Luciana Leao
Luciana Leao
SÃO PAULO
2008
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE GENÉTICA E BIOLOGIA EVOLUTIVA
SÃO PAULO
2008
2
Leão, Luciana I.
Análise transcriptômica das glândulas de veneno de
Micrurus corallinus (cobra-coral) e identificação de
candidatos antigênicos para um anti-soro alternativo
127 p.
Comissão Julgadora:
________________________ _______________________
Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).
________________________ _______________________
Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).
______________________
Prof(a). Dr.(a).
Orientador(a)
3
À minha mãe, Yako, e a meu pai, Luiz
Aos meus irmãos, Cris e Du
E ao meu querido Marcelo
4
Ever tried. Ever failed.
No matter.
Try again. Fail again.
Fail better.
—Samuel Beckett, Worstward Ho
5
Agradecimentos
6
Sumário
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 9
1.1 SERPENTES PRODUTORAS DE VENENOS.................................................. 9
1.2 COBRAS-CORAIS (GÊNERO MICRURUS).................................................... 11
1.3 VENENO DE COBRAS-CORAIS.................................................................. 15
1.3.1 Ações do veneno.............................................................................. 15
1.3.2 Ação Neurotóxica e Miotóxica........................................................ 15
1.3.3 Ação Hemorrágica........................................................................... 16
1.3.4 Ação Cardiovascular....................................................................... 16
1.3.5 Componentes do veneno.................................................................. 17
1.3.6 Envenenamento por cobras-corais................................................... 19
1.3.7 Epidemiologia.................................................................................. 21
1.4 SOROS ANTIVENENO DE SERPENTES....................................................... 23
1.4.1 Histórico.......................................................................................... 23
1.4.2 A produção do soro antielapídico.................................................... 24
1.5 IMUNIZAÇÃO GENÉTICA OU VACINA DE DNA.......................................... 26
1.6 TRANSCRIPTOMAS DE GLÂNDULAS DE VENENOS.................................... 27
2. OBJETIVOS............................................................................................... 30
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 31
3.1 PREPARO DE FAGOS PARA GERAÇÃO DE ESTS......................................... 31
3.1.1 Biblioteca de Micrurus corallinus (fago λgt11D)........................... 31
3.1.2 Preparação da bactéria E. coli Y1088 ............................................. 31
3.1.3 Preparação do fago (λgt11D-GI e λgt11D-GII)............................ 31
3.1.4 Montagem das placas para fagos..................................................... 31
3.1.5 Amplificação do cDNA contido no fago (PCR).............................. 32
3.1.6 Seqüenciamento dos clones............................................................. 32
3.1.7 Análise das seqüências expressas.................................................... 33
3.2 CLONAGEM DOS CANDIDATOS ANTIGÊNICOS PARA IMUNIZAÇÃO
GENÉTICA (VACINA DE DNA)......................................................................... 34
3.2.1 Os candidatos antigênicos............................................................... 34
3.2.2 Estratégia de clonagem.................................................................... 34
3.2.2.1 Desenho de primers.................................................................... 35
3.2.2.2 PCR............................................................................................. 36
3.2.2.3 Clonagens em PGEM-T.............................................................. 36
3.2.2.4 Digestão com BamHI e EcoRI.................................................... 37
3.2.2.5 Subclonagem em pSecTag2A...................................................... 37
3.3 PROCESSO PRÉ-IMUNIZAÇÃO GENÉTICA............................................... 38
3.3.1 Maxiprep dos candidatos antigênicos para imunização genética.. 38
3.3.2 Transfecção de clones em células eucarióticas............................. 38
3.4 IMUNIZAÇÃO DOS CANDIDATOS ANTIGÊNICOS ESCOLHIDOS................ 39
3.5 EXPRESSÃO E PURIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS RECOMBINANTES............ 40
3.6 ANÁLISE DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA ................................................ 42
3.6.1 ELISA............................................................................................ 42
3.6.2 Western Blot.................................................................................. 43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 44
7
4.1 O TRANSCRIPTOMA.............................................................................. 44
4.1.1 Banco de Seqüências..................................................................... 44
4.1.2 Análise dos cDNAs de toxinas identificados no banco de ESTs.. 49
4.1.2.1 Proteína de três dígitos............................................................ 50
4.1.2.2 Fosfolipase do tipo A2.............................................................. 52
4.1.2.3 Lectinas do tipo C..................................................................... 55
4.1.2.4 Peptídeo Natriurético............................................................... 59
4.1.2.5 L-aminoácido oxidase.............................................................. 61
4.1.2.6 Inibidor do tipo Kunitz............................................................. 61
4.1.2.7 Metaloprotease......................................................................... 62
4.1.2.8 Serinoprotease.......................................................................... 62
4.1.2.9 NGF.......................................................................................... 63
4.1.2.10 WAP....................................................................................... 64
4.2 IMUNIZAÇÃO GENÉTICA....................................................................... 65
4.2.1 Escolha de candidatos antigênicos a partir do transcriptoma de
M. corallinus................................................................................................... 66
4.2.2 Clonagem dos candidatos antigênicos para imunização genética. 69
4.2.2.1 Antígeno 1 (Atg1)..................................................................... 69
4.2.2.2 Antígeno 2 (Atg2)..................................................................... 71
4.2.2.3 Antígeno 3 (Atg3)..................................................................... 72
4.2.2.4 Antígeno 4 (Atg4)..................................................................... 73
4.2.2.5 Antígeno 5 (Atg5)..................................................................... 74
4.2.3 Transfecção preliminar de clones em células eucarióticas e
Western-Blot................................................................................................... 75
4.2.4 Expressão e purificação das proteínas recombinantes................... 78
4.2.4.1 Candidato antigênico Atg1(Proteína V8)................................. 78
4.2.4.2 Candidato antigênico Atg2 (proteína V1)................................ 79
4.2.4.3 Candidato antigênico Atg5 (Proteína V2)................................ 79
4.2.5 A imunização genética (ou vacina de DNA) em camundongos.... 81
4.2.6 Análise da resposta imune............................................................. 82
4.2.7 Imunização tripla com três candidatos antigênicos....................... 87
5. CONCLUSÃO............................................................................................ 91
6. RESUMO................................................................................................... 92
7. ABSTRACT............................................................................................... 93
8. APÊNDICES.............................................................................................. 94
8.1 ABREVIATURAS.................................................................................... 94
8.2 ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................. 96
8.3 ÍNDICE DE TABELAS............................................................................. 98
9. BIBLIOGRAFIA........................................................................................ 99
8
1. INTRODUÇÃO
9
• Família Colubridae – algumas serpentes desta família podem ser consideradas
venenosas, pois apresentam glândula produtora de veneno, apesar de terem
dentição opistóglifa, ou seja, apresentarem um par de dentes posteriores por
onde o veneno escorre e pode vir a ser inoculado. Por causa da posição dos
dentes, essas serpentes raramente causam acidentes.
10
águas tropicais da Índia e do Oceano Pacífico Oeste. Elas apresentam algumas
especializações que caracterizam as serpentes desta subfamília. Todas possuem glândula
de sal ao redor da língua, que funciona como regulador osmótico. O corpo é, em geral,
comprimido lateralmente, tem a cauda bastante desenvolvida, narinas com válvula de
fechamento e uma série de adaptações anatômicas e comportamentais. São vivíparas e
os filhotes nascem dentro da água (CAMPBELL & LAMAR, 2004).
11
venenosas, se utilizam de tática diferente: em vez de se camuflar, exibem cores vistosas.
Seu colorido vivo alerta o predador para o risco que corre caso ataque a serpente.
Diversas espécies de colubrídeos não venenosos (falsas-corais) imitam (mimetizam) o
padrão de colorido das cobras-corais verdadeiras, uma estratégia para enganar e afastar
o predador (MARQUES & SAZIMA, 1997). Os predadores aprendem, por experiência, a
associar o padrão de coloração apossemática dessas serpentes com uma experiência
desagradável e/ou traumática. Este esforço adaptativo garante às serpentes a proteção
contra predadores que aprendem a evitar esse padrão particular de coloração.
As 61 espécies de cobras-corais atualmente reconhecidas são divididas em três
gêneros: Micrurus (57 espécies), Leptomicrurus (três espécies) e Micruroides (uma
espécie) (Figura 2). O Micrurus pode ser encontrado em habitats terrestres do sul dos
EUA até o sul da América do Sul. A Leptomicrurus é encontrado nas regiões baixas
tropicais e nas florestas úmidas amazônicas. O monotipo Micruroides é encontrado
apenas no Deserto Sonoran no sudoeste dos EUA e no nordeste do México (SLOWINSKI,
1995).
Foram realizados diversos estudos filogenéticos desse grupo. Pesquisas
bioquímicas e morfológicas evidenciaram que as cobras-corais apresentam uma relação
mais próxima com outros elapídeos do que com os colubrídeos (SLOWINSKI, 1995).
ROZE (1987) apresentou uma árvore filogenética de cobras-corais naquele que foi a
primeira publicação sobre relação entre as cobras-corais (Figura 3). A filogenia proposta
por Roze inseriu o Micruroides como um grupo irmão de todas as outras corais,
divididas em Leptomicrurus e Micrurus. O grupo seguinte deu origem a mais uma
divisão: M. mipartitus e as outras Micrurus. Este último grupo foi separado em grupo
Monodal (seqüência de faixas alternadas vermelha-amarela-preta-amarela-vermelha) e o
grupo Triadal da América do Sul, caracterizada por uma seqüência de cores
diferenciadas (vermelha-preta-amarela-preta-amarela-preta-vermelha) (SLOWINKI,
1995).
12
A
ÁGLIFA
OPISTÓGLIFA
SOLENÓGLIFA
PROTERÓGLIFA
13
Micrurus corallinus
Leptomicrurus scutiventris
Micruroides euryxantus
14
Monodal Micrurus
Leptomicrurus
Micruroides
15
motores, de maneira similar à β-bungarotoxina do veneno da serpente Bungarus
multicinctus.
• Neurotoxicidade pós-sináptica – causada por proteínas com estrutura em três
dígitos (3FTx) desprovidas de ação enzimática. Atuam por fixação competitiva
nos receptores colinérgicos das membranas pós-sinápticas da junção
neuromuscular de nervos motores (ação semelhante à do curare).
16
Os estudos bioquímicos dos venenos são escassos devido à grande dificuldade
de capturar e manter em cativeiro essas serpentes e à pequena quantidade de veneno
obtida na extração. Estudos comparativos iniciais foram realizados com
soroneutralização cruzada. Quando se reage o veneno das principais corais brasileiras
(M. corallinus, M. frontalis, M. spixii e M. ibibiboba) com o soro anti-M. corallinus,
nota-se que ele é capaz de neutralizar o efeito letal da M. corallinus, mas não o das
outras três serpentes. Por outro lado, quando reagidos com o soro anti-M. frontalis, este
é capaz de neutralizar os efeitos letais do veneno da M. frontalis, M. spixii e M.
ibiboboca, mas não o veneno da M. corallinus (HIGASHI et al., 1995). Isso é evidência
de que o mecanismo da ação tóxica do veneno da M. corallinus é causado por
componentes distintos dos presentes no veneno de outras corais, como a M. frontalis
(PRIETO DA SILVA et al., 2001a e PRIETO DA SILVA, 2001b).
Mais recentemente, estudos comparativos enzimáticos, cromatográficos,
mionecróticos e imunoquímicos foram realizados com o veneno de várias espécies de
serpentes corais do Brasil para esclarecer algumas das ações de seu veneno e determinar
padrões de variabilidade intra e interespecífica (AIRD & JORGE DA SILVA, 1991). Frações
neurotóxicas e hemorrágicas também já foram isoladas do veneno de M. surinamensis e
M. frontalis.
17
As enzimas presentes (13-150kDa) incluem fosfolipases A2, responsáveis pela catálise
da hidrólise lipídica. Outras enzimas encontradas na maioria das cobras-corais são a
hialuronidase, que atua como outro fator espalhador na destruição de certas barreiras
estruturais dos tecidos, e o L-aminoácido oxidase, que tem ação catalítica amplamente
distribuída. Algumas hidrolases, tais como fosfodiesterase e anticolinesterase, foram
reportadas no veneno de M. fulvius e parecem estar presente em venenos de outras
espécies (KOCHOLATY et al., 1971). Dentre as substâncias não-enzimáticas (5-10kDa),
estão as neurotoxinas pós-sinápticas, cardiotoxinas (CTX), inibidores de protease,
dendrotoxinas (inibidores de serinoproteases do tipo Kunitz), inibidores de
acetilcolinesterase e neurotrofinas (NGF) (YEE et al., 2004).
As fosfolipases A2 (PLA2, E.C. 3.1.1.4) são mediadores celulares e estão
envolvidas em várias respostas, tais como inflamação, hemólise, inibição da agregação
plaquetária e outras. Elas estão presentes nos venenos da maioria das serpentes das
Família Viperidae, Elapidae e Hydrophiidae (MÉNEZ et al., 1992). As PLA2 são
formadas, principalmente, por cinco α-hélices e duas folhas-β pregueadas curtas (ARNI
& WARD, 1996). Nem sempre a atividade tóxica das PLA2 está relacionada com
atividade enzimática, já que algumas das toxinas mais potentes desta classe não
apresentam nenhuma atividade enzimática, possivelmente por ter o aminoácido
aspartato da posição 49 (sítio de ligação ao Ca2+) substituído por resíduos de carga
positiva, como a lisina (MORA et al., 2005).
As 3FTx (three finger toxins) não possuem atividade enzimática e contêm de
sessenta a 74 aminoácidos. Essas toxinas podem ter suas seqüências facilmente
alinhadas por oito cisteínas muito conservadas (STRYDOM, 1977), que formam um
núcleo globular da proteína e de onde emergem três alças formadas por cinco folhas-β
pregueadas antiparalelas, duas folhas antiparalelas formadas pela primeira alça, e três
folhas antiparalelas formadas pela segunda alça e parte da terceira alça. (ENDO &
TAMIYA, 1991). Por essa razão são chamadas de toxinas com forma de três dígitos
(“three finger shaped toxins”). Nenhuma estrutura em α-hélice é encontrada nessas
moléculas. A forma é discoidal achatada e apresenta um lado côncavo e um lado
convexo. Tem baixa massa molecular, entre 6 a 14 kDa, e ponto isoelétrico típico entre
pH 8 e 10. São extremamente resistentes às variações físicas ambientais. Devido ao seu
pequeno tamanho, são facilmente absorvidas e se distribuem rapidamente nos tecidos da
presa (PRIETO DA SILVA, 2001b). Também chamadas de α-neurotoxinas ou toxinas
18
curaremiméticas, elas são capazes de bloquear a transmissão nervosa ao competir pelo
receptor nicotínico de acetilcolina (nAChR) localizado na membrana pós-sináptica dos
músculos esqueléticos e neuronais (VITAL BRAZIL, 1980).
Há proteínas fisiológicas em mamíferos que não são toxinas, mas apresentam
semelhanças estruturais com as 3FTx (TSETLIN, 1999). Em mamíferos, essas proteínas
pertencem a dois grupos de proteínas ancoradas à célula via glicofosfatidilinositol
(GPI): proteínas Ly-6 e o receptor de membrana CD59. Essas duas proteínas são
monoméricas. Um terceiro grupo de proteínas, também ancoradas a GPI, porém maior e
com pelo menos três domínios em três dígitos, é o uPAR, receptor para o ativador de
plasminogênio do tipo uroquinase.
Citotoxinas são proteínas básicas, desprovidas de ação enzimática e capazes de
causar hemólise, citólise, despolarização de membranas musculares e cardiotoxicidade
específica. Muitos autores consideram sinônimas as citotoxinas e as cardiotoxinas, em
vista das suas semelhanças estruturais. As cardiotoxinas são componentes que se ligam
a receptores de membrana das fibras musculares cardíacas e produzem despolarização
da fibra e paralisia irreversível, com parada cardíaca. A única serpente da América cujo
veneno contém cardiotoxinas, pelos relatos até hoje, é a M. fulvius (EUA e México),
mas é muito provável que elas estejam presentes nos venenos de outras Micrurus, como
demonstrado por JORGE DA SILVA JR et al. (1991).
19
evidente do receptor nicotínico por α-neurotoxinas, a ação principal do veneno de M.
corallinus é pré-sináptica.
Como os acidentes elapídicos no Brasil, causados pelas serpentes pertencentes
ao gênero Micrurus ou cobras-corais, é pouco freqüente, é possível compreender um
número reduzido de investigações para estudar as repercussões clínicas do
envenenamento causado por esse gênero de serpentes.
Sabe-se que os venenos das cobras-corais são extremamente ativos e de alta
toxicidade, mas a maior parte dos pacientes que procuram os serviços médicos após
acidentes causados por esssa serpentes apresenta manifestações clínicas de
envenenamento discretas, ou mesmo ausência delas, sendo raros os acidentes graves
com manifestações paralíticas. Possivelmente, essas observações clínicas estão
relacionadas com os aspectos biológicos dessas serpentes na natureza. As cobras-corais
são, de maneira geral, animais de pequeno porte e de baixa agressividade, além de ter
presas inoculadoras anteriores e pequenas, o que dificultaria a injeção da peçonha.
