entre línguas.
Portanto, interferência linguística pode definir-se como fenómeno que consiste na utilização
numa língua de traços característicos de uma outra língua devido a incapacidade de o sujeito
falante produzir correctamente um som, uma palavra, uma frase da língua não materna (L1), ou
na atribuição a uma palavra, expressão ou frase, de um sentido que faz lembrar a tradução literal
de algo análogo na língua materna. Trata-se de um fenómeno que tem eminentemente
motivações externas (Hoch, 1991), isto é, que ocorre em situações de contacto de línguas
sobretudo na fase inicial da aquisição de uma língua não materna.
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“mantu” ao invés de “mato” entre outros termos são maioritariamente visíveis a serem
empregues ou a interferirem no português falado.
Por um lado, a interferência é considerada como um processo e possui distintas fases. Weinreich
(1953) estabelece duas fases: a interferência na fala, que afecta aos indivíduos bilíngues e se
produz no momento da situação comunicativa; e a interferência na língua, interferência que está
integrada no sistema e que não faz parte unicamente da fala dos bilíngues, mas que tem sido
incorporada pelos indivíduos monolingues.
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estudar os sons ou o léxico, razão pela qual esses estudos foram realizados em poucas ocasiões.
Isso significa que o nível em voga experimenta pouca variação na interlíngua.
Em geral, considera-se que este campo linguístico não é alvo de muitos erros em alunos. No
entanto, neste estudo julgou-se necessário apresentar os casos mais comuns das interferências
neste nível linguístico para fins de melhor compreender o desenvolvimento da interlíngua nos
alunos.
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Em Moçambique, a população é bilíngue no contexto das línguas bantu moçambicanas, que são
cerca de vinte, cada uma possuindo normalmente certo número de dialectos. Às vezes, existem
falantes de duas línguas ou mais línguas dentro do mesmo grupo linguístico. Entretanto, para fins
educativos, as comunidades são consideradas e definidas como linguisticamente homogéneas,
dado que, de um modo geral, há uma língua que é o principal meio de comunicação local e, no
caso de programas de educação bilíngue, é a língua usada como meio de ensino nas primeiras
classes.
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2.4. Metodologia de ensino que podem Combater a Interferência
A escola tem de saber como integrar as diferentes dimensões do conhecimento e uso da língua-
alvo por parte dos aprendentes. Uma tal viragem na metodologia de ensino do Português em
Moçambique requer naturalmente um corpo docente adequadamente preparado e sensibilizado
para as variações que caracterizam as várias comunidades de fala, capaz de realizar intervenções
construtivas nas estratégias heurísticas desenvolvidas pelo próprio educando (Bortoni, 1992, p.
63, citado por Franze (s/d, p.65).
Método directo - É caracterizado pelo uso da língua-alvo como meio para a instrução e
comunicação em sala de aula. Os aprendentes devem aprender e pensar na língua-alvo. Este
método obriga o aprendente de Gilé a dedicar-se mais ao vocabulário da língua alvo que lhe
permitirá construir a habilidade de comunicação organizada.
Leitura - Leitura é um método que privilegia a leitura para a aprendizagem da língua, tendo
como base a linguagem oral, visual (imagens ou gráficos), etc. Todavia, a leitura textual depende
do conhecimento específico dos sons da linguagem, bem como do reconhecimento do alfabeto e
da compreensão do que é uma palavra na língua-alvo (Timbane, 2009, p.80-82). No contexto das
línguas moçambicanas, em Gilé por exemplo, a leitura é de grande valia na medida em que
contribui para a identificação e reconhecimento de fronteiras entre palavras, solidifica o
reconhecimento do alfabeto da língua e sua comparação com o de outras línguas em contacto,
particularmente o do Português.
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Método comunicativo
Este tipo de competência profissional passa necessariamente pela existência de uma competência
linguística na língua de ensino, o Português, que permita aos professores reconhecer e manipular
as diversas normas. Este é um alvo que não foi ainda alcançado em Moçambique, onde muitos
professores não estão ainda em condições de reconhecer as propriedades destas normas locais.
Quando se ensina uma língua numa perspectiva de ensino de língua como comunicação, é
necessário proporcionar às estudantes oportunidades para desenvolverem estratégias de
interpretação e uso da linguagem tal como é usada realmente em contextos naturais. Contudo,
como assinala Kennedy (1987) citado por Franze (s/d, p.66) que embora os professores
reconheçam que os seus alunos precisam de ser capazes de fazer coisas com as palavras, não é
muito claro quais são as palavras e sintagmas usados num registo particular para exprimir ideias
e sentimentos.
Acontece que o professor dificilmente poderá funcionar como organizador do input linguístico,
e, por outro lado, também não parece possível apresentar simplesmente aos alunos textos falados
ou escritos não analisados. É difícil os professores, individualmente, terem uma percepção global
da língua autêntica da comunidade, e esse papel tem de caber às instituições escolares, que
deverão estar apetrechadas com programas e materiais de ensino que incorporem este tipo de
dados linguísticos.
