Teologia Do Novo Testamento - Unidade 3

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

TEOLOGIA DO NOVO

TESTAMENTO

Prof. Raimundo Nonato Vieira


AULA 3
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA
Email: [email protected]
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

CONVERSA INICIAL

A literatura produzida e disponibilizada no Cânon do Novo Testamento


tem as marcas do Apóstolo Paulo. Do total de 27 livros desse Cânon, 13 vieram
da produção desse pensador, líder e missionário da Igreja do Primeiro.
Para conferir uma visão geral da produção desse gigante da fé e da
produção bíblico-teológica, iniciaremos apresentando traços da sua pessoa e do
seu trabalho, organizando seus escritos em blocos, tratando introdutoriamente
de cada escrito dentro do bloco com o qual ele está identificado.

TEMA 1 – O MAIOR ESCRITOR DO NOVO TESTAMENTO

Neste primeiro momento, focaremos em dois aspectos do maior escritor


do Novo Testamento, Paulo de Tarso. Apresentaremos um resumo da vida de
Paulo e do seu ministério, e em seguida descreveremos o estilo de literatura que
o apóstolo Paulo mais se utilizou para produzir a sua literatura.

1.1 Vida e ministério de Paulo

Quem foi Paulo de Tarso? O teólogo do Novo Testamento, Ladd (2003,


p. 508), faz observações importantes sobre a vida desse homem:

A mais notável interpretação do significado da pessoa e do trabalho de


Jesus no Novo Testamento é a de Paulo, um fariseu convertido. [...]
Essa tarefa histórica é de uma dificuldade fora do comum, porque
Paulo era um homem de três mundos: judaico, helenístico e cristão.
Embora nascido na cidade grega de Tarso, na Cilícia, foi criado em lar
judeu, segundo os costumes estritos do judaísmo (Fp 3: 5) e se
orgulhava de sua ascendência judaica (Rm 9: 3; 11: 1). Declara ter
vivido como fariseu em obediência estrita à Lei (Fp 3: 6; 2 Co 11: 22),
e ter levado o zelo pelas tradições orais dos círculos farisaicos além de
muitos de seus contemporâneos (Gl 1: 14)

Paulo nasceu, provavelmente em torno do ano 5 e morreu por volta de


67 d.C., como já mencionado, na cidade de Tarso, na Cicília, que pertencia ao
Império Romano, a qual se tratava de um lugar com destaque para a sua
vocação intelectual. Recebeu nome hebreu, Saulo, pois essa era a sua
identidade étnica, mas também recebeu um nome romano, Paulo.
Na sua jornada de preparação para ser um rabino, foi discípulo por cinco
anos de Gamaliel, rabino educador no Sinédrio. O Sinédrio era formado por
juízes judeus que constituíam a corte e o legislativo supremos de Israel antigo.
O Sinédrio era responsável pela vigilância do conjunto de lei do judaísmo. Era
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

costume que a criança aprendesse um ofício, por isso, Paulo aprendeu a fabricar
tendas.
Ele se tornou um vigilante da lei do judaísmo e por essa causa perseguiu
a igreja cristã até a sua experiência de conversão no caminho a Damasco, em
missão de perseguir, prender e julgar os cristãos daquela cidade. Dessa
experiência surgiu um novo Paulo, que passou pela experiência de
aprofundamento da fé em um período na Arábia, depois retornou para Damasco
e então foi para Jerusalém (Bíblia. Gálatas, 1: 17-18; 2: 1).
Desse ponto em diante, temos Paulo, de perseguidor da fé cristã a
pregador e defensor dessa mesma fé, com a mesma intensidade e veemência.
No livro de Atos dos Apóstolos está registrada a vida de Paulo desenvolvendo o
seu ministério apostólico por meio das descrições de três viagens missionárias:
Primeira Viagem Missionária (Bíblia. Atos, 13-14); Segunda Viagem Missionária
(15: 36-18: 22); Terceira Viagem Missionária (18: 23-20: 38).
Durante essas viagens, Paulo fundou em torno de 30 igrejas, um
ministério intenso. Entretanto, Paulo tinha a consciência de que não bastava
iniciar novas igrejas, mas sim investir no ensino e no treinamento dos novos
crentes. Em seu relato para os presbíteros de Éfeso (Bíblia. Atos, 20-31), Paulo
fala dos mais de três anos que passara ensinando na Escola de Tirano (Éfeso),
em que fundamentava a fé e produzia o ensino consistente das Escrituras. Foi o
seu ardoroso ensino que possibilitou a unidade doutrinária nas igrejas.

1.2 Literatura epistolar

As cartas ou epístolas não eram uma novidade na época da redação do


Novo Testamento, pois era um meio utilizado pela estrutura governamental das
cidades e províncias, e até da sede do Império, para relatórios de arrecadação,
controle de imigração. Mas e para documentos religiosos? Carson, Moo e Morris
(1997, p. 261) nos ajuda na resposta a essa pergunta.

Dos 27 livros do Novo Testamento, 21 são cartas, constituindo 35 por


cento do texto do Novo Testamento. Paulo é o mais famoso escritor de
cartas, com 13 epístolas autênticas. Por que Paulo, Tiago, Pedro, João,
Judas e o autor desconhecido de Hebreus escolheram essa forma de
comunicação? A pergunta é particularmente oportuna quando
constatamos que as cartas não eram um método típico de instrução
religiosa entre os judeus.

