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PT - Aula 03

O documento descreve os procedimentos de notificação e audiência no processo trabalhista. A notificação é enviada via postal para as partes comparecerem à audiência, que ocorre de forma contínua no processo ordinário e de forma única no sumaríssimo. Na audiência inicial do ordinário há tentativa de conciliação e apresentação da defesa.

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PT - Aula 03

O documento descreve os procedimentos de notificação e audiência no processo trabalhista. A notificação é enviada via postal para as partes comparecerem à audiência, que ocorre de forma contínua no processo ordinário e de forma única no sumaríssimo. Na audiência inicial do ordinário há tentativa de conciliação e apresentação da defesa.

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PROCESSO DO TRABALHO – AULA 03

AUDIÊNCIAS NO PROCESSO DO TRABALHO

Notificação para comparecimento em audiência

Ajuizada a reclamação trabalhista, ela é distribuída para uma das varas do trabalho. Quando
ela chega na vara do trabalho, automaticamente o servidor (e não o juiz) vai encaminhar uma
notificação para que as partes compareçam em audiência.

É na audiência que é apresentada a defesa, seja qual for o procedimento (ordinário, sumário
ou sumaríssimo). A defesa, em qualquer procedimento, é apresentada em audiência no
processo do trabalho.

Agora vamos fazer algumas observações. A primeira é sobre a distribuição. A distribuição, na


vara do trabalho, é realizada de que forma? É aleatória ou pela ordem rigorosa? A distribuição
é feita pela ordem rigorosa de entrada da reclamação trabalhista em juízo e sucessivamente a
cada uma das varas do trabalho. A distribuição, então, não se dá de forma aleatória no
processo do trabalho.

Obs.: e se essa ordem rigorosa não for respeitada? Há nulidade do ato de distribuição? Se não
há prejuízo para as partes e os princípios do processo do trabalho forem respeitados, o ato
será válido. Não tem por que anular.

A segunda observação é sobre quando a reclamação chega na vara do trabalho. Quando chega
na vara do trabalho, o que é que ocorre? Automaticamente, o servidor encaminha uma
notificação para que as partes compareçam em audiência. Veja que não é o juiz quem faz isso,
mas sim o servidor. É o servidor quem vai encaminhar a notificação para que as partes
compareçam em audiência, no processo do trabalho. Isso quer dizer que o juiz não despacha
petição inicial. Quando sua reclamação chega na vara do trabalho, o juiz nem despacha a
petição inicial, ou seja, o processo nem vai para as mãos do juiz. O servidor é que,
automaticamente, encaminha uma notificação para que as partes compareçam em audiência.

A terceira observação é a seguinte... o que acontece com essa notificação no processo do


trabalho? Aqui, várias coisas são cobradas em prova. E todas elas estão no art. 841 da CLT. A
primeira coisa é que a notificação é encaminhada via postal, com aviso de recebimento. Na
empresa, essa notificação poderá ser recebida por quem? Por quem tem poderes, por
empregado, por zelador ou pode ser deixada na caixa postal da empresa. Quem é que tem
poderes? É aquela pessoa que representa a empresa, que tem poderes para isso. Empregado
pode ser qualquer um da empresa. Zelador é o porteiro do prédio comercial, que pode receber
a notificação. Além disso, a notificação também pode ser deixada na caixa postal da empresa.

Nos casos de quem tem poderes, de empregado e de zelador, é fácil visualizar a questão do
aviso de recebimento, porque eles irão assinar esse aviso. Mas e como fica no caso de quando
a notificação é deixada na caixa postal da empresa? Nesse caso, fica na caixa postal um aviso
de que há uma encomenda para que você retire no correio. Chegando ao correio, você acha
que primeiro eles vão te mostrar a encomenda, pra você apalpar um pouco e ver se quer levar
para casa, ou você acha que primeiro eles te mandam assinar e depois te entregam? Lógico
que primeiro assina e depois retira.

Outra coisa importante é a Súmula 16 do TST. Essa súmula diz que a notificação é
encaminhada via postal e ela presume-se recebida no prazo de 48 horas, sendo ônus do
destinatário provar que não recebeu a citação nesse prazo. Então, encaminhada a notificação,
no prazo de 48 horas, ela também presume-se recebida no prazo de 48 horas. Então, são 48
horas para postar e 48 horas para presumir recebida a notificação.

E quando é que a notificação vai ser feita por edital? A notificação é feita por edital em dois
casos? Quando o réu criar embaraços ao recebimento da notificação ou quando o réu não for
encontrado. Nesses dois casos, a citação vai ser feita por edital.