De acordo com Stroud (1998, p. 27) citado por Franze (s/d, p.66) Um corpus dá acesso a dados
linguísticos que não podem ser manipulados através da introspecção, e isto é particularmente
válido para casos de variação linguística, social ou regional, que só podem ser captados através
de amostras de língua representativas dos grupos ou regiões em que são produzidos. Pode
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considerar-se que o corpus do Português Moçambicano satisfaz estes requisitos, uma vez que
contém dados que incorporam experiências vividas pelos membros da comunidade, articuladas
através da variação da linguagem.
Por outro lado, através do corpus, é também possível conhecer quais as lacunas lexicais e
gramaticais da linguagem corrente, isto é, qual o vocabulário e estruturas gramaticais que os
alunos não vão provavelmente adquirir em ambiente natural uma vez que não ocorrem no
discurso autêntico. Por exemplo, verifica-se que os advérbios lá, já, aqui, agora, mais e aí
ocorrem mais de mil vezes, ao passo que os advérbios jamais, adiante, breve, detrás e outrora não
chegam a ocorrer cinco vezes. Desta forma, o corpus pode servir igualmente como guia para a
preparação de materiais de ensino de língua, que ampliem e diversifiquem a competência lexical
e gramatical em Português dos alunos.
Portanto entende-se que o método comunicativo seria o mais adequado para o ensino de
Português no contexto de Moçambique, concretamente para os alunos de Gilé. Os métodos
comunicativos têm como característica: o foco no significado e na interacção estabelecida entre
aprendentes na língua segunda. O ensino comunicativo organiza as experiências de aprender em
termos de actividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele
se capacite a usar a L2 para realizar acções de comunicação na interacção com outros falantes.
Nunan, citado por Brown (1994) lista cinco características da abordagem comunicativa:
Portanto, os professores de língua segunda também são responsáveis neste processo que prepara
o aluno para interagir com competência, segurança e criatividade num sistema de globalização,
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em um mundo movido pela Internet, onde a linguagem, mais do que a cultura, é o recurso mais
importante para a inserção do indivíduo como cidadão global.
Por tal razão, as diversas propostas curriculares contemporâneas têm defendido que o texto seja
visto como a unidade de ensino de Língua Portuguesa e os géneros textuais como seus principais
objectos de ensino, sendo o professor de Gilé deve adoptar essas metodologias, visto que são
comprovadas em ser eficientes.
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capacidades práticas, interculturais e de competência de realização. Entende-se por capacidades
práticas as que envolvem a vida quotidiana, capacidades técnicas, profissionais, sociais e tempos
livres.
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3. Conclusão
Como forma de concluir, aponta-se que o fato de o português em Moçambique ser para a maioria
da população moçambicana língua segunda (L2) em vez de língua primeira (L1) e o fato de a
maioria da população ser bilíngue fazem com que o sector da educação passe por avaliações
regulares dos programas de ensino na busca de melhores metodologias de ensino do português,
principalmente na educação primária. Contudo, a aprendizagem centrada no aluno é defendida
pela abordagem comunicativa e é muito famosa no ensino de língua segunda. Portanto, este
método parece ser adequado ao contexto moçambicano, visto que um aluno de L2 deve obter um
conjunto de competências, como por exemplo: gramatical, sociolinguística, discursiva,
estratégica e comunicativa. O ensino de Português como L2 em Moçambique tem, muitas vezes,
demonstrado que os aprendentes já adquiriram um conhecimento do mundo suficiente para essa
finalidade que ajudam a ganhar essas competências requeridas.
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4. Referências Bibliográficas
Cardoso, A. J. (2007). A importância do erro e as interferências linguísticas no processo de
aquisição de uma língua não Materna. Acesso em: 12 de Maio, 2021. Disponível em:
www.performar.org/revista/edição_22/import_erro.
Franze, Baptista Joaquim. (s/d). Didáctica de Português II. Módulo Único. Beira: UCM-CED.
Gomes et al. (1991). Guia do Professor da Língua Portuguesa. I Vol. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian.
Hock. H. H. (1991). Principles of Historical Linguistics. 2nd Edition. Berlin: Mouton de Gruyter.
Menezes, Leonarda Jacinto José Maria (2016). O Ensino Bilingue em Moçambique: entre a casa
e a escola. Salvador: Novas Edições Académicas.
Nunan, David. (1989), Designing Tasks for the Communicative Classroom. Cambridge:
Cambridge University Press.
Corder, S. P. (1973). The study of learners’ language: error analysis. Introducing Applied
Linguistic. Harmondswort: Penguin Books,. p. 256-294.
Lado, R. (1957). Linguistics across cultures. Ann Arbor: Michigan University Press.
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Blas Arroyo, J. (1993). La Interferencia Lingüística en Valencia. (dirección: catalán-español).
Castellón: Universitat Jaume.
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