3
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

Os autores supracitados seguem argumentando para responder a esse


questionamento. Segundo eles,

A resposta provavelmente é dupla. Em primeiro lugar, o movimento


cristão primitivo, com o seu crescimento rápido e seus missionários
itinerantes, exigia um meio de comunicação à distância. A carta foi a
solução óbvia. A importância religiosa duradoura das cartas, no sentido
de documentos canónicos e providos de autoridade, foi resultado de
uma decisão posterior e não era a intenção à época em que foram
escritas. [...] Um segundo motivo possível porque os apóstolos optaram
por escrever cartas é a sensação de proximidade pessoal que elas dão.
Nos dias de Paulo as pessoas consideravam as cartas como um meio
de, à distância, fazerem-se pessoalmente presentes, e isso atendeu
perfeitamente as necessidades dos apóstolos de pastorearem seus
rebanhos à distância (Carson; Moo; Morris, 1997, p. 261-262)

Uma pergunta a ser respondida é: o que é uma epístola? É uma carta ou


escrito em forma de carta, ordem, mensagem, sendo algumas vezes sem
assinatura, como é o caso de Hebreus. Hörster (1996, p. 75) contribui nos
explicando melhor sobre esse estilo literário:

Na Antiguidade, tratados filosóficos eram colocados em forma de carta.


Não são cartas de fato; na verdade a carta era uma arte literária.
Exemplos para isso são as cartas de Sêneca ou de Cícero. Para essa
forma literária foi se cristalizando o nome epístola. Ela deriva da
palavra grega epistole, que significa carta. Como forma literária, no
entanto, epístola não significa uma carta verdadeira, mas uma carta
simulada. E as cartas de Paulo são epístolas?

O autor segue seu raciocínio a fim de responder se, afinal, as cartas de


Paulo são epístolas.

Na realidade não o são. Quem as lê no seu contexto, percebe que não


são tratados em forma de carta. Há menções demais ao
relacionamento pessoal entre o autor e os leitores. [...] As cartas de
Paulo não são simuladas; elas são escritos reais de aconselhamento.
Aspectos que são evidentes nas cartas de Paulo, nas outras cartas do
NT necessitam de explicação em cada detalhe. Poderíamos considerar
um ou outro escrito (por ex. Hebreus ou 1 João) um tratado em forma
de carta, para o chamarmos de epístola (Hörster, 1996, p. 75)

Por meio do diálogo entre esses dois autores, temos uma ideia do que
vem a ser uma epístola. Mesmo que, pela definição, as cartas de Paulo não
sejam classificadas como epístolas, já se foi convencionado que se tratam, sim,
de epístolas.

TEMA 2 – PERSEGUIÇÃO DA IGREJA

A Igreja Cristã experimentou a perseguição muito cedo, em decorrência


da sua pregação de exclusividade de Cristo para o perdão dos pecados e a

4
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

reconciliação com Deus. Essa perseguição ocorre da parte dos Romanos, pois
o culto ao imperador e a soberania romana sobre a vida e morte dos seus
cidadãos contribuem para um contraste com a mensagem e vida da Igreja, que
reconhecia em Cristo a sua autoridade suprema. O judaísmo tradicional, por sua
vez, se tornará uma forte ameaça aos primeiros cristãos, especialmente após a
morte de Estevão.

2.1 Judeus tradicionais

Nos primeiros dias do cristianismo, a relação entre cristãos (como serão


chamados) e judeus era relativamente amistosa, mesmo com as discordâncias
dos grupos religiosos do judaísmo de que Cristo não era o Messias, mas um
falso profeta.
Para compreendermos o conflito entre judeus e cristãos, precisamos
retomar a história do judaísmo no período antes dos anos 175-164 a.C., período
em que reinou Antíoco IV. Epifânio, que contribuiu para a forte influência helênica
entre os judeus, fez forte opressão contra o culto e os costumes do judaísmo, o
que provocou a chamada Rebelião dos Macabeus, em 167. Essa rebelião
aconteceu como uma forma de defesa do tradicionalismo judaico, suas leis e
seus costumes religiosos. Antes disso, já estava em curso o processo de
deportação de judeus para outras cidades helênicas, o que contribuiu para a
formação de um judaísmo helenizado.
Voltamos ao início da Igreja e das relações entre esses dois grupos:
cristãos e judeus. Drane (1985, p. 24) descreve a relação entre eles, no início da
Igreja:

Os próprios discípulos eram frequentemente assíduos dos cultos


sinagogais. Eles também guardavam as grandes festas religiosas, em
certas ocasiões, podia-se vê-los pregando dentro do recinto do templo.
Isso era algo que o próprio Jesus não fora capaz de fazer sem temer
as consequências; e, embora Pedro João tivessem sido presos depois
e acusados perante o sinédrio judeu, foram logo libertados, e a única
restrição a eles imposta foi que “de modo algum falassem ou
ensinassem em nome de Jesus”. Com exceção de sua curiosa crença
em Jesus, seu comportamento era, em geral, bastante aceitável para
as autoridades judaicas.