Tem uma coisa importantíssima aqui que você não pode esquecer: não há citação por edital no
procedimento sumaríssimo, no processo do trabalho.

A quarta observação vai para a audiência no processo do trabalho. A notificação, como vimos,
em regra é encaminhada via postal para que o reclamado compareça em audiência. Nós já
vimos que é na audiência que é apresentada a defesa, no processo do trabalho. Essa audiência
é a primeira desimpedida depois de 5 dias. O que isso significa? Quer dizer que entre a data do
recebimento da notificação e a data da audiência tem que decorrer, no mínimo, 5 dias. Esse
prazo mínimo de 5 dias é o prazo para elaboração da defesa (que tem que ser apresentada na
audiência).

Então, você pode, chegando no dia da audiência, aduzir a sua defesa de forma oral, no prazo
de 20 minutos. Isso é possível. Mas o prazo para elaboração da defesa é aquele que ocorre
antes da audiência, em que você elabora os documentos, conversa com o preposto da
empresa, fala com as testemunhas... ou seja, você vai descobrir o que aconteceu para elaborar
a defesa. Então, o prazo para elaboração da defesa é anterior à data da audiência. Então, entre
a data do recebimento da notificação até o dia da audiência em que eu tenha que chegar com
a defesa, deve haver um prazo mínimo de 5 dias. Pode decorrer 1 ano? Pode. O que não pode
é decorrer menos de 5 dias.

A gente viu que a notificação presume-se recebida no prazo de 48 horas. Mas imagine que ela
não foi efetivamente recebida nesse prazo, mas apenas 3 dias antes da audiência. Nesse caso,
houve um prejuízo para o reclamado, porque não foi observado o prazo mínimo de 5 dias para
elaboração da defesa. Ou seja, entre a data do recebimento da notificação e a data da
audiência, não decorreram 5 dias, mas apenas 3 dias. Isso quer dizer, portanto, que não foi
observado o prazo mínimo para defesa. Logo, a quem caberá chegar no dia dessa audiência e
provar que não recebeu a notificação dentro desse prazo? O ônus da prova de que não
recebeu a notificação é do destinatário (Súmula 16 do TST). Ele, reclamado, é que vai ter que
provar que não recebeu a notificação dentro desse prazo de 48 horas.

Trâmite da audiência

Aqui nós vamos diferenciar dois procedimentos: o ordinário e o sumaríssimo. No caso, o


procedimento sumário está dentro do tramite do procedimento sumaríssimo.

O art. 849 da CLT versa sobre o procedimento ordinário. E ele diz que a audiência vai ser
contínua. Ou seja, o que não for possível acontecer em uma data, vai continuar em uma outra
data. A audiência é contínua.

E o procedimento sumaríssimo? Ele está lá no art. 852-C da CLT. A audiência, no procedimento


sumaríssimo, é uno. Quanto ao procedimento sumaríssimo, tudo, inclusive a sentença, vai
ocorrer em uma única data. A audiência é una.
No procedimento ordinário, a palavra é contínua. No procedimento sumaríssimo, a palavra é
una.

A audiência ser contínua quer dizer que o que não acontecer naquela data, terá
prosseguimento em outra. Por isso, é que na prática, a audiência pode ser dividida no
procedimento ordinário. Normalmente, a audiência é tripartida no procedimento ordinário:
audiência inicial, audiência de instrução e audiência de julgamento.

No sumaríssimo, por outro lado, a audiência é una. Ela vai ocorrer em uma única sessão.
Começa e termina na mesma data.

O que é que você tem que saber em relação ao procedimento ordinário? Você já sabe que a
audiência, no procedimento ordinário, é contínua, de acordo com o art. 849 da CLT. Vamos
imaginar essa audiência dividida, porque, para ver essa audiência como una é só reunir todos
os atos em uma única sessão.

Então, nós teremos a audiência inicial, a audiência de instrução e a audiência de julgamento.

O trâmite da audiência no procedimento ordinário permite que você responda à seguinte


questão: é correto afirmar que são duas tentativas conciliatórias na audiência no processo do
trabalho, sendo a primeira quando aberta a sessão e a segunda após as razões finais e antes da
sentença? Sim.

Primeiro, ocorre a defesa e depois a tentativa de conciliação, ou primeiro ocorre a tentativa de


conciliação e depois a defesa? Logo veremos a resposta para essa pergunta.

A primeira coisa que acontece é o pregão. Em todas as três audiências, a primeira coisa que
acontece é o pregão. As partes são apregoadas, ou seja, são chamadas para entrar na sala de
audiência.

