Lampião Da Esquina

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Décio Escobar,
Fred Feidman,
o Cupido de Ouro:
uma nova versão
(para estas mortes

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YUK10- vIISHIMA: VIOLÊNCIA E PAIXÃO

\TAMPLBQ DE FLORIANOPOLTS, ATCA (PAGS 9)

** Centro de Documentação
APPAD*
di parad.i LI
par.l u.bensr
ti ivri1de
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
OPINIAO

^ii,1JUXPIA0 Heterossexualidade:
Conselho Editorial: Adão
Acosta; Aguinaldo Silva,
perversão ou doença?
Anlõn:;; Cli rysôstomo, Clóvis A1,- . i ; r : :-;,'I ;iI; ,,& ' . ,. . • i ., ;,. .-,,..

Marques, Darcy Penteado, Fran-


I MOS . Ift (y;ItIL:a ce'rr;Ic, er;iwr;tc James Lindesay 1 ;C C(ntj linaruErrn,4 pure levá-lo ao
cisco Bit te ncour , Gasparino
.ini: Ti; Litirn ''fieuare'' (tlIE;r iztr bocejar i
1 1111; ç0ri' j 90 ria (t I a i a ir;';'k'uo é sexual-
(Osler House, Oxford) :-nosseru,utusnrr. Corno - iz H o ti unti. 'os
1' itinrtçus r i u compor temer it O SuIrLIO 1 i ue sã
Damata, Jean-Claude Bernardet, ; n , r w alr;I, 'ç por nembr os o scxci OpC)St() Si -Oi.iO:du'e No se mi Vi' i
flurni,i:ns n'e dc'sra;-us II115 ;u-r;nr;s occitnc-nr
João Antônio Mascarenhas, . .. 50 ii'tf;ir;;Ú Ca';i v'z mais a ndre ri re que esquecer que alqmunns dos nossos mouros ri:u;i li ir mmm i te em criõnrçns ir tx'três' - . Tal com-
:is heler aSSexaisIou 'lrahs" - nsipos _ cuenutiSlas, artistas, auvou;,ros e até pri-
João Silvério Trevisan o Peer l.r;nlumnronitc) por exennipli, hmurrr:aie;ras
aro iIe- mesmos se cIi;rrarn) li o, filam de meiros- mrniustros foram e são l'rr-mterirs'-rtiruiais.
F ry i; LiITi;I IrlIIi'.:IIva erop tirç90 '; crrf- De qualquer tom rua, tor lis e s sas pessoas
mnriill.,,i-; criou 05 OnilãOS (tiritOu, ron mrermiinuos e
mOi unOS, riu uma cLinosi ,' 1 41k 1 e. incilm I a em
Coordenador de edição: L - è :'(i içjriue o rina,s comL;m dos ;Jp5 (mpnesrnitari o uro comportamen,rr helenos
., nurlcic,in; is lu,ur;çs',len'Iiu5 k,o 'luruIem ;Q Sexo
;OX;i,jS - forma que o mu 4 ico lerri uirxuuiI léiri cor las c:amactensiucas comui'nis 10
Aqunakío Siva. (r coisa .:Oi'momnr r,:iltiOa(lulJles que nus
pani tratar ç l o problema pc-isomiolior e Têm rufrciili i ar l e oro comniliam uru- rir tr;-tc;foss;'nS
Colaboradores - Agudo ; ....... rT;pirsç i s ,.:Om:,',u,()neudioS e aqnrssivos, e ha
1-s-ni.-i na iii muralonil ()5 conselheiros
U uimar;Lcs Frederico Jorge Dan - e rio respeiu. nunie tu'uim 1 ênic.ia ar se tonrmimor, C-rsteneot
classe oi_j C;uIiur;: .l:ir'i)S em selu papel especifico; qiialquci - ni;,uIiIml;rrnivlis -rio: i l i/ 1 1 01 (is heterC)sS0XU:5
las. Alceste Pinheiro, Paulo Sér- 'IIIIt;(;roS ('O t()(,ÜS as racas am' nrr:;ica mi esse papel lhes causará óbvia au- i'rni'r'iTl j cas,,n rxXiu 5m.'LIS tliS, istO ó; qLueremnn
gio Pestana. Nica Bonfim, Zsu S() acur11e1I;05 por Ciíi E 5i,.r.:i:1e e por'i'ru'u jp: emrlpuuiiâ-los pana a C_Oiu) [J.U0IirOs O' lLui i Üu 11 110 IIáÜ -: p em
Zsu Vieira, Lúcia Rito, José Fer- 1 .......!IiiQ veoa;'eque, ç jracasa Ufli proces- ia cmi fi suco oliier:er a 's.quiran;ca C l e Lena relacão familiar

nando Bastos. Regina Rito, , .. ;. i1iio-seIeço, certas OCUpaçes são as Como bern rc-rnior:rira a tnemtiu'mr, 'a re es. mas iamliimmnr urna u;ratuticacão sexual que lhes
iS lieterosses uais 1 rri maior i e i êr;cia a lui binoS e as surras ria ' 'esposa' ' a helenos Í- prout rui -ri pelos labLus do inces-to . . Au p1 cm tirar
Henrique Neiva, Leu a Miccolis nuuult'irit-u coroo pinrurmnr.;s srxoars, o hteru
;xr(:r'r Entre tis horriuris, essas ocupacões sPXLiuuliai i e mascuiumia pode mouras vezes se
(Rio): José Pires Barroso Filho. Ir Ciurfl .i rat)ORIJs a;Jrcssivos como os ie espress,'ur conner hosiulurar'e para com as sexual m;isr:i.ilino está seniro mniotirr;tr 'o pri -
Paulo Augusto, Carlos Alberto mão-( l e -oti ra OU 0e TflOi OfiSi a (O caminhão, mu l heres, ce tato, muitos assassinatos por fiei morrer 1c pelo rIrei o; meu 'o mão só r o tines-
Miranda (Niterói): Mania, CtlIE; apu 'aro a Liqüel rar ris arisie'ades resu 1 ar o rio M e 1, o Oco emita 1 são u 'e um holen 1)5- te riras t,inrrbem a peru-a ca relação maternal
i.IHIU$ do cesernpi.ii;ho ; Í & um papel, e vári as i bm : mariana sOiir'c) anhrrac-iu 4 a ira soi:ioi'ade
Edward MacRae (Campinas): &lru3l Por Seu lou SLiEil crriuiqe Por eia
l i r i clusive, reve ser dito, ,I;irSpc)fs5& a ir rpra n atureza, a CIIiOLIIO hetomossexuja ê uum pula presmicu de outros homens
Glauco Mattoso, Celso Cnn, '1 'riic;;;t, onde a possessão e o exercício ato aqnr:ssuvo. reltenaiso, cor-no o faz, a nas-
Edésio Mostaço (São Paulo): pcx'er sio a a1raÇo. As mulheres preterem jrflC0 simbólica t i a porte femlm,,nu,-u pis-,:ma A Ha prov;ir-m'lmnente um forte elemento' de
Aniylton Almeida (Vitória); Zé O(.;);lciÇ;S menos ativas como, por exemplo, ir-rui; licação l;im:iasuosa moro o genitor u'O
r1:pr)cir'ar-e em sexo é rama, e geralmente mrào
cc secret a ria eu vivais'elra Muitas mulheres, i:- SiO com bons olhos por oLilmos heiurros- mesmo sexo, e rumo r 1 useju re dr'otar esse
Alhurquerque (Recife); Guinar de %

papel pouturmial em relação aos outros. Me-


'atL;mlrneruiE. n ão (;Qr;seqiuem trabalhar,. suxi i;],s
Carvalho (Fortaleza): Reto rmícas uru) csa por causa t i as crianças, que ninios cromo pais autoritários e meninas com
Sua iErn,r'ênucia é se pmeocuipar com sexo
Stodieck (Florianópolis); Alexan- nuase sempre a comuseqüericia das re- Au:mt, -u la-se (lUif tiro hetünosxr,iaI rim vir; ti mães pmoletoras e discretas parecem ser pai
dni Ribondi (Brasília): Sandra .11:05 tieiLiroSsexiJa,s. ai 05 ))('C 1J1stmin rar:mo m i lonit o i 'os ierços e
ticuuluirmnennte vulneráveis a isso. No homem.
essa iieni,hcacão n;Om o pai como parcemno
Maria C. de Albuquerque (Cam- A vira social dos heterossexuais ê lú- Sua ruia ar; :i cmii r elia O fantasias sexu.uars.
domin:anui 'e qualquer relacionamento é a
pina Grande); Políbio Alves (João . lLubro, c:orn l_)eclacões feitas em locais bem C,.mt:,s ':luialivar'es fiscos são militas rezes
popular(-es, mIro heterossexual masculino pote: causa principal aos ansiedades sexuais e um
uorihecuuos ia or'ac'e Icerlos bares, risco-
Pessoa); Franklin Jorge (Natal); lircas), ou simplesmente cacarl.-o pela moa fator siqumufurrativo nua etotoqua da viotênrcia
ter minia prelirrõm 'ia e-xaqeraua por Lrn'n u'etalhe
Paulo Hecker Filho (Porto [los penam sozinhos, ou em grupos, e especulino r'a anatomia fem,m,inua como, por
sexual:
Alegre): Max Stoti (Curitiba). r:,uamarn corusiamrtemeruie a satisfacão sexual exemplo, os seios, as mimeegas, ou mesmo as Esses são, pous, alqurms lOS fatores que
Correspondente: 1- ra n Tor. rir.;; íns de relações sempre iguais e murtas pernas Esse fetuchismo ao corpo também é
atLuam para impor o m:ornportanrienito heteros-
vt';'es superficiais, geralmente ariónims - en,cotrar'o em mulheres, para quem ter
nabene (San Francisco); AlIen ia-raramente satustatórras (me tato, a prostituição
sexoOl roF.ine o un,r'ir'i('uo Uma vez bem es-
pênius ymanidee quiacnus estreitos estão entre os tabelecri-o, oLitras p r essões reforçarão esse
Young (Nova lorque); Armanc heterossexual miáo é incomum). Numa teu- ,7inul)atos u:onss'rra-os m'e5elmvers. Com
rrrmnpoaannerrtO Irru, me lato, o gerarão por
de Fluviá (Barcelona). Iai;\-a de desfazer esse quadro repnimente, nolaço ao comportamento sexual, são co- soa P rópria conta). sOri'O ri1; de tal monta
mouros heterossexuais chegam a aderir a um r-nuns fontes atrações e aversões. Os papéis
( l Lu€ podem lornan o tratamento difícil OLi um-
tipo r u e "casamento"; mas, depois r'e um atiro Ei passivo são raramente trocados, com possir'ei. OLranO '00 i ns uvir LuO ê t ranisformac iQ
Fotos — BilIy Aciolly, rir-ia apaixonado, mais me uni quarto dessas o nesolta,'o inevitável que o ato transforma-se ano parte cc mim grupo hetemôssexLial lo mou-
Maurício S. Domingues. Regina relações dão com os burros n'água, como era hábito oi.0 dever, sem qualquer prazer
ro innsipui'ol, e aro[an'os os manreinjsmos ti-
deniorisiram as atuais eslatisticas sobre o iri- Ouutrs per versões podem ser associadas com
Rito (Rio); Dimas Schitini (São i ice ee divórcios. a hmutenossexualicarle.
picos e o jargão heterossexuais, a força rio
Paulo) e arquivo. grupo entra em ação para maritê-to assim,
Do ponto de v:sla psiquiátrico, os he- Mu,uios ps,quiainas acner'ilam que a ri- se. nuu'o que qualquer pensamento r'e abati-
tirrossexudis podem sem classi(icaoos em tem- leliqência média n 1 os heterossexuais como um
Arte: Jo Fernandes, Mem de r'ic rieraus derro dos seguintes grupos. (JrLipO é mais baixa Cio que a na população
donuan ou rniLidar semi papel me heterossexua l
Sã, Patrício Bisso, Hildebrando co serádicona1'plsutr.Eacoe-
1 Adolescentes e adultos mentalmõnte mo miro todo Não há um trabalho publi-
ção é o preço que a pessoa tem de pagar pelas
de Castro imawros E bastar;te comum que ojovem. se cano para apoiar ou conitrar i zer tal opinião
'Sir\CrCs nTiedin'as 0e segLiraniça que um grupo
urtr':q;ie a um comportamento heterossexual mas, se for venrianie, a l ur ' ania a explicam a
lesses tem a oferecer. Em nível pessoal, é
Arte Final., Gilberto Medeiros som qualquer Sentimento aparente de medo 1 ',ficr,kade guie muitos hélenossexLuams p0- sempre lisonjeiro ser conlsiunar u o atroenrie, e
'ri.; oulpa: ele considera ial comportamento me-corri ter pana compreendem o valor e o sig-
Rocha. essa satisfacào la vaicaieé Lima recompensa
:0,115 ruma travessura (O que i'eso ri erTI. Essa r u ficai l o das circuni 5 [ã nucmas 1 0 vil 'a
báu imoportaurr te pana o heterossexual como o
,ulutru;'e muitas veres Dersisle na rida adulta. Existe aunir i a multa coisa para ser c'es- Seria panri qual q uer OLifrO. Finalmente, deve
LAMPIÃO da Esquina é uma II Pers.orna/jd-jdes doentias: Disiúrh;os noberta sobre o que causa a heterossexua-
ser li -rnnrhnrir-o <uie o comportamenito hetenos-
r.ou:oricos, alcoolismo, psicopatia e outras Iui'ar'e. E provável que bala mais de uma
publicação da Esquina - Editora sexual õ frequentemente
remen 'te recom pensado coi
ai ii.umrulss u'a persomualiauie são extremamen- atoloqua. Os heterossexuais são um grupo
de Livros, Jornais e Revistas ganhos materiais
e comum mitra heterossexua i s esiLicam'os por ;urersificai 1 0 e enquanto em alguns os
Lida. CGC: 29529856/0001-30; psliiuiairas. Essa periubação pode afetar o in- lones constitucionais pou 1 er ser importantes, São esses prémios que levjui prvi-elmerm-
lnscriço estadual 81.547.113. ir ki.io de ('Lias maneiras; pode ser r u e caráter em outros as irrfluên,cias ambientais e psi- te o heterossexual a rejuiar, muitas vezes
ii torro. causando depressão e sentimentos cológicas estão provavelmente embanathac'as. com desprezo, qualquer oferta de aluda
e riauoplação ou então diniqnu'a para fora ria CONSTITUCIONAL psucluiátmica. Êtec' afirmam ,je bO pentei--
Endereço: Caixa Postal lorma re comportamento r&SSerutur i o e anIs As influências genéticas porem ou, ruão ser tanlienitü felizes assim, mi' ir a heterossexij'a-
41.031, CEP 20.241 (Santa -urrul Aitur'a não foi determinado se essas siqn:uiicaiivas; as evidências existenries são mi- I,u'au 1 e é uma condução "suupeniom", que os
Teresa), Rio de Janeiro, RJ. esorueris associar-as preuispõem uma pes- suificuertes e novas pesquisas se fazem neces- psiquiatras só querem puni-los, e asHm por
Composto e impresso na soa ao heterossexuatismo ou se são a coo- sárias Não foi enicontnar'a qualquer anor- diante Está claro que tais defesas resultam (Ia
soquéricua rale iriseqLuuanrca e o rTrhc'Ico tem rIa oferecer seu
Gráfica e Editora Jornal do malidade n'e cromossomos e os heierosse-
III Invalidez mental séria. Ocasional- suas não têm caractenisticas físicas guie os apoio com CLuic 1 300 e tato. Os heterossexuais
Comércio S.A. - Rua dc maine, o com port ame rito hererosexual é um ni istunigam . È um fato, p oém, c l Lie a maioria merecem nossa Simpatia e tofemârucia tanto
Livramento 189/203, Rio. Dis- único componente numa desordem psicótica dos heterossexuais tem pais heterossexuais. n b uani to precisam de socorro profissional.
tribuição, Rio: Distribuidora de grave fmLirto frequentemente esquizofrenia), For sugerido por diversos pesquisadores
Jornais e Revistas Presidente. ou ria deficiência marital. Esses heterosse- que a het?mossexualidade pode ser o resultado - Obras consultarias:
xuais têm multas vezes me serem segregarios ('e c'esequilibnio hormonual. Nos machos adul- 11 Populatiori Tnen( I s 119761, Manniage anu'
Rua da Constituição, 65/67. Sãc ia socie( 1 aae até lomniarem-se inofensivos pela Duvorce, Lonic 1 or,, Her Ma ies'ry S:ationery Of-
nos, os nmíveis de testosterona parecem afetar
Paulo: Paulino Carcanhetti; irado ou tratamento específico tine, p3
a initer,sidau'e do impulso sexual, mas não sua
Recife: Livra ia Reler; Salvador: IV) Personalidades latentes, bem equi orientação; os níveis c 1 e urina do hormônio 2) Koloc'rmy,R.C. (1976), Sexual Behaviour:
Literarte; Florianópolis: Amo, libradas: Alguns heterossexuais conseguem ruão são significativamente diferentes em H onmonual Cont rol. Neuroeri( l ocni niology, e(l.
ler-ar vidas úteis supriminrr'o seus impulsos e heterossexuais. Mas mima versão mais requin- Mantiniu EtGaruonug, vol. 2. p197 - Acac'emic
Representações e Distribuição de Pness, New York
reconduzindo a libic i o por canais mais cons- tada r!a teoria (lmz que o hormônio produz seu
Livros e Periódicos Ltda.; Belo truiivos; por exemplo, médicos e enfermeiras 3) Hoebug, C.K., Texbook of Psychiatny
efeito atuanin'o sobre o cérebro num período
Florizont: Sociedade Distri- ir: plantão noturno. Inevitavelmente, as ten- Critico de seu desenvolvimento. Diversos es- 11975), J.P. Lrpinucott . Co., Philaclelphia and
buidora de Jornais e Revistas sões impostas por tal abstinência tornam-se ruI os mostraram que a estrutura e função co Toronto
Ltda.; Porto Alegre: Coojornal; ria maioria r i os casos insuportáveis, e alguns cérebro em c'esomrvotvimenito lo mato por'em 41 MLussenr, P. & Distler, L. (19591, Mas-
Tme.sina: Livraria cesses heterossexuais fraquejam, chegando a sem perturbados se expostas a andnógenos sori Relationishrps. Freud aro' Psychology,
Corisco; 1.
casar - , p.305, PenqLuini M oder, i P sychology
- num acesso de pároco helenos- (hormônios masculinos). Não se sabe ainda se
Curitiba: Ghignone. sexual (Reimpresso da OXFORD MEDICINAL
esses distúrbios hormonais podem ser levados
Assinatura anual (doze nú- VI Personalidades relativamente intatas: SCHOOL CAZETTE, vol 20, mm 1)
em comuta com relação aos modelos obsem-
merosC Cr$ 180.00. Assinatura Por último, há um grupo cu t O desenvolvimeri vQ5 de comportamento da heterosse-
para o exterior. US$ 15. o LO peu sorialurade e funcionamento do ego' sualri 'ace huimnania.
Tradução de
parecem intatos, conxuzimir i ose eficaz e AMBIENTAL Francisco Bittencourt
LAMPIÃO da Esquina

Centro de Documentação
APPADI4
da parada da dtr',tdauIr
u.
Prof. D Luiz Mott CRU PODIGN IDADE
ESOUINA

Quem tem medo de Lutzemberger?


1 de seu latinho ciii Hermene g ildo. Luti já tinha
\tc pouco tempo .ur.is Brasil liarecta que Ia
ficar a salso dos prohknias da poluição. Con- feito tal estrago na opinião pública que só restou
tintiávanuis sendo aquele par.ii%o que lei o es• ao Ministro balbuciar algumas palavras cm sen
cru to (.ini i nha ti ti as es de Cabral ter ataques tido entre um e outro acesso de tosse causado
de Iirisnso ao relatar o que sia. Todo mundo tinha pelos eflús tos '.encnosos que vinham do mar.
a mesma opinito: Deus é brasileiro, nAu sai Desde então Luti transformou-se na má cons-
deixar que façam aqui os horrores que lucram no ciélicta pública, na pulga na camisola do sistema
Japão, enchendo de mercúrio suas costas e en- E a gente nunca mais dormiu em pai.
venenando indist'nminadarnente fauna, flora e No 1 Simpósio Nac it mal de Ecologia que se
seres humanos. Mas enquanto nós divagávamos real i,ou no més passado cm Cii ri t iba lá estas a ele
sobre a proteção divina, eles, na surdina, man outra sei, ovelha negra da eperturbando
asse. ''5

das am brasa. A A ma,ônia foi fotografada por raha 1 hos. Não queriam que abrisse o bico. par:I
satélite e a seguir bicada: os projeto ,, petro- que não ai r;. pai hasse a concordância geral. M.i
qui iii icos das multinacionais começaram a des- Luti lei tal onda que o troço quase acabou ciii
truir rios e costas; quiseram acabar com as matas pancadaria. Só quando receberam ''ordens
do Espírito Santo para plantar palmito de expor- superiores'' é que as vaquinhas dc presépio Lia
tação. mataram os .jacarés e as capis aras do Mato mesa deixaram que ele subisse ao palco, E que 1
(;rtisso para vender o couro, pescam 365 dias por que disse Eu t/, enearapitado na tribuna como 11111
ano todas as baleias, lagostas e camarões do Nor- corvo, Óculos lia ponta do nariz? ''Os atuais
deste e jogam no mar o poluente industrial. E modelos dcsi,'nvolvimeiitistas são suicidas. Ru-
tudo isso porque o Brasil é o pais do futuro. Des- st.'iam-se na exploração <te rapina cm todos os
de que não venham nos incomodar no sagrado setores.'' Para o ecólogo gaúcho o Brasil de hoje
descanso do lar está tudo bem, Ai que preguiça! Ç está trabalhando contra as gerações futuras. Não
tão bom ficar se embalando na rede, coçando adianta conibater o pequeno predador se o gran-
bicho-de-pé e desfiando um rosário de lugares de fai o que quer. Os sítios arqueológicos estão
comuns. Que acabem logo com tudo - índios, sendo sistematicamente devastados. Um sam-
bichos, plantas. rios , só não atrapalhem nossos baqui de 1.aguna. Santa Catarina, com () metros
sonhos nem queiram discutir esses problemas no de altura e oito mil anos deidade. foi inteiramen-
horário das novelas da TV Globo. te destruído e vendido para usinas de concreto. As
Mas eis que surge um chato para estragar a terras do Nordeste, diz ele, só produzem açúcar, e
festa. Presidente de urna até então conhecida As- "este dá o dinheiro que (is senhores feudais s.to
sociação Gaúcha de Proteção ao Ambiente gastar bem longe dali ­ . E Lutz remata com nula
Natural. José Luizcmbcrger. Luiz para os constatação que é o próprio cerne da questão: é o
1
amigos. apareceu na imprensa nacional quando antropocentrismo do pensamento cristão o res-
uma remota praia do Rio Grande do Sul, a de ponsítvel por toda a filosofia destruidora (1(1
Hermenegildo. Foi atacada por um ' misterioso" homem ocidental.
veneno que destruia tudo ao seu alcance. A O que mais incomoda em Lutzemberger é que
desolada figura, magra. alta e encurvada reco- ele não fala de problemas abstratos ou de teses in-
lhendo os animais mortos na praia ganhou os terplanetárias. Seu tema é o Brasil, o homem
noticiários da TV; o visual dele incomodava - brasileiro, o presente. "Miséria e alienação são maneç'am indiferentes ''ante as ileeis,'ses ui, ' s <'e 1e di lO!,' II p- mi, <'is !,'m li html 11-.,
parecia uma ave de rapina -, mas dizia coisas conseqüências do modelo de desenvolvimento, nocratas '' . A ecologia. Para José 1,utieuuulis'rcer,' .0 para o Iuiis'uis,, Il<It s ltsis i'si iótauut il p.Ir,litis'ns.'
tão terríveis que ninguém podia deixar de ouvir, onde a tecnologia é centralizada e a favor das assunto de tochos, a ser discutido lixrcnucnte. 1 '1 - que entrou á força
0 Ii,, Is'r, ' (;uu,oI- ;t liii ;issisulu -
Sua atuação foi tão decisiva nesse episódio que monoculturas", afirma. Como um bom qutxouii pci defender tal tipo de pensamento que seus aos tlt'htmv's.
tiveram de mandar correndo para o Sul o Minis- que é, ele pede a participação popular cm todos as de ('uniiha quiser,uuiu proibi' (o de i.ular,
tro da Saúde. Quando a atititritlade desembarcou lis zissiitllus da nação e que os luniens não per- classe utitda s',kpe lisa mentI' iuidt'uvui Francisco l3ittencouri