No entanto, para esse autor, tudo teria tido início, falando da animosidade
dos judeus com os cristãos, na insatisfação de judeus helênicos em como suas
viúvas eram assistidas, em comparação a como eram assistidas as viúvas judias

5
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

de Jerusalém. Essa discussão gerou a criação do diaconato na Igreja de


Jerusalém.
Um dos diáconos recém-eleitos, Estevão, será acusado de blasfêmia
contra Moisés e contra Yavé. Eles o levaram até o conselho religioso dos judeus
e trouxeram falsas testemunhas que afirmavam contra ele: “este homem não
cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar [o templo] e a lei.
Porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar
e mudar os costumes que Moisés nos deu” (Bíblia. Atos, 8: 13,14).
O partido do judaísmo, derrotado pelos argumentos de Estevão, provoca
a sua morte por apedrejamento. Drane (1985, p. 30) diz que “a morte de Estevão
foi, sem dúvida, um dos acontecimentos cruciais na vida da primeira Igreja, e
seus efeitos logo seriam sentidos não só em Jerusalém, mas através de todo o
resto da Palestina e finalmente por todo o Império Romano”.
Após esse acontecimento, houve uma explosão de perseguição contra os
cristãos, como descreve Drane (1985, p. 30):

Não foram muitos os que entre eles adotaram a mesma atitude em


relação ao templo, como o fez Estevão. Mas era inevitável que o povo
supusesse que a maioria, se não a totalidade dos cristãos, pensava
como ele. [...] Mas a perseguição inevitavelmente conduzia à dispersão
dos cristãos de Jerusalém, especialmente daqueles que eram mais
simpáticos à mensagem de Estevão. Cesareia, Antioquia e Damasco
– para não mencionar outras cidades mais extensas, de onde os
cristãos helenistas tinham vindo originalmente – todas elas
testemunharam um notável influxo dessa gente.

Essa perseguição ganhou muitos contornos, pois os judaizantes se


comunicavam e, onde a igreja ia chegando, quase sempre já havia uma
resistência de muitos judeus. Muitas cidades onde se iniciou uma igreja haviam
recebidos judeus deportados na diáspora promovida pela dinastia selêucida, no
período do último Império egípcio. Essa realidade terá impacto nas mensagens
enviadas por Paulo a essas comunidades mistas.

2.2 Roma

Justos Gonzalez (2002, p. 49) faz uma introdução, apresentando a história


inicial de sofrimento da Igreja Cristã:

Desde os seus inícios, a fé cristã não foi coisa fácil nem simples. O
próprio Senhor a quem os cristãos serviam havia morrido na cruz,
condenado como um malfeitor qualquer. [...] Algum tempo depois o
apóstolo Tiago era morto por ordem de Herodes. E a partir de então,
até nossos dias, sempre existiram pessoas colocadas em situações

6
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

nas quais tiveram de selar o testemunho com seu sangue. Mas, nem
sempre as razões e as condições da perseguição foram as mesmas.
Já nos primeiros anos de vida da igreja pode se ver certa evolução
neste sentido.

A Igreja do Primeiro Século, em seu início, foi fortemente identificada


como um ramo dentro do judaísmo, por isso, Walker (1983, p. 72), corroborando
com as afirmações de Justos Gonzalez,

[...] contava com a proteção legal. A hostilidade dos próprios judeus,


no entanto, veio chamar a atenção para as distinções entre eles
existentes. Ao tempo da perseguição de Nero em Roma (64), elas já
eram flagrantes. Nessa ocasião, o crime imputado às vítimas romanas
não era o de serem cristãos, mas sim incendiários.

Gonzalez (2002, p. 55) cita um trecho de um relato do historiador romano,


Tácito, por ocasião do incêndio de Roma, em 64, quando Nero, para afastar a
suspeita de ser o mandante de tal tragédia, culpa os cristãos, pois já eram alvos
de ódio. Suas palavras demonstram até mesmo a sua visão pessoal dos cristãos:

Apesar de todos os esforços humanos, da liberalidade do imperador e


dos sacrifícios oferecidos aos deuses, nada bastava para apartar as
suspeitas nem para destruir a crença de que o fogo havia sido
ordenado. Portanto, para destruir esse rumor, Nero fez aparecer como
culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas
abominações, e os castigou com mui refinada crueldade. Cristo, de
quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o
reinado de Tibério. Detida por um instante, esta superstição daninha
apareceu de novo, não somente na Judeia, onde estava a raiz do mal,
mas também em Roma, esse lugar onde se narra e encontram
seguidores de todas as coisas atrozes e abomináveis que chegam
desde todos os rincões do mundo. Portanto, primeiro foram presos os
que confessaram (ser cristãos), e baseadas nas provas que eles deram
foi condenada uma grande multidão, ainda que não os condenaram
tanto pelo incêndio mas sim pelo seu ódio à raça humana. (Anais, 15:
44)

Todo o período histórico que as cartas de Paulo cobrem é marcado pela


perseguição da igreja. Ela será intensificada, especialmente no segundo século,
mas desde a morte de Estevão (aproximadamente no ano 34), passando pelo
distanciamento do judaísmo e ascensão de Nero ao poder (54), a Igreja Cristã
desejou que Cristo logo viesse e lhe trouxesse alívio.

TEMA 3 – I TESSALONICENSES

A Epístola aos Tessalonicenses é a primeira a ser tratada no corpus


Paulino em função de ter sido a primeira Carta escrita por Paulo. Futuramente,
serão trabalhadas as demais Epístolas dentro de blocos.

