Roteiro de Aulas - 2024

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

PSICOLOGIA GERAL

Texto elaborado pela Prof.ª Raquel


Mendes Carrer de Castro em atendimento
aos alunos da disciplina Psicologia Geral
ministrada no Seminário Teológico
Presbiteriano Rev. José Manoel da
Conceição.

São Paulo, Fevereiro de 2024


2
PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

I – INTRODUÇÃO

1- DEFINIÇÃO: Etimologicamente “Psicologia” vem do grego PSYCHE


(que significa alma) e LOGOS (que significa estudo). Portanto, no sentido
etimológico, Psicologia é o estudo da alma.

2- SENTIDO CIENTÍFICO – Atualmente aceitamos o sentido científico


onde Psicologia é ciência que estuda a mente:
1. Em seus processos internos (psíquicos) –
• Sentimentos (alegria, tristeza, culpa, cólera, medo, orgulho, vergonha,
satisfação, infelicidade, amor, ódio...)
• Pensamentos
• Razões
• Inconsciente
2. Em seus processos externos –
• Comportamento do ser humano e do animal

3- COMPORTAMENTO
Em relação ao comportamento, o psicólogo procura compreender, predizer e
até modificá-lo quando necessário e possível.
Definimos como comportamento a tentativa de satisfazer alguma
necessidade; a reação à frustração de uma necessidade; a resposta a um estímulo
ou o ato resultante de uma interação entre forças internas e externas.
O estudo do comportamento é algo bastante complexo e desafiador, pois
cada pessoa é única, agindo e reagindo de forma própria.
3
PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

II – PSICOLOGIA E HISTÓRIA

As especulações sobre a alma surgiram desde a mais remota antiguidade.

1. Aristóteles1, célebre filósofo da Grécia antiga, é, geralmente,


considerado o fundador da Psicologia. Ele procurou explicar as causas do
movimento dos corpos e da discriminação feita pelos organismos.
Apesar da época e do tempo que nos separa do pensamento aristotélico,
muitas categorias do comportamento descritas por Aristóteles ainda são encontradas
nos livros de Psicologia: percepção dos sentidos (olfato, visão, audição, etc.),
pensamento simples e complexo, apetite, memória, sono, sonho, etc. Na realidade,
ele estava preocupado em explicar as várias atividades do indivíduo.
Outra contribuição importante trazida por Aristóteles foi o início da
sistematização e o uso da observação.
Todavia, durante toda a antiguidade, a “psyche” para os gregos era a
verdadeira essência do organismo, era a causa e o princípio da vida, era a alma.
(PSYCHE = ALMA)
2. Agostinho e Tomás de Aquino – Na Era Cristã e início da Idade Média,
surge o dualismo mente x alma. Os dois grandes representantes deste período são:

1
“Aristóteles: Filósofo grego (384 a.C.-322 a.C.). Considerado o fundador da lógica, sua obra tem grande
influência na teologia cristã na Idade Média. Nasce em Estagira, antiga Macedônia, atual província da Grécia.
Muda-se para Atenas aos 17 anos, onde permanece como discípulo de Platão por 20 anos. Após a morte de
Platão, passa três anos em Assos, na Ásia Menor, e muda-se para a ilha de Lesbos. Em 343 a.C., é chamado para
ser professor de Alexandre, o Grande, da Macedônia. Quando este assume o trono, volta a Atenas e, em 335 a.C.,
organiza sua própria escola, o Liceu, voltada para a pesquisa das ciências naturais. Aristóteles desenvolve aí um
sistema filosófico baseado em uma concepção rigorosa do Universo. De orientação realista, defende a busca da
realidade pela experiência. Para ele, deve-se procurar o conhecimento por meio do "intelecto ativo", como
denomina a inteligência. Todas as suas obras se perderam, salvo Constituição de Atenas. O pensamento
aristotélico foi preservado por seus discípulos e atinge várias áreas do conhecimento, como lógica, ética, política,
teologia, metafísica, poética, retórica, antropologia, psicologia, física e biologia. Seus escritos lógicos estão
reunidos no livro Organon. Morre em Cálcis, na ilha de Eubéia, na Grécia.” (Almanaque Abril, CD-Rom,
Editora Abril, 6a. Edição, 1999)
4
PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

Agostinho (354-430) e Tomás de Aquino (1225-1274). Os filósofos deveriam dar


ênfase aos aspectos mentais, enquanto que os teólogos se preocupariam com a
alma. Portanto, PSYCHE passou a ser a MENTE. O problema das relações entre
mente e corpo, entre os fenômenos físicos e mentais, continuou insolúvel até o fim
da Idade Média.

3. René Descartes2, observando o movimento das figuras do Palácio de


Versalhes, aponta um dos elementos extremamente importantes para a explicação
do comportamento: o estímulo ambiental.
“Ele também sugeriu a diferença entre matéria e espírito. Nos séculos
anteriores ao que Descartes postulou o dualismo mente-corpo, a
igreja, que era a detentora do poder, considerava o corpo como
sendo sagrado, por ser a sede da alma, não sendo permitindo que
este fosse estudado após a morte. Ele, cristão convicto da existência
de Deus, ao afirmar que o corpo é constituído de substância material
e desprovido de espírito, deu uma importante contribuição para o
avanço da anatomia, tornando possível o estudo do corpo humano
após a morte”3

Afirmou que ambos eram substâncias: a matéria ou corpo tinha extensão,


tomava lugar no espaço e era perceptível. O espírito era a substância do
pensamento, sem extensão, cuja essência era a consciência. Essa consciência só
podia ser estudada introspectivamente, somente o observador poderia examinar-se
a si mesmo. Neste momento, PSYCHE = CONSCIÊNCIA.

4. Robert Whytt – Em 1750, Robert Whytt redescobriu e expandiu


experimentalmente o princípio do estímulo de Descartes. Ele foi capaz de
estabelecer uma relação entre dois eventos separados: um estímulo ambiental (S)

2
“René Descartes: Filósofo e matemático francês (31/3/1596-1/2/1650). Nasce em Haye, atual Descartes. Em
1616 forma-se em direito pela Universidade de Poitiers. Dois anos depois, ingressa no Exército do príncipe de
Orange, na Holanda, onde toma contato com as últimas descobertas da matemática. Aos 22 anos, começa a
formular sua geometria analítica e seu "método de raciocinar corretamente". Rompe com a filosofia aristotélica
em 1619 e propõe uma ciência unitária e universal, lançando as bases do método científico moderno. Sua
principal obra é Discurso do Método (1637), na qual apresenta a premissa de seu método de raciocínio - "Penso,
logo existo!" Nessa obra expõe as quatro regras para chegar ao conhecimento: nada é verdadeiro até ser
reconhecido como tal; os problemas precisam ser analisados e resolvidos sistematicamente; as considerações
devem partir do mais simples para o mais complexo; e o processo deve ser revisto do começo ao fim, para que
nada importante seja omitido. Escreve ainda Meditações da Filosofia Primeira (1641) e Princípios de Filosofia
(1644). Em 1649, vai trabalhar como instrutor da rainha Cristina na Suécia. Morre de pneumonia no ano
seguinte, em Estocolmo.” (Almanaque Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a. Edição, 1999).
3
in Samuel Costa, Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho, Rio de Janeiro, 2002.
5
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ou qualquer força que provoque atividade do organismo e uma conseqüente reação


do organismo (R) ou qualquer atividade provocada por um estímulo. (S-R do inglês
Stimuli-Respond).

Exemplo: S ----------- R
Luz ---------- Contração da pupila

A partir daí, a ação reflexa foi estudada por muitos pensadores e o conceito
de estímulo adquiriu uma força cada vez maior na explicação do comportamento.

5. Ivan Pavlov – No final do século XIX o fisiologista russo Ivan Pavlov 4 fez
importantes descobertas sobre reflexo condicionado. Seus estudos contribuíram
para a evolução da ciência psicológica pois demonstravam experimentalmente como
os reflexos condicionados eram adquiridos, como poderiam ser removidos e quais
energias do ambiente eram efetivas na sua produção.

6. Wilhelm Wundt – Em 1879 o médico Wilhelm Wundt5, filho de um pastor


luterano, cria o primeiro laboratório de Psicologia Experimental em Leipzig, na

4
“Ivan Pavlov: Fisiologista e médico russo (26/9/1849-27/2/1936). É o criador da teoria dos reflexos
condicionados. Nascido em Riazan, Ivan Petrovitch Pavlov estuda Química e Fisiologia na Universidade de São
Petersburgo. Graduando-se em 1879 pela Academia de Cirurgia e Medicina, faz estágio na Alemanha com os
fisiologistas Karl Ludwig e Rudolf Heidenhain. De volta a São Petersburgo em 1890, é nomeado catedrático de
Farmacologia na Academia Militar de Medicina e, no ano seguinte, cria o Instituto Experimental de Medicina,
primeiro departamento de cirurgia dentro de um laboratório de fisiologia. Em 1903, apresenta no congresso
mundial de medicina realizado em Madri a teoria dos reflexos físicos provocados artificialmente, portanto
condicionados. A teoria é resultado de estudos da salivação em um cão induzida por agentes externos (som, luz,
tato, olfato etc.). No ano seguinte, ganha o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. Em 1909, baseado na teoria
da evolução das espécies, explica a possível transformação dos reflexos condicionados ou adquiridos em reflexos
incondicionados e, conseqüentemente, hereditários. Morre em São Petersburgo, então Leningrado” (Almanaque
Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a. Edição, 1999)
5
“Wilhelm Wundt (1832-1920). O fundador de psicologia experimental foi o filósofo alemão, fisiólogo, e
psicólogo Wilhelm Wundt. Ele considerou a descrição dos conteúdos de consciência como o problema de
psicologia científica. Nasceu em Neckarau, Alemanha, no dia 16 de agosto de 1832. Ganhou o doutorado na
área médica na Universidade de Heidelberg em 1856. O seu primeiro livro foi intitulado “Estudo de
Movimentos Musculares” , e a primeira parte de “Contribuições para a Teoria de Senso” foram publicados em
1858. Ele tomou conta de um curso de laboratório em fisiologia orientado por von Hermann Helmholtz (1858-
1864). Foi durante esse período que ele ofereceu o primeiro curso em psicologia científica. Baseado no curso, ele
publicou em 1863 ”Conferências na Mente de Humanos e Animais”. Depois que ele foi indicado como
sucessor de Helmholtz, Wundt escreveu “Fundamentos de Psicologia Fisiológica” (1873-74) Assim ganhou
posição na faculdade da Universidade de Zurique. Um ano depois ele foi para a Universidade de Leipzig como
professor de filosofia, permanecendo lá até sua aposentadoria em 1917. Em Leipzig ele estabeleceu o primeiro
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Alemanha marcando o nascimento da Psicologia como ciência. Neste laboratório,


