5 Tema 3 2 Ascaris, Enteróbios

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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

FACULDADE DE MEDICINA DO
HUAMBO

PARASITOLOGIA MÉDICA

1- Hermenegildo Osvaldo Chitumba


2- Ardaia Tomás Muango Chinduma

HUAMBO, 04/11/2021
TEMA 3:NEMÁTODOS

 Ascaris,
Enterobius

Sumário:
 Morfologia,
 Ciclo Biológico,
 Patogenia,
 Manifestações Clínicas,
 Aspectos epidemiológicos,
 Diagnóstico,
 Prevenção e/ou controlo,
•1 – Descrever a:
• Morfologia
•Ciclo biológico, patologia,
manifestações clinicas e os
aspectos relaccionados com a
epidemiológia
dos nemátodos dos géneros
Ascaris, Enteróbius

OBJECTIVOS •2 - Interpretar os resultados do
laboratório

•3 - Dominar as formas de
prevenção e controlo das
patologias causadas pelos
agentes citados, por formas a
melhorar a saúde das pessoas
que nos rodeiam e da população
em geral.
ASCARIS
 A infecção pelo Ascaris lumbricoides é a geohelmintíase mais
frequente e cosmopolita de todas as helmintíases humanas.

 Mais 1 000 000 000 de casos em todo mundo.

 Em geral, há em torno de 6 vermes por paciente. Mas esse


número pode elevar – se a 500 ou 700 em alguns casos.

 1 único helminto introduzindo-se, p. ex., no


apêndice, nas vias biliares ou pancreáticas, ou
em um brônquio chega a produzir um estado
grave e por vezes fatal.

 Mais comum, em crianças, é a obstrução


intestinal por um bolo de áscaris, determinando o
quadro de abdómen agudo.
A. Lumbricoides - Morfologia Cont.

 É o nemátodo intestinal de maior tamanho


Mede de 20 a 30 cm de comprimento.

 São de cor rosada quando estão vivos ou


branca amarelada quando estão morto.

 São longos, cilíndricos e com extremos afilados,


sobretudo anteriormente, possuem coberta
quitinosa em forma de parede. Apresentam sexos
separados. O aparelho reprodutor da fêmea é bem
desenvolvido.

 A extremidade posterior das fêmeas é quase


A. lumbricoides: reta, enquanto a dos machos é enrolada
A, fêmea; ventralmente em espiral.
B, macho
2 days

2 weeks 8
A. Lumbricoides – Ciclo Biológico Cont.

 Os vermes adultos vivem na luz do intestino delgado, nas


alças jejunais (90%); o resto no íleo. Raramente migram para
o duodeno, estômago ou outros lugares. Mas, crianças muito
parasitadas podem eliminar alguns pela boca ou pelas
narinas.

 Os Ascaris mantêm-se em actividade constante, movendo-


se quase sempre contra a corrente peristáltica. Aí, nutrem -
se de materiais semi-digeridos ou outros, dispondo para isso
de todas as enzimas necessárias.

 As fêmeas devem ser fecundadas várias vezes. Elas


acumulam os espermatozoides amebóides (sem flagelos) no
útero ou começo do oviducto, onde são fertilizados os óvulos
ao passarem. Depois desta, a fêmea tem uma capacidade
produtora de 26 000 000 ovos, e calcula-se que produz
aproximadamente 200 000 ovos diários.
A. Lumbricoides – Ciclo Biológico Cont.

 Os ovos férteis eliminam-se ao exterior com os


sedimentos fecais das pessoas infectadas. Em condições
ambientais favoráveis, com terra húmida e sombreada, à
temperaturas entre 15 e 30 °C, formam-se larvas no
interior dos ovos, e convertem-se em infectantes em um
período de 2 a 8 semanas(B). Podem permanecer aí
infectantes durante um ou mais anos.

 Os ovos de Ascaris são abundantes no chão do


peridomicílio poluído com fezes humanas, e podem ser
suspensos no ar, com a poeira, pela ação dos ventos.
Quando isoladas ou mais numerosas que os machos, as
fêmeas podem por ovos inférteis, mais alongados (C), que
não embrionam.
 Ovos de Ascaris podem ser ingeridos com os alimentos,
água ou a partir das mãos sujas. Mas, também, serem
aspirados e depois deglutidos com o muco das vias aéreas.
No ceco do hospedeiro, os ovos embrionados são induzidos
a eclodir pela ação do CO2 e de outros factores, liberando
uma larva de 2º estágio. Esta, que é aeróbia, invade a
mucosa intestinal e vai pela circulação até o pulmão, onde
chega em 4 ou 5 dias.