Com certa freqüência, o individuo é picado na região digital ao manusear a
serpente de forma inadequada e imprudente. As manifestações clínicas locais costumam
ser discretas. O edema, quando presente, costuma ser leve e, geralmente, se associa ao
uso prévio de torniquetes. Não se observam equimoses ou hemorragias locais, embora
tenha sido demonstrado recentemente que a peçonha da espécie M. avery, da região
amazônica, apresenta atividade hemorrágica em camundongos (BARROS et al., 1994). A
maioria dos pacientes menciona dor no local da picada, de intensidade variável, com
tendência à progressão proximal e geralmente acompanhada de parestesia.
As manifestações sistêmicas são caracterizadas pela atividade neurotóxica pré e
pós-sináptica do veneno na junção neuromuscular, o que desencadeia bloqueio da
liberação de ACh e competição das neurotoxinas com os receptores colinérgicos da
placa terminal da junção neuromuscular e o conseqüente aparecimento de síndrome
miastênica aguda. O início das manifestações paralíticas é muito variável: podem surgir
de minutos a horas após a picada. De maneira geral, essas manifestações se iniciam
depois de várias horas após o acidente. Porém, uma vez iniciadas, tendem a progredir e
a se agravar caso não se institua o tratamento adequado. As seguintes manifestações
paralíticas têm sido relatadas (JORGE DA SILVA JR & BUCARETCHI, 2003):
- ptose palpebral;
- dificuldade de acomodação visual;
- oftalmoplegia e anisocoria;
20
- dificuldade para deglutição e mastigação;
- dificuldade para se manter na posição ereta ou para se levantar;
- dispnéia restritiva e obstrutiva, respectivamente por paralisia da musculatura torácica
intercostal e por acúmulo de secreções, que evoluem para paralisia diafragmática.
1.3.7 Epidemiologia
Tabela 1: Coeficientes de incidência anual (por 100 mil habitantes) dos acidentes ofídicos por
região fisiográfica. Brasil, 1990 a 1993. Dados fornecidos pelo CNCZAP.
21
Tabela 2: Diagnóstico dos acidentes ofídicos segundo gênero no Brasil, 1990 a 1993. Dados
fornecidos pelo CNCZAP.
Diagnóstico No de Acidentes %
22
1.4 SOROS ANTIVENENO DE SERPENTES
1.4.1 Histórico
23
anticorpos predominantemente contra algumas toxinas e deixar que outras, menos
imunogênicas, não apresentem anticorpos específicos. Outro fenômeno que pode
ocorrer é a redução da resposta imune, devido à presença de proteínas
imunosupressoras, como as descritas nos venenos de Crotalus durissus terrificus
(CARDOSO et al., 1997).
Por outro lado, a mistura de soros monoespecíficos leva, necessariamente, à
diluição do conteúdo total de anticorpos contra o veneno de cada espécie, e por isso sua
eficiência tende a ser reduzida. Outro aspecto relevante na imunização tradicional é a
forma de preparação dos antígenos. O ideal seria a administração de venenos ativos, por
ser mais confiável que o uso de componentes detoxificados, porém os efeitos deletérios
do veneno podem comprometer a saúde do animal. Assim, uma combinação de doses
com frações menos tóxicas seguidas de doses reforço com o veneno total pode ser mais
eficiente (HIGASHI et al., 1989).
Apesar das dificuldades de obtenção desses soros, somada às desvantagens
citadas acima, seu uso é considerado o tratamento mais efetivo na neutralização de
toxinas com ação sistêmica presente na glândula de veneno de serpentes (RAWEERITH et
al., 2005).
Nos últimos anos, a obtenção de soros hiperimunes contra venenos para fins
analíticos vem ganhando outro rumo, já que os avanços alcançados pela biologia
molecular têm tornado possível a obtenção não apenas de toxinas animais
recombinantes, mas também do uso dessas toxinas e de seus cDNAs para fins
imunológicos, como veremos mais adiante.
Do pouco que é sabido sobre veneno da M. corallinus, é possível dizer que ele é
bastante específico, mesmo comparado a outras espécies do gênero. Sabe-se que o
principal tipo de toxina do veneno da M. corallinus é a neurotoxina pré-sináptica, que
inibe a liberação de acetilcolina pelas terminações nervosas motoras, enquanto as
principais toxinas do veneno da M. lemniscatus e M. frontalis são neurotoxinas pós-
sinápticas, curaremiméticas (VITAL BRAZIL, 1987). Tanto as pré-sinápticas como as pós-
sinápticas podem também estar presentes em uma mesma espécie. Por essa razão, o soro
antielapídico monoespecífico pode não surtir o efeito desejado se a vítima for picada
por uma M. corallinus. É por essa razão que o soro antielapídico produzido deve
englobar esses dois tipos diferentes de toxinas presentes no veneno das cobras-corais
24
encontradas no Brasil. Dessa forma, este soro antielapídico apresenta anticorpos
produzidos a partir de imunização em cavalos com veneno de M. corallinus e M.
frontalis na proporção de 1:1, de modo a conter tanto o soro de M. corallinus como o de
M. frontalis.
A M. corallinus possui dieta ofiófaga, hábito fossorial e o padrão mimético
encontrado em várias outras serpentes. Essas características dão indício da dificuldade
de se obter e manter esses animais em cativeiro. Somada à dificuldade de manutenção, o
tamanho reduzido de suas glândulas e, conseqüentemente, a baixa produção de veneno
tem gerado uma problemática na produção de soro antielapídico no Instituto Butantan.
O Instituto Butantan acaba utilizando a quase integralidade do veneno
conseguido para a obtenção de soro antielapídico e pouco ou nada dele acaba restando
para estudos bioquímicos (HO et al., 1995). Na verdade, mesmo a quantidade de veneno
disponibilizada para a obtenção de soro não atende ao que seria o ideal para suprir a
demanda de produção que cobrisse todo o território nacional. Mesmo que o número de
acidentes seja pequeno se comparado ao de outros gêneros, a ampla dispersão
geográfica do gênero Micrurus e a gravidade dos acidentes exigem que o soro seja
distribuído por todo o país, o que aumenta a demanda de produção.
Tabela 4: Quadro geral da disponibilidade dos animais entregues ao Instituto Butantan para
cada gênero de serpentes, a quantidade de veneno e a longevidade em cativeiro (valores
aproximados).
Lachesis 2 800-1000 2
25
1.5 IMUNIZAÇÃO GENÉTICA OU VACINA DE DNA
Nos últimos anos, a obtenção de soros hiperimunes contra venenos para fins
analíticos vem tomando outro rumo, já que os avanços alcançados pela biologia
molecular tornaram possível a obtenção não apenas de toxinas animais recombinantes,
mas também o uso dessas toxinas e de seus cDNAs para fins imunológicos. Elas agora
podem ser usadas para a imunização com toxinas recombinantes ou apenas com
fragmentos com epítopos específicos (TANJONI et al., 2003), e ainda há a possibilidade
de imunização genética (vacinas de DNA) (HARRISON et al., 2000; HARRISON, 2004;
HASSETT & WHITTON, 1996; LIU, 2003; WAGSTAFF & HARRISON, 2006). Esse último
campo é recente e pode representar uma alternativa bastante promissora para resolver
situações nas quais a imunização tradicional pode não ser possível devido à falta de
antígenos.
A imunização genética teve início a partir de observações em 1992 de que
plasmídeos poderiam ser utilizados para expressar DNA exógeno em células animais e
estimular a resposta imunológica (TANG et al., 1992). O trabalho de HARRISON et al.
(2000) demonstram que ratos imunizados com DNA que codifica o domínio carboxi-
terminal JD9 da jararagina, a mais importante toxina da jararaca, por meio do método de
biobalística (Gene-Gun), obtiveram altos títulos de anticorpos IgG. Esse foi o primeiro
estudo em que foram aplicados métodos baseados em injeção de DNA para preparações
de antiveneno. O método pode representar uma nova abordagem imunológica mais
específica e com menos efeitos colaterais do que os sistemas convencionais de produção
de antiveneno. HARRISON (2004) conseguiu produzir altos títulos de anticorpos com
potencial para melhoria no tratamento sistêmico de picadas de serpentes da família
Viperidae. Recentemente, WAGSTAFF & HARRISON (2006) imunizaram camundongos
com DNA quimérico sintético contendo sete epítopos de maior significância dentro do
grupo de metaloproteinases (SVMP) expressas em glândulas de veneno de Echis
ocellatus e Cerastes cerastes. Estes epitopos foram escolhidos bioinformaticamente a
partir do transcriptoma dessa espécie, ou seja, após a identificação de alguns milhares
de cDNAs abundantes de suas glândulas de veneno. Como resultado, conseguiram
excelente proteção contra esse veneno e contra o de espécies correlatas.
Alguns trabalhos de imunização por DNA foram muito bem-sucedidos, como
pode ser verificado nos trabalhos citados acima, e pensar em soro antiveneno a partir de
26
vacina de DNA é inovador. No entanto, o maior desafio a ser vencido ainda se refere ao
estabelecimento de estudos mais conclusivos sobre as vantagens de se substituir a forma
tradicional de produção de soros ou de complementar a demanda de soros antivenenos
com a fabricação de soros por tecnologias recombinantes.
Uma abordagem muito utilizada hoje a fim de obter um perfil geral de toxinas
presentes na glândula de veneno tem sido a análise transcriptômica. A geração de ESTs
(Expressed Sequence Tags) é um método bastante interessante, já que se baseia no
seqüenciamento aleatório de clones de uma biblioteca de cDNA e fornece uma amostra
estatisticamente representativa da diversidade da expressão gênica naquele sistema (LEE
et al., 1995). Em termos qualitativos e quantitativos, é uma forma de se representar os
mRNAs expressos no tecido analisado.
Essa técnica parece ser bastante apropriada para o estudo de tecidos raros ou de
caracterização bioquímica difícil – caso das serpentes do gênero Micrurus – pois
permite a análise indireta da composição de proteínas a partir do seqüenciamento parcial
de cDNAs. Uma grande quantidade de clones representados em uma biblioteca pode ser
obtida por meio de pequenas quantidades de RNA e perpetuada sem a necessidade de
muito material biológico (ADAMS et al., 1991). Esse sistema de análise de bibliotecas de
cDNA tem a vantagem de ser mais prático do que o seqüenciamento total do cDNA,
pois utiliza-se de primers universais que permitem a leitura das extremidades 3’ e 5’ dos
cDNAs, suficiente para a sua identificação.
Na área toxinológica, as ESTs vêm tornando possível a identificação das toxinas
já bioquimicamente conhecidas no veneno de uma serpente ou a descrição de novas
toxinas após análise comparativa com bancos de seqüências de DNA e proteínas. Por
ser uma abordagem mais genérica e não focada em componentes específicos, muitas
vezes permite a identificação de novas toxinas que, por abordagens objetivas e
direcionadas, não poderiam ser descobertas (JUNQUEIRA DE AZEVEDO & HO, 2002).
Além disso, com o transcriptoma não são descritas apenas seqüências, mas ainda um
perfil da composição e diversidade das proteínas presentes no veneno da serpente pode
ser levantado de forma simples e abrangente, visto que o seqüenciamento aleatório de
clones de uma biblioteca primária de cDNA fornece amostra representativa da
diversidade da expressão gênica naquele sistema (LEE et al., 1995).
27
Em 2002, foi realizado em nosso laboratório o primeiro estudo da diversidade
dos componentes presentes no veneno de uma serpente através da geração de ESTs
(JUNQUEIRA DE AZEVEDO & HO, 2002 e JUNQUEIRA DE AZEVEDO, 2003a). Durante a
geração de ESTs da glândula de veneno de B. insularis, uma serpente da família
Viperidae, e sua análise posterior e identificação em banco de dados, puderam ser
identificados alguns cDNAs nunca antes descritos em glândulas de venenos. Esse
trabalho trouxe um perfil do transcriptoma da glândula de veneno da B. insularis, com a
ocorrência, abundância e seqüência completa de diferentes metaloproteinases (SVMP),
serinoproteinases, peptídeos potenciadores de bradicinina, entre outras toxinas. Além
disso, foi possível identificar a seqüência de um suposto fator de crescimento do
endotélio vascular (VEGF), que posteriormente demonstramos ser de fato uma nova
toxina, totalmente diferente de todas já encontradas em venenos (JUNQUEIRA DE
AZEVEDO et al., 2001 e KOMORI et al., 1999). Pudemos identificar ainda a seqüência do
cDNA de uma suposta proteína de ligação com Ca2+ com quatro motivos EF-hand, que
foi denominada calglandulina (JUNQUEIRA DE AZEVEDO et al., 2003b). Uma forma
ortóloga dessa proteína foi detectada em humanos (CHEN et al., 2004) e chamada de
calglandulin-like, por ser a calglandulina de B. insularis a única referência dessa nova
proteína humana.
Um outro relato de transcriptoma de serpentes foi publicado por KASHIMA et al.
(2004). Foram seqüenciados 549 clones de B. jararacussu que se agruparam em 197
clusters. Uma comparação com o banco de dados identificou PLA2, incluindo as formas
Lys49 e Asp49 e outras toxinas. Nenhum precursor dos BPPs (Peptídeo Potenciador de
Bradicinina) foi encontrado, o que mostra diferenças significativas entre exemplares de
espécies distintas. FRANCISCHETTI et al. (2004) também publicaram um trabalho similar
sobre cDNAs expressos de Bitis gabonica.
Ultimamente, vários transcriptomas de glândulas de veneno de serpentes de
espécies da família Viperidae têm sido relatados por nosso e outros grupos. QINGHUA et
al. (2006) identificou toxinas relacionadas à coagulopatia por meio do estudo do
transcriptoma realizado de glândulas de veneno de Agkistrodon acutus. O transcriptoma
de Echis ocellatus foi realizado pelo grupo de WAGSTAFF & HARRISON (2006). No
nosso grupo, analisamos uma biblioteca da serpente Lachesis muta (JUNQUEIRA DE
28
venenos, como a aranha Loxosceles laeta (FERNANDES-PEDROSA et al., 2002), a
sanguessuga Haementeria depressa (FARIA et al., 2005) ou o carrapato Amblyoma
cajennensis (BATISTA et al., 2008). É importante enfatizar que não há relatos de
trabalhos sobre transcriptoma dentre a família Elapidae.
No caso de cobras-corais do gênero Micrurus, levando em conta seu hábito
fossorial e alimentar, além da dificuldade de se conseguir quantidade adequada de
veneno para estudos bioquímicos, a obtenção de um banco de ESTs pode ser
extremamente útil por permitir o primeiro estudo sistemático da composição molecular
de suas toxinas. Além de representar uma contribuição para o conhecimento biológico
de seu veneno, também permitirá a seleção de candidatos antigênicos para o
desenvolvimento de um soro antielapídico alternativo. Na verdade, é de grande interesse
do Instituto Butantan, junto ao Centro de Biotecnologia, a déia do desenvolvimento de
metodologias alternativas que permitam a auto-suficiência do Instituto para atender a
demanda de produção de soros antielapídeos para o país. Entendemos que o
transcriptoma, seguido de uma análise da viabilidade da obtenção de formas
recombinantes de toxinas representativas selecionadas, ou sua imunização genética,
sejam etapas iniciais imprescindíveis para se pensar em um processo alternativo de
imunização.
29
2. OBJETIVOS
30
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas bibliotecas de M. corallinus obtidas pelo Dr. Paulo Lee Ho, do
Centro de Biotecnologia do Instituto Butantan, já validadas em trabalhos anteriores (HO
et al., 1995 e HO et al., 1997), preparadas a partir do RNA poli(A) extraído de dez
espécimes de M. corallinus, como descrito por SOARES (1994). Os cDNAs obtidos
foram divididos em duas frações (400 a 600 pb e >600 pb), visto que as neurotoxinas de
três dígitos e as PLA2 são codificadas por transcritos menores. Foram ligados a fagos
λgt11D pré-digeridos com extremidades EcoRI/NotI (Pharmacia).
31
(Pharmacia) passou a ser diluído na proporção ótima da placa toda vez que fosse
necessário preparar o conteúdo de “top agarose” descrito anteriormente.
Cada placa de lise (colônia lítica) foi aspirada por pipeta Pasteur descartável e
inserida em um tubo contendo meio SM. Após uma hora de incubação sob agitação em
temperatura ambiente, o material genético do fago estava preparado para ser
amplificado. Foram utilizados dois tipos de enzima taq polimerase para a amplificação
do cDNA contido nos fagos: Taq DNA Polymerase Recombinant, da Invitrogen; e
PlatinumTaq DNA Polymerase, da Invitrogen. Os primers utilizados foram λgt11
forward (5´ GGTGGCGACGACTCCTGGAGCCCG 3´) e reverse (5´
TTGACACCAGACCAACTGGTAATG 3´) que se ligam ao fago λgt11D
correspondente. Por esse método, não foi necessário purificar os fagos nem a extração
de seu DNA, pois o material genético do fago se expõe durante o PCR (Polymerase
Chain Reaction). O produto de PCR foi purificado para uso posterior no
seqüenciamento, segundo três protocolos distintos que avaliamos para escolha do mais
eficiente pelo menor custo: 1) por separação em gel de agarose seguida de purificação
física em colunas de sílica da banda majoritária, com GFXTM PCR – DNA and Gel
Purification Kit, da Amersham Biosciences; 2) por purificação física direta do produto
de PCR; ou 3) por tratamento químico do produto de PCR, realizado com enzimas
exonuclease I (ExoI) 10U/µL, da Amersham Biosciences, e Shrimp Alcaline
Phosphatase (SAP) 1U/µL, da Amersham Biosciences.