7
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

3.1 Data

Tem havido indicação de que Paulo escreve essa carta para responder a
uma suposta carta que Timóteo teria trazido de Tessalônica, com questões
importantes a serem respondidas. Carson, Moo e Morris (1997, p. 382) apontam
para uma data no início dos anos 1950. Segundo ele,

Parece que ambas foram escritas em Corinto durante a campanha


evangelística de Paulo naquela cidade. O fato de que a organização
da igreja implícita nessas cartas é a mais simples possível harmoniza-
se com essa reconstrução. Não há nenhuma referência a oficiais como
presbíteros ou diáconos, mas somente “os que vos presidem no
Senhor” (1 Ts 5: 12). Isso também harmoniza-se com o trecho sobre a
parúsia (1 Ts 4: 13-18), a qual alguns têm interpretado (erroneamente
segundo nosso ponto de vista) com o sentido de que a segunda vinda
aconteceria durante a vida de Paulo. [...] Pode-se sustentar, com base
numa inscrição, que o procônsul Gálio (perante quem Paulo foi levado
em Corinto [At 18: 12]) chegou a Corinto no início do verão de 51 d.C.
Como Paulo havia exercido um ministério em Corinto antes da chegada
de Gálio, muito provavelmente o apóstolo chegou a Corinto no início
do ano 50. A primeira carta aos tessalonicenses teria sido escrita logo
depois disso e a segunda alguns meses depois. Essas cartas estão,
portanto, entre as mais antigas de Paulo que sobreviveram.

Algumas são as objeções a essa data, mas a grande maioria tem


sustentado a data aproximada do que tem estabelecido Carson, Moo e Morris.
Por exemplo, é o caso das palavras de Hörster (1996, p. 129), que corroboram
com as que foram postas anteriormente:

Visto que Paulo, de acordo com Atos, se encontrou com Timóteo em


Corinto, essa cidade é um local possível para a redação da carta. Para
as viagens que aconteceram após a estadia do apóstolo em
Tessalônica, precisamos determinar alguns meses. Por isso a época
da redação é provavelmente 50 d.C.

Diante do exposto, pode-se concluir que a Primeira Epístola de Paulo aos


Tessalonicenses foi escrita no ano de 50, no máximo em 51.

3.2 Propósito

Se Paulo recebeu uma carta das mãos de Timóteo, enviada da Igreja de


Tessalônica, o conteúdo da carta leva o leitor a supor que a igreja está
desencorajada, pois tem dúvidas sobre a condição dos que morreram, sobre a
vinda iminente de Cristo, gerando ociosidade em muitos, inclusive, alguns
deixando de trabalhar. Carson, Moo e Morris (1997, p. 388) nos ajudam a
vislumbrar o porquê de Paulo ter escrito essa carta:

8
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

Parece que adversários judeus da igreja estavam caluniando Paulo. Se


conseguissem persuadir os convertidos de que Paulo estava
simplesmente procurando arrancar dinheiro deles e que a mensagem
que ele pregava provinha dele próprio, sem autorização divina, eles
tornariam difícil para os novos cristãos permanecerem firmes em sua
fé. De sorte que Paulo gasta um bom tempo dos três primeiros
capítulos refutando o tipo de acusação que poderia ser feita contra ele.
Ele tem como objetivo fortalecer seus amigos numa época de
perseguição (1 Ts 2: 14) e incentivá-los a viverem vidas
verdadeiramente cristãs, não adotando padrões sexuais pagãos (4: 3-
8). Parece que alguns crentes achavam que Cristo voltaria logo e,
quando alguns deles morreram, os sobreviventes acharam que os
falecidos perderiam todas as maravilhas da parúsia, de sorte que Paulo
escreveu para corrigi-los quanto a esse assunto (4: 13-18).
Semelhantemente havia necessidade de ensino sobre os últimos
tempos (5: 1-11). Alguns dos crentes aparentemente eram ociosos,
dependendo do sustento de outros (4: 11-12). A autoridade dos líderes
talvez tenha sido questionada (5: 12-13), e o papel dos dons espirituais
não estava claro para todos (5: 19-20).

O biblista Hörster (1996, p. 129) considera que essa carta foi escrita para
“a jovem igreja de Tessalônica aproximadamente um ano após a sua fundação”.
O que leva a concordarmos com Carson, Moo e Morris que:

Em resumo, Paulo escreveu para atender às necessidades do seu


rebanho. Os crentes de Tessalônica constituíam uma igreja nova, não
tendo estado na fé o tempo suficiente para compreenderem muitas
coisas que já eram ponto pacífico para cristãos mais amadurecidos,
Paulo, o seu pai espiritual, estava interessado neles e escreveu para
ajudá-los a prosseguirem no serviço de seu Senhor.

Paulo está usando o recurso das cartas para transmitir ensino e fortalecer
a jovem igreja, diante das muitas tentativas de lhes fazerem naufragar na fé que
haviam abraçado.

3.3 Conteúdo

O que trata o Apóstolo Paulo nessa primeira carta? Com o conteúdo, se


apresenta um resumo do que a Epístola vai tratar. Nesse ponto, vamos nos valer
da contribuição de Werner George Kümmel (1982, p. 327), que apresenta uma
proposta de conteúdo do qual estaria tratando o apóstolo nessa sua primeira
carta:

Depois da saudação de abertura (1: 1) há uma expressão de


agradecimento pela maneira exemplar com que a comunidade aceitou
a fé cristã (1: 2-10). Em seguida, Paulo, fazendo um retrospecto,
defende sua obra missionária em Tessalônica (2: 1-12), e volta, mais
uma vez, para a conduta do leitor (2: 13-16). Ele conclui este trecho
inicial da epístola com um testemunho cheio de gratidão a respeito do
seu relacionamento com a comunidade (2: 17-3: 10) e com uma
intercessão que se enquadra no esquema de abertura da epístola. Nos
capítulos 4 e 5, vêm advertências e instruções: reavivam-se as
obrigações éticas dos cristãos tessalonicenses para com o passado

9
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

pagão (4: 1-12); há uma instrução escatológica referente ao destino


dos membros da comunidade que “adormeceram” antes da parúsia,
acompanhada de um chamado à vigilância por parte dos vivos (4: 13-
5: 11), e de uma série de conselhos pormenorizados para a vida da
comunidade (5: 12-22). Para encerrar, preces e bênçãos (5: 23-28).

