Trabalho M1 - Corrosão de Armaduras
Trabalho M1 - Corrosão de Armaduras
Trabalho M1 - Corrosão de Armaduras
Obs: Quando a questão específica detalhadamente, significa que a resposta deverá ser bastante
aprofundada com discussões trabalhadas e preferencialmente com uso de mais de um autor para compor a
resposta.
Segundo Cascudo (1997) A corrosão é uma interação destrutiva de um material metálico com o ambiente, seja
por reação química ou eletroquímica, que pode estar associada ou não a esforços mecânicos. Este processo
faz com que o metal perca as suas qualidades essenciais quanto a resistência, elasticidade e ductilidade.
Segundo a sua natureza a corrosão pode ser classificada em química que é também conhecida como corrosão
seca que se dá quando ocorre uma formação de película de óxido de forma lenta, não provocando deterioração
nas superfícies metálicas; ou a corrosão eletroquímica, que será discorrido na sequência. (Cascudo, 1997)
Este tipo de corrosão, ocorre em meio aquoso por meio de um eletrólito, na qual há uma transferência de
elétrons de uma espécie química para a outra, isso ocorre pois os átomos têm a característica de perdem ou
ceder elétrons, reação chamada de oxidação, onde quando se perde elétrons chama-se ânodo(oxidação) e
para as regiões de ganho de elétrons dá-se o nome de catodo (redução). Essas reações ocorrem para gerar um
equilíbrio natural dos elementos químicos. (Callister, 2015)
É importante citar que a reação eletroquímica, por se tratar de uma transferência de íons, também chamada
de pilha ou célula de corrosão, precisa necessariamente de um eletrólito, que por definição é visto como uma
solução carregada ionicamente, em fase líquida, que é o que ocorre com a umidade ou a presença de água nas
estruturas, é essencial para o processo pois permite o fluxo iônico.
Para que haja corrosão depende de algumas condições: existência de um eletrólito, diferença de potencial e
oxigênio, sendo os dois últimos citados inevitáveis para as estruturas, onde a diferença de potencial é o
resultado do carregamento de elétrons seja na região anódica ou catódica ou ainda outros fatores como:
areação , concentração salina, tensão do concreto e/ou aço, impureza presente no metal, heterogeneidade do
concreto; e o oxigênio esta presente no ar . ( Sagave, 2024)
Segundo Guimaraes e Merçon (2004), o resultado da ferrugem que é o composto de Fe3O4 (coloração preta)
e Fe2O3.H2O (coloração alaranjada ou castanho-avermelhada), se dá pela sequência de equações
apresentadas a seguir com a representação química de reações anódicas e catódicas:
(Equações 1 a 6).
De uma forma geral, a corrosão de armaduras podem ser classificadas em : corrosão generalizada , quando
ocorre deterioração em toda a superfície do aço, corrosão localizada, que pode ser subdividida em ‘’corrosão
por pite’’ e ‘’ corrosão sob tensão’’, a corrosão por pite é caracterizada pela formação de pontos de desgaste
na superfície do aço, na qual pode causar a ruptura pontual da barra, isso ocorre pela relação de áreas anodicas
e catódicas na seção, e por fim a corrosão sob tensão ocorre quando a armadura está sob tensão de tração ,
ocasionando a propagação de fissuras na estrutura do aço. (Cascudo,1997)
Fonte: Cascudo,1997
a) Cloretos
A corrosão em concreto armado por cloreto é um processo complexo que ocorre devido à penetração de
íons cloreto na estrutura. Esses íons, provenientes de fontes externas como ambientes marinhos ou uso de
cloretos para degelo de estradas, infiltram-se no concreto e alcançam as armaduras de aço (SILVA, 2011).
Quando a concentração de íons cloreto ao redor das armaduras atinge um limiar crítico, inicia-se a corrosão.
Isso ocorre porque os cloretos destroem a camada passiva de óxido nas armaduras, permitindo o início da
corrosão (SOARES, et al., 2015). Esse processo de corrosão expande o concreto causando o aumento do
volume, gerando tensões mecânicas adicionais no concreto. Como resultado, podem ocorrer fissuras e
desplacamento do material, comprometendo a integridade estrutural das construções. Portanto, a
prevenção da corrosão por cloreto é crucial para garantir a durabilidade e segurança das estruturas de
concreto armado.
a) Fissuras
Além disso, Botelho (2016) cita a fissuração da armadura como outra patologia comum. A fissuração ocorre
quando o concreto é submetido a uma tensão de tração, que excede sua capacidade de resistência. A tensão
de tração pode ser causada por cargas externas, como cargas de vento, cargas de tráfego ou cargas térmicas,
Patologia das Construções
ou por movimentos do solo, tais como retração ou expansão. A fissuração pode comprometer a integridade
estrutural do concreto e permitir a penetração de umidade e de agentes agressivos na armadura.