A purificação do produto de PCR por tratamento químico foi baseada no
protocolo usual utilizado no Centro do Genoma Humano, na Universidade de São Paulo
(USP). É feita uma reação com 8µL de produto de PCR, somado a um mix de 0,5µL de
ExoI e 1µL de SAP. A amostra é colocada por uma hora a 37ºC e inativada por 15
minutos a 80ºC.
32
amostras foram precipitadas com isopropanol e ressuspendidas em 20µl formamida
(Applied Biosystems).
Foram produzidas seqüências parciais por meio da utilização do primer λgt11F
para a síntese da cadeia complementar, gerando ESTs 5’. Esse primer se liga ao sítio
promotor do fago utilizado, λgt11, que está presente no produto de PCR. A síntese se
inicia em apenas um sítio onde o primer se anela ao DNA do vetor e termina quando
ocorre a incorporação de um dos nucleotídeos análogos, 2’3’ dideoxinucleotídeos
5’trifosfatos (ddNTPs), pois a polimerase não consegue continuar a elongação do DNA.
A leitura se baseia na separação em polímero de seqüenciamento (POP6) dos diferentes
tamanhos dos DNAs sintetizados nas amostras, contendo os quatro dideoxi-nucleotídeos
fluorescentes que emitem comprimentos de onda diferentes (Kit Big Dye). Foi utilizado
o seqüenciador ABI 3100, da Applied Biosystems, de dezesseis capilares.
33
3.2 CLONAGEM DOS CANDIDATOS ANTIGÊNICOS PARA IMUNIZAÇÃO GENÉTICA
(VACINA DE DNA)
Tamanho
Clones utilizados Clones da
Candidato Cluster da ORF
da biblioteca subclonagem
(pb)
MCAL01H08
Atg1 MCOR0604C MCAL01H08.5 258
MCAL09C06
MCAL07D03
Atg2 MCOR0599C MCAL07D03.2 234
MCAL07H04
MCAH05B08
Atg3 MCOR0039C MCAH05B08.1 246
MCAL06A11
MCAL07E03
Atg4 MCOR0100C MCAL07E03.5 246
MCAL09G04
MCAL09A06
Atg5 MCOR0036C MCAL09A06.1 437
MCAL06A06
34
Figura 4: Esquema da estratégia utilizada para clonagem dos candidatos antigênicos.
BamHI
Os primers contêm sítios de restrição nas duas pontas para ligação posterior no
vetor pSecTag2A. Para cada candidato, foram escolhidos dois clones representantes.
Para cada grupo foram desenhados dois primers (Forward e Reverse). Os primers e seus
respectivos nomes estão descritos a seguir.
35
Atg1
NEURO1F (5´ GGATCCCATAGTATGTTACAAGAGGG 3´ ) e
NEURO1R (5´ GAATTCCACCATTGCATTTGTCTCTCA 3´ )
Atg2
NEURO2F (5´ GGATCCCTTGGAATGTAAGATATGCA 3´ ) e
NEURO2R (5´ GAATTCCGTTGCAATTGTCTGTTTTGC 3´ )
Atg3
NEURO3F (5´ GGATCCCACGAAATGTCTCACAAAGT 3´ ) e
NEURO3R (5´ GAATTCCACGGTTGCAATTGGTTTTT 3´ )
Atg4
NEURO4F (5´ GGATCCACTTGTATGTTACACAAACG 3´ ) e
NEURO4R (5´ GAATTCAGAGCTCTCCGTTGCATTTGTC 3´)
Atg5
PLA2 1F (5´ GGATCCCAACCTCATTAACTTCCAACG 3´ ) e
PLA2 1R (5´ GAATTCTTCGGCAACGATTGGGGTTCAT 3´)
3.2.2.2 PCR
Com os primers específicos, foi realizada uma amplificação por PCR usando
como molde os produtos de PCR dos fagos utilizados na geração das ESTs. As
condições da amplificação foram alteradas no decorrer dos experimentos. A temperatura
de anelamento adequada para a maioria dos PCRs foi de 55ºC, e a temperatura de
extensão foi de 72ºC para a taq polimerase (1min/kb). Os 50µL totais foram aplicados
em gel de agarose 1,5%. A banda resultante foi recortada e purificada com kit GFXTM
PCR (Amersham Biosciences). Esse procedimento foi realizado para cada um dos
cinco candidatos.
36
(Amersham Biosciences). Os clones foram seqüenciados (ABI 3100 Applied
Biosystems) para se conferir a ligação ao vetor.
Figura 6: Mapa do vetor pSecTag2A utilizado na clonagem final realizada com os candidatos
antigênicos. Nesse mapa estão apresentados os diferentes promotores, sítios de restrição e
fusões.
37
Os insertos foram, então, ligados ao pSecTag2A e, em seguida, transformados
em bactérias DH5α. A seleção dos clones foi realizada por meio de screening por PCR,
da mesma forma como mencionado na clonagem em pGEM-T, mas o primer forward
utilizado é o T7F. Os clones positivos foram novamente purificados por meio do kit
GFXTM (Amersham Biosciences). O seqüenciamento ocorreu ao final de todas as
clonagens para se conferir a ligação do vetor ao clone e as prováveis mutações
decorrentes de todo o processo.
38
misturado. Por conseguinte, após 20 minutos este conteúdo é derramado sobre as
células. Dessa forma, tem início a transfecção. A cada 12 horas é necessário observar as
condições fisiológicas das células: meio, formato das células e disposição delas. Nesse
momento, o meio DEMEN com soro bovino é substituído por meio DEMEN sem soro
bovino, pois há indícios de que o soro atrapalha a formação do complexo lipossomo-
DNA na transfecção. Após 24 horas tem início a expressão, portanto, a primeira coleta
de sobrenadante aconteceu após 24 horas. Três coletas são suficientes para verificar a
presença ou não de expressão da proteína. No último dia, são coletados os extratos de
células, já que, apesar de a proteína estar em um vetor de secreção (pSecTag2A), podem
ocorrer falhas e a proteína não ser secretada e continuar dentro da célula.
1 2 17 32 39 Dias
Cada animal recebeu 100µg de DNA por dose, sendo no total 300µg/animal.
Para tanto, foi necessária a realização de maxiprep (Plasmid Purification®, Qiagen)
com cada um dos candidatos. As maxipreps foram quantificadas e, para facilitar sua
utilização nas imunizações, todas as concentrações foram acertadas para 1µg/µL, dessa
forma, 100µL seria o equivalente a 100µg. Este acerto foi preparado com PBS 10X
(Phosphate Buffered Saline) estéril e água MilliQ autoclavada (estéril).
39
Os animais foram anestesiados intraperitonialmente com aproximadamente
200µL de anestésico (ketamina 500µL/10mL + xilazina 1000µL/10mL). A injeção do
DNA foi intramuscular (IM) e cada animal recebeu uma dose de 100µL, divididos em
50µL em cada pata.
O sangue foi coletado em tubos eppendorf e colocado na estufa a 37°C por 1
hora. Depois, por mais 1 hora a 4°C (em geladeira). O sangue é centrifugado por 10
minutos, a 3.000 rpm em 4°C. O soro então é retirado e mantido em freezer a -20°C.
A fim de termos antígenos para o teste dos soros, fizemos a expressão de três
dos cinco antígenos baseadas em construções para expressão em E. coli de que já
dispunhamos no laboratório (PRIETO DA SILVA, 2001b e DE OLIVEIRA et al., 2003).
Primeiramente é feita a transformação em bactéria, no caso a E. coli DE3 starpLys
(resistência a cloranfenicol e ampicilina). Um pré-inóculo em 25mL de meio LB
(SAMBROOK et al., 1989) é preparado e, no dia seguinte, é expandido para 500mL +
15mL de pré-inóculo. É crescido em meio de cultura LB com ampicilina e clorafenicol
até atingir DO ≈ 0,6. Antes da indução, é retirada uma alíquota de 1mL de amostra não-
induzida (NI). É colocado então IPTG (indutor de expressão) por 2 ou 3 horas a 37°C.
Após a indução, uma alíquota de 1mL do induzido é retirada e o restante é
centrifugado a 5.000 rpm em 5°C, por 15 minutos. O pellet é congelado ou
ressuspendido com um tampão, de acordo com o pI da proteína (ponto isoelétrico).
Como todas as proteínas têm pI básico, o tampão utilizado foi o Tris pH 6,8 0,1M (pI
±1,5) (Tabela 6).
Tabela 6: As proteínas Atg1, Atg2 e Atg5 com seus respectivos pontos isoelétricos (pI) e o
nome da proteína de acordo com a similaridade com o banco de dados (Blastx).
Nome Proteína pI
40
As bactérias ressuspendidas são lisadas em FrenchPressure®. O lisado é
centrifugado por 30 minutos em 4°C, a 10.000 rpm. O sobrenadante é coletado e
passado na coluna de cromatografia de anfinidade a metal (sepharose carregada com
Ni2+), com fluxo de cerca de 1ml por minuto. São feitas lavagens com várias
concentrações de imidazol (5mM, 20mM, 40mM e 60mM) no mesmo tampão e, no
final, a proteína é eluída com 1M imidazol (25 alíquotas de 1mL).
O corpúsculo de inclusão é lavado primeiramente com uréia 1M. É centrifugado,
o sobrenadante é coletado e uma alíquota é retirada para o gel de SDS-PAGE
(Eletroforese em Gel de Poliacrilamida). O corpúsculo é ressuspendido depois em uréia
8M. Uma alíquota dela é aplicada no gel para se verificar a presença de proteína no
corpúsculo. O corpúsculo em uréia 8M é passado na coluna e o flow through (material
não adsorvido) é coletado. No decorrer do processo da purificação, a concentração de
uréia é diminuída de 8M para 6M. É feita uma lavagem com imidazol 60mM (cinco
alíquotas de 5mL) e, depois, outra lavagem com imidazol 1M. São retiradas 25 alíquotas
de 1mL, da mesma forma que na purificação do sobrenadante. Todas as alíquotas
coletadas são colocadas no gel para visualização. O gel é corado com Comassie Blue
(coloração azulada) e fixado.
Para utilizar as proteínas purificadas no coating de ELISA (Enzyme-linked
Immunosorbent Assay), é necessário retirar o imidazol presente nas amostras coletadas.
Para tanto, é feita a diálise. Como se tratava de corpúsculo de inclusão, a solução
continha uréia. Para facilitar, as três diálises foram feitas em uma mesma solução de 1L
contendo uréia 6M e tampão NaCl-Tris pH 6,8, porém cada proteína estava em
membrana diferente. A membrana utilizada foi de 3kDa, devido ao tamanho das
proteínas (9kDa-12kDa). Após 3 horas, a solução é trocada e a concentração final de
imidazol passa a ficar ao redor de 0,85mM.
1M 29mM 0,85mM
inicial após 3 horas após 6 horas (final)
41
quantificação sem erros. A quantificação é feita por densitometria de bandas em
fotodigitalizador Eagle Eye, que interpreta a intensidade da banda em valor numérico.
3.6.1 ELISA
42
com adição de ácido sulfúrico H2SO4 8N assim que houver titulação aparente (amarelo
mais intenso para menos intenso). Bloqueado, o ELISA pode ser lido. Para o OPD, o
comprimento de onda é 492nm. O branco é a média da coluna sem o soro primário. A
titulação é a diluição onde a Absorbância for próxima de 0,100.
43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 O TRANSCRIPTOMA
44
bibliotecas com faixas de tamanho de cDNAS diferentes, GI (>600pb) e GII (400 a 600
pb), construídas a partir do mRNA de dez espécimes. Dessas bibliotecas, preparamos e
seqüenciamos cerca de 1.500 clones para que fossem observados os transcritos mais
abundantes.
Diferentemente de outros trabalhos de nosso grupo, estas bibliotecas haviam
sido preparadas em fago e foi necessária a padronização de um procedimento de
geração de ESTs a partir de colônias de fagos, tendo em vista que esse projeto utilizava
uma metodologia diferente daquela usualmente utilizada no nosso Laboratório para
geração de ESTs. Muitos testes foram realizados a fim de se padronizar a metodologia,
diminuir os custos e aumentar o rendimento. A primeira padronização foi no PCR de
amplificação dos cDNAs e, posteriormente, na purificação do produto de PCR.
Com relação à padronização do PCR, foram realizados diversos testes-pilotos
para determinar a quantidade mínima necessária de primer e enzima taq polimerase para
que houvesse uma amplificação eficiente, porém com custo não muito alto. Duas
enzimas taq polimerases foram testadas (Taq DNA Polymerase Recombinant, da
Invitrogen, e PlatinumTaq DNA Polymerase, da Invitrogen). Ambas produziram o
mesmo rendimento, porém a taq platinum, apesar de mais cara, apresenta uma
vantagem por estar complexada a um anticorpo que inibe atividade polimerásica em
temperatura ambiente. Dessa forma, pode ser manuseada na bancada e não
obrigatoriamente no gelo – como ocorre com as enzimas taq comuns – além de evitar a
amplificação errônea de DNA. O custo é um ponto que levamos em consideração pelo
fato de estarmos trabalhando em larga escala (placas de 96 poços ou 96well) e não com
clones individuais. As quantidades mínimas determinadas para que houvesse uma
amplificação eficiente avaliada em gel de agarose foram: 10µL de fago λgt11D, 1µL de
primer λgt11F, 1µL de primer λgt11R e 0,5µL de taq polimerase.
Um dos grandes esforços que realizamos foi a padronização da purificação do
produto de PCR. Quando se trabalha com clones individuais, a utilização de kits de
purificação a partir de gel é bastante interessante e vantajosa. Mas quando se trabalha
em larga escala, o trabalho demandado para manipulação individual de cada amostra e o
custo bastante elevado desses kits os tornam menos atraentes. Sistemas de purificação
em larga escala como placas de filtro de 96 poços também têm custo elevado. Dessa
forma, avaliamos três técnicas (separação em gel de agarose 1% seguida de purificação
física por meio da utilização do kit GFXTM PCR, purificação física diretamente na
45
coluna GFX e purificação química com enzimas que removem os excedentes de primers
e nucleotídeos) e comparamos o rendimento juntamente com o custo. A relação custo-
benefício no último caso foi maior e mais favorável. E por essa razão optamos por
utilizar o tratamento químico para purificação do produto de PCR.
Dessa forma, pudemos gerar as ESTs que foram então processadas
bioinformaticamente, incluindo além do agrupamento (clustering) também a anotação e
as análises estatísticas da expressão das toxinas e proteínas celulares encontradas. No
processo bioinformático de agrupamento ou clusterização, realizado com o programa
CAP3, observamos algumas particularidades. Sabe-se que as neurotoxinas presentes
nesses venenos são muito diversas e poucas substituições em alguns resíduos são
capazes de mudar a classe na qual essas proteínas se inserem. Dessa forma, testamos
três estringências diferentes para agrupamento das seqüências (95%, 98% e 99% de
identidade), para avaliar como se comportaria o agrupamento de cDNAs. A idéia era
evitar que diferentes isoformas se reunissem no mesmo cluster. A Tabela 7 ilustra as
quantidades de grupos encontrados.
46
O banco final de ESTs de M. corallinus contém então 1.438 seqüências de
clones que foram agrupadas em 611 clusters, incluindo 483 clusters compostos por
clones individuais (singlets) e 128 clusters com duas ou mais seqüências (contigs). Após
aplicação de filtro contra seqüências de RNA ribossomal, DNA mitocondrial e vetores
ou outros contaminantes, 5% dos clones foram desconsiderados das análises
subseqüentes.
A análise com o banco de dados via Blast revelou que, de 611 clusters, 485
(correspondente a 1.250 clones ou 92% do total) produziram semelhanças significativas
com o banco de dados (e-value < 10-05) e outros 103 clusters (107 clones ou 8% do
total) não puderam ser identificados. Dessa forma, foi possível realizar a anotação,
tabulada em planilha Excel (ilustrada no Anexo I), de onde extraímos as informações
mais relevantes dos resultados que serão apresentados a seguir.
As informações identificadas foram divididas de acordo com as duas funções
gerais esperadas para os transcritos da glândula de veneno: toxinas (funções tóxicas) e
demais transcritos envolvidos nas funções celulares (funções não-tóxicas).
Tanto os transcritos enquadrados na categoria “toxinas” como os “transcritos
celulares” tiveram representação equivalente no perfil geral de proteínas da glândula
(aproximadamente 46% do total de clones cada um). Entretanto, as proteínas celulares
são mais diversificadas (392 clusters). Isso fica mais evidente quando observamos a
redundância (clones/cluster) de cada categoria. As toxinas têm média de 6,7 clones para
cada cluster enquanto os transcritos celulares apresentam valor de 1,6. Isso significa que
cada toxina é, em média, quatro vezes mais expressa do que um dado transcrito celular
(Tabela 8).