Kümmel nos fornece um resumo detalhando o conteúdo da carta e


localizando nos cinco capítulos, pelos quais Paulo pastoreia a distância aquela
comunidade. Hörster (1996, p. 128) nos fornece um resumo de conteúdo mais
informal, o que ajuda na complementa da visão que estamos delineando da carta
de 1 Tessalonicenses:

Nesta carta Paulo se dirige a uma igreja que tinha sido fundada por ele
há bem pouco tempo. Ela se desenvolveu bem e preservou a fé mesmo
em tempos de perseguição. [...] Após receber informações dos
membros da igreja, envia-lhes Timóteo e transmite orientações e
ensinamentos à igreja. A igreja deve se empenhar para que a fé em
Jesus Cristo determine a vida diária dos seus membros, pois Jesus
Cristo vai voltar com poder e glória. Os que já morreram e os que ainda
estiverem vivos vão participar desse acontecimento.

Paulo continua o seu trabalho missionário com a igreja de Tessalônica por


intermédio dessas correspondências.

TEMA 4 – II TESSALONICENSES

Tem sido dito que essa Segunda Carta poderia ter sido anexada uma à
outra, pois estão muito próximas em termos de data de redação, de preocupação
para escrevê-las, bem como os conteúdos. Hugo Grotius (1641, citado por
Kümmel, 1982, p. 337-338) defendia que a Primeira Epístola aos
Tessalonicenses teria sido escrita antes da segunda carta. Esse autor dá várias
razões, citaremos apenas um dos seus fundamentos: “1Ts foi colocada antes de
2Ts no cânone porque era mais longa”.

4.1 Data

A data para a Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses desfruta


de favorável defesa para ser muito próxima da data de redação da Primeira
Epístola. Cullmann (2001, p. 42) é um exemplo de quem faz essa defesa.
Segundo ele,

A Segunda Carta aos Tessalonicenses contém menos alusões diretas


à situação histórica do que a primeira. Onde está o apóstolo quando
redige esta segunda carta? Não podemos deduzi-lo, nem dela mesmo
nem do livro dos Atos. No entanto, a situação não deve ser muito
diferente daquela que havia durante a redação da primeira epístola.

10
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

Timóteo e Silas ainda estão junto a Paulo (1: 1), e a igreja de


Tessalônica ainda continua debatendo a escatologia (2:1 e seguintes).
Supõe-se, pois, que Paulo tenha escrito esta segunda epístola pouco
após a primeira, que ele ainda se encontrasse em Corinto (cf. At 18) e
que tivesse recebido novas notícias dos tessalonicenses entre as duas
cartas. Estaríamos, pois, ainda no mesmo ano de 50.

Ainda, uma segunda opinião sobre a autoria, fazendo uma avaliação do


que fora defendido por Grotius, Hörster (1996, p. 133) justifica a posição dessa
carta como segundo e dá uma datação um pouco adiantada para justificar a
separação temporal entre as duas:

Os dois aspectos dependem da sequência cronológica das duas cartas


aos tessalonicenses. A sequência em que as duas aparecem no cânon
do NT não vem da ordem cronológica, mas da sua extensão. Daí
poderíamos pensar que a Segunda Carta aos Tessalonicenses teria
sido, na verdade, a primeira. Mas a redação de 1Tessalonicenses 2:
17-3: 10 sugere – de forma mais clara do que as observações da
segunda carta – um período relativamente breve entre a estadia de
Paulo em Tessalônica e a primeira carta. Além disso, as exortações da
segunda carta (3: 6-16) parecem um aprofundamento do que foi
indicado em 1Tessalonicenses 4: 11s; 5: 14 do que o contrário. Por
essas razões parto do ponto de que essa carta foi escrita logo após
1 Tessalonicenses, portanto, nos anos 50-51, em Corinto.

Podemos concluir que faz mais sentido acompanhar o raciocínio de


Gerhard Hörster, mas as possibilidades de datação estão em abertas para
averiguação e aprofundamento.

4.2 Propósito

Como será visto em seguida, no conteúdo desta Segunda Carta, muitas


questões tratadas aqui já foram tratadas na Primeira Carta e agora são
aprofundadas. Paulo voltará a dar uma atenção especial à postura de pessoas
que renunciaram à vida comum, a fim de viverem para a eminência da vinda de
Jesus Cristo. Hörster (1996, p. 131, 132) leva o leitor para o contexto histórico
da carta para justificar o porquê de Paulo tê-la escrito:

Vemos em 3: 11 que Paulo recebera mais notícias de Tessalônica. Há


membros que vivem desordenadamente, não trabalham e fazem
coisas inúteis. As exortações que aparecem na carta mostram que
essas pessoas vivem por conta de outras pessoas na igreja, até o
ponto de serem sustentadas por elas. O motivo delas para a aversão
pelo trabalho não é necessariamente a preguiça, mas a esperança pela
volta de Jesus enfatizada em demasia. Acham que o reino de Deus já
veio (o dia do Senhor já chegou, 2: 2ss) e por isso já não consideram
importante continuar as suas atividades profissionais.