ele procurava estudar os sentimentos, pensamentos e sensações das pessoas
utilizando o método introspectivo caracterizado por um exame dos processos
conscientes do organismo em experiência. Na realidade, já nessa época, Wundt
estava estudando o comportamento. (PSYCHE = COMPORTAMENTO)
Ana Mercês Bahia Bock e seus colaboradores, em seu livro Psicologias: uma
Introdução ao Estudo de Psicologia referem:
“[...] Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos
Estados Unidos que ela encontra campo para um rápido
crescimento... É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas
em Psicologia: Funcionalismo, Estruturalismo e Associacionismo”.

7. William James – O Funcionalismo, de William James (1842-1910), é


considerado a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos
em Psicologia... Para essa escola, importa responder “o que fazem os homens” e
“por que o fazem”. Para responder isso, W. James elege a consciência como o
centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na
medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.

8. Edward Titchener – O Estruturalismo, defendido por Edward Titchener


vai estudar a consciência em seus aspectos estruturais, isto é, os estados
elementares da consciência como estrutura do sistema nervoso central. Esta escola
foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchener, seguidor de Wundt, quem usou o termo
estruturalismo pela primeira vez... O método de observação é o introspeccionismo, e
os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é,
produzidos a partir do laboratório.

9. Edward Thorndike – O principal representante do Associacionismo é


Edward Thorndike, e sua importância está em ter sido o formulador de uma primeira
teoria de aprendizagem em Psicologia..... O termo associacionismo origina-se da
concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das idéias

laboratório psicológico. O seu primeiro diário dedicou à psicologia. Os livros posteriores dele incluíram
“Esboços de Psicologia” (1896), “Psicologia Étnica” (1900-20) e “Introdução à Psicologia” (1911). Morreu
perto de Leipzig no dia 31 de agosto de 1920.” (Almanaque Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a. Edição, 1999)
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– das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo


complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as idéias mais simples, que
estariam associadas àquele conteúdo.
Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a
psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um
organismo vivo (um homem, um pombo, um rato, etc.) tende a se repetir, se nós
recompensarmos (efeito) o organismo assim que este emitir o comportamento. Por
outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado
(efeito) após sua ocorrência. E, pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas
informações com outras semelhantes. Por exemplo: se, ao apertarmos um dos
botões do rádio, formos “premiados” com música, em outras oportunidades
apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos esta aprendizagem para
outros aparelhos, como toca-discos, gravadores, etc...”
No século XX, as três escolas foram substituídas por várias tendências
teóricas, cujas mais importantes são: O Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.
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III – AS PRINCIPAIS CORRENTES

Ana Mercês Bahia Bock, Psicologias, uma Introdução ao Estudo de


Psicologia, capítulo três:

1. BEHAVIORISMO – Também chamada de Teoria S-R (do inglês Stimuli-


Respond).
1.1. Watson e Skinner - Essa teoria nasce com Watson6 nos estados
Unidos e define Psicologia como a ciência do comportamento. O mais importante
dos behavioristas que sucedem Watson foi B.F. Skinner7, que formula a idéia de

6
“John Broadus Watson: Psicólogo norte-americano nascido em 1878 e falecido em 1958. É considerado o
fundador do behaviorismo. Na sua juventude tivera oportunidade de observar os notáveis progressos
experimentados pela psicologia animal, desde o estudo dos micro-organismos aos seres mais complexos. Em
1907 iniciaram-se os primeiros trabalhos de Watson em direção a uma psicologia humana objetiva e comparada.
Foi em 1912, na Universidade de Columbia que, pela primeira vez teve a oportunidade de expor
sistematicamente a sua psicologia behaviorista. Durante um ano, a partir de 1916, voltou-se aos estudos das
reações dos recém-nascidos. Realizou pesquisas experimentais sobre a origem da linguagem. Asseverou que as
crianças aprendem a falar de maneira análoga a que os animais aprendem a sair do labirinto. Em resumo, o
trabalho de Watson consistia em basear suas concepções psicológicas em fundamentos biológicos, levando-o a
contrapor-se ao autocontrole como método válido em psicologia. Foi professor nas Universidades de Chicago e
de John Hoppkins. Publicou várias obras.” (Almanaque Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a. Edição, 1999)

7
“Burrhus Frederic Skinner: Psicólogo norte-americano (20/3/1904-18/8/1990), nascido, em Susquehanna.
Importante expoente do Behaviorismo. Estuda em Harvard, onde se torna pesquisador, de 1931 a 1936, e da
Universidade de Minnesota. Interessa-se pelos trabalhos da teoria dos reflexos condicionados de Ivan Pavlov,
pelos artigos de Bertrand Russell e pelas idéias de John B. Watson, o fundador do Behaviorismo. Em 1938,
escreve “The Behaviour of Organisms”. Torna-se professor da Universidade de Indiana, entre 1945 e 1948, onde
ganha notoriedade pela invenção do Air-Crib, uma caixa ar-condicionado livre de germes, com a finalidade de
fornecer um ambiente favorável ao crescimento de crianças durante os dois primeiros anos de vida. Escreve
Walden II: uma sociedade do futuro (1948), novela sobre a vida numa comunidade utópica, modelo de seus
próprios princípios de engenharia social. Como professor de psicologia da Universidade de Harvard, a partir de
1948, treina animais em laboratórios para”. obter determinados comportamentos e formula os princípios do
aprendizado programado. Inventa a “Caixa de Skinner”, para mostrar como as drogas influenciam o
comportamento animal. Escreve Ciência e comportamento humano (1953), Comportamento verbal (1957), A
análise do comportamento (com J. G. Holland, 1961), Tecnologia de ensino (1968), Entre a liberdade e a
dignidade (1971) e sua autobiografia, dividida em três partes: “Particulars of My Life” (1976), “The Shaping of a
Behaviourist’ (1979) e “A Matter of Consequences” (1983). Publica, também, “Recent Issues in the Analysis of
Behaviour” (1989). Morre em Cambridge, Massachussets.” (tradução de COMPTON’S INTERACTIVE
ENCYCLOPEDIA, CD-ROM, versão 4.2, Compton’s NewMedia Inc., USA, Edição de 1996.)
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comportamento operante. Ele mostrou que é possível modelar o comportamento de


um animal. Trata-se de uma forma de adaptação, ou de aprendizagem, o organismo
emitindo determinada resposta ou forma de comportamento. O processo de
condicionamento operante depende da atuação do organismo sobre o ambiente. O
comportamento passa a ser modelado, trabalhado num ou em outro sentido,
mediante reforços. Os estudos sobre condicionamento operante situam-se na
posição denominada Behaviorismo, que consiste em considerar o comportamento, e
apenas este, como objeto da psicologia.

1.2. Caixa de Skinner – Skinner fez estudos com ratos albinos e


construiu a famosa “Caixa de Skinner”. Experiência: Ele colocou um rato faminto
dentro da “caixa de Skinner”. O rato começou explorar o ambiente, e, por acaso,
tocou na barra, caindo uma bolota de alimento que ele logo comeu. Procurou um
novo resultado e acertou outra vez. Logo aprendeu, e, com a patinha, passou a
pressionar a barra para receber o alimento. Nesta experiência o alimento serviu
como reforço para o comportamento de pressionar a barra.

1.3. Reforço – Reforço é toda consequência que, seguindo uma


resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência desta resposta. O reforço pode
ser positivo ou negativo.
• Reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade
futura da resposta que o produz.
• Reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade
futura da resposta que o remove. No reforçamento negativo temos a esquiva e a
fuga.

1.4. Esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos estão


separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o indivíduo execute
um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo
estímulo.
Exemplo: Sabemos que o relâmpago (primeiro estímulo) precede o
raio (segundo estímulo, que é aversivo). Então, quando vemos o relâmpago,
cobrimos os ouvidos para reduzir o barulho do raio.
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1.5. Fuga – Na fuga, o comportamento reforçado é aquele que termina


com um estímulo aversivo já em andamento. No nosso exemplo, somente após o
início do barulho dos raios, é que a pessoa cobre os ouvidos.
Tanto a esquiva quanto a fuga reduzem ou evitam os estímulos aversivos,
mas em processos diferentes.