Terror no Rodolfo Dantas


ti 111,. seru que esi.l ,io'11t15,'l'tilbo eittil 1'.
iIvgi'rs 'upa/es de (t i t i ii,ii l . itia, SYt,itiLtileil te
-p 'e a sAo as maus 1 te ri, eis. <'iii re elas está aquela,
te uma vs'l lia antiga missa, que itt i enterrada na
Lendo "Gente Gay"
iiiis' tio r;ini nas ruas Rodolfo 1) antas, Cari a 1h o Praia de ('tipaeahana, íicaiii'lo apenas com o )es.
de Mv'tidotiç a e ad avvi te ias" Esi i se loro indo ,uçii de tora. Ora, gente. is tempos uiiiduur.uruu e as
N;t', b;tncas, pela primeira rei em às bancas, rapaziada do Gente Gay. E
moda''. 1111 melhor. s ati,laiistnii puro. as agres- pL'sso;is detem lidar pelos seus direitos de ;inuiar
sua lii longa vida suliterrânca, o jornal obrigado petas referências a LAM-
-s aos tratise,iilii- s daquela área. Num sábado
<lestes uni gani lo e 'iii tiiuiis ou utictuis 2(1 anus (es e
conto q iu i'.ereui - Aceitar este tipo de p rui, ,iCaç ão e
não reugir ' Algo está errado com este pessoal. Gente Gay, de urna equipe capitaneada piÃo. As notas dadas por vocês estão
sua calieçui qiietiridu, ssinl saiigiie escorrendo Ninguém tem o direito de agredir is pe'soits ao por Agudo B. Guimarães, Anuartinho em nossos arquivos, ao lado de outras
lieLi rua e iLido tiiiis, E bom salientar que o' mais seu bel' pr.l ,er. neste e,u si,, ohs ia meti te saitis','. Farah e Frislirico Jorge Dantas. Em matérias da chamada grande imprensa
s isados são os que se mostram mais deseiin'
t r,iidos. .iii seta as antigas piibtiisuis. 1-allis 511011)
1 ah e, uma boa silgeslAti fosse uni ptilteiamentur
três p 'tgi fias ('Oflt pacf as, O PO V O em - já que para nós o valor dos (l0iS tipos
este as'itntectani ha 0 autos atrás quando a tur
naquela área. tuas tambéni é inipirtatiti' que as
Peo. agredidas proeiircnt tomar pros idétietuis, questão dá o seu recado. despido de de cobertura se equivalem. Desva-
iii iii ha da rua M iguil' 1 1 e tios 0151 uis a de agredir liara i <is' acabe es ia inda <te terror. principal. preocupações ditas intelectuais - mas necidos, até comovidos pelas notas do
1 titi is tisq tie passasse iii ;'i .1 es <(LII tia tia A '<'ni da nielule nu tia cineentraçào urbana cstini'a(t,i em nem por isto menos importante, do Gente Gay, concluirnos, esclarecendo
Copacabana ci l iti Miguel 1 s'ii:,ls. As historia', tia lias ' ic uilW) mli habitantes. IA,A,l
ponto de sisla de urna ação realmente que, sem este tipo de publicação.
libertária do que. por exemplo, do nos- LAMPIÃO não teria. talvei. condições
Recife brinca de samba so trabalho em LAMPIÀO. Benvindos objetivas de existir.
1 uui,iiznteti; .1 <'5, '1.1 d1- s,iiiii,i lteit,t 1 li- tle',Iil,tu - .i 1 ltl i t'Ii l ' li,, S(flhI'.I -
Nil, 1 H,lus 55'til a tttiilt dá1 ' ti,' ti'iit",',t', ,fIiv'. itililIs 1l5 ifl.us não ilesisuirito Ç lutar psIu ', setus tlurc 's
etikit,i suas at.is, tiunu ri'sti- q ij,, que sul'
nu iii t'otii a t ri tu tifa 1 pass;tgs'iit dj tidfS'r/ii Elolitui %âo ulmilsc;uir iiiitidaih, iii' segurança s't'n!ra .1
tasart'la ([ti s,ittti t i. S,',t, Csic pessoal tes dtu'et,irli ,ti t.igiluis's. e e l igir que <'51.1 tt'ltt' ttr,u
cl., pv'rtiv'rt,i g r,iitk' tini' do 51'll poder de cni su.i decisão, I'iti Isso. até t,t itotulearatui timi,
ii r,itu. ttão t' niesttiio` Puiis hS'fli Li t 'iC.ltltss Ilil
S,mtb';i - utiia eslies'it' de t'('nitlt,I filial 11,1 csc,lI.t de
,id< iug,udt,. o 1)r . ()"l,uiil,, ('orrs'it de ( ir
que. ,ttii iii,' liehi l itil i rcilsa local. ai.i,,oil ,,'ttl -, 'b ANTIGUIDADES
\ tl'puhis s'ili;ii1,i c111 Resilt' . iv'.ih,t de toiiiar essa
uiie'tlii,i s'stteliu.i. iii i ro5iTil ano, não liaserá
littgtt,utis'itu v'shleetltlt,ad;i: ''Não csi'.te amparo
lv't!il i1.iva l s rt l uh s tr as pessoas iii' dt'sfibareni. Isso
Galeria Ypiranga Molduras
li';ils's(is - lotO,' <'les s'ti.tiui,itt
mente qii:ilqiicr
qualquerhtoitti,sscxu;tl - - Ciii sitas .il,is.
fere o pt'itIv i( i iul «ti e\''ul''titla th' liii'i'ilt, a lei tIl,
que 51,0105 iguais peratuic Feitas com arte, carinho e sensibilidade
Se d—filar é uma etisa lã,, iniporianie pariu
's escola 1150(1, s'l)fllt' ,t rgu titt'it los p.ira' ,ii.ist ir
tqus'ls'' <(lIs' ,'rumn sua principal atração, tv'ihi,s o'.
s'ls's. o pv'sstal uk's ia era tuiidir soa própria escola
de %4111111;t. lã que ti, Rui-tu' o quis' ex uo e, por eu-
Máscaras decorativas
a tcrnuun ' 'logti dv' seiiipi-e: eles ofelideriaril a
nu ir,i 1 e os h- , " % et's iii lues ele.. ci 101 sL'lu 5 ­ ire. quanto, e imitação barata <lis escolas cariocas. Ai De inspiração africana. Más-
jeitos e griiuuihio'. O pessoal liii prisihitlii até
stilt . ti pessoal de lá ia ter o que e umtt 5- truta', aI, ()
caras para teatro e dança exe-
int'sititu de frc<iiis'titar -- p,iganiio itm g rt'ssi, e t titIo
protilenia . além disso, e puramente social. cu'tiio
hetui 111555' ti eaiitiitiato a deputado cds'r,il B,iiardo cutadas por artista especiali-
'". <'tis.liils l.i t'ss'ul;: ;'ar. i.traiitur ,i liroihiçào,
iii li"It,'s
de eli,iv'ar.i á poria tiO
dv' \ titirade I.0 nu a (10h' arrigo á página 41:
proihirant a v'tutritia lis Ira%est i s. porque sAo
zado
iihi'niilit-,ur e .,ililifltar h,iutS'sis. por nulOs coros-
1 <las < t iue su,t,i lii.
quase ttitli 's Ii,, iiitlsse \iiats saldos
lis <lis s'tisses Temos artista de longa experiência que restaura
menu'. 1,', iirect<Ios Se itssse Marcelo ('a rn (lis,
quadros a óleo, imagens, estatuetas e objetos de arte em
I'ri tnt'ç ,tc cool v'rsa. est'i,l a de samba ii
urnas aI i)s'rui,iuuihiucanii lá é uma coisa horrori's.
.'\lv's, MÚcio (,ilãO. r.uj'.t/s's ilmin, lflftUetltt,'s II
11k- ' llCllii'.l 'Cils,,i ., .10 li geral. Alta responsabilidade e competência.
a tet tu tio ires,' ha niiiitii ,tcusisii pata trás 51,_Is
II .illlÇl'tt'S, para Imitar - e uiu,il, sem dus ida - as Gakria '(piranga de Decorações Ltda.
,li, Ri1'; ui Gigantes é unia v'ss',ila de classe utui'-
,lia rt'iiietltaiit, o que iiusttltv';i, setti dúvida,
proibição: ti lis's%uLil te itt itis-ih, ' if,t a lc g ria iit'sv'ru
LAMPIÃO Rua Ipiranga, 46(Laranjejras). Rio de Janeiro - 225-044
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LAMPIÃO da Esquina Página 3

o
**

Centro de Documentação
M
APPAD Prof. Dr. Luiz Mott
ii <
da parida tia iii'. u'Tst (Ia d'
GRUPODIGNIDADE
ESOUINA

E no dia 15, a boneca morre afogada?


Esta é a epoca em que os políticos lembram-se talve, fosse, ainda, um candidato a candidato, não têm coragem de se abrir sobre aquilo que as- tericem a essas raças não as defendam.) Porém as
de todos os conhecidos. que passam a ser tratados fazendo sua promoção clandestina. Este, porém, sumi sivencialmemite, aquilo que talvez torne pos- bonecas não se preocupam com a política: desde
com o carinho de velhos amigos. A caça aos votos acreditava mesmo, com seu visioularisrno anár- sível a mim arrebanhar ou influenciar eleitores. que a policia não as prenda, ou então que pren-
não conhece limites, nem pudores, nem constran- quico, poder mudar a situação. Criticava de tal Um deles tese coragem, ameaçou dizer, mas (ia, mas não dê porrada; desde que não falte o
gimesutus, ia recebi oito ou dez envelopes re- maneira o poder constituido, as autarquias, o mudou a frase no final: "Gostaria que você dinheirinho paris freqüentar a discoteca espe-
t-hcados de cédulas, plataformas r promessas, paternalismo oficializado, as multinacionais, trabalhasse por mim junto ao seu grupo ho... in- cializada tio sábado is noite e a sauna na tarde de
alcun de cinco ou seis telefonemas. Um desses oito etc., que mesmo no partido da oposição Jexiste?(, telectual". Notaram? O som das palavras é pa- domingo, elas estão felizes de sida.
ou de,), esqueceu 0(c que já tivemos um pequeno certamente terá sido recusado. recido, porém, não me consta que elas sejam Talvcz eu esteja sendo rigoroso demais à es-
atrito, tempo atras. Existe um conupõrtaniento amistoso - e sinônimas, porque nem todos os homossexuais pera e á procura de uni candidato que tome
Falando de si mesmos, os candidatos em sua generalizado - no pedido de voto, em alguns dos que conheço são intelectuais, e vice-versa- Se co- conhecimento da possível força dessa classe.
maioria citam qualidades sagas como dinamis- envelopes que recebi. Neles vêm incluídos bilhetes tão eles não têm a coragem de falar com natu- Seremos uma classe?). Não se pode esperar a
mo, integridade moral, honestidade, ele.: ou que pessoais dizendo "espero contar COufl seu apoio". ralidade, nem mesmo comigo, a palavra homos- conscientização espontânea deles, politicos, a
foram (até). diretores deste ou daquele clube ou "um seu amigo na Câmara", etc. Ali ai tudo sexual, que reis iuidicação poderão oferecer em Propósito dos nossos direitos, uma sei que nós
entidade, desta ou daquela cidade do interior, bem, porque na falta de plataforma de que se troca do voto? Também, não é para menos tal mesmos como classe 1?) ainda não conscienti-
tomo se Isto, imaginem, desse gabarito a algucin tenha certeza que será cumprida , agente acaba medo. Já pensaram que p ----- escândalo se uni ,.amov uiem mesmo a nossa realidade vivenclal,
para opinar ou decidir sobre os destinos de um é votando mesmo nos amigos. Estranho, porêm, é deles se levantasse numa scssão da Câmara e dis- muito menos os nossos direitos civis. Enquanto os
pais, no caso o nosso. Os conceitos que preten- que uma candidata à deputada federal, minha sesse: "Quero aqui em nome de todos os homos- homossexuais continuarem satisfeitos com a
dem defender são igualmente vagos e inter- querida ejovial amiga, e que portanto poderia t'r sexuais do Brasil? — Talvez com o tempo. quem pequena liberdade que lhes é concedida dentro do
pretáveis conforme as conveniências, tais como soes atlo uni bilhete informal e bem íntimo dizen- sabe. guelo, ninguém irá oferecer-lhes reivindicações, é
justiça social, Igualdade, direitos humanos. do coisa assim como 'meu querido, esta sua do Enquanto isso, e mais uma se,, a uslinOria claro.
Muitos 1)0(1cm e desen ser honestos, mas Já a peito está precisando do seu voto" (aquilo que ela homossexual, que poderia ser uma maioria (0100 naquela anedota do nautrágo, o capitão
priori se sabe que, mesmo bem intencionados, me falaria pessoalmente), enviou-me um xerox eleitoral, continuará sem candidato, desorientada continuará determinando que as mulheres fiquem
não conseguirão torcer a engrenagem da máquina da sua plataforma onde ela ou alguém por eia es- e, por que não?, desinteressada pelos destinos de um lado e os homens de outro. A diferença en-
Iurocra4 ci e que a verdadeira representação creveu formalmente "Artista Darcv Penteado". políticos do Pais, votando a esmo no candidato tre a piada e a eleição atual é que nesta última ai
popular, quando muito, será apenas uma fachada Como se a sua espontânea jovialidade, mesmo mais gostoso, ou mais simpático - gênero de boneca permanecera coitadinha, mais unia st-z,
decorai isa. para aqueles que a têm corno amiga, pudesse alienação que, aliás, é muito comum, não só entre sem que ninguém se lembre dela na distril,uição
Gostei de verdade de um candidato, cujo pegar mal com a seriedade das suas intenções homossexuais. Sem querer ser elitista, é preciso dos botes salva-vidas. Esperemos que numa
programa encontrei por acaso no chão de um politicas. considerar que os negros têm seus candidatos, os próxima eia não seja esquecida, tenha tomado
táxi , há uns quatro meses. Mas seria mesmo um Alguns telefonemas que recebi tinham uma japoneses idem,, os "turcos", então nem se fala. consciência e que grite bastante pelo seu direito
candidato? Não me lembro de ter visto a sigla de característica especial: as pessoas ameaçavam Em São Paulo proliferam os-nomes de candidatos de não morrer afogada, como tem acontecido até
nenhum dos dois punidos e chego a pensar que dizer e não diziam. Explico melhor: os candidatos árabes. IN.R. - Embora os candidatos que per- agora. )l )arc, l5c:tie,ado)

Um candidato fala mais alto


Existe, sim, um candidato a deputado - e p.ilt'#lt•/iÁfl _ ui#talu ,iã,, aí,' ;,,aí., C'a/)iO/UÉ/tl.S 1?II,aalOttIa',a, 1'/' r,c,,i til) l'cjz.5ii1iili .1 dl' ti 1,1,1
DEPUTADO FEDERAL
ANDRADE LIMA
federal - capaz de pronunciar, em alto e bom
som, a palavrinha da qual o amigo de Darc*,
4110' 5 lOa os ho,n,vse.ivaiv II, ,y. or ei.) e gra(ui- cilt, 'ri ura eIei ira! ajil,' a'i.vu at i var ia iii a miii rir, aval
ali' liberdade. t!a.v api a ' n garan te (Ira,'
N° 201 MDB
t,inO',uIa' 41:1:' são vistos ,n,iah'/o.s Ir, an,:,svscx:lu:s nos cl('lJrl'?i
como ele diz em seu artigo nesta página, habil- /r/tios :uhlia'oári,o O 1,. uno v vi- xuaol. coe:,, a tj ü, ii i'etnos unta Jolso a'saludo aI,'it i , nruit,,a
mente se desviou: de se chama Baiardo de An- mulher, ai pois/ala. passou a ser '.i!?lcl.) vexou! a/e Pri-iiranu iv aspirar is tu: ti l:/tercla ,!t' ia t/:'rr, iv
drade Lima, é do partido da oposição, e diaputa o (1 »i.vu,t,, i, i , mil, i alaisi' ec' itt, ;i?ii1a(?ne?iU' rn:por- É
Pn,_is's Isto a, gaba c1i' jiuih/i-,ar a/lias r,vJlta),','su.v 1,1
eleitorado pemamboesno com uma plataforma luzi!, a,, ,,:t'rcai j,a, corno ?ill)d ,a'uçã,, ftvlc'.JF igiaai 'd,as.su ala ru;ruv.rà, 1 .v,ihr,' l i.% rn,,rr,,v ,' aliso'
na qual existem itens como "a legalização do pura 1 ciç'ãi i ali' persuasão , e de a,snrprii. j)(JP('a'(aJ ' J_l (/4' 1 V& a 19 74. ' lus urdi, voi:a ow nIfiono
aborto" e fia defesa intransigente dos direitos dos A n:escnu exploração á realizada pelos po- /esta d as qiat' /'orani ,'sii'arc'a'rad, iv ,s on,oh'.vine.'iz
homossexuais". Não se pode dizer que Baiardo líticos. Ese'ri'ie LAMPIÃO da Esaujna: pi cn'a/ u(' eras?, bate vrvi'v'uali.s , Aqui ,n,'sni,,, o,
seja um oportunista, pelo tipo de campanha que po r exemplo. , i frisso,, dar e/a:t,), ' s R't'Ji', lati, t ,diojisiti, •,u,,'r,jI ti,i 'r11''
vem fazendo; afinal, ele mora em Pernambuco, :ividaala' dise'o:hique. !s'n, uma 1,, 14114' giii-i , ' li azuis d,' usou is:.
Estado que, desde a Revolução de 1817 - da São Paul,, fazi-,,alo propaganda ( az/,irdi'ada pela oopie pri'a':-caiflai.v ,; de unta ai /i ri,, a a , ' 1 ai. .1
qual este candidato parece ter herdado as tra- miiriijiine) de iria candidato aIo till)lb Outra Jazz chamada libertação gari' não po do , vir sasa: mi,'
diç,es liberatórias - vem sofrendo um castigo propaganda (não a iJiJ escandalosa de uso aula lu7ti'sli,1 ,solacb,,, ruas lato alva ,n,ar ii ao trai olhai
cujo auge (si a Indicação de Moura Cas.lcunti a!rc!Ut,,' ala Arena. S im. as bichas e lésbicas rei;• .1 ' ,,'ia'dudr' doente. f.'na v(,J?n,,r , ,anon a ii (a/si,
para governá-lo. di',n votos. filas aí cri fico pensando. ind:gnado. 1,14?! ra o que R,she-rr IVa, «1 :'l:asna
Sorte do povo guel pernambucano, que tem o eHtdO t' s,'i pedir viafa, assim gralu:rameurle, s4'rPi de — conspiração4 a/,i si/t: ,i(i,J ' E o pl'una'irJ pa:.s.vi
seu candidato: no Rio, por exemplo, cidade fal- u g :',ider a nenhuma exigá,ra'ra 7 a/estai /11, Li constitui u ' 'a!rra'inl de a',vluaIar 4- debater Liberdade Gay
as trvr:',ia's Sl','liaiS 4'))? toal,,.ç ,o .'ias ai.s'a'ailas e ali
samente liberal (falsamente, sim: é a cidade de A indagação de João Sil:'ério Treviran tetu, Legalização do Aborto
Chagas Freitas), não há uma escolha desse tipo. razão de ser. Que se i'enha à praça pública (a 1 i bl:,ar os resullaicl,i,v desses is (lii/,, v Pi'ss, oi
Em compensação, hiã ótimos candidatos. Eu, por praça do povo) pedir <a voto. S em essa de amor ai,: aia vivas .re leu: bruto da' que i,jilit a qui'.r,ã, i as'
exemplo, sou votar em Modesto da Silveira, que maldita! Sem essa de candidut,, enrustido que (a Ia e,ui'oli'iela ,,u,n ntanl,a de agiu , ci ta,' Jaar.'i'i' .4 L igo. a,ti' l'ii ,'li l i J i/,', ,icI,i /i ,()
nos últimos 14 anos vem defendendo a mais per- pede voto sia moita! O amor. coturo o 1,11,,. deve h ie quase i'#ta,'ra'di,á ia'! De,vrac'uclo clín ico) ala' 511141.1 i'tFO'ilil/a'., /1,01,' leItO/l/ ti', /b,'ail 1, /r,i,a' ver
seguida de todas as minorias deste pais, a doa dia- ser livre sé ( i do )(ÍX ana,rrIesl,au a ,iandi'rada ,J/'aslião de ii ialS 1. li '1,1,/ai (til i ,ra/. au :11 r, i ' pra! Ir, 'ii, i ' t,jv ''ij
videntes políticos. Modesto tem tamanha prática Aqui ao Recife, conforme declarei cnn en- qiil- até vna'sei,a a atrihu:çõ,, de ,vapJri)ztia(t,a,y si'- ,zr aj',ci,iiit rc'oa no o 1 ' p or 1V, i ad, i' ,i / irObt,ir' i lilis
no assumo que recentemente, quando LAMPIÃO trevista ao Diário de Peraa,nbuco, de 27 de se- xuai,v- á ti) :ill:er a',a u ni u ':'i'l calúnia '. e muitos .11 a paria irnta ,'uiiivaaiiha. i', p ub, ara eu i',l:a:ia ci ii -
pret-isoü de um advogado, não hesitou em tembro ultimo, existem delegados que dão ba- gráficos aitla,',,unic, is da 4l5)a'a O#tiiI iiOPi C,atfl' trilru, a a'i'rlav a' il,,caç'õi's pra4 ,'i':,JatiS tal ,' ar'
considerar o nosso um jornal de minorias sério e tidas em bares e resraurunreç, simplesmente para / lli'tauP:a'ntt' o sistema sex sai!, Tanto aia Europa a',JHcIv, /4 ha,t',,. algia ,:s iti-n.v do seio ,'r,igro,n a:
atuante, e assumiu a nossa causa. Acho que, à caçar os homossexuais, ,-,rUz'an(o ladrões e assas- qrianh 1 nos Estadias Unidos havia uma tntt,ilogiai l'iiulil,jcli' is ,lit,a 'a ,','on.'a,naca e ,vi,.'a 1/ de
falta de outro, deve ser este o nosso critério de es- sinos aluam ánpunemenie. .4 policia pernam' n:a'galll'a d1s sex' 5, \cIie pri mora-iam au a ahia'ra'e h,,,,tiaa.v a' X Dc ,,ra,l tira a/Ue' /rcii,'," e/ara
colha. Quanto ao pernambuco Baiardo, leiam baiana prende os homossexuais por puro sadis- piara lima ,n,,raulidade repressiva e aurirhiol"agica. '' a t,õi, aluv ti,,ça'ao ent re pr,'Ja'rêz:i':ia.s .vi'v'uai,v 1.
abaixo o artigo que ela escreveu especialmente mo, exibicionismo efalso moralismo. ,Mi Brasil, ainda vivemos o primeiro ;tiissi; . f:', 1t1 trole da auina'a'pa,'âi,. d4 Inani-na 1)114' O
par. LAMPIÃO (.agulnaldo Silva). Mas uma coisa engraçada em tudo isso á que, desta Titia por uma reforma, se.xual.Fala'sa' de jtrai'rraç'àsi vil usaria aji'/aheradau,r,'arii i' Cont o
cota a aproximação da campanha e o dia das r,deráncia, oras o ,nini,rrr,a Falcão. da Justiça, dei':d, a st',i,rii de respan.s'ahilialaaIa' (Co n t udo,
Uni jialiviu, Déhr,, l'vIoO g s'rru de Lima, fInO/Is' a circulação do Relatório Hite, conside-
eleições, as perseguições cessaram. Tal estratégia fit aria /,', iibu!a a qualquer •,rgutaizos'.'a a i-.s traiu
977 uma o bra pioneira na país.
puhlie u em 11 4177
não é bem de,n,ms trai iv'a de que a policia teme rando imoral um lii'r,, anui que, oras palavras da geiria, atne,oii,, religiosa, toda e caailaaai'r :iirta'
Comportamento Sexual do Brasikiro. Entre as editora. ''pela primeira :'t'z a mulher é ouvida
que o regime perca loros? E ou não é o h,mmos' i'iir'õ. i ti, as programas de a,oti o .l' l,a ,z,uol,-
lisas L,)iiclusoes, ufirma 'O importante oeste
sexual uma loiça eleitoral? sabre a sua pr' apria sexualidade. e. pela primeira
processo — (detolerána'io á e,zndu:a sexual) é que :'t'z, principalmente, a ,nullrerfalu, sem qualquer
Nesta mesma entrevista tive oportunidade de . Rj; irela das leis da' aborto, a ,,ita ali,
a ri/ativa goleranc'rajú permite a czutodefizuçao e a inibição. sobre a sua prpr:a sexualidade''.
mostrar comi) a repressão funciona No Brasil, ser n,ilir que a gravidez ;,orsu ser ,i'r,uot,ial:a, joor
ufïrmução das minorias, especialmente as se- W,a,d retrata bem vrtuaç'àia brasileira.
homossexual não é em si ilegal Mas o problema é II,', )/1,si, i,,aJs q:iialifsa'aal iv. f1. it i?ti aO i , vi vonsá.
xuai' vier a contrapartida permanente e apesar de faz/ar cli,,v /ci,jd,is Unidos dos tempo
qui- utilizam .vuhterfúgios pura c,,ndená-los pelo 55,1,_os voa' ar.r i' ,'!(l',''l,, ii, 11,1,1 (/44.1 a;aal:a'iaç'õ's
tiu'ion.ihzada das perseguições e prisões. contra
que se considera crime a-aluira a natureza ou para que precederam e viveram ti maa'artismo ''A ,n:éallaus /ii irsacin: a
aquv-lt-s que. por m,Oii',,s e razões diversos, não resistência à nova maneira de ver Jii amarga e
a aplicação de duras leis sobre sodomia, quando . l:d:i ,'aaçà,, M IX1M1 v'i('arlr(:i 'ia ,' ,v iv t,',?ta ruIu ah'
WgUiraiPi o ennnhii —normal — -- que conduz iJIi persistente. Algumas obras que abordavam a
não são presos e enquaados ira elástico e a-agi) Jiii'i'tna i' aa!u/i,is,
á geração de filhos, d constituição de /'raurção sa'xual /iiram, tua g ura,'tnenhi', toleradas. Os
delito de falta de decoro ,,úhlico, ti pc'vs, ,ais ,suvla,a/
. A tu ,id.' raa'i, i,:al parti com
/zniilru. mais um elo ,ia c,,rre'nze formadora da primeiros trabalhos sobre masturbação, aiim suas
Pier Paolo Pasolini estabelece duas consta- ?ita'iiie anormais. a-,,: especial, pura com ,,v á, a-
siawilade a,li'rrorizuntes fasnuasias em que as infelizes vi-
tações cruciais. citando Daniel e Baudrv: 1) "A tu,,ss:'xriiiar. m asculinos ,au fen,un,:s as. (.4 palavra
E privst'gui' Dleco Monteiro de Lima "Há listras eram a'iiraparadas a 'rosas murchas" e
rei ação entre família e o sistema União Soviética e Cuba têm leis severas contra os a,a,ireial deve ser eliminada, co~ eszipnu/adi,'rai
nula dsoreita 'di'Jiantos amhulanre,v'. foram aprovados, por
homossexuais, em nome da defesa do povo cofltra de alav,'ris,ainaçõs's e. principalmente. p,)rJiarça de
pilí:uoirudiiioinal Na medido em que este grupo apoiarem a mitologia dominante do sexo Quais -
os vícios do capitalismo decadente." 2) "E sig- (', atia't'jtO,', modernos dia que seja irormulidade,
liii ju'rdindo vou importância ecinjõ,nic'a, dii a',rnit'ç,au, porém a investigação cre,rtíficamen-
nificativo que Hitler tenha enviado aos campos de uioiiidaurneuiie no r'az;iia da sexualidade).
e. p' ,rumtii. a sua função política. os compor' te desapaixonada, mobilizou-se de imediato con-
concentração, para extemminá'Ias, três categorias a Pre:isnç'ào da pr,uiituit'àu e das doenças
lamento que divergem duque/es acreditados tra ela poderosa resistência. --
minoritárias, a-iam a mesma motivação de sal - e,aêreas. Nã,i se recomenda nenh urna perse-
corno jimiliares sã,) mais tolerados. ou Se/a, já
s'aguarda da defesa da roça: ias judeus, os ciganos Assim, para o Brasil, remas de la g ar por uma g:aiçài.i às prosiitutas, nem se /unam tentativas de
pi,),) tiraiS passíveis de punições instil uçionali -
e os homossexuais. Esses, distinguidos por um reforrr:a sexual. E coma o problema é da maior repressão violenta
zadti.v. complexidade e gravidade, não pode ser colo-
triângulo rosa, eram objeto de tratamentos par- o As perturba ç'õei dos impulsos sexuais
Não au,ni-,,rd,i tot almente caiu a assertiv'a t'ad,,, em termos das necessidades nacionais, de
,itularmenre abomináveis. São eles, apesar de variam consideradas c,,mi, fenômenos mais ou
Avredito que ai e: á,, ,riu.v sài ' actuas quando á,- maneira improvisada. Paira um bom começo.
tudo, os únicos que, apus a guerra, trunca tiveram manos patol'igrcaas e não, cimo lis passado,
ti'#.1.liilii à sociedade de consumo, e,enu, afima proponho o programa da Liga Mundial Pra',-
direito a uma pensão, E ainda, podemos acres- aa'imes, vícios ou pecados.
Pi,-r Pua/o Pasolini em estudo publicado no
centar (diz Pasolini). são os únicos para as quais Reforma Sexual, que nasceu apoiada por te- Este é o ri-sumo de um programa de reforma
numero 5 de LAMPIÃO da Erquiaa. presen rações de vários países, a destacar a au- sexual que proponho para is Brasil, e pelo qual
as coisas continuaram essencialmente como an -
T,dis Andrade, em tese escrita para a Univer- toridade de nomes como Havelock El/is Sigmund
les, sem o menor sinal de qualquer forma de lutarei a.' Canugressi'. (-liaiardo de Andrade Lima).
tuba/e de Nav'urra Espanha, mostrou que a Freud, Wiha'lm Rejch e Bertrond Rus'ss'll.
publivialude a, ,m.'r,:al descobriu os consumidores reabilitação.
LAMPIÃO da Esquina
página

** Centro de Documentação
APPAD e
dai pairada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
(REPORTAGEM]

"Anormal assassinado em Copacabana..."