Tabela 8: Representação dos clusters obtidos a partir das ESTs da glândula de veneno de M.
corallinus.
Redundância Representação do
Categoria Clusters Clones
(clones/clusters) total de clones (%)
No hit/ genômico/ íntrons 103 107 1,0 7,9
Sequências similares 485 1250 2,6 92,1
Similaridade com
93 625 6,7 45,9
transcritos/proteínas tóxicas
Similaridade com
392 625 1,6 46,2
transcritos/proteínas celulares
Outros (mitocondrial, RNA
23 81 3,5 5,4
ribossomal, vetor)
47
Ao observar os tipos particulares de toxinas (Figura 8), podemos perceber que as
proteínas de três dígitos (neurotoxinas) são os transcritos mais abundantes, seguidas de
fosfolipases do tipo A2 (PLA2), como era esperado. Depois vêm as lectinas do tipo C e
o precursor do peptídeo natriurético. As outras classes de toxinas encontradas são
menos abundantes (Figura 8). Quando verificamos o perfil das possíveis proteínas
celulares (Figura 9), o padrão apresentado segue o que se espera de uma glândula
secretória, caso da glândula de veneno, na qual as proteínas mais expressas estão
relacionadas à transcrição/tradução.
52.2%
WAP
Serinoproteinase
NGF
L-amino acido oxidase
Kunitz
Metalloproteinase
CNP
Lectins
33.3%
10.4% 0.2% PLA2
2.2%
Three finger-like
0.6% 0.5% 0.2%
0.2%
0.3%
48
Possíveis proteínas celulares encontradas na glândula de veneno
de M. corallinus
Celulares Degradação
Celulares Processamento e
Endereçamento
Celulares Regulação
2.1%
Celulares Transcrição e Tradução
Outras Funções
5.4%
17.8% RetroTransposon
Função Desconhecida
49
Tabela 9: Representação dos tipos de toxinas encontradas na glândula de veneno de Micrurus
corallinus, com o respectivo número de clusters e clones.
50
um membro da Família Elapidae, tivemos dificuldade em identificar as possíveis
funções e os possíveis ortólogos em outras espécies por não haver dados suficientes
para sua validação na literatura. Dessa forma, optamos por organizar essas toxinas de
acordo com a semelhança das seqüências entre si. Assim, separamos três lotes diferentes
de cDNAs de 3FTx.
Os dois primeiros lotes contêm seqüências muito similares às quatro possíveis α-
neurotoxinas já descritas na literatura para Micrurus corallinus (HO et al., 1995). O
primeiro foi denominado homolog 7/3/1 (representando os cDNAs das isotoxinas nxh7,
nxh3, nxh1) por serem semelhantes entre si e apresentarem diferenças significativas na
região referente ao peptídeo sinal e em alguns poucos aminoácidos da região referente à
proteína madura. A proteína madura apresenta 57 aminoácidos. O segundo lote refere-se
ao homolog 8 (representando o cDNA nxh8), uma forma peculiar que traz diferenças
significativas na região referente à proteína madura quando comparado ao homolog
7/3/1 (PRIETO DA SILVA, 2001b). Comparando esse dois lotes entre si, nxh8 compartilha
apenas 42% de similaridade com o grupo homolog 7/3/1. A forma madura apresenta 65
aminoácidos. A organização de seu cDNA é similar à descrita para o precursor da
erabutoxina a de Laticauda semifasciata (TAMIYA et al., 1985). A nxh8 apresenta dez
cisteínas que podem formar cinco pontes dissulfeto. Foi constatado que a nxh8 pode se
ligar ao próprio receptor nicotínico de acetilcolina (nAChR) ou compartilhar um epítopo
funcional com as α-neurotoxinas, e que o soro anti-nxh8 (recombinante) pode impedir a
ligação dos componentes pós-sinápticos do veneno de M. corallinus ao nAChR (PRIETO
DA SILVA, 2001b).
O restante das neurotoxinas encontradas (grupo denominado “outras
neurotoxinas”) não é propriamente um grupo de seqüências relacionadas, mas sim novas
3FTx que obtiveram um valor de identidade em torno de 50% com seqüências de 3FTx
do banco de dados. Na Figura 10, estão representadas todas as 3FTx encontradas,
incluindo cada cluster que representa o grupo “outras neurotoxinas”. Estas foram
reagrupadas por semelhança e serão mais bem detalhadas no item 4.2.1.
Ainda com relação à estrutura de três dígitos, um cluster interessante foi
encontrado. O cluster MCOR0226S, com apenas um clone, apresenta semelhança com o
precursor de proteína Ly-6E de linfócitos de Gallus gallus (TOULON et al., 1988). Trata-
se de uma 3FTx, porém provavelmente não-tóxica. As proteínas da família Ly-6
formam um grupo de receptores da superfície celular envolvidos na ativação de
51
leucócitos (TOULON et al., 1988), por isso acreditamos que o cluster MCOR0226S não
deva ser uma toxina.
o
Figura 10: Proteínas de três dígitos encontradas na glândula de veneno de M. corallinus (n de
o
clones/grupo – gráfico maior e n de clones/cluster – gráfico menor).
52
sinápticas, ou β-neurotoxinas com alvos específicos nas junções neuromusculares
(HARRIS, 1991) para aumentar a liberação de neuromediadores. Algumas atuam como
miotoxinas que despolarizam membranas celulares musculares (MEBS & OWNBY, 1990)
e levam à necrose. Acredita-se que as PLA2 possam desempenhar ações neurotóxicas
por se ligarem à membrana nervosa e catalisar a hidrólise fosfolipídica com a produção
de lisofosfolipídios e ácidos graxos (ROSSETTO et al., 2006).
As PLA2 encontradas aqui apresentam estrutura similar às PLA2 de veneno de
outros elapídeos, ou seja, classificam-se como tipo I, particularmente do tipo Ia, pois
está ausente o loop pancreático. O cluster mais abundante obtido é o MCOR0036C, com
196 clones. Esse cluster apresentou uma identidade de 100% com a seqüência de PLA2
de Micrurus corallinus previamente clonada e caracterizada por nosso grupo (DE
OLIVEIRA et al., 2003). Esta seqüência apresenta na posição 49 um aminoácido aspartato
altamente conservado (Asp49) e envolvido intimamente na ligação com íon metal Ca2+,
que tem função essencial na atividade catalítica dessa enzima.
Realinhamos todos os clusters de PLA2 encontrados no banco, e é interessante
notar que dois deles, MCOR0404S e MCOR0609S (singlets), apresentaram seqüências
bastante peculiares, já que possuem inserções de 114pb na posição 110, dentro do
trecho referente à proteína madura (Figura 11). Uma observação interessante é que essa
inserção corresponde exatamente aos últimos 114pb do íntron 4 do gene das PLA2
(FUJIMI et al., 2002). Isso significa que houve um splicing alternativo no transcrito desse
clone, de forma que o íntron 4 (normalmente com ~500pb) não foi completamente
removido e sua porção 3´ permaneceu no transcrito final. De fato, a inserção se inicia
com o dinucleotídeo GT e se encerra com AG, justamente a seqüência canônica das
junções íntron/éxon (LEWIN, 2000) (Figura 11). Além disso, a inserção de 114pb é
múltipla de 3 e corresponde portanto a 38 códons codificantes (sem códons de parada).
Isso permite que, após a inserção, a fase de leitura se mantenha igual à da molécula
original, apresentando o mesmo C-terminal. A análise da seqüência de aminoácidos
inserida não revela similaridade com domínios conhecidos. Claro que essa inserção
pode ser decorrente de um erro fortuito no processo de splicing, mas o fato de não
conter códons de parada nem resíduos de cisteína (o que poderia desestabilizar a
estrutura) e manter a fase da tradução indicam que pode resultar em um novo produto
protéico.
Sabe-se da relevância da ação fosfolipásica do tipo A2 no veneno de M.
corallinus por ela apresentar efeito pré-sináptico neurotóxico (HARRIS, 1991 e
53
ROSSETTO et al., 2006). E, além disso, é a segunda classe de toxinas mais abundante
encontrada no banco. Por essa razão, as PLA2 são candidatos antigênicos para uma
possível imunização genética.
401 480
MCOR0036C (394) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAG----------------------------------------------------
MCOR0404S (273) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAGGTGTGCAACTTCACAACTGGGTATTGAAAAGACACAGGGCTGCGTCTCACAA
MCOR0093C (314) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAG----------------------------------------------------
MCOR0467S (305) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAG----------------------------------------------------
MCOR0491S (216) ...TCCCAAACCGGGTTCGTCACCTGCAAGG----------------------------------------------------
MCOR0494S (241) inserção
...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCGGGG----------------------------------------------------
MCOR0495S (227) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCGGGG----------------------------------------------------
MCOR0509S (308) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAG----------------------------------------------------
MCOR0607S (317) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAG----------------------------------------------------
MCOR0608S (309) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAA-----------------------------------------------------
MCOR0609S (307) ...TCCCAAACCGGGAGCGTCACCTGCAAAGATGTTGAAGAACTTTCCTGCAGATTCGTGAATCAAGGATTTTATCAATCTCA
481 560
MCOR0036C (422) --------------------------------------------------------------ACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0404S (353) TAGTGCAGCGTTTATTTTGGCCATGCTTTCCCCGAGGTTCACCATTTCCTTCTTCCCTGCAGACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0093C (342) --------------------------------------------------------------ACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0467S (333) --------------------------------------------------------------ACGAGGGCACTAAATGTA...
MCOR0491S (244) -------------------------------------------------------------AGGGGGGGGGGGCCCTGTA...
MCOR0494S (269) inserção
--------------------------------------------------------------ACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0495S (255) --------------------------------------------------------------GGGGCGGCACTAAATGTA...
MCOR0509S (336) --------------------------------------------------------------ACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0607S (345) --------------------------------------------------------------ACAACGGCACTAAATGTA...
MCOR0608S (336) --------------------------------------------------------------------------------...
MCOR0609S (387) GCATGGGTGGATTCCCCAAGTGTGACAGGTTCCTCGACCCGGGGTACTCTGTAGTGATCCAC------------------...
Figura 11: Alinhamento dos clusters de fosfolipase do tipo A2 obtidos por análise do
transcriptoma da glândula de veneno de M. corallinus. Nota-se uma inserção de 114pb
delimitada por GT e AG (seqüência canônica das junções íntron/éxon).
54
4.1.2.3 Lectinas do tipo C
As lectinas do tipo C são proteínas não-enzimáticas presentes em venenos de
serpentes de todas as Famílias. Assim como as lectinas de plantas, algumas das lectinas
de veneno são capazes de se ligar a carboidratos. Na presença de Ca2+, as lectinas tipo C
iniciam uma grande infinidade de processos biológicos, tais como adesão, aglutinação,
endocitose e neutralização do patógeno. Elas podem ser divididas em sete grupos
diferentes de acordo com suas características estruturais (WEIS et al., 1998). As lectinas
tipo C que parecem ter perdido a propriedade de se ligar a carboidratos são chamadas
lectinas-like, por apenas conservarem características estruturais em comum com as
lectinas “verdadeiras”. As lectinas de veneno podem causar agregação de hemáceas de
forma dose-dependente. Recentemente, foram isoladas lectinas-like tipo C, que atuam
como antagonistas e agonistas de agregação plaquetária e afetam a trombose e
hemostase por inibição e ativação de receptores específicos da membrana de plaquetas
(OGAWA et al., 2005). Algumas dessas lectinas podem atuar também como
anticoagulantes. Bioquimicamente, as lectinas tipo C são normalmente proteínas homo
ou heterodiméricas com cadeias alfa e beta relacionadas estruturalmente, e com as
subunidades ligadas por pontes dissulfeto entre as cisteínas conservadas na Família.
Possuem cerca de 130 aminoácidos por subunidade.
As lectinas tipo C têm sido bastante utilizadas como ferramenta para investigar e
estudar receptores plaquetários (DU et al., 2002). Alguns inibem a função plaquetária e
previnem a interação com o ligante, outros ativam as plaquetas também diretamente via
receptores ou indiretamente por meio de proteínas plasmáticas. Como exemplos tem-se
o echicetin, que é utilizado como receptor IgMκ, e o botrocetin, que se liga ao fator von
Willebrand.
A convulxina-like (Ofioluxina) foi a primeira proteína a ser identificada que age
via GPVI (Glicoproteína VI) e ela tem sido bastante utilizada para o isolamento,
caracterização e investigação de mecanismos sinalizadores desse importante receptor.
Essa foi a primeira lectina do tipo C identificada na Família Elapidae (DU et al., 2002).
As lectinas tipo C encontradas aqui também são relativamente abundantes.
Sessenta e cinco clones apresentaram similaridades com essas proteínas e foram
agrupados em treze clusters, o que representa aproximadamente 5% do total de
proteínas expressas nesse tecido. Muitas delas correspondiam à ORFs (Open Reading
Frame) completas, ilustradas na Figura 12A e alinhadas com outras lectinas tipo C de
veneno.
55
Sendo componentes ubíquos de venenos, porém muito diversificados em termos
de estrutura-função, é interessante compreender como as diferentes lectinas tipo C de M.
corallinus se encaixam na filogenia da Família. Uma análise filogenética Baesiana
revela que as proteínas de veneno de serpentes se isolam num agrupamento único e
distinto das lectinas fisiológicas animais (Figura 12B) Dentro do grande grupo da
lectinas de veneno, nota-se claramente a distinção entre as lectinas tipo C verdadeiras e
seus homólogos estruturais, as lectinas-like (suporte de ramo de 0,81 e 1,0
respectivamente). Todas as lectinas de M. corallinus se enquadram dentro do grupo das
verdadeiras, juntamente com as lectinas de outros elapídeos. A única exceção é o cluster
MCOR0067C (claramente distinto dos demais já no alinhamento), que é mais similar a
proteínas fisiológicas curtas do grupo das litostatinas do que às lectinas de veneno
(verdadeiras ou não). Recentemente, foi observada um seqüência semelhante a essa no
transcriptoma da serpente B. insularis (BINS004C), que nesta filogenia realmente se
agrupa com o MCOR0067C. Dessa forma, o achado de outra lectina com essas
características corrobora a possibilidade de que esse seja um terceiro grupo de lectinas
de veneno.
Quanto à organização dentro do ramo das lectinas verdadeiras, a maioria dos
clusters se agrupa junto com a lectina de Lapemis hardwick, um elapídeo da subfamília
Hydrophiinae (serpentes marinhas). Apenas um cluster, MCOR0090C, se agrupa com
as lectinas verdadeiras de outros elapídeos e de viperídeos. De qualquer forma, esses
componentes parecem estar bem diversificados em M. corallinus.