Na audiência inicial, após o pregão, nós vamos ter a primeira tentativa conciliatória. Aberta a
sessão, temos a primeira tentativa conciliatória. Depois disso, vem a leitura da petição inicial,
se não dispensada. A verdade é que a leitura da petição inicial é dispensada atualmente.
Ninguém vai ficar lá lendo a inicial. Em seguida, nós temos a apresentação da defesa.

A defesa tem duas formas de ser apresentada. Ela pode ser apresentada de forma oral, no
prazo de 20 minutos. Você tem direito de aduzir a defesa oralmente no dia da audiência e,
para isso, você tem 20 minutos. Ou, então, a defesa pode ser apresentada de forma escrita.
Nesse caso, nós temos que dividi-la em duas partes. Pode ser que já esteja implantado o PJE
ou não. Se já houver o PJE, aí você tem que enviar eletronicamente a sua defesa antes da
audiência. Se não foi implantado o PJE, aí você não vai encaminhar eletronicamente a defesa
antes da audiência. Você vai apresentar a sua defesa escrita na audiência, em papel.
Atualmente, nós vivemos um momento híbrido de processos físicos e processos eletrônicos.

Observação: atualmente, temos pouquíssimos casos em que é possível apresentar


documentos em papel, nas localidades em que o PJE já está implantado: (1) nos casos em que
o volume é excessivo, (2) nos casos em que o documento escaneado ficar ilegível ou (3) nos
casos em que o formato do documento não comporta escaneamento que mantenha a sua
compreensão. Nesses casos, voc6e vai comunicar que não teve como juntar eletronicamente,
vai pedir um prazo de 10 dias e vai levar na secretaria os documentos. Fora desses casos, você
não vai poder apresentar documentos físicos no processo eletrônico.
Quando a audiência é dividida, o juiz vai conceder, ainda, um prazo para réplica. Ou seja, um
prazo para que a parte se manifeste quanto aos documentos apresentados com a defesa e
quanto àqueles fatos novos trazidos pelo empregador na defesa que sejam para impedir,
extinguir ou modificar o direito do autor (veja que, nesses casos, o empregador concorda com
o que o autor alegou, mas apresenta um fato extintivo, impeditivo ou modificativo desse
direito do autor). Em face desses casos, cabe a réplica. Essa réplica é importada do NCPC e tem
prazo de 15 dias.

Então, saem as partes da audiência inicial intimadas para comparecer na audiência de


instrução. Na audiência de instrução, depois do pregão, nós vamos ter primeiro o depoimento
das partes (primeiro da parte autora e depois da parte ré).

Depois disso, nós vamos ter a oitiva de testemunhas, peritos e técnicos. Atenção: veja que os
peritos e técnicos são ouvidos aqui, na audiência de instrução, o que significa que a perícia já
tem que ter sido feita. Então, entre a data da audiência inicial e a audiência de instrução, se for
o caso de produção de prova pericial, a perícia tem que ser realizada, tem que ser apresentado
laudo pericial, tem que ter manifestação quanto ao laudo pericial... ou seja, a prova pericial
tem que estar completa. E você nunca deve permitir que a audiência de instrução prossiga sem
que a prova pericial esteja concluída. Imagine que o perito adotou como premissa que o
ambiente de trabalho do empregado é sem ventilação nenhuma e, por isso, seria um ambiente
insalubre. Então, somente na audiência de instrução é que eu vou poder derrubar essa
premissa do perito, por meio de depoimento das partes, de oitiva de testemunhas. Por isso, é
muito importante que a prova pericial esteja concluída. E o fundamento para isso é que na
audiência de instrução eu vou ter oitiva de testemunhas, peritos e assistentes técnicos. E eles
só poderão falar nesse processo se a prova pericial já tiver sido realizada. Senão, o que é que
eles vão ter pra falar? Por isso, a prova pericial tem que estar concluída.

Logo em seguida, teremos razões finais no prazo de 10 minutos. Aqui, você tem direito
também a duas coisas, quando nós falamos em razões finais... você tem direito de fazer as
razões finais de forma oral, no prazo de 10 minutos, ou de não fazer as razões finais. Se você
optar por não fazer as razões finais, quer dizer que elas são remissivas. Ou seja, significa que
eu estou remetendo a tudo que já tem no processo.

As razões finais têm dois propósitos: primeiro, arguir/reiterar nulidades que ocorreram até o
momento; e, segundo, facilitar o trabalho do juiz no sentido de indicar quais ônus foram
cumpridos ou não pelo reclamante ou pelo reclamado.