- Cheguei ao apartamento 302 na Rua AI- somar o crime: algumas estatuetas sacras. dois
mirante Gomes Pereira 130, na Urca. por volta de
meia-noite, do dia 14 de ali ri[ de 1969. D poria a
tente já sentia o mau cheiro, e o aspecto da sala
(Cada um tem a morte anéis de brilhantes. um relógio e um cordão de
oLIr'o, que uirn deles vendeu, a preço mínimo, a um
toalheiro da Praça Tirudentes. Neste caso. o que
era desolador. Quadros estavam atirados no
L'hà(), tudo revirado. Ao pé de uma cama colonial
tinha unia espécie de embrulho, sob o qual
que fez por merecer?) se devia estudar era a ligação existente entre os
dois matadores de lutarei. Ademir de Souza Cam-
ti o s e Gilson Fernandes, ambos gaúchos.
aparecia apenas um pé, denunciando a existência Os dois se conheceram na Cinelánulia, onde.
do corpo: ciii lortio dele. vários retratos antigos. segutislo a polícia. — exploravam homossexuais" (é
ahira(lns com violência, com vidros e molduras. as'i in . es feinist icuime ii te . que costuma ser
quebrados.. O culpo estava em de4bito dorsal e, chamada a proshituiiçào masculina). Filhos de
alétii dos eol'critircs e Iifl()S que o cobriam, classe média - o pai de Ademir era diretor do
tinha, sobre si, muitas flores artificiais; era como Departamento de Estradas de Rodagem no Rio
se ali fosse o próprio tiniulo. Grande (IL) Sul, -, a mesma idade - 21 anis -
Comissário da IO delegacia na época cm que na época do crime - . os dois passaram a morar
se deu o crime. M., ainda ho je na policia, foi a juntos numa hospedaria na Rua da Lapa e a agir
primeira nessoa a entrar no apartamento de em conjunto. Foi Gilson quem conheceu Juarez e
Décio Frota Escobar após sua morte. Lembrando quem planejou o ataque. E foi quem. em meio à
a existência de urna portaria da Secretaria de desesperada resistência da vitima, cravou duas
Segurança que proíbe os policiais de dar entrevis- (e/es a faca nas cosias do conipanheiro.
ta. ele se recusa a falar sobre o assunto. Mas cede, Juarei fõi morto no dia 1 1 de outubro de 1971.
após muita insistência e a promessa de que seu num apartamento do prédio 310 da Rua Rainha
nome nio será disulgado. Segundo ele, sua Elia'abeth, Oito dias depois (;ilsoti e Ademir
primeira impressão. ao entrar no apartamento, foram presos no Rio Grande do Sul. A polícia já
foi de siiii crime por vingança. Ao reforçar essa fizera uni levantamento completo da vida dos
hipótese. havia a irasc escrita com o sangue da dois, e,este incluí a um depoimento do faineiro
v j iifli.t na parede: "Vingamos o nosso Imoàs 23 da Hospedaria Souto, na Rua da Lapa. 203. onde
horas do dia 17-4 (quinta-feira)". os dois dividiram uni quarto. Segundo este. Gil-
- Mas baIla niais coisas, o que me levou a son e Ademir "eram casados", coisa que os dois
mudar essa hipótese. as licores jogadas sobre o desmentiram categoricamente.
caLiáser; 05 sinais cabulísticos desenhados a San-
Mas havia entre os dois, pelo menos, uma
gue na parede, lembrando escrita japonesa: e
grande amizade. Foi por isso, sem disida, que
tim dragão vermelho, uma estatueta que fora
Gilson não abandonou o companheiro, a quem
propositalmente colocada diante do cadáver: ela
tinha linuas- dc- fogo e grandes asas abertas, ferira com certa gravidade durante o crime. Ao
contrário, levou-o para o quarto que dividiam na
parecia um monstro enraivecido diante de uma
estranha ameaça: [tido isso me te., Pensar n urna hospedaria, costurou os ferimentos com agulha e
espécie de sacrifício praticado por alguma setiu de linha contuns. e cuidou dele até que estivesse em
origem oriental. condições de deixar o Local e viajar para São
- Décio Escoh'ar foi estrangulado com um tio de Pauto, de onde seguirani para Porto Alegre. Essa
náilon grená, coni o q ual seu pescoço foi amizade entre os dois era, para eles. uma coisa
amarrado ao gradil da cama colonial. Sua mãe, "nobre". Era como se fossem "irmãos'', segundo
1). 1 )oa , disse que tinham su ni ido alienas duas frisou Adetiiir em seu depoimento: tini era o porto
coisas do apartamento: (r11 ti(H).tXl e urna k itrola, seguro do outro, após os elubites que ambos en
o que, para o eiti áo comissário M.. reforçava ain- frentas'am nas ruas: ''a gente conhecia muitas
da mais suas sitias hipóteses - vingança ou la' bichonas — , disse Gilson na época, "mas apertas
nat isino - : "E ra conto se o' criminosos, após o porque era uni meto fácil de ganhar dinheiro—.
homicislio. tivessefli se lembrado de les ar alguma () quuroi ci' I)., J.s' ,t,u'. .S,Ii l'iiçi.u, /1 'r, .5, j ,r,ijj.i , ' /7 ,i', ., • o!, t (;ilsn foi violentado no xadrez, dois dias após
eliu?gar ao Rio, trucido pela lbolleii. Ele e Ademir
coisa. para (lar a impressão que tinham cometido
uni Iatrtx'inio'. foram condeiiautos, respecris arnelite. a 20 e 1
No dia 21 de setembro de 1969, no Rio de Janeiro, Em agosto de 1976 um repórter que cobriu o itios de prisàii. nu. dia 18 de fevereiro de 1974.
Os toriiais, na ésx.a, chegaram a levar em con- Nikon Sino Martins, então com 23 anos, matou julgamento reconheceu Nilion Sino Martins entre
ta as hipóteses do comissário M • Mas elas foram pelo ,ltii,. Carlos Alberto Bulhões, LII 17 1 Vara
com um soquete de carne o Padre Antônio Car- os rapazes parados à porta de um fliperama na
defini i1vaieil tearquivadas ou cc dias após o Criminal. que aceitou as racões da denúncia:
neiro 'san der Linden, com quem vivia há alguns Avenida tpiranga, em São Paulo: é provável que,
crime, cmii a prsào dos criminosos: Antônio Cor- ''la trocinit' ' '1
meses. O sacerdote dormia quando foi auaa- posto em liberdade pelo 11 Tribunal, ele tenha
ti nós. o Italiano, Luis Ca rios Lou sada Teixeira, o sínodo, pois a policia não encontrou outros sinala partido em busca de outro protetor, já que isso é
Barone, e Ariur Suitchec lo quarto huniem, tini NA GALERIA ALASKA
de violência, além do crânio de Van der Linden o que realmente atrai para a companhia de
tal Baianinho, nunca foi encontrado) repetiram a esmigalhado a soquete, Consumado o crime, NU- homossexuais pessoas como ele. a
mesma história: niataritii Décio para roubar, - Fred pegou t iii pedaço de pari que tinha no
ton juntou tudo o que podia levar - incluindo
sem que IIst'ssem premeditado o crime: este foi Um sírio estudo sobre a motivação de tais ap a rianicri lo, perto da cama, e deu-me tinia pan-
uma imagem barroca e Cr$ SI) - e fugiu para a
decidido tia hora. IlcItilis que. junto com o dono crimes - não a "legitima defesa da honra", o ei ula tio ombro, ferindo- me. t a iii hi tu. o nariz.
sua cidade natal, Governador Valadares, em
roubo puro e simples ou os dentais argumentos Sangrou e perdi a cabeça. Tornei-lhe o pau e dei-
da 1-asa, a quem s-isi avani
freqüentemente, (1111 Minas.
Mliii ram bebidas e tóxicos. Segundo Italiano, geralmente aceitos pela justiça, mas, ao mesmo lhe a 1 ri liteira pancada no frontal. Ele caiu na
A 29 de maio de 19720 11 Tribunal do Júri, no tempo. a atração e a rejeição que estes criminosos cama. Dei mais dois golpes. Ele agonicasu. Fui à
"Barone e Baianinho fica ruiu milita) tempo tran-
Rio, encontrou o argumento ideal para inocentar sentem pelo homossexualismo - ainda não foi janela para ver se alguém havia percebido algo.
cados rio banheiro; quando sairam de lá. o
Mílton e absolvê-lo do crime: o Padre Van der tentado entre nós. E por isso, tudo o que se tem, Nesta hora nico rtari, pitigoti sangue no pára-
primeiro tra/ ii a corda de náilon; Décio estava
Lindcn, "além de dado a bebidas, era homos- neste terreno, são os estudos de alguns psicólogos licito. Revistei o apartamento ruas hão encontrei
de sunga, deitado tia cama, e ele o enlaçou pelas
sexual". A partir dai, tudo o que o criminoso con- ingênuos; um deles, Luis Angelo Dourado, tem dinheiro nenu jóias. Rcsols i ir logo embora. No
costas: não liutive resistência, e nós todos caímos
fessou se tornou válido: ele disse, logo foi preso até livro publicado sobre o assunto, no qual se corredor. passei a niãu' nu nuri, e ainda sangrava.
em ci tua dele, para a O LI ar Barone a malá-lo—.
Nada foi preruedii udo. segundo os criminosos: num bar em Governador Valadares, que o padre limita a estabelecer relação entre o homosse- I.itupei os dedos na parede e Itii para a rui.
nem mesmo os sinal e aba li Si ICLIS tiesenhatios tia o tirara de sua cidade natal sob a promessa de xualismo e a delinquência: pessoas como Vais der
parede: o que eles queriam dizer, liii Ierttildc, é emprego. E que no Rio, por conta da proteção Linden, dessa forma, mesmo assassinadas, nunca Liii assim que Aiiivii Fonseca. 23 anos, eon-
que no sabiam porque tinham feito aquilo: a inicial, lhe fei, exigências que o lesaram a agir escapam às classificações rir marginalisnio e iLltL, tIL) Liii 12 de nosetiihro dc 170,como foi que
decisão de matar Décio brotara repenhinamenie "em legitima defesa da honra". promiscuidade. M at o u, três dias a ti tc's, o pianista Frcd Fcldrnan,
dentro deles, e o resultado disso foi ai violência Hasta examinar o material existente nos ar- tiL) ah i ariatilcuio 324 ela Avenida Copacabana
curti qLlL' fui consumado o crime. Seria este, por- A legitima defesa da honra incluía um crime quilos de jornais sobre os crimes aqui citados: os 124 1. Galeria Alaska. Seguindo ele, Fred não lhe
11,111(0. Li iii ira bulbo para LIS psiqo ai ras que, nas claramente premeditado: Nikon esperou, antes criminosos conviviam habitualmente coni ho,nos- pagou o que coinhi ii a rani antes e, cotilo ele re-
prrsôt's. costumam traçar is perfis dos crimi- de consumá-lo, que o sacerdote - que, segundo sesuais, embora transformando essa convivência u'litiias se , iiriil;i iclirului agredi-lo. \ discussão ciii
nosos. Mas neste caso elas não s' ocuparam ciii ele, tinha "bebido algumas cervejas" - fosse num neguleo: dcixa,am sempre bem claro que, tuirriu) do pagamento seria tini tcni impori an te na
fa,.ê- lo. E nem se pode tli,t'r ( 1 1k' a policia tenha se dormir. Os antecedentes do rapai não foram se aceiia'am o jogo, era em troca de dinheiro; os saia defesa, nois dese-se levar cm conta o faio de
preocupado uk'niai'- com os matadores de Décio. levados em conta, bem como o fato de ele ter crimes foram cometidos de modo violento demais que Anival era uni dos ntidni g hi-cowlio y 's mais
s
lauto que ttii deles. Artur, 1 LI IU após eu rnprir aceito uma proteção que a qualquer um pareceria para que o motivo apresentado fo se aceito sem conhecidos ulc Copacabana, na época, sendo o
três anos da peti a que lhe foi imposta, e hoje é tini suspeita, e de só haver reagido à mesma depois de discussões pela policia e pela justiça; e os cri- pianista uni dos seus clientes preferidos. Assini. o
temilel assaltante. suportá-la vários meses: para o II Tribunal do minosos - pelo menos dos que se tem noticias -, que aconteceu tio apartamento não é exatamente
Júri, Van der Linden era homossexual; e este ar- unia vez em liberdade, continuaram a circular o que ele conta, mas deve ter sido alguinia coisa
O CUPIDO 1)E OURO gumento tem servido em frequentes julgamentos pelos mesmos locais, em busca do mesmo tipo de que o deixou especraliticui te trata matizado, e que o
para reduzir a pena ou mesmo absolver muitos parceiros, o que 1-omprosa sua confusa - mas lesou 'ao cri me.
Não Foi diferente de J o are c Bece rra Viana. criminosos. inesitasel - atração por eles. Para reforçar essa hipótese - houve uni ato
que ficou conhecido tios concursos de funi asia do Nikon Sírio Martins, no julgamento, teve Por esse caminho, não é preciso ir multo lon- qualquer de Fred que alterou o precário cqui-
[cairo Municipal cotiio O Cupido de Ouro. O poucas testemunhas a seu favor; e estas apenas ge: sem temer o risco dos psieologismos fáceis, librio psiquico em que vivia Aiiival -' basta lem-
crime, supostamente praticado pelos mesmos confirmaram o homossexualismo de Viam der Lin. diríamos que pessoas como Nilion Sírio e seus ir- brar o que ele fez após o crime. Mal saiu da
motivospara roubar - . teve caracteristicas de den, e o fato de que este recebia "visitas de ra- mãos de crime estão, na verdade, matando o Galeria Alask'a foi para a casa iii namorada,
ok' nc ia diferentes do caso Décio Escobar. pa/es". O depoimento do criminoso foi suficiente homossexualismo que existe dentro deles, numa Maria Marra. em Copacabana. levando-a para
Juarec resistiridesesperaslatitente aos niui'adores. para o Júri, formado por pessoas que, cru matéria tortuosa espécie de exorcismo que tem, no assas- um hotel, onde os dois ficaram até as (tuas da
(com um ((eles. rouco antes e segundo a confissão de homossexualismo, limitaram-se a decorar o sínio de Dévio Escobar (dia 17 de abril de madrugada. No domingo - o crime foi num
do próprio. tinha mantido relações sexuais). anedotário sobre o assunto. Mas as testemunhas 1969, na Urca, Rio de Janeiro), o maior exemplo: sitiado -, ele a lesou para visitar sua família em
levando por causa disso 22 facadas. E a luta foi de acusação também foram poucas. Os amigos de a morte de Décio adquiriu características de ver- Nilópolis.
tào vitk'ni a que um dos cri ni inosos acabou ferido 'san der Linclen - que teriam muito a dizer sobre dadeiro ritual, ao qual não faltaram nem mesmo
pelo companheiro. Na segunda-leira. tio entanto. Anival soltou
a natureza da ligação existente entre o criminoso os sinais eabalisticos que os criminosos dese-
O produto do roubo, segundo a confi sidto dos iiiexplicase[mente à Galeria Alaska, onde per-
e a vitima - não se arriscaram a tanto: com- nharam na parede, com o sangue da própria
dois criminosos, I N resos dias depois, não pagou o guntou por Frcd. O porteiro lhe disse que não
parecer ao tribunal e se declarar amigo de um sitima, junto com uma frase que nunca encontrou
trabalho que eles tiveram para planejar e coti- homossexual seria cair em desgraça. uma explicação: "Vingamos o nosso irmão". Continua ?l€I página ti

LAMPIÃO da Esquina Pagina 5

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Centro de Documentação
A PP AD
iaçálI para ti,icnsc
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
da pararia da diversidade
REPORTAGEM:
sabia por iintic atidas a o pianista. Na terça-feira.
ele soliou à galeria. subiu e bateu à porta do
apartamento. Um policial que lã eslava o pre'n-
deu, e ele confessou o crime. (Para o repórier.
unia celia nesq uecis ei: no dia 12 de ti' o einh ri de
l°'i, no apartamento do pianista. Anisal recuos
Iltuni ii crime, com o auxilio do detetive França.
que lei papel (te F rvd Feldmin -I crm tnad
recunsi ii tiçào. sorrindo. ele apertou a m ão d is
foi i'g ri lis. uni por o m . E. aos repórteres. de
ciarou: ''Lii sou uni hoiiienu nuuriutai . sempre lis e
il:Iuiu ' r,t(!a. Bicha iciii mais,,

ulsi ORlAS TORTUOSAS

'ião •lpcuu.1s quatro casos de homossexuais


ciii 1 lesto mortos por pessoas que, exentualtut-111v.
foram seus parceiros sexuais. Em lodos eles.
iiuesma característica: os criminosos sentiam iiiii,i
i les 1 tã ICI ai ração por esse tipo de relacionanie tu-
ii, e iivascariis am essa atração coou o pretexto di
negocio (é ilpuca a reação de Ali vai. Itidu ' pru
.11 ii 11,11norada e a família apto o crime). FUi

,feieii as de outros. que podem ser devidanie' ii e


pesquisados nu crônica pOlicial, nos ultimos 1k,
anos. No ni ,ti rece o tt'. em que tini soldado 111!
P51, Dei Dédio Ma. i os, inalou uuiu a ni ropõiogo
Ia t'uiisersudade federal Flumincnse. outro
kiiIhv insólito: ele levou a vitima na mala do
carro que está dirigia quando o conheceu, para
mostrar tu cadáver a uni amigo e faier a este a
confissão: "eu s i matei porque ele me fez uma
proposta . indecorosa - 'ou prosado que Dei
Dédio etimpriu um longo roteiro de bares e
escuros colO o antropólogo. árites de matá-lo)
Duram uma discussão recente, num dc"ses
vastissitilos congressos (te psiquiatria, sobre o
conceito de normalidade. Laing obteve alguns
minutos de atordoado silêncio ao acenar com o til
punhado de esiatislicas e declarar: "Trinta
milliit's (Is' forjou assassinadas por pes-
soas consideradas normais, só neste século. Ao
,4ntó,miu, (" ' von ' s, tu ''Iiu/ict,io - j,t, n,n d' o ,,,,ou,/ . riu 1,- I)t-,-i., 15i ,,/uu:r 1 III 0/ I'iIlS.,i 1. Ii rut,ii,t,I,,r ti,- ! - r,,i Ii,, /1,1 1,,,, ,,;r, .i ,,- ,.rr, r
aceitar apressadamente. nestes crimes eviden-
temente 5CXU1iiS que acabamos de lembrar, os timento de culpa. que acabam por procurar uni
motisos apresentados pelos criminosos - la.
trocinio. legitima defesa da honra etc. -. a
possível matador em cada esquina: cabia aos
amigos de Décio. de Juarez e de Fred, e à exten-
Um homem beija Celso Curi
policia e a justiça, pilares do Sistema, nada mais sissinla lista de clientes dos seus matadores, tor-
(a/ciO senão referendar a ideologia que levou
Anisal Fonsec, o matador de Fred Feidman, ao
crime: '' Bicha tem mais é que morrer".
nar pública, sem nenhum raedo, a,verdadetra
natureza da relação que estes - os criminosos -
procurasanu. Mergulhados no silêncio e no medo,
e diz: "Você vai morrer"
Não é surpresa para ninguém que seja esta a cada uni reatuelo para não ser a próxima vitima
atitude da policia e da justiça. O que não se pode Estava soltando para casa depois de jantar. de casais que passas aol - que queria me matar.
- e alguns até ansiando pelo carrasco que eis
Não passava de duas da madrugada. Tudo que Já estasainos juntos há mais de três lisuras e eu
aceitar é que os próprios homossexuais. de uma punirá -, os homossexuais acabam aceitando a
queria era uni bom banho e tinia boa cama. não tinha como escapar. Foi quando ele ordenou:
maneira geral, encarem a coisa também dessa tese de Anival: bicha tem mais é que morrer?
Desligado, parei no sinal da Duque de Caxias "Vamos para o carro". Relutei. Ele Insistiu, eu
maneira, administrando de tal modo o seu sen- (Aguinaldo Silva)
com Barão de Limeira e mal desengatei o câmbio cedi.
a porta do carro se abriu e sim jovem armado ins- Apelei então para sua consciência profis-
talou-se ao meti lado. "Sou assaltante", apresen- sional. Pode? Disse que tinha que ir ao jornal es-
tou-se. E eu sou jornalista, retruquei.
Sem essa de amor maldito! Depois desta piadinha sem graça o medes
bateu. Fiquei firme assim mesmo. Ele mandou
creser tinia matéria. Ele concordou. Chegando na
porta das Folhas, coloquei o carro dentro do es-
tacionamento tão rapidamene que não deu nem
que eu saisse dali e não tive coragem nem de per- tempo para reclamações. O guarda da noite dor-
Oscar Wilde estava certo no seu tempo. Mas as coisas mudaram, e guntar para onde. Circulei pela cidade e depois de mia. Ele mandou que colocasse o carro de solta
estes autores mostram por que. Leia-os e aprenda: o ex-amor mal- uns lO minutos de silêncio absoluto começci, com na rua. Fiz tanto barulho que o homem acabou
dito agora é uma boa. receio, perguntar o que queria. Fiquei sem res- acordando. Pulei do carro, levando a chave. En-
posta. treguei-a ao manobrista e suulici decidido para o
Muito jovem e bonito. Depois de algum tempo carro.
Os Solteirões Cr$ 80,00
resolveu falar. Apontava a arma e me obrigava a
acariciá-lo, beijá-lo. Em seguida me empurrava,
Resolvi inverter os papéis. Expliquei ao cara
que ali era meu pedaço e que ele não tentasse
lembrando que eu deveria prestar atenção ruo nada. Assim as coisas terminariam bem. Em-
Gasparino Damata trânsito. ('nitrado, resolveu ceder. Uni pouco. Pediu para
Puxei papo novamente. Ele contou que antes tomar café. No bar mandou que eu tirasse minha
de ser assaltante fazia bijuteria na Feira Hippie. jaqueta. Eu nem perguntei pra que. Dei a jaqueta
Crescilda e Espartanos Cr$ 65,00 Mostrou-me uma pulseira de aço ecu, assustado, e depois de revisiá'la devolveu-me todo dinheiro
teci mil elogios ao resultado final de sua arfe. Foi que estava no bolso. Tinha mais de três mil.
aí que dancei. Paguei o café. E enquanto caminhava para a por-
A Meta Cr$ 80,00 - Você gostou? E sua. Quero que você morra ta do jornal ele me abraçou e disse:
com ela. - declarou, colocando-a no meu pulso. - Não estou roubando sua jaqueta. Nem vou
Fingi que não havia entendido nada, agradeci te matar agora. Quero que prometa que irá me
Darcy Penteado e calei a boca. Ele continuou a me agarrar, me encontrar depois de amanhã na porta do Cine
empurrar, tomou coragem e voltou a falar em Barão. Estarei vestido de preto com sua jaqueta
morte. nas costas. Sei onde você trabalha, se não apa-
Primeira Carta aos Andróginos Cr$ 65,00 - Tudo que eu quero é te matar. recer, já viu.
O medo tomou conta de mim. Resolvi com- Concordei mais que depressa e entrei no pátio
hatê'lo falando pelos cotovelos. Falei, falei: falei. do jornal, aguardando o tiro pelas costas.
República dos Assassinos Cr$ 70,00 Contei-lhe da minha família, que meu pai estava Aquelas coisas cinematográficas. Não aconteceu
doente, que minha situação no jornal estava pés- nada.
O Crime Antes da Festa Cr$ 50,00 sima. e o pior é que era verdade. Terminei con-
vidando-o para uni café, como se nada estivesse
Subi voando para a redação. telefonei para a
segurança da empresa e avisei que tinha sido as-
acontecendo. Ele aceitou, Parei no Jeca. Lá sem- saltado. Descrevi o menino de maneira errada,
Aguinaldo Silva pre tem uni ou outro conhecido. Nada. Parece in- pois se o prendessem em menos de um mês estaria
crível: quando você está acompanhado de alguém nas ruas e pronto para me matar. Não sou louco,
Testamento de Jônatas Deixado a Davi Cr$ 65,00 interessante e resolve tomar um cafezinho por lá, nem nada!
sempre tem uma infeliz "conhecida/amiga" que Em menos de dois minutos a rua estava
João Silvério Trevisan vem encher o saco. Quando é necessário, nada, coalhada de agentes especiais e da redação pude
Ninguém. ser o menino se afastar vagarosamente do edi-
Peça pelo Reembolso Postal à Acabamos o último gole de café. Ele queria fício.
soltar para o carro. Pedi então que déssemos uni Passei um mês morrendo de medo de reencon-
Esquina - Editora de Livros, Jornais e Revistas Ltda. passeio a pé. pois estava cansado de dirigir. Ele trá-lo.
Caixa Postal 41031 concordou e suspirei de alívio, pensando que no Se eu fui ao encontro? Engraçadinhos...
caminho pudesse encontrar alguém. Novamente (Este episódio aconteceu comigo, Celso Cnn,
Cep 20241 ninguém. Ele parecia estar longe de tudo. Falava em agosto de 1975. Naquela época eu ainda não
Rio de Janeiro — Ri de sua profissão com orgulho e me lembrava a escrevia a Coluna do Meio, usas a longa barba e
todo momento - depois de me agarrar na frente estava sem brineo).
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APiPAD ei
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODUGN IDADE
VI
da parada da diversidade
REPORTAGEM
Em junho de 1976, Guaratinguetá, Lorena. ''entre os homiiosscxiiais passivos", coma dizia uni
Pindannhangaha e outras cidades do Vale do jafliLil, dai resultando o(%) nsorta (s). Nas víscera
Parait'a foram abaladas pelo noticiário de alguns
crimes qtie se misturaram a boatos. protestos,
sensacionalismo e cartas anõnunas circulando iii-
diserimintsdamcn%e à cata das bruxas-bichas:
No Vale do Paraíba, de Wanderley não se constatou qualquer vesligic
de tóxicos.