 Aí, cresce e sofre nova muda, passando a


larva de 3º estágio após 8 ou 9 dias. As larvas
de 3º estádio penetram nos alvéolos, onde
ocorre a 3ª muda. Medindo agora 1 a 2 mm,
são arrastadas pela corrente de muco dos
bronquíolos e brônquios, sobem pela traquéia e
laringe, sendo deglutidas com as secreções
brônquicas. Ao chegarem ao intestino, dá- se a
4ª e última muda que as transforma em adultos
jovens. O crescimento continua até a
maturidade, ao fim de 2 meses.
ASCARIS LUMBRICOIDES
PATOGENIA
A. Lumbricoides – Patogenia Cont.

 As larvas, ao passar pelo pulmão,

Ruptura dos capilares e da parede alveolar


hemorragia e inflamação, pneumonitis sazonal,

+ evidente em regiões geográficas que por seu clima têm


um patrão interrompido de transmiss ão (regiões s ecas
com períodos c urtos de chuva) . Es te s índrome é
semelhante ao do Loeffler e pode es tar as sociado c om
infiltrados pulmonares transitivos .

 Ocasionalmente, as larvas não seguem o ciclo


normal através do pulmão, mas sim continuam pelos
capilares para a circulação arterial, disseminam-se em
outros órgãos e se formam granulomas de corpos
estranhos.
A. Lumbricoides – Patogenia Cont.

 Os parasitas adultos no intestino delgado produzem irritação


mecânica da mucosa intestinal, obstrução intestinal.

 A enfermidade de maior gravidade se apresenta pelas


migrações dos parasitas adultos do A. lumbricoides, de sua
localização habitual no intestino delgado para outras partes do
organismo, o que constitui o chamado erratismo.

- Vias biliares - invadem o colédoco com


obstrução biliar e infecção secundária, o
que produz um quadro de colangite.
- Fêmea pode depositar seus ovos e
alcançar o parênquima hepático, o que
ocasiona granulomas de corpos
estranhos e abcessos. Os ovos e
fragmentos de parasitas nas vias biliares
podem constituir o núcleo que origina
futuros cálculos.
A. Lumbricoides – Patologia Cont.

 A outra migração importante - perfuração do intestino ou


por ruptura do apêndice, que provocam peritonites; os ovos
na cavidade peritoneal produzem granulomas. Também se
reportou pericardites, pleurite e pancreatite.

 A migração por via digestiva ascendente pode conduzir o


parasita às vias respiratórias, onde causam os efeitos de um
corpo estranho.

 Há tendência de saída dos


parasitas pelos orifícios, por
exemplo, através da faringe, a
tromba do eustáquio, do tímpano
para o ouvido, também pelas fossas
nasais, o ângulo interno do olho e
pelas hérnias intestinais.

Araújo e Guimarães, 2000


Migração
errática

Ascaris
lumbricoides
A. Lumbricoides – Manifestações clínicas
Intestinais
Respiratórias - Dor abdominal, e distensão.
- Tosse, - Náuseas, vómitos diarreia .
- Expectoração por vezes - Abdómen cirúrgico
com sangue e febre.

Neurológicas
Convulsões

Nutricionais
retardo no
crescimento
A. Lumbricoides – Diagnóstico Cont.

 Quadro clínicos pouco sugestivos (excessão - exposição do


agente).

 O Método de Sedimentação em vaso cônico (método de Lutz), o


resultado aproxima-se de 100% de sensibilidade.

 O número de ovos por grama de fezes pode ser calculado pelo


método de Stoll, para estimar-se a carga parasitária do paciente.

Ovos de vistos ao
microscópio:
1 e 2, normais;
3 e 4 inférteis
(OMS).
1 2 3 4
A. Lumbricoides – Diagnóstico Cont.

 Métodos de Concentração: Ritchie e Kato Katz


 Radiografías do abdómen com contraste
 Colangiografía
 Acto quirúrgico

 Diagnóstico diferencial
- Estrongiloidíase, amebíase, apendicite, pneumonias bacterianas,
outras parasitoses.
A. Lumbricoides – Vigilância epidemiológica Cont.

Objectivo - Não há ações específicas de vigilância epidemiológica.


Entretanto, deve-se fazer o tratamento como forma de evitar
complicações e diminuir as possibilidades de re-infecções.

Notificação - Não é doença de notificação compulsória.


A. Lumbricoides – Controlo Cont.

 Gerais
o Educação em saúde e de saneamento.