Outros processos foram desenvolvidos pelo behaviorismo:

1.6. Extinção – É um procedimento no qual uma resposta deixa


abruptamente de ser reforçada. Como consequência, a resposta diminuirá de
freqüência e até mesmo poderá deixar de ser emitida. O tempo necessário para que
a resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço
envolvido.
Exemplo: quando você está investindo no relacionamento com uma
menina e ela pára de atender as suas ligações. Com o tempo, você vai parar de ligar
para ela.

1.7. Punição – É a apresentação de um estímulo aversivo como


consequência de uma resposta. A supressão do comportamento punido só é
definitiva se a punição for extremamente intensa, isso porque as razões que levam à
ação – que se pune – não são alteradas com a punição. Em outras palavras, punir
as ações leva à supressão temporária da resposta, sem, contudo, alterar a
motivação.

1.8. A aplicação do Behaviorismo – O condicionamento operante em


que o sujeito emite voluntariamente determinada resposta é responsável pela maior
parte dos comportamentos humanos.
É provável que falar a nossa língua seja a habilidade mais importante que
aprendemos através de condicionamento operante. O balbucio é um comportamento
universal, pois todos os bebês balbuciam da mesma forma. A partir do impacto que o
som faz no meio onde o bebê vive, ele sente-se reforçado e passa a pronunciar
corretamente as palavras. Aprender o emprego das palavras é a base para
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praticamente toda aprendizagem formal que se dá na escola e também para grande


parte da aprendizagem que ocorre no dia a dia.

Na Educação podemos citar os métodos de ensino programado, o controle e


a organização de situações de aprendizagem e a elaboração de uma tecnologia de
ensino.
No trabalho com crianças especiais, no treinamento de empresas, na
publicidade, no aprendizado de um instrumento, etc, também podemos constatar a
utilidade do behaviorismo.
A partir do behaviorismo surge a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),,
com Aaron Beck e Albert Elis. Essa linha defende que o comportamento é resultante
das cognições, das crenças que o sujeito possui de si mesmo e do mundo que o
cerca. É a linha mais indicada para o tratamento de depressões, TOC, fobias,
distúrbio do pânico, ansiedade, etc.

2. GESTALT – Gestalt é uma palavra de origem alemã, que quer dizer forma
ou configuração. Nasce na Europa, surgindo como uma negação da fragmentação
das ações e processos humanos defendendo a necessidade de se compreender o
homem como um todo, com seus fatos psíquicos, conduta e personalidade.

2.1. Lema – O lema da Gestalt é: “o todo é mais importante que a soma


de suas partes.” Seus defensores são: Max Wertheimer, Wolfang Kohler e Kurt
Kofeka que iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento,
baseados em estudos psicofísicos.

2.2. Visão – Na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser


estudado nos seus aspectos mais globais, levando em conta as condições que
alteram a percepção do estímulo. A maneira como percebemos determinado
estímulo, e não apenas o estímulo em si, irá desencadear nosso comportamento.
2.3. Percepção – Enquanto o behaviorismo estuda o comportamento
através da relação estímulo-resposta, a gestalt enfoca o processo de percepção.
Estudaremos os limiares de sensação em capítulo posterior.
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2.4. Insight - A gestalt também introduz o termo insight: que significa a


compreensão súbita de uma situação ou a solução de um problema sem que tenha
havido um processo gradual. Também pode ser definido como o processo através
do qual as coisas parecem ficar esclarecidas de repente, de forma brusca. É a
famosa experiência do “Ah!”.

3. PSICANÁLISE – Na Áustria surge Freud8, médico neurologista, criador da


psicanálise. Ele recupera para a psicologia a importância da afetividade.

3.1. Freud e Charcot – Sob a influência de Charcot, psiquiatra francês,


utilizou o método da hipnose para tratar de seus pacientes. Posteriormente passou a
utilizar o método catártico.

3.2. Os sonhos – Freud perguntava-se: qual poderia ser a causa de os


pacientes esquecerem tantos fatos de sua vida interior e exterior? Acompanhando
inúmeros pacientes, Freud chega à conclusão da existência de um inconsciente,
onde estariam armazenadas inúmeras experiências em forma de impulsos hostis e
destrutivos: desejos proibidos, pensamentos não controlados e reprimidos, que
poderão vir ao nível consciente e serem tratados de maneira racional, a fim de livrar
o paciente da ansiedade excessiva. Esse inconsciente se revela através dos sonhos,
atos falhos, chistes, somatizações, associação livre, etc. Ele destaca que o que se
encontra no indivíduo não se encontra por acaso, pois tudo teria um significado.
Em 1900, no livro A Interpretação dos Sonhos, Freud apresenta a primeira
concepção sobre a estrutura e funcionamento da personalidade. Ele fala de
inconsciente, pré-consciente e consciente.

8
“Sigmund Freud: Neurologista e psiquiatra austríaco, fundador da Psicanálise (6/5/1856-23/9/1939). Nascido
em Freiburg, na Morávia, estuda medicina em Viena. Em 1885 vai a Paris, onde se dedica ao estudo da histeria e
do uso da hipnose no tratamento de distúrbios mentais. Em 1886, de volta a Viena, passa a procurar explicações
psicológicas para as desordens mentais, estudo que chama de psicanálise. Em Estudos sobre Histeria (1895)
descreve os sintomas da doença como manifestação de energia emocional não-descarregada, associada a traumas
psíquicos esquecidos. Substitui a hipnose pela análise dos sonhos e pela associação de idéias para revelar o
processo mental inconsciente na raiz do distúrbio. Ao afirmar a influência do inconsciente sobre as ações
humanas e a ligação dos impulsos sexuais com as neuroses, ganha a oposição dos meios científicos. Em 1903
funda a Sociedade Psicanalítica de Viena. Após a I Guerra Mundial usa suas teorias para interpretar a cultura, a
mitologia, a religião, a arte e a história. Judeu, foge para a Inglaterra quando os alemães ocupam a Áustria, em
1938. Morre em Londres no ano seguinte.” (Almanaque Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a. Edição, 1999)
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3.3. Os conceitos de Freud – Ele foi o primeiro a estudar a sexualidade


infantil e propôs o conceito de libido, que “é a energia dos instintos sexuais, e só
deles.” Postulou as fases do desenvolvimento sexual em: fase oral, fase anal, fase
fálica (período onde ocorre o Complexo de Édipo), período de latência (que se
prolonga até a puberdade) e fase genital. Em 1920, Freud formula a segunda teoria
do aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego.
O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se localizam as
pulsões: a de vida e a de morte. É regido pelo princípio do prazer e refere-se ao
inconsciente.
O superego origina-se com o Complexo de Édipo, a partir das internalizações
das proibições, dos limites e da autoridade. A moral e os ideais são função do
superego. Seu conteúdo refere-se às exigências sociais e culturais.
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id e as
“ordens” do superego. É regido pelo princípio da realidade.
Tanto o ego como o superego possuem aspectos conscientes e
inconscientes.

3.4. Aplicações da Psicanálise – A característica principal do trabalho


psicanalítico é o deciframento do inconsciente e a integração de seus conteúdos na
consciência.
A finalidade deste trabalho investigativo é o autoconhecimento, que possibilita
lidar com o sofrimento, criar mecanismos de superação das dificuldades, dos
conflitos e dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma,
criativa e gratificante de cada indivíduo, dos grupos e das instituições.
Os psicanalistas também estão voltados para as áreas de pesquisa e
produção de conhecimento que possam ser úteis na compreensão de fenômenos
sociais graves como o aumento do envolvimento do adolescente com a
criminalidade ,o surgimento de novas formas de sofrimento produzidas pelo modo de
existência do mundo contemporâneo, o uso (e abuso) de drogas, a anorexia, a
excessiva medicalização do sofrimento, a sexualização da infância, etc.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

4. LINHAS DE TRABALHO DA PSICOLOGIA – A Psicologia possui várias


linhas de trabalho. Cada qual aborda o ser humano com o seu enfoque específico,
porém todas buscam fazer com que o homem viva mais feliz e mais satisfeito
consigo mesmo. Na realidade, o principal objetivo da Psicologia é a promoção de
saúde que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é “o estado de bem-
estar físico, mental e social”.
Note bem: O objetivo da Psicologia não é a salvação da alma, mas é fazer
com que o homem viva melhor consigo mesmo e com os outros.
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IV – OS MÉTODOS DA PSICOLOGIA

1. INTROSPECÇÃO – A introspecção é o método mais antigo, tipicamente


psicológico. É a observação interior. O indivíduo observa suas próprias experiências:
emoções, interesses, recordações, etc, e as relata. É subjetivo.
• Introspecção assistemática - A introspecção pode ser feita de forma
assistemática onde o indivíduo relata suas experiências espontaneamente, como por
exemplo, numa autobiografia, livro de memórias, etc.
• Introspecção sistemática - Pode também ser feita de forma
sistemática, quando o indivíduo é solicitado a refletir sobre suas experiências e
verbalizá-las como, por exemplo, responder a um questionário.