Tudo começou com o suicidio de um jovem


arquiteto de 26 anos eni Guarittinguetá. Ele se
chamava António, Coincidenteniente, conheci-o,
a caça às bruxas-bichas Com isso, bichas conhecidas ou não come
ça ra ni a ser ciladas C até investigadas pela po-
leia: o meio homossexual tia região se viii ras-
cui thatlo, pois cofio iti, iLi o delegado AI hinu,
ainda garotinho. quando eu estudava em Apa- l iii riguies, '' suinsi is tastanlc rigorosos coto eles''.
morrer com as ''partes íntimas dcpiladas'', () iorna li si a - Jose Aparecido dos San luis
recida. Anos mais tarde. reencontrei-o em São Antônio deixara urna carta pedindo para ser cii- que iniciara a série de ilações, aproveitou os recc, entrei ao lo. que o assunto inorreu cedo.
Pau lo: o inc titio ni agrela desabrochara num dos terraulu coni a boca pintada de hauotii a,ul, o ros- lama tos. ('orno era correspondeu te de uni jornal da ciii parte graças às providtncias ti miadas por
udlescenles ni;tis belos que jà conheci, de olhos to fiem maquilado e com uma sumarissima tanga. capital, levou a ''notícia'' a uni destaque amplo, famílias miv, ilv iii as; em Gua ra t inguuelá. uma
Mas coisa não parou por ai. Menos de ditas dentro da imprensa marrom. A pn fieira página omiiussãit de poderosos foi até o Prefeito e latuliti ii
inapclas cimente 1 ristes e lábios ternissins(,ss.
sentarias iLtS ti suicídio, aparecia nas águias do de um jornal pa tul si ano estanl i tara a manchete L'LthcçLi do tornalista ''culptulo'' clus ('uiatos -
Eu o res 1 1tsLgeira1i1ente, emdiverxas outras
rio Puiraiba uns cadit er Já cm putrefação. de um enorme: MAl ANÇA DOS HOMOSSEXUAIS. sobreI ui ulti liara defender a memória do jos em
itcitlCes. 1) a iiiiin i a vci • encontrei-o cmii seu
.ioveni ule [1 11% 2' anos, -op identificado; havia nele Outros lorna is mau dara mii repórteres para a A ri tili1o. O p rtp rio ctek'g;iutt' asseveras a que
a ni ante e li q uci sabendo que exagerara nas
uni detalhe cii ri 'sui os pêlos lufteres tinham sido regito, eonieçLuttdo a lançar h ipíileses tu tirar António não e ri senão um rapLu, arredio e timn ido,
ti rogas e estava se ira ia ituli' com um psiquiatra
raspados. N li 'tato calista la dos sinais de conclusões iii feridas Li pari ir de hrizuioç. Apesar da que vir ia çti1i titio, ' ' com 11111111c111a, de caráter
que bo.scau ii cura- li da honiossexualiauie.in-
violência; ira' iii -se ite morte por afogamento. uupiliiL'Lo cutiltrLlriLt tia policia de Guaratinguciá. psuvt o uv'um ni is hamossu' s u.0 1. tu ào
sistindo para que clv' solitsse a se rehicioiiuir curti
segundo o lauto nnuiico. Alguns dias depois, o iii um Joru LII noticiou que os três casos est aria real-
o tu ii aOl i.i noiva nu namora tia. De fato. António
parecia a sombra borrada daquela te leia 1 riste e hill rui cadáver aparecia boiando. desta vez nas mente rclaciomiLtdu)s: o )rtpflo Ant,'imiio cometera I)itt utuduu su,liu';u, ',cmn ulutuula. 010 precedente
reluienlr q ue eu t',tiiiiccera anos antes: iiith,i Li LIS de o ti crregti alI tatu te do l'araíha . [ d1111- suicídio porque fora aineaçcu uto pelo mesmo is'rig i tso cst,uv.i criada a ideia de uni Esquadrão
i,,ttlu' crescer tini hiittdt' fui0 ia clir.i bém iii. o cadáver foi entretanto facilmente Fsquadrio que esiav a fazendo outras vit mm as. O pira matarIncluas. A unsctuçào unaq:iiasêhiea
;ere'eqiiutla
11 u.' peruitaiteeta 1111111 Caiu,), reu't'n- i dentificado: tratava-se de Waii,ti'rlev, uma jovem Esqtiaulriuu, segundo dii'mani, era composto por
le do .tpcn as nioritissi ah, inteligíveis. .urred lo. repercutiu insed tat a niente na vida dos luonros-
huicha de 18 autos, coiiliCci(LLL no futklore da cidade dois homens que apareciam mascarados nos s,'xuais da rt'izirit'; a fantasia, brotada no incomLs
•l t1c ctiu,'u'i., ' itli.i<lut. AultiriLI a ficar se olhando bichas e dai lu,'vas'am-
como Vuiuutec;u, sem ser travesti. [razia amstbos os lugares freqüentados pelas e iemt te cole u is-o mac lumst a, 1 ''riu -ara. se ile ah-11r11
luiS ests'lluos e ni:triei.tr interminavelmente o sapatos iorietiientc amarrados nos braços tias para a morte. Segundo outros. era certo que o unulila rv'Lulidatte: os ''paczitos'' cittadàos intc-
nano, Soube ultie ele falara em suicídio, coni Apesar de se tratar de um eximio nadador, ainda cadáver n ào idemit ifieai.ltm seria de um liomnosse- riu ira tias gi tsuLurLi in da história e e' unieça ram ii
nt,li.t ireqitiueta. 0 psilpuiatrzi. pago pela tu' tiu Ira vez se cons t atava inerte por a fuga nie n to. Os sital - porque trazia ''as partes íiltimnas ulcpi- mmi andar cLurtas anônimas aos Eu dos loca is - a
três casos foram imcd iaianie'n e. associados e LLtctas, Li exemplo do que faiem os huumossexuais gozação passava. autOIliLiticamnefie ' liariu Lu
uília. ebutravaa,, outvur is litsioriis-ie Antõrtio,
E-os 111am tk 1') s, ele se suicidou corn uni tiro virarani assunto da cidade e da região. Aos passivos'' (sie). Outra conclusão: as mortes resutt- Lutueaça. ('nau-se uni clima de terror. .'ihc'se de
tio Peito, em casa ultis pais. Prepa Cnn -se de tal iiouieos. correram boatos de que mais de 13 ca- tariam de imma guerra entre grupos de ho11- ii ic lias que conieçarLumis 'a Liii indonar suis cidades.
niuiclo que ninguém tocasse nele, depois de morto: dáveres de honiossexuais teriam aparecido em Das três mnortes, parece qsic nLidu mrmais SC in-
scsuais(Se Guariutinguetá e Lorena (sti.
rivais
somou hatiliti, e o rolou gaze com algodão no liCito, feriu. O assunto morreu ai. ,'igtins .iormtais com
ciu'cusiânciai, tanibeni misteriosas, Daí, foi uni Pttnha'se que o cadáver não identificado seria o
vestiu uni te rim novo e deu o tiro. 1 ivera. i n- certeza venderam mais, nesse período- Quanto ao
Itis ivu' , o emulado de aplicar-se utita 1iileçto de pulinho para a expiicaço encontrada; haveria na de um cabeleireiro chamado Henv, que circulava infeliz António. sofreu oca tiipulaçõcs rnesrtso
coagulante, para evitar u l ite sutil sarigne iiiaiiehiis- região um Esquadrão especializado em matar emitrc-.ts duas cidades). Finalmente, "descobriu- depois de morta: primeiro, vestiram-no de tanga e
se ;i roupa. Escreveu cartas. Para ospais. uleixou bichas. Ora, no interior lixa-se hortelã como ser- se" que os homiitussexuais ligados a Watsderley (o pintaram-no com batom azul: depois, mediante o
11111 I 1 LLPeI cm branco, mifuugo intestinal; então o esqutadrào passou, poder local, recuperaram-no para o panteão da
terceiro morto) eram especialmente depravados:
A morte de António foi o estopi 01 para boatos hOLL família brasileira. Corno dizia um jornal, a
naturalmente. a se chamar "Esquadrão Hortelã", Luziam verdadeiras orgias ruIm colégio, inclusive,
criados '5 Ot'r uni jornalisia local que conhecia sua noticia nãtt passara de uma piada de mau gosto.
vida homossexual e começou a explorar livremen- num humor negro bem típico das fêchadissimas utilizando drogas: numa dessas festinhas, teria Todos lavaram as mãos na mesma bacia. (João
te o Lato: plir es'Iiil i lo, noticiou que, akini de sux.iv'claules provincianas. lias i tio um uieseii teu di meni o, por ciu 'ime criado Sil'.irio Treisan)

Nos jornais, um eterno suspeito: o homossexual


,iimu rt'ct',ue ,st'rie de reportagens em torne, folha de S. Paulo publicou mageria assinada por abuixa-a.swnados contra as iascua as "putaa sabiam da vida particular de Delmira ou. se
(Ie• crimes praticados por homisesexuais, o jornal _'l ri %lorat'.v. da reportagem policial, a propósito da rua ', a policia se l'e mia obriga,uào de agir. Esc subiam, [preferiram não se envolver. Ate aqui, o
paulivttz Noticias Pvpzilarex dá a entender que a de homicídios em que a vitima é homossexual. A ri o faz. alguém sempre se julgara prejudicado. caso se confa ri de com muitos outros pertencen(es
polícia i':çlaria tendo negligente quanto à per- também cita comuifonte a Divisão de Homicídios ('anta Pu'rt'iu'al que o ex- Secretário de Seguran;a ao cotidiano das grandes cidades. Mas ele e
segui, elas crjnhin(,s'os. Isto e, as, denunciar o - como é mai,s conhecida a DCC'?. já que só os Pxihlie.-a de São Paulo, coronel Erasmo Dias nificatii'o por doi.s detalhes: 1) 1a polícia empe-
que seria ama "ømitva4, das autoridades, ojor- homicídios dão pano pra manga. No artigo, Ari (atualmente candidato a deputado federal pela nhou-se em desvendar o crime, segundo Pereira!
,iaI pretende mihrw' li ma atitude ou, no mínimo, expõe as alega, ões dos policiais daquele setor, .lru'aa) recebeu certa vez uma carta de rim ad' de, .Ss,uza, com especial atea,ào. mas. porfalta de
dizendo que os assassinatos de homo.evexuai.s' vão iYugado acusando-o de ' 'protetor das homos.çe- provas e pistas. foi ele arquivado como in,voiút'ni.
urna psiu, drit: ti'ndit dar pr-opritrs autoridades, do
geralmente insoláveis, porque *'tudo concorre .s' aai.v , apenas porque uma batida policial contra 21 o caso n ão transpirou pela imprensa e per-
povo um geral, ( omo quem diz: já que a policia paru dificultar as investiga, ões, ,iãe, sei a vida das as prostitutas da "R-oca' havia poupado as maneceu abafado.
núo trema priii . idi neia.s. -. titirtias u' irregular, contando em suas rela;ôe.v bichas: da área. Quanta à a, ão da polícia que inclusive
Este prt'wrt.vsi "papel fiscalizador i apenas com dezenas de amigos que preferem ficar no E as- violências policiais? Seriam ela.s pura- compareceu à rs'da,ão do jornal, onde tratou o
ara dos aspectos 1 talvez tu mais gravei que con- anonimato. como elas próprias, comnumente, mente arbitrárias acidentais? Perc'ii'al acredita assa ato com ii maior respeito e cuidado nada a
figuram urna verdadeira "campanha — anti- sempre mantiveram vc'gred(J O teu-peito de seus que Sito. e que u'ias são indiscriminadas, isto é, acrescentar. Quanto ao sigilo em torno- do fato.
homtj.svexual por parte da imprensa marram. habitas. 1 rim ilo,s ini'e.srigadores, entrei'isrado, n ão existe nenhuma a, do organizada espeu-ifi - Pera-d'aI o atribui à solidariedade dos colegas, eia
%14'xmo que tal "campanha não safa uma relata i'ari:,.v cavos 'igUais', isto ã, as t'ircan.stân- (-amante contra os homossexuais: o que existe é o considera, do à memória tia vitima a mesma
cruzada moralista ('(,'a.scj('n(i' e não paste de uma vias parecem levar ao mesnra beco sem saída a Clima de ehacc,ta, o preconceito generalizado. Em solidariedade que faria todos os jornalistas es-
fabrica de mam-h,':e.s u,'ndai','is, ela e real na "dupla identidade —da 1/tirou C o "mistério" em ri/tinia analise, as autoridades- alio seriam co- trilarem se o caso fosse .semelhante ao de Ilado
medida com que produz 'a'u.s rc'fle.so.0 sr,l,re deter- tons,, de .si,a.s rala, ãc'.s: "I' Farginalizado explica nivente."., mesmo no (-ave, de crimes praticados' Herzog. 1::, par eia alogia, aqu ela solidariedade de
minada luisa da opinião pau/ou. ti policial . __ o homossexual esconde-se da opinião u-, utflt',u h,u,n:o.s.sexuais. Ocorre que ta,,:hérn esses- classe uda <j mal os mu,Iicrp.s ou o.v policiais acober-
lemos aqui dois tipos de acusa, ão: urna, 1,üluld-a u' t'im'u' urna vida onde tenta imitarei dia-a- podem '.-e,' arquiu'ado.0 teimo in solúu'ejs-, o que Iam t,.s crime.s de seus colegas-
generalizada. que rs'is'sle o próprio termo dia do homem contam. Trabalha em lojas e em gu'riuhno'nti' acontece. ( 'orno o caso deu "ca, tidor () u-a.vo em si é típico. Diante de .s-igua,õe,v
em toda fobia i'c'it-tAlada por es- empresas diversas e ao à noite fervi-ara amigos- :' de he,mers.st'xuaj.s que, há mais ou mentis sete, sen:elhanre.s, a pergunta: "por que alguns casos
sa imprensa: tomo si' t'stim'evve :mplru-ira a ut'efi- tini aquilo que se pode chamar de ilda privada. uni, '., fez no emunumno quatro vítimas- rua arca da n ahajüdo.s e os outros noticiados com sensa-
.tâo
io
iãt, de ''i ulpado ou. pelo ,pmeno.0 , —suspeitei —. E ilgun.s prot-au-anr companhia ais acaso, nas ruias, Pra a da Republiu-a, onde circulava com uma c alismo ' Encontra sua resposta nas palavras
outra, t'sps't'ifica, reclamando a a, ão das auto- fui que, nus grandes cidades as pessoas não ,ere- .%lc'rc'c'de.'.s. iii' Iri ,l' loraes,' zriantlo ha pres.uõe.'.s familiares. ou
-linhos o.s reporwr:'s Joraer ouvidos. ainda. a trtu/d-t, de in/laêni'iucs, tu caso e.' abafado. Se a
ridades, que não estaria vendo suficienterne'nte u-ruanr se conhecer para pas sarem alguxna.s horas
propos itt, do caso de I)clmiro Gari , alm'es. idade intluia pertence á classe media para baixa e não
repressiva. ju ruas. hehenutu e discutindo uohre um aesunro de
vu/a'ritur aos 40, redator de arte do jonni,! 0 Et- há unte.'nu's.sc's de terceiros cai jtq.'o. . . lira —p ra -
.1 segunda ai-asa, ão e mais sutil. Pode ser até interesse coma mm:, Esse tipo de relacionamento
tudo de S. Paulo (colaborava no ,S'uj'lt',piento tinho —da imprensa. E quanio a esta, 1 ri faz a
que estejamos ,Iimens,ona,m uni e.ragu'radumu'itte pode si,i,'n:flc'ar morri', conclui o policial: Há
1 itc'ràrio e no ,S'uplenrenüu Feminino1. u'.s-cuotr du'm'idu, di'.-tun. uht,: a ''popularc'.sc'u '', que u'rmu ia'
sei, alu.'unu'i.' e suas coa su'qttunL'ta.s . ,%la.s tia suscita
uma indaga, ão inquu'tanru': tu' a imprensa
jovens desuucupuido.s. que libera unicamente ex-
ploran do e rouban do homossexuais. - _
uuoratior ermc'u,ntruder mru(irtr,, quarto aneis arras, (i'ri'.s'.u' comI dc'stut-ar a hont,,.ssu'.rualidade de ei-
iii) '.('ii apartamento na Rua Maria Paula, no c-en- tinias ou tJuutr?ret, rido por di.ucriminiu. ão. ,na.0
marrom leita la urna mentalidade di'.erimnin a-
u'u,mo P,'rcn'al dc' .'i'oaza, 1 'i .%lorai's frui rro da cidade. eundc' ,ruorai'a .se p. Delmiro. cuja porque explorei rir[], ) que seja airaliu'e, à tarjo-
(tina, seta que as autoridades não participam
c -ontac tudo por l.,-I.-'ulPl It') e consultado sobre o c'uuu,p/u'i, ão era Jtiia('o robusta, ret'ehc'ru ,ç'oipes na 'ir/caIu' ulu' seu publico. 1: a imprensa ''.s,,hria
dessa ideologia' Por outras palavras. seria a
problema. .1 ri esclareci' que fez a matéria por talo', a. c'.'lam'a arnorda, i:ticu u' asfixiado. ou feira c'ujo.s pro/i.s'. ionaiv .si' pautam por urna ",ética
policia mais '.n'u'c'ra quando o /jomo.tvu'xaul e o
curio '.idadi'. ao eram 'lutar que havia vários casos e.».,ranu,'ulado. leria havido roubo, mas miada de diferente u' au-u:ham, inclusive, caindo no crii' -Iri
acusado e mais —tolerante —quando se trata da
n'o, sola, ão, 1: sua opin ião t-uuincidu' com a de.' ia/tem: o assassino leitura udu,'am dinheiro, tuli'c'z t-lnan,ii de "prec'ont'citri au un'e.'s.uits , isue é.
"ii'iota' (is:. ai' contrario, tia faz lista gr y sssa às
Pu'rc':i'a!: :,v ,nu-es g íu,'ad,,ru's da l)ii'i.sãri de lo- objt'ttvt jnc'xsoais, u' roupa'.. que trocara pelas 'nus.'.. omiti',,, ,'.i.stc'rzmuttd-uunre'ntc' as ru'j'i'runc'iax à
queixas contra hornos uexuai.v, u'omo insinua a
miu'tdjo.s são integro.'., e para eles só interessa telhw u' rasgadas, deisu:dm no le,u'u!. Quadros du' — qualifica. ão dei sujeito. se.'ji, ad' — ladrão—.
ru'/uunlagem
t'ru'rminar si' e, indivíduo era homossexual puir- n'a/rir e outroá ohjetni.s de arte , nã,, fimini tou-tuI(Js•. ''(ra/ic'a,ue . "srs.sa,s-.sin(, ou .... he,uto.s.s('xual'
- p:tbciis e isenta, pelo menos em São
que nu-tu''. casou o relac'ioruanri'nto /uessoi,l da Em sitiou: uno ''pe-de-t1munc'io , c'nc,,n:ruuule, na u-(,uiu, .s(' o problema si' restringis 'e ao fato de se
Paulo. Esta e a opi,itõui de Pc'rt-im'a/ de ,Ç,,uzu, um
ts'timuu e ''mnislc'rie.ss(, e isso vai influir ema orien- rua e lurado para casa. flu' cr'ntna'to, aperua.s es si' ot-ulu'u:r ou du'mi unu-iar a /me,n:os,s,'.tualidade c pus si
dos mais c'onu,'c'ig uad:,.s rqmoru'res policiai.s pira/is'
ta, ão das iri i'u'stiga, des. E o reporti'r da Folha ,/iuo: De! miro era horno s.ve.vua! e variara c'on slan- mi'snna. Ttrntui c' que, uni suma mana'ria. A r; me.'n-
ba.s 1 u:ualnri'n:e no Jornal da Tarde, do "Esta-
calcula que u'rn 90" de.' tais homiu-idios ti Iuu,mo.s' tL'ou'mmte de paru-c'irrm.s (de preferência negro.'., que ('j,tfl(um'a os muo;utu's 4/as i'irenma.s e o jornal .so p:s-
dão 1. Pereiral referi-.si' wu.s distritos policiais de
.se,sua! e intima. 0 contrario constituiria em raros procurava eu: fliperamas _ segundo tinia ter- blic'r,u as iniciais. -
nianeiru geral e, em particular, à Divisão de
casris cia crime pa.s.'.inrJ aI :rndc' o homossexual são). ( ores/a ai,muht que ele rida admitia sua hei- Seja crrmo for. a casem de t)elmiro ti iria-se um
(rimues ( onira a Pessoa 1 antiga Delegacia de
chsu,'a a matar m,uos:ve.sualidadu' no circu lo profissional, lei-uru ler,mu,mnerro, Irara-se da anti/etc do que actua-
lia rni-uduvs ) do I)íl( - Departamento Estadual
Pr que, então, a ri'pra.u.sãui' -1 ri rido acredita aquela u'iuia dissimulada de que fala .1 ri ãiorae.s meteria normulmemite, pois foi presc'n'ado do u'.0 -
de Inu-s'stj'a, ,,u's Criminais). Diz ele que, dou seis
que haja uma rc'pre'. udo discriminada. 1:' fecha em sua r,salt ria. -lIma disso . - rua em eonsequên- t'ãndabi-de' r(Jt rios que fatalmente u, cercaria si'
homic-mdu,s diários que ou-urrem em São Paulo,
São ta.st,.s in u.,luii'jv. -1 preocupa, ão do setor com Pena-dai de Soara, .seç'undo o qual as cccii- tia disse, bebia coai/o, tem heln'dai'a'se após o no domouio da irmrpri'nsa marrom. De for-
tuais ri 'fira' udos direta,s da parti' da polícia contra c'.sJnc'clie'nu' uliurio 1 e. ria rua, apanhava quem u'n' ira mine, f.-j(-(, Ú''in.'ada hilidadi' - - dos cursas, fi-
e cientifi ca so/uri,u,iar eu maior numera desses
ho:rws.sc'xuais vão resultado das ;tru'ss's .soeiai.s t-unar-a.s se, 1 usou de "suspeitos . portanto. era camas .senlprc' no circulo ti, jota coo .seJuemuc-ia,s
caSoS - e não caberia qualquer tipo de prem'en ão
que tia própria recebi' t " repru"..uõc' s , na act'p. àe., inermi,:au'u'I, Par outre, lado. quem eram seu.s gerando 4am su'qucnt-ias - - e'. se não i.sokumnr,.s a.,
ou :rmis,sà:, naqueles em que lia homossexuais en-
volvidos, se/aro eles acusados ou i'uimau-. tia palau-rau: tu' moradores ou comerciantes de a,nigos ' ,'lquele,s da mesma faixa de idade, causas. u' porque estw um/o inerm.'nu',s a itt ralara
Na cai, da de .segunda'feira, li de setembro, a determinadas areal cano', azn a dirigir queixas e po.s-i, ão social e situa, à,, profissionaL' Es-se,s nada oh'.olc'ta da propria sociedade, 1 G/u,uu, ., !a',
LAMPLkO da Esquina Página 7

**
Centro de Documentação
APPAD i
da pirada da
r
di'. s'rsidudr
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
v-]
1 REPORTAGEM]