56
A
1 100
MCOR0024C (1) MGQFLLVSLGLLLVAFSLNGIGAD----HHCPSDWYSFDK----FCYKFIKQWKSWNDAEASCARLQDSSHLASIHSQAEIFRVQKVIFMNTVL-YDDV-
MCOR0060C (1) MGRFLFVSLCLLVVAFSLNGIGAHR----YCPFDWFSHNA----SCYKLFKHPMTWDRAQRFCTEKQENGQLASIHDAEVSVKLSNHISQRLK--ILDV-
MCOR0067C (1) MGHHAFWGFCLLACLSVTPLVEGIQRG-AKCPEEAIYYRR----YCYQLVDMSLTWDAAETECQHLRPGAHLATLRTTAEERIVSSHIRRSST--ATDA-
MCOR0077C (1) MGQFIIVSFGLVVVALSLRGTGAD----HHCPSSWASYNE----FCYMVSNGSMTWNNAEGFCLKQQPDCHLASIHSKPEAAFIVGLAYHGASS-RSSV-
MCOR0090S (1) MGHFTFISLCLMPIFLSLSGAECY-----TCPIDWLSRNG----LCYKLFDDTKTWPDAEIFCRKHKPGCHLTSIHSEAESADLAEYIYDYLKS-EKNV-
MCOR0095C (1) MGHFTFISLCLMPIFLSLSGAECY-----TCPIDWLSRNG----LCYKLFDDTKTWPDAEIFCRKHKPGCHLTSIHSEAESADLAEYIYDYLKS-EKNV-
MCOR0292S (1) -GKFIIVSFGLVVVAFPLRGTGAD----HHCPSSWASYNE----FCYMVSNGSPTWNNAEGFCLKQQPDCHLASIHSKPEAAFIVGLAYHVASS-RSSV-
MCOR0603Cedit (1) MGHFTFISLCLMPIFLSLSGAECY-----TCPIDWLSRNG----LCYKLFDDTKTWPDAEMFCRKHKPGCHLTSIHSEAESADLAEYIYDYLKS-EKNV-
AAK43584 (1) MGHFTFIGLCLLAMFLSLSGAEC-----YTCPIDWLPKNG----LCYKVFSKHKTWFDAEMYCRKFKPGCHLASLHSNADAVEFSEYISDYLTG-QGHV-
AAK43586 (1) MGHFTFTGLCLLAMFLSLRGAECY-----TCPIDWLPKNG----LCYKVFSKHKTWFDAEKYCRKFKPGCHLASLHSNADAVEFSEYISDYLTG-RGHV-
AAB49518 (1) ----------------------------NNCPQDWLPMNG----LCYKIFDEQKAWEDAEMFCRKYKPGCHLASFHRYGESLEIAEYISDYHKG-QAEV-
ABH05181 (1) MGHFTFTGLCLLAMFLSLRGAECY-----TCPIDWLPKNG----LCYKVFSNPNTWLDAELFCRKFKPGCRLASLHRDADSADLAEYISDYLK-VDGSV-
ABN54808 (1) MGRFLFASLGLLVVAFSLSGTGAN----LYCPFDWLSYNV----SCYKLFYSLVTWDQAQRFCVEQQENSQLASIHDVGESVKLSNYISQRWG--FFDV-
AAQ15153 (1) MGRFIFVSFGLLVVAASLSGTGA------DCLSGWSSYEG----HCYKAFELYKTWEDAESFCMEGVKGGHLVSIESSGEADFVAQLISENMKRLDFFV-
AAQ15155 (1) MGRFIFVSFGLLVVFLSLSGTAA------DCLSGWSSYEG----HCYKPFNELKNWADAENFCTQQQAGGHLVSFQSSEEADFVVKLAFQTFDHSIF---
AAS01426 (1) MGRFIFVSFGLLVVFLSLSGAKGN-----NCPQDWLPMNG----LCYKIFDELKAWKDAEMFCRKYKPGCHLASFHLYGESPEIAEYISDYHKG-QSEV-
BINS0004C (1) MFLITCFIFGLLG-SLTWAGPSVR----TVCPSGTFGYKDGSEWYCYKFYEDQFTFHDAEEECQFKWRG-HLASLTKGKQVKSIAAYVTKENPE-GDLV-
LMUT0078C (1) MGRLIFVSFGLLVVFLSLSGTGA------DCPNGWYSYEG----HCYQIFHLFKTWDDAERFCREQAKGGHLVSIESAEEADFVADLVADNMKRFIPYI-
LMUT0114C (1) MCSWLFICAFLGITFMQDVSAQTCLCAQGFCASGWVQYKS----ACYKVVRQRYTWTEAEISCQRYSPTSHLASIHSTEENNFIFHLMGKPLDYKQGQAY
LMUT0074C (1) MGRFIFVSFGLLVVFLSLSGAAAG------CPSGWSSYKG----HCYKPFNEPKNWADAENFCTQQHTGGHLVSFHSSKEADFVVKLAFQTFG--RDIF-
POLF0063C (1) MGRFILVNLGLLVVAFSLRGSEA------CCPCGWSSYDK----YCYKVFDKRKNWDDAERFCMEQGKGGHLAALGSLEEGKFVGKLAFKKLKEHPTYV-
POLF0083C (1) MGRSIFVNLGLLVVAFSLRGSEA------DCPSGWSSYDK----YCYKVFDERKNWDEAESFCMEQKTGSHLASILSSEEGSYVANLAFKRVK-HPS-M-
WMER0022C (1) MGQFIVVSLGLLAVVFSLTGTGA------HCPCGWTSYEN----FCYKAFNNRKNRDEAEAFCTEQGTGGHLTSIQCTEEADFVATLARRIEIE-PRNI-
WMER0007C (1) MGQF-FLTLGLFVMSVSLKGSAT------LCPSGWSNYTD----YCYKVFYEFKTWDDAEKFCKME-IGRALASIHNSEEESFVHNLTLKSFE--SGSA-
AAU11827 (1) MASVPHFTVFLFLACALGIGANVTRRATSSCPKGWTHHGS----RCFTFHRGSMDWASAEAACIR--KGGNLASIHNRREQNFITHLIHKLSGE-NRRT-
NP_114433 (1) MASRSMRLLLLLSCLAKTGVLG-DIIMRPSCAPGWFYHKS----NCYGYFRKLRNWSDAELECQSYGNGAHLASILSLKEASTIAEYISGYQR--SQPI-
101 197
MCOR0024C (91) WIGLSDPW---ENRTWVWSDGSAYD--YTSWVSEKPSAVDEEQHCVHLS---SSSRYREWEAASCESNNYFICKM----------------------
MCOR0060C (90) WIGLRLSK---RKSIWEWSDGSNLT--YTSWEKGEPNNLMNGEFCAVLS---TGSRYLQWNDKSCWHVHSFVCKFQLQSEAKA--------------
MCOR0067C (93) WIGMHAVR-TPKKLIWEWIDGTTYTPGTLLWDNRAPSTSLSTAECISVTNIHIPGNAARWIQRTCATALPFICKFRSSF------------------
MCOR0077C (91) WIGLNDPE---KRRAWQWSDGSRLI--YKSWMPGEPNNHASMEYCVVLS---AWSRYVGWNDQDCGSRHNFVCKFQPRS------------------
MCOR0090S (90) WIGLNDPQ---KERIWEWTDRSSTN--YTSWNEGEPNNSWNKEYCVHLL---ASQGYLKWNDTPCESLFAFICRCQF--------------------
MCOR0095C (90) WIGLNDPQ---KERIWEWTDRSSTN--YTSWNEGEPNNSWNKEYCVHLL---ASQGYLKWNDTPCESLFAFICR-----------------------
MCOR0292S (90) WIGLNDPE---KRRAWRGSDGSRLI--YKSWMPGEPNNHASMEYCVVLS---AWSRYVGWNDQDCGSRHNFVCKFQ---------------------
MCOR0603Cedit (90) WIGLNDPQ---KERIWEWTDRSSTN--YTSWNEGEPNNSWNKEYCVHLL---ASQGYLKWNDTPCESLFAFICRCQF--------------------
AAK43584 (90) WIGLRDTK---KKYIWEWTDRSRTD--FLPWRKKQPDHFNNNEFCVEIV---NFTGYLQWNDDNCAALRPFLCQCKY--------------------
AAK43586 (90) WIGLRDTK---KKYIWEWTDRSRTD--FLPWRKNQPDHFNNNEFCVEIV---NFTGYLQWNDDNCAALRPFLCQCKY--------------------
AAB49518 (67) WIGLWDKK---KDFSWEWTDRSCTD--YLTWDKNQPDHYEGKEFCVELV---SLTGYRLWNDQVCESKNAFLCQCKF--------------------
ABH05181 (90) WIGLNDPQ---KKRTWVWSDRSSSN--YFSWNQGEPNNSKNKEYCVHLW---APTGYLKWNDAPCESLHPFLCQCKY--------------------
ABN54808 (90) WMGLRLSK---RNGIWEWSDGSNLT--YTSWKEGEPNNLFNMEFCAVLS---AGTRYLQWNDKKCTLLHPFLCQFQPRSEANG--------------
AAQ15153 (90) WIGLRVQGD-EKQCNSEWSDGSSVS--YENWIESES------KTCLGLE---QQTKFRKWVNLYCGQRIPFVCEA----------------------
AAQ15155 (88) WMGLSNVW---NQCNWQWSNAAMLR--YKAWAE-ES-------YCVYFK---STNNK--WRSRSCRMMANFVCEF----------------------
AAS01426 (90) WIGLWDKK---KDFSWEWTDRSCTD--YLSWDKNQPDHYQNKEFCVELV---SDTGYRLWNDQVCESKNAFLCQCKF--------------------
BINS0004C (93) WIGLREVKGSSVKTRWRWTDGTRSM--YKKWSYGEPKIGHYDDPCVGLS---PASGYVEWVARECTNTFPFLCKWKPS-------------------
LMUT0078C (90) WIGLRVQGE-QKKCTSKWSDGSSVS--YENWDESEL------KTCLGLE---QDTNYEKWENVYCGKINPFVCEA----------------------
LMUT0114C (97) WIGAHDTF---KEGTFVWTDGSKFD--FQSFPSEQPDGLTGEHYLGSWF---LRNEKITWNDYNNSWKFGSVCKYSLANGGCSSSCEAK--------
LMUT0074C (88) WMGLSNVW---NKCSWQWSNAAMLK--YEAWAEES--------YCVYFK---STNNK--WKSCACRMEAYFVCEFQA--------------------
POLF0063C (90) WIGLRAQGQ-GQQCSSRWSDGSRIL--YENWHPLQS------KKCIALS---KWTEYLKWYNHICDFTLPFICKFLAEPDDPE--------------
POLF0083C (88) WIGLSNIW---NQCSWQWSDGSSLG--YEAWVEG--------PDCVMMR---LQPGFIDWYSVECKSTLPFTCKFLAKREDPAPE------------
WMER0022C (89) RIGLKAAPQREEQCSRKWSDGSRIG--YKKINTKY------IKKCVTLS---KVTGYQKWHNFNCDDKCPFICKILASEDPVSEAPGGLEKQGSPPA
WMER0007C (86) WIGLSNVW---KKCHWEWSDQSLVD--FEAWVER--------PHCVGMR---VQPKLVSWHDMDCQIKLPFICKSPKEAKAVPR-------------
AAU11827 (93) WIGGNDAV---KEGMWFWSDGSKFN--YKGWKKGQPDKHVPAEHCAETN---FKGAF--WNNALCKVKRSFLCAKNL--------------------
NP_114433 (93) WIGLHDPQ---KRQQWQWIDGAMYL--YRSWS-GKSMG--GNKHCAEMS---SNNNFLTWSSNECNKRQHFLCKYRP--------------------
57
B
Figura 12: A) Alinhamento das lectinas do tipo C e seus homólogos estruturais, as lectinas-like,
juntamente com as lectinas fisiológicas animais encontradas no transcriptoma de glândulas de
veneno de M. corallinus. B) Análise filogenética Baesiana dessas lectinas tipo C (setas
vermelhas indicam os clusters das lectinas tipo C encontradas no banco transcriptômico de
glândulas de veneno de M. corallinus).
58
4.1.2.4 Peptídeo Natriurético
O precursor do peptídeo natriurético encontrado nos elapídeos é uma forma
diferenciada do precursor dos peptídeos potenciadores de bradicinina (BPP) e do
peptídeo natriurético encontrado nos viperídeos. Os peptídeos natriuréticos estão
presentes em muitos venenos, inclusive nos elapídicos, onde são codificados por outro
tipo de precursor, sem os BPPs (SCHWEITZ et al., 1992 e HO et al., 1997).
Três são os principais tipos de peptídeos natriuréticos encontrados: peptídeo
natriurético atrial (ANP), peptídeo natriurético cerebral (BNP) e peptídeo natriurético
tipo C (CNP). O peptídeo natriurético da serpente do gênero Dendroaspis (DNP)
compartilha propriedades estruturais e funcionais com essas três formas. Todos
apresentam efeito de vasodilatação, assim como efeitos natriuréticos. Os efeitos de
vasodilatação induzido pelas três formas de peptídeos natriuréticos são mediados pela
estimulação de uma guanilato ciclase específica (WOODARD et al., 2002). Um peptídeo
análogo aos CNPs foi sintetizado e perfundido em rim de rato, e apresentou resposta
sobre o volume urinário e excreção de Na2+ dose-depentente (HO et al., 1997).
Encontramos cinco clusters em um total de catorze clones, que representam
aproximadamente 1% de todas as proteínas expressas no banco obtido. O cDNA
representante do cluster MCOR0001C (seis clones) é muito semelhante ao que foi
caracterizado por HO et al. (1995), à exceção da cisteína extra que não foi confirmada
em nossa seqüência. Todos os peptídeos natriuréticos descritos até hoje apresentam uma
estrutural em anel com dezessete aminoácidos atrelado por uma ponte dissulfeto, que se
estende com alguns poucos aminoácidos pelo N-terminal. Já no C-terminal, os
peptídeos natriuréticos do tipo B e C de mamíferos apresentam de quatro a sete
aminoácidos. O peptídeo natriurético de M. corallinus apresenta algumas
peculiaridades: a) ele apresenta uma extensão C-terminal não usual que é mais longa; e
b) essas regiões flanqueadoras apresentam duas regiões homólogas de função
desconhecida.
Ao realinhar os clusters entre si notamos que três clusters (MCOR0019C,
MCOR0193S, MCOR0195S) apresentaram uma grande deleção de 237 pb em relação
ao MCOR0001C resultando na ausência de 79 aminoácidos (Figura 13). Analisando as
montagens e as ESTs individualmente, ao nível de cromatogramas, percebemos que esta
deleção não deriva de artefatos do processo bioinformático e que estão até presentes em
mais clones (sete no total) do que a molécula arquétipa do cluster MCOR0001C (seis
clones). A fase de leitura é mantida após a deleção, de forma que o polipeptídeo
59
codificado possui o peptídeo sinal, parte do prodomínio incluindo, uma parte das
regiões homólogas e o restante do C-terminal. Portanto, o trecho deletado corresponde
ao peptídeo natriurético maduro propriamente dito e um pouco da região flanqueadora.
Diferentemente da inserção no cDNA da PLA2 (descrita na Figura 12), o trecho
deletado não segue a regra GT-AG de splicing e portanto não deve se tratar de um
splicing alternativo. Além disso, alguns clusters ainda apresentam inserções
correspondentes a quatro resíduos (VHPE) próximas ao C-terminal.
É difícil precisar qual o real significado de uma molécula como esta, abundante,
com parte dos elementos do prodomínio e do C-terminal, mas em que está ausente o
CNP. Uma pista pode ser a presença, mesmo na forma deletada, de uma das regiões
repetitivas, que já foi sugerida como possuindo elementos característicos de peptídeos
biologicamente ativos (HO et al., 1997). Assim, talvez esse precursor seja “desenhado”
para produzir um novo peptídeo baseado nesse trecho. É interessante notar que os
precursores dos BPPs/CNPs de venenos, cujas estruturas são conhecidas há algum
tempo, vêm revelando novos peptídeos em suas regiões propeptídicas. GRAHAM et al.,
2005, por exemplo encontraram peptídeos inibidores de bradicinina no mesmo
precursor dos BPPs. Mais recentemente, WAGSTAFF et al., 2008, descreveram que a
região espaçadora conservada (EKW) de alguns precursores gera peptídeos presentes no
veneno capazes de inibir as metaloproteases do próprio veneno, num suposto
mecanismo de proteção contra proteólise na glândula.
60
4.1.2.5 L-aminoácido oxidase
L-aminoácido oxidases são conhecidas há muito tempo em venenos. São
enzimas grandes, de 58kDa, que atuam basicamente sobre L-aminoácidos convertendo-
os em cetoácidos e gerando H2O2, o que parece contribuir para a inibição da agregação
plaquetária e lesão celular (NATHAN et al., 1982). Não foi obtido nenhum clone
completo, devido provavelmente ao seu cDNA (2,8 kb) ser muito longo (RAIBEKAS &
MASSEY, 1998). Dois clusters, MCOR0200S e MCOR0263S, cada um contendo apenas
um clone (singlet), foram encontrados no banco de M. corallinus (Figura 14). A L-
aminoácido oxidase já foi reportada em elapídeos, pois está depositada no banco de
dados (Accession no AAY89682), mas não em Micrurus. Na análise desses dois
clusters, notamos que os dois se sobrepõem, sendo que o MCOR0200S representa a
parte correspondente a 3’UTR (posição 1368pb-1551pb), enquanto o MCOR0263S
contém a parte C-terminal da região referente à proteína madura (885pb-1386pb).
MCOR0263S: 1 » 507
1 500 1000
Figura 14: Dois clones encontrados no banco de dados de M. corallinus representando duas
regiões fracamente contíguas da L-aminoácido oxidase.
61
Dois clusters de baixa expressão, MCOR0110C e MCOR0611S, foram
encontrados no banco de dados. Ambos aparentam ser mais parecidos com os inibidores
que com as neurotoxinas, já que são similares a diversos tipos de inibidores dos
viperídeos, embora o grau de conservação dos dois seja baixo. Entretanto, no contexto
de forte perturbação neurotóxica do veneno de M. corallinus tal atividade é bastante
plausível, portanto mais análises ainda são necessárias para se determinar sua função
exata.
4.1.2.7 Metaloprotease
As metaloproteases de veneno são normalmente agrupadas de acordo com a
presença de domínios específicos. Há um domínio proteolítico caracterizado pela
presença de um sítio catalítico que conserva o motivo HEXXHXXGXXH, responsável
pela ligação de um íon metálico, geralmente Zn2+. Após o domínio catalítico pode haver
um domínio tipo desintegrina, capaz de se ligar às integrinas de plaquetas ou de células
endoteliais. A região responsável pela ligação às integrinas pode apresentar o motivo
RGD (desintegrinas RGD) ou ter esta seqüência substituída por outra, como ECD
(desintegrinas não-RGD), alterando sua especificidade. O carboxi-terminal das
desintegrinas não-RGD pode ter ainda um domínio rico em cisteínas de função pouco
conhecida.