Pode ser que o juiz conceda prazo para que as partes faça as razões finais por escrito depois.
Mas aí é uma faculdade do juiz. Nesse caso, as razões finais serão por memoriais. Então, as
razoes finais podem ser orais, no prazo de 10 minutos, podem não ser apresentadas (caso em
que serão remissivas) e podem ser por escrito (memoriais, por faculdade do juiz).

Após as razoes finais, nós temos a segunda tentativa conciliatória. E saem as partes da
audiência de instrução intimadas para comparecerem à audiência de julgamento, em que vai
ser proferida a sentença, no processo do trabalho.

Na audiência de julgamento, as partes vão só pra sentar lá e ouvir a sentença? A verdade é que
teoricamente existe essa audiência de julgamento, mas na prática ela não existe. Ou seja, na
prática, você sai da audiência de instrução já intimado da data da publicação da sentença. Aí, é
só entrar no site e acessar.
Quando nós estamos diante de uma audiência no procedimento ordinário, ela pode ser
dividida, do jeito que nós estamos vendo, mas ela foi planejada para ser una. Se a prova disser
que audiência una é característica exclusiva do procedimento sumaríssimo, não marque como
certo! Audiência una não é característica exclusiva do procedimento sumaríssimo. A audiência
foi feita para ser una em todos os procedimentos, inclusive no ordinário. A questão é que o
legislador utilizou a palavra “contínua”, dizendo que, caso não seja possível concluir a
audiência naquela data, ela pode prosseguir numa outra sessão. Então, ela é contínua, o que
abriu espaço para que ela seja dividida. Mas, se a gente raciocinar, a gente vê que ela foi
planejada para ser una em TODOS os procedimentos (sumário, sumaríssimo e ordinário), só
que no ordinário ela pode e costuma ser dividida.

É correto afirmar que a primeira tentativa conciliatória vem logo após a abertura da audiência
e a segunda tentativa vem depois das razões finais e antes da sentença? Sim!

É correto afirmar que primeiro vem a defesa e depois vem a primeira tentativa conciliatória?
Não. É o contrário. Primeiro vem a primeira tentativa conciliatória e depois vem a defesa.

Audiência no procedimento sumaríssimo

A audiência no procedimento sumaríssimo foi feita para ser una. Isso está lá art. 852-C da CLT.
Tudo, inclusive a sentença, deve ocorrer numa única data.

O nosso plano agora é ir lembrando o que ocorre na audiência no procedimento ordinário e


verificar o que fica e o que não fica no procedimento sumaríssimo.

Antes de começar a sessão de audiência, nós temos o pregão. Pregão tem que ter em todas as
sessões, porque as partes não têm bola de cristal para saber qual é a hora de entrar na
audiência. Então, primeiro temos o pregão, sendo que a ausência dele gera nulidade da
audiência.

Aberta a sessão, nós temos a primeira tentativa conciliatória. O juiz vai, naquele momento,
empregar todos os meios de persuasão que estejam ao seu alcance para tentar obter a
conciliação.

Em seguida, temos a leitura da petição inicial, se não dispensada. Cá entre nós, ninguém, hoje
em dia, vai ler a petição inicial na audiência. Seria uma perda de tempo e, por isso, costuma
estar escrito na ata de audiência que a leitura da petição inicial foi dispensada.

Na sequência, temos a apresentação da defesa. Aquilo que nós falamos antes para o
procedimento ordinário sobre a defesa vale aqui também no procedimento sumaríssimo.
Então, o que é que você tem direito? De apresentar a defesa de forma oral, no prazo de 20
minutos. Você tem também o direito de apresentar, embora não esteja previsto em lei, a
defesa escrita.

E aí, aqui, nós temos duas hipóteses diferentes sobre o PJE. Se o examinador não falar nada,
você presume que o PJE ainda não foi implantado. Se nós já temos o PJE implantado e a defesa
for escrita (lembrando que mesmo no PJE ela pode ser oral, no prazo de 20 minutos), você tem
que enviar a defesa eletronicamente antes da audiência. E você pode se valer da opção de
sigilo para que a outra parte não tenha acesso à defesa antes da audiência. Então, você pode
enviar eletronicamente os documentos, com opção de sigilo, não cabendo você chegar com
papel na audiência nesse caso. E existe alguma possibilidade de chegar com papéis mesmo já
tendo sido implantado o PJE? Sim, quando no prazo da defesa eu informar que (1) o volume de
documentos é excessivo, sendo impossível digitalizar, (2) quando for impossível a digitalização
por conta de o formato do documento não permitir ou (3) porque o documento fica ilegível na
digitalização. Por outro lado, se não temos o PJE implantado, a defesa vai ser apresentada na
hora da audiência.

