STJ Nega Pronuncia Reu Denunciado
STJ Nega Pronuncia Reu Denunciado
STJ Nega Pronuncia Reu Denunciado
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 1 de 6
Superior Tribunal de Justiça
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer, Jorge
Mussi e Reynaldo Soares da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.740.921 - GO (2018/0113754-7)
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.740.921 - GO (2018/0113754-7)
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
A pretensão recursal não merece êxito, pois a parte agravante não apresentou
fundamentos capazes de modificar o entendimento anteriormente adotado.
Na origem, Abel Lopes Gonçalves e Raimundo Lopes Gonçalves foram
pronunciados pela prática do delito previsto no art. 121, § 2°, II, III e IV, do CP.
Instado a se manifestar, o Tribunal de origem deu parcial provimento ao recurso
defensivo para: i) despronunciar Abel Lopes Gonçalves; e ii) manter a pronúncia de Raimundo
Lopes Gonçalves, mas excluir as qualificadoras referentes ao motivo fútil e ao recurso que
impossibilitou a defesa da vítima.
Inconformado, o Órgão Ministerial estadual interpôs recurso especial (e-STJ, fls.
884-881), apontando violação aos arts. 155, 413 e 414 do CPP.
Em síntese, alegou ser possível que a decisão de pronúncia seja fundamentada em
prova inquisitorial.
Sustentou que a pronúncia requer apenas indícios de autoria e materialidade
delitiva, elementos que estão presentes nos autos.
Às fls. 995-999 (e-STJ), esta relatoria negou provimento ao apelo nobre.
Daí o presente agravo regimental do Parquet do Estado de Goiás.
Inicialmente, convém assinalar que não se descura que há no âmbito do STJ
julgados no sentido de admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do
inquérito policial, sem que isso represente afronta ao art. 155 do CPP: AgRg no AREsp
978.285/SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 13/06/2017,
DJe 21/06/2017; e HC 435.977/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em
15/5/2018, DJe 24/5/2018.
Contudo, essa não é a melhor posição para o deslinde da controvérsia dos autos.
O Tribunal local manteve a decisão que despronunciou o réu - Abel Lopes
Gonçalves -, tendo em vista ser a prova dos autos um único depoimento extrajudicial, o qual não
foi confirmado na fase processual, e a confissão qualificada em juízo do corréu - Raimundo
Lopes Gonçalves (e-STJ, fls. 829-833):
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Superior Tribunal de Justiça
1. A decisão de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação,
não sendo exigido, neste momento processual, prova incontroversa da
autoria do delito - bastam a existência de indícios suficientes de que o réu
seja seu autor e a certeza quanto à materialidade do crime.
2. Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita
somente pelo Tribunal Popular, não se pode admitir, em um Estado
Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido
sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
informativos obtidos na fase inquisitorial, mormente quando essa prova está
isolada nos autos, como na hipótese, em que há apenas os depoimentos da
vítima e de sua mãe, colhidos no inquérito e não confirmados em juízo.
3. O Tribunal de origem, ao despronunciar o ora recorrido, asseverou que
"não há prova judicializada suficiente para fins de pronúncia" (fl. 212),
razão pela qual, consoante o enunciado na Súmula n. 7 do STJ, torna-se
inviável, em recurso especial, a revisão deste entendimento, para
reconhecer a existência de prova colhida sob o contraditório judicial apta a
autorizar a submissão do recorrido a julgamento perante o Tribunal do Júri.
4. Recurso especial não provido. (REsp 1254296/RS, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2015,
DJe 2/2/2016)
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2018/0113754-7 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.740.921 / GO
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO
Secretário
Bel. FRANCISCO PEREIRA DA SILVA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
RECORRIDO : ABEL LOPES GONCALVES
AGRAVANTE : RAIMUNDO LOPES GONCALVES
ADVOGADO : DEGIR HENRIQUE DE PAULA MIRANDA - DF021302
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : ABEL LOPES GONCALVES
ADVOGADO : DEGIR HENRIQUE DE PAULA MIRANDA - DF021302
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator negando provimento ao agravo regimental, pediu
vista, antecipadamente, o Sr. Ministro Felix Fischer."
Aguardam os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Jorge Mussi e Reynaldo Soares da
Fonseca.
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 9 de 6
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.740.921 - GO (2018/0113754-7)
VOTO-VISTA
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 12 de 6
Superior Tribunal de Justiça
"HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO
PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. TRIBUNAL DO JÚRI.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO. MATERIALIDADE PROVADA. INDÍCIOS
DE AUTORIA AFERÍVEIS COM BASE EM ELEMENTOS DE
INFORMAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL E PROVAS COLHIDAS
DURANTE O SUMÁRIO DE CULPA. PRONÚNCIA. POSSIBILIDADE.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento
firmado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, não tem
admitido a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso
próprio, prestigiando o sistema recursal ao tempo que preserva a
importância e a utilidade do writ, visto permitir a concessão da ordem, de
ofício, nos casos de flagrante ilegalidade.
2. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, é
admissível o uso do inquérito policial como parâmetro de aferição dos
indícios de autoria imprescindíveis à pronúncia, sem que isto represente
violação ou negativa de vigência ao art. 155 do CPP. Precedentes.
3. Se há o reconhecimento de que elementos colhidos na fase
extrajudicial demonstram indícios de autoria do crime doloso contra a
vida, ainda que de maneira tênue, o juízo de pronúncia deve considerá-los,
sob pena de contrariar as disposições do art. 413 do CPP, bem como o
princípio do in dubio pro societate.
4. Considerando o fato de que as instâncias ordinárias
admitiram a existência de indícios de autoria decorrentes das informações
que defluem do inquérito policial, bem como da instrução judicial do
sumário de culpa, a pronúncia do réu é medida que se impõe.
5. Habeas corpus não conhecido" (HC 362.113/RS, Quinta
Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 23/09/2016, grifei).
Feitas tais considerações, no caso sob exame, é possível se aferir que o eg.
Tribunal de origem deu provimento ao recurso em sentido estrito interposto por Abel Lopes
Gonçalves, sob o fundamento de que não haveria embasamento probatório mínimo para a
pronúncia. Confira-se.
Exemplificativamente:
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 17 de 6
Superior Tribunal de Justiça
Ante o exposto, embora sob fundamento diverso, nego provimento ao agravo
regimental interposto pelo Ministério Público, acompanhando a conclusão do voto do insigne
Ministro Relator.
É o voto.
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 18 de 6
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2018/0113754-7 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.740.921 / GO
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
RECORRIDO : ABEL LOPES GONCALVES
AGRAVANTE : RAIMUNDO LOPES GONCALVES
ADVOGADO : DEGIR HENRIQUE DE PAULA MIRANDA - DF021302
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : ABEL LOPES GONCALVES
ADVOGADO : DEGIR HENRIQUE DE PAULA MIRANDA - DF021302
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo
regimental."
Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer, Jorge Mussi e Reynaldo Soares da
Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1747783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/11/2018 Página 19 de 6