Um casamento banhado em sangue


Ele leve a primeira ereção aos seis anos de
idade. vendo desfilar diante da casa de sua avô,
num subúrbio de Tóquio, um pelotão de recrutas.
Sua primeira ejaculação aconteceu no inicio da
adolescência, enquanto admirava intensamente
uma reproduçio do quadro Martírio de São
Sehastião, pintado por um renascentista italiano.
Aos 45 anos, em novembro de 1970. matava-se
praticando o haraquiri (tendo a cabeça decepada
pelo discípulo preferido) no quartel-general de
uma divisão do Exército japonês, envergando
unia elegante e apertada farda desenhada por ele
mesmo.
Esses foram os momentos cruciais da vida de
Yukio Mishima, que entrou para a história do
Japão de pós-guerra envolto numa aura de mal-
dição e violência. Controvertido e ambíguo,
dilacerado entre a tradição de heroismo dos
53111urais e uma urgente necessidade de realização
pessoal. Mishima é o próprio símbolo do Japão
moderno, dividido entre o arcaico e o moderno. o
religioso e o profano, o Oriente e o Ocidente. Se
tivesse nascido na França, seria um existencialista
e toda a sua ançr teria sido gasta nas discussões
de bar, no consumo de cigarros fortes, café e
conhaque: talvez, nunca tivesse passado mesmo de
uma ficção emoldurada nas páginas de Sartre
Como foi japonês, cumpriu seu destino na
prática: seus sonhos de sangue, sacriflcio, hu-
milhação e glória ele transformou no grande e
derradeiro espetáculo de sua vida. Excitavam-no
os cheiros do couro das botas e do metal das ar-
mas dos soldados. Excitava-o ainda mais o odor
úmido. "de pãntano', que afirmava exalarem os
corpos masculinos adolescentes. Para que o dis-
cípulo pretendo completasse sua morte ele
ajoelhou-se e arrancou as vísceras do interior do
corpo, fazendo-as escorregar para o chão do
quartel. Com um só golpe - último ato de amor Duas foros de Yukio Mishima:
- Masataisu Monta, o discípulo, cortou-lhe a a de São Sebastião foi tirada em 1966.
cabeça, que rola pelo tapete do gabinete do
General Mashita. Na outra, ele se ,'este como um samurai
O cheiro de sangue inundou Tóquio. "Era 25
de novembro de 1970... as nuvens cinzentas,
carregadas de poluição cio céu de Tóquio prenun- circulo de relações do escritor saiu com a corivic- que queria saber tudo sobre as relações de Mi- morar O filho do Imperador. Casou-se e teve dois
ciavam o inicio do inverno - , relata uma nissei de çào de que houve, de fato, uma duplo suicídio por shima com Morita. Desde que eu não citasse seu filhos. Mandou construir uma enorme casa em
São Paulo. Yuri y a Okamolo, que se encontrava amor. nome, disse-me, daria quaisquer informações, estilo ocidental nuns dos subúrbios elegantes de
no Japão. "Saindo do alojamento para ir à pois [ora um dos poucos que pudera compulsar Tóquio. Gostava de viajar - esteve duas vezes
universidade, onde li-ria uma supervisão na Eros e Sangue sempre tiveram uma ligação todo o dossiê sobre o caso. Na sua opinião. nos Estados Unidos, fez a volta ao mundo (quan-
em
cadeira de Psicologia Infantil, eis que. olhando íntima na literatura de Mishima, e seu grande Mishima e Monta eram provavelmente aman- do conheceu o Brasil, 1952), e PSSOU alguns
19-52),
para o alto. sinto no ar um cheiro de sangue e sonho deve ter sido conseguir na realidade essa tes. meses na índia e na Tailândia, pesquisando o
morte. Vai acontecer algo de muito grave, pensei combinação, ideal. Embora Mishima e Monta budismo e o inciuismo. Gostava da boa comida e
comigo. se já não está acontecendo. Antes mesmo tenham tido todo o cuidado de destruir a corres- "Meu outro informante foi um tipo de pessoa da boa bebida. Recebia conto uni príncipe - o
de completar o pensamento ouço vozes em tom pondência e os diários que poderiam nos conferir bem diferente - uma mulher que tinha co- último ocidental a estar com ele foi Tenessee
alterado e vejo que as pessoas começam a correis tal teoria, a pessoa com quem Mishima morreu, nhecido Mishirna intinsamente, uma elegante e Willjanis. Amuava a vida, enfim. Mas se matou
pelas ruas em busca de um aparelho de televisão, por quem foi monto, só podia ter sido seu aman- requintada promotora das artes casada com im- a.ssimii mesmo, porque amava também o sangue e
Os comentários são sobre um louco que ia se portante político japonês. Anos atrás Mishima a moi-te,
te.
malar. Numa esquina dou com uma pequena propusera-lhe casamento, cofiou-me ela. E afir- Todos os seus livros são relacionados, basi-
multidão, os olhos fixos na TV, Ligada no volume mou: "Mi,shima eslava profundamente apai- camente. com esse seu amor pela vida e pela mor-
Mas a especulações não poderiam ficar
máximo. Qual não foi a minha surpresa quando xonado por Monta e foi este quem colocou na te. Os romances que compõem "O Mar da Fer-
apenas nesse terreno, depois da invasão de um
deparei com a figura de Mishima, de quem já lera cabeça do escritor a idéia do duplo suicídio." tilidade". tratam da vinda ao mundo, em cinco
quartel por um bando armado. Yukio Mishima
um romance, falando da sacada de um quartel tinha formado há cerca de dois anos um exército reencarnações consecutivas, mie uns anjo, ou deus
sobre o futuro do Japão, fazendo acusações ao particular, o Tatenokisi, com um grupo de jovens Em 19Ó9. no campo de treinamento do Monte budista, sempre no corpo de um ser jovem e de
governo ao povo, culpando todos pela inércia de ultra-direita: o escritor realizou intensos Fuji, Scoti-Stokes acompanhou por três dias os infinita beleza, que faz sofrer de amor todos em
reinante e à americanização do pais. Com espan- treinamentos e manobras com seus "soldados", futuros suicidas. MorRa disse-lhe então que só volta. Nessa série de grande força estilística, mas
to, ouço Mishima anunciar sua morte. Segundos acampando inclusive em área militar. eih 1969, podia compreender o ideal do Imperador através de difícil leitura. a linha de pensamento contante
depois, fecha-se uma porta e, na tela, apenas a no Monte Fuji. A base da filosofia do Tatenokai de Mishima, que esta v a relacionado misticamente é a cio elogio da juventude e do horror ao enve-
sacada vazia, logo substituída por um comer- era a luta para fazer o Japão voltar à sua pureza à figura imperial. Tal declaração não deixa lhecimento. Aliás, todos os seus livros anteriores
cial." inicial, sob a ãgide do Imperador. Um fanático? dúvidas quanto ao amor do discípulo pelo guia, mantêm o mesmo diapasão perverso e cruel. Em
"Passaram-se alguns minutos. A imagem Um louco? Um patriota? Todos faziam muitas pois num ensaio sobre o heroismo de um samurai "Forhidden Colours" o mundo homossexual de
projetada a seguir jamais poderia se apagar da perguntas. Junro Fukashiro publicou em 1971 um que se matara pelo Imperador. Mishima afirmou Tóquio é praticamente- arrasado por um rapaz.de
minha lembrança. Senti meu rosto em brasa e al- artigo intitulado "Post-Mortem", que resumia as que o amor só era possível sob a proteção do 20 anos que, com sua beleza, vai espalhando o
gumas lágrimas começaram a correr, lodos os teorias populares sobre os motivos de Mishima: Imperador. "A pode amar B e B pode amar A. desespero e a desesperança. Homens ou mu-
espectadores engoliam em seco como eu. Aquela "A teoria da insanidade, que não precisa de mas seu relacionamento só terá significado com a lucres, ninguém consegue ficar indiferente à
cena não fazia parte de nenhum filme, novela ou maiores explicações: a teoria estética, segundo a presença do Imperador." Ele comparou a si- diabólica e cruel heldade. Teria sido essa carreira
script: is cabeça no chso, os olhos fixos, sangue qual a beleza procurada por Mishima em sua tuação a um triângulo, no qual o Imperador seria sonhada por Mishumna? ''Quero fazer da minha
jorrando nas paredes cinzentas e frias. O que o ápice e os amantes os dois ânguLos emifeniores. vida um4iocma". disse ele em algum Iuur'.Se isão
literatura só poderia ser completada com um ges-
mais me impressionou foi o lato de que o indi- conseguiu faz.r com que o amassem, pelo menos
to dramático de suicídio: a teoria do talento
víduo que cortara, a cabeça de Mishima também ficou famoso e semeou o escândalo. Seu romance
exaurido, que sugere um Mishima que escreveu Onde buscar a raiz de tais sentimentos? Sabe-
tese a sua decepada por uni terceiro elemento, 'Depois do Banquete" (traduzido nci Brasil)
tudo o que tinha a dizer cm quase 30 anos de: se que, entre os samurais, a prática do homos-
que no momento em que tentava suicidar-se Foi atividade e que nada mais via à sua frente a não vextialisnso era tão natural como a da coragem, e retratou impicdosamentc. a vida de uma cortesã
ifll1)cdIdO." ser desespero: a teoria do suicídio por amor, de que muitos deles viviam como casos. Mas só isso de Tóquio e de alguns políticos corruptos. que se
O que aconteceu naquele dia foi uni shinju um homossexual que se mata com o amante na bastaria para lesar dois amantes modernos ao reconheceram no livro e o processaram por isso.
(duplo suicidio de amantes), organizado com esperança de realizar com isso um definitivo ato gesto definitivo? Claro que não, foram todos os Mas morreu considerado por todos como uni dos
grande antecedência e com os requintes que só erótico: e finalmente a teoria do pilniotismo, pos- elementos da vida de Miçhima que o empurraram nisiores prosadores japoneses da atualidade. ten-
Misliinia poderia imaginar. Segundo quase todos tulando que Mishima procurou incitar os sol- para uma monte "heróica". Criado por uma avó do sido cogitado duas vezes para o Prênmio Nobel.
o^ que conheciam os personagens do drama, dados japoneses a darem um golpe de estado e autoritária e devoradora, o futuro escritor passou È possível que, na sua desmedida ambição, tenha
Mi',hima e Monta tinham selado há multo tempo grande parte da infância sofrendo de todo tipo de decidido se matar no auge da fama. Misturou a
realizar assim o seu ideal do Japão como uma
Uni pacto secreto para a realização de uma morte doença. Quando os pais conseguiram arrancá-lo isso os instintos mais obscuros que dormitavam
nação-estado unida sob o Imperador."
gloriosa e envolta em teorias políticas radicais de da tirania avoenga, Mishima era um adolescente como uma fera em suas entranhas. Reconhecen-
direita: esperaram somente que Mishima ter- fraco e assustado. Aos poucos, porém, ele foi ven- do-se como o demônio de si mesmo, porque
minasse o último volume de sua monumental e Todas essas especulações são, na verdade. amava a crueldade e a violência, resolveu se
cendo seus temores e, na Uns'ersidade, onde
mosaicos de um grande painel que ilustra a vida sacrificar, carregando junto o ser amado. Foi o
ambiciosa teiralogia "O Mar da Fertilidade". Em iniciou o curso de Direito, j á discutia política e
do escritor. Mas o consenso é geral quanto a que o t
23 de novembro o escritor entregou aos editores a
homossexualisnso foi o ingrediente mais forte e literatura, publicando seus con os e poemas no momento da síntese para Yukio Mishima, a
última parte dos originais do quarto livro da série jornal da escola. Seu primeiro livro, "Confissões realização do seu maior sonho de violência - a
e, horas depois. praticava o haraquiri. Henry definitivo do drama. "Depois dos suicídios - es- autodestruição - e uns gesto de amor. Iniciou a
de uma Máscara" - traduzido no Brasil - tor-
Scott Stokes, jornalista inglês, chefe do escritório creve Scott-Stokes - duas pessoas que tinham própria morte e deixou que o amante a terminas-
conhecido Mishinta pessoalmente deram-me nou-o famoso. Desde então, sua ambição, nar-
do "Financial Times" em 'l'áquic, acompanhou se, num casamento definitivo e eterno. mas
declarações que apoiavam a idéia de que tinha cisismo, exibicionismo e audácia não pararam de
os (iltinios anos da vida de Misltinta e tornou-se crescer. Para compensar a estatura média, tor- banhado em sangue.
seu amigo. Em 1974 ele publicou "Vida e Morte sido uni .sltinju. Uni deles, alto funcionário da
nou-se halterofiLista. Foi noivo de uma herdeira e'
polícia, contou-me que, Logo após o incidente.
de Yukio Mishima", relatando em detalhes lodos
tinha sido chamado por um político conservador campeã de tênis, que rompeu com ele para na- Francisco Bittencourt
os antecedentes da tragédia. De sua pesquisa no
LAMPIÃO da Esquina
Página 8

** Centro de Documentação
APPAD i paranaunsv
da parada da dàvt'rvicladi'
I.
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
PC
,

Btxordia-::-:::-:: A hora e
Florianópolis e o vampiro art-decô a vez dos
Um não muito jovem pintor de marcha lenta. Acelerado, o pintor çes, com o vampiro rodando a capa,
Florianópolis estava outra noite no
bar Lananeide envergando sobran-
art-decô dá adeusinhos e aceninhos
aos guardas, num alegre convite a
cheio de uis e ais. Disso tudo ficou
uma lição para o grupo carioca que
Travohas
ceiro sua enorme capa de veludo um drinque. Marcha à ré da pa- acompanhava o indigitado homem Está havendo o maior ouriço, todos
preto (que na verdade é um poncho) trulhinha: "O que o senhor dese- do art-decô: em Florianópolis, mes- os dias, na porta do 266 West, por
e revirando os olhos. Passa uma ja?", quer saber um dos policiais. mo em noites de sufoco, não convém causa do anunciado concurso Dancing
patrulhinha da PM catarinense em Resultado: meia-hora de explica- ficar dando adeuzinho a policiais. Gays. Muita gente querendo se ins-
crever, para alegria do-Amadeu, mas
faltava um regulamento, que a gente
A festa corria solta, suas telas em vez de pintá- publica só agora. Atenção, Travoltas
E por falar em MPE (Lecy Brandão) - a de todos os sexos
(Música Popular Enten- própria; Outra Vez (Isol- batait son piem, como las, acorre solícito: "Deixa
dida, vide a entrevista de da) - Roberto Carlos; dizia Proust. De repente, que eu costuro!". O ato é 1 - Poderá concorrer qualquer
Lecy Brandão neste nú- Romina uma criatura mais exci- público e emocionante: an par, sem qualquer tipo de discrimi-
mero), um leitor muito e Juliano (Tai- tada com o ambiente artís- artist at work. Terminados
guara) - nação (homem com mulher, homem
atento, Carlos Santos, do Moç Taiguara; As tico do festim deixa cair os trabalhos de corte e cos- com homem, mulher com mulher e
Rio, resolveu pesquisar Moças (Paulin ho. Soa- um canapé plom! - tura, o artista levanta-se demais variações possíveis); apenas,
por conta própria e nos res/Paulo César Pinheiro) (som de canapé caindo). de sua heróica posição de por uma questão de ordem, proibe-se a
mandou de presente um - Beth Carvalho,- Da Ao abaixar-se para re- presença de animais domésticos na
roteiro de músicas que ser- Maior Importância colher o acepipe, eis que cócoras. "Pronto!", ex- pista. 2 — A inscrição só será possível
viriam para compor uma (Caetano Veloso) - Gal apertados fundilhos da clama, feliz. "Não esquece mediante a apresentação do cupom-
espécie de paradão - Costa,- Sombra Amiga calça da criatura ex},lo- de assinar a obra, que- que publicamos abaixo, e o pagamento
LAMPJÁO'S Power Dis- (Sueli Costa/Tite de dem. O dono da casa, pin- ridinho!", grita um mal- da taxa de inscrição: míseros Cr$
cotheque, ou coisa que tal Lemos) - Sueli Costa; Pai tor conhecido por costurar doso do fundo da sala. 200,00; 3 — Os candidatos serão sor-
- especializado. Uma e Mãe (Gilberto Gil ) - teados em grupos de dez pares para
Serviço de Utilidade Pública Um dos mldnight cowboy,
sugestão: procurem gravar Gil; Conflito (Petrú cio de LAMPIÃO: atençio frequen- mais temidos da Cinelândia participar das eliminatórias; estas serão
essas músicas numa fita, e Maia/Climário) - Fag- tadores da Clnelândia, Central do atualmente é conhecido pela in- tantas quanto o número de pares ins-
curtam, uma após outra, ner; As Pessoas e Eles Brasil e adjacências. Cuidado sólita alcunha de Jorge Mala. critos divididos por dez; 4 - A primeira
estas jóias do cancioneiro (Lecy Brandão) - Lecy; com um rapaz chamado Jorge Fria; dos muitos suadouros que eliminatória será na primeira quarta-
praticou sabe-se de um engra-
entendido. Jura Secreta Não Tem Solução (Dorival Luis Pereira (é o seu verdadeiro
nome, que ia apresenta como çadissimo. quando ele, após
feira após o dia 15 de novembro; 5 -
(Sueli Costa/A bel Silva) - Caymmi/Carlos Gu mIe) cabo-fuzileiro (embora nio o seja, deixar pelado o rapaz com quem, De cada eliminatória sairão dois pares
Simone,' Ombro Amigo - Taiguara. às vezes anda até lardadol e minutos antes, $rtilhara um para a Semifinal; desta sairão os dez
morador em Bangu. Bancando o leite no I'iostal Palace, olhou para - finalistas, 6 — Os classificados para a
bom-moço, ele conquista as pes- os pés do infeliz e lhe disse: "vá
semifinal ganharão discos Odeon,
soas, passa a frequentar suas tirando o tênis, que eu tou
Vinte e sete pessoas que nos mandaram pedir pelo reembolso postal casas e, após algum tempo de precisando de um par". Resposta Warner e CBS; 7 — Os finalistas
os livros de ('aio Fernando Abreu agora mios mandam cartas desafo- "eterna amizade", desaparece salvadora do rapaz, após olhar os ganharão assinaturas de LAMPIÃO,
rudas porque tido receberam a encomenda. Mil perd,3es, senhores, mas com tudo o que encontra pela sapatos de Jorge: "mas os seus es- além de brindes que já estão começan-
cometemos, em relação àquele escritor. um terrível engano ao incluí-li frente. O rapaz é iadrio pé-de- tão mais novos que os meus!" do a pintar; 8 - Na final, o par con-
ira lista de escritores estranhos; a estranheza de Cai,é diferente da chinelo, leva loisinhas de pouco Mala-Fria, após um exame
nossa, ele vende mais para o outro lado da sida, o lado pop (atenção, apurado, constatou que o rapaz
siderado vencedor receberá Cr$
valor: rádio portátil, isqueiro,
querisii)s. caprichem na prsm úncia.' o som deve ser igual ao que faz uma bolsa vazia, barbeador elétrico] falava a verdade, e foi embora, 6.000,00; o segundo colocado, Cr$
bola de s,jhdo que exp! sds' e se esvai no ur).l etc... Mas, com seu gesto ingrato, deixando-o nu. mas de sapatos. 2.500,00, e o terceiro, Cr$ 1,500,00; 9
Já deixou dilacerados muitos — O júri terá uma composição di-
A bicha estava há horas no banheiro dos homens. Quieta, muda. corações. ferente em cada eliminatória, mas
Quando o primeiro homem entrou, eia agarrou uma vassoura e co- sempre formado por personalidades do
meçou a varrer. Era a deixa para o seu lindo texto, devidamente re-
mundo fonográfico, artistas e jornalis-
citado, em tom suspiroso: "Meu amorzinho, espera um pouco que es-
tou acabando de varrer o nosso lar eja-já serei sua!", ao que o bote, es- tas; 10 - As inscrições podem ser
Por falar em bicha, recebemos o seguinte bilhetinho:
pantado, deu no pé. feitas com Amadeu, na boate 266
LAMPIÃO, Está ficando cada vez melhor! (Até ai, pelo que nos
toca, estamos emocionadas, queridiilnha!). Para coletivo da West, no horário das 22 às 24 horas
Aconteceu num prédio da'. Laranjeiras, no Rio, O rapaz dono do
apartamento saiu para trabalhar e sua vizinha flagrou seu fiel acom-
palavra bicha, que tal BIXIJRME, obviamente oriundo de (Avenida N.S. de Copacabana, 266,
- bicha + cardume? assinado do leitor assíduo. BIXUTA. galeria); 11 — O traje para os-candi-
panhante quando este, minutos depois, entrava em casa acompanhado
de uma vistosa senhorita- A vizinha telefonou para o dono do apar- isso: bixuta já se manifestou, E os (as) outros (as) não se ma- datos, na noite de apresentação, é dts-
tamento. este veio correndo e deu o flagra. Tremendo escarcéu. O fiel nifestam? Até parece que nosso povo não acredita na força do
coletivo de bicha! Ou não? O concurso está de pé: vaie uma as-
cotheque, ou seja: zorra. (Adão
acompanhante do rapaz traído foi devidamente expulso do lar-doce-
sinatura anual de LAMPIÃO para quem inventar o melhor Acosta)
lar, e teve toda a sua bagagem atirada no corredor. Em pânico, ele
coletivo para a classe.
pediu ajuda, logo a quem? À ciosa vizinha que o denunciara, a qual,
pnali,,ada, resolveu abrigá-lo -- provisoriamente" em seu lar. Pergunta
que o dono do apartamento, enroscado eip sua solidão, no hesitaria
cli: responder: quem traiu quem nessa história toda? •

Escolha o seu nome


Dancin'
:. Ç ponta pacífico que o termo bicha deixou
de ser ofensa, para se tornar elogL9. E se tor-
BICHENE - Fà de Marlene. Dai surge BICHWISSAJR - a que voa. Geral-
mente usa Cartieramericano, Gucei argentino
Gayw!
;• uma série de variações como a BICHY (fã do
nou tão comum dizer bicha a propósito — ou e possui em casa trinta perfumes diferentes e,
mesmo a despropósito - de tudo que já
Cascbv) BICHINHA ((A de Etnilinha). RI-
CHAL (do Sidney Magal) e a BICHA- na geladeira, conservas de todas as partes do
Recorte o cupom abaixo, faça sua ins-
: começarri a surgir as variações. O filólogo do munto. crição no concurso de danças DAN-
LTORRACA.
.. bar Acapulco e membro (!) do bando de BICHÓPOLIS - Ê a que tem casa em BICHEIRA — Ê a mineira. Não aquele CJN'GAYS na boate 266 West
.- LAMPIÃO, José Fernando Bastos, se cri- Petrópolis ou Teresópolis mas mora mesmo pessoal maravilhoso da terra do Magalhães; lAvenida Copacabana, 266, galeria),
carregou de descobrir — ou inventar. que pia
isso é que bicha v um animal cheio de ima-
em Nilópolis. Em São Paulo é a BICHA- mas aquelas que votam no Bonifácio. perten- com Amadeu, no horário de 22h às
.
ginação -" algumas variantes da bicheue
QUARUJÃ em Salvador. a BiCHITAPOÃ;
em Belô, a BICHAMPULHA; e em Porto
cem à TFP, namoram urna garota da terra e,
aqui no Rio, soltam como se podem (com p
24k, prepare a coreografia e concorra
obilge. A saber:
Alegre a BICHATRAMANDAI. mesmo). a valiosos prêmios:
POLICHA - Ë a que utrapassou os li- BICHÃO — Ë o tipo macho, sapatão. Cos.
mites da tricha. Toma hormônios, já que seu E
BICHOC — a que não pode abrir a por- pe pro lado, adora futebol, só fala em mulher.
grande sonho é virar Fafá de Belém. ta sem avisar antes, do contrário quem estiver
BICHIC — E aquela que usa carteirão fora cai duro com a feiura dela,
Bebe, transa todas. No outro dia, finge que
não lembra.
Nomes..........................
embaixo do braço, conversa sobre lhrahim e
Teresa Souza Campos como se fosse intima BICHARM — E aquela que fica no Sótão BICHICLETA - E a atleta, que tem
mania de correr de manhã cedo na praia e da
e...............................
deles, olha os outros com desprezo. De vez em como se estivesse no Special: ao Medieval
quando uma é assassinada por um rapaz do como se estivesse no Hippopotamus; e no Hol- policia de noite. Todas elas tem o Cooper
interior de Minas que o porteiro viu subir no mcx. de Salvador, como se estivesse no Re- feito. Endereço ........................
gine's. Olha pra todo mundo e vai embora E por aí vai. Qualquer semelhança com
apartamento com ela.
BICHEQUE — E aquela que por qual- sozinha, pessoas colunáveis será mera coincidência: de Telefone .........................
quer coisa puxa um talão de cheques. Até BICHADA - E a mal amada. Está sem- bichas e contrabichas cada um tem um pouco.
para pagar um cafézinho. Diz que não tem pre com problemas sentimentais. Já tentou o Ah, ia me esquecendo, tem mais uma: é a Os inscritos devem aguardar a cha-
carro porque odeia dirigir, nunca foi à Europa suicídio várias vezes: corta os pulsos e corre BICHATA - E aquela que se enquadrou mada. Cada dupla receberá um
porque tem pavor de avião. Usa bolsa a ti- pro hospital, se atira do primeiro andar, toma em algumas das variações aqui mas vai es-
crever pra cá falando mal do LAMPIÃO.
número e participará de uma elimi-
racolo. comprimidos e vomita, essas coisas...
natória em data a ser marcada com a
devida antecedência.
LAMPIÃO da Esquina Página 9

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Centro de Documentação
APPAD E]
i *
da parada da tlivcrsiilad'
1..
Prof. Dr. Luiz Motit GRUPODIGNIDADE
1R E^ORTAG-
EM--)

A música popular entendida de dona Lecy Brandão


usistema
descobriu
uma coisa: n11

gueiagora
vende, d à
bom lucro""
I.)e trés silos para ca, atem de indis.utísel
substância artística, a compositora Leci Brandão
ganhou também a fama de ser um dos porta-vozes
musicais daquilo que ela mesma chama de "povo
guei brasileiro. No LP "Coisas do Meu Pessoal",
a música ligada ao tema era 'Ombro Amigo"; no
seguinte "Questão de Gosto" os homossexuais
foram homenageados com "As Pessoas e Eles".
Em seu novo disco, a sair em breve, intitulado
L,'i'
t•iIfU
lJrjidão, com duas ucumpunhlanh(',s, na hora da i'c'rdudt'. José Fernando segura o ino'nfom'. ('hri'aos,omo es-