Com a defesa, o reclamado junta os seus documentos, podendo apontar fatos modificativos,
impeditivos ou extintivos do direito do autor. E aí, vai acontecer que a outra parte,
obviamente, tem o direito de se manifestar. Isso decorre do contraditório. O básico sobre o
princípio do contraditório é que ele consiste em duas coisas: direito de informação e direito de
reação.

Se, com a defesa, vêm os documentos, ainda que não tivesse escrito em nenhum lugar que eu
tenho direito a réplica, você saberia que tem o direito de ter acesso e de se manifestar quanto
a esses documentos, em homenagem ao princípio do contraditório. Agora, como é que fica o
direito de manifestação quanto a esses documentos em uma audiência una?

Na audiência você teve acesso aos documentos e nela mesma tem que ocorrer a manifestação,
porque ainda nesta data será proferida a sentença. A manifestação, portanto, tem que ser
oral, em audiência. Esse é o terror dos advogados de reclamante, quando o procedimento é
sumaríssimo. No procedimento sumaríssimo, a manifestação quanto aos documentos tem que
ser oral e em audiência.

P.S.: a regra é que, quanto aos documentos apresentados por uma das partes, a outra tem que
se manifestar de forma oral em audiência também (seja reclamante ou reclamado). Porém,
quando o volume documentos for excessivo, o art. 852-H, § 1º, diz que o juiz pode conceder
prazo para que a parte se manifeste quanto aos documentos. O artigo é claro ao estabelecer
que é a critério do juiz. Então, nesse caso, o próprio juiz é quem vai fixar o prazo para que a
parte se manifeste quanto aos documentos, porque o prazo não está previsto em lei.

Na sequência, temos o depoimento das partes (ouvindo primeiro a parte autora e depois a
parte ré). Em seguida, temos a oitiva de testemunhas, peritos e técnicos.

A doutrina sustenta que não tem razões finais no procedimento sumaríssimo, porque a
audiência é una, devendo ser mais célere. Por isso, as nulidades têm que ser arguidas à medida
que elas ocorrem em audiência. Então, se o juiz indeferiu a oitiva de uma testemunha, você já
argui a nulidade naquele momento e não precisa reiterar em razões finais (aliás, você nem vai
ter a oportunidade de fazer esse balanço daquilo que é ônus do autor ou do reclamado e do
que foi efetivamente comprovado por cada um). Então, não tem razões finais em 10 minutos
improrrogáveis no procedimento sumaríssimo.

Assim, depois da oitiva de testemunhas, peritos e técnicos, nós temos a segunda tentativa
conciliatória. Após a segunda tentativa conciliatória, virá a sentença.

Comparecimento em audiência

Quem são as pessoas que tem que comparecer na audiência? Você tem que saber quem são as
pessoas que devem comparecer à audiência no processo do trabalho e quando essas pessoas
podem se fazer representar ou substituir, por quem elas podem se fazer representar ou
substituir e o que acontece com a audiência nesses casos.

Quem deve comparecer à audiência são o reclamante e o reclamado.


Quando o reclamante pode se fazer representar ou substituir? Por motivo de doença ou por
outro motivo poderoso. O que é um motivo poderoso? A doutrina, de forma unanime, diz que
na verdade não é um motivo poderoso, mas um motivo “ponderoso”, relevante, justificável.
Mas, na prova pode aparecer dos dois jeitos.

Então, por doença ou por motivo poderoso o reclamante pode se fazer substituir por quem?
Pelo sindicato ou por outro empregado da mesma profissão (não é da mesma empresa e nem
do mesmo setor, é outro empregado da mesma profissão).

E o que é que vai acontecer com a audiência? A audiência é adiada. Por quê? O sindicato e o
empregado da mesma profissão devem ser vistos por você como garotos de recado. Sabe o
que isso significa? Significa que eles não podem confessar, transigir, desistir, renunciar, etc...
Ou seja, não podem nada. Então, por isso, a audiência vai ser adiada.

É correto afirmar que exclusivamente na hipótese de motivo poderoso o reclamante pode se


fazer representar pelo sindicato ou outro empregado da mesma profissão, caso em que a
audiência vai ser adiada? Exclusivamente na hipótese de motivo poderoso? SIM! A pergunta é
verdadeira, porque é doença ou OUTRO motivo poderoso. Quer dizer que a doença também é
um motivo poderoso. Então, exclusivamente na hipótese de motivo poderoso o reclamante
pode se fazer representar pelo sindicato ou outro empregado da mesma profissão, caso em
que a audiência vai ser adiada? SIM!