Ao que tudo indica, houve uma má compreensão da realidade e extensão


da salvação realizada por Jesus Cristo. Paulo escreve essa Segunda Carta

11
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

visando reforçar a sua primeira mensagem e eliminar más compreensões sobre


a espera da parúsia, como vivemos enquanto aguardavam. Esse autor continua
sua descrição do que estava acontecendo na igreja de Tessalônica, que leva o
apóstolo a escrever pela segunda vez àqueles cristãos:

[...] Paulo precisa esclarecer o mal-entendido e explicar aos


tessalonicenses que a salvação de Jesus só será completa quando ele
voltar. Entretanto, esse acontecimento será precedido por tempos
difíceis, sobretudo o aparecimento do anticristo. Ao escrever essa carta
o apóstolo confia em forças poderosas que estão impedindo a vinda do
anticristo. Possivelmente ele estava pensando na ordem legal do
império romano, que tivera consequências positivas na sua experiência
em várias situações, e que tornava impossível um estado anárquico
naquele momento. Somente quando essa ordem legal for afastada, o
representante de todo o mal e anarquia poderá exercer todo o seu
poder.

Para concluir, por agora, sobre a busca de um propósito para a escrita da


Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses, Carson, Moo e Morris (1997, p.
389), resume que “2 Tessalonicenses é mais obra de aconselhamento pastoral,
o meio de pôr a jovem igreja no caminho certo”.

4.3 Conteúdo

Assim como se procedeu com a Segunda Epístola, usaremos o bom


resumo do Kümmel (1982, p. 337) para termos uma visão do conteúdo, ou seja,
do que trata Paulo nessa sua Segunda Carta aos Tessalonicenses:

Depois de uma fórmula de saudação introdutória (1: 102), Paulo


agradece pela preservação da comunidade na fé e no amor, e,
principalmente, pela paciência de seus membros em suportar o
sofrimento. Adverti-os sobre a parúsia e o juízo final, e encerra a
introdução da epístola com uma súplica pela comunidade (1: 3-12). A
epístola propriamente dita, começa com um apelo em favor do
equilíbrio e da ponderação em face de uma expectativa exagerada da
parúsia, que estava ocorrendo na comunidade de Tessalônica: o dia
do Senhor ainda não veio; primeiro deve vir “o adversário”. Este já está
trabalhando secretamente, mas será coibido por um poder conhecido
da comunidade. Depois desta manifestação, ele será destruído por
ocasião da parúsia (2: 1-12). Seguem-se agradecimentos pela escolha
dos cristãos, que recebem o conselho de se manterem firmes. Repete-
se o pedido relativo à confiança que merece a fidelidade de Cristo e de
Deus (2: 13-3.5). Vêm depois instruções especiais a propósito dos que
levam vida desordenada, preferindo a preguiça e a ociosidade por
causa da proximidade da parúsia (3: 6-16). A epístola termina com
saudação de Paulo enviadas de próprio punho (3: 17-18).

Paulo, como apontado anteriormente, reforça e aprofunda alguns


assuntos importantes para o crescimento forte e sadio daquela jovem igreja e,

12
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

também, visa lhes dar subsídio para combaterem os falsos ensinos, oriundos,
especialmente, dos judeus helenistas.

TEMA 5 – I E II TIMÓTEO

As Cartas Pastorais tradicionalmente são 1 e 2 Timóteo e Tito, mas há


quem inclua a Carta de Paulo a Filemom. Nesse caso, vai se considerar a Carta
a Filemom, no bloco “as Cartas da Prisão”, o que se fará também com Tito, mas
a considerando entre as pastorais.

5.1 I Timóteo

A Primeira Carta de Paulo a Timóteo está entre as cartas pessoais,


embora com propósitos de que ela fosse lida para a comunidade, em que
Timóteo estava servindo como pastor. Há muito do que se tratar nessas duas
cartas, mas nos ateremos a apenas dois aspectos das respectivas cartas.

5.1.1 Data

Como sempre, a questão de datação dos textos do Novo Testamento está


dividida entre a ortodoxia e a visão liberal, mas há muito o que dialogar com as
duas formas de olhar para esse aspecto por trás dos textos bíblicos, bem como
outros aspectos. Faremos uso apenas das colocações de Carson, Moo e Morris
(1997, p. 412) sobre o aspecto da datação. Eles assim traduzem a compreensão
desse ponto:

Caso Paulo tenha sido solto da prisão em Roma e tenha escrito esta
carta no transcorrer de suas atividades missionárias subsequentes,
devemos atribuir a esta carta uma data nos anos 60, provavelmente no
início da década. Tradicionalmente tem-se sustentado que o apóstolo
foi martirizado durante o reinado de Nero (que morreu em 68). A
cronologia da vida de Paulo não é totalmente certa, mas geralmente se
acredita que ele chegou em Roma, conforme narrado em Atos, por
volta de 59 a 61. Levando-se em conta os dois anos de sua prisão ali
(At 28,30), ele teria sido solto em aproximadamente 62. Sua carta aos
romanos mostra que ele queria ir à Espanha, e é possível que ele tenha
feito essa viagem imediatamente após ser solto e que tenha ido para a
Macedónia mais tarde. Ou ele pode ter ido imediatamente para o
Oriente e deixado para mais tarde uma viagem para a Espanha. Muitos
estudiosos contemporâneos acham que devemos situar a morte de
Paulo no auge da perseguição neroniana, digamos em 64, caso em
que 1 Timóteo terá sido escrita um ou dois anos antes. Eusébio diz que
Paulo morreu em 67; caso essa afirmação esteja correta, podemos
situar a escrita da carta em 65 ou até mesmo 66.