Quando ocorre a redução do PH do concreto para níveis próximos de 8, e associado a isso, a penetração de
umidade, seja por capilaridade ou excesso de tensões no concreto, o processo de corrosão de inicia, o aço
expande e pode aumentar o seu volume original em até 10x, gerando a disgregação do concreto. (Sagave,
2024)
b) Carbonatação
Alonso (1986), cita que a corrosão através da carbonatação, está relacionado com o concreto úmido,
isto é, em ambientes interinos e secos não se produz danos por corrosão, mesmo que o cobrimento do
concreto esteja carbonatado. Já para Claisse (1999), a decorrência de carbonatação para propriedades
eletroquímicas está relacionada com o aumento da resistência ôhmica decorrente a redução na concentração
de íons, onde são os principais transportadores de cargas no cimento hidratado.
Evidencia-se que são duas formas, sendo um deles com dois métodos pertinentes para reestabelecer
a alcalinidade do concreto (Araujo, 2009):
- Realcalinização química, através da absorção e difusão de uma solução alcalina de modo que a ação seja
capilarmente e por meio de forças hidráulicas.
- Realcalinização eletroquímica, utilizando correntes elétricas formando um campo, este método se subdivide
em produção de íons hidroxila, através da reação catódica da superfície e o outro através do fluxo eletro-
osmótico transportando a solução alcalina pelos poros capilares.
c) Umidade
Valença (2016), sita que a condição do ambiente resulta em alguns danos para a estrutura, onde a
agressividade do mesmo pode desencadear a deterioração da estrutura de concreto. Como por exemplo nos
ambientes marinhos, água contaminada e entre outros, estes resultam em perdas da resistência e vida útil
da estrutura, pois está ligado diretamente a sua capacidade de resistir ao ambiente que está inserido. Nestas
áreas, observa-se uma maior concentração de cloretos e sulfatos que contribuem para a aceleração do
processo de corrosão das armações. Outro ambiente que se enquadra nesta classificação são as zonas
industriais, contaminadas por gases e cinzas que podem acelerar bastante o sistema corrosivo. NEVILLE sita
que, em locais que apresentam uma grande concentração de umidade por longos períodos ocorrendo uma
hidratação prolongada secando apenas superficialmente, a falta desta ocasiona efeitos patológicos, tais
como a carbonatação interna do concreto ocorrendo microestruturas que facilitam a precipitação de dióxido
de carbono. Um concreto de alta qualidade auxiliara uma maior proteção contra a corrosão, sendo este
possuinte de uma baixa relação água/cimento retardará a difusão de cloretos, dióxido de carbono e oxigênio,
além de dificultar a entrada de umidade e agentes agressivos para o interior do concreto.
Patologia das Construções
d) Qualidade do concreto
O concreto deve ter uma resistência mínima conforme as Classes de Agressividade Ambiental (CAA) –
ABNT NBR 6118/2014 e solicitação do projetista. O concreto deve ser desenvolvido respeitando a resistência
desejada, cobrimento, execusão, materiais corretos e de qualidade que não possuam a cloretos e sulfatos na
sua composição. Qualquer falha na execução do concreto e no controle da qualidade podem comprometer a
durabilidade da estrutura, deixá-lo mais suscetível a fissuração, aumento da sua permeabilidade e porosidade,
comprometendo a integridade do concreto e deixando as condições favoráveis para a corrosão. (Jéssica
Christine Gonçalves de Oliveira e Erick Gorito da Silva, 2011)
e) Águas ácidas
Para Dutra e Maia ( 2015) o ambiente terrestre é naturalmente oxidativo , onde existe em abundância
oxigênio e água, na qual espontaneamente , na presença de diferença de potencial, inicia-se o processo de
corrosão. Entende-se também que em ambientes altamente poluídos existe uma grande quantidade de CO2
na atmosfera, gerando a chuva ácida que possui PH menor que 7, gerada pela presença de ácido carbônico
(formado pela reação entre o gás carbônico e a água: CO2 + H2O → H2CO3), neste momento a camada
passivadora do concreto já foi rompida, gerando sérios riscos de deterioração do aço.