2. EXTROSPECÇÃO – Outro método utilizado é a extrospecção que é uma


observação externa onde o psicólogo procura conhecer as reações do indivíduo, seu
modo de agir, suas expressões fisionômicas, suas expectativas, etc.
• Extrospecção Assistemática – A extrospecção pode ser
assistemática quando o psicólogo não interfere no comportamento da pessoa
observada, deixando-a agir de forma espontânea. Podemos citar como exemplo o
caso de um psicólogo que vai observar uma criança-problema na sua sala de aula
sem que ela saiba que está sendo observada. Outro exemplo prático é o caso do
registro cronológico de fatos ou o diário da vida infantil feito por pessoas que
convivem assiduamente com a criança. Neste diário ficam registrados datas,
mudança na alimentação, progresso no desenvolvimento físico e mental, etc. De
certa forma, todos nós fazemos observações externas de nossos semelhantes.
Podemos observar, por exemplo, a mudança de comportamento de um
recém-convertido: sua forma de vestir, seu discurso, suas preferências, seus
questionamentos, sua forma de manusear a Bíblia, etc.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

• Extrospecção Sistemática – A extrospecção também pode ser


sistemática ou experimental, cujas características são: preparo conveniente do
observador para que observe o que realmente se passa durante o experimento,
sendo imparcial, levantamento de uma hipótese de trabalho, coleta dos dados
utilizando meios objetivos, tratamento estatístico dos resultados fazendo
comparações, tirando conclusões e, finalmente, fazendo a generalização do
fenômeno em estudo. Podemos citar como exemplo o processo de orientação
profissional.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

V – ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

1. DIFERENÇA ENTRE PSICOLOGIA E PSIQUIATRIA:


A Psicologia é uma ciência da área de humanas.

1.1. A profissão de psicólogo – A profissão de Psicólogo foi


regulamentada no Brasil em 1962, com a Lei 4.119. Para exercer a função de
Psicólogo, a pessoa tem que completar o curso de graduação em Psicologia e ter o
seu registro no CRP (Conselho Regional de Psicologia) que é o órgão que
regulamenta e fiscaliza o exercício da profissão.

1.2. Função da psicologia e do psicólogo – A Psicologia busca a


compreensão dos processos de funcionamento do mundo psicológico, dedicando-se
ao estudo dos processos de aprendizagem, os condicionamentos, as relações
sociais, o mundo afetivo dos indivíduos, os problemas de ajustamento, etc.
O psicólogo tem a função de auxiliar seu paciente a lidar e a superar suas
demandas pessoais através do processo terapêutico. Ele pode acompanhar seu
paciente portador de doença mental, auxiliando-o a lidar com seus sintomas,
reconhecê-los e, na medida do possível, amenizá-los. Ele avalia e trata de
problemas de natureza mental, emocional e comportamental. O tratamento
psicológico é feito por sessões terapêuticas, geralmente semanais, utilizando-se
técnicas de alguma corrente psicológica: TCC, psicanálise, psicodrama ou outra. O
psicólogo não é adivinho, não lê a mente das pessoas e nem tem soluções para
todos os problemas da humanidade! Ele não pode induzir o paciente a convicções
de cunho político, ideológico, religioso nem orientação sexual.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

O psicólogo não pode medicar nem alterar a dosagem da medicação prescrita


pelo médico.( Nem o pastor pode fazer isso!!!!!)

1.3. A psiquiatria – A psiquiatria é o ramo da medicina que lida com a


prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das doenças
mentais, de cunho orgânico ou funcional como depressão, esquizofrenia, transtornos
da ansiedade, etc. Para isso, é necessária uma avaliação completa do doente, com
perspectivas biológica, psicológica e sociológica. Como médico, o psiquiatra está
apto a prescrever medicação ao paciente. Ele não pode NÃO pode prescrever
medicamentos controlados para familiares e amigos, não deve realizar atendimento
a membros de sua família, não deve se automedicar e nem pode quebrar a
confidencialidade médico-paciente

2. ÁREAS DA PSICOLOGIA – As técnicas psicológicas podem ser utilizadas


em inumeráveis áreas, sempre com o objetivo de promover a saúde. Cada vez mais
se expande o campo de atuação profissional para o psicólogo. Vejamos algumas
áreas mais comuns citadas9:

2.1. Psicologia clínica – responsável por atender pessoas que sofram


de problemas emocionais. Essas intervenções podem ser individuais, em grupos.
Em consultórios ou em instituições.

2.2. Psicologia educacional – responsável por ajudar pais, alunos e


professores a solucionar problemas de aprendizagem. Atuar na elaboração de
programas educacionais em creches e escolas.

2.3. Psicologia organizacional e do trabalho – responsável por


selecionar funcionários para empresas. Treinar e formar pessoal especialista em RH.
Promover relações sociais saudáveis entre os trabalhadores. Orientar carreiras e
colaborar nos programas de reestruturação do trabalho.

9
Citações do Jornal do Vestibular. São Paulo, 11/01/2011; e outros.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

2.4. Psicologia da religião – responsável por estudar os fenômenos


religiosos vivenciados pelo homem.

2.5. Psicologia jurídica – responsável por acompanhar processos de


adoção, violência contra menores e guarda de filhos. Também atua em presídios
fazendo avaliação psicológica de detentos.

2.6. Psicologia hospitalar – responsável por atender pacientes


hospitalizados e seus familiares.

2.7. Psicologia do trânsito – responsável por realizar avaliação


psicológica em condutores e futuros motoristas, desenvolver ações sócio-educativas
com pedestres e condutores infratores.

2.8. Psicologia esportiva – responsável por orientar atletas e prepará-


los emocionalmente para atividades esportivas e competições, além de promover
bom relacionamento entre a equipe.

2.9. Psicologia do marketing – responsável por estudar o


comportamento de determinado grupo de consumidores para orientar o marketing de
empresas privadas e agências de publicidade.

2.10. Psicologia da saúde – responsável, juntamente com outros


profissionais de saúde, como médicos e assistentes sociais, colaborar na assistência
à saúde, fortalecendo pacientes e familiares para a recuperação da saúde física e
mental. Exemplo: grupos de apoio.

2.11. Psicologia animal – responsável por estudar o comportamento e a


psique dos animais.

2.12. Psicologia social – responsável por elaborar programas e


pesquisas sobre a saúde mental da população e atuar em momentos de catástrofes.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

2.13. Orientação profissional – responsável por orientar estudantes na


escolha do curso e da profissão a seguir, bem como fazer a reorientação de carreira.
2.14. Magistério – responsável pelo ensino da psicologia no nível técnico
e universitário.

2.15. Pesquisa – responsável pela produção do conhecimento na área


da Psicologia.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

VI – ATIVIDADES SENSORIAIS

1- MECANISMO SENSORIAL:
Os órgãos dos sentidos são nosso ponto de contato com o ambiente: por
meio deles nos apercebemos do que se passa ao redor e no interior de nós.
Órgãos sensoriais ou receptores são partes localizadas no organismo dotadas
de elevado grau de sensibilidade para certo tipo especial de estímulo. Assim, os
órgãos da vista são especialmente apropriados para a recepção de estímulos sob a
forma de ondas luminosas; os órgãos do ouvido são especializados na recepção de
vibrações sonoras, e assim por diante.
Quanto ao número dos sentidos, permanece válida a divisão original de
Aristóteles: visão, audição, olfato, tato, e paladar. A vista é nosso sentido de maior
alcance: a olho nu enxergamos no firmamento estrelas que distam anos-luz da
Terra. Em seguida vem o sentido da audição, do olfato, do tato e, por último, do
paladar.
Cada um dos sentidos básicos pode ser subdividido em diversos sentidos
secundários. O tato, por exemplo, pode ser subdividido em pressão, dor, frio e calor.
A visão e a audição fornecem-nos a maior parte das informações de que
necessitamos sobre o ambiente. Cerca de 80% do nosso aprendizado vem através
da visão.
Possuímos, também, mais alguns sentidos específicos: sentido quinestésico
ou sensações musculares (peso, contração e relaxamento do músculo), cinestésico
ou sensações orgânicas (dor interior, cólicas) e sensação de equilíbrio ou
orientação: posição do corpo no espaço.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

2- LIMIARES DE SENSAÇÃO:
O organismo não é sensível a todas as partes da amplitude possível das
energias físicas. Algumas luzes são demasiadamente fracas para serem vistas,
alguns sons são muito baixos para serem ouvidos. Um assunto importante é a
determinação, na escala de intensidade, do ponto de estímulo físico que separa o
visível do não visível, o audível do não audível.

2.1. Limiar absoluto é a intensidade mínima de um estímulo físico


necessária para estimular o organismo. Este limiar absoluto assinala a diferença
entre o perceber e o não perceber.
Os limiares absolutos variam de pessoa para pessoa, e a capacidade de
perceber o estímulo pode variar na mesma pessoa dependendo de diversos fatores:
condições fisiológicas, psicológicas, hora do dia, experiências anteriores, etc. Por
exemplo, podemos citar a diferença da percepção sensorial da grávida.
Quanto mais alto o limiar absoluto de uma pessoa para determinado estímulo,
menor a sensibilidade dela para tal estímulo.

2.2. Existe, também, o limiar diferencial que é a diferença mínima que


pode ser percebida entre as intensidades de 2 estímulos. Por exemplo, você ouve 2
sons e precisa saber qual é o mais agudo. Algumas pessoas só percebem a
diferença entre os 2 se o intervalo entre eles for grande, uma terça ou mais. Outras
pessoas percebem diferenças de semitons.

3- ADAPTAÇÃO SENSORIAL:
É a capacidade que nos permite enfrentar as situações da vida sem ter que
parar a todo o momento para examinar o significado de cada estímulo.
Se você está num ambiente quente e entra num outro que tenha ar
condicionado, naquele momento sente frio. Passados alguns instantes, você passa a
sentir-se confortável novamente, pois se adaptou àquele meio.
Na verdade, se o estímulo for constante, os órgãos dos sentidos tendem a
tornarem-se insensíveis a eles, deixando de enviar informações sobre eles para o
cérebro. Se o estímulo se modifica, os órgãos dos sentidos entram em ação.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

Existe um limiar para a adaptação sensorial. Se o estímulo estiver nos


incomodando ou for aversivo, a nossa reação será a de modificar a situação a fim de
sentirmo-nos melhor. Por exemplo, se o som do microfone do pastor estiver muito
alto e a pessoa responsável perceber este estímulo como aversivo, irá abaixá-lo.
A audição é o sentido mais afetado em uma civilização como a nossa. As
pessoas vivem, trabalham e dormem em uma cidade grande, com uma poluição
auditiva que muitas vezes é considerada inaceitável. A exposição prolongada a
elevados níveis de ruídos pode levar à surdez parcial ou total. Mesmo a exposição a
níveis mais baixos, se muito prolongada, pode produzir danos permanentes à
audição.
Não existem evidências de que possamos nos acostumar ao barulho e,
assim, deixar de ouvi-lo (como acontece com a adaptação sensorial a odores
desagradáveis). É mais provável que as pessoas que não reclamam de ruídos fortes
tenham perdido um pouco de sua capacidade auditiva.