"Metades", é ainda mais clara, ao responder, na


letra de "Chantagem". aos que a criticaram por Maurício - Demorou muito ser aceita? enganado. Quando eu me apresentava nas
José Fernado - Suas Influências quais são?
fazer músicas para Eles & Eles e Elas &Elas:, Noitadas de Samba do Teatro Opinão. produ-
'Pensar que vou me incomodar/Só por dizer que Leci - Fizeram um teste, um período de adap- zidas por ele, Já tinha um compromisso com o Leci - Simples: Waldir Azevedo. Jacoh do Ban-
vai contar/Por resolver que vai me estragar/Eu tação de mais ou menos um ano. Já em 72 eu des- Sérgio Cabral. E quando tenho um compromisso dolim, Carmen Costa, Jamelão. Acietjiilde Fon-
sei de mim e sei de mais/Saiba que as coisas filava com a Escola, primeira mulher a entrar na com as pessoas costumo cumprir, mesmo que não seca, Alaide Costa e Bienvenido Granda. aquels
anormais/Estão presentes no seu modo de pen- Avenida no meio dos compositores, com o em- esteja assinado. O Sérgio foi o meu primeiro cubano higodudo de quem meu pai, que era da
sar ­ . Mas será que ela não se incomoda mesmo blema da Mangueira bordado no bolsinho do ter- produtor. Marinha, trouxe um disco pra casa, numa de suas
de falar e ser indagada, livremente, sobre um as- no da Ala. Primeira mulher a envergar o terno da Viagens internacionais.
sunto ainda polêmico, participar de um debate Ala dos Compositores. José Fernando —Mas você aceitou o rótulo de
tão novo enquanto discussão aberta? Mais: que sambista para ser lançada. Ë ou não é? ('hrvsóstomo - Num LP você gravou "Ombro
tipo de elo é esse existente entre Brandão e as hos- Chry sóstomo - Quer dizer que a Mangueira só Leci - )lttdgnacta e incisiva) Eu nunca usei a Amigo", em outro "As Pessoas e Eles" . suas
tes guei: platônico, militante? Entrevistada por ajudou a sua afirmação pessoal? Mangueira pra me promover! Sou apertas fiel ao músicas dedicadas ao povo guei, seus problemas
José Fernando Bastos, Antônio Chr ysóstomo e que a Escola me deu de bom etc., Falar de homossexual vende jornal e discos,
pelo fotógrafo Maurício Domingues, ela acabou Lcd - Ajudou muito. Mas em 74, no concurso populariza artistas. Com você, o que aconteceu?
por entregar tudo, sem meias palavras. Nas duas para escolha do samba-enredo para o carnaval de Chrvsústoino - Vamos explicar essa coisa de ser
páginas seguintes o leitor poderá sentir o peso da 75 eu fui discriminada, por ser mulher e também ou não sambista de uma vez por todas? Leci - Eu não seu se vende ou populariza. No
sinceridade dessa artista que não hesita em con- por não ser do morro. Eu concorria em pé de momento em que fi, essas músicas o registro era
versar abertamente sobre a sua tríplice - e riem igualdade com os homens, meu samba era dado [cci - Os aproveitadores, Fazedores de Sambas- todo de sensibilidade, pureza, honestidade. As
sempre fácil - condição de mulher, negra e' como vencedor, cantado por todo mundo. Chegou enredos pra ganhar dinheiro, esses tipos de que já pessoas do meio cio que eu vivo atualmente. pes-
homossexual. na hora, foi aquela história: "essa menina chegou falei, nunca foram de qualquer Ala dos Com- soas gucis, me dizem muita coisa, para mim são
ontem prá cá. Tá muito cedo, não vai ganhar". positores de qualquer escola, grande ou pequena. pessoas importauíssimas. Compus Pensando nes-
Chrvsóstomo - Voei foi a primeira mulher a lis Não ganhei mesmo, Eu. quando comecei a compor. procurei logo a ses amigos.
legrar uma Ala dos Compositores de Escola de minha escola, a Mangueira, para aprender.
Samba, não e? Chrvsóstomo - Já foram feitas acusações de que Depois de ''Pega no Gaii,é'', depois que viram ('hrvsostonio - Deu certo, não foi?
Lcd - É. Em 1971 eu já tinha ami 'ade com al- voei teria se aproveitado da Ala dos Compositores que samba-enredo faturava, eles começaram a
guns compositores da Mangueira. O Zé Branco da Mangueira para se lançar no mercado. confeccionar sambinha de refrão fácil. que cai Leci - Minha gras adora morreu de medo do dis-
como diz o nome, um cara branco, bran- bem no ouvido tio povo e pode ser repetido nos co ser aberto, prinicira faixa, lado. A. com ''Om-
quinho. pois em samba não há separação entre Leci - As pessoas que falam isso não sabem de bailes, tias ruas, fora do desfile. Isso empobreceu bro Amigo''. Alegaram que tinha de abrir com
negro e branco -, que conhecia um pouco o meu mim. Antes de ingressar na Ala eu já participava as Escolas. Quando se f,c os mais sambas conto uns samba. No fundo tinham mesmo era medo da
trabalho, teve a idéia de me levar pra lá. Fui com dos ensaios, era súcia efetiva da Escola. Desde "Chica tIa Silva". ''Monteiro Lobato", ''Casa e música, abertamente dedicada ao povo guci. Só
ele, tinha mais ou menos uns quarenta compo- menina freqüento a Mangueira, embora não Seis ,ala" ? O negócio virou Fat ora inen to. entrou que aconteceu exaianii'nic o contrário: ninguém
sitores reunidos, só homens. Levaram um susto, tenha sido criada no morro. Minha Família é de arrecadação, tutu grosso. Associação das Escolas pisou, proibiu. Lancei o disco furna Festança no
nc - lá, minha avó fui da Ala das Baianas. minha mãe de Samba nu meio. Isso eu nunca Fiz nem vou Café Concerto Risul. cheio de gente da Mao.
José I : er Ti nd,s - Como primeira mulher no meio foi pastora. Tem muita gente boa por ai - Eval- fazer. De outro lado, no meu primeiro disco você gut'uru. hcsianas tradicionais ao lado de travestis.
da macharia voei chegou a sofrer alguma dis- do Gouveia e Jair Amorim, Luís Avrão, vários lã encontra uma canção, na quarta-faixa, lado A. pessoal do morro con Ira tcrniiaiido com liomos-
criminação? deles - - que viraram sambeiros depois que o chamada ''Pensando cm Donga", cm home- sexuais da Folia sul do Rio. 1 :mito. corno deu cer-
[cci - No principio não foi uni problema de dis- /.u,oca faturou irezentos milhas com ''Pega nu nagem ao Donga. fias que nào te m na da a ver to, todo mun d o diz "a Lcci apelou".
criminação, foi de surpresa. Porque eu, que não Ganzê". Antes disso, antes mesmo do Lacerda com a estrutura tradicional do samba. l'inha uni
nasci nem fui criada no morro, querer me entur- (N. R.: o ex-governador Carlos Lacerda) fazer ar- arranjo iticrisel do maestro Ivan Paulo que o Maurício - A arte não é uma coisa etérea,sem
mar com eles. deu uma desconfiança, né? Ai o luil'ancacta e fechar o desfile pro povo, eu já as-
sistia escola de samba no carnasal, Ia pra lá, pra
senhor iii horão taxou de ''coisa modernosa—. sexo?
('hrvsóstomo - Cruzes! Demorou masa arte
presidente da Ala, na época o JoséBrogogério, Em compensação escreveu também que a leira
pediu que eu escrevesse uma carta, solicitando hei rada da calçada. Segurar corda e lesar beijo de Podia scu' iissiiiada. sem susto, por ('hico Buarque deres baixou no LAMPIÃO!
minha entrada oficial. Escrevi e disse que queria cavalo da PM. horraehada dos homens, pra ver a ou Aldur Blanc. Já viu a confusão do cara. tié? (is companheiros da entrevista e dos entrevis'
ir pra lá a fim ik' adquirir a cultura deles, saber o Mangueira. Então eu já procurava me transformar, criar por tadores pronsosem grande alarido em torno de
que era exatamente uni Partido-alto, um samba mim mesma, mas seio negar as minhas origens sexo e arte etérea. Leci mantém a compostura de
de roda, as estruturas melódicas, rimas e mé- CHRYSÕS'I'OMO - Mangueira â parte, quem niangueiren.ses. Não sou sambista (sambista é entrevistada)
tricas. foi que te deu força no início dos trabalhos? quem diz samba nu pé, e eu não sou passista. má Levi - Eu não pensei, "não, porque agora eu sou
entendido?). Sou compositora de música popular. atingir as bichas''. Foi tinia coisa de amor, numa
('hrvsôtomo —Vocjá compunha samba? Lcd - O Sérgio Cabral foi a primeira pessoa
E como coitipositora estou livre para fazer meus noite em que eu fiquei numa boate até o final e sai
que, em 72, 73. fez força para gravar, produzir dali deprimida e no (lia seguinte pintaram a letra
sambas. minhas canções, minhas letras lírics:s ou
Lcd - Samba do meu Jeito, sem o conhecimento disco comigo. Então o seu Jorge ('outinho, quan- e a música na minha cabeça.
minhas reportagens sobre a realidade social,
especifico que só se adquire num reduto de cul- do fria por aí que eu sou mau-caráter porque não Chrvsóstomo - O seu relacionamento com o
para criar o que quiser, sens rotulo de sambista
tura popular como a M.uiucir.i - L't' L5O disca produ/(lo por ele. Csta
redondamente homossexual, entendido, povo guel, como se
1 C11 ltokrui ra -
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LAMPIÃO da Esquina

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Centro de Documentação
APPAD i
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
queira ch*mar, é pIMônko ou participante? animal mais forte, o homem primbiso. O pro-
Leci - Platônico e participante.
('11ryss1úrno - Em que sentido?
— Quero continuar cantando blemas mesmo é a preservação da espécie. Tá na
cuca de todo mundo, da bicha mais doida. Só
Leci - Quer r? Por exemplo, o lato (k eu ser quero ver agora, com o bebê de proveta como é
hmossexital é uma coisa que no rue incortitida,
rilo flL apavora, porque cLI não devo nada a nin-
todas as minhas preferências que vai ficar.
Mauricio - Bebé di, proveta não sem ao caso.
guém. coisas todr que u Iii ioi com muito José Fernando - Por falar em bebê de proveta, o
sacrifício. tLI(l() que tLi cnsegui veio atrtsés de Nélson Ned disse no programa Flissio Cavalcante
uma h4talha de muito tempo, ictiko digiiil1e que o artista, para fazer sucesso no Brasil, tens de
ltUT)CI fui venal, nunca pag ne 1 a ninguém para ser esquerdista, homossexual ou toxicómano. O
lotar meu S' discos tias rádios. Esçe é o meu lado que você acha disso? 1 locti ' muuido ri)
p Lr i& i1)11 te . Se sou peito ahert o corn os oul ro icei - ICara de espanto, olho arregalado 1 Eu
parque io vou ser comigo mesma ? E platCniea nunca coas ersei com o Nélson Ned. Que coisa!
C11 SOU. prq Lii., desde o I11Ofl)efll(1 em que cinheei Será que ele disse nii-smri isso'.'
o b tio CLI ei . orihec Is) ;tra 1 1 hnsa' . que José Fernando —Disse, disse! Foi na TV. Eu vi. E
tu(. aniam Lufl1tl eu smi. tatO por CLl't de fama. tem mais: acho que se ele afirmou uma coisa
essas bobagens. A geni e coner't . a gente é fra a - dessas é porque muita gente pensa assim. O
co tini com 1, outro. rit(, precis.i ct.Lr cieturpaiidt, anãoiinho foi a voz da t'liansada maioria silen-
nu ariiiaudo jolgadas, fl4lI Llio. E por i!OO que
eti 1ranii o ITtt_• ti (1 lioniossesual.
ChrvsL\suno - Sem problemas?
ki ciosa.
Chrvst'istouii - A mesma maioria que o Nixon
dizia que falava por ele nos Estados Unidos?
teci - A g ente jii i ata rgiiial ,ado . de cara, pela Leci -- Eu acho quu- as pessoces atacam gente
Sl)lCt1aLk [ , mão a (cai L SC UflC SI' junta, clii as conhecida porque elas iêtn um recalque incrível,
mãos. 1 tini LIflI a o ou (ro sem medo iie ai precon- elas qute estão nu,

II
urna Frutsiriçàc' de não serem elas

i'd!
ceitos. 11111 iiiegõcio muras LI husLi, que eu estou lc,, tia ides isão, e'scres codo, assinando co-
cuirunului de CLLhCÇa, realmente. í o iliais pro- hliil,L - 155t 5 di' i 515.
duliso mergulho qtte tu ia dei em mim ntc'silia e
au 1 José Fcriiuiido - Vai ver você tem razão. Já pen-
(A platéia queda, estuporada, por segundos. lia. sou o Nélson Ned de travesti? Ou escrevendo pan-
fhialnmenie. um rumor de frase., mie perguntas Iletos contra o governo ou doido de fumo por ai?
airascs.somlns no ar.i Let'i - (Engasga de rir. Desengasga e cominua 1
j ri5L' 1 criutiirl,t - Você aceitaria algum titulo des- E realniett;c tini ,il)surchi'. Eu. por exemplo, nua-
ses que tecia por ai, de Rainha do Povo (;l, por usei toxico rara eoivt alguma, muito menos
exemplo? -ai cc compor ou cantar. lonuo umas biritas de vez
icei - . Cli não aceitaria esse 1 1 lI ' C 'ri x - eh,, (lucinclo, tinieonttctqtie,iiiho Para clarear a
p1 içar )irq LiC RI i tilt a LIC cotei ia l)Jsl a ser uma ti Agora não lenho nada com a vida dos outros.
Coisa mcii' lscluli t iva, unia coisa Luri sIlca vista ii Nélson Ned queima fumei é problema dele e
de Itiru para dentro. Ai eu ii es ci ria usartido o meu iiirr meu. Ah. não vou falar serio sobre isso não.
lati[, g iie i para ate prumos e r e não estou ci tini cliv- Si' sei que artista, jornalista, esse pessoa! todo
si,. 1 ti t rat'a 1 ho. componho, sou às rádios, tudo it.ilalham muito. Nós mesmos estamos aqui, às
pr'ha'ilmcntc VOU a tudo qltaitto é dei Lia noite. fazendo esta entres ista. i rah'alhan-
show ik tras esli. Amo travesti Mas sciiiiirv num
respeito por mim mesma e pelos outros, flutuo
grande, extremo. Minha lransaçu com meus
Iguais é de pessoa para pessoa. E até engraçado.
JJ
*5i
-'si' Feritindir Ah, outra coisa. O que voei
acha dessa história de artista bicha posando para
reportagem tia reviste "Amiga" com noiva em-
Conio é que eu ia poder reinar sobre os meus prestada do lado?
se ate lii ci ri i icei - uni problema de insegurança. A pessoa
j ,is Iritiiiio
'tr -- Mas você comparece a testas que se garante não vai se Preocupar de mostrar
gueis publicas, em sua homenagem... ai hilL. noivo, sem lá o que.
Lcd— Quando icai muita badalação ás vezes eu José Fernando - Você posaria com um noivo
evito ir. Eu quero que as pessoas enxerguem esse arranjado pra capa de uma revista?
meu Lado huuiiessexual como cinta coisa séria, que L.eei - Claro que não, porque seria ridículo.
licita respeito . Icinto que dentro da boate Gai- [)c'pot'. eu não ia ter nem coragem de ,ite olhar no
vota. iii' tIl a de setL'mhio do ano passado, quan- L'"lrr.'lhio.
do linuNk , tinia honten ci cin Ii pelo lançamento do
meu disco "Coisas elo Meu Pessoal'', cheguei no Mauricio - Isso não é porque mocê vende bem
microfone e disse "lama cuidado ó com tis foras- sendo como mi?
teiros. minha gente!'' Porque n s temos de ter icei - E no principio, quando não vendia nada,
cuidado com os — curiosos — entre aspas, porque qcLaiicto comecei? Teria arrumado um noivo pra
eles estão sabendo que a questão homossexual dar entrevista do lado, não é'?
vende revista, disco, jornal. O sistema descobriu espécie de porta-voz guri; aceita esse papei? do para tender disco. Mas como eu estou fazendo Maurício - Mas você é uma pessoa Forte.
que guei lá dá lucro. Todo mundo vai ler, com- Lcd. Por que não? Desde que se encare o guei serclacic dessas ;rês condições, achei que fica tudo
prar: todo atando quer descobrir endereço de cunho tiniu pessoa, um estilo de vida '.ão digno e bem. Assumo minha cor e minha condição fe- Lcd - E o que co estou dizendo! Ninguém
hocite entendida. Depois essas pessoas chegam sério como outro qualquer, posso ser porta-voz da minina porque nasci assim e nunca usei isso como pisrLsi tapa' o sol coni a peneira pra fazer sucesso.
nas boates, pegam o homossexual, que está lá às situação lo meu pessoal. Mas olha lá. Nada de argumento, como "me ajuda que sou preta. Esses rapazes, essas bichas que nós conhecemos
rezes enecicadissimo, num tini de caso, usam e guei tratado ou agindo como coisa jocosa. que mulher e fraca": para pedir favor aos outros. Que tão bem, dentro do meio, fazem papel ridículo
abusam ela figura. 'Iransa, entress(a etc., e não se dá ao respeito. Aquele estilo do aaauii, nada! Por ser preta e mulher é que trabalho por insegurança. Fala-se muito nos atores da
depois cai fora. Mas cai fora porque a euca do cheguei! Só serve a quem é contra nós, de forma niuito, desde pequena. Agora assumo também a Globo que fingem machismo para conquistar as
''curioso " não está preparada para um lance declarada ou disfarçada. minha condição de gostar de outra mulher. Isso fâs. Mas o Tom Ferreira.
Ferreira, por exemplo, que
daqueles, de verdade verdadeira. por isso que José lernatudo - Qual seria o comportamento pintou na minha vida porque tinha que pintar. conheço bem, já puxou para alguma capa de
um nuunLc de gente por ai está fu e mal paga-. por- certo? Ninguém obrigou, induziu, nada disso. Como eu resista com namoradinha do lado? Não, porque
que se meteu com a pessoa errada, cota um desses Lcd - O negócio e bem diferente. Por exemplo. estou fazendo tudo de verdade, de cabeça, não ele se preza. tem respeito por ele mesmo.
turistas do homossexualismo. jornalistas de nome se unem e fazem um jornal tenho medo do preconceito das pessoas. Quaiido (' hrvsóstomo - Esse pessoal não seria vitimado
José Fernando —E, gente. Agora estou entenden- como o LAMPIÃO, a que se pode dar crédito. alguém tem consciência do que faz só tem a tal Sistema de que tanto se fala?
do porque a Lcd Brandão Foi tão votada no con- Artistas se unem e fazem um espetáculo guei, de ganhar. Quando você acredita em você - e sabe
curso de Guei do Ano do 'Correio de Copaca- consistência. De minha parte faço minha música porque está acreditando - não existe motivo Icei - Espera aí, ó Chr y sóxtonuo. Esse negócio
bana." A Giorinh. Pereira lançou o tal concurso, e meu canto. Quero continuar cantando livre- para medo nenhum. d imagem, de consumo. não dá, sabe? Eu falei
que recebeu, em três meses, um total de quase mente todas as minhas preferências, inclusive as t ,_sii prir senhor Roberto Livi (N.R. - Atual em-
sete mil votos. E Lcd ficou na quarta colocação, sexuais. Sempre falando e cantando de uma for- Maurício - Você não acha que a imprensa tam- presário e produtor dos discos e da imagem de
com una oitocentos votos, acima de cantoras que ma nova, bonita. A gente pode falar de cama e bém é culpada por isso, pelo preconceito contra Sidney Magal), dentro da sala dele. nu Phono.
estão na batalha há multo mais tempo, como G.l sexo de uma forma limpa e criativa, pois o sexo os homossexuais? linicio de tumulto. Lcd res- grani. Ele quis se meter no meu disco do ano pas-
Cosia, Maria Bethania. Ganhou ate da Simone, também pode ser limpo e criativo. Uma coisa de ponde, alheia ao barulho dos litigantes) sado, dizendo que não tinha entendido esse
novo idolo guei da praça. classe. negócio de "Ombro Amigo". "Vamos ao Tea-
Chrysôsi,'niti - Quem lançou iii candidaturas? Chr y sistomo - Classe? igual no EBOPE., Lcd - Não sei não. Pode ser que a imprensa tro", não tinha entendido nada, né' Ele era coor-
Foi voto direto? classe A.LC? - tenha uma parte pequena de responsabilidade, denador da Pol y dor e me disse com aquele so-
José Fernando - Foi voto direto. Ninguém taque. "Mas vo queru, que ustcd venda 4(X) mil
apresentou candidatura de ninguém. Cada leitor Lcd - Acontece, por exemplo, que eu tenho Maurício - Pequena como, com essa mania de discos!" Eu disse: "Bicho, mas eu não estou
ou eleitor votou em quem quis. Teve gente que minha mãe. Leci Conceição Brandão, uma turistizar o sapatão e a bicha? preocupada em vender quatrocentos mil discos.
não entendeu a idéia de Personalidade Guel e mulher que nasceu em 1922. tem um padrão de Você é argentino, um cara que tiAo teiii com-
votou em Fernanda Montenegro, Tênis Carreto, vida completamente diferente, tem outra cabeça, Leci - A mania não é só da imprensa, não é? petência para discutir sobre o meu trabalho,
por aí. mas é uma pessoa que eu respeito - não tenho Prefiro vender três mil, mas três mil honestos,
1. lirvsosionti, - Se Foi voto direto sou a Favor. pai há muitos anos -, e sei que ela não aceita Chirysóstonuo - Como jornalista gostaria de es- dando o' meu recado''.
Cada um tem a eleição que marece. certas coisas. Como ela merece respeito, penso clarecer que uma parte da imprensa, a imprensa Chrvsóstonio - Quanto você vende afinal?
Lcd ri e também se declara a favor de eleições duas vezes antes de tomar qualquer atitude.Clas- machista, tem responsabilidade sobre esse icei - Cada LI' nica chega às 20 mil cópias, por
diretas) se é isso. Fazer as coisas sem violentar os outros. problema sim. Mas me admiro você Mauricio, ai. Quero assim, que as vendas aumentem
Mauirieu' Quem foram os outros eleitos? repórter Fotográfico, colocar o problema de Jeito gradatis'anientc, ou que venda pouco, mas só à
José Fernando - Em primeiro lugar o Toni Chrvsóstonio - Apesar de Já levar certa san- tão simplista. Virou moda, moda perigosa, medida que as pessoas forem conhecendo e
Ferreira, seguido na ordem de votação pelo Ne) tagem, por ser famosa, você é negra, homossexual alienante, culpar a imprensa por tudo o que aceitando o meu trabalho conto ele realmente é.
Lirtorraca. Ney Matogrosso e Leci Brandão. E e mulher. Todos nós sabemos que negro, homos. acontece. Não foi a Imprensa que inventou a Nada de imagem mentirosa, noivo do lado,
quinto ficou o João Paulo Adour. sexual e mulher são algumas das espécies mais bicha nem o sapatão. Tudo vai depender do jor- bugigangas e poses para enganar o público. Sc
('lirvséistcsiiiii - Ué. Ney Latorraca e João Paulo discriminadas. Você não tem medo de se expor, nalista ou do veículo que publicar a matéria. tem artista que gosta de se emperequetar, melhor
Adour são personalidades gueis? Pensei que eram de enfrentar a barra dos preconceitos? pra ele. Eu não faço essa linha. Eu acho que seria
atores mie novelas da Globo. laci - E muito isso. Mas o preconceito existe, muito ruim pra mim, Lcd Brandão da Silva,
Jose lcrrtuiicio - O que mesurpreeendeu mesmo Lci - Perai. Você falou como? Chr y sóstoato - O machão que redige uma nota mulata brasileira, chegada a um saniba, a um
foi a primeira colocação do Toni Ferreira e a mal escrita, toda deformada, sobre uma bicha as- bolero, a uma verdade muito minha, vender unia
quarta da Lcd. Os dois, Samos usar a palavrinha Chrvsóst,iiii,i - Você não tem. mêdo das pessoas sassinada por um michê, apenas reflete o pro- quantidade entontie de discos. Já Pensuili? Gravar
chata. são assumidos. Então nesse jogo de escon- te olharem diferente porque mi negra, mulher e blema de formação. Ele já tinha o preconceito é — uma musiquinha qualquer, o público comprar só
de-esconde da maioria dos artistas, era pra eles homossexual declarada? mais antigo. Presumilvemente existe desde a porque é comercial e aiiiatthã. depois de ter al-
não serem nem lembrados. Idade da Pedra Lascada, quando o homem cançado o primeiro lugar tias paradas. ninguém
Chrvsóstomo - Surprise! A verdade rende solo! icei - Eu teria medo dos outros se não fosse matava o mais fraco, quem sabe o afreacalhado mais se lembrar cio nicu nome. do mcut trabalho?
Isso contrisrra todas as regras dejogo. Você ë uma nada disso e estivesse fazendo uni trabalho supér- da época, porque o cata representava uma A qualidade. pra mim, é mais iniporlauiuc do que
fluo. alguma coisa simulada, se estivesse mentia- ameaça à procriação, à ocupação física do mundo a quantidade.
LA MPIÃO da Esquina Página li