E o reclamado pode se fazer representar quando? O reclamado pode se fazer representar


sempre! Por quem? Por um gerente ou por outro preposto. E o que acontece com a audiência?
Ela ocorre ou é adiada, nesse caso? A audiência ocorre, porque as declarações do preposto
obrigarão o reclamado. O que sai da boca do preposto é como se estivesse saindo da boca do
próprio empregador.

Eu sou obrigado a produzir prova contra mim? Eu sou obrigado a confessar? Não. As partes
não prestam compromisso de dizer a verdade. Então, elas não respondem pelo crime de falso
testemunho. E o que é que eu posso fazer contra o preposto que mente, que altera
descaradamente a verdade dos fatos? Você só pode pedir que ele seja condenado às penas da
litigância de má-fé. Agora, o que sai da boca dele, é como se estivesse saindo da boca do
próprio empregador.

Quem tem que ser esse outro preposto? O preposto da empresa precisa ser empregado dessa
empresa, salvo em dois casos (exceções): (1) empregador doméstico e (2) micro e pequenas
empresas. No caso do empregador doméstico, quem pode comparecer em audiência é
qualquer membro de sua família. E no caso de micro e pequenas empresas? Quem pode
comparecer um terceiro com conhecimento dos fatos.

Imagine que uma reclamada era microempresa e quem compareceu à audiência foi o contador
dessa empresa. Tudo bem? Tudo, porque o contador é um terceiro com conhecimento dos
fatos. Mas imagine que o juiz decretou a revelia dessa reclamada. O que você tem que
sustentar? Tem que sustentar que, no caso de microempresa ou empresa de pequeno porte, o
preposto pode ser terceiro com conhecimento dos fatos. Isso está na Súmula 377 do TST.

O mais complicado em relação a essa questão é a figura do empregador doméstico, porque


tem uma pegadinha que pode te pegar. O empregador doméstico pode ter como preposto
qualquer membro de sua família, porque o empregador é a unidade familiar. Então, pode ir o
marido, a mulher, o filho maior de 18 anos... Todos são empregadores ali. Mas pode ir um
outro empregado doméstico? Pode.
Vamos imaginar que Dona Maria resolva ajuizar uma reclamação trabalhista contra mim. Pode
comparecer na audiência o Marcelo, que é o motorista empregado doméstico? Pode, sem
problema nenhum. O empregado doméstico é aquela pessoa física que trabalha para a pessoa
ou família, no âmbito residencial, de forma contínua e sem finalidade lucrativa. Ou seja,
empregado doméstico não é somente aquele que trabalha fazendo a limpeza. O motorista é
empregado doméstico, a babá é empregada doméstica, o professor particular pode ser
empregado doméstico... O empregador doméstico pode, então, se for demandado,
encaminhar como preposto outro empregado doméstico? Pode, sem problema nenhum.

Contudo, para a maior parte dos brasileiros, que tem apenas um empregado doméstico, vai
acabar comparecendo qualquer membro da família naquela audiência.

Quando nós chegamos na hora da prova e o examinador diz que o reclamado pode se fazer
representar SEMPRE por um gerente ou outro preposto. O problema é que, na hora da prova,
você pode ficar em dúvida com esse sempre. Mas ele é sempre mesmo.

Consequências do não comparecimento das partes em audiência

Imagine que a prova lhe diz que o reclamante não compareceu em audiência. Que audiência é
essa? É fundamental distinguir as audiências, porque as consequências são diferentes. Se a
prova falar só em audiência, sem especificar, você vai entender que essa é a audiência inicial
ou então que é a audiência una, que são aquelas em que eu tenho que apresentar a defesa.

Se o reclamante não comparecer em audiência, a consequência é o arquivamento do processo.


Extingue o processo sem resolução do mérito... acabou, arquivou o processo.

Se o reclamado não comparecer em audiência, que audiência é essa? Se o examinador não


especificar, mais uma vez, é a audiência inicial ou a audiência una, em que tem que ser
apresentada a defesa. Se ele não comparecer, a consequência é a revelia e a confissão quanto
à matéria de fato. Cuidado: não é apenas revelia, mas também a confissão quanto à matéria
de fato. Não é quanto a toda a matéria e também não é quanto à matéria de fato e de direito.
Por quê? Porque, se fosse assim (abrangendo matéria de direito), o reclamante poderia alegar
que fazia 2 horas extras por dia e que o adicional de horas extras previsto na Constituição é de
70% e isso tudo se tornaria verdade para o processo. Só que, no caso, nós só vamos presumir
verdadeiros os fatos (ou seja, que ele fazia 2 horas extras por dia), aplicando o percentual de
50% para o adicional, que é o que efetivamente está previsto na legislação. Então, a gente
presume verdadeiros somente os fatos alegados pelo reclamante.