4- ATENÇÃO:
4.1. Definição – Atenção é o processo mental de seleção de estímulos.
Temos o “campo geral” de atenção que é um estado de alerta a todos os estímulos e
situações; e um “campo específico” de atenção que é restrito ou limitado a um
sentido, como por exemplo, olhar especificamente para algo.
Nossos sentidos vivem em um processo contínuo de interação com o
ambiente, do qual recebemos um número ilimitado de estímulos. Cada estímulo
solicitaria, por si só, uma resposta particular do organismo.
Nossa atenção pode ser focalizada em grau máximo apenas em um objeto de
cada vez.

4.2. Transformações orgânicas – Nos estados de atenção, certas


alterações orgânicas podem ocorrer: contrações dos músculos frontais, fechar os
olhos, aumento da pressão sangüínea no cérebro (sendo diferente o traçado do
EEG quando a pessoa está em estado de atenção), modificação do ritmo
respiratório, etc.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

4.3. Flutuações da atenção – Flutuação é a mudança da atenção de um


campo para outro a que estamos sujeitos, passando o que é “foco da atenção” para
“fundo” e vice-versa.
Existem algumas figuras ambíguas ou reversíveis que nos permitem
compreender bem este fenômeno: “taça de Rubin” e “a jovem e a velha”.

4.4. Determinantes da atenção: Determinantes da atenção são fatores


de ordem externa e interna que se constituem em condições favoráveis para o
processo de atenção.

4.4.1 Determinantes de ordem externa:


1. Qualidade – Os estímulos vitais ao ser humano tendem a
predominar sobre os outros. Ex: um grito de “fogo” determinará, de pronto, a atenção
de uma pessoa.

2. Intensidade – Um estímulo intenso é mais facilmente percebido


do que o fraco (ainda que num conjunto de estímulos intensos, muitas vezes o fraco
chame a atenção). Ex: No boletim da igreja, as palavras escritas em negrito
chamam mais a atenção.

3. Tamanho – Dentro do conjunto, o MAIOR ou o menor se destaca.


Ex: objetos grandes ou pequenos demais, letras grandes ou pequenas, etc.

4. Duração e Repetição – Mesmo um estímulo fraco, mas


persistente, acabará despertando a atenção. Ex: Uma torneira pingando. Outro
exemplo seria o do pastor pregando e repetindo várias vezes o tema ou as divisões
do seu sermão.

5. Posição – Sabe-se, em publicidade, que os anúncios colocados à


esquerda e no quarto superior da página, são mais frequentemente vistos.

6. Isolamento – Um estímulo sozinho, sem concorrência, chama


mais a atenção.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

Exemplo:

DEUS É AMOR
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e
conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. (1 João 4:7-8)

7. Variação – As interrupções ou alterações em determinado


estímulo constante são logo notadas. Exemplo: A alteração no volume da voz
durante uma pregação.

8. Movimento – O estímulo que se movimenta solicita a percepção.


Exemplo: Um pastor se gesticulando durante a pregação. Ou mesmo
os anúncios luminosos que se modificam continuamente, seja pelo simples apagar-
se ou acender-se.

9. Incongruência – A incoerência nos chama a atenção. Exemplo:


Alguém na praia lendo a Bíblia e tomando “caipirinha”.

4.4.2. Determinantes de Ordem Interna: Estes fatores são


predominantes na determinação da atenção. Eles são influenciados pelos interesses
pessoais e pelos impulsos.
1. Impulsos – As coisas que têm a ver com as nossas necessidades
básicas como a fome, sede, sexo, impulso maternal, etc, tendem a chamar a nossa
atenção.

2. Medo – Estímulos muito intensos ou inexplicáveis chamam nossa


atenção pelo medo que podem causar. Exemplo: fenômenos paranormais.

3. Curiosidade – Como o homem é, por natureza, curioso, tudo que


é novo tende a vencer o familiar.

4. Fatores Sociais – Temos uma tendência natural a prestarmos


mais a atenção ao que se refere a nós mesmos ou aos nossos semelhantes do que
ao que acontece com objetos.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

5. Aprovação Social – Por desejarmos ser aceitos e amados, os


costumes sociais e a moda tendem a chamar nossa atenção.

6. Interesses Adquiridos – São os interesses que são adquiridos


no decorrer da nossa vida através da educação, aprendizagem, cultura, etc.
Exemplo: O caso de um pastor que ouve o telefone tocar à noite, mas não ouve o
bebê chorar, sendo que o contrário acontece com a sua esposa.

4.5. Desenvolvimento da atenção: O processo da atenção apresenta-se


de forma e dinâmica diferentes nas várias fases do desenvolvimento humano.

1. Na CRIANÇA, a atenção é involuntária. A criança é “joguete”


dos estímulos internos e externos. Exemplo: Ao receber um presente, atenta para
ele, mas logo muda a atenção para um papelzinho, depois para um cordão, para
uma pessoa, para o cachorrinho que passa, etc., não se fixando por muito tempo em
estímulo algum.

2. No ADOLESCENTE, a atenção é conflitiva. Os fatores internos


começam a predominar na luta contra os externos. Há um conflito que tende a
desaparecer na vida adulta.

3. No ADULTO, a atenção deve ser voluntária. O adulto normal


deve poder sustentar sua atenção naquilo que pretende ou necessita. O indivíduo
tem liberdade de escolher livremente seu próprio foco de atenção.
O adulto que não consegue manter a atenção naquilo que pretende,
está com problemas que podem ser afetivos, emocionais, econômicos, físicos, etc.

5- DISTRAÇÃO: Distração é o desvio da atenção para outro objeto ou


motivo (não é falta de atenção como muitos pensam). Há um conflito de motivos
e a atenção vai para o motivo mais urgente para a pessoa naquele momento.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

VII – MOTIVAÇÃO

1. TIPOS DE VARIÁVEIS – O estudo da motivação considera três tipos


de variáveis:
• O ambiente;
• Os motivos (que são as forças internas ao indivíduo com necessidades,
desejos, vontade, interesse, impulso etc.);
• O objeto (aquilo que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação).

2. DEFINIÇÃO: A motivação é o processo que mobiliza o indivíduo para a


ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, o motivo e o objeto de
satisfação. Em linguagem bastante popular, estar motivado é “estar a fim.”
O que determina a atividade e prepara o indivíduo para a ação são seus
motivos e, para se conhecer os motivos, precisamos estudar o comportamento da
pessoa e verificar as necessidades e os desejos sentidos, bem como os respectivos
objetivos estabelecidos.

3. CLASSIFICAÇÃO: Podemos classificar os motivos em duas categorias:


3.1. Motivos básicos ou primários - São aqueles ligados às
necessidades orgânicas e sua redução ou eliminação é absolutamente necessária à
sobrevivência. São os impulsos: a respiração, a fome, a sede, o aquecer-se, o sexo,
impulso maternal, impulso exploratório, etc. Exemplo: Se estivermos com fome,
entraremos em estado de alerta e, consequentemente, seremos levados a buscar
comida. Depois de nos alimentarmos, de atingirmos nosso alvo, o nível de alerta
decai e a motivação pela busca de alimento desaparece. Podemos perceber, então,
outras necessidades para as quais nos sentimos motivados.
3.2. Motivos Sociais ou Complexos – São adquiridos e se

As necessidades de uma pessoa podem ser satisfeitas de várias maneiras


diferentes, resultando em vários comportamentos diferentes, os quais são
aprendidos. Podem variar, também, na mesma pessoa, dependendo da situação
em que ela se encontra.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

desenvolvem por meio da aprendizagem, do exercício e da maturação. Por exemplo:


desejo de adquirir, colecionar e conservar; dominação- submissão; poder, prestígio,
aprovação social.

4. CONFLITO – Quando dois ou mais motivos exigem ao mesmo tempo


ações contrárias ou impossíveis, surge o conflito. Em outras palavras: o conflito é a
angústia que surge quando uma pessoa ou grupo possui mais de uma opção para
resolver uma situação e deve fazer uma escolha que lhe seja difícil.

Estudar inglês???
Encontrar com a namorada???
Preparar aula da E.D. ???
Trabalhos do Rev. ...???

Quanto maior a magnitude do conflito, mais dolorido ele pode ser. Logo, o
grau de sofrimento de um conflito está diretamente ligado á intensidade do vínculo
que o indivíduo tem com cada opção. O que dói, quando estamos em conflito, é que,
ao escolhermos uma alternativa, temos que desprezar várias outras que poderiam
nos trazer benefícios.

Não há ganhos sem perdas!!!

Há ganhos nas perdas!!!