 Específicas
o Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais
cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas,
o Manter boa higiene pessoal e cuidados na manipulação
de alimentos.
o O tratamento em massa das populações tem sido
preconizado por alguns autores para reduzir a carga
parasitária. Contudo, se não for associado a medidas de
saneamento, a re-infecção pode atingir os níveis
anteriores. em pouco tempo.

 Controlo de vectores mecânicos e boa higiene pessoal .


ENTERÓBIUS

 E. vermicularis (outrora designado por Oxyurus


vermiculares),

 É um nemátodo intestinal causador Enterobíase ou


Oxiurose. Com uma ampla distribuição mundial.

 É uma helmintíase frequente em crianças

 Calcula-se que a nível mundial existem 400 000 000 de


pessoas infectadas.
E. VERMICULARES - CARACTERISTICAS GERAIS

 Pequeno e estréito, branco;


 Mede aproximadamente 1cm de comprimento;
 Os ovos são transparentes, com dupla cobertura, uma
face plana e outra convexa, medindo 50C x 25L µm;
 É freqüente observá-los com uma larva no seu interior;

 A fêmea (A) é cilíndrica posssui extremidades afiladas.


possuem entre 8 a 13mm e O macho (B) muito menor (entre
2 a 5mm), têm a extremidade posterior enrolada
ventralmente por isso conhece-se também como verme em
alfinete (pinworn);
 Vermes adultos habitam no ceco IG de humano e suas
imediações, onde vivem aderidos à mucosa;
E. VERMICULARES – CICLO BIOLÓGICO

Forma infectante: Ovo embrionado; Via de infecção: anus-mao-boca; Habitat: Intestino grosso
E. VERMICULARES – CICLO BIOLÓGICO cont

 Parasitas adultos vivem no IG do homem,


fundamentalmente no ceco.

 Depois da cópula, a fêmea sai pelo ânus a


depositar seus ovos na região perianal. Por meio
de uma substância pegajosa, o parasita se adere à
pele e se arrasta por ela, onde deixa uma fileira
de ovos que permanecem aderidos, depois de um
período de maturação de 6 horas, pode observar
uma larva em forma de anel dentro de cada ovo,
por isso se expõe que estes ovos são infectantes,
quase imediatamente, sem necessidade de cair no
chão.
E. VERMICULARES – CICLO BIOLÓGICO cont

 Os ovos apenas tornam-se infectantes após contacto com o


O2 no períneo ou no meio ambiente. Na temperatura da pele
(30ºC) essa maturação faz-se em 4 a 6 horas.

 Quando ingeridos, eclodem no intestino delgado do novo


hospedeiro (ou do próprio paciente: é a auto-infecção),
desenvolvendo-se as larvas até vermes adultos, enquanto
migram lentamente até o ceco. Não há ciclo pulmonar. No
habitat definitivo copulam e as fêmeas começam a produzir
ovos.

 A saída da fêmea às márgens do ânus pode realizar-se em


qualquer momento, mais é mais freqüente durante a noite.
E. vermiculares – ciclo biológico cont.

 O ovos também podem aderir-se na roupa interior e de


cama, assim como suspensos no pó da habitação, de
maneira que seu mecanismo de transmissão fundamental
é ânus-emano-boca.

 A autoinfecção ocorre quando o paciente coça-se


consequência do prurido na região peranal, ficam os
ovos debaixo das unhas e estes podem ser levados a
boca por descuido, chupar os dedos, comer as unhas ou
pela ingestão de algum alimento.

 Outro mecanismo seria pela contaminação de


objectos e alimentos por um indivíduo parasitado,
entrando o parasita em outro hóspede.

Esta parasitose tem um caráter colectivo e familiar.


E. vermiculares – ciclo biológico cont.

 Outra possibilidade é a retroinfecção e consiste em


que algumas larvas que se liberaram na região anal,
podem voltar directamente para recto e daí ao cólon,
onde convertem-se em parasitas adultos.
E. vermiculares – Patogenia

 A ação patogênica é, principalmente, de natureza


mecânica e irritativa, ao produzirem os vermes pequenas
erosões da mucosa onde se fixam, o períneo fica vermelho e
congesto, podendo dar lugar a infecções.

 Considerado mais como moléstia que como enfermidade,


as condições significativas de uma infecção pelo
Enterobius vermicularis são as produzidas pela migração
das fêmeas ao pôr ovos na região perianal, o que ocasiona
intenso prurido nesta zona, desencadeiam uma reacção
inflamatória local, agravada por infecções secundárias ou
por lesões traumáticas pelo acto de coçar.
E. vermiculares – Nota cont.