13
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

A maioria dos estudiosos das pastorais concordam com essa data, como
sendo a mais provável.

5.1.2 Destinatários

Timóteo era um parceiro de Paulo nas viagens missionárias, de mãe judia


e pai grego, bispo de Éfeso em 65 d.C. Por 15 anos, Paulo lhe orientou por meio
de duas epístolas. Como adiantado anteriormente, a carta é escrita para
Timóteo, com muitas instruções que servem para o seu ministério em Éfeso.
Carson, Moo e Morris (1997, p. 413) fundamenta essa percepção, ao dizer:

Na forma como se encontra, a carta é uma correspondência particular


dirigida a Timóteo, escrita por seu mentor para dar-lhe a orientação de
que ele precisava para seu trabalho de superintendente de igrejas.
Aqueles que entendem que a carta é pseudônima acham, por sua vez,
que ela é uma instrução geral dada a quem quer que estivesse em
posição de autoridade e talvez também uma carta escrita para dar
orientação sobre o procedimento cristão e que seria apropriada para o
público cristão em geral. Devido à expressão “A graça seja convosco”
(6: 21), que é plural, alguns têm concluído que a carta foi escrita para
outras pessoas que não Timóteo. A refutação a isso é que seria de se
esperar que Timóteo transmitisse às suas congregações os conselhos
contidos na carta e que Paulo está simplesmente fazendo essa breve
oração em favor de todos eles. Não é fácil imaginar que a carta como
um todo é destinada a um público amplo. Nesse caso, como vamos
interpretar palavras como “ó filho Timóteo” (1: 18), “escrevo-te estas
coisas, esperando ir ver-te em breve” (3: 14), “ninguém despreze a tua
mocidade” (4: 12), “não continues a beber somente água” (5: 23)? Esta
carta é certamente pessoal, dirigida a um indivíduo, qualquer que tenha
sido o uso público que o autor tenha esperado que fizesse do ensino
transmitido por meio dela.

Como seria de se esperar, o local em que Timóteo estava (Éfeso)


influencia o conteúdo da carta. Sabe-se que a igreja de Éfeso enfrentava séria
ameaça dos falsos mestres e seus falsos ensinos.

5.1.3 Conteúdo

Trata-se de uma carta cheias de instruções práticas, fundamento do


Evangelho, teologia da vocação, como exercer o trato pastoral com todos e o
cuidado da doutrina. Kümmel nos apresenta um ótimo resumo dos conteúdos
desta carta:

Depois da introdução (1: 1s) segue-se uma exortação a Timóteo para


que lute contra os falsos doutores, que se perderam em especulações
míticas relativas a genealogias, desejando por isso mesmo serem
doutores da Lei, sem entenderem o verdadeiro sentido da Lei (1: 3-11).
A Paulo, o antigo perseguidor, foi confiado, por mercê de Deus, o
evangelho que salva os pecadores (1: 12-17). Portanto, supõe-se que

14
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

Timóteo conserva a tradição cristã da fé (1: 18-20). Seguem-se


diretivas concernentes à oração litúrgica (2: 1-7) e ao comportamento
de homens e mulheres no culto (2: 8-15), relativas aos requisitos dos
que exercem o múnus episcopal (3,1-7) e que os diáconos e diaconisas
(3: 8-13) devem possuir, e na conclusão uma palavra a Timóteo relativa
à importância de tais instruções: elas dizem respeito à casa do Senhor,
a Igreja, guardiã do grande mistério de Deus (3: 14-16). O cap. 4
profetiza o aparecimento de falsos doutores e dá instruções sobre
como combatê-los (4: 1-10), lembrando a Timóteo os deveres que o
carisma, que lhe foi conferido mediante a imposição das mãos, lhe
impõe (4: 11-16). A seção seguinte (5: 1-6,2) apresenta normas
relativas às várias etapas da vida e aos diferentes sexos (5: 1-3),
regulamentação para as diversas classes de viúvas (5: 4-16) e anciãos
(5: 17-22) (em parte dirigida a Timóteo), um conselho pessoal a
Timóteo (5: 23), uma referência ao fato de que cedo ou tarde os
pecados e as boas obras serão manifestados (5: 24s) e finalmente
normas de conduta para os escravos cristãos (6: 1s). Um grupo de
admoestações de ordem geral termina a última seção (6: 3-21a):
advertência contra os falsos doutores e o amor ao dinheiro (6: 3-10),
exortação a Timóteo para que se mantenha firme na fé (6: 11-16), aviso
para que tenha cuidado pastoral para com os ricos (6: 17-19), e
finalmente advertência contra a falsa ciência (6: 20-21a). Bênção (6:
21b).

Como tem sido enfatizado, trata-se em grande parte de conteúdos


voltados a conselhos para um jovem na prática do ministério, enfrentando os
desafios peculiares a esse serviço.

5.2 II Timóteo

Esta é uma das cartas de Paulo em que o coração do apóstolo é


derramado. Tudo indica que tem muita convicção de que o momento da sua
morte chegou, então escreve a um amigo buscando consolo e abrigo.