4.1. Grupos de Conflitos – Como existem diferentes motivos que
impulsionam o indivíduo, é inevitável que ele sinta contínuos conflitos. Segundo
David Krech e Richard Crutchfield, em seu livro Elementos de Psicologia, entre os
mais significativos grupos de conflitos estão os seguintes:
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

1. Prazer x Punição – O indivíduo é instigado por muitos impulsos


que a sociedade procura controlar e suprimir. Tem desejos relacionados à sexo,
agressão, etc, e tais desejos estão sujeitos à ameaças e punições sociais, que
procuram preservar a sociedade e seus costumes. Assim, a pessoa sente muitos
conflitos entre seus desejos de certas formas de ação e o medo de censura social ou
punição efetiva. Por exemplo: o seminarista que está namorando e deseja
ultrapassar os limites impostos pelos valores cristãos. Ao mesmo tempo, ele tem
medo de ser descoberto e disciplinado.

2. Vantagem pessoal x Princípios – Quando os padrões da


sociedade estão bem interiorizados – sob a forma de princípios morais e éticos do
indivíduo – pode haver conflitos entre seus desejos de vantagens pessoais e a
necessidade de evitar um sentimento de pecado ou erro. Por exemplo, um cristão
pode desejar olhar para a prova que seu colega está fazendo, mas sente que isso
seria imoral.

3. Realização x Medo de fracassar – A necessidade de envolver-


se em atividades realizadoras pode estar em sério conflito com o medo de fracassar
nesses esforços, com a conseqüente perda de auto-estima e de prestígio. Exemplo:
o seminarista que pretende trabalhar em uma igreja e ao mesmo tempo sente medo
de não ser capaz de pregar adequadamente nem de administrar corretamente
aquele rebanho.

4. Independência X Participação – O indivíduo sente poderosas


necessidades e desejos de ser independente e autônomo, de avançar sozinho, de
expressar suas opiniões, ao mesmo tempo tem a necessidade de ser membro de um
grupo, ser amado e aceito, da adaptar-se. É o caso do jovem que deseja morar
sozinho mas, ao mesmo tempo, tem o desejo de estar próximo aos pais, tendo a
proteção destes e participando das decisões da família.

As consequências do conflito podem ser construtivas ou


demolidoras para o ajustamento da pessoa; isso depende da
natureza do conflito, da situação em que surge e da tolerância
do indivíduo à frustração.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

5- FRUSTRAÇÃO: Quando os objetivos de um estado


de motivo despertado não podem ser alcançados, advém a
frustração. Portanto, frustração pode ser definida como a situação
que surge quando um comportamento motivado é impedido de
prosseguir.

Tolerância à frustração é a capacidade de postergar a satisfação de um motivo.

6- MECANISMOS DE DEFESA: Há diferenças individuais na forma de


lidar com a frustração e com os conflitos. Estas formas são denominadas
mecanismos de defesa. Freud referiu-se aos mecanismos de defesa como sendo
uma estratégia da mente para proteger-se de realidades dolorosas do dia-a-dia, que
causam ansiedade excessiva, lançando no inconsciente experiências
desagradáveis, impulsos, conflitos e idéias ameaçadoras.

Entre os vários mecanismos de adaptação psicológica podemos destacar:

1. Rendição – Consiste em submeter-se à derrota, admitir a


superioridade de outros ou de circunstâncias. Exemplo: Não fui eleito presidente da
UMP porque não tenho maturidade espiritual, ainda.

2. Ataque direto – Situação em que a pessoa luta para conseguir que


seu objetivo seja alcançado. Exemplo: É o caso do aluno que tirou nota baixa na
prova de inglês e resolveu enfrentar (atacar) o problema estudando mais ou fazendo
aulas particulares, preparando-se melhor para a próxima prova. O ataque direto não
é necessariamente agressivo. Podemos resolver uma frustração ou problema que
temos com alguém discutindo de forma educada e madura, buscando a solução sem
agressões.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

3. Imaginação – Frequentemente encontramos no domínio da fantasia e


do devaneio, maneiras de manter o nosso autorrespeito e de defender-nos de várias
ameaças e angústias. Nós vemos a nós mesmos obtendo grandes trunfos,
empreendendo atos heróicos, nos defendendo vitoriosamente de acusações, etc.
Embora as fantasias tendam a apresentar um processo de autoafirmação e
autodefesa, existem, também, más fantasias. Uma pessoa pode dedicar-se a uma
prolongada “introspecção doentia” a respeito de suas dificuldades e deficiências,
muitas vezes mais imaginárias do que reais.
A fantasia, em doses moderadas, tem uma função ajustadora por permitir
a dissipação da angústia, tornando a pessoa capaz de tentar enfrentar novamente o
seu problema. Mas uma dose constante de fantasia tem, provavelmente,
consequências sérias para o ajustamento do indivíduo, pois o desvia da realidade da
situação e fornece um sentimento espúrio de “triunfo”. O duro despertar para a
realidade pode ser extremamente doloroso.

4. Identificação – O indivíduo pode diminuir ou evitar a angústia ao


conformar-se (identificar-se) com outras pessoas ou grupos, de forma a se proteger.
Em outras palavras: os que, impossibilitados de agir, identificam-se com pessoas ou
grupos, participando de suas vitórias e assim se satisfazem. Além disso, ameaças
externas ao eu podem ser reduzidas, na medida em que a pessoa possa perceber a
ameaça como dirigida, não apenas a si mesma, mas ao grupo mais amplo com o
qual se identifica. Observa-se que os indivíduos mais facilmente tentam ações contra
as quais temam castigos, quando estão em grupo do que quando estão sozinhos.
Isto se deve não somente ao fato de que a pessoa se sinta mais forte no grupo, mas
também ao fato de que os sentimentos de culpa ou de angústia se diluem.
A identificação pode ter um valor de ajustamento maior ou menor,
dependendo das circunstâncias. Na medida em que a identificação permite à pessoa
obter um sentimento de confiança, provavelmente a ajudará em seus ajustamentos
subseqüentes. De outro lado, a dependência excessiva da identificação pode
impedi-la de enfrentar os seus problemas.
Exemplo: Identificação com príncipes, heróis, artistas de cinema, apóstolo
Paulo ou Pedro, até mesmo com Jesus. Um dos grandes exemplos bíblicos de
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

identificação encontra-se em 1Co 11.1 “Sede meus imitadores como também eu sou
de Cristo”.

5. Negação – É uma defesa em que os processos mentais conduzem o


indivíduo a não aceitar (negar) uma realidade com o objetivo de livrá-lo do estado de
angústia que o incomoda. Ex: ao receber a notícia da morte de um ente querido, a
tendência natural é dizer: não, não pode ser, ele saiu daqui tão alegre, você deve
estar enganado, não é possível que ele tenha morrido, deve haver um engano....

6. Defesa e fuga – Nas reações de fuga, a pessoa “desiste” e evita


inteiramente a situação de conflito ou de frustração. Isto significa que o indivíduo
exclui a possibilidade de uma solução efetiva do problema.
É um tipo de ajustamento que, além da vida mental, atinge o organismo. A
pessoa somatiza, ou seja, transfere para o corpo o incômodo causado pela
frustração.
Exemplo: Uma criança que não se socializa na igreja e tem medo da
professora da Escola Dominical. Um dia diz sentir dores na barriga e pede para que
chamem a mãe. Esta chega, pega sua criança no colo e a leva para assistir aula na
sala dos adultos onde o professor não faz pergunta nenhuma para ela. A criança
passa a ter “dor de barriga” todo Domingo pela manhã, não reclamando de dor
durante a semana. Mesmo assim, a mãe a leva ao médico e faz vários exames não
sendo encontrada causa física para esta dor. O que aconteceu foi que a criança
encontrou uma forma de evitar a situação que a incomodava “fabricando” sintomas
físicos.

7. Compensação – Forma de ajustamento em que entra uma atividade


substituta que pode ser má, como o álcool, drogas, furto, etc, ou boa, constituindo
uma forma de sublimação.
Exemplo: O adolescente que não obtém afeto de seus pais, não
consegue administrar esta carência e passa a usar drogas.
Na sublimação o indivíduo substitui seus impulsos hostis por
comportamentos mais aceitos socialmente.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

8. Projeção – Uma forma óbvia de defender-se da angústia resultante do


fracasso ou da culpa, é através da atribuição (projeção) da responsabilidade em
alguma outra pessoa ou objeto. Por exemplo, a pessoa que vê os seus impulsos de
hostilidade como sendo pertencentes a outros, que a odeiam e perseguem. A
essência da projeção é uma deformação cognitiva, de tal forma que as
características que normalmente seriam ligadas ao eu ou resultante deste, são
afastadas do eu na direção de outros objetos.
A direção da projeção não é casual; tende a orientar-se para objetos cujas
qualidades perceptuais já são mais adequadas para “encaixar” o material deslocado.
Caracteristicamente a projeção tem lugar na medida em que a pessoa
não está consciente da existência do traço indesejável em si mesma.

9. Regressão – Ocorre quando o indivíduo, para descarregar os seus


conflitos, adota o comportamento de acordo com uma faixa etária anterior ao seu
desenvolvimento, utilizando expressões comportamentais mais primitivas.
Exemplo: É bastante comum em crianças quando da chegada de um
irmãozinho, voltam a chupar chupetas ou querer usar fraldas. Um outro exemplo é o
da pessoa que enfrenta situações difíceis com bastante ponderação e, ao ver uma
barata, sobe na mesa aos gritos.

6.1. Generalizações sobre os Mecanismos de Defesa:


Segundo David Krech e Richard Crutchfield, em seu livro Elementos de
Psicologia, existem generalizações sobre os mecanismos de defesa:

1. Os diferentes mecanismos de defesa apresentam-se em todas as


pessoas. Tal como ocorre em qualquer outra forma de comportamento, tornam-se
sintomas de anormalidade apenas quando aparecem, numa pessoa, em quantidade
excessiva.