Neste caso a corrosão gerada será do tipo generalizada, entretanto devido a presente em excesso de
oxigênio, em alguns casos pode ocorrer a corrosão localizada sob depósito; e em ambientes contendo CO2
pode ser observado a evolução de uma corrosão sob tensão por carbonato. (Santini,sd)
f) Sulfatos
Geralmente, a agressividade do ataque está ligada ao teor de sulfatos no solo e na água em contato com o
concreto e às características desse concreto. Aumentando o teor de sulfatos, aumenta a agressividade do
meio, e quando estão dissolvidos em água, esses íons se tornam mais agressivos). O ataque por sulfato ao
concreto provoca reações entre o agente agressor e o composto do material cimentício. Esse ataque ocorre
devido à três fatores: penetração dos íons sulfato na matriz do cimento, reação dos sulfatos com o hidróxido
de cálcio, formando gesso; e na reação do gesso com os aluminatos, resultando em compostos expansivos,
como a etringita. (RIBEIRO, 2014)
Sabe-se que as armaduras em estruturas de concreto, encontra-se resguardada no interior pela camada de
cobrimento ou quimicamente pela reação do hidróxido de cálcio, este que está em contato com a camada
superficial de oxido presente nas barras, conhecida pela camada passivadora (Ramachan e Beaudoin, 2021). A
camada passivadora é uma fina película que possui cerca de 4 nm até 10 nm (wolynec, 2003 e Hartt et al,
2004), este protege o aço da corrosão e já o concreto preserva sua qualidade mantendo o ph ideal acima de 9
(Maia, 2015).
Diante da breve explicação feita anteriormente, evidenciamos a seguir um estudo de Bohni (2005),
fala-se que problemas decorrentes da corrosão através da carbonatação pode ser evitado pelo cobrimento
Patologia das Construções
Barreiras de proteção
Para Pierre R. Roberge a criação de barreiras física ou química entre o aço e o meio corrosivo de proteção
desenham um papel importante para evitar a corrosão. Ele esclarece que a barreira pode ser criada por vários
métodos, como tintas, vernizes, filme ou polímeros. Esses revestimentos formam uma camada sobre o aço
impedindo ou evitando que o mesmo entre em contato direto com o oxigênio, íons, umidade ou em contato
com outro metal. Roberge também destaca a importância da escolha adequada do matéria para a barreira de
proteção, levando em conta os fatores específicos da aplicação e exposição para garantir a adesão, resistência
e durabilidade.
Inibidores
São compostos químicos que retardam o início do processo de corrosão quando adicionado ao meio
corrosivo, em pequenas quantidades e a sua eficácia está ligada adsorção, do qual o composto fica
retido na superfície do aço. Também está classe da passivação, é capaz da passivar o metal, formando
uma camada passiva sobre a sua superfície, tornando-o menos suscetível à corrosão, retardam o início
do processo de corrosão quando adicionado ao meio corrosivo. (Dolabella, 2016).
Esses inibidores apresentam dificuldade ao serem usados em concretos, pois os sulfatos favorecem a
formação de sais expansivos que provocam tensões e trincas internas no concreto.
Galvanização
Antes da concretagem o aço pode passar pela galvanização, onde é usado outro metal, chamado de
metal de sacrifício para proteger o aço, por exemplo o zinco, que é mais reativo. Para realizar o processo
o aço precisa ser preparado para receber o metal de sacrifício com a adesão adequada,depois passa
pela galvanização a quente ou a frio e devem passar por um controle de qualidade. (GENTIL, 2003).
Proteção catódica
Através do fluxo de corrente elétrica contínua aplicada diretamente no aço, através força eletromotriz
de uma fonte geradora da corrente elétrica necessária para à proteção da do metal. (GENTIL, 2003).
Patologia das Construções
Concretos de alto desempenho, apresentam menos poros, pois possui uma quantidade de vazios
consideravelmente menor quando aumenta a resistência do concreto, além de apresentar maior
durabilidade, redução do risco de fissuração e Ph mais alto, que auxiliam no aumento da proteção do
aço. (GENTIL, 2003).
Sim, pois a água do mar tem diversos minerais, como o cloreto e os sulfatos, que são responsáveis por
boa parte da corrosão em regiões costeiras.
Corrosão por íons cloreto: Os cloretos podem entrar no concreto de várias maneiras. Em ambientes
marinhos, eles principalmente entram através da água do mar ou por ventos que carregam sais. Outras
fontes incluem agregados de locais anteriormente cobertos pelo mar, aditivos com CaCl2, ambientes
industriais e materiais de limpeza com HCl. Nas zonas de respingos marinhos, a água do mar é absorvida
pelo concreto, permitindo a penetração dos cloretos pelos poros e vasos capilares. Isso leva à sua
difusão e acumulação na superfície durante os ciclos de umidade e secagem, aumentando o risco de
corrosão (LIMA, 2016).
Corrosão por sulfatos: A corrosão por sulfato através da água do mar ocorre quando íons sulfato
presentes na água reagem com o concreto ou com materiais metálicos, resultando na formação de
compostos expansivos, como etringita e gipsita. Esses compostos podem causar fissuras e
desintegração do material, levando à corrosão e enfraquecimento das estruturas. A água do mar, devido
à sua alta concentração de íons sulfato e cloreto, é particularmente corrosiva para estruturas metálicas.
Fatores como temperatura, pH e concentração de íons na água do mar influenciam a velocidade e a
severidade da corrosão por sulfato (Ostroski, 2019).
Patologia das Construções
REFERENCIAS
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