Então, quando o reclamado não comparece na audiência, ele é revel e confesso somente
quanto às questões de fato!

Além de revel e confesso quanto à matéria de fato, o juiz não deve receber a defesa, ainda que
o advogado tenha comparecido munido de procuração e defesa. Com a defesa vêm
argumentos e outras argumentações que influenciariam na decisão do juiz. Então, ele não
deve receber a defesa, nem mesmo para análise das questões de direito.

Temos uma súmula superimportante, que é a Súmula 122 do TST. Essa súmula diz que a
presença só do advogado em audiência não afasta a revelia. Vamos imaginar que foram dois
advogados para a audiência. Se um deles for empregado da empresa, ele pode atuar como
preposto e o outro estar lá como advogado. O que não pode é um único advogado figurar com
advogado e como preposto. Se chegar só um advogado na audiência, ele vai ter que dizer a
que veio (se veio como advogado ou se veio como preposto, sendo que para ser preposto ele
pode ser advogado, mas TEM que ser empregado). Para o cliente, é melhor que o advogado
esteja como preposto num caso desses, até porque na justiça do trabalho vigora o jus
postulandi.

A Súmula 122 do TST, então, estabelece que o não comparecimento do preposto, ou seja, o
comparecimento só do advogado, ainda que munido de procuração e defesa, não afasta a
revelia, porque a revelia no processo do trabalho não decorre da não apresentação da defesa,
mas sim do não comparecimento do reclamado em audiência. Só existe uma exceção hábil a
afastar essa revelia. E o que é? O atestado médico que declare a impossibilidade de locomoção
do reclamado no dia da audiência. Veja que não é qualquer atestado, mas apenas o que
declare a impossibilidade de locomoção do reclamado.

Agora, nós temos que falar do não comparecimento do reclamante ou do reclamado na


audiência em prosseguimento em que ele tenha sido intimado a depor, sob as penas da lei.
Qual é a consequência disso? A primeira coisa que você precisa fazer é entender de que
audiência o legislador está falando. A audiência aqui é a audiência de instrução, que é onde
nós temos o depoimento.

Aqui, não adianta a gente dizer qual é a consequência se você não sentir a matéria. A
professora aqui contou uma história de uma amiga que era chamada de “susto” no trabalho,
porque o dono da empresa dizia que ela era feia, e então ela ajuizou uma reclamação
trabalhista pedindo danos morais. Hoje, quando você faz um pedido de indenização por danos
morais, mesmo no processo do trabalho, você tem que arbitrar um valor. É a parte quem tem
melhor condições de indicar o valor que ela quer. Então, ela tem que arbitrar um valor. E ela
vai dizer qual é o valor considerando as pesquisas jurisprudenciais de casos semelhantes. Só
que esse valor é um parâmetro. Não é tudo ou nada. O juiz, dentro desse parâmetro dado pela
parte, vai fixar qual é o valor da condenação.

Nesse caso da amiga que era chamada de “susto”, ela tem condições de olhar nos olhos do juiz
e contar o que ela viveu naquela empresa? Não tem. Então para que essa história? Apenas
para você sentir a matéria. A parte não presta o compromisso de dizer a verdade. Então, ela
não tem o direito de pretender ser ouvida. O que ela tinha para dizer já foi dito na inicial.
Quem tem o direito de ouvir a parte é o juiz, que vai interroga-la, e a parte ex adversa que
pode pedir o depoimento do adversário. Somente o juiz ou a outra parte podem pedir o
depoimento do reclamante/reclamado. Por que a outra parte pode querer ouvi-la? Para
extrair dela confissão real. O depoimento da parte é um meio de prova.

Por isso, é importante que você alerta a parte reclamante de que ela não tem direito de falar
na audiência, porque o que ela tem para dizer vai ser dito na inicial.

Então, se o depoimento da parte pode ser solicitado apenas pelo juiz ou pela outra parte, se a
reclamante não comparece em audiência para depor, qual vai ser a consequência? A
consequência é a confissão ficta (presumida), porque ela foi chamada para depor porque o
reclamado queria tentar arrancar dela a verdade.