2. Os mecanismos são escolhidos e empregados inconscientemente


pelo indivíduo. Ele não decide projetar ou racionalizar. O padrão específico de
comportamento defensivo que ocorre é o resultado “automático” do conjunto total de
fatores psicológicos que atuam em determinada situação.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

3. O mecanismo de defesa que atua em determinado momento depende


da natureza da situação específica e das características da pessoa
considerada. Por exemplo, algumas situações conduzem mais facilmente à
racionalização, outras à fuga, etc. Além disso, a mesma situação pode despertar
reações de defesa muito diferentes, em diferentes pessoas.

4. O padrão de mecanismos mais facilmente provocado numa pessoa


constitui aspecto característico de sua personalidade. Esta organização
característica de tendências de ajustamento é, provavelmente, aprendida, e se fixa
aos poucos no indivíduo, à medida que este se desenvolve. Os mecanismos que se
mostraram mais capazes de enfrentar os conflitos anteriores tendem a ser
apresentados em conflitos futuros.

5. Os mecanismos podem ter consequências benéficas ou


prejudiciais para o ajustamento da pessoa. São benéficos porque diminuem a
angústia, mantém e acentuam o auto-respeito. Como resultado, a pessoa pode ser
capaz de suportar o conflito durante um período suficiente para provocar um
ajustamento mais realista e mais eficiente ao problema. Podem ser prejudiciais se
utilizados de forma prolongada e excessiva, impedindo a pessoa de enfrentar suas
dificuldades buscando soluções adequadas.

6. Quando os mecanismos de defesa não são, por qualquer razão,


adequados para diminuir a angústia, podem ocorrer transformações ainda mais
violentas no comportamento. Essas transformações apresentam-se sob a forma
de perturbações psicológicas severas, decomposição do eu, desordens mentais
agudas de vários tipos.
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VIII – DIFERENÇAS INDIVIDUAIS

1- INTRODUÇÃO – As pessoas variam quanto à inteligência, habilidades,

interesses, realizações, e etc.


Porque acontecem estas variações até mesmo dentro da própria família?
O que nos faz ser como somos: a hereditariedade ou o ambiente em que
fomos criados e vivemos?
Para responder esta questão precisamos, primeiramente, compreender os
mecanismos da hereditariedade.

2- MECANISMOS DA HEREDITARIEDADE – A vida de toda pessoa

começa quando o espermatozóide do pai penetra no óvulo da mãe. Cada uma


dessas células germinativas contém cromossomos, os transmissores da
hereditariedade.
Normalmente cada célula humana contém 46 cromossomos que são
dispostos em 23 pares. Por ocasião da concepção, as células sexuais se dividem e o
indivíduo recebe de cada um dos pais 50% dos cromossomos. Eles se combinam
aos pares, produzindo, então, as características genéticas peculiares do indivíduo.
Cada cromossomo contém muitas moléculas denominadas genes que são os
determinantes dos traços físicos hereditários. Um dos pares contém os
cromossomos sexuais que determinarão se a criança será do sexo feminino ou
masculino. A combinação XY origina um menino, e a combinação XX origina uma
menina.
Cada ser humano possui uma herança genética que é responsável por sua
aparência física: cor dos olhos, cor dos cabelos, cor da pele, tipo de ossatura, tipo de
sangue, etc.
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Como é verdade que cada zigoto é diferente do outro, também é verdade que
o ambiente (útero em que se desenvolve) de cada um é diferente do ambiente de
todos os outros. As condições do ambiente do zigoto podem auxiliar a determinar o
desenvolvimento físico do descendente. No entanto, as diferenças ambientais entre
os organismos se tornam muito mais pronunciadas após o nascimento. Logo que
nasce, o bebê é exposto a estímulos que serão decodificados de forma
absolutamente individual. Normalmente, durante o primeiro ano de vida, a influência
maior é dos pais, avós ou empregados. Estes são os primeiros modelos para o
bebê. Quando a criança ingressa no meio escolar, novos modelos são inseridos no
seu dia a dia, ampliando seu desenvolvimento intelectual e emocional.

Portanto, temos dois grupos de fatores que diferenciam um organismo


do outro: HEREDITARIEDADE E AMBIENTE. E ambos desempenham papéis
importantes desde o momento da concepção.

Surgem então as questões:


• Em que medida o comportamento é afetado pelo ambiente e em que
proporção é determinado pela carga genética?
• Qual a natureza específica do mecanismo genético responsável pela
hereditariedade de tendências de comportamentos ou traços?
• Que diferenças podem as variações no ambiente produzir em traços que
são determinados pela hereditariedade?

No século XVII, dois filósofos europeus já se preocupavam com esta


questão. São eles Hobbes10 e John Locke11. Eles eram radicais em suas posições.

10
“Thomas Hobbes: Filósofo e político inglês (5/4/1588-4/12/1679). Conhecido por suas obras sobre segurança
individual, contrato social, críticas ao liberalismo e defesa do poder real. Nascido em Westport, Wiltishire,
forma-se em 1608 pela Universidade de Oxford. Torna-se preceptor de William Cavendish, o que lhe permite
viagens e aprimoramento cultural. Em 1610 visita a França e a Itália e interessa-se por literatura e filosofia. Entre
1621 e 1626 é secretário de Francis Bacon, de quem traduz algumas obras para o latim. Em 1629 traduz a Guerra
do Peloponeso, de Tucídides, em cujo prefácio se posiciona contra a democracia. O texto, apesar de literário, já
apresenta várias idéias do Leviatã (1651), sua principal obra. Em 1640 escreve seu primeiro tratado, Elementos
da Lei Natural. Fervoroso defensor da monarquia, no mesmo ano é obrigado a refugiar-se em Paris, onde escreve
Sobre o Cidadão (1642). Faz várias viagens à capital francesa. Em 1651, publica o Leviatã e é banido para a
França por causa de suas idéias. Retorna para a Inglaterra em 1652, então governada por Oliver Cromwell.
Publica Sobre o Corpo (1656) e Sobre o Homem (1658). Morre em Hardwick.” (Almanaque Abril, CD-Rom,
Editora Abril, 6a. Edição, 1999)
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Hobbes defendia que, desde o nascimento, as pessoas são guiadas por


instintos herdados, sobre os quais possuem pouco controle. Então, todo
comportamento seria explicado através da hereditariedade.
John Locke, por outro lado, acreditava que a mente de um recém nascido era
uma tábula rasa12, uma folha em branco, sobre a qual se poderia escrever qualquer
coisa. As possibilidades de se produzir características boas em seres humanos
seriam ilimitadas. Bastaria apenas descobrir o melhor método de ensino e as
pessoas poderiam se ensinadas a amar e não a lutar.
Travou-se então a batalha entre natureza e educação, hereditariedade e
ambiente, comportamento inato e comportamento aprendido.
Na atualidade a opinião mais aceita é a de que todo ser humano é portador
de uma herança genética, mas também vive em um ambiente que exerce
considerável influência sobre seus conceitos, valores, modo de agir e até mesmo as
patologias que serão desenvolvidas. Ambos os fatores são indispensáveis à
compreensão do comportamento individual.

11
“John Locke: Filósofo inglês (29/8/1632-28/10/1704). Fundador do empirismo, que propõe a experiência
como fonte de conhecimento. Nascido em Wrington, Somerset, estuda Medicina, Ciências Naturais e Filosofia
em Oxford, aprofundando o entendimento das obras de Francis Bacon e René Descartes. Passa vários anos na
França e na Holanda e volta à Inglaterra quando Guilherme de Orange é coroado rei. Afirma que a experiência,
fonte do conhecimento, pode ter tanto origem externa, nas sensações, quanto interna, a partir da reflexão. No
plano moral, prega a conformidade com a norma. Representante do individualismo liberal, defende a monarquia
constitucional e representativa - forma de governo estabelecida na Inglaterra depois da Revolução de 1688, da
qual participa. Sua principal obra é o Ensaio sobre o Entendimento Humano, de 1690, que influencia os filósofos
George Berkeley e David Hume. Seu discípulo francês Etienne Condillac vai usar a teoria empirista para criticar
a metafísica no século seguinte. Morre em Oates, Essex.” (Almanaque Abril, CD-Rom, Editora Abril, 6a.
Edição, 1999)
12
Aurélio = Verbete: tábula
1. No empirismo mais radical, estado de indeterminação completa, de vazio total, que caracteriza a mente antes
de qualquer experiência. (Dicionário Aurélio Eletrônico – V.2.0, Editora Nova Fronteira, Junho de 1996)
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IX – AUTOCONCEITO

1- DEFINIÇÃO: Autoconceito ou autoimagem é a ideia que o indivíduo faz


de si mesmo. Depende da interação dele com outras pessoas, com as percepções,
interpretações e julgamentos que os outros fazem a seu respeito. Quanto mais
significativa para o indivíduo for aquela pessoa, maior será o impacto da opinião dela
sobre ele.

2- A FORMAÇÃO DO AUTOCONCEITO – O autoconceito começa a


ser formado desde o nascimento. Alguns estudos apontam a influência do meio já na
vida intrauterina. Os sentimentos das outras pessoas em relação à criança, bem
como a maneira pela qual tais sentimentos são expressos, exercem grande
influência no desenvolvimento infantil.
Se a criança se sente segura, amada e encorajada nas explorações iniciais
de si mesma e do mundo, ela iniciará seu desenvolvimento como pessoa, de
maneira satisfatória. Do contrário, tanto seu desenvolvimento intelectual como
emocional poderão ser prejudicados.
A formação do autoconceito é um processo muito lento e, em certo sentido,
nunca estará completamente formado, pois interagimos a vida inteira com os outros
e essa interação nos influencia continuamente. Recebemos julgamentos dos outros
a nosso respeito, desenvolvemos tarefas ora de forma satisfatória, ora de forma não
satisfatória, enfrentamos crises etc., e tudo isso faz com que estejamos em
constante reformulação do nosso conceito.