5.2.1 Data

Carson, Moo e Morris (1997, p. 419) postam assim a questão da datação:

[...] é provável que a carta tenha sido escrita de Roma durante uma
prisão posterior àquela descrita em Atos. Nesse caso, a carta foi escrita
em meados da década de 60. Se Eusébio está certo em designar o ano
de 67 como a data do martírio de Paulo, então esse ano ou o anterior
é a data de 2 Timóteo. Aqueles que negam a autoria paulina da carta
classificam-na junto com as outras pastorais e geralmente atribuem à
carta uma data em alguma parte do século II.

Não tem o que discorrer muito sobre esse assunto, a não ser que se
busque adentrar nos pormenores críticos da autoria.

15
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

5.2.2 Propósito

Paulo escreve essa carta com o coração derramado, consciente da sua


missão cumprida, mas quer aproveitar para encontrar consolo em Timóteo,
recomendar que venha ao seu encontro, como também recomendar as últimas
instruções ao seu filho na fé. Hörster (1996) aponta para esses aspectos, ao
dizer:

Essa carta tem características diferentes da primeira. É uma


comovente carta pastoral que não contém orientações para a vida da
igreja. Temos a impressão de que o apóstolo já vê o fim do seu
ministério e agora quer transmitir ao seu colaborador as coisas que,
em vista da sua morte, lhe são mais importantes. Em suma, é um
testamento espiritual que tem importância somente para o seu primeiro
receptor.

O que se pode discordar de Hörster é no que diz respeito à carta ser


unicamente para Timóteo e sem aplicação para a igreja de hoje. Em meios aos
conselhos, Paulo enfatiza doutrinas importantes.

5.2.3 Conteúdo

Seguiremos nos valendo da boa elaboração dos resumos de conteúdos


feitos por Kümmel (1982, p. 482-483):

À introdução (1: 1s) está unida a intercessão por Timóteo (1: 3-5),
exortação dirigida ao próprio Timóteo para que adira ao carisma que
lhe foi transmitido pela imposição das mãos (1: 6-14), e referência às
experiências de Paulo nas suas circunstâncias imediatas (1: 15,18). O
cap. 2 exorta Timóteo a não esmorecer no sofrimento, como Paulo,
apoiado na verdadeira proteção da tradição (2: 1-13) e a corrigir a
manipulação da verdade, evitando as discussões inúteis com aqueles
que já se desencaminharam (2: 14-16). Segue-se uma profecia a
respeito do aparecimento de falsos doutores nos últimos dias, os quais
haverão de seduzir sobretudo “mulheres” (3: 1-9); no mais, que
Timóteo continue firme naquilo que aprendeu de Paulo e das Sagradas
Escrituras (3: 10-17), e continue a espalhar a “sã doutrina” (4: 1-5).
Finalmente, Paulo descreve a própria situação: aguarda pela frente a
morte dos mártires (4: 6-8), dá informações a respeito dos seus
colaboradores (4: 9-12), apresenta algumas determinações a Timóteo
(4: 13-15), oferece uma última notícia a respeito da gravidade de sua
situação (4: 16-18), envia saudações (4: 19-21). Bênção final (4: 22).

Com base nas palavras de Kümmel, pode-se formar uma visão do que a
Segunda Carta de Paulo a Timóteo está tratando.

16
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

NA PRÁTICA

De Tessalonicenses, podemos dizer: a morte é uma realidade que ganha


sentido futuro, quando associada à ressurreição; mesmo aguardando a vinda de
Cristo, a Igreja é exortada a esperar ativa, no trabalho, no amor, na esperança.
De Timóteo, podemos destacar: a importância da Igreja Cristã; a
santificação é exortação sempre atual; a Unidade entre os cristãos, o
relacionamento harmonioso, fortalece o testemunho da fé; a equidade entre as
pessoas diante de Deus deve reger também os cristãos.

FINALIZANDO

Nesta aula, abordamos:

• O que é uma epístola?


• Paulo: sua vida e legado – sua carta a uma jovem Igreja que estava se
firmando.
• Timóteo, um fiel companheiro e amigo na hora em que Paulo sentiu a
morte e a solidão.

17
Email: [email protected]
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

REFERÊNCIAS

BÍBLIA (Novo Testamento). Atos. Português. Bíblia Online. Tradução de Almeida


corrigida e revisada, fiel ao texto original. cap. 8, vers. 13-14; cap. 13; cap. 14;
cap. 15, vers. 36, a cap. 18, vers. 22; cap. 18, vers. 23, a cap. 20, vers. 38; cap.
20 a 31. Disponível em: <http://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/1>. Acesso em: 15
jun. 2021.

_____. Gálatas. Português. Bíblia Online. Tradução de Almeida corrigida e


revisada, fiel ao texto original. cap. 1, vers. 17-18; cap. 2, vers. 1. Disponível em:
<http://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/1>. Acesso em: 9 nov. 2009.

CARSON, D. A.; MOO, D. J.; MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento.


Trad. de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997.

CULLMANN, O. A formação do Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal,


2001. Referências de Apoio.

DRANE, J. A vida da igreja primitiva: um documentário ilustrado. São Paulo:


Paulinas, 1985.

GONZALEZ, J. L. E até os confins da Terra: uma história ilustrada do


cristianismo. Trad. de Key Yuasa. São Paulo: Vida Nova, 2002. v. 1.

HÖRSTER, G. Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Ed. Evang. Esperança,


1996.

KÜMMEL, G. W. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1982.

LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.

WALKER, W. História da Igreja Cristã. 4. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Juerp;
Aste, 1983. (Edição especial – v. I e II).

18

Você também pode gostar