E se o reclamado não comparecer na audiência para depor? Se eu não tenho como obter dele
a confissão real, a consequência, mais uma vez, é a confissão ficta (presumida).

Um detalhe sobre o depoimento das partes: no processo do trabalho, ainda existe a


intermediação das perguntas pelo juiz. O advogado do reclamado faz as perguntas ao juiz e o
juiz repassa para o reclamante, por exemplo, no seu depoimento. Então, a regra do art. 459 do
CPC, que diz que não tem mais essa intermediação, não se aplica no processo do trabalho.

Então, o objetivo do depoimento das partes não é simplesmente que elas cheguem lá e falem
o que elas quiserem. O depoimento é um meio de prova. Reclamante que não comparece em
audiência para depor está tirando da outra parte a possibilidade de arrancar dele a confissão
real. Então, a consequência é a confissão ficta/presumida. De forma semelhante, se o
reclamado não comparece em audiência em prosseguimento para depor, eu não tenho como
obter dele a confissão real. Log, a consequência é a confissão ficta/presumida.

ATENÇÃO: se o advogado não comparecer na audiência de instrução, onde haveria o


depoimento da parte, nada acontece, porque na justiça do trabalho há o jus postulandi.

Em decorrência disso, vem a Súmula 74 do TST, que também é bem importante para nós. A
Súmula 74 fala sobre a confissão ficta. Segundo a súmula, a confissão ficta PODE ser
confrontada com a prova pré-constituída (já existente) nos autos. Além disso, a Súmula
também diz que não há cerceamento de defesa pelo indeferimento de provas posteriores. Na
sequência, a Súmula diz que o juiz PODE determinar provas posteriores.

Então, o que acontece? Vamos falar mais dessa Súmula... A confissão ficta pode ser
confrontada com as provas que já existam nos autos. Ou seja, a pessoa que não compareceu
em audiência quer produzir outras provas. O juiz indefere. Quando ele indefere a produção de
uma prova, a parte vem reclamar, dizendo que é cerceamento de defesa. E aí, o TST explica:
não há cerceamento de defesa pelo indeferimento de provas posteriores. A parte não foi na
audiência em que tinha que depor... ocorre a confissão ficta, por isso. E aí ele quer produzir
outras provas depois? O juiz pode indeferir o pedido e isso não representa cerceamento de
defesa. Agora, o juiz pode pretender produzir outras provas posteriores, porque é ele quem
conduz o processo. O juiz pode, mas a parte não. Diante da confissão ficta, o juiz pode
determinar a produção de provas posteriores, mas a parte não tem esse direito, sendo que o
indeferimento de pedido de provas posteriores não implica cerceamento de defesa.

Imagine que o reclamante ajuíza reclamação pedindo horas extras. A reclamação vai ser
distribuída para uma das varas e, chegando na vara, automaticamente o servidor encaminha
uma notificação para que as partes compareçam na audiência. E nessa audiência vai ser
apresentada a defesa. Com a defesa, foram apresentados cartões de ponto, que revelam
algumas horas extras, mas não todas. Saíram as partes dessa audiência intimadas para
comparecer na audiência de instrução. E aí, o reclamante não compareceu na audiência de
instrução. Aí, eu não tenho como obter dele a confissão real. Logo, a consequência é a
confissão ficta, ou seja, a presunção de veracidade dos fatos alegados pela outra parte. Então,
eu vou presumir que não foram realizadas as horas extras que ele havia alegado na inicial. Só
que o reclamado havia juntado cartões de ponto que revelam algumas horas extras. Por isso, a
confissão ficta do reclamante pode ser confrontada com a prova pré-constituída nos autos, ou
seja, com os cartões de ponto que demonstram a realização de algumas horas extras.
Conclusão: as horas extras podem ser julgadas procedentes, mesmo com a confissão ficta do
reclamante.

Agora, se o reclamante não veio depor, ele pode querer ouvir testemunhas depois? Não. E
pode o advogado dele que estava na audiência querer ouvir as testemunhas dele? Não
também. Se ele não compareceu na audiência para depor e recebeu confissão ficta, ele não
pode produzir outras provas.
Mas e se o juiz quiser ouvir as testemunhas? O juiz pode? Pode. A parte pode? Não. E implica
cerceamento de defesa indeferir produção de provas posteriores para a parte que não veio
depor? Não.

Obs.: se você ver na prova o empregador mandando embora um empregado sem justa causa
só porque o empregado ajuizou reclamação trabalhista contra ele, você vai dizer que cabe
indenização por danos morais. Mas, na prática, ele vai ser dispensado mesmo, porque o clima
fica insustentável no dia-a-dia.

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