3- A AUTOESTIMA – A autoestima está intimamente ligada ao


autoconceito e revela o quanto o indivíduo gosta de si mesmo. Existem pessoas
que podem ter a autoestima distorcida: superestima ou baixa-estima. Estas pessoas
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são incapazes de possuir uma visão realista de si mesmas e, portanto, sentem


dificuldades em serem aceitos pelos outros.
As características de uma superestima são: arrogância, orgulho, excesso de
confiança, pretensão, a pessoa se considera sempre melhor que os outros em tudo,
etc. As características de uma baixa autoestima são: timidez, falta de confiança
pessoal, automenosprezo, sentimentos de inferioridade, sensação de não ser
amado, tendência ao isolamento, incapacidade de defender-se, insegurança, falta de
assertividade, fuga de desafios e oportunidades, etc.
A auto-estima saudável se caracteriza pela consciência que o indivíduo
possui de suas potencialidades, limitações, qualidades positivas e negativas,
sensação de ser amado, querido e necessário, ter méritos e valores para si mesmo e
para os outros, reconhecer as capacidades e qualidades que Deus lhe deu e, ao
mesmo tempo, ser humilde para perceber as falhas e limitações.
Quem tem uma autoestima saudável tem mais facilidade para enfrentar os
desafios do dia-a-dia porque a forma como a pessoa se vê ou se percebe influencia
diretamente a forma como ela vê e interage com o mundo que a rodeia.
A autoestima bíblica consiste em reconhecer que foi Deus quem nos criou de
maneira única, individual; saber que somos criados à imagem de Deus e que nosso
papel é glorificá-lo para sempre com nossos dons e talentos.
Em Pv 3:21 lemos: Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca
os perca de vista; trarão vida a você e serão um enfeite para o seu pescoço. Então
você seguirá o seu caminho em segurança e não tropeçará.
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X – APRENDIZAGEM

DEFINIÇÃO – Aprendizagem é uma mudança relativamente permanente no


comportamento, que resulta da experiência anterior (ou da prática). Pode ser
definida como o processo que conduz à aquisição de certa habilidade para
responder de forma adequada a uma situação nova ou já conhecida.
Os efeitos da aprendizagem sobre o comportamento são observáveis com
maior facilidades em crianças pequenas, para quem tudo o que existe no mundo é
novo e deve ser descoberto. A criança passa pelo processo de socialização ou seja,
aprende a viver de acordo com o estilo de vida socialmente aceito.

1- FORMAS DE APRENDIZAGEM
1.1. Condicionamento clássico ou pavloviano: É considerado como
uma forma básica de aprendizagem, da qual depende da existência prévia de uma
conexão S-R. O processo de condicionamento depende da atuação do ambiente
sobre o organismo.
Ivan Pavlov, fisiologista russo, deu início ao estudo objetivo das respostas
condicionadas usando como estímulo a alimentação e como resposta, a salivação.
Ele pesquisou as secreções digestivas dos cães.
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Experiência:

S1 (estímulo natural) ------------------------ R


Alimento Salivação

S2 (estímulo substituto) --------------------- R


Som da campainha Indiferença (Portanto, o estímulo era neutro)

S1 + S2 ----------------------------------- R
(Associação dos 2 estímulos) Salivação

S2 -------------------------------------------- R
Som da campainha Salivação
Resposta condicionada

Lei Geral do Condicionamento:

“Depois de uma associação temporal repetida de dois estímulos o estímulo


substituto passa a eliciar resposta que normalmente seria eliciada pelo
estímulo natural”.

1.2. Condicionamento Operante ou Instrumental:


O estudo do condicionamento operante foi iniciado por Skinner13 que
mostrou que é possível modelar o comportamento de um animal. Trata-se de uma
forma de adaptação, ou de aprendizagem, o organismo emitindo determinada
resposta ou forma de comportamento. O processo de condicionamento operante

13
“Burrhus Frederic Skinner: Psicólogo norte-americano (20/3/1904-18/8/1990), nascido, em Susquehanna.
Importante expoente do Behaviorismo. Estuda em Harvard, onde se torna pesquisador, de 1931 a 1936, e da
Universidade de Minnesota. Interessa-se pelos trabalhos da teoria dos reflexos condicionados de Ivan Pavlov,
pelos artigos de Bertrand Russell e pelas idéias de John B. Watson, o fundador do Behaviorismo. Em 1938,
escreve “The Behaviour of Organisms”. Torna-se professor da Universidade de Indiana, entre 1945 e 1948, onde
ganha notoriedade pela invenção do Air-Crib, uma caixa ar-condicionado livre de germes, com a finalidade de
fornecer um ambiente favorável ao crescimento de crianças durante os dois primeiros anos de vida. Escreve
Walden II: uma sociedade do futuro (1948), novela sobre a vida numa comunidade utópica, modelo de seus
próprios princípios de engenharia social. Como professor de psicologia da Universidade de Harvard, a partir de
1948, treina animais em laboratórios para”. obter determinados comportamentos e formula os princípios do
aprendizado programado. Inventa a “Caixa de Skinner”, para mostrar como as drogas influenciam o
comportamento animal. Escreve Ciência e comportamento humano (1953), Comportamento verbal (1957), A
análise do comportamento (com J. G. Holland, 1961), Tecnologia de ensino (1968), Entre a liberdade e a
dignidade (1971) e sua autobiografia, dividida em três partes: “Particulars of My Life” (1976), “The Shaping of a
Behaviourist’ (1979) e “A Matter of Consequences” (1983). Publica, também, “Recent Issues in the Analysis of
Behaviour” (1989). Morre em Cambridge, Massachussets.” (tradução de COMPTON’S INTERACTIVE
ENCYCLOPEDIA, CD-ROM, versão 4.2, Compton’s NewMedia Inc., USA, Edição de 1996.)
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depende da atuação do organismo sobre o ambiente. O comportamento passa a ser


modelado, trabalhado num ou em outro sentido, mediante reforços. Os estudo sobre
condicionamento operante situam-se na posição denominada Behaviorismo, que
consiste em considerar o comportamento, e apenas este, como objeto da psicologia.
Skinner fez estudos com ratos albinos e construiu a famosa “caixa de
Skinner”.
Experiência: Ele colocou um rato faminto dentro da “caixa de Skinner”. O
rato começou explorar o ambiente, e, por acaso, tocou na barra, caindo uma bolota
de alimento que ele logo comeu. Procurou um novo resultado e acertou outra vez.
Logo aprendeu, e, com a patinha, passou a pressionar a barra para receber o
alimento. Nesta experiência o alimento serviu como reforço para o comportamento
de pressionar a barra.
O condicionamento operante em que o sujeito emite voluntariamente
determinada resposta é responsável pela maior parte dos comportamentos
humanos.
É provável que falar a nossa língua seja a habilidade mais importante
que aprendemos através de condicionamento operante. O balbucio é um
comportamento universal, pois todos os bebês balbuciam da mesma forma. A partir
do impacto que o som faz no meio onde o bebê vive, ele sente-se reforçado e passa
a pronunciar corretamente as palavras.
Aprender o emprego das palavras é a base para praticamente toda
aprendizagem formal que se dá na escola e também para grande parte da
aprendizagem forma que ocorre no dia a dia.

1.3. Insight: Parte da aprendizagem humana é devida ao insight, que


significa a compreensão súbita de uma situação ou a solução de um problema sem
que tenha havido um processo gradual. Também pode ser definido como o processo
através do qual as coisas parecem ficar esclarecidas de repente, de forma brusca. É
a famosa experiência do “Ah!”.

1.4. Aprendizagem Casual: Uma outra forma de aprendizagem que


ocorre tanto em crianças como em adultos é a aprendizagem casual ou incidental,
ou seja, a pessoa não precisa se esforçar para aprende aquilo. Aprende sem ter
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consciência de que está aprendendo. Por exemplo: Não preciso me esforçar para
aprender que na frente do seminário existe um prédio.

1.5. Aprendizagem por Imitação: Ocorre quando o indivíduo tenta


reproduzir exatamente o que a outra pessoa fez. É uma experiência bastante
comum. A pessoa elege um modelo e tenta imitar o que ele costuma realizar. Pode-
se imitar atitudes boas ou más.

1.6. Aprendizagem por Ensaio e Erro: É o tipo de aprendizagem que


ocorre quando a pessoa tenta quantas vezes forem necessárias, até que alcance o
objetivo proposto. Também constitui experiência comum na nossa vida e, como
exemplo, podemos citar o aprender a andar de bicicleta.
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PSICOLOGIA GERAL Raquel M.C. de Castro

BIBLIOGRAFIA

BOCK, Ana Mercês Bahia (2002). Psicologias: Uma Introdução ao Estudo da


Psicologia. São Paulo: Saraiva.

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GOOD, Dale (1996). Compton’s Interactive Encyclopedia v. 4.2. EUA: Compton’s


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LIMA, Leonardo Pereira. Dicionário de Psicologia Prática. São Paulo: Honor


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MEHL, Herley (1979). Curso de Introdução à Psicologia. São Paulo: Editora


Pedagógica e Universitária.

WOODWORTH, Robert S. Psicologia (1977). São Paulo: Companhia Editora


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