**

Centro de Documentação
APPAD iimr
da pircitia da diversidade
*1•.
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
LITERATURA
O poema Hino a PA, que publicamos nesta edição, Glauco Mattoso, autor de With a little help mate, forma na
numa incrível tradução do poeta português Fernando Pes- linha de frente dos lampiânicos paulistas e, como poeta, Já
soa, é assinado por Mestre Therion, na verdade um dos
nomes mágicos de Afester Crowley, "mago, aventureiro e
participou de várias antologias (é também contista). O
poema de Olney Kruae foi escrito logo após a morte de in
H o P_^ã
Pasolini, e é uma homenagem ao grande escritor Italiano, VIBRA DO CIO subtil da luz,
charlatão Inglês", que manteve com Pessoa longa corres-
pondência e chegou Ir a Lisboa, em 1930, para conhecê-lo. assassinado em circustânclas - até hoje - flAO Inteira-
mente esclarecidas. (Gasparino Damata) Meu homem e afã
Vem turbulento da noite aflux
De Pá! IôPá!
Bilhete ao meu Melhor amigo Iô Pá! Iô Pá! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
(Á Pier Paolo Pasolin4 in memorian) Vem como Baco, com fauno efera
E ninfa e sátiro à tua beira,
ontem tu gritaste meu nome Num asno lácteo, domar sem fim,
os passos da covardia feriram tua beleza A mim, a mim!
correram atrás de teu corpo e teu corpo por teus orificios verteu Vem com Apoio, nupcial na brisa
e um grito sem eco correu pela água doce água salgada água suada (Pegureira e Pitonisa),
noite Vem com Artémis, leve e estranha,
tu gritaste meu nome E coxa branca, Deus lindo, banha
tua voz não foi ouvida eu dormia Ao luar do bosque, em mármores monte,
eu dormia tu gritaste meu nome eu cansado fazia Manhã malhada da âmbrea fonte!
no leito a pausa forçada Mergulha o roxo da prece ardente
ontem meu amigo No ádito rubro, no laço quente,
os gestos da violência estenda-me tua mão A alma que aterra em olhos de azul
agarraram tua alma estou desperto O ver errar teu capricho exul
tua sensibilidade vamos juntos e sós No bosque enredo, nos nós que espalma
quiseram tirar da tua pureza um galho apunhalar a escuridão A árvore viva que é espírito e alma
folha talvez cuspir na violência E corpo e mente -do mar sem fim
para o enxerto de que careciam perguntar por que a noite é escura e esconde o (ló Pá! Iô Pá!)
mal Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
quiseram roubar o maior do grande que existe vamos jogar no rosto dos covardes o excremen- Meu homem e afã!
em ti to decomposto Vem com trombeta estridente efina
ontem que um cão esqueceu na rua Pela colina!
debaixo de minha janela Olney Krüse Vem com tambor a rufar à beira
Da Primavera
Wjith a littie Com frau tas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
helpmate Eu, que espero e me esforço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
noite alta Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Asp ide aguda, forte leão -
no ponto mais baixo
e acidentado Vem, está vazia
da topografia urbana Minha carne, fria
vou meembrenharnum beco Do cio sozinho da demonia.
me embebedar num boteco À espada corta tudo o que ata e dói
tropeçar num teco-teco Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
puxar papo co piloto Dá-me o sinal do Olho Aberto,
e sem brevê e sem pára-queda • da coxa áspera o toque erecto,
o cara me convida pra bordo • a palavra do Louco e do Secreto,
pra fugir da cerração O Pá! Iô Pá!
um vôo sem plano 15 Pá! lô Pã! Pã! Pã! Pã,
um ar do campo Seu homem e afã:
um cheiro de mato Faze o teu querer sem vontade vã
me traz a jato
Deus grande! Meu Pá!
me faz a cuca ló Pá! Iô Pá! Despertei na dobra
e a cabeça Do aperto da cobra.
noite alta A águia rasga com garra efauce;
no prédio mais alto Os deuses vão-se;
e deteriorado As feras vêm, Iô Pá! A matado,
da hipertrofia urbana Vou no corno levado
vou me esticar num velho leito Do Unicornado.

me amamentar num novo peito Sou Pá! Iô Pá! Iô Pá Pã!
rememorar um preconceito Sou teu, teu homem e teu afã,
apalpar o anfitrião Cabra das tuas, ouro, deus, clara
e sem pudor e sem etiqueta Carne em teu osso, flor na tua vara.
o cara me convida pra dentro Com patos de aço os rochedos roço
um beijo de macho Desolstício severo a equinócio
uma fome de bicho E ruivo, e rasgo, e roussando/remo,
me deixa oco
Semiiterno, mundo sem termo,
me põe louco
Homem, homincu1o, ménade, afã,
me abre a boca
Na força de Pá.
Iô Pá! Iô Pá! Pá! Pá! Iô Fã!
me faz a cuca
e a cabeça Mestre Therion
Glauco Mattoso (Tradução de Fernando .Pessoa)
Página 12 LAMPIÃO da Esquina

*1

Centro de Documentação
APPAD e
da liarada tia divridadt
Prof. Dr. Luiz Mott
YÁ :

GRUPODUGNIDADE
TENDENC IAS

o show
1,1114 i, 's:i It,1i:hiir i, i IUIl! it',41ir
ll.oriaria c i;i'ua [rorurSora IlOS (-Ar.
tiff ii,' brasirs 1 i ' tiS.'C1i O )I ('SOn lOS ciO I)akO
Axacy Cortes, a eterna 'as ca Rua co (:amnre ou rmuO utdartiririo na
a i's Artist a s n m' ;l ia. dizei-i, bist I . n coLm a
rd151 ii: OCOS ris oiJlm'iis l'iõspis's
rn 9/0. bu'u,r'a ocr '-límrriiinio Bela ''e
'o T pato' Dufi na, Rio, num showde apenas a a fazer i_)s Ara ' (,ri44'' », 5' qrm'r'., iii 'oir:iia r;I:r' 4,4 c. ir va lho, lOvO a votra rner pcm0 a, no eso-
urna noite Comemorava-se os 58 anos de chamados números de platéia, quando a es- ignorãnu:ia . de menino nascido nos anos 40 no tà',cilo do teatro li,)\Pfl "Rosa cc Ouro", QflC'e
at i v ii iai ies artislicas da qrande Aracy Cortes. trota eesce do palco. co ny,er sa — e no seu infí'ririr brabo (e Minas Gerais, POUCO tinha atuou -. e brigou corri Ciemerrtiria de
Coroo Nunca OUVIU t;iir Pois o leitor (¼' caso, izem, briqava - com os expectaoores ouvido falar. Jesus. Paulinho da Viota e Eiron Me'eiios,
savisa'ri. se não corince Aracy Cortes das primeiras filas O feito brasileiro ce cantar, de'il'e outras De lá para cá continuou a ores
- U 1.a uL315 1 LiliflitiS e xngatrios ('ivt'rSOS corp i l viique, malícia e duplo sentido lesse Mas se Carmnerrr Miranda teve a veraci ma. No palco co Diii ' ind, por exemplo, usou
'c,',n p ai'ns alia c)É.S 'a abra — não saL'c o que recurso que o artista nacional nem siclo to mamle aeequada de fala r de Aracy, o mesmo leio o Sa(;rOdiito circulo de irrOVf(1€iri(.1a .4
SI i p45reptu 4 o Mui a a clara e bem servii 'a de obrigado a usar, através dos tem pos) nasceu no i)cO'reu - e até hoje raranionle ocorre — que !inrhi iuiití, Sou diretor, J. Maia, ouviu
arires, eia brida qua , li l o Subiu ao palco pela com cIa, apesar de creditaco por alguns pes- (;Om os registradores profissionais da história muitas e bons. ''ia cena aberta, por estar o
Prin'iirira eta,, 1 9210, rio musical SecosB quisat'r)res a uma de suas seguidoras confes- da MPB O fato é que ela, ao mesmo tempo palro cheio CiO lm(45 (51 microfones — e nutras
Miffoe'õs no :'.ilrn ihojc (,uerna tão faiaco) sas, a igualmente gloriosa Caí mcm Miranda que prostrava p latéias com seu destempero baboseiras csse tipo de que eu não preciso
So José. 'a Praça TraieriteS As fatos (ia rasgado de mulher do povo, também cole para cantar, porque canto mesmo é no go
ii Ji ( 1 11(1 tiiSlí'tfluriho da puarica fisir;a cia Para esses pesquisa(-ores, fica o registro: cinnava inimigos a grarrei, POt r'ilO obedecet gó" Sei. por uxpetiencia rcróoria, ser peri-
lia década
0e 20. rapazinho, reçém-cheqa ri o ao Rio, consegui, às regras do estabelecido. Mestiça, destratou gosissirno declarar a idade (¼' Ar y em ar-
Mas — e ai vem o X cc Ar,icy — em que no final cos anos 50, me aproximar de Car- poderosos mais interessados em seus taten tigos para jornais e revistas, Por prudência,
,rnpr.rqoo eia o seu abundante material fisico, rnem Miranda, ria sua única volta ao Brasil, coco dizemos que, entre os sessenta e tantos.
tos, digamos, de faia palco Ostentou o
ii ai, seu ir ii uit 4 ivo senso de uso da filmo e antes da morte. Pernas bambas, vontade seu poder de estrela co populacho através cio setenta e poucos anos, ela ainda é capaz de
1 , 14 empo ria crIna ? Numa época em que as s'ibit a i e fazer xixi, cheguei peno da Mi rari da uso, por sua conta e risco, cru lodos os luxos conclu i r, diriqinr'o'se ao pc'ih!im:o, qurs —muitas
estrelas falavam com sotaque português rnes- imaginem 1 em c1rmie e osso, à minha frente, - carrões, palacetes etc. — que o seu clm' VOtOS O meu lar (?Sli!'-'C de luto, enquanto o mie
nin quarico riascii'as no Ceará, ela partiu, urna vas r.nmpçincntes, juntanlente coni Car- nheiu) lhe podia dar Quando quis casar es- vocês estava em festa, por minha causa",
tOlo!, paia o entiro de si mesma. (e ririi1e mcm Costa e Dalva de Oliveira, 0a santissima colheu o marsio, , um bailarino que só lhe numa referência direta aos Seus cifremos
a brejeirke e o desabuso face a qual- tri,i, 4 ace ee írenhas admirações infanto- proporcionou desgostos (se é que me faço profiss:onis adquiridos ao iongo de 58 anos
(1 141(4 pai er. inclusiva ,'i nlatéia, com quem juvenis!) Pedi urna entrevista para o Diário de enten( l er) Mais, muito mais: entornou o seu cc teatro, de música, de trabalho duro. Do al-
si'rp Iri mar iii 'Vnj urna r i'l iÇZo 0o ódio e amor, Pocos de Caldas, onde comecei esse batucar riquíssimo vocabulário de porta de botequim to ('e sua ql6nma cc abie- atas da arfe brasileira,
( l e ma US Iran's mil rlcu os a qualquer ai 'mi- infinito de teclas de máquinas de escrever. .sobre, niretores de gravadoras, empresários, Aracy Cortes não pede - deriara os seus
ra,'nr mais rrifflui'O a besta'', corno reco- Foc;a, lá pelas tantas enfiei a pergunta me- 101 105 os que não se comportaram à altura do direitos. Haverá lição mais proveitosa para
nihi 41.1 ser co Ii!i 1 estilo até hoje S ohrtaturlo. vitável sobre "quais firmam as suas influências seu personalissimno critério cio valores Fio t' rs n'-, ,lrI',i .-is ou çrs j rr»r.I,'riro.s, que
Aiai y fali II o, 4 .in(rici em hrasIe,ro já em musicais Carrr'i 'r), : n seril':O important í s- troca foi punida severarTmerrte, O OOnIii
4: ' ' ;. ri 'cm bem! A simo oro p04 em i 'i /i..'iasirJ iO rTie ce corpo durante lir-''ia'L lriii', m r i-r ;l i .ié q ! Ç4i i',r'i l.-ii.ii
4 4. IJ pn(S4mnh4? Surpresa: a única apontada foi enguani . ' n'ai 4a'.:i 4. 1r:i','',1i'4 (''4'L.')1' Antônio Chrysóstomo

o disco, a peça
Música para o povo guei Ziembinski: agora, o mito

1
.1 pol as -ro ,i,',', ii,,,,!, 11,1, - / iili/'i( ,I,i 1
i,'Ui'i, ,lI,l'i'Il' s, r ir' ' ' ,,I, ,'r,iiil.
i/lZiI'(lS', ii''' 1 Siiil/'l' 1 itii/ici e ,li'ie'rmmiin,,,l.,s
'11,1, ii A gente sabia que Zkmblnskl estasa multo e do afeto com que ele acompanhava o progresso
I',i,i,i / sii'q..'ii s. S.' i.)t',i.i /'ri,,li',iti- loura s i., doente, mas, no funde, todos que o conheciam profissional dos antigos alunos.
,'.IliJl'ii iIiiil'l l,'ii,/i'?, s i 1/141' .1.1 lI,Im,i,I55,'.l iilIiS esper av am que sua vitalidade triunfasse outra vez Com 20 anos de atraso. Ziemhinski trouxe ao
r4'i'isril s. roupas. c'hui'i'ir' ii. - Zimbi, às vezes, dava a Impressão que scrfr Brasil a experiência do teatro expressionista. Mas
p, ','/s. reis, e iit. i!l'ti 'r,i,,,iad, is apc,rt'//l. par,, , eterno. A noticia de sua morte nos chegou em agora ele leva consigo, quase 100 anos depois que
f'i-,t:,'r s,',m,,u/. l)i',ritr.i 4/is ii' p1'. i'4'.s5 1. quí , já 4.11,4 meio ao fechamento desta edição e - trliteza de eia desapareceu dos palcos do mundo, a magia do
si ' ii. 's,'mir'. 1/Iran,, uniu,.' riqr,do, •l Brasil eu, boi','
Indo — Foi preciso noticIa-la com o devido pesar. grande ator selvagem do teatro romântico, que ele
ira '011 ir 110 ii)I'slii,l l'Sijlit'iIi,l. !/,it,i dar uma Recolhemos da Imprensa duna este artigo de ainda encarnava como ninguém. A magia da-
YIn Michaliki, crítico de teatro do Jornal dm'
4115 irJ?li '.5 iii' .iii/iciilij fIliimi'i/.iul?iSI'flti' mas
'iludia ./,i R:ri i/e J,mn,',r,, e de Si;,) Pai,!,,, Ver'

^ Brasil, cuja emoção transbordante nos tocou. E,
quele personagem moribundo de Chevk-up, de
Paulo Pontes, que se levantava do seu leito de
mi, nu mures iui'a,I,'ui aS l,rcit,',s. e seus com a autorize 'ia & autor, decidimos publici-
hospital e gritava a um ilunsinador imaginário
Fulurui',, 'lIS, 1,5 i''.i,I, i ll'm.%'U?iiI 1 ?iltiit4i4 /145.1. ias ,', na (-osuue('ur. cl,' fim: u m',u ri 'te,','mi, ia especial' Esta to, sem maiores "considerandos", que Zlmba no
que lhe acendesse, um por um, todos os refle-
.111 ii,,çn.. Ii,ia,n,','ir,i. gruus ao gui'i, '4 c'anças' é dedicada à 0manizaçao ?i'fundiai de os apreciava. Com a palavra Ysn Mkhalakl:
tores, que lhe inundasse o palco de lux.
iii. ..!.i iam/am já faz pamnt' (1,1.1 mi,,,%,'a,,ç mi'rt'ad,,s, Saúde, é uma canção médica que se preocupa
Desde que me entendo por gente em teatro, Há nada menos de 27 anos atrás, Décio de Al-
O.s ,'/iai','u',,,s i,,sud,,,s Foru do h,,l,s,, IÕ,I curtidos com uma doença que é classificada, de acordo ouço dizer que ele era o pai do moderno teatro meida Prado já escrevia: "Seriamos injustos se
loo #s­ ir ,4/,,S. ,'u.',.5 e ii,,, g uem. l,i-l'ra,fl ..rigI'$?i pes os com o registro Internacional das doenças, com o
brasileiro. Tipo de rótulo que em geral representa víssemos em Ziemhinski apenas o homem, e não o
1.1 ii,!. '5 U p uid,ms. chegando até n,'us nuat pt'qi,-t,., numero 302.0 (cod:'g) para determinar as pi" um lugar-comum sen'fnaior significado. Agora mito que já se vai formando— . Com a morte do
e ifl.i( ii li' Ií'IPI/i i 1, 51,0.5 que pi mSslri'nF o ' 'di'ugn. is rico de h.im,,sse'
que ele morreu, sei que todos nós nos sentiremos homem, fica apenas o mito — um dos mitos mais
.S'urgi' agi ira 11,11 ,'ImjU?lr.i i,ig1ts Tom Robinso jor ,suai's ''1, Nu di',', ,rr,'r do música eri'mri.í encontrar um pouco árfãos. Não só por causa da inestimável verdadeiros que o teatro brasileiro terá para cul-
Rand, cb., agira /4, mrque ri seu ndtmmo dt,si',; será, várias passagens gozatil'us; ,'mctre É-/as mima meu-
influência que nos trouxe, e que pesou, decisiva, tivar de hoje em diante.
1.i 11(111/11 l'flt hrl'i4' p ela gétivudora Ode,m ita, ,nis,i,, sug.',ui aos prI/ucuuis hr,timi u-.a que mim cc',,i dczi'ad., sobre pelo menos duas décadas da arte cênica no
merc-ud.u, O Lp Tom Robinson B,and — Rising que os mesmi, invadem os Pub.s ingleses, sem
Brasil. Mas também porque a sua figura patriar-
Fresse 4 dIlI-.. de R.;k (paul.'iru como c'os' mi chama razá,, plausíu'e/, Agridem as pessoas,
ti,,,,,, dizer a ,n.'ada de Ipanema), e deverá revistam as casas e os chamam,, de bichas. E
ironicamente ele diz que Pião acredito que este
cal era uma imagem de cuja autoridade, no bom
sentido, todos os que com ele um dia trabalharam LAMPIÃO:
atingir e p.'etalm.'nte ri púhlii'. i gui',. Ele é de' nunca se conseguiam libertar. E quem é que um
!ii 'ii,!, i , ',.s i,,iu,orias e dá ?nal. ir .,.fase aos homos' tipo de atitude crista nu inglaterra. Nu final
dia não trabalhou com Ziemhinski? o seu jornal
si'i,un /r.d.i mi. lira a crer que este grupo de sugere que t . 4o mintam pura os seus colegas de
Não acompanhei pessoalmente a primeira
Tem Rohin.s..n uiàri 11512 a d'limeO-ialiZuçâ.i pru- trabalho) e pura os parentes. ri'mlunI'u-u, à., bichas
revolução ziemhimsskiana, no tempo dos ame-
,ii,'iu, p u'mii' lo., mi numa forma de encher .,s hIJ/SO,I e ,táçunc piadas s obre as bichas, que a Inheruçàu
diantes; mas algumas das suas direções a atg~
cl,' di ' i/i. 'ir,, ,i,'u,I se preocupar e, .mPt o e' mteüd, do gor é ridícula, que é preciso ,'ir dessas situações.
dos teus desempenhos no TBC. no inicio dos anos
,mba/h,,. Tini e sua Banda ,rat., hcsmosseivais agora R is sodomitas são legais, o que mais eles
50, foram decisivos para criarem mim o fascínio
ri , mudos e utra és do ,'u iru/u/ho /iflii'iirwtt querem? Esta última situação tem relação com
pelo teatro. Mas a lembrança mais forte que me
,li,onar a .::.'nçã.m das minorias esquecidas. Suas determinados grupos de brasileiros que com as
ficou foi a de Ziemhinski professor, de quem fui
??li.5?('4I.S sãO primri'sio.ç feitas com muita ias eligtn' mesmas palavras e atitudes aderem ao sistema,
aluno na Fundação Brasileira de Teatro, de Dul-
.4,1 4' ir.?;, tiniu inciso, e iene?,,, necessárias mioS dizendo que não há repressão contra os homos-
ema de Moraes. Lembrança de aulas que eram
dias de hoje. Proc'ura,n mostrar que a repressão sexuais. É claro, se torna cômodo não querer
longas e fantásticas elocubrações sobre a vida
1-SISO' d,'ni,'., da Inglaterra, e, a., mesmo tempo, olhar para dentro de si e paro o mundo que os
pregressa dos personagens de cada peça que dis
di'srrirsmiJscar a idéia ,m'x:siemur de total liberdade cerca,' a alienação se torna uma forma de não
cutíamos, enquanto a mão do mestre, ao mesmo
h,,,r, issexual daquele país, 'fado isv,, pode-se crescer (internamente) sem se dar conta do que se
tempo em que ele divagava, rabiscava num pe-
.a'mU,r d4'mun, da música Sing sj You're Glad to Be passa era volta. daço de papel projetos de espaços ideais dentro
Gat'. Mas o disco não se limita a másica,, para o Enfim. o disco vem ai com icmda a força pos- dos quais ele um dia faria o cenário ideal para a
gui'. ele abrange .,utra., áreas, mostrando sível e até acompanhado de um símbolo,' mão peça em questão. Lembrança de conselhos que ele
um trabalho de integração fechada e levantada com os dedos para fora.i nos dava para que, uma vez formados, não fizés-
l)entr.I deste aspetoa enc-ontramo.s a semelhante ao moimento negro americano, mas semos concessões e vivêssemos o teatro quase
músico 1 Shali Be Rekaçed, de Bob Dvlan, já COM uma diferença; a mão dos negros americanos
como uma religião - que era como ele o vivia.
gravada por muitos cantores, e neste disco lom tem os dedos virados para demoro. Auard,',n e Lemhrança.a inibição que tive, mais tarde, ao
Ruhinson
velmenteconsegue
bem mostrar urna nova ver s ão in- curtam este bom trabalho da Tom Robimtson Br,n- ter de discutir criticamente o trabalho daquele
cri sucedida. d em Ijsimig Free.t
Mas a Jirçp de,ti,' Lp é Sim dúvida Sin,ç If que ainda conservava, como conservaria até o
Adio Acosta fim, a imagem do mestre. Lembrança do orgulhe
You'rr Glad Ti, Be Ga, ', de Robinson. Para
Página 13
LAMPIÃO da Esquina

**
Centro de Documentação
APPAD Prof. Dr. Luiz Mott
i( u
da PrIriufl da discrsid,idc' CRU PODIGNIDADE
CA RTAS
NA MESA

A volta do rapaz ocupado "Apóstolos" de quê"?