A metaloprotease encontrada aqui é representada apenas por um único cluster
MCOR0063C, de apenas quatro clones (1123pb). É semelhante à cobrina encontrada
em Naja naja, espécie da Família Elapidae do Velho Mundo. Trata-se de um exemplar
de metaloprotease do tipo P-III, ou seja, ela apresenta o domínio tipo desintegrina não-
RGD seguido de um domínio rico em cisteínas.
4.1.2.8 Serinoprotease
As serinoproteases de veneno, especialmente em viperídeos, estão relacionadas à
tripsina. Essas proteínas possuem em torno de 35kDa, apresentam seis pontes dissulfeto
e quantidades variáveis de sítios de glicosilação. Estas enzimas normalmente contém
doze resíduos de cisteína e uma extensão C-terminal, o que é característica das
serinoproteases. As serinoproteases do veneno de cobra devem ocorrer como enzimas
similares à tripsina, amplamente descrita nos viperídeos, ou como as proteínas do tipo
Fator X, mais complexas, encontradas em alguns elapídeos terrestres (KINI, 2005).
Recentemente, algumas enzimas similares à tripsina foram descritas na Família
62
Elapidae, por exemplo, ABN72544, o que mostra que essa não é uma classificação
pragmática.
A variação de substratos das diversas serinoproteases de veneno é bastante
grande e muitas delas atuam sobre os elementos da cascata de coagulação.
As serinoproteases através de evoluções adaptativas aceleradas geram variantes
de diversas funções (FRY et al., 2006), incluindo especificamente componentes
sanguíneos de degradação e ativação que estão envolvidas na coagulação e fibrinólise
(SERRANO & MAROUN, 2005), ativando o sistema kalicreína/kinina (HUNG & CHIOU,
2001) ou afetando agregação plaquetária (LAING et al., 2005).
No transcriptoma de M. corallinus nós não encontramos nenhum dos tipos,
apenas um único cluster parcial (MCOR0160S) que mostra mais similaridade com as
serinoproteases não-venenosas dos mamíferos (~52% de identidade) do que com as
serinoproteases das serpentes (~39%). Os maiores acertos se dão com as prostasinas de
mamíferos basais, como o ornitorrinco (Monotremata) e o gambá (Metatheria). Este é
um canal que ativa a protease envolvida no crescimento de células epiteliais. A porção
semelhante ao MCOR0160S corresponde a uma parte do domínio da Peptidase S1,
indício de que deve ocorrer atividade proteolítica. Mas, como a seqüência é parcial, não
é possível determinar a presença de domínios adicionais, como o C-terminal
transmembrana ou o propeptídeo. Dada a onipresença da serinoprotease nos venenos de
cobra, nós incluímos este cluster entre as possíveis toxinas de M. coralinus, embora uma
confirmação posterior ainda seja necessária.
4.1.2.9 NGF
Assim como seus homólogos de mamíferos que regulam diferenciação neuronal,
os NGFs (Nerve Growth Factor) de veneno atuam como agonistas de baixo potencial de
receptores TrkA (tirosina-quinase), ao competir pela ligação ao receptor com o NGF
endógeno, influenciando no desenvolvimento de neurônios colinérgicos (MCDOWALL,
http://www.ebi.ac.uk/interpro/potm/ 2004_6/Page1.htm).
Os NGFs pertencem à família dos fatores neurotróficos e são polipeptídeos
neurotróficos muito bem caracterizados. Foram os primeiros fatores neurotróficos a ser
identificados como polipeptídeos que regulam manutenção e sobrevivência neuronal
(KOSTIZA & MEIER, 1996). Por definição, os fatores neurotróficos são proteínas solúveis
endógenas que regulam sobrevivência, crescimento, plasticidade morfológica, ou
síntese de proteínas para funções diferenciadas dos neurônios.
63
Os NGFs apresentam um papel importante na ontogênese e regulam o
desenvolvimento e manutenção de neurônios derivados de neurônios sensoriais
embrionários e de células nervosas do nervo periférico simpático dos vertebrados.
Recentemente, tem surgido evidências de que as NGFs têm efeito similar dentre os
neurônios colinérgicos do sistema nervoso central. Apesar de induzir um típico
crescimento de fibras em cultura celular, veneno de serpente e NGF humano exibem
também efeitos não-neuronais, tal como indução de extravasamento plasmático e
liberação de histamina de todas as células sanguíneas (KASHIMA et al., 2002).
As proteínas do tipo NGF são típicas também de muitos venenos, onde se
apresentam como complexos homodiméricos associados por ligações, geralmente não-
covalentes. Os NGFs de venenos podem ser incluídos dentro do grupo das
vasculotoxinas. O efeito desses fatores no envenenamento é provavelmente deixar o
local da picada mais suscetível aos outros componentes do veneno e levar a uma
distribuição ótima de substâncias que dificilmente poderiam se infiltrar no tecido alvo
(KOSTIZA & MEIER, 1996).
Esse componente também foi encontrado em nosso banco, porém é bem menos
abundante que as demais. Talvez pelo fato de sua seqüência ser bastante longa, o único
cluster obtido (MCOR0149S) é parcial, ou seja, corresponde apenas a parte da região C-
terminal. Sua relevância no veneno de serpentes ainda não é muito clara.
4.1.2.10 WAP
Essa é uma classe nova de toxinas. No banco obtivemos apenas um cluster,
MCOR0526S, com apenas um clone. É uma seqüência parcial, ou seja, não contém a
porção do peptídeo sinal e parte da proteína madura.
A proteína WAP (Whey Acidic Proteins), ou waprina ou nawaprina (assim
denominada por ter sido descrita primeiramente em Naja nigrocollis) apresenta um
possível papel como inibidor de protease. É semelhante à elafina (inibidor de elastase de
leucócito humano), caltrina-like (inibidor de transporte de cálcio) e a outros inibidores
de protease extracelular. Por apresentar diferenças significativas em regiões importantes
da molécula, nawaprina possivelmente não apresenta uma atividade de inibição da
elastase e deve ter uma função diferente em venenos de serpentes (TORRES et al., 2003).
Membros dessa família apresentam quatro pontes dissulfeto, das quais três estão na base
da molécula. Em mamíferos, sua função parece estar relacionada à maturação
espermática no epidídimo.
64
O domínio WAP geralmente consiste de cinqüenta resíduos de aminoácidos,
com oito resíduos de cisteína conservados formando quatro pontes dissulfeto. Apesar
dos resíduos de cisteína serem conservados, os segmentos intercisteína são totalmente
diferentes dos demais membros da família WAP. Além disso, o domínio WAP é
encontrado em proteínas com funções divergentes, incluindo inibição Na+K+ATPase,
inibidor de proteinase com atividade antimicrobial (elafina), atividade inibitória do
crescimento (ps20) e proteínas antibactericidas. A maioria das proteínas de domínio
WAP reportadas estão envolvidas no sistema imune inato (NAIR et al., 2007).
65
4.2.1 Escolha de candidatos antigênicos a partir do transcriptoma de M. corallinus
66
representado na Figura 15 com enfoque na seqüência escolhida como representante,
pelas mesmas razões descritas acima. Da mesma forma, o clone MCAL01H08,
pertencente ao cluster MCOR0604C, será considerado daqui em diante como nosso
antígeno 1, referido como Atg1.
(1) 1 10 20 30 40 50 60 70 86
MCOR0118C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLECKICNFKTCPTDELRRCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
MCOR0604C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLECKICNFKTCPTDELRHCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
MCOR0605C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLECKICNFKTCPTDELRHCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
MCOR0496S (1) MKRKLLTLVVVTIMFLPLGYTLECKICNFKTCPTDELRHCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
MCOR0152S (1) -------------MCLVLGYTLNCKICNFKTCPTDELRRCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
Consensus (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLECKICNFKTCPTDELRHCASGETICYKTFWNTHRGLRIDRGCAATCPTVKPGVNIICCKTDNCN
Figura 15: Alinhamento dos clusters que representam o grupo homolog 8 (nxh8). O cluster
MCOR0604C (Atg1) foi o escolhido para representar todo o grupo e é idêntico à seqüência
o
nxh8 (Accession n sp|P58370|NXAH8_MICCO).
(1) 1 10 20 30 40 50 60 79
MCOR0117C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIICYKRHASDSQTKTCLSGICYKKYTRGRYNPEMGCGCPQSGRGVDVDCCMRDKCNG
MCOR0444S (1) -MKTLLLTLVETDIVCLDFGYTIICYKRHASDSQTKTCLSGICYKKYTRGRYNPEMGCGCPQSGRGVDVDCCMRDKCNG
MCOR0543S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGISRPEMGCGCPQSSRGVKVECCMRDKCNG
MCOR0597C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGISRPEMGCGCPQSSRGVKVECCMRDKCNG
MCOR0598C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVECCMRDKCNG
MCOR0483S (1) MTKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0584S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0004C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0599C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0106C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0476S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0600C (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0568S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0540S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0557S (1) -MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
Consensus (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVCYKRHASDSQTTTCLSGICYKKITRGSSRPEMGCGCPQSSRGVKVDCCMRDKCNG
Figura 16: Alinhamento dos clusters que representam o grupo nos quais incluem nxh1, nxh3 e
nxh7. O cluster MCOR0599C (Atg2) foi o escolhido para representar todo o grupo e é idêntico à
o
seqüência nxh7 (Accession n sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO).
67
Estes dois tipos de neurotoxinas eram os mais abundantes (Figuras 15 e 16) e,
portanto, os candidatos eram mais evidentes. Entretanto, os outros clusters de 3FTx
correspondem a formas bastante diferenciadas e não possuem identidade significativa
com qualquer outra possível neurotoxina elapídica depositada nos bancos de dados
(apresentam apenas um padrão de conservação dos resíduos importantes do grupo). Foi
feito um alinhamento de todas essas seqüências diferentes de neurotoxinas (quinze
clusters), que foram denominadas “outras neurotoxinas”. Deste alinhamento, fomos
excluindo as proteínas que representavam isoformas semelhantes umas das outras até
que ficassem apenas as formas mais diferenciadas. Sete clusters foram então omitidos, e
restou somente um representante de cada tipo (Figura 17). Dentro desse conjunto,
destacam-se dois tipos mais abundantes: um composto por 29 clones (representado pelo
cluster MCOR0039C) e outro com 27 clones (representado pelo cluster MCOR0100C).
Esses dois clusters, destacados na Figura 17, foram selecionados como candidatos
antigênicos por serem abundantes e diferentes das duas seqüências já conhecidas de
Micrurus descritas anteriormente, e foram denominados, respectivamente, Atg3 e Atg4.
(1) 1 10 20 30 40 50 60 70 80 96
MCOR0039C (1) MNTLLLTLVVVTIVCLDFG---YTTKCLTKFSPGLQTSQTCPAG-QKICFKKWKKG-----EKVSRGCAVTCPKPKKDETIQCCTKNNCNR-----
MCOR0120C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDFG---YTLICLTHKSAVFETTETCLPGLHKVCYKRWYMG-----SSVDAGCADTCPRNFPLEIVECCATDKCNR-----
MCOR0092C (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDLG---NSLICYNTMMQ----KVTCPEG-KDKCEKYAVPVMR-GKFYFSYQCTSKCHEG---AYDVCCSTDLCNKSSTSG
MCOR0094C (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDLGNTANTLFCDNSNVPSIRTRKRCLKN-QKLCYKMTFFTPG-FGWTQIKGCIHRCPESTPNEKYQCCSTDNCI------
MCOR0100C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLG---YTLVCYTNVLEPPGTLETCPD--DFTCVKKWEGGG----RRVTQYCSHACAIPASYEFVHCCQTDKCNG-----
MCOR0103C (1) MKALLLTLVVVTIVCLDLG---YTRKCYEGEG--TRKSVTCPKG-EKVCYTIFLVGPSHPAKVLKWGCAASCPKVGLGARISCCSKDNCNSHR---
MCOR0105C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLG---YTRKCRIGKDG--FYSVTCTEK-ENLCFTMFSARS--PTQIIERGCASSCS----SRYMKCCSTDSCNG-----
MCOR0109C (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDLG---HTLQCYVGRDG--FKFVTCPEG-ENHCYTTAITAR--PTYVIVRGCISSCS----WYYIKCCTTDKCND-----
Consensus (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDLG YTL CY T VTCP G K CYK G GCA CP E CCSTD CN
(1) 1 10 20 30 40 50 60 70 80 94
MCOR0599C (1) MKTLLLTLVVVTIVCLDFGYTIVC-YKRHAS-DSQ---TT-TCLSG---ICYKK-IT--RGSSRPEMGCG--C--PQSSRGVKVDCCMRDKCNG
MCOR0039C (1) MNTLLLTLVVVTIVCLDFGYTTKC-LTKFSP-GLQ---TSQTC-PAGQKICFKK-WK--KGEK-VSRGCAVTCPKPKKD--ETIQCCTKNNCNR
MCOR0100C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLVC-YTN----VLEPPGTLETC-PD-DFTCVKK-WE--GGGRRVTQYCSHACAIPASY--EFVHCCQTDKCNG
MCOR0604C (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLECKICNFKTCPTD---ELRHCASG-ETICYKTFWNTHRGLR-IDRGCAATC--PTVKPGVNIICCKTDNCN-
Consensus (1) MKTLLLTLVVVTIMCLDLGYTLVC YTNFAS LQ TL TC SG D ICYKK W RG RRVSRGCA TC P S GV I CC TDNCNG
Figura 18: Alinhamento dos principais candidatos de proteínas de três dígitos escolhidos a
partir do transcriptoma de M. corallinus.
68
O quinto candidato escolhido é o cluster MCOR0036C, representando o cluster
mais abundante obtido com 196 clones de possíveis PLA2. Como mostrado
anteriormente, os outros clusters menos abundantes diferenciam-se deste pela presença
de deleções e inserções. A Figura 19 representa o cluster escolhido como candidato da
PLA2, considerado daqui em diante como Atg5 (Antígeno 5).
69
verificada pelo screening por PCR com os primers M13F e o Neuro1R. Dessa forma,
dentre os seis testados, quatro foram positivos (MCAL01H08.3, MCAL01H08.4,
MCAL01H08.5 e MCAL01H08.6). Foi escolhido o clone MCAL01H08.5 para ser
inserido no segundo vetor. A etapa seguinte é a digestão com enzimas de restrição
BamHI e EcoRI. A digestão está representada na Figura 20B. O fragmento exposto foi
recortado e purificado.
λHind 1 2
(pb)
A
2027
B λHind D
564
125
Figura 20: A) PCRs dos clones MCAL01H08 e MCAL09C06, os dois clones representantes do
grupo Atg1. B) Digestão do clone MCAL01H08.5 escolhido para representar o Atg1. Nesta
figura está representado apenas o clone digerido (D). A imagem encontra-se superexposta
para facilitar a visualização da banda de baixa massa molecular.
Após a digestão, foi feita uma segunda ligação com o vetor pSecTag2A. A
ligação foi transformada. O screening por PCR é realizado para averiguar a presença de
colônias positivas com o fragmento. Para cada clone positivo foi atribuído um terceiro
número: MCAL01H08.5.1, MCAL01H08.5.2, MCAL01H08.5.3, MCAL01H08.5.3,
MCAL01H08.5.5, como podemos observar na Figura 21. Os clones foram confirmados
por seqüenciamento.
70
λHind .5.1 .5.2 .5.3 .5.4 .5.5
Figura 21: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone 1.5). Nessa figura estão
presentes cinco clones do Atg1.
λHind 1 2 λHind D
A B
Figura 22: A) PCRs dos clones MCAL07D03 (1) e MCAL07H04, (2) os dois clones
representantes do Atg2. Foi escolhido o MCAL07D03 para dar continuidade às clonagens. B)
Digestão do clone MCAL07D03.2 escolhido para representar o Atg2. Nesta figura está
representado apenas o clone digerido (D). O fragmento proveniente da digestão (seta) foi
recortado e purificado.
71
λHind .2.1 .2.2 .2.3 .2.4 .2.5 .2.6 .2.7 .2.8 .2.9 .2.10
Figura 23: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone MCAL07D03.2). Nessa figura
estão presentes dez clones do grupo Atg2.
λHind 5
A
B λHind D
Figura 24: A) Amplificação bem sucedida do clone MCAH05B08 (Atg3). B) Digestão do clone
MCAH05B08.1 escolhido para representar o grupo Atg3. Nesta figura está representado
apenas o clone digerido (D). O fragmento proveniente da digestão (seta) foi recortado e
purificado.
72
4.2.2.4 Antígeno 4 (Atg4)
Este grupo, representado pelos clones MCAL07E03 e MCAL09G04, apresentou
um padrão de amplificação inespecífico, com tamanhos não esperados. Testamos os
primers individualmente e verificamos que o problema estava no primer reverse
Neuro4R encomendado, que veio com defeito, pois não era capaz de amplificar nenhum
produto, mesmo quando combinado com primers forward universais ligados ao vetor
(teste não apresentado).
Foi feito um novo desenho do primer Neuro4R. Com o novo primer, a
amplificação ocorreu sem problemas, como pode ser verificado na Figura 25A. A banda
amplificada do clone MCAL07E03 foi ligada ao pGEM-T e transformada em DH5α.