 Existem várias publicações recentes sobre a infecção do aparelho


genital feminino causada pela migração errática de uma fêmea
para a vagina, útero ou tromba de Falópio, onde ali morrem. Tanto
a fêmea como seus ovos, actuariam como corpos estranhos, dando
origem a granulomas.

 Outras localizações erráticas podem ser ao peritoneu, apêndice,


fígado e pulmão que podem observar-se em cortes histológicos
destes tecidos.
E. vermiculares – Diagnóstico cont.

 Toma amostra na região perianal é mais sugestiva


relativamente aos sedimentos fecais; portanto,

 O exame de sedimentos fecais que se utiliza para o


diagnóstico de outros parasitas intestinais não é
efectivo para o diagnóstico de oxiúros.
E. vermiculares – Diagnóstico cont.

 Fita transparente adesiva ou fita adesiva mediante o


achado dos ovos ao exame microscópico ou pela
observação macroscópica do parasita adulto.

 As amostras tomam-se na manhã, antes de defecar e


assear a região perianal. Para maior segurança no
diagnóstico, recomenda-se realizar exames seriados
E. vermiculares – Diagnóstico cont.

 Diagnóstico diferencial: entidades que produzem prurio


anal, como são as hemorróides, fissuras, vulvovaginites,
fístulas e dermatites, alêm de outras parasitoses e moléstias
do aparelho digestivo.

 No caso de mulheres adultas terá que diferenciar os de


candidíiase e tricomoníase. Também o excesso de
ingestão de café, condimentos e chocolate pode produzir
prurito anal.
E. vermiculares – Vigilância epidemiologica cont.

 Objetivos - Diagnosticar e tratar para evitar o baixo


rendimento escolar e a irritabilidade dos indivíduos
infectados.

 Notificação - Não é doença de notificação compulsória.


E. vermiculares – Vigilância epidemiológica cont.

 Em meados do século XX, estimava-se existirem 200 milhões de


pessoas parasitadas no mundo, sendo maior a prevalência nos países
de clima frio (mesmo se ricos).

 Ambientes fechados, toma-se pouco banho e as mudas de roupas


são menos freqüentes, as reinfecções e superinfecções são facilitadas.

 Crianças que chupam dedo e pessoas que roem unha, são as


mais expostas.

 O homem é o único hóspede natural do Enterobius


vermicularis. A prevalência e intensidade da infecção é baixa
em lactantes, e mais freqüente na idade pré-escolar e
escolar. apresenta-se em todos os climas e em todos os
níveis sociais e económicos.
E. vermiculares – Medidas de controlo cont.

 Educação para saúde


 Manter as unhas aparadas rente ao dedo, para evitar
acúmulo de material contaminado. Evitar coçar a região
anal desnuda e levar as mãos à boca,
 Eliminar as fontes de infecção através do tratamento do
paciente e de todos os membros da família. Troca de
roupas de cama, de roupa interna e toalhas de banho,
diariamente, para evitar a aquisição de novas infecções
pelos ovos depositados nos tecidos,
 Limpeza,
 Evitar superlotação dos quartos, arejá-los bem, e
remover a poeira (se possível com aspirador),
 Manter os sanitários limpos, aplicar desinfetantes e
promover a educação sanitária dos usuários.
TRABALHO INDEPENDENTE

 Buscar as complicações das enfermidades causadas


pelos géneros estudados
• “Si lo escucho lo olvido”
• “Si lo veo lo entiendo”
• “Si lo hago lo aprendo”

Confucio
FIM
•Muito obrigado
•Twapandula
•Thanks

Contacto:
[email protected]
ACTIVIDADE 4-5

Referência Básica:
 Llop Hernández, A. ; Valdés-Dapena Vivanco, M. M. & Zuazo Silva, J. L.
Microbiología, Parasitología Médicas TOMOIII, 2001. La Habana: Editorial
Ciencias Médicas. ISBN 959-7132-52-4.
Ascaris Cap 95 pg 211
Enteróbius Cap pg100 pg 243

Referências complementares:
 Neves DP, Melo AL, Linardi PM, Vitor RWA. Parasitologia Humana, 2005. 11ª ed. São Paulo:
Atheneu, 2005.

 Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias : Guia de bolso, 2010. 8. Ed. Brasil:
Ministério da Saúde. ISBN 978-85-334-1657-4.

 Armour J, Duncan JL, Dunn, AM; Jennings FN e Urquhart GM. Parasitologia veterinária 1998.
2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.

 Araujo, E. H. P. e Guimarães, S. S. Obstrução nasolacrimal em criança: Ascaris lumbricoi-des


como uma causa incomum. Arq. Bras. Oftalmol. 63(5): 391 393

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