1 hrp pieva aqui nem rerminou de ler o jornal, (Imaginem, se eles soubessem.,. Mas quem man- (' .1r4, editor: Dcpts de ler lidO s',riss bastante 50 nsitha esurl.I LO tit(s e Iselstles,tL' sIusu intenção: dar
,,ias vi fin,'vv não permite esperar para escrever da ter tia e mãe que são cegas ?l (cresse OS tis. 4 e 5 desse jornal, -,acredito que pos- iiretu integral SvpOicl a mais este trabalho de con-
depois. 1 que sempre leio os titulas que mais gos- ('.-IPÍTL lo) li" - 1)-IS HIPO('RlSI.-IS — 1) sii pervnidr'nse dizer alguma coisa a respeito. Foi quista. de libertação e. sobretudo. ck procura de
a, e us',m. me deparei com "0 rapaz vu.'upado. e tingimos ignorar tudo, 21 lia Fará me chamou e situa surpresa. para mim. de'ccohrir que. de algo que não se encontra cm nenhum outro lugar.
dei (.1111 minha prvpria carta, imaginem o fri'. me passou um hig's-ermào. Ouvi calado, concor- repente alguém resolves, gritar pelos direitos que a não ser dentro de nós mesmos: a pa/. Abraços
nv'us mv ' . Is vi rv's,)u 5(0 e adorei. claro. I'océx são dando com tudo, com cura de santa, 3) Uma lhe cabe. O jornal trai cm toel,us as suas páginas
maru,ilhv ' sos. gomato.v. 7 grandes (tomo ,'oces J.R.S.
semana depois eles mesma chamou minha irmã, s,trr deseio latente: cl de flmsl ra r claramente que,
-ufc'nis:an,) e vacas, — o que mais prezo — fez o sermão, mas minha irmã reagiu, fez um es- citi vitime da sociedade. cuuivetem'se barbaridades Rio
' limas. Escrevo de noi',; pra dar um beijo em cândalo. 41 Uomo coSi sequn(-ia desse escândalo, l.,rnia de preconceito desmedido. A mim não im- R . Está vendo i.R.S.? A gente não resumiu
e contar uns tOl lis. amos por parte'. a festa e tudo o mais chegou aos oui-idoc defa' porta tanto o fato dessa tomada deconsevência tanto assim a sua carta como, a certa al(ura, soce
( 1 P11110) 1 — lembram q u e eu falei que ther, que disse a mim e a minha irmã: — Não tenho p.ritr esaianleilte dos homossexuais:considero-a supunha que fizéssemos. Mesmo porque ela tem
sirvo" vitt 'elubinho onde nas reunimos, etc? nada com isso-----ida - e de vsieês. 'vias fa, um o icnrclii.svda. São todos (ou somos iodos?) gente pontos que também achamos interessantes. Voci
e. 0 tizi cluhinhv,. nu ultimo 2 de segemhrv,, que quiserem efique'n, calados. lc'mhrem',se: Os- sspruttricla por uni sistema de vida sufocante e. está conosco quando dli., por exemplo, que a
'e reuniu aqui em (es.'c:, ideia da lauta aqui, cile II dde sei te estrepou porque de'.scrfiou 1 irei- tirais que tudo. acomodada a este mesmo sis- ciência de que as chamadas minorias precisam
Fol,'ic'O — pvirqidi' a nruiuriei 50 SC assumt' nos ria - 'Vão agriv'nte'i e respondi que se quisesse srzo.s tema - i'rrr isto é que me surpreende ser nascer da ler vo, próprio apenas ocasionalmente partiu de
• ui'ws. para fazer uma festinha. let'v convite r cli'.) ar, ar, pra nós seria fácil, já que nã,, somos massa uma minoria - que amanhã será maioria homossexuais: a questão é maio ampla: tanto que
tuci.,, saiu dv, circulo dei t'Iuhjnhs,, espalhou-se. caricato rai.s, ,iãv, fazenveu. o jogri do sistema, que e (tisposta a desfraldar sua bandeira. Realmente, nos preocupam basicamente os direitos tanto dos
tucli, com o intuito (te lutar c-(vntra ('5 prt'cOn. a frescura. 'vias que es lavamos em outra — que foi uma idéia interessante! Se a palavra não soa negros quanto das mulheres. Quanto a "apos-
a ,'ivvlêritia. o machis suo que e tudo i.s.so e quersamo.s era he'rrar, falar, assumir integral- mal, diria mesmo que é um "apostolado" su- tolado" sua duvida no emprego da palavra é fun-
u,fl pouco mais: chegamos a chamar afrs',a de "-1 mente a nossa condi, cio humana. 5) Ele, por sua blime ajudar as pessoas a conquistar as armas dada: apóstolos, nós? De que novo dogma?
noite do si,'nvv do , Virgem ãr) ia ter grilo, por. ii-:. fingiu não ouvir nada, COM as quais elas poderão lutar em prol de uma Preferimos a liberdade - inclusive sexual. E não
que ,vainhe, rara t'iüjando, mlivnha lava ai, mas ('1 P1 TI 1.0) V — Dito efeito. .4manhà (3(1.9) autenticidade sem falsos puderes. Em tudo isto, se preocupe com o que "os outros" vão pensar de
niu, livel meis I inicio. ja tem a se,,'unda festa do cluhinho. ".4 noite do apenas uma coisa me incomoda: é a incerteza de "nós". No fundo, no fundo, nem eles são tão
1 P II 1()11 - 0 meu irn,ãozj p,h,, gorila la / nor barato - como esse jornal será utili,ado. Quantos, a esta "outros" nem a gente tão "nós". E obrigado pelo
te: rudes pura nos atrapalhar, disse que sei ia ter I P171 1.0) VI - oc-e .s são otim,,.s. Somos altura, não o estarão adquirindo só para saberem seu apoio; disto, claro, todo mundo precisa:
lia,!,, na frsta (o que e mentira.' queremo.s e des- uma 5/asse que precisa se unir. Foque cai' t odos o que se di,. "a nosso respeito —? Bem, acho que a
rnuri,'tnulizar a '.s'u'vo'). e ainda fez assim: solidariedade.
daqui pretendemos: paz e amor, lutando contra
"Imagine, n4i', se Fubiolo cern ciciar -I/meidinha w. preconceitos e rabo.'.. 4h: Fabíoio Dons é
norte ilis pi - vir - -\u,(a: 1 tmeidinh a e uma hunec-u
lindo, rara, assumida, dite-e, etc. . . %4r, ter, 1w caso
-um vlsi, mvss não dispi'n 50 crina amizade, uru
p'.eudônimo. E não somos três homens e uma
mulher, isso também era fic;ao: somos dois
homens, duas mulheres e o gorila. Mas fato de
Conselhos e sugestões
' -4'/oflr 5(1. os quatro primeiros entenderem de tudo de am - Sr. editor: desde o primeiro iHlaiero do,jornal que uni atleta — ou uni técnico, ou um juiz, ou
Pois e: e, * i;rrlãvv tv'ri (suo, ,flus a festa tome, ou. bos os lados, isso é verdade mesmo. Diga a Darcy tini cartola. ou uma bola Adidas n? 5 — resolva,
fiquei encantado com o modo franco, aberto, iam
incli,'ii'v' com a uusenc-ia dele, que saiu para não que ele estava ótimo no ridículo programa de por conta própria, aos procurar e botar a boca no
Iresc'uraa com que soeis escrevem. Acho multo
/cur em festa de v'iado. ('Iam que a festa Flévio Cava/canil. Adorei a baixa dada em Importante a existência de jorittgala como este, que trombone: 3) Nossa deliciosa e travoltante co-
/oi u.ti,,,,,, e homens e mu/neres de todos os .sexo.s LC.A. Onde já se viu? Que festividade horro- buscam acima de tudo a cooaclentlzaço do laboradora Zsu Zsu Vieira já escreveu um artigo
jevc,'aron, - te- nulos, elan, amos aos pares fizemos e rosa! Digam a ele que bicha burra nasce homem e bomosoexual As reportagens são Jóia, apenas sobre o Giovanni Travolta(vide LAMPIÃO n° 4).
liv l'Ftt."u'iifl?'. que ..S. T. é ótimo. Beijos, agora, sem ordem de uma me decepcionou um pouco, foi a do Clodovil. A Zsu Zsu é otima; quanto ao Travolta, é meio
\,,tiuha: a fesui foi no sãhado. Domingo de preferências, mas não se esque;am de Peter Fuy, e Bem, agora vou enumerar ai coisas que, se pos' brilhantina, você não acha? 5) Vamos publicar
,t,anlvi, eu e ."dIi-ana. uma amiga minha, fomos à um anexo na tal Beatriz Medina, que é excep- sisal, gostaria de ver publicadas pelo "Luminoso" um livro inteiro com esse título, aguarde: HIS-
previa. Quando chegamos, a casa estava em ares cionai. OK? TORIAS DE AMOR. 6) As mulheres ainda estão
de n'cola ão. conspira. àoeforalambem. 1) Gostaria te vocia enuevl,taaietn Ney nos cheirando; breve elas vão invadir o jornal. 7)
O IP/lI 1()111— 1)-IS RFPRF.SSOLS POS. P.A.(FSZbÍOIO Donv Matogrosao, Maria Betbivaia Agnaido Timóteo, Veja a reportagem policial deste número: os as-
li RI()Rl s, - lI Raquel, minha irmã. foi Salvado,' Bahia. Dennar e outros mala. sassinos eram todos "michas" da s'j,la Mi Para
pi-uilviela clv' usar biquini, i'estir roupa transparen' 2) Que voesa falassem sobre o problema dos recebr qualquer número alrsts.iito de l ,'iisll'i.\()
iv, ' crie co: ir, h a e tudo o mui.s 2 Fumo s todos R - Fabíolu, depois de ler essa aia carta e a homossexuali no futebol brasileiro, por que não? basta enviar o redith. 141111 hill 5 :111- l'.1 — elti
prvJ#/,u/.J' rir :ra:ermas e ou ar, durmo.s com nos- ujterior (vide LAMPIÃO PaP 5: "O rapaz oco- No n o S. ao responder a uma carta, inclue do r '.5 1 ,, l-sIItIir.L de 1 tsr, ".. Juntai'. e
seu amsv,',,s aqueles" , e tia Fuyá (i'na' pwl.n '1. c'.,,,cluímtis que tua vida é igual a uns leram que Jogador de futebol são uma 'dia de Reri' s:ss
- lisIt. It ais.i l',,ss,s 1 Sint.,
lei,, ajudar ,nothg'r no sermão reacionário- r,imane'e de J"rge Amado. Por que ,ià,.' ,'.,urersa cabeça. Isto despertÊm ua grde esniosldadc. 4: : • i'. ,i Ri I (ti' 5' alurr d ( - , '1 444
caquc'fu'e, esclerosado ridg ealo de que homa'í' vi,,, ,'le' N,u.su rumuncLçtc, vai transformar s's,câ sabe? Peçu Io não por simpimu curiosidade, mas
es iva!,' nu, e desen a, unam alia sv,c'ial, tara, vicio,
pv'v'vnh.l n,ontal, mas ''que deve ser ajudado...
'tinira sou/aia libertaria d1, pr,pó enorme, e et-
c - rir i'r s(qe(','u(as ja jee jus. Vt't v'st,l 1414/li it'
sim para que se saiba que ha homossexual em
todas as protissiues lvtào apenas costureira, ca-
flying down
Ir., ,' :im que' ajuda-/vis dando exemplo' Bv',/' is rn',rj b uni, is. beleireira, maquiadoral. E tombem seria util,
pois ha muitos gueis (IUC gostariam de ser jo-
gadores de futebol. mas encontram grandes
to Corumbá
Abraços da Paraíba barreiras. Por favor, sê se da pra soeis publi'
vurens alguma coisa, ia?
1 , '•, ;.,,. s.i
545 4 41 1111/, CI,,
f'silii n l ' /iifltuin '',Jll'' i 4'iu

iJil,l/ siOl
/:,,n,,,,,,
(,lljts', .\i,, s('rie( 11151(5
i/,,

31 Um artigo sobre a personalidade cia John


li iii golj',' c/uc uv'n,s ii ri, , ,o,tru ri por,, gu.'u . L S)"i rIu
5 lI'l1 0iiilS ri 1,14,1, 5. / 5, fIj4. lr/ 4Iflhl(. 4' ino/nsiluuiis pi,, Trevsulia. Tenho certeza que sai agraciar a muita
5 - 4/Hill '141)1 ti 5(411 r. - rf'iirtu. / i l.tI c,jn,'sar ii.' lii'
(iii/ii lUOlilu' par,1 /fli' a, /'1 44' idO Si' (iu?45c'(u'iliIllS - s',44i154, num ns),ll.rri. j ,/sl'''i'l's. 4/l . (014 1Otu'rulr Regale.
4! Mais lmistv,ria', de amor, que são ótimas.
1, • 'i /554 /' 1 i
515 w l'.Li'Orf ,/uls' ii " 1. iFi)iJ r e.,' li, SSliit
rim ib' 41t4' . 4 li, )4n,ssss-.CnilulirtO,u e (moe 4,1(541 11.4'- .1,' ,a s)riiliri i. ei rei' si' "Cli ruiu,,
SI Falenv sobre um u lhcres hiiniosscuais. Is, 4)1114ii4, 1 5/n'lO (/511' 51111 01 1 4'11uls ,'ui p iiim,i j 'i sI, ss
irvol. nunnvslvssimu, e ch'l',' 5,', rum, lul,'e,r ejefl(r,J vlsi 15.45 4(1451 /rcurlriJçili's, 1.-mui cibru.ç''m.
(ti Fnlcnt mais sobre os "miches" do sitia. 'l 1i'l . 15, 1' I1u 'l,l iilid,5 44m .L"' )/" u'il?ilCil eNeu puni
ru i u'uln,l.', 1(4 1flhiu1l' 1144111 Ià.i n'ris
/l.Íi'ijIit ii 115145 41151 ,l/,r,l( ri )li'S?i furO III P.iruis/,,i ./iJ,ls.lr.
71 (orno conseguir LAMPI ÃO n 3? bceci g ss,i i . mu, si iii'
li, muni. ir. exuge'rudamentv' li unruneis. ,' ivnu: l,' rir Iii,,,, Jiss,u, 4 14411
ti á-, ine'r,',v' s ir teus isr,ee/, , /), se' uesiuts,' ' u ire,.
si: . i ', 5' 'i,.
luiS l
Rio de Janeiro.

Depilação definitiva
liS qliu'n.
i45J,rP( liii ''ruiU' li,' p,'sS'HlS R - Vs i ritos por pa rie: 1) Nós te tios tirita loto 4.11.
d. a lti al i zo i l i ss e /10/Ires ,u/sn,n,,/,iiu-,,o'. Viii;, Pos'. es Is-os ik futuros entres da qual isidir'. consta os
5 ',ir,on,lrus 51 fS
r.Il),Iu'es que 5(155' citou: 7) V:vuisos explicar de

Stela
4/li.' lin'iI?5('rl lI /1.151,15 /ijI'l,', Ir, liii 'luIle/uui?,,'nll 1
R Querido -1. -'vi.. i'oe'' ('sere'v'e'U sua d'arfa
/15,' llu,i,'lii 415 /i'ns.,.er e/ai - nuc/a i,,,t ii (miii' :tnuettte porque j ogador de futehu'I - oliva
4,5,1
no dia 2.S. 1.1,, nos inundantw cv'. v'.s'v'mp/are.s de as-
- -', /jr,inil i'r4lil4/,' .'
dor uls' ca beça: é q ue it.v itt li tIos i ogadores de
-in an n - R ipe, dia 26.9. (-ermo, 1 evrumha fica um
/,s,'i li ll'lnfli,l ,/,-

Rosto e corpo I4&tcl'ct i.115'ls. LI iileitts'titeittv. ÇiIilIci em qualquer


'flIti ii proítssão. O) problema é que eles so pai - pau qu:nto, Ie,nip'. e' Pssive/ que vi jornal demente
Tratamento. Método: ele- IvcLul:vrms'nlc lrágeis. pcus qualquer denúncia nes- tini puas o jte:ra eh,'gvzm as: ele qualquer maneira.
-tuias Particulares: Inglês e
trocoagulação, com aparelhos te '41'ti(iiliu 5(ctilfIs'1l is tini tl' uitl;c carreira. Assini, c'a ,,(, ,s.,-e não tinha recs'/'idr, a n' 5. ,''.s'r('i'a
Francês. Na casa tio aluno (Centro, ik'sile 1111C isIi4c'm11 's ,m 1:1/I1` o v'rttml. visemos ne,t an,.'nu', e' nos lhe eu e-rume,.,. E upruseite pura
Flamengo, Laran,jeirus) ou do
importados, os mais moder- r iulI:ti, Luis ('555' pr'inl'ileitts. i'5ui5 PcS,Sm 5 :Ls prs'cts:tvvl ,,ran dar edçuuáa' noticia^ svhr,' a vidil vIr. pioro
prvuk".sor i Largo do Machado). nos dos Estados Unidos. No sk's,.' s l n cri(l;u,i)v'ntL' n1uItis-r s'iO su.i mil is SLII( ia pelo oi's ti' di'. tun,te' ri m j;ub/ii.'aremos,
lir' t m'r'iis1i1 scsi l tssmi e uni direito que s'l.v I-flt.
Traizir pelo telefone 25 . 0130 — deixa manchas nem cica- e 1 1,11 eliO,'. 1(455' respettit . :4'.. 1- por isnn que i,:Isl
l 'ici i nivs cOfllu??v histuiriar jeitO u 'v'i.s s0hre' peiic'':.
Somente a partir das 20 horas. - h/iv'svir,sn e parai,'uuio'..ci'eru
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Curitiba — Paraná

Pagina 14 LAMPIÃO da Esquina

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' i
pilT.Íui.l
i
(Ia (llS('r'ri(l.lLIc'
Prof. Dr. Luiz Mott
'.

GRUPODIGNIDADE
CARTAS
NA MESA

Notícias Danadinho de Aracaju


do subterrâneo ('aros anhigos do LAMPIÃO. Sempre pv'tlsas .1
riu cscreser-lhcs. mas inc faltava coragem. Acon-
iL'c' que após ler o último número do jornal, só
neste niutiilu 'llelcro'' () que eu
lana ntcsnlo de ditcr- lhes é o que se di.' aos
amigos que a gente quer ter Perto: ei, escrevam,
l'ie,.tdo Aguinaido não O COTTItt'ÇO l)C'.SO;ll- 1)0550 inC sentar e escrever algumas bobagens. mandem noticias, apareçam. Uni hei (ão,
Unia iv', dei lagrado o illos illiclito. eu calo sempre
mci te. tuas rvíerL'uci4Is do 1 res isail, meu aol igo fora. E vocês do lampião estão trabalhando em Olhem, estou adorando o nosso jornal. Está ai um i. S.
de longa data. dizem que você é um cara genial. exemplo rarõ de publicação aberta, que poe cm (A raea) II
ci nia disso. tiesse algo que foi deflagrado. Eu
hunestissi rito. Sendo mais ou menos o meu caso. prática (e não apenas fa.' propaganda) as tão
gostaria de voltai' a escrever quando sentisse que é
volt logo abrir o jogo: estou achando que o LAM- faladas liberdades e que não usa 1(1111 pan flet é rio, R. Ufa! Quase ficamos afogados com tantos
meu tuontento — nunca colajlorador regular. pois
Pl' () está usando o meu flutue no jorna, motivo a regularidade não Ei.'. meu gênero, se é que me Falso, formal, informal, pseudo-riiciottalista cia elogios. Será que merecemos? Olha, J. S., a gente
pelo qual pediria — sem dramas — para que faço entender. "Imprensa nanica". Vocês falam conto a gente, não acredita muito não que você usa ai no mais
meu r 'me fosse retirado do espedicn'te. só vol- informal e intimamente. Eu não sabia que havia completo isolamento. Pelo seu estilo ficou patente
1 aflo a etC 110 CisO k itova colaboração minha por ai tanta bicha metida a progressista e liber- que sos'ê i um danadinho e que deve tirar
a única até agora foi no n' 3, parece, artigo sobre Jairo Ferreira. tária! A luctdei de vocês me impressiona. vocês Aracaju de pernas para o ar. Por falar em pernas
cinema tdigrud 1 ) Acho que isso ntc é 111 Oito ('011- conseguem escrever vendo o mundo como ele é. para o ar... bem, deixa pra lá. Agora, só que-
veitiente"ti momento, antes que eu seja julgado São Paulo . capital. Eu, pra dizer a verdade, não conheço bicha remos saber como é que soei conseguiu ai o
de omisso. pois O expediente da a impressão de nenhuma e vivo num isolamento terrível. Meus LAMPIÃO. Vai, manda dizer se ele está sendo
que iodos lá sào soldados de um exército, mas amigos são "hetero" e discutir problemas com vendido nas bancas ou passando de mão em mão.
nem todos atiram . .1 ) Evidentemente tenho e R - Pra começo de eonsrsa, Jairo, você se eles é um saco, porque têm toda -aquela prevenção Esse é um assunto que nos interessa muito, pois
dcc la ri' 011 tros moi sus: muita gente tem tio do enganou de endereço devia ter se dirigido ao jor- da velha escola. Só mesmo o LAMPIÃO me tira querlamos conseguir um bom distribuidor na sua
Inc cutcltv'r o saci ' porque meu nome está lã e eu nal, e não a mim. No que me compete, sem essa Util pouco do isolamento absoluto em que vivo en cidade.
não laço nada.) '' .) E na verdade, no momento de honestissimo, meu caro; não gosto desses ad-
ttn, estou mesmo a fim de escrever nada sobre jetisos, eles me cheiram a Doca Street, Miehel
homossexualismo, inclusive porque nessa meu
lance lá bem longe: estou interessado em achar o
Frarik e outras flores do sistema, todos homens de
bem, honestissimos. Acho multo estranho que
Fortíssimo babado
gay onde o ga parece nào estare não nos lugares as pessoas te telefonem - você só aparece no ex-
Meus irmãos, acabo de ler o N S dessa caminho certo, pois é unia merda ter de passar o
óbvios, abomino ideologia e, embora não faça pediente do jornal, uma coisa que ninguém lá—,
maravilhosa publicação que, embora impressa resto da podre vida com esse peso nas costas
questão ik' dar ou não bandeira, constato agora e não façam a mesma coisa conosco, que somos,
em preto e branco, para nós. ga y s, é ilustrada em de não poder se assumir, coro medo da sociedade
(depois que meu nome ficou alguns números em - como você diz, "os que atiram neste exército". O
s cores. maravilhosas e cintilantes, como a vida que, com suas ideias, consegue nos atrofiar. Meus
carta,), que a experiência não me e tá sendo que será que você tem que eu não tenho? Quanto
parece ser, Pelas belezas e verdades que o LAM- casos são como a lua cheia, que só aparece quan-
ositis'a: recebi telefonemas idiotas, concluo que ao baixo astral, meu caro autor da carta acima,
PIÃO nos mostra, mesmo aqueles que estão do se cansa de estar vazia. Não me realizei ainda
lá muito baixo astral o nível ga y brasileiro que lê por quem sois ... Essa história de "achar o gay on-
privados de visão poderão sentir tudo o que digo. por temor de ter de assumir minha homosse-
jornais. então prefiro me afastar, não sei se você de ele parece não estar", me lembra o banheiro
Vibro de satisfação quando sou à banca de jornal xualidade quando todos pensam que sou helenos-
is rie entendendo. do Cine Ari Palacio, ai cm São Paulo: e lá para comprar as minhas verdades: para mim é sexual. Se vocês soubessem o sacrifício que é para
darling? Ah, e esse movimento que você considera
como se fosse tini novo (lia mesmo que está tias- num me fazer notar como ga y , tenho certeza que
Preferi ler função quando a coisa era real- "deflagrado" eu faço vovô diariamente para
cetido. Sinto-me realmente feliz de poder ler algo chorariam de tristeza de saber que têm um amigo
mente nos idade, cheguei a publicar uma entrevi quem o deflagrou. Só mais uma coisinha: e Fazer
que se refira à minha condição de vida neste que vise frustrado. Meus pensamentos são sem-
ia minha com 1 .evla ri d em plena Folha de São poselilismo do cinema udigrudi? Este vale, não é?
planeta terra tão cagado pelo arcaico e medieval pre os mesmos: O que será que os outros vão
Paulo. tltas huic co não faria isso, porque diriam O máximo que pode aconteces com quem o Faz e preconceito que o homem espalhou no mundo. dizer? No meu trabalho não, no curso de jeito al-
que estou engaiado e na verdade não quero fazer ser chamado para dirigir "Dama do Lotação".
Não me faltam forças para lutar por um ideal de gum poderei ser notado.
proselitismo, quis apenas e sempre deflagrar, Quis, quis. quà.a) Agulnaldo. vida comum e consciente de que estamos no ( R.(".) /i')U II('JhhiO O',,

Nós também estamos fazendo His toria


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APPAD * Prof. Dr. Luiz Mott


l t GRUPODIGNIDADE
da parada da diversidade
Ii í -F(i&l

AR aventuras rie írnii M.ir1


de Cavalm
"Cada gota de meu sangue será
FIAT LUX
unia chama imortal à vossa consciência
que manterá a vibração sagrada para a
resistência". Uma bacia com água e sabão em
pó. Carmem Miranda faz um turbante
MONOLOGO com uma toalha de banho.
1 Love Lux 1 need to have a fresh
Na verdade eu não sou Carmem skin. Lux is lhe symbol of beauty. Every
Miranda e estou convencido disso. Não morning and every night 1 wash myselí
passo de uni servidor federal lotado na wiih Lux. You also have to hu y the best
farmácia do INPS e regido pelo Es- toilet soap. Lux is prefered by nine
tatuto dos Funcionários Públicos. Car- among each ten Hollywood stars. Lux a
mcm Miranda já era e eu nem ligo pra beleza em forma de carinho. Suave, en-
reencarnação, encosto e essas coisas de volvente, acariciante.
terreiro. Chie mesmo é esse turbante
FASCICULO
escandaloso e esses quilos de balangan-
dãs autênticos. Ah! os eternos pro-
blemas de uma maquilagem e essa bar- Sua vida publicada em fascículos
ba podre cansa a minha beleza. Preciso semanais. A dose homeopática da
fazer uma sobrancelhas super-finas e fama. Luta contra o esquecimento.
assim bem satânicas. E não esquecer de Eoppéia registrada em discos de cera. E
treinar bem esses braços. Que taman- recortes de jornais. De uma novela de
colas ridículas, ainda acabo saindo de época. T ailleur trespassado. Carmern
sapato fanabor, morto de folclórico e Miranda usa batnn Naná e trunfa.
bem barata] Brazilian star.
ELA, A PEQUENA NOTÁVEl. Notas e comentários críticos:
REVISTA DO RÁDIO, junho dc 1145,
ptirla 4 JURADO NUMERO UM

Au final de sua apresentação no ('armem Miranda, grande liura au


auditório da RáLI o Nacional. ('armem us',a mús i ca pp aT .0 r F spente
\1 iranda recibeu a lo rosa homenagem máximo mie urna fase àiura um que a
de seu fã clube. A Pequena Notável foi samba começou a ser espanado Afir-
agraciada com diversas faixas: mação do Brasil mm concerto das naç,tcs
com a força de sua CLIII ara mestiça.
a namorada do Brasil Nota dez para Carmem Miranda.
a rainha do samba
a mais querida, JURADO NLMERO SEFI:
dentre Outras.
''Ao Ódio i cm-ndo com o meu per- Começou com ('armem o prestigia de
dão. E aos -t(i e lkiodtli que me uler- nossa música popular no eslraneiro,
rolaram respondo com a minha vik'ria. prestígio reafirmada po r Sérgio Mendes
Era escravo do povo, e hue nic liberto e Tom Jobim E o samba o lt rapassanda
Para a vida eterna. Mas esse posode nossas fronteiras. ruanitestaç() autên-
quem Fui escravo, não será mais escravo tica. pura, as raízes etc.
(te ninguém."
EM 78 ROTAÇÕES POR MINUTO
CONFRONTO

('armem Miranda 1 - Você não é Car- "Meu sacrifício ficará para sempre.
mcm Miranda. nem chega a ser uma CV Carmem. hoje você canta para ('armem Miranda urna glória nacio- e Sua alma e seu sangue serão o preço
imitação. os gráficos e os metal urgicos. nal bis do meu resgate. Dei-vos a minha vida:
Carmem Miranda 11 - mas eu tenho agora. ofereço minha morte. Nada
CM - E também para os têxteis, es- Carmem Miranda sambista sem rival
muito mais charme que você tivadores e os comerciários. Fez do nosso samba uma bandei- receio. serenamente, dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio
Carmem Miranda 1 - você é apenas ra/Embaixatriz da arte tropical! da vida para entrar na História".
As categorias profissionais todas.
uma dublagem e um destaque de cola Subiu desde logo na carreira/Foi es-
The Voice of Anicnica fala em es-
de saniba CV - Meu bem, como você está bem. trela universal.
peranto para as regiões. Apenas as lín-
No camarim. CM 1 retocava a ma- guas neolatinas derivam de uni mesmo
quilagem e dizia frases estranhas em O que é que a Carmeni tem?/O que é
Depois de Carmem Miranda no Museu. tronco (e árvore genealógica) e ances-
ingks que a Carniem tem?
da Imagem e do Som; Fiz o que pude tral comum. Quando da descida do Es-
Palavras de ordem do fã clube: para representar bem o Brasil e me- Tem o feitiço brasileiro/Tem a cadên- pírito (em línguas de fogo) os apóstolos
é a maior, é a maior, é a maior - e as lhorar nossa imagem no exterior. E cia no gingado/Temo falaram em tiiuitos idiomas. E cada
sim por diante. pena que meu museu não tenha sido or- requebro bem ligeiro/Um gosto de bom pessoa recebia a mensagem em sua
ganizado. bocado. própria lingua.
FLASH BACK Titibum tititibum, titibum, tititibum.
Carmem Miranda percorria os SAMBA ENREDO do Grêmio Re- Carmem Miranda uma glória nacio- Nota do autor: comparar com Babel é
corredores do Catete envolta numa creativo Escola de Samba Unidos de nal bis antiético, e por conseguinte dialético.
toalha de banho e desmunhecando bas- Kennedy para o carnaval de 1975 Carmem Miranda sem rival No hit parade da Voz da América as
tante. Enquanto. No salão de despa- Afilhada do Senhor do Bonfim/Na- músicas de Carmem Miranda nas trans-
chos Getúlio posava com a faixa Tendo nascido em Portugal/ Brasileira moradinha do nosso Brasil/ missões em português para o BRAZIL.
presidencial. Discurso sobre as con- de coração/Aquela Traz uma figa de guiné e um quindim-
quistas operárias, discussão sobre o sambista sem igual/Elevou bem alto o Idolatrada e adorada entre
quantum do mínimo legal. nome da nação. outras mil Carmem Miranda é a musa do PTB.

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