Foi escolhido o clone MCAL07E03.5 para dar continuidade às clonagens. O clone
MCAL07E03.5 foi digerido com as enzimas BamHI e EcoRI, como realizado nos
outros experimentos citados acima. A Figura 25B apresenta a digestão e o fragmento
proveniente dessa digestão.
λHind D
λHind 1 2
A B
Figura 25: A) PCRs dos clones MCAL07E03 (1) e MCAL09G04 (2), os dois clones
representantes do Atg4. Essa figura representa a amplificação bem sucedida com utilização do
novo primer Neuro4R. B) Digestão do clone MCAL07E03.5. Nesta figura está representado
apenas o clone digerido (D). O fragmento proveniente da digestão (seta) foi recortado e
purificado
73
4.2.2.5 Antígeno 5 (Atg5)
No caso do Atg5, os clones que o representam são MCAL09A06 e
MCAL06A06. Os dois clones foram amplificados com os primers específicos (PLA1F e
PLA1R). Na Figura 26A estão representadas, em gel de agarose 1,5%, as duas
amplificações realizadas para esse grupo. A banda referente ao clone MCAL09A06 foi
recortada, purificada, ligada ao vetor pGEM-T, e este transformado em bactérias E. coli
DH5α. A presença de colônias positivas foi ratificada pelo screening por PCR. Para
cada colônia positiva foi atribuído um número. Dessa forma, o clone 9 apresentou
quatro novos subclones (MCAL09A06.1 MCAL09A06.2, MCAL09A06.3,
MCAL09A06.4). Foi escolhido o clone MCAL09A06.1 para ser inserido no segundo
vetor. A etapa seguinte foi a digestão com enzimas de restrição BamHI e EcoRI, a fim
de tornar as extremidades coesivas para encaixe no segundo vetor. A digestão está
representada na Figura 26B.
λHind 1 2
(pb)
A
λHind ND D
2027
B (pb)
2027
564
564
125
125
Figura 26: A) PCRs dos clones MCAL09A06 (1) e MCAL06A06 (2), os dois clones
representantes do Atg5. B) Digestão do clone MCAL09A06.1 escolhido para representar o
Atg5. Estão representados o clone não digerido (ND) e o clone digerido (D) com o fragmento
liberado (seta).
74
denominados MCAL09A06.1.1, MCAL09A06.1.2, MCAL09A06.1.3,
MCAL09A06.1.4 e confirmados por seqüenciamento.
Figura 27: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone MCAL09A06.1). Nessa figura
estão presentes quatro clones do Atg5.
75
Ef Ec S3 S2 S1 Sc c+ LMW
Ef Ec S3 S2 S1 Sc c+ LMW
Figura 28: SDS-PAGE contendo amostras das três coletas de sobrenadante e do extrato de
células. Na primeira figura encontra-se a membrana de transferência, que mostra a proteína
total corada com Ponceau S. A segunda figura é o resultado do Western blot revelado com
antiveneno de Micrurus corallinus (anti-corallinus) extraído de cavalo. c+ - controle positivo (no
caso, veneno de Micrurus corallinus), Sc – Sobrenadante/ controle, S1 –
Sobrenadante/1ªcoleta, S2 – Sobrenadante/2ªcoleta, S3 – Sobrenadante/3ªcoleta, Ec – Extrato
de células/ controle, Ef – Extrato de células/final.
76
extratos finais de cada uma das transfecções. Estes resultados estão apresentados abaixo
na Figura 29.
E4 E1 Ec C+ LMW S4 S1 Sc
E4 E1 Ec C+ LMW S4 S1 Sc
Figura 29: SDS-PAGE contendo amostras das três coletas de sobrenadante e do extrato de
células. Na primeira figura encontra-se a membrana de transferência, que mostra a proteína
total corada com Ponceau S. A segunda figura é o resultado do Western Blot revelado com
anti-cmyc, c+ – controle positivo (no caso, proteína HEK), Sc – Sobrenadante/ controle, S1 –
Sobrenadante/Atg1, S4 – Sobrenadante/Atg4, Ec – Extrato de células/ controle, E1 – Extrato de
células/final do Atg1, E4 – Extrato de células/final do Atg4, LMW – padrão de peso molecular.
77
Tendo em vista que os resultados não foram satisfatórios para assegurar a
expressão ou não dos candidatos antigênicos, decidimos investir diretamente na
imunização em camundongos, o nosso objetivo final.
78
(kDa) LMW FT8M L60 L60 L60 L60 L60 E1 E3 E5 LMW E6 E7 E8 E9 E11 E13 E15 E17 E19
97,0
66,0
45,0
30,0
20,1
14,4
(kDa) LMW L60 L60 L60 L60 L60 E1 E3 E5 E6 LMW E7 E8 E9 E10 E11 E13 E15 E17 E19
97,0
66,0
45,0
30,0
20,1
14,4
Nota-se que a proteína começou a sair da coluna com mais intensidade a partir da sexta
eluição e continuou até aproximadamente a décima eluição.
79
era esperado. O não-induzido e o induzido também não se apresentaram de forma
evidente, porém sabe-se que houve indução pela análise das lavagens.
Da mesma forma, a proteína Atg5 teve o corpúsculo de inclusão purificado,
como pode ser observado na Figura 32 seguinte.
(kDa) LMW FT8M L60 L60 L60 L60 L60 E1 E3 E5 LMW E6 E7 E8 E9 E11 E13 E15 E17 E19
97,0
66,0
45,0
30,0
20,1
14,4
Nota-se pelas eluições com 1M imidazol, que a purificação foi bem sucedida e a
proteína passou a ser recuperada com mais intensidade a partir da quarta eluição (E4) e
com maior intensidade na quinta eluição (E5).
Como foi comprovado, a maior parte das proteínas estava contida no corpúsculo
de inclusão. Dessa forma, passamos a trabalhar apenas com as alíquotas da purificação
do corpúsculo.
A diálise é necessária para se retirar o imidazol presente nas amostras coletadas
durante a purificação, já que ele atrapalha o teste de ELISA. A uréia pode permanecer,
por ser responsável pela estruturação da proteína e não influenciar o teste. Sem uréia,
possivelmente a proteína precipitaria.
A diálise decorreu sem que a proteína precipitasse. A solução de 6M uréia foi
diluída com a troca de solução, sem que isso prejudicasse o andamento da diálise.
Para a diálise, foram escolhidas amostras com a proteína mais intensa e mais
evidente, a partir dos géis de SDS-PAGE mostrados anteriormente nas purificações do
corpúsculo de inclusão.
As alíquotas de cada proteína foram colocadas em um mesmo tubo. Cada tubo
foi dialisado individualmente, cada um em uma membrana de 3kDa, colocado dentro de
um béquer com 1L de solução 6M uréia e tampão NaCl-Tris pH 6,8.
80
As três proteínas foram colocadas no mesmo gel para facilitar o processo. Foi
feita a curva de BSA e o resultado está apresentado na Figura 33 abaixo.
97,0
66,0
45,0
30,0
20,1
14,4
Figura 33: SDS-PAGE com amostras das proteínas purificadas e dialisadas juntamente com a
curva de BSA. No gel, a curva de BSA tem início em 3µg – 0,5µg de BSA, de 0,5 em 0,5.
81
4.2.6 Análise da resposta imune
82
Atg1
0.5
Absorbância 492nm
0.4
0.1
0
0
20
40
80
0
80
60
20
16
32
64
24
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
Diluições
Atg2
0.5
Absorbância 492nm
0.4
0.1
0
0
80
80
60
20
16
32
64
24
12
25
51
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
Diluições
Atg5
0.25
Absorbância 492nm
0.2
Soro Pré-imune
0.15 Soro Final
0.1
0.05
0
0
1| 0
1| 0
1| 0
1| 0
1| 20
20
40
80
0
16
32
64
8
6
24
1|
1|
1|
12
25
51
1|
1|
10
Diluições
Figura 34: Gráfico de ELISA com as diferentes diluições e a absorbância detectada. Cada
ponto no gráfico representa três titulações de uma mesma imunização (desvio padrão).
83
LMW Atg2 Atg5 Atg1 Mcor Mfro Bjar CTX
Figura 35: SDS-PAGE corado com Comassie Blue. Figura representa as três proteínas
recombinantes obtidas (Atg1, Atg2 e Atg5) e venenos de algumas serpentes (M. corallinus –
Mcor, M. frontalis – Mfro, B. jararaca – Bjar e Cardiotoxina – CTX).
84
Pela análise da figura, nota-se que houve reconhecimento de cada proteína
recombinante quando em contato com o soro produzido nas imunizações. Cada soro
reconheceu sua proteína específica, porém não houve reconhecimento dos venenos
representados na figura (M. corallinus, M. frontalis, B. jararaca e Cardiotoxina).
No segundo teste ELISA, o coating foi preparado com as proteínas
recombinantes Atg1 e Atg2, dessa vez contra os soros obtidos com a imunização em
camundongos com os Atg3 e Atg4. Portanto, esta é uma análise cruzada para se
descobrir se esses soros são semelhantes entre si ou se reagem com as proteínas
recombinantes purificadas (Atg1 ou Atg2). Lembrando ainda que não dispúnhamos das
formas recombinantes dos Atg3 e Atg4, produzidas em E. coli.
Neste teste foi possível perceber similaridade entre Atg2 e Atg3/4, mas não com
Atg1 (Figura 37). Este resultado mostrou que estas seqüências sintetizaram proteínas
similares; entretanto, Atg1 parece ter diferenças na estrutura ou na similaridade de
epítopos (proteínas diferentes).
85
Atg3-protAtg1
0.14
Absorbância 492nm
0.12
0.1
0.08 Soro pré-imune
0.06 Soro final
0.04
0.02
0
0
0
1| 0
1| 0
1| 0
1| 20
0
80
24
16
32
64
6
4
12
25
51
1|
1|
10
1|
1|
1|
Diluições
Atg3-protAtg2
0.25
Absorbância 492nm
0.2
0.15 Soro pré-imune
0.1 Soro final
0.05
0
0
0
0
1| 0
1| 0
1| 0
1| 20
0
0
80
24
16
32
64
8
6
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1| 0
1| 0
1| 60
1| 20
20
40
80
0
16
32
64
24
1|
1|
1|
12
25
51
1|
1|
10
Diluições
Atg4-protAtg2
0.18
Absorbância 492nm
0.16
0.14
0.12
0.1 Soro pré-imune
0.08 Soro Final
0.06
0.04
0.02
0
0
0
0
1| 0
1| 0
1| 0
1| 20
0
0
80
24
16
32
64
8
6
2
4
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
Diluições
86
4.2.7 Imunização tripla com três candidatos antigênicos
87
Atg1 - IMZ
0.16
0.14
0.12
Absorbância 492nm
0.1 S1
S2
0.08
S3
0.06 S4
0.04
0.02
0
20
40
80
80
60
20
16
32
64
24
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
diluições
Atg2 - IMZ
0.45
0.4
0.35
Absorbância 492 nm
0.3
S1
0.25 S2
0.2 S3
0.15 S4
0.1
0.05
0
0
20
40
80
80
60
20
16
32
64
24
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
Diluições
Atg5 - IMZ
0.12
0.1
Absorbância 492 nm
0.08
S1
S2
0.06
S3
0.04 S4
0.02
0
0
20
40
80
80
60
20
16
32
64
24
12
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
Diluições
S1
0.15
S2 antigênicos (Atg1, Atg2 e Atg5).
S3
0.1
S4 Os gráficos mostram a reação
0.05 entre os coatings (V1, V8 e V2)
0 com o soro proveniente da
0
20
40
80
80
60
20
16
32
64
24
25
51
1|
1|
1|
10
1|
1|
1|
1|
1|
1|
1|
Diluições
candidatos.
88
Portanto, nossos resultados indicam que a imunização com DNA, via de regra, é
capaz de gerar resposta imune contra as proteínas recombinantes. Entretanto, o veneno
não foi reconhecido por estes soros. Isso indica que, possivelmente, haja algum
problema na configuração estrutural das proteínas geradas nos camundongos como
resultado da transfecção dos cDNAs. Talvez o dobramento incorreto leve à produção de
anticorpos contra determinantes lineares, não capazes de reconhecer as proteínas
nativas. Talvez os esquema de clonagem no vetor pSecTag2A, com vários “tags” para
controle de expressão/purificação, tenha prejudicado o dobramento. Assim, novas
construções e/ou diferentes vetores de expressão podem ajudar a melhorar a expressão
desses antígenos. Diversos protocolos de imunização podem gerar resultados
completamente distintos. Na injeção intramuscular, usada aqui, o DNA costuma ser
injetado nos músculos tibial anterior ou quadríceps de camundongos. Normalmente,
para este protocolo induz-se uma lesão no músculo com uma cardiotoxina antes da
injeção do DNA para estimular o processo de reparo muscular (OLIVEIRA et al., 1999 e
LAI & BENNETT, 1998). Porém a CTX é um componente de venenos elapídicos (Naja
sp.), justamente uma proteína da família das 3FTx e poderia assim induzir resposta
imune correlata à do veneno. Outra forma usada em alguns casos é a injeção por meio
de lipossomos que permitam que a dose tenha um efeito mais prolongado, uma vez que
a liberação do DNA é paulatina. Um protocolo teoricamente mais promissor é o de
biobalística. Nesse procedimento, cerca de 50µg de DNA são adsorvidos a microesferas
de ouro (0,2 a 4mm de diâmetro) e injetados em alta velocidade (1.500km.h-1) na derme
dos animais. O DNA é dissociado das micropartículas pela ação do líquido celular,
ocorrendo ou não a integração do gene exógeno no genoma do organismo (OLIVEIRA et
al., 1999). Esse procedimento já demonstrou em vários casos ser mais eficiente para
indução de resposta imune do tipo Th2 (IL-4, IL-5, IL-10), ou seja, aquela que é mais
indutora de anticorpos, o que é particularmente interessante para a geração de um soro
hiperimune. O fator limitante desse procedimento é a disponibilidade do equipamento
de disparo das biopartículas, tal como o Helius GeneGun (Bio-Rad) ou similar. Este tipo
de protocolo é o que foi o utilizado por WAGSTAFF & HARRISON, 2006, para a geração
de um anti-soro contra toxinas do viperídeo E. oceollatus. Esses mesmos autores
utilizaram o vetor pSecTagB por diferentes vias de imunização com antígenos de um
nematóide, apresentando títulos muito maiores quando injetado por biobalística (Gene
Gun) (HARRISON & BIANCO, 2000).
89
Outra questão importante a ser testada, é a contribuição de adjuvantes vacinais.
Este campo é amplo e são utilizadas desde construções com plasmídeos codificando
citocinas que aumentem a secreção de anticorpos, como o fator GM-CSF (granulocyte-
macrophage colony-stimulating factor), até adjuvantes mais comuns, como sais de
alumínio, fosfato, monofosforil lipídio A, ou complexos com lipídios catiônicos
(ULMER et al., 1999 e FISCHER et al., 2003). Até mesmo o próprio DNA excedente
usado na imunização tem caráter adjuvante, pois o padrão de metilação do DNA
bacteriano é diferente do de mamífero, o que ativa o sistema imune inato (KLINMAN et
al., 1997 e LIU et al., 2003).
Anos de estudo sobre vacinas de DNA mostraram que, diferentemente das
vacinas inativadas ou de subunidade, as vacinas gênicas resultam em uma apresentação
antigênica via moléculas de MHC de classe I e classe II, o que mimetiza o processo
resultante de infecção natural ao ativar linfócitos T CD4+, CD8+ e a produção de
anticorpos. Os diferentes tipos de resposta imune induzida pela administração de DNA
justificam claramente sua aplicação nos campos das doenças infecciosas. (OLIVEIRA et
al., 1999). A questão é saber derivar essa resposta para o objetivo de gerar soros hiper-
imunes e não apenas proteção. Algumas poucas tentativas de realizar esse objetivo são
encontradas. Além daqueles trabalhos referentes à imunização com DNA de toxinas de
serpentes, citados anteriormente, alguns outros esforços buscaram gerar hipersoros
contra doenças bacterianas ou virais. FISCHER et al., 2003, por exemplo, usando uma
composição lipídica catiônica junco com DNA, geraram títulos razoáveis de anticorpos
contra o vírus da raiva em cavalos. Já HERRMANN et al., 2006, foram capazes de
produzir em coelhos um antisoro contra o antrax capaz de neutralizar os efeitos
deletérios da toxina de Bacillus anthracis.
Dessa forma, citando HARRISON & BIANCO (2000), a aplicação das metodologias
baseadas em DNA para o desenvolvimento de antivenenos terapêuticos representa a
maior mudança conceitual na produção de antivenenos em um século e tem o potencial
de promover uma terapia imunológica específica com melhor custo-benefício e menor
periculosidade do que as atualmente usadas.
De qualquer forma, este nosso resultado, mesmo que ainda longe de uma
aplicação terapêutica, são os primeiros passos para a utilização da imunização genética
para fins de produção do soro anti-coralinus, o que nos encoraja a dar prosseguimento à
pesquisa.
90
5. CONCLUSÃO
91
6. RESUMO
92
7. ABSTRACT
93
8. APÊNDICES
8.1 ABREVIATURAS
94
nxh1 - neurotoxina homolog 1
nxh3 - neurotoxina homolog 3
nxh7 - neurotoxina homolog 7
nxh8 - neurotoxina homolog 8
OPD - o-dihidrocloreto de fenilenodiamina
ORF - Open Reading Frame
PBS - Phosphate Buffered Saline
PBS-T - Phosphate Buffered Saline + Tween
PCR - Polymerase Chain Reaction (Reação em cadeia da polimerase)
pI - Ponto Isoelétrico
PLA2 - Fosfolipase do tipo A2
SAP - Shrimp Alcaline Phosphatase
SDS-PAGE - eletroforese em gel de poliacrilamida + sulfato dodecil de sódio
SV40 - Promotor de vetor de expressão de células eucariontes
SVMP - Metaloproteinase de veneno de serpentes
WAP - Whey Acidic Proteins
95
8.2 ÍNDICE DE FIGURAS
96
Figura 20: A) PCRs dos clones MCAL01H08 e MCAL09C06, os dois clones representantes do
grupo Atg1. B) Digestão do clone MCAL01H08.5 escolhido para representar o Atg1................70
Figura 21: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone 1.5).........................................71
Figura 22: A) PCRs dos clones MCAL07D03 (1) e MCAL07H04, (2) os dois clones
representantes do Atg2. B) Digestão do clone MCAL07D03.2 escolhido para representar o
Atg2.............................................................................................................................................71
Figura 23: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone MCAL07D03.2)......................72
Figura 24: A) Amplificação bem sucedida do clone MCAH05B08 (Atg3). B) Digestão do clone
MCAH05B08.1 escolhido para representar o grupo Atg3...........................................................72
Figura 25: A) PCRs dos clones MCAL07E03 (1) e MCAL09G04 (2), os dois clones
representantes do Atg4. B) Digestão do clone MCAL07E03.5...................................................73
Figura 26: A) PCRs dos clones MCAL09A06 (1) e MCAL06A06 (2), os dois clones
representantes do Atg5. B) Digestão do clone MCAL09A06.1 escolhido para representar o
Atg5.............................................................................................................................................74
Figura 27: Screening por PCR (pSecTagA2 + fragmento/clone MCAL09A06.1).......................75
Figura 28: SDS-PAGE contendo amostras de sobrenadante e do extrato de células...............76
Figura 29: SDS-PAGE contendo amostras de sobrenadante e do extrato de células...............77
Figura 30: SDS-PAGE com amostras da expressão e purificação (corpúsculo de inclusão) da
proteína Atg1 referente ao candidato antigênico Atg1................................................................79
Figura 31: SDS-PAGE com amostras da expressão e purificação (corpúsculo de inclusão) da
proteína Atg2 referente ao candidato antigênico Atg2................................................................79
Figura 32: SDS-PAGE com amostras da expressão e purificação (corpúsculo de inclusão) da
proteína Atg5 referente ao candidato antigênico Atg5................................................................80
Figura 33: SDS-PAGE com amostras das proteínas purificadas e dialisadas juntamente com a
curva de BSA...............................................................................................................................81
Figura 34: Gráfico de ELISA com os diferentes títulos e a absorbância detectada...................83
Figura 35: Figura representa as três proteínas recombinantes obtidas (Atg1, Atg2 e Atg5) e
venenos de algumas serpentes...................................................................................................84
Figura 36: Resultado da revelação de Western Blot..................................................................84
Figura 37: Gráficos de ELISA para a análise cruzada entre Atg3 e Atg4 com relação às
proteínas recombinantes purificadas Atg1 e Atg2.......................................................................86
Figura 38: Gráficos de ELISA proveniente do resultado de imunização com três candidatos
antigênicos (Atg1, Atg2 e Atg5)...................................................................................................88
97
8.3 ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Coeficientes de incidência anual (por 100 mil habitantes) dos acidentes ofídicos por
região fisiográfica. Brasil, 1990 a 1993.......................................................................................21
Tabela 2: Diagnóstico dos acidentes ofídicos segundo gênero no Brasil..................................22
Tabela 3: Comparação entre o número de acidentes elapídicos e o número de acidentes
ofídicos ocorridos entre 2001 e 2005..........................................................................................22
Tabela 4: Quadro geral da situação dos animais entregues ao Instituto Butantan para cada
gênero de serpentes, a quantidade de veneno e a longevidade em cativeiro)...........................25
Tabela 5: Apresentação dos diferentes candidatos, clusters, clones e tamanhos (pb)
respectivos..................................................................................................................................34
Tabela 6: As proteínas Atg1, Atg2 e Atg5 com seus respectivos pontos isoelétricos (pI) e o
nome da proteína de acordo com a similaridade com o banco de dados...................................40
Tabela 7: Três valores diferentes de identidade testados como parâmetro de estringência no
CAP3 e os resultados obtidos.....................................................................................................46
Tabela 8: Representação dos clusters obtidos a partir das ESTs da glândula de veneno de M.
corallinus.....................................................................................................................................47
Tabela 9: Representação dos tipos de toxinas encontradas na glândula de veneno de Micrurus
corallinus, com o respectivo número de clusters e clones..........................................................50
98
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109
10. BIOGRAFIA
Formação Acadêmica
Atuação Profissional
2008
Professora de ensino fundamental I e II, ensino médio e curso pré-vestibular no EMAE do
GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer)
2006-2008
Mestrado no Centro de Biotecnologia do Instituto Butantan – Geração de um banco
transcriptômico de glândulas de veneno de Micrurus corallinus e identificação de candidatos
antigênicos para um anti-soro antielapídico.
2003-2005
Iniciação Científica no Centro de Biotecnologia do Instituto Butantan – Geração e análise de
um banco representativo de cDNAs de Bothrops insularis.
2001-2003
Iniciação Científica no Departamento de Bioquímica e Fisiologia Animal da UNIFESP –
Estudo sobre a ação de enzimas hepáticas em fígado perfundido de rato.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. Identification of putative antigenic candidates to
an antielapidic serum based on the analysis of Micrurus corallinus transcriptome. 2008.
33rd FEBS Congress & 11th IUBMB Conference. Atenas, Grécia.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. Identification of putative antigenic candidates to
an antielapidic serum based on the analysis of Micrurus corallinus transcriptome. 2008.
XXXVII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular
(SBBq) e XI Reunião da Panamerican Association for Biochemistry and Molecular
Biology (PABMB). Águas de Lindóia, São Paulo.
110
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. The analysis of Micrurus corallinus (coral-
snake) transcriptome. 2007. XXXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Bioquímica e Biologia Molecular - Sbbq e 10th International Union of Biochemistry and
Molecular Biology Conference (IUBMB). Salvador, Bahia.
Ramos-Guimarães, P ; Oliveira-Carvalho, A.L ; Correa-Neto, C ; Aguiar, A. S. ; Melgarejo,
A.R. ; LEÃO, L. I.; Junqueira-de-Azevedo, I. L. M.; Ho, PL ; Soares, MR ; Zingali, R.B.
Predictive proteome of Micrurus frontalis versus Micrurus corallinus venom. 2007. 9th
IST Pan-American Section Meeting, Mexico.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. Identification of putative antigenic candidates to
an antielapidic serum based on the analysis of Micrurus corallinus transcriptome. 2006.
VIII Reunião Anual Do Instituto Butantan. São Paulo.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. Identification of putative antigenic candidates to
an antielapidic serum based on the analysis of Micrurus corallinus transcriptome. 2006.
IX Congresso Brasileiro de Toxinologia - SBTx. Fortaleza, Ceará.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. A full-length set of ORFs from Bothrops
insularis transcriptome and a comparative view of Viperidae envenoming through major
toxin profile. 2005. XXXIV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e
Biologia Molecular – SBBq. Águas de Lindóia, São Paulo.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. The generation and analysis of a cDNA database
of Bothrops insularis venom glands, focusing on identification of new toxins and the
characterization of the full-lenght sequences of some transcripts. 2005. VII Reunião
Anual Científica do Instituto Butantan. São Paulo.
LEÃO LI, Junqueira de Azevedo ILM, Nishiyama MYJr, Ho PL. The generation and analysis
of a cDNA database of Bothrops insularis venom glands, focusing on identification of new
toxins and the characterization of the full-lenght sequences of some transcripts. 2004. VI
Reunião Científica Anual do Instituto Butantan. São Paulo.
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. The Bothrops insularis Transcriptome Project:
The Generation And Analysis Of An Updated Expressed Sequence Tags (ESTs) Database.
2004. VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Toxinologia.VIII Congresso da
Sociedade Brasileira de Toxinologia. Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
LEÃO LI, Borges DR. Influência da Idade na Resposta à Agressão Hepática por Diferentes
Agentes. 2003. PIBIC. São Paulo.
Batista IFC, Chudzinski-Tavassi AM,Faria F, Simons SM, Labruna MB, Barros-Batestti DM;
LEÃO LI, Ho PL, Junqueira de Azevedo ILM. Expressed Sequence Tags (ESTs) from
the salivary glands of the tick Amblyomma cajennense (Acari: Ixodidae). Toxicon.
2007.
111
Outras atividades
112
Tabela 8: Tabela de anotação - representa todo o perfil transcriptômico de clusters obtidos a partir da geração de ESTs de glândulas de veneno de Micrurus corallinus .
N° de Clones Categoria
CLUSTER Tamanho (pb) FULL PRODUTO Blast Accession N° % ID e-value overlap
no Cluster 1aria
MCOR0407S 188 1 P CT similar to ribosomal protein S27 isoform 2 X >ref|XP_886008.1 95 2.00E-20 45/47
MCOR0408S 423 1 P CP Sec61a1-prov protein X >gb|AAH45117.1| 92 1.00E-68 128/138
MCOR0409S 424 1 P CT 40S ribosomal protein S27 X sp|P47904|RS27_XENLA 85 2.00E-32 64/75
MCOR0410S 467 1 FP CP similar to Metaxin 2 X ref|XP_421989.1| 89 3.00E-70 132/148
MCOR0411S 397 1 P CT eukaryotic translation elongation factor X >gb|AAV66397.1| 89 6.00E-59 114/128
MCOR0412S 254 1 P CT 60S ribosomal protein L3 X gb|AAH09655.1| 21 3.00E-38 76/83
MCOR0413S 184 1 NH no hit
MCOR0414S 386 1 FP CR similar to S100 calcium binding protein X ref|XP_547580.1| 59 1.00E-21 57/96
MCOR0415S 487 1 P OF solute carrier family 26, member 11 X >ref|NP_001014866.1| 77 3.00E-63 125/162
MCOR0416S 497 1 FF CT 40S ribosomal protein S14 X sp|P62263|RS14_HUMAN 99 2.00E-79 148/149
MCOR0417S 508 1 P CR similar to Diablo homolog, mitochondrial X >ref|XP_415152.1| 82 5.00E-66 130/157
MCOR0418S 322 1 P CD poly-ubiquitin precursor X >gb|AAA31133.1| 100 7.00E-39 81/81
MCOR0419S 494 1 P CE putative collagen alpha-2 (XI) chain X >gb|AAA67751.1| 50 1.00E-31 66/130
MCOR0420S 525 1 NH no hit
MCOR0421S 540 1 NH no hit
MCOR0422S 500 1 P CE Keratin, type I cytoskeletal 19 X sp|O93256|K1C19_CHICK 85 2.00E-74 142/166
MCOR0423S 426 1 FP CR similar to recombination protein REC14 X >ref|XP_413745.1| 90 2.00E-66 117/129
MCOR0424S 469 1 P CM muscle phosphofructokinase X >ref|NP_989554.1| 84 5.00E-59 105/124
MCOR0425S 526 1 P OF Annexin A2 (Annexin II) (Lipocortin II) X sp|P17785|ANXA2_CHICK 94 2.00E-86 156/165
MCOR0426S 319 1 NH no hit
MCOR0427S 542 1 P OF inosine monophosphate dehydrogenase X >ref|NP_001025772.1| 97 1.00E-95 176/180
similar to lysophosphatidic acid
MCOR0428S 159 1 P OF acyltransferase X >ref|XP_415422.1| 78 1.00E-18 41/52
MCOR0429S 424 1 P CT similar to Transcription factor BTF3 X >ref|XP_423823.1| 95 3.00E-66 133/139
MCOR0430S 428 1 P OF nicastrin X >gb|AAR25612.1| 62 2.00E-44 92/147
N° de Clones Categoria
CLUSTER Tamanho (pb) FULL PRODUTO Blast Accession N° % ID e-value overlap
no Cluster 1aria
MCOR0455S 322 1 P TNtx Alpha-neurotoxin homolog 7 precursor X sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO 100 1.00E-23 49/49
MCOR0456S 387 1 P CT ribosomal protein L14 X gb|AAL54903.1| 78 2.00E-35 81/103
MCOR0457S 366 1 P CE similar to Alpha-tectorin precursor X >ref|XP_546475.2| 42 3.00E-19 47/111
MCOR0458S 550 1 P CT elongation factor RNA polymerase II X ref|NP_001012865.1| 77 1.00E-68 133/172
MCOR0459S 577 1 NH no hit
MCOR0460S 262 1 P MT cytochrome oxidase subunit 3 X ref|YP_313713.1| 83 9.00E-26 59/71
MCOR0461S 587 1 FP CE zinc finger protein 593 X >ref|NP_001006307.1| 79 2.00E-54 102/128
MCOR0462S 177 1 P TNtx muscarinic toxin precursor X gb|ABB83639.1| 58 3.00E-06 27/46
MCOR0463S 534 1 P CD Proteasome (prosome, macropain) 26S X >gb|AAH73165.1| 96 5.00E-67 128/133
MCOR0464S 380 1 P TNtx muscarinic toxin precursor X >gb|ABB83639.1| 43 3.00E-09 32/74
MCOR0465S 458 1 P UF unnamed protein product X >dbj|BAB70838.1| 60 1.00E-06 25/41
MCOR0466S 334 1 P CT similar to 60S ribosomal protein L8 X >ref|XP_416772.1| 95 5.00E-55 105/110
MCOR0467S 366 1 FP TP phospholipase A2 X >gb|AAN60018.1| 85 5.00E-56 101/118
MCOR0468S 542 1 P RT predicted CDS, reverse transcriptase X >ref|XP_780819.1| 45 3.00E-10 45/98
MCOR0469S 522 1 NH no hit
MCOR0470S 431 1 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 7 precursor X sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO 97 8.00E-40 76/78
MCOR0471S 545 1 P CR interferon, gamma-inducible protein 30 X >ref|NP_001017196.1| 58 6.00E-58 106/180
MCOR0472S 343 1 NH no hit
MCOR0473S 534 1 FF CT ribosomal protein S10 X sp|P46783|RS10_HUMAN 98 6.00E-90 159/161
MCOR0474S 554 1 P CD similar to Microsomal signal peptidase X ref|XP_417247.1| 90 2.00E-93 166/183
MCOR0475S 334 1 P UF hypothetical protein XP_498725 X ref|XP_498725.2| 65 6.00E-19 47/72
MCOR0476S 428 1 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 7 precursor X sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO 100 4.00E-41 78/78
MCOR0477S 578 1 NH no hit
MCOR0478S 463 1 P CT similar to endothelial differentiation X >ref|XP_537793.2| 85 4.00E-65 126/147
N° de Clones Categoria
CLUSTER Tamanho (pb) FULL PRODUTO Blast Accession N° % ID e-value overlap
no Cluster 1aria
MCOR0599C 438 36 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 7 precursor X sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO 100 4.00E-41 78/78
MCOR0600C 423 25 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 7 precursor X sp|Q9PRI1|NXAH7_MICCO 100 4.00E-41 78/78
MCOR0601S 297 1 P TNtx alpha-neurotoxin-type protein 1 X sp|Q9PUB7|NXAH1_MICCO 100 1.00E-19 42/42
MCOR0602C 598 2 FF TL C-type lectin-like protein 2 X >gb|AAK43585.1| 72 6.00E-55 91/126
MCOR0603C 612 6 FP TL C-type lectin-like protein 2 X >gb|AAK43585.1| 71 3.00E-63 108/151
MCOR0604C 488 4 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 8 precursor X sp|P58370|NXAH8_MICCO 100 4.00E-48 86/86
MCOR0605C 500 5 FF TNtx Alpha-neurotoxin homolog 8 precursor X sp|P58370|NXAH8_MICCO 100 4.00E-48 86/86
MCOR0606S 384 1 P CT ribosomal protein S3 X >gb|AAD27643.1| 93 8.00E-29 60/64
MCOR0607S 458 1 P TP phospholipase A2 X >gb|AAN60018.1| 100 4.00E-71 119/119
MCOR0608S 335 1 P TP phospholipase A2 X >gb|AAN60018.1| 100 3.00E-45 81/81
MCOR0609S 448 1 FP TP phospholipase A2 X >gb|AAN60018.1| 97 3.00E-58 104/107
MCOR0610S 352 1 FP CD ubiquitin X gb|AAV84266.1| 100 2.00E-59 117/117
MCOR0611S 398 1 FF TK trypsin inhibitor preproprotein X >gb|AAP04484.1| 59 1.00E-25 53/89